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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
GEOVANIA RODRIGUES MOREIRA
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DE
CRIANÇAS PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DE
CRIANÇAS PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN.
Monografia apresentada como exigência
parcial para a conclusão do Curso de
Pós-Graduação em Educação Inclusiva da
Universidade Candido Mendes.
Professora Orientadora:Maria Poppe
Rio de Janeiro
2004
3AGRADECIMENTOS:
Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me dado forças
para continuar essa jornada, agradeço também aos meus
familiares e amigos, que com sua dedicação e renúncia à
minha presença tornando possível alcançar o meu objetivo
e a todos os que, em meu caminho, contribuíram para
mais esta vitória.
4DEDICATÓRIA:
Dedico o meu trabalho ao meu marido e as minhas filhas
que são as pessoas que mais me incentivaram na minha
formação acadêmica.
5RESUMO
A Educação Especial, apesar dos grandes avanços ocorridos tanto nas
áreas biomédicas, quanto na comportamental e as mudanças de atitudes da
sociedade, ainda necessita de revisão para que haja melhora na educação de
crianças portadoras da Síndrome de Down.
Sendo rotuladas antes como mongolóides, incapazes, débeis mentais e
outras classificações que as inferiorizavam perante a sociedade.
Hoje é comprovado que são capazes de realizar inúmeras tarefas desde
que sejam estimuladas, participando de atividades e tendo oportunidades de
estar incluídas na sociedade.
Com isto, conseguem se desenvolver como as demais crianças, porém
cada uma tem seu tempo e suas limitações no aprendizado.
Este trabalho visa conscientizar aos pais e professores a importância
da família na estimulação de seus filhos e alunos portadores da Síndrome de
Down, a fim de que eles possam se desenvolver no seu processo de
aprendizagem.
6METODOLOGIA
Após trabalhar com alguns alunos portadores da Síndrome de Down , foi
observado que havia diferenças em seus comportamentos e desenvolvimentos.
Pensando que essas diferenças poderiam se dar através do
envolvimento das famílias para com elas, foram realizados estudos
bibliográficos a fim de comprovar a importância das famílias para os seus
desenvolvimentos intelectual, motor e social.
7SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÌTULO I 10
A Síndrome de Down 10
CAPÌTULO II 16
As dificuldades de aprendizagem 16
CAPITULO III 25
A família 25
CAPÍTULO IV 32
A escola inclusiva 32
CONCLUSÂO 41
ANEXOS 43
BIBLIOGRAFIA 47
ÍNDICE 49
8
INTRODUÇÂO
A Educação Especial tem sido muito discutida hoje em dia, mas incluir
uma criança portadora da síndrome de Down na sociedade requer primeiro a
aceitação dos pais para com esta criança e também a participação em todos
os momentos de sua vida, principalmente na vida escolar e social.
E para que isso aconteça, os pais devem ser os primeiros a procurar
profissionais que lhes dêem subsídios para começar precocemente a
estimulação, visando assim o desenvolvimento e aprendizagem deste novo ser.
De certo que muitas vezes essa aceitação demora um pouco, e para
que isso ocorra se faz necessário um grupo de apoio aos pais, a fim de que
eles se conscientizem de sua importância no desenvolvimento intelectual e
social dos seus filhos.
O presente estudo consiste em abordagens que buscam conscientizar
pais e professores de como essas crianças são capazes de realizar tarefas
antes nunca acreditadas.
Mas para que isso aconteça se faz necessário a participação de todos.
O estudo foi realizado com o objetivo de provar que as crianças
portadoras da Síndrome de Down podem ter suas vidas quase que “normais”
apesar de suas limitações.
9Inicialmente, no primeiro capítulo será abordado o que é a
síndrome,como ocorre e as características dessas crianças portadoras da
síndrome.
Em seguida, no segundo capítulo, as dificuldades que ocorrem na
aprendizagem, a importância da estimulação precoce e os enfoques
pedagógicos que deverão ser realizados junto à criança.
Já o terceiro capítulo, iniciará com o conceito de família, abordará após
os sonhos e expectativas da entrada de um novo membro na família, a
descoberta da síndrome de Down neste bebê, o processo de compreensão,
adaptação e aceitação desta criança e a importância da família para o seu
desenvolvimento.
E no quarto e último capítulo, abordará o que é a escola inclusiva,o
professor e a inclusão e a escola X a família uma parceria que deve ser
indissolúvel.
101- CAPÍTULO I
A Síndrome de Down é a forma mais freqüente de retardo mental, sendo
uma das síndromes mais conhecidas de má formação da espécie
humana.Tendo como anormalidade básica à presença de uma quantidade
extra de material do cromossomo 21. Neste capítulo abordaremos sua
conceituação, causa e características.
1.1- A Síndrome de Down
A Síndrome de Down é a mais comum de todas as síndromes,
decorrente de uma alteração genética ocorrida durante ou imediatamente após
a concepção.A alteração genética se caracteriza pela presença a mais do
autossomo 21, ou seja, ao invés do indivíduo apresentar dois cromossomos
21,possui três.A esta alteração denominamos trissomia simples.
No entanto podemos encontrar outras alterações genéticas, que causam
Síndrome de Down.Estas são decorrentes de translocação, pela qual o
autossomo 21 ,a mais, está fundido a outro autossomo.O erro genético também
pode ocorrer pela proporção variável de células trissômicas presente ao lado
de células citogeneticamente normais.Estes dois tipos de alterações genéticas
são mais freqüentes, que a trissomia simples.
Estas alterações genéticas decorrem de “defeito” em um dos gametas,
que formarão o indivíduo.Os gametas deveriam conter um cromossomo apenas
e assim a união do gameta materno com o paterno geraria um gameta filho
com dois cromossomos, como toda a espécie humana. Porém,durante a
formação do gameta pode haver alterações e através da não-dijunção
cromossômica, que é realiza durante o processo de reprodução,podem ser
formados gametas com cromossomos duplos, que ao se unirem a outro
cromossomo pela fecundação, resultam em uma alteração cromossômica.
11De acordo com LEFÈVRE, (1981)
O mongolismo, também chamado “Síndrome de Down” ou “Trissomia do 21” faz parte do grupo de encefalopatias não progressivas, isto é, que à medida que o tempo passa não mostram acentuação da lentidão do desenvolvimento, nem o agente da doença se torna mais grave.Encefalopatias são, genericamente, as doenças localizadas no cérebro.
Por isso, uma criança portadora da Síndrome de Down apresenta
melhora espontânea porque o seu sistema nervoso central continua
amadurecido, só que este amadurecimento ocorre mais lentamente do que o
observado nas crianças dita ”normais”.Entretanto as crianças com Síndrome de
Down, com o passar do tempo , sua capacidade de concentração aumenta.
Algumas crianças portadoras da Síndrome Down conseguem aprender
a ler e a escrever, todas podem freqüentar classe especial ou uma classe
regular desde que haja apoio pedagógico e atendimento individualizado por
parte de seu professor, no intuito de desenvolver todo o seu potencial
juntamente com a colaboração da família.Mas apesar de haver progresso,
todas tem suas limitações que variam de uma para outra, pois seu raciocínio
por exemplo para tarefas abstratas geralmente estaciona numa faixa
correspondente à evolução dos 7 a 8 anos de crianças ditas
“normais”.Conseguindo acompanhar o programa de 1ª e 2ª série escolar, com
suas limitações mas não conseguem finalizar as séries terminais por requerer
muita abstração.
As crianças portadoras da Síndrome de Down têm seu cérebro reduzido
de volume e de peso, sendo provável que a anomalia do cérebro sejam
responsáveis pela hipotonia, flacidez dos músculos, exames microscópicos
revelam que as células nervosas (neurônios) são pouco diferenciadas ou
crescidas, assim como há redução nas conexões entre os neurônios.Sendo a
12hipotonia muscular um dos sinais mais encontrados nas crianças com a
Síndrome de Down, ela vai acompanhar a criança durante sua infância e às
vezes por toda sua vida sendo responsável por um importante retardo no
desenvolvimento motor.
O portador da Síndrome de Down geralmente é um indivíduo calmo,
afetivo, bem humorado, porém podem apresentar grandes variações no que se
refere ao comportamento.A personalidade varia de para indivíduo e estes
podem apresentar distúrbios do comportamento, desordens de conduta e ainda
seu comportamento podem variar quanto ao potencial genético e
características culturais, que serão determinantes no comportamento.
1.2- Como ocorre
Síndrome de Down ou trissomia do 21 não é uma doença, mas sim uma
alteração genética ocorrida durante ou imediatamente após a concepção.Essa
alteração genética se caracteriza pela presença a mais do cromossomo 21.Ou
seja, o número de cromossomos presentes nas células de uma pessoa é 46
(23 pelo pai e 23 pela mãe), e estes se dispõem em pares formando 23
pares.Esta célula passa por novas divisões celulares e cada vez que a célula
se divide o cromossomo deve se dividir também.
Cada nova célula recebe um conjunto de 46 cromossomos, e quando há
um erro nesta distribuição cromossômica uma das novas células recebe um
cromossomo 21 extra e as outras células não.Então todos os outros pares de
cromossomos se dividem corretamente menos o par 21.Esse erro de divisão de
cromossomos pode ocorrer em qualquer célula, e todas as células derivadas
de uma célula com trissomia 21, isto é, com 3 cromossomos do par 21 terão
também trissomia 21.Estas alterações genéticas alteram todo o
13desenvolvimento e maturação do organismo e inclusive alteram a cognitação
do indivíduo portador da síndrome.
Segundo Pueschel (1999),
A divisão celular falha pode ocorrer em um dos três lugares: no espermatozóide, no óvulo ou durante a primeira divisão da célula após a fertilização; a última possibilidade é, provavelmente muito rara.Estima-se que em 20% a 30% dos casos, o cromossomo 21 extra resultou de divisão celular falha no espermatozóide (ou seja, o cromossomo extra é derivado do pai) e que em 70% a 80% dos casos o cromossomo extra vem da mãe.
Sendo assim, o mecanismo de divisão celular falha é considerado igual
em todas as três situações. Os dois cromossomos 21 ficam “colados” de
alguma forma, e não se separam devidamente.Este processo de falha na
separação de cromossomos é denominado de “não-disjunção” porque os dois
cromossomos não se “disjuntam” ou separam, como se espera, durante a
divisão celular normal.
Porém existem outros casos onde pode ocorrer a Síndrome de Down,
um deles é denominado translocação, nele o número total de cromossomo nas
células é 46, mas o cromossomo 21 extra está ligado a outro cromossomo 21
presentes em cada célula.Tendo como diferença é que o terceiro cromossomo
21 não é um cromossomo “livre” estando ligado ou translocado a outro
cromossomo que pode ser o 14, 21 ou 22.O outro caso, e menos comum de
problema cromossômico em crianças com Síndrome de Down é denominado
“mosaicismo”.O mosaicismo é considerado como sendo resultado de um erro
em uma das primeiras divisões celulares.Posteriormente, quando o bebê
nasce, encontram-se algumas células com 47 cromossomos e outras células
com o número normal de 46 cromossomos.Isso apresenta um tipo de quadro
em mosaico, daí o termo mosaicismo.
14
1.3 – Características principais da criança Down
Os indivíduos com síndrome de Down apresentam certos traços típicos,
como: cabelo liso e fino, olhos com linha ascendente e dobras da pele nos
cantos internos (semelhantes aos orientais), nariz pequeno e um pouco
“achatado “, rosto redondo, orelhas pequenas, baixa estatura, pescoço curto e
grosso, flacidez muscular, mãos pequenas com dedos curtos , prega palmar
única.A partir destas características é que o médico levanta a hipótese de que
o bebê tenha síndrome de Down, e pede o exame do cariótipo (estudo de
cromossos) que confirma ou não a síndrome.A criança com síndrome de Down
apresenta um desenvolvimento intelectual mais lento do que as outras.Isto não
pode ser determinado ao nascimento.O comprometimento intelectual
acarretado pela síndrome de Down não tem cura, pois trata-se de uma
alteração genética.
Segundo Lefévre (1981), Os sinais considerados como os mais característicos são: Na boca, dentes pequenos, língua sulcada, palato (céu-da-boca) elevado em forma de ogiva.Nos olhos, prega epicantal (no canto dos olhos) e formato oblíquo da fenda palpebral.Nas mãos forma grossa e curta, dedo mínimo arqueado e dobra palmar (linha na palma da mão) incluindo os 4 dedos maiores.No crânio, occipital (osso da parte de trás da cabeça) achatado.Nos músculos e articulações, presença de hipotonia, isto é, moleza e flexibilidade exageradas.
A Síndrome de Down é marcada por muitas alterações associadas, que são
observados em muitos casos.As principais alterações orgânicas, que
acompanham a síndrome são: cardiopatia, prega palmar única, baixa
hiperecogenica, ventriculomegalia cerebral, hidronefrose e dismorfismo da face
e ombros.
15Em meio a estes sinais, destacamos a face como um todo, que tem
um aspecto tão característico que permite por si só o diagnóstico.Esses traços
se acentuam e se tornam mais evidentes quando a criança chora, momento
em que a boca e os olhos assumem aspecto bastante característico.A língua
protusa (grande e mantida fora da boca).Os dentes custam a surgir , de forma
diferente da que se observa normalmente: são mal alinhados e a ordem de
aparecimento não é a habitual.É bastante freqüente encontrar os dentes
caninos bastante pontiagudos.O abdômen é proeminente e há associação
freqüente de diastáse do reto e hérnia umbilical.A genitália geralmente são
pouco desenvolvida na maior parte dos portadores da Síndrome de Down.O
crânio, além do referido achatamento occipital,é mais largo e comprido
podendo também apresentar retardo no fechamento das
fontanelas(moleiras).Narinas normalmente arrebitadas por falta de
desenvolvimento nos ossos nasais.No tórax pode haver defeitos de postura,
seja na coluna ou na região anterior do peito. As mãos apresentam um aspecto
bastante característico,o da prega palmar única,o quinto dedo muito
curto,curvado para dentro e formado com apenas uma articulação.Nos pés há
um grande afastamento entre o primeiro e segundo dedo.Ouvido
simplificado;lóbulo auricular aderente e coração anormal.
Quanto às alterações fisiológicas podemos observar nos primeiros dias
de vida uma grande sonolência, dificuldade de despertar, dificuldades de
realizar sucção e deglutição, porém estas alterações vão se atenuando ao
longo do tempo, à medida que a criança fica mais velha e se torna mais alerta.
Alterações fisiológicas também se manifestam através do retardo no
desaparecimento de alguns reflexos como o de preensão, de marcha e de
Moro.Este atraso no desaparecimento destes reflexos é patológico e resulta no
atraso das aquisições motoras e cognitivas deste período, já que muitas
atividades dependem desta inibição reflexa para se desenvolverem como o
reflexo de moro, que é substituído pala marcha voluntária.
162- CAPÍTULO II
Apesar de toda a dificuldade que uma criança portadora da Síndrome de
Down tem de adquirir seus conhecimentos, ela é capaz, desde que haja
estímulos que ajudem a superar suas deficiências.Neste capítulo será
abordada sua dificuldade na aprendizagem, estimulação precoce e os
enfoques da intervenção pedagógica.
2.1- As dificuldades de aprendizagem
A criança com síndrome de Down possuem idade cronológica diferente
da idade funcional,por isso não devemos esperar uma resposta igual a das
crianças ditas “normais”.Pois seu desenvolvimento mental e suas habilidades
intelectuais abrangem uma larga extensão entre o retardo e a inteligência
próxima á normal.Inclusive, o comportamento e a disposição emocional destas
crianças variam significativamente, algumas podem ser plácidas e inativas,
enquanto outras podem ser hiperativas.Mas a maioria das crianças portadora
da síndrome de Down apresentam comportamentos normais.
A prontidão para a aprendizagem depende da complexa integração dos
processos neurológicos e da harmoniosa evolução de funções específicas
como linguagem, percepção, esquema corporal, orientação têmporo-espacial e
lateralidade.
É comum observarmos na criança Down, alterações severas de
internalizações de conceitos de tempo e espaço, que dificultarão muitas
aquisições e refletirão especialmente em memória e planificação, além de
dificultarem muito a aquisição de linguagem.
Crianças especiais como as portadoras da síndrome de Down, não
desenvolvem estratégias espontâneas e este é um fato que deve ser
17considerado em seu processo de aquisição de aprendizagem, já que esta
terá mais dificuldades em resolver problemas e encontrar soluções sozinhas.
Outras deficiências que acometem a criança Down e implicam
dificuldades ao desenvolvimento são: alterações auditivas e visuais;
incapacidade de organizar atos cognitivos e condutas, debilidades de associar
e programar seqüências.
Estas dificuldades ocorrem principalmente por que a imaturidade
nervosa e não mielinização das fibras pode dificultar funções mentais como;
habilidade para usar conceitos abstratos, memória, percepção geral,
habilidades que incluam imaginação, relações espaciais, esquema corporal,
habilidade no raciocínio, estocagem do material aprendido e transferência na
aprendizagem.
As deficiências e debilidades destas funções dificultam principalmente
as atividades escolares.
Segundo Lefévre as desordens no desenvolvimento podem acarretar
inúmeras dificuldades, que atingem, no caso da criança com síndrome de
Down, não só as áreas motoras mais elementares como as praxias, o trabalho
cognitivo e a linguagem.
Porém se forem providenciados os serviços médicos necessários a
promover o bem-estar em todas as áreas de desempenho humano, a qualidade
de vida de indivíduos com síndrome de Down será enriquecida e sua
contribuição para a sociedade será significativa.
18
No entanto,de acordo com LEFÉVRE (1981),
A inteligência da criança com Síndrome de Down evolui até certo ponto.Antigamente era considerado que ela alcançaria uma idade mental tão baixa que nunca poderia ir para uma escola e deveria limitar-se a freqüentar um centro especializado em ensinar as atividades da vida diária – comer,cuidar de si mesma no banho, no vestuário – além de andar e falar.Mas hoje felizmente se realiza muito mais com essas crianças.
A criança com a síndrome de Down têm possibilidades de se
desenvolver e executar atividades diárias e ate mesmo adquirir a formação
profissional e no enfoque evolutivo, a linguagem e as atividades como leitura e
escrita podem ser desenvolvidas a partir das experiências da própria criança.
Do ponto de vista motor, hipocinesias associadas à falta de iniciativa e
espontaneidade ou hipercinesias e desinibição são freqüentes.E estes padrões
débies também interferem a aprendizagem, pois o desenvolvimento psicomotor
é à base da aprendizagem.
As inúmeras alterações do sistema nervoso repercutem em alterações
do desenvolvimento global e da aprendizagem.Não há um padrão
estereotipado previsível nas crianças com a síndrome de Down e o
desenvolvimento da inteligência não depende exclusivamente da alteração
cromossômica, mas também influenciada por estímulos provenientes do meio,
como por exemplo podemos citar: a família,a escola,o clube,etc.
2.2- A estimulação precoce
Certamente o diagnóstico precoce está diretamente relacionado ao
sucesso no desenvolvimento dos portadores da síndrome de Down, em se
tratando de um processo de estimulação.Caso contrário,correm o risco de ficar
19com seu desenvolvimento sensório-motor bastante prejudicado.A
estimulação precoce é primordial para o desempenho futuro da criança Down.
O trabalho dos profissionais, portanto , não se limita a apenas orientar
os pais como devem segurar ou brincar com o bebê.Mas em convencer a
família da importância da sua participação e colaboração na estimulação, pois
nenhuma estimulação terá bons resultados se todos não se dispuserem a
colaborar.Devem esclarecer, ainda , que não adiantará sobrecarregar a
criança com terapias, com o objetivo de acelerar um processo que se dá
naturalmente de dentro para fora.Agindo assim, ao invés de ajudá-la, poderão
prejudica-la.
Só com a estimulação precoce é que as limitações físicas e intelectuais
da criança portadora da síndrome de Down podem ser modificadas através do
manejo competente e do treinamento.Estratégias específicas são,então,
utilizadas para aumentar os níveis de interesse, atenção e habilidade da
criança.Essas técnicas de intervenção podem e devem ser aprendidas e
utilizadas com eficácia pelos pais das crianças Down.
A estimulação precoce pode evidenciar a melhoria do desenvolvimento
sensório-motor e social da criança.
Em crianças ditas “normais” o desenvolvimento segue uma seqüência
relativamente típica: primeiro, o levantar da cabeça quando de bruços, seguido
do rolar, sentar, engatinhar, ficar de pé e andar.Já as crianças portadoras da
síndrome de Down têm que ultrapassar um grande número de obstáculos que
desaceleram o ritmo de sua aquisição de habilidades motoras. Como por
exemplo a fraqueza muscular e o tônus muscular pobre( hipotonia ) dificultando
o uso dos membros e do tronco da criança Down, principalmente no caso de
tarefas como pular, saltar e subir.
20
Conforme PUESCHEL(1999),
Devido ao processo mais lento de informações,pode demorar mais para se obter sinais de curiosidade e iniciativa na criança síndrome de Down.Entretanto, com ajuda adequada, a aprendizagem ocorre, de fato, embora em ritmo mais lento.Na verdade, o processo de aprendizagem é contínuo,tendo início já a partir do nascimento com a experiência do sugar, tocar, virar-se e erguer a cabeça, em conjunto com o olhar e ouvir.
Por isso se torna fundamental que a família participe ativamente com
atividades que estimulem a criança Down e levem a exploração do ambiente e
por sua vez na aprendizagem, pois as crianças que não são expostas a esse
tipo de experiência tendem a ter comprometimento em seu desenvolvimento.
É essencial que cada criança portadora da síndrome de Down tenha o
seu programa de estimulação, pois o que serve para uma pode não servir para
a outra.Porém todas as crianças Down devem vivenciar desde muito cedo o
maior número possível de padrões de movimentos prazerosos e eficientes que
serão essenciais para o desenvolvimento de habilidades mais complexas no
futuro.
2.3- Enfoques da intervenção pedagógica junto à criança
A criança Down apresenta muitas debilidades e limitações, assim o
trabalho pedagógico deve primordialmente respeitar o ritmo da criança e
propiciar-lhe estimulação adequada para o desenvolvimento de suas
habilidades.Programas devem ser criados e implementados de acordo com as
necessidades específicas das crianças.Sendo educação da criança uma
21atividade complexa, que requer cuidadoso acompanhamento dos
educadores e dos pais.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998),
As manifestações de dificuldades de aprendizagem na escola apresentam-se como um contínuo, desde situações leves e transitórias que podem se resolver espontaneamente no curso do trabalho pedagógico até situações mais graves e persistentes que requerem o uso de recursos especiais para a sua solução.Atender a esse contínuo de dificuldades requer respostas educacionais adequadas envolvendo graduais e progressivas adaptações do currículo.
Freqüentar a escola permitirá a criança especial adquirir,
progressivamente, conhecimentos, cada vez mais complexos que serão
exigidos da sociedade e cujas bases são indispensáveis para a formação de
qualquer indivíduo.
Segundo a psicogênese, o indivíduo é considerado como instrumento
essencial à interação e ação.E como descreve Piaget, o conhecimento não
procede, em suas origens, nem de um sujeito consciente de si mesmo, nem de
objetos já constituídos e que a ele se imponham.O conhecimento resulta da
interação entre os dois.
Desta forma consideramos, que a escola deve adotar uma proposta
curricular, que se baseie na interação sujeito objeto, envolvendo o
desenvolvimento desde o começo.
E o ensino das crianças especiais deve ocorrer de forma sistemática e
organizada, seguindo passos previamente estabelecidos, o ensino não deve
ser teórico e metódico e sim deve ocorrer de forma agradável e que desperte
22interesse na criança.Normalmente o lúdico atrai muito a criança, na primeira
infância, e é um recurso muito utilizado, pois permite o desenvolvimento global
da criança através da estimulação de diferentes áreas.
Uma das maiores preocupações em relação à educação da criança, de
forma geral, se dá na fase que se estende do nascimento ao sexto ano de
idade.Neste período a educação infantil tem por objetivo promover à criança
maior autonomia, experiências de interação social e adequação.Permitindo que
esta se desenvolva em relação a aspectos afetivos, volitivos e cognitivos, que
sejam espontâneas e antes de tudo sejam “crianças”.
Inicialmente, a criança adquiri uma gama de conhecimento livres e
estes lhe propiciarão desenvolver conhecimentos mais complexos, como o
caso de regras.
Afirma PUESCHEL(1999), que :
Aprender a brincar é uma das mais valiosas habilidades que a criança pode adquirir na pré-escola.O brincar é o veículo natural do crescimento e da aprendizagem.Nos primeiros estágios, as crianças com Síndrome de Down necessitam de assistência no brincar.Precisam imitar, aprender na ação e fazer algo acontecer.Precisam realizar escolhas e compartilhar.Os limites são determinados para seu comportamento e eles devem aprender a colaborar.Todas essas habilidades ajudam a formar comportamentos positivos e auxiliam na implementação de objetivos da escola e dos pais.
O atendimento a criança portadora de síndrome de Down deve ocorrer
de forma gradual, pois estas crianças não conseguem absorver grande número
de informações. Também não devem se apresentadas, a criança Down,
23informações isoladas ou mecânicas, de forma que a aprendizagem deve
ocorrer de forma facilitada, através de momentos prazerosos.
É importante que o profissional promova o desenvolvimento da
aprendizagem nas situações diárias da criança, e a evolução gradativa da
aprendizagem deve ser respeitada.Não é adequado pularmos etapas ou
exigirmos da criança atividades que ela não possa realizar, pois estas atitudes
não trazem benefícios a criança e ainda podem lhe causar estresse.
Antes de adquirir qualquer conhecimento a criança precisa descobrir seu
corpo e construir uma imagem corporal e uma representação mental,
perceptiva e sensorial de si mesmo e um esquema corporal que compreende
uma representação organizada dos movimentos necessários a execução de
uma ação, e a organização das suas funções corporais.Estes vão sendo
construídos e reformulados ao longo da vida.As explorações das possibilidades
motoras de uma criança desencadeiam circuitos sensório-motores, que
estruturam as relações que conceberá futuramente.O processo formal da
educação consiste em repassar conceitos à criança, abrangendo todos os
aspectos, inclusive a necessidade de interagir com o meio tendo contato direto
com o universo de objetos e situações, que o cercam podendo assim efetivar
suas construções sobre a realidade.
Todas as atividades proporcionadas à criança devem ter por objetivo a
aprendizagem ativa que possibilite a criança desenvolver suas habilidades.
É muito importante que as crianças com Síndrome de Down sejam
colocadas em situações em que consigam um desempenho escolar.Cada
criança tem seu próprio potencial que deve ser explorado, avaliado e depois
desafiado.As crianças se sentem bem com o bom desempenho escolar.É um
fator que as encoraja, aumenta sua auto-estima e estimula novas tentativas.
24Portanto, o professor deve conhecer as diferenças de aprendizagem
de cada criança de forma a organizar seu trabalho e programação didática.Não
organizando um novo currículo, mas sim o adaptando de forma que se torne
dinâmico, alterável, passível de ampliação para que atenda realmente ao
educando portador da Síndrome de Down, que considere todas suas
características em termos de pedagogia para que a partir destas sejam
escolhidas técnicas que mantenham a criança atenta e motivada.Também é
importante que o ambiente de aula favoreça a aprendizagem e ajude a
desenvolver habilidades de comunicação, sociais, cuidado pessoal e
autonomia.
253.CAPÍTULO III
A família é a base de tudo, sendo ela a unidade básica de
desenvolvimento e experiências, realizações e fracassos de todo ser humano.
Neste capítulo serão abordados o conceito de família, o nascimento de
um novo membro (uma criança “diferente”), o processo de compreensão,
adaptação e aceitação deste novo ser e a importância da família.
3.1- O que é família? De acordo com FERREIRA (1993), famílias são:
Pessoas aparentadas que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.Pessoas do mesmo sangue.Origem, ascendência.Bot.e Zool. Categoria constituída por conjunto de gêneros afins.
Cada família é única, diferente em tamanho, em elementos que a
compõem, possuindo valores e crenças próprias.
Sendo a família o primeiro grupo que um indivíduo faz parte e onde ele
tem a oportunidade de aprender através de experiências positivas (afeto,
estímulo, apoio, respeito e etc...) e negativas (frustrações, limites, tristezas,
perdas e etc...), todas elas fatores de grande importância para a formação de
sua personalidade.
É na família que o sujeito encontra a integração, o amor, a
compreensão, a confiança, o estímulo e a comunicação que necessita.Há uma
relação de proteção utilizada para facilitar o processo de integração e
26participação do indivíduo nos diferentes grupos sociais de comunidade e
sociedade.
Tratando de um sistema bastante complexo, passando por vários
estágios de desenvolvimento, assim como o indivíduo,também a família se
forma e à medida que vai passando por várias fases, precisa enfrentar as
mudanças a fim de se ajustar às novas situações; como por exemplo; a entrada
de cada filho na relação exigindo uma nova reorganização de dinâmica.
Segundo Buscaglia (1993) “O papel da família estável é oferecer um
campo de treinamento seguro, onde as crianças possam aprender a ser
humanas, a amar, a formar sua personalidade única, a desenvolver sua auto-
imagem e a relacionar-se com a sociedade mais ampla e mutável, da qual e
para qual nascem.”
Cada elemento de uma família tem um papel a desempenhar:
marido/esposa, pai/mãe, filho/filha, irmão/irmã e assim por diante, isto
possibilita o desenvolvimento de cada um dos membros da família.Não existe
“escola” para o treinamento destes papéis e as primeiras vivências de um casal
que decide se unir de forma legal ou não, são muito influenciadas tanto por
características pessoais de cada um (ritmo, temperamento, afetividade) quanto
pelas de suas famílias de origem (hábitos,costumes,valores,tipo de relação
entre seus membros).
3.2- O nascimento de um novo membro na família
A chegada de um novo membro no grupo familiar exige da família uma
grande mudança, pois a passagem do vínculo a dois para o vínculo a três
frente a uma gravidez, faz com que o casal retorne a suas fantasias infantis,
quando brincavam com seus “filhos imaginários” e, na maior parte das vezes,
perfeitos, ou seja, dentro dos padrões da nossa sociedade, extremamente
perfeccionista.
27
O nascimento de uma criança é um evento importantíssimo na vida
familiar. Durante toda a gestação, os pais já amam “algo” idealizado, sonham e
fazem projetos de vida para os filhos de acordo com seus próprios conteúdos
emocionais e desejos. Novas relações, papéis e responsabilidades foram
previstos para os cuidados com a criança, como também para atender às
necessidades sociais e econômicas da família.Chegando os pais, muitas vezes
a verbalizar suas preocupações sobre a possibilidade de que algo errado possa
acontecer, mas geralmente esse sentimento é repelido, principalmente quando
não houve problemas durante a gestação nem há nenhum membro da família
com alguma deficiência.
Quando ao nascimento a criança apresenta algum tipo de problema,
cada um dos elementos da família reagirá de forma diferente, havendo na
maioria das vezes, uma alteração no desempenho de papéis; isto porque além
de aprender, por exemplo, a ser pai/mãe, terá que aprender a ser pai/mãe de
uma criança diferente.De um momento para o outro deverão conviver com uma
criança que não esperavam, estabelecer uma relação que não desejavam e
que lhes afigura muito difícil.Surgem dúvidas de como amá-la, educá-la, há um
sentimento de perda muito grande, perda do filho sadio, idealizado;perda do
filho sonhado, perda do sonho ...
Afirma PUESCHEL (1999) que:
Todos os pais que viveram este momento descrevem suas sensações de incredulidade e de se sentirem soterrados pelo choque como seu mundo estivesse chegado ao fim.Tem dificuldade em continuar a ouvir os comentários do médico, de tão absortos que se encontram nos sentimentos imagens que as pessoas as possuem sobre a deficiência mental e a Síndrome de Down.
28É importante que os pais possam viver o choro, a tristeza, o período
de luto por este filho idealizado, sem que lhes seja tirada a esperança, que é o
que os impulsiona, que é o seu sustento e sem que percam a credibilidade em
si mesmos e no próprio filho. Muitos pais temem que o fato de ter um filho
assim, de alguma maneira, reflita em sua competência e que possam ser vistos
diminuídos na opinião de outras pessoas por terem gerado um filho deficiente
mental.
A realidade é que o problema foi trazido para família pela criança
deficiente e, portanto, é normal que a família sinta um certo ressentimento pela
deficiência, mas é também verdade que a criança portadora da Síndrome de
Down é apenas mais um membro da família e, é antes de tudo uma criança.
3.3 Processo de compreensão, adaptação e aceitação.
Muitos são os sentimentos que passam nos pais após a descoberta do
diagnóstico da criança, buscam um culpado, choram, sentem raiva, chegam até
negar seus filhos.Começam a sentir medo do inesperado, desconhecido, tendo
até dificuldade de interagir com o bebê, pois pensam que ao toca-lo estarão
assumindo um compromisso para com o futuro desta criança.Sentem
insegurança em aceitar a presença de uma criança portadora da Síndrome de
Down em sua família, temendo o investimento emocional com uma pessoa que
poderá lhe trazer mais tristeza do que prazer.Fechando-se em sua dor e
negando contatos.
Porém após os pais conseguirem dominar suas inibições e começarem
a perceber e descobrir as necessidades do seu filho, perdem o medo e
descobrem que a criança é um bebê e se parece com os outros bebês
,necessitando de cuidados, afeto e principalmente de amor.
29Segundo PUESCHEL (1999), uma mãe descreveu seu processo de
aceitação da seguinte maneira: “Primeiro reconheci o que ela nunca seria,
depois aprendi o que ela não precisava ser e, finalmente, acredito que aceitei-a
como ela é e pode ser”.
Durante este período de adaptação e aceitação muitos pais ficam ainda
inseguros de contar às outras pessoas e aos familiares que o filho é portador
da Síndrome de Down.Sentem um desejo enorme de adiar o máximo possível
o momento de contar, pois isso ainda dói.Mas embora ainda doa falar com
outras pessoas sobre o quadro da criança pode representar um passo
importante no processo de trabalhar a tristeza e o choque, recobrando-se a
confiança e o equilíbrio pessoal anteriores.
Após o maior contato com a criança os pais aprendem a conhecer
melhor o seu filho, criam vínculos, percebem sua evolução tornando-se mais
participantes.Já começam a buscar apoio, esclarecimentos e sugestões com
outros pais.
3.4- A importância da família
É de grande importância que os pais de crianças portadoras da
Síndrome de Down se envolvam no processo de desenvolvimento do seu
filho.Buscando proporcionar à criança recursos para que tenham possibilidades
de sucesso e valorização e ao mesmo tempo ajudá-la na aceitação de suas
dificuldades.Sendo a família o primeiro grupo social que o indivíduo pertence, é
ela que irá oferecer um campo de treinamento seguro, onde as crianças
aprendem a ser humanas, a amar, a formar sua personalidade e a relacionar-
se com a sociedade, daí a sua importância.
30As famílias devem procurar profissionais especializados para que
junto com elas possam auxiliar a criança portadora da síndrome de Down a
desenvolver todas as suas potencialidades tanto nas atividades diárias, como
na sua vida escolar e social.Dando-lhe a oportunidade de se sentir útil,capaz e
principalmente amada para com seus familiares e pessoas que a cercam.
Os pais de crianças portadoras da Síndrome de Down precisam
acreditar e mostrar as potencialidades e os sucessos de seus filhos, para que a
sociedade não sinta pena deles.
Afirma a DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994) que:
X A interação com os pais é muito importante, porque os
pais são os principais associados no tocante às necessidades
educacionais especiais de seus filhos, e a eles deveria
competir, na medida do possível a escolha do tipo de educação
que desejam que seja dada a seus filhos;
X Os pais de um aluno com necessidades educacionais
especiais precisam de apoio para poder assumir suas
responsabilidades.a função das famílias e dos pais poderia ser
melhorada, facilitando a informação necessária de forma
simples e clara; satisfazer a suas necessidades de informações
e capacitação no atendimento dos filhos é uma tarefa de
singular importância em contextos culturais com escassas
tradições de escolarização;
X Deverão ser estreitadas as relações de cooperação e de
apoio entre administradores das escolas, professores e pais,
fazendo que estes últimos participem na tomada de decisões,
em atividades educativas no lar, na escola (onde poderiam
assistir a demonstrações técnicas eficazes e receber instruções
sobre como organizar atividades extra-escolares) e na
supervisão e no apoio de aprendizagem de seus filhos.
31A família tem um papel importante na formação social e educacional
de seus filhos portadores ou não de alguma deficiência, pois devem
acompanhá-los em todos os momentos, saber de tudo o que acontece
em suas vidas tanto escolar como social participando do seu processo
de evolução, estimulando-o e incentivando-o.
324-CAPÍTULO IV
Toda criança tem o direito à educação, independente de ter alguma necessidade educacional especial ou não.Sendo assim a escola deve concentrar esforços para desenvolver as potencialidades e capacidades dos alunos. Será abordado neste capítulo a escola inclusiva, o professor e a inclusão e a escola X a família.
4.1- A escola inclusiva A inclusão surgiu na segunda metade da década de 80, incrementou-se
nos anos 90 e com certa está entrando no século XXI, a idéia fundamental é
adaptar o sistema escolar às necessidades dos alunos.A inclusão propõe um
único sistema educacional de qualidade para todos os alunos, com ou sem
deficiência e com ou sem outros tipos de condições diferentes.A inclusão se
baseia em princípios tais como: a aceitação das diferenças individuais,a
valorização da diversidade humana.
Segundo CHARLOTE (2000):
“A educação inclusiva depende não só da
capacidade do sistema escolar (diretor,professores,
pais e outros) em buscar soluções para o desafio
da presença de tão diferentes alunos nas classes,
como também do desejo de fazer tudo para que
nenhum aluno seja novamente excluído com base
em alguma necessidade muito especial.”
Toda escola deveria estar preparada , tanto em termos físicos
(mobiliário, espaço físico,etc...) quanto em termos pedagógicos para receber e
atender todo tipo de aluno,respeitando suas diferenças e educando de acordo
com o ritmo e as possibilidades de cada um.É a garantia da escola para todos.
33O conceito inclusão deverá ter uma aplicação mais vasta, porque
qualquer criança, em qualquer altura da vida escolar e ou extra escolar pode
ter dificuldades educativas e ou sociais (as que dizem respeito a etnia,classe
social,etc).Assim mudanças que ocorrem nos sistemas educativo irão
beneficiar todas as crianças.
O desenvolvimento humano constrói-se com o meio e com os outros, o
indivíduo influencia, mas também é influenciado.É nesta perspectiva que todos
podem contribuir, para melhorar a nossa sociedade.A inclusão deve atender
aos estudantes portadores de necessidades especiais nas vizinhanças da sua
residência, propiciar a ampliação do acesso destes alunos às classes comuns,
propiciar aos professores de classes comuns, um suporte técnico, perceber
que as crianças podem aprender juntas embora tendo objetivos e processos
diferentes, levar os professores a estabelecer formas criativas de atuação com
crianças portadoras de necessidades educativas especiais e propiciar um
atendimento integrado ao professor.
Na prática da inclusão social se baseia em princípios diferentes do
convencional: individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da
diversidade humana, aprendizagem por meio de cooperação.
A escola é que precisa se adequar ao aluno, providenciando meios e
recursos que garantam a aprendizagem, é função da escola promover a
aprendizagem para todos que nela esteja inserido e é claro promover sua
participação plena na sociedade.
De acordo com SASSAKI, (2002):
Educação inclusiva significa provisão de oportunidades
eqüitativas a todos os estudantes, incluindo aqueles com
34deficiências severas para que recebam serviços
educacionais eficazes, com os necessários serviços
educacionais suplementares de auxílios e apoios em
classes adequadas a idades em escolas da vizinhança,
afim de prepara-los para uma vida produtiva.
Por isso, a escola deve estar preparada para atender a todos os alunos
que a procuram, pois todos têm acesso às oportunidades de ser e estar na
sociedade de forma participativa, onde a relação entre o acesso às
oportunidades e as características individuais não são marcadas por interesses
econômicos, ou pela caridade pública, a escola inclusiva, isto é escola para
todos deve estar inserida num mundo inclusivo onde as desigualdades não
atinjam os níveis abomináveis como os quais temos convivido.
A proposta pedagógica para esses alunos deve ser discutida pela
comunidade escolar, incluindo diretor, o conjunto de professores, os demais
profissionais da escola e os pais.Pois somente através de um trabalho em
conjunto, com pessoas comprometidas é que podemos esperar lidar com tal
desafio.
Desta forma, o objetivo consiste em proporcionar ao educando a
formação necessária ao seu desenvolvimento e potencialidades e como
elemento de auto-realização, na qualificação para o trabalho e preparo para o
exercício da cidadania.
Educação inclusiva é uma atitude de aceitação das diferenças,não uma
simples colocação em sala, a escola inclusiva é a valorização da diversidade
dentro da comunidade humana, todos os estudantes quaisquer que sejam suas
capacidades, irão beneficiar-se das aulas de educação que sejam menos
35dependentes de livros e mais experenciais, mais cooperativas, mais
holísticas e mais multi-sensorias.
A inclusão dos portadores da Síndrome de Down no espaço escolar
pressupõe garantir todas as condições para o êxito da proposta, contribuindo
para a melhoria da sua qualidade de vida, assim a inclusão no espaço escolar
não deve se limitar ao exame das ações de ensino aprendizagem circunscritas
à escola.Garantir o êxito da inclusão pressupõem mudanças em inúmeros
aspectos dentre os quais: a melhoria na formação dos professores, elaboração
do projeto pedagógico da escola, a participação dos educadores e pais,etc.
Inicialmente é muito importante que a escola conheça cada dificuldade
e habilidade de cada criança com intuito de promover suas necessidades
básicas para aprendizagem e desenvolvimento.
Procura-se identificar na criança os rendimentos, atitudes, motivação,
interesse, relações pessoais, forma de assumir tarefas e enfrentar situações.A
partir dos resultados desta observação são planejadas as adaptações
direcionadas ao apoio pedagógico favorecendo as aquisições através de
intervenções planejadas e organizadas em prol de um objetivo primordial que
deve ser a organização dos elementos pessoais e materiais que possibilitarão
novas aprendizagens.O trabalho pedagógico com estas crianças é um
processo complexo e resulta em uma dinâmica evolutiva baseada nas
capacidades do indivíduo.
Alguns pontos devem ser considerados quanto à educação do portador
da síndrome de Down:
X Estruturar seu auto-conhecimento ;
X Desenvolver seu campo perceptivo;
X Desenvolver a compreensão da realidade;
36X Desenvolver a capacidade de expressão;
X Progredir satisfatoriamente em desenvolvimento físico;
X Adquirir hábitos de bom relacionamento;
X Trabalhar cooperativamente;
X Adquirir destreza com materiais de uso diário;
X Atuar em situações do dia a dia;
X Adquirir conceitos de forma, quantidade, tamanho, espaço, tempo e
ordem;
X Familiarizar-se com recursos da comunidade onde vive;
X Conhecer e aplicar regras básicas de segurança física;
X Desenvolver interesses, habilidades e destreza que o oriente em
atividades profissionais futuras;
X Ler e interpretar textos expressos em frases diretas;
X Desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos práticos que o
levem a descobrir valores que favoreçam seu comportamento no lar,
na escola e na comunidade.
Os educadores devem desenvolver uma pedagogia centralizada no
aluno, sendo capaz de educar a todos.O mérito das escolas inclusivas não é só
a capacidade de pensar na educação de qualidade à todos os alunos, mas
tentar mudar atitudes de discriminação, criar comunidades que acolham a
todos.
4.2 - O professor e a inclusão
A formação dos professores para o ensino na diversidade bem como
para o desenvolvimento de trabalho de equipe que são essenciais para
efetivação da inclusão.Os pontos cruciais do ensinar a turma toda são o
respeito à identidade sociocultural dos alunos e a valorização da capacidade de
entendimentos que cada um deles tem do mundo e de si mesmos.
37
Os diferentes sentidos que os alunos atribuem a um objeto de estudo e
as suas representações vão expandindo-se, relacionando- se, revertendo
pouco a pouco uma construção original de idéias que integra as contribuições
de cada um, sempre bem-vindas, válidas e relevantes.Uma atenção especial
deverá ser dispensada a preparação de todos os professores para exercerem
sua autonomia e apliquem suas competências na adaptação dos programas de
estudos e da pedagogia, a fim de atender as necessidades dos alunos e para
que colaborem com especialistas e com os pais.
Segundo MITTLER(2002),
O professor que ensina a turma toda,não
tem o falar, o copiar e o ditar como recursos
didático-pedagógico básicos.Ele partilha com seus
alunos a construção/autoria dos conhecimentos
produzidos em uma aula; trata-se de um
profissional que reúne humildade com empenho e
competência para ensinar.
O professor não procurará eliminar as diferenças em favor de uma
suposta igualdade do alunado, que é tão almejado pelos que pregam a falsa
homogeneidade das vozes que compõem a turma, promovendo o diálogo entre
elas complementando-as.
Na escola inclusiva, o professor deve ser especialista no aprendiz,
genericamente considerado, os educadores que identificam a si mesmos como
profissionais de aprendizagem e conseguem transformar as suas salas de aula
em espaços prazerosos, onde tanto eles como os alunos são cúmplices de
38uma aventura que é o aprender a aprender e o aprender a pensar.O clima
das atividades favorece ações comunicativas entre alunos e professores.
A criatividade do professor somada a sua convicção de que a
aprendizagem é possível para Todos os alunos e que ninguém pode
estabelecer limites do outro, certamente contribuirão para remover os
obstáculos que tantos têm enfrentado no seu processo de aprendizagem.
Os sistemas de ensino deverão,portanto, procurar contratar professores
capacitados e pessoal de educação portadores de deficiências, e deverão
buscar também a participação de pessoas da região com deficiências que
souberam abrir seu próprio caminho, na educação de crianças com
necessidades educacionais especiais.(Declaração de Salamanca, 1994)
4.3- A escola x A família
A família e a escola são instituições fundamentais para a socialização da
criança.Primeiramente na família, mediadora da sua relação com o mundo, ela
cresce e estabelece as bases da própria subjetividade, desenvolve o gênese
da personalidade, da identidade.Isto inclui padrões de comportamento, hábitos,
usos, valores e costumes, atitudes e padrões de linguagem.
A escola introduz o indivíduo em outros setores do mundo que o rodeia
e lhe apresenta outras peculiaridades de cultura.
A família deve ser orientada e motivada a colaborar e participar do
programa educacional, promovendo desta forma uma interação maior com a
criança.Também é fundamental que a família incentive a prática de tudo que a
criança assimila.
39
A qualidade da estimulação no lar e a interação dos pais com a criança
se associam ao desenvolvimento e aprendizagem de crianças com deficiência
mental.
Assim é fundamental o aconselhamento a família, que deve considerar,
sobretudo a natureza da informação e a maneira como a pessoa é informada,
com o propósito de orienta-la quanto à natureza intelectual, emocional e
comportamental.
Os pais e familiares do portador da síndrome necessitam de
informações sobre a natureza e extensão da excepcionalidade; quanto aos
recursos e serviços existentes para a assistência, tratamento e educação, e
quanto ao futuro que se reserva ao portador de necessidades especiais.
No entanto, a informação puramente intelectual, é notoriamente
insuficiente, pois o sentimento das pessoas tem mais peso que os seus
intelectos.Portanto, auxiliar os familiares requer prestar informações adequadas
que permitam aliviar a ansiedade e diminuir as dúvidas.
Assim os conselhos devem se preocupar com os temores e ansiedades,
sentimentos de culpa e vergonha, dos familiares e deficientes.Devem reduzir a
vulnerabilidade emocional e as tensões sofridas, aumentando a capacidade de
tolerância.
O objetivo principal é ajudar pessoas a lidar mais adequadamente com
os problemas decorrentes das deficiências e no aconselhamento alguns pontos
são importantes: ouvir as dúvidas e questionamentos, utilizar termos mais
fáceis e que facilitem a compreensão, promover maior aceitação do problema,
aconselhara família inteira, trabalhar os sentimentos e atitudes, e facilitar a
interação social do portador de necessidades especiais.
40
No caso de criança portadora de Síndrome de Down essa parceria é
muito importante, pois a participação da família é primordial no
desenvolvimento e aprendizagem dessas crianças.Afinal, as duas instituições
têm em comum a formação plena de suas crianças.Quanto melhor for a
parceria entre ambas,mais positivos e significativos serão os resultados na
formação do sujeito.A participação dos pais na educação formal dos filhos deve
ser constante e consciente.Vida familiar e vida escolar são simultâneas e
complementares.
41CONCLUSÃO
As crianças portadoras da Síndrome de Down são capazes de
construírem seu próprio conhecimento,embora esta construção seja uma
construção operatória inacabada,apesar das limitações físicas e intelectuais da
criança, elas podem ser modificadas por meio do manejo competente e de
treinamento precoce adquiridos através do apoio da família e auxílio de
profissionais competentes.Daí a importância que deve ser dada à orientação da
família.Com o tempo exercitando sua capacidade de observação ela (família)
estará cada vez mais apta para perceber e auxiliar o progresso da criança,
através do contato do dia-a-dia.
A participação dos pais e a boa relação com a escola, são,em
resumo,essenciais para o desenvolvimento das crianças portadoras da
Síndrome de Down.
É primordial que a escola oriente a família em relação às dificuldades
emocionais encontradas na criança, interpretando aos pais as necessidades de
seus filhos, seus medos, conflitos, hostilidades e desejos.Devemos ressaltar
também, sobre a participação dos demais familiares no sentido de que apóiem
o esforço dos pais, compreendendo o que se realiza com a criança sem
assumir atitude crítica que ocasiona muita insegurança e sentimento de culpa.
O êxito na formação escolar dos portadores da Síndrome de Down está
baseado na interação da família com a escola, sendo fundamental que as
famílias conheçam a forma como os seus filhos são educados e o trabalho
desenvolvido na sala de aula, e além disto, participem da organização do
trabalho escolar.
42É necessário que os pais se sintam acolhidos, confiem na escola e
desenvolvam uma atitude positiva em relação ao método utilizado.Pois só
através do envolvimento da família e a parceria com a escola é que se obtém o
sucesso no processo de aprendizagem, a melhoria da sua qualidade de vida e
conseqüentemente sua autonomia.É desta forma que todos se enriquecem:
alunos, professores, família e comunidade.
43ANEXOS
44
45
46
47BIBLIOGRAFIA
BUSCAGLIA, Léo Ph.D. Os Deficientes e seus Pais:Um desafio ao
aconselhamento.2ª Ed. Brasília:Distribuidora Record de Serviços de Imprensa
S.A, 1994.
CHARLOT, B. Da relação com o saber: Elementos de uma teoria.Porto Alegre:
Artes Médicas,2000.
Declaração de Salamanca, e linha de ação sobre necessidades educativas
especiais.2ª ed.Brasília:Corde, 1997.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.Dicionário Prático da Língua
Portuguesa.Rio de Janeiro:Editora Nova Fronteira S.A, 1981.
LEFÉVRE, Beatriz Helena.Mongolismo: Estudo Psicológico e Terapêutica
Multiprofissional da Síndrome de Down.São Paulo:Sarvier S/A Editora de Livros
Médicos;1981
LEFÉVRE, Beatriz Helena.Mongolismo: Orientação para famílias.São
Paulo:Almed, 1981
MILTTLER, Peter.Educação para todos:um desafio global.Revista Pedagógica
Pátio.Porto Alegre: Fevereiro/Abril, 2002.
PCN.Adaptações Curriculares.Brasília, 1998
48
PUESCHEL, Segfried.Síndrome de Down:Guia para pais e educadores.4ª ed.
São Paulo, 1999.
SASSAKI, Romeu K. Inclusão construindo uma sociedade para todos. Rio de
Janeiro:WVA, 2002
49ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÌTULO I 10
1.1A Síndrome de Down 10
1.2 Como ocorre 12
1.3Características principais das
crianças Síndrome de Down 14
CAPÌTULO II 16
2.1 As dificuldades de aprendizagem 16
2.2 A estimulação precoce 19
2.3 Enfoques da intervenção pedagógica
junto à criança 21
CAPITULO III 25
3.1 O que é a família? 25
3.2 O nascimento de um novo membro na família 26
3.3 Processo de compreensão ,adaptação e aceitação 28
3.4 A importância da família 29
CAPÍTULO IV 32
4.1 A escola inclusiva 32
4.2 O professor e a inclusão 36
4.3 A escola X A família 38
CONCLUSÂO 41
ANEXOS 43 BIBLIOGRAFIA 47
ÍNDICE 49
50FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “Lato Sensu”
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Título da Monografia: A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM
DAS CRIANÇAS PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN
Autor: Geovania Rodrigues Moreira
Data de Entrega:_____________________________
Avaliado por:________________________Conceito:________
Avaliado por:________________________Conceito:________
Avaliado por:________________________Conceito:________
Conceito Final:______________________________________