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■W UNIVERSIDADE DO AMAZONAS - UA INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA Pressão de exploração sobre grandes bagres (Siluríformes) na Amazônia Central: Municípios de Iranduba e Manacapuru, Amazonas Tony Marcos Porto Braga Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais do convênio INPA/UA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, Área de Concentração em: Biologia de Água Doce e Pesca Interior. T -2 MANAUS-AM 2001

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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS - UAINSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

Pressão de exploração sobre grandes bagres (Siluríformes) na AmazôniaCentral: Municípios de Iranduba e Manacapuru, Amazonas

Tony Marcos Porto Braga

Dissertação apresentada ao Programa dePós-Graduação em Biologia Tropical eRecursos Naturais do convênio INPA/UA,como parte dos requisitos para obtenção dotítulo de Mestre em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS,Área de Concentração em: Biologia de ÁguaDoce e Pesca Interior.

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MANAUS-AM2001

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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS - UA

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

Pressão de exploração sobre grandes bagres (Siluriformes) na Amazônia

Central: Municípios de Iranduba e Manacapuru, Amazonas

Tony Marcos Porto Braga

Orientadora: Profa. Dra. Nidia Noemi Fabré

Dissertação apresentada ao Programa dePós-Graduação em Biologia Tropical eRecursos Naturais do convênio INPA/UA,como parte dos requisitos para obtenção dotítulo de Mestre em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS,Área de Concentração em: Biologia de ÁguaDoce e Pesca Interior.

MANAUS-AM

2001

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Braga, Tony Marcos Porto

Pressão de exploração sobre grandes bagres (Sliuriformes) na Amazônia

Central: Municípios de Manacapuru e Iranduba/Tony Marcos Porto Braga -

Manaus, 2001.

96 p.ril.

Dissertação de Mestrado

1. Amazônia Central 2. Pesca 3. Sliuriformes 4. Grandes bagres 5. Modelo

de Compartimentos.

CDD 19 ed. 639.2

Sinopse: Em uma área de várzea da Amazônia Central foi descrita a pesca dosgrandes bagres baseada em dados de entrevistas realizadas em comunidadesribeirinha. Foi realizada uma descrição da atividade pesqueira na regiãoidentificando os principais pesqueiros, comunidades ribeirinhas com pescadoresde peixes lisos, aparelhos de pesca e espécies capturadas. O esforço de pesca(número de pescadores por unidade de área) foi quantificado assim como aprodução pesqueira. É apresentado um modelo dinâmico de compartimentosdescrevendo o estado atual da atividade pesqueira de bagres na área de70 km deextensão, associada aos frigoríficos de Iranduba e Manacapuru, municípios doAmazonas.

Palavras-chave: Amazônia Central, Pesca, Siluriformes, Grandes bagres, Modelode Compartimentos.

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A dona êraça,

Maior incentivo poro trilhar estescaminhos...!

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^ AGRADECIMENTOS^ "A minha esperança é de que este trabalho possa estimular a curiosidade

do mesmo modo que os melhores livros de viagens. As melhores recordações detodas as viagens, sejam elas imaginárias ou reais, sâo fortalecidas pela família

® e amigos, pelas nossas tentativas de criar a vida de alguém como se cria uma® obra de arte e os nossos esforços para conciliar as nossas necessidades^ materiais com a importância das nossas relações com os outros".® Â Dra. Nidia Noemi Fabré, pela orientação profissional, pelo exemplo e® dedicação no decorrer do presente trabalho.^ Â minha amiga Nidia, pelo carinho e pelo apoio recebido durante o® decorrer do curso.^ Ao Dr. Carlos Edwar Freitas, pelo auxílio sempre que solicitado além da^ alegria repassada junto com seus ensinamentos.0 Ao Dr. Vandick Batista, pelo profissionalismo, amizade e aprendizado.# À Dra. Victória Isaac por me mostrar o caminho inicial pela pesca e por5 quem tenho muito apreço e admiraçõo.

Ao Msc Urbano Lopes, pelo auxílio e dicas na preparação do modelodinâmico e ensinamentos sobre o programa STELLA, meu mais profundosentimento de gratidão e admiração.

Ao Msc Juan Carlos com respeito e admiração, pela claridade e paciêncianas observações do presente trabalho. Muchas Gracias.

Aos meus amigos Keid, Danielle, Socorro, Eduardo, Olívia e Beth, pelaalegria e por estarem sempre disponíveis em ajudar quando solicitados.

Aos integrantes do Programa Integrado de Recursos Aquáticos - Pyrá,cujo apoio foi fundamental.

Ao Dr. José Celso O. Malta e Dra. Mercedes Bittencourt, pelas críticas

e valiosas sugestões, meus sinceros agradecimentos.Ao meu amigo Sassarico (técnico-pescador do INPA), por ter me

orientado em uma das disciplinas mais importante do curso, meu muitoobrigado. E especialmente à Carminha e a Dra. Lúcia Py Daniel.

Aos pescadores das Costas do Janauacá/Curuçá, Aruanõ, Barroso ePesqueiro; por terem permitido conviver com suas experiências.

Aos responsáveis pelos frigoríficos Friuba, Dourado e Santa Maria; pelasinformações concedidas.

Agradeço às instituições que sustentaram este trabalho: CNPq, INPA,Projeto PYRÁ-FUA / SUDAM / IBAMA / IPAAM.

À minha família, principal responsável pelo que sou.Àqueles que por algum motivo não estão aqui citados.

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ÍNDICE

RESUMO viii

ABSTRACT ix

1. INTRODUÇÃO 1

m 2. MATERIAL E MÉTODOS 6» 2.1. Área de estudo 6^ 2.2. Coleta de dados 9

2.3. Caracterização da pesca 11^ 2.3.1. Quantificação do número de pescadores: O esforço de pesca e a

produção total 11„ 2.3.2. Descrição dos ambientes de pesca 12^ 2.3.3. Caracterização dos equipamentos de pesca 13^ 2.4. A comercialização dos peixes-liso em Manaus 13

2.5. Caracterização do setor pesqueiro - Modelo gráfico de compartimentos ... 13

3. RESULTADOS 16

3.1. Descrição da área de estudo 163.2. As comunidades 19

^ 3.3. A pesca e os pescadores 22^ 3.3.1. As espécies capturadas 23

3.3.2. Caracterização dos aparelhos utilizados 263.3.2.1. Rede arrastadeira 26

3.3.2.2. As embarcações 313.3.3. Os Ambientes de pesca 333.3.4. Esforço de pesca e produção pesqueira 41

3.4. Os entrepostos flutuantes 443.5. Os frigoríficos 463.6. Aspectos econômicos 48

^ 3.7. Comercialização de peixe-liso nos mercados e feiras de Manaus 503.8. Caracterização do setor pesqueiro de grandes bagres - O Modelo decompartimentos 53

4. DISCUSSÃO 60ATORES ENVOLVIDOS NA PESCA DO PEIXE-LISO 61

Os pescadores de peixe-liso do setor Pesqueiro-Janauacá 61Entrepostos e frigoríficos na exploração de grandes bagres no setor Pesqueiro-Janauacá 66CAPTURA POR UNIDADE DE ESFORÇO (CPUE) 68CENÁRIOS DA EXPLORAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PEIXE-LISO NABACIA AMAZÔNICA 70Peixe-liso nos mercados e feiras de Manaus 70Peixe-liso na Bacia Amazônica 72

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^ DINÂMICA DO CENÁRIO PESQUEIRO NO SETOR PESQUEIRO-9 JANAUACÁ 74^ Dinâmica da pesca de peixe-liso no setor Pesqueiro-Janauacá 77

t 5. CONCLUSÕES 80® 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82

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RESUMO

Foi descrita a pesca comercial de grandes bagres da família Pimelodidae em uma

região de influência dos frigoríficos localizados nos municípios de Iranduba e

Manacapuru na Amazônia Central. Os resultados indicam um total de 32

comunidades; sendo que 19 foram selecionadas para coleta de informações de

campo. A atividade pesqueira de grandes bagres nesta região é desenvolvida por

pescadores ribeirinhos residentes em comunidades distribuídas em sua maioria á

margem direita do Rio Solimões. Foram identificados sete entrepostos flutuantes

compradores de peixe liso distribuídos na área de estudo. Cinco frigoríficos

sifados operaram na região durante o período de estudo. A pesca do peixe liso em

toda área é feita basicamente com redes demersais de deriva (malhadeiras)

conhecidas regionalmente como arrastadeiras, verificando-se que são mais

freqüentes as redes de 300 e 500m de comprimento, 3 a 5m de altura, com malha

de 100 a 180mm entre nós opostos. A dourada (Brachyplatystoma flavicans)

representa a espécie mais capturada durante período de "safra do peixe liso". O

esforço está representado por 2 pescadores por canoa, que pescam 5 dias por

semana durante 4 horas por dia. Há um total 1.118 pescadores na área de estudo,

dos quais 461 são pescadores de peixe liso. Considerando a área do presente

estudo de aproximadamente 70 km de extensão, foi encontrada uma densidade

média de 16 pescadores comerciais/km, dos quais 7 são de peixe liso. A captura

(kg) média por pescador por dia de pesca foi estimada em 22,9 kg (± 7,36).

Considerando somente os pescadores de peixe liso que permaneceram na área

de estudo durante a "safra de peixe liso", a estimativa de captura total de peixe liso

é da magnitude de 152 t/més. Durante o período estudado também foram

visitados 13 feiras e mercados em Manaus, 12 das quais apresentaram bancas de

peixe liso, onde cerca de 87% vende o pescado de forma eviscerada edescabeçada, sendo o surubim a espécie mais aceita para consumo e, portanto

mais comercializada. Um modelo de compartimentos descrevendo o estado atual

das atividades que envolvem o setor pesqueiro de bagres na Amazônia Central é

proposto, o qual poderá ser utilizado como ferramenta dentro da formulação demedidas para o manejo deste importante recurso pesqueiro.

V111

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ABSTRACT

Commercial fishery of big catfish of the Pimelodidae family has been described in

an area within reach of processing and freezer plants in the municipalities of

Iranduba and Manacapuru in Central Amazônia. There are a total of 32

communities; 19 of which were chosen to collect field information. The fishery

activity catching big catfish in this this region is executed by fishermen residents of

riverbank communities most of them on the right bank of the Solimões river. Seven

floating warehouse type-buying posts were identified within in the area of study.

The gear used to catch big catfish is basically the gilinet known regionally as

"arrastadeiras". most often 300-500m long, 3-5m high and a web-size of 100-

180mm between opposite knots. The dourada (Brachyplatystoma flavicans) is the

most captured species during the "season of harvest of catfish". The effort is 2

fishermen per canoe who fish during 5 days per week and 4 hours per day. There

is a total of 1.118 fishermen in the studies area, of which 461 fish big catfish.

Gonsidering that the area of the present study is 70 km long, there is a mean

^ density of 16 commercial fisherman per km, 7 of which fish big catfish. The mean

capture per day per fisherman is estimated to be 22,9kg (±7,36). Taking into

account only the fishermen of big catfish who stay in the area of study during the

season of capture, the estimated total of big catfish captured is 152t/month. During

the period studied 13 markets were aiso visited in Manaus. There were 12 market

which had outiets seiling catfish, where 87% sells the catfish draw and without

head, being the surubim (Pseudoplatystoma spp) the best seiling species. A box

model is proposed which describes the present status of activities which are

involved in big catfish fishery in Central Amazônia. Later on the said model could

be used as a tool to develop management measures for this important fishery

resource.

IX

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Região onde estão localizados os municípios de Manacapuru eIranduba com destaque para a área onde as comunidades ruraisestão distribuídas (Adaptado de: Barthem et ai., 1995; NASDA,1995) 8

Figura 02- Símbolos do Software STELLA usados para construção do modelo decompartimento 14

Figura 03 - Mapa da área de abrangência do estudo, com destaque para asCostas identificadas e comunidades visitadas 18

Figura 04 - Variações do nível do rio Solimões, indicando os períodoshidrológicos na área de estudo 19

Figura 05 - Freqüência relativa dos horários preferidos pelos pescadores paracaptura dos peixes-liso 23

Figura 06- Freqüência relativa de ocorrência das espécies mais capturadas nascostas Janauacá/Curuçá e Pesqueiro 24

Figura 07 - Histograma de freqüência do comprimento (a) e da altura (b) dasredes arrastadeiras utilizadas na área de estudo para pesca depeixe-liso 27

Figura 08 - Média e desvio padrão do comprimento (a) e da altura (b) das redesutilizadas nas Costas do Janauacá/Curuçá e Pesqueiro 28

Figura 09 - Histograma de freqüência do tipo de malha (a) e diâmetro da linha(b) utilizada na área de estudo para confecção da rede arrastadeira

30

Figura 10 - Distribuições de freqüência de comprimento das canoas (a) epotência dos motores (b) utilizados na área de estudo para pesca depeixe-liso 32

Figura 11 - Média e desvio padrão do comprimento das canoas (m), gasolinagasta por dia de pesca (L) e propulsão das rabetas (HP) encontradasnas Costas do Janauacá/Curuçá (a) e Pesqueiro (b) 33

Figura 12 - Freqüência relativa dos ambientes de pesca utilizados para pescariade Siluriformes na área do presente estudo 34

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^ Figura 13 - Percurso das malhadeiras na Costa do Janauacá/Curuçá para pescaij) de peixe-liso (Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os^ locais onde foram feitos os perfis e a área varrida pela malhadeira. 35A

Figura 14 - Relação entre a profundidade média do local inicial do "lanço"^ declarado pelos pescadores e a profundidade média do local inicial$ do "lanço" observado na carta náutica 36

^ Figura 15 - Percurso das malhadeiras na Costa do Aruanã para pesca de peixe-liso (Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde

® foram feitos os perfis e a área varrida pela malhadeira 38

^ Figura 16 - Percurso das malhadeiras na Costa do Barroso para pesca de peixe-^ liso (Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde

foram feitos os perfis e a área varrida pela malhadeira 39

^ Figura 17 - Percurso das malhadeiras na Costa do Pesqueiro para pesca de^ peixe-liso (Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais^ onde foram feitos os perfis e a área varrida pela malhadeira 40

Figura 18 - Relação entre o número de pescadores de peixe-liso por^ comunidades e a distância de Manacapuru (a) e Iranduba (b) 43

^ Figura 20 - Freqüência relativa do valor pago pelos feirantes aos fornecedores^ dos principais tipos de peixe-liso aceitos para consumo em Manaus

51O

Figura 18 - Relação entre o número de pescadores de peixe-liso porcomunidades e a distância de Manacapuru (a) e Iranduba (b) 51

Figura 21 - Proporção de fornecedores que abastecem as feiras e mercados deManaus 52

Figura 22 - Freqüência relativa dos diferentes locais de captura dos peixes-lisotransportados por barcos do tipo recreio para serem vendidos emManaus 52

^ Figura 23 - Freqüência relativa do preço cobrado pelos feirantes ao peixe-liso-V vendido nas feiras e mercados de Manaus 53

Figura 24 - Modelo gráfico de compartimentos identificando os setoresenvolvidos na pescaria e comercialização do peixe-liso na áreaestudada. Os números indicam a produção pesqueira noscompartimentos da safra de 1999 54

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^ Figura 25 - Modelo gráfico elaborado no Software STELLA para representar o^ comportamento do sistema modelado, baseado no modelo de0 compartimentos 57

1^Figura 26 - Expectativa da produtividade dos flutuantes presentes na área de

estudo 58

Figura 27 - Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com apesca dos peixes-liso na Costa do Janauacá/Curuçá e aprodutividade do respectivo flutuante comprador de maiorimportância 58

^ Figura 28 -Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com a^ pesca dos peixes-liso na Costa do Janauacá/Curuçá e o respectivo

flutuante comprador de maior importância, admitindo uma queda de^ 30% na demanda do frigorífico comprador (Friuba) 59

Figura 29 - Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com a^ pesca dos peixes-liso na Costa do Pesqueiro e o respectivo flutuante

comprador de maior importância, admitindo uma queda de 30% nademanda do frigorífico comprador (Santa Maria) 59

Figura 30 - Dinâmica do cenário pesqueiro de peixe-liso no setor^ Pesqueiro/Janauacá. PA= Produção anual; PD= Produção

desembarcada; PS= Produção dos pescadores na safra do peixe liso^ 78

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Comunidades ribeirinhas visitadas com suas respectivascoordenadas geográficas 21

Tabela 02 - Número total de pescadores na área de estudo 42

Tabela 03 - Número de pescadores que permaneceram na área de estudodurante a safra de peixe-liso 42

Tabela 04 - Número de flutuantes compradores de peixe-liso por Costa efrigoríficos receptores da produção 44

Tabela 05 - características dos frigoríficos presentes na área de estudo 46

Tabela 06 - Lista de feiras e mercados de Manaus visitadas para aplicação dequestionários 50

Tabela 07- Valores médios de CPUE calculados para diferentes pontos da BaciaAmazônica 70

Tabela 08 - Características dimensionais das malhadeiras á deriva nosdiferentes pontos da Bacia amazônica 72

Xlll

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1. INTRODUÇÃO

A região amazônica abrange uma extensa área de 5.033.072 km^, dos

quais 3,9 milhões de km^ são território brasileiro, e que contem 20% de toda a

água doce do mundo. Os ecossistemas desta região são dominados pela

pronunciada periodicidade do ciclo das chuvas e o degelo dos Andes, de tal forma

que a oscilação do nível das águas nos rios varia entre 5 e 10m, conforme o local

® (Isaac & Barthem, 1995; Ruffino, 1996; Alonso, 1998).

