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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ- REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS GESTÃO DE DESEMPENHO PROFISSIONAL: Um Elemento de Apoio ao Sucesso Organizacional Por: Jorge Henrique Soares de Paulo Orientador Prof. ______________________ Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

GESTÃO DE DESEMPENHO PROFISSIONAL:

Um Elemento de Apoio ao Sucesso Organizacional

Por: Jorge Henrique Soares de Paulo

Orientador

Prof. ______________________

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

GESTÃO DE DESEMPENHO PROFISSIONAL:

Um Elemento de Apoio ao Sucesso Organizacional

Apresentação de monografia ao Conjunto

Universitário Cândido Mendes como condição

prévia para a conclusão do Curso de Pós-

Graduação “Lato Sensu” em Gestão em Recursos

Humanos.

Por: Jorge Henrique Soares de Paulo.

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AGRADECIMENTOS

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DEDICATÓRIA

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RESUMO

As organizações modernas necessitam de mecanismos de avaliação

de desempenho em seus diversos níveis, desde o corporativo até o individual, pois,

o desempenho no trabalho é resultante não apenas das competências inerentes ao

indivíduo mas também das relações interpessoais, do ambiente de trabalho e das

características da organização. Avaliar significa, em síntese, comparar os resultados

alcançados com os esperados (planejados), de forma que apenas o trabalho

previamente planejado deve ser objeto de avaliação. Um sistema de gestão de

desempenho, mostra que, no nível corporativo, o planejamento, o acompanhamento

e a avaliação restringem-se à missão, à visão e aos objetivos macro, tendo a

sustentabilidade da organização como resultado esperado. No nível divisional ou

funcional, o interesse recai sobre os objetivos e as metas de cada unidade produtiva

da empresa, visando à eficácia organizacional. Diante do exposto, o presente

trabalho se propõe a apresentar os conceitos e práticas sobre o sistema adotado no

mercado e avaliar suas vantagens e desvantagens, frente à cultura, estilos de

gestão predominante e a crescente necessidade de alavancar competências nas

organizações.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho foi a pesquisa

bibliográfica, utilizando como fonte de dados o referencial teórico dos principais

autores que escreveram sobre o tema, tais como Idalberto Chiavenato, Germano

Reis, Maria Diva Lucena, entre outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 08 CAPITULO I DESEMPENHO ORGANIZACIONAL.............................................................. 09 CAPÍTULO II GESTÃO DE DESEMPENHO: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES .................................................................................................

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CAPÍTULO III GERENCIAMENTO POR COMPETÊNCIAS – UMA VISÃO EXPANDIDA DA GESTÃO DE DESEMPENHO ..................................................................

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CONCLUSÃO ................................................................................................. 41 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 43 ÍNDICE ............................................................................................................ 46 FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................ 47 ANEXOS ......................................................................................................... 48

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INTRODUÇÃO

A gestão de desempenho é um instrumento moderno e objetivo que

auxilia a empresa na complexa tarefa de planejar, avaliar o desempenho de seus

colaboradores e gerenciar os resultados oriundos deste processo administrativo,

suportando decisões e integrando-as aos demais subsistemas de recursos

humanos.

Além disso, permite estabelecer vínculos claros entre os objetivos

organizacionais e individuais, incrementando, assim, a motivação, adesão e

comprometimento dos mesmos na busca de resultados próprios e gerais da

empresa.

O processo de avaliação de desempenho deve almejar ao

desenvolvimento contínuo dos profissionais e de sua organização, buscando

estabelecer um processo de feed-back contínuo em que as diversas dimensões

(indivíduos e instituição) da organização dialoguem e (re)construam a sua conduta

profissional, a intenção é projetar um desempenho sempre ascendente em que o

individuo esteja em linha com as estratégias da organização.

Nesse contexto, o desempenho humano nas organizações deve ser

visto tanto como uma forma de expressão da satisfação e realização pessoal quanto

da materialização de competências e habilidades que atendam às novas demandas,

necessidades e realidade das empresas e dos negócios presentemente.

O objetivo do presente trabalho é apresentar os conceitos e práticas

sobre o sistema adotado no mercado e avaliar suas vantagens e desvantagens,

frente à cultura, estilos de gestão predominante e a crescente necessidade de

alavancar competências nas organizações.

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CAPÍTULO I

DESEMPENHO ORGANIZACIONAL

Apesar de a história do pensamento administrativo demonstrar que

desde os primórdios da civilização as pessoas vêm sendo administradas em grupos,

as tentativas de desenvolver teorias da administração são relativamente recentes,

datando da Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX.

Naquela época, o desenvolvimento e o uso de novas tecnologias

concentraram grandes quantidades de matéria-prima e de trabalhadores dentro das

fábricas. Os bens eram produzidos em quantidade e precisavam ser amplamente

distribuídos, e a necessidade de coordenar todos esses elementos fez surgir uma

abordagem sistemática à administração.

A ocorrência da globalização da economia, na década de 1990,

modificou o cenário organizacional vigente até então. Na economia global as

distinções entre as economias nacionais são eliminadas pela crescente integração e

interdependência dos mercados para bens, serviços, finanças e mão-de-obra.

Contudo, o atendimento, por parte das empresas, dos pressupostos

que o processo de globalização requer, traz diversas implicações para as estruturas

organizacionais. Com freqüência, as empresas constatam que as estruturas

existentes, apropriadas para a produção doméstica, não servem para as operações

no exterior. Isto porque essas estruturas estão projetadas para produzir

repetitivamente uns poucos tipos básicos de decisões.

O quadro atual da economia mundial tem apontado no sentido de três

grandes vetores: no plano econômico, a globalização e a conseqüente competição

internacional; no plano social, a regionalização, até como resposta aos efeitos da

globalização econômica, que obriga os países a reduzirem seus custos e

abandonarem o assistencialismo; no plano político, a descentralização, pois cada

região necessita de flexibilidade para arranjar seus fatores e se tornar competitiva.

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Atualmente, em função da globalização e da abertura do mercado

nacional, vislumbra-se o começo do fim da organização tradicional. Um século

dominado por um único tipo de organização – a burocrática – está dando lugar,

lentamente, a uma nova era. Essa evolução envolve um pensamento renovador

sobre a maneira pela qual as pessoas, o trabalho e as informações podem ser

reunidos em novas formas de organização capazes de realizar níveis

significativamente mais altos de desempenho continuado.

A competitividade, palavra de ordem nos dias atuais, requer não

apenas a definição e execução correta da estratégia empresarial, mas que ambas

sejam elaboradas de tal forma que assegurem a eficácia da organização.

A administração destaca-se pelos julgamentos e percepções dos

administradores, presentes na elaboração do planejamento. Os administradores

terão relevância ainda maior se forem capazes de gerenciar a execução das

estratégias, buscando, de forma eficiente e eficaz, um sincronismo entre as

estratégias definidas e a sua operacionalização diária. A informação e a avaliação

de desempenho são instrumentos organizacionais que se traduzem na flexibilidade

em identificar o passo à frente que deve ser dado, no menor período de tempo, o

que implica avaliações estratégicas de desempenho (SINK e TUTTLE, 1993).

O desenvolvimento de um processo gerencial que melhore requer,

necessariamente, o empreendimento de um esforço sistemático dos administradores

para projetar, reprojetar e implantar sistemas de medição e avaliação de

desempenho. Isso significa que a medição e a avaliação da eficiência, eficácia,

efetividade, qualidade, produtividade, inovação, lucratividade etc. são parte

integrante dos sistemas de suporte ao processo de administração da empresa que

busca a competitividade.

Segundo SINK e TUTTLE (1993, p.147), “a medição tende a ser

encarada e usada de maneira muito limitada na maioria das organizações.” Nossa

percepção quanto ao exato papel da medição e à gama de suas aplicações é, sem

dúvida, formada e dirigida pelos usos conhecidos no momento. Finanças,

contabilidade, padrões de trabalho e orçamentos dominam nossas idéias a respeito

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dos papéis da medição. Em resumo, a tradição estabeleceu uma visão das

aplicações da medição muito voltada para o controle.

WALTON (2003, p.85) corrobora com a idéia e afirma:

muitas organizações continuam a basear-se em técnicas de

controle e submissão que têm sido aperfeiçoadas por muitas

décadas: clara demarcação entre planejamento e execução;

cargos simples e de pouca qualificação; responsabilidade

individual; padrões de desempenho mínimo; supervisão rígida

e tratamento do trabalho como um custo variável.

Embora esses autores afirmem que a medição voltada para o controle

não implica, necessariamente, uma conotação negativa, eles reconhecem a

importância do desenvolvimento de novos indicadores de desempenho nas

organizações. O desempenho ou a medida de sucesso do negócio não podem mais

ser mensurados pelos padrões tradicionais ou orientados somente por extrapolações

de fatos ocorridos no passado.

Diversas organizações de grande e médio portes já estão envolvidas

em programas de aperfeiçoamento da avaliação de desempenho. Elas tentam

identificar e definir indicadores de desempenho não financeiros para suprir as

limitações daqueles que se apóiam, exclusivamente, em medidas financeiras.

Infelizmente, muitas dessas tentativas geram frustrações a seus mentores porque

buscam uma avaliação impossível, em vez de conceber medidas que exigem um

esforço sistemático e gradual das pessoas envolvidas nesse processo.

Esses programas requerem a determinação de uma infra-estrutura que

ofereça o devido suporte para obter sucesso no aperfeiçoamento de indicadores de

desempenho substanciais e constantes.

Nas palavras de PALEIAS (1992, p.114):

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a) a avaliação de desempenho pressupõe um referencial ou

parâmetro para comparação, contra o qual o desempenho será

confrontado – este parâmetro poderá ser expresso tanto em

termos físicos ou financeiros, ou ambos;

b) é necessário o estabelecimento de um intervalo de tempo

para que a avaliação de desempenho possa ser feita – este

intervalo permitirá operacionalizar tal avaliação, e não

necessariamente significa que as atividades sejam paralisadas

para que tal avaliação ocorra.

Outra importante questão na apuração do desempenho refere-se às

divergências ou pouca clareza dos objetivos fixados, tais como metas financeiras

(fluxo de caixa e lucratividade), em relação às metas estratégicas.

Segundo RUMMLER e BRACHE (1997), embora a maioria das

empresas aponte, em seus documentos societários, a declaração do objetivo "prover

superior retorno do investimento dos acionistas", o desenvolvimento e a manutenção

de genuína vantagem competitiva estariam, em verdade, dependentes de

estratégias que objetivassem retornos para os "beneficiários" do empreendimento,

tradicionalmente representados pelos clientes, fornecedores, empregados e

acionistas.

A perspectiva em termos de horizontes de tempo para ganhos

essenciais e duradouros de desempenho também é um fator que deve ser

considerado no estabelecimento de indicadores. Assim, um administrador de uma

unidade da empresa requer conjuntos diferentes de critérios de desempenho para

missões diversas, ou seja, o esforço do aperfeiçoamento do desempenho assume

diferentes características se for dirigido para a qualidade ou pelo foco no cliente, ou

mesmo pela mudança de cultura.

Ainda de acordo com RUMMLER e BRACHE (1997, p.170), faz-se

necessário prover:

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• medidas sólidas que garantam que estamos monitorando as

coisas certas;

• um sistema de medição total, e não uma coleção de medidas

não-relacionadas – e potencialmente contraproducentes;

• um processo de gerenciamento de desempenho que converta

os dados fornecidos pelo sistema de medição em ação

inteligente.

Mediante a análise do seu desempenho, as organizações

podem medir a sua capacidade de sobrevivência e

continuidade em face das exigências do ambiente interno e

externo em que estejam inseridas.

Se tomadas em conjunto, as características atuais do ambiente de

negócios têm em comum a ocorrência de mudanças cada vez mais difundidas,

persistentes e velozes. Em verdade, essas mudanças dão origem a incertezas e

ambigüidades que a todo instante desafiam a capacidade de adaptação das

organizações.

Considerando-se que as organizações não são entidades isoladas,

mas, ao contrário, estão em interação dinâmica com o ambiente em que se

encontram, cabe investigar as transformações por que vêm passando como

decorrência do ambiente de negócio em que atuam.

Para DRUCKER (1999, p.38), "a vida média de uma empresa, como

organização de sucesso, nunca ultrapassou 30 anos". Deve-se desenvolver novas

formas de mensuração. Porém, ao mesmo tempo, o desempenho terá de ser

definido de forma não-financeira para que tenha significado para os trabalhadores do

conhecimento e para que seja capaz de gerar um "compromisso" por parte deles.

Esse é um retorno não financeiro de valor. Assim, a estratégia terá, cada vez mais,

de ser baseada em novas definições de desempenho.

O desempenho organizacional é normalmente analisado em função de

três dimensões: eficiência, eficácia e efetividade.

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CAPÍTULO II

GESTÃO DE DESEMPENHO: PRINCIPAIS

CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

Embora mecanismos de avaliação de desempenho tenham sido

utilizados para o controle dos trabalhadores desde a Antigüidade, foi com o

surgimento do capitalismo e das grandes indústrias que a avaliação do desempenho

humano ganhou maior significado. A utilização ampliada de processos e escalas

para avaliar o desempenho de empregados tomou corpo com o advento do

taylorismo, no início do século passado. As pesquisas de Taylor para a

racionalização do trabalho deram origem às primeiras escalas de “avaliação de

mérito”, aplicadas, na época, para disciplinar o trabalhador e interferir no seu modo

de realizar o trabalho.

Ao longo do século XX, a avaliação de desempenho passou das

metodologias de controle dos tempos e movimentos para processos que consideram

o empregado e seu trabalho como parte de um contexto organizacional e social

mais amplo.

A partir da necessidade das organizações de contar com instrumentos

para estimular o trabalhador a adotar ou reforçar determinadas atitudes, as técnicas

de avaliação de desempenho foram sendo aperfeiçoadas, valendo-se,

principalmente, de contribuições das Ciências Sociais.

No que diz respeito à responsabilidade pela avaliação, por exemplo,

essas técnicas evoluíram de um modelo de avaliação de mão única, por meio do

qual o chefe realizava unilateralmente um diagnóstico dos pontos forte e fracos do

subordinado, para outros modelos, como a avaliação bilateral, em que chefe e

subordinados discutem em conjunto o desempenho deste último, e, mais

recentemente, a avaliação 360º, que propõe a utilização de múltiplas fontes, ou seja,

a avaliação do empregado por clientes, pares, chefe e subordinados.

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Assim, diversos têm sido os mecanismos utilizados pelas organizações

para a avaliação do desempenho humano no trabalho, cada qual procurando

desenvolver metodologias adequadas às suas necessidades e finalidades.

Enquanto, na perspectiva funcionalista, a avaliação é vista como um processo que

visa ao desenvolvimento de recursos humanos e à melhoria da performance no

trabalho (LUCENA, 1997), na perspectiva crítica, a avaliação é entendida como um

mecanismo utilizado pela organização para exercer o controle psicossocial sobre os

trabalhadores.

A gestão de desempenho surgiu nos últimos anos como um conceito

alternativo às técnicas tradicionalmente utilizadas para a avaliação de desempenho.

Avaliar significa, em síntese, comparar os resultados alcançados com os esperados

(planejados), de forma que apenas o trabalho previamente planejado deve ser objeto

de avaliação. Isso pressupõe não só a comparação entre o que se espera do

indivíduo em termos de realização (resultado esperado) e a sua atuação efetiva

(trabalho realizado) mas também a existência de algum mecanismo de

acompanhamento que permita corrigir desvios para assegurar que a execução

corresponda ao que foi planejado (LUCENA, 1997). O termo gestão dá ao

mecanismo de avaliação a conotação de um processo que envolve atividades de

planejamento, de acompanhamento e de avaliação propriamente dita (GUIMARÃES

et al., 1992).

As organizações modernas necessitam de mecanismos de avaliação

de desempenho em seus diversos níveis, desde o corporativo até o individual, pois,

o desempenho no trabalho é resultante não apenas das competências inerentes ao

indivíduo mas também das relações interpessoais, do ambiente de trabalho e das

características da organização.

Um sistema de gestão de desempenho, conforme descrito por

GUIMARÃES et al (1992), mostra que, no nível corporativo, o planejamento, o

acompanhamento e a avaliação restringem-se à missão, à visão e aos objetivos

macro, tendo a sustentabilidade da organização como resultado esperado. No nível

divisional ou funcional, o interesse recai sobre os objetivos e as metas de cada

unidade produtiva da empresa, visando à eficácia organizacional.

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No nível grupal, a avaliação concentra-se sobre os projetos e

processos de trabalho, isto é, sobre as equipes. Finalmente, no nível individual, o

objeto a ser avaliado é o resultado do trabalho do indivíduo, do seu comportamento

no ambiente de trabalho ou de ambos. Nestes dois últimos níveis, busca-se a

qualidade dos produtos e serviços gerados pela organização.

Como visto, a gestão de desempenho faz parte de um processo maior

de gestão organizacional, uma vez que permite rever estratégias, objetivos,

processos de trabalho e políticas de recursos humanos, entre outros, objetivando a

correção de desvios e dando sentido de continuidade e sustentabilidade à

organização.

2.1 A avaliação de desempenho

Durante muitos anos, a avaliação de desempenho restringia-se a

avaliar a capacidade, o potencial e a personalidade, sem levar em consideração os

resultados, talvez pelo fato da dificuldade de medi-los ou por não existir um

programa de avaliação, com objetivos e metas estabelecidos. Resultando com isso

avaliações incorretas, indevidas, injustas e ilusórias, as quais, mostravam um

resultado que não poderia ser utilizado e muito menos divulgado.

O principal uso que se faz dos resultados de uma avaliação é o de

empregar a informação para subsidiar outros sistemas que objetivam o

gerenciamento do crescimento do ser humano.

REIS (2000, p. 85) diz que “o objetivo final da avaliação do

desempenho, é contribuir para o aumento da motivação das pessoas na empresa”.

Com base nesta premissa concluímos que, as organizações devem

estar conscientes do objetivo final da avaliação de desempenho, visto que, se o

objetivo não estiver definido e conseqüentemente os resultados não forem utilizados

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corretamente e repassados aos funcionários, a avaliação de desempenho cairá em

descrédito.

Neste contexto, podemos afirmar que a motivação é fator primordial,

pois é por meio dela que os planos e planejamentos traçados podem ou não atingir

resultados satisfatórios.

2.1.1 A avaliação individual de desempenho

Devido à praticidade e objetividade, características oriundas a forma

como vem sendo empregada hoje em grande parte das organizações, a Avaliação

Individual de Desempenho ocupa um papel cada vez mais relevante na mensuração

e monitoramento do resultado do trabalho das pessoas, podendo inclusive alimentar

outros processos de Recursos Humanos e servir como base para tomada de

inúmeras decisões sobre carreira e remuneração.

Entretanto, a grande aceitação e o mencionado papel de crescente

importância, que a Avaliação Individual de Desempenho vem conquistando no

mundo empresarial, nos convidam a refletir sobre sua verdadeira validade e

eficiência. Até que ponto este processo pode realmente ajudar as empresas a atingir

seus objetivos? Como seu funcionamento pode impactar no trabalho em equipe?

Quais são suas implicações motivacionais? Enfim até que ponto, e por que motivo, a

Avaliação Individual de Desempenho é (ou não é) válida nas empresas?

Vista sob um enfoque crítico e analítico, a Avaliação Individual de

Desempenho é uma tecnologia de controle administrativo sobre o trabalho das

pessoas, utilizada para alinhar a ação dos funcionários aos objetivos pretendidos

pela empresa. Seu propósito é garantir que o trabalho, desenvolvido por cada uma

das pessoas que integra a organização, esteja em conformidade com o que a

organização espera em termos de realização coletiva.

Através da sua dinâmica de funcionamento, que envolve cobrança

explícita e implícita, e com respaldo do sistema institucional que será abordado a

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seguir, a Avaliação Individual de Desempenho procura demonstrar aos indivíduos

não apenas quais metas ou atividades devem ser realizadas mas, também, quais

comportamentos e atitudes devem ser seguidos e, que portanto, são aprovados pela

organização. Então, a partir do momento em que os critérios de avaliação são

definidos, as pessoas tornam-se passíveis de julgamento e sentença por parte da

empresa, o que condiciona seus papéis e restringe suas ações.

Porém, não é desta forma que a Avaliação Individual de Desempenho

apresenta-se no dia-a-dia das organizações. Como uma ferramenta de controle

social, ela precisa estar envolta por uma carga moral e ideológica suficientemente

capaz de legitimar o seu uso e minimizar a resistência natural a que está sujeita.

Segundo CHIAVENATO (1999, p. 157), desta forma, apresenta-se

como: “uma ferramenta para fornecer feedback aos funcionários sobre seu

desempenho”, “uma forma de promover o desenvolvimento dos colaboradores”, “um

estímulo para melhoria do desempenho e produtividade das pessoas e equipes”, ou

ainda, “um meio para tornar mais justo o pagamento de recompensas”.

Atualmente, uma das formas mais utilizadas de Avaliação Individual de

Desempenho é a baseada em objetivos. Na prática, este processo resume-se na

mensuração e classificação do desempenho das pessoas a partir do cumprimento

das metas de trabalho individuais, previamente definidas, que são normalmente o

principal critério de avaliação.

Entretanto, segundo LUCENA (1997), há pelo menos 4 fatores pelos

quais a Avaliação Individual de Desempenho pode não funcionar em ambientes

onde há predominância de trabalho conjunto e relacionamento interpessoal, como

nas empresas, independentemente da forma que assume. São eles:

a) Em uma organização, o produto (ou resultado do trabalho), quer seja de um

indivíduo ou equipe, está sujeito a inúmeras variáveis conjunturais que podem estar

fora da capacidade de previsão e/ou controle de tal agente. Isso significa que, com

mais ou menos fidelidade, a conquista das metas estabelecidas para indivíduos,

departamentos ou mesmo toda empresa, depende de variáveis externas, não

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controláveis, determinadas pelo macro ambiente, e não apenas das variáveis

controláveis do trabalho.

b) O resultado do trabalho de um indivíduo em um grupo é, inevitavelmente, um

produto sinérgico da interação entre as pessoas. Os indivíduos, quando sociados,

comunicam-se e se interagem o tempo todo e, mesmo desenvolvendo tarefas

aparentemente desconexas, estão influenciando uns aos outros através das

relações de poder, troca de idéias, conhecimento, cultura, experiências,

expectativas, etc.. Isso tudo molda (altera) o resultado do trabalho de cada pessoa

individualmente. Portanto, é praticamente impossível individualizar a parcela de

contribuição de cada um dos membros do grupo em um contexto como este,

inclusive pelo fato de que essa contribuição é, em grande parte, tácita.

c) O trabalho das pessoas em uma empresa é sistêmico. As metas de uma

organização não podem ser totalmente individualizadas (nem a nível departamental

nem a nível individual) e não são totalmente desconexas. Ao contrário, elas são

interdependentes, ou seja, a realização de uma depende da realização da outra e

vice-versa. Isso se deve ao fato de que, a exemplo do que acontece com qualquer

outro arranjo social, a empresa possui objetivos institucionais (objetivos supra

individuais que pertencem à sua unidade como um todo). Uma vez possuindo

objetivos institucionais, ela precisa orquestrar seus recursos para que seu trabalho

conjunto faça sentido e possa remeter ao esperado. Isso requer controle e faz com

que a empresa tenha que restringir atitudes que a extrapolem.

d) Finalmente, o resultado do trabalho de uma pessoa, em uma empresa, é também

um produto do sistema institucional no qual esta pessoa está inserida e não

exclusivamente da sua ação “livre”, justamente porque, como veremos agora, o

sistema institucional direciona essa ação.

Em uma empresa, os profissionais dependem de uma série de

recursos para que seu trabalho possa ser bem realizado. Necessitam ter acesso a

ferramentas, informação, poder e prazos para que possam atingir os objetivos a eles

designados.

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A organização, como detentora do poder de moldar este sistema, é a

grande responsável por planejar e distribuir estes recursos, bem como definir o

arranjo e divisão do trabalho dentro dela. Entretanto, ela institui regras, normas e

procedimentos com o intuito de garantir o mínimo controle sobre a atividade das

pessoas e, conseqüentemente, a conquista dos seus objetivos institucionais.

São justamente estes parâmetros, reguladores da atividade humana,

que vão influenciar na forma e eficiência com que o trabalho individual vai ser

realizado. Por exemplo, uma empresa altamente burocratizada, deficiente na

comunicação interna e que trata o erro das pessoas severamente, não pode culpar

seus compradores por perderem boas oportunidades de mercado. Nestas

condições, ela não poderia esperar nem ao menos que eles se interessem em

procurar por uma boa oportunidade de negócio.

Corroborando tal ponto divisor, CARAVANTES (1995), coloca que, da

mesma forma, a área de Recursos Humanos não poderia ser taxada de lenta ou

burocrática para realização de um processo seletivo se cada solicitação de pessoal

aberta exigisse, por exemplo, a assinatura de todos os diretores da empresa e mais

a do presidente. Fica evidente, neste exemplo caricaturado, que a organização

também teria sua parcela de culpa pelo rótulo do RH pois, em nome do controle, ela

condiciona o andamento do processo às assinaturas que, muitas vezes, são difíceis

e demoradas de conseguir.

Portanto, ao avaliar o resultado do trabalho das pessoas, a empresa

estará também avaliando a si própria como sistema institucional. Infelizmente porém,

muitas vezes, as empresas não estão preparadas para assumir a sua parcela de

responsabilidade, ou ainda, tomar consciência dela, preferindo transferir o encargo

pelo seu mau desempenho unicamente para os indivíduos.

Não obstante, a influência do sistema institucional não se aplica

exclusivamente às demandas humanas diretamente relacionadas à execução do

trabalho propriamente dito. Ao contrário, muitos comportamentos classificados como

não éticos, bem como grande parte da competição dentro das organizações, podem

ser explicados a partir da configuração do sistema institucional, através de variáveis

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relacionadas aos critérios de promoção de pessoas, políticas de reconhecimento e,

em grau crescente devido à ascensão da remuneração variável, políticas de

remuneração.

É natural esperar que os funcionários desejam ganhar mais pelo seu

trabalho, que desejam desfrutar de mais poder e reconhecimento na organização.

Mas, se a empresa condiciona estas “ascensões” a méritos e vitórias individuais, não

importando a que nível (melhor funcionário, melhor área, etc.), fatalmente estará

estimulando a competição interna e será mais do que co-responsável pelo clima de

hostilidade que se instalará, bem como pelas atitudes das pessoas a este clima

hostil.

Em situações onde as ameaças, injustiças, disputas e

desentendimentos são freqüentes, podemos perceber como o sistema institucional

tira a atenção dos indivíduos da realização do seu trabalho, transferindo-a para

questões de autodefesa, na medida em que as pessoas naturalmente gastam muito

mais tempo e esforço para “sobreviver” ou “defender” sua posição do que para

desempenhar suas atividades dentro da organização. Portanto, o sistema

institucional influencia necessariamente o resultado do trabalho do indivíduo, quer

seja de forma mais ou menos intensa, dependendo da configuração das suas

variáveis.

Sabemos que a configuração do sistema institucional varia de empresa

para empresa, bem como a intensidade e a forma dos demais fatores discutidos

anteriormente. Isso nos leva a crer que as distorções da Avaliação Individual de

Desempenho também tendem a variar em função deles. No intuito de tentar

estruturar um esquema prático para a análise de tais distorções nas diferentes

organizações, ARMSTRONG (1996), propõe a ponderação das seguintes variáveis

determinantes:

- Natureza do trabalho exercido pelo indivíduo: Trata-se de uma atividade

onde há muita ou pouca interdependência entre as pessoas? Algumas atividades

profissionais requerem menos ou mais interdependência direta. Por exemplo, um

escritor ou roteirista de cinema depende eminentemente menos do trabalho de

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outros profissionais para desenvolver o seu, se comparado a um diretor de cinema.

Isso não significa que o primeiro não dependa absolutamente de ninguém, porém

seu trabalho pressupõe uma relação de dependência mais indireta e menos

específica quando pensamos na sua cadeia de valor.

- Natureza da meta estipulada para o indivíduo: Algumas metas,

especialmente aquelas excessivamente objetivas e mensuráveis, não dão chance

para que o indivíduo desenvolva um trabalho minimamente inteligente; ao contrário,

forçam para que a pessoa atue sem poder aplicar sua capacidade criativa. Uma

meta eficiente é sempre aquela que dá oportunidade à pessoa de explorar sua

criatividade, caso contrário sub-utiliza o recurso humano; ela deve funcionar como

um marco, direcionando e estimulando o trabalho.

Além disso, o controle sobre as variáveis internas e externas necessário para

a conquista da meta, por mais que não possa ser integral, precisa ser dado ao

máximo para o indivíduo. Isso pode ser feito, por exemplo, através da delegação de

poder e informação por parte da organização. Uma outra alternativa viável seria o

próprio redimensionamento da meta, onde a organização procuraria minimizar o

número e intensidade das variáveis externas (não previsíveis e/ou controláveis) que

poderiam impactar negativamente no resultado do trabalho do indivíduo, dando-lhe

assim mais controle.

2.1.2 Avaliação 360 graus

A avaliação 360º trata-se de uma técnica na qual os participantes do

programa recebem simultaneamente avaliações de seus superiores, pares e

subordinados. Esta técnica visa o desenvolvimento de lideranças dentro da

organização, o auto-conhecimento, o desenvolvimento profissional e a melhoria de

desempenho (LUCENA, 1997).

Avaliação 360 graus também é conhecida como feedback com

múltiplas fontes e na maioria das vezes é confundida nas organizações com a

Avaliação de desempenho, mas a diferença entre as duas é bastante singular, pois

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avaliação de desempenho está mais vinculada a remuneração/promoção e utiliza

apenas informações de cima para baixo e os feedbacks recebidos relacionam -se

com indicadores financeiros, enquanto a avaliação 360 graus tem o objetivo de

desenvolvimento pessoal e de lideranças utilizando informações disponibilizadas por

pares e subordinados, ou seja, o que seu chefe, seus pares e subordinados

realmente pensam de você, e isso pode doer, mas encarar a verdade pode ajudá-lo

a ser melhor, a corrigir seus erros.

Quando as pessoas recebem feedbacks honestos e específicos de

seus superiores, colegas e subordinados, elas passam a compreender como seus

comportamentos afetam as outras pessoas e percebem a necessidade de mudar

alguns desses comportamentos e em contrapartida serve como motivador do

crescimento pessoal, das relações humanas no trabalho, colabora com a

produtividade/satisfação com o trabalho e aumenta a consistência entre auto-

percepção e percepção dos outros. Essa auto-avaliação e a avaliação dos outros

pode ser uma experiência de aprendizagem, tende um aumento na freqüência dos

comportamentos, enfocam atributos como: comprometimento com a qualidade,

comunicação e suporte aos subordinados.

A Avaliação 360 graus, como tantas outras técnicas que já surgiram

não é uma técnica milagrosa que vem salvar as organizações. Deve-se tomar o

máximo de cuidados ao tentar implanta-la na organização, pois cada empresa tem

um clima organizacional diferente e suas peculiaridades que deve-se levar em

consideração.

Outro agravante à implantação desta técnica é a dificuldade em avaliar

com precisão os resultados obtidos; Inexistência de estudos com relação à utilização

da avaliação 360 graus, principalmente em empresas brasileiras; Pouca

compreensão das reais potencialidades, limitações e riscos do instrumento. Mesmo

com tantos pré-requisitos a avaliação 360 graus é um instrumento que a tendência

de adoção é cada vez maior pelas empresas, pois cada vez mais as organizações

estão buscando se adequarem às pressões da competitividade e a necessidade de

mudar e responder prontamente a clientes e mercados e para isso é imprescindível

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estimular e fortalecer e dar autonomia as equipes de trabalho, através de superiores

ou gerentes avaliados pelas técnicas de feedback 360 graus.

As expectativas do mercado tendem a idealizar as novas ferramentas

de gestão de pessoas, atribuindo-lhes resultados às vezes acima de suas

possibilidades, ou propondo uma utilização inadequada, em função de um

conhecimento superficial desses instrumentos.

A implementação desta técnica pode criar uma oportunidade para a

discussão e negociação do perfil de liderança mais adequado para determinada

empresa, permite também explicar como esse perfil se expressa em ações

concretas e como envolver uma reflexão conjunta, compartilhando idéias e buscando

um entendimento sobre o que significa liderança para a empresa.

A avaliação 360 graus estabelece um canal de comunicação entre o

participante e as pessoas com quem interage e se relaciona para viabilizar objetivos

organizacionais. Este instrumento cria referências para orientar esforços de

desenvolvimento profissional, de maneira alinhada às estratégias da empresa. A

principal contribuição da avaliação 360 graus em processo de desenvolvimento de

lideranças, é oferecer aos participantes novas perspectivas para compreender a

realidade organizacional e as próprias experiências profissionais.

É preciso no entanto, que se entenda o desenvolvimento de lideranças

como um processo contínuo. Esse desenvolvimento e a velocidade que ocorrerá as

mudanças será diferenciado de pessoa para pessoa, e pode haver pessoas que não

expressem mudança alguma. As mudanças pessoais devem ser respeitadas, pois

cada pessoa tem características diferentes, motivações pessoais diferentes.

Mudar comportamentos pessoais é um processo complexo, que não

depende apenas da vontade racional das pessoas, pois envolve aspectos inatos,

forças psicológicas e aprendizados adquiridos ao longo da vida. Tais dimensões

tendem a estar tão consolidadas, que a pessoa somente irá mudar aqueles

comportamentos que consegue mudar, mesmo que deseje ir além.

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2.2 A transição para um novo modelo de avaliação

Os profissionais de RH estão preocupados com novas alternativas

estratégicas para que suas organizações possam substituir a avaliação do

desempenho - eliminando seu efeito negativo sobre a moral e motivação dos

funcionários - e colocar em seu lugar um novo modelo dinâmico e proativo de gestão

do desempenho.

Afinal, o desempenho organizacional está intimamente ligado ao

desempenho individual e grupal de seus participantes. Basicamente, o papel e a

formatação da avaliação do desempenho estão sendo não apenas questionados,

mas totalmente reengendrados, segundo CHIAVENATO (2002), os seguintes

aspectos:

- Utilização de equipes multifuncionais de várias áreas da organização para ajudar a

desenhar alternativas baseadas em aspectos relacionados com os objetivos globais

e conseqüentemente, com os critérios de avaliação do desempenho. Trata-se de

ouvir os vários segmentos da organização para construir um novo sistema de

avaliação do desempenho.

- Separar os objetivos tradicionais da avaliação do desempenho para melhor

balanceá-los. As funções - como remuneração, incentivos, feedback, carreira,

treinamento e desenvolvimento, coaching, mentoring, etc. - são cumpridas através

de propósitos específicos. Cada qual na sua. A avaliação tradicional do desempenho

misturava vários objetivos simultaneamente e quase sempre não alcançava nenhum

deles.

- Diagnosticar as competências organizacionais atuais e necessárias e, a partir

delas, identificar as competências individuais e grupais para dar-lhes suporte e

impulso. A gestão de competências - embora complexa e infindável, pois as

competências mudam com as mudanças ambientais e tecnológicas - é um caminho

realmente promissor.

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- Criar e fomentar um senso de urgência, de propósito e de direção para o futuro em

toda a organização. O novo modelo procura exatamente isso. Não aceitar a

contemporização, a complacência e a mediocridade. Fazer já e não deixar nada para

depois. O futuro está caminhando cada vez mais rapidamente. A agilidade e

flexibilidade são imprescindíveis.

- Educar todas as pessoas na organização a respeito da necessidade e direção da

mudança pretendida. Criar uma visão organizacional como ponto de referência para

todos. Isso envolve, em muitos casos, a criação de um assessment center para

orientar e direcionar desempenhos e gerar condições de encarreiramento na

organização. Coaching e mentoring são indispensáveis.

- Criar um ambiente de trabalho de confiança e de respeito às pessoas como adultos

responsáveis. Privilegiar as diferenças individuais de personalidade de modo que

cada pessoa possa seguir o seu caminho próprio e de acordo com suas preferências

e necessidades. Deixar de homogeneizar e de padronizar o desempenho dos

funcionários é mandatório.

- Encorajar todas as pessoas a assumir responsabilidade em solicitar assistência e

coaching que melhor sirvam às suas necessidades individuais e à sua particular

situação. De um lado, oferecer apoio e suporte, e de outro lado, oferecer

oportunidades para as pessoas. De um lado, disponibilizar recursos, e de outro lado,

fazer com que as pessoas sejam responsáveis por cobrar tais recursos.

- Proporcionar treinamento e ferramentas eletivas que facilitem o alinhamento,

melhoria, definição de objetivos e desenvolvimento de carreira. Chame-se a isto de

gestão do conhecimento, educação corporativa ou o nome que se queira utilizar, o

importante é que as pessoas tenham condições efetivas de utilizar os meios

necessários para seu próprio desenvolvimento. A função da organização é criar um

contexto e a responsabilidade de cada pessoa é utilizar esse contexto da maneira

mais apropriada ao seu contínuo desenvolvimento e realização pessoal.

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- Utilizar o formato de avaliação como uma ferramenta de coaching que proporcione

aconselhamento, orientação e direcionamento para o futuro para cada pessoa em

cada situação.

- Estimular em cada pessoa o valor do feedback, informação, comunicação e

relacionamento pessoal e grupal na melhoria do desempenho individual, da equipe e

da organização.

- Desenvolver uma cultura de trabalho orientada para a aprendizagem contínua,

melhoria do capital intelectual, mudança e inovação, ética e competitividade da

organização.

- Criar todas as condições para um efetivo retorno do investimento no capital

humano da organização em proveito de todos os parceiros envolvidos.

Isso representa uma forte mudança cultural na organização. Na prática,

as organizações precisam alcançar melhores resultados através da sintonia fina e

melhoria de seus sistemas de avaliação do desempenho para saber onde a

performance está falhando e quais são as razões das eventuais falhas.

Nessa corrida interminável para a melhoria da gestão do desempenho

estão envolvidos: coaching, feedback 360º, mentoring, decisões sobre remuneração,

incentivos, promoções, auto-gerenciamento da carreira, definições de programas de

treinamento e desenvolvimento, gestão do conhecimento, universidades

corporativas, desenvolvimento de lideranças, motivação, clima organizacional,

mudança organizacional, inovação e revitalização corporativa, etc.

Tudo isso funcionando em conjunto. Se o modelo tradicional de RH já

privilegiava a avaliação do desempenho como o núcleo determinante de decisões e

ações de RH (sobre permanência do funcionário na organização, remuneração,

promoção, treinamento, orientação, etc.) imagine o novo papel da avaliação do

desempenho e a sua profunda influência nas filosofias e práticas de RH.

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CAPÍTULO III

GERENCIAMENTO POR COMPETÊNCIAS – UMA VISÃO

EXPANDIDA DA GESTÃO DE DESEMPENHO

A organização pode ter um diferencial competitivo, uma vez que

desenvolva as competências essenciais, possibilitando, assim, o surgimento de

novas oportunidades no mundo dos negócios. As organizações que adotarem suas

estratégias com base nas competências essenciais ou capacidades únicas para

iniciar o seu processo estratégico, reconhecendo suas capacidades e competência

critica, a partir de uma perspectiva interna dos processos de negócios, selecionando

segmentos de mercado e consumidores, nas quais as competências podem oferecer

maior valor, fará surgir aí o diferencial na organização.

Os artigos de PRAHALAD e HAMEL (apud FLURY, 1999) sobre as

core competencis da empresa despertaram interesses não só de pesquisadores,

mas também entre os profissionais de empresas, para as teorias sobre recursos da

firma. Segundo esses autores, para ser chave, as competências deveriam responder

a três critérios: oferecer reais benefícios aos consumidores, ser difíceis de imitar e

prover acesso a diferentes mercados. A questão principal diz respeito à possibilidade

de combinação das várias competências que uma empresa pode conseguir para

desenhar, produzir e distribuir produtos e serviços aos clientes no mercado.

Competência seria assim a capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em

produtos e serviços.

FLEURY e FLEURY (2000) demonstram que para uma competência

ser essencial, não precisa necessariamente ser baseada em tecnologia stricto

sensu: pode estar associada ao domínio de qualquer estágio do ciclo de negócios,

como, por exemplo, um profundo conhecimento das condições de operação de

mercado específicos. Não obstante a isso, para ser considerado uma competência

essencial, esse conhecimento deve estar associado a um sistemático processo de

aprendizagem, que envolve descobrimento/ inovação e capacitação de recursos

humanos.

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ZARIFIAN (2001) classifica as competências de uma organização em

cinco tipos diferentes.

1) Competências sobre processos: os conhecimentos sobre o processo de trabalho;

2) competências técnicas: conhecimentos específicos sobre o trabalho que deve ser

realizado;

3) competências sobre a organização: saber organizar os fluxos de trabalho;

4) competências de serviços: aliar a competência técnica à pergunta: qual o impacto

que este produto ou serviço terá sobre o consumidor final?

5) Competências sociais: saber ser, incluindo atitudes que sustentam os

comportamentos das pessoas. O autor identifica três domínios dessas

competências: autonomia, responsabilização e comunicação.

NISEMBAUM (2000) classifica as competências organizacionais em:

1) Competências Básicas: São os requisitos que a empresa precisa para determinar

com eficácia os negócios. Significam condições necessárias para que a organização

atinja liderança e competitividade no mercado.

2) Competências Essenciais: Aquelas que possuem valor que é percebido pelo

cliente não podem ser facilmente imitadas pelo concorrente e contribuem para

capacidade de expansão da organização.

As competências essenciais na organização permitem a possibilidade

de direcionamento do foco para aquelas situadas no centro, contribuindo para o

sucesso empresarial em longo prazo. A maior vantagem de se trabalhar o conceito

de competências é que ela permite direcionar a atenção, concentrar esforços no que

é fundamental para que a organização consiga os seus objetivos operacionais e

estratégicos.

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3.1 Conceito de competências

Vários autores têm tentado definir o conceito de competência, e isso

hoje representa uma das dificuldades encontradas para a difusão do sistema: sua

difícil conceitualização. Os primeiros conceitos de competência surgiram nos

estudos de PRAHALAD & HAMEL (apud FLEURY, 1999), que definiram

competência essencial como o conjunto de habilidades e tecnologias necessárias

para agregar valor a uma organização.

Para diferenciar as competências essenciais das não essenciais, é

preciso considerar que uma competência essencial deve, de acordo com os autores,

passar por três testes:

a) Valor percebido pelo cliente: as competências essenciais são as habilidades que

permitem à empresa oferecer um benefício fundamental ao cliente;

b) Diferenciação entre concorrentes: a competência essencial também deve

representar uma característica que torne uma organização única entre seus

concorrentes, muitas vezes não por ser a única a possuir aquela característica, mas

sim por possuir essa competência num grau acima da média do mercado;

c) Capacidade de expansão: as competências essenciais são as “portas de entrada

para os mercados do futuro”, ou seja, devem dar vazão a uma gama de novos

produtos imaginados ou serviços a serem gerados a partir dela.

As competências essenciais devem, portanto, ser um parâmetro

norteador das políticas da empresa em geral. Sob o ponto de vista da Gestão de

Pessoas, as competências tendem a estar relacionadas com os indivíduos que

fazem parte da organização. Assim, as competências individuais devem ser

decorrentes das core competencies, que são atribuídas à organização.

Uma das definições mais conhecidas e aceitas sobre o conceito de

competência, já no sentido mais individualizado, é dada por FLEURY (1999), que

entende que competência é um saber agir responsável e reconhecido, que implica

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em mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades que

agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. Outros autores

também contribuíram com sua definição para a significação de competência, e foram

de grande valia para a compreensão do assunto.

LAWLER III (1998) enfatiza, em sua definição, a importância de

relacionar competências com a performance individual. Para ele, competências são

“características demonstráveis de um indivíduo, que incluem conhecimentos,

habilidades e comportamentos, ligados diretamente com a performance”. Esse

conceito, que se refere diretamente ao indivíduo, é importante, já que uma pessoa

pode demonstrar as mesmas competências independentemente de seu cargo atual.

PARRY (1998) acrescenta mais três aspectos à definição de

competências: para ele, as competências devem ser “diretamente ligadas à

performance do indivíduo” e, dessa maneira, não deveriam refletir meros traços de

personalidade “mensuráveis através de padrões usualmente aceitos” e passíveis,

portanto, de serem “desenvolvidas por meio de treinamento e desenvolvimento”.

Quanto à sua classificação, as competências podem ser (FLEURY,

1999):

a) Competências Técnicas/Profissionais: específicas para uma operação, ocupação

ou tarefa (desenho técnico, operação de um equipamento, finanças).

b) Competências Sociais: saber ser, incluindo atitudes e comportamentos

necessários para o relacionamento entre pessoas (comunicação, negociação,

trabalho em equipe).

c) Competências do Negócio: compreensão do negócio, seus objetivos, relações

com o mercado, ambiente sócio-político (conhecimento em negócio, planejamento,

orientação para o cliente).

Para LE BORTEF (1999) a competência não é um estado ou um

conhecimento adquirido. Segundo sua ótica, ter conhecimentos ou capacidades não

se traduz em ser competente, pois pessoas que detêm o conhecimento não

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necessariamente sabem aplicá-lo de forma pertinente e no momento oportuno em

situações de trabalho. A competência pois se define pela competência em atuação,

ou seja, pela capacidade de utilização ou de mobilização dos recursos (savoir

mobiliser) e se desenvolve dentro de um contexto específico e é contingente a este

contexto. Trata- se da capacidade de analisar e resolver problemas dentro de um

ambiente particular e supõe a capacidade de aprender e de se adaptar a diferentes

situações. Para este autor a passagem do saber à ação é “uma reconstrução: é um

processo de agregação de valor” (p. 18). Trata-se de uma abordagem mais

abrangente do que a dos demais autores acima citados.

3.2 Gestão por competências e vantagem competitiva

Segundo PRAHALAD & HAMEL (apud FLEURY, 1999), o que confere

a uma organização vantagem competitiva sustentável são as competências

essenciais, as raízes da competitividade. Segundo analogia utilizada por estes

autores:

A corporação diversificada é uma grande árvore. O tronco e os

galhos são os produtos essenciais, e os galhos menores, as

unidades de negócio; as folhas, as flores e os frutos são os

produtos finais. A raiz, que promove nutrição, a sustentação e a

estabilidade, é a competência essencial. (p. 57)

Em outro extremo, há os estudos sobre a competência dos indivíduos.

Nesta linha estão os trabalhos de McCLELLAND (apud FLEURY, 2002) e PARRY

(1998). PARRY (1998), por exemplo, investiga o uso do conceito de competências

para decisões sobre recrutamento, treinamento, promoção e outras práticas de

recursos humanos.

Ainda com enfoque sobre o indivíduo, LE BORTEF (1999) considera

que o distintivo da competência é a ação: “não há outra competência que a

competência em ação” (p.14). Não se reduz a um estado ou conhecimento, um

saber ou habilidade.

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Alguns autores procuram articular os estudos de competências

realizados no nível do indivíduo à competência organizacional. Um exemplo é o

trabalho de FLEURY & FLEURY (2000), que criaram uma tipologia que integra o

conceito de competência individual a competência de negócio e a estratégias

competitivas.

Outro autor a argumentar a relação entre estratégia, competências

organizacionais e resultados é ULRICH (2000). O autor defende que a dinâmica de

atuação de uma organização de sucesso é obter resultados favoráveis a partir de

suas decisões estratégicas. Entretanto, estratégias, por mais brilhantes que sejam,

não se convertem imediatamente em resultados. Pelo menos duas instâncias

intermediárias podem ser mencionadas: a geração de competências e as ações.

Sem ações, não se obtém resultados; sem competência, as ações perdem eficácia

ou sequer chegam a ser realizadas.

A inserção da administração de recursos humanos (ARH) nesta lógica

é formar competências organizacionais. A “entrega” da gestão de pessoas são as

competências que sustentam o sucesso organizacional. Uma empresa terá a

competência da inovação se dispuser de pessoas inovadoras; e as pessoas serão

inovadoras se o sistema de gestão incentivá-las.

Uma proposta de modelo de gestão baseada em competências que

procura articular as competências estratégicas à atuação da ARH é formulada por

DUTRA (2001), que parte dos conceitos de competência, complexidade, agregação

de valor e espaço ocupacional. O modelo propõe uma forma de integrar as práticas

de RH a partir do referencial de competências.

Para ser implantado numa organização requer: definição das

competências organizacionais e humanas; escolha das trajetórias de carreira na

organização; caracterização dos níveis de complexidade de cada carreira;

enquadramento do corpo funcional no modelo; avaliação; avaliação dos profissionais

segundo atribuições e exigências do nível em que se enquadram.

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O modelo de DUTRA (2001) pode ser utilizado como um referencial

para se averiguar o nível de competências dentro de uma organização, bem como a

forma pela qual elas estão distribuídas.

Uma das ferramentas mais conhecidas nesta área é o Balanced

Scorecard de KAPLAN & NORTON (1997). Segundo os autores, na falta de outros

indicadores, executivos acabam privilegiando controles financeiros. Entretanto, tais

controles são conseqüência, ou seja, decorrem de decisões acertadas em outras

instâncias. Outra limitação de considerar apenas indicadores financeiros é que eles

não conseguem traduzir a complexidade organizacional.

Para monitorar de forma mais abrangente o desempenho empresarial,

KAPLAN & NORTON (1997) propõem outras três perspectivas: a dos clientes, a dos

processos internos e a da aprendizagem. A perspectiva dos clientes ocupa-se dos

mercados e clientes que a organização quer atender. A perspectiva dos processos

internos volta-se a processos internos críticos nos quais a organização deve

alcançar a excelência.

A perspectiva de aprendizagem, por fim, “identifica a infra-estrutura que

a empresa deve construir para gerar crescimento e melhoria no longo prazo”

(KAPLAN & NORTON, 1997, p. 29). Estão incluídos na perspectiva pessoas,

sistema e procedimentos organizacionais. Propõem como indicadores desta

dimensão: satisfação, retenção, treinamento e habilidades dos funcionários, tempo

para disponibilidade das informações etc.

Tais perspectivas estariam dispostas numa ordem de causalidade. Os

indicadores financeiros são atingidos à medida que a empresa atende e satisfaz

seus clientes; isto, por sua vez, só ocorre se os processos internos estiverem

alinhados para alcançar a excelência; por fim, a excelência nos processos internos é

conseqüência de pessoas motivadas e competentes, além sistemas que respondam

adequadamente às necessidades organizacionais.

Dentro do balanced scorecard, o tema competências é abordado na

perspectiva de aprendizado e crescimento. Esta perspectiva engloba três categorias:

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as competências estratégicas, definidas como habilidades e conhecimentos

indispensáveis para que a força de trabalho tenha condições de reforçar a

estratégia; as tecnologias estratégicas, que são os sistemas de informação, bancos

de dados, redes e outras ferramentas indispensáveis para implantar a estratégia; e

clima para a ação, que representa “as mudanças culturais necessárias à motivação

da força de trabalho em apoio à estratégia” (KAPLAN & NORTON, 2001, p. 106).

Para ilustrar o conceito, torna-se relevante a descrição do exemplo

fornecido por KAPLAN & NORTON (2001), na Mobil North America Marketing and

Refining (Mobil NAM&R), foram definidos os seguintes objetivos para a perspectiva

de aprendizado e crescimento:

- Competências e habilidades essenciais

- Estimular e facilitar o desenvolvimento por nosso pessoal de

conhecimentos mais amplos sobre as áreas de marketing e

refino, de ponta a ponta.

- Construir as habilidades e competências necessárias à

execução de nossa visão.

- Desenvolver as habilidades de liderança necessárias à

articulação da visão, à promoção do raciocínio integrado sobre

o negócio e ao desenvolvimento do pessoal.

- Acesso à informação estratégica

- Desenvolver as informações estratégicas necessárias à

execução das nossas estratégias.

- Envolvimento organizacional

- Possibilitar a consecução de nossa visão mediante a

promoção do conhecimento da estratégia a criação de um

clima propício à motivação e à capacitação dos empregados

para a concretização da visão (p. 49-50).

Os autores relatam que, dos três objetivos, os dois primeiros não

puderam ser implantados imediatamente pela falta de instrumentos para mensurá-

los. Quanto ao terceiro, foi avaliado mediante pesquisa de clima organizacional.

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Outros autores relatam experiências construção de uma ponte entre

gestão de pessoas - um dos componentes da perspectiva de inovação - resultados

estratégicos. Um destes relatos é feito por RUCCI et al. (1998), descrevendo a

implantação do balanced scorecard na Sears.

Três objetivos nortearam a implantação do balanced scorecard na

cadeia de lojas varejistas americana: ser um lugar agradável para trabalhar, comprar

e investir. Desta forma, três stakeholders estariam contemplados: funcionários,

clientes e investidores. O passo seguinte foi investigar qual a cadeia de causalidade

que ligava os três termos.

Criaram um modelo, coletaram dados, analisaram os resultados

segundo a técnica estatística de modelagem de caminho causal e, após 18 meses,

concluíram que as variáveis relevantes na perspectiva de aprendizagem que

afetavam o desempenho estratégico eram a atitude em relação ao emprego e a

atitude em relação à empresa, ambas avaliadas em termos de pesquisa de clima

organizacional. No caso, chegaram até a descrever as relações em termos

quantitativos: um aumento de 5 pontos na atitude de funcionários impulsiona um

aumento de 1,3 pontos na satisfação dos clientes que, por sua vez, alavanca um

aumento de 0,5% na receita (RUCCI et al., 1998).

BECKER et al. (2001) descrevem outro caso, o da GTE, uma empresa da

área de telecomunicações. Na GTE foi observado que o grau de inovação de

produtos estava relacionado à redução na rotatividade de pesquisadores na área de

pesquisa e desenvolvimento (P&D). A partir desta constatação, incluíram a

estabilidade dos pesquisadores dentro de seu balanced scorecard e, por meio de

instrumentos de gestão de carreira e remuneração, reduziram a rotatividade na área

de P&D.

A análise dos casos relatados na literatura especializada permite inferir

algumas conclusões. Uma delas é que há necessidade de identificar os indicadores

da gestão de pessoas que possuem impacto estratégico. E, de acordo com a

natureza do negócio, estes indicadores serão distintos. Por exemplo, o indicador

“satisfação do funcionário” pode ter um impacto bem maior na Sears do que em um

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supermercado. Na Sears, que é uma loja de departamentos, a interface com o

cliente é grande, diferente de um supermercado, voltado ao auto-serviço.

Do mesmo modo, a relação estabilidade de pessoal-resultados pode

ser bem distinta na GTE e em uma cadeia de fast-food - ou mesmo dentro da própria

GTE, se outra área for analisada. Isto sinaliza que, dependendo do negócio, deverá

ocorrer uma customização do sistema de indicadores. Trazendo esta observação

para o problema desta pesquisa, isto pode significar que nem sempre as

competências humanas serão variáveis essenciais para se alcançar os resultados

estratégicos e, caso sejam, com certeza serão diferentes as competências exigidas

em cada negócio.

Uma segunda constatação extraída dos casos é a dificuldade de aplicação

do conceito de competências como um direcionador (driver) estratégico. Nos relatos,

mesmo quando incluída no modelo, sua utilização não foi imediata, como no caso da

Mobil, ou acabou tendo que ser transfigurado para poder ser operacionalizado.

Uma terceira observação refere-se ao caráter misterioso da passagem

da perspectiva de aprendizagem (as competências nela incluída) aos resultados

estratégicos. Por exemplo, é fácil visualizar que a abertura de novos clientes

(perspectiva dos clientes) trará impacto positivo sobre o retorno sobre investimentos

(perspectiva financeira), ou que o aumento da produtividade (processos internos)

reduzirá os custos. Porém, quando se trata de gestão de pessoas, a relação não é

tão clara: é difícil estabelecer, por exemplo, quanto um programa e treinamento traz

de receita positiva à empresa. O mesmo vale para o desenvolvimento de

competências.

3.3 Avaliação das competências e as áreas fundamentais das

organizações e empresas

A base é a avaliação que pressupõe algumas áreas fundamentais:

liderança, planejamento estratégico, foco no cliente e no mercado, informação e

análise, gestão de pessoas, gestão de processos e resultados da organização.

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Na área de “Liderança” examina-se como toda alta direção envolve-se

pessoalmente e lidera um processo de gestão que promove a excelência do

desempenho, integrando os valores da organização com as necessidades dos

clientes, do mercado e de outras partes interessadas (REIS, 2000).

Na sustentação dessa avaliação de Recursos Humanos, o

“Planejamento Estratégico” desempenha papel significativo. Ele orienta a análise

dos principais resultados verificando o quanto, efetivamente, cada individuo contribui

através de sua competência para os resultados empresariais. Desse modo planos

estratégicos e ações individuais são alinhados visando o alcance dos objetivos.

Em síntese, o gerenciamento de desempenho examina

detalhadamente, como as pessoas engajadas na força de trabalho são capacitadas

para desenvolver e utilizar seu pleno potencial, em alinhamento com as estratégias

da organização.

O elo entre estratégias empresariais e gestão estratégica de pessoas é

decorrente da aceitação de que as pessoas, são os verdadeiros pontos fortes e

fracos de uma organização. Com isso as políticas de recrutamento, seleção,

formação, capacitação, busca e desenvolvimento de talentos, avaliação de

desempenho, trajetória funcional, benefícios, remuneração e demissão devem estar

em consonância com as políticas da organização. Portanto, de acordo com REIS

(2000), a boa gestão estratégica de pessoas está intrínseca ao planejamento.

Por último avaliam-se os efetivos resultados relativos às pessoas na

percepção de todos os clientes de Recursos Humanos. Analisam-se os níveis atuais

e as tendências dos principais indicadores de gestão de pessoas e, muito

importante, realiza-se comparações pertinentes com o mercado, em especial com

benchmarks. O benchmarking que pode ser entendido como uma escola que visa o

constante aprendizado, contribui para a melhoria das organizações, proporcionando

alcançar um patamar de mercado.

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3.4 Gestão de competências X gestão de desempenho

Com base na revisão realizada, é possível indagar até que ponto a

gestão de desempenho é algo diferente da gestão de competências. Ambas as

tecnologias propõem a necessidade de associar a performance ou as competências

da organização com as de seus membros.

No caso da gestão de desempenho, por exemplo, alguns autores

sustentam que as organizações deveriam dispor de instrumentos de avaliação de

desempenho em seus diversos níveis, do corporativo ao individual. Da mesma

forma, na gestão de competências, as proposições de PRAHALAD e HAMEL (apud

FLEURY, 1999) e DURAND (1998) seguem o mesmo caminho, sugerindo a

existência de competências organizacionais e humanas.

Essas tecnologias de gestão parecem estar baseadas em um mesmo

pressuposto, a competência ou o desempenho da organização e são influenciados

por ela. Enquanto a corrente da gestão de competências argumenta que a

competência humana, aliada a outros recursos, dá origem e sustentação à

competência organizacional, os autores que defendem a gestão de desempenho

alegam que a performance no trabalho é resultado não apenas das competências

inerentes ao indivíduo mas também de atributos organizacionais.

A necessidade de associar o desempenho ou as competências

humanas com o desempenho ou as competências da organização como um todo faz

com que tanto a gestão de desempenho como a de competências estejam inseridas

em um contexto de gestão estratégica de recursos humanos, entendida como a

função de atrair, desenvolver e manter o pessoal necessário para atingir os objetivos

organizacionais, por meio da utilização de sistemas de recursos humanos

consistentes entre si e coerentes com a estratégia da organização.

Em outras palavras, as duas tecnologias de gestão propõem integrar

os subsistemas de recursos humanos – gestão de carreira, remuneração,

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recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, entre outros - e a

estratégia organizacional.

Além disso, ambas as tecnologias podem empregar indicadores

relacionados tanto ao resultado do trabalho como ao comportamento ou processo

utilizado para alcançá-lo. Quando a gestão de desempenho ocorre no nível

individual, por exemplo, é possível avaliar o trabalhador tomando como parâmetro

não só os resultados decorrentes do trabalho executado mas também a

manifestação, por parte do indivíduo, de conhecimentos, habilidades e atitudes que

se pressupõe serem relevantes para a consecução dos objetivos organizacionais.

Da mesma forma, na gestão de competências, uma competência se

traduz tanto pelo resultado alcançado como pelo conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes necessários para atingi-lo. Observam-se, então, até mesmo

semelhanças conceituais entre competência e desempenho. O resultado alcançado

(desempenho) representa, em última instância, a própria competência do indivíduo.

Outra semelhança é que tanto a gestão de desempenho quanto a de

competências presumem um processo que considera a interdependência entre os

atos de planejar, acompanhar e avaliar. Sob esse aspecto, nota-se que os

processos inerentes às duas tecnologias muitas vezes se sobrepõem, parecendo ser

complementares.

Na gestão de competências, por exemplo, faz-se necessário contar

com algum mecanismo de avaliação de desempenho que permita à empresa

identificar seu gap (lacuna) de competências, tanto no nível individual como no

organizacional. Infere-se, portanto, que a identificação de necessidades de

desenvolvimento de competências acontece por meio da gestão de desempenho.

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CONCLUSÃO

O interesse sobre a gestão estratégica de recursos humanos deu

origem a uma série de teorias e práticas de recursos humanos, fazendo com que

conceitos como o de competência, desempenho e empregabilidade passassem a

fazer parte da retórica de muitas organizações, adquirindo diversas conotações e,

muitas vezes, sendo utilizados de maneiras distintas tanto no ambiente empresarial

como no meio acadêmico. A complexidade do tema tornou a fragmentação teórica

inevitável, o que parece natural, pois concepções variadas e até mesmo

contraditórias sobre um mesmo assunto talvez sejam a representação mais acurada

do mundo pós-moderno.

A essência da gestão do desempenho é o desenvolvimento dos

indivíduos em termos de competência e comprometimento, avançando em direção a

objetivos significativos e compartilhados em uma organização que apóie e encoraje

o seu atingimento.

Sendo assim, a gestão de desempenho está totalmente voltada para a

melhoria, sendo um meio importante de obter envolvimento e participação aliados à

inovação, à mudança e à flexibilidade organizacional.

Embora a gestão de competências e a gestão de desempenho estejam

inseridas nesse contexto de fragmentação teórica, é possível perceber a relação de

interdependência existente entre elas. Parece necessária a aplicação concomitante

dos pressupostos e processos subjacentes e ambos os instrumentos para integrar e

direcionar esforços, sobretudo os relacionados à gestão de recursos humanos. Mais

que tecnologias independentes ou distintas, a gestão de competências e a de

desempenho parecem complementar-se em um contexto mais amplo de gestão

organizacional.

Como instrumentos de um mesmo construto, melhor seria cunhar o

termo gestão de desempenho baseada nas competências, uma vez que este

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considera o caráter de complementaridade e interdependência entre competência e

desempenho. Parece preciso integrar, em um único modelo de gestão, as atividades

de planejamento, acompanhamento e avaliação de desempenho, a partir de um

diagnóstico das competências essenciais à organização, desde o nível corporativo

até o individual.

Para finalizar, é possível inferir que o desafio das organizações está

relacionado à utilização de tais instrumentos associados a práticas de aprendizagem

coletiva, desenvolvimento de equipes e gestão do conhecimento, dentre outras, que

ofereçam múltiplas oportunidades de crescimento profissional e estimulem as

pessoas não apenas a desenvolver coletivamente competências mas também

compartilhá-las. Do contrário, esses instrumentos de gestão poderiam até

apresentar-se com uma roupagem moderna, mas, de fato, não representariam

inovações nas práticas de gestão.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS.................................................................................. 03 DEDICATÒRIA............................................................................................ 04 RESUMO..................................................................................................... 05 METODOLOGIA ......................................................................................... 06 SUMÁRIO................................................................................................... 07 INTRODUÇÃO........................................................................................... 08 CAPITULO I DESEMPENHO ORGANIZACIONAL.......................................................... 09 CAPÍTULO II GESTÃO DE DESEMPENHO: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES ............................................................................................

14

2.1 A avaliação de desempenho............................................................ 16 2.1.1 A avaliação individual de desempenho...................................... 17 2.1.2 Avaliação 360 graus.................................................................. 22

2.2 A transição para um novo modelo de avaliação............................... 25 CAPÍTULO III GERENCIAMENTO POR COMPETÊNCIAS – UMA VISÃO EXPANDIDA DA GESTÃO DE DESEMPENHO ..............................................................

28

3.1 Conceito de competências............................................................... 30 3.2 Gestão por competências e vantagem competitiva.......................... 32 3.3 Avaliação das competências e as áreas fundamentais das organizações e empresas......................................................................

37

3.4 Gestão de competências X gestão de desempenho........................ 39 CONCLUSÃO ............................................................................................ 41 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 43 ÍNDICE ....................................................................................................... 46

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Projeto A Vez do Mestre

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título da Monografia:

GESTÃO DE DESEMPENHO PROFISSIONAL: Um Elemento de Apoio ao Sucesso

Organizacional

Data da entrega: _______________________________________

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Avaliado por:_______________________________Grau______________.

Rio de Janeiro_____de_______________de 2004.

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ANEXOS