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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Maikielli Zulpo Estoque de Carbono Orgânico em Latossolo Vermelho com Diferentes Sucessões de Culturas de Grãos Passo Fundo, novembro de 2011.

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Maikielli Zulpo

Estoque de Carbono Orgânico em Latossolo Vermelho com Diferentes

Sucessões de Culturas de Grãos

Passo Fundo, novembro de 2011.

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Maikielli Zulpo

Estoque de Carbono Orgânico em Latossolo Vermelho com Diferentes

Sucessões de Culturas de Grãos

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Ambiental, como parte

dos requisitos exigidos para obtenção do título

de Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Pedro Alexandre Varella

Escosteguy, PhD.

Passo Fundo , novembro de 2011.

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Maikielli Zulpo

Estoque de Carbono Orgânico em Latossolo Vermelho com

Diferentes Sucessões de Culturas de Grãos

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:

Orientador:_________________________

Pedro Alexandre Varella Escosteguy, Ph. D

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, UPF

___________________________________

Carlos Gustavo Tornquist, Dr.

Faculdade de Agronomia, UFRGS

___________________________________

Evanisa Fátima Reginato Quevedo Mello, Dra.

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

Passo Fundo, 30 de novembro de 2011.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por tudo conquistado até hoje.

Agradeço aos meus pais, que não mediram esforços para que hoje eu realiza-se este sonho!

Hoje concluo esta etapa pra vocês!!

Ao meu orientador, Professor Pedro, que durante esses dois anos e meio nunca mediu

esforços para que concluíssemos este trabalho.

As minhas irmãs Néie e Gabi, pelas palavras de apoio e coragem durante essa jornada, não sei

o que seria da minha vida sem elas!

Aos meus avós Eva e Izidro que durante um ano e meio foram meus pais.

A Prof Evaniza e ao Professor Gustavo por aceitarem participar da banca.

Ao funcionário do Laboratório de Solos, Marcelo pelo auxílio neste trabalho.

Aos Professores Gustavo e Cimélio do Departamento de Ciência dos Solos da UFRGS, pelo

auxílio nas análises.

Aos colegas do Laboratório de Química do Solo: Andressa, Aline, Tobias, Daniel e

Guilherme, pelo auxílio neste trabalho.

Ao Professor Vilson Klein e a equipe do LAFAS: Vinícius, Elias, Lucas e Tiago pela ajuda

indispensável.

Aos meus amigos Andressa (Lora) e Vinícius (Vini), pela força e palavras de coragem, ajuda

e companhia. Vocês foram de suma importância para a finalização deste TCC, Obrigado!

As minhas amigas Ana, Néie e Naty e ao meu amigo Lucas, por tornarem os meus finais de

semanas inesquecíveis, a companhia de vocês é insubstituível!!

Aos companheiros de copo: Néie, Ana, Naty, Andressa, Ange, Aline, Elias, Lucas, Vini, Jane,

Tiago, Rogério (Ita), Daniel, Aline (Loirinha), as melhores jantas, junções, festas, chimarrão

de fim de tarde, certamente tinha a companhia de vocês!

Ao Itapuca pelas longas conversas, apoio, coragem, conselhos e pela amizade que não tem

preço. Ita a gente conseguiu!!!

A Eli, Trocinho, Dieni e a Rô, pela amizade e companheirismo desde o primeiro semestre.

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Aos meus colegas de curso, os quais sinto um aperto no peito de saudades e ao mesmo tempo

muito orgulho por termos vencidos juntos essa batalha chamada Engenharia Ambiental!

Agradeço a todos que de alguma maneira me ajudaram neste TCC, seja disponibilidade de

material, interpretação das estatísticas e leitura do trabalho, as palavras de apoio foram

essenciais (Como: Vai escrever Maikielli!! ou Capricha!!) e aos inúmeros convites de festas,

jantas e pipoca com chimarrão bem nos dias em que precisa escrever! Obrigado meus

Amigos!

Por fim agradeço a este trabalho, que definitivamente mudou minha vida, pois através dele

tive a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas, que conseguiram transformar este

último ano no melhor desta jornada acadêmica, pessoas estas que fazem a diferença e com

certeza os levo o resto da vida ao meu lado!

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Dedicatória

Aos meus pais, Sérgio e Eleni.

E as minhas irmãs, Manuelli e Gabriélli.

Por acreditarem neste sonho!

DEDICO!

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O mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de

alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Steve Jobs

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RESUMO

O aumento da concentração de gases na atmosfera, principalmente, o CO2 tem causado

mudanças climáticas indesejáveis. Solos agrícolas adequadamente manejados podem

minimizar a concentração deste gás na atmosfera. O objetivo do trabalho foi o de avaliar o

efeito de rotações de culturas de inverno e de verão no estoque de carbono (C) de um

Latossolo (0 – 10, 10-20 cm de profundidade e no acumulado das camadas), sob plantio

direto, em Passo Fundo, RS. As sucessões de inverno avaliadas foram: 1) Um ano milho e

dois anos soja; 2) Milho e soja, alternados; 3) Dois anos soja e um ano milho; 4) Monocultura

de soja; 5) Monocultura de milho. Nas sub-parcelas foram avaliadas as seguinte rotações de

inverno: 6) aveia; 7) azevém; 8) ervilhaca; 9) nabo forrageiro; 10) pousio; 11) trigo. O

estoque de C do solo variou com as culturas de inverno, não sendo influenciado pelas

sucessões de verão testadas, nem pela interação destas com as espécies de inverno ou o

pousio. O cultivo de azevém e de nabo forrageiro aumentaram o estoque de C do solo, em

relação ao solo em pousio de inverno. O aumento do estoque ocorreu devido ao incremento de

C proveniente da matéria seca decorrente das culturas de inverno, outro fator foi à relação

C/N e o teor de N do solo, que influenciaram o tempo de decomposição dos resíduos vegetais,

ocasionando o acúmulo de C no solo.

Palavras-chaves: Seqüestro de Carbono, Poluição do Solo, Nitrogênio, Plantio Direto

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ABSTRACT

Increasing the atmosphere gases concentration, mainly carbon dioxide is causing climate

change undesirable. Properly managed agricultural soils can minimize the atmosphere gas

concentration. The study aim to evaluate the effect of winter and summer crop succession in

the stock of organic carbon (OC) of a Dystrophic (0-10 cm, 10-20 cm and in the accumulated

layers) under no-tillage in Passo Fundo, RS. The succession of summer were: 1) One year

corn and soybeans two years, 2) corn and soybeans, alternate, 3) Two years soybeans and

corn one year and 4) soybean monoculture, 5) monoculture corn. In sub-plots were evaluated

winter crops: 6) oats; 7) Ryegrass, 8) Vetch, 9) Turnip, 10) Fallow, 11) Wheat. In the layers

evaluated the stock of OC in the soil varied with the winter crops, not being influenced by a

succession of summer tested neither by the interaction with these species winter or fallow. In

the 0-20 cm layer, the cultivation of ryegrass and turnip increased the stock of OC in the soil,

compared to the soil in winter fallow, but did not provide a greater stock of OC compared to

other winter crops, these results may be related to increased soil bulk density presented by the

cultures of ryegrass and turnip. The content and stock of OC in the second layer (10-20 cm)

did not vary between winter crops, and in the first layer (0-10 cm) there was variation in these

attributes as the calculation methodology used. Layers evaluated the content of nitrogen (N)

of the soil varied with the interactions between the succession of winter and summer, and

there were isolated effect of winter crops, not being influenced by the isolated effect of a

succession of summer. The higher soil N content provided by succession of summer soybeans

one year and two years corn favored the effect of turnips in the stock of OC in relation to

fallow, compared to other winter crops, while the succession soybean and corn alternate

favored the effect of ryegrass and turnip in the OC stock.

Keywords: Carbon sink, Soil pollution, Nitrogen, No-Tillage

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Emissão de CO2 conforme a atividade ..................................................................... 18 Figura 2- Fontes antrópicas mais relevantes de emissão de dióxido de carbono ..................... 19 Figura 3- Ciclo do carbono ....................................................................................................... 22 Figura 4 - Croqui da área, local da coleta do solo .................................................................... 28

Figura 5- Local de estudo com culturas de inverno ................................................................. 28 Figura 6 - Coleta de solo com o trado calador .......................................................................... 29 Figura 7- Medição da profundidade de coleta de solo.............................................................. 30 Figura 8 - Amostragem de solo para determinação da densidade ............................................ 30 Figura 9 - Anel de Kopeck ....................................................................................................... 31

Figura 10- Determinação de nitrogênio total em solo .............................................................. 32 Figura 11- Amostra de solo após a coleta................................................................................. 32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Estoques de C em diferentes compartimentos .......................................................... 22 Tabela 2 - Teor de carbono (C), densidade do solo e estoque de C, de Latossolo Vermelho

cultivado durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de

0-10 cm. Passo Fundo, 2010 .............................................................................................. 34 Tabela 3 - Estoque de C pelo método da massa equivalente, de um Latossolo Vermelho

cultivado durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de

0-10 cm. Passo Fundo, 2010 .............................................................................................. 34 Tabela 4 - Teor de C, densidade do solo e estoque de C, de Latossolo Vermelho cultivado

durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 10-20 cm.

Passo Fundo, RS ................................................................................................................ 35 Tabela 5 - Teor de carbono (C), densidade do solo e estoque de C, de Latossolo Vermelho

cultivado durante oito anos com rotações de culturas de verão e de inverno. Camada de 0-

20 cm. Passo Fundo, 2010 ................................................................................................. 37

Tabela 6: Teor de nitrogênio (N), de Latossolo Vermelho cultivado durante oito anos com

sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 0-10 cm. Passo Fundo, 2010 .... 38 Tabela 7: Teor de nitrogênio (N), de Latossolo Vermelho cultivado durante oito anos com

sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 10-20 cm. Passo Fundo ............ 38 Tabela 8: Teor de nitrogênio (N), de Latossolo Vermelho cultivado durante oito anos com

sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 0-20 cm. Passo Fundo, 2010 .... 40

Tabela 9: Relação Carbono Nitrogênio (C/N) do solo, de Latossolo Vermelho cultivado

durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 0-10 cm.

Passo Fundo, 2010 ............................................................................................................. 41 Tabela 10: Relação Carbono Nitrogênio (C/N) do solo, de Latossolo Vermelho cultivado

durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 10-20 cm.

Passo Fundo, 2010 ............................................................................................................. 42

Tabela 11: Produção de matéria seca das culturas de inverno de quatro anos de experimento,

Passo Fundo, 2010 ............................................................................................................. 43

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14 1.1 Problema e contextualização ..................................................................................... 14 1.2 Justificativa ................................................................................................................ 15 1.3 Objetivo ..................................................................................................................... 16

1.3.1 Obejtivo Geral .................................................................................................... 16

1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 16 2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 17

2.1 Revisão Bibliográfica ................................................................................................ 17

2.1.1 Dióxido de carbono e mudanças climáticas ....................................................... 17 2.1.2 Papel do solo no ciclo do C ................................................................................ 21 2.1.3 Retenção de carbono dos solos agrícolas ........................................................... 23 2.1.4 A importância da sucessão de culturas no seqüestro de carbono ....................... 25

2.2 Materiais e Métodos ................................................................................................... 27

3 Resultados e discussões ..................................................................................................... 33

3.1.1 Teor e Estoque de Carbono e Densidade do solo ............................................... 33 3.1.2 Teor de nitrogênio .............................................................................................. 37

3.1.3 Relação carbono nitrogênio ................................................................................ 40 3.1.4 Matéria seca ........................................................................................................ 42 3.1.5 Relação carbono nitrogênio da matéria seca ...................................................... 44

3.1.6 Análise dos resultados ........................................................................................ 45

4 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 48

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Lista de Siglas

C Carbono

CE Camada Equivalente

CFC Clorofuorcarbonetos

CH4 Metano

CN Carbono nitrogênio

CO Carbono Orgânico

CO2 Dióxido de Carbono

FAMV Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária

GEE Gases do efeito estufa

H2O Vapor d’ água

LAFAS Laboratório de Água e Física do Solo

ME Massa Equivalente

MO Matéria Orgânica

MOS Matéria Orgânica no Solo

MS Matéria Seca

N2O Óxido Nitroso

PC Plantio Convencional

PD Plantio Direto

SPD Sistema Plantio Direto

O3 Ozônio

SPD Sistema Plantio Direto

UPF Universidade de Passo Fundo

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema e contextualização

A maior concentração de gases de efeito estufa, como o Dióxido de carbono (CO2),

tem sido considerada a principal causa da elevação da temperatura da Terra, relevante

problema ambiental da atualidade. O aumento da concentração deste gás na atmosfera é

decorrente do ritmo acelarado da indústria, aumento da população e a mudança do uso solo e

floresta, ou seja, retirada das florestas nativas para utilização solo para fins agrícolas.

Os solos agrícolas são um importante compartimento de carbono (C ) e exerce função

fundamental sobre a emissão de gases do efeito estufa (GEE) (CARVALHO et.al, 2010), pois

possui o importante papel de reduzir a liberação deste gás para a atmosfera, atuando mais

como dreno do que como fonte de CO2, contribuindo, portanto, para diminuir as mudanças

climáticas (LAL, 1997). Esta contribuição, no entanto, depende do uso do solo, incluindo as

sucessões de culturas utilizadas ao longo do ano.

A agricultura é considerada um vilão, quando se fala de aquecimento global. Esta

atividade, quando com frequênte mobilização do solo, provoca o incremento da oxidação

biológica do C orgânico a CO2, ocasionando um aumento da concentração desse gás na

atmosfera (REICOSKY e LINDSTROM, 1993; REICOSKY e FORCELLA, 1998).

Possuindo ainda a necessidade de uso de combustíveis fósseis e de insumos industrializados

como fertilizantes, herbicidas e inseticidas.

Entretanto, este impacto ambiental das lavouras pode ser amenizado, quando elas são

bem manejadas com a utilização de sistemas que aumentam a adição de resíduos vegetais e a

retenção de C (CARVALHO et. al, 2009) o sistema mais utilizado é plantio direto (SPD), que

consiste no não preparo do solo, deixando a palhada da última colheita como cobertura do

solo.

Além do tipo e manejo do solo, como é caso do SPD, a rotação ou sucessão de culturas

pode afetar o seqüestro de CO2 do solo, pois influência a quantidade de resíduos culturais e,

consequentemente, a quantidade de C retirado da atmosfera e adicionado ao solo pela

biomassa vegetal.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil possui cerca

de 25 milhões de hectares manejados pelo SPD, associado a sucessão ou rotação de culturas, o

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que mostra o elevado potencial que o país possui em se tornar um importante dreno de C

atmosférico. Atualmente o governo federal vem lançando progrmas que incentivam o

produtor rural a produzir minimizando a emissão dos GEE, tornando a agricultura mais

sustentável. Considerando estes aspectos o trabalho visa avaliar o seqüestro de carbono

atmosférico, em solo agrícola manejado com SPD, sob diferentes sucessões de culturas de

grãos.

1.2 Justificativa

Muito se têm falado das possíveis conseqüências do efeito estufa, um fenômeno natural

que é responsável pelo calor no planeta, mais que, recentemente, vem sendo acelerado devido

ao aumento de alguns gases denominados GEE (gases do efeito estufa). Esses gases são,

principalmente, provenientes de desmatamentos de florestas, em conjunto com as queimadas e

a atividade industrial, decorrente da queima de combustíveis fósseis. Contudo, outras

atividades, agrícolas, como o cultivo de lavouras de grãos também contribuem, em menor

escala, para a geração dos GEE.

No Sul do Brasil, os solos cultivados com lavouras de grãos são manejados com o SPD,

que se caracteriza por acumular resíduos culturais (popularmente denominados de palha ou

resteva) na superfície do solo, isso ocorre devido o SPD não remover o solo. Estes resíduos

são formados pela biomassa vegetal cultivada na área, sobrando após a colheita dos grãos.

Tendo tipicamente na sua composição química 390 a 450 g kg -1

(TRIVELIN et al., 1995).

Como a quantidade de biomassa vegetal produzida em uma área é muito grande podendo ser

superior a 7.000 g kg-1

(LEMOS et al, 2003) de matéria seca, isto indica o potencial de

seqüestro de C em solos agrícolas, o qual varia em função da espécie vegetal cultivada, ou da

sucessão de culturas utilizadas, além da quantidade de biomassa produzida.

Sabendo dos efeitos drásticos que a concentração excessiva de CO2 (principal GEE) na

atmosfera vem causando e o grande potencial da agricultura no país, este estudo visa

quantificar o efeito da sucessão de culturas de grãos sobre a armazenagem de C em solo

cultivado com o SPD.

Comprovada as diferenças entre as sucessões de culturas de grãos no aumento do

estoque de C do solo, a escolha da sucessão que mais acumula este elemento no solo poderá

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auxiliar para amenizar o impacto da agricultura no ambiente, minimizando a concentração de

CO2 na atmosfera, tornando-se, assim, um fator positivo nas medidas de desaceleração do

efeito estufa.

1.3 Objetivo

1.3.1 Obejtivo Geral

O objetivo do trabalho é avaliar o efeito de oito anos de sucessão de culturas de

inverno e de verão no seqüestro de carbono de um Latossolo Vermelho distrófico húmico, em

diferentes profundidades, do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, manejado com o sistema

de plantio direto.

1.3.2 Objetivos Específicos

O trabalho tem os seguintes objetivos específicos:

avaliar o efeito das diferentes sucessões de culturas de grãos no estoque de carbono;

determinar a quantidade de carbono acumulada nas camadas de 0 a 10 e de 10 a 20 cm;

determinar em que camada da superfície do solo ocorre efeito das sucessões de culturas de

grãos no estoque de carbono do solo;

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão Bibliográfica

2.1.1 Dióxido de carbono e mudanças climáticas

A Terra possui um mecanismo de retenção de calor muito semelhante ao de uma

estufa com teto de vidro (casa de vegetação), permitindo que a energia luminosa penetre na

atmosfera e impedindo que a radiação proveniente da superfície aquecida do planeta se

dissipe. Este fenômeno é denominado de Efeito Estufa. E permite que temperatura média da

atmosfera terrestre seja 15º C. Sem o efeito estufa, a temperatura da Terra seria 33º C menor,

ou seja -18º C, o que inviabilizaria a vida atualmente existente (CERRI e CERRI, 2007).

O efeito estufa ocorre devido, principalmente, ao efeito de gases como o dióxido de

carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), compostos de clorofluorcarbono (CFC) e

ozônio, presentes na atmosfera (totalizando menos de 1% desta), que retêm a radiação dos

raios infravermelhos, resultando no efeito calorífico dos mesmos. Grande parte desses gases é

proveniente da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e derivados), florestas e

pastagens, ocorrendo também de forma natural na atmosfera terrestre (MOSIER, 1998 apud

AMADO et. al., 2001).

Este fenômeno vem sendo intensificado com a emissão de alguns poluentes

decorrentes do ritmo acelerado da industrialização e poluição, e que são a causa do aumento

da temperatura média do planeta, afetando no equilíbrio ecológico.

