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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro A interdisciplinaridade no Ensino Básico Relatório Profissional Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário Carla Sofia Varges de Aguilar Pereira Pedro Cabral Mendes Vila Real, 2017

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A interdisciplinaridade no Ensino Básico

Relatório Profissional

Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

Carla Sofia Varges de Aguilar Pereira

Pedro Cabral Mendes

Vila Real, 2017

ii

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A interdisciplinaridade no Ensino Básico

Relatório Profissional

Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

Nome do candidato

Carla Sofia Varges de Aguilar Pereira

Orientador

Pedro Cabral Mendes

Composição do Júri:

Ágata Cristina Marques Aranha

Cristina Alexandra Marques dos Santos Dias Rebelo Leandro

Pedro Cabral Mendes

Vila Real, 2017

iii

Relatório Profissional apresentado à

Universidade de Trás-os-Montes e Alto

Douro, como requisito para a obtenção do

grau de Mestre em Ensino da Educação

Física nos Ensinos Básico e Secundário,

cumprindo o estipulado no ponto 5 do

artigo 10º do regulamento CRUP da

UTAD, sob a orientação do Professor

Doutor Pedro Cabral Mendes.

iv

Agradecimentos

Dirijo o meu sincero agradecimento ao Professor Doutor Pedro Cabral Mendes que de

uma forma totalmente desinteressada se disponibilizou na orientação deste relatório.

Pela amizade revelada e pelo exemplo ostentado a minha eterna gratidão.

Às colegas Eduarda Cantante e Margarida Estevão pela preciosa colaboração na

implementação do estudo.

Às colegas Lucinda Tinoco, Paula Salvador, Helena Campos e ao Psicólogo Manuel

Paulo Pereira o meu profundo agradecimento pelos diálogos estimulantes e partilha de

ideias para a “construção da escola ideal”.

O agradecimento a todos os colegas de trabalho com quem tive a honra de colaborar ao

longo do meu percurso profissional, pela ajuda, troca de experiências, trabalho em

equipa e companheirismo, os quais contribuíram para a minha evolução, estimulando-

me intelectual e emocionalmente.

À minha família, em especial marido e filho, pelo apoio contínuo, compreensão e

colaboração. A família merece um lugar de destaque pela paciência.

v

...ensinar não é transferir conhecimento, mas criar

possibilidades para sua produção ou sua construção.

(Paulo Freire, 1996, p. 22)

vi

Resumo

A natureza da disciplina de Educação Física é mais abrangente, ao invés do exclusivo

domínio motor que fortemente a carateriza, pelo que o seu currículo apresenta

condições para articular conteúdos com outras disciplinas. Desta forma será possível

delinear-se um trabalho colaborativo entre os docentes das diversas disciplinas que

compõem o currículo do 2º Ciclo do Ensino Básico. Não obstante os diversos

constrangimentos que persistem na ação educativa, desde a formação inicial de

professores até à forma de operacionalizar as metodologias de ensino, as escolas têm

vindo a concretizar projetos de natureza interdisciplinar. Neste âmbito, foram

desenvolvidas algumas experiências educativas que promoveram a interdisciplinaridade,

na Escola Básica de Mira no ano letivo 1998/1999 denominada “Itinerários

Ambientais” e as seguintes no Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho. No ano

letivo 2013/2014, com a participação num projeto designado “Um salto para a

descoberta”. No ano letivo 2014/2015, promoveu-se um projeto designado InterAgir,

que versou sobre a interdisciplinaridade no 2.º ciclo do EB, para o 5.º ano de

escolaridade. No referido projeto foi possível articular as disciplinas de Português,

Educação Física, Educação Musical, Cidadania, Educação Visual e Educação

Tecnológica.

No ano letivo de 2015/16, levou-se a cabo uma experiência interdisciplinar denominada

As Ciências Naturais e a Educação Física, entre as disciplinas de Educação Física e de

Ciências Naturais no 6º ano do ensino básico. Pretendeu-se verificar se a articulação de

conteúdos entre as disciplinas se repercutiu em benefícios no rendimento académico nas

Ciências Naturais. O design experimental contemplou um pré e pós-teste na disciplina

de Ciências Naturais. Os resultados apurados permitem-nos afirmar que o grupo

experimental apresentou uma melhoria significativa entre a aplicação do pré-teste e do

pós-teste.

A articulação interdisciplinar, entre as duas disciplinas deste estudo, poderá ser um

grande contributo para os alunos percecionarem a partilha de conhecimentos e a sua

aplicabilidade em contexto real.

Palavras-chave: Educação Física, Ciências Naturais, Interdisciplinaridade, Ensino

Básico

vii

Abstract

The nature of Physical Education is more inclusive, rather than the exclusively motor

domain that strongly characterizes it, so its curriculum can articulate contents with other

subjects. In this way, it will be possible to outline a collaborative work between the

teachers of the various subjects that compose the curriculum of the second cycle of

primary education.

Despite the various constraints that persist in educational activity, from the initial

training of teachers to the way they operationalize the teaching methodologies, schools

have been putting into practice projects of interdisciplinary nature. In this context, some

educational experiences which promoted the interdisciplinarity were developed in

Escola Básica de Mira in the 1998/1999 school year named “Itinerários Ambientais”

and the Group of Schools of Montemor-o-Velho. In the 2013/2014 school year, with the

participation in a designated project “Um salto para a descoberta”. In the 2014/2015

school year, the “InterAgir” project, which focused on the interdisciplinarity in the

second cycle of primary education for the fifth year of schooling, was promoted. In the

above mentioned project it was possible to articulate Portuguese, Physical Education,

Music, Citizenship, Art and Technological Education.

In the 2015/16 school year, an interdisciplinary experience between Physical Education

and Science named “As Ciências Naturais e a Educação Física” was carried out in the

sixth year of primary education. It was intended to verify if the articulation of contents

between the two subjects brought benefits to the academic performance in Science. The

experimental design included a pre-test and a post-test in Science. The results allow us

to affirm that the experimental group showed a significant improvement between the

application of the pre-test and the post-test.

The interdisciplinary articulation between the two subjects in this study can be a great

contribution for the students to perceive knowledge sharing and its applicability in real

context.

Keywords: Physical Education, Science, Interdisciplinarity, Primary education.

viii

Apresentação

Carla Sofia Varges de Aguilar Pereira iniciou funções letivas a 10/10/1989, com

habilitação suficiente, tem como tempo de serviço 9453 dias até 31 de agosto de 2016,

dos quais 2148 dias são antes da profissionalização. Exerceu funções de docência, com

habilitação suficiente até dia 17 de junho do ano de 1996, data em que concluiu a sua

licenciatura no Curso de Professores do Ensino Básico - Variante de Educação Física,

na Escola Superior de Educação de Coimbra, com a média final de 14 valores. É, até ao

presente ano letivo 2016/2017, docente profissionalizada do Quadro de Nomeação

Definitiva no Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho, no grupo disciplinar 260

e exerce funções neste Agrupamento, na Unidade Orgânica (UO) da Escola Básica

Integrada de Pereira (EBI de Pereira).

Refira-se que a mestranda também exerceu funções na área de Expressão Físico-Motora

do 1.º ciclo do ensino básico (do 1.º ao 4.º ano de escolaridade) e nos 2.º e 3.ºciclos,

onde lecionou a disciplina de Educação Física. No 2.º ciclo ministrou ainda as áreas

curriculares não disciplinares de Cidadania, Formação Cívica, Estudo Acompanhado e

Área de Projeto. Aos alunos de necessidades educativas especiais lecionou a área de

Recreação e Lazer.

No ano letivo 1997/1998, exerceu as funções de apoio educativo no âmbito do modelo

de atendimento a alunos com graves problemas intelectuais, ao abrigo do artigo 77.º, do

Decreto-Lei (DL) 1/98 na Escola C+S José Falcão de Miranda do Corvo.

Foi Presidente da Comissão Executiva Instaladora do Agrupamento de Escolas de Mira,

no ano letivo 1999/2000, exercendo todas as funções de gestão e administração

inerentes ao cargo e consignadas em todos os normativos em vigor.

Desempenhou o cargo de Coordenadora dos Diretores de Turma no ano letivo

2006/2007 na Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de S. Silvestre, representando os

Diretores de Turma no Conselho Pedagógico, nos termos definidos no regulamento

interno.

Exerceu o cargo de Coordenadora de Projetos de Desenvolvimento Educativo em

2007/2008, tendo como funções acompanhar e apoiar a elaboração, a execução e a

avaliação dos projetos da Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de S. Silvestre. Por

inerência de cargo foi membro do Conselho Pedagógico.

ix

No ano letivo 2008/2009 foi Coordenadora de Curso de Educação e Formação na

Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de S. Silvestre, coordenou e acompanhou o processo

de implementação e desenvolvimento do curso; avaliou os resultados do processo de

implementação; articulou atividades com o Conselho de Turma, Conselho Executivo e

Diretor do Curso.

Integrou o grupo de trabalho responsável pela elaboração do Projeto Educativo do

Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho (PE AEMOV), para o triénio 2013-

2017. Após uma análise Swot (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats) de

todos os contextos, identificou-se a nível interno um conjunto de pontos fortes e fracos

(Projeto Educativo AEMOV, 2013-17:34/36), a nível externo um conjunto de

oportunidades e constrangimentos (PE AEMOV, 2013-17:37), definindo-se deste modo

um conjunto de Áreas prioritárias a desenvolver (PE AEMOV, 2013-17:39/52),

estruturadas em dimensões e objetivos estratégicos de intervenção. (PE AEMOV 2013-

17)

Ao longo destes anos de experiência desempenhou por dezassete vezes as funções de

Diretora de Turma, promovendo entre outras tarefas a coordenação, em colaboração

com os docentes da turma, das atividades, conteúdos, estratégias, avaliação e métodos

de trabalho. No âmbito das suas competências proporcionou ainda a articulação entre os

professores da turma, com alunos e com pais e encarregados de educação.

Nos anos letivos de 1992/1993; 1993/1994; 1994/1995; 1995/1996; 1998/1999;

2004/2005 foi representante de grupo ou disciplina, onde coordenou os diversos

departamentos que representou, articulou e coordenou o desenvolvimento das atividades

do grupo disciplinar. Cooperou na elaboração, desenvolvimento e avaliação dos

instrumentos das escolas. Por inerência de cargo foi membro do Conselho Pedagógico.

Nos anos letivos 1989/1990; 1998/1999; 2002/2003; 2004/2005 foi representante do

Desporto Escolar/Coordenadora do Desporto Escolar, articulou e implementou o projeto

nacional do Desporto Escolar com o projeto escolar, no âmbito do projeto educativo de

cada escola/agrupamento. Exerceu ainda Sub-coordenação Técnica do Desporto

Escolar, nos anos letivos de 2014 a 2016 e atualmente é Coordenadora Técnica do

Desporto Escolar do Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho, sendo

responsável por planear e supervisionar a preparação, desenvolvimento e monitorização

de todas as atividades prevista no projeto do Desporto Escolar.

x

No decorrer do seu percurso profissional, foi responsável pelos seguintes grupos equipa

do Desporto Escolar: Futebol de 5 feminino; Ginástica Rítmica; Danças e Ginástica;

Atividades Multidisciplinares. Mais recentemente, nos últimos 10 anos, especializou-se

na modalidade desportiva de ginástica aeróbica e GPT, adquirindo a cédula de

treinadora pela Federação de Ginástica de Portugal. Desde então tem ficado responsável

pelos grupos equipa de Desportos Gímnicos (nas modalidades de ginástica artística,

acrobática e aeróbica) para o 1.º, 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico. Ainda no âmbito do

Desporto Escolar promoveu na Unidade Orgânica da EBI de Pereira as atividades

internas que têm permitido realizar apuramentos para fases distritais e nacionais de

competição em atividades como o Corta-Mato e o MegaSprinter.

Na sua intervenção pedagógica as primeiras experiências educativas de transversalidade

e num contexto de intervenção de matriz multidisciplinar ocorrem com a oferta

educativa, a área escola, no ano letivo de 1998/1999. Nesse ano, colaborou no Projeto

Itinerários Ambientais - Um exemplo de transversalidade. Os alunos participantes no

referido projeto, conjuntamente com os professores das disciplinas de Português,

Francês, Ciências da Natureza, Educação Visual e Tecnológica e Educação Física,

realizaram atividades de âmbito multidisciplinar, das quais se destacou, o roteiro

ambiental de Mira.

No ano letivo 2014/2015 integrou a equipa do projeto Per’Arte, implementado na EBI

de Pereira. O projeto surgiu do encontro de vontades das docentes intervenientes no

mesmo, e dos alunos, que reclamaram um espaço de intervenção cultural mais rico, bem

como de alguns encarregados de educação que se disponibilizaram a colaborar com esta

iniciativa pedagógica, artística e cultural.

xi

Índice Geral

Índice de Figuras ........................................................................................................ xiii

Índice de Tabelas ....................................................................................................... xiv

Lista de Abreviaturas .................................................................................................. xv

Capítulo I ...................................................................................................................... 1

1. Introdução ................................................................................................................. 1

2. Prolegómena ............................................................................................................. 4

Capítulo II..................................................................................................................... 7

1. Interdisciplinaridade .................................................................................................. 7

1.1. Retrospetiva histórica ............................................................................................. 7

1.2. Delimitação Concetual ......................................................................................... 10

1.3. A Escola e a Interdisciplinaridade pedagógica ...................................................... 14

1.4. Interdisciplinaridade no ensino em Portugal ......................................................... 23

1.5. Metodologias ....................................................................................................... 27

1.6. Obstáculos ao trabalho interdisciplinar ................................................................. 33

1.7. Práticas interdisciplinares com a Educação Física ................................................. 35

Capítulo III ................................................................................................................. 41

1. Intervenção educativa no Ensino Básico .................................................................. 41

1.1. Projeto multidisciplinar - Itinerários Ambientais............................................... 41

1.2. Projeto multidisciplinar - Um salto para a descoberta ........................................... 41

1.3. Projeto interdisciplinar e intergeracional - InterAgir ............................................. 42

1.3.1. Objetivos ........................................................................................................... 42

1.3.2. Intervenientes .................................................................................................... 43

1.3.3. Procedimentos ................................................................................................... 43

1.4. Projeto interdisciplinar e intergeracional - InterAgir jogando ................................ 46

1.5. Projeto interdisciplinar - As Ciências e o Coração ................................................ 47

1.5.1. Amostra ............................................................................................................ 47

1.5.2. Instrumentos ...................................................................................................... 48

1.5.3. Procedimentos ................................................................................................... 48

1.5.4. Fases de Intervenção ......................................................................................... 48

1.5.5. Análise Estatística ............................................................................................. 49

1.5.6. Apresentação de resultados ................................................................................ 50

1.6.7. Discussão e Conclusões ..................................................................................... 51

xii

2. Considerações finais................................................................................................ 52

Bibliografia ................................................................................................................. 54

Anexos........................................................................................................................ 69

xiii

Índice de Figuras

Figura 1. Convite para a dramatização---------------------------------------------------------44

Figura 2. Ensaio da peça musical---------------------------------------------------------------44

Figura 3. Cenário da sala-------------------------------------------------------------------------45

Figura 4. Cenário do exterior--------------------------------------------------------------------45

Figura 5. Jogo do Ouri ---------------------------------------------------------------------------46

Figura 6. Jogo do galo----------------------------------------------------------------------------46

xiv

Índice de Tabelas

Tabela1. Valores da média, desvio padrão e coeficiente de variação dos alunos do grupo

de controlo e experimental, relativos às classificações obtidas no pré e pós-teste de

Ciências Naturais.---------------------------------------------------------------------------------50

Tabela 2. Resultados das one-way ANOVAS entre o grupo de controlo e o experimental

para a variável dependente, teste de Ciências Naturais, no pré e pós-teste. .-------------51

Tabela 3. Resultados das ANOVAS com medidas repetidas entre o pré e pós-teste, para

o grupo de controlo e experimental, na variável dependente, teste de Ciências Naturais.-

-------------------------------------------------------------------------------------------------------51

xv

Lista de Abreviaturas

AE- Área-Escola

AEMOV- Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho

AP- Área de Projeto

CNE- Conselho Nacional de Educação

CN- Ciências Naturais

DGE- Direção Geral de Educação

DL- Decreto-Lei

EBI- Escola Básica Integrada

EF- Educação Física

ESEC- Escola Superior de Educação de Coimbra

EA- Estudo Acompanhado

FC- Formação Cívica

LBSE- Lei Bases do Sistema Educativo

OCNEM- Orientações curriculares para o Ensino médio

PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais

PE- Projeto Educativo

SCMP- Santa Casa da Misericórdia de Pereira

UO- Unidade Orgânica

UNESCO- Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

1.º CEB- Primeiro Ciclo do Ensino Básico

2.º CEB- Segundo Ciclo do Ensino Básico

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Capítulo I

1. Introdução

O papel que o professor desempenha na implementação das suas práticas pedagógicas é

um dos fatores relevantes no processo ensino aprendizagem, contribuindo para o

enriquecimento dos conhecimentos, para a formação pessoal e social de cada um dos

alunos. Tal como é referido no relatório da UNESCO, a Comissão Internacional sobre

educação para o século XXI (Delors, 1996) atribui particular relevância educativa a

quatro pilares base, “aprender a viver juntos”, “aprender a conhecer”, “aprender a fazer”

e “aprender a ser”.

