UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · do uso das TIC na formação inicial ou...

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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO À DISTÂNCIA Por: Henrique Matheus Rocha Louzada Orientado por: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Ipatinga Julho de 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

NO ENSINO À DISTÂNCIA

Por: Henrique Matheus Rocha Louzada

Orientado por: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Ipatinga Julho de 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

NO ENSINO À DISTÂNCIA

Trabalho Monográfico apresentado à Universidade Cândido Mendes, Campus Base Coronel Fabriciano/Ipatinga - MG, para a aprovação no curso de Docência no Ensino Superior

Orientadora : Fernanda Sansão Ramos

Ipatinga,MG 2010

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a primeiro a Deus e a graça de estar alcançando mais uma etapa de

grande importância na vida, a Mércia Pena pelo incentivo e por oportunidades

apresentadas, ao Thiago Viveiros que me propiciou fontes necessárias para

elaboração desta monografia, a minha mãe Mirilandes Rocha Louzada por ser

um exemplo de força, dedicação e determinação, ao Alberto Magalhães Siman

pelo entusiasmo e ajuda nos momentos de fraqueza, pela orientadora

Fernanda Sansão Ramos pela paciência e devoção de suas horas e ao

professor Dr. Vilson Sérgio de Carvalho que me ajudou na correção e

elaboração de um trabalho coeso e digno de graduação.

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RESUMO

O presente texto vem mostrar a grande evolução do ensino no Brasil e a

criação de novas formas de ensino, sendo estas não mais presenciais e sim

feitas à distância onde o aluno passa a ser o carro condutor do seu próprio

aprendizado e o uso das tecnologias passa a ser o GPS que o irá direcionar e

propiciar novos conhecimentos e base para um melhor aprendizado. Mostra a

importância do uso das novas tecnologias no alcance da educação para todos

já que o aluno não precisa desembolsar valores altos quanto nos ensinos

presenciais. A responsabilidade em elaborar materiais que atendam a todos os

níveis de conhecimento, preocupando-se com a qualidade e com o aluno que

se encontra nos grandes centros urbanos principalmente aqueles que moram

em periferias ou pequenos municípios. Quase todos têm acesso as evoluções

tecnológicas existentes através de programas governamentais que nos dias de

hoje favorecem as classes menos favorecidas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I – A CHEGADA DA EAD NO BRASIL

1.1 – Surgimento desta nova modalidade educacional

no país

9

1.2 – Consolidação desta modalidade nas Instituições

de Ensino Superior no Brasil 14

CAPÍTULO II – BREVE AVALIAÇÃO ESTRUTURAL E

PEDAGÓGICA

2.1 – Análises das inovações tecnológicas na

educação à distância

20

CAPÍTULO III – DESAFIOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

3.1 – A Tecnologia na Educação a Distância

25

Conclusão 30

Bibliografia 32

6

INTRODUÇÃO

O uso de novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no ensino

superior inovou práticas educacionais modificando principalmente o paradigma

da educação à distância. Neste estudo em específico, daremos foco na

utilização do microcomputador e da Internet, tecnologia que propiciou o

desenvolvimento de um modelo pedagógico mais interativo na educação à

distância.

Contudo, observa-se que não há um consenso em torno da viabilidade da

educação à distância ou sobre o uso de novas tecnologias de informação e

comunicação nas práticas educacionais. Resultados parciais de investigações

realizadas no Brasil e outros países evidenciam controvérsias entre os

educadores em torno da educação à distância e do uso de novas tecnologias

de informação e comunicação nas práticas educacionais.

Desde o século XIX, a educação a distância funcionou como alternativa,

empregada principalmente na educação não formal com o uso do correio para

transmitir informações e instruções aos alunos e receber destes as respostas

às lições propostas. Posteriormente, foi usada para tornar a educação

convencional acessível às pessoas residentes em áreas isoladas ou àqueles

que não tinham condições de cursar o ensino regular no período apropriado,

associando o uso do rádio como meio de emissão rápida de informações ao

envio de materiais via correios, o que imputou à educação a distancia a

reputação de educação de baixo custo e de segunda classe.

Nas últimas décadas, a educação a distância tomou um novo impulso com a

integração de tecnologias tradicionais de comunicação como o rádio e a

televisão associados a materiais impressos enviados pelo correio, o que

favoreceu a disseminação e a democratização do acesso à educação em

diferentes níveis, permitindo atender a grande massa de alunos.

A disseminação do uso das tecnologias de informação e comunicação em

diferentes ramos da atividade humana, bem como sua integração às facilidades

das telecomunicações, evidenciou possibilidades de ampliar o acesso à

formação continuada e o desenvolvimento colaborativo1 de pesquisas

científicas. 1 Aaprendizagem colaborativa é uma das estratégias que propicia um ambiente educacional colaborativo usando recursos tecnológicos.

7

Mais importante do que a ampliação de possibilidades, a incorporação à

EaD de diferentes recursos tecnológicos, e, especialmente das tecnologias de

informação e comunicação - TIC, a partir das potencialidades e características

que lhe são inerentes, apresenta-se como estratégia para democratizar e

elevar o padrão de qualidade da formação de profissionais e a melhoria de

qualidade da educação brasileira.

É claro que o surgimento de novos modelos educacionais implica em

compreender que os desafios da EaD são congruentes com os desafios do

sistema educacional em sua totalidade, cuja análise implica em analisar que

educação se pretende realizar, para quem se dirige, com quem será

desenvolvida, com o uso de quais tecnologias e quais as abordagens mais

adequadas para acelerar o processo de inclusão social da população brasileira.

Assim as EAD’s apresentam como modalidade de ensino algumas

ferramentas tecnológicas utilizadas para a inserção do indivíduo socialmente,

através da interação entre pessoas e entre pessoas e máquina, como afirma

Primo ( FERREIRA; BIANCHETTI, 2004, p. 259)

“as tecnologias da informação e da comunicação vêm contribuindo

para a modificação da forma como as pessoas se relacionam e de

construírem conhecimentos, pois elas proporcionam múltiplas

disposições à intervenção do interagente”.

Inclusive, a interação entre os pares pode ser mais acentuada do que em

muitas salas de aula presenciais.

Com o intuito de desenvolver investigações para identificar as contribuições

do uso das TIC na formação inicial ou continuada, favorecendo o

desenvolvimento de competências relacionadas com o uso de ambientes

digitais2 e interativos de aprendizagem para a inclusão digital e social, um

grupo de docentes e pósgraduandos do Programa de PósGraduação em

Educação: Currículo, da PUC/SP, adotou como foco de estudos as concepções

2 Optou-se pela denominação ambientes digitais ao invés do usual ambientes virtuais uma vez que o termo virtual indica algo em potência, que ainda não se tornou ato (Japiassu e Marcondes, 1993), um vir a ser. Digital se refere à tecnologia da qual os computadores são constituídos.

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teóricas e novas metodologias para educação a distância, alfabetização e

inclusão digital.

O presente estudo tem como objetivo analisar as inovações na educação à

distância com a inserção de novas tecnologias de informação e comunicação

no ensino superior, uma breve análise dos problemas e controvérsias em torno

da educação à distância e do uso de novas tecnologias de informação e

comunicação em especial a internet e microcomputadores, nas práticas

educacionais. Para tanto, tomar-se-ão como referências as experiências de

pesquisas e estudos já realizados nas academias e por prestigiados autores

deste tema.

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CAPÍTULO I

SURGIMENTO DESTA NOVA MODALIDADE EDUCACIONAL NO PAÍS

A Educação a Distância não é uma prática recente no contexto

internacional, existindo hoje instituições conceituadas com milhares de alunos à

distância, em cursos de graduação e mestrado utilizando diversas mídias e

estruturas.

No Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio Monitor, em 1939, várias

experiências foram iniciadas conforme mencionado por Nunes (1992), mas

nenhuma consolidou um sistema de ensino baseado nesta modalidade. A

maioria dos cursos teve uma intervenção governamental acentuada, trazendo

os componentes ideológicos dos regimes vigentes (Alonso, 1996).

Entretanto, chama a atenção um traço constante: a descontinuidade dos

projetos, principalmente os governamentais (Nunes, 1992).

Em se tratando de uma área recente no Brasil, a importância de rigoroso

acompanhamento e avaliação é necessário tanto para o aprimoramento das

técnicas e metodologias utilizadas, como também para a consolidação e

credibilidade da própria Educação a Distância no Brasil.

A Educação a Distância avançou em termos quantitativos e qualitativos

no cenário internacional, alcançando um status de alta credibilidade e eficácia

em vários contextos. As experiências brasileiras estão distante desta condição

e ainda enfrentam resistências em várias instituições e categorias.

Para compreendermos um pouco mais sobre a estrutura deste modelo

educacional inovador, irei apresentar a seguir como é apresentada a estratégia

educativa e a composição estrutural desta forma de ensino.

Um dos componentes fundamentais da Educação a Distância é o

diagnóstico do contexto e do perfil dos alunos. Na educação tradicional temos

os alunos em um ambiente controlado (sala de aula), com tempo dedicado,

com a presença de colegas que normalmente residem na mesma cidade. Em

cursos à distância para atendimento em grande escala, como são em alguns

casos, o contexto dos alunos e o seu perfil são muito diversificados, a

dispersão geográfica é o Brasil inteiro, a faixa etária da maioria dos alunos está

ente 37 e 47 anos e as variações culturais correspondem às do próprio país.

10

A seguir um modelo de estruturação de conteúdo para cursos a

distância:

Não apenas o professor tem sua capacidade de percepção alterada ou

postergada; também os alunos, por estarem em contexto nem sempre

especialmente destinado ao aprendizado e em frente a uma mídia que para

eles é novidade, por se tratar da primeira experiência da absoluta maioria em

programas de Educação a Distância, estão sujeitos a uma série de

interferências na comunicação com o professor e entre colegas.

O planejamento do curso, as metáforas e exemplos devem ser

facilmente entendidos pelos alunos, a linguagem, o ritmo e as imagens do

curso devem colaborar para a motivação e o entendimento. Quanto mais o

curso for dirigido ao aluno, menor será a interferência da mídia na

comunicação, a sensação de isolamento e maior o envolvimento dos

estudantes. O perfil dos alunos é a base para a construção do curso, da

escolha da estratégia pedagógica e da mídia, já que muitas vezes se torna

impossível encontrar um mesmo nível de conhecimento entre os alunos de

determinadas regiões de nosso país, tornando assim um fator de muito respeito

dentro das instituições que trabalham com a EaD.

A mídia é o segundo item do modelo, outro dos componentes do mix de

avaliação, devendo ser considerada não só a acessibilidade dos professores e

alunos à tecnologia, mas também a adequação do seu uso, sua influência no

curso como um todo, como fator potencializador ou limitante de toda a

comunicação.

PERFIL DE ALUNOS

ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA

MÍDIA

CURSO A DISTÂNCIA

11

Após conhecer o perfil dos alunos e as mídias possíveis de serem

utilizadas, é necessário conhecer o terceiro item básico do modelo de EaD: a

estratégia pedagógica. As possibilidades de comunicação no ambiente

educacional, restritas à unidirecionalidade professor-aluno nas metodologias

objetivistas, cedem lugar a contatos multisensoriais nas teorias de Piaget,

Wallon e Wigotsky, e agora incorporam uma comunicação multidirecional a

partir dos conceitos da psicologia cognitiva e das possibilidades de interação

permitidas pelos ambientes de redes de comunicação.

Assim se torna certo que a educação a distância vem se convertendo

em um instrumento de democratização do acesso ao conhecimento, mas ainda

sofre nos meios educacionais brasileiros da necessidade de ter elucidadas

inúmeras dúvidas quanto a sua natureza e suas reais possibilidades de

desenvolvimento educativo. Segundo SOUZA :

“A escola do futuro será cada vez mais uma função virtual e cada vez

menos um endereço geográfico. E cada ser humano sem mais

precisar sair de casa ou sacrificar o emprego, fará o curso que quiser,

na mídia que escolher. Quanto ao professor, terá suas funções

profundamente alteradas: em lugar de discursar em sala de aula,

para um pequeno contingente de alunos, passará a ser um

fornecedor de conhecimentos via Internet e um tira-dúvidas interativo

para, provavelmente, milhares de alunos conectados aos cursos sob

sua responsabilidade”. (2001, p.216)

Os três itens básicos são fundamentais e complementares, não se pode

afirmar que um item é mais importante do que outro, a integração e o cuidado

na análise de cada um é que possibilitarão a construção de um bom curso.

O modelo foi modulado independente do conteúdo, podendo adaptar-se

a qualquer área do conhecimento. O especialista/conteudista, ao estruturar o

curso, ou participar da equipe responsável, poderá utilizar modelo para adaptar

o conteúdo a diversas situações.

Considerando as dimensões do Brasil e a quantidade de pessoas a

serem educadas, a Educação a Distância (EAD) no ensino superior passa a ser

vista como uma solução importante. No entanto, o que tem sido proposto, em

grande parte, pode ser considerado como uma imitação das abordagens

12

tradicionais de ensino, viabilizadas, porém por meio de recursos tecnológicos

digitais. A discussão ainda está centrada em meios de comunicação e

existência de material de apoio. Muito pouco tem sido falado sobre as questões

pedagógicas. As propostas existentes têm prometido o desenvolvimento de

habilidades e competências como, por exemplo, autonomia, criatividade,

aprender a aprender, que claramente não resistem às mais simples críticas do

ponto de vista pedagógico.

Mas nem tudo são flores. Os alunos devem estar sempre atentos aos

fatores comportamentais já que os mesmos serão responsáveis pelo seu

próprio aprendizado.

Segue alguns pontos de vantagem dos estudos nas EAD’s:

• Horário com flexibilidade;

• Estabelecimento do seu ritmo de estudos;

• Metodologias;

• O valor das mensalidades;

• O aluno se torna independente;

• A locomoção para se tornar desnecessária para progredir com os estudos.

Alguns pontos de desvantagens:

• Exige disciplina nos estudos por parte dos alunos;

• O aluno tem que se torna autodidata;

• A limitação em alguns cursos;

• Ainda não existe um modelo acurado deste tipo de educação.

Para alguns esse tipo de ensino tem mais vantagens que desvantagens.

Uma delas seria a falta de biblioteca, tornando-se assim uma desvantagem.

Mas a vantagem das EAD’s é o atendimento a um público muito maior e mais

variado do que em alguns cursos tradicionais. E a outra seria a possibilidade de

alunos que estão afastados a retornarem aos estudos.

Outra questão de dificuldade para as EAD’s é a de encontrar professores

capacitados para utilizarem dos meios de comunicação como a internet para

educar os alunos e transmitirem um ensino de grande qualidade, já que o

computador será uma grande ferramenta de trabalho.

As EAD’s já aprenderam muito, pois antigamente, os professores

colocavam seus livros na internet, o aluno lia e pronto, só que esse tipo de

13

estudo não mostrou nenhuma eficácia, com isto o aprimoramento e a utilização

de inúmeras ferramentas de trabalho estão hoje a disposição dos professores

para que alcancem ao máximo as exigências do aluno.

1.2 - Consolidações desta modalidade nas Instituições de Ensino Superior

no Brasil

Estamos numa fase de consolidação da EAD no Brasil, principalmente

no ensino superior, com crescimento expressivo e sustentado. O Brasil

aprende rápido e os modelos de sucesso são logo imitados. Passamos de

importadores de modelos de EAD para desenvolvedores de novos projetos, de

programas complexos implantados com rapidez. Algumas razões principais

para esse crescimento rápido: demanda reprimida de alunos não atendidos,

principalmente por motivos econômicos. Muitos alunos são adultos que agora

podem fazer uma graduação ou especialização.

No Brasil (historicamente um país, conhecido a grandes experimentos

tecnológicos inovadores na educação, que pela incúria e descontinuidade de

ações do poder público e visão tacanha do setor privado acabam por se tornar

"elefantes brancos") tem havido experiências de educação à distância nas

quais se podem observar algumas características estruturais recorrentes: as

políticas públicas do setor têm um caráter tecnocrático3, autoritário e

centralizador que as destina necessariamente a resultados medíocres, senão

ao fracasso, ao passo que a iniciativa privada vai ganhando terreno,

construindo competência e obtendo verbas públicas.

Em nosso país, é difícil pesquisar sobre os aspectos propriamente

técnicos ou pedagógicos das experiências de uso educativo de tecnologias

como a televisão, o computador, ou mesmo o rádio, porque esbarramos

sempre nas determinações econômicas e políticas. As propostas são

tecnocráticas no sentido em que, às vezes válidas do ponto de vista puramente

técnico, não levam em consideração as condições (sociais e políticas, micro

políticas) de realização, o "chão social" de que fala Santos em sua tese sobre o

projeto Saci, exemplo emblemático da consciência tecnocrática:

3 Relativo ao sistema de organização política e social baseado na predominância dos técnicos

14

“Portanto a razão do fracasso de muitos projetos de educação para o

desenvolvimento deve ser buscada lá mesmo onde se encontram

bloqueadas as veleidades da escola nos países subdesenvolvidos,

isto é, no conjunto dos fatores sócio-econômicos e culturais, no chão

social sobre o qual os projetos são construídos. Ora, o que importa

aqui é que, freqüentemente, o chão social compromete não só as

experiências, mas com elas, a intenção de avaliá-las”. (SANTOS,

1981, p. 169)

A última afirmação do autor é extremamente importante e merece ser

destacada. As condições concretas de implementação das políticas propostas,

aí incluídos os interesses políticos em jogo, não apenas prejudicam sua

efetividade como obscurece a compreensão do processo de inovação

tecnológica na educação, mascaram as avaliações, escondendo fracassos e

canalizando os eventuais sucessos da ação educacional como dividendos para

interesses políticos eleitorais.

Apenas recentemente o país começou a apostar na EAD como uma

saída para suprir a demanda por formação superior no país. Criada em 2005, a

Universidade Aberta do Brasil (UAB) teve como prioridade a formação inicial de

professores da Educação Básica pública, além de formação continuada aos

graduados. Por meio de parcerias entre 38 universidades federais, a UAB

oferece 92 opções de extensão, graduação e pós-graduação.

Estudo de 2007, capitaneado por Dilvo Ristoff, então diretor do

Departamento de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior do Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP),

comparou os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

(Enade/2006) nas modalidades presencial e a distância. Das 13 áreas em que

o confronto foi possível, os de EAD se saíram melhor em sete: Pedagogia,

Biologia, Física, Matemática e Ciências Sociais, além de Administração e

Turismo. Isso mostra que o fato de as aulas serem a distancia não significa que

elas sejam de pior qualidade.

15

No entanto, é forte a desconfiança no mercado de trabalho em relação

aos egressos dessa modalidade. Isso, em parte, por haver poucos diplomados.

Dados4 do INEP revelam que, enquanto a graduação presencial formou

736.829 profissionais em 2006, o ensino a distância contabilizou apenas

25.804. Esse contingente ainda é pequeno para que as redes avaliem a

competência deles.

Dessa maneira conclui-se que, tanto as instituições de ensino superiores

privadas e públicas estão apostando cada vez mais na Educação a Distância,

pois, sabemos que com a chegada da revolução da era da informação essas

instituições tiveram no campo educacional uma nova fatia de mercado

extremamente promissora, na qual o avanço técnico em telecomunicações

permite uma expansão globalizada e altas taxas de retorno para seus

investimentos. Um aspecto fundamental a ser observado em relação ao

paradigma emergente é a necessária valorização da qualidade da ação

educacional, não apenas o do conhecimento do atendimento quantitativo.

Qualidade e quantidade são dimensões complementares em relação à

totalidade, não são valores excludentes.

. Evolução do Número de IES, Cursos, Vagas e Inscritos na Educação a

Distância Brasil ‐‐‐‐ 2002‐‐‐‐2008

Fonte: MEC/INEP/DEED

______________________________ 4 fontes: ABED 2008 e INEP 2007

Ano IES %Δ Cursos %Δ Vagas %Δ Inscritos %Δ 2002 25 - 46 - 24.389 - 29702 - 2003 37 48 52 13 24.025 -1,5 21.873 -26.4 2004 45 21,6 107 105,8 113.079 370.7 50.706 131.8 2005 61 35,6 189 76,6 423.411 274.4 233.626 360.7 2006 77 26,2 349 84,7 813.550 92.1 430.229 84.2 2007 97 26 408 16,9 1.541.070 89.4 537.959 25.0

16

De acordo com os dados do Censo, 115 instituições ofereceram, em

2008, cursos de graduação à distância. São 18 IES a mais em relação às

registradas no ano de 2007. É possível observar na tabela que o número de

cursos de graduação a distância aumentou de maneira significativa nos últimos

anos. Comparado ao ano de 2007, foram criados 239 novos cursos a distância,

representando um aumento de 58,6% no período. O número de vagas

oferecidas em 2008 registrou um aumento de 10,3%, ou seja, uma oferta de

158.419 vagas a mais. O crescimento no número de vagas da educação a

distância deu prosseguimento a um aumento que se observa desde 2003.

Nesse período registrou‐se uma variação de mais de 70 vezes o número de

vagas ofertadas. Outro aspecto que se destaca é a razão entre inscritos e

vagas, enquanto em 2007 foram registrados 0,35 candidatos para cada vaga,

no ano seguinte, essa relação foi de 0,41. Com relação ao ano de 2007, o total

de ingressantes apresentou um aumento de

42,2% em 2008.

Mas alguns mitos devem ser quebrados quanto as EAD’s dos quais não

condizem com a realidade, com a autenticidade ou o verdadeiro sentido das

mesmas, que são:

• Dizem que não há necessidades de estudar já que as avaliações são

muito fáceis e que qualquer um consegue as notas necessárias para se

formar;

• O estudo a distância se torna precário e sem subsídios para uma boa

aprendizagem;

• Se você não tem o professor em sala “presencial” será difícil sanar as

dúvidas;

• O diploma não terá o mesmo valor quanto às instituições presenciais,

por isso em caso de empregabilidade o diploma se torna inferiorizado;

• Este modelo de instituição não irá progredir.

Graças ao sucesso garantido que este modelo de instituição vem

trazendo, estes mitos começaram a ruir e a ascensão das EAD’s nos dias de

hoje tem garantido a boa formação de alunos e capacitando-os para o mercado

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de trabalho, tornando-os competitivos com os alunos das instituições

presenciais.

A legislação brasileira, conforme Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro

de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB, lei nº 9.394/96, diz que: "Educação

a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a

mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados

em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados,

e veiculados pelos diversos meios de comunicação." E hoje, existem dezenas

de cursos de graduação reconhecidas pelo MEC e vários cursos de pós-

graduação, mestrado e doutorado.

Evolução do Número de Ingressos, Matrículas e Concluintes na Educação a Distância ‐‐‐‐ Brasil ‐‐‐‐ 2002‐‐‐‐2008

Fonte: MEC/INEP/DEED

O total de matrículas apresentou um crescimento alto nos últimos anos

e, em 2008, chegou ao número de 727.961 matrículas, quase dobrando o

número de matrículas em relação ao ano anterior. Esse número de matrículas

em cursos a distância representa 14,3% do total das matrículas dos cursos de

graduação, incluindo os presenciais. No ano de 2007, esse percentual esteve

em torno dos 7%. A quantidade de concluintes em educação a distância

também apresentou um forte aumento de 135% em relação ao ano de 2007.

Devemos nos conscientizar a respeito das possibilidades do ensino

online e da possibilidade de fazermos desde curso profissionalizante até pós-

graduação em universidades públicas ou privadas, por meio da internet.

Inicia-se então uma enorme preocupação com o papel do professor no

âmbito da disposição dos meios tecnológicos para o mesmo, fazendo-o se

sentir a vontade, nisso a um grande investimento por parte das EAD’s em

fornecer cursos em computadores com vários programas para que o docente

Ano Ingressos %Δ Matrículas %Δ Concluintes %Δ 2002 20.685 - 40.714 - 1.712 - 2003 14.233 - 31.2 49.911 22.6 4.005 133.9 2004 25.006 75.7 59.611 19.4 6.746 68.4 2005 127.014 407.9 114.642 92.3 12.626 87.2 2006 212.246 67.1 207.206 80.7 25.804 104.4 2007 302.525 42.5 369.766 78.5 29.812 15.5

18

esteja preparado para realizar a sua disciplina com êxito, obviamente, o

domínio e a competência do professor sobre o conteúdo são de fundamental

importância no ensino virtual, assim como também o são para o ensino

presencial.

A nova prática educacional ressalta o surgimento tanto de um novo

professor quanto de um novo aluno, estes devem estar abertos para o

aprendizado contínuo avançado na área tecnológica e um perene

comportamento inovador. Já que na área da educação muitos professores

adquirem certo receio ao novo, ao diferente, criando obstáculos que os

impedem de progredir e avançar tecnologicamente.

Barreiras precisam ser quebradas, o professor tem que criar em si uma

vontade, motivação e coragem para mudar as suas práticas educacionais

tradicionais, convencionais e enraizadas ao presencial, percebendo assim a

força e o potencial desta nova ferramenta de trabalho que é o uso da internet e

adjacentes.

19

CAPÍTULO II

ANÁLISES DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

O desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação

tornar-se-ia possível com a convergência entre microeletrônica e computação.

Mudanças no modo de organização social ocorreram em decorrência da

interconexão entre microcomputadores em rede e a difusão da Internet. Com

as inovações nos meios de comunicação surge a “sociedade da informação”

(AURAY, 2000). Além de proporcionarem mudanças na economia com a

interligação dos mercados financeiros e a formação de um mercado global, as

novas tecnologias de informação e comunicação propiciariam mudanças na

educação à distância.

A legislação brasileira conceitua EAD como:

"Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-

aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos

sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes

de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados

pelos diversos meios de comunicação."(Diário Oficial da União

decreto n.†. 2.494, de 10 de fevereiro de 1998)

Além do material impresso que disponibiliza os conteúdos das

disciplinas, minimizando o acesso a leitura na tela e proporcionando ao alunos

mais autonomia nos horários e locais de estudo. Cada disciplina é elaboradas

por professores que recebem um acompanhamento pedagógico antes, durante

e após a elaboração do material, garantindo os padrões necessários para a

integração das mídias neste modelo de curso. Integrado aos demais recursos

do curso, o material impresso possibilita a leitura do conteúdo e a preparação

para os espaços de discussão. Os volumes são entregues aos alunos antes do

início das disciplinas. Há, por um lado, uma mudança na produção de materiais didáticos. Os

materiais didáticos produzidos com o uso de novas tecnologias de informação

e comunicação permitiriam que, no processo de ensino-aprendizagem,

professores, tutores e alunos tivessem mais interatividade. Haveria, por

20

5 PETERS, Otto. A educação à distância em transição. São Leopoldo/RS: Usininos, 2004

conseguinte, no que concerne aos métodos de ensino-aprendizagem, uma

diferença entre os meios de comunicação empregados na segunda geração da

educação à distância e as novas tecnologias de informação e comunicação.

Primeiramente, a transmissão de dados é mais rápida, aspecto que

potencializaria“ a aprendizagem autônoma” (PETERS5 , 2004: p.24). Assim, ao

tornar a comunicação entre estudantes, tutores e professores mais dinâmica, o

uso de novas tecnologias de informação e comunicação na educação à

distância inovaria as práticas educacionais. Áudios, vídeos e textos podem ser

digitalizados e disponibilizados em meios eletrônicos.

Com o uso de novas tecnologias de informação e comunicação na

educação à distância surgem os ambientes virtuais de aprendizagem. O

ambiente virtual de aprendizagem é um software produzido especificamente

para a educação, definido como uma plataforma voltada para favorecer a

interação entre estudantes, tutores e professores. Tendo como suporte a

Internet, o ambiente virtual de aprendizagem representa em uma plataforma

virtual, processos e atividades de ensino-aprendizagem, pesquisa e gestão

(ARMENGOL, 2002: p.191), realizados face a face na educação presencial.

Os ambientes virtuais de aprendizagem, ao representarem as atividades

de ensino-aprendizagem, pesquisa e gestão em uma plataforma virtual,

permitiram a descentralização da gestão e das atividades de ensino. Outra

característica relevante da educação à distância na sociedade da informação é

a flexibilidade. O uso de novas tecnologias de informação e comunicação na

educação à distância a torna mais flexível. Estudantes podem acessar a

qualquer momento o conteúdo das disciplinas no ambiente virtual de

aprendizagem.

Contudo, por exigir dos estudantes mais autonomia e independência,

além de um conhecimento sobre as tecnologias, a educação à distância

enfrenta obstáculos. Na perspectiva de Castells (2003: p.212), o sistema

educacional ainda não estaria preparado para as mudanças oriundas da

difusão e do uso de novas tecnologias de informação e comunicação,

principalmente da Internet. Como ressalta Castells, o acesso aos conteúdos da

Internet tem como condição básica o nível educacional dos indivíduos.

22

22

Para uma adaptação às exigências da “Era da Internet” (CASTELLS, 2003), o

sistema educacional teria que modificar tanto as metodologias quanto as

práticas educacionais. O desequilíbrio educacional existente nas sociedades

letradas pode ter como conseqüência a exclusão digital, ou seja, um

contingente significativo de pessoas, principalmente aquelas que residem no

interior, tenderia a ser excluída do acesso ao uso de tecnologias de informação

e comunicação, com isso fica a questão se os materiais elaborados pela

instituição atende ao nível de conhecimento de alunos que tiveram uma melhor

formação e com condições mais favoráveis como nos grandes centros urbanos

e estes seriam ministrados também a alunos que não tem tanto conhecimento

ou até uma má formação ou vice e versa? A preocupação se este aluno a ser

formado está realmente preparado para o mercado de trabalho?

Por outro lado, o uso das tecnologias de informação e comunicação nas

práticas educacionais exige mais tempo de dedicação dos professores na

formulação de conteúdos para as disciplinas e no atendimento aos estudantes

já que INFORMAÇÃO e CONHECIMENTO, não são a mesma coisa, e que

grande quantidade de informação não assegura um conhecimento do aluno.

O conhecimento não viaja via internet e construí-lo é algo muito

complexo ao qual o acesso as informações não garantem as condições

necessárias para se criar o conhecimento.

Hoje para extrair informações úteis do crescente oceano de informações

na internet, exige-se que o aluno tenha no mínimo um conhecimento básico do

tema investigado, assim como estratégias e referências para distinguir entre as

fontes confiáveis, já que se torna uma comunicação bidireccional ( two-way

communication) com base na possibilidade de se tornar um elemento muito

importante, onde este tipo de software cria um feedback para a aprendizagem.

Torna-se relevante ressaltar que as instituições devem estar em

constante contato com este aluno para observar se os materiais fornecidos ou

elaborados pelas mesmas atendem as exigências dos alunos ou se deixam a

desejar em algum fator.

A ampliação do acesso ao ensino superior e a democratização do

conhecimento são enfatizadas por educadores que trabalham com a educação

à distância e pela legislação de países que buscaram nesta modalidade

23

educacional um meio para conceder oportunidades de ensino e qualificar a

mão de obra.

Neste capítulo a nossa intenção é a reflexão sobre o papel que as

tecnologias desempenham nas EAD’s e nomeadamente no que se refere às

implicações que o potencial e características das mesmas têm no desempenho

pedagógico dos cursos.

No diagrama acima tentamos sistematizar as três dimensões em que as

tecnologias e os serviços que estas suportam são fundamentais em termos de

educação à distância , nelas embarcam a generalização das situações em que

as tecnologias são essenciais para o desempenho das atividades das

instituições de formação a distância.

Outra questão é que a educação à distância poderá “contribuir

decisivamente para universalizar, democratizar e agilizar a Educação em todos

os níveis no Brasil” (Coelho, 2000, p.32). Haverá uma grande ampliação no

número de alunos formados, agilizando e atendendo ao mercado do setor

24

privado. A educação poderá ter um currículo mais flexível atendendo a

crescente demanda de alunos que procuram cursos de especialização e

extensão.

25

CAPÍTULO III

A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Sendo um dos nossos objetos, o estudo da utilização de novas tecnologias

de informação e comunicação no ensino a distância, fica notório que esta

educação pressupõe o uso das mídias, que atualmente são: mídia impressa,

vídeo, teleconferência, videoconferência, mídia multimídia – o computador,

internet e realidade virtual.

Estando os alunos e professores distantes uns dos outros, alguma

tecnologia de comunicação é necessária para o contato. Até os anos 80, as

tecnologias disponíveis eram poucas e simples, para produção, acesso e

interação dos cursos. As instituições baseavam seus trabalhos em material

impresso, programas em áudio, vídeo ou transmissões em TVs e rádios

educativas. Quinze anos mudaram radicalmente as opções e projeções das

tecnologias possíveis de serem usadas em cursos à distância. Hoje o uso da

Internet, satélites e seus aplicativos permitem teleconferências,

vídeoconferências e seminários on-line.

Neste momento apresentarei brevemente as mídias utilizadas na

educação à distância, tais como:

• Material impresso;

• Vídeo;

• Correios;

• Rádios;

• Cd-Rom;

• Telefone;

• Fax;

• Tele e videoconferência,

• Computadores e realidade virtual devido ao potencial de uso em cursos à

distância, e daremos enfoque especial à internet.

Consideraremos também a familiaridade do aluno com a tecnologia, os

símbolos e linguagens pertinentes e as possibilidades de interação com o

professor/instrutor. A utilização de rádio e TV broadcast tem amplo relato em

26

Landim (1997). Em todas as situações a possibilidade de contatos presenciais

eventuais, seja de todo o grupo, de grupos geograficamente próximos ou

apenas com o professor/monitor podem ser providenciados

independentemente das mídias utilizadas.

O advento das tecnologias de informação e comunicação – TIC trouxe

novas perspectivas para a educação a distância devido às facilidades de

design e produção sofisticados, rápida emissão e distribuição de conteúdos,

interação com informações, recursos e pessoas, bem como à flexibilidade do

tempo e à quebra de barreiras espaciais. Universidades, escolas, centros de

ensino, organizações empresariais, grupos de profissionais de design e

hipermídia lançam-se ao desenvolvimento de portais educacionais ou cursos a

distância com suporte em ambientes digitais de aprendizagem que funcionam

via internet para realizar tanto as tradicionais formas mecanicistas de transmitir

conteúdos digitalizados como processos de comunicação multidirecional e

produção colaborativa de conhecimento.

Conforme Prado e Valente (2002) as abordagens de EaD por meio das

TIC’s podem ser de três tipos: broadcast, virtualização da sala de aula

presencial ou estar junto virtual. Na abordagem denominada broadcast, a

tecnologia computacional é empregada para “entregar a informação ao aluno”

da mesma forma que ocorre com o uso das tecnologias tradicionais de

comunicação como o rádio e a televisão. Quando os recursos das redes

telemáticas são utilizados da mesma forma que a sala de aula presencial,

acontece a virtualização da sala de aula, que procura transferir para o meio

virtual o paradigma do espaço-tempo da aula e da comunicação bidirecional

entre professor e alunos.

O estar junto virtual, também denominado aprendizagem assistida por

computador (AAC), explora a potencialidade interativa das TIC propiciada pela

comunicação multidimensional, que aproxima os emissores dos receptores dos

cursos, permitindo criar condições de aprendizagem e colaboração. O advento

da internet cria condições para que esta interação professor-aprendiz seja

intensa, permitindo o acompanhamento do aluno e a criação de condições para

o professor "estar junto", ao seu lado, vivenciando as situações e auxiliando-o a

resolver seus problemas.

27

No entanto, utilizar as TIC como suporte à EaD apenas colocando o

aluno diante de informações, problemas e objetos de conhecimento pode não

ser suficiente para envolvê-lo e despertar-lhe tal motivação pela aprendizagem

que ele crie procedimentos pessoais que lhe permitam organizar o próprio

tempo para estudos e participação das atividades, independente do horário ou

local em que esteja.

Conforme Almeida (2000: 79) é preciso criar um ambiente que favoreça

a aprendizagem significativa ao aluno, “desperte a disposição para aprender,

disponibilize as informações pertinentes de maneira organizada e no momento

apropriado, promova a interiorização de conceitos construídos”.

A utilização destas tecnologias em larga escala, apresenta algumas

implicações e treinamentos imensos para a educação, já que o aprendizado

poderá acontecer em todo tempo e lugar, ou seja em todos os estágios da vida

do aluno, pois o aprendizado será rico de informação, variedade de mídias e

um grande número de fontes de educação.

A velocidade e a extensão de informações irá revolucionar as

instituições de educação.

Embora seja apresentado neste trabalho menção de várias mídias, parte-

se do pressuposto que novas alternativas de comunicação e novas maneiras

de utilizar mídias já conhecidas estão surgindo a cada momento, necessitando

o educador a distância manter-se permanentemente atualizado e flexível para

analisar a possibilidade de incorporar novas mídias e alternativas aos seus

cursos.

A seleção vai depender de vários fatores, pode-se considerar o acesso

dos alunos e o custo como os principais. A questão parece óbvia, mas merece

cuidados. A seleção de uma mídia à qual todos os alunos não tenham acesso

criaria uma desigualdade que seria danosa para o desempenho dos alunos

menos privilegiados. Neste caso é necessário nivelar pela alternativa global, ou

providenciar o acesso a todos antes do início do curso.

Neste trabalho o enfoque consiste em analisar como se dá a utilização

das mídias tais como: material impresso, vídeo, tele e videoconferência,

Internet, computadores e realidade virtual devido ao potencial de uso em

cursos à distância, considerando a familiaridade do aluno com a tecnologia, os

símbolos e linguagens pertinentes e as possibilidades de interação com o

28

professor/instrutor. A utilização de rádio e TV broadcast tem amplo relato em

Landim (1997). Em todas as situações a possibilidade de contatos presenciais

eventuais, seja de todo o grupo, de grupos geograficamente próximos ou

apenas com o professor/monitor podem ser providenciados

independentemente das mídias utilizadas.

No Brasil, existem várias iniciativas de ensino a distância, alguns

utilizando vídeo conferência e outros com projetos via Web. Muitas instituições

estão fazendo parcerias com universidades do exterior para trazer a tecnologia

de ensino à distância. Mesmo fazendo parcerias com instituições do exterior,

as nossas instituições devem iniciar projetos de ensino via Web,

complementando as aulas tradicionais para que os docentes possam ir

absorvendo a tecnologia e a metodologia.

A interação via internet tem como objetivo a realização de espirais de

aprendizagem, facilitando o processo de construção de conhecimento (Valente,

2002). Para tanto, o aluno deve estar engajado na resolução de um problema

ou projeto. Nesta situação, ao surgir alguma dificuldade ou dúvida, ela poderá

ser resolvida com o suporte do professor, via rede. A partir da ajuda recebida, o

aluno continua a resolução do problema; surgindo novas dúvidas, essas

poderão ser resolvidas por meio da mediação pedagógica que o professor

realiza a distância.

Para o aluno o acesso as tecnologias e a informatização facilitarão

principalmente àqueles que não têm um horário disponível por trabalhar em

turnos, ela sempre terá disponível em seus momentos de folga o acesso a

internet para que possa estudar e dar continuidade ao curso

Com isso, estabelece-se um ciclo de ações que mantém o aluno no

processo de realização de atividades inovadoras, gerando conhecimento sobre

como desenvolver essas ações, porém com o suporte do professor. A internet

facilita o "estar junto" do professor com o aluno, auxiliando seu processo de

construção do conhecimento.

Esse feedback realizado pelos meios de comunicação, citando

principalmente a internet, através dos e-mail, blogs, MSN e outros facilitam no

processo de ensino/aprendizagem do aluno para que o mesmo se interesse

mais nos seus estudos, desenvolva e não se sinta sozinho em meio a um

29

amontoado de apostilas ou links, esse contato via internet fará com que o

discente se atualize em meio a uma enorme gama de informações

30

CONCLUSÃO

A educação a distância vem crescendo rapidamente em todo o mundo.

Incentivados pelas possibilidades decorrentes das novas tecnologias da

informação e das comunicações e por sua inserção em todos os processos

produtivos, cada vez mais cidadãos e instituições vêem nessa forma de

educação um meio de democratizar o acesso ao conhecimento, bem como de

expandir oportunidades de trabalho e aprendizagem ao longo da vida.

As universidades passam por uma grande evolução no sentido da

aprendizagem. Não é o professor que ensina, mas sim o aluno que aprende. O

aluno tem agora um papel mais ativo no processo ensino/aprendizagem. É

pressuposto o aluno desenvolver outras competências, tais como: atitudes e

valores, e não somente uma assimilação dos conteúdos, valorizando assim

cada vez mais a sua sociabilização, interação com o mundo em constante

evolução e mudança. Para isso, o papel do professor na sala de aula é cada

vez mais descentrado em si próprio, e este acaba por recorrer à diversidade de

situações, experiências e materiais tecnológicos. Nesse aspecto, Masetto

(1998, p.18), entende que "(...) o papel de transmissor de conhecimento,

função desempenhada até quase os dias de hoje, está superado pela própria

tecnologia existente".

Diante da diversidade e pela presença de novas tecnologias do

conhecimento, é preciso atenção para valorizar as diferenças, estimular idéias,

opiniões e atitudes, e desenvolver a capacidade de aprender a aprender e de

aprender a pensar, assim como levar o aluno a obter o controle consciente do

aprendido, retendo-o e sabendo como aplicá-lo em outro contexto. Dessa

maneira, a orientação e a diretividade são fundamentais para que o material

instrucional realize o objetivo que deve caracterizá-lo.

Em fatores numéricos percebe-se que os cursos tradicionais ainda se

destacam muito mais do que as EAD’s, porém, nos últimos anos esta diferença

tem diminuído, de acordo com a edição 2008 do Anuário Brasileiro Estatístico

de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD), mais de 2,5 milhões de

brasileiros estudaram em cursos a distância no ano de 2007, o que representa

um em cada 73 estudantes.

31

Dessa maneira, o papel do educador do século XXI será crucial, pois a

ele caberá a tarefa de alterar a si próprio, seu próprio comportamento, uma vez

que vem de uma cultura totalizadora em termos de aprendizado e ele mesmo

estará fazendo a ponte do totalitarismo para o universalismo. Logo, seu papel

não mais será o de apenas informar ou formar, mas também, e, sobretudo, o

de incentivar seus alunos a obter uma aprendizagem mais participativa e

evolutiva.

Porém, essa aprendizagem deverá estar pautada em uma nova forma

de pensar e fazer educação, partindo-se de uma consciência crítica coletiva

para ações individuais que produzam respostas coletivas no processo de

produção do saber. Evidentemente, essa produção poderá ser originada em

ações ou experimentos empíricos, porém haverá de se conservar o

compromisso de responsabilidade e de ética em tudo que se pretenda criar,

desenvolver ou inovar.

32

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