O crescimento demográfico também vem contribuindo para acelerar as mudanças

climáticas, pois junto com o aumento da população vem o aumento da produção animal, e da

geração de dejetos orgânicos, o que contribui para a emissão dos gases que causam as

mudanças climáticas. O desmatamento de florestas também é uma causa importante deste

fenômeno, pois as árvores absorvem CO2 lentamente durante os longos anos de seu

crescimento, mas emitem esse gás, quando a madeira é queimada. As quantidades de gases

que causam mudanças climáticas que são liberados pelo desmatamento são significantes,

tanto em termos do impacto presente quanto do potencial para contribuição em longo prazo,

com a continuação do desmatamento da vasta área de florestas restante no Brasil

(FEARNSID, 2002), cujo um dos principais objetivos é o uso do solo para fins agrícolas. No

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Brasil, mais de 70 % da emissão dos gases causadores do efeito de estufa (GEE) ou das

mudanças climáticas está relacionado com a mudança de uso da terra e a atividade

agropecuária (BRASIL, 2009).

A figura 1 ilustra que a principal fonte de emissão de GEE é a mudança do uso do solo

e florestas, tal atividade recebeu destaque nos 11 anos monitorados.

Figura 1- Emissão de CO2 conforme a atividade

FONTE: Brasil (2009)

Cientistas prevêem o derretimento das camadas de gelo polares, com isso os níveis dos

oceanos pode subir alguns centímetros podendo chegar a um metro, o que acarretara em

inundações em regiões povoadas próximas de deltas de rios e desaparecimento de ilhas e

terrenos costeiros de baixa altitude.

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Ocorreria o superaquecimento da região equatorial e a alteração das zonas climáticas o

que seria responsável pela desertificação e afetaria áreas produtoras de alimentos. Segundo

Sandi (2009), este aumento de temperatura poderá provocar a elevação no nível dos mares,

alterações na variabilidade de eventos hidrológicos, efeitos climáticos extremos (inundações,

tempestades, temperaturas extremas, furacões e secas), empobrecimento da biota, com

extinção de várias espécies animais e vegetais, aumento da aridez dos solos, etc.

Dentre os três gases mais importantes das mudanças climáticas, o aumento da

concentração de CO2 é responsável por metade da retenção da radiação infravermelho emitida

pela superfície da Terra, contribuindo para o aquecimento global (EMBRAPA, 2007). Este

gás é produzido naturalmente através da respiração, decomposição de plantas e animais e

pelas queimadas naturais das florestas, sendo produzido ainda, principalmente por fontes

antrópicas de emissão como a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento com queima

das florestas e as atividades associadas ao processo de industrialização (MOSIER, 1998).

A Figura 2, ilustra que dentre as várias formas de emissão de CO2, a mudança do uso

da terra e florestas é responsável pela maior emissão, com percentual maior do que as outras

atividades antrópicas.

Figura 2- Fontes antrópicas mais relevantes de emissão de dióxido de carbono

Fonte: Brasil (2009)

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Segundo Embrapa (2007), as atividades agropecuárias contribuem com 1/3 das

emissões anuais deste gás para atmosfera, através da queima de florestas, pastagens e,

especialmente, pela mineralização da matéria orgânica (MO) do solo. Isso pode ser observado

na Figura 2, onde fica visível que a mudança no uso da terra e florestas é a principal fonte de

emissão de CO2.

O CO2 possui uma meia vida atmosférica estimada em cerca de 105 anos. A meia vida

é o tempo necessário para que a massa de determinada substância presente na natureza caia à

metade do que existia originalmente. Nesse caso, após 105 anos, a massa de CO2 se reduz à

metade, após outros 105 anos se reduz à metade da metade, e assim por diante. Em outras

palavras, as emissões de hoje têm efeitos de larga duração, podendo resultar em impactos no

regime climático ao longo de vários séculos.

A partir do final do século XVIII, a concentração de CO2 na atmosfera começou a

aumentar sendo a principal causa a revolução industrial que trouxe como conseqüência o

aumento da demanda de carvão mineral e petróleo como fontes de energia. A emissão total de

GEE em equivalente em CO2 aumentou em 17% durante o período de 1994-2005. O CO2 foi

responsável por 72,3% do total, ou seja, houve uma pequena diminuição em relação aos

outros GEE, uma vez que em 1994 sua participação foi de 74,1% (CERRI, 2009). Com isso a

atmosfera vem aumentando sua capacidade de reter calor.

Pesquisadores afirmam que medidas de contenção do efeito estufa devem ser aplicadas

urgentemente, entre elas estaria à redução e a remoção dos GEEs da atmosfera através da

implementação de megaflorestas, um procedimento economicamente viável e que seqüestraria

carbono atmosférico, quanto à agricultura, sistemas menos agressivos ao solo e que aumente o

teor de matéria orgânica ganharão foco, pois os solos quando bem manejados e consorciados

com sistemas de plantio com alta adição de resíduos culturais passam armazenar carbono,

tornando-se um dreno de carbono atmosférico.

Conforme Cerri e Cerri (2007), a taxa anual líquida de emissão para a atmosfera de

CO2 46,4 Mt, sendo equivalente a 12,65 Mt de C, sendo considerado apenas atividades

agrícolas relacionadas à mudanças no uso da terra. Mais quando o solo é manejado com

sistemas menos agressivos, como o sistema plantio direto (SPD), contribui para a diminuição

dos níveis de CO2 atmosférico, Cerri e Cerri (2007), relata que o solo pode contribuir com 9

Mt C ano-1

. Pesquisas mostram que os estoques de C podem ser maiores quando o sistema de

sucessão de culturas é empregado juntamente com o SPD. Conforme Siqueira Neto et al.

(2009), os estoques de C no solo aumentaram com o tempo de implantação do SPD e com a

sucessão de culturas de inverno e verão, o incremento no C do solo em 10 anos foi de 35%,

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com uma taxa anual de acúmulo de 1,94 t ha-1

ano-1

, sendo este experimento realizado no

estado do Paraná.

Enquanto que Amado (2001), obteve um incremento de 5,42 Mg ha-1

de C no solo, em

experimento realizado em Santa Maria, sendo o solo classificado em Argissolo Vermelho

distrófico arênico, isso com oito anos de sucessão de culturas e plantio direto. Nesse mesmo

experimento foi utilizado o sistema convencional, o qual no final de oito anos estimou-se uma

liberação líquida de 4,32 Mg ha-1

CO2. Esses trabalhos só vêm mostrar o potencial que o solo

bem manejado possui em seqüestrar C atmosférico, sendo um aliado na mitigação dos efeitos

do aquecimento global.

Percebendo isso o governo federal acaba de lançar o programa Agricultura de Baixo

Carbono (ABC), o qual foi lançado na safra de 2010/2011, esse programa possui o objetivo de

reduzir a emissão de gases de efeito estufa, como principal ação, está o aumento de 8 milhões

de hectares da área atual que utiliza a técnica de PD, passando de 25 milhões para 33 milhões

de hectares, permitindo que 16 a 20 milhões de toneladas de CO2 deixem de emitidas para a

atmosfera. Este programa vai destinar R$ 2 bilhões para as práticas agronômicas que

permitem compatibilizar aumento da produção e proteção ao meio ambiente.

2.1.2 Papel do solo no ciclo do C

Nos últimos anos, o ciclo do carbono tem sido exaustivamente avaliado por diversos

pesquisadores, uma vez que o carbono, sobretudo na forma de CO2, é o elemento chave nos

processos que englobam mudanças climáticas globais (LAL et al., 2003). A capacidade de

armazenamento de C pelo solo depende do clima, do tipo de solo (mineralogia, textura), da

vegetação e do manejo do solo (EMBRAPA, 2007). A figura a seguir apresenta o ciclo do

carbono na natureza.

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Figura 3- Ciclo do carbono

Fonte: Oliveira Jr (2004)

Conforme Oliveira Jr, 2004 a figura 3, nos mostra que diversos são os contribuintes na

emissão de gás carbônico, e que somente através da fotossíntese ocorre absorção e o seu

aproveitamento na formação de biomassa, identificando, portanto, as causas para o acúmulo

de carbono na atmosfera

A maior reserva de carbono terrestre é o solo, estima-se que o solo contenha 2.500

Peta gramas (Pg ou bilhões de toneladas), sendo menor apenas do que os oceanos

(EMBRAPA, 2004). Esse fato ocorre devido a MOS se decompor lentamente, o que permite

que o C se acumule no solo. Na tabela abaixo está representado os estoques de C em

diferentes compartimentos do planeta.

Tabela 1- Estoques de C em diferentes compartimentos

Compartimento Estoque de carbono (pg)

Atmosfera 760

Vegetação 620

Solos 2.500

Oceanos 38.000

Adaptado: EMBRAPA 2004

A quantidade de carbono orgânico no solo é o resultado do balanço entre dois

processos: a) deposição de resíduos (serapilheira e raízes) de plantas que originalmente

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obtiveram seu carbono do CO2 atmosférico através da fotossíntese; b) decomposição dos

resíduos depositados. O primeiro processo é favorecido por altas taxas de produção primária,

favorecida pela abundância de água, calor e nutrientes. A decomposição também é favorecida

pela abundância de água e calor, mas é ainda mais estimulada pela movimentação do solo,

conforme praticado na agricultura convencional com arados e outros implementos

semelhantes, que destroem os agregados do solo que protegem a matéria orgânica da ação

microbiana (EMBRAPA, 2004).

O C fotossintetizado adicionado ao solo pelos resíduos vegetais (C-resíduo), as

emissões de C na forma de dióxido de carbono (C-CO2) e o estoque de C orgânico do solo (C-

solo) são componentes do ciclo deste elemento no sistema solo-planta-atmosfera (COSTA,

2008).

A entrada de C no sistema, ou seqüestro de C no solo acontece quando o CO2 é captura

pelas plantas no processo de fotossíntese que transforma esse gás, na presença de água e

minerais, em biomassa vegetal. A decomposição de resíduos de plantas e animais no solo

constitui um processo biológico, no qual o C é reciclado para a atmosfera como CO2 (SANDI,

2009). Parte do C é incorporada ao tecido microbiano e parte é convertida em húmus e parte

do húmus nativo é mineralizado (SEGNINI, 2007).

2.1.3 Retenção de carbono dos solos agrícolas

No âmbito das mudanças climáticas globais, os solos agrícolas estão em foco, sendo

que podem atuar como dreno ou fonte de GEE, dependendo do uso e sistema de manejo a que

forem submetidos (IPCC, 2001). O solo se constitui em um compartimento chave no processo

de emissão e seqüestro de carbono (CERRI e CERRI, 2007), pois dependendo do manejo do

solo o mesmo pode emitir C, quando bem manejado em consorcio com técnicas adequadas de

plantio o solo passa a armazenar esse elemento. O seqüestro de C no solo compreende o C

fixado via fotossíntese e incorporado ao solo, em frações estáveis e em quantidade maior que

o CO2 respirado (PAVEI, 2005).

Por 500 anos, os solos brasileiros têm sido modificados por ações antrópicas. Áreas

enormes de florestas vêem sendo devastadas para a utilização do solo para fins agrícolas, o

que resulta em perdas de C do solo, pois quando esse está coberto por vegetação natural os

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estoques de C e N estão em equilíbrio, sendo o fluxo de C estável, de maneira que a

quantidade de MO que entra no solo, pela adição de resíduos superficiais e radiculares das

plantas, é a mesma que sai, pela mineralização, promovida por microrganismos (SANCHES,

1976 apud DIEKOW, 2003). A partir do momento que ocorre perturbação, esse fluxo é

alterado, fazendo com que os estoques de MO sejam maiores ou menores do natural.

O uso do sistema convencional de preparo do solo intensifica o processo de perda de

C, diminuindo os estoques de MOS e causando problemas de degradação do mesmo.

Entretanto, o sistema de plantio direto na palha, utilizado em quase 27 milhões de ha

(GASSEN, 2009) sob produção de grãos, possibilita repor parte do C emitido de volta ao solo

(EMBRAPA, 2004) além de recuperar solos degradados. Os sistemas de manejo atuais

aumentam a adição de resíduos vegetais e as retenções de C no solo e se constituem em

alternativas importantes, para aumentar à capacidade de dreno de C-CO2 atmosférico a

mitigação do aquecimento global (AMADO et al., 1999; 2001; BAYER et al., 2000; BAYER

et al., 2006).

O PD vem sendo proposto como alternativa para diminuir as emissões de CO2 do solo,

pois tem sido observado que existe geralmente maior acúmulo de C sob PD em relação ao

preparo convencional (PC) (TEBRUGGE e DURING, 1999). Esse sistema, segundo Pavei

(2005), permite a manutenção da cobertura vegetal, altera o regime térmico do solo, conserva

a umidade, diminui as perdas do solo por erosão, promove a proteção física da MOS, no

interior dos agregados, e aumenta o aporte de C e N do solo. Com isso, leva a um aumento da

MOS, sendo estimado que a cada 1% de aumento no teor da MOS, na camada 0-20 cm, 130

milhões de toneladas de C sejam imobilizadas (PAVEI, 2005).

Resultados mais expressivos vêm sendo obtidos quando o PD é aplicado em consórcio

com o sistema de sucessão de culturas, onde culturas são produzidas com a finalidade de

adição de resíduos vegetais no solo, que aumenta o teor de MOS incrementando o estoque de

C nos solos agrícolas e conservando os mesmos.

Estudos de médio e longo prazo vêm mostrando que o papel do solo agrícola em

armazenar C é extremamente importante, Pavei (2005) comparo quatro métodos de preparo

do solo, sendo que os resultados mais expressivos quanto ao estoque de C foi observado no

SPD. Experimento realizado em Latossolo Vermelho distrófico, nos estado do Paraná,

utilizando o SPD juntamente com o sistema de sucessão de culturas, obteve resultado

estatisticamente significativo quando ao estoque de C, balanço realizado ao final do

experimento entre a taxa de emissão e a taxa de acúmulo de C mostrou que o sistema produz

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um saldo positivo, que significou um seqüestro de CO2 de 6 t ha-1

ano-1

(SIQUEIRA NETO et

al., 2009).

Em curto prazo o preparo do solo pode não apresentar resultados nas emissões de CO2,

podendo existir um efeito combinado de curto e longo prazo.

2.1.4 A importância da sucessão de culturas no seqüestro de carbono

A sucessão de cultura é outro componente do sistema conservacionista, que consiste

na alternância ordenada de diferentes culturas, num espaço de tempo na mesma lavoura,

obedecendo a finalidades definidas, sendo que uma espécie vegetal não é repetida no mesmo

lugar, com intervalo menor de um a três anos (DERPSCH, 1985). Para CALEGARI e

RALICH (2007), a sucessão de culturas consiste na alternância de espécies vegetais na

mesma estação em uma determinada área, observando-se um período mínimo sem o cultivo

desta mesma espécie na mesma área.

Esse manejo é de extrema importância para gerar cobertura morta, conservação da

umidade, acúmulos de nutrientes na superfície do solo e, principalmente, ciclagem de

nutrientes, sendo que diferentes espécies se diferem pela quantidade e qualidade de resíduos

fornecidos, a eficiência de absorção de íons e a exploração de diferentes profundidades de

solo pelo sistema radicular (BOER et al., 2007).

Este sistema caracteriza-se pela utilização de espécies com sistema radicular agressivo

e elevada contribuição de matéria seca, o que contribui para o melhoramento dos atributos

físicos e químicos do solo.

A sucessão de culturas que introduz elevadas quantidades de resíduos culturais com

maior resistência à decomposição tendem a melhorar a disponibilidade e aproveitamento de C

e N pelas culturas subseqüentes e reduzir adubações inorgânicas (PAVEI, 2005). O acúmulo

de matéria orgânica em solos agrícolas constitui-se numa importante estratégia para a

melhoria da qualidade do solo e do ambiente (BAYER et al., 2003). A manutenção e/ou

adição da MO ao solo através da sucessão de culturas, incluindo o adequado emprego das

coberturas vegetais e o manejo dos resíduos pós-colheita, tende a promover melhorias

significativas no sistema produtivo, ao longo dos anos (CALEGARI e RALICH, 2007), além

de recuperar os solos degradados devido ao uso excessivo de PC.

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Conforme Amado (2001), o Brasil tem potencial para ser importante dreno de CO2 em

nível mundial, graças à sucessão de culturas e ao cultivo de plantas de cobertura na

entressafra das culturas comerciais, além da extensão de área agrícola sob o SPD.

Sabe-se que a lignina e a relação carbono/nitrogênio (C/N) regula a velocidade de

decomposição da MO. A lignina é um composto recalcitrante e muito resistente a degradação

microbiana (PAVEI, 2005), além de ser rico em C e quando presente aumenta a relação C/N.

Segundo Pavei (2005), quanto mais elevada for a relação C/N (>25/1, MIOTTO, 2005), maior

será o tempo necessário para que ocorra a degradação da MO, diminuindo a oxidação do C

orgânico e assim, mitigando o CO2, tanto na biomassa microbiana, como na forma de C

orgânico (BAYER et al., 2000), aumentando o teor deste elemento no solo e evitando perdas

do mesmo para a atmosfera na forma de CO2 e seqüestrando C no solo agrícola.

Em áreas agrícolas com 10 t ha-1

ano-1

de MS, estima que essa contém cerca de 5 t de

C, cada um kg de C equivale a 3,67 kg de CO2, o que representa cerca de 18t de CO2 fixado

por ha ano-1

. Com isso estima-se que na região do Planalto Sul-Riograndense ocorrerria um

seqüestro líquido de 45 milhões de t de CO2 por ha ano-1

, em 6 milhões de ha cultivados

(FLOSS, 2010). Sendo que uma produção de MS desta magnitude dificilmente será

alcançada, as produções de MS ficam na média de 3 a 4 t ha-1

ano-1

, e os maiores valores

observados ficam no máximo em 7 a 8 t ha-1

ano-1

.

Estudos mostram a eficiência do SPD e da sucessão de culturas em aumentar os

estoques de C. Amado (2001), em experimento realizado em Santa Maria, associando

sucessão de culturas e PD, com o Argilosso Vermelho distrófico arênico na camada de 0-20

cm de solo, conclui que estes sistemas demonstram grande potencial para recuperar o teor de

MO e, conseqüentemente, seqüestrar C no solo e contribuir para mitigar o efeito estufa. Neste

experimento, foi constatado, aproximadamente, 15,5 Mg ha-1

de CO2 seqüestrado pelo solo.

Outro experimento de longa duração (19 anos) realizado No Rio Grande do Sul, em

Latossolo Vermelho, mostrou balanço positivo quanto ao estoque de C no solo, ocorrendo

seqüestro de C, quando usada a sucessão de culturas consorciada ao SPD (CAMPOS, 2006).

Este experimento utilizou como sucessão de verão soja e milho e no inverno utilizou nabo,

ervilhaca, trigo e aveia, sendo que todas estas culturas são utilizadas no presente trabalho.

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2.2 Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no campo experimental da Faculdade de Agronomia e

Medicina Veterinária (FAMV) da Universidade de Passo Fundo (UPF), no município de

Passo Fundo, RS, a uma altitude de cerca de 687 m sobre o nível do mar. A precipitação

pluvial média anual é de 1.788 mm e a temperatura média anual é de 17,5 ºC (CUNHA,

1997).

O experimento foi implantado em um Latossolo Vermelho distrófico húmico, textura

argilosa, em 2002, sendo utilizado o sistema do plantio direto consorciado com a sucessão de

culturas. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com duas repetições.

Antes do início do experimento, a análise de solo foi efetuada conforme Tedesco et al.

(1995), para determinar as características químicas e físicas do solo, indicando 23 e 239 mg

dm-3

de P e de K disponíveis (Mehlich-I); 0,3, 4,0 e 2,3 cmolc dm-3

de Al, Ca e Mg e 32 mg

dm-3

de Mn (KCl, 1 mol L-1

); 5,4 e 5,9 de pH em água e índice SMP (suspensão solo:extrator

1:1, 1:1,5; respectivamente),18 mg dm-3

de S disponível (Ca3(PO4)2, 500 mg de P L-1

); 0,5 mg

dm-3

de B disponível (água quente); 0,9 e 1,9 mg dm-3

de Zn e Cu disponíveis (HCl, 0,1 mol

L-1

); 31 g dm-3

de matéria orgânica (solução sulfocrômica e determinação espectrofotométrica

do cromo reduzido) e 516,6; 96,7 e 387,1 g dm-3

, de argila, silte e areia, respectivamente

(FIGUEROA, 2008).

Ao longo de oito anos, testaram-se os seguintes tratamentos nas parcelas principais

(cultivos de verão): 1) Um ano milho (Zea mays) e dois anos soja (Glycine max); 2) Milho e

soja, alternados; 3) Dois anos soja e um ano milho; 4) Monocultura de soja; 5) Monocultura

de milho. Nas sub-parcelas (cultivos de inverno), foram testados os seguintes tratamentos: 6)

aveia preta (Avena strigosa); 7) azevém (Lolium multiflorum ); 8) ervilhaca comum (Vicia

sativa); 9) nabo forrageiro (Raphanus sativus); 10) pousio; 11) trigo (Triticum vulgare)

(Figura 4).

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Figura 4 - Croqui da área, local da coleta do solo

Fonte: Maikielli Zulpo

Figura 5- Local de estudo com culturas de inverno

Fonte - Matheus Zanatta

As culturas de verão foram semeadas em faixas de 10 m de largura por 100,0 m de

comprimento sendo essas divididas de acordo com as rotações de verão em parcelas de 10 m

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de comprimento. As culturas de inverno foram cultivadas em subparcelas de 8,3 m de largura

por 6,6 m de comprimento. Foram mantidas subparcelas para o tratamento pousio de inverno

(sem semeadura de culturas de inverno). Foram usados 350 kg ha-1

de formulação NPK 5-25-

25 (N – P2O5 – K2O). A densidade de semeadura foi de 15 sementes de soja por m e de 7

sementes de milho por m, as culturas de inverno eram semeadas manualmente, não havendo

como saber a densidade destas.

Após a colheita das culturas de verão, em 2010, o solo foi amostrado com trado

calador, na camada 0-10 cm e 10-20 cm, sendo coletados vinte subamostras por subparcela,

para a determinação dos teores de C e N. As amostras foram armazenadas em recipiente

próprio para coleta de solo.

Figura 6 - Coleta de solo com o trado calador

Fonte - Pedro Escosteguy

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Figura 7- Medição da profundidade de coleta de solo

Fonte - Maikielli Zulpo

Para análise física, o solo foi coletado com auxílio dos anéis de Kopeck, sendo

coletado nas profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm. No Laboratório de Água e Física do Solo

(Lafas), foi determinada a densidade e a granulometria do solo, sendo a metodologia descrita

conforme Klein (2008).

Figura 8 - Amostragem de solo para determinação da densidade

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Fonte - Maikielli Zulpo

Figura 9 - Anel de Kopeck

Fonte - Maikielli Zulpo

No Laboratório de Química do Solo e de Resíduos Sólidos da FAMV, o solo foi

secado em estufa com circulação de ar, por 48 horas, a 50 °C e tamizado em malha com

abertura de 2 mm. Após esse processo, as amostras foram encaminhadas para o departamento

de ciência do solo da UFRGS. Os teores de carbono orgânico foram determinados pelo

método da combustão seca. Os teores de N total foram determinados pela digestão do solo

com ácido sulfúrico e água oxigenada, seguida de destilação a vapor com hidróxido de sódio

e titulação do coletado com indicador de ácido bórico. Ambas as análises seguiram a

metodologia descrita por Tedesco et al. (1985).

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Figura 10- Determinação de nitrogênio total em solo

Fonte - Maikielli Zulpo

A densidade do solo foi realizada no Laboratório de água e física do solo, o solo foi

seco em estufa de circulação de ar a 105°C, o mesmo foi tamisado em peneira de malha de 2

mm, após foi analisado pelo método do cilindro volumétrico, conforme metodologia descrita

por Klein (2008).

Figura 11- Amostra de solo após a coleta

Fonte - Claudia Klein

O estoque de C e N foi calculado por dois procedimentos. O primeiro é o

procedimento denominado cálculo da camada equivalente que leva em consideração a

densidade do solo e a espessura da camada avaliada (BAYER et al., 2000). O segundo

procedimento foi o método de cálculo conforme a massa equivalente, que leva em

consideração a massa do solo dos tratamentos em relação ao solo com a maior massa, o qual é

tomado como referência (ELLERT e BETTANY, 1995).

A relação C/N foi obtida através da divisão do teor de C pelo teor de N. Dados

referentes à produção de matéria seca do experimento foram obtidos com o grupo de pesquisa

responsáveis pela condução do experimento durante os oito anos, sendo que quem conduzia o

experimento, não coletou esses dados ao longo dos oito anos de trabalho, sendo, por isso,

apresentados somente os resultados de MS de quatro anos de experimento (2005, 2006, 2008

e 2009).

Para a análise estatística, os resultados do pousio de inverno não foram considerados,

pois os dados eram duvidosos, havendo anos que não ocorria produção de MS. Diferentes

fatores podem ter interferido nestes dados, desde interferências climáticas a erros de coleta e

cálculo. Assim, eles não foram utilizados no trabalho.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e os tratamentos comparados

com o teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

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3 Resultados e discussões

3.1.1 Teor e Estoque de Carbono e Densidade do solo

Na camada de 0-10 cm, os teores de C, a densidade do solo e o estoque de C,

calculado pelo método da camada equivalente (CE) não variaram com as sucessões de verão

(p= 0,3091, 0,7615, 0,3739, respectivamente) que consistiram em diferentes combinações de

milho e soja, entretanto o verão apresentou efeito isolado quando o método de cálculo foi a

massa equivalente (ME) (p= 0,0133), Tabela 3. A interação entre estas e as culturas de

inverno e de verão não foram significativas (p = 0,2547, 0,3879; 0,4179, 0,1900

respectivamente). No entanto, houve efeito isolado das culturas de inverno nestes atributos (p

= 0,0009, 0,0100, 0,0000, 0,0000; respectivamente) (Tabela 2).

Entre as culturas de inverno, destacaram-se os efeitos do azevém e do nabo, no

estoque de C obtido pelo método da CE; para o estoque de C obtido pelo método ME

destacamos o efeito das culturas do azevém, do trigo e da ervilhaca (Tabela 2). Os resultados

desta tabela mostram que os estoques de C dos solos com azevém e com nabo foram maiores

em relação ao do solo em pousio de inverno. No método da ME o solo cultivado com azevém

foi utilizado como referencia para o cálculo. Pela ME o azevém obteve o maior estoque se

diferindo do solo com nabo, aveia e pousio. Na média dos todos os tratamentos de inverno, o

valor de estoque de C, obtido pelo procedimento CE, correspondeu a 29,16 Mg ha-1

e o obtido

pelo procedimento ME a 32,58 Mg ha-1

.

Os maiores estoques de C dos solos com azevém e com nabo, em relação ao solo em

pousio de inverno, foram devidos ao maior teor desse elemento nos solos com estas culturas,

sendo que a densidade do solo não diferiu entre estes tratamentos (Tabela 2). O teor de C do

solo também foi maior com as outras espécies de inverno, exceto a aveia, em relação ao

pousio. No entanto, a densidade do solo nos tratamentos com trigo, ervilhaca e aveia tendeu a

ser menor, em relação ao solo em pousio de inverno, influenciando os estoques de C destas

culturas de inverno.

Os estoques de C calculado com ambas as metodologias, indicaram que o solo com

azevém teve maiores valores deste atributo, enquanto que o solo em pousio de inverno teve o

menor valor na camada superficial (Tabela 2).

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Quando no verão foram cultivados soja e milho alternados o estoque de C foi maior,

sendo que esta sucessão obteve maior estoque do que o solo cultivado com as monoculturas

da soja e do milho (Tabela 3).

Tabela 2 - Teor de carbono (C), densidade do solo e estoque de C, de Latossolo Vermelho

cultivado durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno.

Camada de 0-10 cm. Passo Fundo, 2010

Cultura Carbono Densidade Est. de C CE Est. C ME g kg

-1 kg dm

-3 Mg ha

-1 Mg ha

-1

Pousio 15,12 b 1,21 ab 24,68 c 27,69 c

Trigo 18,15 a 1,17 b 29,12 b 33,61 ab

Ervilhaca 18,06 a 1,18 b 29,37 b 33,63 ab

Aveia 17,53 ab 1,18 b 28,33 b 32,63 b

Azevém 20,02 a 1,25 ab 32,95 a 35,57 a

Nabo 18,49 a 1,29 a 30,53 ab 32,30 b

C.V. (%) 11,58 6,08 8,83 4,34 CV= Coeficiente de variação. C= Carbono. CE= Camada Equivalente. ME= Massa Equivalente. Médias seguidas

de mesma letra não diferem pelo teste de Tukey a 5%.

Tabela 3 - Estoque de C pelo método da massa equivalente, de um Latossolo Vermelho

cultivado durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno.

Camada de 0-10 cm. Passo Fundo, 2010

Verão Est. C ME

Mg ha-1

1M + 2S 32,49 ab

S + M 34,73 a

S+S+M 32,43 ab

Soja 30,88 b

Milho 32,34 b

C.V. (%) 4,84

CV= Coeficiente de variação. ME= Massa Equivalente. 1M+2S = 1 ano milho + 2 anos soja. S+M = soja e milho

alternados. S+S+M = 1 ano soja + 1 ano soja + 1 ano milho. Médias seguidas de mesma letra não diferem pelo

teste de Tukey a 5%.

Na camada de 10-20 cm, os valores do teor de C, de densidade do solo e os estoques

de C, calculados pelos procedimentos da CE e da ME não variaram entre as rotações de verão

(p= 0,8004, 0,6302, 0,9260, 0,7130; respectivamente), nem com a interação entre os

tratamentos de verão e de inverno (p= 0,2958, 0,3669, 0,5555, 0,8553; respectivamente) ou

as culturas de inverno (p= 0,9205, 0,8143, 0,1486, 0,0603; respectivamente) (Tabela 4). O

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solo cultivado com nabo foi utilizado como referencia para o cálculo pela metodologia da

massa equivalente (ME).

Possivelmente os atributos da Tabela 4 não tenham sido influenciados pelos

tratamentos testados devido ao sistema de plantio direto adotado no experimento, que consiste

em não remover o solo, deixando os restos culturais sobre o mesmo, aumentando a

concentração de matéria orgânica na primeira camada e conseqüentemente o teor de carbono,

a densidade e o estoque de C, e diminuindo a concentração desses atributos na segunda

camada. É possível que a quantidade de resíduos culturais acumulado no período de 8 anos

não foi suficiente para influenciar a camada de solo mais profunda que 10 cm. Outros

trabalhos que utilizaram a sucessão de culturas juntamente com o SPD, também observaram

que os teores de C e N e o estoque de C diminuem nesta segunda camada mais profunda

Freixo et al., (2002).

Freixo et al.(2002), em estudo realizado no cerrado em um Latossolo Vermelho-

Amarelo sob o sistema de plantio direto e com sucessões de culturas, observaram valores

maiores que o encontrado neste trabalho, obtendo teor de C de 24 g kg-1

. Em relação à

densidade do solo e o estoque de C, estes autores relatam valores menores que os obtidos

neste trabalho, sendo 1,1kg dm-3

e de 10,8 Mg ha-1, respectivamente. Os menores valores de

estoque de C relatados por Freixo et al. (2002) devem-se às temperaturas altas, características

da região do cerrado, a qual favorece a decomposição da MO e com isso o teor de C reduz no

solo, além do pousio do solo de inverno, como notado na presente pesquisa, também não

favorece o acúmulo de C no solo.

Tabela 4 - Teor de C, densidade do solo e estoque de C, de Latossolo Vermelho cultivado

durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 10-

20 cm. Passo Fundo, RS

Cultura Carbono Densidade Est. de C CE Est. C ME g kg

-1 kg dm

-3 Mg ha

-1 Mg ha

-1

Pousio 12,62ns

1,29ns

20,20ns

21,42 ns

Trigo 12,14 1,28 21,43 22,78

Ervilhaca 12,41 1,29 21,46 22,71

Aveia 12,49 1,30 20,77 21,73

Azevém 12,02 1,28 21,63 23,06

Nabo 12,26 1,29 21,55 22,64

C.V. (%) 10,94 3,57 6,28 5,92 CV= Coeficiente de variação. C= Carbono. CE= Camada Equivalente. ME= Massa Equivalente. Médias seguidas

de mesma letra não diferem pelo teste de Tukey a 5%.

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Na média das duas camadas e a soma dos estoques de C destas, novamente se

observou que as rotações verão não influenciaram os valores do teor de C, de densidade do

solo e de estoque de C (calculados pela CE e ME) (p= 0,7164, 0,8065, 0,2138, 0,2898

respectivamente), a interação entre verão e inverno não influenciaram nesses atributos (p=

0,2349, 0,2370, 0,5002, 0,2366; respectivamente). Entretanto, como ocorreu na primeira

camada de solo avaliada, houve efeito isolado da sucessão de inverno nesses atributos (p=

0,0246, 0,0047, 0,0000, 0,0000 respectivamente).

O efeito do azevém mostra que o solo com azevém tem maior teor de C (Tabela 5).

Isso ocorreu devido à maior densidade do solo juntamente com um elevado teor de C, o que

repercutiu no estoque de C obtido com ambos os procedimentos de cálculo (Tabela 5).

O solo com pousio de inverno, como já observado, teve os valores mais baixos dos

atributos estudados. Na camada de 0-20 cm a média dos tratamentos para a o estoque de

carbono correspondeu a 50,33 Mg ha-1

para o calculo da camada equivalente e 55 Mg ha-1

para

a massa equivalente.

Trabalho realizado por Bayer et al. (2000), com aveia, no inverno e milho, no verão,

em Eldorado do Sul, RS, ao final de nove anos, mostra que o estoque de C foi cerca de 29,60

Mg ha-1

, em um Podzólico Vermelho escuro, sob o sistema do plantio direto, na camada de 0-

17,5 cm, e o procedimento de cálculo foi o da CE.

Amado et al. (2001) relatam 22,06 Mg.ha-1

de estoque de C, em um Argissolo

Vermelho distrófico arênico cultivado no sistema de pousio/milho e com PD, em Santa Maria,

RS. Na camada de 0-20 cm e utilizando a metodologia da ME para o cálculo do estoque de C.

Os resultados dos trabalhos de Bayer et al. (2000) e Amado et. al. (2001) comparados

com os obtidos no presente estudo, mostram que o Latossolo utilizado neste trabalho, e com

ambas as metodologias de cálculo, o estoque de C foi influenciado pelas culturas de inverno.

Isso pode ter ocorrido devido ao tipo de solo ou de clima que foram diferentes, influenciando

no tempo de decomposição dos resíduos culturais, na quantidade de biomassa formada destes

e na taxa de decomposição do C do solo, que geralmente é menor em Latossolo Argilossos

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Tabela 5 - Teor de carbono (C), densidade do solo e estoque de C, de Latossolo Vermelho

cultivado durante oito anos com rotações de culturas de verão e de inverno. Camada

de 0-20 cm. Passo Fundo, 2010

Cultura Carbono Densidade Est. de C CE Est. de C ME g kg

-1 kg dm

-3 Mg ha

-1 Mg ha

-1

Pousio 13,87 b 1,25 ab 44,88 c 49,11 c

Trigo 15,15 ab 1,23 b 50,55 b 56,39 ab

Ervilhaca 15,24 ab 1,23 b 50,83 ab 56,35 ab

Aveia 15,01 ab 1,24 b 49,10 b 54,36 b

Azevém 16,02 a 1,27 ab 54,57 a 58,63 a

Nabo 15,38 ab 1,29 a 52,08 ab 54,94 b

C.V % 8,28 2,77 5,53 3,44 C.V.= Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste de Tukey a 5%.

3.1.2 Teor de nitrogênio

Os teores de N da primeira camada do solo (0-10 cm) constam na Erro! Fonte de

referência não encontrada.. Como indicam os resultados desta tabela, as culturas de verão

não influenciaram neste atributo, mas houve influência entre a interação das sucessões de

inverno e de verão. Os teores de N foram influenciados quando a parcela de inverno era

cultivada no verão com a sucessão de S+M e com a monocultura de verão com a cultura da

soja.

Na sucessão S+M, somente houve diferença com o nabo, que diferiu do pousio de

inverno. As demais culturas de inverno e o solo em pousio não diferiram (Tabela 6).

Quanto à monocultura da soja, no verão, observou-se que o azevém apresenta teor de

N maior que o do nabo. Sendo que não houve diferença entre as culturas (Tabela 6).

Com o azevém, houve maior teor de N nesta primeira camada. Já o nabo possibilitou

maior teor de N com o plantio de milho no verão. Por outro lado, com a monocultura da soja,

o nabo possibilitou menor teor de N comparado com as demais espécies de inverno (Tabela

6).

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Tabela 6: Teor de nitrogênio (N), de Latossolo Vermelho cultivado durante oito anos com

sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 0-10 cm. Passo Fundo, 2010

Sucessão de culturas de verão

Inverno 1M+2S S+M S+S+M Soja Milho

g kg-1

Pousio A 0,9 ns

A 0,95 b A 1,25 ns

A 1,6 ab A 1,4 ns

Trigo NS 1,5 1,5 ab 1,25 1,5 ab 1,45

Ervilhaca NS 2,0 1,75 ab 1,7 1,8 ab 1,65

Aveia NS 1,6 1,2 ab 1,65 1,8 ab 1,32

Azevém NS 1,3 1,6 ab 1,45 2,1 a 1,5

Nabo NS 1,5 1,95 a 1,65 1,3 b 1,4

Média 1,45 1,49 1,49 1,7 1,45

C.V. (%) 14,36 CV= Coeficiente de variação. 1M+2S = 1 ano milho + 2 anos soja. S+M = soja e milho alternados. S+S+M = 1

ano soja + 1 ano soja + 1 ano milho. NS – não significativo. Médias seguida de letras minúsculas na coluna

e maiúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

Na camada de 10-20 cm, a análise da variância indicou que as sucessões de verão não

influenciaram no teor de nitrogênio do solo, quando ele foi analisado enquanto fator isolado.

Por outro lado, houve influência das interações entre o inverno e o verão, verificando-

se isso nos cultivos com 1M+2S e S+S+M. No tratamento de verão 1M+2S, o nabo

proporcionou maior teor de N no solo em relação às demais culturas de inverno e do solo em

pousio, sendo que não houve diferença entre estes últimos tratamentos (Tabela 7).

Na sucessão de verão S+S+M, o azevém diferiu do pousio, do nabo e da aveia. Sendo

que os demais tratamentos de inverno se igualaram.

No tratamento com azevém, foi verificado maior teor de N do solo quando a sucessão

de verão foi S+S+M, enquanto que no tratamento com nabo isso foi verificado com a

sucessão de verão 1M+2S.

Tabela 7: Teor de nitrogênio (N), de Latossolo Vermelho cultivado durante oito anos com

sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 10-20 cm. Passo Fundo

Verão

Inverno 1M+2S S+M S+S+M Soja Milho

g kg-1

Pousio NS 0,7 b 0,7 ns

0,65 b 0,75 ns

0,75 ns

Trigo NS 0,9 b 0,7 0,8 ab 0,85 0,8

Ervilhaca NS 0,75 b 0,7 0,95 ab 0,8 0,7

Aveia NS 0,6 b 0,65 0,65 b 0,7 0,8

Azevém NS 0,75 b 0,95 1,1 a 0,7 0,95

Nabo NS 1,5 a 0,85 0,7 b 0,75 0,85

Média 0,87 0,76 0,81 0,76 0,81

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C.V. (%) 15,68 C.V.= Coeficiente de variação (CV). 1M+2S = 1 ano milho + 2 anos soja. S+M= soja e milho alternados. S+S+M

= 1 ano soja + 1 ano soja + 1 ano milho. NS – não significativo. Médias seguida de letras minúsculas na coluna

e maiúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

Na média das camadas (0-20 cm), as sucessões de verão não influenciaram no teor de

n do solo (p= 0,3073). Mais ocorreu influência das interações das sucessões de inverno e

verão e do fator inverno isoladamente neste atributo.

Entre as sucessões de verão estudadas, somente a 1M+2S e S+M alternados,

apresentaram influência no teor de N, na média das camadas. Nestas duas sucessões de verão,

o nabo possibilitou maior teor deste elemento, em relação ao pousio, não ocorrendo diferença

entre os outros tratamentos (Tabela 8). O nabo se destacou em proporcionar maior teor de N,

seguido do azevém.

Na sucessão de verão S+M alternada, sendo que os demais tratamentos não diferiram

do pousio (Tabela 8).

Possivelmente o maior teor de N observado no tratamento com nabo, se deve à essa

planta ter alta absorção de N, principalmente, devido a capacidade de absorver esse nutriente

nas camadas mais profundas do solo (ACOSTA, 2009). Isso está relacionado, ao seu sistema

radicular mais agressivo e profundo, que não permite que este elemento lixivie para as

camadas mais profundas (Tabela 8).

A comparação das culturas de verão, em função dos diferentes tratamentos de inverno

mostrou que o teor de N somente variou entre os tratamentos de verão quando no inverno o

solo foi cultivado com o nabo ou estava em pousio (Tabela 8). Nesse último tratamento de

inverno, destacamos que foi obtido maior teor de N quando no verão foram cultivadas as

monoculturas de soja e milho, sendo que essas estatisticamente se difere quando as sucessões

de verão são a de 1M+2S e S+M alternados. Quando no verão foi utilizada a sucessão

S+S+M, os teores de N do pousio não se diferio com os demais tratamentos (Tabela 8).

Quando o solo foi cultivado com a espécie de nabo e no verão foi cultivado milho e

soja alternadamente o teor de N foi maior, sendo que se diferem, quando utilizado a

monocultura da soja, as sucessões de 1M+2S, S+S+M e a monocultura de milho não se

diferem com as outras sucessões já citadas (Tabela 8).

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Tabela 8: Teor de nitrogênio (N), de Latossolo Vermelho cultivado durante oito anos com

sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 0-20 cm. Passo Fundo,

2010

Verão

Inverno 1M+2S S+M S+S+M Soja Milho

g kg-1

Pousio B 0,8 b B 0,8 c AB 0,95 ns

A 1,2 ns

A 1,1 ns

Trigo NS 1,2 ab 1,1 abc 1 1,2 1,12

Ervilhaca NS 1,4 ab 1,2 abc 1,3 1,3 1,2

Aveia NS 1,1 ab 0,9 bc 1,15 1,3 1,1

Azevém NS 1,02 ab 1,3 ab 1,3 1,4 1,2

Nabo AB 1,5 a A 1,4 a AB 1,2 B 1 AB 1,12

Média 1,2 1,1 1,15 1,2 1,13

C.V. (%) 9,97 CV= Coeficiente de variação. 1M+2S = 1 ano milho + 2 anos soja. S+M= soja e milho alternados. S+S+M = 1

ano soja + 1 ano soja + 1 ano milho. NS – não significativo. Médias seguida de letras minúsculas na coluna

e maiúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

3.1.3 Relação carbono nitrogênio

Na camada de 0-10 cm, o teste de variância mostrou que as sucessões de verão

isoladamente não influenciaram a relação C/N, mas a interação entre inverno e verão

influenciou quando a parcela foi cultivada com a monocultura da soja. Nesta sucessão de

verão, as culturas de inverno nabo e trigo proporcionaram maior relação C/N do que o solo

em pousio e o cultivado com a ervilhaca e aveia. O solo com azevém não se diferenciou das

demais culturas de inverno (Tabela 9).

O nabo apresentou maior relação C/N, devido ao teor de N ser menor quando a

sucessão de verão foi à monocultura da soja. O pousio de inverno obteve menor relação C/N

dos tratamentos testados (Tabela 9).

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Tabela 9: Relação Carbono Nitrogênio (C/N) do solo, de Latossolo Vermelho cultivado

durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 0-10

cm. Passo Fundo, 2010

Verão

Inverno 1M+2S S+M+S S+S+M Soja Milho

g kg-1

Pousio NS 13,28 ns

16,04 ns

15,51 ns

9,44 b 10,16 ns

Trigo NS 12,29 12,4 14,66 11,76 a 12,89

Ervilhaca NS 9,34 11,27 10,23 9,02 b 11,55

Aveia NS 11,42 14,84 10,29 9,69b 13,25

Azevém NS 12,48 15 14,15 10,48 ab 12,54

Nabo NS 11,36 9,1 11,65 15,43 a 14,11

Média 11,69 13,11 12,75 10,97 12,41

C.V. (%) 14,89 17,76 27,78 13,39 7,45 CV= Coeficiente de variação (CV). 1M+2S = 1 ano milho + 2 anos soja. S+M= soja e milho alternados. S+S+M =

1 ano soja + 1 ano soja + 1 ano milho. NS – não significativo. Médias seguida de letras minúsculas na coluna

e maiúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

Na segunda camada do solo (10-20 cm), as sucessões de verão isoladamente não

influenciaram neste atributo. Ocorrendo influência das interações entre as sucessões de

inverno e verão, quando cultivado com a sucessão da monocultura da soja. Nesta sucessão de

verão, a cultura de inverno nabo proporcionou maior relação C/N em relação ao solo com

azevém, ervilhaca, trigo e o pousio de inverno. Aveia não se difere de nenhum dos

tratamentos de inverno.

O solo com nabo apresenta a maior relação C/N, devido esta cultura proporcionar

baixo teor de N quando no verão foi utilizada a monocultura da soja. Nesta camada, o solo

com a ervilhaca foi a sub parcela que apresentou a menor relação C/N.

Campos (2006) obteve relações C/N entre 11,8/1 e 14/1, sendo realizado em Latossolo

Vermelho distrófico típico. Os valores obtidos por Campos (2006) estão de acordo com os

deste trabalho, exceto o nabo que apresentou maior relação C/N.

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Tabela 10: Relação Carbono Nitrogênio (C/N) do solo, de Latossolo Vermelho cultivado

durante oito anos com sucessões de culturas de verão e de inverno. Camada de 10-

20 cm. Passo Fundo, 2010

Verão

Inverno 1M+2S S+M+S S+S+M Soja Milho

g kg-1

Pousio NS 15,16 ns

19,13 ns

16,41 ns

12,94 b 13,72 ns

Trigo NS 13,26 14,28 14,89 13,36 b 14,15

Ervilhaca NS 12,93 16,56 10,8 12,04 b 14,45

Aveia NS 15,87 17,37 14,62 13,67 ab 14,72

Azevém NS 14,21 14,47 12,07 13,20 b 13,34

Nabo NS 9,80 11,31 14,54 16,81 a 14,46

Média 13,54 15,52 13,89 13,67 14,14

C.V. (%) 16,03 16,03 11,35 5,47 12,87 CV= Coeficiente de variação (CV). 1M+2S = 1 ano milho + 2 anos soja. S+M= soja e milho alternados. S+S+M =

1 ano soja + 1 ano soja + 1 ano milho. NS – não significativo. Médias seguida de letras minúsculas na coluna

e maiúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

3.1.4 Matéria seca

Os resultados de estoque de carbono podem ser, em parte, explicados os resultados de

produção de matéria seca (MS) das culturas de inverno, apresentados na Tabela 11.

A análise de variância desses anos e do acumulado destes anos mostrou que houve

efeito das culturas de inverno, em todos os anos e no acúmulo destes. Para essa análise, os

resultados do pousio de inverno não foram utilizados.

Em 2005, as maiores produções de MS foram as da aveia e do trigo, sendo que não

houve diferença entre o azevém, a ervilhaca e o nabo (Tabela 11).

No ano seguinte, a ervilhaca teve menor produção de MS e não houve diferença entre

as demais culturas (Tabela 11).

