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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PSICOMOTRICIDADE AQUÁTICA: UMA PROPOSTA PARA O
ENSINO DA NATAÇÃO
Por: Roberto Dantas Guimarães
Orientador
Profª. MS. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PSICOMOTRICIDADE AQUÁTICA: UMA PROPOSTA PARA O
ENSINO DA NATAÇÃO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato
Sensu” em Psicomotricidade.
Por: . Roberto Dantas Guimarães
3
RESUMO
No ensino da natação, verificou-se o uso de jogos e brincadeiras
aquáticas, tão somente, com alunos do pré-escolar, entretanto, na fase
seguinte, educação infantil a metodologia usada com freqüência é a
“mecanicista” ou “tecnicista”, onde o aluno é visto não como um todo e sim
em partes isoladas, reduzindo a ação educativa a uma dimensão corretiva
ou estimuladora cardiovasculorrespiratória e músculo-postural.
A psicomotricidade aquática pode contribuir de maneira efetiva no
processo ensino-aprendizado da natação, para tanto, se faz necessário
definir, conceituar a Educação Psicomotora, relacionar os conceitos
psicomotores, analisar a incidência especifica da natação sobre o
desenvolvimento psicomotor e com uma abordagem estrutural-funcional do
ensino da natação, objetiva-se obter parâmetros para seleção, classificação
e caracterização de jogos e brincadeiras aquáticas. Ao final, sugerir um
planejamento para uma seqüência de doze aulas, utilizando os jogos
psicomotores, aplicados ao ensino da natação.
Para se aprender a nadar, não se faz necessário à aplicação de uma
técnica apurada (estilos de natação), ou de um modelo pré-estabelecido pelo
professor, precisa tão somente, de vivências e estímulos psicomotores bem
estruturados e desenvolvidos para atuar na água, potencializando um futuro
aprendizado, quer da própria natação ou de outra modalidade aquática do
interesse do aluno.
Utilizar jogos e brincadeiras aquáticas no processo ensino-
aprendizagem requer planejamento, adequando jogos, atividades
psicomotoras e práticas natatórias as mais amplas e diversificadas
possíveis.
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METODOLOGIA
Usar jogos e brincadeiras aquáticas ocasionais e
aleatoriamente,como se fora um manual, não contribui para uma efetiva
aprendizagem, e ainda, muitos dos jogos encontrados na pesquisa são
transposições de atividades recreativas utilizadas no ambiente terrestre que
pouco contribui para uma vivência e estimulação especifica, no meio
aquático.
Com uma pesquisa bibliográfica nas áreas da psicomotricidade
aquática e com uma abordagem estrutural-funcional do ensino da natação,
buscou-se estabelecer parâmetros para seleção, classificação e
caracterização de jogos e brincadeiras aquáticas, onde, a partir de um
quadro de exemplificação, tenta-se estabelecer uma dinâmica de correlação
e subordinação entre as áreas psicomotoras e natatórias.
Para finalizar, com base na experiência profissional do autor, sugere-
se um planejamento, para uma seqüência de doze aulas, utilizando os jogos
psicomotores aplicados ao ensino da natação.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
PSICOMOTRICIDADE
CAPÍTULO II
NATAÇÃO E PSICOMOTRICIDADE AQUÁTICA
CAPÍTULO III
PARÂMETROS DE SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
DE ATIVIDADES COM JOGOS E BRINCADEIRAS AQUÁTICAS.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE
FOLHA DE AVALIAÇÃO
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INTRODUÇÃO
A psicomotricidade aquática vem despertando o interesse de uns
poucos professores de natação ao longo de 10, 15 anos de existência e
começou com um trabalho dirigido principalmente a alunos portadores de
necessidades especiais e progressivamente conquistou algumas academias
especializadas em natação competitiva e clubes esportivos. É bem verdade
que esta experiência se restringe à faixa etária do pré-escolar (de três
meses a cinco, seis anos de idade), onde se observa o uso de jogos e
brincadeiras aquáticas como um campo de vivência e estimulação
psicomotoras, no processo ensino-aprendizagem.
Na educação infantil (fase escolar) esta proposta não foi aceita ou
experienciada de forma consciente por parte dos professores, será porque
ela não se adequou nem atendeu os interesses e objetivos dos
alunos?Talvez, os professores não tenham ciência ou não estão capacitados
para atuarem com base nas experiências e vivências demonstradas e
registradas pelos professores inovadores, nesta área, da psicomotricidade
aquática. Por sua vez, por não encontrar uma bibliografia atualizada e
adaptada a esta fase da educação infantil, se recente em utilizá-los na sua
prática e se assim for, uma pesquisa bibliográfica se faz presente, para
poder registrar e complementar um estudo que vem ao encontro do
interesse de muitos que vêm o aprendizado da natação com um intenso
prazer e alegria de estar no mundo.
Definir, conceituar a Educação Psicomotora, relacionar os aspectos
funcionais e relacionais das atividades psicomotoras, analisando a incidência
específica da natação sobre o desenvolvimento psicomotor e com uma
abordagem estrutural-funcional do ensino da natação, objetiva-se obter
parâmetros para seleção, classificação e caracterização de jogos e
brincadeiras aquáticas, de modo que, permita auxiliar a quem se interessar
pelo tema.
7
Com esta pesquisa pretende-se estabelecer parâmetros de seleção,
classificação e caracterização das atividades de jogos e brincadeiras
aquáticas, correlacionando-os e subordinando-os as áreas psicomotoras e
natatórias. Ela atenderá crianças na faixa etária de 7 a 12 anos de idade,
será feita uma pesquisa bibliográfica na área específica da psicomotricidade
aquática e também nas atividades de jogos e brincadeiras aquáticas
sugeridas para a prática da natação, assim como, utilizar a experiência
profissional do autor por mais de 25 anos, em escolas de natação e em
programas de iniciação desportiva.
Ao final, sugerir um planejamento, para uma seqüência doze de
aulas, utilizando os jogos psicomotores aplicados ao ensino da natação.
Saber nadar significa “adaptar-se ao meio líquido, domínio e sua
superação” (REIS, 1982), e não se faz necessário à aplicação de uma
técnica apurada (estilos de natação), ou um modelo pré-estabelecido pelo
professor, precisa tão somente, de vivências e estímulos psicomotores bem
estruturados e desenvolvidos para atuar na água, potencializando um futuro
aprendizado, quer da própria natação ou de outra modalidade aquática do
interesse do aluno. Utilizar jogos e brincadeiras aquáticas no processo
ensino-aprendizagem requer planejamento, adequando jogos, atividades
psicomotoras e práticas natatórias as mais amplas e diversificadas
possíveis.
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CAPÍTULO I
PSICOMOTRICIDADE
A SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE a define
como:
“É a ciência que tem como objeto de estudo o homem
através do seu corpo em movimento e em relação ao
seu mundo interno e externo, bem como suas
possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro,
com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao
processo de maturação, onde o corpo é a origem das
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas (S.B.P.
1999)”.
9
1.1Definição
Há várias definições acerca do que seja psicomotricidade e seu
estudo recebe influência das áreas educacionais, pedagógicas e de saúde.
Tem o homem como objeto de pesquisa, envolvendo-se com o
desenvolvimento global e harmônico do individuo desde o nascimento. É um
termo empregado para uma concepção de movimento organizado e
integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é
resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização
(S.B.P.1999).
O psicomotricista está habilitado para fazer pesquisa, ajudar, prevenir
e cuidar do homem na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios de
integração somapsíquica. Ele atua em área da educação e saúde como:
creches; escolas; escolas especiais; clínicas multidisciplinares; consultórios;
clínicas geriátricas; postos de saúde; hospitais e empresas. Ele atende
crianças em fase de desenvolvimento; bebes de alto risco; crianças com
dificuldades especiais; deficientes sensoriais, motores, mentais e psíquicos;
pessoas que apresentam distúrbios sensoriais, perceptivos, motores e
relacionais em conseqüência de lesões neurológicas; família e a 3ª idade.
