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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
MEDIAÇÃO EM CONFLITO COM ÊNFASE NA FAMÍLIA
MEDIAÇÃO PEDAGOGICA: FERRAMENTA DE AUXÍLIO
NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM
Por: Josefa Doódica de Melo Cordeiro
Orientador
Professora Dayse Serra
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
MEDIAÇÃO PEDAGOGICA: FERRAMENTA DE AUXILIO
NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em mediação em
conflito com ênfase na família.
Por: Josefa Doódica de Melo Cordeiro
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que sempre
me conduz aos melhores caminhos a serem
seguidos. Aos familiares e amigos pela ajuda
e compreensão.
4
DEDICATÓRIA
A família pelo seu apoio e compreensão,
nos momentos difíceis, as amigas Luciana
Tereza e Isabel que se mostraram sempre
solícitas na construção desse trabalho.
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RESUMO
A escola está inserida em todo o contexto das sociedades atuais e,
em sentido mais amplo, responde às necessidades oriundas da realidade
social de sua comunidade e deve contribuir para o desenvolvimento pleno da
personalidade dos alunos, incentivando-os na formação de cidadãos livres,
responsáveis e solidários. É fundamental perceber as mudanças sociais e
culturais que a escola tem sofrido no decorrer dos anos, buscando
compreender seu potencial para encontrar novas alternativas que fomentem o
ensino e a aprendizagem. É importante lembrar que a construção do
conhecimento, em se tratando dos educandos, inclui várias etapas e culminam
com várias questões. As dificuldades de aprendizagem não têm origem apenas
cognitiva. Atribuir ao próprio aluno seu fracasso, considerando que haja algum
comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, lingüístico ou
emocional, sem considerar as condições de aprendizagem que a escola
oferece, é um erro gravíssimo. A implantação da mediação pedagógica
interligada com a discussão, informação e formação de práticas docentes
constitui um mecanismo eficaz no desenvolvimento do processo de
ensino/aprendizagem, tendo em vista que oferece aos jovens e as crianças um
espaço onde eles possam ser escutados, possibilitando especialmente a
participação ativa na resolução de conflitos que interferem na aprendizagem. O
professor mediador trabalha sempre com desafio que permita ao aluno ir além
do que sabe, fazendo-o buscar soluções que superem sempre as já
conhecidas.
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METODOLOGIA
A metodologia usada nesse trabalho foi o da pesquisa bibliográfica,
cuja intenção foi a busca de conhecimento teórico-metodológico,
principalmente do ponto de vista de ARNONI e SHABBEL. A primeira com
importante colocação sobre a história da mediação e a segunda com
importantes afirmações sobre a mediação pedagógica.
Para entender o processo de ensino/aprendizagem também foram
utilizados os pontos de vista de VYGOTSKY E FREIRE que foram de suma
importância no aprofundamento do tema. OSORIO, ODALIA E BOURDIEU,
também tiveram destaque com suas significativas teorias sobre violência.
Os estudos de SCOZ sobre psicologia e aprendizagem também
tiveram relevância. LUCKESI, COLL, GADOTTI, devido aos anos de
experiências, direcionaram o trabalho para a fundamentação do tema. Através
da pesquisa bibliográfica obteve-se um leque de opções, despertando-me
maior interesse pela mediação pedagógica, o que me incentivou na procura de
outras metodologias para ensinar.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - Breve histórico sobre a meditação de conflitos 10
CAPÍTULO II - A mediação e a construção do conhecimento 21
CAPÍTULO III – A mediação escolar correlacionada com a teoria
socioconstrutiva 35
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41
BIBLIOGRAFIA CITADA 42
WEBGRAFIA 44
ÍNDICE 45
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
8
INTRODUÇÃO
O tema dessa monografia é a mediação pedagógica como
ferramenta de auxílio no processo de ensino aprendizagem.
O interesse pessoal pelo tema surgiu no decorrer da vida
profissional. Como pedagoga, percebo a necessidade de se implantar novas
metodologias no que diz respeito à solução de conflito em contexto escolar,
metodologias essas, onde os alunos sejam agentes de participação ativa no
processo de resolução dos problemas nos quais estão envolvidos.
Como estabelecer a mediação em contexto escolar, onde a
violência, o desrespeito pelo outro e a ausência do diálogo tem sido presentes
ao longo dos tempos? A violência e a insegurança nas escolas se tornam
visíveis. Frequentemente assistimos às ações violentas dentro das escolas,
entre alunos, alunos e professores e até entre pais e professores.
Sabe-se que a mediação é um procedimento usado para resolver
controvérsias entre duas ou mais pessoas e um terceiro que conduz o diálogo,
para que juntos identifiquem o conflito e proponham formas para resolvê-lo.
A implantação e prática da mediação pedagógica interligada com a
discussão, informação e formação de práticas docentes constituem um
mecanismo eficaz no desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem.
Tendo em vista que oferece aos jovens e as crianças um espaço onde eles
possam ser escutados, possibilitando especialmente a participação ativa na
resolução de conflitos que interferem na aprendizagem.
Nesta monografia a hipótese utilizada para resolver a questão acima
mencionada é a mediação pedagógica, como mais uma das ferramentas
utilizadas pelos educadores que lhes auxiliará no processo de ensino
aprendizagem.
No primeiro capítulo o foco será um breve histórico sobre a
mediação de conflitos em âmbito nacional e internacional, também sua
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repercussão como importante proposta de rever os paradigmas já
estabelecidos nos contextos escolares. É de extrema importância mostrar o
papel a ser desempenhado pelo professor mediador e como gerenciar de forma
satisfatória os conflitos, extraindo de cada situação o que ela tem de positivo,
obtendo respostas criativas a serem utilizadas na prática pelo educador.
No segundo capítulo será apresentado o processo de construção do
conhecimento humano, a capacidade de assimilação e transmissão do mesmo,
bem como as condições para sua aquisição e aplicação. Também são
explicitados, os novos desafios dos educadores na escola tais como: a
violência escolar, a violência simbólica e o bulling e como isso poderá ser
enfrentado.
O terceiro capítulo apresenta a teoria socioconstrutivista que tem
como premissa para o desenvolvimento da aprendizagem a interação social.
Ressalta-se também a relação entre a teoria socioconstrutivista e a mediação
pedagógica.
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CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO SOBRE A MEDIAÇÃO DE
CONFLITOS
Sabemos que o conflito existe desde os primórdios da existência
humana. O mesmo ocorre com a mediação. Essa tem surgido nos últimos
anos de uma maneira mais estruturada com a finalidade de restaurar o
diálogo entre as partes envolvidas em conflito.
De maneira específica, pode-se dizer que a mediação é um
processo de negociação não adversarial, baseada no princípio de
voluntariedade entre as partes e na confidencialidade do processo, afim de que
na presença de um terceiro imparcial (mediador), as partes em litígio
encontrem soluções que sejam mutuamente satisfatórias. A mediação surge
então como uma forma alternativa para se normalizar a demanda no judiciário.
“Nascida na universidade de Harvard na área da
direito como alternativa extrajudicial, a mediação exposta
a influencia em inúmeras áreas do conhecimento e
inúmeras culturas foram ganhando transversalidade,
nesse percurso assumiu a inúmeras complexidades dos
fenômenos humanos e a noção das dificuldades de
abrangê-los em sua plenitude, criticou o reducionismo e o
maniqueísmo e passou a influenciar a cultura, buscando
reconstruir crenças essencialistas de objetos naturais”.
(MUSZKAT, 2008 p.9)
Percebe-se que, a partir dessa afirmação, a mediação vem trazendo
em sua bagagem uma importante proposta que é a de rever os paradigmas já
11
estabelecidos, reorganizar posicionamentos, possibilitando recontextualizar
pensamentos que impulsionarão as partes a terem coragem de reconhecer os
erros ou até abandonar um posicionamento por outro melhor.
Em termos gerais, podemos fazer uma comparação da mediação
com o existencialismo, pois assim como o existencialismo, a mediação propõe
que as pessoas escolham ser responsáveis sem a ajuda de leis, normas éticas
ou tradições.
Foi na década de 90 que o uso da mediação cresceu muito nos
setores públicos e privados. O processo de mediação já vem com vasta
legislação nos países civilizados. Entretanto, a cultura da mediação ainda é
pouco difundida, comparando-se com o direito secularmente aceito em todas
as áreas da sociedade humana. Há limitações em suas aplicações e seus
resultados são restritos a poucas áreas. A mais utilizada é a do Direito de
Família.
Já no Brasil, o Projeto de Lei nº. 4.827/1998 foi elaborado pela
deputada federal Zulaiê Cobra e apresentado na Câmara dos Deputados. O
projeto institucionaliza e disciplina a mediação como método de prevenção e
solução consensual de conflitos na esfera civil. Porém, o Instituto Brasileiro de
Direito Processual elaborou um projeto para substituir o anterior apresentado
pelo deputado Pedro Simon. Cabe ressaltar que a nova versão sofreu diversas
alterações posteriores da redação do projeto.
As novas redações de códigos dão ênfase a mediação familiar com
seções especiais, dando importância à função natural da mesma. Abordando
temas que lidam com assuntos referentes ao abuso infantil e a violência
doméstica. É necessário que o mediador familiar seja treinado para identificar
os casos onde haja tais situações.
A mediação enquanto meio construtivo de resolução de conflito
proporciona aos envolvidos um espaço ideal, para que possa ser desenvolvida
a capacidade de respeito mútuo, comunicação assertiva e eficaz. Ainda existe
certa confusão quando se fala em mediação de conflito, pois algumas pessoas
fazem conciliação e imaginam que estão realizando a mediação, mas ambas
têm objetivos distintos. Na conciliação, o conciliador faz sugestões, interfere,
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oferece conselhos, visando que as partes cheguem a um acordo. Já na
mediação, o principal objetivo é que o diálogo seja restabelecido entre as
partes, o acordo é visto como uma conseqüência e um sinal que a
comunicação foi restaurada entre as partes.
Já sabemos como se dá a mediação de conflito. Mas o que é
conflito? Na verdade, o conflito nada mais é do que a insatisfação de uma ou
das duas partes que têm interesses ou necessidades diferentes.
Há bem pouco tempo, a ausência de conflito era encarada como
expressão de bom ambiente e de boas relações. No caso das empresas era
visto como sinal de competência. Alguns profissionais viam o conflito de forma
negativa, como resultante da ação e do comportamento de pessoas
indesejáveis, associado à agressividade, ao confronto verbal e até físico, além
de sentimentos negativos, sendo considerados prejudiciais ao bom
relacionamento entre as pessoas e conseqüentemente ao bom funcionamento
das organizações.
Na diferença em lidar com o conflito existem duas vertentes: uma
negativa que percebe o conflito de forma prejudicial devendo ser evitado a todo
custo, e outra positiva que trabalha procurando os benefícios que as diferenças
de opiniões e os posicionamentos contrários podem gerar na aprendizagem
pessoal ou profissional.
Através da mediação, o conflito é vislumbrado como fonte de novas
ideias, podendo levar a discussões abertas sobre determinados assuntos, o
que se mostra positivo, pois permite a expressão e exploração de diferentes
pontos de vista, interesses e valores. Na mediação, as partes em conflito
devem perceber que a falta de comunicação é o principal gerador de
desentendimentos entre elas, pois quando a comunicação é bem trabalhada
dentro de um litígio esse já não volta a ocorrer.
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1. Mediação Pedagógica
1.1 Um novo caminho para a educação
A escola está inserida em todo o contexto das sociedades atuais, e
em seu sentido mais amplo responde às necessidades oriundas da realidade
social de sua comunidade, contribui para o desenvolvimento pleno da
personalidade dos alunos, incentivando a formação de cidadãos livres,
responsáveis e solidários para o progresso social e a participação na vida
democrática.
A mediação escolar surgiu como um projeto de não violência,
promovido nas escolas de Nova York, se expandindo mais tarde para outros
países do mundo. De acordo com (SCHABBEL, 2002, p.57), foi a partir da
década de 80 que a mediação escolar surgiu como “ferramenta na ampliação
de conhecimentos originários da sociologia, da psicologia e do direito, para se
tornar uma prática voltada à solução de conflitos”.
Assim como no exterior, o Brasil tem realizado de forma significativa
a mediação escolar, pode-se destacar como o marco zero da mediação escolar
no Brasil, um projeto piloto desenvolvido em 2000 e 2001, em escolas da zona
norte e sul, do Rio de janeiro, com o intuito de avaliar as diferentes situações
vivenciadas nas escolas, pois se tratavam de universos diferentes.
O projeto visava estimular uma esfera pacífica nas escolas, partindo
da criação da cultura do diálogo e da resolução dos conflitos por meio de
soluções apresentadas pelos próprios envolvidos.
É fundamental perceber as mudanças sociais e culturais que a
escola tem sofrido no decorrer dos anos, buscando compreender seu potencial
para encontrar novas alternativas que fomentem o ensino e a aprendizagem.
Nesse sentido a mediação pedagógica desempenhará papel de destaque, pois
como as próprias origens dos vocábulos mediação (“mediatione” do latim), ato
ou efeito de mediar uma ação, ou de uma intervenção visando buscar um
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acordo, juntamente com a pedagogia (paidagogia do grego) que visa conduzir
ao caminho do aprendizado.
A valorização da cultura mediadora no processo de aprendizagem
há muito tempo vem sendo mostrado, como podemos identificar em (FREIRE,
2002 p.153) “viver a abertura respeitosa aos outros e, de quando em vez, de
acordo com o momento, tomar a própria pratica de abertura ao outro como
objeto da reflexão critica deveria fazer parte da prática docente”. Ele explicita a
importância do ser humano abrir-se para o mundo e procurar respostas à
múltiplas perguntas.
A implantação e prática da mediação pedagógica interligada com a
discussão, informação e formação de práticas docentes constituem um
mecanismo eficaz no desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem
tendo em vista que oferece aos jovens e as crianças um espaço onde eles
possam ser escutados, possibilitando especialmente a participação ativa na
resolução de conflitos que interferem na aprendizagem.
A mediação busca também intervir na má administração desses
conflitos. Ela é importante, pois se revela como uma ferramenta que apontará
soluções construtivas para o conflito e essa resolução construtiva de conflitos
implica compreender esses conflitos como algo natural, dando simplicidade às
divergências existentes facilitando assim sua solução. Battaglia argumenta que:
“Considerando a escola como instituição que objetiva a
educação social e cultural do homem, a mediação se
coloca como um convite a aprendizagem e ao
aperfeiçoamento da habilidade de cada um na negociação
e na resolução de conflitos baseada no modelo “ganha-
ganha” onde todas as partes envolvidas na questão saem
vitoriosas e são contempladas nas resoluções tomadas”
(BATTAGLIA, 2004, p.54).