# Durante as enchentes, as águas ultrapassam os limites das restingas e

^ transbordam, inundando as matas ciliares e sendo freadas na sua velocidade, até

^ a estagnação. Os sedimentos transportados pelos rios de águas brancas são

desta maneira depositados por decantação, constituindo-se em uma forma

^ periódica de renovação de nutrientes no solo, que por sua vez estimulam o^ crescimento biológico de toda cadeia trófica (Junk, 1983; Isaac & Barthem, 1995).

As várzeas inundáveis dos rios de água branca constituem as mais

^ importantes áreas para a pesca e outras atividades produtivas na região. A pesca

nos rios de água branca é intensa somente nos períodos de águas baixas, quandoO

as áreas marginais estão secas e os peixes se encontram migrando no canal

(Isaac & Barthem, 1995).r-.j

Durante a seca, as áreas de várzea localizadas às margens dos grandes

rjos de água branca podem alcançar mais de 30 km de largura, ampliando

significativamente as áreas de domínio terrestre, fato que é aproveitado pela biota

e pelo homem que as usa para a agricultura e pecuária. Desta forma, o ritmo

' ̂ imposto pelo pulso anual das inundações explica a maior parte das adaptações da

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0

O^ Batista, 1998).

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fauna e flora, assim como a atividade humana da região (Isaac & Barthem, 1995;

Junk etal., 1998).

Vários autores já demonstraram a importância da pesca para as

populações que habitam as margens dos rios e lagos da região amazônica, tendo

o peixe como a mais abundante e barata fonte de proteína animal, de grande

acessibilidade para as classes sociais de menor poder aquisitivo. A importância

deste recurso não é somente como alimento, mas também pelo seu grande papel

na economia regional, onde se constitui num destacado item das exportações,

tanto na forma de pescado semi-industrializado para consumo humano como na

de peixes ornamentais (Bayley & Petrere, 1989; Chão, 1992, 1995a, 1995b; Isaac

& Barthem, 1995; Barthem et a/., 1995; Cerdeira et ai, 1997; Fabré & Alonso,

1998; Batista etal., 1998).

Nas áreas rurais da Amazônia a pesca pode ser de subsistência,

envolvendo um ou dois pescadores a bordo de uma canoa ou bote, com poucas e

relativamente simples artes de pesca. Também é atividade comercial na qual os

canoeiros vendem parte de sua produção para embarcações ou flutuantes que

possuem caixas ou urnas com gelo (Isaac et aí., 1993; Isaac & Barthem, 1995;

Considerando a sua sazonalidade e a ecologia das espécies alvo, a pesca

na Amazônia Central pode ser dividida em dois sistemas diferentes: a realizada

nos lagos de várzeas e outras áreas alagadas e a praticada nos canais dos rios.

Durante a estação seca, o canal é usado pelos peixes para deslocamento, para

refúgio e, às vezes como ponto de partida para migração de juvenis (Bayley &

Petrere, 1989; Isaac & Barthem, 1995; Barthem & Goulding, 1997).

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%

^ Do conhecimento disponível sobre o comportamento migratório dos

^ grandes bagres (Siiuriformes), sabe-se que os grandes migradores estão%0 estreitamente associados ao canai do rio e que em suas migrações chegam a

® percorrer até 4500 quilômetros, desde o estuário, que constitui área de criacão% ̂ '% até o alto rio Solimões, Japurá, Ucayaii ou alto rio Madeira, onde aparentemente

^ desovam entre maio e julho (Goulding, 1979; Zuanon, 1990; Isaac ef a/., 1993;

® Ruffino & Barthem, 1996; Barthem & Goulding, 1997; Alonso, 1998; Gomes,

^ 1999). As características do ciclo de vida dos bagres migradores permitem que

durante a migração rio acima (vazante/seca), algumas espécies sejam alvo de

intensa pesca em toda a calha do rio Amazonas/Solimões por diferentes frotas

pesqueiras, inclusive no Peru e Colômbia, caracterizando-se este período como a

^ safra do "peixe-liso", que se estende aproximadamente de julho a novembro (Isaac

ef a/., 1993; Ruffino & Barthem, 1996).

Essas espécies são na maioria carnívoras, predadoras de topo de cadeia

trófica e sustentam a pesca para "exportação" na Amazônia. Com essa finalidade

são transportados para sua comercialização, diretamente dos frigoríficos situados

desde o baixo Amazonas até o alto Solimões, para os estados do sul e sudeste doO^ país e, em alguns casos, para países como Colômbia, EUA, Japão entre outros.

Na Amazônia Central o consumo dos peixes-liso tem sido limitado por existir um

preconceito tradicional em relação ao consumo de espécies de "couro", pois

associa-se esta prática ao aparecimento de enfermidades, principalmente da pele

(Goulding, 1979; Smith, 1979; Bittencourt & Cox-Fernandes, 1990; Rodríguez,

1992; Isaac ef a/., 1993).

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&^ Nos últimos vinte anos instalaram-se no médio Amazonas empresas de

® armazenamento e beneficiamento de pescado para a explotaçâo destes bagres#^ migradores. Atualmente estas empresas financiam essas pescarias,

® principalmente das espécies que são capturadas na calha do rio, como filhote

S {Brachyplatystoma filamentosum), dourada {Brachyplatystoma fíavicans),

^ piramutaba {Brachyplatystoma vailianti) e cara-de-gato (Piatynematichthys

® notatus). Outros bagres que também podem ser migradores, mas que não estão

^ associados às pescarias na calha, também são comercializados na região, tais

como surubim {Pseudoplatystoma fasciatum), surubim tigre ou caparari (P

^ tigrínum), mandubé {Ageneiosus brevifilis) e pirarara (Phractocephaius

hemioliopterus) (Merona, 1993; Isaac et ai., 1996; Rezende, 1999).

Os níveis de produção e esforço de pesca no Estado do Amazonas têm

sido acompanhado nos últimos 30 anos pela SUDEPE, IMPA e Universidade do

^ Amazonas, havendo interrupção dos trabalhos no mercado Adolfo Lisboa, que

centraliza grande parte da produção de caraciformes do Estado, entre 1986 e

1988. Batista (1998) analisou a produção pesqueira desembarcada na feira Panair

entre os anos de 1994 e 1996, observando uma produção média anual de 23665

^ (± 1383) toneladas. Este autor comparou o número médio de pescadores por

viagem entre os anos de 1994 e 1996 com aquele registrado para o periodo de

1976 a 1978 (Petrere, 1982) e observou que este número aumentou no rio

Amazonas, Madeira, Solimões, Japurá e Purus.

Batista (1999) avaliou aspectos da biologia pesqueira da curimatã

{Prochilodus nigricans), jaraqui-escama-fina {Semaprochilodus taeniurus), jaraqui-

escama-grossa (S. insignis) e do matrinxã (Brycon cephaius). Os resultados

/V

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^ indicaram que há sérios problemas com o tamanho de recrutamento pesqueiro, o

® qual está muito baixo, no caso dos jaraquis, ou diminui a valores muitos baixos

^ conforme a disponibilidade de adultos no sistema para as demais espécies acima

® mencionadas.

® O conhecimento atual sobre a pesca no Estado do Amazonas tem como

^ base dados de estatística pesqueira (Batista, 1998) e da dinâmica de população

® de caraciformes (Batista, 1999).

A pesca de Siluriformes na Amazônia está associada ás calhas dos rios de

^ água branca, principalmente ao longo do eixo Solimões-Amazonas. É efetuada por

^ pescadores ribeirinhos distribuídos nas margens destes rios, cuja produção é

^ comprada pelos frigoríficos do Estado, muitos localizados no interior próximo dos

- pesqueiros. Isto caracteriza a pesca de bagres na Amazônia como uma atividade

dispersa, fato que dificulta a obtenção de estatística de desembarque e estudos de

a

n

dinâmica de populações, ambos instrumentos fundamentais para estabelecer

^ planos de manejo para o uso sustentável dos recursos.

Atualmente, os dados existentes têm como única fonte os volumes

comercializados deste recurso pelos frigoríficos da região, declarados ao ServiçoO

de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura (S.I.F.). Havendo queixas

constantes por parte de pescadores e comerciantes sobre a diminuição da

abundância destes recursos. Porém não se dispõem de dados sobre a produção e

nível de esforço de pesca no Estado do Amazonas ao longo do tempo.

Este estudo se propõe fornecer um método para estimar o esforço e

produção de bagres explorados pela pesca comercial na Amazônia Central, assim

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como definir cenários de manejo gerados por esta importante atividade de

produção no interior do Estado. Para tal, formulamos os seguintes objetivos:

• Caracterizar as inter-relações entre os atores envolvidos na exploração de

Siluriformes migradores, identificando os produtores/pescadores, as formas e

destino da produção, assim como a comercialização.

• Quantificar a pressão de pesca (em número de pescadores por km) sobre os

pimelodídeos capturados nas proximidades de Manaus.

• Estimar a produção total de bagres em um setor de várzea próximo à Manaus.

• Montar um modelo de compartimentos que permita simular o comportamento

do sistema pescador-intermediário-comprador/consumidor.

^ O presente estudo foi desenvolvido numa área aproximada de 70 km de

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Área de estudo

extensão (03° 17'S; 60° 11'W; 03° 18'S; 60° 37*W) caracterizada por trechos

contínuos de várzea nas margens do rio Solimões (Fig. 01). Nas proximidades dos

municípios de Iranduba e Manacapuru, a área de estudo representa a região de

influência dos principais frigoríficos do Estado do Amazonas, dedicados ao

beneficiamento de grandes bagres. O município de Iranduba está localizado às

margens do rio Solimões a 25 km de Manaus em linha reta e possui uma área

total de 2.213,6 km^. Com uma população estimada de 30.820 habitantes, sendo

20.947 residentes da zona rural (IBGE, 1993; IBGE, 1999; IBGE 2000). O

município de Manacapuru, a 68 km de Manaus em linha reta e 102 km por via

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fluvial, compreende uma área de 7.367,9 km^ e uma população estimada de

73.304 habitantes, dos quais 26.034 residem na zona rural (IBGE, 1993; IBGE,

1999; IBGE, 2000).

Para caracterizar a área de estudo foi considerada a divisão utilizada pelos

pescadores-moradores em quatro sub-regiões da margem direita do rio Solimões:

Costa do Janauacá/Curuçá, Costa do Aruanã, Costa do Barroso e Costa do

Pesqueiro.

7

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o '

^ 3^5-

00* TO* <0*

Figura 01- Região onde estão localizados os municípios de Manacapuru e Iranduba com destaquepara a área onde as comunidades rurais estão distribuídas (Adaptado de Barthem eta/.. 1995; NASDA, 1995).

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2.2. Coleta de dados

Os dados foram coletados entre setembro de 1999 e maio de 2000, durante

quatro excursões (setembro-outubro-novembro/1999 e maio/2000), de seis dias

aproximadamente. A excursão realizada em maio foi efetuada para verificar as

atividades realizadas pelos pescadores ribeirinhos fora da safra do "peixe-liso".

Foram utilizadas cinco fontes de informações:

1. Responsáveis pelos entrepostos de comercialização, conhecidos

regionalmente como "flutuantes";

2. Pescadores comerciais ribeirinhos e líderes das comunidades;

3. Responsáveis dos frigoríficos;

4. Representantes do Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.), Secretaria de

Defesa Agropecuária (S.D.A.) do Ministério da Agricultura e do

5. Responsáveis pelos postos de venda nas feiras de Manaus.

Abastecimento (M.A.A.);

O

Para as diferentes fontes foram confeccionados questionários para

conduções das entrevistas estruturadas e relatos orais.O

Para coleta de informações no campo, procurou-se primeiramente o

número e a posição geográfica dos flutuantes compradores de pescado que

estavam funcionando durante a "safra do peixe-liso" de 1999. Nos entrepostos

foram obtidas informações sobre: 1. NÚMERO DE PESCADORES fornecedores

de pescado; 2. NOME E A LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA das comunidades de

origem dos pescadores fornecedores.

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Com os pescadores foram realizadas 65 entrevistas estruturadas e

registradas informações: 1. SOBRE AS PESCARIAS: o local, ambiente,

profundidade, período das pescarias, rio principal das pescarias, espécies

capturadas e a quantidade; 2. SOBRE A EMBARCAÇÃO DE PESCA: tipo de

embarcação (canoa ou barco), propulsâo, capacidade de armazenamento, diesel,

gasolina e lubrificante gastos nas pescarias. 4. SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO-

beneficiamento primário do pescado, local e forma de venda e preço. 5. SOBRE

OS UTENSÍLIOS DE PESCA: tipo, dimensões e quantidade. Além desses

aspectos, outras informações foram obtidas, sempre que possível: identificação do

pescador e seus dados familiares, dedicação à pesca e se apresentavam outras

atividades além da pesca (ver ANEXO I).

Nos frigoríficos, foram coletados dados sobre a quantidade beneficiada por

espécie mensalmente. As mesmas informações foram obtidas no Serviço de

Inspeção Federal (S.I.F.).

Para obtenção de informações sobre a comercialização dos peixes-liso em

Manaus, registrou-se os seguintes aspectos: nome do mercado (ou feira); número

de bancas com e/ou sem peixe-liso; fornecedor; procedência e destino do

pescado; quantidade comercializada por semana; quantidade adquirida; espécies

mais vendidas; conservação do pescado e preço para compra e venda.

Com base nas informações obtidas junto aos responsáveis pelos flutuantes, foram

identificadas e localizadas geograficamente as comunidades utilizando GPS

(Global Position System). As coordenadas geográficas foram localizadas na base

cartográfica da Região Norte do Brasil, Folha AS.20-ZD, MIR 115, com escala

1:250.000.

0

n

rn

o

o

10

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Para descrição do ciclo hidroiógico do rio, foram utilizados os dados das

cotas médias diárias do nível da água (em metros) da Estação Manacapuru,

fornecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Os períodos hidrológicos foram definidos tendo como critério a amplitude da

flutuação mensal no nível do rio (Alonso, 1998):

1. Enchente/99: aumento progressivo no nível da água com flutuações superiores

a 1,8m/mês.

2. Cheia: época de maior inundação verificada entre junho e julho com variação

do nível do rio inferior a 0,6m/mês.

3. Vazante: diminuição do nível da água em agosto, outubro e novembro com

uma flutuação superior a 2,3m/mês.

4. Seca: período com menor valor no nível do rio, no mês de novembro, com

flutuação do nível do rio inferior a 0,9m/mês.

5. Enchente/2000: período em que houve um aumento progressivo no nível da

^ água com flutuação superior a 2,5m/mês.a

2.3. Caracterização da pesca

2.3.1. Quantificação do número de pescadores: O esforço de pesca e a

produção total

Na quantificação do número de pescadores foram levadas em consideração

todas as comunidades presentes na área, mesmo aquelas que não estavam

presentes nas sub-regiões do Janauacá/Curuçá, Aruanã, Barroso e Pesqueiro; ou

seja, as comunidades localizadas à margem esquerda do rio Solimões. O cálculo

do número total de pescadores e a proporção daqueles dedicados à pesca de

11

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peixe-liso em toda a área foram obtidos a partir dos questionários aplicados aos

líderes ou representantes de cada comunidade. Para quantificar o número de

pescadores que não permanecem na área no período de "safra do peixe-liso",

foram utilizadas as informações fornecidas pelos líderes de cada comunidade

sobre o número de embarcações pertencentes aos moradores das comunidades e

que se deslocam para outros pesqueiros durante a referida "safra".

O esforço de pesca foi medido em número de pescadores vezes o número

de horas por dia dedicadas à pesca por cada pescador. A produção pesqueira foi

estimada levando em consideração a captura (kg) por pescador por dia de pesca,

o número de dias na semana dedicados á pesca e o número de pescadores de0

peixe-liso em cada comunidade.

0

0

Õ Descrição dos ãmbíentes de pesca

0

Para a descrição dos ambientes de pesca, além dos relatos orais dos

pescadores comerciais de bagres, foram realizados perfis da calha principal dos

pesqueiros fluviais, tendo como base as cartas náuticas; Brasil - Rio Solimões.

4107 A, de Manaus a ilha do Marrecão, com escala 1:998874 e a CARTA 12000

(Símbolos, Abreviaturas e Termos, usados nas cartas náuticas brasileiras). As

informações sobre profundidade obtidas das cartas náuticas foram

correlacionadas com os valores declarados pelos pescadores sobre a

'"í profundidade média do local inicial do lance de pesca.

12

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2.3.3. Caracterização dos equipamentos de pesca

Para descrever as formas de produção foram analisados por estatística

descritiva os aparelhos utilizados, embarcações, gasto de gasolina. Devido ao

baixo número de observações para Costa do Aruanã e Barroso, as dimensões dos

utensílios utilizados na captura de peixe-liso foram caracterizadas com os registros

das Costas do Janauacá/Curuçá e Pesqueiro.

2.4. A comercialização dos peixes-iiso em Manaus

A comercialização de peixe-liso em Manaus foi descrita através da

freqüência relativa, expressa em porcentagem, das variáveis: bancas vendendo

peixe-liso, espécies vendidas, fornecedores, preço pago aos fornecedores, origem

do pescado (local de captura) e preço de venda aos consumidores.

O

O

O relações, foi estabelecido um modelo gráfico de compartimento, identificando os

^ componentes básicos: propriedades (variáveis do sistema), vias de fluxo e funçõesinterativas. Para dimensionar compartimentos foram considerados o número de

•^7

2.5. Caracterização do setor pesqueiro - Modelo gráfico de compartimentos

Para caracterização do setor pesqueiro de bagres na área e suas inter-

pescadores de grandes bagres em cada costa, a média de captura em

kg/pescador/dia e o fluxo (desembarque) mensal de bagres em kg para os

flutuantes e frigoríficos.

O comportamento do sistema e os fluxos que chegam aos compartimentos,

além de sua importância foi modelado utilizando-se o software STELLA Research

versão 4.0.1 para windows. A utilização do software STELLA para elaboração de

13

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O

modelos de simulação dinâmica requer que sejam identificados (STELLA, 2000)

(Fig. 02):

• ̂ variáveis do sistema ou estoques: conhecidos nos modelos de

compartimentos por propriedades e são usadas para descrever acumulação

material e não material;

• Fluxos: necessários aos estoques, sua presença é necessária para que

ocorram acumulações;

• Parâmetros: possuem função interativa, modificando, amplificando ou

controlando as atividades dentro do modelo; e

• Conexões: estabelece relações apropriadas entre os componentes acima

mencionados.

&

Estoque / Propriedade

(J^ Parâmetro / Converledor

!► Conector / Seta de informação

Figura 02- Símbolos do Software STELLA usados paraconstrução do modelo de compartimento.

Para simulação do modelo dinâmico, foram considerados os frigoríficos e

flutuantes como sendo as propriedades; número de pescadores em cada costa,

dias que passam pescando, captura individual (t), captura total (t), preço pago ao

pescador pelo kg de peixe-liso (R$quilo), geração de renda que o peixe-liso traz

para cada costa ($$costa) e Capacidade de armazenamento dos frigoríficos (t)

como sendo os parâmetros (convertedores).

14

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0

7

1

r

;

Nos modelos de compartimentos as variáveis que definem o sistema são

quantificadas por meio de equações diferenciais dependentes do tempo. As

equações obtidas no software STELLA Research e utilizadas no modelo dinâmico

com as respectivas informações fornecidas aos Parâmetros estão apresentadas

no ANEXO II.

15

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3. RESULTADOS

3.1. Descrição da área de estudo

A região caracteriza-se como um trecho contínuo de várzea na margem

^ direita do rio Solimões, formando um complexo ecossistema de lagos, ilhas,

® restingas, chavascais, paranás e outras formações.

^ A Costa do Janauacá/Guruçá localiza-se mais próxima ao município de

® Iranduba. Na margem direita do rio Solimões apresenta a Enseada do Janauacá e

® o Paraná do Paeatuba e na esquerda a ilha de Jacurutu (Fig. 03).

^ A Costa do Aruanã esta situada entre a Enseada do Janauacá/Curuçá e o

® Paraná do Manaquiri, à margem direita do rio Solimões, caracterizada por

0 apresentar em sua área de influência um grande lago composto (Lago Grande do

Janauacá/Curuçá) (Souza, 2000) e lagos de várzea de pequeno e médio porte

(Fig. 03), considerando pequeno porte até quatro km^ e médio porte com até 40

km^ (Batista et ai, 1998). Segundo os pescadores encontrados nesta costa,

durante o período da "safra do peixe-liso", pequenas ilhas denominadas deO

O "praias" surgem durante a seca nas proximidades da costa, ocasionando mudança

na direção da correnteza do rio Solimões e aumento na turbulência na área,' 7

dificultando o uso de apetrechos á deriva e a própria navegação por parte dos•í

pescadores.

A Costa do Barroso localiza-se entre o Paraná do Manaquiri e o Paraná do

Barroso. Caracteriza-se por apresentar á margem esquerda do Paraná do Barroso

a ilha do Barroso. Não apresenta em sua área de influência lagos de várzea de

médio ou grande porte (Fig. 03).

16

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m

A Costa do Pesqueiro é o ponto de amostragem situado próximo a sede do

município de Manacapuru. Na sua margem direita apresenta numerosos lagos

várzea de pequeno e médio porte (Fig. 03).

17

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3<«5"

Manaus

Entrepostos flutuantes compradores de peixe

liso

Comunidades com pescadores

comerciais de Slluriformes

Comunidades com pesca de subsIstAncla

LagodoMalàs

Mana

í:> Vila

Iranduba

Vive/,. ,

ry.", yO •

> :<J^5 I

Pawnà do

Ba/roso

Manaquiri% % ®-<v

«%Paraná do

Manaqu

60<>20'

60»10'

60<>05'

60«25'

60<>35'

60<45'

Costa do

■Costa do Pesqueiro i-—

-Costa do Barroso !-• Costa do Aruanã

Janauacà/Curuçá—1

30

25

'

60<>00'

Figura 03 - Mapa da área de abrangência do estudo, com destaque para as Costas identificadas e comunidades visitadas.

^

/»■ fT

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O

O

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Durante o período de "safra do peixe-liso" (agosto/99 a novembro/99) na

região estudada, a cota mínima do rio foi registrada em novembro (7,7m) e a

máxima em julho (19,8m) (Fig. 04).

jan fev mar abr mai

Enchente/99

jun jul

Cheia/99

ago set out

Vazante 199

nov idez jan fev

Enchente/2000

Figura 04 - Variações do nível do rio Solimões, indicando os períodos hidrológicos na área deestudo.

3.2. As comunidades

Foram identificadas um total de 32 comunidades na área estudada (Tab.

01). Destas, 19 foram selecionadas para coleta de informações de campo por

apresentarem, além da pesca de subsistência, pescadores comerciais de peixe-

liso (Fig. 03).

Na Costa do Janauacá/Curuçá foram localizadas sete comunidades, sendo

cinco com pescadores de peixe-liso. Nas ilhas de frente para bosta mencionada

foram visitadas três comunidades e destas apenas duas localizadas na ilha

Jacurutu apresentaram pescadores de peixe-liso. A distância das comunidades,

assim como dos flutuantes compradores de peixe-liso encontrados na área até a

Vila de Iranduba foi de 7.3 km (± 1).

19

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®)

a

w

%

% segundo os líderes, apresentam pescadores de peixe-liso, apesar de não terem

Na Costa do Aruanã foram identificadas e visitadas três comunidades que,

W sido encontrados atuando no período estudado. A distância até a sede do

® município mais próximo (Iranduba) foi em média de 12,8km (± 4).

Das quatro comunidades identificadas e visitadas na Costa do Barroso,%^ somente uma foi citada como não possuidora de pescadores de peixe-liso. A

distância destas comunidades à sede de Manacapuru é de 9,2km (± 1,2).

^ Na Costa do Pesqueiro foram identificadas e visitadas seis comunidades.

onde somente uma não apresentava pescadores de peixe-liso. Nesta Costa,

^ encontramos o maior número de famílias por comunidade, como é o caso de

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, com 108 famílias. A distância até o

município mais próximo (Manacapuru) foi em média de 10,2km (± 4,7).

O

O

O

20

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i)

'Bi

Tabela 01- Comunidades ribeirinhas visitadas com suas respectivas coordenadas geográficas

rfri'ê

if"^

o

o

O

*V

' ̂

Localização I Setores | Comunidades | Posições N" Fa %

Ilhas

Ilha Jacurutu São José* 3» 20' 40"S; 60®ir06"W 33 2,3

São Francisco* 3° 20'01 "S; 60®ir28"W 20 1.4

Ilha Muratu São Francisco 3® 21'04"S; 60® 13'01"W 28 2.0

Ilha da Paciência

N. Sra de Fátima 3® 19' 08"S: 60® 13'05"W 35 2.5

São João 3® 19' 39"S: 60® 15'50"W 25 1.8

Margem Esquerda

São João Batista 3® 16' 25"S: 60® 19'01"W 70 5.0

São Sebastião 3® 16' 26"S: 60® 17'47'W 50 3.6

N. Sra. de Fátima 3® 15' 45"S: 60® 16'22"W 50 3.6

N. Sra. da Conceição* 3® 18' 40"S: 60® 29'14"W 40 2.8

São Francisco 3® 16' 93"S: 60® 23'45"W 168 11.9

N. Sra. de Nazaré 3® 15' 39"S: 60® 15'19"W 50 3.6

Margem Direita

Costa do

Janauacá/Curuçá

N. Sra. de Fátima 3® 24' 57"S: 60® 14'43"W 50 3.6

São Sebastião* 3®21'07"S:60®08'05"W 36 2.6

Monte das Oliveiras* 3®21'16"S;60®09'00"W 30 2.1

Santa Maria 3® 22' 58"S: 60® 10'50"W 12 0.9

S. T.Vila da Janauacá* 3®21'57"S:60°12'56"W 66 4.7

São Lázaro* 3® 20' 33"S;60®11'11"W 37 2.6

N. Sra. da Conceição* 3® 21'42"S; 60® 12'03"W 7 0.5

Costa do Aruanã

N. Sra. P. Socorro* 3®18'40"S;60®21'01"W 62 4.4

São Lázaro* 3® 21' 50"S: 60® 15'55"W 23 1.6

São Sebastião* 3® 18' 00"S; 60® 19'34"W 42 3.0

Costa do Barroso

Cristo Vive* 3® 19' 09"S; 60® 24'28"W 92 6.5

São Francisco* 3® 22' 36"S: 60® 27'33"W 50 3.6

Nova Esperança* 3® 22' 29"S; 60® 26'69"W 32 2.3

São Pedro 3® 22' 00"S; 60® 28'22"W 28 2.0

Costa do Pesqueiro

São Sebastião 3®21'39"S: 60® 31'62"W 8 0.6

N. Sra. P. Socorro 1* 3®21'29"S;60®30'19"W 20 1,4

N. Sra. de Fátima* 3® 20' 56"S: 60® 36'08"W 75 5.3

N. Sra. das Graças* 3® 20" 56"S: 60® 35'61"W 45 3.2

Apóstolo Pauto* 3° 20' 56"S; 60® 36'42"W 16 1.1

N. Sra. P. Socorro II* 3® 20' 51 "S; 60® 37'96"W 108 7.7

Comunidades selecionadas para a coleta de informações.N° Fa= N° Famílias

21

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%

'

■'V

' \

3.3. A pesca e os pescadores

# Os pescadores de peíxe-iiso identificados na área de estudo são. em sua

grande maioria "pescadores ribeirinhos", ou seja, aquela parcela de pescadoresrf,

que reside na zona rural às margens de rios, lagos e paranás.

@ A dedicação à pesca do peixe-liso durante o ano todo foi declarada porfé^ apenas 15,5% dos entrevistados. Os demais, 84,5%, somente se dedicam a esta

pescaria durante a safra do peixe-liso (vazante/seca - agosto/novembro),%

considerado o melhor período para realização desta atividade. Durante o período

de "entre-safra do peixe-liso" (enchente/cheia - janeiro/julho), os pescadores

sazonais continuam com as atividades ligadas ao setor primário e à pesca, sendo

esta última majs voltada ao consumo familiar do que ao comércio.

Sobre a preferência do horário para realização da pescaria, 59% dos

entrevistados afirmaram pescar durante todo o dia na safra (Fig. 05), desde que

não houvesse outra atividade para ser realizada. Com relação á dedicação

semanal á pesca de peixe-liso durante a safra, 82% dos entrevistados pescam

todos os dias, com exceção do sábado e domingo. Os 18% restantes pescam em

dias alternados, dedicando parte de seu tempo á agricultura (principalmente á

plantação de mandioca) e outras atividades.

22

Page 36: UNIVERSIDADE DO AMAZONAS - UA INSTITUTO NACIONAL DE ... · 2.3. Caracterização da pesca 11 ^ 2.3.1. Quantificação do número de pescadores: O esforço de pesca e a produção

^5,

O

n Manhã e noite |10)

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Q.

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ODia todo (24hs) iiBiMi»¥«waga»»«}»i^f

^ o 10 20 30 40 50 60 70S Freqüência relativa (%)

^ Figura 05 - Freqüência relativa dos horários preferidos pelos pescadores para captura dos peixes-liso

A totalidade dos entrevistados se dedicam a essa pescaria de peixe-liso

para comercializar a captura. Ao serem questionados sobre o consumo do peixe-

liso, todos os entrevistadgs têm preferência pelo "peixe de escama", que pertence

principalmente às ordens Characiformes, Osteoglossiformes e Perciformes.

^ Contudo, 80% aceitam o peixe-liso para consumo, principalmente surubim e

dourada (na ausência de outro tipo de pescado); os restantes 20% náo consomem

este tipo de pescado.

3.3.1. As espécies capturadas

A dourada (Brachyplatystoma flavicans) é a espécie mais capturada em

toda a área de estudo. Na Costa do Janauaeá, representou 60%, seguida pelo

surubim (Pseudoplatystoma fasciatum), com 20%, caparari (Pseudoplatystoma

tigrinum) e mapará {Hypophthaimus spp.), com 8% cada uma. Na Costa do

Pesqueiro a dourada representa 56%, seguida do bandeira (Brachyplatystoma

23

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juruense) com 24%, barba {Goslinia platynema) e filhote ou piraíba

(Brachyplatystoma filamentosum) com 8% cada uma (FIg. 06).

Além das espécies citadas acima, foi observado in loco com menos

freqüência o desembarque de outras espécies consideradas raras pelos

pescadores como o pacamum {Paulicea luetkeni) e a pirarara (Phractocephaius

hemioilopterus), entretanto estas não foram citadas nas entrevistas. Com exceção

do mapará, que pertence á família Hypophthalmidae, todos os demais bagres

pertencem á família Pimelodidae. A seguir ilustram-se estes peixes (Quadro 01);

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□Janauacá/Curuçá^Pesqueiro

IZl □Capararí Dourada Surubim Bandeira Barba

Tipo de pescado

Filhote Rramutaba Mapará

Figura 06- Freqüência relativa de ocorrência das espécies mais capturadas nas costasJanauacá/Curuçá e Pesqueiro.

24

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Quadro 1 - Principais espécies de grandes bagres capturados na área estudada e a respectiva descrição.

Espécies capturadas

Brachyplatystoma flavicans, Casteinau, 1855

I5cm

Brachyplatystoma juruense, Boulenger, 1898

I 25cm I

Pseudoplatystoma fasciatum, Linnaeus, 1766

zOcm I

Brachyplatystoma vailianti, Valenciennes, 1840

I 40cm I

Brachyplatystoma fflamerjtosum. Lichtenstein, 1819

lOcm

Goslinía platynema, Boulenger, 1888

Descrição

Dourada - Pode atingir mais de 1,5m dê

comprimento e 20 kg. Com ampla distribuição ao

longo da Bacia Amazônica, principalmente no canal

dos rios principais.

Bandeira ^ Alcança cerca dê 6Õ cni dê

comprimento. Apesar de apresentar uma ampla

distribuição na Bacia Amazônica, é a mais rara das

espécies de Brachyplatystoma, sendo conhecido

somente em canais de rios de água branca, não

tendo sido encontrada na foz amazônica.

Surubim ou pintado - Alcança mais de 1,3m de

comprimento. Ampla distribuição na Bacia

Amazônica, mas raro ou ausente na foz. Ocorre nas

cabeceiras de todos os tipos de rios, ainda que

diferentes espécies possam estar envolvidas.

Piramutaba - Alcança cerca de 1 m de comprimento

e 10 kg de peso. Habita o canal dos rios principais

de água branca e na parte de água doce da foz

amazônica; relativamente raro nos lagos de várzeas

e nos tributários de água preta e clara.

Piraiba ou filhote - Ultrapassa 2m de comprimento,

podendo chegar a 200kg. Ampla distribuição na

Bacia Amazônica, habitando canal dos rios

principais, incluindo tributários'de água branca,

preta e clara; nos lagos de várzea; e na parte de/

água doce da foz amazônica.

Babão ou barba chata - Pode alcançar mais de

50cm de comprimento. Ocorre ao longo dos

principais rios da Amazônia, conhecidos somente

em rios de água branca e na parte do estuário de

água doce.

25

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Pseudoplatystoma tigrinum, Valenciennes, 1840

I 6cm I Hypophthaimus spp.

Adaptado de: Burgess, 1989; Merona. 1993; Castro

Capararí ou surubim tigre - Alcança mais de 1mde comprimento e quase 20kg. Ampla distribuiçãona Bacia Amazônica, mas raro ou ausente na foz.

Parece ser mais raro que o surubim nas cabeceiras.

Habitam os canais dos rios, a várzea e igarapéslargos.

Mapará - Apesar de ser uma família com poucosrepresentantes, apresenta uma ampla distribuiçãodesde as Guianas até a Argentina. São muito

abundantes em certas regiões, especialmente em

lagos de várzea.

1994; Barthem et al., 1995; Ferreira et ai, 1998.

3.3.2. Caracterização dos aparelhos utilizados

3.3.2.1. Rede arrastadeira

A pesca do peixe-liso, em toda área de estudo, é realizada principalmente

com redes (malhadeiras) demersais de deriva, conhecidas regionalmente como

arrastadeiras. Em toda área foram mais freqüentes as redes de 300 e 500m de

comprimento (Fig. 07a).

Na costa do Janauacá/Curuçá a arrastadeira apresentou um comprimento

médio de 296,4m (±128,9), enquanto na Costa do Pesqueiro o comprimento médio

foi de 425,8m (±113,7) (Fig. 08a).

Em toda área de estudo foram mais-freqüentes as redes de 3 a 5m de

altura (Fig. 07b). A altura média da arrastadeira na Costa do Janauacá foi de 4,4

(± 1,2) e na Costa do Pesqueiro de 4,4 (± 1,5) (Fig. 08b). Os pescadoresencontrados na Costa do Aruanã, apesar de não serem moradores daquela Costa,

26

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s

utilizavam redes com comprimento e altura dentro do intervalo encontrado para as

demais costas, o mesmo ocorrendo na Costa do Barroso.

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Altura das arrastadeiras (m)

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Figura 07 - Histograma de freqüência do comprimento (a) e da altura (b) dasredes arrastadeiras utilizadas na área de estudo para pesca depeixe-liso. '

27

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Costas

Figura 08 - Média e desvio padrão do comprimento (a) e da altura (b)das redes utilizadas nas Costas do Janauacá/Curuçá^ePesqueiro.

O tamanho da malha variou de 100 a 180mm entre nós opostos, ocorrendo

com mais freqüência redes com tamanho de malha de 160mm (Fig. 09a) feito com

linha de nylon n° 24 e 36 (Fig. 09b).

28

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' 7

A confecção da rede é feita pelo próprio pescador, por seus familiares ou

por uma pessoa contratada, uma vez que não há fabricação de redes com as

características das redes utilizadas na pesca dos peixes-liso na Amazônia Central.

Foram observados durante este estudo pescadores consertando panagens de

redes já prontas que estavam rasgadas. Geralmente a panagem é comprada

pronta e feito o entralhe colocando-se uma série de chumbadas na relinga inferior

^ horizontal de tal forma que a rede possa atingir o fundo do local escolhido paraC

realização da pescaria. O peso total das chumbadas é determinado a critério do

%^ pescador, podendo chegar até 40kg de chumbo em uma rede de 500m de

^ comprimento. Na relinga horizontal superior é colocada uma longa e espessa

corda, de tal fprma que uma de suas extremidades fique ligada a um flutuador,i

que pode ser um barril de óleo vazio ou grandes garrafas de plástico, enquanto

. que a extremidade do lado oposto pode ser manipulada pelo pescador enquanto

realiza o lance.

29

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Diâmetro da linha (mm)

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Figura 09 - Histograma de freqüência do tipo de malha (a) e diâmetro dalinha (b) utilizada na área de estudo para confecção da redearrastadeira.

O USO do espinhei para pesca dos peixes-liso fói citado apenas por

pescadores residentes da Costa do Janauacá. O espinhei nesta área é feito

através de uma corda (às vezes chamadas de "cabo") de 4 a 5m, a qual é

amarrada entre duas pequenas árvores ou entre duas varas, que devem estar

paralelas à margem do rio, de tal modo que a corda possa ficar próxima à

superfície. Anzóis, geralmente de números dois a quatro, são amarrados em

30

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%

linhas separados e presos à corda a uma distância aproximada de 1,5m, de modo

que cada anzol fique pendurado com a isca viva.

Oi

%

% A pesca dos peixes-liso em toda área de estudo é realizada com pequenas

3.3.2.2. As embarcações

canoas de madeira, propulsionadas por motores de popa conhecidos

regionalmente como "rabeta". Em toda área foram mais freqüentes as

embarcações de 6 a 7,5m (Fig. 10a). Na Costa do Janauacá/Curuçá as

embarcações apresentaram um comprimento médio de 5,6m (± 1,3) inferior ao

^ observado para Costa do Pesqueiro que foi de 6,7m (± 0,9) (Fig. 11a e 11b). Para

propulsão na área estudada são mais freqüentes os motores de 4, 5 e 5,5HP (Fig.

'

10b), sendo observado motores com propulsão de 4,6HP (±1) para Costa do

^ Janauacá e de 5HP (± 0,8) para Costa do Pesqueiro (Fig. 11a e 11b). Com

relação ao gasto com gasolina por dia de pescaria por canoa, foi observado um

gasto médio para Costa da Janauacá de 4,7 í (± 2,3), enquanto que para Costa do

^ Pesqueiro foi observado um gasto de 3,9 ̂ (± 0,8) (Fig. 11a e 11b).

31

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Potência dos motores do tipo "rabetas" (HP)

Figura 10 - Distribuições de freqüência de comprimento das canoas (a) epotência dos motores (b) utilizados na área de estudo parapesca de peixe-liso.

32

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Comp. das canoas GasoBna FVopulsão

Figura 11 - Média e desvio padrão do comprimento das canoas (m),gasolina gasta por dia de pesca (O e propulsão das

' ^ rabetas (HP) encontradas nas Costas do, ^ Janauacá/Curuçá (a) e Pesqueiro (b).

O

3.3.3. Os Ambientes de pesca

O "lanço" é uma área encontrada empiricamente pelo pescador, onde o

fundo é relativamente plano e não há obstáculo para a rede engatar (Barthem,

> 1990). Como na área de estudo os termos "lanço" e "lance" são usados sem

distinção, utilizamos "lance" para o tempo efetivo de atuação de um aparelho

desde o início da pescaria até o momento da retirada do mesmo.

33

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Observa-se que os pescadores ao indicarem o local escolhido como "lanço"

(denominado "meio do rio"), não se referem exatamente ao canal principal, e sim a

uma área bastante conhecida pelos pescadores locais que evitam os remansos

pois, segundo os mais experientes, são indicadores da presença de "pauzadas" e

pedras. Na Costa do Janauacá foi evidenciado que o local inicial do lance não

estava no canal principal, mas este fazia parte do percurso da rede enquanto o

lance era realizado como demonstra a Figura 13. Com exceção da Costa do

Aruanà, esta situação foi vista para as demais costas.

O ambiente mais explorado nas pescarias de bagres nas quatro sub-

regiões foi aquele denominado pelos pescadores como sendo o "meio do rio",

havendo destaque para a Costa do Pesqueiro; já o beiradão é freqüente nas

pescarias do Barroso e Janauacá/Curuçá; a praia foi citada por pescadores que

também pescam no "meio do rio" e foram encontrados no Janauacá e Barroso; o

paraná foi citado na Costa do Janauacá. enquanto que o lago só foi citado na

Costa do Pesqueiro e Janauacá por pescadores que também pescam no rio (Fig.

I I Pesqueiro

□ Janauacá/Curuçá

. I BB I I BB I I BB cn 1=3 1=1Costa e baradâo Meodorio Praaemeiodo Paraná Rio e lago

Ambientes de pesca

Figura 12 - Freqüência relativa dos ambientes de pesca utilizados parapescaria de Siiuriformes na área do presente estudo.

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APÓS O INÍCIO. DO LANCE

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DA REDE

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Figura 13 - Percurso das malhadeiras na Costa do Janauacá/Curuçá para pesca de peixe-liso(Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde foram feitos os perfis ea área varrida pela malhadeira.

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Foi observada uma alta correlação entre as informações fornecidas em

Cl cada costa pelos pescadores de peixe-liso sobre a profundidade média dos locaisCrQ de lançamento da rede declarado pelo pescador e as obtidas da carta náutica (Fig.C 14).

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Profundidade registrada na carta náutica (m)

Figura 14 - Relação entre a profundidade média do local inicial do "lanço"^ declarado pelos pescadores e a profundidade média do local inicial^ do "lanço" observado na carta náutica.

^ Na Costa do Aruanã é grande a turbulência próxima da margem direita..7

Desta forma, os pescadores iniciam o lance a uma distância segura da margem,

mas devido a direção da corrente do rio Solimões os aparelhos de pesca acabam

sendo arrastados para próximo desta margern onde se dá o final do lance. Esta

sub-região apresentou um dos ambientes de menor profundidade para pesca do

peixe-liso, além desta prática ser realizada mais próximo da margem (Fig. 15).

A sub-região do Barroso foi a que apresentou o ambiente de maior

profundidade para as pescarias de peixe-liso (Fig. 16).

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Na sub-região do Pesqueiro foi observada a maior quantidade de

reclamações sobre perdas de redes, ou pedaços destas que ficaram enroladas em

(j. troncos submersos, além da distância da Costa ao local do lanço ser maior que

'•D^ nas demais costas (Fig. 17), e pelo constante aparecimento de jacaré-açú

C' {Melanosuchus nigei), que representa um perigo ao pescador e seus familiares

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C . PERFIL DOLOCAL DERECOLHIMENTODA REDE

Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solimões (Km)o 0.3 0 5 0.7 1.2 2-95 5 ^

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Ilha da Paciência10

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MaigemEiqotida

Z.N.H. = Zona não hidrografada

Figura 15 - Percurso das malhadeiras na Costa do Aruanã para pesca de peixe-iiso (Siluriformes).As setas (no mapa acima) indicam os locais onde foram feitos os perfis e a áreavarrida pela malhadeira.

38

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A. PERFIL DOLOCAL INICIAL

DO LANCE

B . PERFIL DO LOCAL 30MIN. APÓS O INÍCIODO LANCE

PERFIL DO

LOCAL DE

RECOLHIMENTO

DA REDE

Distância entra as margens direita e esquerda do Rio Soiimtes (Km)

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esquerda

Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solim&es (Km)* 01 0.6 0.9 1.1 15

margem

Distância entre as margens direita e esquerda do Rio SotimOes (Km)05 0.9 1.4

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esquerda

+ ̂10

Figura 16 - Percurso das malhadeiras na Costa do Barroso para pesca de peixe-liso(Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde foram feitos osperfis e a área varrida pela malhadeira.

39

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A. PERFIL DOLOCAL INICIALDO LANCE

Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solimões (Km)0£ 0.4 1.3 1.6

esquerda

B . PERFIL DO LOCAL30 MIN. APÓS OINÍCIO DO LANCE

Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solimões (Km)0.3 0.7 1.4 2

e 10

margemesquerda

+ 10

C . PERFIL DO LOCALDE RECOLHIMENTODA REDE

Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solimões (Km)0.4 1.5 2.5

margemesquerda

+ 16.1

Figura 17 - Percurso das malhadeiras na Costa do Pesqueiro para pesca de peixe-liso(Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde foram feitos os perfise a área varrida pela malhadeira.

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3.3.4. Esforço de pesca e produção pesqueira

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C>® No período de safra, o esforço está representado em geral por dois

pescadores por canoa, que pescam cinco dias por semana durante quatro horas

(Q. com duração média de 1 hora (± 0,30), caso não ocorra nenhum imprevisto como

por dia. Durante essas quatro horas de pescaria são realizados quatro lances.

a presença de paus ou ataques por botos (Inia geoffrensis) aos peixes emaíhados,

o que faz com que os pescadores retirem a rede antes do tempo previsto.

O elevado número de pescadores, próximos aos pesqueiros durante o

período de safra, faz com que cada pescador aguarde o tempo certo de sair para

realizar o seu lance, respeitando aquele que esteja atuando para não correr o

risco de uma rçde engatar em outra, ou fazer um lance sem sucesso na captura.ê

Em toda área de estudo há no total 1118 pescadores, dos quais 461 são

pescadores de peixe-liso (Tab. 02). A Costa do Aruanã foi a única onde se

observou a atuação de pescadores visitantes e que não foram contabilizados entre

os que permanecem pescando na área durante a vazante/seca, por afirmarem que

eram moradores de Iranduba e que só ficariam naquele local por algumas

semanas enquanto estivessem capturando a dourada; caso contrário, procurariam

outros pesqueiros, os quais não informaram sua localização.

41

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Tabela 02 - Número total de pescadores na área de estudo.

Costa

N° de

Comunidades

visitadas

Total de pescadores Pescadores de peixe-liso

Numero % Número %

Janauacá/

Curuçá8 229 20,48 117 25,4

Aruanã 3 127 11,36 20 4,3Barroso 3 174 15,56 97 21

Pesqueiro 6 304 27,19 217 47.1Arapapá 1 168 15,03 10 2,2Outras 11 116 10,38 0 0Total 32 1118 100 461 100

Dos 1118 pescadores que moram nas comunidades visitadas, cerca de

210 saem da área de estudo para pescar em outros locais, sendo a maior parte

(60,48%) moradores da Costa do Pesqueiro. Ficam na área de estudo durante at

"safra do peixe-liso" cerca de 908 pescadores, dos quais 302 são pescadores de

peixe-liso, representados em sua maioria por moradores das Costas do Pesqueiro

e Janauacá/Curuçá, respectivamente (Tab. 03).

Tabela 03 - Número de pescadores que permaneceram na área de estudodurante a safra de peixe-liso.

Costa

Total de pescadores Pescadores de peixe-liso

Número % Número '%

Janauacá/

Curuçá204 22,47 92 30,51

Barroso 116 12,78 67 22,22

Pesqueiro 177 19,49 143 47,26

Outras 411 45,26 0 0

Total 908 100 302 100

42

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Considerando a área do presente estudo de aproximadamente 70 km de

extensão, foi encontrada uma densidade média de 16 pescadores/km.

Contabilizando somente os pescadores de peixe-liso, foi encontrada uma média

de sete pescadores de peixe-liso/km.

Há uma tendência de aumento do número de pescadores comerciais de

peixe-liso por comunidade, conforme a aproximação da sede do município de

Manacapuru e Iranduba (Fig. 18a e 18b).

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Distância de Iranduba (Km)

Figura 18 - Relação entre o número de pescadores de peixe-liso porcomunidades e a distância de Manacapuru (a) e Iranduba(b).

43

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Considerando o esforço representado por dois pescadores por canoa que

pescam quatro horas por dia, a captura de peixe-liso (kg) por pescador por dia de

pesca foi estimada em 22,9 kg (± 7,36). Levando em consideração somente os

pescadores de peixe-liso que permanecem na área de estudo durante a "safra de

peixe-liso", a estimativa de captura de peixe-liso nesta área é da magnitude de

152 t/mês.

3.4. Os entrepostos flutuantes

Foram identificados sete entrepostos flutuantes compradores de peixe-liso

distribuídos na área de estudo (Tab. 04), sendo que em seis destes (Quito,

Marinho, Begg, Matusalém, Orion e Leonardo) foram realizadas entrevistas com

OS responsáveis. Ao final da safra (novembro/99) encontramos á margem

esquerda um entreposto comprador que, segundo os moradores locais, estava

funcionando há poucos dias, do qual só foi possível obter sua localização

geográfica (Fig. 03).

Tabela 04 - Número de flutuantes compradores de peixe-liso

%

Costa Entrepostos FrigoríficoReceptor

Quito Dourado

Janauacá/Curuçá Marinho Friuba

Castelo Santa Maria

Aruanã Bega Friuba

Barroso Matusalém Friuba

Orion Frigopesca

Pesqueiro Leonardo Santa Maria

44

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t>Os entrepostos flutuantes compradores de peixe-liso sâo na realidade

^ casas flutuantes construídas com madeira, utilizando como substrato flutuanteV■

Q' grandes troncos de árvores conhecidas vulgarmente por assacu (Hura creptans -Ü^ Euphorbiaceae). Nestes entrepostos são realizados a compra e o armazenamentoC' dos peixes-liso em urnas para gelo para depois serem transportados aos€^ frigoríficos. O transporte do pescado é feito por barcos "geleiros" pertencentes aos

frigoríficos, ou alugados (fretados) a estes durante o período de "safra do peixe-

S liso".

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Durante as saídas de campo foi observado que somente os flutuantes

fornecedores do frigorífico Friuba possuíam urnas para armazenamento de peixe-

ir

Oir

s

liso cedidas aos donos'dos entrepostos através de acordos entre estes e os

^ responsáveis pelo frigorífico. Os demais flutuantes possuíam urnas compradas ou

construídas a mando dos responsáveis. A capacidade de armazenamento de cada

flutuante variou entre 3 e 6t e depende do número de urnas no flutuante (no

máximo 3 urnas). Durante o período estudado a freqüência com que os donos dos

entrepostos levam a produção aos frigoríficos é de três vezes na semana.

Os donos dos entrepostos flutuantes, com exceção daqueles da Costa do

Barroso, são moradores de municípios próximos aos pesqueiros e só

permanecem nos entrepostos durante a "éafra do peixe-liso". Na Costa do

Barroso, os donos dos entrepostos são moradores de comunidades locais. Na

Costa do Pesqueiro foi observado que o responsável pelo flutuante comprador,

morador do município de Manacapuru, chegava todos os dias durante a "safra" em

horário pré-determinado para fazer a compra dos peixes-liso, retornando a

45

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Manacapuru após a negociação, deixando sempre uma pessoa responsável pela

í' segurança do entreposto. Nos demais entrepostos, os responsáveis permaneciamtn nos mesmos durante todo o dia, se ausentando somente para ir até a sede dos

municípios para acompanhar o desembarque do pescado no frigorífico.Ü

Durante o período de entre-safra (enchente/cheia), os entrepostos são

transportados até lagos próximos dos pesqueiros ou ancorados próximos às casas

& dos pescadores que moram à margem do rio Solimões. Para tal, os proprietários

fazem uso de embarcações que em geral lhes pertencem. Na Costa do

Janauacá/Curuçá, onde foi observado "//? loco" o transporte dos flutuantes até os

lagos próximos, os proprietários utilizaram embarcações com capacidade de carga

de até 201 e p/opulsão de 130 a 170HP.

3.5. Os frigoríficos

Quatro frigoríficos "SIFados" foram identificados operando na área de

estudo, cujas características são apresentadas na Tabela 05;

Tabela 05 - características dos frigoríficos presentes na área de estudo.

Capacidade de Capacidade de Capacidade Geração deFrigorífico Municipio armazenamento congelamento de geração de empregos

sede (t) (t/dia) gejo (t/dia) diretos> ̂ (período de

safra)

Friúba Iranduba 1200 ,-40 60 300

Santa Maria Manacapuru 1000 40 120 300

Frigopesca Manacapuru 500 40 100 120

Dourado Iranduba 250 15 30 70

Fonte: Associação das Industrias de Pescados "81 Fados" do Amazonas - AIPAM.

46

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ú~ Quanto ao transporte e origem da produção: o frigorífico Dourado trabalhouQ

O no período de "safra do peixe-llso" com seis embarcações próprias, comO

capacidade de 8 a 45 t, recebendo pescado de oito flutuantes compradores de

peixe-liso distribuídos desde Codajás - AM até Óbidos - PA. O frigorífico FriubaÜ

trabalhou com 21 embarcações, das quais 18 eram fretadas, com capacidade de

carga de 3 a 601 (201 em média). Os responsáveis pelo Friuba afirmaram receber

peixe-liso de 14 entrepostos flutuantes compradores distribuídos desde Tefé - AMÜQ até próximo de Óbidos - PA (Coari; Codajás; Anori; Costa do Barroso; Costa do

Janauacá; Itacoatiara e foz do rio Madeira, no Estado do Amazonas). O frigorífico

Santa Maria trabalhou com três embarcações próprias (9, 20 e 50 t) e quatro

fretadas (3, 4„6 e 8 t), recebendo peixes-liso de quatro entrepostos flutuantes às

proximidades de Anori e Codajás, no Amazonas, um na Costa do Pesqueiro e

mais dois barcos compradores que faziam a compra de peixe-liso dos pescadores

que atuavam na foz do rio Madeira.

A produção média mensal do Friuba durante os meses de safra do ano de

1999 foi de 366 toneladas; já o frigorífico Dourado foi de 41 toneladas e o Santa

Maria ficou em 118 toneladas. Os responsáveis pelo frigorífico Frigopesca não nos

recebeu para fornecer dados. Para manter a produção, existem acordos entre os

responsáveis pelos frigoríficos com os donos de entrepostos e'pescadores para/

que sejam realizadas "campanhas" em busca de outros pesqueiros para captura

dos grandes bagres. Foi observada "in loco" a saída de campanhas das Costas do

Janauacá e Barroso, constituídas de um barco geleiro (16m; 12 t de capacidade

de carga) pertencente ou fretado aos frigoríficos, transportando em média 8

canoas (com motores do tipo rabeta), redes do tipo "arrastadeira" e pescadores.

47

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3.6. Aspectos econômicos

^ Somente 16,7% dos pescadores entrevistados fazem uso de gelo paraO

Q conservação do pescado eviscerado antes da venda, sendo que estes não

^ vendem aos flutuantes compradores, mas sim para comerciantes varejistas ouO

O para barcos fretados aos frigoríficos que, além de transportarem a produção dosOQ entrepostos flutuantes fazem a compra diretamente dos comunitários. Cerca de

^ 83,3% vendem a produção in natura para os entrepostos flutuantes compradores©

Q que repassam o pescado comercializado aos frigoríficos da região.

QNa Costa do Janauacá/Curuçá, os pescadores comercializam a produção

com víscera e cabeça aos flutuantes que compram para os frigoríficos Friuba e

Dourado, enquanto o flutuante que compra para o frigorífico Santa Maria adquiria$

o pescado já eviscerado e descabeçado. O responsável pelo flutuante localizado

na costa do Aruanã afirmou comercializar pescado in natura, enquanto que nas

Costas do Barroso e Pesqueiro o pescado era^ comercializado eviscerado e

descabeçado.

O descabeçamento e evisceração geralmente são realizados no próprio

entreposto flutuante comprador pelos próprios pescadores, com exceção daqueles

que vendem o pescado in natura ou dos que usam o gelo para conservação doé

pescado eviscerado antes da venda. Nos entrepostos que compram o pescado in

natura, os responsáveis contratam funcionários para realizar a evisceração e o

descabeçamento do pescado, de tal forma que todo pescado desembarcado nos

frigoríficos chega eviscerado e descabeçado.

Os preços praticados em cada sub-região foram diferenciados conforme a

negociação entre os donos dos entrepostos e os pescadores. Os entrepostos

48

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o flutuantes que compram o pescado eviscerado e descabeçados pagam US$ O 50O

© pelo peixe de primeira e US$ 0,26 pelo peixe de segunda (R$ 1,95 = US$ 1,0). OsDQ flutuantes que compram o pescado in natura pagam US$ 0,41 pelo peixe de

p primeira e US$ 0,26 pelo peixe de segunda. Esta classificação em peixe deO

Q primeira ou de segunda é feita levando em consideração o tamanho e peso doD pescado (mínimo de 3 kg por exemplar para ser considerado de primeira) e as

O condições do pescado: presença de mordidas por botos {Inia geoffrensis) e

Q predação por parte de candirús (Cetopsidae e Trichomicterydae) e piracatingas

(Calophysus macropterus). O surubim acima de 5kg é considerado uma classe

especial e chega a ser vendido a US$ 0,77/kg, diretamente em Manacapuru ou

aos comerciarites varejistas, enquanto a piramutaba era comprada inteira a US$ê

0,15/kg e considerada um peixe de terceira.

Os responsáveis pelos setores de compra nos frigoríficos não informaram o

preço praticado por kg de pescado aos donos dos entrepostos flutuantes, mas

pagavam aos pescadores, que vendiam a produção diretamente a os frigoríficos,

US$ 0,77 pelo peixe de primeira e US$ 0,26 pelo peixe de segunda.

Todos os entrepostos flutuantes visitados utilizavam cadernos de débitos

para registrar a quantidade comprada e o nome do pescador, uma vez que o

pagamento pelo pescado só era efetuado semanalmente. Gelo era fornecido em

pequenas quantidades aos pescadores pará uso doméstico sem nenhum custo

adicional. Somente a gasolina era financiada, registrada e descontada no

momento do pagamento pelo pescado. Durante o período de estudo, a gasolina

era comprada pelos donos dos entrepostos por um preço médio de US$ 0,67 o

litro e fornecida aos pescadores a US$ 0,77.

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3.7. Comercialização de peixe-liso nos mercados e feiras de Manaus

Durante o período estudado foram visitados treze locais (entre feiras e

mercados) em Manaus, doze dos quais apresentavam bancas vendendo peixe-liso

(Tab. 06).

Cerca de 44,8% dos entrevistados informaram vender 63,08kg (±29.5) de

peixe liso por semana, 31% afirmaram vender 187,75kg (±48.9) e 24,1%

afirmaram vender 557kg (±207,02) de peixe liso/semana, recebendo esse tipo de

pescado todos os dias.

Cerca de 87% dos peixes-liso vendido em Manaus estava na forma

eviscerada e descabeçado, sendo o surubim a espécie mais aceita para consumo

e, portanto, a mais comercializada, seguida da dourada, cuiu-cuiu (Oxidoras niger)ê

e jaú (Paulicea luetkeni) (Fig. 19).

Tabela 06 - Lista de feiras e mercados de Manaus visitadas paraaplicação de c uestionários.

Local N° de bancas Bancasvendendo peixe-

liso

Adolfo Lisboa 46 3

Araújo Lima 4 1

Aripuana 11 1

Betania 29 3

Ceasa 19 6

Coroado 2 1

Durval Porto 7 .. 2

Fprod. Sto. Ant 10 2

Jorge Teixeira 9 1

Manaus Moderna 104 10

Panair 78 8

Valter Raiol 9 1

Zumbi 24 0

Total 352 39

50

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Tipo de peixe liso mais vendido nas feiras de Manaus

Figura 19 - Freqüência relativa dos tipos de peixe-liso mais vendidos nasfeiras e mercados de Manaus com peixe-liso.

O preço pago pelo feirante para adquirir este pescado para comercialização

depende do tipo de pescado e do fornecedor, permanecendo na faixa de US$

0.77/kg (Fig. 20).

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60

40

20

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suaibim

ü dourada

1.00 1.30 1.50 1.80 2.00

Preço pago pelo comerciante varejista (R$)y

Figura 20 - Freqüência relativa do valor pago pelos feirantes aosfornecedores dos principais tipos de peixe-liso aceitos paraconsumo em Manaus.

Ao serem questionados sobre a origem do pescado, cerca de 45% dos

entrevistados afirmaram receber este tipo de pescado de barcos recreios (Fig. 21),

51

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vindos de diferentes locais, mas principalmente do município do Careiro, do rio

Purus e do município de Autazes no Estado do Amazonas (Fig. 22).

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40 50

Figura 21 - Proporção de fornecedores que abastecem as feiras e mercados de Manaus

Careiro da Várzea

Anamã

Rio Negro

Manacapuru

Belém

Rio Purus

Autazes

Terra Nova

Janauacá

Tefé

Parintins

Coari

Codajás

Rio Madeira

Figura 22 - Freqüência relativa dos diferentes locais de captura dos peixes-liso transportados por barcos do tipo recreio para seremvendidos em Manaus.

52

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Os Siluriformes mais aceitos para consumo estavam sendo vendidos, pelos

feirantes em Manaus, a uma faixa de preços entre US$ 1.03 a US$ 1.28/kg. O

menor preço de US$ 0.77 (Fig. 23) era praticado por feirantes que adquiriam este

tipo de pescado de pescadores locais que pescam em lagos próximos de Manaus.

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60

40

20 J

I surubim

I dourada

2,50 2.00 1,50Valor pago pelo consumidor ao feirante (R$)

Figura 23 - Freqüência relativa do preço cobrado pelos feirantes ao peixe-liso vendido nas feiras e mercados de Manaus.

3.8. Caracterização do setor pesqueiro de grandes bagres - O Modelo de

compartimentos

Na elaboração do modelo, os compartimentos ficaram representados pelas

sub-regiões (ou costas), flutuantes e frigoríficos. Nos compartimentos das sub-

regiões foram mostrados os valores da produção total/mês, nos quais observou-se

que a maior produção está representada pela Costa do Pesqueiro com 69 t/mês

de peixe-liso durante o período de safra, assim como o maior número de

pescadores (Fig. 24).

53

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N-Número de pescadores de grandes bagres Fluxo mensal de pescado em kg Fluxo mensal de pescado em kg p/ friaorificoCsMédIa de captura kg/pescador/dia ►P=Produção mensal (kg)

Costa do Janauacá

N=92 0=24 (±4.7)

P= 48.576

28.951

4774

Flut. Marinho

8.160 FluL Castelo

A11.463

Flut. Quito

Costa do Aruanã

N=20 0=21.7 (±1.44)

P= 9.548

4.774 Flut. Bega

8.250

Flut. Orion

ZZÍ

Costa do Barroso

N=67 0=18.75 (±1.77)

P= 27.637

19.387 Flut.Matusalém

12.181

Flut.Leonardo

z:3—

Costa doPesqueiro

N=217 0=22 (±9)

P= 69.212

1.9272 > Flut. Viana

Porto deManacapuru

6.090> Flut. Machico

P= 77.569

Fríuba

P= 11.463

> Dourado

P= 28.863

SantaMaria

P= 14.340

► Frigopesca

Figura 24 - Modelo gráfico de compartimentos Identificando os setores envolvidos na pescaria ecomercialização do peixe-liso na área estudada. Os números indicam a produção pesqueiranos compartimentos da safra de 1999.

A produção pesqueira (kg) gerada em cada costa e comercializada nos

flutuantes e destes aos frigoríficos mensalmente está representado embaixo de

cada compartimento. O frigorífico Friuba foi o que mais recebeu peixe-liso durante

o período estudado, verificando-se que o mesmo foi abastecido pelas quatro sub-

regiões estudadas.

Os flutuantes do Machico e do Viana não foram contabilizados entre os que

funcionaram no período de "safra do peixe-liso", uma vez que estes funcionam

como porto de Manacapuru e funcionam durante todos os meses do ano.

Entretanto, foram incluídos no modelo gráfico de compartimentos por terem sido

54

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^ citados pelos pescadores da Costa do Pesqueiro como grandes compradores deO0 peixe-liso.

O

Oo flutuante do Marinho, na Costa do Janauacá/Curuçá, é o mais produtivo

O

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o

o

O de toda área. Na Costa do Pesqueiro, o flutuante do Leonardo é o único queO^ funciona somente no período da safra e localiza-se próximo das comunidades,

^ sendo este o maior fornecedor do frigorífico Santa Maria em toda área de estudoO

O verificando-se uma menor contribuição por parte do flutuante do Castelo da Costa

do Janauacá/Curuçá. O flutuante do Viana, que faz parte do porto em frente de

O Manacapuru, é o maior comprador das proximidades da Costa do Pesqueiro,O

levando sua produção para o frigorífico Friuba.

A soma dos valores de produção repassados aos flutuantes, em alguns

casos, é inferior ao total produzido por Costa devido ao fato de que parte da

produção é transportada até Manaus por barcos do tipo recreio (para transporte de

passageiros), ou é vendido diretamente na sede dos municípios, principalmente

em Manacapuru.#

Na simulação do modelo dinâmico elaborado no Software STELLA (Fig. 25),

foi observado que existe uma dependência dos flutuantes compradores pela

demanda dos frigoríficos, da mesma forma que existe uma relação de

dependência entre os flutuantes e a renda média mensal dos pescadores

envolvidos com a pescaria e comercialização dos grandes bagres nas diferentes

costas.

Verificamos que se a produção dos frigoríficos fosse constante e se estes

mantivessem a mesma demanda por este tipo de pescado, a produtividade dos

entrepostos compradores tenderiam a se manter com poucas variações (Fig. 26),

55

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o

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o^ assim como a renda dos pescadores acompanharia a produção dos flutuantesO

O mostrando a dependência citada anteriormente. Para exemplificar esta última

O^ informação, consideramos como constante a produção média mensal do frigorífico

O Friuba e, por simulação, obtivemos a Figura 27, a qual mostra a expectativa deOQ renda média mensal obtida pelos pescadores da Costa do Janauacá/Curuçá e a

O^ expectativa produtiva do principal flutuante comprador desta costa, fornecedor do

O Friuba.

Q Para verificar o que aconteceria com a produção mensal dos flutuantes

^ compradores e da renda média mensal dos pescadores envolvidos com a pescariaO

O em cada costa, simulamos uma diminuição de 30% na demanda média mensal

O

f)

dos frigoríficos e os resultados indicaram que isto acarretaria numa queda na

produtividade dos principais flutuantes, com conseqüente diminuição na renda

média mensal dos pescadores de peixe-liso como demonstram as Figuras 28 e

29.

56

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Fri ibaRSquiiIo SSJenauXa

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NumerPescadoreâlanauiica

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CapturatndvidualVendaDourado

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CapacidadeStaMana

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NumerPescadoresPesqueiro

pturaTotal 2

PescLeonardo

Capturatndvidual 2

Figura 25 - Modelo gráfico elaborado no Software STELLA para representar o comportamento do sistema modelado, baseado no modelo de compartimentos.

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á e a produtividade do respectivo fl

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comprador de maior importância.

58

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1: RS Janaucá 2: FlutMarínho1: 110.002; 40.00

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Figura 28 -Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com a pesca dos peixes-liso naCosta do Janauacá/Curuçá e o respectivo flutuante comprador de maior importância, admitindouma queda de 30% na demanda do frigorífico comprador (Friuba).

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1: RSPesqueiro 2: Flut Leonardo80.00'40.00

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12.5 25

Meses

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Figura 29 - Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com a pesca dos peixes-liso naCosta do Pesqueiro e o respectivo flutuante comprador de maior importância, admitindo umaqueda de 30% na demanda do frigorífico comprador (Santa Maria).

59

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4. DISCUSSÃO

O

O

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o Quando um recurso natural renovável é explorado, sofre alterações nasO0 suas condições, como é o caso do impacto causado pela exploração pesqueira

(Sparks, 1995). Uma das abordagens para o manejo de recursos pesqueirosO

O sugere que as medidas adotadas possam ter flexibilidade para se adaptar a novas

O

O

O pesqueiros devem ser identificados e avaliados os diferentes grupos e níveis de

ç\ usuários, ou seja, todos os atores que participam desta atividade, desde a própria

situações. Desta forma, para trabalhar a questão do manejo dos recursos

explotação até os consumidores finais que direcionam a demanda no mercado de

O um determinado recurso (Hilborn & Walters, 1992; Ruffino 1995; FAO, 1999).

O rumo que marca as circunstâncias sócio-econômicas e a capacidade de

articulação e gestão dos diferentes atores, junto às possíveis opções de manejo

que permitam identificar vários níveis de sustentabilidade dentro das pescarias, é

o que em conjunto definiria um cenário de manejo (Bell & Morse, 1999; Isaac,

1995).

Um dos ideais dentro dos cenários de manejo é que os atores envolvidos

não só observem as regras formuladas, mais que participem da formulação de

seus objetivos, contribuindo para o funcionamento do mecanismo destinado à

elaboração de suas regras, sua modificação quando for necessário e

principalmente, na sua aplicação (Kesteven, 1972; Bell & Morse, 1999; FAO,

1999).

Para chegar a este nível de manejo, é necessário conhecer e analisar, com

uma visão holística, os elementos estruturais e funcionais do sistema

representado pelos recursos e pela atividade de explotação exercida pelo

60

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o

o

o

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O torno da pesca de peíxe-liso na Amazônia Central, discutiremos alguns aspectos

O

O

^ cenários de atuação; cenários que serão avaliados através de modelos deO0 compartimentos.

O

O

o ATORES ENVOLVIDOS NA PEÇCA DO PEIXE-LÍSO

explorador/pescador. Desta forma, para ajudar a gerar elementos de manejo em

dos atores envolvidos na sua exploração, as inter-relações existentes e os

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O

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9

Os pescadores de peixe liso do setor Pesqueiro-Janauacá

O setor Pesqueiro/Janauacá caracteriza-se por apresentar uma faixa

contínua de várzea, estando desta forma, sujeita aos processos de flutuação do

nível das águas. O transbordamento lateral do rio, forma um complexo

ecossistema de lagos, ilhas, restingas, chavascais, paranás. Essas formações

passam por modificações de longo prazo, como os processos erosivos; e de curto

prazo, como a fertilização anual da várzea (Shubart, 1983; Bittencourt & Cox-

Fernandez, 1990; Ayres, 1997; Junk 1998).

Foi verificado que o pescador da área de estudo conhece a biologia e o

comportamento migratório e de dispersão da maioria das espécies de peixes. Este

fato aliado ao pleno conhecimento dos ambientes explorados facilita sua atuação

como predador. Diante disto, Bittencourt & Cox-Fernandez (1990) comentam que

o homem, quando pesca, tem o comportamento de um predador desenvolvendo

mecanismos de reconhecimento e de captura da presa: o peixe.

61

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, ^

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No nosso estudo, verificamos o saber tradicional do pescador quando

O

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o comparamos os perfis da calha principal dos pesqueiros, obtidas das informaçõesOQ das cartas náuticas com as informações dos pescadores.

^ Segundo os pescadores encontrados na área de estudo, os bagres evitamO

O zonas onde a correnteza é mais forte já que isto representa um empecilho durante

Gseu deslocamento, nadando contra a correnteza nas áreas mais rasas, onde esta

G se torna mais fraca. Além dista,* verificou-se que a fisiografia dos pesqueiros éG

perfeitamente conhecida pelos pescadores, colocando as redes arrastadeiras à

G

í3

com maior correnteza e com menos chances de captura.

deriva em locais mais rasos, sendo retiradas assim que alcançam locais profundos

No Estado do Pará foi observada uma maior atividade pesqueira no

segundo semestre do ano, época em que os bagres estariam migrando e os

cardumes nadam contra a correnteza nas áreas mais rasas do rio Amazonas, ou

seja, próximo aos barrancos e praias onde a velocidade da corrente diminui

quando comparada com a velocidade desta no trecho médio do rjo (Barthem,1990;

Barthem & Goulding, 1997).

Isto também pode explicar o fato da pesca ser geralmente realizada em

ambientes próximos às moradias, os pesqueiros são escolhidos conforme o

objetivo da pescaria. Os paranás, igapós e lagos são ambientes preferencialmente

explorados para a pesca de consumo, enquanto o rio é utilizado principalmente

para pescaria comercial do peixe-liso.

O conhecimento que o ribeirinho/lavrador/pescador tem da dinâmica de

inundação das várzeas permite o desenvolvimento da agricultura, principalmente

de subsistência, como atividade alternativa para o uso dos recursos do solo, que

62

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no setor Pesqueiro/Janauacá é realizado nas restingas. Estes ambientes

constituem áreas de florestas desmatadas localizadas na várzea alta (Santos,

1995; Ayres, 1997).

^ Os pescadores de "peixe-liso" encontrados no setor Pesqueiro/JanauacáO

O residem na zona rural às margens do rio Solimões e nos lagos e paranás

próximos, o que nos permite caracterizá-los como sendo "pescadores ribeirinhos".

No entanto, como esses pescadores fazem da pesca de bagres uma importanteOQ atividade voltada para o mercado, sendo uma alternativa para complementar ou às

vezes a principal fonte de renda familiar, podemos também caracterizá-los comoo

(

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O "pescadores comerciais" altamente especializados.

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Do total de pescadores comerciais entrevistados, 84,5% dedicam-se à

pesca de bagres somente durante a "safra do peixe-liso" (vazante/seca -

agosto/novembro), que é considerado o melhor período para realização desta

atividade. Porém, este período também é propício para agricultura; mas esta

atividade é exercida normalmente pela maioria do^ membros da família, não

sendo o mesmo extensível à atividade pesqueira de bagres, onde geralmente

somente os homens estão envolvidos devido ao grande esforço físico que requer

esta atividade. Assim, há uma divisão da mão-de-obra familiar para aproveitar o

período de seca.

Durante o período de entre-safra (enchente/cheia), os pescadores dedicam

parte do seu tempo a uma combinação de atividades voltadas para o

autoconsumo e para o mercado, englobando em pequena escala produtos

agrícolas e de pecuária, como também observado em outras áreas de várzea na

Amazônia Central (Rezende, 1999; Garcez, 2000).

63

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o

o

Outro aspecto que faz parte das características dos pescadores do setor

O

O

o

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o

o estudado é o aproveitamento diferenciado da biodiversidade íctica, a qual éO

comum em outras áreas da Amazônia (Fabré & Alonso, 1998; Batista, 1998;

Garcez, 2000). Assim, para consumo são explorados os Characiformes eO

O Perciformes, enquanto os Siluriformes são explorados para venda nos flutuantes

compradores da região.

O Mesmo sendo notada essa preferência por peixe de escama, quandoOQ questionados sobre a aceitação de Siluriformes para consumo, 80% confirmaram

C>

0 principalmente a dourada e o surubim. Isto sugere que o peixe-liso está deixando

1 >

1 \ Fernandez, 1990; Guimarães, 1995; Barthem & Goulding, 1997).

que utilizam peixe-liso como alimento, na ausência de outro tipo de pescado.

de ser rejeitado para o consumo, abandonando o tabu freqüentemente

mencionado sobre peixe-liso (Smith, 1979; Goulding, 1979; Bittecourt & Cox-

Assim podemos inferir que a exploração deste grupo de peixes existe tanto

em função da demanda do mercado, quanto da disponibilidade da espécie alvo

para alimentação. Esta última consideração também foi feita por Fabré & Alonso

(1998) para as comunidades ribeirinhas na região do Alto Solimões.

Sobre o número e distribuição das comunidades de pescadores do setor

Pesqueiro/Janauacá, verificamos que a margem direita do rio Solimões, apresenta

um número maior de comunidades (45%) e uma maior concentração de

pescadores. Isto pode ser explicado, entre outros fatores, pela presença extensiva

da área de várzea nesta margem, a qual é bastante utilizada pelos ribeirinhos,

principalmente para agricultura, construção das moradias e obtenção de outros

recursos do ambiente.

64

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Na margem esquerda, o declive é mais acentuado e o terreno é dominado

O

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o por terra firme e pouco utilizado para a agricultura. Em alguns casos isolados foiO0 observado o cultivo de produtos como: melancia, mamão e maracujá. Entretanto,

^ os moradores desta margem afirmam que a produção é baixa e que osO0 investimentos nesta atividade não compensam o baixo preço obtido pelos

O

O

O

o0 o fato'do setor Pesqueiro/Janauacá apresentar um elevado número de

0 pescadores comerciais de peixe-liso próximo da sede de Manacapuru e Iranduba0

O está em função de que a maioria dos pescadores não possui meios adequados0

para se deslocar a grandes distâncias. Assim como também não possuem

embarcações com espaço suficiente para armazenar a produção por longos(>

r\ períodos, impedindo que desenvolvam suas atividades longe dos centros de

produtos, o qual é influenciado pela concorrência com os produtos de outras

regiões.

comercialização do pescado. Neste sentido, Barthem et ai (1995) concluem que

^ na Amazônia, as condições de pesca dos ribeirinhqs são limitadas e o êxito da

^ pescaria está relacionado com a abundância do recurso nas proximidades das

moradias.

Outros estudos realizados com comunidades ribeirinhas da Amazônia

Central e do Alto Solimões também evidenciaram que a produção pesqueira

aumenta conforme a proximidade do centro comprador (Fabré & Alonso,1998;

Garcez, 2000), confirmando a importância do mercado consumidor do recurso

(demanda de mercado) sobre o produto dos pescadores.

As características aqui mencionadas como distribuição das comunidades

nas áreas de várzea, o assentamento dos pescadores/lavradores em áreas mais

65

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o

o

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o dos peixes e sua dinâmica sazonal, são experiências que aumentam e

propícias para a pesca e agricultura, e o conhecimento tradicional dos ambientes,

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permanecem no tempo, já que são passados de geração a geração. Neste

físico com o aproveitamento múltiplo dos recursos disponíveis (Junk, 1983;

^ sentido, as populações ribeirinhas da Amazônia desenvolveram processosOO adaptativos que hoje culminam em uma combinação do uso integrado do espaço

O

O

o Furtado 1988, 1993; Alonso, 1998; Garcez, 2000).

O

O

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Pesqueiro-Janauacá

Entrepostos e frigoríficos na exploração de grandes bagres no setor

A pesca dos grandes bagres no setor Pesqueiro/Janauacá é considerada

como artesanal, de caráter comercial, uma vez que não é realizada com a

finalidade de sustento fámiliar, mas sim, para abastecer os entrepostos

compradores e frigoríficos com a conseqüente obtenção de renda.

A importância destes entrepostos compradores e frigoríficos, está dada em

função do grande volume de peixe-liso que compram dos pescadores da região

adquirindo 83,3% da produção deste setor.

Particularmente, os entrepostos flutuantes atuam como atravessadores na

comercialização de peixe-liso para os frigoríficos. Na Costa do Pesqueiro, área

próxima da sede do município de Manacapuru (3,75 km), uma parcela dos

pescadores atravessa o rio Solimões para vender sua produção em Manacapuru,

onde o funcionamento dos flutuantes no porto não é interrompido em nenhum

período do ano, aumentado de forma significativa sua atividade no setor de

compra do peixe-liso durante o período de safra.

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o

o

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Entretanto, para as comunidades mais afastadas das sedes de ManacapuruO

O e de iranduba (9 a 10 km), os entrepostos flutuantes, que só funcionam na "safra

Odo peixe-liso", 3ão de maior importância para os pescadores: o peixe armazenado

ü

nestes entrepostos, (2±1,5 t), é transportado três vezes por semana para osO

O frigoríficos, de forma que não é necessário o deslocamento dos pescadores até

eles, prática que otimiza o tempo do pescador e lhe permite economizar dinheiro.

O Os frigoríficos, que precisam garantir a sua produção em quantidade e em

O

Otempo, para manter as exportações, financiam a pesca das espécies de bagres

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(ou outros peixes) de interesse, investindo em pescarias que abrangem umaOO extensão de 1.020 km desde Óbidos-Pará até Tefé-Amazonas.

Mesmo com o valor obtido na venda do peixe-liso nos entrepostos

flutuantes e frigoríficos que, em geral, é 50% menor que o pago pelo consumidor

nos mercados e feiras cfe Manaus, vários motivos levam os pescadores a

continuar vendendo a produção nestes pontos, destacando: o baixo número de

> espécies de bagres aceitos para consumo em Man^aus, falta de capacidade deé

armazenamento e o custo elevado do transporte até a capital. Porém, devemos

salientar a tendência de crescimento na demanda de peixe liso no principal centro

urbano do estado, havendo comercialização para consumo em residências,

abastecimento de restaurantes, quartéis militares e fábricas do distrito industrial

(Alonso, com. pess.).

Por outro lado, foram verificados casos onde o pescador seleciona o

pescado pelo tamanho e espécie, armazena de 50 a 100 kg/semana e espera achegada dos barcos-recreio para enviar este produto até Manaus, onde já existe

um responsável em receber e efetuar a comercialização. Geralmente este receptor

67

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possui algum vínculo de parentesco com o pescador ou já o conhece há bastante

O

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o tempo, ficando responsável pelo pagamento e transporte do pescado até Manaus.O0 Devemos destacar que em outras regiões, como no Estuário, Baixo

^ Amazonas e no Alto Amazonas, a cadeia produtiva dos peixes-lisos é similarO

O àquela evidenciada no presente estudo (Amazônia Central). Esta rota envolve

atores que desempenham a mesma função: pescadores que otimizam seus

recursos, abastecendo os entrepostos e frigoríficos que recebem o produto deO^3 flutuantes ou de barcos geleiros compradores (comuns no Estuário e Baixo

Amazonas) (Isaac & Barthem, 1996; Isaac et ai, 1996; Barthem & Goulding, 1997;

Ruffino et ai, 1998).

CAPTURA POR UNIDADE DE ESFORÇO (CPUE)

A produção para o período de safra do peixe-liso no setor Pesqueiro-

Janauacá foi estimada em torno de 600 t em uma extensão de 70 km. Os

*

diferentes atores envolvidos com a produção e comercialização destes peixes

concordam com a afirmação de que a produção tem diminuído nos últimos anos.

Na visão dos pescadores e dos donos dos entrepostos, os fatores motivadores

dessa diminuição podem estar relacionados com variações atípicas do nível do rio:

"Nos dois últimos anos a enchente foi muito alta, o rio

demorou a secar e o repiquete veio muito cedo. É por isso

que o peixe tá sumindo" (depoimento de Edson Batista -

pescador da Costa do Pesqueiro, comunidade Nsa. Sra. de

Fátima, 1999).

68

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o

G

O

G

G

G

^ Conseqüentemente, os pescadores prevêem que no próximo ano (safra deG

2000), a produção continuará diminuindo. Para os frigoríficos (consumidor final noG

G

G

sistema analisado), esta deficiência na produção da Amazônia Central éG

G

G parcialmente suprida com a compra do peixe nos entrepostos que eles possuem

distribuídos na calha do rio Solimões-Amazonas.

G De fato, o cenário observado ao longo dos últimos vinte anos é de demandaG

G crescente por peixe-liso na região, associada ao aumento do número de

frigoríficos (Bittencourt & Cox-Fernandez, 1990; Ruffino & isaac, 1994; Isaac &

O Barthem, 1995; Ruffino & Barthem, 1996; Barthem & Goulding, 1997).

É importante considerar que a seletividade da pesca comercial na região

amazônica e o esforço concentrado em um reduzido número de espécies

contribuem definitivamente para a depleção de estoques naturais de peixes

(Merona, 1993; Ruffino, 1995; Guimarães, 1995; Isaac et a/., 1996; Rezende,

1999). Contudo não se dispõe de dados ou métodos apropriados para avaliação

do esforço exercido sobre estes estoques e pouco se sabe sobre a resposta

biológica dos bagres amazônicos à pressão de pesca.

O esforço de pesca é conceituado como o gasto de meios e tipos de

aparelhos de pesca que possam ser aplicados por um período de tempo em um

certo espaço geográfico com o intuito de se obter uma captura, causando uma

certa mortalidade proporcional à intensidade do uso dos aparelhos, a qual pode

ser utilizada para estimar a abundância relativa dos estoques pesqueiros (Petrere,

1976a; Gulland, 1983; Fonteles-Filho, 1989; Fabré & Batista, 1996; Alonso, 1998;

Rezende, 1999).

69

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Na área do presente estudo encontramos uma CPUE de 22,9 (±7,36)

kg/pescador/dia de pesca. Comparando este resultado com aqueles calculados

em outras regiões (Tab. 07), verifica-se que as OPUEs são similares, sugerindo a

existência de um mecanismo regulador da própria atividade pesqueira, como o

tempo de pesca ou o espaço disponível por lanço para a exploração destas

espécies, que pode estar controlando a captura por pescador por dia. Outros

aspectos podem estar associados, que são: velocidade de deslocamento e o

padrão de dispersão dessas espécies ao longo da calha durante a migração

ascendente, realizada na vazante seca (Barthem & Goulding, 1997).

Tabela 07- Valores médios de CPUE calculados para diferentes pontos da BaciaAmazônica.

Região CPUE (kg/ pescador/dia) Fonte

Rio Madeira 35,5 Goulding, 1979

Baixo Amazonas 22 Ruffino efa/.,1998

Médio Amazonas 20 Parente, 1996

Médio Amazonas 22,9 Presente trabalho

Alto Solimões 14,02 Fabré & Alonso, 1998

rRio Japurá 33,68

Alto Amazonas

(Colômbia)

22,9 Rodríguez, 1999

Alto Amazonas (Peru) 21,3 Tello, 1995

CENÁRIOS DA EXPLORAÇÃO E COMERCÍALIZAÇÃO DE PEIXE-LISO NA

BACIA AMAZÔNICA

Peixe-liso nos mercados e feiras de Manaus

Desde os anos 70, com o trabalho de Petrere Jr (1978b), até os anos 90

com os trabalho de Barthem & Goulding (1997) acreditava-se que os Siluriformes

representavam menos de 1% dos peixes comercializados em Manaus, equivalente

70

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o

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O no logradouro do Mercado Municipal Adolpho Lisboa. Esta produção não

O

O

comercialização de peixe-liso no Estado ocorre principalmente nos frigoríficos daO0 região.

a 105t. Entretanto, estas informações foram baseadas em dados de desembarque

corresponde ao volume total de Siluriformes desembarcado nesta capital, já que a

G

G

G

De acordo com as informações obtidas junto aos feirantes queG

G comercializam peixe-liso, em tgrno de 102t foram vendidas durante a safra de

1999 nas feiras de Manaus. Este valor deverá ser maior se for verificada a venda

de peixe-liso nas feiras de Manaus para todo o ano (safra e entre-safra), uma vez

que existem outros consumidores finais como restaurantes, empresas

alimentícias (atendem outras empresas do Distrito Industrial), assim como quartéis

militares, entre outras não quantificadas neste estudo.

As entrevistas nas feiras demonstraram que a participação da sub-região

de Janauacá/Curuçá, com relação ao transporte de peixe-liso através dos barcos

recreios para Manaus, é o dobro da encontrada nas proximidades de Manacapuru.

Isso pode estar relacionado com o fato de que muitos dos moradores da Costa do

Janauacá/Curuçá, que moram às margens dos lagos, não se consideram como

sendo pescadores de peixe-liso, diferenciando-se dos que moram à margem do rio

e, portanto, não foram entrevistados, apesar de termos observado o uso de redes

malhadeiras nos lagos para captura, principalmente, de surubins que são os

bagres mais comercializados nas feiras e mercados de Manaus.

71

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Peixe-liso na Bacia Amazônica

Os relatos dos pescadores confirmam que as redes utilizadas atualmente

apresentam características dimensionais maiores do que aquelas utilizadas em

anos anteriores nesta mesma região. Estas redes de emalhar à deriva são

conhecidas regionalmente por arrastadeiras, apresentam comprimentos entre 300

e 500m, altura de 3 a 5m e tamanho de malha entre 100 a 180mm entre nós

opostos.

Em geral, a maneira como a pesca de peixe-liso é efetuada com malhadeira

no setor Pesqeiro-Janauacá, é similar àquelas observadas em outras regiões da

bacia amazônica. Porém, existem algumas diferenças em relação ao comprimento

e tamanho de malha (Tab. 08).

Tabela 08 - Características dimeilslonais das malhadeiras à deriva nos diferentes pontos da Baciaamazônica.

Região Denominação Comprimento(m)

Altura

(m)Malha

(mm)Fonte

Estuário Rede de malhar à

deriva

3.000 120-200t

Barthem &

Goulding (1997)

Baixo

Amazonas

Rede de bubuia . Isaacefa/.

(1996)

Região doMadeira

Caçoeira 50-200 3-5 150-250 Goulding (1979)

Amazônia

Central

Arrastadeira 300-500 3a5 100-180 Presente estudo

Alto Solimões arrastadeira 150-300 3-5 180-250 Fabré & Alonso

(1998)

Amazôniacolombiana

malla rodada

hondera

150-300 3-8 250-320 Alonso, 1998

>

>

Fronteira:

Peru,

Colômbia,Brasil

arrastadora de

fondo

200-650 3-4 220-250 Alcantara (1993)

72

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o

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o maiores, podendo alcançar até S.OOOm de extensão, o que provavelmente pode

Notadamente, na região estuarina as redes possuem comprimentos bem

O

O

o

>

V

estar relacionado com as dimensões da região (Barthem & Goulding, 1997).I

O o tamanho de malha utilizado pelos pescadores aumenta na medida emO0 que se afasta do estuário o que pode ser corroborado com o padrão de

comprimento médio dos peixe-liso capturados pela pesca comercial ao longo da

O bacia amazônica, onde os rnénores indivíduos foram observados na regiãoO

3

O

O

0 longo da bacia amazônica é o fluxo de comercialização "pescador - entreposto -

0

> (Letícia, Iquitos, Tefé, Manaus, Santarém, Belém e outros), onde existem

estuarina (Ruffino & Barthem, 1996; Barthem & Goulding, 1997).

Uma outra similaridade que chama atenção na exploração de peixe-liso ao

frigorífico"

Nos principais pontos de desembarque de peixe-liso da bacia amazônica

^ pescarias de grandes bagres, temos a presença dos frigoríficos nas proximidades

^ onde realiza-se a compra e o beneficiamento do pescado. A região que apresenta

alguma diferença é o Alto Amazonas, onde não existem frigoríficos beneficiadores

e sim câmaras frigoríficas denominadas "quartos frios" ou "bodegas", onde são

> usadas principalmente para o congelamento e armazenamento do pescado

(Barthem et ai, 1995; Tello et ai, 1995; Diaz & Cordoba, 1998; Gallo, 1999;

Gomes, 1999). Porém, cumprem a mesma função de comprador/comercializador

dos frigoríficos da Amazônia Brasileira.

Portanto, é possível considerar que ao longo da bacia amazônica onde há o

peixe-liso, existem semelhanças entre os atores e cenários identificados: 1) pesca

realizada por moradores/pescadores/produtores ribeirinhos dispersos nas áreas

73

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o

o

o

^ de várzea, 2) maior concentração de pescadores próximos aos centros urbanosG como demandadores do produto da pesca, 3) uso das malhadeiras à deriva como

00 principal apetrecho de pesca; 2) deslocamento por canoa; 4) presença do

^ atravessador ou intermediário; 5) consumidor representado principalmente pelos

(3 frigoríficos.

0

0

0 DINÂMICA DO CENÁRIO PESQUEIRO NO SETOR PESQUEIRO/JANAUACÁ03 Uma vez analisados os atores envolvidos na exploração do peixe-liso na

^ área de estudo e o cenário onde se dá tal atividade, discutiremos sobre as inter-0

relações e vias de fluxo observadas na região e sua importância para o setor

produtivo através do modelo de compartimentos. Este modelo apresentou-se

viável e é adequado para análises das inter-relações entre os setores envolvidos

dando ênfase a diferentes aspectos do sistema real e refletindo a estrutura básica

do sistema por ele representado.

A propriedade fundamental desse tipo de»modelo é.a existência de

interações entre os compartimentos (Odum, 1980; Odum, 1988; Constanza, 1999;

STELLA, 2000), sendo que no caso em estudo se deu em função da transferência

da produção de peixe-liso entre os diferentes atores. A montagem do modelo foi

realizada de forma que foram quantificadas apenas as saídas (fluxos de pescado)

do compartimento pescador e as entradas nos compartimentos flutuantes e

frigoríficos, uma vez que não foi possível obter informações do que poderia estar

sendo perdido pelos pescadores, pelos flutuantes e pelos frigoríficos.

Este fato deve ser reavaliado pois, segundo os pescadores, nem tudo que é

capturado de peixe liso na área chega nos frigoríficos, flutuantes ou mercado;

74

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o

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o

3

devido a perda por predaçâo por parte dos candirus (Cetopsidae e

O Trichomicterydae) e piracatinga (Calophysus macropterus) ou por deterioração3^ (pescado burifado) decorrente do mal congelamento nos entrepostos flutuantes.

3 Mesmo quando o peixe é atacado por estes siluriformes oportunistas, os bagres

podem ser vendidos como um peixe "de segunda", mas quando é o boto (Inia

geoffrensis) que danifica o peixe emalhado, este produto é, na maioria das vezes,3

3

3 perdido na sua totalidade.3

A simulação realizada no Software STELLA mostra que possíveis

3 mudanças no funcionamento dos frigoríficos afetaria o sistema. Com esta

ferramenta foi possível conhecer qual seria a resposta do sistema a uma suposta

eliminação de um dos flutuantes ou frigoríficos (compartimentos receptores). Isto

conduziria a um aumento na produção em outro flutuante ou frigorífico uma vez

que a produção de pescado tanto na Costa do Pesqueiro como a do

Janauacá/Curuçá continuariam presentes, representando um fluxo contínuo de

pescado ainda não direcionado mas com tendências formar um novo input para

um outro compartimento receptor.

No caso de fechamento de um dos flutuantes, isto não traria conseqüências

graves para os pescadores, uma vez que estes poderiam vender seus produtos a

outro flutuante. Resultado interessante foi obtido para a Costa do Pesqueiro onde

as comunidades mais afastadas do centro urbano e que vendem sua produção a

um único flutuante (Leonardo), teriam uma expectativa de "queda" em seus

rendimentos mais acentuada do que Janáuaca/Curuçá. Este resultado pode ser

em virtude de uma maior dependência por parte dessas comunidades para com o

flutuante, uma vez que este é o único comprador nas proximidades.

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o

G

G ou, pior ainda, se for fechado. Considerando uma diminuição de 30% na compraG

G

A situação se tornaria difícil, caso diminuísse o consumo de um frigorífico

média mensal dos frigoríficos, que poderia ser ocasionada seja por problemas

G

^ técnicos ou falta de mercado consumidor, a compra dos flutuantes reduziria de 40G

3 a 60%, dependendo para qual frigorífico está destinando o seu produto, afetando

3diretamente os pescadores que não teriam a quem vender sua produção.

G Esta questão também ..foi discutida junto aos responsáveis pelos

entrepostos, os quais afirmaram que se esta situação (modelada) viesse a ocorrer,

suas preocupações ficariam em como manter um acordo com os responsáveis dos

frigoríficos para receber a mesma quantidade de gelo para a conservação do

pescado e de ter a disposição barcos (pertencentes aos frigoríficos) para

transportar a produção.

Essa preocupação por parte dos donos dos entrepostos se dá em virtude

de que já houve "safras de peixe-liso" que determinaram uma baixa produção

desembarcada nos frigoríficos, fazendo com que inv^timentos em termos de gelo

e embarcações fossem aplicados em outros setores da bacia amazônica,

minimizando os subsídios a estes.

Estes elementos preditivos devem ser levados em consideração quando

forem propostas soluções baseadas em medidas de manejo como, por exemplo,

estipular o número de entrepostos que poderiam funcionar durante a "safra do

peixe-liso" ou a quantidade de pescado que cada frigorífico pudesse processar.

Não obstante, o modelo permite gerar cenários e opções que podem ser

testadas como as simulações aqui realizadas ou em estudos de casos,

apresentando-se, como uma nova ferramenta em termos de capacidade para

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o

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o

o

^ orientar as possíveis mudanças na exploração pesqueira de bagres em diversosO

O pontos da bacia amazônica onde possam ser identificados os atores envolvidos

O

vi(pescador, atravessador e frigorífico).

o

Cl Verificamos desta forma, que o estado de equilíbrio da pesca de peixe-lisoCl3 no setor Pesqueiro/Janauacá é mantido pelas oscilações de fatores que possam

condicionar a uma nova situação. Diante disto, algumas questões surgiram no

Cl decorrer do presente trabalho, ejitre elas a necessidade em adequar este tipo de

modelo para' analisar detalhes da estrutura formada quando levado em

consideração possíveis perda de biomassa e, principalmente, os fluxos para os

diferentes mercados, onde mais informações são necessárias para interpretar

como os aspectos de demanda de mercado estão influenciando a dinâmica da

cadeia produtiva que se forma ao redor desta pescaria.

Dinâmica da pesca de peixe-liso no setor Pesqueiro/Janauacá

Como foi visto no modelo, a pescaria dos peixes-lisos na área de estudo

possui uma complexa interação entre as diferentes classes de pescadores

comerciais e consumidores. Para suprir a falta de informações entre as funções e

inter-relações entre os atores envolvidos na exploração dos grandes bagres e que

são necessárias para administração e ordenação da pesca, apresentamos o

Fluxograma da Figura 30, baseado no modelo de compartimentos e na

experiência de campo, com os principais atores envolvidos nesta atividade em

nossa região. Os pescadores ribeirinhos de peixes lisos do setor Pesqueiro-

Janauacá possuem as mais variadas opções para escoar sua produção, desde os

frigorificos, barcos recreios e principalmente entrepostos flutuantes.

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Entretanto, a maioria não utiliza todas as vias de fluxo, pois possuem

vínculos estreitos de dependência para com os responsáveis por entrepostos,

recebendo gelo, combustível, panagens e outros produtos que sejam necessários;

de forma que o pescado capturado seja desembarcado no flutuante que o financia.

Parente (1996) descreve o tipo de pescador que está atrelado a um barco

pesqueiro ou ao comerciante local como sendo "pescador ribeirinho dependente".

No caso dos pescadores de pei/e liso da região de estudo, esta denominação se

aplica somente durante a "safra do peixe liso".

iMercado tntamaclonall

arcado Rogiona(

PAg3.0971

►j F^ortflco. I4-srcado Nacional

PD-2.16tBarco Roerolo Barco do Frigorífico

Entropoato Flutuanta I \ ' ÜSílfíí/líl"®noposquoiro ■ \ / porto do município

|PS8l.B24tPooetdõn

Figura 30 - Dinâmica do cenário pesqueiro de peixe-iiso no setor Pesqueiro/Janauacá.PA= Produção anual; PD= Produção desembarcada; PS= Produção dospescadores na safra do peixe liso.

Especificamente, sobre os entrepostos flutuantes, o que nos chamou a

atenção foram os que permanecem em funcionamento ininterrupto durante todo o

ano como porto de Manacapuru enviando peixe-liso para Roraima, onde é vendido

nas ruas e feiras pelo dobro do preço verificado em Manaus. Estes entrepostos se

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%

diferenciam daqueles que só funcionam na safra do peixe-liso, por não possuírem

O

O

o

o

o

(3

v3 vínculos com os responsáveis pelos frigoríficos, podendo enviar seus produtos

para os mercados consumidores que lhes oferecer o melhor preço.

^ Embora não tenha sido quantificado, também foi verificado que o peixe-liso35 pescado na Amazônia Central, além de estar sendo vendido no mercado regional,

3

3

3 fluxo comercial do peixe-liso, quando comparado com os outros pontos da bacia3

amazônica, mostra-se similar com relação às funções dos atores em cada região

(Alcântara, 1993; Mello et a/., 1994; Salinas, 1994). A exceção fica por conta da

seus principais alvos são os mercados nacionais e internacionais (Figura 30). O

Amazônia colombiana e peruana onde o destino final do pescado são os

3, mercados regionais e nacionais (Arboleda, 1989; Bayley & Petrere Jr., 1989;

3 Salinas, 1994; Tello etaL, 1995).

, ̂ Acreditamos que as informações aqui fornecidas, mostrando o padrão de

%

^ destino do pescado, são de extrema importância para a administração pesqueira%

^ do recurso peixe-liso, uma vez que para o setor Pesqueiro-Janauacá, sua captura

^ está relacionada com a alimentação através do fornecimento de proteína animal

aos moradores locais; com a geração de renda para os pescadores, donos de

explotação dos pescadores, entrepostos e frigoríficos, assim como a produção e

entrepostos flutuantes e frigoríficos e emprego para 490 moradores de

Manacapuru e Iranduba.

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(3

a

o

0

0

0

0

0

0

0

0

5. CONCLUSÕES

• A pesca de grandes bagres na área estudada tem por principal objetivo o

0 abastecimento dos frigoríficos, sendo uma alternativa para complementar ou0

às vezes sendo a principal fonte de renda dos ribeirinhos (cerca de

0

0

0 • A dourada (Brachyplatystornà flavicans) é a principal espécie capturada em

US$200,00/mês/pescador).

toda arear. Para isto usam-se redes demersais de deriva, sendo as mais

freqüentes as de 300 a 500m de comprimento por 3 a 5m de altura e malha de00 100 a 180mm entre nós opostos.

• Considerando a área do presente estudo de 70 km de extensão, atuam

durante a safra do peixe-liso uma média de 7 pescadores de peixe-liso/km.

• O esforço foi representado por dois pescadores por canoa por dia de pesca,

sendo que investem quatro horas por dia na captura de peixe-liso e cada

pescador captura 22,9 kg (± 7,36). '0

• Considerando a CPUE calculada para a área estudada, a estimativa de

produção é da magnitude de 152 t/mês, totalizando 608 t em quatro meses de

safra.

• A pesca artesanal de bagres, caracterizada pelos seus compartimentos na

cadeia produtiva (pescador, intermediários e frigoríficos), apresenta as

mesmas características desde Santarém (Baixo Amazonas) até o alto

Amazonas.

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• A estratégia metodológica utilizada para estimar a produção total e esforço de

pesca neste trabalho pode ser aplicada em outros pontos da bacia onde seja

possível identificar os atores envolvidos na explotação do recurso peixe-liso.

• A utilização do modelo de compartimentos que integra todos os atores

envolvidos na explotação do recurso apresenta-se como uma nova ferramenta

para formular cenários de manejo para possíveis mudanças na exploração

pesqueira de bagres pela pe^a artesanal.

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ANEXOS

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ANEXO I

UNIVERSIDADE DO AMAZONASPROGRAMA INTEGRADO DE RECURSOS AQUÁTICOS - PYRÁ

Hstaiisiica de Desembarques de Pescado

IDENTIFICAÇÃO

Data:

l.ixral

Hora: Nome do Coletor

Nome do Pescador Idade:

O local onde o Sr. mora (costa/área): Comunidade

Quantos pescadores tem na sua comunidade?.Quantas pessoas da família pescara ?:

Quantos se dedicara à pesca de bagres

O Sr. Pesca o ano todo ? □ Sira DNão /(>ial o melhor período pra pesca ? Citar os meses: □ jan □ fev □ mar □ Abr □ mai □ jun □ jul □ ago □ sct □ out □ nov □ dezO Sr. se dedica exclusivamente á pesca ? □ Sim ONiloSc não. quais as outias ativdadcs ?: □ Agricultura □ Pecuária □ Extiação de madeira□ Outra, qual ?:.Filiado a colônia de pesca □ sira D não. qual ?:_

T ipo de barco: □ de pesca □ canoa.Nome do barco:Propulsáo: □ motor_ .HP

feito de □ madeira_ comprimento:.

□ remo

□ alumínio

Capacidade de: aimazenamento do porão:Número de pescadores do barco:Quantidade de diesel que gasta ?Quanto de-óleo lubrificante jasta ?.Quanto gasta com rancho?

annazenamento do isopor□ contratado □ amigo Dvizinho □ parente..

Quantidade de gasolina que gasta ? _(.Quanto de gelo levaquanto gasta com consertos dos utensílios

DADOS DE PESCA

Local de pesca (onde pesca ?): □ rio □ lago □ outro lugar, qual ?_Ambiente de pesca: □ praia □ costa/bciradão □ furo □ igarapé □ boca de lago □ meio do rio □ meio do lago □ capitit/lago □ capim/rio □ outro, qual(descrever)Qual a profundidade do local da pesca' ..Qual o rio principal?(^ual a cidade mais próxima do local da pesca ?:Tempo gasto para chegar ao local de pesca.Quantos dias passa pescando ?

Vila/Comunidade:Distância aprDximada_

Que período o Sr. pesca ? □ manhã □ tarde □ noite □ madrugadaPesca todos os dias ? Osim □ dia sim/dia nào □ outra:Tempo, em horas, que fica pescando durante a pescaria ?:

COMERCIALIZAÇÃOO pescado é comercializado □ com vísceras □ sem vísceras (beneficíamemo primário)Local onde limpa o pescado: Onde ele é vendido ?: ^A quem vende o pescado: □ barco de pesca □Intermediário □ flutuante □ direto no frigorífico □ direto ao consumidor □ Outro, qual

Quantos peixes pesca, em média, por pescaria ?_Quais os peixes que1 2 3

.K&.. .Unidades

(espécies),...4

capturados durame pescana

Quando o Sr vai vender o pescado como é feita a negociação ? □ pelo tipo de peixe □ tamanho □ condições de conservação □ outra forma, qual

Como é feito a conservação do pescado: □ a fresco □ no gelo □ salga □ outroOcorre perda de pescado? □ não □ sim. porquêSe come o peixe, quanto come ?:. Quais são consumidos:.utensílio de pesca UTILIZADOSAparelho de pesca □ próprio □ emprestado □ financiado, quem/o quê financia?:

Número: Malha:.,

MalhadciraMalha Compr.

Tarrafa.Altura: Roda:

Quamidade Altura

Sc usa LINHA. ESPINHEL ou POITA

Compnmento: CJuaniidade de anzóis: Número do anzol:Quais iscas usam:

Outros:

94

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1

ANEXO II- Equações obtidas no software STELLA Research e utilizadas no modelo dinâmico com

as respectivas informações fomecidas aos Parâmetros;

Dourado(t) = Dourado(t - dt) + (QuitoparaDourado + OutrasFontesDourado - VendaDourado) * dt

INIT Dourado = O

QuitoparaDourado = IF(FlutQuito>=3)THEN(FlutQuito) eise (0)

OutrasFontesDourado = 31

VendaDourado = 41

FlutCastelo(t) = FlutCastelo(t - dt) + (PescCastelo - CasteloparaStaMaria) * dt

INIT FlutCastelo = O

PescCastelo = .16*CapturaTotarCapacidadeStaMaria

CasteloparaStaMaria = IF(FlutCastelo>=3)THEN (FlutCastelo) eIse (0)

FlutLeonardo(t) = FlutLeonardo(t - dt) + (PescLeonardo - LeonardoparaStaMaria) * dt

INIT FlutLeonardo = O

PescLeonardo = .22*CapturaTotal_2*CapacidadeStaMaria

LeonardoparaStaMaria = IF(FlutLeonardo>=3)THEN (FlutLeonardo) eIse (0)

FlutMarinho(t) = FlutMarinho(t - dt) + (PescMarinho - MarinhoparaFrIuba) * dt

INIT FlutMarinho = O

PescMarinho = 0.6XapturaTotarCapacidadeFriuba

MarinhoparaFriuba = IF(FlutMarlnho>=3)THEN(FlutMarinho) else( 0)FlutQuito(t) = FlutQuito(t - dt) + (PescQuito - QuitoparaDourado) * dt

INIT FlutQuito = O

PescQuito = .22*CapturaTotarCapacidadeDourado

QuitoparaDourado = IF(FlutQuito>=3)THEN(FlutQuito) eIse (0)

Friuba(t) = Friuba(t - dt) + (MarinhoparaFriuba + OutrasFontesFriuba - VendaFriuba) * dt

INIT Friuba = O

MarinhoparaFriuba = IF(FlutMarinho>=3)THEN(FlutMarinho) else( 0)OutrasFontesFriuba = 320

VendaFriuba = 350

StaMaria(t) = StaMaria(t - dt) + (CasteloparaStaMaria + OutrasFontesStaMariaLeonardoparaStaMaria - VendaStaMaria) * dt

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INIT StaMaria = O

CasteloparaStaMaria = IF(FlutCastelo>=3)THEN (FlutCastelo) eise (0)

OutrasFontesStaMaria = 110

LeonardoparaStaMaria = IF(FlutLeonardo>=3)THEN (FlutLeonardo) eIse (0)

VendaStaMaria =118

$$Janauca = (PescCastelo+PescMarinho+PescQuito)*R$Kilo

$$Pesqueiro = (PescLeonardo)*R$Kjlo_2

CapacidadeDourado = if (Dourado>=250) then (0) eIse (1)

CapacidadeFriuba = if (Friuba>=1200) then (0) eIse (1)

CapacidadeStaMaria = if (StaMaria>='K)00) then (0) eise (1)

Capturai ndvidua] = NORMAL(0.024,0.0047)

Capturai ndvidual_2 = NORMAL(0.022,0.009)

CapturaTotai = Capturaindviduai*NumerPescadoresJanauaca*Diasquepescam

CapturaTotai_2 = Capturai ndviduai_2*NumerPescadoresPesqueiro*Diasquepescam_2

Diasquepescam = 22

Diasquepescam_2 = 22

NumerPescadoresJanauaca = 92

NumerPescadoresPesqueiro = 217

R$quiio = 1.500

R$quiio_2 = 1.500

96