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1 Universidade de Lisboa Faculdade de Ciências Departamento de Biologia Animal Influência dos antioxidantes na qualidade do sémen de homens em tratamento de fertilidade Filipa Ferreira da Silva Barbosa Mestrado em Biologia Humana e Ambiente 2009

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Universidade de Lisboa

Faculdade de Ciências

Departamento de Biologia Animal

Influência dos antioxidantes na qualidade do sémen

de homens em tratamento de fertilidade

Filipa Ferreira da Silva Barbosa

Mestrado em Biologia Humana e Ambiente

2009

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Universidade de Lisboa

Faculdade de Ciências

Departamento de Biologia Animal

Dissertação

Influência dos antioxidantes na qualidade do sémen

de homens em tratamento de fertilidade

Instituto Valenciano de Infertilidad – Lisboa

Filipa Ferreira da Silva Barbosa

Mestrado em Biologia Humana e Ambiente

Tese de Dissertação orientada por:

- Doutora Sofia Nunes - Instituto Valenciano de Infertilidad (IVI) – Lisboa

- Professora Doutora Deodália Dias – Departamento de Biologia Animal – FCUL

2009

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Sumário

O presente trabalho visa estudar a influência do tratamento oral de antioxidantes

(vitamina E, L-carnitina e pentoxifilina) na qualidade seminal de homens inférteis numa

clínica de reprodução em Portugal (IVI Lisboa). O stress oxidativo (SO) é o resultado

do desequilíbrio entre as espécies reactivas de oxigénio e os antioxidantes no corpo, o

que pode levar ao dano e disfunção dos espermatozóides e eventualmente à infertilidade

masculina. Todos os componentes celulares, incluindo lípidos, proteínas, ácidos

nucleicos e açúcares, são potenciais alvos do SO. Neste estudo foram incluídos 30

homens inférteis com idade inferior a 45 anos, índice de massa corporal (IMC) menor

que 30, concentração espermática de 5 - 19 x 106 espermatozóides/ml e mobilidade

espermática progressiva entre 10 - 49%. Cada paciente realizou três espermogramas;

dois antes e um depois do tratamento com antioxidantes (n = 10) ou sem qualquer

tratamento (n = 20), sendo o intervalo mínimo entre o segundo e o terceiro

espermograma de 72 dias. Todas as amostras de sémen cumpriram abstinência sexual

entre 2 e 7 dias. Ao fim deste intervalo, foram registados os dados aos quais foi aplicado

um cálculo estatístico e analisaram-se os parâmetros do espermograma.

Após o tratamento de dados, verificou-se uma melhoria estatisticamente

significativa em apenas um dos parâmetros seminais após o tratamento com

antioxidantes, nomeadamente na morfologia espermática normal. É um resultado

interessante, visto que se pensa estar relacionado com a fragmentação de DNA

espermático. Apesar de se esperar melhorias significativas em mais parâmetros

seminais, conseguimos verificar melhores resultados no grupo com tratamento e ainda

uma melhor taxa de implantação. Estes resultados podem não ser significativos devido

ao reduzido tamanho amostral. Concluindo, este tratamento com antioxidantes pode ser

uma terapia promissora da infertilidade masculina.

Palavras-chave: Infertilidade masculina / Espermatozóides / Stress oxidativo /

Antioxidantes

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Abstract

This study, performed at an infertility centre in Portugal (IVI Lisbon), seeks to

investigate whether oral antioxidant treatment (vitamin E, L-carnitine and pentoxifilina)

is able to improve infertile men’s semen quality. Oxidative stress (OS) results from the

unbalance between reactive oxygen species and antioxidants in the body, which can

lead to sperm damage, deformity, and eventually male infertility. All cellular

components, including lipids, proteins, nucleic acids and sugars, are potential targets of

OS. This study included 30 infertile men younger than 45 years old, with a body mass

index (BMI) under 30, sperm concentration between 5-19x106 spermatozoa/ml and

progressive sperm motility between 10-49%. Each patient delivered 3 semen samples: 2

before and 1 after the antioxidant treatment (n=10) or without any treatment (n=20).

The interval between the second and the third deliver was, at least, 72 days. All semen

samples respected sexual abstinence between 2 to 7 days. At the end of the treatment

with antioxidants, semen parameters were statistically analyzed.

After statistical analysis, we only achieved one significant improvement of the

seminal parameters, after the antioxidant treatment, namely the normal sperm

morphology. It is an interesting result once it is believed that sperm morphology is

related to sperm DNA fragmentation. Although more significant improvements were

expected, we could verify better results in the antioxidant treated group, as well as a

better implantation rate. These results may not be significant due to the reduced size of

the sample. In conclusion, this antioxidant treatment could be a promising therapy for

male infertility.

Keywords: Male infertility / Spermatozoa / Oxidative stress / Antioxidants

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Agradecimentos

Agradeço a todos que tornaram este estudo possível. Queria agradecer muito

especialmente às minhas orientadoras que me apoiaram sempre e estiveram sempre

presentes. À Doutora Sofia Nunes agradeço muito especialmente por me ter encorajado

desde o início, pela compreensão e por me ter conduzido da melhor forma ao longo de

todo o processo. À Professora Deodália por ter tornado tudo possível, pela sua

disponibilidade e compreensão desde o início.

O meu sincero agradecimento ao Doutor Sérgio Soares e Doutora Catarina

Godinho pela colaboração e ajuda no delineamento do projecto. Um agradecimento

muito especial à Susana Alves e João Gonçalves do Laboratório de Andrologia pela

imensa colaboração e disponibilidade. Sem eles não teria sido possível realizar este

trabalho.

Não podia deixar de agradecer aos meus colegas do Laboratório de FIV, David

Moreno, Carlos Coreia e Ângela Gama, pelo apoio, carinho e compreensão, sobretudo

naqueles dias de maior stress (não oxidativo).

Agradeço profundamente aos meus pais e à minha irmã pela força e carinho. Um

agradecimento muito especial ao Cristóvão pelo carinho e apoio, mesmo nos momentos

mais difíceis. Sem eles não teria sido possível realizar este sonho!

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ÍNDICE

Parte I – Introdução 8

1. Apresentação do tema 8

2. Estado de Arte 92.1. A Espermatogénese 10

2.2. As Espécies Reactivas de oxigénio e o stress oxidativo 112.2.1. Fontes de espécies reactivas de oxigénio 15

2.3. As espécies reactivas de oxigénio na Mulher 172.4. Os Antioxidantes 17

2.4.1. Antioxidantes enzimáticos 182.4.2. Antioxidantes não-enzimáticos 19

2.4.3. Suplementação oral de antioxidantes 21

2.5. O estilo de vida e a infertilidade masculina 22

2.5.1. Tabaco 222.5.2. Álcool 23

2.5.3. Obesidade 23

2.5.4. Factores ambientais 23

2.6. O stress oxidativo e as técnicas de procriação medicamente assistida 242.6.1. Testes directos 262.6.2. Testes indirectos 26

3. Objectivos 27

Parte II – Metodologia 28

1. Grupo de estudo 28

2. Protocolo do estudo 28

3. Análise do sémen 29

3.1. Exame macroscópico 293.2. Exame microscópico 30

3.3. Morfologia espermática 313.3.1. Protocolo para a morfologia espermática 33

4. Tratamento de dados 34

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Parte III – Apresentação de resultados 35

1. Análise estatística das diferenças entre os dois grupos 36

A. Comparação dos grupos antes do tratamento (primeiras medições) 36B. Comparação dos grupos após o tratamento (segundas medições) 38C. Comparação das diferenças pré e pós-tratamento 39

2. Análise das respostas ao tratamento 44

3. Influência da idade 46

Parte IV – Discussão 47

Parte IV – Considerações finais 61

Bibliografia 62

ANEXOS 69

A. Resultados do teste Kolmogorov-Smirnov 69

B. Glossário de abreviaturas 70

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Parte I - Introdução

1. Apresentação do tema

Um crescente conhecimento da literatura mostra uma grande variedade de

substâncias que afectam negativamente a qualidade do sémen e podem prejudicar a

fertilidade masculina (Desai, et al., 2009).

O sémen é um indicador sensível das exposições ambientais, ocupacionais e de

estilo de vida que podem exercer efeitos tóxicos directos e perturbações hormonais. Os

danos podem ocorrer em qualquer fase da vida. Contudo, enquanto algumas exposições

podem produzir alterações reversíveis, outras, especialmente danos nas células

germinativas no útero ou durante a pré-puberdade, podem provocar sequelas

permanentes (Mendiola, et al., 2008). O sémen é constituído essencialmente por

espermatozóides e o plasma seminal, onde se encontram os leucócitos, as células

redondas, eventuais células epiteliais, entre outras.

A etiologia da qualidade seminal sub-óptima devida ao stress oxidativo está a

ficar cada vez mais esclarecida e o nosso conhecimento sobre o papel das espécies

reactivas de oxigénio (ERO) na fertilidade masculina continua a crescer graças ao

número de estudos realizados. A origem da produção das espécies reactivas de oxigénio

e as etiologias exacerbadas em homens com qualidade seminal sub-óptima estão

bastante mais claras, oferecendo múltiplas vias para potenciais terapias (Kefer, et al.,

2009).

Sabemos que o plasma seminal contém tanto antioxidantes enzimáticos

(superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase) assim como um conjunto de

antioxidantes não enzimáticos (por exemplo, ascorbato, urato, vitamina E, vitamina A,

piruvato, glutationa, albumina, uniquinol, taurina e hipotaurina) (Agarwal, et al., 2005).

Porém, por vezes ocorre um desequilíbrio entre as espécies reactivas de oxigénio e os

antioxidantes, originando o estado de stress oxidativo, bastante comum nos organismos

aeróbios.

Os factores relativos ao ambiente e ao estilo de vida implicados na subfertilidade

são de particular interesse porque, ao contrário das causas genéticas, estes podem ser

apontados para medidas preventivas e curativas. Um factor do estilo de vida largamente

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negligenciado mas muito importante é a alimentação. A alimentação é importante para a

síntese de DNA, já que a maioria dos seus compostos essenciais são derivados da

alimentação. Além disso, a alimentação é uma fonte de antioxidantes exógenos

(carnitina e vitaminas E e C) (Ebisch, et al., 2007). Contudo serão necessários estudos

randomizados bem estruturados para avaliar o potencial destes tratamentos com

antioxidantes. Sem mais estudos para testar os tratamentos com melhor eficácia, é difícil

criar linhas orientativas sólidas para terapias (Kefer, et al., 2009).

Nos últimos anos, prestou-se especial atenção a factores como o tabaco, o álcool

e a obesidade, conhecidos por serem nocivos para a saúde. Outros factores também

considerados pela literatura incluem o uso de drogas, o stress do calor genital, o stress

psicológico e os telemóveis (Mendiola, et al., 2008). A exposição à poluição ambiental

foi também relacionada com o aumento da produção de ERO. Embora haja cada vez

mais informação sobre os efeitos de substâncias específicas na qualidade do sémen, a

relação entre a exposição química ambiental e a infertilidade masculina não está sempre

clara (Makker, et al., 2009).

O stress oxidativo afecta tanto a fecundação natural como a procriação

medicamente assistida. Assim, compreender como as ERO são produzidas e como

afectam diversas funções torna-se bastante importante. Será necessário desenvolver

estratégias que ajudem a reduzir o stress oxidativo nos laboratórios de fertilização in

vitro (Agarwal, et al., 2008a).

2. Estado de Arte

A Organização Mundial de Saúde define infertilidade como a incapacidade de

um casal conseguir uma gravidez a termo ao fim de pelo menos 1 ano de relações

sexuais regulares e não protegidas (Rowe, et al., 2000). A infertilidade é uma grande

preocupação clínica, que afecta 15% de todos os casais em idade reprodutiva, e os

factores masculinos, incluindo baixa qualidade seminal, são responsáveis por 25%

destes casos.

Em Portugal, calcula-se que cerca de 500.000 indivíduos em idade de procriação

sofram de infertilidade e que 10.000 novos casais por ano tenham problemas de

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reprodução (Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução). De facto, o número de

problemas relacionados com a esfera da fecundidade encontra-se em ascensão. A

infertilidade tem aumentado nos países industrializados devido ao adiamento da idade

de concepção, à existência de múltiplos parceiros sexuais, aos hábitos sedentários e de

consumo excessivo de gorduras, tabaco, álcool e drogas, bem como aos químicos

utilizados nos produtos alimentares e aos libertados na atmosfera.

Apenas nos últimos 15 anos houve um aumento significativo do conhecimento

sobre a infertilidade masculina, graças aos avanços relativos à compreensão da

fisiologia masculina. Há a necessidade de decifrar a origem multifactorial da

subfertilidade na qual muitos factores genéticos e ambientais actuam em conjunto

(Ebisch, et al., 2007).

2.1. A espermatogénese

O sémen do homem é uma mistura complexa de células contidas no plasma

seminal, uma secreção que consiste numa combinação de diversos produtos sintetizados

ao longo de todo o tracto genital masculino, incluindo os túbulos seminíferos e

glândulas acessórias. As células seminais incluem espermatozóides maduros e imaturos,

células redondas de diferentes estados do processo de espermatogénese, leucócitos e

outros tipos de células ocasionais, como células epiteliais (Garrido, et al., 2004).

As células germinativas masculinas desenvolvem-se nos túbulos seminíferos dos

testículos, a partir de células estaminais que se auto-renovam, ao longo da vida desde a

puberdade até à idade adulta. O processo completo do desenvolvimento das células

germinativas designa-se espermatogénese e tem a duração de aproximadamente 72 dias.

Os produtos finais da espermatogénese são os gâmetas masculinos maduros,

nomeadamente os espermatozóides. Os espermatozóides são células altamente

diferenciadas, especializadas e condensadas, que não crescem, nem se dividem e que

estão unicamente destinados a desempenhar a sua função especial, a fecundação do

ovócito. São tipicamente divididos em três partes: cabeça, que contém o núcleo (DNA e

proteínas) e o acrossoma (várias enzimas hidrolíticas); parte intermédia (com

mitocôndrias) e a cauda.

A observação microscópica do ejaculado permite a avaliação do número, da

forma e da mobilidade dos espermatozóides e a detecção de outros componentes

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celulares. Tudo isto permite a primeira informação sobre o sucesso da espermatogénese.

Contudo, a avaliação comum do ejaculado não providencia em muitos casos informação

suficiente sobre os defeitos da espermatogénese.

A espermatogénese é um processo de baixa eficiência: a perda de células

germinativas durante este processo e o número de espermatozóides mal formados no

ejaculado são extremamente elevados. Estima-se que apenas 12% do potencial

espermatogénico esteja disponível para a reprodução (Holstein, et al., 2003).

A apoptose de certos tipos de células germinativas é um aspecto normal da

espermatogénese em diversas espécies de mamíferos, incluindo o ser humano, e pode

ser importante na regulação da libertação do sémen (Barroso, et al., 2000). A apoptose é

uma das causas da fragmentação de DNA. As espécies reactivas de oxigénio (ERO) são

conhecidas por causar dano oxidativo no DNA de espermatozóides e de provavelmente

levarem um maior número de espermatozóides a sofrer apoptose (Twigg, et al., 1998).

Esta apoptose induzida pelas ERO pode ser inibida por vários antioxidantes, sugerindo

um papel importante do stress oxidativo assim como da actividade dos antioxidantes a

induzir ou inibir a apoptose (Ebisch et al, 2007).

2.2. As espécies reactivas de oxigénio e o stress oxidativo

Frequentemente, a etiologia da qualidade seminal sub-óptima é pouco

compreendida e muitos factores psicológicos, ambientais e genéticos, incluindo o stress

oxidativo, têm sido implicados (Sharlip, et al., 2002). A origem da produção das

espécies reactivas de oxigénio e as etiologias de níveis elevados em homens com

qualidade seminal sub-óptima apenas recentemente têm sido esclarecidas, oferecendo

múltiplas opções para potenciais terapias (Kefer, et al., 2009).

As ERO são produtos do metabolismo celular normal. São formadas como

subprodutos necessários das reacções enzimáticas normais da sinalização inter e

intracelular (Agarwal, et al., 2006). Durante a redução enzimática do oxigénio para

produzir energia, formam-se os radicais livres como subprodutos (Tremellen, 2008). Os

radicais mais comuns com potenciais implicações na biologia reprodutiva incluem o

anião superóxido (O2-)., peróxido de hidrogénio (H2O2), radical peroxilo (ROO-). e o

extremamente reactivo radical hidroxilo (OH-). (Maneesh and Jayalekshmi, 2006). Os

radicais livres são um grupo de moléculas químicas altamente reactivas que têm um ou

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mais electrões desemparelhados e que podem modificar biomoléculas oxidando-as. Esta

estrutura electrónica dos radicais faz com que reajam quase instantaneamente com

qualquer substância que se encontre por perto (Agarwal, et al., 2008a). Normalmente, o

oxigénio molecular tem 2 electrões desemparelhados e este facto torna-o especialmente

susceptível à formação de radical. Por exemplo, a adição de um electrão extra à

molécula de oxigénio (O2) forma o radical anião superóxido (O2-)., a forma primária das

ERO. Este anião superóxido pode depois ser convertido directa ou indirectamente em

ERO secundárias, tal como o radical hidroxilo (OH-)., radical peroxilo (ROO-). ou

peróxido de hidrogénio (H2O2) (Maneesh and Jayalekshmi, 2006). Uma vez iniciado o

processo, dá-se uma reacção em cascata que leva, por fim, a danos nas células vivas.

(Agarwal et al, 2008a).

Apesar disso, as espécies reactivas de oxigénio exercem muitos efeitos benéficos

nos espermatozóides, que estão sumarizados na Tabela I. Desta tabela podemos concluir

que a presença de ERO parece ser muito importante no processo de fecundação de

ovócitos (Ebisch et al, 2007).

Tabela I – Efeitos das espécies reactivas de oxigénio (ERO) nosespermatozóides.

As espécies reactivas de oxigénio regulam Referências

Maturação epididimal e concentraçõesespermáticas fisiológicas

Cornwall et al (1988)

Taxa de hiperactivação De Lamirande and Gagnon (1993)Capacidade de sofrer reacção acrossómica Burkman (1990), De Lamirande et al

(1993)Ligação a ovócitos Aitken et al (1989, 1993)

(Adaptado de Ebisch et al, 2007)

Enquanto as ERO são necessárias para a capacitação espermática, hiperactivação

e fusão ovócito-espermatozóide, um nível excessivo destes radicais pode afectar

negativamente a qualidade do sémen (Kefer, et al., 2009). Elevados níveis de ERO

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foram relacionados com uma diminuição da mobilidade espermática, aumento dos

danos do DNA espermático, peroxidação lípidica da membrana celular do

espermatozóide e diminuição da eficácia da fusão ovócito-espermatozóide (Agarwal, et

al., 2007).

Quando o nível de oxidantes ultrapassa o nível de antioxidantes estamos perante

uma situação de stress oxidativo (SO), há portanto uma ruptura do equilíbrio (Pons-

Rejraji, et al., 2009). É uma situação comum provocada pelos sistemas biológicos em

condições aeróbias, em que os antioxidantes não conseguem eliminar os radicais livres

(Agarwal, et al., 2008b). A sobreprodução de ERO pode ser induzida através de

mecanismos fisiológicos ou patológicos, incluindo a formação de ERO por leucócitos

como um mecanismo citotóxico de defesa do hospedeiro, durante estados de hipoxia

levando a grandes quantidades de ERO, assim como um vasto conjunto de drogas com

efeitos oxidativos nas células (Kefer, et al., 2009). A Figura 1 representa resumidamente

um esquema do stress oxidativo.

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Figura 1. Resumo do equilíbrio entre a produção de espécies reactivas de oxigénio(ERO) e os sistemas antioxidantes. A balança oxidante/antioxidante esquematiza oequilíbrio no sémen entre a produção de ERO e os sistemas de defesa antioxidantes.

(Adaptado de Pons-Rejraji et al, 2009)

Os efeitos patológicos das ERO incluem a perda da fluidez da membrana

plasmática devido à peroxidação lipídica pelas ERO nos espermatozóides.

Consequentemente, diminui a fosforilação das proteínas do axonema e pode levar a uma

diminuição do vigor da mobilidade e, finalmente, provocar a imobilização espermática

(Agarwal, et al., 2003). Os radicais livres podem também levar a danos no DNA dos

espermatozóides (Aitken and Krausz, 2001). Na maioria dos casos, os danos induzidos

pelos radicais livres podem ser reparados. Infelizmente, os espermatozóides não são

capazes de reparar estes danos porque lhes falta o sistema enzimático citoplasmático

necessário para o fazer (Agarwal. et al., 2008b). De facto, durante a espermatogénese, o

citoplasma é geralmente expelido do espermatozóide antes da libertação do epitélio

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germinal. Assim, a estrutura celular única dos espermatozóides torna-os particularmente

sensíveis ao stress oxidativo. As membranas plasmáticas contêm grandes quantidades

de ácidos gordos polinsaturados. A elevada concentração de ácidos gordos

polinsaturados nas membranas celulares dos espermatozóides torna-os mais susceptíveis

à peroxidação lipídica do que as outras células germinativas (Aitken, et al., 1995). Esta

combinação da susceptibilidade à peroxidação lipídica com a relativa falta de vigorosos

mecanismos de defesa intracelular é exacerbada pela produção de ERO pelos

espermatozóides (Kefer, et al., 2009).

Elevados níveis de ERO estão também correlacionados negativamente com o

potencial da membrana mitocondrial. Uma diminuição no potencial da membrana

mitocondrial é conhecida por ser um dos acontecimentos que iniciam a cascada da

apoptose e demonstrou-se que níveis elevados de ERO seminal aumentam a apoptose

nos espermatozóides de pacientes com factor masculino de infertilidade (Wang, et al.,

2003).

2.2.1. Fontes de espécies reactivas de oxigénio

O sémen humano consiste em diferentes tipos de células tais como

espermatozóides maduros e imaturos, células redondas de diferentes estados do

processo de espermatogénese, leucócitos e células epiteliais. Destes, os leucócitos

(neutrófilos e macrófagos) e os espermatozóides imaturos são as duas principais fontes

de ERO (Agarwal, et al., 2008a). Os neutrófilos produzem e libertam elevadas

concentrações de espécies reactivas de oxigénio junto de células e patogéneos para

formar reacções citotóxicas (Saleh and Agarwal, 2002). Pensa-se que a síntese de ERO

em resposta a uma infecção seja a 1ª linha de defesa contra microorganimos intrusos

(Garrido, et al., 2004).

A leucocitospermia é já há muito associada com a diminuição da concentração

espermática, mobilidade e morfologia, assim como reduzida hiperactivação e

fertilização defeituosa (Kefer, et al., 2009). Estudos sugerem que a reacção

colorimétrica da peroxidase seja um indicador preciso de ERO excessivas, mesmo em

concentrações abaixo do que a Organização Mundial de Saúde estabeleceu como sendo

leucocitospermia (concentração> 1x106 leucócitos/mL) (Agarwal et al, 2008b).

Enquanto a relevância da leucocitospermia no potencial da fecundação do paciente

permanece difícil de quantificar, esta pode todavia ser considerada um marcador de

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inflamação urológica ou sistémica e de possível disfunção espermática (Kefer, et al.,

2009).

Verificou-se que os espermatozóides formavam as ERO independentemente dos

leucócitos e que esta capacidade depende do nível de maturação do espermatozóide. A

retenção de excessivo citoplasma residual é a ligação entre a fraca qualidade seminal e

elevada concentração de ERO. Pensa-se que os espermatozóides que possuem gotas

citoplasmáticas sejam imaturos e funcionalmente defeituosos (Agarwal, et al., 2008a).

Níveis elevados de ERO no sémen estão correlacionados negativamente com a

morfologia normal (Gil-Guzman, et al., 2001) e positivamente correlacionados com o

índice de malformação dos espermatozóides (Agarwal, et al., 2004). Os resíduos

citoplasmáticos contêm elevados níveis de enzima glucose-6-fosfato diidrogenase, que

forma o NADPH. O NADPH depois forma espécies reactivas de oxigénio via NADPH

oxidase na membrana espermática (Said, et al., 2005). Além disso, à medida que a

concentração de espermatozóides imaturos aumenta no ejaculado, aumenta também a

concentração de espermatozóides maduros com DNA danificado (Agarwal, et al.,

2008a).

Embora tanto os leucócitos como os espermatozóides produzam ERO, a

concentração destas gerada por cada tipo de célula varia bastante. Foi demonstrado que

os leucócitos produzem 1000 vezes mais ERO que os espermatozóides após a

capacitação (Kefer, et al., 2009). Estes níveis díspares parecem implicar os leucócitos

como os agentes ofensivos dos danos oxidativos, mas outros estudos sugerem que os

danos espermáticos pelo stress oxidativo estão também mais relacionados com o local

do que com a concentração. Por exemplo, investigaram-se os efeitos das ERO

produzidas pelos leucócitos e pelos espermatozóides na qualidade seminal. Os níveis de

produção de ERO pelos leucócitos seminais foram designados ERO extrínsecas e as

produzidas pelos espermatozóides de produção intrínseca. Estes dados sugerem que

locais específicos de danos e funcionamento espermático estão não só relacionados com

os níveis de ERO produzidas, mas também com o local de produção destas. Baixas

concentrações de ERO produzidas intrinsecamente podem danificar substancialmente o

DNA espermático, enquanto que a produção extrínseca de ERO é mais prejudicial para

estruturas espermáticas externas, afectando por conseguinte a mobilidade, contagem e

morfologia (Kefer et al, 2009). Supõe-se que este stress oxidativo que induz o dano

espermático contribua em 30 a 80% de todos os casos de infertilidade masculina

(Agarwal, et al., 2006).

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2.3. Espécies reactivas de oxigénio na mulher

O papel das ERO ao nível do ovócito e da infertilidade feminina ainda não está

esclarecido. Ao contrário dos gâmetas masculinos e do plasma seminal no qual são

transportados, existe muito pouca informação relacionada com o meio envolvente do

ovócito e dos folículos ováricos (Taylor, 2001).

Os níveis de ERO dentro de certos limites fisiológicos podem ser necessários

para o desenvolvimento normal do ovócito e subsequente crescimento do embrião;

contudo, como em muitos outros sistemas, elevadas quantidades podem indicar stress

oxidativo (Ebisch, et al., 2007).

2.4. Antioxidantes

Para contrariar a possibilidade de um significativo dano celular devido à

excessiva produção de espécies reactivas de oxigénio, antioxidantes enzimáticos e

antioxidantes não-enzimáticos suprimem o excesso de ERO e permitem atingir um

equilíbrio entre formação de oxidantes benéfica e stress oxidativo prejudicial (Kefer et

al, 2009). O plasma seminal está dotado de um conjunto de antioxidantes que protegem

os espermatozóides dos agentes oxidantes (Sikka, 1996). Os mecanismos de defesa dos

antioxidantes compreendem três níveis de protecção: prevenção, intercepção e

reparação. A prevenção da formação de ERO é a primeira linha de defesa contra a

ofensa oxidativa (Agarwal et al, 2008b). As ERO têm de ser continuamente inactivadas,

ficando apenas uma pequena quantidade necessária para manter a função celular normal

(Sikka, 1996). Os níveis patológicos de ERO detectadas no sémen de homens inférteis

são mais provavelmente causados pela maior produção de ERO do que pela reduzida

capacidade antioxidante do plasma seminal (Agarwal et al, 2008a).

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2.4.1. Antioxidantes enzimáticos

Quanto aos antioxidantes enzimáticos, podemos falar de três grupos de enzimas

que desempenham um papel importante como “supressores” oxidativos (Tremellen,

2008). As superóxido dismutases (SOD) são enzimas que contêm metal e que catalisam

a conversão de dois superóxidos em oxigénio e peróxido de hidrogénio, que é menos

tóxico que o superóxido. A catalase (CAT), uma enzima que se localiza nos

peroxissomas, degrada o peróxido de hidrogénio em água e oxigénio, completando

assim a reacção iniciada pela SOD, de acordo com as seguintes equações:

2 (O2-) + 2H+ SOD H2O2 + O2

H2O2CAT H2O + ½ O2

A glutationa peroxidase actua também na degradação do peróxido de hidrogénio

removendo os radicais peroxilo, originando água e a forma oxidada da GSH (GSSG), de

acordo com a equação:

2GSH + H2O2glutationa peroxidase GSSG + 2H2O

Outras enzimas, como a glutationa transferase, ceroplasmina ou hemoxigenase,

podem também participar no controlo enzimático dos radicais de oxigénio e dos seus

produtos (Tremellen, 2008).

Desde 1980 que diferentes estudos demonstraram a presença de superóxido

dismutase (SOD) no plasma seminal e nos espermatozóides humanos (Mennella and

Jones, 1980 in Garrido, et al., 2004). Pesquisas prévias demonstraram que as

quantidades de superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase do plasma

seminal são significativamente mais baixas em pacientes inférteis do que em grupos

controlos, indicando portanto claramente a sua implicação directa na fertilidade

masculina (Nakamura, et al., 2002).

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2.4.2. Antioxidantes não-enzimáticos

As vitaminas E e C e a glutationa desempenham papéis importantes como

antioxidantes não-enzimáticos (Agarwal et al, 2007). O -tocoferol (vitamina E) é

lipossolúvel e actua sobretudo ao nível das membranas celulares (Ford and Whittington,

1998), protegendo-as contra os danos oxidativos, capturando e eliminando radicais

livres dentro das membranas celulares. A vitamina E inibe a peroxidação lipídica

eliminando os radicais peroxilo (RO.) e alcoxilo (ROO.). A capacidade do alfa-tocoferol

para manter um nível estável de radical peroxilo na membrana plasmática depende da

sua reciclagem através de agentes redutores externos, como o ascorbato e os tióis. Desta

forma, o alfa-tocoferol é capaz de funcionar como antioxidante quebrando a cadeia dos

radicais livres, apesar de a concentração ser baixa. A concentração da vitamina E nos

espermatozóides não está significativamente relacionada com a concentração desta no

plasma seminal, embora a percentagem de espermatozóides móveis esteja intimamente

relacionada com o teor de vitamina E nos espermatozóides (Therond, et al., 1996).

Verificou-se que a utilização de vitamina E in vitro melhorava a mobilidade espermática

e a viabilidade (Aitken, et al., 1989).

A vitamina C (ácido ascórbico) é um antioxidante hidrossolúvel que reduz os

radicais desde uma grande variedade de fontes e também recicla vitamina E oxidada

(Kefer, et al., 2009). A vitamina C é conhecida por remover eficazmente o radical

hidroxilo, o superóxido e o peróxido de hidrogénio (Patel and Sigman, 2008). Foi

demonstrado que a vitamina C se encontrava presente em pequenas quantidades no

plasma seminal de homens inférteis (Lewis, et al., 1997).

Num estudo randomizado e controlado com placebo, Greco e colegas (2005)

verificaram que o tratamento de homens com infertilidade inexplicada associada a uma

elevada fragmentação do DNA espermático ( 15 %) com vitamina C e E, levava a uma

diminuição da fragmentação do DNA sem qualquer alteração nos parâmetros seminais

(Greco, et al., 2005a). É importante notar que os estudos não escolhem os pacientes

baseados nos níveis anormais de ERO. Um estudo não-controlado de 38 homens com

elevada percentagem de fragmentação do DNA espermático ( 15 %) e com uma

tentativa falhada com a microinjecção intracitoplasmática de espermatozóide (ICSI)

submeteram-se a um tratamento oral de vitamina E e C e demonstraram uma melhoria

significativa na taxa de gravidez (48,2% vs 6,9%) e de implantação (19,6% vs 2,2%)

quando comparado com a sua primeira tentativa com ICSI (Greco, et al., 2005b).

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Nenhum ensaio randomizado e controlado actual mostra uma melhoria nos parâmetros

seminais ou nas taxas de gravidez de homens inférteis com a administração oral

individual de vitamina C.

A glutationa, antioxidante não-enzimático, pode ser a defesa intracelular mais

importante contra as ERO. A glutationa é um tripeptídeo composto por glutamato,

cisteína e glicina. A subunidade de cisteína providencia um grupo livre de sulfidrilo

(SH) exposto que elimina directamente os radicais livres. Uma vez oxidada, a glutationa

é depois regenerada ou reduzida pela glutationa redutase e pela nicotinamida adenina

dinucleotido fosfato (NADPH) para completar o ciclo (Agarwal et al., 2007). Um

estudo de Kodama e o seu grupo de pesquisa (1997) demonstrou que um tratamento

com a combinação de 400mg de GSH, 200 mg de vitamina C e 200 mg de vitamina E

durante 2 meses melhorou significativamente a concentração espermática e reduzia o

nível de danos oxidativos no DNA espermático (Kodama, et al., 1997). Porém,

Ochsendorf e colaboradores (1998) não conseguiram encontrar qualquer diferença na

concentração de GSH no plasma seminal entre azoospérmicos, oligozoospérmico e

normozoospérmicos (Ochsendorf, 1999).

A carnitina é um antioxidante alimentar que diminui as ERO removendo a

acetil-CoA tóxica extracelular que é responsável pelas ERO mitocondriais (Agarwal and

Said, 2004). Aproximadamente 75% da carnitina presente nos humanos é derivada da

sua alimentação. A concentração mais elevada de carnitina ocorre no epidídimo, com

concentrações aproximadamente 2000 vezes mais elevadas do que no plasma (Patel and

Sigman, 2008). Um estudo clínico não controlado de Costa e colegas (1994) mostrou

que a administração oral da L-carnitina (3g/dia durante um período de 4 meses) em 134

pacientes com astenozoospermia conduzia a uma melhoria significativa na mobilidade

espermática, no índice de linearidade, na progressão rápida linear e na velocidade média

(Costa, et al., 1994).

A pentoxifilina é um derivado da metilxantina e aumenta os níveis de cAMP

intracelular, inibindo a fosfodiesterase (Shen, et al., 1991). Segundo alguns estudos, a

pentoxifilina prolonga a duração da actividade dos espermatozóides do ejaculado. O

efeito estimulante da pentoxifilina na mobilidade espermática pode ser devida à sua

acção farmacológica no metabolismo do cAMP. Quando administrada oralmente e

secretada no fluido seminal, a pentoxifilina e os seus metabolitos aparecem no sémen.

Inibem a fosfodiesterase e aumentam as concentrações de cAMP nos espermatozóides

do ejaculado, melhorando assim a sua mobilidade (Shen, et al., 1991). No estudo de

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Shen e o seu grupo de investigação (1991) a suplementação oral de pentoxifilina em

homens oligo e/ou astenozoospérmicos melhorou a mobilidade espermática, mas não a

concentração (Shen, et al., 1991). Verificou-se que a pentoxifilina in vitro tinha um

efeito benéfico na mobilidade espermática e na reacção acrossómica e reduz a libertação

de O2- pelos espermatozóides humanos (McKinney, et al., 1996). Além disso, Parinaud

e o seu grupo de pesquisa (1997) verificaram que a pentoxifilina pode reduzir

significativamente os efeitos embriotóxicos do H2O2 em embriões de ratinho com duas

células (Parinaud, et al., 1997).

Enquanto os antioxidantes catalase, SOD e glutationa peroxidase encontram-se

em elevadas concentrações no citoplasma da maioria das células, as células

espermáticas carecem de citoplasma e portanto contêm apenas quantidades mínimas

destas vias de eliminação de ERO. A maioria da capacidade antioxidante enzimática

está contida no fluido seminal, assim como os antioxidantes não-enzimáticos vitamina E

e C, taurina e hipotaurina, entre outros (Agarwal, et al., 2007).

Sob condições normais, estes antioxidantes enzimáticos e não-enzimáticos

actuam para manter um nível total baixo de stress oxidativo no sémen, permitindo os

processos normais de sinalização e normal funcionamento espermático, enquanto

evitam concomitantemente os danos celulares oxidativos. Por outro lado, os efeitos

patológicos do stress oxidativo surgem em condições onde os níveis de ERO não

eliminadas aumentam ou a capacidade de neutralização dos antioxidantes do sistema

diminui, perturbando assim o delicado equilíbrio oxidante/antioxidante (Kefer, et al.,

2009).

2.4.3. Suplementação oral de antioxidantes

Os antioxidantes alimentares estão presentes na fruta, nos vegetais e nos

suplementos alimentares (Lenzi, et al., 1998). O caso da suplementação oral em homens

é bastante especulativa e depende se conseguirá de facto aumentar os níveis de

antioxidantes no tracto reprodutor e nos próprios gâmetas. Alguns ensaios afirmaram

que a administração oral de antioxidantes pode melhorar a qualidade espermática de

grandes fumadores (Dawson, et al., 1992) e pacientes com factor masculino de

infertilidade (Agarwal and Allameneni, 2004), enquanto outros não encontraram

qualquer benefício ou alteração nos parâmetros seminais em homens sub-férteis tratados

com vitamina C e E (Rolf, et al., 1999).

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O mecanismo de acção dos antioxidantes alimentares inclui capturar os radicais

livres e interferir com a cadeia de reacções químicas que levam à peroxidação lipídica

(Patel and Sigman, 2008). Os antioxidantes, como a vitamina E (alfa-tocoferol),

vitamina C (ácido ascórbico) e vitamina A (carotenóides), presentes na alimentação são

importantes para restabelecer e manter o equilíbrio oxidante-antioxidante nos tecidos

(Rolf, et al., 1999).

2.5. O estilo de vida e a infertilidade masculina

Existem bastantes evidências de que a qualidade e capacidade de fecundação do

sémen humano têm sofrido um grande declínio nas últimas décadas, pelo menos em

várias regiões dos Estados Unidos e da Europa (Skakkebok, et al., 2006). Porém, estas

alterações podem não ter ocorrido homogeneamente. As variações geográficas na

qualidade seminal apoiam a ideia de que factores específicos, presentes nalgumas áreas

mas não noutras, possam ser responsáveis pelo declínio da qualidade do sémen

(Jorgensen, et al., 2001). Os poluentes ambientais, as exposições ocupacionais e os

estilos de vida têm sido explorados como possíveis contribuintes para estas alterações.

O mau funcionamento do sistema reprodutivo masculino parece ser um bom marcador

da poluição ambiental (Homan, et al., 2007).

2.5.1. Tabaco

Os efeitos do tabaco podem ser observados tanto a nível microscópico como a

nível molecular. Os homens fumadores possuem menor qualidade seminal, reflectindo-

se na contagem, mobilidade e morfologia normal espermática diminuídas (Ramlau-

Hansen, et al., 2007). A exposição ao fumo do cigarro gera elevados níveis de stress

oxidativo, aumentando directamente tanto a concentração seminal de leucócitos como a

formação de ERO seminal, e diminuindo a quantidade da enzima antioxidante SOD no

sémen (Pasquallotto, et al., 2008).

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2.5.2. Álcool

O alcoolismo tem sido sempre associado a perturbações da saúde reprodutiva, tal

como a impotência ou atrofia testicular (Mendiola, et al., 2008). Como se esperava, o

consumo de grandes quantidades de álcool também aumenta os níveis sistémicos do

stress oxidativo e o efeito deste stress oxidativo pode ser depois exacerbado pela

alimentação fraca em nutrientes, que geralmente acompanha o elevado consumo de

álcool (Koch, et al., 2004).

2.5.3. Obesidade

Uma observação comum no mundo ocidental é o aumento do índice de massa

corporal (IMC) na população em geral que resultou numa maior prevalência de

obesidade. Vários estudos associaram baixos níveis seminais a homens com IMC acima

ou abaixo dos valores normais (Mendiola, et al., 2008).

2.5.4. Factores ambientais

Recentemente, estudos sugerem que as toxinas ambientais alteram a integridade

do DNA espermático (Aitken and De Luliis, 2007). A fragmentação do DNA pode ser

um excelente marcador da exposição aos agentes tóxicos e uma ferramenta de

diagnóstico para a potencial infertilidade masculina. A exposição a metais

(principalmente chumbo e cádmio) tem sido há muito associada a baixa mobilidade

espermática e densidade, aumento de anomalias morfológicas e infertilidade masculina

(Ozmen, et al., 2007). A maior presença destes produtos industriais no meio ambiente

levanta uma séria ameaça relativamente à saúde reprodutiva dos humanos (Kefer et al,

2009).

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2.6. O stress oxidativo e as técnicas de procriação medicamente assistida

Desde o nascimento do primeiro bebé conseguido por fertilização in vitro, em

1978, as técnicas de reprodução assistida têm-se tornado o tratamento de escolha para

muitos casos de infertilidade masculina e feminina. Estes métodos inevitavelmente

requerem manipulação de gâmetas e embriões in vitro, expondo estas células a um

stress oxidativo adicional (Taylor, 2001). Muitos factores, por exemplo, o choque de

pH, choque osmótico, flutuações de temperatura, danos de luz UV, desequilíbrio de

nutrientes e a ausência de factores de crescimento podem influenciar o resultado das

técnicas de procriação medicamente assistida (PMA). Porém, recentemente o SO tem

sido apontado como um dos factores mais importantes que afectam negativamente estas

técnicas (Agarwal and Said, 2003). Demonstrou-se que níveis patológicos de ERO

tinham um impacto negativo na qualidade embrionária e podem também levar a um

bloqueio embrionário precoce e atraso no desenvolvimento. Bedaiwy e o seu grupo de

pesquisa (2006) verificaram que o desenvolvimento lento, a fragmentação e a menor

capacidade de formação de blastocistos morfologicamente normais estão associados ao

aumento de ERO durante a cultura embrionária, conduzindo a menores taxas de

gravidez clínica (Bedaiwy, et al., 2006). Foi colocada a hipótese que isto se deve

predominantemente a uma falta de protecção in vitro dos gâmetas e do embrião através

de eliminadores de radicais de oxigénio (Taylor, et al., 2001).

Tem de se ter em conta que os espermatozóides são separados do plasma

seminal e os ovócitos do fluido folicular durante as técnicas de PMA, removendo

portanto os gâmetas dos meios que os ajudam a proteger dos efeitos prejudiciais das

ERO. Na maioria dos tratamentos de FIV, se não pelo menos 50%, os espermatozóides

seleccionados para as técnicas de PMA provêm de um ambiente com SO (Saleh, et al.,

2003).

Dois dos principais factores que contribuem para a acumulação de ERO in vitro

são a falta de mecanismos de defesa endógenos e a exposição dos gâmetas e embriões a

várias manipulações, assim como um ambiente que possa levar à formação de SO. As

ERO, portanto, podem ser produzidas quer por fontes internas (por exemplo, produção

endógena por gâmetas e embriões) ou fontes externas (por exemplo, meios de cultura)

no laboratório de FIV (du Plessis, et al., 2008). A Figura 2 esquematiza a situação de

stress oxidativo no laboratório de FIV.

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Figura 2. Efeitos dos níveis patológicos das espécies reactivas de oxigénio (ERO)durante a fertilização in vitro.

(Adaptado de du Plessis et al., 2008)

Vários antioxidantes foram adicionados com êxito durante a preparação do

sémen com a intenção de eliminar as ERO, por exemplo, a pentoxifilina, a glutationa, a

N-acetil-cisteína e a albumina. Estes neutralizam as ERO produzidas pelos leucócitos e

pelos espermatozóides imaturos e melhoram a fusão ovócito-espermatozóide (Patel and

Sigman, 2008).

Uma pesquisa de Agarwal e colegas (2005) mostrou que os níveis de ERO

estavam significativamente relacionados com a taxa de fertilização in vitro; portanto, a

medição dos níveis de ERO no sémen antes da fertilização in vitro pode ser útil para

prever o resultado do ciclo (Agarwal, et al., 2005). Actualmente, a avaliação

estandardizada de homens inférteis não inclui a medição dos níveis de stress oxidativo.

O custo excessivo, incómodo e principalmente a falta de uma medida estandardizada

para o stress oxidativo contribuem para a não utilização clínica destes testes. Até hoje já

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foram descritos mais de 30 testes. Estes podem ser considerados em 2 grupos distintos:

os testes directos e os indirectos (Kefer, et al., 2009).

2.6.1. Testes directos

Os testes directos de stress oxidativo medem a soma da rede oxidativa deste

equilíbrio, medindo a oxidação da membrana celular espermática. A análise mais

utilizada mede o malondialdeído (MDA), um dos produtos finais da peroxidação

lipídica da membrana celular espermática (Aitken, et al., 1995).

A quantificação dos danos do DNA espermático tem sido também utilizado

como teste directo dos danos intracelulares induzidos pelas ERO (Kefer, et al., 2009).

2.6.2. Testes indirectos

O método mais comum de medir as ERO seminais é através do teste de

quimioluminescência indirecta. O luminol (5-amino-2,3,diidro 1,4, ftalazinediona) ou os

ensaios de lucigénio podem ser usados para a quantificação das actividades redox dos

espermatozóides. O lucigénio mede apenas os radicais superóxido extracelulares e,

portanto, o luminol é geralmente mais utilizado já que mede os níveis de ERO tanto ao

nível extra como intracelular (Agarwal, et al., 2008b).

Os níveis de antioxidantes no sémen também podem ser determinados através do

teste de quimioluminescência optimizado ou através de um teste colorimétrico.

Estes testes, tanto directos como indirectos, foram desenvolvidos para

quantificar o nível de stress oxidativo de homens que sofrem de infertilidade, com o

objectivo de traçar um plano terapêutico que diminua o stress oxidativo e melhore

globalmente a qualidade seminal. Apesar de cada teste oferecer vantagens, o custo e o

tempo de dedicação destes instrumentos impedem a sua vasta difusão pelos laboratórios

(Kefer, et al., 2009).

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3. Objectivos

O objectivo fundamental deste estudo consistiu em testar a eficácia do

tratamento de antioxidantes combinados em homens inférteis, nomeadamente ao nível

dos parâmetros seminais, numa tentativa de melhorar a qualidade seminal. Os

objectivos deste estudo incluíam:

1) Analisar o sémen de homens inférteis em tratamento de fertilidade antes e

após administração oral de antioxidantes;

2) Avaliar parâmetros seminais do espermograma;

3) Avaliar a influência da idade;

4) Identificar parâmetros do espermograma que sofram melhorias significativas

e aqueles que não sofram qualquer efeito.

Face a estes objectivos colocaram-se as seguintes hipóteses:

A - Existirão melhorias significativas na qualidade do sémen após tratamento

com antioxidantes?

B - Será o factor tempo determinante no resultado do tratamento?

C - Existirão parâmetros da qualidade seminal que sobressaiam pela positiva ou

pela negativa?

D - Deverá o tratamento com antioxidantes ser implantado nas clínicas de

infertilidade indiscriminadamente?

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Parte II - Metodologia

1. Grupo de estudo

O estudo apenas inclui homens em tratamento de fertilidade cujo desejo

reprodutivo persistia há mais de 1 ano. O principal critério de inclusão a nível seminal

foi diagnosticar astenozoospermia (<50% espermatozóides móveis progressivos) e

oligozoospermia (<20x106 espermatozóides/mL). Os pacientes com inflamações ou

infecções genito-urinárias foram excluídos. O grupo de estudo incluiu homens com

idade inferior a 45 anos, índice de massa corporal (IMC) inferior a 30 e que não

tivessem consumo abusivo de qualquer substância considerada tóxica (café, drogas,

álcool). Foram incluídos fumadores e não fumadores em ambos os grupos, e pretende-se

avaliar qual a importância do tabaco relativamente à qualidade seminal.

Inicialmente, a população do estudo consistia de 57 pacientes que cumpriam

todos os requisitos de inclusão na primeira fase. Porém, 27 pacientes foram excluídos

por razões diversas: desistência ou adiamento do tratamento de infertilidade (n=13),

incumprimento na administração de antioxidantes (n=10), gestação espontânea (n=1)

ou causas desconhecidas (n=3). O estudo contou com trinta pacientes que realizaram o

protocolo do estudo com sucesso, formando um grupo que realizou o tratamento com

antioxidantes (n=11) e outro grupo sem tratamento, ou seja, o grupo controlo (n=19).

2. Protocolo do estudo

De forma a avaliar a influência do armazenamento do sémen no epidídimo e

confirmar o diagnóstico, foi pedido aos pacientes que facultassem 2 amostras de sémen

com um tempo de abstinência entre 2 e 7 dias (o tempo máximo e mínimo de

abstinência sexual recomendado pela OMS, 1992), com um intervalo médio de 1 mês.

Os potenciais participantes foram assim avaliados 2 vezes antes do recrutamento no

estudo.

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Após deixarem a 2ª amostra de sémen, os pacientes fariam o tratamento com

antioxidantes ou não, formando neste caso o grupo controlo. O tratamento com

antioxidantes consistia na administração combinada de vitamina E 1g/dia (Vitamina E

1000®), L-carnitina 1g/dia (Disocor®) e pentoxifilina 800 mg/dia (Trental®) e tinha

uma duração de aproximadamente 72 dias (10-11 semanas). Esta medicação está

disponível comercialmente. Não foram permitidas medicações concomitantes durante o

tratamento. Os pacientes foram avisados que não tomassem quaisquer vitaminas

adicionais e que não alterassem os seus hábitos alimentares durante este período.

Os pacientes foram orientados para o tratamento com antioxidantes ou para o

grupo controlo de acordo com as avaliações do médico relativamente ao casal,

nomeadamente quanto à planificação do tratamento, disponibilidade do casal, entre

outros. Após os 72 dias, era recolhida uma 3ª amostra de sémen, cumprindo abstinência

de 2 a 7 dias.

3. Análise do sémen

As amostras de sémen foram obtidas por masturbação e colocadas em frascos de

plástico estéreis. As amostras foram mantidas na incubadora a 37ºC durante, pelo

menos, 15 minutos até se obter a liquefacção completa. A análise do ejaculado foi

processada segundo as directivas da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1992).

A contagem total de espermatozóides foi calculada multiplicando o volume

seminal pela concentração espermática. A mobilidade espermática progressiva total foi

definida como o produto da contagem total de espermatozóides e da percentagem de

mobilidade progressiva.

3.1. Exame macroscópico

As características macroscópicas que se deve analisar no exame de uma amostra

seminal em fresco são o aspecto, liquefacção e viscosidade, volume e pH.

- Aspecto: cor, opacidade, transparência, presença de corpos mucosos ou gelatinosos;

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- Liquefacção e viscosidade: uma amostra normal de sémen liquefaz-se desde 15 a 60

minutos;

- Volume: medição num tubo graduado;

- pH: com tiras de papel, como pH-indicator strips non-bleeding de Merck, Alemanha;

ao fim de 1-3 segundos lê-se o pH, comparando com a tira de calibração; deve ser igual

ou superior a 7,2.

3.2. Exame microscópico

No estudo microscópico da amostra avalia-se a concentração, mobilidade,

morfologia, aglutinação de espermatozóides e presença de outros elementos celulares,

como leucócitos ou células germinativas imaturas. Coloca-se 10 µl da amostra bem

homogeneizada e liquefeita numa câmara especializada para a análise de sémen, a

câmara de Makler (Sefi Medical Instruments, Haifa, Israel). Esta câmara consta de uma

quadrícula de 1 mm2 dividida em 100 quadrados, com uma profundidade de 10 m.

Figura 3. Imagem de câmara de Makler (Sefi Medical Instruments, Haifa,Israel). É a câmara mais utilizada em Laboratórios de Andrologia.

(Fonte: www.sepalreproductivedevices.com)

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31

- Concentração: contagem na câmara de Makler.

- Mobilidade: só se conta os espermatozóides livres e deve contar-se pelo menos 100.

Agrupa-se os espermatozóides em 4 categorias, em função da mobilidade que

apresentam:

Tipo A: Móveis progressivos rápidos. Deslocam-se de forma rectilínea e rápida.

Tipo B: Móveis progressivos lentos. Deslocam-se mais lentamente, de forma

rectilínea ou em curvas.

Tipo C: Móveis não progressivos. Movem-se mas não saem do mesmo sítio.

Tipo D: Imóveis. Não se movem.

- Aglutinação: quando os espermatozóides móveis estão unidos entre si tanto pela

cabeça como pela cauda. Esta definição não inclui os espermatozóides imóveis unidos a

células ou detritos. Nestes casos fala-se em seudoaglutinação ou agregação.

3.3. Morfologia Espermática

A morfologia do espermatozóide é um dos parâmetros habitualmente avaliado

no espermograma, segundo a OMS. Implica a análise da normalidade estrutural do

espermatozóide. Estabeleceram-se os critérios de normalidade espermática através do

estudo dos espermatozóides localizados no orifício cervical interno do colo uterino após

uma relação sexual normal de casais férteis. Depois do coito depositam-se milhões de

espermatozóides no interior da vagina, mas apenas alguns são capazes de atravessar o

muco cervical. São estes espermatozóides, com umas características morfológicas e de

mobilidade bem definidas, os que são capazes de fecundar o ovócito, o que foi

corroborado pela análise de espermatozóides capazes de se unir e penetrar a zona

pelúcida do ovócito (Remohí et al, 2008).

Um espermatozóide normal possui uma cabeça oval, com um contorno normal e

uma capa acrossómica que cubra mais de um terço da superfície da cabeça. Na Figura 2

está representado um espermatozóide humano considerado morfologicamente normal.

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32

Figura 4. O espermatozóide humano. (A) Aspecto microscópico; (B) Imagem virtualdo espermatozóide mostrando o acrossoma, o núcleo e os invólucros nucleares, asmitocôndrias da peça principal. Entre as duas imagens, estão represntadas secçõestransversais do espermatozóide humano em níveis diferentes indicados na secçãolongitudinal do espermatozóide.

(Adaptado de Holstein et al, 2003)

Os espermatozóides humanos apresentam uma grande variedade de anomalias

estruturais, sendo a teratozoospermia (ejaculado com uma percentagem de

espermatozóides com morfologia normal inferior a 15%, de acordo com os critérios da

OMS de 1999) a anomalia seminal mais frequente em homens que procuram tratamento

de fertilidade. Na Figura 3 estão representadas algumas dessas anomalias.

A morfologia anormal de um espermatozóide é classificada quanto a defeitos na

cabeça, peça intermédia ou na cauda (Sun, et al., 2006). Um exemplo de defeito na

cabeça é a globozoospermia. A globozoospermia é uma forma severa de

teratozoospermia, caracterizada por uma forma redonda da cabeça do espermatozóide

associada à ausência do acrossoma. Esta anomalia morfológica pode diminuir a taxa de

fecundação (Barrière, 2005).

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33

Figura 5. Exemplos de anomalias morfológicas dos espermatozóides humanos. Estárepresentado um espermatozóide normal de perfil (A) e de face (B), espermatozóidecom cabeça gigante (C), micro-espermatozóide (D), com duas cabeças (E), com doiscorpos (F), cabeça alongada (G), cabeça amorfa (H) e peça intermédia defeituosa (I).

(Fonte: www.malefertility.md)

3.3.1. Protocolo para a morfologia espermática

Uma vez liquefeita a amostra do ejaculado fresco, coloca-se 10 L numa lâmina

perfeitamente limpa. A extensão realiza-se com a ajuda de outra lâmina de cantos

polidos. Deixa-se secar a extensão ao ar. Tinge-se utilizando o método de coloração

com pan-óptico rápido tipo Diff-Quick (Panreac Quimica, S.A.U., Barcelona, Espanha)

Este método de tinção diferencial é um sistema que alia a policromía e a qualidade que

proporcionam os métodos clássicos (Giemsa e Wright) com uma rápida execução.

Consiste em três passos fundamentais: fixação com metanol Z 50% (Pan-óptico N° 1) e

duas tinturas rápidas, sendo a eosina a primeira (Pan-óptico N° 2) e de seguida o azul

(Pan-óptico N° 3). Estas tinturas são ambas soluções aquosas-tampodas, com corante.

Mais uma vez deixa-se secar a extensão ao ar. No final coloca-se uma lamela

com uma gota de óleo de imersão e observa-se ao microscópio com uma objectiva de

Espermatozóides

A B C D E F G H I

Normal

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100x. A morfologia espermática foi avaliada de acordo com os critérios estritos de

Kruger.

4. Tratamento de dados

Os dados foram tratados utilizando o programa estatístico SPSS (v.15.0; SPSS

Inc, Chicago, IL) e o programa Excel (Microsoft Office).

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35

Parte III – Apresentação de resultados

A comparação de parâmetros populacionais (média, variância, mediana) a partir

de amostras aleatórias é uma das necessidades mais frequentes em análise estatística.

Este tipo de inferência estatística é particularmente útil para testar a significância de

tratamentos ou factores que são capazes de influenciar a resposta da variável de medida

e em que se pretende testar se o tratamento teve ou não um efeito significativo. Existem

basicamente duas metodologias para fazer este tipo de testes: os testes paramétricos e os

testes não-paramétricos (Maroco, 2007).

Para verificar se a distribuição amostral é normal, utilizámos o teste estatístico

de Kolmogorov-Smirnov (K-S) e observámos que, na sua maioria, o conjunto de dados

não segue uma distribuição normal (Anexo A). Desta forma, foram aplicados testes

estatísticos não-paramétricos. O teste de Mann-Whitney é o teste não paramétrico

adequado para comparar as funções de distribuição de uma variável pelo menos ordinal

medida em duas amostras independentes. O teste de Wilcoxon é também um teste não-

paramétrico que é utilizado para comparar populações a partir de duas amostras

emparelhadas. Foram considerados resultados estatisticamente significativos para p

value <0,05.

Com o objectivo de simplificar os dados e de coerência, considerámos os dados

do 2º espermograma (confirmação de diagnóstico) como os dados da 1ª medição. Os

dados da 2ª medição referem-se aos dados obtidos do 3º espermograma, que é o

espermograma realizado ao fim do tratamento ou do grupo controlo, tendo ambos o

mesmo intervalo de tempo.

De modo a facilitar a interpretação dos resultados, as diferentes medições dos

parâmetros seminais foram introduzidas da seguinte forma na base de dados:

- 1ª CONC: 1ª medição da concentração espermática;

- 2ª CONC: 2ª medição da concentração espermática;

- 1ª MEP: 1ª medição da mobilidade espermática progressiva (A+B);

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36

- 2ª MEP: 2ª medição da mobilidade espermática progressiva (A+B);

- 1ª MET: 1ª medição da mobilidade espermática total (A+B+C);

- 2ª MET: 2ª medição da mobilidade espermática total (A+B+C);

- 1ª VOL: 1ª medição volume;

- 2ª VOL: 2ª medição volume;

- 1ª NOR: 1ª medição da percentagem de espermatozóides morfologicamente normais;

- 2ª NOR: 2ª medição da percentagem de espermatozóides morfologicamente normais;

- 1ª CTOTAL: 1ª medição da contagem total de espermatozóides;

- 2ª CTOTAL: 2ª medição da contagem total de espermatozóides;

- 1ª MEPT: 1ª medição da mobilidade espermática progressiva total;

- 2ª MEPT: 2ª medição da mobilidade espermática progressiva total.

Quanto aos grupos, designamos de “Grupo Sem AOX” o grupo sem tratamento

de antioxidantes ou grupo controlo, e de “Grupo Com AOX” o grupo com tratamento de

antioxidantes.

1. Análise estatística das diferenças entre os dois grupos

A. Comparação dos grupos antes do tratamento (primeiras medições)

Aplicando o teste de Mann-Whitney para comparar os dois grupos antes do

tratamento, verificámos os seguintes resultados, como se pode ver pelo output anexo do

teste:

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37

Tabela II. Resultados da aplicação do teste de Mann-Whitney (SPSS 15.0),comparando as primeiras medições dos dois grupos em estudo, ou seja, do grupocontrolo e do grupo com tratamento de antioxidantes.

Test Statistics (b) Mann-Whitney

a Not corrected for ties.b Grouping Variable: grupos

De acordo com os dados obtidos, verificámos que não existem diferenças

significativas entre as medições pré-tratamento dos dois grupos. Podemos considerar

assim que partimos de amostras homogéneas.

Mann-WhitneyU Z

Asymp.Sig. (2-tailed)

Exact Sig.[2*(1-tailed

Sig.)]

ExactSig. (2-tailed)

ExactSig. (1-tailed)

PointProbability

1ª CONC 80,500 -1,034 0,301 0,307(a) 0,311 0,156 0,005

1ª MEP 75,500 -1,249 0,212 0,216(a) 0,220 0,110 0,004

1ª MET 71,000 -1,443 0,149 0,158(a) 0,155 0,077 0,003

1ª VOL 83,000 -0,927 0,354 0,372(a) 0,366 0,183 0,006

1ª NOR 99,500 -0,218 0,828 0,832(a) 0,840 0,420 0,008

1ª CTOTAL 76,000 -1,227 0,220 0,232(a) 0,228 0,114 0,004

1ª MEPT 69,000 -1,528 0,127 0,134(a) 0,134 0,067 0,006

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38

B. Comparação dos grupos após o tratamento (segundas medições)

Da mesma forma, comparámos as segundas medições dos dois grupos.

Aplicando o teste de Mann-Whitney, verificámos os seguintes resultados, como se pode

ver pelo output anexo do teste:

Tabela III. Resultados da aplicação do teste de Mann-Whitney (SPSS 15.0)comparando as segundas medições dos dois grupos em estudo, ou seja, o grupo controloe o grupo com tratamento de antioxidantes.

Test Statistics (b) Mann-Whitney

Mann-Whitney

UZ

Asymp.Sig. (2-tailed)

Exact Sig.[2*(1-tailed

Sig.)]

ExactSig. (2-tailed)

ExactSig. (1-tailed)

PointProbability

2ª COM 103,000 -0,065 0,948 0,966(a) 0,958 0,479 0,008

2ª MEP 100,500 -0,172 0,863 0,866(a) 0,874 0,437 0,008

2ª MET 100,500 -0,172 0,863 0,866(a) 0,874 0,437 0,008

2ª VOL 97,500 -0,302 0,763 0,767(a) 0,775 0,387 0,008

2ª NOR 57,500 -2,050 0,040 0,042(a) 0,040 0,020 0,001

2ª CTOTAL 103,000 -0,065 0,949 0,966(a) 0,966 0,483 0,017

2ª MEPT 104,500 0,000 1,000 1,000(a) 1,000 0,504 0,008

a Not corrected for ties.b Grouping Variable: grupos

De acordo com os dados obtidos, verificámos que existe apenas uma diferença

significativa entre as medições pós-tratamento dos dois grupos, que é referente ao

parâmetro seminal morfologia espermática normal (U = 57.5; W = 247.5; p = 0.020).

Estes dados demonstram que os grupos não seguiram, neste parâmetro, a mesma

significância de resposta, nomeadamente quanto à morfologia normal.

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39

C. Comparação das diferenças pré e pós-tratamento

Para avaliar o resultado do tratamento com antioxidantes, recorreu-se ao teste

não-paramétrico de Wilcoxon. Este teste pode ser utilizado como alternativa não-

paramétrica ao teste t-student quando o pressuposto de distribuição normal da variável

nas duas medições não se verifica e/ou não é possível (caso de amostras pequenas) ou

desejável defender a robustez dos métodos paramétricos quando este pressuposto não é

válido. Pretendemos calcular as diferenças entre a primeira medição e a segunda, para

verificarmos se houve alguma diferença significativa. A análise estatística foi efectuada

com = 0.05. Obteve-se o seguinte output deste teste para o grupo com tratamento de

antioxidantes:

Tabela IV. Resultados da aplicação do teste de Wilcoxon (SPSS 15.0), comparando asmedições (antes e depois) do grupo com tratamento de antioxidantes. O primeiro quadroapresenta o número de ordens negativas, positivas e empates (N), a médias das ordens(mean rank) e a soma das ordens (sum of ranks). O segundo quadro apresenta osresultados do teste estatístico: a estatística Z e o seu p-value bilateral [Asymp.Sig. (2-tailed)], bem como os p-values exacto unilateral [Exact.Sig. (1-tailed)] e bilateral[Exact.Sig. (2-tailed)] e o p-value pontual (point probability).

Grupo com AOX Teste de Wilcoxon (c)

Depois-Antes N Mean Rank Sum of Ranks

CONC Negative Ranks 3a 5,67 17,00Positive Ranks 7b 5,43 38,00Ties 1c

Total 11MEP Negative Ranks 4d 7,25 29,00

Positive Ranks 7e 5,29 37,00Ties 0f

Total 11MET Negative Ranks 5g 4,90 24,50

Positive Ranks 6h 6,92 41,50Ties 0i

Total 11VOL Negative Ranks 6j 6,33 38,00

Positive Ranks 5k 5,60 28,00Ties 0l

Total 11

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40

NOR Negative Ranks 2m 1,75 3,50Positive Ranks 5n 4,90 24,50Ties 4o

Total 11CTOTAL Negative Ranks 5p 5,20 26,00

Positive Ranks 6q 6,67 40,00Ties 0r

Total 11MEPT Negative Ranks 5s 5,20 26,00

Positive Ranks 6t 6,67 40,00Ties 0u

Total 11

a 2ª CONC < 1ª CONC m 2ª NOR < 1ª NORb 2ª CONC > 1ª CONC n 2ª NOR > 1ª NORc 2ª CONC = 1ª CONC o 2ª NOR = 1ª NORd 2ª MEP < 1ª MEP p 2ª CTOTAL < 1ª CTOTALe 2ª MEP > 1ª MEP q 2ª CTOTAL > 1ª CTOTALf 2ª MEP = 1ª MEP r 2ª CTOTAL = 1ª CTOTALg 2ª MET < 1ª MET s 2ª MEPT < 1ª MEPTh 2ª MET > 1ª MET t 2ª MEPT > 1ª MEPTi 2ª MET = 1ª MET u 2ª MEPT = 1ª MEPTj 2ª VOL < 1ª VOLk 2ª VOL > 1ª VOLl 2ª VOL = 1ª VOL

Antes-Depois Z Asymp. Sig.(2-tailed)

Exact Sig. (2-tailed)

Exact Sig. (1-tailed)

PointProbability

CONC -1,070a 0,285 0,322 0,161 0,023MEP -0,357a 0,721 0,746 0,373 0,015MET -0,756a 0,450 0,479 0,240 0,015VOL -0,446b 0,656 0,677 0,338 0,015NOR -1,781a 0,075 0,094 0,047 0,016

CTOTAL -0,622a 0,534 0,577 0,289 0,029MEPT -0,622a 0,534 0,577 0,289 0,029

a Based on negative ranks.b Based on positive ranks.c Wilcoxon Signed Ranks Test

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41

Observou-se apenas uma diferença estatística (pUE = 0.047 < = 0.05) entre o

momento pré e o momento pós-tratamento do grupo com antioxidantes e esta diferença

refere-se ao parâmetro da morfologia espermática normal (S+ = 4.9: S -= 1,75; Z = -

1.78; pUE = 0.047; N = 11). Nos outros parâmetros seminais não observamos diferenças

com valor estatístico.

Verificámos por fim se existem diferenças estatísticas entre a primeira e a

segunda medição no grupo controlo. Aplicámos portanto de novo o teste de Wilcoxon

para este grupo e obtivemos os seguintes dados:

Tabela V. Resultados da aplicação do teste de Wilcoxon (SPSS 15.0), comparando asmedições (antes e depois) do grupo sem tratamento de antioxidantes. A estrutura dooutput é semelhante à do exemplo anterior.

Grupo sem AOX - Teste de Wilcoxon (b)

Antes-Depois

N Mean Rank Sum ofRanks

CONC Negative Ranks 9ª 10,17 91,50Positive Ranks 8b 7,69 61,50Ties 2cTotal 19

MEP Negative Ranks 10d 10,05 100,50Positive Ranks 7e 7,50 52,50Ties 2fTotal 19

MET Negative Ranks 12g 8,92 107,00Positive Ranks 5h 9,20 46,00Ties 2iTotal 19

VOL Negative Ranks 11j 12,32 135,50Positive Ranks 7k 5,07 35,50Ties 1lTotal 19

NOR Negative Ranks 8m 4,69 37,50Positive Ranks 2n 8,75 17,50Ties 9ºTotal 19

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42

CTOTAL Negative Ranks 12p 9,33 112,00Positive Ranks 7q 11,14 78,00Ties 0rTotal 19

MEPT Negative Ranks 12s 9,67 116,00Positive Ranks 7t 10,57 74,00Ties 0uTotal 19

a 2ª CONC < 1ª CONC m 2ª NOR < 1ª NORb 2ª CONC > 1ª CONC n 2ª NOR > 1ª NORc 2ª CONC = 1ª CONC o 2ª NOR = 1ª NORd 2ª MEP < 1ª MEP p 2ª CTOTAL < 1ª CTOTALe 2ª MEP > 1ª MEP q 2ª CTOTAL > 1ª CTOTALf 2ª MEP = 1ª MEP r 2ª CTOTAL = 1ª CTOTALg 2ª MET < 1ª MET s 2ª MEPT < 1ª MEPTh 2ª MET > 1ª MET t 2ª MEPT > 1ª MEPTi 2ª MET = 1ª MET u 2ª MEPT = 1ª MEPTj 2ª VOL < 1ª VOLk 2ª VOL > 1ª VOLl 2ª VOL = 1ª VOL

Antes -Depois Z

Asymp.Sig. (2-tailed)

Exact Sig.(2-tailed)

Exact Sig.(1-tailed)

PointProbability

CONC -0,710a 0,478 0,495 0,248 0,008

MEP -1,137a 0,255 0,268 0,134 0,005

MET -1,445a 0,149 0,156 0,078 0,004

VOL -2,182a 0,029 0,027 0,014 0,001

NOR -1,025a 0,305 0,336 0,168 0,008

CTOTAL -0,684a 0,494 0,515 0,258 0,013

MEPT -0,845a 0,398 0,418 0,209 0,011a Based on positive ranks.b Wilcoxon Signed Ranks Test.

A partir destes quadros, verificámos que existe uma diferença estatística

relativamente ao volume, entre a primeira medição e a segunda (S+ = 5.07: S -= 12.32; Z

= - 2.18; pUE = 0.014; N = 19) uma vez que pUE = 0.014 < = 0.05.

Quanto aos restantes parâmetros analisados, não foram verificadas diferenças

estatísticas.

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Observando a distribuição dos resultados da Figura 2, verificamos que existem

alguns outliers. Os parâmetros contagem total e mobilidade espermática progressiva

total não estão representados por uma questão de simplificar a interpretação dos

diagramas, visto terem valores consideravelmente superiores aos restantes parâmetros.

Figura 6. Diagramas referentes aos resultados obtidos no teste Mann-Whitney.2A: Resultados para o Grupo Controlo; 2B: Resultados para o Grupo comAntioxidantes. Podemos notar a presença de outliers em ambos os gráficos.

Foram realizados novos testes sem os outliers aqui determinados, mas não foram

obtidos diferentes resultados com valor estatístico.

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2. Análise das respostas ao tratamento

Apesar da ausência de diferenças estatísticas na maior parte dos dados

analisados, verificamos melhorias na maioria dos parâmetros seminais do grupo com

tratamento de antioxidantes. Ao nível da concentração, a maioria dos pacientes (64%)

obteve um aumento da concentração espermática após o tratamento. Entre estes, o

aumento médio foi de 11,1 milhões espermatozóides/mL, o que se considera ser uma

melhoria aceitável. O mesmo se verificou relativamente à mobilidade espermática

progressiva, em que houve uma ligeira melhoria por parte da maioria dos pacientes

(64%), tendo-se verificado um aumento médio de 9,6%. Da mesma forma, a mobilidade

espermática total aumentou após o período de tratamento. Houve uma resposta positiva

por parte de pouco mais da maioria dos pacientes (55%) e neste grupo observou-se um

aumento médio de 15,7%. Pelo contrário, o volume foi o único parâmetro seminal que

não sofreu qualquer melhoria com este tratamento, chegando mesmo a diminuir um

pouco (0,92 mL) e apenas 45% dos pacientes aumentou o volume seminal após o

tratamento. Quanto à morfologia espermática normal, verificou-se uma melhoria no

pós-tratamento (4,2%), apesar de apenas 45% dos pacientes terem demonstrado

melhorias. Isto significa que, embora poucos pacientes tenham aumentado a

percentagem de espermatozóides normais, aqueles que o conseguiram tiveram

melhorias acentuadas.

Reunindo todos estes resultados, comparando as médias dos grupos verificamos

ligeiras diferenças na evolução das variáveis entre o Grupo Controlo e o Grupo com

Antioxidantes. No Grupo Controlo (Figura 7), as variáveis ou mantêm-se ou decrescem.

Por outro lado, podemos ver que as variáveis do Grupo com Antioxidantes (Figura 8)

apresentam melhoria entre a medição pré-tratamento e a medição pós-tratamento. De

facto, com excepção do volume, podemos observar uma melhoria dos parâmetros

seminais. Por uma questão de escala, os parâmetros da contagem total e da mobilidade

espermática progressiva total estão representados separadamente.

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Figura 7. Evolução das médias dos parâmetros seminais concentração, mobilidadeespermática progressiva, mobilidade espermática total, volume e morfologiaespermática normal para o Grupo Controlo.

Figura 8. Evolução das médias dos parâmetros seminais concentração, mobilidadeespermática progressiva, mobilidade espermática total, volume e morfologiaespermática normal para o Grupo com Tratamento de Antioxidantes.

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46

3. Influência da idade

Por fim, verificámos se o factor idade influencia de algum modo a resposta ao

tratamento (Teste de Mann-Whitney). Sub-dividimos a idade dos pacientes em duas

categorias: a) até aos 34 anos (n = 5) e b) dos 35 aos 45 (n = 6).

Tabela VII. Resultados da aplicação do teste de Mann-Whitney (SPSS 15.0),comparando a distribuição dos resultados segundo duas categorias de idade: a) pacientesaté aos 34 anos; b) pacientes dos 35 aos 45.

Test Statistics (b) Mann-Whitney

Mann-Whitney

UZ

Asymp.Sig. (2-tailed)

Exact Sig.[2*(1-tailedSig.)]

Exact Sig.(2-tailed)

ExactSig. (1-tailed)

PointProbability

1ª CONC 13,000 -0,365 0,715 0,792 0,792(a) 0,396 0,065

2ª CONC 10,000 -0,917 0,359 0,429 0,387(a) 0,193 0,017

1ª MEP 13,500 -0,274 0,784 0,792 0,840(a) 0,420 0,048

2ª MEP 13,000 -0,367 0,714 0,792 0,762(a) 0,390 0,050

1ª MET 12,000 -0,550 0,582 0,662 0,628(a) 0,318 0,041

2ª MET 14,000 -0,183 0,855 0,931 0,931(a) 0,465 0,069

1ª VOL 10,000 -0,917 0,359 0,429 0,405(a) 0,208 0,039

2ª VOL 9,000 -1,100 0,271 0,329 0,310(a) 0,154 0,024

1ª NOR 13,500 -0,280 0,780 0,792 0,835(a) 0,416 0,043

2ª NOR 9,000 -1,111 0,267 0,329 0,301(a) 0,156 0,026

1ª CTOTAL 14,000 -0,183 0,855 0,931 0,931(a) 0,465 0,069

2ª CTOTAL 9,000 -1,095 0,273 0,329 0,329(a) 0,165 0,041

1ª MEPT 14,000 -0,183 0,855 0,931 0,931(a) 0,465 0,069

2ª MEPT 8,000 -1,278 0,201 0,247 0,247(a) 0,123 0,035

a Not corrected for tiesb Grouping Variable: idade

De acordo com a Tabela VII, verificamos que não existem diferenças

significativas entre as diferentes idades nos dois grupos.

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47

Parte IV - Discussão

Com base nos resultados do presente estudo, o tratamento com os antioxidantes

vitamina E, L-carnitina e pentoxifilina durante 11 semanas não melhorou

significativamente os parâmetros seminais, com excepção da morfologia espermática.

Estes resultados vão ao encontro dos resultados de trabalhos prévios. Há, contudo, na

literatura outros estudos que verificaram resultados opostos.

De todos os parâmetros seminais habitualmente avaliados, a morfologia

espermática é a mais debatida na literatura. Um grande número de sistemas de

classificação tem sido utilizado para descrever qual o aspecto celular de um

espermatozóide normal ou anormal (Patel and Sigman, 2008). Um espermatozóide é

basicamente um conjunto racionalizado de informação genética. Instintivamente pensa-

se que alterações no conteúdo cromossómico sejam reflectidas por alterações no

tamanho e forma do espermatozóide. Logo espera-se observar uma relação entre a

morfologia espermática e anomalias genéticas (Sun, et al., 2006). A esmagadora

maioria dos homens em tratamento de fertilidade sofre de teratozoospermia. Por este

motivo, publicaram-se vários estudos nos últimos anos que investigaram a relação entre

a morfologia espermática, as taxas de fecundação e as anomalias cromossómicas. De

acordo com um trabalho de Sun e o seu grupo de investigação (2006), a

teratozoospermia está associada a um aumento na frequência de anomalias

cromossómicas nos espermatozóides. Efectuaram estudos, com a técnica de

hibridização de fluorescência in situ (FISH) em homens inférteis, que sugerem que

determinados tipos de espermatozóides morfologicamente anormais, tal como

espermatozóides macrocéfalos e multiflagelados, estão associados a um aumento

significativo da frequência de aneuploidias. Haverá, portanto, uma associação entre a

morfologia espermática e a aneuploidia em homens inférteis com anomalias específicas

(Sun, et al, 2006).

Um estudo recente de Colagar e Marzony (2009), em que avaliavam homens

férteis (fumadores e não-fumadores) versus homens inférteis (fumadores e não-

fumadores), detectou uma clara relação positiva entre a percentagem de

espermatozóides morfologicamente normais e a concentração seminal de ácido

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ascórbico (vitamina C). Além disso, verificaram, sem surpresas, que os homens férteis

possuíam níveis seminais de ácido ascórbico significativamente superiores aos dos

homens inférteis (Colagar and Marzony, 2009). Foi realizado um estudo por Shamsi e

colegas (2009) que pretendiam avaliar o impacto do stress oxidativo (SO) na

integridade do DNA nos espermatozóides em homens inférteis, tendo um grupo de

homens férteis como grupo controlo. Verificaram níveis superiores de malondealdeído

(MDA), de espermatozóides com morfologia anormal e maiores danos do DNA no

grupo dos homens inférteis. Os antioxidantes superóxido dismutase (SOD), catalase

(CAT) e glutationa estavam positivamente associados com a contagem espermática e

com a mobilidade, enquanto apresentavam uma relação negativa com a percentagem de

espermatozóides mortos e morfologia anormal (Shamsi, et al., 2009).

Outros autores sugerem ainda existir uma clara relação entre a morfologia

espermática e a subfertilidade masculina, nomeadamente ao nível da taxa de gravidez

(Girsh, et al., 2008), da fragmentação do DNA e do desenvolvimento embrionário

(Junca, et al., 2009).

Pelo contrário, outros estudos não verificaram qualquer relação entre a

morfologia espermática e danos no DNA ou nas taxas de gravidez. No estudo publicado

por Avendaño e o seu grupo de investigação (2009), estes autores demonstraram que,

em homens inférteis, espermatozóides com aparente morfologia normal após a

capacitação do sémen utilizando a técnica de swim-up, podiam conter fragmentação

elevada no DNA (Avendaño, et al., 2009). Também Keegan e colaboradores (2008)

verificaram que a teratozoospermia (<5% espermatozóides normais) não tinha qualquer

impacto nas taxas de fecundação, gravidez e de recém-nascidos vivos, chegando mesmo

a propor que estes pacientes não devem ser submetidos a ICSI por ser uma técnica mais

cara e mais invasiva, devendo optar pelo FIV convencional (Keegan, et al., 2008).

Assim sendo, apesar de a morfologia espermática ser um parâmetro controverso,

é um resultado importante relativamente à fertilidade de homens que realizaram o

tratamento com antioxidantes.

Quanto aos resultados obtidos para os outros parâmetros seminais, a ausência de

significância pode dever-se à reduzida dimensão da amostra, e por outro lado, à

magnitude das diferenças que são relativamente pequenas. De acordo com a

interpretação feita a partir dos gráficos, podemos observar uma melhoria na maioria dos

indivíduos que realizou o tratamento com antioxidantes, nomeadamente ao nível da

concentração, mobilidade espermática total e morfologia espermática normal. Pelo

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49

contrário, os indivíduos do grupo controlo não obtiveram melhorias (excepto um

pequeno aumento ao nível da concentração) e alguns parâmetros até pioraram, como foi

o caso do volume, sendo estatisticamente significativo. Podendo haver uma relação

directa entre estes dois parâmetros, isto é, uma diminuição do volume poderá conduzir a

um aumento da concentração.

Embora vários estudos tenham verificado benefícios com o tratamento de

antioxidantes em homens inférteis, outros não conseguiram verificar qualquer efeito.

Apesar das preparações comerciais conterem geralmente uma mistura de antioxidantes,

faltam estudos destas combinações. A maioria dos estudos na literatura não é

randomizada, controlada por placebo ou double-blinded, o que torna difícil diferenciar

os efeitos verdadeiramente positivos dos tratamentos. As amostras pequenas de

pacientes e a variação da população masculina (desde homens férteis a vários níveis de

infertilidade) também aumentam a dificuldade na comparação dos estudos. A

combinação de diferentes antioxidantes em diferentes dosagens durante períodos

variáveis complica ainda mais o panorama (Rolf, et al., 1999). As melhorias detectadas

com as terapias de antioxidantes ainda não são totalmente claras, pois elevadas doses de

certos antioxidantes, como a vitamina A, podem ter efeitos embriotóxicos ou

teratogénicos (Tarin, et al., 1998). A utilização de antioxidantes, como a vitamina C

pode, contudo, induzir paradoxalmente o dano do DNA (Menezo, et al., 2007). Doses

de vitamina E inferiores a 3200 mg/dia e doses de vitamina C inferiores a 4000 mg/dia

são consideradas seguras (Rolf et al, 1999).

Foram detectados elevados níveis de espécies reactivas de oxigénio seminais em

30 a 80% dos homens inférteis (Aitken, et al., 1995). Verificou-se ainda que os níveis

de malondealdeído (MDA), um marcador da peroxidação lipídica, e da actividade da

superóxido dismutase (SOD) no plasma seminal eram significativamente mais elevados

em homens oligo e astenozoospérmicos, comparando com homens normozoospérmicos

(Abdallah, et al., 2009). A pouca quantidade de citoplasma dos espermatozóides reduz a

sua capacidade de reter adequadas quantidades de moléculas protectoras, que por sua

vez protegem a célula de ataques das espécies reactivas de oxigénio (ERO). Assim, a

protecção é providenciada pelo meio extracelular (Garrido, et al., 2004). Estes radicais

livres induzem lesões celulares no sémen através de diversas vias, e podem afectar

significativamente tanto a qualidade como o funcionamento seminal (Agarwal, et al.,

2006). Os danos no DNA podem levar a um aumento do risco de aborto e anomalias

cromossómicas (Geva, et al., 1998). Após exposição às espécies reactivas de oxigénio

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50

(ERO), as membranas dos espermatozóides tornam-se mais frágeis e o tratamento com

antioxidantes pode prevenir a peroxidação lipídica das membranas (Lenzi, et al., 1998).

Os antioxidantes -tocoferol (vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C), os

retinóides (vitamina A), a L-carnitina e a pentoxifilina são poderosos protectores contra

as espécies reactivas de oxigénio. Estes antioxidantes protegem o DNA e outras

moléculas importantes da oxidação e dos danos, que poderiam de outro modo induzir a

apoptose (Ebisch, et al., 2007). Muitos estudos investigaram o papel destes e de outros

antioxidantes na melhoria de parâmetros seminais.

Nalguns estudos prévios, foram feitas tentativas para melhorar os parâmetros do

sémen de homens inférteis utilizando doses aproximadas de vitamina C (1 g/dia)

(Dawson, et al., 1992) e de vitamina E (600 mg/dia) (Kessopoulou, et al., 1995),

enquanto outros estudos usaram doses inferiores de vitamina E, tal como 300 mg/dia

(Moilanen, et al., 1993) ou 200 mg/dia (Suleiman, et al., 1996). Após uma

administração oral de vitamina E com doses de 300 a 1200 mg por dia durante 3

semanas, as concentrações no plasma seminal tornam-se ligeiramente mais elevadas em

homens inférteis (Moilanen et al, 1993). Pelo contrário, Ford e Whittington (1998) não

detectaram qualquer aumento das concentrações de vitamina E no plasma seminal após

3 meses de tratamento com 400 mg de vitamina E por dia (Ford and Whittington, 1998).

De facto, muitos estudos que avaliam os efeitos da suplementação oral de vitamina E,

mostram resultados contraditórios quando o objectivo é a melhoria dos parâmetros

seminais, como podemos verificar com os exemplos da Tabela VIII.

Silver e colaboradores (2005) estudaram 97 homens saudáveis não fumadores

com idades entre os 20 e os 80 anos em relação ao seu consumo de antioxidantes

(vitamina E, vitamina C e -caroteno), utilizando um questionário e examinando

subsequentemente amostras de sémen. Aqueles com um consumo diário elevado de

antioxidantes destacaram-se por terem melhorado a qualidade seminal comparando com

os homens com consumo moderado ou baixo, demonstrando assim alguma correlação

entre o maior consumo de antioxidantes e parâmetros seminais melhorados (Silver, et

al., 2005). Keskes-Ammar e colegas (2003) examinaram a eficácia terapêutica de maior

consumo de antioxidante quanto aos parâmetros seminais. Randomizaram 54 homens e

distribuiram um grupo com vitamina E e selénio e outro com vitamina B, durante 3

meses. Eram realizadas amostras de sémen e quantificado um marcador da peroxidação

lípidica, o malondealdeído (MDA), sendo também medidos os níveis de vitamina E no

soro. Embora apenas 20 pacientes tenham completado o protocolo do estudo, os

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resultados indicam que a suplementação de vitamina E e selénio leva a uma diminuição

significativa na concentração de MDA com aumento da mobilidade espermática,

enquanto com a vitamina B não se verificou qualquer impacto (Keskes-Ammar, et al.,

2003). Suleiman e colaboradores randomizaram a sua cohort de homens

astenozoospérmicos com companheiras saudáveis e formaram um grupo com vitamina

E e o outro grupo placebo durante 6 meses, verificando menores níveis de MDA e

maior mobilidade, assim como melhores taxas de gravidez, no grupo com vitamina E

(Suleiman, et al, 1996). Por outro lado, Rolf e colegas (1999) randomizaram 31 homens

com astenozoospermia formando um grupo com elevadas doses de vitaminas E e C e

outro placebo durante 2 meses e analisaram os parâmetros seminais. Os autores não

verificaram alterações nos parâmetros do sémen durante o tratamento e não foi iniciada

nenhuma gravidez durante este período (Rolf et al, 1999).

Relativamente às carnitinas, um estudo controlado com placebo, double-blind de

86 homens inférteis mostrou que a suplementação de L-carnitina (2g/dia durante um

período de 2 meses) conduzia a um aumento significativo na mobilidade (aumento de

11%) versus placebo (aumento de 8,8%), mas apenas após a exclusão de 5 pacientes

considerados outliers. Incluindo estes 5 pacientes, não se observa um aumento

significativo na mobilidade (Lenzi, et al., 2003). Curiosamente, o mesmo grupo de

investigadores realizou um outro estudo controlado com placebo, double-blinded e

randomizado com administração da L-carnitina (2g/dia) e, desta vez, também de L-

acetil-carnitina (1g/dia), durante um período de 2 meses em 56 homens com

astenozoospermia. Contudo, não verificaram qualquer melhoria estatisticamente

significativa na concentração espermática ou na mobilidade (Lenzi, et al., 2004). Da

mesma forma, um estudo randomizado, mais pequeno, controlado com placebo e

double-blinded, de Sigman e colegas (2006) demonstrou que a suplementação oral de

carnitinas (2g de L-carnitina e 1g de L-acetil-carnitina diariamente) em homens com

astenozoospermia idiopática não obtinha qualquer efeito clinicamente ou

estatisticamente significativo na mobilidade espermática ou na contagem de móveis

totais (Sigman, et al., 2006). Deve-se notar que a terapia oral de carnitina não

demonstrou um aumento dos níveis de carnitina ou de acetil-carnitina no plasma

seminal ou nos espermatozóides. Pelo contrário, Cheng e Chen (2008) verificaram

melhorias significativas na vitalidade, mobilidade e contagem total de espermatozóides,

após tratamento combinado de L-carnitina e L-acetil-carnitina, durante 3 meses (Cheng

and Chen, 2008). Numa revisão realizada por Zhou e colegas (2007), estes autores

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concluíram que a administração de L-carnitina e/ou L-acetil-carnitina pode ser benéfica

quanto à melhoria da taxa de gravidez, contudo a eficácia exacta das carnitinas na

infertilidade masculina precisa de ser confirmada com mais pesquisas (Zhou, et al.,

2007). A Tabela IX reúne uma pequena compilação de estudos realizados com

suplementação oral de carnitinas no tratamento da fertilidade masculina.

Assim como no nosso estudo, também Oliva e colaboradores (2009) verificaram

apenas uma melhoria na morfologia espermática após suplementação oral de

antioxidantes (pentoxifilina, zinco e ácido fólico) durante 4 semanas, em 36 homens

com varicocele (Oliva, et al., 2009). Podemos deduzir a possível influência da

pentoxifilina na melhoria da morfologia espermática visto ser o único denominador

comum entre os dois estudos. Porém, existem muitos factores envolvidos, o que nos

impossibilita de fazer qualquer relação clara. Shen e colaboradores (1991) investigaram

qual o papel da pentoxifilina em homens astenozoospérmicos e normozoospérmicos,

tanto in vitro como in vivo, segundo uma administração oral de pentoxifilina com uma

dose de 800 a 1200 mg/dia, durante 3 meses. Observaram um aumento da mobilidade in

vitro dos espermatozóides do ejaculado e também após o tratamento oral, mas não um

aumento da concentração espermática (Shen, et al., 1991). A pentoxifilina é um

conhecido estimulante na mobilidade espermática, aumentando a proporção de

hiperactivação nos espermatozóides (Yovich, 1993). A estimulação metabólica tornou-

se um dos principais temas na área da reprodução assistida (Tournaye, et al., 1995). No

laboratório, é aplicada directamente nos meios de cultura onde estão os

espermatozóides, dotando de mobilidade os espermatozóides vivos. A diminuição do

tempo de procura e a selecção dos espermatozóides para a ICSI são as grandes

vantagens que a pentoxifilina oferece in vitro. A sua utilidade é direccionada para

amostras de sémen com mobilidade muito baixa, como casos de biopsia testicular

(Kovacic, et al., 2006) ou em amostras descongeladas (Huang, et al., 2003) (Griveau, et

al., 2006). Stanic e colegas (2002) verificaram que a pentoxifilina melhorava a

mobilidade de espermatozóides humanos quando adicionada após a descongelação da

amostra de sémen, mas não observaram qualquer melhoria se fosse adicionada durante a

congelação (Stanic, et al., 2002).

Embora estes dados de diferentes centros sejam potencialmente conflituosos, é

difícil fazer uma comparação directa destes resultados dada a variada natureza da dose,

duração do tratamento e conclusões de cada um destes estudos. Estes estudos

providenciam, todavia, óptimas provas quanto à eficácia dos antioxidantes vitamínicos

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na melhoria global da qualidade do sémen e do possível aumento da taxa de gravidez

após ICSI (Kefer, et al., 2009). Neste estudo, a idade foi um aspecto analisado. Não

conseguimos encontrar diferenças formando sub-categorias de idade: a) até aos 34 e b)

dos 35 aos 45 anos. Pelo contrário, Moskovtev e colaboradores (2009) verificaram

diferenças quanto ao efeito de um tratamento oral de antioxidantes de acordo com a

idade dos pacientes. Estes investigadores observaram que homens com mais de 40 anos

não apresentavam qualquer melhoria após o tratamento, enquanto pacientes com idades

inferiores a 40 anos mostraram melhorias significativas na fragmentação do DNA

(Moskovtsev, et al., 2009).

Outros estudos verificaram que o tabaco diminui as concentrações de

antioxidantes do plasma seminal vitamina E e C, reduzindo então a capacidade

antioxidante dos espermatozóides e do fluido seminal (Mostafa, et al., 2006). A nível

molecular, foram documentados riscos aumentados de aneuploidias espermáticas

(Robbins, et al., 2005), elevados níveis de stress oxidativo seminal (Saleh, et al., 2002),

alteração na assimetria dos fosfolípidos da membrana plasmática dos espermatozóides

(Belcheva, et al., 2004) e fragmentação do DNA espermático (Potts, et al., 1999). Num

estudo placebo e controlado sobre a qualidade do sémen de fumadores, apenas os

grupos que receberam uma dose de 200 ou 1000 mg/dia de ácido ascórbico melhoraram

a qualidade seminal e a melhoria mais significativa foi observada no grupo que recebia

a dose mais elevada durante 4 semanas (Dawson, et al, 1992). Contudo, Lenzi e

colaboradores (1998) demonstraram que 4 semanas de tratamento antioxidante com a

glutationa era suficiente para melhorar a mobilidade espermática (Lenzi, et al, 1998)

enquanto Dawson e colegas (1992) observaram melhorias da qualidade espermática

poucos dias após a administração de ácido ascórbico (Dawson, et al, 1992).

Uma preocupação adicional prende-se com o possível efeito sinergético entre

hábitos tóxicos concorrentes na reprodução masculina. Foi descrito um efeito

sinergético entre o consumo de álcool e tabaco relativamente aos parâmetros

espermáticos, mas é necessária maior investigação para explorar outras associações com

outros estilos de vida e exposições ocupacionais e ambientais (Martini, et al., 2004).

Neste estudo conseguimos ainda obter uma melhor taxa de implantação no grupo

com tratamento de antioxidantes relativamente ao grupo controlo. De facto, embora sem

diferenças com valor estatístico, verificou-se que 6 de 7 pacientes alcançaram uma

gravidez, atingindo uma taxa de implantação de 86%, enquanto o grupo controlo

apresentou uma taxa de implantação de 67%. Esta melhoria não tem valor estatístico,

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54

mas tal pode dever-se ao tamanho amostral. Os pacientes de ambos os grupos possuíam

um historial bastante semelhante em termos de ciclos prévios, já que a maioria já tinha

realizado uma tentativa de ICSI falhada. Na literatura científica existem estudos que

verificaram o mesmo, ou seja, não observaram qualquer melhoria nos parâmetros

seminais avaliados habitualmente, mas as taxas de implantação e gravidez sofreram

melhorias após tratamento com antioxidantes. Os trabalhos de Comhaire e

colaboradores (2000) e de Lamond e colegas (2003) comprovaram que há efeitos

positivos dos antioxidantes quanto aos danos de DNA espermático e no resultado da

gravidez (Comhaire, 2000) (Lamond, et al., 2003). Mais recentemente, Greco e

colaboradores (2005), com um estudo provido de uma estrutura notável, examinaram o

impacto de um maior consumo de antioxidantes de um modo randomizado e

prospectivo. Um conjunto de 64 homens inférteis com mais de 15% de fragmentação de

DNA espermático foram randomizados em 2 grupos recebendo um grupo vitamina C e

E (1g/dia de cada) e o outro placebo durante 2 meses. Embora não se tenham notado

diferenças nos parâmetros seminais básicos, o grupo com antioxidante demonstrou uma

percentagem de fragmentação do DNA significativamente menor (Greco, et al., 2005a).

Os autores demonstraram depois que a suplementação com as vitaminas E e C

aumentou significativamente as taxas de gravidez clínica e a implantação após a

microinjecção intracitoplasmática de espermatozóide (ICSI) (Greco, et al., 2005b).

Finalmente, também Tunc e colaboradores (2009) verificaram melhorias significativas

no DNA espermático, redução na produção de ERO e de apoptose, porém não

observaram qualquer melhoria nos parâmetros seminais analisados por rotina (Tunc, et

al., 2009).

Os efeitos das espécies reactivas de oxigénio no DNA espermático foram

correlacionados com fracos resultados das técnicas de PMA (Agarwal and Said, 2003) e

a utilização de espermatozóides com DNA anormal durante estes procedimentos leva a

uma pior qualidade embrionária (Sakkas, et al., 1998). As consequências de uma maior

quantidade de ERO no embrião incluem alterações mitocondriais, bloqueio celular,

esgotamento de ATP e apoptose (du Plessis, et al., 2008). Os embriões fragmentados

têm um potencial de desenvolvimento limitado e raramente implantam (Erenus, et al.,

1991). Se os danos no DNA prejudicam o desenvolvimento embrionário, é lógico

deduzir que a subsequente implantação será também adversamente afectada. Tal foi

demonstrado por Duran e colaboradores (2002) que mostraram que a fragmentação de

DNA estava negativamente correlacionada com a gravidez (Duran, et al., 2002).

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55

As técnicas de procriação medicamente assistida (PMA) estão implicadas

nalguns casos de malformações e anomalias nos recém-nascidos. Das muitas causas que

podem conduzir a efeitos adversos nos bebés, o stress oxidativo e os danos que induz no

DNA são os mais vulgarmente implicados. O embrião é um organismo de

desenvolvimento rápido com elevadas necessidades energéticas que são conseguidas,

como noutras células vivas aeróbias, produzindo ATP através da fosforilação oxidativa

nas mitocôndrias e da glicólise. À medida que o embrião se desenvolve desde o estado

de zigoto, o seu estado redox é modulado pelas suas constantes alterações das

necessidades e pelo metabolismo. Ocorre a produção excessiva de ERO em

determinados pontos críticos devido a necessidades energéticas acrescidas, tal como a

activação genómica embrionária, compactação embrionária e eclosão (Ollero, et al.,

2001). Sob condições fisiológicas normais, as ERO devem ser neutralizadas

continuamente, enquanto deve ser preservada uma pequena quantidade necessária para

manter o funcionamento normal da célula (du Plessis et al, 2008). Goto e colaboradores

(1993) demonstraram que a produção de ERO era superior em embriões em cultura in

vitro comparada com aqueles em cultura in vivo (Goto, et al., 1993). Apesar dos rápidos

avanços nos tratamentos de infertilidade que levaram ao desenvolvimento de novas e

melhores técnicas, nos laboratórios de fertilização in vitro ainda se luta por criar as

condições fisiológicas dos microambientes do sistema in vivo (du Plessis et al, 2008).

Suplementações de antioxidantes in vitro são possibilidades para minimizar o

stress oxidativo durante as técnicas de procriação medicamente assistida. Um

considerável conjunto de provas indica que a suplementação do meio de cultura com

antioxidantes, vitaminas C e E, aminoácidos e eliminadores de ERO podem reduzir o

stress oxidativo e beneficiarem a sobrevivência embrionária e as taxas de blastulação

em estudos com animais (Taylor, 2001). O meio de cultura e as condições evoluíram de

monocultura para co-cultura e actualmente para cultura sequencial com o propósito de

superar o SO (Agarwal, et al., 2006). Será ainda necessário desenvolver outras

estratégias que ajudem a minimizar o stress oxidativo (Agarwal, et al., 2008a).

Reduzir o manuseamento e a centrifugação dos gâmetas e o tempo de

inseminação durante a fertilização in vitro (FIV) convencional, assim como a exposição

a meios que produzem ERO, podem resultar num aumento tanto da formação como da

qualidade dos embriões (Kattera and Chen, 2003). Danos espermáticos provocados

pelas ERO produzidas pelos leucócitos podem ocorrer quando o plasma seminal é

removido durante a preparação espermática para a reprodução assistida ou quando a

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56

concentração de leucócitos é anormalmente elevada, como na leucocitospermia

(Agarwal, et al., 2008b).

Igualmente importante é a capacidade para medir com precisão as espécies

reactivas de oxigénio e estabelecer valores de referência. A medição dos níveis de ERO

no sémen antes das técnicas de FIV pode ser utilizada para determinar o tratamento

específico da amostra, assim como para prever o resultado, já que se pensa que as ERO

afectam a taxa de fecundação pós-FIV (Greco, et al., 2005).

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57

Tabela VIII. Estudos que utilizaram vitamina E e vitamina C no tratamento da fertilidademasculina. Abreviações: B, cego; C, controlado; MDA, malondialdeído; NB, não cego; NC, nãocontrolado; NR, não randomizado; R, randomizado.

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59

Tabela IX. Estudos que utilizaram carnitina no tratamento da fertilidade masculina.Abreviações: B, cego; C, controlado; MDA, malondialdeído; NB, não cego; NC, nãocontrolado; NR, não randomizado; R, randomizado.

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60

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61

Parte V – Considerações finais

O stress oxidativo é uma ameaça real para gâmetas e embriões in vitro já que

estas células são removidas do seu ambiente natural que lhes proporciona mecanismos

de defesa contra os radicais livres. Consequentemente, o stress oxidativo tem um

significado importante no resultado das técnicas de fertilização in vitro. Tratamentos

profiláticos orais de antioxidantes, assim como suplementações do meio de cultura com

antioxidantes, em princípio, podem favorecer a obtenção de gâmetas de melhor

qualidade e beneficiar o desenvolvimento embrionário. Os adequados compostos

antioxidantes e as suas concentrações precisam de ser determinadas e esta continua a ser

uma área de interesse.

Com o objectivo de poder tirar conclusões mais significativas, pretende-se

prolongar este estudo no tempo para se obter um tamanho amostral mais adequado

podendo assim conseguir resultados mais consistentes. Idealmente deveria ser possível

obter uma taxa de gravidez igualmente significativa e acompanhar, sempre que possível,

o desenvolvimento embrionário.

Embora o nosso conhecimento esteja a aumentar relativamente ao efeito único

de produtos individuais, a realidade é mais complexa. A exposição única não acontece e

muito poucos estudos tratam as consequências para a qualidade seminal considerando a

complexa exposição a compostos do meio ambiente, como aditivos alimentares, tóxicos

ou contaminantes, poluentes ambientais e substâncias perigosas. Além disso, a literatura

científica apresenta descobertas contraditórias e é necessário realizar mais estudos para

identificar todos os mecanismos envolvidos no stress oxidativo do ejaculado, de forma a

desenvolver novos sistemas de diagnóstico e estratégias terapêuticas para combater o

desequilíbrio prejudicial de radicais livres no sémen. Contudo, a estrutura dos estudos

nem sempre facilita a interpretação dos resultados. Para serem úteis, os estudos devem

ser projectados de forma que os factores envolventes possam ser controlados. A taxa de

gravidez, o parâmetro final mais relevante, é raramente comunicada.

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Anexo A. Resultados do teste Kolmogorov-Smirnov

Testes de Normalidade

Kolmogorov-Smirnov(a)

Grupos Statistic df Sig.1ª CONC Sem AOX 0,164 19 0,190(*)

Com AOX 0,146 11 0,200(*)

2ª CONC Sem AOX 0,199 19 0,047Com AOX 0,263 11 0,033

1ª MEP Sem AOX 0,178 19 0,113(*)

Com AOX 0,228 11 0,116(*)

2ª MEP Sem AOX 0,163 19 0,197(*)

Com AOX 0,203 11 0,200(*)

1ª MET Sem AOX 0,127 19 0,200(*)

Com AOX 0,154 11 0,200(*)

2ª MET Sem AOX 0,142 19 0,200(*)

Com AOX 0,120 11 0,200(*)

1ª VOL Sem AOX 0,098 19 0,200(*)

Com AOX 0,144 11 0,200(*)

2ª VOL Sem AOX 0,139 19 0,200(*)

Com AOX 0,171 11 0,200(*)

1ª NOR Sem AOX 0,151 19 0,200(*)

Com AOX 0,147 11 0,200(*)

2ª NOR Sem AOX 0,231 19 0,009Com AOX 0,211 11 0,183(*)

1ª CTOTAL Sem AOX 0,168 19 0,163(*)

Com AOX 0,138 11 0,200(*)

2ª CTOTAL Sem AOX 0,240 19 0,005Com AOX 0,272 11 0,023

1ª TPMS Sem AOX 0,244 19 0,004Com AOX 0,202 11 0,200(*)

2ª TPMS Sem AOX 0,252 19 0,003Com AOX 0,247 11 0,060(*)

(*) This is a lower bound of the true significance.a Lilliefors Significance Correction

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Anexo B. Glossário de abreviaturas

ERO – Espécies reactivas de oxigénio

SO – Stress oxidativo

CONC – Concentração espermática

MEP – Mobilidade espermática progressiva

MET – Mobilidade espermática total

VOL – Volume

NOR – Morfologia espermática normal

CTOTAL – Contagem total

MEPT – Mobilidade espermática progressiva total