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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA NOS ANOS INICIAIS Por: Rosane de Souza Coelho Orientadora Profª Marta Relvas Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA

CRIANÇA NOS ANOS INICIAIS

Por: Rosane de Souza Coelho

Orientadora

Profª Marta Relvas

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA

CRIANÇA NOS ANOS INICIAIS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Neurociência Pedagógica.

Por: Rosane de Souza Coelho.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro aos meus

pais, minha origem e destino. Sem eles,

qualquer possibilidade em minha vida seria

impossível.

Ao Damasio Barcellos pelos livros, carinho,

incentivo e parceria pelo tempo que foi

possível.

Minha gratidão também aos amigos do Colégio

Logosófico, em especial a minha

Assessora Ane, pelo carinho escuta e

incentivo, SEMPRE.

Por fim, mas não menos

importante, agradeço às amigas Rose e Virgínia por tanto

apoio, afeto e carinho dispensados a mim.

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Roberto e Expedicta por me trazerem à vida e acreditar no meu sonho. Me apoiar desde

sempre, quando eu, ainda jovenzinha, reclamava das dificuldades enfrentadas no Magistério. Meu pai sempre

dizia: “Mas não era isso que você queria?”, e me fazia lembrar de tantas coisas boas que conquistara.

Ao Damasio Barcellos, meu amor e companheiro de outrora que, por milhares de vezes, esteve ao meu lado,

valorizando cada descoberta e me presenteando com livros e artigos que enriqueceram as maravilhosas aulas desta

especialização. Jamais esquecerei o apoio de todas as horas.

Às Queridas Professoras Marta Relvas e Simone Ferreira, por mostrar as imensas possibilidades que a Neurociência traz à vida acadêmica de nossas

crianças. Vocês realmente me ajudaram a enxergar “a luz no fim do túnel” Amei cada aula, cada risada, cada momento vivido durante todo o tempo que

estivemos juntas.

Obrigada a todos por estarem em minha vida!

RESUMO

Esse estudo nasceu de observações docentes sobre as dificuldades que as

crianças apresentam no processo de aprendizagem.

Entender a aprendizagem como um processo fundamental e natural na vida do

ser humano é dar a real importância à mesma.

É fato que a memória e a atenção são funções executivas para a

aprendizagem, mas o que é necessário valorizar e reforçar é que todo e

qualquer aprendizado perpassa pelas emoções. A emoção de descobrir, de

perceber, de conhecer, associada a alegria por aprender.

Os Humanos são seres químicos, biológicos e afetivos e as Neurociências

mostram o funcionamento do cérebro, esse órgão incrível, fascinante e perfeito,

que direciona e organiza todos os processos vivenciados pelo corpo humano.

PALAVRAS CHAVE: Neurociências, aprendizagem, memória, emoção,

afetividade, atenção, neuroplasticidade, cérebro.

METODOLOGIA

O método utilizado para a realização deste trabalho foi um misto de compilação

e conclusão a partir da leitura e pesquisa em várias fontes, tais com livros,

revistas, websites, reportagens e artigos escritos pelos autores Ramon

Cozenza, Marta Pires Relvas, Ivone Pádua, Alexander Luria, Vygotsky, Geraldo

Peçanha de Almeida, Henri Wallon e Eugenio Cunha.

Cada um desses autores forneceu, com muita sensibilidade e inteligência,

informações preciosas para que cada linha fosse escrita.

Ao final, segue detalhamento da Bibliografia utilizada.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Como o cérebro aprende 10

CAPÍTULO II - Como o afeto influencia na aprendizagem 22

CAPÍTULO III – Como a neurociência auxilia na prática pedagógica 32

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 42

INDICE 43

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INTRODUÇÃO

O processo de aprendizagem acontece desde o momento do

nascimento.

A cada etapa da vida, a criança vai construindo um saber único, sempre

permeadoxpeloxmeio.

O mundo lhe chega através das sensações e, significativamente, ela

começa a fazer uso da palavra, criando assim um complexo sistema de

comunicação, trazendo a linguagem para seu campo de ação. Esta, por sua

vez, além da transmissão de informações, modula atividades essenciais na

consciência do indivíduo: na representação, na abstração e na generalização.

Na representação, ela seleciona o objeto, foca nele a atenção e o

mantémxnaxmemória.

Na abstração e na generalização, os objetos que se formaram durante

todo o processo hstórico-social são analisados, organizados e classificados.

No cérebro, existem circuitos altamente elaborados que estão a serviço

da aprendizagem.

No entanto, nada acontece de maneira saudável e plena sem que a

afetividade esteja alicerçando todo o processo ensino x aprendizagem.

Vínculos afetivos são a alavanca para que as crianças sintam-se

seguras para aprender e felizes por pertencerem ao ambiente escolar.

A ciência admite a existência de dois cérebros, divididos pela diferença

de suas funções ligadas às regiões que as operam e as complementam.

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As emoções são conjuntos de reações químicas e neurais que ocorrem

no cérebro emocional e que usam o corpo como “teatro”, ocasionando até as

emoções viscerais, que afetam os órgãos internos, de acordo com a sua

intensidade.

As emoções são fontes valiosas de informações e ajudam o ser humano

a tomar decisões. Estas são resultado não só da razão, mas também da junção

de ambas, associadas a outras competências emocionais que podem levar o

Homem ao sucesso na construção das relações.

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CAPÍTULO I - Como o cérebro aprende

O cérebro é o responsável pela forma como são armazenadas e

processadas as informações, portanto, conhecer o seu funcionamento e as

estratégias que favorecem o seu desenvolvimento é fundamental para que

pais, professores e educadores possam auxiliar a todos que experimentam

qualquer tipo de aprendizagem.

Mas se faz necessário conhecer como, historicamente, chegou-se ao

entendimento da real e fundamental existência do cérebro.

Há 7000 anos, acreditava-se que fazendo a trepanação - buraco no topo

da cabeça -, os “maus espíritos” seriam retirados do corpo da pessoa.

Há 5000 anos, era o coração o órgão mais importante do corpo, o que

era facilmente comprovado pela comunidade da época pelo fato de que

quando o coração parava de bater, acontecia a morte. Ele era considerado a

sede do espírito e da memória.

Os egípcios guardavam em vasos as vísceras e jogavam o cérebro fora, pois não

tinha serventia. Os assírios acreditavam que o centro do pensamento estava no

fígado. Para Aristóteles, o cérebro só servia para resfriar o sangue e definia o

homem como um animal social”. ( Relvas, Marta Pires, 2010, p. 20)

Então, no século IX a.C., Hipócrates afirma que o cérebro é a sede das

emoções. E começa, a partir daqui, mesmo que sem muitos meios de

comprovação, uma caminhada ao real e imprescindível poder do cérebro.

O homem deve saber que, de nenhum outro lugar, mas apenas do encéfalo, vem

a alegria, o prazer, o riso, a diversão, o pesar, o luto, o ressentimento, o desânimo

e a lamentação. E, por isso, de uma maneira especial, nós adquirimos sabedoria e

conhecimento... E enxergamos e ouvimos e sabemos o que é justo e injusto, o

que é bom e o que é ruim, o que é doce e o que é insípido ... E pelo mesmo órgão

tornamo-nos loucos e delirantes, e medos e terrores nos assombram... Todas

estas coisas nós temos que suportar do encéfalo, quando não está sadio... Neste

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sentido, opino que é o encéfalo quem exerce o maior poder sobre o homem.

(HIPÓCRATES)

Galeano (384 a 200 a.C.), embora seguidor de Hipócrates, acrescenta

outras informações à sua teoria. Através de estudos, ele descobriu que as

sensações e movimentos eram consequência do deslocamento de fluidos

pelos ventrículos, através dos nervos (seriam tubos como veias sanguíneas).

Os estudos ficaram um tempo parados e tudo em relação ao cérebro

permaneceu um mistério. Então, por volta de 1600, Descartes revela que a

mente seria uma entidade espiritual que receberia sensações e comandos de

movimentação através de uma comunicação com a máquina, o cérebro,

através da glândula pineal.

Na virada do século XVIII, o cientista italiano Luigi Galvani e o biólogo

alemão Emil du Bois-Reymond mostraram que os músculos se contraem

quando os nervos são estimulados eletricamente, e que o cérebro em si é

capaz de gerar eletricidade. Essas descobertas finalmente acabaram com a

ideia de que os nervos comunicavam-se com o cérebro através do movimento

de fluídos.

Passaram-se muitos anos quando em 1811, o médico cirurgião e

anatomista escocês, Charles Bell, primeiro a estabelecer a existência de

nervos motores e sensores e mostrar suas relações com as diferentes partes

do cérebro e para as diferentes funções entre elas, teorizou que as raízes

anteriores dos nervos espinhais eram motoras, enquanto que as raízes

posteriores serviam para transmitir impulsos sensoriais, teoria que ficou

conhecida por lei Bell-Magendie, pois foi confirmada (1822) por François

Magendie (1783 - 1855), famoso experimentador francês.

Apesar dos escassos meios com que contava, Camillo Golgi chegou a

importantes resultados com as suas experiências, entre os quais se destaca o

método da coloração com o nitrato de prata, que provocou uma revolução no

estudo laboratorial dos tecidos nervosos. Empregando este método, identificou

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uma classe de célula nervosa dotada de extensões (ou dendritos) mediante as

quais se ligam entre si outras células nervosas. Esta descoberta permitiu a

Wilhelm von Waldeyer-Haltz formular a hipótese de que as células nervosas

são as unidades estruturais básicas do sistema nervoso, hipótese que mais

tarde demonstraria Santiago Ramón y Cajal.

Em 1932, o neurofisiologista e patologista, Charles Scott Sherrington foi

agraciado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina por descobertas importantes

na área da neurologia. Ele descreveu, pela primeira vez, o que seriam as

sinapses (conexões entre neurônios) e definiu o termo que passou a ser usado

desde então.

Hoje existem conhecimentos fantásticos mostrando detalhadamente os

processos químicos e fisiológicos através dos quais as informações são

trocadas e armazenadas no cérebro, projetando-se através dos dendritos e

sinapses nas extremidades dos neurônios.

1.1 – Os Neurônios e as Células da Glia

O neurônio é a principal célula do sistema nervoso, sendo responsável pela

condução, recepção e transmissão dos impulsos nervosos.

Sua estrutura básica é formada por: Corpo Celular ou Pericário, contendo o

núcleo, o citoplasma e o citoesqueleto; os Dendritos, finos prolongamentos

ramificados do corpo celular, aumentam a superfície de propagação elétrica; o

Axônio, extensão do neurônio com tamanhos variados, servindo de condutor

do impulso elétrico; e o Telodendro, ramificação terminal do axônio,

comunicando com outros neurônios ou outros tipos efetores (células

musculares e glandulares).

O impulso possui sentido de propagação, captados pelos dendritos,

partindo em direção ao pericário, com propagação através de ondas

despolarizantes ao longo do axônio, dissipando-se pelo telodendro.

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Além da membrana plasmática, o axônio das células nervosas dos animais

vertebrados possui revestimento descontínuo (intervalos chamados de nódulos

de Ranvier) formado por dobras de fibras isolantes, denominadas de bainha de

mielina, cuja função é aumentar a velocidade de propagação do impulso.

Quando em repouso, o axônio encontra-se no estado polarizado, ou seja,

internamente disposto de cargas negativas e externamente contendo cargas

positivas (potencial de repouso /-80 milivolts). À medida que o impulso é

transmitido, percorrendo o axônio, as cargas vão se invertendo

progressivamente pelo mecanismo de difusão ativa (bomba de sódio e

potássio) estabelecendo, pela despolarização, uma diferença de potencial

elétrica através da membrana (potencial de ação).

Dessa forma, para desencadear um estímulo é necessário um potencial de

ação suficiente para ultrapassar a ordem do potencial de repouso até a

situação aproximada de mais de 40 minivolts. .

Esse processo tem duração de apenas 1,5 milionésimo de segundos,

ocorrendo, após a passagem do impulso, o processo inverso (repolarização),

estabelecendo o estado de repouso.

É por esse mecanismo que o sistema nervoso (central e periférico)

coordena todas as reações e atividades, seja por via simpática ou

parassimpática, motoras dos órgãos por mediação de neurotransmissores, e

assim são expressas as capacidades e atividades vitais do organismo humano:

locomotora, respiratória, circulatória, imunitária e excretora.

Existem diversos tipos de neurônios com diferentes funções, que

dependem da localização e da sua estrutura morfológica, mas, sem geral,

todos apresentam os mesmos componentes básicos.

As células da glia, ou neuroglia, são células que, juntamente com os

neurônios, constituem o tecido nervoso e desempenham várias funções:

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servem de suporte aos neurônios, sendo também importantes na sua nutrição;

participam na atividade neural, na defesa do tecido nervoso; e têm um papel

importante na formação de circuitos neurais no sistema nervoso central. Ao

recobrir todo o neurônio, as células da glia isolam-no e impedem a propagação

desordenada dos impulsos nervosos, criando circuitos neurais independentes.

As células da glia intervêm, ainda, na orientação do crescimento dos

dendritos e axônios dos neurônios, permitindo a formação de sinapses

funcionais.

1.2 – A Sinapse

É a estrutura dos neurônios pela qual ocorrem os processos de comunicação entre

os mesmos, ou seja, onde ocorre a passagem do sinal neural (transmissão

sináptica) por meio de processos eletroquímicos específicos, isto graças a certas

características particulares da sua constituição.( RELVAS, 2009, p. 40)

Quando um axônio de um neurônio conecta-se a uma outra célula para

enviar sua mensagem, ele fica em proximidade com esta célula. Entretanto, ele

deixa um espaço que é chamado de fenda sináptica, que mede cerca de 2 a 3

milionésimos de um metro. Isto permite a rápida difusão de um

neurotransmissor a partir da célula transmissora (a célula pré-sináptica) para a

célula receptora (a célula pós-sináptica).

A célula pré-sináptica é sempre um neurônio, uma vez que os neurônios

são as únicas células capazes de conduzir um impulso nervoso.

As células pós-sinápticas podem ser outra célula nervosa, as células de um

órgão, ou de um músculo estimulando movimentos de contração ou

relaxamento muscular.

Durante a transmissão do sinal nervoso (impulso) entre as células pré e

pós sinápticas, ocorre através da fenda sináptica a liberação de

neurotransmissores depositados em bolsas chamadas de vesículas sinápticas.

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Este elemento é quimicamente ligado a receptores específicos da célula

pós-sináptica, continuando assim com a propagação real.

Um neurônio pode receber ou enviar entre 1.000 a 1000.000 conexões sinápticas

em relação a outros neurônios, dependendo de seu tipo de localização no sistema

nervoso. O número e a qualidade das sinapses em um neurônio podem variar, entre

outros fatores, pela experiência e aprendizagem, demonstrando a capacidade

plástica do Sistema Nervoso. (RELVAS, 2009, p. 40)

1.3 – Os Neurotransmissores

São substâncias químicas liberadas durante as sinapses.

Os neurotransmissores são sintetizados no corpo celular do neurônio e

armazenados em vesículas sinápticas junto ao botão terminal das sinapses

nervosas.

Quando do impulso nervoso, o neurotransmissor é liberado da vesícula

sináptica para a fenda, agindo sobre os receptores específicos, que se

localizam no outro neurônio após a sinapse (receptores pós-sinápticos).

Como a síntese de neurotransmissores ocorre constantemente, e em

diferentes níveis celulares, formam-se dois compartimentos de neuro-

transmissores: o recém sintetizado e o estável. Após sua liberação, nas fendas

sinápticas, o neurotransmissor pode ser metabolizado por enzimas específicas

ou ser recapturado pela terminação sináptica e rearmazenado novamente nas

vesículas sinápticas.

Os neurotransmissores podem ser dos seguintes tipos: Catecolamimas

(Noradrenalina, Dopamina,), Indolamina (serotonina), Histamina, Acetilcolina e

Ácido gama-amino-butirico “GABA”.

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2 – Anatomia da Aprendizagem

A aprendizagem acontece o tempo todo e envolve circuitos elaborados e

funcionais.

Muitas vezes, quando algo é aprendido, nem sempre pode ser considerado

algo novo, embora seja diferente do que já é conhecido, porque o cérebro

armazena informações e sempre recorre a elas para criar novas sentenças e

registros.

Sabe-se que o cérebro possui uma plasticidade incrível, isso é, sofre

alterações a todo o momento. Essas alterações se dão no momento em que o

cérebro é estimulado, modificando a sua anatomia.

O cérebro armazena fatos separadamente entre neurônios, e a

aprendizagem se dá quando associados através das sinapses. Essa

associação ocorre quando novos estímulos provenientes do meio através dos

sentidos são propagados.

Em uma visão neurobiológica da aprendizagem, pode-se dizer que, quando ocorre a

ativação de uma área cortical, determinada por um estímulo, provoca alterações

ambém em outras áreas, pois o cérebro não funciona como regiões isoladas. Isto

ocorre em virtude da existência de um grande número de associações,

precisamente organizadas, atuando nas duas direções. Essas vias podem ser muito

curtas, ligando áreas vizinhas que trafegam de um lado para o outro sem sair da

substância cinzenta. Outras podem constituir feixes longos e trafegam pela

substância branca para conectar um giro a outro, dentro do mesmo hemisfério

cerebral. São as conexões intra-hemisféricas. Por último, existem feixes comissurais

que conduzem a atividade de um hemisfério para outro, sendo o corpo caloso o

mais importante deles. As associações recíprocas entre as diversas áreas corticais

asseguram a coordenação entre a chegada de impulsos sensitivos, sua

decodificação e associação, até a atividade motora de resposta.A estas, chamamos

de funções nervosas superiores desempenhadas pelo córtex cerebral (RELVAS,

2010, P. 26).

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2.1 – Lobo Frontal

Localizado na parte frontal do cérebro, e daí o seu nome, o Lobo Frontal é

talvez aquele com uma maior importância cognitiva entre os quatro lobos.

A sua principal função é a coordenação de atividades motoras. Este lobo é

também responsável pelo Pensamento, pela Escrita, pela Fala e pela

Linguagem Articulada.

Lesões bilaterais nesta área implicam na perda da concentração,

diminuição da habilidade intelectual e déficit de memória e julgamento.

O QUE FAZ: fala, função motora e psicomotora, escrita, memória imediata,

seriação, ordenação, planificação, programação, mudança de atividade mental,

excrutínio e exploração visual, tarefas visuoposturais, julgamento social, controle

emocional, motivação, estruturação espaço-temporal, repertório práxico, controle e

regulação próprio-exteroceptiva (RELVAS, 2010, P.27).

2.2 – Lobo Temporal

O Lobo Temporal fica por cima das orelhas.

Este Lobo tem como principal função a Audição, mas também, e

essencialmente, a Memória. É ainda responsável pelos Sons, pela

compreensão da Linguagem (Área de Wernicke) e ainda pela Vigília (atenção).

O QUE FAZ: estímulos auditivos, não verbal e verbal, percepção auditiva-verbal e

visual, memória auditiva, interpretação pictural, interpretação espaço-temporal,

discriminação e sequencialização auditiva, integração rítmica (RELVAS, 2010, P.

28)

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2.3 – Lobo Parietal

Este Lobo tem também bastante importância.

Localizado na parte superior do cérebro, o Lobo Parietal é responsável por

coordenar as sensações da pele.

A zona anterior, córtex somatossensorial, possibilita a recepção de

sensações (tato, dor, temperatura.) que advém do ambiente e são exteriores

ao corpo. Essas sensações são recebidas por órgãos como lábios, língua e

garganta.

Por sua vez, a zona posterior é responsável por analisar, interpretar e

integrar as informações recebidas pela zona anterior, e permite a localização

do corpo humano no espaço como o reconhecimento de objetos pelo tato ou

compreensão da linguagem pela audição.

O QUE FAZ: registro tátil, imagem do corpo (somatognosia), exterognosias,

reconhecimento tátil de formas e objetos, direcionalidade, gnosia digital, leitura,

elaboração grafomotora, imagem espacial, elaboração de práxis, processamento

espacial, integração somato-sensorial, autotopoagnosia, discriminação tátilnestésica

(RELVAS, 2010, P. 28)

2.4 - Lobo Occipital

O último, mas não menos importante, é o Lobo Occipital que se encontra

na parte de trás do cérebro humano. Este lobo é responsável, essencialmente,

pela visão através do córtex visual primário e ainda pelo processamento e

percepção da visão.

O QUE FAZ: estimulação visual, percepção visual, sequencialização visual, rotação

e perseguição visual, decodificação visual com participação de outros centros do

cérebro, figura fundo, posicionamento e relação espacial (RELVAS, 2010, p. 29)

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2.5 – Tronco Encefálico

O Tronco Encefálico é uma área do encéfalo que fica entre o tálamo e a

medula espinhal.

Possui ainda várias estruturas como o bulbo, a ponte, a formação reticular

e o segmento do mesencéfalo, responsáveis pela Respiração, pelo Ritmo dos

batimentos cardíacos e pela Pressão Arterial.

O QUE FAZ: atenção, vigilância, integração neurossensorial, motora, integração

vestibular, integração tônica ( RELVAS, 2010, p.29).

2.6 – Cerebelo

O Cerebelo é uma das partes mais importantes do cérebro humano.

Situando-se na parte inferior, perto do Lobo Occipital e do Lobo Temporal,

este pequeno grande órgão é o responsável pelo equilíbrio, pela Postura, pela

Marcha, controle do tónus muscular e movimentos involuntários.

É também a área responsável pela aprendizagem motora e é dele o

trabalho de andar, correr, pedalar etc.

É também chamado ‘pequeno cérebro’.

Uma lesão nesta área pode impossibilitar os movimentos da pessoa. É

também no cerebelo que se desenvolve toda a estrutura que interliga o cérebro

à medula espinhal.

O cérebro, através da memória, da atenção e da plasticidade neural,

permite ao homem aprender sempre, e todo processo evolutivo só acontece

porque acontece o aprendizado. Foi a evolução humana que possibilitou o

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surgimento do homem de hoje. Na verdade, esta mesma evolução modificou

até as estruturas cerebrais, criando capacidades infinitas.

Através da seleção natural e das necessidades de sobrevivência, o ser

humano criou ferramentas e utensílios, fomentando a constante busca pelo

saber. A cada nova descoberta, sua anatomia modificou-se e adaptou-se,

possibilitando assim, o aumento da caixa craniana para abrigar um órgão maior

e mais potente.

Em seguida, a necessidade fez surgir a Linguagem, esse rico e elaborado

sistema de símbolos que agrega os seres humanos, rompe barreiras e

humaniza os grupos. Mais conexões neurais se formam quando a informação é

recebida e transferida. A razão permeia esse feedback e faz surgir novas e

ricas possibilidades.

3 – Plasticidade Cerebral

Segundo Relvas (2009), Plasticidade Cerebral é a denominação das

capacidades adaptativas do SNC- sua habilidade para modificar sua

organização estrutural própria e funcionamento. É a propriedade do sistema

nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta

à experiência e como adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos.

A cada nova experiência do indivíduo, redes de neurônios são rearranjadas, outras

tantas sinapses são reforçadas, e múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente

tornam-se possíveis ( RELVAS, 2009, p.49)

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4 – Memória, Atenção e Percepção

Uma maneira importante pela qual a percepção se torna consciente é

através da Atenção que, em essência, é a focalização consciente e específica

sobre alguns aspectos ou algumas partes da realidade. Assim sendo,

consciência humana pode, voluntariamente ou espontaneamente, privilegiar

certos conteúdos e determinar a inibição de outros conteúdos vividos

simultaneamente. Portanto, reconhece-se a Atenção como um fenômeno de

tensão, de esforço, de concentração, de interesse e de focalização da

consciência.

A Memória, no sentido restrito, pode ser entendida como a soma de todas

as lembranças existentes na consciência, bem como as aptidões que

determinam a extensão e a precisão dessas lembranças.

De modo geral, a Memória necessita de duas funções neuropsíquicas

fundamentais; a capacidade de fixação, que é a função responsável pelo

acréscimo de novas impressões à consciência e graças à qual é possível

adquirir novo material da memória, e a capacidade de evocação, ou

reprodução, pela qual os traços existentes na memória são revividos e

colocados à disposição livremente da consciência.

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CAPÍTULO II – Como o afeto influencia na aprendizagem

Segundo Chabot (2005), “o verdadeiro aprendizado, em qualquer área, faz-

se não quando compreendemos, mas quando sentimos.” Ou seja, emoção e

razão existem constituindo duas memórias imprescindíveis para o aprendizado,

mas um cérebro em perfeito funcionamento, com todas as suas capacidades

preservadas, só consegue reter informações e armazenar conhecimentos, se a

emoção for evocada no processo ensino-aprendizagem.

Existe aí a enorme importância do sistema límbico que é o responsável

pelo prazer, pelas boas e gostosas sensações que o aprendente precisa

experimentar para que seus conhecimentos sejam armazenados e

posteriormente usados quando evocados por novas experiências. A emoção

funciona como o start para o aprendizado.

A emoção está para o prazer assim como o prazer está para o aprendizado, e a

autoestima é a ferramenta que movimenta os estímulos para gerar bons resultados.

O cérebro processa tão velozmente essa relação que não se pode perceber a

ligação de elementos consultando uns aos outros ao resolver uma simples questão.

(RELVAS, 2009, p. 59)

Para Wallon (1963), a afetividade surge antes da inteligência na criança

quando, ainda recém-nascida, gesticula e solicita algo que saciará sua fome e

necessidade de humor. Todos os gestos de carinho, admiração e rejeição são

expressões de afetividade, já que não possuem ação direta com o meio e a

linguagem. As emoções representam papel fundamental na vida das pessoas,

pois alteram os batimentos cardíacos e a respiração, constituindo assim uma

ponte entre o social e o orgânico. As emoções são manifestações de estados

subjetivos, porém com componentes orgânicos.

A interação do bebê com o outro (a mãe), constitui fonte de aprendizagem,

permeada pela afetividade, que ele responde através de movimentos de seu

corpo que, por sua vez, provocam no outro (a mãe) uma resposta e uma

constante dinâmica Afetividade/Cognição.

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Assim, o bebê vai se desenvolvendo e começa a trocar a linguagem do

toque pela linguagem oral para se comunicar. Pode-se dizer que a criança tem

seu desenvolvimento psíquico norteado pelo meio.

Para Vygotsky (1988), o homem apresenta uma imensa plasticidade, o que

lhe permite, através de vivências sócio históricas, grandes influências no

desenvolvimento cognitivo.

Durante os primeiros meses de vida, os fatores biológicos são mais

importantes que os fatores sociais. No entanto, conforme as vivências são

construídas, gradativamente, o desenvolvimento e o pensamento da criança

são influenciados pela constante interação desta com o meio.

Vygotsky (1998) ressalta ainda que existem dois níveis de desenvolvimento

infantil: o Real (representa as funções mentais da criança, fruto de

determinados ciclos de desenvolvimento) e o Potencial (Problemas que o

indivíduo resolve quando auxiliado por um mediador). A distância entre esses

dois níveis constitui a Zona de Desenvolvimento Proximal. Assim sendo, as

diferenças relativas à capacidade de desenvolvimento potencial se devem

consideravelmente às diferenças qualitativas no meio social em que as

crianças vivem.

Para Vygotsky (1896-1934), como mencionado em um de seus trabalhos

com total eficácia na aplicação, misturar crianças em diferentes níveis

representa uma troca de experiência fantástica, onde uns auxiliam os outros.

Isso explica porque ele definiu tão bem que “a zona proximal de hoje será o

nível de desenvolvimento real de amanhã”, ou seja, tudo o que a criança

realiza hoje com a ajuda de um mediador, futuramente conseguirá realizar

sozinha.

É perceptível que toda e qualquer influência recebida pelo social afeta e

contribui para o desenvolvimento psíquico da criança. Isto acontece porque, no

processo de troca, a criança internaliza as formas culturais vivenciadas. O que

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foi experimentado externamente constitui posteriormente um saber totalmente

internalizado pela criança.

Tanto Wallon quanto Vygotsky assinalam a grande importância do aspecto

social da afetividade que, através das emoções, norteia e determina a

manutenção da aprendizagem. Para ambos, o meio social e os processos

afetivos e cognitivos se inter-relacionam na construção do saber. E ainda

apontam a afetividade como um fenômeno natural das relações e como parte

fundamental para auxiliar o desenvolvimento cognitivo.

O corpo, o organismo, o desejo e a inteligência são primordiais para o

desenvolvimento da aprendizagem. O indivíduo inicia esse processo desde o

momento em que nasce, começando a interação com os pais e assim

construindo um saber alçado pela curiosidade. É o corpo que começa esse

jogo de saciar seu desejo através do prazer que sente ao alcançar o objeto

desejado. Através da alegria de aprender, o corpo registra o que foi aprendido.

Por tudo isso, é real afirmar que a inteligência só pode ser analisada

quando entrelaçada ao desejo. Se a inteligência tem função objetiva e

analítica, o desejo é puramente subjetivo. É o desejo que individualiza o ser

humano.

Pensando assim, ainda encontra-se outro fator imprescindível que permeia

o processo educacional visando de fato a aprendizagem que é a interação

professor/aluno. É a afetividade naturalmente estabelecida neste processo que

garantirá a eficácia da aprendizagem. Pois a mesma não é um ato isolado, mas

está lado a lado com a cognição e a afetividade.

Quando existe afetividade, existe um vínculo que será benéfico para o

desenvolvimento e transformação da criança. Quando a criança sente que seu

educador gosta dela, importa-se com ela, ela entende que esse ser faz parte

de suas descobertas e transformações. Nessa linha de raciocínio, ao transmitir

conhecimento, professor e aluno vivenciam a afetividade com cognoscibilidade.

(FREIRE, 2004)

25

Portanto a formação científica abarca a prática educativa acompanhada

pela afetividade, permeada por sentimentos, emoções, desejos, alegria,

expectativas e assegura um clima propício ao aprendizado das crianças,

principalmente os pequeninos, que precisam de envolvimento afetivo para

desenvolver sua subjetividade alicerçada pela objetividade e inteligência.

Educar não é somente um ato de transmissão de conhecimento mas,

sobretudo, e muito mais marcante, um ato de doação de afetos e de amor. Um

educador transfere algo de si, o que de humano nele reside, estreitando cada

vez mais a fronteira entre quem sabe e quem está aprendendo. Os olhares são

paralelos, as certezas são divididas e niveladas. Essa é a garantia da eficácia

neste processo. Porque a aprendizagem depende da relação da afetividade

que existe com o outro.

Neste contexto, Rogers (1987) afirma que somente pessoas desenvolvem

pessoas, ou seja, é nessa dinâmica que o outro mostra-se o tempo todo. A

autenticidade transparece e faz com que ambos mostrem seus valores. Os

desejos de um encontram-se com os desejos de outro. As relações são,

sobretudo relações de encontro. Aprendente participando da prática da

aprendizagem e Educador colocando-se como facilitador e mediador, mas

também como aprendiz participante, acolhendo a criança e preparando o

terreno para garantir-lhe segurança e prazer durante o processo.

A educação está indiscutivelmente associada à emoção, pois a afetividade

interfere até na motivação da criança. Cognição e emoção precisam interagir

para que a aprendizagem aconteça, pois quem aprende é um sujeito intelectual

e afetivo. Essa relação constrói o conhecimento e assegura a manutenção do

desejo de aprender sempre.

26

PEDAGOGIA LOGOSÓFICA: A PEDAGOGIA DO AFETO

Princípios da Pedagogia Logosófica

Para a Pedagogia Logosófica, a infância é extremamente significativa.

Ao nascer, a criança traz consigo uma herança única e individual. São

características e prerrogativas próprias, adquiridas em sua existência. Isso

mostra que todos são diferentes uns dos outros desde o momento em que

nascem e que cada um tem potencial de acordo com o seu grau de evolução.

Isso implica dizer que todos trazem tendências positivas e negativas.

Esse fato é facilmente explicado quando percebe-se que irmãos criados

pelos mesmos pais são totalmente diferentes em sua psicologia ou ainda

gêmeos idênticos são muito diferentes em seus valores e aptidões.

O conhecimento deste princípio serve muito de orientação para que o

docente esteja atento ao trabalho com a criança e perceba a necessidade de

estratégias diferenciadas e, muitas vezes, específicas. Pois é na infância que

se forma o caráter e os estímulos que a criança recebe são imprescindíveis

para o seu desenvolvimento.

Isto significa que a criança tem uma prontidão tanto positiva quanto negativa, de

acordo com suas tendências, na recepção de estímulos que estão em toda parte,

em todos os ambientes que frequenta. É responsabilidade de o docente atuar forma

que contribua para que a herança da criança seja enriquecida (PÁDUA, 2010,P26).

Segundo a Logosofia, os estímulos podem ser negativos ou positivos e

ambos impulsionam os movimentos da vontade.

Pecotche (2001, p. 36) afirma que “a vontade é a força psíquica que move

as energias humanas e põe em atividade as determinações da inteligência

para o bem, defesa e superação do indivíduo.”

27

Entende-se também que a falta de vontade acaba anulando toda e

qualquer possibilidade, tornando o ser prostrado e indiferente, o levando à

inércia. Com isso sua inteligência fracassa e sua sensibilidade extíngui-se.

Assim, pode-se entender como os estímulos positivos são propulsores da

vontade da criança, indicando-lhe um caminho para o bom aprendizado e para

a superação.

Somente conhecendo a herança da criança, o educador poderá estimulá-la

positivamente. No entanto, se faz necessário também entender que um

estímulo positivo para uns pode ser um estímulo negativo para outros.

Para a Pedagogia Logosófica, o estímulo é algo que age dentro do ser da

criança, em sua mente e sensibilidade. Aqui o estímulo deve tornar a criança

consciente de suas possibilidades, valores e potencialidades. Ajudando a

tomar iniciativas relacionadas à sua formação consciente.

Outro princípio que fundamenta a Pedagogia Logosófica é a de que a

mente da criança é terra virgem, fértil e faminta por saber. Ou seja, em terra

fértil há de se plantar boas sementes para que germinem bons frutos. Quem

planta deve ter mãos seguras e firmes para cuidar dos frutos.

Deve-se ter em mente também que a sensibilidade está muito presente na

infância. Logo, a criança precisa ser estimulada para uma conquista de valores

positivos e de uma conduta elevada e acertada. A mente da criança é

totalmente suscetível ao bom, ao justo e ao belo, justamente porque é sensível

e capta tudo o que a rodeia.

Esta Pedagogia também trabalha o erro como princípio do acerto. Nunca

se deve corrigir o erro com violência ou punições. O temor deixa marcas

terríveis no interno da criança e compromete qualquer imagem de êxito, além

de levá-la a adquirir a violência em sua conduta.

28

O docente deve utilizar o que a Pedagogia Logosófica chama de enérgica

doçura, que significa ser enérgico sem ser violento e para tal, ele precisará

estar atento ao seu próprio interno e, ao mesmo tempo, formular e conhecer

argumentos de razão para ajudar a criança a perceber sua atuação e identificar

seu erro, levando-a a ser consciente do que faz, sem humilhá-la na frente de

outras pessoas. Toda a correção deve ser feita com a criança sozinha e criar

um momento para que docente e aluno sintam-se respaldados pelo afeto e

pela certeza de que o melhor para ela está sendo realizado.

É fundamental que a inteligência da criança seja estimulada e sempre de

forma positiva, pois a inteligência faz parte do sistema mental e é formada por

faculdades como pensar, intuir, observar, razoar, entender, imaginar e cada

uma dessas faculdades exerce uma função específica dentro da mente, mas

uma precisa da outra para seu melhor desempenho.

Além do sistema mental, para a Pedagogia Logosófica existe também o

sistema sensível que é formado pelas faculdades de sentir, de querer, de amar, de

sofrer, de compadecer, de agradecer, de consentir, de perdoar. Além dessas

faculdades que o integram, o sistema sensível é formado também pelos

sentimentos da região sensível e são eles que estabelecem a qualidade da alma. É

necessário cultivá-los, conservá-los e incrementá-los, do contrário, eles se debilitam

e se anulam, haja visto o declínio de sentimentos que pareceriam inalteráveis; isto

ocorre em todos os aspectos da vida. (PÁDUA, 2010, P. 41)

Outro conceito muito importante para a Pedagogia Logosófica refere-se

aos pensamentos. Pecotche (2003, p.55) escreve que os pensamentos são

“entidades psicológicas que se geram na mente humana, na qual se

desenvolvem e ainda alcançam vida própria” e que podem atuar independentes

à própria vontade. Eles podem levar o outro a ações, mas nem sempre este

será consciente de sua atuação.

Por isso, é muito importante que a criança consiga identificar os

pensamentos que podem ser seus ou alheios, úteis ou inúteis, positivos ou

negativos. É sabido notar que os pensamentos norteiam as atitudes e que

29

quando existe um pensamento destrutivo e desagregador, as atitudes desse

sujeito estarão fadadas ao insucesso.

Então, através do conhecimento dos pensamentos, esta Pedagogia trata

de outro princípio interessante e muito importante. Chama-se Princípio

Consciente. Ele estabelece, por um lado a existência da mente com suas

faculdades e por outro, os pensamentos. Ele é de grande importância para a

vida, porque quando a mente está atenta, ela atua e freia um pensamento

negativo antes de ele se manifestar ou se materializar na ação e evita que

muitas coisas negativas aconteçam.

Recursos da Pedagogia Logosófica

O docente precisa entender que é sua a responsabilidade de organizar

ações docentes que promovam o desenvolvimento integral do aluno em um

ambiente com harmonia, respeito e afeto, no qual o aluno sinta-se feliz e

capaz.

Através dos conceitos da Pedagogia Logosófica, o professor saberá que

seu estado interno, suas ações e condutas serão primordiais para que ele

possa atuar de forma correta. Ele precisa escolher os melhores pensamentos

em sua mente e os melhores sentimentos em seu coração para que seus

alunos encontrem um ambiente propício à aprendizagem.

Ele precisa entender que funciona como um espelho, um exemplo para

suas crianças. Essa dedicação à docência de forma consciente ajudará o

aluno a encontrar parâmetros reais e saudáveis ao seu desenvolvimento. Isso

lhe despertará a vontade de ser melhor a cada dia, motivando o aluno a

realizar as tarefas com gosto, com disciplina.

O professor, consciente de seu papel de mediador e de posse de seus

sentimentos e pensamentos, saberá que para atuar com sabedoria, é

necessário conhecer a causa e conhecendo as causas, saberá modificar os

efeitos dessas causas.

30

Saber orientar e elucidar questionamentos ajuda o aluno a se entender e a

entender o outro. O professor precisa explicar não só o conteúdo ministrado,

mas também e fundamentalmente questões que envolvem suas motivações e

desejos. A beleza fica estampada no semblante da criança quando ela entende

o que se passa com ela, no seu interno. O professor encontra aí um caminho

vasto de acesso à sensibilidade desse ser tão pequeno quando valoriza suas

experiências.

Toda essa prática ensina o aluno a pensar e se faz necessário que a

criança adquira autonomia. Pode ser através de perguntas cuidadosamente

escolhidas que mobilizem seu interno mental e sensível. Esse mecanismo leva

a formar a consciência da criança. Se o aluno faz algo positivo ou negativo, ele

é levado a identificar o que o levou àquela conduta.

É sabido que o coração da criança é favorável à semeadura do bem, pois

sabemos que a sensibilidade e a emoção permeiam a vida dos pequenos

desde o momento do nascimento.

Pecotche (1996, p 449) ensina que “não é suficiente a compreensão que se

pode alcançar mentalmente, mas que é imprescindível que se vivam e sintam

as realidades: que o sistema mental funcione em perfeita harmonia com o

sistema sensível.”

Então é correto afirmar que a alegria de ensinar deve nortear a prática do

docente. É uma alegria interna que surge da convicção do bem que realiza e se

expande por toda a sala, produzindo um bem-estar comum.

Se o docente sente-se feliz por exercer sua grandiosa tarefa de educar ele

saberá sempre ressaltar o positivo que existe em cada criança. Quando ele

assim o faz, o aluno conscientiza-se de suas possibilidades e se fortifica para

combater suas debilidades porque se está sinalizando que ele é capaz, que

pode mudar para melhor, que depende dele se esforçar. Uma criança jamais

poderá ser julgada pelo tamanho de suas dificuldades. Ela precisa entender e

31

crer que somente ela é capaz de mudar e de ser melhor a cada dia,

construindo uma identidade saudável e dinâmica.

Outro recurso primoroso e eficaz é o Preparo Mental e Sensível, não

somente para os alunos, mas para qualquer pessoa em qualquer momento de

iniciar uma tarefa ou atividade.

A cada novo dia ou mesmo nova tarefa, o professor deve preparar suas

crianças para o que vai acontecer. Seja através de um conto, uma história, uma

música, um vídeo ou mesmo a retomada de um assunto para ajudá-los a

organizar os pensamentos e focar no que será trabalhado. Esse procedimento

garante o bom andamento das atividades do dia, pois assim o professor levará

à turma um estímulo positivo tanto para a mente quanto para a sensibilidade.

A Pedagogia Logosófica privilegia o ser em detrimento do ter. É

fundamental que as crianças encontrem um ambiente acolhedor e harmonioso

para que suas potencialidades emerjam e encontrem um caminhar onde serão

ouvidas em suas necessidades e respeitadas em seus desejos. A criança que

é respeitada, aprende a importância em respeitar.

32

CAPÍTULO III - Como a neurociência auxilia na prática pedagógica

A prática pedagógica não pode mais existir sem que o docente entenda

seu aluno como um organismo vivo, pulsante e ricamente complexo, mas

dentro da sua complexidade, totalmente passível de estudos e possibilidades.

A pedagogia tradicional entendia que o aluno seria tábula rasa onde seria

ali depositado todo e qualquer saber mecânico.

Admitia-se apenas que o professor seria o todo poderoso detentor do

conhecimento universal, onde cabia só a ele transmitir e entupir o aluno com o

que lhe fosse apresentado.

As teorias e pedagogias existentes, e são muitas as abordagens que

começaram com inovações, acabaram por naufragar e continuar situando o

aprendente como capaz ou incapaz. Ou seja, se o aluno aprende, muito bem,

se ele não aprende, ele é incapaz.

Ainda hoje existe esse discurso nas escolas, sobretudo aqui no Brasil, onde

sabe-se que milhões de crianças deixam de aprender por não encontrarem a

escola adequada às suas individualidades.

O papel do professor avança além das salas de aula e recônditos dos

saberes. Ele hoje pode e deve promover a criança a um lugar dela, respeitado,

valorizado e ocupado com total valentia e condição.

Quando o docente admite que a criança, em primeira instância, mesmo sem

questionar se ela está cognitivamente apta a aprender, é um ser individual,

único, singular e só por isso ela já precisa ser ouvida e entendida em sua

psiquê, ele já pode se considerar um docente.

Entender como a aprendizagem se dá, individualmente, é o primeiro passo

para que as crianças sintam-se felizes ao adentrar as salas de aula.

33

A partir da noção de que a criança é um ser pleno de possibilidades, pode-

se entender como sua aprendizagem ocorre e quais as abordagens corretas

para auxiliar neste processo.

A Neurociência, através de experimentos comportamentais e alicerçados no

pleno conhecimento sobre o complexo funcionamento do cérebro, traz

questões fundamentais sobre como acontece, de fato, a aprendizagem.

Hoje é sabido que todo o corpo, movimentos, sentimentos, atitudes são

regulados, orientados, ordenados pelo órgão mais inteligente e espetacular que

os seres vivos possuem: O CÉREBRO

Este órgão poderoso apresenta uma anatomia peculiar e é responsável pela

existência, sendo o primeiro órgão a começar a ser formado no momento da

gestação. Ele começa, desde o início da vida intra-uterina a reger todas as

pulsões e necessidades.

A nascer, o humano experimenta todos os estímulos e reage a eles através

do choro, da mudança de temperatura ambiental, do som de tudo o que o

cerca, sempre sinalizado e orientado por respostas que seu cérebro dá a tudo

isso.

À medida que o desenvolvimento infantil acontece, ele de novo e sempre, o

cérebro, reagindo e secretando neurotransmissores, hormônios, administrando

proteínas, enzimas, sensações, formando um rico e elaborado sistema de

funcionamento do corpo humano.

Um ambiente proprício favorece o aumento de sinapses, diz a Neurociência,

mas cabe ao educador agregar esses conhecimentos à sua pedagogia.

Se tudo acontece de forma plena e harmoniosa, a criança começa a

construir um saber permeado pelo meio, primeiro em contato com seus pais e,

sem seguida, já começando os primeiros anos escolares, iniciando sua

caminhada acadêmica.

34

Mas como entender e, principalmente respeitar, o fato de que uma criança

pode não aprender como a outra, ou ainda o por que daquela criança ser tão

diferente e não aprender no mesmo tempo de todo o restante da turma.

Por que a música, vídeos, histórias servem de estímulos preciosos para a

aprendizagem?

Como entender que crianças com determinados transtornos e distúrbios de

aprendizagem conseguem aprender, mesmo que num período um pouco

maior, diferente das crianças que apresentam toda a parte cognitiva intacta?

São essas e muitas outras questões que as Neurociências aplicadas às

práticas médicas e pedagógicas revelam.

E com a pergunta: “COMO FUNCIONA O CÉREBRO?” entendemos que

todas as crianças podem ocupar o lugar do saber, do seu saber, do seu jeito,

do seu modo mas também muito importante dentro da sociedade.

Em primeiro lugar, com o advento da eletricidade, o homem pôde, através

da Ressonância Magnética Funcional e da Tomografia, pesquisar como o

cérebro “funciona” quando executa determinada ação motora ou não.

É fato que muito ainda há que se estudar e experimentar, mas se antes o

professor transitava no escuro, nivelando crianças e excluindo quem reagisse

de maneira diferente, hoje sabe-se que cada pedacinho do cérebro trabalha

freneticamente e que o homem é capaz de aprender até o momento da morte.

Antes, envelhecer significava emburrecer, ainda que estímulos fossem

transmitidos, hoje sabe-se que enquanto há vida, pode ocorrer aprendizagem.

É muito comum para o professor, receber crianças desinteressadas,

desatentas, sem nenhum tipo de estímulo ou motivação para os estudos. Isso

com certeza gera angústia e desânimo também por parte do docente. Todos

esperam encontrar a turma perfeita, com todos muito interessados e desejosos

por receber o conteúdo a ser estudado.

35

Mas o discurso acaba sendo o mesmo: “Esse aluno não quer nada”, ou,

“aquele aluno não se interessa porque não é capaz de aprender...”. O que é

explicado facilmente como culpa ou incapacidade da criança, na verdade

acontece porque os professores não estão preparados para entender essa

criança que chegou à escola. Quais são suas dificuldades e motivações ou

ainda quais os elementos que ele carrega dentro de si para que sua vida

acadêmica seja tão insipiente. O professor acomodou-se confortavelmente

nesse lugar de detentor do saber e esqueceu-se de capacitar-se para receber

seus alunos.

Infelizmente a formação do professor não contempla saberes que realmente

privilegiem as diferentes psicologias encontradas nas salas de aula. Tenta-se

esta ou aquela metodologia e por fim extingue-se qualquer iniciativa de acertar.

No final, o que pode ser percebido é que muito pouco ou quase nada foi

realmente feito.

As Neurociências podem ajudar a estreitar essa dicotomia ensino x

aprendizagem, pois elas trazem um conhecimento substancial acerca da mente

humana. Elas mostram aspectos palpáveis e reais sobre todo o funcionamento

do cérebro, mas abraçar essas informações e enriquecer a prática docente

cabe ao Professor. Este precisa sair da sua zona de conforto e pesquisar,

estudar e capacitar-se dos conhecimentos que a Neurociência traz,

associando-os aos saberes pedagógicos.

Sabe-se que a estrutura educacional ainda é datada do século XIX. Muito

pouco ou quase nada mudou de lá pra cá. Portanto a Educação precisa de

uma reforma realmente importante e isso pode ser conseguido trazendo os

conhecimentos científicos e sociais para o meio educacional.

Pensar que esses conhecimentos serão fundamentais para o trabalho em

sala de aula, já representa um grande avanço.

Em absoluto não se trata de uma nova metodologia, mas sim de uma nova

forma de ensinar, aproximando muito professor e aluno. Permitindo o

36

nivelamento de saberes entre as crianças, não pelo seu conteúdo, mas pela

forma como se aprende. Possibilitar que a criança sinta-se importante,

valorizada, prestigiada em seu processo de aprendizagem faz toda a diferença

para o aprendente. Com isso, o professor sentir-se-á muito mais envolvido com

sua pedagogia.

É de suma importância que o professor possa romper com a cultura

conservadora e preconceituosa existente entre o ensinar e o aprender. São

possibilidades, iniciativas, práticas que, nas mãos do educador, farão com que

crianças e adolescentes experimentem o prazer de aprender.

Percebe-se também uma contribuição gigantesca que as Neurociências

trazem no campo da inclusão. Incluir crianças que apresentam distúrbios de

comportamento e de aprendizagem ou doenças no cérebro os humaniza. Os

coloca numa condição de criança que tem direito à escola, à brincar e os retira

do lugar segregado de incapazes de se relacionar com crianças sem nenhum

tipo de comprometimento.

Todos, educador e alunos com ou sem comprometimento, podem beneficiar-

se das estratégias didáticas diferentes. Hoje é fundamental que o mestre

circule entre as várias práticas alicerçadas nos conhecimentos neurocientíficos.

Com os conhecimentos sobre como o cérebro funciona, o docente oferecerá

estratégias diferenciadas para ajudar seus alunos.

A docência, muitas vezes, pode ser aplicada de forma generalizada, mas

quando leva-se em conta um histórico individual e específico, trazido agora

pelas neurociências, a garantia de eficácia é muito maior.

Conhecer tão somente metodologias sem entender o biológico, o humano, o

social, restringe a ação docente e retira todas as possibilidades que a criança

merece, já que é sabido que o desenvolvimento do cérebro é resultado da

interação com o meio.

37

Com o conhecimento sobre plasticidade cerebral, o professor pode acessar

muitas possibilidades. Nada fica restrito e a cada conhecimento, a criança

constrói um saber individual que, sempre que estimulado, permite novas

formas de aprendizagem.

O tempo todo portas se abrem e o que não foi conquistado hoje ou dessa

maneira, poderá ser conquistado depois e sob novas possibilidades. Ninguém

mais pode ser colocado em isolamento, esperando soluções milagrosas e

impossíveis.

O trabalho do professor foi reposicionado graças aos estudos científicos

sobre o funcionamento do cérebro. Agora, essa ou aquela metodologia poderá

funcionar se o aluno for entendido como um organismo vivo em constante

interação e com potencial para aprender sempre.

É necessário entender que aprender requer significado para o aluno, para o

cérebro. A criança só aprende o que tem significado e lógica. Ninguém

consegue armazenar coisas sem sentido e ainda sentir prazer com isso.

É imprescindível também que se utilize um instrumental inovador para que

as próximas gerações capacitem-se muito mais e melhor que as anteriores.

O mundo vive hoje uma reforma digital muito grande e de forma muito

rápida. A cada dia a tecnologia favorece a vida de todos e a mente humana

acompanha essa revolução e se encanta, se apropria dela cada vez mais.

Portanto, o docente precisa ciar recursos para resgatar a atenção para o que

precisa ser ensinado. Não é se colocar alheio às novas tecnologias, mas

agregá-las à sua docência.

Ao conhecer o funcionamento do sistema nervoso, os profissionais da educação

podem desenvolver melhor seu trabalho, fundamentar e melhorar sua prática diária,

com reflexos no desempenho e na evolução dos alunos. Podem intervir de maneira

mais efetiva nos processos de ensinar e aprender, sabendo que esse conhecimento

38

precisa ser criticamente avaliado antes de ser aplicado de forma eficiente no

cotidiano escolar. Os conhecimentos agregados pelas neurociências podem

contribuir para um avanço na educação, em busca de melhor qualidade e resultados

mais eficientes para a qualidade de vida do indivíduo e da sociedade. (COSENZA,

2011, p. 145).

ALGUMAS PROPOSTAS DA NEUROCIÊNCIA À PRÁTICA PEDAGÓGICA

A Neurociência propõe algumas estratégias para promover o

desenvolvimento pedagógico.

Estratégias de ensino para a memória semântica

• O ensino de pares - o ensino de pares ou duplas é uma grande maneira

para construir habilidades interpessoais.

• Estratégia de perguntar – as perguntas enfatizam importantes elos da

informação semântica. Uma maneira de abordá-la é fazer perguntas

abertas que dão às crianças a oportunidade de responder

“corretamente”. Outra maneira é dar as respostas e deixar que os

estudantes deem as perguntas.

Estratégia de ensino para a memória episódica

A memória episódica é dirigida pela localização. Quando uma criança recebe

uma nova informação em uma localização específica, a recordação e a

aprendizagem serão mais fáceis nessa mesma localização. Entretanto, para o

professor utilizar estratégias de ensino para desenvolver essa memória serão

necessárias atividades que incluam quadros, pôsteres e símbolos além das

constantes mudanças de estímulos tais como uso de acessórios: tapetes,

almofadas, sapatos ou trajes completos para melhorar o experimento da

aprendizagem, tornando o ensino cada vez mais real. O professor também

deve sair de sua sala de aula, talvez possa usar a biblioteca ou sair para um

39

local mais apropriado ao conteúdo que está ensinando, isto é, qualquer coisa

em que se use a criatividade, fazendo da aprendizagem um momento único e

permanente.

Estratégias de ensino para a memória procedimental A criança precisa estabelecer procedimentos na sala de aula que criem

fortes memórias. Quando um procedimento é repetido com frequência, o

cérebro o armazena no cerebelo para um acesso mais fácil.

As técnicas manuais podem ser utilizadas em muitas áreas de disciplinas

para promover a memória procedimental.

Os estudantes de matemática usam objetos que podem se manipulardos

manualmente para desenvolver a compreensão conceitual e resolver

problemas. Os problemas matemáticos mudam, mas os procedimentos para

resolvê-los não. Com bastante treino, as crianças aprendem o procedimento.

Estratégia de ensino para a memória automática

A estratégia que mais se recomenda é a música. Pôr a informação em forma

de música é fácil para os estudantes de todas as idades. As melodias antigas e

os poemas podem também dar bons resultados. A repetição mediante o

trabalho diário oral (em matemática, geografia, língua, vocabulário etc.) e as

possibilidades de variabilidades proporcionam muitas vantagens ao ensino-

aprendizagem.

40

Estratégias de ensino para a memória emocional

Sem dúvida as estratégias para a memória emocional são as mais

poderosas e a música pode ser poderosa para essa memória.

O professor ao utilizar uma música suave como pano de fundo enquanto lê

uma história pode fazer com que a nova informação seja significativa.

As comemorações são especiais e elas podem ser feitas com ou sem

música.

Incentivar as crianças a se apresentarem à classe por meio de role play ou

atuação dramática (teatro), é um poderoso estímulo para a memória emocional.

41

CONCLUSÃO

O presente trabalho abordou o valioso e necessário papel da Afetividade

durante a aprendizagem.

Desde o nascimento, o ser humano vive em grupo, o que lhe possibilita

mudar o seu comportamento constantemente. Isso se chama aprendizagem.

No entanto, qualquer mudança de comportamento só acontece quando

existe uma lógica, uma motivação interna no sujeito, ou seja, a aprendizagem

só acontece quando nesse processo o humano atribui-lhe um significado

pessoal.

O professor, assim como qualquer mediador, precisa entender e valorizar a

subjetividade presente na sala de aula. Favorecendo uma aprendizagem

interativa, onde a criatividade possa aflorar.

Aprender é um ato que implica a troca de experiências e histórias vividas. É

criar vínculos, destruir barreiras, ampliar possibilidades. E tudo isso só pode

acontecer quando a afetividade, aliada às práxis pedagógicas, permeia todo o

processo ensino-aprendizagem.

Fazer uso da afetividade alicerçada ao conhecimento científico que a

Neurociência traz, favorece o desenvolvimento de sentimentos, emoções e

habilidades cognitivas. Quanto mais se aprende com gosto e alegria, mais

sinapses o cérebro da criança produz e mais possibilidades ela terá.

42

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Geraldo Peçanha de, O Professor Inesquecível, Rio de Janeiro,

Wak Editora, 1ª Ed., 2011.

COSENZA, Ramon Moreira, Fundamentos de Neuroanatomia, Rio de

Janeiro, 4ª Ed., 2010.

COSENZA, Ramon e GUERRA, Leonor. Neurociência e educação: como o

cérebro aprende, Porto Alegre: Artmed, 2011.

CUNHA, Eugenio, Afeto e Aprendizagem: Relação de amorosidade e saber

na prática pedagógica, Rio de Janeiro, WAK Editora, 1ª Ed., 2008.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia, São Paulo: Paz e terra, 2004.

PÁDUA, Ivone, Pedagogia do Afeto: A Pedagogia Logosófica na sala de

aula, Rio de Janeiro, WAK Editora, 1ª Ed., 2010.

RELVAS, Marta Pires, Fundamentos Biológicos da Educação: despertando

inteligências e afetividade no processo de aprendizagem, Rio de Janeiro,

WAK Editora, 4ª Ed, 2009.

RELVAS, Marta Pires, Neurociência e Educação: potencialidades dos

gêneros humanos na sala de aula, Rio de Janeiro, WAK Editora, 2ª Ed, 2010.

RELVAS, Marta Pires (organizadora) e outros, Que cérebro é esse que

chegou à escola?, Rio de Janeiro, WAK Editora, 5ª Ed., 2013.

ROGERS, C. Psicologia da educação. Petrópolis: vozes, 1987.

VYGOTSKY,L.S;LURIA,A.L.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento

e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001.

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Como o cérebro aprende 11

1.1 – Os Neurônios e as células da Glia 12

1.2 – A Sinapse 14

1.3 – Os Neurotransmissores 15

2 – Anatomia da Aprendizagem 16

2.1 – Lobo Frontal 17

2.2 – Lobo Temporal 17

2.3 – Lobo Parietal 18

2.4 – Lobo Occipital 18

2.5 – Tronco Encefálico 19

2.6 – Cerebelo 19

3 – Plasticidade cerebral 20

4 – Memória, Atenção e Percepção 21

CAPÍTULO II – Como o afeto influencia na aprendizagem 22

CAPÍTULO III – Como a Neurociência auxilia na prática pedagógica 32

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 43