1.2 Educação Psicomotora
Abrange todas as aprendizagens da criança, processando-se por
etapas progressivas e específicas conforme o desenvolvimento geral de
cada indivíduo. Realiza-se em todos os momentos da vida por meio de
percepções vivenciadas, com uma intervenção direta a nível cognitivo, motor
e emocional, estruturando o indivíduo como um todo. Ela se realiza na
escola, na família e no meio social com a participação dos educadores, dos
pais e dos professores em geral. Apresenta dois aspectos: o funcional e o
relacional, que estão íntima e dependentemente ligados, um refere-se à
manutenção dos processos orgânicos e o outro, aprofundamento das
10
relações inter-pessoais, da espontaneidade da expressão e ao aumento do
vínculo afetivo.
LAPIERRE (1986) e BOULCH concordam quando propõe que a
educação psicomotora deve ser uma formação de base indispensável a toda
criança, e que sua finalidade precípua é contribuir com os aspectos do seu
desenvolvimento (motor, intelectual e sócio-emocional), cuidando para que
haja consciência dos movimentos corporais integrados com sua emoção e
expressados por esses movimentos. Afirma ainda que a fase mais
importante para consolidar todo o potencial motor, prevenindo possíveis
inadaptações e superando suas dificuldades em todas as áreas de relação
com o meio, ao qual está inserido, é a faixa etária que compreende o
nascimento até completar oito anos, aproximadamente. Se neste período as
dificuldades não forem exploradas e trabalhadas a tempo, certamente trarão
prejuízos à personalidade, na vida escolar e na sociabilização, entre outros.
Após esse período há um refinamento de suas capacidades básicas, de
integridade de suas condutas motoras, intelectuais e emocionais. A
educação psicomotora pode ser vista como preventiva, na medida em que
dá condição à criança de se desenvolver melhor em seu ambiente, de se
assumir como realidade corporal, dando-lhe total liberdade de se expressar
livremente.
Dentro da ação educativa BOULCH (1988) propõe a união do aspecto
funcional ao afetivo, pois os dois têm que caminhar lado a lado, para não se
deixar cair na armadilha, da aquisição de gestos automáticos e técnicas sem
se preocupar com as percepções que dão à criança o conhecimento de seu
corpo, e através deste, o conhecimento do mundo que o rodeia. Os
exercícios psicomotores, através dos movimentos e dos gestos, não devem
ser realizados de forma mecânica, mas sim associados com as estruturas
cognitivas e afetivas.
Por aspecto afetivo ou relacional entende-se a relação da criança com
o adulto, com o ambiente físico e com as outras crianças. A aceitação
11
integral do aluno, por parte do professor, permitirá sua auto-afirmação, sua
maior expansão e melhor equilíbrio. Um bom desenvolvimento afetivo é
expresso através da postura, das atividades e do comportamento. A timidez,
pouca movimentação durante as atividades, a não comunicação e pouca
expressão, também denotam desequilíbrio no seu desenvolvimento
psicomotor.
Já por aspecto funcional entende-se a forma como um indivíduo reage
e se modifica diante dos estímulos do meio. Diz respeito ao desenvolvimento
do esquema corporal, da lateralidade, da estrutura espacial e temporal. Um
professor consciente procurará estimular o desenvolvimento do aluno, de
maneira geral, interligando as áreas psicomotoras, cognição, afetividade e
linguagem. Por meios de exercícios adequados, o professor irá auxiliar o
seu aluno a tomar consciência de seus próprios bloqueios e revelando suas
origens, melhorando o desempenho do seu esquema corporal. Ele, o aluno,
sentir-se-á bem, na medida em que, se desenvolver integralmente através
de suas próprias experiências, da manipulação adequada e constante dos
materiais que o cercam e pela oportunidade de descobrir-se.
1.2.1 Conceitos Funcionais
Referem-se àqueles cuja ação, qualidade e mensuração são
possíveis de ser percebidos e que conjuntamente formam a integralização
motora do ser humano, num espaço e num tempo enquadrado.
- coordenação dinâmica global – é a possibilidade de controle dos
movimentos amplos de nosso corpo e têm como função permitir da forma
mais eficaz e econômica possível, movimentos que interessam a vários
segmentos corporais, implicados em um gesto ou em uma atitude.
Compreende movimentos com os membros inferiores, em simultaneidade,
com os membros superiores como: correr, trepar, saltar, arremessar, andar,
marchar, suspender-se, lançar, nadar etc. Dependem da capacidade de
12
equilíbrio postural do indivíduo, cuja ação está subordinada as sensações
proprioceptivas, sinestésicas e labirínticas.
- coordenação fina e óculo-manual – é a possibilidade de controle dos
pequenos músculos para movimentos refinados como: recorte, perfuração,
colagem, encaixes etc. Envolve as coordenações viso-motora, viso-manual e
musculofacial.
- esquema corporal - é um elemento básico indispensável para a formação
da personalidade da criança e reflete sua estrutura central de equilíbrio entre
as funções psicomotoras e sua maturidade. Sua personalidade se
desenvolve graças a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo,
do seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua
volta. Um esquema corporal bem integrado implicará numa percepção e
controle do próprio corpo, num equilíbrio postural econômico, uma
lateralidade bem definida, a dissociação de movimentos e outros. Várias
condutas psicomotoras mantêm uma relação de dependência do esquema
corporal, como: o equilíbrio, a coordenação viso-motora, a percepção de
movimentos e de posição no espaço e a linguagem. Quando há prejuízo em
sua formação, refletir-se-á sob múltipla forma: a criança torna-se
desajustada, demonstra dificuldade na compreensão de palavras que
designam posição espacial (dentro / fora, em cima / embaixo etc.) é incapaz
de perceber as diferenças de letras, palavras, numerais e outros.
- lateralidade – é a capacidade motora de percepção integrada dos dois
lados do corpo: direito e esquerdo. É o elemento fundamental de relação e
orientação com o mundo exterior. Apresenta-se na forma de dominância
lateral no corpo da criança, em três níveis: mão olho e pé. Isto significa que
o lado dominante será mais forte, terá mais precisão e rapidez de executar
os movimentos corporais.
- estruturação espacial – é a tomada de consciência da situação das coisas
entre si. É a possibilidade para a pessoa de organizar-se perante o mundo
13
que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de
movimentá-las. É ter noção de direção (acima, abaixo, à frente, atrás, ao
lado); de distância (longe, perto, curto, comprido), em integração. A todo
instante a criança encontra-se em um espaço bem preciso, onde lhe é
solicitado que se situe, que situe os objetos uns em relação aos outros, que
se organize em função do espaço de que dispõe etc. O exercício psicomotor
em relação ao espaço terá por meta permitir que o sujeito tome consciência
dessas noções da maneira mais completa possível. O espaço deverá ser
organizado primeiro em relação ao próprio corpo e depois em relação ao
outro e aos objetos.
- estruturação temporal – é a capacidade de situar-se em função: da
sucessão dos acontecimentos (antes, durante, após); da duração dos
intervalos (hora, minuto); da renovação cíclica de certos períodos (dia da
semana, meses, estação) e do caráter irreversível do tempo
(envelhecimento, plantas, pessoas). As noções de tempo estão intimamente
ligadas à noção de espaço, já que se trata de propiciar à criança a
possibilidade de organizar as percepções segundo a sua sucessão no
espaço.
1.2.2 Conceitos Relacionais
Diz respeito à interação que os corpos apresentam com o meio, com
o espaço, com os objetos permitindo o encontro consigo mesmo, com o
outro, revelando sua personalidade, seu caráter, sua individualidade, seus
desejos, frustrações e ações. Citamos, dentre eles: a expressão, a
afetividade, a agressividade, a comunicação, a corporeidade e o limite.
- expressão – por meio dela a criança exprime verdadeiramente os seus
sentimentos, suas dificuldades e para que haja uma boa expressão, a ação
deve ser também espontânea e considerada como uma manifestação
natural, uma expressão de livre vontade. Jogos e brincadeiras de tensão /
14
relaxamento, ritmo e música / dança são atividades que melhor se adequam
e facilitam a livre expressão;
- comunicação – expressão e comunicação estão intimamente relacionadas,
pois, quando o indivíduo aprende a expressar-se corporalmente, assume
sua identidade e se relaciona com o outro e com o mundo. A comunicação
não só transmite informação, mas, ao mesmo tempo impõe um
comportamento, o qual, mesmo que um indivíduo não queira conversar ou
trocar olhares, ainda assim ele estará comunicando o seu desejo de não-
contato. O que se diz, como e a quem se diz são decorrências da
comunicação; quando ela é distorcida, fragmentada, ocorre uma diminuição
do vínculo, pois é pelas diversas formas de comunicação, sejam elas de
ordem verbal ou não-verbal (gestual, corporal), que o ser humano
estabelece as relações com os outros e os objetos;
- afetividade – se dá na relação corporal entre dois ou mais participantes de
uma ação, através de um diálogo tônico corporal, resultando em sensações
agradáveis ou desagradáveis de sentimento de amor e ódio, que
determinam à conduta postural e dão ao corpo sua expressão.
- agressividade –Segundo LAPIERRE & AUCOUTURIER (1986) resulta de
um conflito entre o desejo de afirmação pela ação e os obstáculos e
interdições que essa afirmação encontra. Ela deve ser vista como
estruturante e o excesso de agressividade, levando à agressão e à auto-
agressão, devem ser pontuados e limitados. Por meio da agressividade, a
criança tem a possibilidade de assumir-se e de afirmar sua identidade. A
agressividade bem canalizada ajuda à criança a esgotar as manifestações
próprias de uma fase, canalizando-as de forma mais elaborada ou
modificada para a fase seguinte, ajudando-a a crescer. Reprimir a
agressividade ou leva à introversão ou à compulsão. Reprimida, a
agressividade contida em algum momento estoura. Para trabalhar com esse
conteúdo tão presente na educação, só através dos objetos simbólicos e da
representação simbólica e fantasmática no outro, projetando em si a
15
possibilidade de investir nesse outro que é “o bicho, o mal, o monstro...”
Para AJURIAGUERRA apud BUENO (1988) faz parte do componente
afetivo do homem, é a nossa afirmação no desejo de existir, nossa pulsão de
vida.
- limites – segundo ABERASTURY (1992), dar liberdade de ação a uma
criança de acordo com a idade, as condições de vida, as possibilidades e o
mundo de valores dos pais e da sociedade em que se desenvolve é a
resultante do equilíbrio entre permitir e o proibir. Para Machado apud
BUENO (1998) uma liberdade sem limites é uma liberdade sem
responsabilidades, sem poder. O poder de ser, o poder de sua autonomia,
só é adquirido quando a criança assume sua responsabilidade nessa
autonomia. Sabemos que, quando não há limite, a educação torna-se
ineficaz e prejudicial e as crianças tornam-se insatisfeitas; inadaptadas e
com angústias sérias, podendo quando adultas sentirem-se abandonadas e
inseguras. Um verdadeiro relacionamento deve ser construído no respeito
mútuo e se a criança infringe limites deve ser pontuada. O papel principal do
psicomotricista é dar condições para esse adulto futuro seja, exista, exerça
livremente seu poder de agir sobre o meio, conservando a autonomia própria
e respeitando a do outro.
- corporeidade – é entendida como sendo a vivência do corpo na relação
com o outro e com o mundo, condição básica para a qualidade de vida do
indivíduo. Chamada de unidade corporal para FRANCH apud BUENO (1998)
e para se construir a noção de corporeidade, o melhor canal para
desenvolvê-lo é por meio dos movimentos. E essa construção se dá pela
estruturação da imagem corporal. Por sua vez, a construção da imagem
corporal do indivíduo vai constituindo-se não apenas na sua historia
individual, mas também em suas relações com os outros, tanto a nível
psicológico como libidinal. Por meio do interesse demonstrado pelo outro em
seu corpo; por ações ou simplesmente palavras e atitudes; vai-se
fortalecendo pouco a pouco sua própria imagem corporal. A noção de
corporeidade está intimamente ligada à noção de identidade, a qual o
16
indivíduo vai buscar toda vez que vivencia uma experiência motora
globalizante, na qual seu corpo está totalmente engajado, que vão permitir-
lhe uma totalidade corporal. São essas experiências sensório-motoras
voltadas para a libertação das tensões, ao prazer de se mexer, de se
distender, de gastar energia, de brincar e de investir o espaço, os objetos e
os outros, que propiciarão essa noção de sua totalidade.
18
2.1 Natação
Considerações gerais:
O ato de nadar está presente na historia do homem primitivo, ora pela
necessidade dele buscar refúgio contra alguma ameaça premente, ora para
caçar e pescar visando sua manutenção e subsistência, no lugar onde vivia.
Depois, com as exigências de locomoção e deslocamentos em busca de um
novo habitar, precisou construir pequenas embarcações para navegar em
águas profundas. Ele, então, desenvolveu ações motoras parecidas com a
locomoção dos animais que viviam na água, dando a ele segurança e
sustentação que posteriormente, permitiu-o mover-se sobre a água por
impulso próprio, resultando na forma que a conhecemos hoje, da natação
utilitária.
Passando por estágios de aperfeiçoamento, sua técnica evoluiu e
generalizou-se, a ponto de, seu aprendizado ter variados usos e finalidades,
cuja especificidade abrange desde as áreas: de segurança, profissional,
manutenção da saúde, recreação, terapia, educação, desportos e outros.
Hoje, no Brasil, apesar da multiplicidade da natação, só tem acesso a
sua prática, uns poucos privilegiados de maior poder sócio econômico, em
detrimento da grande maioria de crianças, jovens e adultos que não
encontram espaço nem tempo para usufruir seus benefícios. Mesmo
aqueles estão restritos a natação formal, competitiva, onde só uns poucos
esforçados e talentosos conquistarão o direito do prazer de nadar.
Como diz DIECKERT (1984) “curiosamente, num país com 7000km
de praias, a natação poderia ter uma importância muito maior, porque nadar
é mais, não apenas o nadar indo e vindo numa piscina artificial, assim como
é ensinado e treinado nas escolas superiores, academias e clubes em geral.
Natação é muito mais que nadar contra o relógio, em linha reta. Natação é a
múltipla relação, pura e simples, com a água e com o próprio corpo. Deve-se
19
compreender a natação como contribuição no processo de educação
integral”.
E como tal, acredita-se que a natação deveria está incluída no
currículo da educação infantil, para que no futuro, todos possam se
beneficiar de sua prática. LEWIN apud BUENO (1998) a define e a
caracteriza como sendo um desporto que constitui uma fonte de recreação,
de alegria de viver e de saúde, para pessoas de todas as idades. E ainda,
segundo Velasco apud BUENO (1998) a água é o maior brinquedo existente
na Terra. Dentro desta visão holística da natação, defende-se que as
atividades aquáticas dependendo da forma vivenciada pode ser um
importante canal de sociabilização e realizada com prazer, em que cada
indivíduo envolvido pode descobrir-se e aperfeiçoar sua personalidade,
mesmo no aspecto competitivo.
2.2 O ensino da natação
A abordagem estrutural-funcional aplicado ao ensino da natação,
trouxe novas perspectivas para utilizar a atividade aquática como meio de
ação mais global, sobre a pessoa. Estudos baseados no conhecimento da
psicomotricidade humana, principalmente nas obras de Jean Piaget e a
psicocinética de Jean Le Boulch permitiram aos autores fundamentar uma
metodologia própria a sua especificidade. Conforme ESCOBAR &
BURKHARD (1985), pode-se definir esta “ação mais global”:
”como a utilização do movimento humano como meio
pedagógico para estimular o desenvolvimento do
homem de uma forma que lhe permita se conhecer e
aceitar-se a si mesmo e ajustar sua conduta às
exigências do meio social. O ato motor não é um
processo isolado, pois a sua significação emerge da
totalidade da personalidade; portanto, a natação,
baseada no conhecimento da psicomotricidade
20
humana, deve-se dirigir a uma formação fundamental
em que a racionalização do movimento não iniba a
criatividade, a liberdade do movimento e a sua
significação e sentido”.
A especificidade da natação determina que toda a aprendizagem no
meio aquático, implicará em contrastar com três constantes que o meio
oferece e que estão presentes no ato de nadar, que são: o equilíbrio, a
propulsão e a respiração. Todo nadador para progredir no meio aquático
deverá passar por um processo de adaptação constante, desde o nadador
iniciante até o profissional, competitivo.
Segundo PIAGET apud ESCOBAR (1985) a assimilação é a
integração do exterior as estruturas próprias do indivíduo e a acomodação é
a transformação das estruturas próprias em função das variáveis do meio
exterior. A resultante do processo contínuo de assimilação e acomodação
ele a chamou de adaptação.
Daí, resulta esquemas de assimilação destas estruturas que o meio
aquático exige e que lhe são exclusivos. Por exemplo: o equilíbrio aquático
se processa em dependência da diminuição da ação da gravidade, da
horizontalidade do corpo e da perda dos apoios plantares, que no meio
terrestre são essenciais ao equilíbrio vertical. A respiração de domínio
nasal, meio reflexo na terra, é solicitada na água de forma consciente e ativa
na expiração com predominância oral, além da inspiração breve e de
controle da glote. A propulsão terrestre, de pernas motoras e braços
equilibradores, com os pés fixos e sólidos no solo e fraca resistência do ar,
encontra, no meio aquático, apoios fugidios e uma grande resistência
notável a ser vencida pelos braços, agora essencialmente propulsores.
Também, por estas singularidades as pernas assumem a responsabilidade
do equilíbrio e em menor grau, da propulsão.
21
Cabe ainda ressaltar que esquemas de assimilação específicos no
meio aquático dizem respeito não à aparência exterior do movimento
executado (forma), mas à natureza da ação principal, isto é – as ações:
chutar, empurrar ou lançar - corresponde à finalidade da ação, e não os
detalhes da execução – seja ela equilibradora, propulsiva ou respiratória.
Proporcionar ao aluno situação variada de ações diferentes sobre a água e
coordenação desta ação permitirá o aumento dos esquemas de assimilação
específicos, com o qual ele tomará consciência – empurrar em diferentes
planos e direções, com diferentes superfícies motoras, alternância ou
simultaneamente, ajustar a velocidade das ações de tração e empurrão,
ações respiratórias explosivas ou conduzidas ou coordenações estáticas ou
dinâmicas, manutenção de alinhamento postural nos equilíbrios estáticos e
dinâmicos e nas ações dissociadas de membros etc.
2.3 Etapas de aprendizagem da natação
Saber nadar significa “adaptação ao meio líquido, domínio dos
reflexos motores e superação das qualidades físicas da água” (REIS, 1982)
que num primeiro estágio ou etapa, podemos defini-la de ambientação
aquática.
Justifica-se por uma necessidade própria do ser humano que não tem
a água como o seu ambiente de vida e qualquer atividade dentro dela exigirá
uma série de condutas adaptativas para superação da insegurança e do
medo que meio aquático impõe. Em linhas gerais, as etapas de
aprendizagem da natação envolvem a ambientação, aprendizagem das
técnicas e posterior aperfeiçoamento, e o treinamento dos estilos. Este
estudo centra-se no primeiro nível de exigência para todo aquele que quer
aprender a nadar que é a ambientação.
Ambientar significa habituar, acostumar às condições e circunstancias
apresentado pelo meio aquático. O objetivo geral desta etapa é fazer com
que o aluno se torne o mais seguro possível dentro da água; controle os
22
seus reflexos motores e superação das qualidades físicas da água. Destas
expectativas, podem-se extrair os objetivos funcionais aplicados na etapa de
ambientação:
Adaptação- à resistência oferecida pela água (resultante da densidade);
- à pressão exercida sobre o corpo, quando nela ocupamos um
espaço;
- à presença da água nas aberturas da cabeça (nariz, boca,
olhos e ouvidos);
- à excitação ou relaxamento promovido pela água fria ou
quente.
Domínio - do reflexo do fechamento das pálpebras ao molhar o rosto na
água;
- do reflexo da mudança de posição da cabeça ao modificarmos a
posição do corpo na água;
Superação - das propriedades físicas da água, a fim de conseguir uma
melhor progressão no meio liquido, com um melhor deslocamento através
dos meio propulsores que dispomos em nosso corpo.
A densidade inibe a marcha na água, trava os movimentos rápidos e
exige um dispêndio de força acentuado. Quando se perde o equilíbrio, a
recuperação da postura em pé é difícil. Saber posicionarmos corretamente
dentro da água, a fim de encontrar o mínimo de resistência, que a água nos
possa oferecer, bem como utilizar adequadamente nossos segmentos para
nos propulsionarmos da melhor maneira possível. Quando colocamos a
cabeça na água, ela apenas irriga as partes externas do ouvido externo e
limita o som para ruídos fora da água. Basta fecharmos a boca quando se
mergulha, pois a água só entrará no nariz se a boca estiver aberta ou,
futuramente, se realizarmos uma inspiração. Precisamos aprender nessa
fase a agarrar a água, a puxá-la e a empurrá-la. Devemos aprender que a
água escapa a movimentos bruscos dos braços e pernas. Além disso, a
23
maior resistência da água impede as pernas de recuperar o seu ponto de
equilíbrio abaixo do tronco, de forma tão rápido quanto o meio aéreo. É
necessário que o indivíduo aprenda a reequilibar o corpo de forma
controlada, com movimentos das mãos contrários no sentido da pressão.
Uma aprendizagem importante nessa fase é que, encolhendo e agachando
as pernas simultaneamente, os pés rapidamente se encontram sob o centro
de gravidade e assim o equilíbrio pode ser restabelecido. Perder e
recuperar o equilíbrio em todas as direções e posições, com a ajuda de
ações propulsoras ou de sustentação dos braços e pernas após giros,
saltos, mergulhos ou qualquer movimento é etapa condicional a essa fase.
O aspecto segurança é importantíssimo fazendo com que o indivíduo se
sinta à vontade no meio líquido e desenvolvendo sua autoconfiança para
enfrentar qualquer outra dificuldade nesse meio, como a modificação
psicomotora que os diferentes ambientes aquáticos possam oferecer. Se o
indivíduo adquire segurança nesse meio, libertando-se de materiais de apoio
e de pessoas, sua autonomia e autoconfiança são valorizadas.
Os fundamentos ou conteúdos da ambientação são: o mergulho, a
respiração, a flutuação, a propulsão (deslize), os saltos e os giros.
Mergulhos - imersão parcial ou total do corpo com controle consciente da
apnéia (respiração) e abertura dos olhos – fase importante e pré-requisito
para a aprendizagem das seguintes. Exemplos de atividades: passar por
baixo de bastão, apanhar objetos no fundo da piscina, sentar no fundo, falar
embaixo da água, fazer caretas etc.
Respiração - solicitada de forma consciente e ativa com predomínio oral na
inspiração e nasal e oral na expiração. Deve ser feita dentro da água,
constituindo a fase mais longa (entre a inspiração, o bloqueio e a expiração).
Exemplos de atividades: fazer bolhas na água, de conteste utilizando bolas,
bexigas, bolinha de isopor e assoprá-las até o outro lado da piscina.
24
Flutuação - o domínio da posição de frente, de costas, em posição esticada
ou grupada (tipo medusa), vertical e lateral tem íntima ligação com a
segurança e o relaxamento do indivíduo frente ao meio liquido, e ainda, as
atividades devem oferecer uma ordem crescente de dificuldades até atingir
um grau de total domínio, de modo que ele possa manter-se na superfície o
tempo que desejar e de se deslocar para onde quiser e na profundidade que
encontrar.
Propulsão - é o ato de se mover no meio liquido com seus próprios recursos.
O deslize apresenta-se como a ação mais importante, a qual consiste em se
deslocar estaticamente no meio liquido, após um primeiro impulso, sendo
fundamental para o inicio de qualquer ação propulsora posterior. Deve ser
experimentada de todas as formas, sendo produzida por membros
superiores e inferiores. Exemplos de atividades: impulsionar-se a partir do
chão ou da parede da piscina, associado ao mergulho etc.
Saltos - permite o controle do corpo num espaço e num tempo, domínio da
propriedade da água e dos reflexos corporais. São atividades prazerosas e
motivantes para o iniciante, que permitirá posteriormente o aprendizado das
cambalhotas e saídas.
Após essa fase de ambientação ao meio líquido, a tendência natural é
a exploração de deslocamentos aquáticos, coordenativos e construtivos que
permita o indivíduo obter uma alta rentabilidade na água, com desgaste
mínimo energético, de acordo com o esforço aplicado, para isso a
aprendizagem das técnicas ou estilos de natação, se faz necessário,
seguindo invariavelmente uma progressão sugerida por REIS (1982):
Movimento dos membros inferiores;
Movimento dos membros superiores;
Movimento global sem respiração;
Respiração;
Movimento global com respiração;
25
Viradas e saídas.
O objetivo principalmente desta fase é o aprendizado das técnicas de
nado e iniciação ao esforço, ou seja, uma qualidade de habilidade unida à
quantidade.
2.4 Psicomotricidade nas atividades aquáticas
Para DAMASCENO apud BUENO (1998) “a natação e a
psicomotricidade estão inter-relacionadas e confundidas como aspectos
indissociáveis de uma mesma realidade”. Citando VELASCO apud BUENO
(1998) “nadar não é somente realizar deslocamentos e movimentos com o
nosso corpo. É antes disso, organizar, em nosso cérebro, as sensações
recebidas do meio líquido, transferindo-as psicomotoramente na água”.
A proposta aquática baseada na psicomotricidade, objetiva à
utilização da água e do movimento neste meio para estimular o indivíduo, de
forma que, por meio deste movimento, ele aprenda a se conhecer e se
aceitar, ajustando seu comportamento e atitude ao meio social, de forma
lúdica e prazerosa, numa proposta de movimento criativo, espontâneo, livre
e com significado para o indivíduo.
A prática psicomotora nessa abordagem deve necessariamente
passar pela vivência, potencialidade, criatividade, pela boa interação entre
professor-aluno, num dialogo total (corporal e cognitivo). Deve, portanto,
oferecer a livre vivência de jogos e atividades para que o indivíduo usufrua
sozinho ou em grupo situação de desafio, de regras, de envolvimento,
estímulos e motivação inter-relacionando-se com o meio e com sua
existência.
O uso de materiais variados tem grande importância e o mesmo deve
ser bem analisado e aplicado com precisão, pois, segundo LAPIERRE &
AUCONTURIER apud BUENO (1988), cada material têm sua função e
26
abordagem distinta. Contudo, é preciso que não se reduza sua utilização
naquilo que está aparente, deixando a criança explorá-lo de forma
espontânea, a qual poderá até dar um simbolismo diferente daquele que
conhecemos. Por meio do jogo e do brinquedo a criança inicia sua
integração social, aprende a conviver com os outros, a situar-se frente ao
mundo que a cerca. Ela se exercita brincando, e o adulto também, quando
joga ou se permite jogar e se entregar ao jogo, trabalhando conteúdos
adormecidos, vivenciando plenamente novas ou antigas situações e
tornando-se mais solto, autêntico na sua personalidade, individualidade e
harmonia pessoal.
Cada fase do desenvolvimento infantil corresponde a um tipo de
interesse da criança com ralação aos brinquedos. De 7a12 anos, jogos em
grupo, desafios lógicos, bolas de esportes, equipamentos aquáticos, controle
remoto, quebra-cabeça etc.
A seguir, uma relação de alguns materiais, bem como, o que pode ser
trabalhado por meio de seu uso, situando-os sobre qual área de atuação
pode influenciar, e ainda, os possíveis significados simbólicos sugeridos por
LAPIERRE & LAPIERRE apud BUENO (1998):
Acquatubos (“espaguetes”) – muito criativos, favorece as mais diversificadas
fantasias: podem ser arma para matar o monstro marinho, a gruta, o
obstáculo para pular, o meio de transporte aquático etc.
Argolas, arcos e bambolês – são muito abordados a nível sensório-motor,
são usados para se entrar e sair, para mergulhar a fundo, tanto real quanto
simbolicamente, para envolver, para explorar as situações de desequilibro
que a água propicia em função de suas características, assim como, outras
situações mais técnicas, como a de facilitar a flutuação com pouco ponto de
apoio e referência
27
Bancos e cadeiras de plásticos – são tanto sensório-motor quanto
simbólicos. Permitem construção, jogos e limite.
Bolas e bóias – de todos os tipos e tamanhos facilitam a integração e a livre
expressão por meio deles, possibilitando grande movimentação, usados
como facilitadores sensório-motores, e tem função simbólica de
sensualidade, sexualidade, afetividade e agressividade. Sua função
principal é a sustentação do corpo ou parte do corpo.
Colchonetes e colchões – impermeáveis usados nos jogos de equilíbrio e
desequilíbrio, transformados em casas ou túneis, meio de transporte
aquático e favorece as atividades sensório-motoras e o jogo simbólico.
Sucatas: garrafas de plástico, canos de PVC, cesto de lixo etc. – propiciam
atividades cognitivas, de construção e projeção de sua criatividade.
A utilização dos diversos materiais citados anteriormente e mais os
materiais aquáticos próprios da atividade como: óculos, prancha, palmares e
pés de pato; de mergulhadores; bóias salva-vidas; as raias; a escada; o
bloco de partida; as barras; cordas e trampolim constituem objetos de
interesse e vivência corporal para o individuo, que podem contribuir
objetivamente para manter e alcançar uma inter-ralação entre atividades
aquáticas e psicomotricidade. A exploração livremente do material e a
observação do outro nas atividades, propiciam naturalmente a aquisição e a
exercitação dos conceitos psicomotores e sociais em relação a seu próprio
corpo. No aspecto cognitivo e pedagógico a utilização de materiais lúdicos e
situações-problema permitem à criança descobrir outras formas de lidar com
seu corpo e com isso adquirir novas referências espaciais e corporais,
ajudando na aquisição de um adequado esquema e posterior imagem
corporal e uma conseqüente organização tônico-emocional. E mais, o
principal objeto que dispomos é o nosso corpo, com o que inúmeras
progressões podem ser efetuadas conforme a intimidade do indivíduo com o
28
seu próprio corpo e com o meio líquido, de forma individual ou em grupo,
lúdica ou orientada.
Outro elemento fundamental está representado pela própria água cujo
objetivo é fazer atuar a função de ajustamento ou ambientação e permitir
progressivamente à criança sentir-se ali à vontade, e em conseqüência
permitir-lhe um melhor conhecimento de seu corpo próprio, e em seguida,
adquirir rapidamente as diversas modalidades de propulsão na água.
Nos primeiros contatos da criança com o meio aquático, observamos
que o fator emocional é da maior relevância, e devemos assim, criarmos um
ambiente afetivo que proporcione maior segurança, com a presença, dentro
da água, do professor e atitudes de ajuda e apoio quando necessário. Após
essa fase, as sessões mais proveitosas serão desenvolvidas numa piscina
com uma parte rasa. Entretanto, é importante que a criança faça a
experiência das diferentes alturas da água e habitue-se progressivamente à
água profunda.
A seguir, só os fatores: tempo, local, material, disponibilidade dos
alunos e um bom planejamento do professor despertarão suas criatividades,
oportunizando a cada um ser o que é, a realizar-se e revelar-se, a ter
confiança em si e nos seus colegas, a ter responsabilidades e respeito ao
próximo, a dar o melhor de si, desenvolvendo-se e encontrando respostas
para qualquer tipo de situação.
29
CAPÍTULO III
PARÂMETROS DE SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO DE ATIVIDADES COM JOGOS E
BRINCADEIRAS AQUÁTICAS
30
3.1 Jogos e brinquedos aquáticos
O uso da palavra jogo se refere ao brincar, atividade lúdica,
motivadora, oferecida a criança que quando bem planejada, selecionada
possibilita o desenvolvimento e a aprendizagem de várias habilidades.
Aprendizagem é o processo de modificação da conduta por treinamento e
experiência, variando da simples aquisição de hábitos a técnicas mais
complexas. E desenvolvimento a designação do ato de progredir,
crescimento paulatino. Por tanto, o jogo, a brincadeira, é um importante
mecanismo para o desenvolvimento da aprendizagem da criança
(Valentin,2004).
Utilizar jogos e brinquedos aquáticos no ensino da natação é unir o
prazer e a alegria com a liberdade de expressão, favorecendo ao aluno, a
integração da ação, com o intelecto e a sensibilidade, formas de agir de todo
ser humano:crianças, jovens e adultos. Tem como finalidade permitir a ele
se conhecer e a descobrir o mundo a sua volta, fazendo-o perceber o
intercâmbio entre o movimento e o prazer, estimulando suas habilidades
físicas e psicomotoras, incentivando-o a criar e recriar ações que o leve a
executar através de gestos simples sua locomoção no meio aquático.
Numa pesquisa bibliográfica preliminar sobre o tema constatou-se
que ele ainda é muito restrito e limita-se a uma abordagem especificamente
para crianças com necessidades especiais. Diga-se de passagem, só
aparentemente, porque o conteúdo e a concepção da psicomotricidade
aquática são generalíssimos, abrangendo tanto crianças, como jovens e
adultos, e tem-se sabido de trabalhos realizados, com muita aceitação, com
os da terceira idade.
Não se pode esperar uma efetiva aprendizagem no emprego de jogos
aquáticos ocasionais ou aleatoriamente, como um manual de jogos, porque,
muitos destes jogos são transposições de atividades recreativas utilizadas
no ambiente terrestre que pouco contribui para uma vivência e uma
31
estimulação específica, no meio aquático. O fato é que, por ela, a água,
apresentar uma especificidade própria, requer uma vivência e adaptação
progressivas do aluno, preferencialmente, a partir de uma atividade motriz
espontânea que o leve adaptar-se, a dominar seus reflexos e a superar as
barreiras (propriedades físicas) que o meio impõe, propiciando o
descobrimento das possibilidades corporais para vencer os desafios: do
equilíbrio, propulsão e respiração, inerente ao ato de nadar.
Após, definir, conceituar a Educação Psicomotora, relacionar os
aspectos funcionais e relacionais das atividades psicomotoras, analisando a
incidência específica da natação sobre o desenvolvimento psicomotor e com
uma abordagem estrutural-funcional do ensino da natação, pode-se obter
parâmetros confiáveis de seleção, classificação e caracterização de jogos e
brincadeiras aquáticas.
Quais seriam então estes parâmetros que propiciarão um
planejamento seguro e eficaz no ensino da natação? Em primeiro lugar,
utilizar jogos cuja intenção psicomotora ou característica principal atenda e
constitua objeto de interesse e vivência corporal para o indivíduo. Depois,
selecioná-los, observando sua melhor adequação ao nível de experiência e
vivência dos alunos, quanto aos aspectos funcionais - de adaptação,
domínio e superação, específicos do meio aquático; e por fim, subordiná-los
a aprendizagem dos esquemas de movimentação básicos - como a imersão,
os saltos, a flutuação, a respiração e a propulsão; que se tem em mente ao
se planejar a aula.
Através de um quadro de exemplificação, tenta-se estabelecer uma
dinâmica de correlação e subordinação entre as diversas áreas distintas que
compõem a utilização de jogos e brincadeiras aquáticas , onde a intenção
principal de cada jogo pode nos revelar: sua ação psicomotora
predominante, por exemplo: sensório-motora, afetividade, coordenação e
assim por diante; sugerir um nível de adequação e vivência aquática e por
fim, nos dar os esquemas de movimentação básica da ação natatória.
32
Quadro de Exemplificação:
JOGOS SELEÇÃO CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
Dentro e fora Adaptação Domínio
Imersão Sensório-motor
Golfinho colorido Adaptação Locomoção Sensório-motor
Contador de história Adaptação, domínio Avaliação Exploração,criatividade, esquema corporal
Ventania Adaptação Respiração Sensório-motor
Caça ao tesouro Adaptação,domínio Imersão,visão Sensório-motor,exploração subquática
Túnel Adaptação Imersão, respiração Esquema corporal,org.espaço-temporal,coordenação
Fórmula I Adaptação Locomoção Sensório-motor,jogo simbólico
Bola voadora Adaptação, domínio Saltos Afetividade,sensório-motor
Rápido e ágil Adaptação, domínio Propulsão,saltos,superação
Coordenação,sensório-motor
Reis dos mares Adaptação,domínio Propulsão,saltos,superação
Coordenação,sensório-motor
Tubarão ou jacaré Adaptação,domínio Propulsão Coordenação,afetividade, agressividade
Esteira rolante Adaptação,domínio Flutuação Sensório-motor,afetividade,cooperação
Torpedo deslizante Adaptação,domínio Flutuação,deslize Sensório-motor,esquema corporal
Nadar em círculo Adaptação,domínio,superação
Flutuação,propulsão Coordenação,estruturação espaço-temporal,esquema corporal
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JOGOS SELEÇÃO CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
Bola gigante Adaptação,domínio,superação
Propulsão Coordenação,sensório-motor, esquema corporal
Pirâmide humana Adaptação,domínio Saltos Esquema corporal,cooperação,estr. Espaço-temporal
Pólo de pato Adaptação,domínio Propulsão Coordenação,cooperação, Agressividade,afetividade
Acquavolley Adaptação,domínio Locomoção Coordenação,sensório-motor, Estr. espaço-temporal
Cabo de força Adaptação,domínio,superação
Propulsão Coordenação,sensório-motor
Espaguete nadador Adaptação,domínio,superação
Propulsão Coordenação,sensório-motor
Nadar de canequinha Adaptação,domínio,superação
Propulsão Coordenação,sensório-motor,esquema corporal
Ninguém me pega Adaptação,domínio Imersão Est.espaço-temporal, esquema corporal,afetividade
Ganso colante Adaptação,domínio Locomoção Esquema-corporal, afetividade,coordenação
Rebocador Adaptação,domínio Flutuação Coordenação,esquema corporal,afetividade
Combate de cavaleiro Adaptação,domínio Imersão Coordenação,afetividade,agressividade
Fontes: DELUCA,Adolfo Humberto. FERNANDES,Ivani Regina Camargo.
Brincadeiras e Jogos aquáticos. Rio de Janeiro:SPRINT,1993.
ELSTER,Frank. Jogue conosco:brincadeiras e esporte para todos;tradução
Profª. Gisela Schneider.Rio de janeiro:Ao Livro Técnico,1984.
34
3.2 Planejando uma seqüência de aulas:
Para situar, propõe-se um planejamento para doze aulas: a ser
aplicado a crianças em idade escolar do ensino fundamental, sem vivência
anterior no meio aquático; cada aula com duração de 40 minutos; a
freqüência dos estímulos é de duas a três vezes por semana. A
discriminação dos objetivos a atingir em cada aula e os tópicos
apresentados devem ser desenvolvidos em planos de aula apropriados às
características dos alunos e condições de trabalho.
O plano manterá uma seqüência provável evolutiva dos jogos e
brincadeiras aquáticas, onde se pode evidenciar, como sugere J. L. Bouch
(1988) certo número de centros de interesses, por parte dos alunos, como
por exemplo: jogos de locomoção na água, a familiarização com imersão, as
primeiras tentativas de propulsão, o controle respiratório, a flutuação, a
retomada do trabalho de propulsão.
Planejamento para doze aulas de natação, utilizando jogos e brincadeiras
aquáticas:
1- Jogos de locomoção:
-corrida dupla – em pares, percorrer a piscina em varias
direções. Delimitar o espaço com cordas transversalmente e pedir para os
alunos ocuparem o espaço, caminhando e depois correndo. (finalidade de
familiarizar a criança com o contato da água com os olhos e as vias aéreas)
- corrida de velocidade- ir de uma borda a outra, de frente e
voltar com corrida para trás. Idem, partindo da posição sentada na
borda.(habituar-se a saltar para dentro da água).
- caminhar em grupo – dividir os participantes em grupos de 4
e percorrer a piscina em várias direções, mantendo-se em contato. Espalhar
objetos pela piscina e pedir para os grupos se posicionarem em volta de ,
35
em torno de, em cima de , embaixo de, ao lado de, etc.. (primeiras tentativas
de imersão, flutuação auxiliada, etc.).
- jogos de bola – os alunos poder ser dispostos em círculos de
4 ou 5 e com um aluno no centro jogando para os colegas. (atribuição de
regras simples, para o jogo desenvolver-se em boas condições.)
2- Brincar de pega-pega ou nadar, nadar.
- o caçador - um aluno dispõe de um aro de plástico, com qual
deve pegar um outro jogador que , por sua vez, torna-se caçador.
(acrescentar variações no jogo, como permitir a imersão para fugir do
caçador, aumenta o interesse)
- a queimada – da borda da piscina, uma equipe tenta lançar a
bola na outra equipe que está dentro da água. (a regra diz que é mais fácil
pegar a bola do que mergulhar ou desviar-se dela. Quando um dos que
estão na água pegar a bola, invertem-se os papéis.).
- a encomenda – para cada participante 1 objeto (vela,
sombrinha, etc.). Levar o objeto para o outro lado da piscina.
(recomendações: não molhar o objeto, não perder, etc.).
- tubarão a vista – 3 ou 4 jogadores tentam pegar os restantes,
que fogem mergulhando ou nadando. (primeiras tentativas de propulsão ou
imersão completa).
36
3- O mergulho:
- o mergulhão – um ou vários pegadores tentam pegar os
participantes que o desafia mergulhando a cada aproximação. (o uso de
uma venda nos olhos do pegador, estimula o desafiante)
- tem peixe na rede – formar um círculo com vários
participantes, os outros permanecem dentro do circulo e tentam fugir após o
sinal. (os peixes podem tentar sair por cima ou por baixo das mãos dos
colegas, mergulhando.)
- golfinhos saltitantes – em grupos, os alunos avançam
mergulhando por baixo das pernas do colega ou por cima dos braços
estendidos.
- bola submarina – jogo de equipes, cada uma tenta marcar
pontos levando a bola para a borda adversária. (detalhe, a bola deve ser
carregada por baixo da água.)
4- Imersão por salto ou mergulho:
- caça as conchas – argolas coloridas dispostas no fundo da
piscina. Os alunos partem da borda saltando ou mergulhando em busca do
maior número de argolas. (Profundidade média ou limite da parte funda da
piscina)
- salto de pára-quedas – saltar livremente imitando os diversos
tipos de saltadores: animais marinhos, ornamentais, em duplas, em trios,
etc. (acrescentar um alvo como o arco ou uma bóia.)
37
- o torpedo submarino – disputa para quem avança mais
partindo do mergulho da borda. (deslizar após o mergulho, mantendo os
braços e pernas estendidas.)
- pólo aquático – jogo de equipes, cada equipe tentará marcar
gols e evitar sofrê-los. (regras discutidas com os participantes.)
5- Controle respiratório e domínio da flutuação:
- a gangorra – em duplas, os participantes tentam de mãos
dadas, em alternância, fazer a imersão com expiração do ar, embaixo da
água. (manter os olhos abertos, para conscientização da ação.)
- o reboque – em duplas, o participante reboca pelas mãos seu
parceiro que estará deitado de frente, com o rosto submerso fazendo a
expiração dentro da água. (movimentos alternados das pernas do
executante mantêm o equilíbrio.)
- o habitar das tartarugas – em círculo, os participantes vão em
grupos menores executar a flutuação grupada.
- leva e trás -em duplas, os participantes carregam seus
parceiros que estarão deitados em decúbito ventral na ida, decúbito dorsal,
na volta. (apoios de mãos, no tórax, nas costas ou usando o “macarrão”)
6- Orientação do corpo dentro da água:
- salto dos pára-quedas - saltar da borda elevando os braços
para o auto, emersão e orientação para a borda lateral (parte funda da
piscina).
38
- salto bomba - saltar da borda, grupando o corpo, flutuar de
costas e se deslocar para borda lateral (parte funda).
- mergulho voador - mergulhar da posição agachado, passar
dentro do arco e se deslocar para borda lateral (parte funda)
- no balanço da maré - deslizar a partir da borda, mudar para
posição dorsal e retornar (apoios do professor, bóias, cordas).
7- propulsão de pernas:
- torpedo humano- partindo da borda, em deslize (decúbito
ventral ou dorsal), executar os movimentos de pernas até a outra borda.
- o reboque - em duplas, um aluno rebocando o outro, seguro
pela prancha e executando movimentos das pernas (movimentos alternados
ou simultâneos).
- vira-virou - saída em deslize de frente executando
movimentos de pernas, virar de costas e terminar junto a outra borda.
- bicicleta aquática - com auxílio do “macarrão” à mão ou nas
pernas, executar o movimento parecido com o pedalar da bicicleta (parte
funda da piscina)
8- Propulsão dos braços:
- rema-rema remador - com auxílio da prancha, executar
movimentos dos braços alternados conjuntamente com os de pernas (na
posição ventral e dorsal)
39
- “o palmateio” - nadando com auxílio das pernas, executar o
“palmateio” a frente do corpo. (as mãos podem se cruzar).
- o rebocador - manter a prancha presa junto às pernas,
rebocá-la com auxílio das braçadas (ação simultânea ou alternada).
- salva-vidas - remar só com um dos braços, com auxílio das
pernas.
9- Coordenação geral:
- o golfinho - nadar imitando um golfinho, impulsos sucessivos
no fundo da piscina, mergulhando e voltando a superfície para tomar ar.
- o mergulhador - mergulhar e nadar submerso, ir cada vez
mais longe.
- o pescador - combinar ações simultâneas de braços com
alternância de pernas ou vise-versa.
- pegar ondas - nadar alternando posição ventral e dorsal.
10-Respiração:
- “o jet-esqui“- batimentos com a prancha, fazendo a respiração
ritmada.
- uma remada por vez- realizar uma braçada por vez,
concentrando-se na expiração, auxílio da pernada.
40
- o redemoinho - realizar ação de braços simultânea com
movimentos de pernas alternados, controle respiratório.
- direita-esquerda-volver- nadar de costas, virar ventralmente
executando algumas braçadas, retornar e repetir para o outro lado(controle
expiratório).
11- Coordenação geral:
- Os três tesouros- saltar do bloco de partida, mergulhar de
ponta cabeça, apanhar o tesouro e levá-lo para borda (um de cada vez).
- saltar do trampolim - saltar e mergulhar executando giros (1
metro de altura).
- virada na borda - nadar e executar uma virada na borda com
o apoio de mãos e pernas.
- cambalhota - nadar virar cambalhota e seguir em frente.
12- Coordenação geral:
- revezamento - dividir os participantes por equipes, fazer um
conteste utilizando diversas maneiras de nadar.
- salvamento- em pequenos grupos, executar o salvamento do
colega(dois salvando um terceiro).
- revezamento gigante- os participantes divididos em equipes,
todos nadam ao mesmo tempo, aquela que completar maior número de
voltas é a vencedora.
41
- o naufrágio- todos os participantes dentro da água na posição
de flutuação vertical, permanecer maior tempo possível sem apoios.
A ordem dos conteúdos corresponde à evolução possível das
crianças, entretanto, ao final de algumas sessões de ambientação, será
necessário que o professor componha outras, recorrendo a situações dos
diferentes conteúdos.
42
CONCLUSÃO
A metodologia usada no ensino da natação, na educação infantil, é
predominantemente “mecanicista” ou “tecnicista”, onde o aluno é visto não
como um todo e sim em partes isoladas, reduzindo a ação educativa a uma
dimensão corretiva ou estimuladora cardiovasculorrespiratória e músculo-
postural, assim demonstrou uma pesquisa bibliográfica preliminar na área
especifica técnico-desportiva.
Por sua vez, um levantamento bibliográfico na psicomotricidade
aquática pode-se verificar o quanto estas áreas estão inter-ralacionadas, e
analisando a incidência especifica da natação no desenvolvimento
psicomotor e, consequentemente, estímulos e vivências psicomotoras bem
estruturados e desenvolvidos contribuiu de maneira efetiva para processo
ensino-aprendizagem da natação. Para se aprender a nadar, não se faz
necessário à aplicação de uma técnica apurada (estilos de natação), ou de
um modelo pré-estabelecido pelo professor, precisa tão somente, de
vivências e estímulos psicomotores bem estruturados e desenvolvidos para
atuar na água, potencializando um futuro aprendizado, quer da própria
natação ou de outra modalidade aquática do interesse do aluno.
Não se pode esperar uma efetiva aprendizagem no emprego de jogos
aquáticos ocasionais ou aleatoriamente, como um manual de jogos, porque,
muitos destes jogos são transposições de atividades recreativas utilizadas
no ambiente terrestre que pouco contribui para uma vivência e uma
estimulação específica, no meio aquático. A água apresenta uma
especificidade própria, requer uma vivência e adaptações progressivas do
aluno, preferencialmente, a partir de uma atividade motriz espontânea que o
leve adaptar-se, a dominar seus reflexos e a superar as barreiras
(propriedades físicas) que o meio impõe, propiciando o descobrimento das
43
possibilidades corporais para vencer os desafios: do equilíbrio, propulsão e
respiração, inerente ao ato de nadar.
Após, analise e investigação do tema proposto pode-se estabelecer
parâmetros confiáveis de seleção, classificação e caracterização para jogos
e brincadeiras aquáticas, a partir de um “quadro de exemplificação”, onde
estes são correlacionados e subordinados com as áreas psicomotoras e
natatórias, o que permitiu escolher objetivamente jogos com base na ação
psicomotora principal, num nível de adequação e de vivências aquáticas,
correspondentes ao estágio e desenvolvimento de um grupo etário
específicos, evidenciando um método seguro para aplicação no processo de
ensino-aprendizagem na natação.
A seguir, sugerir um planejamento, para uma seqüência doze de
aulas, utilizando os jogos psicomotores aplicados ao ensino da natação.
Utilizar jogos e brincadeiras aquáticas no processo ensino-
aprendizagem requer planejamento, adequando jogos, atividades
psicomotoras e práticas natatórias as mais amplas e diversificadas
possíveis.
Ao final, conclui-se que utilizar a psicomotricidade aquática no ensino
da natação contribui de maneira efetiva para uma ação educativa geral do
indivíduo, e só os fatores: tempo, local, material, disponibilidade dos alunos
e um bom planejamento do professor despertarão suas criatividades,
oportunizando a cada um ser o que é, a realizar-se e revelar-se, a ter
confiança em si e nos seus colegas, a ter responsabilidades e respeito ao
próximo, a dar o melhor de si, desenvolvendo-se e encontrando respostas
para qualquer tipo de situação.
44
BIBLIOGRAFIA
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Perestrello. 2ª ed. Porto Alegre:Artes Médicas,1992.
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adaptação ao meio aquático. Lisboa: Editorial Compendium
DELUCA, Adolfo Humberto. FERNANDES, Ivani Regina Camargo.
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DIECKER, J. (Red.). Esporte de lazer. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico,
1984.
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tradução de Profª. Gisela Schneider. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1984.
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portadores de deficiências. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1985.
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45
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num enfoque psicopedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
REIS, Jayme Werner dos. A natação na sua expressão psicomotriz. Porto
Alegre, Ed. da Universidade, UFRGS, 1982.
S.B.P. www.psicomotricidade.com.br/psicomotricidade/default.asp.
Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, 1-1p. 1999.
VALENTIN, Mônica O. da S. Vicente. Brincadeiras infantis: importância para
o desenvolvimento neuropsicológico.
www.navinet.com.br/~gualberto/Brincadeiras_Infantis.htm.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 6
CAPÍTULO I 8
PSICOMOTRICIDADE 8
1.1Definição 9
1.2 Educação Psicomotora 9
1.2.1 Conceitos Funcionais 11
1.2.2 Conceitos Relacionais 13
CAPÍTULO II 17
NATAÇÃO E PSICOMOTRICIDADE AQUÁTICA 17
2.1 Natação 18
2.2 O ensino da natação 19
2.3 Etapas de aprendizagem da natação 21
2.4 Psicomotricidade nas atividades aquáticas 25
CAPÍTULO III 29
PARÂMETROS DE SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO
E CARACTERIZAÇÃO DE ATIVIDADES COM JOGOS E
BRINCADEIRAS AQUÁTICAS 29
3.1 Jogos e brinquedos aquáticos 30
3.2 Planejando uma seqüência de aulas 34
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 44
ÍNDICE 46
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
PSICOMOTRICIDADE AQUÁTICA: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DA
NATAÇÃO
Roberto Dantas Guimarães
Orientador :Profª. MS. Fabiane Diniz
Data: 20/08/2004
Avaliado por: ___________________________________Grau__________
________________________, ______ de _______________ de ________