UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · CAPÍTULO III - O desenvolvimento prático da...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE ENTRE EDUCADOR-
EDUCANDO NO DESENVOLVIMENTO DO ENSINO E
APRENDIZAGEM
Por: Rosa Maria Correia Seabra
Orientador
Prof. Edla Trocoli
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE ENTRE EDUCADOR-
EDUCANDO NO DESENVOLVIMENTO DO ENSINO E
APRENDIZAGEM
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Infantil e
Desenvolvimento.
Por: . Rosa Maria Correia Seabra.
3
AGRADECIMENTOS
À Deus pela oportunidade da vida de
estar realizando mais um sonho.
A minha família, meu amado esposo
Gilmar, à minha querida filha Rafaela,
e a minha filha de coração Tatiana.
Às amigas que conheci na pós-
graduação que fizeram das aulas
momentos divertidos e de trocas de
conhecimentos.
E à todas as professoras que durante o
curso mostraram que vale apena lutar
e acreditar na Educação Infantil.
4
DEDICATÓRIA
A Deus por ser único digno de honra e
glória.
A todos que lutam para melhorar a
Educação e principalmente a Educação
Infantil e a minha família que nos
momentos de ausência para estudar
puderam compreender e acreditar em
mim.
5
RESUMO
O educando da Educação Infantil de 2 a 4 anos é o ponto chave
deste trabalho, também é apontado o educador como determinante no
processo da aprendizagem. O presente trabalho possui um caráter
explicativo e investigador, tendo como foco central a preocupação de
entender quais os elementos podem contribuir para a importância da
afetividade na aprendizagem. Nosso estudo será desenvolvido a partir
de uma pesquisa fundamentada por levantamento bibliográfico e
aplicação de questionários. Investigando uma possível consonância
entre a literatura existente e a perspectiva dos educadores. Além disto,
realizamos um levantamento de quais podem ser as barreiras existentes
entre educador e educando ressaltando a importância da interação entre
ambos no ambiente escolar. Sendo assim, pude observar que a relação
afetiva entre educador e educando há tempo vem sendo abordada e
discutida em relação ao comportamento e ao desenvolvimento cognitivo
do educando É fundamental que o educador saiba que ele venha ser
peça fundamental no processo educacional, tenha consciência do papel
que ele esta desempenhando diante do seu educando.
6
METODOLOGIA
O educando da Educação Infantil de 2 a 4 anos é o ponto chave
deste trabalho, também é apontado o educador como determinante no
processo da aprendizagem. O presente trabalho possui um caráter
explicativo e investigador, tendo como foco central a preocupação de
entender quais os elementos podem contribuir para a importância da
afetividade na aprendizagem. Nosso estudo será desenvolvido a partir
de uma pesquisa fundamentada por levantamento bibliográfico e
aplicação de questionários.
Para um melhor entendimento do tema abordado, foi realizado um
levantamento bibliográfico de trabalhos cujo tema era: a educação
infantil e a afetividade presente no desenvolvimento desta. As palavras
chaves utilizadas neste levantamento foram: “educação infantil e a
afetividade”; “a relação aluno/professor na educação infantil”;
“afetividade, educando, educador” e; a combinação destas.
Investigando uma possível consonância entre a literatura existente
e a perspectiva dos educadores, foram aplicados questionários a
professoras (es) da educação infantil, cujo objetivo era perceber a visão
do educador sobre o seu papel no desenvolvimento da afetividade na
relação com seu educando, como também, a importância que a
afetividade tem no processo de desenvolvimento da aprendizagem. Além
disto, realizamos um levantamento de quais podem ser as barreiras
existentes entre educador e educando ressaltando a importância da
interação entre ambos no ambiente escolar.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A afetividade interferindo no aprendizado 11
CAPÍTULO II - Fatores que dificultam a relação entre educador-
educando 21
CAPÍTULO III - O desenvolvimento prático da afetividade na relação educador-educando em sala de aula 29
CONCLUSÃO 37
REFERÊNCIAS 39
ANEXO I 41
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
8
INTRODUÇÃO
A relação afetiva entre educador e educando há tempo vem sendo
observada e discutida em relação ao comportamento e ao
desenvolvimento cognitivo do educando. Todo o educando espera que o
educador lhe proporcione um aprendizado com base na relação de
respeito, da compreensão e de carinho para que venha receber os
conhecimentos para realizar seu desenvolvimento sem traumas de
maneira natural e agradável, principalmente na Educação Infantil.
Sendo assim, o modo de agir do educador é fundamental para
determinar de que forma seu educando irá apreender o que é bem aceito
e esperado pela sociedade na qual ele esta inserido. Existiu um tempo
que o educador tinha um papel definido, engessado. Analisando um
modelo tradicional de educação Wallon (1994)1 explica:
“a escola insiste em imobilizar a criança na
cadeira, limitando justamente a fluidez das
emoções e do pensamento, tão necessária para
o desenvolvimento completo da pessoa. Esse
autor entende que o educando vive diferentes
emoções, e que elas precisam ser valorizadas e
levadas em consideração em todo o processo de
aprendizagem. Para esse teórico, as emoções
têm papel importante no desenvolvimento do
indivíduo, mas costumam ser ignorados nos
modelos tradicionais de ensino.”
1 WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1994.
9
Entretanto, hoje é esperada uma visão mais ampla por parte do
educador, gerando uma compreensão aprofundada para o
desenvolvimento do educando dentro da sociedade. É importante
compreender que a relação afetiva em sala de aula não consiste em
uma tarefa fácil e simples, ao contrário, é complexa e requer além da
habilidade e sem de muito amor e de convicção vinda do educador do
que realmente quer atuar nessa área. Dessa forma, o educador será
impelido a buscar como alvo a afetividade como forma de construção do
saber e da interação entre as duas partes. O educador não deve ser
aquele que simplesmente transmite um tipo de saber, o papel do
educador exige uma ação bem mais ampla tornando cada vez mais
abrangente.
Nesse trabalho, será analisado o relacionamento afetivo entre
educador e educando envolvendo intenções e interesse, pois a
educação é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento
comportamental e a reunião de valores nos membros da espécie
humana. Sendo assim, permitirá o acesso e a discussão sobre o
problema que muitas das vezes afeta o educador colocando destaque a
grande importância desse estudo que é estabelecer uma verdadeira
relação afetiva entre ambos para que o processo ensino-aprendizagem
venha desenvolver harmoniosamente e consistente. Desenvolveremos a
perspectiva da afetividade como um elemento crucial no aprendizado,
como demonstra Faria (2010)2:
“A afetividade com professor-aluno pode ocorrer
com toques, os olhares, as modulações da voz
2 Faria, GI. AFETIVIDADE NA SALA DE AULA: o olhar Walloniano sobre a relação professor-aluno na educação infantil, 2010. Disponível em: http://www.unifan.edu.br/files/pesquisa/AFETIVIDADE%20NA%20SALA%20DE%20AULA%20o%20olhar%20Walloniano%20sobre%20a%20rela%C3%A7%C3%A3o%20professor-aluno%20na%20educa%C3%A7%C3%A3o%20infantil%20-%20GRAZYELLE%20FARIA.pdf. Acesso em: 10/11/2011
10
que vão ganhando mais complexidade, e
dependendo do estado emocional a que é dita
pode ter marcas para sempre. As aulas devem
ser lúdicas e expositivas para que os alunos
possam gostar e interessar das aulas. Essa
trajetória contribui para formar pessoas que
saiba conviver com o social, pois se a criança
mantém bom relacionamento desde pequeno, ele
irá continuar depois de adulto mantendo bom
relacionamento com a sociedade;
relacionamento esses que são: respeito pelo
direito dos outros, respeito à diversidade,
respeito pela liberdade do outro, respeito pela
lei, equilíbrio emocional para lidar com situações
problemáticas e responsabilidade financeira.
Com isso a criança estabelece o que está
sentindo e o que conhece do seu cotidiano
propiciando-lhe condições de ver e respeitar o
outro.”
11
CAPÍTULO I
A AFETIVIDADE INTERFERINDO NO APRENDIZADO
Neste primeiro capítulo, investigaremos de quais formas a
afetividade pode interferir no aprendizado do educando. Conceituando a
afetividade no minidicionário da língua portuguesa quer dizer qualidade
ou caráter de afetivo:
“Afetivo-relativo a afeto que tem ou em que há afeto; afetuoso.”
Afeto, amor sempre foi algo muito simples e ao mesmo tempo
complicado, pois para uns o amor é expressado através de sentimentos
e não por fala. De acordo com Ferreira (2000) a definição de afetividade
é:
“Conjunto de fenômenos psíquicos que se
manifestam sob a forma de emoções,
sentimentos e paixão acompanhados sempre da
impressão de dor ou prazer, de satisfação ou
insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria
ou tristeza”.
Podemos afirmar que as emoções são uma forma de comunicação
que, sobretudo para os bebês vem como maneira de se relacionar com o
novo ambiente ao que está vivendo, expressando seus sentimentos de
solidão, fome, alegria, tristeza, incômodo entre outros. Essa
comunicação emocional, aos poucos, vai sendo trocada por outra forma
mais racional de comunicação.
12
Conforme o crescimento, a criança aprende outras maneiras de se
relacionar com as novas formas de saciar suas vontades e com os
outros. O sistema nervoso fica cada vez mais capaz de controlar as
emoções permitindo o raciocínio tomar frente às atitudes.
Segundo Galvão (1999), apesar de apresentar uma linguagem
verbal em desenvolvimento, a criança de 2 a 4 anos ainda utiliza
intensamente a linguagem emocional. O choro, as expressões corporais
e faciais permitem ao educador perceber seu educando. Mais uma vez,
destacamos a importância do papel do educador na compreensão do
grau de maturidade neurológica do educando para que não veja certas
atitudes tomadas por elas como indisciplina de manhã. Devemos ter
conhecimento da importância da afetividade para o desenvolvimento
emocional do educando, porém, também temos de considerar os fatores
biológicos necessário a esse desenvolvimento.
A compreensão das emoções e os sentimentos são essenciais no
entendimento da afetividade. As emoções causam efeitos intensos e
imediatos no organismo enquanto que os sentimentos são mais amenos
e duradouros. O importante, então, é entendermos que a afetividade
interfere no crescimento pessoal do ser, mas não está indiferente a
fatores biológicos, sociais e cognitivos, e que depende da cultura na
qual o indivíduo está inserido.3
Podemos afirmar mediante a concepção de diversos autores que
estudam o assunto é que a afetividade influência diretamente na
aprendizagem. A afetividade entre educador e educando influência nas
construções cognitivas, ou seja, na elaboração dos saberes.
3 Autor Desconhecido. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/as-relacoes-entre-professores-e-
alunos-na-educacao-infantil-um-olhar-sobre-a-motivacao-do-ponto-de-vista-do-afeto/69547; Acesso em 12/12/2011.
13
Para Piaget (1980), vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis,
embora distintas, já que o ato de inteligência pressupõe uma regulação
energética interna, o interesse e a relação afetiva entre a necessidade e
o objeto susceptível de satisfazê-la.
Certamente, a afetividade interfere na aquisição de conhecimento,
pois pode acelerar ou retardar o desenvolvimento cognitivo de uma
criança, um fato que pode ser percebido quando se observa a
importância que faz o educando quando o educador faz um gesto
carinhoso antes do início das atividades diárias. É muito importante para
a criança perceber no educador um amigo(a), já que é o laço afetivo que
irá influenciar diretamente na aquisição do conhecimento.
Vale destacar que, na dinâmica do processo ensino aprendizagem,
encontra-se também a moralidade, pois esta estabelecer regras do jogo
que se chama aprendizagem. Na verdade, a moralidade humana é o
palco, onde a afetividade e a razão se encontram, via de regra, sob a
forma de conforto. Em outras palavras, a afetividade interfere no uso da
razão.
Na escola, a afetividade vem sendo debatida há alguns anos por
profissionais da educação e saúde em geral. Porém, percebemos ainda
uma grande defasagem em prestar um serviço profissional alia suas
técnicas próprias à uma interação eficaz desenvolvimento de um
relacionamento baseado no emocional. Educadores que incluíram essa
teoria no seu dia-a-dia apontam para os resultados positivos que
conseguiram alcançar.
Mas, antes de pensarmos na escola como ambiente para
desenvolvimento da personalidade da criança devemos alertar para o
fato de que o educando, ao entrar no ambiente escolar, já tem uma vida
cheia de experiências, estímulos e resposta que aprendeu a dar diante
de determinadas situações de sua vida diária.
14
Para um desenvolvimento pleno, a criança é necessário fazê-la
sentir segura. Como nesta fase os aspectos emocionais são
fundamentais, é importante criar, na sala de aula e também fora dela,
atividades por meio das quais os educandos possam reconhecer suas
emoções e adquirir controle sobre elas.
O desenvolvimento emocional da criança dá-se a partir do
conhecimento de si mesma e do ambiente em que ela vive. Daí a
importância da participação da família na escola. A escola deve oferecer
um ambiente que evite a criança desenvolver angústia e mal estar
característicos do afastamento da figura materna.
Segundo Novaes (1984) a carência afetiva materna não só produz
choque imediato, mas deterioração progressiva, tanto mais grave,
quanto mais longa e precoce for a carência. Essa deterioração é um
processo evolutivo que pode culminar numa desintegração da
personalidade, como também provocar distúrbios sérios na área
somática. Então, a angústia provocada, em crianças pequenas, pela
perda ou separação da figura materna determina mecanismo de defesa
que podem comprometer e modificar a sua personalidade.
Dessa forma, há uma grande importância do primeiro professor da
criança, pois ele será, para ela, a substituição da mãe. Cabe então a
esse profissional o devido cuidado de manter um relacionamento que dê
continuidade à relação saudável. Tanto o excesso como a falta de afeto
pode prejudicar a aprendizagem. Por isso, sua maturidade afetivo-
emocional deve estar até certo ponto desenvolvida quando esta é
elevada a ingressar na escola.
Esse grau de maturidade é o que vai definir os rumos do
desenvolvimento cognitivo da criança para que tudo corra bem ela
precisa ter um clima de segurança emocional tanto em casa como na
escola.
15
A escola e educadores, especialmente os de maternidade, devem
e estar preparados para atender prontamente essas crianças,
propiciando-lhe um clima de estabilidade emocional e contribuindo para
que o ingresso e permanência da criança na escola ocorram de maneira
norma e tranqüila, onde haja integração e socialização dessa criança
com educadores, funcionários e com as demais crianças. O nível de
aprendizagem deve ser observado e avaliado mediante o fator
emocional que permite a criança a ter certas atitudes como falta de
concentração, apatia, desatenção, indiferença ou agressividade
alterando seu desenvolvimento cognitivo.
As crianças são verdadeiras quando o assunto é expressar aquilo
que sente. Falta-lhes a capacidade de compreender, de conscientizar-se
sobre o que estão sentindo e de que forma devem reagir a esses
sentimentos.
Precisamos (re)construir uma nova escola resultante da junção
entre a escola antiga e atual, capaz de formar mentes pensantes, com
conteúdo e voltada para formação profissional e desenvolvimento do
homem enquanto ser afetivo, emocional, religioso, etc.
A partir dessa realidade ocorre que há necessidade de um novo
profissional da Educação. Um profissional que esteja preparado para
permitir a seus educando as mais variadas situações que lhes permitam
desenvolver de forma mais perfeita possível suas habilidades e
competências, garantindo uma formação ampla e completa. Por isso, a
relação educador-educando se torna tema essencial de discussão nas
reuniões de planejamento, nas escolas, universidades e em todos os
lugares onde se discute caminhos para melhoria da educação.
De acordo com Cury (2003) os educadores precisam deixar de
serem bons e se tornarem fascinantes para que suas aulas e conteúdos
16
façam sentidos e possam ser assimilados por seu educando. Diz
também que são sete os pecados capitais dos educadores:
• 1 – “Corrigir publicamente”
Produz um clima desagradável além de o trauma inesquecível ser
superado que terá que enfrentar dali em diante. O ideal é estimular-los a
refletir sobre seus atos em particular.
• 2 – “Expressar autoridade com agressividade”
A autoridade deve ser conquista do com amor e inteligência.
Expressar autoridade com agressividade nos faz ser respeitados por
respeitar medo e não pelo reconhecimento do nosso caráter.
“Não devemos ter medo de perder nossa autoridade devemos ter
medo de perder nossos filhos”.
3 – “Ser excessivamente crítico: obstruir a infância da
criança”
“Não compare seu filho com seus colegas. Cada jovem é um ser
único no teatro da vida. A comparação só é educativa quando é
estimulante e não depreciativa”.
“A pior maneira de preparar os jovens para a vida é colocá-los
numa estufa e impedi-los de errar e sofrer. Estufas são boas para as
plantas, mas para a inteligência humana são sufocantes.”
Através dos erros e falhas também aprendemos. Devemos deixar
as nossas crianças experimentarem, errarem, para poderem pensar a
respeito e descobrirem o mundo que os rodeia. Crianças se
17
desenvolvem através de brincadeiras, corridas, quedas e travessuras.
Encarcerar uma criança num conjunto de regras adultas só colabora
para que ela seja um adulto infeliz;
4 – “Punir quando estiver irado e colocar limites sem dar
explicações”
“Jamais coloque limites sem dar explicações”.
“Para educar, use primeiro o silêncio e depois as ideias”.
“Elogie antes de corrigi-lo ou criticá-lo”.
Punir num momento de ira significa que você está tentando se
vingar do erro do seu filho ou aluno. Procure sempre compreender a
situação e leve a criança a pensar sobre o que fez. As explicações são
sempre necessárias.
Antes de apontar-lhe o erro é importante dizer quando ele é
importante para você. A criança receberá suas observações de forma
mais agradável e o amará para sempre.
5 – “Ser impaciente e desistir de educar”
“Por trás de cada aluno arredio, de cada jovem agressivo, há uma
criança que precisa de afeto”.
“Paciência é o seu segredo, a educação do afeto é sua meta”.
Quando o jovem ou criança parece não ter jeito, falta-nos
paciência. As dores vividas por eles e seus pedidos e ajuda, carinho e
conforto são das mais variadas formas, até com agressividade. Nesse
momento temos que acreditar, investir e não desistir para que não se
percam nos seus mundos de sofrimento.
18
6 – “Não cumprir com a palavra”
Saber dar um não é uma forma de educar as emoções, desde que
uma vez dada à palavra, esta não volte atrás. As frustrações vividas por
um não recebido ensinam ao jovem que nem tudo que ele desejar,
obrigatoriamente terá. Devemos sempre cumprir com que prometemos
ou falamos, do contrário, cairemos em descrédito e estaremos deixando
nossas crianças despreparadas para esse tipo de situação em sua vida;
“A confiança é um edifício difícil de ser
construído, fácil de ser demolido e muito difícil.”
7 – “Destruir a esperança e os sonhos”
“Não importa o tamanho dos nossos obstáculos, mas o tamanho
da motivação que temos para superá-los.
“Sem sonhos não há fôlegos emocional. Sem esperanças não há
coragem para viver”.
Com sonhos e esperanças temos razões para viver. A criança sem
motivação torna-se opaco, sem alegria. Como educadores das emoções,
jamais devemos fazer críticas severas as pessoas.
As características culturais, afetivas e de personalidade do
educador se problematizam, originando modelos através dos quais ele
se situa em relação ao educando.
• Modelos autoritários
O educador é aquele que sabe que ensina, fala, informa, que
transmite o conhecimento para o educando que é um mero recebedor de
conteúdo. Ausência total de diálogo.
19
• Modelos permissivos
Os educandos são ouvidos e observados, mas não há imposição
de limites, um direcionamento dado pelo educador, uma vez que faltam
objetivos educacionais mínimos estipulados em planejamento para
serem atingidos. Total Liberdade;
• Modelos democráticos
Aqui há diálogo, o conhecimento é desenvolvido, elaborado e
reelaborado a partir da interação, entre os modelos permissivos e os
autoritários.
O modelo democrático ainda encontra obstáculos para serem
colocados nas escolas, pois a própria sociedade brasileira e cheia de
modelos permissivos e autoritários que influenciam a vivência das
crianças.
A realidade é que o mundo e a educação do tempo de nossos pais
e avós não são mais possíveis de serem revividas. Porém, como diz
Chalita (2003), os valores do amor, da amizade, da coragem, da
esperança, do idealismo, do trabalho, da humildade, da sabedoria, do
respeito e da solidariedade precisam ser resgatadas, ensinados,
apropriados por todos que gostariam de, um dia, voltar ao tempo de
infância.
No entanto, neste mundo globalizado, onde cada um luta por si,
para sobreviver, os valores sendo vão sendo, pouco a pouco esquecidos
e a vida virando um caos. De acordo com CHALITA (2003), deixar que a
fantasia e a energia da criança interior de cada um de nós estejam
sempre presente, ajudando-nos pais e educadores a formar, informar,
transmitir saberes e afeto para que não deixemos de ser humanos,
capazes de sentir, de cuidar, de amar.
20
Cuidar de nossos educandos faz parte da necessidade de
eternizarmos a nós a nossa espécie. Porém, na espécie humana esse
cuidado não se resume apenas a apresentar-lhes o necessário à sua
sobrevivência, ou fazê-los buscar o indispensável através de seus
próprios recursos sem se preocupar com o que o rodeia, mas educar
humanamente para o verdadeiro sentido de sermos humanos, a
solidariedade. E esses objetivos só serão alcançados por meio da
formação de pessoas afetivamente bem educadas.
21
CAPÍTULO II
FATORES QUE INTERFEREM A RELAÇÃO EDUCADOR-
EDUCANDO
Para entendermos melhor a influência do educador no
aprendizado do educando, no capítulo II procuramos as respostas para
as seguintes questões:
1. Como o educador pode auxiliar seu educando no despertar para
aprendê-lo;
2. Como aprendemos? Que motivação o educando tem para que
possa adquirir conhecimentos;
3. A relação entre educador-educando interfere no aprendizado.
Tezolin (2003) explica que o nosso cérebro acumula informações
em três regiões: consciente, subconsciente e inconsciente e que cada
nova experiência que vivemos temos momentos favoráveis para
combinar as informações já incorporadas anteriormente com as
adquiridas nesta nova situação. O resultado da junção entre o que já
sabemos e a nova experiência é um novo conhecimento que será
acumulado no consciente e, posteriormente, no subconsciente. No
entanto, para que a informação passe de uma região para outra, ela
precisa atravessar uma zona de turbulência. Para que haja uma nova e
significativa aprendizagem, o conhecimento prévio deve fluir
naturalmente de uma região para outra e para que haja essa passagem
natural, devemos diminuir a turbulência nessa área.
22
Segundo Tezolin (2003), o novo conhecimento fica por pouco
tempo no consciente e a passagem do consciente para o subconsciente
é mais fácil por que acontece enquanto dormimos e o nosso organismo
se mantém relaxado.
Sendo assim o que fazer para prontificar-se a passagem do
conhecimento prévio do subconsciente para o consciente e assim
conseguir fazer uma conexão mais eficiente entre esse conhecimento e
a nova situação vivida.
Para Cury (2003) dez técnicas compõem o “Projeto Escola Vida”
que objetiva “^ a educação da emoção, a educação da auto-estima, o
desenvolvimento da solidariedade, da tolerância, da segurança do
raciocínio esquemático, da capacidade de gerenciar os pensamentos
nos focos de tensão, da habilidade de trabalhar perdas e frustrações.
Enfim, formar pensadores”.
Uma delas é a música ambiente em sala de aula que para Cury
(2003) tem como objetivo de desacelerar o pensamento, aliviar a
ansiedade, melhorar a concentração, desenvolver o prazer de aprender
e educar a emoção. Dessa forma, as informações percorrem do
subconsciente para o consciente no momento da aula fluindo com maior
facilidade e rapidez, contribuindo assim para uma aprendizagem mais
expressiva e duradoura.
• “Sentar em círculo ou em U”
“Objetivo desta técnica: desenvolver a segurança, promover a
educação participativa, melhorar a concentração, diminuir conflitos em
sala de aula, diminuir conversas paralelas”. Assim trabalhamos a
habilidade de participação e construímos a ideia de coletividade entre o
integrante da turma e educadores.
• “Exposição interrogada: a arte de interrogação”
23
“Educar e provocar a inteligência, é a arte dos desafios”
“O melhor professor não é o mais eloqüente, mas o que mais
instiga e estimula a inteligência”.
Exposição interrogada, através da qual o educador exercita a arte
de interrogar, instigando seus educandos a pensar por meio de desafios
propostos.
• “Exposição dialogada; a arte da pergunta”
“Quando uma pessoa pára de perguntar, ela pára de aprender,
pára de crescer”
Quando o educador pergunta e estimula seus educandos à
participação, vencendo a timidez e melhorando a concentração.
Transformando o ambiente poético, agradável, inteligente.
• “Ser contador de histórias”
Criando clima de confiança e descontração, educando a emoção e
dando significado ao que é trabalhado;
• “Humanizar conhecimento”
Humanizar o conhecimento, dando a oportunidade aos educandos
de conhecerem as ansiedades, os medos, os erros e a vida daqueles
que construíram os conceitos estudados em sala de aula, para que
percebam que foram pessoas normais com eles.
• “Humanizar o professor; Cruzar sua história”
“A educação moderna está em crise, porque não é humanizada,
separa o pensador do conhecimento, o professor da matéria, o aluno da
escola, enfim, separa o sujeito do objeto”.
24
Humanizar o professor, desmistificando a ideia de um profissional
sem sentimentos e emoções, cruzando as experiências e aprendizagens
dele com a do educando, contribuindo assim para a socialização,
afetividade e valorização do “ser”.
• “Educar a auto-estima: elogiar antes de criticar”
Elogiar antes de criticar e evidenciando a importância que cada
ser humano tem, ajudando a educar a emoção, a auto-estima e a
resolver conflitos, além de promover a solidariedade.
• “Gerenciar os pensamentos e as emoções”
Resgatando a liderança do eu através do gerenciamento dos
pensamentos negativos e das emoções angustiantes;
• “Participar de projetos sociais”
A fim de desenvolver a responsabilidade social, a solidariedade, o
trabalho em equipe, educando-se para a saúde, paz e direitos humanos.
Por fim, não há necessidade de mudanças físicas no meio escolar,
mas uma quebra dos paradigmas vigentes na Educação atual. Viabilizar
a interação interpessoal, ajudando a formar indivíduos capazes de
compreenderem e enfrentarem as situações de conflito que a vida impõe
além de serem sensíveis ao problema do próximo e do nosso planeta.
O educador também pode desenvolver uma didática voltada para
efetuação do processo de ensino e aprendizagem. Inúmeras são as
ferramentas e as ideias que podem ser postas em campo na hora de
realizar tão importante tarefa.
Portanto para que seja real e concreta é necessário que o
educador venha manter um relacionamento saudável durante todo o
processo da aprendizagem. Já o educando deverá enxergar o educador
25
como alguém de boa vontade, com o coração cheio de sentimentos,
disposto a não só transmitir conhecimentos, mas também a ajudá-lo a
desvendar e ultrapassar as dificuldades do desenvolvimento cognitivo.
Desde que o relacionamento pessoal entre o educando e o
educador seja bom, o método didático corresponderá para a formação
destes individuo, pois a aprendizagem flui melhor, quando há prazer,
respeito às diferenças e à realidade. Cada indivíduo tem um tempo
próprio. Para que isso venha acontecer harmoniosamente a afetividade
é fundamental.
Sendo assim, os educadores têm como responsabilidade ajudar os
educandos no seu aprendizado, conduzindo a buscar o sucesso e não o
fracasso ou apatia. O resultado mais adequado está diretamente ligado
a relação do educador com o educando.
Podemos transmitir ensinamentos de muitas coisas com as nossas
explicações, entretanto transmitimos muitas coisas com o que somos,
com as nossas atitudes, exemplos, com a nossa maneira de relacionar
com as crianças.
Conhecer o mundo do nosso educando é um elemento importante
para uma boa relação, eis ai o caminho para que venha ocorrer a
verdadeira mediação de conhecimento que o educador deve realizar
sendo assim abrirá também portas para novos caminhos a ser
experimentados e argumentos mais consistentes devem ser aplicados.
Precisamos aprender também a compreender a significação de um
silêncio ou de um sorriso ou de um choro para que possamos criar mais
possibilidades de aprendizagem.
Muitas vezes percebemos resultados não intencionais, pois
ensinamos com a nossa própria maneira de sermos, como um modelo de
identificação e, como tal, sermos assumidos pelos educandos de
26
maneira total ou parcial. Assim muitas das vezes ficamos na lembrança
deles de uma forma positiva, como um exemplo.
O educador deve construir motivações para que o educando venha
ultrapassar os obstáculos que venha impedir que ele atinja os seus
objetivos e satisfaça suas necessidades. Para que as dificuldades não
venham gerar frustrações e tensões, porém, se conseqüentemente
venha se frustrar que ele junto com o educador tenha a oportunidade de
“buscar” solução para a dificuldade encontrada.
O educador precisa ter um olhar atento para que o educando,
esteja preparado não só fisicamente como psicologicamente respeitando
o processo de aprendizagem. É de Rousseau a frase “Respeitai a
infância^ A natureza quer que as crianças sejam crianças, antes de
serem homens”.
Não há ninguém predestinado ao fracasso, o educador tem a
função de contribuir para o aprendizado. A afetividade vai agir como um
elemento condutor nesse processo ensino-aprendizagem, determinando
a qualidade do registro do educando.
A criança para adquirir um significativo desenvolvimento cognitivo
satisfatório nessa faixa etária, que vem sendo considerado por vários
teórico, com a base para o aprendizado futuro é necessário que o
educando venha ver no educador uma pessoa capaz de transmitir não
apenas conhecimentos já pré adquirido é sim confiança para que a
criança sem medo possa procurá-lo para questioná-lo e venha quebra
as possíveis dificuldades, afim de juntos caminharem no processo
ensino-aprendizagem.
Esse educador por sua vez deverá está com o coração aberto e o
desejo de ajudar e ao mesmo tempo humilde para aprender com essa
27
criança para que possam ultrapassar harmoniosamente as dificuldades e
venha tornar acima de tudo cúmplice e grandes amigos.
Entretanto quando o processo ensino-aprendizagem se
concretizar, o educador deverá mostrar ao educando a importância da
sua conquista.
Sendo assim o educador compreenderá e levará o educando a
também participar desse momento e ambos verão a importância da
relação afetiva na aquisição do aprendizado. Como se a boa relação
fosse um pré-requisito para que o processo ensino-aprendizagem venha
ocorrer e concretizar na vida de ambos.
A criança na idade de 2 a 4 anos, vem para a escola muitas das
vezes pela primeira vez, considerando que muitas vem só com o apego
da mãe ou de quem cuida, nesse momento é fundamental a consciência
da responsabilidade que tem o educador em conquistar essa criança
para que a mesma venha adquirir um vínculo saudável com esse nova e
desconhecido ambiente e pessoas que está sendo apresentado.
Nesse período de adaptação nos cabe ser mediador do que vem
ser mais importante o afeto, para que possamos conquistá-los e
futuramente sim venhamos amostrá-los de uma forma lúdica a rotina, as
regras e os conteúdos didáticos que serão importantes para o seu
desenvolvimento e assim apresentando o primeiro passo para o
processo ensino-aprendizagem.
Fazendo a minha leitura diária do livro a Bíblia Sagrada pude
deparar com os versículos no livro de Mateus no Capitulo 10 versículos
24 e 25 que diz: “Nenhum aluno é mais importante do que seu professor
(...) Portanto, o aluno deve ficar satisfeito em ser como seu professor”
Considerando ser um livro escrito a mais de dois mil anos atrás,
observamos no ensinamento de Jesus ao andar aqui na Terra a
28
importância que nós educadores temos na vida do nosso educandos. O
aluno deverá ver em seu professor um exemplo a seguir, porém
sabemos que somos humanos e muitas das vezes com dificuldades a
ser superadas para que venhamos ser como espelho para os nossos
pequenos e mais uma vez cito palavras dos ensinamentos do livro
Sagrado que se encontra em I Coríntios 13.1
“Eu poderia falar as línguas que são faladas na terra e até no céu,
mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o som de
um gongo ou como o barulho de um sino”.
Confirma o que já falamos sem o amor, sem está com o coração
aberto e cheio de afeto para receber esses pequenos que são entregue
em nossa mãos, não iremos ser “espelho” na vida deles, seriamos
apenas mas uma pessoa que passou por eles e deixou um monte de
regras a serem seguidas sem o primordial que e a junção dos fatores
para conduzi-los numa plena aprendizagem.
Seja pela leitura da bíblia, seja pelos demais textos aqui
trabalhados pudemos entender que as ações do educador são de
fundamental importância para um melhor desenvolvimento e
aprendizado do educando. Sendo assim, podemos concluir que a boa
relação entre educadores-educandos na faixa etária de 2 a 4 anos venha
ser determinante para o sucesso do processo educativo.
29
CAPÍTULO III
O DESENVOLVIMENTO PRÁTICO DA AFETIVIDADE NA
RELAÇÃO EDUCADOR-EDUCANDO EM SALA DE AULA
Neste capítulo III, analisaremos onze entrevistas realizadas com
educadores, nestas entrevistas estes responderam sobre questões de
seu dia-a-dia e as estratégias adotadas por eles no desenvolvimento do
aprendizado.
A primeira questão levantada era referente aos elementos capazes
de tornar o processo de aprendizagem mais eficaz – Considerando os
seguintes elementos: Disciplina e autoridade; Conteúdos programáticos;
Afetos, limites e regras. Embora o afeto esteja entre os elementos
abordados, a maior parte dos professores entrevistados deu maior
destaque aos limites, regras e, sobretudo, aos conteúdos programáticos.
O afeto obteve destaque em quatro das onze entrevistas, os demais
entrevistados não o mencionaram ou o fizeram em conjunto com os
outros elementos destacados. A seguinte fala nos chama atenção como
exemplo, cujo entendimento partilhamos:
“A aprendizagem nesta fase, deve ser considerada como momento de grandes descobertas e adaptações. A “disciplina” e “autoridade” estará atrelada à relação afetiva que deverá ser de forma gradual e respeitando as individualidades, visto que, cada aluno se relaciona com o professor da forma que lhe é confortável. Os “limites” e “regras” são colocados, principalmente pela rotina e de forma lúdica.” (Professora M. Leciona há 19 anos)
30
Quando questionados quanto a importância do educador na vida
do educando somente um entrevistado respondeu parcial, todos o
demais consideram que sua influência é grande (gráfico 1).
Influência do Educador na Vida do Educando
0 0
1
10
0
2
4
6
8
10
12
Nenhuma Pouca Parcial Grande
Influência doEducador
A terceira pergunta é relativa aos resultados obtidos com a
introdução da afetividade na relação educando-educador, todos os
entrevistados defendem que a presença da afetividade – colocada por
eles como “carinho”, “atenção” entre outros – é positiva desde que haja
uma dosagem na existência de tal relação. Alguns entrevistados
explicam que se a afetividade não for devidamente dosada pode
ocasionar o efeito contrário, ou seja, deseducar ao invés de educar.
Entre as falas que merecem destaque estão:
“Dependendo do grau de afetividade e da forma
em que o professor aplica, como bônus, nas
31
atividades escolares todas as possibilidades que
uma boa relação afetiva pode proporcionar, os
resultados serão extremamente positivos. Mas
deverão ser tomados todos os cuidados para não
se tornar uma relação de dependência e
superproteção.” (Professora M. Leciona há 19
anos).
“A presença ou ausência do afeto determina a
forma com que um individuo se desenvolverá,
também determina a auto-estima à partir dessa
fase da infância, pois quando uma criança
recebe afeto, consegue crescer e desenvolver
com segurança e determinação. Podemos
observar que os resultados obtidos serão a
influência do desenvolvimento em qual, o
comportamento e seu desenvolvimento
cognitivo.” (Professora J. Leciona há 2 anos).
