UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph,...

100
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A PREVENÇÃO E O CONTROLE DO CÂNCER ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO Por: Fatima Mendes Carvalho Orientador Prof. Celso Sanches Pereira Rio de Janeiro 2006

Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph,...

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDESPÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A PREVENÇÃO E O CONTROLE DO CÂNCER ATRAVÉSDA EDUCAÇÃO

Por: Fatima Mendes Carvalho

OrientadorProf. Celso Sanches Pereira

Rio de Janeiro2006

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDESPÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A PREVENÇÃO E O CONTROLE DO CÂNCER ATRAVÉSDA EDUCAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Docência do Ensino Superior

Por Fatima Mendes Carvalho

2

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

AGRADECIMENTOS

Registro aqui meus agradecimentos ao meu

professor-orientador Celso Sanches Pereira e ao meu

chefe imediato no INCA, Eduardo Barros Franco, pelos

toques importantes que foram dados por ele e pela

paciência e colaboração na realização desse trabalho.

Agradeço também aos meus pais, Sebastião e Lair, ao

meu filho, Eduardo, a minha irmã Mônica e a “minha fiel

escudeira” Vera, que me deram força e incentivo e que

agüentaram a minha “TPM” (Tensão Pré-Monografia).

Estendo meus agradecimentos ao professores e

colegas da UCAM/INSTITUTO A VEZ DO MESTRE do

curso de Docência do Ensino Superior, aos amigos que

sempre estiveram dispostos a ajudar e a todos que de

alguma forma contribuíram para a construção deste

trabalho.

3

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao amor da minha vida – meu

filho Eduardo.

4

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

RESUMO

O presente trabalho sobre Prevenção, Controle e Educação do Câncer

consiste em levar o leitor a entender o que vem sendo feito no Brasil, mais

especificamente, pelo Ministério da Saúde, através do seu Instituto Nacional do

Câncer, para evitar esta doença que se configura como um grande problema

de saúde pública tanto nos países desenvolvidos como nos países em

desenvolvimento.

Resultados de numerosas pesquisas demonstraram que existem

medidas efetivas de prevenção primária e secundária que podem reduzir

substancialmente o número de casos novos de câncer e prevenir muitas

mortes atribuídas à doença.

A palavra câncer, para a maioria das pessoas, é sinônimo de sofrimento

e morte. A desinformação constitui uma das principais barreiras para enfrentar

este mito e prevenir a atual situação do câncer no Brasil e no mundo.

No Brasil, o Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional do

Câncer (INCA), tem como missão o controle deste grave problema de saúde

pública. Sua estratégia básica para este objetivo é a educação da população

para desmistificar esta doença, bem como esclarecer sobre as possibilidades

de preveni-la. Um dos canais comunitários escolhidos para este trabalho é a

“escola”, que tem sua eficiência demonstrada em programas desta natureza.

Este trabalho foi elaborado com o objetivo de sintetizar alguns conceitos

sobre câncer, desde seus aspectos biológicos, até seus fatores de risco.

Introduzir o leitor nos programas de prevenção ao Câncer e nas ações

educativas que o INCA vem desenvolvendo e que, acredito estar contribuindo

para a redução dos efeitos da doença como também dos prejuízos econômicos

e sociais que acarreta.

5

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

METODOLOGIA

Como abordar uma questão tão delicada como a prevenção do câncer

nas “escolas”? Como enfrentar ou neutralizar campanhas publicitárias tão

sedutoras e competentes, envolvendo recursos milionários, sofisticadas

tecnologias direcionadas, em sua maior parte, aos adolescentes e jovens?

Sabemos que a “escola” não pode tudo, mas pode informar, instigar,

provocar e não se omitir.

A prevenção primária dos fatores de risco de câncer é um dos

desdobramentos possíveis do tema saúde, hoje já inseridos no currículo

escolar. Seu estudo implica no conhecimento de informações de base

científica, oriundas das diferentes disciplinas, numa abordagem que é, por

excelência, interdisciplinar.

Com o objetivo de oferecer uma efetiva ajuda ao leitor, que enfrenta

tantos desafios no cotidiano profissional como educador, o presente trabalho

apresenta informações científicas e históricas onde o tema fatores de risco de

câncer é abordado buscando a valorização da saúde.

O trabalho é baseado numa pesquisa institucional, através de relatórios

e publicações do Ministério da Saúde, do Instituto Nacional do Câncer e seus

pares, assim como no trabalho pessoal junto ao INCA no apoio a estruturação,

aprimoramento e desenvolvimento permanente aos programas de prevenção e

controle do câncer e seus fatores de risco, estimulando a expansão da

cobertura e qualidade do sistema de educação sobre essa importante causa

de morbidade e mortalidade, para que os resultados obtidos sejam de utilidade

não só aos pesquisadores ou estudiosos, mas principalmente aos gestores de

saúde, no planejamento das ações e na tomada de decisões, e às

organizações da sociedade civil, no estímulo ao conhecimento sobre o

problema e subsidiando ações de fortalecimento da cidadania.

6

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................... Pág. 8

CAPÍTULO I A EDUCAÇÃO PORTA DE ENTRADA DA

PREVENÇÃO .......................................................... Pág. 14

CAPÍTULO II O PROGRAMA SABER SAÚDE DO INSTITUTO

NACIONAL DO CÂNCER ........................................ Pág. 17

CAPÍTULO III CONHECENDO UM POUCO O CURSO DE

CAPACITAÇÃO DE MULTIPLICADORES DO

“PROGRAMA SABER SAÚDE” ............................... Pág. 24

CAPÍTULO IV ENTENDENDO O CÂNCER E SEUS FATORES

DE RISCO - Doenças que a Educação pode evitar Pág. 29O CÂNCER ................................................... Pág. 29FATORES DE RISCO ................................... Pág. 34O TABACO .................................................... Pág. 36O ÁLCOOL .................................................... Pág. 42O SOL ........................................................... Pág. 44OS HÁBITOS ALIMENTARES ...................... Pág. 46OUTRAS RADIAÇÕES ................................. Pág. 48OUTROS FATORES DE RISCO

AMBIENTAIS E OCUPACIONAIS ................. Pág. 66SEXO ............................................................ Pág. 67

CAPÍTULO V O CONTROLE DE CÂNCER NO BRASIL ............... Pág. 69

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... Pág. 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. Pág. 86

ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................ Pág. 88

EVENTOS, ATIVIDADES CULTURAIS E/OU ATIVIDADESEXTRACLASSE ................................................................................. Pág. 90

O AUTOR ........................................................................................... Pág. 97

7

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

INTRODUÇÃO

Os seres vivos são feitos de unidades microscópicas chamadas

células1. Grupos de células similares com mesma função formam um tecido.

Por sua vez, grupos de tecidos constituem os órgãos. Um conjunto de órgãos

com funções relacionadas chama-se sistema. Em anatomia, um sistema é um

conjunto de órgãos que trabalhando juntos executam determinada função.

Doença é a perda da homeostasia2 corporal, total ou parcial, estado

este que pode cursar devido a infecções, inflamações, isquemias,

modificações genéticas, seqüelas de trauma, hemorragias, neoplasias3 ou

disfunções orgânicas.

Câncer ou cancro é o nome popular do conceito médico de uma

neoplasia maligna, que se refere genericamente às doenças em que

determinado grupo de células do corpo se divide de forma descontrolada,

invadindo os tecidos adjacentes e/ou distantes, comprometendo tecidos,

órgãos e sistemas.

O Câncer não é uma doença única e sim um conjunto de várias

doenças diferentes. A vários diferentes tipos de câncer correspondem vários

diferentes tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de

câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. De uma

maneira geral, se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou

mucosas, ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos

como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma.

1 AS células são as unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos e representa amenor porção de matéria viva dotada da capacidade de auto-duplicação independente.

2 Homeostasia é a propriedade de um sistema aberto, seres vivos especialmente, de regular oseu ambiente interno de modo a manter uma condição estável, mediante múltiplos ajustes deequilíbrio dinâmico controlados pôr mecanismos de regulação interrelacionados. A capacidadede sustentar a vida dos fluidos do corpo humano é afectada pôr todo um leque de factores,como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose,vários iões, oxigénio, e resíduos, como o dióxido de carbono e a ureia. Dado que estes factoresafectam as reacções químicas que mantêm o corpo vivo, este inclui mecanismos fisiológicospara os manter dentro dos limites desejáveis.

3 Neoplasia é o termo que designa alterações celulares que acarretam um crescimentoexagerado destas células.

8

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

FIGURA 1Exemplo de progressão do câncer/cancro

FIGURA 2Exemplo de CARCINOMA

FIGURA 3Exemplo de SARCOMA

9

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Analisando pela teoria da evolução humana, o câncer sempre esteve aí,

já que o câncer, pelo que se sabe hoje, é resultado de mutação genética.

Como, desde o início da vida houve mutação, é razoável imaginar que a

doença sempre existiu. A mais antiga evidência de câncer, no entanto,

remonta a 8.000 a.C. O tipo mais comum de neoplasia encontrada em fósseis,

e ainda assim raramente, é o osteossarcoma, um câncer ósseo. As primeiras

descrições de tumores foram encontradas em papiros4 do Egito, e datam de

1.600 a.C. Existem também documentos na Índia, de 600 a.C., que descrevem

lesões na cavidade bucal parecidas com câncer.

Foi Hipócrates, na Grécia, que cunhou a palavra "câncer". O "pai da

medicina” , como é conhecido, viveu entre 460 e 370 a.C. e usou os termos

"carcinos" e "carcinoma" para descrever certos tipos de tumores. Em grego,

querem dizer "caranguejo", pelo aspecto do tumor - as projeções e vasos

sanguíneos ao seu redor fazem lembrar as patas do crustáceo. Alguns

séculos depois, entre 130 e 200 d.C., viveu Galeno, um médico romano.

Considerado a maior autoridade na área por, ao menos, mil anos, ele foi

referência no tratamento do câncer. Foi Galeno quem determinou que a

doença era incurável e que, uma vez diagnosticada, havia pouco a fazer. A

medicina só começou a ter avanços significativos na Renascença, no século

XV, quando floresceram por todos os lados cientistas e artistas, especialmente

na Itália. Michelangelo, um desses artistas, teria retratado em sua famosa

escultura "A Noite" (La Notte), uma mulher com câncer de mama. A teoria

baseia-se no aspecto disforme de seu seio, que, a considerar a habilidade do

escultor, não foi casual.

FIGURA 4“La Notte” – detalhe do túmulo de Giuliano de Médici, 1526-33”

4 Cyperus papyrus, ou simplesmente papiro é uma planta famosa desde 40 séculos antes daera cristã. Encontrada às margens do Nilo, sua fama é mais do que merecida, pois foi ele queforneceu à humanidade um dos principais instrumentos do progresso: o papel.

10

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Somente no século XVIII o tabu da doença começou a mudar, com John

Hunter, cirurgião escocês que sugeriu que alguns cânceres poderiam ser

curados por cirurgia. Nesse mesmo século, um médico italiano atentou para o

fato de que os hormônios5 poderiam ter influência sob a doença. Na Inglaterra,

um médico escreveu um artigo alertando para os perigos do tabaco6, que

acabara de virar moda no país. E outro, percebeu que era grande a incidência

de câncer na bolsa escrotal entre limpadores de chaminé. Mas a moderna

oncologia despontou somente no século XIX. A descoberta da célula ganhara

importância e, em 1867, o médico alemão Matthias Schleiden sugeriu que o

câncer seria fruto da divisão de células doentes. Com o surgimento da

anestesia e o desenvolvimento da cirurgia novas técnicas surgem, como por

exemplo, a mastectomia7 radical, por exemplo, foi criada no final do século.

Pesquisas lançaram os fundamentos da hormonioterapia8 e, em 1896, Wilhelm

Röentgen descobriu o raio-X9, que lhe valeria o primeiro Nobel de Física.

5 O sistema endócrino é formado pelo conjunto de glândulas endócrinas, as quais sãoresponsáveis pela secreção de substância denominadas hormônios. As glândulas endócrinas(do grego endos, dentro, e krynos, secreção) são assim chamados pôr que lançam suasecreção (hormônios) diretamente no sangue, pôr onde eles atingem todas as células do corpo.Cada hormônio atua apenas sobre alguns tipos de células, denominadas células-alvo.

6 O tabaco é nome comum dado às plantas do género Nicotina (Solanaceae), em particular a N.tabacum, originárias da América do Sul da qual é extraída a substância chamada nicotina. Foitrazida para a Europa pêlos espanhóis, no final do século XV. Era mascado ou, então, aspiradosob a forma de rapé (depois de secar as suas folhas). Um médico francês, de nome Jean Nicot(de onde deriva o nome da nicotina) usava-o como medicamento, para curar as enxaquecas darainha Catarina de Médicis.

7 Mastectomia é o nome da cirurgia de remoção completa de toda a mama. É um dos tipos detratamento cirúrgico para o câncer de mama. Quando só se remove um quarto da mama, aoperação chama-se quadrantectomia.

8 Hormonioterapia - Muitos tecidos de nosso corpo tem seu crescimento normal regulado pôrhormônios. Alguns desses tecidos podem dar origem a tumores, que muitas vezes mantémsensibilidade aos hormônios, que podem estimular seu crescimento ou inibi-lo. Mama,endométrio e próstata são os exemplos mais freqüentes de tumores onde a hormonioterapia éempregada. Ao bloquearmos o estímulo que o tumor necessita para crescer ele pode diminuirde tamanho. Os hormônios atuam nas células através de receptores. Os receptores sãomoléculas que, ao se ligarem aos hormônios, causam uma determinada ação na célula.

9 Os raios X são emissões eletromagnéticas de natureza semelhante à luz vizível. (...)a energiaatravessava facilmente os objetos, e se comportava como a luz visível. Após exaustivasexperiências com objetos inanimados, Röntgen resolveu pedir para sua esposa pôr a mão entreo dispositivo e o papel fotográfico. A foto revelou a estrutura óssea interna da mão humana,com todas as suas formações ósseas; foi a primeira chapa de raios X, nome dado pelo cientistaà sua descoberta 8 de novembro de 1895.

11

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Mas é somente no século XX que a pesquisa na área de câncer ganha

vigor e as descobertas se intensificam. Em 1903, foram feitas as primeiras

aplicações de radioterapia10 contra tumores. No entanto só a partir da II Guerra

Mundial, com o desenvolvimento da medicina nuclear, é que a radioterapia

surgiu como tratamento rotineiro contra câncer.

Em pleno século XXI, o Brasil enfrenta fenômenos, como o

envelhecimento da população, desemprego, informatização do trabalho e

globalização, que modificam a realidade nacional de forma significativa. Nesse

novo Brasil, as mudanças demográficas – maior número de idosos – aliadas a

um mercado de trabalho caracterizado por uma circulação de pessoas maior e

mais rápida, com grandes concentrações populacionais nos centros urbanos,

aumenta a probabilidade de maior contato com agentes microbianos, o que

aumenta a propagação de agentes infecciosos e o risco de epidemia. Para

agravar estes problemas, ainda há o fato de que os órgãos responsáveis por

implementar ações de Saúde Pública não conseguirem se adaptar às

condições sócio-econômicas e culturais do país na intensidade e amplitude

necessárias. Daí, a pressão sobre as autoridades para que uma parcela cada

vez maior da sociedade tenha acesso à EDUCAÇÃO, SAÚDE, ALIMENTAÇÃO

e MORADIA.

O Câncer é a segunda causa de morte por doença no Brasil. Se

medidas urgentes não forem tomadas, passará a ser a primeira até 2020

(WHO11, 2004), sobrecarregando ainda mais o sistema da saúde, cortando,

precocemente, vidas produtivas e provocando dor e sofrimento aos portadores

da doença e seus familiares. Uma das principais razões para o aumento da

incidência do câncer na população é a exposição prolongada a fatores de risco

cada vez mais comuns na vida moderna. A chamada cultura do mundo

moderno impõe às pessoas, desde a infância e a adolescência, costumes

10 Radioterapia é uma especialidade médica que se ocupa do tratamento oncológico baseadoem radiação. As duas maneiras de utilizar radiação contra o câncer são a teleterapia que utilizafonte externa de radiação com isótopos radioativos ou aceleradores lineares e a braquiterapiaque é o tratamento através de isótopos radioativos inseridos dentro do corpo do paciente.

11 WHO - World Health Organization OU OMS - Organização Mundial de Saúde, OMS.

12

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

inadequados. O fumo, a alimentação incorreta, a exposição às irradiações

solares, o álcool, são alguns exemplos, entre muitos outros, de fatores de risco

que deterioram a qualidade de vida, fragilizam o organismo, provocam o

câncer.

Reavaliar essa cultura, através da prevenção e da educação,

especialmente da população jovem, está entre as prioridades do Ministério da

Saúde. O estímulo a uma mudança de comportamentos certamente ajudará a

controlar a incidência do câncer no Brasil.

O Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional do Câncer (INCA),

tem como missão o controle deste grave problema de saúde pública. Sua

estratégica básica para este objetivo é a educação da população para

desmistificar esta doença, bem como esclarecer sobre as possibilidades de

preveni-la.

Este trabalho tem por objetivo oferecer aos profissionais de diversas

áreas uma pequena análise sobre a situação do câncer no Brasil, enfocando

algumas análises de seus determinantes, a distribuição de ocorrências bem

como de algumas ações de controle adotadas. Ao final o autor espera oferecer

elementos que possam ajudar na reflexão sobre as questões necessárias para

embasamento da participação do setor de educação e de saúde e de outros

setores no planejamento de ações estratégicas que se colocam como

fundamentais para entender e enfrentar o grande desafio da construção de um

política que visa minimizar o aparecimento, os efeitos do adoecimento e evitar

as mortes por este grupo de doenças.

13

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

CAPITULO I

A EDUCAÇÃOPORTA DE ENTRADA DA PREVENÇÃO

Educar para a Saúde nas escolas

implica, também, que a Saúde seja abordada

de forma holística12, trabalhando-se todos os

aspectos que concorrem para sua obtenção e

manutenção.

O adoecimento e a morte por câncer e outras doenças crônico-

degenerativas, têm ocorrido em faixas etárias cada vez mais jovens,

independente de classe social, devido à exposição precoce aos fatores de

risco, entre eles o tabaco, alimentação inadequada, álcool, radiações solares,

stress e vida sedentária.

Apesar do desenvolvimento de novas tecnologias e dos avanços no

tratamento do câncer, o maior impacto observado sobre sua incidência e

mortalidade tem se devido às ações de prevenção, mas para que isso seja

possível, uma ampla difusão de conhecimento aliada à reflexão crítica se faz

necessário, contribuindo para formar cidadãos capazes de optar por

comportamentos responsáveis em relação à sua saúde e à saúde coletiva.

A escola, espaço educativo por excelência, é um dos locais privilegiados

para este tipo de ação, tendo nos professores e educadores seus agentes

fundamentais.

O Ministério da Saúde, através do INCA, já vem desenvolvendo

programas neste sentido, mas frente à dimensão do território nacional, do

12 Holística é um termo usado com o significado de totalidade, para dizer que os fenômenos douniverso acontecem de modo simultâneo e interdependente. Usa-se holística como sinônimo deholismo para dizer, por exemplo, que no universo as unidades se organizam na totalidade,conservando a sua interdependência.

14

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

universo de escolas a serem envolvidas e o número de profissionais de

educação a serem capacitados, impõem-se à necessidade de uma melhor

estratégia para atingir todo o País.

Tornar a Prevenção uma disciplina curricular de todos os seguimentos

da educação é uma “idéia” que pretende contribuir para o desenvolvimento das

ações de prevenção de câncer e outras doenças não comunicáveis junto à

população do Brasil.

A escola é um importante espaço para o desenvolvimento de um

programa de educação para a saúde entre crianças, adolescentes, jovens e

adultos. Distingui-se das demais instituições por ser aquela que oferece a

possibilidade de educar através da construção de conhecimentos resultantes

do confronto dos diferentes saberes: aqueles trazidos pelos alunos e seus

familiares, e que expressam crenças e valores culturais próprios; aqueles

contidos nos conhecimentos científicos veiculados pelas diferentes disciplinas;

os divulgados pelos meios de comunicação, muitas vezes fragmentados e

desconexos, mas que devem ser levados em conta por exercerem forte

influência sócio-cultural e aqueles trazidos pelos professores, constituídos ao

longo de sua experiência resultante de vivências pessoais e profissionais,

envolvendo crenças e se expressando em atitudes e comportamentos. Esse

encontro de saberes gera o que convencionou chamar “cultura escolar”, que

assume expressão própria e particular em cada estabelecimento, embora

apresente características comuns a tudo aquilo que é típico do mundo escolar.

Portanto, a cultura escolar configura e é instituinte de práticas sócio-

culturais, inclusive comportamentos, mais amplas, que ultrapassam as

fronteiras da escola. É dentro deste enfoque que se entende e se justifica uma

disciplina de educação para a saúde, inserida e integrada no cotidiano e na

cultura escolar, irradiando-se, dessa forma, para além dos limites acadêmicos.

É nesse contexto, que os profissionais de educação têm um papel

fundamental que não se restringe apenas a de um mero repassador de

informações. Sua atuação é, sobretudo, a de educar a partir da construção de

conhecimentos dentro do contexto da cultura escolar, como referida

anteriormente. Nesta concepção, é importante que se reconheçam como

modelos nos quais não só os alunos, mas toda a comunidade se inspira para

15

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

adotar ou mudar comportamentos que podem contribuir para uma melhor

qualidade de vida.

Destacam-se a adoção de comportamentos saudáveis que envolvam

hábitos alimentares, práticas de exercícios físicos regulares, o não fumar, a

redução ou abandono do consumo de bebidas alcoólicas, a proteção à

exposição solar excessiva e aos fatores ocupacionais, além de hábitos sexuais

responsáveis e protegidos, dentre outros que previnem o câncer, as doenças

sexualmente transmissíveis e outras doenças, como as cardiovasculares.

É sabido que uma ação desta natureza deve levar em conta várias

barreiras existentes que dificultam a adoção de ações educativas de promoção

à saúde, na rotina da educação e de seus profissionais. Entre elas, está a

dificuldade que o sistema de ensino vem atravessando, redimensionando suas

funções e práticas, com uma sobrecarga de expectativas por parte da

sociedade carente de atenção e de informação. Em decorrência disso, os

educadores vêm acumulando responsabilidades, de forma crescente, sem

remuneração adequada, o que os faz sentirem-se, muitas vezes,

despreparados e relutantes para lidarem com questões que, aparentemente,

estariam fora de sua alçada.

Essa atitude se explica, em parte, pela falta de uma tradição no

desenvolvimento de ações voltadas para mudanças de estilos de vida no

Brasil, e que também se reflete na formação dos professores, inicial e

continuada, constituindo-se em mais uma dificuldade para a implementação de

ações de promoção da saúde em escolas. A introdução do tema no currículo

de formação de professores contribuiria para a formação de profissionais mais

conscientes de seu papel em relação à sua própria saúde e, portanto, mais

capacitados para ensinar de forma coerente e com naturalidade a seus alunos,

influenciando-os a ter um comportamento saudável.

Torna-se cada vez mais urgente e necessário que a relação entre

saúde, estilo de vida, questões psicossociais, econômicas, políticas e culturais

sejam discutidas nas escolas de formação de professores. Além do

conhecimento, as crenças, atitudes, habilidades e comportamentos dos

profissionais de educação, são elementos fundamentais para a efetividade das

relações educativas junto aos estudantes.

16

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

CAPÍTULO II

O PROGRAMA SABER SAÚDE DO INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER

O Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional de Câncer –

INCA, e sob a orientação técnica da Coordenação de Prevenção e Vigilância –

CONPREV, desenvolveu e vem implementando o “PROGRAMA SABER

SAÚDE” de controle do tabagismo e outros fatores de risco de câncer nas

escolas. Trata-se de uma proposta de educação para a saúde que tem como

objetivo formar cidadãos responsáveis e críticos, capazes de decidir sobre a

adoção de estilos de vida saudáveis, com responsabilidade social e sobre o

meio ambiente, dentro de um concepção mais ampla de saúde, ou seja,

completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de

doença.

Tal programa requer uma abordagem multi e interdisciplinar em suas

diferentes instâncias, tanto na concepção como na execução, capaz de dar

conta dos desafios decorrentes dos seus objetivos, e cuja efetivação torna

necessário o estudo dos diferentes aspectos relacionados à saúde para

possibilitar a adoção consciente de comportamentos e estilos de vida.

Como um programa de educação para a saúde a ser desenvolvido nas

escolas implica, também, em ações concebidas, implementadas e avaliadas

com a parceria de profissionais de educação. O programa tem no professor o

profissional melhor qualificado para a ação direta com os alunos. Além disso,

é necessário o estabelecimento de interfaces com os diversos setores da

sociedade envolvidos no processo de educação dirigidos às diferentes

populações.

Até o momento o “PROGRAMA SABER SAÚDE” destina-se,

particularmente a atender os níveis fundamental e médio de ensino, ou seja, à

população infanto-juvenil, mas quanto ao seu aspecto capacitador, está

alcançando cada vez mais um maior número de profissionais de nível superior

da área de educação.

17

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

O Brasil é um país de dimensões continentais que possui 49 milhões de

crianças e adolescentes em idade escolar, dos quais, cerca de 57 milhões

estavam inseridos na rede de ensino conforme dados do MEC (2004).

Para atingir essa população nos diferentes pontos do país é preciso

descentralizar as ações de promoção da saúde, visando reduzir a exposição

aos principais fatores de risco, estabelecendo parcerias entre o nível federal,

as Secretarias Estaduais de Saúde (SES), Municipais de Saúde (SMS), dentro

da política do Sistema Único de Saúde (SUS) preconizada pelo Ministério da

Saúde e com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação (SEE e

SME) nas ações junto às escolas.

Os parâmetros curriculares nacionais (PCNs) propõem o tema Saúde

como um dos temas transversais dentro do currículo de todas as escolas do

país, incorporando e somando esforços com a área da Saúde nas ações de

promoção da saúde. Os demais temas transversais, tais como ética, meio

ambiente, cidadania, orientação sexual e pluralidade cultural, propostos pelos

PCNs, são também trabalhados o SABER SAÚDE, reafirmando o caráter da

abordagem multi e interdisciplinar deste programa.

Assim concebido...

O PROGRAMA SABER SAÚDE tem por objetivo geral reduzir, entre

jovens, a prevalência de consumidores de tabaco e álcool, a exposição

inadequada às radiações solares, o consumo de alimentos inadequados e o

sedentarismo, estimulando, assim, a alimentação saudável e as atividades

físicas, entre professores, demais profissionais da área de educação e

escolares, atingindo também as famílias e a comunidade em geral.

Como objetivos específicos o programa preconiza:

1. ampliar o conhecimento da comunidade escolar sobre os principais

fatores de risco de câncer e outras doenças;

2. eliminar a poluição tabagística nas escolas;

3. estimular a alimentação saudável nas escolas;

4. prevenir a exposição excessiva ao sol;

5. e estimular a prática de atividades físicas.

18

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Este projeto desenvolveu e vem testando e atualizando metodologia de

capacitação de professores, metodologias de inserção do tema no currículo

escolar, material didático de apoio e metodologia de avaliação da estrutura, do

processo e do desfecho das ações educativas.

No aspecto de capacitação dos educadores o projeto tem as seguintes

ações:

Informar, sensibilizar e capacitar os professores com relação à importância

da prevenção da exposição a fatores de risco, sobretudo o tabagismo, e

sugerir como introduzir o tema durante as ações de rotina da escola.

Incentivar os educadores a rever seus próprios estilos de vida em relação

aos fatores de risco em questão, para que tenham uma melhor qualidade

de vida, sendo modelos de comportamento coerentes para sua família,

seus alunos e para a comunidade em gera.

Incentivar os educadores a abordar o tema tabagismo e outros fatores de

risco e de outras doenças no seu dia-a-dia, nos diferentes locais de debate

e junto aos pais e à comunidade que se refere à escola.

Incentivar os educadores a abordarem o tema, sobretudo tabagismo, dentro

do currículo escolar com seus alunos.

Capacitar os educadores, quais sejam, orientadores pedagógicos ou

professores diretamente, com informação técnica, argumentações e

materiais de apoio específicos, que possibilitem a inserção do tema no

currículo formal e informal, através de um curso de capacitação específico.

Apresentar e fornecer o material de apoio par professores, alunos e

biblioteca da escola.

Para que a implementação do Programa Saber Saúde se realize

integrada ao Projeto

Pedagógico e ao currículo da escola, é importante que seu

desenvolvimento seja proposto e discutido nos diferentes momentos de

planejamento da ação educativa.

É importante lembrar que a concepção e elaboração do Projeto

Pedagógico da escola deve ocorrer no interior de um processo permanente de

19

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

discussão e formulação de propostas que considerem, por um lado, os valores

culturais relativos ao trabalho, lazer, saúde, organização e necessidades de

vida cotidiana e, por outro, o conhecimento sistematizado historicamente pelo

homem.

Observações diretas e informações sobre a qualidade de vida nos

grandes centros urbanos e na zona rural, a poluição, os desmatamentos, o

avanço tecnológico, a incidência de doenças, etc., são dados de realidade que

devem ser enfocados possibilitando a caracterização do contexto abrangente,

cuja problematização propicia a definição de propostas diferenciadas de

organização e implementação do currículo escolar.

O levantamento de dados sócio-econômicos e culturais das

comunidades atendidas pela instituição de ensino pode ser realizado a partir

de diferentes materiais e instrumentos de coleta de dados, compondo um

manancial inesgotável de contexto próprios para o desenvolvimento do

trabalho educacional.

O PROGRAMA SABER SAÚDE oferece alguns instrumentos que

poderão contribuir para o levantamento desses dados.

O primeiro momento do planejamento prevê o conhecimento de

aspectos sócio-econômicos e culturais da comunidade atendida pela escola,

com base em dados coletados através de questionários, entrevistas, conversas

informais, fichas de matrícula, consulta a instituições, compondo um

diagnóstico acerca da realidade local. A atualização e inclusão de novos

dados é uma importante providência no sentido de manter sempre atual e, com

isso, detectará mudanças que permitirão revisões no próprio planejamento.

De posse desses dados, o corpo docente reúne-se para organizá-lo,

agrupando-os de acordo com a sua natureza: social, econômica, cultural e

educacional; índices de evasão, repetência, gráficos que indiquem a

produtividade alcançada pelas turmas, bem como dificuldades mais comuns.

Essa sistematização facilita a análise dos dados, visando interpretar e inter-

relacionar as situações levantadas.

A realização de um diagnóstico no inicio do ano letivo é uma fonte

segura para a elaboração de objetivos gerais e específicos que nortearão a

ação pedagógica, durante o ano todo, e a definição de metas que apontem a

20

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

produtividade esperada. Esses referenciais possibilitam, também, definir

parâmetros para a avaliação de resultados alcançados. Para o monitoramento

das ações é fundamental que sejam organizados cronogramas de atividades

formais e informais.

É no segundo momento de elaboração do projeto pedagógico que se

define o planejamento bimestral, a partir do diagnóstico obtido no primeiro

momento. Essa etapa ocorre quando docentes se reúnem no início de cada

bimestre para definir propostas de ação pedagógica. A articulação de

propostas no coletivo da escola deve estar em consonância com os objetivos e

metas já definidos.

Além disso, os professores deverão considerar a proposta dos PCNs

para as séries em que atuam, as principais dificuldades dos alunos e a

importância da abordagem de temas transversais para encaminhamento de

questões comuns.

O terceiro momento diz respeito à formulação de atividades. Prevê a

indicação de objetivos específicos, conteúdos, definição de procedimentos

didáticos, identificação e registro de dados acerca do desempenho dos alunos.

Esse momento está diretamente ligado ao cotidiano da sala de aula e define a

possibilidade de atendimentos diferenciados.

Nos dois primeiros momentos a escola precisa se voltar par a realização

de encontros de professores. É importante que sejam realizadas trocas

constantes de informação. Todos precisam estar informados acerca dos

muitos aspectos que interferem no processo de construção do conhecimento, e

contribuam com sugestões e material informativo.

Cabe a cada professor implementar ações que articulem as proposições

definidas nos dois momentos iniciais de planejamento, com as características e

necessidades dos alunos e dos conhecimentos a serem ensinados. É no

terceiro momento de composição, portanto, que os objetivos específicos,

conteúdos e procedimentos didáticos são definidos para o trabalho com as

turmas. É fundamental que sejam organizadas e realizadas atividades que

atendam aos questionamentos que motivaram a ação pedagógica.

As questões ligadas ao tema transversal saúde, identificadas como

prioritárias, poderão ser veiculadas de diferentes maneiras. Algumas poderão

21

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

ser abordadas mediante uma ação que inclua a participação de parte, ou de

todos os professores da escola, durante um período restrito. Outros, por suas

especificidades e grau de aprofundamento, poderão ser tratados durante

períodos mais extensos.

Os três momentos de organização do projeto pedagógico mantém entre

si a função de retroalimentação do processo do ensino e da aprendizagem. O

segundo e o terceiro momentos se repetem a cada bimestre, mantendo entre

si uma profunda articulação. Ambos têm a função de responder às

expectativas criadas no primeiro momento do projeto pedagógico, expectativas

essas que se reformulam a cada ano, em função dos resultados alcançados e

também da atualização das informações sobre a população que a escola

atende.

O projeto pedagógico visto a partir desse enfoque, está em constante

reformulação. As informações obtidas, em cada um dos momentos, vão pouco

a pouco configurando a ação pedagógica, numa permanente troca de saberes.

A inserção dos temas transversais, em sala de aula, deverá ocorrer a

partir de atividades de caráter bastante diversificado e em consonância com

todo o processo de composição do projeto pedagógico.

Portanto, não é mais uma tarefa que vem se somar às muitas outras

que a escola já desenvolve. É um trabalho inserido no currículo e que propõe

mudanças de mentalidade e da maneira como alunos e professores atuam e

se situam na escola e no mundo.

Por outro lado, o conhecimento dos professores sobre os fatores de

risco trabalhados não é suficiente para produzir a ação, embora seja um

requisito necessário. É preciso, sobretudo, que eles estejam, além de bem

informados, conscientes de seu papel de modelos de comportamento, e que

adotem um estilo de vida que privilegie os comportamentos saudáveis.

Embora o “PROGRAMA SABER SAÚDE” exista para capacitar, cada

vez mais professores, para atuarem nesta frente, o desejável é que este

conteúdo já estivesse inserido no contexto curricular da graduação em

pedagogia.

Na forma de programa, o curso de capacitação é apresentado para ser

desenvolvido em dois dias. Para seu desenvolvimento efetivo é necessário

22

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

contar com profissionais motivados e comprometidos, ou seja, é preciso que

eles sejam informados e capacitados sobre o significado do programa e sua

metodologia de trabalho.

Sua proposta intercala palestras informativas com dinâmicas que

buscam promover o envolvimento e a reflexão crítica a partir da dramatização

de situações do cotidiano da escola.

A CONPREV, responsável técnica do “PROGRAMA SABER SAÚDE”

criou, para a apresentação das palestras, alguns recursos audiovisuais, que

são distribuído às coordenações estaduais, com o objetivo de facilitar a sua

multiplicação que poderá se dar através da reprodução em cartazes ou álbuns

seriados e uso de transparências.

A realização desse curso é fundamental para que o “PROGRAMA

SABER SAÚDE” alcance seus objetivos e contribua para a melhoria da

qualidade de vida de nossa população.

23

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

CAPÍTULO III

CONHECENDO UM POUCO O CURSO DE CAPACITAÇÃO DEMULTIPLICADORES DO “PROGRAMA SABER SAÚDE”

O Curso de capacitação de multiplicadores do Programa Saber Saúde

tem dois públicos alvo relevantes: os representantes das Secretarias

Municipais de Saúde e de Educação e os professores e profissionais da área

de Educação.

Os objetivos do curso são:

Informar e sensibilizar os participantes sobre a importância da

prevenção do câncer e seus fatores de risco, sobretudo o

tabagismo.

Levar os participantes a rever seus próprios hábitos, atitudes e

comportamentos acerca dos fatores trabalhados.

Orientar os participantes a incentivar os professores a abordarem

o tema fatores de risco de câncer, sobretudo tabagismo com

seus alunos.

Orientar os participantes a incentivar os professores a abordar o

tema tabagismo e outros fatores de risco de câncer no seu dia-a-

dia, nos locais de debate e junto aos pais e à comunidade que se

refere à escola.

Capacitar os participantes com informações, argumentação e

materiais de apoio específicos que possibilitem a orientação de

professores par à inserção do tema no currículo formal e informal.

Capacitar os participantes para elaborar o projeto de implantação

do programa em seus municípios através do estabelecimento de

parcerias com área de educação.

O Curso se utiliza de material próprio, criado pelo Instituto Nacional do

Câncer, através de sua equipe técnica do Coordenação de Prevenção

(CONPREV). Dentre este material destacamos o livro “O Câncer e seus

fatores de risco, doenças que a educação pode evitar” e o livro “Saber Saúde -

Prevenção do tabagismo e outros fatores de risco de câncer entre escolares do

24

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

ensino fundamental”. Além destes dois livros o curso conta com diversificado

acervo de material didático e de divulgação do Programa Saber Saúde, como

cartazes, folhetos e adesivos, além de três vídeos educativos: “O Câncer e

seus fatores de Risco”, “O Homem de Giz” e “O Programa Saber Saúde nas

Escolas – Orientações Metodológicas”.

O curso acontece basicamente com a seguinte programação:

apresentação dos temas, dinâmicas e debates orientados.

Em seu planejamento é escolhido um espaço que possibilite a reunião

total do grupo com distribuição dos participantes de forma a facilitar a

comunicação, a observação das suas reações e a atmosfera do grupo e que

permita a coexistência de grupos de trabalho.

Utilizam-se como recursos didáticos retroprojetor; data show, quadro de

giz ou quadro branco ou flip chart, folhas de papel, lápis, caneta, hidrocor,

papel pardo, cronômetro, transparências e canetas para retroprojetor,

dispositivo para projeção de vídeo com tela (televisão) que permita que todos

acompanhem a projeção.

Das palestras apresentadas destacamos:

“O INCA E A PREVENÇÃO DO CÂNCER”Cujo objetivo é:

Apresentar os objetivos das ações desenvolvidas pelo INCA bem como

seu organograma institucional.

Informar aos profissionais participantes do curso os motivos para a

adoção de políticas de prevenção dos fatores de risco.

Informar aos participantes sobre as ações de desenvolvidas pelo

Ministério da Saúde, através do INCA para a prevenção do tabagismo e

outros fatores de risco.

Apresentar os diferentes programas desenvolvidos pela CONPREV.

Ao “apresentador” cabe deixar claro a importância da adoção de ações

preventivas em face de gravidade do aumento dos casos de

adoecimento e morte por câncer no Brasil, mas a ênfase na abordagem

deverá ser colocada sempre na perspectiva da valorização da vida e

promoção da saúde.

25

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

A palestra “O Programa Nacional de Controle do Tabagismo e outrosFatores de Risco de Câncer nas Escolas” cujo objetivo é:

Informar aos participantes os motivos que levaram o MS/INCA a propor

e desenvolver o Programa Saber Saúde de Prevenção ao Tabagismo e

outros fatores de risco nas Escolas em parceria com Secretarias e

Profissionais da educação.

Informar sobre os objetivos e ações do Programa Saber Saúde.

Explicar estratégias de implantação descentralizada.

Apresentar o material de apoio produzido e disponível para o

desenvolvimento do programa.

Nela é importante que a exposição se faça de forma a deixar clara a

importância e urgência da adoção de um programa de prevenção do

tabagismo e outros fatores de risco nas escolas, explicando com riqueza de

detalhes a estratégia de implantação descentralizada assim como o processo

de avaliação contínua de sua implantação e implementação.

Já a apresentação das “ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS” tem

como objetivos:

Apresentar e discutir com os participantes a metodologia proposta para

o desenvolvimento do programa saber saúde nas escolas.

Orientar os participantes a motivar e capacitar os participantes para

desenvolver o programa saber saúde com suas turmas de forma

interdisciplinar e transversal ao currículo.

Orientar os participantes a motivar e capacitar os participantes para

desenvolver o programa saber saúde inserido no projeto pedagógico da

escola.

É importante que esta atividade seja realizada por um profissional da

área de educação cuja apresentação se fará com transparências ou slides que

tenham como base o material de apoio – “Livro Saber Saúde” - e deverá ser

ilustrada com exemplos do cotidiano do trabalho nas escolas.

Essa exposição é muito importante para que os professores possam

compreender a metodologia e esclarecer dúvidas que possam surgir. É

fundamental que o apresentador deixe o grupo à vontade e que acredite no

programa para motivar os participantes.

26

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Após a apresentação, deverá ser exibido o vídeo 4 “Programa saber

Saúde nas escolas” que mostra situações em diferentes turmas, disciplinas e

séries, de forma que os participantes possam melhor compreender como a

metodologia proposta pode ser desenvolvida. Após a exibição do vídeo, o

apresentador terá oportunidade para esclarecer dúvidas que venham a surgir.

A adoção de dinâmicas de grupo durante o curso irão propiciar a

integração do grupo, partindo de algo fundamental como se conhecer

mutuamente; romper o “gelo” desde o princípio, a fim de desfazer tensões;

demonstrar que nenhum membro do grupo pode passar desapercebido e dar

uma idéia dos valores pessoais dos membros participantes. Isto permite que

todos saibam QUEM É QUEM. Não se chegará a um conhecimento do grupo,

a não ser conhecendo os indivíduos.

Dinâmicas de leitura e apresentação de temas deverão informar aos

participantes sobre o tema Prevenção de Câncer e seus fatores de risco;

capacitar os participantes com informações técnicas da área de saúde sobre o

que é Câncer, o que é um fator de risco e quais são os principais fatores de

risco de câncer; capacitar os participantes para abordar o tema tabagismo e os

outros fatores de risco, álcool, irradiação solar e dieta alimentar; capacitar os

participantes par que possam abordar todos os fatores de risco de câncer tanto

no currículo formal quanto no informal e fornecer subsídios técnicos para a

apresentação e discussão em grupo sobre o câncer e seus fatores de risco.

Para que essas dinâmicas alcancem os objetivos propostos, é

importante que haja uma leitura atenta do livro “Câncer e seus fatores de risco:

doenças que a educação pode evitar”.

Dinâmica de baseada na troca de experiências comuns e pessoais

sobre os principais fatores de risco de câncer: tabagismo, álcool, radiação

solar excessiva e alimentação inadequada irão estimular a noção de que

devemos ser coerentes com o que acreditamos e adotamos para nossa vida

pessoal e aquilo que ensinamos na escola. Além disso, espera-se com ela:

Envolver os membros do grupo com o tema prevenção de câncer.

Exercitar os membros do grupo com situações do cotidiano.

Estimular a reflexão, a argumentação e a apropriação de conceitos pré-

existentes ou adquiridos durante a capacitação.

27

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Exercitar a capacitação de improvisação e de utilização oportuna das

situações e ganchos que a sala de aula oferece, tendo em vista os

conhecimentos adquiridos.

Esta atividade ainda cria a oportunidade para que aspectos importantes

relacionados com objetivos do projeto sejam objeto de reflexão.

A partir desta atividade retrospectiva os participantes poderão constatar

a influência fundamental da escola no desenvolvimento dos indivíduos e a

importância do professor neste contexto.

Essa atividade também propicia ao participante, seja ele professor ou

não, colocar-se temporariamente (através das lembranças) na condição de

aluno e lembrar da importância que alguns professores tiveram em suas vidas.

Essa dinâmica pretende que os participantes entendam sua importância na

vida de seus alunos. E pode, ainda, contribuir para aumentar sua tolerância e

compreensão frente a determinados comportamentos. Sua realização permite

que o participante avalie, ao longo de sua história, as possibilidades que lhe

foram oferecidas ou tolhidas pelas atitudes de seus professores (informações,

castigos, educação).

É possível ainda, explorar como os participantes vivenciaram e

conseguiram superar situações mais problemáticas, e que serviram de modelo

para momentos futuros.

28

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

CAPÍTULO IV

ENTENDENDO O CÂNCER E SEUS FATORES DE RISCO

Doenças que a Educação pode evitar

O CÂNCER

“O Câncer e seus fatores de risco – doenças que a Educação pode

evitar” não é apenas mais um capítulo desta monografia. Trata-se do título de

um, dos muitos, materiais de divulgação e educação elaborados pela

Coordenação de Prevenção e Vigilância – CONPREV, do Instituto Nacional do

Câncer/Ministério da Saúde.

Material educativo elaborado no ano de 1997 pelas Dras. Luisa da

Costa e Silva Goldfarb, Tânia Maria Cavalcante e Vera Luiza da Costa e Silva,

com assessoria pedagógica de Letícia Casado Marques e Ana Maria Monteiro,

adaptação de Ziraldo Alves Pinto e Miguel Mendes Reis. Artes de Ziraldo, Mig,

Marco Antonio de J. Ferreira, Mauro Ernesto de Oliveira e Ferreth com

computação gráfica de Ricardo Machado e revisão de Teresa da Rocha é

material utilizado até hoje, por educadores em todos os municípios do Brasil.

Este material, associado ao manual com sugestões para educadores, “Saber

Saúde – Prevenção do Tabagismo e outros Fatores de Risco de Câncer”,

elaborado no ano de 1998, com texto de Luisa da Costa e Silva Goldfarb e Ana

Maria Monteiro e revisão do Prof. Antonio Rufino Neto, ainda com ilustração do

Ziraldo e Miguel Reis, assim como Artes de Ziraldo, Mig, Marco Antonio e

Mauro Ferreth com computação gráfica do Ricardo machado, fazem parte de

um kit super atual, destinado as escolas brasileiras.

Com linguagem apropriada aos meios “não médicos”, os livretos

fazem parte de um conjunto de materiais elaborados, especialmente, para

informar e subsidiar os educadores dentro dos programas de prevenção ao

câncer e seus fatores de risco nas escolas.

29

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Entender o que é o câncer é essencial para entender esta

monografia... e a melhor explicação está nas primeiras páginas do livreto da

CONPREV, abaixo reproduzidas, e já bem explanado, no que tange a sua

história, na introdução desta.

“As células não pensam. Elas só conseguem cumprir suas tarefas

porque foram programadas para tal. Todas as informações que formam esse

programa estão escritas num complexo e maravilhoso composto químico

chamado ADN132. O ADN forma os cromossomos que estão guardados no

núcleo da célula. Agora, imagine que este programa é destruído ou fica sem

sentido. As células, então, enlouquecem. A única coisa que passam a fazer é

se multiplicar e invadir o terreno das células saudáveis”.

Esta é a explanação mais simples que há sobre esta doença e com o

apoio visual dos slides aqui reproduzidos fica fácil ao educador assimilar estes

conceitos básicos para retransmiti-los a seus “aluno”.

FIGURA 5 “O QUE É O CÂNCER?”

Slide de aula do Curso de CapacitaçãoGerencial Profissional do Programa Saber

Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer

FIGURA 6 “COMO SURGE O CÂNCER?”

Slide de aula do Curso de CapacitaçãoGerencial Profissional do Programa Saber

Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer

1312 ADN ou ácido desoxirribonucléico é a molécula orgânica que quando transcrita em RNA,tem a capacidade de codificar proteínas. Tem a forma parecida com uma escada espiral cujadisposição dos degraus se dá em quatro partes moleculares diferentes. Esta disposiçãoconstitui as chamadas quatro letras do código genético.

30

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

FIGURA 7 “ESTÁGIOS DO CÂNCER” Slide

de aula do Curso de Capacitação GerencialProfissional do Programa Saber Saúde –

Módulo Falando Sobre Câncer

FIGURA 8“ESTÁGIOS 1 E 2 DO CÂNCER”

Slide de aula do Curso de CapacitaçãoGerencial Profissional do Programa Saber

Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer

FIGURA 9“ESTÁGIO 3 DO CÂNCER”

Slide de aula do Curso de CapacitaçãoGerencial Profissional do Programa Saber

Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer

Traduzindo os slides, teremos:

Que vários elementos que podem causar ou contribuir diretamente

para a ocorrência de uma seqüência de eventos que levem ao surgimento do

câncer. O caminho final comum dos cânceres é alguma alteração genética,

que converte uma célula bem constituída, participante do corpo como um todo,

numa outra, "renegada", destrutiva, que não responde mais a comandos de

uma comunidade de células.

Promotores (oncogenes) e supressores têm um papel central e

decisivo em muitos casos. Substâncias químicas (como o benzeno e

nitrosaminas), agentes físicos (como radiação gama e ultravioleta), e agentes

biológicos (como alguns tipos de vírus), contribuem para a carcinogênese em

algumas circunstâncias.

31

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

O agente carcinogênico mais importante para a população em geral é

o tabaco, pois ele causa ou contribui para o desenvolvimento de

aproximadamente um terço de todos os cânceres, principalmente em pulmão,

esôfago, bexiga e cabeça e pescoço.

São vários os estágios em que o câncer se desenvolve:

O estágio 1 é localizado. Geralmente confinado ao órgão de origem.

Geralmente curável com medidas locais, como cirurgia ou irradiação.

O estágio 2 é localizado, mas extenso. Pode se estende para fora do

órgão de origem, mas mantém a proximidade. É às vezes curável com

medidas locais (cirurgia e irradiação), às vezes em conjunto com a

quimioterapia.

O estágio 3 é disseminado regionalmente. Estende-se para fora do

órgão de origem, atravessando vários tecidos. Pode atingir linfonodos

(gânglios) na região do tumor. Tem ainda o potencial de ser curado, embora as

recidivas sejam mais freqüentes. O tratamento local ou sistêmico depende das

características do tumor.

O estágio 4 é disseminado difusamente. Geralmente envolve múltiplos

órgãos distantes e é raramente curável.

O sucesso da terapia contra o câncer depende da escolha das

modalidades de tratamento que mais se adequar ao paciente e à sua doença,

necessitando muito a cooperação entre especialidades. Suporte geral também

é muito importante, incluindo controle de distúrbios metabólicos, infecciosos,

cardiopulmonares, freqüentes nos pacientes submetidos a tratamentos

agressivos.

Quando a prevenção do câncer através da mudança de hábitos não é

possível, a detecção precoce é a melhor estratégia para reduzir a mortalidade.

Campanhas de esclarecimento da população, e também de profissionais de

saúde são feitas nesse sentido. Infelizmente, no Brasil ainda são bastante

falhas e descontínuas.

Muitas pessoas não fazem exames de rotina porque elas têm medo de

descobrir que têm câncer. Apesar de obviamente os exames de screening

serem realizados para detectar a doença, a grande maioria das pessoas

32

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

examinadas está livre de doença. Exames normais são um alívio para as

pessoas, principalmente aquelas de alto risco para o desenvolvimento de

câncer. Detectar doenças que põem em risco a vida das pessoas tão cedo

quanto possível oferece a maior oportunidade de cura e sobrevida, com a

melhor qualidade de vida. O câncer não para de crescer só porque a pessoa

não está pronta para lidar com ele. O que você não sabe pode machucar você.

A maioria dos exames preventivos não diz se você tem câncer ou não.

O que eles fazem é indicar condições anormais, que podem ser causadas pelo

câncer - ou que podem ser precursoras do câncer. Um exame preventivo

positivo requer uma investigação mais completa. Alguns exames adicionais

podem ser realizados para encontrar a causa do resultado positivo, e

determinar se o câncer está ou não presente.

33

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

FATORES DE RISCO

O câncer é uma doença diferente. Não tem uma causa única e

facilmente identificável, portanto há muitas coisas no nosso dia-a-dia que

podem, ou não, causar câncer.

A essas “coisas” chamamos de “FATORES DE RISCO”. Quando mais

expostos a esses fatores, maior o risco.

FIGURA 10

“FATORES DE RISCO DO CÂNCER”Slide de aula do Curso de Capacitação

Gerencial Profissional do Programa SaberSaúde – Módulo Falando Sobre Câncer

Nosso sistema imunológico13 elimina muitos dos fatores que provocam o

câncer, mas só até certo ponto. O contato contínuo com esses fatores pode13 O Sistema imunológico compreende todos os mecanismos pelos quais um organismomulticelular se defende de invasores internos, como bactérias, vírus ou parasitas. Mas não ésó isso; ele também é responsável pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de célulasmortas, a renovação de determinadas estruturas, rejeição de enxertos, e memória imunológica.Também é ativo contra células alteradas, que diariamente surgem no nosso corpo, comoresultado de mitoses anormais. Essas células, se não forem destruídas, podem dar origem atumores.

34

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

vencer as defesas do organismo. Por outro lado, quanto mais abatido estiver o

sistema imunológico, menos exposição a fatores de risco é necessária para

começar a doença.

Porém, como o corpo se defende, precisamos pensar também nos

fatores de risco internos. Se o organismo, por algum motivo, e o

envelhecimento é um deles, está numa condição propícia à mutação celular,

ele facilita a ação dos fatores de risco externos. E o câncer nasce desse

desequilíbrio.

Eles podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser herdados.

A maioria dos casos de câncer está relacionada ao meio geral (água, terra e

ar), ao ambiente de consumo (alimentos, medicamentos, tabaco, álcool e

produtos de uso doméstico), ao ambiente ocupacional (indústrias químicas e

afins) e ao ambiente cultural (comportamento e estilos de vida).

Por outro lado, alguns fatores reduzem as probabilidades do indivíduo

desenvolver câncer. São chamados de fatores de proteção. Eles podem ser

genéticos e externos, tais como atividades físicas, lazer visando redução do

stress e alimentação rica em fibras, como verduras e frutas em abundância.

Os fatores de risco mais conhecidos e combatidos são:

O Tabaco; Maus Hábitos Alimentares;

O Álcool; A Radiação;

O Excesso de Sol; A Poluição Química;

Vírus, etc...

35

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

O TABACO

“NADA ESTÁ TÃO ASSOCIADO AO CÂNCER QUANTO O FUMO

NADA FAZ TÃO BEM QUANTO EVITÁ-LO”

O consumo de tabaco é considerado pela Organização Mundial de

Saúde (WHO) a maior causa isolada de adoecimento no mundo. Atualmente,

estima-se que o uso do tabaco esteja relacionado a 90% dos casos de câncer

de pulmão e a 30% de todos os outros cânceres. Cerca de 90% dos fumantes

adultos tornam-se dependentes da nicotina até os 19 anos de idade. A

suscetibilidade do grupo jovem mostra a necessidade de uma intervenção

através de ações educativas nesta população (WHO, 2004).

As pessoas só conseguem se preocupar com prejuízos imediatos. É

mais fácil alguém deixar de fumar porque o cigarro amarela os dentes do que

pensando na saúde e a envolvente publicidade dos cigarros tenta cada vez

mais conquistar jovens consumidores, despreocupados com o futuro que lhes

parece distante. Nas propagandas, fumar é exercer a “liberdade”. Dizem que

é ruim, mas você que fazer assim mesmo...

Porém, como já falamos antes, os números estão aí mesmo para

mostrar que fumar é um perigo real e imediato: oito brasileiros morrem por

hora vitimados por câncer, infarto do miocárdio, derrame cerebral e doenças

respiratórias, entre outras doenças associadas ao fumo. Cada vez mais o

câncer se manifesta em pessoas mais jovens, principalmente as que

começaram a fumar na tenra idade da adolescência(WHO, 2004).

A utilização do tabaco é considerada por muitos como sendo a droga

porta de entrada para o abuso de drogas ilícitas. Freqüentemente, a

experiência com o uso de cigarros é acompanhada do uso de álcool e seguida

pelo uso de drogas ilícitas.

Um dos grandes obstáculos para o controle do tabagismo é o fato de

seu consumo ser aceito pela sociedade como parte de um “estilo de vida”. As

36

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

crianças crescem num ambiente onde os cigarros são anunciados e vendidos

em todo lugar, onde o fumar é inserido como comportamento desejável pelos

meios de comunicação, onde pessoas respeitadas e admiradas fumam. É

fundamental, portanto, tentar mudar o comportamento da sociedade, através

deste grupo, mostrando que fumar deixou de ser considerado apenas um

hábito para ser uma dependência, cujos malefícios não se limitam só aos

fumantes, atingindo de forma ampla e danosa a todos e ao meio ambiente.

A fumaça do tabaco é a maior mistura de substâncias tóxicas que o ser

humano pode absorver voluntariamente. Contém cerca de 5 mil substâncias

químicas diferentes, entre as que compõem o próprio tabaco, como a nicotina,

monóxido de carbono e alcatrão, e as que a ele se juntam, desde o plantio até

a manufatura final do cigarro, como a amônia, corantes, aromatizantes,

edulcorantes, metais, resíduos de produto agrícolas e até substâncias

radioativas, como é o caso do Polônio 210 e do Carbono 14. Isso sem falar

nos produtos que entram na confecção do papel e do filtro do cigarro.

A fumaça do cigarro contribui para a poluição do ar, sobretudo nos

ambientes fechados, e os filtros que levam 100 anos para se degradarem, se

acumulam poluindo o solo e as águas.

O cigarro ainda é uma das grandes causas de incêndios urbanos e

rurais, causando irreparáveis perdas e destruindo reservas florestais.

O plantio do tabaco retira nutrientes do solo, deixando-o imprestável

para novas culturas. Desta forma, ele exige grandes quantidades de

fertilizantes no seu cultivo. Exige também grande quantidade de pesticidas

que contaminam o solo, as fontes de água próximas às plantações e os

animais da região. Além disso, para obter bom preço de mercado, as folhas do

tabaco devem ser grandes e para isso requer o uso de desbrotantes, produtos

que matam os brotos e forçam a planta a só crescer através das folhas já

existentes.

Antes de serem exportadas ou enviadas à indústria, as folhas do tabaco

sofrem uma secagem. No Brasil, a secagem de quase toda a produção tem

sido feita em fornos de lenha. Essa lenha tem vindo do desmatamento de

37

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

florestas nativas, principalmente da região sul, que estão sendo extintas e

substituídas por eucaliptos.

TABACO E POBREZA formam um “CÍRCULO VICIOSO”.

Este foi o tema que a OMS – Organização Mundial de Saúde elegeu

para ser abordado durante as comemorações do “Dia Mundial sem Tabaco”,

em 2004, com o objetivo de atrair a atenção de formadores de opinião sobre

essa realidade, promover debates e propostas de encaminhamentos e

abordagens dessa problemática.

“Hoje nenhum país pode mais deixar de reconhecer que ações para

controlar o tabagismo devem ser centrais aos seus programas de

desenvolvimento”.

Neste sentido, o Governo Brasileiro tem investido esforços para articular

nacionalmente um Programa de Controle do Tabagismo intersetorial e

abrangente. Apesar de todas as dificuldades que o Brasil enfrenta por ser um

país produtor de tabaco, ser um país em desenvolvimento, por ter que lidar

com as constantes e sofisticadas estratégias de grandes transnacionais de

tabaco para minar as ações de controle do tabagismo, muitos são os

indicadores de que estamos avançando.

A queda de 32% no consumo anual per capita de cigarros entre 1989 e

2002, os resultados de um recente estudo no município do Rio de Janeiro que

mostrou uma queda na prevalência de fumantes de 30% em 1989 para 21%

em 2001(Brasil/Ministério da Saúde/INCA, 2003), a evidência de que o

fumante brasileiro é um dos mais motivados do mundo a deixar de fumar no

mundo (Gicliotti, 2002) e de que há um grau elevado de consciência na

população sobre os riscos do tabagismo e do tabagismo passivo

(Brasil/Ministério da Saúde/INCA, 2003) são dados animadores que mostram

que a política de controle do tabagismo no Brasil encontra-se no caminho

certo.”14

14 Brasil, Ministério da Saúde, Organização PAM-AMERICANA da Saúde. “TABACO EPOBREZA, um círculo vicioso – a Convenção-Quadro de Controle do Tabaco: uma resposta /Brasil. Ministério da Saúde; Organização Pan-Americana da Saúde” – Brasília: Ministério daSaúde, 2004 – Pág.167/168

38

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

As imagens dominam nosso cotidiano e a comunicação contemporânea

está totalmente calçada na grande produção de imagens. A visão se tornou o

principal sentido do mundo moderno contemporâneo, e vivemos hoje, sob o

total domínio do olhar, seja ele natural ou artificial. O olho mágico, as câmaras

fotográficas, os circuitos internos de TV, compartilham nosso cotidiano com

tanta intimidade que sequer percebemos o quanto nossa vida esta

condicionada ao ver e ser visto. Através do olhar, comunicamos, julgamos,

classificamos, nos vemos refletidos na paisagem urbana, nas imagens que se

apresentam, que nos representam, comemos com os olhos, acreditamos só no

que vemos e nosso desempenho social depende de sermos “homens de

visão”. Olhamos “de viés” para o que nos é estranho e com “ bons olhos” para

o que nos é familiar, inspirados pelo olhar elucidamos as questões, clareamos

as idéias, nos iludimos e desiludimos, o que quer dizer a mesma coisa.

Portanto nada mais contundente do que a imagem do “CÂNCER”.

“Na cama, de olhos semicerrados, a boca aberta no esforço

desesperado por ar, a cabeça sem cabelos, os ossos salientes pela magreza

do doente termina. No colo dele, uma fotografia tirada apenas dois meses

antes daquele momento final. Na imagem, um homem robusto, musculoso e

de farta cabeleira loira aparece com o filho pequeno nos braços.

A divulgação das fotos chocantes foi o último desejo do moribundo,

Bryan Lee Curtis, um americano de 34 anos devastado pelo câncer nos

pulmões. O motivo para tornar pública a própria agonia foi à esperança de

servir de alerta sobre os malefícios do cigarro.

Enquanto agonizava, em 3 de junho, sua mãe ligou para o St.

Petersburg Times, jornal da cidade de St. Petersburg, na Flórida, pedindo a

presença de um fotógrafo. As 11h56, Bryan morreu em casa, ao lado da mãe,

da mulher, Bobbie, e do filho Bryan Jr. de 2 anos. Em poucos dias, o retrato de

sua morte espalhou-se pelo mundo.

O que choca na imagem é a certeza de que não se trata de modelos

maquiados num estúdio. Bryan estava morrendo e o cigarro - ele começou a

fumar aos 13 anos, consumia dois maços por dia e só parou às vésperas da

39

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

morte, quando lhe faltou força para aspirar a fumaça - foi realmente o principal

responsável pela doença.

Ele só soube do câncer em abril, ao procurar ajuda médica com fortes

dores abdominais. Não havia o que fazer. Tratava-se de uma das formas mais

agressivas da doença e o fígado já havia sido tomado pelo tumor. "Esse tipo

de câncer costuma ser devastador e acomete 15% dos doentes", diz a médica

Nise Yama-guchi. vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia

(1999).

Quando soube que estava condenado a perder a batalha contra o

câncer, Bryan formalizou seu casamento, chamou o filho e uma sobrinha de 9

anos para uma conversa sobre os motivos da morte que se aproximava e

decidiu transformar as imagens de sua aflição em bandeira contra o

tabagismo.”( Revista Veja 30/06/99)

FIGURA 11

Esposa, filho e Bryan nos últimos minutos de sua vida

FIGURA 12

Bryan (como era antes)com o seu filho no colo

Seguindo a linha de que “as imagens dominam nosso cotidiano”, desde

2001, uma resolução da Agência Nacional de Saúde Nº104/31 de maio 2001

40

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

determina, dentre diversas diretrizes, a inserção de advertências contra o

tabagismo, acompanhadas de imagens, e do número de telefone do Disque

Pare de Fumar, nas embalagens dos produtos fumígenos derivados do tabaco.

Proíbe ainda a utilização de qualquer tipo de invólucro ou dispositivo que

impeça ou dificulte a visualização das advertências. As fotos impressas

abrangem desde pessoas hospitalizadas, a cenas de incômodo social,

passando por doenças em órgãos específicos, tendo em comum os males

causados pelo uso de cigarro. Estas medidas partiram da consciência das

estatísticas assustadoras relacionadas à perda de saúde pelos fumantes,

fazendo com que os governos de diversos países investissem cada vez mais

em campanhas contra o consumo de cigarros. No Brasil, a estratégia adotada

pelo Ministério da Saúde se baseou em uma abordagem que já vinha sendo

desenvolvida primeiramente no Canadá. Esta estratégia se refere à impressão

de fotos e inscrições de advertência ao consumo de tabaco nos maços de

cigarro.

FIGURA 13

Imagens dos maços de cigarro

No momento, a CONPREV, através da sua Divisão de Controle do

Tabagismo, junto com a equipe do Laboratório de Neurobiologia II, do Instituto

de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UERJ e da equipe do Departamento de Artes & Design - PUC-RIO vem

desenvolvendo o “PROJETO DE DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO

DAS NOVAS IMAGENS E ADVERTÊNCIAS IMPRESSAS NOS MAÇOS DE

CIGARRO”, projeto este, que operacionaliza o plano de trabalho das Ações

Nacionais instituídas pela Política Nacional de Atenção Oncológica,

operacionalizado através do Centro de Estudos em Saúde Coletiva da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – CEPESC/UERJ.

É a PREVENÇÃO e a EDUCAÇÃO andando juntas dentro das

UNIVERSIDADES.

41

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

O ÁLCOOL

“PODE SER A GOTA D”ÁGUA”

Acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, homicídios, suicídios,

abandono do lar, espancamentos em família... Fatos tristes que

freqüentemente têm álcool entre seus ingredientes. Mesmo assim, a maioria

das pessoas não percebe que o álcool também é uma “droga”.

Como outras drogas, o álcool causa dependência nas pessoas. A

mudança de comportamento que ele proporciona é socialmente incentivada.

Para muitos é um apoio em momentos de insegurança e tristeza. Como

qualquer outra droga, o álcool provoca alterações no sistema nervoso,

modificando o comportamento da pessoa, produzindo momentâneo prazer e

tornando-o um usuário e dependente.

O alcoolismo é uma doença e pode atingir qualquer pessoa. O

alcoolista ou como é mais comumente conhecido, o alcoólatra, é o dependente

físico e psicológico da bebida e precisa de esforço e tratamento adequado para

largar esta dependência.

O álcool está relacionado com 50 a 70% de todas as mortes devido a

câncer de língua, cavidade oral, faringe, laringe e esôfago, de fígado, de mama

e de intestino. É na infância e adolescência que se dá a utilização do álcool

pela primeira vez. As causas são similares àquelas que levam a fumar e a

maior parte das vezes o consumo de ambos está associado, sendo importante

enfatizar que o álcool potencializa o efeito carcinogênico do tabaco. O prejuízo

que o álcool normalmente causa ao fígado reduz a capacidade que esse órgão

tem de neutralizar as substâncias cancerígenas.

Dados colhidos em dez capitais, na última década, confirmam que 60%

dos estudantes de 1º e 2º graus fizeram uso pelo menos uma vez na vida e

que 23,9% da população até 18 anos de idade, no Brasil, são consumidores

regulares de bebidas alcoólicas. (Ministério da Saúde/INCA, 2002).

42

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

O alcoolismo é considerado uma doença de difícil tratamento e que leva

a uma deterioração psicológica, orgânica e social dos indivíduos dela

acometidos.

FIGURA 14

OS EFEITOS DA BEBIDA NO CORPO

43

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

O SOL

“SOL É BOM... MAS NÃO EXAGERE!”

Outro fator de risco de câncer é a exposição excessiva às

radiações solares. Não é apenas o excesso momentâneo. O efeito nocivo dos

raios solares se acumula durante a vida. Não adianta nada se esbaldar na

praia e na piscina durante a juventude e parar na maturidade para não

“envelhecer a pele” ou evitar o câncer... o mal já foi feito.

O câncer de pele, que está relacionado à exposição ao sol, é o

mais freqüente no país, em ambos os sexos, tornando-se um problema de

saúde pública, pois embora, em geral, não leve à morte, é responsável por

extensos danos estéticos. As pessoas de pele clara que se expõem ao sol de

forma prolongada e freqüente, por atividades profissionais ou de lazer,

constituem o grupo de maior risco. No Brasil o clima tropical, a grande

quantidade de praias, a idéia de beleza associada ao bronzeamento,

principalmente entre os jovens, além do grande número de crianças e

adolescentes trabalhando na agricultura e outras atividades ao ar livre,

favorecem enormemente esta exposição excessiva. A infância é uma fase

particularmente suscetível aos efeitos maléficos das radiações ultravioleta

porque os danos que causam à pele se acumulam no decorrer da vida. São os

raios ultravioleta tipo B do sol que atingem as camadas mais profundas da pele

e podem alterar suas células, provocando câncer. Parte destes raios invisíveis

é absorvido pela camada de ozônio existente na alta atmosfera, mas a redução

progressiva da camada de ozônio vem diminuindo a filtragem de raios

ultravioleta, aumentando assim os efeitos cancerígenos da exposição

excessiva ao sol.

FIGURA 15

CARCINOMA15

FIGURA 16

MELANOMA16

44

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

No entanto, o sol é necessário à saúde em uma dose mínima diária,

antes das 10hs e depois das 16 hs. Protegendo a pele com chapéus, guarda-

sóis, óculos escuros e filtros solares durante qualquer atividade ao ar livre

estamos nos prevenindo quanto aos efeitos nocivos do sol. Durante o período

em que os raios solares incidem mais intensamente sobre a terra, ou seja,

entre as 10 da manhã e 4 da tarde, é melhor reduzir ao mínimo sua exposição

ao sol. Quem vive em cidades localizadas a grande altitude precisa ter mais

cuidado ainda, pois a proteção atmosférica é menor, já que os filtros solares

apenas reduzem parcialmente os efeitos ultravioleta.

15 Tumor maligno da pele, dos tecidos glandulares ou das membranas mucosas, com origemem células derivadas da ectoderme, desenvolve-se a partir de células epiteliais, e espalha-separa os tecidos adjacentes, nomeadamente os gânglios vizinhos. O carcinoma do pulmão e damama são exemplos desta patologia.16 Tumor maligno das células produtoras de melanina (melanócitos) da pele. Na maioria doscasos desenvolve-se a partir de um nevo pré-existente, mas também pode surgir no olho ounas membranas mucosas.

45

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

OS HÁBITOS ALIMENTARES

“CUIDADO PRA NÃO MORRER PELA BOCA!”

Com relação aos hábitos alimentares pode-se dizer que eles estão

relacionados em conjunto a 35% de todos os tipos de câncer. Uma

alimentação com altos teores de gordura e altos níveis calóricos está

relacionada a um maior risco de desenvolver câncer de cólon, reto e mama,

bem como a má conservação alimentar e o hábito de consumir alimentos

salgados. Por outro lado uma alimentação rica em fibras, vitamina C,

betacaroteno, vitamina "E" e outros compostos orgânicos vegetais pode

proteger, parar ou até reverter os processos de carcinogênese.

Entre os jovens é comum a preferência por alimentos tipo “fast food” que

incluem a maioria dos fatores de risco alimentares acima relacionados. Esta

tendência se observa não só nas classes sociais mais abastadas, mas também

nas menos favorecidas, principalmente nas regiões urbanas embora nas

regiões rurais, esse tipo de alimentação venha se estabelecendo também, em

decorrência da vontade de copiar o modelo urbano de vida, muitas vezes

acessado através da publicidade.

Nos hábitos alimentares contemporâneos, o consumo de alimentos ricos

em fatores de proteção tais como frutas, verduras, legumes e cereais costuma

ser baixo.

Alguns alimentos aumentam a capacidade de defesa do organismo,

evitando, freando e até revertendo o processo de câncer. Ele contém

elementos como vitamina C, vitamina E, carotenóides, selênio, zinco, cobre,

ferro e manganês, que são protetores. Devem ser consumidos com freqüência

e quantidade. Entre eles destacamos a cebola, o alho, os brócolis, a couve-

flor, o repolho, a couve, o espinafre, todos os legumes vermelhos e amarelos,

como a cenoura, a abóbora, a batata baroa, bem como todas as frutas,

principalmente as cítricas, a laranja, o caju, o mamão, etc. As fibras que são as

46

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

partes não digeríveis dos vegetais, como as cascas, auxiliam a prevenção do

câncer porque limpam o intestino grosso, diminuindo a formação de agentes

cancerígenos, e reduzem a absorção de gordura pelos intestinos. Elas são

encontradas no milho, feijão e cereais integrais. Atividades físicas e relaxantes

também são protetoras, pois previnem a obesidade e o stress que também

contribuem para doenças cardiovasculares e o câncer.

47

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

OUTRAS RADIAÇÕES

“RADIAÇÃO, MUITO MAIS PERTO DO QUE VOCÊ PENSA”.

Os médicos estudaram as conseqüências das bombas atômicas17

lançadas sobre o Japão há mais de 50 anos atrás e ficou comprovado que,

mais cedo ou mais tarde a radiação ionizante provoca câncer. A ionização, ou

seja, o deslocamento de elétrons das moléculas, é um fenômeno que causa

danos às células e pode provocar câncer. Trata-se de um processo lento,

podendo demorar 30 anos para se manifestar. No caso do Japão, o índice de

leucemia e tumores de estômago, de pulmão e do trato urinário, entre outros,

aumentou.

FIGURA 17

A BOMBA DE HIROSHINA

FIGURA 18

VÍTIMAS DE HIROSHINA

17 Bomba atômica é uma arma explosiva cuja energia deriva de uma reação nuclear e tem umpoder destrutivo imenso - uma única bomba é capaz de destruir uma cidade grande inteira.Bombas atômicas só foram usadas duas vezes em guerra, pelos Estados Unidos contra oJapão nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto,elas já foram usadas centenas de vezes em testes nucleares pôr vários países.

48

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Uma bomba atômica utiliza a energia liberada durante o processo de

fusão dos núcleos atômicos. Como elemento de fissão18, a bomba atômica

utiliza o urânio19 enriquecido no isótopo 235 ou no plutônio 239, obtido pela

transformação artificial do urânio 238. Para que a explosão aconteça, é

necessário que a quantidade de urânio ou plutônio empregada constitua a

chamada massa crítica, a qual nada mais é que a quantidade exata em que os

nêutrons desprendidos espontaneamente não se perdem no exterior, sem ter

atingido outros átomos de urânio. Ou seja, o acionamento da bomba ocorre no

instante exato em que se forma a massa crítica. Para tanto, dois fragmentos

de urânio ou plutônio, que juntos constituem a dita massa crítica, são

montados no corpo da bomba, separados por certa distância. A união destas

duas partes realiza-se rapidamente pela ação de um explosivo que, por sua

vez, é detonado por uma espoleta de tempo ou percussão.

Liberada parte da energia, surgem os isótopos radiativos criptônio 90 e

bário 143, que emitem partículas “b” e se transformam em novos isótopos

radiativos que, em conjunto, passam por cerca de duzentos estados

intermediários antes de converter-se em núcleos atômicos estáveis. A eles se

deve a radiatividade residual que persiste após os efeitos mecânicos, térmicos

e radiativos no instante da explosão. Quando esta ocorre, a energia

desencadeada se transmite aos produtos resultantes da fissão, em forma de

energia cinética. A enorme velocidade a que tais produtos se deslocam é

freada pelo choque com as moléculas da atmosfera e a energia cinética se

transforma em calórica, alcançando-se no ponto da explosão temperaturas da

ordem de 100 milhões de graus centígrados. Tudo isso produz enormes ondas

de choque e calor, de efeitos devastadores.

A primeira bomba atômica, de caráter experimental, explodiu em

Alamogordo. Foi utilizada como arma dissuasiva pelos Estados Unidos na

guerra contra o Japão. A que caiu sobre Hiroshima, em 06 de agosto de 1945,

tinha uma potência de 20.000 toneladas de trinitrotolueno (TNT). Outra foi

depois lançada sobre Nagasaki. Posteriormente, a capacidade explosiva

desse tipo de bomba aumentou muito, a ponto de, hoje, as bombas de 1945

18 Cisão, ruptura.19 Urânio – metal radioativo, de grande densidade, branco como a prata e fusível a alta temperatura.

49

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

serem consideradas meros protótipos, principalmente desde 1981, quando os

Estados Unidos anunciou sua intenção de fabricar a bomba de nêutrons.

A bomba de nêutrons é uma arma nuclear de radiação controlada par

que a energia liberada pela explosão atômica se distribua em radiação

instantânea, sendo secundários o calor e a onda explosiva. Isso se obtém

graças a uma bomba de fissão-fusão miniaturizada e de pequena potência,

que emite um grande fluxo de nêutrons de alta energia, produzido por fusão

dos núcleos leves de deutério e trítio. A explosão de 1 KT mata imediatamente

as pessoas que estiverem a 800 m e, mais tarde, as que estiverem a 1.000 m.

Os efeitos expansivos e calóricos não ultrapassam os 1.300 m, mas o raio de

danos contra os seres vivos é dez vezes maior que o de uma explosão normal.

Embora ninguém espere sofrer um bombardeio atômico, todos estamos

sujeitos a esse tipo de radiação, que provoca danos celulares e detona o

processo de câncer. Quando se tira uma radiografia, recebe-se radiação

ionizante por isso é importante evitar o excesso de exames desse tipo e

proteger com escudos de chumbo os órgãos reprodutores.

Acidentes em usinas nucleares, como o de Chernobyl, na Rússia, não

contaminam apenas o local, já que resíduos radioativos podem viajar pelo

vento ou através de alimentos exportados e chegar ao nosso país e causar o

mesmo tipo de aumento de casos de câncer encontrados como no caso do

Japão.

Chernobyl (Чернобыль), em russo ou Chernobyl (Чорнобиль), em

ucraniano, é uma palavra emblemática pois significa absinto, uma substância

extremamente amarga. Não fosse este o nome da cidade, não seria visto como

coincidência com o que está no livro de Apocalipse 8:11 ao dizer que uma

estrela chamada Absinto "... cai sobre um terço dos rios e sobre as fontes de

água... e muitos dos homens morreram por causa das águas, porque foram

feitas amargas".

O acidente de Chernobyl foi percebido as 09:30hs. do dia 27 de abril de

1986 pelos monitores de radiação da Central Nuclear de Forsmark, perto de

Uppsala, Suécia. Os monitores detectaram níveis anormais de iodo e cobalto,

50

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

motivando a evacuação dos funcionários da área devido a vazamento nuclear.

Mas os especialistas não constataram nenhum problema na Central. O

problema estava no ar. Foram verificados níveis anormais no norte e centro da

Finlândia. Em Oslo, na Noruega, dobraram. Na Dinamarca, os níveis subiram 5

vezes.

Os suecos através da embaixada em Moscou interpelaram o Comitê

Estatal para o Uso da Energia Atômica e a Organização Internacional de

Energia Atômica devido a suspeita de que os ventos que traziam radioatividade

à Escandinávia vinham do interior da União Soviética, mas Moscou negou por

2 dias qualquer anormalidade. Enquanto isso a vida continuava

normalmente...os operários trabalhando, as donas de casa em seus afazeres

domésticos, as crianças indo a escola, enfim, a rotina continuava a mesma

para todas as pessoas.

Mas a presença de rutênio nas amostras analisadas na Suécia era

emblemática, visto que o rutênio se funde a 2.255 °C, sugerindo uma explosão

grave. Foi só em 28 de abril que se assumiu o acidente nuclear na República

da Ucrânia e foi dada uma breve declaração de quatro sentenças, que "uma

explosão, incêndio e fusão do reator tinha ocorrido na Central Nuclear Vladimir

Ilitch Lênin" em Pripyat.

Um satélite americano varreu a região da Ucrânia, encontrando uma

usina com o teto destroçado e um reator ainda em chamas com fumaça

vertendo do interior. Apenas, em 30 de abril, o Pravda - jornal do Partido

Comunista, tocou no assunto do acidente.

Para se ter uma idéia de normalidade, as comemorações do 1° de maio

tiveram seus desfiles normalmente realizados em Kiev, a capital ucraniana, e

em Minsk, na Bielorússia. No dia 3 de maio a nuvem estava sobre o Japão e

no dia 5 de maio chegou aos EUA e Canadá. Mikhail Gorbáchov demorou 18

dias para falar sobre o acidente, só o fazendo em 14 de maio de 1986.

51

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

FIGURA 19

O Acidente Nuclear em Chernobyl, na Rússia (Infográfico: como aconteceu a tragédia).

No acidente de Chernobyl foram liberados 3 milhões de terabecqueréis

para a atmosfera. Sendo que 46.000 terabecqueréis composto de materiais

com meia-vida longa (plutônio, césio, estrôncio). Chernobyl foi igual a 500

vezes a explosão sobre Hiroshima.

Toda a população de Pripyat começou a ser evacuada após 36 horas -

deveriam "sair em 2 horas e ficar três dias fora". Os 45.000 habitantes não

puderam levar nada. Tudo, inclusive eles mesmos, estava contaminado por

radiação. Foi feito um cerco que existe até hoje, num raio de 30 km em volta

de Chernobyl, conhecido como Zona de Exclusão, o que elevou os evacuados

para 90.000.

