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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GERENCIAMENTO DO ESTRESSE COMO PRESSUPOSTO PARA A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Por: Andréa Maria Guerra Ziller Borges Orientador Prof. Antônio Fernando Vieira Ney Brasília 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GERENCIAMENTO DO ESTRESSE COMO PRESSUPOSTO

PARA A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Por: Andréa Maria Guerra Ziller Borges

Orientador

Prof. Antônio Fernando Vieira Ney

Brasília 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GERENCIAMENTO DO ESTRESSE COMO PRESSUPOSTO

PARA A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Recursos Humanos

Por: Andréa Maria Guerra Ziller Borges

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus por ter me

ajudado até aqui, ao meu marido e

filhas pela paciência e amor, aos meus

pais pelo investimento durante toda a

minha vida, aos meus amigos pela

ajuda e incentivo.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, ao

meu marido, às minhas filhas e a Deus,

razão do meu existir.

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi o de verificar até que ponto as medidas de

gerenciamento do estresse podem melhorar a qualidade de vida dos

empregados de uma instituição financeira contribuindo assim para uma melhor

produtividade. Para isso, foram pesquisadas bibliografias relacionadas aos

assuntos: estresse, qualidade de vida, prevenção de doenças, promoção da

saúde, comportamento organizacional. Foram conceituados estresse, estresse

ocupacional, burnout, sobrecarga de trabalho e qualidade de vida, definidos e

classificados os tipos de estressores, os fatores determinantes do estresse, as

suas fases, definidos e classificados também o estresse ocupacional, os

fatores e suas conseqüências, abordada a relação sobrecarga de trabalho e

estresse e foram definidas técnicas para a prevenção do estresse. No decorrer

do estudo ficou demonstrado que o estresse tem relação direta com a

qualidade de vida e que a sua prevenção é fator determinante para a melhoria

da qualidade de vida e conseqüente melhoria da produtividade. Sendo assim,

sugere-se o desenvolvimento e a implantação de um programa de controle e

prevenção de estresse na instituição financeira com o objetivo de estimular os

empregados para a adoção de hábitos saudáveis e conscientizá-los quanto aos

benefícios da mudança de percepção e atitude diante dos acontecimentos do

dia a dia, dentro e fora do ambiente de trabalho.

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METODOLOGIA

Conforme Vergara (2003, p. 120), o método científico é “um caminho,

uma forma, uma lógica de pensamento”, sendo assim, esta pesquisa é analítica

porque analisou os resultados dos fatores sobrecarga e estresse no trabalho

verificado na pesquisa de clima organizacional de uma instituição financeira

que possui unidades bancárias em todo o território nacional e realiza a

pesquisa bienalmente, sendo que todos os empregados têm a oportunidade de

participação.

Quanto aos meios, a pesquisa é bibliográfica porque foi desenvolvida

com base em material publicado em livros, revistas, jornais, e sites que

forneceram instrumental analítico para a fundamentação teórica do estudo,

também pelos conhecimentos adquiridos pela autora na participação de curso

e congresso sobre estresse da ISMABR, seminários de Psicodinâmica do

Trabalho e outros eventos correlatos, pelos estudos realizados em grupo de

trabalho para implantação do Programa do Gerenciamento do Estresse na

instituição financeira, composto por psicólogas do quadro de pessoal da

empresa, pelas sugestões enviadas à área de Saúde que foram desenvolvidas

por profissionais de Saúde das regionais de Gestão de Pessoas e pelas

observações feitas pela autora do trabalho, que verificou e analisou à luz de

todos esses dados os critérios de diminuição da sobrecarga e estresse dos

empregados adotados pela instituição financeira, bem como sua eficácia na

promoção da saúde dos empregados, melhoria da qualidade de vida no

trabalho e aumento da produtividade.

Os dados foram coletados em livros, revistas, jornais e sites. Dessa

forma, as obras consultadas foram aquelas que dão ênfase aos temas,

promoção da saúde, gerenciamento do estresse e qualidade de vida no

trabalho. Entre os autores consultados podemos citar os seguintes: Rossi,

Perrewé e Sauter (2005), França e Rodrigues (1996), Lipp (2003), Santos

(1995), França (2003), Vergara (2003), Chiavenato (2005), entre outros.

Entre os procedimentos adotados na coleta dos dados, podemos citar: a

resenha das obras consultadas, a consulta aos sítios da internet e revistas de

forma, a basear o referencial teórico.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Noções Gerais sobre Estresse 11

1.1 Origem e conceituação de estresse 11

1.2 Classificação do estresse 12

1.3 Definição e classificação de estressores 14

1.4 Fatores determinantes do estresse 15

1.5 Fases do estresse 16

CAPÍTULO II – Noções Gerais sobre Estresse Ocupacional 19

2.1 Definição de estresse ocupacional 19

2.2 Fatores determinantes do estresse ocupacional 20

2.3 Conseqüências do estresse ocupacional 22

2.4 Conceituação dos tipos de estresse ocupacional 23

2.5 Conceituação de burnout 24

CAPÍTULO III – Noções Gerais sobre Sobrecarga de Trabalho 26

3.1 Conceituação de sobrecarga de trabalho 26

3.2 Inter-relação entre sobrecarga de trabalho e estresse 26

CAPÍTULO IV – Noções Gerais sobre Qualidade de Vida no 28

Trabalho

4.1 Conceituação de qualidade de vida no trabalho 28

CAPÍTULO V – Ações para o Gerenciamento do Estresse, 30

Promoção da Saúde e Qualidade de Vida

5.1 Definição de técnicas para a prevenção do estresse 30

5.2 Gerenciamento do estresse e qualidade de vida 33

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

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INTRODUÇÃO

O objeto de estudo do presente projeto é o Gerenciamento do

Estresse e o tema é “o gerenciamento do estresse como pressuposto para a

qualidade de vida no trabalho”, onde será enfocada a importância do controle e

gerenciamento do estresse para a melhoria da qualidade de vida dos

empregados.

Nesse sentido a questão da pesquisa será verificar: “até que

ponto a adoção de medidas de gerenciamento do estresse pode melhorar a

qualidade de vida dos empregados”?

O presente estudo está fundamentado no relatório da União

Européia sobre saúde mental no trabalho, que diz que o estresse relacionado

ao trabalho pode influir em praticamente qualquer enfermidade, na Associação

Médica Americana que entende que o estresse está diretamente ou

indiretamente relacionado às seis principais causas de morte no mundo, quais

sejam: doenças do coração, câncer, enfermidades do pulmão, acidentes,

cirrose e suicídio.

E também está fundamentado em estudos da Organização

Mundial de Saúde (OMS), que preconizam que o estresse ocupacional

aumenta consideravelmente o número de trabalhadores afastados e reflete na

vida das organizações, seja em perda de produtividade, seja na diminuição da

qualidade dos produtos e serviços prestados, e observa ainda que os fatores

comportamentais (aqueles associados à diminuição da produtividade, aumento

excessivo no consumo de cigarros, erros freqüentes e ausência no trabalho por

motivos de doença) contribuem para o aumento do estresse.