“Acho que a afetividade deve ser trabalhada sim,
porém sabendo a sua dosagem ideal, o educador
pode perder sua autoridade se não souber
exercê-la adequadamente.” (Professora S.
Leciona há 6 anos)
Quando questionados a respeito da importância que ela (e) – o
educador – acreditava exercer no desenvolvimento afetivo dos alunos,
apenas dois entrevistados disseram se sentir totalmente responsáveis
32
pelo desenvolvimento afetivo das crianças, todos os demais assumiram
ter uma responsabilidade parcial, partilhada com a família e as demais
áreas de convivência social de seus educandos. Os educadores
mencionaram o “respeito” como uma dos elementos mais importante a
ser desenvolvido neste processo, isto por que, cada educando tem suas
particularidades e individualidades afetivas desenvolvidas em conjunto
com a família e, por esta razão, é necessário observar e respeitar as
diferenças afetividades existentes.
Os educadores dizem a respeito de suas vivências:
“Acredito que o professor ao estabelecer um
clima de confiança e uma atitude de respeito
com o aluno passa a ser um grande mediador
das aprendizagens, uma das fontes
motivacionais do ensino e da aprendizagem está
no vínculo estabelecido entre educador e
educando, a afetividade é um fator que precisa
ser fortalecido nas relações educacionais dentro
e fora da escola.” (Professora J. Leciona há 2
anos).
“Temos uma grande porcentagem no processo
do desenvolvimento afetivo dos nossos
educandos, pois agimos como mediadores na
interação sócio-afetiva do grupo.” (Professora N.
Leciona há 7 anos).
33
“Sei que sou de grande importância, pois sou o
responsável por provocar os estímulos
necessários para seu desenvolvimento. Tenho o
compromisso de aguçar a apropriação pelo
aprendizado, de forma que o educando goste de
aprender.” (Professor R. Leciona há 16 anos).
Com relação às estratégias utilizadas para o desenvolvimento da
afetividade, alguns educadores explicam que não há uma receita, nem
um conjunto de regras, além disso, argumentam que a formação
profissional não os prepara para este tipo de atividade. Esta lacuna na
formação se deve ao fato de esta discussão da importância afetividade
no espaço escolar ainda ser bastante recente.
Ratificando o que fora dito pelos educadores entrevistados, Mello
(2000)4 explica que a formação dos professores no Brasil é demasiado
distanciada da aplicação prática, pois seu principal objetivo é o
atendimento das diretrizes traçadas para educação, por esta razão, há
dificuldades de se desenvolver estratégias aplicáveis a realidade
escolar. Além disso, a educação infantil tem um caráter ainda mais
secundário devido a sua recente institucionalização nacional como
obrigatória e de amplo acesso. A autora defende que:
“No Brasil, está bastante disseminada a
concepção de que o conhecimento se constrói, e
se constrói em situações socialmente
determinadas. Essa teoria, que é em princípio
benéfica para a educação, não deve, no entanto,
4 Mello, GN. Formação inicial de professores para a educação básica. Uma (re)visão radical. São Paulo em perspectiva, 14(1) 2000.
34
substituir os estudos sobre como se organiza a
situação de aprendizagem para que o aluno
construa ou reconstrua o conhecimento.” (Mello,
2000 – pp. 12).
Apesar das dificuldades encontradas, os educadores desenvolvem
meios de incluir a afetividade partindo de suas próprias vivências. A
experiência mais mencionada é o “aprender a ouvir”, ou seja, os
professores desenvolvem estratégias nas quais os educandos têm a
oportunidade de falarem e serem ouvidos, como por exemplo:
“Conversas individuais, e tentar sempre ter essa
proximidade com o aluno, pois nossa formação
não oferece subsídio para trabalhar com os
problemas afetivo-emocional dos alunos.
Principalmente carinho e cuidado.” (Professora J.
Leciona há 2 anos).
“Rodinhas, hora da novidade (espaço onde a
criança possa dialogar, expor seus sentimentos e
vontades), brincadeiras que estimulem o toque,
proporcionando a interação do grupo.”
(Professora N. Leciona há 7 anos)
“Através de músicas que ocorram interação uns
com os outros (aperto de mão, abraços, beijos).
Trabalhando com as palavras mágicas também.”
(Professora T. Leciona há 2 anos)
35
Como discutimos nos capítulos I & II, a afetividade não é
manifestada somente com demonstração de carinho e atenção. O afeto
também é demonstrado através do controle no não-afeto, ou seja,
situações de descrédito, desatenção e desencorajamento trazidas ao
educando pelo educador. Guiados por esta preocupação, inserimos uma
questão sobre recursos o educador utilizava para refrear o não-afeto em
sua sala de aula.
Todos os educadores entrevistados mencionam que a “exclusão” e
a “falta de atenção” são os elementos mais comuns na experiência do
educando com o não-afeto. Dentre as estratégias desenvolvidas por
nossos entrevistados para evitar o não afeto estão:
“É não enxergar as individualidades. A pior
atitude que um educador pode apresentar é ver a
turma como uma unidade. Os recursos que
utilizo é “lutar” para manter o profissionalismo e
não rotular os alunos que apresentam pontos
“negativos” em suas personalidades.”
(Professora M. Leciona há 19 anos).
“Quando um professor é incapaz de manifestar-
se amorosamente em relação aos seus alunos,
não dar atenção, não escutar com paciência, não
dirigir uma palavra amiga. Compreender as
necessidades e o comportamento dos alunos,
soluções criativas para diversos problemas e
incentivar o surgimento de idéias dos alunos
para criar um ambiente favorável ao
aprendizado.” (Professora J. Leciona há 2 anos).
36
“Castigo, arrogância, gritos, humilhações etc.
Procuro ter autocontrole nas minhas atitudes
para com os educandos.” (Professora S. Leciona
há 6 anos).
A patir das entrevistas, pudemos perceber como o reconhecimento
da importância da afetividade na relação educador-educando é
fundamental para traçar estratégias e ampliar as perspectivas sobre o
papel do educador no desenvolvimento afetivo do educando. Tivemos a
oportunidade de analisar relatos de educadores com anos de
experiência bastente distintos e, ainda assim, é possível afirmarmos que
o tema da afetividade aparece com maior ou menor destaque, porém
esta presente como relevante em todas as entrevistas aqui analisadas.
37
CONCLUSÃO
A partir da literatura consultada e das entrevistas realizadas, o
presente trouxe uma nova perspectiva para o olhar das relações entre a
prática e a teoria na formação dos educadores. Embora, sejam diversas
as possibilidades para se discutir, avaliar ou propor padrões de
qualidade no processo ensino-aprendizado na Educação Infantil.
Sendo assim, pude observar que a relação afetiva entre educador
e educando há tempo vem sendo abordada e discutida em relação ao
comportamento e ao desenvolvimento cognitivo do educando. E, assim,
com o passar do tempo, está sendo introduzindo como mais relevante no
crescimento cognitivo do sujeito.
Podemos afirmar que as emoções são uma forma de comunicação
e que está ligada a aprendizagem. A afetividade vem interferir de forma
significativa na organização do pensamento de cada um e passando a
exercer um papel importante na organização das ações e reações.
Analisando as entrevistas, percebemos que Os educadores estão
conscientes de seu papel, ou seja, deles é esperado mais do que
apenas a transmissão de um conteúdo programático.
Apesar disto, os próprios educadores mencionam ser necessário
criar, a partir da prática e de maneira individual, as estratégias de lidar
com a afetividade com educando no espaço escolar. Esta liberdade é
boa para exercitar a criatividade dos educadores, como também, para
atender as especificidades que são encontradas em cada sala de aula.
Entretanto, tal liberdade dá margem para que os educandos fiquem a
mercê das habilidades individuais sem que haja nenhum norte para
educadores em formação ou pouco preparados quando alunos.
É fundamental que o educador saiba que ele venha ser peça
fundamental no processo educacional, tenha consciência do papel que
ele esta desempenhando diante do seu educando. Para isto, é
38
indispensável que todos os educadores tenham como parte de sua
formação a elementos que ensinem não só a relevância de seu papel,
como também as estratégias que podem ser por eles utilizadas.
Deste modo o aprendizado está relacionado com a interação entre
o aspecto afetivo e cognitivo. Sendo assim, concluo esse trabalho com a
frase: A boa relação entre educadores-educandos venha ser
determinante para o sucesso do processo educativo.
39
Referências
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12ª edição Ed. Artmed 2011.
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Sociedade Bíblica do Brasil. 2000. 864p. Livros do Novo Testamento,
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edição revista e atualizada Ed. Gente
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MORALES, Pedro. A relação Professor-Aluno: O que é, como se faz.
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NOVAIS, M.H. Psicologia Escolar 8ed. Rio de Janeiro: Vozes 1984
REGO, Teresa Cristina. 1999. Vygotsky, uma perspectiva histórico-
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TEZOLIN, O.M Re-criando a educação: uma nova visão da psicologia do
afeto 4 ed. Rio de Janeiro; DP&A. 2003
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__________. Quem ama, educa! 131 ed. São Paulo: Ed. Gente 2002.
WALLON, H. A evolução psicológica da Criança. Lisboa; Edição 70,1994
41
Anexo I
Modelo do Questionário aplicado aos Professores da Educação
Infantil
Pesquisa sobre a Percepção dos Professores da Educação Infantil a Respeito da Afetividade no Processo Ensino-Aprendizagem
Esta pesquisa tem como objetivo estudar a percepção do professores da Educação Infantil a respeito da afetividade na interação educador/educando no processo de Ensino-Aprendizagem. Prezado(a) Professor(a) sua participação é muito importante para nós e para o desenvolvimento deste trabalho que visa entender melhor o trabalho do educador. Todas as informações serão utilizadas de maneira anônima e confidencial.
Questionário Perfil
Nome:
Idade:
Há quanto tempo é educador(a) da Educação Infantil?
Questionário Percepção
1 – Em sua opinião, o que a ser mais importante para o sucesso no processo de aprendizagem do educando de 2 a 4 anos? Considere os seguintes elementos - Disciplina e autoridade; Conteúdos programáticos; Afetos, limites e regras. Explique:
42
2 – Em sua opinião, qual o grau de influência do educador na vida do educando?
( ) Nenhuma
( ) Pouca
( ) Parcial
( ) Grande
3 – Considerando a relação estabelecida entre educador e educando em sala de aula e nas demais atividades escolares, que tipo de resultados (positivos, negativos ou indiferentes) podem ser obtidos na demonstração de afetividade? Explique:
4 – Em que medida você (educador) se considera responsável pelo desenvolvimento afetivo de seus educandos? Explique:
5 – Quais os recursos você utiliza para desenvolver a relação de afetividade entre você (educador) e seus educando?
43
6 – Quais posicionamentos do educador em sala de aula que podem ser considerados uma forma de não-afeto, ou seja, formas negativas de lidar com as falhas ou dificuldades do educando? Que recursos você utiliza para não demonstrar o não-afeto? Explique:
Eu, , (nome) autorizo a utilização das informações deste questionário pela pesquisadora e educadora Rosa Maria Correia Seabra em sua Pesquisa sobre a Percepção dos Professores da Educação Infantil a Respeito da Afetividade no Processo Ensino-Aprendizagem.
Rio de Janeiro, de de 2011
(assinatura)
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A AFETIVIDADE INTERFERINDO NO APRENDIZADO 11
CAPÍTULO II
FATORES QUE INTERFEREM A RELAÇÃO EDUCADOR-EDUCANDO 21
CAPÍTULO III
O DESENVOLVIMENTO PRÁTICO DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO
EDUCADOR-EDUCANDO EM SALA DE AULA 29
CONCLUSÃO 37
REFERENCIAS 39
ANEXOS 41
ÍNDICE 44
FOLHA DE AVALIAÇÃO 45
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE ENTRE EDUCADOR-
EDUCANDO NO DESENVOLVIMENTO DO ENSINO E
APRENDIZAGEM
ROSA MARIA CORREIA SEABRA
Data de entrega
Avaliada por: ________________________________
Conceito final:
Rio de Janeiro, ______ de _______________ de 2012
___________________________________________________
Coordenação do curso