Em 1997 esta área foi aumentada para 2.500 km2. Nesta zona a

radiação atinge a mais de 21 milhões de Curies. As chuvas e inundações da

primavera, quando a neve derrete, tem feito com que a radiação se espalhe e

o perigo aumente. Estas águas em 50 anos contaminarão o rio Pripyat e a

bacia do Dnieper, o que afetará a vida de 10 milhões de pessoas.

O total de evacuados na Ucrânia, Bielorússia (Belarus) e Rússia foi de

326.000 pessoas.

52

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Continuaram operando 2 reatores, produzindo metade da energia

consumida em Kiev e os funcionários da Central Nuclear foram transferidos

para a cidade de Slavutich, a 40 km de distância. Todos os dias um trem com

proteção contra exposição fazia a viagem até a Central Nuclear (Chernobyl foi

operacionalmente desativada em 15/12/2000).

Os "liquidators" foram recrutados à força para limpeza, muitos eram

soldados jovens sem roupa e treinamento apropriados. Mais de 650.000

ajudaram na limpeza no primeiro ano. Muitos destes adoeceram e entre 8.000

a 10.000 faleceram devido às doses recebidas no local da usina. Durante o

trabalho, para não enlouquecerem, ouviam música na área cercada por arame

farpado. Foram adotadas diversas medidas para cobrir o centro do reator com

material que absorve o calor e filtra o aerossol liberado.

Com helicópteros, em 27 de abril, começou-se a jogar em cima do

reator 1.800 toneladas de uma mistura de areia e argila, 800 t de dolomita

(bicarbonato de cálcio e magnésio), 40 t de boro e 2.400 t de chumbo. Para

reduzir a temperatura do material e a concentração de oxigênio, bombeou-se

nitrogênio líquido para baixo do vaso do reator. Construiu-se embaixo do reator

um sistema especial para remoção de calor, de modo a evitar a penetração do

núcleo do reator no solo.

Os pilotos envolvidos morreram devido à exposição; uma dúzia de

helicópteros de carga, caminhões e outros veículos se tornaram radioativos e

tiveram que ser abandonados.

Para evitar a contaminação das águas subterrâneas e superficiais da

região, foram tomadas as seguintes medidas: construção de uma barreira

subterrânea impermeável ao longo do perímetro urbano da usina, perfuração

de poços profundos para baixar o nível das águas do subsolo, construção de

barreira de drenagem para o reservatório de água de resfriamento e instalação

de sistema de purificação para drenagem da água.

As unidades 1 e 2 voltaram a operar em outubro/novembro de 1986, e a

unidade 3 em dezembro de 1987, depois da execução de trabalhos de

descontaminação, manutenção e melhoramentos na segurança dos reatores.

Segundo o jornal soviético Pravda, a cidade ucraniana de Chernobyl, com mais

53

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

de 800 anos, foi programada para ser totalmente nivelada, dois anos e meio

depois do acidente. Isto não foi feito.

Três anos e meio depois, os moradores daquela localidade,

"especialmente as crianças, sofrem de inflamação da tireóide, de falta de

energia, de cataratas e dum aumento das taxas de câncer", segundo o

Manchester Guardian Weekly. Em certa área, médicos especialistas predizem

que dezenas de milhares de pessoas ainda irão morrer de câncer, causado

pela radiação e haverá um aumento de doenças genéticas, de malformações

congênitas, de abortos involuntários, e de bebês prematuros, nas gerações

vindouras. Os diretores de fazendas informaram haver um índice crescente de

defeitos congênitos entre os animais criados nas fazendas: "Bezerros sem

cabeça, membros, costelas ou olhos; porcos com crânios anormais". Informou-

se que as medições das taxas de radiação apresentam-se 30 vezes maiores

do que as normais na área. Segundo o jornal soviético Leninskoye Znamya

crescem pinheiros incomumente grandes na área, bem como choupos com

folhas de 18 cm de largura, cerca de 3 vezes seu tamanho normal.

FIGURA 20

“OS FILHOS DE CHERNOBYL”

Como proteção de longo prazo, optou-se por "sepultar" o reator, com a

construção de paredes internas e externas e de um teto, sob a forma de

tampa. A estrutura levou sete meses para ficar pronta e tem a altura de um

prédio de 20 andares, a fundação não é sólida e há risco de colapso das

paredes.

54

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Selaram o reator com 300.000 t de aço e concreto. Recentemente,

apareceram rachaduras nas paredes. O trabalho ainda não está concluído. A

construção da unidade 5 e 6 foram paralisadas. Um novo sarcófago foi licitado

para ser construído sobre o atual que não é a prova de vazamento. Deverá

ficar pronto em 2008 e terá 245 X 144 X 86 m. Chernobyl ainda vive, igual a

um vulcão adormecido, pode novamente entrar em "erupção" e dispersar mais

radioatividade na atmosfera. Isto seria causado pelas falhas estruturais do

atual sarcófago e do material que ainda se encontra incandescente.

Em dezembro de 1986 uma massa intensamente radioativa foi

detectada na base da unidade 4, formada por areia, vidro e combustível

nuclear, batizada de "pé de elefante", por ter mais de 2 m de circunferência e

centenas de toneladas. A análise do material mostrou aos cientistas que

grande parte do combustível vazou sob a forma de areia. Debaixo do reator,

encontrou-se concreto quente fumegante, lava e formas cristalinas (chamada

de chernobilita). As paredes do sarcófago começaram a ruir, porque foram

construídas sobre as paredes instáveis do reator.

Os trabalhos sofreram redução não apenas pela falta de dinheiro, mas

também pelas mortes e stress entre os cientistas envolvidos. Um consórcio de

empresas européias traçou planos para cobrir o reator com uma nova estrutura

de concreto para durar tanto quanto as pirâmides e conter o material

radioativo. Em maio de 1997, foi avaliado que para isto seria necessário aplicar

US$ 760 milhões durante oito anos. Em junho daquele ano, a Ucrânia e os

países do G-7 aprovaram o plano de melhorias do sarcófago.

Uma das propostas é construir uma estrutura côncava e através de

trilhos fazê-la deslizar sobre o local onde está o reator quatro. Desta forma, a

construção não implicaria em exposição direta com a radiação emanada. Até

agora, o dinheiro não apareceu e o túmulo de Chernobyl causará problemas

pelos próximos 100.000 anos. Encobriu 2.300 aldeias e cidades e inutilizou

130.000 km2. Chernobyl tornou-se referência para o grau máximo de acidente

nuclear; a escala vai de zero (erro sem nenhuma importância do ponto de vista

segurança) até sete (grau Chernobyl - acidente grave).

55

Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

No final de agosto de 1986, o governo soviético divulgou relatório de 382

páginas sobre o acidente identificando a causa como tendo sido o fato dos

operadores, durante um teste de segurança, terem desligado três sistemas de

segurança. Em 30.07.1987, seis russos (Viktor Petrovich Bryukhanov - chefe

da usina, Nikolai Maksimovich Fomin - engenheiro chefe, Anatoly Stepanovich

Dyatlov - Adjunto do Engenheiro Chefe, Kovalenko, Rogozhkin, Laushkin)

foram levados a julgamento por violação das normas de segurança que

levaram à explosão do reator. Três foram declarados culpados e sentenciados

a 10 anos em campo de trabalhos forçados.

Uma das principais conclusões da Conferência Internacional uma

década após Chernobyl, organizada em Viena pela União Européia, AIEA e

Organização Mundial da Saúde, foi à estatística das vítimas do acidente de

abril de 1986.

Um total de 237 pessoas, trabalhadores envolvidos com o acidente

foram hospitalizados, destes, 134 foram diagnosticados com síndrome aguda

de radiação. O total oficial de mortos em virtude da radiação emitida pelo

acidente no reator foi de 31 pessoas, vitimadas pela participação direta no

combate aos incêndios da unidade. Duas pessoas faleceram atingidas

diretamente pela explosão do reator, e uma terceira, de infarto. No entanto,

milhares de pessoas sofreram e sofrem as conseqüências da exposição à

radiação até hoje.

Em janeiro de 1993, a AIEA refez sua análise do acidente e atribuiu

como sendo a causa principal o projeto do reator e não mais a erro operacional

(excesso de confiança, falha na comunicação entre os operadores e a equipe

que conduzia o teste, desligamento dos sistemas de segurança) conforme

relatório de 1986.

O RBMK tem defeitos de nascença. O reator se torna instável, elevando

temperatura e aumentando a reatividade em baixa potência.O reator é

suscetível à formação de bolhas de vapor nos seu interior e a refrigeração

promovida pelo vapor é menos eficiente que a água. Por sua vez, a formação

de vapor aumenta a potência da reação, porque diminui a absorção de

56

Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

nêutrons. Algo como se alguém pisasse no freio de um veículo e a velocidade

aumentasse.

Gravações de vídeo, fotografias tiradas após o acidente apresentam

"ruídos" (flashes) provocados pela ação da radiação. O número de crianças

acometidas de problemas na tiróide e casos de leucemia aumentou desde

então. Observou-se que um grande número de crianças passou a ter perda de

todos os pelos do corpo. Crianças que nunca serão como as outras que

puderam brincar, subir em árvores, alimentar-se com frutas e leite saudáveis.

Em 1991 as repúblicas soviéticas se separaram e a Ucrânia voltou a

existir como país independente. Nomes, como Chernobyl e Kiev - a capital,

passaram para a forma ucraniana - Chornobil e Kiif.

A unidade 1 foi desligada em março de 1992 e depois funcionou até

1996. A unidade 2 sofreu um incêndio no salão da turbina em outubro de 1991,

com isto apressou a decisão do Parlamento ucraniano que imporia moratória

nuclear em 1995 e a trouxe para 1993. A unidade 3 teve problema com

válvulas e foi desligada em abril de 1992.

Na ocasião, em 1993, o sistema de geração elétrica estava preste a

desligar e suspenderam a moratória. Em 1995, o sistema elétrico ucraniano foi

conectado ao sistema elétrico russo, mas por falta de pagamento, permaneceu

depois algum tempo desinterligado. Com isto o reator três voltou a funcionar.

A independência da Ucrânia da URSS e a crise econômica e política

que vigora na região fez com que muitos vizinhos europeus tivessem que

investir em proteção em Chernobyl. A Noruega calcula ter recebido 6% do

material da explosão com o deslocamento da pluma radioativa sobre seu

território. Belarus, 25%, Ucrânia, 5% e Rússia, 0,5%. Muitos operadores de

nacionalidade russa em busca de melhor salário retornaram à Rússia.

Doze anos depois a região alpina na Europa continua muito

contaminada pela precipitação nuclear. Uma análise revelou níveis bastante

altos do isótopo radioativo césio 137, noticiou o jornal francês Le Monde. Em

alguns lugares a radioatividade era 50 vezes maior do que os padrões

europeus para lixo nuclear. As amostras mais contaminadas vieram do Parque

57

Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Nacional Mercantour, no sudeste da França; do monte Cervino, na fronteira

ítalo-suíça; da região de Cortina, na Itália; e do Parque Hohe Tauern, na

Áustria. As autoridades pediram aos países afetados que monitorem os níveis

de radiação da água e de alimentos sensíveis à contaminação, como

cogumelos e leite.

Em 29/03/2000, a Ucrânia decidiu fechar a central até o fim do ano,

condicionado à ajuda financeira internacional. Após assegurar o fechamento

para o dia 15/12/2000 ao presidente dos EUA, o Parlamento ucraniano tentou

um dia antes adiar o evento para depois do inverno em 2001. No entanto, a

unidade 3 de Chernobyl foi desligada na data marcada, com direito a

transmissão ao vivo pela televisão.

O chefe de turno Alexander Yelchishchev acionou o botão BAZ,

ativando o sistema automático de segurança às 13:16 (11:16 GMT). Em

segundos a potência do reator começou a baixar até zero.

A posição russa foi contra o fechamento da unidade remanescente,

afirmando ser segura a operação daquele reator até 2011 e que sua saída foi

provocada por pressão política sobre a Ucrânia que espera investimentos

ocidentais que só virão com o fechamento total da Central Nuclear. O

fechamento deixa 9.000 desempregados, que também foram contra o

descomissionamento da unidade.

Em conseqüência, o Governo ucraniano solicitou um crédito de US$

1,48 bilhão ao Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento para

dois novos reatores nucleares, destinados a substituir a produção elétrica de

Chernobyl, nas centrais de Rivne e Khmelnytsky, no oeste da Ucrânia. Da

mesma forma, a Lituânia, com a Central de Ignalina de dois reatores RBMK de

1.500 MW, é condicionada a entrar na Comunidade Européia quando desativar

seus reatores.

Apesar das especificações superiores nos reatores ocidentais, a

influência do acidente foi devastadora para a indústria nuclear de todo o

mundo (Relatório do Greenpeace), embora não assumida pelos defensores

58

Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

intransigentes da opção nuclear. Após o acidente, foram iniciadas as

construções de 48 unidades, entre 1987 e 1999.

Chernobyl ainda se fará sentir por pelo menos mais 50 anos, conforme

artigo na revista inglesa "Nature", para o Greenpeace em seu relatório após os

14 anos - a catástrofe só começou.

Mais um relatório foi emitido em 2002 a respeito das conseqüências

humanas do acidente.

O que aconteceu em Chernobyl demonstra que energia nuclear não é

assunto isolado de uma nação, um evento nuclear atravessa fronteiras e não

tem cidadania, avançando sobre todos nós e tudo a nossa volta.

O acidente de 1986 levou o presidente da república José Sarney (1985-

1990) a recomendar ao ministro Aureliano Chaves que constituísse uma

comissão especial, que se reuniu em maio de 1986, para avaliar seu impacto

no programa nuclear brasileiro, bem como promover uma cuidadosa revisão

nas condições de segurança e radioproteção na central nuclear brasileira.

Mas no dia 13 de setembro de 1987, aconteceu no Brasil o acidente

radioativo de Goiânia, Goiás. No ocorrido foram contaminados milhares de

pessoas acidentalmente pelas radiações emitidas por uma cápsula de césio-

137. Foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior radiológico do mundo.

A cápsula de césio-137 fazia parte de um equipamento hospitalar

utilizado para radioterapia que utiliza o césio para irradiação de tumores, ou

materiais sanguíneos (sangue e plasma sanguíneo). O irradiador havia sido

desativado há dois anos (1985) e se encontrava abandonado numa edificação

pertencente ao Instituto Goiano de Radioterapia. Dois catadores de sucata

chamados Roberto e Wagner invadiram o prédio abandonado e observaram

um volume muito pesado, constatando ser um bloco de chumbo, venderam

para um depósito de materiais em desuso, chamado no Brasil de ferro-velho.

Ao desmontar o equipamento para o reaproveitamento do chumbo, o

dono do ferro-velho expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de Césio-137

(CsCl), um sal muito parecido com o sal de cozinha (NaCl), mas que emite um

brilho azulado quando em local desprovido de luz. Vendo a bela emissão do

59

Page 60: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

sal, o proprietário do ferro-velho o distribuiu para seus parentes, vizinhos e

amigos. Pelo fato de esse sal ser higroscópico, ou seja, absorver a umidade do

ar, ele facilmente adere à roupa, pele e utensílios, podendo contaminar os

alimentos e o organismo internamente.

Tão logo expostas à presença do material radioativo, as pessoas em

algumas horas começaram a desenvolver sintomas: náuseas, seguidas de

tonturas, com vômitos e diarréias. Alarmados, os familiares dos contaminados

foram inicialmente à drogarias procurar auxílio, alguns procuraram postos de

saúde e foram encaminhados para hospitais.

Os profissionais de saúde, vendo os sintomas, pensaram tratar-se de

algum tipo de doença contagiosa desconhecida medicando os doentes

sintomaticamente. Como não se descobriam às causas da estranha doença,

durante entrevista com médicos, dezesseis dias depois de ocorrido o acidente,

a esposa do dono do ferro velho relatou para a junta médica que os vômitos e

diarréia se iniciaram depois que seu marido desmontou um aparelho estranho.

Imediatamente foi pedido que ela levasse um fragmento deste para a

Vigilância Sanitária. Somente após este momento, no dia 29 de setembro de

1987, foi constatada a contaminação radioativa de milhares de pessoas. O

governo da época tentou minimizar o acidente escondendo dados da

população.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mandou examinar

toda a população da região. Desta 112 800 pessoas foram expostas aos

efeitos do césio, muitas com contaminação corporal externa revertida a tempo.

129 apresentaram contaminação corporal interna e externa concreta vindo a

desenvolver sintomas e medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21

precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e

acabaram morrendo.

Até a atualidade (2006) todos os contaminados ainda desenvolvem

enfermidades relativas à contaminação radioativa, fato este muitas vezes não

noticiado pela mídia brasileira.

Quatorze anos depois do maior desastre atômico brasileiro, o governo

de Goiás prepara a inclusão de mais 600 pessoas na lista de vítimas. O

60

Page 61: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Ministério Público estadual descobriu pelo menos oito mortes não

contabilizadas na estatística oficial da tragédia.

O césio 137 ainda faz vítimas em Goiânia. Investigação feita pelo

Ministério Público de Goiás desde março aponta pelo menos oito novas vítimas

fatais do maior acidente nuclear da história do Brasil, ocorrido em 1987.

Nenhuma delas está incluída na relação de dez mortos reconhecida

oficialmente. ‘‘Essas pessoas estão morrendo à míngua’’, afirma o promotor

Marcus Antônio Ferreira Alves, responsável pelo levantamento.

Os casos descobertos agora são de funcionários civis e militares

convocados para remoção do lixo atômico e segurança das áreas de risco.

Fazem parte de um universo de 616 pessoas envolvidas nesse trabalho. O

Ministério Público quer incluir todos na lista de vítimas do césio. Foram

ignorados num cadastro feito logo após o acidente, que registra outros 600

nomes de servidores públicos e moradores das áreas atingidas.

O governo estadual prepara uma revisão da lista de atingidos pelo césio

com base nas informações do Ministério Público. ‘‘Ainda não sabemos o

tamanho real do problema, mas até o final do ano assinaremos um documento

que vai acrescentar outras vítimas do acidente nuclear’’, diz o chefe do

Gabinete Civil do governo de Goiás, Jonathas Silva. A nova relação será

decidida pela Superintendência Leide das Neves, órgão estadual criado no

início de 1988 para acompanhar os acidentados. ‘‘Devemos incluir todos os

policiais e funcionários civis que trabalharam no isolamento da área e no

depósito de lixo atômico, mesmo sem sintomas de doenças’’, afirma a médica

oncologista Maria Paula Curado, superintendente da Leide das Neves.

O levantamento do Ministério Público aponta 379 PMs, 220 servidores

do Consórcio Rodoviário Intermunicipal (Crisa), 15 bombeiros e duas garis da

Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurb). Ferreira Alves propõe o

pagamento de pensões vitalícias de R$ 360,00 para os civis e uma promoção

de três patentes para os militares. O benefício depende de aprovação da

Assembléia Legislativa de Goiás e seria concedido também aos filhos dessas

pessoas nascidos depois do acidente.

61

Page 62: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Na última semana, o Correio Braziliense visitou três pessoas doentes

que fazem parte da lista do Ministério Público. Uma delas, Zilda Maria de

Jesus, 49 anos, tem câncer no cérebro e no pescoço. Fez quatro cirurgias esse

ano e não tem mais esperança de vencer a doença. Nilton Pereira, 56 anos,

também tem câncer no pescoço. O soldado Marques de Souza Rodrigues, 37

anos, tem câncer no cérebro. Júnior, filho dele, nasceu com má-formação em

uma das válvulas do coração. Além das oito novas mortes documentas pelo

Ministério Público, levantamento feito pelo Crisa contabiliza mais três vítimas

fatais.

AS VÍTIMAS

“Zilda Maria câncer no pescoço e cérebro” ·

FIGURA 21

Zilda Maria – Vítima do césio 137 - câncer no pescoço e cérebro

A ordem vinha de um homem vestido como astronauta. Macacão

branco, sapatilha amarela, luvas amarelas e máscara branca. Ele se movia

com um aparelho na mão, voltado para o chão. Quando soava um apito e

acendia a luz vermelha, o homem indicava o local para que Zilda limpasse o

chão contaminado com poeira de césio. Com as mãos nuas e vestindo a

mesma roupa que saíra de casa, ela cumpria as ordens. Zilda Maria de Jesus,

49 anos, funcionária pública da Companhia de Urbanização de Goiânia

cumpriu a mesma tarefa todos os dias úteis, das 7h às 16h, entre quatro de

novembro de 1987 e 18 de julho de 1988, na Fundação do Bem Estar do

Menor (Febem) para onde foram levadas cerca de 30 pessoas que sofreram

62

Page 63: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

irradiação. Em 1999, ela descobriu um caroço no pescoço. Em 2001 fez quatro

cirurgias para extração de nódulos no pescoço e no cérebro.

