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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA CAMPUS IX DCH DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA DANIEL TEIXEIRA DEUCYMARA BOMFIM ALVES GILVAN RODRIGUES KAUANA MARTINS BIZERRA LAISE DE SOUZA MAYLA GREGÓRIO A PLANTA FORRAGEIRA NA ILP E ILPF BARREIRAS 2018

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – CAMPUS IX

DCH – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

DANIEL TEIXEIRA

DEUCYMARA BOMFIM ALVES

GILVAN RODRIGUES

KAUANA MARTINS BIZERRA

LAISE DE SOUZA

MAYLA GREGÓRIO

A PLANTA FORRAGEIRA NA ILP E ILPF

BARREIRAS

2018

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DANIEL TEIXEIRA

DEUCYMARA BOMFIM ALVES

GILVAN RODRIGUES

KAUANA MARTINS BIZERRA

LAISE DE SOUZA

MAYLA GREGÓRIO

A PLANTA FORRAGEIRA NA ILP E ILPF

Trabalho apresentado ao Curso de

Engenharia Agronômica, Universidade do

Estado da Bahia – UNEB, Campus IX,

como requisito parcial para a disciplina de

Integração Agricultura Pecuária.

Professor: M. Dr. Danilo Gusmão de

Quadros

BARREIRAS

2018

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6

1.1 SISTEMA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ILP) .............................................. 7

1.2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO INTEGRADOS – ILPF ....................................................... 8

2 O QUE É UMA PLANTA FORRAGEIRA? ...................................................................... 9

2.1 PRINCIPAIS FORRAGEIRAS TROPICAIS RECOMENDADAS E UTILIZADAS EM

SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ILP) ............................................ 10

2.2 PRINCIPAIS FORRAGEIRAS TROPICAIS RECOMENDADAS E UTILIZADAS EM

SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA (ILPF) .................... 11

2.3 ESCOLHA DA ESPÉCIE FORRAGEIRA PARA INTEGRAÇÃO LAVOURA-

PECUÁRIA-FLORESTA ......................................................................................................... 12

2.4 CARACTERISTICAS DO GÊNERO UROCHLOA (SYN. BRACHIARIA) ...................... 13

2.4.1 Brachiaria decumbens .................................................................................................... 14

2.4.2 Brachiaria ruziziensis ..................................................................................................... 15

2.4.3 Brachiaria brizantha cv. Marandú .............................................................................. 15

2.4.4 Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás ....................................................................... 17

2.4.5 Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã .............................................................................. 17

2.5 CARACTERISTICAS DO GÊNERO PANICUM ............................................................. 18

2.5.1 Panicum cv. Massai ....................................................................................................... 19

2.5.2 Panicum cv. Mombaça .................................................................................................. 19

2.5.3 Panicum cv. Tânzania.................................................................................................... 20

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2.5.4 Panicum cv. Zuri ............................................................................................................ 20

2.6 CARACTERISTICAS DO GENERO ANDROPOGON ................................................... 21

3 SEMENTES ......................................................................................................................... 22

3.1.QUALIDADE DAS SEMENTES ...................................................................................... 22

3.2 QUANTIDADE DE SEMENTES ...................................................................................... 23

3.3 PROFUNDIDADE DE SEMEADURA ............................................................................. 24

4 MÉTODO DE SEMEADURA ............................................................................................ 25

4.1 SEMEADURA EM LINHAS ............................................................................................. 25

4.2 A SEMEADURA EM FAIXAS ......................................................................................... 26

4.3 SOBRESSEMEADURA .................................................................................................... 26

4.4 A INCORPORAÇÃO DAS SEMENTES .......................................................................... 27

4.5 PLANTIO POR MUDAS ................................................................................................... 27

5 CONSÓRCIO DAS FORRAGEIRAS NO SISTEMA ILP E ILPF ............................... 28

6 ADUBAÇÃO DE FORRAGEIRAS NOS SISTEMAS ILP E ILPF ............................... 30

6.1 EFICIÊNCIA DE USO DE NUTRIENTES NA INTEGRAÇÃO LAVOURA-

PECUÁRIA .............................................................................................................................. 31

7 DESSECAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS ........................................................... 36

8 APLICABILIDADE DA PLANTA FORRAGEIRA ....................................................... 37

8.1 INFLUÊNCIA DA PALHADA NO DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS

DANINHAS ............................................................................................................................. 38

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8.2UTILIZAÇÃO DA FORRAGEM PARA A ALIMENTAÇÃO DO GADO NO PERÍODO

DE SECA .................................................................................................................................. 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 40

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1 INTRODUÇÃO

A Embrapa tem intensificado o desenvolvimento e a transferência de tecnologias para

recuperação de pastagens com sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), como o Sistema

Barreirão e o Sistema Santa Fé e, mais recentemente, com sistemas de integração lavoura-

pecuária-floresta (ILPF) (ALMEIDA et al., 2015).

Atualmente, com a crescente demanda internacional por produtos agropecuários,

associada à maior preocupação com os impactos ambientais causados pelos sistemas

agropecuários, são cada vez mais requeridas tecnologias que permitam uma melhor eficiência

de uso da terra com menores impactos negativos. O reflexo desta demanda sobre o Brasil, um

dos únicos atores mundiais com capacidade para atendê-la, é a tendência de avanço de

lavouras e de florestas plantadas sobre áreas com pastagens, principalmente, aquelas em

algum estágio de degradação. Nesse sentido, apesar do indicativo de diminuição de áreas com

pastagens cultivadas no Brasil, também há uma tendência de ligeiro aumento do efetivo

bovino, como consequência do aumento na eficiência de uso das pastagens cultivadas

remanescentes, por meio de tecnologias mais adequadas, com destaque para os sistemas de

ILP e de ILPF (ALMEIDA et al., 2015).

A ILP, com uso de lavouras para renovação e/ou recuperação de pastagens, é uma

tecnologia bem estabelecida, entretanto, o uso do componente florestal em sistemas pecuários

ainda não é expressivo. Apesar de vários estudos mostrarem os benefícios da inclusão de

árvores em pastagens, como melhoria nas características microclimáticas, na qualidade do

solo, no bem-estar animal, na qualidade da forragem e na mitigação de gases de efeito estufa,

além da melhoria na beleza cênica da paisagem, ainda são limitadas as informações sobre o

manejo das forrageiras em sistemas de ILPF (ALMEIDA et al., 2015).

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1.1 SISTEMA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ILP)

O sistema ILP consiste na condução de diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras,

carne, leite e agroenergia, implantados na mesma área, em consórcio, em rotação ou em

sucessão. Ela é uma excelente alternativa para a recuperação de áreas degradadas, por meio

da intensificação do uso da terra, pois potencializa os efeitos sinérgicos existentes entre as

diversas espécies vegetais, proporcionando, de forma sustentável, maior produção por área.

Esse sistema otimiza o uso do solo, com a produção de grãos em áreas de pastagens, e

melhora a produtividade das pastagens em decorrência de sua renovação pelo aproveitamento

da adubação residual da lavoura, possibilitando maior ciclagem de nutrientes e o incremento

da matéria orgânica do solo (ZONTA et al., 2016).

Dentre os benefícios do sistema, destacam-se:

O incremento da fertilidade do solo, com a fixação biológica do nitrogênio pelas

leguminosas: Incorpora N, P e S na matéria orgânica ativa do solo e aumenta a

atividade biológica, especialmente no subsolo, em razão da penetração profunda das

raízes de espécies perenes e tolerantes à acidez.

O aumento da eficiência de reciclagem de nutrientes: As gramíneas forrageiras

tropicais são eficientes em aproveitar os resíduos de fertilizantes deixados pelos

cultivos anuais. Os nutrientes acumulados na biomassa das forrageiras são reciclados

pelos animais e pela incorporação do resíduo de forragem no ciclo subsequente de

lavoura.

Condições físicas do solo melhorados: graças ao efeito aglutinante da matéria orgânica

que, quando bem manejada, proporciona cobertura constante do solo, reduzindo a

erosão a níveis insignificantes.

Incrementa a microflora e a microfauna no horizonte superficial as quais realizam o

cultivo biológico do solo (biological tillage).

Proporciona o controle de plantas daninhas, principalmente, as anuais e quebra o ciclo

de pragas e microrganismos patogênicos.

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1.2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO INTEGRADOS – ILPF

Os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma estratégia de

produção que integram diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro

de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de

forma que haja benefício mútuo para todas as atividades. Busca otimizar o uso da terra,

elevando os patamares de produtividade, diversificando a produção e gerando produtos de

qualidade. Com isso reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas. (BALBINO et al.,

2011).

