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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
Élen Rizzi Sanchez
Efeito da inibição das metaloproteinases da matriz extracelular e do tratamento com antioxidantes sobre as
alterações cardíacas decorrentes da hipertensão renovascular
Ribeirão Preto – SP
2010
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Élen Rizzi Sanchez
Efeito da inibição das metaloproteinases da matriz extracelular e do tratamento com antioxidantes sobre as
alterações cardíacas decorrentes da hipertensão renovascular
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutora em Ciências. Área de concentração: Farmacologia Orientadora: Profa. Dra. Raquel Fernanda Gerlach
Ribeirão Preto
2010
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA
Sanchez, Élen Rizzi Participação das metaloproteinases da matriz extracelular nas
alterações cardíacas associada à hipertensão renovascular: efeitos de antioxidantes. Ribeirão Preto, 2010.
123 p. : il. ; 30cm Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Farmacologia. Orientadora: Gerlach, Raquel Fernanda.
1. Metaloproteinases. 2.Hipertrofia cardíaca. 4. Estresse oxidativo. 5. Hipertensão renovascular.
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Élen Rizzi Sanchez
Efeito da inibição das metaloproteinases da matriz extracelular e do tratamento com antioxidantes sobre as alterações cardíacas decorrentes da hipertensão renovascular
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutora em Ciências. Área de concentração: Farmacologia
Aprovado em:______________________________________
Banca examinadora:
Profa. Dra.: Raquel Fernanda Gerlach
Instituição: FORP - USP Assinatura: _________________________
Profa. Dra.: Lusiane Maria Bendhack
Instituição: FCFRP - USP Assinatura: _________________________
Profo. Dro.: Marcus Vinicius Simões
Instituição: FMRP - USP Assinatura: _________________________
Profo. Dro.: Kleber Gomes Franchini
Instituição: FCM - UNICAMP Assinatura: _________________________
Profo. Dro.: Sérgio Roberto Peres Line
Instituição: FOP - UNICAMP Assinatura: _________________________
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Dedico esse trabalho aos meus pais, meu marido e aos meus amigos, pela dedicação, amor e por acreditarem sempre em mim.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que me acompanhou em todos os momentos e abençoou os
caminhos que percorri durante toda minha vida.
Ao meu marido e amigo Juliano que me compreende e ainda alegra os meus dias.
Obrigada por suportar todos os meus problemas com tanto carinho e paciência.
À minha família que nos momentos difíceis foram minha sustentação. Obrigada pelo
carinho, respeito, amor e especialmente, pela educação e ensinamentos. Obrigada
por existirem em minha vida!
À professora Raquel Fernanda Gerlach meus agradecimentos e respeito por tudo
que me ensinou. Guardarei com muito carinho e gratidão todos os seus
ensinamentos. Muitas vezes se importou comigo pessoalmente, me ajudando a
enfrentar diversos problemas e se orgulhou comigo a cada conquista. Foi gratificante
trabalhar no seu laboratório e aprender com você.
Ao professor José Eduardo Tanus dos Santos pela paciência, confiança,
oportunidade e ensinamentos acadêmicos. Agradeço especialmente a orientação
que contribuiu muito para meu crescimento profissional. Alguns conselhos e frases
eu levarei comigo para sempre e praticarei diariamente.
Ao professor Marcos Antonio Rossi por todos os ensinamentos. Agradeço por todos
os aprendizados que obtive em seu laboratório. Obrigada pela paciência, disposição,
respeito e atenção de sempre. Sábias palavras quando ditas no momento certo, são
muito bem aproveitadas e jamais serão esquecidas.
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Agradeço aos professores Dra Lusiane Maria Bendhack, Dro. Marcus Vinicius
Simões, Dro. Kleber Gomes Franchini e Dro. Sérgio Roberto Peres Line a
disponibilidade de fazer parte desta banca e a atenção concedida. Agradeço
também à Dra. Lusiane por todos os ensinamentos e agradável convivência durante
estes anos.
À minha amiga Michele que fez parte deste trabalho, mas especialmente fez parte
de minha vida e carreira. Sua amizade é fundamental para mim e me ajudou a
superar diversos momentos. Agradeço a paciência e carinho, além do respeito que
conquistamos dia a dia nessa amizade. "O valor das coisas não está no tempo em
que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem
momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis" (Fernando
Pessoa).
Ao apoio financeiro da CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico).
Ao professor Dr. Rubens Fazan Junior pela atenção e colaboração com este
trabalho.
À professora Dra. Maria Cristina pela atenção, compreensão, incentivo e
ensinamentos acadêmicos.
Ao excelente apoio dos amigos e técnicos Maria Helena, Beto, Elaine, Júnia, Mônica
e Orlando. Sempre me ajudaram com muita dedicação, responsabilidade e com uma
qualidade admirável. Foi um prazer e muito produtivo trabalhar com todos vocês.
Aos meus amigos queridos Carla, Bárbara e ao Evandro que se dedicaram muito
seriamente a este trabalho.
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À amiga Cibele por todos os ensinamentos e dedicação. Agradeço pela
preocupação, prontidão e por toda ajuda. Foi um prazer trabalhar com você,
especialmente por sua competência e seriedade profissional.
Aos amigos Carla, Danielle, Stefany e Alisson pela amizade, carinho e
compreensão. Obrigada por tudo que fizeram por mim, por estarem ao meu lado nos
momentos ruins e bons, me escutarem e se preocuparem comigo.
Ao grupo hipertensão pelos momentos que vivemos juntos, tão intensos quando
ruins e tão imensos quando bons. É um privilégio trabalhar e conviver nesse grupo.
Obrigada pelo carinho, compreensão e preocupação. Agradeço especialmente pelo
respeito e admiração que conquistamos uns com os outros, dia a dia.
Às minhas amigas Izabel, Glauce, Andréa, Andrezza, Ana Laura e ao amigo César
pelo carinho e amizade de sempre. Obrigada pelas conversas, conselhos e por
todos os momentos que convivemos juntas.
Aos amigos do laboratório da professora Raquel, do professor José Eduardo e do
professor Marcos Antonio Rossi pela convivência, paciência, carinho e apoio de
sempre.
Aos funcionários Ramon, Fátima e Sonia pelo excelente auxílio técnico, pela
competência e prontidão para resolver meus problemas. Agradeço a amizade que
colaboraram direta ou indiretamente para meu crescimento pessoal e profissional.
Aos funcionários do biotério da FORP, especialmente ao Sérgio, pela competência,
profissionalismo e disposição. Agradeço também a todos os funcionários e amigos
do departamento de Farmacologia pela amizade e serviços prestados.
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“A sabedoria não nos é dada. É preciso descobri-la por nós mesmos, depois de uma
viagem que ninguém nos pode poupar ou fazer por nós."
(Valentin-Louis-Georges-Eugène-Marcel Proust)
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RESUMO
Sanchez, E. R. Efeito da inibição das metaloproteinases da matriz extracelular e
do tratamento com antioxidantes sobre as alterações cardíacas decorrentes da
hipertensão renovascular. 2010. 123 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2010.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é frequentemente acompanhada por
hipertrofia ventricular esquerda (HVE) que contribui para as altas taxas de
mortalidade por doenças cardiovasculares associadas à HAS. As metaloproteinases
da matriz extracelular (MMPs), enzimas que degradam constituintes da matriz, estão
aumentadas no miocárdio em diversos modelos experimentais de HVE, incluindo
HAS. Recentemente, foi mostrado que a MMP-2 pode ser uma das principais
proteases envolvidas nas alterações morfológicas e funcionais cardíacas. O estresse
oxidativo é um dos fatores presentes na HAS e poderia ativar as MMPs devido à
ativação da NADPH oxidase em resposta à angiotensina II. Devido ao aumento de
angiotensina II e estresse oxidativo observado no modelo experimental 2 rins, 1 clipe
(2R1C), estes animais foram escolhidos para a realização deste trabalho. Os
objetivos deste trabalho foram (1) Verificar se aumentos nas concentrações e
atividade das MMPs (especialmente MMP-2) podem contribuir para as alterações
cardíacas associadas à hipertensão renovascular (2R-1C); e (2) verificar se o
estresse oxidativo modula as concentrações e atividade da MMP-2 contribuindo para
para as alterações cardíacas associadas à hipertensão 2R-1C. Para isso, foi
utilizada a doxiciclina, um inibidor não seletivo de MMPs e drogas antioxidantes
(tempol e apocinina). A HAS foi acompanhada durante todo o período do estudo por
pletismografia de cauda e no final dos tratamentos, este parâmetro também foi
avaliado através de uma análise invasiva. Todos os tratamentos atenuaram os
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aumentos na pressão arterial nos animais 2R1C (P<0,05). Porém, a pressão arterial
nos animais 2R1C tratados com doxiciclina ou antioxidantes permanceram elevadas
no final do tratamento em comparação com seus respectivos controles (P<0,05). Os
tratamentos com doxiciclina ou antioxidantes atenuaram as disfunções na
contratilidade cardíaca nos animais 2R1C, avaliadas através da primeira derivada
temporal de pressão ventricular (±dP/dt, P<0,05). A HVE foi verificada através de
análises morfológicas e de um índice do peso cardíaco. Através destes parâmetros,
foi encontrado que os animais 2R1C (sem tratamento) apresentaram HVE com
características adaptativas. Os tratamentos com doxiciclina e antioxidantes
atenuaram a HVE nos animais 2R1C (P<0,05). Além das disfunções morfofuncionais
observadas nos animais 2R1C (não tratados), foram encontrados aumentos
significativos nas concentrações de MMP-2 no miocárdio detectados por zimografia
em gel, bem como por imunomarcação (P<0,05). Estes aumentos ocorreram em
paralelo ao aumento na atividade gelatinolítica total observado por zimografia in situ
no ventrículo esquerdo dos animais 2R1C (P<0,05). Os tratamentos com doxiciclina
e antioxidantes não afetaram as concentrações de MMP-2 no miocárdio dos animais
2R1C (P>0,05). Porém, estes tratamentos reduziram a atividade gelatinolítica nos
animais hipertensos (P<0,05). Os antioxidantes reduziram o estresse oxidativo
presente no miocárdio dos animais 2R1C (P<0,05). Em conjunto, nossos resultados
sugerem que as MMPs, especialmente a MMP-2, participem das alterações
cardíacas associadas à hipertensão 2R1C. Além disso, o estresse oxidativo pode
estar relacionado com a ativação das MMPs observada neste modelo de
hipertensão. Palavras-chave: hipertrofia cardíaca, metaloproteinases, hipertensão
renovascular, estresse oxidativo.
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ABSTRACT
Sanchez, E. R. Effects of matrix metalloproteinases and antioxidant treatment
on the cardiac alterations induced by renovascular hypertension. 2010. 123f.
Tese (Doutorado) Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São
Paulo, Ribeirão Preto, 2010.
Systemic arterial hypertension (SAH) is frequently followed by left ventricular
hypertrophy (LVH) that contributes to higher mortality rates in hypertension induced-
cardiovascular diseases. The matrix metalloproteinases (MMPs), enzymes
responsible for extracellular matrix degradation, are increased in the myocardium of
animals in various experimental models of left ventricular hypertrophy (LVH),
including hypertension. It has been recently shown that MMP-2 may be one of the
most important proteases involved in the structural and functional alterations of the
heart. Oxidative stress described in SAH may activate MMPs, due to the angiotensin
II induced-NADPH oxidase activation. Since angiotensin II and oxidative stress are
increased in the 2 kidney, 1 clip (2K1C) hypertensive rats, this experimental model of
hypertension was chosen for this study, whose aims were: (1) to evaluate whether
the increase of MMPs (particularly MMP-2) levels and activity may contribute to
cardiac alterations found in renovascular hypertension (2K1C), and (2) to assess
whether oxidative stress modulates MMP-2 levels and activity, contributing for the
cardiac alterations found in 2K1C rats. To test these hypotheses doxycycline and
antioxidants drugs (tempol and apocyanin) were used as treatment. The
hypertension was evaluated during all study by tail-cuff pletysmography; and at the
end of the study the blood pressure was evaluated by invasive analysis. All
treatments attenuated the increases in blood pressure from 2R1C animals (P<0.05).
However, the blood pressure of 2K1C rats treated with doxycycline or antioxidants
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drugs was still higher than that of the respective control animals at the end of the
experiment (P<0.05). The treatments with doxycycline or antioxidants attenuated the
cardiac contractile dysfunction in 2K1C rats, assessed by the first derivative of left
ventricular pressure (±dP/dt) analysis (P<0.05). The LVH was evaluated by
morphological analysis and by cardiac weight and body weight ratio. The 2K1C
untreated rats showed adaptive characteristics of LVH. The doxycycline or
antioxidant treatments attenuated the LVH in 2K1C animals (P<0.05). In parallel to all
these structural and functional alterations in the heart of 2K1C untreated rats, we
found that cardiac MMP-2 levels were increased by gelatin zymography and by
immunohistochemistry (P<0.05). The treatments with doxycycline and antioxidants
did not affect the cardiac MMP-2 levels from 2K1C rats. However, these treatments
did reduce the total gelatinolytic activity observed by in situ zymography (P<0.05).
The antioxidant treatments reduced oxidative stress present in 2K1C animals
(P<0.05). In conclusion our results suggest that MMPs, particularly MMP-2,
contribute to cardiac alterations associated to 2K1C hypertension. Furthermore, the
oxidative stress may be associated with activation of MMPs present in this model of
hypertension. Key words: Cardiac hypertrophy, metalloproteinases, Renovascular
hypertension and oxidative stress.
