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UNIVERSIDADE DE LISBOA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
A Formação de Professores como Percurso para o Uso das TIC
em Atividades Práticas pelos Alunos na Sala de Aula
Maria João Horta
DOUTORAMENTO EM EDUCAÇÃO
Especialidade em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação
2012
UNIVERSIDADE DE LISBOA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
A Formação de Professores como Percurso para o Uso das TIC
em Atividades Práticas pelos Alunos na Sala de Aula
Maria João Horta
Tese orientada pelo Prof. Doutor João Correia de Freitas e pela Profª Doutora
Maria Isabel Chagas, especialemente elaborada para a obtenção do grau de doutor
em Educação na especialidade de Tecnologias de Informação e Comunicação na
Educação
2012
i
ii
iii
AGRADECIMENTOS
Começo por agradecer aos meus orientadores, Professora Doutora Maria Isabel Seixas
da Cunha Chagas e Professor Doutor João José de Carvalho Correia de Freitas, o apoio,
a confiança e o incentivo que sempre me deram, bem como a pertinência das críticas e
das sugestões.
Agradeço à Professora Doutora Maria João Freitas todo o apoio de quem, não sendo
orientadora oficial da tese, acompanhou todo o processo de escrita do texto e leu
atentamente a sua versão final.
Agradeço aos 78 professores que participaram nas formações que deram corpo a esta
tese. Foi o seu entusiasmo pelas TIC que fui revendo nos dados analisados que, em
muitos momentos, evitaram que eu desistisse de tentar chegar ao fim deste longo e, por
vezes, solitário caminho.
Aos colegas da EB 2,3 dos Olivais, que me proporcionaram todas as condições de
trabalho possíveis para o desenvolvimento deste projeto, deixo o meu carinho e
agradecimento. O meu agradecimento especial vai para as colegas e amigas Rosa
Carvalho, Rosa Costa e Conceição Alves pelo apoio especial que me deram, bem como
para a Rosa Serradas Duarte.
Agradeço aos colegas de doutoramento, em especial à Margarida Belchior, à Vicência
Maio, ao Fernando Campos e à Elvira Monteiro, os estimulantes momentos de
discussão, o apoio, a ajuda e a amizade que entretanto foi crescendo.
Às minhas amigas Paula Rocha, Catarina Novais e Mª João Freitas pelo apoio, ajuda e
incentivo que sempre me souberam dar ao longo deste período.
Ao grupo de amigos 40X50 (Janinha, Paula, Guida, Zé, Isabel, Raquel, Carlos, Rui,
Ana, Catarina, Pan, Carlos, Emília, Helena, Mª Paula, Filipe, ...) deixo uma palavra
especial de carinho pela partilha, animação e conforto que me têm dado ao longo destes
e de muitos outros tempos de divertimento, cultura, passeio, viagens e, acima de tudo,
alegria e amizade.
À minha família, agradeço todo o apoio e estímulo dados e a compreensão pelos
momentos de ausência.
iv
v
RESUMO
A utilização de tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas tem
sido alvo de diferentes estudos e os resultados obtidos, em termos das implicações do
seu uso para o ensino e para a aprendizagem, têm também sido analisados e discutidos
segundo diversas abordagens, que vão desde as da investigação educacional às das
políticas educativas. Esta investigação tem o propósito de contribuir para a compreensão
e para o conhecimento dos processos de integração das TIC, incidindo sobre a formação
e as práticas pedagógicas dos professores em contexto de utilização das TIC em sala de
aula e sobre a realização de atividades práticas com as TIC pelos alunos, sem perder de
vista a natureza sistémica do problema em estudo.
A metodologia escolhida é de natureza interpretativa e assume a intervenção no
terreno, numa perspetiva de diálogo entre investigação e prática docente, articulando
modelos de investigação-ação e design-based research em função das necessidades do
estudo.
A intervenção decorreu em três fases correspondentes a três estudos: preliminar,
exploratório e final. Cada estudo concretizou-se numa oficina de formação de
professores, seguida de acompanhamento (follow-up). Os estudos desenvolveram-se
segundo uma espiral, de acordo com o modelo de investigação-ação, e numa lógica de
construção de ambientes ricos e potenciadores de práticas pedagógicas integradoras das
TIC, seguindo a abordagem da design-based research.
Os resultados do presente estudo permitem uma melhor compreensão do papel
da formação de professores no processo da integração das TIC em trabalhos práticos
realizados pelos alunos em sala de aula: por um lado, identificaram-se fatores que
condicionaram ou facilitaram a referida concretização por parte dos professores
participantes; por outro, relevou-se a importância da reflexão e ação partilhadas no
âmbito da formação que sustentou a referida integração; finalmente, identificou-se um
processo de formação que atingiu o objetivo proposto de integração das TIC.
Palavras-chave: Atividades práticas dos alunos; integração curricular das TIC;
práticas pedagógicas dos professores; formação de professores.
vi
vii
ABSTRACT
The use of information and communication technologies (ICT) in schools has
been the subject of several studies and their findings on teaching and learning outcomes
have been scrutinized from different perspectives, from educational research to
educational policy.
The present study aims to contribute to both the knowledge and the
understanding of ICT curricular integration under a systemic approach, thus considering
the teacher’s training and the classroom practices structured on the basis of practical
work developed by students using ICT.
An interpretative methodology was chosen while encompassing an active
intervention built on the basis of the dialogue between the researcher and the teachers
involved. This interchangeable environment was framed on the action-research and the
design based research models. The research was structured on three phases, named as
preliminary study, exploratory study and final study. Each of these studies was built
upon a teacher training workshop and the follow-up activities, developed on a spiral
shape, as predicted by the action-research framework. Changes in the format of each
workshop were based on the teacher’s profiles and needs. The main purpose was to
build successive richer environments capable of sustaining innovative ICT pedagogical
practices, as assumed in the design-based research approach.
The study results allowed for a better understanding of the role of teacher
training on ICT integration in the context of the classroom practical work developed by
students: on the one hand, both success and failure factors involved in the process have
been identified; on the other hand, the importance of sharing experiences and elaborate
on these exchanges in the teacher training context was empirically demonstrated;
finally, a training model was identified to successfully achieve the aim of ICT
integration in a teaching/learning environment.
Key-words: Practical activities for students; curricular integration of ICT;
teacher pedagogical practices; teachers training.
ix
ÍNDICE GERAL DA TESE
AGRADECIMENTOS .................................................................................................... iii
RESUMO ......................................................................................................................... v
ABSTRACT ................................................................................................................... vii
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................. xiv
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................ xxi
ÍNDICE DE QUADROS .............................................................................................. xxii
PARTE I: Um estudo em torno das TIC na educação e na sala de aula (lato sensu,
stricto sensu) ..................................................................................................................... 1
1. Introdução ..................................................................................................................... 3
1.1. Motivações para o Estudo ..................................................................................... 7
1.2. Problema, Objectivos e Questões de Investigação .............................................. 10
1.3. Limitações do Estudo .......................................................................................... 14
1.4. Organização Geral da Tese .................................................................................. 16
2. TIC em Educação: Diferentes Perspetivas ................................................................. 19
2.1. Rationale para as TIC na educação ..................................................................... 20
2.2. As TIC na Europa e nas escolas portuguesas – tendências atuais ....................... 26
2.3. Literacia digital e competências associadas ........................................................ 48
2.3.1. Preparando os jovens para a Sociedade da Informação e do Conhecimento.50
2.3.2. Os professores na Sociedade da Informação e do Conhecimento. ............... 56
2.4. As TIC e as práticas pedagógicas dos professores .............................................. 64
2.5. Modelos de formação de professores em TIC ..................................................... 74
x
PARTE II: A investigação - trabalhando com os professores para que as TIC estejam
presentes na escola e na sala de aula .............................................................................. 81
3. Metodologia ............................................................................................................ 83
3.1. Justificação das Opções Metodológicas .......................................................... 83
3.2. Questões éticas ................................................................................................ 89
3.3. Investigação-Ação como meio para um fim .................................................... 90
3.4. Da Investigação-Ação ao Design-Based Research .......................................... 95
3.5. Desenho da investigação: Três fases, três estudos .......................................... 97
3.6. A análise dos dados - Procedimentos ............................................................ 105
3.7. Codificação aberta e codificação axial dos dados textuais ............................ 109
3.8. O Referencial de Análise dos Dados ............................................................. 111
3.9. Validade do estudo ........................................................................................ 116
4. Estudo Preliminar (Fase 1) ................................................................................... 119
4. 1. A primeira Oficina de Formação .................................................................. 119
4.1.1 - O grupo de professores envolvidos no estudo preliminar ......................... 126
4.1.2 - Desenvolvimento da oficina de formação 1 .............................................. 140
4.1.3 - Projetos de trabalho dos formandos .......................................................... 144
4.1.4 - Trabalhos finais desenvolvidos pelos formandos...................................... 151
4.1.5 - Da formação à sala de aula - fase 1 ........................................................... 155
4.1.6 - Referencial para a integração das TIC – fase 1 ......................................... 168
Competências gerais em TIC e competências de desenvolvimento profissional em
TIC na fase 1 ........................................................................................................ 169
Competências pedagógicas em TIC na fase 1 ...................................................... 173
xi
Atitudes face às TIC na fase 1 .............................................................................. 174
4.1.7 - Os professores e as TIC no final da formação .......................................... 176
4.1.8 - Avaliação global da formação pelos professores ...................................... 184
4.2 - Fase de Follow-up à Oficina 1 ......................................................................... 192
4.3. Do Estudo Preliminar ao Estudo Exploratório – síntese dos resultados da fase 1 e
pistas para a fase 2 .................................................................................................... 197
5. Estudo Exploratório (Fase 2) ................................................................................ 203
5.1 - A segunda Oficina de Formação .................................................................. 203
5.1.1 - O grupo de professores envolvidos no estudo exploratório ...................... 208
5.1.2 - Desenvolvimento da oficina de formação 2 .............................................. 220
5.1.3 - Trabalhos desenvolvidos pelos formandos ............................................... 222
5.1.4 - Da formação à sala de aula - fase 2 ........................................................... 224
5.1.5 - Referencial para a integração das TIC – fase 2 ......................................... 227
Competências gerais em TIC e competências de desenvolvimento profissional em
TIC na fase 2 ........................................................................................................ 228
Competências pedagógicas em TIC na fase 2 ...................................................... 229
Atitudes face às TIC na fase 2 .............................................................................. 234
5.1.6 - Os professores e as TIC no final da formação .......................................... 237
5.1.7 - Avaliação global da formação pelos professores ...................................... 247
5.2 - Fase de Follow-up à Oficina 2 ......................................................................... 256
5.3 - Do Estudo Exploratório ao Estudo Final – síntese dos resultados da fase 2 e
pistas para a fase 3 .................................................................................................... 262
6. Estudo Final (Fase 3) ............................................................................................ 267
xii
6.1 - A terceira Oficina de Formação ................................................................... 267
6.1.1 - O grupo de professores envolvidos no estudo final .................................. 271
6.1.3 - Desenvolvimento da Oficina de Formação 3 ............................................ 284
6.1.4 - Trabalhos desenvolvidos pelos formandos ............................................... 287
6.1.5 - Da formação à sala de aula - fase 3 ........................................................... 290
6.1.6 - Referencial para a integração das TIC – fase 3 ......................................... 294
Competências gerais em TIC e competências de desenvolvimento profissional em
TIC na fase 3 ........................................................................................................ 294
Competências pedagógicas em TIC na fase 3 ...................................................... 295
Atitudes face às TIC na fase 3 .............................................................................. 299
6.1.7 - Os professores e as TIC no final da formação .......................................... 302
6.1.8 - Avaliação global da formação pelos professores ...................................... 312
6.2 - Fase de follow-up Oficina 3 ............................................................................. 321
PARTE III: Da formação ao trabalho prático com as TIC na sala de aula – principais
resultados ...................................................................................................................... 325
7. As TIC na sala de aula .............................................................................................. 327
7.1. Os professores e as TIC: atitudes e competências ............................................. 328
7.2 – Atividades práticas com as TIC pelos alunos na sala de aula ......................... 333
7.3 – O caminho da formação para que as TIC cheguem à sala de aula .................. 338
8. Conclusões: contributos para um modelo de implementação de trabalho prático com
as TIC pelos alunos na sala de aula .............................................................................. 345
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 351
APÊNDICES ................................................................................................................ 375
xiii
Apêndice A – Programa da Ação de Formação da Oficina 1 ................................... 375
Apêndice B – Programa da Ação de Formação das Oficinas 2 e 3 .......................... 379
Apêndice C – Questionário inicial da Oficina 1 ....................................................... 382
Apêndice D – Referendos da Oficina 1 .................................................................... 385
Apêndice E – Questionário final da Oficina 1 .......................................................... 387
Apêndice F – Questionário inicial da Oficina 2 ....................................................... 389
Apêndice G – Questionário final da Oficina 2 ......................................................... 392
Apêndice H – Questionário inicial da Oficina 3....................................................... 395
Apêndice I – Questionário final da Oficina 3 ........................................................... 397
Apêndice J – Guião de Entrevistas de follow-up às Oficinas................................... 399
Apêndice K – Questionários de avaliação das 3 oficinas ......................................... 401
Apêndice L – Referencial inicial de análise dos dados ............................................ 408
xiv
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura I. 1 - Abordagem inicial ao problema de investigação........................................ 10
Figura II. 1 - As três fases de investigação ..................................................................... 87
Figura II. 2 - Esquema representativo do círculo mais simples da Investigação-Ação
(Adaptado de Elliott, 1981) ............................................................................................ 90
Figura II. 3 - Esquema representativo das espirais decorrentes da Investigação-Ação
(Adaptação de Waters-Adams, 2006) ............................................................................. 92
Figura II. 4 - Representação esquemática das três fases de investigação. ...................... 98
Figura II. 5 - Linha de análise de dados no ATLAS.ti (adaptado de ATLAS.ti 6, User’s
Guide and Reference) ................................................................................................... 108
Figura II. 6 - O modelo F@R (Formação-Acção-Reflexão) de Costa e Viseu (2008) . 122
Figura II. 7 - Níveis de ensino docente dos professores do Estudo Preliminar ............ 127
Figura II. 8 - Utilização do computador ....................................................................... 128
Figura II. 9 - Utilização do computador e da Internet para pesquisa de informação .... 128
Figura II. 10 - Utilização do computador e da Internet para receber e enviar e-mails . 129
Figura II. 11 - Utilização do computador e da Internet para consultar informação numa
plataforma (ex: Moodle) ............................................................................................... 130
Figura II. 12 - Utilização do computador e da Internet para colocar informação numa
plataforma (ex: Moodle) ............................................................................................... 130
Figura II. 13 - Utilização do computador para registo de faltas e de avaliações dos meus
alunos, enquanto diretor/a de turma ............................................................................. 131
Figura II. 14 - Utilização do computador para processamento de texto (ex: Word) para
fazer fichas e testes, ou outros documentos em formato digital ................................... 132
Figura II. 15 - Utilização do computador para projeção de conteúdos nas aulas ......... 132
Figura II. 16 - Utilização do computador para, na Internet, pesquisar informação que
utilizo para preparar aulas............................................................................................. 133
Figura II. 17 - Utilização do computador para, na Internet, pesquisar informação que
utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Conselho Executivo, Pedagógico ou
Administrativo) ............................................................................................................. 133
xv
Figura II. 18 - Utilização do computador para, na Internet, interagir com os meus
alunos, fora das aulas (ex: messenger) ......................................................................... 134
Figura II. 19 - Utilização do computador para realizar trabalhos em situação de
formação ....................................................................................................................... 134
Figura II. 20 - Utilização do computador em sala de aula, com os meus alunos a
utilizarem computadores para pesquisarem informação .............................................. 135
Figura II. 21 - Utilização do computador em sala de aula, com os alunos a utilizarem
computadores para fazerem trabalhos em Word ou Power Point ................................ 135
Figura II. 22 - Grau de satisfação relativamente ao uso dos computadores e da Internet
para fins profissionais ................................................................................................... 136
Figura II. 23 - Grau de variedade de práticas pedagógicas dos professores ................. 137
Figura II. 24 - Opinião dos professores sobre a utilização de computadores e de Internet
na escola ....................................................................................................................... 139
Figura II. 25 - Grau de motivação dos professores para virem a usar computadores e
Internet com os alunos na sala de aula ......................................................................... 139
Figura II. 26 - Grau de satisfação dos formandos aquando da realização do 1.º referendo
...................................................................................................................................... 141
Figura II. 27 - Grau de satisfação dos formandos aquando da realização do 2.º referendo
...................................................................................................................................... 142
Figura II. 28 - Necessidades específicas de formação .................................................. 143
Figura II. 29 - Tipologia de trabalhos práticos da Oficina 1 ........................................ 147
Figura II. 30 - Atividades práticas nos projetos da Oficina 1 ....................................... 149
Figura II. 31 - Tipologia de trabalhos previstos e de trabalhos realizados. .................. 153
Figura II. 32 - Trabalho DocP45 .................................................................................. 156
Figura II. 33 - Trabalho DocP58 .................................................................................. 158
Figura II. 34 - Trabalho DocP59 .................................................................................. 160
Figura II. 35 - Trabalho DocP60 .................................................................................. 161
Figura II. 36 - Trabalho DocP61 .................................................................................. 163
Figura II. 37 - Trabalho DocP62 .................................................................................. 164
Figura II. 38 - Trabalho DocP63 .................................................................................. 166
Figura II. 39 - Trabalho DocP64 .................................................................................. 167
Figura II. 40 - Identificação de trabalhos práticos desenvolvidos ................................ 168
Figura II. 41 - Identificação das atitudes face às TIC dos professores ......................... 176
xvi
Figura II. 42 - Utilização do computador ..................................................................... 177
Figura II. 43 - Utilização do computador e da Internet para pesquisa de informação .. 177
Figura II. 44 - Utilização do computador e da Internet para receber e enviar e-mails . 178
Figura II. 45 - Utilização do computador e da Internet para consultar informação numa
plataforma (ex: Moodle) ............................................................................................... 178
Figura II. 46 - Utilização do computador e da Internet para colocar informação numa
plataforma (ex: Moodle) ............................................................................................... 179
Figura II. 47 - Identificação de vantagens da utilização dos computadores e da Internet
pelos professores .......................................................................................................... 181
Figura II. 48 - Identificação de vantagens da utilização dos computadores e da Internet
pelos alunos .................................................................................................................. 182
Figura II. 49 - Identificação de desvantagens da utilização dos computadores e da
Internet pelos professores ............................................................................................. 183
Figura II. 50 - Identificação de desvantagens da utilização dos computadores e da
Internet pelos alunos ..................................................................................................... 183
Figura II. 51 - Identificação das maiores dificuldades destes professores, no final da
formação, no que respeita à utilização das TIC ............................................................ 184
Figura II. 52 - Expectativas vs resultados ..................................................................... 185
Figura II. 53 - Alcance dos objetivos iniciais ............................................................... 186
Figura II. 54 - Adequação da metodologia aos objetivos estipulados inicialmente ..... 186
Figura II. 55 - Relação pessoal entre formadora e formandos...................................... 187
Figura II. 56 - Grau de clareza na exposição dos conteúdos pela formadora ............... 187
Figura II. 57 - Adequação do tempo da ação ................................................................ 188
Figura II. 58 - Adequação do espaço onde decorreu a ação ......................................... 188
Figura II. 59 - Classificação da ação ............................................................................ 189
Figura II. 60 - Reflexos positivos da participação na ação, na prática profissional dos
professores envolvidos ................................................................................................. 189
Figura II. 61 - Aspetos positivos considerados relevantes no decorrer da ação ........... 190
Figura II. 62 - Aspetos negativos considerados relevantes no decorrer da ação .......... 190
Figura II. 63 - Sugestões que permitam reformular a ação .......................................... 191
Figura II. 64 - Sugestões para temas a tratar em futuras acões de formação................ 191
Figura II. 65 - Níveis de ensino docente dos professores do Estudo Exploratório ...... 210
Figura II. 66 - Acesso ao computador em casa............................................................. 211
xvii
Figura II. 67 - Acesso à Internet em casa ..................................................................... 211
Figura II. 68 - Horas ao computador, em média, por semana ...................................... 211
Figura II. 69 - Frequência de utilização pessoal de ferramentas informáticas ............. 212
Figura II. 70 - Frequência de utilização de ferramentas e de recursos educativos em
ambiente escolar ........................................................................................................... 213
Figura II. 71 - Método privilegiado para facultar documentos aos alunos ................... 214
Figura II. 72 - Atitudes de valorização das TIC ........................................................... 215
Figura II. 73 - Opinião relativamente à utilização das TIC nos processos de ensino,
aprendizagem e avaliação ............................................................................................. 216
Figura II. 74 - Razões pelas quais usam pouco, não usam ou não usam mais as TIC .. 217
Figura II. 75 - Razões pelas quais os professores se inscreveram na ação de formação
...................................................................................................................................... 218
Figura II. 76 - O que os professores gostariam de aprender na formação .................... 219
Figura II. 77 - Referências a trabalhos práticos com as TIC em sala de aula............... 225
Figura II. 78 - Identificação das atitudes face às TIC dos professores ......................... 235
Figura II. 79 - Práticas pedagógicas / metodologias de trabalho / estratégias que os
professores associam ao trabalho na sala de aula com alunos quando utilizam as TIC 243
Figura II. 80 - Mais valias profissionais consideradas pelos professores participantes na
oficina 2 ........................................................................................................................ 245
Figura II. 81 - Dificuldades ainda sentidas pelos professores participantes, no final da
oficina 2 ........................................................................................................................ 246
Figura II. 82 - Avaliação da adequação das estratégias de formação aos objetivos da
ação ............................................................................................................................... 248
Figura II. 83 - Avaliação da adequação das estratégias de formação aos conteúdos da
ação ............................................................................................................................... 248
Figura II. 84 - Avaliação da adequação das estratégias de formação às características do
grupo ............................................................................................................................. 249
Figura II. 85 - Avaliação da adequação dos materiais de apoio distribuídos pela
formadora (textos ou outros) ........................................................................................ 249
Figura II. 86 - Avaliação da clareza dos materiais de apoio distribuídos pela formadora
(textos ou outros) .......................................................................................................... 250
Figura II. 87 - Avaliação da utilidade dos materiais de apoio distribuídos pela formadora
(textos ou outros) .......................................................................................................... 250
xviii
Figura II. 88 - Avaliação da adequação do espaço em que decorreu a ação ................ 251
Figura II. 89 - Avaliação da adequação dos meios logísticos envolvidos na ação ....... 251
Figura II. 90 - Avaliação do modo como a atualização e aprofundamento de
conhecimentos (teóricos e práticos) dos formandos ..................................................... 252
Figura II. 91 - Avaliação do modo como a ação contribuiu para a
problematização/transformação da prática letiva dos formandos ................................ 252
Figura II. 92 - Avaliação do modo como a ação contribuiu para o aperfeiçoamento das
competências profissionais dos formandos .................................................................. 253
Figura II. 93 - Avaliação da qualidade e utilidade dos materiais produzidos na ação para
aperfeiçoar/transformar a intervenção educativa dos formandos ................................. 253
Figura II. 94 - Aspetos positivos da ação destacados pelos formandos ....................... 254
Figura II. 95 - Aspetos negativos da ação destacados pelos formandos....................... 255
Figura II. 96 - Avaliação global da ação ...................................................................... 255
Figura II. 97 - Sugestões para futuras acões, apresentadas pelos formandos ............... 256
Figura II. 98 - Níveis de ensino docente dos professores do Estudo Final .................. 272
Figura II. 99 - Utilização do computador pelos professores do Estudo Final .............. 272
Figura II. 100 - Utilização do computador e da Internet para pesquisa de informação,
pelos professores do Estudo Final ................................................................................ 273
Figura II. 101 - Utilização do computador e da Internet para receber e enviar e-mails,
pelos professores do Estudo Final ................................................................................ 273
Figura II. 102 - Utilização do computador e da Internet para consultar informação numa
plataforma (ex: Moodle) ............................................................................................... 274
Figura II. 103 - Utilização do computador e da Internet para colocar informação numa
plataforma (ex: Moodle) ............................................................................................... 274
Figura II. 104 - Utilização do computador para registo de faltas e de avaliações dos
alunos, enquanto diretor/a de turma ............................................................................. 275
Figura II. 105 - Utilização do computador para processamento de texto (ex: Word) para
fazer fichas e testes, ou outros documentos em formato digital ................................... 276
Figura II. 106 - Utilização do computador para projeção de conteúdos nas aulas ....... 276
Figura II. 107 - Utilização da Internet para pesquisa de informação que utilize para
preparar aulas ................................................................................................................ 277
xix
Figura II. 108 - Utilização do computador para, na Internet, pesquisar informação que
utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Conselho Executivo, Pedagógico ou
Administrativo) ............................................................................................................. 277
Figura II. 109 - Utilização da Internet para interação com os alunos, fora das aulas (ex:
messenger) .................................................................................................................... 278
Figura II. 110 - Utilização do computador para realizar trabalhos em situação de
formação ....................................................................................................................... 278
Figura II. 111 - Utilização da Internet em sala de aula, com os alunos a utilizarem
computadores para pesquisa de informação ................................................................. 279
Figura II. 112 - Utilização do computador em sala de aula, com os alunos a utilizarem
computadores para fazerem trabalhos em Word ou Power Point ................................ 279
Figura II. 113 - Grau de satisfação relativamente ao uso dos computadores e da Internet
para fins profissionais ................................................................................................... 280
Figura II. 114 - Grau de variedade de práticas pedagógicas dos professores ............... 281
Figura II. 115 - Opinião dos professores sobre a utilização de computadores e da
Internet a escola ............................................................................................................ 283
Figura II. 116 - Grau de motivação dos professores para virem a usar computadores e
Internet com os alunos na sala de aula ......................................................................... 284
Figura II. 117 - Referências a trabalhos práticos com as TIC em sala de aula ............. 291
Figura II. 118 - Identificação das atitudes face às TIC dos professores ....................... 300
Figura II. 119 - Utilização do computador e de alguns aplicativos em situação pessoal
...................................................................................................................................... 303
Figura II. 120 - Práticas pedagógicas / metodologias de trabalho / estratégias que os
professores associam ao trabalho na sala de aula com os seus alunos, quando utilizam as
TIC ................................................................................................................................ 308
Figura II. 121 - Mais valias profissionais consideradas pelos professores participantes
na oficina 3 ................................................................................................................... 310
Figura II. 122 - Dificuldades ainda sentidas pelos professores no final da oficina 3 ... 311
Figura II. 123 - Avaliação da adequação das estratégias de formação aos objetivos da
ação ............................................................................................................................... 312
Figura II. 124 - Avaliação da adequação das estratégias de formação aos conteúdos da
ação ............................................................................................................................... 313
xx
Figura II. 125 - Avaliação da adequação das estratégias de formação às características
do grupo ........................................................................................................................ 313
Figura II. 126 - Avaliação da adequação dos materiais de apoio distribuídos pela
formadora (textos ou outros) ........................................................................................ 314
Figura II. 127 - Avaliação da clareza dos materiais de apoio distribuídos pela formadora
(textos ou outros) .......................................................................................................... 314
Figura II. 128 - Avaliação da utilidade dos materiais de apoio distribuídos pela
formadora (textos ou outros) ........................................................................................ 315
Figura II. 129 - Avaliação da adequação do espaço em que decorreu a ação .............. 315
Figura II. 130 - Avaliação da adequação dos meios logísticos envolvidos na ação ..... 316
Figura II. 131 - Avaliação da medida em que a ação contribuiu para a atualização e
aprofundamento de conhecimentos (teóricos e práticos) dos formandos ..................... 316
Figura II. 132 - Avaliação da medida em que a ação contribuiu para a
problematização/transformação da prática letiva dos formandos ................................ 317
Figura II. 133 - Avaliação da medida em que a acão contribuiu para o aperfeiçoamento
das competências profissionais dos formandos ............................................................ 317
Figura II. 134 - Avaliação da qualidade e utilidade dos materiais produzidos na ação
para aperfeiçoar/transformar a intervenção educativa dos formandos ......................... 318
Figura II. 135 - Aspetos positivos da ação destacados pelos formandos ..................... 318
Figura II. 136 - Aspetos negativos da ação, destacados pelos formandos.................... 319
Figura II. 137 - Avaliação global da ação .................................................................... 319
Figura III. 1 - Referencial para as TIC na sala de aula (APcTIC – atividades práticas
com TIC) ...................................................................................................................... 337
Figura III. 2 - Formação para as TIC na sala de aula - sustentabilidade ...................... 341
xxi
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela II. 1 - Tipo de aulas que os professores realizam comummente, atendendo às
metodologias / estratégias utilizadas ............................................................................ 138
Tabela II. 2 - Identificação das competências pedagógicas dos professores ................ 173
Tabela II. 3 - Várias situações de utilização de computadores e Internet, antes e durante
a formação .................................................................................................................... 180
Tabela II. 4 - Tipologia de trabalhos realizados pelos formandos ............................... 223
Tabela II. 5 - Identificação das competências pedagógicas dos professores ................ 230
Tabela II. 6 - Utilização do computador e de alguns aplicativos em situação pessoal . 237
Tabela II. 7 - Utilização do computador e de alguns aplicativos em situação profissional
...................................................................................................................................... 239
Tabela II. 8 - Práticas pedagógicas ............................................................................... 241
Tabela II. 9 - REDs que os professores consideram mais interessantes para o trabalho
com alunos em sala de aula .......................................................................................... 244
Tabela II. 10 - Tipos de aulas mais comuns, atendendo às metodologias / estratégias
usadas ........................................................................................................................... 282
Tabela II. 11 - Tipologia de trabalhos realizados pelos formandos.............................. 289
Tabela II. 12 - Identificação das competências pedagógicas dos professores .............. 296
Tabela II. 13 - Utilização do computador e de alguns aplicativos em situação
profissional ................................................................................................................... 305
Tabela II. 14 - Práticas pedagógicas ............................................................................. 307
Tabela III. 1 - Frequências das diferentes situações de utilização das TIC em sala de
aula, antes e no final de cada oficina (com frequência significa, em média, cerca de uma
vez por semana; com muita frequência significa a utilização em todas as aulas ou em
quase todas as aulas) ..................................................................................................... 335
xxii
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro II. 1 - Características dos dados recolhidos nas três Oficinas e respetivos
instrumentos de recolha e/ou de registo ....................................................................... 101
Quadro II. 2 - Competências Gerais em TIC ................................................................ 114
Quadro II. 3 - Competências de Desenvolvimento Profissional em TIC ..................... 114
Quadro II. 4 - Competências Pedagógicas em TIC ...................................................... 115
Quadro II. 5 - Atitude face às TIC ................................................................................ 116
Quadro II. 6 - Dados recolhidos ao longo da oficina “A utilização das TIC nos
Processos de Ensino e Aprendizagem” ........................................................................ 122
Quadro II. 7 - Tipologia de trabalhos propostos pelos formandos nos projetos ........... 146
Quadro II. 8 - Realização de trabalho prático com alunos com recurso às TIC vs
ausência de realização de trabalho prático com alunos ................................................ 154
Quadro II. 9 - Questões de trabalho da fase 1 e pistas para a fase 2 de trabalho .......... 200
Quadro II. 10 - Dados recolhidos ao longo da oficina “Recursos Educativos Digitais”
...................................................................................................................................... 204
Quadro II. 11 - Dados recolhidos ao longo da oficina “Recursos Educativos Digitais”
...................................................................................................................................... 268
1
PARTE I: Um estudo em torno das TIC na educação e na sala
de aula (lato sensu, stricto sensu)
A parte I desta tese apresenta os objetivos da investigação e a sua
fundamentação. Inclui um capítulo introdutório com a motivação para o estudo, a
explicitação do problema, dos objetivos e das questões de investigação. Tem ainda o
capítulo de fundamentação teórica que revê a literatura nas temáticas consideradas mais
significativas para o estudo: (i) rationale para as TIC na educação, (ii) tendências
recentes das TIC na educação, em Portugal e na Europa, numa perspetiva de fazer
emergir as tendências atuais nas políticas educativas, no que às TIC diz respeito, (iii) as
TIC numa perspetiva das literacias digitais (na dupla vertente professores / alunos) e
competências associadas; (iv) as práticas pedagógicas dos professores e (v) modelos de
formação de professores em TIC.
2
3
1. Introdução
A presença de tecnologias de informação e comunicação (TIC) está de tal forma
presente na sociedade contemporânea que exigir aos jovens que as saibam manipular e
utilizar de forma competente e proveitosa, quer individualmente, quer no interior de
uma comunidade, exige uma reflexão sobre o papel da escola e das práticas pedagógicas
dos professores na promoção e desenvolvimento dessas competências.
Aos jovens de hoje pede-se que sejam capazes de pesquisar diferentes fontes e
de selecionar informação que seja relevante na resolução de problemas, que tomem
decisões rápidas, baseadas em informações frequentemente incompletas, e que as
apliquem em novas situações. Para Scardamalia e Bereiter (2003), viver na Sociedade
do Conhecimento implica: (i) ser capaz de, através de brainstorming, alcançar novas
ideias; (ii) desenvolver capacidades associadas à criação de conhecimento; (iii) ser
capaz de produzir novo conhecimento no interior de uma comunidade e (iv) avançar da
pesquisa de informação e do debate de ideias, numa primeira fase, até ao momento em
que o indivíduo consegue chegar a níveis de conhecimento mais elevados. A utilização
das TIC na escola perceciona-se, assim, como fundamental, mas, segundo Yelland
(2006), deve ser feita numa perspetiva de integração curricular. Para esta autora, a
incorporação de novas tecnologias em ambientes de aprendizagem tem o potencial de
promover, nos professores, a criação de oportunidades para explorações que ampliam o
conhecimento e as capacidades de investigação dos jovens. Isso só pode ser alcançado,
de acordo ainda com esta autora, desde que se vislumbre uma articulação clara entre os
4
objectivos do processo educativo e a perceção de que é preciso reconceptualizar o
currículo para o adequar à vida na era da informação.
Preparar os jovens para aprenderem ao longo da vida e para serem intervenientes
na sociedade, com a ajuda das tecnologias, implica promover as literacias digitais que
os tornam pensadores críticos, produtivos e comunicadores, capazes de deixar para trás
aprendizagens redutoras, centradas, apenas, na memorização de datas, termos e factos
(Warschauer, 2006). Refira-se que a própria Agenda Digital Europeia, numa das suas
dimensões (2.6), destaca a necessidade de “Melhorar a literacia digital, as qualificações
nesse domínio e a inclusão na sociedade digital”. Como referem Gomes e Costa (2010)
a propósito de uma análise que fazem à Agenda Digital Europeia, esta será a dimensão
que de forma mais direta está associada à ação da escola. Nesta perspetiva, o papel do
professor torna-se exigente:
21st century teachers ensure teaching is enhanced through the informed use of
technology developing learners’ ICT capability. 21st century teachers use ICT
to: deliver greater flexibility and choice of lessons and teaching techniques;
communicate information and concepts clearly with high quality lessons and
resources; make learning exciting and engaging for all learners; provide adaptive
solutions for learners with special needs; create a learning environment where
learners feel safe and secure; extend learning and work in partnership with
parents, families and the community1. (BECTA, 2010, p. 5)
1 N.T.: Os professores do século 21garatem que o ensino melhora através da utilização adequada das
tecnologias, desenvolvendo as competências dos alunos em TIC. Os professores do século 21 utilizam as
TIC para: oferecer maior flexibilidade e escolha de aulas e técnicas de ensino; transmitir informações e
conceitos claros com aulas e recursos de alta qualidade; tornar a aprendizagem empolgante e envolvente
para todos os alunos; fornecer soluções adaptáveis para alunos com necessidades educativas especiais;
criar um ambiente de aprendizagem onde os alunos se sintam seguros e protegidos; alargar a
aprendizagem e o trabalho a parcerias com pais, famílias e comunidade.
5
Neste trabalho, procurou-se conjugar duas perspetivas, a do papel do professor e
a das necessidades do aluno – o papel do professor enquanto peça chave nas decisões
sobre o que acontece na sala de aula, nomeadamente no que respeita à utilização, ou
não, das tecnologias, e o papel dos alunos que recorrendo às tecnologias, têm de ter um
posicionamento ativo nas suas próprias aprendizagens. (Freitas, 2004). Com o apoio e a
orientação do professor, o trabalho prático referido, assume-se, permitirá que estes
jovens avancem nas suas aprendizagens e cheguem mais longe na aquisição de
competências digitais.
À questão “Que futuro para a Internet na Escola?”, Freitas (2004) responde,
numa perspetiva pedagógica, que esse futuro será no sentido de um ensino globalizante,
mais flexível e aberto, disponível à construção do conhecimento de forma mais
autónoma por parte dos alunos e em que estes desenvolvam uma utilização mais criativa
das tecnologias, com o apoio e a orientação dos professores. Porém, ter professores
facilitadores e orientadores do trabalho dos alunos implica mudanças nas práticas
pedagógicas (Formosinho, 2002; Costa, 2008; Ilomaki, 2008). A investigação tem vindo
a demonstrar que, quando um professor usa o seu conhecimento, quer no domínio da
sua área científica, quer no recrutamento do que sabe sobre os conhecimentos dos
alunos, o seu uso das TIC pode influenciar de forma mais evidente a progressão dos
seus alunos (Cox, Webb, Abbott, Blakeley, Beauchamp & Rhodes, 2004; Cruz &
Carvalho, 2010). Ainda, de acordo com estes autores, destacar boas práticas de
utilização das TIC em situações de ensino e aprendizagem implica examinar as
propostas dos professores, os valores, as crenças e todo o pensamento que emerge no
contexto das suas práticas. Só professores que dominam os conteúdos temáticos e
científicos das respetivas disciplinas e compreendem como o conhecimento científico
pode ser positivamente afetado pelo uso das TIC podem tomar decisões adequadas
6
aquando da utilização das TIC pelos alunos (Chagas, 2002). Parece, assim, fundamental
refletir sobre as práticas de ensino dos professores e a forma como estas parecem
condicionar a utilização das TIC nas escolas (Costa, 2008).
Na investigação que aqui se apresenta, discute-se a integração das TIC no
currículo e na sala de aula, numa perspetiva de trabalho prático a realizar pelos alunos
em contextos de aprendizagem. Estudam-se as práticas pedagógicas associadas a essa
integração curricular e respetivas competências digitais necessárias aos professores. Por
isso, os contributos dados para a integração curricular das TIC nascem de um trabalho
de investigação em ambiente de formação de professores, uma formação também ela de
caráter prático, pois visa preparar e acompanhar o trabalho dos professores que levam as
TIC para as suas salas de aula. Neste trabalho de investigação de natureza interpretativa,
os professores estudam, discutem e refletem sobre a forma de integrar as TIC nas suas
salas de aula. Atuam no terreno e voltam à formação para apresentarem o trabalho
realizado. Procurou-se, assim, efetuar um processo de reflexão e de experimentação que
teve sempre presente a questão enunciada por Beetham e Sharp (2007, p. 8): “how can I
choose from, use, adapt and integrate what is available to me to provide a coherent
experience for my learners?2”. Foi, como tal, objectivo do trabalho realizado com os
professores em ambiente de formação, desenvolver atividades práticas de aprendizagem
que promovessem o trabalho dos alunos com as TIC entre si e com os professores numa
perspetiva de trabalho colaborativo e ao mesmo tempo de desenvolvimento das já
designadas competências de literacia digital, mobilizadoras do conhecimento que
circula nas redes informáticas (Yelland, 2006).
2 N.T.: Como posso escolher entre usar, adaptar e integrar tudo o que tenho à disposição para
proporcionar aos meus alunos uma experiência coerente?
7
As questões de investigação incidem sobre o estudo, a interpretação e a
compreensão de um modelo de trabalho com os professores que potencie as suas
competências em TIC e que lhes facilite a implementação de atividades práticas com as
TIC no âmbito das aprendizagens dos alunos. Presta-se especial atenção às questões de
colaboração e de desenvolvimento do espírito crítico e da criatividade e às estratégias de
comunicação no uso das ferramentas tecnológicas em uso: “For many educationists, a
key to the real potential of the computer lies in its ability to promote collaboration. (...)
Synchronous communication, in particular, has been seized upon by young people who
are hungry for communication (...)3 (Abbott, 2001, p.63).
Para Resnick (2012, p.46), “We need to expand the conception of digital fluency
to include designing and creating, not just browsing and interacting”. Neste sentido,
todo o trabalho que se desenvolveu ao longo desta investigação teve por objectivo
compreender a forma como as TIC podem chegar à sala de aula e potenciar as
aprendizagens dos alunos. De acordo com a investigação feita no MIT Media Lab, para
que tal aconteça: “It will require a new generation of technologies, activities, and
educational strategies4.” (Resnick, 2012, p. 42).
1.1. Motivações para o Estudo
A principal motivação para a apresentação deste projeto de investigação nasceu
da procura de respostas a inquietações suscitadas da reflexão sobre o trabalho com
alunos e professores nas escolas em contexto de utilização das TIC. Iniciei a atividade 3 N.T.: Para muitos educadores, a chave do verdadeiro potencial dos computadores reside na capacidade
de promover a colaboração. (…) Em particular, a comunicação em simultâneo, tem sido aproveitada por
jovens ávidos de comunicação.
4 N.T.: Será necessário uma nova geração de tecnologias, atividades e estratégias educacionais.
8
docente em 1989, desde logo com utilização frequente de um computador para
preparação de materiais para as aulas. Em 1991, fiz as primeiras experiências de
utilização das TIC com alunos. A partir de 1994, desenvolvi projetos, especialmente de
âmbito curricular, na área das Ciências, com alunos do ensino básico, que passaram pela
utilização do computador e da Internet, e instalei uma rede de computadores com acesso
à Internet na escola onde trabalhava. Em 1996 participei no curso Novas Tecnologias no
Ensino da Matemática e das Ciências: Explorando a Internet, organizado pelos Estudos
Gerais da Arrábida – Conferências do Convento, e estabeleci contactos para aprofundar
os conhecimentos na área da utilização das TIC com alunos do ensino básico,
nomeadamente com os Professores que orientaram este trabalho de investigação que
agora apresento. Foi uma experiência determinante no meu percurso pessoal e
profissional pela abertura de horizontes e compreensão do potencial das tecnologias
quando utilizadas na educação.
Realizei trabalho com as TIC na escola onde lecionei, em contexto de
coordenação e desenvolvimento de projetos financiados, na área das Ciências e das TIC,
com o apoio do então MCT e do ME, de 1996 a 1999, tendo sido fundamental o apoio
quer da escola em causa quer da rede de professores que se formou junto à Equipa
Nónio do então Centro de Competência da Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa. Em ambiente de formação, quer formal, quer informal, discutíamos as
experiências feitas e decidíamos caminhos novos a tomar relativamente à utilização das
TIC com os alunos. Em 1999, integrei a equipa do Programa Internet na Escola do
MCT, onde aprofundei conhecimento sobre a utilização educativa das TIC (Freitas et al,
2005). Em 2002, apresentei à Faculdade de Ciências a Tese de Mestrado O IRC em
ambientes de ensino-aprendizagem das Ciências: um estudo exploratório com alunos
do 5º e do 8º anos de escolaridade, onde estudei a forma de potenciar as ferramentas de
9
comunicação síncrona (Internet Relay Chat) no desenvolvimento das aprendizagens das
Ciências. Retomei a atividade docente na escola do ensino básico do segundo e terceiro
ciclo em 2003/2004, de novo com responsabilidades nas áreas das TIC. Em 2004, voltei
ao ME para desenvolver trabalho na área do ensino profissional da Informática e
integrei, logo de seguida, o grupo que deu origem à Equipa de Missão CRIE,
Computadores, Redes e Internet na Escola, em 2005. Aqui, assegurei a coordenação das
TIC no currículo e dos projetos em TIC, até 2007, ano em que, de volta à escola como
professora de TIC e Coordenadora TIC, iniciei o Curso de Doutoramento em Educação,
na área das TIC. Enquanto formadora acreditada para as áreas das Ciências e das TIC,
tenho vindo a trabalhar a questão da integração das TIC nas escolas e no ensino das
Ciências, no âmbito de formação desenvolvida junto de professores de diferentes áreas e
de diferentes níveis de ensino.
Assim, a motivação para o presente estudo decorre de um percurso profissional
maioritariamente docente que se cruza em diferentes momentos com a investigação em
educação e com a formação de professores e que procura os melhores caminhos para
incorporar a utilização das TIC na prática diária, quer letiva, quer de preparação de
atividades para a sala de aula. Tem sido deste trabalho continuado com as TIC a
diversos níveis que têm decorrido muitas das questões para as quais tenho procurado
continuamente respostas, nomeadamente as que se prendem com a procura da
compreensão da forma como as TIC podem ser utilizadas na sala de aula, pelos alunos,
de forma a criarem ambientes potenciadores das aprendizagens. O exercício de
formalização dessas questões, no âmbito da investigação em educação, levou-me ao
Curso de Doutoramento em TIC em Educação e daí a um projeto de investigação que se
materializa nesta tese.
10
1.2. Problema, Objectivos e Questões de Investigação
O problema central desta investigação foi o de compreender como é que as TIC
podem chegar à sala de aula em situações de trabalho prático com os alunos. Foi, pois,
objectivo geral deste trabalho de investigação, o de contribuir para uma melhor
compreensão sobre a forma de implementar atividades de caráter prático com os
alunos, no âmbito da utilização das TIC, possibilitando-lhes ambientes potenciadores
de aprendizagens.
A revisão inicial da literatura com vista à fundamentação do estudo e à definição
dos respectivos objectivos, que a seguir se apresenta em capítulo próprio, permitiu
esboçar um primeiro rationale para este trabalho que a seguir se apresenta (Figura I-1),5
que ajuda a compreender os temas que enquadraram a investigação.
Figura I. 1 - Abordagem inicial ao problema de investigação
5 Esquema adaptado de Horta e Freitas, 2012, TIC na sala de aula: onde estamos e para onde
vamos? in Actas da AFIRSE, 2012.
11
O estudo desenvolveu-se, deste modo, no sentido da compreensão de como se
articulam as atividades práticas com TIC com as práticas pedagógicas de professores e
as competências digitais envolvidas nestes processos. Criou-se um ambiente específico
de trabalho onde decorreu a formação de professores e que funcionou como espaço de
reflexão sobre a utilização educativa das TIC e a experimentação da utilização das TIC
em ambiente educativo, por esses mesmos professores/formandos. Pretendeu-se estudar
o impacto de uma modalidade de formação nas práticas pedagógicas dos professores e
compreender de que modo essas práticas são ou não específicas de situações de ensino e
aprendizagem que incluem a utilização das TIC. Houve, também, o objectivo de
compreender quais as competências TIC que os professores precisam de dominar para
que com elas consigam implementar trabalho prático com as TIC nas aulas, tendo em
conta as características específicas dos atuais jovens, com uso intensivo das tecnologias,
especialmente fora da sala de aula, como referem estudos recentes de larga escala6.
A geração que no início do século XXI está nas escolas básicas dos 2.º e 3.º
ciclos (do 5.º ao 9.º ano de escolaridade) nasceu num tempo em que os computadores e
a Internet estavam já amplamente divulgados. Marc Prensky, num artigo escrito em
2001,7 chama a esta geração “Digital Natives”:
Digital Natives are used to receiving information really fast. They like to parallel
process and multi-task. They prefer their graphics before their text rather than
the opposite. They prefer random access (like hypertext). They function best
6 Relatório Eurydice (2011) Números-chave sobre a aprendizagem e a inovação através das TIC
nas escolas da Europa – 2011, GEPE-EACEA; Bruxelas: Eurydice.
7 http://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20-%20Digital%20Natives,%20Digital%20
Immigrants%20-%20Part1.pdf (consultado em Maio de 2009).
12
when networked. They thrive on instant gratification and frequent rewards. They
prefer games to “serious” work.8 (Prensky, 2001, p. 2).
Muitos destes alunos cresceram na presença de computadores, quer em casa,
quer na escolar. Neste contexto, Oblinger (2008, p. 10) pergunta-se “How do we ensure
that students develop the critical thinking skills necessary to survive and thrive in an age
when anything (true or false) can be found on the internet? What programs will help
students develop understanding based on evidence, critical thinking, values, and
dialogue rather than the first item on a Google search?” 9, deixando estas questões em
aberto num relatório designado Emerging Technologies for Learning, da extinta agência
britânica para as tecnologias educativas, BECTA, e às quais, pensamos, urge responder.
Em 2007 o Plano Tecnológico da Educação em Portugal, apostava na modernização
tecnológica da escola portuguesa e tinha por objectivo, até 2010, apetrechar, do ponto
de vista informático, as escolas, bem como certificar e formar professores na área da
utilização das TIC e produzir conteúdos educativos digitais. Neste pressuposto, as
escolas portuguesas teriam ficado significativamente mais aptas a utilizar as TIC, que
passariam a estar amplamente disponibilizadas. Investigação recente contraria esta
expectativa, ou seja, não parece haver uma relação direta entre o acesso e a
disponibilização de tecnologia e a sua incorporação nas práticas pedagógicas dos
professores (Costa, 2008; Santos, 2010; Pedro, 2011). Há, como tal, um caminho a
8 N.T.: Os nativos digitais estão habituados a receber informações com muita rapidez. Gostam de
múltiplas tarefas em paralelo. Preferem os gráficos ao texto e não o contrário. Preferem acesso aleatório
(como hipertexto). Funcionam melhor quando “em rede”. Têm mais sucesso com recompensas
instantâneas e frequentes. Preferem jogos a trabalho “sério”.
9 N.T.: Como nos certificamos que os alunos desenvolvem a capacidade de pensamento crítico necessária
a sobreviver e prosperar numa época em que tudo (verdadeiro ou falso) se encontra na internet? Que
programas irão ajudar o aluno a desenvolver a compreensão com base em evidências, o pensamento
crítico, valores e diálogo, em vez de escolherem o primeiro item numa pesquisa no Google?
13
percorrer na investigação em educação para encontrar respostas às questões ainda
deixadas em aberto na literatura relativamente ao modo como as TIC podem chegar às
salas de aula. É forte a convicção de que se partiu, na investigação que aqui se
apresenta, de que o professor e a utilização que faz das TIC são uma peça fundamental
na chegada dos computadores às salas de aula para a realização de trabalho prático pelos
alunos.
Definiu-se, assim, a questão central de investigação, através do seguinte
enunciado: como podem os professores implementar e desenvolver, nas salas de aula,
atividades práticas com as TIC, tendo os seus alunos um papel ativo na realização
dessas atividades? Para encontrar a resposta a esta questão central, formularam-se então
as seguintes questões de investigação que nortearam o estudo:
Como é que os professores usam as TIC nas suas práticas pedagógicas,
designadamente, com que fundamento, que atividades promovem e com que
finalidade?
Os professores utilizam as TIC regularmente em atividades práticas para os
seus alunos? Se sim, como e em que contexto? Se não, porquê?
Quais as perceções dos professores relativamente ao papel das TIC no seu
trabalho de sala de aula, com alunos?
Quais as competências em TIC necessárias aos professores para que as TIC
cheguem à sala de aula?
Quais os aspetos que os professores identificam como fatores facilitadores e
como obstáculos à utilização educativa das TIC na sala de aula?
Qual o papel que a formação poderá ter nas práticas dos professores
relativamente à utilização das TIC, nomeadamete em sala de aula?
14
Como promover a mudança nas práticas do professores para que as TIC sejam
utilizadas de forma significativa na realização de trabalho prático em sala de
aula, pelos alunos?
As respostas a estas questões de investigação foram procuradas ao longo de um
processo de investigação que se desenrolou ao durante de três fases: uma primeira de
estudo preliminar, uma segunda de estudo exploratório e uma terceira de estudo final,
implementados ao longo de três anos letivos. Cada um destes estudos incluiu uma
oficina de formação e uma fase posterior designada por follow-up, em que se retomaram
os contactos com alguns dos professores que frequentaram cada uma das formações.
Todo o trabalho se centrou em torno da reflexão e da prática, em ambiente de formação,
com vista a identificar como fomentar nos professores a utilização das TIC em contexto
de sala de aula, através da realização de atividades de caráter prático com os seus
alunos.
1.3. Limitações do Estudo
Este estudo, de natureza interpretativa, decorreu em contexto real de trabalho e
formação de professores. O impacto das TIC na educação é um objeto de estudo
complexo por envolver muitas variáveis, desde as práticas pedagógicas dos professores
à forma como as TIC são utilizadas pelos alunos e ao modo como a própria escola
entende a importância das tecnologias, sem deixar de lado os contextos políticos e de
tomada de decisão sobre o espaço das TIC na escola, entre outros. Todos estes fatores
influenciaram na forma como o professor leva as TIC para a sala de aula. Assim, uma
das limitações deste estudo foi a de não ter sido possível acompanhar a investigação até
à sala de aula, realizando observação direta, ou seja, o trabalho prático preparado no
ambiente de formação foi depois levado para a sala de aula pelos que redigiram
15
narrativas relativamente ao processo de integração das TIC. Estas narrativas
constituíram as fontes principais de dados utilizadas. Foi, por isso, necessário
estabelecer fronteiras que em muitos casos tiveram de ser artificiais. Como se referiu,
foi possível observar e estudar a preparação que os professores fizeram com o objetivo
de implementar trabalhos práticos com as TIC nas suas escolas mas o decurso desses
trabalhos práticos realizados no terreno chegaram à investigação contados pelos
professores, ou seja, não foi possível, por razões de caráter logístico (trabalhou-se com
78 professores), no âmbito desta investigação, observá-los em desenvolvimento no
terreno. Tomaram-se como dados de análise os relatos feitos pelos professores que
efetuaram essas experiências no terreno e não a observação direta das mesmas.
Nesta investigação, considerou-se a descrição, a compreensão e/ou explicação
dos fenómenos educativos como da maior importância. A investigação, no terreno,
prolongou-se ao longo de três anos letivos, o que implicou a recolha de muito material
com interesse para a análise mas também a necessidade de tomar decisões sobre a
selecção desse material. Como ressalta Gatti (2002), estas escolhas podem estar
relacionadas com a teoria que se vai construindo ao longo do trabalho de investigação
e/ou com a maneira como se selecionam os dados observados e/ou com os
procedimentos adotados em todo o desenvolvimento do trabalho. Estes critérios de
escolha não são únicos nem universais e não há receita pronta para a sua definição,
correndo-se assim riscos de objectividade que devem ser enunciados constantemente
para que possam, através do rigor que se espera do investigador, ser ultrapassados.
Consequentemente, neste estudo, as opções tomadas relativamente aos materiais a
analisar podem ter tido reflexo nos resultados obtidos e tal importa aqui esclarecer.
Refira-se um aspeto que se desenvolve no capítulo da Metodologia: esta não é
uma investigação neutra e tal parece mesmo não existir na área das ciências sociais. O
16
investigador parte de um conhecimento e de uma leitura da realidade. É daí que coloca
questões e desenha um caminho na procura de respostas. Para Berger: “A investigação
em ciências sociais tende, pois, a ser sempre um trabalho de reelaboração, de
reinterpretação de um conjunto de fenómenos que todos nós experienciamos” (1992, p.
178).
A objetividade da investigadora, que foi a formadora nas três oficinas de
formação, foi uma das maiores preocupações neste estudo, de forma a garantir a
validade interna da investigação. Assim, houve a preocupação constante do rigor no
registo das observações e descrições efetuadas para garantir que constituiriam
representações fiéis da realidade. Adotou-se uma atitude auto-reflexiva designada por
vários autores como ‘subjectividade disciplinada’ que permitiu a possibilidade de
questionamento e a reavaliação constantes do trabalho efetuado. A partilha e debate dos
dados que foram sendo obtidos com investigadores da área (designados por juízes na
literatura de investigação) permitiu também manter a objetividade desejada para assim
garantir a validade interna do estudo.
1.4. Organização Geral da Tese
A tese está organizada em três partes que contêm sete capítulos que estruturam a
investigação realizada. A primeira parte introduz e fundamenta o tema da tese. A
segunda parte debruça-se sobre o trabalho de campo, os dados recolhidos e respetiva
análise. A terceira parte respode às questões de investigação e apresenta as principais
conclusões a que foi possível chegar.
Detalhadamente, a primeira parte apresenta a investigação e respetivos objetivos,
bem como a fundamentação para o estudo. Inclui um capítulo introdutório com a
17
motivação para o estudo, o problema, objetivos e questões de investigação. Tem ainda o
capítulo de fundamentação teórica que revê a literatura nas temáticas consideradas mais
significativas para o estudo: (i) rationale para as TIC na educação, (ii) tendências
recentes das TIC na educação, em Portugal e na Europa, numa perspetiva de fazer
emergir as tendências atuais nas políticas educativas, no que às TIC diz respeito, (iii) as
TIC e as práticas pedagógicas dos professores e (iv) modelos de formação de
professores em TIC.
A segunda parte apresenta todo o trabalho empírico e metodologia associada ao
estudo: um primeiro capítulo (capítulo 3) onde se justificam as opções metodológicas
feitas, se apresentam as questões éticas associadas ao estudo e se dá conta do desenho
da investigação e dos procedimentos associados quer à recolha de dados, quer à sua
análise. No final deste capítulo 3 discute-se a validade do estudo realizado. Seguindo
depois uma trajetória temporal apresentam-se as três fases de estudo nos três capítulos
seguintes (quatro, cinco e seis). Cada uma destas fases inclui o trabalho desenvolvido
numa oficina de formação e o follow-up aos trabalhos dos formandos. No final de cada
um destes três capítulos discutem-se os resultados e faz-se a respetiva síntese parcelar
da investigação.
A terceira parte apresenta as conclusões: no sétimo capítulo apresentam-se os
resultados do estudo de forma integrada, recuperando os resultados parcelares de cada
uma das três fases consideradas. Neste último capítulo apresentam-se as reflexões que
decorrem dos resultados e que incluem algumas conclusões e implicações, quer no que
respeita à investigação na área, quer no que respeita às práticas, nomeadamente, as
relacionadas com o tema desta tese que se julga poderem ter interesse para a
comunidade académica e educativa.
18
19
2. TIC em Educação: Diferentes Perspetivas
Com a revisão da literatura que se apresenta neste capítulo, pretendeu-se
fundamentar a investigação e circunscrever a área de estudo. Foram, assim,
aprofundados os seguintes subtemas dentro dessa vasta área que é a da investigação
sobre as tecnologias de informação e comunicação na educação:
(i) O rationale para as TIC na educação, numa primeira e discutida abordagem
face às possibilidades abertas pela literatura, ao que se segue, de forma lógica e
necessária para a compreensão, quer das motivações para o uso das TIC, quer também
dos constrangimentos inerentes à sua utilização em contexto educativo, a referência a
um estudo sobre as políticas educativas na área das TIC na Europa e em Portugal, numa
visão genérica mas enquadradora da problemática em estudo. Tendo em conta que a
problemática desta investigação se centra na compreensão de um fenómeno complexo
que envolve o professor enquanto elemento chave no processo de integração das TIC na
sala de aula, considerou-se fundamental compreender de que forma as políticas
educativas têm ou não condicionado a atitude dos professores face ao uso das TIC, pelo
que se procede à apresentação das políticas mais recentes de Portugal e da Europa nesta
questão.
(ii) As TIC no ensino e na aprendizagem numa perspetiva de definição de
conceitos e de compreensão do papel das TIC nas aprendizagens dos alunos. Neste
subcapítulo, discute-se, do ponto de vista da revisão da literatura, o que autores de
referência na área das TIC na educação têm estudado sobre o papel das tecnologias no
ensino e na aprendizagem, tema da maior importância, dado que esta investigação tem
uma ancoragem precisamente na assunção do papel determinante que as TIC podem ter
20
na criação de ambientes potenciadores das aprendizagens dos alunos. A definição clara
dos conceitos estudados é também um dos objetivos deste subcapítulo.
(iii) As Literacias Digitais enunciadas nos referentes nacionais e internacionais,
tão atuais quanto possível, tendo em conta a constante evolução da terminologia nesta
área, com duas abordagens diferentes - uma tomando como referente o aluno e outra
tomando como referente o professor. A questão associada às literacias digitais prende-
se, por uma lado, com a definição de conceitos, e por outro, com a necessidade de
estruturar um referente para o trabalho de campo desenvolvido, com vista à recolha de
dados e à compreensão do fenómeno em estudo.
(iv) As práticas pedagógicas dos professores associadas ao uso das tecnologias
em contextos educativos e a modelos de formação de professores em TIC. Apresenta-se
e discute-se neste subcapítulo o que a literatura revela sobre modelos de formação de
professores em TIC e práticas pedagógicas associadas ao uso das tecnologias em
contextos educativos. Esta temática tem uma ligação direta com o desenho da
investigação e sua implementação no campo da formação de professores e suas práticas
pedagógicas.
2.1. Rationale para as TIC na educação
O rationale para as TIC na educação é abordado, neste subcapítulo, numa
perspetiva sociocultural, para a compreensão quer das potencialidades, quer dos
constrangimentos ao uso das TIC na escola e tem em conta o que autores de referência
têm enunciado, num ponto de vista que é o da importância das TIC na promoção do
ensino e da aprendizagem (Papert, 1980, 1996; Dias de Figueiredo, 2007, 2010; Dias,
2001; Freitas, 2004; J. L. Ramos, 2008; Costa, 2008; Cuban, 2001; Ponte, 2001). As
21
TIC têm vindo a provocar alterações, de forma muito dinâmica, na sociedade. É já um
lugar comum referir que as tecnologias influenciam todos ou muitos dos aspetos da vida
do cidadão. Essas influências também são sentidas, cada vez mais, nas escolas. As TIC
proporcionam, tanto a alunos como a professores, mais e melhores oportunidades de
aprendizagem e de adaptação do ensino às necessidades individuais de cada aluno. Por
isso, a sociedade força as escolas a responderem às inovações tecnológicas que surgem
constantemente (Mikre, 2011).
Em 1990, Hawkridge elaborou trabalho especificamente sobre o tema do
rationale para as TIC na educação e discutiu a existência de diferentes fundamentos
numa perspetiva que ajuda a compreender as decisões políticas tomadas por diferentes
países e dentro do mesmo país em fases diferentes da sua história, no que respeita à
tomada de medidas para que as TIC estejam presentes na Educação:
- Rationale social: o fundamento para a presença de computadores na escola é o da
preparação dos seus alunos para o lugar que virão a ocupar na sociedade.
- Rationale vocacional: colocam-se computadores nas escolas para que sejam
desenvolvidas competências específicas de informática que preparam os alunos para o
mercado de trabalho.
- Rationale pedagógico: a importância dos computadores na escola relaciona-se com as
suas capacidades de promover o ensino e a aprendizagem.
- Rationale catalítico: crê-se que os computadores promovem a mudança no sistema
educativo.
Estes quatro fundamentos para as TIC na Educação podem ser reconhecidos em
muitas políticas governamentais mas há dois que habitualmente prevalecem quando se
trata de introduzir as TIC no currículo escolar: o pedagógico e o social. A introdução
22
das TIC no currículo das escolas básicas e secundárias tem sido muitas vezes iniciada
com uma ênfase na fundamentação social - o aluno tem de aprender sobre TIC
(aprender a usá-las). Atualmente, as políticas em muitos países destacam a lógica
pedagógica e é incentivado o uso das TIC como um meio de ensino e aprendizagem
(usar as TIC para aprender). No entanto, na retórica dos decisores políticos, usar as TIC
para aprender não só tem um fundo pedagógico como também reflete uma visão de que
as TIC são um meio para transformar a educação, ou seja, a fundamentação catalítica
emerge (Voogt, 2008).
As TIC surgem na Educação porque, na Sociedade da Informação e do
Conhecimento, saber utilizar as tecnologias é algo que se exige cada vez mais ao
cidadão (o rationale social defendido por Hawkridge, 1990). A escola tem de preparar
todas as crianças e todos os jovens para que venham a ser cidadãos de pleno direito na
Sociedade da Informação e do Conhecimento. Castells (1997), num conjunto de três
volumes de uma obra intitulada “A Era da Informação: Economia, Sociedade e
Cultura”, faz um apelo, nas conclusões do seu extenso trabalho de investigação, à
importância da capacidade tecnológica das sociedades e dos indivíduos:
A revolução da tecnologia de informação motivou o aparecimento do
informacionalismo como base material de uma nova sociedade. No
informacionalismo, a produção de riqueza, o exercício do poder e a criação de
códigos culturais passaram a depender da capacidade tecnológica das sociedades
e dos indivíduos, sendo a tecnologia da informação o elemento principal.
(Castells, 1997, p.459).
Como refere Voogt (2008), as decisões políticas têm na base um ou mais
rationales: por exemplo, em Portugal, em 1997, resultado do contributo de várias
personalidades nacionais de diferentes áreas da sociedade, é publicado o Livro Verde
23
para a Sociedade da Informação (Ministério da Ciência e Tecnologia, 1997). “A Escola
Informada: Aprender na S. I.” é um dos capítulos do livro e nele se traçam algumas das
linhas de força relativas ao papel da escola no âmbito desta evolução da sociedade.
Verifica-se, pois, que já em 1997 se tinha a noção de que a multiplicidade de suportes
digitais, frequentemente mais atrativos para os jovens do que outros, não deixa margem
de manobra à escola e as TIC entram pela via da promoção das próprias aprendizagens.
No entanto, o seu objetivo primeiro é o de preparar os jovens para a cidadania, para a
aprendizagem permanente ao longo da vida e para a vida ativa. O Livro Verde chama
também à atenção para o facto de a aprendizagem não poder ser apenas limitada ao
conhecimento em sentido estrito, mas incluir também outras dimensões, como: (i)
aprender a conhecer, (ii) aprender a fazer, (iii) aprender a viver em comum e (iv)
aprender a ser. Será pois o rationale pedagógico e o social, de acordo com a
classificação de Hawkridge (1990), que é expresso neste Livro Verde, ou seja, uma
visão das TIC como potenciadoras das próprias aprendizagens e capazes de facilitar a
integração dos jovens na sociedade.
Em 2000, a Estratégia de Lisboa, também conhecida por Agenda de Lisboa,
preparada no seio do Conselho da Europa e aprovada em 2000, tinha como um dos seus
objetivos principais preparar a transição para uma sociedade e uma economia fundadas
sobre o conhecimento por meio de políticas mais adequadas às necessidades da
sociedade da informação e da investigação e desenvolvimento, assim como acelerar as
reformas estruturais para reforçar a competitividade e a inovação. Foi um documento
pioneiro no seio da Europa (Parlamento Europeu, 2011) no que respeita ao fazer
emergir o potencial económico e social das tecnologias de informação e comunicação e
com impacto, também, ao nível da educação e das escolas, já que se previa um conjunto
vasto de medidas de modernização no sistema educativo e na formação em especial. As
24
medidas que surgiram nessa sequência são, por exemplo, em Portugal, as do Plano
Tecnológico e, mais especificamente, as do Plano Tecnológico da Educação (Resolução
do Conselho de Ministros n.º 137/200710), que, mais à frente, neste texto, será abordado
do ponto de vista do seu impacto nas escolas e na educação.
Mais recentemente, medidas de âmbito internacional e europeu relativas ao
desenvolvimento de uma sociedade baseada na informação e no conhecimento têm
ganho grande expressão e centram o discurso na necessidade de preparação dos
cidadãos para viverem, trabalharem e produzirem numa sociedade que a todos exige o
domínio das tecnologias (Gomes & Costa, 2010).
Kozma (2005) faz uma abordagem a estas questões que associam o
desenvolvimento das sociedades atuais, em grande parte, ao papel das TIC, referindo
que também as TIC podem potenciar o papel da educação no desenvolvimento das
sociedades, ou seja, uma associação muito clara entre desenvolvimento económico e
social e educação e TIC na educação. Para este autor, as TIC podem cumprir quatro
importantes papéis na promoção da educação e, assim, contribuir para o
desenvolvimento das sociedades: (i) as TIC como facilitadoras do acesso à educação e
ao conhecimento, (ii) as TIC, como foco da aprendizagem, aumentam as literacias
digitais dos cidadãos, que ficam mais preparados para o mundo do trabalho, (iii) as TIC,
enquanto instrumentos potenciadores de melhores aprendizagens nas várias áreas do
currículo, contribuem para uma melhor qualidade da educação e (iv) as TIC, enquanto
instrumentos promotores da criação de conhecimento, da inovação tecnológica e da
partilha do conhecimento, causam impacto no crescimento económico e no
desenvolvimento social. Para este autor, o potencial das TIC na mudança da educação
10 Resolução do Conselho de Ministros nº137/2007 de 1 de janeiro. Diário da República nº103 –
I Série. Ministério da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior.
25
está, acima de tudo, nos dois últimos papéis acabados de enunciar. Cita exemplos de
utilizações das tecnologias nas escolas, utilizações essas centradas no trabalho de
projeto e no trabalho colaborativo, em que as TIC são utilizadas de forma criativa e
inovadora em muitas escolas da Austrália, dos Estados Unidos e de vários países da
Europa. São, no geral, casos estudados em que, associado ao uso das TIC, estão práticas
pedagógicas que suportam o desenvolvimento de competências de alto nível nos alunos,
nomeadamente na área da comunicação, da colaboração e da resolução de problemas
complexos. Mas a literatura também apresenta exemplos menos conseguidos. A este
propósito, recorde-se o exaustivo estudo de Cuban (2001), que se debruça sobre as bem
equipadas escolas de Silicon Valley, nos Estados Unidos. O autor questiona se o
investimento feito teve o esperado retorno e o respetivo impacto na qualidade da
educação. A investigação feita leva-o a concluir que não: que os computadores foram
utilizados apenas para reforço das práticas pedagógicas tradicionais dos professores
envolvidos e, na maior parte dos casos, as atividades que predominaram foram as de
usar o computador para processamento de texto e para pesquisa na Internet.
Também para Costa (2007) há uma necessidade premente de dar atenção
particular ao modo como são integradas as tecnologias nos processos de ensino e de
aprendizagem. O dilema consiste no seguinte: reiteradamente, o que é pedido aos alunos
é que continuem a aprender segundo práticas pedagógicas do passado e as tecnologias
servem apenas para transmitir conteúdos. A questão dos nativos digitais encarnados
pelos alunos e a dos imigrantes digitais que são os professores (Prensky, 2001) leva a
conflitos que, com a chegada à escola de cada vez mais equipamentos tecnológicos,
poderão acentuar-se.
26
2.2. As TIC na Europa e nas escolas portuguesas – tendências atuais
Considera-se relevante, no âmbito deste estudo em que se discute a forma como
os professores levam as TIC para a sala de aula, aprofundar as questões que a
investigação tem apresentado sobre as diferentes formas de desenvolvimento curricular
na área das TIC. Mas antes de, neste texto, se aprofundarem essas questões, faz-se
primeiro uma apresentação mais detalhada do panorama recente das TIC, quer em
Portugal quer na Europa, para que se possa compreender o que tem vindo a ser a prática
da integração das TIC nos sistemas educativos. Ou seja, descreve-se o contexto em que
os professores trabalham, contextos esses que são maioritariamente definidos pelas
políticas educativas, e aborda-se, posteriormente, a mesma questão numa perspetiva dos
contributos que a investigação tem apresentado para esta temática11.
Vários projetos têm contribuído para colocar as TIC no quotidiano dos
professores e dos alunos das escolas básicas e secundárias, com maior ou menor
sucesso. Um relatório da Comissão Europeia designado Benchmarking access and use
of ICT in European Schools 2006 (Comissão Europeia, 2006), apresenta os principais
resultados de um estudo levado a cabo nos 25 Estados-Membros da União Europeia
(UE), na Noruega e na Islândia, durante a Primavera de 2006, com o objetivo de
caracterizar o acesso e a utilização das TIC nas escolas europeias. Diz o referido
relatório que, em praticamente todas as escolas europeias, existem computadores. Há,
no entanto, uma grande variação no número de computadores por cada 100 alunos. Por
exemplo, na Dinamarca, este rácio é de 27 computadores por 100 alunos, 26 deles com
Internet; na Noruega, há 24 computadores por 100 alunos, 23 deles com Internet; na
Holanda, há 21 computadores por 100 alunos, 20 deles com Internet; no Reino Unido,
11 Assinale-se que esta discussão prevaleceu, muitas vezes, nos ambientes de formação que se
desenharam e implementaram no âmbito da presente investigação.
