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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES TATIANY MARCONDES DOS SANTOS PERIFÉRICO PARA AUXILIAR A APRENDIZAGEM E PRÁTICA DE HARMONIA MUSICAL A PESSOAS COM LIMITAÇÕES MOTORAS Mogi das Cruzes, SP 2008

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

TATIANY MARCONDES DOS SANTOS

PERIFÉRICO PARA AUXILIAR A APRENDIZAGEM E

PRÁTICA DE HARMONIA MUSICAL A PESSOAS COM

LIMITAÇÕES MOTORAS

Mogi das Cruzes, SP

2008

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

TATIANY MARCONDES DOS SANTOS

PERIFÉRICO PARA AUXILIAR A APRENDIZAGEM E

PRÁTICA DE HARMONIA MUSICAL A PESSOAS COM

LIMITAÇÕES MOTORAS

Profª. Orientadora: Drª. Annie France Frère Slaets

Mogi das Cruzes, SP

200

Dissertação Apresentada à

Comissão de Pós-Graduação da

Universidade de Mogi das Cruzes,

para obtenção do Título de Mestre

em Engenharia Biomédica.

2

DEDICATÓRIA

Ao meu Deus, que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo

quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós. A Ele seja

a glória para todo o sempre. Amém!

Aos meus pais, Esdras e Denise, pela força, incentivo, dedicação, empenho,

carinho e amor, demonstrados durante toda a minha vida. Pela educação exemplar

que faz de mim o que sou hoje. Amo vocês.

Aos meus avós, Therezinha e Ferdinando (in memoriam), Dalva e Afro

(músico exemplar), pelo carinho a todo o momento.

Aos meus irmãos, Érika e Junior. Aos meus cunhados, André e Verônica. Ao

meu querido namorado, Carlos Junior. Todos me incentivando e sempre dispostos a

me ajudar. Obrigada por tudo.

A todos os meus familiares e amigos, pela amizade dedicada e por sempre

torcerem por mim.

AGRADECIMENTOS

À Professora Drª Annie France Frere Slaets, pela orientação neste trabalho e

incansável ajuda. Por seu conhecimento e dedicação de sempre.

A todos os professores do Curso de Pós-Graduação em Engenharia

Biomédica da UMC, em especial: Márcia, Silvia, Jean, Gustavo, Godoy, Fumagali,

Wagner, Luciano, Fúlvio e Arida, pelo ensino e disposição em ajudar sempre que

preciso.

Aos amigos conquistados: Bel, Nana, William, Alessandro, Terigi, Helinho,

Jaqueline B., Rico, Meire, Jaqueline A., Gabi, Andréia, Mônica, Luis Bi, Silvia S.,

Marina, Daniela, Antônio, Ivan, Samir, Rodrigo, Jefferson, Lyvyan, Beatriz, Tatiana,

Flávio, Fabi, Teresinha, e muitos outros.

A todos que direta ou indiretamente apoiaram este trabalho.

A FAEP e a CAPES pelo apoio financeiro.

“...Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações

de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso

Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!”.

Bíblia Sagrada (Apocalipse 7.12)

RESUMO

A música estimula o sistema nervoso, colabora para a melhora na modulação da dor, estimula a interação social trazendo melhora para a qualidade de vida. Entretanto, pessoas com limitações motoras severas podem ter dificuldade para o desempenho musical, pois geralmente só conseguem tocar melodias simples, acionando uma nota de cada vez com o movimento de apenas um dedo, ao invés de tocar harmonia, que exige a movimentação simultânea de três ou mais dedos de forma coordenada. Neste trabalho foi desenvolvido um método para que pessoas com limitações motoras severas possam aprender e praticar harmonia musical. Um software foi desenvolvido com a ferramenta Borland Delphi, sendo que o som das notas e dos acordes foram gravados através do programa Encore 4.5. Um periférico para acesso ao computador foi confeccionado, com LED’s de alta intensidade, circuito eletrônico de acionamento por sombra, e sete caixas de madeira articuladas que permitem o posicionamento de acordo com a necessidade do usuário. Para projetar esse periférico óptico foram modelados e simulados, através da ferramenta Blender 3D, os movimentos de pessoas e suas limitações motoras. O periférico e a disposição ergonômica dos sensores foram avaliados por simulação computacional e testados por um menino de 9 anos com seqüelas de paralisia cerebral, comprovando a eficiência do sistema. Este periférico proporcionou a usabilidade e possibilitará a aprendizagem e prática de harmonia musical por pessoas com limitações motora severas. Palavras-chave: limitação motora, tecnologia assistiva, instrumento musical.

ABSTRACT

Music stimulates the nervous system, collaborates to improve the modulation of pain, and stimulates social interaction improving the quality of life. However, people with severe motor limitations can have difficult on their musical performance, because they usually are only able to play simple melodies, activating each time one musical note with the movement of only one finger, instead of play harmony, that demands simultaneous movement of three or more fingers in coordinate form. In this work a method was developed for people with severe motor limitations that can learn and practice musical harmony. Software was developed with Borland Delphi tool, and the musical notes and chords had been recorded with the software Encore 4.5. A peripheral to access the computer was made with high intensity LED's, electronic circuit activated by shadow, and seven articulated wooden boxes that allow positioning them according the necessity of user. To project this optic peripheral was used Blender 3D tool to model and simulate the movements of people and their motor limitations. The efficiency of the system including the ergonomic disposal of the sensors was evaluated by computational simulation and tested by an 9 years old boy with sequels of cerebral paralysis. This peripheral provided the usability and will enable learning and practical of musical harmony for people with severe motor limitations. Keywords: motor limitation, assistive technology, musical instrument.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Adaptador manual ......................................................................................24

Figura 2: Órtese para tocar piano..............................................................................24

Figura 3: Dispositivo para fixação de instrumentos musicais ....................................24

Figura 4: Teclado adaptado.......................................................................................25

Figura 5: Vista frontal do AMLD ................................................................................26

Figura 6: Vista lateral do AMLD.................................................................................26

Figura 7: Nancy’s Piano 1.0 ......................................................................................29

Figura 8: DAccord Teclado Player 1.0.......................................................................29

Figura 9: “Movement-to-music” - MTM ......................................................................30

Figura 10: Realidade aumentada para aprendizagem musical .................................31

Figura 11: Projeção dos cubos nos marcadores .......................................................32

Figura 12: Teclado enarmónico.................................................................................36

Figura 13: O piano.....................................................................................................36

Figura 14: Estrutura do piano ....................................................................................37

Figura 15: Teclado LK-300TV ...................................................................................38

Figura 16: Teclado MIDI............................................................................................38

Figura 17: a) Nota, b) Escala e c) Acorde .................................................................39

Figura 18: Sociedade Tonal ......................................................................................39

Figura 19: Acordes perfeitos – graus fundamentais ..................................................40

Figura 20: Software Encore 4.5.................................................................................44

Figura 21: Fluxograma para o controle do menu da tela principal.............................46

Figura 22: Fluxograma para o controle do menu da tela de teclado .........................47

Figura 23: Fluxograma para o controle do menu da tela de música..........................48

Figura 24: Fluxograma para o controle dos menus da tela de seleção de escala.....49

Figura 25: Periférico para acesso ao teclado ............................................................50

Figura 26: Área utilizada para tocar piano.................................................................51

Figura 27: Simulação dos movimentos de tocar piano..............................................51

Figura 28: Simulação dos movimentos de rotação do ombro e deslocamento em

altura do antebraço de uma pessoa sem limitação motora ................................52

Figura 29: Periférico óptico........................................................................................53

Figura 30: Dimensões das caixas do periférico.........................................................53

Figura 31: Réguas de fixação....................................................................................54

Figura 32: Circuito eletrônico.....................................................................................54

Figura 33: Caixas do periférico com as réguas de fixação........................................55

Figura 34: Tela principal ............................................................................................57

Figura 35: Tela do teclado virtual ..............................................................................58

Figura 36: Tela de teoria musical ..............................................................................59

Figura 37: Tela de divisão musical ............................................................................59

Figura 38: Tela de conceito de escalas.....................................................................60

Figura 39: Tela de conceito de acordes ....................................................................60

Figura 40: Tela do teclado adaptado.........................................................................61

Figura 41: Tela de seleção de escalas......................................................................62

Figura 42: Área útil de movimentação do voluntário .................................................63

Figura 43: Simulação dos movimentos de deslocamento lateral do antebraço de uma

pessoa com limitação motora.............................................................................64

Figura 44: Simulação dos movimentos de deslocamento em altura do antebraço de

uma pessoa com limitação motora.....................................................................64

Figura 45: Simulação da utilização do periférico (vista superior) ..............................65

Figura 46: Simulação da utilização do periférico (vista lateral)..................................65

Figura 47: Desvio padrão do teclado convencional - TON ........................................68

Figura 48: Desvio padrão do teclado convencional – TOFF .....................................68

Figura 49: Valores do TON do periférico ...................................................................69

Figura 50: Valores do TOFF do periférico .................................................................70

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Modo Jônico ..............................................................................................42

Tabela 2: Modo Eólico...............................................................................................42

Tabela 3: Correspondência entre sensores, teclas, cores das caixas e acorde

emitido................................................................................................................55

Tabela 4: TON e TOFF em segundos .......................................................................66

LISTA DE ABREVIATURAS

A - Acorde de Lá maior

AMLD - Assisted Musical/Learning Device

b - Bemol

B - Acorde de Si maior

C - Acorde de Dó maior

CAA - Comunicação Alternativa e Ampliada

D - Acorde de Ré maior

DB - Conector

E - Acorde de Mi maior

EEG - Eletroencefalograma

ENC - Encore

EVA - Etil Vinil Acetato

F - Acorde de Fá maior

G - Acorde de Sol maior

ICF - International Classification of Functioning

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

LDR - Ligth Dependent Resistor

LED - Ligth Emmiting Diode

m - Menor

MIDI - Musical Instrument Digital Interface

MP3 - Media Player 3

MTM - Movement-to-Music

TDC - Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação

TOFF - Tempo off - Transferência/passagem entre os acordes

TON - Tempo on - Emissão do som do acorde

WAVE - Waveform Audio Format

WMV - Windows Media Video

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................14

1.1 CONCEITOS INICIAIS.....................................................................................14

1.2 JUSTIFICATIVA...............................................................................................16

1.3 MOTIVAÇÃO ...................................................................................................17

1.4 PÚBLICO ALVO ..............................................................................................17

1.5 OBJETIVO.......................................................................................................18

2 CONTEXTUALIZAÇÃO .........................................................................................19

2.1 A MÚSICA E O SISTEMA NERVOSO CENTRAL ...........................................19

2.2 EDUCAÇÃO MUSICAL PARA PESSOAS COM LIMITAÇÕES MOTORAS....23

2.3 APRENDIZAGEM MUSICAL E EQUIPAMENTOS ADAPTADOS ...................23

2.4 SOFTWARES UTILIZADOS PARA APRENDIZAGEM MUSICAL...................28

2.4.1 Softwares para aprendizagem musical de pessoas com limitações motoras

...........................................................................................................................30

3 CONCEITOS TEÓRICOS ASSOCIADOS AO PROJETO.....................................33

3.1 MÚSICA...........................................................................................................33

3.1.1 Tipos de escrita musical ............................................................................34

3.2 PIANO E TECLADO ........................................................................................35

3.3 TEORIA MUSICAL...........................................................................................38

3.3.1 Propriedades musicais ..............................................................................38

3.3.2 Acordes musicais ......................................................................................39

3.3.3 Escalas musicais......................................................................................42

4 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................43

4.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................43

4.2 FERRAMENTAS UTILIZADAS ........................................................................43

4.3 DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE .........................................................43

4.3.1 Programa Encore 4.5 ................................................................................43

4.3.2 Ambiente de Programação Borland Delphi 7 ............................................45

4.3.3 Fluxogramas .............................................................................................45

4.3.3.1 Tela Principal..........................................................................................46

4.3.3.2 Teclado ..................................................................................................46

4.3.3.3 Música....................................................................................................47

4.3.3.4 Teclado Adaptado ..................................................................................48

4.3.3.5 Seleção de Escala..................................................................................48

4.3.4 Usabilidade do Software ...........................................................................50

4.4 MODELAGEM E SIMULAÇÃO ........................................................................51

4.5 DESENVOLVIMENTO DO PERIFÉRICO........................................................52

4.6 AVALIAÇÃO DA INTERFACE E DO PERIFÉRICO.........................................56

4.6.1 Avaliação da Interface...............................................................................56

4.6.2 Avaliação do Periférico..............................................................................56

5 RESULTADOS.......................................................................................................57

5.1 A INTERFACE MUSICAL ................................................................................57

5.1.1 Teclado .....................................................................................................57

5.1.2 Música.......................................................................................................58

5.1.3 Teclado adaptado......................................................................................61

5.1.4 Seleção de escalas ...................................................................................61

5.2 AVALIAÇÃO DA INTERFACE .........................................................................62

5.3 O PERIFÉRICO ÓPTICO ................................................................................63

5.3.1 Simulação dos movimentos do paciente ...................................................63

5.3.2 Usabilidade do periférico...........................................................................65

5.4 AVALIAÇÃO DO PERIFÉRICO .......................................................................66

5.4.1 Tempo de resposta do periférico...............................................................66

6 DISCUSSÃO..........................................................................................................71

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................73

8 TRABALHOS FUTUROS.......................................................................................74

REFERÊNCIAS.........................................................................................................75

APÊNDICES.............................................................................................................. 80

14

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONCEITOS INICIAIS

A música traz vários benefícios para a vida do indivíduo: estimula o sistema

nervoso através dos ritmos e pulsações, age sobre o sistema vestibular-auditivo,

modula o comportamento motor e as respostas neurais no córtex auditivo e pré-

motor dorsal, colabora para a melhora na modulação da dor, além de estimular a

interação social, promovendo diversão, entretenimento e melhora da qualidade de

vida. Com exercícios de acuidade rítmica e melódica a música pode desenvolver a

capacidade auditiva e intelectual, a memória, o tônus muscular e a coordenação

psicomotora. Sendo assim, ela pode contribuir para os processos de reabilitação,

integração e sociabilização de pessoas com limitações motoras. (SCHMIDT e

TRAINOR, 2001; JOLY, 2003; SCHLAUG et al., 2005; SILVER e TRAINOR, 2005;

CHEN et al., 2006; ROY et al., 2007).

Entretanto, pessoas com limitações motoras, que apreciam a música e

desejam se expressar através dos sons dos instrumentos, sentem dificuldade na

prática musical. Quando se trata da aprendizagem de teoria musical, que engloba

um conjunto de sistemas destinados a analisar, classificar, compor e se comunicar

através de notações musicais, ritmos, escalas, melodias e harmonias, estas pessoas

sentem-se mais capazes, pois conseguem dominar o assunto. Mas quando estes

conceitos precisam ser colocados em prática, através da execução de um

instrumento, de uma regência ou até mesmo de um canto, as pessoas com

limitações motoras advindas de seqüelas patológicas, sentem dificuldade de

executar um acorde musical prejudicando assim seu desempenho.

Segundo Magill (2000) “para desempenhar com sucesso a grande variedade

de habilidades motoras que utilizamos em nossa vida diária, precisamos coordenar o

funcionamento conjunto de vários músculos e articulações”. O termo habilidade é

empregado para designar uma tarefa com uma finalidade específica a ser atingida,

onde, a habilidade motora exige movimentos voluntários do corpo e/ou dos membros

para atingir seu objetivo e precisa ser aprendida, como por exemplo, tocar piano.

15

Kisner e Colby (1998) descreveram que a coordenação, o equilíbrio e a

aquisição de habilidades funcionais são aspectos do controle motor inter-

relacionados e complexos. A coordenação refere-se à habilidade para usar os

músculos certos na hora certa e com sequenciamento e intensidade apropriados. A

coordenação e o equilíbrio precisam estar presentes para que alguém aprenda e

desempenhe habilidades funcionais que se referem à variedade de habilidades

motoras necessárias para realizar independentemente todas as tarefas da vida

diária. Muitos dos distúrbios neurológicos da infância são congênitos e ocorrem

devido ao mau desenvolvimento do sistema nervoso ou como resultado dos fatores

adversos durante a gestação e o nascimento. Alguns distúrbios melhoram

consideravelmente durante a infância mas muitos dos que surgem nesta época têm

implicações na vida futura. Existem distúrbios neurológicos que ocorrem na vida

adulta que acarretam em déficit de coordenação e levam a um comprometimento

motor.

Sugahara (2007) descreveu que para o início da aprendizagem musical um

dos instrumentos mais indicados é o piano/teclado, pois cada nota está "pronta", os

intervalos podem ser visualizados em suas teclas, e tem a vantagem de ser um

instrumento tanto melódico quanto harmônico. Melódico porque permite a execução

de uma sucessão de notas musicais e harmônico porque possibilita a execução de

sons simultâneos, resultantes da sobreposição de diferentes notas. Diferente da

flauta doce que, apesar de seu "simples" manuseio, é um instrumento que exige o

controle do sopro e o desenvolvimento da coordenação motora fina para se obter um

som afinado e um ritmo preciso, ou no caso do violão e do violino onde é necessário

"construir" as notas apertando ou friccionando as cordas. É também por este motivo,

que pessoas com limitações de movimento dos membros superiores que buscam

tocar um instrumento, escolhem o teclado ou o piano.

Entretanto, a maioria destas pessoas conseguem tocar somente melodias

simples, onde é necessária a movimentação de apenas um dedo ou um dedo de

cada vez, ao invés de tocar harmonia, que compreende a movimentação simultânea

de três ou mais dedos. No entanto, a harmonia traz ao musicista a oportunidade de

acompanhar uma melodia instrumental, um vocalista e até mesmo um coral. Além

disso, as pessoas que conhecem o campo harmônico (escalas e acordes) de uma

música, conseguem realizar com mais facilidade improvisações musicais. Magnani

(1996), descreveu que com a harmonia uma nova importância ocorre na música,

16

proporcionando uma profundidade sonora através da individualização dos timbres e

do enriquecimento de recursos expressivos.

Existem algumas formas de se escrever a harmonia musical. Uma delas é

através da partitura, na qual as notas são escritas em um pentagrama e o músico se

torna capaz de identificar quais e quantas notas devem ser tocadas, em que ritmo e

em qual entonação. Entretanto, há outra forma de escrita mais utilizada

popularmente, denominada cifra. As Cifras são um conjunto de símbolos gráficos ou

letras colocados acima da letra da música ou partitura para indicar os acordes

(escrita e execução simultânea de três ou mais notas), que facilitam a compreensão

e a identificação das notas que deverão ser tocadas.

1.2 JUSTIFICATIVA

A nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei nº 9394/96 art. 59, assegura aos

educandos com necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, organização

e recursos educativos específicos para atender às suas necessidades; professores

com especialização adequada para atendimento especializado; educação especial

para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive

garante condições adequadas para os que não revelam capacidade de inserção no

trabalho competitivo, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade

superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora.

Diante da necessidade de assegurar a concretização da inclusão com relação

à educação musical de pessoas com necessidades especiais, novos caminhos e

concepções pedagógicas intermediados por tecnologias assistivas foram

estabelecidos, principalmente através da utilização de ambientes computacionais

que, como relatado por Kleina (2003), são uma “prótese educativa” que realiza uma

ponte capaz de proporcionar ao educando vivenciar e aprender novos

conhecimentos. Porém, são poucas as escolas de música que têm essa visão de

educação musical inclusiva e que utilizam métodos diferenciados e tecnologias

assistivas. Esse déficit de material adaptado para pessoas com limitações motoras

existente no mercado, dificulta a aprendizagem de algum tipo de instrumento

musical.

17

1.3 MOTIVAÇÃO

Utilizando o computador como auxílio para o ensino de música pode-se

encontrar na internet alguns softwares, como: Happy Note, DAccord Curso de Violão

1.0, Simple grat6cord Accords, Guitar Guru 2.1.4, Guitar Trainer 1.0, Guitar Web 1.4,

Recorder Digits 2.80, iType Music 1.1 Basic Edition , FastChords 3.6.2, Tecla Mágica

3.0. Entretanto, estes softwares utilizam o teclado do computador como meio para

acionamento dos sons, acordes e músicas. Pessoas com limitações motoras

dificilmente podem executar neste equipamento as operações minuciosas

requeridas.

Kleina (2003) e Louro et al. (2006) relataram que no mercado são

encontrados adaptadores para a vida diária, mas poucos são os instrumentos ou

órteses específicas para serem utilizadas para instrução musical de pessoas com

limitações motoras. Um dos dispositivos com este intuito é o MTM “Movement-to-

music”, desenvolvido por Tam et al. (2007) que permite a execução e criação

músical através de movimentos amplos dos membros superiores, captados por uma

câmera; e o outro é o AMLD “Assisted Musical/Learning Device” desenvolvido por

Kamm et al. (1999), que reproduz o som de cinco batidas diferentes do piano,

entretanto, estes equipamentos não possibilitam a execução completa da melodia ou

harmonia de uma música por não permitirem a execução mínima de 7 notas

musicais, de uma escala e de um acorde.

Frente aos benefícios que a prática da música traz à vida do ser humano, foi

elaborado nesta pesquisa um teclado musical adaptado às pessoas com limitações

motoras, a fim de despertar o interesse e auxiliar a aprendizagem de harmonia

musical pelo sistema de cifras, através de uma interface.

1.4 PÚBLICO ALVO

Independente da faixa etária, o que sabemos é que existem patologias que

podem comprometer a coordenação motora do indivíduo. Alguns exemplos seriam:

disfunção cerebral mínima, hipercinesia, distúrbio perceptual motor, síndrome da

criança desajeitada, agnosia e apraxia do desenvolvimento, dispraxia do

desenvolvimento, somatodispraxia e distúrbio psicomotor, todos estes conhecidos

18

como Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) descritos por

Magalhães et al. (2004), além de patologias conhecidas, como: Síndrome de Down,

Paralisia Cerebral, Paralisia Obstétrica, Encefalopatias, Acidente Vascular Encefálico

entre outros distúrbios neurológicos.

Em análise, na clínica de Fisioterapia da Universidade de Mogi das Cruzes,

nos setores de Neurologia Adulto e Infantil e Ortopedia, observamos o

comportamento motor de pessoas com limitações motoras de membros superiores e

identificamos que as patologias clinicamente mais encontradas são a paralisia

cerebral, distrofia muscular de Duchenne em casos avançados, acidente vascular

encefálico e lesões do nervo medial. Portando, serão as seqüelas destas patologias

que servirão de base para análise de dados desta pesquisa.

1.5 OBJETIVO

Desenvolver um periférico óptico e um software para auxiliar a aprendizagem

e a prática de harmonia musical a pessoas com limitações motoras.

19

2 CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1 A MÚSICA E O SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Segundo Zatorre et al. (2007) a produção de música é uma atividade humana

natural presente em todas as sociedades, entretanto é um dos desafios cognitivos

mais complexos e exigidos da mente humana. Ao contrário da maioria das outras

atividades sensório-motoras, o desempenho musical requer o sincronismo preciso

de diversas ações hierárquicas organizadas, assim como necessita de um controle

preciso sobre a produção de intervalo rítmico executado com os diversos efeitos, de

acordo com o instrumento envolvido. Os autores apresentaram uma revisão sobre a

neurociência cognitiva desde sua implicação motora até a auditiva, destacando o

valor de estudar as interações entre estes sistemas dentro de um contexto musical.

Propuseram algumas hipóteses a respeito do papel do córtex pré-motor na

integração de características de uma ordem mais elevada da música com ações

apropriadamente programadas e organizadas. Concluíram que independente de se

cantar um “Parabéns pra você” ou um “concerto para piano interpretado por

Brahms”, os mecanismos neurais envolvidos em produzir e em perceber música

fornecem uma fonte rica de questionamento para a neurociência cognitiva. Tocar e

escutar música são habilidades humanas notavelmente complexas, culturalmente

condicionadas, no entanto naturais.

Neste contexto, outros trabalhos estudaram a ativação cerebral durante o

desempenho musical. Sacks e Levitin (2007) mostraram como a música estimula o

sistema nervoso de maneira original relatando casos, primeiro de um homem que foi

golpeado por um relâmpago e desenvolveu um desejo irresistível por tocar piano;

outro, de uma mulher que sofria de angústia toda vez que escutava canções

napolitanas; outro, de um homem que não conseguia se vestir ou recordar suas

ações, mas identificava as peças de um determinado barítono em centenas de

canções aleatórias e executava-as com sucesso. Os autores relataram a experiência

de mais de cem indivíduos, e descreveram que a música ou outros talentos artísticos

facilitados pela atividade do hemisfério direito do cérebro, podem emergir depois de

danos causados às partes do hemisfério esquerdo.

20

A música presente no cotidiano na forma cantada, escutada ou tocada é

capaz de estimular o sistema nervoso central. Silver e Trainor (2005) descreveram

que os povos, em todas as culturas, movem seus corpos nos ritmos da música de

um tambor, de um canto, de uma dança, ou até no ninar de uma criança e esse

movimento do corpo envolve a propriocepção motora, a ação vestibular, o estímulo

visual e o sistema auditivo. A habilidade de sentir e interpretar as batidas fortes e

fracas permite que os povos se movam e dancem no tempo da música, neste caso

pode-se interpretar que aquilo que se ouve pode influenciar o modo de movimentar-

se. Os autores mostraram que existe uma forte conexão multisensorial entre o ritmo

e o movimento do corpo, além de uma interação vestibular-auditiva, crítica para o

desenvolvimento do comportamento musical humano.

Freqüentemente e espontaneamente o ser humano sincroniza seus

movimentos com a batida de um ritmo, por exemplo, batendo os pés. Chen et al.

(2006) relataram que existem interações entre o córtex auditivo e pré-motor dorsal

durante a sincronização dos ritmos musicais ao se escutar música. Os autores

analisaram imagens de ressonância magnética funcional para determinar como as

características de um ritmo, tal como a estrutura métrica, podem facilitar respostas

motoras e elucidar correlações neurais entre as interações auditivo-motoras. Para a

análise, cinco variantes de um ritmo isocrônico foram criadas aumentando o

contraste na amplitude sonora entre os tons agudos e graves, destacando

progressivamente a estrutura métrica do ritmo. Os resultados mostraram que a

organização métrica, quando manipulada através da acentuação da intensidade,

modula o comportamento motor e as respostas neurais no córtex auditivo e pré-

motor dorsal.

Além da música influenciar o comportamento e o movimento, Schmidt e

Trainor (2001), observaram que ela atua sobre as emoções. Os autores analisaram

se a atividade cerebral detectada por eletroencefalograma (EEG) distinguia as

emoções induzidas pelos trechos musicais que eram exibidos. Os resultados

apontaram que o teste padrão da atividade assimétrica frontal do EEG distinguiu a

valência (positiva ou negativa) dos trechos musicais, sendo que os sujeitos exibiram

uma maior atividade frontal esquerda relativa à alegria quando submetidos a trechos

musicais felizes, e uma grande atividade frontal direita quando escutavam trechos

musicais tristes.

21

Com base na capacidade que a música tem de despertar determinadas

emoções, Roy et al. (2007) examinaram o efeito da música na modulação da dor

mediada por determinadas emoções (agradável-desagradável). Dezoito voluntários

saudáveis avaliaram a dor induzida por estimulações térmicas aplicadas na pele do

antebraço à temperatura de 40º C, 45,5º C, 47º C e 48,5º C enquanto ouviam

músicas agradáveis e desagradáveis e compararam suas emoções com aquelas de

um grupo controle com bloqueio acústico. Os trechos agradáveis produziram

significativas reduções da dor e de desconforto, demonstrando o efeito positivo das

emoções induzidas pela música. Em contrapartida, os trechos musicais

desagradáveis não modularam significativamente a dor cuja percepção não foi

afetada. Estes resultados comprovaram que a valência emocional positiva causada

pela música contribui para a analgesia.

Anteriormente foi demonstrado que algumas estruturas cerebrais estavam

envolvidas no processamento musical, mas informações sobre em que medida a

rede cortical também pode ser ativada permaneciam desconhecidas. Na busca de

identificar as áreas cerebrais ativadas durante os momentos em que se ouve

música, Koelsch et al. (2002) investigaram, através de imagens de ressonância

magnética funcional, alguns correlatos neurais com seqüências de acordes

apresentadas aos participantes. Os dados do estudo revelaram que o cérebro

humano utiliza esta rede neural também para o processamento de informações

musicais.

Stewart et al. (2003) analisaram as ativações do córtex parietal através da

leitura musical e sugeriram que estas ativações estariam envolvidas com a tradução

sensório-motora automática de um código ordenado (música escrita) em uma série

de respostas motoras (teclas). Para este estudo foram selecionados dois grupos de

12 participantes cada. Um grupo, composto por alunos de música, participou de

duas sessões de leitura musical durante um período de quinze semanas de

formação musical. O segundo grupo, composto por não musicistas, participou de

duas sessões de leitura musical através de notação musical numérica e quinze

semanas de aulas de teoria musical e teclado. Todos os participantes foram

obrigados a assistir 6 horas de aula musical, uma vez por semana, durante 15

semanas, totalizando 90 horas de aula. Após as aulas, todos executaram um

conjunto de melodias simples sobre um teclado, usando a mão direita. A lógica da

tarefa foi de que a mera presença de notação musical, pós-formação, pudesse

22

resultar implicitamente na decodificação da notação musical. Através de um exame

de neuroimagem realizado antes e depois dos 15 dias de treinamento, observou-se

nos dois grupos que a região cerebral esquerda do giro supramarginal, o sulco

inferior esquerdo frontal e o pólo frontal direito, tiveram um sinal de ativação,

comprovando a sugestão de que as respostas motoras podem surgir com a

tradução sensório-motora automática de um código ordenado, neste caso a notação

numérica.

Para analisar a ativação sensório-motora de músicos, Krings et al. (2000)

realizaram um estudo com imagens de ressonância magnética de um grupo de

pianistas profissionais comparado a um grupo controle durante uma complexa

seqüência de treinamento de dedilhado. As ativações observadas no córtex motor

primário, na área motora suplementar no córtex pré-motor e no lóbulo parietal

superior apresentaram diferenças significativas entre ambos os grupos, sendo que

os pianistas tiveram um menor número de ativações. Os autores concluíram que os

pianistas executaram os movimentos exigidos com uma menor ativação de

neurônios devido ao longo tempo de prática. A quantidade das diferentes áreas

corticais ativadas reflete um esforço necessário diferente para o desempenho motor

dos dois grupos.

Schlaug et al. (2005) analisaram os efeitos da formação musical no cérebro

de crianças incluindo o desenvolvimento cognitivo. A investigação demonstrou que a

formação musical trouxe resultados de melhora no desempenho viso-espacial,

verbal e matemático. Os resultados foram obtidos com dados de cinco crianças de 7

anos, após 14 meses de formação. Entretanto, observou-se que os efeitos cognitivos

são pequenos para os domínios motores finos e para a discriminação melódica.

Sendo assim, outro experimento com nove crianças de 11 anos, com uma média de

quatro anos do formação musical, sugeriu que estes efeitos são mais fortes. Os

presentes estudos experimentais colaboraram para a comprovação de que a

intensidade do treinamento, a habilidade na notação da leitura musical e o nível da

realização musical, influenciam o desenvolvimento cognitivo.

23

2.2 EDUCAÇÃO MUSICAL PARA PESSOAS COM LIMITAÇÕES

MOTORAS

Nos últimos 10 anos as propostas educativas, referentes às pessoas com

necessidades especiais, avançaram de forma significativa no Brasil. O objetivo

perseguido anteriormente de tornar estas pessoas mais próximas do “normal” foi

modificado. Atualmente o objetivo está relacionado a um Paradigma de Suporte,

caracterizado pelo direito à convivência não segregada e acesso imediato e contínuo

à comunidade, semelhante aos proporcionados aos demais cidadãos. (LOURO et

al., 2006).

Para assegurar o ensino de música às pessoas com limitações motoras,

existem algumas escolas especializadas, como: Fundação Dorina Nowill para

Cegos, Educação Musical LARAMARA, Escola Inclusiva de Música Santa Cecília,

entre outras, que buscam a inclusão social e o direito de todos à aprendizagem

musical.

2.3 APRENDIZAGEM MUSICAL E EQUIPAMENTOS ADAPTADOS

Os equipamentos adaptados encontrados com mais facilidade, geralmente

são destinados às tarefas da vida diária para proporcionar independência, como

descreveram Teixeira et al. (2003). Entre eles constam os adaptadores para

deambulação, alimentação, higiene básica e comunicação, além de adaptadores

para acesso ao mundo virtual, tais como: estabilizador de punho e abdutor de

polegar com ponteira para ser usado em teclado com colméia, adaptador bucal,

capacetes com ponteira, teclado ergonômico, miniteclado, teclado expandido,

teclado de conceitos, tela sensível ao toque (touchscreen), mouses adaptados,

joystick, dispositivos de acesso mediado, acionador por direção do olhar, caneta

óptica, além de adaptações de softwares para facilitar a interação do portador de

deficiência com o computador.

Além destes adaptadores, existem órteses utilizadas para atividades e

práticas de instrumentos musicais. Entretanto, estes equipamentos, técnicas e

métodos de ensino e aprendizagem não são muito explorados. A figura 1 mostra

uma adaptação para tocar violino, através de uma órtese manual que auxilia o

24

movimento de preensão dos dedos. Na figura 2 observa-se uma outra órtese capaz

de pressionar, através de um movimento único, apenas uma tecla do piano. Já na

figura 3, tem-se um dispositivo para fixação de um pandeiro, destinado a pacientes

com paralisia dos membros do lado esquerdo que não pode ser utilizado para

segurar o instrumento.

Figura 1: Adaptador manual Fonte: (Teixeira et al., 2003, pág. 171)

Figura 2: Órtese para tocar piano Fonte: (Louro et al., 2006, pág. 75)

Figura 3: Dispositivo para fixação de instrumentos musicais Fonte: (Louro et al., 2006, pág. 74)

25

Louro et al. (2006) questionaram as reais possibilidades de aprendizado do

deficiente frente às dificuldades encontradas e descrevem que são necessárias

várias adaptações para que estes indivíduos possam ter um bom desempenho

musical. Relataram que um importante centro de reabilitação de São Paulo

desenvolveu um teclado adaptado para pessoas com déficit de coordenação motora

fina. Este equipamento (figura 4) é acoplado ao teclado convencional, o qual emite o

som, e possui uma oitava de teclas em dimensões maiores (5,5cm cada)

proporcionando o toque e acionamento da tecla com a mão fechada.

Figura 4: Teclado adaptado

Fonte: (Louro et al., 2006, pág. 75)

Kamm et al. (1999) desenvolveram um dispositivo assistencial para

aprendizagem musical – Assisted Musical/Learning Device (AMLD). Trata-se de um

dispositivo eletrônico que combina a criatividade musical e aplicações educacionais,

permitindo que uma pessoa com paralisia cerebral possa tocar um instrumento

musical, pois tem um painel de controle original adaptado (figuras 5 e 6). O

dispositivo fez com que a aprendizagem e a habilidade de coordenação básica,

entre mãos e olhos, se tornassem uma experiência mais agradável. Neste estudo

um menino de sete anos com déficit de coordenação motora após paralisia cerebral

testou o dispositivo.

26

Figura 5: Vista frontal do AMLD Fonte: (Kamm et al., 1999, pág. 224)

Figura 6: Vista lateral do AMLD

Fonte: (Kamm et al., 1999, pág. 224)

O AMLD pode ser utilizado como um instrumento musical ou como um

dispositivo educacional. Quando em sua modalidade musical, produz cinco sons e

batidas diferentes do piano. Quando operado em sua modalidade educacional,

apresenta uma resposta audível das letras do alfabeto, do sistema de número, ou

de cinco notas musicais diferentes. Um sistema de controle remoto foi usado pelo

instrutor para comunicar-se com o cliente, acionando uma das cinco luzes acopladas

a cada tecla indicando assim qual deveria ser pressionada. Segundo os autores, o

AMLD forneceu aos indivíduos com incapacidades, uma oportunidade de melhorar

suas habilidades acadêmicas e exercer sua criatividade musical. O AMLD deu ao

individuo a satisfação de tocar um instrumento musical agiu como uma ferramenta

de aprendizagem de alguns fundamentos educacionais básicos e exercitou

habilidades de coordenação mão-olho.

27

Como o AMLD apresentou problemas elétricos e mecânicos, Perez et al.

(2002) melhoraram o sistema incorporando tecnologia wireless, leitores de código

óticos da barra e um microcontrolador. Um único chip mais avançado substituiu os

primeiros cinco chips. O microcontrolador teve como função coordenar os sensores

e comparar as entradas com os dados de referência emitindo uma saída final para

obter um som audível. Segundo Teixeira et al. (2003), todas as adaptações devem

ser planejadas para que não causem frustrações, pois devem promover satisfação e

contentamento, possibilitando ao indivíduo tornar-se um agente em seu convívio

social podendo buscar sua realização pessoal.

Ainda em outro estudo Boschi et al. (2002), desenvolveram jogos musicais

computadorizados acionados por uma série de botões ou controles planejados para

possibilitar uma melhor performance do indivíduo e motivá-lo a efetuar os

movimentos necessários para a reabilitação. As seqüências musicais foram

programadas para serem ativadas somente pelo movimento correto e exercitar a

coordenação motora necessária para o acesso ao computador.

O computador também é um importante recurso de acesso a Comunicação

Alternativa e Ampliada (CAA), relatam Souza et al. (2002), essencialmente para

crianças com comprometimento motor grave, pois amplia as possibilidades de

acesso a recursos adicionais, tais como fotos, figuras símbolos, além de possibilitar

a comunicação escrita. Em outro estudo Paiva et al. (2002) também relataram a

importância do uso de softwares aplicados à CAA, pois crianças com

comprometimento motor grave podem ser beneficiadas com o uso de aplicativos

construídos com programas adaptados ou especiais, como Power Point, Comunique,

IntelliPics e ClickIt, por poderem obter maior independência.

28

2.4 SOFTWARES UTILIZADOS PARA APRENDIZAGEM MUSICAL

“Seja qual for o tipo de software criado para uso

em educação musical, é importante que sejam

observados pressupostos pedagógicos coerentes com os

objetivos educativos do contexto e, principalmente, que o

mesmo propicie o desenvolvimento musical da forma

mais abrangente possível (MILETTO et al., 2004)”.

Os autores ainda relatam que a utilização de computadores na educação, em

particular na Educação Musical, tem duas premissas: primeiro, os programas de

computador não devem substituir o professor, mas sim ser visto como mais uma

ferramenta para auxiliar o professor na prática do ensino; segundo, o professor

decide a forma mais adequada de utilizar a ferramenta computacional visando

enriquecer o ambiente de aprendizagem.

Existem alguns softwares que podem ser encontrados livremente na internet

para ensino de Piano, Teclado, Violão, Guitarra, Flauta, entre outros. Exemplo disso

seria o Nancy´s Piano 1.0 (figura 7), que é um programa dedicado a estudantes de

piano, que ensina as notas na partitura ajudando na memorização e agilizando o

aprendizado. É um programa com três modos: treinamento de notas individuais na

partitura, em teclas do piano (Notes); treinamento de notas individuais na partitura,

em cifras (Keys); e partitura (Sheet), onde se pode importar as imagens desejadas

de peças escaneadas.

29

Figura 7: Nancy’s Piano 1.0 Fonte: (BAIXAKI, 2007)

Outro programa é o DAccord Teclado 1.0 (figura 8), que é um professor virtual

de teclado que ensina a tocar músicas sem a necessidade de conhecimentos

teóricos. Este software toca a música junto com a letra cifrada e mostra como

executar cada acorde com a mão esquerda e a melodia com a mão direita.

Entretanto, é necessário ter o instrumento musical para que se possa tocá-lo

imitando o teclado virtual.

Figura 8: DAccord Teclado Player 1.0 Fonte: (BAIXAKI, 2007)

30

2.4.1 Softwares para aprendizagem musical de pessoas com limitações

motoras

Tam et al. (2007) desenvolveram um jogo musical para crianças com

limitações motoras severas. Este jogo chamado “Movement-to-music” (MTM) é um

sistema computadorizado que permite que crianças com movimentos limitados

toquem e criem música. O sistema MTM capta a imagem da criança através de uma

pequena web câmera acoplada a um computador. Um software computacional

permite que a câmera detecte uma vasta gama de movimentos, desde pequenos

como o levantar das sobrancelhas, até um movimento maior como o acenar de uma

mão. A criança vê sua imagem no monitor da televisão ou do computador. No

monitor existem círculos coloridos que ficam transparentes quando são ativados pela

movimentação da criança (figura 9). As sessões foram estruturadas da seguinte

forma: durante os 5 primeiros minutos a criança interagiu com trechos musicais, com

orientação dos terapeutas para aprender ou rever o processo de “tomada musical”

com o movimento do corpo. Em seguida, foram incentivadas a desempenhar uma ou

mais canções apropriadas para a idade. No final de cada sessão deixaram as

crianças tocarem livremente e criarem sua própria música. Os autores utilizaram

uma metodologia qualitativa realizando uma entrevista. Após a última sessão, com

seis mães que responderam questões sobre a percepção dos benefícios e desafios

de se ter o MTM dentro de casa. Os dados foram organizados sob dois conceitos

principais da “International Classification of Functioning” (ICF) e os resultados

mostraram que MTM expandiu o horizonte das crianças tendo um bom impacto no

seu desenvolvimento psicossocial.

Figura 9: “Movement-to-music” - MTM Fonte: (Tam et al., 2007)

31

Alguns trabalhos utilizam a “Realidade Aumentada”, definida como

sobreposição de objetos virtuais tridimensionais, gerados por computador, com um

ambiente real, por meio de algum dispositivo tecnológico, para auxiliar o ensino de

música à pessoas com limitações motoras. O trabalho desenvolvido por Zorzal et al.

(2005), utilizou este método para auxiliar o aprendizado musical, através do uso de

técnicas de Visão Computacional e softwares apropriados que permitem o manuseio

de objetos sem auxílio de dispositivos tecnológicos. A aplicação foi desenvolvida

com objetos virtuais animados, sendo que, cada objeto tinha formato similar a um

dos símbolos pré-posicionados. Existia uma régua de tempo virtual no cenário e

quando o objeto a tocava, o usuário fazia a oclusão do símbolo correspondente e ao

ouvir o som deixava o símbolo livre novamente para ser reconhecido pela câmera. O

método abrangeu três formas de aprendizado, a primeira utilizava a oclusão de

marcadores para executar sons pré-definidos possibilitando a execução de uma

pequena melodia (figura 10A). A segunda forma estava relacionada ao aprendizado

de leitura musical onde o indivíduo relacionava a notação da pauta com símbolos de

identificação (figura 10B); e a terceira forma simulava um leitor automático de

partitura onde os símbolos poderiam ser criados em forma de apresentação a partir

de um software de fácil usabilidade (figura 10C).

A) B)

C)

Figura 10: Realidade aumentada para aprendizagem musical Fonte: (Zorzal et al., 2006)

32

Um jogo musical para reabilitação também foi desenvolvido po Corrêa et al.

(2008) chamado GenVirtual também utilizando o método de realidade aumentada.

O jogo buscou estimular a atenção, a concentração, a memorização de cores e

sons, proporcionando um aprendizado motor. Ao iniciar o jogo o sistema sorteia as

notas gerando uma seqüência musical, ou permite que a melodia seja criada pelo

usuário. Em seguida, são colocados marcadores pretos numa superfície e com a

captura de vídeo são posicionados objetos virtuais (cubos) em cima destes

marcadores, possibilitando a interação com o usuário. Os cubos virtuais acendem de

acordo com a seqüência musical a ser tocada, e a nota musical referente àquele

cubo é executada quando o usuário faz a oclusão do mesmo (figura 11). As notas

musicais são emitidas uma por vez e o sistema fica à espera da interação do usuário

para obstruir o marcador referente à nota musical emitida. O jogo começa com duas

ou mais notas e a cada acerto aumenta-se o desafio de memória acrescentando-se

mais um item. Além da utilização como jogo de memória, os autores sugerem que o

GenVirtual pode auxiliar uma composição de melodias musicais através de notas

escritas na pauta em forma de cores e os marcadores servem como instrumentos

para a criação musical.

Figura 11: Projeção dos cubos nos marcadores Fonte: (Corrêa et al., 2008)

33

3 CONCEITOS TEÓRICOS ASSOCIADOS AO PROJETO

3.1 MÚSICA

“Música é a arte de manifestar diversos afetos da alma mediante o som.”

(BONA, 2002)

Segundo Lacerda (1966) a música é a arte do som, e este por sua vez, tem

propriedades peculiares, tais como: duração (tempo de produção do som),

intensidade (fraco ou forte), altura (grave ou agudo) e timbre (qualidade que permite

reconhecer a origem do som). Todo e qualquer som musical tem, simultaneamente,

estas quatro propriedades, exceto alguns instrumentos de percussão que não tem

altura.

Med (1996), também relatou que a música é a arte de combinar os sons

simultânea e sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção dentro do tempo,

além de mencionar que a característica mais importante do som é a altura, que até o

século XI era a única característica grafada, já no século XII inicia-se a definição da

duração, o timbre começa a ser indicado a partir do século XVI e a intensidade a

partir do século XVII.

A música divide-se em partes importantes e Magnani (1996) descreve a

sintaxe sonora representada pelos seguintes elementos:

Melodia: Resultado de uma coordenação de diferentes alturas no espaço horizontal

ou na dimensão temporal, baseada na escolha de determinados fonemas e na

eliminação de outros para chegar a um código de símbolos universalmente

compreensível dentro de cada ambiente e de cada situação lógico-histórica.

Contraponto: é a sobreposição de duas ou mais linhas melódicas, cada uma das

quais mantém a sua independência, com o artifício de imitar o tema assim como ele

está, imitar por inversão, imitar em forma retrógrada, ou imitar com a inversão do

retrógrado.

Harmonia: no contraponto todas as linhas melódicas têm o mesmo grau de

importância, já na harmonia, há uma hierarquia entre as várias partes. Em primeiro

plano, coloca-se, na própria percepção auditiva, a parte superior que mantém a linha

melódica, em segundo plano a voz inferior, e em terceiro as partes internas.

34

Ritmo: É a ordem suprema da música, assim como de todas as coisas. A palavra

ritmo, em grego, significa número, fundamento de todos os fenômenos naturais e de

todos os desenvolvimentos, exemplo disso é a medida da pulsação fisiológica – o

coração.

O conceito de música é alargado à medida que se amplia o conhecimento da

composição musical, sobretudo no século XX, com o aparecimento da música

concreta, da música eletroacústica e da música serial. Mesmo assim o som continua

a ser a matéria-prima da música e simultaneamente o fundamento de toda a sua

estrutura. No entanto ela possui outro elemento, o silêncio. Logo, pode-se considerar

que existem duas matérias-primas: som e silêncio (HENRIQUE, 2002).

3.1.1 Tipos de escrita musical

Existem algumas formas de se escrever a música. Dentre elas estão a

partitura, a tablatura, a cifra e o braille.

A partitura indica quais notas devem ser tocadas, assim como sua duração,

velocidade, ritmo e intensidade. A partitura serve para transcrever músicas para

qualquer instrumento, seja de sopro, de cordas, de percussão, etc. Outra vantagem

das partituras é que permitem que o músico que nunca tenha ouvido uma

determinada música, a toque exatamente como previsto. Mas é um método que

exige muita prática e um conhecimento apurado de música.

Já a tablatura é um método usado para transcrever música que pode ser

tocada por instrumentos de corda como violões, guitarras e baixos, mas também

outros instrumentos como gaita e bateria. É um tipo de escrita que não indica

diretamente a nota que deve ser tocada e sim qual corda deve ser ferida e em qual

traste. Por isso é muito mais útil ao músico iniciante. Por outro lado a tablatura tem a

grande desvantagem de exigir que o músico conheça a música que deseja tocar

visto que a mesma indica geralmente apenas as notas e não a duração de cada uma

ou o tempo da música. (CIFRACLUB, 2007)

Todavia a cifra é um sistema de notação musical usado para indicar, através

de símbolos gráficos ou letras, os acordes a serem executados por um instrumento

musical em conjunto com a melodia principal ou para acompanhar o canto. Quando

indicadas através de símbolos gráficos, as cifras mostram as posições que os dedos

35

devem formar sobre as cordas do instrumento ou teclado para compor o acorde

desejado.

Enquanto que o braille é um sistema inventado pelo francês Louis Braille que

perdeu a visão aos três anos. O sistema Braille é um alfabeto convencional cujos

caracteres se indicam por pontos em relevo, distinguíveis por meio do tato. A partir

de seis pontos salientes, é possível fazer 63 combinações que podem representar

letras simples e acentuadas, pontuações, algarismos, sinais algébricos e notas

musicais. (WIKIPEDIA, 2007). Med (1996) descreve que o braille também possibilita

a notação musical para deficientes visuais, através do seu sistema de perfurações.

Para Tomé (2007) a musicografia braille se caracteriza como uma escrita horizontal

e linear onde não se usam pautas nem claves, e todas as informações contidas em

uma partitura são grafadas por meio dos 63 caracteres que formam o Sistema

Braille.

3.2 PIANO E TECLADO

O estudo dos instrumentos musicais constitui o objeto da organologia,

disciplina que trata da descrição e da classificação de qualquer instrumento musical,

tendo em conta o material empregado, a forma, a qualidade do som produzido, o

timbre, o modo de execução, entre outros. A sua classificação, usada para fins

científicos, se baseia no sistema proposto por Hornbostel e Sachs (1914) apud

Henrique (2002), pois tem base num princípio acústico, no qual o elemento vibratório

produz sons, como: Idiofone, quando ocorre vibração de corpos sólidos (diapasão);

Membranofones, quando ocorre vibração de membrana tensa (baquetas);

Cordofones, quando ocorre vibração de corda tensa, seja por fricão (violino),

dedilhado (guitarra), ou tecla (piano); Aerofones que levam à vibração do ar (flautas,

palhetas, metais, órgão, voz). Mais tarde uma outra categoria foi adicionada, os

Electrofones que levam a uma variação da intensidade de um campo

eletromagnético, como Musical Instrument Digital Interface (MIDI) - Interface Digital

de Instrumentos Musicais.

A configuração Standard dos teclados modernos é o resultado de uma

evolução natural ao longo de vários séculos. O primeiro teclado enarmônico, com

estabelecimento de dois planos de sete e cinco teclas, respectivamente data o

36

século 15 (Figura 12). Os teclados enarmónicos são aqueles que tem mais de doze

teclas por 8ª produzindo mais de doze sons. Este tipo de teclado pode ter várias

finalidades, tornar a afinação em determinados com diversos e tonalidades remotas,

tornar possível a execução de determinados acordes em afinação natural ou

executar intervalos microtonais. (HENRIQUE, 2002)

Figura 12: Teclado enarmónico

Fonte: (HENRIQUE, 2002, pág. 957)

O piano (Figura 13), que faz parte dos instrumentos classificados como

cordofone, foi inventado primeiramente com o nome de Cravo, sistema de pinçar

cordas muito usado no período barroco onde o som não variava em intensidade. Por

volta de 1709, Bartolomeu Cristofori inventou o piano forte (suave e forte), um

sistema de teclas fazia os martelos baterem nas cordas para produzir sons de

diversos graus de intensidade do suave ao forte, conhecido hoje como Piano

(KOSCIELNIAK, 2002).

Figura 13: O piano Fonte: (HENRIQUE, 2002, pág. 428)

37

Segundo Magnani (1996) o piano é um descendente indireto do clavicórdio,

dele separado por uma categórica oposição de conteúdos sonoros. Nos primeiros

anos do século XVIII o italiano Bartolomeu Cristofori construiu um cravo em que as

tangentes eram substituídas por martelos percutindo as cordas, de baixo para cima,

chamado de fortepiano, ainda parcialmente imperfeito, mas já capaz de comunicar o

poderoso pensamento sinfônico. O último aperfeiçoamento mecânico do piano deu-

se em 1823, por obra de Sébastien Érard, conhecido como escapamento duplo,

proporcionou a facilidade de repetição da mesma nota e um considerável aumento

de sensibilidade da tecla.

Hoje, de acordo com Henrique (2002), as partes essenciais da estrutura de

um piano são o teclado, as cordas, a mecânica (dispositivos e sistemas de

alavancas que transmitem o movimento das teclas às cordas), o tampo harmônico,

os pedais, o quadro de ferro e a caixa (Figura 14).

Figura 14: Estrutura do piano Fonte: (HENRIQUE, 2002, pág. 427)

O piano, mais utilizado para ser tocado em repertórios de música clássica,

abriu espaço para o tão conhecido teclado musical, ou piano elétrico, e é

classificado como um electrofone (Figura 15). Para Wisnik (1999), o teclado toma

como base ruídos produzidos por sintetizadores, ruídos inteiramente artificiais, e a

partir de suas variações, os samplers, obtem-se aparelhos que podem converter

qualquer som gravado em matriz de múltiplas transformações. O sampler registra,

analisa, transforma e reproduz ondas sonoras de todo tipo, superando a polêmica

inicial entre a música concreta e a eletrônica, nesta base, observa-se o crescimento

do MIDI, que permite que ordenadores, sintetizadores, seqüenciadores,

38

controladores e outros dispositivos se comuniquem e compartilhem informações

musicais (Figura 16).

Figura 15: Teclado LK-300TV Fonte: (CASIO, 2007)

Figura 16: Teclado MIDI Fonte: (IONLITIO, 2007)

3.3 TEORIA MUSICAL

3.3.1 Propriedades musicais

Determinadas propriedades da música, tais como a nota, a escala e o acorde,

são importantes para a compreensão deste trabalho. Magnani (1996) descreve que:

Nota: é um som isolado, único e absoluto como por exemplo, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá

e Si (figura 17 A);

Escala: é uma seqüência lógica de notas (figura 17 B) ou acordes;

Acorde: é uma estrutura de notas verticais (figura 17 C) que formam uma harmonia,

sobre a qual se desenrolam os arcos da melodia.

39

Figura 17: a) Nota, b) Escala e c) Acorde

3.3.2 Acordes musicais

O acorde é um conjunto de notas tocadas ao mesmo tempo e para formá-lo é

necessário no mínimo três notas (tríade – acorde formado por três notas, e tétrade –

acorde formado por quatro notas ou mais).

Os acordes formam a harmonia musical. Para Magnani (1996), “A harmonia

descobre o verdadeiro sentido das tensões e relaciona os acordes num ritmo

constante de tensões e distensões, atividade motora e repouso”. A tensão provém

da própria natureza do acorde e da situação hierárquica deste dentro da sociedade

tonal (figura 18), regida pela nota tônica (posição básica do sentido harmônico

alegre e vibrante) e movimentada pela nota dominante, também geradora de

tensões.

Sobretônica Subdominante Sobre-dominante

Tônica Mediante Dominante Sensível

Figura 18: Sociedade Tonal

40

Wisnik (1999) relatou que como o sistema de acordes é essencialmente

harmônico, podendo-se observar que os “acordes perfeitos” dos três graus

fundamentais – dó-mi-sol, fá-lá-dó e sol-si-ré (figura 19), contém em conjunto todas

as sete notas da escala, permitindo à harmonia articular e dominar toda a série

melódica tonal.

I IV V

Figura 19: Acordes perfeitos – graus fundamentais

Os acordes podem ser escritos em pauta (pentagrama) ou na música popular

em cifras, por meio de letras, como:

A - Letra que representa o acorde de Lá Maior, e as notas que devem ser tocadas

simultaneamente são: lá, dó sustenido e mi.

B - Letra que representa o acorde de Si Maior, e as notas que devem ser tocadas

simultaneamente são: si, ré sustenido e fá sustenido.

C - Letra que representa o acorde de Dó Maior, e as notas que devem ser tocadas

simultaneamente são: dó, mi e sol.

D - Letra que representa o acorde de Ré Maior, e as notas que devem ser tocadas

simultaneamente são: ré, fá sustenido e lá.

E - Letra que representa o acorde de Mi Maior, e as notas que devem ser tocadas

simultaneamente são: mi, sol sustenido e si.

F - Letra que representa o acorde de Fá Maior, e as notas que devem ser tocadas

simultaneamente são: fá, lá e dó.

G - Letra que representa o acorde de Sol Maior, e as notas que devem ser tocadas

simultaneamente são: sol, si e ré.

Estas sete letras podem ser acompanhadas de símbolos e números (F#m,

Dm4/7, Co, Db7, Bb4/7+) para indicarem outro acorde ou uma variação do

acorde, como:

41

/ = significando “e”

# = sustenido (eleva meio tom na nota)

b = bemol (diminui meio tom na nota)

m = menor (permite que o acorde tenha outro som, já que se diminui meio tom do

terceiro grau do acorde utilizado) o = diminuto (tem vasto campo harmônico, porém de dissonância acentuada, usada

comumente em passagens)

2 = segunda (evoca um gênero de música sacra – medievais)

2- = segunda menor (tem dissonância negativa)

7 = sétima (tem grande aplicação em música popular, não é considerada dissonante

nos tons maiores, de origem jazzística é usada em batidas de bossa nova)

7M ou 7+ = sétima maior ou aumentada (possui uma dissonância acentuada nos

acordes maiores, sendo aplicada em ritmos de samba. Nos tons menores é mais

dissonante ainda e é de difícil agrado a ao ouvido humano)

6 = sexta (provoca, nos tons maiores, uma dissonância discreta, usada nos estilos

modernos. Já nos tons menores tem efeito muito leve, com características

românticas, e também usada em gêneros folclóricos)

5- = quinta diminuta (não possui expressão harmônica, salvo algumas seqüências

que usam a quinta diminuta com tons menores para passagens ao tom natural

menor)

5+ = quinta aumentada (nos tons maiores quase não é aplicado, salvo algumas

seqüências; já nos tons menores causa sentido dramático)

4/5 = quarta e quinta (estilo medieval, usado comumente em guitarra)

4/7 = quarta e sétima (utilizado como intermediário de seqüências, nunca em fim de

frases)

9- = nona menor

9+ = nona aumentada

10 = décima

11 = décima primeira

11+ = décima primeira aumentada

13 = décima terceira

13b = décima terceira bemol

42

3.3.3 Escalas musicais

As escalas musicais pertencem a um campo harmônico que é um conjunto

de acordes que formam uma harmonia. As escalas mais tocadas são as do campo

harmônico Maior e Menor. Lacerda (1966) relatou que existem sete modos

diferentes de se realizar as escalas: dórico, frigio, lídio, mixolidio, eólico, locrio e

jônico, mas atualmente predominam-se dois, o jônico - modo maior (com os

semitons entre os graus III - IIV e VII - VIII) e o eólico - modo menor (com os

semitons entre os graus II - III e V - VI).

Tanto o modo jônico (Tabela 1) quanto o modo eólico (Tabela 2) possuem 12

escalas, sendo que e cada escala possui 7 acordes, e cada acorde possui 3 notas:

Tabela 1: Modo Jônico

Escala 1º Acorde

2º Acorde

3º Acorde

4º Acorde

5º Acorde

5º Acorde

7º Acorde

C C Dm Em F G Am Bº C# C# D#m Fm F# G# A#m Cº D D Em F#m G A Bm C#º D# D# Fm Gm G# A# Cm Dº E E F#m G#m A B C#m D#º F F Gm Am A# C Dm Eº F# F# G#m A#m B C# D#m Fº G G Am Bm C D Em F#º G# G# A#m Cm C# D# Fm Gº A A Bm C#m D E F#m G#º A# A# Cm Dm D# F Gm Aº B B C#m D#m E F# G#m A#º

Tabela 2: Modo Eólico

Escala 1º Acorde

2º Acorde

3º Acorde

4º Acorde

5º Acorde

5º Acorde

7º Acorde

Cm Cm Dº D# Fm Gm G# A# C#m C#m D#º E F#m G#m A B Dm Dm Eº F Gm Am A# C D#m D#m Fº F# G#m A#m B C# Em Em F#º G Am Bm C D Fm Fm Gº G# A#m Cm C# D# F#m F#m G#º A Bm C#m D E Gm Gm Aº A# Cm Dm D# F G#m G#m A#º B C#m D#m E F# Am Am Bº C Dm Em F G A#m A#m Cº C# D#m Fm F# G# Bm Bm C#º D Em F#m G A

43

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 INTRODUÇÃO

Desenvolvemos neste trabalho um software, para auxiliar a aprendizagem de

harmonia musical, e um teclado adaptado, onde o usuário obtém a emissão do som

de 3 ou mais notas (acorde) com o acionamento de apenas um sensor.

O conteúdo do software foi analisado por um professor de música popular e

testado por um voluntário sem limitações motoras, mas que sabe tocar piano, e por

um paciente da clínica de fisioterapia da Universidade de Mogi das Cruzes.

4.2 FERRAMENTAS UTILIZADAS

Para o desenvolvimento do software foram utilizados dois programas, sendo

eles, o Encore 4.5, para gravação dos sons, e o Borland Delphi 7, para o

desenvolvimento do software propriamente dito.

Para a modelagem e simulação dos movimentos foi utilizada a ferramenta

gráfica Blender 3D, um software que permite criar e manipular conteúdos

tridimensionais. Suas principais características são: ferramentas integradas para

modelagem, animação, renderização, criação de jogos e interatividade (BLENDER,

2007).

Para avaliar o tempo de resposta do periférico, utilizamos o Audacity 1.2.6,

um programa gratuito que utiliza recursos do Sourceforge (serviço online para

projetos de código-fonte-aberto).

4.3 DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE

4.3.1 Programa Encore 4.5

Para gravar o som das notas e dos acordes musicais foi utilizado o programa

Encore 4.5, que opera no formato universal Standard MIDI Files, em extensão MIDI,

e é dedicado à criação e edição de música impressa (figura 20).

O encore pode escrever uma partitura a partir de três modos:

44

Manualmente: quando coloca-se cada símbolo da partitura com o mouse ou toca-se

o teclado virtual;

Via MIDI: quando se grava a música a partir de um instrumento MIDI;

Arquivo MIDI: quando se carrega para o Encore, através de um arquivo Standard

MIDI File, as notas e demais execuções de uma música criada em outro software

(em geral, um seqüenciador).

Figura 20: Software Encore 4.5

O Encore oferece recursos de manipulação de objetos gráficos. Acima da

janela principal há uma barra de ícones para selecionar as ferramentas que se quer

usar, bem como controlar a gravação e a execução MIDI da música escrita na pauta

e virar páginas da música.

O Encore carrega e salva arquivos em MID, com os dados dos eventos MIDI e

algumas informações adicionais, mas não preserva qualquer símbolo gráfico. Como

os demais softwares não podem usar o formato próprio do Encore (ENC), a única

maneira de se transferir uma música entre eles é usando o padrão Standard MIDI

File. A partir dai, a música pode ser editada graficamente.

45

4.3.2 Ambiente de Programação Borland Delphi 7

Para auxiliar o ensino de harmonia musical foi desenvolvido um software, com

a ferramenta Borland Delphi 7. O Delphi é um ambiente de desenvolvimento de

aplicações, orientado a objeto, que permite o desenvolvimento de aplicações para

plataforma Windows com pouca codificação, além de ter ferramentas, como

templates e experts de aplicações e formulários, que aumentam muito a

produtividade, facilitando a programação da aplicação. (BRAZ JUNIOR, 1997)

Sonnino (2001) descreve que o Delphi é uma ferramenta multiuso, que gera

executáveis nativos, não sendo interpretado, permitindo assim melhor performance,

além de ser um software orientado a objetos, que permite a criação de programas

mais robustos e mais fáceis de depurar.

Existem diversas formas de emitir sons no Delphi, além de componentes já

prontos capazes de tocar músicas em diversos formatos, como midi, moving picture

group audio layer (mp3), windows media video (wmv), waveform audio format

(wave). No entanto este projeto baseia-se em um teclado musical, e deve permitir ao

usuário tocar qualquer nota, com qualquer duração, e a qualquer momento, portanto

foi escolhido a função sndPlaySoundW que melhor respondeu à estas requisições.

Para esta função o som foi utilizado o formato wave.

Como inicialmente os sons foram gravados no formato MIDI, através do

programa Encore, todas os sons deste projeto foram convertidos para o formato

wave, através do programa Ease Midi Converter. Um programa capaz de converter o

som com a vantagem de copiar o áudio digitalmente, não através da placa de som, o

que possibilita cópias perfeitas dos originais.

4.3.3 Fluxogramas

O primeiro fluxograma, relativo à tela principal, permite acessar 4 módulos,

sendo eles: teclado, música, teclado adaptado e seleção de escalas.

46

4.3.3.1 Tela Principal

A navegação entre os módulos do software é realizada através de menus.

Para tanto, foram criados procedimentos que fazem este controle, conforme o

fluxograma da Figura 21.

Figura 21: Fluxograma para o controle do menu da tela principal

4.3.3.2 Teclado

Neste módulo, o usuário poderá escolher tocar manualmente ou

automaticamente. Na opção manual, é reproduzido apenas o som da nota

selecionada, enquanto que na opção automática, as notas são reproduzidas

seqüencialmente, através das setas direcionais para esquerda e para direita. Para

realizar este controle, foram implementadas funções (Inc_Nota e Dec_Nota) que

incrementam e decrementam a nota selecionada. Além disso, foi elaborada a opção

de se tocar todas as notas ou somente as brancas, escolhendo-se a sua opção

correspondente no menu. Este controle é realizado através das funções Inc_Menu e

Dec_Menu, como mostra o fluxograma da figura 22.

47

Figura 22: Fluxograma para o controle do menu da tela de teclado

4.3.3.3 Música

O módulo de música está relacionado à teoria musical e foi dividido em 3

partes: divisão musical, escalas e acordes. Para facilitar a navegação, os menus

foram ordenados seqüencialmente. Para tanto, foram implementados procedimentos

que possibilitam a incrementação e decrementação de um contador que controla o

menu por meio das funções Inc_Menu e Dec_Men, como mostra o fluxograma da

figura 23.

48

Figura 23: Fluxograma para o controle do menu da tela de música

4.3.3.4 Teclado Adaptado

Este módulo apresenta apenas uma tela com algumas explicações de como

se utilizar o periférico óptico, também desenvolvido neste trabalho.

4.3.3.5 Seleção de Escala

Nesta tela, as setas direcionais podem ser utilizadas tanto na seleção da

escala como no controle do menu. Portanto, foi criada uma variável (f_Escala) para

49

diferenciar o uso das teclas em cada finalidade. Quando a variável for verdadeira, as

setas irão controlar o menu. Caso contrário, irá selecionar a escala a ser tocada.

Foram implementadas 24 escalas, ordenadas em forma de uma matriz de 2

linhas e 12 colunas. Assim, para selecionar uma escala, os procedimentos

implementados controlam as linhas e colunas através de incrementos e decrementos

de contadores, ativados pelas setas direcionais.

A cada nova seleção da escala, as nomenclaturas e os sons dos acordes

(labels) são atualizados, permitindo ao usuário a sua imediata execução através da

ativação das teclas A, B, C, D, E, F e G, conforme o fluxograma da Figura 24.

Figura 24: Fluxograma para o controle dos menus da tela de seleção de escala

50

4.3.4 Usabilidade do Software

Foi utilizado o periférico com botões, desenvolvido por Scardovelli (2007),

para que pessoas com déficit de coordenação motora pudessem acessar o

computador. Esse periférico composto por botões maiores que as teclas do

computador, permite o acionamento de apenas uma função com o pressionar da

mão fechada ou de vários dedos, facilitando a usabilidade de pessoas com limitação

motora.

Este periférico conectado ao teclado do computador através de uma porta DB

15 para agir em paralelo com as teclas direcionais, enter e colchete, é composto por

6 caixas de plástico de 6 cm x 5 cm, no interior das quais foram colocados

interruptores. As caixas foram fixadas com velcro em uma superfície de madeira

para não se deslocarem durante os movimentos e possibilitarem outra disposição

em função das necessidades do usuário. Para torná-las mais atrativas, as caixas

foram cobertas por uma estrutura em espuma revestida de etil vinil acetato (E.V.A.)

colorido (figura 25).

Figura 25: Periférico para acesso ao teclado (FONTE: Scardovelli, 2007)

51

4.4 MODELAGEM E SIMULAÇÃO

Para observar em função do tamanho das mãos, do comprimento dos braços

e do alcance máximo dos movimentos dos membros superiores de pessoas com e

sem limitações motoras, foi modelado um personagem 3D com a ferramenta

Blender.

Com esta modelagem foi possível projetar um periférico adequado às

necessidades do usuário.

Primeiramente foram simulados os movimentos necessários para tocar piano,

considerando a área normalmente utilizada por uma pessoa sem limitação motora e

um piano de 150 cm de largura. (Figuras 26 e 27).

Figura 26: Área utilizada para tocar piano

Figura 27: Simulação dos movimentos de tocar piano

52

Para ampliar o alcance de movimento dos membros superiores, permitindo

dispor o periférico em diferentes alturas, foi simulado o movimento de deslocamento

em altura do antebraço do personagem. Para tanto, foi considerada a pessoa

sentada, braços em posição neutra e cotovelos fletidos inicialmente em 90º com

rotação interna de ombro, passando para flexão à 145°, e finalizando com 90° em

rotação externa de ombro, conforme figura 28.

Figura 28: Simulação dos movimentos de rotação do ombro e deslocamento em altura do

antebraço de uma pessoa sem limitação motora

Estes movimentos foram simulados para que o periférico fosse mais versátil,

podendo ser adaptado às características morfométricas e às limitações motoras dos

pacientes, aproveitando como área útil todos os movimentos preservados.

4.5 DESENVOLVIMENTO DO PERIFÉRICO

Foi desenvolvido um periférico óptico (Figura 29) cujo objetivo é proporcionar

ao indivíduo a emissão do som de um acorde musical através de um acionamento

que não necessite de força e coordenação motora fina, e que possibilite um

movimento com foco direcionado.

53

Figura 29: Periférico óptico

O periférico contém 7 sensores acondicionados em 7 caixas de madeira, pois

as principais notas musicais são 7 (dó, ré, mi, fá sol, lá, si) e cada escala musical

possui 7 acordes. Com o acionamento de 1 sensor o usuário obtém a emissão do

som de uma nota ou de um acorde.

As caixas com as dimensões de 10 x 10 x 12,5 cm (Figura 30) são articuladas

por seis réguas de fixação (Figuras 31 e 33) que possibilitam a variação das

distâncias e ângulos entre uma caixa e outra.

Figura 30: Dimensões das caixas do periférico

54

Figura 31: Réguas de fixação

Cada caixa possui um sensor óptico (LED - ligth emmiting diode) acionado

por um circuito eletrônico (Figura 32) formado por resistências, transistores e LDR’s

(ligth dependent resistor). O LDR tem como característica alterar o valor da

resistência em função da luz recebida.

Figura 32: Circuito eletrônico

Foi Implementado um circuito com acionamento por sombra, ou seja, quando

o feixe de luz do LED, dentro da caixa, é interrompido, o transistor satura e fecha o

contato da tecla. Esse circuito é interligado ao teclado do computador através de

uma adaptação utilizando um conector DB 25, que atua em paralelo com as teclas A,

B, C, D, E, F, G.

55

Quando um dos 7 sensores é acionado ocorre a emissão do som de um

acorde musical, correspondente à escala escolhida no software, como mostrado na

Tabela 3.

Tabela 3: Correspondência entre sensores, teclas, cores das caixas e acorde emitido.

Sensores Teclas Caixa e Cor Acorde emitido

1 C 1 – rosa Primeiro acorde da escala

2 D 2 – azul Segundo acorde da escala

3 E 3 – amarela Terceiro acorde da escala

4 F 4 – vermelha Quarto acorde da escala

5 G 5 – verde Quinto acorde da escala

6 A 6 – branca Sexto acorde da escala

7 B 7 – lilás Sétimo acorde da escala

Cada caixa foi pintada por fora com a cor correspondente à cor do LED

utilizado na mesma. Por dentro, as caixas foram pintadas de preto para diminuir a

interferência da luz ambiente (Figura 33).

Figura 33: Caixas do periférico com as réguas de fixação

56

4.6 AVALIAÇÃO DA INTERFACE E DO PERIFÉRICO

4.6.1 Avaliação da Interface

Para avaliar o conteúdo disponibilizado no software, nos módulos de teclado,

de música, de teclado adaptado e de seleção de escalas, foi solicitado que três

professores de música popular respondessem um questionário (APÊNDICE B)

analisando a veracidade, a relevância, a aplicabilidade e o nível de dificuldade.

4.6.2 Avaliação do Periférico

Para avaliar o método desenvolvido um voluntário executou uma música no

teclado convencional e no periférico óptico. Com o programa Audacity 1.2.6, a

música foi gravada e cronometrada, assim como o tempo de emissão do som do

acorde (tempo on - TON) e o tempo de transferência / passagem entre um acorde e

outro (tempo off - TOFF).

Os tempos (TON e TOFF) do periférico foram comparados ao desvio padrão

dos tempos (TON e TOFF) do teclado convencional.

57

5 RESULTADOS

5.1 A INTERFACE MUSICAL

Com os botões de acesso o aprendiz pode selecionar na tela o tema que

deseja estudar. A primeira tela possibilita a escolha de diversos temas, tais como:

Teclado, Música, Teclado Adaptado, e Seleção de Escalas Musicais (figura 34).

Figura 34: Tela principal

5.1.1 Teclado

Nesta tela o aprendiz tem acesso à figura de um teclado virtual de 49 teclas,

correspondente à 4 oitavas do piano, (figura 35) e pode, através dos botões de

acesso, tocar e ouvir cada nota, escolhendo:

- Tocar as notas brancas e pretas seqüencialmente.

- Tocar somente as notas brancas seqüencialmente.

- Tocar manualmente, ouvindo o som apenas das notas que escolher.

58

Figura 35: Tela do teclado virtual

5.1.2 Música

Quando escolhe o assunto “MÚSICA” o usuário passa para uma tela

relacionada à teoria musical (figura 36), e pode selecionar o material que deseja

estudar, podendo escolher:

Divisão musical: tela que descreve os conceitos de melodia, contraponto, harmonia e

ritmo, e permite ao aprendiz ouvir músicas específicas relacionadas a cada conceito

(figura 37).

As escalas: tela que descreve os conceitos de escalas ascendentes e escalas

descendentes, permitindo a visualização das mesmas no teclado convencional

(figura 38).

Os acordes: tela que descreve como os acordes são formados (figura 39).

59

Figura 36: Tela de teoria musical

Figura 37: Tela de divisão musical

60

Figura 38: Tela de conceito de escalas

Figura 39: Tela de conceito de acordes

61

5.1.3 Teclado adaptado

Esta tela, relacionada ao teclado adaptado, explica como utilizar o periférico

para executar uma música (figura 40).

Com o uso da interface e do teclado adaptado o aprendiz não necessita

pressionar 3 teclas de uma vez para formar um acorde, apenas com um movimento

do membro superior ele aciona o sensor óptico e obtém a emissão do som de três

notas simultâneas.

Figura 40: Tela do teclado adaptado

5.1.4 Seleção de escalas

Nesta tela o aprendiz toca os acordes selecionando uma das 24 escalas

musicais, e escolhe tocá-los com o baixo ou não, que é a função que dá maior

profundidade à harmonia. Pode também visualizar na tela um teclado virtual que

mostra as notas que estão sendo tocadas (Figura 41).

62

Figura 41: Tela de seleção de escalas

5.2 AVALIAÇÃO DA INTERFACE

Os três professores de música popular classificaram no questionário os

módulos de teclado, de teclado adaptado e de seleção de escalas como ótimos. O

módulo de música foi classificado por um dos avaliadores como bom, sugerindo que

o conteúdo teórico fosse ampliado, e por dois avaliadores foi classificado como

ótimo.

Em relação à qualificação do conteúdo teórico, todos os professores

classificaram o mesmo como sendo veraz, de grande relevância, e de fácil

aplicabilidade. Dois avaliadores classificaram o nível de dificuldade do material como

muito fácil, e um avaliador classificou como nível médio.

63

5.3 O PERIFÉRICO ÓPTICO

5.3.1 Simulação dos movimentos do paciente

Vários pacientes da clínica de fisioterapia da Universidade de Mogi das

Cruzes se mostraram interessados em participar da pesquisa. Estes pacientes

apresentavam seqüelas motoras de membro superior, provocadas por paralisia

cerebral, distrofia muscular de Duchenne, acidente vascular encefálico e lesões do

nervo mediano.

Na avaliação foi observado que a maioria dos pacientes não tinha força

muscular, alguns apresentavam movimentos involuntários, devido às alterações

tônicas musculares, e sentiam dificuldade para movimentar dois ou mais dedos

simultaneamente de forma coordenada.

Foi escolhido um paciente de 9 anos que desejava muito tocar música e tinha

o quadro clínico de diparesia após paralisia cerebral (parecer do comitê de ética

CAAE: 0102.0.237.000-08). Foi simulado o alcance de deslocamento lateral dos

antebraços (Figura 42) observando que os membros superiores mantinham um leve

padrão flexor. O paciente não realizava extensão completa de cotovelos e punhos,

abdução e adução completa de punhos. Os movimentos de pinça e preensão

estavam diminuídos, sendo que o lado esquerdo estava mais comprometido.

Figura 42: Área útil de movimentação do voluntário

OMBRO OMBRO

DESLOCAMENTO DO ANTEBRAÇO

ESQUERDO

DESLOCAMENTO DO ANTEBRAÇO

DIREITO

64

Foram simulados os movimentos de deslocamento lateral (Figura 43) e

deslocamento em altura do antebraço (Figura 44), para estabelecer uma disposição

dos acionadores compatível com as necessidades do paciente.

Figura 43: Simulação dos movimentos de deslocamento lateral do antebraço de uma pessoa

com limitação motora

Figura 44: Simulação dos movimentos de deslocamento em altura do antebraço de uma

pessoa com limitação motora

A partir destas modelagens e simulações o periférico óptico foi disposto no

ambiente virtual.

65

5.3.2 Usabilidade do periférico

Foi analisada a usabilidade do dispositivo com o posicionamento das caixas

do periférico no ambiente virtual de tal maneira que, o modelo do paciente de 9 anos

conseguisse acionar todos os sensores com os movimentos preservados. Foi

simulado a utilização do periférico, como ilustrado nas Figuras 45 e 46.

Figura 45: Simulação da utilização do periférico (vista superior)

Figura 46: Simulação da utilização do periférico (vista lateral)

66

Em seguida, o dispositivo foi testado pelo paciente que conseguiu acionar

todos os sensores sem esforço e obter a emissão das notas e dos acordes. Ele não

tocou ainda uma música por não ter nenhuma formação musical, mas com o

periférico terá a oportunidade de aprender.

5.4 AVALIAÇÃO DO PERIFÉRICO

5.4.1 Tempo de resposta do periférico

Para observar o tempo de resposta do periférico foi solicitado a um voluntário,

sem limitação motora, que tocasse 10 vezes os acordes de uma música no teclado

convencional e no periférico óptico desenvolvido nesta pesquisa. O voluntário

escolheu tocar a música “Fico assim sem você” de Adriana Calcanhoto, com 57

acordes, no tom de Lá maior, e no tempo 4x4.

A média dos tempos de emissão do som do acorde (tempo on - TON) e de

transferência / passagem entre um acorde e outro (tempo off – TOFF) é apresentada

na tabela 5.

Tabela 4: TON e TOFF em segundos

Nº de Acordes da Teclado Convencional Periférico Acordes música TON TOFF TON TOFF 01 A 1,60 0,35 1,65 0,48 02 C#m 1,55 0,45 1,51 0,36 03 D 1,55 0,55 1,52 0,38 04 E 1,40 0,55 1,42 0,46 05 A 1,40 0,55 1,44 0,41 06 C#m 1,40 0,50 1,50 0,37 07 D 1,35 0,50 1,48 0,35 08 E 1,40 0,55 1,43 0,39 09 D 1,50 0,45 1,58 0,37 10 E 1,40 0,55 1,46 0,44 11 C#m 1,75 0,30 1,45 0,53 12 F#m 1,50 0,45 1,26 0,57 13 Bm 1,65 0,25 1,54 0,34 14 Bm 1,55 0,30 1,45 0,46 15 E 1,55 0,35 1,38 0,52 16 E 1,35 0,50 1,45 0,60 17 A 1,45 0,35 1,35 0,50 18 C#m 1,40 0,35 1,55 0,30 19 D 1,50 0,40 1,50 0,45

67

20 E 1,25 0,45 1,30 0,65 21 A 1,45 0,35 1,35 0,50 22 C#m 1,45 0,35 1,35 0,55 23 D 1,40 0,35 1,45 0,50 24 E 1,25 0,40 1,45 0,45 25 D 1,50 0,35 1,45 0,45 26 E 1,50 0,35 1,40 0,50 27 E 1,45 0,40 1,45 0,55 28 F#m 1,40 0,50 1,10 0,70 29 Bm 1,70 0,30 1,55 0,30 30 Bm 1,40 0,40 1,50 0,55 31 E 1,50 0,40 1,25 0,60 32 E 1,50 0,50 1,60 0,55 33 F#m 1,50 0,30 1,20 0,55 34 C#m 1,55 0,40 1,40 0,60 35 D 1,40 0,45 1,58 0,50 36 A 1,50 0,35 1,32 0,65 37 F#m 1,45 0,40 1,50 0,40 38 C#m 1,35 0,40 1,45 0,40 39 D 1,55 0,30 1,65 0,40 40 E 1,55 0,50 1,35 0,50 41 A 1,70 0,45 1,60 0,60 42 C#m 1,40 0,35 1,38 0,52 43 D 1,40 0,40 1,55 0,43 44 E 1,40 0,45 1,45 0,52 45 E 1,35 0,40 1,63 0,40 46 A 1,50 0,35 1,72 0,35 47 C#m 1,45 0,40 1,53 0,32 48 D 1,60 0,25 1,60 0,45 49 E 1,55 0,35 1,15 0,63 50 D 1,50 0,35 1,52 0,40 51 E 1,65 0,50 1,35 0,48 52 C#m 1,45 0,45 1,34 0,56 53 F#m 1,55 0,30 1,15 0,62 54 Bm 1,55 0,40 1,60 0,30 55 Bm 1,50 0,35 1,20 0,63 56 E 1,55 0,35 1,34 0,48 57 E 1,60 0 1,50 0 Total 84,55 22,55 82,18 26,82 Total Geral 107,10 109,00

Observa-se a semelhança entre o tempo de execução da música com o

teclado convencional (107,10 segundos) e com o periférico (109,00 segundos).

O desvio padrão, em relação ao tempo gasto para tocar cada um dos 57

acordes executados no teclado convencional, foi calculado pelo Excel, tanto no TON

como no TOFF e apresentado nas figuras 47 e 48.

68

TON - Teclado Convenional

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 10 20 30 40 50 60

Nº de acordes

Tem

po

de

exec

uçã

o d

os

aco

rdes

(s)

Figura 47: Desvio padrão do teclado convencional - TON

TOFF - Teclado Convencional

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

Nº de transferências

Tem

po

de

tran

sfer

ênci

a en

tre

os

aco

rdes

(s)

Figura 48: Desvio padrão do teclado convencional – TOFF

69

O desvio padrão do teclado convencional destaca valores de alcance para

TON máximo de 2,15 segundos e mínimo de 0,85 segundo, e para TOFF máximo de

0,95 segundo e mínimo de 0 segundo.

A partir do desvio padrão de TON e TOFF do teclado convencional foram

analisados os dados correspondentes ao periférico óptico. Observou-se que todos

os valores do periférico estão dentro do desvio padrão relativo ao teclado

convencional (Figuras 49 e 50), comprovando que o tempo de resposta é

semelhante para os dois instrumentos.

TON

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

Nº de acordes

Tem

po

de

exec

uçã

o d

os

aco

rdes

(s)

Teclado Convencional Periférico

Figura 49: Valores do TON do periférico

70

TOFF

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

Nº de transferências

Tem

po

de

tran

sfer

ênci

a en

tre

os

aco

rdes

(s)

Teclado Convencional Periférico

Figura 50: Valores do TOFF do periférico

71

6 DISCUSSÃO

A interface foi aprovada pelos professores como sendo um material didático

que auxiliará o ensino de música e a aprendizagem de harmonia musical

(professor/aluno) através de conteúdos teóricos relevantes. A interface também

possibilita o treino de percepção auditiva, pois contém um teclado virtual que facilita

o aprendizado dos intervalos tonais e permite ao usuário dominar toda a série

melódica tonal. Além disso, possui um módulo de seleção de escalas que permite ao

usuário optar entre 24 escalas musicais para que desta forma toque os acordes de

uma música.

Como os sons dos acordes foram previamente gravados, com a interrupção

de 1 feixe de luz o aprendiz obteve a emissão de 3 ou 6 notas, conseguindo com

apenas um movimento realizar o acorde musical desejado. No teclado convencional

o usuário necessita de habilidade para realizar os movimentos dissociados dos

dedos, o que exige uma boa coordenação e precisão nos movimentos. No periférico

desenvolvido, com apenas a movimentação preservada, o feixe de luz é

interrompido, os sensores são acionados, e o som do acorde é emitido.

Como o teclado convencional e o periférico óptico foram tocados por um

voluntário, os tempos de emissão do som do acorde (TON) e de transferência /

passagem entre um acorde e outro (TOFF), apresentaram pequenas variações.

Estas variações ocorrem pela falta de precisão do próprio indivíduo no momento em

que toca o instrumento, mas geralmente isto não é perceptível ao ouvido humano.

Portanto, uma diferença de 1,90 segundos observada entre o tempo total gasto para

tocar uma música com teclado convencional e com o periférico óptico, não é

relevante quando se trata de tocar a base harmônica de uma música.

Este periférico óptico é diferenciado pois possibilita a execução de melodias e

harmonias musicais, enquanto as órteses, utilizadas para atividades de vida diária,

possibilitam o pressionar de apenas uma tecla de cada vez, permitindo a execução

apenas de melodias.

Alguns trabalhos utilizam a realidade aumentada para facilitar a prática

musical, como o estudo de Zorzal et al. (2005) que utiliza a oclusão de marcadores

para executar sons pré-definidos possibilitando a execução de uma pequena

melodia, ou o GenVirtual desenvolvido por Corrêa et al. (2008) que através de um

72

sistema sorteia notas, gerando uma seqüência musical ou permitindo que a melodia

seja criada pelo usuário. Entretanto, estes softwares, continuam limitando a prática

musical, pois permitem apenas a execução de melodias e não de harmonias.

73

7 CONCLUSÃO

Com o modelo virtual desenvolvido foi possível dimensionar os dispositivos

em função do tamanho e da morfologia de um voluntário, analisar o funcionamento

correto do periférico, portanto a simulação permitiu prever movimentos e situações

capazes de prejudicar a usabilidade.

Este periférico, por ser desenvolvido com sensores ópticos, não necessitou da

força do paciente para ser acionado. As 7 caixas permitiram que o paciente

focalizasse seu movimento, necessitando apenas da coordenação motora grossa e

não da coordenação motora fina para tocar os acordes. O periférico é acessível à

vários tipos de limitações motoras, pois pode ser ajustado de acordo com a

necessidade de cada paciente.

O periférico óptico é uma ferramenta que estimulará a prática de música a

pessoas com limitações, e proporcionará ao indivíduo a oportunidade de tocar

acordes musicais de forma independente.

74

8 TRABALHOS FUTUROS

Implementar mais 7 caixas ao periférico. Assim, com 7 caixas o usuário toca

os acordes puros (mão direita), e com mais 7 caixas toca o baixo dos acordes (mão

esquerda). Desse modo poderá dar mais ritmo à música e implementar novas

harmonias.

Conectar o periférico a um teclado convencional, onde pacientes, por exemplo

com hemiparesia, poderiam tocar melodias musicais no teclado convencional com o

membro são, e harmonias musicais no periférico com o membro limitado.

Testar o periférico durante um período maior, com mais voluntários e

pacientes, a fim de observar sua eficiência no auxílio à aprendizagem de harmonia

musical.

Aprimorar a interface e o periférico visando sua utilização enquanto

ferramenta para promover a reabilitação de pacientes com limitações motoras dos

membros superiores.

75

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80

APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido

81

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto:_________________________________________________________________________ Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde

Eu, ____________________________________________________RG nº __________________, concordo em participar voluntariamente de pesquisa científica realizada no Núcleo de Pesquisas Tecnológicas – NPT da Universidade de Mogi das Cruzes - UMC. Fui informado(a) que a pesquisa destina-se a auxiliar o ensino de harmonia musical, por meio de um software e um teclado musical. O periférico contém 14 sensores (7 para a mão direita e 7 para mão esquerda) que quando acionados, através de movimentos da minha mão, emitirão som. Para tanto, serei orientado e acompanhado por um profissional habilitado, sobre a utilização do periférico e funcionamento do software que contém a teoria musical e a seleção de escalas para execução de uma música.

Confidencialidade Seu nome não será revelado em nenhum relatório ou publicação oriundo deste estudo como é

assegurado por normas éticas internacionais. Considero-me suficientemente informado e sabendo:

- da inexistência de desconforto, risco ou ônus financeiro; - da garantia do sigilo das informações que irei fornecer e que serão usadas apenas para fins

estatísticos ou científicos, mantendo minha privacidade, não podendo ser consultada por pessoas leigas sem que haja minha prévia autorização por escrito;

- que serei esclarecido a qualquer momento da pesquisa sobre qualquer dúvida; - que tenho a possibilidade de desistência a qualquer momento da pesquisa; - que tenho direito de me recusar a participar ou retirar o consentimento a qualquer momento sem

prejuízo ou penalizações.

CONSENTIMENTO INFORMADO

Eu,..................................................................................................................................concordo voluntariamente em participar do projeto “Dispositivo para auxiliar o ensino de música a pessoas com limitações motoras finas” e poderei retirar meu consentimento a qualquer hora, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. A minha assinatura nesse termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE dará a autorização ao patrocinador do estudo de utilizar os dados obtidos quando se fizer necessário, incluindo a divulgação dos mesmos, sempre preservando a minha privacidade. Os detalhes deste estudo foram satisfatoriamente explicados e todas as minhas dúvidas respondidas. Assino o presente documento em duas vias de igual teor e forma, ficando uma em minha posse.

................................................................................................ Assinatura do Paciente e/ou Responsável

RG:........................................... Tel:.......................................

Declaro que expliquei pessoalmente este termo de consentimento informado, respondendo as dúvidas apresentadas. ___________________________ ___________________________ Assinatura do Aluno Pesquisador Assinatura do Docente Responsável Tatiany Marcondes dos Santos Prof. Drª Annie F. Frère Slaets Rua Dr. Cândido Xavier de Almeida Souza, 200 Rua Dr. Cândido Xavier de Almeida Souza, 200 Mogi das Cruzes CEP 08780-911 Mogi das Cruzes CEP 08780-911 Telefone: (11) 47987000 Telefone: (11) 47987000

Mogi das Cruzes, _____________________________

82

APÊNDICE B – Questionário de avaliação

83

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA BIOMÉDICA

Mogi das Cruzes ___ de ______________ de 2008

Nome: ____________________________________________________________

Professor de música popular há quanto tempo? ___________

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO

1. Qual sua opinião sobre o conteúdo dos módulos da interface apresentado no

trabalho ”PERIFÉRICO PARA AUXILIAR A APRENDIZAGEM E PRÁTICA DE

HARMONIA MUSICAL A PESSOAS COM LIMITAÇÕES MOTORAS”?

Módulos Conteúdo

1 - teclado ( ) ruim ( ) razoável ( ) bom ( ) ótimo

2 - música ( ) ruim ( ) razoável ( ) bom ( ) ótimo

3 - teclado adaptado ( ) ruim ( ) razoável ( ) bom ( ) ótimo

4 - seleção de escalas ( ) ruim ( ) razoável ( ) bom ( ) ótimo

2. O grau de qualificação do material utilizado no conteúdo teórico deste trabalho é :

Qualificação Conteúdo Teórico

Veracidade ( ) é verdadeiro ( ) não é verdadeiro

Relevância ( ) pouco relevante ( ) muito relevante

Aplicabilidade ( ) fácil aplicabilidade ( ) difícil aplicabilidade

Nível de dificuldade* ( ) muito fácil ( ) médio ( ) muito difícil

2. Comentários:______________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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