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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS LEANDRO NAZÁRIO PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO NA FABRICAÇÃO DE PAINÉIS TERMOISOLANTES NUMA EMPRESA INDUSTRIAL DE MÉDIO PORTE DO RAMO DE CÂMARAS FRIGORÍFICAS JOINVILLE – SC 2008

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

LEANDRO NAZÁRIO

PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CONTROLE

ESTATÍSTICO DE PROCESSO NA FABRICAÇÃO DE PAINÉIS TERMOISOLANTES

NUMA EMPRESA INDUSTRIAL DE MÉDIO PORTE DO RAMO DE CÂMARAS

FRIGORÍFICAS

JOINVILLE – SC

2008

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

LEANDRO NAZÁRIO

PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CONTROLE

ESTATÍSTICO DE PROCESSO NA FABRICAÇÃO DE PAINÉIS TERMOISOLANTES

NUMA EMPRESA INDUSTRIAL DE MÉDIO PORTE DO RAMO DE CÂMARAS

FRIGORÍFICAS

Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas. Orientador: Leandro Zvirtes

JOINVILLE – SC

2008

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LEANDRO NAZÁRIO

Proposta para implantação de um programa de controle estatístico de processo

na fabricação de painéis termoisolantes numa empresa industrial de médio porte do

ramo de câmaras frigoríficas.

Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção e

Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para obtenção

do título de Engenheiro de Produção e Sistemas.

Banca Examinadora

Orientador:

_____________________________________________________

Leandro Zvirtes, Msc.

Membro:

_____________________________________________________

Wilson José Mafra, Dr.

Membro:

_____________________________________________________

Valdésio Benevenutti, Msc.

Joinville, 15/05/2008

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Dedico este trabalho a todas as pessoas que lutam incansavelmente pela melhoria da qualidade em suas empresas, e conseqüentemente na qualidade de vida da sociedade.

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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho somente foi possível devido ao esforço e dedicação

do pesquisador e das pessoas envolvidas no trabalho.

Ao professor Leandro Zvirtes pela enriquecedora e transparente orientação e

pela dedicação em analisar cada detalhe do trabalho.

Aos envolvidos da empresa D que, sempre dispostos a colaborar com o trabalho,

submeteram seu trabalho à análise científica.

A Raphaela Carla Bueno, pela compreensão e companheirismo na elaboração

do trabalho.

Aos colegas do curso de Engenharia de Produção e Sistemas que direta ou

indiretamente colaboraram para a confecção deste trabalho.

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RESUMO

A realidade atual revela a globalização, o crescimento da competitividade e a concorrência, associados ao crescente o nível de exigência dos mercados consumidores em relação ao nível de qualidade e o custo dos produtos e serviços oferecidos. Essa conjuntura exige que as empresas dediquem maiores esforços no sentido de garantir e aprimorar continuamente a qualidade de seus produtos e serviços. As organizações que não se adequarem a esta realidade serão de forma gradativa e continuada, excluídas do mercado. Torna-se evidentemente necessário então, o estabelecimento de métodos voltados ao controle da qualidade e da mesma forma métodos para a análise e resolução dos problemas de qualidade presentes nos ambientes produtivos. Neste contexto entra o controle estatístico da qualidade e as suas ferramentas. O presente trabalho tem o objetivo de apresentar uma proposta de melhoria da qualidade através da implantação de um programa de controle estatístico de processos e de suas ferramentas na empresa estudada. A necessidade de realização deste trabalho foi constatada através da análise dos procedimentos voltados ao controle da qualidade existentes na empresa e dos altos níveis de não qualidade apresentados pela mesma no processo estudado. A empresa busca cada vez mais, não apenas atender, mas também superar as expectativas dos clientes em relação à qualidade de seus produtos, e o programa proposto tem o intuito de prover os métodos mais adequados à concretização destes propósitos. Através do trabalho foram verificados certos desvios em relação à medição do índice de não qualidade do produto estudado e definidos os procedimentos a serem adotados para a aplicação do controle estatístico de processo na fabricação de painéis termoisolantes. Tem-se como resultado esperado a plena aplicação destes conceitos no processo de forma a promover seu controle e aprimoramento contínuo.

Palavras-chave: Qualidade. Variabilidade. CEP. Ferramentas do CEP.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Inter-relação entre gestão e melhoria da qualidade. .......................................19

Figura 2: Exemplo de Fluxograma. ................................................................................22

Figura 3: Forma do histograma típico.............................................................................26

Figura 4: Exemplo de lista de verificação.......................................................................27

Figura 5: Exemplo de Gráfico de Pareto. .......................................................................28

Figura 6: Diagrama de causa e efeito. ...........................................................................30

Figura 7: Diagrama de concentração de defeitos de um refrigerador. ...........................32

Figura 8: Exemplo de diagrama de dispersão. ...............................................................33

Figura 9: Gráfico de controle típico. ...............................................................................34

Figura 10: Gráfico de controle de porcentagem defeituosa p.........................................38

Figura 11: Exemplo de gráfico de controle para não-conformidades. ............................40

Figura 12: Gráfico para não-conformidades por unidade gerado por

computador/software......................................................................................................42

Figura 13: Representação dos painéis termoisolantes tipo sanduíche. .........................57

Figura 14: Fluxograma da fabricação de painéis termoisolantes. ..................................59

Figura 15: Posicionamento de fecho tipo “Loc” em molde. ............................................61

Figura 16: Área de acabamento dos painéis. .................................................................63

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Figura 17: Preenchimento e acabamento dos pontos de injeção...................................64

Figura 18: Correção de risco na pintura gerado na operação de acabamento. .............64

Figura 19: Fotos do empilhamento de painéis embalados. ............................................66

Figura 20: Índices históricos da não qualidade do processo. .........................................67

Figura 21: Ficha de registro utilizada na auditoria..........................................................69

Figura 22: Painéis com contrações laterais médias acentuadas....................................70

Figura 23: Painel falha de injeção (preenchimento incompleto). ....................................70

Figura 24: Painéis com problema no encaixe por posição incorreta do fecho loc,

acabamento superficial insatisfatório e delaminação. ....................................................71

Figura 25: Painel com acabamento superficial insatisfatório..........................................71

Figura 26: Principais problemas de qualidade do processo e sua participação. ............72

Figura 27: Gráfico de Pareto referente aos problemas de qualidade de 2008. ..............72

Figura 28: Instrução de trabalho da área estudada........................................................73

Figura 29: Desenho para análise de riscos e amassamentos em painéis......................74

Figura 30: Instruções de trabalho na área produtiva. .....................................................74

Figura 31: Gráfico de Pareto referente aos custos da não qualidade. ...........................76

Figura 32: Propostas de melhoria. .................................................................................78

Figura 33: Implantação do CEP no processo de fabricação. .........................................81

Figura 34: Relação de formas de controle e critérios de aprovação das características

da qualidade...................................................................................................................83

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LISTA DE ABREVIATURAS

C Comprimento

CEP Controle estatístico de processos

E Espessura

EPS Expanded poly-styren (poliestireno expandido)

FA Freqüência acumulada

GO Estado de Goiás

ICP Índice de capacidade de processo

Inox Aço inoxidável

L Largura

LDR Lã de rocha

LIC Limite inferior de controle

LIE Limite inferior de especificação

LSC Limite superior de controle

LSE Limite superior de especificação

Ltda Limitada

MG Estado de Minas Gerais

NIC Número de identificações corretas

NQA Nível de qualidade aceitável

NTOA Número total de oportunidades de acerto

OP Ordem de produção

PA Estado do Pará

PE Estado de Pernambuco

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PIB Produto interno bruto

PIR Poliisocianurato expandido

POP Procedimento operacional padrão

PNP Passa-não-passa

PUR Poliuretano

RS Estado do Rio Grande do Sul

SC Estado de Santa Catarina

SP Estado de São Paulo

V Volume

VE Variação do equipamento

VO Variação do operador

VP Variação peça-a-peça

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................13 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA............................................................................................................14 1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ..............................................................................................14 1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................................................15

1.3.1 Objetivo geral..............................................................................................................................15 1.3.2 Objetivos específicos..................................................................................................................15

1.4 JUSTIFICATIVA.................................................................................................................................15 1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................................16 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ..........................................................................................................16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................18 2.1 QUALIDADE ......................................................................................................................................18 2.2 GESTÃO DA QUALIDADE ................................................................................................................19 2.3 MELHORIA E CONTROLE DA QUALIDADE....................................................................................20

2.3.1 Padronização..............................................................................................................................20 2.3.1.1 Fluxograma .........................................................................................................................21 2.3.1.2 Procedimento operacional padrão (POP) ...........................................................................22

2.4 VARIABILIDADE................................................................................................................................23 2.4.1 Causas da variabilidade .............................................................................................................23

2.4.1.1 Causas comuns...................................................................................................................23 2.4.1.2 Causas especiais ................................................................................................................24

2.5 CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO (CEP)........................................................................24 2.6 AS SETE FERRAMENTAS DO CEP.................................................................................................25

2.6.1 Histograma .................................................................................................................................25 2.6.2 Folhas de verificação..................................................................................................................27 2.6.3 Gráfico de Pareto........................................................................................................................28 2.6.4 Diagrama de causa e efeito........................................................................................................29

2.6.4.1 Itens de controle..................................................................................................................30 2.6.4.2 Itens de verificação .............................................................................................................31

2.6.5 Diagrama de concentração de defeito .......................................................................................31 2.6.6 Diagrama de dispersão ..............................................................................................................32

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2.6.7 Gráficos de controle....................................................................................................................33 2.6.7.1 Limites de controle ..............................................................................................................35 2.6.7.2 Limites de especificação .....................................................................................................35

2.6.8 Gráficos de controle por variáveis ..............................................................................................35 2.6.9 Gráficos de controle por atributos ..............................................................................................36

2.6.9.1 Gráfico p ..............................................................................................................................37 2.6.9.2 Gráfico np ............................................................................................................................39 2.6.9.3 Gráfico c ..............................................................................................................................39 2.6.9.4 Gráfico u ..............................................................................................................................41

2.7 CAPACIDADE DE PROCESSOS......................................................................................................43 2.7.1 Capacidade para atributos .........................................................................................................43

2.8 ANÁLISE DO SISTEMA DE MEDIÇÃO.............................................................................................44 2.8.1 R&R ............................................................................................................................................44 2.8.2 Variação peça-a-peça ................................................................................................................45 2.8.3 Variação total do processo .........................................................................................................45 2.8.4 Avaliação de sistemas de medição por atributos .......................................................................45

2.9 INSPEÇÃO DA QUALIDADE.............................................................................................................46 2.9.1 Inspeção 100%...........................................................................................................................46 2.9.2 Inspeção por amostragem (para aceitação)...............................................................................47 2.9.3 Inspeção por atributos ................................................................................................................47 2.9.4 Inspeção retificadora ..................................................................................................................48

2.10 PLANO DE AMOSTRAGEM............................................................................................................48 2.10.1 Nível de inspeção .....................................................................................................................48 2.10.2 Regimes de inspeção ...............................................................................................................49 2.10.3 Tipos de plano de amostragem................................................................................................49

2.10.3.1 Plano de amostragem única .............................................................................................49 2.10.3.2 Planos de amostragem dupla ...........................................................................................50 2.10.3.3 Plano de amostragem múltipla..........................................................................................50 2.10.3.4 Plano de amostragem seqüencial.....................................................................................50

2.10.4 Nível de qualidade aceitável (NQA) .........................................................................................51

3 METODOLOGIA DA PESQUISA...............................................................................52 3.1 PROBLEMA .......................................................................................................................................52 3.2 PESQUISA E METODOLOGIA .........................................................................................................53

3.2.1 Pesquisa exploratória .................................................................................................................53 3.2.2 Pesquisa bibliográfica.................................................................................................................54 3.2.3 Pesquisa documental .................................................................................................................54

4 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA E DESCRIÇÃO DO PROCESSO .......................55 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA.....................................................................................................55

4.1.1 Unidades.....................................................................................................................................55 4.1.2 Unidade estudada.......................................................................................................................56

4.2 CARACTERÍSTICAS DOS PAINÉIS TERMOISOLANTES...............................................................57 4.3 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PAINÉIS TERMOISOLANTES.............................................58

4.3.1 Projeto do produto ......................................................................................................................60 4.3.2 Planejamento, programação e controle da produção ................................................................60 4.3.3 Corte e perfilhamento das chapas metálicas .............................................................................60 4.3.4 Preparação do molde, posicionamento das chapas e acessórios .............................................60 4.3.5 Injeção do preenchimento termoisolante ...................................................................................61 4.3.6 Acabamento dos painéis injetados.............................................................................................62 4.3.7 Inspeção do produto acabado ....................................................................................................65

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4.3.8 Embalagem do produto ..............................................................................................................66 4.3.9 Armazenagem do produto acabado ...........................................................................................66

4.4 AUDITORIAS DA QUALIDADE .........................................................................................................67 4.4.1 Coleta dos dados da não qualidade...........................................................................................68 4.4.2 Principais problemas de qualidade do produto ..........................................................................69

4.5 INSTRUÇÕES DE TRABALHO USADAS NO PROCESSO PRODUTIVO ATUAL..........................73 4.6 DIFICULDADES REFERENTES À QUALIDADE EVIDENCIADAS NO PROCESSO ......................75

4.6.1 Falta de controle da qualidade no processo produtivo...............................................................75 4.6.2 Dificuldades no tratamento das causas das anomalias .............................................................75 4.6.3 Medição inconsistente do índice de não qualidade dos produtos..............................................77

5 PROPOSTAS DE IMPLANTAÇÃO DO CEP.............................................................78 5.1 IMPLANTAÇÃO DO CEP ..................................................................................................................78

5.1.1 Formação e treinamento da equipe de implantação..................................................................79 5.1.2 Identificação das etapas críticas do processo para implantação do CEP .................................80 5.1.3 Identificação das características críticas da qualidade ..............................................................82 5.1.4 Definição das formas de controle estatístico..............................................................................82

5.1.4.1 Coleta e processamento de dados .....................................................................................83 5.1.5 Seleção do modelo gráfico a utilizar...........................................................................................84

5.1.5.1 Definição do plano de amostragem ....................................................................................84 5.1.6 Capacidade do sistema de medição ..........................................................................................86 5.1.7 Avaliação da estabilidade e da capacidade do processo ..........................................................86

5.2 UTILIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS DO CEP ..................................................................................87 5.3 ALTERAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA NÃO QUALIDADE DOS PRODUTOS.......................................88

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................89 6.1 RESULTADOS ESPERADOS ...........................................................................................................90 6.2 ALCANCE DOS OBJETIVOS............................................................................................................90 6.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................................92

REFERÊNCIAS..............................................................................................................93

ANEXOS ............................................................................................................................ ANEXO 01 - FORMULÁRIO PARA INSPEÇÃO DE PAINÉIS ................................................................96 ANEXO 02 - PLANILHAS PARA CONTROLE DO CEP..........................................................................97 ANEXO 03 - TABELA 1 DA NORMA NBR ABNT 5426 (1985) .............................................................100 ANEXO 04 – PLANO DE AMOSTRAGEM SIMPLES - SEVERA NORMA NBR ABNT 5426 (1985) ...101

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1 INTRODUÇÃO

Até a década de 70, a qualidade ainda era abordada mais como uma estratégia

de defesa do que como uma arma competitiva. Nessa época também se acreditava que

quanto maior fosse o nível de qualidade, maiores seriam os custos relacionados ao

produto ou serviço em questão. A qualidade geralmente era medida com inspeções

apenas nos produtos ou serviços acabados, sem controle durante o processo.

No contexto atual, em que o mercado consumidor é caracterizado pela

globalização, competitividade e pelo alto nível de exigência, a qualidade é um fator

essencial para a sobrevivência das empresas. Esta situação implica que, empresas que

oferecem níveis baixos de qualidade em seus produtos ou serviços enfrentam

dificuldades na conquista e na manutenção de clientes, comprometendo desta forma, a

continuidade de sua operação.

Empresas com níveis mais altos de qualidade em seus produtos ou serviços

operam com custos mais baixos, pois a necessidade de reparos é menos freqüente e a

quantidade de refugos é menor em seus processos. Além disso, estas empresas são

mais procuradas pelo mercado o que aumenta sua competitividade.

Empresas com produtos ou serviços de baixa qualidade apresentam maior

quantidade de retrabalho, maior número de peças refugadas ou serviços ineficazes ou

incompletos, substituição de peças ou lotes mais freqüentes, desgaste da imagem

perante os clientes, dentre outros custos, e tendem com isso, a perder mercado e ter

custos mais elevados de operação.

De forma geral, o desempenho de uma empresa tem relação com a exatidão de

suas percepções sobre as expectativas dos clientes e de sua capacidade de eliminar a

diferença entre estas expectativas e sua forma de operação. Neste contexto, torna-se

necessário desenvolver formas de controle da qualidade em seus processos para

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garantir o monitoramento e aperfeiçoamento contínuo, bem como o atendimento aos

requisitos implícitos e explícitos dos clientes.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O tema deste trabalho é a proposta de implantação de um programa de controle

estatístico de processo na fabricação de painéis termoisolantes numa empresa

industrial de médio porte do ramo de câmaras frigoríficas.

A qualidade é um fator imprescindível para a sustentação e para o aumento da

competitividade das empresas perante um mercado cada vez mais ávido por menores

preços e níveis mais elevados de qualidade.

Empresas de sucesso compreendem a variabilidade do processo e a controlam

como meio para a redução de falhas e aumento da confiabilidade, o que reduz custos

de produção e propicia incremento na qualidade e produtividade. A eficácia desta

abordagem é elevada por ter foco voltado à eliminação das causas dos defeitos.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

O problema em questão é a elevada taxa de peças que apresentam não

conformidades encontradas na inspeção de painéis termoisolantes do tipo sanduíche.

No ano de 2006 a taxa média da não qualidade deste produto apresentada foi 1,67% e

em 2007 a taxa subiu para 2,41%.

Em termos financeiros o prejuízo decorrente desta situação é bastante elevado,

dado que as peças em que são detectadas não conformidades necessitam ser

reparadas ou substituídas nos casos de anomalias mais graves, consumindo tempo de

mão-de-obra e insumos extras.

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Propor o desenvolvimento de um programa de controle estatístico de processo

na fabricação de painéis termoisolantes do tipo sanduíche.

1.3.2 Objetivos específicos

Para o atingimento do objetivo geral deste trabalho, torna-se necessário alcançar

os seguintes objetivos específicos:

− Identificação das etapas críticas do processo para implantação do CEP

− Identificação das características críticas da qualidade

− Definição das formas de controle estatístico

− Seleção do modelo gráfico a utilizar

− Definição do plano de amostragem

− Definição da metodologia de resolução de problemas

1.4 JUSTIFICATIVA

O processo produtivo em questão foi escolhido por ser um dos principais da

empresa e por apresentar elevada taxa de peças que apresentam não conformidades,

não aceitação por parte de clientes internos e externos, e com isso elevar os custos

produtivos.

A taxa de não qualidade do produto estudado apresentada pela empresa

referente ao ano de 2007 foi 44% maior que a do ano anterior, o que também reforça a

necessidade de maior controle em seu processo de fabricação.

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Esta abordagem visa auxiliar a empresa na tarefa de melhorar o nível de

qualidade em seus processos de fabricação.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este trabalho trata da proposta de implantação de CEP no processo de

fabricação de painéis termoisolantes do tipo sanduíche em uma empresa de médio

porte do ramo de câmaras frigoríficas da região de Joinville. De forma mais específica

este trabalho tem seu foco direcionado inicialmente para a etapa de inspeção dos

painéis após a operação de acabamento, onde será desenvolvido o projeto piloto.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos. No primeiro são

apresentadas a introdução, o tema, o objetivo geral, os objetivos específicos, a

justificativa, a delimitação do estudo e a metodologia utilizada.

No segundo capítulo é abordada a revisão bibliográfica referente ao tema, cujo

objetivo é explanar sobre os conceitos necessários para o esclarecimento da

justificativa do problema, bem como para a seleção de procedimentos metodológicos a

serem utilizados.

No terceiro capítulo apresenta-se a metodologia utilizada no trabalho com o

detalhamento de suas fases.

O quarto capítulo aborda a apresentação da empresa e as características do

produto e do processo estudado.

No quinto capítulo é apresentada a proposta de implantação do CEP para a

melhoria da qualidade do processo.

Os capítulos seguintes apresentam as considerações finais, que tratam das

conclusões verificadas durante a elaboração deste estudo, sugestões para trabalhos

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futuros e as referências bibliográficas utilizadas para o desenvolvimento do presente

trabalho, respectivamente.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 QUALIDADE

Os clientes definem qualidade de várias maneiras. Em um sentido amplo,

qualidade pode ser definida como atender ou exceder as expectativas dos clientes.

Qualidade é uma dimensão de um produto que é definida pelo cliente. Hoje, mais do

que nunca, a qualidade possui importantes implicações para o mercado (RITZMAN e

KRAJEWSKI, 2004).

Para Carvalho (2005), qualidade é uma relação da organização com o mercado.

Dentro deste contexto, a qualidade é definida como uma relação de consumo.

Já para Campos (1999), um produto ou serviço de qualidade é aquele que

atende perfeitamente de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no

tempo certo, às necessidades do cliente.

A definição mais alinhada à condução deste trabalho é a de Crosby (1994), que

declara que qualidade é a conformidade com os requisitos. Assim, se um produto

satisfaz todos os requisitos de acordo com o seu modelo-padrão, é considerado um

produto de qualidade. Se o produto for fabricado corretamente na primeira vez, então

os desperdícios seriam eliminados e a qualidade não seria dispendiosa.

Essa definição nos leva a buscar melhorias nas técnicas de projeto de produto e

de projeto de processos e no estabelecimento de sistemas de normas. É necessário

muito cuidado no estabelecimento dessas normas, pois a empresa poderá gerar

produtos não necessariamente com boa aceitação no mercado, mas que apenas

atendam às especificações fixadas internamente na empresa (MARTINS e LAUGENI,

2003).

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2.2 GESTÃO DA QUALIDADE

Nos dias atuais a qualidade está no conceito de gerenciamento das empresas,

pois não há como sobreviver no mercado sem qualidade (MARTINS e LAUGENI, 2003).

O mercado de hoje não aceita mais o nível de qualidade de poucos anos atrás.

Conclui-se, a partir daí, que da mesma forma que o nível de exigência aumenta com a

evolução do mercado, também deve ser aprimorada a qualidade oferecida pelas

empresas aos clientes.

Carvalho (2005), mostra na figura 1 a inter-relação entre os conceitos de

qualidade, gestão, controle e melhoria da qualidade em uma organização.

Figura 1: Inter-relação entre gestão e melhoria da qualidade. Fonte: Carvalho (2005).

Como ressalta a figura 1 a gestão da qualidade é composta pelo planejamento,

controle e garantia da qualidade. Os três itens sendo praticados de forma coordenada

promovem a melhoria da qualidade.

O foco deste trabalho está voltado ao controle e melhoria da qualidade, que

busca cumprir os objetivos e requisitos estabelecidos no planejamento da qualidade.

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2.3 MELHORIA E CONTROLE DA QUALIDADE

Melhoria da qualidade é a filosofia de buscar continuamente maneiras para

melhorar as operações. Quanto a esse aspecto, ela não se aplica somente à qualidade,

mas igualmente à melhoria do processo (RITZMAN e KRAJEWSKI, 2004).

No entanto, para que se possa efetivar qualquer melhoria implementada em um

processo, é necessário obter dados que comparem o desempenho anterior e o

posterior à melhoria implantada. Desta forma, percebe-se então a necessidade do

controle da qualidade.

Martins e Laugeni (2003) declaram em sua obra que controle da qualidade

consiste no desenvolvimento de sistemas que monitoram o projeto, o processo de

fabricação, a assistência técnica de um produto ou serviço.

Além disso, para que as melhorias da qualidade implementadas se mantenham é

necessário que as mesmas sejam padronizadas, pois do contrário, poderão se perder

com o tempo e retornar à situação anterior.

2.3.1 Padronização

Padronização é a atividade de estabelecer e utilizar “padrões” para obter controle

de processo (VARANDA, 2003).

Processos realizados de formas variadas a cada execução ou que são realizados

de formas diferentes quando há troca de turnos e/ou de operadores não garantem a

eficácia de melhorias implantadas. A padronização se torna desta forma numa base

para a melhoria contínua.

A padronização é de fundamental importância para as organizações. Um dos

maiores sucessos da produção em massa, caracterizada pelo desenvolvimento da linha

de montagem da Ford e pela administração científica da produção, foi a padronização

de peças e componentes. A passagem da produção artesanal para a padronização em

massa só foi possível devido ao desenvolvimento de sistemas e padrões que tornaram

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21

as peças e componentes intercambiáveis, podendo ser utilizadas em processos

seriados (MARSHALL JUNIOR, et al., 2006).

A padronização também é importante para permitir a análise crítica e a

conseqüente melhoria dos procedimentos e métodos da empresa, pois propicia uma

perspectiva concreta do que analisar e melhorar (MARSHALL JUNIOR et al., 2006).

Existem diversas formas de padronizar processos, podendo-se destacar duas

das mais usadas, os fluxogramas de processos e os procedimentos operacionais

padrão (POP’s).

2.3.1.1 Fluxograma

Fluxograma é uma representação gráfica que permite a fácil visualização dos

passos de um processo. Apresenta a seqüência lógica e de encadeamento de

atividades e decisões, de modo a se obter uma visão integrada do fluxo de um

processo técnico, administrativo ou gerencial, o que permite a realização de análise

crítica para detecção de falhas e de oportunidades de melhorias. O fluxograma utiliza

símbolos padronizados, que facilitam a representação dos processos (MARSHALL

JUNIOR, et. al, 2006).

Um fluxograma traça o fluxo de informações, clientes, funcionários,

equipamentos ou materiais em um processo. Um fluxograma é um instrumento simples,

mas poderoso, para a compreensão de cada uma das atividades que formam um

processo e de como eles se relacionam (RITZMAN e KRAJEWSKI, 2004).

Para Campos (2002), o fluxograma é o início da padronização. Um exemplo de

fluxograma é ilustrado na figura 2 onde são representadas as simbologias utilizadas

para início, processos (ou passos), ponto de decisão e fim de fluxo.

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22

Figura 2: Exemplo de Fluxograma. Fonte: Carvalho (2005).

2.3.1.2 Procedimento operacional padrão (POP)

A norma NBR ISO 9000 (2000) define procedimento como uma forma

especificada de executar uma atividade ou um processo. Portanto, podem-se definir

procedimentos operacionais padrão como documentos que descrevem detalhadamente

todas as operações necessárias à execução de uma atividade, podendo conter também

os tempos e os estoques de peças na realização de cada etapa.

Os POP’s, também conhecidos como instruções de trabalho, são elaborados de

forma a garantir a qualidade do produto ou serviço a ser processado, a segurança do

trabalhador que o está realizando e do usuário do produto ou serviço e buscando o

menor custo possível.

Os POP’s podem ser elaborados em vários formatos, podendo ser descritivos

(apenas escritos) ou pictóricos (escrito e com fotos da operação). De forma geral, os

pictóricos são mais bem aceitos pelos trabalhadores, pois facilitam a assimilação do

conteúdo, diminuindo a necessidade de interpretação e conseqüentemente de erros

decorrentes desta.

É importante que os POP’s sejam de fácil acesso aos trabalhadores, estando de

preferência no posto de trabalho e que sejam alterados sempre que haja alguma

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23

modificação na forma com que se realiza o trabalho. Com isso, tornam-se eficazes e

tem sua existência justificada.

2.4 VARIABILIDADE

Em qualquer processo de produção, independentemente de quão bem planejado

ou cuidadosamente mantido ele seja, uma certa quantidade de variabilidade inerente ou

natural sempre existirá. Essa variabilidade natural ou “ruído de fundo” é o efeito

cumulativo de muitas causas pequenas essencialmente inevitáveis (MONTGOMERY,

2004).

Não existem dois produtos ou serviços iguais, porque os processos usados para

produzi-los contêm muitas fontes de variação, mesmo se os processos estiverem

operando conforme previsto (RITZMAN e KRAJEWSKI, 2004).

A redução da variabilidade dos processos implica em uma diminuição do número

de produtos defeituosos fabricados (WERKEMA, 1995).

2.4.1 Causas da variabilidade

As causas de variação do processo produtivo são classificadas em dois grupos:

causas de variação comuns (ou não-assinaláveis) e especiais (ou assinaláveis)

(MARTINS e LAUGENI, 2003).

2.4.1.1 Causas comuns

As causas comuns ou usuais de variação são as fontes de variação puramente

aleatórias e não identificáveis que são inevitáveis com o processo atual. Por exemplo,

os diâmetros de dois virabrequins podem variar por causa de diferenças no desgaste

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24

dos moldes, dureza do material, aptidão do operador ou temperatura durante o período

no qual foram produzidos (RITZMAN e KRAJEWSKI, 2004).

Diz-se que um processo que opera apenas com as causas comuns da variação

está sob controle estatístico. Em outras palavras, as causas comuns são uma parte

inerente ao processo (MONTGOMERY, 2004).

2.4.1.2 Causas especiais

As causas especiais são ocasionadas por motivos claramente identificáveis e

que podem ser eliminados. As causas especiais alteram os parâmetros do processo,

média e desvio padrão (MARTINS e LAUGENI, 2003).

A variabilidade gerada pelas causas especiais é, de forma geral, muito grande

em relação às causas comuns, o que costuma levar o processo a níveis inadmissíveis

de desempenho.

Diz-se que um processo que opera na presença de causas especiais está fora de

controle (MONTGOMERY, 2004).

2.5 CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO (CEP)

O controle estatístico de processo é um método quantitativo para monitorar um

processo repetitivo, a fim de determinar se um dado processo está operando

adequadamente (DAVIS; AQUILANO e CHASE, 2001).

O CEP é uma poderosa coleção de ferramentas de resolução de problemas útil

na obtenção de estabilidade do processo e na melhoria da capacidade através da

redução da variabilidade (MONTGOMERY, 2004).

Segundo Montgomery (2004), o objetivo do controle estatístico do processo é a

eliminação da variabilidade do processo e pode ser aplicado a qualquer processo.

A ferramenta faz uso de técnicas estatísticas tais como as cartas de controle,

para analisar um processo ou suas saídas a fim de tomar ações adequadas para obter

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25

e manter o estado de controle estatístico e para melhorar a capacidade do processo

(BRASSARD, 2000).

2.6 AS SETE FERRAMENTAS DO CEP

Para maior eficácia em relação à prática do CEP, torna-se necessária a

integração com outras ferramentas que sustentem a resolução dos problemas

constatados, promovendo desta forma a melhoria do processo. Estas são conhecidas

como as sete ferramentas do CEP.

As sete ferramentas de resolução de problemas de CEP deveriam ser

amplamente ensinadas por toda a organização e usadas rotineiramente para identificar

oportunidades de melhoria e para ajudar na redução da variabilidade e na eliminação

de perdas (MONTGOMERY, 2004).

As sete principais ferramentas de resolução de problemas de CEP são:

− Histogramas;

− Folha de verificação;

− Gráfico de Pareto;

− Diagrama de causa e efeito;

− Diagrama de concentração de defeito;

− Diagrama de dispersão;

− Gráfico de controle.

2.6.1 Histograma

O histograma é um gráfico de barras no qual o eixo horizontal, subdividido em

vários pequenos intervalos, apresenta os valores assumidos por uma variável de

interesse. Para cada um destes intervalos é construída uma barra vertical, cuja área

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26

deve ser proporcional ao número de observações na amostra cujos valores pertencem

ao intervalo correspondente (WERKEMA, 1995).

Dados obtidos de uma amostra servem como base para uma decisão sobre a

população. Quanto maior o tamanho da amostra, mais informação obtemos sobre a

população. Porém, um aumento do tamanho da amostra também implica um aumento

da quantidade de dados, e isso torna difícil compreender a população a partir destes,

mesmo quando estão organizados em tabelas. Em tal caso, precisamos de um método

que nos possibilite conhecer a população num rápido exame. Um histograma atende às

nossas necessidades. Por meio da organização de muitos dados num histograma,

podemos conhecer a população de maneira objetiva (KUME, 1993).

Conforme Brassard (2000), um histograma envolve a medição de dados, por

exemplo, temperatura, dimensões etc, e mostra sua distribuição. Um histograma típico

tem a forma apresentada na figura 3.

Figura 3: Forma do histograma típico. Fonte: Brassard, 2000.

De modo geral, para a coleta dos dados necessários à elaboração do

histograma, são utilizadas as folhas de verificação.

0

10

20

30

40

3.3 3.4 3.5 3.6 3.7

Espessura

Freq

üênc

ia

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27

2.6.2 Folhas de verificação

A coleta de dados por meio de uma folha de verificação muitas vezes é o

primeiro passo na análise dos problemas de qualidade. Uma folha de verificação é um

formulário usado para registrar a freqüência de ocorrência de certas características de

produto ou serviço relacionadas à qualidade. As características podem ser medidas em

escala contínua (por exemplo, peso, diâmetro, tempo ou comprimento) ou em uma base

sim ou não (por exemplo, descoloração da pintura, odores, atendentes ríspidos ou

muita graxa) (RITZMAN e KRAJEWSKI, 2004).

Nos estágios iniciais do CEP, será freqüentemente necessário coletar dados

operacionais históricos ou atuais sobre o processo sob investigação. Uma folha de

verificação pode ser muito útil nessa atividade de coletar dados (MONTGOMERY,

2004).

A figura 4 apresenta um exemplo de folha de verificação.

Figura 4: Exemplo de lista de verificação. Fonte: Brassard (2000).

Na figura 4 é apresentado um exemplo de folha de verificação, onde é anotada a

freqüência de ocorrência das não-conformidades.

Após a obtenção e análise dos dados, a etapa seguinte é a definição das

prioridades de resolução dos problemas encontrados. Para tal utiliza-se o gráfico de

Pareto.

PROBLEMA

1 2 3 TOTAL

A I I I I I 5

B I I I 3

C I I I I I I I I I I 12

TOTAL 8 5 7 20

MÊS

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28

2.6.3 Gráfico de Pareto

O gráfico de Pareto é uma forma especial do gráfico de barras verticais que nos

permite determinar quais problemas resolver e qual a prioridade. O gráfico de Pareto,

elaborado com base em uma folha de verificação ou em uma outra fonte de coleta de

dados, nos ajuda a dirigir nossa atenção e esforços para problemas verdadeiramente

importantes (BRASSARD, 2000).

A idéia básica surgiu a partir do princípio de Pareto (Vilfredo Pareto, economista

italiano do século XIX) que foi desenvolvido com base no estudo sobre desigualdade na

distribuição de riquezas, cuja conclusão era de que 20% da população (poucos e vitais)

detinham 80% da riqueza, enquanto o restante da população (muitos e triviais) detinha

apenas 20%. Essa relação é também conhecida como a regra dos 80/20 (MARSHALL

JUNIOR et al., 2006).

A figura 5 apresenta um exemplo de gráfico de Pareto.

GRÁFICO DE PARETO

0

30

60

90

120

150

NC 1 NC 2 NC 3 NC 4 NC 5 Outras

Número de não-conformidades

0

20

40

60

80

100

Percentual Acumulado (100%)

Figura 5: Exemplo de Gráfico de Pareto. Fonte: Marshall Junior et al. (2006).

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29

O exemplo de gráfico de Pareto apresentado na figura 5 apresenta a relação

entre o número de não-conformidades com sua participação percentual.

O gráfico possui dois eixos verticais, um à esquerda indicando a freqüência

(como em um histograma) e um à direita indicando a porcentagem cumulativa da

freqüência. A curva de freqüência cumulativa identifica os itens vitais que justificam

atenção imediata por parte dos gerentes (RITZMAN e KRAJEWSKI, 2004).

Após a determinação de prioridade de resolução em relação aos problemas

detectados, é necessário agir diretamente em suas causas. Para tal utiliza-se o

diagrama de causa e efeito.

2.6.4 Diagrama de causa e efeito

O diagrama de causa e efeito, também conhecido como diagrama de Ishikawa

ou diagrama de espinha de peixe, é uma ferramenta de representação das possíveis

causas que levam a um determinado efeito. As causas são agrupadas por categorias e

semelhanças previamente estabelecidas, ou percebidas durante o processo de

classificação. A grande vantagem é que se pode atuar de modo mais específico e

direcionado no detalhamento das causas possíveis (MARSHALL JUNIOR et al., 2006).

O diagrama de causa e efeito é usado para ilustrar as várias fontes de não

conformidades em produtos e suas inter-relações. É útil para focalizar a atenção dos

operadores, engenheiros de produção e gerentes nos problemas de qualidade

(MONTGOMERY, 2004).

A figura 6 apresenta um exemplo de diagrama de causa e efeito.

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30

Figura 6: Diagrama de causa e efeito. Fonte: Werkema (1995).

A figura 6 apresenta um modelo de gráfico de causa e efeito, relacionando o

conjunto de causas que afetam o resultado de um determinado processo. Os efeitos do

diagrama de causa e efeito são avaliados através de itens de controle e as causas

através de itens de verificação.

2.6.4.1 Itens de controle

Itens de controle são características numéricas sobre as quais é necessário

exercer controle (gerenciamento) (CAMPOS, 2002).

Os itens de controle, portanto, estão diretamente ligados aos efeitos (resultados)

do processo analisado.

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31

2.6.4.2 Itens de verificação

Os itens de verificação são as principais causas que afetam um determinado

item de controle de um processo e que podem ser medidas e controladas (WERKEMA,

1995).

O conjunto básico de causas também é conhecido como 6M`s do processo, pois

representa a matéria-prima, o método, a medição, a mão-de-obra, o meio ambiente e as

máquinas.

Para Campos (2002), os itens de verificação medem o desempenho dos

componentes do processo, e estão relacionados a:

− Equipamentos

− Matérias Primas

− Condições Ambientais

− Aferição dos equipamentos de medida

− Cumprimento dos procedimentos operacionais padrão.

2.6.5 Diagrama de concentração de defeito

Um diagrama de concentração de defeito é uma figura da unidade, mostrando

todas as vistas relevantes. Então, os vários tipos de defeitos são desenhados na figura,

e o diagrama é analisado para determinar se a localização dos defeitos na unidade

fornece alguma informação útil sobre as causas potenciais dos defeitos

(MONTGOMERY, 2004).

A figura 7 apresenta um diagrama de concentração de defeito para o estágio final

de montagem de um processo de fabricação de um refrigerador. Os defeitos de

acabamento de superfície são identificados pelas áreas sombreadas escuras no

refrigerador (MONTGOMERY, 2004).

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32

Figura 7: Diagrama de concentração de defeitos de um refrigerador. Fonte: Montgomery (2004).

O diagrama apresentado na figura 7 apresenta um modelo de diagrama de

concentração de defeito.

O diagrama de concentração de defeito facilita a identificação das causas das

anomalias, buscando a resolução mais direcionada do problema.

2.6.6 Diagrama de dispersão

Os diagramas de dispersão ou os gráficos de dispersão são utilizados para

determinar se existe ou não uma relação entre duas variáveis ou características de

produto (DAVIS, AQUILANO e CHASE, 2001).

O diagrama de dispersão não prova que uma variável afeta a outra, mas torna

claro se uma relação existe e em que intensidade (BRASSARD, 2000).

Os dados são coletados aos pares sobre as duas variáveis – digamos, (yi, xi) –

para i = 1, 2, ..., n. Assim, yi é plotado versus xi. A forma de um diagrama de dispersão

Parte Superior

Lado Direito

Parte Inferior

FrenteLado Esquerdo

Costas

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em geral indica que tipo de relação pode existir entre duas variáveis (MONTGOMERY,

2004).

A figura 8 apresenta um modelo de diagrama de dispersão.

Diagrama de Dispersão

Variável A

Var

iáve

l B

Figura 8: Exemplo de diagrama de dispersão. Fonte: Davis, Aquilano e Chase (2001).

O diagrama de dispersão apresentado na figura 8 revela um exemplo de relação

entre a variável A e a variável B.

2.6.7 Gráficos de controle

O instrumento básico do CEP são os gráficos de controle, que tanto verificam se

o processo está sob controle, como se ele permanece dessa forma por dado período

(PALADINI, 2002).

Em termos gerais, o gráfico de controle é utilizado na detecção de alterações

inusitadas de uma ou mais características de um processo ou produto. Em outras

palavras, é uma ferramenta estatística que alerta para a presença de causas especiais

grandes na linha de produção (CARVALHO, 2005).

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34

Os gráficos de controle podem ser utilizados tanto para o monitoramento de

variáveis quanto de atributos. Variáveis são as características medidas, tais como

diâmetros, temperaturas, peso, entre outras. Atributos representam a aprovação ou não

do produto através da classificação como conforme ou não conforme.

Os gráficos de controle são compostos por dois eixos cartesianos, onde o eixo

das ordenadas representa a amostra da característica da qualidade e o eixo das

abscissas representa o número da amostra ou unidade de tempo, por uma linha central

que representa o valor médio da característica da qualidade e por duas linhas

horizontais que representam os limites inferior e superior de controle.

Estes limites de controle são escolhidos de modo que, se o processo está sob

controle, praticamente todos os pontos amostrais estarão entre eles (MONTGOMERY,

2004).

A figura 9 traz a representação de um gráfico de controle típico.

Figura 9: Gráfico de controle típico. Fonte: Montgomery (2004).

No gráfico representado na figura 9, são representados os eixos cartesianos, a

média das amostras e os limites inferior e superior de controle. Os limites superior e

inferior podem ser definidos pela gerência ou engenharia, sendo chamados neste caso

Número da amostra ou tempo

Am

ostr

a da

car

acte

ríst

ica

da q

ualid

ade

Limite inferior de controle

Limite superior de controle

Linha central

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35

de limites de especificação ou calculados por parâmetros estatísticos, sendo

classificados como limites de controle.

2.6.7.1 Limites de controle

Limite de Controle é a linha (ou linhas), da carta de controle, usada como base

de julgamento da significância da variação de subgrupo a subgrupo. Uma variação fora

dos limites de controle evidencia que causas específicas estão afetando o processo. Os

limites de controle são calculados a partir dos dados do processo e não devem ser

confundidos com as especificações de projeto (BRASSARD, 2000).

2.6.7.2 Limites de especificação

Os limites de especificação são definidos pela engenharia e visam estabelecer

parâmetros para a aceitação ou não do produto, não tendo nenhuma relação com os

limites de controle.

Especificação é o requisito de projeto para julgar a aceitabilidade de uma

característica em particular. É definida pelos requisitos funcionais do produto ou pelos

requisitos dos clientes e pode ou não ser compatível com a capacidade do processo (se

não for, certamente ocorrerão itens fora de especificação). A especificação nunca deve

ser confundida com os limites de controle (BRASSARD, 2000).

2.6.8 Gráficos de controle por variáveis

De acordo com Ritzman e Krajewski (2004), gráficos de controle para variáveis

são usados para monitorar a variabilidade do processo.

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36

Entendemos por variáveis tudo o que pode ser medido através de instrumento de

medição. Por exemplo, peso, altura, diâmetro, comprimento, largura, velocidade, tempo

etc (MARTINS e LAUGENI, 2003).

Os principais tipos de gráficos de controle por variáveis são:

− Gráficos x R: monitoram a variabilidade do processo através da média do processo

(ou do nível da qualidade) e da amplitude das amostras;

− Gráficos x S: menos utilizados que os gráficos x R, monitoram a variabilidade do

processo através da verificação da média e do desvio padrão das amostras.

Para melhor visualização dos resultados obtidos com o controle, estes gráficos

sempre são utilizados aos pares, onde x representa a média do processo ou da

característica da qualidade, R representa a amplitude e S representa o desvio padrão

referente às amostras.

2.6.9 Gráficos de controle por atributos

Dados do tipo atributos são dados que são contados, tais como unidades boas

ou ruins produzidas por uma máquina. Se retirarmos amostras desta máquina durante a

produção, podemos contar, para cada amostra, o número de unidades que estão boas

e o número de unidades que estão ruins, baseado em nosso critério de qualidade

(DAVIS; AQUILANO e CHASE, 2001).

Muitas características da qualidade não podem ser representadas

numericamente de modo conveniente. Em tais casos, usualmente classificamos cada

item inspecionado como conforme ou não-conforme em relação às especificações para

aquela característica da qualidade (MONTGOMERY, 2004).

Os gráficos de controle mais utilizados para o controle da qualidade por atributos

são os dados a seguir:

− Gráfico p: representa a fração não-conforme;

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37

− Gráfico np: representa o número de itens não-conformes em uma amostra;

− Gráfico c: representa o número de não-conformidades de uma amostra;

− Gráfico u: representa o número de não-conformidades por unidade.

2.6.9.1 Gráfico p

O gráfico p representa a fração não-conforme, que é definida por Montgomery

(2004) como a razão entre o número de itens não-conformes em uma população e o

total de itens naquela população.

Os itens podem ter várias características da qualidade que são examinadas

simultaneamente por um inspetor. Se o item não satisfaz o padrão em uma ou mais

dessas características, é classificado como não-conforme (MONTGOMERY, 2004).

Para determinar a porcentagem de produtos defeituosos, devemos selecionar

uma amostra aleatória, verificar se apresenta ou não defeito e calcular a porcentagem p

(MARTINS e LAUGENI, 2003).

Para o cálculo da porcentagem não-conforme, Montgomery (2004) apresenta em

sua obra a seguinte fórmula:

nD

p =ˆ

Onde:

p̂ = Porcentagem não-conforme

D = Número de unidades não-conformes

n = Tamanho da amostra

Para o cálculo dos limites de controle, Montgomery (2004), apresenta as

seguintes formulas:

Quando houver especificação gerencial para p:

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38

npp

pLSC)1(

3−+=

pcentralLinha =

npp

pLIC)1(

3−−=

Onde:

LSC = Limite superior de controle

p = Linha central (média amostral)

LIC = Limite inferior de controle Quando não houver especificação gerencial para c:

npp

pLSC)1(

3−+=

pcentralLinha =

npp

pLIC)1(

3−−=

A figura 10 apresenta um exemplo de gráfico p.

Figura 10: Gráfico de controle de porcentagem defeituosa p. Fonte: Carvalho (2005).

Gráfico de controle de porcentagem defeituosa p

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

0 5 10 15 20 25 30 35

Subgrupo

Po

rcen

tag

em d

efei

tuo

sa

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39

A figura 10 representa um gráfico de controle p, com sua linha média, limite

superior e pontos de controle. Não há limite inferior devido ao limite inferior ser mínimo

de 0%.

2.6.9.2 Gráfico np

O gráfico np mede o número de itens não-conformes em uma determinada

amostra ao invés de medir o percentual de não-conformes. Segundo Montgomery

(2004), para o cálculo dos limites do gráfico tem-se as seguintes fórmulas:

)1(3 pnpnpLSC −+=

npcentralLinha =

)1(3 pnpnpLIC −−=

Onde:

np = número de não-conformes da amostra

p = percentual especificado ou calculado.

Para Montgomery (2004), muitas vezes, pessoal não-treinado estatisticamente

considera o gráfico np mais fácil de interpretar do que o usual gráfico de controle para

não conforme.

2.6.9.3 Gráfico c

O gráfico c representa o número de não-conformidades de uma amostra. Não-

conformidade é definida por Montgomery (2004) como cada ponto específico em que

uma especificação não é satisfeita.

Quando a fabricação é de itens maiores, de maior custo e complexidade, e

infinitas possibilidades de encontrar defeitos, como, por exemplo, carros, iates,

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40

geladeiras, paredes em construções grandes de arranha-céus (é particularmente

interessante a utilização do gráfico de defeitos na área da construção civil) e aviões,

então surge a necessidade de contar o número de defeitos encontrados no item

fabricado para melhorar a qualidade (CARVALHO, 2005).

A figura 11 apresenta um exemplo de gráfico de controle para não

conformidades detectadas por amostra. Neste são apresentados os limites de controle

e as linhas médias do processo. Também são apresentadas as justificativas referentes

aos pontos fora dos limites de controle.

Figura 11: Exemplo de gráfico de controle para não-conformidades. Fonte: Montgomery (2004).

De acordo com Montgomery (2004), os limites de controle para o gráfico de

controle para o número de não conformidades são os dados a seguir:

Quando houver especificação gerencial para c:

ccLIC

ccentralLinha

ccLSC

3

3

−=

=+=

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41

Quando não houver especificação para c:

ccLIC

ccentralLinha

ccLSC

3

3

−=

=

+=

Onde:

LIC = Limite inferior de controle

LSC = Limite superior de controle

c = Número de não conformidades especificadas pela gerência ou engenharia

c = Número de não conformidades observado em uma amostra preliminar

2.6.9.4 Gráfico u

O gráfico de controle u é utilizado para a avaliação do número de não-

conformidades com o tamanho da amostra exatamente igual a uma unidade de

inspeção. A unidade de inspeção é escolhida em função da simplicidade operacional ou

de coleta de dados (MONTGOMERY, 2004).

Para o mesmo gráfico existe uma segunda abordagem, que segundo

Montgomery (2004), envolve o estabelecimento de um gráfico de controle com base no

número médio de não-conformidades por unidade de inspeção.

Para esta segunda abordagem, Montgomery (2004) também afirma que o gráfico

u deve sempre ser usado quando o tamanho da amostra for variável.

Para o mesmo autor, se encontrarmos um total de x não-conformidades em uma

amostra de unidades de inspeção, então o número médio de não-conformidades por

unidade de inspeção é:

nx

u =

Onde:

u = número médio de não-conformidades

n = número de unidades da amostra

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42

Os limites de controle para o gráfico u são definidos por Montgomery da seguinte

forma:

nu

uLIC

ucentralLinha

nu

uLSC

3

3

−=

=

+=

Onde:

u = número médio de não-conformidades por unidade

n = número de unidades amostradas

A figura 12 apresenta um gráfico para não-conformidades por unidade gerado

por computador.

Figura 12: Gráfico para não-conformidades por unidade gerado por computador/software. Fonte: Montgomery (2004).

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43

2.7 CAPACIDADE DE PROCESSOS

Kume (1993) define capacidade de processos como o estudo que visa verificar

se o processo consegue atender às especificações, ou não.

Capacidade de processos é a medida da repetibilidade (consistência) de um

produto produzido por um processo. Esta avaliação é feita segundo métodos

estatísticos e não por sentimento. Somente assim poderão ser comparados o modelo

estatístico ou distribuição com os limites de especificação para avaliarmos se o

processo pode consistentemente produzir itens segundo estas especificações

(BRASSARD, 2000).

Uma vez que a validade das análises relativas ao desempenho do processo

depende da validade dos dados, é essencial que o sistema de medição seja adequado

(RIBEIRO e TEN CATEN, 2000).

Isso se verifica através da análise do sistema de medição.

2.7.1 Capacidade para atributos

De acordo com Ribeiro e Ten Caten (2000), no caso de atributos, a capacidade

pode ser expressa como a percentagem de produtos conformes que o processo produz.

O cálculo é realizado da seguinte forma:

)1( pCapacidade −=

Assim, se um processo tem índice de produtos não conformes de 0,02 terá

capacidade conforme a seguir:

98,0)02,01( =−=Capacidade

Ou seja, 98% de capacidade.

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2.8 ANÁLISE DO SISTEMA DE MEDIÇÃO

Para Rotondaro et al. (2002), o objetivo da análise de um sistema de medição é

o de compreender as fontes de variação que podem influenciar nos resultados de

medição.

Para Ribeiro e Ten Caten (2000), os sistemas de medição podem ser analisados

quanto a:

− Estabilidade: refere-se ao seu desempenho ao longo do tempo;

− Tendência: é definida como a diferença entre a média observada e o valor de

referência;

− Linearidade: verifica o desempenho do dispositivo ao longo de toda sua faixa de

uso;

− Repetitividade: também conhecida como variação do equipamento (VE) é observada

quando um mesmo operador mede a mesma peça mais de uma vez;

− Reprodutibilidade: também conhecida como variação do operador (VO), refere-se a

diferenças que podem existir entre as medidas de diferentes operadores, em geral

resultado de procedimentos específicos adotados por cada operador.

A partir destes fatores, são realizadas as seguintes verificações quanto ao

sistema de medição:

− R&R;

− Variação peça-a-peça;

− Variação total do processo.

2.8.1 R&R

Consiste na variabilidade do sistema de medição, pois considera em seu cálculo

a repetitividade (equipamentos) e a reprodutibilidade (operadores).

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2.8.2 Variação peça-a-peça

Segundo Ribeiro e Ten Caten (2000), a variabilidade entre as peças (ou desvio

padrão) pode ser determinado através de um estudo independente de capacidade do

processo ou pode ser obtido a partir dos dados do estudo do sistema de medição.

2.8.3 Variação total do processo

A variabilidade total do processo é calculada somando-se a variabilidade do

sistema de medição com a variabilidade das peças (RIBEIRO e TEN CATEN, 2000).

2.8.4 Avaliação de sistemas de medição por atributos

Para Soprana (2007), no caso da avaliação de sistemas de classificação

(inspeção) de atributos é colocada ênfase na avaliação da capacidade ou da eficácia do

operador em detectar rapidamente itens perfeitos ou defeituosos e da tendência com

que o operador rejeita unidades perfeitas e aceita unidades defeituosas. Eficácia

representa a capacidade de um operador em detectar de forma correta, itens perfeitos e

defeituosos.

Onde:

NIC = Número de identificações corretas

NTOA = Número total de oportunidades de acerto

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2.9 INSPEÇÃO DA QUALIDADE

A norma brasileira NBR 5426 (1985) define inspeção como o processo de medir,

ensaiar e examinar a unidade de produto ou comparar suas características com as

especificações.

A atividade de inspeção é a mais importante do sistema de avaliação da

qualidade. Contudo, ela só faz sentido se for inserida em um processo mais amplo, no

qual os resultados da avaliação são considerados como base de decisão (PALADINI,

2002).

As principais normas brasileiras para inspeção são as dadas a seguir:

Nbr 5425 Nb 309 - Guia para inspeção por amostragem no controle e certificação de

qualidade;

Nbr 5426 Nb 309-01 - Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por

atributos;

NBR 5428 - Procedimentos para inspeção por atributos feita pelos fornecedores;

NBR 5429 – Inspeção de processos;

NBR 5430 - Planos de amostragem e inspeção por variáveis.

2.9.1 Inspeção 100%

A norma brasileira NBR 5425 (1985) define a inspeção 100% como a inspeção

de todas as unidades de produto (processo, informações, operações, etc.). Cada

unidade de produto é aceita ou rejeitada, individualmente, para as respectivas

características de qualidade. Para certas características de qualidade (as críticas, por

exemplo), a inspeção 100% ou a utilização de grandes tamanhos de amostra é um

procedimento recomendável para melhor assegurar a proteção da qualidade desejada.

Tal procedimento pode ser exigido, excetuando-se os casos de inspeção destrutiva ou

excessivamente cara, tais como certos ensaios de qualificação, desempenho ou

ambientais.

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2.9.2 Inspeção por amostragem (para aceitação)

Amostragem de aceitação consiste na aplicação de técnicas estatísticas para

determinar se uma quantidade de material deve ser aceita ou rejeitada com base na

inspeção ou no teste de uma (RITZMAN e KRAJEWSKI, 2004).

Na inspeção por amostragem, itens são aleatoriamente selecionados do lote

para compor a amostra. Dependendo do número de defeituosos na amostra, o lote é

aceito ou rejeitado (COSTA, EPPRECHT e CARPINETTI, 2003).

2.9.3 Inspeção por atributos

Atributos são dados qualitativos que podem ser contados para efeito de registro

e análise. A estes são atribuídas características tais como a presença (ou ausência) de

um rótulo previsto ou a instalação ou não dos fixadores de uma placa. Outros exemplos

podem incluir uma característica com medida inerente (isto é, pode ser tratada como

variável). Quando os resultados são registrados na simples forma de bom/ruim (por

exemplo), ao utilizarmos um calibre passa/não passa), são usadas as cartas p, np, c e u

em lugar da carta X - R (BRASSARD, 2000).

Para a norma brasileira NBR 5426 (1985), a inspeção por atributos é a inspeção

segundo a qual a unidade de produto é classificada simplesmente como defeituosa ou

não (ou o número de defeitos é contado) em relação a um dado requisito ou conjunto

de requisitos.

O Modelo de Avaliação por Atributos é utilizado para situações onde os

característicos da qualidade não são medidos, mas apenas rotulados. É o caso da

análise da presença de quebras, de manchas ou trincas em peças, do uso de

calibradores do tipo passa ou não passa, de testes simples (como em lâmpadas, onde

se analisa se a peça acende ou não) (PALADINI, 2002).

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2.9.4 Inspeção retificadora

A inspeção difere da inspeção para aceitação no seguinte: os lotes rejeitados na

inspeção para aceitação são devolvidos ao fornecedor; já na inspeção retificadora, os

lotes rejeitados são submetidos à inspeção a 100%, e todos os itens defeituosos do lote

são substituídos por itens bons (COSTA; EPPRECHT; CARPINETTI, 2003).

2.10 PLANO DE AMOSTRAGEM

Para a norma NBR 5426 (1985), trata-se do plano que determina o número de

unidades de produto de cada lote a ser inspecionado (tamanho da amostra ou série de

tamanhos de amostra) e o critério para aceitação do lote (número de aceitação e de

rejeição).

2.10.1 Nível de inspeção

Conforme a norma ABNT NBR 5426 (1985), o nível de inspeção fixa a relação

entre o tamanho do lote e o tamanho da amostra. O nível de inspeção a ser usado para

qualquer requisito particular será prescrito pelo responsável pela inspeção.

A ABNT NBR 5426 (1985) também revela 3 níveis de inspeção, I, II e III, onde

salvo indicação em contrário, será adotada a inspeção em nível II. A inspeção em nível

I poderá ser adotada quando for necessária menor discriminação ou então o nível III,

quando for necessária maior discriminação.

O anexo 03 apresenta a tabela presente na norma, onde são apresentados os

códigos em relação aos níveis de inspeção e os tamanhos dos lotes.

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2.10.2 Regimes de inspeção

De acordo com a norma NBR ABNT 5426 (1985), existem três regimes de

inspeção, normal, severo e atenuado. Ao iniciar um procedimento de inspeção, deve

ser empregado o regime normal, salvo determinação em contrário.

Estes regimes são adotados a partir de uma situação de comutação, que alterna

entre normal para severo, severo para normal, normal para atenuado e atenuado para

normal de acordo com critérios pré-estabelecidos na norma NBR ABNT 5426 (1985).

2.10.3 Tipos de plano de amostragem

Para a amostragem existem quatro tipos de planos, amostragem única, dupla,

múltipla e seqüencial, no entanto, pode-se realizá-los de forma que tenham resultados

equivalentes.

A seleção do tipo de plano de amostragem deve considerar, segundo

Montgomery (2004), fatores tais como eficiência administrativa, o tipo de informação

produzida pelo plano, a quantidade média de inspeção exigida pelo procedimento e o

impacto que determinado procedimento pode ter sobre o fluxo de material na

organização da manufatura.

2.10.3.1 Plano de amostragem única

Um plano de amostragem única é um procedimento de sentenciamento do lote

no qual seleciona-se aleatoriamente uma amostra de n unidades do lote, e o destino do

lote é determinado com base na informação contida nessa amostra (MONTGOMERY,

2004).

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2.10.3.2 Planos de amostragem dupla

Trata-se de uma extensão do plano de amostragem simples. Segundo

Montgomery (2004), em seguida a amostra inicial, toma-se uma decisão com base na

informação daquela amostra para ou (1) aceitar o lote, (2) rejeitar o lote, ou (3) extrair

uma segunda amostra.

Se é extraída uma segunda amostra, as informações tanto da primeira quanto da

segunda amostra são combinadas para se chegar a uma decisão sobre a aceitação, ou

não, do lote (MONTGOMERY, 2004).

2.10.3.3 Plano de amostragem múltipla

Um plano de amostragem múltipla é uma extensão do conceito de amostragem

dupla; apenas são necessárias mais do que duas amostras para se chegar a uma

decisão sobre o destino do lote. Alguns tamanhos de amostras na amostragem múltipla

são, em geral, menores do que nas amostragens simples e dupla (MONTGOMERY,

2004).

2.10.3.4 Plano de amostragem seqüencial

Segundo Montgomery (2004), trata-se de uma extensão da amostragem múltipla,

na qual as unidades são selecionadas do lote uma de cada vez, e em seguida à

inspeção de cada unidade, uma decisão é tomada no sentido de aceitar o lote, rejeitá-lo

ou selecionar uma outra unidade.

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2.10.4 Nível de qualidade aceitável (NQA)

Segundo a norma NBR 5426 (1985), trata-se da máxima porcentagem (ou o

máximo número de “defeitos” por cem unidades) que, para fins de inspeção por

amostragem, pode ser considerada satisfatória como média de um processo. O NQA,

juntamente com o código literal do tamanho da amostra, é usado para classificar os

planos de amostragem.

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52

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Os procedimentos metodológicos abrangem práticas aplicadas ao

desenvolvimento do projeto e encontram-se fundamentados nos estudos e pesquisas

de fontes, cujo foco central é a obtenção de dados, que permitem pesquisar

informações diretas e confiáveis.

De acordo com Barreto e Honorato (1998) “A metodologia da pesquisa [...] deve

ser entendida como o conjunto detalhado e seqüencial de métodos e técnicas

científicas a serem executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga

atingir os objetivos inicialmente propostos”.

3.1 PROBLEMA

O problema pode ser definido como uma dificuldade incomum, a qual se

pretende resolver. No entanto, o conceito de problema pode ser encarado de diversas

maneiras. Alguns autores levam em consideração a relação do indivíduo com a

dificuldade, enquanto para outros, o que importa são as características da própria

situação. Problema também pode ser visto como uma interrogação que o pesquisador

faz à realidade.

Para Fachin (2001), entende-se como problema uma questão sem solução,

objeto de discussão e de muito estudo. É um fato, algo significativo que, a princípio, não

possui respostas explicativas, pois as soluções, as respostas ou explicações, se farão

por intermédio do desenvolvimento da pesquisa.

Neste trabalho, o problema que originou o estudo foi a elevada taxa de peças

que apresentam não conformidades encontradas na inspeção de painéis termoisolantes

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do tipo sanduíche. No ano de 2006 a taxa média da não qualidade deste produto

apresentada foi 1,67% e em 2007 a taxa subiu para 2,41%.

3.2 PESQUISA E METODOLOGIA

A pesquisa consiste basicamente no processo de busca de novos

conhecimentos, orientada por um método, visando desenvolver o conhecimento em

determinada área.

Segundo Ruiz (2006), é a realização concreta de uma investigação planejada,

desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela

ciência. É o método de abordagem de um problema em estudo que caracteriza o

aspecto científico.

Para a realização das pesquisas, foram exploradas diversas fontes, visando

atingir os objetivos propostos, através da seleção de documentos e organização dos

textos. As técnicas de pesquisa utilizadas foram as seguintes:

− Quanto ao objetivo: pesquisa exploratória;

− Quanto ao local onde estão os dados: pesquisa bibliográfica;

− Quanto à forma de coleta de dados: pesquisa documental.

3.2.1 Pesquisa exploratória

Pesquisa exploratória é um tipo de pesquisa de campo, e é definida por Marconi

e Lakatos (2002), como investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a

formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver

hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou

fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e

clarificar conceitos.

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Uma variedade de procedimentos de coleta de dados pode ser utilizada, como

entrevista, observação participante, análise de conteúdo etc (MARCONI e LAKATOS,

2002).

3.2.2 Pesquisa bibliográfica

Pode se considerar como a principal forma de pesquisa, por poder contribuir em

todas as etapas de qualquer pesquisa, auxiliando no estabelecimento do problema, dos

objetivos, na construção das hipóteses, no embasamento da justificativa da escolha do

tema e também na confecção do relatório final.

A pesquisa bibliográfica é o meio de formação por excelência e constitui o

procedimento básico para os estudos monográficos pelos quais se busca o domínio do

estado da arte sobre determinado tema (CERVO, 2007).

3.2.3 Pesquisa documental

Por pesquisa documental, pode-se entender a busca de informações em textos

escritos e publicados referentes ao tema pesquisado se assemelhando bastante com a

pesquisa bibliográfica.

A única diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa

bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre

determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam

ainda tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com o

objetivo da pesquisa (GIL, 1999).

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4 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA E DESCRIÇÃO DO PROCESSO

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A empresa D foi criada em 1962 em Joinville - SC para a fabricação de EPS

(poliestireno expandido). No ano de 1974 foi introduzido com sucesso o conceito de

grandes câmaras frigoríficas pré-fabricadas com painéis tipo sanduíche baseados em

tecnologia sueca.

Desde então a companhia tem mantido sua liderança no mercado latino-

americano através de um contínuo desenvolvimento de produtos em cooperação com

empresas internacionais, utilizando como matéria-prima básica: aço zincado pré-

pintado, aço inoxidável, alumínio, PUR (poliuretano), PIR (poliisocianurato), EPS ou

LDR (lã de rocha) de acordo com as especificações de seus clientes.

4.1.1 Unidades

Já consolidada como grupo D, de capital dinamarquês, a empresa constitui-se de

14 unidades dentre fábricas, unidades de montagem e distribuição e escritórios

comerciais localizados no Brasil, em Joinville (SC), São Paulo (SP), Recife (PE), Betim

(MG), Porto Alegre (RS), Belém (PA) e Goiânia (GO), Santiago (Chile), Puerto Montt

(Sul do Chile), Toluca (México), Lima (Peru) e Montevidéu (Uruguai), produzindo

anualmente mais de 2,4 milhões de metros quadrados de painéis e mais de 10 mil

portas termoisolantes.

Estão ainda em desenvolvimento mais uma unidade do grupo no Brasil, em

Aparecida do Tabuado (Mato Grosso do Sul), uma unidade na Argentina e uma na

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China. A distribuição de suas unidades assegura uma melhor logística, com engenharia

de aplicação e montagem com prazo de entrega garantido.

O crescimento da empresa no Brasil vem aumentando de forma significativa,

enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresce 4% ao ano, o da empresa D

dobra.

A organização vem recebendo desde sua fundação significativos investimentos

em gestão e tecnologia, equipando suas fábricas com maquinário de última geração,

assegurando através de seus funcionários excelência em sistemas termoisolantes para

câmaras frigoríficas, construção civil e salas limpas.

4.1.2 Unidade estudada

A unidade estudada, a principal da empresa, localizada em Joinville, Santa

Catarina, também está recebendo investimentos na construção de uma nova sede

administrativa e também na ampliação e modernização de sua produção.

Investimentos em maquinários e em recursos humanos estão sendo realizados

de forma a otimizar e ampliar a capacidade de produção garantindo o que é

fundamental para a empresa: qualidade aliada ao prazo de entrega dos produtos da

empresa D.

A D Joinville produz painéis e portas termoisolantes, visores, perfis e acessórios,

utilizando como matérias-primas básicas núcleo isolante em poliuretano (PUR),

poliisocianurato (PIR), poliestireno expandido (EPS), lã de rocha (LDR), revestidos com

aço zincado pré-pintado, galvalume, inox (aço inoxidável) ou alumínio.

Seus produtos têm sido utilizados em grandes obras e nos mais variados

segmentos de mercado, indústrias alimentícias, de cosméticos, laboratórios,

supermercados, grandes frigoríficos, shoppings centers, entre outros e há alguns anos

a empresa vem explorando um novo nicho de mercado, as salas limpas para as

indústrias dos setores laboratoriais e alimentícios, principalmente.

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4.2 CARACTERÍSTICAS DOS PAINÉIS TERMOISOLANTES

A construção de câmaras frigoríficas exige que a constituição de suas paredes,

tetos, portas, pisos, pass-though e demais elementos de isolamento sejam

confeccionados com materiais com resistência adequada à transmissão de calor.

A D utiliza para o isolamento de seus produtos, o preenchimento com materiais

normalizados e utilizados internacionalmente como EPS, o poliuretano, o

poliisocianurato, o Ecomate, o Elastogran e a lã de rocha.

A escolha entre estes materiais se dá de acordo com os desejos do cliente, visto

que há grande diferença nas características desses materiais. As principais diferenças

são quanto a preço, coeficiente de condução de calor, isolamento acústico, resistência

ao fogo ou a altas temperaturas, resistência mecânica, entre outras.

O produto estudado neste trabalho é basicamente composto de revestimento em

chapa metálica, preenchimento termoisolante com espuma rígida de poliuretano ou

poliisocianurato, fechos para acoplagem entre painéis e calços internos (para garantia

da espessura do painel durante a fabricação).

Os produtos possuem formatos padronizados quanto à largura, espessura,

perfilhamento de chapas e formatos de encaixes. No entanto, o comprimento e o

posicionamento dos fechos loc são confeccionados sob medida, de acordo com as

especificações do projeto da câmara frigorífica.

Figura 13: Representação dos painéis termoisolantes tipo sanduíche. Fonte: Empresa D.

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58

Outro fator que impacta na confecção dos painéis termoisolantes é a espessura

do painel solicitado pelo cliente, visto que quanto maior a espessura, maiores serão a

resistência à transmissão de calor do painel, a quantidade de preenchimento a utilizar e

o custo do painel.

O revestimento do painel termoisolante é constituído de chapas metálicas que

são determinadas pelo cliente. A escolha destas não impacta na isolação térmica da

câmara, mas é uma vantagem competitiva da empresa, dada a sua grande diversidade

de modelos e materiais disponibilizados. Este também é um fator de grandes cuidados

durante o processo produtivo, visto que seu custo é bastante alto e o mesmo pode

facilmente se danificar.

4.3 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PAINÉIS TERMOISOLANTES

O processo foco deste trabalho é o de fabricação de painéis termoisolantes do

tipo sanduíche, ou seja, painéis revestidos de duas chapas metálicas, de aço pré-

pintado, galvalume, alumínio ou aço inoxidável e preenchidas com PUR (poliuretano) ou

PIR (poliisocianurato).

A fabricação dos painéis é realizada de acordo com as necessidades da obra a

ser construída, ou seja, os painéis vão sendo fabricados e entregues à medida que as

etapas anteriores das fundações e demais estruturas estiverem prontas para a

montagem dos painéis. Isso permite um planejamento e nivelamento da produção.

A seguir é apresentado o fluxograma do processo da fabricação de painéis

termoisolantes:

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59

Figura 14: Fluxograma da fabricação de painéis termoisolantes. Fonte: Empresa D.

O fluxograma representado na figura 16 apresenta o processo atual de

fabricação de painéis termoisolantes da empresa D e das auditorias da qualidade.

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4.3.1 Projeto do produto

O processo de fabricação dos painéis termoisolantes inicia com as

especificações do cliente quanto à matéria prima do revestimento e do preenchimento,

dimensões e modelo dos painéis. Em seguida as solicitações do cliente são

processadas pelo departamento de projetos, onde estas especificações são convertidas

em formato padrão de projeto.

4.3.2 Planejamento, programação e controle da produção

Com a aprovação do projeto por parte do cliente e sua respectiva aprovação de

crédito, as informações e especificações são repassadas à área de logística, que

realiza o planejamento dos materiais e a programação e controle da produção, gerando

ordens de compra para os fornecedores de acordo com as disponibilidades de estoque

e ordens de produção para as áreas de manufatura.

4.3.3 Corte e perfilhamento das chapas metálicas

As ordens de produção contêm as especificações e datas para a fabricação dos

painéis termoisolantes. Com base nestas informações as chapas de aço são perfiladas

e cortadas de forma transversal e longitudinal quando necessário, seguindo as

especificações de projeto.

4.3.4 Preparação do molde, posicionamento das chapas e acessórios

As chapas cortadas são colocadas nos moldes de injeção, sendo que após a

colocação da chapa inferior, são posicionados espaçadores, aplicadas fitas de vedação

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e posicionados os fechos tipo “Loc” nos perfis laterais do molde. Os fechos “Loc” são os

dispositivos que fixarão os painéis quando da montagem em obra.

Sua acoplagem nos perfis do molde deve seguir as especificações do desenho,

pois a acoplagem em posição fora da especificada bem como a instalação de um fecho

fêmea no lugar de um fecho macho, ou vice-versa, impossibilitam o encaixe.

Figura 15: Posicionamento de fecho tipo “Loc” em molde. Fonte: Empresa D.

Em seguida posiciona-se a chapa superior, vedam-se as extremidades da

mesma, fecha-se o molde e mantêm-se o mesmo sob pressão hidráulica.

4.3.5 Injeção do preenchimento termoisolante

A próxima etapa é a programação da injetora (cada tipo de material, PIR ou

PUR, possui uma injetora específica). Para a programação, calcula-se o tempo de

injeção de acordo com o volume do painel utilizando-se a fórmula:

V ≅≅≅≅ L x E x C

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62

Onde:

V = Volume

L = Largura

E = Espessura

C = Comprimento

Este valor de volume é multiplicado por um fator de injeção tabelado para se

obter o tempo de injeção. Após este cálculo digita-se este valor de tempo no painel de

comando do equipamento. Em algumas situações, para melhor aproveitamento do

molde, é realizada a injeção de mais de um painel na mesma moldada.

Os tempos para estes painéis são calculados e informados na programação

conforme a seqüência de injeção do molde. Isso evita que sejam realizadas injeções

invertidas nos painéis. Uma injeção de material superior à adequada pode romper as

vedações e perfis do molde e causar graves acidentes. Uma injeção de material inferior

à adequada provoca o não preenchimento do painel, que será então, descartado.

Após a injeção, o furo de entrada do material é vedado manualmente e o painel

fica sob pressão hidráulica no interior do molde até cessar o tempo de cura da mistura,

que também é tabelado. Após o tempo de cura o molde é aberto e o painel retirado de

seu interior cuidadosamente.

4.3.6 Acabamento dos painéis injetados

Após a injeção os painéis são posicionados sob cavaletes onde é realizada a

inspeção visual, que consiste da análise de toda a superfície do painel, onde se

verificam os seguintes aspectos do mesmo:

− Existência de amassamentos nas chapas metálicas;

− Preenchimento completo e homogêneo do material termoisolante;

− Pintura da chapa sem falhas ou riscos.

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63

Figura 16: Área de acabamento dos painéis. Fonte: Empresa D.

Após a inspeção visual, se aprovados, são realizados os acabamentos do painel,

que contempla as seguintes operações:

− Retirada de fitas de vedação, excessos de preenchimento e tubos de vazão de ar;

− Preenchimento dos pontos de injeção com mistura especial preparada (nesses

pontos o poliuretano adere ao orifício de entrada causando pequenos buracos no

preenchimento). A ilustração 17 representa esta operação;

− Preenchimento de outros pontos onde houver pequenas falhas no preenchimento;

− Remoção de rebarbas das extremidades inferiores e superiores do painel com lima;

− Lixamento de toda a superfície do preenchimento do painel, de forma a deixá-la

retilínea e homogênea;

− Furação dos pontos de chaveamento dos fechos Loc;

− Pressionamento de toda a superfície do preenchimento em busca de pontos de

baixa densidade ou com espaços vazios apenas cobertos com finas camadas;

− Correção de pequenos riscos na pintura do painel, através de retoques.

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64

Figura 17: Preenchimento e acabamento dos pontos de injeção. Fonte: Empresa D.

Figura 18: Correção de risco na pintura gerado na operação de acabamento. Fonte: Empresa D.

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65

Na operação de acabamento também são realizados os reparos nos painéis não-

conformes encontrados nas auditorias da qualidade, desde que tais não-conformidades

sejam reparáveis, caso contrário, serão completamente refabricados.

4.3.7 Inspeção do produto acabado

Após as operações de acabamento, são realizadas as inspeções finais, onde são

verificados os seguintes requisitos (no caso de requisitos onde haja medição, são

utilizadas como parâmetro as tolerâncias do desenho técnico do painel e as dimensões

solicitadas na ordem de produção):

− Esquadrejamento do painel com esquadro;

− Largura do preenchimento com gabarito PNP (passa-não-passa);

− Comprimento do painel com trena;

− Espessura do painel com gabarito PNP;

− Encaixe e verificação dos fechos dos painéis com a junção de dois painéis por turno;

− Posicionamento dos fechos Loc;

− Acabamento superficial do revestimento e preenchimento.

Como parâmetro para a análise do encaixe dos painéis, além do pleno encaixe,

utiliza-se o desenho do projeto do produto, onde constam as dimensões e as suas

respectivas tolerâncias.

Se forem encontradas divergências na inspeção, os painéis são descartados,

aprovados ou retrabalhados de acordo com o tipo e gravidade da não-conformidade.

Apesar de estas inspeções serem realizadas com freqüência e de até serem

registradas em folhas de controle, os dados não são tabulados, o que impossibilita que

as informações sejam utilizadas para a melhoria do processo.

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66

4.3.8 Embalagem do produto

Caso não haja divergências, os painéis são empilhados para embalagem e

transporte sobre calços de EPS em pilhas com quantidades pré-definidas em tabela

que leva em consideração o tipo e a espessura do painel. A figura 19 apresenta

exemplos de empilhamento de painéis.

Figura 19: Fotos do empilhamento de painéis embalados. Fonte: Empresa D.

A embalagem leva em consideração o tipo do revestimento do painel. Painéis

revestidos com aço galvalume são embalados com plástico-bolha e painéis com

revestimento em aço inoxidável são embalados com papel corrugado. Os demais

painéis não são embalados.

4.3.9 Armazenagem do produto acabado

Após o empilhamento e/ou embalagem os painéis são amarrados com fita

plástica e alojados em local apropriado até o momento do transporte. Painéis revestidos

com aço galvalume e em aço inoxidável são armazenados em área coberta, pois se

deterioram sob intempéries e os demais são levados ao pátio de produtos acabados.

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67

4.4 AUDITORIAS DA QUALIDADE

A qualidade dos painéis é medida por meio de auditorias diárias realizadas nos

produtos acabados alojados no pátio e na área coberta da empresa. O índice da não

qualidade é obtido através da relação entre a soma da área dos painéis encontrados

com defeito durante a auditoria e a área total produzida no período. A fórmula abaixo

ilustra o cálculo:

%100% ×=−FabricadaÁrea

NCÁreaQualidadeNão

Onde:

QualidadeNão −% = Percentual da área de painéis com não-conformidades.

NCÁrea = Área referente aos painéis encontrados com não-conformidades.

FabricadaÁrea = Área total dos painéis produzidos no período.

O índice médio de 2006 foi tirado com pequena quantidade de amostragens, não

tendo assim confiabilidade. Os índices medidos durante o ano de 2007 e 2008 são os

apresentados no gráfico da figura 20.

Acompanhamento da Não-Qualidade 2007

1,67

2,412,10

1,19

2,94

3,46

2,53

3,12

0,78

2,17

5,25

3

1,12

1,891,5

5,94

1,69

0,37 0,39

0

1

2

3

4

5

6

7

Méd

ia 20

06

jan/07

fev/0

7

mar

/07

abr/0

7

mai/

07

jun/07

jul/07

ago/07

set/0

7

out/0

7

nov/0

7

dez/0

7

Méd

ia 20

07

jan/08

fev/08

mar

/08

abr/0

8

Méd

ia 20

08

Meses

% d

e N

ão-Q

ualid

ade

Figura 20: Índices históricos da não qualidade do processo. Fonte: Empresa D.

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68

A figura 20 representa a medição do índice de não qualidade através das

auditorias da qualidade. São apresentados na figura o índice médio de 2006, os índices

mensais de 2007 e sua respectiva média, bem como os índices referentes a 2008.

A demanda de produção dos painéis medida em 2007 é de aproximadamente

13.000 m² por mês. Por se tratar de uma demanda sazonal, a produção mensal média

de 2008 está em apenas 8671 m² com perspectiva de aumento nos meses seguintes.

O custo médio de produção de todos os modelos de painéis, considerando

material e mão-de-obra, segundo a empresa é de aproximadamente R$99,00 por m².

Estima-se, por conta disso, um prejuízo por conta da não qualidade de

aproximadamente R$373.000,00 em 2007 e R$40.200,00 nos quatro primeiros meses

de 2008.

4.4.1 Coleta dos dados da não qualidade

No ano de 2008, teve inicio a medição do percentual de não qualidade com a

estratificação dos principais motivos da não qualidade. A coleta de dados dá-se através

de ficha de registro, que é preenchida sempre que detectada uma anomalia no produto

durante a auditoria.

Na ficha de registro utilizada para registro das ocorrências dos problemas de não

qualidade são preenchidos os seguintes campos:

− Data da verificação;

− Data e turno da fabricação do produto;

− Cliente;

− Número do pedido;

− Tipo do produto;

− Tipo de preenchimento;

− Dimensões do painel com anomalias (largura e comprimento);

− Tipo de anomalia (através de código disponível em tabela);

− Informações adicionais quando o tipo de anomalia não estiver entre os listados.

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Figura 21: Ficha de registro utilizada na auditoria. Fonte: Empresa D.

No formato apresentado na figura 21, uma ficha é utilizada para o registro de

dezenas de anomalias. Este formato, com as informações referentes ao produto foi

adotado, devido ao fato de a folha servir para comunicação dos responsáveis nos casos

de necessidade de refabricação ou reparo dos painéis, de acordo com a intensidade da

anomalia.

No caso de não serem detectadas anomalias durante a auditoria, nenhuma folha

é preenchida e o índice de não qualidade é tido como zero.

4.4.2 Principais problemas de qualidade do produto

As principais não conformidades encontradas nos painéis são, em ordem

decrescente de ocorrência, apresentadas a seguir:

− Contrações leves nas laterais;

− Contrações leves no topo;

− Falta de material (preenchimento insuficiente);

DataData

Fabricação Turno Clientes PedidoTipo

ProdutoTipo do Material

Comprimento (mm)

Largura (mm)

Código da NC

Informações Adicionais

07/01/2008 03/12/2007 2 Cooling 2407 frigoloc pur 5100 1149 507/01/2008 07/01/2008 1 General Mill 4958 frigoloc pur 9100 1149 207/01/2008 07/01/2008 1 General Mill 4958 frigoloc pur 9100 1149 207/01/2008 07/01/2008 1 General Mill 4958 frigoloc pur 9100 1149 28 Loc amassado

09/01/2008 03/12/2007 2 Cooling 2407 frigoloc pur 5000 1149 509/01/2008 03/12/2007 2 Cooling 2407 frigoloc pur 5000 1149 509/01/2008 03/12/2007 2 Cooling 2407 frigoloc pur 5000 1149 511/01/2008 09/01/2008 1 Damm Pro. Alim. 5454 frigoloc pur 10000 1149 811/01/2008 09/01/2008 2 Damm Pro. Alim. 5454 frigoloc pur 10000 1149 1411/01/2008 09/01/2008 2 Damm Pro. Alim. 5454 frigoloc pur 10000 1149 311/01/2008 20/11/2007 2 Abcx 4761 frigoloc pur 5025 1149 314/01/2008 07/01/2008 3 General Mill 4958 frigoloc pur 4500 1149 1414/01/2008 07/01/2008 3 General Mill 4958 frigoloc pir 4500 1149 1414/01/2008 07/01/2008 3 General Mill 4958 frigoloc pir 4500 1149 1421/01/2008 17/01/2008 2 Frican-Guaru 6058 frigoloc pir 5250 1149 1421/01/2008 16/01/2008 2 Frican-Guaru 6058 frigoloc pur 5250 1149 1021/01/2008 16/01/2008 3 Frican-Guaru 6058 frigoloc pur 2650 1149 821/01/2008 17/01/2008 3 Frican-Guaru 6058 frigoloc pur 2650 1149 221/01/2008 17/01/2008 3 Frican-Guaru 6058 frigoloc pur 2650 1149 1121/01/2008 17/01/2008 1 Frican-Guaru 6058 frigoloc pur 2430 1149 421/01/2008 17/01/2008 1 Frican-Guaru 6058 frigoloc pur 2430 1149 416/01/2008 16/01/2008 3 Fmc 9711 frigoloc pir 2250 1149 316/01/2008 16/01/2008 3 Fmc 9711 frigoloc pir 2250 1149 416/01/2008 16/01/2008 3 Fmc 9711 frigoloc pur 2250 1149 2

PLANILHA DE INSPEÇÃO DE PRODUTOS ACABADOS

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− Contrações médias no topo;

− Posição incorreta dos fechos loc;

− Contrações leves nas laterais acentuadas (em vários pontos);

− Delaminação (não aderência do revestimento ao preenchimento);

− Contrações médias nas laterais;

− Danos causados pelo transporte com empilhadeira;

− Acabamento superficial insatisfatório.

A seguir, fotos dos principais não-conformidades dos produtos levantadas no processo.

Figura 22: Painéis com contrações laterais médias acentuadas. Fonte: Empresa D.

Falha irreparável Falha reparável

Figura 23: Painel falha de injeção (preenchimento incompleto). Fonte: Empresa D.

Contrações

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71

Figura 24: Painéis com problema no encaixe por posição incorreta do fecho loc, acabamento superficial insatisfatório e delaminação. Fonte: Empresa D.

Figura 25: Painel com acabamento superficial insatisfatório. Fonte: Empresa D.

A figura 26 apresenta os principais problemas de qualidade levantados nas

auditorias da qualidade realizadas no período de janeiro a abril de 2008.

Descrição do Problema Total NC (m²) % NC

Contr. Laterais Leves 105,78 26,05%

Contr. no Topo Leve 63,44 15,63%

Falta de Material 48,19 11,85%

Posição Incorreta dos Fechos Loc 45,68 11,25%

Contr. no topo médio 44,05 10,85%

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Contr. Laterais Leves Acentuadas 32,09 7,91%

Outros (anotar em Inf. Adicionais) 28,58 7,05%

Delaminação 14,91 3,67%

Contração Lateral Média 14,14 3,48%

Empilhadeira 6,19 1,50%

Acabamento 3,09 0,76%

Figura 26: Principais problemas de qualidade do processo e sua participação. Fonte: Empresa D.

A figura 26 representa o total de painéis defeituosos em m² detectados no

período de abril a janeiro de 2008. A produção de painéis termoisolantes atingiu no

mesmo período um total de 34685,55 m².

Com base na coleta de dados é montado o gráfico de Pareto de forma a definir a

prioridade de resolução de cada problema de qualidade, o que é ilustrado no gráfico da

figura 27.

GRÁFICO DE PARETO DA NÃO QUALIDADE

44,1 32,1 28,614,9 14,1 6,2 3,1

45,748,2

63,4

105,8

26,0%

41,7%

53,5%

64,8%

75,6%

83,5%90,6%

94,2%97,7% 99,2% 100,0%

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

Contr.

Later

ais Le

ves

Contr.

no Top

o Lev

e

Falta d

e Mate

rial

Posiçã

o Inc

orreta

dos F

echo

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no top

o méd

io

Contr.

Later

ais Le

ves A

centu

adas

Outros

(ano

tar em In

f. Adic

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)

Delamina

ção

Contra

ção L

ateral

Méd

ia

Empilha

deira

Acaba

mento

Tota

l não

con

form

e (m

²)

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

FA %

Total N-C % N-C

Figura 27: Gráfico de Pareto referente aos problemas de qualidade de 2008. Fonte: Empresa D.

O gráfico apresentado na figura 27 representa o gráfico de Pareto dos problemas

de qualidade do produto estudado, onde FA % representa a freqüência acumulada.

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73

4.5 INSTRUÇÕES DE TRABALHO USADAS NO PROCESSO PRODUTIVO ATUAL

A padronização do processo produtivo se dá através das instruções de trabalho

que informam a seqüência das atividades e as formas mais adequadas de realizar o

processo e dos parâmetros de processo, que descrevem dimensões, formatos,

temperaturas, pressão de operação, tempos de injeção, e outras especificações do

produto e do processo.

Para facilitar a compreensão das atividades, as instruções de trabalho são feitas

em formato pictórico, ou seja, além da descrição das atividades, contam com fotos das

operações.

A figura 28 representa parte da instrução de trabalho da operação de

acabamento dos painéis.

Figura 28: Instrução de trabalho da área estudada. Fonte: Empresa D.

A figura 29 representa um dos parâmetros utilizados no processo, no caso, o

desenho para análise de riscos no revestimento dos painéis. De acordo com estes

parâmetros os painéis podem ser aprovados, retrabalhados ou refugados.

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74

Figura 29: Desenho para análise de riscos e amassamentos em painéis. Fonte: Empresa D.

A figura 29 representa o parâmetro para avaliação de painéis utilizado. Painéis

que apresentarem riscos nas regiões B e C poderão ser reparados e caso ocorram na

região A são substituídos.

As instruções de trabalho e os parâmetros de processo ficam dentro de pastas

plásticas sobre suportes localizados próximo às áreas onde as operações são

realizadas, facilitando sua consulta quando necessário.

Figura 30: Instruções de trabalho na área produtiva. Fonte: Empresa D.

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75

4.6 DIFICULDADES REFERENTES À QUALIDADE EVIDENCIADAS NO PROCESSO

A elaboração do trabalho propiciou ao pesquisador o conhecimento detalhado

em relação ao processo de fabricação do produto estudado, bem como à forma com

que é realizada a avaliação do nível de não qualidade e a resolução de seus

respectivos problemas.

Este fato contribuiu para o levantamento de certos desvios nestes

procedimentos. Tais desvios foram observados durante a fase exploratória da pesquisa

onde o pesquisador acompanhou a realização do processo juntamente com os

inspetores da qualidade e os operadores.

4.6.1 Falta de controle da qualidade no processo produtivo

Foi evidenciado durante a pesquisa que se realizam certas verificações nos

produtos durante o processo produtivo. No entanto, os dados referentes a estas

verificações não são aproveitados para a geração de informações úteis à resolução de

problemas encontrados.

Esta situação acarreta em uma maior possibilidade de itens defeituosos

continuarem no processo produtivo normal, podendo até ser enviados aos clientes

desta forma. Além disso, não ocorre a eliminação das causas de tais defeitos.

4.6.2 Dificuldades no tratamento das causas das anomalias

Verificou-se, durante a pesquisa, que muitas ferramentas da qualidade são do

conhecimento dos colaboradores, as quais foram explanadas em treinamento

específico, no entanto, as mesmas não são aplicadas efetiva e freqüentemente na

resolução dos problemas de qualidade.

Embora se tenha evidenciado a utilização de gráficos de Pareto para a

priorização quanto à resolução dos problemas de qualidade, outras ferramentas para a

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identificação das causas não são utilizadas. Esta situação acarreta na não realização

de ações necessárias para resolução dos problemas existentes.

Quando se toma alguma ação, as mesmas são geralmente de cunho corretivo,

sem foco no tratamento das reais causas dos problemas. Desta forma obtem-se

somente um tratamento sintomático das anomalias.

Esta situação gera diversas conseqüências negativas ao processo, podendo-se

destacar as seguintes:

− Níveis baixos de qualidade dos produtos;

− Retrabalho e horas extras para o atendimento de pedidos;

− Desperdícios de matéria-prima.

Esses efeitos ocasionam elevação no custo de produção dos painéis

prejudicando a competitividade da empresa. A figura 31 representa os custos referentes

à matéria prima e mão-de-obra empregada nos painéis defeituosos no período de

janeiro a abril de 2008.

GRÁFICO DE PARETO REFERENTE AOS CUSTOS DA NÃO QUALIDADE

4361 3177 2830 1476 1400 613 306

10472

6281

4771 4522

26,0%

41,7%

53,5%

64,8%

75,6%

83,5%90,6%

94,2%97,7% 99,2% 100,0%

R$ -

R$ 5.000,00

R$ 10.000,00

R$ 15.000,00

R$ 20.000,00

R$ 25.000,00

R$ 30.000,00

R$ 35.000,00

R$ 40.000,00

Contr.

Later

ais Le

ves

Contr.

no T

opo L

eve

Falta d

e Mat

erial

Posiçã

o Inc

orreta

dos

Fec

hos L

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Contr.

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édio

Contr.

Later

ais Le

ves A

centu

adas

Outros

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Adicion

ais)

Delamina

ção

Contra

ção L

atera

l Méd

ia

Empilha

deira

Acaba

men

to

Cus

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as n

ão-c

onfo

rmid

ades

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

FA %

Total N-C % N-C

Figura 31: Gráfico de Pareto referente aos custos da não qualidade. Fonte: Empresa D.

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77

A figura 31 apresenta o gráfico de Pareto referente aos custos da não qualidade dos

painéis termoisolantes.

4.6.3 Medição inconsistente do índice de não qualidade dos produtos

A forma com que é gerado o índice de não qualidade, através de auditorias

realizadas nos produtos acabados, embora expresse, de forma razoável a freqüência

de ocorrência de cada não conformidade, não possibilita a geração precisa e adequada

de índices estatísticos de não-qualidade do processo de acordo com as seguintes

circunstâncias:

− As auditorias são diárias, e sendo sabido que muitos painéis são produzidos e

embarcados em seguida, portanto sem alojamento no pátio, logo, conclui-se que

estes painéis não são auditados.

− O índice de não qualidade é gerado através da relação entre a área em que foram

detectadas anomalias e a área total produzida e não a área amostrada, o que é

incompatível estatisticamente, pois o índice tende a ser menor que o real. O índice

deveria ser calculado em relação à área amostrada. Para a comparação com a área

total de painéis produzidos seria necessária a auditoria em 100% desses painéis.

− Nas auditorias, os painéis já estão empilhados, de forma que riscos, amassamentos,

defeitos no perfilhamento das chapas, manchas na pintura e outras anomalias

possivelmente existentes no revestimento dos painéis ficam impossibilitadas de

serem detectadas, dado que durante a auditoria as pilhas de painéis não são

desfeitas para tal verificação.

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78

5 PROPOSTAS DE IMPLANTAÇÃO DO CEP

Em virtude das dificuldades encontradas para eliminar as anomalias no processo

produtivo, bem como para reduzir a variabilidade, surge a necessidade de implantação

de uma ferramenta que possibilite atuar de forma preventiva na ocorrência das não-

conformidades.

Desta forma, o controle estatístico do processo se apresenta como a ferramenta

indicada para monitorar o processo produtivo, atuar de forma preventiva, reduzindo a

variabilidade e conseqüentemente reduzindo os desperdícios e aumentando a

produtividade.

A figura 32 apresenta a relação de dificuldades detectadas e as melhorias

sugeridas.

DIFICULDADES MELHORIAS PROPOSTAS

4.6.1 Falta de controle da qualidade no processo produtivo 5.1 Implantação do CEP

4.6.2 Dificuldades no tratamento das causas das anomalias 5.2 Utilização das ferramentas do CEP

4.6.3 Medição inconsistente do índice de qualidade dos produtos

5.3 Alteração da avaliação do nível de não qualidade dos produtos

Figura 32: Propostas de melhoria. Fonte: Primária, 2008

5.1 IMPLANTAÇÃO DO CEP

Para a implantação do CEP no processo estudado, torna-se necessário o

estabelecimento de certas etapas, as quais são consideradas fundamentais para o

sucesso do projeto.

As etapas sugeridas são apresentadas a seguir:

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− Formação e treinamento da equipe de implantação;

− Elaboração do projeto piloto;

− Seleção das características críticas da qualidade;

− Capacidade do sistema de medição;

− Avaliação da estabilidade e da capacidade do processo.

5.1.1 Formação e treinamento da equipe de implantação

De acordo com a estrutura hierárquica da empresa, sugere-se que a equipe de

implantação seja formada pelo coordenador da qualidade, inspetor da qualidade,

supervisor de produção, líder de produção e pelos operadores do processo. Dentre

estes, o inspetor da qualidade estará incumbido de realizar as inspeções nos painéis,

coletar e processar os dados, bem como divulgá-los aos outros membros da equipe.

Como líder do processo de implantação foi selecionado o coordenador da

qualidade, que possui conhecimento teórico e prático do CEP e supervisionará todo o

processo, desde a coleta de dados até o tratamento das causas das não-

conformidades.

Contudo, também é necessário que a equipe passe por treinamento referente

aos gráficos de controle e as ferramentas do CEP. Para isto sugere-se a contratação

de serviço de consultoria, para realização de treinamentos in company, onde será

possível aos consultores fazer a correlação da teoria com a prática específica da

empresa em estudo. Da mesma forma para os operadores facilitará a compreensão de

como será a aplicação da teoria no seu ambiente de trabalho diário.

No caso dos inspetores da qualidade, também é necessária a realização de

treinamentos referentes à inspeção da qualidade para que todos tenham o mesmo

padrão visual de avaliação em relação à detecção de defeitos ou não-conformidades e

às características da qualidade do produto. Com isto pretende-se minimizar a

variabilidade relacionada à reprodutibilidade das avaliações.

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O supervisor e o líder de produção juntamente com os operadores serão

responsáveis pelo uso das ferramentas do CEP para a determinação e tratamento das

causas das não-conformidades encontradas.

5.1.2 Identificação das etapas críticas do processo para implantação do CEP

Conforme evidenciado na pesquisa, percebeu-se necessária a inserção do CEP

em etapas chave da fabricação dos painéis. Analisou-se então o processo e verificou-

se como etapa crítica a inspeção final dos painéis após as operações de acabamento.

Esta etapa foi selecionada por permitir a avaliação de certas características que

não podem ser avaliadas após o empilhamento, como por exemplo, a integridade do

revestimento (ausência de riscos, amassamentos, ondulações, bolhas, furos indevidos

ou incorretos, falhas ou manchas na pintura, entre outras).

Desta forma, podem-se corrigir as não-conformidades logo após sua ocorrência,

aumentando a eficácia das ações tanto corretivas quanto preventivas.

Após a implantação e verificação da eficácia do CEP nesta etapa, sugere-se

também que outras etapas importantes sejam monitoradas, tais como o corte e

perfilhamento de chapas metálicas e avaliação de produtos acabados alojados no pátio

ou em área coberta. O controle nestas outras etapas complementará a etapa piloto,

promovendo a melhoria do processo de fabricação de forma mais abrangente.

Para o monitoramento do processo é importante também definir quais as

características a serem monitoradas nesta etapa.

A figura 33 representa a inserção do CEP no processo de inspeção dos painéis

termoisolantes, logo após as operações de acabamento.

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Figura 33: Implantação do CEP no processo de fabricação. Fonte: Primária, 2008.

Na figura 33 é destacada a inserção do CEP na etapa de inspeção dos painéis

termoisolantes.

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5.1.3 Identificação das características críticas da qualidade

Juntamente com a equipe da qualidade foram definidas as seguintes

características como as principais a serem avaliadas na etapa piloto:

− Integridade do revestimento (ausência de riscos, amassamentos, ondulações,

manchas ou falhas na pintura, furos indevidos, entre outros);

− Cor e material do revestimento;

− Preenchimento completo e com o material termoisolante especificado;

− Acabamento superficial;

− Posicionamento correto dos fechos;

− Dimensões (largura, espessura e comprimento);

− Esquadrejamento;

− Encaixe dos painéis e verificação dos fechos.

Para o monitoramento destas características é necessário definir as formas de

controle a serem utilizadas

5.1.4 Definição das formas de controle estatístico

As formas de controle estatístico levam em conta as características da qualidade

a serem avaliadas e seus respectivos critérios de aprovação. Como muitos dispositivos

de controle já existem no processo, os mesmo serão aproveitados para a avaliação.

A figura 34 representa as principais características a serem avaliadas e suas

respectivas formas de controle:

Característica Forma de controle Critério de Aprovação Integridade, cor e material do revestimento Verificação visual Parâmetros de avaliação

Material e integridade do preenchimento Verificação visual Especificações do projeto

e parâmetros de avaliação Acabamento superficial Verificação visual Especificações de projeto Posicionamento dos fechos loc Trena Especificações de projeto

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Largura do preenchimento Gabarito PNP Especificações de projeto Espessura do painel Gabarito PNP Especificações de projeto Comprimento do painel Trena Especificações do projeto Esquadrejamento do painel Esquadro Especificações de projeto Encaixe e verificação dos fechos dos painéis Junção de dois painéis Especificações de projeto

Figura 34: Relação de formas de controle e critérios de aprovação das características da qualidade. Fonte: Empresa D.

Na figura 34 são apresentadas as principais características do produto, suas

formas de controle e critérios de aprovação.

5.1.4.1 Coleta e processamento de dados

A coleta de dados sugerida será realizada através de formulários pré-

estabelecidos, onde serão anotadas a área amostrada, as não-conformidades

detectadas e o número de ocorrências de cada uma. A localização aproximada das

não-conformidades detectadas também deverá ser registrada nesta folha, de forma a

facilitar o tratamento de causas específicas. Com isto poder-se-á também confeccionar

o diagrama de confecção de defeitos. O anexo 01 apresenta o formulário sugerido para

a coleta dos dados.

Os dados coletados serão então processados em softwares, que apresentarão

os resultados do monitoramento. Sugere-se que seja adquirida licença de uso de

softwares voltados especificamente ao controle estatístico de processos, como o

Minitab ou o módulo CEP do Isosystem, que contam com modelos gráficos pré-

definidos, bastando ao usuário inserir os dados e selecionar o gráfico mais adequado.

Nestes casos, será necessário fornecer treinamento aos envolvidos para que a

operação do software seja adequada e eficiente.

No entanto, para controle inicial, podem ser desenvolvidas planilhas em Excel,

software disponível na empresa. O anexo 02 traz um exemplo de planilha em Excel que

pode ser utilizado para este controle.

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Neste caso, o custo de aquisição de softwares seria eliminado, mas, seria maior

o tempo de trabalho do inspetor para criar, formatar e atualizar os gráficos referentes ao

processo, o que, a longo prazo, pode tornar-se uma desvantagem.

O processamento dos dados obtidos será realizado pela área da qualidade, que

então trará o resultado ao líder e supervisor da área piloto para verificação das ações a

serem tomadas.

5.1.5 Seleção do modelo gráfico a utilizar

De acordo com as características dimensionais dos painéis termoisolantes do

tipo sanduíche (que chegam a treze metros de comprimento) optou-se pela avaliação

por atributos. Nesta modalidade, pode-se realizar o controle dos defeitos dos produtos

logo após a sua confecção, evitando que sejam enviados aos clientes.

Outra situação verificada foi a de que as dimensões (comprimento e espessura)

do produto variam de acordo com a solicitação do cliente, resultando em amostras de

tamanhos também variáveis. Além disso, a fabricação do produto é medida em metros

quadrados e não por peças produzidas.

Para estas condições o gráfico de controle mais adequado é o gráfico u, que

expressa o número médio de não-conformidades encontradas por unidade amostrada.

Neste caso o gráfico expressará então, o número médio de não-conformidades por

metro quadrado de painel amostrado.

5.1.5.1 Definição do plano de amostragem

Conforme já mencionado a produção dos painéis é realizada de acordo com o

projeto do cliente, não havendo produção constante de painéis do mesmo tamanho.

Isso incorre na impossibilidade de utilizar amostras de tamanho pré-definido e por conta

desta situação será realizado o controle através da contagem do número de não-

conformidades em relação à área dos painéis amostrados.

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Com uma produção média diária de aproximadamente 433 m², e considerando o

nível de qualidade aceitável de 1,50% estabelecido pela gerência da empresa para

2008, avaliou-se a tabela para codificação de amostragem da norma ABNT NBR 5426

(1985), que está no anexo 03 deste trabalho.

De acordo com a tabela, o código mais apropriado para a amostra é o J, usado

para tamanhos de lote entre 281 e 500 unidades e para nível geral de inspeção III, onde

a inspeção exige maior discriminação. Em seguida verificou-se a tabela referente aos

planos de amostragem simples e regime de inspeção severa da ABNT NBR 5426

(1985) que está no anexo 04 deste trabalho, para definir o tamanho da amostra e os

critérios para aceitação ou rejeição.

O regime de inspeção severa foi adotado em virtude da necessidade de maior

controle na etapa inicial da implantação do CEP e do NQA estipulado ser abaixo da

média do ano anterior. De acordo com o sistema de comutação da norma ABNT 5426

(1985), neste regime, apenas se passa para o regime normal após a amostragem em

cinco lotes consecutivos sem detecção de defeitos.

De acordo com os resultados apresentados pelo processo, poder-se-á alterar o

regime de inspeção para normal ou atenuado.

O tamanho da amostra estipulado na tabela é de 80 unidades e o critério para

aprovação é o máximo de 2 unidades com não-conformidades por amostra, ou seja, se

o número foi maior que este, dever-se-á aplicar a inspeção 100% em todo o lote

amostrado, visando conter e corrigir os problemas e impedir o envio de itens

defeituosos aos clientes.

Portanto, como a amostragem não poderá ser efetuada com amostras de

tamanho igual, deverão ser amostrados diariamente aproximadamente 80 m² de

painéis.

Os 433 m² de produção diária se distribuem em aproximadamente 40 moldadas

em média, o que resulta em 10,82 m² por moldada. Desta forma, para atender às

especificações da norma e ao nível de qualidade aceitável da empresa, torna-se

necessário o controle estatístico de processo com base na amostragem em 8 moldadas

diárias. Como o processo é realizado em dois turnos serão amostradas quatro

moldadas por turno.

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5.1.6 Capacidade do sistema de medição

Para que os resultados obtidos com a implantação do CEP possuam

confiabilidade, torna-se necessária a verificação do sistema de medição, abrangendo os

instrumentos e os operadores do processo.

Para tal, faz-se necessária a realização de treinamento abordando noções

básicas de metrologia, no intuito de nivelar o conhecimento dos operadores. Em

seguida, parte-se então para a avaliação da repetibilidade e reprodutibilidade dos

resultados.

Nesta etapa será realizada a avaliação de R&R para atributos, no intuito de

verificar sua atual situação e eliminar a variabilidade existente. Dentro desta avaliação

serão verificadas a repetitividade e a reprodutibilidade. A repetitividade será verificada

com testes nos equipamentos de medição, que incluem trenas e gabaritos passa-não-

passa.

Desta forma, poder-se-á detectar variações devido aos equipamentos, nas

medições da mesma característica do mesmo item inspecionado e pelo mesmo

inspetor.

A reprodutibilidade será verificada através de testes com os operadores, no

intuito de detectar variações nas inspeções baseadas em medições, bem como nas

inspeções visuais.

5.1.7 Avaliação da estabilidade e da capacidade do processo

Devido ao processo fabricar itens por projeto, com alto grau de variação é

necessário avaliar a estabilidade e a capacidade do processo após um período de pelo

menos um mês. Isso permitirá avaliar se o processo apresenta variações significativas

após trocas de moldes (set-up) ou operadores e se estas variações comprometerão o

atendimento às especificações do projeto.

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5.2 UTILIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS DO CEP

Como visto na revisão bibliográfica o CEP é uma ferramenta eficaz na redução

da variabilidade existente nos processos. No entanto, o CEP necessita de algumas

ferramentas que auxiliem na resolução das causas dos problemas detectados.

Estas ferramentas devem ser utilizadas de forma ordenada e focada na

resolução das causas dos problemas, obtendo assim maior eficácia nas ações

preventivas e corretivas.

5.2.1 Definição da metodologia de resolução de problemas

Com base nos dados obtidos nas folhas de verificação, poder-se-á então utilizar

as ferramentas do CEP para resolução de problemas. O processo de melhoria da

qualidade se dará da seguinte forma:

− Montagem do gráfico de Pareto para definição do grau de participação de cada não-

conformidade no processo e conseqüentemente da prioridade de resolução das

mesmas;

− Utilização do diagrama de causa e efeito para definição das causas das anomalias;

− Utilização do diagrama de concentração de defeito para facilitar o tratamento de

causas pontuais e repetitivas;

− Utilização do diagrama de dispersão para os casos em que for necessário testar

determinadas variáveis no intuito de descobrir as causas de certa não-conformidade;

− Utilização de gráficos de controle para monitoramento tanto do processo quanto da

eficácia das ações tomadas.

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5.3 ALTERAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA NÃO QUALIDADE DOS PRODUTOS

Esta alteração é necessária em deccrrência de a avaliação atual não prover

consistência em seus resultados, pois o índice é gerado através da relação entre a área

dos painéis não conformes e a área total produzida no período.

Sugere-se então a alteração no cálculo do índice para o seguinte:

%100% ×=−AmostradaÁrea

NCÁreaQualidadeNão

Onde:

QualidadeNão −% = Percentual de não qualidade dos produtos;

NCÁrea = Área não-conforme encontrada na auditoria;

AmostradaÁrea = Área amostrada durante a auditoria.

Outra sugestão de melhoria é a utilização do gráfico p, que representa em

termos percentuais o número de itens não conformes em relação ao número de itens

amostrados. O gráfico possibilita representar de forma gráfica a porcentagem de não

qualidade permitindo mais uma forma de monitoramento estatístico, buscando a

qualidade estabelecida pela empresa .

No entanto, a alteração na forma de cálculo do índice não resolve todos os

problemas encontrados no processo de auditoria.

Sugere-se que o processo de auditoria seja realizado de forma mista,

observando os painéis acabados logo após do término da etapa do acabamento e

também os alojados no pátio.

Desta forma, poderão ser avaliados, além das características avaliadas

atualmente, também os revestimentos dos painéis, de forma a detectar riscos,

amassamentos e outras anomalias possivelmente existentes nos mesmos.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fundamentação teórica revelou os impactos que a não qualidade pode causar

em uma organização e ressaltou a importância do controle e melhoria da qualidade

através de métodos estruturados que a sustentem.

O presente trabalho teve como principal objetivo desenvolver uma proposta para

implantação de um programa de controle estatístico de processo na fabricação de

painéis termoisolantes numa empresa industrial de médio porte do ramo de câmaras

frigoríficas.

Além do CEP também foram propostas ferramentas de apoio na resolução dos

problemas referentes à qualidade encontrados, promovendo desta forma a melhoria

contínua do processo. No entanto, é necessário que além da utilização das ferramentas

propostas também seja mudada a cultura dos envolvidos, focando na resolução das

causas dos problemas e buscando fazer certo da primeira vez.

Como complemento e visando facilitar a implantação e sustentação do CEP e

suas ferramentas, também foram propostos:

− a estrutura necessária ao monitoramento do processo estudado, abrangendo os

integrantes da equipe de implantação, suas responsabilidades e funções;

− as necessidades de treinamentos específicos voltados ao CEP e sua forma de

realização;

− as formas de coleta e processamento de dados;

− o gráfico de controle mais apropriado ao caso.

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6.1 RESULTADOS ESPERADOS

Incorporar ao processo estudado a coleta de dados e sua respectiva

transformação em informações úteis à resolução de problemas referentes à qualidade

dos produtos, promovendo desta forma a melhoria contínua e estruturada do processo.

Promover através do CEP a redução dos custos da não qualidade, por meio do

tratamento das causas das anomalias identificadas com o monitoramento.

Efetivar a avaliação estatística do processo, de forma a torná-lo desta forma

controlado, eliminando a atuação de agentes empíricos na tomada de ações corretivas

ou preventivas.

Tornar o CEP como referência para a comparação da situação do processo

antes e depois da realização de alterações nos métodos de fabricação, nos

equipamentos entre outras.

6.2 ALCANCE DOS OBJETIVOS

Os objetivos específicos apresentados no primeiro capítulo deste trabalho foram

avaliados e as propostas de melhorias apresentadas buscam o alcance destes

objetivos conforme a seguir.

− Identificação das etapas críticas do processo para implantação do CEP

A identificação das etapas críticas do processo é fundamental para implantação

do CEP, pois esta impacta de forma expressiva no resultado final do processo.

Juntamente com a equipe da qualidade foram avaliadas as etapas do processo,

chegando-se à conclusão de que a inspeção após o acabamento é o ponto mais crítico,

pois apenas nesta etapa certos defeitos podem ser enviados antes de o produto ser

enviado ao cliente.

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− Identificação das características críticas da qualidade

A identificação das características críticas da qualidade foi realizada com base

nos registros de freqüência de ocorrência de não-conformidades apresentado pela área

da qualidade. Foram então selecionadas as características referentes aos defeitos mas

freqüentes, visando tratamento imediato destes com as ferramentas propostas.

− Definição das formas de controle estatístico

A definição das formas de controle estatístico foi realizada de acordo com as

características do processo e seguindo as especificações da norma ABNT NBR 5426

(1985). Esta última estabelece as diretrizes para a elaboração de planos de

amostragem e procedimentos na inspeção por atributos.

− Seleção do modelo gráfico a utilizar

A seleção do modelo gráfico a se utilizar considerou as características do

processo e do produto e as definições apresentadas na revisão bibliográfica. Com isto

pretende-se utilizar o CEP de forma eficaz no tratamento e prevenção das causas

especiais do processo.

− Definição do plano de amostragem

A definição do plano de amostragem levou em consideração aspectos tanto do

processo quanto do produto, bem como as definições apresentadas na norma ABNT

NBR 5426 (1985). Desta forma, almeja-se controle eficaz da os itens referentes à

qualidade, bem como melhorias consistentes na qualidade do produto.

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− Definição da metodologia de resolução de problemas

A definição da metodologia de resolução de problemas é de fundamental

importância para as devidas tomadas de ação frente aos problemas detectados pelo

CEP.

6.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

As recomendações para trabalhos futuros referem-se à aplicação prática do

controle estatístico de processo e das ferramentas para melhoria da qualidade

abordadas neste trabalho na empresa estudada.

Também sugere-se a extensão do controle estatístico para outros pontos chaves

do processo de fabricação de painéis termoisolantes, bem como para a manufatura de

outros itens produzidos pela empresa, como portas frigoríficas e salas limpas.

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REFERÊNCIAS

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ABNT NBR ISO 9000. Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro: 2000.

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ANEXOS

ANEXO 01 – FORMULÁRIO PARA INSPEÇÃO DE PAINÉIS

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ANEXO 02 - PLANILHAS PARA CONTROLE DO CEP

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ANEXO 2 - CONTINUAÇÃO

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ANEXO 2 - CONTINUAÇÃO

Defeitos por m²

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Amostras

Def

eito

s po

r m

²

u

LIC

LSC

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ANEXO 03 - TABELA 1 DA NORMA NBR ABNT 5426 (1985)

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ANEXO 04 – PLANO DE AMOSTRAGEM SIMPLES - SEVERA NORMA NBR ABNT

5426 (1985)