UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · A dengue é uma das doenças exantemáticas...
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS
ESTUDO DOS FATORES DE PROGNÓSTICOS PARA DENGUE GRAVE
ALINE ANNE OLIVEIRA DA SILVA
Manaus 2015
i
ALINE ANNE OLIVEIRA DA SILVA
ESTUDO DOS FATORES DE PROGNÓSTICOS PARA DENGUE GRAVE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, para a obtenção grau de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas.
Orientadora: Profª Dra. Maria Paula Gomes Mourão Co-Orientadora: Profª Dra. Lúcia Alves da Rocha
Manaus 2015
Ficha Catalográfica
S586e Silva, Aline Anne Oliveira da.
Estudo dos fatores de prognósticos para dengue grave ./ Aline
Anne Oliveira da Silva. -- Manaus : Universidade do Estado do
Amazonas, Fundação de Medicina Tropical, 2015.
xviii, 80 f. : il.
Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do
Amazonas – UEA/FMT, 2015.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Paula Gomes Mourão
1.Dengue grave 2.Prognóstico 3.Adulto 4.Criãnça. Título.
CDU: 616.9(043)
Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Maria Eliana N Silva,lotada na
Escola Superior de Ciências da Saúde - UEA
ii
Ficha Catalográfica
Conteúdo: Aline Anne Oliveira da Silva. Estudo dos fatores de prognósticos para dengue
grave.
Apresentação
Fonte: http://www.biblioteca.epm.br/_ficha_catalografica.htm
Silva, Aline Anne Oliveira
Estudo dos Fatores de Prognósticos para Dengue Grave. Aline Anne Oliveira da Silva.—Manaus, 2015. xix, 81f. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Amazonas. Escola Superior de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical. Título em inglês: Study of Prognostic Factors for Dengue severe. 1.Dengue Grave 2. Prognóstico 3. Adulto 4. Criança
iii
FOLHA DE JULGAMENTO
ESTUDO DOS FATORES DE PROGNÓSTICOS PARA DENGUE GRAVE
ALINE ANNE OLIVEIRA DA SILVA
“Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”.
Banca Julgadora:
______________________________________
Maria Paula Gomes Mourão
______________________________________
Jorge Augusto de Oliveira Guerra
______________________________________
Marianna Facchinetti Brock
iv
Dedicatória
Aos meus pais Maria Vera Lúcia Oliveira da
Silva e Antônio Carlos da Silva pela confiança
depositada em mim, ao longo dessa jornada,
pelo apoio e dedicação de todos os dias. E a
todos os participantes que se propuseram a
fazer parte desse estudo.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela força em todos os momentos da minha vida, não deixando
fraquejar e nem perder a fé em nenhum momento, pela sua constante sabedoria,
sempre À Mãezinha do céu, por sua intercessão em todos os momentos.
Aos meus pais Maria Vera Lúcia Oliveira e Antônio Carlos da Silva pelos sacrifícios
pelos quais passaram para fazer com que eu chegasse até onde cheguei.
À minha orientadora Maria Paula Gomes Mourão por suas orientações e
disponibilidade em contribuir em minha orientação e pelo enorme aprendizado.
À minha co-orientadora Lúcia Alves da Rocha, pela dedicação em suas orientações,
pela disponibilidade, interesse, incentivo, pelo aprendizado diário e por estar sempre
por perto.
À Universidade do Estado do Amazonas em parceria com a Fundação de Medicina
Tropical-Dr Heitor Vieira Dourado pelo fornecimento de cursos de excelência. À
agência de fomento Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas pela
bolsa concedida no período de estudo e ao Ministério da Saúde pelo financiamento.
Às minha amigas desde sempre Ivany Vinhote, Pollyanna Gomes, Samyra Zureiq,
Sherlly Rossetti, Carla Alves, Lídia Castro e Michaele Pereira, Cristiane Mitiko e
Jucileide Tonon pelo incentivo na realização deste trabalho.
Aos amigos que conquistei durante esses anos de curso Alexandra Brito, Laise
Magalhães, Daniele Araújo, Karol Jimenez e Dária Neves. Obrigada pelo apoio.
Aos profissionais do Ambulatório da FMT-HVD, Enfermeira Renata Poinho e Dr.
Orlando Justino de Araújo, pela disponibilidade em ajudar na realização da coleta
dos dados. À Michele Bastos pela ajuda nos exames específicos. Aos funcionários
da Pós-Graduação pelo incentivo e colaboradores do setor da Virologia, laboratório,
ambulatório e Hospital, e aos profissionais dos Pronto-Socorros da Criança das
Zonas Oeste, Sul e Leste. E a todos que direta e indiretamente participaram desse
trabalho. Muito Obrigada!
vi
DECLARAÇÃO DAS AGÊNCIAS FINANCIADORAS
O projeto foi apoiado pelo Ministério da Saúde na sua execução e Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas por meio da bolsa de estudo
durante os 24 meses de realização do projeto.
viii
Resumo A dengue é uma das doenças exantemáticas de maior importância no território nacional, pois é caracterizada como uma síndrome febril de grande relevância, possuindo quatro sorotipos virais transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. Essa doença é de notificação compulsória, possuindo um alto impacto econômico para os países. A finalidade da pesquisa é estudar os fatores de prognósticos associados à gravidade do dengue atendidos em Manaus, no período de outubro de 2013 a janeiro de 2015. Assim como, definir a cronologia do aparecimento dos sinais e sintomas nos pacientes que evoluem para a forma grave e determinar a evolução clínica dos pacientes com dengue grave. Trata-se de um estudo analítico, quantitativo e longitudinal, formado por uma coorte clínica prospectiva Esse estudo foi realizado na Fundação de Medicina Tropical e Pronto-Socorros da Criança das Zonas Oeste, Leste e Sul seguindo a rotina dessas instituições. A amostra é por conveniência. Foram coletadas amostras de 194 suspeitos de dengue, desses, 80 foram excluídos por não haver confirmação de exames específicos, e 10 sem hemograma. Dos 104 incluídos, 66,3% eram do gênero feminino, ≥15 anos, os meses incidentes de infecção foram as do período de maior incidência das chuvas. Os que evoluíram para a gravidade foram 5,8%. A transmissão do vírus dá-se essencialmente nas áreas urbanas, com isso, a população afetada foi a economicamente ativa, oriundas de áreas em que há um aumento populacional, essas infecções ocorreram no período de sazonalidade na região. As características clínicas de relevância foram dor abdominal, manifestações hemorrágicas, artralgia, exantema, prostração, tonteira e vômitos. Os exames de laboratório envolvem a coleta de hemograma, bioquímica e exames confirmatórios, além dos de imagem. Os fatores de mau prognósticos encontrados incluíram a presença de dor abdominal, atendimento médico tardio e presença de sangramento, levando a ocorrência de seis casos graves, com dois óbitos, um por dengue e outro por complicações do dengue. Portanto, os profissionais devem estar atentos a esses fatores e dias de seu início, a partir daí, identificar precocemente os sinais de gravidade, e por sua vez diminuir os óbitos. Palavras-Chaves: Dengue grave, Prognóstico, Adulto, Criança.
ix
ABSTRACT
Dengue fever is a rash of illnesses most important in the country because it is
characterized as a febrile syndrome of great importance, having four viral serotypes
transmitted by the mosquito Aedes aegypti. This disease is reportable, having a high
economic impact for the country. The purpose is to study the prognostic factors
associated with severity of dengue met in Manaus, from October 2013 to January
2015. As well as set the timing of the onset of signs and symptoms in patients who
progress to severe and determine the clinical outcome of patients with severe
dengue. It is an analytical study, quantitative and longitudinal, formed by a
prospective clinical cohort . This study was conducted at the Foundation of Tropical
Medicine and Emergency Aid Child zones of West, East and South following the
routine of these institutions. The sample is for convenience. Samples were collected
from 194 suspected dengue, of these, 80 were excluded because there was no
confirmation of specific tests, and 10 without blood count. Of the 104 included,
66.3% were female, ≥15 years, months incidents of infection were the highest
incidence of the rainy season. Those who have evolved to the severity was 5.8%.
Transmission of the virus occurs mainly in urban areas, with it, the affected
population was economically active, coming from areas where there is a population
increase, these infections occurred in the seasonal period in the region. The clinical
relevance were abdominal pain, hemorrhagic manifestations, arthralgia, rash,
exhaustion, dizziness and vomiting. The laboratory tests involve collecting blood
count, biochemistry and confirmatory tests, plus image of. We found the bad
prognostic factors included the presence of abdominal pain, delayed medical care
and presence of bleeding, leading to occurrence of six serious cases, with two
deaths, one by dengue and dengue other complications. Therefore, professionals
should be aware of these factors and days of its inception, from there, identify early
signs of gravity, and in turn decrease the deaths.
Keywords: Severe dengue, Prognosis, Adult, Child.
x
RESUMO LEIGO
O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes
aegypti, este com hábitos diurnos que se multiplica em depósitos de água parada
acumulada em quintais e até mesmo dentro de casa. Existem quatro tipos diferentes
desse vírus que podem causar as diferentes formas da doença. Com os objetivos de
Estudar a evolução clínica dos pacientes com dengue grave atendidos em Manaus,
de outubro de 2013 a janeiro de 2015. E também, definir a cronologia do
aparecimento dos sinais e sintomas nos pacientes que evoluem para a forma grave
e determinar as situações que nos mostram a possibilidade de saber
antecipadamente o que pode acontecer com o paciente associado à gravidade do
dengue. A pesquisa inicia quando o paciente decide entrar no estudo como
voluntário, após procurar atendimento na unidade de escolha. No estudo, foi
coletado sangue de 194 pacientes suspeitos de dengue, destes, 80 foram excluídos
por serem negativos e 10 por não terem um exame de sangue necessário. Dos 104
incluídos mais da metade eram do sexo feminino, ≥15 anos, com ocorrência
predominante no período das chuvas. A maioria evoluiu-se para dengue sem sinais
de alarme, seis para dengue grave e dois foram a óbito.
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ciclo de transmissão do vírus do dengue................................................ 11
Figura 2 - Algoritmo do seguimento clínico dos pacientes....................................... 21
Figura 3 - Fluxograma de triagem, causas da exclusão e seguimento dos pacientes
com suspeita e/ou confirmados com dengue........................................................... 23
Figura 4 - Distribuição dos participantes segundo ano de atendimento, associado ao
mês de início dos sinais e sintomas outubro/2013-janeiro/2015. Manaus-Am........ 24
Figura 5 - Distribuição da frequência relativa dos participantes segundo zona
geográfica de residência, outubro/2013-janeiro/2015. Manaus-Am......................... 25
Figura 6 - Distribuição da frequência relativa dos participantes segundo local de
atendimento, outubro/2013-janeiro/2015. Manaus-Am............................................ 25
Figura 7 - Distribuição da frequência relativa dos participantes segundo a ocorrência
de exantema outubro/2013-janeiro/2015. Manaus-Am............................................ 27
Figura 8 - Distribuição relativa do exantema pelo seu dia de início, segundo a faixa
etária, outubro/2013-janeiro/2015. Manaus-Am....................................................... 28
Figura 9 - Distribuição relativa da faixa etária pelo tipo de exantema, outubro/2013-
janeiro/2015. Manaus-Am........................................................................................ 29
Figura 10 - Distribuição relativa dos fatores de mau prognóstico para dengue grave
entre os participantes, outubro/2013-janeiro/2015. Manaus-Am............................. 29
Figura 11 - Distribuição do dia do primeiro atendimento médico como fator de mau
prognóstico para dengue grave, outubro/2013-janeiro/2015. Manaus-Am.............. 30
Figura 12 - Distribuição da gravidade entre os participantes do estudo,
outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.................................................................. 30
Figura 13 - Distribuição dos valores absolutos entre a gravidade associada à faixa
etária entre os participantes do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am....31
Figura 14 - Distribuição da gravidade associada ao exantema entre os participantes
do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am................................................ 31
Figura 15 - Distribuição dos leucócitos pelos dias de doença entre graves e não
graves....................................................................................................................... 32
xii
Figura 16 - Distribuição do hematócrito pelos dias de doença entre graves e não
graves...................................................................................................................... 32
Figura 17 - Distribuição das plaquetas pelos dias de doença entre graves e não
graves....................................................................................................................... 33
Figura 18 - Distribuição de albumina pelos dias de doença entre graves e não
graves....................................................................................................................... 33
Figura 19 - Distribuição de TGO/AST pelos dias de doença entre graves e não
graves....................................................................................................................... 34
Figura 20 - Distribuição de TGP/ALT pelos dias de doença entre graves e não
graves....................................................................................................................... 34
Figura 21 - Distribuição dos exames específicos como RT-PCR, Sorologias para
IgM e IgG entre os participantes do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-
Am............................................................................................................................ 35
Figura 22 - Distribuição da classificação final dos casos de dengue entre os
participantes do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am........................... 35
Figura 23 - Distribuição absoluta das características clínicas do dengue comuns
entre graves e não graves, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am...................... 36
Figura 24 - Distribuição relativa das características clínicas do dengue comuns entre
graves, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am..................................................... 36
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição dos participantes segundo a faixa etária, outubro/2013-
janeiro/2015. Manaus-Am........................................................................................ 24
Tabela 2 - Distribuição dos sinais e sintomas ocorridos nos participantes do estudo,
outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.................................................................. 26
Tabela 3 - Distribuição dos tipos de exantema entre os participantes do estudo,
outubro/2013-janeiro/2015. Manaus-Am.................................................................. 28
xiv
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Primeiras Epidemias de dengue no mundo............................................ 3
Quadro 2 - Circulação dos sorotipos do vírus do dengue, segundo o ano e
predominância do vírus no município de Manaus...................................................... 8
xv
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES DE MEDIDAS
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
DC Dengue Clássico
DCC Dengue com Complicações
DENV Vírus Dengue
DENV 1 Vírus Dengue tipo 1
DENV 2 Vírus Dengue tipo 2
DENV 3 Vírus Dengue tipo 3
DENV 4 Vírus Dengue tipo 4
DCSA Dengue com sinais de alarme
DSSA Dengue sem sinais de alarme
EUA Estados Unidos da América
FHD Febre Hemorrágica do Dengue
FMT-HVD Fundação de Medicina Tropical – Dr. Heitor Vieira Dourado
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
IC Intervalo de Confiança
IgG Imunoglobulina G
IgM Imunoglobulina M
MS Ministério da Saúde
OMS Organização Mundial de Saúde
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
PCR Polymerase Chain Reaction
PSCZO Pronto-Socorro da Criança da Zona Oeste
PSCZL Pronto-Socorro da Criança da Zona Leste
PSCZS Pronto-Socorro da Criança da Zona Sul
RNA Ácido ribonucleico
RNAm Ácido ribonucleico mensageiro
RT-PCR Polymerase Chain Reaction Real Time
SDC Síndrome do Choque do Dengue
xvi
SUSAM Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas
SINAN Sistema de Informação de Agravos e Notificação
TALE Termo de Assentimento Livre e Esclarecido
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TGO Transaminase glutâmica oxalacética
TGP Transaminase glutâmica pirúvica
UTI Unidade de Terapia Intensiva
xvii
SUMÁRIO
1. Introdução ............................................................................................................. 1
1.1. A Doença ....................................................................................................... 1
1.2. Histórico e Epidemiologia ............................................................................... 2
1.2.1. No Mundo ................................................................................................ 2
1.2.2. Nas Américas .......................................................................................... 4
1.2.3. No Brasil .................................................................................................. 6
1.2.4. Em Manaus.............................................................................................. 7
1.3. O Vírus ........................................................................................................... 9
1.4. Vetor, Transmissão e Patogenia .................................................................... 9
1.5. Classificação das formas clínicas ................................................................. 12
1.6. Tipos de Imunidade ...................................................................................... 12
1.7. Manifestações clínicas ................................................................................. 13
1.8. Diagnóstico................................................................................................... 14
1.8.1. Laboratoriais ............................................................................................. 14
1.8.2. Diferencial ................................................................................................. 15
1.9. Justificativa ................................................................................................... 15
2. Objetivos ............................................................................................................ 16
2.1. Geral ............................................................................................................ 16
2.2. Específicos .................................................................................................. 16
3. Resumo do trabalho anterior ................................................................................. 16
4. Materiais e métodos .............................................................................................. 17
4.1. Modelo de Estudo ........................................................................................... 17
4.2. Local de Estudo .............................................................................................. 18
4.3. Plano Amostral ................................................................................................ 18
4.3.1. População do Estudo ................................................................................ 18
4.3.2. Tamanho da Amostra ............................................................................... 19
xviii
4.4. Procedimentos ................................................................................................ 19
4.4.1. Registro de Dados .................................................................................... 19
4.4.2. Critérios de Inclusão ................................................................................. 19
4.4.3. Critérios de exclusão ................................................................................ 19
4.4.4. Seguimento Clínico ................................................................................... 20
4.5. Questões Éticas .............................................................................................. 21
4.5.1. Considerações Éticas ............................................................................... 21
4.6. Plano Analítico ................................................................................................ 22
4.6.1. Análise Estatística dos Dados................................................................... 22
4.7. Logística do Material Biológico ........................................................................ 22
5. Resultados ............................................................................................................ 23
5.1. Características Epidemiológicas ..................................................................... 23
5.2. Características Clínicas................................................................................... 26
5.3. Características Laboratoriais e de Imagem ..................................................... 31
5.4. Características entre os graves ....................................................................... 36
6. Discussão .............................................................................................................. 37
7. Conclusão ............................................................................................................. 45
8. Referências Bibliográficas ..................................................................................... 46
9. Apêndice A ............................................................................................................ 52
9.1. Questionário .................................................................................................... 52
10. Apêndice B .......................................................................................................... 56
10.1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .................................. 56
11. Apêndice C .......................................................................................................... 59
11.1. Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) ..................................... 59
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. A Doença
A palavra ―dengue‖ tem origem espanhola e significa ―melindre, manha‖ e
refere-se a um estado de moleza e cansaço no indivíduo após ser contaminado
pelo mosquito e também de origem africana ―ki denga pepu‖ (1).
É uma doença tropical, infecciosa, febril e aguda (2,3), cujo agente
etiológico é um arbovírus (vírus transmitido por artópodes) do gênero
Flavivírus. Até o momento são conhecidos quatro sorotipos virais: DENV-1,
DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Com aspecto clínico bem amplo, que vai desde
formas assintomáticas a formas graves e letais (4–6).
Hoje, ela é a arbovirose de maior importância que afeta o homem,
resultando em um problema de saúde pública internacional, principalmente nos
países tropicais, onde as condições ambientais e climáticas favorecem o
crescimento, desenvolvimento e proliferação do vetor (7).
A transmissão ocorre pela picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti
infectados, de origem africana que chegou ao continente americano na época
da colonização, e encontrado também no sudeste asiático (3).
Cerca de 2,5 bilhões de pessoas encontram-se sob risco de se infectarem,
anualmente, é estimado que ocorram 50 milhões de infecções no mundo, com
500.000 casos de Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) e 21.000 óbitos, tendo
as crianças como as principais acometidas (3,5).
Com o surgimento das epidemias explosivas de dengue nos grandes
centros, e a rápida difusão do vírus, a doença é caracterizada como
reemergente e de alto impacto na economia dos países (8,9). Isso constitui na
2
elevação de gastos com a assistência médica, em alguns casos com a unidade
de terapia intensiva (UTI) e combate ao vetor (10).
Até pouco tempo, essa doença não era considerada com uma doença que
requeria atenção e não fazia parte das mais comuns. Hoje os profissionais
envolvidos devem permanecer em alerta para um diagnóstico precoce e
notificação da mesma (11).
1.2. Histórico e Epidemiologia
1.2.1. No Mundo
A dengue é uma doença antiga, da qual dados históricos mostram que os
primeiros relatos de uma enfermidade com características semelhantes à
dengue foram registrados na Enciclopédia Chinesa, publicada durante a
Dinastia Chin (265 a 420 a.C.), na qual foi nomeada de ―água envenenada‖ e
associada a insetos voadores, formalmente editado na Dinastia Tang (610 d.C)
e na Dinastia Norte Sung (992 d.C) (9).
Posteriormente, O aparecimento dessa doença ocorreu com mais
intensidade a partir do século XVII, com relatos nas Antilhas Francesas, em
1635 e no Panamá, em 1699, onde há indícios de que seriam casos de dengue
(12,13).
A primeira pandemia ocorreu no século XVIII, envolvendo o Caribe, Costa
Atlântica dos Estados Unidos da América, Índia, Egito e Lima. No entanto, não
se sabe sobre as epidemias ocorridas na Batávia (Jacarta), na Indonésia e no
Cairo (9,11).
A segunda pandemia iniciou-se no século XIX, entre os anos de 1823 a
1916, espalhando-se ao longo do planeta, acometendo da África à Índia e da
Oceania à América. Nos anos de 1848 a 1850, ela atingiu as cidades de
3
Havanas, Nova Orleans, atingindo também o Texas, a Flórida e a Carolina do
Sul, nos Estados Unidos. Porém, não se sabe qual o sorotipo envolvido, tendo
como origem o vetor africano Aedes aegypti, transportados em navios de
escravos até as Américas (9,14,15).
Com a Segunda Guerra Mundial (1839 a 1945), houve alterações
epidemiológicas global e conforme as tropas se movimentavam, havia a
difusão do vetor Aedes aegypti entre os centros populacionais, ocasionando
grandes epidemias. Dessa forma, o fim da guerra levou ao aumento da
urbanização, com moradias impróprias, ausência de águ potável e precária
gestão de esgotos e resíduos, permitindo assim, o crescimento da proporção
do vetor e uma disseminação dos sorotipos para várias regiões geográficas
(9,14).
Quadro1: Primeiras epidemias de dengue no mundo.
Epidemias Ano
Primeira 1827-1828
Segunda 1850-1851
Terceira 1879-1880
Quarta 1897-1899
Fonte: Martinez, 2008.
A terceira pandemia ocorreu nos anos de 1879 a 1880, acometendo as
ilhas das Bermudas, de Cuba e Porto Rico, além dos países como o Panamá e
a Venezuela, entre outros (11,15).
Entre essas pandemias havia longos intervalos, isso ocorreu devido à
dificuldade de introdução de novos sorotipos em consequência do lento
transporte marítimo. A incidência dessas epidemias ao longo da história está
associada à introdução de novos sorotipos (16).
4
Nos anos de 1904 e 1912, o Panamá sofreu diversas epidemias. Já em
1921, os registros ocorreram na África do Sul, com 40.000 casos em Durbam
com registros de pacientes apresentando manifestações hemorrágicas e em
1925, ocorreram surtos na África Oriental (11).
Por um longo tempo a dengue foi vista como uma doença benigna. Com o
advento das guerras houve a circulação de vários sorotipos em uma mesma
área geográfica, ocasionando assim, surtos de febre hemorrágica severa,
posteriormente identificados como sendo uma forma grave da doença,
principalmente no Sudeste Asiático (16), com destaque para as Filipinas em
1956, correspondendo à primeira dessa região a ter epidemia com a circulação
dos sorotipos 3 e 4 (17).
Posteriormente, veio Tailândia (1956), Cingapura (1962), Indonésia (1969),
entre outros países. E a cada ano durante o período das chuvas as epidemias
nesses países se repetiam com milhões de casos novos e de óbitos, sendo
identificada a circulação dos sorotipos 2, 3 e 4 (18).
1.2.2. Nas Américas
A transmissão do vírus dengue nas Américas segue a sazonalidade, que
coincide com o verão e é possível encontrar a circulação dos quatro sorotipos
simultaneamente em várias regiões com a ocorrência de surtos cíclicos a cada
3 a 5 anos (9,19). Os primeiros registros datam de 1635, em Martinica, no
Caribe e em Guadalupe no México, após o surgimento de alguns casos com
sintomas reconhecidos como a dengue (20).
Em 1780, foi descrito na Filadélfia e em 1818 no Peru, com o registro de
aproximadamente 50.000 casos durante a epidemia (11,20). Outras ocorreram
no período de 1941-1946 afetando as cidades do Golfo do Texas, várias ilhas
5
do Caribe (Cuba, Porto Rico e Bermudas), México, Panamá e Venezuela (20–
22).
Até as primeiras décadas do século XX, houve ações de campanhas para a
eliminação do Aedes aegypti com vistas ao combate à febre amarela urbana,
logrando naquele período uma erradicação temporária desse vetor (23).
Porém, apenas 21 países obtiveram êxito na eliminação do vetor no período de
1848 a 1972 (8,24,25).
Em 1953, nas ilhas de Trinidade e Tobago, foi isolado pela primeira vez o
sorotipo DEN-2 (20). Na década de 60, o vírus foi reinserido nas Américas e
consequentemente os países como Venezuela e algumas ilhas do Caribe
começaram a sofrer novamente com a doença, devido ao surgimento de
epidemias e ao aumento no número de países reinfestados antes das
campanhas para a erradicação (8).
Na década de 70, foi podido detectar a presença do sorotipo DENV-1, em
que teve sua primeira detecção na Jamaica em 1977, causando surtos da
doença. No período de 1977 a 1980, foram notificados cerca de 702.00 casos
de dengue nas Américas (23).
Na década de 80, observou-se o surgimento de formas graves da doença
com a presença de manifestações hemorrágicas, registrando a ocorrência de
epidemias graves em Cuba, com 344.203 casos e 158 óbitos (21). Nessa
mesma década a Organização Pan-Americana de Saúde, considerou que
houve um aumentou significativo nos casos de dengue e uma enorme
propagação geográfica nas Américas. E entre os anos de 1980-1990, os países
como Colômbia, México e Brasil sofreram com epidemias (8).
Até a década de 90, os países como Panamá e Costa Rica foram os
últimos latino-americanos a ficarem livres da dengue por vários anos. Em 1993,
foi encontrado o sorotipo DEN-1, em populações indígenas (17,20,26).
6
Em 1994, Nicarágua e Panamá tiveram a reintrodução do vírus com o
sorotipo, DEN-3 após 17 anos sem evidências na região, sendo este o sorotipo
responsável por uma grande epidemia na Nicarágua, com 2.061 caos de FHD
e 41.097 de dengue clássico. Havendo a propagação desse mesmo sorotipo
para outros países da América Central, México e Caribe, causando rigorosas
epidemias (20,27).
1.2.3. No Brasil
Os registros de epidemias iniciaram a partir de 1846, no Rio de Janeiro, na
Bahia e em Pernambuco e outras províncias do Norte (19).
No início do século XX, os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro foram
acometidos com casos de dengue, porém, nenhum deles obteve comprovação
laboratorial. Ainda nesse século, o Rio de Janeiro viveu uma crise de febre
amarela, doença também transmitida pelo Aedes aegypti. Logo, foi iniciada
uma campanha liderada por Oswaldo Cruz para a erradicação do mosquito,
que posteriormente, voltou a se espalhar, causando uma nova epidemia na
década de 20 (3,26,28,29).
A partir da década de 40, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)
realizou campanhas com o intuito de erradicar o mosquito. Várias tentativas
foram feitas, mas apenas em 1955, o Brasil conseguiu acabar com o último
criadouro, e três anos depois o vetor foi considerado erradicado no país, no
qual perdurou por vários anos (3). Em 1967, foi confirmada a reintrodução do
vetor no Brasil, no Pará e, posteriormente, no Maranhão. E no ano de 1973, foi
novamente erradicado no Brasil, porém, com as falhas na vigilância e o
crescimento acelerado da urbanização, o vetor retorna ao Brasil 3 anos depois
(1,3,26).
7
Entre os anos de 1981 e 1982, foi documentada em Boa Vista, Roraima,
uma epidemia com a circulação dos sorotipos DEN-1 e 4, pela primeira vez no
país clinicamente comprovada e documentada laboratorialmente (19,26,30). A
partir de 1986, a dengue vem ocorrendo de forma continuada e progressiva nas
cidades brasileiras (31).
Na década de 90, a incidência de dengue teve um aumento expressivo,
pois foram registradas diversas epidemias, especialmente nas regiões Sudeste
e Nordeste do país, sendo as responsáveis pela maior parte dos casos que são
registrados e notificados. Sobretudo nas regiões Centro-Oeste e Norte, a
ocorrência de casos notificados, foi mais tardiamente (3).
Dados da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), na década de 90,
mostram que o número de casos notificados passou de 39.322, em 1991, para
212.890, em 2002. Já o número de municípios passou de 650 a 3.600, no
mesmo período. Isso pode ser justificada pelo crescimento desordenado das
cidades (11,30), nas quais se destacam a carência de facilidades em particular,
de habitação e saneamento básico (11).
1.2.4. Em Manaus
A presença do mosquito infectado ocorreu em 1996 in lócus, em um bairro
da na Zona Sul da cidade (Praça 14 Janeiro), na semana seguinte chegou a
um bairro da Zona Leste (São José Operário), na periferia da cidade, e
posteriormente atingiu todas as zonas da cidade (5,6,20).
Com a ampla dispersão geográfica do vetor com hábitos exclusivamente
urbanos e a deficiência do sistema de vigilância epidemiológica, em 1998, dá-
se início a primeira epidemia que alcançou 15.608 casos notificados com a
circulação do sorotipo DEN-1 (5,6). Nesse mesmo ano começaram a ser
8
notificados os casos confirmados por dengue e adquirindo caráter endêmico no
período das chuvas (34,35). No ano seguinte, a dispersão do vírus da dengue
era muito ampla, sendo identificados vetores em 14 bairros da cidade (4,20,33).
A segunda epidemia foi em 2001 atingindo 19.827 indivíduos, com a
circulação dos sorotipos DEN-1 e 2, isso ocorreu devido à urbanização precária
com o surgimento de diversas invasões de terra (8).
A proliferação do mosquito ocorreu de forma exponencial devido à
urbanização precária com o surgimento de diversas invasões de terra e que
tem como consequência a falta de saneamento básico regular em várias áreas
da cidade. Estão relacionados também às condições climáticas de temperatura
e umidade da região, assim como, os altos índices de chuvas que são
indicadores para a proliferação e dispersão do mosquito da dengue (4).
Quadro 2: Circulação dos sorotipos do vírus do dengue, segundo ano e predominância do vírus no município de Manaus.
Ano Sorotipo circulante
1998 DEN-1
1999 DEN-1* e 2
2000 DEN-1* e 2
2001 DEN-1 e 2*
2002 DEN-1, 2* e 3
2003-2005 DEN-1, 2* e3
2006 DEN-3
2007 DEN-1, 2 e 3*
2008 DEN-3, 4
2010 DENV-1
2011 DEN-1, 2, 3 e 4
Fonte: Rocha (2009) e Bastos (2004). Adaptado e atualizado. *Sorotipo predominante.
Em 2011, o município de Manaus, registrou um marco importante na
história das doenças infecciosas no Estado, pois nesse ano houve a circulação
dos quatros sorotipos, com registro de mais de 58.000 casos, sendo desses,
5.376 casos atendidos na Fundação de Medicina Tropical – Dr. Heitor Vieira
9
Dourado (FMT-HVD), que constitui um hospital de referência para as doenças
infecciosas e parasitárias do Estado do Amazonas (19,28).
1.3. O Vírus
Trata-se de um Flavivírus com quatro sorotipos distintos que divergem em
aproximadamente 30% em suas sequências protéicas, é um vírus envelopado
revestido com proteínas em formato icosaédrico circundado por uma bicamada
lipídica com proteínas estruturais e não estruturais. Seu material genético é
composto por uma fita única de ácido ribonucleico (RNA) (11,34,35).
Todos os sorotipos existentes podem apresentar desde as formas sem
sinais de alarme até as formas graves. Todavia, estudos mostram que o grau
de virulência varia entre eles, sendo o sorotipo DEN-3 o mais virulento,
causando as formas mais graves, seguido por DEN-2, 4 e 1. Sendo este último
o mais explosivos de todos, pois se multiplica rapidamente causando grandes
epidemias em curto prazo (11,36,37).
1.4. Vetor, Transmissão e Patogenia
Os vetores responsáveis pela transmissão da dengue são o Aedes aegypti
e Aedes albopictus, estão diretamente ligados ao habitat humano e são mais
ativos durante o dia, tendo as fêmeas desse mosquito as responsáveis pela
transmissão e dispersão dos sorotipos, e um único mosquito infectado pode
infectar várias pessoas (11). Com período de incubação de 3 a 15 dias, sendo
em média de 5 a 6 dias.
A transmissibilidade da doença compreende dois ciclos, o intrínseco (no
humano) e o extrínseco (no vetor). No humano, ocorre enquanto houver a
presença do vírus no sangue (viremia), inicia um dia antes do aparecimento da
febre e vai até o 6º dia da doença. No mosquito, após o repasto de sangue
infectado, o vírus é encontrado nas glândulas salivares da fêmea, onde depois
10
de 8 a 12 dias de incubação se multiplica. A partir disso é capaz de transmitir a
doença e dessa forma permanecer até o final da sua vida (de 6 a 8 semanas)
(30,35,38).
A presença do Aedes aegypti está associada à urbanização, às condições
de saneamento inadequadas, ao abastecimento irregular de água, ao aumento
na mobilidade populacional e nas mudanças climáticas (3). Tais fatores
contribuem não somente para a dispersão ativa do mosquito, como também
para a disseminação dos vários sorotipos da doença pelo país (15,16,36).
No Brasil, a espécie de relevância é o Aedes aegypti que possui
característica principal de grande adaptação ao ambiente urbano. Logo, esta
arbovirose pode ser encontrada em todas as regiões do país, com importância
nas Regiões Nordeste, Sudeste, Norte e Centro-Oeste, ficando a Região Sul
com o menor número de casos do país (11,39).
A transmissão do vírus ocorre quando o mosquito fêmea do A. aegypti pica
uma pessoa infectada, na fase de viremia, com duração em média de 5 dias
após o início dos sintomas. Após fazer o repasto sanguíneo contendo o vírus,
ocorre o período chamado de incubação extrínseca, ocorre dentro do mosquito,
no período de 8 a 12 dias. Após esse período, este mosquito pode picar uma
pessoa suscetível transmitindo o vírus, na qual irá replicar por um período que
pode durar de 3 a 14 dias, caracterizando o período de incubação intrínseco
(35) (Figura 1).
11
Figura 1: Ciclo de transmissão do vírus do dengue Fonte: Adaptado por Rocha 2009
Quando há a ligação entre vírus e célula hospedeira, ocorre o
desnudamento viral para a inserção do seu material genético na célula
hospedeira, na qual passará pelo processo de tradução, tendo como produto a
saída do ácido ribonucleico mensageiro (RNAm), ocasionando a replicação
viral com início da viremia, podendo os mesmos circularem livres no
organismo, no plasma, ou no interior dos monócitos/macrófagos. (11,12,37).
Na fase de defervescência, é possível que as células dendríticas infectadas
possam migrar até a pele (conhecidas como células de Langerhans), causando
um exantema máculo-papular (18).
Quando a perda de plasma ocorre rapidamente, agregado à diminuição de
plaquetas, pode haver sérios distúrbios no sistema circulatório, como choque e
hemorragias, caracterizando a febre hemorrágica do dengue, o que é comum
acontecer a perda de plasma devido à fragilidade vascular, podendo levar a
uma diminuição do débito cardíaco, ocasionando a diminuição da pré-carga e
do desempenho ventricular esquerdo e possível bradicardia, porém, ainda não
se sabe inteiramente a patogênese dos casos de dengue grave (11).
12
1.5. Classificação das formas clínicas
Segundo MS (2009), pode-se classificar a antiga nomenclatura das formas
clínicas como: Febre indiferenciada, Dengue clássica sem manifestações
hemorrágica, dengue clássica com manifestações hemorrágicas, FHD e
dengue com complicações (DCC).
O novo sistema de nomenclatura para a gravidade do dengue segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS) está classificado em: Dengue sem
sinais de alarme, Dengue com sinais de alarme, Dengue grave e Óbito (11).
1.6. Tipos de Imunidade
Os indivíduos infectados com um dos sorotipos virais podem adquirir dois
tipos de imunidade: a duradoura ou permanente (vitalícia) e a cruzada ou
transitória (35,40).
A imunidade duradoura ocorre para o sorotipo infectante específico, em que
as infecções pelos outros três tipos de sorotipos de DENV, aumentam os riscos
de desenvolver uma das formas graves da doença como a FHD e suas
complicações. Já a imunidade cruzada, é de curta duração e parcialmente
protetora contra os outros sorotipos, podendo durar de 2 a 5 meses
(6,8,11,18,22).
Com as explosões das epidemias de dengue, principalmente nos centros
urbanos, onde o vetor é encontrado, há uma rápida (segunda infecção)
propagação do vírus, podendo ocorrer em potencial gravidade com os casos de
FHD, caracterizando-se uma doença re-emergente. Essa infecção resulta em
um vasto espectro clínico, que vai desde quadros assintomáticos, até quadros
sintomáticos de dengue clássico (DC), FHD, DCC e síndrome do choque do
dengue (SCD), podendo muitas vezes, evoluir para o óbito (5).
13
1.7. Manifestações clínicas
A infecção pelo vírus da dengue apresenta um largo espectro clínico,
devido aos diferentes sorotipos virais, e manifesta-se desde formas inaparentes
ou indiferenciadas até formas graves de hemorragia e choque (11,41). São
classificadas de acordo do seu estado clínico, de acordo com a nova
nomenclatura proposta pelo MS:
Dengue sem sinais de alarme (DSSA): a primeira manifestação
ocorre com a febre alta em torno de 39º a 40ºC, com início abrupto e
duração de até 7 dias, seguida de cefaleia, mialgia, artralgia, astenia,
dor retroorbital, náuseas vômito, anorexia, podendo apresentar, em
alguns casos, exantema e prurido cutâneo.
Dengue com sinais de alarme (DCSA): surge quando há dor
abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hepatomegalia
dolorosa, hipotensão postural e/ou lipotimia, sangramento de
mucosas, hemorragias importantes, sonolência e /ou irritabilidade,
diminuição da diurese, aumento repentino do hematócrito, queda
abrupta das plaquetas e desconforto respiratório(42).
Dengue Grave: no decorrer da defervescência, pode haver a
deterioração clínica do paciente, e consequentemente, o surgimento
das complicações, podendo evoluir para o choque, no qual surge
com os seguintes sinais, hipotensão arterial, pressão arterial
convergente (PA diferencial <20mmHg), pulso fino e rápido, ,
enchimento capilar lento (>2 segundos), seguido de acúmulo de
fluidos com desconforto respiratório, sangramento grave, alteração
no Sistema Nervoso Central (SNC), alteração no fígado com exames
de (TGO) e (TGP) ≥1000, miocardite ou outras alterações cardíacas,
e alterações em outros órgãos.
14
Alguns desses sinais de alarme da dengue como a hepatomegalia dolorosa
pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. Nas crianças,
essa condição pode advir de forma generalizada. E outros sinais dependem
principalmente da idade do paciente, como a dor abdominal generalizada que
acomete as crianças e as pequenas manifestações hemorrágicas apresentadas
pelos adultos.(43)
1.8. Diagnóstico
1.8.1. Laboratoriais
O diagnóstico laboratorial tem como intuito a confirmação laboratorial da
doença, identificação do sorotipo circulante. Os métodos utilizados para se
obter o diagnóstico incluem o virológico e o sorológico (37,43,44).
a) Virológico: pode ser feito pelo isolamento do vírus ou pela detecção
de antígenos virais e/ou ácido nucléico viral. Recomenda-se a
realização nos primeiros 3 dias de doença, podendo ser realizado até
o 5º dia.
b) Sorológico: é o complemento do diagnóstico virológico, ou quando
este não é possível devido ao curso da doença. Serve como meio
alternativo de diagnóstico. Várias técnicas são empregadas, todavia
o MAC-ELISA é o mais utilizado, pois é suficiente uma única amostra
colhida após o 6º dia de doença. O princípio do teste sorológico é a
detecção de anticorpos IgM para dengue não diferenciando o
sorotipo. E o método IgG costuma positivar a partir do 9º dia de
doença, na infecção primária, e já estar detectável desde o primeiro
dia de doença na infecção secundária (1,37).
15
1.8.2. Diferencial
A história epidemiológica é muito importante para fazer um diagnóstico
diferencial, sendo possível haver confusão com outras doenças como malária,
hepatite viral, doenças febris hemorrágicas causadas por vírus, febre tifóide,
gripe, leptospirose (do tipo anictérico), sarampo e mais atual, vírus chikungunia
e zika vírus, ambos transmitidos pelo A. aegypti (45).
1.9. Justificativa
O Brasil possui uma população de, aproximadamente, 80% vivendo na área
urbana, isso leva a deficiências na infraestrutura, tais como as dificuldades
para garantir o abastecimento regular e contínuo de água, a coleta e o destino
de resíduos sólidos, na maioria dos casos podendo ser ausentes. Além disso,
podemos considerar as condições climáticas favoráveis que influenciam para a
proliferação do vetor.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, foram notificados no Estado do
Amazonas 6.262 casos prováveis de dengue, havendo um aumento de 293,6%
em comparação com o ano anterior que foi de 1.591 casos notificados.
Em 2011, houve a maior epidemia ocorrida no município de Manaus com
aproximadamente 58.000 casos de dengue notificados, havendo a circulação
dos 4 sorotipos virais existentes até o momento, aumentando a chance de
desenvolver as formas graves do dengue.
Diante das circunstâncias ocorridas com a epidemia de 2011 em Manaus,
há uma necessidade de se detectar precocemente e de modo confiável a forma
grave do dengue, assim evitando o óbito.
16
2. Objetivos
2.1. Geral
Estudar os fatores de prognósticos associados à dengue grave atendidos
em Manaus, no período de outubro de 2013 a janeiro de 2015.
2.2. Específicos
Definir a cronologia do aparecimento dos sinais e sintomas dos
pacientes que evoluem para a forma grave do dengue.
Determinar a evolução clínica dos pacientes com dengue grave.
3. RESUMO DO TRABALHO ANTERIOR
O presente trabalho faz parte de um trabalho maior intitulado ―Validação
dos fatores de prognóstico associados à gravidade do dengue‖, cujos objetivos
são: Determinar a acurácia dos fatores de mau prognóstico para dengue,
usando os coeficientes de regressão logística no sentido de identificar
antecipadamente os suspeitos ou confirmados de dengue com possibilidade de
evoluir para forma grave, tanto em crianças como em adultos. Definir a
cronologia de aparecimento dos sinais e sintomas nos pacientes com dengue,
tanto em crianças como em adultos, que evoluem para a forma grave.
Determinar a acurácia dos fatores de prognósticos associados à gravidade do
dengue no grupo de pacientes com idade igual ou maior que 15 anos. Elaborar
e validar os escores clínicos e laboratoriais de gravidade para dengue em
populações maiores e menores de 15 anos a partir dos fatores de prognóstico
pré-estabelecidos na coorte.
17
No qual se baseia em um estudo anterior com o título ―Fatores de
prognóstico associado à gravidade do dengue em crianças atendidas em
Manaus‖, realizado de 2006 a 2007 e foram incluídos no estudo 322 pacientes,
142 evoluíram para a forma grave e 180 para a forma benigna do dengue. Com
isso, foram identificadas seis variáveis relevantes como possíveis fatores de
mau prognóstico para dengue grave, que são:
O aparecimento do sangramento com quatro dias ou mais de
doença;
Dor abdominal em qualquer fase da doença;
Prova do laço positiva no primeiro atendimento;
Primeiro atendimento médico com quatro dias ou mais de
doença;
Relato de dengue anterior;
Albumina com valores correspondentes ao intervalo igual a 3
g/dL e menor que 3,5g/dL.
O estudo atual tem como objetivo aplicar esses fatores em pacientes de
dengue de todas as idades, pois a validação dos fatores de mau prognóstico
para casos de dengue e a utilização de pontuação para esses fatores, fornece
subsídios para identificação precoce dos pacientes com possibilidades de
evoluir para gravidade e assim oferecer uma atenção médico‐hospitalar mais
intensiva na tentativa de evitar o óbito dos pacientes, objetivo primordial num
programa de controle da doença.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Modelo de Estudo
Trata-se de um estudo analítico, quantitativo, longitudinal, constituído de
uma coorte clínica prospectiva. Nesse estudo, todos os participantes foram
18
acompanhados durante a evolução da doença até o desfecho, sendo utilizada
a nova classificação clínica da Organização Mundial de Saúde (OMS 2009).
4.2. Local de Estudo
Foi realizado na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado
(FMT-HVD) e nos Prontos Socorros da Criança das Zonas Oeste (PSCZO),
Zona Leste (PSCZL) e Zona Sul (PSCZS). Os pronto-socorros são unidades de
referência para atendimentos pediátricos com especialidades em ortopedia,
cirurgia, nefrologia, cardiologia, anestesiologista e medicina intensiva. A FMT-
HVD é considerada centro de referência regional para o diagnóstico e
tratamento de doenças tropicais, com as especialidades em infectologia.
A FMT-HVD também é um centro de ensino e pesquisa que desenvolve
suas atividades através da Diretoria de Ensino, Pesquisa e Controle de
Endemias e demais, que oferece cursos de capacitação, reciclagem e/ou
aperfeiçoamento de profissionais dos níveis elementar, médio e superior, e
recebe anualmente estagiários de instituições nacionais e internacionais. Além
de possuir vários laboratórios especializados em: Parasitologia, Micologia,
Virologia, Malária, Arboviroses e Unidade de Terapia Intensiva, destinados à
diminuição do impacto das doenças tropicais sobre a população.
4.3. Plano Amostral
4.3.1. População do Estudo
Todos os usuários atendidos na FMT-HVD e Prontos Socorros da Criança
das Zonas Oeste, Leste e Sul no período de 01 de Outubro de 2013 a 31 de
Janeiro de 2015 com suspeita de dengue e com confirmação laboratorial.
19
4.3.2. Tamanho da Amostra
Trata-se de uma amostragem não probabilística por conveniência,
respeitando-se a rotina do serviço, e a busca de pacientes procuram o
atendimento pela livre demanda. Assim, o tamanho da amostra foi definido pelo
tempo de observação e não pelo número de sujeitos incluídos.
4.4. Procedimentos
4.4.1. Registro de Dados
Foi utilizado um questionário individual do projeto maior intitulado
―Validação dos Fatores de Prognósticos Associados à Gravidade do Dengue‖
(Apêndice A) no qual esse estudo corresponde ao principal objetivo especifico
desse projeto maior.
Consistiu em levantar dados sobre aspectos epidemiológicos, como os
dados de identificação e clínicos, como os sinais e sintomas, fatores de mau
prognóstico, manifestações hemorrágicas, exantema e os sinais de gravidade;
exames laboratoriais e de imagem.
4.4.2. Critérios de Inclusão
Foram incluídos todos os pacientes de todas as idades com suspeita de
dengue e, posteriormente confirmados por meio de sorologia (Elisa) e/ou PCR
qualitativo para dengue, e que possuíam, pelo menos um exame laboratorial
(hemograma).
4.4.3. Critérios de exclusão
20
Foram excluídos os pacientes que não possuíram exames específicos
(sorologia e RT-PCR) e exame laboratorial (hemograma).
4.4.4. Seguimento Clínico
Todos os pacientes que procuraram o atendimento com suspeita de
dengue foram acompanhados até o desfecho, com todo suporte para sua
doença.
O direcionamento desses pacientes deu-se, inicialmente, os pacientes
com síndrome febril passaram pela triagem para serem direcionados ao
atendimento ambulatorial ou hospitalar, dependendo da gravidade dos sinais e
sintomas apresentados.
Para o atendimento ambulatorial, foram os que apresentavam de início
sinais e sintomas clássicos e/ou alguns com sinais de alarme sem risco
iminente de morte, com seus retornos garantidos às unidades de saúde
conforme solicitação médica. Já no atendimento hospitalar, foram
encaminhados a partir da triagem ou solicitação médica, os que apresentaram
sinais de gravidade e de alarme como, sangramentos, tonteira, dor abdominal
intensa, desconforto respiratório, com risco iminente de morte. Com a melhora
do quadro clínico.
Para critério de alta hospitalar, o paciente deve apresentar melhora do
quadro que o levou a ficar em observação e/ou internado, passando para o
atendimento ambulatorial até a alta por cura ou óbito. Segue abaixo o algoritmo
de atendimento.
21
Figura 2: Algoritmo de seguimento clínico dos pacientes.
4.5. Questões Éticas
4.5.1. Considerações Éticas
O trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (CEP/FMT-HVD)
nº17454013.9.0000.0005. A participação ética do estudo se constituiu através
da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(Apêndice B), para os maiores de 18 anos, e do Termo de Assentimento Livre e
Esclarecido (TALE) (Apêndice C) para os de 15 a 17 anos, ambos contendo
informações claras sobre o estudo, seus objetivos, direitos e deveres dos
participantes. A qualquer momento o participante teve a liberdade de recusar-
se a continuar na pesquisa, retirando seu termo de consentimento.
Paciente com suspeita de dengue
e/ou confirmado (acompanhados
até o desfecho)
Atendimento Ambulatorial Atendimento Hospitalar
Retornaram para avaliação até o
6ºdia, e quando necessário, depois
receberam alta.
Com toda a assistência
necessária para a sua doença
Alta Hospitalar Alta por cura e/ou óbito
22
4.6. Plano Analítico
4.6.1. Análise Estatística dos Dados
Foi realizada uma análise descritiva avaliando a distribuição de cada
variável na coorte clínica. Os resultados foram apresentados em tabelas,
gráficos e figuras e a análise descritiva foi por meio de frequência,
porcentagem, média e desvio padrão. O nível de significância estabelecido
para os testes foi de 0,05.
4.7. Logística do Material Biológico
Foi coletada uma amostra de sangue de 5 a 10 ml nos vasos periféricos do
braço, por um profissional devidamente treinado, usando material descartável,
e todos os cuidados de assepsia do local puncionado foram tomados. Novas
amostras poderiam ser necessárias conforme a conduta médica.
Esse sangue coletado serviu para a realização de hemograma, PCR
qualitativo para dengue (do 1º ao 5º dia de doença), detecção de IgM (a partir
do 6º dia), detecção de IgG e outros exames que se fizerem necessários,
conforme critério médico.
Após a coleta pela central de Laboratório de Análises Clínicas das unidades
de estudo, a amostra foi levada ao Laboratório de Imunologia para a
centrifugação, separação do soro e divisão das alíquotas. Em seguida, os
testes hematológicos e bioquímicos foram realizados conforme necessidade e
uma alíquota de soro foi encaminhada à Gerência de Virologia da FMT-HVD
para armazenamento e realização dos exames específicos para dengue. As
amostras que foram destinadas para RT-PCR foram acondicionada a -70ºC e
para sorologia a -20ºC, conforme rotina da FMT-HVD.
23
5. RESULTADOS
No período de 15 meses (outubro/2013-janeiro/2015) foram estudados
194 pacientes suspeitos e/ou confirmados com dengue. Desses, 90 não
preencheram todos os critérios de inclusão, sendo 80 sem confirmação
laboratorial específica (RT-PCR e/ou IgM) e 10 excluídos por falta de
hemograma (Figura 3).
Figura 3: Fluxograma de triagem, causas da exclusão e seguimento dos pacientes
com suspeita e/ou confirmados com dengue.
5.1. Características Epidemiológicas
Dos 104 pacientes incluídos na pesquisa, o gênero feminino
correspondeu a 66,3% (69), com maior ocorrência no grupo etário de ≥15 anos
(Tabela 1), com uma média de 30,09 anos de idade, desvio padrão de 17,02 e
mediana de 26,00.
Suspeitos de dengue n=194
Dengue confirmado n=114
Participantes excluídos (n=80) Sem exame específico para dengue
Participantes incluídos n=104
Excluídos sem hemograma: n=10
24
Tabela 1: Distribuição dos participantes segundo a faixa etária, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Faixa Etária n %
< 1 ano 1 1,0
1-4 anos 4 3,8
5-9 anos 6 5,8
10-14 anos 11 10,6
≥ 15 anos 76 73,1
≥ 60 anos 6 5,8
Total 104 100
No período do estudo, as maiores ocorrências de dengue foram nos meses
de janeiro 12 casos, fevereiro e março 11 casos, maio 16 casos e novembro 10
casos no período de 2014 (Figura 4).
Figura 4: Distribuição dos participantes segundo ano, associada ao mês de início dos
sintomas, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
A figura 5 mostra a origem quanto à procedência do participante conforme a
zona geográfica de residência, com maior incidência nas Zonas Norte 29
(27,9%) e Oeste 22 (21,1%), e de menor incidência na Zona Centro-Sul 9
(8,7%), seguidas do Interior 2 (1,9%) e da Zona Rural do município de Manaus
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
2013
2014
2015
25
1 (1,0%). A maior frequência foi observado nos bairros como Cidade Nova 20
(19,2%), D. Pedro 8 (7,7%), Compensa, Santo Antônio e Petrópolis 6 (5,8%)
cada um, Tarumã 5 (4,8%); Alvorada, Colônia Terra Nova, Flores e Jorge
Teixeira 3 (2,9%).
Figura 5: Distribuição da frequência relativa e dos participantes segundo zona geográfica de residência, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Apesar de a Zona Norte ter a maior incidência de casos, conforme dados
mostrados na figura acima, o número de participantes foi maior daqueles
atendidos na FMT-HVD, independente da faixa etária ou localização espacial
de possível infecção. Tendo como frequências relativas e absolutas das
unidades hospitalares de atendimento FMT-HVD, Ambulatório e Pronto-
Atendimento 94 (90,4%), PSCZO e PSCZS 5 (4,8%), (Figura 6).
Figura 6: Distribuição da frequência relativa dos participantes segundo local de atendimento, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am. *Não apresentou nenhum caso confirmado com dengue entre os participantes do estudo.
2
1
9
13
22
14
14
29
0 5 10 15 20 25 30 35
Norte
Sul
Leste
Oeste
Centro-Oeste
Centro-Sul
Zona Rural
Interior
94
5 5
FMT-HVD
PSCZO
PSCZS
26
5.2. Características Clínicas
Dos 104 participantes incluídos no estudo 100 (96,2%) apresentaram febre
alta, 84 (80,8%) apresentaram cefaléia, 81 (77,9%) apresentaram mialgia, 78
(75,0%) apresentaram artralgia com maior incidência tanto para os graves,
quanto não graves (Tabela 2), no entanto, os sinais e sintomas presentes nos
participantes que evoluíram para a gravidade pôde ser observado a presença
de sinais de alerta como, vômitos persistentes 5 (83,3%); prostração e
manifestações hemorrágicas 4 (66,7%).
Tabela 2: Distribuição dos sinais e sintomas ocorridos nos participantes do estudo,
outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Sinais e sintomas
Geral n=104 (%)
Não Graves n=98 (%)
Graves n=6 (%)
Febre 100 (96,2) 95 (96,9) 5 (83,3)
Cefaléia 84 (80,8) 80 (81,6) 4 (66,7)
Mialgia 81 (77,9) 76 (77,5) 4 (66,7)
Artralgia 78 (75,0) 73 (74,5) 5 (83,3)
Exantema 46 (44,2) 43 (43,9) 3 (50,0)
Náuseas 42 (40,4) 40 (40,8) 2 (33,3)
Dor retro-orbitaria
37 (35,6) 36 (36,7) 1 (16,7)
Dor Abdominal 30 (28,8) 25 (25,5) 5 (83,3)
Vômitos 37 (35,6) 32 (32,6) 5 (83,3)
Diarréia 24 (23,1) 23 (23,5) 1 (16,7)
Prostração 27 (26,0) 23 (23,5) 4 (66,7)
Manifestações Hemorrágicas
20 (19,2) 16 (16,3) 4 (66,7)
Tonteira 17 (16,3) 14 (14,3) 3 (50,0)
Calafrio 12 (11,5) 11 (11,2) 1 (16,7)
Astenia 6 (5,7) 6 (6,1) 0 (0,0)
27
Dor na Garganta 5 (4,8) 4 (4,1) 1 (16,7)
Entre os participantes do estudo 38 (36,5%) realizaram a prova do laço,
desses, apenas 11 (10,6%) tiveram o resultado positivo, com maior incidência
na região da face anterior do cotovelo 10 (90,9%).
