UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · “Negociação é um processo de comunicação...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O Poder da Negociação de um Modo Geral
Por: Luciana Paraquett Tavares
Orientador
Prof. Mário Luiz
Niterói, RJ
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O Poder da Negociação de um Modo Geral
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Empresarial.
Por: .Luciana Paraquett Tavares
3
AGRADECIMENTOS
Aos mestres desta universidade, que
nos proporcionaram um grande
aprendizado, e aos amigos de classe,
que também contribuíram para o meu
desenvolvimento.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa pós graduação ao meu
marido, meu maior incentivador, ao meu
filho, a quem quero deixar meu exemplo
de busca pela cultura e aos meus pais,
por todo incentivo durante esta
caminhada.
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RESUMO
Frente a um ambiente em constante mutação e de elevado grau de
competição, um bom negociador tem que estar preparado para enfrentar
diversos problemas, divergências, antagonismos e conflitos de idéias,
interesses e expectativas, para isso, têm que estar preparado para o tipo de
negócio a ser proposto, principalmente com os antiéticos.
Tendo em vista que a concorrência aumenta a cada dia, o sucesso se
dá ao empenho proposto nas negociações e ao dom de negócio, que é
inerente a cada negociador.
O profissional que busca conhecer as necessidades de seus clientes e
aprimora seu conhecimento do produto a ser negociado, tende a obter maior
sucesso numa relação de negociação.
Este trabalho mostra os diversos tipos de negociação e seus
negociadores, diante dos vários aspectos do cenário de mercado atual; tipos
de estratégias e táticas utilizadas dentro da negociação, assim como o que não
fazer na hora de negociar.
Em sua maioria, as negociações são mais eficazes dependendo da
estratégia utilizada pelo negociador, e não do produto final a ser negociado, ou
seja, o enfoque é no método da negociação, e não no que é negociado. O
profissional tem uma responsabilidade ainda maior por se tratar do cliente final
que ao longo do tempo está cada vez mais exigente na busca da qualidade
dos produtos adquiridos, tendo em vista que a oferta aumenta a cada dia.
6
METODOLOGIA
Foram pesquisados livros, dissertações, internet e a observação em
local de trabalho. Com o resultado dessa pesquisa, espera-se uma
compreensão maior do fenômeno vendedor – cliente.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Negociação; uma visão geral 10
CAPÍTULO II - Negociação e suas estratégias 17
CAPÍTULO III – Comunicação 34
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 41
ÍNDICE
8
INTRODUÇÃO
Com a globalização, enfrentamos a quebra de paradigmas
organizacionais e culturais provocando a constante mutação do mercado. A
internet, as alianças estratégicas, as fusões, as incorporações, os novos
modelos de gestão, o crescimento do comércio internacional, a preocupação
com o bem-estar da sociedade, a ética, o meio ambiente, a responsabilidade
social, tudo isso direcionado para o sucesso do negócio, fez com que a
responsabilidade do negociador seja ainda maior.
Atualmente o poder da negociação faz parte do dia-a-dia das pessoas e
não somente das organizações. Para atingir um objetivo, seja na vida pessoal,
seja na profissional, as pessoas precisam negociar e não impor uma decisão.
Destaca-se entre os desafios da atualidade, a arte de comunicar-se
eficazmente e aprender a trabalhar em equipe. Quanto maior a
interdependência, maior o conflito. Negociar, portanto, tornou-se, nos dias de
hoje, uma das maiores habilidades humanas. Por isso, sua relevância na
gestão. Para tanto, é essencial que se entendam as formas de proceder.
Deste modo, organizou-se um processo para responder o seguinte
problema da pesquisa: Qual o melhor tipo de estratégia para obter sucesso em
uma negociação?
O tema no qual este problema está envolvido é O Poder da Negociação.
Com isso, o objetivo geral que direcionou esta pesquisa foi desenvolver,
com base na literatura disponível, os aspectos ideais para obterem sucesso
nas negociações.
Com objetivos intermediários destacam-se:
a) Analisar os diversos conceitos sobre o que é negociação;
9b) Identificar quais as habilidades necessárias para se negociar;
c) Evidenciar a importância da ética nas organizações;
d) Levantar quais os fundamentos da negociação;
e) Quais os tipos de fatores que influenciam na negociação.
10
CAPÍTULO I
NEGOCIAÇÃO; UMA VISÃO GERAL
A negociação tem diversas definições, e cada uma delas adota uma
perspectiva diferente de acordo com uma série de fatores. Porém existe uma
definição que é mais usada entre os estudiosos. Entende-se que a negociação
é um processo social utilizado para fazer acordos e resolver ou evitar conflitos.
É utilizado quando as partes interessadas desejam estabelecer regras de
relacionamento mútuo ou quando desejam mudar as regras de acordo já
existentes. A negociação implica, portanto, num acordo. Envolve comunicação
entre pessoas, é a busca intensa de informações sobre o que se negocia, pois
nessa área vence o que tiver o melhor poder de persuasão e de informações.
Criatividade também é um fator importante na hora de negociar. Negociar
envolve tanto qualidades técnicas, como habilidades humanas e habilidades
conceituais.
A negociação como um meio de se obter o ajuste de interesse e o
acordo cooperativo, importa uma tecnologia específica, envolve estratégias e
táticas que dão expressão a valores autênticos.
Negociação é basicamente conversação; significa a prática habitual do
diálogo. Deve-se compreender que a negociação é um instrumento
eminentemente comportamental, e nele, o negociador deve ter em conta de
forma antecipada e segura, quais são suas habilidades, fraquezas e
vantagens.
Como dito anteriormente, negociação tem várias definições, a seguir,
definições de acordo com alguns autores:
11“Negociação é um processo de comunicação bilateral com o objetivo de se
chegar a uma decisão conjunta.” (FISHER et al, 1994:50)
“Negociação é o uso da informação e do poder com o fim de influenciar o
comportamento dentro de uma rede de tensão”. (COHEN, 1980:14)
“Negociação é um processo de interação potencialmente oportunista, pela qual
duas ou mais partes com algum conflito aparente, buscam fazer o melhor
(acordo) através de ações decididas conjuntamente ao invés do que poderia
ser feito por outras maneiras”. (LAX e SEBENIUS, 1986:11)
12
O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO
ENTRADAS
(Influências)
PROCESSO
N
SAÍDAS
(Conseqüência ou
Resultado)
Diferenças
Individuais
E
Conquista das pessoas
Valores pessoais
Dos envolvidos
G
Concessões
Interesses
comuns
O
Persuasão
Relacionamento
humano
C
Satisfação das
necessidades
Participação no
processo
I
Decisão conjunta
Uso de informação
e do poder
A
Acordo
Comunicação
bilateral
Ç
Solução do conflito
Barganha A Benefícios duradouros
Flexibilidade O Visão estratégica
Fonte: Negociação: Como transformar Confronto em Cooperação
MARTINELLI; ALMEIDA 1ª ED. 1997
13
1.1 – Planejamento e Organização
O planejamento, a preparação e a organização, contribuem para uma
melhor qualidade das negociações, aumentando a probabilidade de acordo,
criando condições para se vislumbrarem possibilidades criativas de solução de
conflitos e aproveitamento das oportunidades.
Segundo o autor CARVALHAL 2007, o planejamento de negociação
bem estruturado, divide-se em cinco etapas mais importantes: Análise
ambiental; Análise quantitativa; Análise qualitativa; Planejamento tático e
simulação (esta última, no caso de negociações complexas.)
Todas as negociações requerem um planejamento, a partir do qual o
negociador deverá ter o mais amplo conhecimento possível das partes
envolvidas no processo das pessoas que as representam, das bases de poder
e das forças relativas. Assim, ao iniciar uma negociação, deve se ter avaliado
quais são as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças que o resultado da
negociação representa para os nossos interesses relacionais associados aos
interesses substantivos.
1.2 – Personalidade dos Negociadores
Os aspectos psicológicos de cada indivíduo podem ter grande
relevância significativa em suas atitudes e comportamentos. Os diferentes
tipos de personalidade, responderão de forma distinta ao estresse, a
frustração, ao êxito, ao reconhecimento de suas próprias ações e às dos
outros, aos estímulos demonstrando diferentes níveis de satisfação com os
14fatos. Alguns têm personalidades mais dominadoras; outras submissas ou
evasivas.
Quando esses aspectos psicológicos e seu reflexo nas relações
humanas são menosprezados, criam-se barreiras para a negociação
integrativa, comprometendo a manutenção e a fidelização dos
relacionamentos.
De acordo com os psicólogos, existem cinco principais tipos
básicos de negociação. As personalidades foram classificadas em ordem
decrescente de agressividade: competidores; solucionadores de problemas;
transigentes; prestativos e os que evitam conflitos. “Nenhum sistema de
categorização é perfeito, mas este é superior à média, pois o potencial para
conflitos interpessoais que forneço à negociação sua característica “nervosa”.”
(SHELL)
• Competidores: é o do tipo que quer ganhar de qualquer forma, está
disposto a correr riscos para obter mais vantagens que os outros;
• Solucionadores de problemas: é o estilo mais criativo, porém o mais
difícil de ser implantado. Ele busca resolver o problema básico por meio
da franca exposição de interesses;
• Transigentes: é o estilo que visa vantagem para os dois lados, tendem a
preservar o relacionamento. Não é ganancioso nem tímido, busca
soluções rápidas, óbvias e justas para os problemas de negociação;
• Prestativos: é o estilo que gosta de resolver conflitos interpessoais,
solucionando o problema das outras pessoas;
• Evitam conflitos: é o estilo que detesta conflitos interpessoais, não gosta
de jogos com ganhadores e perdedores, e tenta se esquivar de
situações que possivelmente terminem em desacordo.
15 Segundo os autores ANDRADE; ALYRIO E MACEDO 2004, citam
10 traços de personalidade dos grandes negociadores:
1. Empatia: a empatia é a pedra fundamental da negociação
vitoriosa para ambas as partes. A empatia também ajuda a
manter sua identidade à medida que você experimenta as
versões e emoções de outras pessoas, pois lhe permite
reconhecer as diferenças entre você e a pessoas com que está
falando.
2. Respeito: o respeito é recíproco nas negociações: se você
respeita, é muito mais provável que seja respeitado. Se
necessário, seja o primeiro a demonstrar respeito. Uma boa
forma de aumentar seu respeito pelos outros é ouvi-las.
3. Integridade pessoal: honestidade e confiabilidade são
necessárias para que os outros confiem em você e em seu
desempenho em uma negociação. Assim você será considerado
uma pessoa digna de confiança.
4. Justiça: para desenvolver o traço da justiça, considere quais são
as sua metas e quais as metas da outra parte. Delineie áreas de
consenso e áreas que precisam de um compromisso. Tenha
sempre em mente a habilidade e a experiência das pessoas com
quem você está lidando
5. Paciência: significa enfrentar problemas e dificuldades
calmamente sem reclamar. É a habilidade de tolerar a frustração
e as adversidades em busca de suas metas sem desistir. Esse
traço permite perseverar em face da adversidade. Você precisa
saber que decepções e interrupções fazem parte do processo de
alcançar o sucesso.
6. Responsabilidade: ser responsável significa demonstrar
confiabilidade, aceitar as conseqüências quando as tarefas são
16concluídas ou negligenciadas, ser responsável não significa que
você não vai cometer erros; significa que vai corrigi-los quando
perceber que fez algo errado.
7. Flexibilidade: é a qualidade fundamental para fechar um negócio
satisfatório para ambas as partes, viável no mundo real. É preciso
ser flexível em uma negociação para adaptar suas metas e
necessidades as metas e necessidades da outra parte.
8. Senso de Humor: significa buscar a qualidade cômica em uma
situação aparentemente séria, a facilidade de perceber, apreciar
ou expressar o divertido e cômico.
9. Autodisciplina: é uma qualidade essencial a uma vida
autoconfiante e auto-suficiente.
10. Resistência: é a capacidade de continuar quando todo mundo
desistiu. A resistência é a marca registrada de todos os grandes
negociadores. Não se pode ganhar sem resistência para
permanecer no jogo.
17
CAPÍTULO II
NEGOCIAÇÃO E SUAS ESTRATÉGIAS
2.1 – Estratégia Competitiva
É a estratégia ideal para aqueles que querem alcançar uma vantagem
financeira alta e não tem necessidade de manter um relacionamento futuro
com o outro negociador.
O ambiente normalmente é antagônico, cheio de truques, sem
transparência e quase sempre de desconfiança. Os negociadores quando
utilizam essa estratégia, são do tipo que fazem de tudo para conseguir obter o
máximo de vantagens do outro negociador. Para algumas pessoas é difícil de
compreender como é possível negociar com mentiras e omissões e ainda ter
atitudes cordiais e respeitosas pelo outro negociador.
Para os negociadores que agem dessa forma, existe uma explicação:
quando estão envolvidos em um processo de negociação, são levados a certos
limites não muito bem definidos, que são capazes de mentir, omitir e blefar, e
esses atos são aceitos dentro da estratégia de competição desde o início do
processo até mesmo quando a negociação já está em andamento.
Negociar de forma competitiva não significa necessariamente
antagonismo; é simplesmente uma forma aceita pela
sociedade de encontrar o limite do outro negociador. Muito
pelo contrário, o antagonismo mascara o objetivo comum e
pode colocar tudo a perder. (MELLO 2005)
18 Na estratégia competitiva, a informação é considerada como uma
arma, e pode definir aspectos que vão desde o seu domínio, manipulação e
condução, até sua efetiva conclusão e encaminhamento para o objetivo mais
rapidamente. O mesmo acontece com a comunicação. Na negociação a
comunicação é um fato extremamente importante, principalmente para que o
negociador procure conhecer bem os próprios objetivos e conhecer o outro
lado.
2.1.1 – Etapas da negociação competitiva
O processo de negociação competitiva é um processo que envolve
tensão e emoção, às vezes agressividade e esses são fatores que podem levar
uma negociação tecnicamente possível ao impasse.
Segundo o autor MELLO 2005, existem seis etapas para o processo de
negociação competitiva.
• Primeira Etapa: Preparação
A preparação se resume em estabelecer os objetivos a serem
alcançados, em coletar informações e a escolha da estratégia a ser usada
na negociação.
• Segunda Etapa: Abertura
19 Nessa etapa, deve-se ter cuidado em dois aspectos: se for o primeiro
encontro dos negociadores, deve-se trabalhar com atenção para não
causar má impressão, pois pode prejudicar as negociações futuras.
O outro fato importante, é que na etapa da abertura é importante não
entrar direto no assunto, o negociador deve primeiro estabelecer um
ambiente favorável, uma relação de confiança e harmonia. Tratar o outro
negociador com cortesia é uma forma de tranqüilizar a outra parte.
Algumas táticas devem ser utilizadas nesta fase.
Ø Fortaleça a confiança, reduza a tensão;
Ø Troque algumas informações;
Ø Faça declarações iniciais sinceras e confiáveis.
• Terceira etapa: Teste
Os objetivos dessa etapa são de cobrir possibilidades de movimentação
e a estrutura da outra parte.
Algumas táticas são importantes para essa etapa:
Ø Faça muitas perguntas;
Ø Conceda algumas informações;
Ø Mostre os benefícios de sua proposta.
• Quarta etapa: Convicção
20
Esta etapa é a que traz mais ansiedade para o negociador. Alguns
negócios são fechados sem uma análise racional e crítica. O cansaço
mental e físico entre os negociadores é tão grande, que durante o
processo, a proposta inicial é alterada sem que eles percebam e pior,
essas modificações são significativas e os negociadores acabam
fechando negócios inadequados para as novas condições.
Para evitar isso, antes de concluir uma negociação é importante que se
faça uma pausa, e avalie se as condições são realmente vantajosas.
• Quinta etapa: Fechamento
O objetivo de todas as negociações é garantir o comprometimento das
partes, e não simplesmente realizar um acordo. Se as etapas iniciais
tiverem sido conduzidas com eficiência, o fechamento será uma
conseqüência natural. O acordo é fechado quando os negociadores
percebem que as condições são aceitáveis para todas as partes.
• Sexta parte: Implementação do acordo
A negociação só é concluída quando o produto ou serviço é entregue ou
executado. É nessa etapa que alguns acordos já fechados, podem ser
cancelados, pois o que foi combinado por algum motivo não é realizado.
21
2.2 – Estratégia Cooperativa
É uma estratégia de “parceria”, o negociador também quer obter
vantagem financeira, porém quer preservar o relacionamento entre eles.
O perfil do negociador que adota essa estratégia é do tipo que almeja
vantagem para ambas as partes e focalizam a busca de adição de valor por
meio da cooperação e da troca de informações. Ao contrário do processo
competitivo, a negociação cooperativa é mais transparente, os riscos são
compartilhados, a relação de confiança é maior e a informação é utilizada
como uma ferramenta para solucionar um problema comum e não como uma
forma de extrair vantagens do outro.
Apesar do bom relacionamento que há entre os negociadores, existem
problemas, pois cada um tem sua opinião e sua devida necessidade do
processo. E esses pequenos conflitos devem ser bem administrados, para que
não gere uma competição entre eles.
Assim como nas negociações competitivas, as negociações
cooperativas também existem conflitos, porém a forma de se resolver é
diferente. Em vez de atitudes antagônicas, os negociadores usam a
criatividade como ferramenta, a flexibilidade como atitude e a comunicação
sincera para se chegar ao melhor acordo.
Segundo o autor, para que tenha sucesso, é necessário que todos os
negociadores que participam estejam atentos e tomem algumas atitudes que
são essenciais:
• A troca de informações legítima;
• A construção de relação de confiança;
• A percepção correta do outro negociador;
22• A atenção às concepções diferentes de justiça; e
• O controle emocional.
2.2.1 – Etapas da negociação cooperativa
Na negociação cooperativa, o nível de tensão é quase sempre menor se
comparando a negociação competitiva. Mas mesmo assim é necessário seguir
etapas para negociar.
A principal característica desse processo é o ciclo da
cooperação: os negociadores iniciam a troca de informações,
muitas vezes de maneira tímida e desconfiada. A troca de
informações também dá a todos os negociadores, um maior
conhecimento dos problemas e das necessidades da outra
parte, criando um aprendizado mútuo até que todos os
problemas sejam resolvidos e a negociação é fechada
naturalmente. (MELLO 2005)
• Primeira etapa: abertura – Nessa fase, deve-se analisar qual a
personalidade do negociador. Se ele é do tipo tranqüilo, cooperativo ou
agressivo, qual o seu nível de interesse na negociação e quais são os
seus objetivos.
Outro aspecto a ser lembrado é que os negociadores devem separar o
problema e a pessoa com quem se negocia. Pois temos a tendência de
confundir as duas coisas, cada um de nós tem uma opinião própria, por
isso na negociação é fundamental separar a razão e a emoção, para
que não gere uma competitividade por um descontrole emocional,
23levando tudo a perder ou chegando a resultados inferiores aos
desejados.
• Segunda etapa: ciclo da cooperação – “O ciclo da cooperação é o
grande diferencial da forma de negociação cooperativa” (MELLO 2005)
Os negociadores têm uma confiança mútua, e com isso a troca de
informações sinceras entre eles, facilita o processo de negociação.
Assim os objetivos de ambos, ficam mais claros, diminuindo os
problemas e chegando a conclusão de uma forma satisfatória.
No ciclo de cooperação existem três fatores muito importantes
para o sucesso de uma organização:
1. Troca de informações;
2. Aumento da confiança; e
3. Aprendizado sobre o problema.
• Terceira etapa: fechamento – O fechamento do processo é feito
naturalmente quando é encontrada uma solução para o problema final
da negociação.
Os compromissos devem ser firmados na fase do
fechamento, e os bons compromissos são claros, planejados
e duráveis, mas lembre-se: ao contrário do que se parece, o
acordo selado naquele momento não fecha completamente a
negociação. (MELLO 2005)
Ainda se podem ter problemas já com processo fechado, pois só se
finaliza realmente a negociação quando o produto ou serviço for entregue ou
realizado. E esse processo pode demorar dias, meses ou até anos.
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2.3 – Táticas de Negociação
2.3.1 - Táticas de negociação competitiva
As táticas competitivas são usadas para coibir o outro negociador.
Nesse “jogo” vale tudo para se conquistar o sucesso na negociação.
Conforme dito na estratégia competitiva, a informação é considerada
como uma arma: ela não é passada de forma clara e objetiva, é informada em
meio a truques e blefes se necessário.
“Em uma negociação competitiva, as táticas são utilizadas para se
fortalecer, e para enfraquecer o outro negociador, ou seja, são utilizadas para
vencer.”
De acordo com o autor MELLO 2005, devem-se considerar algumas
táticas divididas nas categorias a seguir:
• Táticas pessoais
É feito de acordo com a atitude e a postura do negociador. Ele
pode adotar uma postura agressiva e antagônica, e terá quase sempre
uma resposta agressiva. Ou ele adota uma postura mais transparente e
terá uma resposta mais cordial.
É muito importante que em uma negociação separe as pessoas
do problema para que não gere um conflito e assim cheguem a um
acordo. A elaboração de um acordo envolve a solução de um problema, de
25preferência utilizando a racionalidade, e o controle de estado emocional de
ambas as partes é fundamental para que um acordo seja alcançado.
• Táticas de associação
Essa tática visa juntar esforços com outras pessoas ou
organizações para aumentar as chances de obter os resultados desejados
com a negociação.
• Táticas para obter informações
Em uma negociação competitiva é praticamente impossível que o
negociador obtenha todas as informações que gostaria. E quando
consegue algumas é difícil saber se essa informação é sincera.
Segundo o autor existem algumas perguntas que auxiliam na
obtenção de informações:
Ø Quem são eles?
Ø Por que estão aqui?
Ø O que é importante para eles?
Ø Qual é a visão que eles possuem da situação?
Ø Qual é o poder que eles têm?
• Táticas para surpreender
A surpresa é um elemento normal em qualquer negociação. Por
melhor que tenha sido o planejamento, sempre existe a possibilidade de ser
apanhado de surpresa e não ter a resposta ou atitude adequada no
momento necessário.
26 Negociadores inexperientes muitas vezes acreditam que obtêm
vantagens quando surpreendem o outro, mas as táticas de surpresa devem
ser utilizadas com bastante cautela. As táticas de surpresa criam
momentos de indefinição e muitas vezes de desconforto, lidar com elas
requer calma, tranqüilidade, inteligência e preparação prévia. A melhor
forma de superá-las é ganhar tempo, solicitar uma pausa para poder
estudar melhor a nova situação criada.
• Táticas de comparação
Nas táticas de comparação, um dos negociadores estabelece
paralelo entre a situação atual e alguma situação anterior que favoreça sua
posição.
• Táticas de autoridade
As táticas de autoridade são muito eficazes, porque transferem a
responsabilidade da decisão para outro negociador, que normalmente não
estão presente no momento em que a tática é aplicada.
Essa tática demonstra um fato interessante sobre a autoridade.
Muitos negociadores acreditam que se fortalecem perante o outro quando
demonstram que tem autonomia total para fechar qualquer negócio.
• Táticas de pressão
As táticas de pressão têm por objetivo pressionar a outra parte
para que decida rapidamente e a favor de quem utilizou a tática. Para lidar
com essa tática, é preciso ter muita segurança, tranqüilidade e flexibilidade.
27• Táticas de tempo
O tempo é uma variável importantíssima na negociação
competitiva, e o negociador que melhor administrá-lo ganha muito poder. O
ideal é negociar sem restrição de tempo ou, na pior das hipóteses,
administrar cuidadosamente o tempo disponível.
2.3.2 - Táticas de negociação cooperativa
Na estratégia cooperativa, as táticas não são utilizadas com o objetivo
de vencer e sim para criar um ambiente favorável à negociação. No processo
cooperativo, as táticas são utilizadas para conhecer e compreender melhor as
necessidades da outra parte em vez de serem utilizadas para ganhar poder,
como acontece no processo competitivo.
De acordo com o autor, devem-se seguir algumas táticas quando se
utiliza a estratégia cooperativa.
• Colocar-se no lugar do outro: Quando temos a atitude de nos
colocarmos no lugar do outro negociador, temos a oportunidade de ver o
problema de uma outra forma. E o negociador que possui essa
capacidade obtém resultados muito melhores do que aqueles que focam
somente seus próprios interesses.
• Ouvir o outro lado: se na estratégia competitiva ouvir é uma tática para
extrair informações importantes que aumentarão as chances na
negociação; na estratégia cooperativa, ouvir é utilizado para conhecer
28as necessidades, o interesse e a posição do outro lado. Ouvir o outro
lado, ao contrário do que parece, aumenta a capacidade de persuasão,
porque o outro lado passa a levar seus argumentos mais a sério.
2.4 – Ética em Negociação
“Chegamos ao início do século XXI em meio a um enorme clamor por ética por
parte de toda a sociedade. Existe uma preocupação cada vez maior quanto à
ética nas negociações e nas relações em parcerias de hoje.” (MELLO 2005).
A conduta antiética de um negociador está ligada a metas a serem
alcançadas, que muitas vezes é considerado impossível dentro da postura
ética.
Geralmente é da natureza do ser humano mentir em uma negociação
para conseguir um preço melhor, e com isso envolve uma questão muito difícil
de ser respondida: É ético mentir em uma negociação para se obter um bom
resultado?
Segundo o autor essa resposta não é fácil de ser respondida, já que
para definir uma questão ética, envolve fatores e valores humanos.
Um ponto é fundamental quando se negocia: a reputação de cada um
depende de seu comportamento ético. Quando um negociador mente ou blefa
em suas negociações, pode até obter vantagens, porém terá em sua
consciência que é um negociador desonesto e não é confiável (apesar dessa
característica em algumas pessoas não é encarado como um problema), e
pode até destruir sua imagem perante a sociedade.
29 A ética de um negociador irá depender de algumas questões pessoais,
tais como o tipo de educação recebida pelos pais e principalmente a sua
índole, e seus valores pessoais, dentre outras características importantes.
Um dos principais motivos pelo quais as pessoas se
envolvem em comportamentos não éticos (ou pelo menos
questionáveis sob esse ponto de vista) é a busca de
vantagem, em termos de poder. Está é uma atitude típica
de um comportamento ganha-perde. MARTINELLI;
ALMEIDA 1998.
O comportamento ético tem dois componentes que afetam a maneira de
agir das pessoas: o domínio da legislação, contendo os princípios éticos
estabelecidos por lei, e o domínio da livre escolha, ou seja, a condição social
de todo ser livre, de fazer suas escolhas e de agir da maneira que melhor lhe
convir, em cada situação de sua vida pessoal e profissional. Entre ambos,
encontra-se o campo da ética, que leva a que, a partir dos dois extremos, cada
indivíduo defina seus padrões éticos, considerando suas questões individuais,
porém levando também em conta as interferências que a sociedade e a
legislação lhe imprimem em suas escolhas pessoais.
2.5 - Os Negociadores e a Ética
Segundo Shell, existem três posturas básicas quando se fala em éticas
nas negociações.
a) Postura do jogador: Negociadores que adotam essa postura
consideram que as negociações, principalmente quando envolvem
aspectos comerciais e financeiros, é um jogo com suas próprias
regras. O blefe e outras táticas enganosas são aceitos nessa
30postura, porém não pode quebrar as regras desse “jogo”. Essa
postura tem alguns problemas:
•••• Parte do princípio de que todos conhecem as “regras do jogo” e
as usa, o que nem sempre é verdade;
•••• É difícil determinar com precisão onde termina o blefe e começa
a fraude;
•••• Prejudica a reputação do negociador.
b) Postura idealista: é o oposto da postura do jogador, esses
negociadores são sinceros e honestos, entretanto, não respondem a
certa pergunta se sentirem que serão prejudicados, ou seja, omitem
fatos. Essa postura tem os seguintes problemas:
•••• O negociador quase sempre tem menos poder;
•••• Seus padrões éticos elevados podem impedir o acordo;
•••• Fica vulnerável quando o outro negociador é um jogador;
•••• Tem problemas quando o negociador está defendendo os
interesses de outro.
A princípio essa é a postura mais adequada para um negociador,
pois mantém sua reputação perante a sociedade.
c) Postura pragmática: É considerada como uma postura intermediária,
blefam se necessário, porém, procuram antes outra alternativa. A
postura pragmática preza muito a reputação e a credibilidade de
seus negociadores. Em outras palavras se considera o
balanceamento entre as vantagens da mentira e os possíveis riscos
da reputação.
31
2.6 - Negociação em Equipe
Negociar em equipe requer muita cautela, pois os envolvidos podem
criar muitos problemas. Cada um quer agir de uma forma e pode atrapalhar e
muito uma negociação se não for bem administrada. Porém se a equipe for
bem organizada ela pode trazer muitos benefícios.
Para obter sucesso com uma negociação em equipe, é necessário
entender as diferenças entre os indivíduos, compreendendo essas diferenças,
pode usá-las como vantagem no desenvolvimento de uma equipe de alto
desempenho.
Em negociações mais complexas, é mais razoável estruturar uma
equipe de negociação. A experiência tem mostrado que negociações
conduzidas por uma equipe são levadas ao máximo da eficiência, quando os
grupos são compostos por três a cinco participantes, em que o espírito de
equipe pode ser desenvolvido e gerenciado convenientemente.
É importante durante a fase de preparação, que se estabeleça um
negociador para liderar o processo. Esse negociador deve ter, entre outras
qualificações, conhecimento sobre os aspectos importantes do escopo, o tema
e o assunto objeto de negociação, bem como sobre técnicas de negociação,
além de dispor de modelos mentais de negociação para agir sobre pressão e
incerteza.
O líder terá de, entre outras responsabilidades, selecionar os membros
da equipe, preparar um plano geral, negociar internamente níveis de
autonomia, elaborar e/ou ajustar a estratégia com a adequada utilização de
passos táticos, delegar funções táticas aos membros da equipe, fazer e aceitar
contrapropostas, garantir o entusiasmo e a moral da equipe.
32
2.7- O que não fazer ao Negociar
Segundo o autor WANDERLEY, existem alguns erros importantes que o
negociador não deve cometer:
• Não preparar e não efetuar simulações nas negociações;
• Negociar como se estivesse dialogando com o próprio espelho, ou seja,
dificuldade de ver a situação com os olhos dos outro negociador procure
sempre ver a negociação sob todas as óticas possíveis;
• Acreditar que se está sempre na pior situação, seja em termos de
poder, tempo e informação;
• Confundir a versão com os fatos. É preciso muito cuidado para não cair
na armadilha do: o que importa é a versão e não os fatos. Certifique-se
e teste suas informações;
• Não dispor de procedimentos para tratar com a tensão e o estresse,
elementos sempre presentes em qualquer negociação, sobretudo,
aquelas de maior vulto;
• Confundir a pessoa do outro negociador com suas posições ou idéias.
Assim o foco da negociação acaba se deslocando dos aspectos que lhe
são próprios para conflitos de personalidades. Separe as pessoas dos
problemas;
• Deixar-se envolver por táticas sujas. Táticas sujas são aquelas
aplicadas com a intenção de ferir o outro negociador, psicologicamente
ou iludi-lo. As táticas sujas devem ser identificadas e neutralizadas;
• Planejar e efetuar uma negociação sem buscar identificar os objetivos
mínimos (necessários) do outro negociador. O outro sempre tem
objetivos desejáveis e os minimamente aceitáveis;
33• Utilizar de forma inadequada os recursos disponíveis. O negociador
hábil tem pelo menos duas características. Não faz acordos que venha a
se arrepender e utiliza, da melhor maneira possível, os recursos que
dispõe, sejam eles referentes a poder, tempo ou informação;
• Não identificar quais são as expectativas e os interesses comuns,
complementares e opostos, o que acaba gerando polarização e conflitos
entre as partes. Comece a negociação pelos interesses comuns;
• Descuida-se de formular alternativas de ganho comum. Para poder
formulá-las, é necessário criatividade e uma boa dosagem entre
pensamento convergente e divergente;
• Não verificar quais os possíveis temores do outro negociador. Existe
sempre uma série de temores subjacentes em grande parte das
negociações, tais como ter ego diminuído ou o status prejudicado,
sobretudo, perante o próprio eleitorado. É sempre bom lembrar que todo
negociador tem seu eleitorado e, que muitas vezes, suas ações são
mais em função deste eleitorado do que de qualquer outra coisa.
• Não identificar as intenções do outro. As posições numa mesa de
negociação são decorrentes de atitudes mentais e de valores. É preciso,
portanto, identificar se está diante de uma situação de colaboração, em
que a premissa subjacente é a de que o bom negócio é bom para
ambas as partes;
• Repetir constantemente as mesmas táticas, por falta de repertório. É
sempre conveniente lembrar que táticas percebidas a tempo podem ser
neutralizadas e revertidas e, muitas vezes irritam o outro negociador.
Procure desenvolver um bom repertório de táticas de informação, tempo
e poder;
34• Negociar em equipe sem definir, previamente, papéis e códigos de
comunicação. Defina inclusive, procedimentos para retiradas
estratégicas;
• Esquecer que a negociação só termina quando o acordo foi cumprido e
não quando o acordo foi firmado. Tenha formas de avaliar e controlar o
que foi acordado.
CAPÍTULO III
COMUNICAÇÃO
3.1- Processo de comunicação
Segundo o autor MARTINELLI; ALMEIDA, o processo de comunicação
pode ser apresentado como sendo constituído de quatro aspectos básicos, a
saber:
• Alvo – toda comunicação deve ter um alvo claramente definido; deve-se
ter sempre em mente esse alvo, ao se comunicar. É importante que se
tenha claro qual é o propósito da comunicação, ou seja, o que se deseja
especificamente o que o receptor compreenda ou faça como resultado
da comunicação.
• Método – alguns métodos ou canais de comunicação são melhores do
que outros para atendimento de determinado alvo. Deve-se então, pesar
as vantagens e desvantagens dos diversos métodos alternativos, antes
de solucionar um método específico.
35• Estrutura – a maneira como se estrutura a comunicação é muito
importante para que ela tenha sucesso.
• Feedback – a fim de assegurar que a mensagem foi compreendida, bem
como para poder avaliar as emoções do receptor em relação à ela, é
preciso receber sinais de feedback do receptor.
3.2 - Habilidade de saber ouvir
Na negociação um ponto crucial para se obter sucesso, é saber ouvir.
As habilidades do negociador se fazem presentes, mais uma vez, auxiliando no
exercício da capacidade de reflexão, questionamento e síntese, permitindo a
compreensão correta dos problemas e das possíveis alternativas.
Ouvir efetivamente significa não apenas escutar o que a outra
parte tem a dizer, mas acima de tudo entender e absorver
efetivamente as informações passadas. Quando se ouve
efetivamente é possível processar as informações recebidas,
separar aquilo que é realmente útil, guardar o que poderá ser
utilizado futuramente, bem como buscar novas informações
para complementar o que foi recebido. MARTINELLI;
ALMEIDA 1997
Saber ouvir é uma tarefa muito difícil, porém é essencial para chegar ao
sucesso da negociação, pois só ouvindo que conseguimos captar qual é a
mensagem que o outro negociador quer passar e com isso fica fácil de obter o
máximo de informações e detalhes do negociador.
36 Um bom negociador deve buscar suas áreas de interesse, deve ser
flexível, trabalhar intensamente como ouvinte, usar a velocidade do
pensamento para mentalmente analisar e identificar o que o transmissor irá
dizer.
De acordo com MARTINELLI; ALMEIDA 1999 apud HODGSON
(1996:128), cita características básicas do bom ouvinte que são:
• Postura atenta;
• Não demonstrar inquietação nem ansiedade;
• Olhar para o transmissor todo o tempo;
• Ocasionalmente acenar com a cabeça;
• Utilizar alguns movimentos faciais que se adaptam bem à história, como
sorrisos apropriados;
• Dar a impressão de que está entendendo o que o transmissor está
sentindo;
• Usar o tom de voz adequado.
“Saber ouvir é uma habilidade que permite obter muitas respostas e identificar
os interesses envolvidos na negociação, facilitando a decisão.” (MOHAMED
2003).
3.3 Conflito
O conflito pode ser definido como uma situação manifesta ou não, onde
duas ou mais pessoas possuem interesses, idéias, sentimentos ou atitudes
37incompatíveis, que podem ser oportunamente trabalhadas. Existem duas
maneiras de encarar o conflito: uma negativista, que encara o conflito como
algo apenas prejudicial, devendo ser evitado a todo custo e se não poder evitá-
lo, pelo menos se deve minimizar seus efeitos.
A segunda alternativa é a de encarar o conflito de maneira positiva,
procurando verificar aquilo que pode trazer de benefício, em termos de
diferenças de opiniões e visões, bem como de possibilidades de aprendizagem
e enriquecimento em termos pessoais e culturais. Nesse caso, já que existem
também aspectos negativos, deve-se minimizar seus efeitos, reforçando-se no
outro lado todos os aspectos positivos que possam advir do conflito.
Embora o termo conflito revele quase sempre situações desagradáveis,
tais como competição, oposição, incompatibilidade, que normalmente sugerem
que nenhuma boa solução é possível, ou que o conflito necessariamente
prejudicará algumas pessoas e alguns interesses, nem sempre o conflito deve
ser analisado apenas de maneira pessimista.
Deste modo, o conflito não necessariamente acontece entre duas
pessoas, podendo existir dois grupos, um grupo, uma e pessoa e um grupo.
E diante desta visão, percebe-se que o conflito está ligado à frustração, fato
que o desencadeia. Reconhecido esse processo, o fenômeno do conflito pode
ter um efeito construtivo ou destrutivo, dependendo da maneira como é
administrado.
Para Carvalhal, ocorrem a competição e o conflito quando em um
ambiente de escassez, as partes alimentam um crescente antagonismo de
interesses entre si. Quando o antagonismo é total, não haverá motivação das
partes para dedicar energias a conversação ou a busca de acordos.
3.4 - Dicas para negociar com eficiência
38
Segundo DONALSON 1999, para que um negociador seja bem
sucedido e tenha êxito em suas negociações é preciso seguir esses conselhos:
1. Negociação não é competição. Procure sempre que possível um
negócio que seja vantajoso para os dois lados;
2. Você tem mais poder do que imagina. Procure descobrir os limites do
oponente;
3. Planeje por escrito. Nunca decida sobre o assunto para o qual não
esteja preparado;
4. Nunca tenha receio de negociar, não importa a diferença entre você e o
oponente;
5. Não negocie com equipes de segunda categoria, fale com quem decide;
6. Nunca entre em uma negociação sem antes preparar sua equipe.
Nenhum plano é completo sem as defesas contra as táticas do
oponente;
7. Fale pouco. Ouça tudo sem filtrar nada;
8. Não se deixe impressionar por status, título ou carisma. Você descobrirá
que às vezes é mais fácil negociar com quem os possui;
9. Não se deixe impressionar por fatos, números, médias, estatísticas ou
gráficos;
10. Enfatize sempre os pontos de acordo e minimize os de conflito. Se
ocorrer um impasse, não ressalte seus problemas, deixe o oponente se
preocupar com os dele;
3911. Não se deixe impressionar por preço fixo, “última oferta” ou “pegar ou
lagar”, tudo é negociável;
12. Negocie para obter um “sim”;
13. Lembre-se que o lucro é um ganho em satisfação. Descubra a ponta do
“iceberg” escondido entre as motivações do oponente;
14. Aprenda a deixar uma negociação e depois voltar a ela, sem
constrangimento;
15. Uma negociação difícil envolve conflitos;
16. Aprenda o máximo que puder sobre estratégias e táticas: os resultados
demonstram as utilidades deste conhecimento;
17. Estabeleça sempre alvos altos. Esteja preparado para correr os riscos
inerentes e para um trabalho árduo e paciente;
18. Teste o oponente; você nunca sabe o que ele pode conceder (nem ele
mesmo tem certeza). Não tenha pressa e seja paciente;
19. Aprenda a fazer e responder perguntas;
20. Treine sua equipe de negociação. Existe muito de indefinido num
processo de negociação, e as oportunidades para uma equipe bem
treinada são imensas.
40
CAPÍTULO IV
HABILIDADES DE NEGOCIAÇÃO
Habilidade de Negociação é competência essencial para todos os
profissionais em qualquer área da empresa onde atuem. Quer seja diretor ou
supervisor, esteja na área comercial ou na de RH. Muitas são as
necessidades, os problemas, as expectativas e as oportunidades que
envolvem negociações. Resolver uma pendência, negociar ou renegociar
contratos, conduzir e fechar negócios, administrar conflitos e disputas de
poder, são situações que demandam ações eficazes dos negociadores.
Para ser eficaz, o negociador deve conhecer e utilizar adequadamente a
metodologia do processo da negociação, que envolve as variáveis:
Informação, Tempo e Poder. Informação é Poder. Tempo, quando
adequadamente utilizado gera informação, gerando Poder. Assim estas três
variáveis podem ser entendidas como uma só: PODER. O Poder é que dá às
partes as condições de estarem reunidas, buscando uma solução para os seus
objetivos.
Informação - é tudo aquilo que reduz as incertezas. Quanto mais informação
tem o negociador, mais poder ele terá. Informações podem ser obtidas antes
da reunião, durante a negociação ou até posteriormente. A habilidade de se
41utilizar adequadamente as informações no momento certo conduz ao êxito na
negociação. Quer seja um negócio, um litígio ou um conflito de
relacionamento, o melhor que se faz é, previamente, observar os fatos com a
maior isenção possível para entender as razões de cada uma das partes
envolvidas.
A maestria de trabalhar com informações recebidas ou conseguidas no
ato da negociação, a capacidade de argumentar, perguntar, ouvir,
recontextualizar tudo e fazer novas proposições, é próprio de quem está no
domínio do processo e sabe usar adequadamente o poder de negociação que
adquiriu.
Tempo - está ligado a como as pessoas se mobilizam em direção aos seus
objetivos. Em negociação, o tempo não tem o sentido cronológico do termo.
Está ligado aos avanços e aos recuos que as partes fazem deliberadamente
ou não, para não perder, manter ou ganhar poder e continuar negociando até a
conclusão.
Poder - devemos entendê-lo em suas múltiplas facetas. Competência é poder.
Capacidade de comunicação também. Poder de influenciar o pensamento do
outro, poder de barganha. O poder da ética e da postura pessoal. Paciência é
poder numa negociação. Concentração nos diálogos, convicção nas propostas,
nas argumentações e nas posições assumidas também significam poder. Ficar
calado pode ser uma forma extremamente eficaz de ganhar poder, quando se
é provocado ou se deseja alterar o rumo da conversação. Entusiasmo ou
discrição. Tudo pode gerar poder, depende do momento. Por isso, o
negociador deve ter um cuidado especial com a assimetria de poder entre as
partes. Se um tem muito poder, decorrente do status, por exemplo, e outro
possui poder decorrente da experiência, e ambos estão bem preparados, estão
em condições de negociar.
Toda negociação é única!
42Negocia melhor quem conhece bem a natureza humana. Atitudes,
ações, reações, sentimentos, pensamentos, emoções e valores de cada
indivíduo sempre influenciam todo o processo de negociação por mais racional
que este seja. É preciso lidar com muito cuidado com as suscetibilidades das
pessoas, evitando o confronto e procurando uma verdadeira harmonização
com o oponente para se chegar ao sucesso, um final onde ambas as partes
sentem que saíram ganhando alguma coisa e que aquele momento foi
especialmente construtivo para todos.
O planejamento é fundamental. Existe um ditado árabe que diz: "jamais
negocie com desconhecidos". Por isso, identificar o estilo do outro, ou dos
outros negociadores, é fundamental e pode ser determinante para a eficácia. A
negociação, na maioria das vezes não é tão simples como parece. Precisamos
planejar muito para conseguir os resultados que queremos, sem que com isso
ocorram desgastes imediatos ou a médio e longo prazo. O imediatismo é um
dos maiores perigos nas negociações. Por isso, é preciso cuidado com os
benefícios de curto prazo e os danos de longo prazo.
O bom negociador aprende com cada nova situação. Desenvolve-se
constantemente e busca inovar sempre. Por isso, investe em seu talento,
desenvolve seu potencial e amplia o seu repertório para lidar com situações
difíceis, adquirindo um "jogo de cintura" que lhe permite estar no comando
sempre, mesmo quando aparentemente não está.
Negociações bem-sucedidas trazem auto-confiança, melhoram a auto-
estima e aumentam cada vez mais a competência e as habilidades do
negociador.
43
CAPÍTULO V
O PODER DA ARGUMENTAÇÃO
Argumentar bem é o mais precioso instrumento de vendas.
Além de ajudar a elevar a auto-estima, a boa argumentação oferece um certo
ar de autoconfiança.
Infelizmente, grande parte dos “argumentadores” ainda não aprendeu a fazer
trilha. Não deixam as suas marcas, são repetitivos, furadores de discos, não
têm base, nem tampouco técnica apurada.
Para ser um bom argumentador é necessário muito mais do que apenas
querer. É preciso estudar, investir e dedicar. É necessário extrair o
44aprendizado das raízes dos mais variados estilos de argumentadores. Ter
instrumentos para surpreender, sem abrir mão do talento da oratória, sem ter
que possuir a voz estrondosa de um tenor de óperas.
Argumentar bem não tem nada a ver com blá-blá-blá e muito menos com
as histórias da carochinha. Sim, tem muito a ver com saber contar
histórias que ajudem a clarear o pensamento, coisa com pé e cabeça, afinal,
esta é uma técnica, e por sinal, importantíssima.
Argumentar é a arte de influenciar pessoas com coisas que interessem a elas.
É interagir e conseguir a satisfação mútua.
É jogar aberto, permitir críticas e tirar a sujeira debaixo do tapete.
É perguntar, incentivar a resposta, saber ouvir e buscar novas energias.
É fugir das fórmulas mágicas, das citações absurdas e do sentimento de quem
sabe-tudo.
O bom argumentador não usa a linguagem dos membros da academia
brasileira de letras. Ele fala a língua do povo, fala para ser entendido, sem
pedantismo, mas tem que falar. Não há argumento que dê certo diante do
espelho, da praia ou do disco voador.
O argumento existe para o crescimento, para o bem, jamais o contrário.
Fora deste sentido não é argumento. Argumentar é coisa decente. É a
ferramenta que temos para vencer através da razão e do discernimento.
É o processo que permite o entendimento com o outro. Mesmo que não
sejamos os vencedores, basta que pelo menos nos convençamos do
desenrolar dos fatos.
45
É o caminho que conduzirá à obtenção daquilo que se almeja. Por isso, antes
de argumentar, é indispensável saber o que se quer.
Argumentar ajuda a viver, contribui para reduzir a discórdia, proporciona
a harmonia e o desenvolvimento, vista por outro ângulo, pode-se dizer
que a argumentação mal empregada gera o conflito, a agressividade e males
maiores. Portanto, para crescer é preciso utilizar a argumentação para o
bem. É preciso saber a hora de parar de argumentar, deixar que o silêncio
tome conta, até que surja um novo dia.
Dizem os sábios: “Tão importante quanto à boa argumentação é o momento
para exercê-la”.
Gerry Spence, autor do livro como argumentar e vencer sempre, profetiza que
“uma pessoa pode ser um grande orador conhecido no mundo inteiro... mas se
não for digna de crédito, ela poderá ficar falando sozinha”.
Winston Churchill também profetizou: “Tudo que as pessoas querem é ouvir a
verdade”.
Argumentar bem é falar a verdade, seja qual for o resultado.
A argumentação é o bem mais precioso para quem quer vender, com
enganação, o argumentador só o fará uma vez.
46
CONCLUSÃO
Pode-se afirmar que o objetivo geral do trabalho foi amplamente
atendido à medida que todo o estudo se desenvolveu conjecturando-se
aspectos importantes na hora de negociar. Pois expressa claramente que
antes de negociar, devemos ter uma boa preparação, saber quais são os
objetivos da negociação, quais as estratégias que iremos utilizar, se preparar
para cada tipo de personalidade de negociadores, enfim, devemos nos
preparar para todos os tipos de situações, conflitos e antagonismos.
Uma negociação eficiente e eficaz requer conhecimento sobre as
pessoas com quem se negocia, sobre o assunto objeto de negociação, bem
como sobre as técnicas de negociação (etapas, estratégias e táticas). Uma
negociação eficaz depende, portanto, de muita competência. Deve ser sempre
lembrado que esta competência diz respeito não somente a aspectos da
realidade externa dos negociadores, mas também e, sobretudo, de suas
47realidades internas, tal como seus processos de percepção, expectativas,
emoções, temores, atitudes, crenças, valores e necessidades.
Um negociador eficaz tem sempre presente que as pessoas se
comportam de acordo com a realidade percebida, isto é, com seus mapas
mentais que são suas representações da realidade externa, ou seja, do
território, e, consequentemente, do cenário da negociação. Portanto, negociar
bem é, também, um processo de descoberta da experiência subjetiva própria e
do outro negociador, e seu território interno, pois este é o verdadeiro local em
que a negociação acontece.
BIBLIOGRAFIA
MELLO, José Carlos Martins F de. : Negociação Baseada em Estratégia: 2ª
ed. ATLAS.
MCCORMACK, Mark H.: A Arte de Negociar 2ª ed. BEST SELLER.
KOZICKI, Stephen: Negociação Criativa: Conselhos e técnicas para obter o
melhor resultado em negociação. SP FUTURA 1999
SHELL, Richard G.: Negociar é Preciso. 8ª ed. ELSEVER
WANDERLEY, J.A.: www.rhportal.com.br/artigos
MOHAMED, Kassem EL Sayedé: Entrevista FAE BUSINESS Nº 7, nov. 2003
MARTINELLI, P. Dante; ALMEIDA, de Ana Paula: Negociação: Como
Transformar Confronto em Cooperção. 1ª ed. 1997
48DONALDSON, Michael; DONALDSON, Mimi: Técnicas de Negociação 2ª ed.
Ediora Campus
ANDRADE, Rui Otavio Bernandes; ALYRIO, Rovigati Danilo; MACEDO,
Marcelo Álvaro da Silva: Princípios de Negociação – Ferramentas e Gestão
Ed. Atlas 2004
PINTO, Eder Paschoal: Negociação Orientada para resultados – Ed. ATLAS
1994 2ª edição
CARVALHAL, Eugenio do: Negociação e Administração de Conflitos – Ed.
FGV 2007
http://www.rh.com.br/Portal/Grupo_Equipe/Coluna_ABTD/3600/sucesso-nas-negociacoes.html http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=bhty_n5kr
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – NEGOCIAÇÃO, UMA VISÃO GERAL 10
491.1 – Planejamento e Organização 13
1.2 – Personalidade dos Negociadores 13
CAPÍTULO II – Negociação e suas Estratégias 17
2.1 – Estratégia Competitiva 17
2.1.1 – Etapas da negociação competitiva 18
2.2 – Estratégia Cooperativa 21
2.2.1 – Etapas da negociação cooperativa 22
2.3 – Táticas de Negociação 24
2.3.1 – Táticas de negociação competitiva 24
2.3.2 – Táticas de negociação cooperativa 27
2.4 – Ética em Negociação 28
2.5 – Os Negociadores e a Ética 29
2.6 – Negociação em Equipe 30
2.7 – O que não fazer ao Negociar 31
CAPÍTULO III – Comunicação 34
3.1 – Processo de Comunicação 34
3.2 – Habilidade de Saber Ouvir 35
3.3 – Conflito 36
3.4 – Dicas para Negociar com Eficiência 37
50
CAPÍTULO IV – Habilidades de Negociação 40
CAPÍTULO V – O Poder da Argumentação 43
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 47
ÍNDICE 48