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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
Informação e competitividade à luz da gestão do conhecimento nos processos organizacionais
Por: Elizane Pimentel Figueiredo
Orientador Antonio Fernando Vieira Ney
Rio de Janeiro 2003
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
Informação e competitividade à luz da gestão do conhecimento nos processos organizacionais
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão Estratégica e Qualidade.
Por Elizane Pimentel Figueiredo
3
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a confecção deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos meus pais, irmãos e amigos que muito contribuíram para a realização deste trabalho.
5
RESUMO
No contexto das organizações empresariais, este trabalho se propõe a discutir o
impacto da gestão do conhecimento nos processos organizacionais. De forma a expor
diversas visões ligadas à gestão do conhecimento, que possibilite desenvolver uma
cultura organizacional voltada para a inovação, experimentação, aprendizado contínuo e
comprometimento com resultados. Procurando mostrar que a empresa é um organismo
constituído de processos orientados pelo conhecimento. Fazendo uma ligação entre a
competitividade da empresa e o trabalho com os conhecimentos para a criação de
competências organizacionais, destacando a importância de se considerar a gestão de
conhecimentos na organização como sendo parte relevante de seus processos de negócio
e não somente de suas áreas departamentais.
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METODOLOGIA
Os métodos utilizados para tentar expor de forma clara e objetiva o impacto da
gestão do conhecimento nos processos organizacionais foi a pesquisa bibliográfica, para
que dessa forma pudesse expor as diversas visões a respeito do tema abordado. Tendo
sempre como foco as mudanças nos processos organizacionais de um modo geral, não
direcionando esse estudo para um caso em específico.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO 10
CAPÍTULO II - OS AGENTES DO CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO 13
CAPÍTULO III – OS CAPITAIS DO CONHECIMENTO 16
CAPÍTULO IV - CONHECIMENTO ESTRATÉGICO COMO INCREMENTO
PARA A COMPETITIVIDADE 23
CAPÍTULO V - A ORGANIZAÇÃO CONSTITUÍDA DE PROCESSOS
ORIENTADOS PELO CONHECIMENTO 27
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 32
ÍNDICE 34
8
INTRODUÇÃO
Estamos vivendo uma era de transição, onde a tecnologia da informação vem se
destacando como característica fundamental no desenvolvimento e busca de
competitividade do mercado. A gestão do conhecimento vem tomando um espaço cada
vez maior nas empresas que desenvolveram seu conhecimento interno para se
modernizarem e manterem-se competitivas.
A percepção da importância do conhecimento nas atividades que uma
organização deve realizar, bem como o fato de que se trata de uma habilidade
inerentemente ligada a pessoas, faz parte do pensamento administrativo desde quando se
iniciou a articulação desta área de estudo.
As empresas estão buscando uma nova adaptação a esta era, que vem
ultrapassando a era industrial, substituindo a era da informação para dar lugar a era do
conhecimento.
As empresas que adotam abordagens bem sucedidas à administração do
conhecimento, selecionam seus alvos, identificando processos de alto retorno para os
quais uma melhor administração do conhecimento é capaz de render resultados
empresariais significativos. Em muitos casos, é preciso modificar os processos da
empresa para poder acrescentar valor por meio de uma administração melhor do
conhecimento.
Este estudo pretende colocar diversas visões ligadas à gestão do conhecimento,
buscando entender o impacto deste conceito na inovação dos processos organizacionais.
Inicia com uma conceituação genérica do que trata a gestão estratégica do
conhecimento, passando em seguida a apresentar os agentes do conhecimento e os
capitais do conhecimento. Sendo seguido pela aplicação desses conceitos na construção
9de uma imagem da organização como sendo uma entidade constituída de processos
orientados pelo conhecimento.
10
CAPÍTULO I
GESTÃO ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO
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A gestão estratégica do conhecimento fomentou a ênfase no capital intelectual e
reacendeu a importância do indivíduo na competitividade organizacional, vindo a
ancorar a reformulação do antigo modelo organizacional para o modelo contemporâneo,
cuja fundamentação é constituída no conceito de organização baseada em
conhecimento. A busca deste modelo organizacional, incorpora a complexidade dos
elementos das estruturas de conhecimento e de suas relações.
È possível se distinguir duas estratégias genéricas para as empresas do
conhecimento : uma, baseada em informação e outra, em conhecimento. A definição de
cada uma delas seria dada a partir do nível de integração ao novo paradigma. No
primeiro caso as empresas operam dentro do paradigma industrial, quando incorporam
informação aos seus produtos ou serviços. No segundo caso, as empresas querem operar
dentro de um modelo de “consultoria”; caracterizando-se como fornecedoras de
soluções de problemas de clientes, utilizando os seus ativos de conhecimento.
Drucker (1993), classifica a sociedade atual como a sociedade do
conhecimento, onde o principal recurso econômico não vem do capital nem dos
recursos naturais ou da mão-de-obra, e sim do conhecimento, uma sociedade
determinada por um mercado no qual os trabalhadores do conhecimento terão um papel
muito importante a desempenhar. Ao entrar numa sociedade onde o conhecimento é a
principal ferramenta do trabalhador, é importante salientar que a sua incorporação aos
produtos, serviços e sistemas nos direcionam a duas premissas : a criação ou
desenvolvimento destes através de uma lógica do conhecimento e ao desenvolvimento
de habilidades organizacionais de contínua renovação e definição organizacional.
12
1.1 ORGANIZAÇÕES DO APRENDIZADO
Observa-se que nas organizações baseadas em conhecimento a
necessidade de aprender é algo significativo porque estimula os indivíduos a
incorporarem seus papéis no sentido de vivenciarem suas realidades
profissionais. Segundo Senge (1990), na essência de uma organização que
aprende encontra-se uma mudança de mentalidade: uma organização que
aprende é um lugar onde as pessoas descobrem continuamente como criam sua
realidade e como podem modifica-la. Se antes o homem se via separado do
mundo, hoje o homem vive ligado à ele, porque passou a ser responsabilizado
pelas suas próprias ações. Seus problemas já não são mais causados por alguém
ou por algo externo.
Nas organizações baseadas em conhecimento observa-se a passagem do
indivíduo para o coletivo e vice-versa como algo que deve ser incorporado pelos
indivíduos, no sentido de rever os seus papeis individuais em função dessa visão
em qualidade de ser um ator social.
Nonaka e Takeuchi (1997) destacam que a função da organização no
processo de criação do conhecimento organizacional é a de fornecer o contexto
apropriado para facilitação das atividades em grupo e para a criação e a acúmulo
de conhecimento em nível individual. Nesse sentido, a criação do conhecimento
em nível de “espiral do conhecimento”.
Para Argyris e Shon (1978) a organização é, em sua raiz um
empreendimento cognitivo que aprende e desenvolve conhecimento. Os autores
concluem que a organização não sobrevive sozinha, para permanecer viva ela
participa de um sistema de estruturas de conhecimento, mantendo uma relação
dinâmica no seus procedimentos reflexivos e sistemáticos, permitindo o
entendimento de relações causais das partes e do todo organizacional.
13
CAPÍTULO II
OS AGENTES DO CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO
14
OS NOVOS AGENTES DO CONHECIMENTO
As empresas vêm incorporando, em suas estruturas, diferentes profissionais,
cujos perfis de atuação dependem diretamente do uso e interpretação da informação.
2.1 AGENTES CRIATIVOS
São os profissionais que utilizam a informação na solução de problemas, ou
como insumo gerador de idéias que irão fundamentar novas tecnologias e conceitos que,
por sua vez, irão proporcionar vantagens competitivas.
Os agentes criativos da empresa são os profissionais das áreas de
desenvolvimento e criação para os quais a informação necessária pode estar em
catálogos comerciais, noticias, textos literários, imagens, artigos de revistas. Livros,
como também em complexas análises de engenharia, de logística, de equipamentos ou
de formulações químicas e seus efeitos.
2.2 AGENTES INTERPRETES
São os profissionais que interpretam o contexto de atuação da organização,
utilizando a informação como ferramenta de prospecção e identificação de novos
negócios, mercados e tecnologias. São os especialistas em análise e planejamento
econômico, comercial ou tecnológico, cuja missão é identificar ameaças e
oportunidades, antecipando mudanças de cenários.
Para suprir suas necessidades de informação, surgiram os sistemas especialistas
em inteligência competitiva, que se valem principalmente dos sistemas virtuais de
acesso a informação para obter dados que serão analisados e reinterpretados à luz do
negócio e, posteriormente, divulgados às esferas decisórias da empresa.
15
2.3 AGENTES INTERMEDIÁRIOS
São os especialistas em intermediar o acesso à informação, cujo processo se
inicia com a identificação a e interpretação das demandas de informação do negócio,
seguida da identificação das fontes de informação, da seleção e pesquisa propriamente
dita, da organização que torna as informações acessíveis e, por fim, da sua divulgação
para os agentes do conhecimento existentes na empresa.
Essa categoria de agentes foi quase que exclusivamente formada por
bibliotecários em sua mais tradicional função de organizadores e mantenedores dos
acervos das bibliotecas internas das empresas. Atualmente, o perfil de formação e
atuação profissional dessa categoria de agentes vem sofrendo constantes e significativas
mudanças.
2.4 AGENTES GESTORES DO CONHECIMENTO
É uma nova categoria de profissionais, cujo papel é a administração do capital
intelectual da empresa, também chamado de QI empresarial.
16
CAPÍTULO III
OS CAPITAIS DO CONHECIMENTO
17
MODELO DOS CAPITAIS
O modelo dos capitais do conhecimento é composto por quatro capitais que
devem ser devidamente monitorados e gerenciados para a efetiva gestão do
conhecimento de uma organização. São eles : o capital ambiental, o capital estrutural, o
capital intelectual e o capital de relacionamento.
3.1 CAPITAL AMBIENTAL
O capital ambiental é definido como o conjunto de fatores que descrevem o
ambiente onde a organização está inserida. São fatores expressos pelo conjunto das
características sócio-economicas da região (nível de escolaridade, distribuição de renda,
taxa de natalidade etc.), pelos aspectos legais, valores éticos e culturais ( por exemplo, o
empreendedorismo), pelos aspectos governamentais (grau de participação do governo
na economia, estabilidade política) e pelos aspectos financeiros, como o nível da taxa de
juros e a existência de mecanismos adequados de financiamentos à produção.
O capital ambiental é, assim, um dos capitais que contribuem para a
determinação do valor de um produto, de uma empresa ou de uma região. Ele é o
primeiro sem ser, necessariamente, o mais importante.
3.2 CAPITAL ESTRUTURAL
O capital estrutural pode ser definido como um conjunto de sistemas
administrativos, conceitos, modelos, rotinas, marcas, patentes e programas de
computador, ou seja, a infra-estrutura necessária pra fazer a empresa funcionar. Faz
parte ainda do capital estrutural a cultura da organização, o modo como uma
determinada organização trabalha. De maneira simplista mas extremamente clara,
Edvinsson (1998) define o capital estrutural como tudo aquilo que fica na organização
quando as pessoas vão embora.
18O capital estrutural é o único dos quatro capitais do conhecimento efetivamente
possuído pela organização. De todos, ele é o que permite calcular, com maior exatidão,
o seu valor. Geralmente, sabemos quanto custa um determinado software ou uma
determinada patente, um prédio, duas salas e quatro computadores.
Um bom exemplo de que o valor do capital estrutural pode ser determinado é a
industria de franquias. A franquia é a comercialização do capital estrutural. Quando
alguém adquire uma franquia está comprando os produtos e também o direito de uso da
marca, os controles, os procedimentos, as planilhas financeiras, a rede de fornecedores
de matérias-primas e os equipamentos. Quem compra a franquia de determinada loja é
obrigado aderir à cultura da empresa, sob pena de perder a franquia.
Mas como gerir o capital estrutural ? Existem, três etapas básicas. Em primeiro
lugar precisamos definir os processos do negócio. Em segundo, cabe estabelecer que
estrutura organizacional a empresa passará a ter. Em terceiro, devem-se identificar os
instrumentos de gestão que serão utilizados.
Vejamos por que definir os processos de negócio.
Tradicionalmente uma empresa é organizada em departamentos como os de
pesquisa e desenvolvimento, desenvolvimento de produtos, produção ou, ainda
marketing e vendas. Esta estrutura deixa de explicitar o que é relevante – as demandas
dos clientes e os fluxos de trabalho, produtos e serviços, enfatizando a divisão formal de
responsabilidades. Os funcionários são agrupados em departamentos estanques onde os
relacionamentos ocorrem de cima para baixo.
Uma empresa na sociedade do conhecimento deve se estruturar por processo,
com uma visão sistêmica que agrupe os colaboradores segundo suas habilidades
necessárias para a realização da atividade ou processo. As atividades se organizam de
forma a satisfazer as necessidades dos clientes.
A estrutura organizacional das empresas que atuarão na sociedade do
conhecimento deve permitir um acompanhamento em tempo real de cada atividade.
Para que isso aconteça, muitas fronteiras funcionais precisam ser abolidas, de forma a se
eliminarem as barreiras entre funcionários, executivos, investidores e clientes.
Segundo Paulo Josef Hirsch (2000), o objetivo de vê ser o de estimular a
inovação, fazendo com que a organização se concentre no processo de realização do
produto e de atendimento das necessidades dos clientes, tirando o foco dela mesma.
19O próximo passo, depois da definição dos processos, é a definição da estrutura
organizacional.
Estas definições estão intimamente relacionadas aos valores da organização.
Cada empresa deve procurar definir uma estrutura organizacional própria. De qualquer
forma, algumas características precisam ser observadas.
A comparação com empresas na sociedade industrial se faz, mais uma vez,
necessária. Sob aquela lógica, as empresas estavam estruturadas de forma auto-
suficiente. Elas prescindiam de parceiros externos. Em geral, possuíam uma grande
quantidade de diretorias, departamentos, divisões, seções e unidades de negócios ou,
como apontaram Jeremy e Tony Hope (2000), detinham “um conjunto de habilidades e
conhecimentos duplicados e raramente compartilhados”.
A estrutura tradicional hierarquizada era coerente com a visão de que o capital
era o principal fator de produção e que os funcionários eram somente mão-de-obra
responsável pela execução de procedimentos previamente definidos. Além disso, numa
estrutura como esta, muito semelhante a uma organização militar ou religiosa, as
informações deviam seguir um fluxo ascendente enquanto as ordens seguiam caminho
inverso, de cima para baixo.
A sociedade do conhecimento demanda empresas estruturadas de outra forma.
Em vez de a empresa estar dividida em departamentos de forma hierárquica, deve
buscar uma estrutura integrada horizontalmente. A centralização das decisões deve ser
substituída por estruturas que permitam a participação do conjunto dos colaboradores.
As informações precisam deixar de ser uma arma na mão de poucos, para se
transformarem em um bem ao alcance de todos. No lugar de a empresa agir
isoladamente, precisa construir redes de firma.
Uma empresa em rede, para Hope (2000), é aquela em que se constituem
múltiplos vínculos entre as pessoas. Umas apóiam as outras. Todas compartilham
valores. Os líderes, que servem de referência para o conjunto dos funcionários, agem
mais como orientadores e como mentores do que como gerentes à moda antiga.
20
3.3 CAPITAL INTELECTUAL
Capital intelectual refere-se tanto à capacidade, à habilidade e à experiência
quanto ao conhecimento formal das pessoas que integram uma organização. O capital
intelectual é um ativo intangível que pertence ao próprio indivíduo, mas que pode ser
utilizado pela empresa para gerar lucro ou aumentar seu prestígio e reconhecimento
social.
Uma empresa é valorizada se conseguir atrair, reunir e manter o capital
intelectual. A questão que se coloca é : como fazer isso ?
Para poder tomar as iniciativas adequadas, a empresa deve, antes de, mais nada,
definir quais são suas competências essenciais. No caso de produtos, podemos citar o
exemplo da Sony, que possui grande competência em miniaturização. Para incorporar
esta competência aos seus produtos, a empresa teve que fazer com que todos os
funcionários dominassem a tecnologia. No caso de serviços, um exemplo recente é o da
Fedex (Federal Express), que desenvolveu um sistema de triagem das encomendas que
permite ao cliente saber, a qualquer hora do dia ou da noite, exatamente onde está a
mercadoria que ele enviou. Este sistema provocou uma grande diferenciação no
mercado e trouxe grandes benefícios aos clientes. As competências essenciais são
definidas portanto como o conjunto de habilidades e tecnologias que permite a
organização oferecer benefícios ao cliente. Ao contrário dos ativos fixos, que se
depreciam à medida que são utilizados, as competências essenciais de uma organização
aumentam à medida que são mais utilizadas e compartilhadas. Mais do que uma gama
de produtos e serviços, o que caracteriza uma organização na nova economia é o seu
conjunto de competências essenciais.
Uma vez identificadas as competências essenciais, a empresa deve partir para
captar no mercado de trabalho os talentos que mais contribuem para o desenvolvimento
destas competências. Ela pode, ainda, desenvolvê-los na própria empresa. Para tanto, é
necessário que seja feito um mapeamento das diferentes habilidades existentes na
organização.
21 Algumas empresas possuem programas desse tipo, que mapeiam as habilidades
dos funcionários. Quando é detectado que um determinado funcionário tem dificuldades
em adquirir a habilidade necessária para desempenhar tal função, a empresa fornece
treinamentos específicos ou desloca este funcionário para a outra tarefa, alocando outro
que melhor se ajuste ao perfil desejado. Assim, a empresa aproveita seus talentos
naquilo que eles têm de melhor e naquilo em que eles podem melhor atender aos
objetivos da empresa ou às demandas do cliente.
Ao identificar sua competência essencial, a empresa revela os caminhos que os
funcionários podem seguir se quiserem prosperar no interior dela.
3.4 CAPITAL DE RELACIONAMENTO
Uma empresa isolada terá menores chances de obter sucesso num ambiente cada
vez mais competitivo e globalizado. O capital de relacionamento é aquele que valoriza e
incentiva que uma empresa estabeleça alianças estratégicas com estes atores para
ampliar sua presença no mercado.
Parte da literatura restringe este capital ao relacionamento da empresa com seus
clientes. Stewart (1997), por exemplo, considera que “entre as três grandes categorias de
ativos intelectuais – capitais humano, estrutural e do cliente – os clientes são os mais
valiosos. Eles pagam as contas...”
O capital de relacionamento é defino como a rede de relacionamento de uma
organização com clientes, fornecedores e parceiros. Verna Allee (2000) quando diz que,
“no universo dos negócios, as redes são compostas de conjuntos de ligações dinâmicas
entre diversos parceiros, os quais estão engajados em trocas deliberadas e estratégicas
de serviço, conhecimento e valor”.
A importância do estabelecimento dessas redes é atestada por uma pesquisa
recente, realizada pelo Delphi Group e publicada pela revista Knowledge Management
(2000). Nela, as cem maiores empresas européias responderam à seguinte pergunta: “A
sua organização vê os parceiros como um ativo importante para a empresa?” A resposta
foi a seguinte : 54% consideram importante ou muito importante a relação com outras
empresas enquanto 46% atribuem a esta relação pouco ou nenhum significado.
22
Esses relacionamentos podem ser individuais ou institucionais. Tanto um quanto outro
possuem valor e precisam ser gerenciados. Para tal, a partir da visão estratégica, a
empresa deve determinar os relacionamentos-chaves para o sucesso do negócio. O passo
seguinte é construir uma estratégia de relacionamento com cada um deles. De forma
bem clara e direta : de que forma os relacionamentos podem agregar valor ao meu
negócio ?
Existem várias formas. Determinados tipos de parceiros dão retorno financeiro.
Em gral, eles são os únicos a que as empresas dedicam alguma atenção. Outros dão
retorno de imagem. Muitas empresas admitem hoje fechar um contrato onde haja
pequeno retorno financeiro imediato desde que ele Dê um forte retorno de imagem.
Com este relacionamento a empresa poderá abrir novas portas. Existem ainda clientes
exigentes que cobram qualidade nos serviços/produtos fornecidos pelas empresas. Eles
nem agregam valor econômico nem de imagem. No entanto, são importantes pois
forçam a empresa a manter altos padrões de qualidade. Sem eles, a empresa poderia se
acomodar e ver ameaçada sua existência.
23
CAPITULO IV
CONHECIMENTO ESTRATÉGICO COMO
INCREMENTO PARA A COMPETITIVIDADE
24
PENSANDO ESTRATEGICAMENTE
Na sociedade atual e futura, o conhecimento cada vez mais assume um papel
central. Os recursos econômicos básicos passam a contar, além do capital, dos recursos
naturais e da mão-de-obra, com o aporte dos conhecimentos necessários aos processos
produtivos e de negócios.
Segundo Drucker (1993), o valor é criado pela produtividade e pela capacidade
de inovar, aplicando ao conhecimento ao trabalho, criando os “trabalhadores do
conhecimento”, fazendo com que novos desafios se façam presentes: a produtividade do
trabalho com o conhecimento e a formação deste novo trabalhador.
Para Stair (1998), conhecimento significa aplicar um conjunto de regras,
procedimentos e relações a um conjunto de dados para que este atinja valor
informacional. Uma informacional idêntica, da mesma forma que um recurso físico, terá
diferente valor para pessoas, locais e tempos diferentes, variando então seu valor
econômico conforme o contexto existente.
O compartilhamento de informação significa então repassar às pessoas, ou obter
delas algum conjunto de dados com valor econômico variável. Compartilhar
conhecimento, na opinião de Gibson (1998), é algo fundamentalmente diferente e
ocorre quando as pessoas estão genuinamente interessadas em ajudar uma às outras a
desenvolver novas capacitações para a ação e em criar processos de aprendizagem.
O desenvolvimento do trabalho com o conhecimento em uma organização está
diretamente relacionado ao desenvolvimento estratégico de suas competências/
capacidades essenciais (core competence/ core capabilities), como propõe Leonard. Esta
autora enfatiza a importância da realização de quatro atividades inter-relacionadas que
são chave para a construção do conhecimento organizacional.
A primeira destas atividades é o compartilhamento da tarefa de solução de
problemas, que se preocupa em reunir visões diferentes para sua análise. Um único
indivíduo apresenta uma certa especialização profissional, um estilo cognitivo preferido
e uma preferência por certas ferramentas e metodologias que já sabe usar. Isso precisa
ser balanceado com a participação de outros indivíduos com características diferentes
em uma atividade denominada creative abrasion, ou confrontação construtiva, que
25requer um ambiente que não coloque barreiras a especializações, estilos cognitivos e
metodologias diferentes, bem como possua líderes com habilidades para conduzir esta
atividade.
Segunda atividade, implementação e integração da solução em desenvolvimento
no ambiente em que será utilizado, foca o grau e o tipo de desenvolvimento do cliente
durante o projeto, desde um modo de nenhum envolvimento (delivery mode), um modo
de consultas periódicas ao cliente (consultancy mode), um modo em que os clientes são
parte integrante do time de desenvolvimento e influenciam fortemente o projeto
(codevelopment), até um modo em que os clientes assumem todas as responsabilidades,
ficando os projetistas apenas como condutores (apprenticeship mode). Estas alternativas
são mais ou menos viáveis conforme o tipo de projeto em desenvolvimento.
Representam possibilidades diferentes de intercâmbio de conhecimentos, talvez sendo o
codevelopment a alternativa mais interessante de forma geral.
Uma terceira atividade é a existência de um clima que tolere e mesmo encoraje a
experimentação e a visualização de soluções por intermédio da criação de protótipos,
desenvolvendo mecanismos para assegurar que a organização aprenda com estas
atividades. È preciso distinguir as falhas “inteligentes”, resultados de experimentos
criativos que estavam em busca de uma inovação e que ser repensados, e não
descartados. Há também a necessidade de se ficar atento aos erros detectados pelas “bad
practices” e aos ensinamentos provenientes dos experimentos não previstos e eu
naturalmente ocorrem no cotidiano da empresa. A realização de uma análise crítica ao
final do projeto ou de suas etapas, é a melhor forma de se avaliar estas atividades e
registrar os conhecimentos adquiridos.
A quarta e talvez mais extensa atividade refere-se a importar e absorver
conhecimentos tecnológicos e de mercado.
Em termos de mecanismos de acesso a fontes de conhecimentos tecnológicos,
pode-se pensar desde a observação informal de alguma fonte, a realização de
benchmarking, até a realização de alianças e joint-ventures. As principais fontes
externas de conhecimentos tecnológicos são as empresas (competidores ou não),
universidades, fornecedores, clientes, consultores e órgãos governamentais de pesquisa.
São fontes que tanto geram publicações como contam com pessoas que podem ser
contratadas por e-mail, telefone ou por visitas in loco.
26 Em termos de obtenção de conhecimentos da demanda do mercado consumidor,
três possibilidades básicas estão presentes :
-técnicas de pesquisa de mercado convencionais, quando se trata de um
desenvolvimento voltado a necessidades bem conhecidas e articulado ao emprego de
tecnologias amadurecidas;
-uso de técnicas em que há maior imersão do projetista no ambiente do cliente
em potencial, defendido por Leonard & Rayport, nos casos em que ou as necessiades ou
as tecnologias não são bem conhecidas e articuladas;
-técnicas de experimentação, cenários para o futuro e extrapolação de
tendências, quando tanto as necessidades como as tecnologias apresentam um grau de
incerteza muito elevado.
27
CAPITULO V
A ORGANIZAÇAO CONSTITUÍDA DE PROCESSOS
ORIENTADOS PELO CONHECIMENTO
28
PROCESSOS ORIENTADOS PELO CONHECIMENTO
Como entidade onde ocorrem fenômenos complexos, as organizações podem ser
compreendidas e visualizadas de muitas maneiras diferentes.
A questão que Morgan (1995) coloca é se realmente existe a possibilidade de se
planejarem organizações que sejam tão flexíveis, resistentes e engenhosas como o
funcionamento do cérebro, criando novas formas de organização que difundam
capacidades semelhantes às do cérebro por toda a empresa, em lugar do que tem sido
feito ao visualizarem-se o conhecimento e a inteligência como um recurso confinado a
unidades especiais da corporação.
A metáfora do cérebro, apesar de seus méritos, tem também seus pontos fracos.
O aumento na autonomia devotada à auto-organização e o grau de abertura e autocrítica
do processo de aprendizagem podem resultar em sérios conflitos com a realidade de
poder e controle das maneiras tradicionais de administração. Além disso, alerta o autor
que a aprendizagem e a auto-organização geralmente pedem reenquadramento de
atitudes, enfatizando a importância de uma ação ativa, autônoma, flexível e
colaborativa, o que para muitas organizações pode significar uma “mudança de
personalidade” a ser obtida somente após longo período de tempo.
Em outra metáfora, a organização é percebida como fluxo e transformação,
sendo esta uma perspectiva relacionada a três lógicas diferentes de mudança. A primeira
enfatiza que as organizações são sistemas autoprodutores criados em suas próprias
imagens, conforme a concepção de Maturana & Varela citado me Morgan. Sob esta
lógica as organizações estão sempre tentanto atingir uma forma de confinamento auto-
referencial em relação aos seus ambientes, interpretando esses últimos como projeções
das suas próprias identidades ou auto-imagem. Uma segunda lógica enfatiza as
mudanças como produzidas enquanto resultados de fluxos circulares de feedback
positivo ou negativo. Uma terceira lógica sugere que as mudanças são o produto de uma
lógica dialética por meio da qual todos os fenômenos tendem a gerar o seu oposto. A
análise dialética demonstra que a gerência das organizações envolve, em última análise,
a gerência da contradição.
29
Tendo-se como referência qualquer uma destas metáforas ou imagens da
organização, nota-se uma orientação no sentido de, ao invés de uma tecnologia de p-
rodução estável e formas organizacionais permanentes, as e,presas mudarem para um
formato mais flexível e descentralizado que possa ser rapidamente adaptado a diferentes
situações. Esse formato pode ser alcançado com o suporte das novas tecnologias de
informação e de comunicação, que levam a mudanças fundamentais nos parâmetros
internos e externos da decisão empresarial, como salientado por Wigand, Picot &
Reichwald (1997).
Como estes autores defendem, neste novo formato empresarial a divisão do
trabalho deve ser crescentemente dominado por aspectos cognitivos ao invés de
aspectos técnicos. O valor será originado por meio da transformação da informação em
conhecimento e sua aplicação na empresa. Esta abordagem será concretizada pela
execução das diferentes atividades de um trabalho de forma simultânea pelas pessoas na
empresa, requerendo uma abordagem mais holística nesta execução.
Esta abordagem ou visão holística na empresa significa ter em uma única
imagem todos os elementos da empresa. As pessoas de uma empresa deveriam ter esta
visão do todo na execução de seu trabalho específico. Esta visão tem diferentes
dimensões e graus de abstração. As dimensões são as estratégias, informações,
atividades de negócio, recursos e organização, assim como suas inter-relações.
Desenvolvendo-se uma visão holística, torna-se mais seguro desenvolver
decisões relativas a uma dimensão, já que as conseqüências desta decisão nas outras
dimensões são consideradas. Se esta visão holística está formalizada, pode-se discutir
problemas específicos sem perder a compreensão do todo, e o conhecimento pode ser
equalizado entre todos os participantes da discussão. Entretanto, é impossível
representar o todo em uma forma completa. Este todo é alguma coisa abstrata, sendo
uma junção de todos as áreas que estão na mente das pessoas relacionadas à empresa.
Neste sentido, visualizar a empresa como uma coleção de BP (business process) é a
melhor maneira de formalizar a representação desta visão holística.
Um BP é constituído por um grupo de atividades manipuladas e conectadas por
meio de informações. Estas atividades utilizam-se dos recursos da empresa e de sua
organização. O BP forma uma unidade coesa e deve ser focado em um negócio. Este
30negócio, por sua vez é geralmente focado em um mercado ou cliente específico, com os
respectivos fornecedores.
Em algumas empresas, a existência de BP não é concebida. Porém, como os
novos requisitos dos clientes, o incremento da competição e a maior flexibilidade dada
pela TI, é necessário identificar os BP existetentes. Assim, pode-se gerenciar os
negócios de uma forma mais efetiva, como o foco nas necessidades do cliente, cmo
defendido por Gavin (1995).
Toda empresa deveria ser pensada em termos de BP. O mapeamento destes BP é
essencial como uma referência para discussões com o objetivo de sistematicamente
obter-se uma visão holística da empresa. Os processos empresariais envolvem o
trabalho com a aquisição, a interpretação, a disseminação e a retenção do conhecimento,
cada um destes envolvendo distintas técnicas, sistemas e propriedades, como assegura
Garvin (1995).
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CONCLUSÃO
Através deste estudo fica claro que a visão coesa e integrada da gestão do
conhecimento com os processos empresariais da organização, as tradicionais áreas ou
departamentos funcionais da empresa continuam existindo, mas com novos desafios e
propósitos. Cada vez mais devem deixar sua postura isolada e procurar contribuir
efetivamente na formação de linguagens comuns com outros departamentos, em
especial naqueles processos em que atuam conjuntamente.
Hoje o que se vê sendo vendido não é mais um produto, mas um conceito. È a
implantação de cultura, a mudança radical nos processos rotineiros, como compra,
venda, acesso a informação, relacionamentos, tudo sendo tratado de forma digital. Onde
o importante é gerar uma cultura de aprendizado contínuo, que vai gerar conhecimento.
O poder não está em deter o conhecimento, mas em disseminá-lo. Quanto mais
informações se divide com os outros, maior é o seu retorno.
A realização deste estudo permitiu constatar que a gestão do conhecimento, de
uma forma ou de outra está formando uma nova era e que as grandes empresas estão
consolidando os processos implementados, gerando uma nova cultura organizacional,
onde o objetivo é alcançar uma sinergia entre os fatores humanos, organizacionais,
técnicos e estratégicos.
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BIBLIOGRAFIA
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Empresarial, n.3, Rio de Janeiro : E-Papers, 2000.
ARGIRYS, C.; SHON, D. A. Organizational learning. Addison-Wesley, 1978.
CAVALCANTI, M.; GOMES, E.; PEREIRA, André. Gestão de empresas na
sociedade do conhecimento : um roteiro para a ação. 6.ed. Rio de Janeiro : Campus,
2001.
DRUCKER, P. F. Sociedade pós-capitalista. São Paulo : Pioneira, 1993.
EDVINSSON, Leif; MALONE, Michael S. Capital intelectual : descobrindo o valor
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34
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 0 2
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 0 5
METODOLOGIA 0 6
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
GESTÃO ESTRÁTEGICA DO CONHECIMENTO 10
1.1 Organizações do aprendizado 12
CAPÍTULO II
OS AGENTES DO CONHECIMENTO 13
2.1 Agentes criativos 14
2.2 Agentes intérpretes 14
2.3 Agentes intermediários 15
2.4 Agentes gestores do conhecimento 15
CAPÍTULO III
OS CAPITAIS DO CONHECIMENTO 16
3.1 Capital ambiental 17
3.2 Capital estrutural 17
3.3 Capital intelectual 20
3.4 Capital de relacionamento 21
CAPÍTULO IV
CONHECIMENTO ESTRATÉGICO COMO INCREMENTO
PARA A COMPETITIVIDADE 23
35
CAPÍTULO V
A ORGANIZAÇÃO CONSTITUÍDA DE PROCESSOS ORIENTADOS PELO
CONHECIMENTO 27
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 32
INDICE 34
36
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição : Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia : Informação e competitividade à luz da
gestão do conhecimento nos processos organizacionais
Autor : Elizane Pimentel Figueiredo
Data da entrega : 26.07.2003
Avaliado por : Conceito:
Avaliado por : Conceito:
Avaliado por : Conceito:
Conceito Final :