Assim, o presente estudo se justifica, pois em todos os ambientes,

tanto de nossa casa, lazer e principalmente no trabalho, enfrentamos

diariamente situações conflitantes e que nos exigem percepções e adaptações

constantes. De certa forma nosso organismo responde aos diversos estímulos

que representam as circunstâncias súbitas e ameaçadoras que enfrentamos.

Estamos freqüentemente em “estado de alerta”, buscando sempre nos

adaptarmos ao mercado, às novas exigências, enfim, nos superamos a cada

dia. Muitas pessoas sofrem devido às causas do estresse negativo. As pessoas

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não sabem lidar com esse novo vilão, que se tratado e encarado de forma

positiva pode tornar-se nosso aliado.

Justifica-se ainda, porque a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)

também é uma preocupação crescente nos meios acadêmicos, nas

organizações e na sociedade, pois os recursos humanos das empresas são os

elementos que fazem a diferença e o agente responsável pelo sucesso de todo

e qualquer empreendimento. A qualidade de vida no trabalho reflete-se

diretamente na vida social e no relacionamento familiar do empregado, que

pode ser severamente afetado. Sendo assim, a qualidade dos produtos

fabricados e dos serviços prestados, também é afetada pelas más condições

de trabalho, devido ao estresse, ao cansaço e à fadiga provocados por

inadequado ambiente de trabalho.

O trabalho justifica-se também, do ponto de vista das

organizações e da sociedade pelo fato de que sendo o estresse bem

trabalhado na empresa levará o empregado a uma melhor Qualidade de Vida

no Trabalho, conseqüentemente a uma melhor produtividade, já o contrário

poderá gerar no empregado adoecimento, elevando assim o índice de

absenteísmo na empresa.

E por último, o trabalho justifica-se, do ponto de vista da autora,

por ampliar seus conhecimentos em relação ao assunto gerenciamento do

estresse e qualidade de vida no trabalho e por trazer informações necessárias

para propor a elaboração do Programa do Gerenciamento do Estresse na

Caixa Econômica Federal como forma de manter um ambiente organizacional

mais harmonioso e salutar.

No que diz respeito ao objetivo geral este estudo pretende

estabelecer um modelo de Programa de Gerenciamento do Estresse adequado

ao ambiente de uma instituição financeira como forma de promover a saúde,

melhorar a qualidade de vida no trabalho e prevenir doenças, principalmente as

ocupacionais. Os objetivos específicos serão os seguintes:

• Conceituar gerenciamento do estresse;

• Conceituar Qualidade de Vida no Trabalho;

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• Analisar os dados da pesquisa de clima organizacional da

instituição financeira relativos à sobrecarga de trabalho e

estresse;

• Propor um modelo de gerenciamento do estresse que

promova a saúde, o bem-estar dos empregados da

instituição financeira e contribua para a maior produtividade

na empresa.

Como possíveis respostas a problemática levantada para a

pesquisa serão colocadas as seguintes hipóteses:

• O gerenciamento do estresse pode influenciar

positivamente na promoção da saúde dos empregados da

instituição financeira, melhorando a qualidade de vida no

trabalho, gerando maior produtividade.

• O gerenciamento do estresse não influencia a promoção da

saúde dos empregados da instituição financeira, não

melhora a qualidade de vida no trabalho e não contribui

para o aumento da produtividade.

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CAPÍTULO I

NOÇÕES GERAIS SOBRE ESTRESSE

1.1 Origem e conceituação de estresse

Foi o endocrinologista Hans Selye que utilizou pela primeira vez,

em 1936, a palavra estresse com base em observações que vinha fazendo

desde a década de vinte, quando passou a identificar sintomas semelhantes –

hipertensão, falta de apetite, desânimo e fadiga – em pacientes que sofriam de

diferentes doenças, sintomas estes que não decorriam de tais doenças, e que

muitas vezes apareciam em pessoas que não estavam doentes. Isto chamou a

atenção de Seyle, que denominou tais sintomas de “síndrome de estar

enfermo”.

Seyle considerou que várias enfermidades desconhecidas, como

as cardíacas, a hipertensão arterial e os transtornos emocionais ou mentais

eram resultantes de mudanças fisiológicas decorrentes de um estresse

prolongado nos órgãos, cujas alterações poderiam estar pré-determinadas

genética ou constitucionalmente. Verificou ainda, que não somente os agentes

físicos nocivos atuando diretamente sobre o organismo animal são produtores

de estresse, mas no caso do homem, as demandas de caráter social e as

ameaças do ambiente do indivíduo que requerem capacidade de adaptação

provocam o transtorno de estresse. Deste momento em diante, o estresse tem

envolvido em seu estudo a participação de várias disciplinas médicas,

biológicas e psicológicas com a aplicação de tecnologias diversas e

avançadas.

Segundo França e Rodrigues (1997), o termo stress vem da física

e neste campo de conhecimento tem o sentido do grau de deformidade que

uma estrutura sofre quando é submetida a um esforço. É definido como uma

relação particular entre uma pessoa, seu ambiente e as circunstâncias as quais

está submetido, que é avaliada pela pessoa como uma ameaça ou algo que

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exige dela mais que suas próprias habilidades ou recursos e que põe em

perigo o seu bem-estar.

O estresse foi definido como um estado entre saúde e doença,

um estado durante o qual o corpo lutava contra o agente causador da doença.

Santos (1995) afirma que o estresse é diferente da doença porque não mostra

sinais nem sintomas. Na maioria das vezes, o indivíduo não sabe que a sua

saúde está abalada. As armas usadas pelo corpo durante a batalha no estado

de estresse são diferentes das armas utilizadas quando o sujeito já está

doente.

Segundo Pereira (2006), o estresse embora possa estar na

origem da doença física ou mental, não deverá ser considerado como sinônimo

de doença. Contudo vários estudos apontam para a relação entre o estresse e

a doença e reforçam a tese de que o estresse e as emoções inadaptadas ou

patológicas podem influenciar a progressão da doença, seja ela inofensiva,

aguda, crônica ou mesmo terminal.

Relacionando estresse e doença, poderemos dizer que este pode

implicar em desordens psicofiológicas que consistem em alterações fisiológicas

– sintomas físicos ou doença – resultantes da interação de processos

psicológicos e fisiológicos, das quais podemos salientar úlceras e doenças

inflamatórias, diabetes mellitus, asma, dores de cabeça crônicas, formações

cancerosas em algumas doenças auto-imunes, alergias e doenças da pele.

Como afirma Lipp (2000), o estresse é um desgaste geral do

organismo causado pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a

pessoa se vê forçada a enfrentar uma situação que, de um modo ou de outro, a

irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo a faça imensamente infeliz.

Infere-se portanto, que estresse é um conjunto de reações do

organismo, que o faz produzir substâncias com a finalidade de protegê-lo,

frente as agressões de ordem física, psíquica ou infecciosa, capazes de

perturbar-lhe o equilíbrio.

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1.2. Classificação do estresse

As reações de estresse são naturais e até necessárias para a

própria vida, mas em algumas circunstâncias elas podem tornar-se prejudiciais

ao funcionamento do indivíduo.

É o que afirma França e Rodrigues (1997), quando explicam que

no estresse positivo, também chamado de eustresse, o esforço de adaptação

gera sensação de realização pessoal, bem-estar e satisfação das

necessidades, mesmo que decorrente de esforços inesperados. É um esforço

sadio na garantia da sobrevivência. Quando fazemos algo agradável e nos

sentimos valorizados pelo esforço despendido, estamos em eustresse.

Ainda, segundo Lipp (2005), o eustresse é o estresse em sua fase

inicial – alerta. O organismo produz adrenalina que dá ânimo, vigor e energia

fazendo a pessoa produzir mais e ser mais criativa. É a fase da produtividade.

Ninguém consegue ficar em alerta por muito tempo, pois o estresse se

transforma em excessivo quando dura demais.

Já o estresse negativo é também chamado de distresse e

apresenta conseqüências psicológicas, físicas, comportamentais e

organizacionais adversas que podem surgir como resultados de eventos

estressantes, levando o indivíduo a dois extremos, quais sejam: tédio e

dispersão ou ansiedade e cansaço.

Quanto ao distresse, Marilda Lipp, diz o seguinte: “o estresse

negativo é o estresse em excesso. Ocorre quando a pessoa ultrapassa seus

limites e esgota sua capacidade de adaptação. O organismo fica destituído de

nutrientes e reduzido a energia mental. Produtividade e capacidade de trabalho

ficam muito prejudicadas. ..”.

Rossi, Perrewé e Sauter (2005) acreditam que as duas partes da

resposta ao estresse, o eustresse e o distresse, podem ser modelados

utilizando-se os estados positivos e negativos estabelecidos como indicadores

de cada um deles. Por exemplo, a esperança, sentido e maneabilidade, entre

outros, constituem indicadores em potencial do eustresse. De modo

semelhante, a raiva, a hostilidade, o burnout, entre outros, constituem

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indicadores em potencial do distresse. Finalmente, afirmam que a resposta ao

estresse está ligada a importantes conseqüências.

Segundo esses mesmos autores, tanto o eustresse, a resposta

positiva, quanto o distresse, a resposta negativa, constituem a resposta

completa ao estresse. O que determina se a resposta ao estresse será

eustresse, distresse ou, mais provavelmente, uma combinação dos dois, é a

avaliação cognitiva. Então o mais importante é a interpretação do estressor, e

não o estressor em si.

1.3. Definição e classificação de estressores

Tudo o que ataque o indivíduo, física ou mentalmente (vírus,

tóxico, acidente, mudanças no meio ambiente, medo, frustração) são

estressores, segundo Santos (1995). Sendo assim, os estressores podem advir

do meio externo como do mundo interno.

Segundo França e Rodrigues (1997), tanto um como o outro tipo

de estressores são capazes de disparar em nosso organismo uma série

imensa de reações via sistema nervoso, sistema endócrino e sistema

imunológico, através da estimulação do hipotálamo e sistema límbico, que são

importantes estruturas do Sistema Nervoso Central relacionadas com o

funcionamento dos órgãos e regulação das emoções. Exemplificando melhor,

ocorre liberação de substâncias químicas, que mantém o corpo alerta,

liberação de ácidos no estômago, suor frio nas mãos e pés, além de

substâncias que aceleram o batimento cardíaco e a respiração. Todas essas

sensações contribuem para preparar o nosso corpo para a fuga ou

enfrentamento. Mas, muitas vezes essa reação não é completada, levando a

uma frustração, que leva ao estresse.

Chiavenato (2005), aponta os seguintes tipos de estressores:

§ Estressores extra-organizacionias: são as forças externas e

ambientais que provocam um profundo impacto nas

organizações e pessoas, como: mudanças que alteram o

estilo de vida das pessoas, impacto da família, impacto da

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TV, novelas, rádio, variáveis sociológicas como raça, sexo

e classe social.

§ Estressores organizacionais: são as forças associadas com

a organização em si, como: políticas e estratégias

organizacionais, desenho organizacional e estrutura,

processos organizacionais, condições de trabalho.

§ Estressores grupais: a influência grupal sobre o

comportamento das pessoas, como: falta de coesão

grupal, falta de apoio social.

§ Estressores individuais: as diferenças individuais em

termos de traços de personalidade também pesam como

estressores potenciais.

Em relação aos estressores individuais, existem dois tipos de

personalidade, o Tipo A e o Tipo B.

O Tipo A, segundo Chiavenato (2005), constitui um complexo de

ação-emoção que é observável em pessoas agressivamente envolvidas em

uma incessante e crônica luta para alcançar mais e mais em menos e menos

tempo. São pessoas que fazem excessivas demandas a si próprias e se

frustram quando não conseguem realizar suas pretensões. Por essa razão, o

Tipo A apresenta elevada correlação com estresse e perigosas conseqüências

físicas, como problemas cardíacos.

Já o Tipo B é mais tranqüilo e relaxado, aceita situações e

trabalha sem muita preocupação com tempo e exigências externas.

1.4. Fatores determinantes do estresse

Segundo França e Rodrigues (1997), o estresse não pode ser

definido apenas como estímulo ou resposta. É preciso estudar a maneira pela

qual a pessoa avalia e enfrenta este estímulo, levando em consideração as

características individuais destas pessoas e o tipo de ambiente no qual a

pessoa está.

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Ainda segundo os mesmos autores, muitos fatores determinam o

estresse. A combinação destes fatores caracteriza a resposta individual em que

deve ser avaliada para o gerenciamento do estresse.

Eles explicam que o estresse por si só não é suficiente para

desencadear uma enfermidade orgânica ou para provocar uma disfunção

significativa na vida da pessoa. Para que isso ocorra é necessário que outras

condições sejam satisfeitas, como uma vulnerabilidade orgânica ou uma forma

inadequada de avaliar e enfrentar a situação estressante.

São cinco os fatores principais desencadeantes do estresse:

§ Sociais: custo de vida, desemprego, trânsito, violência,

falta de segurança, serviço de saúde precário, etc.

§ Familiares e afetivos: doenças, relacionamento

interpessoal, problemas familiares, separações, fim de

relacionamentos.

§ Organizacionais: metas impossíveis, competição não

saudável, politicagem, comportamento hostil entre os

colegas, greves, atrasos nos prazos, sabotagem, etc.

§ Pessoais: medo de perder ou errar, mudanças,

sentimento de culpa, ansiedade, frustração.

1.5. Fases do estresse

Seyle deu o nome de Síndrome Geral de Adaptação ao conjunto

de modificações não específicas que ocorrem no organismo, diante de

situações de estresse, que consiste em três fases:

§ Reação de Alarme;

§ Fase de Resistência; e

§ Fase de exaustão.

A Reação de Alarme também é conhecida como Fase de Alerta,

segundo Lipp (2005), que é a fase positiva do estresse, quando o ser humano

automaticamente se prepara para a ação. É caracterizada pela produção e

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ação da adrenalina que torna a pessoa mais atenta, mais forte e mais

motivada.

A Fase de Alerta é quando há o confronto inicial com um

estressor e se instala uma reação de alerta, preparando o organismo para a

“luta ou fuga”. E termina algumas horas após a eliminação de adrenalina e a

restauração da homeostase, se o estressor tiver uma curta duração. Neste

caso, o organismo se restabelece e nenhum dano maior ocorre. É nesta fase

que a produtividade aumenta, e sendo o estresse bem administrado pela

pessoa poderá usá-lo a seu favor, pois nesta fase o estágio do estresse produz

motivação, entusiasmo e energia. No entanto a fase de alerta deve ser mantida

por pouco tempo para que o organismo não entre na próxima fase que é a

Fase de Resistência.

Os principais sintomas da Reação de Alarme são:

§ Aumento da freqüência cardíaca;

§ Aumento da pressão arterial;

§ Aumento da concentração de glóbulos vermelhos;

§ Aumento da concentração de açúcar no sangue;

§ Redistribuição do sangue;

§ Aumento da freqüência respiratória;

§ Dilatação dos brônquios;

§ Dilatação da pupila;

§ Aumento da concentração de glóbulos brancos;

§ Ansiedade.

A Fase de Resistência, segundo Lipp (2005), ocorre quando a

fase de alerta é mantida por períodos muito prolongados ou quando novos

estressores se acumulam, fazendo com que o organismo entre em ação para

impedir o desgaste total de energia levando à fase de resistência, que é

quando se resiste aos estressores e se tenta, inconscientemente, reestabelecer

o equilíbrio interior que foi quebrado na fase de alerta. A produtividade cai

dramaticamente. Esta fase caracteriza-se pela produção de cortisol, que é o

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hormônio corticosteróide produzido pela glândula suprarenal que está

envolvido na resposta ao estresse e aumenta a pressão arterial e o açúcar do

sangue, além de suprimir o sistema imune, levando a vulnerabilidade da

pessoa a vírus e bactérias.

Nesta fase o organismo está enfraquecido e muito mais suscetível

a doenças, porém se a pessoa puder utilizar meios de

controle/diminuição/alívio do estresse ou se o estressor é eliminado, ela pode

voltar ao normal sem seqüelas. Se a pessoa permanece nesta fase por um

tempo muito longo o estresse se desenvolve na direção de sua fase mais

crítica, a de exaustão.

Os principais sintomas da Fase de Resistência são:

§ Aumento do córtex da supra-renal;

§ Atrofia de algumas estruturas relacionadas à produção

de células do sangue;

§ Ulcerações no aparelho digestivo;

§ Irritabilidade;

§ Insônia;

§ Mudanças no humor;

§ Diminuição do desejo sexual.

Segundo França e Rodrigues (1997), a Fase de Exaustão

representa muitas vezes a falha dos mecanismos de adaptação; há em parte

um retorno à fase de Alarme e, posteriormente, se o estímulo estressor

permanecer potente, pode levar o homem até à morte.

Para Lipp (2005), a Fase de Exaustão é a mais negativa do

estresse, é a fase patológica. É o momento em que um desequilíbrio interior

muito grande ocorre. A pessoa entra em depressão, não consegue se

concentrar ou trabalhar. Suas decisões muitas vezes são impensadas. Podem

ocorrer doenças graves como, úlceras, pressão alta, psoríase e vitiligo.

Os principais sintomas da Fase de Exaustão são:

§ Retorno parcial e breve à Reação de Alarme;

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§ Falha dos mecanismos de adaptação;

§ Esgotamento por sobrecarga fisiológica;

§ Morte do organismo.

CAPÍTULO II

NOÇÕES GERAIS SOBRE ESTRESSE OCUPACIONAL

2.1 Definição de estresse ocupacional

O estresse relacionado ao trabalho põe em risco a saúde dos

membros da organização, sendo que de 50 a 80% de todas as doenças têm

fundo psicossomático ou estão relacionadas ao nível de estresse (Rossi,

Perrewé e Sauter, 2005).

Villalobos (1999), denomina o estresse em ambiente de trabalho

de estresse ocupacional e o define como sendo o conjunto de fenômenos que

se sucedem no organismo do trabalhador com a participação dos agentes

estressantes lesivos derivados diretamente do trabalho ou por motivo deste, e

que podem afetar a saúde do trabalhador.

Segundo Chiavenato (2005), o estresse ocupacional é um

conceito intimamente relacionado com a carga de transtornos e aflições que

certos eventos da organização e do entorno provocam nas pessoas. Afirma

ainda que, como resultado dessas pressões ou situações, as pessoas

desenvolvem vários sintomas – como preocupação, irritabilidade,

agressividade, fadiga, ansiedade e angústia – que podem prejudicar seu

desempenho e, sobretudo, sua saúde.

França e Rodrigues (1997), por sua vez, consideram o estresse

relacionado ao trabalho como sendo aquelas situações em que a pessoa

percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador, suas necessidades de

realização pessoal e profissional e/ou sua saúde física ou mental, prejudicando

a interação desta com o trabalho e com o ambiente de trabalho, na medida em

que este ambiente contem demandas excessivas a ela, ou que ela não contem

recursos adequados para enfrentar tais situações.

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2.2. Fatores determinantes do estresse ocupacional

Segundo Villalobos (1999), os fatores psicossociais no trabalho

representam o conjunto de percepções e experiências do trabalhador, alguns

de caráter individual, outros se referindo a expectativas econômicas ou de

desenvolvimento pessoal e outros às relações humanas e seus aspectos

emocionais.

Rossi (2005), explica que até o presente momento, estudos

indicam que o ambiente de trabalho, a estrutura corporativa e diversas outras

interações entre emprego e empregado contribuem para as respostas

individuais de estresse e tensão.

Afirma ainda, que a comunicação organizacional e o conflito

interpessoal estão associados a várias manifestações de estresse. Uma série

de problemas clínicos e psicológicos tem sido associada ao estresse

organizacional e à subseqüente tensão pessoal.

Ainda, segundo Rossi (2005), a tensão psicológica e as

manifestações de tensão relacionadas a ela ocorrem em resposta à sobrecarga

ambiental que impõe uma demanda sobre o indivíduo que este percebe como

insuportável.

Os fatores contribuintes para o aparecimento do estresse

ocupacional são: a forma como o trabalho e as tarefas são estruturados, estilo

de gerenciamento, relacionamentos interpessoais, descrição do cargo vaga ou

inconstante, preocupações com o emprego ou carreira, preocupações

ambientais, discriminação, violência, abuso físico e mental.

Segundo França e Rodrigues (1997), outro aspecto promotor de

estresse é aquele produzido pela estrutura e clima organizacional que está

relacionado com as seguintes situações; falta de participação nos processos de

tomada de decisões, sentir-se estranho na própria organização, inadequada

política de direção, falta de autonomia no trabalho e estreita supervisão do

trabalho.

A grande maioria das doenças, que hoje são estudadas dentro do

capítulo da Medicina do Trabalho, tem íntima relação com o estresse. O

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desgaste a que as pessoas são submetidas no ambiente e nas relações com o

trabalho é um dos fatores mais significativos na determinação das doenças. A

importância desses agentes estressores de cunho psicossocial é hoje

amplamente reconhecida, sendo vistos como tão potentes quantos os

microorganismos ou a insalubridade, no desencadeamento de doenças.

Concluindo este capítulo sobre os fatores determinantes do

estresse ocupacional, Chiavenato (2005) considera as principais causas como

sendo:

§ Sobrecarga de trabalho;

§ Pressão de tempo e urgência;

§ Supervisão de baixa qualidade;

§ Clima político de insegurança;

§ Autoridade inadequada na delegação de

responsabilidades;

§ Ambigüidade de papel;

§ Diferenças entre os valores individuais e organizacionais;

§ Mudanças dentro da organização;

§ Frustração.

Segundo Maslach e Leiter (1997), a maioria dos desajustes entre

indivíduo-emprego se enquadra em seis categorias, quais sejam:

§ Carga de trabalho – excesso de trabalho, falta de recursos;

§ Controle – microgestão, falta de influência,

responsabilidade sem poder;

§ Recompensa – salário, reconhecimento ou satisfação

insuficiente;

§ Comunidade – isolamento, conflito, desrespeito;

§ Justiça – discriminação, favoritismo;

§ Valores – conflitos éticos, tarefas sem sentido.

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2.3. Conseqüências do estresse ocupacional

No contexto do trabalho, o estresse torna-se problemático quando

é mal gerenciado que é o que está acontecendo cada vez mais quando os

empregados não conseguem lidar de maneira eficaz com muitos dos

estressores em seus ambientes (Rossi, Perrewé e Sauter, 2005).

Para Chiavenato (2005), mesmo que ignorássemos os custos

humanos do estresse, não poderíamos deixar de lado as conseqüências

financeiras para que se monitorize o nível de estresse nos empregados.

Ele apresenta os seguintes custos organizacionais provocados

pela insatisfação e estresse:

a) Custos de assistência médica: o estresse provoca impacto

sobre a saúde e o bem-estar das pessoas. As organizações arcam com grande

parte dos custos de assistência médico-hospitalar de seus empregados. Além

de pagarem assistência médica e hospitalar, as organizações estão sujeitas à

responsabilidade por provocarem enfermidades associadas ao estresse. As

pesquisas revelam forte relação entre o estresse e perturbações mentais.

b) Absenteísmo e rotatividade: a insatisfação e o estresse

também geram custos indiretos para a organização, como o absenteísmo e a

rotatividade. A insatisfação é uma das principais causas do absenteísmo, que

provoca um custo organizacional muito alto. A insatisfação também acelera a

rotatividade organizacional, reduzindo assim, a produtividade do pessoal

remanescente porque também impacta as pessoas que permanecem na

empresa. Quando as pessoas saem da empresa, esta perde o investimento

feito no desenvolvimento dos empregados ao longo do tempo.

c) Baixo compromisso organizacional: o grau com que as pessoas

se identificam com a organização que as emprega declina em decorrência da

insatisfação e estresse.

d) Violência no local de trabalho: grande parte da violência que

envolve os membros de uma organização é desencadeada por níveis extremos

de insatisfação e estresse.

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e) Baixo desempenho: o desempenho pobre ou abaixo do normal

significa geralmente uma discrepância ou desvio em relação às expectativas.

Boa parte dos problemas de desempenho está relacionada com o estresse e

suas implicações no trabalho.

Segundo Maslach e Leiter (1997), o estresse ocupacional leva o

empregado a ter um desempenho mínimo, padrões de trabalho mínimos e

qualidade de produção mínima, ao invés de apresentar seu melhor

desempenho, eles cometem mais erros, tornam-se menos cuidadosos e têm

menos criatividade para resolver problemas. Além disso, ficam menos

comprometidos com a organização e menos dispostos a fazer o esforço

adicional para realmente fazer a diferença.

2.4. Conceituação dos tipos de estresse ocupacional

Segundo Rossi (2005), existem dois tipos gerais de estresse: o

funcional e o disfuncional. A maioria dos trabalhos na área de estresse

organizacional lida explícita ou implicitamente com o estresse disfuncional.

Considera-se que o estresse disfuncional envolva “desequilíbrio na

homeostasia psicológica e/ou fisiológica dos indivíduos, obrigando-os a

desviar-se do funcionamento normal em interações com seus ambientes de

emprego e trabalho.

Ainda segundo a autora, as organizações começaram a se dar

conta de que o estresse relacionado ao trabalho é um fator que contribui para o

desenvolvimento de distúrbios funcionais, problemas psicossomáticos e

doenças degenerativas. É importante enfocar as atitudes e práticas dos

trabalhadores que podem aumentar o estresse relacionado ao trabalho e como

os membros da organização percebem, de fato, seus estressores no emprego.

Tais informações fornecem os melhores indícios dos esforços baseados na

comunicação para se entender o estresse ocupacional. Esta percepção tem

feito com que as organizações desenvolvam um número crescente de

programas de gerenciamento do estresse para seus empregados.

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2.5. Conceituação de burnout

Segundo França e Rodrigues (1997), Delvaux em 1980 definiu

burnout como o significado de desgaste, tanto físico como mental; tornar-se

exausto em função de um excessivo esforço que a pessoa faz para responder

às constantes solicitações de energia, força ou recursos. Hoje, é considerado

uma das conseqüências mais importantes do estresse ocupacional, o que

impõe sua apresentação em qualquer texto que se dispõe a tratar do estresse.

Rossi (2005), afirma que o burnout no trabalho é uma síndrome

psicológica que envolve uma reação prolongada aos estressores interpessoais

crônicos. As três principais dimensões desta reação são uma exaustão

avassaladora, sensações de ceticismo e desligamento do trabalho, uma

sensação de ineficácia e falta de realização.

Segundo a autora, ao contrário das reações agudas ao estresse

que se desenvolvem em resposta a incidentes críticos específicos, o burnout é

uma reação cumulativa a estressores ocupacionais contínuos, gerando um

desempenho mínimo, padrões mínimos de trabalho e qualidade mínima de

produção, levando os empregados a cometer mais erros, sendo menos

meticulosos e tendo menos criatividade para a resolução de problemas.

As pessoas que sofrem de burnout podem ter um impacto

negativo sobre seus colegas, tanto pelo fato de causarem maior conflito

pessoal, quanto por atrapalhar as tarefas do trabalho. Sendo assim, podemos

chegar à conclusão que o burnout pode ser contagioso e se perpetuar por meio

das interações informais no trabalho.

Várias pesquisas têm demonstrado que o burnout é um

importante fator de risco para problemas de saúde mental e isso pode ter um

impacto significativo na vida familiar e no trabalho do funcionário afetado.

Maslach e Leiter (1997) afirmam que o burnout não é um

problema dos indivíduos, mas do ambiente social no qual eles trabalham. Os

locais de trabalho moldam a forma pela qual as pessoas interagem umas com

as outras e como elas realizam seu trabalho. Quando o local de trabalho não

reconhece o lado humano do trabalho e há grandes desajustes entre a

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natureza do trabalho e a natureza das pessoas, haverá um risco maior de

burnout. Uma boa compreensão do burnout, de sua dinâmica e do que fazer

para superá-lo é, portanto, parte essencial de se permanecer fiel à busca de

uma causa nobre e de manter bem acesa a chama da compaixão e da

dedicação.

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CAPÍTULO III

NOÇÕES GERAIS SOBRE SOBRECARGA DE

TRABALHO

3.1. Conceituação de sobrecarga de trabalho

Segundo Rossi (2005), a sobrecarga de trabalho pode ser

entendida por sentimento que os empregados têm de que fazem coisas

demais, que não têm tempo suficiente para realizar as tarefas exigidas nem

recursos para fazer bem seu trabalho. Há um desequilíbrio ou

incompatibilidade clara entre as exigências do trabalho e a capacidade do

indivíduo de atender essas exigências. A sobrecarga de trabalho é considerada

o melhor preditor da fase de exaustão.

As pessoas com sobrecarga de trabalho freqüentemente sentem

um desequilíbrio na carga entre seu trabalho e sua vida doméstica também.

Elas podem ter que sacrificar o tempo com a família ou suas férias a fim de

concluir seu trabalho.

3.2. Inter-relação entre sobrecarga de trabalho e estresse

A carga de trabalho é o melhor preditor da dimensão exaustão do

burnout, segundo Rossi (2005). As pessoas com sobrecarga de trabalho

freqüentemente sentem um desequilíbrio na carga entre seu trabalho e sua

vida doméstica também.

Geralmente, os trabalhadores que estão no estresse do burnout,

sentem-se extenuados, esgotados, sem qualquer fonte de reposição. Eles

carecem de energia suficiente para enfrentar mais um dia ou outro problema e

uma queixa comum é: “Estou assoberbado, sobrecarregado e tenho trabalhado

demais.” As principais fontes desta exaustão é a sobrecarga de trabalho e o

conflito pessoal no trabalho.

Rossi (2005), afirma que se as pessoas estão trabalhando

arduamente e fazendo coisas demais, elas começam a se retrair, cortar e

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reduzir o que estão fazendo. Mas o risco é de que o desligamento possa

resultar na perda de idealismo e na desumanização dos outros. Os

trabalhadores desenvolvem uma reação negativa às pessoas e a seu trabalho.

Por causa do ceticismo as pessoas deixam de tentar fazer o melhor passando

a fazer o mínimo necessário. Os trabalhadores céticos reduzem a quantidade

de tempo que passam no escritório ou no local de trabalho e a quantidade de

energia que dedicam a seu trabalho. Eles continuam fazendo seu trabalho, mas

apenas o mínimo necessário, de modo que a qualidade de seu desempenho

acaba caindo afetando assim, a produtividade.

Já, as autoras Lipp e Novaes (2003), afirmam que existem

pessoas que se estressam devido ao excesso de trabalho, mas outras não. Há

pessoas que se estressam devido a uma quantidade bem pequena de tarefas,

de modo que não é a sobrecarga de trabalho em si que vai determinar a

ocorrência de estressem, mas a resistência de cada um a essa sobrecarga.

Segundo essa mesmas autoras, se o empregado se sente

respeitado e valorizado no seu empregado, muitas vezes poderá trabalhar

longas horas sem maiores danos para o seu organismo, se não for vulnerável à

sobrecarga de trabalho.

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CAPÍTULO IV

NOÇÕES GERAIS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO

4.1. Conceituação de qualidade de vida no trabalho

O conceito de Qualidade de Vida no Trabalho - QVT é de certa

forma, abrangente e precisa ser definido com clareza, uma vez que os

cargos/postos de trabalho representam não apenas uma fonte de renda para

os trabalhadores, mas também um meio de satisfazerem suas necessidades de

toda ordem, com reflexos evidentemente em sua qualidade de vida.

Embora os autores apresentem enfoques diferentes ao conceituar

a expressão “Qualidade de Vida no Trabalho”, algo que parece comum a todos

- a meta principal de tal abordagem volta-se para a conciliação dos interesses

dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo tempo em que melhora

a satisfação do trabalhador, melhora a produtividade da empresa.

Magri e Kluthcovsky (2006), explicam que embora não haja esse

consenso a respeito do conceito de qualidade de vida, três aspectos

fundamentais referentes ao seu construto foram obtidos por meio de um grupo

de especialistas de diferentes culturas, quais sejam: subjetividade,

multidimensionalidade e presença de dimensões positivas, como mobilidade, e

negativas, como a dor.

Pelo menos duas realidades são importantes e devem ser

consideradas no estudo da qualidade de vida: a vida social e familiar, e a

realidade do trabalho. Sendo que, o sucesso no trabalho, assim como na área

social, da saúde e afetiva faz com que as pessoas se considerem felizes.

A Organização Mundial de Saúde define qualidade de vida como

a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e

sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações.

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Corroborando com a OMS, França e Rodrigues (1997), escrevem

que a QVT é uma compreensão abrangente e comprometida das condições de

vida no trabalho, que inclui aspectos de bem-estar, garantia da saúde e

segurança física, mental e social, e capacitação para realizar tarefas com

segurança e bom uso da energia pessoal.

Esses autores afirmam que a Qualidade de Vida é antes de tudo,

uma nova atitude diante da necessidade de manter o emprego, ser

reconhecido por competência, desenvolver-se. Outros integrantes são

conhecer a fundo o cliente, tomar decisões que garantam a qualidade de

produto e do serviço. Sem uma qualidade de vida construída de forma

enriquecedora não se alcança muito progresso.

Sendo assim, segundo esses mesmos autores, a QVT deve ser

combinada com programas de qualidade e compromissos com a inovação,

resgatando talentos, limites e necessidades humanas.

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CAPÍTULO V

AÇÕES PARA O GERENCIAMENTO DO ESTRESSE,

PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

5.1. Definição de técnicas para a prevenção do estresse

Segundo Rossi (2005), os estudos tradicionais sobre o estresse

no trabalho preconizam que determinados estressores, ou exigências,

desencadeiam respostas nos indivíduos que podem ter impactos adversos

sobre sua saúde. Alguns pesquisadores descreveram que o estresse está

associado a resultados positivos. Eles reconheceram a promoção do positivo

em sua definição de gerenciamento preventivo do estresse, mas como outros

pesquisadores concentraram-se mais na prevenção do negativo (distresse).

Segundo a mesma autora, estudos realizados com enfermeiros

que trabalham em hospitais e com atendimento domiciliar ressaltaram a

importância da esperança como um indicador da resposta positiva às

exigências no trabalho. Foi identificada como uma emoção positiva. A

esperança é, portanto, a convicção de que se tem a força e a capacidade para

atingir seus próprios objetivos no trabalho.

Rossi (2005) sugere que os gerentes podem intervir a fim de

melhorar a esperança dos empregados e que estas intervenções podem servir

para melhorar a saúde e, possivelmente, o desempenho. Considerando a

definição de esperança, os gerentes devem ajudar os empregados a buscar

seus objetivos com entusiasmo e ajudá-los a encontrar soluções à medida que

surgirem obstáculos ao atingimento dos objetivos.

Os gerentes devem também dar aos empregados os recursos

fundamentais para que esses possam atingir seus objetivos.

Tanto empregados quanto gerentes devem lidar com mudanças

constantes e a esperança é essencial para que a mudança seja administrada

com êxito.

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Embora o estresse em certos níveis, se gerenciado de forma

eficaz, possa levar a locais de trabalho produtivos e saudáveis, o objetivo da

prevenção é impedir que níveis de estresse cheguem a um ponto em que

ocorram resultados negativos para a saúde e o bem-estar.

Ainda segundo Rossi (2005), o gerenciamento preventivo do

estresse é uma abordagem para melhorar a saúde e ao mesmo tempo evitar o

distresse no local de trabalho. O processo de estresse organizacional tem três

pontos de intervenção preventiva:

§ Prevenção primária: cujo objetivo é tratar a fonte do

estresse a fim de eliminá-la, reduzi-la ou gerenciá-la;

§ Prevenção secundária: cujo objetivo é modificar a

resposta ao estresse dos indivíduos; e

§ Prevenção terciária: cujo objetivo é curar os atingidos e

aliviar o sofrimento.

Em 2000, a Comissão Européia publicou seu Guia sobre estresse

relacionado ao trabalho denominando-o de Guia CEC (Guia da Comissão

Européia), o qual argumenta que muitas das melhorias podem ser alcançadas

por meio de mudanças organizacionais, como por exemplo:

§ Tempo adequado para o trabalhador realizar seu

trabalho de modo satisfatório;

§ Dar ao trabalhador uma descrição clara do trabalho;

§ Recompensar o trabalhador por um bom desempenho

no trabalho;

§ Proporcionar meios para o trabalhador fazer queixas,

fazendo com que as mesmas sejam tratadas com

seriedade e rapidez;

§ Harmonizar a responsabilidade e a autoridade do

trabalhador;

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§ Esclarecer os objetivos e os valores da empresa e

adaptá-los a objetivos e valores do trabalhador, sempre

que possível;

§ Promover o controle do trabalhador, e seu orgulho, em

relação ao produto final de seu trabalho;

§ Promover a tolerância, a segurança e a justiça no local

de trabalho;

§ Eliminar exposições físicas prejudiciais;

§ Identificar fracassos, sucessos e suas causas e

conseqüências em ações de saúde anteriores e futuras

no local de trabalho;

§ Aprender como evitar os fracassos e como promover os

sucessos, para uma melhoria paulatina do ambiente e

da saúde ocupacional.

Segundo Chiavenato (2005), os principais meios que a

organização dispõe para reduzir o estresse são:

§ Enriquecimento do trabalho: técnica utilizada para

adicionar complexidade e significado ao trabalho da pessoa a fim de reduzir a

monotonia de trabalhos simples e repetitivos e aumentar gradativamente sua

variedade e seus desafios.

§ Rodízio de cargos: ocupar diferentes cargos de

complexidade equivalente é uma maneira de fugir à rotina, estagnação e

proporcionar variedade nas atividades e nas habilidades pessoais, além de

proporcionar novos conhecimentos.

§ Análise do papel: serve para esclarecer as

expectativas do papel para o ocupante de cargo por meio da melhoria de sua

comunicação com supervisores, colegas de trabalho, subordinados e até com

clientes.

§ Treinamento de habilidades: é uma maneira de

ajudar a pessoa a mudar o que gera insatisfação ou estresse no seu trabalho.

Aprender a definir metas, identificar obstáculos para o desempenho bem-

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sucedido e como buscar colaboração com os colegas no alcance das metas. O

objetivo é aumentar as habilidades das pessoas para prever, entender e

controlar eventos que ocorrem no trabalho.

§ Oportunidade de falar sobre seu trabalho: a

oportunidade formal de fazer queixas e de verbalizar opiniões são meios de

comunicação que garantem um escape ativo e construtivo para as frustrações

no trabalho.

§ Participação na tomada de decisões: a participação

nas decisões que afetam o trabalho permite reduzir conflitos, estresse

emocional e o absenteísmo.

5.2. Gerenciamento do estresse e qualidade de vida

França e Rodrigues (1997), em seu livro “Stress e Trabalho”,

citam Dejours, quando este afirma, em uma palestra realizada na Fundação

Getúlio Vargas em São Paulo, que não existe trabalho sem sofrimento. Ele

afirma que da mesma forma que não existe vida sem medo, aquele que nega

este sentimento, que afirma não ter medo, ou está mentindo para si, ou para os

outros. O trabalho, mesmo aquele que motiva e gratifica, quando realizado com

afinco, exige esforço, capacidade de concentração, de raciocínio, implica

desgaste físico e/ou mental.

Os mesmos autores recomendam que trabalhadores propensos a

reagir de forma mais intensa aos estímulos estressantes no ambiente de

trabalho, devem receber uma atenção especial.

Como exposto nos capítulos anteriores, observamos que os

autores especializados no assunto, afirmam que o estresse a partir de

determinado nível (distresse) é considerado doença. A OMS categorizou o

estresse como a doença do século 20 e o descreveu como a maior epidemia

mundial dos últimos cem anos. Sendo assim, ele interfere diretamente na

qualidade de vida das pessoas, pois interfere na sua saúde e bem-estar.

Ainda, para França e Rodrigues (1997), as atuais tendências na

promoção da seguridade e higiene no trabalho incluem não somente os riscos

físicos, químicos e biológicos dos ambientes laborais, mas também os diversos

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e múltiplos fatores psicossociais inerentes à empresa e a maneira como

influem no bem-estar físico e mental do trabalhador. Para eles os principais

fatores psicossociais geradores de estresse presentes no meio ambiente do

trabalho envolvem aspectos de organização, administração e sistemas de

trabalho e a qualidade das relações humanas. Assim, o crescimento

econômico, o progresso técnico, o aumento da produtividade e a estabilidade

da organização depende também dos meios de produção, das condições de

trabalho, dos estilos de vida, do nível de saúde e bem-estar de seus

trabalhadores.

Podemos observar a influência negativa do estresse na qualidade

de vida quando Wallau (2003) aponta que o estresse produzido pela

organização favorece alguns fatores de risco a saúde tais como: consumo de

álcool, como forma de escape; ânimo deprimido, baixa auto-estima, pouca

satisfação no trabalho, intenção de abandonar o trabalho e absenteísmo local.

Segundo Lipp (2005), para controlar o estresse o indivíduo deve

seguir algumas recomendações:

§ Ter uma boa alimentação repondo energias, vitaminas e

nutrientes nos momentos de maior estresse.

§ Atividade física regular: deve ser feita de forma a se

tornar um hábito. Quando a pessoa se exercita por 30

minutos ou mais o organismo produz uma substância

chamada “beta endorfina” que produz uma sensação de

tranqüilidade e bem estar.

§ Relaxamento: quando as pessoas estão tensas

precisam de momentos de descanso para a

recuperação do organismo. O relaxamento ajuda a

eliminar o excesso de adrenalina produzida e

restabelece a homeostase interna do organismo.

§ Estabilidade emocional: é importante manter uma

atitude positiva perante a vida, procurando ver sempre o

lado bom das coisas.

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§ Qualidade de vida: por qualidade de vida entende-se o

viver que é bom e compensador em pelo menos quatro

áreas: social, afetiva, profissional e a que se refere à

saúde. Para que a pessoa possa ser considerada como

tendo uma boa qualidade de vida, torna-se necessário

que ela tenha sucesso em todos esses quadrantes.

Segundo Lipp e Novaes (2003), o aspecto mais positivo do

estresse é o fato de que seus efeitos são quase sempre reversíveis e quem

não sabe lidar com o estresse pode aprender a fazê-lo, evitando assim a

recorrência de um estresse mais severo. Seguindo essa sugestões o indivíduo

pode garantir uma boa qualidade de vida e um controle do estresse satisfatório.

Em seu livro, Andrews (2003), apresenta um estudo realizado nos

EUA onde constatou-se que a única correlação encontrada entre eventos

estressantes e doenças foi a atitude. Os indivíduos que chegaram a prosperar

sob intenso estresse tinham três características em comum, que chamaram de

os “3D’s”:

1) Desafio: essas pessoas vêem a mudança como um desafio, e

não como uma ameaça. Os problemas ajudam as pessoas a crescer e se

desenvolver. Os problemas são os trunfos que o indivíduo tem como armas

para ajudá-los na luta da vida. Eles desenvolvem as nossas mentes para níveis

mais elevados de energia e integração.

2) Direção dos pensamentos no aspecto positivo-otimismo: O

segundo fator é relacionado ao primeiro. Quando a pessoa encara cada

situação e cada mudança como um desafio e não como uma ameaça, ela

desenvolve o pensamento positivo. Todas as ações, sejam bem-sucedidas ou

fracassadas, são experiências valiosas que levam a mais descobertas, lições

que expandem o crescimento do ser humano.

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CONCLUSÃO

O estudo buscou investigar o quanto o gerenciamento do estresse

pode influenciar positivamente na promoção da saúde dos empregados,

melhorando a qualidade de vida no trabalho, e assim gerando maior

produtividade ou o quanto o gerenciamento do estresse não influencia a

promoção da saúde dos empregados, não melhora a qualidade de vida no

trabalho e não contribui para o aumento da produtividade.

Após análise de todo o conteúdo exposto e pesquisado,

entendemos que a reação do estresse tem por objetivo primordial a

preservação da vida. O indivíduo nasce com a condição básica de lutar ou fugir

frente ao perigo, o que vai ocorrer por meio da reação do estresse. Portanto,

ficar estressado nem sempre é prejudicial, às vezes é fundamental para que a

pessoa continue viva.

Sendo assim, o ideal, na verdade, é que o ser humano aprenda a

conviver com desafios, experimente novas emoções, saiba como enfrentar

perigos que não possa evitar desenvolvendo estratégias eficazes para lidar

com os estressores da vida. Isso sim, poderíamos dizer, traria felicidade, pois o

indivíduo sentiria a segurança de que está capacitado a lidar com as alegrias e

adversidades do seu mundo. Portanto, o ideal não é que a pessoa elimine todo

e qualquer estresse da vida, mas que tenha coragem de mudar o que pode ser

mudado e de aprender a lidar com aquilo que não possa mudar ou evitar (Lipp

e Novaes, 2003).

Podemos concluir então, que o estresse de fato é necessário para

o nosso desenvolvimento. Precisamos de uma certa tensão para evoluir e

crescer. Andrews, no seu livro “Stress a seu favor”, cita um experimento

realizado por um grupo de cientistas da França com casulos de borboletas. Diz

assim: os cientistas tentaram eliminar o estágio estressante do esforço de sair

do casulo. Ajudaram as crisálidas a sair mais rapidamente, cortando o invólucro

do casulo delicadamente com uma fina lâmina, sem tocar ou danificar a

crisálida (a borboleta) dentro do casulo. Os cientistas ficaram surpresos com o

resultado do experimento. As borboletas não só não saíram mais rapidamente

– elas nunca saíram. Morreram todas. Os cientistas descobriram que todo o

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processo de esforço para sair do casulo estimulava a secreção de certas

enzimas que são essenciais para transformar o casulo numa borboleta. Assim,

o estresse é uma parte essencial do processo de crescimento. Se nos

privarmos do estresse, jamais nos tornaremos borboletas.

Assim, a proposta deste trabalho é a elaboração de um programa

de controle e prevenção do estresse, pela instituição financeira, que vise

estimular os empregados para a adoção de hábitos saudáveis e conscientizá-

los quanto aos benefícios da mudança de percepção e atitude diante dos

acontecimentos do dia a dia, dentro e fora do ambiente de trabalho. As metas

do programa seriam: desenvolver ações de promoção de saúde e prevenção

de doenças relacionadas ao estresse no ambiente de trabalho, favorecer a

aprendizagem de hábitos que promovam a saúde e capacitar o empregado na

identificação das fontes de estresse em sua vida diária e na utilização de

estratégias saudáveis para o seu enfrentamento.

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BIBLIOGRAFIA

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tempos de crise. São Paulo: Ágora, 2003.

CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do

sucesso das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Noções Gerais sobre Estresse 11

1.1 Origem e conceituação de estresse 11

1.2 Classificação do estresse 12

1.3 Definição e classificação de estressores 14

1.4 Fatores determinantes do estresse 15

1.5 Fases do estresse 16

CAPÍTULO II

Noções Gerais sobre Estresse Ocupacional 19

2.1 Definição de estresse ocupacional 19

2.2 Fatores determinantes do estresse ocupacional 20

2.3 Conseqüências do estresse ocupacional 22

2.4 Conceituação dos tipos de estresse ocupacional 23

2.5 Conceituação de burnout 24

CAPÍTULO III

Noções Gerais sobre Sobrecarga de Trabalho 26

3.1 Conceituação de sobrecarga de trabalho 26

3.2 Inter-relação entre sobrecarga de trabalho e estresse 26

CAPÍTULO IV

Noções Gerais sobre Qualidade de Vida no Trabalho 28

4.1 Conceituação de qualidade de vida no trabalho 28

CAPÍTULO V

Ações para o Gerenciamento do Estresse, Promoção da Saúde

e Qualidade de Vida 30

5.1 Definição de técnicas para a prevenção do estresse 30

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5.2 Gerenciamento do estresse e qualidade de vida 33

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Gerenciamento do Estresse como Pressuposto para

a Qualidade de Vida no Trabalho

Autora: Andréa Maria Guerra Ziller Borges

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: