UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS...

69
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS FONTÃO Desenvolvimento de um protótipo de biofiltro para tratamento de água Lorena 2018

Transcript of UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS...

Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

CAUÊ REIS FONTÃO

Desenvolvimento de um protótipo de biofiltro para tratamento de água

Lorena 2018

Page 2: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

2

Page 3: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

CAUÊ REIS FONTÃO

Desenvolvimento de um protótipo de biofiltro para tratamento de água

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola

de Engenharia de Lorena - Universidade de São Paulo

como requisito parcial para conclusão do curso de

Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. MSc. Paulo Ricardo Amador

Mendes

Versão Corrigida

Lorena

2018

Page 4: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR

QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA,

DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado

da Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Fontão, Cauê Reis

Desenvolvimento de um protótipo de biofiltro para tratamento de água / Cauê Reis Fontão; orientador Paulo Ricardo Amador Mendes. - Lorena, 2018. 69 p.

Monografia apresentada como requisito parcial

para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia Ambiental - Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo. 2018

1. Biofiltração. 2. Biofiltro. 3. Tratamento de água. 4. Oxigênio dissolvido. I. Título. II. Mendes, Paulo Ricardo Amador, orient.

Page 5: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

Agradecimentos

Agradeço a Deus em primeiro lugar, por todas as vezes que me deu forças para

continuar trabalhando, estudando e me dedicando a esta pesquisa.

À instituição, Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP) por proporcionar toda

estrutura necessária para elaboração desta pesquisa.

À minha família de maneira geral, que serviu como suporte em todos os sentidos

para que este trabalho pudesse virar realidade. Especialmente gostaria de agradecer

ao meu pai, Dr. Henio Fontão, minha maior fonte de inspiração e sabedoria; à minha

madrasta, Dra. Eloisa de Moura Lopes, pela dedicação e ensinamentos durante toda

a minha trajetória profissional; e aos meus irmãos: Caique Reis Fontão, Maria Julia

Reis e phD Geisa Lopes Budinov e minha mãe Eliane Reis, que possuem papel

fundamental nesta trajetória.

Ao professor Paulo Ricardo Amador Mendes, por toda paciência, disposição,

dedicação e profissionalismo que me orientou neste trabalho, com certeza, o professor

Paulo será lembrado por mim para sempre como inspiração pessoal e profissional.

Também agradeço imensamente, ao professor Luís Fernando Figueiredo Faria,

por ter acreditado em nossa pesquisa e colocado a disposição os recursos necessários

e o seu laboratório para que este trabalho acontecesse, além de toda a contribuição

intelectual durante o todo o processo.

À professora Érica Romão por ter cedido recursos instrumentais durante o

período das pesquisas.

À todos que direta ou indiretamente auxiliaram na elaboração deste trabalho,

deixo aqui meu muito obrigado

Page 6: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver
Page 7: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

Resumo

FONTÃO, C. R. Desenvolvimento de um protótipo de biofiltro para tratamento de

água. 2018. 69 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia

Ambiental) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,

2018.

Investir recursos em qualidade de abastecimento se configura investir recursos em

gestão hídrica, campo que cresce constantemente, uma vez que a água é um recurso

vital que cada vez mais é afetado pelas atividades humanas. Um sistema de

abastecimento de qualidade significa um sistema livre de substâncias danosas a saúde

pública. Neste sentido, o sistema apresentado neste estudo tem o potencial de auxiliar

a gestão hídrica, uma vez que se apresenta como um processo de tratamento

avançado que possui características que podem ir além dos processos convencionais.

O processo de biofiltração combina a filtração comum com agentes biológicos o que

confere a ele a capacidade de tratar micropoluentes, que podem causar sérias

consequências à saúde humana. Assim sendo, este trabalho tem por objetivo

desenvolver um sistema de biofiltração a escala de bancada, testando diferentes tipos

de condições e avaliar alguns parâmetros, oxigênio dissolvido principalmente, para

comprovar a ação biológica do processo proposto e seu potencial de eficiência de

remoção de micropoluentes. Os resultados encontrados de absorção de oxigênio

dissolvido (mais de 50%) indicam fortemente a presença de microrganismos aeróbicos

degradadores de matéria orgânica. A expectativa primordial é que o estudo contribua

para a área de tratamento de água uma vez que é um dos raros estudos que possuem

características estruturais e operacionais tais quais apresentadas.

Palavras-chave: biofiltração, biofiltro, tratamento de água, oxigênio dissolvido.

Page 8: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver
Page 9: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

Abstract

FONTÃO, C. R. Development of a biofilter prototype for water treatment. 2018.

69 p. Monography – Environmental Engineering Course – School of Engineering of

Lorena, University of São Paulo, Lorena, 2018.

Investing resources in quality of supply means invest resources in water management,

field that is constantly growing, since water is a vital resource that is increasingly

affected by human activities. A quality supply system means a system free from harmful

substances to public health. In this sense, the system presented in this study has the

potential to assist water management, since it is presented as an advanced

watertreatment process that has characteristics that can go beyond conventional

processes. The biofiltration process combines common filtration with biological agents

which gives it the ability to treat micropollutants, which can cause serious

consequences to human health. Therefore, this work aims to develop a pilot scale

biofiltration system, testing different types of conditions and evaluating some

parameters, mainly dissolved oxygen, to prove the biological action of the proposed

process and its potential to remove micropollutants. The results of dissolved oxygen

uptake (more than 50%) strongly indicate the presence of aerobic microorganisms that

degrade organic matter. The primary expectation is that the study contributes to the

water treatment area since it is one of the rare studies that have structural and

operational characteristics as presented.

Keywords: biofiltratation, biofilter, water treatment, dissolved oxygen.

Page 10: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver
Page 11: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

Lista de Figuras

Figura 1: Recursos de água renováveis internos gerados dentro de um país em uma

base per capita........................................................................................................... 22

Figura 2: Árvore de decisão de processos de tratamento........................................... 26

Figura 3. Esquema de um processo convencional de tratamento............................... 28

Figura 4: Remoção de oxalato por biofiltros de diferentes meios suportes................. 33

Figura 5: Remoção de acetato de acordo com a retro lavagem clorada e não

clorada........................................................................................................................ 35

Figura 6: Sistema de biofiltração desenvolvido para o tratamento de água

modelo........................................................................................................................ 37

Figura 7: Representação esquemática do sistema de biofiltração em estudo............ 38

Figura 8: Protótipo de disposição das camadas dentro do filtro.................................. 39

Figura 9: Gráfico sumário dos valores de Oxigênio Dissolvido de entrada do Biofiltro

01 (análise de p-valor)................................................................................................ 43

Figura 10: Gráfico sumário dos valores de Oxigênio Dissolvido de entrada do Biofiltro

02 sem a adição do inibidor (análise de p-valor)......................................................... 44

Figura 11: Gráfico sumário dos valores de Oxigênio Dissolvido de entrada do Biofiltro

02 sem a adição do inibidor (análise de p-valor)......................................................... 45

Figura 12: Gráfico de valores obtidos de oxigênio dissolvido (mg/l), com variância, dos

biofiltros 01 e 02……………………………………………………………………………. 46

Figura 13: Gráfico de valores obtidos de temperatura (°C) do biofiltro 01................... 48

Figura 14: Gráfico de valores obtidos de temperatura (°C) do biofiltro 02................... 48

Figura 15: Gráfico de valores obtidos de pH do biofiltro 01......................................... 49

Figura 16: Gráfico de valores obtidos de pH do biofiltro 02......................................... 50

Page 12: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver
Page 13: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

Lista de Tabelas

Tabela 1: Disponibilidade hídrica das regiões hidrográfica......................................... 24

Tabela 2: Demanda médias para abastecimento urbano no Brasil, em m3.s-1........... 24

Tabela 3: Altura das camadas e granulometria para um biofiltro................................ 32

Tabela 4: Dimensões reais dos biofiltros desenvolvidos............................................. 36

Tabela 5: Condições de alimentação dos biofiltros (Água modelo)............................. 40

Tabela 6: Parâmetros de retrolavagem analisados..................................................... 47

Tabela 7: Parâmetros de cloro e amônia residual analisados..................................... 49

Page 14: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver
Page 15: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

Sumário

1. Introdução e Problematização ............................................................................... 17

2. Objetivos ............................................................................................................... 19

2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 19

2.2 Objetivo Específico ............................................................................................... 19

3. Revisão Bibliográfica .............................................................................................. 21

3.1 Panorama mundial da água .................................................................................. 21

3.2 Panorama brasileiro da água ................................................................................ 22

3.3 Legislação ambiental - água ................................................................................. 25

3.4Tratamento e características de água ................................................................... 25

3.5 Biofiltração ........................................................................................................... 30

3.5.1 Material suporte ................................................................................................. 32

3.5.2 Tempo de contato em cama vazia (Empty bed contact time, EBCT) ................ 32

3.5.3 Manutenção do biofiltro...................................................................................... 34

4. Materiais e métodos ............................................................................................... 36

4.1 Características físicas e operacionais .................................................................. 36

4.2 Detalhes de análise.............. ................................................................................ 39

4.3 Métodos analíticos e procedimentos de amostragem.......................................... 41

5. Resultados e Discussão ......................................................................................... 43

6. Conclusão .............................................................................................................. 51

Referências ................................................................................................................ 54

ANEXO A ................................................................................................................... 60

ANEXO B ................................................................................................................... 62

Page 16: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver
Page 17: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

17

1. INTRODUÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO

Atualmente, de acordo com o relatório da UNESCO (2010), a demanda por água

vem crescendo drasticamente nos principais setores consumidores do mundo:

agricultura, uso doméstico, energia e indústria. Com o aumento populacional e com o

desenvolvimento humano acelerado a tendência é que a demanda seja ainda maior

com o passar do tempo. Para o setor da agricultura e de uso doméstico é esperado

um crescimento de consumo de água de aproximadamente, 19% e 20%,

respectivamente, até 2050. Para o setor de energia, 50% até 2035.

Nesse contexto, surge um grande desafio, atender os padrões de qualidade da

água. A água deve seguir padrões e normas, que variam de acordo com o tipo de

aplicação, sendo que para consumo doméstico, estes requisitos de qualidade são

ainda mais rigorosos.

A resolução CONAMA 357/2005 classifica os corpos da água superficiais e

identifica os tipos de tratamentos recomendados para cada classificação, sendo que

para padrões de qualidade da água tratada, segue-se a Portaria 2914/2011 do

Ministério da Saúde que dispõe sobre “os procedimentos de controle e de vigilância

da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”. Assim,

de acordo com a qualidade da água a ser tratada, são definidos os tipos de tratamento

a serem empregados bem como os produtos químicos necessários para atingir o grau

de exigência para o abastecimento público.

Dentre os métodos existentes para o tratamento de águas, destaca-se o

tratamento convencional, que é composto por uma série de processos sequenciais que

consistem em coagulação, floculação, sedimentação e filtração para a clarificação de

águas de mananciais superficiais.

Dentro do tratamento convencional, destaca-se o papel imprescindível do

processo de filtração para remoção de sólidos residuais do tratamento a fim de garantir

a qualidade necessária para a purificação e adequação para o consumo. Devido,

principalmente, por ações antrópicas, a qualidade das águas superficiais vem sendo

prejudicada e tornando cada vez mais difícil o tratamento convencional da água, por

Page 18: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

18

conta de algumas substâncias, como os micropoluentes (fármacos, pesticidas,

hormônios etc.), que esse tratamento não consegue remover por completo. Ainda, este

tratamento pode favorecer o aparecimento de trihalometanos, que podem causar

câncer após longos períodos de exposição.

Assim, há a necessidade de utilização de técnicas tratamento cada vez mais

eficientes. Dentre os processos avançados para a clarificação de águas, destaca-se o

processo de biofiltração que apresenta uma maior eficiência na remoção de matéria

orgânica biodegradável, bem como diversas substâncias que são as principais

causadoras de crescimento de bactérias nas tubulações de distribuição de água para

a população. Além disso, a biofiltração é eficiente na redução de matéria orgânica

natural e dos subprodutos gerados durante o processo convencional de tratamento de

água, como os trihalometanos.

Nesse cenário, nessa pesquisa propôs-se centrar no estudo da biofiltração

como alternativa para tratamento de água de abastecimento público. O objetivo geral

desse trabalho foi desenvolver e construir um protótipo de um biofiltro de bancada e

analisar sua eficiência em uma água modelo.

A expectativa primordial é que o estudo contribua para a área de tratamento de

água, uma vez que se mostra até o presente momento, ser um dos poucos biofiltros

de três camadas dentre as literaturas pesquisadas e que foi conduzido em condições

experimentais possivelmente inovadoras.

Page 19: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

19

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver um sistema de biofiltração em escala de bancada para tratamento de água

modelo visando avaliar a eficiência e desempenho do protótipo na melhoria da qualidade

da água a ser tratada.

2.2 Objetivo Específico

Desenvolver e construir um protótipo de um biofiltro em escala de bancada;

Testar diferentes tipos de condições de operação no protótipo desenvolvido;

Monitorar os parâmetros do sistema de biofiltração e avaliar tecnicamente o seu

desempenho e funcionamento, a partir do tratamento de uma água modelo.

Page 20: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

20

Page 21: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

21

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Panorama mundial da água

No panorama atual é de comum senso que a água é um recurso fundamental para

a sobrevivência e desenvolvimento da vida humana. Os seres humanos utilizam a água

para as mais diversas atividades, seja para atividades simples e ordinárias, como lavar

as mãos até para atividades mais complexas como em alguns casos de processos

industriais. De acordo com o Relatório Global de Águas da UNESCO do ano de 2015, a

demanda por água vem crescendo drasticamente nos principais setores

consumidores de água, sendo eles a agricultura, consumo doméstico, energia e

indústria.

Ainda, segundo este relatório (UNESCO, 2015), a expectativa de crescimento de

demanda por comida é de 70% até 2050, indicando que um maior consumo de água

para esse setor e num cenário mais otimista, o aumento pode chegar até 19%, no ano

de 2050.

Atualmente, quase todos os processos de fabricação de energia usam água de

algum modo em seu processo, seja na extração de material bruto, processos químicos,

processo de limpeza, rotação das pás das turbinas, entre outras, sendo esperado um

aumento de 50% até 2035. E para o consumo humano, a expectativa é que pessoas que

sofrem com o acesso a água potável e saneamento cresçam em 20% até 2050

(UNESCO, 2015).

No cenário industrial a preocupação com a água como recurso vem ganhando

força ao longo do tempo, sendo importante a introdução de novos conceitos como, por

exemplo, a água virtual1. Além disso, a indústria também deve dar a devida importância

para este recurso e sua disponibilidade no meio em que está inserida. (UNESCO, 2015).

1 Introduzido primeiramente pelo professor Tony Allan em 1993, para identificar a quantidade de água

disponível no sistema global através do comércio agrícola. O autor interpreta como a quantidade de água

necessária para produzir cereais, leite e gado, em seus processos de produção (Allan, 2003).

Page 22: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

22

Na Figura 1 é possível constatar que a disponibilidade de água per capita mundial

não é igualmente distribuída. Nesse cenário, voltar a atenção para aspectos qualitativos

da água pode se tornar um grande desafio, dependendo da região onde você está

localizado, as barreiras podem ir muito além de limitações técnicas, uma vez que a em

regiões de escassez, a água pode ser alvo de conflitos político-econômicos.

Figura 1: Recursos de água renováveis internos gerados dentro de um país em uma base per capita.

Fonte: BRASIL, 2014.

No Brasil, a conservação, o uso consciente e o desenvolvimento dos recursos

hídricos também se mostra um desafio muito grande. Tucci et al. (2000) apontam em

seus estudos como esse recurso é administrado pelos brasileiros e que os principais

setores consumidores de água do país apresentam problemáticas que variam de acordo

com o ramo de uso.

No contexto rural, a irrigação exige uma demanda muito alta de água, ainda mais

se for por inundação, como acontece com o arroz, por exemplo. Neste caso, a água pode

ser utilizada novamente, seja para o mesmo fim ou para outras finalidades, porém algo

3.2 Panorama brasileiro da água

Page 23: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

23

importante deve ser ressaltado, a qualidade dessa água seria muito importante para o

determinado fim (TUCCI et al., 2000).

Com relação à geração de energia, segundo o relatório de 2014 do Ministério de

Minas e Energia, aproximadamente 70% da matriz energética do país depende de água

para a produção de energia, aumentando assim a importância deste recurso para o

desenvolvimento econômico e social do país (BRASIL, 2014).

E nas regiões metropolitanas, o problema é devido ao excesso de fontes

poluidoras, principalmente nos mananciais, a qualidade da água é comprometida e como

a demanda nessas áreas é muito grande devido à elevada densidade populacional, se

trata de um grande desafio garantir água de qualidade para toda a população (TUCCI et

al., 2000).

O Brasil é um país que possui um grande volume de água doce em seu território,

porém algumas regiões possuem revés com relação à disponibilidade de água, algumas

sofrem com a sazonalidade de disposição desse recurso, como o semiárido nordestino,

por exemplo, que possui “condições hídricas desfavoráveis”, sofrendo com longos

períodos de estiagem e água de baixa qualidade (TUCCI et al., 2000).

A disponibilidade hídrica segundo as regiões hidrográficas do Brasil está

apresentada na Tabela 1 e pode ser identificado claramente que essa distribuição é

desigual nas diferentes partes do território brasileiro. De acordo com o Atlas da Agência

Nacional de Águas de 2010 (BRASIL, 2010), a região dos estados do Acre, Amapá,

Amazonas, Rondônia e Roraima, e parte do Pará e do Mato Grosso, cobrem uma área

de 45% do território e dispõem de 81% dos recursos hídricos, ou seja, mais da metade

do território conta com apenas 19% de disponibilidade hídrica. Além disso, a demanda

maior está situada nas regiões de menos disponibilidade, apresentado na Tabela 2.

É consenso que a qualidade da água de abastecimento está intimamente

relacionada à uma boa gestão hídrica. Jansky (2002) manifesta que uma das importantes

iniciativas para uma boa gestão hídrica é justamente a qualidade do abastecimento,

citando como exemplo a complexa gestão hídrica da União Europeia, que, dentre outros

pontos, priorizam uma boa qualidade da água que distribuem à população.

Page 24: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

24

Tabela 1: Disponibilidade hídrica das regiões hidrográfica.

Região Hidrográfica Vazão média

(m3.s-1)

Disponibilidade hídrica (Q95)

(m3.s-1)

Amazônica 132145 73748

Tocantins-Araguaia 13799 5447

Atlântico Nordeste Ocidental 2608 320

Parnaíba 767 379

Atlântico Nordeste Oriental 774 91

São Francisco 2846 1886

Atlântico Leste 1484 305

Atlântico Sudeste 3162 1109

Atlântico Sul 4055 647

Paraná 11414 5792

Uruguai 4103 565

Paraguai 2359 782

BRASIL 179516 91071

Fonte: BRASIL (2010).

Tabela 2: Demanda médias para abastecimento urbano no Brasil, em m3.s-1.

Ano Demanda por região geográfica

Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

Total

Brasil

2005 34 115 33 247 65 494

2015 45 136 39 275 75 570

2025 54 151 44 298 83 630

Fonte: BRASIL (2010).

Page 25: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

25

3.3 Legislação ambiental - água

Atualmente a prioridade do uso da água ainda está em pauta, a dúvida sobre qual

setor priorizar, agricultura, abastecimento, energia, ainda faz parte das discussões sobre

gestão dos recursos hídricos no Brasil.

Levando em conta os diversos usos da água, para cada finalidade existem padrões

de qualidade a serem atingidos, ou seja, cada água necessita ter concentrações de

solutos específicas para cada uso (DI BERNARDO et al., 2005).

De acordo com Di Bernardo et al. (2005), as águas para consumo humano devem

atender especificações nacionais e internacionais. De certa forma, qualquer água pode

atingir esses padrões, porém o que definirá se um corpo d`água será ou não utilizado

para tal, são os custos de operação e de manutenção.

Antes de saber os padrões de potabilidade se faz necessário classificar os corpos

d’água, para identificar a viabilidade do projeto, pois é de acordo com essas

classificações que os processos de tratamento serão definidos. A resolução 357 do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) de 2005 estabelece as classificações

dos tipos de água para o Brasil e os respectivos tratamentos recomendado (Anexo A).

3.4 Tratamento e características de água

No Brasil, segue-se para padrões de qualidade final da água de acordo com a

Portaria de Consolidação nº 5/2017, o anexo XX, que “dispõe sobre os procedimentos de

controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade” (antiga Portaria 2914/2011, do Ministério da Saúde), conforme anexo B

(BRASIL, 2011).

Para atender as especificações normativas, independente de qual classe pertença,

a água deverá passar por processos de tratamento com complexidade condizente à

classe, afim de se garantir a qualidade necessária, em termos de parâmetros físicos,

químicos, biológicos e radiológicos. Além disto, Piveli e Filho (2018) apresentam uma

árvore de decisão para escolha de processos de tratamento, conforme Figuras 2 e 3 (DI

BERNARDO et al., 2005; PIVELI; FILHO, 2018).

Page 26: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

26

Figura 2: árvore de decisão de processos de tratamento

Fonte: Adaptado de PIVELI; FILHO (2018). *CHL = concentração de clorofila.

Page 27: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

27

Configuração 1: Somente filtração direta;

Configuração 2: Dupla filtração;

Configuração 3: Turbidez elevada, combinada com teor de algas baixo:

clarificação por decantação ou por flotação a ar dissolvido;

Configuração 4: Em casos de aumento de algas na água bruta, sem restrição de

turbidez (até 100 unT) a flotação por ar dissolvido apresenta-se como melhor

alternativa;

Configuração 5: Em casos de turbidez da água bruta superior a 100 unT pode

ser necessária a pré-sedimentação para preparação da água para processos

posteriores (decantação ou flotação).

No Brasil, segundo a resolução CONAMA 357, Capítulo 1, artigo 2º, os processos

de tratamento são divididos em: tratamento avançado, convencional e simplificado,

definidos no anexo A. Na Figura 3 pode observar o esquema de um processo

convencional de tratamento, que engloba grande parte dos processos utilizados

atualmente.

Pode-se entender cada etapa do processo de tratamento tem como objetivo

oferecer alguma resistência para algum tipo de poluente (químico, físico e/ou biológico).

Sendo assim, é possível definir cada etapa do processo convencional de tratamento de

água de acordo com o tipo resistência que ela oferece aos poluentes e os tipos destes

poluentes. Conforme Di Bernardo et al. (2005), serão descritas as etapas do tratamento

convencional:

Page 28: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

28

Figura 3. Esquema de um processo convencional de tratamento.

Fonte: SABESP (Sem data).

Coagulação: Assim que a água bruta (natural) entra na estação de tratamento ela

recebe uma certa quantidade de coagulante (normalmente sulfato de alumínio)

que tem como objetivo facilitar a aglomeração de partículas sólidas;

Floculação: ocorre quando as partículas sólidas se aglutinam e formam flocos

maiores e mais pesados que a resistência da água;

Decantação: por ação da gravidade os flocos formados desprendem-se da água

e ficam depositados no fundo dos tanques;

Filtração: a água clarificada passa por filtros formados camadas de diversos tipos

de mídia, geralmente: pedra, carvão e areia, que são responsáveis pela retenção

física dos poluentes. De acordo com Di Bernardo et al. (2005), para a produção

constante e garantida de água potável o processo de filtração é um indispensável.

O processo de filtração mais comum nas unidades de tratamento é em meio

granular, onde partículas suspensas e coloidais, e microrganismos são removidos

da água através de um meio poroso (DI BERNARDO et al., 2005; DI BERNARDO,

2003; DI BERNARDO et al., 2011).

Page 29: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

29

Os filtros do processo de tratamento podem ser classificados de diversas

maneiras:

o De fluxo ascendente e descendente: Conforme com o fluxo de

entrada e saída da água a ser tratada no filtro. Para o fluxo

ascendente a água entra por baixo e sai por cima e no

descendente, ela entra por cima e sai por baixo.

o De filtração rápida e lenta, com taxas de filtração entre 150 e 600

m.d-1 e inferiores a 6 m.d-1, respectivamente.

Correção química: é aplicada na água uma certa quantidade de agentes

químicos que tem por função corrigir o pH, prevenir a formação de caries (flúor),

diminuir a possibilidade de aparecimento de microrganismos causadores de

doenças.

No entanto, nem sempre o tratamento convencional é suficiente para remover

todos os poluentes que estão presentes na água, assim sendo se emerge o conceito de

processos de tratamento avançado de água. Dentre esses tratamentos surgem como

alternativas para o fortalecimento da gestão hídrica, uma vez que pode tornar o

abastecimento público possível em locais onde há águas com características não

convencionais e assim os tratamentos convencionais não se aplicam. Alguns exemplos

de tratamento avançado são o uso de carvão ativado, processos de separação com

membranas, Air stripping, biofiltração etc (HOWE et al., 2012). Um exemplo é o que

ocorre no Qatar com a dessalinização por osmose reversa para águas salgadas.

(GREENLEE et al., 2009)

Um problema comum dos processos de abastecimento é o aparecimento de

microrganismos nas linhas de distribuição, devido a presença de micropoluentes,

comumente encontrados em pesticidas, medicamentos, hormônios e produtos de higiene

pessoal, principalmente a base de carbono e nitrogênio, que favorecem o aparecimento

de bactérias aeróbicas principalmente, que podem propiciar um risco a saúde pública e

a gestão hídrica. Além deste problema, a presença de micropoluentes na água de

abastecimento também pode causar, segundo Waller (1998), a formação de

trihalometanos como o clorofórmio, por exemplo, por meio da reação com o cloro utilizado

Page 30: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

30

no tratamento convencional, sendo responsáveis por danos à saúde pública, uma vez

que, quando ingeridos podem causar danos aos embriões, espermas e até mesmo

câncer (MEYER, 1994; NAROTSKY et al., 1997; NEILSON; ALLARD, 2008; ROSSMAN

et al., 1994; TRÖGER et al., 2018; USEPALSI, 1993; WALLER, 1998)

Assim sendo, este problema pode configurar a necessidade de tratamento

avançado de água, que pode ser definido como procedimentos físicos, químicos e/ou

biológicos que são capazes de tratar poluentes que não são abordados no tratamento

convencional de água (HOWE et al., 2012). Assim neste trabalho, adotou-se um processo

avançado de tratamento do tipo biofiltração, que será descrito a seguir.

3.5 Biofiltração

Chaudhary et al. (2003) afirmam que um biofiltro pode ser definido como qualquer

tipo de filtro que possui uma camada fixadora de biomassa, ou seja, um meio suporte que

favoreça o crescimento microbiano. De acordo com Govind (2009), a biofiltração pode

ser conceituada como a transformação ou o tratamento por processo biológico de

constituintes considerados contaminantes. Ainda, segundo o autor a biofiltração emerge

como um processo economicamente viável por volta dos anos 2000.

A parede dos tubos das redes de distribuição de água para abastecimento público

é um ambiente ideal à colonização de microrganismos (biofilme) onde são encontrados

fungos, protozoários, algas e vírus, mas a maior parte, normalmente, são bactérias

aeróbicas, que em ambiente natural podem ser encontradas de duas formas: livremente

ou fixada em superfícies, essas bactérias necessitam de oxigênio e nutrientes para se

manterem vivas, ou seja, a atividade biológica dentro de um biofiltro pode ser definida,

normalmente, pelo consumo de oxigênio, porém apenas um teste de ATP (adenosina

trifosfato) para garantir com exatidão a presença destes microrganismos. O biofilme nas

linhas de distribuição representa um problema, pois podem causar obstrução, danos e

também representam uma ameaça à saúde. Para que haja colonização é necessário que

haja nutrientes, sendo os mais comuns requeridos pelos biofilmes são o carbono, o

nitrogênio e o fósforo, mas normalmente o limite de crescimento é definido pelo carbono,

presente nas formas de carboidratos, ácidos fúlvicos e húmicos, ácidos carboxílicos e

Page 31: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

31

proteínas. Os microrganismos são capazes de sobreviver em um ambiente com cloro

entre 0,5 e 1,0 mg.L-1 (KERR et al., 2003).

O biofiltro se faz necessário uma vez que o leito biológico favorece o crescimento

de bactérias heterotróficas que colonizam o meio filtrante e fornecem ao biofiltro a

possibilidade de degradar compostos orgânicos e micropoluentes. (CHAUDHARY et al.,

2003; GOVIND, 2009)

Além do mais, o leito biológico do biofiltro fornece a possibilidade de

biodegradação de fenol, triclorobenzeno, ozônio (possui potencial cancerígeno), amônia,

geosmina e 2-metilisoborneol (MIB), com uma maior eficiência na remoção de matéria

orgânica biodegradável e dos íons amônio (NH4+), ferroso (Fe2+), manganoso (Mn2+),

nitrito (NO2−) e de gás hidrogênio (H2) dissolvido. Além de remover o nitrogênio da água,

que colaboram na conversão de elementos indesejáveis, isto proporciona uma

diminuição de custo no processo de desinfecção. (CHAUDHARY et al., 2003; WERT et

al., 2008, ANDERSSON et al.2001)

Diversos fatores influenciam na eficiência de um biofiltro para a redução da matéria

orgânica biodegradável, dentre eles: a concentração dessa matéria orgânica, o material

do leito biológico, a temperatura da água e o tempo de contato com o meio filtrante (Empty

Bed Contact Time, EBCT) (CRITTENDEN et al., 2012).

O leito biológico dos biofiltros também podem ser definidos como biofilme, já que

microrganismos, os mesmos encontrados em ambientes naturais, colonizam o meio.

Segundo Flemming (1993), o biofilme pode ser definido como o agrupamento de

microrganismos e seus produtos extracelulares. Para que haja a ocorrência de um

biofilme em um meio é necessário que este forneça coesão, integridade estrutural e

aderência aos colonizadores, mesma situação que são encontrados na natureza. Em um

biofiltro, em relação ao biofilme, ocorrem três processos biológicos principais: fixação,

crescimento microbiano e desprendimento dos microrganismos. (CHAUDHARY et al.,

2003; CRITTENDEN et al., 2012; FLEMMING, 1993; SHARMA et al. 2018).

Page 32: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

32

3.5.1 Material suporte

Para que a biofiltração seja empregada com eficiência é necessário que exista um

meio que seja de um material que possibilite coesão, integridade estrutural e aderência

ao biofilme, além dos processos crescimento e manutenção. De acordo com Crittenden

et al. (2012), a areia, o carvão ativado granular (GAC) e carvão antracito vem sendo

empregado com sucesso como material suporte. Nos estudos de Liu et al. (2001) foram

feitos um comparativo entre carvão ativado granular e carvão antracito como meio filtrante

em duas diferentes temperaturas (5°C e 20°C) para quatro tipos de matéria orgânica

biodegradável: acetato, formaldeído, glioxal e íon formato (HCO2-), concluindo-se que o

carvão ativado se mostra mais eficiente na remoção desses compostos nas situações

estudadas. (CRITTENDEN et al., 2012; LIU et al., 2001).

Crittenden et al. (2012) apresentam uma metodologia para determinar a

granulometria e a altura de camada para biofiltros, sendo que estes parâmetros foram

determinados empiricamente, com base em dados experimentais (Tabela 3). Portanto, o

carvão antracito poderá servir como meio de cultivo para os microrganismos, a areia

como meio filtrante e o cascalho como suporte do sistema de filtração para sustentar as

camadas citadas anteriormente.

Tabela 3: Altura das camadas e granulometria para um biofiltro.

Camada do filtro Altura da camada (mm) Granulometria (mm)

Carvão antracito 450 – 600 0,8 – 20,0

Areia 230 – 300 0,4 – 0,8

Cascalho 100 – 150 -

Fonte: Adaptado de Crittenden et al. (2012).

3.5.2 Tempo de contato em cama vazia (Empty bed contact time, EBCT)

O tempo de contato em cama vazia (EBCT) é definido como o tempo que a água

fica em contato com o meio filtrante e supondo que toda água passa por ele em

velocidade constante, e pode ser calculado pela Equação 1.

Page 33: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

33

(1)

onde, V = Volume de cama de carbono (ft3); Q = Taxa de fluxo (gl.min-1);

C = Fator de conversão (7,48 gl.ft-3).

Crittenden et al. (2012) desenvolveram um estudo da remoção de oxalato de

acordo com diferentes tipos de EBCT para filtro de carvão antracito e carvão ativado

granular em diferentes temperaturas, conforme resultados da Figura 4. Pode-se observar

que não houveram variações significativas de remoção de oxalato para os diferentes tipos

de meio suporte estudados, em uma temperatura entre 10°C e 15°C. Além de não haver

significativas diferenças entre EBCTs entre 10 e 35 minutos.

Figura 4: Remoção de oxalato por biofiltros de diferentes meios suportes.

Fonte: Adaptado de CRITTENDEN et al. (2012).

Basu e Huck (2004) usaram 22 minutos de EBCT para um biofiltro em escala de

bancada e obtiveram a remoção de carbono orgânico total aumentando com o tempo (de

19% para 49%, em média). Conforme os resultados obtidos por Shin e Lim (1996), a taxa

de remoção de ácido fúlvico aumentou em 75% após um período de 75 dias e um tempo

de retenção hidráulico de 30 min para um reator de degradação biológica.

Page 34: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

34

Um valor ótimo para EBCT ainda não é um consenso entre os pesquisadores,

contudo muitos defendem que a otimização deste valor está diretamente relacionada as

condições de operação. Até mesmo estudos recentes (MCKIE et al, 2018) mostram que

filtros operando com EBCT de 15 min possui maior concentração de biomassa, enquanto

outros pesquisadores (TERRY; SUMMERS, 2018) defendem que para maiores EBCT há

maior taxa de remoção.

3.5.3 Manutenção do biofiltro

Para garantir o bom funcionamento de um biofiltro é necessário garantir que no

meio suporte não haja a presença de substâncias inibidoras, como o cloro e o ozônio

residual. Além disso, se faz necessário o processo de retrolavagem, uma vez que os

biofiltros possuem perda de carga similar a dos filtros convencionais.

Segundo Crittenden et al. (2012) diversos estudos sugerem que as partículas não

biológicas se desprendem mais facilmente do meio filtrante do que as biológicas, ou seja,

na retrolavagem de biofiltros as partículas não biológicas são removidas, não causando

perdas significativas de microrganismos.

Emelko et al. (2006) estudaram os efeitos da retrolavagem em um biofiltro de

escala natural. Os referidos autores realizaram a retrolavagem de 3 maneiras diferentes:

a primeira com ar e dois procedimentos de lavagem de cloro, em um segundo momento

o mesmo procedimento sem o ar e uma terceira situação com apenas um procedimento

de cloração e ar e água em baixa vazão e concluíram que a remoção de matéria orgânica

biodegradável não foi afetada pelos processos realizados, com utilização de ar e sem

utilização de ar. Ikhelf e Basu (2017) avaliaram o efeito de dois tipos de retrolavagem

com aeração e sem e chegaram à conclusão que para estes dois tipos de retrolavagem

há influências significativas deste processo na remoção de partículas do biofiltro, sendo

que o processo com aeração se mostrou mais eficiente (13% de influência na eficiência

de remoção contra 21%, respectivamente)

Liu et al. (2001) apresentaram um estudo sobre os efeitos do cloro na retrolavagem

em águas a 5ºC e 20ºC, conforme mostrado na Figura 5. Os autores concluíram que o

Page 35: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

35

uso de cloro tem impacto negativo na remoção de acetato, principalmente em águas em

temperaturas de 5ºC.

Figura 5: Remoção de acetato de acordo com a retro lavagem clorada e não clorada

Fonte: Modificado de LIU et al. (2001).

A velocidade de lavagem deve ser calculada a modo de se garantir o arraste dos

poluentes presos pelo filtro, mas não mover as partículas mais finas do leito filtrante.

Ritcher (2009) diz que a velocidade para filtros de areia deve ser superior a 0,3 m.min-1

e inferior a VL= 10 d60, onde VL é a velocidade de lavagem e d60 é o tamanho dos grãos

abaixo do qual ficam 60% da massa total do material granular.

Page 36: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

36

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Características físicas e operacionais

O desenvolvimento dos protótipos de biofiltro bem como a condução dos

experimentos foram realizados no Laboratório de Processos de Separação, do

Departamento de Engenharia Química da Escola de Engenharia de Lorena – USP,

localizada em Lorena, São Paulo. Dois biofiltros iguais, de tripla camada, em escala de

bancada foram montados com altura nominal de 1,5 m de altura e diâmetro de 2”,

seguindo as proporções de camada estabelecidas por Crittenden et al. (2012). As

dimensões reais das camadas são mostradas na Tabela 4.

Tabela 4: Dimensões reais dos biofiltros desenvolvidos.

Camada do filtro Altura da camada (mm) Granulometria (mm)

Carvão antracito1 511 0,80 – 1,00

Areia1 283 0,45 – 0,65

Cascalho2 124 < 5

1 O carvão antracito e areia classificados foram gentilmente doados pela Companhia de Serviços

de Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá (SAEG);

2 Em substituição ao cascalho foram utilizadas pedras de quartzo natural nº 0 (Aqua-pedras, Brasil).

Fonte: Próprio autor.

Os biofiltros operaram constantemente por 14 dias, a temperatura ambiente, com

EBCT calculado de 22 minutos e em condições similares de vazão de saída, Qfiltro 1=

1,202 0,010 L.h-1 e Qfiltro 2= 1,274 0,009 L.h-1. A Figura 6 ilustra os sistemas de

biofiltração que foram desenvolvidos, à esquerda (biofiltro 1) e à direita (biofiltro 2), com

sistemas independentes de bombeamento (mini-bombas d’água RS-385, Tecnotronic) e

armazenagem da alimentação e saída dos biofiltros (50 litros). É possível observar

também os tanques de alimentação (esquerda) e de armazenamento (direita).

Page 37: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

37

Figura 6: Sistema de biofiltração desenvolvido para o tratamento de água modelo.

Fonte: Próprio autor.

A água de alimentação foi bombeada para a parte superior do filtro através de

mangueiras de pressão de 10 psi (pretas), operando em fluxo descendente. As

mangueiras transparentes tinham a função de respiro para o filtro e descarga da

retrolavagem. A retrolavagem com uso apenas de água destilada (baseado nos

experimentos de Ikhelf e Basu (2017)) a 12 L.h-1, de ambos os biofiltros, foi realizada no

7º dia de experimentos com duração de 10 minutos, em fluxo ascendente, a fim de

recuperar a vazão do sistema de biofiltração. Os ganhos de vazão (duplicata) e expansão

de camada foram analisados após o procedimento e comparados com a literatura, a fim

de se avaliar a eficácia do procedimento realizado.

01

01

01 02

02

02

Page 38: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

38

Na Figura 7 é apresentado o esquema de funcionamento do biofiltro, sendo

possível avaliar que as diferenças de vazões entre a linha de entrada e saída conferem

ao biofiltro uma alta taxa de recirculação para a água de entrada proporcionando uma

melhor homogeneização da mistura e consequentemente uma melhor aeração.

Figura 7: Representação esquemática do sistema de biofiltração em estudo

Fonte: Próprio autor.

Uma vez que não é possível observar as camadas dentro dos canos de PVC, foi

realizado um pequeno protótipo ilustrativo a fim de visualizar a disposição das camadas

dentro do filtro, conforme a Figura 8.

Page 39: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

39

Figura 8: Protótipo de disposição das camadas dentro do filtro

Fonte: Próprio autor.

4.2 Detalhes de análise

Para que houvesse colonização de microrganismos, primeiramente, deixou-se em

contato por 2 horas, ambos os biofiltros, com uma água encontrada em meio natural. A

água natural foi retirada do rio Paraíba do Sul, na mesma posição escolhida por Paiva e

Porto (2014) (22o 41’ 59’’ S; 45o 07’ 03’’ W), que conduziram ensaios de toxicidade aguda

e crônica, coliformes e DBO, neste mesmo ponto, indicando valores de coliformes e DBO

não excedentes ao estabelecido na legislação e para as taxas de toxicidade os valores

foram não conclusivos, com objetivo de avaliar as características da água a montante e

a jusante de um grupo de cidades, dentre elas, Lorena. Para isto, foram coletadas

amostras com o auxílio de um recipiente e um corda em pontos pré-estabelecidos.

Para a formação do biofilme, ambos os sistemas foram alimentados com água

modelo com proporções de carbono, nitrogênio e fósforo de 25:5:1, em base molar,

respectivamente, tendo em vista que essa é uma faixa ótima para biofiltros de água de

abastecimento (LECHEVALLIER et al., 1991; IKHELF & BASU, 2017). Os nutrientes

utilizados foram estabelecidos de acordo com a disponibilidade do laboratório e seguindo

as orientações de Gaydon (2016), sendo eles glicose, como fonte de carbono; cloreto de

amônio, como fonte de nitrogênio; e fosfato de sódio, como fonte de fósforo, além de

Page 40: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

40

acetato de sódio como fonte de carbono poluente. Para se avaliar a influência do poluente

na eficiência de consumo de Oxigênio dissolvido, um filtro foi suplementado com o

acetato de sódio e o outro não. As massas das substâncias foram calculadas para cada

50 litros de água destilada, nas condições de alimentação dos sistemas de biofiltração,

sendo mostradas na Tabela 5.

Tabela 5: Condições de alimentação dos biofiltros (Água modelo).

Substância Biofiltro 01 (mg.50L-1) Biofiltro 02 (mg.50L-1)

Fosfato de sódio (Na3H2PO4) 125 125

Cloreto de Amônio (NH4Cl) 195 195

Glicose (C6H12O6) 625 625

Acetato de sódio (C2H3NaO2) - 863

Fonte: Próprio autor.

Após onze dias de experimentação, além dos nutrientes, foi adicionado um inibidor

biológico (hipoclorito de sódio, 2 mg.L-1) no sistema 02 durante os últimos três dias de

experimento, afim de se comparar a ação biológica do filtro e a ação física apenas. A

partir deste dia a alimentação dos filtros passou a ser semelhante, com a exceção de o

sistema 02 estar com a adição do hipoclorito de sódio.

Para a manipulação dos dados obtidos foram utilizados dois softwares:

Minitab 16 (Minitab Incorporataded, Estados Unidos) para os valores de

entrada de oxigênio dissolvido, com o intervalo de confiança de 95% para

os valores estatísticos, uma vez que era necessário avaliar se a condições

de entrada eram similares ao longo dos dias de experimentação e a análise

do p-valor dos gráficos gerados pelo Minitab fornecem esse tipo de

resposta. Contudo, para essa análise os valores de entrada foram

agrupados em condições experimentais semelhantes.

Microsoft Excel 2016 (Microsoft Office, Estados Unidos), para a criação de

gráficos com os valores de oxigênio dissolvido de saída e as temperaturas

medidas.

Page 41: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

41

4.3 Métodos analíticos e procedimentos de amostragem

Para avaliar a eficiência e desempenho dos protótipos de biofiltros desenvolvidos

foram analisados os seguintes parâmetros: oxigênio dissolvido, pH, amônia residual e

cloro residual. As metodologias de análise de oxigênio dissolvido e pH foram realizadas

conforme Standard Methods of Examination of Water and Wastewater (STANDARD,

1998) e para amônia e cloro residual conforme Labcon Test (Labcon Industries, Brasil).

As amostras foram coletadas a cada 24h, em média, na entrada e na saída do

filtro, e imediatamente levadas para a condução dos experimentos analíticos. Os

parâmetros estudados foram:

Oxigênio dissolvido: Determinado a partir de oxímetro portátil Hanna HI

9146 (HANNA Instrumentos, Brasil), com medições realizadas em

duplicata;

pH: Determinado a partir de análise instrumental pelo pHmetro DM – 22

(Digimed Instrumentação analítica, Brasil). Esta análise foi fundamental

para determinação dos valores de amônia residual, uma vez que para

obtenção da faixa eram necessários valores de temperatura e pH;

Cloro residual semi-quantitativo (Labcon Industries, Brasil): Determinado

por análise semi-analítica com uma solução de vermelho de fenol.

Amônia residual (Labcon Industries, Brasil): Determinada a faixa de amônia

por análise semi-analítica com uma mistura de soluções de Fenol,

nitroprussiato de sódio, álcool isopropílico, hidróxido de sódio, hipoclorito

de sódio e água destilada;

Temperatura: Determinada a partir de análise instrumental pelo termômetro

inserido no oxímetro portátil Hanna HI 9146 (HANNA Instrumentos, Brasil).

Esta análise foi fundamental para determinação dos valores de amônia

residual, uma vez que para obtenção da faixa eram necessários valores de

temperatura e pH.

Page 42: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

42

Os parâmetros de amônia residual (Labcon Industries, Brasil) e pH (Digimed

Instrumentação analítica, Brasil) foram analisados a partir do quinto dia e o cloro residual,

analisado no biofiltro 02, nos últimos três dias de experimentos.

Page 43: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

43

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao plotar os gráficos sumários dos valores de oxigênio dissolvido da entrada dos

biofiltros 01 e 02, sendo o segundo separado em duas fases, uma com a adição de

hipoclorito de sódio e outra sem a adição do inibidor, pode-se analisar os resultados

obtidos de p-valor (Figuras 9, 10 e 11), todos maiores que 0,05 indicando estatisticamente

que as condições experimentais de entrada de oxigênio dissolvido são semelhantes para

todos os dias de experimentação, em um intervalo de confiança de 95%.

Figura 9: Gráfico sumário dos valores de Oxigênio Dissolvido de entrada do Biofiltro 01 (análise de p-

valor).

Fonte: arquivo pessoal

Page 44: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

44

Figura 10: Gráfico sumário dos valores de Oxigênio Dissolvido de entrada do Biofiltro 02 sem a adição do inibidor (análise de p-valor).

Fonte: arquivo pessoal.

Ao analisar as condições de saída dos biofiltros, quanto à concentração de

oxigênio dissolvido, observa-se que na Figura 12 é possível perceber que estes valores

tanto para o sistema 01, quanto para o sistema 02 seguiram o comportamento esperado.

Este consumo mostra, de maneira indireta, a ação biológica dos microrganismos

presentes no leito filtrante na degradação do carbono orgânico presente na água modelo.

Conforme Ikhelf e Basu (2017), a assimilação de oxigênio dissolvido pelos

microrganismos presentes em um biofiltro é diretamente proporcional aos valores de

degradação de carbono orgânico biodegradável.

Pode-se observar também que diferença na absorção de oxigênio dissolvido para

o sistema com apenas nutrientes (biofiltro 1) e para o sistema com poluente (biofiltro 2)

foi considerada não perceptível para esse volume de dados. Isso mostra a adaptabilidade

dos sistemas a diferentes fontes de carbono como fonte de nutriente.

Page 45: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

45

Figura 11: Gráfico sumário dos valores de Oxigênio Dissolvido de entrada do Biofiltro 02 com a adição do inibidor (análise de p-valor).

Fonte: arquivo pessoal

Figura 12: Gráfico de valores obtidos de oxigênio dissolvido (mg.L-1), com variância, dos biofiltros 01 e 02

Fonte: Próprio autor.

3,000

3,500

4,000

4,500

5,000

5,500

6,000

6,500

7,000

7,500

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

OD

(m

g/L

)

DIA DA AMOSTRAGEM

GRÁFICO DE DISPERSÃO (COM VARIÂNCIA) OXIGÊNIO DISSOLVIDO (mg/L) BIOFILTROS 01 E 02

BIOFILTRO 01 BIOFILTRO 02

Page 46: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

46

No 12º dia, foi retirada a fonte do carbono poluente, perfazendo as mesmas

condições experimentais iniciais para ambos os biofiltros e assim, foi possível avaliar o

efeito de inibição biológica, com adição de solução hipoclorito de sódio para 2 mg.L-1 na

água de alimentação do biofiltro 2. Com isso, foi constatada uma redução drástica do

consumo de oxigênio dissolvido nos dias seguintes (12 ao 14º dia) do experimento,

indicando uma redução da atividade biológica que pode ser atribuída a morte dos

microrganismos presentes no sistema de biofiltração (Figura 12). Assim sendo, o que

diferenciava as condições experimentais nos biofiltros era a presença ou não do inibidor

biológico, mostrando que o evento novo influenciou negativamente na capacidade do

biofiltro em degradar a matéria orgânica presente no sistema e, por consequência,

culminou no aumento de OD disponível na saída do biofiltro 2.

No 7º dia de experimentação, após a retrolavagem dos biofiltros notou-se um

aumento de oxigênio dissolvido na saída dos sistemas e recuperação de 120,7% e

120,2% da vazão inicial dos sistemas de biofiltração 1 e 2, respectivamente. Este

procedimento conferiu aos sistemas uma diminuição de, aproximadamente, 26% de

consumo de oxigênio para o biofiltro 01 e de, aproximadamente 41% de consumo para o

biofiltro 02, indicando arraste dos microrganismos dos biofiltros e, consequentemente,

menor assimilação de carbono pelo sistema. Os valores dos parâmetros obtidos de

retrolavagem foram mostrados na Tabela 6.

Tabela 6: Parâmetros de retrolavagem analisados.

Parâmetros Sistemas de biofiltração

Biofiltro 01 Biofiltro 02

Vazão inicial (L.h-1) 1,202 0,010 1,274 0,009

Vazão após 7 dias (L.h-1) 0,891 0,004 0,937 0,006

Vazão após retrolavagem (L.h-1) 1,076 0,0175 1,126 0,004

Expansão de camada (%) 12 15

Consumo de OD (%) - 26 - 41

Fonte: Próprio autor.

Quando se observa as Figuras 13 e 14 é possível perceber uma tendência de a

temperatura de saída ser ligeiramente menor do que a da entrada, evidenciado pelos

Page 47: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

47

dados do sistema 02. Também se observa que além de ser uma variável não controlável,

este parâmetro não se mostrou influente nos resultados de consumo de oxigênio

dissolvido.

Figura 13: Gráfico de valores obtidos de temperatura (°C) do biofiltro 01

Fonte: Próprio autor.

Figura 14: Gráfico de valores obtidos de temperatura (°C) do biofiltro 02

Fonte: Próprio autor.

22,50

23,00

23,50

24,00

24,50

25,00

25,50

26,00

26,50

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

TE

MP

ER

AT

UR

A (

°C)

DIA DA AMOSTRAGEM

TEMPERATURAS DE ENTRADA E SAÍDA BIOFILTRO 01

entrada biofiltro 01 saída biofiltro 01

22,50

23,00

23,50

24,00

24,50

25,00

25,50

26,00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

TE

MP

ER

AT

UR

A (

°C)

DIA DA AMOSTRAGEM

TEMPERATURAS DE ENTRADA E SAÍDA BIOFILTRO 02

entrada biofiltro 02 saída biofiltro 02

Page 48: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

48

Na Tabela 7 foram apresentados os dados de amônia residual e cloro residual

observados nos nove dias de análise em que foram feitos. Uma vez que a análise percebe

mudanças dentro de determinadas faixas (semi-quantitativo), os valores apresentados

não mostram nenhum tipo de variação, com exceção aos valores se comparados com e

sem a presença do inibidor.

Tabela 7: Parâmetros de cloro e amônia residual analisados

Parâmetros Condição Biofiltro 01 Biofiltro 02

Sem inibidor Com inibidor

Amônia Residual

(ppm)

Entrada 0 0 2,028

Saída 0,507 0,507 0,507

Cloro residual

(ppm)

Entrada 0 0 2,000

Saída 0 0 0

Fonte: Próprio autor.

A presença de amônia residual na saída dos biofiltros, independentemente da

condição exeprimental inicial pode ser justificada devido ao fato de que os biofiltros ainda

não atingiram a eficiência máxima de nitrificação de amônia. Wert et al. (2008) constaram

em seus estudos que biofiltros podem ser capazes de converter amônia a 50% de NO2-

e 50% de NO3-, após os quatorze dias de experimentação e Stembal (2005) obteve em

seus experimentos, uma remoção total de amônia a partir do vigésimo quinto dia de

operação.

Quanto a presença de amônia residual após a ação do inibidor, de acordo com

Anderson et al. (2001), pode ser atribuída à assimilação de cloro a curto prazo, que pode

estar relacionada diretamente ao impacto negativo causado nas bactérias responsáveis

pela nitrificação. Outro fator relevante pode estar associado à morte das bactérias, que

liberam o nitrogênio presente em suas estruturas (membrana celular e organelas), pois o

cloro provoca lise celular (processo de destruição ou dissolução por rompimento da

membrana plasmática). O nitrogênio em excesso acaba sendo constatado nas análises

de entrada do biofiltro, uma vez que os microrganismos mortos ao se desprenderem do

carvão antracito, flutuam para a superfície do filtro, por diferença de densidade

(ANDERSON et al., 2001; BUCHANAN e FULMER, 1928; WERT et al., 2008).

Page 49: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

49

As Figuras 16 e 17 apresentam os valores de pH observados para os sistemas de

biofiltração 01 e 02. Os valores de pH encontrados para o biofiltro 01 (Figura 15), tanto

na entrada como na saída, demonstraram uma tendência de estar em torno do mesmo

valor nominal (caráter neutro).

Figura 15: Gráfico de valores obtidos de pH do biofiltro 01

Fonte: Próprio autor.

Para o biofiltro 02 é possível observar que variação de pH antes da presença do

inibidor não foi significativa, demonstrando um comportamento similar ao biofiltro 01.

Após a introdução do inibidor biológico, no biofiltro 02, é possível observar um aumento

do pH de saída, apresentando valores superiores ao da entrada, isto pode ser explicado

em virtude de cloro livre em meio aquoso gerar o ânion hidróxido (OH-) que confere esta

característica à água e que a amônia dissolvida em água, apresenta caráter alcalino.

7,200

7,220

7,240

7,260

7,280

7,300

7,320

7,340

7,360

7,380

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

pH

DIA DA AMOSTRAGEM

pH BIOFILTRO 01

pH entrada pH saída

Page 50: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

50

Figura 16: Gráfico de valores obtidos de pH do biofiltro 02.

Fonte: Próprio autor.

A partir destes resultados pode-se ratificar a hipótese de que este sistema não se

trata de uma simples filtração convencional, mas um sistema de biofiltração. Ao longo

dos dias é observada uma tendência de diminuição da concentração de OD na saída dos

dois biofiltros, indicando que houve crescimento microbiano e aumento da espessura do

biofilme na camada de carvão antracito, possibilitando assim um ganho de remoção de

carbono orgânico.

6,950

7,000

7,050

7,100

7,150

7,200

7,250

7,300

7,350

7,400

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

pH

DIA DA AMOSTRAGEM

pH BIOFILTRO 02

pH entrada pH saída

Page 51: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

51

6. CONCLUSÃO

Este trabalho visou desenvolver um sistema de biofiltração em escala de bancada

para tratamento de água modelo com objetivo de avaliar a eficiência e desempenho do

protótipo na melhoria da qualidade da água a ser tratada.

Assim, com os resultados apresentados foi constatada a ação biológica dos

biofiltros em estudo, uma vez que foi possível perceber assimilação de oxigênio pelos

sistemas de biofiltração, em ambas as condições normais de alimentação. Isto também

pode indicar uma provável degradação de matéria orgânica biodegradável, uma vez que

nenhuma medida quantitativa deste parâmetro foi abordada neste estudo e que na

presença de fontes mais complexas de carbono, os microrganismos podem adaptar-se a

condições adversas de alimentação.

Outros fatores indicativos indiretos puderam confirmar que os sistemas

apresentaram atividade biológica sendo a presença de amônia residual na saída do

biofiltros, independentemente das condições iniciais de alimentação, resultado do

metabolismo do nitrogênio e da capacidade ineficiente dos sistemas em decompor a este

metabólito (nitrificação). Além disso, uma quantidade maior de amônia residual foi

observada na entrada do biofiltro 02, em decorrência da ação do agente inibidor

(hipoclorito de sódio) que propiciou uma redução drástica de consumo de OD e da

atividade nitrificante, possivelmente ocasionado pela morte dos microrganismos

presentes.

Assim sendo, os resultados se mostraram promissores para o desenvolvimento e

aplicabilidade de um sistema de biofiltração para tratamento de água modelo, sendo um

dos poucos biofiltros de três camadas dentre as literaturas pesquisadas e conduzido em

condições experimentais possivelmente inovadoras.

A fim de aumentar as perspectivas de uso deste sistema, novas investigações

deverão ser realizadas:

Estudos envolvendo outras fontes de carbono poluente (micropoluentes,

como por exemplo, medicamentos, pesticidas, desreguladores endócrinos

etc.);

Page 52: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

52

Testes de condições ideais de retrolavagem, com objetivo de minimizar as

perdas dos microrganismos do sistema de biofiltração;

Avaliação de períodos mais longos de funcionamento do biofiltro para

identificação de comportamentos e padrões de consumo de OD,

nitrificação dentre outros;

Avaliação de outros parâmetros para o sistema de biofiltração, como por

exemplo, o carbono orgânico total, o ATP etc.

Avaliação de distribuição do biofilme na camada fixadora de biomassa.

Page 53: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

53

Page 54: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

54

Referências

ALLAN, J.A.; MERRETT, S.; LANT, C. Virtual Water - the Water, Food, and trade

Nexus Useful Concept or Misleading Metaphor? IWRA, Water International, Volume

28, 2003.

ANDERSSON, A.; LAURENT, P.; KIHN, A.; PRÉVOST, M.; SERVAIS, P. Impact of

temperature on nitrification in biological activated carbon (BAC) filters used for drinking

water treatment. Water Research, v. 35, p. 2923-2934, 2001.

ASSOCIANTION, A. P. H.; ASSOCIATION, A. W. W.; FEDERATION W. E. Standard

methods for the examination of water and wastewater, 20th

ed. Washington D. C.,

1998.

BASU, O.D.; HUCK, P.M. Removal of humic acid by biofiltration. Water Supply, 2004.

BRASIL. Agência nacional de águas. Atlas Brasil: Abastecimento Urbano de Água, 2010.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente, Resolução 357 18 de março de 2005.

Diário Oficial da União, Brasília, DF.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Balanço energético nacional, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde, Portaria 2914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe

sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade de água para consumo

humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 dez.

2011. Seção 1, p. 39.

Page 55: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

55

BUCHANAN, R. E. e FULMER, E. I. Physiology and biochemistry of bacteria. The

Williams & Wilkins Co., Baltimore. 1928

CHAUDHARY, D. S.; VIGNESWARAN, S.; NGO, H. H.; SHIM, W. G.; MOON, H. Biofilter

in water and wastewater treatment. Korean Journal of Chemical, v. 20, p. 1054-1065,

2003.

CRITTENDEN, J. C.; TRUSSELL, R. R.; HAND, D. W.; HOWE, K. J.;

TCHOBANOGLOUS, G. MWH’s Water Treatment: Principles and Design, 3rd

ed.

Hoboken (USA): Jonh Wiley & Sons, Inc., 2012.

DI BERNARDO, L. Tratamento de água para abastecimento por filtração direta,

PROSAB 3, 2003.

DI BERNARDO, L.; BRANDÃO C. C. S.; HÉLLER L. Tratamento de águas de

abastecimento por filtração em múltiplas etapas. 2005 disponível em;

<Https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/historico-de-

programas/prosab/aguas_de_abastecimento.pdf>Acesso em: 04/04/2017.

DI BERNARDO, L.; DANTAS, A.; VOLTAN, P. Tratabilidade de água e dos resíduos

gerados em estações de tratamento de água, LDiBe, 2011.

EMELKO, M. B., HUCK, P. M., COFFEY, B. M., & SMITH, E. F. Effects of media,

backwash, and temperature on full-scale biological filtration. Journal American Water

Works Association, 2006.

FLEMMING, H. C. Biofilms and environmental protection. Research Gate, 1993.

GOVIND, R. Biofiltration: an innovative technology for the future, University of Cincinnati,

2009.

Page 56: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

56

GAYDON, P. Levin Landfill Biofilter Technical Review, MWH Council, 2016.

GOVIND, R. Biofiltration: an innovative technology for the future, ResearchGate, 2009.

GRANDY, JR. C. P. L.; DAIGGER, G. T.; LOVE, N. G.; FILIPE, C. D. M. Biological

Wastewater Treatment, third edition, CRC Press, 2011.

GREENLEE, L.F; LAWLER, D.F.; FREEMAN, B.D; MARROT, B.; MOULIN, P. Reverse

osmosis desalination: water sources, technology, and today׳s challenges Water

Res., v. 43, n.9, p. 2317 – 2348, 2009.

HOWE, K. J.; HAND, D. W.; CRITTENDEN, J. C. Princípios de tratamento de água,

CENGAGE Learning, 2012.

IKEHLF, S.; BASU, O. Influence of backwash regime on biofilter performance in drinking

water treatment, Wiley library, 2017.

JANSKY, L. Lakes and reservoirs as international water systems. United Nations

University, 2002. 110p.

JULIANO, V. B. Remoção dos compostos 2-metilisoborneol e geosmina da água de

abastecimento por carvão ativado granular e ação microbiana. 141 p. 2010.

KERR, C. J.; KEITH S. O.; RICKARD, A. H.; ROBSON G. D.; HANDLEY P. S. Handbook

of water and wastewater micrology: Biofilm in water distribution system. Academic

press, 2003.

Page 57: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

57

LECHEVALLIER, M. W.; SCHULZ, W.; LEE, R. G. Bacterial nutrients in drinking water.

Applied and Environmental Microbiology, 1991.

LIBÂNIO, M.; LIBÂNIO, P. A. C.; COSTA, B. M. P; VON SPERLING, M. Avaliação da

relevância do carbono orgânico total como parâmetro de caracterização de águas de

abastecimento. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 5, n. 4, p. 41-55, 2000.

LIU, X., HUCK, P. M., & SLAWSON, R. M. Factors affecting drinking water biofiltration:

Filtration. Journal American Water Works Association, 2001.

MCKIE, M. J.; BERTOIA, C.; EDMONDS, L. T.; ANDREWS, S. A. ANDREWS, R. C. Pilot-

scale comparison of cyclically and continuously operated drinking water biofilters:

Evaluation of biomass, biological activity and treated water quality. Water Research, v.

149, p. 488-495, 2018

MEYER, S.T. O uso de cloro na desinfecção de águas, a formação de trihalometanos e

os riscos potenciais à saúde pública. Cad Saúde Pública, v. 10, p. 99-110, 1994.

NAROTSKY M. G.; PEGRAM R. A.; KAVLOCK R. J. Effect of dosing vehicle on the

developmental toxicity of bromodichloromthane and carbon tetrachloride in rats, Fundam

Appl Toxicol p. 30:40, 1997.

NEILSON, A. H.; ALLARD, A. Environmental Degradation and Transformation of

Organic Chemicals, CRC Press, 2008.

PAIVA, T. C. B.; PORTO, T. P. Avaliação físico-química e ecotoxicológica da água,

dentro e fora de bancos de macrófitas, das margens do rio Paraíba do Sul, SEA, 2014.

PIVELI, R.P.; FERREIRA FILHO, S.S. Concepção de estações de tratamento de águas

de abastecimento. Apostila da Disciplina de Saneamento I (PHD2411). Universidade

Page 58: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

58

de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária,

2018.

RICHTER, C. A. Água: métodos e tecnologia de tratamento, Edward Bluncher Ltda.,

2009.

ROSSMAN, L.A.; CLARK, R.M.; GRAYMAN, W.M. Modeling Chlorine Residuals in

Drinking Water Distribution Systems. Journal Environmental Engineering - ASCE, v. 120,

n. 4, pg. 803, 1994.

TRÖGER R.; KLÖCKNER, P.; AHRENS, L.; WIBERG, K. Micropollutants in drinking

water from source to tap - Method development and application of a multiresidue

screening method, Sci. Total Environment, v. 627, p. 1404 – 1432, 2018.

TERRY, L. G.; SUMMERS, R. S. Biodegradable organic matter and rapid-rate biofilter

577 performance: A review. Water Research, v. 128, p. 234 – 245, 2018.

SHARMA, D.; EDMONDS, L. T.; ANDREWS, R. C. Comparative assessment of ceramic

media for drinking water biofiltration, Water Research, v. 128, p. 1 – 9, 2018.

SHIN, H.-S; LIM, K.-H. Spectroscopic and elemental investigation of microbial

decomposition of aquatic fulvic acid in biological process of drinking water treatment.

Biodegradation,1996.

STEMBAL T.; Markić, M.; Ribičić, N.; Briški, F.; Sipos, L. Removal of ammonia, iron and

manganese from groundwaters of northern Croatia—pilot plant studies. Process

Biochemistry, v. 40, p. 327-335. (2005).

Page 59: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

59

TUCCI, C. E. M.; HESPANHOL I.; NETTO, O. M. C. Cenários de gestão da água no

Brasil. Revista brasileira de recursos hídricos, 2000.

UNESCO (United Nations Education, Scientific and Cultural Organization). Global water

resources under increasing pressure from rapidly growing demands and climate

change, according to new UN World Water Development Report. Disponível em;

<http://www.unesco.org/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/SC/pdf/

WWDR4%20Background%20Briefing%20Note_ENG.pdf>Acesso em: 20/03/2017.

U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY/INTERNATIONAL LIFE SCIENCES

INSTITUTE (USEPALSI). A Review of Evidence on Reproductive and Developmental

Effects of Disinfection Byproducts in Drinking Water. U.S. Environmental Protection

Agency and International Life Sciences Institute, 1993

WERT, E. C.; NEEMANN, J. J.; REXING, D. J.; ZEGERS, R. E. Biofiltration for removal

of BOM and residual ammonia following control of bromate formation. Water Research,

v. 42, p. 371-388, 2008

Page 60: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

60

ANEXO A

Resolução CONAMA 357/2005, capítulo I (reduzido) e capítulo II, seção I

CAPÍTULO I DAS DEFINIÇÕES

XXXII - tratamento avançado: técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes

refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir à

água características, tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica;

XXXIII - tratamento convencional: clarificação com utilização de coagulação e

floculação, seguida de (filtração) desinfecção e correção de pH;

XXXIV - tratamento simplificado: clarificação por meio de filtração e desinfecção e

correção de pH quando necessário;

CAPÍTULO II

DA CLASSIFICACAO DOS CORPOS DE AGUA

Art. 3o As águas salobras e salinas do Território Nacional são classificadas,

segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em treze

classes de qualidade.

Parágrafo único. As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso

menos exigente, desde que este não prejudique a qualidade da água, atendidos

outros requisitos pertinentes.

Seção I

Das Aguas Doces

Art. 4o As águas doces são classificadas em:

I - classe especial: águas destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;

b) a preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,

c) a preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de

proteção integral.

Page 61: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

61

II - classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;

b) a proteção das comunidades aquáticas; conforme Resolução CONAMA no247,

de

2000;

d) a irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se

desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película;

e

e) a proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

III - classe 2: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;

b) a proteção das comunidades aquáticas;

c) a recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho,

conforme, de 2000;

d) a irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de

esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e

e) a aquicultura e a atividade de pesca.

IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou

avançado; b) a irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;

c) a pesca amadora;

d) a recreação de contato secundário; e) a dessedentarão de animais.

V - classe 4: águas que podem ser destinadas:

a) a navegação; e

b) a harmonia paisagística.

Page 62: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

62

ANEXO B

PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 5, DE 28 DE SETEMBRO DE 2017

Anexo XX

DO CONTROLE E DA VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E

SEU PADRÃO DE POTABILIDADE

(Origem: PRT MS/GM 2914/2011)

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2° Esta Portaria se aplica à água destinada ao consumo humano proveniente

de sistema e solução alternativa de abastecimento de água.

Parágrafo único. As disposições desta Portaria não se aplicam à água mineral

natural, à água natural e às águas adicionadas de sais, destinadas ao consumo

humano após o envasamento, e a outras águas utilizadas como matéria-prima para

elaboração de produtos, conforme Resolução (RDC) nº 274, de 22 de setembro de

2005, da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA).

Art. 3° Toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por

meio de sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve

ser objeto

de controle e vigilância da qualidade da água.

Art. 4° Toda água destinada ao consumo humano proveniente de solução

alternativa individual de abastecimento de água, independentemente da forma de

acesso da população, está sujeita à vigilância da qualidade da água.

Page 63: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

63

CAPÍTULO IV

DAS EXIGÊNCIAS APLICÁVEIS AOS SISTEMAS E SOLUÇÕES

ALTERNATIVAS COLETIVAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA

CONSUMO HUMANO

Art. 23. Os sistemas e as soluções alternativas coletivas de abastecimento de água

para consumo humano devem contar com responsável técnico habilitado.

Art. 24. Toda água para consumo humano, fornecida coletivamente, deverá passar

por processo de desinfecção ou cloração.

Parágrafo único. As águas provenientes de manancial superficial devem ser

submetidas a processo de filtração.

Art. 25. A rede de distribuição de água para consumo humano deve ser operada

sempre com pressão positiva em toda sua extensão.

Art. 26. Compete ao responsável pela operação do sistema de abastecimento de

água para consumo humano notificar à autoridade de saúde pública e informar à

respectiva entidade reguladora e à população, identificando períodos e locais,

sempre que houver:

I - situações de emergência com potencial para atingir a segurança de pessoas e

bens;

II - interrupção, pressão negativa ou intermitência no sistema de abastecimento;

III - necessidade de realizar operação programada na rede de distribuição, que

possa submeter trechos a pressão negativa;

IV - modificações ou melhorias de qualquer natureza nos sistemas de

abastecimento; e

V - situações que possam oferecer risco à saúde.

CAPÍTULO V

DO PADRÃO DE POTABILIDADE

Art. 27. A água potável deve estar em conformidade com padrão microbiológico,

conforme disposto no Anexo I e demais disposições desta Portaria.

Page 64: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

64

§ 1º No controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com

resultado positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, ações

corretivas devem ser adotadas e novas amostras devem ser coletadas em dias

imediatamente sucessivos até que revelem resultados satisfatórios.

§ 2º Nos sistemas de distribuição, as novas amostras devem incluir no mínimo uma

recoleta no ponto onde foi constatado o resultado positivo para coliformes totais e

duas amostras extras, sendo uma à montante e outra à jusante do local da recoleta.

§ 3º Para verificação do percentual mensal das amostras com resultados positivos

de coliformes totais, as recoletas não devem ser consideradas no cálculo.

§ 4º O resultado negativo para coliformes totais das recoletas não anula o resultado

originalmente positivo no cálculo dos percentuais de amostras com resultado

positivo.

§ 5º Na proporção de amostras com resultado positivo admitidas mensalmente

para coliformes totais no sistema de distribuição, expressa no Anexo I a esta

Portaria, não são tolerados resultados positivos que ocorram em recoleta, nos

termos do § 1º deste artigo.

