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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O GOVERNO LULA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO À
EDUCAÇÃO SUPERIOR
Por: Maria das Graças Madeira
Orientadora
Profa. Ma. Flávia Martins de Carvalho
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O GOVERNO LULA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO À
EDUCAÇÃO SUPERIOR
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão Pública.
Por: Maria das Graças Madeira
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me concedido saúde, sabedoria e perseverança para não
esmorecer ante as adversidades da vida, possibilitando-me, assim, concluir o
presente trabalho.
Ao meu esposo, Walter Seixas Caraciolo, que soube compreender as minhas
angústias e que cuidou do nosso filho, Felipe Seixas Madeira Caraciolo, de
modo que eu pudesse me dedicar à elaboração deste trabalho.
Ao meu sogro, Bartholomeu Ventura Caraciolo, que também cuidou do meu
filho, com paciência, responsabilidade e muito carinho, me transmitindo
tranquilidade para frequentar as aulas.
Ao meu filho, Felipe Seixas Madeira Caraciolo, que, com apenas quatro anos
de idade, teve maturidade suficiente para entender a minha ausência e me
receber com beijos e abraços na minha volta para casa.
À minha orientadora, Profa. Flávia Martins, por ter acreditado no meu
potencial, sempre com palavras de incentivo, contribuindo, assim, para o meu
crescimento.
À minha colega de trabalho, Regina Célia Felipe da Silva Marinho, por ter se
disposto a trabalhar além do horário para que eu pudesse me ausentar mais
cedo e não faltar às aulas.
Ao meu chefe, Prof. Luiz Pedro San Gil Jutuca, por autorizar a minha saída
mais cedo para fazer o Curso de Pós-Graduação em Gestão Pública.
4
DEDICATÓRIA
Dedico o presente trabalho a todas as pessoas
comprometidas com a educação e que acreditam no
investimento em educação como o único caminho
para o desenvolvimento de um país.
5
RESUMO
O presente trabalho tem como temática as principais políticas para
ampliação e democratização do acesso à educação superior implementadas
pelo Governo Lula, durante o período em que Luiz Inácio Lula da Silva esteve
à frente da Presidência da República Federativa do Brasil (janeiro de 2003 a
janeiro de 2011).
Até a chegada de Lula à Presidência da República, a educação
brasileira era conduzida com uma visão fragmentada. Em 2007, o Plano de
Desenvolvimento da Educação – PDE veio consolidar a visão sistêmica da
educação brasileira. Assim, a educação passou a ser vista como um processo
que vai da creche à pós-graduação.
Sob esta nova ótica, havia a necessidade de ampliar e democratizar o
acesso a todos os níveis da educação. Entretanto, neste trabalho, será
abordado, em especial, o acesso à educação superior. Para isso, Lula
implementou algumas políticas. Entre elas, destacam-se: o Programa de Apoio
a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI,
o Plano Nacional de Assistência Estudantil – PNAES, o Programa
Universidade para Todos – ProUni, o Fundo de Financiamento ao Estudante
do Ensino Superior –FIES e o Sistema de Seleção Unificada – SiSU.
Este trabalho apresenta, de forma detalhada, cada uma das iniciativas
acima mencionadas, com os seus primeiros resultados demonstrados em
gráficos do Ministério da Educação.
6
METODOLOGIA
O presente trabalho será desenvolvido mediante pesquisa e estudo
bibliográficos, tendo como base a consulta a livros, jornais, revistas, arquivos
eletrônicos e sites da internet.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Luiz Inácio Lula da Silva: um Presidente sem curso superior 10
CAPÍTULO II - Cenário da Educação Superior Brasileira em 2002 (nível:
Graduação) 15
CAPÍTULO III - Principais Políticas de Acesso à Educação Superior (nível:
Graduação) durante o Governo Lula (2003/2011) 20
CAPÍTULO IV - A Educação Superior em números 31
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 42
ÍNDICE 43
8
INTRODUÇÃO
No mundo globalizado do século XXI, o conhecimento é, cada vez mais,
uma ferramenta de suma importância. Assim, muitas vezes, os que detêm o
conhecimento detêm também o poder. Por este motivo, a mola propulsora
deste trabalho será a educação.
Considerando que boa parte da população do nosso país ainda não tem
acesso à educação nos níveis infantil e fundamental, o que dizer do acesso à
educação no nível superior?
Ao assumir a Presidência da República, Lula, que concluiu apenas o
ensino fundamental, identificou a necessidade de mudanças e investimentos
em todos os níveis da educação brasileira, com ênfase na educação superior.
Na realidade, Lula vislumbrou no acesso à educação a possibilidade de
minimizar as desigualdades sociais.
Neste trabalho será abordado o tema referente às políticas públicas
brasileiras de ampliação e democratização do acesso à educação superior,
especificamente aquelas implementadas no período de janeiro de 2003 a
janeiro de 2011, quando Luiz Inácio Lula da Silva esteve à frente da
Presidência da República Federativa do Brasil.
Conforme dito no parágrafo anterior, este trabalho será focado no
período em que Lula foi Presidente do Brasil. Por este motivo, o primeiro
capítulo será dedicado a destaques da vida de Luiz Inácio Lula da Silva, com
trechos que vão desde a sua infância pobre no sertão de Pernambuco até a
chegada ao cargo de Presidente da República, tendo sido eleito para dois
mandatos consecutivos.
9
No segundo capítulo, será possível visualizar o cenário da educação
superior brasileira encontrado por Lula, em janeiro de 2003. Neste cenário, a
educação brasileira era tratada com uma visão fragmentada. Entretanto, em
2007, foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, que veio
consolidar a visão sistêmica da educação brasileira, que passou a ser vista
como um processo que vai da creche à pós-graduação.
No terceiro capítulo, serão apresentadas, detalhadamente, as principais
políticas do Governo Lula para ampliar e democratizar o acesso à educação
superior, a saber: o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais – REUNI, o Plano Nacional de
Assistência Estudantil – PNAES, o Programa Universidade para Todos –
ProUni, o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior –FIES e o
Sistema de Seleção Unificada – SiSU.
No quarto capítulo, serão demonstrados, a partir de gráficos do
Ministério da Educação, os primeiros resultados das principais iniciativas para
ampliação e democratização do acesso à educação superior promovidas pelo
Governo Lula.
Este trabalho pretende mostrar que educação é investimento e não
gasto. Com os resultados apresentados no quarto capítulo, veremos que, com
políticas claras, realistas, bem implementadas e acompanhadas por pessoas
comprometidas, é possível fazer da educação o caminho para o
desenvolvimento do nosso país.
10
CAPÍTULO I
Luiz Inácio Lula da Silva: um Presidente sem curso superior
Filho de Aristides Inácio da Silva e de Eurídice Ferreira de Mello, Luiz
Inácio da Silva nasceu em 27 de outubro de 1945, na cidade de Garanhuns, no
interior de Pernambuco e, desde os tempos em que se tornou representante
sindical, passou a ser mais conhecido como Lula. Este apelido, em 1982, foi
incorporado, oficialmente, ao seu nome, passando, então, a chamar-se Luiz
Inácio Lula da Silva.
Desde a infância, Lula aprendeu a superar as dificuldades e desafios
que a vida lhe apresentava. Sempre teve na figura da mãe, Eurídice,
conhecida carinhosamente como “Dona Lindu”, um grande exemplo de
coragem e dignidade.
Assim como a sua mãe, Lula não aceitou um futuro inóspito e duro. Pelo
contrário, encontrou no amor pela mãe o estímulo para transformar sonho em
realidade.
11
Ainda menino (07 anos de idade), Lula, como tantos outros brasileiros
do interior do nosso país, viajou para São Paulo com a mãe e os seus sete
irmãos, em um transporte conhecido como “pau-de-arara. A família
vislumbrava o reencontro com o pai e a possiblilidade de dias melhores. No
entanto, ao chegar em São Paulo, tiveram que conviver com a segunda família
que Aristides havia consituído com Valdomira, prima de Eurídice, sua esposa.
Essa difícil convivência, culminou com separação da família. Nesta época, para
contribuir com as despesas da casa, Lula trabalhava vendendo laranjas no
cais.
A viagem de pau-de-arara para São Paulo e o sofrimento desta época
foi narrado pelo jornalista Lima Rodrigues, no livro “A história do Presidente
Lula em cordel”, conforme trecho abaixo:
“Dona Lindu vendeu tudo que tinha
E com os filhos viajou num pau-de-arara
Desembarcou no bairro do Brás
Só com a coragem e a cara
De lá seguiu para Santos
Onde o sofrimento aumentara.” (RODRIGUES,2005, p.8).
Lamentavelmente, a infância de Lula ainda é a realidade de muitas
crianças brasileiras. Crianças que são criadas apenas pelas mães, já que os
pais, muitas vezes, deixam suas famílias no interior do Brasil em busca de um
futuro melhor nos grandes centros urbanos.
Ainda hoje, assim como Lula, muitas crianças têm que trabalhar para
ajudar no sustento da família. Com isso, por vezes, não conseguem se
dedicar aos estudos. Muitas crianças não são, sequer, alfabetizadas.
Superando as dificuldades, Lula, mesmo com a falta de estímulo do pai,
analfabeto, foi alfabetizado no Grupo Escolar Marcílio Dias, conforme consta
12
da página 64, do livro de Denise Paraná “A história de Lula, o filho do Brasil”,
a seguir:
“Frei Chico, Maria Baixinha e Lula adoravam estudar.
Uniformizados, não perdiam um dia de aula no Grupo
Escolar Marcílio Dias, em Vicente de Carvalho. Apesar
das proibições do pai, e de terem entrado na escola sem
conhecer o alfabeto, sem saber escrever seus próprios
nomes, os filhos de Lindu se destacavam nas notas....”
(PARANÁ, 2009, p.64).
Na caminhada em busca de um futuro melhor, Lula trabalhou em uma
tinturaria, depois como engraxate e ainda como office-boy. O sonho da carteira
de trabalho assinada veio aos 14 anos, quando conseguiu um emprego nos
Armazéns Gerais Columbia. Após, transferiu-se para a Fábrica de Parafusos
Marte. Posteriormente, fez o curso de torneiro mecânico ministrado pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI. Ao final deste Curso,
Lula formou-se, tornando-se metalúrgico.
O pai de Lula morreu em 1958. Em 1963, Lula conseguiu um emprego
na Metalúrgica Independência. Nesta Metalúrgica, teve o dedo mínimo
esmagado por um torno mecânico. Com o dinheiro recebido pela indenização,
comprou móveis para sua mãe e um terreno.
Com a crise depois do golpe militar de 1964, Lula mudou de emprego
várias vezes, passando por algumas fábricas. Em 1966, foi admitido nas
Indústrias Villares, uma das principais metalúrgicas do Brasil, localizada em
São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Com o trabalho diário na
Metalúrgica Villares e estimulado pelo seu irmão José Ferreira da Silva (o Frei
Chico), Lula começou a se relacionar com o movimento sindical, porém
relutava em filiar-se ao Sindicato. Mesmo sem ter qualquer experiência
13
sindical, Lula já era tido como uma pessoa com grande espírito de liderança e
muito carismático.
Após ser eleito membro suplente e primeiro-secretário do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, em 1975, Lula já
ocupava a presidência deste Sindicato, sendo reeleito em 1978.
No mês de março de 1979, houve um grande movimento grevista que parou o
ABC Paulista. Lula percebeu que quase não havia políticos que pudessem
representar os interesses dos trabalhadores junto ao Congresso Nacional.
Então, pensou, pela primeira vez, em fundar um partido representante dos
trabalhadores.
Assim, em 10 de fevereiro de 1980, Lula criou o Partido dos
Trabalhadores – PT. Destaca-se que também em 1980 Lula perde a sua mãe,
que morreu de câncer.
Após disputar, por três vezes, a Presidência da República, em 27 de
outubro de 2002, aos 57 anos, finalmente Lula é eleito Presidente da
República Federativa do Brasil, com 53 milhões de votos.
No seu discurso de posse do primeiro mandato (2003), Lula faz menção
ao fato de ter alcançado o cargo de Presidente da República, sem possuir
diploma de curso superior: "E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não
ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de
presidente da República do meu país.".
Ainda com relação ao nível de escolaridade de Lula, em uma linguagem
poética, o Jornalista Lima Rodrigues, no livro “ A história do Presidente Lula em
cordel”, cita:
14
“No dia da diplomação ele chora
Lembra da mãe e a trajetória
Disse só ter um diploma
Mas ficava na história
Foi aplaudido por todos
Naquele dia de glória.” (RODRIGUES, 2009, p.29).
Em 29 de outubro de 2006, Lula é reeleito para a Presidência da
República, com a maior votação na história do Brasil: 58 milhões de votos.
Esta é a síntese da história de Luiz Inácio Lula da Silva, um garoto pobre,
tímido, retirante do sertão brasileiro, torneiro mecânico, sindicalista, sem
diploma de curso superior e que sempre teve na mãe um grande exemplo de
vida.
Luiz Inácio Lula da Silva ultrapassou todas as dificuldades que a vida lhe
apresentou e, nos 70, se transformou no principal sindicalista brasileiro. Mais
tarde, foi eleito, por duas vezes, para a Presidência da República Federativa do
Brasil.
É importante reiterar que Lula, filho de pai alcoólatra e analfabeto,
sempre se destacou no grupo escolar em que foi alfabetizado, se tornou uma
referência para a liderança sindical do Brasil e uma das personalidades mais
influentes do planeta. Talvez por estas razões, ao assumir a Presidência da
República, Lula teve a percepção da necessidade de investimento na
educação brasileira. Assim, durante os seus dois mandatos (janeiro de 2003 a
janeiro de 2011), Lula investiu, e muito, na educação brasileira, com destaque
para a Educação Superior. É o que vamos ver nos próximos capítulos.
15
CAPÍTULO II
CENÁRIO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA EM 2002
(NÍVEL: GRADUAÇÃO)
Ao assumir a Presidência da República, em janeiro de 2003, Lula se
deparou com alguns desafios, a situação da educação brasileira era apenas
um deles.
O Presidente Lula, conforme mencionado no capítulo anterior, investiu,
e muito, na educação, com destaque para a Superior. No decorrer do presente
trabalho, os dados estatísticos irão comprovar a dimensão do avanço que
houve na educação superior durante o período do Governo Lula.
Para demonstrar o cenário da educação superior brasileira no ano de
2002, não podemos deixar de mencionar o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – o INEP.
Criado em 13 de janeiro de 1937, o INEP é o órgão do Governo Federal
vinculado ao Ministério da Educação – MEC, que promove estudos, pesquisas
e avaliações referentes ao Sistema Educacional Brasileiro, nos níveis da
Educação Básica (infantil, fundamental e médio) e Superior.
O trabalho feito pelo INEP tem o objetivo de gerar subsídios que possam
formular e implementar políticas públicas para a educação brasileira, utilizando
parâmetros de qualidade e de equidade. Além disso, os dados levantados
geram informações claras e confiáveis, que servem de indicadores para
gestores, professores, pesquisadores, alunos, pais e para o público em geral.
Enfim, os dados apresentados pelo INEP servem para todos aqueles que
desejem obter informações seguras sobre os rumos da educação brasileira.
Conforme mencionado acima, o INEP promove avaliações do Sistema
Educacional Brasileiro nos níveis da Educação Básica e Superior. Entretanto, o
16
presente trabalho será focado nos dados referentes apenas ao Ensino
Superior (nível Graduação).
Para fazer o levantamento dos dados da educação, todo ano o INEP
realiza um Censo. Assim, por meio da coleta de dados, é feito um RX da
educação superior em nível nacional. Após, os resultados são disponibilizados
para consulta pela comunidade acadêmica e pela sociedade em geral,
contendo informações detalhadas, tanto da situação atual, quanto das
projeções para os anos seguintes.
A cada ano, o Censo apresenta informações sobre as Instituições de
Ensino Superior (IES), com dados referentes aos seus cursos de graduação
(presencial e a distância), cursos sequênciais, número de vagas oferecidas,
inscrições, matrículas, ingressantes e concluintes. O Censo apresenta,
também, informações quanto aos docentes.
Após esta breve apresentação do INEP, segue, abaixo, os dados do
Censo da Educação Superior do ano de 2002, a partir do qual será
demonstrado o cenário da educação superior encontrado pelo Presidente Lula
ao assumir o seu primeiro mandado, em 1º de janeiro de 2003.
No Censo de 2002, houve a participação de 1.637 Instituições de Ensino
Superior (IES). Participaram todas as IES que tinham, pelo menos, um curso
com data de início de funcionamento até 30 de outubro de 2002, conforme
demonstrado na tabela abaixo:
17
Fonte: INEP
Em comparação com o ano de 2001, o Censo de 2002 comprovou que
houve um aumento de 246 novas Instituições de Ensino Superior durante esse
período. Vale destacar que destas 246 novas IES apenas 12 eram públicas.
Vale destacar, também, que, dentre estas 12, algumas surgiram de
desmembramentos de instituições públicas já existentes.
Assim, conforme já vinha sendo apontado nos últimos anos, o Censo de
2002 confirmou a tendência de crescimento das instituições privadas de ensino
superior. Considerando estes números, o setor público responderia por apenas
11,9% da educação superior brasileira. Pelo número de matrículas nos cursos
de graduação (presencial), verificou-se que das 10 maiores universidades
brasileiras, 06 eram do setor privado.
18
Em 2002, houve um acréscimo de 450 mil alunos matriculados nos
cursos de graduação (presencial) em relação ao ano de 2001. Com este
acréscimo, foram registrados 479.913 alunos matriculados nesta modalidade
de ensino. Desta forma, o setor privado confirmou o seu crescimento, atingindo
69,7% do total do número de matrículas. Este aumento no número de
matrículas também refletiu-se no aumento da relação aluno/professor, que
atingiu, em 2002, a média de 15,3 alunos por professor. Em 1998, esta média
era de 12,9.
O Censo comprovou também a participação significativa da Região
Sudeste, que respondia, em 2002, por mais de 50% dos alunos matriculados
nas Instituições de Ensino Superior. Embora a Região Sudeste tenha mantido
esta significativa participação, foi observado também que, nos últimos oito
anos, as Regiões Norte e Centro-Oeste vinham demonstrando um crescimento
expressivo, triplicando o número de alunos matriculados, enquanto que nas
demais regiões este número apenas duplicou. Logo, estas Regiões poderiam
ser utilizadas como instrumento para orientar futuros alunos, educadores e
contribuir para a implementação de políticas públicas.
Quanto à criação de cursos novos na modalidade presencial, o Censo
de 2002 registrou que, nos últimos cinco anos, haviam sido criados 1.490
cursos novos por ano, ou 124 por mês ou, ainda, 04 cursos novos por dia.
Registrou também um total de 14.399 (tabela abaixo) cursos de graduação
(presencial). Com isso, ficou comprovado que estava havendo não só um
crescimento no quantitativo de Instituições de Ensino Superior, mas também
na oferta de cursos, conforme tabela abaixo:
19
Fonte: INEP
Foi este o cenário encontrado por Lula em janeiro de 2003. No próximo
capítulo, serão demonstradas as principais políticas de acesso à educação
superior implementadas pelo Governo Lula para mudar este quadro.
20
CAPÍTULO III
PRINCIPAIS POLÍTICAS DE ACESSO À ACESSO À
EDUCAÇÃO SUPERIOR (NÍVEL: GRADUAÇÃO)
DURANTE O GOVERNO LULA (2003 A 2011)
Durante o período do Governo Lula, foram implementadas várias
políticas direcionadas a todos os níveis da educação brasileira (infantil, básica,
fundamental e superior), com maior destaque para a Educação Superior.
Considerando que grande parte da população brasileira não tem acesso
a um curso de nível superior ou, muitas vezes, por questões socioeconômicas,
não consegue manter-se em uma instituição de ensino superior, ao assumir a
Presidência da República, Lula, talvez por sua origem, teve a percepção da
necessidade de promover políticas de inclusão, buscando a expansão das
instituições de ensino superior - IES, sem perder de vista a qualidade do
ensino oferecido, fosse público ou privado. Assim, deu ênfase à expansão da
educação de qualidade, democratizando o acesso às instituições de ensino
superior públicas e privadas, reformulando as metodologias de avaliação, bem
como as ferramentas de coleta de dados.
Sob essa ótica, o Governo passou a considerar a educação superior
como forma de inclusão social e fonte de geração de trabalho e de renda,
diminuindo, assim, as desigualdades sociais e regionais. A educação superior
passou a ser considerada também como forma de promover o
desenvolvimento tecnológico e científico. Com este novo olhar, o Governo
Lula resolveu implementar programas com a finalidade de ampliar a oferta de
vagas para o ensino superior e passou a adotar medidas que promovessem a
permanência dos estudantes nas IES.
21
Para implementar tais iniciativas, o Governo buscou fundamentação
nas principais legislações que tratam das diretrizes nacionais das políticas
públicas de educação, a saber: Constituição Federal de 1988, a nova Lei de
Diretrizes e Bases - LDB, instituída pela Lei nº 9.394, de 15 de dezembro de
1996, e o Plano Nacional de Educação – PNE, criado pelo Lei nº 10.172, de 09
de janeiro de 2001, com duração de dez anos (2001 a 2010).
Com base nestas legislações, a seguir serão apresentadas,
detalhadamente, as principais políticas de acesso à educação superior
desenvolvidas pelo Governo Lula durante o período de janeiro de 2003 a
janeiro de 2011.
3.1 - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais – REUNI
Instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, o Programa de
Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais –
REUNI é uma das ações que integram o Plano de Desenvolvimento da
Educação – PDE e prevê objetivo e meta claros, conforme previsto nos seus
Artigo e Parágrafo 1ºs, transcritos abaixo1:
“Art. 1o Fica instituído o Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais -
REUNI, com o objetivo de criar condições para a
ampliação do acesso e permanência na educação
superior, no nível de graduação, pelo melhor
aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos
1 MEC.Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12261&ativo=503&Itemid=502. Acesso em: 06 JAN 2012
22
existentes nas universidades federais.” (DECRETO Nº
6.096, 2007).
“§ 1o O Programa tem como meta global a elevação
gradual da taxa de conclusão média dos cursos de
graduação presenciais para noventa por cento e da
relação de alunos de graduação em cursos presenciais
por professor para dezoito, ao final de cinco anos, a
contar do início de cada plano.” (DECRETO Nº 6.096,
2007).
Logo, o principal objetivo do Programa REUNI é ampliar o acesso e a
permanência na educação superior. Para isso, houve a adesão de todas as
Universidades Federais, as quais apresentaram seus planos de ações ao
Ministério da Educação.
Além do aumento do número de vagas nos cursos de graduação, o
Programa prevê, também, ações que propiciem a ampliação ou a abertura de
cursos noturnos, o aumento do número da relação de alunos por professor, a
redução do custo por aluno, a flexibilização de currículos com inovações
pedagógicas e um constante combate à evasão.
Vale ressaltar que, com o REUNI, houve uma série de medidas do
Governo Federal para retomar o crescimento e a consolidação do ensino
superior público, de modo que as universidades federais pudessem expandir
suas instalações físicas e melhorar acadêmica e pedagogicamente.
23
Na verdade, o principal propósito das metas previstas no REUNI é o de
contribuir para a diminuição das desigualdades sociais presentes no nosso
país.
Conforme dito anteriormente, o REUNI é uma das ações que integram o
PDE, lançado em 15 de março de 2007 pelo Governo Federal.
Na Apresentação do PDE (2007), o Presidente Lula faz o seguinte
registro:
“A educação, como sempre afirmamos, é um caminho
sólido para o Brasil crescer beneficiando todo o nosso
povo. O Plano de Desenvolvimento de Educação (PDE)
é um passo grandioso nesse sentido.” (PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2007, p.3).
No subitem 2.2.1 do PDE (2007), mencionando, especificamente o
REUNI, o Ministro da Educação, Fernando Haddad, diz o seguinte:
“.... o REUNI permite uma expansão democrática do
acesso ao ensino superior, o que aumentará
expressivamente o contingente de estudantes de
camadas sociais de menor renda na universidade pública.
O desdobramento necessário dessa democratização é a
necessidade de uma política nacional de assistência
estudantil que, inclusive, dê sustentação à adoção de
políticas afirmativas. O Plano Nacional de Assistência
Estudantil (PNAES) consolida o REUNI.” (PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2007, p.27).
24
Os primeiros resultados das metas previstas no REUNI serão
demonstrados no Capítulo IV do presente trabalho, que versará sobre a
educação superior em números.
3.2 - Plano Nacional de Assistência Estudantil – PNAES
O Plano Nacional de Assistência Estudantil – PNAES, criado pela
Portaria Normativa nº 39, de 12 de dezembro de 2007, compõe o conjunto de
ações do PDE e, segundo o Ministro da Educação, Fernando Haddad,
“consolida o REUNI”.
O PNAES presta apoio aos estudantes de baixa renda, possibilitando
sua permanência nos cursos de graduação presencial oferecidos pelas
Instituições Federais de Ensino Superior – IFES. Com isso, o Programa
pretende viabilizar a igualdade de oportunidades entre todos, contribuindo,
assim, para a melhoria do desempenho acadêmico dos estudantes, a partir de
medidas que possam reduzir os índices de repetência e a taxa de evasão2.
O artigo 2º da Portaria nº 39 prevê:
“... O PNAES se efetiva por meio de ações de assistência
estudantil vinculadas ao desenvolvimento de atividades
de ensino, pesquisa e extensão, e destina-se aos
estudantes matriculados em cursos de graduação
presencial das Instituições Federais de Ensino Superior.”
(PORTARIA NORMATIVA Nº 39, 2007).
2 MEC.Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12302&ativo=608&Itemid=607. Acesso em: 06 JAN 2012
25
As ações de assistência estudantil a que se refere o artigo 2º da Portaria
acima mencionada estão explicitadas no seu Parágrafo único:
“... Compreendem-se como ações de assistência
estudantil iniciativas desenvolvidas nas seguintes áreas:
I - moradia estudantil; II - alimentação; III - transporte; IV -
assistência à saúde; V - inclusão digital; VI - cultura; VII -
esporte; VIII – creche e IX – apoio pedagógico.”
(PORTARIA NORMATIVA Nº 39, 2007,).
Destaca-se que a execução de tais ações é de responsabilidade de
cada instituição de ensino, que deve, também, fazer o acompanhamento e a
avaliação do desenvolvimento do Programa.
Para selecionar os estudantes contemplados pelo PNAES, são
utilizados critérios que considerem o perfil socioeconômico dos alunos, bem
como critérios que levem em conta a realidade de cada IFES.
Criado em dezembro de 2007 e implementado em 2008, o PNAES
recebeu R$ 125,3 milhões em investimentos, no seu primeiro ano. Já em
2009, o Programa recebeu R$ 203, 8 milhões. Em 2010, a previsão
orçamentária foi da ordem de R$ 304 milhões.
3.3 - Programa Universidade para Todos – ProUni
Criado em 2004 e instituído pela Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de
2005, o Programa Universidade para Todos – ProUni tem a finalidade de
conceder bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cursos de
26
graduação e de cursos sequenciais de formação específica em instituições
privadas de educação superior3.
Vale ressaltar que as instituições que aderem ao ProUni, em
contrapartida, são isentas de alguns tributos.
O ProUni é dirigido a estudantes egressos do ensino médio da rede
particular na condição de bolsistas integrais ou oriundos da rede pública de
ensino.
Segundo as normas estabelecidas pelo ProUni (2005), poderão
concorrer às bolsas integrais, os candidatos que tenham renda familiar de até
um salário mínimo e meio por pessoa. Já para concorrer às bolsas parciais
(50%), a renda familiar dos candidatos deve ser de até três salários mínimos
por pessoa. Para obter quaisquer uma das duas modalidades de bolsa ProUni
(integral ou parcial), o candidato deve satisfazer, ainda, a pelo menos uma das
condições a seguir:
- ter cursado o ensino médio completo em escola da rede pública;
- ter cursado o ensino médio completo em instituição privada, na condição de
bolsista integral;
- ter cursado todo o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e
parcialmente em instituição privada, na condição de bolsista integral;
- se pessoa com deficiência e
- ser professor da rede pública de ensino, no efetivo exercício do magistério da
educação básica e integrando o quadro de pessoal permanente de instituição
pública e que estejam concorrendo a bolsas nos cursos de licenciatura, normal
superior ou pedagogia. Nesses casos não é considerado o critério de renda;
No item 2.2.2 do PDE, o Ministro da Educação conclui:
3 MEC.Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=205&ativo=299&Itemid=298. Acesso em: 06 JAN 2012
27
“.... O desempenho dos bolsistas do PROUNI no Exame
Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), um
dos componentes do Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior (SINAES), é sistematicamente
superior ao desempenhos dos alunos pagantes, o que
demonstra cabalmente que a questão do acesso foi
tratada corretamente: os alunos não chegavam à
educação superior por uma questão econômica, não por
falta de méritos.” (PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCAÇÃO, 2007, p.29 e p.30).
A seleção dos candidatos ao ProUni é realizada semestralmente,
devendo o candidato inscrever-se pelo Sistema Informatizado do ProUni –
Sisprouni, um sistema totalmente impessoal, o que garante transparência e
segurança ao processo. O Programa utiliza as notas obtidas no Exame
Nacional do Ensino Médio – ENEM para pré-selecionar os candidatos às
bolsas. Desta forma, o ProUni consegue conciliar inclusão à qualidade e ao
mérito daqueles estudantes que tenham atingido os desempenhos acadêmicos
mais satisfatórios.
Do ano de 2005 ao 2º semestre de 2010, foram ocupadas 748 mil 855
bolsas, contemplando 919 mil estudantes, sendo:
- 47% dos bolsistas afrodescendentes
- 69% das bolsas integrais
- 89% dos cursos presenciais (74% cursos noturnos)
O gráfico com o número de bolsas ocupadas será demonstrado no
Capítulo IV do presente trabalho, que versará sobre a educação superior em
números.
28
O ProUni, assim como o REUNI e o Fundo de Financiamento ao
Estudante do Ensino Superior – FIES, é uma das ações do Plano de
Desenvolvimento da Educação – PDE. No próximo item deste trabalho, o FIES
será apresentado detalhadamente. O importante destacar, neste momento, é
que o ProUni se articula com o FIES, possibilitando ao bolsista parcial o
financiamento de até 100% da mensalidade que não for coberta pela bolsa do
Programa.
Vale lembrar que o Programa Universidade para Todos - ProUni,
somado ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (REUNI), ao Fundo de Financiamento ao Estudante do
Ensino Superior – FIES e à expansão da rede federal de educação profissional
e tecnológica proporciona a ampliação significativa do número de vagas na
educação superior, possibilitando, assim, que mais estudantes do nosso país
tenham acesso à educação superior.
3.4 - Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior - FIES
O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior – FIES foi
instituído pela Lei nº 10.260, de 12/07/2001, sofreu várias alterações, sendo a
última em 2010, pela Lei nº 12.2024.
O FIES se articula com o ProUni no conjunto de ações previstas no
Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE. É um Programa com a
finalidade de financiar os estudos de alunos de cursos de graduação,
prioritariamente, ampliando, desta forma, o acesso à educação superior.
Poderão concorrer ao FIES, os estudantes que estiverem regularmente
matriculados em instituições de ensino superior não gratuitas e que estejam
4 MEC. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=198:apresentacao&catid=141:fies-financiamento-estudantil&Itemid=303. Acesso em: 06 JAN 2012
29
cadastradas no Programa, devendo os cursos terem obtido avaliação positiva
no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES.
A operacionalização do FIES é de responsabilidade do Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação – FNDE.
Para maior comodidade do candidato, a inscrição é realizada pela
internet (Sistema Informatizado - SisFIES), o que, além de facilitar, garante
confiabilidade ao processo. As instituições que desejarem aderir ao Programa,
também fazem a adesão pela internet.
No ano de 2010, o FIES passou por algumas reformulações, a saber:
- juros baixaram de 9 para 3,4% ao ano;
- financiamento até 100% da mensalidade;
- dilatação do prazo de pagamento no triplo do tempo da graduação;
- criação do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo e
- estudantes de licenciatura e medicina que se dispuserem a trabalhar nas
redes públicas de educação e saúde amortizam, sem dispêndio, 1% da dívida
consolidada por mês de trabalho.
Quanto aos contratos, no ano de 2010, o FIES firmou 74.007 mil
contratos, totalizando um valor global superior a R$ 3 bilhões.
3.5 - Sistema de Seleção Unificada – SiSU
O Sistema de Seleção Unificada – SiSU foi institucionalizado pelo
Ministério da Educação – MEC em 2010. É um Sistema informatizado,
gerenciado pelo Ministério da Educação - MEC para selecionar novos
estudantes às vagas das instituições públicas de ensino superior que aderiram
30
ao processo, utilizando, para tanto, exclusivamente a nota obtida pelo
candidato no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM5.
O próprio Sistema faz a seleção a partir da nota alcançada no ENEM. O
candidato pode consultar as vagas disponíveis, fazendo pesquisas referentes
às instituições e aos cursos que participaram do processo.
Segundo a “Sinopse das ações do Ministério da Educação”, publicada
em 2011, o SiSU apresenta os seguintes números:
1º semestre de 2010 1º semestre de 2011
51 instituições participantes 83 instituições participantes
Vagas disponibilizadas: 47.913 Vagas disponibilizadas: 83.125
38.549 para ampla concorrência 65.334 para ampla concorrência
9.364 para ações afirmativas 17.791 para ações afirmativas
Número de inscritos: 793.910 Número de inscritos: 1.080.193
Estas foram as principais políticas de acesso à educação superior
implementadas pelo Governo Lula durante o período de janeiro de 2003 a
janeiro de 2011. No próximo capítulo, serão apresentados os gráficos que
refletem os primeiros resultados de tais iniciativas.
5MEC. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16185&Itemid=1101. Acesso em: 06 JAN 2012
31
CAPÍTULO IV
A EDUCAÇÃO SUPERIOR EM NÚMEROS
No capítulo anterior, foram apresentadas algumas das principais
políticas do Governo Lula para ampliar e democratizar o acesso à educação
superior. Entretanto, propositadamente, não foram demonstrados os gráficos
do Ministério da Educação que comprovam os dados mencionados
anteriormente.
Vale destacar que o real impacto de algumas políticas públicas só pode
ser medido a curto, médio ou a longo prazo. Portanto, o presente capítulo será
dedicado à apresentação de gráficos que demonstram os primeiros resultados
das iniciativas apresentadas neste trabalho e que permitem uma comparação
entre o cenário da educação superior encontrado por Lula, em 2003, e o atual.
Na Apresentação do Plano de Desenvolvimento da Educação (2007), o
Presidente Lula afirma:
“... Não é por acaso que os mais diferentes setores
sociais, dos trabalhadores aos empresários, dos
professores aos alunos, das escolas privadas às escolas
públicas, em todas as regiões, têm reconhecido a
consistência das políticas públicas voltadas para a
educação: PROUNI, Universidade Aberta, FUNDEB, Piso
Salarial Nacional do Magistério, IDEB, REUNI, IFET, entre
outras iniciativas. Muito já foi feito e muito mais temos que
fazer.” (PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCAÇÃO, 2007, p.3).
32
A seguir, teremos, então, a oportunidade de conferir os primeiros
resultados da “consistência das políticas públicas voltadas para a
educação:...”:
4.1- Aumento do número de matrículas na educação superior
Com a expansão e a interiorização das redes federais de educação
profissional e tecnológica e educação superior, houve um aumento significativo
do número de matrículas nos cursos de graduação e de pós-graduação. Do
ano de 2003 a 2009, foi registrado um aumento de quase 50%, conforme
gráfico abaixo:
4.2- Aumento da oferta de vagas na graduação presencial e expansão da
Rede Federal de Educação Superior
Um dos principais objetivos do Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI é o aumento
33
do número de vagas nas Universidades Federais, contribuindo, assim, para a
diminuição das desigualdades sociais presentes no nosso país.
Confira, abaixo, o gráfico do Ministério da Educação, que demonstra um
aumento de 109,2 mil vagas em 2003 para 243,5 mil vagas em 2012.
Com o Programa REUNI, as universidades federais foram conclamadas
a interagir com as vocações e as culturas regionais, compartilhando o saber e
a tecnologia com a sociedade em geral. Desta forma, uma das principais
diretrizes que nortearam o mapa da expansão foi a interiorização das
universidades, de acordo com a realidade de cada região.
Abaixo, é possível verificar o aumento do quantitativo de Instituições de
Ensino Superior após a implementação do REUNI:
34
4.3 - Plano Nacional de Assistência Estudantil – PNAES
O Plano Nacional de Assistência Estudantil – PNAES, tem o objetivo de
apoiar a permanência dos estudantes na educação superior pública federal,
bem como reduzir as taxas de evasão, prestando assistência aos alunos de
graduação presencial.
Confira, a seguir, os benefícios e os recursos destinados às ações do
Programa:
4.4 - Programa Universidade para Todos – ProUni
O ProUni tem a finalidade de conceder bolsas de estudos integrais e
parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de
formação específica em instituições privadas de educação superior.
O ProUni é dirigido a estudantes egressos do ensino médio da rede
particular na condição de bolsistas integrais ou oriundos da rede pública de
ensino.
35
Poderão concorrer às bolsas integrais, os candidatos que tenham renda
familiar de até um salário mínimo e meio por pessoa. Já para concorrer às
bolsas parciais (50%), a renda familiar dos candidatos deve ser de até três
salários mínimos por pessoa.
O Programa utiliza as notas obtidas no Exame Nacional do Ensino
Médio – ENEM para pré-selecionar os candidatos às bolsas.
Do ano de 2005 ao 2º semestre de 2010, foram ocupadas 748.855 bolsas,
como se verifica no gráfico abaixo:
4.5 - Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior -FIES
O FIES é um Programa com a finalidade de financiar os estudos de
alunos de cursos de graduação, prioritariamente, ampliando, desta forma, o
acesso à educação superior.
No ano de 2010, o FIES firmou 74.007 mil contratos, totalizando
425.650 mil contratos de 2003 a 2010. Veja abaixo:
36
4.6 - Sistema de Seleção Unificada – SiSU
É um Sistema informatizado, gerenciado pelo MEC para selecionar
novos estudantes às vagas das instituições públicas de ensino superior que
aderiram ao processo, utilizando, para tanto, exclusivamente a nota obtida pelo
candidato no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM.
Segundo a “Sinopse das ações do Ministério da Educação”, publicada
em 2011, o SiSU apresenta os seguintes números:
1º semestre de 2010 1º semestre de 2011
51 instituições participantes 83 instituições participantes
Vagas disponibilizadas: 47.913 Vagas disponibilizadas: 83.125
38.549 para ampla concorrência 65.334 para ampla concorrência
9.364 para ações afirmativas 17.791 para ações afirmativas
Número de inscritos: 793.910 Número de inscritos: 1.080.193
37
4.7- Recursos para a Educação Superior
Para implementar as iniciativas que ampliaram e democratizaram o
acesso de uma parcela maior da nossa sociedade à educação superior, o
Governo Federal aumentou os investimentos nessa etapa do ensino.
Na página 07 do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, o
Ministro Fernando Haddad faz a seguinte reflexão:
“... Tal visão fragmentada partiu de princípios
gerencialistas e fiscalistas, que tomaram os investimentos
em educação como gastos, em um suposto contexto de
restrição fiscal.” (PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCAÇÃO, 2007, p.7).
Confira, a seguir, os recursos que o MEC vem destinando à educação
superior:
38
Para concluir este Capítulo e considerando o tema do presente trabalho,
bem como a origem do mentor político das iniciativas aqui abordadas e dos
primeiros resultados alcançados, não podemos deixar de citar um dos ícones
da educação brasileira, o mestre Paulo Freire, em “Educação e Mudança”
(1981):
“...Este compromisso com a humanização do homem, que
implica em uma responsabilidade histórica, não pode
realizar-se através do palavrório, nem de nenhuma outra
forma de fuga do mundo, da realidade concreta, onde se
encontram os homens concretos. O compromisso, próprio
da existência humana, só existe no engajamento com a
realidade, de cujas “águas” os homens verdadeiramente
comprometidos ficam “molhados”, ensopados. Somente
assim o compromisso é verdadeiro.” (FREIRE, 1981).
39
CONCLUSÃO
No sertão de Pernambuco, conforme narra Denise Paraná, em “A
história de Lula o filho do Brasil” (2009), Luiz foi: “Um menino tímido, que
morria de vergonha de falar em público e vivia agarrado na barra da saia de D.
Lindu...” (p.146). Logo, assim como tantos outros, aquele menino tímido
também não conhecia o significado de política pública ou de bem coletivo.
Entretanto, a vida dá voltas. O menino Luiz, tendo na mãe um exemplo de
dignidade e coragem, conseguiu transformar o impossível em realidade.
Transformou-se em Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-se um importante líder
sindical e, por dois mandatos consecutivos, Presidente da República
Federativa do Brasil.
Com uma bagagem tão rica, Lula, que travou várias lutas para
sobreviver às adversidades da vida, ao assumir a Presidência da República,
identificou a necessidade de mudanças no sistema educacional do nosso país.
Para isso, a educação deveria ser tratada com uma visão sistêmica, ou seja,
um processo que vai da creche à pós-graduação. Assim, a educação deixaria
de ser vista sob uma ótica fragmentada e passaria a ser mais inclusiva,
reduzindo as desigualdades sociais.
Para promover tais mudanças no sistema educacional, era necessário
implementar políticas em todos os níveis da educação (infantil, fundamental,
médio e superior). Houve investimento em todas estas etapas do ensino, com
ênfase para o nível superior.
Desta forma, para ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior,
Lula promoveu muitas políticas. Neste trabalho, destacam-se as principais, a
saber: o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais – REUNI, o Plano Nacional de Assistência Estudantil –
PNAES, o Programa Universidade para Todos – ProUni, o Fundo de
40
Financiamento ao Estudante do Ensino Superior –FIES e o Sistema de
Seleção Unificada – SiSU.
Com essas iniciativas, o avanço na educação superior é inegável. Os
gráficos do Ministério da Educação (capítulo IV do presente trabalho)
demonstram que os primeiros resultados alcançados comprovam um aumento
de quase 50% no número de matrículas de alunos nos cursos de graduação
em instituições federais. Assim como demonstram uma aumento no
quantitativo de vagas oferecidas, que passaram de 109 mil e 200 para 243 mil
e 500 vagas. Houve também a ampliação do número de universidades
federais, que, com a criação de 14 novas, passou de 45 para 59 universidades
federais.
Quanto aos recursos destinados à educação superior, os gráficos
demonstram que, no período de 2003 a 2011, os investimentos mais que
dobraram ou duplicaram.
Com relação às iniciativas adotadas para ampliar e democratizar o
acesso à educação superior nas universidades particulares, o Governo Lula
criou o Programa Universidade para Todos – ProUni. Com este Programa, o
número de bolsas ocupadas passou de 95 mil 608 bolsas (ano 2005) para 748
mil 855 bolsas (ano 2010).
Ainda com relação às instituições privadas de ensino superior, houve a
criação do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior – FIES.
O número de contratos firmados com o Governo Federal passou de 50 mil 619
contratos (ano 2003) para 425 mil 650 contratos (ano 2010).
Contudo, embora tenham sido criadas as políticas acima citadas, ainda
restava uma importante questão a ser equacionada: a permanência dos
estudantes nas universidades, pois de nada adiantaria a matrícula no curso,
sem que o estudante tivesse condições para se manter na universidade. Por
41
esta razão, o Governo criou o Plano Nacional de Assistência Estudantil –
PNAES. O Plano beneficiou, em 2008, um total de 198 mil e 200 estudantes.
Em 2010, beneficiou 734 mil e 300 estudantes. Os recursos para o PNAES
passaram de 125 milhões e 300 mil, em 2008, para 304 milhões, em 2010.
Mais recentemente, em 2010, o Governo criou o Sistema de Seleção
Unificada – SiSU. No primeiro semestre de 2010, houve a participação de 51
instituições federais de ensino superior. Esta adesão passou para 83, no
primeiro semestre de 2011. Com isso, foram disponibilizadas, em 2010, 47 mil,
913 vagas e, em 2011, 83 mil, 125 vagas.
Por fim, é importante destacar que as iniciativas abordadas no presente
trabalho podem indicar que o caminho para o desenvolvimento do nosso país
está no investimento em políticas bem elaboradas para a educação. Também
é importante destacar que, para alcançar seus objetivos, estas iniciativas
devem ser acompanhadas por pessoas comprometidas com a educação.
42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança: Rio de Janeiro: Paz e terra, 1981. PARANÁ, Denise. A historia de Lula o filho do Brasil. Rio de Janeiro: Objetiva,
2009.
RODRIGUES, Lima. A historia do Presidente Lula em cordel. Brasília: Charbel,
2005.
BIBLIOGRAFIA CITADA
1 - Plano de Desenvolvimento da Educação. Sinopse das Ações do Ministério
da Educação. Brasília:2011
2 - www.inep.gov.br. Censo da Educação Superior, 2002
3 – www.inep.gov.br. Censo da Educação Superior, 2010
43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA; UM PRESIDENTE SEM CURSO
SUPERIOR 10
CAPÍTULO II - CENÁRIO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM 2002 (NÍVEL:
GRADUAÇÃO) 15
CAPÍTULO III – PRINCIPAIS POLÍTICAS DE ACESSO À EDUCAÇÃO
SUPERIOR (NÍVEL: GRADUAÇÃO) DURANTE O GOVERNO LULA
(2003/2011) 20
3.1 - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais – REUNI 21
3.2 - Plano Nacional de Assistência Estudantil – PNAES 24
3.3 - Programa Universidade para Todos – ProUni 25
3.4. Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior -FIES 28
3.5. Sistema de Seleção Unificada – SiSU 29
CAPÍTULO IV - A EDUCAÇÃO SUPERIOR EM NÚMEROS 31
4.1- Aumento do número de matrículas na educação superior 32
4.2 - Aumento da oferta de vagas na graduação presencial e expansão da
Rede Federal de Educação Superior 32
4.3 – Plano Nacional de Assistência Estudantil – PNAES 34 4.4 - Programa Universidade para Todos – ProUni 34
4.5. Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior -FIES 35
4.6. Sistema de Seleção Unificada – SiSU 36
4.7. Recursos para a Educação Superior 37
CONCLUSÃO 39
44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42
BIBLIOGRAFIA CITADA 42
ÍNDICE 43