A inquietação profissional vai aumentando ao percecionar as mudanças políticas,

sociais, económicas, tecnológicas e desafios que o ensino tem vindo a sofrer. Outros

países da Europa e do Mundo passam por este problema, com desafios e dificuldades

muito semelhantes aos de Portugal. Só o diálogo, a concertação e os comportamentos

comuns podem ajudar a solucionar esta problemática. A preocupação centra-se na

motivação dos alunos com práticas letivas cativantes e apelativas, procurando deste

modo “construir” escolas onde se aprenda melhor.

Na sessão de abertura das conferências sobre que currículo para o Séc. XXI, Bettencourt

(2010) alude à necessidade de se repensar a escola de modo a torná-la capaz de formar

cidadãos aptos a compreender o mundo que os rodeia e a participar plenamente na

sociedade. Continua afirmando que (…) há hoje um novo mandato para a escola, mais

centrado na organização das aprendizagens do que na transmissão dos conteúdos, o

que implica uma evolução nos paradigmas curriculares que teremos de considerar

(2010, p.5). Pretende-se com a implementação de práticas interdisciplinares

corresponder aos apelos que as constantes mudanças da sociedade assim o solicitam,

procurando contribuir para a modificação de atitudes e de práticas educativas.

Conhecendo a realidade educativa e todos os constrangimentos que se debatem na

escola de hoje, procura-se criar novos desafios profissionais, sendo que, para tal, cada

docente deve sair da sua zona de conforto para quebrar a barreira individualista do

trabalho.

2

A disciplina de Educação Física, apesar da sua vertente direcionada para o trabalho

motor, agrega conteúdos que permitem a aplicabilidade de práticas pedagógicas com as

restantes disciplinas que compõem a matriz curricular do segundo ciclo do ensino

básico. A inclusão da disciplina de EF em projetos interdisciplinares, poderá ser um

fator importante na promoção das aprendizagens, levando a reflexões sobre a melhor

forma de adotar novas práticas pedagógicas e renovar a intervenção pedagógica.

A este propósito, John Dewey, no seu programa de reflexão filosófica onde congrega a

experiência moral, a experiência religiosa, a experiência cognitiva, a experiência

estética e a experiência educativa, interroga-se sobre a sua intervenção pedagógica

(Galvão, 1998, p.130).

Este mesmo filósofo, quando questionado por um palestrante sobre o peso da

experiência profissional, terá respondido que um docente com muitos anos de prática

não significa, por si só, que esse tempo de serviço seja de qualidade.

Conferencista: “mas eu sei muito mais disso do que o senhor porque eu tenho

vinte e cinco anos de experiência e o senhor não tem experiência nenhuma.” E

o John Dewey respondeu-lhe: “mas o senhor tem mesmo vinte e cinco anos de

experiência ou tem um ano de experiência repetido vinte e cinco vezes?”

(CNE, 2010, p.65)

Essa mesma reflexão tem sido uma constante na vida profissional de muitos professores

que, procurando diversificar e inovar a ação pedagógica ano após ano, tentam evitar a

replicação e o reducionismo das práticas educativas.

A primeira parte deste trabalho enquadra a temática em estudo, apresentando uma breve

análise histórica, bem como a delimitação concetual do termo interdisciplinaridade.

Adicionalmente analisa-se a escola e a interdisciplinaridade pedagógica, aborda-se

ainda a interdisciplinaridade no ensino em Portugal, socorrendo-se para o efeito dos

normativos legais do sistema de ensino. A revisão da literatura encerra com a análise de

diversas metodologias relacionadas com o tema e a referência a diversas práticas

integradas no ensino.

Na segunda parte são apresentadas algumas experiências educativas realizadas durante

os anos letivos de 2013/2014, de 2014/15 e de 2015/16, no Agrupamento de Escolas de

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Montemor-o-Velho. A primeira, “Um salto para a descoberta”, foi direcionada para o

1.º ciclo do Ensino Básico e teve uma natureza interdisciplinar. No ano letivo seguinte,

a mestranda dinamizou na Escola Básica Integrada de Pereira, um projeto

interdisciplinar e intergeracional, InterAgir no contexto do currículo do 2.ºCEB. Mais

recentemente, concretizou-se uma experiência educativa no 6.º ano de escolaridade,

onde se articulou conteúdos, entre a disciplina de Educação Física (EF) e a disciplina de

Ciências Naturais (CN).

Estas práticas interdisciplinares, que requerem mudanças e inovações didáticas ao nível

da sala de aula, podem levar o seu tempo, uma vez que “obrigam” a pensar e agir de

uma forma mais holística e integrada. As instituições escolares e toda a comunidade

educativa estão habituadas a adaptar-se aos normativos emanados pela tutela, não tendo

por vezes condições para encontrar a tal capacidade interna de mudança (das escolas

como organizações, dos indivíduos e dos grupos). Nesta conjuntura pós-moderna,

defende-se que as organizações com futuro serão aquelas que tenham capacidade para

aprender (Bolívar, 2000). Em sintonia com o exposto, está criado o modelo de

autoavaliação interna e externa das escolas que tem por objetivo estimular a melhoria

contínua das escolas pela identificação dos pontos fortes, fracos, oportunidades e

constrangimentos, definindo-se as áreas de intervenção prioritárias.

Espera-se com este modesto contributo valorizar iniciativas de natureza interdisciplinar

junto da comunidade educativa. Este tipo de práticas podem enriquecer a intervenção

pedagógica, cativando a vontade de aprender de cada um e atribuindo significado às

aprendizagens.

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2. Prolegómena

Importa antes de aprofundar a temática deste relatório, a interdisciplinaridade, refletir

sobre o papel da Educação nos dias de hoje. Vive-se um consenso generalizado sobre a

enorme relevância e complexidade desta atividade humana (Libâneo, 1992, 1993,

Saviani, 1996; Brandão, 1992; Mazzotti, 1994; Freitas, 1987; Carvalho, 1988 p.8). É,

por um lado, complexa, porque está presente numa confluência em que se apresentam

diversos interesses humanos. É, por outro lado, importante, visto que ela contribui para

a formação humana (Silva, 2000, p.404).

No livro branco americano, criado em 1997 para a educação, está descrito que a

educação é um investimento vital no capital humano para o séc. XXI, alertando-se para

a necessidade da educação ser ampla, flexível e motivadora (Robbinson, 1999). Por sua

vez, o livro branco para e educação e formação da Comissão Europeia de 1995 define os

três "choques motores" que a sociedade europeia enfrenta: a mundialização das trocas, o

advento da sociedade da informação e a aceleração da revolução científica e técnica.

Nesta obra, são ainda propostas formas de superar alguns dos problemas da educação.

Em linha com o descrito, o relatório da UNESCO (1996, p.20) considera a Educação

como um “tesouro a descobrir”, não deixar por explorar nenhum dos talentos que

constituem como que tesouros escondidos no interior de cada ser humano. Memória,

raciocínio, imaginação, capacidades físicas, sentido estético, facilidade de

comunicação com os outros, carisma natural (…). A educação é missão de toda a

sociedade e esta deve aprender a valorizar e a cuidar da educação como seu património

imaterial. (Cabrito, Fernandes, Silva, Lopes, Ribeiro & Carneiro, 2015, p.6)

A organização do trabalho escolar desde os níveis mais baixos da escolaridade até ao

ensino superior está estruturada por disciplinas que funcionam de modo relativamente

independente, sendo a organização curricular fragmentada e desarticulada. Na estrutura

que o ensino assume, os programas nacionais definidos são enquadrados no

funcionamento uniforme da escola e cada professor das diversas disciplinas procura a

aquisição de aprendizagens cumprindo o currículo definido. O conceito de currículo é

entendido por Roldão como “o conjunto de aprendizagens que, por se considerarem

socialmente necessárias num dado tempo e contexto, cabe à escola garantir e

organizar(...)” (1999, p. 24). Sobre este propósito, Edgar Morin numa entrevista recente

(2016) alerta para os malefícios da excessiva especialização do ensino:

5

A fragmentação e compartimentação do conhecimento em disciplinas não

comunicantes tornam-nos inaptos a perceber e conceber os problemas

fundamentais e globais. A hiperespecialização destrói o tecido complexo do

real, o primado do quantificável oculta as realidades afetivas dos seres

humanos.

Contrariamente ao que acontece no sistema de ensino Português, a construção do

currículo deveria ser objeto de processos participados de decisão-ação-avaliação, onde

existisse uma articulação coerente, inovadora, dinâmica, em constante evolução para

obtenção de aprendizagens e competências (Alonso, 1996).

Propõe-se, deste modo, uma perspetiva de currículo que melhore significativamente a

qualidade da educação oferecida pela escola a todos os alunos e que promova a

mudança. Esta visão mais integrada e sistémica das dimensões, desenvolvimento

curricular, desenvolvimento organizacional da escola e desenvolvimento profissional

dos professores, pode materializar esse salto qualitativo de que a escola precisa.

6

7

Capítulo II

1. Interdisciplinaridade

1.1. Retrospetiva histórica

Desde a Antiguidade que os filósofos pretendem identificar e definir o conhecimento.

Aristóteles, por exemplo, distinguia duas formas: o nous (noesis, noos, intelecto,

cognição, pensamento) e a dianóia (através do pensamento). A primeira refere-se a um

conhecimento imediato, instantâneo e global, traduzido para o latim como intuição e o

segundo termo designa o conhecimento como processo (Martino & Boaventura, 2013,

p.4). Dito de outro modo, a conjugação destas duas vertentes indica formas que

complementam o alcance do conhecimento.

O princípio do conhecimento para Sócrates é o “conhecimento de nós próprios”, pois

quando este é aplicado tem-se a perceção daquilo que verdadeiramente se conhece e

esse autoconhecimento leva à condição de interdisciplinaridade porque (…) Conhecer a

si mesmo é conhecer em totalidade, interdisciplinarmente. Para Sócrates, a totalidade

só é possível pela busca da interioridade (Fazenda, 1999, p.15). Pode supor-se que a

aplicação deste princípio de Sócrates seria a procura da interdisciplinaridade de

conhecimentos.

Na Idade Média assiste-se à divisão do conhecimento em dois domínios: o trivium que

congregava a gramática, a retórica e a dialética; e o quadrivium que reunia a aritmética,

a geometria, astronomia e a música, que juntos materializavam os programas de um

ensino integrado, tanto na área das Letras como das Ciências. Martino e Boaventura

(2013, p.5) constatam que “a repartição em disciplinas e a especialização do

conhecimento são caraterísticas do conhecimento científico.”

Também na filosofia cartesiana se defende a existência de dois mundos, o da matéria e o

da mente, sendo que a mente se encontra no “eu”, isto é, no conhecimento de nós

mesmos e a matéria como algo sem vida, exterior a nós. Segundo Descartes (1637), no

discurso sobre o método científico, deveria haver a fragmentação do objeto a conhecer.

Porém, há quem considere que a racionalidade científica desnatura a natureza e

8

desumaniza o homem, (Gusdorf, 1996, p.19), poderá ter sido este o mal do

conhecimento científico, ao separar os diferentes saberes entre si no currículo.

Conforme se pode constatar, o currículo dividido em disciplinas e a consequente

fragmentação do conhecimento foi sendo aplicado ao longo dos séculos. Observa-se no

entanto que a evolução e descoberta do conhecimento, levou à tomada de iniciativas que

tendiam à sua desfragmentação. Na segunda metade do Séc. XX, o desenvolvimento da

epistemologia e a rutura das fronteiras entre as complexas áreas do conhecimento

levavam cientistas e filósofos a considerar a unidade essencial dos diversos campos

científicos e temas. Diante deste mundo globalizado, que apresenta muitos desafios ao

homem, a educação tem manifestado abertura para o surgimento de alternativas aos

modelos tradicionais para o ensino.

Para Fazenda (2011, p.18) começa a surgir na Europa, nos anos 60, o movimento pela

interdisciplinaridade através de Gusdorf, tendo partido deste autor a primeira proposta

de um projeto interdisciplinar que em 1968 deu entrada na Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Propôs ainda a unificação

das ciências humanas, a partir da aproximação das diversas disciplinas de humanidades

que compartilham o mesmo objeto de estudo – o homem a base epistemológica da

interdisciplinaridade.

Nas décadas seguintes, educadores, sociólogos e epistemólogos foram dando

contributos sobre diferentes perspetivas da interdisciplinaridade no contexto

epistemológico e pedagógico (Japiassu 1976; Palmade, 1979; Resweber, 1981; Frigotto,

1993; Jantsch e Bianchetti, 1995; Santomé, 1998; Pombo, 1993, 2005 e Fazenda, 1979,

1991, 1993, 1994, 1995, 1998, 2011).

As abordagens sobre interdisciplinaridade tiveram maior repercussão nos períodos de

1970, 1980 e 1990. Na década 70, foi um momento em que se partiu para uma

construção epistemológica da interdisciplinaridade caraterizada pela procura de uma

explicitação filosófica. Os investigadores, ao procurarem uma definição de

interdisciplinaridade focaram-se fundamentalmente na explicitação terminológica que

implicava a compreensão da palavra "interdisciplinaridade", nos seus aspetos

semânticos e ortográficos. Tal acontecimento levou a que este período de tempo fosse

abusivamente considerado como a década da definição conceitual.

9

Os anos 80 caraterizaram-se pela tentativa de explicitar as contradições epistemológicas

decorrentes da construção do período anterior, mais direcionado para a procura de uma

matriz sociológica. Deste modo, foi possível conferir robustez científica a um método

capaz de concretizar a interdisciplinaridade na educação. O movimento da história da

ciência na década de 1980 foi um movimento de procura epistemológica do teórico, do

abstrato, a partir do prático e do real.

Na década de 1990, constrói-se uma nova epistemologia, própria da

interdisciplinaridade em busca de um projeto antropológico. É a fase da revisão atual do

conceito de ciência em que há a exigência de uma nova consciência. Passou-se a viver a

interdisciplinaridade das mais inusitadas formas. Em linha com o descrito, as

preocupações com a interdisciplinaridade foram variando ao longo das décadas e

atribuídas naturezas de abordagem diferentes. Conforme refere Fazenda (2008), num

estudo por ela realizado sobre a didática e interdisciplinaridade, entre as principais

preocupações dos anos 70 destacavam-se as de natureza filosófica; nos anos 80 a

diretriz mais marcante foi a sociológica e, nos anos 90, caminha-se para a necessidade

de um projeto antropológico.

Verifica-se em 2011, passados trinta anos, que a Teoria da Interdisciplinaridade tem

registado nos diversos centros de pesquisa de todo o mundo (Canadá, França, Estados

Unidos da América, Bélgica e Brasil) um espólio de quase cinco mil pesquisas. Uma

produção teórica muito rica, no entanto difícil de ser implementada porque ainda se

atribui importância à aquisição de conteúdos. No Canadá e nos Estados Unidos, essas

pesquisas têm sido fundamento das Reformas Educacionais e os efeitos já se fazem

sentir no acompanhamento dos seus resultados e nas formas diferenciadas de

intervenção. “No Brasil, infelizmente, elas ainda não são muito conhecidas, o que reduz

o produto a algumas experiências, dispersas em alguns sistemas públicos municipais e

em certas instituições particulares” (Fazenda, p.20, 2011).

Seguindo o conselho de Pombo (2003) a escola e a universidade, através dos seus

regimes curriculares e metodologias de trabalho, devem defender perspectivas

transversais e interdisciplinares, acompanhando a inteligência interdisciplinar da ciência

contemporânea, mesmo que esta tenha seguido um modelo de especialização.

10

1.2. Delimitação Concetual

Como explica Pombo (2003, p.1), “definir interdisciplinaridade não é de todo uma

tarefa fácil e aplicá-la torna-se ainda mais difícil.” Também Jantsch e Bianchetti (1993)

afirmam que interdisciplinaridade não é um conceito unívoco. Para Fazenda, também

não é único e estável tentar definir interdisciplinaridade já que o mesmo vai contra o

próprio movimento. Existem ainda mais três conceitos, mais ou menos equivalentes

(pluri, multi e transdisciplinaridade), que estão muito gastos e banalizados e que não

têm fronteiras estabelecidas (Pombo 2005, p.4).

Apenas por estas três alusões ao termo pode observar-se que atribuir-lhe um significado

preciso não será tarefa fácil. Em linha com o descrito, Japiassu (1976), foi o primeiro

investigador brasileiro a escrever sobre o assunto, no seu o livro, Interdisciplinaridade e

a patologia do saber, onde apresenta os principais problemas que envolvem a

interdisciplinaridade, nomeadamente as conceptualizações da mesma. Nas análises

empíricas de Japiassu existe uma gradação entre os conceitos disciplina, multidisciplina,

pluridisciplina e transdisciplina.

O mesmo autor identifica quatro níveis progressivos, que vão da multidisciplinaridade,

passam pela pluri e interdisciplinaridade e chegam à transdisciplinaridade. Passa-se à

definição destes termos polissémicos e que desafiam o mesmo terreno.

De acordo com Rosamaria Andrade (2013), o termo inter/disciplinar/idade deriva da

palavra primitiva disciplinar (que diz respeito à disciplina), por prefixação (interação

recíproca, comum) e sufixação (dade - qualidade, estado ou resultado da ação).

A raiz disciplina refere-se à ordem conveniente a um funcionamento regular, poderá

também ser utilizada quando se define um conjunto de normas que valorizam a

disciplina na formação pessoal. Originariamente significava submissão ou subordinação

a um regulamento superior. Disciplina está subjacente ao ramo do saber “matéria”

(campo de conhecimento determinado que se destaca para fins de estudo) tratada

didaticamente, com ênfase na aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento de

habilidades intelectuais.