27
há 20 computadores por 100 alunos, 19 deles com Internet; no Luxemburgo, há 20
computadores por 100 alunos, 18 deles com Internet. A média europeia é de 11
computadores por 100 alunos.
Em Portugal e na Grécia, a média, em 2006, era de 6 computadores por 100
alunos, tendo subido, em 2007, em Portugal, para 10 computadores por 100 alunos,
valores que em 2012 foram largamente ultrapassados devido às medidas de
apetrechamento informático levadas a cabo pelo Plano Tecnológico da Educação12.
O estudo revela que mais de dois terços dos estabelecimentos de ensino da UE
estavam equipados com o acesso à Internet em banda larga, apesar de continuar elevada
a distância entre os países que se encontram mais bem e menos bem posicionados a este
nível.
Em termos gerais, este estudo apresenta, nas suas conclusões, a necessidade de
os países ainda investirem em três aspetos considerados fundamentais:
1.º) aumentar o número de computadores por cada 100 alunos, nomeadamente nos
países que apresentam taxas mais baixas;
2.º) alargar o acesso à Internet por Banda Larga;
3.º) incrementar a utilização das TIC em ambiente de sala de aula.
Se o primeiro e o segundo pontos acabados de referir se podem ou estão a
resolver através de medidas governamentais que visam o apetrechamento das escolas,
incrementar a utilização das TIC em ambiente de sala de aula envolve variáveis difíceis
de dominar e que passam, muitas delas, pelo professor, pela sua atitude e pela sua
eventual necessidade de formação nesta área.
12 http://www.planotecnologico.pt/ (consultado em Novembro de 2007).
28
Em Portugal, tem havido, desde 1985, um trabalho continuado de
implementação das TIC nas escolas, ainda que se tenham vindo a adotar diferentes
políticas para esta área das TIC na educação. Recorde-se que, sobre o Projeto Minerva,
o Programa Internet na Escola e o Programa Nónio Século XXI, tem vindo a ser
produzida investigação, havendo referências, por vezes detalhadas, a estes programas na
literatura (Ponte, 1994, Freitas, 2004, Paiva, 2003, Dias de Figueiredo, 2007) que não só
os descrevem como os estudam em termos dos seus impactos na educação.
De forma sumária, refira-se que, durante uma série de anos, a aposta foi no
trabalho interdisciplinar ou no trabalho de projeto com as TIC e disso dão conta
inúmeros textos que relatam projetos desenvolvidos nas escolas, ao longo dos anos, no
âmbito destes programas nacionais. Do ponto de vista dos equipamentos, as situações
eram muito díspares, desde escolas com muitos equipamentos informáticos até outras
onde os computadores rareavam. Ainda assim, o Projeto Nónio Século XXI permitiu
que muitas escolas, por concursos que ocorreram ao longo de vários anos, desde 1997,
alcançassem, na altura, um bom nível de equipamentos, sendo que a esse programa
estava associado uma importante componente de apoio às escolas e aos professores,
nomeadamente no domínio da formação, por via dos então criados Centros de
Competência.
Em 2003, surge uma iniciativa de âmbito nacional que abrange todas as escolas
com 9.º e 10.º anos de escolaridade: uma nova disciplina designada por TIC, obrigatória
para todos os jovens. Com esta medida, torna-se óbvia uma mudança de paradigma: à
semelhança do que se passava em alguns países da Europa, em Portugal a ênfase das
TIC deixa de estar numa corrente de interdisciplinaridade e de trabalho no seio de
projetos e generaliza-se por via de uma disciplina específica.
29
A questão do aparecimento de uma disciplina de TIC no currículo levanta
questões que importa esclarecer. TIC no currículo porquê? Currículo das TIC para quê?
Têm sido vários os fundamentos invocados para discutir as questões que ligam as TIC e
o currículo; veja-se a citação abaixo:
For a long time the implementation of IT was perceived by policy as a matter of
provision of hardware and software only. Just recently attention has been paid to
the implications of the use of IT for curriculum content, learner activities,
teacher role, assessment practices, etc. The integration of IT in the curriculum is
a complex endeavor in which many stakeholders are involved13. (Voogt, 2008, p.
117).
Mantêm-se, pois, muitas questões sem resposta clara quando se discute a
integração curricular das TIC, que o próprio autor (Voogt, 2008) enuncia como questões
orientadoras para uma reflexão que importa fazer: que finalidades educacionais deve a
escola procurar atingir? Que conhecimento existe sobre as necessidades dos alunos e as
necessidades da sociedade? Que soluções curriculares e pedagógicas e que experiências
de aprendizagem devem ser concebidas para atingir estes fins educativos? Como pode a
extensão da concretização dos fins educativos definidos ser avaliada?
As alterações efetuadas no ano letivo de 2003/2004, no currículo do Ensino
Básico e do Ensino Secundário, incluíram, como já referido, a adição de uma nova
disciplina, de TIC, nos 9.º e 10.º anos de escolaridade, que se constituiu como um
espaço específico na escola (a ou as salas TIC) e um tempo semanal de trabalho (um
13 N.T.: Durante muito tempo, a implementação de TI foi entendida, pela política, apenas como uma
questão de fornecimento de hardware e software. Só recentemente foi dada atenção às implicações do uso
de TI nos conteúdos curriculares, nas atividades dos alunos, no papel do professor, nas práticas de
avaliação, etc. A integração de TI no currículo é uma tarefa complexa que envolve muitos interessados.
30
bloco de 90 minutos no 9.º ano de escolaridade e dois blocos de 90 minutos cada no 10.º
ano de escolaridade). Retomando, a este respeito, o relatório da Comissão Europeia de
2006, nele vem referido que os membros mais antigos da União Europeia já não têm
uma disciplina semanal de TIC/Ciências Computacionais, exceção à data (2006) para
Portugal, Itália e Espanha, no entanto a maioria dos novos estados da União apresentam
no seu currículo uma disciplina específica para as TIC. Os países considerados mais
avançados quanto ao uso das TIC (Reino Unido, Suécia, Finlândia, Holanda,
Dinamarca) deixaram aquela abordagem (existência de uma disciplina de TIC) a favor
da integração das TIC de forma transversal. Relativamente à questão referida no
documento: “Are computers and the internet integrated into the teaching of the most
subjects?14” estes países atingem valores de respostas positivas bastante elevados. Por
oposição, os países que ainda têm uma disciplina de TIC apresentam muito menos
respostas afirmativas. O Reino Unido apresenta 94% de respostas afirmativas enquanto
a Grécia e a Letónia apresentam, respetivamente, 42% e 44% de respostas afirmativas
relativamente à integração das TIC nas diferentes áreas curriculares.
Entretanto, em Portugal, a 15 de Março de 2004, uma notícia retirada da
Internet15 com o título “Ministério da Educação inaugura primeira sala de TIC e assina
protocolos com várias entidades”, refere o seguinte:
David Justino, ministro da Educação [em 15 de Março de 2004], inaugurou
hoje na Escola Secundária Oliveira Martins, no Porto, a primeira sala de
Tecnologias da Informação e Comunicação no âmbito de uma iniciativa do
ministério que pretende garantir aos alunos do ensino secundário um reforço de
14 N.T.: Estão os computadores e a Internet integrados no ensino da maior parte das disciplinas?
15 http://tek.sapo.pt/4I0/454395.html (consultado em Novembro de 2007).
31
competências na área das TIC. Até Julho deverão ser finalizadas um conjunto
de 1.220 salas que reforçam as infra-estruturas escolares para a utilização das
TIC e que serão criadas em parceria com várias empresas de software e
hardware.
Cada uma destas salas de informática recebeu 14 computadores, um servidor de rede,
uma impressora, uma webcam e um projetor, servindo para o ensino da então nova
disciplina de TIC, que passaria a ser incluída com caráter obrigatório no currículo dos
9.º e 10.º anos de escolaridade. Já então se previa que as salas pudessem ser utilizadas
pelos professores das outras disciplinas que pretendessem ter acesso a essas ferramentas
ou para atividades extra-escola, onde se incluía a formação de adultos.
O então Ministro da Educação defendia a necessidade de os jovens saírem para o
mercado de trabalho com maior formação na área de informática e das tecnologias da
informação. A solução procurada para suportar a implementação destes objetivos
passou pelo apetrechamento das salas de informática, pensadas como unidades
funcionais (disponibilização de equipamentos e serviços) mas também como ambientes
de aprendizagem motivadores e envolventes.
Com base nos relatos, quando a disciplina de TIC foi criada, o objetivo era o de
que todos os alunos tivessem a oportunidade de aprender a utilizar as TIC e o fizessem
num ambiente prático, ou seja, dois a dois sentados ao computador, realizando
atividades práticas, de acordo com as finalidades enunciadas no programa da disciplina.
Porém, uma análise mais detalhada do programa desta disciplina mostra incongruência
entre as finalidades, os objetivos e os conteúdos definidos. Um conjunto de tabelas com
sugestões de planificação de atividades e respetiva calendarização ao longo do ano
letivo mostra que os conteúdos se centram nas ferramentas disponíveis nos
computadores instalados na sala de TIC (um laboratório de informática isolado, em
32
termos de rede, na escola). Os professores de TIC são, assim, levados a assumiram a
disciplina de TIC como sendo de ensino da Informática. As planificações apresentadas
no programa da disciplina indicam que, no primeiro período letivo, os alunos devem
estudar os componentes de um computador e possíveis periféricos e, depois, o
funcionamento do computador e do respetivo sistema operativo. No segundo período, os
alunos devem começar a utilizar o computador, para se iniciarem na navegação na
Internet, aprendendo detalhadamente todas as funcionalidades de um web browser (é
esta a designação utilizada no programa da disciplina de TIC). Segue-se o estudo de um
programa de processamento de texto, aprendendo os alunos, detalhadamente, todos os
atalhos e menus, à medida que vão fazendo exercícios, nomeadamente, de criação de
tabelas e de formatação de tipos de letra entre outras funcionalidades mais avançadas.
No terceiro período do 9.º ano, os conteúdos centram-se nas apresentações eletrónicas.
A mesma lógica sucede-se no 10.º ano, com base noutros conteúdos. No terceiro
período do 10.º, o programa lança o desafio da apresentação e desenvolvimento de um
projeto com recurso às TIC. Estamos, pois, perante o currículo das TIC em que estas
são encaradas como ferramentas informáticas a dominar independentemente do
propósito da utilização.
Em setembro de 2006 foi feito o lançamento do documento de Orientações
Curriculares para a disciplina de TIC,16 que permaneceu disponível à discussão pública
durante alguns meses e recebeu contributos das mais variadas instâncias. As
Orientações Curriculares partem do princípio de que os conteúdos da disciplina de TIC
não devem ser por si os objetos de estudo dos alunos, antes devem servir-lhes para
realizarem atividades diversas, idealmente relacionadas com conteúdos de outras
16 A autora da presente investigação coordenou a elaboração do documento de Orientações
Curriculares.
33
disciplinas. Assim, as TIC passam a contribuir para a aprendizagem de outras
disciplinas e os alunos devem utilizá-las para concretizar tarefas dessas outras
disciplinas, numa perspetiva interdisciplinar e transdisciplinar. Um estudo de
investigação (Barbosa & Loureiro, 2011) recente relativamente à implementação das
OC-TIC, numa escola portuguesa termina com a seguinte conclusão:
Finalmente, concluímos que a operacionalização das orientações curriculares
para a disciplina de TIC, implementada na turma em estudo, parece ter
contribuído para um aumento do trabalho colaborativo dos professores, uma vez
que houve interações informais que se estabeleceram no âmbito do
desenvolvimento dos projetos. Tal pode também ter implicações ao nível da
mudança de práticas educativas, ainda que, como indicado, tenuemente.
Consideramos, no entanto, que o impacte da abordagem seria possivelmente
maior caso existissem tempos, nos horários dos professores, destinados ao
trabalho colaborativo e incentivos para a utilização das TIC em contexto
educativo de forma transversal. (p.8)
Este estudo refere ainda que:
Ao nível da disciplina de TIC, os resultados indicam que a estratégia adoptada
contribuiu para reforçar as vantagens da adopção de uma metodologia de
trabalho de projeto com uma vertente aberta aos conteúdos de outras disciplinas.
Isto é, uma abordagem que se afasta da vertente tecnológica e que se aproxima
da vertente transversal para a integração das TIC na escola (…). Tal constituiu-
se como um indicador importante do potencial da própria disciplina de TIC na
promoção da utilização transversal das TIC pelos intervenientes no estudo
realizado. (p. 10-11)
34
Em 2005, a equipa de missão Computadores, Redes e Internet na Escola
(CRIE)17 foi criada com o principal objetivo de implementar e dinamizar o uso de
computadores, redes e Internet nas escolas de Portugal. A missão da CRIE envolveu
concepção, desenvolvimento, concretização e avaliação de iniciativas mobilizadoras e
integradoras no domínio do uso dos computadores redes e Internet nas escolas e nos
processos de ensino e aprendizagem.
No ano de sua criação, a CRIE lançou várias iniciativas que procuravam, no
geral, dar condições às escolas e aos professores para desenvolverem com os seus
alunos, trabalho prático com as TIC, entre as quais se destacam as seguintes:
- criação do cargo de coordenador TIC e definição de planos TIC de escolas e
agrupamentos;
- criação de um referencial de formação para professores no domínio das TIC na
educação;
- lançamento e acompanhamento de projetos para dotar as escolas de conjuntos de
computadores portáteis para alunos e professores;
- envolvimento de escolas portuguesas em iniciativas europeias, nomeadamente em
projetos colaborativos através da Internet (e.g., eTwinning);
- lançamento e acompanhamento das plataformas Moodle para as escolas.
Com a possibilidade de as escolas/agrupamentos nomearem18 um
Coordenador/Equipa TIC de acordo com as especificações na lei acerca dos respetivos
17 Despacho de criação consultável em: http://www.edutic.giase.min-edu.pt/documentos/0546305463.pdf (Novembro de 2006). 18 Despacho nº 26 691/2005 (2.a série). Coordenador TIC, Gabinete do Secretário de Estado da Educação, 30 de Novembro de 2005, consultável em http://min-edu.pt/np3content/?newsId=1275&fileName=despacho_26691_2005.pdf (Novembro de 2007).
35
direitos e deveres, são dadas novas condições e instrumentos de organização e gestão
que obrigam a um planeamento de trabalho na área das TIC assim como à identificação
de necessidades de formação. O referencial de formação19 para professores no domínio
das TIC na educação identificava quatro tipos de acões de formação, à altura
financiadas pelo PRODEP, cujos princípios genéricos tinham como finalidade: (i)
promover a utilização das TIC pelos alunos nas escolas; (ii) integrar modalidades
mistas, com uma componente presencial e outra a distância e com o apoio de
plataformas de aprendizagem online; (iii) contextualizar com o trabalho quotidiano do
professor, prevendo uma componente prática de trabalho na escola; (iv) enquadrar as
TIC no projeto educativo das escolas a que os professores/formandos pertencem,
nomeadamente no Plano TIC de cada escola/agrupamento. Numa altura em que as
escolas manifestavam franca necessidade de atualizarem equipamentos, a Equipa CRIE,
através de financiamento via PRODEP e Orçamento Geral do Estado, lançou a
Iniciativa Escolas, Professores e Computadores Portáteis, à qual todas as escolas dos
5.º ao 12.º anos poderiam aderir para, apresentando um projeto no qual se
comprometessem a realizar atividades práticas com alunos, receberiam um conjunto de
computadores portáteis (cerca de 24) para alunos (14) e professores (10 a 15)20. Esta
iniciativa abrangeu cerca de 1160 estabelecimentos de ensino, cerca de 11600
professores e mais de 30000 alunos. Com esta iniciativa, pretendeu o Ministério da
Educação incentivar o uso profissional das TIC pelos professores, tanto de forma
individualizada como no contexto das respetivas aulas. Segundo Ramos, Espadeiro,
19 http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1165843420_form2007_quadro_referencia.pdf
(consultado em Novembro de 2007).
20 Edital do concurso em: http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/
1155735536_EditalPortateis.pdf (consultado em Novembro de 2007).
36
Carvalho, Maio e Matos (2009) os objetivos da iniciativa foram alcançados de forma
muito significativa, sendo que os impactos se fizeram sentir ao nível do acréscimo de
professores e alunos a utilizarem computadores na sala de aula. A equipa CRIE
centralizou as iniciativas de caráter europeu que estavam a cargo de várias equipas do
Ministério da Educação. A de maior abrangência e que continua em desenvolvimento é
o Projeto eTwinning integrado na ação do Programa eLearning da União Europeia e que
tem como objetivo principal criar redes de trabalho colaborativo entre as escolas
europeias, através do desenvolvimento de projetos comuns, com recurso à Internet e às
TIC, dando origem a uma rede de trabalho colaborativo e a parcerias eletrónicas entre
escolas, estudantes e professores.
Nesta fase de trabalho da equipa CRIE, ocorreu a generalização da utilização de
plataformas de gestão de ensino-aprendizagem (LMS - Learning Management System)
nas escolas portuguesas. A própria equipa CRIE desenvolveu uma plataforma Moodle21,
fundadora de um projeto mais vasto que genericamente se designou por moodle-edu.pt.
No âmbito deste projeto, foram ensaiadas as primeiras disciplinas de formação de
formadores integradas no Quadro de Referência para as TIC. Com a plataforma então
disponibilizada, deu-se início a um projeto de disseminação do Moodle pelas escolas do
ensino básico e do ensino secundário. Ficaram assim as escolas com acesso a um
serviço disponibilizado pela FCCN - Fundação para a Computação Científica Nacional,
no quadro do acordo de colaboração entre o Ministério da Educação e aquela fundação,
pioneira na disponibilização da Internet às escolas dos ensinos básico e secundário,
desde 1997. Para além do interesse crescente desta plataforma entre a comunidade
educativa, duas estratégias contribuíram, desde logo, para a sua efetiva entrada nas
21 http://moodle.crie.min-edu.pt/mod/resource/view.php?id=10074 (consultado em Março de
2008)
37
escolas: (i) o trabalho desenvolvido conjuntamente entre a CRIE e os Centros de
Competência, que de forma recorrente utilizaram o Moodle e continuam, à data de
apresentação deste trabalho, a fazê-lo como plataforma de trabalho conjunto e com as
escolas, com base nas orientações de trabalho do Ministério da Educação, desde o ano
letivo de 2005/2006; (ii) a identificação desta dimensão de forma explícita no âmbito do
Quadro de Referência CRIE da Formação Contínua de Professores em TIC nos anos de
2006 e de 2007, onde a dimensão de trabalho online é identificada como uma das
características do trabalho a desenvolver em toda a formação de professores TIC, cuja
justificação é contextualizada no quadro do uso educativo das TIC nas escolas.
Por força de mecanismos políticos de reorganização da administração central, a
Equipa CRIE foi desmembrada e uma nova equipa, inserida na hierarquia da então
DGIDC foi criada com a finalidade de desenvolver recursos educativos digitais para as
escolas – Equipa ERTE. Entretanto, entrava em vigor o Plano Tecnológico da Educação
e novas medidas políticas foram tomadas na área das tecnologias e educação.
O Plano Tecnológico da Educação (PTE), lançado no âmbito do programa do
XVII Governo Constitucional, tinha como meta a modernização tecnológica das escolas
com 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e com ensino secundário, promovendo a integração
e a utilização generalizada das TIC nos processos de ensino e de aprendizagem e na
gestão escolar. A ação programada para o Plano Tecnológico da Educação22 baseou-se
num estudo23 diagnóstico apresentado em 2007 e intitulado “A modernização
Tecnológica do Sistema de Ensino em Portugal”, que tomava como modelos europeus
22 Objectivos, estratégias e metas apresentadas em documento próprio, consultável em:
http://www.escola.gov.pt/docs/me_pte_20080218.pdf (abril de 2009).
23 Consultável em: http://www.gepe.min-edu.pt/np4/?newsId=364&fileName=mt_ensino_portugal.pdf
(abril de 2009).
38
considerados de referência, o espanhol, o irlandês e o finlandês. O diagnóstico centrou-
se na análise do caso português e recorreu a: (i) informação quantitativa disponível no
Ministério da Educação; (ii) informação quantitativa recolhida por via de inquérito por
questionário a todas as escolas públicas com 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e com
ensino secundário, em suporte eletrónico, efetuado entre 12 e 16 de Março de 2007; (iii)
informação qualitativa recolhida através de entrevistas presenciais a 27 agentes,
designadamente estabelecimentos de ensino, Direções Regionais de Educação,
fornecedores de tecnologia, fornecedores de equipamento, Gabinete de Gestão
Financeira do Ministério da Educação, Equipa de Missão CRIE e Parque Escolar EPE.
O relatório citado integra quatro dimensões de análise da realidade portuguesa,
no que respeita às TIC nas escolas: tecnologia; conteúdos; competências e investimento
e financiamento. Destaca-se deste relatório que, relativamente às competências, cerca de
30% dos docentes frequentavam por ano acões de formação em tecnologia. Ainda
assim, afirma-se também que uma das principais barreiras à utilização de TIC no ensino
é a falta de preparação dos docentes. Nos países europeus tomados como referência, o
processo de modernização tinha incorporado medidas para aumentar as qualificações e
certificar os agentes no uso de tecnologia, nomeadamente o desenho de programas
modulares de certificação e de formação contínua e progressiva e o envolvimento das
escolas na definição dos seus planos individuais de formação. Em Portugal, é
importante, afirmava-se no relatório, acelerar o processo de modernização, sendo
necessário fazer acompanhar os esforços de apetrechamento com esforços de formação,
considerando urgente desenhar um programa de formação de docentes que contemple a
formação contínua e progressiva e instituir mecanismos de certificação de
competências.
39
Dados obtidos no sítio na Internet do Plano Tecnológico da Educação24 referem
que, em 2007, existiria um computador com ligação à Internet para cada 13 alunos e
que, em 2010, se previa a existência de um computador com ligação à Internet para cada
2 alunos. Estava à data ainda prevista a certificação de professores em TIC e a
construção e generalização do Portal da Escola, que seria uma plataforma na Internet
para partilha de conteúdos, ensino a distância e comunicação entre os professores e os
alunos fora do recinto escolar, com o objetivo de aumentar a produção, a distribuição e
a utilização de conteúdos pedagógicos em formato digital, complementando os métodos
de ensino convencionais e desenvolvendo práticas de ensino interativas e de
aprendizagem contínua. Através do Portal da Escola, pretendia a equipa do Plano
Tecnológico que os professores viessem a fazer exercícios em suporte digital, utilizar
manuais escolares digitais e a efetuar avaliação eletrónica, conduzindo os alunos a criar
o seu portefólio digital. Num plano de análise crítica que parece razoável fazer,
nomeadamente se pensarmos nos projetos nacionais anteriores para as TIC, mas
também nos de outros países europeus considerados como de referência e citados no
relatório em causa, a implementação do Plano Tecnológico da Educação tomou as
escolas portuguesas como iguais e aplicou um modelo único de modernização
tecnológica sem que estas fossem individualmente ouvidas, nomeadamente nas
respetivas necessidades nesta área. Se tomarmos o exemplo finlandês25, os projetos TIC
das escolas são respeitados, ou seja, as intervenções são ajustadas à realidade TIC de
cada escola no que respeita à infra-estrutura, às necessidades de formação e à
progressiva utilização pedagógica das TIC transversalmente, de acordo com objetivos
24 http://www.escola.gov.pt/inicio.asp (consultado em abril de 2009).
25 Consulte-se http://www.escola.gov.pt/docs/gepe_benchmark_tic_educação.pdf (maio de 2009).
40
implícitos, responsabilizando e envolvendo as escolas para atingir objetivos
estabelecidos.
Para Becker (2000), as TIC entram nas práticas dos professores se vários
requisitos forem cumpridos: (…) “computers serve as a ‘valuable and well-functioning
instructional tool’ in schools and classrooms in which teachers: (a) have convenient
access, (b) are adequately prepared, (c) have some freedom in the curriculum, and (d)
hold personal beliefs aligned with a constructivist pedagogy26” (p. 29). O Plano
Tecnológico da Educação cumpriu apenas com as duas primeiras condições
apresentadas pelo autor, ou seja, garantiu o apetrechamento informático das escolas e
a formação parcial de professores para o uso das TIC. No contexto nacional, é
necessário continuar a trabalhar nas questões de integração curricular das TIC e nas
perceções e conceitos que os professores têm no que respeita à utilização das TIC com
os alunos, para se poder garantir que é maximizado o potencial educativo destas
tecnologias. Veja-se os resultados do Relatório PISA 2009, retomados no Relatório
Eurydice 201127 que apresentam valores muito baixos de utilização da Internet pelos
alunos, para fins escolares. Refere-se, nestes dois relatórios, que, em casa, há 52,5%
de alunos portugueses que usam diariamente a Internet para fins lúdicos, enquanto só
18,1% o fazem para fins escolares.
Ao longo da implementação do PTE, existiu um observatório (OPTE) com as
seguintes funções: acompanhamento e monitorização da execução dos projetos do
PTE; avaliação de impactos ao nível organizacional e comportamental do PTE, com 26 N.T.: Os computadores servem como instrumento “valioso e auxiliar de um bom ensino” nas escolas e
salas de aula em que os professores: (a) têm acesso adequado, (b) estão convenientemente preparados, (c)
têm alguma liberdade no currículo, e (d) acreditam numa pedagogia construtivista.
27 Relatório Eurydice 2011 – gepe EACEA; Eurydice, Números-chave sobre a aprendizagem e a
inovação através das TIC nas escolas da Europa – 2011, Bruxelas: Eurydice.
41
(i) identificação de fatores críticos de sucesso na integração das TIC nos processos de
ensino e de aprendizagem, (ii) inventariação de fatores inibidores no que respeita à
integração das TIC nos processos de ensino e de aprendizagem e (iii) recolha de
exemplos de boas práticas nacionais e internacionais respeitantes à modernização
tecnológica do ensino e sua disseminação na comunidade educativa.
Dos dados da componente quantitativa do OPTE (Carneiro, Queiroz e Melo,
Lopes, Lis & Carvalho, 2010) resulta que a integração das TIC no processo de ensino e
de aprendizagem não representa, para a generalidade dos professores, uma mudança de
metodologia de ensino mas uma nova ferramenta que é integrada no método em uso.
Para os pais e docentes participantes no estudo efetuado, esta perturbação do processo
tradicional de ensino poderá afectar a qualidade das aprendizagens (p. 18 do anexo 2-2).
Este fator, aliado à inércia associada à introdução de novos processos ou técnicas, é um
poderoso inibidor da utilização das TIC. Refira-se, a este propósito, um estudo da
OCDE (2010) que identifica esta dificuldade em determinar as vantagens concretas da
integração das TIC no processo de ensino e de aprendizagem. Neste estudo, a grande
maioria dos docentes (85,6%) declara que prepara melhor as aulas por ter acesso às
tecnologias, embora apenas 57,4% afirmem que as TIC lhes permitem ser melhores
professores.
Constata-se ainda que o grupo de trabalho do OPTE (Carneiro, et al., 2010)
verificou que na maioria dos casos estudados, houve a ausência de uma estratégia TIC
transversal a toda a escola: “As experiências de utilização das TIC na sala de aula
resultam, geralmente, da iniciativa de um grupo de docentes especialmente motivados
para o assunto” (2011, p.19). Os autores consideram que este facto merece especial
atenção pois, “[...] numa análise holística da integração das TIC na escola, a
componente organizacional, nível superior ao da sala de aula e do docente individual,
42
aparenta ter um papel relevante no valor que as TIC poderão acrescentar na educação.”
(p.20). Cruzando estes dados com os de uma tese de mestrado (Piedade, 2010) sobre a
problemática da utilização das TIC por professores numa escola intervencionada pelo
PTE, conclui este autor que há uma baixa utilização dos mesmos ao nível do suporte à
produção e ao trabalho com alunos. Um outro estudo, realizado em 2009, também no
âmbito da intervenção levada a cabo pelo PTE nas escolas estudadas, refere que:
“embora os professores possuam equipamentos informáticos, tenham acesso à Internet e
utilizem os programas e os recursos da Web, ainda têm dificuldade em integrar as
tecnologias no contexto de sala de aula, perpetuando-se os ambientes educativos
tradicionais de que as tecnologias digitais e a Internet não fazem parte integrante.”
(Lisbôa et al., 2009, p. 5853). Para Pedro (2011), que fez um exaustivo estudo sobre a
implementação do PTE em Portugal, o insucesso de muitas medidas, nomeadamente as
que pretendem aumentar o uso das TIC nas escolas portuguesas, deve-se ao facto de o
modelo que serviu de base à implementação do PTE colocar o foco apenas nas questões
profissionais, ou seja, no que falta nas escolas para que as TIC sejam utilizadas (acesso,
competências e motivação), não considerando “[…] elementos de outros pontos de
vista, particularmente, uma perspectiva organizacional ou societal.” (Pedro, 2011, p.
305).
A investigação e os textos acabados de referir conduzem à ideia de que, tendo o
Plano Tecnológico para a Educação feito uma intervenção nas escolas principalmente
ao nível do apetrechamento, tal não veio a ter implicações positivas na utilização das
tecnologias com os alunos na sala de aula. Não sendo esta uma afirmação aplicável a
todos os contextos, será, pelo menos, uma tendência estatística, que se extrai nos
estudos atrás citados.
43
Encerrada a iniciativa do Plano Tecnológico (sem que o mesmo tenha sido
concluído, de acordo com o estipulado nos objetivos iniciais), verifica-se a continuidade
de funcionamento de uma equipa vocacionada para a promoção do uso pedagógico das
TIC, no Ministério da Educação. Porém, em 2009, continua a sentir-se a falta de
documentos orientadores para a implementação das TIC nas escolas. No estudo de 2009
(Cruz, p. 122), afirma-se que:
[...] apesar do reconhecimento da necessidade de desenvolver um conjunto de
saberes do domínio das tecnologias, no CNEB [Currículo Nacional do Ensino
Básico] não existem orientações claras e consistentes relativamente a
conhecimentos, capacidades e atitudes em TIC a adquirir pelos alunos ao longo
do ensino básico, tendo em vista, entre outros princípios, a coerência e
sequencialidade entre os três ciclos, bem como a articulação e a contextualização
desses saberes.
Em 2009, o projeto Metas de Aprendizagem inseriu-se na Estratégia Global de
Desenvolvimento do Currículo Nacional delineada pelo Ministério da Educação em
Dezembro desse ano28. A elaboração das Metas de Aprendizagem teve como ponto de
partida a conceção de referentes de gestão curricular para cada disciplina ou área
disciplinar, em cada ciclo de ensino. Como refere Costa (2011), autor do projeto
específico Metas de Aprendizagem para as TIC:
A ideia nuclear da tutela do Ministério da Educação era a de produzir um
documento integrador da diversidade de normativos de natureza curricular
atualmente existentes, resultantes de reformas e intervenções diversas nos
últimos anos. Um documento que, não substituindo esses normativos, viesse a
28 Consulta do site http://www.metasdeaprendizagem.min-edu.pt/ em janeiro de 2012.
44
servir de orientação para todos os intervenientes no processo educativo,
particularmente os professores, relativamente a estratégias de ensino e a
estratégias de avaliação dos resultados da aprendizagem, tomando precisamente
como referência a explicitação das competências que os alunos devem
evidenciar no final de cada um dos níveis ou ciclos de escolaridade. (Costa,
2011, p. 4-5)
As Metas de Aprendizagem para as TIC têm como pressuposto a
transversalidade, ou seja, a integração curricular das TIC deve ser da responsabilidade
de todas e da cada uma das várias áreas disciplinares. Inserem-se em quatro domínios29:
(i) O domínio da Informação (Meta Final 1): o aluno utiliza recursos digitais online e
off-line para pesquisar, selecionar e tratar informação de acordo com objetivos
concretos, decorrentes de questões e problemas previamente identificados, e com
critérios de qualidade e pertinência;
(ii) O domínio da Comunicação (Meta Final 2): o aluno comunica, interage e colabora
usando ferramentas e ambientes de comunicação em rede, selecionados de acordo com
as respetivas potencialidades e constrangimentos, como estratégia de aprendizagem
individual e coletiva;
(iii) O domínio da Produção Meta Final 3): o aluno concebe e desenvolve trabalhos
escolares com recurso a diferentes ferramentas digitais, e cria documentos originais que
exprimam e representem conhecimentos, ideias e sentimentos e
29 http://www.metasdeaprendizagem.min-edu.pt/ensino-basico/metas-de-aprendizagem/metas/?
area=44&level=6, consultado em abril de 2012
45
(iv) o domínio da Segurança (Meta Final 4): o aluno adota comportamentos seguros,
respeita direitos de autor e de propriedade intelectual e observa normas de conduta na
utilização de ambientes digitais online.
Refira-se ainda que, no final do ano letivo de 2010/2011, surgiram várias
medidas políticas, uma delas que levou ao desaparecimento da Área de Projeto do
currículo, terminando assim um espaço e um tempo utilizado pelos professores para a
promoção educativa das TIC, em especial no 8.º ano de escolaridade, como já se referiu,
de acordo com o Despacho de orientações curriculares (27 de Junho de 2007), que se
referia à introdução das TIC nesta Área Curricular não Disciplinar do 8.º ano de
escolaridade de forma muito objetiva30.
Com as mudanças políticas do país, ainda mais acentuadas no início de 2012,
implementam-se novas estratégias para o currículo e para as TIC. Em 2012, novas
orientações da tutela são divulgadas: é publicado em Diário da República a criação de
um grupo de trabalho, na dependência direta do Ministério da Educação e Ciência, que
fará a produção de Metas Curriculares31. Este Despacho explicita a articulação entre
metas e conteúdos dos respetivos programas curriculares. No caso específico das TIC, a
disciplina e programa de TIC do 9.º ano são extintos e foram elaboradas as Metas
30 “Os alunos desenvolvem projectos no âmbito do Projecto Curricular de Turma, utilizando
obrigatoriamente as TIC em situações concretas do trabalho escolar” em http://www.dgidc.min-
edu.pt/fichdown/of13297_250707.pdf consultado em Dezembro de 2007.
31 Despacho nº 5306/2012, de 18 de Abril.
46
Curriculares TIC32 para uma nova disciplina de TIC a funcionar no 7.º e 8.º anos de
escolaridade, no ano letivo de 2012/2013.
O PTE terminou em 2010 sem conseguir cumprir, na totalidade, os seus três
eixos programados: o dos equipamentos, o da formação de professores e o dos
conteúdos. A disciplina de TIC do 9.º ano passou para os 7.º e 8.º anos de escolaridade,
deixando de existir um programa específico para a disciplina mas antes Metas
Curriculares, como já referido. As discussões centram-se, atualmente, em dois pólos: a
existência de um tempo semanal de trabalho com os alunos, recorrendo às ferramentas
informáticas, ou o das TIC como transversais ao currículo. Esta é uma temática que
continua a ser da maior atualidade e que se cruza diretamente com a presente
investigação. Quando se estuda a forma como os professores levam as TIC para a sala
de aula, é fundamental que se discuta de que forma essas tecnologias são integradas e
em que contextos. A decisão política acaba por condicionar as capacidades dos
professores e das escolas para implementarem um trabalho continuado no que respeita a
diferentes áreas, nomeadamente à da integração das TIC no ensino e na aprendizagem.
Na Europa, são várias as iniciativas que demonstram o interesse nas TIC por via
da preparação dos jovens para o mercado de trabalho, cada vez mais centrado nos
sectores da informação e do conhecimento. Em Espanha, o Instituto Nacional de
Tecnologías Educativas y Formación del Profesorado desenvolve o Programa Escuela
2.0. Este programa tem por obetivo integrar as TIC nas escolas e nos centros educativos
financiados com fundos públicos, mediante o uso personalizado de um computador
portátil por parte de cada aluno. Inclui o desenvolvimento de um projeto de produção de
32 Documentos disponíveis em: http://www.dgidc.min-edu.pt/
index.php?s=noticias¬icia=396; a autora da presente investigação foi cooautora das Metas
Curriculares TIC (2012).
47
conteúdos digitais para apoio às aulas.33 No Reino Unido e, em especial, em Inglaterra,
as atuais políticas para as TIC apontam para a liberdade da escola em escolher o seu
caminho, havendo metas definidas nesses sentido:
The Government believes that the effective use of technology in education is
important, but that schools are best placed to make decisions about how to use
the resources available to them - including ICT. The Government is committed
to devolving power to schools and moving away from top down intervention.
Schools will be responsible for choosing and purchasing technology to meet
their needs and this will be funded out of their normal budgets34. (2011, p. 3)
Outros exemplos acontecem um pouco por toda a Europa, com maior ou menor
consistência do ponto de vista político e, consequentemente, de abrangência. Deixando
as políticas, que acabam por estar, muitas vezes, dependentes de questões económicas
que constrangem decisões aparentemente óbvias, e olhando para textos recentes de
autores de referência, como Resnick (2012), verifica-se unanimidade na necessidade de
promover a utilização das TIC de forma objectiva e integrada nas escolas, para que
cidadãos informados e preparados para a atual sociedade possam ser formados. Mas não
só nas escolas se aprende, especialmente nos dias de hoje, onde um mundo de
informação e de conhecimento se espalha na rede - como afirma Dias de Figueiredo
(2010):
33 http://www.educacion.gob.es/aula/2012/modernizacion/escuela2p0.html (Consultado em abril
de 2012)
34 N.T.: O Governo acredita que o uso efetivo da tecnologia na educação é importante, mas que as escolas
estão em melhor posição para tomar decisões sobre o uso dos recursos disponíveis – incluindo as TIC. O
Governo compromete-se a devolver o poder às escolas e afastar-se de uma intervenção de cima para
baixo. As escolas serão responsáveis pela escolha e compra de tecnologia, que atenda as suas
necessidades sendo, para tal, financiadas fora dos orçamentos normais.
48
[...] num mundo global, complexo, com forte intelectualização do trabalho, onde
o pleno emprego ameaça reduzir-se para dar lugar a formas alternativas de
atividade remunerada, que se pretende plena, num mundo fortemente sustentado
por novos media, onde o geográfico e o virtual se confundem, tornou-se vital
para as novas gerações adquirirem, de forma autónoma e sustentada, os novos
saberes que lhes permitam construir o seu sucesso. Terão, por isso, de aprender a
viver, conviver, cooperar, colaborar, liderar, criar, empreender, auto-organizar e
co-organizar nesse mundo. Num país onde os cidadãos tendem a delegar no
Estado e nas instituições a responsabilidade de assegurarem as grandes
mudanças, e onde o gosto pelo conhecimento tem poucas tradições, será
necessário que o cidadão reconheça que chegou a altura de assumir nas suas
próprias mãos a construção dos saberes que garantirão a sua autonomia e o seu
sucesso, e que está ao seu alcance fazê-lo com os media sociais disponíveis (P.
10).
Se, por um lado, o rápido desenvolvimento das TIC tem desempenhado um
papel crucial na mudança do modo como trabalhamos, comunicamos, criamos e
gerimos o tempo de laze (Nachmias, Mioduser, & Forkosh-Baruch, 2008), por outro, a
escola terá sempre um papel preponderante na preparação de crianças e de jovens para
essa sociedade global e digital. A escola terá de dar a todos oportunidades que lhes
permitam tirar partido desta globalização, preparando-os, simultaneamente, para nela se
integrarem.
2.3. Literacia digital e competências associadas
Na realidade complexa e multifacetada que envolve a utilização de tecnologias
de informação e comunicação e as competências necessárias associadas ao seu uso, há
49
que ter em conta, permanentemente, o facto de os jovens desta geração desde cedo
terem iniciado a utilização do computador. Tal não implica que dominem as
competências digitais necessárias para a compreensão da informação que circula nos
computadores e nas redes, nem tão pouco que a saibam selecionar e analisar de forma
crítica, ou que tirem o proveito adequado das potencialidades associadas aos ambientes
sociais e colaborativos que a Internet atualmente proporciona. Importa, assim, neste
trabalho de investigação, clarificar o que se entende por literacia digital e competências
associadas, numa perspetiva de que o trabalho prático a realizar pelos professores em
sala de aula com as tecnologias de informação e comunicação deve contribuir para o
desenvolvimento das literacias digitais das crianças e dos jovens (UNESCO, 201135).
Como tal, importa rever conceitos, procurar as tendências atuais e enquadrar as
emergentes e futuras tendências das tecnologias.
Gilster (1997) constitui trabalho seminal na área da definição de literacia digital;
Eshet-Alkali e Amichai-Hamburger (2004), apresentam um trabalho de referência,
nesta área, refletindo sobre o que é que se espera que um jovem domine do ponto de
vista da utilização produtiva das TIC. O estudo coordenado por D. Kay (2008),
designado “Next Generation User Skills, Working, Learning & Living Online in 2013 -
A Report for Digital 2010 & the SQA (Scottish Qualifications Authority)36, e os
standards da National Educational Technology definidos pela International Society for
Technology in Education37, para alunos (2007) e para professores (2008), trazem à
35 UNESCO (2011) Digital literacy in Education, consultado em: http://unesdoc.unesco.org/
images/ 0021/002144/214485e.pdf
36 http://www.ictliteracy.info/rf.pdf/NextGenerationUserSkills.pdf (consultado em Abril de
2009).
37 http://www.iste.org/AM/Template.cfm?Section=NETS (consultado em Abril de 2009).
50
discussão informação de relevo que de seguida se discutirá. Em sequência, apresentam-
se as tendências emergentes e tão atuais quanto possível relativamente às literacias
digitais que importa promover nos jovens (UNESCO, 201138). Trata-se de aspetos que
têm vindo a tornar-se mais complexos desde as primeiras definições de Glister (1997) já
referidas, até porque a área das tecnologias está sujeita a mudanças constantes,
relacionando-se diretamente com práticas económicas e sociais que também
recentemente sofreram grandes alterações (Beethamn, 2010).
2.3.1. Preparando os jovens para a Sociedade da Informação e do
Conhecimento.
Por literacia digital toma-se, na generalidade, o que vem definido por Paul
Glister, autor de uma obra pioneira em 1997, intitulada Digital Literacy, e que refere
que literacia digital é a habilidade de compreender e usar a informação nas suas
múltiplas formas e provenientes de um vasto leque de fontes, quando toda essa
informação se apresenta em formato digital e é veiculada pelo computador. Num artigo
onde apresentam um estudo sobre questões relacionadas com literacia digital, Y. Eshet-
Alkali e Y. Amichai-Hamburger acrescentam:
Having digital literacy requires more than just the ability to use software or to
operate a digital device; it includes a large variety of complex skills such as
cognitive, motoric, sociological, and emotional that users need to have in order
38 UNESCO (2011) Digital literacy in Education, consultado em: http://unesdoc.unesco.org/
images/0021/ 002144/214485e.pdf
51
to use digital environments effectively39. (Eshet-Alkali e Amichai-Hamburger,
2004, p. 421)
Estudos de 2007 e de 2008 da National Educational Technology Standards (Estados
Unidos da América) e de 2008 da Scottish Qualifications Authority, (Reino Unido),
apontam para a importância da literacia digital, para as competências a ela associadas e
para a necessidade de intensificar a utilização das tecnologias nas escolas, tal como já
tinha sido referido em 2000 pela National Research Council (Estados Unidos da
América): “Technology has become an important instrument in education. Computer-
based technologies hold great promise both for increasing access to knowledge and as a
means of promoting learning40” (NRC, p. 229).
A literacia digital que exige dos cidadãos mais do que apenas a capacidade de usar o
computador ou manipular programas - há uma grande variedade de competências
complexas a nível cognitivo que são exigidas para que se faça uma utilização eficaz das
tecnologias e se dominem os ambientes digitais. Eshet-Alkali e Amichai-Hamburger
(2004), desenvolveram um estudo experimental com três grupos de participantes: 20
participantes do 11.º ano de escolaridade, 20 do 3.º ano da faculdade e 20 licenciados
com idades entre os 30 e os 40 anos, todos utilizadores de computadores e Internet. Os
participantes, com experiência em utilização de computadores, realizaram várias tarefas
pedidas pelos investigadores nas quais teriam de demonstrar as suas competências
digitais para conseguirem concluir as atividades solicitadas. Os investigadores
39 N.T.: Ter literacia digital exige mais do que apenas a capacidade de usar o software ou operar um
dispositivo digital; inclui uma grande variedade de competências, cognitivas, motoras, sociológicas e
emocionais que permitem aos utilizadores usar ambientes digitais com eficácia.
40 N.T.: A tecnologia tornou-se um instrumento importante na educação. Tecnologias baseadas em
computadores, são uma grande promessa, quer para aumentar o acesso ao conhecimento, quer para
promover a aprendizagem.
52
utilizaram uma grelha específica para avaliarem os resultados e concluiram que são
alarmantes os resultados obtidos relativamente aos alunos mais jovens no que respeita à
falta de competências para a pesquisa e análise de informação.
No relatório Next Generation User Skills Report - Working, Learning and Living
Online in 201341
(NGUS), é defendido que existem ferramentas, com as quais se
realizam atividades, capazes de desenvolver competências digitais. Este estudo, que
pretende definir também as competências digitais necessárias a um jovem, identifica
necessidades ao nível das literacias digitais, que incluem a segurança e a conduta social
adequada e da independência digital que inclui a gestão de ambientes tecnológicos. Para
além destes dois grupos, existem ainda outras três áreas de capacidades
complementares, que importa, segundo estes autores, ter em conta na formação em TIC
de um jovem: a capacidade de investigar recursos, a capacidade de colaborar e a
capacidade de criar recursos multimédia.
Os standards da National Educational Technology42, publicados pela Sociedade
Internacional para a Tecnologia na Educação, uma organização sem fins lucrativos que
tem por objetivo desenvolver o ensino e a aprendizagem pela promoção do uso efetivo
das tecnologias na educação, desenvolveu standards para alunos (2007 - National
Educational Technology Standards for Students – NETS) para a descrição das
competências digitais que estes devem atingir para serem aprendentes com sucesso
plenamente integrados na sociedade atual. Esses standards envolvem seis áreas
principais:
41 Disponível online em: http://www.digital2020.org.uk/skills/nextgen, (consultado em novembro de 2010).
42 Disponível online em: http://www.iste.org/AM/Template.cfm?Section=NETS (consultado em abril de 2009).
53
1. Criatividade e inovação – Os alunos devem ser capazes de utilizar um
pensamento criativo, conseguindo, assim, desenvolver processos e produtos
inovadores, usando a tecnologia.
2. Comunicação e colaboração – Os alunos devem usar os media digitais e
ambientes computacionais para comunicarem e trabalharem colaborativamente,
nomeadamente à distância, para desenvolverem as suas aprendizagens e
contribuírem para as dos outros.
3. Fluência na pesquisa de informação – Os alunos devem utilizar ferramentas
digitas para obterem, avaliarem e utilizarem informação.
4. Pensamento crítico, resolução de problemas e tomada de decisão – Os alunos
devem usar o pensamento crítico para planear e conduzir pesquisas, gerir
projetos, resolver problemas e tomar decisões com base em informações obtidas
com a utilização de ferramentas digitais adequadas.
5. Cidadania digital – Os alunos devem compreender as questões culturais e
sociais relacionadas com a tecnologia e ter um comportamento legal e ético na
sua utilização.
6. Conceitos e operações com a tecnologia – Os alunos devem demonstrar um
profundo conhecimento dos conceitos relacionados com as tecnologias, os
sistemas e as operações.
Num estudo publicado pela BECTA, em 2008, sobre as tecnologias consideradas
emergentes, num artigo designado “Growing up with Google – what it means to
education”, a autora (Oblinger, 2008) faz referência à importância das ferramentas
tecnológicas que possibilitam o trabalho conjunto, a colaboração e a partilha de saberes:
“Collaboration and co-creation enable «collective intelligence» or distributed cognition.
54
For example, «we are smarter than me» is a book Project where the material was
developed using a wiki. Collective intelligence recognizes that nobody knows
everything but that everyone knows something43” (Oblinger, 2008, p.15).
Os computadores e a Internet permitem o acesso a fontes praticamente
inesgotáveis de informação e possibilitam o debate de ideias e a partilha de
conhecimentos. Porém, é preciso que a informação que circula nestes meios
tecnológicos e que é acedida pelos alunos seja por eles, selecionada, tratada e
transformada, contribuindo para a construção de conhecimento, definida por
Scardamalia (2003), como a produção e melhoria contínua de ideias de valor para uma
comunidade, através de meios que aumentam a probabilidade de que o que a
comunidade alcança seja maior do que a soma das contribuições individuais.
A Internet permite, pois, a criação de ambientes potenciadores de construção de
conhecimento, correspondendo a novas situações de aprendizagem. Como referem Linn
(1995) e Linn, Davis e Bell (2004), trata-se de envolver os alunos no processo
intencional de diagnosticar problemas, de planear investigações e de fazerem pesquisas
para desenharem conjeturas em busca de informações que devem debater com os
colegas, utilizando ambientes online. (2004). A ênfase é colocada na autonomia do
aluno e considera-se que estes ambientes de aprendizagem proporcionados pela Internet,
vão para além da escola.
Os espaços escolares na Internet, atualmente designados por plataformas de
gestão de aprendizagem, começam a generalizar-se. Os conteúdos diversificam-se e as
43 N.T.: A colaboração e cocriação permitem “inteligência coletiva” ou cognição partilhada. Por exemplo,
“nós somos mais espertos do que eu” é um projeto de livro onde o material foi desenvolvido utilizando
um wiki. A inteligência coletiva reconhece que ninguém sabe tudo mas que toda a gente sabe alguma
coisa.
55
possibilidades e os tempos de interação multiplicam-se nestes espaços. Em pleno século
XXI, a tecnologia predominante caracteriza-se pela facilidade de interação.
Encontramos cada vez mais os jovens na Internet, mas em espaços sociais como o
Facebook e outras redes sociais, nos mensageiros instantâneos ou em jogos online.
Nestes espaços, cuja localização física é praticamente irrelevante, partilham fotografias,
jogam, interagem e comunicam, não só com os amigos com quem partilham o dia na
escola, mas cada vez mais com desconhecidos. Cabe à escola e aos professores
reinventarem estes e outros espaços e transformarem-nos em espaços de aprendizagem.
Existem já experiências em diversas plataformas de arquitectura aberta que transportam
os alunos para modelos de aprendizagem “peer-to-peer” e que incluem a utilização de
blogs, wikis, salas de chat, entre outros (John et al., 2008; Carvalho, 2007), construindo,
assim, novos contextos informais de aprendizagem (Dias & Osório, 2011).
Novas competências são exigidas aos alunos, nomeadamente na área da escrita e
da comunicação, diferentes das de há alguns anos atrás. Quer alunos, quer professores
sentem a necessidade de serem tecnologicamente aptos, capazes de colaborarem a uma
escala global e de compreenderem os conteúdos disponíveis nas redes digitais. Questões
como as da integração das novas literacias no currículo e as da formação de professores
nesta área tornam-se tarefas difíceis pelo facto de estarem em permanente evolução. As
escolas continuam a utilizar materiais desenvolvidos para o ensino praticado há dezenas
de anos, como reafirmado na literatura (Cuban, 2001). Contrastivamente, os atuais
alunos são muito diferentes, nomeadamente na forma como pensam e trabalham, aspeto
crucial para a implementação do trabalho do professor, que deve ser programado numa
perspetiva de integração num sistema que exige capacidades para aprendizagem ao
longo da vida (UNESCO, 2011).
56
2.3.2. Os professores na Sociedade da Informação e do Conhecimento.
Os professores são peça chave na mudança que se sente ser necessária nas
escolas. Como referem Chagas, Sousa, Piteira, Mano e Tripa (2005): “Change is an
emotionally loaded process, since the actors, either individuals or groups of individuals
have to deal with the uncertainty that the innovation brings.44” A questão da mudança
tem sido largamente abordada na investigação em inovação na educação. Para Turkle
(1984), a tecnologia catalisa as mudanças não apenas no agir mas também no pensar. Se
nos detivermos nos standards da National Educational Technology, acabados de referir
na secção anterior, verificamos que estes exigem obviamente uma forte reflexão em
torno do papel da escola e da forma com as TIC devem ser incorporadas no quotidiano
dos alunos e dos professores. Sem essa reflexão, dificilmente se implementarão
diretrizes capazes de levar à concretização de quaisquer standards na área das TIC. Em
Junho de 2008, a ISTE identificou standards, agora para professores, que se apresentam
de seguida:
1. Facilitar a aprendizagem e inspirar e a criatividade dos alunos
Este primeiro standard remete para o facto de os professores deverem usar o seu
conhecimento de base (conteúdos científicos), associado à tecnologia, nas situações de
ensino e aprendizagem, para proporcionarem experiências que promovam a
aprendizagem do aluno e a sua criatividade, quer em ambientes presenciais de ensino,
quer a distância. Assim, os professores deverão: (i) promover o desenvolvimento do
pensamento criativo e inovador; (ii) envolver os alunos na exploração de questões do
mundo real e na resolução de problemas autênticos, usando ferramentas e recursos
digitais, (iii) promover a reflexão dos alunos através do uso de ferramentas tecnológicas 44 N.T.: A mudança é um processo com enorme carga emocional, já que os atores ou indivíduos ou
grupos de indivíduos têm de lidar com a incerteza que a inovação traz.
57
de colaboração, com vista ao desenvolvimento da conceptualização e ao planeamento de
processos criativos e (iv) promover a construção colaborativa do conhecimento,
envolvendo-se nas situações de aprendizagem com os alunos, colegas e outros, em
ambientes presenciais ou a distância.
2. Desenhar e desenvolver experiências de aprendizagem e avaliação num contexto de
utilização de ferramentas digitais
Este segundo standard da National Educational Technology indica que os professores
devem desenhar, desenvolver e avaliar experiências autênticas de aprendizagem, avaliar
a incorporação de ferramentas tecnológicas atualizadas e de recursos digitais (e outros)
para maximizar conteúdos de aprendizagem em contexto e para desenvolver os
conhecimentos, as capacidades e as atitudes identificados nos standards da NET para
alunos. Assim, os professores: (a) devem projectar ou adaptar experiências relevantes de
aprendizagem que incorporem ferramentas tecnológicas e recursos digitais para a
promoção da aprendizagem e da criatividade dos alunos; (b) devem promover a
utilização de ambientes ricos em tecnologia que permitam a todos os alunos
prosseguirem as suas curiosidades individuais, tornando-se participantes ativos na
definição e gestão das suas próprias metas de aprendizagem; (c) devem personalizar as
atividades de aprendizagem no que respeita ao uso de ferramentas e de recursos digitais,
tendo em conta alunos com diversos estilos de aprendizagem, estratégias de trabalho e
competências; (d) devem proporcionar múltiplas e variadas situações de avaliação, quer
formativa, quer somativa, alinhada com os padrões dos conteúdos e da tecnologia em
uso, e utilizar os resultados dessa avaliação para reformulação das estratégias de ensino
e aprendizagem.
3. Trabalhar com pleno acesso e domínio das ferramentas de comunicação e
colaboração
58
O terceiro standard coloca em evidência a necessidade de os professores terem
conhecimentos, capacidades e domínio em processos de trabalho representativos de um
profissional inovador numa sociedade global e digital. Assim, os professores devem: (a)
demonstrar fluência em sistemas tecnológicos e fazer a transferência do conhecimento
atual para contextos com novas e emergentes tecnologias; (b) colaborar com os alunos,
colegas, pais e outros membros da comunidade educativa, utilizando ferramentas e
recursos digitais que promovam o sucesso e a inovação dos alunos; (c) comunicar
informações relevantes aos alunos, pais e colegas, usando uma larga variedade de
ferramentas digitais; (d) adaptar e facilitar o uso efetivo das atuais e emergentes
ferramentas digitais.
4. Promover atitudes responsáveis de cidadania digital
O quarto standard põe em evidência a necessidade de os professores entenderem
questões sociais locais e globais, assumindo responsabilidades numa cultura digital em
evolução e apresentando um comportamento legal e ético nas suas práticas
profissionais, diante dos alunos e da restante comunidade educativa. Assim, os
professores devem: (a) promover e ensinar o uso seguro, legal e ético da tecnologia e da
informação, incluindo o respeito pelos direitos de autor, propriedade intelectual e
referenciação adequada de fontes; (b) atender às diversas necessidades de todos os
alunos, utilizando estratégias centradas no aluno e proporcionando o acesso equitativo
aos recursos e ferramentas digitais; (c) promover o uso de uma etiqueta adequada e
responsável nas interacões sociais tidas no mundo digital; (d) desenvolver uma
compreensão cultural e uma consciência global através do estabelecimento de trabalho
conjunto, quer com colegas, quer com alunos de outras culturas, usando ferramentas
digitais de comunicação e de colaboração.
5. Promover o seu próprio desenvolvimento profissional
59
Por fim, o quinto standard apresenta a necessidade de os próprios professores se
envolverem e se responsabilizarem pela melhoria das suas práticas profissionais, sendo
que, para tal, têm de adotar uma postura de aprendizagem ao longo da vida. Assim, os
professores devem: (a) participar em comunidades de aprendizagem locais e globais
para explorarem as aplicações criativas de tecnologia com vista à melhoria das
aprendizagens dos alunos; (b) exibir qualidades de liderança, demonstrando uma visão
ampla do potencial das tecnologias e participando na tomada de decisão partilhada e na
construção de comunidades de desenvolvimento das capacidades tecnológicas dos
outros; (c) avaliar e refletir sobre a investigação com reflexo na prática profissional,
com vista ao uso efetivo das atuais e emergentes ferramentas digitais e recursos de
apoio à aprendizagem do aluno; (d) contribuir para a eficácia, vitalidade e auto-
renovação da profissão docente nas suas escolas e comunidades.
Estes são standards exigentes para os professores, que, se trazidos para a
realidade nacional, requerem uma vasta preparação em termos de formação de
professores na área das TIC. Trabalho desta natureza foi iniciado em Portugal em
2008/2009, de acordo com o estipulado no Plano Tecnológico da Educação e teve como
peça chave o estudo designado por “Competências TIC Estudo de Implementação, Vol.
1”,45 que se assume como:
[…] o maior desafio do Plano Tecnológico da Educação e pedra angular da
estratégia de capacitação dos professores para a inovação das suas práticas
pedagógicas com o recurso às tecnologias da informação e da comunicação. Este
projecto contempla, por um lado, a criação de um sistema de formação e
certificação de competências TIC para professores e não docentes, e, por outro
45 Competências TIC Estudo de Implementação, Vol. 1, Gabinete de Estatística e Planeamento
da Educação (GEPE, 2009), F. Costa (Coordenador).
60
lado, o esforço de reconhecimento, no quadro daquele sistema, das competências
TIC de pelo menos 90% dos professores até 2010. (PTE, p. vii)
O relatório46 produzido em 2011 pelo Observatório do PTE, liderado pelo
Professor Roberto Carneiro, teve por missão acompanhar e monitorizar a execução dos
projetos do PTE, avaliar impactos ao nível organizacional e comportamental do PTE,
identificar fatores críticos de sucesso na integração das TIC nos processos de ensino e
de aprendizagem, inventariar eventuais fatores inibidores no que respeita à integração
das TIC nos processos de ensino e de aprendizagem e recolher exemplos de boas
práticas nacionais e internacionais respeitantes à modernização tecnológica do ensino e
sua disseminação na comunidade educativa. Conclui, entre outros aspetos, que na
maioria dos casos estudados se verifica a ausência de uma estratégia TIC transversal a
toda a escola e que as experiências de utilização das TIC na sala de aula resultam,
geralmente, da iniciativa de um grupo de docentes especialmente motivados para o
assunto. Relativamente às questões de formação dos professores e do desenvolvimento
das suas competências em TIC, este relatório recomenda, nas suas conclusões, o
seguinte:
Recomenda-se que a formação de docentes seja segmentada em função das
competências já detidas pelos diversos públicos-alvo, sendo dada preferência à
formação que (i) esteja alinhada com o plano estratégico TIC de cada escola e
(ii) seja ministrada em contexto de trabalho (sala de aula do formando).
Recomenda-se a criação de incentivos ao uso de recursos educativos digitais em
sala de aula por meio de mecanismos descentralizados que permitam às escolas
46 Relatório de resultados e recomendações do Observatório do Plano Tecnológico da Educação.
61
(i) aceder a programas informáticos, (ii) partilhar conteúdos gerados pelos
docentes, (iii) criar comunidades de prática de grupos científicos de professores,
(iv) aceder a um fundo de conhecimento sedimentado sobre a utilização de TIC
e recursos educativos digitais. (P. 21)
Assim, no final de um plano de âmbito nacional com custos elevados, as conclusões
deste estudo mostram que não se avançou muito na formação dos professores em TIC.
Ainda a este respeito, a Iniciativa i201047, lançada em 2005, constituindo a
estratégia da União Europeia que reúne as várias iniciativas europeias para incrementar
os benefícios das TIC na sociedade e na economia, tem como objetivo essencial a
disseminação da utilização das TIC e constitui um pilar fundamental da Estratégia de
Lisboa, para uma economia competitiva, que prevê a promoção do crescimento e do
emprego para todos. Estudos científicos do Alto Grupo i2010, que avaliaram o impacto
das TIC na economia, fornecem sólida evidência ao enunciado de que as competências
digitais são cruciais, não apenas para o sector das TIC, mas para a economia no seu
todo. Mais ainda, é defendido que dotar a força de trabalho de competências digitais é
uma condição prévia para rentabilizar devidamente as potencialidades da tecnologia.
Há, pois, evidência suficiente nos estudos atrás referidos para a importância
social da escola enquanto espaço promotor da literacia digital e para a identificação do
papel do professor na promoção das aprendizagens relacionadas com as literacias
digitais. Mas se, de forma alargada, diferentes países têm investido nas TIC na
educação, os resultados encontram-se, muitas vezes, aquém das expectativas criadas.
Assim, é crucial desenvolver estudos que levem a melhores utilizações das TIC por
47 http://www.ecdl.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=160&Itemid=45
(consultado em março de 2009)
62
professores e alunos, capazes de promover competências digitais tão importantes na
sociedade atual, cada vez mais imbuída de tecnologia.
Preparar alunos para a sociedade da Informação e do Conhecimento obriga a que
se coloque a seguinte questão, tão pertinente em 1999 como agora: “What kind of
education will best prepare students for life in a knowledge society? Typical answers to
this question list characteristics that such education should foster: flexibility, creativity,
problem-solving ability, technological literacy, information-finding skills, and above all
a lifelong readiness to learn. Within the service framework just described, the job of the
schools is to turn these into educational objectives and thence into learning activities,
assessment criteria, (…).48
”(Scardamalia & Bereiter, 1999, P. 275)
A construção de atividades de aprendizagem que sirvam os objetivos enunciados
implica que o professor detenha competências digitais de elevado nível. Mas o
referencial da UNESCO (2011) salienta que não é apenas suficiente os professores
terem competências em TIC e serem capazes de promovê-las nos seus alunos. Os
professores precisam ser capazes de ajudar os alunos a tornarem-se colaborativos, a
resolverem problemas, a serem criativos, através da utilização das TIC para que possam
tornar-se cidadãos bem integrados nas exigências da sociedade contemporânea.
O estudo UNESCO (2011), supracitado afirma que devem ser consideradas três
etapas de evolução no desenvolvimento profissional em TIC dos professores: a primeira
etapa é a da Alfabetização Tecnológica, permitindo utilizar as TIC para que os alunos
48 N.T.: Qual tipo de educação preparará melhor os alunos para uma sociedade do conhecimento?
Respostas típicas a esta questão enumeram características que essa educação deve promover:
flexibilidade, criatividade, capacidade de resolução de problemas, literacia tecnológica, capacidade de
pesquisa de informação, e acima de tudo uma prontidão para aprender ao longo da vida. Neste âmbito, o
trabalho das escolas é transformar todas essas características em objetivos educacionais e daí partir para
atividades de aprendizagem, critérios de avaliação, […]
63
aprendam de forma mais eficiente; a segunda etapa é a do Conhecimento em
Profundidade, que permite conduzir os alunos a um domínio aprofundado de temas
escolares e à resolução de problemas complexos do mundo real; a terceira é a Criação
do Conhecimento, levando os alunos a criar os seus próprios conhecimentos necessários
a que se tornem cidadãos e trabalhadores bem preparados e integrados em sociedades
prósperas.
A IEEE49, uma organização sem fins lucrativos, refere que há uma necessidade
urgente de dotar os professores de um conhecimento conceptualizado das TIC, ou seja,
não basta apenas conhecerem e dominarem o uso de ferramentas; as ferramentas
evoluem constantemente, bem como os ambientes computacionais do ponto de vista da
sua manipulação técnica; o que importa para os professores é desenvolverem as suas
capacidades analíticas de seleção, adaptação e integração de atividades de aprendizagem
que recorram às TIC para potenciação dos ambientes em que essas aprendizagens
ocorrem. E são vários os autores que apontam para esta dependência: “The benefit to
students of using new technologies is greatly dependent, at least for the moment, on the
technological skill of the teacher and the teacher’s attitude to the presence of the
technology in teaching. The skill and this attitude in turn are largely dependent on the
training staff have received in this area50” (p.18). Avançamos, assim, no próximo
49 IEEE: A non-profit organization, IEEE is the world’s largest professional association
dedicated to advancing technological innovation and excellence for the benefit of humanity.
IEEE and its members inspire a global community through IEEE's highly cited publications,
conferences, technology standards, and professional and educational activities.
http://www.ieee.org/index.html 50 N.T.: O benefício para o aluno do uso das novas tecnologias, pelo menos por enquanto, está muito
dependente da competência tecnológica do professor e da sua posição face às mesmas no ensino. Por sua
vez, a competência e atitude dependem, em grande parte, da formação que receberam nesta área.
64
capítulo, para um estudo mais detalhado das práticas pedagógicas dos professores,
associadas ao uso das TIC.
2.4. As TIC e as práticas pedagógicas dos professores
A literatura tem vindo a apontar para um impacto ainda insatisfatório da
formação nas práticas docentes, no que visa a integração das TIC em sala de aula. A
investigação em Educação, na área das TIC e na perspetiva da formação de professores,
apresenta resultados que apontam para duas linhas centrais de formação: a da
alfabetização informática e a da integração curricular (Brito, Duarte e Baía, 2004,
Prensky, 2007). Em 2002, um estudo de Paiva de larga escala mostrou que a atitude dos
professores face ao uso das TIC era mais positiva do que negativa. Os professores
interrogados acreditavam que as suas práticas poderiam ser enriquecidas com as TIC,
quer na preparação de aulas, quer no trabalho prático com os alunos. Um estudo de
Fernandes (2006) junto de cinco escolas e que envolveu 554 professores, sobre se
haveria uma relação entre as atitudes que os professores do ensino secundário revelam
face às TIC e o uso que fazem das mesmas na sua atividade profissional, conclui que:
A pressão instituída para que os professores utilizem tecnologias na sua
actividade profissional não soluciona as dificuldades inerentes a esta mudança
desejável para a promoção da inovação e da qualidade da educação. Os próprios
docentes […] verbalizam a sua crença nas vantagens da utilização das TIC para
motivar os alunos, influenciar a sua aprendizagem dos conteúdos curriculares e
para facilitar tarefas relacionadas com a actividade docente. (p. 142)
Mas, esta investigadora adiante que, a utilização em contexto de aula, com os alunos,
está sujeita a grandes oscilações, dependendo de fatores circunstanciais, nomeadamente,
65
já referidos em trabalhos de outros investigadores como Moreira et al. (2005), como
sejam as condições relacionadas com o próprio sistema educativo, que promove um
plano curricular prevendo o uso das TIC sem assegurar a preparação das condições
materiais e humanas necessárias ou as relacionadas com a instituição escolar que
frequentemente não possui recursos suficientes para a população que a frequenta ou
que, quando os possui não assegura ou não tem como assegurar a sua manutenção e a
organização logística. Referem ainda estes autores que os professores têm muitas vezes
um comportamento condicionado pela formação que possuem nesta área e pelas suas
atitudes que, apesar de positivas, não têm consequências imediatas no seu
comportamento e traduzem-se, frequentemente, numa inércia em relação à possibilidade
de inovar ou mudar as suas práticas.
Um relatório designado por “Actualização do estudo de avaliação intercalar da
intervenção operacional da educação do quadro comunitário de apoio 2000-2006”51,
realizado pelo Centro Interdisciplinar de Estudos Económicos (CIEE) a pedido do então
PRODEP III, descreve a aplicação de uma metodologia de estudo de caso (estudaram-se
seis casos) e com recolha de dados por aplicação de questionários a amostras
significativas de docentes envolvidos na formação; o relatório refere que: “No que
respeita ao Eixo 3 – Sociedade de Aprendizagem, verifica-se que a generalidade das
Acções deverão originar efeitos de intensidade forte mas nem sempre os mais
desejáveis, como acontece no caso da Acção 5.1: a formação de docentes e outros
agentes tem sido mais orientada para a execução e para a progressão na carreira e menos
para a melhoria dos processos educativos” (p. 7). É afirmado neste estudo que, ainda
que os professores inquiridos apresentem sinais visíveis no sentido de empreenderem
51
Relatório disponível online em: www.igfse.pt/upload/docs/gabdoc/2006/02-
Fev/Act_AVPRODEP.pdf (consultado em maio de 2009).
66
um esforço concertado para a utilização das TIC nos processos de aprendizagem, os
níveis de frequência de utilização do equipamento informático são variáveis, e em
muitos casos incipientes. Este facto é explicado, em primeiro lugar, por existir ainda
uma franja marginal de docentes (especialmente docentes que possuem mais anos na
carreira docente) que demonstram algumas reservas face à eficácia da utilização destes
equipamentos em sala de aula. Em segundo lugar, evoca-se a existência de algumas
escolas, especialmente do 1.º CEB, que ainda não se encontram totalmente equipadas.
Desta forma, existem evidências que sustentam a necessidade de prossecução de
operações de sensibilização dos docentes tendo em vista a utilização das TIC nas suas
práticas pedagógicas e, sobretudo, a necessidade da criação de indicadores (e dos
respetivos mecanismos de alimentação) que permitam avaliar, não só os resultados
produzidos pela aplicação das TIC no ensino, mas também os contextos mais favoráveis
à aplicação dessas tecnologias.
Margaret Cox tem vindo a desenvolver trabalho sobre as atitudes dos
professores face ao uso das TIC e coordenou, em 2004, um extenso trabalho, no Reino
Unido, sobre a investigação feita na temática das TIC e da Pedagogia. Como refere a
autora:
Studies show that the most effective uses of ICT are those in which the teacher
and the software can challenge pupils’ understanding and thinking, either
through whole-class discussions using an interactive whiteboard or through
individual or paired work on a computer. If the teacher has the skills to organize
and stimulate the ICT-based activity, then both whole-class and individual work
can be equally effective52 (Cox et al., 2004, p.3). 52 N.T.: Estudos mostram que o uso mais eficaz das TIC, é aquele em que o professor e o software
conseguem desafiar a compreensão e pensamento dos alunos, quer através de debates com toda a turma
usando um quadro interativo, quer através de trabalho individual ou de pares num computador. Se o
67
Cox parte desta base de trabalho para efetuar uma análise detalhada à
investigação que tem sido desenvolvida no Reino Unido sobre utilização das TIC em
contextos educativos. Os resultados apontam para o seguinte: quando um professor usa
o seu conhecimento, quer sobre a sua área científica, quer sobre o que sabe sobre os
conhecimentos dos alunos, o seu uso das TIC influência de forma mais evidente a
progressão dos seus alunos (Cox et al, 2004).
Conseguir evidências de boas práticas com as TIC em sala de aula implica
examinar os valores, as crenças e todo o pensamento que conduz aos elementos
observáveis na prática letiva dos professores, mas também os conhecimentos que têm
dos conteúdos, os conhecimentos gerais que têm de métodos de ensino e de gestão da
turma e os conhecimentos de gestão curricular, como, por exemplo, a planificação de
unidades didácticas e a utilização de recursos adequados, entre outros. Significa isto que
a utilização das TIC pelos professores implica que estes dominem, antes de mais, os
conteúdos científicos da sua área e que compreendam que o conhecimento científico
pode ser afetado pela utilização das TIC com os alunos.
Os vários estudos de caso levados a cabo no estudo coordenado por Cox et al.,
(2004), tinham por objetivo obter evidência sobre casos efetivos de uso das TIC, em
situações de ensino e aprendizagem. Nas conclusões aponta-se para a existência de
extensa evidência da importância das TIC na melhoria das aprendizagens dos alunos,
sendo que os benefícios estão dependentes da forma como o professor seleciona e
organiza os recursos TIC, ou seja das estratégias e práticas pedagógicas que usa.
Ertmer (2005) tenta encontrar uma relação entre as crenças pedagógicas e as
atitudes dos professores face ao uso das tecnologias. Conclui que a investigação tem de professor tiver as competências para organizar e motivar uma atividade com base nas TIC, tanto o
trabalho da turma como o trabalho individual pode ser eficaz.
68
dar resposta a um conhecimento mais aprofundado dos aspetos que promovem a
mudança nas práticas pedagógicas dos professores: “This [research], then, may enable
us to facilitate a better alignment between research, practice, and beliefs and to provide
more effective ways of supporting and documenting teacher change. Ultimately, the
goal is to facilitate uses of technology that lead to increased student learning53” (p. 28).
Dando continuidade a este trabalho, em 2012, esta autora, num grupo de investigação,
leva a cabo estudos de caso múltiplos com o objetivo de compreenderem qual a relação
entre as crenças pedagógicas dos professores e a utilização das TIC que fazem na sala
de aula e qual o peso das barreiras de primeira ordem (ou externas, como por exemplo,
acesso, formação e apoio) no afastamento entre as crenças dos professores e as suas
práticas (Ertmer, Ottenbreit-Leftwich, Sadik, E. Sendurur & P. Senduru, 2012). Das
conclusões sublinhe-se que estes autores consideram que, ainda que muitas das barreiras
de primeira ordem tenham sido minimizadas nos últimos anos em muitas escolas dos
Estados Unidos, onde este estudo foi conduzido, haverá ainda um longo percursoa fazer
até que venham a ser completamente eliminadas. Surgem, no entanto, ainda, muitos
professores relutantes à mudança, por se considerarem intimidados pela tecnologia.
Assim, estes autores sugerem que deve ser utilizada na formação a mesma tecnologia
que sirva depois aos professores para o seu trabalho em sala de aula. Consideram
também ser da maior relevância um trabalho de reflexão na formação, de forma a que os
professores compreendam a importância da associação entre atividades de sala de aula
centradas nos alunos e tecnologia, para a criação de ambientes poderosos de
aprendizagem. A importância das mudanças de segunda ordem tem vindo a ser debatida
53 N.T.: Assim, esta [pesquisa] pode facilitar-nos um melhor alinhamento entre pesquisa, prática e
crenças e fornecer maneiras mais eficazes de apoiar e documentar a mudança na prática pedagógica do
professor. Em última análise, o objetivo é o de facilitar a utilização da tecnologia que leva ao aumento da
aprendizagem do aluno.
69
há mais tempo por autores de referência nesta área, como Fullan (2001, 2011). Para este
autor, a mudança no sentido da inovação é um processo progressivo que compreende
diferentes fases: iniciação, implementação e institucionalização. Na iniciação há o
contacto com a inovação e nessa altura é tomada uma atitude favorável ou não, que
conduzira à tomada de decisão no sentido da adoção ou da rejeição da inovação. Na
segunda fase terá de ser feita a implementação da inovação para que depois a mesma se
possa institucionalizar de modo a que a inovação passe a fazer parte da prática regular.
Um estudo de 2006 do PISA/OECD (PISA, 2006), que investiga a preparação
dos alunos para a utilização das tecnologias, refere que são necessários mais estudos na
rede de países que integra o PISA que tenham como objetivo “[…] to explore the extent
to which for individual students, certain kinds of computer usage raise performance, and
which kinds are most effective. At the same time, in countries where basic computer
access is approaching universal, policy needs to turn its attention from providing the
technology to ensuring that its usage is effective. This means ensuring that teachers are
appropriately trained and that ICT usage is well integrated in the timetable and
curriculum54.” (p. 69)
Tendo em conta as conclusões, quer de Ertmer (2005), que se baseia num
extenso levantamento junto de um grupo alargado de professores, quer do estudo
PISA/OECD de 2006 (PISA, 2006), parece ser da maior importância compreender o
que é que motiva os professores para a utilização das TIC em ambiente educativo e de
54 N.T.: […] explorar em que medida, determinada utilização do computador, aumenta o desempenho dos
alunos individualmente e que tipos de utilização são mais eficazes. Ao mesmo tempo, em países onde o
acesso à informática é praticamente universal, a política precisa mudar a sua atenção, não só fornecendo
tecnologia mas também garantindo que a sua utilização seja eficaz. Isto significa, garantir que os
professores são devidamente formados e que o uso das TIC está perfeitamente integrado nos horários e no
currículo.
70
que forma a formação poderá ter um papel relevante na mudança das práticas
pedagógicas dos professores. Como indica Carvalho (2007), a mudança de método de
ensino não ocorre de um ano para o outro; o importante é que sejam introduzidas nas
práticas letivas estratégias que ajudem o aluno a aprender colaborativamente e que
facilitem a interação professor-alunos e alunos-alunos. Para Chagas (2002), os
professores têm dificuldade em aplicar os conhecimentos adquiridos sobre as TIC na
prática letiva devido às mudanças que implicam para essas mesmas práticas.
A criação de um ambiente de formação onde os professores colaborem e reflitam
sobre os trabalhos que podem desenvolver com as TIC parece poder promover um uso
mais intenso e adequado das TIC na sala de aula (CRIE, 2006; Costa & Viseu, 2008;
Daly, Pachler & Pelletier, 2009). Tomando as TIC na sala de aula na perspetiva da sua
utilização pelos alunos, pretende-se que tal venha a implicar o desenvolvimento de
atividades de caráter prático, numa perspetiva de integração curricular.
Atividades de caráter prático com as TIC são as que são planificadas e
implementadas na sala de aula com práticas pedagógicas adequadas. São, como refere
Yelland, 2006), as que colocam os alunos perante situações problema a serem resolvidas
recorrendo, entre outros, ao uso das TIC: “[…] we need to create contexts for authentic
learning that use new technologies in integrated and meaningful ways to enhance the
production of knowledge and the communication and dissemination of ideas.55” (p.122).
A expressão trabalho prático surge muitas vezes associada ao trabalho
experimental e laboratorial realizado em educação em ciência. Nas aulas de ciências, o
trabalho prático é uma estratégia de que o professor dispõe e que, segundo Hodson
55 N.T.: Precisamos criar contextos de aprendizagem autênticos, que utilizem as novas tecnologias de
forma integrada e significativa, para melhorar a produção do conhecimento e a comunicação e divulgação
de ideias.
71
(1988), inclui todas as atividades em que o aluno esteja ativamente envolvido. Para
Leite (2001), citando Woolnough, “trabalho prático”, “trabalho experimental” ou
“trabalho laboratorial” significa realizar experiências e exercícios práticos, com
equipamentos adequados, em laboratório. Assim, o trabalho prático, laboratorial e
experimental feito em educação em ciência é também frequente enquanto estratégia de
ensino e associa-se, normalmente, a problemas para cuja resolução se pretenda
contribuir. Este tipo de trabalho prático emerge de questionamentos relativos a
fenómenos específicos, tendo em vista a identificação e explicitação de problemas.
Integram-se atividades diversificadas, concebidas, planeadas e emergentes da
conjugação de esforços na procura de contributos válidos para os resolver:
Esta perspetiva pressupõe e exige, desde logo, clarificação dos problemas para
cuja resolução se pretende contribuir, sua clara identificação e adequada
explicitação. Requer, simultaneamente, previsão e planeamento de actividades,
cuja concretização se prevê necessária para o efeito, e de meios necessários à sua
implementação. Da articulação de umas (actividades) e de outros (meios)
resultarão, realizando-se percursos investigativos (que pressupõem identificação,
controlo e manipulação de variáveis), contributos para resolução de problemas.
(Pedrosa, 2000, p. 21).
À semelhança do trabalho experimental e prático realizado nas aulas de ciências,
apresenta-se aqui o conceito de trabalho prático com as TIC como aquele que permite
criar situações de new learning com as TIC (Yelland, 2006, p.122).
As tendências atuais dão às TIC um papel cada vez mais determinante nas
aprendizagens a fazer pelos alunos nas escolas. Como afirma Resnick (2012), as
literacias digitais centradas apenas no desenvolvimento de competências ao nível da
informação e da comunicação não são já suficientes para fazer face aos desafios da
72
sociedade contemporânea. A Comissão Europeia tem em marcha um programa de ação
(2011/201256) centrado na promoção das ferramentas computacionais que promovam a
criatividade nos processos de aprendizagem, definindo-as da seguinte forma:
“Computational tools fostering creativity in learning processes [are] innovative tools
encouraging nonlinear, non-standard thinking and problem-solving, as well as the
exploration and generation of new knowledge, ideas and concepts, or new associations
between existing ideas or concepts.57” Neste programa de trabalho da Comissão
Europeia, afirma-se que é fundamental o desenvolvimento de atividades exploratórias
que permitam novas formas de ensino e aprendizagem, utilizando as TIC. Neste sentido
apelam ao estabelecimento de uma rede europeia de escolas inovadoras onde este tipo
de atividades com as TIC sejam experimentados e posteriormente divulgados.
Os processos em Ciência envolvem várias formas de pensamento e são também
diversos os procedimentos experimentais que visam compreender e conhecer o mundo
que nos rodeia (Salomon, 2004). São exemplo disso a colocação de hipóteses, o
planeamento de experiências, o registo, a organização dos resultados, a interpretação, a
dedução e a extrapolação – “(…)no ensino da ciência também se deve implementar
actividades experimentais no desenvolvimento e exploração dos conteúdos científicos
em que há a possibilidade de explorar uma grande diversidade de actividades
experimentais.” (Afonso, 2004, p.3). Para Leite (2002), o trabalho prático no ensino da
ciência permite desenvolver, no aluno, diversas competências, nomeadamente as
56 CE, (2011) Technology-enhanced Learning in FP7, The Work Programme 2011-12,
disponível online em: http://cordis.europa.eu/fp7/ict/telearn-digicult/telearn-objectives_en.html
57 N.T.: Ferramentas computacionais que promovem a criatividade no processo de aprendizagem:
ferramentas inovadoras de incentivo não linear, de pensamento não padronizado e de resolução de
problemas, bem como a exploração e origem de novos conhecimentos, ideais e conceitos, ou novas
associações entre as ideias ou conceitos já existentes.
73
relacionadas com as capacidades de utilização de técnicas laboratoriais, mas também
outras de nível cognitivo mais elevado, como o desenvolvimento do conhecimento
conceptual e metodologia científica associada: exercícios para domínio de técnicas,
atividades para aquisição de sensibilidade acerca dos fenómenos, atividades ilustrativas,
atividades que implicam previsão, observação, explicação e reflexão sobre fenómenos
científicos e investigações com vista à construção de novos conhecimentos. Nesta
última, de caráter mais complexo, os alunos têm que “[...] encontrar uma estratégia para
resolver o problema, que a pôr em prática e ainda que a reformular, caso necessário”
(Leite, 2002, p.87).
Tal como é referido por Leite (2002), os diferentes tipos de atividades
laboratoriais têm associados a si diferentes potencialidades no que respeita à promoção
do desenvolvimento conceptual e metodológico dos alunos. Assume-se, nesta
investigação, que também diferentes tipos de atividades práticas com as TIC, a serem
promovidas pelos alunos em sala de aula, poderão promover diferentes aprendizagens
nos alunos. Se há uma metodologia própria de desenvolvimento do trabalho prático, de
cariz laboratorial nas aulas de ciências, também deverá haver uma metodologia própria
para desenvolvimento do trabalho prático com as TIC, em sala de aula. Como refere
Prensky (2010), introduzir tecnologia na sala de aula só resulta se as pedagogias
estiverem adequadas: “For technology to have a positive effect on student learning,
teachers must first move to a pedagogy that technology can and does support. […] This
pedagogy goes by many names, including student centered, case-based, inquiry-based,
challenge-based, and others58” (p.2). O autor refere ainda, neste texto, que, quando os
58 N.T.: Para que a tecnologia tenha um efeito positivo na aprendizagem dos alunos, os professores
devem primeiro mudar para uma pedagogia que possa e seja apoiada pela tecnologia. […] Esta pedagogia
tem muitos nomes, incluindo centrada no aluno, baseada em casos, baseada em investigação, baseada em
desafios e outros.
74
professores levam a tecnologia para a sala de aula e continuam a utilizar antigas
pedagogias, as TIC pouco ou nada promovem o trabalho dos alunos.
2.5. Modelos de formação de professores em TIC
A revisão da literatura termina com uma descrição e análise do que tem sido, em
Portugal, a fase mais recente de formação de professores na área das TIC. O interesse
desta temática, no âmbito da investigação que aqui se apresenta, decorre do facto de se
considerar determinante o tipo de formação que os professores efetuam para que ocorra
uma mudança nas suas práticas pedagógicas, com vista à utilização das TIC. Há a
necessidade de analisar os modelos de formação nesta área no sentido de refletir sobre a
sua eficácia. Tenha-se em conta o referido por Cox e tal. (2004):
The majority of teachers, including the most innovative, require more
knowledge of and confidence with ICT, and a better understanding of its
potential to help pupils’ learning. This suggests that further substantial support
for continuing professional development is necessary in order that teachers
integrate the use of ICT and improve pupils’ attainment.59 (Cox et al., 2004, p. 4)
A chegada de computadores às escolas trouxe consigo a necessidade de preparar
os professores para a sua utilização. Muitos têm sido os estudos desenvolvidos na área
da formação dos professores em TIC e no impacto que essa formação tem no seu
desempenho profissional (Ponte, 2001; Costa & Viseu, 2008, Santos, 2010, Pedro,
59 N.T.: A maioria dos professores, incluindo os mais inovadores, precisam de mais conhecimento e
confiança nas TIC e uma melhor compreensão do potencial das novas tecnologias na aprendizagem dos
alunos. Daí, a necessidade de um apoio mais substancial na formação profissional contínua, de modo a
que os professores integrem a utilização das TIC na sua prática pedagógica, melhorando o desempenho
dos alunos.
75
2011). A necessidade de manter ativa uma linha constante de formação nesta área
parece continuar a fazer sentido. Veja-se o estudo recente da OCDE (2011) intitulado
Building a High-Quality Teaching Profession - Lessons from around the world. Neste
estudo alargado sobre a profissão docente, o desenvolvimento das competências em TIC
surge em segundo lugar nas Áreas de maior necessidade para o desenvolvimento
profissional dos professores em que os professores, a nível internacional, reportam as
áreas de elevada necessidade de formação. Tenha-se em conta o que é dito na
introdução deste estudo:
Teachers and school leaders are being challenged to transform educational
outcomes, often under difficult conditions. They are being asked to equip
students with the competencies they need to become active citizens and workers
in the 21st century. They need to personalize learning experiences to ensure that
every student has a chance to succeed and to deal with increasing cultural
diversity in their classrooms and differences in learning styles. They also need to
keep up with innovations in curricula, pedagogy and the development of digital
resources60. (OECD, 2011, p.5)
Assim, continua a ser premente investir no desenvolvimento profissional dos
professores e encontrar soluções eficientes para o que muitos continuam a solicitar:
mais formação em TIC. Ainda que, como já foi referido, não seja clara a relação
positiva entre formação em TIC e utilização das TIC com os alunos, veja-se o estudo de 60 N.T.:Desafiam-se os professores e dirigentes escolares a transformar os resultados educacionais, muitas
vezes em condições difíceis. Pedem-lhes que desenvolvam nos alunos competências necessárias, para se
tornarem cidadãos ativos e trabalhadores do século 21. Necessitam personalizar experiências de
aprendizagem para garantir que a cada aluno seja dada a oportunidade de alcançar o sucesso e para lidar
com a crescente diversidade cultural na sala de aula e as diferenças nos estilos de aprendizagem.
Necessitam também de acompanhar as inovaçãoes nos currículos, pedagogia e desenvolvimento de
recursos digitais.
76
caso numa escola secundária portuguesa conduzido por Silva em 2005, centrado nos
fatores mobilizadores dos professores para a utilização dos computadores enquanto
recursos educativos. Este estudo mostrou que existe uma forte relação entre o grupo
disciplinar a que os professores pertencem e a utilização que fazem das TIC em
contexto educativo: destacam-se, pela forte utilização das TIC naquela escola, os
professores dos grupos científico-naturais, por oposição aos das humanidades. Este
estudo mostra também que a existência de equipamentos disponíveis é um fator
motivador para a utilização da tecnologia e que o clima de trabalho e a dinamização de
atividades de formação por iniciativa da escola são elementos que favorecem a
utilização das TIC pelos professores. Este estudo refere ainda que os professores da
escola estudada têm consciência de que as suas principais necessidades de formação são
na área da exploração pedagógica das TIC, mesmo os que se consideram alfabetizados
do ponto de vista informático. Este ponto parece ser determinante, ou seja, distinguir
entre a formação que é dada para habilitar os professores a serem utilizadores
autónomos da tecnologia e a formação que promove a utilização das TIC com os alunos,
ou seja, as práticas pedagógicas que incluem a utilização da tecnologia no ensino e na
aprendizagem.
A formação de professores em TIC em Portugal, que, entre, aproximadamente,
1990 e 2004, incidiu maioritariamente na alfabetização informática (cursos centrados na
utilização de aplicativos, como, por exemplo, processadores de texto e folhas de
cálculo)61, começou, em 2005 a ganhar outros contornos, como referem Costa e Viseu
(2008), a partir de um exemplo de formação de formadores e posterior formação de
61 Consulte-se, sobre este assunto, o relatório já anteriormente referido neste Projecto, sobre o
impacto da formação em TIC, em www.igfse.pt/upload/docs/gabdoc/2006/02-
Fev/Act_AVPRODEP.pdf, consultado em Maio de 2009.
77
professores que apresentam nesse seu estudo. O estudo avalia uma iniciativa do
Ministério da Educação na área das TIC que inclui a definição de um “Referencial de
Formação em TIC” para os anos de 2006 e de 2007 (CRIE, 2006) e que incluiu quatro
acões de formação para professores, precedidas da formação específica de formadores
que as irão posteriormente ministrar. As quatro ações tinham sempre um tempo de
formação presencial, um outro a distância e um regresso ao trabalho presencial, em
regime de Oficina de Formação de 50 horas (25 horas presenciais e 25 horas de trabalho
a distância, numa plataforma de aprendizagem). Os seus temas específicos (CRIE,
2006) eram:
- Coordenação, animação e dinamização de Projectos TIC nas Escola,.
- A Utilização das TIC nos Processos de Ensino Aprendizagem
- As TIC em Contextos Inter e Transdisciplinares e
- Fatores de Liderança na Integração das TIC nas Escolas
No contexto da Formação Contínua de Professores, o relatório anual do PRODEP III62,
salienta que:
[…] a formação nas áreas das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)
para docentes dos Ensinos Básico e Secundário, (…) [aprovou] 259 pedidos de
financiamento que abrangeram 1.533 turmas e 15.169 formandos, a que
correspondeu um financiamento de cerca de 3,4 milhões de Euros. Este concurso
resultou de uma parceria com a CRIE - Computadores, Redes e Internet nas
Escolas, organismo que definiu um “Quadro de Referência” para as Áreas de
Intervenção. (p. 72) 62 Consultável em: http://www.escola.gov.pt/docs/prodep3_%20relatório_2006.pdf (maio de
2009).
78
Costa e Viseu (2008) referem três pilares em que deve assentar a formação: a
visão, a prática e as atitudes; apresentam um modelo de formação designado por F@R,
segundo o qual a formação deve ser o ponto de partida para o trabalho dos professores
com os seus alunos; daí deverão decorrer reflexões do próprio professor envolvido, que
o conduzirão a novas necessidades e oportunidades de formação. Na situação concreta
de aplicação deste modelo numa ação, inicialmente de formação de formadores e depois
com professores, os autores concluíram da importância de
[…] ajudar os professores a construírem uma visão do potencial das tecnologias
na aprendizagem (porquê?, para quê?, e como usar as tecnologias?) e, por via da
criação de oportunidades de uso concreto e devidamente apoiado, contribuir de
forma efetiva para a mudança de atitude dos professores face às tecnologias e no
consequente reforço da auto-estima e confiança na sua utilização em contexto de
ensino e aprendizagem (p.257).
Em 2008, assistiu-se a uma paragem no financiamento à formação de
professores na área das TIC mas o Plano Tecnológico da Educação anunciou então o
Programa Competências TIC63, concebido para integrar os sistemas de formação
contínua dos professores e do pessoal não docente. Previa certificar as competências
TIC de pelo menos 90% dos professores até 2010. O estudo prévio ao Programa
Competências TIC resultou do trabalho colaborativo de um conjunto de investigadores
da Universidade de Lisboa, da Universidade de Évora e da Universidade do Minho. Este
estudo previa três níveis de formação e de certificação:
63 http://www.min-edu.pt/np3/3093.html (Consultado em março de 2009)
79
- o primeiro nível, destinado à aquisição e à certificação de competências digitais e
visava a utilização instrumental das TIC e o domínio de ferramentas de escrita, de
cálculo e de comunicação em formato digital;
- o segundo nível, no caso dos docentes, abrangendo a formação e a certificação de
competências pedagógicas com TIC, tinha em vista a integração destas tecnologias nos
processos de ensino e de aprendizagem.
- o terceiro nível, tinha por objetivo a aquisição e a certificação de competências
pedagógicas avançadas, nas situações em que os professores criavam soluções de
utilização da tecnologia e de conteúdos de forma inovadora.
Do ponto de vista das medidas políticas que na altura aconteceram, na sequência
deste estudo, realizaram-se apenas cursos de 15 horas na temática da utilização de
quadros brancos interativos multimédia que cobriram cerca de 30% dos professores do
país. Com o encerramento do Plano Tecnológico e as alterações no cenário político do
país, a formação financiada foi interrompida, nomeadamente a prevista no âmbito da
legislação produzida na altura64.
Para finalizar e retomando o Modelo F@R para a formação de professores em
TIC, desenhado e experimentado por Costa e Viseu (2008), num primeiro momento, é
necessário conseguir uma atitude favorável dos professores face às TIC e, numa
segunda fase, há que conseguir que a utilização das TIC pelos professores seja feita de
uma forma adequada e em estreita relação com as suas práticas educativas. Segundo os
autores, o modelo F@R tem o potencial para conseguir levar os professores a refletir
sobre as TIC (Porquê? Para quê? Como usar?), contribuir para a mudança de atitude dos
professores face às TIC e, ao permitir a criação de oportunidades de uso concreto das
64 Portaria n.º 731/2009, Diário da República, 1.ª série — N.º 129 — 7 de Julho de 2009
80
TIC, reforçar a auto-estima e a confiança na sua utilização em contexto de ensino e
aprendizagem. Foi esta a base de trabalho das oficinas que se desenvolveram na
presente investigação e que, com base nos resultados alcançados, se produziram os
contributos para a investigação nesta área, que se apresentam nas conclusões desta tese.
81
PARTE II: A investigação - trabalhando com os professores
para que as TIC estejam presentes na escola e na sala de aula
A Parte II desta investigação dá conta do processo de implementação do estudo
aqui apresentado, desde o seu desenho ao desenvolvimento das várias fases de
investigação e procedimentos a elas associados. Fundamentam-se as opções tomadas
nas várias fases do trabalho e abordam-se aspetos relacionados com a ética e validade
do estudo. Está subdividida em 4 capítulos: o primeiro com a metodologia; os restantes
três contêm a apresentação e discussão das três fases de investigação desenvolvidas.
82
83
3. Metodologia
Neste capítulo são explicitadas as opções metodológicas tomadas ao longo da
investigação, com especial ênfase no papel da metodologia de investigação-ação e de
design-based research (DBR) adoptadas neste estudo. Abordam-se ainda as questões
relacionadas com a ética e a validade dos resultados de investigação e faz-se uma
descrição detalhada do desenho do estudo.
3.1. Justificação das Opções Metodológicas
Investigar e refletir sobre o funcionamento da escola significa refletir sobre um
mundo em construção, com conflitos comunicacionais que vivem de dinâmicas difíceis
de descrever e de antecipar. Entendida a investigação em TIC na educação num
contexto mais vasto, o da Investigação em Educação, deve ter-se em conta a
complexidade de qualquer estudo neste domínio, nomeadamente porque o objeto da
investigação em Educação se caracteriza por ser multidimensional, não bastando, por
isso, desdobrar o complexo em elementos mais simples. (Berger, 1992; Charlot, 2005,
2006, 2007).
Justificado o estudo no capítulo da revisão da literatura, interessa agora
identificar operadores que permitam responder ao problema de investigação e às
questões que enquadram esta investigação. Contribuir para o conhecimento dos
processos de integração curricular das TIC numa perspetiva de realização de trabalhos
práticos com os alunos em que estes usam as TIC de forma significativa em ambientes
de ensino e aprendizagem levou a investigação para o terreno. Imaginou-se um cenário
que permitisse uma abordagem real ao problema e que, simultaneamente, propiciasse a
84
reflexão. Desde o início se assumiu que o professor e as suas práticas pedagógicas são
um elemento chave e determinante, para acontecerem atividades práticas relevantes com
as TIC na sala de aula,.
O terreno escolhido que pareceu ser o mais integrador das valências acabadas de
referir foi o da formação. O ambiente de formação é, por princípio, um ambiente de
debate, de experimentação, de descoberta, de estudo, de aplicação e de reflexão.
Procurar uma metodologia de investigação que desse corpo a estas ideias iniciais foi um
caminho trilhado e debatido e que obrigou, por vezes, a que acontecessem avanços mas
também inflexões. Desde cedo se pensou que seria necessária uma metodologia de
investigação orientada para a prática educativa e numa perspetiva de intervenção. Isto
porque desenhar um ambiente de formação e colocar os professores a debaterem e a
organizarem trabalho com as TIC, que depois experimentariam na sala de aula, implica
intervir no ambiente de trabalho desses professores.
Não havendo uma única metodologia de investigação em educação que
garantisse, à partida, a resposta ao problema em estudo, tudo se encaminhava para a
procura de uma ou mais metodologias, ou recursos metodológicos, flexíveis, capazes de
monitorizar de forma tão rigorosa quanto possível a intervenção que se pretendia
efetuar. Cohen, Manion e Morrison (2011) caracterizam a investigação-ação como uma
intervenção realizada num contexto real. Por isso, numa fase inicial da presente
investigação, o suporte às opções tomadas centrou-se neste princípio: estar no terreno,
preparar com os professores intervenções nos seus contextos educativos de trabalho, de
forma a integrar as TIC nas suas práticas, monitorizar essas intervenções, refletir sobre
elas no contexto da ação-formação, redesenhá-las e voltar ao terreno. Foi deste diálogo
entre pressupostos teóricos inerentes ao desenho da intervenção e à ação concreta que
resultou o caráter cíclico e em espiral próprio da investigação-ação.
85
O caminho seguido nesta investigação pretende contribuir para o
desenvolvimento da investigação mas também da melhoria do processo educativo:
estudos recentes, citados no capítulo 2, afirmam que um melhor acesso às tecnologias
na escola, só possível devido ao apetrechamento levado a cabo na sequência de políticas
educativas recentes, não implica uma melhor utilização das tecnologias pelos
professores e alunos. Dão disso conta os relatórios PISA (2009) e Eurydice (2010), bem
como o estudo realizado por Pedro (2011). Este último trabalho de investigação seguiu
uma abordagem metodológica assente em métodos quantitativos de recolha e de análise
de dados, com uma amostra de 738 professores do ensino básico e secundário e analisou
a utilização que os professores fazem das TIC nas suas escolas. Entre as conclusões
enumeradas, evidencia-se, que, mesmo nas escolas em que os rácios preconizados pelo
Plano Tecnológico da Educação (1 computador por cada 5 alunos; 1 computador e
videoprojetor por sala; 1 quadro interativo por cada 3 salas; cobertura total e em de
banda larga), estavam garantidos, os seus professores continuavam a utilizar tais
equipamentos maioritariamente para realizar o mesmo tipo de tarefas que os professores
que trabalhavam em contextos profissionais com um número limitado de equipamentos,
muitas vezes obsoletos e onde o acesso à Internet não estava garantido. Isto é, em
escolas bem equipadas, os professores continuavam a usar as TIC, sobretudo para
tarefas ligadas à preparação de atividades de ensino-aprendizagem e para tarefas de
avaliação.
Piedade, em 2010, efetuou um estudo de natureza exploratória numa escola
portuguesa (intervencionada no quadro do PTE), com o objetivo de analisar o grau de
proficiência e o índice de utilização das TIC por parte dos professores, tendo obtido
resultados idênticos, ou seja, a baixa utilização dos equipamentos e a prevalência de
práticas letivas associadas a aulas de caráter expositivo. Outros estudos anteriores
86
tinham evidenciado também, utilizações redutoras das tecnologias nas escolas, ou seja,
um bom parque informático na escola não implica a sua utilização adequada e
sistemática. (Paiva, 2001, 2002; Costa & Viseu, 2007; Lisbôa et al, 2009). J. Paiva
(2001, 2002), com base no grande volume de dados, afirmava já, na viragem do século,
que muita formação em TIC não implica, obrigatoriamente, muita qualidade na
utilização das tecnologias, pelos professores. Por isso, entendeu-se, neste estudo,
aprofundar a questão da formação de professores numa perspetiva de tentar
compreender que formação poderá motivar e levar os professores ao trabalho prático
com as TIC em sala de aula, com vista à promoção de aprendizagens significativas nas
diferentes disciplinas curriculares. Desenvolveu-se, assim, uma investigação no terreno,
num processo de trabalho continuado com professores e em que a autora assumiu um
duplo papel: o de formadora e o de investigadora.
Em investigação, parte-se de um conhecimento, de uma leitura da realidade,
colocam-se questões e desenha-se um caminho na procura de respostas. Citando Berger:
“A investigação em ciências sociais tende, pois, a ser sempre um trabalho de
reelaboração, de reinterpretação de um conjunto de fenómenos que todos nós
experienciamos” (1992, p. 178). Foi assim nesta investigação: centrou-se na
compreensão do que pode levar um professor a desenvolver atividades práticas com TIC
na sala de aula. Interessava aqui, acima de tudo, experimentar e compreender os
processos de mudança, o que os suporta e o que os promove, o que potencia a utilização
das TIC, em ambiente de sala de aula ou o que restringe e condiciona o seu uso. Santos
(2010), em investigação junto de 50 professores, num estudo de design pré-
experimental de abordagem mista levado a cabo com a finalidade de identificar efeitos
da participação de professores em ações de formação TIC, no que respeita ao uso que
depois lhe dão em sala de aula (entre outras finalidades), afirma ser urgente e necessário
87
investigar “[...] os modos como a formação poderá actuar de forma a contribuir para
níveis mais elevados de utilização das TIC nos domínios de uso destas pelos alunos em
sala de aula e no suporte às suas produções e aprendizagens.” (p. 97)
O papel da investigadora do presente trabalho foi ativo e participante; decorreu
da assunção da importância das TIC na promoção de ambientes potenciadores das
aprendizagens (Papert, 1997; Freitas, 2004; EUN, 2006, Prensky, 2009, Prensky, 2011;
Costa, 2007; J. L. Ramos et al, 2009; A. Ramos, 2005) e da necessidade de formar
professores numa perspetiva de estes virem a ficar capacitados para realizarem trabalho
prático, com as TIC, em ambiente de sala de aula (Costa et al, 2008).
A presente investigação decorreu ao longo de três anos letivos, num ambiente de
formação onde se desenvolveu trabalho com vários professores de diferentes áreas e de
diferentes níveis de ensino. Seguiu uma espiral de desenvolvimento em que o trabalho
de campo ocorreu ao longo de três momentos principais e interligados, entendidos como
fases (cf. Collins, Joseph & Bielaczyc, 2004), como se esquematiza na Figura II-1.
Figura II. 1 - As três fases de investigação
A natureza do problema em estudo orientou o trabalho de investigação para as
práticas dos professores, numa abordagem com duas componentes: uma reflexiva e
outra interventiva. Daí a decisão pelo trabalho com professores em ambiente de
88
formação, tendo sido o regime de oficina o selecionado. A oficina é uma modalidade de
formação contínua dominantemente realizada segundo componentes do saber-fazer
prático ou processual, orientada para objetivos como: (i) delinear ou consolidar
procedimentos de ação ou produzir materiais de intervenção, concretos e identificados,
definidos pelo conjunto de participantes como a resposta mais adequada ao
aperfeiçoamento das suas intervenções educativas; (ii) assegurar a funcionalidade e a
utilidade dos produtos obtidos na oficina para a transformação das práticas; (iii) refletir
sobre as práticas desenvolvidas, de acordo com o estipulado no regime jurídico da
formação contínua de professores65.
A oficina é uma das modalidades de formação contínua em que a identificação
prévia e objectiva das necessidades de formação desempenha um papel mais relevante.
Apesar de ser uma ação eminentemente prática, importa que na oficina sejam criadas
situações de socialização, em que cada um dos participantes relate as suas práticas
efetivas, as partilhe com os outros formandos (pares), as interrogue e, a partir deste
trabalho, equacione novos meios — processuais e técnicos — de as pôr no terreno,
como refere ainda o regime jurídico da formação contínua de professores. Para isso, foi
da maior importância o estabelecimento de mecanismos de regulação, quer do trabalho
realizado na oficina, quer da aplicação, no terreno, dos materiais ali produzidos. Entre
esses mecanismos, previu-se a existência de sessões presenciais conjuntas, nas quais os
professores produziram trabalho conjunto, de natureza reflexiva e de natureza prática.
No plano conceptual, as sessões presenciais conjuntas corresponderam a situações
separadas no tempo pela aplicação no terreno da(s) proposta(s) e dos materiais
produzidos.
65 Regime jurídico da formação contínua de professores, consultado em:
http://www.ccpfc.uminho.pt/Default.aspx?tabid=18&lang=pt-PT
89
Desta forma, criaram-se ambientes de trabalho com os professores, que, ao
serem estudados, contribuiram para a compreensão do problema em estudo. As decisões
que foram sendo tomadas ao longo da investigação são apresentadas de forma mais
detalhada nas secções seguintes, onde também são fundamentadas as opções tomadas no
que se refere à metodologia.
3.2. Questões éticas
Qualquer pesquisa que envolve outras pessoas tem, de alguma forma,
implicações de natureza ética. O estudo enraizou-se no mundo social da(s) escola(s) e
do(s) centros de formação onde decorreu. Considerando-se a educação como uma ação
de caráter social, a recolha de dados, a sua análise e apresentação pública tem,
inevitavelmente, um impacto nas vidas das pessoas e das instituições envolvidas,
levantando um conjunto de questões éticas. No caso da presente investigação, seguiu-se
uma metodologia qualitativa que decorreu no terreno e que, como tal, envolveu
diferentes participantes: professores e responsáveis pelos centros de formação. Os
alunos acabaram por ser envolvidos indiretamente por via dos trabalhos práticos que os
professores desenvolveram nas suas turmas, decorrentes das acões de formação em que
estavam a participar. Do ponto de vista ético, todas as entidades (escolas, centros de
formação e professores envolvidos na recolha de dados) foram devidamente informadas
da investigação em curso e as suas identidades reservadas.
O papel da investigadora foi o de esclarecer a natureza do trabalho desenvolvido,
que ia para além da formação oferecida. Todos os participantes que entenderam não
colaborar nas respostas às recolhas de dados programadas em função da investigação
assim o fizeram, sem que tal interferisse no trabalho de formação que desenvolviam.
90
3.3. Investigação-Ação como meio para um fim
O caminho percorrido baseou-se num trabalho desenvolvido no terreno e em
estreita colaboração com os participantes no estudo – os professores, ao longo de três
fases (Figura II-1). A observação e o questionamento foram procedimentos
fundamentais durante a recolha de dados. A análise desses dados, logo no final da Fase
1, permitiu reformular a ação e de novo, no terreno, intervir. Na investigação-ação,
enquanto metodologia de investigação na educação, há um esforço continuado para
analisar os problemas, planificar e implementar ações, observar os efeitos dessas ações,
refletir sobre os efeitos e repetir o ciclo (cf. Figura II-2, que representa o esquema do
círculo mais simples da investigação-ação (adaptado de Elliott, 1981)) para melhorar
ações anteriores (Elliott, 1994; Máximo-Esteves, 2008).
Figura II. 2 - Esquema representativo do círculo mais simples da Investigação-Ação
(Adaptado de Elliott, 1981)
De acordo com Vezzosi (2006), no campo da educação, a investigação-ação
representa quer um caminho individual para o desenvolvimento profissional dos
91
professores, quer um caminho de colaboração para a mudança institucional e
organizacional. O diálogo entre os pressupostos teóricos que fundamentam o desenho
da intervenção no terreno e a ação concreta são a base do círculo. Na sua essência, a
investigação-ação envolve a monitorização cuidadosa, na prática, da mudança
pretendida. As decisões que se tomam devem ter em conta que uma determinada ação
pode produzir, quer melhorias nos processos educativos, quer fornecer informações
quanto à problemática envolvida no contexto educativo em que se pretende intervir. A
ação é, assim, usada como ferramenta de investigação. Ambos os elementos - ação e
investigação - são de igual importância neste processo. A sequência de acontecimentos
planeados numa primeira fase de trabalho evolui e, muitas vezes, são abertos caminhos
para novas investigações e ações, num sistema de multiplicação de espirais, como
mostra o esquema da figura II-366.
66 Adaptação de Waters-Adams, S. (2006). Action Research in Education, Faculty of Education,
University of Plymouth, consultado em Setembro de 2010 em
http://www.edu.plymouth.ac.uk/resined/actionresearch/arhome.htm
92
Figura II. 3 - Esquema representativo das espirais decorrentes da Investigação-Ação (Adaptação de Waters-Adams, 2006)
Partindo do problema de investigação, desenhou-se uma metodologia de
investigação de caráter qualitativo que partiu do desenvolvimento de trabalho com
professores, em ambiente de formação, numa perspetiva de análise das suas
competências em TIC e avançou num trabalho conjunto de reflexão sobre as suas
práticas pedagógicas. A ação ocorreu no terreno da formação e foi antecipadamente
planeada. Ao longo do processo de ação, recolheram-se dados e o trabalho foi
monitorizado. A reflexão feita sobre um conjunto de dados conduziu a nova fase de
planeamento e posterior intervenção (cf. Figura II-1), como adiante se irá descrever em
detalhe.
93
Na introdução à edição portuguesa da obra de Tuckman (2012), afirma-se que
“Não há Educação para a qualidade que não passe pela investigação.” (p. 37). Investigar
as práticas pedagógicas dos professores e a construção que fizeram de atividades
práticas com TIC para uso em sala de aula e/ou nos seus ambientes profissionais67 foi
feito também com o propósito de contribuir para a qualidade do ensino e aprendizagem.
A investigação-ação preconiza isso mesmo: seleciona-se uma situação social para a
intervenção, com vista à melhoria da qualidade da ação dentro dela (Elliott, 1991).
Como refere este autor, um dos grandes impulsionadores das ideias seminais de Kurt
Lewin, citado por Clem (1993) no que respeita à metodologia de investigação-ação:
[Action-research] “It aims to feed practical judgment in concrete situations, and the
validity of the ‘theories’ or hypotheses it generates depends not so much on ‘scientific’
tests of truth, as on their usefulness in helping people to act more intelligently and
skilfully68” (p.69). Para Elliott (1991), na investigação-ação, as ‘teorias’ não são
validadas independentemente e depois aplicadas à prática, elas são validadas através da
prática.
Ao assumir, no presente trabalho, que a utilização das TIC em sala de aula,
através da utilização da Internet e dos computadores, enriquece os ambientes de ensino
e de aprendizagem (cf. Capítulo 2) e depois de se ter concluído que os modelos top-
down que procuram implementar políticas educativas sem a participação ativa dos
professores no seu desenho leva a que muitos não se sintam comprometidos na sua
67 Faz-se, nesta investigação, uma separação entre atividade profissional do professor
(preparação de aulas, trabalho administrativo, etc.) e atividade pedagógica (trabalho em sala de
aula com os alunos).
68 N.T.: [Investigação-ação] Tem como objetivo sustentar um juízo prático em situações concretas, bem como mostrar que a validade das “teorias” ou hipóteses produzidas não depende tanto de testes científicos
de verdade, mas sim da utilidade em ajudar pessoas a agir de forma mais inteligente e hábil.
94
implementação, procedeu-se ao desenho de uma metodologia de trabalho centrada nas
práticas reflexivas dos professores, que conduza a melhorias significativas na qualidade
do trabalho que realizam diariamente com os alunos. Como referido, investigar sobre o
conhecimento dos professores pode ser visto como um instrumento de mudança nos
processos de implementação de medidas educativas (Elliott, 1994). Para Elliott (1994),
a investigação-ação (…)
has a pedagogical aim which embodies educational ideal and which all those
participating are committed to realising; it focus on changing practice to make it
more consistent with the pedagogical aim; it gathers evidence about the extent to
which practice is consistent or inconsistent with the aim; (…) it involves
teachers in a process of generating and testing new forms of action for realising
their aspirations, and thereby in reconstructing their pedagogical theories; it is a
pedagogical process characterised by teacher reflexivity. From an action
research perspective teaching is a form of research and vice versa69. (p. 136).
Há pois, deste modo, um compromisso entre o processo de transformação das práticas
pedagógicas inerente à construção do conhecimento profissional dos professores e a
geração de teoria. As teorias construídas pelos investigadores deixam, assim, de ser
ameaças para os professores, que passam à sua utilização prática com base na reflexão
que proporciona o modelo de investigação-ação. Estamos perante “metodologias
capazes de proporcionar uma ação mais profícua e consequente na medida em que se
69 N.T.: tem um objetivo pedagógico, que inclui um ideal pedagógico a que todos os participantes se comprometem a ter plena consciência; centra-se em mudar a prática para torná-la mais coerente com o objetivo pedagógico; reúne evidências sobre a consistência ou inconsistência da prática com o objetivo; (…) envolve os professores num processo de criar e testar novas formas de ação para a concretização das
suas aspirações, e, assim, na reconstrução das suas teorias pedagógicas; é um processo pedagógico caracterizado pela reflexividade docente. A partir duma perspetiva de investigação-ação, o ensino torna-se uma forma de pesquisa e vice versa.
95
centram na reflexão crítica, por um lado, e na atitude operacional de práticas que
acabam por ser ponto de partida para a emergência de possíveis teorias” (2009, p. 357,
Coutinho, et al.).
3.4. Da Investigação-Ação ao Design-Based Research
Quando se iniciou o desenho desta investigação, cedo se percebeu que a recolha
de dados no terreno não poderia estar circunscrita a um só momento. Não se partia de
teoria feita e o posicionamento era exploratório e indutivo. Pretendia-se compreender
como é que os professores implementam atividades de caráter prático com as TIC na
sala de aula e caracterizar essas atividades. Optou-se, assim, por ir para o terreno, num
ambiente de formação.
Depois de identificadas as questões de investigação e os objetivos do estudo,
implementou-se a primeira intervenção70. A análise inicial dos dados recolhidos nesta
fase (que serão apresentados no capítulo 4 desta tese) revelou a necessidade de adaptar a
metodologia a um posicionamento em que o papel do investigador melhor se
enquadrasse e em que fosse possível utilizar uma metodologia de investigação mais
próxima da conceção do terreno como espaço de experimentação (laboratório) mas em
que a intervenção respeitasse sempre o papel do professor. Assim, na passagem da
primeira fase de investigação para a segunda (do estudo preliminar para o estudo
exploratório), procuraram-se recursos metodológicos complementares e convergentes
com os usadas inicialmente. Surge, então, a metodologia de design-based research
(DBR), que foi , entretanto, adoptada neste estudo. Antes de justificar detalhadamente
70 Fase 1 do estudo (estudo preliminar).
96
as opções tomadas, sublinhe-se a base comum entre a metodologia de investigação-ação
e a de DBR:
Characteristics of Design Research: Design experiments were developed as
away to carry out formative research to test and refine educational designs based
on theoretical principles derived from prior research. This approach of
progressive refinement in design involves putting a first version of a design into
the world to see how it works. Then, the design is constantly revised based on
experience, until all the bugs are worked out71. (Collins et al, 2004, P.18)
Depois da intervenção levada a cabo na primeira fase (estudo preliminar), sentiu-se a
necessidade de prosseguir com os objetivos de desenvolvimento de ambientes de
aprendizagem eficazes e de utilização desses ambientes como laboratórios naturais para
estudar os processos de ensino e aprendizagem (Sandoval & Bell, 2004). Era
fundamental conseguir ferramentas de trabalho mais eficazes e explícitas, que
permitissem facilitar a tomada de decisão em posteriores situações de redesenho do
modelo de intervenção. O papel da investigadora teve um peso efetivo nas decisões
tomadas no que respeita ao percurso da ação, como defendido no DBR.
Como referem Wang e Hannafin (2005), há uma convergência entre a
metedologia DBR com a teoria e a prática, que vai para além do que acontece com
outras metodologias atuais. Por exemplo, investigação-ação participada - uma
abordagem qualitativa semelhante ao DBR - envolve a colaboração entre investigadores
71 N.T.: Características da pesquisa segundo uma abordagem de design-based research: desenvolveram-se experiências como forma de realizar pesquisa formativa para testar e aperfeiçoar projetos educativos com base em princípios teóricos derivados de pesquisa anterior. Esta abordagem de aperfeiçoamento progressivo no projeto envolve a criação de uma primeira versão para que todos possam ver como funciona. Deste modo, o projeto está constantemente a ser revisto com base na experiência, até que todas as falhas estejam colmatadas.
97
e participantes, práticas locais que suportam a teorização sistemática e a melhoria na
teoria e na prática. No entanto, as melhorias locais na investigação-ação participada,
tipicamente, derivam de pesquisa própria dos participantes, que é facilitada pelos
investigadores, em vez de intervenções concebidas e progressivamente refinadas em
conjunto com os investigadores (Wang e Hannafin, 2005). Assim, apesar de a
metodologia de investigação-ação ter estado na base do desenho desta investigação, à
medida que esta foi avançando, pelo que atrás se enunciou, seguiu-se naturalmente para
a metodologia de DBR, dado esta permitir interferir no desenho da investigação, numa
tentativa de refinamento dos contributos que se pretendem alcançar para a construção de
um modelo de integração de atividades práticas com os alunos na sala de aula, tendo o
investigador como participante ativo nas intervenções.
3.5. Desenho da investigação: Três fases, três estudos
Nesta investigação, como já referido, o terreno foi o da formação de professores,
tomando este elemento como chave para a chegada das TIC à sala de aula. Todo o
trabalho feito no âmbito da formação foi alvo constante de análise e reflexão, tendo
como consequência a reformulação para posterior e nova ação, como ilustra a figura II-
4. A interpretação dos dados retoma as questões de investigação, o referencial teórico e,
numa lógica indutiva, partindo dos dados iniciais, descrevem-se as experiências
vivenciadas e as perspetivas dos professores envolvidos na intervenção educativa,
refletindo e reformulando, de estudo em estudo, com o objetivo de compreender o
significado das ações e os fenómenos em foco: “Captar a essência do fenómeno
educativo, eis o cerne da questão à volta do qual se devem organizar todas as opções
metodológicas do investigador” (Coutinho, 2004, p. 444).
98
Figura II. 4 - Representação esquemática das três fases de investigação.
Na sequência de cada oficina, e dentro de cada fase, fez-se o follow-up dos formandos
com o objetivo de observar e de caracterizar as suas práticas no que respeita à utilização
das TIC em contexto educativo e, mais especificamente, em sala de aula, terminada a
formação (nove meses depois).
O desenho da primeira Oficina de Formação assentou na lógica de formação
definida no Quadro de Referência para a Formação Contínua de Professores no
Como vêem os
professores as TIC no
ensino?
Quais as competências
em TIC necessárias
para que as TIC
cheguem à sala de
aula?
Como fazem chegar as
TIC à sala de aula?
Que implicações da
formação desenhada na
concretização de
trabalho prático com as
TIC em sala de aula?
Quais as estratégias
para promover as TIC
na sala de aula em
situação de realização
de trabalho prático?
Que práticas
pedagógicas utilizam os
professores quando
usam as TIC em sala de
aula com os alunos?
Que formação promove
a utilização das TIC em
sala de aula para a
realização de trabalho
prático pelos alunos?
Questões operacionais transversais
99
domínio das TIC (QR-FormProfTIC’06),72 e no Modelo de Formação de Professores
em TIC proposto por Costa e Viseu (2007), que se fundamenta na
formação/ação/reflexão (F@R). Pretendeu-se acompanhar a forma como os professores
desenvolviam as suas competências digitais e de que forma é que as levavam para o seu
ambiente profissional e / ou de sala de aula, ou seja, no âmbito de atividades
profissionais como sejam a gestão administrativa de uma turma, ou em sala de aula,
trabalhando diretamente com alunos.
A primeira Oficina de Formação73, com 25 horas presenciais e 25 horas de
trabalho autónomo a distância, designada A Utilização das TIC nos Processos de Ensino
e Aprendizagem74
, decorreu entre Outubro de 2008 e Março de 2009. A fase de follow-
up decorreu em Janeiro de 2010.
A segunda Oficina de Formação75, também com 25 horas presenciais e 25 horas
de trabalho autónomo a distância, designada Recursos Educativos Digitais76, decorreu
entre Janeiro e Março de 2010 e o seu desenho e implementação aconteceram já tendo
em conta os resultados parciais de investigação que decorreram da primeira oficina. Dos
professores participantes na primeira Oficina, treze deles foram formandos também da
segunda Oficina. Este fator acabou por se revelar do maior interesse pois permitiu
concretizar de forma mais segura o procedimento de follow-up pensado para os
professores da primeira oficina e, de alguma forma, dotar este estudo de características
72 Quadro de Referência para a Formação Contínua de Professores no domínio das TIC (QR-
FormProfTIC’06), da responsabilidade da CRIE, Equipa de Missão Computadores, Redes e
Internet na Escola, http://www.crie.min-edu.pt/index.php?section=106XXXXX, 2006-2007,
Quadro de Referência para a Formação Contínua de Professores, ME 73 Oficina 1 que decorreu no âmbito da primeira fase de investigação. 74 Oficina com creditação máxima de 2 créditos. 75 Oficina 2 que decorreu no âmbito da segunda fase de investigação. 76 Oficina com creditação máxima de 2 créditos.
100
longitudinais. A fase de follow-up da segunda oficina (que terminara em Março de
2010) decorreu em Janeiro de 2011.
Desenvolveu-se uma terceira Oficina de Formação77 entre Janeiro e Março de
2011, idêntica à segunda do ponto de vista dos conteúdos e também designada Recursos
Educativos Digitais78
, que decorreu com participantes diferentes de todos os anteriores e
que, do ponto de vista da planificação e implementação no terreno, gozou de ganhos
decorrentes dos resultados parciais obtidos do estudos anteriores, que mais à frente se
detalharão. A fase de follow-up da terceira oficina decorreu em Janeiro de 2012.
Cada uma das oficinas decorreu de forma autónoma, embora da primeira para a
segunda se repetissem procedimentos e se introduzissem outros, o mesmo tendo
ocorrido da segunda para a terceira, sempre no sentido de encontrar uma forma
sustentada e consistente de preparar os professores para a realização de atividades
práticas com as TIC em sala de aula (cf. objetivos da investigação na secção 1.2.).
Foram várias as preocupações na passagem da primeira para a segunda oficina e da
segunda para a terceira, sendo que se destaca a tentativa de responder às necessidades
de formação de acordo com as competências em TIC (gerais, profissionais e
pedagógicas) de cada professor, de forma a garantir a realização de intervenções com as
TIC em sala de aula, ou seja, em contextos reais de ensino e aprendizagem. Ainda que
com mudanças em cada uma das oficinas, houve um fio condutor que incluiu os
seguintes três pontos: (i) o trabalho de preparação das atividades práticas com as TIC
que os professores teriam de levar para o terreno, (ii) a sua implementação junto dos
alunos e (iii) a elaboração de instrumentos de acompanhamento e avaliação dos
impactos desse trabalho de campo dos professores que os ajudasse a refletirem sobre as
77 Oficina 3 que decorreu no âmbito da terceira fase de investigação. 78 Oficina com creditação máxima de 2 créditos.
101
intervenções. Houve a preocupação constante de promover junto dos professores a
reflexão sobre as suas práticas pedagógicas e sobre o seu conhecimento, levando-os a
desenharem situações mais complexas, que envolvessem situações de utilização prática
das TIC com alunos o mais diversificadas possível, tendo em conta as literacias digitais
e as competências associadas já identificadas neste texto. Todo o trabalho de campo
decorreu no contexto que a seguir se detalha. A monitorização dos trabalhos que os
professores prepararam e implementaram e o refinamento nos métodos de recolha de
dados, por forma a captar da forma mais rigorosa possível as reflexões que os
professores foram fazendo, foi um procedimento que, de uma para outra oficina, se foi
reestruturando com base na experiência adquirida.
No quadro II-1 caracterizam-se os dados e os respetivos instrumentos de recolha
e / ou registo:
Quadro II. 1 - Características dos dados recolhidos nas três Oficinas e respetivos instrumentos de recolha e/ou de registo
Dados da Oficina 1 (estudo preliminar) Instrumentos de recolha e/ou de registo
Caracterização dos formandos, do ponto de
vista profissionalQuestionário inicial
Caracterização dos formandos, do ponto de
vista dos seus conhecimentos em TICQuestionário inicial
Registos na disciplina Moodle
Caderno de campo
Documentos de apoio: ficheiros word / pdf
Referendos
Projectos de trabalho dos formandos Ficheiros word / pdf
Trabalhos finais desenvolvidos pelos
formandos / Relatórios finaisFicheiros word / pdf
Questionário final da acção
Questionário final de avaliação
(em papel)
Follow-up dos formandos
Registo em caderno de campo de conversas
informais com formandos para efeitos de
follow-up
Características da Oficina 1 e
Desenvolvimento da Oficina
Avaliação da acção
102
(continuação do Quadro II-1)
(continuação do Quadro II-1)
Dados da Oficina 2 (estudo exploratório) Instrumentos de recolha e/ou de registo
Questionário inicial
Registo em caderno de campo de conversas
informais com formandos (para efeitos de
follow-up dos formandos que já tinham
participado na primeira oficina)
Registos na disciplina Moodle
Caderno de campo
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Trabalhos desenvolvidos pelos formandos Ficheiros word / pdf
Trabalhos finais desenvolvidos pelos
formandosFicheiros word / pdf
Reflexões finais dos formandos Ficheiros word / pdf
Questionário final da acção
Questionário final de avaliação (em papel)
Follow-up dos formandos
Registo em caderno de campo de conversas
informais com formandos para efeitos de
follow-up
Avaliação da acção
Caracterização dos formandos, do ponto de
vista dos seus conhecimentos em TIC
(gerais, profissionais e pedagógicos)
Questionário inicial
Características da Oficina 2 e
Desenvolvimento da Oficina
Caracterização dos formandos, do ponto de
vista profissional
Dados da Oficina 3 (estudo final) Instrumentos de recolha e/ou de registo
Caracterização dos formandos, do ponto de
vista profissionalQuestionário inicial
Caracterização dos formandos, do ponto de
vista dos seus conhecimentos em TICQuestionário inicial
Registos na disciplina Moodle
Caderno de campo
Documentos de apoio: ficheiros word / pdf
Trabalhos desenvolvidos pelos formandos Ficheiros word / pdf
Trabalhos finais desenvolvidos pelos
formandosFicheiros word / pdf
Reflexões finais dos formandos Ficheiros word / pdf
Questionário final da acção
Questionário final de avaliação
Reflexões finais dos formandos nove meses
depois da formação (Follow-up )Entrevistas por mail
Avaliação da acção
Características da Oficina 1 e
Desenvolvimento da Oficina
103
Na fase inicial de trabalho em cada uma das três oficinas desenvolvidas, foi
fundamental caracterizar detalhadamente os professores envolvidos na ação. Para tal,
construiu-se um instrumento específico de recolha de dados – o Questionário inicial (cf.
Apêndice C, F e H). Os participantes foram informados de que a formadora assumiria,
em simultâneo, o papel de formadora e o de investigadora, podendo vir a utilizar
dados/registos da formação para um trabalho de investigação (com garantia de
anonimato das fontes); nenhum dos participantes das três oficinas se opôs a tal.
A construção de um questionário específico no início de cada oficina, teve em
conta a necessidade de caracterizar o melhor possível o grupo de professores envolvidos
nas várias fases de investigação. Entendeu-se o questionário como “(…) um
instrumento para recolha de dados constituído por um conjunto mais ou menos amplo
de perguntas e questões que se consideram relevantes de acordo com as características e
dimensão do que se deseja observar.” (Hoz, 1985, p.85)
Os questionários iniciais são constituídos por grupos de questões que abordavam
os seguintes tópicos: (i) tipo de utilização das TIC feita pelos professores à data do
início da formação (utilização pessoal e profissional do computador e da Internet); (ii)
tipos de práticas pedagógicas dos professores no início da formação; (iii) perceções
sobre a utilização das TIC na sala de aula e em contexto profissional.
Para o final da formação, construiram-se também questionários (questionário
final e questionário de avaliação da ação, cf. Apêndices E, G e I e Apêndice K) para que
se pudesse obter informação acerca da perceção do impacto da formação nas
competências TIC dos professores envolvidos e nas suas práticas pedagógicas.
Pretendia-se que os professores revelassem, na primeira pessoa, o tipo de trabalho que
tinham desenvolvido na formação, caracterizando-o do ponto de vista da intervenção ou
não em sala de aula. Estes questionários apresentam uma primeira parte com questões
104
que visam identificar e comparar os conhecimentos dos professores antes, durante e no
final da formação, relativamente a competências TIC de vária natureza. A segunda parte
do questionário aborda questões relacionadas com as intervenções levadas a cabo e as
percepções dos professores relativamente à utilização dos computadores e da Internet na
escola, no final da formação. A terceira parte faz um levantamento dos fatores
inibidores da utilização dos computadores e da Internet por estes professores nas suas
escolas e dos fatores promotores dessa utilização, deixando margem para que os
professores revelem os seus interesses em termos de futuro de utilização das TIC.
Numa fase específica da primeira formação, que correspondeu ao início da
preparação dos professores para efetuarem intervenções no terreno, prepararam-se
referendos aplicados via disciplina Moodle de apoio à formação, elementos reguladores
fundamentais para a adequação do percurso formativo da Oficina de Formação às
necessidades dos formandos.
Cada fase de estudo incluiu o desenvolvimento de uma oficina de formação e um
acompanhamento aos formandos depois de terminada a formação (follow-up). O
dispositivo de follow-up foi implementado da seguinte forma: passados cerca de nove
meses do fim da formação, contactaram-se todos os formandos da oficina em causa,
através do envio de mensagem de correio eletrónico para ver das suas disponibilidades
para a realização de entrevistas. As dificuldades de agenda manifestadas pela quase
totalidade dos formandos levou a que se optasse pela realização de conversas informais,
com registos em caderno de campo, nos follow-up das primeira e segunda oficinas,
sendo que o follow-up feito no ambito da fase 3 foi feito por entrevista por correio
eletrónico.
No final da fase 1 visitou-se a escola sede de um grupo de professores que
tinham participado na oficina 1e realizaram-se com eles conversas informais, com
105
registos em caderno de campo; em grupo, e percorrendo o espaço da escola, debateram-
se questões relacionadas com a utilização das TIC na fase subsequente à formação. A
ida à escola teve também por objetivo compreender (i) como é que estariam os
professores a desenvolver (ou não) atividades práticas com as TIC com os seus alunos e
(ii) que papel atribuíam à formação para eventuais mudanças nas suas práticas letivas,
identificando, assim, tópicos para possíveis formações futuras relevantes e eventuais
constrangimentos que os pudessem afastar das TIC. No final da fase 2 repetiu-se o
procedimento, agora junto de professores que tinham participado na oficina 2.
Tendo em conta a dispersão geográfica dos professores que participaram na
última oficina e as limitações de disponibilidade invocadas por muitos para a realização
de conversas informais ou entrevistas face-a-face, optou-se pela modalidade de
entrevista por correio eletrónico, que, como refere Maio (2011), citando Gibson (2010),
apresenta vantagens para o investigador, sendo as próprias tecnologias disponíveis um
veículo para a evolução na forma como se aplicam as técnicas de recolha de dados. As
entrevistas por correio eletrónico envolveram, na maior parte dos casos, a troca de mais
de uma mensagem e aconteceram também cerca de nove meses depois de terminada a
formação. Houve, uma quebra acentuada de respondentes: na oficina 1 participaram 33
professores e 5 no follow-up; na oficina 2 participaram 24 professores e dois grupos no
follow-up, um com quatro professores, outro com dois professores; na oficina 3
participaram 21 professores e 5 no follow-up.
3.6. A análise dos dados - Procedimentos
A análise dos dados obtidos ao longo das três fases de estudo teve em conta a
natureza essencialmente qualitativa do estudo. Assim, toda a análise foi elaborada tendo
como finalidade a descrição e a interpretação da realidade. Interessava captar a
106
complexidade do dia-a-dia do professor que na sua escola tenta implementar o trabalho
decorrente da formação. Os professores planearam o seu trabalho na formação e daí
avançaram para intervenções no terreno. Interessava identificar regularidades, padrões,
contradições, fatores determinantes do uso das TIC e fatores inibidores desse uso nas
intervenções feitas.
Procedimentos quantitativos foram também usados numa perspetiva
essencialmente descritiva, correspondendo a frequências de escolhas e de usos das
tecnologias. Basicamente, procedeu-se à redução de dados tomando as orientações de
Berg (2001) e de Huberman e Miles, (1991, 1994), que referem que a análise dos dados
pode ser definida como consistindo em três fluxos concomitantes de ação: redução de
dados, visualização de dados e conclusões e verificação.
Os dados qualitativos carecem de redução e de transformação para que se
tornem mais facilmente acessíveis, compreensíveis e para que seja possível extrair
temas e padrões. As etapas deste procedimento incluem a leitura e revisão da
informação recolhida e a delimitação de unidades de significado. Segue-se a
explicitação da codificação e a identificação de temas e padrões. Reconhecida que foi,
neste estudo a natureza volumosa de dados qualitativos obtidos em estado bruto, foi
necessário focalizar, simplificar e transformar esses dados de forma a torná-los
manejáveis – no caso específico da investigação que aqui se apresenta, a redução de
dados ocorreu ao longo de todo o projeto de investigação.
O corpus obtido (cf. Quadro II-1) é de natureza essencialmente textual e, por
isso, a análise semântica foi assumida com vista à obtenção de unidades de significado
nos dados. O corpus textual de dados obrigou à procura de programas informáticos de
apoio à análise de dados qualitativos, com o objetivo de reduzir os dados com garantia
de rigor e capacidade de validação dos processos de redução envolvidos. Os principais
107
softwares possuem facilidades para a codificação dos dados, nomeadamente a atribuição
de designações a partes de texto, de acordo com as especificações do investigador. Os
textos codificados podem ser reagrupados, pesquisados e codificados novamente. Este
procedimento facilita a conceptualização e a análise holística. (Campos Lage & Godoy,
2008). As vantagens da utilização do software de análise na investigação, segundo Kelle
(2003), são as seguintes: (i) ao mecanizar tarefas repetitivas e complicadas na
organização dos dados, torna eficiente o trabalho do investigador; (ii) traduz-se num
processo de pesquisa mais sistemático e explícito; (iii) reduz o tempo usado na tarefa
de tratamento dos dados, que pode ser aplicado em tarefas mais criativas e analíticas,
inerentes à investigação. Como refere Maio (2011), que recorreu à utilização de um
software de análise de conteúdo, o esforço sistemático feito para aprofundar a análise
com a ajuda de um software próprio permite, em simultâneo, um questionamento e uma
reflexão determinantes para a validação da própria análise, dando força, deste modo, aos
dados qualitativos. A figura II-5 que se segue ilustra o caminho seguido nos
procedimentos de análise facilitados pelo software selecionado e utilizado no âmbito
desta investigação – o software ATLAS.ti (versão 6.2.27) –, depois de analisadas outras
possibilidades de programas informáticos com funcionalidades idênticas.
108
Figura II. 5 - Linha de análise de dados no ATLAS.ti (adaptado de ATLAS.ti 6, User’s Guide
and Reference)
Para Queiroz e Cavalcante (2011), este software é ideal para trabalhar grandes
quantidades de dados textuais, organizados em diferentes arquivos (Word, rich text,
pdf). Além disso, o Atlas Ti permite codificar e analisar outros tipos de formatos como
imagem, vídeo, áudio, exibidos ou não em sites, desde que em HTML. É possível
realizar anotações e comentários, elaboração de relatórios e memorandos, edição,
disposição de dados em tabelas e matrizes, entre outros. Os principais elementos
interligados ao software Atlas Ti, que estão dentro de um projeto (denominado unidade
hermenêutica, de acordo com a terminologia do software), são: os documentos
primários (P-Docs), as citações (Quotes), os códigos (Codes) e as notas (Memos). Esses
elementos dão origem às redes (ferramentas de análise que podem ser utilizadas para
ilustrar as relações analisadas pelo investigador).
Assim, iniciaram-se os procedimentos e a análise de conteúdo construindo a
unidade hermenêutica (UH) e, depois, avançando para uma hierarquia de processos de
codificação dos dados. Primeiro, fez-se a codificação aberta, que permite detetar os
109
conceitos, bem como as suas propriedades e dimensões; posteriormente, avançou-se
para a codificação axial, que possibilitou o estabelecimento de relações e de hierarquias
entre as categorias identificadas anteriormente. Na fase de codificação aberta, contou-se
com o apoio de outros dois investigadores com vista à validação da codificação pelo
método da existência de examinadores externos. Num procedimento de amostragem
aleatória, a investigadora foi apresentando exemplos de documentos primários e da sua
codificação, que foram discutidos e debatidos pelos examinadores externos até se atingir
uma fase de completo consenso, altura em que se considerou como estável a codificação
feita.
3.7. Codificação aberta e codificação axial dos dados textuais
Já foi referido que a maioria dos dados obtidos nas três fases desta investigação
é de caráter qualitativo. Seguiu-se a técnica de análise de conteúdo de acordo com
Bardin (2008, p.121). As fases de análise organizaram-se em torno de três pólos
cronológicos: “(i) a pré-análise; (ii) a exploração do material e (iii) o tratamento dos
resultados, a inferência e a interpretação”. Como referido anteriormente, para estes
procedimentos, contou-se com a utilização de uma ferramenta informática de apoio à
codificação dos dados, o software ATLAS.ti.
Para se proceder à análise de conteúdo, há todo um conjunto de fases de
trabalho, como já foi referido, “(…) que emprestam à técnica o rigor e a profundidade
possível, ao mesmo tempo que exigem uma total explicitação de todos os seus passos.”
(Amado, 2000, p. 54). A organização dos dados implica a geração de categorias e a
codificação, de que de seguida se falará.
Na generalidade, quando se aplica a técnica de análise de conteúdo, podem
traçar-se dois caminhos distintos: (i) partir de um quadro de referência teórico
110
construído com base na literatura, que permitirá o trabalho explicativo e interpretativo
do investigador; (ii) codificar com base em leituras sucessivas, atentas e ativas, cada vez
mais minuciosas, que vão permitindo inventariar os conceitos e temas mais relevantes
do conjunto. Nos dois casos, estamos perante o primeiro e mais básico nível de análise
dos dados textuais – a segmentação do texto e a sua codificação. Estes códigos ou
categorias reúnem um grupo de elementos (unidades de registo) em função de
características comuns. Esta é a fase de análise que representa a passagem dos dados
brutos aos dados organizados. Há aqui duas etapas de trabalho: a do inventário, em que
se isolam elementos comuns no texto, e a da classificação, em que se repartem os
elementos e se impõe uma organização ao texto em análise. Para garantir qualidade
neste procedimento, tem de se garantir que as categorias criadas possuam um caráter de
exclusão mútua (cada elemento selecionado do texto só pode entrar numa categoria) e
que as categorias estão de acordo com os objetivos do estudo e das questões que o
orientam – “Determinadas questões e preocupações de investigação dão origem a
determinadas categorias” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 221). A objectividade e a
fidelidade alcançam-se se as categorias forem rigorosamente definidas e se indicadores
que determinam a entrada de um elemento numa categoria forem claros. Assim, evitam-
se distorções decorrentes da subjectividade dos analistas. As categorias permitem reunir
um grupo de elementos sobre um título genérico (a categoria) e representar de forma
simplificada dos dados brutos (Bardin, 1977/2008)
Resumindo, a codificação aberta, permite identificar os conceitos bem como as
suas propriedades e dimensões. Posteriormente, evolui para a codificação axial, que
possibilita o estabelecimento de relações e de hierarquias entre as categorias
identificadas na fase de codificação anterior.
111
3.8. O Referencial de Análise dos Dados
O sistema de categorias de análise dos dados recolhidos foi construído com base
numa codificação inicialmente top down, que se cruzou posteriormente com uma outra
codificação bottom up. O referencial inicial utilizado integrou as várias categorias de
análise dos dados, para aplicação do sistema top down, e foi construído a partir da
literatura relevante e atual sobre competências TIC para professores. Se o pilar deste
estudo é o da procura de resposta à questão: “Como chegam os alunos aos teclados nas
salas de aula?”, assumiu-se desde o início que a resposta passaria pelo papel
intermediário do professor que tem de estar preparado para orientar a utilização das TIC
na sala de aula. Mas que competências em TIC tem de ter este professor para poder
acompanhar e orientar os seus alunos quando estes realizam trabalhos práticos com as
TIC? Esta questão tem sido colocada em muitos outros estudos de que a literatura dá
conta. Partiu-se de um estudo de 1999 apresentado em Ferreira (2001), Dias e
Gonçalves (2001) e Morais (2001) e designado PICTTE – Profiles in ICT for Teacher
Education. Este estudo revela a importância a dar às atitudes e competências dos
professores face às TIC, já em 199979.
79 “Teachers should be aware of technological innovation and its consequences in Education. (…)
Teachers should be familiar with tools to communicate, collaborate, search and explore. (…) Teachers
should be able to decide which methodology is best suited to the objectives of learning, how to use ICT
and to identify the adequate methodologies to integrate ICT in teaching. (…) Teachers should be able to
choose the kind of media to integrate in the teaching of specific subjects.“ («PICTTE» - Profiles in ICT
for Teacher Education - which involves eight partners from three different countries – Portugal,
Germany and Spain.), consultado em www.fpce.ul.pt/.../PICTTE_Profiles_Final.doc
N.T.: Os professores devem estar atentos às inovações tecnológicas e suas implicações no Ensino. (…)
Os professores devem estar familiarizados com ferramentas para comunicar, colaborar, pesquisar e explorar. (…) Os professores devem ser capazes de decidir qual a metodologia mais adequada aos
objetivos da aprendizagem, como utilizar as TIC e identificar metodologias adequadas para integrar as TIC no ensino. (…) Os professores devem ser capazes de escolher o tipo de meios de comunicação a integrar no ensino de disciplinas específicas. (“PICITE” – Perfis em TIC para formação de professores – que envolve oito parceiros de três países diferentes – Portugal, Alemanha e Espanha.
112
Em 2009 são divulgados dois outros estudos, um de âmbito nacional e outro de
âmbito internacional. O primeiro cai dentro dos estudos feitos para o Plano Tecnológico
da Educação (Competências TIC. Estudo de Implementação, PTE, (GEPE, 2009,
coordenado por F. Costa) e o segundo, o TPACK (Technological Pedagogical Content
Knowledge), foi desenvolvido e descrito por vários autores mas, numa abordagem mais
recente e completa, por Angeli e Valanides (2009)80. Pela sua atualidade e importância,
teve-se ainda em conta o recente estudo da UNESCO - ICT Competency Framework for
Teachers (UNESCO, 2011), que estabelece o referencial de competências digitais
necessárias aos professores do século XXI.
O referencial que de seguida se apresenta é o correspondente à fase final de
análise dos dados e foi construído a partir dos quatro estudos referidos (PICTTE, PTE,
TPACK e UNESCO). Foi construído ao longo de um caminho de análise que
acompanhou toda a investigação81 da seguinte forma: com base nos quatro estudos
referidos, construiu-se um referencial inicial (cf. apêndice L) que se foi alterando e
recebendo novas categorias decorrentes da análise bottom up que se ia desenvolvendo
até se estabilizar no referencial final. Este foi um dos processos mais relevantes na
análise de dados desta investigação, que permitiu avançar para a resposta às questões de
investigação. Assim, num processo iterativo que evolui da análise top down para a
análise bottom up, realizou-se um processo reflexivo que permitiu a conceptualização
80 “(…) the issue is no longer whether teachers should integrate technology in their existing practices, but
how to use technology to transform their teaching with technology and create new opportunities for
learning.” (p. 154)
N.T.: (...) a questão já não é se os professores devem integrar a tecnologia nas suas práticas, mas sim como usar essa tecnologia para transformar as práticas pedagógicas e criar novas oportunidades para a aprendizagem.
81 A estabilização do referencial foi tomada como prioritária na fase 1 (estudo preliminar); daí se ter procedido a uma análise em profundidade, do ponto de vista de proximidade semântica às categorias de análise de todos os documentos no que às competências TIC e atitudes dos professores interessava.
113
dos dados e a elaboração de teoria passível de ser aplicada em novas situações
problemáticas.
Estas opções metodológicas de análise dos dados, baseiam-se na teoria da
investigação social e nos trabalhos de Gibson e Brown (2009). Segundo estes autores,
não há uma dicotomia entre práticas de análise top down e bottom up, ou seja, a
investigação envolve estas duas práticas: a especificação de ideias com base na teoria,
em relação a um existente corpo de trabalho, e o trabalho sobre essas mesmas ideias.
A versão inicial do presente referencial foi desenhada ao longo da fase 1 desta
investigação. Ao longo do desenvolvimento da fase 1, foram surgindo novas categorias
e outras foram sendo reformuladas, de acordo com a análise dos dados. Analisaram-se,
assim, nesta fase 1, em termos de conteúdo, os projetos de trabalho dos formandos, os
seus trabalhos finais (trabalhos de grupo) e as reflexões produzidas (reflexões de grupo).
Ns fase 2, analisaram-se os seus trabalhos finais (individuais) e as reflexões produzidas
(individuais) . Na fase 3, analisaram-se os relatórios finais (individuais) dos formandos
e as reflexões críticas (individuais) que produziram no final desta fase. Nesta fase final,
o “novo” referencial estava já estabilizado e a técnica de análise foi aplicada a 42
documentos produzidos no âmbito desta Oficina 3 (“Reflexões críticas” e “Relatórios
finais”). O sistema botom up permitiu validar e reforçar o referencial de análise testado,
essencialmente ao longo das fases 1 e 2 do estudo. Este procedimento de análise dos
dados revelou-se demorado, quer pela técnica empregue, quer pelo volume de
documentos analisados.
No refinamento dos procedimentos referidos, seguiu-se a técnica de Costa
(2008), para ir mais além na fase de descrição e classificação do material recolhido.
Assim, seguindo a metodologia de análise de dados deste autor, que cita, para o efeito,
Huberman e Miles (1991), os códigos aplicados no corpus foram de natureza
114
inicialmente descritiva, depois interpretativa e, finalmente, explicativa. Tal como afirma
ter feito Costa (2008), também nesta investigação o processo de análise foi cíclico e
recorrente, ou seja, iterativo: sucederam-se e repetiram-se procedimentos de
codificação, de análise e de redução de dados em fases repetidas, que garantiram a
validação da análise feita.
Quadro II. 2 - Competências Gerais em TIC
Quadro II. 3 - Competências de Desenvolvimento Profissional em TIC
Literacias Competências
(Códigos-Categorias-Eixos) (Domínios)
Elabora-documentos-digitais-em-contextos-
diversificados
Situações em que se identifica à-
vontade na criação de recursos
(p.e., documentos, apresentações
electrónicas, folhas de cálculo, etc)
Executa-operações-com-equipamentos-e-
SO
Situações em que os formandos
utilizam os equipamentos e
respectivo sistema operativo (SO) e
software de forma autónoma
Utiliza-as-TIC-para-comunicar-síncrona-
ou-assincronamente
Situações em que os formandos
comunicam de forma autónoma
pelos meios digitais
Pesquisa-selecciona-avalia-informação-na-
net-em-função-de-objectivos
Situações em que os formandos
demonstram autonomia na
pesquisa, selecção e avaliação de
informação na Internet
Competências Gerais
em TIC
Descritores operacionais
Literacias Competências
(Códigos-Categorias-Eixos) (Domínios)
Conhece-e-utiliza-as-TIC-nos-
processos-de-avaliação-e-ou-
investigação
Situações em que são
referidos trabalhos de
avaliação ou de
investigação levados a
cabo pelos formandos
Utiliza-as-TIC-no-seu-
desenvolvimento-profissional
Situações em que os
formandos usam as TIC
para formação
Acompanha-o-desenvolvimento-
das-TIC
Situações em que os
formandos demonstram
conhecimentos
actualizados sobre
tecnologias
Descritores operacionais
Competências de
Desenvolvimento
Profissional em TIC
115
Quadro II. 4 - Competências Pedagógicas em TIC
Literacias Competências
(Códigos-Categorias-Eixos) (Domínios)
Identifica-constragimentos-do-
uso-das-TIC-no-processo-
educativo
Situações identificadas pelos
fornandos de problemos na
utilização das TIC, a nível
profissional
Identifica-e-compreende-
vantagens-do-uso-das-TIC-no-
processo-educativo
Situações em que os
formandosdemonstram
compreender as vantagens do uso
das TIC em situações de ensino e de
aprendizagem
Detém-conhecimento-
actualizado-em-TIC-e-seu-
potencial-educativo
Situações em que se identifica que
os formandos detêm conhecimento
actualizado em TIC bem como do
seu potencial educativo
Desenvolve-Trabalho-Prático-
com-os-alunos-com-as-TIC
Situações em que os formandos
realizaram actividades práticas com
TIC, como por exemplo: blogues;
Moodle; pesquisa de informação;
pesquisa, selecção e análise de
informação; construção de REDs;
webquest; outros.
Adequa-Práticas-Pedagogicas-
ao-uso-das-TIC
Situações em que os formandos
demontram compreensão pela
necessidade de adaptar práticas
pedagógicas ao uso das TIC
Cria-situações-inovadores-para-
uso-das-TIC
Situações que demonstram a
procura de soluções novas e
inovadoras com as TIC em ambiente
profissional
Adapta-ou-cria-REDs-capazes-
de-facilitar-o-ensino-
aprendizagem
Situações em que se identifica à
vontade na criação de recursos
educativos (p.e., documentos,
apresentações electrónicas, folhas
de cálculo, etc)
Descritores operacionais
Competências
Pedagógicas em TIC
116
Quadro II. 5 - Atitude face às TIC
3.9. Validade do estudo
Relativamente às questões de validade, os procedimentos de recolha de dados
foram rigorosos e a elaboração dos dispositivos de recolha de dados foram submetidos a
apreciação de terceiros (orientadores). Sempre que a recolha de dados para este estudo
se fez via questionário, houve a preocupação de garantir o anonimato das respostas dos
participantes, de modo a acautelar a objectividade e validade das respostas.
Diversificaram-se os métodos de recolha (para além de questionários semi-
abertos, houve entrevistas e análise de documentos, entre outros) e o tratamento e
análise de dados contaram com o recurso a estudos de validade e fiabilidade, quer na
componente quantitativa quer na componente qualitativa, com recurso a diferentes
juízes – tal aconteceu primordialmente nos processos de codificação do corpus
subjacente à análise de conteúdo, parte substantiva do trabalho aqui desenvolvido. Fez-
se a triangulação de dados com recurso aos cadernos de campo, notas de observação e
Literacias Competências
(Códigos-Categorias-Eixos) (Domínios)
Demonstra-abertura-face-à-
inovação-tecnológica
Os formandos demonstram interesse e
abertura às inovações tecnológicas e
compreendem o seu interesse
Compreende-a-necessidade de-
adequar-Práticas-Pedagogicas-ao-
uso-das-TIC
Os formandos demonstram
compreender a necessidade de
adequar as suas práticas
pedagógicas à utilização das
tecnologias em ambientes educativos
Procura-formação-adequada-às-
suas-necessidades-na-área-das-
TIC
Os formandos demonstram sentir
necessidade de formação para
poderem evoluir na utilização das TIC
Atitude face às
TIC
Descritores operacionais
117
questionários de diferentes naturezas aplicados aos informantes / formandos nas
diferentes fases do estudo. De acordo com Denzin (1989), a obtenção de dados de
diferentes fontes e a sua análise com recurso a estratégias distintas melhora a validade
dos resultados.
Sabe-se que qualquer estudo que se assume como qualitativo e interpretativo
coloca, à partida, questões que só podem ser ultrapassadas com uma explicitação
detalhada dos métodos e técnicas utilizados, quer na recolha dos dados, quer na sua
análise. Assim, a questão do rigor e da qualidade dos métodos qualitativos continua a
ser oportuna e atual (Coutinho, 2008). O trabalho de investigação que se desenvolveu
foi realizado por indivíduos que são partes interessadas na investigação. Este facto tem
levado a críticas sobre a validade do processo de investigação, como já foi referido, com
acusações de parcialidade inevitável por parte do investigador nos processos de recolha
e de análise dos dados. Na realidade, levar a cabo uma investigação com as
características da que aqui se apresenta torna inevitável a presença do investigador no
terreno, tomando este parte no desenvolvimento da mesma e interagindo com os
participantes. Esta postura é parte integrante do que se pretende: compreender os
processos e desenvolver os melhores métodos para responder às questões de
investigação e deixar trabalho escrito que contribua para que, em ambientes de
formação, os professores se preparem adequadamente para utilizar as TIC nas suas salas
de aula, em atividades de caráter prático.
Há a consciência de que os resultados obtidos não são generalizáveis: assume-se
que este trabalho será apenas um contributo para um modelo de integração, na sala de
aula, de atividades de caráter prático com uso das TIC, com base num trabalho prévio
de formação de professores. Os dados obtidos resultam do contexto criado, que será
rigorosamente apresentado nas próximas secções (Tuckman, 2012). Posteriormente, e
118
como recomenda Tuckman (2012): “Para fundamentar quaisquer explicações de forma
adequada os dados têm de incorporar uma longa (heavy) ou pormenorizada descrição
das observações e dos acontecimentos, de múltiplas perspetivas, para que as situações
possam ser reconstruídas e reexaminadas pelo investigador depois de terem ocorrido”
(p. 680). Na sequência desta afirmação de Tuckman (2012), far-se-á, de seguida, a
apresentação detalhada das 3 fases de estudo.
119
4. Estudo Preliminar (Fase 1)
O estudo preliminar será apresentado da seguinte forma: apresentar-se-á o
contexto em que decorreu a primeira Oficina de Formação, caracterizando-se os
participantes nela envolvidos e os conteúdos abordados. Explicitar-se-á a metodologia
de trabalho seguida, com apresentação dos trabalhos realizados pelos formandos.
Terminar-se-á com a apresentação dos resultados deste estudo e das suas implicações no
desenho da oficina seguinte, sendo também apresentados os resultados da fase de
follow-up.
4. 1. A primeira Oficina de Formação
O desenho desta investigação previa, desde o seu início, o desenvolvimento de
uma Oficina de Formação com professores. A estratégia seria a de envolver professores
no desenvolvimento de atividades práticas com as TIC para, assim, se acompanhar e
estudar a forma como esses mesmos professores planificam e implementam atividades
práticas com as TIC a desenvolver com os seus alunos.
Formuladas as questões de investigação, foi criado o contexto para as estudar no
decurso da primeira fase de investigação – o estudo preliminar.
As questões de investigação foram operacionalizadas e vieram a revelar-se transversais
às três fases de estudo (cf. Figura II.4), mas em cada um deles foram aprofundadas com
120
base no referencial de trabalho metodológico seguido que previa um sistema em espiral
de “Formação” – “Análise” – “Reflexão” – “Reformulação” – “Acção”.
Este primeiro estudo, que entretanto se designou como preliminar, decorreu no
ano letivo de 2008/2009. Envolveu 33 docentes de um mesmo Agrupamento do centro
de Lisboa, que, em regime de Oficina de Formação, participaram neste estudo. Em
2008, o contexto de formação em TIC era o seguinte: decresceram as Oficinas de
Formação propostas no âmbito do Quadro de Referência CRIE da Formação Contínua
de Professores em TIC, nos anos de 2006 e de 2007; em 2008, a formação dada na área
das TIC nos CFAEs foi avulsa e sem conhecida estratégia nacional. Os professores
continuaram a manifestar interesse nas TIC e procuraram formação. Havia já uma maior
disponibilidade de computadores nas escolas e as redes wireless emergiam.
Selecionou-se a Oficina de Formação “Utilização das TIC nos Processos de
Ensino e Aprendizagem”82 por existir na sua concepção uma abordagem idêntica à que
se pretendia implementar – a de levar os professores a desenvolverem trabalho prático
com os seus alunos, utilizando os computadores e a Internet. O documento que
formaliza esta oficina é perentório a esse nível: “Pretende-se ainda promover a reflexão
sobre metodologias de aplicação das TIC no processo de ensino/aprendizagem,
incentivar a produção, pelos professores, de materiais de apoio ao ensino e sua
disponibilização online, prolongando os momentos de aprendizagem no tempo e no
espaço.” (AN2 da Oficina de Formação “Utilização das TIC nos Processos de Ensino e
Aprendizagem”, 2006, cf. Apêndice A). Assim, esta Oficina foi apresentada aos 33
professores como tendo um caráter prático. Toda a formação deveria ser desenvolvida
82 Esta Acção foi desenvolvida no âmbito do quadro de referência para a formação contínua de professores na área das TIC, definido pelo CRIE – ME, em 2006.
121
com o intuito da aplicação das TIC no contexto profissional dos docentes participantes.
Para a maioria, tal significaria virem a implementar trabalho prático com as TIC na sala
de aula; para outros casos pontuais, tal implicaria o desenvolvimento da utilização das
TIC em contexto profissional / administrativo (caso de professores sem componente
letiva e com cargos de gestão na escola/agrupamento): “Where teachers can see the
explicit relevance of the technology to enhancing their practice, then motivation
increases along with willingness to make the effort and find the time to change83.”
(BECTA, 2009, p. 26). Era este o caminho pretendido - criar um ambiente de formação
que motivasse os professores para a utilização das tecnologias com os seus alunos.
A investigação entrou, nesta fase, no ambiente complexo que é o da formação de
professores: decorreu num ambiente natural e assumiu-se como indutiva, visando
observar, descrever, relacionar, interpretar e encontrar significado. Teoria e prática
uniram-se, sendo que, do lado da primeira, se assumiram princípios do construtivismo
social, sem esquecer a segunda, em que se enquadrou a necessidade de o professor ser
chamado a intervir na sua sala de aula, criando oportunidades de aprendizagem ricas,
diversificadas e ajustadas ao contexto em que atua. (Costa & Viseu, 2008 e Maio,
2011). Recordem-se os ciclos de formação apresentados por Costa e Viseu (2008) –
Figura II-6:
83 N.T.: Quando os professores conseguem ver a relevância explícita da tecnologia para melhorar a sua
prática, então a motivação aumenta tal como a vontade de fazer um esforço de mudança.
122
Figura II. 6 - O modelo F@R (Formação-Acção-Reflexão) de Costa e Viseu (2008)
Num caminho de investigação-ação, da visão ao plano, à prática, à interação e à
reflexão, recolheram-se dados. Estes dados constituem o corpus de análise da fase 1 de
estudo, como se referiu no capítulo da metodologia. Explicitam-se no Quadro II-6, os
tipos de dados recolhidos no âmbito da oficina em foco.
Quadro II. 6 - Dados recolhidos ao longo da oficina “A utilização das TIC nos Processos de
Ensino e Aprendizagem”
Corpus da Oficina 1
Questionários iniciais
Referendos
Projectos de trabalho
Trabalhos final
Questionários finais
Avaliações da oficina
Notas de observação registadas em caderno de campo
Fotografias
Diários
Registos de conversas informais com os formandos
Cheklists
Memorandos analíticos
123
Tratou-se de uma ação de formação contínua, creditada e destinada a professores
interessados em desenvolver as suas competências pedagógicas de utilização das TIC. A
Oficina foi acompanhada de um espaço online na plataforma Moodle da escola, onde
decorreram as sessões.
A primeira sessão da Oficina decorreu a 12 de Outubro de 2008 e constou da
apresentação dos conteúdos, do calendário e da avaliação. As segunda e terceira sessões
decorreram a 17 e 19 de Novembro de 2008 e foram apresentados e debatidos os
seguintes conteúdos:
1. Apresentação de experiências, por parte dos formandos e do formador, de
utilização das TIC como instrumento didáctico.
2. Potencialidades das TIC no processo de ensino aprendizagem – apresentação
de boas práticas.
3. Metodologias de integração das TIC, com particular destaque para a Internet,
no processo de construção e produção do conhecimento; as TIC como:
a. Meio de informação que suporte o aprender pesquisando, descobrindo
e confrontando.
b. Contextos que ofereçam meios seguros de exploração para aprender
fazendo.
c. Meio de comunicação que sustentem o aprender comunicando e
colaborando.
4. Estratégias de utilização das TIC numa perspetiva de reorganização e gestão
de sala de aula, adaptadas aos espaços e equipamentos disponíveis nas escolas.
Estas sessões presenciais, ao longo do mês de Novembro, abordaram assim as
questões teóricas associadas à importância da utilização das TIC nos processos de
124
ensino e aprendizagem. Foram apresentadas, aos formandos, sugestões de leitura de
textos de caráter investigativo nesta área.84 Terminadas estas sessões, e numa perspetiva
de deslocar os formandos para o terreno, solicitou-se que, na disciplina Moodle de apoio
à formação, os professores realizassem a seguinte tarefa:
Faça uma pesquisa na Internet e procure encontrar:
- ou um site sobre os conteúdos que neste momento está a trabalhar com uma das suas turmas;
- ou um projecto em desenvolvimento ou desenvolvido numa escola que lhe pareça interessante;
Avalie esse site ou esse projecto, do ponto de vista da qualidade educativa.
http://moodle.eps-xxxxxxx.rcts.pt/course/view.php?id=44
As quarta e quinta sessões decorreram a 24 e a 26 de Novembro de 2008 e nelas foram
abordados os seguintes conteúdos:
5. Produção e utilização de recursos para o ensino e aprendizagem.
a. Concepção de recursos de suporte à actividade dos professores;
b. Concepção de recursos para o apoio à aprendizagem dos alunos.
6. Capacidade de produção de produtos e recursos pelos alunos.
No final destas sessões, pediu-se aos formandos para realizarem a seguinte tarefa:
- ou um A4 (no máximo) em word (que devem anexar à vossa resposta aqui neste forum) e que deve conter um guião para os alunos explorarem um conteúdo na web (tipo webquest)...
- ou um A4 (no máximo) em word (que devem anexar à vossa resposta aqui neste forum) e que deve conter uma proposta de organização de uma
84 As sugestões de leitura foram, em Novembro de 2008: - An overview of ICT in schools 2006-2007 - Produced for EUN’s Steering Committee and stakeholders,
Anja Balanskat, Roger Blamire, European Schoolnet, June 2007, V.1.0
- Textos do painel "O Digital e o Currículo", nas Actas da V Conferência Internacional de Tecnologias
de Informação e Comunicação na Educação, Challenges 2007, Univ. do Minho.
- "The goal of the UNESCO ICT Competency Standards for Teachers (ICT-CST) Project, UNESCO, 2008
- Manual de ferramentas da web 2.0 para professores:
http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/8286
125
disciplina moodle (e respectivas actividades e recursos) para o vosso departamento/disciplina/ano/ciclo...
- ou a apresentação de um CD-Rom, ou de um software específico da vossa disciplina...
Qualquer uma das respostas que entendam vir a dar, deve ser tida como um rascunho que ficará disponível para todos e que poderá/deverá ser comentada pelos vários elementos deste grupo. O objectivo é o de começar a abrir caminho para um trabalho individual ou de grupo que todos terão de desenhar e implemantar no âmbito desta oficina de formação
As sexta e sétima sessões decorreram a 5 e 8 de Janeiro de 2009 e nelas foram
abordados os seguintes conteúdos:
7. Construção de uma ou duas actividades a realizar em contexto de sala de aula,
por parte de cada um dos formando/grupo de formandos.
Todas as sessões foram de caráter prático, integrando as TIC - com base num
conjunto de propostas de atividades práticas já discutidas, os formandos iniciaram o
desenho de atividades a realizar em contexto de sala de aula, por parte de cada um dos
formandos/grupo de formandos. O trabalho não presencial decorreu durante os meses de
Janeiro e de Fevereiro e teve reflexos na plataforma Moodle. Durante esta fase,
decorreu a intervenção no terreno, com a aplicação das atividades.
Nas duas últimas sessões (oitava e nona), que decorreram a 2 e 4 de Março de
2009, foi feita a apresentação dos trabalhos dos formandos, a avaliação da(s)
atividade(s) realizada(s), seguindo uma metodologia de reflexão, análise e discussão em
grupo.
A Oficina de Formação foi apresentada, desde logo, como tendo um caráter
prático. Assim, abriu-se espaço para reflexão, disponibilizou-se tempo para criação e
experimentação e, por fim, voltou-se à reflexão, terminando com a avaliação do
trabalho desenvolvido.
126
Tendo em conta o calendário da ação, em Janeiro pediu-se que os formandos se
organizassem em grupo ou individualmente e planeassem um projeto de trabalho de
cariz prático que viesse a ser experimentado em situação de sala de aulas com os alunos
(ou em situação profissional, para os formandos sem turmas). Os projetos foram
colocados na disciplina da plataforma Moodle de apoio à formação e foram objetos do
corpus de análise desta primeira fase de investigação. Terminada a formação em Março,
os professores apresentaram os seus relatórios finais em Abril, nos quais deram conta da
implementação dos seus projetos, que envolviam, no geral, implementação de
atividades práticas com as TIC em ambiente de sala de aula. Os professores que
trabalharam em grupo apresentaram um relatório de reflexão por grupo. Estes relatórios
foram também objetos do corpus de análise desta primeira fase de investigação.
4.1.1 - O grupo de professores envolvidos no estudo preliminar
Na fase de divulgação e de aceitação de inscrições, optou-se, por razões de
caráter logístico, por escolher uma escola do centro de Lisboa para a realização da
Oficina. Esta Oficina, como referido, era creditada e aceitava professores de todos os
grupos e níveis disciplinares. Dada a elevada adesão manifestada numa folha de pré-
inscrição disponibilizada na sala de professores dessa escola, optou-se por realizar uma
sessão informal de esclarecimento dos propósitos da Oficina, o seu caráter prático e o
seu calendário de funcionamento. A formação iniciou-se assim com 33 professores.
O questionário inicial descrito, no capítulo da metodologia, foi aplicado
presencialmente aos professores envolvidos. Apresentam-se de seguida os resultados
obtidos. Estes resultados decorreram da análise dos dados feita com base no cálculo das
frequências e percentagens, no caso de itens de resposta fechada, e com recurso aos
127
procedimentos de análise qualitativa de dados (análise de conteúdo), no caso das
questões abertas.
Ciclo e anos de docência
Na primeira parte do questionário, procedeu-se à caracterização dos docentes
quanto ao nível de ensino e aos anos de docência. Os 33 professores exerciam funções
num Agrupamento do centro de Lisboa e, no que respeita aos níveis de ensino docência,
distribuiam-se pelo Pré-escolar (cerca de 6%), pelo 1.º ciclo (cerca de 27%, sendo que
uma das docentes não tinha turma atribuída, por estar com funções de gestão no
Agrupamento), pelo 2.º ciclo (cerca de 37%) e pelo 3.º ciclo (cerca de 30%) (cf. Figura
II-7).
Figura II. 7 - Níveis de ensino docente dos professores do Estudo Preliminar
Tipos de utilização das TIC
Na segunda parte do questionário, abordavam-se questões relacionadas com o
tipo de utilização que estes professores fazem das TIC. A primeira questão remetia para
Pré-escolar6%
1º Ciclo27%
2º Ciclo37%
3º Ciclo30%
Níveis de ensino docente dos professores do Estudo Preliminar
128
a utilização do computador, e numa escala de 1 a 5, obtiveram-se os seguintes
resultados (Figura II-8), que apontam para cerca de metade dos formandos (46,9%) a
usarem pontualmente este equipamento e 37,5% a usarem-no com frequência.
Figura II. 8 - Utilização do computador
Quanto à utilização da Internet e de diversas ferramentas numa escala de 1 a 5,
os resultados (Figura II-9) mostraram valores idênticos aos anteriores ainda que
sobressaiam os professores que dizem utilizar a Internet com frequência (40,6%).
Figura II. 9 - Utilização do computador e da Internet para pesquisa de informação
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
0%
3,1%
46,9%
37,5%
12,5%
Utilização do computador
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
3,1%
6,3%
37,5%
40,6%
12,5%
Utilização do computador e da Internet para pesquisa de informação
129
No que respeita à utilização específica de ferramentas da Internet, os resultados
(Figura II-10) apontam para uma prevalência da utilização do correio eletrónico: 34,4%
sabe receber e enviar emails ainda que só o faça pontualmente e 31,2% sabe utilizar o
email e fá-lo com frequência.
Figura II. 10 - Utilização do computador e da Internet para receber e enviar e-mails
Os resultados relativos à utilização do Moodle estão muito abaixo (Figura II-11)
dos da utilização do email: 43,8% sabem que é possível consultar informação no
Moodle mas não dominam os procedimentos para o fazerem autonomamente. Ainda
assim, 34,4% diz saber os procedimentos e aplicá-los pontualmente.
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
9,4%
6,3%
34,4%
31,2%
18,8%
Utilização do computador e da Internet para receber e enviar e-mails
130
Figura II. 11 - Utilização do computador e da Internet para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle)
Quando se trata de colocar informação no Moodle, os resultados (Figura II-12)
são idênticos aos que conhecem essa possibilidade mas não dominam os procedimentos
de execução, baixando relativamente aos que sabem e o fazem pontualmente (18,8%),
sendo que nenhum professor diz conseguir fazê-lo com grande autonomia
Figura II. 12 - Utilização do computador e da Internet para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle)
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
15,6%
43,8%
34,4%
3,1%
3,1%
Utilização do computador e da Internet para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle)
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
34,4%
43,8%
18,8%
3,1%
0%
Utilização do computador e da Internet para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle)
131
Quanto a outras utilizações não identificadas nas questões anteriores, apenas
uma professora referiu que utilizava a Internet para comunicar com uma pessoa de
família por videoconferência.
Colocaram-se questões específicas sobre a utilização profissional do computador
e/ou Internet, agora solicitando respostas numa escala de 1 a 4. Assim, quanto à
utilização do computador para registo de faltas e de avaliações dos alunos, o resultado
(Figura II-13) que se destaca é o de nunca o terem feito (37,5%), ainda que 21,9% o
faça com frequência e 28,1% o faça com muita frequência.
Figura II. 13 - Utilização do computador para registo de faltas e de avaliações dos meus
alunos, enquanto diretor/a de turma
As utilizações do computador para a realização de fichas e testes é frequente
(Figura II-14) – quase 47% fazem-no com frequência e 37,5%, com muita frequência. Já
no que respeita à elaboração de apresentações eletrónicas os resultados invertem-se
(Figura II-15): 56% nunca fez uma apresentação deste tipo e só 12,5% as faz com
frequência.
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
37,5%
12,5%
21,9%
28,1%
Utilização do computador para registo de faltas e de avaliações dos meus alunos, enquanto director/a de turma
132
Figura II. 14 - Utilização do computador para processamento de texto (ex: Word) para fazer fichas e testes, ou outros documentos em formato digital
Figura II. 15 - Utilização do computador para projeção de conteúdos nas aulas
Relativamente à pesquisa de informação na Internet (cf. Figura II-16), constata-
se que 37,5% o faz esporadicamente; a mesma percentagem de professores fá-lo com
frequência. Observam-se, ainda assim, 9,4% de professores que nunca o fez.
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
9,4%
6,3%
46,9%
37,5%
Utilização do computador para processamento de texto (ex: Word): fichas, testes ou outros documentos em formato digital
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
56,3%
25%
12,5%
6,3%
Utilização do computador para projeção de ficheiros (Power Point) com conteúdos, nas aulas
133
Figura II. 16 - Utilização do computador para, na Internet, pesquisar informação que utilizo para preparar aulas
Ainda sobre a questão da pesquisa na Internet, e tentando perceber quais as
finalidades da mesma, observa-se que, por vezes, esta é feita para trabalho
administrativo (31,2% dos casos), na escola, como se constata pela leitura da Figura II-
17; 50% dos professores nunca fez este tipo de pesquisa.
Figura II. 17 - Utilização do computador para, na Internet, pesquisar informação que utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Conselho Executivo, Pedagógico ou Administrativo)
Situações como a da utilização de mensageiros instantâneos para comunicação
com alunos são raras, conforme ilustram os dados da Figura II-18.
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
9,4%
37,5%
37,5%
15,6%
Utilização do computador para na Internet pesquisar informação que utilizo para preparar aulas
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
50%
31,2%
15,6%
3,1%
Utilização do computador para, na Internet, pesquisar informação que utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Conselho Executivo,
Pedagógico ou Administrativo)
134
Figura II. 18 - Utilização do computador para, na Internet, interagir com os meus alunos, fora das aulas (ex: messenger)
Em situações de formação verifica-se que estes professores, por vezes usam o
computador (Figura II-19).
Figura II. 19 - Utilização do computador para realizar trabalhos em situação de formação
Já nas aulas, em situações concretas de utilização do computador pelos alunos,
nomeadamente, na pesquisa de informação, esta acontece esporadicamente em 34,4%
dos casos e com frequência apenas em 15,6% dos casos. Metade dos professores nunca
criou situações deste tipo, conforme se observa da leitura da Figura II-20. Situações em
que a utilização do computador na sala de aula pelos alunos visa a elaboração de
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
78,1%
9,4%
9,4%
3,1%
Utilização do computador para, na Internet, interagir com os meus alunos, fora das aulas (ex: messenger)
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
12,5%
53,1%
25%
9,4%
Utilização do computador para realizar trabalhos em situação de formação
135
trabalhos em Word, ou Power Point ainda são mais raras do que as de pesquisa na
Internet, como demonstram os resultados expressos na Figura II -21.
Figura II. 20 - Utilização do computador em sala de aula, com os meus alunos a utilizarem computadores para pesquisarem informação
Figura II. 21 - Utilização do computador em sala de aula, com os alunos a utilizarem computadores para fazerem trabalhos em Word ou Power Point
Na questão relativa ao grau de satisfação de cada um destes professores no que
respeita a utilização do computador e da Internet na escola, os resultados expressos na
Figura II-22 apontam para uma maioria de professores insatisfeitos: 12,5% não estão
nada satisfeitos e quase 44% estão pouco satisfeitos.
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
50%
34,4%
15,6%
0%
Utilização do computador em sala de aula, com os meus alunos a utilizarem computadores para pesquisarem
informação
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
53,1%
43,8%
3,1%
0%
Utilização do computador em sala de aula, com os alunos a utilizarem computadores para fazerem trabalhos em Word ou Power
Point
136
Figura II. 22 - Grau de satisfação relativamente ao uso dos computadores e da Internet para fins profissionais
Nos casos em que o uso dos computadores e da Internet para fins profissionais
foi considerado nada ou pouco satisfatório, pediu-se aos formandos que identificassem
eventuais situações conducentes a essa situação. As respostas dadas (abertas) foram
agrupadas por categorias (situações). Os professores identificaram as seguintes
situações subjacentes à não utilização dos computadores e da Internet na escola, com os
seus alunos e na sala de aula:
(i) 20 professores: falta de condições físicas (falta de equipamentos e espaços
adequados85)
(ii) 13 professores: falta de conhecimentos relativos ao funcionamento dos
equipamentos
(iii) 12 professores: falta de conhecimentos no que respeita à organização de
aulas com computadores e Internet
85 Recorde-se que a sede de agrupamento destes professores era uma escola, à data, ainda não
intervencionada pelo PTE.
[nada satisfatório]12%
[pouco satisfatório]
44%
[satisfatório]28%
[muito satisfatório]16%
Grau de satisfação relativamente ao uso dos computadores e da Internet para fins profissionais
137
Tipos de práticas pedagógicas
Relativamente às práticas pedagógicas que estes professores usam nas suas aulas
perguntou-se se eram nada, pouco ou muito variadas. As respostas apresentam-se na
Figura II-23 e demonstram pouca variedade de práticas pedagógicas no quotidiano
destes professores.
Figura II. 23 - Grau de variedade de práticas pedagógicas dos professores
Na sequência da questão anterior, pretendeu-se saber o tipo de aulas mais
comum dadas por estes professores, atendendo às metodologias / estratégias utilizadas.
Os resultados estão expressos na Tabela II-1. As respostas mostram que há um
predomínio de leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de
explicações, leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de
resolução de exercícios e explicações orais e no quadro.
[nada]3%
[pouco]69%
[muito variadas]28%
Grau de variedade de práticas pedagógicas dos professores
138
Tabela II. 1 - Tipo de aulas que os professores realizam comummente, atendendo às metodologias / estratégias utilizadas
Perceções sobre o uso das TIC
No presente estudo, houve a preocupação de identificar as perceções dos
professores relativamente ao uso das TIC, nomeadamente a opinião de cada professor
sobre a utilização de computadores e Internet na escola. As respostas resumem-se na
Figura II-24 e demonstram abertura e interesse pela utilização das TIC na escola. A
motivação dos alunos é, ainda assim, o fator mais relevante para que ponderem vir a
utilizar computadores e Internet na escola.
1 2 3 4 5
[nunca] [por vezes][com alguma
frequência]
[com muita
frequência][sempre]
[leitura de textos do manual escolar
ou de fichas de trabalho, seguido de
explicações]
9,4% 21,9% 18,8% 46,9% 3,1%
[leitura de textos do manual escolar
ou de fichas de trabalho, seguido de
resolução de exercícios]
12,5% 9,4% 21,9% 40,6% 15,6%
[explicações orais seguidas de
perguntas aos alunos]15,6% 9,4% 40,6% 28,1% 6,3%
[explicações orais e no quadro] 9,4% 3,1% 34,4% 43,8% 9,4%
[apresentação de imagens
projectadas ou em quadros, seguida
de explicações]
25% 43,8% 18,8% 9,4% 3,1%
[trabalho de grupo, em que os alunos
resolvem exercícios, depois de eu
explicar a matéria]
15,6% 34,4% 31,3% 9,4% 9,4%
[trabalho de grupo em que os alunos
exploram a matéria depois de eu a
explicar]
18,8% 43,8% 21,9% 9,4% 6,3%
[trabalho de grupo em que os alunos
exploram a matéria antes de eu a
explicar]
38% 31% 25% 6% 0%
[trabalho de projecto em que os
alunos resolvem problemas ou
exploram temas relacionados com a
matéria]
25% 31,3% 18,8% 25% 0%
139
Figura II. 24 - Opinião dos professores sobre a utilização de computadores e de Internet na escola
O grau de motivação (numa escala de 1-nada; 2- pouco; 3-medianamente; 4-
muito) para virem a usar computadores e Internet com os alunos na sala de aula é
elevado: 68,8% estão muito motivados, como demonstram os dados da Figura II-25.
Figura II. 25 - Grau de motivação dos professores para virem a usar computadores e Internet com os alunos na sala de aula
Os resultados do questionário inicial aplicado aos formandos evidenciam um
grupo heterogéneo no que respeita à utilização das TIC. Destaque-se o facto de quase
é motivador para os alunos
pode facilitar o trabalho de ensinar nas aulas
pode facilitar as aprendizagens dos alunos
é uma moda
é vantajoso na preparação de aulas
mais tarde ou mais cedo todos os professores terão que osusar, obrigatoriamente
0%
0%
0%
65,6%
3,1%
3,1%
6,3%
9,4%
9,4%
31,3%
12,5%
25,0%
28,1%
43,8%
34,4%
3,1%
50,0%
18,8%
65,6%
46,9%
56,3%
0%
34,4%
53,1%
Opinião dos professores sobre a utilização de computadores e da Internet na escola
4 [concordo plenamente] 3 [concordo] 2 [eventualmente] 1 [não concordo]
[Nada]
[Pouco]
[Medianamente]
[Muito]
0%
0%
31,3%
68,7%
Grau de motivação dos professores para virem a usar computadores e Internet com os alunos na sala de aula
140
metade dos formandos estar pouco satisfeita com o uso que faz, no início da formação,
dos computadores e da Internet. Relativamente ao nível de insatisfação, recorde-se que
esta se deve, na maioria dos casos, à falta de espaços e de equipamentos, referindo-se,
logo de seguida, a falta de preparação para o manuseamento dos equipamentos. Cerca
de um terço do grupo de 33 professores admite não ter conhecimentos suficientes sobre
a utilização das TIC nas aulas, o que legitima a sua não utilização. A grande maioria
destes professores considera que utilizar as TIC nas aulas é motivador para os alunos,
pode facilitar o ensino e a aprendizagem, é vantajoso na preparação das aulas, sendo
inevitável o uso das TIC pelos professores nas escolas. Trata-se, neste caso, de um
grupo motivado e com o objetivo de aprender e experimentar as TIC no seu contexto
profissional.
4.1.2 - Desenvolvimento da oficina de formação 1
Nesta primeira Oficina de Formação e atendendo às questões de trabalho
definidas no subcapítulo “A primeira Oficina de Formação”, era necessário criar um
ambiente de trabalho que permitisse o desenvolvimento profissional dos professores
relativamente à utilização das TIC. As respostas ao questionário inicial revelaram
grandes fragilidades destes professores na utilização educativa das TIC, identificando-
se, no grupo de formandos, baixos índices de utilização do computador. Como tal, no
final do mês de Novembro de 2008, decorridas cinco sessões presenciais, fez-se um
ponto de situação relativamente ao grau de satisfação dos formandos, através de um
referendo (cf. Apêndice D) colocado na disciplina de apoio à formação na plataforma
Moodle.
141
Os resultados (Figura II-26) demonstram satisfação de cerca de metade dos formandos
com a formação por esta ser adequada às suas necessidades.
Figura II. 26 - Grau de satisfação dos formandos aquando da realização do 1.º referendo
Ainda assim, 15% afirma preferir uma formação de caráter mais prático. Um pequeno
grupo (9%) sente falta de uma formação mais orientada e apenas dois formandos
gostariam que a formação se tornasse mais concreta havendo dois outros a preferirem
uma formação mais simples e, por fim, dois a preferirem uma formação
pedagogicamente mais aprofundada. Três formandos não responderam ao referendo.
Os resultados apresentados foram cruciais para a prossecução da Oficina de
Formação. Se metade do grupo parecia estar confortável com a formação, a outra
metade necessitava de um apoio mais atento para a preparação do momento seguinte, o
da intervenção no terreno.
Deste modo, no início de Janeiro, logo depois de se ter dado início à preparação
das intervenções no terreno, quando as sessões de formação em curso visavam construir
uma ou duas atividades a realizar em contexto de sala de aula, por cada um dos
formandos/grupo de formandos, solicitou-se aos professores que, uma vez mais,
142
expressassem o seu grau de satisfação face à formação, através do preenchimento de
novo referendo (cf. Apêndice D). Obtiveram-se os seguintes resultados, expressos na
Figura II-27:
Figura II. 27 - Grau de satisfação dos formandos aquando da realização do 2.º referendo
A maioria dos formandos afirma estar satisfeito ou muito satisfeito com a formação.
Assim, o direcionamento da formação para as questões práticas parece ter promovido a
satisfação dos professores.
Ainda em Janeiro, solicitou-se nova paragem para que os formandos
respondessem a um terceiro referendo no qual deveriam expressar os seus desejos no
sentido de se poder reorientar a formação, caso tal viesse a ser necessário.
“Estou satisfeito/a com esta formação”
46%
“Estou muito satisfeito/a com esta formação”
39%
“Estou medianamente satisfeito/a com esta formação”
9%
Não responderam6%
Satisfação com a formação
143
Figura II. 28 - Necessidades específicas de formação
Dois formandos não responderam. A maioria aponta para preocupações relacionadas
com a componente pedagógica das TIC, sendo que um grupo menor (33,3%) centra os
seus interesses na manipulação das ferramentas informáticas.
Resumindo, numa fase em que os formandos estariam a começar a preparar as
suas intervenções no terreno, praticamente metade do grupo diz que a formação está
adequada às suas necessidades. Cerca de 15% sente necessidade de uma formação de
caráter mais prático e 9%, de uma formação mais orientada. Há uma divisão notória
entre um grupo que sente necessidade de aprofundar o seu conhecimento no uso das
ferramentas informáticas e um outro que sente necessidade de aprofundar os
conhecimentos na utilização educativa das TIC.
A heterogeneidade dos formandos e a sua forma pessoal de encarar as TIC na
educação começa a desenhar dois grupos distintos:
"Neste momento, gostaria de aprofundar os meus conhecimentos sobre a utilização das TIC com os alunos”
"Neste momento, gostaria de aprofundar o domínio que tenho das ferramentas informáticas (word, ou moodle, ou power point...)”
"Neste momento, gostaria de aprofundar os meus conhecimentos sobre a utilização das TIC na escola”
"Neste momento, gostaria de alterar as minhas práticas pedagógicas na sala de aula com os meus alunos (ou fazer mais trabalho de grupo,
ou ensino mais diferenciado, ou trabalho de projecto, etc)”
Não responderam
45,5%
33,3%
9,1%
6,1%
6,1%
Necessidades específicas de formação
144
- os que parecem compreender a necessidade de desenhar atividades a implementar para
a promoção dos processos de ensino/aprendizagem nas suas aulas, sendo que, para tal,
precisarão de aprofundar conhecimentos em manipulação de ferramentas;
- os que parecem centrar os seus interesses na necessidade de aprofundar o
conhecimento na utilização das ferramentas, para posteriormente desenharem atividades
de ensino/aprendizagem.
Ainda assim, os resultados não são claros relativamente à importância que estes
professores atribuem à manipulação das ferramentas. Ao longo das sessões presenciais,
esta era uma problemática recrutada com frequência. De facto, muitos não dispunham
nem de uma formação técnica de base nem evidenciavam capacidade para explorar de
forma autónoma as ferramentas básicas, como, por exemplo, um software para
construção de uma apresentação eletrónica.
4.1.3 - Projetos de trabalho dos formandos
O objetivo principal desta Oficina de Formação foi o de preparar os professores
para a utilização prática das TIC com os seus alunos. Como tal, a preparação de uma
intervenção no terreno estava prevista desde o início. No âmbito desta investigação,
pretendia-se compreender como decorreria o processo de implementação de atividades
práticas com os alunos. A formalização destas intervenções fez-se pedindo aos
formandos, no final das duas sessões do início de Janeiro, para apresentarem os seus
projetos de trabalho na disciplina de formação a funcionar na plataforma Moodle da
escola onde decorreu a Oficina de Formação.
145
Os formandos organizaram-se em grupos de trabalho e foi-lhes solicitado que
colocassem, num fórum específico da disciplina Moodle de apoio à formação, um
documento com um esboço do trabalho que pretendiam desenvolver – era esta a frase
que surgia na abertura do fórum: “Espaço para colocarem, individualmente ou em
grupo, um esboço/resumo do projecto de trabalho (tema, objectivos, calendário,
intervenientes, materiais/recursos, ...)”
Os projetos de trabalhos que os formandos apresentaram, alguns em grupo,
outros individualmente, tinham a seguinte tipologia: quatro desenvolver-se-iam em
torno do colocar os alunos a pesquisar e a tratar informação sobre uma temática
específica; dois grupos avançariam para a construção de blogues com a participação
ativa dos alunos; dois promoveriam a construção e o desenvolvimento de disciplinas no
Moodle, com a participação de alunos; um outro construiria uma webquest; outro, ainda,
utilizaria um software específico; por fim, um outro formando construiria uma
apresentação eletrónica para a sala de aula. Em quatro projetos, apenas especificaram o
tema da intervenção: dois consistiriam na produção de recursos educativos digitais pelos
formandos para serem apresentados a um público específico (alunos e / ou encarregados
de educação); outro consistiria na construção de um sítio na Internet; um outro utilizaria
um software específico.
A análise de conteúdo feita a estes onze projetos (os restantes 3 grupos
indicaram apenas a temática que iriam tratar) com recurso ao software ATLAS.ti fez
emergir (Quadro II-7) as ligações entre as propostas de temas de trabalhos dos
professores e os objetivos subjacentes:
146
Quadro II. 7 - Tipologia de trabalhos propostos pelos formandos nos projetos
Tipologia de trabalhos Objectivos
“- Pesquisar informação tendo em vista o projecto ‘Água e Rios’
- Utilizar as TIC em contexto de sala de aula” (DocP. 50)
“pretende-se que os alunos pesquisem informação “ (DocP. 52)
“Motivar para a pesquisa histórica;
- Seleccionar e organizar a informação” (DocP. 54)
“Utilizar as TIC como instrumento didáctico no processo ensino-
aprendizagem” (DocP. 57)
“As personalidades em estudo são:
- Fernando Pessoa
- Almada Negreiros
- Picasso
- Einstein
- Churchill
- Ann Frank e
- Miles Davis” (DocP. 57)
“Divulgar os trabalhos realizados pelos alunos dos diversos anos de
Escolaridade” (DocP. 48)
“Trabalhos dos alunos (efectuados na sala de aula, visitas de estudo,
actividades lúdicas, dias comemorativos...)” (DocP. 48)
“Dinamização do Blog da Escola” (DocP. 51)
Com o nosso trabalho, pretendemos a dinamização do blog da escola,
envolvendo os alunos do 7º ano, turma A. Estes elaborarão textos de imprensa,
ilustrando-os com fotografias, a partir das actividades organizadas pelo grupo
de Educação Física para a última semana de aulas do 1º período.” (DocP. 51)
“trabalho na plataforma moodle” (DocP. 53)
“criação de uma disciplina na plataforma (moodle) da escola” (DocP. 56)
“Pretendemos também sensibilizar os nossos alunos para o potencial da
plataforma da escola e familiarizá-los com a sua utilização como um recurso
que poderão tornar cada vez mais útil no seu próprio processo de
aprendizagem.” (DocP. 56)
Construção de um RED
(PPT)
“Resolvi escolher o Power Point, pois é algo com que nunca trabalhei e tinha
alguma curiosidade em saber como apresentar uma aula com a ajuda deste
recurso.” (DocP. 90)
“Concepção e aplicação de Webquest” (DocP. 55)“Conseguir que os alunos desenvolvam actividades que promovam o
conhecimento sobre as artes visuais sequenciadas por actividades que
estimulam a sua experimentação. Pesquisa orientada seguida de desafio.”
(DocP. 55)
“utilização da folha de cálculo” (DocP. 49)
“Sala TIC:
- Computadores;
- Excel;
- Guião da Tarefa;
- Ficha de trabalho;
- Ficha de avaliação da actividade.” (DocP. 49)
Pesquisa e tratamento de
informação
Blogues
Moodle
Software didáctico
Webquest
147
A análise foi feita da seguinte forma: os ficheiros existentes com os projetos
(retirados da disciplina Moodle) foram inseridos na Unidade Hermenêutica (HU) com
as codificações DocP48, DocP49, DocP50, DocP51, DocP52, DocP53, DocP54,
DocP55, DocP56, DocP57 e DocP90 e associados numa família com a designação
"Projectos Trabalho da Oficina 1". Para a codificação destes documentos, utilizaram-se
as unidades de significância correspondentes às tipologias de trabalho (família de
códigos criada a partir do código “Desenvolve-Trabalho-Prático-com-os-alunos-com-as-
TIC”).
Figura II. 29 - Tipologia de trabalhos práticos da Oficina 1
Os códigos utilizados para criar as tipologias de atividades práticas com as TIC foram
os mesmos para a análise dos projetos da Oficina 1 e para a posterior análise das
148
implementações e reflexões que os professores apresentaram no final desta Oficina
(Figura II-29). Realizaram-se 34 codificações nos 11 projetos dos formandos, com as
respetivas citações/referências marcadas; destas, o software fez emergir, utilizando um
algoritmo de próximidade semântica, as mais significativas, apresentadas no esquema
da Figura II-30 e resumiradas no Quadro II-7 já apresentado.
149
Figu
ra II
. 30
- Ativ
idad
es p
rátic
as n
os p
roje
tos
da O
ficin
a 1
149
150
A análise dos documentos que contêm os onze projetos de trabalho mostra que
há, em quase todos, a preocupação de indicar o tipo de participação dos alunos, sendo,
assim, prevista a sua participação ativa. Apenas uma professora se propõe realizar uma
apresentação eletrónica para usar na sala de aula, não se prevendo a realização de
atividades práticas com os alunos (na figura II-30, são as duas citações (90:1 e 90:2) à
esquerda que, como se observa, não apresentam qualquer ligação ao código “atividades-
práticas-com-os-alunos-com-TIC”). Os três restantes projetos apenas indicam o tema;
como tal, não foi possível identificar a participação ou não de alunos.
Listam-se, de seguida, os documentos primários da Unidade Hermenêutica
principal, associados na família “Projectos Trabalho da Oficina 1”:
P90: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1 Comment:
DESCRITIVO - Trabalho de pesquisa, selecção e análise de informação - professora propõem produzir um RED para apresentar na sala de aula - não há previsão de trabalho prático com as TIC pelos alunos
P57: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1 Comment:
DESCRITIVO - Trabalho de pesquisa, selecção e análise de informação com base numa temática transversal - há previsão da realização de trabalho prático com alunos com TIC
P56: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1 Comment:
DESCRITIVO - Construção de uma disciplina no Moodle do Agrupamento - há previsão da realização de trabalho prático com alunos com TIC
P55: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1
P54: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1 Comment:
DESCRITIVO - Trabalho de pesquisa, selecção e análise de informação com base numa temática transversal - há previsão de realização de trabalho prático com alunos com TIC
P53: OFICINA1-projecto-*.pdf
151
Families: Projectos Trabalho da Oficina 1
Comment:
DESCRITIVO - Construção de uma disciplina no Moodle do Agrupamento - há previsão da realização de trabalho prático com alunos com TIC
P52: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1 Comment:
DESCRITIVO - Trabalho de pesquisa, selecção e análise de informação com base numa temática transversal - há previsão da realização de trabalho prático com alunos com TIC
P51: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1 Comment:
DESCRITIVO - Blogue do Agrupamento - há previsão de trabalho prático com alunos com TIC
P50: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1 Comment:
DESCRITIVO - Trabalho de pesquisa, selecção e análise de informação com base numa temática transversal - há previsão de realização de trabalho prático com alunos com TIC
P49: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1 Comment:
DESCRITIVO - Trabalho em torno da utilização de um software específico (folha de cálculo)-
há previsão de realização de trabalho prático com alunos com TIC
P48: OFICINA1-projecto-*.pdf Families:
Projectos Trabalho da Oficina 1 Comment:
DESCRITIVO - construção de um Blogue - há previsão de realização de trabalho prático com alunos com TIC
Como se observa pela anterior listagem obtida via software ATLAS.ti, os comentários
descritivos indicam a tipologia de trabalhos realizados pelo docente ou grupo de
docentes e a participação ou não de alunos.
4.1.4 - Trabalhos finais desenvolvidos pelos formandos
Ao longo dos meses de Janeiro e de Fevereiro, os professores implementaram
atividades de caráter prático com as TIC, apresentando os resultados das suas
intervenções num relatório final. Quanto ao tipo de intervenção no terreno, esta já tinha
sido debatida na preparação dos projetos de trabalho. Ainda assim, a formadora /
152
investigadora deixou, na disciplina Moodle de apoio à formação, a seguinte mensagem,
no início de Janeiro:
“Antes de tudo, é preciso pensar num trabalho prático de utilização das TIC.
Este trabalho prático pode ser, pelo menos, de três tipos:
(i) utilização das TIC pelos alunos em situação de aprendizagem, na sala de
aula, no âmbito da sua disciplina (exemplos: os alunos, ao computador, a
resolverem uma webquest, os alunos a pesquisarem informação e com ela a
construírem um relatório com a informação tratada, um blogue temático, uma
disciplina no moodle, com várias actividades, os alunos a pesquisarem
informação sobre um tema, a tratarem essa informação no word e depois a
construirem um power point que será apresentado oralmente e para todos na
sala de aula, a exploração de um conteúdo com a ajuda do quadro interactivo,
etc, etc…);
(ii) utilização das TIC em situação de ensino (apresentação de um tópico da
matéria com recurso a uma apresentação em power point desenvolvida para
esse efeito, produção de outros recursos digitais para apresentação de matéria,
organização de uma pasta no computador com diversos recursos de apoio ao
seu trabalho, uma aula a dar com a ajuda do quadro interactivo, etc, etc);
(iii) utilização das TIC para apoio ao seu trabalho de Coordenadora de
Departamento, de membro do Conselho Pedagógico, etc…
A realização deste trabalho prático deve ter a montante um trabalho de reflexão
que inclui a identificação das necessidades de cada um, a planificação da
actividade, a calendarização e produção dos recursos necessários. Devem ainda
ser produzidos instrumentos de avaliação do trabalho prático para aplicação
durante ou imediatamente a seguir à sua realização, por exemplo, se os alunos
vierem a realizar uma actividade prática em sala de aula com as TIC, deve
construir uma ficha de observação onde regista os comportamentos dos alunos e
os resultados obtidos, em termos de aprendizagens.
A jusante, deverá realizar um relatório onde irá apresentar, por escrito, o
trabalho que fez, ou seja, um resumo do trabalho feito a montante e a
fundamentação para as escolhas feitas, depois uma explicação da situação ou
(i) ou (ii) ou (iii) – dependendo da sua opção: o que fez, em que situação
aplicou, quais os resultados obtidos. Por fim apresente uma reflexão sobre o
que correu bem, o que correu menos bem ou até o que correu mal.
A estrutura do trabalho feito será algo do género:
- Capa
- Índice
- Introdução (com os objectivos e a fundamentação para as escolhas que fez)
153
- Desenvolvimento (caracterização da actividade prática que vai desenvolver, a
actividade propriamente dita, a planificação e calendarização, o instrumento de
avaliação da actividade, descrição da situação de aplicação, resultados obtidos)
- Notas finais (a reflexão sobre o que correu bem, o que correu menos bem, ou
até o que correu mal e, eventualmente, sugestões para novas actividades)
- Referências (sites consultados para realização do trabalho).
E é só.
Bom trabalho e não deixem de colocar, ou aqui no moodle ou presencialmente,
as vossas dúvidas.
xxx"
Pretendia-se compreender de que forma os professores tinham incorporado a formação e
estariam capazes de conceptualizar uma intervenção no terreno e de, posteriormente,
refletir sobre ela, ainda em ambiente de formação.
Numa primeira análise aos trabalhos realizados, verificou-se que os formandos
desenvolveram a seguinte tipologia de trabalhos, que se compara com a dos projetos na
seguinte figura (Figura II-31):
Figura II. 31 - Tipologia de trabalhos previstos e de trabalhos realizados.
Pesquisa e tratamento de informação
Moodle
Blogues
Webquest
Software didáctico
Construção de um site
Construção de um RED (PPT)
4
2
2
1
1
1
3
5
2
1
1
1
1
3
Tipologia de trabalhos previstos e de trabalhos realizados
Realizados Previstos de acordo com os projectos
154
Contou-se com a possibilidade de analisar, com a ajuda do software ATLAS.ti,
11 trabalhos finais86. Esta análise iniciou-se com a inserção, na Unidade Hermenêutica
(HU), dos relatórios finais dos formandos, com as codificações: DocP45, DocP46,
DocP47, DocP58, DocP59, DocP60, DocP61, DocP62, DocP63, DocP64 e DocP65 e
associados numa família com a designação "Relatórios finais da Oficina 1". Para a
codificação destes documentos, utilizaram-se as unidades de significância
correspondentes às tipologias de trabalho. Para além da codificação, inseriram-se
comentários associados às características dos trabalhos desenvolvidos, que permitiram,
com a ajuda do software de análise, construir o quadro II-8.
Quadro II. 8 - Realização de trabalho prático com alunos com recurso às TIC vs ausência de realização de trabalho prático com alunos
A partir desta fase iniciou-se um procedimento de análise mais detalhada aos oito
trabalhos que implementaram no terreno atividades práticas com as TIC e em que os
seus alunos tiveram um papel ativo.
86 3 deles só possuem versão em papel.
Realização de trabalho
prático com alunos, com
as TIC
Sem realização de
trabalho prático com
alunos
Professora produziu vários REDs para apresentar aos colegas e para
organização do seu trabalho escolarDocP46
Professoras produziram um RED para apresentar aos encarregados
de educaçãoDocP47
DocP45
DocP58
DocP59
DocP60
Plataforma Moodle DocP61
DocP62
Webquest DocP63
Blogue DocP64
Construção do site do Agrupamento DocP65
Trabalho de pesquisa, selecção e análise de informação com base
numa temática transversal
155
4.1.5 - Da formação à sala de aula - fase 1
As oito experiências analisadas na primeira fase de implementação de trabalho
prático na sala de aula com alunos correspondem à realização de atividades práticas
com os computadores e a Internet, levadas a cabo por um total de 23 professores. As
oito experiências decorrem do facto de todos, exceto uma professora, trabalharem em
grupo e de cada grupo ter apresentado um relatório único com as atividades práticas que
cada professor levou para a sua sala de aula. Em cada trabalho de grupo, as
planificações foram feitas em conjunto e os resultados obtidos por cada formando foram
discutidos e apresentados num relatório final.
Apresentam-se, em seguida, os trabalhos práticos destes professores, fazendo a
análise por tipologia de projeto desenvolvido por cada grupo.
Começando pela análise da tipologia de trabalhos mais frequente (“Trabalho de
pesquisa, seleção e análise de informação com base numa temática transversal”),
apresenta-se, de seguida, o trabalho registado no documento DocP45; trata-se de um
trabalho de três professoras, que o descrevem da seguinte forma:
Partindo de uma unidade temática do 6º ano, procurámos motivar os alunos para
a disciplina e pesquisa de novos conhecimentos através das TIC. Todas
leccionamos o 6ºano e mais de uma disciplina em cada uma dessas turmas (LP,
HGP, EA, AP), tornando mais fácil e atractivo o estudo destas disciplinas que
por vezes se tornam pouco motivantes. (DocP45)
O software de análise ATLAS.ti permitiu fazer emergir uma rede de relações,
estabelecidas com base na próximidade semântica, que se apresentam na figura II-32 e
depois se discutem:
156
Figu
ra II
. 32
- Tra
balh
o D
ocP4
5
156
157
São evidenciados, neste esquema, as preocupações dos formandos em torno da pesquisa
e do tratamento da informação a dois níveis: um primeiro relacionado com a preparação
das atividades a realizar com os alunos e um outro em torno da pesquisa que os próprios
alunos irão desenvolver. No primeiro nível, compreende-se que o fator mobilizador
nasce do ambiente de formação.
Continuando a análise da tipologia de trabalhos mais frequente (“Trabalho de
pesquisa, seleção e análise de informação com base numa temática transversal”),
apresenta-se agora o trabalho representado no documento DocP58. O trabalho das sete
professoras envolvidas é apresentado pelas mesmas com os seguintes objetivos:
- Utilizar metodologias activas e participativas, com recurso às TIC no processo
Ensino – Aprendizagem;
- Adoptar práticas que levem ao envolvimento dos alunos em trabalho prático
com TIC, nomeadamente na pesquisa de informação e produção de textos;
- Partilhar experiências e saberes no seio da comunidade educativa;
- Aprofundar o conhecimento de cada aluno sobre a sua freguesia;
- Desenvolver a percepção de fenómenos no tempo e no espaço. (DocP58)
Estas professoras estabelecem uma ligação entre utilizar metodologias ativas e
participativas e preparar e realizar de um trabalho prático com as TIC pelos alunos (os
alunos pesquisaram na Internet, com a ajuda de um guião, um conjunto de trajes típicos
e compararam as imagens com os desenhos que tinham feito; apresentaram,
posteriormente, os seus trabalhos numa sessão pata pais e famílias). Também aqui o
software de análise ATLAS.ti permitiu fazer emergir uma rede de relações semânticas,
que se apresentam no seguinte esquema (Figura II-33):
158
Figu
ra II
. 33
- Tra
balh
o D
ocP5
8
158
159
O terceiro trabalho da tipologia de mais frequente (“Trabalho de pesquisa, seleção e
análise de informação com base numa temática transversal”) está representado no
documento DocP59. O trabalho, de três professoras, é apresentado pelas mesmas da
seguinte forma:
O presente trabalho pretendeu constituir uma oportunidade de utilização das TIC
pelos alunos, em situação de aprendizagem. A concepção e implementação das
actividades visou proporcionar aos alunos do 6º ano, das turmas A, B e H o
desenvolvimento do gosto pelo saber, a mobilização de saberes culturais,
científicos e tecnológicos na compreensão da realidade e, paralelamente, a
construção de uma consciência ecológica
conducente à valorização e preservação do património natural e cultural.
Fazendo uso de uma actividade orientada, os nossos alunos pesquisaram,
seleccionaram e organizaram autonomamente a informação recolhida
transformando-a em conhecimento mobilizável. (DocP59)
Também aqui, o software de análise ATLAS.ti permitiu fazer emergir uma rede de
relações semânticas, que se apresentam no seguinte esquema (Figura II-34):
160
Figu
ra II
. 34
- Tra
balh
o D
ocP5
9
160
161
O trabalho, também de pesquisa orientada, que é relatado no DocP60 e que foi
desenvolvido por duas professoras, demonstra a preocupação de orientar os alunos na
pesquisa:
Para tal, distribuímos pelos alunos uma webquest por nós elaborada onde, entre
outros factores, é sugerida a consulta de diversos livros, revistas, jornais e sites.
(DocP60)
O software de análise ATLAS.ti permitiu fazer emergir uma rede de relações
semânticas que se apresentam no seguinte esquema (Figura II-35):
Figura II. 35 - Trabalho DocP60
162
Avançando agora para a análise da tipologia de trabalhos “Plataforma Moodle”,
apresenta-se, de seguida, o trabalho representado no documento DocP61; é um trabalho
desenvolvido por duas professoras que o descrevem da seguinte forma:
Conscientes do papel das TIC na vida da escola e dos nossos alunos, foi com
entusiasmo que partimos à descoberta deste mundo, organizando um disciplina
na internet – na plataforma (moodle) da escola – para as turmas do 9.º ano -
que permitisse a aquisição/mobilização de saberes relativos aos conteúdos
programáticos da disciplina de Língua Portuguesa. Cedo nos apercebemos de
que a integração das TIC nos processos de aprendizagem pode constituir um
factor de inovação pedagógica, proporcionando novas modalidades de trabalho
na escola, capazes de suscitar nos alunos uma motivação e um interesse
redobrado pela aprendizagem. (DocP61)
O software de análise ATLAS.ti permitiu fazer emergir uma rede de relações
semânticas, que se apresentam no seguinte esquema (Figura II-36):
163
Figura II. 36 - Trabalho DocP61
O segundo trabalho feito no âmbito da tipologia “Plataforma Moodle” foi desenvolvido
por três professoras, com o seguinte propósito:
Optámos pela realização de um trabalho de pesquisa orientada e tratamento de
informação na plataforma informática do Agrupamento, aplicado a três turmas,
duas de sétimo ano e uma de oitavo.
O tema que escolhemos foi de interesse comum, onde os alunos pudessem
aplicar conhecimentos das disciplinas de História e Geografia.
Os grandes objectivos pela opção deste tipo de trabalho foram:
- O desenvolvimento de competências pessoais na área das TIC;
- Familiarização com a dinâmica da plataforma;
- Utilização de estratégias das TIC para estruturação e gestão do PCT,
fornecendo assim aos alunos novos métodos de pesquisa e descoberta que incuta
uma dinâmica alternativa no processo ensino-aprendizagem;
- Desenvolvimento da capacidade de produzir recursos para os alunos, no âmbito
das TIC, o que facilita uma permanente interacção entre docente/discente, fora
164
da sala da aula e consequentemente um esclarecimento mais rápido de eventuais
dúvidas. (DocP62)
O software de análise ATLAS.ti permitiu fazer emergir uma rede de relações
semânticas, que se apresentam no seguinte esquema (Figura II-37):
Figura II. 37 - Trabalho DocP62
O trabalho cuja tipologia é “Webquests” está representado no documento DocP63; trata-
se do trabalho de uma só professora, que o descreve da seguinte forma:
A primeira abordagem à concretização do trabalho foi feita com os
conhecimentos informáticos que já possuía. A WebQuest foi desenhada em
Word num formato de ficha que funcionava como guião. A única diferença
consistia em orientar os alunos em pesquisas na internet (consulta de sítios).
(DocP63)
165
O software de análise ATLAS.ti permitiu fazer emergir uma rede de relações
semânticas, que se apresentam no seguinte esquema (Figura II-38):
166
Figu
ra II
. 38
- Tra
balh
o D
ocP6
3
166
167
Por fim, há a considerar o trabalho cuja tipologia é “Blogues”, representado no
documento DocP64; é um trabalho desenvolvido por duas professoras, que o descrevem
da seguinte forma:
Cada grupo ficou então responsável por comparecer, pelo menos, na actividade
que lhe tinha sido atribuída e, tal como um repórter, “ver e ouvir” in loco o que
se passava e fazer a reportagem fotográfica. Posteriormente, já no segundo
período, os alunos procederam ao tratamento das fotografias, à redacção de
notícias sobre as actividades e à elaboração de entrevistas aos professores
responsáveis pela sua concretização. Finalmente, depois de tudo corrigido e
aperfeiçoado, o produto final foi editado no blog da escola. (DocP64)
O software de análise ATLAS.ti permitiu fazer emergir uma rede de relações
semânticas, que se apresentam no seguinte esquema (Figura II-39):
Figura II. 39 - Trabalho DocP64
168
O resultado da análise das referências explícitas a trabalho prático com os alunos, com o
recurso a computadores e a Internet, realizados por estes 23 professores é apresentado
na Figura II-40:
Figura II. 40 - Identificação de trabalhos práticos desenvolvidos
Os 23 professores desta primeira oficina envolveram alunos na implementação de
trabalhos práticos com as TIC. Os trabalhos práticos que realizaram com os seus alunos
foram estruturados de dois modos distintos: fazendo referência de forma genérica à
realização de atividades com os computadores e a Internet nas suas aulas (56,3% das
referências têm este caráter genérico) ou especificando o tipo de atividade desenvolvida
(neste caso, a maior parte das referências faz-se relativamente a trabalhos de pesquisa
orientada na Internet – 23,9%).
4.1.6 - Referencial para a integração das TIC – fase 1
Analisados os trabalhos práticos realizados na sala de aula com a participação
ativa dos alunos, resta retirar dos relatórios finais as reflexões dos professores sobre as
suas intervenções. É aqui que o referencial de análise (apresentado no subcapítulo da
Metodologia – “O referencial de análise dos dados” - Quadros II-2, II-3, II-4 e II-5) se
Trabalhos práticos
Trabalho de pesquisa, selecção e análise de informaçãocom base numa temática transversal
Plataforma Moodle
Webquest
Blogue
Total
40
17
9
4
1
71
56,3
23,9
12,7
5,6
1,4
100
Identificação de trabalhos práticos desenvolvidos
Percentagem
Frequência
169
revela fundamental para compreender o processo de integração das TIC na sala de aula
e para definir quais os fatores inibidores e quais os promotores dessa integração ou que
a podem condicionar. Assim, seguem-se três secções com a análise detalhada, através
do software de análise ATLAS.ti, dos relatórios finais de formação elaborados pelos
grupos de formandos com vista à definição dos perfis TIC destes professores e à
identificação das competências e atitudes face às TIC presentes nos seus textos
reflexivos de final de formação. A base de análise foi a codificação a partir do
referencial inicial (apêndice L) que evolui para o referencial final (Quadros II-2, II-3, II-
4 e II-5), de acordo com os procedimentos explicitados no subcapítulo 3.8.
Competências gerais em TIC e competências de desenvolvimento
profissional em TIC na fase 1
As competências em TIC dos 33 professores foram analisadas sob duas
vertentes: as consideradas gerais e as de desenvolvimento profissional (cf. Quadro II-2 e
Quadro II-3). Para tal, analisaram-se os resultados obtidos com base no estudo das
narrativas expostas pelos professores nos seus relatórios finais, que se cruzaram com as
respostas dos mesmos professores nos questionários iniciais e finais da formação, no
que diz respeito às suas competências TIC que admitiam ter no início e às que
desenvolveram com a formação.
As competências gerais em TIC foram analisadas inicialmente segundo quatro
eixos: (i) o da capacidade de produzir documentos digitais; (ii) o da capacidade de
executar operações com equipamentos e sistemas operativos; (iii) o de ser competente
na utilização das TIC para comunicar síncrona e assincronamente; (iv) o de ser
170
competente na pesquisa, seleção e avaliação de informação na Internet em função de
objetivos específicos.
As competências de desenvolvimento profissional em TIC foram analisadas
inicialmente segundo três eixos: (i) conhece e utiliza as TIC nos processos de avaliação
e/ou investigação; (ii) utiliza as TIC no seu desenvolvimento profissional; (iii)
acompanha o desenvolvimento das TIC.
Estas duas vertentes de análise foram agrupadas em duas famílias de códigos nos
procedimentos de análise feitos com o software ATLAS.ti.
Começando a análise pelas competências gerais em TIC, verifica-se que a maior
parte dos professores que frequentaram esta formação não tinha, à partida, competências
gerais em TIC (tal afirmação será reforçada posteriormente com os resultados dos
questionários aplicados). Veja-se o exemplo desta professora, que, em termos de
competências para pesquisar informação em função de objetivos, refere:
A procura de recursos e assuntos através da Internet, é também um domínio em
que me vou sentindo progressivamente mais à vontade (DocP46)
Encontram-se também vários exemplos de professores que demonstram um nível
inicial baixo no que respeita ao domínio de ferramentas. Veja-se o seguinte caso:
O desafio lançado pela formadora, para a apresentação dos trabalhos em power
point, despertou-nos para as vantagens na utilização desta ferramenta de
trabalho, facilitadora da comunicação com a comunidade educativa (DocP58)
Surgem, no entanto, alguns casos de professores que dominam não só
ferramentas básicas como aplicações com utilidade educativa. Veja-se o caso deste
grupo de professoras, que testou da seguinte forma as aprendizagens dos alunos em
171
aulas em que estes utilizaram os computadores e a Internet para trabalhos de pesquisa,
seleção e avaliação de informação, no contexto de um trabalho de preparação de uma
visita de estudo:
Numa segunda fase, no final de Fevereiro, procedeu-se à testagem dos
conhecimentos adquiridos através da resolução de questões, designadas por
“Cruzadex”, que criámos fazendo uso do programa informático do tipo “Hot
Potatoes”. Numa aula de quarenta e cinco minutos, em Estudo Acompanhado e
na sala atribuída a cada turma, promovemos um concurso de palavras cruzadas.
Para tal, utilizámos apenas um computador portátil e a pen, na qual havíamos
gravado o “Cruzadex”. À vez, em privado, os grupos, na maioria pares,
preencheram as palavras cruzadas, obtendo-se a respectiva pontuação. (DocP59)
Um outro exemplo é o que a seguir se apresenta – o de uma professora que
domina as ferramentas básicas e abre caminho para encontrar soluções com um
potencial educativo mais elevado, aprofundando, assim, as suas competências básicas
na utilização das TIC:
Faltava agora encontrar um desafio que acrescentasse algumas aprendizagens ao
nível dos meus conhecimentos da utilização da informática. No meu processo de
pesquisa sobre WebQuest fui visionando as possibilidades de formatos
dinâmicos com recurso a hiperligações. Essa passou a ser a minha ambição.
(DocP63)
As competências de desenvolvimento profissional em TIC manifestam-se em
várias situações. Veja-se, a título de exemplo, o que é referido pelo seguinte grupo de
professoras do 1.º ciclo:
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) têm, hoje em dia, um
papel cada vez mais influente e imprescindível no processo Ensino –
172
Aprendizagem. A sua permanente e rápida evolução “obriga-nos” a estar
sempre actualizados. (DocP58)
As mesmas professoras referem, ainda, ao terminarem a abordagem às necessidades de
formação que sentem:
Foi com este espírito de constante aprendizagem, que decidimos frequentar esta
Acção de Formação. (DocP58)
Ilustrativa é também a seguinte referência à evolução das competências que
professoras do 2.º ciclo sentiram ao longo da formação:
Em síntese, hoje julgamos utilizar as tecnologias de informação e comunicação
com maior desenvoltura e ainda poder afirmar que cumprimos todos os
objectivos a que nos propusemos no projecto de trabalho. (DocP59)
Do ponto de vista das competências gerais em TIC deste grupo de professores, ainda
assim, as frequências mais elevadas surgem na dimensão “Elabora documentos digitais
em contextos diversificados” (126 ocorrências); do ponto de vista das competências
profissionais em TIC, as frequências mais elevadas surgem na dimensão “Utiliza as TIC
no seu desenvolvimento profissional” (62 ocorrências). Estes dados completam e
reforçam o perfil do grupo de trabalho da oficina 1: professores utilizadores das TIC no
âmbito de contextos muito específicos: preparação de documentos para fins genéricos
ou de utilização em sala de aula e para as outras tarefas dos seus quotidianos
profissionais.
173
Competências pedagógicas em TIC na fase 1
As competências pedagógicas em TIC destes 23 professores foram analisadas
em torno de sete eixos (cf. Quadro II-4). A Tabela II-02 apresenta as frequências
relativas a cada um dos eixos considerados: (i) desenvolve trabalho prático com os
alunos com as TIC; (ii) detém conhecimento atualizado em TIC e seu potencial
educativo; (iii) identifica e compreende as vantagens do uso das TIC no processo
educativo; (iv) cria situações inovadoras para o uso das TIC; (v) identifica
constrangimentos do uso das TIC no processo educativo; (vi) adequa práticas
pedagógicas ao uso das TIC; (vii) adapta ou cria REDs capazes de facilitar o ensino e a
aprendizagem.
Tabela II. 2 - Identificação das competências pedagógicas dos professores
Frequência Percentagem
Desenvolve trabalho prático com os alunos
com as TIC40 57,1
Detém conhecimento actualizado em TIC e
seu potencial educativo8 11,4
Identifica e compreende as vantagens do
uso das TIC no processo educativo8 11,4
Cria situações inovadoras para o uso das
TIC6 8,6
Identifica constrangimentos do uso das TIC
no processo educativo5 7,1
Adequa práticas pedagógicas ao uso das
TIC2 2,9
Adapta ou cria REDs capazes de facilitar o
ensino e a aprendizagem [1]1 1,4
Total 70 100
[1] Este valor muito baixo deve-se ao facto de raramente os professores explicitarem o tipo
de recursos digitais que produziram para as situações de ensino e aprendizagem com as TIC.
Assim, torna-se difícil fazer a codificação do texto a este nível, ainda que implicitamente se
depreenda que se existia, por exemplo, um guião de apoio à pesquisa para os alunos
utilizarem, tal guião tenha sido feito num processador de texto pelo/s professor/es.
174
Quando se analisam as competências pedagógicas identificadas na análise feita
aos relatórios de formação destes professores, verifica-se um valor elevado de
referências explícitas ao facto de terem desenvolvido trabalho prático com as TIC nas
suas aulas, com os alunos. Este era o maior objetivo da realização desta Oficina de
Formação e tal parece ter sido alcançado. É, no entanto, relevante que a maioria dos
professores não faça qualquer referência à necessidade de adequação das suas práticas
pedagógicas ao uso das TIC em sala de aula pelos seus alunos. Ainda assim, mesmo
havendo poucas referências à adequação das práticas pedagógicas, não deixa de ser
interessante referir a seguinte citação feita no relatório de três professores que assumem
terem realizado trabalho prático com os seus alunos, com recurso às TIC, no contexto de
sala de aula:
Aceitámos o desafio, e, na sala 15, pela primeira vez, perante a turma, vencemos
os receios que tínhamos por nunca termos utilizado o computador em situação
de aula. Supervisionámos o trabalho dos nossos alunos e orientámo-los, tendo
estes concretizado as tarefas propostas de forma ordeira e empenhada.
Diversificámos os recursos/materiais utilizados na área de Estudo
Acompanhado, conciliando de forma inovadora, o desenvolvimento de um
projecto que havíamos abraçado. (DocP59)
Destaque-se o facto de, nesta citação, haver referência ao papel do professor feito da
seguinte forma: o que supervisiona e orienta. Esta questão será retomada nas conclusões
desta tese.
Atitudes face às TIC na fase 1
As atitudes face às TIC foram analisadas em torno de três eixos (cf. Quadro II-
5), como se apresenta na Figura II-41: (i) demonstra abertura face à inovação
175
tecnológica; (ii) procura formação adequada às suas necessidades na área das TIC ; (iii)
compreende a necessidade de adequar práticas pedagógicas ao uso das TIC. As
referências que predominam são as relativas à abertura face à inovação tecnológica.
Veja-se, por exemplo, o que é referido pelo grupo de professoras que trabalharam em
situação de sala de aula (1.º ciclo) com as TIC:
A necessidade que cada um de nós, enquanto professores, sente em tentar
acompanhar estes tempos de grande mudança a nível das novas tecnologias é
notória. (DocP58)
A utilização das TIC na educação pode ser uma das respostas mais inovadoras
como recurso educativo contribuindo para a integração plena de todos os
alunos sejam ou não considerados com necessidades educativas especiais.
(DocP58)
Pudemos também trocar experiências a esse nível [referem-se a dificuldades
sentidas] e de certa forma incentivarmo-nos mutuamente a “abraçar” esta
inovação na sala de aula e na planificação das nossas actividades lectivas.
(DocP60)
São vários os grupos que revelam o objetivo de levar as TIC para a sala de aula.
Paralelamente, revelam consciência da necessidade de formação neste domínio:
Não podemos, por isso, perder o comboio e acredito que a utilização dos meios
informáticos nos facilitam a vida, mas para chegarmos a esse ponto precisamos
de investir na nossa formação e de nos empenharmos mais neste mundo
fantástico das novas tecnologias. (DocP46)
176
Figura II. 41 - Identificação das atitudes face às TIC dos professores
4.1.7 - Os professores e as TIC no final da formação
Como já foi referido, para além da análise de conteúdo aos relatórios de final de
formação, obtiveram-se outros dados, nomeadamente, frequências de respostas a
questões específicas sobre as competências dos professores no início e no final da
formação.
O questionário final da ação87, cujos resultados se apresentam de seguida,
continha questões idênticas ao questionário inicial e outras que foram desdobradas e
detalhadas. Dos 33 formandos, 30 responderam ao questionário final da ação.
A primeira questão remetia para a utilização do computador reportada ao
momento do início da formação (Novembro de 2008). As respostas resumem-se ma
Figura II-42.
87 Será apresentado, ainda, e posteriormente a esta secção, um outro questionário com a avaliação da
ação, pelos formandos.
Demonstra abertura face à inovação tecnológica
Procura formação adequada às suas necessidades naárea das TIC
Compreende a necessidade de adequar práticaspedagógicas ao uso das TIC
Total
9
6
5
20
45
30
25
100
Identificação das atitudes face às TIC dos professores
Percentagem
Frequência
177
Figura II. 42 - Utilização do computador
A principal escolha torna a recair sobre: “sei utilizar o computador mas faço-o
pontualmente”, ou seja, tal como admitiram no início da ação e tornam a assumir agora,
metade dos professores utilizava muito pouco o computador em Novembro de 2008.
Quanto à utilização da Internet, estes professores referem que, no início da
formação, a utilizavam pontualmente para pesquisa de informação, para receber e enviar
emails e para utilização do Moodle, de acordo com os valores expressos nas Figuras II-
43, II-44, II-45 e II-46, que se seguem:
Figura II. 43 - Utilização do computador e da Internet para pesquisa de informação
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
0%
0%
46,7%
26,7%
26,7%
Utilização do computador
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
0%
3,3%
40,0%
36,7%
20,0%
Utilização do computador e da Internet para pesquisa de informação
178
Figura II. 44 - Utilização do computador e da Internet para receber e enviar e-mails
Figura II. 45 - Utilização do computador e da Internet para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle)
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
3,3%
6,7%
26,7%
26,7%
36,7%
Utilização do computador e da Internet para para receber e enviar e-mails
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
20%
23,3%
26,7%
23,3%
6,7%
Utilização do computador e da Internet para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle)
179
Figura II. 46 - Utilização do computador e da Internet para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle)
Pediu-se, seguidamente, para terem em conta várias situações de utilização de
computadores e da Internet, durante e no final da formação, identificadas na tabela que a
seguir se apresenta (Tabela II-03).
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
33%
20,0%
33,3%
13,3%
0,0%
Utilização do computador e da Internet para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle)
180
Tabela II. 3 - Várias situações de utilização de computadores e Internet, antes e durante a formação
No pedido de comparação sobre atividades mais específicas com as TIC, sempre numa
perspetiva de comparação entre o início e o final da formação, destacam-se os seguintes
resultados: os 20% de professores que ou nunca ou apenas às vezes produziam
documentos com recurso ao processador de texto desaparece. Os 40% que o faziam com
frequência sobe para 50%, o mesmo sucedendo com os que o faziam com muita
frequência. Quanto à utilização de apresentações eletrónicas nas aulas, dos 70% que
nunca o tinham feito, restam 17%. Os 13% que o faziam com frequência sobe para 27%.
1 2 3 4 1 2 3 4
Utilizava / Utilizo o processador de
texto (ex: Word ) para fazer fichas e
testes, ou outros documentos em
formato digital:
6,7 13,3 40 40 0 0 50 50
Utilizava / Utilizo o power point para,
nas aulas, projectar apresentações
aos meus alunos sobre a matéria
70 16,7 13,3 0 16,7 56,7 23,3 3,3
Na Internet pesquisava / pesquiso
informação que utilizo para preparar
aulas
13,3 46,7 23,3 16,7 3,3 13,3 56,7 26,7
Na Internet pesquisava / pesquiso
informação que utilizo para trabalho
de escola (no âmbito do Conselho
Executivo, ou Pedagógico, ou
Administrativo
53,3 26,7 20 0 33,3 30 33,3 3,3
Com a Internet, interagia / interajo
com os meus alunos, fora das aulas
(ex: menseger )
90 10 0 0 63,3 20 16,7 0
Utilizava / Utilizo em situação de
formação, para a realização de
trabalhos
16,7 43,3 33,3 6,7 0 3,3 70 23,3
Utilizava / Utilizo em situações de
sala de aula, com os meus alunos a
utilizarem computadores para
pesquisarem informação
40 43,3 16,7 0 10 30 43,3 10
Utilizava / Utilizo em situações de
sala de aula, com os meus alunos a
fazerem trabalhos em Word , ou
power point
36,7 56,7 6,7 0 20 33,3 36,7 10
Utilizava / Utilizo em sala de aula,
noutras situações (indique quais)0 0 0 0 0 0 0 0
SituaçãoAntes da formação Durante e depois da formação
181
Relativamente à pesquisa na Internet para a preparação de aulas, de 40% que o
fazia com frequência ou muita frequência passa-se para 83%. Relativamente a situações
de utilização da Internet em ambiente de sala de aula, havia 83% que nunca o tinha feito
ou apenas o fizera pontualmente e, agora, essa percentagem desce para 40%, ou seja,
menos de metade. Dos 17% que inicialmente o fazia com frequência, passa-se para 53%
a realizarem esse trabalho na sala de aula com frequência ou muita frequência.
Num grupo de questões relacionadas com as perceções sobre o uso das TIC,
colocaram-se várias questões de resposta aberta. A primeira remetia para as vantagens
da utilização dos computadores e da Internet pelos professores (Figura II-47).
Figura II. 47 - Identificação de vantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos professores
A maioria dos professores centra as respostas nas possibilidades de pesquisa e de
produção de recursos educativos.
Possibilita a produção de REDs
Aumenta a interacção entre professores ealunos
Aumenta a motivação dos professores
Possibilita e atualização da informaçãoapesquisa
Permite a partilha de conhecimentos
Diversifica os recursos na sala de aula
17
2
4
24
9
2
Identificação de vantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos professores
Frequência
182
A segunda questão remetia para as vantagens da utilização dos computadores e
da Internet pelos alunos (Figura II-48).
Figura II. 48 - Identificação de vantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos alunos
Neste caso, com igualdade de respostas as maiores vantagens indicadas são o aumento
da motivação dos alunos e o acesso facilitado à informação.
Quando questionados sobre eventuais desvantagens da utilização dos
computadores e da Internet pelos professores, destacam o acréscimo de tempo de
trabalho (Figura II-49).
2
2
15
2
2
4
15
4
1
3
2
Acesso a bons conteúdos, quando devidamenteacompanhados
Participação mais activa no processo deaprendizagem
Maior motivação
Desenvolvimento de competências de pesquisa eselecção da informação
Produção de documentos
Alternativa aos métodos tradicionais de estudo
Acesso a mais informação
Forma lúdica de estudar
Aprendizagem da utilização do computador e daInternet enquanto ferramentas do futuro
Aumento da autonomia no estudo
Correcção da ortografia
Identificação de vantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos alunos
Frequência
183
Figura II. 49 - Identificação de desvantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos professores
Quanto às desvantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos
alunos (resultados na Figura II-50), os professores destacam de igual modo a distração
face ao estudo e a possibilidade de acederem a sítios na Internet de qualidade reduzida.
Figura II. 50 - Identificação de desvantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos alunos
- Acréscimo de trabalho e esforço se a utilização for semobjectivos
- Acréscimo de trabalho / tempo
- Falta de socialização
- Nenhuma
- Dispersão na pesquisa
3
13
2
14
1
Identificação de desvantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos professores
Frequência
Promoção da cópia se a utilização não for devidamenteacompanhada
Distracção face ao estudo
Falta de socialização com os seus pares e família
Perda de motricidade para o desenho da escrita e desenhoda letra
Utilização da Internet como única fonte de informação
Nenhuma
Acesso a sites de má qualidade
Conversas com desconhecidos na Internet
Dificuldades na selecção de informação
5
10
4
2
6
3
10
1
5
Identificação de desvantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos alunos
Frequência
184
Por fim, nas questões em aberto, pediu-se que identificassem as maiores
dificuldades, no final da formação, relativas à utilização das TIC. Os resultados
apresentam-se na Figura II-51 e evidenciam o receio pelo desconhecimento do
funcionamento de alguns / muitos programas / ferramentas e a necessidade de mais
tempo para treinar a utilização do computador e da Internet.
Figura II. 51 - Identificação das maiores dificuldades destes professores, no final da formação, no que respeita à utilização das TIC
4.1.8 - Avaliação global da formação pelos professores
Interessava saber, ainda, que avaliação os professores faziam da formação
realizada. Os dados recolhidos ao longo desta primeira formação (estudo preliminar)
foram sendo tratados e mostravam a necessidade de testar reformulações ao modelo
experimentado, de forma a garantir um dos objetivos em estudo: compreender como é
que os professores trabalham as TIC com os seus alunos de forma a que realizem
atividades práticas na sala de aula com os computadores e a Internet. Seria ainda crucial,
Desconhecimento do funcionamento de alguns /muitos programas / ferramentas
Necessidade de mais tempo para treinar a utilizaçãodo computador e da Internet
Falta de condições da escola em termos deequipamentos
Falta de condições da escola em termos de espaços
Falta de à-vontade para utilizar as TIC em sala deaula
Nenhumas
Lacunas na utilização do ppt
13
12
2
2
2
2
1
Identificação das maiores dificuldades destes professores, no final da formação, no que respeita à utilização das TIC
Frequência
185
compreender o papel da formação no apoio à utilização das TIC pelos professores, quer
a nível profissional, no sentido da preparação das suas atividades letivas e escolares,
quer na sala de aula, com os seus alunos.
Fez-se a avaliação da primeira oficina com um instrumento (questionário)
preparado para o efeito, dada a especificidade do que se pretendia obter em termos de
dados. Apresentaram-se aos formandos nove questões fechadas, com respostas a serem
dadas com base numa escala de 1 a 5 (1-nada, 2-pouco, 3-suficiente, 4-muito, 5-
muitíssimo), e quatro questões abertas. Os resultados apresentam-se de seguida.
Indagou-se das expectativas e questionou-se se a ação tinha correspondido às
estabelecidas pelos formandos inicialmente – 96,7% dos respondentes situa-se entre o
muito e o muitíssimo, conforme se pode observar na Figura II-52.
Figura II. 52 - Expectativas vs resultados
Todo o grupo (Figura II-53) de formandos admitiu que os objetivos iniciais
apresentados tinham sido atingidos.
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
3,3%
46,7%
50%
Expectativas vs resultados
186
Figura II. 53 - Alcance dos objetivos iniciais
A metodologia foi considerada adequada aos objetivos estipulados inicialmente,
conforme se observa na Figura II-54.
Figura II. 54 - Adequação da metodologia aos objetivos estipulados inicialmente
Foi também elevado o nível de satisfação relativo à relação entre formandos e
formadora, como se observa na Figura II-55, tendo sido considerada maioritariamente
clara a forma como esta fez a exposição dos conteúdos da formação (Figura II-56).
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
0%
36,7%
63,3%
Alcance dos objectivos iniciais
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
10,3%
34,5%
55,2%
Adequação da metodologia aos objectivos estipulados inicialmente
187
Figura II. 55 - Relação pessoal entre formadora e formandos
Figura II. 56 - Grau de clareza na exposição dos conteúdos pela formadora
O tempo em que decorreu a ação foi considerado adequado (Figura II-57);
quanto à adequação do espaço, os valores são mais dispersos (Figura II-58).
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
6,7%
13,3%
80,0%
Relação pessoal entre formadora e formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
3,3%
30,0%
66,7%
Grau de clareza na exposição dos conteúdos pela formadora
188
Figura II. 57 - Adequação do tempo da ação
Figura II. 58 - Adequação do espaço onde decorreu a ação
De um modo geral, a ação obteve níveis elevados de classificação pelos
formandos (40% consideraram-na muito interessante e 60% muitíssimo interessante –
Figura II-59)
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
13,3%
43,3%
43,3%
Adequação do tempo da acção
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
26,7%
43,3%
30,0%
Adequação do espaço onde decorreu a acção
189
Figura II. 59 - Classificação da ação
Figura II. 60 - Reflexos positivos da participação na ação, na prática profissional dos professores envolvidos
De igual modo consideram os formandos que esta ação terá reflexos positivos nas suas
práticas profissionais, como mostra a Figura II-61.
Esta avaliação contou ainda com questões em aberto, que a seguir se apresentam
e analisam.
[nada interessante]
[pouco interessante]
[mediamente interessante]
[muito interessante]
[muitíssimo interessante]
0%
0%
0%
40%
60%
Classificação da acção
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
3,3%
40,0%
55,2%
Reflexos positivos da participação na acção, e na prática profissional dos professores envolvidos
190
Figura II. 61 - Aspetos positivos considerados relevantes no decorrer da ação
Figura II. 62 - Aspetos negativos considerados relevantes no decorrer da ação
Papel da formadora,disponibilidade
Interacção entre formandos
Evolução dos formandos
Interesse dos conteúdos
Ambiente de trabalho
22
21
10
7
6
Aspectos positivos considerados relevantes no decorrer da acção
Frequên…
Horário pós-laboral
Falta de computadores – espaço da formação
Sobrecarga horária
Excesso de trabalho no decorrer da acção –componente não presencial
Muita diversidade de formandos no que respeitaa conhecimentos em TIC
Falta de bases dos formandos
4
4
4
4
1
1
Aspectos negativos considerados relevantes no decorrer da acção
Frequência
191
Figura II. 63 - Sugestões que permitam reformular a ação
Figura II. 64 - Sugestões para temas a tratar em futuras acões de formação
Resumindo, o questionário de avaliação da ação revelou que 97% dos formandos
considerou a ação em conformidade com as expectativas iniciais e 100% dos
formandos, que os objetivos foram alcançados. A metodologia seguida foi considerada
Sala com mais computadores
Um computador por formando
Um computador por cada doisformandos
Horário mais adequado
2
1
1
1
Sugestões que permitam reformular a acção
Frequência
Excel
Power point
Construção de Blogues
Conteúdos didácticos
Moodle
Construção de páginas Web
Word
Paint
Quadros brancos interactivos
internet
Software didáctico
5
4
4
4
3
2
1
1
1
1
1
Sugestões para temas a tratar em futuras acções de formação
Frequência
192
correta por 90% dos formandos. A maioria revelou-se satisfeita com o trabalho da
formadora, com a duração da ação e com o espaço onde esta decorreu.
Relativamente às implicações nas práticas futuras destes professores, 40%
respondeu que esta ação irá ter muitos reflexos e 60%, muitíssimos.
Os aspetos positivos destacados pelos formandos são a interação e partilha de
saberes com os pares que esta ação proporcionou e, ainda, as dinâmicas de trabalho
proporcionadas pela formadora. Quanto a aspetos negativos, situam-se ao nível da
sobrecarga de trabalho, que consideraram ter existido e do horário pós-laboral em que
decorreu a ação e de algumas falhas no que respeita aos equipamentos disponíveis.
Relativamente aos temas que gostariam de ver abordados em futuras acões, estes
centram-se em ferramentas informáticas, havendo um número reduzido que identifica a
necessidade de receber formação específica no âmbito das TIC e das suas áreas
disciplinares.
4.2 - Fase de Follow-up à Oficina 1
Como referido quando se apresentaram de forma genérica as três fases desta
investigação, no capítulo da Metodologia, foi possível recolher dados explícitos junto de
cinco professores, do total de 13 formandos que participaram na primeira oficina e que
depois se inscreveram na segunda, e que para tal se disponibilizaram. Desenvolveram-se
com eles conversas informais, que decorreram antes do início da segunda oficina, em
Janeiro de 2009 (cerca de nove meses depois de terminada a primeira oficina). Recorde-
se, no entanto, que na Oficina 1, tinham participado 33 formandos; como tal, os
resultados que decorrerem da análise das participações destes cinco professores no
193
follow-up não são extensíveis ao grupo total de formandos que participou na Oficina 1.
Ainda assim, tendo em conta os objetivos deste follow-up, aprofundou-se, junto de
cinco professores, o conhecimento do trabalho que entretanto desenvolveram em torno
da presença das TIC nas suas sala de aula.
As questões que se lançaram nesta conversa informal, cujas respostas foram
registadas em caderno de campo, foram as seguintes:
1 – Que evolução ou que diferenças na utilização das TIC sentem, tendo em
conta a participação na Oficina 1?
2 – Que tipo de continuidade deram ao trabalhos iniciados ou desenvolvidos
durante a Oficina 1?
3 – Quais os ganhos que sentiram, se os sentiram, por terem feito a Oficina 1,
numa perspetiva de levarem as TIC para a sala de aula?
4 – Quais os motivos para se terem inscrito na Oficina 2?
O dispositivo de análise seguiu os objetivos estabelecidos e teve presente as seguintes
dimensões:
(i) os contextos de utilização das TIC por estes professores (em sala de aula
para trabalho prático com os alunos; em sala de aula, como apoio ao ensino;
em atividades de gestão, coordenação, direção, ou outras que não envolvam
diretamente a sala de aula, outros)
(ii) os fatores considerados facilitadores na subsequente utilização das TIC por
estes professores (a formação em que participaram, o apoio dos pares, a
motivação dos alunos, os melhores resultados nas aprendizagens dos alunos,
a disponibilidade crescente de equipamentos, a motivação pessoal para o uso
das TIC, outros)
194
(iii) os fatores condicionantes ao uso das TIC (falta de equipamentos, problemas
técnicos nos equipamentos, falta de tempo para preparar aulas com recurso
às TIC, fracos resultados por parte dos alunos, desinteresse dos alunos,
outros)
A análise aos registos desta conversa informal feitos em caderno de campo
(transformados em ficheiros pdf e inseridos na unidade hermenêutica) mostra que este
grupo não é uniforme, ou seja, destes cinco professores (que serão designados por
Pof1of2A, Pof1of2B, Pof1of2C, Pof1of2D, Pof1of2E, dois deles (Pof1of2A e Pof1of2B)
faziam já uma utilização fluente das TIC, mesmo antes de participarem na Oficina 1,
enquanto os outros três poderiam ser classificados num patamar de competências gerais
em TIC muito incipiente. Assim, os professores Pof1of2A e Pof1of2B, na Oficina 1,
tinham-se já destacado pelo tipo de trabalhos mais elaborados desenvolvidos em sala de
aula: o professor Pof1of2A, uma disciplina na plataforma Moodle de apoio ao trabalho
de sala de aula e o professor Pof1of2B, trabalho de produção de conteúdos digitais com
os alunos, em sala de aula, conteúdos esses que tinham o propósito de publicação no
blogue do agrupamento.
Relativamente às questões colocadas na conversa informal, o professor
Pof1of2A recordou as conclusões a que tinha chegado na reflexão que apresentou no
final da oficina 1 e que evidenciavam os muitos aspetos positivos do trabalho realizado:
O Moodle permitiu-lhe utilizar uma metodologia diferenciada para um
maior e melhor acompanhamento dos alunos no seu processo de aquisição das
competências inerentes aos conteúdos de Língua Portuguesa do 9.º ano.
Considerou como inovadora a prática letiva utilizada e indutora da
melhoria da qualidade do processo educativo.
A utilização das TIC que fez com os alunos levou a um maior
envolvimento deles e a um aumento dos momentos de aprendizagem e reflexão,
195
no tempo e no espaço. Aplicou uma “metodologia activa e participativa”
(Pof1of2A), que permitiu igualmente a partilha entre alunos do grupo, de grupos
e turmas diferentes, dado que toda a intervenção foi feita em conjunto com outra
professora de Língua Portuguesa do 9.º ano.
Considerou ter havido uma maior proximidade entre professora e alunos
o que proporcionou uma relação mais afectiva, estimulada pela interacção à
distância constante que a Internet permitiu.
Considera ter feito inúmeras aprendizagens sobre TIC, ao longo da
formação, nomeadamente, na utilização do ambiente moodle” (Pof1of2A)
Afirma ainda, esta professora, que o que mais a motivou para se inscrever na Oficina 2
foi a possibilidade de receber formação específica para a utilização dos quadros brancos
interativos sobre os quais criara expectativas, tendo em conta que a sua escola os
disponibilizara em várias salas. Relativamente à continuidade no trabalho no Moodle
com alunos, em sala de aula, referiu que a metodologia de trabalho que utilizada teria de
ser reformulada de forma a ser menos consumidora de tempo, pensando vir a fazê-lo.
O Pof1of2B deu continuidade ao trabalho desenvolvido no âmbito da oficina 1,
continuando a trabalhar com alunos de diferentes turmas e promovendo a produção de
conteúdos digitais para o blogue do agrupamento. Afirmou que a participação na oficina
1 lhe abrira horizontes para o trabalho com as TIC em sala de aula, considerando da
maior relevância a existência de equipamentos em bom estado e a funcionarem. Assim,
depois da formação feita, considerou que ganhara e desenvolvera hábitos de utilização
das TIC com os alunos em sala de aula. Referiu o facto de a área das TIC estar em
permanente evolução e, como tal, ser fundamental fazer formação nesta área com
regularidade, daí ter optado por se inscrever também na oficina 2.
Os professores designados por Pof1of2C, Pof1of2D, Pof1of2E, como se referiu,
são utilizadores recentes das TIC. As primeiras experiências com as TIC em contexto
196
profissional deram-se nos três casos, no âmbito da oficina 1, subjacente ao estudo
preliminar. Consideraram essa participação como marcante, muito positiva, e voltaram à
formação porque sentiram ter ainda um longo caminho para percorrer no sentido da
autonomia na utilização das TIC, especialmente em sala de aula com os alunos.
Especificamente, o professor Pof1of2E referiu que o apoio dos colegas mais experientes
se tinha revelado fundamental, não deixando de referir o papel dos alunos na sala de
aula, que muitas vezes o ajudaram a ultrapassar problemas técnicos que anteriormente o
bloqueavam e o impediam de experimentar o uso do computador e do videoprojetor em
sala de aula. Estes três professores afirmaram continuar a insistir na utilização das TIC
em sala de aula, não dispensando o seu uso na preparação das atividades letivas. Dois
destes professores deram destaque ao tempo que agora passam ao computador e um
deles afirmou da satisfação por ter adquirido um computador portátil só para seu uso,
não dependendo agora dos computadores dos seus filhos. Acrescenta que o computador
portátil passou a ser um objeto fundamental no seu quotidiano profissional, coisa que
não acontecia antes da formação em que participou (Pof1of2E).
O outro professor referiu ter “perdido o medo” (Pof1of2C). Deu início, na
formação (oficina 1), à utilização de uma disciplina Moodle para trabalho com os seus
alunos e continua a usar essa disciplina. Refere como condicionante estar dependente da
disponibilidade da sala TIC para poder lá lecionar as aulas de História com a turma em
causa. Nessas aulas referiu que os alunos trabalham a pares e exploram os conteúdoas
na Internet com com base nas orientações que vai dando. Nota, nessas aulas, um maior
interesse dos alunos pelas aprendizagens.
Este subgrupo, acompanhado numa fase posterior à da formação (cerca de nove
meses depois), demonstrou necessidade de desenvolvimento profissional e pedagógico
197
no mundo das TIC, mostrando uma mudança face ao seu uso em contexto educativo;
como refere Costa (2008): “[...] o uso induz a motivação [...]” (p. 511).
De forma mais consubstanciada, tentou-se que o estudo que se segue, o
exploratório, fosse mais claro na capacidade de dar aos professores o potencial de
integração das TIC na sala de aula. Como refere Prensky (2011), a verdadeira mudança
na educação está no que os professores fazem na sala de aula com os seus alunos.
Assim, a visão será a de dar autonomia na utilização das TIC aos professores, para que
possam ser criativos na forma como integram as tecnologias na sala de aula.
4.3. Do Estudo Preliminar ao Estudo Exploratório – síntese dos
resultados da fase 1 e pistas para a fase 2
A análise de dados obtidos ao longo do estudo preliminar permitiu interpretar os
resultados à luz das questões de investigação formuladas no início do estudo. Esta
interpretação traz à tona linhas de força que permitem avançar para o estudo
exploratório (fase 2) com orientações decorrentes das reflexões que se apresentam em
seguida. Como afirma Anderson (2005), de cordo com o DBR, no final da fase da
primeira intervenção há a necessidade de avaliar dados, quer quantitativos, quer
qualitativos, para tentar compreender os múltiplos impactos da intervenção efetuada no
contexto natural para que foi desenhada. Também Wang e Hannafin (2005) afirmam
que os resultados da aplicação de um desenho de investigação inicial fornecem pistas
que se tornam o foco da fase seguinte de investigação. Afirmam ainda que: “Analysis is
198
conducted simultaneously with data collection and coding to improve the design and to
address theory-generation goals88.” (p. 17)
Os resultados obtidos no estudo preliminar, lidas do ponto de vista das perceções
e afirmações dos professores, permitem, numa primeira análise, concluir da eficácia da
formação, ou seja, observou-se que a grande maioria dos professores envolvidos,
nomeadamente os que estavam em situação de docência, com turma ou turmas
atribuídas, utilizou as TIC em ambiente de sala de aula com os alunos, realizando
atividades práticas com os computadores e a Internet. Mas a análise mais fina dos
resultados mostra que é necessário compreender os contextos em que as intervenções
decorreram. Não basta aceitar que um professor afirme da utilização das TIC pelos seus
alunos em contextos de ensino e aprendizagem, uma única vez. É necessário
compreender a extensão da intervenção, identificar o modo como a implementação
decorreu, verificar quais os fatores que alavancaram a utilização das TIC pelos alunos e
quais os fatores perturbadores desse uso. Este estudo preliminar deu pistas para a
reestruturação da segunda fase de trabalho, de forma a melhor articular a utilização das
TIC no quotidiano da docência.
O ambiente de formação criado pode ser classificado de forma muito positiva,
no que respeita quer aos conteúdos abordados, quer à relação entre formandos e
formadora. Os professores valorizaram de forma muito positiva o terem tido a
oportunidade de participar na formação e experimentado, em muitos casos, pela
primeira vez, a utilização das TIC em sala de aula. Quanto ao desenho da formação, são
óbvias as referências à necessidade que muitos sentem em aprofundar o conhecimento
88 N.T.: A análise é realizada em simultâneo com a recolha de dados e codificação para melhorar o design
e para atingir os objetivos da investigação.
199
na manipulação das ferramentas TIC. Muitos desejam preencher lacunas no uso das
ferramentas TIC, nomeadamente em contexto profissional. Aparentemente só se sentem
seguros na utilização das TIC com os alunos se eles próprios se sentirem seguros na
utilização das mesmas ferramentas.
A organização de trabalhos com alunos (atividades práticas com as TIC, na sala
de aula) era um dos grandes objetivos da formação, em conformidade com a principal
questão de investigação do presente estudo: compreender o processo de integração das
TIC na sala de aula. Foi possível obter algumas respostas às questões operacionalizadas
no início do estudo. Na maior parte dos casos, as respostas obtidas fizeram sentir uma
necessidade de reformulação e de testagem em nova oficina de formação. Nesta fase 1
de trabalho, não havendo ainda resposta às questões colocadas, houve sim pistas que
permitiram refletir e reformular algumas das opções tomadas durante a primeira oficina
e assim, prosseguir para o desenho de uma segunda intervenção, como se mostra no
Quadro II-9.
200
Quadro II. 9 - Questões de trabalho da fase 1 e pistas para a fase 2 de trabalho
Há, assim, respostas a que foi possível chegar, especialmente no que concerne as
competências digitais de que os professores dizem necessitar e afirmam ter alcançado,
através da formação em que se envolveram. Mas, como refere Costa (2007) num
trabalho de investigação sobre a utilização das TIC em contexto educativo
(representações e práticas dos professores), “São reduzidas (...) as referências à
organização de atividades dos alunos com computadores, apesar de os professores
reconhecerem de que a utilização das tecnologias implica trabalhar de outra maneira
Questões de trabalho da fase 1
Como vêem os professores as TIC no ensino?
Quais as competências em TIC necessárias para que as TIC cheguem à sala de aula?
Como fazem chegar as TIC à sala de aula?
Que implicações da formação desenhada na concretização de trabalho prático com as TIC em sala de
aula?Quais as estratégias para promover as TIC na sala de aula em situação de realização de trabalho
prático?Que práticas pedagógicas utilizm os professors qundo usam as TIC em sala de aula com os alunos?
Que formação promove a utilização das TIC em sala de aula para a realização de trabalho prático pelos
alunos?
Pistas para a fase 2 de trabalho
Há uma atitude positiva face às TIC e ao longo da Formação notou-se uma evolução na
compreensão do potencial pedagógico das TIC com uma tomada de consciência da importância e dos
benefícios que estes recursos podem trazer para os processos de ensino e aprendizagem.
As competências em TIC necessárias para que as TIC cheguem à sala de aula são múltiplas e
complexas tendo sido possível estabilizar as de carácter geral, profissional e pedagógico.
As TIC chegam à sala de aula por dois caminhos que muitas vezes são distintos: na mão do
professor e/ou na mão do aluno. O primeiro caminho parece ser, para os professores, o mais fácil de
trilhar. O segundo carece de mais estudo.
A formação é seguramente o caminho para que o trabalho prático com as TIC em sala de aula
aconteça – mas é preciso compreender melhor que formação será a mais adequada.
As estratégias para promover as TIC na sala de aula em situação de realização de trabalho prático
estão intimamente ligadas com as práticas pedagógicas utilizadas pelos professors – os resultados
mostram que é necessário desenhar e implementar uma estrutura que dê segurança ao professor e que
o leve a libertar-se de se assumir constantemente como o elemento central do espaço sala de aula.
Uma formação que seja ela própria de carácter prático, pelo princípio do isomorfismo, poderá
preparar o professor para que se sinta segura na promoção da utilização das TIC em sala de aula para
a realização de trabalho prático pelos alunos
201
com os alunos (alunos mais ativos, mais autónomos e com maior poder de decisão)” (p.
420). Este estudo preliminar parece também mostrar que as TIC podem chegar à sala de
aula desde que os professores planifiquem e organizem o trabalho a desenvolver com os
alunos, numa perspetiva de ganhos de aprendizagem, mas tal só poderá acontecer se os
professores dominarem as ferramentas TIC, indispensáveis à realização dos trabalhos
previstos.
Os professores não abdicam de dominar as ferramentas e competências TIC que
lhes parecem ser fundamentais para conseguirem levar as TIC para a sala de aula. A
reflexão sobre os resultados obtidos na primeira intervenção (estudo preliminar) remete
para o seguinte: há que sensibilizar os professores para a experimentação – as TIC têm
de ser vistas como instrumentos potenciadores das aprendizagens e os professores têm
de ser criativos na forma como as incorporam nessas experiências de aprendizagens dos
alunos.
202
203
5. Estudo Exploratório (Fase 2)
O estudo exploratório será apresentado da seguinte forma: primeiro explicita-se
o contexto em que decorreu a segunda oficina, quais os participantes e que conteúdos
foram abordados. Descreve-se, posteriormente, a metodologia de trabalho seguida e
apresentam-se os trabalhos desenvolvidos pelos formandos. Termina-se com a
apresentação dos resultados da fase de follow-up e, por fim, uma síntese interpretativa e
reflexiva, que enumera as implicações dos resultados obtidos, no desenho do estudo
final.
5.1 - A segunda Oficina de Formação
O segundo estudo decorreu no ano letivo de 2009/2010 e envolveu 24 docentes
de um mesmo Agrupamento do centro de Lisboa, que em regime de Oficina de
Formação, participaram neste estudo. A Oficina de Formação “Recursos Educativos
Digitais” foi apresentada a estes professores como tendo um caráter prático. Toda a
formação deveria ser desenvolvida com o intuito da aplicação das TIC no contexto
profissional dos docentes. Para a maioria, tal significaria virem a implementar trabalho
prático com as TIC na sala de aula; para outros casos pontuais, tal implicaria o
desenvolvimento da utilização das TIC em contexto profissional / administrativo (no
caso de professores sem componente letiva e com cargos de gestão na
escola/agrupamento).
204
Os participantes foram informados que a formadora/investigadora poderia vir a
utilizar dados/registos da formação para um trabalho de investigação e ninguém se opôs
a tal.
Os dados replicam a estrutura dos do estudo preliminar, como registado no
Quadro II.10:
Quadro II. 10 - Dados recolhidos ao longo da oficina “Recursos Educativos Digitais”
Os objetivos desta ação de formação, cujo acompanhamento ocorreu numa
disciplina Moodle do Centro de Formação da área da escola dos professores
participantes, foram os de:
Qualificar os professores da Escola como utilizadores de tecnologias
computacionais para produção de materiais didácticos e para apoio às suas
práticas profissionais.
Produzir materiais didácticos para o ensino das várias disciplinas envolvidas.
Promover práticas de trabalho colaborativo e de partilha dentro e entre os grupos
disciplinares, na disseminação de conhecimentos sobre a utilização de software
de apoio ao trabalho do professor.
Corpus da Oficina II
Questionários iniciais
Projectos de trabalho
Trabalhos final
Questionários finais
Avaliações da oficina
Notas de observação registadas em caderno de campo
Diários
Registos de conversas informais com os formandos
Cheklists
Memorandos analíticos
205
Promover práticas de utilização dos meios electrónicos para comunicar com e
informar os elementos da comunidade escolar: outros professores, pais e
encarregados de educação, alunos.
Disseminar uma cultura de formação e auto-formação em contexto escolar,
como forma de responder aos problemas sentidos no Agrupamento.
Estes objetivos pareciam mais específicos, ainda que complementares aos da Oficina
realizada no fase 1 deste estudo, que tinha, então, como principal objetivo, o de
promover o desenvolvimento curricular, a integração transdisciplinar das TIC, a
elaboração de recursos educativos digitais e a sua aplicação no processo de
ensino/aprendizagem, de forma a fomentar o desenvolvimento de mais e melhor ensino
e aprendizagem, de acordo com o expresso no documento formal de constituição da
oficina (AN2 da Oficina de Formação “Recursos Educativos Digitais”, 2009, cf.
Apêndice B).
Os conteúdos da ação passaram a ser mais específicos, de acordo com os
resultados preliminares de investigação que acompanharam o desenvolvimento da
primeira oficina e que apontavam para uma vontade dos professores em alcançar um
maior domínio das ferramentas TIC.
No domínio da Comunicação e Informação, contou-se com a abordagem dos
seguintes conteúdos:
- Utilização da Plataforma Moodle;
- Domínio do processamento de texto e elaboração de documentos;
- Desenvolvimento de competências de pesquisa na Internet - conteúdos,
sítios e imagens;
- Utilização de correio electrónico;
- Criação de conteúdos para páginas na Internet, blogues, quadros
interactivos, entre outros;
206
Consideraram-se, ainda, as técnicas associadas à imagem digital e ao processamento de
imagem para apresentações, documentos e outros suportes; as apresentações
electrónicas, do ponto de vista educativo, foram também abordadas, bem como a gestão
da folha de cálculo para organização e tratamento de dados.
Estabeleceu-se a seguinte calendarização:
- Período de realização da acção: Janeiro, Fevereiro e Março de 2010
- Número de sessões previstas por mês: 2 em Janeiro; 5 em Fevereiro; 2 em
Março
- Número de horas previstas por cada tipo de sessões: 3 horas (excepto a
primeira, de 1h)
- Sessões presenciais conjuntas: 25 horas
Ocorreram, ainda, cerca de 25 horas de trabalho autónomo, que ficou registado na
disciplina Moodle de apoio à formação. No decorrer das várias sessões, foram sendo
solicitados trabalhos aos formandos, que deveriam ser iniciados nas sessões presenciais
e desenvolvidos em regime de trabalho autónomo, aplicados em situações concretas de
trabalho com alunos na sala de aula.
Quanto às tarefas que foram sendo pedidas ao longo das sessões presenciais,
destacou-se a necessidade de inscrição na disciplina Moodle e a resposta a questionários
online. Numa abordagem direcionada para a preparação de trabalho a realizar com
alunos, solicitou-se que se desse início à construção de recursos educativos digitais
(RED).
As tarefas solicitadas neste âmbito foram as seguintes:
207
- Construção de uma (ou mais) ficha de trabalho em Word que contenha texto e
imagens retirados da Internet, para utilização em sala de aula com uma turma.
- Avaliação do impacto da utilização do RED junto dos alunos (O que funcionou
bem? O que funcionou mal? Aspectos a melhorar; comentários)
- Produção de materiais para sala de aula que implicam a utilização de máquinas
fotográficas digitais e/ou TM; tratamento de imagens no Microsoft Picture
Manager e/ou Paint.
- Aplicação dos materiais produzidos em sala de aula.
- Avaliação do impacto da utilização do RED junto dos alunos (O que funcionou
bem? O que funcionou mal? Aspectos a melhorar; comentários)
- Construção de apresentações electrónicas temáticas com fotografias de
máquinas fotográficas digitais e/ou TM e / ou imagens retiradas da Internet para
aplicação em sala de aula.
- Avaliação do impacto da utilização do RED em causa junto dos alunos (O que
funcionou bem? O que funcionou mal? Aspectos a melhorar. Comentários)
- Criação de conteúdos para páginas na Internet, blogues, quadros interactivos,
… Nas 3 sessões presenciais, serão feitas várias demonstrações de exercícios
relacionados com os conteúdos em causa. Os formandos devem realizar 2
exercícios, adaptados às suas áreas curriculares, em 2 dos 3 conteúdos em causa,
para aplicação em sala de aula.
- Avaliação do impacto da utilização dos REDs em causa junto dos alunos (O
que funcionou bem? O que funcionou mal? Aspectos a melhorar; comentários)
208
- Tratamento de dados de avaliação (de uma turma, de uma disciplina, da
escola…) numa folha de Excel (construção de tabelas e gráficos) para discussão
em reunião de Conselho de turma / Reunião de Departamento / Conselho
Pedagógico…
- Avaliação do impacto da utilização dos REDs em causa (O que funcionou
bem? O que funcionou mal? Aspectos a melhorar; comentários)
Por fim, solicitou-se um trabalho final, alvo de análise no âmbito do presente estudo,
que deveria conter:
(i) a compilação e apresentação de todos os Recursos Educativos Digitais
produzidos ao longo das sessões pelo(a) formando(a), no âmbito da realização
das tarefas e da prova da sua aplicação (em sala de aula, e/ou no âmbito da
actividade profissional)
(ii) uma reflexão centrada no interesse do trabalho realizado na Acção de
Formação para o desenvolvimento da actividade pedagógica na escola com
recurso à utilização de Recursos Educativos Digitais.
Este trabalho final revelou-se crucial para compreender o impacto desta formação, a par
das observações e registos de apresentações e debates que foram acontecendo na fase
final da formação. Recorde-se que todos os trabalhos foram apresentados e discutidos
oralmente diante do grupo de formação, o que permitiu a produção de muitas notas de
observação registadas em caderno de campo fundamentais para a interpretação posterior
dos resultados obtidos.
5.1.1 - O grupo de professores envolvidos no estudo exploratório
A Oficina de Formação “Recursos Educativos Digitais” foi divulgada junto do
mesmo agrupamento de escolas onde tinha decorrido a primeira oficina realizada no
209
âmbito desta investigação. Inscreveram-se 24 professores, 13 dos quais tinham
participado na primeira oficina, o que veio a revelar-se da maior importância no estudo
pois teve um efeito reforçado de follow-up da formação inicial. Houve, pois, do ponto
de vista da investigação, um olhar especialmente atento às intervenções destes 13
professores, no sentido de compreender a “progressão” destes professores da primeira
para a segunda oficina.
Tal como no estudo preliminar, também aqui se construiu um questionário
específico que permitiu caracterizar o grupo de formandos. As questões, ainda que
reformuladas89 relativamente ao questionário aplicado no estudo preliminar, são
idênticas e pretendem obter dados sobre o comportamento dos professores, nesta fase
inicial de trabalho, relativamente à utilização dos computadores e da Internet.
Na primeira sessão da formação, aplicou-se, presencialmente, o questionário. Os
resultados apresentam-se de seguida; os dados foram tratados com base no cálculo de
frequências e percentagens, no caso dos itens de resposta fechada e com recursos a
procedimentos de análise qualitativa de dados, no caso das questões abertas.
Ciclo e anos de docência
Todos os 24 docentes envolvidos na oficina de formação, exerciam funções num
Agrupamento do centro de Lisboa. No que respeita aos níveis de ensino onde exerciam
89 A reformulação fez-se para dar cumprimento às exigências do Centro de Formação,
nomeadamente, às questões de avaliação da ação determinadas pelo Centro em causa. Manter o
questionário inicial idêntico ao questionário do estudo preliminar, implicaria aplicar, no início
da formação, dois questionários idênticos aos formandos. Para evitar a duplicação de pedidos de
preenchimento de questionários, optou-se por reformular o questionário inicial.
210
docência, distribuiam-se pelo 1.º Ciclo (cerca de 21%, sendo que dois destes docentes
não tinham turma atribuída por estarem com funções de gestão no Agrupamento), pelo
2.º Ciclo (cerca de 33%) e pelo 3.º Ciclo (cerca de 46%), conforme a Figura II-65:
Figura II. 65 - Níveis de ensino docente dos professores do Estudo Exploratório
Tipos de utilização das TIC
Na segunda parte do questionário abordavam-se questões relacionadas com o
tipo de utilização que os professores da oficina faziam das TIC. Começou-se por
indagar da existência ou não de computador e de Internet na casa de cada um destes
formandos e verificou-se (Figura II-66 e Figura II-67) que praticamente todos tinham
acesso a computador e Internet em casa.
211
Figura II. 66 - Acesso ao computador em casa
Figura II. 67 - Acesso à Internet em casa
Relativamente ao número de horas semanais, em média, usadas por cada um
destes formandos ao computador, a maioria usava entre 2 a 6 horas ou mais de 6 horas
(Figura II-68).
Figura II. 68 - Horas ao computador, em média, por semana
Com acesso
Sem acesso
95,8%
4,2%
Acesso ao computador em casa
Com acesso
Sem Acesso
95,8%
4,2%
Acesso à Internet em casa
Menos de 2 horas
Entre 2 e 6 horas
Mais de 6 horas
8,3%
45,8%
45,8%
Horas ao computador, em média, por semana
212
Colocaram-se, depois, uma série de questões relacionadas com a frequência de
uso pessoal de ferramentas (processador de texto, apresentações eletrónicas, etc.), sendo
que as respostas eram dadas com base na seguinte escala: Nunca; Poucas vezes;
Bastantes vezes; Muitas vezes. As respostas apresentam-se na Figura II-69:
Figura II. 69 - Frequência de utilização pessoal de ferramentas informáticas
Verifica-se pois que este grupo de formandos era utilizador muito frequente do
processador de texto, da Internet e do correio eletrónico. Poucos ou nenhuns usavam
com frequência a folha de cálculo ou as apresentações eletrónicas.
As questões seguintes abordavam já a utilização de ferramentas e recursos
educativos digitais numa perspetiva de escola e de sala de aula. A escala utilizada foi a
mesma (Nunca; Poucas vezes; Bastantes vezes; Muitas vezes. As respostas apresentam-
se na Figura II-70:
Word
Power Point
Excel
Internet
0%
25%
41,7%
0%
0%
25%
58,3%
45,8%
4,2%
4,2%
20,8%
16,7%
8,3%
33,3%
16,7%
54,2%
0,0%
4,2%
62,5%
79,2%
Frequência de utilização pessoal de ferramentas informáticas
Muitas vezes
Bastantes vezes
Poucas vezes
Nunca
213
Figura II. 70 - Frequência de utilização de ferramentas e de recursos educativos em ambiente escolar
Utilização do computador pessoal
Utilização dos computadores da sua escola
Projecção de Powerpoint
Internet
Blogues
Quadro interactivo
Word
Excel
Plataforma Moodle da sua escola
Utilização da plataforma Moodle da sua escola
Utilização das TIC na sala de aula
Comunicação com os alunos através de e-mail, chat, fóruns, etc.
Disponibilização online de materiais de apoio para os alunos
Utilização das TIC na elaboração de fichas ou documentos deapoio
Utilização das TIC na elaboração de testes
Utilização das TIC em tarefas relacionadas com os cargos quedesempenha
Criação de sites ou blogues para os alunos
Comunicação com os alunos através de e-mail, chat, fóruns, etc.
Disponibilização online de materiais de apoio para os alunos
25%
4,20%
39,1%
34,8%
62,5%
87%
20,8%
60,9%
34,8%
29,2%
25%
22,7%
59,1%
59,1%
0%
4,3%
4,5%
75%
61,9%
61,9%
41,70%
50%
39,1%
30,4%
33,3%
13%
25,0%
30,4%
26,1%
54,2%
62,5%
59,1%
40,9%
36,4%
13,6%
17,4%
9,1%
25%
38,1%
33,3%
8,30%
20,80%
17,4%
8,7%
4,2%
0%
20,8%
0,0%
13,0%
8,3%
12,5%
13,6%
0%
0%
40,9%
30,4%
30,4%
0,0%
0,0%
4,8%
25%
25%
4,3%
26,1%
0,0%
0%
33,3%
8,7%
26,1%
8,3%
4,2%
4,5%
0%
4,5%
50,0%
47,8%
54,5%
0,0%
0,0%
0,0%
Frequência de utilização de ferramentas e de recursos educativos em ambiente escolar
Muitas vezes
Bastantes vezes
Poucas vezes
Nunca
214
Estes resultados reforçam a ideia de que estes professores utilizavam com frequência o
computador para o processamento de texto, nomeadamente, para elaboração de fichas
ou documentos de apoio e para elaboração de testes. A utilização da plataforma Moodle
do Agrupamento era reduzida e as respostas sobre a utilização das TIC na sala de aula
situa-se entre o nunca (22,7%) e o poucas vezes (59,1%), sendo que bastantes vezes e o muitas
vezes alcançaram valores de 13,6% e 4,5% respetivamente. Destaque-se, no entanto, que estes
professores referem a utilização das TIC nas tarefas relacionadas com os cargos que
desempenham na escola: 30,4% utilizam as TIC nessas situações bastantes vezes e 54,5%
muitas vezes. Situações como as de criação de sítios para a Internet ou blogues para os alunos,
comunicação com os alunos através de correio eletrónico, chat, fóruns, etc. e disponibilização
online de materiais de apoio para os alunos ficam-se por percentagens muito baixas ou mesmo
em 0% no campo do bastantes vezes ou muitas vezes com valores entre o 25% e 38% no por
vezes.
De seguida, questionou-se os professores sobre o método que privilegiam para
facultar documentos de apoio aos seus alunos; a situação que predominava (cf. Figura
II-71) era a da utilização de fotocópias.
Figura II. 71 - Método privilegiado para facultar documentos aos alunos
Fotocópias
Plataforma Moodle
84,6%
7,7%
7,7%
Método privilegiado para facultar documentos aos alunos
215
Seguiram-se questões que pretendiam indagar da atitude destes professores face às TIC,
numa perspetiva valorização das mesmas junto dos alunos. Obtiveram-se os resultados
que se apresentam na Figura II-72:
Figura II. 72 - Atitudes de valorização das TIC
Cerca de 77% incentivava bastantes vezes ou muitas vezes os alunos a
pesquisarem informação na Internet. Note-se, no entanto, que também precisamente
77% nunca ou poucas vezes sugeriam sítios na Internet ou blogues específicos para os
alunos consultarem.
A questão seguinte abordava os professores relativamente à sua opinião sobre a
utilização das TIC nos processos de ensino, aprendizagem e avaliação; as respostas
apresentam-se na Figura II-73:
Nunca
Poucas vezes
Bastantes vezes
Muitas vezes
4,5%
27,3%
40,9%
27,3%
9,1%
27,3%
36,4%
27,3%
22,7%
54,5%
9,1%
13,6%
4,5%
18,2%
59,1%
18,2%
Atitudes de valorização das TIC
Incentivo os alunos a pesquisar informaçãona Internet
Sugestão de sites ou blogues específicosaos alunos
Valorização do uso das TIC no trabalhoindividual/grupo dos seus alunos
Incentivo aos seus alunos a executaremtrabalhos com recurso às TIC
216
Figura II. 73 - Opinião relativamente à utilização das TIC nos processos de ensino, aprendizagem e avaliação
A totalidade dos professores envolvidos no estudo exploratório referiu a utilização das
TIC como sendo importante ou mesmo muito importante nos processos de ensino,
aprendizagem e avaliação.
Práticas pedagógicas e perceção sobre o uso das TIC
A questão seguinte questionava os professores sobre as razões pelas quais
usavam pouco, não usam ou não usam mais as TIC (colocaram-se várias frases com
diferentes possibilidades e os professores tinham de indicar se concordavam ou não com
as afirmações, de acordo com a seguinte escala: discordo totalmente; discordo;
concordo; concordo totalmente). Os resultados apresentam-se na Figura II-74.
Muito importante
Importante
Dispensável
Não tenho uma opinião bem formada
56,5%
43,5%
0%
0%
Opinião relativamente à utilização das TIC nos processos de ensino, aprendizagem e avaliação
217
Figura II. 74 - Razões pelas quais usam pouco, não usam ou não usam mais as TIC
As razões pelas quais usam pouco, não usam ou não usam mais as TIC surgem
expressas nas seguintes justificações: Porque não as sabem explorar devidamente ou
Porque não têm formação suficiente. De uma maneira geral, discordam que seja pelo
facto de o seu uso não ser essencial ou por não terem condições na sala de aula ou por
não terem tempo para aprender a utilizá-las ou, ainda, porque o uso das TIC não se
adapta às disciplinas que lecionam.
Seguindo sob a forma de questionário, obtiveram-se dados sobre as motivações
que tinham levado os professores a inscreverem-se na formação. As respostas
apresentam-se na Figura II-75:
Porque não as sabe explorar devidamente
Porque não tem formação suficiente
Porque o seu uso não é essencial
Porque não tem condições na sala de aula
Porque não tem tido tempo para aprender
Porque o uso das TIC não se adapta às disciplinas que lecciona
12,5%
6,3%
40%
0%
6,3%
40%
12,5%
31,3%
53,3%
46,7%
50,0%
40%
62,5%
56,3%
6,7%
13,3%
31,3%
13,3%
12,5%
6,3%
0%
40%
12,5%
6,7%
Razões pelas quais usam pouco, não usam ou não usam mais as TIC
Concordo totalmente
Concordo
Discordo
Discordo totalmente
218
Figura II. 75 - Razões pelas quais os professores se inscreveram na ação de formação
Estes professores pretendiam, com esta formação, valorização e desenvolvimento
profissional, aprender a tirar partido do uso das TIC e também a obtenção de créditos.
Por fim, perguntou-se aos professores o que gostariam de aprender nesta
formação, numa questão em aberto; as respostas agruparam-se por significado, num
total de 38 respostas (cada formando poderia indicar mais do que uma aprendizagem a
fazer) e apresentam-se na Figura II-76. Em síntese, estes professores pretendem
desenvolver as suas competências gerais em TIC, ao nível da manipulação de
ferramentas informáticas.
Valorização edesenvolvimento
profissional
Aprender a tirarpartido do uso das
TIC
Obtenção de créditos
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
5,6%
55,0%
30,0%
66,7%
45,0%
70,0%
27,8%
Razões pelas quais os professores se inscreveram na acção de formação
Concordo Totalmente
Concordo
Discordo
Discordo totalmente
219
Figura II. 76 - O que os professores gostariam de aprender na formação
Resumindo o perfirl deste grupo de professores, participantes na oficina 2,
praticamente todos os formandos tinham computador e Internet em casa (apenas um diz
não ter). Cerca de 75% usava regularmente o processador de texto, a Internet e o correio
eletrónico. Muito poucos usavam folhas de cálculo e a plataforma Moodle da escola.
Deste grupo, 46% de professores diziam usar computadores na escola, mas
apenas 18% em contexto de sala de aula. No entanto, 77% de professores diziam
incentivar os seus alunos a pesquisarem informação na Internet, sem que, no entanto,
fizessem um acompanhamento a essa pesquisa. Uma percentagem elevada produzia
fichas de apoio, testes e materiais de apoio mas, depois, a sua distribuição junto dos
alunos era em papel, através de fotocópias. Situava-se um pouco acima dos 65% a
percentagem de professores que incentivava os seus alunos a realizarem os seus
trabalhos com recurso às TIC e que admitia valorizar esses mesmos trabalhos. Eram, no
entanto, muito poucos os que indicavam aos alunos sítios na Internet ou espaços online
Utilizar o QBI
Excel
Criar páginas web
Ppts
Aperfeiçoar o conhecimento das TIC
Construção de blogues
Tirar partido das TIC para motivar os alunos
Bases de dados
Colocar imagens em textos
Pesquisar documentos na Internet
Explorar programas específicos
Conteúdos relacionados com música
Digitalização de imagens
Photoshop
Moodle
36,8%
10,5%
10,5%
7,9%
5,3%
5,3%
2,6%
2,6%
2,6%
2,6%
2,6%
2,6%
2,6%
2,6%
2,6%
O que os professores gostariam de aprender na formação
220
específicos para consulta no âmbito da realização de trabalhos, sendo também escassa a
disponibilização de materiais online, em blogues ou em plataformas.
De acordo com estas respostas , trata-se de um grupo de professores utilizadores
das TIC, mas essa utilização parece não chegar à sala de aula. Todos estes formandos
afirmaram considerarem importante ou muito importante a utilização das TIC nos
processos de ensino, de aprendizagem e na avaliação. Quando questionados sobre os
motivos que os impediam de utilizar mais as TIC, apontaram como principais causas:
- não saberem explorar devidamente as TIC;
- não terem formação suficiente nesta área;
- não terem condições nas salas de aulas para utilizarem as TIC.
Relativamente ao que mais destacaram como relevante para a formação, os
professores revelaram que o seu maior interesse recaía nos quadros interativos (36,8%
dos professores revelava esse interesse), seguindo-se a utilização da folha de cálculo e a
construção de sítios para a Internet com igual percentagem (10,5%).
5.1.2 - Desenvolvimento da oficina de formação 2
Com base nos objetivos formação e no perfil dos professores inscritos,
iniciaram-se as sessões presenciais em Janeiro de 2010. O objetivo continuava a ser o de
tentar compreender de que forma é que as TIC poderiam chegar à sala de aula em
situações de realização de atividades práticas com os alunos, sendo o ambiente de
estudo e de investigação o da formação de professores.
221
Foi acordado com os professores participantes deste segundo estudo que
deveriam produzir vários recursos educativos digitais, individualmente ou em grupo,
sendo que todos os deveriam aplicar, individualmente, em situações práticas de ensino e
de aprendizagem. Acautelaram-se as situações em que os professores formandos, por
terem cargos específicos nas suas escolas, não desenvolveriam trabalho com alunos,
executando-o no âmbito das funções educativas que desempenhavam.
Para cada situação de aplicação dos recursos produzidos (individualmente ou em
grupo), cada professor teria de partilhar na disciplina Moodle da formação, os recursos
em causa. Solicitou-se, também, uma reflexão individual sobre a avaliação do impacto
da utilização dos recursos em causa junto dos alunos, com base nos seguintes tópicos
orientadores: (i) o que funcionou bem; (ii) o que funcionou mal; (iii) aspetos a
melhorar; (iv) comentários.
Solicitou-se a realização de relatórios individuais finais com a descrição das
tarefas levadas a cabo e a reflexão sobre o impacto do trabalho com as TIC, quer nas
situações profissionais não letivas, quer no trabalho com os alunos. Neste trabalho final,
os professores compilariam e apresentariam todos os recursos educativos digitais
produzidos ao longo das sessões, no âmbito da realização das tarefas da formação,
dando prova da sua aplicação (em sala de aula, e/ou no âmbito da atividade
profissional), refletindo sobre o interesse do trabalho realizado no seu desenvolvimento
profissional e nas suas práticas pedagógicas.
Todos os trabalhos foram apresentados e discutidos oralmente diante do grupo
de formação.
222
5.1.3 - Trabalhos desenvolvidos pelos formandos
O objetivo central de trabalho a desenvolver era idêntico ao do estudo
preliminar: compreender o processo que levaria os professores a colocarem os seus
alunos a realizar atividades práticas com as TIC em sala de aula. A abordagem feita
neste estudo exploratório decorria da necessidade dos professores (resultados do estudo
preliminar) em dominar as ferramentas para, depois, as usarem com os seus alunos. Por
isso se solicitou, nesta fase de estudo e ao longo da segunda formação, que os
professores realizassem vários exercícios, durante as sessões de formação, preparatórios
das intervenções em contexto real de trabalho dos professores. Para cada situação de
aplicação, os professores deveriam colocar, na disciplina da plataforma Moodle de
apoio à formação, o recurso produzido e uma reflexão que incluísse os seguintes
tópicos: “O que funcionou bem? O que funcionou mal? Aspectos a melhorar;
comentários”
Em Janeiro e no início de Fevereiro, os formandos desenvolveram recursos
digitais básicos de apoio às suas atividades profissionais. O importante era dar
segurança aos formandos e tempo de experiência na manipulação dos computadores e
da Internet, preparando o terreno para que as intervenções na sala de aula, ou em outros
contextos profissionais, viessem a ser feitas. Assim, depois de quatro tarefas
estruturadas de produção de recursos educativos digitais básicos, lançou-se um desafio
mais abrangente aos formandos: o da criação de conteúdos para páginas na Internet,
para blogues ou para quadros interativos, que pudessem ser explorados e trabalhados
pelos alunos na sala de aula (ou em outros contextos, nos casos de professores sem
componente letiva).
223
A refelxão sobre estas quatro atividades foi incluída no trabalho final, de que a seguir se
dá conta, na globalidade. Para a análise destes dados, foi usado o software ATLAS.ti.
O corpus de análise inicial era constituído pelos 24 relatórios finais dos
formandos. A análise feita sobre estes documentos adicionados à Unidade
Hermenêutica (UH) de análise resultou na tipologia de trabalhos que se apresenta na
Tabela II-04.
Tabela II. 4 - Tipologia de trabalhos realizados pelos formandos
Esta tipologia regista a realização de 18 trabalhos específicos em sala de aula, que
envolveram a participação dos alunos. Foi sobre esses trabalhos que uma análise de
maior detalhe foi feita, também com o recursos ao software ATLAS.ti. Os relatórios
finais foram introduzidos na UH, para obtenção da tipologia expressa na Tabela II-04,
com as codificações DocP66, DocP67, DocP68, DocP69, DocP70, DocP71, DocP72,
DocP73, DocP74, DocP75, DocP76, DocP77, DocP78, DocP79, DocP80, DocP81,
Recuros Educativos
Digitais
Utilização
em aula
pelo
professor
Utilização
em aula
pelos alunos
Utilização
fora das aula
pelo
professor
Utilização
fora das
aula pelos
alunos
Não chegou
a ser
utilizado
Fichas apoio feitas com
recurso a um processador
de texto
20 0 4 0 0
Produção / edição de
imagem e/ou vídeo20 0 4 0 0
Produção de uma
apresentação electrónica20 0 4 0 0
Produção / edição de uma
Folha cálculo0 0 24 0 0
Produção de recursos
para Quadros Brancos
Interactivos
0 18 0 0 4
Produção e edição de um
blogue0 0 2 0 0
Produção de conteúdos
para páginas na Internet0 0 0 0 0
224
DocP82, DocP83, DocP84, DocP85, DocP86, DocP87, DocP88 e DocP89 e associados
a uma família com a designação “Relatórios finais da Oficina 2”.
5.1.4 - Da formação à sala de aula - fase 2
Como referido, solicitou-se que os professores envolvidos na formação
começassem a preparar, a partir de Fevereiro, as suas intervenções no terreno. Dos 24
professores envolvidos, dois não tinham componente letiva por estarem em cargos de
direção do agrupamento. Houve ainda duas professoras do 1.º ciclo que optaram por
desenvolver um blogue; nos relatórios desse trabalho, vem expresso que não houve um
envolvimento direto em termos de trabalho em sala de aula dos alunos. Detetaram-se,
ainda, duas outras situações em que não foi possível, até ao encerrar da formação, a
aplicação, em sala de aula, do trabalho planificado por dois professores. Assim, os
trabalhos práticos realizados efetivamente em situação de sala de aula envolveram um
total de 18 professores, verificando-se serem todos de um tipo único: produção de
recursos para quadros interativos e sua exploração com os alunos na sala de aula.
Alguns destes recursos foram planificados e produzidos em grupo pelos professores, em
situação de colaboração, mas a aplicação foi individual, ou seja, cada professor fez
efetivamente a utilização dos recursos produzidos na sua sala de aula, com os seus
alunos.
Na altura da planificação das atividades que cada professor implementaria em
sala de aula, pediu-se aos formandos, como se tinha feito para as atividades anteriores
de produção de recursos educativos digitais, para relatarem a experiência e
identificarem fatores facilitadores e fatores condicionantes do trabalho prático
225
desenvolvido. Esses relatos ficaram expressos em documentos na disciplina Moodle de
apoio à formação. Retirados da plataforma Moodle, foram codificados e integrados na
UH do ATLAS.ti com as seguintes denominações: DocP92, DocP93, DocP94, DocP95,
DocP96, DocP97, DocP98, DocP99, DocP100, DocP101, DocP102, DocP103,
DocP104, DocP105, DocP106, DocP107, DocP108, DocP109, DocP110 e DocP111.
Estes documentos foram depois integrados numa super-família de análise que integrou
também os relatórios finais, a “Super-fam-of-2”, ficando nela integrados 44 documentos
com 256 codificações, que constituíram o corpus de análise desta fase da investigação.
Num primeiro questionamento à base de dados para indagar das referências a
trabalho prático com alunos, utilizando o algoritmo de próximidade semântica, obteve-
se o resultado expresso na Figura II-77.
Figura II. 77 - Referências a trabalhos práticos com as TIC em sala de aula
226
Contabilizam-se assim 26 referências à realização de trabalho prático com as TIC e com
alunos na sala de aula, nos 18 relatos dos professores. Estas referências constituem a
base de análise que de seguida se apresentará, com vista à compreeção e exposição do
processo de planificação e de implementação das atividades práticas com as TIC em
sala de aula, levadas a cabo por estes professores.
Um dos aspetos que mais se destacou foi o da surpresa e entusiasmo dos alunos.
Refere uma professora, na reflexão sobre a forma como decorreram as aulas em que
utilizou o quadro interativo (este é um exemplo entre muitos que os professores
explicitam):
Este flipchart foi aplicado à turma A do 7º Ano no dia 05 de Março, no âmbito dos conteúdos programáticos: " Primeiras Civilizações" e " A Herança do Mediterrâneo Antigo".
(...)
A opinião da turma foi:
" Recurso educativo excelente"; " Bem organizado"; " Nós estamos mais concentrados";
"A professora explica melhor"; "Está objectivo"; "Recurso com mais tecnologia e nós gostamos muito das novas tecnologias."
Considero que este recurso foi muito motivador, os alunos todos queriam ir ao quadro interactivo. (DocP111)
Cite-se, ainda, uma outra referência de um professor que também registou a opinião dos
alunos tal como a professora citada acima:
Segue em anexo o flipchart criado para a aula de Química do 9º C.
Na minha opinião (e na dos alunos) a apresentação correu bem, tendo sido atingidos os objectivos a que me propus: trabalhar com os alunos uma ficha no quadro interactivo:
1º fazendo eu a demonstração
227
2º levar os alunos a usarem o quadro interactivo e iniciá-los na exploração deste recurso didáctico
Transcrevo algumas opiniões [dos alunos]:
"Gostei da actividade e acho útil para praticarmos futuramente em outras actividades"
"Eu gostei muito, mas a letra devia de ser maior"
"Achei muito fixe e será uma boa maneira de incentivar os alunos. Eu gostei"
"Acho que é uma boa forma de explicar com este programa e ajuda a chamar a atenção dos alunos"
"O quadro é muito sensível"
"É engraçado e original. Podia estar um pouco mais desenvolvido" (DocP102)
Outros aspetos que nesta fase da investigação interessa realçar estão
relacionados com os eixos e categorias de análise do referencial que serve de
instrumento de apoio à interpretação dos resultados. Que competências gerais em TIC
têm de ter os professores para que as TIC cheguem à sala de aula? Que competências de
desenvolvimento profissional em TIC? Que competências pedagógicas em TIC? Que
atitudes face às TIC? Estas questões são cruciais para compreender como é que as
atividades práticas com as TIC podem aparecer de forma integrada na sala de aula.
Serão, então, alvo das secções que se seguem.
5.1.5 - Referencial para a integração das TIC – fase 2
Tal como na análise dos dados da Oficina 1 também agora, avançar-se-á, agora,
para a apresentação e análise das reflexões dos professores sobre as intervenções feitas,
com base no referencial para a integração das TIC que inclui competências gerais em
228
TIC, competências de desenvolvimento profissional em TIC, competências pedagógicas
em TIC e, por fim, atitudes face às TIC (Quadros II-2, II-3, II-4 e II-5).
Competências gerais em TIC e competências de desenvolvimento
profissional em TIC na fase 2
Nas suas reflexões finais, os 24 professores foram desafiados a compilar e
apresentar todos os recursos educativos digitais produzidos ao longo das sessões dando
prova da sua aplicação (em sala de aula, e/ou no âmbito da atividade profissional),
refletindo sobre o interesse do trabalho realizado na oficina de formação para o
desenvolvimento da atividade pedagógica na escola. Ainda que 13 destes professores
tivessem já realizado a oficina 1, muitos outros eram detentores de um perfil TIC de
iniciação – veja-se o relato desta professora:
Quando iniciei esta oficina sobre recursos educativos digitais não tinha grandes
expectativas, dada a minha inexperiência em TIC. Pensei que, possivelmente,
não conseguiria realizá-la até ao fim mas era, para mim, importante acabar com
a relutância relativamente a esta área. Esforcei-me e empenhei-me desde o inicio
e fui realizando as tarefas com algum prazer pelo facto de constatar que estava a
superar as dificuldades e, simultaneamente, estava a produzir recursos e a
utilizar estratégias, muito para além do “corta e cola” habitual. A turma foi
reagindo bem, o que também me estimulou a continuar. (DocP76)
No decurso da formação, os professores foram desafiados a serem aprendentes ativos e
criativos. Envolveram-se nas atividades e tentaram a todo o momento ultrapassar as
baixas expectativas iniciais revelando, contudo, consciência da necessidade de progredir
no domínio em foco:
229
Pessoalmente, considero que estes recursos foram motivadores também para
mim própria, mas tenho consciência de que muito tenho de trabalhar para
melhorar o meu desempenho. (DocP83)
Há uma referência constante à necessidade de formação, mesmo nos casos dos
professores com um perfil TIC que demonstra agilidade na utilização do computador e
da Internet. Um docente com este perfil refere da importância da formação para a
utilização específica das TIC no contexto da disciplina que ensina:
Acções de formação no âmbito das didácticas das disciplinas aliadas às TIC,
parecem-me ser oportunas no plano de formação deste centro, uma vez que
qualquer que seja o modelo de avaliação do desempenho docente, a didáctica da
disciplina fará sempre parte da formação necessária para progressão na carreira.
(DocP72)
Do ponto de vista das competências gerais em TIC deste grupo de professores, as
frequências mais elevadas surgem na dimensão “Elabora documentos digitais em
contextos diversificados” (93 ocorrências); do ponto de vista das competências
profissionais em TIC, as frequências mais elevadas surgem na dimensão “Utiliza as TIC
no seu desenvolvimento profissional” (6 ocorrências). Estes dados completam e
reforçam o perfil do grupo de trabalho da oficina 2: professores utilizadores das TIC no
âmbito de contextos relacionados com a produção de conteúdos digitais ou para as aulas
ou para as outras tarefas dos seus quotidianos profissionais.
Competências pedagógicas em TIC na fase 2
As competências pedagógicas em TIC destes professores foram analisadas, tal
como já se tinha feito na oficina 1, em torno de sete eixos (cf. Quadro II-4). A Tabela II-
05 apresenta as frequências relativas a cada um dos seguintes eixos de análise: (i)
230
desenvolve trabalho prático com os alunos com as TIC; (ii) detém conhecimento
atualizado em TIC e explora o seu potencial educativo; (iii) identifica e compreende as
vantagens do uso das TIC no processo educativo; (iv) cria situações inovadoras para o
uso das TIC; (v) identifica constrangimentos do uso das TIC no processo educativo; (vi)
Adequa práticas pedagógicas ao uso das TIC e (vii) Adapta ou cria REDs capazes de
facilitar o ensino e a aprendizagem.
Tabela II. 5 - Identificação das competências pedagógicas dos professores
Quando se analisam as competências pedagógicas identificadas nos relatórios de
formação destes professores, verifica-se um valor elevado de referências explícitas ao
facto de terem desenvolvido trabalho prático com as TIC nas suas aulas, com os alunos
(ainda assim, um valor mais baixo se comparado com os dados obtidos na primeira
oficina, onde, para este item, se obteve um resultado de 57,1%, cf. Tabela II-02). Assim,
a realização de trabalhos práticos com as TIC pelos alunos em sala de aula, sendo o
objetivo central da realização desta Oficina de Formação, parece não ter sido tão bem
conseguido como na oficina correspondente ao estudo preliminar. Observa-se a baixa
Frequência Percentagem
Desenvolve trabalho prático com os alunos
com as TIC28 28,6
Detém conhecimento actualizado em TIC e
seu potencial educativo12 12,2
Identifica e compreende as vantagens do
uso das TIC no processo educativo9 9,2
Cria situações inovadoras para o uso das
TIC12 12,2
Identifica constrangimentos do uso das TIC
no processo educativo18 18,4
Adequa práticas pedagógicas ao uso das
TIC4 4,1
Adapta ou cria REDs capazes de facilitar o
ensino e a aprendizagem 15 15,3
Total 98 100
231
referência dos professores à necessidade de adequação das suas práticas pedagógicas ao
uso das TIC em sala de aula pelos seus alunos (na primeira oficina os valores eram de
2,9% e, nesta segunda oficina, são de 4,1%). Ainda assim, surgem algumas referências à
adequação de metodologias quando se usam as TIC, como a que se segue:
O uso deste tipo de recurso na sala de aula, em contexto educativo, apresenta
efeitos positivos na aprendizagem dos alunos desde que as metodologias
aplicadas sejam adequadas (DocP81)
Sobe nesta oficina a percentagem de professores capazes de criarem ou adaptarem
recursos educativos digitais:
Reconheço que é um tipo de RED em que tenho muito que aprender, o tempo
que levei a prepará-lo dá-me estímulo para fazer mais, melhor e mais
rapidamente porque quero utilizá-lo noutras situações. A reacção destes alunos
prova que é compensador investir nos RED. (DocP111)
As ocorrências relativas ao eixo “Identifica constrangimentos do uso das TIC no
processo educativo” são referidas por vários professores. Vejam-se os seguintes
exemplos que demonstram precisamente a capacidade de os professores identificarem
constrangimentos à utilização das TIC:
(i) ao nível do funcionamento dos equipamentos:
(...) a operacionalidade dos equipamentos é fundamental para que tudo “corra
bem”. (DocP72)
Como aspecto negativo tenho a salientar o facto de o quadro ter bloqueado logo
no início da sessão, o que me levou a ter que pedir ajuda a outro professor.
(DocP76)
232
Foi interessante experimentar construir uma sequência de flipcharts e manipular
um quadro interactivo, no entanto, nas escolas em que lecciono não terei acesso
a este material. (DocP105)
(ii) ao nível do tempo de que precisam para prepararem recursos e planificarem as
atividades com as TIC:
O tempo que ocupei a recolher todos os elementos que utilizei neste recurso e a
produzi-lo foi o factor mais negativo desta experiência, ainda que possa ser
rentabilizado ao ser reutilizado em próximos anos e até com fins pedagógicos
diferentes. (DocP73)
Comparativamente com o tempo que levei a produzir este flipchart em que
associei também sons, os poucos minutos da sua resolução que referi é
surpreendente e algo frustrante. Espero vir a conseguir produzir mais flipcharts
com mais agilidade e maior rapidez e tirar partido de outros (DocP97)
No estudo exploratório as frequências que se referem ao eixo “Detém conhecimento
actualizado em TIC e seu potencial educativo” são ligeiramente mais elevadas se
comparadas com o estudo preliminar: 12,2% para 11,4%, respetivamente. Há
professores que são já utilizadores com conhecimento prático das vantagens de certas
tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem – veja-se o caso desta professora,
que faz notar as vantagens da utilização do Moodle:
A plataforma Moodle é um excelente organizador de trabalho, tanto para o
professor como para os alunos. (DocP70)
Noutros casos, esse conhecimento decorre da própria participação na oficina, como é o
caso da professora abaixo citada, que experimenta em situação real de ensino e
aprendizagem a utilização do quadro interativo:
233
O entusiasmo desta aluna com Necessidade Educativas Especiais de caráter
permanente na utilização do quadro interactivo foi contagiante e leva-me a
reflectir que este material poderá estar ao alcance de todos. (DocP105)
A maioria das referências destes professores centra-se no ensino e não nas
aprendizagens, ou seja, as TIC para ensinar e não as TIC para os alunos manipularem
em situação de trabalho prático:
Considero, contudo, ser uma ferramenta capaz de favorecer a melhoria na
eficácia da comunicação, auxiliando o professor no planeamento e apresentação
dos conteúdos a leccionar. (DocP104)
Ainda assim, há professores que referem a importância da realização de trabalhos
práticos com as TIC na sala de aula como forma de promoção das aprendizagens, como
se observa na seguinte citação de um professor, relativa à utilização do quadro interativo
na sala de aula:
É um facto que os alunos adoram teclas e terem um equipamento que lhes
reproduz muitas das funcionalidades de um computador, pode contribuir para a
melhoria do desempenho do aluno na concretização de uma tarefa ou na
aquisição de determinados conteúdos. (DocP110)
Quanto a situações inovadoras de utilização das TIC, foram escassas as que se
identificaram nos registos destes professores. Ainda assim, há uma ligeira subida de
frequências da primeira para a segunda oficina: 8,6% para 12,2%, respetivamente ( cf.
Tabela II-02 e Tabela II-05). A título de exemplo:
Realizei também o envio de algumas mensagens por correio electrónico para os
alunos das duas turmas de 8.º ano que lecciono (8.º A e B), susceptíveis de os
orientar no trabalho que iriam desenvolver no Moodle da nossa escola. Para esse
efeito, a formadora tinha atempadamente criado a disciplina nas duas turmas e
234
eu procedi à sua actualização/edição, inserido aí as actividades a realizar
(fóruns) e disponibilizando os necessários recursos. (DocP73)
e
Na construção dos flipcharts tentou-se fazer uma progressão, do mais fácil para
o mais complexo e no final permitiu-se que o aluno utilizasse livremente e
criativamente o quadro interactivo, após explicação e dando ajudas (...).O facto
do aluno poder explorar a “caixa de ferramentas” de modo criativo – “Desenha o
teu retrato …” – permitiu-lhe experimentar e divertir-se muito com a situação; a
descoberta da utilização da borracha, que o papel não permite no desenho a
cores, foi “deliciosa” para mim que assisti e para ela foi “descoberta”,
“satisfação”, “divertimento”, … (DocP82)
Atitudes face às TIC na fase 2
As atitudes face às TIC foram analisadas em torno de três eixos (cf. Quadro II-
5), como se apresenta na Figura II-78: (i) demonstra abertura face à inovação
tecnológica; (ii) procura formação adequada às suas necessidades na área das TIC e (iii)
compreende a necessidade de adequar práticas pedagógicas ao uso das TIC.
Demonstra abertura face à inovação tecnológica
Procura formação adequada às suas necessidadesna área das TIC
Compreende a necessidade de adequar práticaspedagógicas ao uso das TIC
Total
18
29
18
65
27,7
44,6
27,7
100
Identificação das atitudes face às TIC dos professores
Percentagem
Frequência
235
Figura II. 78 - Identificação das atitudes face às TIC dos professores
As referências que predominam são as relativas à procura de formação adequada
às necessidades na área das TIC. A citação que se segue tem conteúdos recorrentes em
muitos dos professores que frequentaram esta oficina de formação:
(...) senti e sinto vontade em desenvolver os meus conhecimentos nesta área tão
importante para um professor. (DocP67)
Emblemática, relativamente à necessidade que sentem de formação, é também a citação
que se segue:
É um facto que os alunos adoram teclas e terem um equipamento que lhes
reproduz muitas das funcionalidades de um computador, pode contribuir para a
melhoria do desempenho do aluno na concretização de uma tarefa ou na
aquisição de determinados conteúdos. Fica agora a faltar, por parte do professor,
o aperfeiçoamento das competências específicas para a eficaz utilização deste
equipamento, nas actividades diárias da prática lectiva. (DocP110)
Do ponto de vista percentual, há uma subida do valor de referências a esta questão
quando comparados os valores da oficina 1 (30%) com os da oficina 2 (44,6%), cf.
Figura II-41 e Figura II-78. Assim, parece haver, neste novo grupo, uma maior
consciência de um caminho de aprendizagem que sentem ter de fazer no que respeita à
utilização das TIC.
A questão da necessidade de adequarem as práticas pedagógicas ao uso das TIC sobe
ligeiramente de 25% para 27,7% quando comparamos a oficina 1 com a 2, cf. Figura II-
41 e Figura II-78. Há professores que demonstram grande sensibilidade a esta questão.
Veja-se o seguinte exemplo:
236
Penso que o maior obstáculo a vencer é o romper de práticas que já estão muito
interiorizadas, que nos permitem poupar tempo na preparação das actividades
permitindo-nos privilegiar o contacto directo com os principais agentes desta
nossa missão de ensinar. (DocP73)
Muito interessante é também a reflexão que se segue de uma professora, no que diz
respeito à necessidade que sente de adequar práticas pedagógicas ao uso das TIC:
Comecei a explorar as aplicações. Ainda está pouco interactivo, parece uma
exposição de "matéria". O meu problema é que queria que as novas tecnologias
me ajudassem a mudar as aulas....O papel do aluno na aprendizagem... ser ele o
motor da sua aprendizagem...e não ser mais do mesmo....
Vou continuar a explorar para ver se, com este programa e recurso, consigo um
RED interactivo... Aqui vai o primeiro esboço. (DocP101)
Na primeira oficina, o valor mais elevado (de 45%) era para “Demonstra abertura face à
inovação tecnológica” e desceu agora para 27,7% na segunda oficina (cf. Figura II-41 e
Figura II-78). Ainda assim, a título de exemplo, veja-se o que dizem estas professoras
acerca desta dimensão de análise:
Realmente eu, que fui tão renitente às “modernices”, sinto-me
completamente rendida. E os computadores/net são também um gerador de
leituras e de escritas que a escola pode e deve direccionar no caminho certo.
(DocP92)
Finalmente chegámos às sessões mais desejadas por mim, as da utilização do
quadro branco interactivo. Este recurso era aquele que desconhecia quase
totalmente e que penso poder vir a ter mais potencial em termos de utilização
regular na sala de aula. (DocP97)
237
5.1.6 - Os professores e as TIC no final da formação
Como no estudo preliminar, pediu-se aos formandos do estudo exploratório que
respondessem a um questionário final e fizessem, também através do preenchimento de
questionário, a avaliação da ação.
As primeiras questões pediam aos formandos para se reportarem ao início da
formação, ou seja, ao início de Janeiro de 2010. Solicitava-se que recordassem o tipo de
utilização que então faziam dos computadores e da Internet. As respostas resumem-se
na Tabela II-06 que se segue.
Tabela II. 6 - Utilização do computador e de alguns aplicativos em situação pessoal
Nunca PontualmenteCom alguma
frequência
Com
frequência
Utilizava o computador para
pesquisar na Internet 0 15,8 21,1 63,2
Utilizava o computador para
processamento de texto (Word)0 5,3 26,3 68,4
Utilizava o computador para
receber e enviar emails 0 5,3 10,5 84,2
Utilizava o computador para fazer
apresentações (Power point)36,8 31,6 15,8 15,8
Utilizava o computador para
tratamento de imagens /
fotografias
47,4 26,3 15,8 10,5
Utilizava o computador para tratar
dados (Excel ou programas de
bases de dados)
57,9 21,1 10,5 10,5
Utilizava o computador para
consultar informação numa
plataforma (ex: Moodle)
21,1 52,6 10,5 15,8
Utilizava o computador para
colocar informação numa
plataforma (ex: Moodle)
47,4 31,6 15,8 5,3
Bases de dados 18,8
Paint 6,3
Utilizava o computador e a
Internet para outras finalidades. Se
assinalar esta possibilidade,
identifique as finalidades:
Lúdico / jogos 25
Notícias 6,3
Videoconferência 12,5
Msn com familiares 12,5
Criação de blogues 18,8
238
Os resultados reiteram a caracterização inicial de que este era um grupo de professores
utilizadores do computador e da Internet. Lembre-se que 13 destes formandos tinham já
participado na primeira oficina desenvolvida no âmbito desta investigação. No entanto,
a utilização do Moodle, a produção de apresentações eletrónicas, as folhas de cálculo e
o tratamento / edição de imagem e vídeo não faziam parte das rotinas da maioria destes
professores.
Na segunda questão, solicitava-se uma comparação sobre os tipos de utilização
antes e durante a formação, devendo os formandos utilizar uma escala de 1 a 4, em que
1 significava nunca, 2 significava, em média, uma vez por mês, 3 significava, em média,
uma vez por semana e 4 significava todos os dias ou quase. Os resultados relativos a
esta questão encontram-se na Tabela II-07. A sua leitura evidencia variações de
utilização a todos os níveis no tipo de utilização que os professores fizeram ao longo da
oficina 2, no âmbito do estudo exploratório.
239
Tabela II. 7 - Utilização do computador e de alguns aplicativos em situação profissional
1 2 3 4 1 2 3 4
1. Utilizava / Utilizo o processador de
texto (ex: Word) para fazer fichas e
testes ou outros documentos
escolares em formato digital
5,3 26,3 21,1 47,4 0 21,1 10,5 68,4
2. Utilizava / Utilizo um apresentador
electrónico (ex: power point) para,
nas aulas, projectar apresentações
aos meus alunos sobre a os
conteúdos programáticos.
52,6 42,1 5,3 0 10,5 47,4 42,1 0
3. Na Internet pesquisava / pesquiso
informação que utilizo para preparar
aulas.
15,8 36,8 15,8 31,6 5,3 10,5 47,4 36,8
4. Na Internet pesquisava / pesquiso
informação que utilizo para trabalho
de escola (no âmbito do Grupo ou do
Departamento, do Conselho
Executivo, ou Pedagógico, ou
Administrativo).
26,3 31,6 21,1 21,1 10,5 36,8 31,6 21,1
5. Com a Internet, interagia / interajo
com os meus alunos, fora das aulas
(ex: messenger, mail… ).
68,4 21,1 10,5 0 44,4 27,8 27,8 0
6. Utilizava / Utilizo o computador e a
Internet em situação de formação,
para a realização de trabalhos.
15,8 26,3 15,8 42,1 0 10,5 26,3 63,2
7. Utilizava / Utilizo o computador em
situações de sala de aula, com os
meus alunos nos computadores para
pesquisarem informação.
36,8 36,8 21,1 5,3 21,1 26,3 47,4 5,3
8. Utilizava / Utilizo o email para uso
profissional individual.0 15,8 15,8 68,4 0 10,5 15,8 73,7
9. Utilizava / Utilizo o email para uso
profissional com os alunos.68,4 26,3 5,3 0 50 22,2 27,8 0
10. Utilizava / Utilizo blogues para uso
profissional.63,2 21,1 15,8 0 36,8 42,1 21,1 0
11. Utilizava / Utilizo o computador
em situações de sala de aula, com os
meus alunos a fazerem trabalhos em
Word , ou Power Point.
52,6 42,1 5,3 0 33,3 33,3 33,3 0
12. Utilizava / Utilizo a plataforma
Moodle para complementar o
trabalho da sala de aulas com as
minhas turmas.
68,4 15,8 15,8 0 50 27,8 22,2 0
13. Utilizava / Utilizo o computador
para tratar dados (programas de
bases de dados).
63,2 26,3 5,3 5,3 26,3 31,6 31,6 10,5
14. Utilizava / Utilizo o computador
para realizar cálculos e/ou, para traçar
gráficos (ex: Excel ).
52,6 36,8 5,3 5,3 15,8 57,9 15,8 10,5
15. Utilizava / Utilizo o computador
para tratamento de imagens /
fotografias.
47,4 42,1 5,3 5,3 5,3 57,9 15,8 10,5
16. Utilizava / Utilizo o quadro
interactivo nas aulas para actividades
que implicam a participação
interactiva dos alunos.
89,5 5,3 5,3 0 26,3 42,1 31,6 0
Antes da formação Durante a formaçãoSituação
240
Destaquem-se as situações que envolvem a sala de aula e os alunos a realizarem
atividades com as TIC: o caso específico de Utilizava / Utilizo em situações de sala de
aula, com os meus alunos nos computadores para pesquisarem informação, o valor de
nunca passa de 36,8% para 21,1%; o valor, Utilizava / Utilizo em média uma vez por
mês, passa de 36,8% para 26,3% e o valor para Utilizava / Utilizo em média uma vez
por semana deixa de ser 21,1% e passa a ser 47,4%, ou seja, é nítido o aumento de uma
maior regularidade semanal de utilização do computador e da Internet para situações de
pesquisa de informação. Quanto ao item Utilizava / Utilizo em situações de sala de
aula, com os meus alunos a fazerem trabalhos em Word, ou Power Point, os valores
também se alteraram no sentido de uma maior frequência de utilização do computador:
o nunca passa de 52,6% para 33,3%; o valor em média uma vez por mês deixa de ser
42,1% e passa a ser 33,3% e o valor em média uma vez por semana deixa passa de 5,3%
a 33,3%. O computador passou a ser uma ferramenta com maior frequência de
utilização na sala de aula pelos alunos. A utilização do Moodle enquanto espaço
complementar ao trabalho da sala de aula com as turmas também sobe ligeiramente:
68,4% nunca o tinham feito antes da formação e esse valor cai para 50% no final da
formação, sendo que se nota uma subida quer nas utilizações mensais, quer das
semanais. A utilização do quadro interativo também apresenta subidas significativas:
89,5% nunca o tinha utilizado antes da formação e esse valor decresce para 42,1% no
caso de uma utilização mensal, e para 31,6% no caso de uma utilização semanal.
Sobre as suas práticas pedagógicas, pediu-se que classificassem, de 1 a 5, o tipo
de aulas mais comum que dão, atendendo às metodologias / estratégias que utilizam (1-
nunca; 2-por vezes; 3-com alguma frequência; 4-com muita frequência; 5-sempre).
241
Tabela II. 8 - Práticas pedagógicas
[nunca] [por vezes]
[com
alguma
frequência]
[com muita
frequência][sempre]
1 2 3 4 5
Leitura de textos do
manual escolar ou de
fichas de trabalho,
seguido de explicações
16,7% 11,1% 27,8% 38,9% 5,6%
Leitura de textos do
manual escolar ou de
fichas de trabalho,
seguido de resolução de
exercícios
16,7% 5,6% 33,3% 27,8% 16,7%
Explicações orais
seguidas de perguntas
aos alunos
0% 22,2% 11,1% 44,4% 22,2%
Explicações orais e no
quadro0% 27,8% 11,1% 33,3% 27,8%
Apresentação de
imagens projectadas ou
em quadros, seguida de
explicações
11,1% 44,4% 22,2% 22,2% 0%
Trabalho de grupo, em
que os alunos resolvem
exercícios, depois de eu
explicar a matéria
0% 27,8% 27,8% 44,4% 0%
Trabalho de grupo em
que os alunos exploram
a matéria depois de eu a
explicar
11,1% 11,1% 27,8% 44,4% 5,6%
Trabalho de grupo em
que os alunos exploram
a matéria antes de eu a
explicar
22,2% 44,4% 11,1% 22,2% 0%
Trabalho de projecto em
que os alunos resolvem
problemas ou exploram
temas relacionados com
a matéria
5,6% 55,6% 5,6% 27,8% 5,6%
242
As práticas pedagógicas destes professores parecem estar centradas nas
exposições orais do próprio professor, que utiliza maioritariamente o manual escolar e
fichas de apoio. O trabalho de grupo acontece com frequência mas centrado em
atividades que decorrem das explicações do professor e não da descoberta pelos alunos.
Em questões de resposta aberta, pediu-se que os professores, tendo em conta a
experiência tida na formação (oficina 2) de utilização das TIC em sala de aula ou em
anteriores experiências desta natureza, identificassem quais as práticas pedagógicas /
metodologias de trabalho / estratégias90 que consideravam mais adequadas ao trabalho
na sala de aula com alunos, quando utilizam as TIC. As respostas resumem-se na Figura
II-79:
90 Ainda que a questão solicitasse a identificação de práticas pedagógicas / metodologias de trabalho / estratégias, a
maior parte dos professores respondeu centrando-se nas ferramentas e não nas formas de as utilizar.
243
Figura II. 79 - Práticas pedagógicas / metodologias de trabalho / estratégias que os professores associam ao trabalho na sala de aula com alunos quando utilizam as TIC
Destaque-se que o valor mais elevado se regista para o item Apresentação do
tema / conteúdo com o apoio de um ppt, o que revela a atitude dos professores face ao
uso das TIC, ou seja, uma utilização centrada no ensino. Ainda em questões de resposta
aberta, pediu-se que os professores, de entre os REDs que produziram e aplicaram ao
longo da formação, indicassem os que consideravam mais interessantes para o trabalho
em sala de aula com os alunos e porquê. As respostas apresentam-se na seguinte tabela
(Tabela II-09).
Apresentação do tema / conteúdo com o apoiode um ppt
Fomentar a pesquisa orientada pelos própriosalunos
Apresentação do tema / conteúdo com o apoiodo QBI
Trabalho de pares
Trabalho com toda a turma
Apresentação / projecção de imagens à turma
Apresentação / projecção de ficheiro Word àsturma
Produção de ppts pelos alunos, dado o tema
Exercícios no QBI
Trabalho com os alunos no Moodle
Colocar os alunos a produzirem REDs e orientá-los nesse trabalho
Criar um blogue da turma ou da escola paradivulgação de trabalhos
7
5
4
3
3
3
3
2
1
1
1
1
20,6
14,7
11,8
8,8
8,8
8,8
8,8
5,9
2,9
2,9
2,9
2,9
Práticas pedagógicas / metodologias de trabalho / estratégias que os professores associam ao trabalho na sala de aula com alunos quando utilizam as TIC
Percentagem
Frequência
244
Tabela II. 9 - REDs que os professores consideram mais interessantes para o trabalho com alunos em sala de aula
O valor mais alto regista-se na ferramenta Quadros Interactivos. Nesta fase final da
formação, é claro o impacto causado pelo facto de a maior parte destes professores ter
escolhido os quadros interativos como modo de fazerem chegar as TIC à sala de aula.
Muitos relataram nas suas reflexões, já apresentadas, um resultado positivo do trabalho
desenvolvido. Assim, no momento em que estão a terminar a formação, não será de
Frequência Percentagem
Quadros Interactivos 17 41,5
- o efeito novidade estimula a atenção e concentração dos
alunos11
- permite interactividade na apresentação dos conteúdos 5
- permite conjugar todos os REDs 1
Power Point 16 39
- permite conjugar imagens e textos síntese 8
- é bem aceite pelos alunos e favorece a concentração 5
- é um bom ponto de partida para a a presentação de conteúdos 2
- permite centrar o ensino no aluno 1
Excel 3 7,3
- permite mais rigor na avaliação 2
- adapta-se à lecionação de conteúdos na disciplina de
Matemática1
Word 2 4,9
- permite preparar materiais de qualidade que conjugam texto e
imagem1
- bom recurso para apresentar resultados de pesquisa 1
REDs no geral 2 4,9
- motivam os alunos 2
Movie Maker 1 2,4
- permitem produzir materiais de qualidade para divulgação em
blogues1
245
estranhar que os quadros interativos apresentem um caminho possível de futuro no que
respeita a planos de integração das TIC na sala de aula. Refira-se ainda, o facto de 39%
ter feito referência ao Power Point, revelando a tendência para uma postura mais
tradicional de ensino, uma vez que esta ferramenta é usada preferencialmente para aulas
expositivas decorrentes de um modelo tradicional de ensino.
De seguida, pediu-se que os professores considerassem se a participação na
Oficina de Formação lhes terá trazido mais valias profissionais, indicando o grau de
importância para o seu desenvolvimento profissional na área da utilização das TIC em
contexto educativo, de acordo com a seguinte escala: 1. nada importante, 2. pouco
importante, 3. importante, 4. muito importante (resultados na Figura II-80).
Figura II. 80 - Mais valias profissionais consideradas pelos professores participantes na oficina 2
Ter-me inscrito na formação e obtido créditos
Ter assistido às sessões
Ter realizado as tarefas propostas
Ter o apoio da plataforma Moodle da formação
Ter o apoio e ajuda de alguns colegas
Ter recebido ideias na formação para trabalhos práticos comas TIC
Ter tido oportunidade de reflectir sobre como usar as TIC emcontexto educativo
Ter aprendido as bases para manipular ferramentasinformáticas
26,3%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
21,1%
0,0%
0,0%
0,0%
5,3%
0,0%
0,0%
0,0%
15,8%
5,3%
15,8%
47,4%
42,1%
21,1%
15,8%
10,5%
36,8%
94,7%
84,2%
52,6%
52,6%
78,9%
84,2%
89,5%
Mais valias profissionais consideradas pelos professores participantes na oficina 2
4 [muito importante] 3 [importante] 2 [pouco importante] 1 [nada importante]
246
Para a maioria dos formandos, foi importante ou mesmo muito importante terem
assistido às sessões, terem realizado as tarefas propostas, terem tido o apoio da
plataforma Moodle da formação, terem o apoio e ajuda de alguns colegas, terem
recebido ideias na formação para trabalhos práticos com as TIC, terem tido
oportunidade de refletir sobre como usar as TIC em contexto educativo e terem
aprendido as bases para manipular ferramentas informáticas, sendo que os dois valores
que mais se destacam são relativos a estarem presentes nas sessões e, logo de seguida, a
terem aprendido as bases para manipularem ferramentas informáticas.
Por fim, colocou-se uma última questão em aberto aos professores, cujas
respostas se agruparam em categorias, pedindo-se-lhes que, terminada a formação,
identificassem as suas maiores dificuldades, no caso de as sentirem, no que respeita à
utilização das TIC. As respostas resumem-se de seguida, na Figura II-81:
Figura II. 81 - Dificuldades ainda sentidas pelos professores participantes, no final da oficina 2
Precisam de treinar mais a produção e utilização de REDs
Precisam de investir mais tempo na formação para autilização dos QBIs
Precisam de investir mais tempo na formação para autilização do Excel
Precisam de investir mais tempo na formação para autilização do Moodle
Precisam de investir mais tempo na utilização docomputador
Sentem medo de falhar na sala de aula quando estão autilizar as TIC
Precisam de investir mais tempo na formação para autilização do Movie Maker
Precisam investir mais tempo na procura de estratégias quese centrem mais nos alunos e os tornem mais activos
Precisam de fazer um esforço para alterar práticas lectivasmais adequadas à utilização das TIC
10
7
4
2
2
2
1
1
1
33,3
23,3
13,3
6,7
6,7
6,7
3,3
3,3
3,3
Dificuldades ainda sentidas pelos professores participantes, no final da oficina 2
Percentagem
Frequencia
247
As respostas centram-se na necessidade que os professores sentem em treinar
mais a produção e utilização de REDs e no precisarem de investir mais tempo na
formação para a utilização dos QBIs.
5.1.7 - Avaliação global da formação pelos professores
No final do percurso formativo, pretendia-se ainda, saber da avaliação que os
professores faziam da formação realizada. Preparou-se um questionário específico para
esta ação, em que se abordavam várias questões, desde a adequação das estratégias da
formação, passando pelos materiais de apoio distribuídos pela formadora, os recursos e
a logística da formação, o impacto da formação nas competências profissionais e
pedagógicas dos formandos. Finalmente, pedia-se aos formandos que fizessem emergir
os fatores positivos da formação e os negativos, que procedessem a uma avaliação geral
da formação e que fornecessem sugestões para novas formações.
A escala utilizada para responder às questões formuladas foi de 1 a 5 (1-nada, 2-
pouco, 3-suficiente, 4-muito, 5-muitíssimo) e, dos 24 formandos, 23 preencheram o
questionário. A totalidade dos respondentes consideraram as estratégias utilizadas na
formação muito ou muitíssimo adequadas (Figura II-82, Figura II-83 e Figura II-84),
quer no que respeita aos objetivos da ação, quer no que respeita aos conteúdos da
mesma e, ainda, às características do grupo de formandos:
248
Figura II. 82 - Avaliação da adequação das estratégias de formação aos objetivos da ação
Figura II. 83 - Avaliação da adequação das estratégias de formação aos conteúdos da ação
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
43,5%
56,5%
Avaliação da adequação das estratégias de formação aos objectivos da acção
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
4,3%
43,5%
52,2%
Avaliação da adequação das estratégias de formação aos conteúdos da acção
249
Figura II. 84 - Avaliação da adequação das estratégias de formação às características do grupo
Os materiais utilizados e disponibilizados durante a formação foram
positivamente avaliados pelos formandos (Figura II-85, Figura II-86 e Figura II-87):
Figura II. 85 - Avaliação da adequação dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
45,5%
54,5%
Avaliação da adequação das estratégias de formação às
características do grupo
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
4,3%
43,5%
52,2%
Avaliação da adequação dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
250
Figura II. 86 - Avaliação da clareza dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
Figura II. 87 - Avaliação da utilidade dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
Os gráficos que se seguem (figuras II-88 e II-89) remetem para a avaliação do espaço e
meios logísticos associados à formação.
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
47,8%
52,2%
Avaliação da clareza dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
39,1%
60,9%
Avaliação da utilidade dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
251
Figura II. 88 - Avaliação da adequação do espaço em que decorreu a ação
Figura II. 89 - Avaliação da adequação dos meios logísticos envolvidos na ação
O espaço onde decorreu a formação e os meios logísticos foram menos bem
classificados (25% dos formandos considerou o espaço onde decorreu a ação como
apenas suficiente), o que pode decorrer da área reduzida da sala de trabalho das sessões
presenciais.
Quanto à perceção do impacto da formação no desenvolvimento profissional e
pedagógico, no final da ação, os formandos consideram que foi muito ou muitíssimo
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
25%
50%
25%
Avaliação da adequação do espaço em que decorreu a acção
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
10,0%
45,0%
45,0%
Avaliação da adequação dos meios logísticos envolvidos na acção
252
importante, para a atualização e aprofundamento de conhecimentos (teóricos e práticos)
(cf. Figura II-90).
Figura II. 90 - Avaliação do modo como a atualização e aprofundamento de conhecimentos (teóricos e práticos) dos formandos
Em 90% dos casos os formados consideraram também como muito ou muitíssimo
importante a forma como a ação contribuiu para a problematização/transformação das
suas práticas letivas (cf. Figura II-91):
Figura II. 91 - Avaliação do modo como a ação contribuiu para a problematização/transformação da prática letiva dos formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
5,0%
30,0%
65,0%
Avaliação do modo como a actualização e aprofundamento de conhecimentos (teóricos e práticos) dos formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
10%
65%
25%
Avaliação do modo como a acção contribuiu para a problematização/transformação da prática lectiva
dos formandos
253
Foram identificados contributos para o aperfeiçoamento das competências
profissionais dos formandos, como ilustram os resultados apresentados na Figura II-92,
tendo sido selecionadas as categorias muito (70%) ou muitíssimo (30%).
Figura II. 92 - Avaliação do modo como a ação contribuiu para o aperfeiçoamento das competências profissionais dos formandos
Os formandos avaliaram positivamente a qualidade dos materiais produzidos na
oficina de formação, no que respeita à ação dos mesmos no aperfeiçoamento das suas
práticas pedagógicas e na intervenção no quotidiano dos formandos enquanto
profissionais da educação (cf. Figura II-93):
Figura II. 93 - Avaliação da qualidade e utilidade dos materiais produzidos na ação para aperfeiçoar/transformar a intervenção educativa dos formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
70%
30%
Avaliação do modo como a acção contribuiu para o aperfeiçoamento das competências profissionais dos formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
10,0%
65,0%
25,0%
Avaliação da qualidade e utilidade dos materiais produzidos na acção para aperfeiçor/transformar a
intervenção educativa dos formandos
254
Seguem-se os dados relativos a duas questões abertas, nas respostas às quais os
formandos teriam de destacar os aspetos mais positivos da ação (Figura II-94), bem
como os mais negativos (Figura II-95)
Figura II. 94 - Aspetos positivos da ação destacados pelos formandos
As respostas dadas foram organizadas por categorias. O maior destaque positivo
foi dado à possibilidade real de aquisição de novos conhecimentos e de aplicação dos
mesmos em ambiente real de ensino. O maior destaque negativo foi dado à curta
duração da ação face aos objetivos traçados no início.
Possibilidade real de aquisição de novosconhecimentos e de aplicação dos mesmos em
ambiente real de ensino
Entreajuda e colaboração entre os formandos
Ambiente criador de estímulos para a descoberta dasTIC
Disponibilidade e dinâmicas criadas pela formadora
Possibilidade de reflexão e de adequação das práticaspedagógicas
9
6
5
4
4
Aspectos positivos da acção destacados pelos formandos
255
Figura II. 95 - Aspetos negativos da ação destacados pelos formandos
Quanto à avaliação global da ação (Figura II-96), ressaltam valores muito
positivos, dado que 43,5% dos formandos a considerou muito boa e 56,5% a considerou
muitíssimo boa.
Figura II. 96 - Avaliação global da ação
Na última questão, solicitava-se aos formandos sugestões para futuras ações (só
12 formandos responderam). As respostas aparecem elencadas na Figura II-97.
Curta duração da acção face aosobjectivos
Sala de trabalho reduzida
Excesso de trabalho
11
5
1
Aspectos negativos da acção destacados pelos formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitissimo]
43,5%
56,5%
Avaliação global da acção
256
Figura II. 97 - Sugestões para futuras acões, apresentadas pelos formandos
Cinco formandos gostariam de repetir a mesma ação e 3 indicam a necessidade de
formação na didática específica da sua disciplina e respetiva integração das TIC.
5.2 - Fase de Follow-up à Oficina 2
A fase de follow-up à Oficina 2 decorreu cerca de nove meses depois de
terminada a formação. Tal como tinha acontecido na passagem da Oficina 1 para a 2,
também agora se optou por realizar o follow-up na fase de passagem da Oficina 2 para a
3. Pretendeu-se que os resultados do acompanhamento aos formandos da segunda
oficina contribuíssem, tanto quanto possível, para um desenho mais proveitoso da
terceira oficina, de acordo com os objetivos estipulados.
O acompanhamento do segundo grupo de formandos (participantes na oficina 2)
fez-se noutros moldes, ainda que com pontos comuns, do ponto de vista da técnica de
recolha de dados. Optou-se, como referido no capítulo 3. (Metodologia), por visitar a
escola sede do grupo de professores que tinha feito a formação e que pertencia ao
Repetição da mesma acção
Didácticas específicas das disciplinase utilização das TIC
QBIs
Pedagogia e práticas lectivasadequadas às TIC
Moodle
5
3
2
1
1
Sugestões para futuras acções, apresentadas pelos formandos
Frequência
257
mesmo agrupamento. Convidaram-se todos os professores a estarem presentes numa
sessão de debate sobre as TIC na escola. Por dificuldades de conjugação de horário,
formaram-se dois pequenos grupos, que se encontraram com a formadora/investigadora,
ao longo de uma semana, em dias e horários diferentes.
Estabeleceram-se conversas informais com os docentes, abordando, entre outros,
os seguintes tópicos:
1 – Que evolução ou que diferenças na utilização das TIC sentem, tendo em
conta a participação na Oficina 2?
2 – Que tipo de continuidade deram ao trabalhos iniciados ou desenvolvidos
durante a Oficina 2?
3 – Quais os principais factores que julgam poderem vir a promover a integração
das TIC nas vossas aulas do ponto de vista da realização de trabalhos práticos
pelos alunos?
4 – Qual o papel da formação e/ou de outros factores que possam impulsionar a
vossa utilização das TIC?
Os objetivos de investigação, nesta fase, eram os definidos para a fase idêntica que
decorreu após a primeira oficina (havia o propósito de voltar ao terreno para reformular
a intervenção em função dos resultados obtidos, de forma a otimizar a formação):
(i) compreender como é que, decorridos alguns meses desde a formação, os
professores estavam a usar (ou não) as TIC em sala de aula e, se sim, como;
(ii) compreender o papel da formação na tomada de decisão relativa ao uso das
TIC em sala de aula, identificando fatores promotores desse uso e fatores
inibidores desse uso.
Formaram-se dois grupos de participantes, um com quatro elementos (Pof2F,
Pof2G, Pof2H e Pof2I) e outro com dois (Pof2J e Pof2K); os seus contributos anotados
258
em caderno de campo, foram depois transpostos para ficheiros pdf e inseridos na UH,
tal como para a análise do primeiro grupo de formando que acedeu participar no follow-
up da formação 1.
Fez-se a análise detalhada de cada uma das participações, tendo em conta o perfil do
professor em causa. Os resultados que decorrerem dessa análise não são extensíveis ao
grupo de 24 formandos da Oficina 2, tal como já sucedera no acompanhamento feito aos
formandos da primeira oficina.
O dispositivo de análise seguiu os objetivos estabelecidos e teve presente as
seguintes dimensões, já utilizadas na análise dos dados recolhidos na primeira fase de
follow-up:
(i) os contextos de utilização das TIC por estes professores (se em sala de aula,
para trabalho prático com os alunos; se em sala de aula, como apoio ao
ensino; se em atividades de gestão, coordenação, direção ou outras não
envolvendo diretamente a sala de aula; outros)
(ii) os fatores considerados facilitadores na subsequente utilização das TIC por
estes professores (a formação em que participaram, o apoio dos pares, a
motivação dos alunos, os melhores resultados nas aprendizagens dos alunos,
a disponibilidade crescente de equipamentos, a motivação pessoal para o uso
das TIC ou outros)
(iii) os fatores condicionantes ao uso das TIC (a falta de equipamentos, os
problemas técnicos nos equipamentos, a falta de tempo para preparar aulas
com recursos às TIC, os fracos resultados por parte dos alunos, o
desinteresse dos alunos ou outros).
259
A análise aos registos destas conversas informais feitos em caderno de campo e
posteriormente inseridos na UH do software ATLAS.ti, mostra, uma vez mais, a
heterogeneidade do grupo. Revelaram-se situações diferentes na forma como tentaram
integrar as TIC no seu quotidiano profissional, que a seguir se apresentarão. De todos,
apenas um professor que assumiu frontalmente ter deixado cair por terra todos os planos
que desenhou para as TIC. Durante a formação, fez alguns ensaios de utilização das TIC
em sala de aula, mas os constrangimentos foram quase sempre dominantes, depois da
formação. Revela ser utilizador de computadores e afirma que todos os seus materiais
para a sala de aula são feitos por meios digitais. A nível pessoal utiliza as redes sociais
(tem um perfil e um grupo de amigos no Facebook). Relativamente à utilização dos
computadores na sala de aula afirma que não o faz por não ter condições técnicas.
Considera que o papel do professor não deve passar por ter de garantir o funcionamento
dos equipamentos, por isso, tendo em conta as más experiências a esse nível (problemas
técnicos de acesso à Internet nas aulas, equipamentos mal configurados, etc.) levaram-
no a desistir. No entanto, assume que as suas aulas poderiam ganhar muito se utilizasse
mais o quadro interativo, por exemplo. Afirma pois que as experiências que fez durante
a formação foram muito interessantes e válidas para as aprendizagens dos alunos
(Pof2J).
A intervenção deste professor leva a que outros se manifestem sobre os
problemas técnicos. Um professor diz concordar em parte, ou seja, afirma que a escola
deveria ter uma política de garantir que os equipamentos estão sempre prontos a
trabalhar, tal como acontece nas empresas. Afirma este professor ser um utilizador
recente das tecnologias e que uma parte do seu tempo entre aulas é utilizado para
garantir que o computador e o projetor da sala para onde vai, estão a funcionar, sendo
260
que muitas vezes precisa do auxílio de colegas. Trata-se de um professor que afirma
utilizar com muita frequência apresentações eletrónicas para expôr conteúdos (Pof2K) e
que diz ter ainda um percurso a fazer para que as TIC sejam utilizadas em sala de aula
pelos alunos.
Ainda relativamente aos contextos de utilização, dois dos professores (Pof2F e
Pof2G) referiram que notam, de forma mais óbvia no seu trabalho e depois de feita a
formação, a consciência de duas mais valias das TIC: em sala de aula com os alunos e
na organização do trabalho nos seus departamentos ou grupos. Mas uma destas
professoras afirmou que, por vezes, as coisas complicam-se na articulação do trabalho
com o grupo de colegas, no âmbito da gestão do departamento de que é coordenadora.
Afirmou que há ainda muitos professores que não consultam o correio eletrónico com
regularidade, nem acedem ao Moodle, o que faz com que todo o trabalho de preparação
de reuniões, por exemplo, não se torne efetivo (Pof2G).
Outra professora deste grupo afirmou que, acima de tudo, o interesse das
tecnologias está no que se pode fazer com os alunos, em sala de aula. Para esta
professora a formação foi muito importante pois ter-lhe-á aberto horizontes; diz ter
aprendido a fazer webquests e blogues que continuou a utilizar com os seus alunos nas
aulas e fora das aulas, depois da formação ter terminado. Considerou estes recursos
como da maior importância para as aprendizagens dos seus alunos (Pof2H).
Uma outra professora rebate, em parte, estes argumentos referindo que investiu
imenso na preparação de aulas com as TIC mas depois os alunos não correspondem ao
pretendido e o seu interesse dissipa-se ao fim de pouco tempo. Para esta professora foi
difícil conseguir imaginar e planificar situações que “prendam os alunos”, mesmo
quando incluem a utilização dos computadores (Pof2F). Estaprofessora refere ter
261
utilizado as TIC nas aulas de área de projeto onde os computadores têm um papel de
grande utilidade mas onde também era necessário utilizar outros recursos que não os
digitais, como por exemplo, a consulta de livros na biblioteca da escola. Nestas
situações, relata esta professora, era ainda mais difícil motivar os alunos para o trabalho
de pesquisa que tinham de fazer.
Na sequência deste relato uma outra professora afirma que a formação foi muito
esclarecedora ao nível da importância da forma como se conduz a aula quando as TIC
estão envolvidas, ou seja, para esta professora “não chega ter computadores e Internet
na sala... o mais difícil é encontrar estratégias de ensino...” (Pof2H).
Em síntese, nove meses passados sobre a formação, encontramos, nestes registos
de um subgrupo de professores participantes na formação, um caminho de aproximação
às TIC, quer na sua utilização em sala de aula como ferramenta de apoio ao ensino
(situação mais frequente nas práticas dos professores que são recentes utilizadores dos
computadores e da Internet, centrando-se muito na utilização das apresentações
eletrónicas para veicularem os conteúdos das suas disciplinas), quer na implementação
do trabalho com alunos, apesar de todas as dificuldades identificadas nesses contextos,
quer ainda em contextos diferentes como o do trabalho nos departamentos.
Se os contextos se diversificam, também os constrangimentos parecem
aumentar: durante a formação, não houve nunca referências à dificuldade de motivar ou
envolver os alunos nas atividades, algo que só agora sobressai, provavelmente pelo
número de experiências acumuladas, sendo que acabam por surgir algumas frustrações.
Para alguns, o acesso aos equipamentos é um problema, sendo que, na literatura, é
comum esse problema ser referido mais na dimensão da falta de equipamentos; com o
apetrechamento recente das escolas (e tenha-se em conta que esta sede de agrupamento
262
já tinha sido intervencionada pelo PTE) o obstáculo parece ser o do acesso aos
equipamentos existentes.
5.3 - Do Estudo Exploratório ao Estudo Final – síntese dos resultados
da fase 2 e pistas para a fase 3
Nesta secção, discutir-se-ão os principais resultados do estudo exploratório com
o objetivo de redefinir o estudo final.
Os professores que integraram a fase 2 deste estudo, o estudo exploratório, eram
detentores de uma cultura tecnológica mais vasta, do que o primeiro grupo que integrou
o estudo preliminar. Recorde-se que 13 dos professores do segundo grupo tinham já
realizado a primeira formação, o que se revelou interessante do ponto de vista do
follow-up do trabalho da fase 1 para a fase 2, referido com detalhe na secção 5.2.
Constatou-se, na análise dos dados da oficina 2, que estes professores trouxeram
para a segunda oficina o domínio das competência gerais em TIC, apresentando-se
predispostos, desde cedo, a aprofundarem as suas competências profissionais (qua
alguns já dominavam), bem como as pedagógicas. Este segundo grupo de professores,
parecendo mais alicerçado na utilização das TIC, recorre a estas ferramentas
principalmente em contexto pessoal ou como apoio à sua atividade profissional
(preparação de aulas, trabalho administrativo, etc.). É evidente pelos dados obtidos, que
no início da formação, essa utilização não chega à sala de aula, sobretudo na perspetiva
da realização de trabalhos práticos com os alunos. Registam-se como exceções os
professores que já tinham participado na oficina 1. Foi da maior importância ter em
conta os relatos que se registaram, em conversas informais, da evolução destes
263
professores que vinham já do grupo participante na Oficina 1. Foi notória a vantagem
dos que já possuiam competências básicas e gerais em TIC. Estavam mais disponíveis
para planificarem intervenções pedagogicamente mais ricas e eram capazes de
promover a real utilização prática das TIC pelos alunos em sala de aula.
Importa, no entanto, enfatizar a atitude do grupo de professores que participaram
na Oficina 2: todos afirmaram considerar importante ou muito importante a utilização
das TIC nos processos de ensino e de aprendizagem e na avaliação. Quando
questionados sobre os motivos que os tinham impedido, até à formação, de utilizar mais
as TIC, apontaram como principais causas as seguintes: (i) não saberem explorar
devidamente as TIC, (ii) não terem formação suficiente nesta área e (iii) não terem
condições nas salas de aulas para utilizarem as TIC.
Estes professores mostraram-se voluntariosos no desejo de levarem as TIC para
a sala de aula. Todos admitiram que se encontravam a frequentar esta ação para
valorização e desenvolvimento profissional e para aprenderem a tirar partido das TIC.
No final da segunda oficina, as TIC chegaram às salas de aula para a realização
de trabalho prático com os alunos: de cerca de 50% de professores que nunca tinha
posto os seus alunos a realizarem trabalhos práticos com as TIC em sala de aula (com o
processador de texto ou as apresentações eletrónicas), no final da formação passa-se
para cerca de 30%; de cerca de 70% que nunca utilizava a plataforma Moodle para
complementar o trabalho da sala de aula com as respetivas turmas, passa-se para 50%; o
quadro interativo não fazia parte do horizonte destes professores no início da formação
(90% nunca o tinha usado) e no final esse valor decresceu para 26%.
264
Analisados os dados, verifica-se que a grande questão é a de levar as TIC para a
sala de aula numa perspetiva de trabalho prático a ser realizado pelos alunos. São dois
os aspetos chave: o domínio geral das TIC e as práticas pedagógicas dos professores. A
reflexão de uma professora, que a seguir se transcreve, é emblemática:
Essas situações permitiram-me questionar o tipo de aproveitamento que faço dos
RED [refere-se a situações em que passou a usar o computador e a Internet com
os alunos em sala de aula com frequência]. Como não tive que estar tão centrada
no domínio das técnicas tive oportunidade de dar mais atenção às questões
relacionadas com as estratégias que permitem ou não mais interactividade e um
papel mais activo ao aluno enquanto construtor dos seus próprios
conhecimentos. Ao serviço de que estratégias esses recursos devem estar. Ou
seja, não vou moldar uma aula a um RED, mas vou usar um RED para conseguir
outras dinâmicas de ensino/aprendizagem.
Este contexto de formação permitiu-me recolocar a questão do seguinte modo: -
Como posso ultrapassar as carências que identifico nas minhas práticas através
dos RED? Esta questão permite-me analisar os materiais que produzi e, na sua
grande maioria, identificar caminhos alternativos aos que segui. Não estar
satisfeita e saber alguns porquês é um saldo deveras positivo. (DocP77)
Se, na segunda oficina, se apostou no desenvolvimento das competências gerais
e profissionais em TIC dos professores envolvidos, os resultados apontam para o facto
de ter sido um fator determinante mas não único ou até preponderante - “Although
skill’s training is clearly vital to being able to integrate technology into teachers’
practice, it is very evident that a focus on skills is not sufficient to help teachers to
265
develop their pedagogy91”. (BECTA, 2009, p. 6) Se, na primeira oficina, se chegou ao
final considerando importante promover as competências gerais em TIC dos
professores, paralelamente à reflexão sobre o seu potencial pedagógico, analisados e
discutidos os resultados da oficina 2, tudo se encaminha para a necessidade de equilibrar
estas duas componentes, o que sustenta o referencial de competências TIC desenhado:
importam as competências gerais em TIC, as profissionais e as pedagógicas,
paralelamente às atitudes dos professores face às TIC.
O estudo final acautelará estas duas vertentes que emergiram como
complementares. Aliás, o acompanhamento dos 13 professores que já tinham
participado na primeira oficina e que estiveram também na segunda demonstrou a
evolução que relataram ter sentido, especialmente cinco deles, acompanhados mais de
perto. Mais hábeis no uso das tecnologias, foram capazes de refletir sobre as questões
mais profundas da chegada das TIC à sala de aula, como se relatou na secção 5.2 e uma
vez mais, os dados evidenciam que, para compreender o papel desempenhado pelas TIC
na escola, é necessário ter na base as características de cada professor e as suas
concepções pedagógicas (Ilomaki, 2008), colocando a pedagogia antes da tecnologia
(Watson, 2001).
91 N.T.: Embora a formação no domínio das competências técnicas seja importante para a integração das
tecnologias nas práticas dos professores, tal não é suficiente para ajudar os professores a desenvolverem a
sua pedagogia.
266
267
6. Estudo Final (Fase 3)
O estudo final será apresentado, neste capítulo, da seguinte forma: explicitar-se-
á o contexto em que decorreu a formação da fase final do estudo, quais os participantes
e que conteúdos foram abordados. Descrever-se-á a metodologia de trabalho seguida e
apresentar-se-ão os trabalhos dos formandos, bem como uma interpretação reflexiva
sobre a forma como estes formandos levaram as TIC à sala de aula. Terminar-se-á com
os resultados da fase de follow-up.
6.1 - A terceira Oficina de Formação
O terceiro estudo decorreu no ano letivo de 2010/2011 e envolveu 21 docentes
de escolas da zona de Lisboa. O desenho da sua implementação decorreu do trabalho
desenvolvido nas fases um (estudo preliminar) e dois (estudo exploratório) desta
investigação. A Oficina de Formação “Recursos Educativos Digitais” foi apresentada a
estes formandos como tendo um caráter prático, estando previstas, no seu decurso,
intervenções em sala de aula. Foi, assim, explicitado da forma mais clara possível, a
importância de se desenharem intervenções na sala de aula com as TIC, acauteladas,
uma vez mais, as situações de professores que não exerciam funções letivas. Os
participantes foram informados da eventual utilização de dados decorrentes da formação
para trabalhos de investigação e nenhum se opôs ao facto.
268
Os dados recolhidos são de diferentes naturezas e, como nas fases anteriores,
vão dos questionários, peças chave nesta investigação, a documentos escritos, como
sejam os relatórios finais dos formandos, alvo de análise de conteúdo (cf. Quadro II.11).
Quadro II. 11 - Dados recolhidos ao longo da oficina “Recursos Educativos Digitais”
Os objetivos desta ação de formação cujo espelho e acompanhamento ocorreu
também numa disciplina Moodle do Centro de Formação da área da escola dos
professores participantes foram, genericamente, os mesmos da Oficina 2:
Qualificar os professores da Escola como utilizadores de tecnologias
computacionais para produção de materiais didácticos e para apoio às suas
práticas profissionais.
Produzir materiais didácticos para o ensino das várias disciplinas envolvidas.
Promover práticas de trabalho colaborativo e de partilha dentro e entre os grupos
disciplinares, na disseminação de conhecimentos sobre a utilização de software
de apoio ao trabalho do professor.
Promover práticas de utilização dos meios electrónicos para comunicar com e
informar os elementos da comunidade escolar: outros professores, pais e
encarregados de educação, alunos.
Corpus da Oficina II
Questionários iniciais
Projectos de trabalho
Trabalhos final
Questionários finais
Avaliações da oficina
Notas de observação registadas em caderno de campo
Diários
Registos de conversas informais com os formandos
Cheklists
Memorandos analíticos
Entrevistas de follow-up
269
Disseminar uma cultura de formação e auto-formação em contexto escolar,
como forma de responder aos problemas sentidos no Agrupamento.
Estes objetivos genéricos da formação, estipulados no documento que formaliza
a formação (Apêndice B), replicavam os da oficina 2 deste estudo. A principal meta
continuava a ser a de promover o desenvolvimento curricular, a integração
transdisciplinar das TIC, a elaboração de recursos educativos digitais e a sua aplicação
no processo de ensino/aprendizagem, de forma a fomentar a integração das TIC, de
acordo com o que vinha também expresso nesse documento formal de constituição da
oficina (Apêndice B). Deste modo, e face aos resultados obtidos nas duas fases de
investigação anteriores, continuou-se a ter em conta a necessidade de os professores
desenvolverem as suas competências gerais e profissionais em TIC, sendo que, neste
terceiro estudo, se considerou, de forma mais incisiva, o desenvolvimento das
competências pedagógicas em TIC, estimulando-se uma atitude de abertura às TIC para
a sala de aula, em contexto de programação de trabalhos práticos pelos alunos.
Os conteúdos da ação eram, pois muito, específicos e pretendiam dotar os
professores, numa fase inicial da formação, de um maior domínio das ferramentas TIC.
Na sequência do observado e concluído na oficina 2, pretendia-se que os professores
investissem mais na intervenção na sala de aula, de forma a que as TIC fossem
utilizadas pelos alunos nesse contexto.
Estabeleceu-se a seguinte calendarização de trabalho:
- Período de realização da acção: Janeiro, Fevereiro e Março de 2011;
- Número de sessões previstas por mês: 3 em Janeiro; 3 em Fevereiro; 2 em
Março;
270
- Número de horas previstas por cada tipo de sessões: 3 horas (exceto para a
última, de 4h);
- Sessões presenciais conjuntas 25 horas.
Ocorreram ainda cerca de 25 horas de trabalho autónomo, registado na disciplina
Moodle de apoio à formação. No decorrer das várias sessões, foram sendo solicitados
trabalhos aos formandos, iniciados nas sessões presenciais e desenvolvidos em regime
de trabalho autónomo, sendo aplicados em situações concretas de trabalho com alunos
na sala de aula.
Quanto às tarefas solicitadas, destaca-se a necessidade de inscrição na disciplina
Moodle e a resposta a questionários online. Uma série de questões relacionadas com os
aspetos educativos da utilização das TIC em situações de ensino e aprendizagem foram
debatidas com base num trabalho preparatório em torno de textos de referência,92
desenvolvendo-se reflexões sobre a abordagem às TIC neste contexto e sobre sugestões
de leitura dadas pelos formandos na disciplina Moodle. Posteriormente, numa
abordagem específica da preparação de trabalho pelos formandos, a realizar com alunos,
solicitou-se que aqueles dessem início à construção de recursos educativos digitais, tal
como na oficina 2. Todos os trabalhos desenvolvidos pelos formandos ficaram
registados na Plataforma Moodle de apoio à formação, tendo em anexo as fichas de
intervenção com a descrição da ação realizada.
92 As sugestões de leitura foram, em Janeiro de 2011: Costa, F. (2007). O digital e o currículo. Onde está o elo mais fraco? Comunicação apresentada na V
Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, Lisboa.
Prensky, M. (2001) Digital Natives, Digital Immigrants, In: On the Horizon, MCB, University Press, Vol. 9, Nº 5, http://www.marcprensky.com/writing/ Prensky%20-%20Digital%20Natives,%20 Digital%20 Immigrants%20-%20Part1.pdf (consultado em Maio de 2009).
271
6.1.1 - O grupo de professores envolvidos no estudo final
O grupo de formandos que integrou o estudo final formou-se a partir da
divulgação da Oficina “Recursos Educativos Digitais” feita por um centro de formação
de professores de Lisboa, inscrevendo-se docentes de escolas/agrupamentos da sua zona
de influência.
Os 21 formandos foram questionados, no início da formação, relativamente aos
tópicos já utilizados nos estudos anteriores:
- o tipo de utilização das TIC feito pelos professores (utilização pessoal do computador
e da Internet, utilização profissional do computador e da Internet);
- tipos de práticas pedagógicas dos professores;
- perceções sobre a utilização das TIC na sala de aula e em contexto profissional.
Ciclo e anos de docência
Os 21 professores participantes na oficina 3 pertencem a escolas da zona de
Lisboa e, no que respeita aos níveis de ensino onde exerciam docência, distribuiam-se
pelo Ensino Especial (14,3%), pelo Pré-escolar (28,6%, sendo que uma das docentes
não tinha alunos atribuídos por estar com funções na Direção do Agrupamento), pelo 1.º
Ciclo, (5%), pelo 2.º Ciclo, (14%, sendo que uma das docentes não tinha alunos
atribuídos por estar com funções na Direção do Agrupamento), pelo 3.º Ciclo (14%) e
pelo secundário (24%) (cf. Figura II-98, que se segue).
272
Figura II. 98 - Níveis de ensino docente dos professores do Estudo Final
Tipos de utilização das TIC
Sobre a utilização do computador, verifica-se que este era um grupo de
utilizadores que o fazia, maioritariamente, com agilidade (resultados na Figura II-99).
Figura II. 99 - Utilização do computador pelos professores do Estudo Final
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
9,5%
76,2%
14,3%
Utilização do computador pelos professores do Estudo Final
273
Relativamente à utilização da Internet e de diversas ferramentas associadas, os
resultados expressos na Figura II-100 mostram que estes professores se sentiam
confortáveis ou muito confortáveis com a pesquisa de informação e se sentiam, também,
confortáveis ou muito confortáveis (cf. Figura II-101) com a utilização do enderço
eletrónico.
Figura II. 100 - Utilização do computador e da Internet para pesquisa de informação, pelos professores do Estudo Final
Figura II. 101 - Utilização do computador e da Internet para receber e enviar e-mails, pelos professores do Estudo Final
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
9,5%
61,9%
28,6%
Utilização do computador e da Internet para pesquisa de informação, pelos professores do Estudo Final
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
52,4%
47,6%
Utilização do computador e da Internet para receber e enviar e-mails, pelos professores do Estudo Final
274
Os resultados apresentados nas Figuras II-102 e II-103 mostram que pelo
contrário, não parece haver grande prática de utilização de plataformas de ensino e
aprendizagem por parte destes formandos – 52,4% ou não sabem de todo consultar
informação numa plataforma, ou sabendo, só o fazem pontualmente, sendo que estes
valores são ainda mais expressivos quando se trata de colocar informação numa
plataforma.
Figura II. 102 - Utilização do computador e da Internet para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle)
Figura II. 103 - Utilização do computador e da Internet para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle)
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
14,3%
38,1%
28,6%
19,0%
Utilização do computador e da Internet para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle)
[não sei de todo]
[já ouvi falar mas não sei fazer]
[sei, mas faço-o pontualmente]
[sei e faço-o com à-vontade]
[sei e faço-o com grande autonomia]
9,5%
42,9%
33,3%
4,8%
9,5%
Utilização do computador e da Internet para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle)
275
Colocaram-se, depois, questões específicas sobre a utilização profissional do
computador e/ou Internet. No que respeita à utilização do computador para serviço
administrativo relacionado com a direção de turma, 57% fazem-no com frequência ou
mesmo muita frequência (Figura II-104), embora 38% nunca o fizesse.
Figura II. 104 - Utilização do computador para registo de faltas e de avaliações dos alunos, enquanto diretor/a de turma
As utilizações do computador para a realização de fichas e testes são mais
frequentes (Figura II-105) – quase 14,3% fazem-no com frequência e 85,7%, com muita
frequência. No que respeita à elaboração de apresentações eletrónicas, os resultados
revelam uma utilização menos frequente (Figura II-106): 23,8% nunca fez nenhuma
destas apresentações, ainda que 52,4% as faça com frequência ou mesmo muita
frequência.
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
38,1%
4,8%
9,5%
47,6%
Utilização do computador para registo de faltas e de avaliações dos alunos, enquanto director/a de turma
276
Figura II. 105 - Utilização do computador para processamento de texto (ex: Word) para fazer fichas e testes, ou outros documentos em formato digital
Figura II. 106 - Utilização do computador para projeção de conteúdos nas aulas
Estes professores utilizam com frequência ou muita frequência a Internet para
obterem informação que depois utilizam na sala de aula (Figura II-107) – só 4,8% nunca
o fez. No entanto, essa utilização é mais reduzida quando observamos as respostas à
questão relativa ao uso da Internet para pesquisa de informação para trabalho de escola
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
14,3%
85,7%
Utilização do computador para processamento de texto (ex: Word) para fazer fichas e testes, ou outros
documentos em formato digital
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
23,8%
23,8%
23,8%
28,6%
Utilização do power point para, nas aulas, projectar apresentações aos meus alunos sobre a matéria
277
(no âmbito do Conselho Executivo, ou Pedagógico, ou Administrativo): 42,9% nunca o
fez (Figura II-108).
Figura II. 107 - Utilização da Internet para pesquisa de informação que utilize para preparar aulas
Figura II. 108 - Utilização do computador para, na Internet, pesquisar informação que utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Conselho Executivo, Pedagógico ou Administrativo)
Estes professores raramente utilização mensageiros instantâneos para
comunicarem com os seus alunos, conforme ilustram os dados da Figura II-109.
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
4,8%
23,8%
23,8%
47,6%
Utilização da Internet para pesquisa de informação que utilize para preparar aulas
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
42,9%
14,3%
28,6%
14,3%
Utilização do computador para, na Internet, pesquisar informação que utilizo para trabalho de escola (no
âmbito do Conselho Executivo, Pedagógico ou Administrativo)
278
Figura II. 109 - Utilização da Internet para interação com os alunos, fora das aulas (ex: messenger)
Em situações de formação a utilização da Internet, é frequente para 57,1% destes
formandos e muito frequente para 33,3% (cf. Figura II-110).
Figura II. 110 - Utilização do computador para realizar trabalhos em situação de formação
Relativamente a situações em que estes professores realizem trabalho prático
com os alunos utilizando os computadores e a Internet em sala de aula, surgem valores
bastante: 28,6% nunca o fez, 28,6% esporadicamente o fez e 42,8% fá-lo com
frequência ou com muita frequência (cf. Figura II-111).
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
71,4%
0,0%
14,3%
14,3%
Utilização da Internet para interacção com os alunos, fora das aulas (ex: messenger)
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
0%
9,5%
57,1%
33,3%
Utilização do computador para realizar trabalhos em situação de formação
279
Figura II. 111 - Utilização da Internet em sala de aula, com os alunos a utilizarem computadores para pesquisa de informação
Se as atividades com o computador forem em torno da utilização de um
processador de texto ou de uma programa de produção e edição de apresentações
eletrónicas, os valores são semelhantes, ainda que com uma subida na resposta nunca
que passa a ser dada por 38,1% dos professores (cf. Figura II-112).
Figura II. 112 - Utilização do computador em sala de aula, com os alunos a utilizarem computadores para fazerem trabalhos em Word ou Power Point
Relativamente a outras situações de utilização das TIC em contexto de sala de
aula que os professores poderiam refereir, há um professor que revela usar com
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
28,6%
28,6%
19,0%
23,8%
Utilização da Internet em sala de aula, com os alunos a utilizarem computadores para pesquisa de informação
[nunca]
[às vezes]
[com frequência]
[com muita frequência]
38,1%
23,8%
19%
19%
Utilização do computador em sala de aula, com os alunos a utilizarem computadores para fazerem
trabalhos em Word ou Power Point
280
frequência nas suas aulas, o quadro branco interativo e software de tratamento de
imagem e som, bem como software de programação.
A questão relativa ao grau de satisfação na utilização do computador e da
Internet na escola apresenta resultados bastante diversos: 19% não estão nada
satisfeitos, 23,8% estão pouco satisfeitos, 14,3% estão satisfeitos e 42,9% estão muito
satisfeitos (cf. Fig. II-119).
Figura II. 113 - Grau de satisfação relativamente ao uso dos computadores e da Internet para fins profissionais
Nos casos em que o uso dos computadores e da Internet para fins profissionais
foi considerado nada ou pouco satisfatório, pediu-se que identificassem eventuais
situações que tivessem levado a essa situação. Os professores (12) identificaram as
seguintes razões para não usarem ou não usarem mais os computadores e a Internet na
escola, com os seus alunos, na sala de aula:
(i) 7 professores: falta de condições físicas (falta de equipamentos e espaços
adequados);
281
(ii) 4 professores: falta de conhecimentos no que respeita à organização de aulas
com computadores e Internet;
(iii) 1 professor: falta de agilidade enquanto utilizador/a dos equipamentos.
Tipos de práticas pedagógicas
Relativamente às práticas pedagógicas que estes professores usam nas suas
aulas, perguntou-se se eram: nada, pouco, ou muito variadas. As respostas estão
sumariadas na Figura II-114 e demonstram um equilíbrio de resultados entre o pouco
variadas e o muito variadas.
Figura II. 114 - Grau de variedade de práticas pedagógicas dos professores
Na sequência das respostas dadas sobre a variedade de práticas pedagógicas,
considerou-se importante conhecer o tipo de aulas mais comum dadas por estes
professores, atendendo a metodologias e a estratégias usadas. Os resultados apresentam-
se na Tabela II-10. Predominam as aulas com apresentação de imagens projectadas ou
em quadros, seguidas de explicações; há também grande frequência de aulas com leitura
de textos do manual escolar ou com fichas de trabalho, seguido-se aulas de resolução de
282
exercícios e aulas em que, em grupo, os alunos resolvem exercícios, depois de o
professor apresentar os conteúdos. Menos frequentes são as aulas em que, em trabalho
de projeto, os alunos resolvam problemas ou explorem temas relacionados com os
contúdos programáticos e onde, em trabalho de grupo, explorem os tópicos previamente
apresentados pelo professor.
Tabela II. 10 - Tipos de aulas mais comuns, atendendo às metodologias / estratégias usadas
Perceção sobre o uso das TIC
Interessava nesta investigação, identificar e compreender as perceções dos
professores relativamente ao uso dos computadores e da Internet na escola. As respostas
resumem-se na Figura II-115 e demonstram, também neste caso, uma enorme abertura
1 2 3 4 5
[nunca] [por vezes][com alguma
frequência]
[com muita
frequência][sempre]
[leitura de textos do manual escolar
ou de fichas de trabalho, seguido de
explicações]
20,0% 33,3% 13,3% 33,3% 0%
[leitura de textos do manual escolar
ou de fichas de trabalho, seguido de
resolução de exercícios]
20% 6,7% 33,3% 40% 0%
[explicações orais seguidas de
perguntas aos alunos]20% 13,3% 33,3% 33,3% 0%
[explicações orais e no quadro] 20% 13,3% 33,3% 33,3% 0%
[apresentação de imagens
projectadas ou em quadros, seguida
de explicações]
20% 6,7% 26,7% 46,7% 0%
[trabalho de grupo, em que os alunos
resolvem exercícios, depois de eu
explicar a matéria]
20% 20% 20% 40% 0%
[trabalho de grupo em que os alunos
exploram a matéria depois de eu a
explicar]
40% 13,3% 26,7% 20% 0%
[trabalho de grupo em que os alunos
exploram a matéria antes de eu a
explicar]
33,3% 20% 33,3% 13,3% 0%
[trabalho de projecto em que os
alunos resolvem problemas ou
exploram temas relacionados com a
matéria]
40% 6,7% 33,3% 13,3% 6,7%
283
para a utilização das TIC na escola. Destaca-se um valor máximo atingido na categoria
representada pela expressão “os computadores e a Internet podem facilitar as
aprendizagens dos aluno” (85,7% dos professores concordam plenamente e os restantes
14,3% concordam), bem como na categoria representada pela expressão “os
computadores e a Internet são vantajosos na preparação de aulas” (66,7% concordam
plenamente e os restantes 33,3% concordam). Estes valores, uma vez mais, apontam
para um grupo de professores muito motivados para a utilização das TIC, quer do ponto
de vista do apoio à sua atividade profissional, quer na perspetiva das aprendizagens dos
seus alunos.
Figura II. 115 - Opinião dos professores sobre a utilização de computadores e da Internet a escola
é motivador para os alunos
pode facilitar o trabalho de ensinar nas aulas
pode facilitar as aprendizagens dos alunos
é uma moda
é vantajoso na preparação de aulas
mais tarde ou mais cedo todos os professores terão que osusar, obrigatoriamente
0%
0%
0%
57,1%
0%
0%
4,8%
4,8%
0%
23,8%
0%
14,3%
9,5%
19%
14,3%
9,5%
33,3%
14,3%
18%
76,2%
85,7%
9,50%
66,7%
71,4%
Opinião dos professores sobre a utilização de computadores e da Internet na escola
4 [concordo plenamente] 3 [concordo] 2 [eventualmente] 1 [não concordo]
284
A corroborar estes dados, seguem-se os da Figura II-116, em que o grau de
motivação destes professores para virem a usar as TIC com os alunos em sala de aula se
apresenta muito elevado (81%).
Figura II. 116 - Grau de motivação dos professores para virem a usar computadores e Internet com os alunos na sala de aula
O grupo de formandos que participou na terceira oficina tinha características
diferentes, quer do da oficina 1, quer da oficina 2. Muitos afirmaram ser utilizadores
frequentes das TIC e havendo uma percentagem elevada de formandos que as
utilizavam com os seus alunos. Havia, neste terceiro grupo de trabalho, uma
percentagem mais elevada de professores do pré-escolar e do 1.º ciclo, se compararmos
com o grupo de formandos que frequentaram a oficina 1 e a oficina 2.
6.1.3 - Desenvolvimento da Oficina de Formação 3
O início do debate em torno do papel das TIC nos processos de ensino e
aprendizagem se verificou que este era um grupo de formandos com experiências muito
diversas de utilização das TIC em contextos pessoais e profissionais. Acrescente-se que,
pela primeira vez, estava reunido um grupo com proveniências de escolas e
[Nada]
[Pouco]
[Medianamente]
[Muito]
0%
0%
19%
81%
Grau de motivação dos professores para virem a usar computadores e Internet com os alunos na sala de aula
285
agrupamentos diversificados (nas primeira e segunda oficinas, todos os docentes
provinham de um mesmo agrupamento).
Nesta oficina, tal como nas anteriores, se considerou importante haver
contemplar tempo de formação presencial para debate em torno do papel das TIC no
ensino e aprendizagem, dando aos formandos, a oportunidade de explorar ferramentas
informáticas e refletir, em grupo, sobre o seu potencial em termos de trabalho com os
alunos em sala de aula.
As sessões decorreram ao longo dos meses de Janeiro, Fevereiro e Março.
Quanto ao desenvolvimento das tarefas exigidas ao longo da formação, continuou-se a
insistir no modelo de planificação de intervenções mas reformulou-se o dispositivo de
reflexão sobre a intervenção. Assim, nas primeiras duas oficinas, a apresentação das
intervenções e a reflexão sobre as mesmas ocorria num mesmo documento, que se
partilhava na disciplina Moodle de apoio à formação. Na primeira oficina, esse
documento tinha um formato livre; na segunda, solicitava-se a descrição da intervenção
e uma reflexão relativa aos aspetos negativos, aos aspetos positivos e aos aspetos a
melhorar em futuras intervenções. Nesta terceira oficina, pediram-se documentos mais
estruturados, que deveriam, para cada intervenção, integrar a descrição da intervenção e
posterior reflexão sobre a intervenção feita, com base num documento modelo que teria
de incluir os seguintes tópicos:
286
- Introdução (breve descrição da intervenção);
- Objectivos pedagógicos da intervenção;
- Recursos e ferramentas a utilizar na produção do RED, caso tal se verifique
necessário;
- Recursos e ferramentas a utilizar na aplicação do RED, caso tal se verifique
necessário;
- Metodologia de trabalho seguida durante a intervenção;
- Observações / reflexão (o que correu bem, o que correu mal e aspectos a melhorar ou a
ter em conta em futuras intervenções);
- Referências.
No final da oficina, os formandos compilaram todos os trabalhos realizados ao
longo da formação e apreciaram do conjunto das intervenções. Separadamente, fizeram
uma reflexão crítica onde tariam de abordar os seguintes pontos:
Identificação e Nível de ensino;
Apreciação do funcionamento da ação;
Motivos de interesse na ação de formação;
Trabalho realizado durante a formação;
Dificuldades sentidas e nível de superação;
Quais as implicações na mudança de práticas pedagógicas / profissionais, se as
sentiu;
Trabalho nº X Título / Designação do trabalho a desenvolver:
Âmbito / Enquadramento da actividade:
Público alvo:
Duração da actividade: Data de aplicação: Nome do formando:
287
Quais os seus planos de trabalho, no que respeita à utilização dos REDs, para o
atual ano letivo e para o início do próximo ano letivo;
Compare as expectativas quando iniciou a ação com o nível de satisfação que
conseguiu atingir.
Ao longo do desenvolvimento da oficina, forneceram-se, via Moodle, textos de
apoio à planificação e à realização das intervenções. A título de exemplo, refiram-se os
seguintes:
- Guião de apoio à criação de um blogue (1) – documento de trabalho;
- Guião de apoio à criação de um blogue (2) – documento de trabalho;
- Guião de apoio à utilização do Moodle (com professores) – doc;umento de
trabalho
- Guião de apoio à utilização do Moodle (com alunos) – documento de trabalho;
- Study Report da EUN sobre utilização de Plataformas de Novembro de 2010;
- Guião de apoio à utilização dos Quadros Interativos – documento de trabalho;
- Apoio à instalação do Active Inspire para quadros brancos interativos da
Promethean – documento de trabalho;
- Teaching Interactively with Electronic Whiteboards in the Primary Phase
(BECTA);
- The Impact of Technology: Value-added classroom practice (BECTA).
Estes textos foram muitas vezes alvo de comentários por parte dos formandos; em
algumas situações, complementaram o estudo de alguns destes textos com outros do seu
conhecimento.
6.1.4 - Trabalhos desenvolvidos pelos formandos
Na secção 6.1.3. deste texto, “Desenvolvimento da Oficina de Formação 3” foi
feita referência ao tipo de trabalhos solicitado aos formandos ao longo da formação. A
primeira sugestão dada aos professores consistiu na proposta de reflexão sobre um dos
288
dois seguintes textos “O Digital e o Currículo. Onde está o elo mais fraco?” ou “Digital
Natives Digital Immigrants” elaborada sob a forma de comentário escrito registado na
disciplina Moodle de apoio à formação, com vista à promoção do debate sobre o tópico
“integração curricular e práticas pedagógicas dos professores”.
De seguida, a sugestão foi a de darem início à planificação das intervenções em
contexto educativo. Poderiam começar pela produção de recursos educativos digitais
para utilizar em ambiente profissional, letivo ou não, embora o debate fosse feito em
torno da importância da planificação de intervenções que mobilizassem os alunos para a
realização de trabalhos práticos com as TIC.
Nas sessões presenciais iniciais, debateu-se a importância das TIC em contexto
educativo, o que suscitou questões sobre o acesso à informação na Internet e a forma
como os alunos se apropriam do que aí encontram. Desde logo, vários professores se
interessaram por vir a desenvolver trabalho com os alunos nesse âmbito – o da
promoção de competências de pesquisa e de tratamento da informação por parte dos
alunos, já a partir do 1.º e 2.º ciclos e, mais intensamente, no 3.º ciclo e no secundário.
Outros formandos optaram por abordar o potencial dos quadros brancos interativos, das
plataformas de ensino e aprendizagem e dos blogues. Exploraram o funcionamento
destas ferramentas nas sessões presenciais e discutiram em grupo as intervenções a
fazerem. Por cada intervenção feita, os formandos apresentavam fichas com os relatos
das mesmas e as respetivas reflexões individuais. Por fim, solicitou-se aos formandos a
apresentação de dois trabalhos finais: um com o resumos das intervenções feitas e outro
com uma reflexão sobre o percurso que cada um fez ao longo da formação.
Uma vez mais, o software ATLAS.ti se revelou fundamental na análise de
conteúdo feita aos relatos dos trabalhos realizados e às reflexões produzidas pelos
289
formandos, tendo sido analisados 42 documentos, que se juntaram à Unidade
Hermenêutica (UH) da investigação e que constituiram o corpus de análise do estudo
final.
Numa fase inicial a análise incidiu sobre 21 dos documentos da UH produzidos e
apresentados pelos formandos (os relatos dos trabalhos realizados). Foi constituída a
tipologia de trabalhos que se apresenta na Tabela II-11, decorrente da análise feita sobre
os 21 documentos adicionados à UH (com as codificações DocP22, DocP23, DocP24,
DocP25, DocP26, DocP27, DocP28, DocP29, DocP30, DocP31, DocP32, DocP33,
DocP34, DocP35, DocP36, DocP37, DocP38, DocP39, DocP40, DocP41e DocP42 e
associados a uma família com a designação de “Trabalhos finais da Oficina 3”).
Tabela II. 11 - Tipologia de trabalhos realizados pelos formandos
A categorização dos relatos evidencia a realização, pelos formandos, de 25
trabalhos em contexto de sala de aula com a participação dos alunos. Na situação
específica de desenvolvimento de uma disciplina na plataforma Moodle, oito
professores utilizaram esta estratégia de trabalho, que funcionou quer em contexto de
sala de aula, quer para acompanhamento dos alunos fora da sala de aula (situações
Recuros Educativos DigitaisUtilização em aula pelo
professor
Utilização em aula
pelos alunos
Utilização fora
das aula pelo
professor
Utilização fora das
aula pelos alunos
Não chegou a ser
utilizado
Produção / edição de imagem e/ou
vídeo4 4 2
Produção de uma apresentação
electrónica8 8 6
Produção / edição de uma Folha
cálculo6
Criação e desenvolvimento de uma
disciplina numa plataforma de
ensino e aprendizagem
8* 8* 8*+3** 8*
Produção de recursos para
Quadros Brancos Interactivos1
Produção e edição de um blogue 4 9
290
assinaladas com um asterisco, uma vez que o trabalho ocorreu nos quatro contextos de
utilização em aula pelo professor, de utilização em aula pelos alunos, de utilização fora
das aula pelo professor e de utilização fora das aulas pelos alunos). O valor assinalado
com dois asteriscos corresponde a uma situação de três professoras que deram início ao
desenvolvimento de uma disciplina no Moodle para trabalho no âmbito do departamento
em que estão inseridas, não envolvendo, portanto, alunos.
Avançar-se-á, agora, para a análise detalhada das situações em que houve
intervenções em sala de aula que envolveram a realização de trabalhos práticos com os
alunos. No caso de professores sem turma atribuída, optou-se pela realização de outro
tipo de trabalhos relacionados com as TIC em contextos educativos, mas fora da prática
letiva.
6.1.5 - Da formação à sala de aula - fase 3
De um total de 63 intervenções feitas pelos formandos no âmbito da oficina 3,
25 aconteceram em contexto de sala de aula com os alunos a realizarem atividades
práticas com as TIC. Essas intervenções aparecem descritas nos trabalhos finais dos
formandos e nas respetivas reflexões em documento separado e também inserido na UH
de análise de conteúdo. Nesta UH constituiu-se uma super família com 42 os
documentos relevantes para a análise nesta fase, designada por “Super-fam-of-3”.
Num primeiro questionamento à base de dados, utilizando um algoritmo de
próximidade semântica, para indagar das referências a trabalho prático com alunos e
com as TIC, obteve-se o resultado expresso na Figura II-117 contabilizando-se 56
referências à realização de trabalho prático com as TIC envolvendo alunos em sala de
aula.
291
Figura II. 117 - Referências a trabalhos práticos com as TIC em sala de aula
Trata-se de um valor muito acima das 26 referências feitas nos trabalhos finais dos
professores participantes na estudo exploratório. Estas referências, categorizadas,
constituem a base de análise do processo de implementação de trabalho prático
promovido por estes professores na sequência da formação desenhada com esse
propósito.
Uma vez mais, à imagem dos relatos dos professores participantes no estudo
exploratório, a surpresa e o entusiasmo dos alunos parece servir de motor para o
entusiasmo dos professores:
De todos os trabalhos, este terá sido o que causou mais impacto nos alunos.
Depressa se lançaram na pesquisa de imagens, na busca de informação
pertinente e na adequação da música ao tema. Alguns alunos nunca tinham
experimentado movie maker, mas, as tecnologias ensinam a usá-las, aos poucos,
as dificuldades iniciais foram ultrapassadas, e surgiram trabalhos muito
criativos. O melhor teve direito à publicação no blogue e todos os outros serão
posteriormente projectados aquando da actividade anual da disciplina de Inglês
(tea day). (DocP33)
292
Ainda segundo a mesma professora:
Os objectivos da utilização da plataforma moodle consistem em motivar os
alunos para a escrita e leitura de uma forma diferenciada, visto que esta geração
adere melhor às tecnologias e às actividades com computador do que à
elaboração de trabalhos em papel. (DocP33)
E conclui:
Gostaram de trabalhar no moodle, respondendo à ficha solicitada e depressa se
apercebendo das suas vantagens: a rapidez a economia, a motivação. (DocP33)
Vejam-se, ainda, os seguintes comentários, relativos à construção de suportes
eletrónicos para apresentações orais diante dos pares e à elaboração de trabalho no
Moodle:
(...) actividade dos seus alunos pesquisarem na Internet textos de diferentes
tipologias, seleccionarem os que consideram mais interessantes e trabalharem
sobre os mesmos, mediante um guião de trabalho que lhes é fornecido pela
professora. Depois os trabalhos são apresentados oralmente à turma, quase
sempre com recurso a projecção de Power Point elaborado pelos estudantes e
sujeitos a discussão. (DocP40)
(...) construção de uma página no Moodle da Escola [...] para o 5º ano. Com este
RED, fiz a divulgação de informações e notícias e lancei actividades
complementares do trabalho de Ciências (glossário e dúvidas) onde os alunos
participam activamente e com entusiasmo desde que se inscreveram na
disciplina de Ciências. (DocP32)
Quanto ao tópico discutido no início da formação, relativo ao tipo de acesso à
informação que os alunos têm quando acedem à Internet e ao trabalho a realizar pelos
professores no sentido de os acompanhar no processo de pesquisa, análise, avaliação e
293
seleção de informação relevante, apresenta-se, de seguida, a forma como uma formanda
levou para o terreno esse trabalho:
Ao mesmo tempo tive como objectivo motivar e responsabilizar os alunos pelo
binómio ensino/aprendizagem. Estes mostraram entusiasmo pelo trabalho, tendo
pesquisado sites na Internet, contendo informação sobre profissões novas,
seleccionando a informação relevante. Os alunos tiveram depois que escolher
uma profissão, desenvolvê-la vocabular e graficamente para depois a
apresentarem aos seus pares, em cinco/seis slides. (DocP33)
Ainda quanto à forma como estes professores levaram as TIC para a sala de aula,
veja-se a citação de uma docente do 1.º ciclo, que narra o trabalho feito com os alunos, e
desenvolvido na sequência desta formação, da seguinte forma:
Foi ainda feita uma montagem de imagens de uma visita de estudo, com texto
dos alunos, em Movie Maker. Mais uma vez a possibilidade de implementar o
computador na rotina do desenvolvimento do processo de aprendizagem dos
meus alunos, com a participação activa dos mesmos, foi o objectivo primordial
da escolha desta tarefa, estimulando-os para que posteriormente fossem os
próprios a criá-los. E aí, sim, terão objectivos pedagógicos bem definidos.
(DocP30)
Mediante estes relatos, decorrentes da implementação do trabalho no terreno,
interessa compreender o processo que permitiu que os professores promovessem
atividades com as TIC junto dos seus alunos, nas salas de aulas. Para isso, e de acordo
com o exposto na secção abaixo, foi utilizado o referencial de análise das competências
(gerais, profissionais e pedagógicas), bem como das atitudes perante as TIC, que serve
de instrumento de apoio à interpretação dos resultados.
294
6.1.6 - Referencial para a integração das TIC – fase 3
Na sequência das análises anteriores feitas aos resultados obtidos nas oficinas 1
e 2, e na perspetiva do estudo longitudinal aqui apresentado, avançou-se para um estudo
de detalhe das reflexões dos professores sobre as intervenções efetuadas no âmbito desta
formação em que participaram. Utilizou-se, uma vez mais, o referencial de análise para
a integração das TIC, que inclui as competências gerais em TIC por parte dos
professores, as competências de desenvolvimento profissional em TIC, as competências
pedagógicas em TIC e, ainda, as atitudes face às TIC (Quadros II-2, II-3, II-4 e II-5).
Competências gerais em TIC e competências de desenvolvimento
profissional em TIC na fase 3
Do ponto de vista das competências gerais em TIC, desde cedo se percebeu,
pelos resultados dos questionários iniciais já apresentados, que estes eram professores já
com experiência na utilização, quer pessoal, quer profissional dos computadores e da
Internet. Bons exemplos disto são as narrativas dos professores que a seguir se citam e
que resumem, assim, os seus percursos de utilizadores das TIC até ao início desta
formação:
Em relação à utilização das TIC no desenvolvimento do meu trabalho, dentro da
sala de aula era muito pouco. Digamos que pouco ia além de além de projecção
de histórias (já devidamente preparadas para o efeito) em PowerPoint. No
entanto todo o trabalho de “bastidores” era organizado com o recurso às TIC,
nomeadamente ao Word e pesquisas na internet. (DocP30)
Utilizo o computador para a parte burocrática da profissão: fichas de diagnóstico
e avaliação de alunos, relatórios, planificações etc. Utilizo ainda na criação de
295
fichas de trabalho para os alunos, material para exposição de temas, forma
diferente de contar e explorar histórias, visualização de pequenos filmes,
pesquisa de informação etc. (DocP42)
E acrescenta outro professor:
(...) utilizo-as com alguma frequência na criação de instrumentos de trabalho
tanto para desenvolver com as crianças como em planificações, relatórios de
avaliação, preparação de reuniões etc. Domino as competências básicas do
Word, da folha de Cálculo Excel, e do Power – Point. (DocP37)
E outro ainda:
Utilizo o computador no meu dia-a-dia, para pesquisar informação, consulta do
e-mail e para elaborar fichas de trabalho, avaliação ou outros materiais para
serem utilizados em contexto de sala de aula, principalmente em Word (DocP26)
Do ponto de vista das competências gerais em TIC deste grupo de professores, as
frequências mais elevadas surgem na dimensão “Elabora documentos digitais em
contextos diversificados” (31 ocorrências); do ponto de vista das competências
profissionais em TIC, as frequências mais elevadas surgem na dimensão “Utiliza as TIC
no seu desenvolvimento profissional” (54 ocorrências). Estes dados completam e
reforçam o perfil do grupo de trabalho da oficina 3: professores utilizadores das TIC no
âmbito de contextos muito específicos: preparação de aulas, produção de conteúdos
digitais para as aulas (apresentações eletrónicas) e para as outras tarefas dos seus
quotidianos profissionais.
Competências pedagógicas em TIC na fase 3
Do ponto de vista das competências pedagógicas, notou-se desde o início que as
referências feitas pelos professores se centravam muito na perspetiva das TIC para o
296
ensino, ou seja, enquanto instrumentos promotores da apresentação de conteúdos à
turma; vejam-se as afirmações dos seguintes formandos:
(...) sempre que possível recorro ao computador e ao projector (...) DocP33
Ao nível das práticas pedagógicas houve algumas alterações mas não foram
muito significativas. A apresentação em PowerPoint foi importante
principalmente por ter sido o primeiro RED e os alunos terem reagido de uma
forma bastante satisfatória [à sua projeção]. Talvez o que implicou um maior
investimento da minha parte e algumas mudanças foi sem dúvida o trabalho
realizado na plataforma Moodle (DocP8)
Foi feito o estudo das competências pedagógicas em TIC destes professores, tal
como nas oficinas 1 e 2 em torno de sete eixos de análise (cf. Quadro II-4). A Tabela II-
12 apresenta as frequências relativas a cada um dos eixos de análise selecionados.
Tabela II. 12 - Identificação das competências pedagógicas dos professores
Frequência Percentagem
Desenvolve trabalho prático com os alunos
com as TIC56 23
Detém conhecimento actualizado em TIC e
seu potencial educativo29 11,9
Identifica e compreende as vantagens do
uso das TIC no processo educativo37 15,2
Cria situações inovadoras para o uso das
TIC1 0,4
Identifica constrangimentos do uso das TIC
no processo educativo52 21,3
Adequa práticas pedagógicas ao uso das
TIC23 9,4
Adapta ou cria REDs capazes de facilitar o
ensino e a aprendizagem 46 18,9
Total 244 100
297
Pelos resultados apresentados na Tabela II-13, também na oficina 3 o valor mais
elevado, ainda que sem o destaque alcançado nas oficinas 1 (57,1%) e 2 (28,6%), é o da
realização de trabalho prático com os alunos, ou seja, 23%, um valor mais baixo do que
o encontrado nas anteriores oficinas.
A referência à necessidade de adequarem as práticas pedagógicas ao uso das TIC
na sala de aula sobe gradualmente da primeira até à terceira oficina (2,9%, 4,1% e 9,4%,
respetivamente), embora com valores sempre baixos; são ilustrativas algumas das
expressões dos professores, que a seguir se citam, a esse propósito:
Inicialmente tinha um modo de trabalhar muito mais limitado. Agora, ainda que
tenha que ser com o meu computador, esta Formação alargou os meus horizontes
quanto à utilização dos vários REDs que podemos usar para um maior e melhor
estimulo nas aprendizagens e aquisição de novos conhecimentos, na faixa etária
com que trabalho. Sinto-me portanto bastante satisfeita com todas as novas
metodologias de trabalho que alcancei, e irei melhorar, com a realização desta
acção de formação. (DocP1)
Outra professora refere:
Embora ainda tenha um longo caminho para percorrer, penso que os primeiros
passos para a integração de actividades que envolvam o uso dos computadores
nas minhas práticas pedagógicas estão a ser dados. (DocP5)
A mesma professora reforça que:
(...) se tiver à disposição o material necessário, sou capaz de modificar as minhas
práticas. (DocP5)
298
As reflexões dos professores denotam a necessidade de adaptarem as suas
práticas pedagógicas à entrada das TIC na sala de aula, que deverá ocorrer numa
perspetiva da sua utilização pelos alunos.
A frequência de referências ao conhecimento atualizado em TIC e respetivo
potencial educativo mantém-se de forma mais ou menos idêntica ao longo das três
oficinas, tal como a identificação e compreensão das vantagens do uso das TIC no
processo educativo. São mais frequentes nesta terceira oficina as referências relativas
aos constrangimentos do uso das TIC no processo educativo. Aparentemente, estes
professores estão mais conscientes, talvez por serem mais experientes, das dificuldades
que muitas vezes decorrem do uso das TIC na educação e em especial, na escola e na
sala de aula. Estas situações podem decorrer de questões logísticas, como refere esta
professora de ciências:
(...) na minha escola os laboratórios de ciências não têm computadores. (DocP5)
Há, assim, formandos que continuam a referir a falta de equipamentos disponíveis para
sala de aula, sendo que outros identificam como fator inibidor do uso das TIC em
contexto de sala de aula, a falta de tempo para explorarem o mundo das tecnologias:
A maior dificuldade é a falta de tempo para explorar as possibilidades e
encontrar soluções para alguns problemas (DocP17)
Se a maior parte dos professores refere a falta de equipamentos nas escolas e a
falta de tempo para se dedicaram ao seu uso mais proficiente, outros referem aspetos
relativos às questões pedagógicas, como a professora que a seguir se cita:
299
As maiores dificuldades registaram-se na aplicação prática com os alunos e não
tanto no desenvolvimento dos REDs em si. (DocP21)
Por fim, refira-se a questão relacionada com a criação de situações inovadoras
para o uso das TIC na sala de aula – esta não parece ser uma questão que preocupe estes
professores, ainda que mais atentos do que os das oficinas anteriores quanto à
adequação das práticas pedagógicas e ao desenvolvimento de situações ricas do ponto
de vista das aprendizagens dos seus alunos. Inesperadamente, não há manifestação da
relação entre a preocupação destes professores com as suas práticas pedagógicas e a
referência à criação de situações inovadoras para o uso das TIC.
Tal como esta professora que afirma:
De facto, o interesse dos computadores não se cinge a “estar na moda”; reveste-
se de grandes potencialidades que, a serem exploradas, podem traduzir-se numa
maior qualidade no processo ensino-aprendizagem. (DocP5)
Outros professores deste grupo compreendem a necessidade de explorar as TIC do
ponto de vista da criação de situações ricas para as aprendizagens dos seus alunos.
Haverá necessidade de explorar mais profundamente as qustões relacionadas com a
inovação, algo que não foi possível atingir com este estudo.
Atitudes face às TIC na fase 3
As atitudes face às TIC foram também nesta terceira fase do estudo, analisadas
em torno de três eixos (cf. Quadro II-5), como se apresenta na Figura II-118:
300
Figura II. 118 - Identificação das atitudes face às TIC dos professores
As referências que predominam são as relativas à procura de formação adequada
às necessidades na área das TIC, tal como já tinha acontecido na oficina 2. As citações
que se seguem são recorrentes em muitos dos professores que frequentaram esta última
oficina de formação, remetendo para a necessidade de dar continuidade à formação no
domínio das TIC aplicadas à promoção das atividades práticas em sala de aula:
Vou continuar na minha prática lectiva com a convicção de que há uma
actualização que tenho de ir fazendo em termos de formação (DocP16)
Aprendi muito e muito tenho ainda de aprender. (DocP28)
Do ponto de vista percentual, há uma subida do valor de referências a esta
questão quando comparamos os valores da oficina 1 (30%) com os da oficina 2 (44,6%)
e os da oficina 3 (47,6%). Assim, parece manter-se esta tendência: quanto mais
autonomia os professores revelam no uso das tecnologias, mais necessidade sentem de
Demonstra abertura face à inovaçãotecnológica
Procura formação adequada às suasnecessidades na área das TIC
Compreende a necessidade de adequarpráticas pedagógicas ao uso das TIC
Total
28
40
16
84
33,3
47,6
19
100
Identificação das atitudes face às TIC dos professores
Percentagem
Frequência
301
procurar formação no que respeita à utilização das TIC com os seus alunos, em sala de
aula. Veja-se, a este título, a seguinte citação:
Como tenho pouca experiência na utilização de computadores para desenvolver
actividades lectivas, dentro e fora da sala de aula, e como considero que tentar
progredir sozinha é mais difícil, optei por seleccionar uma formação nesta área
de forma a ultrapassar algumas das dificuldades que reconheço ter. (DocP5)
A questão da necessidade de adequarem as práticas pedagógicas ao uso das TIC
sobe ligeiramente de 25% para 27,7% quando comparamos a oficina 1 com a 2, e desce
para 19% nesta terceira oficina. Ainda assim, há professores que demonstram grande
sensibilidade a esta questão. Vejam-se as duas seguintes citações:
Em contexto de sala de actividades do pré-escolar, continuo a pensar que os
RED`s devem ser utilizados com alguma moderação para inovar/diversificar e
como complemento, da prática pedagógica. (DocP3)
Estou no ensino há 17 anos e habituei-me às metodologias “tradicionais”. Tendo
em conta que os interesses dos alunos são actualmente muito diferentes e que o
computador está na base de inúmeras actividades do seu dia-a-dia, a
apresentação de imagens estáticas já não desperta qualquer curiosidade (...)
tenho que progredir para uma metodologia mais apelativa (DocP5)
Na primeira oficina o valor mais elevado foi identificado no item “Demonstra
abertura face à inovação tecnológica” (45%), que, na segunda, desce para 27,7% e ana
terceira formação, torna a subir para 33,3%. Veja-se o que dizem estas professoras
quanto a este tópico:
A nível dos agentes educativos, parecem-me imprescindíveis [as TIC] na
partilha de materiais, saberes e divulgação de informação. (DocP3)
302
A formação abriu-me novos horizontes e permitiu-me tomar conhecimento com
outras realidades. (DocP7)
Contudo, há sempre que tentar melhorar e inovar, para os manter “ligados”
quaisquer que sejam os conteúdos e as tecnologias aplicadas. (DocP72)
Parece haver da parte destes formandos, e finda a formação, uma tomada de
consciência da importância e dos benefícios da utilização das TIC em ambiente
educativo. Em momento algum se detetaram expressões por parte destes professores que
não fossem o de tomarem as TIC como peça fundamental no processo de ensino e
aprendizagem, mesmo quando identificaram fatores que provocam constrangimentos ao
uso das TIC.
6.1.7 - Os professores e as TIC no final da formação
Feita a análise aos trabalhos desenvolvidos pelos formandos e às suas reflexões
finais, passou-se, tal como nos estudos anteriores, à aplicação de um questionário que
permitisse a recolha de dados adicionais relativos ao processo de integração de
atividades práticas com as TIC na sala de aula, com o objetivo de compreender melhor o
desenvolvimento de competências TIC destes professores decorrente da formação que
realizaram.
Nas primeiras questões, pedia-se aos formandos para se reportarem ao início da
formação, ou seja, ao início de Janeiro de 2011. Solicitava-se que recordassem o tipo de
utilização que então faziam dos computadores e da Internet. As respostas resumem-se
na Figura II-119:
303
Figura II. 119 - Utilização do computador e de alguns aplicativos em situação pessoal
Uma vez mais se verifica, através dos resultados apresentados na Figura II-119,
que este era já um grupo de professores utilizadores do computador e da Internet.
Destaque-se, no entanto, que a utilização do Moodle não fazia parte das suas rotinas.
Cerca de 50% não usavam nunca, ou apenas pontualmente, folhas de cálculo e
apresentações eletrónicas.
A utilização do computador e de alguns aplicativos em situação profissional (no
início e durante a formação) por parte destes professores, expressa na Tabela II-13 (em
que 1 significa nunca, 2 significa, em média uma vez por mês, 3 significa em média uma
vez por semana e 4 significa todos os dias ou quase), mostra que a utilização do
Utilizava o computador para pesquisar naInternet
Utilizava o computador para processamento detexto (Word)
Utilizava o computador para receber e enviaremails
Utilizava o computador para fazerapresentações (Power point)
Utilizava o computador para tratamento deimagens / fotografias
Utilizava o computador para tratar dados (Excelou programas de bases de dados)
Utilizava o computador para consultarinformação numa plataforma (ex: Moodle)
Utilizava o computador para colocar informaçãonuma plataforma (ex: Moodle)
0%
0%
0%
23,1%
23,1%
23,1%
38,5%
84,6%
7,7%
0%
0%
30,8%
15,4%
30,8%
53,8%
7,7%
7,7%
0%
0%
23,1%
30,8%
15,4%
0%
0%
84,6%
100%
100%
23,1%
30,8%
30,8%
7,7%
7,7%
Utilização do computador e de alguns aplicativos em situação pessoal
Com frequência
Com algumafrequência
Pontualmente
Nunca
304
processador de texto e do correio eletrónico era muito frequente antes de iniciarem a
formação, bem como no final.
Um aumento de utilização (cf. Tabela II-13) é notado ao nível das apresentações
eletrónicas, da pesquisa na Internet para preparação de aulas e da utilização de blogues.
Relativamente a situações mais específicas de trabalho prático com os alunos em sala de
aula, apresentaram-se três situações aos professores e deixou-se em aberto a
possibilidade de adicionarem outras situações:
(i) Utilizava / Utilizo em situações de sala de aula, com os meus alunos a
fazerem trabalhos em Word ou Power Point.
(ii) Utilizava / Utilizo a plataforma Moodle para complementar o trabalho na
sala de aulas com as minhas turmas.
(iii) Utilizava / Utilizo o quadro interativo nas aulas para atividades que
implicam a participação interativa dos alunos.
Nestas três situações propostas, as respostas mostram uma evolução da situação
“antes da formação” para a situação “durante a formação”. Em média, metade dos
professores utilizou estes meios, pelo menos, uma vez por semana com os seus alunos.
Houve outras situações que estes professores identificaram como sendo de
utilização das TIC em sala de aula com os seus alunos, durante a formação,
nomeadamente, a realização de jogos em situações de apoio às aprendizagens de escrita
e leitura. Este último caso foi relatado especialmente pelos professores do 1.º ciclo
envolvidos nesta formação.
305
Tabela II. 13 - Utilização do computador e de alguns aplicativos em situação profissional
1 2 3 4 1 2 3 4
1. Utilizava / Utilizo o
processador de texto (ex: Word)
para fazer fichas e testes ou
outros documentos escolares em
formato digital
0% 0% 31% 69% 0% 0% 31% 69%
2. Utilizava / Utilizo um
apresentador electrónico (ex:
power point) para, nas aulas,
projectar apresentações aos
meus alunos sobre a os
conteúdos programáticos.
30,8% 38,5% 23,1% 7,7% 0% 30,8% 38,5% 30,8%
3. Na Internet pesquisava /
pesquiso informação que utilizo
para preparar aulas.
7,7% 7,7% 53,8% 30,8% 0% 0% 38,5% 61,5%
4. Na Internet pesquisava /
pesquiso informação que utilizo
para trabalho de escola (no
âmbito do Grupo ou do
Departamento, do Conselho
Executivo, ou Pedagógico, ou
Administrativo).
23,1% 7,7% 38,5% 30,8% 7,7% 15,4% 23,1% 53,8%
5. Com a Internet, interagia /
interajo com os meus alunos,
fora das aulas (ex: messenger,
mail …).
84,6% 0% 0% 15,4% 38,5% 23,1% 23,1% 15,4%
6. Utilizava / Utilizo o
computador e a Internet em
situação de formação, para a
realização de trabalhos.
0% 7,7% 15,4% 76,9% 0% 0% 15,4% 84,6%
Durante a formaçãoAntes da formaçãoSituação
306
Tentando saber se este uso das TIC em sala de aula teria provocado alteração nas suas
práticas pedagógicas, colocaram-se, a estes professores, questões específicas a esse
nível (pediu-se que classificassem, de 1 a 5, o tipo de aulas mais comum que dão,
atendendo às metodologias / estratégias que utilizam (1-nunca; 2-por vezes; 3-com
(continuação da Tabela II-13)
7. Utilizava / Utilizo o
computador em situações de sala
de aula, com os meus alunos nos
computadores para pesquisarem
informação.
61,5% 23,1% 0% 15,4% 30,8% 23,1% 15,4% 30,8%
8. Utilizava / Utilizo o email para
uso profissional individual.0% 15,4% 7,7% 76,9% 0% 0% 7,7% 92,3%
9. Utilizava / Utilizo o email para
uso profissional com os alunos.84,6% 7,7% 0% 7,7% 53,8% 23,1% 7,7% 15,4%
10. Utilizava / Utilizo blogues
para uso profissional.76,9% 0% 0% 0% 15,4% 15,4% 30,8% 38,5%
11. Utilizava / Utilizo o
computador em situações de sala
de aula, com os meus alunos a
fazerem trabalhos em Word, ou
Power Point.
38,5% 46,2% 15,4% 0% 15,4% 30,8% 38,5% 15,4%
12. Utilizava / Utilizo a plataforma
Moodle para complementar o
trabalho da sala de aulas com as
minhas turmas.
92,3% 0% 0% 7,7% 46,2% 7,7% 38,5% 7,7%
13. Utilizava / Utilizo o
computador para tratar dados
(programas de bases de dados).
46,2% 46,2% 7,7% 0% 23,1% 53,8% 15,4% 7,7%
14. Utilizava / Utilizo o
computador para realizar cálculos
e/ou, para traçar gráficos (ex:
Excel).
38,5% 38,5% 15,4% 7,7% 7,7% 53,8% 23,1% 15,4%
15. Utilizava / Utilizo o
computador para tratamento de
imagens / fotografias.
23,1% 38,5% 15,4% 23,1% 0,0% 30,8% 38,5% 30,8%
16. Utilizava / Utilizo o quadro
interactivo nas aulas para
actividades que implicam a
participação interactiva dos
alunos.
100% 0% 0% 0% 69,2% 0% 30,8% 0%
307
alguma frequência; 4-com muita frequência; 5-sempre). Os resultados apresentam-se na
Tabela II-14:
Tabela II. 14 - Práticas pedagógicas
Comparando o que era referido por estes professores no início da formação (cf.
Tabela II-9) com o que agora afirmam (cf. Tabela II-14), as maiores diferenças notam-
se ao nível das situações mais frequentes, que eram as da “apresentação de imagens
projectadas ou em quadros, seguida de explicações”, “leitura de textos do manual
escolar ou de fichas de trabalho seguido de aulas de resolução de exercícios” e “aulas
em que, em grupo, os alunos resolvem exercícios, depois de o professor apresentar os
conteúdos” para as seguintes situações: “trabalho de projecto em que os alunos
resolvem problemas ou exploram temas relacionados com a matéria” e “trabalho de
grupo, em que os alunos resolvem exercícios, depois de eu explicar a matéria”. Parece,
1 2 3 4 5
[nunca] [por vezes] [com alguma
frequência]
[com muita
frequência]
[sempre]
leitura de textos do manual escolar ou de
fichas de trabalho, seguido de explicações38,5% 15,4% 30,8% 15,4% 0,0%
leitura de textos do manual escolar ou de
fichas de trabalho, seguido de resolução de
exercícios
23,1% 30,8% 23,1% 23,1% 0%
explicações orais seguidas de perguntas aos
alunos7,7% 23,1% 23,1% 30,8% 15,4%
explicações orais e no quadro 7,7% 30,8% 23,1% 30,8% 7,7%
apresentação de imagens projectadas ou em
quadros, seguida de explicações0,0% 38,5% 7,7% 46,2% 7,7%
trabalho de grupo, em que os alunos
resolvem exercícios depois de eu explicar a
matéria
7,70% 23,10% 15,40% 38,50% 15,40%
trabalho de grupo em que os alunos
exploram a matéria depois de eu a explicar0,0% 23,10% 38,50% 30,80% 7,70%
trabalho de grupo em que os alunos
exploram a matéria antes de eu a explicar15,4% 30,8% 15,4% 38,5% 0,0%
trabalho de projecto em que os alunos
resolvem problemas ou exploram temas
relacionados com a matéria
7,7% 23,1% 23,1% 46,2% 0,0%
308
pois, haver uma diferença nítida no papel do professor nas aulas em que os alunos, em
situação de trabalho prático, utilizam as TIC.
Em questões de resposta aberta, pediu-se que os professores, tendo em conta a
experiência tida na formação de utilização das TIC em sala de aula ou anteriores
experiências dessa natureza, identificassem qual ou quais as práticas pedagógicas /
metodologias de trabalho / estratégias que consideravam mais adequadas ao trabalho na
sala de aula com os seus alunos em contexto de utilização das TIC. As respostas, depois
de agregadas por categorias, resumem-se na Figura II-120:
Figura II. 120 - Práticas pedagógicas / metodologias de trabalho / estratégias que os professores
associam ao trabalho na sala de aula com os seus alunos, quando utilizam as TIC
Estes resultados apontam, uma vez mais para uma abertura destes professores a
outras formas de trabalhar na sala de aula com o recursos às TIC. Veja-se que as
referências mais frequentes apontam para situações em que os alunos exploram os
conteúdos, com recurso às TIC e apoiados ou orientados pelo professor. O ensino mais
centrado no papel do professor surge com menor número de referências e acontece no
309
caso de exposição de conteúdos programáticos com recurso às apresentações
eletrónicas.
Ainda em formato de resposta aberta, pediu-se que os professores, de entre as
intervenções que tinham feito ao longo da formação, indicassem, justificando, as que
consideravam mais interessantes para o trabalho em sala de aula com os alunos. As
respostas breves dos professores não trazem quase nunca explicações para as escolhas,
mas, do ponto de vista das ferramentas escolhidas, predomina a plataforma Moodle e as
apresentações eletrónicas, seguidas dos quadros interativos. A produção e edição de
vídeo é referida por alguns professores. De um modo geral, sustentam as suas escolhas
na motivação dos alunos para o trabalho na sala de aula, referindo uma professora que
mesmo os alunos com piores resultados aderem às tecnologias quando estas aparecem
na sala de aula.
Do ponto de vista das mais valias que esta formação terá trazido a estes professores,
referem os próprios (resultados na Figura II-121) que o mais importante foi:
(i) Terem realizado as tarefas propostas, ou seja, as intervenções em sala de
aula;
(ii) Terem tido o apoio da plataforma Moodle da formação;
(iii) Terem tido oportunidade de refletir sobre como usar as TIC em contexto
educativo;
(iv) Terem aprendido as bases para manipular ferramentas informáticas.
Estes são os quatro pontos de maior relevância selecionados pelos professores e postos
ao mesmo nível (92,3% dos professores consideram-nos muito importantes). Segue-se o
facto de terem estado nas sessões. Acrescentaram, a este propósito, a importância da
310
partilha de experiências que sentiram ter havido durante a formação, o que lhes
permitiu, por exemplo, terem adquirido conhecimentos atuais sobre TIC e terem tido
oportunidade para refletir sobre a utilização das TIC com alunos em sala de aula.
Muitos referem, ainda, a importância de terem criado hábitos mais profundos de
utilização das TIC.
Figura II. 121 - Mais valias profissionais consideradas pelos professores participantes na oficina 3
Importava, ainda, identicar a existência ou não de dificuldades em ultrapassar
barreiras e dar continuidade à utilização das TIC em contexto educativo. A questão em
aberto colocada aos professores remetia para o facto de, terminada a formação,
identificassem as suas maiores dificuldades, no caso de as sentirem, no que respeita à
utilização das TIC. As respostas resumem-se de seguida, na Figura II-122:
311
Figura II. 122 - Dificuldades ainda sentidas pelos professores no final da oficina 3
As principais respostas centram-se na necessidade de treinar mais a produção e
utilização de recursos educativos digitais (já o mesmo tinham referido os professores da
oficina 2). Este grupo da oficina 3 aponta também para a necessidade que sente de fazer
um esforço para alterar práticas lectivas mais adequadas à utilização das TIC. Ao
mesmo nível, é colocada a necessidade de investir mais tempo na formação para a
utilização do Moodle, seguida da necessidade de formação para a utilização dos quadros
brancos interativos, esta última colocada ao mesmo nível da necessidade de investir
mais tempo na procura de estratégias que se centrem mais nos alunos e os tornem mais
ativos na sala de aula. Identifica-se, pois, neste grupo, e contrariamente aos grupos
anteriores, uma preocupação na adequação das práticas pedagógicas e na importância a
dar ao aluno na sala de aula.
Precisam de treinar mais a produção e utilização deREDs
Precisam de fazer um esforço para alterar práticaslectivas mais adequadas à utilização das TIC
Precisam de investir mais tempo na formação para autilização do Moodle
Precisam de investir mais tempo na formação para autilização dos QBIs
Precisam investir mais tempo na procura deestratégias que se centrem mais nos alunos e os
tornem mais activos
total
4
3
3
2
2
14
28,6
21,4
21,4
14,3
14,3
100
Dificuldades ainda sentidas pelos professores no final da oficina 3
Percentagem
Frequência
312
6.1.8 - Avaliação global da formação pelos professores
No final da formação interessava uma vez mais saber da avaliação dos
professores relativamente à formação que tinham realizado. Foi-lhe entregue um
questionário específico para esta ação, muito semelhante ao utilizado nas formações
anteriores, com questões sobre a adequação das estratégias da formação aos objetivos
expostos, os materiais de apoio distribuídos pela formadora, os recursos e a logística da
formação, o impacto da formação nas competências profissionais e pedagógicas dos
formandos. Por fim, solicitava-se a identificação dos fatores positivos e dos fatores
negativos da formação, a avaliação geral da formação e a listagem de sugestões para
novas formações.
A escala utilizada para as respostas fechadas foi de 1 a 5 (1-nada, 2-pouco, 3-
suficiente, 4-muito, 5-muitissimo) e dos 24 formandos, 23 preencheram o questionário.
A maioria dos professores considerou as estratégias utilizadas na formação,
muito ou muitíssimo adequadas (Figura II-123, Figura II-124 e Figura II-125), quer no
que respeita os objetivos da ação, quer no que respeita os conteúdos da mesma e às
características do grupo de formandos.
Figura II. 123 - Avaliação da adequação das estratégias de formação aos objetivos da ação
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
35%
45%
20%
Avaliação da adequação das estratégias de formação aos objectivos da acção
313
Figura II. 124 - Avaliação da adequação das estratégias de formação aos conteúdos da ação
Figura II. 125 - Avaliação da adequação das estratégias de formação às características do grupo
A avaliação dos materiais utilizados e disponibilizados durante a formação
foram também do agrado dos formandos (Figura II-126, Figura II-127e Figura II-128).
314
Figura II. 126 - Avaliação da adequação dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
Figura II. 127 - Avaliação da clareza dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
20%
40%
40%
Avaliação da clareza dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
315
Figura II. 128 - Avaliação da utilidade dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
Figura II. 129 - Avaliação da adequação do espaço em que decorreu a ação
O espaço onde decorreu a formação (resultados na Figura II-129 e II-130) e os
meios logísticos foram bem classificados (95% dos formandos considerou o espaço
onde decorreu a ação como muito ou muitíssimo adequado; 90% dos formandos
considerou ter havido muito ou muitíssima adequação dos meios logísticos envolvidos
na ação).
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
10%
55%
35%
Avaliação da utilidade dos materiais de apoio distribuídos pela formadora (textos ou outros)
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
5%
65%
30%
Avaliação da adequação do espaço em que decorreu a acção
316
Figura II. 130 - Avaliação da adequação dos meios logísticos envolvidos na ação
Nas questões mais relevantes no âmbito desta investigação (desenvolvimento
profissional e pedagógico na utilização das TIC), responderam os formandos, no final
da ação que a mesma foi muito ou muitíssimo importante em 60% dos casos, no aspeto
específico da atualização e aprofundamento de conhecimentos (teóricos e práticos) (cf.
Figura II-131).
Figura II. 131 - Avaliação da medida em que a ação contribuiu para a atualização e aprofundamento de conhecimentos (teóricos e práticos) dos formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
10%
65%
25%
Avaliação da adequação dos meios logísticos envolvidos na acção
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
40%
35%
25%
Avaliação da medida em que a acção contribuiu para a actualização e aprofundamento de conhecimentos (teóricos e
práticos) dos formandos
317
Em 75% dos casos, os formados consideraram como muito ou muitíssimo
importante a forma como a ação contribuiu para a problematização e transformação das
suas práticas letivas (cf. Figura II-132).
Figura II. 132 - Avaliação da medida em que a ação contribuiu para a problematização/transformação da prática letiva dos formandos
O aperfeiçoamento das competências profissionais dos formandos foi avaliado
como muito ou muitíssimo relevante por 65% dos formandos, como ilustram os
resultados apresentados na Figura II-133.
Figura II. 133 - Avaliação da medida em que a acão contribuiu para o aperfeiçoamento das competências profissionais dos formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
25%
65%
10%
Avaliação da medida em que a acção contribuiu para a problematização/transformação da prática lectiva dos
formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
35%
45%
20%
Avaliação da medida em que a acção contribuiu para o aperfeiçoamento das competências profissionais
dos formandos
318
Os formandos avaliaram positivamente a qualidade dos materiais produzidos na
ação, no que respeita o contributo dos mesmos para o aperfeiçoamento da capacidade de
intervenção dos formandos no seu quotidiano profissional (cf. Figura II-134).
Figura II. 134 - Avaliação da qualidade e utilidade dos materiais produzidos na ação para aperfeiçoar/transformar a intervenção educativa dos formandos
Seguem-se os dados relativos a duas questões abertas, em que os formandos
teriam de destacar os aspetos mais positivos da ação (Figura II-135), bem como os mais
negativos (Figura II-136).
Figura II. 135 - Aspetos positivos da ação destacados pelos formandos
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
20%
75%
5%
Avaliação da qualidade e utilidade dos materiais produzidos na acção para aperfeiçoar/transformar a intervenção educativa dos
formandos
Aprofundamento dos conhecimentos
Diversidade de experiências etrabalhos
Relação entre a teoria e a prática
Conteúdos inovadores
Bom ambiente de trabalho entreformandos e com a formadora
9
6
4
4
3
Aspetos positivos da ação destacados pelos formandos
Frequências
319
Figura II. 136 - Aspetos negativos da ação, destacados pelos formandos
Quanto à avaliação global da ação (Figura II-137), registam-se valores muito
positivos, dado que 70% dos formandos selecionou os dois níveis mais altos da escala.
Figura II. 137 - Avaliação global da ação
Na última questão, solicitava-se aos formandos sugestões para futuras acões. As
respostas centram-se na necessidade que sentem de formação nas didácticas específicas
das disciplinas em que lecionam.
Em síntese, poder-se-á dizer que, nesta terceira oficina, face a um grupo de
professores com competências gerais em TIC acima das dos professores participantes
Componente prática insuficiente
Horário
13
2
Aspetos negativos da ação destacados pelos formandos
Frequências
[nada]
[pouco]
[suficiente]
[muito]
[muitíssimo]
0%
0%
30%
45%
25%
Avaliação global da acção
320
nas oficinas anteriores, se esperaria uma dinâmica superior de implementação de
trabalhos práticos com as TIC em sala de aula. Na verdade, registou-se o facto de mais
professores fazerem intervenções em sala de aula com as TIC: enquanto, nas outras
oficinas, cada professor ou grupo de professores fez, em média, uma intervenção com as
TIC, aqui, houve vários casos de professores a fazerem, ao longo da formação, várias
intervenções em sala de aula com os alunos, no contexto de realização de trabalhos
práticos com as TIC. Há, pois, na base, um nível mais elevado de competências TIC,
quer gerais, quer profissionais. As dificuldades enunciadas por estes professores
centraram-se nas práticas pedagógicas. Recorde-se, nesta síntese, que as mais valias da
formação enunciadas por quase todos os professores participantes foram as seguintes:
(i) Terem realizado as tarefas propostas, ou seja, as intervenções em sala de
aula, com as TIC, decorrentes das preparações e planificações feitas na
formação;
(ii) Terem tido oportunidade de refletir sobre como usar as TIC em contexto
educativo.
É também feita igual referência ao facto de terem aprendido as bases para manipular
ferramentas informáticas e ao facto de terem tido o apoio da plataforma Moodle da
formação.
Recorde-se que, das barreiras que, no final da formação, identificaram como
capazes de impedir novas intervenções em sala de aula, uma das que mais destacaram a
urgência em alterarem práticas pedagógicas, sendo que este foi o grupo de professores,
de entre os das três oficinas, que mais enunciou ter alterado as suas práticas
pedagógicas, passando de um ensino claramente centrado na figura do professor, que
expõe os conteúdos programáticos, para a promoção de situações de trabalho autónomo
321
dos alunos, com exploração de conteúdos com a ajuda das TIC, sob a orientação dos
professores.
6.2 - Fase de follow-up Oficina 3
Acompanhar, no tempo posterior à formação, o desenvolvimento profissional e
as práticas pedagógicas dos professores envolvidos nas três formações era, desde o
início desta investigação, um objetivo a alcançar. Num ambiente complexo como o das
escolas, desenvolver trabalho de proximidade junto de professores para além do espaço
da formação, implicava a disponibilidade dos mesmos, nem sempre fácil de conseguir.
Do ponto de vista da investigação, neste fecho do estudo final, o propósito não era o
de voltar ao terreno, mas o de registar eventuais contributos para um modelo de
integração das TIC na sala de aula para a realização de trabalhos práticos pelos alunos.
Pretendia-se:
(i) compreender como é que, decorridos alguns meses após a formação, os
professores estavam a usar (ou não) as TIC em sala de aula; se sim, como o
faziam, identificando fatores promotores e fatores inibidores do uso das TIC;
(ii) compreender o papel da formação na tomada de decisão relativa ao uso das
TIC em sala de aula.
Responderam ao apelo, enviado por correio eletrónico, cinco professores dos 21 que
tinham participado na terceira formação. Os seus relatos foram agregados e codificados,
assumindo-se para cada um deles, as seguintes designações: Pof3L, Pof3M, Pof3N,
Pof3O e Pof3P.
322
Tendo em conta o reduzido número de professores participantes no dispositivo de
follow-up da terceira oficina, também aqui se optou pela análise detalhada de cada uma
das participações, tendo em conta o perfil do professor em causa. Assume-se que os
resultados que decorrerem dessa análise não são extensíveis ao grupo de 21 formandos
da Oficina 3, tal como já sucedera no acompanhamento feito aos formandos das
primeira e segunda oficinas. Ainda assim, interessava compreender como é que estes
formandos estavam a usar as TIC no terreno, quais as suas dificuldades e quais as suas
motivações.
O dispositivo de análise seguiu os objetivos estabelecidos e teve presente as
seguintes dimensões, já utilizadas na análise dos dados recolhidos na primeira e na
segunda fases de follow-up:
(i) os contextos de utilização das TIC por estes professores (se em sala de aula
para trabalho prático com os alunos; se em sala de aula, como apoio ao
ensino; se em atividades de gestão, coordenação, direção ou outras que não
envolvessem diretamente a sala de aula ou outros)
(ii) os fatores considerados facilitadores na subsequente utilização das TIC por
estes professores (a formação em que participaram, o apoio dos pares, a
motivação dos alunos, os melhores resultados nas aprendizagens dos alunos,
a disponibilidade crescente de equipamentos, a motivação pessoal para o uso
das TIC ou outros)
(iii) os fatores inibidores do uso das TIC (falta de equipamentos, problemas
técnicos nos equipamentos, falta de tempo para preparar aulas com recursos
às TIC, fracos resultados por parte dos alunos, desinteresse dos alunos,
outros)
323
A análise das narrativas que os formandos relataram via e-mail parece mostrar,
uma vez mais, que este subgrupo não é uniforme, revelando situações diversas do ponto
de vista das competências TIC (gerais, profissionais e pedagógicas).
Relativamente aos contextos de utilização das TIC por este subgrupo de
respondentes equivalente a 23,8% do grupo de formação da terceira oficina, a
diversidade é grande:
- dois dos professores (Pof3O e Pof3P) sentiam ter havido uma quebra na utilização das
TIC na fase posterior à formação; um deles referiu sentir ainda muita necessidade de
formação para conseguir a segurança capaz de o levar a colocar os alunos a utilizarem
os computadores na sua sala de aula, referindo condições logísticas nem sempre
adequadas ao uso das TIC na sala de aula.
- um dos professores participantes no follow-up registou que a forma como trabalha com
os alunos semodificou:
“Já antes utilizava as TIC, mas agora é diferente, preocupo-me mais com o
envolvimento dos alunos. Já não sou só eu a usar o computador na aula, agora os
alunos também o fazem e eu faço-o cada vez menos, apenas oriento o trabalho
deles” (Pof3L)
Este professor refere, ainda, a necessidade em investir mais nas ferramentas web 2.0 a
abter em futura formação complementar a esse nível.
Para outras duas professoras, ambas docentes no Ensino Especial, a necessidade de mais
formação nas suas áreas específicas é crucial. Refere uma delas:
324
“Para a minha prática pedagógica (trabalho com alunos com multideficiência) eu
daria preferência a outros conteúdos, nomeadamente elaboração de material,
como canções, histórias com sistemas aumentativos de comunicação e que os
alunos os pudessem usar,
pequenos filmes, jogos de causa e efeito.” (Pof3N)
A outra colega diz:
“Preferia novas abordagens em termos de meios aumentativos e alternativos da
comunicação ou outros..... vocacionadas para o ensino especial.” (Pof3M)
Os relatos acima expostos evidenciam situações cada vez mais exigentes para a
formação – o formador já não tem de se preocupar apenas com o fazer chegar as TIC à
sala de aula do seu formando, quando esse é o objetivo da formação, mas proporcionar,
caso a caso, as TIC que cada formando precisa, tendo em conta o contexto em que
trabalha. Paralelamente à diversidade na formação de base a partir da qual os formandos
partem para o uso das TIC, há, ainda, a considerar, na planificação da formação, a
multiplicidade de contextos profissionais em que os formandos estão inseridos.
325
PARTE III: Da formação ao trabalho prático com as TIC na sala de
aula – principais resultados
O estudo que se levou a cabo compreendeu três fases principais de recolha de
dados, materializadas em três oficinas de formação e respetivos momentos de follow-up.
A Parte III inclui o capítulo 7 com a discussão dos resultados obtidos numa perspetiva
integradora e interpretativa dos resultados a que se chegou, à luz do problema de
investigação e dos objetivos estipulados no início do presente estudo e o capítulo 8 que
integra as principais conclusões e implicações decorrentes da reflexão que a leitura dos
resultados suscitou, incluindo pistas para futuras investigações.
326
327
7. As TIC na sala de aula
A discussão dos dados desenvolver-se-á em dois planos: o dos contributos para o
conhecimento e para a investigação em educação, na área específica das TIC em
contextos de ensino e aprendizagem, e o dos contributos para a ação em educação, na
área específica da formação de professores com vista à utilização das TIC em contextos
de ensino e aprendizagem.
Durante os três anos letivos de acompanhamento da evolução de diferentes
grupos de professores no domínio das suas competências TIC, refletindo com eles,
sobre a integração das TIC no seu quotidiano profissional, o foco e a lente estiveram,
sobretudo, em observar o desenvolvimento longitudinal do trabalho nas suas salas de
aula. De acordo com o principal objetivo estipulado procedeu-se à tentativa de
compreensão de como é que as TIC chegam às salas de aula e aos alunos, de quais as
dificuldades dos professores neste domínio e de quais os fatores potenciadores da
integração das TIC no terreno.
De experiências iniciais e tímidas encetadas por alguns destes, nas palavras de
Prensky, “imigrantes digitais” (2001) até ao trabalho de larga escala, desenvolvido por
outros, também eles “imigrantes digitais”, pretendia-se caracterizar e compreender a
existência de diferentes percursos individuais e identificar quais os catalisadores que
poderiam acelerar a chegada das TIC à sala de aula e aos alunos (Cuban, 2001, Fullan,
2001, Fullan, 2011). Situa-se o trabalho na sequência das seguintes questões formuladas
na literatura especializada: como conseguir, na prática, que os alunos utilizem os
328
computadores e outros dispositivos eletrónicos nas salas de aula para a realização de
atividades significativas? Como criar os ambientes ricos e promotores de descoberta e
de aprendizagem, referidos por Papert (1984) e por Resnick (2002, 2012)? Com base
nos dados recolhidos nas três oficinas de formação e posterior follow-up, refletir-se-á,
nas secções seguintes, sobre os contributos para a investigação nesta área.
7.1. Os professores e as TIC: atitudes e competências
Retomando a atual “Sociedade em Rede” caracterizada por Castells,
compreende-se a importância que as tecnologias da informação e comunicação
assumiram na sociedade e, consequentemente, na escola. Em 2001, como afirmou
Castells, faria sentido e, provavelmente, ainda hoje faz, ter presente a questão da
infoexclusão como um aspeto a ter em conta na caracterização dos ambientes escolares,
como referido por este autor. A escola pode ter esse papel, o de dar a todos a
oportunidade de serem plenos utilizadores das TIC na construção dos seus
conhecimentos. Nos últimos anos, o investimento no acesso às tecnologias aumentou,
nas escolas portuguesas, devido ao Plano Tecnológico na Educação. Os professores, que
detêm a chave que define o tipo de utilização das TIC nas escolas, têm vindo a adaptar-
se a esta nova realidade, procurando, por vários caminhos, nomeadamente o da
formação, ultrapassar as barreiras que sentem no domínio das tecnologias.
Tendo como referente o problema central desta investigação e as questões que se
operacionalizaram, procedeu-se à tentativa de compreender quais as atitudes dos
professores e quais as competências que promovem a mudança e levam as TIC para a
sala de aula.
329
Atitudes dos professores face às TIC
A atitude dos professores face às TIC foi um dos fatores considerados no
presente estudo. O não terem domínio na área do conhecimento das TIC, do ponto de
vista das competências básicas, não impediu que se operasse uma alteração de postura
profissional face às TIC, no contexto de uma cultura de motivação para o ensino
centrada no objetivo de proporcionar ambientes mais ricos de aprendizagens aos alunos.
Foi evidente, nas reflexões dos professores com quem se trabalhou, a preocupação com
os resultados das intervenções e com a motivação dos seus alunos. Todos reiteraram o
papel das TIC na motivação dos alunos e muitos referiram as TIC como fator promotor
do sucesso escolar. Face a esta abertura à mudança e à compreensão do papel que as
TIC podem ter no desenvolvimento das aprendizagens dos alunos, os professores
desenharam, no contexto da formação, caminhos para levarem as TIC até aos alunos na
sala de aula. Como refere Freitas (2004), a unidade funcional que é a sala de aula e o
que lá dentro se passa é determinante no papel que a própria escola assume na
preparação das suas crianças e jovens. As necessidades mais básicas do ensinar e do
aprender passam por uma sala de aula que se abre à escola e ao mundo e em que o
professor assume o papel de orientador do conhecimento, por forma a que essa mesma
sala de aula corresponda às necessidades e desafios do ensino e da aprendizagem na
sociedade da informação e do conhecimento. O papel e a atitude do professor, nessa
organização do espaço e das atividades na sala de aula, é determinante para que as TIC
cumpram o seu papel de potenciadoras das aprendizagens.
Neste estudo, identificou-se uma atitude positiva face às TIC em todos os grupos
de professores com os quais se trabalhou (três grupos, num total de 78 professores).
Tendo em conta as três dimensões tomadas para a análise do significado item ‘atitudes
330
positivas face às TIC’ (Demonstra abertura face à inovação tecnológica; Compreende a
necessidade de adequar práticas pedagógicas ao uso das TIC e Procura formação
adequada às suas necessidades na área das TIC), a que se destacou, nas respostas dos
professores, foi a da procura de formação adequada às suas necessidades na área das
TIC. Desde o primeiro momento, em cada uma das três fases de estudo, os professores
demonstraram interesse e vontade em aprofundar os seus conhecimentos em TIC. Se,
inicialmente, essa atitude se centrava no desejo de dominarem as tecnologias,
aprofundando competências no uso de ferramentas, notou-se uma evolução na
compreensão do potencial pedagógico das TIC, com uma tomada de consciência da
importância e dos benefícios que estes recursos podem trazer para os processos de
ensino e aprendizagem. Como refere Ward (2003), a perceção das vantagens do uso das
TIC tem influência na motivação dos professores para o seu uso. Assim, a partir do
momento que se viram confrontados com a necessidade de levarem as TIC para a sala
de aula, começaram a demonstrar a necessidade de refletir sobre as suas práticas
pedagógicas (numa perspetiva de mudança) e sobre a inovação em educação que as TIC
podem promover.
A evolução e apropriação do potencial das TIC decorreu de dois fatores
determinantes, que os próprios professores identificaram na avaliação final das
formações:
(i) a reflexão e o debate estimulados nas sessões presenciais de formação;
(ii) as experiências positivas que a maioria destes professores relata,
decorrentes das intervenções que fizeram com as TIC nas suas salas de
aula, com os alunos.
331
Fica claro o papel determinante das formações implementadas nas narrativas dos
professores depois de concluídas as formações. Todos afirmaram olhar para as TIC de
uma outra forma manifestando consciência de que este é um caminho que se encontram
a percorrer e que exige deles empenho e tempo (ainda que “tempo” seja um dos fatores
considerados mais limitativos para o uso das TIC, a par da insatisfação no domínio das
técnicas). De um modo geral, os professores não consideram as TIC na educação como
uma “moda”, quase todos assumindo que, mais tarde ou mais cedo, as TIC terão de
entrar na sala de aula. Paralelamente a esta atitude positiva face às TIC, consideram
fundamental a emergência de fatores motivacionais que conduzam à mudança,
nomeadamente das práticas pedagógicas. A este nível, os resultados mostram a
importância do trabalho inter-pares na formação. A formação desenvolve vários
processos de aprendizagem, reflexão e análise das práticas sendo fundamental a partilha
de experiências e a colaboração entre colegas (Day, 2001)
Competências em TIC (gerais, profissionais e pedagógicas)
Como refere Chagas (1993), os professores são determinantes para o sucesso de
qualquer tecnologia educativa, sendo que o desafio se prende com a relutância em
mudar a forma como ensinam. Ainda para esta autora, os professores precisam, por um
lado, de preparação adequada que proporcione uma atualização contínua sobre os
progressos da tecnologia e, por outro, uma preparação que lhes forneça os fundamentos
para o desenvolvimento de modalidades realistas e frutíferas do uso das tecnologias em
educação. As dimensões estudadas e espelhadas no referencial construído (Quadro II-
2,II-3 e II-4) têm em consideração o referido pela mesma autora, ou seja, os professores
têm de ser competentes no que respeita à utilização geral e profissional em TIC e
332
compreender, do ponto de vista pedagógico, qual deve ser o seu posicionamento,
designadamente quando levam as TIC para a sala de aula.
Os resultados recolhidos no presente estudo mostram que, num primeiro
momento formativo, como já referido, há que desenvolver uma atitude de abertura à
utilização das TIC. Posteriormente, é preciso trabalhar as expetativas dos professores e
planificar cuidadosamente as intervenções, tendo em conta os contextos em que elas
irão decorrer. Associada à intervenção planificada, é preciso garantir as competências
gerais e profissionais em TIC e, também, as pedagógicas. Note-se que se verificou, em
muitos casos, o facto de os próprios professores admitirem não se sentirem preparados
para trabalharem com as TIC na sala de aula, havendo até casos em que, nas narrativas
dos professores, surge a expressão “medo”. Nesses casos, são os próprios professores a
admitir que há um risco inerente à mudança, a qual é assumida como tendo de ocorrer
centrada nas práticas pedagógicas. Como referem Hennessy e Deaney (2004) a mudança
tem de ser antecedida de confiança: confiança na utilização dos meios técnicos e
afinidade com as práticas pedagógicas adequadas à utilização das TIC em sala de aula.
As competências em TIC necessárias para a sua integração na sala de aula são
múltiplas e complexas, tendo sido possível estabelecer, neste estudo, as de caráter geral,
profissional e pedagógico, em função do trabalho desenvolvido com os professores,
materializadas, de forma esquemática, no Referencial TIC construído (Quadro II-2, II-3
e II-4). Mais à frente retomar-se-á a questão da diversidade de atividades que os
professores desenvolveram e serão discutidas as diferentes formas como as TIC podem
chegar à sala de aula, do ponto de vista da implementação de trabalho prático com os
alunos.
333
7.2 – Atividades práticas com as TIC pelos alunos na sala de aula
As TIC chegam à sala de aula por dois caminhos, muitas vezes distintos: pela
mão do professor e/ou pela mão do aluno. O primeiro caminho parece ser, para os
professores, o mais fácil de trilhar e é por aqui que, naturalmente, começam. Como
refere Laurillard (2010), trata-se do uso das TIC para apoiar modos tradicionais de
ensino. O segundo caminho é complexo e envolve processos, que se revelaram, no
âmbito desta investigação, difíceis de compreender. Esta dificuldade decorreu do facto
de se ter trabalhado com professores com percursos muito diversos nas TIC, que, por
sua vez, trabalhavam em contextos também de extrema diversidade, quer do ponto de
vista das áreas científicas/disciplinares, quer dos anos/ciclos de ensino, entre outros.
Relembre-se que a origem dos dados não surge da observação direta do que se passou
em sala de aula, salvo raras exceções, o que também dificulta a interpretação dos
resultados. Contudo a análise detalhada dos dados revelou que pode ser traçado um
percurso comum na formação, desde que cada professor se posicione, do ponto de vista
da atitude, numa situação de abertura face ao uso educativo das TIC e participe numa
reflexão estruturante para a compreensão do papel das TIC enquanto ferramentas de
promoção de aprendizagens. Neste contexto, foi ensaiado um percurso de formação que
levou à promoção da autonomia que, grosso modo, revelou dois patamares. No primeiro
patamar, estão as competências gerais em TIC e as competências profissionais: foram
muitos os professores que chegaram à formação, sobretudo na segunda e na terceira
oficinas, a dominarem as TIC, mas apenas numa perspetiva de uso pessoal (por
exemplo, tinham endereço de email, pesquisavam na Internet informação para uso
pessoal (marcação de férias, interação, por email, ou até por videoconferência com
amigos ou familiares distantes, por exemplo)) e/ou profissional (consulta de legislação
ou documentos de outras escolas com projetos educativos ou relacionados com a
334
avaliação docente). No segundo patamar figuram as competências pedagógicas em TIC.
Foram poucos os professores que chegaram à formação com estas competências
estabilizadas.
Quando, no início das três formações, se questionaram os professores quanto ao
tipo de trabalho que desenvolviam em termos de sala de aulas com os seus alunos, na
perspetiva em que estes realizavam atividades práticas com as TIC, as respostas
demonstraram que eram muito poucos os que o faziam. Ao longo das três oficinas de
formação, partiu-se, por isso, de patamares idênticos, relativamente ao aspeto acabado
de referir.
Observe-se a Tabela III-1 abaixo, onde se quantificam as situações de utilização
específica das TIC pelos alunos, nas salas de aula destes professores, antes da formação
e no final da formação. Note-se que, antes da formação, das quatro situações possíveis
colocadas aos professores93, apenas a segunda oficina (onde 13 dos 24 professores já
tinham feito a oficina 1) tem valores mais elevados de partida, exceto num caso.
93 Deixou se em aberto a possibilidade para que pudessem referir aspectos, não integrados nas quatro
anteriores, mas não o fizeram.
335
Tabela III. 1 - Frequências das diferentes situações de utilização das TIC em sala de aula, antes e no final de cada oficina (com frequência significa, em média, cerca de uma vez por semana;
com muita frequência significa a utilização em todas as aulas ou em quase todas as aulas)
Situações de utilização das TIC em sala de aula Oficina
Com frequência ou com muita
frequência antes da formação
Com frequência ou com muita frequência depois da formação
Variação de
utilização
Utilização do processador de texto e construção de apresentações eletrónicas pelos alunos na sala de aula
1 6,7 46,7 40
2 5,3 33,3 28
3 15,4 38,5 30,8
Pesquisa na Internet pelos
alunos na sala de aula
1 16,7 53,3 36,6
2 26,4 52,7 26,3
3 15,4 46,2 30,8
Atividades dos alunos no
Moodle como complemento
ao trabalho na sala de aula
1 0 15,2* 15,2*
2 15,8 22,2 6,4
3 7,7 46,2 38,5
QBIs com alunos na sala de
aula
1 0 0 0
2 5,3 31,6 26,3
3 0 30,8 30,8
Outras situações 1 0 0 0
2 0 0 0
3 0 0 0
Relativamente ao que se designou por ‘Variação na utilização’, ainda na Tabela
III-1, os resultados parecem estar relacionados com o investimento em termos do tipo
de trabalho planificado na própria oficina, por um lado, e, por outro, com o facto de o
grupo que frequentou a primeira oficina ter, à partida, o nível mais baixo de utilização
das TIC com os alunos em sala de aula, o que acabou por interferir positivamente na
variação, uma vez que os professores foram fortemente estimulados para a
experimentação e prática nas suas salas de aula (exceto os professores que não tinham
componente letiva). Assim, conclui-se que, de um modo geral, houve aumento de
utilização das TIC em sala de aula com os alunos, ao longo da formação, sendo notável
336
a oficina 3 surgir com ganhos de cerca de 30% em todas as situações. Atribui-se este
ganho à presistência destes professores na experimentação de diferentes situações de
utilização das TIC com os alunos, em sala de aula. Recorde-se que o perfil de
competências gerais e profissionais em TIC deste terceiro grupo de professores estava
mais sustentado o que parece ter permitido uma maior disponibilidade para as
intervenções em sala de aula.
Os resultados obtidos no presente estudo mostraram que a mudança pode
acontecer em ambientes de formação colaborativos, onde a par da reflexão, tenha
havido um investimento no desenho e na implementação de trabalho prático com os
alunos e as TIC em sala de aula. Mas, tal como se verifica no trabalho experimental em
ciências (Leite, 2002), também o tipo de trabalho prático com as TIC se desenvolve em
diversos níveis, do ponto de vista das aprendizagens.
Os trabalhos práticos desenvolvidos com os alunos na sala de aula estavam, em
boa parte, de acordo com os referenciais para a promoção das literacias digitais, mas
escassearam atividades mais complexas. De acordo com as narrativas dos professores
aqui observados, o maior investimento deu-se ao nível da realização de trabalhos de
pesquisa orientada na Internet. As que aconteceram, do ponto de vista da inovação
pedagógica, foram as realizadas no âmbito da plataforma Moodle e da utilização de
ferramentas pelos alunos, designadas genericamente por Web 2.0 (ex: desenvolvimento
de blogues com os alunos). Note-se que as práticas pedagógicas consideradas
inovadoras são centradas no papel do aluno na construção do seu conhecimento, em que
o mesmo se envolve em atividades de comunicação para o desenvolvimento de trabalho
colaborativo (Figueiredo, 2010; Oblinger, 2008). Têm ainda em conta a aprendizagem
informal, que vai para além da sala de aula e que inclui resolução de problemas e
337
inovação no mundo real (Figueiredo, 2010; Dias & Osório, 2011) e o uso das TIC para
alcançar objetivos específicos de aprendizagem.
Os resultados mostraram, ainda, que, quando considerado o perfil deste
subgrupo de professores (os que desenvolveram práticas inovadoras), se encontram os
que traziam competências gerais e profissionais TIC mais enraizadas (Costa, 2008).
Em síntese (cf. Figura III-1), a realização de atividades práticas com as TIC
(APcTIC), em sala de aula, pelos alunos, decorre de competências gerais, profissionais e
pedagógicas em TIC, que devem ser suportadas por uma atitude de abertura face às TIC.
Figura III. 1 - Referencial para as TIC na sala de aula (APcTIC – atividades práticas com TIC)
338
7.3 – O caminho da formação para que as TIC cheguem à sala de aula
Como afirmado por Roberto Carneiro, ex-ministro da Educação, docente e
investigador universitário, é preciso que os professores tenham uma atitude de abertura
face às tecnologias, que sejam autónomos e que as introduzam plenamente nas suas
práticas pedagógicas, para que não haja um hiato entre uma escola analógica, do século
XX, e os alunos do século XXI (Carneiro, 2001). Para este autor há “[…] urgência de
repensar o modelo pedagógico em aplicação nas nossas escolas à luz de novos e
diferentes modos de aprender.” (ibidem, p.172).
A mudança nas práticas pedagógicas é anunciada por muito autores como sendo
a chave para que as TIC cheguem aos alunos, em ambiente de sala de aula (Cox, et al,
2003; Costa, 2008). O presente estudo forneceu evidência para a importância deste
aspeto, refletido nas perceções dos professores relatadas ao longo da apresentação das
três fases (capítulos quatro, cinco e seis). Mas, a mudança das práticas pedagógicas não
é independente do uso autónomo das TIC e, como refere Ilomaki (2008), as
competências TIC dos professores são naturalmente heterógeneas e a grande maioria
dos professores que acaba por ter as competências suficientes para o uso quotidiano das
TIC nas suas rotinas profissionais, ainda assim, revela dificuldades em encontrar quer
sentido pedagógico para a sua utilização, quer meios para a sua concretização. Como os
resultados deste estudo sustentam, parece subsistir ainda um grupo de professores que
não possui as competências gerais mínimas em TIC (na primeira fase deste estudo, no
ano letivo de 2008/2009, trabalhou-se com um grupo de 33 professores e cerca de
metade afirmava, no início da formação, usar apenas pontualmente o computador).
339
A formação é seguramente o caminho para que o trabalho prático com as TIC
pelos alunos em sala de aula aconteça. No entanto, é preciso saber que formação será a
mais adequada. Na perspetiva teórica que se tem vindo a defender, as estratégias para
promover as TIC na sala de aula em situação de realização de trabalho prático estão
intimamente ligadas com as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores – os
resultados do presente estudo mostram que é necessário desenhar e implementar uma
estrutura que dê segurança ao professor e que o leve a libertar-se de se assumir
constantemente como o elemento central do espaço sala de aula. Mas é aí que muitas
vezes parece residir o conflito: deixando de ser o professor o elemento central da sala de
aula, quem assumirá esse papel? Como gerir a sala de aula e que estratégias utilizar para
que as aprendizagens sejam realizadas? Estas foram dúvidas recorrentes nas reflexões
dos professores dos três grupos observados, veja-se a seguinte afirmação de um
professor já anteriormente citado:
Penso que o maior obstáculo a vencer é o romper de práticas que já estão muito
interiorizadas, que nos permitem poupar tempo na preparação das actividades
permitindo-nos privilegiar o contacto directo com os principais agentes desta
nossa missão de ensinar. (DocP73)
Por isso se considerou que uma formação que seja de caráter prático, pelo
princípio do isomorfismo94, poderá preparar o professor para que se sinta seguro na
promoção da utilização das TIC em sala de aula. Em contexto de realização de trabalho
prático pelos alunos, ou seja, o professor deve preparar-se para a intervenção num
ambiente idêntico ao que irá criar na sala de aula (Peralta & Costa, 2007; Costa &
94 “Se perfilharmos o princípio do isomorfismo, a formação de professores deverá adotar processos
idênticos aos das práticas que visa suscitar no quotidiano das escolas.” (Pacheco, 2012, consultado em
http://www.educare.pt/)
340
Viseu, 2008). Se, na primeira oficina este aspeto se revelou mais complexo, devido ao
acesso limitado aos equipamentos, na segunda oficina, garantiu-se este acesso e o
obstáculo foi ultrapassado. Mas o acesso ao equipamento, só por si, não é garante de
utilização, como referem inúmeros autores (Cuban, 2001; Santos, 2010; Pedro, 2011).
Assim, nesta investigação, o objetivo de levar os professores a realizarem atividades
práticas com os alunos em sala de aula teria de ser atingido pelo investimento num
desenho específico de formação. Os resultados obtidos na primeira formação serviram
de inspiração para o desenho da segunda formação, o mesmo tendo ocorrido para a
terceira. O acompanhamento que foi possível fazer a alguns professores, meses depois
de terminada cada uma das formações (follow-up), foi da maior importância para a
compreensão do potencial do modelo testado (Costa & Viseu, 2008), no sentido em que
permitiu observar e discutir a perceção do impacto da formação nas mudanças de
comportamento dos professores. Nesta fase, foram vários os professores que apontaram
a falta de apoio técnico local como barreira à utilização das TIC, ainda que a maioria
continuasse interessada no seu desenvolvimento profissional na área das TIC,
nomeadamente, para a integração curricular das TIC nas suas componentes didáticas
específicas.
341
Figura III. 2 - Formação para as TIC na sala de aula - sustentabilidade
Em síntese, e como se apresenta na figura III-2, o modelo de formação tem de
colocar, ao mesmo nível, a reflexão sobre o potencial das TIC e a prática relativa à
utilização das ferramentas com potencial educativo, quer no ambiente de formação,
quer, posteriormente, na intervenção que o professor-formando fará na sala de aula. Os
resultados dessa intervenção devem ser alvo de apresentação ao grupo de formação e de
avaliação para que, numa perspetiva de colaboração e partilha, se tracem novos
percursos alicerçados na reflexão sobre as práticas pedagogicamente inovadoras. Nesta
fase, o processo complexifica-se, pois o trabalho de promoção da mudança nas práticas
pedagógicas do professor cruza-se com outras variáveis não completamente
endereçáveis no ambiente de formação e que envolvem a escola no seu todo e não
apenas o professor. Ainda assim, os resultados apontam para a importância da confiança
do professor na sua capacidade de levar as TIC para a sala de aula. Deste contexto
342
surgem as primeiras experiências de introdução das TIC na sala de aula, numa
perspetiva da criação de ambientes de aprendizagem ricos (Papert, 1997). Ao longo do
estudo tornou-se evidente que a sustentabilidade será tão mais alcançada quanto mais
enraizadas estiverem as competências TIC dos professores, tendo o follow-up, feito no
âmbito dos três estudos mostrado que a formação deve acompanhar o desenvolvimento
profissional dos professores, assim se inscrevendo na sua prática pedagógica.
Dos três estudos, sobressai, também, a evidência da importância das dimensões
tempo e espaço: tempo que permita aos professores refletirem sobre o papel das TIC nas
suas salas de aula e espaço onde, por outro lado, possam ensaiar o uso das TIC, na
formação presencial, em colaboração com os restantes professores participantes, e em
intervenções nas suas próprias salas de aula, com os seus alunos. No final, o tempo
volta a ser um fator determinante, para permitir aos professores refazerem as suas
intervenções com base nas reflexões feitas e, deste modo, retornarem à intervenção no
terreno. Os resultados deste estudo fizeram emergir como catalizadores da introdução
das TIC na sala de aula para realização de trabalho prático, o apoio local, os meios
técnicos e a colaboração inter-pares.
O modelo de formação adotado neste estudo nasce do desenho do Referencial
para as TIC, pensado e implementado pela Equipa CRIE em 2006 (CRIE, 2006) e alvo
de investigação reportada por Costa & Viseu (2008), que a seguir se citam:
Um modelo de trabalho que respondesse ao duplo desafio de ajudar os
professores a construírem uma visão do potencial das tecnologias na
aprendizagem (porquê? para quê? e como usar as tecnologias?) e, por via da
criação de oportunidades de uso concreto e devidamente apoiado, contribuir de
forma efetiva para a mudança de atitude dos professores face às tecnologias e no
343
consequente reforço da auto-estima e confiança na sua utilização em contexto de
ensino e aprendizagem (p. 275).
Como referem estes autores, esta não é uma proposta de formação inovadora em si
mesmo. Tem na base os modelos definidos para a formação contínua de professores
estruturados em oficinas de formação de 50 horas, 25 das quais em regime de trabalho
autónomo pelo formando.
A metodologia de trabalho seguida no presente estudo e testada por Costa e
Viseu (2008) contrasta com as práticas e modelos tradicionais de preparação de
professores nesta área, como se pôde inferir da avaliação feita pelos professores-
formandos participantes nas três oficinas aqui desenvolvidas.
A avaliação dos formandos das três oficinas foi bastante positiva reforçando o
modelo F@R, “Formação / Ação / Reflexão”, segundo o qual a formação deve ser o
ponto de partida para o trabalho dos professores com os seus alunos (Ação), sendo que a
atividade curricular desenvolvida por alunos e professores deve constituir uma
oportunidade de análise crítica pelos professores, na formação (Reflexão).
344
345
8. Conclusões: contributos para um modelo de implementação
de trabalho prático com as TIC pelos alunos na sala de aula
Serão, agora, apresentadas as principais conclusões da presente investigação e as
implicações para a formação de professores no domínio estudado decorrentes da
reflexão que a leitura dos resultados suscitou, salientando-se os contributos para uma
restruturação de um modelo de formação que contenha esta dupla vertente: formação
em TIC e utilização das TIC em sala de aula pelos alunos.
O desenho da formação partiu de modelos já testados (CRIE, 2006, Costa e
Viseu, 2008, Daly et al. 2009), que prevêem situações de intervenção no terreno pelos
professores-formandos e posterior reflexão sobre os resultados alcançados.
Promovida a reflexão entre os professores participantes no presente estudo, estes
compreenderam a importância de a escola evoluir para um ensino globalizante, mais
flexível e aberto, disponível à construção do conhecimento de forma mais autónoma por
parte dos alunos, com estes a assumirem cada vez mais protagonismo no uso inteligente
e criativo dos computadores e da Internet (Freitas, 2004). A reflexão sistemática sobre a
realidade, a partir da análise dos dados recolhidos ao longo do estudo, evidenciou um
conjunto de condições que podem ter impacto nos processos de integração das TIC na
sala de aula para a realização de atividades práticas com os alunos, que a seguir se
retomarão.
Com base nos estudos que continuam a insistir na fraca penetração das TIC na
sala de aula e que referem que os professores têm dificuldade em aplicar os
346
conhecimentos adquiridos sobre as TIC na prática letiva, devido às mudanças exigidas
por essas mesmas práticas (Cuban, 2001; Chagas, 2001; Costa, 2008; Pedro, 2011),
observou-se um grupo de professores em contexto de formação no domínio das TIC,
motivados para o aprofundar de competências neste domínio. Trabalhou-se com estes
professores o significado do tópico trabalho prático com as TIC e também o da
integração curricular das TIC (Yelland, 2006; Raby, 2010). As reflexões destes
professores demonstraram a importância da componente prática da formação como
forma de os preparar para a intervenção no terreno (preparação para as mudanças das
práticas pedagógicas tradicionais centradas na transmissão de conteúdos
programáticos). Neste estudo verificou-se que a planificação, em ambiente de formação
e em debate inter-pares, revelou-se fundamental para o uso das TIC na sala de aula, com
os alunos. A mudança que se impôs ao papel do professor no espaço da sala de aula
(passando de elemento central na transmissão do conhecimento para elemento
facilitador e regulador das aprendizagens realizadas pelos alunos) não tornou menor o
seu papel, que se revelou especialmente importante na orientação das atividades de
aprendizagem, já que as tecnologias por si só na sala de aula, não conduzem à mudança.
Planificar atividades para a sala de aula com as TIC a desempenharem um papel
específico na promoção de ambientes ricos e potenciadores das aprendizagens é a chave
do sucesso (BECTA, 2010; Resnick, 2012). Mas é aqui que, muitas vezes, os obstáculos
surgem. Este estudo demonstrou a importância de prestar especial cuidado à forma
como as intervenções em sala de aula são planificadas e implementadas , bem como a
importância do trabalho inter-pares. O ambiente colaborativo da formação foi
considerado pelos professores acompanhados no presente estudo como fundamental
para o desenvolvimento de atividades inovadoras com as TIC. Neste ambiente, o
347
recurso a uma plataforma Moodle como forma de enriquecimento e apoio, foi, por
quase todos, destacado, confirmando resultados recentes que mostram a importância
destes espaços de trabalho online (Maio, 2011) na formação de professores.
Retomando as barreiras identificadas por Ertmer et al. (2012) para a integração
das TIC nas práticas pedagógicas dos professores, conclui-se que as internas (confiança,
crenças sobre a forma como os alunos aprendem, valor atribuído ao impacto das TIC
nos processos de ensino e de aprendizagem) poderão ser as mais desafiantes. Do ponto
de vista do estudo que aqui se desenvolveu, para que as TIC cheguem aos alunos, na
sala de aula, há uma barreira externa (a formação), que surge como tendo um papel
estratégico na quebra das barreiras internas a vários níveis, atuando nas seguintes
dimensões:
A formação tem de promover um ambiente reflexivo e de debate em
torno da importância das TIC nos processos de ensino e de
aprendizagem; será esta a primeira abordagem para criar ou desenvolver
uma atitude positiva face às TIC.
O professor precisa de tempo e de espaço para refletir sobre o papel das
TIC no ensino e na aprendizagem (nomeadamente, refletir sobre as suas
práticas pedagógicas, relacionando-as com situações específicas de
utilização das TIC pelos alunos, em sala de aula, na realização de
atividades práticas).
O professor deve planear (em pequeno grupo, com os seus pares) as
intervenções a realizar na sala de aula.
A formação deve preparar o professor para as intervenções, garantindo
que este domina as competências gerais em TIC necessárias para a sua
implementação (tendo em conta o contexto em que o professor trabalha e
oferecendo soluções para os problemas que o professor diagnostica).
As intervenções devem ser posteriormente relatadas / narradas, daí se
extraindo informação que sirva de base para reflexões individuais e inter-
348
pares (quer presencialmente, na formação, quer a distância, via
plataforma online de apoio à formação).
Nas intervenções, devem ser explicitadas as dificuldades de diferentes
naturezas, relacionadas ou com os contextos em que decorreram as
intervenções ou com as características do próprio professor (barreiras
externas e internas, segundo Ertmer et al, 2012).
A formação deve contribuir para que cada professor ultrapasse os
constrangimentos que encontrou, de forma sustentada, transformando
barreiras em degraus (Freitas, 2004).
A formação deve dar lugar à ação e à posterior reflexão sobre os
resultados da ação (F@R, 2008).
A formação deve contribuir para aumentar a confiança e a autonomia do
professor e criar oportunidades e contextos promotores da criatividade e
da inovação - autonomia através da prática, ou seja, uso das TIC na
formação; criatividade e inovação num processo de adaptação,
apropriação e invenção (Cuban, 2001; Fullan, 2001, 2011; Daly et al,
2009), que deve acontecer em contexto de trabalho inter-pares.
As conclusões deste estudo de pequena escala sugerem que existe um percurso a
efetuar na área do desenvolvimento profissional dos professores em TIC, ainda lacunar
no contexto nacional. Note-se que o estudo Competências TIC - Estudo de
Implementação, concebido, em 2009, pelas universidades de Lisboa (coordenação), de
Évora e do Minho, encomendado, no âmbito do PTE pelo Gabinete de Estatística e
Planeamento da Educação (GEPE, 2009), apresenta um modelo de formação e de
certificação de competências TIC da comunidade educativa que nunca chegou a ser
implementado na totalidade, não se conhecendo estudos de avaliação do impacto do
trabalho feito. Esse estudo (GEPE, 2009) apontava para um caminho de promoção das
349
competências TIC dos professores, corroborado pelos resultados decorrentes da
investigação aqui relatada.
Neste estudo, tomou-se a formação de professores como um percurso para que
as TIC cheguem aos alunos, na sala de aula. A abordagem de investigação centrou-se no
professor enquato guardião das decisões sobre o que acontece no espaço sala de aula.
No entanto, considera-se que, em futuras investigações, a formação de professores deve
não só atender às necessidades individuais do professor nesta área, mas também às
necessidades do contexto (escola e comunidade educativa) em que o professor se insere.
Deste modo, um estudo mais amplo, de escala nacional, que retome as questões
abordadas na investigação que aqui se apresenta e que tenha em vista o
desenvolvimento das competências TIC dos professores é crucial para a sustentação de
políticas educativas promotoras de ambientes ricos e potenciadores de aprendizagens,
alicerçados no trabalho prático com as TIC. O fim deste trabalho é, também, a abertura
para outros que interessa realizar, nomeadamente, trabalhos que abordem questões
relativas ao impacto e à sustentabilidade da formação no quotidiano dos professores que
frequentam ações com as características das que aqui foram apresentadas, tendo no
horizonte as aprendizagens dos alunos. Se há uma metodologia própria de
desenvolvimento do trabalho prático, de cariz laboratorial nas aulas de ciências, também
deverá haver uma metodologia própria para desenvolvimento do trabalho prático com as
TIC, em sala de aula para que as atividades práticas com as TIC sejam significativas
para as aprendizagens dos alunos.
As TIC chegaram há anos às escolas. Este estudo é um contributo para que todos
os professores possam assegurar que os alunos se apropriam das TIC num ambiente rico
de aprendizagens que os preparem para os desafios do presente e do futuro.
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375
APÊNDICES
Apêndice A – Programa da Ação de Formação da Oficina 1
[modelo de acreditação – CCPFC]
CONSELHO CIENTÍFICO-PEDAGÓGICO DA FORMAÇÃO
CONTÍNUA APRESENTAÇÃO DE ACÇÃO DE FORMAÇÃO NAS MODALIDADES DE ESTÁGIO, PROJECTO, OFICINA DE FORMAÇÃO E CÍRCULO DE ESTUDOS Formulário de preenchimento obrigatório, a anexar à ficha modelo ACC
2
An2-B
Nº _______
1. DESIGNAÇÃO DA ACÇÃO DE FORMAÇÃO A utilização das TIC nos processos de ensino/ aprendizagem
2. RAZÕES JUSTIFICATIVAS DA ACÇÃO: PROBLEMAS/NECESSIDADES DE FORMAÇÃO IDENTIFICADOS A escola, enquanto organização social, apresenta uma complexidade natural própria a que se juntam todas as valências de ordem educativa, curricular e pedagógica. Tanto no âmbito educativo como no organizacional as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) têm vindo a assumir um papel cada vez mais influente e imprescindível, sendo notória uma evolução permanente nos paradigmas relacionados coma sua utilização. Se encararmos os diversos componentes das organizações escolares de ensino não superior numa perspectiva sistémica, se houver um conhecimento integrador das realidades e necessidades e a esta visão aplicarmos os recursos tecnológicos adequados, poderemos dar um salto qualitativo enorme na produtividade e eficiência do uso educativo das TIC, o que se tenderá a reflectir nos resultados educativos da instituição cujo beneficiário principal é o aluno. Pretende-se, com esta acção de formação promover o desenvolvimento curricular, a integração transdisciplinar das TIC, a elaboração de recursos educativos digitais e a sua aplicação no processo de ensino/aprendizagem, de forma a fomentar o desenvolvimento de mais e melhor ensino e aprendizagem. Pretende-se ainda promover a reflexão sobre metodologias de aplicação das TIC no processo de ensino/aprendizagem, incentivar a produção, pelos professores, de materiais de apoio ao ensino e sua disponibilização on-line, prolongando os momentos de aprendizagem no tempo e no espaço. As ferramentas de comunicação e interacção à distância proporcionados pelas TIC podem ser potenciadas na promoção de boas práticas nos vários contextos e modelos de aprendizagem, de que são exemplo o trabalho colaborativo e as comunidades virtuais de aprendizagem. A implementação de novos modelos curriculares com maior ênfase em competências transversais e na realização de tarefas de uma forma autónoma por parte do aluno e ainda a inclusão de novas áreascurriculares não disciplinares, justifica a formação de professores de forma a dar respostaa estes paradigmas, incluindo as TIC como ferramentas potenciadoras e geradoras de novas situações de aprendizagem e metodologias de trabalho. Esta Acção é desenvolvida no âmbito do quadro de referência para a formação contínua de professores naárea das TIC, definido pelo CRIE – ME, dando resposta às necessidades de formação dos professores e devendo estar articulada com as iniciativas TIC nas Escolas.
376
3. DESTINATÁRIOS DA ACÇÃO 3.1. Equipa que propõe (caso dos Projectos e Círculos de estudo) (Art. 12º - 3 RJFCP) (Art. 33º c) RJFCP) 3.1.1. Número de Proponentes: 3.1.2. Escola(s) a que pertence(m): 3.1.3. Ciclos/Grupos de docência a que pertencem os proponentes: 3.2. Destinatários da modalidade: (caso de Estágio ou Oficina de Formação) Professores de todas as áreas e níveis de ensino 4. EFEITOS A PRODUZIR: MUDANÇAS DE PRÁTICAS, PROCEDIMENTOS OU MATERIAIS DIDÁCTICOS • Utilização de metodologias activas e participativas, com recurso às TIC, no processo de ensino e aprendizagem; • Utilização crítica das TIC como ferramentas transversais ao currículo; • Partilha de experiências/recursos/saberes no seio da comunidade educativa; • Valorização de uma prática avaliativa indutora de melhoria da qualidade dos processos educativos; • Estimulo a estratégias pedagógicas promotoras de metodologias inovadoras; • Adopção de práticas que levem ao envolvimento dos alunos em trabalho prático com TIC; •
Produção, utilização e avaliação de recursos educativos digitais potenciadores da construção do conhecimento; • Mudança de práticas, com a integração de ferramentas de comunicação e
interacção à distância, no processo de ensino e aprendizagem; • Prolongamento dos momentos de aprendizagem no tempo e no espaço, fomentando a disponibilização on-line de recursos educativos; • Desenvolvimento de projectos/actividades que potenciem a utilização das TIC em contextos
inter e transdisciplinares; • Promoção de momentos de reflexão decorrentes da prática lectiva. 5. CONTEÚDOS DA ACÇÃO (Práticas Pedagógicas e Didácticas em exclusivo, quando a acção de formação decorre na modalidade de Estágio ou Oficina de Formação) 1. Apresentação de experiências, por parte dos formandos e do formador, de utilização das TIC como instrumento didáctico; 2. Potencialidades das TIC no processo de ensino aprendizagem – apresentação de boas práticas; 3. Metodologias de integração das TIC, com particular destaque para a Internet, no processo de construção e produção do conhecimento; As TIC como: a. Meio de informação que suporte o aprender pesquisando, descobrindo e confrontando. b. Contextos que ofereçam meios seguros de exploração para aprender fazendo. c. Meio de comunicação que sustentem o aprender comunicando e colaborando. 4. Estratégias de utilização das TIC numa perspectiva de reorganização e gestão de sala de aula, adaptadas aos espaços e equipamentos disponíveis nas escolas; 5. Produção e utilização de recursos para o ensino e aprendizagem. a. Concepção de recursos de suporte à actividade dos professores; b. Concepção de recursos para o apoio à aprendizagem dos alunos; 6. Capacidade de produção de produtos e recursos pelos alunos. 7. Construção de uma ou duas actividades a realizar em contexto de sala de aula, por parte de cada um dos formando/grupo de formandos; 8. Intervenção no terreno/aplicação das actividades; 9. Avaliação da/s actividade/es realizada/as – reflexão, análise e discussão em grupo; Algumas sugestões de trabalho (tabela anexa mais detalhada) Cada formando elaborará um portfólio que poderá consistir em: • Planos de Unidades/ projectos;
377
• Apresentações multimédia; • Publicações (boletim informativo, folheto, …) • Recursos educativos digitais; • Planeamento de “WebQuests” e de “caça ao tesouro”. • Produção de “WebQuizes” • Fichas e testes em formato digital • Ferramentas de avaliação dos materiais elaborados Utilizar ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona Cada formando colocará on-line o portfólio disponibilizando os materiais aos alunos e colegas 6. METODOLOGIA DE REALIZAÇÃO DA ACÇÃO 6.1. Passos metodológicos A acção terá 25 horas presenciais e 25 horas de trabalho autónomo. Sessões presenciais • Iniciação ao ambiente on-line de suporte ao trabalho; • Abordagem aos conteúdos / temas identificados no ponto 5 • Análise/discussão/reflexão, em que se avaliarão os resultados obtidos. Trabalho autónomo • Intervenção no terreno através da aplicação dos materiais produzidos e das estratégias
definidas. (25 horas) • Apoio através de uma plataforma de aprendizagem on-line que servirá de base a um centro virtual de apoio/comunidade de prática (local de comunicação e apoioe colaboração entre todos os participantes). Passos metodológicos • Estrutura da realização das sessões o presencial inicial (9h) o não presencial: autónomo e com apoio a distância (12,5h) o presencial intermédio (9h) o não presencial: autónomo e com apoio a distância (12,5h) o presencial final e avaliação (7h) 6.2. Calendarização 6.2.1. Período de realização da acção durante o mesmo ano escolar: Entre os meses de Janeiro e Julho 6.2.2. Número de sessões previstas por mês: 0 a 2 6.2.3. Número de horas previstas por cada tipo de sessões:
Sessões presenciais conjuntas: 2 a 5 Sessões de trabalho autónomo: 2 a 5
7. APROVAÇÃO DO ÓRGÃO DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA: (Caso de Modalidade do Projecto) (Art. 7º, 2 RJFCP) Data: Cargo: Assinatura: 8. CONSULTOR CIENTÍFICO-PEDAGÓGICO OU ESPECIALISTA NA MATÉRIA (Art. 25º - A, 2 c) RJFCP) Nome: xxxx (Modalidade de Projecto e Círculo de Estudos) delegação de competências do Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua (Art. 37º f) RJFCP) SIM NÃO Nº de Acreditação do consultor
378
9. REGIME DE AVALIAÇÃO DOS FORMANDOS Avaliação Contínua Avaliação dos trabalhos produzidos Relatório dos formandos Relatório do formador Para efeitos da atribuição de créditos aos formandos, e como previsto no regulamento desta modalidade deformação, o trabalho destes será ainda avaliado pelo consultor da formação, de acordo com as metodologiasque este entender convenientes 10. FORMA DE AVALIAÇÃO DA ACÇÃO Avaliação pelos formandos Avaliação pelo formador Avaliação externa 11. BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL A Internet – Manual de formação para professores(1999) .Texto Editora. Adell, J. (1997). Tendencias en educación en la sociedad de las tecnologías de la información. Eça, Teresa Almeida (1998). NetAprendizagem. Porto Editora. Porto. Harasinm, L et al (1995). Learning Networks. MIT Press. Cambridge Massachusetts. Livro Verde para a Sociedade da Informação (1997). Missão para a sociedade da Informação. MCT. Novak, J.D. (1997). A theory of education. Ithaca: Cornell Uni. Press. Ponte, J. (1997). As novas tecnologias e a educação. Lisboa: Texto Editora. Projecto CASCO - Comunidade de Aprendizes na Sociedade do Conhecimento, Julho 2001, Centro de Formação da Associação de Escolas do Concelho de Aveiro. Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal, Missão para a Sociedade da Informação, aprovado pelo Conselho de Ministros, no dia 17 de Abril de 1997. Lacerda, Fernando Alberto, 2001, Novas Tecnologias de Informação e Comunicação e animação de espaços escolares de ensino-aprendizagem, círculo de estudos. DIAS, P., 2003, "Redes e comunidades de aprendizagem distribuída", comunicação proferida no encontro EvoluTIC, I Encontro Ibérico de Tecnologias da Informação, Beja. DAPP, Ministério da Educação; 2002; As TIC e a qualidade das aprendizagens, Estudos de caso em Portugal, OCDE, Lisboa, 1ª ed. DAPP, Ministério da Educação; 2002; Currículo Básico em TIC para professores, Lisboa, http://www.dapp.min-edu.pt/nonio/formacao/1-CURRICULO.pdf [29/02/2004] Becta, 2003; Timesaver. Becta ICT Advice for teachers. Disponível em: http://www.ictadvice.org.uk . Acedido em 18 de Setembro de 2005. Roblyer, M. D., Edwards, J., Havriluk, M. A. (1997) Integrating Technology into Teaching. Prentice-Hall, Inc, New Jersey Druin, A., Solomon, C. (1996). Designing Multimedia Environments for Children: Computers. Creativity and Kids. New York: John Wiley & Sons. Data: / / Assinatura _________________________________________
379
Apêndice B – Programa da Ação de Formação das Oficinas 2 e 3
[modelo de acreditação – CCPFC]
CONSELHO CIENTÍFICO-PEDAGÓGICO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA APRESENTAÇÃO DE ACÇÃO DE FORMAÇÃO NAS MODALIDADES DE ESTÁGIO, PROJECTO, OFICINA DE FORMAÇÃO E CÍRCULO DE ESTUDOS
Formulário de preenchimento obrigatório, a anexar à ficha modelo ACC2
Nº
1. DESIGNAÇÃO DA ACÇÃO DE FORMAÇÃO
RECURSOS EDUCATIVOS DIGITAIS
2. RAZÕES JUSTIFICATIVAS DA ACÇÃO: PROBLEMA/NECESSIDADE DE FORMAÇÃO IDENTIFICADO Com vista à elaboração do seu plano de Formação para 2009/2010 a Comissão Pedagógica do Centro identificou, nas escolas associadas, necessidades de formação na área das tecnologias de informação e comunicação, a vários níveis. Foram identificadas necessidades de formação, para vários professores, ao nível da utilização básica, indispensável hoje em dia a qualquer professor, de ferramentas computacionais, como o trabalho com bases de dados (Alunos, ENES), com processadores de texto para a elaboração de documentos como textos de apoio, propostas de trabalho ou testes e exames, com folha de cálculo para registo e tratamento de dados (classificações e assiduidade), com programas de apresentações de slides, a utilização da Internet e do correio electrónico, ou o trabalho com imagens. A par destes, foi ainda constatado que alguns professores, que já utilizam as ferramentas computacionais no dia a dia, sentem necessidades de aprofundamento da utilização de alguns programas mais específicos para determinados fins. Ora, tendo estas Escolas, entre os seus professores, recursos humanos com qualificação para proporcionar esta formação em contexto, foi decidido elaborar uma Oficina de formação que se desenvolverá nas várias escolas em simultâneo ou não. Serão constituídas as turmas com professores do mesmo ciclo de ensino, incluindo formandos dos vários grupos de docência numa perspectiva pluridisciplinar de partilha de conhecimento entre pares. Espera-se que a participação no Acção promova o desenvolvimento de uma cultura de Escola de trabalho colaborativo e de aprendizagem entre pares, que venha a ser disseminada pelos vários departamentos.
3. DESTINATÁRIOS DA ACÇÃO 3.1. Equipa que propõe (caso dos Projectos e Círculos de Estudo) (Art. 12º - 3 RJFCP) (Art. 33º c) RJFCP) 3.1.1. Número de proponentes: 100 3.1.2. Escola(s) a que pertence(m): Escolas Associadas do Centro 3.1.3. Ciclos/Grupos de docência a que pertencem os proponentes: Todos os grupos disciplinares do Ensino Pré-escolar, Básico e Secundário 3.2. Destinatários da modalidade; (Oficina de Formação) Todos os grupos de docência do Ensino Pré-escolar , Básico e Secundário
An2 - B
380
4. EFEITOS A PRODUZIR: MUDANÇA DE PRÁTICAS, PROCEDIMENTOS OU MATERIAIS DIDÁCTICOS Como já foi referido no ponto 2, pretende-se com este projecto: Qualificação dos professores da Escola como utilizadores de tecnologias computacionais para produção de materiais didácticos e para apoio às suas práticas profissionais. Produção de materiais didácticos para o ensino das várias disciplinas envolvidas. Prática do trabalho colaborativo e de partilha dentro e entre os grupos disciplinares, na disseminação de conhecimentos sobre a utilização de software de apoio ao trabalho do professor. Prática de utilização dos meios electrónicos para comunicar com e informar os elementos da comunidade escolar: outros professores, pais e encarregados de educação, alunos. Disseminação de uma cultura de formação e auto-formação em contexto escolar, como forma de responder aos problemas sentidos nas Escolas e de implementar os seus Projectos Educativos.
5. CONTEÚDOS DA ACÇÃO (Práticas Pedagógicas e Didácticas em exclusivo, quando a acção de formação decorre na modalidade de Estágio ou Oficina de Formação) Comunicação e Informação: Pesquisa na Internet - conteúdos, sítios e imagens Utilização de correio electrónico Criação de conteúdos para página Internet, blog, etc. Plataforma Moodle Processamento de texto e elaboração de documentos Processamento de imagem para apresentações, documentos e outros suportes Folha de cálculo para organização e tratamento de dados Apresentações electrónicas Bases de dados (utilização) Programas de geometria dinâmica (para o ensino da Geometria Descritiva e da Matemática) Digitalização de documentos e imagens
6. METODOLOGIAS DE REALIZAÇÃO DA ACÇÃO 6.1 Passos metodológicos Cada formando apresentará previamente um plano de trabalho onde indicará quais as suas necessidades de formação (formulário fornecido pelos formadores) e quais os trabalhos que pretende desenvolver, para a sua prática profissional, durante o projecto. Com base nos planos de todos formandos, os formadores organizarão grupos de trabalho de formandos, preferencialmente interdisciplinares, que trabalharão colaborativamente nas sessões autónomas e para quem prepararão materiais de apoio e planificarão sessões presenciais que proporcionem o desenvolvimento das competências necessárias à realização dos trabalhos. Todo o trabalho será acompanhado e apoiado através da plataforma Moodle da Escola, que será não só objecto de aprendizagem, como instrumento de trabalho preferencial para a comunicação à distância entre formandos e formadores e para suporte dos materiais de apoio da formação. Os trabalhos realizados pelos formandos, sempre no âmbito da sua actividade profissional, serão disponibilizados on-line para todos os elementos envolvidos, e serão apresentados e discutidos nas sessões presenciais finais. 6.2 Calendarização 6.2.1. Período de realização da acção durante o mesmo ano escolar: Entre os meses de Outubro e Maio 6.2.2. Número de sessões previstas por mês: 3 6.2.3. Número de horas previstas por cada tipo de sessões: 3 horas Sessões presenciais conjuntas 25 horas
381
Sessões de trabalho autónomo 25 horas
7. APROVAÇÃO DO ÓRGÃO DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA: (Caso de Modalidade de Projecto) (Art. 7º, 2 RJFCP) Data: ____/____/____ Cargo: ___________________________________________________ Assinatura: ________________________________________________________________________________
8. CONSULTOR CIENTÍFICO-PEDAGÓGICO OU ESPECIALISTA NA MATÉRIA (Art. 25º-A, 2 c) RJFCP) Nome: (Modalidade de Projecto e Círculo de Estudos) delegação de competências do Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua (Art. 37º f) RJFCP) Sim Não Nº de acreditação do consultor _CCPFC/CF 0232/09
9. REGIME DE AVALIAÇÃO DOS FORMANDOS - A avaliação dos formandos decorre em conformidade com o Regime Jurídico da Formação Contínua, o nº 2 do artº 46º do ECD, aprovado pelo Decreto-Lei nº 15/2007, de 19 de Janeiro e a Carta Circular CCPFC-3-2007 - Setembro)
- A avaliação do desempenho dos formandos na formação tem em conta os seguintes parâmetros: - Qualidade dos trabalhos produzidos e o impacto a nivel da escola e/ou da sala de aula - Qualidade/competências de trabalho em equipa/colaborativo e participação presencial e online - Qualidade de reflexão sobre as práticas - Progressão da aprendizagem nas componenentes TIC - Os critérios de avaliação serão acordados entre formadores e formandos tendo em conta os referenciais de “qualidade” das prestações dos formandos nos diversos parâmetros a avaliar. - Da avaliação dos formandos, o formador elaborará um relatório descritivo sobre a prestação de cada formando tendo em conta parâmetros e critérios definidos. - A proposta de classificação quantitativa e qualitativa tem fundamento nesse relatório.
10. FORMA DE AVALIAÇÃO DA ACÇÃO - A acção será avaliada em função dos dados recolhidos junto dos Formandos, dos Formadores e do
Consultor/Especialista através de fichas quantitativas e qualitativas, relatórios e pareceres dos
diversos intervenientes.
11. BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL e RECURSOS NA INTERNET Council of Europe. Manual da Literacia Digital para Educadores, http://www.seguranet.pt/files/manual_literacia.swf David H. Jonassen, 2007. Computadores, Ferramentas Cognitivas - Desenvolver o pensamento crítico nas escolas. Porto Editora. King, J. e Schattschneider, D., 2003. Geometria Dinâmica. Lisboa: Associação de Professores de Matemática Seguranet. Programa de Sensibilização para uma Internet mais Segura – Manual do Professor – http://moodle.crie.min-edu.pt/file.php/113/Manual_Profs_SAFT.pdf Seguranet. Guia Prático para o Professor – http://moodle.crie.min-edu.pt/file.php/113/Guia_Profs.pdf Utilização de Plataformas na Educação, http://moodle.crie.min-edu.pt/course/view.php?id=400 Outra bibliografia irá sendo definida e fornecida em função dos projectos dos formandos e dos diagnósticos realizados pelos formadores.
Data: __9_/__7__/_2009___ Assinatura
___________________________
382
Apêndice C – Questionário inicial da Oficina 1
"A Utilização das TIC nos Processos de Ensino e Aprendizagem" Questionário inicial
Ciclo de ensino: ____ Anos de ensino: ____ Disciplina(s) que ensina:_______________ A presente formação tem por objectivo que os professores reflictam sobre a utilização que fazem do computador e da Internet, da pertinência da integração das TIC nos processos de ensino pedagógico e sobre as suas práticas pedagógicas.
Este questionário inicial pretende fazer um levantamento sobre as práticas e os conhecimentos que os professores têm sobre esta temática.
1. Em termos de utilização pessoal do computador e da Internet, considere as seguintes situações e
classifique-as do ponto de vista das suas competências, de 1 a 5, sendo que,
1 – não sei de todo
2 – já ouvi falar mas não sei fazer
3 – sei, mas faço-o pontualmente
4 – sei e faço-o com à vontade
5 – sei e faço-o com grande autonomia
1.1 – Sei utilizar o computador: ___
1.2 – Sei utilizar a Internet
1.2.1 – para pesquisar informação: ___
1.2.2 – para receber e enviar e-mails: ___
1.2.3 – para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle): ___
1.2.4 – para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle): ___
1.2.5 – para outras finalidades (indique quais): ________________________________
_____________________________________________________________________________
2. Profissionalmente, uso o computador e/ou a Internet (utilize a seguinte escala de 1 a 4)
1-nunca
2-às vezes
3-com frequência
4-com muita frequência
2.1 – para registo de faltas e de avaliações dos meus alunos, enquanto director/a de turma: ___
2.2 – Utilizo o processador de texto (ex: Word) para fazer fichas e testes, ou outros documentos em formato digital: ___
2.3 – Utilizo o power point para, nas aulas, projectar apresentações aos meus alunos sobre a matéria: ___
2.4 – Na Internet pesquiso informação que utilizo para preparar aulas: ___
2.5 - Na Internet pesquiso informação que utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Conselho Executivo, ou Pedagógico, ou Administrativo: ___
383
2.5 – Com a Internet, interajo com os meus alunos, fora das aulas (ex: menseger): __
2.6 – Em situação de formação, para a realização de trabalhos: ___
2.7 – Em situações de sala de aula, com os meus alunos a utilizarem computadores para:
2.7.1 – pesquisarem informação: ___
2.7.2 – fazerem trabalhos em Word, ou power point: ___
2.7.3 – outras situações (indique quais): ____________________________________
____________________________________________________________________________
3. Sobre o computador e a Internet na escola:
3.1 – Considero o uso que faço dos computadores e da Internet, para fins profissionais (assinale com um X a opção em que se enquadra):
3.1.1 – nada satisfatório ___
3.1.2 – pouco satisfatório ___
3.1.2 – satisfatório ___
3.1.3 – muito satisfatório ___
3.1 – Caso tenha assinalado, na questão anterior, a possibilidade 3.1.1. ou a 3.1.2, indique quais das seguintes situações (pode assinalar, com um X, mais do que uma situação) impedem que o uso dos computadores seja satisfatório ou muito satisfatório:
- Não uso os computadores e a Internet na escola com os meus alunos na sala de aula por
3.1.2- falta de condições físicas (falta de equipamentos e espaços adequados): ___
3.1.2 – falta de à vontade enquanto utilizador/a dos equipamentos: ___
3.1.3 – falta de conhecimentos no que respeita à organização de aulas com computadores e Internet ___
3.1.4 – não considero interessante do ponto de vista das aprendizagens dos alunos que estes usem computadores e Internet nas minhas aulas ___
4. Sobre as práticas pedagógicas que usa, nas suas aulas:
4.1 – São: nada, pouco, ou muito variadas? __________________________________________
4.2 – Classifique de 1 a 5 (1-nunca; 2-por vezes; 3-com alguma frequência; 4-com muita frequência; 5-sempre) o tipo de aulas, mais comum, que dá (atente às metodologias / estratégias que utiliza):
4.2.1 - leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de explicações: __
4.2.2 - leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de resolução de exercícios: __
4.2.3 – explicações orais seguidas de perguntas aos alunos: __
4.2.4 – explicações orais e no quadro: __
4.2.5 – apresentação de imagens projectadas ou em quadros, seguida de explicações
4.2.6 – trabalho de grupo, em que os alunos resolvem exercícios, depois de eu explicar a matéria
4.2.7 – trabalho de grupo em que os alunos exploram a matéria depois de eu a explicar
384
4.2.8 – trabalho de grupo em que os alunos exploram a matéria antes de eu a explicar
4.2.9 – trabalho de projecto em que os alunos resolvem problemas ou exploram temas relacionados com a matéria
4.2.10 – outras (indique quais e respectiva frequência de aplicação): _______________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
5 – Computadores e Internet na escola porque (1-não concordo; 2-eventualmente; 3-concordo; 4-concordo plenamente) – classifique de 1 a 4 as seguintes frases de acordo com a sua opinião:
5.1 – é motivador para os alunos___
5.2 – pode facilitar o trabalho de ensinar nas aulas___
5.3 – pode facilitar as aprendizagens dos alunos___
5.4 – é uma moda___
5.5 – é vantajoso na preparação de aulas___
5.6 – mais tarde ou mais cedo todos os professores terão que os usar, obrigatoriamente___
6 – Qual o seu grau de motivação (1-nada; 2- pouco; 3-medianamente; 4- muito) para vir a usar computadores e Internet com os alunos na sala de aula? ___
FIM – Muito obrigada pela sua colaboração
385
Apêndice D – Referendos da Oficina 1
1º referendo
Dava-me jeito era uma formação de carácter mais teórico
Dava-me jeito era uma formação de carácter mais técnico
Dava-me jeito era uma formação mais simples
Dava-me jeito era uma formação de carácter mais prático
Dava-me jeito era uma formação mais orientada
Dava-me jeito era uma formação menos orientada
Dava-me jeito era uma formação mais concreta
Dava-me jeito era uma formação de carácter mais científico
Dava-me jeito era uma formação sobre outras temáticas
Dava-me jeito era uma formação, tecnicamente, mais aprofundada
Dava-me jeito era uma formação, pedagogicamente, mais aprofundada
Esta formação dá-me jeito por estar adequada às minhas necessidades
2º referendo
Estou muito satisfeito/a com esta formação
Estou satisfeito/a com esta formação
Estou medianamente satisfeito/a com esta formação
Estou pouco satisfeito/a com esta formação
Não estou nada satisfeito/a com esta formação
3º referendo
... aprofundar o domínio que tenho das ferramentas informáticas (word, ou moodle, ou power point...)
386
... alterar as minhas práticas pedagógicas na sala de aula com os meus alunos (ou fazer mais trabalho de grupo, ou ensino mais diferenciado, ou trabalho de projecto, etc)
... aprofundar os meus conhecimentos sobre a utilização das TIC com os alunos
... aprofundar os meus conhecimentos sobre a utilização das TIC na escola
... ser dispensado/a de ter de utilizar as TIC no meu trabalho
387
Apêndice E – Questionário final da Oficina 1
"A Utilização das TIC nos Processos de Ensino e Aprendizagem" Questionário final
Ciclo de ensino: ____ Anos de ensino: ____ Disciplina(s) que ensina:_______________ A presente formação teve por objectivo que os professores reflectissem sobre a utilização que fazem do computador e da Internet, da pertinência da integração das TIC nos processos de ensino pedagógico e sobre as suas práticas pedagógicas.
Este questionário final pretende fazer um levantamento sobre as eventuais alterações de práticas pedagógicas decorrentes da utilização feita das TIC ao longo dos meses de formação.
1. Em termos de utilização pessoal do computador e da Internet, considere as seguintes situações e
classifique-as do ponto de vista das suas competências, de 1 a 5, sendo que,
1 – não sei de todo
2 – já ouvi falar mas não sei fazer
3 – sei, mas faço-o pontualmente
4 – sei e faço-o com à vontade
5 – sei e faço-o com grande autonomia
Quando iniciei esta formação em Novembro de 2008 já sabia:
1.1 – utilizar o computador: ___
1.2 - utilizar a Internet
1.2.1 – para pesquisar informação: ___
1.2.2 – para receber e enviar e-mails: ___
1.2.3 – para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle): ___
1.2.4 – para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle): ___
1.2.5 – para outras finalidades (indique quais): ________________________________
_____________________________________________________________________________
2. Tenha em conta as seguintes situações identificadas na tabela que se segue. Utilize a seguinte escala de 1 a 4:
1-nunca
2-às vezes
3-com frequência
4-com muita frequência
Situação Antes da formação Durante e depois da formação
Utilizava / Utilizo o processador de texto (ex: Word) para fazer fichas e testes, ou outros documentos em formato digital:
388
Utilizava / Utilizo o power point para, nas aulas, projectar apresentações aos meus alunos sobre a matéria
Na Internet pesquisava / pesquiso informação que utilizo para preparar aulas
Na Internet pesquisava / pesquiso informação que utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Conselho Executivo, ou Pedagógico, ou Administrativo
Com a Internet, interagia / interajo com os meus alunos, fora das aulas (ex: menseger)
Utilizava / Utilizo em situação de formação, para a realização de trabalhos
Utilizava / Utilizo em situações de sala de aula, com os meus alunos a utilizarem computadores para pesquisarem informação
Utilizava / Utilizo em situações de sala de aula, com os meus alunos a fazerem trabalhos em Word, ou power point
Utilizava / Utilizo em sala de aula, noutras situações (indique quais)
3. Identifique vantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos professores
4. Identifique vantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos alunos
5. Identifique desvantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos professores
6. Identifique desvantagens da utilização dos computadores e da Internet pelos alunos
7. Terminada esta formação penso que as minhas maiores dificuldades, neste momento, no que respeita à utilização das TIC são:
389
Apêndice F – Questionário inicial da Oficina 2
1. Tem acesso ao computador em sua casa?
Sim ___ Não ___
2. Tem acesso à Internet em sua casa?
Sim ___ Não ___
3. Em média, por semana, quantas horas despende no computador?
Menos de 2 horas ___ Entre 2 e 6 horas ___ Mais de 6 horas ___
4. Em relação às ferramentas/actividades/recursos a seguir indicados, indique a frequência com que as utiliza:
Nunca - Poucas vezes - Bastantes vezes - Muitas vezes
Word ___________________________
Power Point ___________________________
Excel ___________________________
Internet ___________________________
E-mail ___________________________
Plataforma Moodle da sua escola ___________________________
Utilização dos computadores na sua escola ___________________________
Utilização das TIC na sala de aula ___________________________
Comunicação com os alunos através de e-mail, chat, fóruns, etc. ___________________________
Disponibilização online de materiais de apoio para os alunos ___________________________
Incentivo dos alunos a pesquisar informação na Internet ___________________________
Utilização das TIC na elaboração de fichas ou documentos de apoio ___________________________
Utilização das TIC na elaboração de testes ___________________________
Utilização das TIC em tarefas relacionadas com os cargos que desempenha ___________________________
Incentivo aos seus alunos a executarem trabalhos com recurso às TIC ___________________________
Valorização do uso das TIC no trabalho individual/grupo dos seus alunos ___________________________
Sugestão de sites ou blogs específicos aos alunos ___________________________
Criação de sites ou blogs para os alunos ___________________________
Utilização dos Quadros Interactivos com os alunos na sala de aula _________________________
5. Com que frequência usa estes meios/recursos nas suas aulas ou na sua escola?
Nunca – Poucas vezes - Bastantes vezes - Muitas vezes
390
O seu computador ___________________________
Projecção de Powerpoint ___________________________
Internet / Sites ___________________________
Blogs ___________________________
Quadro interactivo ___________________________
Word ___________________________
Excel ___________________________
E-mail ___________________________
Plataforma Moodle da sua escola ___________________________
Utilização dos computadores na sua escola ___________________________
Utilização das TIC na sala de aula ___________________________
Comunicação com os alunos através de e-mail, chat, fóruns, etc. ___________________________
Disponibilização online de materiais de apoio para os alunos ___________________________
Incentivo dos alunos a pesquisar informação na Internet ___________________________
Utilização das TIC na elaboração de fichas ou documentos de apoio ___________________________
Utilização das TIC na elaboração de testes ___________________________
Utilização das TIC em tarefas relacionadas com os cargos que desempenha ___________________________
Incentivo aos seus alunos a executarem trabalhos com recurso às TIC ___________________________
Valorização do uso das TIC no trabalho individual/grupo dos seus alunos ___________________________
Sugestão de sites ou blogs específicos aos alunos ___________________________
Criação de sites ou blogs para os alunos ___________________________
6. Qual é o método que privilegia quando quer facultar documentos de apoio aos seus alunos ?
Fotocópias ___________________________
E-mail ___________________________
Plataforma Moodle ___________________________
7. Na sua opinião o uso das TIC no processo de ensino, aprendizagem e avaliação é:
Muito importante ___
Importante ___
Dispensável ___
Não tenho uma opinião bem formada ___
391
8. Indique as razões pelas quais usa pouco, ou não usa, ou não usa mais, as TIC (indique se usa pouco, ou não usa, ou não usa mais, sublinhando a expressão onde acha que se integra no que diz respeito ao uso das TIC)
Discordo totalmente – Discordo – Concordo - Concordo totalmente
Porque não as sabe explorar devidamente ___________________________
Porque não tem formação suficiente ___________________________
Porque o seu uso não é essencial ___________________________
Porque não tem condições na sala de aula ___________________________
Porque não tem tido tempo para aprender ___________________________
Porque o uso das TIC não se adapta às disciplinas que lecciona ___________________________
Outras razões – indique quais ________________________________________________________________________
9. Indique as razões para frequentar esta acção de formação
Discordo totalmente – Discordo – Concordo - Concordo totalmente
Valorização e desenvolvimento profissional ___________________________
Aprender a tirar partido do uso das TIC ___________________________
Obtenção de créditos ___________________________
Outras razões – indique quais ________________________________________________________________________
10. Quais as suas expectativas relativamente às TIC, na sua escola?
392
Apêndice G – Questionário final da Oficina 2
OFICINA DE FORMAÇÃO "Recursos Educativos Digitais" Questionário final Ciclo de ensino: ______ Anos de serviço na profissão: ____ Disciplina(s) que ensina:___________________________
Este questionário final pretende fazer um levantamento sobre as eventuais alterações de
práticas pedagógicas decorrentes da utilização feita das TIC ao longo dos meses de formação. 1. Em termos de utilização pessoal do computador, considere as seguintes situações e faça uma
X no sempre que se identifica com a situação. Nesses casos classifique essa utilização em
PONTUALMENTE ou COM FREQUÊNCIA.
Quando iniciei esta formação em Janeiro de 2010:
1.1 – Não sabia utilizar o computador ……………………………. 1.2 – Utilizava o computador para pesquisar na Internet ……………………………. 1.3 – Utilizava o computador para processamento de texto (Word) ……………………………. 1.4 – Utilizava o computador para fazer apresentações (Power point) ……………………………. 1.5 – Utilizava o computador para tratamento de imagens / fotografias ……………………………. 1.6 – Utilizava o computador para tratar dados (Excel ou programas de bases de dados) ……………………. 1.7 – Utilizava o computador para outras finalidades Se assinalou esta possibilidade, identifique as finalidades:
_________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
2. Em termos de utilização da Internet, considere as seguintes situações e faça uma X no
sempre que se identifica com a situação. Nesses casos classifique essa utilização em PONTUALMENTE ou COM FREQUÊNCIA. Quando iniciei esta formação em Janeiro de 2010:
2.1 – utilizava a Internet para pesquisar informação ……………………………. 2.2 - para receber e enviar e-mails ……………………………. 2.3 - para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle) ……………………………. 2.4 - para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle) ……………………………. 2.5 - para outras finalidades (indique quais): ___________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
393
3. Tenha em conta as seguintes situações identificadas na tabela que se segue. Recorde o tipo
de utilização que fazia do computador e da Internet, antes e durante a formação. Utilize a
seguinte escala de 1 a 4, sendo que:
1 significa nunca 2 significa às vezes 3 significa com frequência 4 significa com muita
frequência
Situação Antes da formação Durante a formação
Utilizava / Utilizo o processador de texto (ex:
Word) para fazer fichas e testes, ou outros documentos em formato digital, escolares.
Utilizava / Utilizo um apresentador electrónico
(ex: power point) para, nas aulas, projectar apresentações aos meus alunos sobre a
matéria.
Na Internet pesquisava / pesquiso informação que utilizo para preparar aulas.
Na Internet pesquisava / pesquiso informação
que utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Conselho Executivo, ou Pedagógico, ou
Administrativo
Com a Internet, interagia / interajo com os meus alunos, fora das aulas (ex: menseger)
Utilizava / Utilizo o computador e a Internet
em situação de formação, para a realização de trabalhos
Utilizava / Utilizo em situações de sala de
aula, com os meus alunos a utilizarem computadores para pesquisarem informação
Utilizava / Utilizo o email para uso profissional individual.
Utilizava / Utilizo o email para uso profissional com os alunos.
Utilizava / Utilizo blogues para uso
profissional.
Utilizava / Utilizo em situações de sala de aula, com os meus alunos a fazerem
trabalhos em Word, ou power point
Utilizava / Utilizo a plataforma Moodle para
complementar o trabalho da sala de aulas
com as minhas turmas
Utilizava / Utilizo o computador para tratar
dados (programas de bases de dados)
Utilizava / Utilizo o computador para realizar cálculos e, ou, para traçar gráficos (ex: Excel)
Utilizava / Utilizo o computador para
tratamento de imagens / fotografias
Utilizava / Utilizo o quadro interactivo nas
aulas para actividades que implicam a
participação interactiva dos alunos.
Utilizava / Utilizo em sala de aula, noutras
situações (indique quais)
394
4.1 - Classifique de 1 a 5 (1-nunca; 2-por vezes; 3-com alguma frequência; 4-com muita
frequência; 5-sempre) o tipo de aulas, mais comum, que dá (atente às metodologias /
estratégias que utiliza): 4.1.1 - leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de explicações: __ 4.1.2 - leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de resolução de exercícios: __ 4.1.3 – explicações orais seguidas de perguntas aos alunos: __ 4.1.4 – explicações orais e no quadro: __ 4.1.5 – apresentação de imagens projectadas ou em quadros, seguida de explicações: __ 4.1.6 – trabalho de grupo, em que os alunos resolvem exercícios, depois de eu explicar a matéria: __ 4.1.7 – trabalho de grupo em que os alunos exploram a matéria depois de eu a explicar: __ 4.1.8 – trabalho de grupo em que os alunos exploram a matéria antes de eu a explicar: __ 4.1.9 – trabalho de projecto em que os alunos resolvem problemas ou exploram temas relacionados com a
matéria: __ 4.1.10 – outras (indique quais e respectiva frequência de aplicação): _________________________________ _________________________________________________________________________________________
4.2 – Tendo em conta a experiência tida nesta formação de utilização das TIC em sala de aula ou anteriores experiências dessa natureza, identifique quais as práticas pedagógicas /
metodologias de trabalho / estratégias que considera mais adequadas ao trabalho na sala de
aula com alunos quando utiliza as TIC. _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
5. De entre os REDs que produziu e aplicou ao longo da formação, quais os que
considera mais interessantes para o trabalho em sala de aula com os alunos e porquê. _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
6. Considerando que, eventualmente, a sua participação nesta Oficina de Formação lhe
trouxe mais valias profissionais, indique o grau de importância para o seu desenvolvimento profissional na área da utilização das TIC em contexto educativo
1. nada importante 2. pouco importante 3. importante 4. muito importante
6.1 – Ter-me inscrito na formação ___ 6.2 – Ter assistido às sessões ___
6.3 – Ter realizado as tarefas propostas ___ 6.4 – Ter o apoio da plataforma Moodle da formação ___
6.5 – Ter o apoio e ajuda de alguns colegas ___ 6.6 – Ter recebido ideias na formação para trabalhos práticos com as TIC ___
6.7 – Ter tido oportunidade de reflectir sobre como usar as TIC em contexto educativo
6.8 – Outras: _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
7. Terminada esta formação identifique as suas maiores dificuldades, se as sente, neste momento, no que respeita à utilização das TIC.
_________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
FIM – Muito obrigada pela sua colaboração
395
Apêndice H – Questionário inicial da Oficina 3
CENTRO DE FORMAÇÃO ANTÓNIO SÉRGIO Oficina de Formação "Recursos Educativos Digitais"
Questionário inicial Nº de anos de experiência docente: ______ Anos de escolaridade dos seus alunos:
_________________ Disciplina(s) que ensina:
__________________________________________________________________ A presente formação tem por objectivo que os professores reflictam sobre a utilização que fazem do computador e da Internet, da pertinência da integração das TIC e de Recursos Educativos Digitais nos processos de ensino e sobre as suas práticas pedagógicas. Este questionário inicial pretende fazer um levantamento sobre as práticas e os conhecimentos que os professores têm sobre esta temática. 1. Em termos de utilização pessoal do computador e da Internet, considere as seguintes situações e classifique-as do ponto de vista das suas competências, de 1 a 5, sendo que,
1 – não sei de todo 2 – já ouvi falar mas não sei fazer 3 – sei, mas faço-o pontualmente 4 – sei e faço-o com à vontade 5 – sei e faço-o com grande autonomia:
1.1 – Sei utilizar o computador: ___ 1.2 – Sei utilizar a Internet 1.2.1 – para pesquisar informação: ___ 1.2.2 – para receber e enviar e-mails: ___ 1.2.3 – para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle): ___ 1.2.4 – para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle): ___ 1.2.5 – para outras finalidades (indique quais): ________________________________ _____________________________________________________________________________ 2. Profissionalmente, uso o computador e/ou a Internet (utilize a seguinte escala de 1 a 4)
1 - nunca 2 - às vezes 3 - com frequência 4 - com muita frequência
2.1 – para registo de faltas e de avaliações dos meus alunos, enquanto director/a de turma: ___ 2.2 – Utilizo o processador de texto (ex: Word) para fazer fichas e testes, ou outros documentos em formato digital: ___ 2.3 – Utilizo o power point para, nas aulas, projectar apresentações aos meus alunos sobre a matéria: ___ 2.4 – Na Internet pesquiso informação que utilizo para preparar aulas: ___ 2.5 - Na Internet pesquiso informação que utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Conselho Executivo, ou Pedagógico, ou Administrativo: ___ 2.5 – Com a Internet, interajo com os meus alunos, fora das aulas (ex: menseger): __ 2.6 – Em situação de formação, para a realização de trabalhos: ___ 2.7 – Em situações de sala de aula, com os meus alunos a utilizarem computadores para: 2.7.1 – pesquisarem informação: ___ 2.7.2 – fazerem trabalhos em Word, ou power point: ___ 2.7.3 – outras situações (indique quais): ____________________________________ ____________________________________________________________________________ 3. Sobre o computador e a Internet na escola: 3.1 – Considero o uso que faço dos computadores e da Internet, para fins profissionais (assinale com um X a opção em que se enquadra): 3.1.1 – nada satisfatório ___ 3.1.2 – pouco satisfatório ___ 3.1.3 – satisfatório ___ 3.1.4 – muito satisfatório ___ 3.1 – Caso tenha assinalado, na questão anterior, a possibilidade 3.1.1. ou a 3.1.2, indique quais das seguintes situações (pode assinalar, com um X, mais do que uma situação) impedem que o uso dos computadores seja satisfatório ou muito satisfatório:
- Não uso os computadores e a Internet na escola com os meus alunos na sala de aula por 3.1.2- falta de condições físicas (falta de equipamentos e espaços adequados): ___ 3.1.2 – falta de à vontade enquanto utilizador/a dos equipamentos: ___ 3.1.3 – falta de conhecimentos no que respeita à organização de aulas com computadores e Internet ___ 3.1.4 – não considero interessante do ponto de vista das aprendizagens dos alunos que estes usem
computadores e Internet nas minhas aulas ___ 4. Sobre as práticas pedagógicas que usa, nas suas aulas: 4.1 – São: nada, pouco, ou muito variadas? __________________________________________
396
4.2 – Classifique de 1 a 5 (1-nunca; 2-por vezes; 3-com alguma frequência; 4-com muita frequência; 5-sempre) o tipo de aulas, mais comum, que dá (atente às metodologias / estratégias que utiliza):
4.2.1 - leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de explicações: __ 4.2.2 - leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de resolução de exercícios: __ 4.2.3 – explicações orais seguidas de perguntas aos alunos: __ 4.2.4 – explicações orais e no quadro: __ 4.2.5 – apresentação de imagens projectadas ou em quadros, seguida de explicações 4.2.6 – trabalho de grupo, em que os alunos resolvem exercícios, depois de eu explicar a matéria 4.2.7 – trabalho de grupo em que os alunos exploram a matéria depois de eu a explicar 4.2.8 – trabalho de grupo em que os alunos exploram a matéria antes de eu a explicar 4.2.9 – trabalho de projecto em que os alunos resolvem problemas ou exploram temas relacionados com a
matéria 4.2.10 – outras (indique quais e respectiva frequência de aplicação): _________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
5 – Computadores e Internet na escola porque (1-não concordo; 2-eventualmente; 3-concordo; 4-concordo plenamente) – classifique de 1 a 4 as seguintes frases de acordo com a sua opinião: 5.1 – é motivador para os alunos___ 5.2 – pode facilitar o trabalho de ensinar nas aulas___ 5.3 – pode facilitar as aprendizagens dos alunos___ 5.4 – é uma moda___ 5.5 – é vantajoso na preparação de aulas___ 5.6 – mais tarde ou mais cedo todos os professores terão que os usar, obrigatoriamente___ 6 – Qual o seu grau de motivação (1-nada; 2- pouco; 3-medianamente; 4- muito) para vir a usar computadores e Internet com os alunos na sala de aula? ___
FIM – Muito obrigada pela sua colaboração
397
Apêndice I – Questionário final da Oficina 3
OFICINA DE FORMAÇÃO "Recursos Educativos Digitais" Questionário final Anos de serviço na profissão: ____
Ciclo e Disciplina(s) que ensina: _______________________________________ Este questionário final pretende fazer um levantamento sobre as eventuais alterações na utilização feita das TIC ao longo dos meses de formação e ainda ver da adequação da formação às necessidades dos professores, na área das TIC. 1. Em termos de utilização pessoal do computador e da Internet no inicio desta formação, considere as seguintes situações e classifique-as, do ponto de vista da utilização pessoal que fazia, em: NUNCA, PONTUALMENTE ou COM ALGUMA FREQUÊNCIA, COM FREQUÊNCIA. Quando iniciei esta formação em Janeiro de 2011: 1.8 – Utilizava o computador para pesquisar na Internet _ 1.9 – Utilizava o computador para processamento de texto (Word) _
1.10 – Utilizava o computador para receber e enviar emails _ 1.11 – Utilizava o computador para fazer apresentações (Power point) _ 1.12 – Utilizava o computador para tratamento de imagens / fotografias _
1.13 – Utilizava o computador para tratar dados (Excel ou programas de bases de dados) _ 1.14 - Utilizava o computador para consultar informação numa plataforma (ex: Moodle) _
1.15 - Utilizava o computador para colocar informação numa plataforma (ex: Moodle) _
1.16 – Utilizava o computador e a Internet para outras finalidades Se assinalou esta possibilidade, identifique as finalidades: _
2. Tenha em conta as seguintes situações identificadas na tabela que se segue. Recorde o tipo de utilização que fazia do computador e da Internet, antes e durante a formação. Utilize a seguinte escala de 1 a 4, sendo que:
1 significa nunca 2 significa em média, uma vez por mês
3 significa em média, uma vez por semana
4 significa todos os dias ou quase
Situação Antes da formação
Durante a formação
1. Utilizava / Utilizo o processador de texto (ex: Word) para fazer fichas e testes, ou outros documentos em formato digital, escolares.
2. Utilizava / Utilizo um apresentador electrónico (ex: power point) para, nas aulas, projectar apresentações aos meus alunos sobre a matéria.
3. Na Internet pesquisava / pesquiso informação que utilizo para preparar aulas.
4. Na Internet pesquisava / pesquiso informação que utilizo para trabalho de escola (no âmbito do Grupo
ou do Departamento, do Conselho Executivo, ou Pedagógico, ou Administrativo).
5. Com a Internet, interagia / interajo com os meus alunos, fora das aulas (ex: menseger, mail…).
6. Utilizava / Utilizo o computador e a Internet em situação de formação, para a realização de trabalhos.
7. Utilizava / Utilizo em situações de sala de aula, com os meus alunos nos computadores para
pesquisarem informação.
8. Utilizava / Utilizo o email para uso profissional individual.
9. Utilizava / Utilizo o email para uso profissional com os alunos.
10. Utilizava / Utilizo blogues para uso profissional.
11. Utilizava / Utilizo em situações de sala de aula, com os meus alunos a fazerem trabalhos em Word,
ou Power Point.
11. Utilizava / Utilizo a plataforma Moodle para complementar o trabalho da sala de aulas com as minhas
turmas.
12. Utilizava / Utilizo o computador para tratar dados (programas de bases de dados).
13. Utilizava / Utilizo o computador para realizar cálculos e, ou, para traçar gráficos (ex: Excel).
14. Utilizava / Utilizo o computador para tratamento de imagens / fotografias.
15. Utilizava / Utilizo o quadro interactivo nas aulas para actividades que implicam a participação interactiva dos alunos.
16. Utilizava / Utilizo as TIC em sala de aula, noutras situações (indique quais)
4.1 - Classifique de 1 a 5 (1-nunca; 2-por vezes; 3-com alguma frequência; 4-com muita frequência; 5-sempre) o tipo de aulas, mais comum, que dá (atente às metodologias / estratégias que utiliza):
4.1.1 - leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de explicações: _
4.1.2 - leitura de textos do manual escolar ou de fichas de trabalho, seguido de resolução de exercícios: _ 4.1.3 – explicações orais seguidas de perguntas aos alunos: _
4.1.4 – explicações orais e no quadro: _ 4.1.5 – apresentação de imagens projectadas ou em quadros, seguida de explicações: _ 4.1.6 – trabalho de grupo, em que os alunos resolvem exercícios, depois de eu explicar a matéria: _
398
4.1.7 – trabalho de grupo em que os alunos exploram a matéria depois de eu a explicar: _
4.1.8 – trabalho de grupo em que os alunos exploram a matéria antes de eu a explicar: _ 4.1.9 – trabalho de projecto em que os alunos resolvem problemas ou exploram temas relacionados com a matéria: _
4.1.10 – outras (indique quais e respectiva frequência de aplicação): _
4.2 – Tendo em conta a experiência tida nesta formação de utilização das TIC em sala de aula ou
anteriores experiências dessa natureza, identifique quais as práticas pedagógicas / metodologias de trabalho / estratégias que considera mais adequadas ao trabalho na sala de aula com alunos quando utiliza as TIC.
5. De entre os REDs que produziu e aplicou ao longo da formação, quais os que considera mais interessantes para o trabalho em sala de aula com os alunos e porquê.
6. Considerando que, eventualmente, a sua participação nesta Oficina de Formação lhe trouxe
mais valias profissionais, indique o grau de importância para o seu desenvolvimento profissional na área
da utilização das TIC em contexto educativo
1. nada importante 2. pouco importante 3. importante 4. muito importante
6.1 – Ter-me inscrito na formação e obtido créditos _ 6.2 – Ter assistido às sessões _ 6.3 – Ter realizado as tarefas propostas _ 6.4 – Ter o apoio da plataforma Moodle da formação _ 6.5 – Ter o apoio e ajuda de alguns colegas _ 6.6 – Ter recebido ideias na formação para trabalhos práticos com as TIC _ 6.7 – Ter tido oportunidade de reflectir sobre como usar as TIC em contexto educativo _ 6.8 – Ter aprendido as bases para manipular ferramentas informáticas _ 6.9 – Outras, indique quais: _ 7. Terminada esta formação identifique as suas maiores dificuldades, se as sente, neste momento, no que respeita à utilização das TIC.
FIM – Muito obrigada pela sua colaboração
399
Apêndice J – Guião de Entrevistas de follow-up às Oficinas
Entrevista semi-estruturada ou aberta (a recolha de dados do follow-up das primeira e
segundas oficinas foi feita presencialmente na sede de agrupamento das escolas; a
recolha de dados do follow-up da terceira oficina foi feita por troca de e-mails entre a
investigadora e os participantes).
Objetivos:
- Compreender como é que, passados cerca de 9 meses depois de terminada cada uma
das três oficinas, os professores estão a utilizar as TIC
- Compreender a relação entre a formação feita e as práticas pedagógicas dos
professores
- Compreender que tipo de trabalho com as TIC os professores fazem nas suas aulas
- Compreender as perceções dos professores relativamente à utilização das TIC, em sala
de aula, na realização de trabalhos práticos com os alunos
O dispositivo de análise seguiu os objectivos estabelecidos e teve presente as seguintes
dimensões:
(iv) os contextos de utilização das TIC por estes professores (se em sala de aula
para trabalho prático com os alunos; se em sala de aula, como apoio ao
ensino; se em actividades de gestão, coordenação, direcção, ou outras que
não envolvam directamente a sala de aula, outros)
(v) os factores considerados facilitadores na subsequente utilização das TIC por
estes professores (a formação em que participaram, o apoio dos pares, a
motivação dos alunos, os melhores resultados nas aprendizagens dos alunos,
400
a disponibilidade crescente de equipamentos, a motivação pessoal para o uso
das TIC, outros)
(vi) os factores condicionantes ao uso das TIC (falta de equipamentos, problemas
técnicos nos equipamentos, falta de tempo para preparar aulas com recursos
às TIC, fracos resultados por parte dos alunos, desinteresse dos alunos,
outros)
Exemplos de questões na 1ª fase da entrevista
1 – Quais os motivos para se terem inscrito na Oficina X?
2 – Que evolução ou que diferenças na utilização das TIC sentem, tendo em conta a
participação na Oficina X?
3 – Que tipo de continuidade deram ao trabalhos iniciados ou desenvolvidos durante
a Oficina X?
4 – Quais os ganhos que sentiram, se os sentiram, por terem feito a Oficina X, numa
perspectiva de levarem as TIC para a sala de aula?
Exemplos de questões na 2ª fase da entrevista
1. Poderá afirmar que a formação que realizou influenciou de alguma forma as suas
práticas pedagógicas, ou seja, a forma como dá as suas aulas, as metodologias e
os recursos que utiliza? Se sim, diga como, por favor. Se não, explique porquê.
2. Passou a utilizar as TIC na sala de aula com os alunos?
3. Se sim, com que regularidade?
4. Se sim, em que situações?
5. Houve constrangimentos à utilização das TIC na sala de aula?
a. Se sim, indique quais?
b. Se sim, diga se os conseguiu ultrapassar e como.
401
Apêndice K – Questionários de avaliação das 3 oficinas
402
403
404
405
406
407
408
Apêndice L – Referencial inicial de análise dos dados
Literacias (Códigos) Competências
(Categorias)
Fundamentação teórica
Conhece-e-utiliza-as-TIC-nos-processos-de-
avaliação-e-ou-investigação
Competências de
Desenvolvimento
Profissional em TIC
Codificação e
categorização com base
nos seguintes estudos:
PICTTE (Profiles in ICT
for teachers Ecation),
1999, 2001
Competências TIC.
Estudo de
Implementação, PTE
(2009)
TPACK (2009) e Angeli,
C., & Valanides, N.
(2009)
UNESCO ICT
Competency framework
for teachers (2011)
Utiliza-as-TIC-no-seu-desenvolvimento-
profissional
Acompanha-o-desenvolvimento-das-TIC
Identifica-constragimentos-do-uso-das-TIC-no-
processo-educativo
Competências
Educativas em TIC
Identifica-e-compreende-vantagens-do-uso-das-
TIC-no-processo-educativo
Detém-conhecimento-actualizado-em-TIC-e-
seu-potencial-educativo
Desenvolve-Trabalho-Prático-com-os-alunos-
com-as-TIC
Adequa-Práticas-Pedagogicas-ao-uso-das-TIC
Competências-TIC-Professores Competências Gerais
em TIC Elabora-documentos-digitais-em-contextos-
diversificados
Adapta-ou-cria-REDs-capazes-de-facilitar-o-
ensino-aprendizagem
Executa-operações-com-equipamentos-e-Sos
Utiliza-as-TIC-para-comunicar-síncrona-ou-
assincronamente
Pesquisa-selecciona-avalia-informação-na-net-
em-função-de-objectivos
Demonstra-abertura-face-à-inovação-
tecnológica
Atitude face às TIC
Compreende-a-necessidade de-adequar-
Práticas-Pedagogicas-ao-uso-das-TIC
Procura-formação-adequada-às-suas-
necessidades-na-área-das-TIC