UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da...

40
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ARTE EM EDUCAÇÃO E SAÚDE A CRIATIVIDADE EM SALA DE AULA Por: Marilene Leal Quintino Orientadora Profa. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2014

Transcript of UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da...

Page 1: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

ARTE EM EDUCAÇÃO E SAÚDE

A CRIATIVIDADE EM SALA DE AULA

Por: Marilene Leal Quintino

Orientadora

Profa. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2014

Page 2: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

ARTE EM EDUCAÇÃO E SAÚDE

A CRIATIVIDADE EM SALA DE AULA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada, como requisito parcial para obtenção do

título de especialista em Arte Terapeuta.

Orientadora: Prof. Fabiane Muniz.

Rio de Janeiro

2014

Page 3: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço A Deus e a todos que me

auxiliaram na construção desse

trabalho, de modo especial à minha

nora Cecília, à minha coordenadora

pedagógica Gina Paula, aos meus

tutores: Fabiane Muniz, Ana Paula,

Narcisa Melo e Vilson Sérgio e à

Bianca Carvalho.

Page 4: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

4

DEDICATÓRIA

A minha família e a meus pais, em memória.

Page 5: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

5

RESUMO

A presente monografia tem como objetivo principal, analisar o estímulo

da criatividade do aluno em sala de aula pelo professor, visando o

aperfeiçoamento de habilidades cognitivas e afetivas, dispondo o interesse e o

prazer do aluno pelo ato de fazer e aprender.

As aulas de artes ocorrem em um dos espaços onde as crianças podem

executar suas potencialidades perceptivas, imaginativas ou fantasiosas. Pro

isso são vários os autores que reforçam a necessidade de educarem-se e

adquirirem condições para que essas potencialidades possam desabrochar e

desenvolver-se.

Os resultados das pesquisas de criatividade tem provocado um impacto

no desenvolvimento de objetivos educacionais, estratégias de entusiasmo,

práticas administrativas e clima de sala de aula, chegando à conclusão de que

o desenvolvimento do potencial criativo deve ser estimulado desde a infância.

Page 6: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

6

METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido utilizando a pesquisa bibliográfica baseada

em: Alencar, Eunice Soriano; Ferraz, Maria Heloísa C. de T.; Fusari, Maria F.

de Rezende e Novaes, Maria Helena; além de pesquisa de campo em

instituição de ensino privada, onde foram observadas turmas com

aproximadamente trezentos e sessenta alunos ao todo, utilizando o estímulo

da criatividade. O estudo foi efetivado no período de março a maio de 2014 e

realizado em sala especializada de artes (laboratório) tendo como tema

“Cartões Postais do Rio de Janeiro”. Ao final da atividade foi feita uma

exposição e em paralelo a avaliação por profissionais de educação e saúde,

para concluir o desenvolvimento da criatividade de cada um.

Page 7: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Criatividade e Educação 10

1.1 - A Arte na Educação 10 1.2 - Criatividade no contexto educacional: o papel do professor 14 1.3 – Formando jovens capazes de criar 17 CAPÍTULO II - A Pedagogia nova e as aulas de Arte 19

2.1 – A Educação pela Arte 21 2.2 – Dialogando com outros recursos 21

2.3 – Recursos aplicados em sala de aula 24 2.4 – Em busca de novos talentos na escola 26 CAPÍTULO III – Característica do professor criativo 29

3.1 – Desenvolvendo competências 29 3.2 – O despertar do mestre para a criatividade 31 ANEXOS 33

CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 39

Page 8: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo principal analisar o estímulo da

criatividade do aluno em sala de aula, visando o aperfeiçoamento de

habilidades cognitivas e afetivas, dispondo o interesse e o prazer do aluno pelo

ato de fazer e aprender.

O estudo da criatividade tem despertado um interesse crescente por

parte de psicólogos e educadores que vem desenvolvendo pesquisas a

respeito das diferentes facetas compreendidas neste construto, tais como o

processo, o produto, as pessoas e as condições ambientais que favorecem a

expressão e a criatividade no ambiente escolar. Apesar do reconhecimento de

que o ambiente educacional tem um papel importante no desenvolvimento da

expressão criativa dos alunos, como relatado no capítulo I.

Na área do desenvolvimento da criatividade, o ponto em que mais tem

centrado a atenção e que tem gerado o maior número de trabalhos de

pesquisa e práticas de intervenção é constituído pelo papel da escola e pela

percepção que os professores possuem acerca destas características.

Considerando a criatividade como um fenômeno multidimensional, que

sofre influência de diversos aspectos cognitivos, afetivos, ambientais e sociais,

o que se sabe hoje é que deveria ser estimulada e desenvolvida no processo

educacional, sendo que, no entanto, o ensino atual não estimula, nem valoriza

a formação de pessoas criativas. O chamado ensino tradicional, em que o

estudante tem um papel fundamentalmente passivo, acaba por impedir o

desenvolvimento da criatividade nos alunos. Por estas e outras razões torna-se

cada vez mais importante o papel que os professores exercem nesse

processo, atentando para a importância de que se familiarizem com as

características do pensamento criativo, conhecendo a maneira pela qual as

capacidades criativas se desenvolvem de forma que possam identificar os

Page 9: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

9

comportamentos e estimular os alunos em direção às suas possibilidades

máximas, assunto abordado no capítulo II.

Desta forma, reconhecemos a importância que o ambiente exerce

sobre a criatividade. Ambientes cheios de normas e pressão ao conformismo

atuam como inibitórios à criatividade à medida que estimulam certos

comportamentos e bloqueiam outros. Estudos apontam que jovens criativos

não estiveram sozinhos enquanto crianças. Eles tiveram contatos com pessoas

mais experientes e receberam suporte destes, o que permitiu não somente um

desenvolvimento mais flexível, mas também a eliminação dos bloqueios à sua

criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula,

conforme detalhado no capítulo III.

Verificou-se ainda que o avanço das pesquisas na área da criatividade

faz com que o foco se altere a partir da década de 1970, com o surgimento da

investigação do papel do contexto sociocultural no desenvolvimento da

criatividade. O foco passou das habilidades cognitivas e traços de

personalidade para a relação entre fatores sociais, culturais e históricos e o

desenvolvimento da expressão criativa, entretanto essa mudança de

percepção demora a ser difundida no Brasil, fazendo com que os primeiros

estudos da criatividade no ambiente educacional comecem a surgir por volta

da década de 1990.

Neste sentido a escola tem papel fundamental no desenvolvimento das

crianças e dos jovens, uma vez que é neste meio que o aluno poderá explorar,

elaborar e testar hipóteses e fazer uso de seu pensamento criativo. No

entanto, tais oportunidades serão possíveis, se o professor estiver consciente

de sua importância neste processo, de forma que esteja preparado para

oferecer e permitir condições que possibilitem o desenvolvimento da

criatividade na sala de aula, evitando o modelo perpetuado na maioria das

escolas, de ênfase à memorização, ao conformismo e à passividade.

Page 10: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

10

CAPÍTULO I

CRIATIVIDADE E EDUCAÇÃO

Muitas são as definições propostas para o termo criatividade.

Porém, de acordo com Soriano (2005), analisando-as, pode-se constatar que

não há acordo quanto ao significado exato do termo, nem consenso se seria

uma habilidade distinta da inteligência, ou, pelo contrário, uma faceta da

inteligência que não tem sido avaliada tradicionalmente pelos testes de

inteligência. Ao discutir criatividade, alguns autores, como Mansfield e Busse

(1981), lembram ainda que:

“A criatividade é um conceito relativo, salientando que os produtos são

considerados criativos somente em relação a outros em um determinado

momento da História”.

1.1 – A Arte na Educação

A temática criatividade tem sido trabalhada pelos pesquisadores há

algum tempo, entretanto, hoje, a linha cognitiva especialmente com Howard

Gardner e Lev Vygostky vem despertando interesse e necessidade em

aprofundar conhecimentos nesta vertente da psicologia educacional.

Vygostky (1982) salienta que a vida que nos cerca está plena de

premissas necessárias para criar e tudo que vai além da rotina, envolvendo

uma partícula mínima de novidades, se origina no processo criador do homem.

Portanto a criatividade é a base do universo.

Ao analisarmos a dimensão das artes plásticas no contexto social,

observamos a presença desta em todos os momentos do cotidiano. Portanto,

Page 11: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

11

vivemos e convivemos com a criação de artistas plásticos, ou seja, a

criatividade envolve os indivíduos em seus momentos vivenciais, pois a

inteligência humana capta os mais variáveis estímulos em um determinado

contexto.

Segundo Szent-Gyorgyi, prêmio Novel de Bioquímica, “Criatividade

consiste em ver o que todo mundo vê e pensar o que ninguém ainda pensou.”.

O papel da arte na educação é grandemente afetado pelo modo como

o professor e o aluno veem o papel da arte fora da escola.

A arte não tem importância para o homem somente como instrumento

para desenvolver sua criatividade, sua percepção, etc... mas tem importância

em si mesma, como assunto, como objeto de estudo (Barbosa, 1975).

Uma aula criativa vai motivar o aluno e um aluno motivado vai desejar

buscar aprender. O professor que adota em sua metodologia um instrumento

criativo para desenvolver os seus conteúdos, está criando automaticamente,

um agente motivador, que fará com que a aprendizagem seja conduzida e

encarada como uma meta a ser conquistada a custa de um prêmio, o

aprendizado. Ao preparar uma aula, o professor deve refletir no sentido de

durante sua aula, proporcionar um aprendizado que seja realmente significativo

para o aluno.

É nesse contexto que o professor deve criar situações que levem o

aluno a propor soluções e ideias para melhorar o aprendizado em sala de aula.

Observamos que muitas vezes os métodos utilizados em sala de aula

favorecem o educador e sua rotina. Na maioria das vezes são utilizados por

uma acomodação. O professor já tem aquela aula pronta, aquela atividade que

já usou outras vezes, então porque preparar outra? A resposta é simples:

porque os alunos são outros (Cunha, 1977).

Page 12: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

12

Existem tantas formas de avaliar e muitas vezes nos deparamos

apenas com a mais tradicional e digamos que é a mais fácil para o professor

corrigir e mensurar. Defendo veementemente que o professor deve utilizar pelo

menos três instrumentos de avaliação diferenciada em cada processo. Ele

precisa ser criativo na avaliação também, para poder atingir aos diferentes

estilos de aprendizagem. Existe aluno que sempre vai ter resultados negativos

em provas escritas ou porque fica nervoso ou porque não escreve bem, etc.

Segundo Ferraz e Fusari (2009), o professor deve além de inserir em

seus conteúdos nas aulas de prática de ensino, discussões sobre a sala de

aula criativa, buscando também aplicar em suas aulas, aspectos de uma aula

criativa, como: relacionar o conteúdo às experiências dos alunos, alterar o

formato das carteiras dos alunos antes deles chegarem para as aulas,

começar a aula com situações reais vividas pelos próprios alunos, buscando

envolve-los em todo o processo, ensinar objetivando uma mudança de postura

real por parte do aluno, frente aquele conhecimento, ensinar de uma forma

agradável, feliz, fazer com que o aluno se sinta valorizado no contexto social e

pessoal também. Tudo isso e muitos outros elementos, só se tornarão reais na

prática do professor, se ele permitir apaixonar-se pela arte e pelo prazer de

ensinar e aprender.

Também é considerado por Ferraz e Fusari (1999), que a metodologia

educativa na área artística inclui escolhas profissionais do professor, quanto

aos assuntos em arte, contextualizados e a serem trabalhados com os alunos

nos cursos. Referem-se também à determinação de métodos educativos, ou

seja, de trajetórias pedagógicas (com procedimentos técnicos e proposições de

atividades) para os estudantes fazerem, apreciarem e analisarem os

conteúdos de arte. Referem-se ainda às escolhas de materiais e meios de

comunicação para a produção artística e estética nas aulas. A metodologia do

ensino e aprendizagem nos cursos de Artes refere-se, então, aos

encaminhamentos educativos que visam a ajudar os alunos na apreensão viva

e significativa de noções e habilidades culturais em arte. São noções a respeito

Page 13: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

13

de produções artísticas pessoais e apreciações estéticas ou análises mais

criativas de trabalhos em arte, nas diversas modalidades (artes visuais,

verbais, música, teatro, dança, artes audiovisuais, dentre outras), dependendo

da formação do professor.

Page 14: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

14

1.2 – Criatividade no contexto educacional: o papel do

professor

Ao examinarmos a literatura sobre criatividade no contexto

educacional, nota-se que uma atenção especial tem sido direcionada ao

ensino fundamental, tendo grande número de estudos sido realizados com

amostras de professores e alunos deste segmento. Tanto Torrance (1987,

1992), como Cropley (1997), Renzulti (1992), Martinez (1995), Alencar (1991,

1994. 1995, 1996, 2000) e outros, desenvolveram distintas estratégias para se

promover a criatividade na escola, chamando a atenção, sobretudo, para o

papel do professor, além de apontarem mudanças que se fazem necessárias,

no sentido de se ampliar, por exemplo, os objetivos educacionais para que

estes contemplem também o desenvolvimento do pensamento crítico e

criativo.

Torrance (1992) caracterizou o professor com aquele que respeita as

perguntas e ideias dos alunos; faz perguntas provocativas, reconhece as ideias

originais; ajuda o aluno a se conscientizar do valor de seu talento criativo. É um

professor que promove nos alunos: envolvimento, motivação, persistência e

determinação; curiosidade, espírito de aventura na exploração dos tópicos

abordados; autoconfiança; impulso para experimentar e tentar tarefas difíceis.

Faz-se ressaltar a necessidade de um programa de curso de arte bem

estruturado, que leve em consideração as experiências dos alunos com a

natureza e culturas cotidianas e garanta a ampliação deste e de outros

conhecimentos. Nada é mais desanimador do que repetir as mesmas aulas em

todas as séries escolares, sem um progressivo desafio de aprofundamento dos

conhecimentos de arte.

O professor é um mediador da aprendizagem, um incentivador e num

ambiente de cooperação com outras interações positivas, a ação individual

deste, será mais eficaz. As novas maneiras de relação social e os novos

Page 15: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

15

hábitos culturais passam a exigir mudanças na forma de ensinar as crianças e

os jovens, pois eles estão crescendo inseridos num mundo virtual e educados

indiferentes às transformações culturais.

Segundo Pinheiro (2010), “a atitude mediadora exige de nós o

estarmos disponíveis e atentos ao outro, seja como observador ou como

ouvinte, percebendo conceitos e pré-conceitos, as preferências e o que causa

estranhamento. Ludicamente podemos chegar até nossos alunos por vias mais

ousadas, menos “escolares”, mais repletas de vida que a arte reflete”. (Apud,

Martins, 2005, p. 121).

Faz-se necessário garimpar, facilitar, lapidar, criar um caracol, para

atingir a meta definida, que é a de ensinar para cada clientela diversificada,

consciente de que é preciso encontrar caminhos que também apresentem

diversidade. Para ensinar artes visuais é preciso trabalhar seriamente,

adequando-se ao contexto, percebendo as diferenças, realidades e situações

presentes no seu cotidiano de professor. Estudar, ler, descobrir métodos,

saber sempre mais sobre a vida e as obras dos artistas (Soriano, 1999).

Existe a consciência da escola sobre a necessidade de se manter a

aprendizagem focada nos conteúdos tradicionais; conteúdos estes que já não

despertam a curiosidade do aluno, no contexto atual.

Segundo Ferraz e Fusari (1999), compete ao professor e

professorando de Metodologia do Ensino de Arte um contínuo trabalho de

verificação e acompanhament5o em seus processos de elaborar, assimilar e

expressar os novos conhecimentos de arte e de educação escolar de crianças,

em arte, tratados ao longo do curso. A avaliação das atividades artísticas tem

sido muito polemizada, pelas complexidades que envolvem, principalmente

quando se refere ao estabelecimento de critérios, à expressão de julgamentos

sobre a produção estética e expressiva (visual, dramática, musical, poética).

Por outro lado, preocupa-nos uma possível descaracterização do verdadeiro

sentido de ação avaliativa. Por isso consideramos necessário buscar subsídios

Page 16: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

16

para discuti-la mais detalhadamente e não inibir o desenvolvimento da

criatividade.

No artigo: “Avaliação educacional escolar: para além do autoritarismo”,

Luckesi reafirma que a avaliação é um meio e não um fim em si mesmo; se dá

em um vazio conceitual mas mostra, na prática das aulas, as concepções de

mundo e de educação que nós, professores, temos; indica, igualmente, que a

avaliação escolar, em um modelo liberal conservador, é mais classificatória,

autoritária, controladora (enquadrando e disciplinando os alunos ao equilíbrio

social já estabelecido); por outro lado, em um modelo transformador, a prática

avaliativa na escola preocupa-se mais com os indicadores de mudanças

necessárias (e com as maneiras de sair do autoritarismo para uma autonomia

do educando), com vistas à participação democrática de todos na sociedade

(FERRAZ e FUSARI, Metodologia do Ensino da Arte, 1999, pág. 121).

Page 17: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

17

1.3 – Formando jovens capazes de criar

Contextualizar não significa utilizar qualquer tema da atualidade,

defende o ativista social Bernardo Toro, que sugere que sejam canalizadas as

energias para assuntos que fazem sentido na vida dos alunos.

A escola tem a obrigação de formar jovens capazes de criar, em

cooperação com os demais, uma ordem social na qual todos possam viver

com dignidade, afirma o intelectual colombiano. "Para que seja eficiente e

ganhe sentido, a educação deve servir a um projeto da sociedade como um

todo." Por isso, ele defende que a prioridade seja o convívio na democracia,

cuja base é a tolerância.

Partindo de sua visão sobre as realidades social, cultural e econômica,

Toro elaborou uma lista onde identifica as sete competências que considera

necessárias desenvolver nas crianças e jovens para que eles tenham uma

participação mais produtiva no século 21. São os Códigos da Modernidade:

1- Domínio da leitura e da escrita;

2- Capacidade de fazer cálculos e resolver problemas;

3- Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações;

4- Capacidade de compreender e atuar em seu entorno social;

5- Receber criticamente os meios de comunicação;

6- Capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada;

Page 18: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

18

7- Capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo.

Recentemente, o intelectual acrescentou uma oitava capacidade à sua

relação: a de desenvolver uma mentalidade internacional. "Quando o jovem

chegar à idade adulta, seu campo de atuação será o mundo", justifica.

"Sua principal contribuição é construir uma ponte entre o mundo real,

isto é, o das sociedades modernas em constante transformação, e o mundo da

escola, que tem diante de si a tarefa de formar os cidadãos", avalia a

professora Lúcia. Toro valoriza também o que chama de saber social, um

conjunto de conhecimentos, práticas, valores, habilidades e tradições que

possibilitam a construção das sociedades e garantem as quatro tarefas básicas

da vida: cuidar da sobrevivência, organizar as condições para conviver, ser

capaz de produzir o que necessitamos e criar um sentido de vida. A escola,

assim, é apenas um dos ambientes em que ocorre a aprendizagem. A família,

os amigos, a igreja, os meios de comunicação as empresas são outras

importantes fontes de conhecimento para os indivíduos. Mobilizar, conforme

sua definição é convocar vontades para atuar na busca de um propósito

comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados.

Page 19: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

19

CAPÍTULO II

A PEDAGOGIA NOVA E AS AULAS DE ARTE

2.1 – A educação pela arte

A ”Pedagogia Nova”, também conhecida por movimento da escola

nova, tem suas origens na Europa e Estados Unidos (século XIX), sendo que

no Brasil vai surgir a partir de 1930 e ser disseminada a partir dos anos 50 – 60

com as escolas experimentais.

A ênfase principal é a expressão como um dado subjetivo e individual

em todas as atividades. A preocupação com o método com o aluno, seus

interesses, sua espontaneidade e o processo do trabalho caracterizavam uma

pedagogia, essencialmente experimental, fundamentada na psicologia e na

biologia.

Diferentes autores vêm marcando os trabalhos dos professores de arte

no século XX, no Brasil, firmando a tendência da “Pedagogia Nova”. Entre eles

destacam-se John Dewey (a partir de 1900) e Viktor Lowenfeld (1943), da

Inglaterra. Com a publicação de seu livro “Educação pela Arte”, traduzido em

vários países, Read contribuiu para a formação de um dos movimentos mais

significativos do ensino artístico. Influenciado por esse movimento no Brasil,

Augusto Rodrigues liderou a criação de uma “escolinha de arte”, no Rio de

Janeiro, em 1948, estruturada nos moldes e princípios da educação através da

arte, (Fusari, 1999).

Sabemos que expressar ideias é meio de reorganizá-las e o fato de

entrelaça-las provoca a interação das informações levando à simplicidade e

Page 20: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

20

eficácia das mesmas. Uma educação com sentido criador deve visar não só a

coordenação dos diversos modos de percepção e de sensação entre si e com

o meio-ambiente, mas também a expressão dos sentimentos de forma

comunicável.

Contudo, segundo Novaes (1985), o processo criador estará

logicamente na dependência direta dos meios que o possibilitem, das

experiências adquiridas e do acervo das informações obtidas. Criar pressupõe

estabelecer relações novas e originais, porém, essas só são possíveis, na

medida em que o indivíduo que as estabeleça tenha conhecimento prévio das

suas propriedades e funções, em outras palavras, a sua possibilidade está na

razão direta da experiência e conhecimento relacionados.

Partindo do princípio que o processo educativo tem por objetivo

desenvolver as potencialidades do indivíduo, deverão ser utilizados recursos

que favoreçam não só a aquisição de conhecimentos, mas, sobretudo, a

expansão e a afirmação da personalidade do educando, podendo a

capacidade criadora dos indivíduos ser desenvolvida e canalizada para

diversas atividades e setores de realização pessoal.

Page 21: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

21

2.2 Dialogando com outros recursos

Compreender a arte como área do conhecimento e como espaço de

desenvolvimento pleno das potencialidades, é princípios básicos para

implantar práticas inovadoras e instigantes dentro da escola.

Sendo a arte disciplina obrigatória, ainda não é bem compreendida e

explorada por profissionais da educação, que atuam na escola básica.

Exemplo disso discute Hernandez (1999), ao expor que os métodos de

trabalho realizados no ensino de arte, ainda hoje, pauta-se em abordagens que

surgiram em outros contextos históricos, cujo principal objetivo era desenvolver

habilidades manuais. Não obstante, na proposta dos parâmetros curriculares

nacionais (PCNs), a arte tem uma função tão importante quanto a dos outros

conhecimentos, no processo de ensino e aprendizagem. A educação da em

arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção

estética, por isso o profissional de arte possui conhecimento de todas as

ciências. O aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto

ao realizar formas artísticas, quanto na ação de apreciar e conhecer as formas

traduzidas por ele e pelos colegas, pela natureza nas diferentes culturas

(Brasil, 1997, p. 12).

Numa outra perspectiva, “a arte é um importante trabalho educativo,

pois procura através das tendências individuais, encaminhar a formação do

gosto, estimulando a inteligência e contribuindo para a formação da

personalidade do indivíduo.” (Educação, 2010). Esta concepção parece

complementar o pensamento de Fusari (1992) ao afirmar que: “a arte é uma

das maiores inquietantes e eloquentes produções do homem”. Arte como

técnica, lazer, derivativo existencial, processo intuitivo, genialidade,

comunicação, expressão, são variantes do conhecimento ligado ao sentimento

da humanidade (Fusari, 1992, p. 99).

Page 22: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

22

Porém, apesar das tantas possibilidades que o ensino de arte acarreta,

é preciso que o docente encarregado de tal, tenha uma formação compatível

com o trabalho, que irá desenvolver. Segundo Coutinho (2010), “cabe a este

profissional, por sua vez, o exercício de uma formação continuada. E preciso

cuidar da formação dos professores formados e aprender dos bacharelandos,

aprofundando as linhas de pesquisas e propondo um deslocamento das

disciplinas de licenciatura, para os centros de educação, apresentar uma

reforma da educação coerente”.

Entretanto, essa separação pode acentuar o distanciamento entre

quem faz arte e quem ensina arte, devido à maioria dos cursos de pedagogia

não estarem preparados na formação atualizada de seus próprios educadores.

O professor de arte precisa interagir com os espaços culturais e se conectar as

redes de informação, buscando o conhecimento onde ele se encontra

(Coutinho, 2010, p. 7). Outro problema que parece permear o âmbito nas

escolas são as barreiras que inibem a criatividade no sistema educacional

brasileiro. Neste sentido, Alencar (1992, p.55), enfatiza que o tradicionalismo e

a reprodução de conhecimento são os grandes vilões do aprendizado e a

criança acredita, desde muito cedo, que existe apenas uma resposta correta

para qualquer questão ou problema. A sua curiosidade é muito pouco

aproveitada. A autora ainda discute que o cúmulo de conteúdos e o pouco

tempo que os alunos passam na escola, prejudicam os períodos dedicados a

outras matérias, a exemplo da arte. A disciplina e cobrança exagerada em

relação ao comportamento dos alunos também prejudica o desenvolvimento de

propostas e atividades que estimulam a criatividade e senso crítico.

O receio de que a aula de arte se torne uma “bagunça”, muitas vezes

inibe a possiblidade de aulas e produções contextualizadas com o conteúdo

proposto. Alguns professores simplesmente não acreditam no potencial criador

dos estudantes e acabam não valorizando propostas de trabalhos que ampliem

conceitos.

Page 23: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

23

E lamentável que a disciplina de arte ainda sofra com o descaso de

escolas, professores e, por extensão, alunos no Brasil (Duarte Junior, 2003).

De fato, tal ensino pode contribuir significativamente com o desempenho de

outras matérias, auxiliando, por exemplo, o processo de alfabetização e

letramento. Para que isso aconteça, os professores precisam, de acordo com

Ferreira (1997), contextualizar suas propostas e ter objetivos bem claros, como

descobrir o conhecimento prévio dos alunos, identificar as hipóteses e faces

conceituais de desenvolvimento feitas por eles, estimular a construção de

habilidades cognitivas, respeitar o tempo de aprendizagem de cada criança e

desenvolver propostas significativas e interdisciplinares. Em outras palavras, a

arte pode ser um grande aliado ao processo.

Desta forma, muitas práticas pedagógicas relativas ao ensino de arte

no Brasil, precisam ser reformuladas e a ideologia presente em aula de arte,

ser superada. Só assim será possível vislumbrar um ensino de arte significativo

e empenhado em desenvolver habilidades, não só manuais como também

perspectivas e intelectuais nos nossos alunos.

Page 24: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

24

2.3 Recursos aplicados em sala de aula

É possível aplicar a criatividade em sala de aula, independente do

espaço físico ideal, da qualidade dos equipamentos e da infraestrutura da

escola. Poucos recursos, muitas ideias e uma pitada de ousadia podem criar

um ambiente diferenciado no espaço escolar. A defesa é da educadora, artista

e docente da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, Marcia Maria

Strazzacappa Hernandez. Seus argumentos estão apresentados, na forma de

experiências, no livro organizado por ela Era uma vez uma história contada

outra vez (Editora Librum, 2012).

O livro Integra mais de uma pesquisa, pois articula investigações de

cinco docentes ligados a três instituições de ensino (Universidade Federal de

Goiás, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Unicamp) e seus

respectivos programas de pós-graduação, além de três pesquisas de mestrado

e duas de Iniciação Científica. O tema da pesquisa principal é a arte na

formação de professores, pedagogos e licenciados.

A autora afirma que um dos desafios que tiveram foi o de enfrentar o

que estava relacionado ao escasso repertório trazido pelos professores da

rede no tocante à literatura infantil, aos contos de fadas, às lendas. Outro

desafio era a relação do professor com seu corpo, seu gesto, sua voz, sua

expressão. Na formação de professores são priorizadas discussões teóricas e

pouco se trabalha a arte em suas diferentes linguagens (dança, música, teatro

e artes visuais). Logo, o desenvolvimento da criatividade e da expressão fica

em segundo plano.

Destaca ainda que há espaço para a criatividade nas práticas

educativas, porém constatam que ele é pouco aproveitado e que depende

quase que exclusivamente da atitude do professor de sala. Em sua pesquisa

Page 25: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

25

encontram professores (e diretores de escolas) envolvidos, com desejo e

disposição de fazer diferente, criar, encantar as crianças. Mas também

encontramos professores desmotivados, pouco engajados e por diversas

razões. As oficinas funcionavam como motivadores.

O livro compartilha algumas experiências, justamente com o propósito

de mostrar como é possível usar a criatividade em sala de aula, independente

de ter um espaço físico ideal, uma excelente infraestrutura na escola. Os

relatos mostram que, com poucos recursos, muitas ideias e uma pitada de

ousadia, é possível criar um ambiente diferenciado em sala de aula, dando

espaço para a imaginação e a criação.

Page 26: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

26

2.4 – Em busca de novos talentos na escola

Piske (2013), em seu livro Criatividade na Escola, retrata um olhar

necessário em relação à criatividade. Aprender com o estímulo criativo, por

meio de atividades que interessam ao aluno e que despertam sua curiosidade,

seus sentimentos, suas emoções e sua imaginação, significa o caminho para o

processo de ensino-aprendizagem, bem-sucedido, com resultados

satisfatórios.

Negar a existência do potencial criador é impedir que o aluno

desenvolva suas habilidades de forma plena, é tirar a condição da vida que

existe em seus desenhos, em suas pinturas, em seu mais íntimo do ser. No

entanto, muito se tem falado sobre instigar a criatividade do aluno, mas pouco

se tem feito nas escolas. Uma das condições para se colaborar com um

ensino que promova a existência da criatividade no contexto escolar é

proporcionar ao aluno um ambiente que possibilite a sua liberdade de

expressão. Esta liberdade pode dar à luz muitas descobertas de talentos que

existem no contexto escolar, e que está escondido por não haver oportunidade

de expressão.

A criatividade pode ser considerada uma ferramenta essencial pela

sua relevância na área intelectual, social e emocional.

Transformar o velho em novo: a integração da criatividade na

educação que a escola precisa oferecer possibilidades de ações criativas

por meio do aspecto afetivo, no intuito de emancipar e ampliar o conhecimento

por meio de uma construção ativa e pela interação entre os sujeitos inseridos

no contexto escolar, baseando-se em referenciais teóricos clássicos.

Page 27: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

27

A partir do conceito teórico sólido, indicam que a sala de aula deve ser

um ambiente que contenha recursos materiais e humanos para haver um

contexto propício no trabalho da criatividade na escola.

O ensino de estratégias e táticas sobre a criatividade pode trazer

benefícios significativos para todos os sujeitos envolvidos neste processo de

ensino-aprendizagem pela constante evolução e pela complexidade existente

em nossa sociedade é importante contar com o apoio de sujeitos criativos

que sejam capazes de solucionar problemas e proporcionar soluções a

situações que venham surgir no contexto social.

A partir de uma reflexão profunda e conhecedora da obra de

Piaget, a autora desvenda caminhos para uma educação que possibilite

o pleno desenvolvimento de tomadas de consciência e de criações

significativas para cada aprendiz.

A utilização dos testes de criatividade na escola pode auxiliar nas

descobertas do conhecimento que cada ser humano apresenta, e possibilita

conhecer mais sobre os sujeitos criativos. Há diversos benefícios na

utilização destes testes no contexto escolar, na medida em que não se

conhece outra forma de expor a existência da criatividade fora do cérebro

humano. A autora sistematiza uma taxonomia inovadora para organizar os

aspectos objetivos da criatividade e indica a existência de métodos capazes de

julgar e conciliaras mais contraditórias teorias desse fenômeno na escola e no

mundo.

No âmbito da escrita e da leitura e tendo a teoria de Vygotsky como

pilar, fica constatado como fatores físicos, sociais, cognitivos, motivacionais e

emocionais se interligam de forma única para gerar de modo singularmente

inesperada e aparentemente inexplicável o interesse por ler. Tal informação

nos proporciona inúmeras pontes para uma prática pedagógica criativa. A

distinção entre criatividade e imaginação na obra de Vygotsky é explorada

Page 28: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

28

também por outros autores. Partindo destes conceitos, a autora lança as bases

explicativas e orientadoras de uma escola fomentadora de práticas criativas e

estimuladoras do pensamento imaginativo, justificando como diferentes

perguntas podem envolver os alunos na aprendizagem criativa. Alunos e

professores podem e devem potencializar a sua imaginação e criatividade.

A acessibilidade e inclusão social por meio das tecnologias assistidas é

tema abordado por Vania Ribas Ulbricht e Tarcísio Vanzin, como

colaboradoras do livro de Fernanda Hellen Ribeiro Piske (2013, Criatividade na

Escola). Ulbricht e Vanzin constatam que não existe nenhum indicativo

acadêmico de que os indivíduos que apresentam alguma deficiência,

exceto a cognitiva, sejam menos criativos. E apontam que estes sujeitos, pelo

contrário, são tão criativos quanto aqueles que não apresentam

deficiência porque a Criatividade é fruto de operações intelectuais. Além disso,

com inserção das tecnologias assistidas aos recursos da web 2.0 e do

atual desenvolvimento das plataformas de EAD, é possível formar

comunidades com sujeitos de diferentes grupos de necessidades especiais e

avançar na inclusão criativa de tecnologias no meio escolar.

Page 29: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

29

CAPÍTULO III

CARACTERÍSTICA DO PROFESSOR CRIATIVO

3.1 – Desenvolvendo competências

Segundo Torrance (1987), é possível ensinar criativamente, utilizando-

se vários meios, sendo que os meios de maior sucesso envolvem a função

cognitiva e emocional, possibilitam adequada estrutura e motivação e dão

oportunidades para envolvimento, prática e interação entre professores e

alunos. Condições motivadoras e facilitadoras fazem a diferença para efetivar

a criatividade, sobretudo quando o professor é deliberadamente envolvido.

Para Wechsler (2002), um professor criativo é aquele que está aberto

a novas experiências e assim sendo, é ousado, curioso, tem confiança em si

próprio, além de ser apaixonado pelo que faz. Trabalha com idealismo e

prazer, adotando uma postura de facilitador e quebrando paradigmas da

educação tradicional. Algumas atitudes do professor que possibilitam o

desenvolvimento da criatividade em sala são: ouvir ideias diferentes das suas,

encorajar os alunos a realizar seus próprios projetos, estimular o

questionamento, dando-lhes tempo para pensar e para testarem hipóteses,

estimular a curiosidade, criar um ambiente sem pressões, amigo, seguro, usar

a crítica com cautela e buscar descobrir o potencial de cada aluno.

Também Cropley (2005) chama a atenção para comportamentos

típicos do professor estimulador da criatividade, como: encorajar o aluno a

aprender de forma independente, motivar seus alunos e dominar o

conhecimento fatual, de tal forma que tenham uma base sólida para propor

novas ideias, encorajar o pensamento flexível em seus alunos, considerar as

sugestões e questões deles, dar oportunidades ao aluno para trabalhar com

Page 30: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

30

uma diversidade de matérias sobre diferentes condições, ajudar os alunos a

aprendes com a frustração e o fracasso de tal forma que tenham coragem para

tentar o novo e o inusitado, além de promover a avaliação dos alunos, por eles

mesmos.

O professor estimulador da criatividade em sala de aula permite ao

aluno pensar, desenvolver ideias e pontos de vista, fazer escolhas, valorizar o

que for criativo, não rechaça o erro, mas o vê como etapa do processo de

aprendizagem, considera os interesses, habilidades e provê oportunidades

para que os alunos se conscientizem de seu potencial criativo, cultiva o senso

de humor em sala de aula, demonstra entusiasmo pela atividade e disciplina

que ministra (Fleith, 2001). Segundo a autora, ainda realça que o professor

facilitador da criatividade procura promover um clima em sala de aula em que a

experiência de aprendizagem seja prazerosa. Para que haja um clima criativo

em sala de aula, o professor deve adotar, entre outras atitudes a de proteger e

encorajar o trabalho criativo e a elaboração de produtos originais, a de procurar

desenvolver nos alunos a habilidade de pensar em termos de possiblidade, de

explorar consequências, de sugerir modificações e aperfeiçoamentos para as

próprias ideias, não se abatendo pelas limitações do contexto e de envolver o

aluno na solução de problemas reais (Fleith e Alencar, 2005).

Page 31: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

31

3.2 – O despertar do mestre para a criatividade

É defendido por Ferraz e Fusari (1999), que o domínio de

conhecimentos sobre educação escolar em arte (em creches, pré-escolas,

séries iniciais de escolas de ensino fundamental) torna-se mais concreto

quando os professorandos vivenciam atividades nas quais realizam

aproximações entre prática e teoria na área educativa artística. Há diversas

atividades onde essas aproximações são possíveis com o intuito de

compreender o processo de ação docente e a inter-relação da arte com as

crianças. Durante o curso de Metodologia do Ensino da Arte podem-se abrir

espaços para os estudantes se introduzirem nas diferentes situações

profissionais, de maneira a concretizar tais vivências que buscam uma união

entre prática e teoria de educação escolar e arte.

Ao abordar qualquer assunto sobre Metodologia de Ensino de Arte

pode-se propor a observação para embasar os conhecimentos a serem

trabalhados. Os professorando podem observar que atividades expressivas

estão sendo desenvolvidas com as crianças nos cursos escolares de Arte; que

materiais eles utilizam, como o professor organiza as atividades, qual o tempo

de aula dedicado a elas, etc. Posteriormente, em sala de aula, deverão

participar das explicações sobre o tema trabalhado, apoiando-se nos seus

relatos, perguntas e questionamentos. Quando novos conhecimentos forem

introduzidos à classe, devem ser conduzidos de tal maneira que os estudantes

revejam sua participação nas observações iniciais. Outra modalidade para

analisar os dados da observação é através de seminários ou painéis de

discussão, assim inicia-se o estímulo à criatividade.

Page 32: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

32

Segundo Cunha (1977), entre os anos 80 e 90, pesquisas foram

efetivadas, visando encontrar definições operacionais, a elaborar instrumentos

de medidas que permitam avaliar as capacidades criativas e a melhor

estudarem a natureza do fenômeno do despertar da criatividade, bem como os

fatores condicionadores da produção criativa. Matisse (1969) afirma que criar

é expressar o que se tem dentro de si, portanto, a concepção criativa é sempre

original e individual, um autêntico esforço de criação interior.

Em Guilford (1968) encontramos: “criatividade, num sentido restrito,

diz respeito às habilidades que são características dos indivíduos criadores,

como fluência, flexibilidade, originalidade e pensamento divergente". Tendo o

professor essas habilidades, torna-se um poderoso aliado no desenvolvimento

do processo de desenvolvimento da criatividade de seus alunos.

Page 33: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

33

Page 34: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

34

ANEXOS

Pão de açúcar

Page 35: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

35

Arcos da Lapa e Cristo Redentor (versão moderna)

Page 36: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

36

Amanhecer no Rio de Janeiro

Page 37: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

37

Page 38: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

38

Versão moderna do Pão de Açúcar e Anoitecer no Pão de Açúcar

Page 39: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

39

CONCLUSÃO

O objetivo principal da pesquisa foi estudar o ato de estimular a

criatividade do aluno em sala de aula, visando o aperfeiçoamento de

habilidades cognitivas e afetivas, proporcionando o interesse e o prazer do

aluno em aprender e fazer.

É extremamente importante utilizar o momento na sala de aula entre o

professor de arte e seus alunos, para desenvolverem as habilidades criativas

de cada um.

Foi muito importante e desafiador o trabalho proposto com o tema:

“Cartões Postais do Rio de Janeiro”. Nela foi possível observar vários

momentos de ação cognitiva e criatividade, pois alguns alunos nunca tinham

feito experiência com tela. O resultado em todas as turmas do sexto ano do

ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio foi bom. Alguns ao

término do trabalho se perguntaram: “como eu consegui?”. Cada um

desenvolveu o trabalho da maneira que pode, vencendo suas dificuldades,

com a orientação e provocação do professor de arte. Dentre eles destacaram-

se alguns alunos com telas belíssimas! Em relação à parte psicológica, foram

detectados pelo psicopedagogo alguns casos no decorrer do trabalho e o que

mais chamou a atenção, foi o aluno que pintou o Pão de Açúcar com três

nuvens pretas e perguntou se ficou bonito e obteve a resposta positiva, porém

foi questionado o porquê das três nuvens pretas. A resposta foi que as nuvens

representavam a sua família, o aluno, o pai e a mãe. O pai havia saído de casa

e ele não aceitava a situação.

Concluiu-se então a importância que exerce o profissional de artes no

contexto educacional, criativo e social.

Page 40: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula, conforme detalhado no capítulo III. Verificou-se

40

BIBLIOGRAFIA

ALENCAR, Eunice Soriano. Criatividade. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1995. CROPLEY, A.J. Ofício Professor: o tempo e as mudanças. San Diego: Academic Press, 1999. CUNHA, Rose Marie Maron da. Criatividade e Processos Cognitivos. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1977. FERRAZ, Maria Heloisa Correa de Toledo; FUSARI, Maria F. de Rezende e. Metodologia do Ensino de Arte. São Paulo: Cortez Editora, 1999. FLEITH & ALENCAR, E.M. L. S. Escala sobre o clima para criatividade em sala de aula. Editora da Universidade de Brasília, 1985-1991. HERNANDEZ, Márcia Maria Strazzacappa, Era uma vez uma história contada outra vez. Editora Librum, 2012. NOVAES, Maria Helena. Psicologia da Criatividade. Petrópolis: Editora Vozes, 1985. PISKE, Fernanda Hellen Ribeiro, Criatividade na Escola: o desenvolvimento de potencialidades, altas habilidades, superdotação e talentos. Juruá Editora, 2013. TORO, José Bernardo. Códigos da Modernidade: capacidades e competências mínimas para participação produtiva no século XXI. Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, Porto Alegre, 2002.