Num estudo de Souza-Silva e Blascovi-Assis (2010, p. 2) encontra-se que Japiassu

(1976) afirma que “interdisciplinaridade é uma axiomática comum a um grupo de

11

disciplinas conexas e definidas no nível hierárquico imediatamente superior, o que

introduz noção de finalidade.” Para o mesmo autor (1976), interdisciplinaridade é um

método capaz de fazer com que duas disciplinas interajam entre si. Tal interação pode

dar-se a partir da simples comunicação das ideias até a integração de conceitos,

epistemologia, terminologia, metodologia, procedimentos, dados e organização da

pesquisa.

Complementando estes conceitos e recorrendo a Pombo (2003), os dois primeiros

conceitos de multi e pluridisciplinar (que no seu entender são únicos

epistemologicamente) são paralelos porque acontecem quando um tema é abordado por

diversas disciplinas mas sem relação direta entre elas. Por outro lado, a convergência e a

complementaridade de duas ou mais disciplinas, permite relacionar os seus conteúdos,

aprofundando o conhecimento. Neste particular, está-se na presença de uma nova

dimensão, a interdisciplinaridade. A transdisciplinaridade refere-se ao ponto de fusão e

unificação de algo, em que a perspetiva holística (como um todo) aparece, acabando

assim com a convergência. Esta abordagem é mais complexa, a divisão por disciplinas

desaparece e por conseguinte deixa de haver a fragmentação do conhecimento.

No seguimento deste enquadramento concetual, sugere-se a seguinte proposta de

delimitação das dimensões em análise (Andrade, 2013):

1. Multidisciplinar: modelo fragmentado em que há justaposição de disciplinas

diversas, sem relação aparente entre si;

2. Pluridisciplinar: quando se justapõem disciplinas mais ou menos vizinhas

nos domínios do conhecimento, formando-se áreas de estudo com conteúdos

afins ou coordenação de área, com menor fragmentação;

3. Interdisciplinar: com nova conceção de divisão do saber, frisando a

interdependência, a interação, a comunicação existentes entre as disciplinas e

buscando a integração do conhecimento num todo harmónico e significativo;

4. Transdisciplinar: quando há coordenação de todas as disciplinas num

sistema lógico de conhecimentos, com “livre trânsito” de um campo de saber

para outro.

Ainda no que se refere ao conceito de interdisciplinaridade, pode seguir-se as

referências da abordagem histórico-cultural apresentadas por Bianchetti e Jantsch

12

(1995), na obra, Interdisciplinaridade: para além da filosofia do sujeito, estes autores

apresentam uma perspectiva fundamentalmente associada ao materialismo histórico e

dialético, que compreende a interdisciplinaridade como um princípio mais de natureza

epistemológica do que metodológica ou didática, situada, portanto, no campo da

racionalidade humana. Já Frigotto (1995) considera a interdisciplinaridade como um

princípio que no plano científico e educacional se manifesta tanto como necessidade

quanto como problema. Com este pensamento a interdisciplinaridade como necessidade,

funda-se no caráter dialético da realidade social que é ao mesmo tempo una e diversa na

natureza intersubjetiva de sua apreensão.

Esta iniciativa teve o intuito de enfrentar o aparecimento de inúmeras especializações,

propondo deste modo a criação de uma mentalidade interdisciplinar que travasse a

exacerbação do especialismo, tão frequente na investigação.

O conceito de interdisciplinaridade formulado por Gusdorf (1976) enaltece a sua

importância na construção do conhecimento pois considera que é um processo em que a

integração de conteúdos disciplinares e o trabalho colaborativo dos professores no

sentido de superar a fragmentação do ensino é uma mais valia para a formação integral

dos alunos. Se se quiser avançar para um currículo interdisciplinar, tem que se começar

a pensar de uma forma mais holística e integral, isto é, ver o todo, não pelo simples

somatório das partes que o compõem, mas pela perceção de que tudo sempre está em

tudo, permitindo que o pensamento ocorra com base no diálogo entre as diversas áreas

do saber.

Segundo Lenoir (1998), as opções epistemológicas para a interdisciplinaridade escolar

têm-se caracterizado ora pelo estabelecimento de conexões entre duas ou mais

disciplinas (abordagem relacional), ora pelo estudo de conceitos ou temas de banda

larga, valorizando a substituição do conhecimento dividido em disciplinas por uma

unidade do saber, por uma temática (abordagem radical). Em termos epistemológicos, o

conceito de interdisciplinaridade pode ser considerado como uma forma de cooperação

entre várias disciplinas, que contribuem para a realização de um objetivo comum e que,

através da sua associação, promovem novos conhecimentos, sendo que a conceção mais

comum é de que a interdisciplinaridade se constitui a partir da integração de conteúdos.

13

A interdisciplinaridade curricular estabelece-se no âmbito administrativo, na construção

do currículo escolar: define o lugar, os objetivos e os programas de cada disciplina. A

interdisciplinaridade didática compreende a planificação do trabalho interdisciplinar a

ser realizado, aproximando os planos específicos de cada disciplina de modo que os

conteúdos possam ser mais facilmente integrados. E, por fim, a interdisciplinaridade

pedagógica, que trata da prática pedagógica interdisciplinar, isto é, aquela que ocorre na

sala de aula.

Em linha com o exposto, a interdisciplinaridade deve ser entendida não somente como

um método integrador, mas também como uma alternativa transformadora para os

paradigmas atuais do conhecimento. Deve ser o veículo para o diálogo entre as ciências,

tecnologias e saberes populares, tornando-se num método produtor de novos

conhecimentos (Leff, 2000).

Existem diversas conceções sobre o significado de interdisciplinaridade e que podem

aparentemente ser divergentes mas importantes. Como descreve Leis (2005, p.6), um

exemplo disto é a classificação proposta por Lenoir & Hasni (2004), que distingue três

conceitos de interdisciplinaridade, que se constituem em verdadeiros movimentos

impulsionadores da mesma. Um primeiro, associado à cultura cientifica francesa, fixado

em dimensões epistemológicas dos saberes disciplinares e na racionalidade científica,

que pode ser qualificado de lógico racional, centrado na busca de significado (abstrato).

Na França, a tradição da interdisciplinaridade deriva do Renascimento e do Iluminismo

e surge da luta contra o obscurantismo. Esta interdisciplinaridade possui um caráter

reflexivo e crítico que pode estar orientado para a unificação do saber científico ou

também para um trabalho de reflexão epistemológico sobre os saberes disciplinares. Um

segundo, associado à cultura científica norte-americana, de tipo metodológico, que

remete para uma preocupação marcada pela lógica instrumental, orientada para a busca

da funcionalidade social (portanto, profissionalizante). E um terceiro, associado a uma

cultura científica brasileira emergente, que privilegia as dimensões humanas e afetivas,

expressando uma lógica subjetiva dirigida à procura do próprio ser. Dito de outra forma,

a interdisciplinaridade poderá ser entendida como sendo um meio para que os saberes se

tornem num todo, ajudando a formar cidadãos preparados para a vida laboral, não

deixando de parte a necessidade de conhecer a pessoa humana. Esta diferenciação

fundamenta-se em culturas e finalidades diferentes.

14

Não obstante a complexidade que a carateriza, a interdisciplinaridade é uma palavra que

persiste, resiste e reaparece. Ainda não foi possível formalizar um conceito capaz de

unir epistemólogos, filósofos e educadores em torno de um consenso. Quanto à

definição de conceitos, ou de um conceito, para interdisciplinaridade, tudo parece estar

ainda em construção ou, como afirma Leis (2005, p. 7), “a tarefa de procurar definições

finais para a interdisciplinaridade não seria algo propriamente interdisciplinar, senão

disciplinar”.

Para a autora, Fazenda, viver a interdisciplinaridade exige antes de qualquer coisa

pesquisá-la, conhecê-la e definir o que dela se pretende, pois considera isto como

condição sine qua non para compreendê-la e efetivá-la. Não menos importante é

também compreender os campos de ação da interdisciplinaridade (profissional,

científica ou escolar) (Limieira, 2012, p.105)

Em suma, o conceito de interdisciplinaridade pode ter vários significados causando

equívocos tanto na sua compreensão como aplicação, mas como refere Pombo (2003)

temos de alargar o próprio conceito de interdisciplinaridade e avançar para um modelo

em rede, em complexíssima constelação.

1.3. A Escola e a Interdisciplinaridade pedagógica

Pode dizer-se que na escola acontece todos os dias educação, ensino e aprendizagem.

Porém, verifica-se que a atual estrutura educacional, ao estar sedimentada na base de

princípios seculares, tem levado os docentes a uma prática de ensino insuficiente para

uma compreensão significativa do conhecimento. Muitas vezes as intervenções dos

professores não satisfazem os alunos, que perguntam: “por que tenho que aprender

isso?” (Santos, 2002 p.72). A dinâmica da interação é desvalorizada, o professor

planifica determinado conteúdo na expectativa de que os alunos o absorvam recorrendo

à memorização, isto é, aos alunos exige-se a memorização e a reprodução de teorias e

práticas vigentes, sendo “solicitado” o permanecer quietos a ouvir. O professor

“normal” é aquele que segue à risca as regras instituídas, e cujo comportamento é

previsível, por estar dentro das normas. Os alunos preferem a certeza, a repetição dos

modos de dar aulas, porque já as conhecem e sabem todas as maneiras de driblar o

autoritarismo do sistema. Mas a repetição não provoca entusiasmo, pois o encanto está

na novidade.

15

Neste contexto e conforme vaticina Verdasca numa entrevista a Moreira (2013, p.2) os

professores estão acomodados a um registo de “funcionarista”, presos aos normativos

impostos e cultivando um sentido de pertença mais ao ministério (distante) do que às

escolas. Ainda segundo este autor (2013) o professor orienta o exercício da sua

profissão mais para os aspetos laborais administrativos em detrimento dos aspetos

científicos e pedagógicos.

Na prática educativa do quotidiano escolar, os professores “desconsideram” o princípio

holográfico e o princípio da transdisciplinaridade, separando a parte do todo, dando um

tratamento mecânico ao conhecimento, e tal como refere Figueiredo (2016, p.812), o

modelo de escolas dos nossos dias consolidou-se sobre o padrão industrial conferido à

educação. Persistem ainda hoje as pedagogias da explicação e do autoritarismo. Parte da

atual crise da escola deve-se ao choque entre esta persistente visão industrial da

educação, como máquina de introduzir “conhecimentos” na cabeça de quem aprende, e

a civilização do século XXI, cada vez mais social, relacional e de contextos, onde as

tecnologias desempenham um papel chave para reforçar o caráter social e aberto deste

novo século. Por isso, o grande desafio da educação, nos nossos dias, é o de construir

organicamente a aprendizagem nos contextos culturalmente ricos em atividade e

interação que as tecnologias tornaram possíveis.

Por outro lado, as práticas instrutivistas de transmissão de conhecimentos, ditas

pedagogias tradicionais, são as preferidas por aqueles que curiosamente não as deveriam

apreciar – os alunos - que nem sempre recebem bem as novas metodologias acabando

por “preferir” a certeza do conhecido, a repetição das dinâmicas de aula, por vezes a

rigidez conceitual e comportamental (Martins, 2013).

Trabalhar a educação com tal visão faz com que o encanto do aprender e o prazer de

aventurar-se no mundo das ideias se desmorone. A construção de conhecimento,

segundo Morin (1998), apoia-se nos movimentos retroativos e recursivos. O autor atenta

para o facto de que não há uma única maneira de aprender. O processo cognitivo é um

processo complexo, uma vez que o sujeito vê o objeto nas suas relações com outros

objetos ou acontecimentos. As relações cerebrais estabelecem-se entretecendo-se em

teias, em redes. Como observou Machado (1999, p. 138), “a ideia de conhecer

assemelha-se à de enredar”. Os alunos ao serem direcionados para a “construção” de

16

conhecimento, como diz, acaba por criar situações de maior envolvimento dos mesmos

na construção de significados para si (Freire, 1997).

A permanência num contexto de aprendizagem marcadamente instrutivista, torna o

sistema educacional obcessivamente objetivista, racionalista, uniformizador,

burocratizado, economicista e discriminador.

Reconheçamos, a escola não ensina senão uma parte extremamente restrita de

tudo o que constitui a experiência coletiva, a cultura viva de uma comunidade

humana. (Forquin, 1993, p.15)

A escola, de uma forma geral, é ideologicamente favorável às abordagens

interdisciplinares. Contudo, esta intenção de vontade tão frequente no discurso

pedagógico, raramente se materializa no processo educativo, pese embora algumas

tentativas isoladas de aplicação de práticas interdisciplinares.

Em jeito de atrevimento concorda-se com Joaquim Azevedo na sua afirmação:

A educação escolar falhou no cumprimento de várias promessas contidas no

“programa” da modernidade (Azevedo & Alves, 2010, p.7).

Um grande problema da transformação curricular é que a escola é hoje uma das

instituições sociais mais resistentes à mudança. Talvez, em parte, isto se deva ao facto

de serem os professores os únicos profissionais que “nunca saem da escola”. Nela eles

se formam, como os demais profissionais, e nela eles permanecem atuando, repetindo o

mesmo modelo de seus antigos professores e do que aprenderam na formação inicial.

O ato de ensinar assume, nos tempos de hoje, uma complexidade que exige novas

abordagens por parte do docente. Contudo, tal ainda não se verifica na sua totalidade,

uma vez que continuam a existir princípios e concepções de ensino em que são

privilegiadas e valorizadas a reprodução de conhecimento e a memorização de factos,

projetadas para que os alunos adquiram conhecimento de forma passiva. A utilização de

metodologias de ensino diretivas, nas quais o professor e o conteúdo a ser aprendido são

o centro do processo ensino-aprendizagem, acaba por criar barreiras à expressão criativa

do aluno. Nesse sentido, não se resiste à analogia da "pedagogia do cavalo que galopa

para a luzerna e para o bebedouro" de Freinet (2004). Deste modo, este autor alude à

17

difícil tarefa que cabe aos educadores e solicita que não se teime numa pedagogia

cinzenta e desfasada do aluno, mas que se caminhe com empenho e sabedoria:

“O cavalo não está com sede: então troquem a água do tanque!

E, assim, o problema essencial da nossa educação não é de modo algum —

como pretendem hoje nos fazer crer —o "conteúdo" do ensino, mas a

preocupação essencial que devemos ter de fazer a criança sentir sede. Então a

qualidade do conteúdo seria indiferente? Só é indiferente para os alunos que,

na escola antiga, foram treinados a beber, sem sede, qualquer bebida.

Se o aluno não tem sede de conhecimentos, nem qualquer apetite pelo trabalho

que você lhe apresenta, também será trabalho perdido "enfiar-lhe" nos

ouvidos as demonstrações mais eloquentes. Seria como falar com um surdo.

Você pode elogiar, acariciar, prometer ou bater... o cavalo não está com sede!

Se você conseguir transformar assim o clima da sua aula, se você deixar

desabrochar a atividade livre, se souber dar um pouco de calor no coração,

como um raio de sol que desperta a confiança e a esperança, (…) o seu

trabalho renderá cem por cento.

Esse raio de sol é todo o segredo da Escola Moderna. (Freinet, 2004, p.18-22)

Conforme é referido pelo Conselho Nacional de Educação (Diário República, p. 54301)

numa recomendação de 2010 “apesar dos enormes progressos registados na

escolarização da população e na capacidade de criar soluções educativas de qualidade

para cada aluno, o sistema existente é ineficaz na promoção de aprendizagens de

qualidade por parte de todos os alunos, persistindo: dificuldades em lidar com a

heterogeneidade de culturas e de perfis familiares; desigualdades de sucesso muito

vinculadas às desigualdades de origem cultural e socioeconómica que o sistema não se

tem mostrado capaz de atenuar; problemas graves ao nível da acumulação de

dificuldades de aprendizagem; além de acentuadas desigualdades regionais no acesso e

no sucesso”. Mais recentemente, no seu parecer de n.º 5/2016 refere-se também que

(…) estão a ser dados importantes passos que o próprio CNE, o Governo, as escolas e

toda a sociedade deveriam acompanhar, sobretudo no seu impacto na melhoria da

motivação dos alunos e das suas aprendizagens (…) A Finlândia, por exemplo, vai

avançar, no ano letivo de 2016/17, com o ensino por projetos transversais e

multidisciplinares, o ensino por “fenómenos” ou “tópicos”, a nível nacional, após algum

tempo de experimentação gradual.

18

Continua considerando ainda que, na época de transição cultural em que se vive,

existem muitas pequenas dinâmicas que abrem caminhos para que a educação escolar

não corra o risco da desmotivação provocada nos alunos e consequente ganho de

relevância, abdicando para tal de métodos tradicionais e desajustados aos nossos dias.

Como sustenta Figueiredo (2016) os modelos pedagógicos mais recentes, como a

aprendizagem baseada em projetos, a aula invertida, a aprendizagem mista e, mais

ainda, as alternativas educativas de nova geração, que exploram a natureza social dos

ambientes de aprendizagem e a auto-organização dos alunos, colocam grandes desafios

à conceção e exploração de contextos de aprendizagem que garantam os melhores

resultados.

Estão criadas as condições, pelo surgimento de dinâmicas inovadoras nalgumas escolas

do país, para a implementação de projetos e ações em prol de mais e melhor sucesso

escolar. De acordo com o que está legislado, a organização curricular deverá ser mais

flexível e simultaneamente mais rigorosa implicando desta forma que as

Escolas/Agrupamentos se organizem e predisponham a aplicar alguns projetos de

promoção do sucesso escolar. O CNE recomenda que seria mais viável integrar a gestão

flexível do currículo, uma gestão sustentada na mobilização da profissionalidade dos

professores, seja no seu saber, experiência e cooperação para melhorar sempre o seu

ensino, seja num trabalho mais eficaz, desenvolvido em equipa entre os profissionais,

desde a educação pré-escolar até ao ensino superior. O CNE recomenda ainda que se

ouçam os alunos, que tão esquecidos são, e se escute cuidadosamente o muito que têm

para dizer e sugerir, em liberdade, em ordem à melhoria dos processos de ensino e de

aprendizagem.

Face ao descrito urge então, para combater o insucesso e motivar os alunos, já que os

apelos motivados pela evolução tecnológica são maiores, encontrar soluções para

cativar e prender os alunos às aprendizagens, atribuindo-lhes sentido. A massificação da

escola, onde um professor ensina ao mesmo tempo e no mesmo lugar dezenas de

alunos, nasceu com a revolução industrial e chegou ao século XXI, mas as necessidades

dos alunos deste século e as novas realidades introduzidas pelo desenvolvimento

tecnológico e as transformações económicas, sociais e culturais, exigem mudanças.

Como afirma José Pacheco (2016), numa entrevista ao Observador, alusiva às

comemorações dos 40 anos da Escola da Ponte:

19

“Não faz sentido alunos do século XXI terem professores do século XX, com

propostas teóricas do século XIX, da Revolução Industrial.”

Perante o exposto, pode concordar-se com Azevedo (2014, p.1) quando refere, a

educação no futuro precisa de outra escola.

Apresentam-se algumas propostas dessa possível transformação com base no

movimento interdisciplinar. Porém, como advoga Veiga-Neto (1994), este movimento

não pode funcionar como terapêutica para todos os males do ensino. As recomendações

que ora se elencam, procuram construir uma escola mais integralista, dialogante,

inclusiva, desafiante, criativa e universalista. Em suma, uma escola:

1. Onde as disciplinas escolares estudadas permitam que o aluno relacione as partes com

o todo, sem amputação de disciplinas e de cargas horárias, empobrecendo e

desarticulando o plano de estudos. Gusdorf (1974) afirma que a abordagem educativa

seja centrada na criança; uma abordagem educativa que privilegia o sentido de

comunidade; a importância de educar a criança como um todo; a defesa de um conceito

lato de sucesso e de avaliação;

2. Onde exista diálogo ou comunicação, em que os intervenientes num sentido de

cooperação e postura ativa de inter-relação deverão comunicar, onde todos são

reconhecidos, não na sua individualidade, mas na sua singularidade. Ou seja, uma

escola em que cada aluno seja respeitado na sua maneira de pensar e de expressar os

seus desejos e, neles, as suas potencialidades, uma vez que a aprendizagem se organiza

numa estrutura de processo dialético de interlocução;

3. Que desenvolva o compromisso de ir mais além, ou seja, uma escola onde a

descoberta e o prazer de querer saber mais sejam uma constante (Fazenda, 1989);

4. Que se torne num local de passagem como um ambiente de vida, um instrumento de

construção e de acesso do sujeito à cidadania ativa, à criatividade e à autonomia

(Dewey, 1895);

5. Onde se propiciem situações práticas baseadas em situações problemáticas, tendo

como veículo prioritário de ensino a experiência (Dewey, 1979). Em linha com o

20

descrito, Fazenda (2002, p.13) e Follari, (1995) sublinham igualmente a importância de

aliar a teoria à prática no contexto escolar;

6. Onde os alunos contextualizem as aprendizagens e as suas vivências experienciais de

forma a tornar o ensino interessante, permitindo a reflexão que irá resultar em novos

conhecimentos. O aluno deve estar numa verdadeira situação de experimentação, que

seja interessante, em que haja um problema a resolver, que ele possua os conhecimentos

para agir diante dessa situação e que tenha a hipótese de testar as suas ideias;

7. Onde o aluno adquira comportamentos que estimulem a autoexpressão (livre, crítica,

criativa, consciente), a autovalorização (reconhecimento da própria dignidade), a

corresponsabilidade (iniciativa, participação, colaboração), a curiosidade e a autonomia

na construção do conhecimento. Nesta ótica de pensamento, Cotrim (1989, p. 224)

defende a integralidade do aluno e uma participação mais ativa deste no seu processo de

aprendizagem;

8. Onde se criem projetos diferenciadores e que tenham um contributo pedagógico,

social, inclusivo e económico, capazes de promover o sucesso escolar. Esta preocupação

é assumida pela Direção Geral de Educação (2016), no seu Plano Nacional de Promoção

do Sucesso Escolar (DGE, 2016);

9. Onde as novas tecnologias sejam cada vez mais aplicadas nesta era digital, Siemens

(2006) e Downes (2012) propõem uma nova teoria da aprendizagem para a era digital o

conetivismo, como um processo de descobertas e comunicação de um determinado

ambiente. Os conteúdos apreendidos têm de ser atualizados, relevantes, com significado

(meaning) e contextualmente adequados para que exista a compreensão, a coerência, a

interpretação (sensemaking);

10. Que inclua a cooperação profissional, o desapego em relação a posições

individualistas, o respeito ao tempo e à capacidade de cada um contribuir com o

trabalho coletivo para a realização de atividades interdisciplinares, exigindo dos

professores o trabalho em equipa. Ficou evidenciado que o trabalho individualizado,

com o qual os professores estão habituados, dificulta a colaboração integrativa,

inibindo, portanto, o trabalho interdisciplinar. A interação entre os profissionais torna-se

21

possível num processo de abertura que, sem dúvida, transforma a ação pedagógica de

quem ousa abrir suas fronteiras para o novo e o desconhecido;

11. Onde as portas da sala de aula “sejam abertas”, se construam pontes para todos os

contextos e espaços escolares, de forma a contretizar práticas interdisciplinares. O novo

modelo curricular, de base interdisciplinar, exige uma nova visão de escola, criativa,

ousada e com uma nova conceção de divisão do saber. Neste seguimento, a criança que

compreende a razão que se legitima a aquisição de um determinado conhecimento, terá

mais interesse em adquiri-lo (Dewey, 1979, citado em Carvalho, 2011, p.70).

Robbinson (1999) argumenta que a existência de conexões substanciais e significativas

entre o ensino formal e o criativo e cultural, traz benefícios para o percurso educativo do

aluno;

12. Onde a atitude pedagógica por parte do docente não se limite à condução do

trabalho pedagógico na sala de aula, como sugere Fazenda (2008). Que este se envolva

de maneira participativa e atuante na dinâmica própria dos espaços escolares, procure

ter uma postura investigativa em torno dos problemas educacionais. Acredita, ainda,

Fazenda (2008), que o trabalho docente é impregnado de intencionalidade, pois visa a

formação humana através de conteúdos, habilidades de pensamento e ação, implicando

escolhas, valores e compromissos éticos;

13. Onde o sucesso escolar seja uma realidade para todos os alunos. Como já Zins et al.

(2004) tinham demonstrado, o sucesso escolar é uma construção social, centrada sobre a

escola, em que interferem predominantemente: (i) ambientes seguros e pacíficos; (ii)

relações afetuosas entre alunos e professores, que promovem o desejo de aprender e de

estar na escola; (iii) estratégias de ensino envolventes dos alunos direcionando-os mais

eficazmente para a aprendizagem; (iv) o trabalho em conjunto dos professores e das

famílias e o seu estímulo positivo para as aprendizagens contínuas, geram melhores

resultados por parte dos alunos; (v) alunos mais implicados nos seus processos de

aprendizagem e mais confiantes, esforçam-se mais; (vi) alunos conscientes das tarefas

que lhes são atribuídas e que se apoiam na resolução de problemas, têm níveis mais

elevados de desempenho;

22

Ainda sobre este desígnio de uma escola igualitária e universalista, no recente projeto

Fénix-Mais Sucesso Para Todos, expõem-se algumas orientações que procuram a

dimensão igualitária do ensino, preconizando que sob nenhum pretexto se deve deixar

para trás qualquer aluno, criança, jovem ou adulto (no child left behind). A educação de

qualidade para todos é possível, está a ser desenvolvida, basta incentivar e premiar

todos os que já o fazem, acompanhar e avaliar as dinâmicas existentes, promover novos

incentivos à melhoria contínua da educação que já está em curso e à que se pode

edificar de novo. (Perrenoud, 2001).

É possível e necessário fazermos o luto do fracasso escolar como fatalidade

social, coletiva e individual (Perrenoud, 2001).

Em síntese, para que este novo papel social da educação se cumpra, é preciso rever o

funcionamento da escola, não só quanto a conteúdos, metodologias, avaliações e

atividades, mas também quanto à estratégia de relacionamento com o aluno. A escola

também precisa de mudar a forma de ensinar. Para Ivani Fazenda (1979, p. 48-49), a

introdução da interdisciplinaridade implica simultaneamente uma transformação

profunda da pedagogia, um novo tipo de formação de professores e um novo “jeito de

ensinar”. Desde a gestão ao ambiente físico, tudo precisa de estar conectado, de forma

coerente, para que a este desafio flua entre alunos, professores, pais e comunidade.

Como afirma Japiassu (1979), “o campo de nossas lutas é onde nos

encontramos” e sem duvidar das forças dos professores que apostam no

direito à palavra, continua, "donde termos de aprender a jogar o jogo dos

possíveis, na audácia de tentar atingir os limites dos nossos impossíveis”.

A interdisciplinaridade é um movimento que acredita na criatividade das pessoas, na

complementaridade dos processos, na certeza das relações, no diálogo, na

problematização, na atitude crítica e reflexiva, enfim, numa visão articuladora que

rompe com o pensamento disciplinar, parcelado, hierárquico, fragmentado,

dicotomizado e dogmatizado que marcou por muito tempo a concepção cartesiana de

mundo. Indo além, pode considerar-se hoje que conhecimento e ensino se constituem,

por excelência, como fruto de um esforço interdisciplinar, no contexto de uma

transformação cultural que possa facilitar tal esforço.

23

1.4. Interdisciplinaridade no ensino em Portugal

As bases normativas da educação constituem um elemento indispensável da estratégia

integrada de desenvolvimento cultural, social e económico dos países, funcionando

como um referencial a partir do qual se orientam as políticas educativas. Acresce que as

escolas, em Portugal, regra geral, funcionam ao sabor de políticas nacionais,

uniformizadoras, centralistas, focadas no controlo a priori, que se alteram cada vez que

mudam as equipas ministeriais e elas têm mudado bastante, aliás perto de quarenta anos

de mudanças permanentes. (Azevedo & Alves 2010).

A Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE), Lei n.º 46/86, de 14 de outubro, com as

alterações e aditamentos introduzidos pela Lei nº 49/2005 de 30 de agosto, dita um

espaço normativo para a aplicação de uma metodologia interdisciplinar, conforme é

percetível no seu artigo 50.º,

(…) a organização curricular da educação escolar terá em conta a promoção

de uma equilibrada harmonia, nos planos horizontal e vertical, entre os níveis

de desenvolvimento físico e motor, cognitivo, afetivo, estético, social e moral

dos alunos.

Pese embora a existência deste normativo, o trabalho interdisciplinar ou metodologia de

projeto ainda não teve grande expressão na maioria das escolas. Com a publicação do

Decreto-Lei (DL) n.º 286, de 29 de agosto de 1989 abre-se um caminho para o

desenvolvimento de uma metodologia de projeto uma vez que neste se institucionaliza a

Área-Escola (AE). Procurou-se, com esta iniciativa legislativa, impulsionar a

concretização dos saberes através de atividades e projetos multidisciplinares, articular a

escola com o meio e a formação pessoal e social do aluno, visando o desenvolvimento

de projetos aglutinadores dos saberes. A AE surge como um espaço e um tempo

propícios à realização plena da interdisciplinaridade (Pacheco, 1994). Procurou-se deste

modo promover a ligação entre as várias disciplinas, e, posteriormente, pelo Despacho

142/ME/90, de 17 de agosto, sobre o Plano de concretização da Área-Escola, fornecer

uma adaptação gráfica do seu modelo organizativo e apresentar sugestões de

estruturação desse modelo.

Em 2001, o Ministério da Educação a partir do Decreto-Lei n.º 6/2001 (designado pelo

Decreto da reforma curricular) - Princípios orientadores da organização e da gestão

24

curricular do ensino básico – e do Decreto-Lei n.º 7/2001 – Princípios orientadores da

organização e gestão dos cursos tecnológicos do ensino secundário regular – em 18 de

janeiro, institucionaliza a Área de Projeto (AP), juntamente com o Estudo

Acompanhado (EA) e a Formação Cívica (FC) como áreas curriculares não

disciplinares. Com a publicação deste decreto que estabelece a reorganização curricular,

a Área Escola como componente curricular não disciplinar desaparece e são criadas as

áreas curriculares não disciplinares. Com a AP tentou-se criar um espaço no currículo

para o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar, com ajuda de uma flexibilidade

e abertura dos programas ou materiais de ensino das várias disciplinas. Esta tríade

deveria articular-se de modo a que as diferentes áreas curriculares fossem abertas e

flexíveis, e se encontrassem em torno de diferentes temáticas.

No âmbito da operacionalização das práticas a realizar na AP, caberia aos docentes

dinamizarem com os alunos uma desejável negociação: de um lado, as áreas

programáticas e de outro, os interesses, opções e capacidades dos alunos. Deste modo,

seria possível dar corpo a uma metodologia de ensino assente na perspetiva

interdisciplinar e construtivista, o trabalho de projeto. Esta intenção operativa está bem

plasmada no Decreto-Lei nº 6/2001, 18 de janeiro, art.os

3.º e 5º: “Visa a conceção,

realização e avaliação de projetos, através da articulação de saberes de diversas áreas

curriculares, em torno de problemas ou temas de pesquisa ou de intervenção, de acordo

com as necessidades e interesses dos alunos.”

A efetiva concretização da dimensão interdisciplinar dos saberes escolares e a desejável

contextualização do conhecimento adquirido, exigia que determinados condicionalismos

escolares fossem ultrapassados. Nesta linha de pensamento, Sampaio (2008) no trabalho

que realizou sobre repensar a área de projeto, elenca várias dificuldades sentidas pelos

docentes na operacionalização desta área curricular não disciplinar: 1) a falta de

recursos materiais/económicos da escola; 2) o diminuto empenho que, por vezes, os

alunos e os professores demonstraram na concretização das áreas curriculares não

disciplinares e; 3) as dificuldades sentidas pelos alunos em pesquisar, implicando uma

dificuldade na gestão do tempo. Neste seguimento, numa análise realizada para

encontrar dificuldades na prática interdisciplinar, concluí-se que a mesma necessita de

“pedagogia apropriada, de processo integrador, de mudança institucional e de uma

relação entre disciplinaridade e interdisciplinaridade” (Klein, 2001, p. 110).

25

Recentemente, o Decreto-Lei n.º 18/2011 vem proceder à alteração do referido Decreto-

Lei n.º 6/2001, de 18 de janeiro, que tinha sido alvo de alteração pelos Decretos-Lei n.º

209/2002, de 17 de outubro, n.º 396/2007, de 31 de dezembro, e n.º 3/2008, de 7 de

janeiro, e estabelece os princípios orientadores da organização e da gestão curricular do

ensino básico, bem como da avaliação das aprendizagens e do processo de

desenvolvimento do currículo nacional. O referido diploma promulga a flexibilização da

organização dos tempos letivos, reorganiza os desenhos curriculares dos 2.º e 3.º ciclos

e igualmente elimina a área de projeto do elenco das áreas curriculares não

disciplinares. As áreas ditas não disciplinares, estudo acompanhado e formação cívica

devem ser desenvolvidas em articulação com as áreas disciplinares e constar

explicitamente do projeto curricular de turma.

A nova reforma curricular do Ensino Básico e Secundário foi concretizada com o

Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho, nos princípios orientadores artigo 3.º alínea,

d) estabelece a redução da dispersão curricular e do reforço da carga horária num

conjunto de disciplinas. Apesar da terminologia “disciplinas fundamentais”, presente

no DL revisto ter sido, por este novo decreto, substituída por “num conjunto de

disciplinas”, continua a verificar-se que estes princípios adiam a promoção de uma

equilibrada harmonia dos diversos níveis de desenvolvimento. A terminologia agora

utilizada não específica nem define o limite do conjunto, levando a que se continue a

privilegiar as disciplinas ditas fundamentais e consideradas como sendo as mais

importantes no processo de ensino aprendizagem, já que a carga horária a elas atribuída

continua a ser manifestamente superior.

Torna-se evidente o afunilar da transversalidade do currículo, na educação para a

cidadania como oferta opcional pela escola: alínea m) Reforço do caráter transversal da

educação para a cidadania, estabelecendo conteúdos e orientações programáticas, mas

não a autonomizando como disciplina de oferta obrigatória;

A sobrevalorização da articulação vertical em detrimento da articulação horizontal das

diferentes áreas disciplinares, presente no DL n.º 139/2012, poderá ser minorada com a

autonomia pedagógica e organizativa das escolas na gestão do currículo e uma maior

liberdade de escolha de ofertas formativas, com vista à melhoria das aprendizagens dos

alunos e a assegurando as condições necessárias ao seu sucesso educativo.

