UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus...

47
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Escola: empresa de cunho comercial ou apenas uma instituição educacional? Por: Márcia Vianna de Mattos Barbosa Orientadora Prof. Mary Sue Carvalho Pereira Niterói 2011 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus...

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Escola: empresa de cunho comercial ou apenas uma

instituição educacional?

Por: Márcia Vianna de Mattos Barbosa

Orientadora

Prof. Mary Sue Carvalho Pereira

Niterói

2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

2

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Escola: empresa de cunho comercial ou apenas uma

instituição educacional?

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administrador

e Supervisor Escolar.

Por: Márcia Vianna de Mattos Barbosa

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

3

AGRADECIMENTOS

....aos professores da Ucam,

especialmente a Nilson Guedes, Geni

Lima e Marta Relvas que me

motivaram e me impulsionaram a cada

vez mais procurar crescer

profissionalmente, procurando o prazer

na Educação e, consequentemente,

transmitindo esse prazer.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à minha

mãezinha que não teve tempo para

estudar, pois deu à luz a oito filhos e,

mesmo assim, voltou à escola aos 40

anos para terminar o curso Normal, se

dedicando à Educação até se

aposentar; à minha tia Irene que

apoiou a minha mãe na sua escolha e

à minha prima Heloisa que acreditou

em mim; aos meus filhos Pedro e

Marcos que mesmo ainda pequenos

tentam entender os meus dias de

pesquisa e estudo; e, finalmente, ao

meu marido Alexandre que me apóia

quase incondicionalmente, sempre está

ao meu lado e sei que posso contar a

qualquer momento.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

5

RESUMO

Baseado na indagação, “Escola: empresa de cunho comercial ou

apenas uma instituição educacional?” Este trabalho se propõe mostrar que a

escola não perde sua identidade por ter um corpo administrativo atuante ou um

profissional de marketing dentro de seu quadro de funcionários; um setor não

pode interferir no outro e os dois precisam caminhar juntos. Assim como numa

empresa convencional, a escola precisa de metas para atingir seus objetivos,

precisa ter um endomarketing bem definido e precisa identificar seu aluno

como um produto final de seu trabalho. Para que as engrenagens dessa

instituição funcionem perfeitamente bem, é necessário que a gestão

pedagógica esteja sempre em consonância com a financeira, pois o sucesso

da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá

trabalha como secretaria, inspetores e manutenção. Numa escola, não pode

haver somente a parte pedagógica, pois o mercado sempre está pedindo um

diferencial. Mesmo nas escolas públicas, os pais procuram a que tem melhor

conceito. Nas particulares, então, é condição necessária que haja além do

gestor pedagógico, um outro que se direcione para o lado financeiro, mas esse

precisa ter um grande conhecimento na área de gestão de pessoas.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

6

METODOLOGIA

Para comprovação da teoria apresentada nesta monografia,

realizou-se estudo de caso em duas instituições, uma na realidade de uma

escola pública e outra em rede privada.

Esta pesquisa de campo teve como base um questionário voltado

para os pais, a fim de saber quais as demandas que ele têm com relação a

uma escola pública e privada (pesquisa feita in loco); a observação e conversa

impessoal sobre o dia a dia dos funcionários e entrevista com os diretores das

referidas escola.

Num primeiro momento é apresentada a introdução com os

questionamentos sobre a escola ser tratada como empresa, que vai sendo

respondida nos capítulos seguintes.

A finalidade é a de demonstrar que o pensamento empresarial não

atrapalha uma escola, ou melhor, só ajuda a atingir o objetivo maior que é o de

ensino-aprendizagem, pois se todos os funcionários estiverem engajados no

bom funcionamento da empresa, tudo transcorre muito melhor.

Foi reservado ao capítulo inicial, um histórico sobre o

desenvolvimento da instituição/escola desde a era jesuítica até a abertura

política com a nova LDB, aprovada em 1996, após alguns projetos

apresentados. Além de mostrar a mudança que a escola sofreu após a

Revolução Industrial.

No segundo capítulo, a explanação foi a respeito do conflito entre

escola e empresa. Por isso, é percebida a necessidade de algumas definições

e esclarecimentos antes de dar continuidade à pesquisa propriamente dita.

Algumas pessoas têm verdadeira aversão quando se fala nesse assunto, mas

o aumento de concorrência, por exemplo, deve provocar automaticamente uma

revisão dos conceitos de gestão.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

7

O terceiro capítulo tem a finalidade de mostrar ao leitor desta

pesquisa, que uma escola precisa ter foco no resultado tanto quanto uma

empresa comercial, e isso não descaracteriza o objetivo que a instituição de

ensino tem: o ensino-aprendizagem. Mas, para conseguir manter toda a equipe

coesa, é necessário se programar para explorar as oportunidades e definir as

estratégias para se atingir o desempenho ideal planejado. Para aluno passar

num concurso é preciso que o professor esteja motivado e que a escola

ofereça um local propício ao estudo.

Por sua vez, o último capítulo vem ampliar essa informação com o

detalhamento dos dois estudos de casos, a fim de comprovar que uma boa

gestão (participativa) só leva a resultados positivos, pois é através dessa

gestão (tanto a pedagógica quanto a administrativa) que a escola conseguirá

atingir seus objetivos

SUMÁRIO

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - A Escola num processo histórico 11

CAPÍTULO II - Escola: empresa ou instituição (definição) 23

CAPÍTULO III – Escola pública e privada – Foco no resultado 26

CAPÍTULO IV – Estudo de casos

31

CONCLUSÃO 39

ANEXOS 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

BIBLIOGRAFIA CITADA 45

ÍNDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

INTRODUÇÃO

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

9

Algumas escolas sofrem com a falta de uma administração eficiente,

muitas vezes decorrente do receio de tratá-las como “empresas” que devem

dar resultados.

Em todos os momentos em que a escola aparece na nossa história,

existe a cobrança da sociedade para a formação de um indivíduo que possa

contribuir com o coletivo. Mas essa instituição não podia ser tratada como uma

empresa, já que era “uma extensão da família”. Então, como poderíamos

afirmar que uma escola particular (no passado) tinha o objetivo de lucrar? Se

era uma continuidade do lar, não poderia haver o pensamento nos lucros.

Quando falamos de uma escola privada, essa afirmação ainda é

aceitável hoje em dia (para alguns), mas em escolas públicas é totalmente

rejeitada, já que o objetivo não é o lucro.

Mas será que o único objetivo de uma empresa é o lucro? Bem. Se

assim fosse, as empresas não investiriam em produtos recicláveis, não

tentariam melhorar a segurança de outro produto, entre outras ações que só

geram custos. E o que é lucro? De acordo com a wikipedia, lucro é o retorno

positivo de um investimento feito por um indivíduo ou uma pessoa nos

negócios.

É óbvio que uma empresa comercial precisa lucrar, mas para isso

acontecer ela tem que estar com sua equipe coesa (sabendo suas funções e

se relacionando bem), ter uma boa matéria prima, boas instalações e

constante aprimoramento de seus funcionários.

Parece que dessa forma existe, sim, uma semelhança com a escola.

Precisamos ter uma boa equipe (professores/coordenadores) e sempre se

aprimorando, boas instalações para a matéria prima (aluno) a fim de que o

produto final (aluno formado) seja de qualidade.

Uns vão achar que é um absurdo essa comparação, mas demagogias

a parte, temos que parar com essa ideia de que uma escola/professor precisa

amar seu aluno/profissão.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

10

Trabalhamos, sim, no que escolhemos, por afinidade ou prazer, mas

também queremos receber um bom salário por isso. Então, se é necessário ter

frieza (não no sentido denotativo da palavra) para escolher a melhor escola

para trabalhar, também é necessário que o gestor de uma instituição

educacional procure o melhor professor/profissional para seu colégio.

A forma de se conhecer o trabalho do educador não é tão diferente de

um funcionário de uma empresa comercial. É claro que o professor lida com

pessoas, mas qualquer empresa precisa ter contato com seu cliente e, se seu

produto não for de qualidade o cliente não o consome mais. Se a escola não

ensina, o responsável troca de escola.

É claro que se precisamos tratar a escola como uma organização,

devemos quantificar seus resultados. Dessa forma, é necessário buscar meios

de alcançar o objetivo da escola: o processo ensino-aprendizagem.

Ou seja, um bom gestor precisa ter uma visão administrativa da escola,

comparando-a, sim, a uma empresa. E é através desta pesquisa que iremos

traçar alguns pontos importantes para que o gestor perceba a necessidade de

fazer a comparação da escola com uma empresa, incluindo escolas públicas.

Se a finalidade última da educação é a formação de cidadãos, então, a

qualidade da educação precisa estar voltada para esse fim e necessita

sustentar-se em um tipo de gestão que propicie o exercício da cidadania,

promovendo a participação de todos os segmentos que compõem a escola,

além da comunidade local externa, ou seja, deve se sustentar na gestão

democrática

Focar no atendimento ao cliente (pai/aluno/comunidade) é, com

certeza, um dos pontos principais deste estudo. A grande dificuldade está em

conciliar o conhecimento pedagógico com o conhecimento financeiro, mas não

é impossível.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

11

CAPÍTULO I

A Escola num processo histórico

A palavra escola vem do grego scholé, que significa “lugar do ócio”. Isso

porque as pessoas iam à escola em seu tempo livre, para refletir. Neste

modelo grego as crianças eram educadas, mas de modo informal, sem divisão

em séries nem salas de aula.

Denominada de paidéia, a educação grega era específica a cada um,

tendo uma educação para os nobres, outras para plebeu e nenhuma para os

escravos. Surge assim, o pedagogo, escravo doméstico que além de conduzir

as crianças nobres à escola, também era responsável pela sua educação.

“Em todas as educações gregas o indivíduo era educado

para a sociedade como um todo. Em Roma a educação

surgiu como na Grécia, comunitária, mas se desenvolveu

de forma diferente, onde a formação do patriarca

agricultor sobressaia sobre o cidadão. Mais tarde surge a

escola primária, como a escola de primeiras letras gregas,

também surge à escola gramáticos, e muito mais tarde a

Lector.” ( BRANDÃO, 1995, p.35)

Se considerarmos o modelo de escola que temos hoje, com professor e

crianças, as primeiras escolas surgiram na Europa no século 12 em instituições

de caridade da Igreja Católica que além de ensinar a ler, escrever, contar, iam

transmitindo as lições do catecismo.

Após mais de três séculos, no início de colonização de nossa pátria, a

escola e sua ampliação pelo mundo estavam sujeitas a expansão do

catolicismo, em especial a Companhia de Jesus, e no Brasil colônia de

Portugal, não foi diferente.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

12

1.1 – A Escola no Brasil.

No Brasil, o surgimento da primeira escola se deu em 1549, em

Salvador, e em 1554 na localidade mais tarde conhecida como Estado de São

Paulo, pelos padres jesuítas. Esse ano também marca a data da fundação da

cidade. Nessa escola inicial ensinava-se ler, escrever, matemática e a doutrina

católica.

Todo comentário que se faça sobre a história da educação, no Brasil,

tem que perpassar pela era jesuítica, pois tal época determinou o caminho que

o ensino seguiria. Após este período de defesa do cristianismo católico, dá-se

o período pombalino, onde o Estado assume a responsabilidade sobre o

processo educacional, mas o ensino é insuficiente. Com a vinda da família

portuguesa para o país, a educação ficou voltada para preparar as pessoas a

fim de servirem ao reino.

A partir daí, a educação passa por vários períodos e mudanças como o

período imperial (educação conservadora, mas sem planejamento), período da

Primeira República (descentralização do ensino - reformas educacionais),

período da Segunda República (após a Revolução de 30 – reconstrução da

nação – criação do Ministério da Educação e Saúde), período do Estado Novo

(criação do Senai, regulamentação do ensino secundário, formação

profissional), período da Quarta República (criação da LDB), período Militar

(educadores exilados – obrigatoriedade da profissionalização ao término do 2º

grau) e, por fim, período da Abertura Política (nova LDB).

Até os anos 20, a educação brasileira comportou-se

como um instrumento de mobilidade social. As classes

que detinham o poder econômico e político utilizavam-na

como distintivo de poder. As camadas médias

procuravam-na como a principal via de ascensão social,

prestígio e integração com as classes dominantes. Nesta

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

13

sociedade, ainda não havia uma função “educadora” para

os níveis médio e primário, razão pela qual eles não

mereceram atenção do Estado, senão formalmente. A

oferta de escola média, por exemplo, era incipiente,

restringindo-se, praticamente, a algumas iniciativas do

setor privado (Romanelli, 1983).

Na transição de uma sociedade oligárquica para urbano-industrial,

redefiniram-se as estruturas de poder, e o esforço para a industrialização

resultou em mudanças substantivas na educação. Estabeleceu-se a

necessidade de elaboração de um Plano Nacional de Educação, através da

Constituição de 1934, que coordenasse e supervisionasse as atividades de

ensino em todos os níveis. Foram regulamentadas as formas de financiamento

do ensino oficial em cotas fixas para a Federação, os Estados e os Municípios,

fixando-se ainda as competências dos respectivos níveis administrativos.

No Brasil, nos anos 80, pelo processo de abertura política e

democratização da sociedade todos os estados da federação se imbuíram do

propósito de elaborar suas propostas curriculares, buscando uma nova relação

com os conteúdos e os saberes. Com a organização da sociedade civil, que

buscava a educação como um direito do cidadão, pautando-se nos propósitos

progressistas reivindicava escola para todos, de boa qualidade e que

atendesse os menos favorecidos.

Implantou-se a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário, e o

ensino religioso tornou-se optativo. Parte dessa legislação foi absorvida pela

Constituição de 1937, na qual estiveram presentes dois novos parâmetros: o

ensino profissionalizante e a obrigação das indústrias e dos sindicatos de

criarem escolas de aprendizagem, na sua área de especialidade, para os filhos

de seus funcionários ou sindicalizados. Foi ainda em 1937 que se declarou

obrigatória a introdução da educação moral e política nos currículos. Portanto,

paulatinamente, a sociedade brasileira passou a tomar consciência da

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

14

importância estratégica da educação para assegurar e consolidar as mudanças

econômicas e políticas que estavam sendo empreendidas.

Mas, apesar dessas mudanças, após a Revolução Industrial percebeu-

se a necessidade de mão de obra especializada, criando uma dicotomia na

educação. Educar para o trabalho ou para pesquisa? E em todos os

momentos, a educação teve um “patrão”, dedicando-se à Igreja, ao Estado ou

à sociedade.

Os momentos de crise são propícios para os projetos de mudança,

porém a mudança se constitui um desafio e esse desafio é intenso, pois

implica em novas formas de viver coletivo e também mudança de posturas

individuais. Portanto, não é fácil, uma vez que temos no passado, construções

que nos identificam e nos estimulam ao conservadorismo, embora a

insatisfação da situação presente instigue à mudança.

Nos estudos sobre mudança também se deve dar importância ao

imaginário, o qual faz parte da definição da história e dos processos de longa

duração, onde se podem constatar as dificuldades e a lentidão das mudanças.

Com essas considerações é possível relacionar os processos históricos de

mudança e as reformas educacionais, pois se dão em momentos de crise, e

estão profundamente vinculadas às culturas, e interferem na vida social

cultural e econômica das pessoas, são historicamente construídos. A idéia de

mudança vem acompanhada das perguntas para onde se dirigia a sociedade e

para onde deve dirigir-se agora?

Na sociedade atual, embora se queira dar as costas ao passado, vê-se

nos projetos de políticas, expostos pelos governantes através das leis, uma

recorrência de práticas onde o passado vive no presente:

Ele persiste implacável na memória (coletiva, grupal, individual) e

ressurge com reiterada firmeza: ora imperceptivelmente, no cotidiano privado

de cada um, ora espetacularmente, pelos mecanismos do marketing e da

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

15

publicidade, ora com a pompa e circunstância, sob a forma do revival político,

dos fundamentalismos e do reaproveitamento cultural.

Essa relação entre a mudança e a permanência, refletindo o presente

através de uma retomada do passado, serve como baliza para as discussões

de projeção sobre o futuro, porque apontam caminhos para um investimento.

1.1.1 – As Mudanças na Estrutura Escolar.

Na escola, por ser um lugar de muitas relações, circula a vida das

pessoas e também há uma rotatividade de muitas pessoas. Os alunos passam

pela escola, constroem relações em um curto espaço de tempo, mas que

marcam sua vida, contribuindo para as decisões que pretendem tomar. Os

educadores se constituem profissionais na relação com seus pares, disputando

poder pela hierarquia dos saberes, ou pela posição que ocupam na

organização das funções no interior da escola e com a comunidade. Outros

profissionais também exercem suas funções de apoio técnico, de serviços

gerais nesse espaço escolar. Por isso, as mudanças de ordem material e

espiritual precisavam se fazer sentir em todas as instâncias do sistema escolar.

Em todas as passagens por mudanças de ordem sócio-política, a

escola não mudou sua característica física (prédio, cadeiras, alunos,

professor). Teve, sim, algumas alterações quanto ao tipo de pedagogia e é

apoiada em uma das tendências pedagógicas que a escola tece o seu futuro,

dependendo da comunidade em que está inserida e o público que deseja

atender.

As teorias pedagógicas devem ser entendidas aqui como aquelas

teorias que buscam:

equacionar, de alguma maneira, o problema da relação

educador-educando, de modo geral, ou, no caso

específico da escola, a relação professor-aluno,

orientando o processo de ensino e aprendizagem”

(SAVIANI, 2005a, p. 1)

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

16

Algumas características dessas pedagogias como tipo de conteúdo a

ser trabalhado, papel da escola (objetivo no que se refere ao aluno), método

de ensino, relação aluno X professor, tipo de aprendizagem e, principalmente,

qual a ideia principal que deve ser ressaltada para que a escolha do

gestor/diretor/coordenar seja de acordo com o público-alvo da instituição.

O quadro abaixo faz uma síntese das mudanças ocorridas na Escola:

Papel da Escola Conteúdos Métodos

Professor x

aluno Aprendizagem Ideia

principal

Pedagogia Liberal

Tradicional.

Preparação intelectual e moral dos alunos para

assumir seu papel na sociedade.

Conhecimento e valores sociais

são acumulados através dos tempos e

repassados aos alunos como

verdades absolutas.

Exposição e demonstração

verbel da matéria e / ou por meios

de modelos.

Autoridade do professor que exige atitude receptiva do

aluno.

A aprendizagem é receptiva e

mecânica, sem se considerar

as características

próprias de cada idade.

A escola tem por função preparar os indivíduos

para desenvolver

papéis sociais, tendo que aprender a adaptar-se aos valores e

às normas que a

sociedade de classes

impõe, não levando em

conta a desigualdade

social

Tendência Liberal

Renovadora Progressiva.

A escola deve adequar as

necessidades individuais ao meio social.

Conteúdos são estabelecidos a

partir das experiências vividas pelos

alunos frente às situações

problemas.

Por meio de experiências, pesquisas e método de solução de problemas.

O professor é auxiliador no

desenvolvimento livre da criança.

É baseada na motivação e na estimulação de

problemas.

Tendência Liberal

Renovadora não-diretiva

(Escola Nova)

Formação de atitudes.

Baseia-se na busca dos

conhecimentos pelos próprios

alunos.

Método baseado na facilitação da aprendizagem.

Educação centralizada no

aluno e o professor é quem

garantirá um relacionamento

de respeito.

Aprender é modificar as

percepções da realidade.

Tendência Liberal

Tecnicista.

É modeladora do comportamento humano através

de técnicas específicas.

São informações ordenadas numa seqüência lógica

e psicológica.

Procedimentos e técnicas para a transmissão e recepção de informações.

Relação objetiva onde o professor

transmite informações e o

aluno vai fixá-las.

Aprendizagem baseada no

desempenho.

Tendência Progressista Libertadora

Não atua em escolas, porém

visa levar professores e

alunos a atingir um nível de

consciência na busca da

transformação social.

Temas geradores.

Grupos de discussão.

A relação é de igual para igual,

horizontalmente.

Resolução da situação

problema.

Parte de uma

análise crítica

das realidades

sociais, não se

baseia numa

sociedade

capitalista,

tornando-se Tendência Progressista

Transformação da personalidade num sentido

As matérias são colocadas mas

Vivência grupal na forma de auto-

É não diretiva, o professor é

Aprendizagem informal, via

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

17

Libertária. libertário e autogestionário.

não exigidas. gestão. orientador e os alunos livres.

grupo. assim, um

instrumento de

luta dos

professores ao

lado de outras

práticas

sociais.

Tendência Progressista "crítico social

dos conteúdos ou

"histórico-crítica"

Difusão dos conteúdos.

Conteúdos culturais

universais que são incorporados pela humanidade frente à realidade

social.

O método parte de uma relação

direta da experiência do aluno X saber sistematizado.

Papel do aluno como participador

e do professor como mediador

entre o saber e o aluno.

Baseadas nas estruturas

cognitivas já estruturadas nos alunos.

Então, em que momento estaríamos hoje? Vivemos num país onde há

uma mistura de todas essas tendências, onde Saviani, num artigo (1981),

descreve sobre este conflito que os profissionais da educação vivenciam nesta

época.

Os professores têm na cabeça o movimento e os

princípios da escola nova. A realidade, porém, não

oferece aos professores condições para instaurar a

escola nova, porque a realidade em que atuam é

tradicional. (...) o professor se vê pela pedagogia oficial

que prega a racionalidade e a produtividade do sistema e

do seu trabalho, isto é: ênfase nos meios (tecnicismo).

(...) E não aceita a linha crítica porque não quer receber a

denominação de agente repressor.”

Freitas (1995), ao comentar a tese do Instituto Central de Ciências

Pedagógicas da Rússia a respeito da posição propedêutica da psicologia, da

sociologia e de outras áreas de conhecimento em relação à pedagogia,

enfatiza que:

Essa concepção conduz à compreensão da pedagogia

como se fosse um sistema de teses fundamentadas por

outras ciências. Embora o conhecimento dessas

disciplinas seja fundamental para a elaboração da teoria

educacional e pedagógica e para as recomendações das

práticas, de nenhuma maneira isso quer dizer que se

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

18

determine o campo da pedagogia por meio de outras

ciências. A pedagogia estuda o processo educacional em

sua totalidade e em sua especificidade qualitativa. Uma

particularidade essencial da pedagogia consiste em que

ela não é uma simples soma dos resultados de outras

ciências. Ela reelabora tais resultados de tal forma que

contribuam para esclarecer os diferentes componentes,

relações e generalidades do processo educacional [...] A

pedagogia, portanto, opera em um nível qualitativo

diferente daquele das ciências individuais que lhe servem

de referência epistemológica tais como a psicologia, a

sociologia e outras. Esse nível qualitativamente diferente

está expresso na própria elaboração da teoria

educacional e pedagógica, em relação dialética com a

prática social multifacetada. Este é o papel de uma

ciência pedagógica (FREITAS, 1995, p. 86-87, grifos do

autor).

É preciso entender que toda prática pedagógica é necessariamente

influenciada por um corpo teórico, ainda que essa teoria não esteja clara para

os sujeitos nela envolvidos; pois, assim como não há prática pedagógica

desinteressada, também não há prática pedagógica infundada. Dessa maneira,

a dimensão dialética existente entre teoria e prática permanece preservada,

pois é fato que toda ação tem uma teoria como eixo.

1.2 – A Escola e o Mercado de Trabalho.

A escola tem como função social “formar o cidadão”, isto é, construir

conhecimentos, atitudes e valores que permitam ao estudante ouvir, pensar,

analisar, questionar, opinar, entender, decidir, resolver, ser ético, solidário e

participativo, o que lhe permitirá ir de encontro aos seus anseios futuros.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

19

O papel da escola na vida e na formação das pessoas é crucial e

nessa perspectiva é necessário valorizar a construção da cidadania, a

aprendizagem, a cultura e o saber do estudante e da comunidade e o

aproveitamento significativo do tempo pedagógico. Sem considerar estas

questões, a educação na escola continuará formando pessoas para uma

sociedade e um mercado que não existem mais.

Além da distância entre a escola e o mercado de trabalho, percebe que

saber que o Brasil está na América do Sul ou que balanço se escreve com

cedilha não o ajuda muito. Não. Não estou dizendo que o conhecimento

escolar não é importante. Sim, é. Apenas que é preciso aproximá-lo do

mercado de trabalho e desenvolver competências para esta realidade.

Formar o cidadão é uma grande responsabilidade e precisamos pensar

para além do currículo. Como são processadas as informações

(conhecimento)? Quais são os canais de recepção dessas informações? Qual

a importância destes canais na aprendizagem? E a aula? É didaticamente

criativa? Diferenciada? Utiliza-se a tecnologia? E a pesquisa? Prioriza a

resolução de problemas? Há um comprometimento com uma educação

empreendedora?

Através das leis, percebe-se que as alterações feitas estão sempre se

voltando para o mercado de trabalho. A primeira estrutura organizada do

ensino foi no Estado Novo (Leis Orgânicas – 1942 a 1946), conforme quadro

abaixo:

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

20

Fonte: Política Educacional (pág. 46) – Antonio Ney – Editora Wak

Época da criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

(Sesi), que responderia pela formação da mão de obra dos operários das

indústrias. Sem comprometimento com o ensino público. Se no 1º ciclo o aluno

se interessasse pela área comercial, deveria continuar seus estudos até o

ensino superior, sem a opção de alterar sua escolha inicial.

Além do conhecimento técnico, é preciso pesquisar, preparar-se, estar

atento às mudanças, inovar, ser criativo, empreendedor e buscar resultados.

Este é o perfil que o mercado precisa e que deve ser trabalhado para que o

jovem possa exercer a sua cidadania.

A partir da LDB de 20/12/61 foi alterada a estrutura do ensino, dando a

possibilidade a quem cursasse o 1º ciclo pudesse escolher qualquer curso no

Ensino Médio e dar prosseguimento a outro no Ensino Superior de outra área,

além de dar a equivalência aos cursos de Ensino Médio e Profissionalizante.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

21

De acordo com o esquema a seguir fica mais claro essa explicação:

Fonte: Política Educacional (pág. 49) – Antonio Ney – Editora Wak

A indústria, o comércio, a sociedade estão sempre em destaque

quando o assunto é Educação, portanto é preciso se preocupar com os alunos

que estamos formando e para quê estamos formando.

Educação empreendedora? Por que não? Além da preocupação com

as competências escolares é preciso colocá-las em sinergia com situações

reais. O educando acumula amplo conhecimento, passa em concursos,

consegue bons empregos, mas não mobiliza o que aprendeu nas situações

reais, não consegue usar o que aprendeu no cotidiano. Esta aproximação deve

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

22

acontecer, afinal cidadão é aquele que ouve, pensa, analisa, questiona, opina,

entende, decide e resolve.

A sociedade muda junto com o comércio e com a indústria. Por que

somente a escola tem que ficar estagnada, acreditando que no faz-de-conta

existe um lugar para professoras sempre sorridentes, amando seus alunos,

com baixos salários (“porque não é isso que importa”), carteiras enfileiradas,

diretores pensando somente na área pedagógica, etc?

É preciso acordar e perceber o quanto é importante ter um bom

atendimento, fazer propaganda, ouvir seus funcionários, dar feedback sobre os

problemas encontrados, negociar, investir, entre outras coisas que toda

empresa sempre deve fazer e, se a escola não despertar para o novo tempo,

vai ficar para trás.

CAPÍTULO II

Escola: empresa ou instituição (definição)

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

23

Dentre várias definições da palavra empresa vale ressaltar a da

Wikipédia que “é um conjunto organizado de meios com vista a exercer uma

atividade particular, pública, ou de economia mista, que produz e oferece bens

e/ou serviços, com o objetivo de atender a alguma necessidade humana”.

Por outro lado, de acordo com a mesma fonte, instituições “são

organizações ou mecanismos sociais que controlam o funcionamento da

sociedade e, por conseguinte, dos indivíduos, mostram-se de interesse social,

uma vez que refletem experiências quantitativas e qualitativas dos processos

socioeconômicos. Organizadas sob a forma de regras e normas, visam à

ordenação das interações entre os indivíduos e entre estes e suas respectivas

formas organizacionais. Com outras palavras, as instituições sociais têm seu

papel fundamental no processo de socialização, ou seja, tem como objetivo

fazer um indivíduo tornar-se membro da sociedade”.

Revendo essas definições poderíamos dizer que a escola se enquadra

em qualquer uma das duas e não somente em instituição. A escola é sim uma

empresa. Uma empresa que tem como objetivo atender uma necessidade

humana, da sociedade.

Enxergar uma organização como empresa tem também

seu lado de enxergá-la como uma organização

responsável que, além de atingir seus objetivos, procura

fazê-lo de forma otimizada. No caso da escola particular,

o conceito pode ser mal compreendido ao considerar o

ensino como uma missão, porém também no caso deste,

ensinar é, além de uma paixão, vocação e missão, a

profissão que garante sua sobrevivência. (Mario Persona,

escritor, PALESTRANTE, professor, consultor de

comunicação estratégica e marketing)

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

24

Não é possível se pensar numa escola que consiga sobreviver por

muito tempo com a qualidade que o mercado exige se não planejar,

desenvolver estratégias e até mesmo expor sua capacidade para o mercado. É

preciso assumir a educação como negócio e isso acaba sendo uma forma

mais honesta do que tentar cobrir a atividade com uma obra de caridade, onde

todos que ali trabalham o fazem por amor.

Mesmo porque, se há colaboradores e fornecedores, existe uma

responsabilidade financeira para com essas pessoas e empresas. Além disso,

há clientes (os alunos) interessados no sucesso do empreendimento e na sua

continuidade.

A segurança para todos esses componentes que fazem parte da

instituição/empresa está em enxergar uma organização atuando de forma

transparente e de acordo com as práticas de mercado, com ética e

credibilidade.

Os tempos mudaram e a grande maioria está interessada em escolas

fundadas há muitos anos, que oferecem qualidade e seriedade no ensino e

que costumam estar associadas à tradição e aos valores que os pais esperam

que seus filhos encontrem nessas escolas.

Mas é importante notar que os pais de hoje são filhos ou netos de uma

geração que conheceu a existência normalmente de apenas dois tipos de

escolas: religiosas e do governo. Para aquela geração, não eram comuns as

escolas particulares no sentido das de hoje. Porém aquela geração está

passando e essa percepção que seus filhos e netos trazem vai se diluindo até

não sobrar mais nada da percepção do passado. Além disso, o ensino das

escolas mantidas pelo governo caiu muito e para a classe com maior poder de

consumo, apenas dois tipos de escolas permanecem em sua mente no leque

de decisão: a escola particular boa e a escola particular ruim.

Como esse pai ou essa mãe irá conhecer a capacidade de uma

instituição se ela não concorrer ombro a ombro com as outras por um lugar no

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

25

mercado, expondo e valorizando sua marca e mostrando claramente suas

qualidades? Daí a necessidade da instituição saber ser diferente em um tempo

diferente. Caso contrário, se uma instituição pretende mesmo ser vista como

uma instituição benemérita, sem ser confundida com uma empresa e ser

reconhecida como uma missão, é necessário que procure obter sua receita de

donatários simpatizantes e dirija todo o seu trabalho de ensino aos pobres e

incapacitados de pagar.

Em entrevista a alguns pais de escolas particulares, eles responderam

que buscam uma escola de qualidade que se resume não somente aos

conteúdos curriculares oferecidos, mas a um bom espaço físico, atividades

extras como aulas de teatro, música na Educação Infantil e no 1º segmento da

Educação Fundamental. Mas preferem que o ensino seja mais tradicional no

que se refere ao 2º segmento e ao Ensino Médio, porque estão preocupados

com o Vestibular e/ou a formação profissionalizante.

Já no caso dos pais de escolas públicas, os mesmos responderam que

não é a estrutura que é o fator determinante, mas que o método tradicional é

mais confiável. A busca por cursos profissionalizantes é bem maior nas classes

mais pobres.

Ou seja, os pais não estão procurando o “amor” pela profissão, no

caso dos professores. O que eles buscam são profissionalismo e um serviço

oferecido bem feito.

CAPÍTULO III

Escola pública e privada – Foco no resultado

Parece um absurdo começar a falar sobre foco no resultado em

escolas. Mas, o tempo todo, os gestores das instituições de ensino estão

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

26

preocupados com o efeito que uma avaliação baixa no IDEB acarretará nas

próximas matrículas. Além do Ideb, ainda existem outras formas de uma

escola ser avaliada e isso faz com que os gestores, coordenadores e

professores se voltem para resultados.

No ano de 2006, no Estado de Minas Gerais, o governo estadual

implantou um sistema de verificação de qualidade no 1º ano, conseguindo

avaliar os alunos quanto à leitura. De acordo com a matéria “Educação com

foco nos resultados”, publicada no site da Secretaria de Educação do Estado:

“Todas as crianças lendo até os oito anos de idade em

Minas Gerais” esse é um compromisso que as redes

municipais e estadual de ensino devem assumir, de

acordo com a secretária de Estado de Educação,

Vanessa Guimarães Pinto. A sugestão foi feita durante a

palestra de abertura do 20º Fórum Estadual da Undime –

União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação –

em Belo Horizonte. Ela falou sobre “Educação, parceria

estado e município”, para uma platéia composta por

secretários municipais de educação, prefeitos e

educadores de vários municípios mineiros. (...)A avaliação

de todas as crianças de oito anos realizada pela

Secretaria de Estado de Educação (SEE) em 2006, um

sofisticado teste que avalia o nível de leitura e escrita,

batizado de Pró-Alfa, é um exemplo de interação que só

acontece em Minas. Todas as crianças foram avaliadas

individualmente e ao mesmo tempo nas duas redes, sem

custos para os municípios. Os resultados foram

encaminhados para os dirigentes municipais e para todos

os diretores das escolas estaduais. A SEE enviou o

resultado já com as orientações para o aprendizado

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

27

recomendado, no caso das escolas estaduais onde havia

crianças com baixo desempenho. Para Vanessa

Guimarães, esse tipo de avaliação deve ser instrumento

para uma ação imediata. Este ano participam do Pró-Alfa

as crianças de oito anos e aquelas que apresentaram

baixo resultado nos testes de 2006.

O objetivo do foco no resultado é o mesmo, tanto nas escolas

particulares quanto nas públicas: o aprendizado. Se este não acontecer, a

escola não conseguirá se sustentar por muito tempo.

As empresas que transformam o conhecimento em uma ferramenta útil

podem controlar o destino dos concorrentes, inovando e mantendo a

vanguarda do mercado sem que os consumidores sejam obrigados a manter

uma fidelidade, pois os produtos e serviços oferecidos são os melhores, não

precisando de amarras como os concorrentes incompetentes.

Para que todo esse trabalho chegue ao ponto culminante que é o

aluno apreender o conhecimento, é necessário que haja um planejamento, um

projeto que possa guiar os passos do corpo de funcionários. E eles precisam

estar comprometidos.

Outro fator interessante é que as escolas sempre buscam copiar os

concorrentes, já que não sabem que dentro do Marketing não existe o certo e o

errado, mas o que funciona e o que não funciona para cada uma das

empresas existentes.

Esta diferença de percepção também deixa mais claro como a

organização deve ser tratada, o que um concorrente usa pode servir

inicialmente como referência, mas não é viável apenas copiar o que foi feito e

jogar dentro da sua escola, já que não dará certo devido às inúmeras

diferenças existentes entre as empresas.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

28

Mas ainda assim muitas organizações teimam em seguir o que os

concorrentes definem, sem se darem conta de que estão deixando os seus

destinos nas mãos das empresas de maior destaque, já que sempre estará

atrás do que a concorrência fez para então aplicar dentro de si.

Diante deste desafio em criar algo novo as empresas também perdem o foco,

já que em certos casos preferem deixar a busca pelas referências já

existentes, partindo para algo que ainda não foi feito, e que requer muitos

estudos e pesquisas, mas que quando estão na vanguarda em um mercado

geram a necessidade de cuidados maiores.

Com estas ações as escolas tem mais facilidade desenvolver um

planejamento dentro de limites com os quais ela consegue lidar, mas que na

maioria dos casos foge ao controle devido à incapacidade das organizações

em conhecerem a si, aos clientes e o mercado como um todo.

Para conseguir dar início e continuidade a um planejamento, o

responsável pela gestão administrativa deve ter como foco o bem estar de

seus funcionários, pois são eles que ajudam a organização a alcançar seus

objetivos. Existem empresas que acreditam que motivam seus funcionários,

mas na verdade estão tratando-os apenas como mais um recurso.

Os funcionários de uma organização podem sentir-se pessoas tratadas

como recursos ou como parceiros:

PESSOAS COMO RECURSOS PESSOAS COMO PARCEIROS

Empregados isolados nos cargos Colaboradores agrupados em equipes

Horário rigidamente estabelecido Metas negociadas e compartilhadas

Preocupação com normas e regras

Preocupação com resultados

Subordinação ao chefe Atendimento e satisfação do cliente

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

29

Fidelidade à organização Vinculação à missão e à visão

Dependência da chefia Interdependência com colegas e equipes

Alienação à organização Participação e comprometimento

Ênfase na especialização Ênfase na ética e na responsabilidade

Mão de obra executoras de tarefas (ênfase nas destrezas manuais)

Inteligência e talento

Hoje em dia, empresas sem funcionários comprometidos não

conseguem caminhar. Uma escola (assim como uma empresa) trabalha em

cima de projetos e planos. Assim sendo, não se pode conceber uma escola

sem um projeto pedagógico, mas também não se pode esquecer de uma boa

gestão administrativa a fim de que a instituição seja mais competitiva no

mercado.

Gandin diz que o programa, dentro de um plano, é o espaço onde são

registradas as propostas de ação do planejador, visando a aproximar a

realidade existente da realidade desejada. Desse modo, na elaboração de um

programa é necessário considerar quatro dimensões:

"a das ações concretas a realizar, a das orientações para

toda a ação (atitudes, comportamentos), a das

determinações gerais e a das atividades permanentes"

(GANDIN, 1993, p. 36 e 1995, p. 104).

O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de

transformar sonhos em realidade objetiva é uma preocupação marcante de

toda pessoa. Em nosso dia a dia, sempre estamos enfrentando situações que

necessitam de planejamento, mas nem sempre as nossas atividades diárias

são delineadas em etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao

contexto de nossa rotina. Entretanto, para a realização de atividades que não

estão inseridas em nosso cotidiano, usamos os processos racionais para

alcançar o que desejamos.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

30

As ideias que envolvem o planejamento são amplamente discutidas

nos dias atuais, mas um dos complicadores para o exercício da prática de

planejar parece ser a compreensão de conceitos e o uso adequado dos

mesmos. Cabe ressaltar que, neste breve texto, não se pretende abordar todos

os níveis de planejamento, mesmo porque, como aponta Gandin (2001, p. 83),

é impossível enumerar todos tipos e níveis de

planejamento necessários à atividade humana. Sobretudo

porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua

racionalidade, a realizar algum tipo de planejamento, está

sempre ensaiando processos de transformar suas idéias

em realidade. Embora não o faça de maneira consciente

e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura básica

que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade a

propor ações e atitudes para transformá-la.

Uma boa instituição de ensino deve ter um planejamento tanto de

indicadores pedagógicos para se basear, quanto de indicadores financeiros,

pois o equilíbrio entre os dois gera resultados positivos e garante uma boa

sustentabilidade no negócio. A boa gestão, de uma maneira geral, garante um

diferencial e é capaz de atrair alunos e pais, os quais acabam se identificando

com a marca (de sucesso).

CAPÍTULO IV

Estudo de Casos

4.1 Estudo de Caso - 1

Foi realizado um estudo de caso na escola CIEP 052 – Xxxxxx,

situado no bairro Boa Vista, em São Gonçalo-RJ e serviu como um dos objetos

de estudo, por ser uma instituição pública e poder auxiliar na comparação.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

31

Para tanto, ao se analisar toda estrutura da escola, desde a

portaria ao gestor, pode-se perceber que há uma preocupação com o

atendimento aos pais e alunos, com as instalações (boa apresentação), que o

professor seja participativo, entre outras coisas.

Os funcionários são preocupados com o que acontece na escola,

alguns são contratados (e moram na comunidade) e por isso mesmo valorizam

as pessoas que estão envolvidas na instituição.

Na secretaria, optou-se por um horário de atendimento

diferenciado e exclusivo. Durante seis horas o setor abre para atendimento e

as outras duas horas ficam para serviços burocráticos, que não são poucos.

O componente pedagógico é discutido frequentemente nas

reuniões de professores, sempre utilizando como base os medidores de

qualidade de ensino do governo e ficha individual dos alunos.

Durante anos, a escola foi dirigida por pessoas que não se

dedicavam à instituição e, ainda por cima, faziam “rolos” para conseguirem

algum dinheiro em cima do que o governo disponibilizava para a merenda,

serviços extras, etc.

Há sete anos, quando existiam duas residências no terraço do

Ciep, uma para meninos e outra para meninas, a diretora da época (e que

continua no cargo) comprava peças de cama, mesa e banho de qualidade,

eletrodomésticos, entre outros para, que as crianças tivessem uma noção do

que é uma casa de verdade. Essa informação foi colhida através de

funcionários e confirmada pela própria diretora.

A gestão desta escola é participativa e, segundo a diretora Fatima

Nadir, “a participação dá aos funcionários a possibilidade de controlar o próprio

trabalho, porque se sentem responsáveis pelo que fazem, pelos resultados”. E

de acordo com Marques (1987 : 69), “a participação de todos, nos diferentes

níveis de decisão e nas sucessivas faces de atividades, é essencial para

assegurar o eficiente desempenho da organização”.

A participação dos professores nessa escola não diz respeito

somente a festas juninas, formaturas, etc. Eles participam da revisão do PPP e

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

32

a maioria das reuniões da diretora é aberta aos funcionários, para que possam

opinar a respeito da cozinha, dos projetos, da limpeza, etc.

Comprovadamente, a gestão administrativa participativa, além de

dar certo, dá mais credibilidade e disposição aos funcionários para trabalharem

em projetos que eles mesmos participaram ou opinaram, superando a

acomodação, a alienação, os comportamentos individualistas e estimulando a

construção de espírito de equipe.

É discutindo e analisando os problemas que vivenciam na escola,

que os funcionários conseguem determinar um caminho para superar as

dificuldades que julgarem mais carentes de atenção.

4.2 - Estudo de Caso - 2

O segundo estudo de caso foi realizado no Colégio Xxxx, situado

no bairro de Itaipu-Niterói e por ser uma instituição privada é possível provar

com mais clareza que as escolas são empresas que precisam dar resultados.

Esta instituição possui 19 anos de fundação e a educação infantil é

baseada nos princípios construtivistas, que se estende até o 3º ano do

fundamental I. A partir do 4º ano a base pedagógica da escola passa a ser

sociointeracionalista.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

33

Ao se analisar toda estrutura da escola, desde a portaria ao gestor,

é nítido e claro que a preocupação com o atendimento aos pais e alunos é em

primeiro lugar, além disso, tem sempre alguém da área de limpeza mantendo o

ambiente limpo. Com relação aos professores, esses também são muito

participativos.

Os funcionários são preocupados com o que acontece na escola,

mas não porque gostam de estar ali, porém porque precisam. Em alguns casos

existe a valorização, mas é restrita a alguns setores.

Cada setor merece uma análise separada, pois dessa forma é

possível mostrar com mais clareza que a comunicação, a gestão participativa é

de vital importância para a empresa.

Na portaria ficam os inspetores que conhecem melhor os alunos e

seus pais, a fim de que não haja problemas na saída. Entretanto, o ideal seria

que os outros inspetores fizessem um rodízio junto com mais antigo, para que

pudesse substituir a portaria em qualquer horário.

Os eventos da escola são feitos, normalmente, aos sábados e à

noite. Os funcionários da manutenção, inspetores, da secretaria eram todos

convocados e, por mais incrível que pareça, não havia qualquer bônus por

isso. Às vezes um ou outro saía mais cedo ou chegava mais tarde. E o local

que mais sofria era o setor da secretaria, por trabalhar diretamente com o

diretor, pois o mesmo reclamava quando uma das funcionárias precisava de

algumas horas.

Nos “bastidores” só se viam pessoas reclamando, caras cansadas,

mas nenhuma tinha coragem de pedir algo mais ao diretor. Porém, devido aos

desgastes com a secretaria (um dia uma sai mais cedo, outro dia outra entra

mais tarde) aliados a alguns dias de movimento sem o total de funcionárias no

atendimento, o diretor pediu que fosse criado um banco de horas.

Infelizmente, o diretor não aplicou a mesma regra para todos,

pagava as horas extras dos funcionários da Manutenção(limpeza) e dos

inspetores, mas com a secretaria manteve em banco e informou que

aguardassem três meses para o pagamento ou uso dessas horas dentro desse

período.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

34

Se por um lado, a secretaria saiu ganhando porque não solicitavam

mais sua presença nos eventos, por outro lado não conseguiam abater suas

horas porque o diretor reclamava quando assim o faziam. As funcionárias

estavam completamente desmotivadas. Sempre que algum pai/mãe de maior

confiança delas chegava na secretaria, elas pediam indicação de emprego.

O reconhecimento desse setor ficou num barco à deriva. O líder

desse setor na verdade é um chefe. Não existe prazer no trabalho quando ele

está por perto, já que nunca acontece um elogio por algo que alguém tenha

feito, além do próprio serviço. Mas se, por um acaso, errar nesse mesmo

ofício, o funcionário é chamado à atenção.

Quanto aos professores, esses são coordenados divididos em

seus próprios segmentos. Enquanto a coordenadora da Educação Infantil tem

um atendimento excelente com os pais, não o reflete nos professores. Já que

se algo acontecer, a mesma se deixa levar pelas acusações dos pais quando

diz respeito ao trabalho do professor e chama a atenção do mesmo na frente

do responsável. Ao invés de, se achar que o educador está errado, falar com o

pai que irá conversar com o professor e dar o retorno posteriormente, sem

demonstrar que concorda que seu professor é o errado.

No primeiro segmento do ensino fundamental, a coordenadora faz

um bom trabalho. Envolve-se nos problemas e não concorda com os pais de

imediato, diz que vai buscar informações e depois dá o retorno. O único defeito

que parece ter é o de exagerar suas ações quando os diretores estão por

perto, o que não seria necessário, pois seu trabalho é bom o suficiente.

Já a coordenadora do fundamental II está sempre muito

preocupada com o que acontece na escola, faz a função de orientadora

educacional, mas não atende todas as ligações dos pais, parece não ter

paciência para tal, mas quando a direção está por perto faz tudo direitinho.

Com isso, os pais reclamam que ligaram e não retornaram e as coordenadores

dizem que não receberam o recado.

Por esse motivo a secretaria criou um caderno de recados para as

coordenadoras, onde as mesmas deverão assinar o ciente na hora do almoço

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

35

e antes de sair, a fim de poder dar o retorno a todos os pais. Ainda está em

teste, mas parece ser uma boa ideia.

A coordenadora do ensino médio é comum, não procura um

diferencial para o segmento em questão de conteúdo, mas faz o seu “feijão

com arroz”.

O setor da manutenção tem uma carga horária muito puxada, eles

trabalham das 6h30min às 18h, com um intervalo de uma hora para almoço.

Porém, neste caso, seria muito mais produtivo oferecer uma carga horária

menor para novos funcionários e propor uma revisão no salário para redução

da carga horária para os antigos, já que as horas extras são pagas por fora. O

que também evitaria processos futuros. Alguns funcionários ficam sem ter o

que fazer, aproveitando o tempo na cozinha conversando. Por isso o ideal

seria uma escala que ofereceria mais qualidade de vida, mais tempo para a

família, para resolver seus problemas, entre outras coisas.

Com os inspetores, a situação já é outra. Apesar de entrarem no

mesmo horário do pessoal da manutenção, eles não têm sobrecarga de

pessoal e cada um já esta no seu setor. Nos eventos eles fazem escala e

conseguem se resolver.

Os professores, de uma maneira geral, não se sentem

desamparados. A escola oferece material didático, recursos audiovisuais e

boas instalações. Nem todas as salas possuem ar condicionado, mas está

previsto colocar nas salas da educação infantil e até o 2º ano para o ano de

2012.

Além disso, a instituição oferece cursos de aprimoramento para os

professores e demais funcionários proporcionados por uma rede de ensino, do

qual a escola escolheu como apoio didático.

O componente pedagógico é discutido frequentemente nas

reuniões de professores, sempre utilizando como base os medidores de

qualidade de ensino do governo, ficha individual dos alunos e o parâmetro da

rede de ensino.

A gestão desta escola somente é participativa no que diz respeito

ao pedagógico, mas a administração financeira é ainda muito arcaica,

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

36

acreditando que os funcionários são robôs. Sua linha de pensamento é voltada

para Taylor, onde apenas o trabalho deveria ser estudado e o ser humano era

desconsiderado em seus estudos. Seu foco sempre foi a tecnologia dos

processos e não das pessoas, lembrando, e muito, do diretor desta instituição.

Seu estudo aconteceu em uma época bem propícia, pela

abundante mão-de-obra desqualificada e barata, pela

quase ausência de leis trabalhistas e sindicatos; pelo

aparecimento de indústrias automobilísticas e

crescimento das demais que gozavam de grande poder

econômico. Tinha consigo a convicção de que com a

participação de todos (empregado e patrão) no aumento

da produtividade, todos sairiam ganhando. Sua principal

fonte de inspiração era a máxima eficiência produtiva,

visando à empresa e não ao trabalhador. (CHIAVENATO,

2000).

Mais uma vez, é importante ressaltar que, comprovadamente, a

gestão administrativa participativa, “além de dar certo, dá mais credibilidade e

disposição aos funcionários para trabalharem em projetos que eles mesmos

participaram ou opinaram, superando a acomodação, a alienação, os

comportamentos individualistas e estimulando a construção de espírito de

equipe”.

Como pode ser possível, os mesmos funcionários que são tratados

como robôs, como os da secretaria, sentirem-se seres participantes da escola,

se dificilmente os funcionários são escutados e quando o são, não muda nada.

É como se fala corriqueiramente “entra por um ouvido e sai pelo outro.

A gestão participativa da parte pedagógica funciona perfeitamente

bem, mas e da administrativa? Será que as próprias funcionárias que lidam

com os problemas do dia a dia não têm condições de opinar? Não, o problema

é que esse diretor precisa urgentemente participar ativamente de um dos

cursos de aprimoramento que a própria instituição oferece, porque de

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

37

financeiro ele entende, mas precisa (no mínimo) de um curso de gestão de

pessoas para conseguir a excelência em qualidade na sua empresa.

A padronização ainda é o método encontrado por ele para o

alcance dos objetivos organizacionais.

“Vimos neste capítulo que o centro educativo pode ser

entendido como uma empresa, sem necessidade de

forçar excessivamente o conceito. [P] É evidente que as

técnicas de gestão utilizadas no centro educativo são

muitas mais, porém não é objectivo destas páginas fazer-

lhe uma revisão exaustiva [P] A nossa intenção consistiu,

preferencialmente, em apresentar um pequeno panorama

da situação para nos centrarmos nos próximos capítulos

em três grandes ferramentas: - finanças - marketing –

controlo de gestão” (Gómez e Jiménez,1992; cit. por

Costa, 2003, p.31)

A padronização não é o problema, mas a solução são as três

ferramentas citadas por Gómez e Jiménez bem aplicadas. Se nas finanças a

escola está bem e também consegue trabalhar bem seu marketing, ótimo. Mas

no controle de gestão, inclui pessoas, funcionários, que devem estar satisfeitos

com o ambiente de trabalho e salário oferecido, precisa ter uma boa gestão de

pessoas. Como convencer um pai de aluno a matricular seu filho na escola se

o funcionário não está satisfeito com a instituição? E esta pergunta pode ser

adaptada a qualquer empresa, como por exemplo, como convencer um cliente

a comprar seu produto se o funcionário não está satisfeito com a empresa?

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

38

CONCLUSÃO

As escolas não querem ser vistas como empresas e, às vezes, os

administradores de empresas quando assumem a direção de uma instituição

de ensino vêm carregados de preconceitos.

Se por um lado a escola acredita que ao administrador somente

interessam resultados e lucros; o administrador irá explorar a Escola; os

objetivos da Escola são diferentes, não é possível a parceria; a Escola irá se

descaracterizar; o administrador não entende “nada” de Ensino e Pesquisa.

Por outro lado o administrador tem seu preconceito em relação à

escola: a Escola é burocratizada; a Escola é desorganizada; a Escola não tem

os pés no chão; a Escola não quer criar compromissos com o mercado; a

Escola é uma “Torre de Marfim”, inatingível.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

39

Essa união parece impossível, mas não é, porque os dois

(pedagógico e administrativo) sabem que o que faz uma instituição de ensino

crescer e se manter em crescimento é a qualidade de ensino do seu produto

principal: a proposta pedagógica, a qualidade do corpo docente e as relações

interpessoais com os alunos e familiares (atendimento).

Obviamente que se houver uma administração ruim, a instituição

vai padecer e seus produtos também, porque o corpo docente não vai

continuar, as relações ficarão estremecidas e, consequentemente, a proposta

pedagógica não será levada adiante.

Basta, dessa forma, fazer convergir os pensamentos, respeitar o

conhecimento de cada área e saber aproveitá-los, a fim de se ter uma escola

com bons serviços educacionais aliados a uma administração efetiva, voltada

para estratégias de aumento de nível de satisfação, gerando a fidelização dos

alunos.

ANEXOS

Anexo 1 >> Internet;

Anexo 2 >> Questionário; Anexo 3 >> Gráficos.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

40

ANEXO I

INTERNET

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

41

ANEXO II

QUESTIONÁRIO

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

42

PESQUISA SOBRE A ESCOLA IDEAL

1 – Qual é a sua renda familiar?

Até R$ 1500,00 ( ) Acima de R$ 1500,00 ( )

2 - Responda o que mais chama a sua atenção na hora da matrícula

de seu filho:

Conteúdo ( ) Espaço ( ) Extra-classe ( )

3 - Agora responda sobre qual tendência pedagógica prefere para o

segmento de seu filho:

Tradicional ( ) Construtivista ( ) Crítico-social ( )

4 – Para o Ensino Médio, o que escolheria para seu filho:

Profissionalizante ( ) Pré-vestibular ( )

(Todas as perguntas deverão ser esclarecidas antes da resposta)

ANEXO III

GRÁFICO

Pais de alunos entrevistados na escola pública

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

43

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Até R$ 1.500,00 Até R$ 3.000,00

Conteúdo

Espaço

Extra-classe

Tradicional

Construtivista

Crítico-social

Profissionalizante

Pré-vestibular

Pais de alunos entrevistados na escola privada

0

2

4

6

8

10

12

Até R$ 1.500,00 Até R$ 3.000,00

Conteúdo

Espaço

Extra-classe

Tradicional

Construtivista

Crítico-social

Profissionalizante

Pré-vestibular

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

NEY, Antonio. Política Educacional – Organização e estrutura da educação

brasileira. Wak, 2008

MARTINS, José do Prado. Gestão Educacional – uma abordagem crítica do

processo administrativo em educação. Wak, 2010

GIANCATERINO, Roberto. Supervisão Escolar e Gestão Democrática – Um

elo para o sucesso escolar. Wak, 2010

SALGUEIRO, Paulo Fabio. Um outro olhar sobre educação pública –

Conferência Estadual de Educação Pública do Rio de Janeiro. Secr. do

Est. do Rio de Janeiro, 2002

GANDIN, Danilo. A prática do planejamento participativo. 2.ed. Petrópolis:

Vozes, 1994.

_____________. Planejamento como prática educativa. 7.ed. São Paulo:

Loyola, 1994.

Revista Gestão Escolar. Abril, nº 8, Junho/Julho, Ano II

Revista Nova Escola. Abril, nº 222, Maio, Ano 24

http://www.mariopersona.com.br/entrevista_integracao.html

http://pedagogiadidatica.blogspot.com/2008/11/tendncias-pedaggicas-na-prtica-

escolar_07.html

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

45

BIBLIOGRAFIA CITADA

1 - ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. Petrópolis,

RJ: Vozes, 1983.

2 – GANDIN, Danilo. Posição do planejamento participativo entre as

ferramentas de intervenção na realidade. Currículo sem Fronteira, v.1, n.

1, jan./jun., 2001, pp. 81-95.

3 - CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: edição compacta. São Paulo:

Atlas, 2000. [Classificação Biblioteca IMES: 331.024 C458R 6ª edição]

4 - BRANDÃO. Carlos R. O que é educação, 33ª Ed. Brasiliense, São Paulo.

1995.

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

46

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - A escola num processo histórico 11

1.1 – A Escola no Brasil 12

1.1.1 – As Mudanças na Estrutura Escolar 15

1.2 – A Escola e o Mercado de Trabalho 19

CAPÍTULO II – Escola: empresa ou instituição (definição) 23

CAPÍTULO III – Escola pública e privada – foco no resultado 26

CAPÍTULO IV – Estudo de casos

31

2.1 – Estudo de caso 1 31

2.2 – Estudo de caso 2 33

CONCLUSÃO 39

ANEXOS 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

BIBLIOGRAFIA CITADA 45

ÍNDICE 46

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da empresa/escola depende de seus funcionários, ou seja, todo o grupo que lá trabalha como secretaria, inspetores e manutenção.

47

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: