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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pedagogia de Projetos e a aprendizagem na educação infantil:
uma construção significativa
Por: Lilian Porto da Silva
Orientador
Prof. Dr. Luiz Cláudio Lopes Alves
Rio de Janeiro
2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pedagogia de Projetos e a aprendizagem na educação infantil:
uma construção significativa
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia
Por: Lilian Porto da Silva
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, quero agradecer
àqueles que me deram a vida, e a
oportunidade de estudar, de aprender,
de viver: meus pais, Gabriel e
Rosângela, suportando a distância e a
minha ausência. Amo vocês!
Agradeço ao Rodrigo, meu amor, pela
companhia, pela amizade e por todo o
carinho que sempre me levam para
frente.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu amor e aos
meus pais, que são a minha felicidade. E
a todos os educadores engajados na luta
pela qualidade da educação brasileira.
5
RESUMO
Os inúmeros problemas educacionais e o verdadeiro papel da educação formal
são motivos de ampla discussão na sociedade. Esse trabalho faz uma reflexão
sobre as possibilidades na construção de uma educação de qualidade e que
tenha significado real para os educandos. Para isso toma como base de
reflexão a pedagogia de projetos e a criança e o seu desenvolvimento para
uma educação de qualidade para todos.
Palavras chaves: Desenvolvimento infantil, cotidiano, participação e
pedagogia de projetos.
6
METODOLOGIA
Este trabalho teve como eixo norteador a pesquisa qualitativa,
baseada no estudo bibliográfico. Para isso, foram utilizados autores
que refletem sobre o tema abordado, direta ou indiretamente, assim
como a prática do dia a dia.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A criança e o seu desenvolvimento 11
CAPÍTULO II. Pedagogia de Projetos 19
CAPÍTULO III - Iniciando um projeto 26
CONCLUSÃO 29
ANEXO 36
BIBLIOGRAFIA 45
ÍNDICE 48
8
INTRODUÇÃO
Hoje, a hegemonia do projeto neoliberal marca as políticas públicas
para a educação com conceitos e elementos estrategicamente implementados;
verdadeiros desafios no confronto de idéias e no embate de projetos que
queremos ter. A diminuição do papel do Estado, a privatização do patrimônio
público (que na escola se dá pela privatização das formas de gestão) e o
império da lógica do mercado sobre a lógica do direito são fundamentos do
neoliberalismo que, trazidos para a política educacional, têm norteado o
surgimento de programas oficiais no âmbito das escolas, atingindo e
articulando todos os eixos da educação, quais sejam: gestão, avaliação,
financiamento e formação profissional.
Os inúmeros problemas educacionais e o verdadeiro papel da
educação formal são motivos de ampla discussão na sociedade. Urge
empreender um esforço coletivo para vencer as barreiras e entraves que
inviabilizam a construção de uma escola pública que prepare de fato para o
exercício pleno da cidadania e seja instrumento real de transformação social,
espaço em que se aprenda a aprender, a conviver e a ser com e para os
outros, contrapondo-se ao atual modelo gerador de desigualdades e exclusão
social que impera nas políticas educacionais de inspiração neoliberal.
Bandeira de luta cara aos movimentos sociais, a democratização da
educação é emblemática na resistência e na esperança dos que se dedicam à
construção de outro projeto para a sociedade brasileira. Por conseguinte, a
discussão sobre esse tema necessariamente nos remete à reflexão acerca das
relações da escola com a sociedade, demarcando os limites e as
possibilidades de intervenção da escola no projeto social e analisando as
interferências que o modelo de sociedade produz e reproduz na organização
escolar. No caso específico desse texto, o interesse é pensar que papel a
Educação Infantil assume neste cenário.Como agir na sala de aula com os
nossos Pequenos Grandes cidadãos? Afinal de contas, e graças a Deus (não
9
levantando aqui a questão religiosa), nos dias de hoje, a criança é vista como
criança, Ser Humano, com seus Direitos e Deveres, e capaz de agir.
Neste contexto de discussões surgem algumas questões que merecem
ser pensadas, não na perspectiva de encontrar respostas, mas de refletir sobre
o verdadeiro sentido de uma proposta político pedagógica para a educação
infantil que contemple o aprendizado significativo e que valorize os potenciais
dos aprendentes. Dessa forma as dificuldades encontradas, pelas crianças
dentro do contexto escolar, sejam elas fisiológicas, psicológicas, sociais ou
com relação ao desenvolvimento dos conteúdos, têm maiores possibilidades de
serem “combatidas” a favor da criança.
Para isso a tarefa de melhorar nosso sistema educacional, dinâmico e
complexo, exige atuação em múltiplas dimensões e decisões fundamentadas,
seguras e criativas. De um lado, há melhorias institucionais, que atingem
instalações físicas e recursos materiais e humanos, tornando as escolas e
organizações educacionais mais adequadas para o desempenho dos papéis
que lhes cabem. De outro, há melhorias nas condições de atendimento às
novas gerações, traduzidas por adequação nos currículos e nos recursos para
seu desenvolvimento, num nível tal que provoquem ganhos substanciais na
aprendizagem dos estudantes.
O cotidiano infantil é elemento fundamental para essa aprendizagem
significativa. Para isso partindo do que faz parte da vida do aluno e, a partir daí,
trabalhar os conteúdos necessários, não objetivando respostas exatas, mas
principalmente o construir desse conhecimento.
Além disso, as transformações educacionais nos últimos anos trouxeram
uma nova idéia sobre a concepção de Educação Infantil. Agora, a criança vista
como cidadã de direitos, com a sua fase da vida valorizada, necessita de uma
educação coerente com essa “nova” idéia. Precisa ganhar um reforço, e a
Pedagogia de Projetos está intimamente ligada a esse processo.
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Esse trabalho tem como objetivo refletir como a pedagogia de projetos
permitiria um trabalho interdisciplinar, abrangendo as diversas áreas do
conhecimento, viabilizando múltiplas relações sociais, potencializando o que há
de melhor em cada um dos envolvidos. Portanto, nesse trabalho, pretendo
fazer uma reflexão sobre o papel da Pedagogia de Projetos no contexto da
Educação Infantil e suas relações com as novas formas de conceber as
crianças pequenas.
Neste sentido, o trabalho está organizado da seguinte maneira: no
capítulo I faço uma reflexão sobre a criança e o seu desenvolvimento –
considerações teóricas necessárias para uma construção respaldada na
participação da criança; já no capítulo II, analiso os principais pontos do que é
uma Pedagogia de Projetos e sua sistematização. No capítulo III, é feita uma
reflexão sobre os objetivos que queremos ao iniciar um projeto. Nas
considerações finais, aponto as questões que mais me chamaram a atenção
durante o estudo e como elas nos ajudam a compreender melhor o papel da
Educação Infantil.
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CAPÍTULO I
A CRIANÇA E O SEU DESENVOLVIMENTO
Nas creches e pré-escolas, a criança começa a fazer amigos, passa
horas convivendo com outras crianças e adultos que não são seus familiares.
Mas, não é apenas isso o que acontece. Até os 6 anos, a criança viverá uma
das mais complexas fases do desenvolvimento humano, nos aspectos
intelectual, emocional, social e motor, que será tanto mais rica quanto mais
qualificadas forem as condições oferecidas pelo ambiente e pelos adultos que
a cercam.
Uma escola precisa ser mais do que um lugar agradável. Deve ser um
espaço estimulante, educativo, seguro, afetivo, com professores realmente
preparados para acompanhar a criança nesse processo cotidiano e intenso de
descobertas e de crescimento. A interação social é um ponto de grande
destaque, pois é um dos momentos estratégicos onde o educador pode
favorecer as aprendizagens das crianças. Isto porque, situações de conversas,
brincadeiras coletivas, aprendizagens orientadas em grupo, são formas que
ajudam a comunicação, a expressão dos sentimentos, a resolução de conflitos,
a demonstração de modos de sentir, pensar e agir de cada um. Através de
combinações, os grupos podem ser organizados e reorganizados, com o
objetivo da ampliação de conhecimento, através da socialização das
descobertas, do compartilhar a elaboração de diferentes trabalhos, do
desenvolvimento da capacidade de negociar e resolver impasses, de aprender
com as crianças mais experientes e ensinar às menos experientes, vivenciando
a riqueza que as reflexões oriundas da interação social oferecem.
Por isso, as crianças em idade pré-escolar estão “conhecendo o
mundo” (Freire, 1992), reconhecendo-se, identificando-se e envolvendo-se
cada vez mais com o meio em que vivem. Despertar a curiosidade em relação
ao contexto é possibilitar a construção do conhecimento a partir da realidade. É
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necessário propiciar uma base sólida que influenciará o desenvolvimento do
presente e do futuro dessas crianças.
O processo de apropriação e construção do conhecimento tem sido
amplamente estudado. Vygotsky, Piaget e Wallon foram autores que se
dedicaram a esse tipo de pesquisa. Entre nós, destacam-se as contribuições
de Paulo Freire.
Outro autor que está ligado diretamente ao tema deste trabalho é
Fernando Hernández da Universidade de Barcelona, Espanha, que tem se
dedicado a elaborar questões em torno do trabalho por projetos na educação.
A seguir, trago algumas questões por eles apontadas e que nos
ajudam a pensar em como deveria ser o cotidiano da educação das crianças
pequenas.
Para Vygotsky (1984), a aprendizagem está relacionada ao
desenvolvimento desde o início da vida humana, como “um aspecto necessário
e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas
culturalmente organizadas e especificamente humanas”. A ênfase dada por
Vygotsky, na concepção de aprendizagem, sempre inclui relações entre
indivíduos. A interação do sujeito com a aprendizagem é essencial para a
própria definição desse processo, que nunca ocorre no indivíduo isolado. É
então um processo global que envolve, ao mesmo tempo, alguém que
aprende, alguém que ensina e a própria relação ensino-aprendizagem. A
presença do outro social pode se manifestar por meio dos objetos, da
organização do ambiente, dos significados que impregnam os elementos do
mundo cultural que rodeiam o indivíduo.
Segundo Piaget (1986), “aprender em particular, as organizações
fundamentais do pensamento significa compreende-las. Compreender não
consiste simplesmente em incorporar dados já feitos ou construídos (...) mas
13
em descobri-los e reinventá-los através da própria atividade do sujeito” 1.
Quando Piaget postula a continuidade entre desenvolvimento e aprendizagem
está pensando nos mecanismos que dirigem a mudança “no ponto de vista do
sujeito”, isto é, seja qual for o modo pelo qual lhe são apresentados os
problemas ou objetos do conhecimento, entra em funcionamento um processo
de reinvenção ou descoberta devido à sua atividade estruturadora.
Wallon (1989), por sua vez, aponta que a dependência do pensamento
em relação aos seus comportamentos anteriores é muito marcada na criança.
Frente a situações problemas, a atividade mental da criança explica-se sob o
ponto de vista de suas atividades pessoais que, em nenhum momento, são
resultados exclusivos de suas reflexões, de suas crenças ou de seu saber. A
criança nunca deve ser separada da situação que a acompanha, nem de seu
contexto. Ele afirma que a origem do pensamento nasce da lembrança
intelectual:
“Jamais pude dissociar o biológico do social, não
porque os creia irredutíveis entre si, mas, porque, no
homem, eles me parecem tão estreitamente
complementares, desde o nascimento, que a vida
psíquica só pode ser encarada tendo em vista suas
relações recíprocas. (WALLON, 1989)”
No campo da educação no Brasil, gostaria, em primeiro lugar, de
mencionar Paulo Freire, apesar de não podermos dizer que ele tenha
desenvolvido propriamente uma teoria de ensino-aprendizagem. O seu método
de alfabetização é uma conseqüência do seu pensamento filosófico, o qual,
nas entrelinhas, proporciona vislumbrar uma metodologia de ensino que parte
sempre da análise do contexto da educação. A proposta pedagógica de Paulo
Freire é libertadora, porque propicia a ação segundo a própria determinação,
ou seja, o educando detém o poder de agir. Ele foi um crítico veemente do que
1 Inhelder, Sinclair&Bovet, 1975.
14
chamou de “educação bancária”. Neste modo de ensinar, “o educando recebe
passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador”.
(FREIRE,1986, p.38).
Ele, ao contrário defendia que o educador deve saber que “ensinar não
é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção” (FREIRE, 1999, p.52).
Como disse anteriormente, em função do tema deste trabalho, entrei
em contato com os estudos de Hernández. Este autor indica a possibilidade de
transgressão e mudanças na educação. Para ele, é indispensável ir além do
que está colocado em ternos de aprendizagem, é preciso atravessar fronteiras
que impedem o aluno de aprender e buscar conhecimentos com autonomia. O
autor pretende transgredir a visão escolar baseada nos conteúdos, na visão de
aprendizagem vinculada ao desenvolvimento - nesse aspecto ele faz uma
crítica ao aspecto do construtivismo que dá destaque ao desenvolvimento do
indivíduo desprivilegiando a função social da escola como mediadora da
aprendizagem:
“O construtivismo pouco ou nada diz sobre os
intercâmbios simbólicos que se representam na sala de
aula, sobre as construções sociais que o ensino
intermedia, sobre os valores que o professor promove ou
exclui, sobre as construções de identidade que favorece,
sobre as relações de poder que a organização escolar
veicula, sobre o papel dos afetos no (des) aprender, etc”
(Hernández 1998, p. 12).
Ao lermos os escritos de Paulo Freire, Vygotsky, Piaget e Wallon,
podemos perceber certas semelhanças nos seus pontos de vista, embora se
afastem em outros momentos. As abordagens de Vygotsky e Freire enfatizam
aspectos importantes, relativos a modificações sociais e educacionais que
15
formam uma teia de relações. Enquanto Vygotsky focaliza o lado psicológico,
Freire se dirige ao desenvolvimento de estratégias pedagógicas e à análise da
linguagem.
Para Piaget, o desempenho da ação é essencial para o
desenvolvimento da criança, pois é a característica fundamental do raciocínio
lógico para ser operativo. Piaget apóia-se na idéia de que aprendemos apenas
quando temos interesse.
Paulo Freire estava de acordo com essa tese de Piaget e
acrescentava que os educadores precisavam estimular a “curiosidade” do
educando para que a aprendizagem possa ser desenvolvida. Quando
separamos a experiência de vida (aquele conhecimento que construímos fora
da escola) da construção do conhecimento dentro da escola não estamos
estimulando a educação de qualidade.
A Pedagogia de Projetos sugerido por Hernández deve ser vista
justamente como uma maneira de repensar a função da escola.
1.1 - Crianças participativas – Caminho para a cidadania
“A idéia de que a educação em valores permeia os
dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional pode ser observada à primeira leitura do artigo
2º, que, ao definir a educação como dever da família e do
Estado, afirma que a mesma é inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tendo
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
16
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho. (MARTINS,___)2”
Ser cidadão significa, dentre outras coisas, ter direitos e deveres. Exigir
aqueles e cumprir esses. Quando a idéia da cidadania passa a permear, de
fato, a estrutura social de um determinado país, a pessoa passa a ser sujeito
de suas conquistas, alijando as estruturas de exclusão.
Um indivíduo, reconhecendo-se como um membro de seu país e
sendo por este reconhecido com o mesmo status é automaticamente alçado à
condição de cidadão, pois passa a ter a sua disposição uma série de canais
para participação, controle e influência das instituições político-sociais voltadas
para o todo. Estes canais vão do direito de votar ao direito de ser votado; da
liberdade de expressão à possibilidade de assumir cargos políticos.
Por outro lado, só isso não é suficiente. Para que o indivíduo seja de
fato um cidadão, ele precisa considerar-se um membro do país. Mais do que
uma mera questão psicológica, isso envolve um intrincado complexo político-
social. Garantir a "igualdade perante a lei" não é condição suficiente quando há
desigualdade política (sem entrarmos nos problemas que a aguda
desigualdade econômico-financeira traz ao Brasil).
Incapaz de perceber-se como membro de seu país, o indivíduo
desenvolve suas atividades cotidianas à margem dos canais e lugares de
participação na vida pública, impossibilitando assim qualquer ação que possa
vir a influenciar a sociedade como um todo. Com isso, é forçado a ficar em uma
posição reativa, quando não passiva. Desta forma, melhoras em suas
condições de vida são vistas mais como benesses, ao invés de serem
resultado da sua participação pública.
2 Vicente Martins é professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), de Sobral, Ceará.
17
Ao termo em mente que esta condição não é resultado puro de uma
escolha pessoal. Devemos enfrentar o desafio de como criar mecanismos e
ações que possibilitem ao indivíduo sentir-se como um membro. Para os
cidadãos plenos – aqueles que observam as duas condições da cidadania –
negar a existência deste desafio ou evitar dele se ocupar, é negar a própria
cidadania. Neste momento podemos nos indagar qual é a relação entre
criança e “ser” cidadão?
E podemos ao mesmo tempo responder todas. Isto porque, como
estamos refletindo no decorrer deste trabalho sabemos que as crianças fazem
parte deste mundo, com pensamentos, sentimentos, vontades, possibilidade de
aprender, conhecer, tanto como os adultos. Para isso ela necessita sentir-se
membro de uma sociedade, valorizada, entre outras tantas necessidades que
qualquer ser humano possui. Mas, a conquista da autonomia e o exercício da
cidadania exigem que mecanismos e ações sejam criados desde a Educação
Infantil.
Essa forma de encarar a educação serve também como forma de
colaboração entre as crianças. A partir do momento que um aluno com
determinada dificuldade participa de um grupo poderá ser auxiliado, não é
como “dar cola”, mas sim estimular o outro a ser solidário e também possibilitar
àquele com dificuldades ver o conteúdo trabalhado de outra forma.
Vale lembrar que na construção do conhecimento da criança na
perspectiva de uma pedagogia democrática, participativa e baseada no
conhecimento construído a partir do real é necessário desenvolver o espírito
coletivo. Ou seja, a criança aprendendo a viver em grupo, mantendo sua
individualidade, mas participando, das colocações, do que quer e do que não
quer, cresce com o conceito de cidadania dentro dela. Ela é uma criança capaz
de escolhas, sujeito da sua história, e tem grandes possibilidades de crescer
assim.
18
Através da atividade coletiva podemos desenvolver na criança a
participação em grupo. Com isso, as crianças vão percebendo a importância
tanto do grupo na sua vida, como dela na vida do grupo. Para isso precisamos
escutar as vozes infantis, diante das suas dificuldades para podermos trabalhar
com a pedagogia de projetos de forma coerente e eficaz.
1.2 – Escutar as vozes
A necessidade de se conhecer a criança, e perceber o que este sujeito
realmente necessita pois seu fracasso escolar não é resultado da falta de
interesse dele, mas sim numa “falha do sistema educacional”. Sistema esse,
que em vez de perceber e dialogar com as diferenças e com a pluralidade, está
preso nos padrões definidos. Para refletir sobre essa questão da diferença, é
feito uma leitura sobre a concepção de linguagem de Bakhtin3 e a
polifonia.4Muito interessante à essência do pensamento Bakhtiniano sobre a
singularidade de cada sujeito (como contribuição) para o seu coletivo.
Isto é, perceber aquilo que está por detrás das vozes infantis
“Tem que ser uma atitude destituída de poder...Os
professores também precisam reger essa orquestra
polifônica... O professor pode e deve buscar harmonia
dessas vozes infantis sem excluir a sua própria voz. O
que estará buscando? A harmonia do diferente. A
singularidade do plural. (ALGEBAILLE, 1995).”
A questão não é a unificação dos pensamentos, mas sim a união do
que é diferente, com uma riqueza muito maior.
3 (onde a interação verbal cuja realidade fundamental é seu caráter dialógico)
4 termo associado a comunicação por meio da diferença
19
CAPÍTULO II
PEDAGOGIA DE PROJETOS
Para Hernandez (1998), os projetos de trabalho representam uma nova
postura pedagógica coerente com uma nova maneira de compreender e
vivenciar o processo educativo de modo a responder a alguns desafios da
sociedade atual. Nesse sentido, evidencia-se uma ruptura com a visão
tradicional de educação. Não se trata, portanto, de uma mera técnica, mas de
uma maneira de compreender o sentido da escolaridade baseado no ensino
para compreensão, que é uma atividade cognoscitiva, experiencial,
interacional, pesquisadora e dialógica.
“A Pedagogia de Projetos valoriza a participação do
educando e do educador no processo ensino-
aprendizagem, tornando-os responsáveis pela elaboração
e desenvolvimento de cada projeto de trabalho. Portanto,
a Escola e as práticas educativas fazem parte de um
sistema de concepções e valores culturais que fazem com
que determinadas propostas tenham êxito quando se
'conectam' com alguma das necessidades sociais e
educativas (HERNANDEZ, 1998, p.66).”
A Pedagogia de Projetos é um fazer pedagógico que tem sido muito
discutido atualmente. Entretanto, a partir das suas características, percebe-se
que foi iniciada por Dewey (1979), retratada pela chamada Pedagogia Ativa. A
Escola Nova tinha uma linha de trabalho ativo. Ela valorizava a
experimentação, a relação entre professor e aluno, a pesquisa, a troca e a
vivência com o grupo. A doutrina escolanovista enriquece as idéias de uma
escola que busca inovar sua prática pedagógica preparando os educandos
para a vida em sociedade, desenvolvendo algumas competências voltadas
para seu engajamento no mundo do trabalho. Um ponto marcante para a
educação brasileira, principalmente para a pedagogia de projetos, foi a
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divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova onde divulgaram o
pensamento do educador norte-americano John Dewey. Hoje, percebe-se esta
pedagogia voltando aos bancos escolares com algumas adaptações.
Vale ressaltar neste momento a relação entre Pedagogia de Projetos e
Projetos de Trabalho. A Pedagogia de Projetos é a concepção filosófica, onde
se tem a proposta pedagógica e o currículo, já o Trabalho por Projetos é a
operacionalização, ou seja, a concretização e a atividade prática.
O trabalho com Projetos promove amplas situações de manifestação
de diferentes códigos de linguagem, através da competência simbólica e das
possibilidades de expressão e comunicação de cada criança. A ampliação
destas formas de comunicação promove a abertura de novos horizontes e
possibilidades. A prática pedagógica por meio do desenvolvimento de projetos
é uma forma de conceber educação que envolve o aluno, o professor, os
recursos disponíveis, inclusive as novas tecnologias, e todas as interações que
se estabelecem nesse ambiente, denominado ambiente de aprendizagem.
Fundamenta-se nas idéias piagetianas sobre desenvolvimento e
aprendizagem, inter-relacionadas com outros pensadores dentre os quais
destacamos Dewey, Freinet, Freire e Vygotsky, entre outros. Na Educação
Infantil é a possibilidade de enfocar diferentes áreas do conhecimento e
trabalhar tendo em vista a execução de tarefas reais, inseridas na vida
cotidiana das crianças e de temas concretos, não separando brinquedo de
trabalho.
Outro ponto bem relevante é que esta é uma proposta interdisciplinar e
também proporciona uma dinâmica com temas transversais que são ampliados
através das várias áreas de conhecimento. (LEITE, 1994)
Trabalhar com projetos significa lidar com ambigüidades, soluções
provisórias, variáveis e conteúdos não identificáveis a priori e emergentes no
processo. Também possibilita um grande envolvimento na prática cotidiana. A
21
professora vive com as crianças o processo de construção do projeto. Isso
torna possível a constante reflexão sobre a prática pedagógica, articulando as
experiências realizadas com o contexto que vivenciam. Por isto, essa prática
de trabalho pode ser transformada durante a sua realização, na medida em que
novas ações precisem ser inseridas em função dos objetivos a serem
alcançados, como também, pode dar um novo sentido ao planejamento
escolar. O planejamento e avaliação contínuos se convertem numa postura
metodológica que tem dinâmica própria, podendo ser adequada a diferentes
realidades.
“Tenho tido sempre a preocupação de marcar bem para
as crianças que estamos descobrindo, conhecendo,
aprendendo. E tudo que vamos aprendendo,
socializamos. Isso tanto para as descobertas e conquistas
individuais, quanto para as descobertas do grupo.”
(FREIRE, Madalena, 1992).”
Compartilhar conhecimentos, construindo com o outro, faz parte da
condição de cidadão. Por isso, o trabalho com as crianças pequenas, voltado
para a cidadania, pode começar por esse ponto.
O professor que trabalha com projetos de aprendizagem respeita os
diferentes estilos e ritmos de trabalho dos alunos desde a etapa de
planejamento, escolha do tema e respectiva problemática a ser investigada.
Não é o professor quem planeja para os alunos executarem, ambos são
parceiros e sujeitos de aprendizagem, cada um atuando segundo o seu papel e
nível de desenvolvimento. Podemos destacar aqui as conversas de roda, onde
as crianças podem colocar o que estão sentindo com relação à prática
cotidiana dentro e fora da sala de aula, ou seja, elas participam e constroem
junto com a professora. E neste caso, embora Madalena Freira não estivesse
22
se referindo à Pedagogia de Projetos, sua definição sobre o papel do professor
se aproxima do que vem sendo sublinhado mais recentemente.
“O papel da professora, enquanto participante também,
nesta atividade, é o de coordenar a conversa. É o de
alguém que, problematizando as questões que surgem,
desafia o grupo a crescer na compreensão dos seus
próprios conflitos”. (Freire, Madalena 1992)”.
O professor é visto como consultor, articulador, mediador, orientador,
especialista e facilitador do processo em desenvolvimento pelo aluno. A criação
de um ambiente de confiança, respeito às diferenças e reciprocidade, encoraja
o aluno a reconhecer os seus conflitos e a descobrir a potencialidade de
aprender a partir dos próprios erros.
Os projetos surgem na relação adulto/criança na medida em que o
professor é capaz de atribuir significado à curiosidade despertada por assuntos
ou atividades, às perguntas feitas, ao que é necessário ao seu
desenvolvimento. No momento em que o professor consegue entender e
aprofundar seus conhecimentos nesta proposta de trabalho, terá condições de
aventurar-se em infinitas descobertas e perceber o quanto enriquece a
construção do conhecimento.
2.1 - O planejamento
Tudo isso se distingue de hipóteses pela intencionalidade especificada
em um planejamento que inicialmente é um rascunho marcado pela
plasticidade, flexibilidade e abertura ao inesperado, sendo constantemente
revisto, refletido e reelaborado durante a implantação, e na educação infantil
essa situação provisória é extremamente importante, porque, como bem
sabemos, o interesse das crianças é imprevisível. Esses sujeitos trazem
questões que a princípio são imperceptíveis.
23
Podemos dizer que planejar é estudar. Planejar é, portanto assumir uma
atitude séria e curiosa diante de problema. Diante de problema eu procuro
refletir para decidir quais as melhores alternativas de ações possíveis para
alcançar determinados objetivos a partir de certa realidade.
Hoje, em todos os setores da atividade humana, fala-se muito de
planejamento. Esta é, hoje, uma necessidade em todos os campos da atividade
humana. Aliás, sempre foi. Só que hoje adquiriu maior importância por causa
da complexidade dos problemas. Quanto mais complexos forem os problemas,
maior é a necessidade de planejamento.
É necessário que o professor tenha metas para não parecer um trabalho
sem destino. A articulação do tema com os objetivos gerais previstos para o
ano letivo, objetivos relacionados às áreas de competências (conhecer /
saber), objetivos da vida cotidiana e objetivos do SABER FAZER. Se por um
lado o projeto não deve engessar o trabalho pedagógico, mas ter flexibilidade
em relação a estratégias e utilização dos tempos e espaços escolares, por
outro ele deve conter em sua espinha dorsal alguns elementos que favorecerão
sua inserção curricular.
Planejamento - O Quê? - Por quê? - Como? - Quem? - Onde?
Abertura para o NOVO
Caráter INDELEGÁVEL da ação projetada
Referência ao FUTURO
No momento em que o grupo está envolvido pelo seu projeto é como se
esse estivesse “vivo”. As crianças mais cooperativas buscam estratégias e
definem em conjunto o planejamento do projeto, permitindo maior
autonomia. Outro ponto importante a ser levado em consideração no
desenvolver do planejamento são as diferentes vertentes de um projeto.
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2.2 – Um projeto pode dividir-se em:
PROJETOS REFERENTES À VIDA COTIDIANA:
Abrangem todas as decisões relacionadas à existência, ao
funcionamento da vida de um grupo de crianças e adultos na
escola. Organização do espaço, tempo, atividades, regras.
Permitem uma maior organização das crianças deste grupo,
oportunizando-as a se expressar, escolher, viver, assumir
seus conflitos, compartilhar as responsabilidades, aprender a
ouvir os outros.
PROJETOS AÇÕES:
Atividades complexas em torno de uma meta definida - São
referentes a situações reais, transformando um mero conteúdo
escolar em uma necessidade e atividade prática concreta.
Essas situações possibilitam aos professores lidarem com a
distribuição de tarefas em um espaço de tempo e efetuarem
um processo de avaliação dos resultados obtidos.
PROJETOS DE APRENDIZADO:
Projetos construídos coletivamente a partir da apresentação
simplificada do conteúdo curricular decorrem dos projetos de
vida cotidiana e ações, pois desenvolvem habilidades,
destrezas e conteúdos que sustentam sua execução.
Durante a execução do projeto, o grupo deverá realizar avaliações
contínuas referentes ao relacionamento em grupo, planejamento e suas
etapas, execução, envolvimento, responsabilidades e que pontos são
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significativos em uma etapa do projeto ou mesmo no seu ponto de culminância.
Esta avaliação pode seguir critérios básicos, mas que condizem com uma
proposta democrática como esta.
2.3 - Avaliação:
A avaliação não deve ser um ato fechado e fora do contexto, tanto do
aluno, como da sala de aula. É necessário que esta não seja vista como uma
forma de prejudicar o educando, ou mesmo a execução do projeto, mas sim, e
primordialmente, como processo de conhecimento entre professor e aluno,
para que o primeiro, responsável pela mediação na construção do
conhecimento do educando, possa direcionar e redirecionar suas atitudes e
apresentar novas propostas para a execução do projeto. A avaliação do
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos:
Deve estar em sintonia com o planejamento e desenvolvimento
das atividades sugeridas pelo grupo – A diversidade é uma
característica marcante em qualquer ser humano, portanto,
devemos levar em consideração no ato de avaliar;
Deve ser parte integrante e conseqüente do processo
26
CAPÍTULO III
INICIANDO UM PROJETO
Em primeiro lugar, é necessário que se tenha um problema para iniciar
uma pesquisa. Este problema, dentro do trabalho com as crianças, deve ser
algo que elas, junto com a professora, percebam e queiram desenvolver. Pode
ser sobre uma inquietação ou sobre uma posição a respeito do mundo, algo
que parta das suas percepções, brincadeiras, jogos, leitura e que são fontes
extremamente importantes. Isto porque, quando brincam, elas podem ser elas
mesmas.
A partir daí, é importante trabalhar as maneiras de olhar o mundo que
são diversas, para isso entender o significado delas. Também é importante
lembrar que se desde cedo a criança se perceber como cidadã, construtora da
sua história, ela tem maiores possibilidades de ser no mundo e não apenas
estar nesse mundo. Podendo assim surgir idéias de projetos bem interessantes
e que estimulam a participação de todos.
O resultado é que se constrói uma situação de aprendizagem em que
os próprios estudantes começam a participar do processo de criação, pois
buscam resposta às suas dúvidas. Podemos levantar como exemplo a
necessidade que as crianças têm de perguntar, questionar. Madalena Freire
(1992) relata práticas do seu cotidiano como professora de crianças pequenas.
Em geral, ela costumava trazer uma questão inicial, e a partir dali mais
perguntas surgiam. Nesses relatórios a autora descreve a necessidade das
crianças conhecerem e de como um assunto puxava outro, dando origem a
outros temas. Práticas como essas podem servir como ponto de partida para o
início e desenvolvimento de um projeto.
Trata-se da idéia de que o aprendizado deve tornar a escola capaz de:
Atender às demandas da sociedade;
27
Considerar as expectativas, potencialidades e necessidades dos
alunos;
Criar espaço para que professores e alunos tenham autonomia
para desenvolver o processo de aprendizagem de forma
cooperativa, com trocas recíprocas, solidariedade e liberdade
responsável;
Desenvolver nas crianças a habilidade de aprender a aprender,
associando conteúdos e habilidades segundo o seu mundo de
conceitos, estratégias, crenças e valores.
3.1 – Etapas de um projeto
Para que se torne uma prática efetiva será necessário que o professor siga
certas etapas:
o Planejamento - O Quê? - Por quê? - Como? - Quem? - Onde?
o Montagem e Execução:
Ações:
Pesquisar- Sintetizar Redigir - Entrevistar
Cantar - Dançar - Interpretar Pintar - Desenhar - Filmar
Criar - Construir – Cooperar
o Depuração
Ações:
Análise
Reflexão
Mudança de hipóteses
Replanejamento
(Re) elaboração
28
o Apresentação e exposição
Ações:
Aluno: Forma e estilo - ego
Professor: avaliação e aquisições
o Avaliação e críticas
Ações:
Mediação de uma sessão de:
- Críticas e (auto)críticas;
- Emissão e recepção de Feedback;
- Avaliação e (auto)avaliação;
Finalidade:
- Análise e reflexão;
- Aprimoramento dos Projetos futuros.
A organização do planejamento e do projeto dentro dessa
sistematização é muito importante, pois direcionando o trabalho, a
possibilidade de construirmos coletivamente sem ficarmos “perdidos” é bem
maior. Quais reflexões podemos fazer a partir do que foi discutido até aqui?
29
CONCLUSÃO
Podemos perceber a preocupação com atividades mais significativas,
dinâmicas, de troca com o outro, em especial na Educação Infantil.
Nesse contexto, o brincar ocupa lugar importante, na medida em que,
através dele, ocorre manifestação da linguagem simbólica. Com a brincadeira,
as crianças se apropriam de situações da realidade, atribuindo-lhes novos
significados. Os papéis que assumem, imitando ações do cotidiano, a
dramatização de cenas assistidas na televisão e nos filmes ou a leitura de
livros de literatura propiciam condições de transformar os conhecimentos que já
possuíam em conceitos gerais – comportamento constitutivo do modo de ser
infantil.
O brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser
humano. Brincando as emoções e a necessidade de conhecer e reinventar são
resignificadas. Através do espaço criado pelo brincar, a criança mergulha na
vida e sente a dimensão de suas potencialidades.
Para a criança a brincadeira é importante uma vez que, por meio dela,
enfrenta e vence desafios, descobre o que parece impossível, manipula
materiais, cores, tamanhos, formas, sons, cheiros, texturas e resistências. De
acordo com Friedmann (1992):
“Através da brincadeira as formas de comportamento
são experimentadas e socializadas (...) constitui-se
basicamente, em um sistema que integra a vida social
das crianças (p.26).
Ao observar como e de que as crianças brincam, os professores
podem compreender as visões de mundo que se expressam nesses momentos
e encontrar pistas dos caminhos a seguir durante a realização dos projetos.
30
Entretanto, nem sempre a importância do brincar é reconhecida. E,
infelizmente, o desenvolvimento de projetos que considerem o interesse das
crianças por um determinado tema não é uma prática comum. Existem escolas
que utilizam o termo “projeto” para denominar um trabalho apenas secundário.
Esse fato pode estar relacionado a idéia de que o trabalho com projetos é
apenas um recurso didático. No mundo atual tendemos a ver nos conteúdos os
aparelhos necessários para responder as questões que os próprios alunos
trazem, diante de situações problemáticas. Numa outra perspectiva, não são
os conteúdos que geram projetos, mas estes últimos que dão real significado a
escolha dos conteúdos inseridos no currículo. É uma mudança de ponto de
vista.
Outro aspecto fundamental das novas concepções pedagógicas é o
questionamento do ensino como inculcação de conteúdos em que apenas o
adulto ou o especialista conhece o valor: "No futuro você vai compreender". As
novas pedagogias acreditam que o aluno, implicado, envolvido e interessado,
aprende com uma energia incomparável. Por isso é preciso tornar os saberes
significativos e interessantes. O aluno precisa compreender já o real valor do
que está sendo trabalhado e acreditar nisso.
"(...) Mulheres e homens, somos os únicos seres que,
social e historicamente, nos tornamos capazes de aprender. Por
isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura
criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que
meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir,
reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura
ao risco e à aventura do espírito" (FREIRE, P. Pedagogia da
autonomia - saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996, pág. 77).
É importante o respaldo que a Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira abre caminhos para inovações, e a prática de Projetos nos
31
leva a criar. Não obriga nem garante, mas facilita as práticas inovadoras dos
educadores mais preocupados com o alto nível de descolamento dos currículos
da realidade dos alunos, dos problemas de nosso país, do mundo e da própria
existência.
A prática pedagógica por meio do desenvolvimento de projetos é uma
forma de conceber educação que envolve o aluno, o professor, os recursos
disponíveis, inclusive as novas tecnologias, e todas as interações que se
estabelecem nesse ambiente, denominado ambiente de aprendizagem. O
trabalho com projetos possibilita um grande envolvimento na prática cotidiana.
A professora com as crianças, vive o processo de construção do projeto. Isso
torna possível a constante reflexão sobre a prática pedagógica, articulando as
experiências realizadas com o contexto que vivenciam.
Podemos destacar aqui as conversas de roda, onde as crianças podem
colocar o que estão sentindo, com relação à prática cotidiana dentro e fora da
sala de aula, ou seja, elas participam e constroem junto com a professora. E
neste caso
“o papel da professora, enquanto participante também,
nesta atividade, é o de coordenar a conversa. É o de
alguém que, problematizando as questões que surgem,
desafia o grupo a crescer na com preensão dos seus
próprios conflitos”. (FREIRE, 19925).
Projetos relacionados à Educação Ambiental, a literatura, a cidadania,
entre muitos outros são desenvolvidos nas escolas brasileiras. Só nos resta
saber até que ponto essa prática sai ou não sai do papel, até que ponto não
passa de discursos bonitos apenas para “inglês ver”.
5 FREIRE, Madalena. A Paixão de conhecer o mundo, 1992.
32
Há vários caminhos para se desenvolver a aprendizagem e é preciso
que a cada objetivo a ser alcançado se dê o tempo e as oportunidades
necessárias para que a criança compreenda com total clareza a sua
importância e articulação com outros saberes e processos da vida real. Para
que efetivamente aprenda, é fundamental que se crie a necessidade de
aprendizagem que será a força propulsora da mobilização das energias
intelectuais e emocionais no processo de construção do seu conhecimento.
Uma outra questão, que tem exigido da escola uma revisão na sua
postura, é o fracasso escolar, ainda presente na sociedade. Segundo
Perrenoud (1998), o fracasso escolar é o fracasso da escola, pois as crianças
são bons ou maus alunos, a partir de sua interação com a escola e o mundo de
conhecimento que lhes são oferecidos.
Perrenoud propõe:
“(...) organizar as interações e as atividades, de modo que
cada aluno seja confrontado constantemente ou, ao
menos, com bastante freqüência, com situações didáticas
mais fecundas para ele. (PERRENOUD, 2001, p.26- 27).”
Enfim, a Pedagogia de Projetos repercute no conjunto da organização
do tempo e do espaço escolar, no planejamento curricular, no processo de
avaliar e, em especial, na relação entre professor aluno, profissionais da
escola, comunidade. E nessa reorganização os valores são fortalecidos e as
competências indispensáveis ao desenvolvimento pessoal, social e da própria
cidadania são desenvolvidas.
No entanto, Hernandez lembra que:
“Não é possível ensinar tudo por meio de projetos porque
há muitas maneiras de aprender. Projeto é uma
concepção de como se trabalha a partir de pesquisa. É
bom e é necessário que os estudantes se encontrem com
33
diferentes situações para aprender. Todas as coisas que
se podem ensinar por meio de projetos começam de uma
dúvida inicial. Nem tudo pode ser ensinado mediante
projetos, mas tudo pode se ensinar como um projeto.”
(Entrevista dada a revista Nova Escola retirada no dia 14
de janeiro de 2006)”
Segundo Brandão (2004), nada mais quadrado, companheiro, do que
enquadrar o método, do que pensá-lo como uma forma sobre o fazer, e não
como uma forma de fazer.
Entende-se o que Brandão e Hernandez querem dizer, como, nada pior
do que fazer um método e usá-lo como forma única e principal de encarar o
processo de aprendizagem. Isto porque, além de incoerente perante uma
proposta democrática, esvazia qualquer concepção de heterogeneidade na
própria construção do conhecimento do ser humano (aqui enfatizando a
Educação Infantil) e impossibilita o olhar crítico a possíveis mudanças
necessárias. Brandão (2004) afirma que:
“ O mesmo trabalho coletivo de construir o método (no
caso desse trabalho a pedagogia de projetos), a cada vez,
deve ser também o trabalho de ajustar, inovar e criar a
partir dele.
Nada é rígido e não há receitas. Nada é lei, a não ser as
leis da lógica do ato de aprender e os princípios
gramaticais da língua. Há uma proposta de trabalho-
diálogo e há uma lógica no processo coletivo de aprender
a ler – e – escrever. Fora disso cada situação é uma
situação e coisa alguma é melhor para um círculo de
cultura – para a comunidade à qual o círculo se abre – do
que aquilo que a sua gente descobre, com o próprio
34
trabalho, que é bom, que amplia o diálogo...” Brandão
(2004)
É importante ainda frisar que há muitas maneiras de garantir a
aprendizagem. Os projetos são apenas uma delas.
"É bom e é necessário que os estudantes tenham aulas
expositivas, participem de seminários, trabalhem em
grupos e individualmente, ou seja, estudem em
diferentes situações", explica Hernández (1998)
Durante a pesquisa, as leituras e exemplificações de projetos, percebi
que trabalhar com a Pedagogia de Projetos (especificamente na Educação
Infantil) não é tão simples quanto parece, não se trata apenas de elaborar um
projeto com um tema e pronto. Sabemos, que as escolas mais tradicionais não
permitem que esse tipo de proposta funcione em sua plenitude. E mais, colocar
para o professor que ele não é a autoridade máxima, detentora de todo o
saber, é muito mais complicado do que parece. E cabe, aos coordenadores
pedagógicos, assumirem um papel mais ativo na formação continuada desse
professor, dando embasamento teórico-prático para que este não se sinta
incapaz, perdido e violado na sua identidade profissional.
Aos poucos, fui encontrando teóricos e práticas, que me fizeram
perceber que aquelas primeiras idéias que tinha (no início dessa jornada) foram
essenciais, contudo, se desenvolveriam mais do que imaginava.
É claro que não podemos oferecer respostas prontas, mas ao ler as
considerações e reflexões feitas no processo de escrita desse texto me sinto
mais preparada para me afirmar num trabalho de Educador Democrático.
Como já foi dito, trabalhar com a Pedagogia de Projetos não é a única forma de
construção de conhecimento, a discussão que envolve essa idéia permite uma
35
reflexão mais apurada sobre o assunto por aqueles que buscam não só uma
educação infantil de qualidade, mas também, todo o sistema de ensino, para
que com isso não tenhamos tantas evasões, repetências, analfabetismo, entre
outros. Espero que ao repensarmos a escola, possamos contribuir para a
construção da cidadania desde cedo.
36
ANEXOS
ANEXO 1
Psicopedagogia como campo de conhecimento humano (TEXTO RETIRADO
DO SITE: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos NA DATA: 13DE JUNHO DE 2007 –
AUTOR: João Beauclair).
Enquanto campo multidisciplinar de conhecimento humano, a Psicopedagogia
se propõem a investigar a aprendizagem, enfatizando seus processos, seus
mecanismos e as possíveis dificuldades inerentes a este importante fazer
humano. Diferentes contribuições, oriundas de também distintos campos do
saber tem possibilitado, aos que se interessam pelo tema, a ampliação de
compreensões sobre aspectos diferenciados envolvidos.
Os estudos no campo psicopedagógico centram seus objetivos à compreensão
dos processos humanos vinculados a aquisição de conhecimento,
considerando os padrões evolutivos considerados como normais e percebendo,
ainda, as possíveis patologias, além das diferentes influências presentes na
sociedade, na família, na cultura, nas instituições sócias e, óbvio, no
espaçotempo da escola.
A Psicopedagogia, partindo de uma visão multidisciplinar, apropria-se de
conhecimentos de outros campos do saber humano - Pedagogia, Psicologia,
Psicanálise, Sociologia, Neuropsicologia, Antropologia, Lingüística, entre
outros-, com a clara função de demonstrar que, no processo de construção do
conhecimento, cada sujeito utiliza-se de modos próprios de pensar e agir,
modos únicos de demonstrar as habilidades de cognição presentes em sua
essência.
Nossas ações enquanto educadores e/ou psicopedagogos devem estar
centradas na busca continua do prazer de aprender e, em nossa prática
cotidiana, ressaltar a importância de tal procedimento como condição essencial
para o resgate do sucesso no aprenderensinar, no ensinaraprender.
37
Enquanto profissionais atuando no campo psicopedagógico, somos
estimulados a continuadamente a compreender os diferentes fatores que
possibilitam o surgimento das dificuldades de aprendizagem, principalmente no
que concerne ao âmbito escolar. A Psicopedagogia interessa-se, sobretudo, no
diagnóstico e tratamento do sujeito que não consegue aprender, que não
deseja, de alguma forma, aprender. Através da anamnese, um primeiro
momento de encontro que o psicopedagogo tem com o sujeito aprendente e
seus familiares, busca-se o olhar psicopedagógico e a escuta psicopedagógica,
elementos facilitadores à percepção das possíveis causas do não aprender. Tal
escuta e tal olhar podem ser obtidos com a utilização do lúdico, do jogo, com a
observação das falas, dos silêncios, dos gestos e do corpo, enfim, das
diferentes manifestações expressivas do sujeito, o que pode facilitar a busca da
compreensão das possíveis causas para a não aprendizagem.
Neste movimento investigativo, cabe ao psicopedagogo buscar conhecer a
história pessoal do sujeito aprendente, observar o seu papel no meio familiar
onde convive, tentar conhecer aspectos diversos da vivência cotidiana que ele
possui, suas relações com os outros nos diferentes espaços e tempos onde
atua. É válido também abrir espaço para que tal sujeito manifeste sua
oralidade, faça uso da fala para expressar suas angústias, seus medos, suas
ansiedade, podendo, inclusive, o psicopedagogo utilizar elementos da arte-
terapia como recursos para tal.
Ao elaborar o diagnóstico, caberá ao psicopedagogo levar em conta a vivência
deste sujeito nos diferentes espaços onde ele atua, seja a própria escola e a
família, e ainda a relação vincular que ele estabelece com seus pais, amigos e
professores. Ao assim fazer, ver as possíveis interferências que estas relações
possuem em seu aprender (ou no seu não-aprender).
Ao investigar o espaçotempo da escola deste sujeito aprendente, o
psicopedagogo pode observar de modo crítico sua estruturação e organização,
o método de trabalho mais usual, as relações existentes entre ensinantes e
aprendentes e, sempre que possível, ter conhecimento do ideário que tal
instituição possui presente no seu projeto político pedagógico, onde devem
38
estar delineadas funções, habilidades e competências necessárias ao fazer de
cada envolvido no cotidiano escolar.
Desta forma, poderá o psicopedagogo contribui para a superação das
dificuldades de aprendizagem deste sujeito, intervindo, sugerindo e elaborando
possíveis estratégias em conjunto com tais instituições a fim de facilitar a
superação deste não aprender.
39
ANEXO 2
CONSCIÊNCIA ALIMENTAR6
Caracterização
Projeto coletivo, desenvolvido com turmas de Maternal III, 1° e 2°
periodos.
Justificativa
Durante o momento do lanche coletivo, as professoras sempre
reforçam a importância de uma alimentação saudável e os hábitos de bom
comportamento à mesa. Em um desses momentos, um dos alunos, que
estava mais gordinho, começou a contar aos colegas sua ida a uma
nutricionista e a dieta que esta havia lhe passado, explicando detalhada-
mente o porquê de comer isto e não aquilo. Para espanto nosso, o assunto
tomou conta da hora do lanche e os questionamentos e relatos continuaram
durante todo o recreio.
6 Projeto retirado do Caderno AMAE – Pedagogia de Projetos – pág. 15 e 14 – descrito por Thereza Cristina Bordoni –
mestranda em Políticas Públicas Educacionais, professora da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte e
consultora educacional em implementação de projeto político pedagógico (Belo Horizonte – MG)
40
AS professoras aproveitaram para explorar o tema e perceberam um
interesse rea! sobre o assunto. Surgiu então a vontade de transformar este
momento em um projeto que proporcionasse a formação de hábitos
alimentares saudáveis, envolvendo a família e discutindo a realidade
alimentar de nossa sociedade.
Por ser um tema abrangente e muito rico de informações, resolvemos
trabalhar este projeto vinculado a dois outros em desenvolvimento:
Ecologia e Natal sol idário.
Planejamos interseções como: recursos naturais utilizados na
alimentação; materiais usados nas embalagens; destino destes materiais;
reciclagem de alimentos; relação social entre acesso/aquisição de alimentos
e as classes de baixa renda.
Problematização
Montamos com cada turma um quadro de cognição (e também o
nosso) para podermos definir a linha diretriz do trabalho. Nosso quadro,
resumidamente, ficou assim:
O que sabemos
. Hábitos que favorecem uma boa alimentação
. Classificação dos alimentos
. Alimentos que prejudicam a saúde
. Organização de uma dieta balanceada
. Realidade social alimentar
. Tendência dos alunos em eleger alimentos de
que gostam e de que não gostam
O que queremos saber
. Qual é o conhecimento de nossos alunos e
qual é a sua fonte?
. Quais são os hábitos alimentares da família d^i
nossos alunos?
41
. Qual é a percepção que possuem de outras
realidades sociais?
Como vamos fazer
. Conversas informais . Pesquisa com os familiares Visita à creche
vizinha .Utilização de material informativo variado: notícias, vídeos, folhetos,
receitas, outros
Análise da problematizacão
Realizamos uma assembleia com os alunos para a organização de um
quadro, a partir dos quadros e laborados em cada t u rma Descobrimos
que a maioria já possuía urn conceito sobre os tipos de alimentos saudáveis
e os que prejudicam a saúde. Também conheciam, embora
superficialmente, a realidade alimentar do Brasil. Percebemos que muitos
eram capazes de fazer uma crítica em relação aos hábitos alimentares de
sua família e como gostariam de modificá-los.
Linha central
Após várias análises, decidimos por trabalhar a conscientizacão
alimentar.
Objetivos
• Contribuir para a formação de hábitos alimentares mais saudá-
veis.
• Levantar problemas sobre o desperdício de alimentos.
• Envolver a família com o trabalho realizado.
• Conhecer outras realidades
sociais. » Diminuiro desperdício de lanche.
• Trabalhar com diversos tipos de informações (leitura e registro).
• Sensibilizar todos os envolvidos em relação a questões
relativas à alimentação.
Planejamos real izar o trabalho de forma interdisciplinar,
utilizando todas as salas ambientes.
42
Desenvolvimento
Os professores estabeleceram previamente algumas ações que
foram desenvolvidas com as turmas. A cada ação, um aluno de cada turma
ficou responsável pelo relato para o grupo maior. O assunto foi problemati-
zado na rodinha. Os alunos foram desafiados a pensar e a se expressar
sobre o que comem e suas implicações para a saúde, indagando se o seu
lanche é saudável. Se não, o que deveria mudar.
O trabalho em sala de aula teve diferentes suportes de informação
sobre alimentação: jornais, revistas, folhetos, receitas médicas, vídeos,
entre outros, visando ampliar o conhecimento de todos.
Para proporcionar o contato dos alunos com diferentes tipos de
alimentos, cada um trouxe para a escola um determinado tipo para ser
socializado na rodinha.
A dieta alimentar foi investigada: as mães mandaram, por escrito, o nome dos
alimentos mais frequentes nas refeições de seus filhos. Na rodinha, os alunos
conversaram sobre os diferentes hábitos alimentares, com intervenções sobre a
dieta de cada um.
Pesquisando junto aos familiares mais idosos a respeito de antigos
hábitos, os alunos refletiram sobre as mudanças e o que acharam delas.
Confeccionaram um "fogão de mentirinha" e um mural com a participação
de todos os alunos; cada turma ficou encarregada de trazer informações sobre
determinado tipo de alimento.Foram realizadas atividades culinárias com a
preocupação de usar receitas saudáveis e os alunos contribuíram com ideias
variadas. Houve, também, a participação de uma nutricionista que fez uma
palestra na escola.
As mães foram solicitadas a enviar receitas saudáveis e alternativas. Cada
turma selecionou três receitas para integrar o livro que foi oferecido às mães, no fina!
do projeto.
Nos lanches co le t i vos realizados, cada aluno trouxe o que foi solicitado
e a confraternização gerou muita alegria.Houve ainda a realização de teatro, com o
tema voltado para as questões abordadas no projeto, bem como uma visita à creche
43
vizinha para um lanche coletivo e a organização de um sacolão na vendinha da
escola.
Além das atividades planejadas, outras surgiram, respeitando as
características de cada turma, dando maior ênfase ao interesse demonstrado por
ela. Outras ações foram desenvolvidas nos projetos parceiros.
Tempo - O tempo não foi determinado, variando de acordo com o interesse
de cada turma.
Avaliação - Durante todo o projeto, foram observados o envolvimento
e a participação do grupo, para ajustá-lo durante sua execução. Alguns temas
mostraram-se abstratos e foram enfocados de maneira mais superficial. Foi
muito interessante o paralelo estabelecido com o projeto Ecologia, principalmente
no momento de análise das embalagens e sua reciclagem.
Percebemos ter plantado a semente em um terreno bem adubado e já
começamos a colher os frutos. Percebemos isto claramente, observando a
qualidade do lanche que os alunos têm trazido de casa e também o seu
comportamento neste momento; nosso índice de desperdício de alimentos
diminuiu significativamente. O projeto foi finalizado com a confecção de cestas
básicas para serem distribuídas à população carente das vilas de nossa região.
44
"Fogão de mentirinha" enfeita a sala de aula e encanta os alunos
45
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2006.
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A criança e o seu desenvolvimento 11
1.1 – Crianças participativas 15
1.2 – Escutar as vozes 18
CAPÍTULO II
Pedagogia de Projetos 19
2.1 – O planejamento 22
2.2 – Um projeto pode dividir-se em 24
2.3 – Avaliação 25
CAPÍTULO III
Iniciando um projeto 26
3.1 – Etapas de um projeto 27
CONCLUSÃO 29
ANEXOS 36
BIBLIOGRAFIA 45
ÍNDICE 48
49
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
50
EVENTOS CULTURAIS