26

A tutela estipula que o projeto curricular de turma deve ser concebido, aprovado e

avaliado pelo professor titular de turma, em articulação com o conselho de docentes, ou

pelo conselho de turma, consoante os ciclos. O Parecer nº5/2016 da CNE, refere a

necessidade de realizar uma reflexão sobre os contextos educativos, recomendando ao

Ministério da Educação que uma das soluções viáveis para combater o insucesso

escolar, é [re]integrar uma gestão flexível do currículo, em que se verifique mais

cooperação entre docentes e recomenda também o trabalho por projetos e dinâmicas de

trabalho por “equipas de docentes”.

O Ministério da Educação, na recente publicação do Despacho Normativo n.º 4-A/2016,

vai ao encontro das recomendações realizadas, ficando plasmado neste diploma que

devem as administrações escolares definir regras e procedimentos que permitam o

trabalho regular em equipa de professores, tais como a preparação e a realização

conjunta das atividades letivas, bem como a avaliação das aprendizagens; promover a

constituição de equipas pedagógicas estáveis que acompanhem a turma ao longo de

cada ciclo; implementar momentos específicos de partilha, reflexão dos docentes sobre

as práticas pedagógicas e de interligação entre os diferentes níveis de educação e

ensino; promover a inovação e a diversificação de metodologias de ensino e

aprendizagem.

Na mesma moldura legislativa, foram também reforçadas e valorizadas as disciplinas de

cariz mais prático, nomeadamente as expressões físico-motoras e artísticas através da

realização de provas de aferição que têm como referencial de avaliação os documentos

curriculares em vigor, promovendo desta forma o cumprimento do currículo nestas

áreas.

De acordo com notícias publicadas no Jornal Expresso de 23 de fevereiro de 2017, a

tutela está a preparar a revisão dos currículos para o ano letivo 2017/2018, sendo que a

redistribuição dos tempos letivos para cada disciplina irá sofrer alterações, prevendo-se

o aumento da carga horário da disciplina de educação física e que sejam reintroduzidas

áreas como a área de projeto. Por seu lado, as escolas deverão, no âmbito da sua

autonomia, definir projetos interdisciplinares que impliquem um trabalho articulado

entre professores e conteúdos de diferentes disciplinas. Outra das alterações anunciadas

prende-se com a avaliação. Tal como refere João Costa, Secretário de Estado da

Educação na entrevista ao Jornal Expresso (2017), terá de haver mudanças no trabalho

27

das escolas e dos professores, uma vez que implica novos projetos de escola, de turma e

uma planificação das atividades letivas.

A alusão a outros sistemas de ensino internacionais são dados como exemplos de

referência para a introdução de algumas alterações ao modelo de ensino português: O

jornal O PÚBLICO (Viana, 2015) publicou num artigo, que a Finlândia, país apontado

como exemplo no campo da educação, será o primeiro país do mundo a adoptar a

transdisciplinaridade em todas as escolas, a partir de 2016, e que o sistema de ensino irá

mudar de modo a adaptar a escola a um “mundo que está a mudar a grande velocidade”.

É proposto um modelo de coabitação e não de exclusão, numa reforma que vai também

pôr os estudantes a participar na definição dos currículos e meios de avaliação. Já a

publicação no Rescola sobre esta mudança referida no Público, escreve que apesar dos

excelentes resultados (ou talvez por causa deles), a Finlândia pretende continuar a

repensar e aprimorar o seu sistema educacional. As disciplinas tradicionais não vão ser

abolidas e o ensino será baseado em tópicos transversais.

Face ao descrito, os recursos até recentemente existentes para a concretização da

interdisciplinaridade, primeiro a partir da área-escola e posteriormente por intermédio

da área de projeto, desapareceram, ficando ao critério dos professores no âmbito das

suas disciplinas, a desejada articulação dos conteúdos. Contudo, vislumbra-se um novo

posicionamento pedagógico da atual equipa ministerial. No presente ano letivo, e apesar

dos extensos currículos de algumas disciplinas, a tutela assume como princípio

norteador, a promoção da inovação e da diversificação de metodologias de ensino e

aprendizagem. Deste modo, reabre-se a oportunidade de trabalhar a

interdisciplinaridade com tempo e espaços próprios no contexto escolar.

1.5. Metodologias

Antes de qualquer método indutor da interdisciplinaridade é necessário, para que estas

novas propostas de trabalho se concretizem, a mudança do padrão escolar e da postura

dos professores, repensando os modelos administrativos, organizacionais e pedagógicos

das escolas.

O mundo em que se vive como descreve Santomé (1998) é um mundo globalizado, no

qual tudo está relacionado, tanto nacional como internacionalmente. Como tal, para a

integração dos vários campos de conhecimento, uma experiência crítica e reflexiva da

28

realidade interligada tornou-se obrigatório nos sistemas escolares da maioria dos países.

Atualmente, a globalização e os avanços das tecnologias apontam para uma realidade

que exige cada vez mais e com maior intensidade uma nova perspectiva que congregue

as diferentes áreas do saber.

Se no Brasil os normativos apontam para um trabalho interdisciplinar, em Portugal o

mesmo até ao momento não se verifica, pelo que a solução para implementar tais

práticas poderá passar pela criação de projetos, previstos na legislação do Ministério da

Educação, para combater o insucesso escolar. Neste sentido, dependerá da ambição e

vontade dos professores a apresentação de novas propostas pedagógicas aos alunos nas

mais variadas dimensões, pedagógica, ética, social (Pombo, 2005).

A interdisciplinaridade é um método, uma tentativa de transformação e internalização

dos saberes num único saber, de forma a chegar-se à transdisciplinaridade, sem,

contudo, deixar de lado as especialidades. Esta convergência de saberes concretiza-se

quando os profissionais envolvidos assumem uma atitude de abertura para com o objeto

de estudo ou o problema de pesquisa. Assim, a partilha de conhecimentos oriundos de

uma disciplina ou área, por uma ou outras disciplinas e áreas é um dos pressupostos

incontornáveis da interdisciplinaridade. Porém, sempre que se entra num domínio fora

do espetro disciplinar, encontram-se dificuldades, mas ultrapassáveis pelos próprios

professores, fruto das interações que estabelecem entre si.

Com efeito, uma das vantagens da prática interdisciplinar é estimular a pesquisa, a

curiosidade e a vontade de ir aos detalhes para entender que o mundo não é somente

disciplinar. Na prática interdisciplinar a construção do conhecimento garante a

transferência de métodos de uma disciplina para a outra, sem quebrar o sistema de

divisão do conhecimento em disciplinas e sem perder o objetivo inserido no seu estudo.

Na ótica de Ramos (2001), a conjugação de saberes (conhecimentos, habilidades e

valores) é um fator potenciador de competência de um indivíduo.

Hoje, com a influência cada vez maior da tecnologia e da informática nas salas de aula,

a ideia de rede de conhecimento encontra-se cada vez mais presente pelo que há

necessidade de conectar conhecimentos, relacionar, contextualizar, para que exista

aprendizagem. Os currículos das diferentes disciplinas devem também entrelaçar-se

formando uma rede facilitadora da aprendizagem (Machado, 2000). Pretende-se

encontar pontos de orientação para a implementação de práticas interdisciplinares.

29

Trabalhar cada disciplina levando o aluno a perceber as inter-relações de seu

conteúdo com o das outras disciplinas, para que ele adquira uma compreensão

crítica das relações existentes na sociedade entre as pessoas, os sistemas e as

conquistas decorrentes do conhecimento humano. (Gusdorf, 1976, p.75).

A imagem de rede ou teia de significações é uma boa representação do trabalho

interdisciplinar, com os seus elos e nós. A teia interdisciplinar poderá ser construída

através de novos tipos de configurações disciplinares, organizadas em três tipos:

ciências de fronteira, interdisciplinas e interciências. Para Pombo (2003, p.9) além

destas configurações disciplinares é possível assinalar a existência de novas práticas de

cruzamento interdisciplinar que a seguir se especificam:

a) Práticas de importação, desenvolvidas nos limites das disciplinas especializadas

e no reconhecimento da necessidade de transcender as suas fronteiras. Isto é,

uma disciplina que faz uma espécie de agregação do trabalho, das metodologias,

das linguagens, já provadas noutra disciplina;

b) Práticas de cruzamento, em que não há uma disciplina central que vai resgatar

elementos às outras em seu favor, mas sim problemas que, tendo a sua origem

numa disciplina, irradiam para outras. Na medida em que cada disciplina é

incapaz de esgotar o problema em análise, a interdisciplinaridade traduz-se na

abertura de cada disciplina a todas as outras, na disponibilidade de cada uma das

disciplinas envolvidas se deixar cruzar e “contaminar” por todas as outras;

c) Práticas de convergência, análise de um terreno comum, estudos por áreas, que

envolvem convergência das perspetivas. Este tipo de interdisciplinaridade tem

sido muito utilizado em objetos dotados de uma certa unidade.

d) Práticas de descentração, relativas a problemas impossíveis de reduzir às

disciplinas tradicionais. Muitas vezes são problemas novos como o ambiente ou

podem ser também problemas grandes demais, como o clima ou as florestas;

e) Práticas de comprometimento, aquelas que dizem respeito a questões vastas

demais, problemas que têm resistido ao longo dos séculos a todos os esforços

mas que requerem soluções urgentes. Por exemplo, questões como a origem da

vida ou a natureza dos símbolos; saber por que umas pessoas matam outras, por

que razão a fome persiste num mundo de abundância.

30

Ainda segundo Pombo (2003), não há então propriamente uma disciplina que constitua

o ponto de partida ou de irradiação do problema ou que seja sequer o ponto de chegada

do trabalho interdisciplinar. Este facto faz com que todas sejam importantes para a

apropriação do conhecimento.

“Uma das alternativas mais simples de interação de disciplinas escolares se

assenta na compreensão de que os problemas da realidade ultrapassam os

limites de uma especialidade”. (Macedo et al, 2002, citado em revista EF

2005)

Um componente facilitador da autonomia e da autorregulação da aprendizagem é o

trabalho em equipa, sustentado por Vygostsky, como referido em Silva (sd), segundo o

qual a aprendizagem ocorre a partir de interações significativas, através das quais os

indivíduos constroem o seu conhecimento. Na sua teoria de aprendizagem refere ainda a

importância da aprendizagem colaborativa, com interações para o desenvolvimento

social, afetivo e cognitivo. Dito de outra forma, quando professores e alunos trabalham

juntos, partilhando ideias e conhecimentos, partilhando estilos e estratégias de

aprendizagem, está-se a um passo da operacionalização do currículo interdisciplinar. A

ação interdisciplinar é um constante encontro na construção de interações mais

abrangentes e complexas das relações humanas, seja tanto na formação do homem,

quanto na produção humana de conhecimentos e tecnologias.

Para Andrade (2013), uma prática escolar interdisciplinar tem algumas características

que podem ser apontadas como orientações para uma transformação curricular e que

exigem mudanças de atitude, procedimentos e postura por parte dos educadores. O

“espírito” interdisciplinar, a contextualização dos conteúdos, a valorização do trabalho

em parceria; o desenvolvimento da atitude de pesquisa, de transformação, construção,

investigação e descoberta deverão ser uma constante. Sendo que se deverá definir uma

base teórica única como eixo norteador de todo o trabalho escolar desenvolvendo a

pedagogia de projetos. No seu entender, desenvolver projetos na escola é, seguramente,

a melhor maneira de garantir a integração de conteúdos pretendida pelo currículo

interdisciplinar. Um projeto surge de uma situação, de uma necessidade sentida pela

própria turma e consta de um conjunto de tarefas planeadas e empreendidas pelo grupo,

em torno de um objetivo comum.

31

Como se constata, não basta fazer-se esta integração de conteúdos, o encontro entre os

sujeitos envolvidos nesta práticas é uma determinante para a aprendizagem. Tal como

refere Fazenda, (1991, p,18)

A característica fundamental da atitude interdisciplinar “é a ousadia da

busca, da pesquisa, é a transformação da insegurança num exercício do

pensar, num construir” e reconhece que a solidão de uma insegurança inicial

e individual, que muitas vezes marca o pensar interdisciplinar, “pode

transmutar-se na troca, no diálogo, no aceitar o pensamento do outro.

Por outro lado, também a organização do tempo e do espaço escolar necessita ser

repensada na visão interdisciplinar.

Como descreve Giordani (2000, p.86-87), também Japiassu entende que o projeto

interdisciplinar deve centrar-se em cinco questões, isto é, definir “de que se fala” e “o

que se fala” e “o que se faz”, “como se faz” e “com que objetivo se faz”. Estas duas

instâncias do discurso e da ação devem conduzir às cinco etapas do projeto

interdisciplinar definidos, a saber: 1) definição da equipa de trabalho; 2)

estabelecimento de conceitos comuns acerca das questões que envolvem as trocas; 3)

determinação dos problemas a serem pesquisados ou abordados no projeto

interdisciplinar; 4) definição e divisão das tarefas; 5) socialização dos resultados

parciais e estabelecimento de novos problemas e propósitos. Japiassu enfatiza ainda que

a interdisciplinaridade é um princípio de unidade e não uma unidade acabada, portanto

está em constante reconstrução. Sendo este o comportamento norteador da equipa de

trabalho.

Neste sentido, o caminho mais seguro para estabelecer a relação entre as disciplinas é

basear-se numa situação real com temas bem delimitados. Apresenta-se uma proposta

para relacionar as disciplinas e realizar uma metodologia interdisciplinar: i) partir de um

problema de interesse geral e utilizar as disciplinas como ferramentas para compreender

os detalhes; ii) esclarecer as dúvidas existentes na turma relativas à própria disciplina;

iii) na planificação incluir ideias e sugestões dos alunos; iv) pesquisar no sentido de

conhecer e poder abordar áreas desconhecidas; v) envolver os estudantes na pesquisa;

vi) considerar na planificação, quais os conceitos explorados por outras disciplinas; vii)

32

nas reuniões pedagógicas promover discussões para estabelecimento de parcerias

(Giordani, 2000, p. 81-98).

De acordo com Golding (2009, p.4), após a conclusão de um assunto interdisciplinar, os

alunos devem ter atitudes, entendimentos e habilidades interdisciplinares, considerando

que o ponto principal será perceber quanto se envolveu o aluno no trabalho

interdisciplinar. Em particular, o aluno deve ser capaz de: i) ocupar e compreender

diferentes perspetivas disciplinares; ii) avaliar criticamente o conhecimento de uma

ampla gama de disciplinas; iii) se envolver numa investigação interdisciplinar e na

metodologia de resolução de problemas, empregando várias maneiras de saber; iv)

identificar a natureza do conhecimento das disciplinas e; v) de integrar, sintetizar,

equilibrar e acomodar conhecimentos de várias disciplinas, a fim de produzir algo maior

do que seria possível de qualquer uma perspetiva disciplinar.

Em complementaridade com o exposto, Barbosa (2010) enaltece a metodologia de

Petrie (1976), que concretiza um projeto interdisciplinar considerado de sucesso:

1. Fatores epistemológicos. Identificação da ideia dominante, isto é, deve haver

reconhecimento claro da ideia ou problema que servirá do foco central para o

trabalho. Deve ser percebida por todos os participantes, mas também

considerada de interesse por todos eles. Cada participante deve ter um

conhecimento interpretativo das outras disciplinas como o mais abrangente

sendo crucial a necessidade de alcançar um resultado, chegar ao fim do projeto

ou pesquisa ou, ainda, de chegar a formular respostas para o problema

escolhido;

2. Fatores psicológicos. Os atores, na proposta interdisciplinar, devem ter

competência e segurança no seu campo de ação e gosto pela aventura cognitiva,

isto é, sentir-se à vontade no desconhecido e ter interesse amplo pelo

conhecimento. Pode afirmar-se que a função da interdisciplinaridade não é

comunicar ao indivíduo uma visão integrada de todo o conhecimento, mas

desenvolver nele um processo de pensamento que o torne capaz de, diante de

novos objetos de conhecimento, procurar uma nova síntese. A

interdisciplinaridade, portanto, tem como função integrar a colcha de retalhos de

competências altamente desenvolvidas e de interesses diversificados e muitas

vezes antagónicos.

33

Em linha com o descrito, a metodologia do trabalho interdisciplinar deverá ser

explorada tendo em consideração diversos fatores, que deverão ter como meta a

superação da fragmentação disciplinar. Fazenda (1979, p. 99) acredita que a

interdisciplinaridade nas práticas escolares depende da atitude ou comportamento

interdisciplinar caracterizado pela ousadia do novo, responsabilidade, cooperação,

flexibilização.

Como já foi mencionado na proposta de trabalho interdisciplinar, os agentes - professor

e aluno – precisam de querer mudar de atitude. O processo ensino-aprendizagem só

acontece com partilha, com confiança e principalmente com vontade de mudar, sendo

que o sentido de descoberta e curiosidade aliados ao espírito de aventura e abertura a

novas situações, favorecem este processo. De igual modo a interdisciplinaridade ao

suportar-se num espírito de partilha entre os agentes faz com que ambos sintam o

trabalho como seu, facilitando o diálogo entre os dois intervenientes –professor e aluno.

