UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · e na capacitação do educando para adaptar-se...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O USO DO LÚDICO NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE
CRIANÇAS COM DISCALCULIA
Por: Luciana Lima Marinho
Orientador
Profª. Dayse Serra
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O USO DO LÚDICO NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE
CRIANÇAS COM DISCALCULIA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia.
Por: Luciana Lima Marinho
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por iluminar meus caminhos e
guiar meus passos.
Aos professores e mestres que
marcaram minha trajetória acadêmica.
Aos amigos de curso e de profissão,
em especial as amigas Cristiane,
Juliana, Luana e Priscila que
compartilham comigo os momentos
angustiantes e emocionantes da
prática educativa.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Eduardo de Lima Marinho
e Mirtenice Lima Marinho (in memoriam)
pelos ensinamentos, pela dedicação e
esforços em enfrentar os imensos
desafios do caminho
Ao Marcio (meu marido) companheiro
essencial, a Pedro Lucas e Ana Beatriz
(meus filhos) inspirações da minha vida e
ao meu irmão Cristiano.
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RESUMO
O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão a cerca do Transtorno
de Aprendizagem associado à Matemática, a Discalculia, que está relacionada
a incapacidade do sujeito compreender conceitos matemáticos e exercer
certas habilidades com cálculos, e a ação educativa através de atividades
lúdicas junto a crianças que apresentam esse transtorno.
Esse transtorno, afeta o desenvolvimento cognitivo do aluno de forma
abrangente impedindo que ele exerça ações a fim de facilitar a construção da
efetiva aprendizagem.
O professor, a família e demais envolvidos na relação ensino x
aprendizagem, devem estar atentos aos sintomas apresentados, a fim de
serem tomadas medidas diagnósticas, avaliativas e de intervenção no âmbito
psicopedagógico e de outras especialidades que se julgarem necessárias,
visando avanços na aprendizagem matemática.
Busca-se compreender aspectos relativos aos processos de ensino e
aprendizagem da matemática e de que forma a Discalculia interfere nele.
Estabelecemos orientações a pratica pedagógica, que poderão facilitar
as mediações junto aos discalcúlicos.
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METODOLOGIA
Este trabalho trata de uma abordagem teórica com pesquisa
bibliográfica e informações relevantes quanto aos conceitos e características
do Transtorno de Aprendizagem da Matemática – Discalculia, suas causas e
conseqüências, aspectos relacionados ao ensino e aprendizagem da
Matemática e a aplicação de recursos lúdicos em intervenções com crianças
discalcúlicas como forma de levá-las a construir e compreender sua própria
forma de raciocínio lógico.
Na realização deste trabalho, foram usados principalmente os autores:
Moysés (1997), Gardner (1995), Antunes (1998), Perrenoud (1999), Kamii
(1990) e D’Ambrósio (1996). Também foram realizadas consultas a
documentos oficiais, legislações, revistas acadêmicas e sites que tratam do
assunto estudado.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Conhecendo a Discalculia 10
CAPÍTULO II - Ensino e aprendizagem da Matemática 19
CAPÍTULO III – O uso do lúdico e materiais manipuláveis 31
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ANEXOS 42
ÍNDICE 47
FOLHA DE AVALIAÇÃO 48
8
INTRODUÇÃO
O tema desta monografia é a importância do lúdico no ensino e
aprendizagem de crianças com discalculia, tendo como questão central o papel
exercido pela intervenção através de jogos e outras atividades que propiciam
prazer em sua execução, no desenvolvimento das habilidades matemáticas e
na superação das dificuldades associadas a tal transtorno.
O interesse por esse tema surgiu das experiências pessoais e
profissionais da pesquisadora e de observações feitas no cotidiano, a cerca
dos temores e bloqueios que tantas pessoas manifestam ao se depararem
com a Matemática. Os sentimentos de ansiedade, insegurança, desmotivação
e baixa estima frente aos cálculos e consequentemente a não obtenção de
êxito nas aprendizagens relacionadas a esta ciência, foram notórios na vida
acadêmica e social de diversos indivíduos. Acreditou-se que o tema abordado
fosse de interesse de professores, visto que atualmente, o ensino da
Matemática acontece, na maioria das vezes, de forma mecânica e restrita as
tarefas de decorar e aplicar regras, desfavorecendo e/ou impedindo o ato do
educando de observar, comparar, classificar, construir, interagir com a
realidade e com isso identificar seu próprio processo de aprendizagem e
compreender os conceitos e símbolos matemáticos.
Tem-se observado a intensificação na abordagem de questões
relacionadas aos papéis dos educadores e dos alunos, a crescente busca de
novas práticas pedagógicas que favoreçam o processo ensino-aprendizagem,
do desenvolvimento de habilidades e competências, do entendimento de
“como fazer” Matemática e ainda os constantes estudos a cerca dos
transtornos de aprendizagem.
Mesclados a essa realidade, tornam-se alvos de discussões os
resultados ruins obtidos por alunos ao se submeterem a avaliações nacionais
9
do rendimento escolar, principalmente em Matemática; os altos índices de
repetências, abandono escolar além de exclusões sociais.
Dessa forma é cada vez mais comum o professor ter de lidar com
alunos que apresentam dificuldades com números, sem, no entanto, se atentar
para a real situação das crianças que possuem uma desordem neurológica
específica, chamada discalculia.
São, portanto, objetivos desta pesquisa analisar o lúdico como recurso
facilitador e essencial para o desenvolvimento cognitivo de crianças
discalcúlicas e salientar a importância de se tornar palpáveis os conceitos
matemáticos para a estimulação do raciocínio lógico destas crianças.
A presente monografia apresenta três capítulos para abordar o tema:
O primeiro capítulo trata da Discalculia e aborda questões como o que é
este transtorno, tipos de Discalculia, os sintomas, causas e conseqüências.
No segundo capítulo serão expostas questões referentes ao ensino e
aprendizagem da matemática, as legislações atuais e documentos oficiais que
propõem o ensino pautado no desenvolvimento de habilidades e competências
e na capacitação do educando para adaptar-se e modificar-se de acordo com
as circunstâncias de vida.
O terceiro capítulo trata da ludicidade e manipulação de materiais
concretos como recursos para despertar o interesse e a curiosidade e viabilizar
um fazer pedagógico com ênfase na produção do conhecimento e propõe
alguns jogos e atividades que poderão auxiliar na atuação profissional de
professores e psicopedagogos.
Na conclusão são retomados pontos tratados e é apresentada uma
análise reflexiva a cerca da utilização de recursos lúdicos em intervenções com
crianças discalcúlicas.
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CAPÍTULO I
CONHECENDO A DISCALCULIA
De acordo com o código internacional de doenças, os transtornos de
aprendizagem
“(...) são transtornos nos quais os padrões normais de
aquisição de habilidades são perturbados desde os
estágios iniciais do desenvolvimento. Eles não são
simplesmente uma conseqüência de uma falta de
oportunidade de aprender nem são decorrentes de
qualquer forma de traumatismo ou de doença cerebral
adquirida. Ao contrário, pensa-se que os transtornos
originam-se de anormalidades no processo cognitivo, que
derivam em grande parte de algum tipo de disfunção
biológica”. (CID – 10).
Dentre os transtornos de aprendizagem existe uma desordem
neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender
e manipular números, que tem sido denominada por muitos como Discalculia.
A palavra Discalculia vem do grego (dis=mal) e do latim
(calculare=contar) formando: contando mal. A palavra calculare vem, por sua
vez, de cálculo, que significa o seixo ou um dos contadores em um ábaco.
Estudos científicos comprovam que para execução de processos
mentais como nomear quantidades matemáticas, números, termos e símbolos,
enumerar, comparar, manipular objetos entre outras tarefas, somente se
11
efetivam com a participação de um complexo sistema funcional do cérebro,
onde se associam um conjunto de estruturas corticais.
Por outro lado, quando, durante o desenvolvimento infantil ocorrem
distúrbios de caráter maturacional em algumas estruturas do cérebro; estes,
possivelmente, só serão percebidos após o ingresso da criança na escola. Ao
iniciarem o processo de construção das noções matemáticas, se manifestarão
as carências das condições internas para a aprendizagem e com isso o
desempenho aritmético tende a ser abaixo do esperado para sua idade.
Esse transtorno que apresenta predisposição genética caracteriza-se
pela inferioridade substancial da capacidade para realização de operações
aritméticas, cálculo e raciocínio matemático em relação à média esperada para
a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do
indivíduo; prejuízos significativos em tarefas cotidianas com cálculos; prejuízos
em habilidades lingüísticas, perceptuais, de atenção e matemáticas. (DSM-IV)
A discalculia afeta ainda processos cognitivos como a memória de
trabalho, a memória em tarefas não-verbais, em tarefas de escrita, em
habilidades viso-espaciais, nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.
No DSM-IV é feita uma importante observação quanto à prevalência do
Transtorno da Matemática. Nele se coloca a dificuldade em se estabelecer
isso, uma vez que os estudos realizados se concentram na prevalência dos
Transtornos da Aprendizagem, sem o cuidado de separar transtornos
específicos da Leitura, Matemática ou Expressão Escrita.
Enfatiza ainda, que a prevalência do Transtorno da Matemática
isoladamente (isto é, quando não encontrado em associação com outros
Transtornos da Aprendizagem) é estimada como sendo de aproximadamente
um em cada cinco casos de Transtorno da Aprendizagem. Afirma que em
estimativas, 1% das crianças em idade escolar têm Transtorno da Matemática.
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1.1 SUBTIPOS DE DISCALCULIA
Segundo Kocs (apud Garcia, 1998) a Discalculia pode ser classificada
em seis subtipos:
1. Discalculia verbal- dificuldades para nomear as quantidades matemáticas,
os números, os termos, os símbolos e as relações.
2. Discalculia léxica- dificuldades na leitura dos símbolos matemáticos.
3I. Discalculia gráfica- dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
4. Discalculia practognóstica- dificuldades para enumerar,comparar e
manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.
5. Discalculia operacional- dificuldades na execução de operações e cálculos
numéricos.
6. Discalculia ideognóstica- dificuldades em realizar operações mentais e na
compreensão de conceitos matemáticos.
Kocs ainda afirma que podem ocorrer diferentes combinações e
comorbidades tais como a dislexia e o TDAH-I.
1.2 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
A partir de pesquisas envolvendo a aquisição do conceito de
numerosidade em seres humanos e animais, Dehaene (aput Mônica
Weinstein) propôs que o desenvolvimento de um “senso numérico” ou de uma
habilidade simbólica para números é muito precoce nos seres humanos. Há,
inclusive, evidências de atividade elétrica cerebral em lactentes de 3 meses,
13
em reação à mudança do número e da identidade dos objetos (Izard;
Dehaene-Lambertz; Dehaene S., apud Mônica Weinstein). Uma disfunção
nesta habilidade ou senso numérico seria o cerne da discalculia. Esse
transtorno específico tem sido denominado “discalculia do desenvolvimento”.
Além do funcionamento cerebral e da genética, o mau ensino, o currículo
pobre e a ansiedade matemática generalizada podem contribuir para o quadro
da discalculia, mas não são a causa da discalculia do desenvolvimento
(Shalev, apud Mônica Weinstein).
Estudos na área da neuropsicologia apontam para o
comprometimento do funcionamento de algumas áreas do cérebro. (veja
ANEXO 1)
A região cerebral mais importante para as habilidades matemáticas é
o lobo parietal. Porém, muitas áreas cerebrais estão envolvidas e necessitam
estar em perfeito funcionamento para o bom desempenho em matemática. Isto
significa que fazer cálculos, aprender a tabuada e entender as histórias
matemáticas dependem de várias funções mentais que precisam estar
íntegras. Enquanto na leitura a linguagem é a principal função cognitiva
envolvida, na matemática muitas funções agem conjuntamente e o
comprometimento de um delas já pode trazer problemas no aprendizado. Daí a
necessidade de uma avaliação neurocognitiva detalhada no estudo de crianças
com discalculia.
Quando se tem afetadas áreas terciárias do hemisfério esquerdo,
acentuam-se as dificuldades da leitura e compreensão dos problemas verbais
e da compreensão de conceitos matemáticos;
O funcionamento inadequado nos lobos frontais dificulta a realização de
cálculos mentais rápidos e a aplicação de habilidade de solução de problemas
e conceitualização abstrata.
Distúrbios ocorridos nas áreas secundárias occípito-parietais esquerdos
dificultam a discriminação visual de símbolos matemáticos escritos.
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Falhas na ativação do funcionamento do lobo temporal esquerdo
dificultam a memória de séries e as realizações matemáticas básicas.
Os efeitos da Discalculia são diversos e não se limitam as questões
acadêmicas, pois podem estar interligados com a incapacidade de atenção
seletiva e de controle da impulsividade, com a inconsistência, com a falta de
mecanismos de automatização, com processamentos lentos da linguagem oral
e escrita, com as dificuldades de orientação espacial e temporal, com as falhas
de armazenamento de informações, com as inabilidades grafo motoras e
sobretudo com a auto-estima.
O desconhecimento da família, de professores e colegas gera, na
maioria das vezes atos discriminatórios, críticas indevidas e punições, afetando
o bem estar da criança, criando stresse e desmotivação.
A insuficiência no aprendizado da matemática reflete diretamente no
funcionamento do indivíduo na vida cotidiana e social e acarretam na redução
da escolarização, abandono escolar, agressividade, apatia e futuramente
insucesso profissional.
1.3 SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
Os sintomas potenciais de um indivíduo discalcúlico são incapacidade
de:
• Sequenciar números;
• Compreender os sinais +, -, x, :;
• Montar as operações e lembrar as seqüências dos passos para realiza-
las;
• Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;
• Conservar quantidades;
• Classificar números;
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• Entender os princípios de medidas;
• Estabelecer correspondência um a um;
• Contar através dos cardinais e ordinais;
• Nomear termos e símbolos;
• Executar cálculos mentalmente;
Além de outros:
• Lentidão extrema na execução de tarefas (pois não tem mecanismos
necessários: tabuada decorada, sequências decoradas...);
• Problemas com orientação espacial;
• Falta da automatização de informações (armazenagem e busca do que
foi ensinado);
• Dificuldade em gerenciar grande quantidade de informações e seguir
muitas ordens ao mesmo tempo;
• Dificuldade de entender palavras e termos matemáticos;
• Problemas com a coordenação motora fina e grossa;
De acordo com Johnson e Myklebust (1987), existem alguns distúrbios
que poderiam interferir na aprendizagem aritmética:
Distúrbios de memória auditiva afetam a capacidade da criança de ouvir
os enunciados, quando estes são passados oralmente, impossibilitando o êxito
na resolução de questões. A incapacidade de reorganização auditiva também
afeta o aluno nas situações em que ouve um número mas não o recorda com
rapidez.
Distúrbios de leitura afetam a capacidade de ler os enunciados das
questões propostas, causando erros de interpretações e consequentemente de
entendimento e resolução, entretanto quando é feita a leitura de um problema
em voz alta, por exemplo, a criança é capaz de solucioná-lo.
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Distúrbios de escrita interferem no registro das atividades, pois o aluno
tem dificuldades em escrever letras, números e símbolos.
Distúrbios de percepção visual afetam a capacidade da criança de
lembrar a aparência de números, podendo escrevê-los em posições incorretas
ou trocá-los, dificultando a realização de cálculos.
Esses problemas dificultam a aprendizagem da matemática, mas a
Discalculia impede a compreensão e a construção dos conceitos matemáticos.
Esse transtorno pode se manifestar já na pré-escola, quando a criança
apresenta alguns sinais como dificuldades em responder questões que
indagam ralações matemáticas: igual ou diferente, maior ou menor, muito ou
pouco..., mas ainda é cedo para um diagnóstico preciso. Ao iniciar a introdução
das operações matemáticas básicas e símbolos, os sintomas se tornam mais
evidentes e visíveis.
É fundamental conscientizar e qualificar os professores para
perceberem que um determinado grupo de crianças que tem dificuldade em
aprender matemática, não são “preguiçosos” ou os pais não se interessam, e
sim que precisam de um diagnóstico preciso.
O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar com
fonoaudiólogos, neurologistas, psicólogos e psicopedagogos, a fim de eliminar
suspeitas de outros distúrbios ou danos cerebrais. Esta deve contar com
instrumentos adequados, porém ainda não existe protocolo validade para este
fim. Além da fundamental participação da família e da escola no
reconhecimento dos sinais da dificuldade.
O DSM-IV aponta alguns critérios a serem observados no diagnóstico da
Discalculia:
“A. A capacidade matemática, medida por testes
padronizados, individualmente administrados, está
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acentuadamente abaixo do nível esperado, considerando
a idade cronológica, a inteligência medida e a
escolaridade apropriada à idade do indivíduo.
B. A perturbação no Critério A interfere significativamente
no rendimento escolar ou atividades da vida diária que
exigem habilidades em matemática. C. Em presença de
um déficit sensorial, as dificuldades na capacidade
matemática excedem aquelas geralmente a esta
associada. Nota para a codificação: Caso esteja presente
uma condição médica geral (por ex., neurológica) ou
déficit sensorial, codificar no Eixo III.” (DSM-IV)
É importante chegar a um diagnóstico o mais rapidamente para iniciar as
intervenções adequadas do professor e equipe, a fim de proporcionar ao
discalcúlico um novo desenvolvimento de suas práticas educacionais,
superando gradativamente as dificuldades e melhorando o rendimento escolar.
Dessa forma se minimizarão os comprometimentos no desenvolvimento da
criança em relação à escolarização e qualificação profissional, motivação,
bem-estar e auto-estima.
1.4 TRATAMENTO
Devem ser mapeadas as dificuldades específicas de cada aluno e a
partir daí elaborar intervenções eficientes, contínuas e direcionadas. O cerne
do atendimento é psicopedagógico, mas outros profissionais podem contribuir.
É fundamental o apoio, não somente ao aluno, mas ao professor e a
família, pois a discalculia é uma condição permanente.
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O desenvolvimento de habilidades de autoconhecimento, tende a
favorecer o desempenho cognitivo. Para isso o aluno deve ser estimulado a
reconhecer sua forma de aprendizagem, articular suas necessidades de
aprendizagem e comunicá-las aos outros.
Ao professor cabe sistematizar a informação, organizar os espaços e o
tempo de forma adequada as especificidades deste transtorno e estar atento
aos interesses, motivações e potencialidades intelectuais da criança.
O professor poderá ainda: orientar que o aluno discalcúlico utilize,
sempre que necessário, calculadora, tabelas, papel quadriculado; estimular a
representação de questões com desenhos para facilitar sua compreensão;
elaborar questões claras e diretas; moderar a quantidade de atividades;
nomear tutores; auxiliar com dicas e atalhos para que faça associações e
memorize; evidenciar com elogios suas conquistas e acertos; evitar
interrompê-lo ou antecipar sua fala; tratá-lo com paciência; propor jogos e levá-
lo a adquirir novamente sua autoconfiança.
As dificuldades apresentadas por uma criança tendem a se
desenvolverem, se esta, receber tratamento adequado, podendo assim ser
minimizados os sintomas. Entretanto algumas características ainda
permanecem de forma suave. Dessa forma, as avaliações são válidas por um
curto tempo: um ano para crianças e dois anos para adultos, sendo necessária
a reavaliação e re planejamento das intervenções.
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CAPÍTULO II
ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
“[...] o aprendizado das crianças começa muito antes
delas freqüentarem a escola. Qualquer situação de
aprendizado com a qual a criança se defronta na escola
tem sempre uma história prévia. Por exemplo, as crianças
começam a estudar aritmética na escola, mas muito antes
elas tiveram alguma experiência com quantidades – elas
tiveram que lidar com operações de divisão, adição,
subtração e determinação de tamanho.
Conseqüentemente, as crianças têm a sua própria
aritmética pré-escolar, que somente psicólogos míopes
podem ignorar.” (VYGOTSKY, apud GIANCATERINO,
2009, p. 138)
2.1 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E DESENVOLVIMENTO
INFANTIL
Segundo Giancaterino (2009) “a educação é convencionalmente
definida como todo o processo pelo qual o sujeito, por intermédio de sua
interação com o meio em que vive, desenvolve sua compreensão da realidade
e adquire conhecimento, técnica, crenças, atitudes e valores.”
A crescente globalização da informação e os avanços tecnológicos nos
remetem a necessidade de que a educação se volte para o desenvolvimento
das capacidades humanas, e os métodos, para servir as necessidades básicas
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de aprendizagem dos indivíduos e da sociedade. Tais necessidades têm
adquirido novos contornos ao longo dos anos. É necessário, hoje, que o
homem desenvolva suas capacidades de comunicação; de trabalhar
cooperativamente; de refletir, inferir e tomar decisões; de aperfeiçoar
conhecimentos e valores... Ou seja, de acordo com as novas perspectivas
educacionais, os diversos agentes envolvidos neste processo devem modificar
o seu papel.
Essas novas perspectivas educacionais estão evidenciadas no Plano
Decenal do Mec: “A educação é elemento constitutivo da pessoa e, portanto,
deve estar presente desde o momento em que ela nasce, como meio e
condição de formação, desenvolvimento, integração social e realização
pessoal” e também nos PCNs:
“O ensino de qualidade que a sociedade demanda
atualmente expressa-se aqui como a possibilidade de o
sistema educacional vir a propor uma prática educativa
adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas
e culturais da realidade brasileira, que considere os
interesses e as motivações dos alunos e garanta as
aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos
autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar
com competência, dignidade e responsabilidade na
sociedade em que vivem”. (PCN)
Nossa prática pedagógica, enquanto educador se associa a constante
preocupação e expectativa de êxito nas aprendizagens dos alunos nas
diversas áreas do conhecimento e neste caso, essencialmente, nas
competências matemáticas, visto que o uso destas é requerido nas diversas
áreas e na atuação na vida cotidiana pessoal e profissional. Quando
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assumimos a postura de desenvolver atividades que encaminham o educando
a uma aprendizagem significativa, estamos reforçando as marcas deixadas ao
longo da história por pensadores, pesquisadores e educadores.
A matemática se evidencia em toda a evolução da humanidade e se
aplica a ações rotineiras de lidar com o ambiente, de criar instrumentos para
esse fim e buscar explicações sobre fenômenos da natureza e sobre a própria
existência humana.
D’Ambrósio (1996) resgata um pouco das contribuições matemáticas ao
longo de anos e em diversos lugares.
Nas mais remotas civilizações, já se aplicavam os conhecimentos
matemáticos em construções e estudos científicos. Os primeiros filósofos
gregos (Tales, Pitágoras, Platão, Euclides, Arquimedes, Apolônio, Aristóteles)
traziam a tona elementos básicos da geometria. Os egípcios muito
contribuíram com a criação dos símbolos utilizados em suas contagens; mais
tarde os Romanos atribuíram valores as letras do alfabeto que já usavam além
de algumas regras; mas os estudos e buscas por símbolos mais simples e
apropriados continuaram até que surgisse na Índia uma das mais notáveis
invenções: o sistema de numeração decimal, posteriormente enriquecido com
os conhecimentos do povo hindu e difundido pelo mundo.
Após passar por período latente, surgiram novos avanços com
publicações e descobertas de diversos matemáticos como Fibonacci,
Descartes, Pierre Fermat e outros. Enfim, longos caminhos foram galgados a
fim de se estabelecer uma base para a Matemática.
A ciência matemática é tida como um produto cultural, resultado de uma
longa evolução e que está em contínuo desenvolvimento.
Ao longo dos anos, tal ciência mantém e reafirma cada vez mais seu
caráter formativo e instrumental.
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Atualmente o papel que a matemática desempenha na formação do
indivíduo para a cidadania é exposto nos PCN’s da seguinte forma:
“Desse modo, um currículo de Matemática deve procurar
contribuir, de um lado, para a valorização da pluralidade
sociocultural, impedindo o processo de submissão no
confronto com outras culturas; de outro, criar condições
para que o aluno transcenda um modo de vida restrito a
um determinado espaço social e se torne ativo na
transformação de seu ambiente. A compreensão e a
tomada de decisões diante de questões políticas e sociais
também dependem da leitura e interpretação de
informações complexas, muitas vezes contraditórias, que
incluem dados estatísticos e índices divulgados pelos
meios de comunicação. Ou seja, para exercer a
cidadania, é necessário saber calcular, medir, raciocinar,
argumentar, tratar informações estatisticamente, etc”.
( PCN – Matemática, 1997, p. 25)
Para que possamos responder a essas novas demandas e desafios, é
necessário que tenhamos em mente as particularidades existentes nos
processos de aprendizagem de crianças e adultos. Para isso podemos buscar
um referencial teórico nas concepções de Piaget e Vygotsky.
Na perspectiva de Piaget, a construção do conhecimento se dá pela
interação da experiência sensorial e da razão, indissociadas uma da outra. De
acordo com a visão piagetiana, a criança passa por estágios diferenciados na
aprendizagem de acordo com sua maturação. O primeiro estágio da
inteligência é chamado sensório-motor, indo até os dois anos de idade, nesta
fase, ela usa os sentidos e seus movimentos são manifestos, logo em seguida
passa para o estágio pré-operacional que vai aproximadamente até os sete
23
anos, onde está iniciando a vida escolar, já é capaz de estabelecer relações,
classificar objetos levando em conta formas, tamanhos, cores comprimento,
espessuras e ainda seriar objetos de acordo com suas especificidades. Dos
sete aos onze anos aproximadamente, entra no estágio das operações
concretas, sendo capaz de perceber as variações, alteração de quantidades,
reversibilidade passando então para a aprendizagem formal aos doze anos.
Esse desenvolvimento intelectual varia de indivíduo para indivíduo diante de
alguns fatores que favorecem ou desfavorecem a aprendizagem, como a
hereditariedade, o ambiente físico, social e familiar, a maturação, as condições
estruturais orgânicas e principalmente o fator emocional, do qual depende
grande parte da educação infantil, da faixa etária apresentada; porém todo
desenvolvimento intelectual atravessa estas fases.
Piaget (apud Kamii, 1990), criou a teoria do conceito numérico da
criança, demonstrando que no período pré-operatório (6 a 7 anos), a criança
desenvolve o pensamento lógico-matemático. Ele afirma que a fonte deste
pensamento é interna, é a própria criança. Segundo Piaget (aput Marília
Toledo, 2009) o conhecimento lógico-matemático resulta das relações que o
sujeito estabelece com ou entre os objetos, ao agir sobre ele.
Ainda segundo Piaget (apud Kamii, 1990), para que a construção do
pensamento lógico-matemático seja consolidada, a criança deve relacionar a
abstração empírica com a abstração reflexiva distinguindo as partes do todo e
deste modo construir o conhecimento físico para possibilitar a elaboração do
conhecimento matemático.
Segundo Vygotsky (1998), para entendermos o desenvolvimento da
criança, é necessário levar em conta as necessidades dela e os incentivos que
são eficazes para colocá-las em ação. O seu avanço está ligado a uma
mudança nas motivações e incentivos.
Para Vygotsky os conceitos são sistemas de relações construídos
culturalmente e internalizados pelo sujeito no seu processo de
desenvolvimento. Para isso, a criança deverá interagir com o seu meio social
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e físico, sendo sempre orientada e mediada por pessoas mais velhas de sua
cultura. Portanto, nos ambiente de aprendizagem, deve-se possibilitar ao
sujeito vivências, reflexões, questionamentos, sempre na interação com o
outro, num processo contínuo de (re) descobertas do conhecimento já
formalizado.
Dessa forma, para que os conceitos já estruturados sejam ampliados,
são fundamentais momentos de aprendizagem provocantes, significativos,
relacionados ao cotidiano e realidade da criança.
2.2 MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS
Há tempos busca-se retratar em números a inteligência humana, com
subseqüentes testes e aplicação de outros instrumentos, como que se
pudesse quantificar uma capacidade inata, geral e única, que permite aos
indivíduos obterem uma performance maior ou menor em qualquer área de
atuação.
Estudos realizados por Howard Gardner (1985) e outros colaboradores
sugerem que as habilidades cognitivas são bem mais diferenciadas e mais
específicas do que se acreditava. Segundo Gardner, todos os indivíduos
normais são capazes de uma atuação em diferentes áreas intelectuais:
lingüística, lógica-matemática, espacial, musical, cinestésico-corporal,
intrapessoal e interpessoal. Já incluíram a esse elenco a competência
naturalista e pictórica. (ANTUNES, 1998, p.13).
Segundo Gardner, os seres humanos dispõem de graus variados de
cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e
organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver
problemas e criar produtos. Gardner ressalta que, embora estas inteligências
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sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas raramente
funcionam isoladamente.
Segundo Gardner uma criança pode ter um desempenho precoce em
uma área (o que Piaget chamaria de pensamento formal) e estar na média ou
mesmo abaixo da média em outra (o equivalente, por exemplo, ao estágio
sensório-motor). Gardner descreve o desenvolvimento cognitivo como uma
capacidade cada vez maior de entender e expressar significado em vários
sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e sugere que não há uma
ligação necessária entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento em uma
área de desempenho e capacidades ou estágios em outras áreas ou domínios.
Cabe aqui enfatizar as características próprias da inteligência lógico-
matemática: os componentes centrais desta inteligência são descritos por
Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a
habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da
manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada;
é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas
e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas.
Gardner, porém, explica que, embora o talento científico e o talento
matemático possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que
movem as ações dos cientistas e dos matemáticos não são os mesmos.
Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo abstrato consistente, os
cientistas pretendem explicar a natureza. A criança com especial aptidão nesta
inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e
para criar notações práticas de seu raciocínio.
São de extrema relevância as colocações feitas por Celso Antunes , no
que diz respeito a relação desenvolvimento infantil e inteligência, quando ele
afirma que: “Os cinco primeiros anos de vida de um ser humano são
fundamentais para o desenvolvimento de suas inteligências. Embora a
potencialidade do cérebro se apresente como uma carga genética que se
perde em tempos imemoriais, nos primeiros anos de vida o cérebro sai dos
26
400 gramas quando do nascimento, para chegar perto do um quilo e meio
quando adulto, crescendo e pesando mais em função das múltiplas conexões
entre os neurônios que formam uma rede de informação diversificada.”
(ANTUNES, 1998, p.14)
Ainda segundo Antunes, esta área do organismo, vai se formando ao
longo da vida e para alcançar as potencialidades do seu funcionamento e
ampliar o poder das conexões neurais, são necessários estímulos adequados.
“Se a inteligência se forma a partir do nascimento e se há
"janelas de oportunidade" na infância quando um
determinado estímulo ou experiência exerce maior
influência sobre a inteligência do que em qualquer outra
época da vida, descuidar desse período significa
desperdiçar um imenso potencial humano”.
(Plano Nacional da Educação – MEC,
www.planalto.gov.br)
Observamos nos últimos tempos uma crescente discussão sobre a
relação que supõe-se haver entre a educação matemática e o
desenvolvimento da inteligência humana. Muitos afirmam que a inteligência é
um potencial determinado geneticamente que pode ser desenvolvido pela
educação. À medida que esta possibilita oportunidades variadas, se cria um
grau maior ou menor que aquele que foi determinado pelo potencial genético.
Ao longo dos anos foram desenvolvidos inúmeros instrumentos que
amplificam nossa capacidade de perceber, agir e resolver problemas. Alguns
consistem em objetos concretos: calculadoras, computadores..., e outros são
objetos simbólicos: linguagem, sistema de numeração... Hoje se reconhece na
27
educação a tarefa de possibilitar o desenvolvimento das inteligências através
da informação e ensinamentos quanto ao uso desses instrumentos.
2.3 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS: NECESSIDADES ATUAIS
“Se acreditamos que a formação de competências não é
evidente e que depende em parte da escolaridade básica,
resta decidir quais ela deveria desenvolver
prioritariamente. Ninguém pretende que todo saber deve
ser aprendido na escola. Uma boa parte dos saberes
humanos é adquirida por outras vias. Por que seria
diferente com as competências? Dizer que cabe a escola
desenvolver competências não significa confiar-lhe o
monopólio disso.” (PERRENOUD, apud BESSA, p. 149)
O número de pessoas com dificuldades para resolver problemas
matemáticos simples, do dia-a-dia, é muito grande.
No Brasil, a evolução do desempenho em matemática nas séries iniciais
do ensino fundamental apresenta uma tendência de queda desde 1997,
situação que se agrava nas séries seguintes.
Resultados obtidos em algumas avaliações nacionais recentemente
realizadas no Brasil evidenciam isso:
“... testes de rendimento em Matemática, aplicados em
1993 pelo Sistema Nacional de Avaliação Escolar da
Educação Básica (SAEB), indicavam que, na primeira
28
série do ensino fundamental, 67,7% dos alunos
acertavam pelo menos metade dos testes. Esse índice
caía para 17,9% na terceira série, tornava a cair para
3,1%, na quinta série, e subia para 5,9% na sétima série.
Em 1995, numa avaliação que abrangeu alunos de
quartas e oitavas séries do primeiro grau, os percentuais
de acerto por série/grau e por processo cognitivo em
Matemática evidenciaram, além de um baixo desempenho
global, que as maiores dificuldades são encontradas em
questões relacionadas à aplicação de conceitos e à
resolução de problemas.” (PCN-Matemática, 1997, p. 21)
A divulgação dos resultados pouco promissores obtidos também no
SAEB 1999 e 2001 trouxe desconforto para o Governo Federal e preocupação
para todos que se interessam pelo acompanhamento da evolução de
indicadores educacionais.
Para um melhor entendimento das dificuldades de aprendizagem, de
transtornos como a discalculia e do quadro atual do ensino e aprendizagem da
matemática é necessário que possamos refletir sobre questões tais como: o
que são habilidades e competências matemáticas?
O conceito de “competências” começou a ser discutido e adotado a
partir da década de 1990. Primeiramente atrelado ao ensino de crianças nas
séries iniciais e posteriormente também na área industrial e empresarial.
Sob o aspecto educacional, o conceito de competência é proposto por
Perrenoud como sendo a “capacidade de agir eficazmente em um determinado
tipo de situação, apoiando-se em conhecimentos, mas sem se limitar a eles.”
(PCN-Matemática, 1997). Para isso, o sujeito deverá ter disponíveis os
recursos necessários para serem mobilizados com vistas a resolver a situação
na hora em que ela se apresente. Educar para competências é, então, ajudar o
29
sujeito a adquirir e desenvolver as condições e/ou recursos que deverão ser
mobilizados para resolver a situação complexa.
Enfocando o princípio de que os seres humanos se desenvolvem pelas
relações estabelecidas com o meio, as competências seriam, assim,
desenvolvidas de acordo com as necessidades de resolução de problemas
para superação de situações cotidianas.
É importante salientar que existem competências não-escolares, que
dependem das relações sociais que estabelecemos e das nossas condições
de existência.
Habilidades referem-se ao “plano objetivo e prático do saber fazer”: ação
física ou mental que implica capacidades adquiridas, como por exemplo:
classificar, montar algo, calcular, ler, observar, interpretar, etc.
Portanto, ”a capacidade da pessoa em mobilizar suas habilidades (saber
fazer), seus conhecimentos (saber) e suas atitudes (saber ser) para solucionar
determinada situação-problema é chamada por alguns educadores como
competência. Assim, entender os conceitos é uma coisa, interpretá-los é outra
e posicionar-se diante disso é outra.” (Wikipédia)
Esta nova forma de se entender e lidar com a aprendizagem, tem se
evidenciado nas tentativas do governo federal de analisar a educação atual e
buscar garantir a educação de qualidade. Nas avaliações nacionais aplicadas
habilidades e competências são detalhadas na forma de descritores (ver
ANEXO 2) e nos remete a necessidade de um novo olhar sobre as práticas
pedagógicas e sobre a compreensão do tempo pedagógico destinado a efetiva
aprendizagem. Devido a isso têm sido alterados os modelos escolares de
seriação, sendo introduzidas as noções de ciclos de ensino.
Para desenvolver habilidades e competências é preciso, antes de tudo,
trabalhar por problemas e por projetos, propor tarefas complexas e desafios
que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida,
30
completá-los. Perrenoud recomenda: “... incentivar o desenvolvimento das
competências a partir da escola, relacionando constantemente os saberes
formais e sua utilização em situações concretas.” (PERRENOUD, apud
BOSSA, 2008)
31
CAPÍTULO III
O USO DO LÚDICO E MATERIAIS MANIPULÁVEIS
"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se
é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los
sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios
estéreis, sem valor para a formação do homem."
( Carlos Drummond de Andrade )
Hoje, mais do que nunca, exige-se como condição de sobrevivência, a
capacidade de comunicar-se, o domínio de diversas formas de linguagem e
troca de informações. Entretanto, em geral, como afirma Macedo , “não é muito
comum considerar a comunicação e a compreensão dos conteúdos a serem
aprendidos por meio de outros recursos além da leitura, escrita e outras
representações, tão enfatizadas nas atividades escolares.” (MACEDO, 2005,
P.7)
Vemos também, em documentos oficiais, a preocupação com o ensino
significativo. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9.394/1996, foram elaborados diversos documentos para que
professores, pedagogos e gestores pudessem ter uma referência sobre como
trabalhar a Matemática de tal modo que esta ciência promovesse, dentre
outras habilidades, autonomia e reflexão aos educandos, preparando-os para
uma sociedade complexa.
A ludicidade e a manipulação de materiais concretos são assuntos que
tem conquistado espaço no panorama nacional em questões relativas à
educação matemática.
O lúdico/brinquedo/brincadeira é considerado a essência da infância. O
brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na
32
brincadeira, reside a base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança
aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta
educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo ensino-
aprendizagem.
Ao consultar um dicionário, os diversos significados encontrados para a
palavra brincar nos passam a idéia de diversão, distração, agitação, faz de
conta. A brincadeira é o lúdico em ação. Brincar é importante em todas as
fases da vida, mas na infância ele é ainda mais essencial: não é apenas um
entretenimento, mas, também, aprendizagem. A criança, ao brincar, expressa
sua linguagem por meio de gestos e atitudes, as quais estão repletas de
significados, visto que ela investe sua afetividade nessa atividade. Por isso a
brincadeira deve ser encarada como algo sério e que é fundamental para o
desenvolvimento infantil.
Ressaltamos ainda que “atividade lúdica é todo e qualquer movimento
que tem como objetivo produzir prazer quando de sua execução, ou seja,
divertir o praticante... são brinquedos ou brincadeiras menos consistentes e
mais livres de regras ou normas; - são atividades que não visam a competição
como objetivo principal, é mais a realização de uma tarefa de forma prazerosa;
- existe sempre a presença de motivação para atingir os objetivos” (Wikipédia).
O ato de brincar/jogar é uma atividade que não apresenta qualquer
finalidade ou objetivo fora ou para além de si mesmo. Assim é puramente
lúdico, pois nele a criança tem a oportunidade de jogar pelo simples prazer e
diversão. Entretanto enquanto se diverte brincando tem a possibilidade de se
(re) elaborar a partir de seus conhecimentos prévios com o levantamento de
hipóteses, testagem da validade dessas, modificação dos esquemas de
conhecimento e avanço cognitivo.
Os desafios apresentados pelos jogos e outras atividades lúdicas vão
além do âmbito intelectual; englobam ainda oportunidades de se desenvolver
aspectos sociais como compreensão e aceitação de regras, a capacidade de
se expressar, de tomar iniciativas, a autonomia, criatividade, a auto-estima, etc.
33
Piaget afirma que o jogo não pode ser visto apenas como divertimento
ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento
físico, cognitivo, afetivo e moral. Através dele se processa a construção de
conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório.
Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço
e seu tempo, desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à
representação e, finalmente, à lógica. As crianças ficam mais motivadas para
usar a inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se para superar
obstáculos tanto cognitivos como emocionais.
Diversas pesquisas, realizadas recentemente, a cerca dos processos de
ensino e aprendizagem, tem apontado para o caráter ativo da aprendizagem,
ou seja, para a importância da ação do aprendiz. Tal caráter pode ser
alcançado através da utilização dos jogos e diversas atividades lúdicas
enquanto instrumentos da prática pedagógica.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam como aspecto mais
relevante no trabalho com jogos o fato de que provocam desafios genuínos
nos alunos, gerando interesse e prazer e, por isso mesmo, recomendam que
eles façam parte da cultura escolar. Assim, os jogos devem ser inseridos na
prática cotidiana com a intenção de provocar a aprendizagem significativa,
estimular a construção de novos conhecimentos e despertar o
desenvolvimento de habilidades operatórias e não somente, serem adotados
como atividades extras.
O uso de materiais concretos ou manipuláveis também possibilita o
enriquecimento na construção dos conceitos lógico-matemáticos. Esses
consistem em recursos/criações didáticas, utilizados na tentativa de tratar a
matemática contida nos livros, de forma que os alunos possam formar,
compreender e apropriar-se de seus conceitos e significados. Muitos defendem
o uso desses recursos por propiciarem aulas mais atraentes e acessíveis
aqueles que possuem dificuldades de abstração (como os discalcúlicos), por
enriquecer a experiência sensorial e estimular a imaginação dos educandos.
34
Os materiais concretos são classificados em estruturados: quando
representam um conjunto de objetos construídos para auxiliarem a
representação de idéias matemáticas, como o Material Dourado, os Blocos
Lógicos, Material Cuisenare, Tangran, Geoplano entre outros; ou não-
estruturados: quando o professor utiliza objetos comuns do cotidiano na prática
educativa, como grãos e palitos para contagem, papéis para dobraduras,
dados, baralho entre outros.
Antunes (1998) ressalta que o entendimento de um aluno acerca dos
números, das operações matemáticas e dos fundamentos da geometria melhor
ocorrerá se puder torná-los palpáveis. Ele diz ainda que aparentemente o
cérebro busca materializar e operacionalizar os símbolos matemáticos através
da coordenação manual.
A utilização de técnicas lúdicas: jogos, brinquedos, brincadeiras e
materiais manipuláveis direcionadas pedagogicamente em sala de aula podem
estimular os alunos a construção do pensamento lógico-matemático de forma
significativa e a convivência social, pois o aluno, ao atuar em equipe, supera,
pelo menos em parte, seu egocentrismo natural.
A que se ter um cuidado especial antes de iniciar o trabalho com
instrumentos lúdicos: testá-los, analisar o grau de dificuldades em relação à
turma e ao aluno discalcúlico, de modo que estes sejam interessantes e
desafiadores.
Macedo (2005) apresenta cinco indicadores que permitem inferir a
presença do lúdico nos processos de aprendizagem:
1. terem prazer funcional; ou seja, a alegria (ou as vezes sofrimento) de
exercitar um domínio, de testar uma habilidade, de superar um
obstáculo ou vencer um desafio;
2. serem desafiadores; ou seja, impor alguma dificuldade que requeira
superação, que tenha sentido de investigação, de curiosidade;
35
3. criarem possibilidades ou disporem delas; ou seja, que sejam
possíveis do aluno realizar por completo ou em parte, a partir de
recursos internos (habilidades e competências) ou externos (objetos,
espaço, tempo e pessoas) ;
4. possuírem dimensão simbólica e; ou seja, corresponderem
minimamente que seja a algo que faça sentido para a criança, algo
da experiência dela;
5. expressarem-se de modo construtivo ou relacional; ou seja,
possibilitar se fazer considerações sob diversos pontos de vista.
Também nessas formas de atuação profissional, como em qualquer
outra, é necessário um olhar aguçado quanto aos erros cometidos pelos
alunos discalcúlicos, pois estes se revestem de significados pedagógicos
positivos. Devem ser vistos pelo professor e demais pessoas envolvidas como
indícios da forma de pensar, de raciocinar do sujeito, e buscar neles,
compreender como se dá sua forma de elaborar o conhecimento. Dessa forma
é possível elaborar e reformular a prática e superar as dificuldades.
É necessária a participação de todos e principalmente a atuação do
psicopedagogo para estruturar ações e intervenções que auxiliem os
processos de aprendizagem.
As estratégias escolhidas devem atender as diversas características do
transtorno.
Conforme a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (9394/1996)
em seu artigo 59 “... Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organizações específicas, para atender às suas necessidades”. Dessa forma,
também são legítimas e necessárias as propostas de utilização dos materiais
citados no capítulo junto a alunos discalcúlicos a fim de promover o resgate da
auto-estima, do prazer e da motivação ao lidar com o raciocínio lógico.
36
“... a introdução de jogos nas aulas de Matemática é a
possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por
muitos de nossos alunos que temem a Matemática e
sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da
situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva
e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo
em que estes alunos falam Matemática, apresentam
também um melhor desempenho e atitudes mais positivas
frente a seus processos de aprendizagem.” (J. BORIN
1996, apud STAREPRAVO, 2009, p. 11)
37
CONCLUSÃO
O presente estudo teve como objetivo a reflexão acerca da utilização
de recursos lúdicos, na atuação pedagógica, como forma de permitir e facilitar
a aquisição de conceitos e valores essenciais à aprendizagem, de alunos
discalcúlicos.
Visto que a Matemática desempenha papel fundamental em nossas
vidas, contribuindo para a compreensão de mundo e ações rotineiras nas
diversas áreas do conhecimento, buscou-se analisar as associações feitas ao
ensino da matemática: dificuldades diversas, além de crenças e tabus que se
tornam empecilhos para uma aprendizagem satisfatória.
A busca por conhecimentos e definições específicas sobre a
Discalculia, foi enriquecida pelo Código Internacional de Doenças, pelo Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, pelas idéias de Kocs, pelos
estudos da Drª Mônica Weinstein entre outros.
As informações obtidas nos levam a constatar a importância da família
e do educador estarem atentos aos processos de aprendizagem dos
educandos: os erros cometidos em tarefas matemáticas, a baixa estima,...,
podem ser indícios da Discalculia.
A falta de informação sobre este transtorno e consequentemente a
percepção e intervenção tardia podem acarretar graves conseqüências ao
indivíduo discalcúlico.
A atual evidência, da necessidade de identificarmos nas escolas
regulares, a presença cada vez maior, de portadores de Discalculia do
Desenvolvimento, nos remete ao fato de que devemos deixar de lado velhos
paradigmas e redefinirmos o trabalho pedagógico, tendo em vista as
colocações referentes às novas perspectivas educacionais expostas em
38
documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais e o Plano
Nacional da Educação.
Buscamos nas teorias de Piaget e Vygotsky referências sobre o
processo de ensino e aprendizagem. Ambos apontam a interação social, a
motivação e incentivos dados a criança, como fatores fundamentais para a
ampliação de conceitos já adquiridos.
Consideramos de extrema relevância para esse estudo, as colocações
feitas por Celso Antunes no que diz respeito à relação inteligência e
desenvolvimento infantil. Ele ressalta a importância de fornecer a criança
estímulos adequados a fim de potencializar e ampliar as conexões neurais.
Frente aos novos desafios educacionais (entre eles os resultados ruins
obtidos pelos alunos dos diversos níveis de ensino, principalmente em
matemática, em avaliações aplicadas nacionalmente), surgem também novos
conceitos. Philipe Perrenoud propõe os conceitos de competências e
habilidades como uma nova forma de entender e lidar com a aprendizagem.
Esta adquire cada vez mais, o caráter ativo do aprendiz.
Propomos, portanto a utilização de recursos lúdicos na mediação com
os alunos discalcúlicos com o objetivo de permiti-lhes compreender a sua
própria lógica de raciocínio, sua forma de elaborar o conhecimento e lidar de
forma mais interessante e proveitosa com as limitações do transtorno.
Propomos a busca por conhecer as possibilidades dos alunos discalcúlicos e
não o aprofundamento em seus déficits.
Consideramos que a aprendizagem por meio de caminhos lúdicos é
simples e eficaz. Por em prática o “espírito de jogo” pode ajudar a recuperar o
“espírito de aprender”, pode despertar nas crianças ações até então vistas por
elas e pelos outros como impossíveis.
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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03/07/2011 às 10h.
42
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Imagem do cérebro humano e descrição das áreas envolvidas em
habilidades matemáticas. Disponível em : http://discalculando.zip.net/
Anexo 2 >> Descritores – Matemática Prova Brasil. Disponível no Material
Língua Portuguesa e Matemática – SAEB/ Prova Brasil - INEP
43
ANEXO 1
Veja como funciona o Cérebro:
44
ANEXO 2
Descritores- Matemática
Prova Brasil
Matemática
São 28 descritores subdivididos em 04 temas.
Tema I - Espaço e Forma
D1 - Identificar a localização /movimentação de objeto em mapas, croquis e
outras representações gráficas.
D2 - Identificar propriedades comuns e diferenças entre poliedros e corpos
redondos, relacionando figuras tridimensionais com suas planificações.
D3 - Identificar propriedades comuns e diferenças entre figuras bidimensionais
pelo número de lados, pelos tipos de ângulos.
D4 - Identificar quadriláteros observando as posições relativas entre seus lados
(paralelos, concorrentes, perpendiculares).
D5 - Reconhecer a conservação ou modificação de medidas dos lados, do
perímetro, da área em ampliação e /ou redução de figuras poligonais usando
malhas quadriculadas.
Tema II - Grandezas e Medidas
D6 - Estimar a medida de grandezas utilizando unidades de medida
convencionais ou não.
D7 - Resolver problemas significativos utilizando unidades de medida
padronizadas como km/m/cm/mm/kg/g/mg/l/ml.
D8 - Estabelecer relações entre unidades de medida de tempo.
D9 - Estabelecer relações entre o horário de início e término e /ou o intervalo
da duração de um evento ou acontecimento.
45
D10 - Num problema, estabelecer trocas entre cédulas e moedas do sistema
monetário brasileiro, em função de seus valores.
D11 - Resolver problema envolvendo o cálculo do perímetro de figuras planas,
desenhadas em malhas quadriculadas.
D12 - Resolver problema envolvendo o cálculo ou estimativa de áreas de
figuras planas, desenhadas em malhas quadriculadas.
Tema III - Números e Operações / Álgebra e Funções
D13 - Reconhecer e utilizar características do sistema de numeração decimal,
tais como agrupamentos e trocas na base 10 e princípio do valor posicional.
D14 - Identificar a localização de números naturais na reta numérica.
D15 - Reconhecer a decomposição de números naturais nas suas diversas
ordens.
D16 - Reconhecer a composição e a decomposição de números naturais em
sua forma polinomial.
D17 - Calcular o resultado de uma adição ou subtração de números naturais.
D18 - Calcular o resultado de uma multiplicação ou divisão de números
naturais.
D19 - Resolver problema com números naturais, envolvendo diferentes
significados da adição ou subtração: juntar, alteração de um estado inicial
(positiva ou negativa), comparação e mais de uma transformação (positiva ou
negativa).
D20 - Resolver problema com números naturais, envolvendo diferentes
significados da multiplicação ou divisão: multiplicação comparativa, idéia de
proporcionalidade, configuração retangular e combinatória.
D21 - Identificar diferentes representações de um mesmo número racional.
D22 - Identificar a localização de números racionais representados na forma
decimal na reta numérica.
D23 - Resolver problema utilizando a escrita decimal de cédulas e moedas do
sistema monetário brasileiro.
D24 - Identificar fração como representação que pode estar associada a
diferentes significados.
46
D25 - Resolver problema com números racionais expressos na forma decimal
envolvendo diferentes significados da adição ou subtração.
D26 - Resolver problema envolvendo noções de porcentagem (25%, 50%,
100%).
Tema IV - Tratamento da Informação
D27 - Ler informações e dados apresentados em tabelas.
D28 - Ler informações e dados apresentados em gráficos (particularmente em
gráficos de colunas).
47
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
CONHECENDO A DISCALCULIA 10
1.1 – Subtipos de Discalculia 12
1.2 – Causas e consequencias 12
1.3 – Sintomas e diagnóstico 14
1.4 – Tratamento 17
CAPÍTULO II
ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA 19
2.1 – Educação matemática e desenvolvimento infantil 19
2.2 – Múltiplas inteligências 24
2.3 – Habilidades e competências: necessidades atuais 27
CAPÍTULO III
O USO DO LÚDICO E MATERIAIS MANIPULÁVEIS 31
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ANEXOS 42
ÍNDICE 47
FOLHA DE AVALIAÇÃO 48
48
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: O uso do lúdico no ensino e aprendizagem de crianças
com discalculia
Autor: Luciana Lima Marinho
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: