UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … REGINA SOARES MACHADO.pdf · RESUMO Este trabalho...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A INFLUENCIA DOS DESENHOS ANIMADOS NO COMPORTAMENTO
INFANTIL
AUTOR: SONIA REGINA SOARES MACHADO
ORIENTATOR: Jorge Tadeu Vieira Lourenço, M. Sc.
Rio de Janeiro,18 de janeiro de 2002.
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A INFLUENCIA DOS DESENHOS ANIMADOS NO COMPORTAMENTO
INFANTIL
SONIA REGINA SOARES MACHADO
Trabalho Monográfico apresentado
como requisito parcial para obtenção
do Grau de Especialista em Sabedoria geral
Rio de Janeiro, RJ, janeiro 2002.
(AGRADECIMENTOS)
Agradeço a meus pais .por terem
me proporcionado chegar até aqui.
(EPÍGRAFE,)
“A TELEVISÃO É O PRINCIPAL FATOR DE RETARDAMENTO
INTELECTUAL E AFETIVO DO MUNDO CONTEMPORÂNEO.”
(André Lwoff – Premio Nobel de Medicina)
v
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade despertar a atenção
de pais, responsáveis, educadores e afins quanto ao perigo que se esconde
por trás de alguns desenhos animados de sucesso. São desenhos
considerados como sendo de censura livre, exibidos em programas infantis e
disponíveis em fitas cassetes. Não tenho como base nenhuma pesquisa
específica sobre o tema, porém,é público e notório que desenhos animados
violentos exercem influência negativa no comportamento apresentado por
certas crianças enquanto que desenhos educativos colaboram para o bom
desenvolvimento intelectual e comportamental das mesmas, tornando em
alguns casos suas identidades fragmentadas com tendência a oscilações de
humor. Tomarei como base alguns artigos e pesquisas relacionadas a esta
questão específica – A Influência dos Desenhos Animados no Comportamento
Infantil - , comprovando o que foi mencionado anteriormente sobre o tema e por
último, seguem algumas intervenções tomadas por autoridades responsáveis e
pressões populares.
vi
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
1 O Subliminar na TV 09
1.1 Origem 09
1.2 Merchandising 09
1.2.1 Indução ao Erotismo Infantil 10
2 A Influencia no Subconsciente
2.1 Caverna do Dragão 11
2.2 Teletubbies 12
2.3 Dragon Ball 12
2.4 Digimon 13
2.5 Os Simpsons 13
2.6 Walt Disney 14
2.7 Monteiro Lobato – A Identidade de Emília 15
3. Acidentes e Crimes Influenciados pelos Filmes/Vídeos 17
4. Proteção à Infância no Sistema de Televisão Norte-Americano e
Canadense
20
4.1 O Dispositivo V-Chip 21
CONCLUSÃO 23
BIBLIOGRAFIA 25
Anexo B – Comprovantes Acadêmicos 26
.......................B.1 – De estágio 26
.....................B.2 – De participação em eventos culturais 27
7
INTRODUÇÃO
A exposição de crianças a violência nos meios de comunicação,
principalmente nos desenhos animados é uma preocupação de saúde pública.
É motivo de intensa polêmica até onde esse “bombardeio” determina atitudes.
Segundo o sociólogo Túlio Khan, programações violentas reforçam atitudes
anti-sociais, especialmente em ambientes mais conturbados. Impossível , de
fato, que uma cena de violência gere o mesmo impacto em um telespectador
que vive confortavelmente numa família estruturada em Genebra, Paris e
Londres, do que num bairro periférico de São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo
Horizonte, contaminados pela delinqüência de grandes metrópoles, em um país
de terceiro mundo, ou seja, a tv estimula comportamentos agressivos em
crianças pré-dispostas ou criadas em ambientes hostis induzindo à imitação,
influenciando a construção de valores. Tais exposições tornam as crianças
menos sensíveis à dor e ao sofrimento de outras pessoas, temerosas do
mundo que as cerca e conseqüentemente mais agressivas, com uma aceitação
maior da violência como uma maneira de resolver situações de conflito.
Segundo o Dr. Bernardino Mendonça Carleial, psicólogo e clínico, enunciando
um príncipio da Medicina de enorme alcance para a formação da infância, as
primeiras experiências sensoriais na infância são tão importantes e marcantes,
que tais impressões são as últimas a sobreviverem, quando o cérebro se
desorganiza diante da senilidade, apoplexia, traumatismos físicos e mentais e
outros acontecimentos psicofísicos. São também as primeiras a voltarem à
recordação, após período de amnésia. Comprova-se assim quão fortes e
persistentes são as imagens e impressões vivenciadas e presenciadas na
infância.
Um estudo liderado pelos Drs. Fumie Yokota e Kimberly M.
Thompson da Harvard School of Public Health em Boston e publicado em 24
de maio de 2000 no Journal of the American Medical Association, definiram a
violência em desenhos como sendo intencional; o prazer de causar dano físico
como que por divertimento; o agressor mantém algum tipo de contato físico
8
com o objetivo de ferir a vítima. Provavelmente, as crianças reproduzirão a
violência dos personagens porque muitas vezes as cenas são consideradas
como engraçadas e sem conseqüências mais sérias. Um exemplo disso
seriam as cenas que envolvem o Bip Bip e o Coiote onde muitas cenas
mostram o coiote caindo em um precipício ou sendo esmagado por uma
imensa pedra, mas ele sobrevive sempre ao final de cada episódio.
A Organização das Nações Unidas gravou todos os dias durante
uma semana, em agosto de 2001 os supostamente inocentes desenhos
transmitidos na televisão brasileira. O objetivo era medir a quantidade de
violência transmitida para as crianças. Analisados todos os desenhos de seis
emissoras de canal aberto, os pesquisadores coletaram 196 fitas, somando
1.667 horas. Cada cena foi catalogada a partir de determinado tipo de
violência envolvendo de assalto a estupro, numa investigação acompanhada
por sociólogos, juristas e educadores.
Concluído, o levantamento detectou um total de 1423 crimes durante
aquela semana. Uma média de 20 crimes por hora de desenho.
Uma criança que assista a duas horas diárias de desenho animado
será exposta a 40 cenas de violência. Num mês, a estatística sobe para 1.200;
num ano,14.400. Some-se a isto, as cenas de violência vivenciadas nas
novelas, nos telejornais, nos comerciais e dependendo onde ela more, no seu
cotidiano de vida ou até mesmo dentro de casa (brigas conjugais). Entre vários
tipos de violência dos desenhos animados, está em primeiro lugar a lesão
corporal, com 57% e, em segundo lugar, o homicídio, com 30%.
9
CAPÍTULO 1
O SUBLIMINAR NA TV
1.1 ORIGEM
A primeira experiência oficial com mensagem
subliminar, ou seja, com estímulos que não se percebem conscientemente, na
televisão foi realizado em 1974. Sam McLoud, da Telecast, fez 4 inserções da
frase ‘GET IT’ num filme publicitário do jogo “Kusker Du”. O comercial, que foi
veiculado antes do Natal, com mensagem ‘escondida’ – compre-o, projetada
numa fração de segundos e repetida 4 vezes dentro do anuncio, foi o
responsável pelo aumento inesperado e considerável das vendas do brinquedo.
McLoud, defendeu-se alegando que o governo americano não teria definido o
que era subliminar, e que, a proibição teria sido arbitrária e sem critérios.
1.2 O MERCHANDISING:
De lá para cá, grande foi o avanço da utilização das mensagens subliminares
na TV, cinema, teatro, revistas e mídia em geral, em sua situação normal de
consumo ou utilização, sem declaração ostensiva de seu nome, marca ou
registro. A Rede Globo por exemplo, como não pode aumentar o número de
comerciais nos intervalos, faz com que seu faturamento com o “merchandising”
cresça a cada dia. (Jornal da Tarde-09/set/83). “No meio publicitário, é
10
considerada antiética e até proibida a propaganda subliminar...mas há formas
sutis de propaganda subliminar, que podem vender de tudo – idéias, conceitos,
ideologias, desejos – sem que nenhuma lei possa impedir”. (Jornal A Tribuna ,
de Santos – 12/jul/89). Fica mais fácil entender agora porque foi considerável o
aumento do consumo de cachaça no Brasil, principalmente ‘Saramandaia’
depois que a novela foi ao ar, ou o aumento de casos de meninas e
adolescentes grávidas depois que Xuxa admitiu realizar seu grande sonho de
ser mãe (sem necessidade de casar-se para isso).