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Não apenas a solução, mas também a prevenção dos conflitos
ocorridos dentro das escolas será possível, à proporção que a mediação for
vista como uma ferramenta pedagógica.
1.2 Princípios que norteia a mediação escolar entre pares
A mediação escolar entre pares consiste em capacitar um
determinado grupo de alunos de uma escola, para atuarem como mediadores
nas disputas de seus pares. A medição entre pares não é aplicada em todos os
contextos. Também não é apropriada a todo tipo de disputa, porém é uma
ferramenta valiosa para que o aluno assuma controle maior sobre sua vida e
habilidades para resolver problemas. Na mediação entre pares o conflito é
essencial, pois através dele é proporcionado desafios e possibilidades de
crescimento e aprendizagem.
Em contexto escolar, a mediação não deve ser encarada como mais
uma forma de resolver conflitos. Ela precisa ser vista como uma nova
metodologia de ensino-aprendizagem onde é priorizada a comunicação
interpessoal em todos os níveis. Para que seja implantada a medição escolar
de pares, faz-se necessário um estudo complexo e multifacetado de
experiências que incluem aspectos biológicos, étnicos, familiares, sociais e
culturais. Considerando esses fatores, a mediação escolar entre pares pode
tornar-se uma realidade onde todos os envolvidos compartilhem de forma
democrática, desenvolvendo nos jovens as aptidões para viver e construir os
valores que transcendem o limite da escola, sendo direcionados para a família
e toda comunidade.
SCHABBEL (2002) nos mostra que a mediação escolar entre pares
tem algumas metas específicas tais como:
• Criar vínculos cooperativos e senso de comunidade na escola;
• Melhorar o ambiente das aulas pela diminuição da hostilidade
e tensão;
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• Melhorar as relações professor/aluno;
• Incrementar a participação dos alunos nos projetos da escola
e da comunidade;
• Resolver conflitos que interferem no processo de ensino-
aprendizagem;
• Valorizar e incrementar a auto-estima dos alunos;
• Mudar os parâmetros de comunicação e linguagem.
“A ausência de problemas de aprendizagem advenha da
ausência de atividades que levem os alunos a exporem seu raciocínio e a
desnudar suas dificuldades.” (SCOZ, 1994, p.52).
A partir daí, notamos que a mediação contribuirá de forma
significativa no processo de ensino/aprendizagem, pois através dela os
participantes irão desenvolver seu raciocínio. Não se pode perder de vista que
a construção do conhecimento implica não apenas em conflitos, mas
principalmente em ação e equilíbrio.
Assim é importante ressaltar que professores precisam contribuir
para que a criança passe calmamente pelo processo de aprendizagem,
percebendo os momentos adequados para utilizar novas ferramentas, partindo
do princípio dos conhecimentos já adquiridos pela criança. A mediação pedagógica funciona como um catalisador de mudança,
pois a voluntariedade e a confidencialidade do processo juntamente com a
neutralidade e imparcialidade do mediador (que não impõe soluções) favorece
o empoderamento das partes em conflitos. As partes têm o poder de decisão. A
mediação tem por convicção de que todos somos capazes de adquirir
competências e desenvolver capacidade para a solução de problemas de modo
positivo geradas através do diálogo.
Ao trabalhar com valores como reconhecimento e responsabilidade,
ao permitir a legitimação e a resolução de problemas alicerçada na cooperação
mútua são reduzidos os níveis de tensão produzidos pelo conflito.
Propõe-se ainda uma abordagem abrangente da mediação no que
se refere ao processo de ensino/aprendizagem, levando em consideração as
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necessidades específicas das instituições educativas nas quais será
implantada, permitindo a participação de todos os envolvidos no processo
educativo.
Partindo do pressuposto de que se desenvolvermos a cultura de
mediação escolar isso implicará na formação para a cidadania, na educação
para a paz, nos direitos humanos e na criação de um clima pacífico e saudável
que favorece o processo de ensino/aprendizagem. Aprender a gerir e resolver
conflitos através da mediação ajudará os sujeitos envolvidos a desenvolver a
capacidade de tomada de decisões, de comunicação positiva e eficaz, de gerar
empatia, de estabelecer e manter ações interpessoais, utilizando de forma
adequada o pensamento crítico, criativa e suas emoções para solucionar os
conflitos.
1.3 O Professor Mediador
Um dos principais papéis a ser desempenhado pelo professor
mediador é ajudar os educandos no gerenciamento de forma satisfatória de
seus conflitos, extraindo de cada situação o que ela tem de positivo, para obter
respostas criativas a serem utilizadas na prática. Sendo a autonomia um dos
pilares da educação, acredita-se que ela não implica simplesmente em deixar o
educando trabalhar sozinho sem que haja um auxilio ou orientação. A
aprendizagem autônoma e bem sucedida implica na orientação de um
educador capacitado e apaixonado pelo que faz.
FREIRE (2002), afirma que a ação docente é a base de uma boa
formação escolar e contribui para a formação de seres sociais pensantes. De
modo que isso só será possível quando o professor assumir seu verdadeiro
compromisso, encarando o caminho do aprender a ensinar. A responsabilidade
do ensinar precisa ser trabalhada e desenvolvida. Um educador precisa, a cada
dia, renovar suas metodologias para atender os alunos da melhor maneira.
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O professor tem que se colocar como um facilitador, incentivador e
motivador da aprendizagem, ou seja, seu papel deve ser de ponte que liga o
aluno a aprendizagem, contribuindo para que ele chegue aos seus objetivos.
Essa rede de interação deve propiciar a percepção das diferenças, das
incertezas, de modo que todos sejam agentes mediadores contribuindo para o
desenvolvimento de si e do outro.
O professor mediador trabalha sempre com o desafio de permitir ao
aluno ir além do que ele sabe, fazendo-o buscar soluções que superem as já
conhecidas e ofereça-lhe oportunidade para que ele mesmo encontre
respostas, caminhos e soluções para seu problema.
“É inegável que a escola reproduz a sociedade. Numa
sociedade livre, onde as pessoas têm a real possibilidade
de escolher a escola de seu desejo as variações são
muitas. Ocorreram situações em que as escolas ficaram
confusas para se adequar a clientela. Quando menos
filosofia educacional, menores as chances de acertar em
cheio nas ofertas dos serviços.”
(WERNECK, 1997, p.27)
A escola impulsiona mudanças nos sujeitos sociais quando
desempenha o papel de mediadora do conhecimento. Também é responsável
por socializar o saber e lutar pela permanência de todos em seu meio
independente de sua origem. O professor mediador deve promover
interações, trabalhar a heterogeneidade com diálogo e respeito, despertar nos
alunos a vontade de aprender num processo de descoberta, produção, troca e
cooperação.
Essa perspectiva exige novos olhares tanto de ponto de vista dos
professores quanto dos alunos. Os alunos devem enxergar o professor como
parceiro na construção de seu conhecimento, serem capazes de perceber suas
pontencialidades e seus colegas como colaboradores. O professor mediador
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não transmite conhecimento como se estivesse pronto e acabado. Ele também
favorece o encontro com novos conceitos e contextos diversos, logo fará
sobressair o papel do aluno como sujeito na aquisição de seu conhecimento e
objetivos, proporcionando-lhe elementos com os quais ele deverá trabalhar
para crescer e se desenvolver como ser humano.
XESUS, (2008) em seu livro Pedagogia da Convivência, revela como
foi feita a experiência da mediação, na formação dos mediadores escolares, as
situações que intervieram, os obstáculos, as opiniões dos mediadores e alunos.
Entre as informações importantes ele destaca as dificuldades apontadas pelos
mediadores em manter a imparcialidade durante os conflitos e a percepção do
professorado em ressaltar a diminuição da conflituosidade na escola desde a
implantação do programa. Em sua experiência, ele mostra ainda que a
mediação é considerada efetiva nos centros educacionais, quando são
cumpridas as seguintes condições:
• Apoio e envolvimento da equipe diretiva divulgando
informações sobre o andamento do serviço de mediação a
toda comunidade educativa;
• Formação prévia para as pessoas que vão atuar como
mediadores;
• Espaço e previsão de período para a realização da
mediação;
• Informação sobre a mediação e divulgação da equipe em
toda a escola.
Para isso, devem ser utilizados os diversos meios de comunicação,
fichas de registros de mediação e outros documentos.
Com essas informações percebe-se que, para implantar a
mediação pedagógica, é necessário muito empenho tanto por parte do corpo
docente como discente.
Analisando alguns estudos de casos, onde a mediação pedagógica
foi adotada, nota-se que o professor mediador é visto como fomentador da
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reflexão crítica e as orientações por ele fornecidas são muito importantes. Os
questionamentos e reflexões provocados por ele trouxeram contribuições na
medida em que os educandos se tornaram mais conscientes e mais
específicos sobre aquilo que desejavam aprender.
Através da mediação, as experiências vividas em sala de aula são
internalizadas, ganham autonomia e passam a fazer parte da história individual
dos agentes envolvidos.
Em XESUS (2008), o processo de mediação entre pares também é
estudado, cujos aspectos relevantes devem ser observados tais como: o curso
de formação para aluno mediador, o trabalho realizado pelos orientadores e as
sessões de coordenação ao final do curso inicial de formação.
É importante salientar também alguns critérios que devem ser
considerados no processo de implantação da mediação, onde os alunos
desempenham o papel de mediadores. No momento da escolha dos alunos
mediadores, a voluntariedade e a sugestão de alguns estudantes por parte da
equipe diretiva e do departamento de orientação pedagógica devem ser
primordiais, pois um dos princípios da mediação é a voluntariedade.
Ele afirma que os resultados serão eficientes quando pais, alunos e
professores, estiverem envolvidos no processo de mediação pedagógica,
21
CAPÍTULO ll
A MEDIAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos
naturais do ser humano que desde muito cedo é induzido a aprender a falar,
andar e pensar, garantindo assim sua sobrevivência. O termo construção do
conhecimento quando está relacionado com a educação é entendido como
constituição do saber, feita pelos estudiosos, cientistas ou filósofos e resultante
da pesquisa sistemática.
Outra possibilidade de se entender a construção do conhecimento é
apenas ao modo que cada um retém a informação e aprende um conteúdo. A
aprendizagem escolar é considerada um processo natural que resulta de uma
complexa atividade mental na qual o pensamento, a percepção, as emoções, a
memória, a motricidade e o conhecimento prévio são envolvidos.
De acordo com SCOZ,
“Um trabalho psicopedagógico pode contribuir muito,
auxiliando os educadores a aprofundarem seus
conhecimentos as teorias de ensino/aprendizagem e as
recentes contribuições de diversas áreas do
conhecimento, têm o poder de redefinir e ate sintetizar
numa ação educativa.”
(SCOZ, 1994, p.154).
As dificuldades de aprendizagem não têm origem apenas cognitiva,
atribuir ao próprio aluno seu fracasso, considerando que haja algum
comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, lingüístico ou
emocional, sem considerar as condições de aprendizagem que a escola
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oferece é um erro gravíssimo, pois é preciso que o professor atente para as
diferentes formas de ensinar, onde há muitas maneiras de aprender, o
professor deve ter consciência da importância de construir e reconstruir
vínculos positivos com os seus alunos através das atividades cotidianas.
Em (FREIRE, 2002, p.76) encontramos uma declaração que
expressa uma habilidade essencial para ser desenvolvida pelo professor:
“como professor preciso me mover com clareza na minha prática, preciso
conhecer as diferentes dimensões que caracterizam a essência da prática, o
que me pode tornar mais seguro no meu próprio desempenho”.
A realidade social concreta considera as discussões a respeito das
ações educativas e entende que a educação não é neutra e que precisa
assumir a política do ato educativo, mostrando a necessidade de investimento
na formação do professor não só acadêmica, mas essencialmente na formação
continuada, numa perspectiva de educador que tenha o entendimento da
ação/reflexão de que suas práticas pedagógicas podem configurar-se no
diálogo. Ressaltando ainda a natureza política do ato educativo, onde o
professor mediador na dimensão técnica não pode omitir o rigor científico do
conhecimento sistematizado.
Afirma (HOFFMANN, 1998, p.53) “algumas considerações teóricas
reforçam a importância da aproximação do professor com o agir e o pensar do
aluno, oportunizando a expressão de suas idéias paralelamente ao seu fazer”.
Alguns estudos afirmam que nenhum conhecimento, mesmo que
através da percepção, seja uma simples cópia do real, tampouco se encontra
totalmente determinado pela mente do indivíduo, sendo na verdade o produto
de uma interação entre esses elementos.
Os conhecimentos não partem do efeito nem do sujeito, nem do
objeto, mas das interações entre sujeito e objeto, na medida em que o sujeito
age e sofre a ação do objeto sua capacidade de conhecer se desenvolve
enquanto produz o próprio conhecimento.
Com base nesses estudos, podemos afirmar que o conhecimento se
constrói a partir da atuação do sujeito nos seus atos de observar, explorar,
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pesquisar, comparar, relacionar, discriminar, levantar hipótese, concluir e
posicionar-se diante de cada situação vivida.
O professor empenhado em promover a aprendizagem de seu aluno
exige o imperativo de penetrar e interferir em sua atividade psíquica, ou seja,
em seus pensamentos. Essa necessidade deve anteceder e dirigir a escolha
dos métodos utilizados para ensinar, pois o professor deve saber que os
métodos são considerados eficazes apenas quando estão coordenados com os
modos de pensar dos alunos.
É importante também lembrar que a construção do conhecimento,
em se tratando dos educandos, inclui várias etapas, culminando com várias
questões como: o saber o quê? Saber pra quê? E o saber por quê? Obtendo
respostas a essas perguntas, o aluno estabelece elos necessários para o fio
condutor do conhecimento em relação ao processo de ensino/aprendizagem.
Entretanto, ainda hoje é bem comum nos depararmos com o ensino
cujas memorizações são mecânicas, sem contextualização ou significados.
Para trabalhar a aprendizagem significativa é necessário dar sentido a
linguagem que usamos e relacionarmos o conhecimento construído com o
cotidiano do sujeito da aprendizagem e os demais sujeitos sociais.
O desenvolvimento das capacidades se verifica no decorrer do
processo de transmissão e assimilação de conhecimentos e é, ao mesmo
tempo, condição para a aquisição e aplicação dos conhecimentos.
2. Conflitos que podem ser mediados em âmbito escolar
2.1 A Violência Escolar
Sabemos que violência é todo ato que implica na ruptura de um
nexo social pelo uso da força. A violência escolar recentemente vem sendo
objeto de estudo em diversos países. Os altos índices de crimes ocorridos
dentro das instituições têm gerado certa insegurança social.
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Ao analisarmos prioritariamente as condutas que envolvem a
destruição e a força não se pode deixar de considerar, ao menos como
referência, algumas práticas mais sutis e cotidianas ocorridas em sala de aula
que são o racismo, a intolerância, a violência simbólica vinculada nas relações
pedagógicas já mostradas por BOURDIEU (1998).
As causas e as relações que originam condutas violentas dentro
das escolas impõem alguns desafios aos pesquisadores e profissionais do
ensino. Há demanda tanto do reconhecimento das especificidades das
situações quanto da compreensão dos processos mais abrangentes que
produzem a violência como um componente da vida social e da instituição
escolar em especial na sociedade contemporânea.
O uso de significados para a palavra violência, ao lado de termos
que fazem correlação com a indisciplina permite mudanças expressivas de
significados sobre o conjunto de ações escolares. Fatos, antes vistos como
produtos usuais de transgressões discentes as regras disciplinares, hoje pode
ser sumariamente identificado como ato violento.
De modo que através da necessidade de se pesquisar em âmbito
escolar serão construídas as definições que designam e normalizam condutas
violentas ou apenas indisciplina por parte dos agentes envolvidos no conflito.
Estudos tentam esclarecer o fenômeno da violência social no Brasil e partem
do pressuposto de que as condições históricas e sociais contribuem para tal.
Segundo a visão de GOHN “O aumento dos índices de
criminalidade e violência na sociedade brasileira decorre da miserabilidade, do
desemprego e também de uma nova moral que foi tomando conta da
sociedade”.(GOHN, 2001, p.70). Afirma assim, ser a pobreza responsável pela
violência social e consequentemente os atos violentos ocorridos no âmbito
escolar.
Outra vertente questiona como se pode explicar a violência ocorrida
em escolas que atendem setores de classe média e média alta. Por essa
razão, foi necessário percorrer a outra possibilidade de estudo sobre violência
escolar, aquela que surge no interior da instituição escolar.
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De maneira geral a causa apontada para as manifestações
violentas na escola se deve a degradação das relações interpessoais com
graves conseqüências para a convivência escolar, advindas do desrespeito e
do descaso com relação ao outro. Querendo entender os acontecimentos em
nossa volta, procuramos justificar as causas do que estamos tentando explicar,
como se fosse possível reduzir tudo o que está envolvido no desencadeamento
de uma ação a um único estimulo ou fato, pois é desse tipo de tentativa que
surgem explicações como se as pessoas fossem instruídas, saberiam respeitar
o outro e não cometeriam nenhum tipo de violência.
Em OSÓRIO (2000), são esboçados traços que aparecem com
freqüência em indivíduos, que considerados muito agressivos e violentos,
apresentam baixa auto-estima, alta vulnerabilidade a humilhação, inabilidade
no autodomínio e deficiente no controle de seus impulsos.
A escola é um ambiente que engloba diferentes personalidades, lida
constantemente com brigas, atos de agressividade e violência em geral,
comumente por meio de um elenco de procedimentos formais e informais e
modelados diferentemente de acordo com a forma de ser de cada direção.
Em geral, as formas adotadas para a solução de conflitos cabem a
direção da escola. Algumas normas são seguidas para lidar ou inibir os
conflitos como advertências, suspensões, transferências e até expulsões
conforme a gravidade de cada caso.
2.2 A Violência Simbólica
Entende-se por violência simbólica escolar aquela exercida sobre o
aluno, quando se anula a capacidade de pensar e o torna um ser capaz
somente de reproduzir. Esse tipo de violência é a mais difícil de ser percebida.
Como cita (ODALIA, 1993, p.22) ”nem sempre a violência se apresenta como
um ato, como uma relação, como um fato que possua uma estrutura facilmente
identificável’’. Essa é exercida pela sociedade quando essa não é capaz de
26
encaminhar os jovens ao mercado de trabalho, não lhes oferece oportunidade
para desenvolver sua criatividade, os currículos escolares impõem conteúdos
destituídos de interesses e significados para sua vida ou os professores se
recusam a proporcionar explicações suficientes aos questionamentos dos
alunos, ou por fim, quando são desvalorizados com palavras e atitudes de
desmerecimento.
A partir dos estudos de BOURDIEU (1998) ficou acentuado que
dentro de uma sociedade de classes existem diferenças culturais. As classes
possuem um determinado patrimônio cultural constituído de normas de falar, de
conduta e de valores. A escola na maioria das vezes tem ignorado essas
diferenças socioculturais, selecionando e privilegiando em suas teorias e
práticas os valores culturais das classes dominantes.
Nesse contexto, o aluno que enfrenta os problemas de violência por
imposição de regras, de disciplina, de conteúdos, de autoridade pelos
professores e demais profissionais da educação sofrem violência simbólica.
De certa forma, a educação reproduz as desigualdades que se
verificam na sociedade por meio de mecanismos de dominação e da
burocratização dos sistemas escolares que se consolidam agraves de políticas
públicas, de modo que vale retomarmos um pouco a reflexão sobre o papel do
professor na sociedade atual. O professor deve ser formado efetivamente para
exercer a função de educador.
Considerando a escola como uma agência socializadora, o
professor deve comprometer-se com uma educação emancipadora, ou seja,
tornar-se sujeito de crítica e transformação. A escola dota os sujeitos dos
esquemas de percepção de pensamento e de ação, capazes de torná-los
objetivos e subjetivamente aptos e dispostos a decifrar os produtos culturais
produzidos nas diversas instâncias no meio que estão inseridos.
Sobre os produtos culturais (BOURDIEU, 1987, p.116) destaca:
“São acessíveis apenas aos detentores do manejo prático ou teórico de um
código refinado”, portanto não sendo obras passíveis de uma apreensão
imediata. Pode-se dizer que a violência simbólica é um produto da segregação
27
social estabelecida pelo sistema social, pelo próprio professor e pelo ambiente
escolar.
Quando o professor atua a partir do seu próprio sistema de crença,
comete uma violência simbólica, impondo a sua forma de pensar aos alunos. O
que ele não percebe é que isso só aumenta ainda mais os problemas dos
alunos e ele não consegue localizar as suas emoções e pensamentos.
O aluno constrói seu saber, aprende e se ordena dentro do convívio
social gerado pelas atividades escolares. Daí as escolas terem a necessidade
de estabelecer algumas normas de convivência entre seus membros, sejam
educadores ou educandos. A isso podemos chamar de limites, ou seja, espaço
físico ou moral de dispersão das pessoas enquanto participantes de um
conjunto humano.
2.3 A escola no combate a violência simbólica
Ao pesquisarmos sobre a violência simbólica e suas implicações na
educação, temos a sensação de que é um processo muito difícil de ser
combatido e que devemos agir com urgência. Porém, o fato de saber que
somos ao mesmo tempo agentes e vítimas desse tipo de violência é o primeiro
passo para combatê-la.
A criança ao ser recebida na escola, deve encontrar no professor um
aliado que está ali não só para ensinar, como também para escutar, renovar
suas idéias e aprender com cada aluno. O professor que busca não cometer a
violência simbólica deve constantemente trocar de papel com seus alunos,
desfazendo aos poucos a imagem autoritária que arbitrariamente tornou-se
intrínseca a essa profissão.
Os conteúdos a serem ensinados devem ser flexíveis para trabalhar
as diferentes realidades. Por exemplo, um professor que leciona na periferia
28
tem que buscar exemplos coerentes com aquele cotidiano específico,
valorizando a cultura local.
Para realizar essa tarefa, um caminho seria escutar os alunos,
pedindo-lhes exemplos e realizando debates. Concomitantemente, as
chamadas minorias devem ser trazidas para o seu lugar real, ou seja, ao nosso
cotidiano, a nossa linguagem e aos nossos costumes e tradições, buscando o
dia em que essas diferenças, que tem sido motivo de conflitos, poderão ser
vistas como possibilidades mediáveis, tanto pelos alunos quanto pelos
professores.
Olhando pelo ângulo da mediação escolar, o aluno deixa de ser
apenas um emissor passivo, tornando-se um agente crítico frente aos conflitos
que são diariamente vivenciados por ele, seja no contexto escolar ou familiar.
Assim a escola poderá cumprir sua função de formar cidadãos preparados para
transcender o determinismo social e cultural no processo de violência
simbólica, construindo cada vez mais uma sociedade igualitária e livre.
2.4 O Bulling
Bulling é uma das mais novas palavras utilizadas em nosso
vocabulário e mais recentemente em contexto escolar. Essa palavra tem
origem inglesa, o termo Bull significa touro ou “valentão”. De maneira que o
termo bulling significa bancar o valentão contra alguém.
O comportamento da pessoa que pratica o bulling é consciente,
intencional e deliberado e pode assumir várias formas e incluir diferentes
comportamentos. Sintetizando, podemos definir que o fenômeno ocorre quando
um ou mais alunos passam a perseguir, intimidar, humilhar, chamar por
apelidos cruéis, ridicularizar, demonstrando comportamento racista e
preconceituoso ou agredindo fisicamente e sem razão aparente outro aluno.
29
O bulling é diferente da violência escolar explícita que é facilmente
identificada em algumas escolas através dos atos de vandalismo ou pichações.
Por se tratar de algo mais sutil, podemos afirma que o fenômeno é tolerado
pela comunidade escolar e visto muitas vezes como normal no relacionamento
entre crianças e adolescentes.
Percebe-se que crianças e adolescentes estão sempre
representando um papel nas suas interações com colegas, principalmente nas
escolas, papéis estes que são definidos conforme sua interação com o grupo.
Assim, existem aqueles sujeitos que são considerados os “populares”, pois se
destacam por alguns atrativos sejam eles: aparência, força física, habilidades
nos esportes ou simplesmente espírito nato de liderança.
Em contexto escolar, também é fácil identificarmos aqueles que não
conseguem se encaixar em nenhum grupo, pois são possuídos de uma
personalidade mais retraída e introvertida. Por essa ou outras diferenças
acabam excluídos e visto pelos outros como estranhos ou simplesmente
diferentes e se tornam as vítimas preferidas dos chamados bullies.
Afirma Fante:
“O bulling começa freqüentemente pela recusa de
aceitação de uma diferença, seja ela qual for mais sempre
notória e abrangente, envolvendo religião, raça, estatura
física, peso, cor dos cabelos, deficiências visuais,
auditivas e vocais, ou é uma diferença de ordem
psicológica, social, sexual e física; ou esta relacionada a
aspectos como força, coragem e habilidades desportivas
e intelectuais”.
(FANTE, 2005, p.56)
30
As conseqüências deixadas nos sujeitos que sofrem ou sofreram
com o bulling são inúmeras. Entre elas, podemos destacar as dificuldades
apresentadas pelos alunos no processo de aprendizagem. Muitos alunos
deixam de questionar quando têm dúvidas, com medo de serem
ridicularizados, segregados e rotulados negativamente. Existem alunos que
chegam a desistir da escola por não suportar a gozação e desdém dos
colegas.
A educação dos jovens e das crianças tem se tornado difícil devido
à ausência de modelos e de referências educacionais. A maioria dos pais
sente-se perdida na educação dos filhos, pois estão cada vez mais ocupados
com o trabalho e dispõe de pouco tempo para dedicar a educação dos filhos.
Os pais não conseguem educar emocionalmente os seus filhos e
também não conseguem resolver os conflitos através do diálogo e da
negociação de regras. Optando por vias mais simples, ou seja, pela
arbitrariedade do não ou a permissividade do sim, sem referencial de
convivência que esteja pautada no diálogo, na tolerância, no limite e no afeto.
A partir daí, identificamos um grande desafio que o professor
precisa enfrentar dentro da escola, pois sabemos que a aprendizagem só será
satisfatória quando todos os envolvidos sentirem a vontade para comunicar-se.
Em CURY,
“Bons professores corrigem os comportamentos
agressivos dos alunos. Professores fascinantes resolvem
os conflitos em sala de aula. Entre corrigir comportamento
e resolver conflito em sala de aula há uma distancia maior
do que imagina a nossa nobre educação”.
(CURY, 2003, p.75)
Cabe ao professor estar atento a qualquer fato que impeça o
desenvolvimento de um clima amistoso em sala de aula. Ele tem grande
responsabilidade na ação de combate ao bulling. Sua função seria de um lado
31
chamar a atenção do agressor com veemência em relação ao respeito ao
outro, a convivência social e as regras ligadas a ela.
De outro lado, deve desenvolver práticas pedagógicas alternativas
as quais favoreçam uma educação voltada para os enfrentamentos entre os
sujeitos do mesmo grupo. Corrigir o comportamento dos alunos não será
suficiente. O respeito pelo outro será facilitado à medida que a afinidade entre
alunos e professores aumenta, surgindo assim novas oportunidades de
discussões entre professores, alunos e demais integrantes da escola, acerca
do tema bulling ou qualquer outro conflito ocorrido em contexto escolar.
É importante lembrar a relevância da instituição escolar tornando-a
democrática. Deve ter como desafio o desenvolvimento de políticas de
prevenção do bulling e de disseminação de uma cultura de paz, de tolerância
sempre mediatizadas pelo diálogo.
Nesse sentido, cabe aos órgãos colegiados refletir, discutir e
planejar projetos pedagógico-sociais junto às comunidades escolares e não
escolares, voltados para a transformação de uma cultura de conflito em cultura
do diálogo.
2.5 A prática mediadora e os desafios enfrentados pelo
educador
Nos primórdios da formação da sociedade, a educação era de
responsabilidade exclusivamente das famílias. Foi um processo que se deu
com sedentariedade, mas que se expandiu rapidamente com o
desenvolvimento de núcleos urbanos. Com o crescimento dos sistemas
religiosos, a educação passa a ser de responsabilidade da Igreja.
No Brasil, o ensino passou a ser oficializado em meados de 1927. O
rei D. Pedro l, através de um decreto imperial, determinou que todas as
cidades, vilas e lugarejos tivessem escolas. Ainda assim, o acesso ao ensino
era muito restrito na época do império. Apenas famílias ricas tinham condições
32
de contratar professores para ensinar seus filhos e esses profissionais atuavam
em escolas privadas ou vendiam seu conhecimento de maneira independente.
Na década de 1930, surgiram os grupos escolares e o ensino
público gratuito passou a se organizar e a atender mais alunos. O poder
público passa a se responsabilizar efetivamente pela educação das crianças.
Até a primeira metade do século XIX, o método de ensino era monitorial, onde
o professor ensinava os conteúdos apenas àqueles alunos que apresentavam
mais facilidade em aprendê-los. Esses alunos chamados de monitores
repassavam o conhecimento aos alunos que tinham mais dificuldades.
Hoje as informações nos chegam rapidamente. O que antes levava
décadas para ser mudado, nos dias atuais ocorre da noite para o dia. Assim
também é na educação.
Com o passar dos anos, constatou-se que no processo de ensino
vários caminhos podem ajudar ou prejudicar o desenvolvimento da
aprendizagem: as condições estruturais das instituições de ensino, as
condições de trabalho do docente, as condições sociais do aluno e até mesmo
os recursos disponíveis. Outro fator é que as estratégias de ensino utilizadas
pelos docentes sejam capazes de sensibilizar, motivar e envolver os alunos ao
ofício do aprendizado, deixando claro o papel que lhes cabe.
LUCKESI faz uma análise da maneira como o ensino é planejado e
realizado e critica que a atividade é executada como um preenchimento de
formulário.
“Começa-se pela coluna dos conteúdos, que é mais fácil,
os conteúdos já estão explícitos e ordenados nos livros
didáticos. Basta, para tanto, copiar o índice. A seguir
inventam-se os objetivos que casem com os conteúdos
indicados. De fato o planejamento exige o contrario: em
primeiro lugar, o estabelecimento dos objetivos e, depois
encontrar os conteúdos que os operacionalizem, as
atividades para efetivar esses conteúdos, já estão
definidas desde sempre. por que pensar nelas? Todo
33
mundo dar aulas com exposição, dinâmica de grupo. É o
senso comum pedagógico que conduz a essa decisão”.
(LUCKESI, 1994, p.105).
Analisando a precariedade do sistema educativo destacam-se os
conflitos sociais que aumentam dentro das escolas, a naturalização de fortes
mudanças comportamentais do ser humano principalmente daqueles que estão
em processo de formação, como as crianças e adolescentes. É uma missão
difícil, mas não impossível para o educador romper com paradigmas que
tornam seu ofício mais fácil de ser realizado. Logo, faz-se necessário partir
para novas alternativas metodológicas que possam formar cidadãos pensantes
e sujeitos responsáveis pelos seus atos.
O novo educador deve entender o processo de ensino como um
conjunto de atividades organizadas por ele e pelos alunos, visando alcançar
determinados resultados tanto no conhecimento quanto no desenvolvimento
das capacidades cognitivas. O ponto de partida será o nível atual de
conhecimento e experiências dos alunos.
Shabbel nos traz uma possibilidade de entendermos como isso,
através da mediação, poderá concretizar-se de maneira simplificada.
“A mediação escolar pode resolver não só problemas que
afligem dirigentes e administradores das escolas das
escolas, como reciclar possibilidades, ou seja, aprender
com as experiências passadas e desenvolver
metodologias que já se mostraram presentes em outros
países”.
(SHABBEL 2002, p.42)
Considerando o dinamismo do mundo moderno, a área de educação
necessita de profissionais voltados para uma visão mediatizadora, na qual o
educador desempenhe a função de um mediador, no que tange a uma
34
educação de elevado nível e com sólida convicção de que seu trabalho dará
resultados significativos.
Podemos sintetizar dizendo que a relação entre ensino e
aprendizagem, vista através de uma nova ótica, não é uma simples
transmissão de conhecimento do professor que ensina para o aluno que
aprende. Ao contrário é uma relação recíproca na qual se destaca o papel
dirigente do professor com as atividades dos alunos.
O ensino deve visar estimular, dirigir, incentivar e impulsionar o
processo de aprendizagem dos alunos. O ensino tem um caráter
eminentemente pedagógico, ou seja, o de dar um rumo definido para o
processo educacional que é realizado na escola. As estratégias pedagógicas
do professor devem estar pautadas na contextualização social, econômica,
política e cultural.
Não existe uma maneira neutra de realizar esse trabalho. O ofício
não é imutável e sua transformação passa principalmente pela emergência de
novas competências ligadas, por exemplo, a outros profissionais. Sem dúvidas,
para se construir níveis de competências significativas, será conveniente dispor
de instrumentos mais acurados onde o diálogo, a cooperação e a empatia
estarão presentes.
35
Capitulo lll
A MEDIAÇÃO ESCOLAR CORRELACIONADA COM A TEORIA
SOCIOCONSTRUTIVISTA
A teoria socioconstrutivista apresenta como ponto a premissa de
que o desenvolvimento da aprendizagem é resultante da interação social. O
nome socio-construtivista é usado para fazer distinção entre a corrente teórica
de Vygotsky e o construtivismo de Jean Piaget, sendo as duas construtivistas
em suas concepções, ou seja, sustentam que a inteligência é construída a
partir da relação do homem com o meio. São correntes que tem como ponto
central a interatividade psicossocial e desenvolvem interpretações para as
diversas manifestações dos processos de desenvolvimento e aprendizagem.
Vygotsky é um dos principais representantes da corrente
socioconstrutivista. Ele interessou-se por estudar a interação social ao longo do
desenvolvimento do homem, afirmava que o homem herda de toda a evolução
filogenética e cultural e seu desenvolvimento dar-se-ia em função de
características do meio social em que vivem, de onde surgiu o termo
sociocultural atribuído a essa teoria.
Atento a natureza social do homem, que desde o berço vive
rodeado por seus pares em um ambiente impregnado pela cultura, VYGOTSKY
defendeu que o próprio desenvolvimento da inteligência é produto dessa
convivência, VYGOTSKY (1984) afirma que na ausência do outro, o homem
não se constrói homem.
Um dos conceitos básicos da teoria de Vygotsky é a aquisição do
conhecimento pela interação do sujeito com o meio e, portanto, o
conhecimento é sempre mediado e a vivência em sociedade é essencial para a
transformação do homem de ser biológico em ser humano. E pela
aprendizagem nas relações com os outros que construímos o conhecimento
que permite nosso desenvolvimento mental.
36
A teoria construtivista de Piaget é centrada principalmente em fazer
compreender como um aprendiz passa de um estado de menor conhecimento
a outro de maior conhecimento, o que está intimamente ligado ao
desenvolvimento pessoal do individuo. Essa teoria afirma que os seres
humanos somente conhecem a realidade atuando sobre ela e por isso ela
oferece intercâmbio com o meio, mediatizados pelos esquemas de ação e
representação.
Para Piaget: citado em COLL,
“O sujeito estabelece ação de troca com o meio, o qual
pressupõe duas dimensões: a assimilação e a
acomodação. Por isso, esse sujeito age ativamente sobre
o objeto, de forma que assimila-o, apropriando-se desse
objeto. Com isto, cria em si para este objeto um
significado próprio, na medida em que interpreta de
acordo com a sua possibilidade e fase cognitiva; faz-se
entender que havendo uma acomodação resulta em
reestruturação dos esquemas anteriores, o que entende-
se que tem produzido aprendizagem ou mudanças
cognitiva. O sujeito age no sentido de se transformar
ajustando-se num esforço pessoal às resistências
impostas pelo objeto do conhecimento, agindo sobre suas
próprias estruturas alterando-as para acomodar o objeto
experienciado.”
(COLL, 1997, p.155)
Necessitamos de teorias que nos sirvam de referencial para
contextualizar e priorizar finalidades e metas; para planejar a atuação; para
analisar seu desenvolvimento e modificá-lo paulatinamente em função daquilo
que ocorre e para tomar decisão sobre a adequação de tudo isso.
37
Quando aceitamos que o ensino é exclusiva ou fundamentalmente
uma atividade rotineira, estática e até estereotipada, não precisamos de teoria
sobre essas características, mas o socioconstrutivismo nos diz o contrário.
Ao se analisar a concepção construtivista da aprendizagem e do
ensino, como referencial útil para análise, reflexão e atuação, COLL (1997),
propõe um modelo igualmente útil para todos os âmbitos em que a educação
deve move-se. Esclarece também o que ele exige bem como o que pode ser
considerado uma teoria útil para a prática educativa.
Dificilmente poderemos entender o desenvolvimento humano se não
considerarmos as diversidades das práticas educativas, por meio das quais
poderemos ter acesso e interpretar cada cultura de modo pessoal.
Na concepção construtivista, a aprendizagem contribui para o
desenvolvimento, à medida que aprender não é copiar ou reproduzir a
realidade, porém aprendemos quando somos capazes de elaborar uma
representação pessoal sobre um conteúdo que queremos aprender ou sobre
um objeto da realidade.
Ela parte também de um consenso bastante arraigado em relação
ao caráter ativo da aprendizagem, o que leva a aceitar que essa é fruto de uma
construção pessoal na qual não intervém apenas o sujeito que aprende. Os
outros significados, sendo os agentes culturais são peças imprescindíveis para
essa construção pessoal, ou seja, para esse desenvolvimento ao qual
aludimos.
Partindo do pressuposto construtivista, o caráter social e socializador
da educação e seu impacto sobre o desenvolvimento pessoal, permite fazer
uma leitura integrada de suas diversas contribuições, obrigando ao mesmo
tempo, elaborar novas propostas e princípios que colaborem no empenho em
conseguir um ensino mais ajustado às necessidades atuais. Além disso,
permita interpelar o processo de ensino aprendizagem a outras áreas do
conhecimento.
A função do educador é levar o aluno adiante, pois quanto mais ele
aprende, mais se desenvolve mentalmente. A necessidade desse
desenvolvimento é característica das crianças. Para Vygotsky, as
38
potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta durante o processo
de ensino-aprendizagem. Isto porque, a partir do contato com pessoa mais
experiente e com o quadro histórico-cultural abrangente, as potencialidades do
aprendiz são transformadas em situações em que ativam nele esquemas
processuais cognitivos ou comportamentais.
Pode acontecer também que este convívio produza no indivíduo
novas potencialidades, num processo no qual a criança aprenda conceitos
socialmente adquiridos de experiências passadas. E passarão a trabalhar com
essa situação de maneira consciente.
Considerando o ensino como fator positivo, se uma transformação
social tem o poder de desnudar o funcionamento cognitivo, pode diminuir os
preconceitos e os conflitos sociais. Então, esse processo está de certa forma
fazendo uma correlação com a mediação pedagógica. Verifica-se ainda como
objeto de relação entre teoria socioconstrutivista e mediação, a interação e
atuação dos membros sociais de maneira deliberada, o que é essencial para o
processo de seus desenvolvimentos.
Esse entendimento, para FREIRE (2002), de colaboração como
característica da ação dialógica, que não pode se dar a não ser entre sujeitos,
ainda que tenham níveis distintos de função, portanto de responsabilidades
somente realizadas através da comunicação.
A mediação possibilita a transformação da cultura do conflito em
cultura do diálogo, na medida em que se estimula a resolução dos problemas
pelas próprias partes. A valorização da pessoa é um ponto importante uma vez
que são elas os atores principais e responsáveis pela resolução das
divergências.
Sua importância primordial deve-se ao aprendizado dos sujeitos
envolvidos em resguardar para si a autonomia da construção das soluções dos
conflitos e não a delegando a terceiros, facilitando a comunicação entre os
envolvidos.
A mediação sem dúvida nenhuma está relacionada com a cidadania
que por sua vez, está com o processo de ensino aprendizagem, pois o
aprendizado que ela oferece contribui muito na formação do individuo como
39
cidadão responsável por seus atos e conseqüências. Ela valoriza a
responsabilidade de cada um, a apropriação das escolhas pessoais, o respeito
a si e aos outros, a aceitação do diferente, a cooperação e tolerância.
Com a mediação, procura-se alcançar a cooperação e essa tem por
objetivo dos participantes benefícios mútuos. Na nossa formação e como
participantes de vários grupos o processo de comunicação é continuo, sendo a
escola considerada um grande grupo, faz-se necessário a comunicação para o
desenvolvimento dos grupos. Um educador de sucesso segundo Queiroz,
deve:
“Apresentar permanente disposição para ações
inovadoras nas diversas etapas do seu trabalho.
Observando procedimentos investigando novos
caminhos, descobrindo problemas e possíveis falhas
existentes no processo de aprendizagem”.
(QUEIROZ, 2002, p.114).
A aprendizagem é um processo caracterizado por uma sequência de
ações na qual a anterior determina o sucesso ou insucesso da posterior. O
educador mediador deve chamar para si a atenção, o que só será possível se
ele souber criar um clima de simpatia, possuir aparência e vocabulários
adequados, bem como boa postura e deve comunicar-se bem.
40
CONCLUSÃO
Quando se fala em mediação normalmente se pensa em litígio judicial,
onde as partes em conflito são encaminhadas pela justiça a fim de resolvê-los
com mais rapidez.
O estudo monográfico apresentado teve a intenção de esclarecer que a
mediação também pode ser usada em contexto escolar e assim auxiliar no
desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem.
A escola, por ser um grupo social, os seus atores trazem os seus
conflitos de maneira implícita ou explicita. A ação docente é a base de uma boa
formação escolar e contribui para a formação de seres sociais pensantes, a
mediação está correlacionada com a cidadania, pois o aprendizado que ela
oferece contribui muito na formação do individuo como cidadão responsável
por seus atos e conseqüências.
Partindo do pressuposto construtivista, o caráter social e
socializador da educação e seu impacto sobre o desenvolvimento pessoal
permite fazer uma leitura integrada de diversas necessidades existente no meio
escolar, obrigando ao mesmo tempo sem dúvida a elaboração de novas
propostas e princípios que colaborem no empenho de se conseguir um ensino
mais ajustado ás necessidades atuais. Alem disso, que permita interpelar o
processo de ensino aprendizagem a outras áreas do conhecimento.
A teoria socioconstrutivista apresenta como ponto a premissa de que
o desenvolvimento da aprendizagem é resultante da interação social. A
mediação enquanto meio construtivo de resolução de conflito proporciona aos
envolvidos um espaço ideal, para que possa ser desenvolvida a capacidade de
respeito mútuo, comunicação assertiva e eficaz.
A implantação e prática da mediação pedagógica interligada com a
discussão, informação e formação de práticas docentes constituem um
mecanismo eficaz no desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem
tendo em vista que oferece aos jovens e as crianças um espaço onde eles
possam ser escutados, possibilitando especialmente a participação ativa na
resolução de conflitos que interferem na aprendizagem.
41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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1996.
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Gestão de Conflitos interpessoais e organizacionais. São Paulo, LTR, 2004.
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Janeiro, Lúmen Júris. 1999.
42
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43
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44
WEBGRAFIA
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metodologia de aprendizado em administração em conflito. Disponível em: //
www.rogeriana.com/bataglia/mediac01.
45
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO SOBRE A MEDIAÇÃO DE CONFLITO 10
1. Mediação pedagógica 13
1.1. Um novo caminho para a educação 13
1.2. Princípios que norteia a mediação escolar entre pares 15
1.3. O professor mediador 17
CAPÍTULO II
A MEDIAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 21
2. conflitos que podem ser mediados em âmbito escolar 23
2.1. A violência escolar 23
2.2. A violência simbólica 26
2.3.A escola no combate a violência simbólica 27
46
2.4. O bulling 28
2.5. A prática mediadora e os desafios enfrentados pelo educador 31
CAPÍTULO III
A MEDIAÇÃO ESCOLAR CORRELACIONADA COM A TEORIA
SOCIOCONSTRUTIVISTA 35
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41
BIBLIOGRAFIA CITADA 42
WEBGRAFIA 44
ÍNDICE 45
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: