UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · fator fundamental para o sucesso e a...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE AFETIVIDADE NUM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO Por: Lilian da Silva Messerschmidt Orientadora Professora Edla Trocoli Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

AFETIVIDADE NUM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO

Por: Lilian da Silva Messerschmidt

Orientadora

Professora Edla Trocoli

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

AFETIVIDADE NUM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes

como requisito parcial para obtenção do grau de especialista

em Psicopedagogia.

Por: Lilian da Silva Messerschmidt

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AGRADECIMENTOS

A Deus, a minha mãe, ao meu pai in

memoriam, aos meus familiares, amigos e a

todos os professores pelos quais pude

aprender ao longo deste período

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DEDICATÓRIA

A Deus, a minha mãe, ao meu pai (in memoriam) em

especial, pois só conclui este curso por saber que

onde estiver ficará muito feliz, aos amigos e

familiares, por todo incentivo e carinho em todos os

meus momentos difíceis que passei durante esse

período.

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RESUMO

A afetividade tem um papel fundamental para o processo de ensino

aprendizagem uma vez que a relação entre professor e aluno depende,

fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática

com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de

compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e

o deles. O professor precisa estar atento às necessidades apresentadas pelos

alunos, uma vez que o mesmo tem a responsabilidade de ser um mediador

entre as dificuldades existentes. A relação entre o professor e o aluno é um

fator fundamental para o sucesso e a realização de ambos. Por essa razão a

relação entre os atores da educação deve ser marcada pela parceria, diálogo,

aceitação dos limites e pela valorização do potencial de cada um.

O professor queira ou não, interfere positiva ou negativamente na

formação de seu aluno, quando coloca em pauta o seu potencial de aprendiz e

fragiliza o vínculo estabelecido nas relações, cabe ao psicopedagogo intervir

neste processo para que o aluno possa sentir segurança em seu potencial,

desenvolvendo assim um grande vínculo entre o aluno e o professor, gerando

maior confiança em ambas as partes.

Palavra chave: afeto, família, psicopedagogia.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido, através de pesquisa bibliográfica a fim de

ampliar os estudos e os conhecimentos fornecidos.

Proporcionando uma maneira mais fácil de entendimento para a transmissão

do conteúdo no qual foi estudado.

A metodologia adotada neste trabalho foi análise de textos, revistas e

livros de grandes autores, tais como: Paulo Freire, Piaget, Vygotsky, Wallon,

entre outros, contribuindo assim para uma melhor compreensão do que foi

desenvolvido durante esse período.

De acordo com Wallon, os movimentos podem gerar emoções e ser

representados neles, facilitando sua aprendizagem. A criança pode indicar

estados emocionais, partindo dos movimentos por elas executados, e que

devem ser levados em consideração no contexto da sala de aula.

Apropriando-se das práticas culturalmente estabelecidas, ela vai

evoluindo das formas elementares de pensamento para formas mais abstratas,

que a ajudarão a conhecer e controlar a realidade. Nesse sentido, Vygotsky

destaca a importância do outro não só no processo de construção do

conhecimento, mas também de constituição do próprio sujeito e de suas formas

de agir, mencionando o papel do outro no processo de aprendizagem torna-se

fundamental. Conseqüentemente, a mediação e a qualidade das interações

sociais ganham destaque. Segundo ele cada criança tem características

próprias tem aquelas mais tímidas (que demoram interagir com o grupo), essas

precisam de estímulos para garantir a interação. Outras são bem agitadas e

interagem com mais facilidade.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I - O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO 20

CAPÍTULO II - AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: RELAÇÃO

PROFESSOR-ALUNO 29

CAPÍTULO III - O PAPEL DA ESCOLA E DA FAMÍLIA 34

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 37

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INTRODUÇÃO

Muito já se falou sobre educação, afeto, enfim a temática é antiga, o ser

humano está sempre em busca da felicidade. Ser feliz é um objetivo ao mesmo

tempo simples e complexo porque depende de mera decisão e é complexo

porque o ser humano é único, genial, é especial e aprende e ensina, e evolui e

cresce e é. Educação e afeto. Educação para a felicidade e para a vida, eis a

meta do educador, não apenas do professor, é a de formar seres humanos

felizes e equilibrados.

Em todos os tempos, em todas as culturas sempre se almejou a

felicidade. Como bem sabemos uma educação entre professores e alunos que

não aborde a emoção na sala de aula como a afetividade traz prejuízos para a

ação pedagógica, pois podem atingir não só o professor, mas também o aluno.

E se o professor não souber lidar com crises emocionais isso poderá provocar

desgastes físico e psicológico, portanto se faz necessário a cada dia lidarmos

com essas situações em sala de aula, uma vez também que a criança sente a

necessidade de demonstrar esse carinho ao professor, dependendo do seu

relacionamento em seu lar e a escola, pode ser esse vinculo afetivo, fazendo

com que esse aluno aprenda para a vida inteira.

A psicopedagogia tem se apresentado de diversos modos, sob a

influência da psicologia e da pedagogia. Tem como identidade própria área de

conhecimento, linha de pesquisa em educação e em psicologia, e atividade

terapêutica ou preventiva.

Esta área de atuação também permite aos profissionais a análise do

processo de aprendizagem do ponto de vista do sujeito que aprende e da

instituição que ensina no que tange a seu decurso normal ou com dificuldades.

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Contribuir para o crescimento dos processos da aprendizagem e auxiliar

no que diz respeito a qualquer dificuldade em relação ao rendimento escolar,

também é do âmbito da psicopedagogia, bem como de educadores em geral.

A grande responsabilidade para a construção de uma educação sadia

está nas mãos do professor. Por mais que o diretor ou o coordenador

pedagógico tenham boa intenção, nenhum projeto será suficiente se não for

aceito, abraçado pelos professores porque é com eles que os alunos têm maior

contato, daí a importância do psicopedagogo, auxiliar o professor para que este

venha a desenvolver o seu trabalho com melhor qualidade, fazendo com que

os alunos aprendam. Ter conhecimento de como o aluno constrói seu

conhecimento, compreender as dimensões das relações com a escola, com os

professores, com o conteúdo e relacioná-los aos aspectos afetivos e cognitivos,

permite uma atuação mais segura e eficiente.

Reflitamos a respeito do ser global que está perante um movimento de

aprendizagem. Devemos considerar que o desenvolvimento deste se dá

harmoniosamente e equilibradamente nas diferentes condições orgânica,

emocional, cognitiva e social. As dificuldades de aprendizagem podem surgir

quando um ou mais aspectos citados encontram-se alterados e tendem a

agravar-se na medida em que não são diagnosticados precocemente.

Onde tem por objetivo refletir sobre a importância da afetividade no que

tange ao desempenho escolar e, sobretudo no seu desenvolvimento visando

ampliar a qualidade do ensino que não se restringe, portanto, ao domínio do

conhecimento e às condições materiais e outros fatores técnicos, mas está

intimamente ligada ao relacionamento entre professor e aluno, ao clima afetivo

e de confiança do contexto de ensino aprendizagem e também perceber que a

afetividade deve ser um processo de mediação na construção do

conhecimento.

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No primeiro capítulo iremos discutir sobre o papel do psicopedagogo:

psicopedagogia na instuição escolar, fracasso escolar segundo a

psicopedagogia, a prática psicopedagógica e qual o papel do psicopedagogo

nas áreas possíveis de atuação.

No segundo capítulo afetividade e aprendizagem: a relação

professor-aluno, a importância da afetividade no cotidiano escolar e auto-

estima do aluno.

O terceiro capítulo irá abordar o papel da escola e da família. Por fim

temos as considerações finais onde faremos um apanhado das principais

questões que nortearam esta obra, no caso deste estudo.

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CAPÍTULO I

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO

A psicopedagogia é um campo do conhecimento que se propõe a

integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes ciências

humanas com a meta de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados

processos inerentes ao aprender humano. Enquanto área de conhecimento

multidisciplinar interessa a Psicopedagogia compreender como ocorre os

processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas

neste movimento.

A psicopedagogia constitui-se em dois saberes - psicologia e pedagogia

que vai muito além da simples junção dessas duas palavras. Isto significa que

é muito mais complexa do que a simples aglomeração de duas palavras, visto

que visa identificar a complexidade inerente ao que produz o saber e o não

saber. É uma ciência que estuda o processo de aprendizagem humana, sendo

o seu objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento.

Surgiu no Brasil devido ao grande número de crianças com fracasso escolar e

de a psicologia e a pedagogia, isoladamente, não darem conta de resolver tais

fracassos.

O psicopedagogo tem a função de observar e avaliar qual a verdadeira

necessidade da escola e atender aos seus anseios, bem como verificar, junto

ao Projeto Político-Pedagógico, como a escola conduz o processo ensino-

aprendizagem, como garante o sucesso de seus alunos e como a família

exerce o seu papel de parceira nesse processo.

A lei que trata do reconhecimento da profissão de psicopedagogo está

na câmara dos deputados federais. Psicopedagogos elaboraram vários

documentos nos anos de 1995 e 1996, explicitando suas atribuições, seu

campo de atuação, sua área científica e seus critérios de formação acadêmica,

um trabalho que contou com a colaboração de muitos. O psicopedagogo possui

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a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) como elo de interlocução. A

ABPp iniciou com um grupo de estudos formado por profissionais preocupados

com os problemas de aprendizagem, sendo que, atualmente, também busca o

reconhecimento da profissão.

É do Deputado Federal Barbosa Neto o projeto de reconhecimento

desse profissional (Projeto de Lei 3124/97). De início, o deputado propôs uma

sondagem entre os políticos da época (1996) sobre a aceitação ou não do

futuro projeto. Nesse período, o MEC organizava a nova Lei de Diretrizes e

Bases (LDB), promulgada em dezembro do mesmo ano. A data que formalizou

a entrada do Projeto de Lei é 14 de maio de 1997.

Em 24 de junho desse mesmo ano, a ABPp assumiu, em visita à

câmara, o reiterar do projeto junto às lideranças políticas do país, do que

resultou a sua aprovação no dia 03 de setembro de 1997 pela Comissão de

Trabalho de Administração e Serviço Público. Após esta aprovação, o projeto

foi encaminhado à 2ª Comissão, que é a de Educação, Cultura e Desporto,

acontecendo, então, em 18 de junho de 1998 e 06 de junho de 2000,

audiências para aprofundamento do tema. A aprovação nessa comissão

ocorreu em 12 de setembro de 2001, após um trabalho exaustivo da relatora

Marisa Serrano, do Deputado Federal Barbosa Neto e dos psicopedagogos que

articularam tal discussão no Brasil.

Em 20 de setembro de 2001, houve mais um avanço político com a

aprovação do Projeto de Lei 10891, da autoria do Deputado Estadual (SP)

Claury Alves da Silva. O Projeto de Lei 10891 "autoriza o poder Executivo a

implantar assistência psicológica e psicopedagógica em todos os

estabelecimentos de ensino básico público, com o objetivo de diagnosticar e

prevenir problemas de aprendizagem”.

Atualmente, o Projeto de Lei que regulamenta a profissão do

Psicopedagogo está na Comissão de Constituição, Justiça e Redação para ser

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aprovado. Quando aprovado, irá para o Senado onde terá que passar por três

comissões: Trabalho, Educação e Constituição, Justiça e Redação para,

finalmente, ser sancionado pelo Presidente da República. No momento, a

profissão de Psicopedagogo, tendo em vista o trabalho de outras gestões da

ABPp ( Associação Brasileira de Psicopedagogia ) e dessa última, tem amparo

legal no Código Brasileiro de Ocupação. Isto quer dizer que já existe a

ocupação de Psicopedagogo, porém, isso não é suficiente. Faz-se necessário

que esta profissão seja regulamentada.

1.1 Psicopedagogia na Instituição Escolar

O psicopedagogo institucional, qualificado como um profissional na área

da educação tem a capacidade de desenvolver o seu trabalho, dando

assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para

melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para

prevenção dos problemas de aprendizagem que vão surgindo ao longo do ano

letivo, visando assim à solução dos problemas apresentados.

Diante do baixo desempenho dos alunos, as escolas estão cada vez

mais preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem, e não

sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o

processo considerado normal e não possuem uma política de intervenção

capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem,

surgindo então à necessidade do profissional psicopedagogo.

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando

necessário, para outros profissionais - psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista,

etc. que realizam diagnóstico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento.

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Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição

escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e

profissional implicam a configuração de uma identidade própria e singular que

seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na

instituição escolar.

Na verdade, a psicopedagogia é uma área de atuação que visa a

prevenção, posicionando-se para compreender o processo do desenvolvimento

e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias áreas e estratégias

pedagógicas objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir nos

processos de transmissão e apropriação dos conhecimentos (possíveis

dificuldades e transtornos) , o papel essencial do psicopedagogo é o de ser

mediador em todo esse movimento. Se for além da simples junção dos

conhecimentos da psicologia e da pedagogia.

Poderá atuar em diferentes campos de ação, situando-se tanto na

saúde como na educação, já que seu fazer visa compreender as variadas

dimensões da aprendizagem humana, que, afinal, ocorrem em todos os

espaços e tempos sociais. É uma área que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acredita-se que, se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o

número de crianças com problemas seria bem menor.

O psicopedagogo tem um papel fundamental em uma instituição, pois

ele auxiliará tanto os alunos quanto os professores, de um modo geral este

profissional deverá está inserido em todas as atividades, ajudando o professor

a acreditar no que diz ter convicção em seus ensinamentos para que os alunos

também acreditem neles e se sintam envolvidos.

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Este não deve atuar somente no âmbito escolar, mas alcançar a família e

a comunidade, esclarecendo sobre as diferentes etapas do desenvolvimento,

para que possam compreender e entender suas características evitando assim

cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da idade.

O psicopedagogo na instituição escolar poderá:

- ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um plano de

aula para que os alunos possam entender melhor as aulas;

- ajudar na elaboração do projeto pedagógico;

- orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele

aluno com dificuldades de aprendizagem;

- realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas

pedagógicos que possam estar prejudicando o processo ensino-aprendizagem;

- encaminhar o aluno para um profissional (psicopedagogo, psicólogo,

fonoaudiólogo etc) a partir de avaliações psicopedagógicas;

- conversar com os pais para fornecer orientações;

- auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam

ter um bom relacionamento entre si;

- conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação.

1.2 Fracasso Escolar Segundo a Psicopedagogia A expressão “fracasso escolar” ultimamente tem sido utilizada de

diversas maneiras, devido à diversidade de fatores provenientes no processo

da aprendizagem, atualmente se reconhece que, ao lado de um pequeno grupo

de crianças que apresentam transtornos específicos na aprendizagem escolar,

decorrentes de imaturidade, déficit de atenção ou problemas neurológicos,

existem muitas outras que apresentam manifestações pedagógicas

semelhantes, conseqüentes de inúmeros outros fatores não necessariamente

orgânicos.

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Pode-se afirmar que a família também contribua para que o fracasso

aconteça, uma vez que a criança vive com a mãe ou com uma mãe substituta

permanente cuja atitude para com ela não é satisfatória ou então uma criança

que perdeu os pais ou sofreu abandono, interferindo assim de uma forma

negativa no seu processo de aprendizagem. Tanto a família como a escola,

deve agir no sentido de favorecer o desenvolvimento da criança, ajudando-a

em seu crescimento e auxiliando-a durante as dificuldades encontradas ao

longo do período escolar.

A maioria das crianças que são encaminhadas pela professora a um

psicopedagogo, possui geralmente histórico de fracasso escolar. Por essa

razão, a criança, gera um preconceito em torno de si mesma, por achar que

não será capaz de acompanhar as aulas, os conteúdos apresentados, etc.,

portanto, ela não acredita que poderá desenvolver o que lhe foi confiado, uma

vez que duvida de suas habilidades e potencialidades, generalizando uma

dificuldade sua para outras áreas que domina.

Se, entre os dados subjetivos pergunta-se a criança “qual é sua

habilidade?” muitos não sabem o que responder, pois se acham incapazes de

fazer qualquer coisa. E isso não é verdade, pois todo mundo tem habilidade

para alguma coisa. O problema é que aquelas pessoas foram criadas para

pensar que não servem para nada, causando assim um bloqueio para

demonstrar o que sente.

O descontentamento freqüente dos professores é de que os alunos não

têm limites, não tem disciplina, não quer estudar e enfim, o discurso freqüente

de ‘se’ a família ajudasse, ‘se’ tivesse a avó presente e etc. O ‘se’ sempre

impondo o mesmo movimento de culpa e de responsabilidade no outro e não

implicando ao que eles (educadores) estão ensinando a uma criança sem pais

presentes. Uma das respostas mais ouvidas pelos professores quando a

pergunta sobre a escolha dos assuntos dados em sala de aula é “parte dos

interesses e necessidades dos alunos”.

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O professor ou qualquer outro profissional da área educacional antes de

trabalhar qualquer dificuldade de aprendizagem do aluno, deve-se fazer uma

reflexão sobre sua vida, dúvidas, conflitos e incertezas. Ter um envolvimento

com sua história. Fazendo-o acreditar que é capaz que possui dons e

habilidades específicas que podem ajudá-lo a superar suas dificuldades, e

também a entender que ele tem uma grande importância no lugar que vive e

ocupa. Segundo Maria Dolores Fortes Alves:

“Educador há os milhares. Mas professor é profissão não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é a vocação. Toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança”. (Alves, 2006, p.140))

O profissional da área da educação deve estar sempre atento a real

condição do educador e do educando. O professor, como representante do

papel que lhe é socialmente atribuído, ou seja, ensinar depara-se com vários

dilemas seus que se misturam com o papel da profissão que ocupa. Os

professores assumem, além de ensinar, a disciplina e em tornar uniforme o que

é diferente produzindo assim, via educação, os privilégios e os sofrimentos.

Em nosso cotidiano construímos a nossa existência e da diferença que

estabelecemos com o outro. É necessário então um exercício diário dos atos

fundadores da identidade e da diferença. O professor, ao perceber o seu

cotidiano, as suas tradições, as crenças do que é correto ou incorreto não deve

vê-las como única. E desses conhecimentos e desses saberes não mais

únicos, dessa mudança de olhar, dessa resignificação que se supera o

fracasso escolar através da vida cotidiana. Nessa perspectiva, o fracasso

escolar passa a ser explicado pela existência de diferenças individuais na

capacidade de aprendizagem das crianças.

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Um dos problemas educacionais da atualidade que mais chama atenção

é a dificuldade da leitura e escrita, quando uma criança ingressa na escola, sua

primeira tarefa é aprender a ler e escrever, sendo a alfabetização o centro das

expectativas de pais e professores. Os pais a e própria criança não têm, em

geral, razão para duvidarem do sucesso nessa nova aprendizagem.

No entanto, o que muitas vezes os pais e professores não consideram, é

que a leitura e a escrita são habilidades que exigem da criança a atenção para

aspectos da linguagem aos quais ela não precisa dar importância, até o

momento em que começa aprender a ler e escrever. Por isso, toda a criança

encontra alguma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita. Aprender

a ler exige novas habilidades, novos desafios à criança com relação ao seu

conhecimento da linguagem.

Por isso, aprender a ler é uma tarefa complexa e difícil para todas as

crianças. Quando as crianças não conseguem atender às expectativas da

professora, supõe-se e conclui-se que elas têm problemas, pois a escola

constrói um modelo de bom aluno, mas nem todas as crianças se adaptam

dentro desse modelo, quando isso acontece os professores recorrem às

muletas para explicar tal situação.

Sobrecarregados de tanta violência estas crianças acabam aprendendo

que não poderão aprender, buscando estratégias de sobrevivência neste

sistema, tentam adequar-se às normas e copiam do quadro mesmo sem saber

como e porquê. Outras se recusam a copiar, procuram outras atividades para

fazer, surgindo o espaço ideal para a indisciplina. Várias pesquisas afirmam

que o fracasso na leitura constitui uma das principais causas de repetência ou

atraso escolar. Cerca da metade dos alunos repetem a primeira série onde a

repetência é acentuada e está intimamente relacionada com problemas.

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É preciso distinguir aquilo que é próprio da criança, em termos de

dificuldades, daquilo que ela reflete em termos do sistema em que se insere. O

psicopedagogo deve buscar o que significa o aprender para esse sujeito e sua

família, tentando descobrir a função do não aprender. Conhecer como se dá a

circulação de conhecimento na família, qual a modalidade de aprendizagem da

criança, não perdendo de vista qual o papel da escola na construção do

problema de aprendizagem apresentado, tentando também engajar a família no

projeto de atendimento para ampliar seu conhecimento sobre a dificuldade,

modificando seu modo de pensar e de agir com relação à criança.

1.3 A Contribuição da Psicopedagogia na Educação A escola tem um papel essencial na construção do intelecto dos

indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas. E o desempenho desse

papel só se dá na medida em que, conhecendo a situação de desenvolvimento

cognitivo do aluno, a escola dirige o ensino para estágios de desenvolvimentos

mais avançados, ainda não incorporados pelos alunos, funcionando como um

motor de novas conquistas intelectuais.

Permitindo uma maior compreensão e conhecimento acerca das

diversas fases do desenvolvimento do ser humano, e um melhor entendimento

sobre a aprendizagem e das condições que a torna mais eficiente e fácil de ser

assimilada, compreendida.

A ação do psicopedagogo na escola oportuniza um espaço de reflexões,

onde o professor poderá através de diálogos e estudos com o psicopedagogo

repensar e adequar a sua pratica de maneira a suprir as necessidades

coletivas e individuais das crianças. Com esse olhar psicopedagógico, é

possível perceber as necessidades de cada criança, além de perceber a escola

como um todo, incluindo todos os participantes dessa escola como atuantes

nas construções das crianças.

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A psicopedagogia surge de uma necessidade de entender e solucionar

as dificuldades de aprendizagem, que eram vistas como um mal. Durante muito

tempo, a criança que tivesse alguma dificuldade de aprendizagem não era

respeitada em seu processo de construção do conhecimento, sofrendo

preconceitos e, muitas vezes, sendo encaminhada para escolas especiais.

A criança, ao ingressar na escola, possui um conhecimento prévio. Este

tendo um significado afetivo em relação ao que será construído posteriormente

pela criança. É necessário que a escola compreenda esses significados para

organizar suas intervenções pedagógicas de forma a contribuir com o processo

de aprendizagem do sujeito.

Portanto o psicopedagogo tem uma grande importância no processo de

ensino-aprendizagem, visando favorecer o melhor desempenho dos alunos,

por fazer um trabalho entre os muitos profissionais, visando à descoberta e o

desenvolvimento das capacidades da criança, bem como pode contribuir para

que os alunos sejam capazes de olhar esse mundo em que vivem, de saber

interpretá-lo e de nele ter condições de interferir com segurança e

competência.

Assim, o psicopedagogo não só contribuirá com o desenvolvimento da

criança, como também contribuirá com a evolução de um mundo que melhore

as condições de vida da maioria da humanidade.

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CAPITULO II

AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM: A RELAÇÃO

PROFESSOR-ALUNO

Ultimantente as escolas tem se preocupado muito com o conhecimento

intelectual e ao passar do tempo constata-se que tão importante como às

idéias e o conhecimento é o equilíbrio emocional, o desenvolvimento de

atitudes positivas diante de si mesmo e dos outros, aprender a colaborar, a

viver em sociedade, em grupo, a gostar de si e dos demais. Afetividade é um

componente básico do conhecimento e está intimamente ligado ao sensorial e

ao intuitivo. A afetividade se manifesta no clima de acolhimento, de empatia,

inclinação, desejo, gosto, paixão, de ternura, da compreensão para consigo

mesmo, para com os outros e para com o objeto do conhecimento.

O homem contemporâneo, pela relação tão forte com os meios de

comunicação e pela solidão da cidade grande, é muito sensível às formas de

comunicação que enfatizam os apelos emocionais e afetivos mais do que os

racionais. A afetividade dinamiza as interações, as trocas, a busca, os

resultados. Facilita a comunicação, toca os participantes, promove a união. O

clima afetivo prende totalmente, envolve plenamente, multiplica as

potencialidades.

Na educação podemos ajudar a desenvolver o potencial que cada aluno

tem, dentro das suas possibilidades e limitações. Para isso, precisamos

praticar a pedagogia da compreensão, do amor, do afeto, do carinho, do

respeito contra a pedagogia da intolerância, da rigidez, a do pensamento único,

da desvalorização dos menos inteligentes, dos fracos, problemáticos ou

“perdedores”, visando assim um maior vínculo afetivo entre o professor e o

aluno.

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2.1 A importância da afetividade no cotidiano escolar

A escola é um lugar de desejos, afetos, dúvidas e conflitos que

constituem a vida humana, estes elementos essenciais presentes em todos os

momentos na relação ensino-aprendizagem; é um espaço dialético, onde

convivem autoritarismo e diálogo, oposição e interação, razão e emoção, por

isso os pais e os professores precisam estar cientes da importância da

afetividade na vida de seus filhos e/ou alunos, a afetividade é um conceito

amplo, integra relações afetivas como a emoção (medo, cólera, alegria,

tristeza), a paixão e o sentimento, inerentes ao processo ensino aprendizagem.

Como afirma Freire:

Na verdade preciso descartar como falsa a separação”.radical entre seriedade docente e afetividade. Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo ensinar. A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade ... (1996, p.159-160)

A escola constitui-se num espaço essencialmente educativo, cuja função

principal é a de transferir o conhecimento, possibilitando ao educando o acesso

e a reconstrução do saber. Essa função está ligada às relações de convivência

entre o professor e o aluno, onde este grau de amizade e intimidade precisa

ser posto em prática a cada dia, pois a transmissão do conhecimento se dá na

interação entre pessoas. Assim, nas relações ali estabelecidas,

professor/aluno, aluno/aluno, o afeto está presente. Um dos componentes

essenciais para que esta relação seja significativa e represente uma parceria

no processo ensino-aprendizagem, é o diálogo.

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De acordo com a perspectiva walloniana, falar de afetividade no ato

educacional, mais precisamente na relação professor - aluno é falar de como

lidar com as emoções, com a disciplina e com a postura do conflito eu-outro.

Vale ressaltar que essa postura de conflito eu-outro ocorre em dois momentos

distintos da vida do educando: na infância e na adolescência. Para a criança, o

conflito se dá com as diversas interferências da família, sua primeira

comunidade, e da escola (ou qualquer outro ambiente que ela freqüente) em

sua vida. Para o adolescente, o conflito ocorre com o estranhamento de si com

o mundo que o cerca. A sociedade acaba influenciando no desenvolvimento

psíquico do aprendiz. O professor deve estar atento e consciente de sua

responsabilidade como educador.

O ambiente de sala de aula, que muitas vezes pode se mostrar frio,

severo e hostil aos nossos educandos, deve ser recolocado, reapresentado aos

mesmos de forma mais amena e amigável. Quando a maioria das tarefas de

sala de aula exige que a criança fique parada e estática, com uma atenção

direcionada ao que é exposto pelo professor, mui certamente este local não

será um dos mais atraentes a ela.

Não é difícil, dentro desse clima austero, surgir hostilidade da criança em

relação ao professor e ao ambiente escolar. Dentro dessas situações de

conflito facilmente observadas nas escolas, o professor pode fazer toda a

diferença. Se o professor tiver conhecimento do conflito eu-outro na construção

da personalidade do aluno, com certeza, ele saberá conduzir as relações e

receberá esses estímulos com mais calma, não tomando os mesmos como

uma questão pessoal.

O professor precisa compreender o aluno e seu universo sócio-cultural.

Mas conhecer esse aluno (e seu universo) implica em uma pré-disposição de

amá-lo. Cabe ao professor investigar mais esse aluno e, ao longo de sua

formação, não deixar que esse educando acumule raivas ou questionamentos.

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Hoje muito se sabe que o lado intelectual caminha de mãos dadas com o lado

afetivo.

Segundo Gabriel Chalita (2001) educar é criar vínculos; envolver e

seduzir os alunos significam estar atento tanto às metodologias pedagógicas

apropriadas quanto a detalhes como chamá-los pelo nome ou olhar para eles

quando se fala por isso o professor precisa ir mais além do que o conteúdo

ensinado em sala de aula, ele precisa ensinar com a vida, com as experiências

vivenciadas ao longo da sua caminhada.

O desempenho bem-sucedido reforça bons sentimentos e a cada

sucesso alcançado, o aluno se considera mais competente, sua capacidade de

enfrentar desafios é maior e mais saudável psicologicamente do que daquele

que tem uma visão negativa de si, pois se acha um derrotado e teme situações

que possam expor seus pensamentos e sentimentos, por isso o professor

precisa ser um grande incentivador, procurando da melhor forma encorajar o

aluno para que ele se sinta capaz de enfrentar os grandes desafios que

futuramente possa ocorrer ao longo da vida.

2.2 A Relação afetiva na escola e a auto-estima do aluno

A escola é responsável por transmitir o conteúdo que lhe é proposto ao

longo do ano letivo, mas será que ela é responsável somente por transmitir

este conteúdo didático? O aluno precisa se sentir acolhido pelo professor a

todo o momento desde o inicio do ano letivo até o seu término, vale ressaltar

que existem educadores que ensinam para a vida inteira, através de um

simples abraço, um simples gesto de amor. Segundo Alves ela afirma que:

“Para se ensinar conteúdos o professor não precisa necessariamente estar presente na sala de aula, pode até mesmo ensinar à distância. No entanto, para se despertar artistas da vida, parteiros de sonhos e de amor, cabe o educador”. (Alves)

25

A afetividade é um tema central na obra de Henri Wallon. No entanto, a

sua teoria não se encontra sistematizada, isto é, não é apresentada como

conjunto de conhecimento organizado. A posição de Wallon a respeito da

importância da afetividade para o desenvolvimento da criança é bem definida.

Na sua opinião, ela tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento

da personalidade e este, por sua vez, se constitui sob a alternância dos

domínios funcionais.

A afetividade, assim como a inteligência, não aparece pronta nem

permanece para sempre. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento; são

construídas e se modificam de um período a outro, pois, à medida que o

indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas também, é comum vermos

uma criança de quatro anos ser ouvida e respeitada do que ser simplesmente

acariciada e beijada por exemplo, no estágio personalista, em que o

comportamento dominante é o afetivo, a função dominada, a inteligência,

pactua com as conquistas da afetividade, preparando-se para sucedê-la no

próximo estágio.

A evolução da inteligência é incorporada pela afetividade de tal modo

que outras relações afetivas emergem. O início da representação, uma

conquista do campo intelectual, permite à criança ter relações afetivas mais

complexas, como a paixão e o sentimento.

Constantemente o professor precisa rever as práticas pedagógicas

adotas não somente aquelas que o preocupam como, por exemplo, o conteúdo

a ser trabalhado, mas sim avaliando também o lado cognitivo, e com isso,

valorizando o que o aluno tem a oferecer ou precisa receber que é a

afetividade e a auto-estima, favorecendo assim, um melhor desempenho ao

longo do ano letivo, visando assim uma qualidade de ensino-aprendizagem

tanto para o professor como para o aluno.

26

É evidente que a afetividade tem um papel essencial em nossa vida,

pois quem gosta de ser maltratado por outra pessoa em um restaurante, no

coletivo? E de ser chamado atenção de maneira grossa na frente de outras

pessoas? Ninguém nasceu para sofrer ou fazer outro sofrer. Desta forma, o

aluno também tem o direito de receber tratamento que o respeite enquanto

cidadão e que trate o outro da forma como vem recebendo atenção.

A afetividade nas relações deve ser recíproca em valores

verdadeiramente humanos. Uma vez que se pretende formar cidadãos

honestos responsáveis, a formação da auto-estima é fundamental para

qualquer indivíduo, vale ressaltar que, todas as relações iniciam a partir do

momento que as limitações de um são respeitadas, o que favorece o

reconhecimento das limitações do outro.

A auto-estima é, numa abordagem simplificada, o que a pessoa sente em

relação a si mesma. Quando positiva, significa que a pessoa tem uma boa

imagem de si, acredita que os outros gostam dela e confiam em sua habilidade

de lidar com desafios. Quando negativa, acha que não merece o amor de

ninguém, não acredita em seu potencial, que não é capaz, e considera que não

sabe fazer nada direito, desvalorizando-se a si mesma, daí surge a

necessidade do educador avaliar o que ele observa em sala de aula para obter

colocar em prática o que lhe é confiado.

Na escola diante de diferentes profissionais o professor é que tem mais

contato com a criança dentro do espaço educacional, por isso, torna-se o

referencial para a construção da personalidade da criança e da sua auto-

imagem, no sentido de oferecer atenção devida ao seu desempenho escolar,

fazendo com que o amor-próprio seja solidificado, pois faz parte do processo

de aprendizagem de vida e é o sentimento obrigatório em uma existência

satisfatória.

27

É de suma importância que o professor, por maior que seja sua

capacidade, seu conhecimento, sua formação, tenha consciência de que ele e

seus alunos estão em locais, ângulos opostos: por outro lado, ele não deve se

vangloriar desta hierarquia e muito menos de seu conhecimento. Para que haja

uma boa convivência entre professor e aluno um bom diálogo é fator de

essencialmente.

A aprendizagem é um processo contínuo, que dura toda a vida. Só

crescemos e nos desenvolvemos na medida em que estivermos abertos a

novos conhecimentos, na medida em que estivermos dispostos a modificar

nossas opiniões, nossas crenças, nossas convicções. Se nos apegarmos às

nossas idéias, sem disposição para discuti-las e para modificá-las,

permaneceremos parados no tempo, ou melhor, caminharemos para trás.

2.3 A Presença do diálogo da Relação Professor-Aluno

"Não se pode falar de educação sem amor". (Paulo Freire)

Paulo Freire ao citar esta frase mostra que o diálogo tem um papel

fundamental para a construção do saber e da relação professor/aluno uma vez

que ele torna as dúvidas, as incertezas e até mesmo à transmissão do

conhecimento de forma mais clara, ressaltando que a tarefa de educar deveria

ser para a maioria das famílias e professores, uma função tão natural quanto

respirar ou andar. No entanto, educar apresenta em suas ações familiares e

educacionais, e dentro de teorias consideradas ideais, uma complexa tarefa a

ser desempenhada.

Portanto, alguns professores não lembram que tem um papel de “espelho”

dentro de uma sala de aula, esquecem que seus alunos os admiram e estão

preocupados em ser iguais a eles, acabando por imitá-los em suas atitudes e

28

até pensamentos. Se os professores percebessem essa imitação sem dúvida

procurariam policiar suas atitudes, palavras e posturas.

Segundo FREIRE (1996: 96), “o bom professor é o que consegue,

enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu

pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus

alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas

de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas

incertezas”.

Ainda segundo o autor, “o professor autoritário, o professor licencioso, o

professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o

professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com

raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles

passa pelos alunos sem deixar sua marca”.

O aluno em si muitas vezes vai para a sala de aula em busca de

respostas que esclareçam o seu verdadeiro papel na sociedade. Considera

esta escola, como grupo social que pode contribuir para sua formação como

cidadão e, na maioria das vezes, o professor não se preocupa com o “tipo” de

aluno que está convivendo, muito menos, em estabelecer um vínculo afetivo

mais forte nesta relação favorecendo atitudes positivas que favoreçam na

formação da auto-estima do aluno.

A atitude do professor em sala de aula é importante para criar climas de

atenção e concentração, sem que se perca alegria. As aulas tanto podem inibir

o aluno quanto fazer que atue de maneira indisciplinada. Portanto, o papel do

professor é o de mediador e facilitador; que interage com os alunos na

construção do saber. Neste sentido, é muito importante ajudar os professores a

saber ensinar, garantindo assim que todos os alunos possam aprender e

desenvolver seu raciocínio.

29

A relação entre professor e aluno deve ser uma relação recíproca,

dinâmica, alegre como toda e qualquer relação entre seres humanos. Na sala

de aula, os alunos não são pessoas que o professor pode manipular jogar de

um lado para o outro. O aluno não é um depósito de conhecimentos

memorizados que não se entende, como um fichário ou uma gaveta. O aluno é

capaz de pensar, refletir, discutir, ter opiniões, participar, decidir o que quer e o

que não quer. O aluno é gente, é ser humano, assim como o professor, cabe

ao professor dinamizar as suas aulas, expor as suas necessidades enquanto

ser humano falho que é, e fazer com que os alunos também percebam que a

vida é uma grande escola, no qual somos todos aprendizes.

Por isso, é preciso que se tenha cuidado com as palavras escolhidas

para a comunicação, levando em consideração o tom de voz que deve ser

firme e não acusador e padrões de linguagem que encorajem a auto-avaliação

por parte da própria criança, fazendo com que ela aprenda a amar-se,

conhecendo seus limites pedindo ajuda quando necessário, sem sentir-se

ameaçada por estar com dúvida, fazendo com que exponha o que deseja

através do olhar acolhedor do professor.

30

CAPITULO III

O PAPEL DA ESCOLA E DA FAMILIA

A escola e a família nos dias de hoje tem uma árdua tarefa em educar,

pois educar é um processo longo e seu resultado, seja ele positivo ou negativo,

também é lento e demora um bom tempo para aparecer. Assim sendo, hoje

podemos avaliar mediante os resultados que temos claramente evidenciado no

dia a dia, que a educação não está acontecendo de forma correta seja ela

dentro de casa no convívio com a família, seja na escola.

Como vivemos no tempo onde tudo é para ontem, percebemos que a

educação, por ser um processo longo, está perdendo as suas características

principais. Há o jogo do empurra, empurra onde a família diz que a educação é

responsabilidade da escola e a escola diz que os pais não estão cumprindo

com o seu papel de educar, dificultando assim o processo de ensino-

aprendizagem, uma vez que ambas deveriam caminhar juntas.

A educação dos filhos é uma tarefa complexa e difícil para alguns pais.

Compreende-se que é no cotidiano da criança, hora de tomar banho, alimentar-

se, decidir com que roupa vai sair escolher o horário de retornar do passeio,

hora de estudar para as avaliações bimestrais, enfim, entre tantas outras que

ocorrem verdadeiras "guerras" entre pais e filhos, porém é quando ocorrem

essas situações que se deve surgir às intervenções dos pais e familiares que

convivem com a criança, incentivando-a cumprir com as rotinas do dia a dia.

Quando se fala que família e escola têm que caminhar juntas não se

quer dizer que uma vai desempenhar o papel da outra e sim que uma vai

auxiliar e completar a outra. A escola ao ocupar o lugar da família tentará

transmitir valores e conceitos de uma maneira coletiva. Ocorre que o aluno ao

agir em casa em conformidade com o que foi ensinado na escola poderá entrar

em conflito com os conceitos e hábitos da sua família.

31

Esta realidade acabará por confundir ainda mais a criança que

dependendo do lugar que esteja escuta ordens diferenciadas para uma mesma

situação. A família não cumpre com a sua responsabilidade de educar e na

maioria das vezes não acata as regras quando estas vão de encontro com a

sua maneira de agir criando um choque na criança por não encontrar no seu lar

o mesmo respaldo.

3.1 A importância da família na vida escolar do educando

A criança ao nascer tem contato em primeiro lugar com um determinado

grupo de pessoas que denominamos de família, é interessante que logo a

criança já demonstra suas preferências, seus gostos e suas diferenças

individuais. Também a família tem seus hábitos, suas regras, enfim, seu modo

de viver, através desse ambiente é que a criança começará a aprender a agir e

tentar se comunicar com esta família.

A família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar para os

desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais. Os filhos querendo ou

não se espelham nos pais, e através do exemplo e cumplicidade crescem

naquele determinado ambiente, onde existem erros e acertos que precisam ser

corrigidos, a preparação para a vida, a formação da pessoa, a construção do

ser são responsabilidades da família.

Gabriel Chalita (2001) afirma que por melhor que seja uma escola, por

mais bem preparados que estejam seus professores, nunca vai suprir a

carência deixada por uma família ausente, sabemos que os pais exercem

extrema influência, mais do que eles próprios imaginam. Educar demanda uma

grande responsabilidade. "A educação começa em casa", dizem, portanto é

dever da família acompanhar a educação de seus filhos para pode evitar uma

possível reprovação e possibilitar o verdadeiro aprendizado do educando.

32

Desde cedo, os pais precisam transmitir à criança os seus valores, como,

ética, cidadania, solidariedade, respeito ao próximo, auto-estima, respeito ao

meio ambiente, enfim, pensamentos que leve essa criança a ser um adulto

flexível, que saiba resolver problemas, que esteja aberto ao diálogo, às

mudanças, às novas tecnologias. A criança já aprende desde pequena o que a

mãe não gosta, o que é perigoso, o que pode e o que não pode fazer. Percebe-

se, então, a importância da orientação dos pais.

Os pais precisam se conscientizar de que a escola faz parte do

quotidiano do aluno e os pais devem estar envolvidos em todo o processo de

aprendizagem, a escola é extensão do lar, onde o aluno coloca em pratica a

educação que aprendeu do seu lar. Existem vários tipos de pais uns

preocupados demais com a

No ambiente escolar, pode se encontrar diversos tipos de pais. O pai

atencioso e preocupado, que vai à escola regularmente, que participa das

reuniões de pais; o pai que só vai à escola por obrigação quando é intimado a

ir, que não aparece nas reuniões porque não tem tempo, não participa das

atividades porque considera ser uma perda de tempo; o pai despreocupado do

filho, que não sabe nem quer saber se está tudo a correr bem na escola, que

anda completamente desinteressado com relação aos problemas do seu filho;

e depois há ainda aquele pai que fica de repente muito preocupado com o seu

filho, quando lhe aparece em casa uma participação grave do seu educando e

então é altura de “castigar” a escola pelos desastres cometidos pelo seu filho e

claro, não foi essa a educação que lhe deu.

O interesse da família com relação à vida educacional de seu filho

colabora para um melhor desempenho de envolvimento Escola-Família

contribuindo significativamente para uma educação de sucesso, com sucesso,

para o sucesso]

33

3.2 A Influência da família no rendimento escolar do indivíduo

A formação familiar vem sofrendo inúmeras transformações ao longo do

tempo nos últimos anos, a estrutura e a dinâmica familiar modificaram em seu

padrão tradicional de organização devido às evoluções sociais, políticas,

econômicas e culturais relacionadas ao capitalismo na atual sociedade a

família esta fragmentada, onde os pais precisam trabalhar para dar um padrão

de vida a seus filhos , portanto devido a correria do dia a dia muitos pais não

dão a devida atenção a seus filhos, fazendo que estes tenham um baixo

rendimento escolar.

A escola é uma instituição que complementa a família e juntas tornam-se

lugares agradáveis para a convivência de nossos filhos e alunos. A escola não

deveria viver sem a família e nem a família deveria viver sem a escola Segundo

CURY (2003,P 47)

“Querem ser pais brilhantes? Não apenas tenha o hábito de dialogar, mas de contar histórias. Cativem seus filhos pela sua inteligência e afetividade, não pela sua autoridade, dinheiro ou poder. Tornem-se pessoas agradáveis. Influenciem o ambiente onde eles estão.”

Quando na família existe um clima de união, onde os filhos podem

contar com os pais para auxiliá-los nas tarefas de casa, quando os pais tornam

os filhos participantes das suas aspirações profissionais, na medida em que as

podem entender, quando o trabalho ocupa um lugar objetivo sem ociosidade o

ambiente familiar é uma motivação grande para os estudos dos filhos.

Os filhos percebem e valorizam muito a atenção e a dedicação dos

pais à família. O seu exemplo é decisivo para ajudá-los a ser bons cidadãos: é

o melhor estímulo para os filhos. Sobretudo no caso dos alunos mais jovens:

34

de nada serve que um pai trabalhe muitas horas fora de casa se, ao chegar,

não realiza tarefa alguma em benefício da família, porque está muito cansado,

sobrecarregado, estressado com o ambiente de trabalho.

Existem pais que só se preocupam na educação dos filhos quando eles

obtêm boas notas, pois reduz a educação ao êxito escolar, como primeiro

passo do futuro êxito social, tornando futuros adultos preocupados com o

sucesso profissional. Estes pais que se ficam pelo resultado e se esquecem da

educação como processo, como é necessária a mudança da pessoa do filho

através do tempo, não estão a tratar os filhos como seres livres. Assim, a

educação converte-se em treino, pois não se conta com os motivos, convicções

e preferências de cada filho.

Conseqüentemente, é preciso indicar aos filhos ou alunos as razões

do seu trabalho, sem reduzir o horizonte das tarefas escolares ao cumprimento

de uma obrigação penosa que não haveria mais remédio senão fazer enquanto

não chega o tempo das férias, os pais precisam incentivar seus filhos a

estudarem sem troca de favores, onde cabe a cada um desempenhar o seu

papel o de filho e o de pai.

35

CONCLUSÃO

A partir do estudo realizado pode ser verificado que o afeto tem uma

grande importância no processo de ensino - aprendizagem e por meio deste

laço entre os professores, pais e alunos que se consegue estabelecer uma

dimensão afetiva, pois o aluno precisa se sentir valorizado e isso acontece com

pequenos gestos de carinho e amor, seja estes em casa ou na escola.

São muitos os esforços praticados atualmente para adaptar o ensino às

características individuais de cada aluno e, neste trabalho, foram consideradas

as relações afetivas e educativas a que foram submetidos, a dimensão social e

tecnológica e as relações sociais que estabelecem com os demais que

influenciam no modo do desenvolvimento de aprendizagem como mediador

dos interesses que se faz entre a aprendizagem e a afetividade

Foram apresentadas algumas teorias da construção e do

desenvolvimento da auto-estima que demonstra a importância da família,

desde as condutas de apego até as práticas educativas realizadas neste

contexto, que interferem nas relações sociais que serão estabelecidas pelo

indivíduo durante toda a vida.

É visível que o professor, quando se torna comprometido com o aluno e

com uma educação de qualidade, fazendo do aluno alvo do processo ensino-

aprendizagem, e cumprindo seu papel de facilitador do processo, legitima

assim a teoria de uma facilitação da aprendizagem, através da interação entre

sujeitos, ultrapassando, desse modo, a mera condição de ensinar.

Todo o ser humano tem o direito e merece ser tratado com respeito,

dignidade e com muito carinho, pois se uma criança é bem amada tem a

oportunidade de superar suas próprias carências e necessidades,

estabelecendo uma relação saudável com as demais pessoas que o cercam.

36

Sabe-se que o modo de ser do professor, da família, interfere positiva ou

negativamente na vida dos alunos, podendo inclusive contribuir na forma do

aluno ver o mundo, agir e tomar decisões, um diálogo aberto e participativo e

uma boa dose de afetividade, contribui para a formação de um profissional bem

sucedido.

Como facilitador do conhecimento, o professor destaca-se como um guia

para o aluno, permitindo que o mesmo crie o seu próprio raciocínio, troque

idéias, seja consciente e crítico.

Trabalhar com a educação é uma tarefa árdua que precisa ser levada em

consideração o comprometimento e constante dedicação, então cabe a

sociedade e a todas as pessoas que trabalham direta e indiretamente com

educação continuamente buscar novos rumos e novas formas de adaptação

para melhorar o processo de ensino-aprendizagem e desenvolvendo a

importância do vinculo afetivo entre os seres humanos.

37

BIBLIOGRAFIA

ALVES, Maria Dolores Fortes. De professor a educador. Contribuições da

Psicopedagogia: ressignificar os valores e despertar a autoria. Rio de Janeiro:

Wak Editora, 2009.

BRASIL. Projeto de Lei 10.891. Disponível em

http://www.psicopedagogiaonline.com.br. Acesso em 05 de maio de 2010.

CHALITA, G. Educação, a solução está no afeto. São Paulo: Editora Gente,

2001.

CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro:

Sextante, 2003

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática

educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

PIAGET, Jean. Para onde vai a Educação? São Paulo. Editora Vozes, 1994.

TAILLE, Y; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky e Wallon - teorias

psicogenéticas em discussão. Summus Editorial. São Paulo, 1992.

38

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O Papel do Psicopedagogo 11

1.1 - Psicopedagogia na Instituição Escolar 13

1.2 - Fracasso Escolar Segundo a Psicopedagogia 15

1.3 - A Contribuição da Psicopedagogia na Educação 19

CAPÍTULO II

Afetividade e Aprendizagem: a relação professor-aluno 21

2.1- A Importância da Afetividade no Cotidiano Escolar 22

2.2- A Relação Afetiva na Escola e Auto-Estima do Aluno 24

2.3 - A Presença do Dialogo da Relação Professor-Aluno 27

CAPÍTULO III

O Papel da Escola e da Família 30

3.1- A Importância da Família na Vida Escolar do Educando 31

3.2- A Influencia da Família no Rendimento Escolar no Individuo 33

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA 37

ÍNDICE 38

FOLHA DE AVALIAÇÃO 39

39

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Instituto a Vez do

Mestre

Título da Monografia: Afetividade num Olhar Psicopedagógico

Autor: Lilian da Silva Messerschmidt

Data da entrega: 07/06/2010

Avaliado por: Conceito: