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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE VIOLÊNCIA ESCOLAR O Cotidiano da Violência LÚCIA DE FATIMA MEIRELES PASSOS Orientadora Profª. Vera Lúcia Agarez Rio de Janeiro Setembro/2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

VIOLÊNCIA ESCOLAR

O Cotidiano da Violência

LÚCIA DE FATIMA MEIRELES PASSOS

Orientadora

Profª. Vera Lúcia Agarez

Rio de Janeiro

Setembro/2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

VIOLÊNCIA ESCOLAR

O Cotidiano da Violência

Trabalho de Monografia apresentado por Lúcia de

Fátima Meireles Passos, sob a orientação da

Professora Vera Lúcia Agarez como requisito final

para conclusão do curso em Pós Graduação a

nível “Lato Sensu” em Psicopedagogia.

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AGRADECIMENTOS Se hoje este trabalho existe é porque contei com o apoio e a ajuda de

várias pessoas que sempre acreditaram que eu pudesse chegar até aqui e

transformar um sonho em realidade, como a minha família. Foram parceiros e

cúmplices quando respeitaram os meus momentos de silêncio, onde buscava

concentrar-me para ser bem sucedida ao escrever este trabalho. Muitos foram os

fins de semana que não pude dedicar-lhes e mesmo assim, compreendiam que eu

estava buscando crescer como profissional e porque não dizer também, como ser

humano, e foram entrevistas com crianças e adolescentes anônimos (a estes

também confiro os meus agradecimentos) que possibilitaram-me ver o outro lado da

nossa injusta sociedade.

Também é importante reconhecer os méritos da professora Vera Lúcia

Agarez que orientou-me amorosa e pacientemente a desvendar os mistérios de

como se produz uma monografia.

Agradeço acima de tudo a Deus, pois Dele provém a força e a

sabedoria para saber discernir como lidar com os meus alunos.

A todos que de maneira direta ou indireta envolveram-se neste projeto,

meus reais e sinceros agradecimentos.

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DEDICATÓRIA

Aos meus familiares que me apoiaram ao

longo deste doze meses com seu carinho,

compreensão e paciência na busca da

realização de mais este projeto, dedico

este trabalho.

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RESUMO

Este trabalho foi escrito com o propósito de que principalmente nós,

educadores, temos (junto com a família) uma parcela de responsabilidade na

construção do caráter de uma pessoa (criança, adolescente, o educando enfim).

A escola sempre foi encarada como cidadela em que os jovens podem

esquecer-se de todas as outras preocupações e concentrar-se em desenvolver a

mente e o corpo. Hoje em dia, porém, a escola não é mais um lugar tão seguro

assim. A preocupação com freqüentes comportamentos agressivos, violentos

mesmo, de parte da população estudantil no recinto da escola e nas salas de aula –

convém estabelecer algumas hipóteses visando ao entendimento das possíveis

relações existentes entre disciplina escolar, culturas e violência na tessitura das

tramas das salas de aula.

Mesmo com uma nova estimulação dos espaços e tempos e de uma

rotina escolar diferenciada – não punitiva e/ou coercitiva, ou seja, de uma

organização curricular planejada de forma participativa e preocupada em

transformar saberes inseridos na cultura de origem dos educandos em saberes

escolares, através dos chamados “complexos temáticos”, de uma maior articulação

das diversas áreas do conhecimento, bem como da construção cooperativa e

coletiva de normas e princípios de convivência, ainda assim, dificuldades de

aprendizagem e situações de difícil relacionamento interpessoal e grupal entre

alunos e professores continuam existindo.

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METODOLOGIA

A violência nos dias de hoje, não é mais exceção é regra. Vivemos

num mundo caracterizado pela violência e pelo mais forte, onde ninguém respeita

mais ninguém. As leis existem para serem burladas, desrespeitadas e na maioria

das vezes o exemplo vem de quem menos se espera, ou seja, daqueles que deviam

fazer cumprir a lei, gerando ódio, retaliação, violência. Observa-se que a tão temida

violência já chegou onde menos se esperava, por ter sido durante séculos cultuada

como lugar do saber. Refiro-me a ESCOLA. E foi exatamente neste antigo templo

do saber que a violência implantou-se de vez e muitas vezes com o aval de pessoas

que tem (isto é, espera-se) o papel de educador, com suas práticas autoritárias e

inadequadas concepções sobre relações disciplinares e pedagógicas que acabam

dificultando o desenvolvimento de propostas sérias de trabalho da parte de alguns

professores, onde muitas vezes o jovem é discriminado, zombado, imiscuído,

envergonhado, ofendido, ridicularizado e por sofrer tais escárnios na comunidade ou

em casa, na escola, como um barril de pólvora, explode e parte para a agressão.

Trabalho em escolas de vários municípios diferentes, inclusive em zona

rural e é tolice supor que a violência não chegou até aí. Ledo engano. Muitas vezes

eles têm requintes em suas crueldades. Em um destes municípios, um professor

porque repreendeu um aluno foi assassinado, uma professora foi estuprada por um

aluno do turno da noite porque este tirou nota vermelha, outra diretora por proibir um

aluno de vender tóxico na escola teve a sua casa totalmente queimada, só salvaram-

se ela, o marido, o carro e o celular. Por isso, por viver num campo minado prestes a

explodir que escolhi o tema VIOLÊNCIA ESCOLAR, com o objetivo de saber como

lidar com tantas cabeças pensantes diferentes, sem determinar que posição devo

tomar e sim levar o educando a saber que a posição que ele tomar servirá para o

seu sucesso e vida longa ou fracasso e morte prematura. Se conseguir fazê-lo

chegar a este raciocínio estarei feliz. Para que este trabalho fosse concluído

pesquisa sobre o assunto em livros, revistas, jornais e até mesmo com alunos e

profissionais da educação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 08 CAPÍTULO I O QUE É A VIOLÊNCIA ................................................................................... 09 CAPÍTULO II O COTIDIANO ESCOLAR ................................................................................ 12 CAPÍTULO III AS CAUSAS DA VIOLÊNCIA............................................................................ 15 CAPÍTULO IV PROPOSTA POLÍTICO PEDAGÓGICA PARA ENFRENTAR A VIOLÊNCIA ESCOLAR.........................................................................................................

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CONCLUSÃO.................................................................................................... 30

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................. 33 ÍNDICE ............................................................................................................. 35 FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................................... 36 ANEXOS ........................................................................................................... 37

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INTRODUÇÃO

A preocupação com o aumento da violência nas escolas, tanto públicas

como particulares, afetando jovens de todas as classes sociais e idades, levou-me a

buscar identificar as causas que levam o educando a cometer atos violentos (físicos,

verbais, escritos, etc.), contra seus colegas e/ou professores, ouvindo tanto o

educando como o educador, visando um ambiente confortável e respeitador, que

levará a um bom desenvolvimento escolar e também psíquico, a partir do momento

que todos reconhecem onde estão suas falhas e procuram saná-las para juntos

trilharem o caminho da paz e harmonia escolar.

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CAPÍTULO I

O QUE É VIOLÊNCIA

Embora aparentemente simples, esta pergunta é complexa e difícil de

conceituar. Em geral há duas hipóteses: ou refere-se aos comportamentos violentos

relacionados à criminalidade ou à agressão física de maior ou menor gravidade, e a

ampliação da abrangência do conceito de tal modo que toda a manifestação de

agressividade, conflito ou indisciplina é considerada como violência.

Para o psicanalista e professor da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro, Jurandir Freire Costa (1991),

“Violência é o emprego desejado de agressividade com fins

destrutivos, agressões físicas, brigas, conflitos podem ser

expressões de agressividade humana, mas não

necessariamente expressões de violência. Na violência a ação

é traduzida como violenta pela vítima, pelo agente ou pelo

observador. A violência ocorre quando há desejo de

destruição”. (In FUKUI, L: 1991, p.103).

1.1 Como compreender a violência

As agressões físicas e verbais, infelizmente, já não são mais notícias

novas nas escolas. As reações diversas expressam omissão, medo, ou

simplesmente a naturalização de que a comunidade escolar terá de se acostumar a

esta realidade. Nos últimos anos, das ameaças saltamos para o crescimento do

número de assassinatos de profissionais da educação e jovens no entorno e dentro

das escolas.

Certamente, este problema não se resolve no próprio espaço escolar

nem com a implantação da polícia dentro de cada unidade. É uma questão social,

relacionada à extrema exclusão e miséria em que vive a maioria da população

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brasileira, que exige mudança no modelo político – econômico do país. No entanto,

a política demagógica dos governos estaduais e municipais contribuem

criminosamente para a degradação das relações sociais dentro da escola. As salas

de aula cada vez mais lotadas, principalmente nas regiões carentes, a falta de

funcionários e de uma equipe técnico – administrativa na rede (OP’S e OE’S), além

da intransigência de órgãos do poder público diante de situações de conflito,

(quando não se permite o encerramento das aulas diante de situações de risco),

transformam muitas unidades num verdadeiro palco de guerra e num “depositório de

alunos” para que estes não fiquem completamente perdidos nas ruas. A ordem é

matricular, não importa como, mas a grande parte das unidades escolares não

possui condições apropriadas para receber os alunos.

Mesmo assim, a escola ainda é um espaço alternativo, um local de

sociabilidade segura para onde vários jovens ainda preferem se dirigir. Uma política

governamental séria passa pela permanência do maior tempo possível das crianças

e jovens nas unidades escolares, realizando atividades lúdicas e múltiplas que os

levem ao pensamento crítico e a um posicionamento diferenciado diante da sua

realidade social. Transformar a escola em espaço de libertação e de prazer é um

desafio que, entretanto, demanda propostas pedagógicas adequadas, prioridade de

investimentos para a educação, equipando e dando condições estruturais e

profissionais, valorizando os que lá trabalham pois eles serão o exemplo vivo, o

estímulo.

Resgatar a família também é um aspecto primordial e, para isso,

devemos trabalhar em conjunto com a família e associações comprometidas com a

mudança desta realidade. Além disso, a elaboração de uma política para atuação

junto aos conselhos tutelares deve ser uma preocupação incorporada por todos

(escola – inclui todos os profissionais envolvidos; comunidade; pais; família; etc.)

Estes se constituem numa conquista dos movimentos populares em defesa da

criança e do adolescente. Entretanto, tais espaços são ocupados, muitas vezes, por

pessoas oportunistas ou apenas interassadas na remuneração do cargo. Por isso,

existe um grande descontentamento em várias unidades escolares quanto à atuação

dos conselhos tutelares. A postura correta de alguns conselheiros demonstra como

estes órgãos podem ser parceiros fundamentais das escolas na sua relação com as

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famílias e com as crianças e jovens a serem orientados. Por isso, devemos nos

preocupar com a qualidade da escola para o desenvolvimento pleno da infância e da

adolescência.

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CAPÍTULO II

COTIDIANO ESCOLAR

Segundo Vera Maria Candau (em Reinventar a escola 2000),

diariamente, os meios de comunicação colocam diante de nossos olhos, mentes e

corações, numerosas cenas onde a violência constitui um componente central, de tal

modo que terminamos por naturalizar e banalizar sua realidade e a considerá-la

como um mero dado inerente e constitutivo de um mundo competitivo e hostil, onde

a lógica das relações sociais, as tensões e os conflitos estão marcados fortemente

por sua presença.

Sendo assim, as questões relativas às relações entre escola e a

violência vêm emergindo com especial dramaticidade entre nós, inclusive algumas

manchetes de jornais evidenciam esta realidade:

“Aluno acusa professor de agressão na escola”.

“Adolescente dispara contra professor insatisfeito por ter sido

transferido para outro colégio, jovem de 14 anos acerta duas balas na barriga do

diretor da escola”.

“Escola depredada atrai o tráfico”.

“Uma forma de exibicionismo: a explosão de bombas nas escolas”.

“Diretora respira fundo e encara o inimigo: o fantasma da droga

assombra”.

“Unidos na bagunça: alunos indisciplinados e mal educados

atormentam os professores das escolas de classe média”.

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Pouco trabalhada do ponto de vista da pesquisa educacional, a

problemática da violência escolar vem provando crescente perplexidade e sendo

objeto de grande preocupação entre educadores e pais, não somente entre nós mas

em um grande número de países.

Devemos sempre lembrar que não se pode dissociar a questão da

violência na escola da problemática da violência presente na sociedade em geral;

miséria, exclusão, corrupção, desemprego, concentração de renda e poder,

autoritarismo, desigualdade, entre outras chagas de nossa sociedade, estão

articulados a questão da violência através de uma teia ampla de relações; ou seja,

violência social e violência escolar estão relacionadas mas esta relação não pode

ser vista de modo mecanicista e simplista.

Para Vera Maria Candau, sendo assim, a problemática da violência só

pode ser compreendida partindo – se de sua complexidade e multicasualidade, não

podendo ser reduzida às questões relativas a desigualdade e exclusão social, falta

de ética, etc.; o fenômeno da violência apresenta não só uma dimensão estrutural,

mas também uma dimensão cultural, estando ambas intimamente articuladas e

exigindo-se mutuamente.

Uma terceira questão é que as relações entre violência e escola não

podem ser concebidas exclusivamente como um processo de “fora para dentro”,

penetra no âmbito escolar afetando-o, mas também como um processo gerado no

próprio interior da dinâmica escolar: a escola também produz violência.

2.1 A violência invade a escola

A maioria dos alunos convive com a violência, nas ruas e em casa.

Nesse contexto, as inquietações que as crianças levam para a sala de

aula são de todos os tipos. Assuntos ligados a luto, morte, separação, maus tratos.

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Histórias que, até poucos anos atrás, ficavam restritas ao convívio e ao

ambiente familiares. E hoje afligem jovens de escolas públicas e particulares a toda

hora e lugar – inclusive dentro da escola.

Para o professor essa é uma situação difícil, já que se vê frente a um

dilema: - o que fazer? Tentar ignorar os problemas? Fincar pé e dizer que não foi

preparado para lidar com isso? Fingir que está à frente do quadro-negro apenas

para “passar o conteúdo”? Alegar que não ganha para encarar estas questões?

Nada disso adianta. A escola foi mesmo invadida por este tema da vida real e não

há outra saída se não envolver-se, ajudar, participar – em maior ou menor grau.

Diálogo e carinho ajudam muito, mas também é preciso coragem tanto

para denunciar como para envolver outros setores da sociedade para tirar nosso

aluno de uma situação de risco, visto que o Estatuto da Criança e do Adolescente

obriga todos os profissionais que trabalham diretamente com os jovens a comunicar

ao Conselho Tutelar ou ao Ministério Público o envolvimento dos jovens em atos de

violência e maus tratos.

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CAPÍTULO III

CAUSAS DA VIOLÊNCIA

3.1 A Família

Há dois fatores centrais e interdependentes que fazem com que uma

pessoa se comporte de maneira agressiva: seu estado emocional e suas

experiências de vida. Nascemos com características emocionais próprias, que tanto

podem ser vulneráveis como resistentes e a partir de então, terá que dar conta das

circunstâncias nas quais se encontram. Se na infância a criança for vulnerável, seu

comportamento pode ocasionar bastante dificuldade para as outras pessoas,

conforme ela luta para manter e criar o senso de identidade pessoal; se for uma

criança resistente, enfrentará a vida com destemor, apresentando poucos

problemas, sabendo quem é com relação a seu passado, e tendo clara noção do

caminho que pretende percorrer.

Mas se a criança for vulnerável, ela necessitará de um ambiente de

apoio e se houver um pareamento assimétrico entre suas necessidades e as

condições disponíveis para atendê-las, ela se tornará muito mais vulnerável; mas o

contrário poderá acontecer, ou seja, cada vez que suas necessidades forem

atendidas, ela se fortalecerá.

Infelizmente, é na família que existe a maior probabilidade das pessoas

sofrerem agressões, o que acaba tornando-as muitas vezes, por sua vez, agressiva,

a qual (a agressividade), acaba sendo manifestada, na maioria das vezes entre

quatro paredes, já que na sociedade em que vivemos exige coerência e

respeitabilidade social de todos nós.

Observa-se que a violência familiar é quase endêmica, pois espancam-

se esposas (como mostra com dura realidade a história escrita pelo autor Manoel

Carlos para a Rede Globo, em Mulheres Apaixonadas). Mas esta brutalidade não é

novidade, visto que o espancamento da esposa era para os romanos um direito

conjugal e os próprios antropólogos atestam que desde que as pessoas passaram a

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viver em pequenas unidades, construindo paredes em volta de si, começa ram a se

agredir.

Também observou-se que os maus-tratos é um dos grandes

causadores de morte de crianças anualmente, quando não as mutilam, deixando

marcas (não apenas no corpo mas principalmente na mente) que jamais se

apagarão.

Não devemos imaginar que tais atos de violência existem apenas em

classe de baixo poder aquisitivo, social e educacional. Infelizmente este lamentável

episódio existe em todas as classes sociais e a ocorrência é mais comum em

famílias nas quais os pais têm entre 20 e 30 anos e trazem uma história de violência

familiar (já sofreu maus-tratos na infância), de desemprego e doenças. Muitas

vezes, tem ficha criminal por outros crimes.

Mas não são somente os pais que afligem a criança com a violência,

ela também sofre nas mãos de seus irmãos, onde 80% das crianças entre 3 e 17

anos se envolvem pelo menos em um incidente anual de conflito violento com seus

irmãos. Um entre dez adolescentes faz uma investida violenta contra seus pais; 3%

desses ataques podem ser considerados um ataque físico sério. A criança ou

adolescente que é brutalizada acaba se tornando instável, tornando-se a família

neste momento para ela mais problema do que apoio.

O professor ou outro profissional que lida com criança e adolescente

deve estar atento a como estes se comportam e reagem a determinados fatos e

também estar consciente dos estresses que o contexto familiar promove.

Lembremo-nos que pais que maltratam geralmente são deprimidos e

passivos, às vezes são emocionalmente frios e fazem exigências irrealistas e

excessivas aos filhos.

Por outro lado, podem ser habitualmente agressivos, propensos a

crises de raiva em casa. Sua agressividade, de uma forma ou de outra

desencadeia-se contra a fonte de sua irritação.

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Neste contexto, os pais que maltratam filhos sabem que estão fazendo

algo errado tornando-os culpados e por sua vez, devido a esta culpa, ainda mais

agressivos, o que por sua vez faz com que sejam rejeitados por todos que

condenam tais atos de agressão, isolando-o e não tendo a quem recorrer. São

pessoas que maltratam e se sentem maltratadas.

As famílias compõem, como células fundamentais, as sociedades; e as

escolas são os mais sensíveis ressoadores do ambiente social maior. De tal modo

que a violência que marca nossa época manipula as famílias, infelicita-as, bem

como se infiltra nas escolas traduzindo-se nas mais variadas formas de

autoritarismo – coisas que tem dificultado muito a harmonização de ambientes que

necessitam ser suficientemente distenso para que ali, de fato, pudesse acontecer a

educação.

Se contrapondo ao pensamento de CANDAU, para REGIS DE

MORAES, a tecnologia dos meios de comunicação não é uma inimiga do homem e

sim uma das maiores esperanças para a humanidade; contudo, ele reconhece que

não pode fechar os olhos e fingir quer não vê que a mídia (de todos os tipos) visa o

lucro.

Para REGIS DE MORAES, apesar de tanto avanço tecnológico, a

qualidade de vida vem caindo assustadoramente pois vive nossa sociedade, dentro

de um imediatismo irresponsável que acha inteiramente legítimo o culto idolátrico do

lucro, ainda que este esteja na base da maior parte das carências que levam a

criminalidade.

Família e escola devem estar unidas no objetivo primeiro de tentar dar

uma educação e orientação de qualidade aos jovens e crianças não permitindo tão

somente esta tarefa a uma das partes ou principalmente a TV ou a escola, ou

responsabilizando a sociedade por suas mazelas.

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3.2 O relacionamento interpessoal

É preciso reconhecer o quanto de ajuda a criança, o adolescente, o

adulto enfim qualquer pessoa, será capaz de conseguir se estiver preparado para

compartilhar seus problemas com os outros.

Mas é importante que, ao compartilhar-la a pessoa também

compartilhe algo de positivo e até certo ponto instigante.

A pessoa agressiva, ao buscar se relacionar com outros e ao buscar

ajuda, deverá perceber que seu caso não é sem esperança, poderá até mesmo

inspirar apoio de amigos e colegas.

Deve-se reconhecer o fato de que todos existimos numa rede de

sentimentos e que esta rede tanto pode ajudar como dar suporte durante a vida,

particularmente durante os períodos em que passa por dificuldades embora muitas

vezes a pessoa agressiva acha que agir agressivamente ela talvez tenha destruído

qualquer rede que possa ter existido, sendo incapaz de formar novas interações.

Dentro da rede de apoio dos membros da família, dos vizinhos dos

líderes de grupos locais, a pessoa agressiva pode adquirir um sentimento de

aceitação e de pertencer um grupo para que isso aconteça é preciso a iniciativa

tanto dos profissionais quanto dos pais.

3.3 O processo ensino-aprendizagem

"Punido e humilhado publicamente, em maio deste e ano (1990),

por ter colado na prova de geografia, Celestino José Rodrigues

Neto, 14 anos, aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro,

suicidou - se. Seu ato no ar uma pergunta: como, em nossos

dias, ainda subsistem regulamentos disciplinares rígidos a ponto

de levar uma criança ao desespero e a morte?"

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Debaixo do tema central "a confusão entre a autoridade e o

autoritarismo", a Revista Nova Escola de dezembro de 1990, publica como a escola,

no momento do seu nascimento, transpôs para dentro de suas salas e de seus

muros o conceito de educação que vigorava em casa: a pedagogia do chinelo.

Observou - se que os regimentos internos mais tradicionais estão nos

colégios religiosos e Militares que associam, como se faziam antigamente, a

qualidade do ensino ao autoritarismo. Para estes sistemas de ensino, quanto mais

liberdade se dá ao aluno, menos ele aprende. A seu favor, pode se dizer que essa

regra é explícita, a disciplina severa e as duras punições também são explícitas.

Na outra ponta está o universo das escolas particulares leigas, onde,

passada a fase das experiências quase anarquistas dos anos 60/70, têm - se criado

projetos pedagógico - disciplinares em que os alunos vivem com mais liberdade e

responsabilidade. E isto também é explícito.

Segundo a pesquisa feita pela citada revista, o - grande nó - porque

nem tão explícito como seria de se desejar - está na escola pública. Sem preparo e

sem condições de enfrentar sua dura realidade, o professor se escora nas regras

tradicionais. A cada 50 minutos ele muda de classe e não tem tempo, fora do horário

da aula, para estabelecer uma relação mais amistosa com seus alunos.

Um exemplo assustador de autoritarismo foi o do professor Vicente

Pereira de Souza, mineiro de Barbacena, 47 anos, com doutorado em Lingüística

nos Estados Unidos que lecionava na Escola Classe 16, de Ceilândia cidade -

satélite de Brasília, que buscava disciplinar seus alunos através de disciplinas mais

do que rígida colocando - os ajoelhados no milho muitas vezes contando com o

apoio dos pais que achavam que este é o meio de "ensinar menino danado",

conforme palavras de Claudionora Leite Guimarães Araújo mãe de cinco filhos, que

deu autorização para castigar os filhos na sala de aula, pois segundo relator ela

mesma ficou de castigo, o que acabou valendo a pena para que não "caísse no

caminho errado".

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Convidada a falar a respeito de suas atitudes Vicente Pereira alegou

que castigava para os educar, sem raiva, sem rancor e até com pena. Para ele, era

a aplicação de uma técnica que favoreceu a aprendizagem de seus alunos. Segundo

ele, um dos pais ao saber que seu filho ia ficar de pé, de costas para a turma

retrucou: "só isso, professor? Mete a feia!" e um outro pai propusera fazer um tapete

com tampinha de garrafas colada para o filho ajoelhar.

Felizmente este professor está proibido de lecionar para o 1 ° Grau. (o

que é pouco, ele deveria aprender que não é assim que se acaba com a violência e

a indisciplina, pelo contrário, esta só tende a aumentar, podendo ser geradora de

atos piores).

Alguns pais acreditam que a disciplina quanto mais rígida, melhor é a

escola, delegando a escola uma tarefa que também é sua.

Tais atitudes têm tal peso na sobrevivência de regras autoritárias no

sistema escolar, que a Universidade Federal do Piauí resolveu fazer uma pesquisa

nos municípios de Valença e Jaicós, região do Sertão semi - árido e foi constatado

que os pais transferem para o professor o papel que é seu, onde estes (os pais)

alegam que se o pai tem a autoridade de castigar os filhos, o professor também tem.

Para a professora Cinilda Paz dos Santos, de Cuiabá, a escola reflete o abandono

da criança em casa.

Na pesquisa realizada no Piauí, ficou claro que o autoritarismo vem da

falta de preparo teórico do professor: "ele não possui consciência da existência de

alunos diferentes em um mesmo grupo. Para um professor, o comportamento

diferente de um aluno é anormal, e o castigo garante a sua autoridade perante a

turma", afirma Conceição de Carvalho.

A falta de preparo e condições de trabalho do professor não são os

únicos elementos que forçam o abuso da autoridade. Há também a falta de interesse

da própria escola em mexer fundo com a questão da disciplina.

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Outro exemplo de autoritarismo vem da Escola Municipal Geraldo

Teixeira da Costa, em Belo Horizonte (MG), onde a necessidade de regras

disciplinares se confunde com o poder do professor, a ponto da professora da jovem

Ana Carolina de Andrade Aderaldo, de 13 anos, ter esfregado o giz no rosto todo e

nos óculos da referida aluna por esta pedir para responder as tarefas oralmente e

não ir ao quadro, visto ter horror a giz. Tal atitude da professora, gerou medo na

classe e ódio e vergonha na aluna, a ponto desta ao sentir-se humilhada ter vontade

de chorar.

Mas tal arbitrariedade também atinge crianças menores, como Carlos

Wendele Leite Conugudes, de 3 anos, de Manaus (AM) que foi castigado e como

não pode reagir como Ana Carolina, (que contou a humilhação à mãe), reagiu como

pôde: parou de falar, de comer e de fazer cocô. Quando começou a ter febre a mãe

o tirou da escola orientada por uma psicóloga. Carlos nunca mais teve problemas.

Mas o trauma ficou gravado até mesmo em sua mãe: "será que não vou ser

prejudicada por esse depoimento?".

O professor acha até que esta protegendo a criança, mas, quando a

submete a uma humilhação pública, o que ele faz é desrespeitar esse aluno, "ele

está impondo o sofrimento", diz MARIA CRISTINA KUPFER, professora do

Departamento de Psicologia da Aprendizagem do Instituto de Psicologia da

Universidade de São Paulo.

De acordo com a diretora da E. E. Nilo Povoas, em Cuiabá (MT),

"nenhum aluno, é rebelde porque quer. Cabe a nós descobrir as causas e isso só se

consegue conversando".

Uma sugestão para minimizar o problema da disciplina é alguns

professores se tornarem polivalentes e passarem a ter mais tempo com as turmas.

Cada classe elegendo seu representante, que faria os relatórios para os professores

-coordenadores, sem citar nomes de eventuais infratores e quando as questões não

puderem ser resolvidas nesta instância irão para a comissão de classe, da qual

fariam partes representantes de todas as turmas, professores coordenadores ou

não, a equipe técnica da escola e a direção, além da criação de um estatuto escolar,

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elaborado inclusive pelos próprios alunos, contendo seus direitos, deveres e

punições para faltas graves, abusivas, mas que o professor lembre-se que o respeito

é mútuo.

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CAPÍTULO IV

PROPOSTA POLÍTICO - PEDAGÓGICA

PARA ENFRENTAR A VIOLÊNCIA ESCOLAR

"Enviam-se em primeiro lugar as crianças a escola não com a

intenção de que elas lá aprendam algo, mas com o fim de que

elas se habituem a permanecer tranqüilamente sentadas e a

observar pontualmente o que se lhes ordena... (...) E ainda: a

falta de disciplina é um mal pior que a falta de cultura, pois

esta pode ser remediada mais tarde, ao passo que não se

pode abolir o estado selvagem e conseguir um defeito de

disciplina". KANT.

A proposta políticopedagógica indica vários caminhos para enfrentar

com determinação os desafios de superar a violência escolar:

1 °) o "resgate do aluno" como sujeito do processo educativo;

2°) as práticas participativas e de diálogo nas diferentes instâncias escolares - da

sala de aula aos conselhos da escola -, os espaços sistemáticos de reflexão coletiva

do professor das práticas educativas e seus problemas concretos;

3°) a intensificação das relações entre as famílias e a escola à realização de

atividades extraclasse como esporte, teatro, excursões, grupos de música, etc;

4°) o estímulo à participação dos alunos em diferentes órgãos e atividades da

escola;

5°) a integração da escola da dinâmica comunitária, etc.

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Cada conjunto de estratégias deverá ser pensado em relação a uma

realidade concreta e sua problemática. As questões relativas à violência escolar não

podem ser tratadas de modo isolado, e sim em íntima articulação com a dinâmica

educativa da escola como um todo.

Para enfrentar uma cultura da violência, é necessário promover em

todos âmbitos da vida, individual, familiar, grupal, social, educacional, uma cultura

dos direitos humanos. Somente assim acreditamos se possível construir uma

sociabilidade que tenha seu fundamento na afirmação cotidiana da dignidade de

toda pessoa humana.

4.1 Auto – estima

Uma criança ou adolescente agressiva pode aparentar ter uma boa

opinião sobre si mesma, pode ser arrogante e prepotente e isso pode ser

interpretado como medida de sua autoconfiança. Porém esse jeito excessivamente

confiante indica ausência de boa auto-estima e não uma confiança legítima.

Para sobreviver todos necessitamos de auto-estima. A pessoa que se

sente fragilizada geralmente tem uma opinião muito ruim de si mesma. Os

indicadores da baixa auto estima são: falta de habilidade para lidar com o fracasso,

desgostos por novas experiências, necessidade de ser constantemente tranqüilizada

e opinião ruim sobre a própria aparência física.

As pessoas vulneráveis empregam mecanismos de defesa para

preservar todo custo uma auto-imagem coerente, sempre responsabilizando outros

quando fazem algo de errado, embora sejam elas as agressivas, provocadoras,

desagradáveis.

A maneira como a pessoa se sente afeta a sua percepção e se a

pessoa tiver uma personalidade frágil atribuirá outro conjunto de valores afetivos aos

fatos existentes; não compartilha e não vê o mundo ou determinadas situações

como a maioria das pessoas vê, levando aqueles que estão ao seu redor a ter

dificuldade em compreender o comportamento que desta visão resulta.

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A pessoa agressiva tem uma opinião muito ruim de si mesma. Se for

agressiva, terá se rotulado como tal e, para manter o rótulo, o rótulo se tornará

realidade.

Qualquer desvio, em sua aparência, para a criança ou adolescente

agressivo diminuirá sua auto-estima e um exemplo disto esta na criança obesa, que

são ridicularizadas por outros jovens e crianças que (muitas vezes sabem ser bem

sarcásticas com seus semelhantes), levando a criança fragilizada a comportar-se de

maneira inadequada.

Se a criança for insegura quanto a sua imagem corporal ou intelectual

agirá retraindo-se por isolar-se, adoecer e até mesmo partindo para a agressão oral

ou tísica. Se a criança refugiar-se na doença ela pega este fato como desculpa para

evitar comparação com as outras pessoas. De qualquer maneira, a criança ao agir

das maneiras descritas anteriormente demonstra que desistiu da luta por sua auto

-imagem física idealizada.

A criança que vivencia precocemente o fracasso na vida escolar,

perderá confiança e terá pouca motivação para continuar. A boa auto estima e

experiência do sucesso são mutuamente reforçadoras. Se a criança começa com um

nível de auto-estima alto, será menos propensa a ser afetada pelo fracasso. A

criança frágil, por sua vez, corre o risco grande já nos primeiros dias de

escolaridade. Pode fracassar com muita facilidade e, daí por diante continuará

assim, o que levará a falta de controle e a agressividade por ver-se sempre

preterida.

4.2 A afetividade

As necessidades da criança

Uma visão clara do mundo

Um objetivo na vida

Sentir-se parte das coisas

Estímulo Raízes

Tudo isto tem como conseqüência o AMOR

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O amor de aceitação incondicional é construído no processo de

vinculação com a mãe; também este sentimento pode ser alcançado com outras

pessoas, mesmo que seja de natureza um pouco diferente. A aceitação

incondicional não é o único componente necessário. É igualmente necessário

reconhecer que o amor significa carinho é que isso significa tentar atender a todas

as necessidades mencionadas acima.

Deve-se procurar saber até aonde essas necessidades foram

atendidas no filho, sendo a resposta a estas questões de grande ajuda,

principalmente no caso de uma criança agressiva e difícil, havendo assim beneficio

quem reconhece (os pais, o profissional, o professor que lida com pessoas

agressivas), o papel que desempenhou na causa dos problemas dela. Não deve - se

tentar bloquear a verdade da criança, ela acabará descobrindo e sofrerá por causa

de uma culpa escondida. O professor, os pais ou o profissional não devem se sentir

fracassado antes deve consolar-se sabendo que ávida trata cada um de maneire

diferente e que provavelmente muitas circunstâncias estão alem do seu controle.

Para os pais é muito difícil criar um filho, quando para muitos dos pais

o centro de suas vidas muitas vezes são as necessidades básicas, como alimento e

abrigo.

Muitos jovens ou crianças, por sentirem-se excluídos dos grupos

escolares acabam reagindo com agressividade, violência, indo muitas vezes ao

extremo como matando seus algozes, como infelizmente vemos freqüentemente em

noticiários de rádio, televisão e jornais e isto constata-se está se tornando uma

epidemia mundial.

Os jovens e as crianças também, por que não, atacam fisicamente ou

verbalmente quando se sentem ameaçados.

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4.3 O Contexto cultural

O cidadão assimila a exclusão e assume o papel de excluído,

destruindo a sua própria personalidade e permanente conflito

consigo mesmo e com o outro quando se percebe como "nada

", ou que não há mais nada à perder, muitas vezes apela para

a violência. Esta coloca em confronto o excludente e o

excluído e, neste momento, o último passa a ser uma ameaça

para a sociedade que o vitimou.

GRACIANI.

Um grupo de pesquisa, do Rio Grande do Sul escolheu uma

determinada escola da periferia, para a implantação de um novo projeto, com ênfase

nos aspectos relacionados à disciplina escolar verificou-se uma diminuição dos

problemas disciplinares, mas também verificou-se que tais problemas estavam

associados à nova clientela da escola pública com jovens oriundos da rua, internos

da FEBEM, alunos multirrepetentes, com déficit de conhecimento em relação à faixa

etária, alunos de classes especiais, todos os que eram excluídos do sistema escolar

e jovem que tem demonstrado face à fragilidade de suas vidas, dificuldades em

assumir os comportamentos escolares habitualmente esperados e foi exatamente a

existência de problemas disciplinares que inviabilizaram um projeto pedagógico que

esta equipe de pesquisa escolheu esta escola.

Parece ser necessário acionar várias abordagens teóricas, bem como

novas práticas pedagógicas para dar conta daqueles aspectos da problemática.

A partir destas constatações, foram selecionadas para a análise: que

dinâmicas deverão ser assumidas para viabilizar a permanência dessa população da

escola? Como promover o seu convívio no coletivo? Atividades escolares

diferenciadas, atendimentos individualizados serão alternativas solucionadoras?

Poderá a escola, sem o consenso de outras especialistas, além da professora, levar

a cabo o projeto de acolher, socializar e educar crianças e jovens tão seriamente

afetados por condições pessoais, familiares e sociais?

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Também percebe-se que um dos focos de disciplina estavam nas

turmas de aceleração, extrapolando as dimensões pedagógicas, sendo assim, as

discussões sobre a problemática centraram-se nas questões culturais, nos novos

valores da população estudantil na incidência da violência das escolas, nas relações

entre os alunos e na dificuldade de incorporação desta realidade na produção de

práticas pedagógicas para o "enfrentamento", na escola de tais questões.

Vive-se numa sociedade complexa e heterogênea, organizada,

estruturada política e economicamente pela lógica do neoliberalismo, modelo-

econômico que tornou-se cada vez mais determinante da vida diária dos indivíduos

onde para, Hayek e Friedmann, há sucesso a partir da tentativa que vem se

concretizando de desestabilizar o Estado de Bem - estar social, por meio de um

plano de privatização dos setores essenciais, tais como habitação, educação, saúde

pública e previdência social, mas também com o aumento das taxas de desemprego

e com o aumento de desigualdade social por meio da diminuição da tributação de

impostos sobre os salários mais altos (ANDERSON apud SANDER, 1995).

E é justamente pelo fortalecimento do neoliberalismo, visualizado

através de acentuado crescimento das desigualdades sociais e da exclusão da

maioria da população brasileira da participação dos bens e serviços produzidos pelo

coletivo, que se torna importante reconhecer essas ações como elementos

desencadeadores de novas expressões de violência; onde é natural que uns sejam

ricos e outros pobres, pois foi a natureza que assim o quis, não havendo, pois,

responsabilidades das instituições sociais e nem do estado em administrar e mediar

os conflitos sociais (GENTILI,1996).

Sendo assim, estamos diante de um movimento de mutabilidade e de

transitoriedade de valores, hábitos, costumes, normas, códigos de ética e de

conduta que tem provocado um processo de ausência de valores sociais

agregadores e geradores de um vazio que vem sendo preenchido pela violência, ao

se substituir à autoridade pela força.

Para alguns grupos, a violência esta associada a uma forma de

reconhecimento e poder em determinado grupo social, acentuando o sentimento de

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pertencimento, virilidade e masculinidade e unicamente oriundos de uma trama

perversa da miséria e exclusão social, levando o jovem à efetiva adesão da

transgressão, sustentada na crença de que os riscos envolvidos são compensados

por gratificações sociais que nem se colocavam para a geração de seus pais, pois

estes ocupavam posição subalterna no mundo hierarquizado. O acesso à droga e a

arma é a base desse estilo de vida, que torna possível usufruir uma pauta de bens

de consumo e um prestigio que facilita, entre outras coisas, o sucesso junto às

mulheres e o tremo entre os homens.

Para Rubens César Fernandes, coordenador do Viva Rio, existe

relação entre a condição educacional e a violência desses jovens que se envolvem

no crime, onde muitos destes, sem ter concluído o Ensino Fundamental (muitas

vezes "fugiu" da escola com vergonha das humilhações que sofria quer oral, quer

fisicamente e por se sentir um fracassado, estão a margem da sociedade).

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CONCLUSÃO

O profissional ou qualquer outro tipo de pessoa que lida com crises de

birra extremamente sérias, geralmente vivência sentimentos de desnorteamento e

confusões comuns a todos nós quando nos defrontamos com uma pessoa que está

além de nosso controle.

A maioria destes profissionais se sente totalmente perdida quando uma

criança ou um adolescente capaz de cooperar, ser feliz e carinhosa muda

repentinamente, transformando-se em uma ameaça imprevisível e assustadora.

Nossos corações ficam apertados, a respiração se torna difícil, sentimos o sangue

se esvair nos braços e das pernas e invariavelmente, neste estado de confusão,

dizemos e fazemos coisas das quais nos arrependemos depois. Ficamos

constrangidos pelo fato de não sabermos o que fazer além de supormos que temos

uma parcela de culpa nesta situação. Se permitirmos a manifestação de nossas

reações naturais, mais tarde sentiremo-nos culpados de termos agido de uma

maneira que poderia configurar como falta de controle. Porém, também

raciocinamos que se não tomamos uma atitude, a criança ou o jovem poderá tentar

nos ofender ainda mais, com isso, sentimo-nos mais frustrados.

Muitos de nós já discutimos inúmeras idéias com psicólogo, assistente

sociais e outros profissionais e muitas vezes afirmamos (em nossa frustração, que

os profissionais precisam das idéias mais do que as crianças e adolescentes, pois

concluímos erroneamente que tais jovens são o ganha pão desses profissionais).

Com tudo, devemo-nos perguntar como reagimos ou chegamos a uma

decisão quando houve necessidade e verificamos que nos baseamos em relatos

assistidos ou lidos de outras pessoas.

Um dos questionamentos mais antigos dos seres humanos é se as

pessoas são como são por causa da maneira como foram criadas. "Geralmente as

direções que tomamos na vida baseiam-se no que evidenciamos, mas a outro fator

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envolvido: em quantas famílias há jovens bem ajustados e uma outra com quem é

difícil de lidar?" Isto significa que embora vivencie o mesmo tipo de vida familiar, há

uma criança ou adolescente que reage de maneira diferente a atenção e ao afeto

dos pais e de outras pessoas.

Sabemos que cada criança é ímpar, vivência condições diferentes em

virtude de seu lugar na família com todas as diferenças marcantes não podem ser

explicadas dessa maneira e sendo assim, concluímos que cada um nasce com a sua

própria personalidade que é singular e que reage diferentemente às ocorrências ao

seu redor alguns teóricos acreditam que os seres humanos nascem com reflexos

físicos, uma tendência natural para imitar e sentir medo.

Olhando por esse ângulo, a pessoa altamente agressiva pode ser

concebida como alguém que nasceu com forte instinto agressivo como parte

dominante de sua constituição.

Esse instinto agressivo é como uma força altamente volátil, espontânea

e perigosa por sua imprevisibilidade, visto que a agressividade pão é uma reação

aquilo que ocorre em torno da pessoa e sim um impulso inato e incontrolável. Para

os teóricos do instintivismo a agressividade pode ser considerada um impulso forte e

incontrolável.

Já os behavioristas são de opinião que as ações são determinadas

pelas experiências de vida e de sua criação em que os seres humanos afiem

conforme seus interesses e que, portanto, é possível controlar e modelar o

comportamento.

Para os behavioristas a agressividade é resultado de frustração se a

pessoa é impedida de realizar algo. Mas há outro tipo de agressão que muitas vezes

é aceita, é a agressão internalizada, em que a pessoa se refugia num mundo de

fantasia, que deve preocupar - nos visto que a pessoa que reage destra maneira

pode auto mutilar-se ou suicidar-se.

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Para os psicanalistas o caráter de uma pessoa é a combinação de sua

personalidade e de sua experiência do mundo, ou seja, que houve fatores que

contribuíram para que se tornasse o que se tornar.

De acordo com esta teoria, existe uma tendência inata para o amor e

para a destruição, variando de pessoa para pessoa e que a pessoa interage com o

mundo ao seu redor.

O ser humano, por natureza, é um ser defensivo que se temos uma

imagem forte de nós mesmos, se sabemos quem somos e que papel

desempenhamos no mundo, somos capazes de resistir aos ataques, mas se não for

assim, poderemos interpretar muitas interações como ameaça e reagir de forma

agressiva existindo três técnicas que utilizamos para nos defender: contra atacamos

com agressividade verbal ou sarcasmo; distorcemos informações para atender os

nossos propósitos; fugimos daquilo que não desejamos ouvir.

Podemos minimizar as agressões num estudante elogiando-o,

encorajando-o e dando-lhe a atenção que merece, levando-o a aprender a relacionar

-se de forma positiva e agradável, desta maneira seu comportamento indesejável

será extinto.

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BIBLIOGRAFIA

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(2003, 8 de Julho, p. 3 a 10), Revista A Sentinela.

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XAVIER, Maria Luisa Merino, Org. Disciplina na escola: enfrentamentos e reflexões.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS....................................................................................... 03 DEDICATÒRIA................................................................................................. 04 RESUMO......................................................................................................... 05 METODOLOGIA ............................................................................................. 06 SUMÁRIO......................................................................................................... 07 INTRODUÇÃO................................................................................................. 08 CAPITULO I O QUE É VIOLÊNCIA...................................................................................... 09

1.1 Como compreender a violência ............................................................. 09 CAPÍTULO II COTIDIANO ESCOLAR .................................................................................. 12

2.1 A violência invade a escola ................................................................... 13

CAPITULO III CAUSAS DA VIOLÊNCIA ................................................................................ 15

3.1 A família ................................................................................................. 15 3.2 O relacionamento interpessoal .............................................................. 18 3.3 O processo ensino-aprendizagem.......................................................... 18

CAPÍTULO IV PROPOSTA POLÍTICO-PEDAGÓGICA PARA ENFRENTAR A VIOLÊNCIA ESCOLAR........................................................................................................

23

4.1 Auto-estima ........................................................................................... 24 4.2 A afetividade .......................................................................................... 25 4.3 O contexto cultural................................................................................. 26

CONCLUSÃO .................................................................................................. 30 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 33 ÍNDICE ............................................................................................................ 34

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Projeto A Vez do Mestre

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Curso: Psicopedagogia

TÍTULO DA MONOGRAFIA: “Violência Escolar – O Cotidiano da Violência”

Por: Lúcia de Fátima Meireles Passos

Data da entrega: _______________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Avaliado por:_______________________________Grau______________.

Rio de Janeiro_____de_______________de 20___

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ANEXOS