1.2.1 INDUÇÃO AO EROTISMO INFANTIL
“Crianças de 6 a 10 anos...encontram-se na fase
que, em Psicanálise, é chamada de latência(ou seja, período de reorganização
e preparo para puberdade); a ESTIMULAÇÃO E A EXPOSIÇÃO PRECOCE
AO EROTISMO LEVA A CRIANÇA A ‘QUEIMAR UMA ETAPA’, ou seja, a
passar pela latência sem elaboração e organização. Na prática clínica,
especialmente, temos visto conseqüências negativas dessa inadequação dos
programas oferecidas às crianças.” RELATÓRIO DO NÚCLEO DE ESTUDOS
´PSICOLÓGICOS – UNICAMP 1993.
11
CAPÍTULO 2
INFLUENCIA NO SUBCONSCIENTE
Nunca os Desenhos Animados ocuparam tanto
tempo e mente das crianças e dos adolescentes, quanto nestes últimos anos.
Listarei a seguir os principais desenhos, de acordo com sua influência no
subconsciente, fato que leva os pequenos e também os adolescentes ao
consumo desenfreado, ao vício e a violência:
2.1 Caverna do Dragão
Um dos desenhos de maior sucesso da TV brasileira. O desenho na verdade
nasceu de um jogo de RPG, ‘Dungeons &Dragons’, cuja historia teria sido
escrita por um grupo de jogadores que, depois de cada jogo, escreviam sua
aventura e a transformavam em roteiro de desenho para vender para a
produtora. Ao contrário do que acontece com o RPG, que sempre tem um
final, o último capítulo de ‘Caverna do Dragão’ nunca foi ao ar. A explicação: -
A produtora se negou a comprar o capítulo final por ele ser no mínimo cruel.
Em sua última aventura, o dragão Diamat (de 7 cabeças) conta a verdade que
eles (os personagens) nunca mais voltariam para a Terra. O subliminar da
história é justamente este: quando eles desciam no carrinho da montanha
russa, quando o carrinho caiu, eles não foram para outra dimensão, na
verdade, naquele momento eles morreram. Logo não voltariam mais. E lá é o
inferno! Como nenhum deles era bonzinho na vida real, eles foram parar no
12
inferno, depois que morreram na queda do carrinho e o demônio resolveu
brincar com eles. Cruel e sádico, o grande vilão às vezes aparecia de Vingador
e às vezes de Mestre dos Magos! Os dois na verdade, eram a mesma pessoa!
Pesquisas mostraram que este desenho causava ansiedade ou depressão em
algumas crianças.
2.2 TELETUBBIES
Os personagens do seriado infantil inglês viraram ícones gays em quase todo
mundo. Entre todos os personagens da série, Tinky Winky é o favorito dos
homossexuais. Ele tem na cabeça um tipo de antena em forma de triângulo
de cabeça para baixo, que dentre tantos significados, simboliza o movimento
G.L.S. (Gays, Lésbicas e Simpatisantes). Além disso, é de cor roxa, com a
qual os homossexuais se identificam bastante e para completar, ainda carrega
uma bolsinha, evocando o estereótipo. Na série, ela é a sua “mala mágica”, o
personagem, que é masculino, fala fino e tem trejeitos efeminados. (Revista
Veja 12/maio/1999).
2.3 DRAGON BALL
Animação japonesa, com muita pancadaria e esquisitices, cuja temática são as
Artes Marciais, já virou febre, ,ao só entre as crianças, mas também entre os
adolescentes. O desenho é o mais assistido atualmente da TV paga (Cartoon
Network), com audiência média de 9 pontos (cada ponto, equivale a 80 mil
telespectadores). O desenho que também faz sucesso na TV aberta, em sua
trama mirabolante, mistura alienígenas, dragões e uma dose de simbologia
ocultista. O personagem principal é Goku, um garoto que sai pelo mundo em
13
busca de 7 esferas de cristal que, quando juntas, invocam um dragão
(Shenlon) que satisfará seus desejos. A história tem também um Mestre que
fará um grande lutador, de quebra, um demônio chamado Piccolo. A febre
também atingiu as histórias em quadrinhos e, 130 mil revistas já são vendidas
mensalmente, sem falar dos games, brinquedos. Pode-se observar também, a
inserção subliminar do número 666, também conhecido como “número da
besta”, na porta do carro do personagem Mr. Satã. (Revista Veja – 18/07/01)
2.4 DIGIMON
Animação japonesa que segue os mesmos moldes de todas anteriores. Não
faltam seres sinistros encapuzados, monstros, e um enredo que envolve os
pequenos pelas seqüências das cenas, das cores utilizadas e a trama, sempre
envolvente. Numa cena quase que imperceptível do desenho Digimon, quando
pausada em ‘slow motion’, verificou-se a presença de uma simbologia bastante
complexa, numa antiga mesa de pedra. Nela havia várias inscrições de
Pentagramas (o signo mais antigo do satanismo) e, do lado direito, um
esquado entrecortado por um compasso, ícones maiores da maçonaria.
Depois de inúmeros testes com público de diferentes idades, ficou comprovada
a eficiência desta inserção subliminar.
2.5 OS SIMPSONS
Conta o dia-a-dia de uma família de Springfield. As situações mais engraçadas
e temas polêmicos. Bart – adolescente rebelde e problemático. Lisa –
adolescente CDF e toda corretinha. Homer – trabalha numa usina nuclear
onde não faz nada; vive bêbado e não é muito higiênico. Margie –
14
mãe exemplar que quer criar os filhos corretamente, leva-los à igreja, etc.
Maggie – a caçulinha, passa quase todos os capítulos chupando chupeta.
2.6 WALT DISNEY
Seu nome, mais que um nome, é uma marca, tão poderosa e onipresente
quanto a Coca-Cola. Sua obra não afetou somente a história do cinema, mas
até a paisagem americana. Impossível imaginar o século 20 sem a sua
presença e as míticas criaturas que inventou. E nem desenhar bem ele sabia.
Não teria sido nada sem o talento excepcional e a fidelidade de UB Iwerks,
artista gráfico a quem se ligou e explorou até a última gota. Disney tinha as
idéias. Iwerks as concretizava. Entediado com o curso de desenho,
abandonara os estudos aos 16 anos para trabalhar como motorista de
ambulância da Cruz Vermelha no front Francês . Consta que além de
enfastiado com o Kansas City queria fugir das sovas que seu pai, o
fundamentalista Elias lhe dava de cinto. Teve uma infância infeliz e uma
adolescência pior ainda. O que para certas mentes freudianas, explica a
confusão de crianças sofridas, aterrorizadas e órfãos em filmes.
Devemos a Disney alguns dos instantes mais sublimes da fantasia em
movimento e também algumas das experiências mais traumáticas como por
exemplo quando o caçador matou a mãe de Bambi, a maior chantagem
sentimental mostrada em desenhos no cinema. Não há dúvida que ele
inventou o filme de horror para crianças, ‘vingando-se na tela de todas as
crueldades de que foi vítima na infância e que lhe deixaram sequelas para o
resto da vida. Tais informações podem ser checadas no livro ‘O Príncipe
Sombrio’, escrito por Marc Eliot, traduzido em 1955.
15
Pai fracassado, autoritário e truculento, mãe submissa e ausente, irmãos
distantes, tudo isso somado a uma ambição desmesurada e a uma constante
necessidade de auto -afirmação deu num homem inseguro, instável, cheio de
tiques nervosos, hipocondríaco, sexista, reacionário, racista e fumante
compulsivo, entregou-se docilmente à bebida e a bulimia.
Ariel Dorfman e Armand Mattelart investiram toda sua fúria analítica com
Disney e seu império no best seller ‘Para ler o Pato Donald’. Para eles o mal
maior de Disney foi ter submetido populações infanto juvenis do mundo inteiro
a uma lavagem cerebral, de terríveis conseqüências incutindo-lhes falsos
valores da sociedade americana e outros tantos.
No livro ‘Folha Explica Adolescência (Publifolha 2001), Contardo Calligaris
desenvolve a idéia de que a cultura norte-americana prevaleceu, após a
Segunda Guerra Mundial porque investiu pesado na adolescência. Quer dizer,
a cultura de massas, o triunfo do entertainment, o enorme impacto desses
valores mundo afora; a calça que se chamou Lee nos anos 60 e hoje voltou a
ser conhecida como jeans, a Coca-Cola, o Mc Donald’s e Disney – tudo isso
teria a ver com o ideal de sermos todos felizes, saudáveis como teens.
2.7 MONTEIRO LOBATO – A IDENTIDADE DE EMILIA
O novo Sítio do Pica Pau Amarelo traz um inédito sabor brasileiro à
programação infantil contemporânea. Várias gerações de brasileiros não só
aprenderam a ler como começaram a entender seu país por meio das obras de
Monteiro Lobato.
16
A nacionalização da produção televisiva tornou-se uma questão de segurança
nacional. Nesse âmbito, passou a ser indispensável uma nova versão do Sítio
do Pica Pau Amarelo. Ela pode ser vista neste momento como peça
fundamental na luta pela preservação da identidade dos jovens em formação.
O Sítio não sofre da síndrome dos super heróis e muito menos dos desenhos
animados japoneses. É dramaturgia de qualidade e fidelidade ao pano de
fundo brasileiro que, bem familiar nas novelas, é quase um desconhecido da
programação infantil.
Lobato nunca tratou as crianças como débeis mentais.
17
CAPITULO 3
ACIDENTES E CRIMES INFLUENCIADOS PELOS FILMES/VIDEOS
Na tarde do dia 16/dez/97, quase 12 mil crianças japonesas foram afetadas
pelas cenas de Pokémon, desenho animado que nasceu de um mini –game,
virou desenho animado e depois filme no cinema. Do total das pessoas
afetadas pelo desenho Pokémon, que é uma junção das abreviaturas de
Pocket (bolso) e Mon(monster=monstro), 700 precisaram ser internadas em
hospitais locais no Japão. Elas foram vítimas de ataques de um caso raro de
epilepsia, chamado de ‘Epilepsia Fotossensível’ provocados pela explosão de
flashes coloridos, em golpes luminosos desferidos contra Pikachu e seus
colegas. O bombardeio de luzes teria provocado esta espécie de ataque
epilético. Este fato fez com que Pokémon fosse tirado do ar durante quatro
meses (Revista Época – 27/1299).
Ainda sobre os Pokémon: Quatro alunos de segundo grau foram presos na
Filadélfia, por atacar outros estudantes a fim de furtar cartões com exemplares
de Pokémon. Um estudante de 14 anos, foi esfaqueado em Quebec, no
Canadá, em uma briga também pelos cartões. Na Carolina do Sul, um menino
foi acusado de quebrar uma vitrine para roubar cartões no valor de 250 dólares.
(Revista Educação). Este desenho foi banido da TV na Turquia. O governo
tomou esta medida depois que duas crianças morreram depois de se jogarem
da varanda dos apartamentos onde moravam. Elas teriam feito isso
influenciadas pelos superpoderes dos personagens dos desenhos.
18
O estudante Vítor Alexandre dos Santos, 21 anos, matou em dez/98, a avó, o
tio, a tia e a mãe para cumprir uma missão designada por ‘vozes do além’. Os
crimes ocorreram em Mirandópolis (SP) onde morava, e suas relações com
Spawn, o ‘Soldado do Inferno’ são muito evidentes. A forma como ele agia
lembra o personagem do filme, do qual o estudante anotou um trecho do texto,
que depois foi encontrado pela polícia. Spawn estrangulava as vítimas com as
mãos. A exumação dos corpos revelou que Vítor quebrou o hióide – ossos do
pescoço – dos parentes, conforme constatado pela perícia(Folha de São Paulo
– 16/12/98).
Mesmo não sendo desenho animado vale a pena citar: em fevereiro de 2000,
o país assistiu chocado a uma cena brutal. O menino D.J.G., de 9 anos, deu
40 facadas nas costas de sua amiga M.D.N., de 7 anos, enquanto assistia a um
programa de TV. O menino disse à polícia que agiu inspirado no filme
‘Brinquedo Assassino’, que havia visto na televisão uma semana antes. No
filme, o boneco Chucky ‘incorpora’ o espírito de um criminoso e passa a matar
as pessoas. Trata-se de uma produção americana de 1998 que fez tanto
sucesso que teve mais duas continuações, uma delas ‘A Noiva de
Chucky’.(Jornal da Tarde 10/02/00, Revista Educação mar/00)
Os Power Rangers foram proibidos no Canadá. A Corte Suprema chegou a
conclusão que a maioria dos crimes na adolescência era devido a influência
deles. Foram criados por uma seita satânica no Japão – Iokamura em 1972.
Um garoto estava brincando no Panamá, com os Power Rangers das 8 às 12,
quando caiu e começou a retorcer-se. Levantou-se, pegou uma faca e tentou
matar o irmão de 2 meses e dizia ‘No Risen to Live’ – Não há razão para viver.
Há uma instigante experiência realizada em Curitiba, divulgada no ano
passado, pela psicóloga Paula Cunha Gomide, da Universidade Federal do
Paraná – e, ali, o impacto foi notável: Com idades entre 14 e 16 anos,
19
adolescentes foram divididos em três grupos. Cada qual assistiu a um
determinado filme. Um deles viu ‘Kids’, onde transbordam cenas de violência
sexual e drogas; outro, ‘Time Cope’, com lutas marciais: um terceiro, “Águas
Perigosas”, sem nenhuma cena de violência.
Depois das sessões, a professora promoveu um campeonato de futebol. Os
estudantes que viram os dois primeiros filmes demonstraram uma atitude mais
agressiva em campo, propensos a chutes, cuspes, xingamentos e empurrões.
20
CAPÍTULO 4
A PROTEÇÃO Á INFÂNCIA NO SISTEMA DE TELEVISÃO NORTE-
AMERICANO E CANADENSE
No Canadá o código sobre a publicidade dirigida ao público infantil (Broadcast
Code for Advertising to Children), em colaboração com a associação de
emissoras(Canadian Association of Broadcasters). Conforme as regras do
código, nenhuma emissora pode transmitir mais de quatro minutos de anúncios
em programação infantil de meia hora, ou veicular mais de uma mensagem do
mesmo produto nesse tipo de programa.
Outra recomendação estabelece que, ao aparecerem em mensagens
publicitárias, personagens, pessoas ou bonecos conhecidos das crianças não
podem estar diretamente associados à mercadoria anunciada(ou seja, são
proibidos de segurar, consumir, mencionar ou endossar o produto).
Cabe a um conselho der normas (Advertising Standards Canada) fiscalizar
cada mensagem comercial destinada ao público infantil, antes de autorizar a
exibição nas emissoras de alcance nacional.
21
4.1 O DISPOSITIVO V-CHIP
No Canadá, as dificuldades em aplicar o código de violência aumentavam
devido a impossibilidade de regular os sinais das emissoras norte-americanas.
Dessa forma, resolveu-se pressionar o governo dos Estados Unidos e dirigiu-se
a Washington, onde conseguiu que o presidente Bill Clinto aprovasse a
implementação conjunta do v-chip.
Desenvolvido originalmente no Canadá, o v-chip é um dispositivo eletrônico
conectado ao aparelho televisivo, que realiza a leitura da classificação definida
para cada programa. Os telespectadores ajustam o mecanismo de acordo com
a classificação que consideram apropriada. Os programas que não se
enquadrarem no nível desejado serão automaticamente bloqueados.
Nos Estados Unidos, o v-chip foi anunciado pelo presidente Clinton como ‘o
retorno do controle remoto às mãos dos pais’. Tecnicamente, o dispositivo
funciona utilizando a tecnologia do sistema de close-capturing (legendas
eletrônicas, que já eram obrigatórias nos Estados Unidos desde 1990). Para
reconhecer a codificação estabelecida pelas emissoras. O v-chip custa em
média 130 dólares para ser acoplado em aparelhos antigos de televisão. A
partir do ano 2000, entretanto, todos os modelos de televisão acima de 13
polegadas fabricados nos Estados Unidos já contêm o v-chip, com um aumento
médio de cinco dólares em seu preço.
A classificação etária é segmentada do seguinte modo: TV-Y (programas
infantis de dois a seis anos de idade); TV-Y7 (programas infantis a partir de
sete anos); TV-G(programas genéricos para todas as idades); TV-PG (pais
aconselhados a orientar os filhos durante a exibição); TV-14 (pais fortemente
advertidos a monitorar crianças abaixo dos 14 anos) e TV-MA
22
(impróprio para menores de 17 anos). Nota-se que são raros os programas
classificados como TV-MA. Outra forma de classificação é feita por conteúdo e
divide-se assim: V (violência); S (situações de sexo); L (linguagem indecente,
bruta ou grosseira); D (diálogos sugestivos sobre sexo); FV (violência
fantástica, ex: em desenhos animados).
No Canadá, o código criminal define como ‘obsceno’ tudo aquilo cuja
característica dominante é a exploração indevida de sexo, podendo estar
acompanhado de crime, horror, crueldade e violência. Os programas
considerados obscenos estão sujeitos a processo judicial.
Tanto no modelo norte-americano quanto no canadense, observa-se uma
grande influência dos poderes governamentais sobre as formas de proteção à
infância. Em ambos os modelos, as políticas de regulação da televisão oscilam
entre o liberalismo e o controle por parte da sociedade, de acordo com a
tendência do partido político que esteja no poder.
Com tanto cuidado com a sua programação infantil, o Canadá está na frente na
elaboração de desenhos educativos. Talvez seja por isso que a TV Educativa
(TVE), empenhada em oferecer o que há de melhor em programação infantil
exibe em sua maioria desenhos canadenses.
23
CONCLUSÃO
É necessário um certo rigor ao se escolher a programação para as crianças e
em que horários. Não podemos afirmar que um desenho animado tenha tanto
poder de influencia. Devemos considerar outras características do mundo ‘pós-
moderno’, com famílias desestruturadas, onde os pais não têm tempo para
assistir aos desenhos com os filhos e fazer uma leitura crítica, ajudando as
crianças a assimilarem os comportamentos certos e distinguirem-nos dos
errados. Os pais devem servir como referência, colocando os limites que
sabemos serem tão importantes para a estruturação do psiquismo na infãncia.
O psicólogo americano Leonard Eron, em 1960, entrevistou 835 crianças em
Nova York e observou o papel da TV em sua existência. Ele viu que, quanto
mais programas violentos assistiam, mais agressivos eram. Em 1971 e em
1980 ele entrevistou o grupo de novo e verificou que muitos daqueles que
tinham sido consumidores vorazes de violência na TV tiveram comportamentos
hostis na adolescência e como adultos. Quanto mais agressivos eram aos 8
anos, piores tendiam a ser aos 20 e aos 30, protagonizando um maior número
de prisões e condenações. (Revista Super Interessante – Ago/99).
O videocassete é para as crianças uma fonte importante de entretenimento.
Estima-se que 96% de crianças pequenas, com idades entre 2 e 7 anos,
morem em residências nas quais existam pelo menos um aparelho de
videocassete.
As televisões, especialmente as abertas, estão desconectadas do propósito de
educar e fazem da programação infantil um ‘lixo pedagógico’.
Tolice imaginar que vamos melhorar o comportamento agressivo da população
apenas com mudanças nos meios de comunicação – como é tolice imaginar
24
que vai se mudar a segurança sem passar pelos meios de comunicação. Esse
é um tema que, obrigatoriamente, vai fazer parte da nova agenda do país.
(Gilberto Dimenstein – Folha de São Paulo – 25/10/1998).
25
BIBLIOGRAFIA
DESENHOS ANIMADOS PODEM SER PREJUDICIAIS AOS SEUS
FILHOS. In http://www.boasaúde.com/lib/showDoc.cfm?Lib
Consultado em 29/10/2000
DESENHO DESANIMADO.http://br.geocities.com/apocalypticahp/tv.htm.
Consultado em 10/01/2002.
ERAUSQUIM, Alfonso. Os Teledependentes. Ed. Summus Editorial.
São Paulo, 1980.
ESPAÇO ABERTO. htt://www.ccs.usp.br/espacoaberto/setembro
99/notícias. Consultado em 10/01/2002.
MENSAGEM
SUBLIMINAR.htt://mensagemsubliminar.com.br/natv.htm.
Consultado em 10/01/2002.
REVISTA BRAVO N51. Ano 5 –WALT Disney (pp.
58,59,60,61).
REVISTA SUPERINTERESSANTE – Ed. Abril – Junho/99
TEIXEIRA, Luiz. A Criança e a Televisão. Ed. Loyola. São Paulo,TV DEBATE N
46.htt://www.oanfilhos.org.br/tv46. Consultado em 10/01/2002.
26
ANEXO
Comprovantes Acadêmicos
B.1 - De estágio
27
B.2 – De participação em eventos culturais