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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Por: Lia Mara Barros de Souza
Orientador
Prof. Ms. Fabiane Muniz
Co-Orientador
Prof. Narcisa Castilho Melo
Vitória
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia Institucional.
Por: Lia Mara Barros de Souza
3
AGRADECIMENTOS
A meus pais, a minha tia Cássia, a
meus amigos e familiares e a minhas
orientadoras, pelo incentivo nos
estudos.
5
RESUMO
A reestruturação da sociedade a partir da Revolução Industrial, que
mudou o regime econômico vigente, levou as mulheres, que antes eram as
principais responsáveis pelo desenvolvimento das crianças, para o mercado de
trabalho, tornando necessária a entrada das crianças, cada vez mais cedo, nas
escolas para uma educação formal e sistematizada. Muitos teóricos renomados
como Piaget, Vygotsky, Froebel e outros interessados no desenvolvimento das
crianças, através de suas pesquisas, mostraram a importância dos jogos nesse
processo.
Anteriormente ao Capitalismo, estes jogos eram utilizados pelas famílias
como diversão e integralização, mas sem nenhuma consciência da importância
dos mesmos. A partir dos estudos dos pesquisadores citados pôde-se
comprovar que brincar é coisa séria, que as brincadeiras são o primeiro recurso
no caminho da aprendizagem. Tornando-se responsáveis por crianças cada
vez mais novas, as Instituições de Ensino tiveram também que se modernizar e
se adaptar a esta nova realidade.
As equipes escolares acompanharam essa mudança e o cargo de
psicopedagogo fez-se necessário, pois é este profissional que poderá, através
da observação das crianças em suas brincadeiras, detectar e diagnosticar
possíveis distúrbios no desenvolvimento infantil. Os jogos, portanto, neste
sentido, possuem dupla importância: função educacional e pedagógica,
promovendo o desenvolvimento e a aprendizagem; mas também um papel
terapêutico, devido à importância da ludicidade para a saúde mental do ser
humano. Os psicopedagogos têm nos jogos e brincadeiras ferramentas
importantíssimas para seu trabalho, já que eles despertam o interesse dos
pequenos.
6
METODOLOGIA
Na elaboração deste trabalho utilizamos o procedimento da pesquisa
qualitativa com um embasamento teórico, focando alguns dos principais
autores especialistas no assunto, com: Ovide Decroly, Pestalozzi, Rousseau,
Jean Piaget, Sigmund Freud, Maria Montessori, Vygotsky, Tizuko Morchida
Kishimoto, Froebel, Adriana Friedmann e Nylse Helena da Silva Cunha.
A monografia abordará as teorias destes autores que comprovam,
através de suas pesquisas e estudos, a importância dos jogos no
desenvolvimento infantil.
A pesquisa abordará também a modernização das Instituições Escolares
que, baseadas nas pesquisas destes teóricos, ampliaram a equipe que atua
diretamente com as crianças, principalmente aquelas com problemas de
desenvolvimento e aprendizagem, com professores, dinamizadores,
pedagogos e psicopedagogos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I – A Criança na Sociedade 12
1.1 – Antes da Revolução Industrial 12
1.2 – Depois da Industrialização 12
CAPÍTULO II – Teorias de Desenvolvimento 14
2.1 – Teoria de Piaget 14
2.2 – Teoria de Vygotsky 15
2.3 – Teoria de Freud 15
2.4 – Teoria de Froebel 16
2.5 – Teoria de Montessori 17
2.6 – Teoria de Pestalozzi 17
2.7 – Teoria de Decroly 18
2.8 – Teoria de Rousseau 19
CAPÍTULO III – Definição de Jogos 21
3.1 – Origem dos Jogos 21
3.2 – Classificação dos Jogos 21
3.3 – Importância dos Jogos 31
CAPÍTULO IV – O Jogo e suas Funções 33
4.1 – Desenvolvimento e Aprendizagem Através dos Jogos 33
4.2 – A Função Terapêutica dos Jogos 34
CAPÍTULO V – O Psicopedagogo 37
5.1 – A Função do Psicopedagogo 37
5.2 – A Importância dos Jogos para o Psicopedagogo 38
9
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo comprovar a importância dos jogos
no desenvolvimento infantil.
Sob uma perspectiva histórico-cultural, desde a Revolução Industrial,
com o advento do Capitalismo, houve uma necessidade de se reestruturar a
sociedade, transferindo à Escola o papel que antes era feito pelas famílias, de
estimular o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças ainda em tenra
idade.
A Revolução Industrial impôs forçosamente alterações nos níveis social
e econômico e uma necessidade de promover alterações na estrutura escolar,
tornando-se necessária a presença de profissionais capacitados em observar,
prevenir, diagnosticar e tratar possíveis problemas de desenvolvimento e
aprendizagem das crianças.
Os jogos sempre foram importantes no processo de desenvolvimento
infantil, porém, se antes da Revolução estes jogos, que faziam parte da cultura
de um povo, eram utilizados como passatempo e para a integração dos
indivíduos no seio familiar, com a Revolução e consequente mudança de papel
Família/Escola estes jogos passam a ser utilizados como material pedagógico,
como intervenção psicopedagógica, no apoio ao desenvolvimento psicomotor
da criança. Tornam-se, portanto, para o profissional que lida com estas
crianças, um instrumento de trabalho.
Com a Revolução Industrial e o consequente modelo econômico
capitalista e a inserção das mulheres no mercado de trabalho, a educação das
crianças tornou-se uma questão de política social, com a criação de Escolas,
métodos educacionais, estudos, pesquisas, formação de professores e de
10
profissionais que lidassem diretamente com o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças. Neste contexto, como veremos, as teorias do
desenvolvimento infantil de estudiosos interessados em como a criança se
desenvolve, como Froebel, Piaget, Vygotsky, Pestalozzi, Montessori e outros,
mesmo que com alguns pontos divergentes entre eles, são unânimes em
afirmar que o lúdico é o primeiro recurso no caminho da aprendizagem e que
os jogos infantis tornaram-se, portanto, parte fundamental dos instrumentos
utilizados na mediação entre o prazer e o desenvolvimento das crianças, que
participam cada vez mais cedo de uma educação escolar sistematizada.
Neste espaço de desenvolvimento infantil, a equipe escolar é de suma
importância, porque é esta equipe, principalmente na figura do psicopedagogo,
que irá perceber as necessidades, dificuldades e potencialidades da criança
para que esta tenha um desenvolvimento sensorial, emocional e intelectual
adequados a ela. Utilizando os jogos como instrumentos de apoio para a
criança reviver as situações dolorosas pelas quais passou e, mediados por um
psicopedagogo, é possível modificar estas situações e vivenciar, através do
brincar, suas expectativas da realidade; assim, o lúdico se transforma em
mecanismo terapêutico.
Através deste trabalho será possível perceber que o brincar não é uma
atividade supérflua, ao contrário, é uma atividade que deve ser levada a sério
por toda equipe escolar envolvida, pois as brincadeiras e os jogos, que são
manifestações espontâneas de um povo e têm a função de perpetuar a cultura
infantil e desenvolver formas de convívio social, são ferramentas para o
diagnóstico psicopedagógico, denunciadores de patologias, e também uma
forma de contextualizar, construir e ampliar novos conhecimentos. Os
psicopedagogos, profissionais preparados para atender crianças ou
adolescentes com problemas de aprendizagem, serão os facilitadores na
evolução, principalmente daquelas crianças em que se nota problemas
comportamentais e de desenvolvimento.
11
Para a realização desta investigação foi formado um corpus com autores
contemporâneos representativos no meio acadêmico, que deram suporte
teórico para esta pesquisa, como Jean Piaget, Vygotsky, Maria Montessori,
Pestalozzi, Ovide Decroly, Rousseau, Tizuko Morchida Kishimoto, Adriana
Friedmann, Nylse Helena da Silva Cunha, e também se buscou aumentar o
estudo em outros autores publicados na internet, como Froebel, ou na mídia
impressa, como Freud.
Buscou-se mostrar a reestruturação da sociedade, principalmente
Família e Escola, que são os principais e primeiros vínculos que a criança
possui e que são responsáveis pelo desenvolvimento infantil, mesmo que tenha
sido mudado o peso destas instituições neste papel de encaminhar
corretamente a criança em seu desenvolvimento e aprendizagem.
Para mostrar a importância dos jogos no desenvolvimento infantil,
buscou-se entender a origem, a classificação e os papéis educacional e
terapêutico que os jogos teriam nesse processo.
Buscou-se mostrar, através deste trabalho, que brincar é coisa séria
para a criança, pois é através do lúdico que ela se desenvolve; que, devido às
transformações sofridas pela sociedade, o papel que antes era exclusivo da
Família, atualmente é exercido também pela Escola, que precisou se
modernizar; e que as teorias dos estudiosos acima citados foram de suma
importância para esta modernização.
A bibliografia utilizada como base para este estudo contém
conhecimentos que comprovam que os jogos são fundamentais no
desenvolvimento infantil.
12
CAPÍTULO I
A CRIANÇA NA SOCIEDADE
1.1 – Antes da Revolução Industrial
Sabemos que antes da Revolução Industrial a sociedade humana era
basicamente rural, com a maior parte da população vivendo no campo e com
uma produção econômica essencialmente familiar, e, mesmo nos centros
urbanos, a economia era baseada em produções artesanais, sem
especializações, com o envolvimento de todos os membros da família.
Segundo John Dewey,
Nesta sociedade as crianças participavam com pequenas tarefas
domésticas que iam aumentando seu grau de dificuldade à medida que estas
crianças cresciam. Era a realização destas tarefas que permitia às crianças o
desenvolvimento de um raciocínio abstrato que ocorria no seio da família, sem
que houvesse uma educação formal e sistematizada, como ocorre atualmente.
Os jogos e brincadeiras, neste período da história humana, possuíam
características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação,
mudança e universalidade, fazendo parte da cultura popular. Eram
manifestações espontâneas de um povo e tinham a função de perpetuar a
cultura infantil e desenvolver formas de convivência social.
1.2 – Depois da industrialização
“Anteriormente à Revolução Industrial, todos os membros da família (a um nível mais particular) e todos os elementos de uma comunidade (a um nível mais geral), participavam e contribuíam para a obtenção e fornecimento de materiais e utensílios necessários no dia-a-dia.”
13
A Revolução Industrial trouxa uma total reestruturação da sociedade em
todos os níveis. De acordo com John Dewey,
A necessidade de promover alterações na estrutura escolar para receber
crianças cada vez mais novas é um dos resultados da Revolução Industrial, já
que as mulheres também tiveram necessidade de ir para o mercado de
trabalho, cabendo, então, à Escola, o papel que anteriormente era feito pela
família no desenvolvimento das crianças.
As teorias dos estudiosos em desenvolvimento infantil serviram como
base para que a estrutura escolar se modernizasse e abrangesse profissionais
capazes de lidar com os problemas manifestados pelas crianças em seu
desenvolvimento e aprendizagem, assim, criou-se ao longo do tempo uma
equipe pedagógica capaz de observar, diagnosticar e tratar estes problemas,
uma vez que as crianças, devido à alteração sofrida pela sociedade, estavam
cada vez mais cedo em um ambiente escolar.
“A Revolução Industrial impôs forçosamente alterações a nível social e econômico nas comunidades e consequentemente afetou a educação das crianças, nomeadamente aquela que era realizada pela família de uma forma profunda.”
14
CAPÍTULO II
TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
2.1 – Teoria de Piaget
Jean Piaget desenvolveu a tese na qual ele mostra que o
desenvolvimento da criança passa por estágios; de acordo com ele, o
desenvolvimento da inteligência está voltado para o equilíbrio.
Em seus estudos Piaget analisou a importância do brincar, do brinquedo
e do jogo no processo de desenvolvimento.
Ainda segundo Piaget, as fases de desenvolvimento pelas quais a
criança passa, seriam:
Estágio Sensório-motor – (de 0 a 2 anos aproximadamente):
1- Comportamentos reflexos (0 a 1 mês);
2- Reações circulares primárias (1 a 4 meses);
3- Reações circulares secundárias (4 a 8 meses);
4- Coordenação de esquemas secundários (8 a 12 meses);
5- Reações circulares terciárias (12 a 18 meses).
6- Invenção de novos meios através de combinações mentais (18 a 24 meses).
Estágio Pré-operacional – (de 2 a 7 anos aproximadamente):
1-Pré-conceitual (2 a 4 anos);
2-Intuitivo (4 a 7 anos).
“Para Piaget (1971), quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.” (Kishimoto, 1999, p.59)
15
Estágio Operacional Concreto – (de 7 a 11 anos aproximadamente):
1-Operações concretas (7 a 12)
Estágio Operacional Formal – (11, 12 anos em diante, aproximadamente):
1-Operação formal (12 anos em diante)
2.2 – Teoria de Vygotsky
Para Vygotsky os fatores biológicos superam os sociais no início de vida
de uma criança, mas aos poucos a integração social será um fator decisivo no
desenvolvimento do seu pensamento. Segundo Vygotsky (1991) “a
aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde os
primeiros dias de vida da criança”.
Através do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal, Vygotsky
explica bem essa situação. De acordo com ele, desde que nascem, as crianças
terão nos adultos, além dos mediadores delas com o mundo, aqueles que as
influenciarão através de seus costumes e práticas culturais.
Ainda segundo Vygotsky, “o brinquedo não é o aspecto predominante da
infância, mas é um fator muito importante no desenvolvimento da criança”.
“Na perspectiva Vygotskiana o desenvolvimento das funções intelectuais especificamente humanas é mediado socialmente pelos signos e pelo outro. Ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura, a criança reconstrói individualmente os modos de ação realizados externamente e aprende a organizar os próprios processos mentais. O indivíduo deixa, portanto, de se basear em signos externos e começa a se apoiar em recursos internalizados (imagens, representações mentais, conceitos etc.).” (Rego, 1995, p.62)
16
2.3 – Teoria de Freud
Para Freud, em sua teoria psicossexual, o desenvolvimento humano ocorre nas
seguintes fases:
Fase oral – do nascimento aos 18 meses;
Fase anal – dos 18 meses aos 3 anos;
Fase fálica – dos 3 aos 5 anos;
Fase genital – quando se atinge o pleno desenvolvimento adulto normal.
2.4 – Teoria de Froebel
Para Froebel, a criança é como uma semente a ser cultivada. Segundo
Froebel,
Froebel foi o criador dos kindergarten – os jardins de infância –, centros
de jogos destinados a crianças menores de 6 anos.
Friedrich Froebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a
atividade lúdica, apreender o significado da família nas relações humanas.
(ARCE, 2002).
Segundo Froebel, a criança se desenvolve através dos processos de
interiorização e exteriorização – quando a criança recebe o conhecimento do
mundo exterior, que passa para o interior (interiorização) e, ao ser processado
e exteriorizado (exteriorização), concretiza-se o auto-conhecimento e o
desenvolvimento, pois para Froebel toda a atividade externa da criança é fruto
de sua atividade interna.
“A formação e o desenvolvimento ocorrem graças ao que o homem recebe do mundo exterior, mas só se efetivam de modo eficaz quando se sabe, por assim dizer, tocar no seu mundo interior.”
17
Para ele, as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da
aprendizagem.
2.5 – Teoria de Montessori
O pressuposto no qual Maria Montessori se baseia é de que o potencial
de aprender está em cada um de nós.
Para Montessori a auto-educação do aluno é mais importante do que o
papel do professor como fonte de conhecimento. Ela acreditava que a
educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a
capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições.
Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com
ênfase para o conceito de indivíduo, como, simultaneamente, sujeito e objeto
do ensino.
Por uma ótica desenvolvimentista, Montessori argumentava que seu
método não contrariava a natureza humana já que ela defendia “o respeito às
necessidades e aos interesses de cada estudante, de acordo com os estágios
de desenvolvimento correspondentes às faixas etárias”. Para ela, a criança
não é um pretendente a adulto e, como tal, um ser incompleto. Segundo
Montessori deve-se ajudar a criança a agir por ela mesma.
2.6 – Teoria de Pestalozzi
Johann Heinrich Pestalozzi foi intitulado como o teórico que incorporou o
afeto à sala de aula. Para este educador suíço, os sentimentos têm o poder de
despertar o processo de aprendizagem autônoma da criança.
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Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é a de levar as
crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas. Segundo ele, “o
amor deflagra o processo de auto-educação”.
Segundo a educadora Dora Incontri (2006) “Pestalozzi experimentava
sua teoria e tirava a teoria da prática”.
O pensamento de Pestalozzi permaneceu impregnado da crença na
manifestação da divindade no ser humano e na caridade, que ele praticou,
principalmente, em favor dos mais pobres.
A criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para fora,
idéia oposta à concepção de que a função do ensino é preenchê-la de
informação; ele defendia o princípio da educação integral, isto é, não limitada à
absorção de informação. Para Pestalozzi: “A arte da educação deve ser
cultivada em todos os aspectos, para se tornar uma ciência construída a partir
do conhecimento profundo da natureza humana”.
De acordo com Pestalozzi, o aprendizado seria, em grande parte,
conduzido pelo próprio aluno, com base na experimentação prática e nas
vivências intelectual, sensorial e emocional do conhecimento. È a idéia do
“aprender fazendo”, amplamente incorporada pela maioria das escolas
pedagógicas posteriores a Pestalozzi. O método deveria partir do conhecido
para o novo e do concreto para o abstrato, com ênfase na ação e na percepção
dos objetos, mais do que nas palavras. O que importava não era o conteúdo,
mas o desenvolvimento das habilidades e dos valores.
2.7 – Teoria de Decroly
A teoria de Decroly tem um fundamento psicológico e sociológico e
promove o trabalho em equipe, mas mantendo a individualidade do ensino com
o fim de preparar o educando para a vida.
19
Para ele a educação não se constitui em uma preparação para a vida
adulta, a criança deve aproveitar sua juventude e resolver as dificuldades
compatíveis ao seu momento de vida.
Para Ovide Decroly, “a necessidade gera o interesse”. O interesse está
na base de toda atividade, incitando a criança a observar, associar, expressar-
se. As necessidades básicas do homem em sua troca com o meio seriam a
alimentação, a defesa contra intempéries, a luta contra perigos e inimigos, o
trabalho em sociedade, descanso e diversão.
2.8 – Teoria de Rosseau
Em suas pesquisas, Rosseau percebe a infância da criança, isto é, não
a vê como um “adulto em miniatura”, pensamento predominante na época.
Rosseau destaca a importância da natureza no processo educativo. Em seu
livro Emílio, ele defende a “educação natural”:
Segundo Rosseau, “tudo é perfeito quando sai das mãos do autor das
coisas; tudo é degenerado pela mão do homem”.
“A educação deve ocorrer de modo ‘natural’, longe de influências corruptoras do ambiente social e sob a direção de um pedagogo iluminado que oriente o processo formativo do menino para finalidades que reflitam as exigências da própria natureza. Cabe lembrar, porém, que ‘natureza’ no texto de Rousseau assume no mínimo três significados diferentes: 1 – como oposição àquilo que é social; 2 – como valorização das necessidades espontâneas da criança e dos processos livres de crescimento; 3 – como exigência de um contínuo contato com um ambiente físico não-urbano e por isso considerado genuíno.” (CAMBI, p. 346, 1999)
20
Rosseau propõe também a “educação indireta” e a “educação negativa”.
A “educação indireta” estabelece que a criança aprende em contato com
a natureza e com as coisas. “Nascemos sensíveis e desde nosso nascimento
somos afetados de diversas maneiras pelos objetos que nos rodeiam.”
(Rosseau, p.90, 2002).
A “educação negativa” estabelece que não se deve intervir, mas apenas
acompanhar o desenvolvimento da criança e mantê-la distante do que pode vir
a corrompê-la. O processo educativo não deve acelerar o desenvolvimento,
mas deixar que a natureza o conduza.
21
CAPÍTULO III
DEFINIÇÃO DE JOGOS
3.1 – Origem dos jogos
Segundo Tizuko Morchida Kishimoto, “compreender a origem e o
significado dos jogos tradicionais e infantis requer a investigação das raízes
folclóricas responsáveis pelo seu surgimento”.
Não se conhece a origem desses jogos e seus criadores são anônimos.
Os jogos tradicionais fazem parte da cultura popular, são manifestações
espontâneas de um povo e têm a função de perpetuar a cultura infantil e
desenvolver formas de convivência social.
Para Kishimoto, por ser elemento folclórico, o jogo tradicional infantil
assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral,
conservação, mudança e universalidade.
3.2 – Classificação dos jogos
Em seu livro Brincar: crescer e aprender – O resgate do jogo infantil,
Adriana Friedmann deixa claro que “existem inúmeros critérios de classificação
de jogos que seguem as perspectivas teóricas de alguns autores.” (2002, p.
78). Segundo Friedmann:
“Os inúmeros critérios de classificação de jogos seguem as perspectivas teóricas por alguns autores já citados. Nas coletâneas de jogos elaboradas por folcloristas, há quase tantas classificações diferentes quantos autores que trataram do assunto. Já os teóricos do jogo, em suas análises e pesquisas, seguem suas convicções teóricas. A lista é grande e não seria possível citar aqui.”
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Segundo Nylse Helena da Silva Cunha (1988), “vários autores fizeram
classificação de brinquedos segundo critérios diferentes”.
Piaget (1962), no livro Play dreams and imitation in childhood,
classifica os brinquedos da seguinte maneira:
1 – Jogos práticos (brinquedo funcional): são explorações sensoriomotoras.
2 – Jogos simbólicos: há dramatização e substituição de ações. Aos poucos
vão incorporando a imitação e passando a ser brinquedos sociodramáticos.
3 – Jogos com regras: continuam até a fase adulta. São jogos nos quais a
criança sabe seguir as regras ou compreendê-las.
Tendo como base esta abordagem de Piaget, foi elaborado por Denise
Garon, no Canadá, o Sistema Esar de classificação de brinquedos, que é uma
análise informatizada de jogos e brinquedos para ser usado por ludotecários
em brinquedotecas, visto que eles precisam analisar e classificar um grande
número de brinquedos de maneira lógica e eficaz, que leve em consideração
as dimensões educativas dos jogos e dos brinquedos.
Neste sistema, as diferentes categorias de brinquedos são abordadas
em linguagem psicopedagógica e apresentadas numa ordem cumulativa e
hierárquica:
SISTEMA ESAR DE CLASSIFICAÇÃO DE BRINQUEDOS E JOGOS
A – ATIVIDADES LÚDICAS:
1 – Jogos de exercitamentos
• Jogo sensorial visual;
23
• Jogo sensorial auditivo;
• Jogo sensorial tátil;
• Jogo sensorial olfativo;
• Jogo sensorial gustativo;
• Jogo motor;
• Jogo de manipulação.
2 – Jogos simbólicos
• Jogo de faz-de-conta;
• Jogo de papéis;
• Jogo de representação.
3 – Jogos de construção
• Jogos de montagem;
• Arranjo de peças;
• Jogos de montagem mecânica;
• Jogos de montagem eletromecânica:
• Jogos de montagem elétrica;
• Jogos de montagem científica;
• Jogos de montagem artística.
4 – Jogos de regras simples
• Jogo de loto;
• Jogo de dominó;
• Jogo de sequência;
• Jogo de circuito;
• Jogo de destreza;
• Jogo esportivo elementar;
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• Jogo estratégia elementar;
• Jogo de azar;
• Jogo questões/respostas elementar;
• Jogo de vocabulário;
• Jogo de matemática;
• Jogo de teatro.
5 – Jogos de regras complexas
• Jogo de reflexão;
• Jogo esportivo complexo;
• Jogo estratégia complexa;
• Jogo de azar;
• Jogo questões/respostas complexas;
• Jogo vocabulário complexo;
• Jogo de análise matemática complexa;
• Jogo de montagem complexa;
• Jogo de representação complexa;
• Jogo de cenas complexas.
B – CONDUTAS COGNITIVAS
1 – Conduta sensoriomotor
• Repetição;
• Reconhecimento sensoriomotor;
• Generalização sensoriomotora;
• Raciocínio prático.
2 – Conduta simbólica
25
• Evocação simbólica;
• Ligações imagens/palavras;
• Expressão verbal;
• Pensamento representativo.
3 – Conduta intuitiva
• Triagem;
• Pareamento;
• Discriminação de cores;
• Discriminação de formas;
• Discriminação de texturas;
• Discriminação temporal;
• Discriminação espacial;
• Associação de idéias;
• Raciocínio intuitivo.
4 – Conduta operatória complexa
• Classificação;
• Seriação;
• Correspondência de agrupamento;
• Relação imagens/palavras;
• Enumeração;
• Operações numéricas;
• Conservação de quantidades físicas;
• Relações espaciais;
• Relações temporais;
• Coordenadas simples;
• Raciocínio concreto.
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5 – Conduta operatória formal
• Raciocínio hipotético;
• Raciocínio dedutivo;
• Raciocínio indutivo;
• Raciocínio combinatório;
• Sistema de representação complexas;
• Sistemas de coordenadas complexas.
C – HABILIDADES FUNCIONAIS
1 – Exploração
• Percepção visual;
• Percepção auditiva;
• Percepção tátil;
• Percepção gustativa;
• Percepção olfativa;
• Localização visual;
• Localização auditiva;
• Preensão;
• Deslocamento;
• Movimento dinâmico no espaço.
2 – Imitação
• Reprodução de ações;
• Reprodução de objetos;
• Reprodução de eventos;
• Reprodução de papéis;
• Reprodução de modelos;
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• Reprodução de palavras;
• Reprodução de sons;
• Aplicação de regras;
• Atenção visual;
• Atenção auditiva;
• Discriminação visual;
• Discriminação auditiva;
• Discriminação tátil;
• Discriminação olfativa;
• Memória visual;
• Memória auditiva;
• Memória tátil;
• Memória gustativa;
• Memória olfativa;
• Coordenação olho-mão;
• Coordenação olho-pé;
• Orientação espacial;
• Orientação temporal.
3 – Performance
• Acuidade visual;
• Acuidade auditiva;
• Destreza;
• Flexibilidade;
• Agilidade;
• Resistência;
• Força;
• Rapidez;
• Precisão;
• Paciência;
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• Concentração;
• Memória lógica.
4 – Criação
• Criatividade expressiva;
• Criatividade produtiva;
• Criatividade inventiva.
D – ATIVIDADES SOCIAIS
1 – Atividade individual
• Atividade solitária;
• Atividade paralela.
2 – Participação coletiva
• Atividade associativa;
• Atividade competitiva;
• Atividade cooperativa.
3 – Participação variável
• Atividade solitária ou paralela;
• Atividade solitária associativa;
• Atividade solitária competitiva;
• Atividade solitária cooperativa.
E – HABILIDADES LINGUÍSTICAS
1 – Linguagem receptiva oral
29
• Discriminação verbal;
• Pareamento verbal;
• Decodificação verbal.
2 – Linguagem produtiva oral
• Expressão pré-verbal;
• Reprodução verbal de sons;
• Nomeação verbal;
• Sequência verbal;
• Expressão verbal;
• Memória fonética;
• Memória semântica;
• Memória léxica;
• Consciência da linguagem;
• Reflexão sobre a língua.
3 – Linguagem receptiva escrita
• Discriminação de letras;
• Correspondência letra-som;
• Decodificação silábica;
• Decodificação de palavras;
• Decodificação de frases;
• Decodificação de mensagem.
4 – Linguagem produtiva escrita
• Memória ortográfica;
• Memória gráfica;
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• Memória gramatical;
• Memória sintática;
• Expressão escrita.
F – CONDUTAS AFETIVAS
1 – Confiança
• Não diferenciação;
• Sorriso como resposta social;
• Apego a um objeto transacional;
• Angústia frente ao desconhecido.
2 – Autonomia
• Conhecimento do nome;
• Conhecimento do corpo;
• Reconhecimento de si.
3 – Iniciativa
• Diferenciação de sexos;
• Identificação parental;
• Aprendizagem de papéis sociais.
4 – Trabalho
• Curiosidade intelectual;
• Reconhecimento social;
• Identificação extra-familliar.
5 – Identidade
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• Procura de uma personalidade;
• Aprendizagem de formas de aprendizagem social.
3.3 – Importância dos jogos
Segundo os vários teóricos citados nesta pesquisa, os jogos são de
suma importância no desenvolvimento infantil.
De acordo com Froebel, a máxima que deve reger toda a educação é
“(...) observar, apenas observar, pois a criança mesma te ensinará.” (Apud
Cole, 1907, p.26).
Para a realização do autoconhecimento com liberdade, Froebel elege o
jogo como seu grande instrumento, juntamente com os brinquedos.
Para Froebel, “o jogo seria um mediador nesse processo de
autoconhecimento, por meio do exercício de exteriorização e interiorização da
essência divina presente em cada criança”.
Frieddrich Froebel foi o primeiro a reconhecer no jogo a atividade pela
qual a criança expressa sua visão do mundo.
Segundo Froebel o jogo seria também a principal fonte do
desenvolvimento na primeira infância, que para ele é o período mais importante
da vida humana, um período que constitui a fonte de tudo o que caracteriza o
indivíduo, toda a sua personalidade. Por isso Froebel considera a brincadeira
uma atividade séria e importante para quem realmente deseja conhecer a
criança.
32
Segundo Piaget através da brincadeira, a criança apropria-se de
conhecimentos que possibilitarão sua ação sobre o meio em que se encontra.
Para Piaget,
Vygotsky entende a brincadeira como uma atividade social da criança,
através da qual adquirirá elementos imprescindíveis para a construção de sua
personalidade, compreendendo a realidade da qual faz parte. Vygotsky
apresenta uma concepção da brincadeira como sendo, simultaneamente, um
processo e uma atividade social infantil.
Segundo Nylse Helena da Silva Cunha o brinquedo traduz o real para a
realidade infantil. Suaviza o impacto provocado pelo tamanho e pela força dos
adultos, diminuindo o sentimento de impotência da criança. Para Nylse, “os
brinquedos são alimentos para a fome de conhecer da criança”. (kishimoto,
1999 p. 59.)
Ainda segundo Nylse, os brinquedos podem proporcionar às crianças:
- Desenvolvimento e aprendizagem;
- Inteligência e concentração da atenção;
- Desenvolvimento da linguagem;
- Desenvolvimento da sociabilidade.
“quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.” ( Kishimoto, 1999, p. 59 )
33
CAPÍTULO IV
O JOGO E SUAS FUNÇÕES
4.1 – Desenvolvimento e aprendizagem através dos jogos
Os jogos proporcionam a oportunidade de desenvolvimento da criança.
Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere suas
habilidades.
O brinquedo estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança.
Proporciona aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento e
da concentração da atenção.
Brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da
criança. É uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir,
no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto.
Para Seguin, “os brinquedos são meios intermediários entre a realidade
da vida que a criança não pode abarcar e a sua natural fragilidade”. (Cunha,
1988, p. 9)
Segundo Nylse Helena, o brinquedo proporciona o aprender-fazendo e
para ser mais bem aproveitado é conveniente que proporcione atividades
dinâmicas e desafiadoras, que exijam participação ativa da criança. E para que
o brinquedo seja significativo para a criança é preciso que tenha pontos de
contato com sua realidade.
Ainda segundo Nylse Helena, o brinquedo estimula a inteligência porque
faz com que a criança solte sua imaginação e desenvolva a criatividade, mas
ao mesmo tempo possibilita o exercício de concentração, de atenção e de
engajamento. Distrai, porque oferece uma saída para a tensão provocada pela
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pressão do contexto adulto. Possibilita exercício de atenção e concentração,
porque leva a criança a absorver-se na atividade.
No desenvolvimento da linguagem e da sociabilidade da criança, os
brinquedos também são imprescindíveis. Para Nylse,
4.2 – Papel terapêutico do jogo
Na educação inicial da criança o brinquedo é um processo essencial.
Por meio da educação a criança vai se reconhecer como um membro vivo do
todo
Para Froebel, as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da
aprendizagem. Não são apenas diversão, mas um modo de criar
representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo. Com base
na observação das atividades dos pequenos com jogos e brinquedos, Froebel
foi um dos primeiros pedagogos a falar em auto-educação.
Para Froebel, “a criança joga e brinca na mais perfeita seriedade”.
“O brinquedo e as brincadeiras são excelentes oportunidades para nutrir a linguagem da criança. O contato com diferentes objetos e diferentes situações estimula também a linguagem interna e o aumento do vocabulário. Brincando, a criança desenvolve seu senso de companheirismo; jogando com os companheiros, aprende a conviver, ganhando ou perdendo, procurando entender regras e conseguir uma participação satisfatória. As relações cognitivas e afetivas, conseqüentes na interação lúdica, propiciam amadurecimento emocional e vão, pouco a pouco, construindo a sociabilidade infantil”.
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E acrescenta mais adiante:
A ludicidade é de suma importância para a saúde mental do ser humano;
o brinquedo é a oportunidade do desenvolvimento. Segundo Nylse Helena, os
brinquedos servem de intermediários para que a criança consiga integrar-se
melhor.
Através da experimentação e da representação a criança aprende a
controlar seus movimentos e a estabelecer ordem em seu mundo.
Montessori constatou que um determinado jogo pode atender de tal
forma a uma necessidade interior da criança que ela o executa dezenas de
vezes, polarizando sua atenção de tal forma que, ao largar o jogo, está mais
calma e relaxada, podendo até passar a ter comportamento mais equilibrado.
Através dos jogos e brincadeiras a crianças vivenciam suas idéias em
nível simbólico para poder compreender seu significado na vida real. Para
Nylse,
“Desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está à sua volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante.” (Carvalho, 1992, p.14)
“E o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se portanto em jogo. (1992, p. 28)
36
“O “faz-de-conta” dá oportunidade para a expressão e elaboração em forma simbólica de desejos e conflitos; quanto mais rica for a fantasia e a imaginação da criança, maiores serão suas chances de ajustamento ao mundo ao seu redor.”
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CAPÍTULO V
OS PSICOPEDAGOGOS
5.1 – A função do psicopedagogo
A psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas
dificuldades, possuindo assim um papel preventivo e terapêutico. Os
psicopedagogos são profissionais preparados para atender crianças e
adolescentes com problemas de aprendizagem, atuando na sua prevenção,
diagnóstico e tratamento clínico ou institucional.
O psicopedagogo na Instituição Escolar poderá:
- Ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um
plano de aula para que os alunos possam entender melhor as aulas;
- Ajudar na elaboração do projeto pedagógico;
- Orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula,
aquele aluno com dificuldade de aprendizagem;
- Realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis
problemas pedagógicos que possam prejudicar o processo ensino-
aprendizagem;
- Encaminhar o aluno para um profissional (psicopedagogo, psicólogo,
fonoaudiólogo, etc.) a partir de avaliações psicopedagógicas;
- Conversar com os pais para fornecer orientações;
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- Auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição
possam ter um bom relacionamento;
- Conversar com a criança ou o adolescente quando este precisar de
orientação.
5.2 – A importância dos jogos para o psicopedagogo
O psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos,
brincadeiras, conto de histórias, computador e outras situações. A criança
muitas vezes não consegue falar sobre seus problemas e é através de
desenhos, jogos e brinquedos que ela revelará a causa de sua dificuldade. É
através dos jogos que a criança adquire maturidade, aprende a ter limites,
aprende a ganhar e a perder, desenvolve o raciocínio, aprende a se concentrar
e adquire maior atenção.
Nesse contexto, os jogos e brincadeiras tornam-se os principais
instrumentos de trabalho do psicopedagogo.
É através de jogos, desenhos, brincadeiras que o psicopedagogo
consegue observar, diagnosticar e tratar crianças com possíveis problemas em
seu desenvolvimento como um todo.
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CONCLUSÃO
Através desta pesquisa pode-se concluir que a sociedade se modifica,
moderniza-se com as Revoluções, e o olhar sobre as crianças acompanha
essa modernização. Conclui-se que a preocupação de teóricos e estudiosos
em entender o desenvolvimento infantil fez com que esta mudança chegasse
até às Escolas, que se modernizaram e se adaptaram para absorver uma
demanda cada vez maior de crianças cada vez mais novas.
Pôde-se perceber com este trabalho que as crianças são estimuladas,
através de atividades lúdicas e jogos, a exercitar suas capacidades motoras,
fazer descobertas e iniciar o processo de letramento.
Através desta pesquisa pôde-se concluir que o ensino absorvido de
maneira lúdica é muito significativo no curso do desenvolvimento da criança,
mas que os jogos e brincadeiras também desempenham uma função
terapêutica, tornando-se ferramentas importantíssimas para o trabalho dos
psicopedagogos.
Com os jogos e brincadeiras, as crianças conseguem expressar sua
visão do mundo, através do simbólico, representado pelos jogos, as crianças
criam representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo,
facilitando o trabalho do profissional envolvido.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ARCE, Alessandra, Friedrich Froebel – O pedagogo dos jardins de Infância.
Petrópolis: Editora Vozes. 2009.
CUNHA, Nylse Helena da Silva, Brinquedo, desafio e descoberta. Rio de
Janeiro: FAE-Fundação de assistência ao estudante, 1988.
FRIEDMANN, Adriana, Brincar: crescer e aprender- o resgate do jogo infantil.
São Paulo; Editora Moderna, 2002.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida, Jogos infantis- o jogo, a criança e a educação.
Petrópolis: Editora Vozes, 2004.
PIAGET, Jean, A linguagem e o pensamento da criança. Rio de Janeiro:
Editora Fundo de Cultura, 1961.
PEDRO, Antonio. LIMA, Lizânias de Souza. Carvalho, Yone de, História do
mundo ocidental. São Paulo; Editora FTD, 2005.
Artigo: INCONTRI, Dora. Pestalozzi, o teórico que incorporou o afeto à sala de
aula. In FERRARI, Márcio. Nova Escola: Fundação Victor Civita, 2009.
Apostila IAVM: CONCEIÇÃO, Régia de Jesus. Módulo III – O Jogo no
Processo Ensino-Aprendizagem. Disciplina: Recreação e Artes. Curso de Pós
Graduação em Psicopedagogia à Distancia. Rio de Janeiro: UCAM/IAVM,
2008. 31 p.
Apostila IAVM: MAIA, Antonio Carlos de Carvalho. MARANHÃO, Diva Nereida
M. Machado. Módulo I – Processos Criativos na Educação. Disciplina:
41
Recreação e Artes. Curso de Pós Graduação em Psicopedagogia à Distância.
Rio de Janeiro; UCAM/IAVM, 2008. 29 p.
Apostila IAVM: MARANHÃO, Diva Nereida M. Machado. Módulo II –
Brincando e Significando: Piaget e Vygotsky. Disciplina: Recreação e Artes.
Curso de Pós Graduação em Psicopedagogia à Distância. Rio de Janeiro:
UCAM/IAVM, 2008. 25 P.
Apostila IAVM: MARANHÃO, Diva Nereida M. Machado. Módulo IV – Vínculo
e Afetividade. Disciplina Recreação e Artes. Curso de Pós Graduação em
Psicopedagogia à Distância. Rio de Janeiro: UCAM/IAVM, 2008. 37 P.
42
WEBGRAFIA CONSULTADA
http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/formador-
criancas-pequenas-422947.shtml
43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I – A Criança na Sociedade 12
1.1 – Antes da Revolução Industrial 12
1.2 – Depois da Industrialização 12
CAPÍTULO II – Teorias de Desenvolvimento 14
2.1 – Teoria de Piaget 14
2.2 – Teoria de Vygotsky 15
2.3 – Teoria de Freud 15
2.4 – Teoria de Froebel 16
2.5 – Teoria de Montessori 17
2.6 – Teoria de Pestalozzi 17
2.7 – Teoria de Decroly 18
2.8 – Teoria de Rousseau 19
CAPÍTULO III – Definição de Jogos 21
3.1 – Origem dos Jogos 21
3.2 – Classificação dos Jogos 21
3.3 – Importância dos Jogos 31
CAPÍTULO IV – O Jogo e suas Funções 33
44
4.1 – Desenvolvimento e Aprendizagem Através dos Jogos 33
4.2 – A Função Terapêutica dos Jogos 34
CAPÍTULO V – O Psicopedagogo 37
5.1 – A Função do Psicopedagogo 37
5.2 – A Importância dos Jogos para o Psicopedagogo 38
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
WEBGRAFIA CONSULTADA 42
ÍNDICE 43