‘‘Aquela gente (os isolados na Febem) parecia que estava doida. Muito

deprimidos. Era só eu chegar, vinham me abraçar. Eu tinha medo, mas tava lá

mesmo, então aceitava’’, conta à mulher, que voltava para casa com a mesma

roupa usada no trabalho. ‘‘Meu filho tem um caroço no pescoço. Eu tenho

muito medo de ser alguma coisa porque eu lavava minha roupa misturada com

as outras da casa’’, conta. ‘‘Quando o médico me falou o que era, me deu

vontade de subir na janela e pular lá embaixo. Chorei, chorei, até me

conformar. Chorar, pra quê? Tiro um caroço aqui, aparece outro ali. Sei que

pra mim não tem solução. Só espero a morte.’’

A gari da Comlurb parou de trabalhar neste semestre, mas não está

aposentada. Recebe R$ 329 líquidos mensais de salário. ‘‘Eu fazia o meu

serviço, ia para o banheiro e deitava, até ficar melhor. A mão enrolava, o canto

da boca tremia e a boca vinha parar aqui, quase na orelha. Vomitava tudo o

que tinha dentro de mim.’’

“Nilton de Souza - Câncer no pescoço”

FIGURA 22

Nilton de Souza - Vítima do césio 137 - Câncer no pescoço

Aos 56 anos, Nilton Pereira de Souza (foto menor) parece um negro

forte. Mas está corroído por dentro. Teve um câncer no pescoço. A mão

esquerda está sempre dormente e com a pele escamada. Os dentes caíram

todos. Nilton de Souza era mecânico do Consórcio Rodoviário Intermunicipal

S.A. Em 1996 e 1997, dez anos depois do acidente nuclear, ele trabalhou no

63

Page 64: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

depósito provisório de rejeitos radioativos, em Abadia de Goiás, a 30

quilômetros de Goiânia. A tarefa era ajudar na construção do depósito

definitivo, que ficou pronto em julho de 1997.

Tudo o que não pôde ser descontaminado na área do acidente foi

transportado para Abadia de Goiás. As casas derrubadas, calçadas, árvores,

muros, terra, móveis, cachorros, porcos, uniformes de soldados e até carro de

polícia. Foram seis toneladas de rejeitos radioativos depositados em

contêineres provisórios. O definitivo é todo forrado de chumbo e enterrado.

Nilton, embora mecânico, fazia de tudo um pouco. Ajudava na topografia,

operava máquinas e até cozinhava no depósito. No mínimo oito horas diárias.

Muitas vezes chegou a caminhar em torno das caixas metálicas para fazer

piquetes de medição. Na saída do trabalho, a mesma rotina: uma pessoa

vestida com roupa de astronauta passava um aparelho próximo ao seu corpo.

Sempre soava um apito na região das canelas, pés e peito. Ele não sabia que

estavam medindo a irradiação que o atingira durante o dia. Cerca de dois

anos depois que deixou de trabalhar no depósito, descobriu o câncer. No final

de 1998, estava fazendo quimioterapia.

“Marques Rodrigues - Câncer no cérebro”

FIGURA 23

Marques Rodrigues - Vítima do césio 137 - Câncer no cérebro

Os policias que fizeram a guarda da área acidentada e do lixo atômico

foram tratados com descaso. Desde os primeiros dias do acidente, o médico

Vasco Martins Cardoso, coronel da Polícia Militar, denunciou as condições em

que a que os militares estavam expostos.

64

Page 65: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Um dos exemplos das conseqüências do descaso é o soldado Marques

de Souza Rodrigues, 37 anos. Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para

extração de um tumor no cérebro. Em 1989, seu filho, Júnior, nasceu com má-

formação de uma das válvulas do coração. Essa é uma das reações típicas

provocadas pela radiação. A superintendente da Fundação Leide das Neves, a

médica Maria Paula Curado, diz que é um erro imaginar que a exposição à

radiação provoca apenas câncer. É comum a ocorrência de várias doenças,

entre elas hipertensão, gastrite, síndrome do pânico, problemas de pele e a

má-formação congênita em filhos.

‘‘Quando sinto insônia, levanto à noite e vou para a beira da cama do

meu filho. Eu o beijo para ver se o rosto está frio. Tenho cisma de um dia

encontrá-lo morto’’, lamenta Marques Rodrigues.

Além de todo o sofrimento causado pela doença, o soldado não tem

direito a tratamento na Fundação Leide das Neves, que foi criada para assistir

às vítimas do acidente nuclear. É que Marques não é considerado

radioacidentado. Embora até a sua ficha individual de Marques na Polícia

Militar tenha registros de índices de radiação, tenha trabalhado por três anos

entre o local do acidente no centro da cidade e o depósito provisório de lixo

atômico.

Os policiais militares, os funcionários do Crisa e da Comurg foram

irradiados e muitos desenvolveram câncer, sem, no entanto, terem sido

considerados radioacidentados.

Hiroshima e Nagasaki, Chernobyl e Goiânia ainda provocam câncer.

65

Page 66: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

OUTROS FATORES DE RISCO AMBIENTAIS E

OCUPACIONAIS

“Já imaginou respirar provocadores de câncer todo dia?”.

E não estamos falando só da fumaça de cigarro que respiramos na rua,

nos escritórios e ambientes fechados. O fato é que muitas pessoas são

obrigadas a respirar ou mexer com produtos tóxicos por causa de suas

profissões. Operários, principalmente da indústria química, agricultores e

pintores, entre muitos outros, precisam tomar cuidado e usar equipamento de

proteção para não se intoxicarem com essas substâncias. Mesmo sem o

profissional perceber, pequenas doses diárias se acumulam no corpo durante

anos de trabalho e podem iniciar o processo do câncer.

A poluição do ar no ambiente industrial é o fator mais nocivo. Entre as

substâncias que alguns grupos de trabalhadores inalam, durante 8 horas por

dia estão o asbesto, encontrado em materiais como fibra de amianto ou o

cimento; os hidrocarbonetos aromáticos, encontrados na fuligem; as aminas

aromáticas, usadas na produção de tintas e pesticidas, e o benzeno,

encontrado nas usinas siderúrgicas e nos solventes de tintas e cola.

O risco se torna bem maior quando o trabalhador também é fumante ou

o ambiente está poluído com a fumaça dos cigarros, cachimbos ou charutos.

66

Page 67: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

SEXO

“SEXO SEGURO NÃO TEM FURO”

A camisinha é boa para evitar gravidez indesejada, é boa para prevenir

AIDS e também pode evitar que as pessoas se contaminem com certos vírus

capazes de alterar as células e provocar um câncer.

Esses vírus são:

O Herpesvírus tipo II e o Papilomavírus ou mais conhecido como HPV,

relacionado ao câncer do colo uterino.

FIGURA 24

LESÕES POR HPV

O vírus HIV associado ao Citomegalovírus pode desencadear o

aparecimento do sarcoma de Kaposi, e associado ao Herpesvírus I e II, pode

levar ao câncer de língua e de reto em pacientes portadores de AIDS.

FIGURA 25

SARCOMA DE KAPOSI EM SIDA

67

Page 68: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

O vírus HTLI associa-se a um tipo de leucemia e linfoma de linfócitos T.

O vírus da hepatite B está relacionado ao câncer de fígado.

O aumento do número de parceiros, a falta de higiene e a precocidade

do início da vida sexual estão relacionados a um maior risco de câncer de colo

uterino, além de várias doenças sexualmente transmissíveis, mostrando que

hábitos sexuais seguros são vantajosos sob todos os ângulos.

Muitas das causas do câncer estão relacionadas ao nosso estilo de

vida. Portanto, ao tipo de atitude que adotamos no nosso dia-a-dia, desde que

nascemos.

A formação de hábitos saudáveis começa cedo e tem influencia do

ambiente em que vivemos: em casa, na escola, na comunidade...

Daí, a importância do papel que o educador pode exercer em sala de

aula, ao interagir com seus alunos, ajudando a multiplicar e disseminar

orientações que estimulem bons hábitos, fundamentais para a prevenção do

câncer, como por exemplo: fumar e beber são fatores de risco importantes

para o câncer e diversas doenças, mas são controláveis. O ideal é nem

começar o vício, pois é difícil parar. A mudança de hábito é um desafio maior.

Por isso, a comunicação do conhecimento sobre a importância de

prevenir o câncer, por meio da adoção de hábitos saudáveis dever ser feita por

um educador, de maneira didática e atraente, e de forma contínua e

permanente.

68

Page 69: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

CAPÍTULO V

O CONTROLE DE CÂNCER NO BRASIL

Nas duas primeiras décadas do século passado, enquanto as endemias

ocupavam a atenção das políticas de saúde no Brasil, o câncer começava a

despontar nos países desenvolvidos entre as doenças com maior taxa de

mortalidade. (Kroeff, 1951). Os números ascendentes na Europa e EUA

determinariam a inclusão de propostas para uma política anticâncer na

legislação sanitária brasileira, em 1920, durante o governo Epitácio Pessoa. Na

prática, o decreto proposto por Carlos Chagas incluía uma rubrica específica

para o câncer nos impressos de óbito, que seriam disponibilizados nas

inspetorias, delegacias de saúde e farmácias, assim como sua notificação

compulsória, no intuito da produção de medidas sanitárias eficientes (Decreto

nº 14.354).

Os dados referentes à população do Distrito Federal subsidiariam o

primeiro plano anticâncer apresentado pelo obstetra Fernando Magalhães,

durante o Primeiro Congresso Nacional dos Práticos, dentro das

comemorações pelo Centenário da Independência, em setembro de 1922.

Magalhães além dos primeiros números, ainda que precários, colhidos no

passado no âmbito das Casas de Misericórdia, apontaria de maneira pioneira,

a relação entre substâncias como alcatrão, resinas, parafinas, anilinas e

câncer, a partir de sua constatação em operários (Magalhães, 1923).

Do evento sairia à definição de câncer como “mal universal” inserindo-o

como um dos desafios a ser enfrentado pela agenda republicana, onde os

dilemas que atingiam a nação só poderiam ser respondidos com um saber

próprio sobre o país. (Motta, 1992). O câncer começaria a migrar de um

encargo exclusivo da área médica para ser projetado como um problema de

saúde pública.

Paralelamente, novas tecnologias eram destinadas no combate às

neoplasias, como a eletrocirurgia, o Raios-X e o Radium, impulsionando as

políticas de profilaxia do câncer no Brasil, o que modificaria, ainda que

lentamente, o paradigma do incurável pelo recuperável. Caberia, no entanto, a

69

Page 70: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

iniciativa privada a fundação do Instituto de Radium, em Belo Horizonte, em

1922, primeiro centro destinado à luta contra o câncer no Brasil, viabilizado

devido à persistência de Borges da Costa e orçamento do governo Arthur

Bernardes. (Fenelon, Almeida, 2001).

A partir dos anos 20, novos atores influenciados por políticas anticâncer

positivas nos países desenvolvidos, principalmente França e Alemanha,

começariam a pensar o câncer como um processo sanitário gerenciado pelo

Estado, como Eduardo Rabello, Mário Kroeff e Sérgio Barros de Azevedo.

Somente no início da década de 30, durante o governo provisório, se

investiria na construção de um aparato hospitalar para o tratamento e estudo

do câncer. Construído o primeiro e cedido para outros fins, seria erguido um

segundo Centro de Cancerologia, de alcance distrital, embrião do Instituto

Nacional de Câncer, inaugurado em maio de 1938, no período estado-novista,

por Getúlio Vargas e Mário Kroeff.

O caráter nacional do projeto anticâncer só seria viabilizado em 23 de

setembro de 1941, com a criação do Serviço Nacional de Câncer, destinado a

organizar, orientar e controlar a campanha de câncer em todo o país (Decreto-

Lei nº 3.643). Ao SNC caberia a coordenação das ações nos estados e

municípios, além do incentivo a criação de organizações privadas que se

estenderiam, com o passar dos anos, por todo o território, constituindo uma

rede, ainda que não se adotasse este conceito.

Instituída a política anticâncer nacional, o SNC seria despejado de sua sede

pela Polícia Militar, em 1943, como parte do esforço de guerra, e depositado

em espaço inadequado, na Lapa, danificando o processo de continuidade. Em

1946, o SNC ocuparia parte das dependências do Hospital Graffré e Guinle,

enquanto negociava a construção de uma sede central, no Distrito Federal

(Kroeff, 1946).

Tendo como contexto uma nova definição para saúde como sendo o

completo bem estar físico, social e mental, deixando de consistir apenas em

ausência de doença, proposta pela recém fundada Organização Mundial de

Saúde, com a participação do Brasil, em 1946, o SNC passaria a utilizar a

informação como estratégia na prevenção para obtenção do diagnóstico

precoce da doença.

70

Page 71: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

A mudança de foco faria com que as políticas de câncer, a partir de

1951, ganhassem visibilidade entre a população, e por conseqüência, entre os

legisladores, o que garantiria o suporte orçamentário adequado para a

expansão da campanha de câncer no Brasil, e a conclusão do hospital-instituto

central (INCA), sede do SNC, no Rio de Janeiro, inaugurado em agosto de

1957, por Juscelino Kubitschek e Ugo Pinheiro Guimarães.

A ação ousada ultrapassaria as fronteiras, influenciando na decisão da

União Internacional de Controle do Câncer (UICC) de promover no Brasil, em

1954, o 6º Congresso Internacional de Câncer, organizado em São Paulo por

um dos membros de sua diretoria executiva, e diretor do SNC, Antonio

Prudente. Como resoluções seriam adotados os conceitos de controle,

consistindo nos meios práticos aplicados às coletividades capazes de

influenciar a mortalidade por câncer (Prudente, 1960) e uma nomenclatura de

neoplasmas para uso internacional, mais tarde aprimorada para Classificação

Internacional de Doenças para Oncologia (CID-O), pela Organização Mundial

de Saúde.

O fortalecimento do papel do SNC e a aprimoramento dos conceitos

fariam com que os mentores da política anticâncer começassem a pensar a

epidemiologia do câncer levando em consideração as condições ambientais, a

extensão territorial e os contrastes do país. (Marsillac, 1959). Ao mesmo

tempo, gerava-se a certeza entre especialistas de que os sintomas eram a fase

tardia do câncer, o que fundamentaria a discussão para a difusão de clínicas

de prevenção e diagnóstico de câncer. (Marsillac, 1960).

Assim, o período desenvolvimentista traria como contribuição às

políticas de controle do câncer, a produção de soluções alternativas perante o

reconhecimento de programas sanitários onerosos em desacordo com a

realidade do país, e o esforço simultâneo de uma relação mais harmoniosa

entre investimentos em saúde e desenvolvimento econômico. (Fadul, 1964).

O progresso das iniciativas do SNC, e por tabela, do INCA, levaria, a

partir de 1965, ao planejamento de reuniões anuais entre os representantes

das organizações vinculadas à campanha contra o câncer visando tecer uma

política unificada, com bases sólidas em todo o Brasil, o que culminaria na

71

Page 72: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

institucionalização da Campanha Nacional de Combate ao Câncer, em

dezembro de 1967. (Decreto nº 61.968).

Apesar dos avanços, o fim dos anos 60 veria renascer os atributos da

medicina liberal que entendia o câncer como um problema individual de cada

doente. A nova dinâmica, resultante do Plano Nacional de Saúde, formulado

pelo Ministro da Saúde, Leonel Miranda, removeria o INCA, braço executivo da

SNC, para o Ministério da Educação, deixando à iniciativa privada um rentável

campo de incursão médico-cirúrgica. (Bodstein, 1987). O período também

representaria o esvaziamento gradual do vocábulo câncer por estar associado

à morbidez, por terminologia menos comprometida, como doenças crônico-

degenerativas. (Carvalho, 2006).

A interrupção autoritária das políticas anticâncer que haviam colhido

consenso entre o público e o privado, fortalecendo o privado em detrimento do

público, traria como conseqüência a decadência do INCA e a extinção do SNC,

transformando-o em Divisão Nacional de Câncer, em 1970, de caráter técnico-

normativo, administrada em Brasília (Decreto nº 66.623), vinculada a

Secretaria de Assistência Médica.

Uma ação administrativa inédita, em 1980, denominada co-gestão, iria

aprimorar com agilidade e flexibilidade, o controle do câncer no Brasil. Tratava-

se da combinação administrativo-financeira entre os Ministérios da Saúde e

Previdência Social para fins de implementação de programas, através da

Campanha Nacional de Combate ao Câncer. (Mota, 1983). Um desses

programas, originado da necessidade do sistema de saúde unificar a produção

de informações em câncer, denominado PRO-ONCO (Programa de

Oncologia), iria estruturar e ampliar as bases técnicas em âmbito nacional nas

áreas de educação, informação e controle do câncer (Lopes, Abreu, Rezende,

Lavor, 1994) que hoje atuam através da CONPREV.

Os primeiros anos da década de 80 marcariam o início de um período de

crescimento e recuperação do INCA, como órgão fundamental para a política

de controle do câncer no Brasil. Em 1980, o INCA passa a receber recursos

financeiros através da CNCC, como resultado do processo de co-gestão

acordado entre o Ministério da Saúde e o da Previdência e Assistência Social,

o que permitiu, em apenas dois anos, duplicar a prestação de serviços

72

Page 73: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

médicos pelo INCA. Passaram a ser inúmeras as reformas e programas

executados, bem como os convênios técnico-científicos firmados, que

projetariam ainda mais o INCA como um centro médico-hospitalar

especializado, de ensino e de pesquisa.

A partir de 1982, o INCA e a CNCC buscam reorientar as ações de

controle do câncer, por meio de um Sistema Integrado de Controle do Câncer -

SICC, cuja estrutura técnico-administrativa passaria a ser o Pro-Onco. Em

1983, esta proposta é consolidada, transferindo-se para o INCA/CNCC as

atividades até então exercidas pela Divisão Nacional de Doenças Crônico-

Degenerativas - DNDCD (a que também se incorporara a Divisão Nacional de

Câncer), da Secretaria Especial de Programas de Saúde - SNEPS, do

Ministério da Saúde.

Desde então, dá-se uma ação contínua, de âmbito nacional, abrangendo,

em forma de programas, múltiplos aspectos do controle do câncer: informação

(registros de câncer), combate ao tabagismo, prevenção de cânceres

prevalentes, educação em cancerologia nos cursos de graduação em Ciências

da Saúde e divulgação técnico-científica, que se estende por toda a década de

80 e que se mantém até os dias de hoje.

Com o objetivo de propor ações mais abrangentes no controle do câncer

no Estado do Rio de Janeiro, foi criado, em 1986, no Ministério da Saúde, o

Programa Sistema Integrado e Regionalizado de Controle do Câncer. O

trabalho foi iniciado em agosto de 1986 e, inicialmente apenas dois

profissionais médicos e um administrativo faziam parte do grupo. A expansão

das atividades a outros estados levou sua transformação, em 1987, no

Programa de Oncologia - PRO-ONCO, firmado por protocolo de cooperação

mútua entre a Campanha Nacional de Combate ao Câncer - CNCC e o

INAMPS/MPAS. Com a extinção da CNCC o Programa passou a fazer parte do

Instituto Nacional de Câncer, constituindo a Coordenação de Programas de

Controle do Câncer - PRO-ONCO. Manteve-se o nome pelo papel que já

representava no contexto nacional e internacional. O objetivo sempre foi,

desde o início, estruturar um serviço de abrangência nacional voltado para as

ações de prevenção e controle do câncer.

73

Page 74: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Desde a sua criação, o PRO-ONCO desenvolve e lidera ações de âmbito

nacional em três grandes áreas: educação, informação, controle e avaliação.

Sua contribuição, através da edição de livros, manuais, revistas e folhetos,

bem como da elaboração de vídeos, audiovisuais e campanhas de

conscientização, foi decisiva para o avanço do combate ao câncer no Brasil.

Em 1991, foi criada a Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle

do Câncer (FAF) com o objetivo de viabilizar recursos humanos e tecnológicos

para o desenvolvimento das atividades do Instituto Nacional de Câncer (INCA),

órgão oficial do Ministério da Saúde cuja missão é o controle do câncer no

Brasil.

A partir de 1992, o Sistema Integrado Tecnológico em Citopatologia -

SITEC passou a integrar o PRO-ONCO. O laboratório processa exames

citológicos de mama e cervicovaginal e anatomopatológicos (materiais de

biópsia) para cerca de 400 postos de coleta no Estado do Rio de Janeiro. Seu

objetivo é servir de modelo à implantação de programas de controle do câncer

cervicouterino, além de atuar na formação de citotécnicos, necessários a estes

programas. No mesmo ano o PRO-ONCO assumiu a Radiofarmácia, a qual

produz insumos para os serviços de Medicina Nuclear e de Ultrasonografia do

Instituto e de outras instituições.

O controle do tabagismo sempre mereceu um destaque entre os

trabalhos desenvolvidos pelo serviço, principalmente após sua incorporação

pelo Instituto Nacional de Câncer; inúmeras campanhas foram desenvolvidas,

e diversos eventos foram realizados, entre eles o Congresso Brasileiro de

Tabagismo. O trabalho se desenvolveu e cresceu de tal forma que, em 1996, a

direção do INCA optou pela criação de coordenadoria voltada especialmente

para cuidar do assunto, a Coordenação Nacional de Controle do Tabagismo e

da Prevenção Primária do Câncer - Contapp.

Atuar na prevenção dos fatores de risco do câncer e na informação ao

público em geral e a grupos específicos - profissionais de saúde, entidades

públicas e privadas – sempre foi uma das mais importantes missões do INCA.

Consciente desta importância, em 1996, a Fundação Ary Frauzino aplicou

nesta área recursos significativos.

74

Page 75: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Os investimentos da FAF permitiram ao INCA importantes ações no

campo da educação, informação, controle e avaliação, que foram decisivas

para o avanço do combate ao câncer e o Fornecimento de infra-estrutura para

o bom funcionamento das atividades destas áreas, incluindo a compra de

Estação utilizada como servidor pelo PRO-ONCO assim como

microcomputadores, impressoras, monitores de vídeo e acessórios de

microinformática. Locação do Grupo 201, da Rua dos Inválidos, n° 212 e

adequação das salas para a Contapp, com pintura, revisão da rede elétrica e

instalação de sistema de segurança, compra de mobiliário e linha telefônica

dedicada à Internet para a Contapp. Contratação de serviços de editoração de

livros-textos, vídeos, estudos, cursos e seminários para a formação de

multiplicadores em ações de prevenção e diagnóstico precoce do câncer.

Em 1998, a fusão do PRO-ONCO e da CONTAPP, em uma única

unidade, a Coordenadoria Nacional de Controle do Tabagismo e de Prevenção

e Vigilância do Câncer - CONPREV, constituiu-se em uma etapa importante

para a dinamização da atuação do INCA nessa área.

A implantação das ações de prevenção do tabagismo e outros fatores de

risco de câncer utiliza o modelo do SUS, para torná-la ágil e efetiva. Desta

forma, o INCA capacita e dá suporte às Secretarias Estaduais de Saúde (e

Distrito Federal) para que possam treinar e apoiar seus municípios no

desenvolvimento das campanhas de prevenção e na implantação do programa

em escolas, unidades de saúde e ambientes de trabalho. Os modelos de

trabalho conjunto com esses órgãos e o material necessário à implantação e

às campanhas foram desenvolvidos pelo INCA.

Em 1998, os convênios firmados entre o Ministério da Saúde e as 27

Secretarias de Saúde (Estaduais e do DF) liberaram recursos da ordem de R$

6 milhões (INCA, 1998), que permitiram às Secretarias implantar uma estrutura

técnico-administrativa para o desenvolvimento daquelas ações, realizar

campanhas de prevenção nas datas comemorativas e treinar pessoal de 1.869

municípios brasileiros, superando largamente a meta de 1.000 municípios.

As ações diversificadas e relevantes para a prevenção e a detecção

precoce do câncer contaram com a alocação de recursos orçados e

disponíveis na FAF.

75

Page 76: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

Em 1998, as realizações do Instituto, entre outras, o desenvolvimento do

Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero - Viva Mulher, o

desenvolvimento dos Centros Regionais de Controle do Câncer, a ampliação

do sistema de informações sobre o câncer e a realização de eventos técnico-

científicos abordando a prevenção e detecção precoce, foram alvo do apoio

financeiro e administrativo da Fundação, através de Contratos e convênios

firmados pela FAF, adequação física e atualização tecnológica, disseminação

de Informações com a editoração, composição, fotolitos e acabamento da

Revista Brasileira de Cancerologia, elaboração de material promocional,

destacando-se:

- o documentário em vídeo para professores com roteiro da cartilha

Prevenção do Câncer e para o evento Crescendo Livre do Tabaco;

- o primeiro ano de funcionamento do Viva Mulher e o encontro de

validação do Programa;

- o Dia Nacional de Combate ao Fumo e a campanha INCA Livre do

Cigarro.

- Participação de representantes do INCA em eventos relacionados aos

trabalhos voltados à prevenção e informação.

Em 1999, foi criado o Programa de Vigilância do Câncer e seus Fatores

de Risco, visando ao conhecimento mais detalhado do atual quadro do câncer

no Brasil e de seus fatores de risco, a partir do desenvolvimento de um sistema

de informações capaz de integrar dados oriundos de várias fontes. Com a sua

implantação, será possível manter Registros de Câncer de Base Populacional

em cada Estado da União, atingindo 100% de cobertura da população

brasileira residente nas 27 capitais, incluindo o Distrito Federal. Com isto

estarão também garantidas as condições para o desenvolvimento de ações

locais de vigilância e avaliação da prevenção e controle do câncer de acordo

com as especificidades de cada região brasileira.

Em 2000, com o foco no desenvolvimento de ações coordenadas para o

Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco, para o Controle do Câncer

do Colo do Útero e de Mama, bem como para a Avaliação e Vigilância do

Câncer e seus Fatores de Risco, o INCA avançou significativamente neste

âmbito, planejando reuniões, encontros e oficinas de trabalho, de forma

76

Page 77: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

integrada, com os diversos representantes das secretarias estaduais de

Saúde, com vistas a adequar as medidas estratégicas à realidade de cada

estado brasileiro.

Outra conquista expressiva em 2000, com grandes benefícios para a

saúde do cidadão brasileiro, foi à aprovação da Lei 10.167, que restringe a

publicidade do cigarro na mídia e proíbe o patrocínio de eventos esportivos e

culturais pela indústria do tabaco, como resultado do persistente trabalho

empreendido pelo INCA no controle do tabagismo nos últimos anos e de sua

intensificação em parceria com o Ministério da Saúde.

O controle do câncer consiste em uma abordagem multidisciplinar, em

que a prevenção nos níveis primário (promoção da saúde) e secundário

(detecção do câncer em fase inicial), vinculada à vigilância epidemiológica

(análise e produção de dados técnicos e científicos sobre o câncer), tem papel

preponderante na redução dos índices de incidência e mortalidade pela

doença. Com este foco, o INCA desenvolve de forma integrada o Programa de

Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco, o Programa de Controle do

Câncer do Colo do Útero e de Mama e o Programa de Avaliação e Vigilância

do Câncer e seus Fatores de Risco.

Em 2001, o INCA avançou significativamente neste âmbito, planejando

reuniões, encontros e oficinas de trabalho, de forma integrada, com os

diversos representantes das secretarias estaduais de saúde, com vistas a

adequar as medidas estratégicas à realidade de cada estado brasileiro.

O Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de

Câncer é consubstanciado em ações contínuas e pontuais, desenvolvidas

através de um sistema descentralizado de gerência, valendo-se das três

esferas governamentais – federal, estadual e municipal. Desta forma, o INCA

capacita e dá suporte as 26 Secretarias Estaduais (e Distrito Federal), para

que possam treinar e apoiar os 5.527 municípios brasileiros no gerenciamento

do Programa em nível local e na promoção das campanhas de prevenção,

bem como na implantação de ações contínuas.

As ações contínuas têm como finalidade estabelecer as medidas de

controle em unidades de saúde, ambientes de trabalho e escolas, os principais

canais comunitários. Já as ações pontuais estimulam o desenvolvimento de

77

Page 78: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

campanhas de prevenção e enfatizam a comemoração em âmbito nacional

das datas alusivas ao câncer e ao tabaco: 31 de maio – Dia Mundial sem

Tabaco; 29 de agosto – Dia Nacional de Combate ao Fumo; e 27 de novembro

– Dia Nacional de Combate ao Câncer (veja em DATAS INSTITUCIONAIS).

O processo de descentralização funciona através da capacitação de

recursos humanos, em que o INCA capacita as equipes coordenadoras dos

estados (secretarias estaduais de saúde e educação), que, por sua vez,

capacitam as equipes coordenadoras dos municípios (secretarias municipais

de saúde e educação), para desenvolverem atividades de coordenada

operacional e técnica do Programa. Essas últimas capacitam os profissionais

que atuam diretamente nas respectivas unidades de saúde, ambientes de

trabalho e escolas. Os modelos de trabalho conjunto com os órgãos

governamentais e o material necessário são desenvolvidos pelo INCA através

de experiências-piloto.

Em 2001, o Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de

Risco alcançou a marca dos 3.588 municípios treinados (543 a mais que no

exercício de 2000), ou seja, com cobertura de 65% do total de municípios do

país, com equipes treinadas para desenvolver ações gerenciais e educativas,

incluindo as Secretarias Municipais de Saúde e de Educação (RELATÓRIO

INCA 2001).

Em 2002, o Programa evoluiu satisfatoriamente, tendo alcançado a

marca dos 3.600 municípios treinados, com 65% do total de municípios

brasileiros cobertos. Em reconhecimento à efetividade do Programa de

Controle do Tabagismo, o INCA recebeu em 2002 uma medalha da

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) durante a realização do

Congresso Internacional de Prevenção ao Tabagismo, promovido pela

Associação Brasileira Comunitária para a Prevenção do Abuso de Drogas em

Belo Horizonte-MG.

As “Ações educativas” compreendem atividades pontuais, traduzidas em

campanhas e eventos, e as atividades de natureza contínua: intervenções

sistematizadas em escolas, unidades de saúde e ambientes de trabalho e são

disseminadas através de uma rede de gerenciamento regional do Programa,

formada pelas Secretarias Estaduais (SES) e Municipais de Saúde (SMS) e do

78

Page 79: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

DF, seguindo a lógica de atendimento descentralizado do SUS. Hoje, nos 26

estados da Federação e no Distrito Federal, as SES possuem uma

Coordenação do Programa de Controle do Tabagismo, que por sua vez vem

descentralizando as ações para seus municípios.

Em 2003, foram capacitados 372 novos municípios, totalizando 3.932

municípios dotados de recursos humanos treinados para gerenciamento do

Programa, o que equivale a uma cobertura de 71,3% em relação ao total de

municípios brasileiros existentes, 5.527. Ainda no âmbito deste Programa,

foram capacitadas 12.249 escolas e 3.966 ambientes de trabalho e unidades

de saúde (RELATÓRIO INCA 2003).

Em 2004, as ações educativas continuaram a ser coordenadas em

escolas, ambientes de trabalho e unidades de saúde. Elas atingiram, no

período, 83 municípios brasileiros e 203 participantes. Foram capacitados pelo

“Programa Saber Saúde” 6.705, professores em 556 escolas. Para a

implantação do Tratamento da Cessação do Tabagismo na Rede Pública de

Saúde foram capacitados 1.019 profissionais de 512 unidades de saúde

(RELATÓRIO INCA 2004).

A Promoção da Saúde nas Escolas – Saber Saúde desenvolveu em

2005:

• pesquisa com a UFPEL no município de Pelotas (RS), para avaliação de

resultados com vistas ao aprimoramento da estratégia de promoção da saúde

na escola e sua adoção pelo MEC;

• Em cooperação como o MEC, aprimoramento da estratégia com objetivo de

unificá-la a outras estratégias de promoção da saúde nas escolas;

• Cadastramento no novo sistema de mala direta de 741 novas escolas

sensibilizadas e capacitadas, além da entrada de dados de 3.320 escolas no

novo sistema de remessa de material do INCA, totalizando um acumulado de

13.379 escolas. Houve aumento de 88% no número de escolas, com 70%

de seus professores capacitados (13.988 professores), em relação a 2004;

• Finalização do CD-ROM Saber Saúde para reprodução e distribuição.

79

Page 80: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

FIGURA 26

DADOS DO PROGRAMA SABER SAÚDE (INCA, 2005)

80

Page 81: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro de uma comunidade, a escola assume papel tão importante e

abrangente no cotidiano das pessoas que é capaz de modificar a sua

qualidade de vida. Na escola a sociedade deposita toda a esperança de uma

boa educação abrangendo a formação intelectual, moral, cívica e espiritual das

crianças.

De encontro a este anseio caminham os conceitos de promoção de

saúde e educação em saúde que são bem articulados entre si.

Educação em saúde é conceituada como sendo o modo pelo qual uma

população é informada e conscientizada sobre os problemas da sociedade da

qual faz parte e assim através dessa compreensão providenciar a busca de

suas soluções para elevar sua qualidade de vida e chegar à saúde. Dessa

forma enquadrando-se na definição da Organização Mundial de Saúde - OMS

que entende saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e

social, e não só a ausência de doenças como também condições de vida que

levam a qualidade de vida.

Promoção de saúde é uma ação global que objetiva a melhoria da

qualidade de vida das pessoas sendo necessário para isso ter acesso à

informação. Tendo em vista que educação em saúde é um dos braços

transformadores da consciência cidadã de uma sociedade, para utilizá-la

adequadamente e fazer com que gere os seus melhores resultados há

necessidade de avaliar o “modus operante” usado pelo corpo docente e como

está sendo a percepção dos pais dos alunos ou de seus responsáveis sobre os

efeitos desse trabalho no dia a dia dos seus filhos.

Após a Constituição Federal de 1988, com a nova proposta de saúde

para todos, o paradigma mudou de um foco de atenção excludente para um

totalitário beneficiando todos os brasileiros (até estrangeiros no território

nacional). Saúde passou a ser direito de todos e obrigação do estado (CF/88,

art. 196).

Hoje, saúde está associada à qualidade de vida e à promoção de saúde.

Em seu conceito, a saúde se promovia proporcionando condições de vida

decentes, boas condições de trabalho, educação, cultura física, formas de

81

Page 82: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

lazer e descanso, sendo necessário o esforço coordenado de políticos, setores

sindicais e empresariais, educadores e médicos. A idéia de promoção de

saúde caracterizava um nível de atenção da medicina preventiva. O significado

do termo foi mudando passando a ser uma estratégia promissora: a promoção

da saúde, como vem sendo entendida nos últimos 20-25 anos, representa uma

estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que

afetam as populações humanas e seus entornos neste final de século.

Partindo de uma concepção ampla do processo saúde–doença e de seus

determinantes, propõe a articulação de saberes técnicos e populares, e a

mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados, para

seu enfrentamento e resolução.

Em 1986, quando da divulgação da carta de Ottawa, a promoção de

saúde foi associada a um conjunto de valores dentre eles a qualidade de vida

e uma combinação de estratégias (ações do Estado, da comunidade, dos

indivíduos, do sistema de saúde e de parcerias intersetoriais) que representam

a responsabilização múltipla.

A carta de Ottawa estabelece o seguinte conceito para promoção de

saúde:

“A promoção da saúde é o processo que visa aumentar a capacidade

dos indivíduos e das comunidades para controlarem a sua saúde no sentido de

a melhorar. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e

social, o indivíduo ou o grupo devem estar aptos a identificar e realizar as suas

aspirações, a satisfazer as suas necessidades e a modificar ou adaptar-se ao

meio. Assim, a saúde é entendida como um recurso para a vida e não como

uma finalidade de vida.”

Ao mencionar um estado de completo bem-estar físico, mental e social

vê-se nitidamente o conceito de saúde da O.M.S. Esses conceitos podem ser

divididos em dois seguimentos: no primeiro a promoção da saúde centrava

suas atividades na transformação dos comportamentos dos indivíduos e no

segundo (onde está o conceito moderno de promoção de saúde) relaciona-o à

qualidade de vida, suas atividades voltadas para o coletivo e ao ambiente num

sentido amplo. É nesse grupo que se enquadra o conceito de promoção de

saúde divulgado na carta de Ottawa que o define assim: “Promoção de saúde

82

Page 83: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

é o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua

qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste

processo”. Promoção de saúde ainda pode ser conceituada como sendo o

conjunto de atividades, processos e recursos, de ordem institucional,

governamental ou da cidadania, orientados a propiciar melhoria das condições

de bem-estar e acesso a bens e serviços sociais, que favoreçam o

desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e comportamentos favoráveis ao

cuidado da saúde e o desenvolvimento de estratégias que permitam a

população maior controle sobre sua saúde e suas condições de vida, a níveis

individual e coletivo.

Da Constituição Brasileira no seu artigo 6º têm-se estabelecidos os

direitos sociais, dentre eles a educação e a saúde. Ainda no texto

constitucional, no seu artigo 196º outra referência é feita sobre a saúde como

direito de todos e dever do Estado, devendo ser garantidas mediante políticas

sociais e econômicas. Falar em saúde implica conseqüentemente falar em

educação. Elas estão lado a lado até mesmo na constituição federal, donde

tiramos o termo educação em saúde que não pode deixar de ser associado ao

conceito de promoção da saúde se quisermos obter um sentido completo do

mesmo.

Promoção de Saúde é uma ação global que objetiva a melhoria da

qualidade de vida das pessoas sendo necessário para isso ter acesso à

informação.

A educação em saúde, com vistas à promoção de saúde, pretende

colaborar na capacitação do cidadão para que este haja como agente de

transformação e participe dos movimentos que lutam pela preservação do

ambiente e melhoria das condições de vida. A promoção da saúde é o

processo que vai possibilitar a cada população avaliar a qualidade de vida que

lhe é oferecida, atuar sobre ela para conseguir cada vez mais saúde.

A escola apresenta como uma de suas funções a de despertar a

consciência de existência do indivíduo e estabelecer as relações entre ele e as

outras pessoas e também seu ambiente. Nos primeiros anos de vida escolar

ocorre a socialização do ser proporcionado pelo encontro com um grupo

diferente da família e que apresenta realidades sociais e comportamentais

83

Page 84: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

diversas das que o aluno trouxe de casa. O professor é nesse momento sua

referência (assim como os pais em casa), o exemplo oferecido é de suma

importância, pois tal como um espelho suas funções refletem sobre os alunos.

O espaço para o desenvolvimento de um trabalho de conscientização e

educação em saúde está aberto, o desafio consiste em saber fazer um bom

uso dele.

Educar nos obriga ao entendimento do processo ensino-aprendizagem.

Define-se ensinar, de maneira ampla, como fazer com que as pessoas

aprendam e aprendizagem como o processo pelo qual a conduta se modifica

em resultado da experiência. As características da forma de ensinar definirão o

tipo de aprendizagem e seus efeitos na educação. A motivação é requisito

indispensável para aprender. Para utilizar as forças motivadoras é preciso

conhecê-las e saber como se realizam. A motivação é um processo pessoal,

interno, que determina a direção e a intensidade do comportamento humano. A

aprendizagem só se realiza a partir do desencadeamento de forças

motivadoras.

A educação em saúde é uma estratégia essencial da promoção de

saúde, pois é um componente de mudança social. A educação em saúde é

direcionada para as ações voluntárias, individuais ou de grupos; ou como

tomada de decisões zelando pela saúde de terceiros e pelo bem da

comunidade.

A promoção de saúde se faz por meio da educação, da adoção de

estilos de vida saudáveis, do desenvolvimento de aptidões e capacidades

individuais, da produção de um ambiente saudável. Está estreitamente

vinculada, portanto, à eficácia da sociedade em garantir a implantação de

políticas públicas voltadas para a qualidade de vida, ao desenvolvimento da

capacidade de analisar criticamente a realidade e promover a transformação

positiva dos fatores determinantes da condição de saúde.

O ensino de saúde tem sido um desafio para a educação, no que se

refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora

de atitudes e hábitos de vida. Os estudos mostram que transmitir informações

a respeito do funcionamento do corpo e descrição das doenças, bem como um

elenco de hábitos de higiene, não é suficiente para que os alunos desenvolvam

84

Page 85: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

atitudes de vida saudável. É preciso educar para a saúde levando em conta

todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes que

acontecem no dia-a-dia da escola.

As pessoas necessitam além de tempo, de informações a respeito da

origem e cursos das doenças de forma que sejam capazes de compreender e

fazer aplicação dos recursos disponíveis para a sua prevenção.

O profissional que trabalha com educação em saúde atua como um

mediador do processo ensino aprendizagem ampliando a visão de seus

aprendizes. As sábias palavras de Paulo Freire (1996) se encaixam

perfeitamente na explicação dessa tarefa de mediador do professor quando

diz: “Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos,

apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto,

um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao

aprender” .

Não há ninguém que não consiga passar algo de novo a outrem (ou

seja, não há ninguém desprovido da capacidade de ensinar), pois à medida

que se vive conceitos são formulados, opiniões são adquiridas, preferências

criadas, experiências compartilhadas, do mesmo modo que não há quem não

tenha algo a aprender. “Saber que ensinar não é transferir conhecimentos,

mas criar as possibilidades para a sua produção.” Paulo Freire (1996).

São necessárias à formação docente qualidades múltiplas dentre elas:

gostar de aprender, critica, ética, aceitação do novo, não discriminação, querer

bem aos alunos, disponibilidade para o diálogo, saber escutar, respeito aos

saberes e autonomia do educando, tudo isso podendo se traduzir em

humildade.

Professores, alunos, familiares, sociedade devem e podem chegar

juntos aos objetivos do processo ensino aprendizagem em promoção de saúde

e educação em saúde que é o desenvolvimento do saber de modo

compartilhado e interativo.

85

Page 86: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Albala C, Vio F, Yanez M. Epidemiological transition in Latin America : a

comparison of four countries. Rev Med Chil 1997; 125: 719-127.

International Union Against Cancer: Introduciton UICC Global Cancer Control.

Geneve, Switzerland, Interntational Union Against Cancer, 2005.

Kamangar F, Dores GM e Anderson WF. Ptterns of cancer indidence, mortality

and prevalence across five continents: defining priorities to reduce cancer

disparities in different geographic regions of the world. J Clin Oncol 2006;

24:2137-2150.

Koifman S, Koifman R. Environment and cancer in Brazil: an overview from a

public health perspective. Mutation Research 2003; 544: 305-11.

Laurenti R. Transição demográfica e transição epidemiológica. In: Anais do 1º

Congresso Brasileiro de Epidemiologia; 1990, 2-6 set; Campinas. Rio de

Janeiro: ABRASCO; 1990. p. 143-65.

Organização Panamericana de Saúde. Policies and managerial guidelines for

national cancer control programs. Rev Panam Salud Publica/Pam Am J Public

Health 2002; 12(5): 366-70.

Waters WF. Globalization, socioeconomic restructuring, and community health.

J Community Health 2001; 26(2): 79-92.

Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional

do Câncer Câncer no Brasil: dados dos registros de base populacional.

Volume 3. Rio de Janeiro: INCA, 2003.

Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional

do Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) Saber Saúde –

86

Page 87: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

prevenção do tabagismo e outros Fatores de Risco. Rio de Janeiro: INCA,

1998.

Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional

do Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) O Câncer e

seus Fatores de Risco. Rio de Janeiro: INCA, 7.

Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional

do Câncer Implantando e avaliando o Programa de Controle do Tabagismo e

outros fatores de risco de câncer nas escolas. 2ª Edição. Rio de Janeiro:

INCA, 2004.

Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional

do Câncer Módulo “Escola Livre de Tabaco”. 2ª Edição. Rio de Janeiro: INCA,

2004.

Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional

do Câncer Estimativa 2006 – Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro:

INCA, 2005.

Brasil, Ministério da Saúde, Departamento Nacional de Câncer Publicação

Comemorativa de 30 anos de atividades do Instituto Nacional de Câncer. Rio

de Janeiro: INCA, 1968.

Brasil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer Publicação

Comemorativa : “Meio Século de Combate ao Câncer no Brasil – Um breve

histórico da origem e desenvolvimento do Instituto Nacional do Câncer (INCA)”.

Rio de Janeiro: INCA, 1989.

http://www.inca.gov.br/home » INCA » Relatórios » Relatório Anual/ Relatórios

Anuais.

87

Page 88: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 Exemplo de progressão do câncer/cancro .................... Pág. 9

FIGURA 2 Exemplo de Carcinoma ................................................ Pág. 9

FIGURA 3 Exemplo de Sarcoma .................................................. Pág. 9

FIGURA 4 “La Notte” – detalhe do túmulo de Giuliano de Médici,1526-33” ....................................................................... Pág. 10

FIGURAS 5 “O QUE É O CÂNCER?” - Slide de aula do Curso deCapacitação Gerencial Profissional do Programa SaberSaúde – Módulo Falando Sobre Câncer .......................

Pág. 30

FIGURAS 06 “COMO SURGE O CÂNCER?” - Slide de aula doCurso de Capacitação Gerencial Profissional doPrograma Saber Saúde – Módulo Falando SobreCâncer .......................................................................... Pág. 30

FIGURAS 07 “ESTÁGIOS DO CÂNCER” - Slide de aula do Curso deCapacitação Gerencial Profissional do Programa Saber

Saúde – Módulo Falando Sobre CâncerFalando Sobre Câncer .................................................. Pág. 31

FIGURAS 08 “ESTÁGIOS 1 E 2 DO CÂNCER” - Slide de aula doCurso de Capacitação Gerencial Profissional doPrograma Saber Saúde – Módulo Falando SobreCâncer .......................................................................... Pág. 31

FIGURA 09 “ESTÁGIO 3 DO CÂNCER” - Slide de aula do Cursode Capacitação Gerencial Profissional do ProgramaSaber Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer .......... Pág. 31

FIGURAS 10 “FATORES DE RISCO DO CÂNCER” - Slide de aulado Curso de Capacitação Gerencial Profissional doPrograma Saber Saúde – Módulo Falando SobreCâncer ......................................................................... Pág. 34

FIGURAS 11 Esposa, filho e Bryan nos últimos minutos de sua vida Pág. 40

FIGURAS 12 Bryan (como era antes) com o seu filho no colo ........... Pág. 40

FIGURAS 13 Imagens dos maços de cigarro ..................................... Pág. 41

FIGURAS 14 OS EFEITOS DA BEBIDA NO CORPO ........................ Pág. 43

FIGURAS 15 CARCINOMA ............................................................... Pág. 44

FIGURAS 16 MELANOMA ................................................................. Pág. 44

FIGURAS 17 A BOMBA DE HIROSHINA .......................................... Pág. 48

FIGURAS 18 VÍTIMAS DE HIROSHINA ............................................ Pág. 48

FIGURAS 19 O Acidente Nuclear em Chernobyl, na Rússia(Infográfico: como aconteceu a tragédia). ..................... Pág. 52

FIGURAS 20 “OS FILHOS DE CHERNOBYL” ................................... Pág. 54

88

Page 89: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

FIGURAS 21 Zilda Maria – Vítima do césio 137 câncer no pescoço ecérebro ........................................................................ Pág. 62

FIGURAS 22 Nilton de Souza - Vítima do césio 137 - Câncer nopescoço ........................................................................ Pág. 63

FIGURAS 23 Marques Rodrigues - Vítima do césio 137 - Câncer nocérebro ......................................................................... Pág. 64

FIGURAS 24 LESÕES POR HPV ..................................................... Pág. 67

FIGURAS 25 SARCOMA DE KAPOSI EM SIDA ................................ Pág. 67

FIGURAS 26 DADOS DO PROGRAMA SABER SAÚDE (INCA,2005) ............................................................................ Pág. 80

89

Page 90: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

EVENTOS, ATIVIDADES CULTURAIS E/OU ATIVIDADESEXTRACLASSE

Conforme exigência especificada no item IV e VII do Manual do Aluno

da Universidade Cândido Mendes/Instituto A vez do Mestre, onde “...cada

aluno deverá visitar museus, bibliotecas e/ou assistir eventos culturais como

teatro, shows ou eventos do gênero... apresentando os comprovantes, originais

(no mínimo de 4), como “tickets”, em anexo a Monografia”, apresento os

“tickets” de ingresso dos seguintes espetáculos assistidos em 2006:

NO TEMPO DO GUARANÁ COM ROLHA

Produção teatral de Benvindo Sequeira e da Família Oficina.

Trata-se de uma comédia no Brasil do século XIX ao início do século

XX, expostos pela obra de cinco comediógrafos: “O Juiz de Paz da Roça” de

Martins Pena, “A torre em Concurso” de Joaquim Manoel de Macedo, “Como

se fazia um deputado” de França Jr., “A revista Musical – O Rio de Janeiro de

1877” de Arthur Azevedo e “Que pena ser só ladrão” de João do Rio.

Comédia musical de aproximadamente 90 minutos, tendo em cena 40

atores e músicos, pertencentes da “Família Oficina”, com muitas canções do

séculos XIX e XX, faz um passeio pelos costumes da época, mostrando com já

em 1830 havia a corrupção, as bandalhas eleitoreiras, o crime, a sexualidade,

etc... fazendo uma ligação direta entre o Brasil de 1830 e o Brasil de agora.

90

Page 91: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

91

Page 92: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

O DOENTE IMAGINÁRIO

Uma das mais famosas comédias escrita por Molière, em 1673 que trata

da estória de “Argan, um doente imaginário, rico e avarento burguês, que sofre

de hipocondria e faz de tudo para que sua filha se case com um médico, com o

intuito de assegurar para si, consultas médicas gratuitas. Mas a moça tem

outros planos e deseja casar-se com outro pretendente. A estória envolve

amor, intriga e poder e é uma montagem da “Limite 151 Cia. Artística” com

direção de Jacqueline Laurence com Tonico Pereira como protagonista.

92

Page 93: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

OS PÂNDEGOS

Comédia carioca com histórias em que as personagens estão em uma

situação limite, o espetáculo apresenta situações absurdamente humanas e

absurdamente insanas. E nada mais humano do que a insanidade. Tecido por

esquetes, a narrativa vai em um crescente, mostrando seus personagens e

suas diferentes facetas – claro, com muito bom humor.

No palco, Dig Dutra e Wagner Trindade se revezam nos esquetes. O

texto também foi escrito por eles. Cada personagem é construído sob medida

e a total segurança dos atores permite que brinquem com o texto.

O espetáculo conta ainda com a participação de: Andy Gercker e

Cláudio Andrade. A iluminação, por sua vez, é criada por Ricardo França. A

trilha sonora é assinada pelo também diretor, Daniel Dias da Silva.

93

Page 94: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

A PRIMEIRA VEZ QUE EU DISSE EU TE AMO

Com muito bom humor e alto astral, a peça A Primeira Vez Que Eu

Disse Eu Te Amo transita por diversos pontos de vista sobre o amor, o sexo, o

casamento, a separação, a traição e a paixão com situações inusitadas e

engraçadas. As canções de Vinícius de Moraes, Tom Jobin, Roberto Carlos,

Cazuza e Dolores Duran são executadas ao vivo. O espetáculo surgiu quando

quatro amigos se juntaram com o desejo de apresentar uma peça onde

pudessem se divertir e divertir a platéia com pensamentos, poesias e canções.

A dramaturgia desenvolvida por Pitty Webo foi feita através de fatos “quase”

reais da vida dos atores.

Texto e direção: Pitty Webo, Elenco: Nildo Parente, Helena Werneck,

Daniel Del Sarto e Pitty Webo, Músicos: Bruno Scatena (baixo), Daniel

Valentini (piano e teclado) e Gil Tandeta (bateria), todos em cena.

94

Page 95: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

PAGANDO MICO

Espetáculo musical que tem 32 crianças no elenco, conta a relação das

crianças com a verdade e a mentira sem ficar "PAGANDO MICO". A trama

envolve três personagens principais: TINA, GUGA E IVONETE (Prima

cearense de Guga que sofre preconceito por parte do primo). Eles se

envolvem num jogo de verdade, mentira e chantagem, em meia confusão

acabam jurados de um concurso de novos talentos promovido pela escola. Os

três agora estão de frente, numa situação que não há como escapar.

O elenco de 32 Crianças da OFICINA DE INTERPRETAÇÃO INFANTIL

da ONG PALCO SOCIAL criada por Ernesto Piccolo (Diretor) E Rogério Blat

(Autor) em 1993.

95

Page 96: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

COMO O DIABO GOSTA

Comédia escrita por Rogério Blat, com direção de Cláudio Handrey, tem

em cena 14 atores, dentre eles Thiago Fragoso, atualmente protagonista da

telenovela “O Profeta” da Rede Globo.

Através de elementos do Teatro de Revista e do Teatro Besteirol dos

anos 80, a peça mostra o cotidiano brasileiro atual, numa linguagem de humor,

simples e acessível, despretensioso, irreverente e que utiliza o riso como

cartase, provocando o reconhecimento e a reflexão do público. “Tulipa” é um

funcionário do INSS, que mora na mesma casa com sua esposa, animadora

de festa infantil, Jandira, e com o cunhado, Piragiba, que em nada colabora

com as despesas de casa. Homem simples e comum, Tulipa leva uma vida

afogada em burocracias e dívidas, quando é atingido por uma bala perdida que

o deixa entre a vida e a morte. A partir daí, surpresas rondam o destino deste

homem criando situações embaraçosas. Somente pela intervenção divina, é

que os diversos nós começam a ser desatados.

96

Page 97: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

O AUTOR

Fatima Mendes Carvalho, natural do Rio de Janeiro, nascida em 05 de

novembro de 1961, filha de Sebastião Carvalho e Lair Mendes Carvalho, é

formada em Administração Hospitalar, pelo INSTITUTO METODISTA

BENNETT FACULDADES INTEGRADAS (Setembro/1987) e pós-graduada em

ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR pela UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO (Novembro/1988).

Servidora Pública Federal do MINISTÉRIO DA SAÚDE, trabalha no

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCa) na COORDENAÇÃO DE

PREVENÇÃO E VIGILÂNCIA/SERVIÇO DE APOIO LOGÍSTICO como

ANALISTA EM CIÊNCIA & TECNOLOGIA SÊNIOR III (MS)/ANALISTA EM

ADMINISTRAÇÃO PLENO (INCA).

Admitida em Janeiro de 1982 pela CAMPANHA NACIONAL DE

COMBATE AO CÂNCER, campanha “criada pelo Decreto nº 61.968 de

22/12/1967, pelo Sr. Presidente da República, que instituiu no Ministério da

Saúde a CAMPANHA NACIONAL DE COMBATE AO CÂNCER – CNCC.,

destinada a intensificar e coordenar em todo o território nacional as atividades

públicas e privadas de prevenção, de diagnóstico precoce, de assistência

médica, de formação de técnicos especializados, de pesquisa, de educação,

de ação social e de recuperação, relacionadas com as neoplasias malignas em

todas as suas formas clínicas, com a finalidade de reduzir-lhe a incidência”,

trabalhou de Junho de 1981 à Março de 1982 no assessoramento à

Coordenação do Programa Integrado de Medicina Nuclear – PIMN, na

elaboração do Programa Anual de trabalho para o exercício de 1982 (fase de

implantação do PIMN) , incluindo estudos e pesquisas, contendo o plano de

aplicação de recursos necessários, assim como a tabela de pessoal à ser

contratado, promovendo e propondo as medidas que visavam a obtenção de

recursos financeiros, humanos e materiais para a operacionalização do

programa em âmbito nacional.

97

Page 98: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

De Abril de 1982 à Novembro de 1982 foi designada Assistente do Sr.

vice-diretor e Chefe da Divisão Médica do Hospital dos Servidores do Estado –

HSE/INAMPS, desempenhando , principalmente, função de controle e análise

dos processos administrativos nas áreas de material e recursos orçamentário-

financeiros do HSE.

De Novembro de 1982 à Agosto de 1983 atuou como Assistente do Sr.

vice-presidente e Chefe da Secretaria de Medicina Social da Direção Geral do

INAMPS, desenvolvendo, principalmente, função de análise dos processos de

solicitação de tratamento fora de domicílio, tanto em âmbito nacional como

para tratamentos no exterior custeados pelo MS/INAMPS.

De Agosto de 1983 à Maio de 1985 foi nomeada como Integrante do

“PROJETO PILOTO” da Comissão Interinstitucional Municipal de Saúde –

CIMS, em co-gestão com o MINISTÉRIO DA SAÚDE, INAMPS, SECRETARIA

ESTADUAL DE SAÚDE e SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, conforme

designação do ofício nº 517-0/288 de 22 de novembro de 1983, do Sr.

Superintendente Regional do INAMPS/RJ., como membro da SECRETARIA

EXECUTIVA DA CIMS, desenvolvendo ações junto aos projetos que geraram a

estruturação do antigo SUDS (SISTEMA UNIFICADO E DESCENTRALIZADO

DE SAÚDE), hoje conhecido como SUS (SISTEMA UNIFICADO DE SAÚDE).

De Maio de 1985 à Maio de 1990 fez o Assessoramento à Coordenação do

Programa Integrado de Medicina Nuclear e Atividades Afins – PIMAG.

Principalmente nas áreas de projetos especiais, educacionais e de pesquisa

junto à seus pares, tais como FIOCRUZ, CNPQ, UERJ, UFRJ, UFF, INCA e

outros.

Destaca-se neste período sua participação no PROJETO DE

IMPLANTAÇÃO DO 1º SERVIÇO INTEGRADO DE IMAGENS DO PIMAG, em

ação conjunta com o então “SUDS”, hoje SUS, em toda a rede hospitalar

federal, estadual e municipal do Rio de Janeiro e seus municípios.

Destaque ainda, para a participação na implantação e desenvolvimento

do PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EM IMAGEM, que visava a

formação de profissionais de saúde, em âmbito nacional, nas áreas de

medicina nuclear, ultra-sonografia e afins, com intercâmbio de profissionais,

inclusive no exterior.

98

Page 99: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

De setembro de 1989 à maio de 1990, designada para a função de

Administradora do Serviço de Imagens da unidade Venezuela/PIMAG/RJ.

De Maio de 1990 à Janeiro de 1994 assumiu a administração do

LABORATÓRIO DE IMUNOGENÉTICA DO PROGRAMA DE

IMUNOGENÉTICA E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS – PITO, desenvolvendo o

estudo de “vida e sobrevida” relativo à todos os transplantes de órgãos

realizados no RIO DE JANEIRO, em órgãos públicos federais, estaduais e

municipais, trabalho base para propostas e diretrizes de novas ações para o

programa de transplante de órgãos no Brasil.

De março de 1991 à outubro de 1994, designada para a função de

Administradora do PROGRAMA DE IMUNOGENÉTICA E TRANSPLANTE DE

ÓRGÃOS – CITRO do INCA.

Foi no exercício de 1991 que a CAMPANHA NACIONAL DE COMBATE

AO CÂNCER – CNCC foi extinta pelo Decreto Lei nº 109 de 02 de Maio de

1991, sendo seus funcionários absorvidos pelo Ministério da Saúde, com

lotação no quadro de pessoal do INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER – INCA

De Outubro de1994 à Agosto de 2000 foi designada para a

COORDENAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO GERAL (COAGE) do INSTITUTO

NACIONAL DO CÂNCER (INCA) e lotada na DIVISÃO DE

MATERIAL/SERVIÇO DE COMPRAS onde ficou como responsável pela

aquisição de todo MATERIAL PERMANENTE do INCA/MERCADO

NACIONAL.

De Agosto de 2000 à Março de 2001 integrou o GRUPO DO PROJETO

EXPANDE – EXPANSÃO DE CENTROS DE ALTA COMPLEXIDADE EM

ONCOLOGIA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE/INCA em todo o território nacional.

Grupo multi profissional responsável pela análise de necessidades de

implantação de “CACON’s” – CENTROS DE ALTA COMPLEXIDADE EM

ONCOLOGIA) junto as diversas SECRETARIAS ESTADUAIS e ao SUS e a

partir de Abril de 2001 ficou lotada no SERVIÇO DE APOIO LOGÍSTICO DA

COORDENAÇÃO DE PREVENÇÃO E VIGILÂNCIA DO INCA/CONPREV,

onde é a responsável pelo processo de planejamento e orçamentação anual à

nível estratégico e operacional dos projetos institucionais na área de prevenção

99

Page 100: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose, vários iões, oxigénio,

do INCA, acumulando a responsabilidade de supervisão dos treinandos na

área de administração, planejamento e logística.

A conclusão do curso de Docência do Ensino Superior abre uma nova

fase profissional na área de educação.

100