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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
2R1C – Dois-rins, um-clipe
ANOVA – Análise de Variância
APS- Persulfato de amônio
BH4 - Tetrahidrobiopterina
BSA- Albumina do soro bovino
CaCl2- Cloreto de cálcio
DHE- Dihidroetídeo
DNA- Ácido ribonucleico
DQ gelatin- Substrato fluorescente para determinar a atividade gelatinolítica
EPM- Erro padrão da média
EROS- Espécies reativas de oxigênio
g- Gramas
µg- Microgramas
H+- Hidrogênio
H2O2- Peróxido de hidrogênio
i.p.- Intra peritoneal
HCl- Ácido clorídrico
HVE- Hipertrofia ventricular esquerda
H&E- Hematoxilina e eosina
K+- Potássio
KCl- Cloreto de potássio
KDa- Quilodaltons
Kg- Quilograma
KH2PO4- Hidrogenofosfato de potássio
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L- Litro
µL- Microlitros
M- Molar
mM- Milimolar
µmol- Micromol
mmol – Milimol
mL- Mililitros
mg- Miligramas
mmHg – Milímetros de mercúrio
MMPs- Metaloproteinases
MgSO4- Sulfato de magnésio
MT-MMPs- MMP de membrana
N- Número
nmol- Nanomol
Na+- Sódio
NaCl- Cloreto de sódio
NADPH - β-Nicotinamida adenosina dinucleotído fosfato
NEM – N-etilmaleimida
NaHCO3- Bicarbonato de sódio
.O2-Ânion superóxido
OCT- Composto para congelar tecidos
OH-- Radical hidroxil
OONO-- Peroxinitrito
PA- Pressão arterial
PAD- Padrão interno
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PBS- Tampão salina fosfato
PFA- Paraformaldeído
pH- Potencial hidrogeniônico
PMSF- Fenilmetilsulfonil
RLU- Unidades relativas de luminescência
RNAm- Ácido ribonucleico mensageiro
SDS- Dodecil sulfato de sódio
Sham- Rato controle
SHR- Ratos espontaneamente hipertensos
SRAA- Sistema renina-angiotensina-aldosterona
TBA- Ácido tiobarbitúrico
TBARS- Espécies reativas do ácido tiobarbitúrico
TEMED- Tetrametil etilenodiamina
TIMPs- Inibidores endógenos de MMPs
U.A.– unidades arbitrárias
VSMC- Células musculares lisas vasculares
ZnCl2- Cloreto de zinco
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Carcterística morfológica do remodelamento cardíaco decorrente da
hipertensão arterial crônica .......................................................................................24
Figura 2 – Aumento na deposição de colágeno em pacientes com hipertesão
arterial crônica...........................................................................................................26
Figura 3 – Principais MMPs e suas características estruturais.................................28
Figura 4 – Esquema ilustrativo da modulação na formação de espécies reativas
do oxigênio ................................................................................................................35
Figura 5 – Esquema ilustarativo da importância da NADP(H) oxidase na
hipertrofia cardíaca....................................................................................................36
Figura 6 – Esquema ilustarativo da ativação de MMPs por EROs ..........................39
Figura 7 – Efeitos da doxiciclina sobre a pressão arterial ........................................62
Figura 8 – Efeito da doxiciclina sobre a contratilidade cardíaca.....................................65
Figura 9 – Efeito da doxiciclina sobre as alterações estruturais associadas à
hipertensão 2R1C ......................................................................................................67
Figura 10 – Efeito da doxiciclina sobre a hipertrofia dos miócitos associadas à
hipertensão 2R1C .....................................................................................................68
Figura 11 – Efeito da doxiciclina sobre as concentrações cardíacas de MMP-2......70
Figura 12 – Efeito da doxiciclina sobre a atividade gelatinolítica in situ e para
expressão da MMP-2 por imunofluorescência ..........................................................72
Figura 13 – Efeito dos antioxidantes sobre a pressão arterial ..................................75
Figura 14 – Efeito da doxiciclina sobre a contratilidade cardíaca ................................77
Figura 15 – Efeito dos antioxidantes sobre as alterações estruturais associadas à
hipertensão 2R1C ......................................................................................................79
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Figura 16 – Efeito dos antioxidantes sobre a hipertrofia dos miócitos associadas
à hipertensão 2R1C ..................................................................................................80
Figura 17 – Efeito dos antioxidantes sobre as concentrações cardíaca de EROs ...82
Figura 18 – Efeito dos antioxidantes sobre as concentrações cardíaca de MMP-2 ......84
Figura 19 – Efeito dos antioxidantes sobre a atividade gelatinolítica in situ e para
expressão da MMP-2 por imunofluorescência ..........................................................86
Tabelas
Tabela 1 – Valores de Freqüência cardíaca, Peso do coração, Peso corporal e
Razão entre peso cardíaco e peso corporal..............................................................63
Tabela 2 – Valores de Frequência cardíaca, Peso do coração, Peso corporal
Razão entre Peso Cardíaco e Corporal e Espessura da Câmera Ventricular
Esquerda. ..................................................................................................................74
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................22
1 - Hipertensão arterial...........................................................................................22
2. Remodelamento cardíaco associado à HAS......................................................23
2.1. Remodelamento da matriz extracelular cardíaca (MEC) associado à HAS.25
3. Metaloproteínases da matriz extracelular ..........................................................27
3.1. Importância da MMP-2 para as alterações morfofuncionais cardíacas associadas à hipertensão ...................................................................................29
3.2. Mecanismos de ação da MMP-2 independentes da degradação da matriz extracelular cardíaca (MEC) ...............................................................................31
3.3. Inibição da MMP-2 como estratégia terapêutica..........................................32
4. Importância do estresse oxidativo para a hipertrofia cardíaca ...........................33
5. Possível envolvimento de EROs com MMPs .....................................................38
HIPÓTESE ................................................................................................................43
OBJETIVOS..............................................................................................................45
MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................47
1 - Considerações gerais .......................................................................................47
1.1 - Hipertensão arterial induzida pela técnica de Goldblatt:.............................47
1.2 - Grupos experimentais.................................................................................48
2 - Materiais ...........................................................................................................49
2.1 - Soluções utilizadas nos experimentos:.......................................................49
2.2 - Drogas administradas diretamente nos animais: ........................................51
2.3 - Equipamentos utilizados nos experimentos:...............................................51
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2.4 - Programas de aquisição de dados: ............................................................51
3 - Métodos ............................................................................................................52
3.1 - Parâmetros hemodinâmicos .......................................................................52
3.1.1 - Avaliação da pressão arterial sistólica e peso corporal ........................52
3.1.2 - Avaliação da contratilidade cardíaca....................................................52
3.2 - Parâmetros estruturais ...............................................................................53
3.2.1 - Análise morfológica do coração ...........................................................53
3.3 - Parâmetros bioquímicos e moleculares......................................................54
3.3.1 - Determinação de espécies reativas de oxigênio in situ ........................54
3.3.2 - Determinação dos níveis de MMP-2 por zimografia em gel .................55
3.3.2.A - Dosagem de proteína pelo método de Bradford ............................55
3.3.2.B - Eletroforese em gel de poliacrilamida 12%....................................56
3.3.3 - Determinação da atividade gelatinolítica por zimografia In situ............57
3.3.4 - Imunofluorescência para MMP-2..........................................................58
4 - Análise estatística .............................................................................................59
RESULTADOS..........................................................................................................61
1 - PROTOCOLO 1: Efeitos cardíacos do tratamento de ratos 2R1C com doxiciclina ..............................................................................................................61
1.1 - Efeito da doxiciclina sobre a pressão arterial sistólica e peso corporal: .....61
1.2 – Efeito da doxiciclina sobre a contratilidade cardíaca em ratos 2R1C: .......64
1.3 – Efeito da doxiciclina sobre o remodelamento cardíaco em ratos 2R-1C:...66
1.3 – Efeito da doxiciclina sobre o remodelamento cardíaco em ratos 2R-1C:...66
1.4 - Efeito da doxiciclina na expressão da MMP-2 e na atividade das MMPs: ..69
2 - PROTOCOLO 2: Efeitos cardíacos do tratamento de ratos 2R1C com antioxidantes..........................................................................................................73
2.1 - Efeito dos tratamentos antioxidantes sobre a pressão arterial sistólica e peso corporal ......................................................................................................73
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2.2 – Efeitos dos antioxidantes sobre a contratilidade cardíaca em ratos 2R1C:..................................................................................................................76
2.3 – Efeito dos antioxidantes sobre o remodelamento cardíaco em ratos 2R1C:..................................................................................................................78
2.4 - Efeito dos antioxidantes sobre as concentrações de EROs em ratos 2R1C:..................................................................................................................81
2.5 - Efeito dos antioxidantes sobre a expressão da MMP-2 e a atividade das MMPs:.................................................................................................................83
DISCUSSÃO.............................................................................................................88
CONCLUSÃO ...........................................................................................................99
REFERÊNCIAS.......................................................................................................101
ANEXOS .................................................................................................................114
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INTRODUÇÃO
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Introdução 22
INTRODUÇÃO
1 - Hipertensão arterial
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um crescente problema de saúde
pública que afeta aproximadamente 25% da população mundial (Kearney, Whelton
et al. 2005). No Brasil, de acordo com dados epidemiológicos, a hipertensão atinge
aproximadamente 43,9% da população urbana adulta (Freitas, Resende de Carvalho
et al. 2001) e sua incidência aumenta proporcionalmente com a idade (Chobanian,
Bakris et al. 2003). A HAS é responsável por aproximadamente 7,1 milhões de
mortes por ano (Chobanian, Bakris et al. 2003) decorrentes principalmente, das suas
complicações no aparelho cardiovascular, tais como doença arterial coronariana,
infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e insuficiência renal, dentre outras
(Chobanian, Bakris et al. 2003).
A fisiopatologia da HAS é considerada poligênica e multifatorial envolvendo
alterações morfológicas e funcionais no sistema cardiovascular. Neste contexto, é
crescente o número de evidências sugerindo que o estresse oxidativo (Cai and
Harrison 2000; Griendling, Sorescu et al. 2000; Lassegue and Griendling 2004;
Escobales and Crespo 2005) e o aumento de metaloproteinases da matriz
extracelular (Galis and Khatri 2002; Lehoux, Lemarie et al. 2004; Raffetto and Khalil
2008) estão associados às disfunções morfofuncionais nos vasos e coração,
presentes nesta doença.
Devido à importância dessa doença para a saúde pública, muitos estudos
fazem uso de modelos experimentais para uma melhor compreensão e descrição
dos mecanismos envolvidos na HAS. O modelo de hipertensão renovascular 2 rins,
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Introdução 23
1 clipe (2R1C) apresenta altas concentrações de angiotensina II e espécies reativas
de oxigênio (EROs) (Lerman, Chade et al. 2005), que são fatores de fundamental
interesse para este trabalho.
Harry Goldblatt, em 1934, desenvolveu o modelo de hipertensão renal 2R1C
pela constrição da artéria renal de cães com auxílio de um clipe, sendo que o rim
contra lateral permanece intacto. O clampeamento de um dos rins promove ativação
do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) que está envolvido na
fisopatologia da hipertensão arterial devido à vasoconstrição acentuada e retenção
de sódio e água. Observa-se um aumento progressivo na pressão arterial nesse
modelo experimental, associado à hipertrofia cardíaca, hipertrofia vascular e
disfunção endotelial, dentre outras alterações (Griendling, Lassegue et al. 1996;
Welch, Mendonca et al. 2003; Levy 2005). Angiotensina II tem sido descrita como
um dos principais mediadores envolvidos nessas disfunções (Martinez-Maldonado
1991), principalmente devido à formação de EROs via ativação da β-nicotinamida
adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH oxidase) (Seshiah, Weber et al. 2002; Touyz
2004). Estudos prévios em nosso laboratório, mostraram um aumento de MMP-2 e
EROs na aorta de ratos 2R1C, porém nenhum estudo avaliou as concentrações de
MMP-2 no coração desses animais (Castro, Rizzi et al. 2008; Martinez, Castro et al.
2008; Ceron, Castro et al. 2010).
2. Remodelamento cardíaco associado à HAS
A HAS é frequentemente acompanhada por hipertrofia ventricular esquerda
(HVE) (Levy, Larson et al. 1996); (Kannel, Levy et al. 1987). A hipertrofia do
miocárdio ocorre como resposta morfológica adaptativa, compensatória, cujo
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Introdução 24
objetivo é normalizar o aumento da tensão na parede do VE (Lorell and Carabello
2000). Essa hipertrofia caracteriza-se pelo aumento da massa cardíaca normal,
devido ao aumento no volume dos miócitos, que pode ser decorrente da síntese e
deposição de novos sarcômeros. Com a hipertrofia dos cardimiócitos, a espessura
da parede ventricular esquerda fica aumentada e a câmara do VE diminuída,
podendo apresentar disfunção diastólica e sistólica (Berk, Fujiwara et al. 2007)
(Figura 1).
Figura 1. Característica morfológica do remodelamento cardíaco decorrente da hipertensão arterial crônica. Aumento crônico da pressão arterial (PA) promove inicialmente, aumento na espessura da parede do ventrículo esquerdo e diminuição da câmara ventricular esquerda. Aumento crônico e persitente da PA direciona a progressão do remodelamento adaptativo para o remodelamento mal-adaptativo. O coração se mantém hipertrofiado com diminuição na espessura da parede do VE e aumento na câmara ventricular esquerda. Imagens gentilmente cedidas pelo professor Marcos Antonio Rossi.
Embora a hipertrofia seja adaptativa, compensatória, o remodelamento do VE
pode progredir para uma hipertrofia descompensada, mal-adaptativa. Nesta fase, os
miócitos ainda se mantêm com aumento de volume. Entretanto, estas células se
alongam e promovem dilatação da câmara ventricular esquerda. Normalmente
nessas condições, ocorre diminuição na contratilidade cardíaca com disfunção
Coração normal Coração hipertrofiado (remodelamento adaptativo)
Coração hipertrofiado (remodelamento mal-adaptativo)
A B C
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Introdução 25
sistólica e diastólica (Opie, Commerford et al. 2006). Em função disso, a capacidade
do coração de bombear o sangue fica prejudicada, insuficiente. Assim sendo, HVE é
um importante fator de risco para insuficiência cardíaca (IC) e mortalidade por
doenças cardiovasculares (Levy, Garrison et al. 1990) (Figura 1C).
2.1. Remodelamento da matriz extracelular cardíaca (MEC) associado à HAS
Paralelamente às alterações celulares, na HVE ocorrem modificações na
composição bioquímica da matriz extracelular, cujo principal componente é o
colágeno. O estroma do coração mantém a estrutura do miocárdio assim,
contribuindo para a função ventricular através da transmissão de força gerada pelos
miócitos para as câmaras atrial e ventricular e para o realinhamento dos miócitos
durante a diástole (Robinson, Cohen-Gould et al. 1983; Robinson, Factor et al. 1986;
Robinson, Factor et al. 1987). Em relação à hipertensão, Rossi e colaboradores
mostraram que quanto mais severa for a HVE, maior é a deposição de colágeno na
matriz extracelular do VE de pacientes hipertensos (Figura 2) (Rossi 1998). Outros
autores sugerem que essa fibrose está associada à progressivas disfunções no
enchimento ventricular diastólico e comprometimento no relaxamento dos miócitos.
Dessa maneira, na HVE inicialmente ocorre disfunção diastólica e finalmente,
disfunção sistólica (Weber, Jalil et al. 1989; Weber, Pick et al. 1989; Pearson,
Pasierski et al. 1991; Swynghedauw 1999).
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Introdução 26
Figura 2. Matriz extracelular de VE de humanos após digestão celular. Aumento na deposição de colágeno em pacientes com hipertesão arterial crônica. As setas indicam deposição de colágeno acentuada nos pacientes com hipertensão, quando comparados com pacientes controles. End: endomísio e Per: perimísio (Modificado de Rossi 1998).
Em condições normais, a síntese e degradação de colágeno é controlada por
fibroblastos. Entretanto, em condições patológicas, fatores como angiotensina II,
fator de crescimento transformador β1 (TGF-β1) e aldosterona, estimulam o
aumento da síntese de colágeno levando à formação de fibrose. Além do aumento
na deposição de colágeno, também pode ocorrer aumento de sua degradação,
promovendo alterações na integridade da MEC. (Opie, Commerford et al. 2006;
Berk, Fujiwara et al. 2007).
A degradação do colágeno pode estar envolvida na progressão do
remodelamento hipertrófico adaptativo para mal-adaptivo (Bradham, Bozkurt et al.
2002; Iwanaga, Aoyama et al. 2002; Opie, Commerford et al. 2006; Takenaka,
Kihara et al. 2006). Alguns autores sugerem que o aumento de proteínas que
Paciente Controle Paciente
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Introdução 27
degradam a matriz extracelular inicia-se na HVE adaptativa promovendo
desestruturação da MEC (Peterson, Hallak et al. 2001; Iwanaga, Aoyama et al. 2002;
Takenaka, Kihara et al. 2006). Com isso, os miócitos se alongam e promovem
dilatação da câmara ventricular esquerda (Opie, Commerford et al. 2006). Pelos
motivos expostos, proteínas que degradam a matriz extracelular possuem
fundamental importância no remodelamento cardíaco e muitos estudos evidenciam
uma contribuição das metaloproteinases da matriz extracelular (MMPs) para esse
processo (Spinale 2007).
3. Metaloproteínases da matriz extracelular
Metaloproteinases da matriz extracelular são endopeptidases cálcio-
dependentes responsáveis pela degradação da matriz extracelular. São expressas
em várias células e tecidos, inclusive nas células do músculo liso vascular, músculo
cardíaco, endotélio vascular, fibroblastos e células inflamatórias (Nagase and
Woessner 1999; Schulz 2007). Atualmente, são conhecidas mais de 28 MMPs, que
se subdividem em famílias como colagenases, estromelisinas, matrilisinas, MMPs de
membrana (MT-MMPs) e gelatinases. As metaloproteinases apresentam domínios
estruturais semelhantes (Figura 3), que se diferem pela especificidade em relação
aos seus substratos (Nagase, Visse et al. 2006).
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Introdução 28
Seqüência Sinal
Pró-peptídeo
Domínio contendo cisteína
Domínio Hemopexin
Domínio
Domínios “Fibronectin like”
Domínio Transmembrânico
Domínio Citosólico
Porção Peptídeo de ligação
Sítio de clivagem por
furinas
MMPs de membrana
Matrilisinas MMP-7, -26
Colagenases (MMP-1,-8,-13)
Estromelisinas (MMP-3,-10)
Figura 3. Principais MMPs e suas características estruturais. As gelatinases MMP-2 e MMP-9 se diferem das demais, apresentando três domínios “fibronectin-like” (Modificado de Chow, Cena et al. 2007).
Essas proteases são sintetizadas e secretadas como pró-forma latente
(zimogênios), e sua atividade depende, na maioria das vezes, da ruptura dos seus
domínios pró-peptídicos, do sítio ativo da enzima (Visse and Nagase 2003; Schulz
2007). Dessa forma, a regulação das MMPs pode ser feita por indução da expressão
gênica e ativação do zimogênio. Além disso, a atividade das MMPs ainda pode ser
regulada pelos inibidores teciduais de metaloproteinases (TIMPs)(Donnelly,
Collinson et al. 2003).
Uma vez em sua forma ativa, as MMPs participam do processo fisiológico de
remodelamento da matriz extracelular (MEC) pela degradação de vários
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Introdução 29
componentes da matriz extracelular, incluindo componentes da membrana basal,
colágeno intersticial, fibronectina e várias proteoglicanas (Ohbayashi 2002; Visse
and Nagase 2003). Porém, a atividade excessiva ou desequilibrada de MMPs pode
estar associada à patogênese de várias doenças como: doenças neoplásicas
(Murphy and Nagase 2008; Kessenbrock, Plaks et al. 2010), doenças inflamatórias
crônicas (Nagase and Woessner 1999) e doenças cardiovasculares (Spinale, Coker
et al. 2000; Lynch, Blessing et al. 2004; Schulz 2007; Spinale 2007; Schulz 2009).
3.1. Importância da MMP-2 para as alterações morfofuncionais cardíacas
associadas à hipertensão
A MMP-2, também conhecida como gelatinase A, é constitutivamente
expressa em vários tecidos, inclusive no coração. Como observado na figura 3, a
MMP-2 possui domínios “fibronectin like” que confere a ela a capacidade de clivar
elastina, fibronectina e colágeno especialmente do tipo IV, que é o principal
componente da lâmina basal (Murphy and Nagase 2008). Assim como outras MMPs,
essa gelatinase contribui para o remodelamento tecidual.
Um aumento significativo na expressão e atividade da MMP-2 no soro,
tecidos vasculares e cardíacos tem sido evidenciado em estudos clínicos e em
diferentes modelos de hipertensão experimental (Castro, Rizzi et al.; Peterson,
Hallak et al. 2001; Yasmin, McEniery et al. 2005; Castro, Rizzi et al. 2008; Rizzi,
Castro et al. 2009), o que indica que a MMP-2 pode participar da fisiopatologia da
HAS.
Aumento da atividade da MMP-2 cardíaca foi associado à progressão da
hipertrofia cardíaca em animais hipertensos, sugerindo que a MMP-2 aumentada,
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Introdução 30
pode contribuir para dilatação da câmara cardíaca (Iwanaga, Aoyama et al. 2002).
Camundongos transgênicos, que apresentam superexpressão de MMP-2 no
miocárdio, sem apresentar quadro patológico, desenvolveram hipertrofia dos
miócitos, fibrose e dilatação da câmara ventricular esquerda. Todas essas
alterações associadas ao aumento de MMP-2 são características da HVE mal-
adaptativa, sugerindo que esta gelatinase contribui para o remodelamento mal-
adaptativo (Bergman, Teerlink et al. 2007).
Para avaliar se a diminuição da MMP-2 poderia contribuir para uma redução
nas alterações cardíacas, foi realizado estudo com animais “knockouts” para MMP-2
em modelo experimental de coarctação de aorta (Matsusaka, Ide et al. 2006). Nesse
estudo, os autores observaram qua a HVE foi reduzida nos animais “knockouts”
indicando a contribuição da MMP-2 para hipertrofia cardíaca. O modelo de
coarctação de aorta, assim como a HAS, também induz HVE devido ao aumento na
sobrecarga cardíaca, reforçando a hipótese de que a inibição da MMP-2 poderia
contribuir para o tratamento da HVE associada à HAS.
Em conjunto, esses resultados sugerem uma relação causal entre aumento
da MMP-2 e a progressão da HVE, o que poderia ser testado com inibidores desta
enzima.
A participação da MMP-2 no remodelamento cardíaco envolve principalmente
a síntese e degradação ( “turnover”) de colágeno. Como comentado anteriormente, a
degradação de colágeno é um dos mecanismos propostos para dilatação da câmara
ventricular esquerda que ocorre na progressão do remodelamento cardíaco
associado à HAS (Peterson, Hallak et al. 2001; Iwanaga, Aoyama et al. 2002;
Takenaka, Kihara et al. 2006). A MMP-2 pode ativar vias de sinalização intracelular
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Introdução 31
que culminam em apoptose, que poderia estar envolvida com disfunções
morfofuncionais da hipertrofia cardíaca (Schulz 2009). Além desses mecanismos, foi
demonstrado que a MMP-2 pode contribuir para ativação do receptor para fator de
crescimento epidermal (EGFr) (Wang, Zhao et al. 2006), ativação do fator de
necrose tumoral-α (TNF- α ) (Manso, Elsherif et al. 2006) e ativação do fator de TGF-
β1 que são fatores críticos envolvidos na via de sinalização da hipertrofia celular
(Manso, Elsherif et al. 2006; Wang, Chow et al. 2009). Sendo assim, a ativação da
MMP-2 encontrada na HAS, pode estar envolvida tanto na hipertrofia da MEC, como
na hipertrofia dos cardiomiócitos.
3.2. Mecanismos de ação da MMP-2 independentes da degradação da matriz
extracelular cardíaca (MEC)
Recentemente, foi demonstrado que a MMP-2 está presente não somente na
MEC, mas também no citoplasma dos cardiomiócitos, interage com troponina I e a
miosina de cadeia leve, prejudicando o funcionamento da maquinaria contrátil do
coração (Wang, Schulze et al. 2002; Sawicki, Leon et al. 2005). Nesses trabalhos, os
autores mostram que a inibição da MMP-2 melhora a disfunção ventricular
associada à isquemia cardíaca. Assim, além da função de degradação da MEC, a
MMP-2 também pode ser importante para a contração cardíaca (Wang, Schulze et
al. 2002; Sawicki, Leon et al. 2005). Outros autores mostram que a MMP-2 pode
estar localizada dentro do núcleo de cardiomiócitos, podendo degradar proteínas
envolvidas na reparação do DNA (poli (ADP-ribose) polimerase – PARP) (Kwan,
Schulze et al. 2004). Até o momento, a MMP-2 é a única MMP descrita no interior
dos cardiomiócitos.
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Introdução 32
3.3. Inibição da MMP-2 como estratégia terapêutica
Não existem inibidores seletivos para MMP-2 comercialmente disponíveis. Por
isso, muitos trabalhos fazem uso do inibidor não seletivo de MMPs, doxiciclina
(Schulz 2007; Spinale 2007). Doxicilina é um antibiótico da classe das tetraciclinas
que quando administrado em doses subantimicrobianas atua como um potente
inibidor de MMPs (Golub, Lee et al. 1998). Atualmente, a doxiciclina é um
medicamento aprovado pelo FDA (Food and Drugs Administration) chamado
Periostat®, utilizado como inibidor de MMPs para o tratamento de doença
periodontal. Por ser medicamento em uso e pelo seu baixo custo, a doxicicilina é
particularmente interessante como ferramenta farmacológica. A inibição não seletiva de MMPs por doxiciclina promoveu efeitos benéficos
em modelos animais de remodelamento e disfunção cardíaca, como por exemplo,
infarto do miocárdio e isquemia/reperfusão (Griffin, Jinno et al. 2005; Garcia, Go et
al. 2007). Não existem estudos que avaliaram os efeitos da doxiciclina no coração
de animais hipertensos. Porém, um outro inibidor não-seletivo de MMPs (PD166793)
foi avaliado em ratos espontaneamente hipertensos (SHR, do inglês spontaneous
hypertensive rats), que é um modelo animal de progressão de insuficiência cardíaca
(Peterson, Hallak et al. 2001). O inibidor de MMPs foi administrado nos animais por 4
meses, iniciando o tratamento após 9 meses de HAS, período no qual os animais
apresentaram hipertrofia adaptativa, confirmada pelo aumento na espessura do VE e
da força de contração cardíaca. Os resultados mostraram que a inibição de MMPs
(por 4 meses) impediu a progressão da hipertrofia adaptativa para insuficiência
cardiaca nos animais SHR, após 13 meses de HAS (Peterson, Hallak et al. 2001).
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Introdução 33
Embora alguns estudos tenham mostrado aumento da atividade da MMP-2 na
hipertensão arterial (Yasmin, McEniery et al. 2005; Castro, Rizzi et al. 2008) e no
remodelamento cardíaco (Spinale, Coker et al. 2000), nenhum estudo até o
momento, mostrou se a MMP-2 pode participar das alterações cardíacas, tanto
estruturais quanto funcionais, associadas ao modelo de hipertensão renovascular
2R-1C. Neste modelo experimental de HAS, ocorre aumento na produção de
angiotensina II e estresse oxidativo, relacionados com a ativação das MMPs. Dessa
maneira, é altamente sugestivo que a ativação das MMPs ocorra nestes animais e
possa contribuir para alterações cardíacas neste modelo de HAS (Donnelly,
Collinson et al. 2003; Tsuruda, Costello-Boerrigter et al. 2004; Luchtefeld, Grote et
al. 2005).
4. Importância do estresse oxidativo para a hipertrofia cardíaca
Espécies reativas de oxigênio (EROs) são derivados reativos do metabolismo
do oxigênio que em condições fisiológicas são produzidas de maneira controlada,
em baixas concentrações, participando da sinalização e regulação intracelular
envolvidas nos processos de transcrição gênica e síntese protéica (Freeman and
Crapo 1982). O aumento na formação de EROs é denominado de estresse
oxidativo, que ocorre devido ao aumento da expressão ou atividade de enzimas
responsáveis pela formação de EROS e/ou uma diminuição de enzimas
responsáveis pela inativação de EROS (Touyz and Schiffrin 2004).
As EROs mais importantes são o anion superóxido (.O2-), peróxido de
hidrogênio (H2O2), radical hidroxil (OH-) e peroxinitrito (OONO-). O ânion superóxido
é o precursor de outras EROs (Lassegue and Griendling 2004; Cai 2005; Zimmet
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Introdução 34
and Hare 2006), e sua produção é predominantemente catalisada pela enzima
NADPH oxidase (Griendling, Sorescu et al. 2000; Touyz and Schiffrin 2004) (Figura
4). A xantina oxidase e enzima óxido nítrico sintase (na ausência de seu cofator
tetrahidrobiopterina, BH4) são enzimas presentes no miocárdio e capazes de
produzir EROs (Touyz and Schiffrin 2004).
Entretanto, a NADPH oxidase, que é expressa nos fibroblastos e
cardiomiócitos, é considerada a principal fonte cardíaca de EROs no miocárdio (Li,
Gall et al. 2002; Borchi, Bargelli et al. 2010), sendo composta de várias subunidades
essenciais para sua atividade (Griendling, Sorescu et al. 2000; Landmesser, Cai et
al. 2002; Modlinger, Chabrashvili et al. 2006; Murdoch, Grieve et al. 2006; Murdoch,
Zhang et al. 2006; Akki, Zhang et al. 2009). As isoformas Nox2 e Nox4, que são
associadas à membrana celular, são encontradas nos cardiomiócitos, células
endoteliais e fibroblastos e parecem contribuir para as alterações cardíacas
associadas com a hipertensão (Murdoch, Zhang et al. 2006; Akki, Zhang et al. 2009).
Estas isoformas são ativadas quando associadas às outras subunidades (por
exemplo, p22phox e p47phox dentre outras) (Touyz and Schiffrin 2004; Murdoch,
Zhang et al. 2006)(Figura 4).
A enzima NADPH oxidase é constitutivamente ativa, produzindo O2-. em
baixas concentrações de forma lenta e contínua (Touyz and Schiffrin 2004).
Entretanto, vários estímulos de fundamental relevância para fisiopatologia da
hipertensão arterial e insuficiência cardíaca podem estar associados com a ativação
da NADPH oxidase. Por exemplo, estresse cíclico, endotelina-1 e fator de necrose
tumoral-α (TNF-α) (Touyz and Schiffrin 2004). Além desses fatores, a angiotensina II
é considerada um potente ativador de NADP(H) oxidase, sendo essa enzima
oxidante sugerida como um dos mecanismos responsáveis pela hipertensão e
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Introdução 35
alterações cardiovasculares induzidas pela angiotensina II (Griendling, Sorescu et al.