§ 6º Quando o padrão microbiológico estabelecido no Anexo I a esta Portaria for

violado, os responsáveis pelos sistemas e soluções alternativas coletivas de

abastecimento de água para consumo humano devem informar à autoridade de

saúde pública as medidas corretivas tomadas.

§ 7º Quando houver interpretação duvidosa nas reações típicas dos ensaios

analíticos na determinação de coliformes totais e Escherichia coli, deve-se fazer a

recoleta.

Art. 28. A determinação de bactérias heterotróficas deve ser realizada como um

dos parâmetros para avaliar a integridade do sistema de distribuição (reservatório

e rede).

§ 1º A contagem de bactérias heterotróficas deve ser realizada em 20% (vinte por

cento) das amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de

distribuição (reservatório e rede).

§ 2º Na seleção dos locais para coleta de amostras devem ser priorizadas pontas

de rede e locais que alberguem grupos populacionais de risco à saúde humana.

Page 65: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

65

§ 3º Alterações bruscas ou acima do usual na contagem de bactérias heterotróficas

devem ser investigadas para identificação de irregularidade e providências devem

ser adotadas para o restabelecimento da integridade do sistema de distribuição

(reservatório e rede), recomendando-se que não se ultrapasse o limite de 500

UFC/mL.

Art. 29. Recomenda-se a inclusão de monitoramento de vírus entéricos no(s)

ponto(s) de captação de água proveniente(s) de manancial(is) superficial(is) de

abastecimento, com o objetivo de subsidiar estudos de avaliação de risco

microbiológico.

Art. 30. Para a garantia da qualidade microbiológica da água, em complementação

às exigências relativas aos indicadores microbiológicos, deve ser atendido o

padrão

de turbidez expresso no Anexo II e devem ser observadas as demais exigências

contidas nesta Portaria.

§ 1º Entre os 5% (cinco por cento) dos valores permitidos de turbidez superiores

ao

VMP estabelecido no Anexo II a esta Portaria, para água subterrânea com

desinfecção, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser de 5,0 uT,

assegurado, simultaneamente, o atendimento ao VMP de 5,0 uT em toda a

extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede).

§ 2° O valor máximo permitido de 0,5 uT para água filtrada por filtração rápida

(tratamento completo ou filtração direta), assim como o valor máximo permitido de

1,0 uT para água filtrada por filtração lenta, estabelecidos no Anexo II desta

Portaria, deverão ser atingidos conforme as metas progressivas definidas no

Anexo III a esta Portaria.

§ 3º O atendimento do percentual de aceitação do limite de turbidez, expresso no

Anexo II a esta Portaria, deve ser verificado mensalmente com base em amostras,

preferencialmente no efluente individual de cada unidade de filtração, no mínimo

diariamente para desinfecção ou filtração lenta e no mínimo a cada duas horas

para filtração rápida.

Page 66: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

66

Art. 31. Os sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas de

abastecimento de água que utilizam mananciais superficiais devem realizar

monitoramento mensal de Escherichia coli no(s) ponto(s) de captação de água.

§ 1º Quando for identificada média geométrica anual maior ou igual a 1.000

Escherichia coli/100mL deve-se realizar monitoramento de cistos de Giardia spp.

e oocistos de Cryptosporidium spp. no(s) ponto(s) de captação de água.

§ 2º Quando a média aritmética da concentração de oocistos de Cryptosporidium

spp. for maior ou igual a 3,0 oocistos/L no(s) pontos(s) de captação de água,

recomenda-se a obtenção de efluente em filtração rápida com valor de turbidez

menor ou igual a 0,3 uT em 95% (noventa e cinco por cento) das amostras mensais

ou uso de processo de desinfecção que comprovadamente alcance a mesma

eficiência de remoção de oocistos de Cryptosporidium spp.

§ 3º Entre os 5% (cinco por cento) das amostras que podem apresentar valores de

turbidez superiores ao VMP estabelecido no § 2° do art. 30 desta Portaria, o limite

máximo para qualquer amostra pontual deve ser menor ou igual a 1,0 uT, para

filtração rápida e menor ou igual a 2,0 uT para filtração lenta.

§ 4° A concentração média de oocistos de Cryptosporidium spp. referidas no § 2º

deste artigo deve ser calculada considerando um número mínino de 24 (vinte e

quatro) amostras uniformemente coletadas ao longo de um período mínimo de um

ano e máximo de dois anos.

Art. 32. No controle do processo de desinfecção da água por meio da cloração,

cloraminação ou da aplicação de dióxido de cloro devem ser observados os tempos

de contato e os valores de concentrações residuais de desinfetante na saída do

tanque de contato expressos nos Anexos IV, V e VI a esta Portaria.

§ 1º Para aplicação dos Anexos IV, V e VI deve-se considerar a temperatura média

mensal da água.

§ 2º No caso da desinfecção com o uso de ozônio, deve ser observado o produto

concentração e tempo de contato (CT) de 0,16 mg.min/L para temperatura média

da água igual a 15º C.

§ 3º Para valores de temperatura média da água diferentes de 15º C, deve-se

proceder aos seguintes cálculos:

Page 67: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

67

I - para valores de temperatura média abaixo de 15ºC: duplicar o valor de CT a

cada decréscimo de 10ºC.

II - para valores de temperatura média acima de 15ºC: dividir por dois o valor de

CT a cada acréscimo de 10ºC.

§ 4° No caso da desinfecção por radiação ultravioleta, deve ser observada a dose

mínima de 1,5 mJ/cm2 para 0,5 log de inativação de cisto de Giardia spp.

Art. 33. Os sistemas ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água

supridas por manancial subterrâneo com ausência de contaminação por

Escherichia coli devem realizar cloração da água mantendo o residual mínimo do

sistema de distribuição (reservatório e rede), conforme as disposições contidas no

art. 34 a esta Portaria.

§ 1° Quando o manancial subterrâneo apresentar contaminação por Escherichia

coli, no controle do processo de desinfecção da água, devem ser observados os

valores do produto de concentração residual de desinfetante na saída do tanque

de contato e o tempo de contato expressos nos Anexos IV, V e VI a esta Portaria

ou a dose mínima de radiação ultravioleta expressa no § 4º do art. 32 a desta

Portaria.

§ 2° A avaliação da contaminação por Escherichia coli no manancial subterrâneo

deve ser feita mediante coleta mensal de uma amostra de água em ponto anterior

ao local de desinfecção.

§ 3° Na ausência de tanque de contato, a coleta de amostras de água para a

verificação da presença/ausência de coliformes totais em sistemas de

abastecimento e soluções alternativas coletivas de abastecimento de águas,

supridas por manancial subterrâneo, deverá ser realizada em local à montante ao

primeiro ponto de consumo.

Art. 34. É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre

ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em toda

a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede).

Art. 35. No caso do uso de ozônio ou radiação ultravioleta como desinfetante,

deverá ser adicionado cloro ou dióxido de cloro, de forma a manter residual mínimo

no sistema de distribuição (reservatório e rede), de acordo com as disposições do

art. 34 desta Portaria.

Page 68: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

68

Art. 36. Para a utilização de outro agente desinfetante, além dos citados nesta

Portaria, deve-se consultar o Ministério da Saúde, por intermédio da SVS/MS.

Art. 37. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias

químicas que representam risco à saúde e cianotoxinas, expressos nos Anexos VII

e

VIII e demais disposições desta Portaria.

§ 1° No caso de adição de flúor (fluoretação), os valores recomendados para

concentração de íon fluoreto devem observar a Portaria nº 635/GM/MS, de 30 de

janeiro de 1976, não podendo ultrapassar o VMP expresso na Tabela do Anexo VII

a esta Portaria.

§ 2° As concentrações de cianotoxinas referidas no Anexo VIII as estas Portarias

devem

representar as contribuições da fração intracelular e da fração extracelular na

amostra analisada.

§ 3° Em complementação ao previsto no Anexo VIII a esta Portaria, quando for

detectada a presença de gêneros potencialmente produtores de

cilindrospermopsinas no monitoramento de cianobactérias previsto no § 1° do art.

40 desta Portaria, recomenda-se a análise dessas cianotoxinas, observando o

valor máximo aceitável de 1,0 μg/L.

§ 4° Em complementação ao previsto no Anexo VIII a esta Portaria, quando for

detectada a presença de gêneros de cianobactérias potencialmente produtores de

anatoxina-a(s) no monitoramento de cianobactérias previsto no § 1° do art. 40 a

esta Portaria, recomenda-se a análise da presença desta cianotoxina.

Art. 38. Os níveis de triagem que conferem potabilidade da água do ponto de vista

radiológico são valores de concentração de atividade que não excedem 0,5 Bq/L

para atividade alfa total e 1Bq/L para beta total.

Parágrafo único. Caso os níveis de triagem citados neste artigo sejam superados,

deve ser realizada análise específica para os radionuclídeos presentes e o

resultado deve ser comparado com os níveis de referência do Anexo IX desta

Portaria.

Art. 39. A água potável deve estar em conformidade com o padrão organoléptico

de potabilidade expresso no Anexo X a esta Portaria.

Page 69: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAUÊ REIS …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2018/MEA... · 2019-02-21 · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Desenvolver

69

§ 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na

faixa de 6,0 a 9,5.

§ 2º Recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto

do sistema de abastecimento seja de 2 mg/L.

§ 3° Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade expresso nos

Anexos VII, VIII, IX e X, eventuais ocorrências de resultados acima do VMP devem

ser analisadas em conjunto com o histórico do controle de qualidade da água e não

de forma pontual.

§ 4º Para os parâmetros ferro e manganês são permitidos valores superiores ao

VMPs estabelecidos no Anexo X desta Portaria, desde que sejam observados os

seguintes critérios:

I - os elementos ferro e manganês estejam complexados com produtos químicos

comprovadamente de baixo risco à saúde, conforme preconizado no art. 13 desta

Portaria e nas normas da ABNT;

II - os VMPs dos demais parâmetros do padrão de potabilidade não sejam violados;

e

III - as concentrações de ferro e manganês não ultrapassem 2,4 e 0,4 g/L,

respectivamente.

§ 5º O responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento

de água deve encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios informações sobre os produtos químicos utilizados e a

comprovação de baixo risco à saúde, conforme preconizado no art. 13 e nas

normas da ABNT.