Ainda neste âmbito, cada projeto é que vai definir o percurso de cada grupo e onde o

interveniente assume a ousadia da pesquisa e a sua posição face ao problema do

conhecimento com vontade de partilhar o domínio do saber. Deste modo, cada docente

sairá da sua zona de conforto e aventura-se num domínio que é de todos.

A interdisciplinaridade contribui para o enriquecimento e a criatividade dos projetos

pedagógicos das escolas uma vez que não se carateriza exclusivamente por uma faceta

cognitiva mas também por possuir uma faceta atitudinal.

1.6. Obstáculos ao trabalho interdisciplinar

A maioria dos professores conclui a sua formação inicial enveredando pela carreira

docente de uma ou duas disciplinas no âmbito da sua formação, trabalham sozinhos na

sala de aula e não têm tempo remunerado para articular com os docentes de outras

disciplinas. Aliado a estes constrangimentos de natureza formativa e financeira, temos

um outro de natureza operacional, as mudanças nas metodologias de ensino devem ter a

participação dos professores e partir da própria prática docente e nunca serem impostas

“de cima pra baixo”. Sabe-se que, historicamente, as mudanças impostas geralmente

não funcionam nas salas de aula (Amaral, 1998).

Trabalhar com esta nova filosofia integradora significa transformar as salas de aula em

lugares onde as questões surgem sem forçá-las, sem ter de recorrer a tarefas de pouca

34

utilidade científica e pedagógica só porque esta ou aquela disciplina entra em ação.

Aconselha Santomé (1998), que um trabalho integrador deverá acontecer naturalmente,

e que ao escolher-se um bloco ou área de conteúdo a abordar deve apenas selecionar-se

o tema ou subtópico que reúne as condições para que o trabalho tenha sentido e reúna

interesses comuns.

Numa investigação sobre as dificuldades de implementação de práticas

interdisciplinares em escolas estaduais brasileiras, são apontados por Rivarossa (1999),

os principais obstáculos a serem vencidos para a implantação da interdisciplinaridade

nas salas de aula: i) formação muito específica dos docentes, que não foram preparados

na sua formação inicial para trabalhar interdisciplinarmente; ii) distância de linguagem,

perspetivas e métodos entre as disciplinas; iii) ausência de espaços e tempos nas

instituições para refletir, avaliar e implantar inovações educativas. Mais recentemente,

Augusto e Caldeira (2007) na pesquisa que realizaram com professores, identificaram as

seguintes dificuldades no trabalho interdisciplinar: i) falta de tempo para se reunir com

os colegas, pesquisar e se dedicar a leituras; ii) falta de comprometimento dos colegas

com o trabalho que se reflete no absentismo, como um obstáculo para a realização de

atividades interdisciplinares; iii) o comodismo dos colegas ou o desânimo com a atual

situação profissional; iv) falta de conhecimento em relação aos conteúdos de outras

disciplinas; v) dificuldades de relacionamento com a administração escolar e a ausência

de coordenação pedagógica entre as ações docentes, além do desinteresse e indisciplina

dos alunos. Em linha com o descrito, Fazenda (2002, p. 86) afirma que “a

interdisciplinaridade decorre mais do encontro entre indivíduos do que entre

disciplinas”. Daí, a necessidade de um bom relacionamento entre docentes na escola e

de um trabalho de equipa.

Não obstante as dificuldades já mencionadas, são vários os projetos interdisciplinares

que obtiveram sucesso e daí a importância de se conhecer o que os docentes pensam e

sabem a respeito das propostas interdisciplinares, as dificuldades e os resultados

obtidos. Para se aferir se a interdisciplinaridade é compreendida no âmbito da

funcionalidade ou da utopia, Maria Minayo (1994, p. 61), tentou encontrar pontos

comuns para a implementação desta prática, sublinhando que do ponto de vista prático,

a experiência tem mostrado que, perante temas complexos e impossíveis de serem

tratados isoladamente, os êxitos dependem: i) da reunião de pessoas capazes de dialogar

35

e dispostas a isso; ii) da reunião de pessoas competentes nas suas áreas disciplinares

dispostas a compreender a problemática específica da matéria de colaboração; iii) em

consequência do diálogo e da competência redundam a discussão de conceitos,

triangulação metodológica e colaboração na análise dos resultados.

1.7. Práticas interdisciplinares com a Educação Física

A disciplina Educação Física (EF) abarca um campo interdisciplinar de conhecimentos,

reconhecendo-se a sua importância na escola, principalmente nos primeiros anos de

vida, pois pode contribuir para uma educação de corpo inteiro como defende Freire

(1997). A escola não deve, segundo esse autor, apenas mobilizar a mente, mas também

o corpo, pois corpo e mente devem ser entendidos como componentes que integram um

todo corporal. O ser humano é simultaneamente corpo-mente-desejo-natureza-sociedade

e não físico apenas, partindo daí para a elaboração teórica e conceptual. (Sérgio, 1988

p.9)

Pelo leque interdisciplinar que potencia, a Educação Física deve criar perspetivas de

ensino, através dos seus interlocutores, que abarquem saberes para a vida, a partir da

cultura corporal de movimento, diversificando um conjunto de conteúdos como jogos,

danças, lutas, ginástica e o conhecimento sobre o corpo. Saberes que privilegiem o

aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, conforme orientam os pilares da

educação (Delors, 2001). Um conjunto de saberes para aplicar na vida quotidiana, com a

consciência do dever de manter um estilo de vida ativo saudável, essencial para o ser

integral.

As atividades propostas pela EF além de aprimorar e melhorar o repertório motor,

desenvolvem o bem-estar geral e preparam também para uma melhor convivência

social, biológica e ecológica, de uma forma lúdica e agradável. Apesar do cariz da

disciplina ser eminentemente prático, estão plasmados nos conteúdos da Educação

Física não só a implementação de trabalho com o “corpo” mas também da “mente”.

Perante isto, não se poderão relegar os aspetos cognitivos somente para as disciplinas

ditas fundamentais. Freire (1997) defende além do desenvolvimento cognitivo, uma

formação mais ampla, que valorize o coletivo ao invés do individual, utilizando para

isso o movimento para uma educação que ele chama de "educação de corpo inteiro",

onde corpo e mente são considerados como um todo indissociável.

36

Neste contexto, é de destacar a relação entre o desempenho académico dos alunos e a

prática da atividade física em contexto escolar. Com efeito a U.S. Department of Health

and Human Services (2010) sublinha que as crianças que realizam atividades físicas

orientadas, têm mais probabilidades de obter sucesso nas outras disciplinas. Ainda sobre

este propósito, o laboratório de Exercício e Saúde da Faculdade de Motricidade

Humana, da Universidade Técnica de Lisboa realizou um estudo longitudinal de 5 anos,

entre 2007 e 2012, com uma amostra de 3 mil crianças e conclui que os alunos que

realizam exercício físico regular apresentam melhores resultados académicos. Haapala,

Poikkeus & Tompuri, (2014) ao associarem crianças com desempenhos motores mais

baixos a piores habilidades académicas, confirmaram a existência de um efeito positivo

do exercício físico regular no aproveitamento escolar. Freire (1997, p.84) ao distanciar-

se de conceções “higienistas” e reducionistas do corpo, reforça o papel da Educação

Física na formação integral do aluno.

"No meu entender, a Educação Física não é apenas educação do ou pelo

movimento: é educação de corpo inteiro, entendendo-se, por isso, um corpo em

relação com os outros corpos e objetos no espaço" (Freire, 1997, p.84).

Em linha com o descrito, o corpo precisa de ser educado, mesmo porque educação

corporal é educação do comportamento que, por sua vez, não é corporal, mas sim

humano. A formação e o desenvolvimento integral da criança promove a autonomia,

desenvolvendo o espírito crítico e a criatividade. Neste particular, Daolio (2004, p. 25)

enaltece a relevância da Educação Física no desenvolvimento da criatividade e da

autonomia do aluno.

Tal como está descrito nos programas curriculares, a EF deve também ter a finalidade

de formar para a cidadania, apoiar-se no princípio da superação, qualidade de vida e

oportunidade para todos.

A presença da Educação Física em todos os ciclos de ensino (desde o pré-escolar ao

ensino secundário) faz com que seja um “parceiro privilegiado” para a articulação com

outras disciplinas. Desta forma, a Educação Física poderá contribuir para o trabalho

interdisciplinar através de interações que permitam a construção do conhecimento na

escola. Conforme alertam Morais e Alves (2006), é uma tarefa hérculea e ambiciosa

articular conteúdos de diferentes disciplinas, no entanto, as propostas que apresentam,

37

revelam que é possível, com a integração do conhecimento, proporcionar uma

compreensão e consolidação de conhecimentos em torno de um mesmo tema.

Na escola contemporânea o papel da disciplina de EF está mais dignificado e

valorizado, não só por mérito dos profissionais, que foram promovendo dinâmicas e

projetos com outras disciplinas, mas também porque se começou a afirmar como uma

disciplina “completa”, contrariando o que historicamente se passava com a disciplina

que trata do "corpo" e que sofria sempre uma desvalorização em relação às demais

disciplinas. (Bracht, 1999)

Apesar desta disciplina ser um meio propiciador de hábitos e estilos de vida saudável

ainda persiste um contexto que a menoriza, algo que ficou evidente nas reduções da

distribuição da carga horária com a nova reforma curricular e na desvalorização desta

disciplina no ensino secundário.

A EF não deve ser vista apenas como disciplina complementar, mas valorizada na

dinâmica curricular da escola. Ainda sobre este assunto, Freire (2003) considera que a

escola submete a criança a uma imobilidade excessiva, que desrespeita a sua "marca

caraterística". Complementarmente, o mesmo autor (2003, p. 13) sublinha que a escola

não deve apenas mobilizar a mente, mas também o corpo, pois ambos devem ter assento

na escola.

Retomando o objeto de análise deste subcapítulo, deve trabalhar-se a partir de uma

perspetiva interdisciplinar demonstrando as relações entre os conteúdos da Educação

Física e os das demais disciplinas, identificando pontos comuns e complementando

conhecimentos, visando um processo pedagógico mais significativo e integrado. Os

temas transversais, como a saúde, o corpo humano, a estatística, a música, as artes

visuais e dramáticas, entre outros, apresentam-se, pois, como potenciadores de um

trabalho interdisciplinar. Na área disciplinar da EF coabitam um vasto campo de

conhecimentos e a interdisciplinaridade surge, como um meio para a sua valorização e

reconhecimento. É inegável que a Educação Física possui um campo de conhecimento

relevante em áreas como a ética, a saúde, a cultura, o meio ambiente, trabalho e hábitos

de consumo. Pelo seu vasto campo de conhecimento deve firmar-se como disciplina,

pelo conteúdo e pela importância do papel curricular que desenvolve na escola e não

apenas por um sentido utilitarista para trabalhar conteúdos de outras disciplinas.

38

Uma das funções atribuídas à Educação Física é a " utilitarista " e quando se

discutem abordagens interdisciplinares pensa-se logo na Educação Física

auxiliando na aprendizagem dos conteúdos de outras disciplinas e ela não

pode justificar sua existência com base apenas nesta possibilidade.

(Marcelino, 1987)

Na literatura da especialidade, vários são os contributos interdisciplinares entre a EF e

disciplinas como as ciências exatas, as ciências humanas e as artes. No âmbito das

ciências exatas, destaca-se o trabalho realizado por Delaney (2012), que aborda formas

de integrar conteúdos entre as disciplinas de Educação Física e Matemática,

promovendo desta forma maior conhecimento de ambas as disciplinas.

Neste seguimento, Thompson e Robertson (2015) descreveram os efeitos que a

integração de conteúdos da disciplina de Matemática tem na configuração da disciplina

de Educação Física, verificando que a integração reforçou o ambiente de aprendizagem

e melhorou o desempenho na matemática. Os mesmos autores (2015) demonstraram

ainda que o tempo de atividade física proporcionou aos alunos com mais dificuldades,

uma superação das mesmas, já que os tempos destinados à instrução foram aumentados.

No âmbito do 1.º Ciclo do Ensino Básico, Dionísio, Mendes, Melo, Leandro e Mendes

(2013) levaram a cabo uma investigação aplicada de natureza interdisciplinar. Neste

trabalho a articulação da Matemática e a Expressão e Educação Físico-Motora,

convergiu numa atividade lúdica que teve como pano de fundo a adaptação da história,

Flatland, e a participação de um recurso tecnológico, a tartaruga Roamer.

Ainda nesta linha de investigação, Mendes, Casqueiro, Catarino, Martins, Mendes e

Damásio (2015), procuraram averiguar se a articulação de conteúdos da estatística

descritiva (Matemática) e a execução técnica no jogo de basquetebol (Educação Física)

se repercutia em benefícios do rendimento académico da EF e da Matemática, tendo-se

verificado uma melhoria significativa nos resultados de matemática e uma eficácia no

passe em situação de jogo. Em linha com o exposto, referem que as disciplinas de

Matemática e Educação Física apresentam potencialidades para práticas integradas e

consequentemente promovem a compreensão de conteúdos numa perspetiva integradora

e convergente.

39

A Educação Física tem assim, legitimamente, espaço no currículo nacional e por esse

facto seria um erro encarar-se esta disciplina como um mero auxílio aos conteúdos de

outras matérias.

Analisando o currículo da disciplina de Ciências Naturais para o segundo ciclo do

ensino básico, percebe-se que o mesmo pode ser associado às vivências na Educação

Física, articulando a atividade física com a saúde. Nesse sentido, a Educação Física

escolar pode tornar-se num campo fértil para a construção dos saberes da saúde, ao

conhecer o seu próprio corpo, as suas partes e o funcionamento do seu organismo.

Sobre este propósito, Marcondes (1973) afirma que a abordagem do tema da saúde nas

aulas de Educação Física propicia a integração de saberes, contribuindo para uma

desejável consciencialização das implicações biológicas, culturais e sociais, no próprio

educando. Por outro lado, o domínio deste tipo de conhecimento integrado pelas

crianças pode promover mudanças no seu estilo de vida, levando-as a incorporar a

prática de atividades físicas no seu quotidiano (Oliveira, 2005). Despertar a consciência

do aluno, quanto à relação da saúde com as práticas corporais durante a fase escolar,

poderá trazer importantes contributos para a consolidação de hábitos saudáveis no

aluno.

Na integração das Ciências Humanas e a EF, o movimento pode ser um instrumento

facilitador da aprendizagem de conteúdos de cariz cognitivo, como a aprendizagem da

leitura, da escrita e da matemática. (Darido, 2000, p.3). Partindo de uma experiência de

âmbito intergeracional e interdisciplinar que teve como ponto de partida a obra literária

“A Viúva e o Papagaio”, promoveu-se a intergeracionalidade de práticas integradas com

a dança, a música e a plástica, em contexto artístico, entre os alunos e idosos. Esperou-

se, com este contributo, sensibilizar a comunidade educativa e científica, para os

benefícios das práticas intergeracionais e integradas na criança e no idoso (Mendes,

Leandro & Pereira, 2016).

Paralelamente, outros contributos de índole interdisciplinar, articulam áreas

aparentemente opostas, como sejam a música e a matemática. Vários são os autores

(An, Kulm, & Ma, 2008; An, Ma, & Capraro, 2011; Benes-Laffety, 1995; Omniewski,

1999) que verificaram melhorias nas atitudes dos alunos para com a matemática.

40

Numa outra perspetiva, Rocha e Silva (2014) abordam as contribuições da arte para a

construção de objetos pedagógicos para pessoas com deficiências. O projeto

interdisciplinar “Educação Inclusiva na Escola: uma ação interdisciplinar”, apresenta

como objetivo preparar os estudantes de licenciatura para atuar numa perspetiva

inclusiva interdisciplinar em sala de aula, em parceria com a Educação Especial.

Estas experiências concretas e reais permitem reforçar a relevância e a exequibilidade

do trabalho interdisciplinar na escola, como meio de apropriação de conhecimento e de

contextualização de saberes.

41

Capítulo III

1. Intervenção educativa no Ensino Básico

No âmbito das práticas multi e interdisciplinares são descritas cinco experiências

educativas realizadas no Ensino Básico. Os projetos, itinerários ambientais e um salto

para a descoberta, articulam saberes mas com uma reduzida integração de saberes. A

interdisciplinaridade com a partilha de conteúdos por diferentes disciplinas materializa-

se nos dois projetos intergeracionais, InterAgir e InterAgir jogando, e no projeto

interdisciplinar denominado as Ciências e o Coração.

1.1. Projeto multidisciplinar - Itinerários Ambientais

No ano letivo de 1998/1999, a mestranda colaborou no projeto itinerários ambientais,

em parceria com a Escola Básica de Campomaior no Alentejo (anexo1), na elaboração

de um roteiro ambiental sobre a localidade de Mira, tendo sido realizadas com os

alunos do 6.º ano de escolaridade da turma A, atividades de âmbito multidisciplinar,

nas disciplinas de Português, Francês, Ciências da Natureza, Educação Visual e

Tecnológica e Educação Física. A planificação decorreu durante o primeiro período e

parte do segundo período, passando-se logo após à recolha das informações

necessárias bem como à elaboração das figuras a incluir no roteiro. Foi uma tarefa

conjunta de professores e alunos, com o objetivo de apresentar ao Município este

pequeno mapa a ser distribuído pelos turistas da zona (anexo 2). Para a elaboração do

roteiro bilingue (Português e Francês) foi definido o envolvimento das diferentes

disciplinas: na disciplina de Língua Portuguesa foram produzidos textos descritivos da

região, e depois traduzidos na disciplina de Francês; no âmbito das Ciências da

Natureza foi selecionada a fauna (anexo 3) e a flora (anexo 4) da região a incluir; na

disciplina de Educação Visual e Tecnológica foram executados os desenhos destas

espécies. No âmbito da Educação Física, disciplina sob a responsabilidade da

mestranda, foi elaborado o roteiro dos percursos pedestres entre Mira e a Praia de Mira

realizando-se, para o efeito, com os alunos os referidos percursos. (anexo 5).

1.2. Projeto multidisciplinar - Um salto para a descoberta

No ano letivo de 2013/14, a mestranda integrou uma equipa de professores do

Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho, que planificou e concretizou uma

42

atividade multidisciplinar denominada “Um salto para a descoberta”. A referida

atividade inseriu-se na Festa Nacional do Desporto Escolar do primeiro Ciclo do Ensino

Básico (1.º CEB) que decorreu em Coimbra, no Portugal dos Pequenitos e contou com a

participação de cerca de sete centenas de alunos oriundos de várias regiões de Portugal

Continental. Pretendia-se, com esta atividade pluridisciplinar, que os alunos

explorassem e vivenciassem através do movimento, situações que apelassem aos

saberes e conhecimentos das áreas temáticas de Estudo do Meio, Expressões Artísticas e

Expressão Físico-motora. Promoveram-se, junto dos cerca de 700 alunos intervenientes

e respetivos professores acompanhantes, no espaço físico do Portugal dos Pequenitos,

diversas práticas integradas de saberes que compõem o currículo do 1.º Ciclo. Esta

atividade, pelo número de alunos envolvidos e pela variedade de outras tarefas inerentes

ao evento, foi dinamizada por estações ou ateliês temáticos. (anexo 6).

1.3. Projeto interdisciplinar e intergeracional - InterAgir

No ano letivo 2014/2015, promoveu-se um projeto designado InterAgir, que versou

sobre a interdisciplinaridade no segundo ciclo do Ensino Básico (2.º CEB), para o 5.º

ano de escolaridade. Definiu-se como tema aglutinador deste projeto o verbo Interagir,

pois este revela as intenções reais na sua aplicação: a) Atuar em conjunto e; b) Exercer

interação (dicionário de Língua Portuguesa). Deste modo, promoveu-se a diversidade de

experiências com os professores, idosos e alunos, desafiando a fragmentação do saber e

o isolamento disciplinar. Atendendo ao impacto que este projeto intergeracional e

interdisciplinar teve na comunidade escolar, segue-se uma descrição mais

pormenorizada desta experiência educativa (ver com mais detalhe, Mendes, Leandro &

Pereira, 2017).

1.3.1. Objetivos

Os objetivos globais estabelecidos foram: i) a promoção da interdisciplinaridade; ii) a

articulação de conteúdos das diferentes disciplinas; iii) a contextualização dos

conhecimentos adquiridos; iv) o desenvolvimento da “cultura de partilha”; v) a

promoção da solidariedade; vi) a criação de estilos de vida saudáveis; vii) o

estabelecimento de parcerias com instituições da comunidade local e; viii) a promoção

de práticas expressivas intergeracionais no âmbito dos currículos.

43

1.3.2. Intervenientes

Participaram neste projeto os alunos da turma do 5ºA da Escola Básica de Pereira, os

professores deste Conselho de Turma, 20 idosos da Santa Casa da Misericórdia de

Pereira (SCMP) e duas técnicas superiores desta instituição de Solidariedade Social.

O papel de coordenação deste projeto em Pereira ficou a cargo da mestranda e Diretora

de Turma, Carla Pereira. Este facto justificou-se pela necessidade de gerir com maior

eficiência a complexa tríade relacional no processo educativo, entre alunos, professores

e encarregados de educação.

1.3.3. Procedimentos

Para a sua concretização, o conselho de turma planificou, operacionalizou e avaliou as

práticas integradas que corporizaram o desejado trabalho interdisciplinar. As fases de

desenvolvimento do plano de trabalho incluíram uma primeira fase pré-interativa com o

planeamento da ação educativa, e mapearam-se os conteúdos das diferentes disciplinas

selecionando-se os conteúdos que reuniam as melhores condições para a

interdisciplinaridade; estabeleceram-se as possíveis interconexões entre áreas

disciplinares para cada conteúdo escolhido e periodizaram-se as práticas integradas.

Esta fase decorreu ao longo do primeiro período.

A Fase interativa, significou a concretização da ação educativa, propriamente dita.

Partindo da obra literária, “A Viúva e o Papagaio”, promoveu-se a intergeracionalidade

através de práticas integradas como a dança, a música e a plástica, em contexto artístico,

entre os alunos e idosos. Participaram igualmente as áreas disciplinares do Português,

da Educação Visual, da Educação Tecnológica, da Educação Musical, da Educação

Física e de Cidadania. Foram utilizadas dez aulas de cinquenta minutos, distribuídas

pelas diferentes disciplinas, tendo como objetivo a apresentação da leitura dramatizada

da obra com a intervenção dos idosos. A mestranda deslocou-se à SCMP para dinamizar

2 sessões com a população sénior, onde se ensaiou a forma de intervenção na peça de

teatro. Os pais e encarregados de educação colaboraram na caraterização dos seus

educandos, acompanhando-os no espetáculo final.

44

Deste modo, articulou-se:

1) O Português, a partir da abordagem da obra literária, “A Viúva e o Papagaio” de

Virginia Woolf, obra do Plano Nacional de Leitura e das metas literárias deste

ano de escolaridade. A obra funcionou como tema aglutinador de todo o projeto,

tendo os alunos analisado o texto e produzido quadras originais. As mesmas

foram inscritas nos convites para a sessão teatral;

Figura 1. Convite para a dramatização

2) A Educação Musical, trabalhou a base musical para a introdução à obra literária

e durante a representação dramática com a inclusão de alguns temas musicais.

Esta escolha possibilitou o desenvolvimento das principais qualidades do som:

timbre, ritmo, altura, dinâmica e forma;

Figura 2. Ensaio da peça musical

3) A Educação Física, a partir do bloco Atividades Rítmicas e Expressivas,

pretendeu interpretar uma sequência de habilidades elementares da dança através

de uma coreografia em grupo respeitando a interpretação e expressividade

adequadas ao tema musical. Construiu e compôs os diversos momentos

coreográficos que posteriormente foram interpretados durante a dramatização;

4) A Educação Tecnológica e a Educação Visual que dinamizou junto dos alunos a

construção de diversos cenários baseados no texto e no livro, elaborados pelos

alunos da turma, com desenhos originais, utilizando técnicas e instrumentos

necessários à ilustração planificada;

45

Figura 3. Cenário da sala Figura 4. Cenário do exterior

5) A Cidadania, onde se desenvolveu, de uma forma dinâmica e em contexto real, a

capacidade de lidar com o seu mundo interior (gerir as suas emoções) e com o

mundo relacional mais próximo; a educação social, colaborando e agindo de

forma solidária com os outros (a partir da análise dos direitos e das necessidades

dos outros). Foram concebidos pelos alunos os convites para o evento final,

trabalhando o espírito crítico, criativo e de abertura à mudança.

O segundo momento desta partilha de experiências intergeracionais ocorre por

solicitação dos idosos. Foi programada uma sessão que decorreu no final do 3º período,

na EBI de Pereira, envolvendo os alunos da turma do 5.ºA e utentes da SCMP.

Promoveu-se uma aula de ginástica localizada com os alunos a apoiar os idosos com

mais dificuldades, culminando na execução de uma dança adaptada às suas condições

físicas, tendo estes manifestado a vontade de replicação com mais frequência desta

atividade.

Nas reuniões de Conselho de Turma, houve o cuidado de promover momentos

reflexivos regulares, onde se foi ajustando e adaptando o plano previamente traçado no

primeiro período.

Na fase avaliativa realizou-se um balanço final junto dos alunos e professores, com uma

reflexão sobre a implementação do projeto. Foi possível constatar pelos testemunhos de

todos os intervenientes no projeto, o reconhecimento da relevância das práticas

integradas e criativas em contexto de sala de aula. Foi igualmente evidente o

desenvolvimento nas crianças de atitudes positivas com a condição de idoso.

Deste modo, procurou-se dar corpo a uma visão mais unitária do aluno e da

problemática que o envolve, através de um trabalho de coordenação, de convergência e

de complementaridade de saberes oriundos das diferentes áreas curriculares, esperando-

46

se, com esta experiência pedagógica alertar a comunidade educativa para a necessidade

da dinamização da interdisciplinaridade no currículo nacional.

1.4. Projeto interdisciplinar e intergeracional - InterAgir jogando

Deu-se continuidade, no letivo de 2015/16, ao projeto InterAgir, ora designado por

“InterAgir jogando - Práticas integradas e intergeracionais no 6.º Ano”. Os

intervenientes foram os alunos do 6º. A, na sua grande maioria os mesmos que

participaram no ano letivo anterior. A população sénior da Santa Casa da Misericórdia

de Pereira continuou a ser o público-alvo. À semelhança do ano transato os

procedimentos foram os mesmos, mas apenas as disciplinas de Educação Física,

Matemática e Cidadania intervieram na fase interativa.

A mestranda, enquanto professora de Educação Física da turma, coordenou todo o

projeto, que na fase interativa se pautou pela construção de 4 jogos matemáticos, Ouri,

Galo, Moinho e Hex, passíveis de serem jogados pela população idosa no seu tempo de

lazer. Procurou-se que os alunos praticassem atividades lúdicas tradicionais de forma a

cooperar com os companheiros para o alcance do objetivo dos jogos.

Os alunos, na aula de Matemática elaboraram as regras dos jogos e nas aulas de

Cidadania construíram os referidos jogos, a partir de materiais reciclados,

oportunamente fornecidos pelos familiares. A aplicação prática dos jogos foi realizada

nas aulas da disciplina de Educação Física e alguns alunos jogaram pela primeira vez os

jogos Ouri e Hex. Com esta prática procurou-se definir táticas e estratégias de jogo a

ensinar aos idosos para atingir os objetivos dos diferentes jogos.

Figura 5. Jogo do Ouri

Figura 6. Jogo do galo

47

Em duas sessões, os alunos e as duas professoras intervenientes no projeto deslocaram-

se a pé à instituição da SCMP, onde explicaram primeiramente o objetivo e as regras

dos jogos e posteriormente, jogaram com os idosos, durante aproximadamente 2 horas

por sessão.

1.5. Projeto interdisciplinar - As Ciências Naturais e a Educação Física

No ano letivo 2015/16, levou-se a cabo em duas Unidades Orgânicas do Agrupamento

de Escolas de Montemor-o-Velho, Escola Básica de Pereira e Escola Básica e

Secundária de Montemor-o-Velho, a prática interdisciplinar no 6.º ano de escolaridade e

que promoveu a o cruzamento interdisciplinar denominado por Pombo como Prática de

convergência (Pombo 2003, p.9) dos conteúdos relacionados com o sistema

cardiovascular, entre as Ciências Naturais e a relação entre a intensidade do exercício e

a frequência cardíaca na Educação Física. Pretendeu-se com esta experiência, verificar

se a convergência de conteúdos nas disciplinas de CN e de EF se repercutiu na melhoria

do desempenho académico dos alunos na disciplina de CN. Os programas curriculares

de Ciências Naturais e de Educação Física do segundo ciclo, para o 6.º ano de

escolaridade incluem nas suas metas e competências estas matérias.

A experiência educativa que ora se apresenta, carateriza-se por ser um estudo

quantitativo (Sousa & Batista, 2011) e exploratório, que compara os resultados obtidos

dos alunos no pré teste e pós teste, na disciplina de Ciências Naturais, entre o grupo

experimental e de controlo (ver com mais detalhe, Pereira & Mendes, 2017).

1.5.1. Amostra

Participaram 4 turmas do 6.º ano de escolaridade do AEMOV, 3 turmas da Escola

Básica 2,3 de Montemor-o-Velho e 1 turma da EBI de Pereira. Cada turma de

Montemor é composta por 20 alunos e a de Pereira por 18, perfazendo um total de 78

alunos. Contudo, 3 alunos com Necessidades Educativas Especiais (Currículo

Específico Individual) não realizaram o pré e o pós testes nas Ciências Naturais, tendo

por isso sido excluídos deste estudo. Deste modo, participaram 75 alunos (33 raparigas

e 42 rapazes), de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 11 e os 13 anos,

(11,27±0,55).

48

1.5.2. Instrumentos

O set up experimental contemplou um pré e pós-teste na disciplina de Ciências

Naturais. Duas fases de intervenção em 3 sessões de Educação Física e em 3 sessões nas

Ciências Naturais, apenas dinamizadas com o grupo experimental.

Os instrumentos pré-teste e pós teste, foram ambos validados por um docente do Ensino

Superior da área das Ciências Naturais, também Coordenador das Ciências Naturais da

Escola Superior de Educação de Coimbra.

1.5.3. Procedimentos

O Pré-teste (anexo 7) foi aplicado na mesma semana em todas as turmas (primeira

semana de janeiro), numa sessão de 50 minutos de CN. No referido teste propôs-se

avaliar o nível de conhecimento dos alunos sobre a relação entre o consumo de oxigénio

e a atividade física; sobre a frequência cardíaca (como pode ser medida) e a sua relação

com a atividade física.

Depois da aplicação do pré-teste, numa sessão de 100 minutos de EF, aos alunos do

grupo experimental, foram dinamizadas duas tarefas com os seguintes protocolos:

Ruffier Dickson e vai e vem do Fitescola (Faculdade de Motricidade Humana e Direção

Geral de Educação), descritos com mais pormenor no subcapítulo fases de intervenção.

Foi elaborado um instrumento para registo dos valores obtidos, aquando a aplicação dos

protocolos nas atividades previstas da Educação Física, denominado “Diário do meu

Coração“ (anexo 8). Após a realização de cada uma destas tarefas, os alunos registaram

os valores obtidos e eventuais dúvidas sobre o tema abordado.

Posteriormente, aplicou-se o pós-teste (anexo 9) na mesma semana a todas as turmas do

grupo experimental e de controlo (primeira semana de fevereiro), numa sessão de 50

minutos de CN.

Refira-se ainda que as docentes de CN elaboraram conjuntamente a matriz de correção

dos pré e pós testes (anexo 10). Os resultados dos referidos testes foram registados

numa tabela excell, elaborada para o efeito (anexo 11).

1.5.4. Fases de Intervenção

No período que intermediou o pré teste e o pós teste de CN, os alunos do grupo

experimental realizaram os seguintes testes:

49

I) Índice de Ruffier-Dickson (RUD). Este teste avalia a capacidade aeróbica de

cada aluno. Garcia, Cantó & Sotto (2015) recorreram ao referido teste para

analisar a eficiência cardiovascular de jovens em contexto escolar. O protocolo

do RUD pode ser consultado no anexo 12;

II) Teste de vai-vem previsto na bateria do Fitescola (Ver com mais detalhe o anexo

13).

No período de tempo, entre o pré e o pós-teste de Ciências Naturais, o grupo

experimental foi submetido a uma fase de intervenção, durante 3 sessões de CN de 50

minutos.

Nestas aulas foram lecionados os conteúdos referentes ao sistema cardiovascular, de

acordo com a planificação das docentes que colaboraram no estudo. Refira-se que não

houve alteração dos conteúdos programáticos, ou seja, os referidos conteúdos foram

trabalhos com os alunos do grupo experimental e de controlo. No entanto, a sua

abordagem foi diferenciada no grupo experimental, com a análise de alguns diários do

coração elaborados nas aulas de EF, pela docente de CN. Tendo em conta as

informações constantes nos registos dos diários do coração das duas turmas (grupo

experimental), analisaram-se e debateram-se os resultados de 7 diários com a turma e a

professora de Ciências Naturais.

Pretendeu-se que os alunos, em pequenos grupos, observassem a síntese dos registos

realizados pelos colegas, e compreendessem como se estabelece a relação entre a

intensidade do exercício e a frequência cardíaca, bem como os benefícios da prática

regular de exercício físico.

No final do estudo explicaram-se aos alunos os procedimentos e objetivos desta

convergência de conteúdos, tendo alguns, conseguido relacionar os conteúdos de ambas

as disciplinas e compreendido que podem ser trabalhados complementando-se, dando

desta forma significado às aprendizagens.

1.5.5. Análise Estatística

A averiguação de diferenças estatisticamente significativas entre o pré e o pós-teste para

os grupos experimental e de controlo na variável dependente, classificação do teste de

Ciências Naturais, efetuou-se através do teste ANOVA de medidas repetidas. Para aferir

sobre as diferenças estatisticamente significativas entre o grupo experimental e de

50

controlo, no pré e pós testes de Ciências Naturais, utilizou-se a ANOVA one-way. O

pressuposto da normalidade foi averiguado usando o teste Shapiro Wilk, para amostras

inferiores a 30 (Pestana e Gageiro, 2005; Marôco, 2010). Nos casos onde não se

verificou a normalidade recorreu-se à análise da simetria, usando a seguinte condição:

|Skewness/ Std errorSkewness| ≤ 1.96. O teste de Levene foi o utilizado para verificar o

pressuposto da homogeneidade da ANOVA one-way.

A estimativa da dimensão do efeito, η2, (i.e., a proporção da variação nas variáveis

dependentes que se pode explicar pelas variáveis independentes) realizou-se com base

em Marôco (2010). À parte da dimensão do efeito, apresenta-se também a relevância do

teste correspondente. A análise da relevância/potência do teste é um procedimento

fundamental para validação das conclusões alcançadas na análise inferencial (Marôco,

2010; Pallant, 2010). Esta análise foi realizada através do programa IBM SPSS

Statistics (versão 20), para um nível de significância de 5%.

1.5.6. Apresentação de resultados

Relativamente à variável, classificação no teste de Ciências Naturais, o grupo de

controlo apresentou, tanto no pré como no pós-teste, médias superiores (cf. Tabela 1).

Tabela 1.

Valores da média, desvio padrão e coeficiente de variação dos alunos do grupo de controlo e

experimental, relativos às classificações obtidas no pré e pós-teste de Ciências Naturais.

Variável

dependente

Grupo n �̅� SD CV

Pré-teste

CN_teste Controlo 38 9,84 3,64 0,37

Experimental 40 7,18 3,60 0,50

Pós-teste

CN_teste Controlo 38 10,32 3,28 0,32

Experimental 40 8,53 3,80 0,45

Nota. CN_teste = Teste de Ciências Naturais

Em ambos os grupos, os alunos melhoraram o seu desempenho do pré para o pós-teste.

A análise aos Coeficientes de Variação (CV) permite verificar uma elevada dispersão

das classificações dos alunos do grupo de controlo e experimental no pré e pós testes,

sendo sempre maior no grupo experimental. Contudo, no pós-teste constatou-se um

decréscimo no CV em ambos os grupos, ou seja, houve uma menor variação dos

resultados dos alunos.

51

Comparando os grupos no pré e pós teste, verificaram-se diferenças estatisticamente

significativas entre o grupo de controlo e experimental, tanto no pré-teste (p-

value=0,002) como no pós-teste (p-value=0,029) (cf. Tabela 2). Os alunos do grupo de

controlo obtiveram significativamente melhores classificações no pré e pós testes. Este

facto acabou por ser mais evidente no pré-teste.

Tabela 2.

Resultados das one-way ANOVAS entre o grupo de controlo e o experimental para a variável

dependente, teste de Ciências Naturais, no pré e pós-teste.

Nota. *p < 0.05 ** p < 0.01

O grupo experimental apresentou uma diferença estatisticamente significativa (p-

value=0,038), entre o pré e o pós-teste, apesar da dimensão de efeito ser baixa e a

potência de pouca relevância. Por outro lado, no grupo de controlo não se verificou

diferença estatisticamente significativa entre o pré e o pós testes. Dito de outro modo,

apenas os alunos do grupo experimental melhoraram significativamente os seus

resultados em Ciências Naturais (cf. Tabela 3).

Tabela 3.

Resultados das ANOVAS com medidas repetidas entre o pré e pós-teste, para o grupo de controlo e

experimental, na variável dependente, teste de Ciências Naturais.

Variável

dependente

Grupo N F(1,36; 1,38) P η2

CN_teste Controlo 38 1,245 0,272 0,033 0,192

Experimental 40 4,622 0,038* 0,106 1,092

Nota. *p < 0.05 ** p < 0.01

1.6.7. Discussão e Conclusões

Como já foi oportunamente dito, os alunos do grupo experimental revelaram melhorias

significativas entre a aplicação do pré e do pós-teste de CN. Deste modo, o trabalho de

articulação e de convergência entre as disciplinas de Educação Física e de Ciências

Naturais foi relevante na aprendizagem dos alunos do grupo experimental.

A experiência educativa que integrou as disciplinas de CN e EF, pressupôs uma

“convergência” de vontades dos professores responsáveis por essas duas áreas

disciplinares. Julga-se que a sua concretização foi útil para a consciencialização dos

Variável

dependente

Teste N F(1,36; 1,38) P η2

CN_teste Pré-teste 38/40 10,590 0,002** 0,122 0,895

Pós-teste 38/40 4,936 0,029* 0,061 0,592

52

professores e dos alunos envolvidos, de que pode haver articulação e convergência de

conteúdos disciplinares em diferentes “espaços curriculares”. Este facto, permite a

aplicabilidade das aprendizagens em contexto real, atribuindo-lhes significado.

2. Considerações finais

A intervenção educativa dos professores é, na maioria das vezes, direcionada apenas

para os conteúdos curriculares das suas disciplinas, com preocupações quase exclusivas

no cumprimento do “programa escolar”. Esta tendência, que remonta aos tempos em

que cada um trabalhava isoladamente a sua disciplina, numa visão enciclopedista e sem

diálogo colaborativo, acaba por condicionar a prática pedagógica dos docentes.

A tendência para inverter a falta de trabalho colaborativo entre docentes, está plasmada

no Projeto de Promoção do Sucesso Escolar. Porém requerem-se modificações na

escola, alterando a forma de encaminhamento dos diversos recursos e nos professores

que deverão encarar a perspetiva de alteração das suas metodologias de ensino,

apostando em trabalhos de projeto que articulem conteúdos das diferentes disciplinas,

valorizando as aprendizagens daí resultantes.

Numa publicação de Machado & Alves (2014, p.40), Azevedo refere no seu artigo que

considera que existe uma multiplicidade de “sucessos escolares” e poucas vezes eles são

explicitados, ganhando o foco dos resultados da avaliação externa e da avaliação

sumativa e o número de crianças que transitam de ano e ciclo de estudos. Para o mesmo

autor (2014), os processos que levam ao sucesso escolar é que deveriam ser os

verdadeiros resultados da educação, ou seja, passar a valorizar os processos e os

resultados mais difíceis de contabilizar. O reconhecimento das práticas criativas,

empreendedoras e integradas dinamizadas em contexto de sala de aula, seria uma boa

medida de monitorização do desempenho da escola.

A valorização do ensino da Educação Física depende igualmente da competência e

profissionalismo dos docentes no ensino da disciplina, dando resposta às

recomendações científicas, pedagógicas e metodológicas presentes nos programas

curriculares. Este facto não invalida que o professor de Educação Física procure

sinergias nas diferentes áreas disciplinares, contribuindo deste modo para a desejável

contextualização do ensino da Matemática, do Português, do Inglês, das Ciências

Naturais ou da Educação Musical. As dificuldades que por vezes persistem no

53

reconhecimento da EF como uma área importante no desenvolvimento integral do

aluno, podem ser ultrapassadas com a participação ativa, em projetos escolares de

âmbito interdisciplinar. Neste seguimento, a Educação Física pode ter um papel

relevante na construção de plataformas de cooperação entre as restantes áreas

disciplinares que compõem o currículo.

Importa reforçar a necessidade do sistema educativo recorrer a mecanismos que

proporcionem autonomia, diversidade, criatividade, inovação e responsabilidade às

escolas, e que deste modo se valorizem todos os processos de cooperação. Neste sentido

deverão apontar-se para a implementação da gestão flexível do currículo, tão importante

para a convergência de conteúdos disciplinares como para a concretização de projetos

interdisciplinares, sendo que um dos fatores chave para que tal aconteça, seja a vontade

do professor em sair da sua zona de conforto. O envolvimento ativo dos alunos na

seleção de projetos de trabalho aumenta o seu interesse pela escola e contribuirá para a

aquisição de aprendizagens essenciais.

No âmbito da integração de conteúdos das áreas expressivas com as áreas disciplinares

da Cidadania e do Português, a opção pode passar pela dramatização de uma obra

literária prevista no currículo. Deste modo, o texto literário permitiria trabalhar as

atividades rítmicas e expressivas através da dança (parte integrante da Educação Física),

a produção de textos ou quadras no Português e que por sua vez seriam musicadas na

Educação Musical e a construção de cenários na Educação Visual e Educação

Tecnológica.

A integração dos conteúdos das Ciências Naturais do 6.º ano de escolaridade, sobre o

corpo humano e seu funcionamento, com as capacidades condicionais (resistência e

força muscular) previstas no currículo da Educação Física, possibilitaria ao aluno

compreender fisiologicamente os processos de adaptação que ocorrem com o treino

cardiovascular e muscular.

Como defende Rosa (2007) a escola precisa de ser um espaço aberto ao diálogo, à

tolerância. Espaço este onde se deve recuperar o passado, construindo o presente e

prevendo proactivamente o futuro.

54

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nº 251. Ministério da Educação. Lisboa.

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Ministério da Educação. Lisboa.

Decreto-lei n.º 6/2001, de 18 de janeiro de 2011. Diário da República - I série a, nº 15.

Ministério da Educação. Lisboa.

Decreto-lei n.º18/2011, de 2 de fevereiro de 2011. Diário da República, 1ª série - nº 23.

Ministério da Educação. Lisboa.

Decreto-lei n.º139/2012, de 5 de julho de 2012. Diário da República - série I – n.º 129.

Ministério da Educação e Ciência. Lisboa.

Decreto-lei n.º17/2016, de 4 de abril de 2016. Diário da República, 1ª série – n.º 65.

Ministério da Educação. Lisboa.

Despacho 142/me/90, de 17 de agosto. Diário da República - 2.ª série, nº 202.

Ministério da Educação. Lisboa.

Despacho normativo n.º 4-A/2016, Diário da República, 2.ª série — N.º 114 — 16 de

junho de 2016

Lei n.º46/86, de 14 de outubro de 1986. Diário da República, I série – n.º 237.

Ministério da Educação. Lisboa.

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Lei 49/2005, de 30 de agosto de 2005. Diário da República, I-A série – n.º166.

Ministério da Educação. Lisboa.

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Lisboa.

Parecer n.º 15, de 1 de junho de 1998. Homologado despacho do ministro, publicado no

diário oficial da união de 26/6/1998.

Recomendação n.º 2/2010, Diário da República, 2.ª série — N.º 212 — 2 de Novembro

de 2010. Ministério da Educação. Lisboa.

Recomendação n.º 2/2012, Diário da República, 2.ª série — N.º 21 — 30 de janeiro de

2012. Ministério da Educação. Lisboa.

Recomendação n.º 5/2013, Diário da República, 2.ª série — N.º 133 — 12 de julho de

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69

Anexos

Anexo 1. Certificado de participação

70

Anexo 2. Roteiro turístico (capa e contra capa)

71

Anexo 3. Roteiro turístico (fauna)

72

Anexo 4. Roteiro turístico (flora)

73

Anexo 5. Roteiro turístico (Mapa com percursos pedestres)

74

75

Anexo 6. Um salto para a descoberta

76

77

78

79

Anexo 7. Pré-teste.

A Educação Física e as Ciências Naturais em convergência

Práticas integradas no 6ºAno

Pré Teste

Nome:___________________________________________________ nº____ 6º ____

Data ___/___/201__

1. Fez-se a medição do consumo de oxigénio num atleta antes, durante e após um exercício de

corrida. O gráfico da figura 1mostra os resultados obtidos.

Fig.1

1.1. Refere o que acontece ao consumo de oxigénio logo que se inicia a atividade.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1.2. Indica o consumo de oxigénio após 10 minutos de atividade.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1.3. Identifica o momento em que se inicia a redução do consumo de oxigénio.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1.4. Descreve a variação do consumo de oxigénio ao longo do exercício.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2- Indica onde ocorre a maior parte do consumo de oxigénio no atleta referido na pergunta

anterior.

80

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3-A frequência cardíaca é______________________________________________________

___________________________________________________________________________

4- Refere onde é efetuada a medição da frequência cardíaca. __________________________

5- Relaciona a frequência cardíaca com o esforço físico do atleta, durante e após o exercício

de corrida.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

81

Anexo 8. Diário do meu Coração

Diário do meu

Ano letivo 2015/2016

Nome:_________________________________________________nº____ 6º_____

Dados do Fitnessgram Peso:_________ kg

Altura:_______cm

IMC: _________

Medição da frequência cardíaca (BPM)

Data Atividade

Realizada

Antes do

esforço (P0)

Após

esforço

(P1)

1’ após a

paragem

(P2)

Anotações

__/___/2016

Flexão de

pernas em 45’

Ruffier

Dickson

__/___/2016 Atividade

aeróbia

Medição dos valores de O2

Data Atividade

Realizada

Antes do

esforço (P0)

Após

esforço

(P1)

1’ após a

paragem

(P2)

O2

__/___/2016

Flexão de

pernas em 45’

Ruffier

Dickson

__/___/2016 Atividade

aeróbia

Conclusões:_________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

Ex. anotações: Consigo/Não consigo medir FC; Interrompeu a atividade

(parou,/andou), suspendeu a atividade (não retomou a atividade)

Análise e registo de conclusões

82

Anexo 9. Pós teste

A Educação Física e as Ciências Naturais em convergência

Práticas integradas no 6ºAno

Pós Teste

Nome:___________________________________________________ nº____ 6º ____

Data ___/___/201__

1. Fez-se a medição do consumo de oxigénio num atleta antes, durante e após um exercício de

corrida. O gráfico da figura 1mostra os resultados obtidos.

Fig.1

1.1. Refere o que acontece ao consumo de oxigénio logo que se inicia a atividade.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1.2. Indica o consumo de oxigénio após 10 minutos de atividade.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1.3. Identifica o momento em que se inicia a redução do consumo de oxigénio.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1.4. Descreve a variação do consumo de oxigénio ao longo do exercício.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2- Indica onde ocorre a maior parte do consumo de oxigénio no atleta referido na pergunta

anterior.

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___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3-A frequência cardíaca é______________________________________________________

___________________________________________________________________________

4- Refere onde é efetuada a medição da frequência cardíaca. __________________________

5- Relaciona a frequência cardíaca com o esforço físico do atleta, durante e após o exercício

de corrida.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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Anexo 10. Matriz de correção do pré e pós teste

A Educação Física e as Ciências Naturais em convergência

Práticas integradas no 6ºAno

Matriz de Correção Pré e Pós Teste

Questão Cotação Resposta

1.1.

3 pts O consumo de oxigénio aumenta

1 pts Resposta incompleta

0 pts Não responde, responde incorretamente

1.2.

3 pts O consumo de O2 é de 1500ml/min

1 pts Resposta incompleta

0 pts Não responde, responde incorretamente

1.3.

3 pts Quando inicia a recuperação após o exercício/após 10 minutos de atividade

1 pts Resposta incompleta

0 pts Não responde, responde incorretamente

1.4.

3 pts

Aumenta nos primeiros minutos de exercício, mantém-se durante o

exercício e no final do exercício começa a diminuir, para recuperação

após esforço

1 pts Resposta incompleta

0 pts Não responde, responde incorretamente

2.

3 pts Nos músculos

1 pts Resposta incompleta

0 pts Não responde, responde incorretamente

3.

3 pts O número de batimentos cardíacos por unidade de tempo, geralmente

expresso em batimentos por minuto (bpm)

1 pts Resposta incompleta

0 pts Não responde, responde incorretamente

4.

3 pts Na artéria radial e/ou na artéria carótida

1 pts Resposta incompleta

0 pts Não responde, responde incorretamente

5.

3 pts A frequência cardíaca aumenta durante o exercício de corrida, para

bombear o sangue que transporta o oxigénio e diminui após o exercício

1 pts Resposta incompleta

0 pts Não responde, responde incorretamente

Total 24 pts

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Anexo 11. Registo de resultados dos pré e pós teste

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Anexo 12. Protocolo Ruffier-Dickson (RUD)

Protocolo do Teste de Ruffier Dickson

Este teste não mede a força física ou a potência muscular, mas a capacidade de realizar

um esforço contínuo cuja duração e ritmo dependerá do estado e das características do

nosso organismo.

Fisiologicamente estas características estão relacionadas com o poder que o nosso

coração possui para bombear o sangue e, consequentemente, com a oxigenação das

células do nosso organismo.

Baseia-se na contagem das pulsações antes e após a realização de uma prova de esforço

padronizada.

Metodologia da Prova de esforço padronizada.

Execução

Medição da Frequência Cardíaca:

1º Passo

Medir a pulsação por minuto (conta-a durante 15 segundos e multiplica por 4), em

descanso, de preferência após um período de inação física e de descontração emocional.

Anotar o valor – P0.

2º Passo.

Adotar a posição inicial, de pé, pernas ligeiramente afastadas (+- 30 cm) braços

pendentes, mãos naturalmente fechadas. Executar grande flexão de pernas sem levantar

os calcanhares, tocando com os nós dos dedos das mãos no solo ao lado dos pés. Voltar

à posição inicial. Realizar esta ação durante 45 segundos.

O controlador vai marcando a cadência, tomando como referência que devem ser feitas

10 flexões em quinze segundos.

3º Passo

Medição da FC imediatamente a seguir ao fim do exercício descrito no 2º passo, contar

sem demora durante 15 segundos o número de pulsações após o esforço.

O valor encontrado multiplicado por 4, designa-se por P1.

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Manter-se em repouso durante os quarenta e cinco segundos imediatos à contagem

anterior (o controlador não deve largar o pulso do executante).

4º Passo

Medição da FC, logo a seguir ao fim do repouso de 45’’, contar de novo as pulsações

durante quinze segundos. O valor encontrado, multiplicado como anteriormente,

designa-se por P2.

5º Passo

O Calculo do índice de Ruffier-Dickson (RUD) é feito utilizando a fórmula seguinte

R = (P0 + P1 + P2- 200) /10

6º Passo

Anotar os valores, dos alunos das turmas, de P0, P1, P2 na tabela construída para o

efeito e índice de Ruffier-Dickson

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Anexo 13. Protocolo vai e vem

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