As vantagens da implantação de sistemas de iLPF possibilita ao agricultor alcançar

rendimentos satisfatórios de madeira e grãos, concomitantemente à recuperação ou renovação

da pastagem, de forma mais rápida e econômica. Além disso, as pastagens utilizam-se dos

nutrientes residuais da exploração lavoureira, com sistemas radiculares capazes de explorar

maiores profundidades e volumes de solo. Essa tecnologia também possibilita e favorece a

sucessão/rotação de culturas anuais e forrageiras, proporcionando os benefícios já conhecidos

e desejados (EMBRAPA ,2011).

Entre os principais benefícios da ILPF estão:

Melhoria do bem-estar animal em decorrência do conforto térmico e melhor

ambiência;

Otimização e intensificação da ciclagem de nutrientes no solo;

Melhoramento da qualidade e conservação das características produtivas do solo;

Manutenção da biodiversidade e sustentabilidade da agropecuária;

Melhoria do bem-estar animal em decorrência do conforto térmico e melhor

ambiência;

Diversificação da produção;

Aumento da produção de grãos, fibras, carne, leite e produtos madeireiros e não

madeireiros;

Maior eficiência de utilização de recursos naturais;

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Redução na pressão pela abertura de novas áreas com vegetação nativa;

Redução da sazonalidade do uso da mão de obra;

Geração de empregos diretos e indiretos;

Flexibilidade, que permite ser adaptado para diferentes realidades produtivas;

A ILPF é uma estratégia de produção que pode ser utilizada em quatro possíveis

modalidades:

1. Integração lavoura-pecuária (ILP) ou sistema agropastoril;

2. Integração lavoura-floresta (ILF) ou sistema silviagrícola;

3. Integração floresta-pecuária (ILP) ou sistema silvipastoril;

4. Integração lavoura-pecuária- floresta (ILPF) ou sistema agrossilvipastoril.

2 O QUE É UMA PLANTA FORRAGEIRA?

São as plantas, geralmente, gramíneas e leguminosas usadas como fonte de alimento

para os as animais. Esse alimento pode ser disponibilizado por meio do simples plantio da

forrageira como ocorre em um pasto ou a planta pode ser produzida e posteriormente colhido

para só então servirem de alimentos aos animais (feno). A título de exemplo, o milheto é uma

planta forrageira bastante utilizada na região tropical. Ela possui alta palatabilidade,

digestibilidade e valor nutricional para os animais. Em outras palavras, ela possui gosto

agradável para o gado, é de fácil digestão e possui alto conteúdo de nutrientes interessantes

para o animal a ser alimentado para ganhar peso (SALEMI, 2009).

Vantagens do uso de plantas forrageiras

1- Incremento da Fertilidade do solo;

2- Aumento da eficiência da reciclagem de nutrientes;

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3- Melhoria das condições físicas do solo;

4- Incremento da microflora e microfauna do solo;

5- Controle de plantas daninhas e queda do ciclo de pragas e microrganismos

fitopatogênicos;

6- Recuperação de pastagem degradada.

Critérios para escolha da forrageira na ILP e ILPF

1- Adaptação edafoclimática

2- Exigência nutricional

3- Valor nutritivo

4- Resistencia ao pisoteio

5- Facilidade de erradicação

6- Tolerância ao sombreamento

2.1 PRINCIPAIS FORRAGEIRAS TROPICAIS RECOMENDADAS E UTILIZADAS EM

SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ILP)

A escolha da forrageira dependerá das condições de clima e de solo da região, bem

como da finalidade de utilização e do ciclo de vida (duração) da pastagem. Dependendo da

modalidade de sistema de ILP, a maioria das forrageiras tropicais (perenes ou anuais)

adaptadas e recomendadas para sistemas convencionais de cultivo (solteiro) poderão ser

utilizadas.

De maneira geral, as forrageiras dos gêneros Urochloa (syn. Brachiaria) e Panicum

são as mais utilizadas para semeaduras em monocultivo após a lavoura. Para semeaduras em

consórcio, especialmente com as culturas do milho e do sorgo, tanto na safra como na

safrinha, dá-se preferência às forrageiras que exercem menor competição com as culturas,

como: Urochloa brizantha (cv. Marandú, cv. BRS Piatã e cv. BRS Paiaguás), Urochloa

decumbens, Urochloa ruziziensis e Panicum maximum cv. Massai. Cultivares de guandu

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como o BRS Mandarim, que são leguminosas, também podem ser utilizadas em consórcio

com milho e braquiária, para produção de silagem e/ou pastejo, com a finalidade de aumentar

a produção e a qualidade da forragem.

Em caso de sistema de ILP que utiliza a pecuária somente na entressafra, dá-se

preferência por forrageiras que apresentem facilidade de manejo e dessecação com herbicidas

e que produzam palhada que não dificulte o trabalho das semeadoras, com menos touceiras,

como as braquiárias, em especial, U. ruziziensis.

2.2 PRINCIPAIS FORRAGEIRAS TROPICAIS RECOMENDADAS E UTILIZADAS EM

SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA (ILPF)

Qualquer forrageira tropical adaptada às condições regionais poderá ser utilizada em

sistema de ILPF com espécies florestais nas fases iniciais, do primeiro ao terceiro ano da

implantação das árvores, quando os efeitos da competição ou do sombreamento exercidos

pelas árvores são menores. Para pastagens com períodos de utilização mais prolongados em

sistemas com árvores, é desejável que sejam cultivadas forrageiras com maior tolerância ao

sombreamento ou à competição, especialmente, em espaçamentos reduzidos (menos de 20 m)

entre as fileiras (linhas simples) ou renques (linhas duplas ou mais) com árvores. Em geral,

em condição de sombreamento superior a 50%, ocorre diminuição na produtividade das

forrageiras tropicais, sendo esse efeito mais marcante sobre as leguminosas. Em pastagens

com fileiras ou renques de árvores mais espaçados (maior que 20 m), que apresentam menor

sombreamento, as espécies mais adaptadas ao regime de pleno sol serão as mais indicadas.

Para sistemas de maior nível de intensificação técnica e áreas com maior potencial de

produção, recomendam-se cultivares de Urochloa brizantha (Marandú, BRS Piatã e BRS

Paiaguás) e de Panicum maximum (Massai), e, para áreas com menor potencial de produção,

especialmente as mais declivosas com solos mais pobres, recomenda-se Urochloa decumbens.

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2.3 ESCOLHA DA ESPÉCIE FORRAGEIRA PARA INTEGRAÇÃO LAVOURA-

PECUÁRIA-FLORESTA

Nos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta o componente florestal e

forrageiro compartilha o mesmo espaço, o que implica na exploração das mesmas fontes dos

recursos luz, água e nutrientes. Por isso, é fundamental que se conheça os mecanismos básicos

dessa competição, a fim de maximizar a produção biológica (VEIGA et al, 2001).

Em revisão bibliográfica realizado por Santos (2001), concluiu que dentre as espécies

de plantas forrageiras cultivadas sob sombreamento as que obtiveram melhores resultados

foram o Panicum maximum, a Brachiaria decumbens e a B. brizantha. Observou ainda que a

espécie Panicum maximum é mais tolerante ao sombreamento que as do gênero Brachiaria.

Tendo em vista que o gênero Brachiaria ocupa 85% de toda área de pastagem cultivada no

Brasil central, das quais 50% são da espécie Brachiaria brizantha (MACEDO, 2005).

No Bioma Amazônia os sistemas silvipastoris vêm sendo adotados com êxito, com uso

das espécies forrageiras: braquiarão (Brachiaria Brizantha cv. Marandu), quicuio (Brachiaria

humidicola), Panicum sp., capim-gengibre (Paspalum maritimum), jaraguá (Hyparrhenia

rufa), Pueraria (Pueraria phaseoloides), Centrosema macrocarpum e Capsicum pubescens.

Na Caatinga o sistema de ILPF mais utilizado e de maior aplicabilidade na região é o

agrossilvipastoril, embora também venha sendo adotado o sistema silvipastoril. As espécies

forrageiras mais adaptadas a região são o capim-buffel (Cenchrus ciliaris) e braquiárias

(EMBRAPA, 2018).

Para o Bioma Cerrado, a ILPF se caracteriza com as espécies agrícolas algodão, soja,

milho, sorgo, feijão, arroz e girassol. Os principais consórcios são de milho +

capim/forrageiras (80%), sorgo (granífero ou silagem) + capim/forrageiras (15%), e outros

consórcios (milheto, sorgo pastejo, guandu) (5%). Como espécies forrageiras, as do gênero

Brachiaria (80%), espécies de Panicum (10%) e outras (10%). Como principais espécies

florestais têm-se o eucalipto (80%), a teca, o cedro australiano e o mogno (15%) e outras

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(5%). E por fim, as espécies/raças de animais são de bovinos de corte (50%), bovinos de leite

(30%), e, ovinos e caprinos (20%) (EMBRAPA, 2018).

Nas áreas de Mata Atlântica da região Sul predominam sistemas de ILPF baseados na

sucessão de culturas no verão (soja, milho e feijão) e pastagens cultivadas no inverno,

sobretudo com espécies de clima temperado (aveia-preta e azevém anual). Já na região

Nordeste, usa principalmente as braquiárias (EMBRAPA, 2018).

2.4 CARACTERISTICAS DO GÊNERO UROCHLOA (SYN. BRACHIARIA)

As braquiárias se caracterizam pela rusticidade e adaptação a solos de baixa fertilidade

e ácidos, entretanto, respondem bem a melhorias na fertilidade e, portanto, apresentam altas

produções em áreas com cultivos anuais. Além de serem facilmente estabelecidas, apresentam

boa competição com plantas daninhas e efeito no controle de algumas pragas e doenças em

cultivos com milho, soja e feijão. Pelo porte mais baixo, são de manejo fácil, tanto para

pastejo quanto dessecação e plantio direto das culturas em sucessão. Elas estão aptas a todas

as fases da criação, mas em ILP, com o cultivo em solos férteis, apresentam melhor qualidade

e proporcionam resultados satisfatórios na recria e engorda de bovinos de corte e produção de

leite.

Resultados recentes de pesquisa demonstram ainda que as braquiárias nos sistemas de

ILP favorecem a produção de soja. Em anos normais, nos quais as condições climáticas não

são restritivas, a produtividade da planta estabelecida sobre áreas de milho safrinha

consorciado com braquiária é de 3 a 5 sacas/há, maior que sem a presença do capim. Já em

anos com restrição de chuvas, as diferenças tendem a acentuar. Nesses casos, a produção de

soja semeada sobre palhada de milho safrinha consorciado com forrageiras pode ser superior

em 8 a 12 sacas/ha em relação às palhadas de milho solteiro. Isso se atribui a melhor

cobertura do solo com maior ciclagem de nutrientes. Também tem sido observado por

produtores e pesquisadores que as áreas submetidas ao pastejo animal moderado,

incrementam de 4 a 5 sacas/ha na produtividade da soja cultivada em sequência. O pastejo

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estimula o perfilhamento e o crescimento das raízes das forrageiras, bem como, a deposição

de dejetos animais.

2.4.1 Brachiaria decumbens

A Brachiaria decumbens Stapf é originária da Região dos Grandes Lagos em Uganda

(África). Essa gramínea foi introduzida no Brasil em 1960, onde se adaptou muito bem,

principalmente nas áreas dos cerrados. A espécie é vigorosa e perene. É resistente à seca,

adaptando-se bem em regiões tropicais úmidas. É pouco tolerante ao frio e cresce bem em

diversos tipos de solo, porém, requer boa drenagem e condições de média fertilidade,

vegetando bem em terrenos arenosos e argilosos. Os melhores resultados são obtidos quando

se usam 2 a 5 kg de sementes puras e viáveis (1 kg de sementes tem cerca de 220.000 a

225.000 sementes) por hectare.

Tolera tratamento de pré-emergência, com atrazina, usando-se 2,5 kg/ha do produto

com diluição de 80%, com resultado muito bom no controle a invasoras.

Apresenta queda de produção quando cultivada em solos de baixa fertilidade, por isso,

recomenda-se consorciá-la com leguminosas. Adapta-se bem na faixa de Latitude de 27° N e

S. Altitude desde o nível do mar até 1.750 m. A temperatura ótima para seu crescimento é de

30 a 35°C. Floresce em qualquer lugar nos dias longos do ano.

Quanto a intoxicação, são necessários mais estudos para elucidar o papel das

saponinas, na foto sensibilização hepatógena em bovinos a pasto e sua possível interação com

Pytomices chatarum e outros fungos (endófitos) que podem estar presentes na B. decumbens e

outras espécies de Brachiaria. Mesmo se a foto sensibilização em ruminantes e cavalos não é

causada primariamente pelo P. chatarum, a presença de esporos de fungo pode exacerbar a

toxidez (Smith e Miles, 1993).

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2.4.2 Brachiaria ruziziensis

A Brachiaria ruziziensis pertence à família das gramíneas, possui o hábito de

crescimento prostrado com tempo de formação de aproximadamente 75 dias, podendo chegar

a altura de entrada no pasto de até 30 cm e a de saída de 15 cm e a produção de massa (ms) é

de 12 a 13 ton/ha/ano, proteína bruta na ms de 10 a 12%. A época de florescimento vai de

março – abril, tendo ótima aceitabilidade e media resistência a seca e baixa resistência a

cigarrinha das pastagens. Com relação ao plantio, possui media exigência em fertilidade do

solo e a adubação e calagem deve ser de acordo com analise de solo, com profundidade de

plantio de 2 a 4 cm conforme tipo de solo,

Esta espécie está mais proximamente relacionada com B. decumbens, da qual difere,

no entanto por ser de porte maior e apresentar a gluma inferior distante do resto da

espigueta. Essa espécie também tem sido utilizada devido à alta produção de matéria seca em

curto espaço de tempo e à sua adaptação a vários tipos de clima e solo, preferencialmente com

boa drenagem, tolerando fertilidade média do solo. Essa espécie apresenta boa proteção

contra a erosão, além de boa habilidade para competir com plantas invasoras. A utilização

dessas plantas proporciona melhoria nas propriedades físicas do solo, assim como outros

benefícios, como o aumento da atividade da micro e macrofauna, além de a cobertura do solo

diminuir a temperatura em até 10 oC (Prando et al., 2010). Os principais atributos são boa

produção de semente associada a seu fácil estabelecimento e a preferência por seu uso no

sistema Agropastoril, por não formar touceiras grandes e difícil destruição, indicada para

a fenação, integração com a agricultura e palhada para plantio direto.

2.4.3 Brachiaria brizantha cv. Marandú

O capim-marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu) é uma gramínea forrageira

perene de hábito de crescimento cespitoso, formando touceiras de até 1,0 m de diâmetro e

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afilhos com altura de até 1,5 m. Apresenta rizomas horizontais curtos, duros, curvos, cobertos

por escamas glabras de cor amarela a púrpura. Suas raízes são profundas o que favorece sua

sobrevivência durante períodos de seca prolongados. Originário da África Tropical, encontra-

se amplamente distribuído na maioria dos cerrados tropicais e em áreas anteriormente sob

vegetação de florestas da região amazônica (COSTA, 2005).

Tem como principais características resistência às cigarrinhas-das-pastagens, alta

produção de forragem, persistência, boa capacidade de rebrota, tolerância ao frio, à seca e ao

fogo. Exige solos bem drenados, de média a alta fertilidade onde produz de 8 a 20 toneledas

de matéria seca por hectare, por ano. É indicada para bovinos de cria, recria e engorda.

Também é bem aceita por bubalinos, ovinos e caprinos. Aceita o pastejo rotacionado,

produção de feno e silagem. Em geral, as fazendas de pecuária caracterizam-se pela baixa

produtividade do rebanho, pelas práticas incorretas de estabelecimento/manejo de pastagens.

Assim, fez-se necessário o desenvolvimento de uma cultivar de braquiária que fosse resistente

às principais pragas que atacam essa cultura e com tolerância ao frio, à seca e ao fogo

(EMBRAPA, entre 2015 e 2018).

As Características agronômicas são: boa adaptação e produção de forragem em solos

de média fertilidade natural; excelente comportamento em solos arenosos; sistema radicular

profundo o que permite a obtenção de água durante os períodos de seca; requer solos bem

drenados e não tolera o encharcamento prolongado; resistente ao ataque das cigarrinhas-das-

pastagens; apresenta maior palatabilidade que as outras espécies de Brachiaria; a dormência

das sementes pode ser rompida após 4 a 5 meses de armazenamento ou acelerada mediante

escarificação com ácido sulfúrico. Por apresentar hábito de crescimento semi-ereto, forma

consorciações bastante equilibradas com leguminosas forrageiras como pueraria, desmódio,

stylosanthes, arachis e centrosema. Responde satisfatoriamente à aplicação de doses

moderadas de calcário dolomítico (1,5 a 2,0 t/ha) e de fósforo (50 a 100 kg de P2O5/ha)

(COSTA, 2005).

O Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de sementes de plantas

forrageiras, contando com cerca de 115 milhões de hectares de pastagens cultivadas, das quais

aproximadamente 51,4 milhões de hectares encontram-se estabelecidas com B. brizantha cv.

Marandu. A grandeza do número retrata a hegemonia desta cultivar na pecuária brasileira. A

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tecnologia proporciona maior lotação, ganho de peso, maior produção de leite e menor risco

de quebra de produção devido ao ataque de cigarrinha-das-pastagens. Nota-se uma tendência

de parte das pastagens degradadas cultivadas há anos com a cultivar Marandu ser recuperada

com a mesma gramínea aumentando expressivamente sua capacidade produtiva (EMBRAPA;

1984).

2.4.4 Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás

Nome cientifico é Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás, sua forma de crescimento

é cespitoso, alcança altura de 0,60 a 0,90 m. Geralmente utilizado no pastoreio direto,

fenação, consórcio com milho. Possui digestibilidade e palatabilidade excelentes.

Profundidade da semeadura adequada de 2 a 4 cm. Produção de forragem: 10 a 15 t.

ms/ha/ano.

Trata-se de uma planta com excelentes características de produtividade, vigor,

produção de sementes; elevado potencial de produção animal no período seco, com alto teor

de folhas e bom valor nutritivo. É uma excelente opção para a diversificação de pastagens em

solos de média fertilidade nos Cerrados. Não tolera solos encharcados. Os pastos do capim-

paiaguás devem ser manejados de modo a manter o pastejo a 30 cm de altura afim de obter os

desempenhos desejados, com sua máxima produção de carne por área. Apresenta o maior

acúmulo de forragem de melhor valor nutritivo durante o período seco, resultando em maiores

ganhos de peso por animal e por área.

2.4.5 Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã

Lançada pela Embrapa e por parceiros em 2006, a BRS Piatã é uma Brachiaria

brizantha desenvolvida a partir de uma planta que faz parte da coleção de forrageiras da

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Embrapa e que, originalmente, foi coletada pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical

(CIAT), entre 1984 e 1985, na África. Pertence a Família das gramíneas, tem um hábito de

crescimento em touceira. O tempo de formação é de aproximadamente 80 dias, a altura de

entrada no pasto é 40 cm e a altura de saída no pasto de 20 cm. A produção de massa (MS) é

de 15 a 17 ton/ha/ano, proteína bruta na MS: 8 – 10%, a época de florescimento compreende

dos meses de Janeiro a Fevereiro, possui uma boa aceitabilidade e media tolerância a seca,

encharcamento, frio e a cigarrinha das pastagens. É uma cultivar de média exigência em

fertilidade do solo, a adubação e calagem deve ser de acordo com a análise de solo e

recomendação técnica, a profundidade de plantio deve ser de 2 a 4 cm conforme tipo de solo.

Indicadas para pastejo direto ou rotacionado e palhada para plantio direto, se destaca por ser

uma excelente possibilidade de reserva de pasto na seca. (EMBRAPA, 2006)

2.5 CARACTERISTICAS DO GÊNERO PANICUM

As cultivares de P. maximum são altamente produtivas e exigentes em solo e

proporcionam bons ganhos de peso. As de maior destaque são Tanzânia, Mombaça, Massai e,

mais recentemente, foram liberadas BRS Zuri e BRS Tamani. São adaptadas a solos bem

drenados e exigentes em altas temperaturas, mais de 30°C, repercutindo em altas produções

de forragem de boa qualidade. Todas as fases da criação são indicadas, especialmente na

recria e engorda de bovinos e produção de leite. São facilmente estabelecidas em consórcio ou

sucessão de culturas anuais, entretanto, apresentam maior competição com culturas, como

milho e sorgo, sendo necessária a aplicação de herbicidas que reduzam o seu crescimento na

fase inicial da cultura. De manejo mais difícil e, na ILP, devem ser utilizadas

preferencialmente em pastejo por dois ou mais anos antes do retorno da cultura de grãos. É

necessário ajustar o manejo de forma a ter um relvado apropriado para dessecação e plantio da

cultura anual subsequente.

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2.5.1 Panicum cv. Massai

Planta de porte baixo cespitosas em torno de 60 centímetros (cm), porte das folhas

decumbentes. Leva em torno de 75 dias para formação. É um capim com boa digestibilidade e

palatabilidade, e teor de proteína na matéria seca de nove a dez por cento. As folhas e os

colmos apresentam média pilosidade, sendo os pelos curtos e duros. Os colmos não

apresentam cerosidade. As inflorescências são do tipo C, intermediárias entre uma panícula e

um racemo, típicos de híbridos entre P. maximum e P. infestum. Permite a entrada no pasto

com a altura de 55 centímetros (cm), e saída do pasto 25 cm.

A cultivar Massai é um capim precoce, floresce e produz sementes várias vezes ao

ano. Seu florescimento é intenso, rápido e agrupado. A época de maior produção é de abril a

maio. É um capim que apresenta excelente produção de forragem com grande velocidade de

estabelecimento e de rebrota, com boa resistência ao fogo. Quando comparadas às outras

cultivares de Panicum maximum, o Massai apresenta melhor cobertura do solo, assim como

maior persistência em solos com baixos níveis de fósforo.

Esse gênero conta com sistema radicular mais adaptado às condições adversas de solo,

como compactação, baixa fertilidade, alta acidez e déficit hídrico. Tolera ataque de cigarrinha

das pastagens. Ideal para pastejo direto e fenação.

2.5.2 Panicum cv. Mombaça

É uma planta cespitosa, formando touceiras, de ciclo anual, com altura média de 1,65

m, folhas quebradiças, com largura média de 3,0 cm e sem cerosidade. As lâminas apresentam

poucos pêlos, duros e curtos, principalmente, na face superior. As bainhas são glabras. Os

colmos são levemente arroxeados. A inflorescência é uma panícula, com ramificações

primárias longas e secundárias, longas, apenas, na base. As espiguetas são glabras e

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uniformemente distribuídas, de coloração arroxeada em aproximadamente, 1/3 da superfície

externa (VILELA, 2009).

Possui excelente digestibilidade e palatibilidade, e média tolerância a seca e frio. Com

teor de proteína bruta de 12 a 16% na matéria seca, e baixa tolerância a solos úmidos.

Exigente em fertilidade do solo, e vem apresentando maior eficiência na utilização do fósforo

no solo que as demais cultivares. Com maior produção de matéria seca total e de folhas. Boa

capacidade de rebrota após o corte desde que respeitando o meristema apical.

2.5.3 Panicum cv. Tânzania

É uma cultivar de porte médio com forma de crescimento formando touceira cespitosa,

atingindo uma altura de até 1,3m, porte das folhas decumbente com largura média de 2,6 cm.

Lâminas e bainhas são glabras, sem cerosidade. Os colmos são levemente arroxeados. As

inflorescências são do tipo panícula, com ramificações primárias longas, e secundárias longas

apenas na base. As espiguetas são arroxeadas, glabras e uniformemente distribuídas. O

verticilo é glabro (VILELA, 2009).

É uma planta exigente em fósforo (P) e potássio (K), principalmente, na fase de

implantação. Por ser planta exigente em fertilidade, recomenda-se o monitoramento da

fertilidade através de análise, principalmente a aplicação de nitrogênio em cobertura para

manutenção da produtividade forrageira (VILELA, 2009).

2.5.4 Panicum cv. Zuri

Pertencentes a família das gramíneas, de nome científico Panicum maximum, a

cultivar BRS Zuri é uma planta de hábito de crescimento ereto em touceiras, com tempo de

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formação de 75 dias, altura de entrada no pasto 75 cm, altura de saída no pasto 35 cm,

profundidade da semente varia conforme o tipo de solo, podendo ser de 1 á 2 cm, produção de

massa (MS) 22 ton/ha /ano, proteína bruta de 12 a 14%, época de Florescimento: Abril –

Maio, e possui uma ótima aceitabilidade.

No plantio, é exigente em fertilidade alta, a melhor época de plantio é a estação

chuvosa, é indicada para pastejo continuo, rotacionado e silagem, e possui alta tolerância ao

fungo Bipolaris Mays, resistência às cigarrinha-das-pastagens. O bom manejo promove bom

controle do desenvolvimento de colmos e florescimento, assegurando a manutenção da

estrutura do pasto e bons níveis de produção animal. Apresenta tolerância moderada ao

encharcamento do solo, porém se desenvolve melhor em solos bem drenados, sendo uma

opção para diversificação de pastagens nos biomas Amazônia e Cerrado. Suas principais

características são a elevada produção, o alto valor nutritivo, a resistência às cigarrinha-das-

pastagens e o alto grau de resistência à mancha das folhas, causada pelo fungo Bipolaris

maydis (Ramos, 2014).

2.6 CARACTERISTICAS DO GENERO ANDROPOGON

Andropogon L. é uma especie botânica pertencente família Poaceae, subfamília

Panicoideae, tribo Andropogoneae.O gênero é composto por aproximadamente 1100 espécies.

São encontradas na Europa, África, Ásia, Australásia, Pacífico, América do Norte e América

do Sul. Andropogon é um gênero botânico, ordem Gramineae, classe Monocotyledones com

estames hipogínicos. A espécie apresenta as seguintes características: compatível com a

maioria das leguminosas; é resistente à seca, tolera cigarrinhas e ao fogo e não apresenta

nenhum fator tóxico (VILELA, 2009)

O Andropogon possui boa produção de forragem, mesmo em solos de baixa

fertilidade, pastejado a cada 5 a 6 semanas (ICA, 1980). A espécie suporta bem as queimadas

e devido às características agronômicas da espécie é recomendado, de acordo com as

necessidades, um rebaixamento drástico do pasto (sobrepastejo) para eliminação do material

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fibroso, lignificado e seco, que vai acumulando com o tempo. Este pasto apresenta como

principal característica a boa tolerância ao período seco, mantendo boa quantidade de folhas

neste período. Além disso, adapta-se a vários tipos de solos, desde os arenosos até os solos

cascalhados, os de baixa fertilidade até os mais férteis (MATSUDA, 2017)

Do gênero Andropogon são utilizadas as cultivares Planaltina e Baeti. As duas são

tolerantes à seca e altamente resistentes às cigarrinhas, mas são atacadas por formigas. São

usadas nas fases de cria, recria e engorda e o cultivo é mais comum nos estados de Goiás e

Tocantins. A espécie, dentre as forrageiras mais comuns, é a que mais se presta para

consorciações com leguminosas. Por ter crescimento inicial lento, não compete com culturas

anuais e pode ser estabelecida com milho e arroz, mas raramente é utilizada em ILP

(ZIMMER, 2015)

3 SEMENTES

Alguns fatores são determinantes na formação das pastagens, tais como: qualidade e

quantidade de semente, profundidade e método de semeadura.

3.1.QUALIDADE DAS SEMENTES

As sementes de forrageiras são colhidas por varredura da superfície do solo e nesta

operação elas são contaminadas com impurezas, tais como torrões, pedaços de plantas, fungos

e insetos, por esse motivo consta na análise de sementes, além da percentagem de germinação,

a pureza. O produto destas duas variáveis resulta no valor cultural (VC), que é a percentagem

de sementes puras viáveis existentes num lote de sementes comerciais (EMBRAPA, 2011).

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O produtor deve dar preferência às sementes mais puras, com valor cultural superior a

70% e, se possível, escarificadas. Com isto, ele reduz o risco de introdução de nematoides,

pragas, plantas daninhas e doenças na sua propriedade. Sementes de menor qualidade, pode

significar um atraso na formação de pastagem e um considerável acúmulo de dificuldades

para retomar a formação no próximo período chuvoso devido ao aparecimento de grande

quantidade de plantas invasoras, diminuição de fertilidade do solo provocado pela lavagem

das cinzas e compactação pelas chuvas do solo descoberto. (EMBRAPA,2011)

3.2 QUANTIDADE DE SEMENTES

A taxa de semeadura deve ser variável em função da espécie forrageira e das

condições de plantio e, por causa das impurezas nas sementes de pastagem, ela deve ser

ajustada em função do valor cultural (VC) da semente comercial, pela seguinte fórmula:(

Kichel e Kichel 2001, apud Embrapa 2011)

Quantidade de sementes comerciais (kg/ha): Taxa de semeadura (kg/ha) x 100

------------------------------------------------

Valor cultural (%)

Tabela 1.Taxa de semeadura indicada para espécies forrageiras e em diferentes condições de plantio.

Condição de Plantio

Ótima Media Ruim

Kg/ha

Espécie Cultivar

Brachiaria ruziziensis Comum 2 3 4

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Fonte: adaptada de kichel e kichel (2001), EMBRAPA,2011.

3.3 PROFUNDIDADE DE SEMEADURA

Grande parte das pastagens estabelecidas nos sistemas de iLP são semeadas em plantio

direto e na safrinha, neste período o risco de ocorrer compactação superficial do solo por

chuvas pesadas é pequeno, mas há grande possibilidade de ocorrer déficit hídrico e, dessa

forma, é necessária a semeadura em maior profundidade, onde há maior disponibilidade de

água. Paulino et al. (2004) observaram que há uma correlação entre profundidade de

semeadura e disponibilidade de água. Quando há menor disponibilidade de água no solo, a

semeadura mais profunda resulta em maior número de plântulas emergidas. Para forrageiras

do gênero Brachiaria a profundidade de semeadura deve ser de 4 cm a 6 cm (VALLE et

al.,2004) e de Panicum, de 2 cm a 4 cm. Estas profundidades não servem para as pastagens

formadas no início do verão, época em que ocorrem precipitações intensas e pode haver a

compactação da superfície do solo, prejudicando a emergência das plantas. O limitador de

profundidade acoplado ao disco de plantio, embora não permita regular profundidades

Brachiaria decumbens Brasilisk 2 3 4

Brachiaria brizantha Marandu, Xaraés e Piatã 3 4 5

Brachiaria humidicola Comum 2,5 3.5 4,5

Panicum maximum Mombaça, Tanzania,

Aruana e Massai

1,6 3 4

Andropogon gayanus Planaltina e Baeti 2,5 3,5 4,5

Pennisetum americanum BRS 150, BN 2 12 16 20

Sorghum spp. BRS 800,BRS 801,

AG 2501, Santa Elisa

14 18 20

Paspalum saurae Pensacola 16 18 20

Stylisanthes spp. Campo grande 2 3 4

Cajanus cajan (guandu) Mandarim 20 30 40

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menores que 4 cm, garante que a semente não vá além desta profundidade, mesmo que o

terreno seja irregular.(EMBRAPA 2011)

4 MÉTODO DE SEMEADURA

Nesta operação deve ser garantida a uniformidade na distribuição e o enterrio das

sementes na profundidade desejada, de preferência com limitador de profundidade do disco de

plantio, além da perfeita cobertura e compactação do solo.(EMBRAPA, 2011)

4.1 SEMEADURA EM LINHAS

As semeadoras em linhas geralmente permitem distribuir e cobrir as sementes em uma

só operação, obtendo-se um melhor contato das mesmas com o solo, o que favoreceria a taxa

de absorção de água e, por conseguinte, a germinação A semeadura em linhas geralmente

permite obter um adequado estabelecimento mesmo nas áreas onde nenhuma preparação de

solo foi realizada.

Normalmente a semeadura em linhas é feita com semeadoras de cereais, as quais, na

maioria das vezes, não permitem colocar as sementes a uma profundidade com precisão. Em

semeaduras de Brachiaria decumbens realizadas com semeadoras de cereais, a 3 cm,

observado que 31% das sementes ficaram embaixo dessa faixa (ZIMMER et al., 1983, apud

EMBRAPA, 2011)

A braquiária, quando semeada na entrelinha do sorgo, não interferiu na produtividade

da cultura anual, demonstrando ser essa modalidade de semeadura a mais indicada para

minimizar o efeito competitivo da forrageira sobre a cultura do sorgo em um sistema de

integração lavoura-pecuária.(EMBRAPA, 2011)

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4.2 A SEMEADURA EM FAIXAS

Geralmente usada para o estabelecimento de bancos de proteína, assim como para

misturas de gramíneas e leguminosas. A formação das pastagens mistas em fileiras alternadas

incrementaria as possibilidades de estabelecimento de gramíneas e leguminosas como

resultado da diminuição na competição. (EMBRAPA, 2011)

4.3 SOBRESSEMEADURA

A sobressemeadura consiste na distribuição das sementes da forrageira a lanço, antes

do final do ciclo da soja, para que as plantas estejam emergidas no momento da colheita desta

cultura.

Este método vem sendo utilizado por produtores na região Centro-Oeste, a fim de

antecipar o estabelecimento de pastagens. A semeadura das forrageiras deve ser feita antes da

queda das folhas da soja, no estádio R6. De acordo com Sewell (2010), o sucesso deste

método depende de algumas condições como:

1) lavoura limpa de plantas daninhas;

2) estágio da cultura;

3) clima e condições meteorológicas;

4) ciclo da cultivar de soja;

5) condições de voo da aeronave; e

6) espécie a ser semeada.

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Por ocasião da maturidade fisiológica da soja, constitui-se em alternativa promissora

na inclusão dessas forrageiras na integração lavoura pecuária (PACHECO et al., 2008),

proporcionando maior flexibilidade no cronograma operacional de produção, principalmente

no processo de colheita de grãos.

4.4 A INCORPORAÇÃO DAS SEMENTES

A incorporação de sementes com grade é um método tradicional, mas pouco eficiente,

porque demanda maior quantidade de semente e envolve o preparo do solo. Este, mesmo que

superficial, inviabiliza o plantio direto, já que são necessários no mínimo quatro anos sem

preparo de solo para a estabilização do sistema (MARCOLAN et al., 2007).

3.5 PLANTIO POR MUDAS

As forrageiras que multiplicam-se por mudas levam a um maior gasto na implantação

o que, muitas vezes, limita o seu emprego (capim-elefante, estrela africana, coastcross, tifton,

hemarthria, quicuio). Porém, com o avanço do emprego de sistemas tecnificados na

exploração agropecuária, o plantio de capim elefante para pastejo foi bastante intensificado,

principalmente para vacas leiteiras, destacando o sistema de pastejo rotacionado

(EVANGELISTA, 2000). O plantio de mudas deve ser feito somente no início das chuvas. O

plantio tardio traz como inconvenientes uma população de plantas invasoras mais competitiva

e um menor período de condições climáticas adequadas para a formação do pasto. Há relatos

do estabelecimento da pastagem de capim-colonião por mudas, na entrelinha do milho

(MACHADO, 2007, apud MACHADO, 2011). De forma semelhante, na região Sul, o capim-

pangola era plantado por mudas nas entrelinhas do milho ( MACHADO,2011).

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5 CONSÓRCIO DAS FORRAGEIRAS NO SISTEMA ILP E ILPF

Uso de forrageira nos sistemas ILP: Durante a fase produtiva ou de manutenção da

pastagem, estima-se que, no primeiro ano do estabelecimento, a produção forrageira e animal

sejam, em média, de 30% a 40% superiores em relação aos três ou quatro anos subsequentes,

quando o potencial produtivo não é limitado por problemas de clima, solo ou manejo animal

inadequado. As forrageiras anuais possibilitam a disponibilidade de pasto em 30 a 60 dias

antes das gramíneas forrageiras perenes e maior produtividade de carne durante o ciclo da

cultura, podendo-se amortizar parcialmente os custos variáveis da recuperação, porém, em

menor proporção do que com as lavouras de grãos (EMBRAPA, 2012).

Para o uso de forrageiras em sistemas de integração, que apresentam maior

complexidade, nível de intensificação e valor agregado do produto, deve-se fazer,

inicialmente, um diagnóstico das condições do sistema de produção e adotar técnicas

adequadas para estabelecimento e manejo das forrageiras selecionadas, para a obtenção de

resultados compatíveis com o potencial esperado. No estabelecimento, deve ser dada muita

atenção para a escolha da espécie ou cultivar, qualidade da semente, taxa de semeadura, época

e método de semeadura. Em condições favoráveis de solo e clima, entretanto, as gramíneas

forrageiras perenes podem competir com as culturas anuais, diminuindo ou inviabilizando a

produção de grãos e, neste contexto, como forma de amenizar a competição das forrageiras,

pode-se fazer uso de estratégias como aplicação de subdoses de herbicidas em estágios

iniciais de desenvolvimento da forrageira; realização de semeadura mais profunda da

forrageira, juntamente com o fertilizante; ou semeadura da forrageira após a cultura de grãos

estar estabelecida (EMBRAPA, 2012).

Estudos realizados na Embrapa Gado de Corte, com várias gramíneas forrageiras

perenes em consórcio com as culturas do milho e do sorgo, implantadas na safra e na safrinha

para produção de grãos, têm demonstrado que os capins Piatã e Massai apresentam menor

competição com estas culturas, enquanto o capim-mombaça apresenta maior competitividade,

necessitando do uso de herbicidas em subdosagem (EMBRAPA, 2012).

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Sistema Santa Fé: com uso de gramíneas forrageiras tropicais em consórcio com

culturas anuais, em sistema de plantio direto ou convencional. Essa tecnologia foi

desenvolvida com o objetivo de produzir forragem na entressafra e/ou palhada para o sistema

plantio direto no ano agrícola subsequente. Entretanto, a mesma pode ser utilizada também na

recuperação/renovação de pastagens. Tais sistemas são mais intensivos e especializados,

tendo usualmente, a lavoura como objetivo principal, e demandando também forrageiras mais

produtivas, como as do gênero Panicum (EMBRAPA, 2012).

Uso das forrageiras no ILPF: Um dos principais fatores para o sucesso de um cultivo

consorciado se baseia na complementação entre as espécies envolvidas, uma vez que, durante

parte de seu ciclo existe uma competição/interação pelos fatores de produção (luz, água e

nutrientes), o que vai interferir no resultado obtido ao final do ciclo da cultura anual. Dessa

maneira é importante caracterizar as espécies que irão compor o sistema.

As alternativas de culturas para compor o sistema de integração lavoura-pecuária-

floresta são várias. A escolha vai depender de fatores, tais como a adaptação às condições

ambientais (clima, solo, manejo), características da propriedade (tradição de cultivo, nível

tecnológico, assistência técnica, infraestrutura e logística), mercado para os produtos e

adaptação das espécies ao cultivo consorciado, pois a maioria das culturas é altamente

exigente em luz e não toleram sombreamento (EMBRAPA, 2012).

A escolha de plantas forrageiras para uso nestes sistemas está focada na sua

capacidade de adaptação às condições de sombreamento que podem modificar sua

morfofisiologia. A baixa luminosidade promove alterações morfológicas no dossel forrageiro

que permitem aumentar a interceptação de luz com menor índice de área foliar (IAF), por

meio do aumento da área foliar específica (PACIULLO et al., 2007, apud EMBRAPA, 2012).

Em um experimento conduzido na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS,

foram implantados dois sistemas de ILPF, como estratégias de renovação de pastagens

degradadas de braquiária. Foi realizado preparo total do solo com semeadura da soja, em

outubro de 2008. Em janeiro de 2009 foi realizado o plantio de Eucalyptus urograndis (clone

H-13) em densidades de 227 árvores/ha (ILPF1) e 357 árvores/ha (ILPF2) (Figuras 7.1 A e

B). Sobre os restos culturais da soja, foi semeado o capim-piatã, em abril de 2009.Neste

mesmo experimento, a pastagem de capim-piatã foi avaliada na época seca (agosto de 2010),

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tendo sido observado que os teores de proteína bruta na folha e no colmo da forrageira foram

maiores nas áreas à sombra do que nas áreas ao sol. Na folha, também foi observada maior

digestibilidade in vitro da matéria orgânica à sombra (63,2%) do que ao sol (54,1%),

indicando melhor valor nutritivo de pastos em ILPF, também, foi observado que os animais

apresentavam preferência de pastejo pelas áreas sombreadas, que favorecem o conforto

térmico. (EMBRAPA,2012)

6 ADUBAÇÃO DE FORRAGEIRAS NOS SISTEMAS ILP E ILPF

Nos sistemas de ILP e ILPF a adubação de forrageiras adota os mesmos princípios

básicos da adubação em monocultivo. Conquanto, a dinâmica do sistema pode torná-la um

pouco distinto, porque a fertilidade do solo após cultivos anuais contém teores de nutrientes

em faixas superiores às que ocorrem em sistemas convencionais (ALMEIDA et al., 2015).

As recomendações para os sistemas geralmente priorizam os cultivos de maior

exigência, isto é, os cultivos anuais e silvícolas. Desse modo, quando planta-se a pastagem,

seja ela em consórcio ou em sucessão/rotação aos cultivos anuais, os níveis mínimos

necessários podem ter sido superados pela adubação da cultura anterior. As plantas forrageiras

genericamente possuem menor exigência que os cultivos anuais, sendo que a adubação de

implantação da forrageira, em sistema de ILP com rotação de culturas, por exemplo, será

consequência direta do efeito residual da adubação do cultivo anual anterior. Dessa forma,

quando o componente forrageiro é introduzido após ciclos de cultivos com lavouras de grãos,

a adubação da forrageira poderá ser minimizada, ou até mesmo dispensada, para a

implantação da pastagem (ALMEIDA et al., 2015).

Para manutenção da produtividade de pastagens, tende-se manejar com maiores

adubações de manutenção da forrageira, pois são sistemas que operam, desde o início, com

maiores taxas de lotação do que aqueles convencionais. Para tanto, o monitoramento da

fertilidade do solo e a definição da produtividade animal almejada são imprescindíveis para

recomendações mais precisas acerca das adubações de manutenção. Em sistema de ILPF,

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quando o componente arbóreo reduz a incidência de luz para o pasto, não é possível obter

elevado grau de intensificação do manejo do pasto, porque o sombreamento e a competição

por água e nutrientes podem ser fatores limitantes para obtenção de elevadas produtividades

de forragem. Nesse caso, a adubação da pastagem deve ser ajustada à produção animal obtida,

o que ainda é objeto de estudos, tendo em vista a pouca experiência com sistemas complexos

como o sistema de ILPF. O ajuste das doses de adubo para o pasto pode diminuir os riscos de

desperdício. Em condições de sombreamento por árvores, a eficiência da adubação será

dependente de sombreamento moderado (normalmente até 200 a 250 árvores por hectare) e

doses de adubo também moderadas e ajustadas à produção animal desejada (ALMEIDA et al.,

2015).

6.1 EFICIÊNCIA DE USO DE NUTRIENTES NA INTEGRAÇÃO LAVOURA-

PECUÁRIA

Projeções das Nações Unidas apontaram que em 2050 a produção de alimentos deverá

aumentar em 80% em relação à de 2000 para atender a demanda mundial (SOUTHGATE;

GRAHAM; TWEETEN, 2007). Para suprir essa demanda crescente por alimentos, a

contribuição de fertilizantes para a produção agrícola deverá, obviamente, aumentar. Estudos

realizados pela equipe da FAO indicaram que, no início da década, a aplicação de fertilizantes

contribuía com 43% dos 70 milhões de t de nutrientes removidos pela produção agrícola

global. No futuro, para suprir a demanda crescente por alimentos, essa contribuição deveria

ser de 84% (FRESCO, 2003). Isso indica claramente que o uso eficiente de fertilizantes, a

exemplo do que ocorre na integração lavoura-pecuária, constitui estratégia prioritária para a

sustentabilidade dos sistemas agrícolas do século XXI (MARTHA JÚNIOR; VILELA;

SOUZA, 2008).

Em sistemas de integração lavoura-pecuária, a eficiência de uso do nitrogênio é

potencialmente aumentada em razão da melhoria na fertilidade do solo, do aumento no seu

teor de matéria orgânica, da reciclagem mais eficiente de nutrientes e da mais efetiva

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conservação do solo e da água. Consequentemente, os riscos de perdas de nitrogênio para o

ambiente são minimizados, enquanto o desempenho bioeconômico do sistema, sob condições

de bom manejo, é sustentado ou, geralmente, melhorado (MARTHA JÚNIOR; VILELA;

SOUSA, 2009).

Trabalhos da Embrapa Cerrados mostraram efeito positivo observado em pastagens

estabelecidas em sucessão a lavouras. No primeiro ano da fase de pastagem, depois de outo

anos de lavouras de elevada produtividade, foi obtida produção de forragem da ordem de 32 t

ha-1

de massa seca. Não se verificou, porém efeito significativo da adubação nitrogenada (0 a

360 kg ha-1

ano-1

de nitrogênio). No segundo ano da fase de pastagem, depois da fase de

lavoura, a produção de forragem no tratamento sem adubação foi de cerca de 50% daquela

registrada para esse tratamento no ano anterior e respondeu linearmente até a dose de 480 kg

ha-1

de nitrogênio; a eficiência de conversão média deste nutriente do fertilizante em forragem

foi de 30 kg de massa seca por kg de nitrogênio aplicado (MARTHA JÚNIOR; VILELA,

2007). Quando o animal em pastejo está presente, têm sido observadas tendências

semelhantes, isto é, produtividade animal no segundo ano equivalente a 50% a 65% daquela

registrada no primeiro ano pós-lavouras de alta produtividade quando não há adubação

(MARTHA JÚNIOR; VILELA; BARCELOS, 2006).

Souza e outros (1997) avaliaram a produtividade e a eficiência de uso do fósforo do

fertilizante em sistemas exclusivos de lavouras (soja/milho) ou com a inclusão de pastagem

(Brachiaria humidicola) nesta rotação (Gráfico 1). A produtividade do primeiro cultivo com

soja, depois de um ciclo de nove anos de pastagem, foi superior à registrada no sistema

exclusivo de culturas anuais (13° cultivo com soja) para o mesmo teor de fósforo no solo. Isso

evidencia a maior eficiência de uso desse nutriente quando a pastagem foi inserida na rotação.

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Gráfico 1. Efeito de dois sistemas de rotação de culturas sobre a relação entre fósforo extraível (Mehlich-1) na

camada de 0-20 cm de profundidade e produtividade de soja cultivar Cristalina em Latossolo

Vermelho-Amarelo, textura argilosa. Sistema anual com 13 cultivos sucessivos de soja e pasto/soja,

sendo soja depois de três cultivos de soja seguidos de nove anos de pastagem de braquiária.

Fonte: Sousa e outros (1997).

No gráfico 1, observa-se que com 3 mg dm-3

de fósforo extraível (Mehlich-1) no solo

obteve-se produtividade de soja da ordem de 3 t ha-1

no sistema pastagem/culturas anuais; no

sistema exclusivo de culturas anuais, a produtividade para este mesmo nível de fósforo no

solo foi de cerca de 2,2 t ha-1

. Para que este último sistema apresentasse produtividade

compatível com o sistema pastagem/culturas anuais, foram necessários 6 mg dm-3

de fósforo

extraível no solo. Provavelmente, o menor nível crítico de fósforo na rotação pastagem-soja

foi resultado de: a) reciclagem mais eficiente do nutriente no sistema; b) acréscimos na taxa

de mineralização da matéria orgânica do solo, acumulada durante o período da pastagem; c)

bloqueio dos sítios de adsorção de fósforo pelo maior acúmulo de matéria orgânica (Gráfico

2), reduzindo a fixação desse elemento.

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Gráfico 2. Dinâmica da matéria orgânica na camada de 0-20 cm de profundidade em dois sistemas de rotação de

culturas em um Latossolo Vermelho-Amarelo, textura argilosa.

Fonte: Sousa e outros (1997).

Na tabela 1, ainda referente ao estudo de Souza e outros (1997), é apresentado o índice

de recuperação do fósforo aplicado (quantidade total de fósforo absorvida e exportada em

relação à aplicada ao solo, descontando-se o fósforo absorvido do solo sem adubação

fosfatada). Em uma área exclusivamente com culturas anuais por 17 anos, obteve-se, em

média, 36% de recuperação do fósforo aplicado. Na área em que se introduziu a pastagem, a

recuperação média de fósforo foi de 61%, ou seja, a recuperação deste nutriente na integração

lavoura-pecuária foi de 69% maior do que no sistema composto somente por culturas anuais.

Esse ensaio foi conduzido por mais cinco anos, totalizando 22 anos, atingindo-se recuperação

de fósforo de até 85% para a dose de 100 kg ha-1

de P2O5, aplicada por ocasião do primeiro

cultivo no sistema de cultivos anuais e capim, comparada a 44% no sistema de apenas

culturas anuais com a mesma dose.

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Tabela 1. Recuperação aparente do fósforo do superfosfato simples, aplicado a lanço por ocasião do primeiro

cultivo, em um Latossolo muito argiloso, em sistema de cultivos anuais e cultivos anuais integrados

com Brachiaria humidicola, após um período de 17 anos.

Fósforo aplicado

(kg ha-1

de P2O5)

Fósforo recuperado (%)

Anual1 Anual e pastagem

2

100 38 69

200 37 67

400 34 57

800 37 52

1Cultivo: 10 anos de soja, 1 ano de milho, três ciclos milho-soja.

2Cultivo: 2 anos de soja, 9 anos de Brachiaria humidicola, 2 anos de soja, dois ciclos milho-soja.

Fonte: Sousa e outros (1997).

Os resultados obtidos em um experimento de longa duração, em condução na Embrapa

Cerrados, Planaltina, DF, mostrando o benefício da pastagem na produtividade de soja,

podem ser visualizados na Tabela 2. A produtividade de soja, depois de um ciclo de três anos

de pasto de Brachiaria brizantha cv. Marandu, foi 17% superior (510 kg ha-1

de grãos) à

obtida no sistema de lavoura contínua. O incremento de produtividade de soja cultivada

depois de braquiária também tem sido observado por produtores no Cerrado. Ressalta-se,

ainda, que a maior produtividade foi obtida em área que recebeu menores quantidades de

fertilizantes, em média 45% a menos, durante os 17 anos de cultivo. Desse modo, a maior

eficiência de uso dos nutrientes do solo pelas culturas de grãos na integração lavoura-

pecuária, em relação ao cultivo solteiro (Gráfico 1 e Tabela 2), implica economia no uso de

fertilizantes e, consequentemente, redução nos custos de produção. Todavia, tais benefícios

nem sempre são facilmente visualizados a curto prazo.

Além disso, é importante ressaltar que a produtividade do pasto de Marandu antes do

plantio de soja, obtida no trabalho relatado na Tabela2, ainda era alta. Em 134 dias de pastejo,

no período das chuvas, o ganho de peso dos animais foi de 683 kg ha-1

de peso vivo (23@ ha-

1). A amplitude de ganho de peso vivo em pasto de primeiro ano, em sistemas de integração

lavoura-pecuária, tem variado de 20 @ ha-1

ano-1

a 40 @ ha-1

ano-1

, em função da amplitude

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das condições edafoclimáticas e de manejo nas diferentes regiões (MARTHA JÚNIOR;

VILELA; BARCELOS, 2006).

Tabela 1. Produtividade de soja em dois sistemas de cultivo – lavoura contínua (LC) e rotação lavoura‑pasto de

Urochloa brizantha cultivar Marandu‑lavoura (LPL) – submetidos a dois sistemas de plantio em

Latossolo Vermelho, de textura argilosa, em Planaltina, DF.

Rotação N-P2O5-K2O

Lavoura

Sistema de Plantio Média

(3)

2004 a 2006 1991 a 2007(1)

2007/2008(2)

Convencional Direto

(kg ha-1

) ------------------- (kg ha-1

)--------------

Soja-sorgo-soja (LC) 308-1.487-1.390 Soja 3.078 3.044 3.061a

U. brizantha (LPL) 85-853-813 Soja 3.540 3.603 3.571a

Média(3)

3.309a 3.323a

(1)Total de corretivos e nutrientes aplicados em 17 anos de cultivo.

(2)Na safra de 2007/2008, a adubação de plantio da soja foi de 485 kg ha‑

1 da fórmula N‑P‑K (0‑20‑20) + S +

micronutrientes.

(3)Médias seguidas de letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Adaptado de

Vilela et al. (2008).

7 DESSECAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS

A dessecação é realizada quando se adota o sistema de plantio direto, onde é

necessário fazer a dessecação pré-semeadura das culturas, com o objetivo de controlar as

espécies daninhas, plantas de cobertura ou voluntárias presentes na área. Obedecendo as

recomendações convencionais, pelo menos, duas a três semanas antes da semeadura do milho

e/ou da leguminosa. Desta forma evita que exsudados contendo moléculas do dessecante

passem da planta alvo para as raízes da(s) cultura(s) principais(s).

A dessecação de plantas forrageiras perenes deve ser realizadas preferencialmente com

produtos sistêmicos, como glyphosate, em doses apropriadas para cada espécie

(KOZLOWSKI, 2001).

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As plantas do gênero Brachiaria possuem habilidades de sobreviver a fatores adversos

o que as classificam como plantas de difícil erradicação, por isso a dessecação deve ser feita

no momento em que a braquiária tenha o máximo de folhas novas para melhor ação dos

dessecantes. Normalmente levam mais tempo para a desidratação, em torno de 20 dias,

requerendo maior antecipação da dessecação em relação a semeadura da cultura seguinte. Ou

pode ser feita duas aplicações: sendo a segunda aplicação utilizando dessecantes sistêmicos

aplicados após a rebrota.

Jakelaitis et al. (2005) avaliando a eficiência de sultosate e glyphosate na dessecação

de espécies forrageiras e plantas daninhas com diferentes doses e volumes de caldas,

mostraram que a Braquiária decumbens foi eficientemente controlada com duas aplicações de

1,0 kg ha-1

de glyphosate, avaliada 21 dias após a aplicação. No entanto, algumas espécies

podem liberar substâncias químicas com efeito alelopático após a dessecação e ser

prejudiciais ao desenvolvimento das plantas (Souza Filho et al., 1997), como U. decumbens

(Souza et al., 2006).

Quanto à época mais adequada para a realização da dessecação, Nunes et al. (2009)

verificaram que está entre 7 e 14 dias antes da semeadura da soja, com dose de 1,3 kg.ha-1

de

glyphosate, assim como Santos et al. (2007) verificaram o mesmo intervalo para B. brizantha

cv. Marandu, porém com dose de 2,88 kg.ha-1

. Para B. ruziziensis, a semeadura da soja

proporcionou maior rendimento de grãos da cultura com semeadura aos 11 dias após a

dessecação, com dose de 1,92 kg.ha-1

de glyphosate (Ceccon et al., 2009).

8 APLICABILIDADE DA PLANTA FORRAGEIRA

A planta forrageira possui alta capacidade de produção de biomassa, reciclagem de

nutrientes e preservação do solo em relação à matéria orgânica, agregação, permeabilidade,

infiltração, entre outros (SALTON; KICHEL, 1998). Isso permite a formação de camada de

palha, impeça a formação de crostas, permitindo elevada taxa de infiltração de água no solo e

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melhor movimentação e conservação de água no perfil, em função dos canais abertos pelas

raízes decompostas.

Para a formação de palhada, torna-se fundamental a correta escolha da espécie vegetal

a ser utilizada, considerando os fatores climáticos característicos de cada região e o tipo de

solo. Em estudos realizados por Kliemann et al. (2006), estudando taxas de decomposição de

resíduos de espécies de cobertura no Cerrado, em Latossolo Vermelho distrófico, verificaram

que as palhadas mais frágeis e menos persistentes, em ordem decrescente, foram as do capim

Mombaça, do sorgo granífero, do milheto, de estilosantes, guandu e capim Marandu em

cultivo exclusivo e em consórcio com milho.

As espécies de cobertura do solo da família das fabaceaes (leguminosas) são mais

utilizadas como adubos verdes devido à incorporação de nitrogênio fixado pelas bactérias

fixadoras, associadas às raízes, e à rápida decomposição de sua palha, provocada pela relação

C/N inferior a 20, sendo importante na ciclagem de nutrientes (ROSOLEM et al., 2003).

Na família das poáceas (gramíneas), devido à elevada relação C/N, entre 30 e 40, sua

permanência no solo é maior, com contribuição para formação de palha, melhoria da estrutura

do solo, principalmente da estabilização dos agregados, devido ao sistema radicular agressivo

e abundante, sendo constituída também, de uma reserva de nutrientes imobilizados na palha

que podem ser liberados lentamente (PAULETTI, 1999).

8.1 INFLUÊNCIA DA PALHADA NO DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS

DANINHAS

Na semeadura sobre a palha na integração lavoura-pecuária, as sementes de plantas

daninhas tendem a se concentrarem nas áreas mais superficiais do solo, enquanto que no

sistema convencional as sementes são distribuídas ao longo do perfil. Com a formação de

palhada pode desfavorecer a germinação de sementes de plantas daninhas, devido a alterações

na física, química e biológica do solo e interferência na penetração de luz. Outro efeito da

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camada de palha sobre o solo, é a produção de substâncias aleopáticas que atuam sobre as

sementes das plantas daninhas reduzindo sua viabilidade.

Avaliando a influência da palhada de gramíneas forrageiras sobre o desenvolvimento

da planta de milho e das plantas daninhas Noce et, al. (2008), verificaram que a cobertura de

capim braquiária e milheto foram superiores ao sorgo no potencial de redução de plantas

daninhas, em relação ao pousio. Sendo que o capim braquiária foi superior no percentual de

redução da infestação de plantas daninhas e na produção de palha.

8.2UTILIZAÇÃO DA FORRAGEM PARA A ALIMENTAÇÃO DO GADO NO PERÍODO

DE SECA

A planta forrageira possibilita a produção de forragem na época mais crítica do ano.

Após a cultura anual de verão, especialmente soja, feijão e algodão, pode-se semear as

forrageiras anuais, como o milho forrageiro, sorgo silagem, sorgo pastejo e milheto, e a aveia,

nas regiões com inverno mais frio. Pode-se, assim, produzir alimento para o gado tanto sob

pastejo (aveia, milheto e sorgo pastejo) como suplemento por meio do feno (aveia e sorgo) e

silagem (sorgo forrageiro e milho).

A formação do pasto na integração permite ao pecuarista diversificar seu negócio:

oportunidade de criar e recriar melhor o gado devido à melhor oferta de pasto, produzindo

melhores carcaças em menor tempo e com menor custo. A pastagem contribui em maior

proporção na dieta dos animais, diminuindo a necessidade de aquisição desses insumos no

mercado.

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