2000; Landmesser, Cai et al. 2002; Modlinger, Chabrashvili et al. 2006; Murdoch,
Grieve et al. 2006; Murdoch, Zhang et al. 2006; Akki, Zhang et al. 2009)
Figura 4. Esquema ilustrativo da modulação na formação de EROs. Um desequilíbrio nesses fatores que favorece a formação de EROs leva a formação do estresse oxidativo (Modificado de Touyz and Schiffrin 2004).
O aumento na formação de EROs via ativação da NADPH oxidase,
especialmente pela angiotensina II e sobrecarga cardíaca, está associado à
disfunção na contratilidade de cardiomiócitos, ativação de fibroblastos, fibrose e
hipertrofia cardíaca (Murdoch, Zhang et al. 2006; Akki, Zhang et al. 2009) (Figura 5).
Consistente com os resultados acima, muitas evidências mostram um importante
envolvimento de EROs nas alterações morfofuncionais cardíacas presentes na
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Introdução 36
Fibrose Hipertrofia Fibrose
Disfunção na contratilidade
Sobrecarga cardíaca
Ativação do sistema renina-
angiotensina
insuficiência cardíaca (Giordano 2005; Sirker, Zhang et al. 2007; Takimoto and Kass
2007; Liu, Zhou et al. 2010), que pode envolver a ativação da NADPH oxidase. Essa
enzima parece acompanhar a evolução desta insuficiência em ratos indicando sua
participação na fisiopatologia dessa doença (Li, Gall et al. 2002).
Figura 5. Esquema ilustrativo da importância da NADP(H) oxidase na hipertrofia cardíaca induzida pela ativação do sistema renina-angiotensina ou HAS (sobrecarga cardíaca. Observa-se que quando a enzima está ativada, as subunidades citosólica estão associadas à subunidade Nox2 (de membrana). Modificado de Murdoch EC e colaboradores (Murdoch, Zhang et al. 2006).
Como na HAS e na insuficiência cardíaca, um aumento na formação de EROs
também é observado na isquemia/reperfusão (Wang, Sawicki et al. 2002; Schulz
2009) e aterosclerose (Warnholtz, Nickenig et al. 1999; Rueckschloss, Duerrschmidt
et al. 2003) podendo estar associado com alterações cardiovasculares como:
disfunção endotelial, alterações na contralidade dos miócitos, hipertrofia celular e
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Introdução 37
ativação de MMPs e outros mediadores envolvidos com a fisiopatologia dessas
doenças (Sirker, Zhang et al. 2007; Akki, Zhang et al. 2009; Castro, Rizzi et al.
2009).
A constante formação de EROs pode ser controlada por enzimas
antioxidantes como, por exemplo, superóxido dismutase (SOD), catalase e
glutationa peroxidase entre outras (Touyz and Schiffrin 2004) (Figura 4). Além do
aumento da atividade de enzimas prooxidantes, como NADPH oxidase, uma
redução das enzimas antioxidantes pode estar associada ao aumento de EROs,
contribuindo para as alterações cardiovasculares. Por exemplo, camundongos
“knockout” para a SOD, quando sujeitos à sobrecarga cardíaca, apresentam
hipertrofia ventricular esquerda mais severa do que animais controle, também
sujeitos à mesma sobrecarga cardíaca (Lu, Xu et al. 2008). A sobrecarga cardíaca
promove aumento da hipertrofia de miócitos, na deposição de colágeno e redução
na contralidade cardíaca mais severa nos animais “knockouts” do que nos animais
controle (Lu, Xu et al. 2008). Os efeitos foram associados com aumento de EROs e
MMPs no miocárdio dos animais “knockouts” e indicam a importância da enzima
antioxidante SOD nas alterações presentes na hipertrofia cardíaca (Lu, Xu et al.
2008).
Alguns estudos avaliam o uso de drogas na tentativa de reduzir o estresse
oxidativo de maneira farmacológica. As vitaminas C e E foram as primeiras drogas a
serem utilizadas em modelos animais de hipertensão, por diminuírem as
concentrações de EROs (Chen, Touyz et al. 2001; Ulker, McKeown et al. 2003;
Lassegue and Griendling 2004; Escobales and Crespo 2005). Outros estudos
mostraram que o tratamento com apocinina, inibidor da NADPH oxidase, atenuou a
hipertrofia cardíaca em associação com a diminuição na formação de EROs na
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Introdução 38
hipertensão induzida por angiotensina II (Rugale, Delbosc et al. 2007; Liu, Zhou et
al. 2010). O tratamento com tempol (mimético da SOD) foi efetivo em reduzir o
estresse oxidativo e atenuar a hipertrofia e a disfunção cardíaca, em modelos
animais de hipertrofia cardíaca pela administração de isoproterenol ou sobrecarga
cardíaca (Zhang, Kimura et al. 2005; Chess, Xu et al. 2008).
Algumas evidências têm mostrado a eficácia de drogas como captopril e
estatinas para o tratamento da hipertrofia cardíaca (Khattab, Mostafa et al. 2005;
Mollnau, Oelze et al. 2005; Rugale, Delbosc et al. 2007; Kassan, Montero et al.
2009). Esses trabalhos associam os benefícios encontrados com os efeitos
pleiotrópicos das drogas como, por exemplo, a redução do estresse oxidativo. A
redução na formação de EROs está geralmente associada com a diminuição do
peso cardíaco, da deposição de colágeno e melhora da contratilidade cardíaca
(Sorescu and Griendling 2002).
Alguns trabalhos associam a contribuição de EROs para disfunções
morfofuncionais do coração com a ativação de diversos fatores (Beswick, Dorrance
et al. 2001; Akki, Zhang et al. 2009), incluindo ativação de enzimas como MMPs
(Sorescu and Griendling 2002).
5. Possível envolvimento de EROs com MMPs
Como descrito anteriormente, as MMPs são sintetizadas e secretadas como
pró-formas latentes, chamadas de zimogênios, que precisam ser ativados (Visse and
Nagase 2003; Schulz 2007). O sítio catalítico contém o zinco que interage com a
cisteína da região do propeptídeo e a manutenção dessa conformação é requerida
para que a enzima continue inativa. EROs, especialmente H2O2 e OONO-, podem
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Introdução 39
interagir com o resíduo de cisteína do propeptídeo, promovendo a ruptura da
interação do grupo tiol com o zinco. Essas alterações levam à exposição do sítio
catalítico, resultando na sua ativação mesmo com a presença do propetídeo. (Van
Wart and Birkedal-Hansen 1990; Nelson and Melendez 2004; Schulz 2007;
Kandasamy, Chow et al. 2009) (Figura 6).
Baseado no exposto acima, alguns estudos avaliaram a participação de EROs
no aumento da atividade das MMPs. Por exemplo, nos estudos realizados em
animais com isquemia e reperfusão cardíaca foi evidenciado que a disfunção
cardíaca induzida por EROs, direcionando a degradação de troponina I e miosina de
cadeia leve, pode ser devido à ativação de MMP-2 (Wang, Sawicki et al. 2002).
Figura 6. Esquema ilustarativo da ativação de MMPs por EROs (Modificado de Nelson and Melendez 2004).
O estresse oxidativo está envolvido com a ativação de fibroblastos, que são
células responsáveis pela produção de MMPs e produtos da MEC (Sorescu and
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Introdução 40
Griendling 2002). Assim sendo, quando fibroblastos cardíacos foram estimulados
com EROs, as células apresentaram aumento na atividade de MMPs-2, -9 e -13,
além de uma diminuição na síntese de colágeno (Siwik, Pagano et al. 2001). Outro
estudo realizado com camundongos, mostrou que o aumento de fibrose e hipertrofia
ventricular pode ser consequência do aumento de EROs e MMPs no miocárdio,
devido à supressão da enzima SOD (Lu, Xu et al. 2008). Esses resultados indicam
uma possível participação das MMPs nos efeitos de EROs sobre o remodelamento
cardíaco.
Estudos in vitro mostram que o aumento da expressão (RNAm) e atividade da
MMP-2 induzido pelo estiramento mecânico pode ser devido à formação de EROs.
Esses efeitos parecem ser devido ao aumento da atividade da NADPH oxidase
(Grote, Flach et al. 2003). Sendo assim, muitos estudos evidenciam um aumento de
EROs paralelamente ao aumento na expressão de MMPs, o que levaria a
disfunções cardiovasculares maiores, inclusive na hipertensão (Takenaka, Kihara et
al. 2006).
Resultados obtidos em nosso laboratório mostraram que o aumento da
atividade da NADP(H) oxidase e altas concentrações de EROs em aorta de ratos
com hipertensão 2R1C ocorreu paralelamente à hipertrofia e disfunção endotelial na
aorta dos animais (Ceron, Castro et al. 2010). Em outro estudo, também realizado
em nosso laboratório, foi mostrado que apocinina ou tempol promoveram
significativa melhora das disfunções na aorta dos ratos, possivelmente devido à
redução da atividade das MMPs (Castro, Rizzi et al. 2009).
Em conjunto, esses estudos sugerem que o aumento de EROs poderia ser
um mecanismo para ativação das MMPs na hipertensão, contribuindo para as
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Introdução 41
alterações presentes na hipertrofia cardíaca. Alguns trabalhos evidenciaram que
drogas antioxidantes, como tempol e apocinina, podem reduzir as alterações
presentes na hipertrofia cardíaca (Rugale, Delbosc et al. 2007; Chess, Xu et al.
2008; Liu, Zhou et al. 2010). Porém, ainda é incerto se a ativação das MMPs por
EROs pode contribuir para hipertrofia cardíaca em modelos animais de hipertensão;
e se esta ativação pode estar relacionada às alterações cardíacas associadas à
hipertensão.
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HIPÓTESE
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Hipótese 43
HIPÓTESE
Levando-se em consideração que:
1. A MMP-2 pode contribuir para remodelamento cardíaco e disfunções na
contratilidade cardíaca em modelos experimentais não relacionados à HAS;
2. A MMP-2 e EROs estão aumentadas em situações de HAS;
3. As EROs podem contribuir para alterações morfofuncionais na hipertrofia
cardíaca;
4. Aumentos nas concentrações EROs promovem ativação de MMPs;
a hipótese deste trabalho é de que aumentos na concentração e
atividade de MMPs, especialmente da MMP-2, participem da
fisiopatologia da hipertrofia cardíaca associada à hipertensão 2R1C e de
que aumentos de EROs estejam envolvidos nesse processo.
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OBJETIVOS
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Objetivos 45
OBJETIVOS
1- Verificar a expressão e atividade das MMPs (especialmente MMP-2) e sua
possível contribuição para as alterações morfofuncionais cardíacas, associadas à
hipertensão renovascular (2R-1C).
2- Verificar se as EROs modulam a expressão e atividade da MMP-2, contribuindo
para as alterações morfofuncionais cardíacas associadas à hipertensão
renovascular (2R-1C).
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MATERIAIS E MÉTODOS
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Materiais e Métodos 47
MATERIAIS E MÉTODOS
1 - Considerações gerais
Os experimentos foram realizados utilizando ratos machos Wistar (180 a 200
gramas), provenientes do Biotério Central do Campus de Ribeirão Preto, da
Universidade de São Paulo. Os animais foram mantidos no biotério do
Departamento de Odontologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, em
salas com ciclo claro/escuro de 12 horas, temperatura controlada (22-25 °C) e livre
acesso à ração e água. Esse estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética
Animal dessa universidade. (Protocolo número 122-2006)
1.1 - Hipertensão arterial induzida pela técnica de Goldblatt:
A indução da hipertensão arterial foi realizada através da colocação de um
clipe de prata com abertura de 0,2 milímetros sobre a artéria renal esquerda,
levando à estenose da artéria. Esse procedimento leva a ativação do sistema renina-
angiotensina, com conseqüente aumento da pressão arterial (Goldblatt, 1958). Os
animais controle foram submetidos à laparotomia, sem introdução do clipe. Como
anestésicos, foram utilizados ketamina (100mg/kg) e xilazina (10 mg/kg), por via
intra-peritoneal (i.p.).
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Materiais e Métodos 48
1.2 - Grupos experimentais
Protocolo 1
Sham: animais controle, submetidos apenas à laparotomia e que receberam água;
Sham + doxi: animais controle, submetidos apenas à laparotomia e que receberam
doxiciclina na dose de 30 mg/kg/dia;
2R1C: animais submetidos à estenose da artéria renal, que receberam água;
2R1C + doxi: animais submetidos à estenose da artéria renal que receberam
doxiciclina na dose de 30 mg/kg/dia
Protocolo 2
Sham: animais controle, submetidos apenas à laparotomia e que receberam água;
Sham+tempol: animais controle, submetidos apenas à laparotomia e que receberam
tempol (antioxidante, mimético da SOD) na dose de 18 mg/kg/dia;
Sham+apocinina: animais controle, submetidos apenas à laparotomia e que receberam
apocinina (antioxidante, inibidor da NADP(H) oxidase) na dose de 25 mg/kg/dia;
2R1C: animais submetidos à estenose da artéria renal, que receberam água;
2R1C+tempol: animais submetidos à estenose da artéria renal e que receberam
tempol (antioxidante, mimético da SOD) na dose de 18 mg/kg/dia;
2R1C+apocinina: animais submetidos à estenose da artéria renal e que receberam
apocinina (antioxidante, inibidor da NADP(H) oxidase) na dose de 25 mg/kg/dia;
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Materiais e Métodos 49
Observações
As doses de doxiciclina, tempol e apocinina foram escolhidas de acordo com
trabalhos prévios realizados em nosso laboratório, que mostram que estas doses
inibiram a atividade das MMPs e EROs nas aortas de ratos 2R1C (Castro, Rizzi et al.
2008; Castro, Rizzi et al. 2009).
Somente os animais que apresentaram pressão arterial sistólica acima de 160
mmHg foram utilizados no estudo. Os tratamentos tiveram início duas semanas após
a indução da hipertensão arterial renovascular. Os animais que ficaram hipertensos
foram distribuídos aleatoriamente em cada um dos grupos experimentais citados
acima. Os tratamentos foram realizados por gavagem, por um período de oito
semanas, seguido da coleta de tecidos para análises estruturais, bioquímicas e
moleculares.
2 - Materiais
2.1 - Soluções utilizadas nos experimentos:
- Solução de Krebs modificada (em mmol/L: NaCl 130; CaCl2 1,6; MgSO4 1,2;
KH2PO4 1,2; KCl 4,7; NaHCO3 14,9 e glicose 5,5);
- Paraformaldeído (PFA) 4% v/v tamponado;
- Hematoxilina e Eosina (H&E);
- Tampão de extração de proteínas: 20mmol/L de Tris-HCl, 1 mmol/L de 1,10-
fenantrolina, 1 mmol/L de fluoreto de fenilmetilsulfonil (PMSF), 1 mmol/L de NEM e
10 mmol/L de CaCl2.
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Materiais e Métodos 50
- Albumina sérica bovina (BSA), 8 mg/mL;
- Reagente de Bradford;
- Dodecil sulfato de sódio (SDS) 12%, co-polimerizado com gelatina (1 mg/mL);
- Tampão utilizado no gel de separação: Tris-HCl/SDS, pH 8,8;
- Tampão utilizado no gel de largada: Tris-HCl/SDS, pH 6,8;
- Tampão de amostra não-redutor: SDS2%, Tris-HCl 125 mmol/L, glicerol 10% e azul
de bromofenol 0,001%; ph 6,8;
- Solução de TritonX-100 a 2%;
- Solução de Agarose 3%;
- Persulfato de Amônio (APS) 10%;
- TEMED (tetrametil etilenodiamina);
- Solução de acrilamida 30% e bisacrilamida (0,8%);
- Solução de coloração: Coomassie Brilliant Blue G-250 0,05%;
- Solução fixadora e de descoloração: Metanol 30% e Ácido acético 10%;
- Solução tampão de Tris-CaCl2 (Tris 50 mmol/L, CaCl2 10 mmol/L, ZnCl2 1 µmol/L );
- Solução de DQ Gelatin 5 µg/mL (Molecular Probes, Oregon, USA)
- DHE (dihidroetídio) 10 µmol/L
- PBS (tampão salina fosfato);
- Anticorpos monoclonais: anti-MMP-2 (MAB 3308), anti-TIMP-2 (MAB 13446);
diluição 1:1000 em PBS, a partir da solução inicial de 1 mg/mL (Chemicon,
Termecula, CA USA);
- Anticorpo secundário rodamina (AP 160P), diluição 1:200 em PBS, a partir da
solução inicial de 1 mg/mL (Chemicon, Termecula, CA USA);
Os demais reagentes não especificados foram adquiridos da Sigma (St. Louis, MO, USA).
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Materiais e Métodos 51
2.2 - Drogas administradas diretamente nos animais:
- Doxiciclina 30 mg/kg/dia, Tempol 18/mg/kg/dia e apocinina 25/mg/kg/dia (Sigma
Aldrich) foram diluídas em água e administradas por gavagem (1mL);
- Ketamina (100 mk/kg) e xilazina (10 mg/kg) foram administradas por via intra peritoneal.
2.3 - Equipamentos utilizados nos experimentos:
- Balança de precisão (Shimadzu AY220), pHmetro (Incibrás) e centrífuga
refrigerada (CELM – 3 plus);
- Transdutor de pressão acoplado a um manguito (MTL125R pulse
transducer/pressure cuff; Castle Hill, Austrália);
- Transdutor de pressão IBM/PC equipado com uma interface digital (DI-220; Dataq
Instruments, Akron, OH)
- Micrótomo (Leica RM2025) e criostato (CM 1900; Leica, Alemanha);
- Microscópio de luz branca e fluorescência (Leica Imaging Systems Ltd.,
Cambridge, England) acoplado a câmara fotográfica;
- Espectrofotômetro;
- Fonte de eletroforese (Eletrophoresis Power Supply – EPS 301);
- Sistema de documentação de eletroforese Kodak (Kodak, Rochester, NY);
2.4 - Programas de aquisição de dados:
- Advanced CODAS; Dataq Instruments;
- ImageJ Program (NIH – National Institutes of Health);
- Analysis System (EDAS) 290 (Kodak, Rochester, NY);
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Materiais e Métodos 52
- KCJunior (Molecular Devices, Sunyale, CA);
- SigmaStat for Windows (Jadel Scientific, USA).
3 - Métodos
3.1 - Parâmetros hemodinâmicos
3.1.1 - Avaliação da pressão arterial sistólica e peso corporal
A pressão arterial sistólica foi verificada pelo método de pletismografia de
cauda. Para isso, um manguito acoplado a um transdutor de pressão foi colocado
em torno da cauda dos animais acordados, previamente aquecidos (em gabinetes a
37 °C). As variações da pressão foram capturadas por um programa específico de
aquisição de dados: PowerLab 4/S analog-to-digital converter (AD Instruments Ltd.,
Csdtle Hill, Australia) e os resultados representados pela média de três medidas
consecutivas para cada animal. A pressão arterial e o peso corporal foram avaliados
semanalmente, durante as 10 semanas do estudo.
3.1.2 - Avaliação da contratilidade cardíaca
Os animais foram anestesiados com tribromoetanol (250mg/Kg, i.p.) após a
oitava semana de tratamento com doxiciclina, tempol ou apocinina. No protoclo 1, a
medida de pressão arterial invasiva foi avaliada através de catéter de polietileno inserido
na artéria femoral direita. No protoclo 2, a medida de pressão arterial invasiva foi
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Materiais e Métodos 53
avaliada através de catéter de polietileno inserido na carótida. Para as medidas das
pressões no VE, foi inserido um catéter na artéria carótida que posteriormente, foi
cuidadosamente avançado até o VE. Os catéteres foram conectados a um transdutor
(P23Gb; Statham, Hato Rey, Brazil) e os sinais forma amplificados apropriadamente. As
pressões arterial e ventriculares foram amostradas continuamente (1kHz) em um
equipamento IBM/PC equipado com uma interface digital (DI-220; Dataq Instruments,
Akron, OH). Um programa de computador (Advanced CODAS; Dataq Instruments) foi
utilizado para analisar os dados e extrair séries de tempos de batimento-por-batimento
(FC) e a pressão arterial média. A primeira derivada da pressão ventricular (dP/dt) foi
calculada e os valores da freqüência máxima de desenvolvimento de pressão
isovolumétrica (+dP/dt) e de decaimento de pressão isovolumétrica (-dP/dt) foram
utilizados como índices de função cardíaca da fase sistólica e diastólica,
respectivamente (Salgado, Simoes et al. 2007). Ao final dos experimentos, os corações
foram coletados, lavados em solução salina e estocados a -80ºC até o momento do uso
para as avaliações bioquímicas.
3.2 - Parâmetros estruturais
3.2.1 - Análise morfológica do coração
Ao final da décima semana do estudo, os animais foram anestesiados, e sua
cavidade torácica foi aberta para expor o coração ainda batendo. Os corações foram
rapidamente removidos, lavados em solução em solução salina gelada, secados,
pesados e colocados em formol tamponado a 10% (pH7,3) por 2 horas. A seguir,
com auxílio de uma gilete, os ventrículos foram cortados transversalmente na porção
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Materiais e Métodos 54
médio ventricular, equidistante entre o ápice e a base, e devolvidos ao fixador por
mais 20 horas. Após este período, o fixador foi trocado por álcool 70% v/v e
desidratados em diferentes concentrações de álcool para serem inseridos em
parafina com as duas metades de cada coração voltadas para cima. Os corações
foram cortados transversalmente, sempre na mesma direção, em um micrótomo
(Leica RM2025), a uma espessura de quatro micrômetros. Esses cortes foram
colocados em um banho Maria com temperatura 37-39 °C para promover a abertura
dos cortes em parafina para posterior aderência em lâminas de vidro. As lâminas
foram coradas com hematoxilina e eosina (H&E) para determinação dos parâmetros
estruturais correspondentes à área da câmara ventricular esquerda e espessura da
parede do VE e septo. As análises morfométricas foram realizadas com ajuda do
software Image J, disponível na internet (http,//rsb.info.nih.gov/nih-image/). O
diâmetro dos miócitos foi determinado pela média de 30 medidas em cada
ventrículo, em aumento de 400X nas fibras orientadas longitudinalmente. As
medidas foram realizadas sem o conhecimento de qual grupo de animal a lâmina
pertencia, com um software Leica Qwin (Leica Imaging Systems Ltd., Cambridge,
UK) em conjunto a um microscópio (Leica DMR, Leica Microsystems Wetzlar GmbH,
Wetzlar, Germany), uma câmera e um computador.
3.3 - Parâmetros bioquímicos e moleculares
3.3.1 - Determinação de espécies reativas de oxigênio in situ
As concentrações cardíacas de EROs foram analisadas, in situ, no VE,
utilizando dihidroetídeo (DHE) na concentração de 10 µg/mL(Hao, Nishimura et al.
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Materiais e Métodos 55
2006; Viel, Benkirane et al. 2008). Esse “probe” reage com o O2- presente nos
tecidos, resultando na formação de 2-hidroxietídeo e de etídeo, produtos que emitem
fluorescência vermelha no local. Os tecidos foram congelados em OCT (Sakura
Finetek, Torrance, CA, USA), utilizando acetona e gelo seco. Eles foram cortados
em criostato, a 5 µm de espessura, e incubados com DHE por 30 minutos em
câmara úmida e escura. Após a incubação, os cortes foram lavados com tampão
salina fosfato (PBS) e fixados em PFA 4%. Com auxílio de um microscópio de
fluorescência (Leica Imaging Systems Ltd., Cambridge, England) acoplado à câmera
fotográfica, as imagens dos cortes foram fotografadas com aumento de 400x. A
quantificação da intensidade de fluorescência vermelha emitida foi realizada
utilizando o programa ImageJ.
3.3.2 - Determinação dos níveis de MMP-2 por zimografia em gel
Método muito utilizado para determinação dos níveis de MMPs no plasma e
amostras de tecidos biológicos (Gerlach, Uzuelli et al. 2005; Gerlach, Demacq et al.
2007; Castro, Rizzi et al. 2008). No caso de zimografia de tecidos, é preciso
determinar a quantidade de proteína presente em cada amostra, para aplicar no gel
a mesma quantidade de proteína por amostra, pois variações protéicas entre uma e
outra podem interferir nos resultados finais desse método.
3.3.2.A - Dosagem de proteína pelo método de Bradford
Para a quantificação de proteínas, foi utilizado o método de Bradford, que
consiste em um ensaio colorimétrico quantitativo, em que ao se ligar às proteínas do
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Materiais e Métodos 56
tecido o reagente adquire uma coloração azul. As amostras de VE foram triturados e
homogeneizados em tampão de extração de proteínas (CaCl2 10 mM, Tris 50 mM
pH 7,4, Brij 1%, NaCl 0,5%, fenantrolina 1 mM, PMSF 1 mM, NEM 1 mM) e
incubadas por 16 horas em geladeira. Para cada 0,1 g de tecido foram
acrescentados 300 µL do tampão. Após as 16 horas, as amostras foram
centrifugadas por 15 minutos (10000 G), e os sobrenadantes retirados para
determinação protéica. A curva padrão foi realizada com albumina do soro bovino
(BSA) diluído em água destilada nas seguintes concentrações em mg/mL: 0,085;
0,0175; 0,035; 0,7; e 1,4.
O reagente de Bradford foi utilizado para determinar as concentrações de
proteína para cada amostra analisada. A coloração azul desenvolvida no contato
com as proteínas pode ser quantificada em espectrofotêmetro de luz visível (595
nm). A intensidade da cor varia de acordo com a quantidade de proteína presente na
amostra. Para cada 5 µL de amostra foi adicionado 250 µL de reagente de Bradford.
Pelos valores obtidos após a leitura, em µg/µL, foi possível aplicar 40 µg de proteína
por canaleta do gel.
3.3.2.B - Eletroforese em gel de poliacrilamida 12%
As amostras foram previamente misturadas ao tampão de amostra (SDS 2%,
Tris-HCl 125 mM, glicerol 10% e azul de bromofenol 0,001%) e aplicadas em géis de
poliacrilamida a 12% contendo 1mg/mL de gelatina e separadas por eletroforese,
conforme a técnica SDS-PAGE. Concluída a eletroforese, os géis foram submetidos
a dois banhos de Triton X-100 a 2%, para remover o SDS e colocados em solução
de Tris CaCl2 50 mM, por 48 horas, a 37 °C. Posteriormente, foram fixados e
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Materiais e Métodos 57
corados em solução Coommassie Blue 0,05% por 4 horas. Para a visualização das
bandas referentes às MMPs os géis foram descorados com metanol a 30% e ácido
acético a 10%. Observa-se a formação de bandas claras contra o fundo azul do
Coommassie devido à degradação da gelatina incorporada ao gel pelas MMPs.
Para cada gel, foi utilizado um padrão interno (soro fetal bovino a 2%),
representado nas figuras como PAD. Por ele foi possível normalizar as eventuais
variações nas bandas decorrentes de diferenças na intensidade de coloração dos géis.
Essa normalização é necessária para que se possa comparar resultados obtidos em
diferentes géis. A quantificação das bandas da MMP-2 foi feita utilizando-se o sistema
Kodak Eletrophoresis Documentation and Analisys System – EDAS 290 (Kodak,
Rochester, NY). As formas da MMP-2 foram identificadas pelos seus pesos
moleculares: 75, 72 e 64 KDa. Elas foram inibidas por fenantrolina, mas não por outros
inibidores de proteases.
3.3.3 - Determinação da atividade gelatinolítica por zimografia In situ
Esse método reflete a atividade in situ das MMPs e não seus níveis como a
zimografia convencional. Esse método permite a quantificação dessa atividade
diretamente no tecido (Galis, Sukhova et al. 1995). Para essa análise utilizou-se DQ
gelatin (E12055, Molecular Probes, Oregon, USA) na concentração de 1,0 µg/mL em
tampão Tris-CaCl2 50 mM. Os tecidos foram congelados em OCT (Sakura Finetek,
Torrance, CA, USA), utilizando acetona e gelo seco. Eles foram cortados em
criostato, a 5 µm de espessura, e incubados com o substrato DQ gelatin por 60
minutos em câmara úmida e escura. Após a incubação, os cortes foram lavados com
PBS e fixados em PFA 4% v/v por 10 minutos. Com auxílio de um microscópio de
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Materiais e Métodos 58
fluorescência (Leica Imaging Systems Ltd., Cambridge, England) acoplado a câmera
fotográfica, as imagens dos cortes foram fotografadas num aumento de 400x. A
quantificação da atividade gelatinolítica in situ observada como intensidade de
fluorescência verde emitida, foi realizada utilizando o programa ImageJ.
3.3.4 - Imunofluorescência para MMP-2
Método utilizado para determinar os níveis de MMP-2 e co-localizar a
atividade gelatinolítica in situ com a expressão dessa enzima, uma vez que outras
MMPs também possuem a capacidade de degradar a gelatina. Após a incubação
com DQ gelatin e PFA 4%, os cortes de coração foram incubados com anticorpo
primário anti-MMP-2 (MAB 3308, Chemicon, USA), na concentração de 0,1 µg/mL
por uma hora, em câmara úmida e escura e em seguida os cortes foram lavados
com PBS. Após esse período, os cortes foram incubados com anticorpo secundário
rodamina (AP160P, Chemicon, USA) PA 5,0 µg/mL por uma hora nas mesmas
condições citadas. Esse anticorpo emite fluorescência vermelha quando ligado ao
antcorpo primário. Com auxílio de um microscópio de fluorescência (Leica Imaging
Systems Ltd., Cambridge, England) acoplado a câmera fotográfica, as imagens dos
cortes foram fotografadas num aumento de 400x. A quantidade de MMP-2 foi
determinada como intensidade de fluorescência vermelha emitida e a quantificação
foi realizada utilizando o programa ImageJ. Para sobreposição da atividade
gelatinolítica com a expressão da MMP-2 foi utilizado o programa aTube Catcher. A
co-localização da MMP-2 e atividade gelatinolítica nas imagens sobrepostas
apresenta coloração amarela.
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Materiais e Métodos 59
4 - Análise estatística
Os resultados obtidos nesse estudo foram analisados com ANOVA de duas
vias (análise de variância) ou ANOVA de uma via seguido de teste Tukey (SigmaStat
for Windows, Jadel Scientific, USA). Foram considerados estatísticamente diferentes
valores com p<0,05. Os gráficos foram representados como média ± erro padrão da
média (EPM), com 4-10 animais por grupo.
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RESULTADOS
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Resultados 61
RESULTADOS
1 - PROTOCOLO 1: Efeitos cardíacos do tratamento de ratos 2R1C com
doxiciclina
1.1 - Efeito da doxiciclina sobre a pressão arterial sistólica e peso corporal:
Os valores basais de pressão arterial sistólica foram similares nos quatro
grupos experimentais, antes da cirurgia. A elevação da pressão arterial sistólica foi
observada nos grupos 2R1C a partir da segunda semana após a cirurgia (P<0,05
versus grupos sham; Figura 7A). O tratamento com doxiciclina não afetou a pressão
arterial no grupo sham, mas atenuou significativamente o aumento na pressão
arterial do grupo 2R1C de 220 ± 5,2 mmHg para 172 ± 4,8 mmHg (P<0,05; Figura
7A). Ao final da última semana de tratamento, esses resultados foram confirmados
pelo registro da pressão arterial pelo método invasivo. O tratamento com doxiciclina
atenuou o aumento das pressões arteriais sistólica (de 218 ± 12 mmHg para 185 ± 8
mmHg), diastólica (de 163 ± 6 mmHg para 140 ± 11 mmHg) e média (de 189 ± 7
mmHg para 160 ± 10 mmHg) nos animais 2R1C (P<0,05, Figura 7B, C e D).
Não houve diferenças significativas no peso corporal e frequência cardíaca
entre os grupos desse estudo, mas foi observado um aumento no peso cardíaco dos
animais 2R1C não tratados (P<0,05 versus todos os outros grupos do estudo;
Tabela 1).
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Resultados 62
Figura 7 – A doxiciclina atenuou os aumentos na pressão arterial dos ratos 2R1C. Aferição da pressão arterial pelo método não-invasivo (pletismografia de cauda) (A) e invasivo (B, C e D). Valores expressos como média± EPM (n= 8-10 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os outros grupos. # P<0,05 para 2R-1C + doxi versus grupo sham.
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Resultados 63
Tabela 1. Valores de Freqüência cardíaca, Peso do coração, Peso corporal e Razão entre peso cardíaco e peso corporal.
Grupos Sham Sham + doxi 2R1C 2R1C + doxi
Freqüência cardíaca (batimentos/min) 328.2 ± 16.7 345.3 ± 18.1 363.3 ± 19.2 329.0 ± 11.4
Peso do coração (g) 1,49 ± 0,05 1,55 ± 0,07 1,72 ± 0,20* 1,56 ± 0,07
Peso corporal (g) 533,1 ± 18,0 534,0± 27,1 446,0 ± 23.1 512,3 ± 23,7
Razão: Peso cardíaco (mg)/Peso corporal (g) 2,81 ± 0,05 2,91 ± 0,11 3,82 ± 0,28* 3,05 ± 0,06
2R1C: 2 rins -1clipe. Valores expressos como média ± EPM (n= 7 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os outros grupos.
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Resultados 64
1.2 – Efeito da doxiciclina sobre a contratilidade cardíaca em ratos 2R1C:
Os animais 2R1C apresentaram um aumento significativo na primeira
derivada temporal de pressão ventricular positiva (+dP/dt: de 7965 ± 468 mmHg/s
para 11170 ± 459 mmHg/s) e negativa (-dP/dt: de -5781 ± 375 mmHg/s para -7356 ±
171 mmHg/s), quando comparados com o grupo sham (P<0,05). O tratamento com
doxiciclina reduziu em aproximadamente 50% os aumentos nas +dP/dt (9274 ± 412
mmHg/s) e –dP/dt (-6365 ± 247 mmHg/s) observados nos animais 2R1C (P<0,05).
Nenhuma diferença significativa foi observada entre os outros grupos do estudo
(Figura 8).
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Resultados 65
Figura 8 – (A) Máxima +dP/dt e (B) máxima –dP/dt. Valores expressos como média ± EPM (n=8 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os outros grupos.
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Resultados 66
1.3 – Efeito da doxiciclina sobre o remodelamento cardíaco em ratos 2R-1C:
Como mostrado na figura 9B e na tabela 1, os animais 2R1C apresentaram
um aumento de aproximadamente 25% na razão peso cardíaco/peso corporal
quando comparados com o grupo sham (P<0,05), indicando a presença de
hipertrofia cardíaca, a qual foi confirmada pela histologia, caracterizando hipertrofia
adaptativa, como observado na figura 9. Os animais 2R1C apresentaram aumento
de 30% e 38%, respectivamente na espessura da parede ventricular esquerda e no
septo, quando comparado com o grupo sham (P<0,05). Além disso, foi observada
uma diminuição na área da câmara ventricular esquerda de 23% nos animais 2R1C
(Sham: 19,4 ± 1 mm2 versus 2R1C: 15,0 ± 1 mm2 e, P<0,05). As alterações no VE
foram associadas a um aumento no diâmetro dos miócitos nos ratos 2R1C de 12,6 ±
0,3 µm para 13,8 ± 0,1 µm (Figura 10; P<0,05 versus grupo sham). O tratamento
com doxiciclina reverteu todas as alterações morfológicas encontradas nos animais
2R1C (P<0,05, Figuras 9 e 10).
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Resultados 67
Figura 9 – (A) Painel representativo dos cortes de coração para determinação dos parâmetros histológicos. (B) Razão peso cardíaco/peso corporal e (C, D e E) espessura da parede ventricular esquerda, espessura da parede do septo e medida da área da câmara ventricular esquerda. Valores expressos como média± EPM (n=8 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os outros grupos do estudo.
Sham Sham + doxi 2R1C 2R1C + doxi0
1
2
3
4 *
Espe
ssur
a da
par
ede
do s
epto
(mm
)
Sham Sham + doxi 2R1C 2R1C + doxi0
1
2
3
4 *
Espe
ssur
a da
par
ede
vent
ricul
ares
quer
da (m
m)
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Resultados 68
Figura 10 – (A) Fotomicrografias representativas de VE (x400, microscopia óptica convencional). (B) Valores do diâmetro dos miócitos. Valores expressos como média± EPM (n=6 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os outros grupos do estudo.
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Resultados 69
1.4 - Efeito da doxiciclina na expressão da MMP-2 e na atividade das MMPs:
Géis de zimografia com gelatina foram utilizados para detecção das
concentrações de MMP-2 no extrato de VE dos animais. Como mostrado no
zimograma representativo foram detectadas duas bandas de MMP-2 (72 kDA e 64
kDa) e nenhuma banda da MMP-9 (Figura 11A). Houve um aumento significativo, de
aproximadamente 27%, na concentração de 72 kDa MMP-2 no VE dos animais
2R1C quando comparados com o grupo sham (em unidades arbitrárias (U.A.): de
0,25 ± 0,02 para 0,37 ± 0,04; P<0,05) (Figura 11B). O tratamento com doxiciclina
não atenuou de maneira estatisticamente significativa as concentrações de MMP-2
no VE dos animais 2R1C (0,31 ± 0,04 U.A.; P>0,05). Nenhuma diferença estatística
foi observada entre os animais controles, quando comparados com o grupo 2R1C
tratado com doxiciclina. (Figura 11; P>0,05).
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Resultados 70
Figura 11 – (A) Gel representativo de zimografia SDS-PAGE de extrato de VE. P: padrão interno. (B, C e D) Representação gráfica dos valores para o as bandas de peso molecular 72 kDa MMP-2, 64 kDa MMP-2 e para a MMP-2 total, respectivamente. Valores expressos como média± EPM. (n=10 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus grupo sham.
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Resultados 71
Durante o processamento das amostras para a zimografia, os inibidores de
proteases são separados da proteína. Dessa maneira, a atividade gelatinolítica,
observada no zimograma, não reflete a atividade gelatinolítica existente nos tecidos,
reflete somente a expressão das proteínas.
Por esse motivo, foi realizado um ensaio de atividade gelatinolítica no VE dos
animais (zimografia in situ), que reflete a atividade gelatinolítica total (Figura 12A e
12B). Como observado na figura 12B, os animais 2R1C apresentaram aumento de
32% na atividade gelatinolítica quando comparados com o grupo sham (de 43 ± 1,9
U.A. para 64 ± 5,7 U.A.; P<0,05). O tratamento com doxiciclina diminuiu a atividade
gelatinolítica dos animais 2R1C para valores semelhantes aos encontrados no grupo
sham (P<0,05, Figura 12B).
Para evidenciar além dos níveis, a localização da MMP-2 no VE, foi realizado
o método de imunohistoquímica (Figura 12A). Os resultados adicionais confirmaram
um aumento nas concentrações de MMP-2 no VE dos animais 2R1C (de 40 ± 3,2
para 52 ± 3,5; P<0,05) (Figura 12C), e mostraram que o tratamento com doxiciclina
atenuou, mas não significativamente, as concentrações de MMP-2 (42,9 ± 4 U.A.;
P>0,05). Nenhuma diferença estatística foi observada entre os animais 2R1C
tratados com doxiciclina e os grupos sham (Figura 12C; P>0,05)
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Resultados 72
Sham Sham + doxi 2R1C 2R1C + doxi0
20
40
60 #
Expr
essã
o da
MM
P-2
(Uni
dade
s ar
bitrá
rias)
Sham Sham + doxi 2R1C 2R1C + doxi0
10
20
30
40
50
60
70 *
Ativ
idad
e ge
latin
olíti
ca in
situ
(U
nida
des
arbi
trária
s)
Figura 12- (A) Fotomicrografias representativas de VE incubadas com DQ gelatin e/ou anticorpo anti-MMP-2 (x400, microscopia de fluorescência). (B) Atividade gelatinolítica in situ e (B) níveis de MMP-2 nos ventrículos esquerdo. Valores expressos como média± EPM. (n=10 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os grupos do estudo. #P<0,05 versus grupo sham.
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Resultados 73
2 - PROTOCOLO 2: Efeitos cardíacos do tratamento de ratos 2R1C com
antioxidantes
2.1 - Efeito dos tratamentos antioxidantes sobre a pressão arterial sistólica e
peso corporal
Os valores basais de pressão arterial sistólica foram similares nos seis grupos
experimentais, antes da cirurgia. A elevação da pressão arterial sistólica foi
observada a partir da primeira semana após a cirurgia (P<0,05 versus grupos sham;
Figura 13A). Os tratamentos com tempol ou apocinina não afetaram a pressão
arterial nos grupos sham, mas atenuaram em aproximadamente 33% o aumento da
pressão arterial nos grupos 2R1C (Figura 13A, em mmHg: sham : 124 ± 11; 2R1C:
217 ± 8,8; 2R1C+tempol:184 ± 8,8 e 2R1C+ apocinina 182 ±8,5; P<0,05 versus
2R1C).
Ao final da última semana de tratamento, os resultados foram confirmados
através da aferição da pressão arterial pelo método invasivo. Como observado nas
figuras 13B, 13C e 13D, os tratamentos com os dois antioxidantes atenuaram a
pressão arterial sistólica (em mmHg: 2R1C: 244 ± 11; 2R1C+tempol: 179 ± 12 e
2R1C+apocinina: 198 ± 13) e a pressão arterial média (em mmHg: 2R1C: 207 ± 8;
2R1C+tempol: 157 ± 11 e 2R1C+apocinina: 179 ± 11), quando comparado com os
animais hipertensos não tratados (P<0,05). Porém, somente o tratamento com
tempol reduziu o aumento na pressão arterial diastólica, quando comparado com
animais hipertensos não tratados (em mmHg: 2R1C: 179 ± 7; 2R1C+tempol: 137 ±
11 e 2R1C+apocinina: 162 ± 11; P<0,05 para 2R1C versus 2R1C+tempol).
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Resultados 74
Não houve diferença significativa no peso corporal e frequência cardíaca
entre os grupos do estudo (Tabela 2). O peso do coração foi maior nos grupos 2R1C
tratados ou não com tempol, quando comparado com os grupos sham (Tabela 2;
P<0,05).
Tabela 2. Valores de Frequência cardíaca, Peso do coração, Peso corporal Razão entre Peso Cardíaco e Corporal e Espessura da Câmera Ventricular Esquerda.
Valores expressos como média± EPM (n= 8 por grupo) *P<0,05 versus respectivo grupo sham. **P<0,05 versus 2R1C tratados com antioxidantes. .
Grupos Freqüência cardíaca
(batimentos/min)
Peso do coração (g)
Peso corporal (g)
Razão: peso
cardíaco(mg)/ peso corporal
(g)
Câmara ventricular esquerda
(mm2)
sham 345,1 ± 14.1 1,56 ± 0,05 546,0 ± 16,2 2,87 ± 0,06 20,7 ± 0,78 sham+tempol 359,7 ± 13,7 1,55 ± 0,04 555,3 ± 17,9 2,81 ± 0,06 22,3 ± 1,05
sham+apocinina 373,3 ± 14,4 1,54 ± 0,06 543,6 ± 12,1 2,84 ± 0,12 20,7 ±1,18 2R1C 347,0 ± 10,9 1,91 ± 0,09* 499,3 ± 29,3 4,03 ± 0,38** 21,1 ± 1,3
2R1C+tempol 351,4 ± 12,6 1,80 ± 0,05* 538,4 ± 24,4 3,41 ± 0,14* 22,3 ± 1,6 2R1C+apocinina 373,7 ± 14,9 1,61 ± 0,08 496,0 ± 17,33 3,31 ± 0,22* 21,9 ± 1,8
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Resultados 75
Figura 13 – Tratamentos com tempol e apocinina atenuaram os aumentos na pressão arterial dos ratos 2R1C. Aferição da pressão arterial pelo método não-invasivo (pletismografia de cauda) (A) e invasivo (B, C e D). Valores expressos como média± EPM (n= 8-10 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os outros grupos. # P<0,05 para 2R1C+tempol ou 2R-1C+apocinina versus respectivos grupos sham.
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Resultados 76
2.2 – Efeitos dos antioxidantes sobre a contratilidade cardíaca em ratos 2R1C:
Os animais 2R1C apresentaram um aumento de aproximadamente 34%, na
primeira derivada temporal de pressão ventricular (dP/dt) positiva (de 6735 ± 756
mmHg/s para 10497 ± 921) e negativa (de 5000 ± 526 para 7522 ± 707), quando
comparado com o grupo sham (P<0,05). Os tratamentos com tempol ou apocinina
reduziram os valores nas ±dP/dt observados nos animais 2R1C para valores
próximos aos obtidos nos grupos sham (P<0,05). Os tratamentos não afetaram as
±dP/dt do grupo sham (Figura 14).
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Resultados 77
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cinina
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000 *
+dP/
dt (m
mH
g/m
in)
Figura 14 – (A) Máxima +dP/dt e (B) máxima –dP/dt. Valores expressos como média ± EPM (n=8 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os outros grupos.
A B
-10000
-8000
-6000
-4000
-2000
0
*
-dP/
dt (m
mHg
/min
)
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cinina
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Resultados 78
2.3 – Efeito dos antioxidantes sobre o remodelamento cardíaco em ratos 2R1C:
Foi observado um aumento significativo na razão peso cardíaco/peso corporal
nos grupos de ratos hipertensos quando comparados com seus respectivos grupos
sham (Figura 15A, 15B e tabela 2; P<0,05 para grupos 2R1C tratados ou não versus
grupos sham). Porém, os animais 2R1C não tratados apresentaram um aumento de
30% na referida razão, a qual foi atenuada em 15% pelos tratamentos com tempol
ou apocinina.
A presença de hipertrofia cardíaca foi confirmada pela histologia
caracterizando hipertrofia adaptativa como observado na figura 15 C e D. Os
animais 2R1C apresentaram aumento de 21% e 11% respectivamente, na
espessura da parede ventricular esquerda e do septo, quando comparado com o
grupo sham (P<0,05). Não foi observada nenhuma alteração na área da câmara
ventricular esquerda entre os animais do estudo (Tabela 2, P>0,05 versus grupos
sham). Como observado na figura 16, as alterações no VE foram associadas a um
aumento no diâmetro dos miócitos nos ratos 2R1C (em µm: grupo sham: 6,5 ± 0,6 e
grupos 2R1C: 9,2 ± 0,4, 2R1C+tempol: 7,6 ± 0,2 e 2R1C+apocinina: 7,2 ± 0,3;
P<0,05 versus grupo sham). Os tratamentos com antioxidantes atenuaram todas as
alterações morfológicas encontradas nos animais 2R1C (P<0,05, Figuras 15 e16).
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Resultados 79
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cinina
0
1
2
3
4
5
*# #
Peso
cor
ação
(mg)
/ Pes
o co
rpor
al (g
)
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cinina
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
*
Espe
ssur
a da
par
ede
do s
epto
(m
m)
Figura 15 – (A) Painel representativo dos cortes de coração para determinação dos parâmetros histológicos. (B) Razão peso cardíaco/peso corporal e (C e D) espessura da parede do septo e espessura da parede ventricular esquerda. Valores expressos como média± EPM (n=8 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os outros grupos desse estudo, e #P<0,05 versus respectivos grupos sham.
A B
C D
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cina
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0*
Espe
ssur
a da
par
ede
do v
entr
ícul
oes
quer
do (m
m)
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Resultados 80
Figura 16 – (A) Fotomicrografias representativas de VE (x400, microscopia óptica convencional). (B) Valores do diâmetro dos miócitos expressos como média± EPM (n=6 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os outros grupos do estudo, e #P<0,05 versus respectivos grupos sham. Barra representa 200µm.
A
B
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cinina
0.0
2.5
5.0
7.5
10.0 *#
Diâ
met
ro d
o m
ióci
to (
µm
)
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Resultados 81
2.4 - Efeito dos antioxidantes sobre as concentrações de EROs em ratos 2R1C:
A hipertensão promoveu um aumento significativo de aproximadamente 23%
na formação de EROS comparado com o grupo controle (de 26,4 ± 1,5 U.A. para
34,4 ± 2,5 U.A., P<0,05, Figura 17). O aumento na formação de EROS foi revertido
pelos tratamentos com tempol e apocinina (P<0,05, Figura 17).
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Resultados 82
Sham+tempol Sham+apocinina
2R1C+apocinina 2R1C+tempol2R1C
Sham
50 µm
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cinina
0
10
20
30
40*
Inte
nsid
ade
de fl
uore
scên
cia
(Uni
dade
s ar
bitr
ária
s)
Figura 17 - Efeito dos tratamentos sobre a produção cardíaca de EROs. Fotografias representativas de VE (x400) incubadas com DHE (A). Representação gráfica da intensidade de fluorescência vermelha dos produtos da reação do DHE com O2
- (B). Valores expressos como média± EPM (n=4/grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os grupos do estudo.
A
B
![Page 85: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp152332.pdf · Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutora](https://reader034.fdocumentos.com/reader034/viewer/2022042912/5f45b3994afd2756cc28206f/html5/thumbnails/85.jpg)
Resultados 83
2.5 - Efeito dos antioxidantes sobre a expressão da MMP-2 e a atividade das
MMPs:
Como observado no protocolo 1, pelo zimograma representativo, foram
detectadas três bandas de MMP-2 (75 kDa, 72 kDa e 64 kDa) e nenhuma banda da
MMP-9 (Figura18A). Os animais 2R1C apresentaram um aumento significativo nas
concentrações de 72 kDa MMP-2 (de 5,3 ± 0,2 para 8,6 ± 0,7; P<0,05; Figura 18B).
Os tratamentos com os antioxidantes não afetaram as concentrações de 72 kDa
MMP-2 no VE dos animais hipertensos ou sham (P>0,05 versus grupo 2R1C não
tratado, Figura 18).
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Resultados 84
Figura 18 – (A) Gel representativo de zimografia SDS-PAGE de extrato de VE. P: padrão interno. (B) Representação gráfica dos valores para as bandas de peso molecular 72 kDa MMP-2, 75 kDa MMP-2, 64kDa MMP-2 e para MMP-2 total. Valores expressos como média± EPM. (n=10 por grupo) *P<0,05 versus grupo sham.
A
Sham Sham+tempol Sham+apocinina 2R1C 2R1C+tempol 2R1C+apocinina P
B
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cinina
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
64 k
Da
MM
P-2
(Uni
dade
s ar
bitr
ária
s)
sham
sham
+tempo
l
sham
+apocin
ina2R
1C
2R1C
+tempol
2R1C
+apocin
ina0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
75 k
Da
MM
P-2
(Uni
dade
s ar
bitr
ária
s)
sham
sham
+tempol
sham+apo
cinina
2R1C
2R1C+te
mpol
2R1C+apocin
ina0.0
2.5
5.0
7.5
10.0 * * *
72 k
Da
MM
P-2
(U
nid
ades
arb
itrá
rias
)
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cinina
0
2
4
6
8
10
12
* * *
MM
P-2
tota
l (U
nida
des
arbi
trár
ias)
B
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Resultados 85
Para verificar se o tratamento com antioxidantes afetam a atividade das
MMPs, foi realizado o ensaio de atividade gelatinolítica no VE dos animais
(zimografia in situ). Como observado no protocolo 1, os animais 2R1C apresentaram
aumento de 32% na atividade gelatinolítica, quando comparados com o grupo sham
(de 11,5 ± 0,7 para 17,1 ± 1,0, P<0,05). Os tratamentos com antioxidantes reduziram
a atividade gelatinolítica dos animais 2R1C para valores semelhantes aos
encontrados no grupo sham. Como mostrado na figura 19 A e B, a atividade
gelatinolítica no grupo 2R1C+tempol ou 2R1C+apocinina foi significativamente
menor, quando comparada com o grupo 2R1C (P<0,05).
Para evidenciar além dos níveis, a localização da MMP-2 no VE, foi realizado
o método de imunohistoquímica (Figura19A). Os resultados adicionais confirmam um
aumento nas concentrações de MMP-2 no VE dos animais 2R1C (de 8,0 ± 0,4 U.A.
para 14,7 ± 1,5 U.A.; P<0,05), e mostram que o tratamento com antioxidantes não
diminuem as concentrações de MMP-2 no VE dos animais hipertensos
(2R1C+tempol: 13,2 ± 1,3 U.A.e 2R1C+apocinina: 13,7 ± 0,9 U.A; P>0,05. versus
grupo 2R1C; Figura 19C)
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Resultados 86
Atividade gelatinolítica
MMP-2
Sobreposição
Sham Sham+apocinina 2R1C 2R1C+tempol 2R1C+apocinina Sham+tempol
50
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
2R1C
+tempo
l
2R1C
+apo
cinina
0
5
10
15
20 *
Ativ
idad
e ge
latin
olíti
caIn
situ
(Uni
dade
s ar
bitr
ária
s)
sham
sham
+tempo
l
sham
+apo
cinina
2R1C
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cinina
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10
15
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Figura 19- (A) Fotomicrografias representativas de VE incubadas com DQ gelatin e/ou anticorpo anti-MMP-2 (x400, microscopia de fluorescência). (B) Atividade gelatinolítica in situ e (C) níveis de MMP-2 nos ventrículos esquerdo. Valores expressos como média± EPM. (n=5 por grupo) *P<0,05 para 2R1C versus todos os grupos do estudo. #P<0,05 versus respectivos grupos sham.
A
B C
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DISCUSSÃO
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Discussão 88
DISCUSSÃO
Há um crescente número de estudos evidenciando que as MMPs,
responsáveis pela degradação de colágeno e outros componentes da MEC, podem
contribuir para as alterações na estrutura e função presentes na hipertrofia cardíaca
(Wang, Bergman et al. 2006; Bergman, Teerlink et al. 2007; Schulz 2007; Spinale
2007). Porém, o envolvimento das MMPs, especialmente MMP-2, no remodelamento
cardíaco associado ao modelo experimental 2R1C ainda não foi avaliado em
nenhum estudo prévio.
Neste sentido, esse foi o primeiro trabalho a mostrar um aumento nas
concentrações e na atividade da MMP-2 paralelamente às alterações morfológicas e
funcionais no remodelamento cardíaco em ratos 2R1C. O presente estudo, mostra
que a doxiciclina (um inibidor não-seletivo de MMPs) normalizou o aumento da
atividade gelatinolítica total, atenuou o aumento na pressão arterial e preveniu as
alteração morfofuncionais cardíacas associadas à hipertensão. Além disso, foi
encontrado que o tratamento com antioxidantes reduziram a formação de EROs e a
atividade gelatinolítica cardíaca nos animais hipertensos, sugerindo que a ativação
das MMPs associadas à hipertensão 2R1C podem ser moduladas via EROs.
A degradação da matriz extracelular é fundamental para o remodelamento
cardíaco, por isso a contribuição de várias MMPs foi relatada em diversos estudos
experimentais de HVE (Lopez, Gonzalez et al. 2006; Manso, Elsherif et al. 2006;
Wang, Chow et al. 2009). Entretanto, evidências sugerem que a MMP-2 pode estar
mais amplamente relacionada às alterações morfofuncionais cardíacas (Wang,
Bergman et al. 2006; Bergman, Teerlink et al. 2007; Schulz 2007). Foi mostrado que
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Discussão 89
animais transgênicos que superexpressam esta gelatinase, sem a indução de
nenhuma doença, desenvolveram HVE e disfunção na contratilidade cardíaca
(Bergman, Teerlink et al. 2007). Com isso, é altamente sugestivo que o aumento da
MMP-2 e da atividade gelatinolítica total encontradas no miocárdio dos ratos 2R1C,
pode estar associada às disfunções morfofuncionais cardíacas secundárias à
hipertensão.
Para avaliar se o aumento da MMP-2 contribuiu para a hipertrofia cardíaca
nos animais 2R1C, foi administrada doxiciclina (inibidor não seletivo de MMPs).
Estudos mostraram que a dose de 30mg/kg/dia diminui a atividade das MMPs de
forma independente de seus efeitos antibióticos (Golub, Lee et al. 1998).
O tratamento com doxiciclina inibiu o aumento da atividade gelatinolítica total
e reverteu as alterações estruturais associadas à hipertensão 2R1C. Os efeitos
benéficos ocorreram apesar da persistência da sobrecarga cardíaca, pois mesmo
atenuando a hipertensão nos animais 2R1C, a pressão arterial sistólica se manteve
elevada após o tratamento com doxiciclina. O aumento da expressão da MMP-2
(por imunomarcação) coincide com o aumento da atividade gelatinolítica observada
nos ratos 2R1C, sugerindo a possível contribuição desta gelatinase no aumento da
proteólise observada nestes animais. Dessa maneira, a doxiciclina pode não atenuar
significativamente as concentrações da MMP-2 no tecido, mas pode ter inibido sua
atividade sugerindo a contribuição desta protease nas alterações morfofuncionais
associadas à hipertensão 2R1C.
Aumento de MMP-2 cardíaca foi observado em outros estudos com diferentes
modelos de hipertensão como, ratos Dahl sensíveis ao sal e SHR (Mujumdar, Smiley
et al. 2001; Iwanaga, Aoyama et al. 2002). Esses estudos encontraram resultados
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Discussão 90
semelhantes ao nosso mostrando que a MMP-2 aumentada pode estar associada ao
remodelamento cardíaco (Iwanaga, Aoyama et al. 2002) e na disfunção da
contratilidade cardíaca (Mujumdar, Smiley et al. 2001). Além disso, em animais
“knockouts” para MMP-2 foi mostrado que a supressão desta gelatinase atenuou a
hipertrofia cardíaca associada à coarctação de aorta (Matsusaka, Ide et al. 2006),
sugerindo a participação da MMP-2 para a HVE.
Existem evidências da contribuição das MMPs, incluindo MMP-2, na
progressão da hipertrofia cardíaca. Foi mostrado que a MMP-2, dentre outras MMPs,
aumentam progressivamente acompanhando a evolução do remodelamento
cardíaco para insuficiência cardíaca em animais hipertensos (Mujumdar and Tyagi
1999; Peterson, Hallak et al. 2001; Iwanaga, Aoyama et al. 2002). Um outro estudo
avaliou os efeitos de um inibidor de MMPs não seletivo (PD166793), em animais
SHR. Os autores observaram que a inibição das MMPs, incluindo MMP-2, impediu a
progressão do remodelamento cardíaco, mas não reverteu as alterações cardíacas
encontradas antes do tratamento nos animais SHR (Peterson, Hallak et al. 2001).
No nosso estudo, os animais 2R1C apresentaram características de
hipertrofia adaptativa devido ao aumento na espessura da parede ventricular
esquerda e aumento na contratilidade cardíaca. Por isso, nosso resultados mostram
que o aumento da MMP-2 está presente desde a hipertrofia cardíaca adaptativa e
que a inibição das MMPs na fase adaptativa do remodelamento favorece a
regressão ou atenuação deste remodelamento cardíaco.
Em conjunto aos nossos resultados, as evidências sugerem que a inibição
das MMPs pode ser uma possível estratégia terapêutica para tratar da hipertrofia
cardíaca secundária à HAS.
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Discussão 91
Os efeitos associados ao tratamento com doxiciclina são semelhantes à
recentes resultados obtidos em nosso laboratório em aortas de animais 2R1C
(Castro, Rizzi et al. 2009). Foi observado que esse inibidor de MMPs preveniu
completamente as alterações na aorta de ratos associadas a um aumento de MMP-2
em animais 2R1C, mesmo a pressão arterial sendo parcialmente reduzida (Castro,
Rizzi et al. 2009). Em conjunto aos resultados do presente estudo, estes achados
sugerem que as MMPs, especialmente MMP-2, participam do remodelamento
cardiovascular associado à hipertensão renovascular 2R1C.
Como comentado anteriormente, a doxiciclina é uma ferramenta
farmacológica de grande interesse para o tratamento de doenças cardiovasculares,
pois seu uso como inibidor de MMPs já é aprovado pelo FDA. Neste sentido, vários
estudos foram realizados com doxiciclina avaliando seus efeitos sobre o aparelho
cardiovascular (Griffin, Jinno et al. 2005; Tessone, Feinberg et al. 2005; Garcia, Go
et al. 2007; Schulz 2007; Spinale 2007). Este inibidor (30 mg/Kg/dia, v.o.) reduziu a
área de infarto associado a uma melhora na disfunção sistólica de animais (Griffin,
Jinno et al. 2005; Garcia, Go et al. 2007). Em oposição a estes resultados,
doxiciclina (100 mg/Kg/dia, subcutânea) não preveniu o remodelamento ventricular e
prejudicou a hipertrofia adaptativa depois do infarto (Tessone, Feinberg et al. 2005).
Além disso, em outro estudos, doxiciclina (160 mg/Kg/dia, v.o.) acelerou a
progressão para insuficiência cardíaca em ratos sujeitos à coarctação de aorta
(Vinet, Rouet-Benzineb et al. 2008). As discrepâncias encontradas nestes estudos
podem ser devido à dose de doxiciclina administrada. Doses menores (30
mg/Kg/dia) mostram efeitos benéficos, enquanto doses maiores (>100 mg/Kg/dia)
mostram efeitos deletérios. Consistente com esta sugestão, no presente estudo a
doxiciclina (30 mg/Kg/dia) foi efetiva em reduzir as alterações morfofuncionais
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Discussão 92
cardíacas associadas a hipertensão. Devido a importância desta droga para inibição
de MMPs, estes resultados reforçam a necessidade de mais estudos dose-resposta
para avaliar melhor os efeitos produzidos pela doxiciclina.
Existem evidências sugerindo que além de inibir as MMPs, a doxiciclina pode
atuar como anti-inflamatório, anti-apoptótico e antioxidante (Lai, Yeh et al.; Golub,
Lee et al. 1998; Webster and Del Rosso 2007). Um aumento na formação de ROS,
inflamação e apoptose estão envolvidos na fisiopatologia da hipertensão, e podem
direcionar a disfunções cardíacas (Grieve and Shah 2003; Touyz and Schiffrin 2004;
Opie, Commerford et al. 2006; Savoia and Schiffrin 2006; Berk, Fujiwara et al. 2007;
Sirker, Zhang et al. 2007). Dessa maneira, estes efeitos adicionais associados à
doxiciclina podem estar envolvidos com os efeitos benéficos desta droga observados
neste estudo.
De maneira geral, nossos resultados sugerem que as MMPs estão envolvidas
no desenvolvimento das alterações cardíacas estruturais e funcionais na hipertrofia
induzida pela hipertensão 2R1C. Assim sendo, fatores responsáveis pela ativação
dessas proteases poderiam contribuir para fisiopatologia da hipertrofia cardíaca
nestes animais.
As MMPs podem ser reguladas em três níveis: (i) expressão do RNAm, (ii)
atividade: através da remoção do propeptídeo inibitório e (iii) inibição por TIMPs
(Visse and Nagase 2003). Entretanto, o mecanismo responsável pelo aumento da
MMP-2 e atividade gelatinolítica nos animais 2R1C ainda não está claro. Como já
comentado na introdução, o estresse oxidativo pode aumentar a atividade das
MMPs indiretamente (aumentando as concentrações de MMPs) e diretamente
(ativando MMPs) (Rajagopalan, Meng et al. 1996; Siwik, Pagano et al. 2001;
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Discussão 93
Martinez, Lopes et al. 2006; Lu, Xu et al. 2008; Castro, Rizzi et al. 2009; Schulz
2009). Isso sugere que EROs poderia contribuir para a ativação das MMPs e as
disfunções cardíacas associadas à hipertensão 2R1C.
Já foi mostrado in vitro (Viappiani, Nicolescu et al. 2009) que a incubação de
MMP-2 recombinante com diferentes concentrações de OONO- leva ao aumento da
atividade da MMP-2 nas doses de 0,3 -10 µM e à diminuição da atividade desta na
concentração de 100 µM. Quando a glutationa é adicionada, esta parece proteger a
MMP-2 da oxidação. Esse estudo também caracterizou o efeito do OONO- e da
glutationa em um peptídeo de 17 aminoácidos que corresponde à seqüência do
propeptídeo da MMP-2 que contém o sulfidril, e mostrou que este se oxida e
também sofre glutationação. Essas formas da MMP-2 modificada por OONO- e
glutationa não foram ainda descritas na hipertensão, e se encontrados nessa doença
podem talvez, ser marcadores do estresse oxidativo no tecido. Nossos resultados
mostraram apenas o estresse oxidativo no coração e sua associação com o
aumento da atividade gelatinolítica, mas futuros estudos do nosso grupo abordarão
a caracterização das formas da MMP-2 encontradas no coração e aortas de animais
hipertensos.
Em relação ao exposto acima, nosso estudo foi o primeiro a mostrar que os
tratamentos com tempol e apocinina atenuaram as alterações cardíacas associadas
à hipertensão, em paralelo a uma redução da atividade gelatinolitica total.
Tratamentos com tempol e apocinina têm sido amplamente utilizados para avaliar a
contribuição de EROs na hipertrofia cardíaca em diversos modelos experimentais
(Liu, Zhou et al.; Rugale, Delbosc et al. 2007; Alvarez, Caldiz et al. 2008; Chess, Xu
et al. 2008), e assim como observado em nossos resultados, muitos estudos
sugerem importante participação de EROS na fisiopatologia da hipertrofia ventricular
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Discussão 94
esquerda (Liu, Zhou et al.; Zhang, Kimura et al. 2005; Rugale, Delbosc et al. 2007;
Alvarez, Caldiz et al. 2008; Chess, Xu et al. 2008; Stefanska and Pawliczak 2008;
Wang, Shimosawa et al. 2008; Wilcox 2010).
Como descrito anteriormente, um aumento das concentrações de EROs pode
levar a várias das alterações cardíacas observadas na hipertensão. Dentre elas,
podem ser destacadas: a disfunção endotelial, disfunção na contratilidade cardíaca,
a peroxidação lipídica e o aumento da atividade de algumas MMPs (Cai and
Harrison 2000; Griendling, Sorescu et al. 2000; Akki, Zhang et al. 2009; Ceron,
Castro et al. 2010). De acordo com isso, nossos resultados mostraram que os
tratamentos crônicos com antioxidantes reduziram a formação de EROs e
preveniram as alterações estruturais e funcionais, encontradas nos animais
hipertensos, sugerindo, assim, a contribuição de EROs nas disfunções
morfofuncionais cardíacas.
Nossos resultados mostram que os dois tratamentos antioxidantes, com
tempol e apocinina foram igualmente benéficos. Muitos trabalhos descrevem
apocinina como inibidor de NADPH oxidase, e que os efeitos do tempol podem ser
atribuídos à redução de anion O2-., que é o primeiro EROS a ser formado após
ativação da NADPH oxidase, como comentado anteriormente (Touyz and Schiffrin
2004). Embora a atividade de NADPH oxidase e a quantidade específica de cada
EROs formado não foram avaliados neste estudo, nossos resultados sugerem uma
importante contribuição da ativação da ativação de NADPH oxidase para a
hipertrofia cardíaca nos animais 2R1C. Essa sugestão está de acordo com outros
trabalhos em outros modelos de hipertrofia cardíaca (Landmesser, Cai et al. 2002;
Modlinger, Chabrashvili et al. 2006; Murdoch, Grieve et al. 2006; Murdoch, Zhang et
al. 2006; Akki, Zhang et al. 2009)
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Discussão 95
A redução na formação de EROs pelos tratamentos antioxidantes, foi
concomitante à redução na atividade gelatinolítica no VE dos animais hipertensos.
Embora os tratamentos com antioxidantes não afetaram as concentrações de MMP-
2 no tecido, tem sido descrito que EROs pode ativar MMPs mesmo na presença do
propeptídeo. Como descrito na introdução, EROs pode interagir com o grupo tiol
presente no propeptídeo e com o zinco presente no domínio catalítico, assim
resultando na ativação da enzima mesmo na presença do propetídeo (Okamoto,
Akaike et al. 2001; Schulz 2007; Viappiani, Nicolescu et al. 2009). Por isso, nossos
resultados sugerem que os tratamentos com antioxidantes não diminuem a
expressão tecidual da MMP-2 no animais hipertensos, mas possivelmente diminuem
a atividade da MMP-2 (da 72 kDa MMP-2, com seu propeptídeo).
Recentemente, têm sido descrito que a capacidade de inibição das MMPs
pelos TIMPs pode ser perdida na presença dos EROs, como ONOO- ou HOCl
(Frears, Zhang et al. 1996; Brown 2008; Donnini, Monti et al. 2008) favorecendo,
assim um aumento na atividade das MMPs quando EROs está aumentado como
observado nos animais 2R1C não tratados do nosso estudo. Consequentemente,
mesmo se as concentrações de TIMPs estiverem aumentadas na hipertensão
contrabalançando o aumento na atividade das MMPs, esses TIMPs poderiam ter
perdido sua atividade funcional, sendo menos efetivos em inibir as MMPs.
Como já comentado, muitas evidências têm chamado a atenção para
importância das MMPs, especialmente MMP-2, no remodelamento cardíaco
associado a várias doenças que afetam o coração como: isquemia, infarto, HAS ou
outras doenças que aumentem pré ou pós carga cardíaca (Peterson, Hallak et al.
2001; Iwanaga, Aoyama et al. 2002; Spinale 2002; Matsusaka, Ide et al. 2006;
Schulz 2007; Spinale 2007). Em concordância com estes achados, as
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Discussão 96
concentrações de MMP-2 e a atividade gelatinolítica total foram aumentadas nos
animais 2R1C com hipertrofia do miocárdio. Como os tratamentos antioxidantes
reduziram as alterações morfológicas associadas à hipertensão, concomitantemente
com uma redução na atividade das MMPs, nosso resultados sugerem que EROs
poderia aumentar a atividade das MMPs, contribuindo para o remodelamento
cardíaco observado nos animais hipertensos.
Além da matriz extracelular a MMP-2, dentro dos cardiomiócitos, pode
contribuir diretamente para a disfunção cardíaca através da degradação de
proteínas contráteis como miosina de cadeia leve e troponina (Schulz 2007) que
poderia estar implicada na disfunção da contratilidade cardíaca, observada nos
animais 2R1C no presente estudo. Existem evidências de que disfunção cardíaca
por EROs, em modelos animais de isquemia e reperfusão, pode ser devido à
ativação da MMP-2 no miocárdio destes animais (Wang, Sawicki et al. 2002; Wang,
Schulze et al. 2002; Sawicki, Leon et al. 2005). Sendo assim, nosso resultados
mostraram que o tratamento com antioxidantes reverteram completamente as
alterações na contratilidade cardíaca ventricular esquerda, encontrada nos animais
2R1C, paralelo à redução da atividade das MMPs no tecido desses animais.
As disfunções na contratilidade, associadas ao aumento de EROS em
modelos experimentais de hipertensão, podem ser devido a vários mecanismos
como, ativação do receptor mineralocorticóide (Wang, Shimosawa et al. 2008),
redução da biodisponibilidade do óxido nítrico (Moens, Takimoto et al. 2008; Wilcox
2010), e alterações na sinalização intracelular de cálcio(Akki, Zhang et al. 2009).
Nosso estudo, considerando possíveis limitações, pode sugerir que a ativação de
MMP-2 pode ser um possível mecanismo para a disfunção cardíaca associada a
EROs na hipertensão renovascular.
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Discussão 97
Os tratamentos antioxidantes produziram efeitos, tanto na pressão arterial,
como na atividade das MMPs, e por isso, é difícil separar os dois efeitos. Em outros
estudos a inibição da atividade da NADPH oxidase por RNA de interferência, reduz a
pressão arterial em animais após infusão de angiotensina II (Modlinger, Chabrashvili
et al. 2006). Por outro lado, animais knockouts para SOD aumentam estresse
oxidativo e MMP-2 exacerbando a hipertrofia ventricular esquerda após coarctação
de aorta (Lu, Xu et al. 2008). Estes achados, em conjunto, estão de acordo com
nossos resultados mostrando que os dois efeitos, redução na pressão arterial e
redução da atividade gelatinolítica, podem ocorrer quando EROs é diminuído.
Os tratamentos normalizaram a atividade gelatinolítica tecidual, indicando que
efeitos benéficos associados aos tratamentos antioxidantes parecem ser mais
relacionados à inibição das MMPs, do que a redução na pressão arterial. Além
disso, a pressão arterial nos animais 2R1C tratados com doxiciclina ou antioxidantes
foi mantida em níveis elevados e sustentados por oito semanas, induzindo um
aumento significativo na pós-carga cardíaca destes animais. Por isso,
provavelmente os efeitos dos tratamentos são mais associados à redução da
atividade gelatinolítica do que à redução na pressão arterial.
De forma geral, nossos resultados sugerem que as MMPs podem contribuir
para HVE presente nos animais 2R1C. Além disso, o estresse oxidativo pode estar
relacionado com o aumento da atividade das MMPs observado nesse modelo
experimental. Contudo, sugere-se que a inibição das MMPs pode ter efeitos
protetores contra as alterações cardíacas associadas à hipertensão.
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CONCLUSÃO
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Conclusão 99
CONCLUSÃO
1- A análise conjunta destes resultados sugere que as MMPs, especialmente a
MMP-2, participem das alterações cardíacas associadas ao modelo de hipertensão
renovascular 2R-1C.
2- Há fortes evidências de que a redução do estresse oxidativo modula
negativamente o aumento da MMP-2 e das alterações cardíacas observadas neste
modelo experimental.
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REFERÊNCIAS
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Anexos 114
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Anexos 115
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Anexos 122
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Anexos 123
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