No ano de 2008, a ervilhaca novamente teve a menor produção de MS e as outras

culturas não apresentaram diferença (Tabela 11).

Em 2009, novamente a cultura da aveia produziu maior quantidade de MS, e não

houve diferença entre o trigo, o azevém e o nabo, sendo que a MS destes foi maior que a da

ervilhaca. Observando os dados da MS deste ano é notável a queda da produção. Isso pode ter

ocorrido devido a algum fator climático, que comprometeu o desenvolvimento das plantas, ou

a densidade de semeadura foi menor neste ano (Tabela 11).

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No acumulado dos anos, a aveia e o trigo foram às culturas com a as culturas com a

maior produção de MS. E a ervilhaca foi à cultura de menor MS.

Como os maiores estoques de C foram constatados nos solos cultivados com azevém e

nabo, no inverno, esperava-se que as maiores produções de MS seriam destas culturas, mais

isso não ocorreu. Como se deprende dos resultados da Tabela 11, as médias de produção de

MS foram de 2.543,7 kg ha-1

(azevém) e 3.170,7 kg ha-1

(nabo), contra, 3.627,9 kg ha-1

, 990,7

kg ha-1

e 4.799,3 para as culturas de trigo, ervilhaca e aveia respectivamente. Balbinot Jr et

al., (2007) obtiveram produção média MS de 5.200 kg ha-1

e 6.406 kg ha-1

, para o azevém e o

nabo, respectivamente. Este experimento foi realizado em Latossolo Vermelho em Santa

Catarina, sendo avaliado somente um ano, fato este que pode explicar a maior produção de

MS que o presente trabalho.

Giacomini et al. (2003), realizaram experimento de três anos, em Santa Maria, em um

Latossolo Vermelho distrófico arênico, obtendo produção média de MS de 3.580 a 5.530 kg

ha-1

para a cultura da nabo, valor que também foi superior ao obtido neste experimento, cuja a

produção média ficou em 2.543,65 kg ha-1

.

A ervilhaca foi à cultura com a menor produção de MS, com média de 990,67 kg ha-1

.

No experimento de Giacomini et al. (2003) essa cultura foi avaliada, e, como constatado para

o nabo os resultados destes autores foram superiores aos encontrados no trabalho, sendo de

média de 2.270 a 3.300 kg ha-1

.

A aveia foi à cultura com a maior produção de MS, o que também é relatado em outros

trabalhos, como o realizado por Balbinot Jr et al., (2007).No trabalho destes autores a MS da

aveia foi de 8.333 kg ha-1

, sendo superior ao obtido neste trabalho, em que média dessa

cultura dói de 4.799,3 kg ha-1

.

Tabela 11: Produção de matéria seca das culturas de inverno de quatro anos de experimento,

Passo Fundo, 2010

Coberturas 2005 2006 2008 2009 Acumulado

kg ha-1

Trigo 2572,9 a 4858,7 a 4800 ab 2280 b 14511,6 ab

Ervilhaca 728,8 b 1356,9 b 1500 b 377 c 3962,7 c

Aveia 3222,4 a 4644,8 a 7350 a 3980 a 19197,2 a

Azevém 1550,23 b 3944,4 a 3600 ab 1080 bc 10174,58 b

Nabo 1030,95 b 3971,7 a 5900 ab 1780 bc 12682,65 b

C.V. (%) 22,89 18,56 49,59 37,59 20,55 C.V.= Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5%.

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3.1.5 Relação carbono nitrogênio da matéria seca

Durante os oito anos do experimento, a relação C/N da parte aérea das plantas não foi

avaliada. Com a necessidade destes dados para entendimento dos resultados obtidos no

trabalho, os mesmos foram retirados da literatura.

O azevém, conforme Balbinot JR et al. (2007) possui uma lenta decomposição, em

razão da elevada relação C/N, mantendo o solo coberto por mais tempo. No trabalho, o solo

com azevém foi o com maior estoque de C, o que deve estar relacionado ao sistema radicular

fasciculado e abundante dessa espécie, além da manutenção da cobertura do solo por mais

tempo sobre o solo.

A relação C/N do nabo é baixa, o que ocasiona rápida decomposição dos resíduos

culturais dessa cultura, deixando o solo descoberto em pouco tempo (WAMSER et al., 2006

apud BALBINOT JR et al., 2007). Conforme relatado por Nóbraga (1999), a relação C/N do

nabo é cerca de 16/1, sendo esse valor semelhante ao relatado por Doneda (2010), que obteve

relação de C/N de 16,7/1 para está espécie. Acosta (2009) analisou a relação C/N do nabo

durante dois anos, obtendo 32/1 em 2003; e 26/1 em 2004.

Conforme Balbinot JR et al. (2007), a aveia- preta possui uma baixa velocidade de

decomposição, o que indica uma elevada relação C/N. Giacomini et al. (2003) obtiveram a

relação C/N de 36,5/1 analisando os resíduos culturais dessa cultura. Trabalho realizado em

Santa Maria por Amado et al. (2003) indica relação C/N média de 49,85/1 para a aveia.

Nóbraga (1999) relata a relação C/N em 42/1 e Aita et al. (2001), obtiveram relação C/N de

34,9/1 para a aveia. Para Acosta (2009), obteve a relação C/N de 44/1 para o ano de 2003 e no

seguinte ficou em 39/1.

Giacomini et al. (2003) relatam uma relação C/N de 14,1/1 para a ervilhaca, no

trabalho de Amado et al. (2003) a relação C/N obtida foi de 13/1. Enquanto que Nóbrega

(1999) cita a relação C/N de aproximadamente 17/1 e o trabalho realizado por Aita et al.

(2001) encontrou relação C/N bem mais baixa para a cultura da ervilhaca, 10,5/1, sendo este

trabalho realizado em Santa Maria. Trabalho realizado durante dois anos por Acosta (2009)

obteve relação C/N de 11/1 e 16/1, para os anos de 2003 e 2004 respectivamente.

O trigo é uma cultura que possui relação C/N alta, Nóbrega (1999) indica a relação

C/N de 60/1e Silva (2007) realizou trabalho em Santa Maria onde obteve a relação C/N de

65,2/1.

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Para o pousio de inverno Aita et al. (2001), obteve relação C/N de 17,6. Trabalho

realizado pro Torres (2008) em Uberaba, MG, obteve relação C/N de 19,5 para o ano 2000 e

no ano seguinte a mesma foi de 25,3.

3.1.6 Análise dos resultados

Os maiores estoques de C ocorreram no solo cultivado com azevém.

A produção de MS da cultura do azevém possui uma alta relação C/N (BALBINOT JR et

al., 2007), o que indica cobertura do solo por mais tempo e como conseqüência maior

acúmulo de C sobre o solo, confirmando o resultado obtido. A sucessão de verão milho e soja

alternados favoreceram o teor de N do solo cultivado com azevém, sendo outro fator que

contribuiu para este resultado.

O nabo apresenta elevado estoque de C quando o procedimento de cálculo utilizado foi

da camada equivalente (CE) tem como característica a baixa relação C/N (WAMSER et al.,

2006 apud BALBINOT JR et al., 2007), indicando cobertura do solo por menos tempo, com

isso menos C seria acumulado sobre o solo. Entretanto, estes resultados obtidos pelo nabo

indicam que outro fator influencia neste resultado. Notamos que o nabo apresenta maior teor

de N, quando a sucessão de verão utilizada é um ano soja + dois anos milho, o que indica as

rotações de verão estão associadas indiretamente no estoque de C. Pois o nabo aumenta o teor

de N no solo, com grande disponibilidade de N o milho, que está presente nesta sucessão,

apresenta um crescimento maior, favorecendo a produção de biomassa, como a cultura do

milho apresenta relação C/N dos resíduos culturais em torno de 69 (SILVA et al.,2008), o

solo fica coberto por mais tempo, favorecendo o estoque de C, confirmando o elevado estoque

de C apresentado pelo solo quando utilizado essa cultura.

O mesmo ocorre para a cultura de inverno da ervilhaca, que também apresenta um

elevado estoque de C, mas inferior ao do nabo, devido não possuir a capacidade de ciclagem

N das camadas mais profundas e pelo fato de seu sistema radicular ser mais superficial.

O pousio de inverno possui produção de MS muito baixa, esta possui relação C/N baixa

(AITA et al., 2001), o que explica o baixo estoque de C obtido pelo solo cultivado com esta

cultura.

O solo cultivado com trigo e aveia obteve estoque de C muito próximo, o resultado de

produção de MS destacou o resultado da aveia, na relação C/N da MS, o que indicaria um

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estoque de C maior fato este, que não se confirmou. Isso ocorreu devido à relação C/N do solo

ser baixa, o que indica que o C ali armazenado, rapidamente se degrada, não ocorrendo

acúmulo. O mesmo ocorre para a cultura do trigo, que apresentou relação C/N alta somente na

primeira camada (0-10 cm), a baixa relação C/N da segunda camada influencia no estoque de

C total, deixando o solo com está cultura com estoque menor que do azevém e do nabo.

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4 CONCLUSÃO

Na camada de 0-20 cm, o cultivo de azevém e de nabo forrageiro aumentaram

o estoque de CO do solo, em relação ao solo em pousio de inverno;

O maior teor de N do solo proporcionado pela sucessão de verão 1soja+2 milho

favoreceu mais o efeito do nabo no estoque de CO, em relação ao pousio, em

comparação as outras culturas de inverno; enquanto que a sucessão soja e

milho alternados favoreceram o efeito do azevém, além do nabo, no estoque de

CO.

As sucessões de inverno proporcionam aumento no estoque de C do solo em

relação ao solo deixado em pousio, indicando que o cultivo do solo no inverno

é essencial.

As sucessões de verão proporcionam, indiretamente, o aumento do estoque de

C no solo.

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