As manifestações hemorrágicas espontâneas ocorreram em 20 (19,2%),
com a presença de hematêmese 2 (10%), melena e púrpura 1 (5%), além da
enterorragia e metrorragia que apareceram associadas às citadas acima. A
média de duração ficou em torno de 3,5 dias, com início também em torno do
terceiro dia de doença.
Os que apresentaram exantema corresponderam a 46 (44,2%) (Figura 7)
com o início em média no 3º dia de doença e duração de 4 dias.
Figura 7: Distribuição da frequência relativa dos participantes segundo a ocorrência de exantema no curso da doença, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
O tipo de exantema de maior incidência foi o morbiliforme correspondendo
a 38 (82,6%), que também vieram associados a outros tipos simultaneamente
como o micropapular e o petequial (4 participantes) e os denominados por
outros, encontrou-se os tipos rubeoliniforme, maculopapular e micropapular
(Tabela 3).
58
46 Não
Sim
*PSCZL
28
Tabela 3: Distribuição dos tipos de exantema entre os participantes do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Tipo de Exantema n %
Escarlatiniforme 2 4,3
Morbiliforme 38 82,6
Petequial 3 6,5
Outros 3 6,5
Total 46 100%
Quando se faz a distribuição da faixa etária pelos dias de doença,
encontrou-se significância estatística de 0,0010. Este, com média de início do
exantema em torno do 3º dia e duração também de 3 dias, com maior
incidência entre o 3º (21,3%) e 4º dia (32,6%); desvio padrão de 1,5190 (Figura
8).
Figura 8: Distribuição do exantema segundo o dia de início segundo a faixa etária, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Distribuição do tipo de exantema pela faixa etária apresentou significância
estatística de 0,0388, estando mais frequente o tipo morbiliforme presente em
todas as faixas etárias, exceto nos < 1 ano (Figura 9).
3
1 0 0 0 0 0
1 1 0
1 0 0 0
2 1
3
0 0 0 0
5
2
4
11
6
1 0
0
2
4
6
8
10
12
1º dia 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia 6º dia 7º dia
< 1 ano
1-4 anos
5-9 anos
10-14 anos
15-59 anos
≥ 60 anos
29
Figura 9: Distribuição da faixa etária pelo tipo de exantema, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Dos participantes incluídos no presente estudo 30 (28,8%) apresentaram
dor abdominal, 5 (4,8%) tiveram a prova do laço positiva no primeiro
atendimento e 25 (24,0%) foram negativas. Entre os graves, 20 (19,2%)
apresentaram sangramento, 5 (4,8%) com hipoalbuminemia (Figura 10).
Figura 10: Distribuição relativa dos fatores de mau prognóstico para dengue grave
entre os participantes, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Já o primeiro atendimento médico teve a maior frequência no 6º dia de
doença com 27 (26,0%) atendimentos (Figura 11). E quando falamos de
dengue anterior, 96 (92,3%) relataram ser primo-infecção e 8 (7,7%) com
infecção secundária, apenas 2 (1,9%) relataram dengue anterior por exame de
IgG no momento da entrevista. Os participantes que informaram ter tido
0 0 1 0 1 0 0 3 2
5
25
3 1 1 0 0 1 0 0 0 0 1 2
0 0
5
10
15
20
25
30
< 1 ano 1-4 anos 5-9 anos 10-14anos
15-59anos
≥ 60 anos
Escarlatiniforme
Morbiliforme
Petequial
Outros
30
74
5
25 20
84
5
46
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Sim Não
Dor Abdominal
PL positiva 1º atendimento
Sangramento
Hipoalbuminemia
30
dengue anteriormente, relataram os seguintes anos de infecção 2003, 2004,
2008 e 2011.
Figura 11: Distribuição do dia do primeiro atendimento médico como fator de mau prognóstico para dengue grave, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Dentre os participantes envolvidos apenas 6 (5,8%) (Figura 12)
apresentaram sinais de gravidade como acúmulo de fluidos com desconforto
respiratório associado à hepatomegalia, alteração de outros órgãos,
espessamento da parede da vesícula biliar e sangramento intenso 1 (16,7%),
alteração de enzimas hepáticas foi observada em 2 (33,3%). Desses, 5 (83,3%)
são do sexo feminino com ocorrência das faixas etárias de < 1 ano, 10-14
anos, ≥ 15 anos, com uma incidência de 1 (16,7%) cada uma das faixas etárias
e 2 (33,3%) de 5-9 anos com p-valor de 0,0001.
Figura 12: Distribuição da gravidade entre os participantes do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
0
5
10
15
20
25
30
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º
1º Atendimento Médico
98
6
Não
Sim
31
Quando se faz a relação de gravidade com faixa etária, encontra-se uma
significância estatística de 0,0001, e com apenas 6 participantes que evoluíram
para a gravidade as faixas etárias mais acometidas foram de 5-9 anos e de 15-
59 anos correspondendo a 2 (33,3%) participantes (Figura 13). Entre os graves
3 (50,0%) apresentaram exantema (Figura 14).
Figura 13: Distribuição dos valores absolutos entre a gravidade associada à faixa
etária entre os participantes do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Figura 14: Distribuição da gravidade associado ao exantema entre os participantes do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
5.3. Características Laboratoriais e de Imagem
Como critério de inclusão, os participantes deveriam fazer ao menos um
hemograma, com isso, foram analisados os principais elementos que são
característicos para avaliação laboratorial de um caso suspeito de dengue
como, a distribuição por dia dos leucócitos, hematócrito e plaquetas. Segue
0 4,1 4,1
10,2
75,5
6,1
16,7
0
33,3
16,7
33,3
0 0
10
20
30
40
50
60
70
80
< 1 ano 1-4 anos 5-9 anos 10-14 anos 15-59 anos ≥ 60 anos
Não Graves
Graves
51 50
44
50
40
42
44
46
48
50
52
Sem Gravidade Com Gravidade
Sem Exantema
Com Exantema
32
abaixo a distribuição desses elementos entre graves e não graves tendo como
parâmetros os valores mínimos e máximos de cada um (Figuras 15-17).
Figura 15: Distribuição dos leucócitos pelos dias de doença entre graves e não graves.
Figura 16: Distribuição do hematócrito pelos dias de doença entre graves e não
graves.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10
não graves
graves
0
10
20
30
40
50
60
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10
não graves
graves
33
Figura 17: Distribuição das plaquetas pelos dias de doença entre graves e não graves.
Após a realização do hemograma, conforme a necessidade foram
realizados exames de bioquímica no qual podem influenciar nos critérios de
diagnóstico como albumina, TGO/AST (Transaminase Glutâmico-Oxalacética)
e TGP/ALT (Transaminase Glutâmico-Pirúvica). Desses, 55 (52,8%) não
realizaram a albumina, 45 (43,2%) não realizaram TGO/AST (Transaminase
Glutâmico-Oxalacética) e nem TGP/ALT (Transaminase Glutâmico-Pirúvica)
solicitados pelo profissional. Segue abaixo a distribuição desses elementos
entre graves e não graves tendo como parâmetros os valores mínimos e
máximos de cada um, porém, alguns dos dias de doença não foram
contabilizados, devido à falta de exames (Figuras 18-20).
Figura 18: Distribuição de albumina pelos dias de doença entre graves e não graves.
0
50
100
150
200
250
300
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10
não graves
graves
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10
não graves
graves
34
Figura 19: Distribuição de TGO/AST pelos dias de doença entre graves e não graves.
Figura 20: Distribuição de TGP/ALT pelos dias de doença entre graves e não graves.
Dos exames específicos, foram realizados RT-PCR, em que apenas 23
(22,1%) tiveram o resultado positivo, com o sorotipo circulante DENV-4 em
100% dos que realizaram o RT-PCR. Realizado também, sorologias IgM com
93 (89,4%) realizados e IgG 62 (59,6%) (Figura 21).
0
100
200
300
400
500
600
700
800
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10
não graves
graves
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10
não graves
graves
35
Figura 21: Distribuição dos exames específicos como RT-PCR, Sorologias para IgM e IgG entre os participantes do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Os exames de imagem foram realizados apenas nos pacientes em que
apresentaram sinais de gravidade 6 (5,8%), como Raio-x de Tórax 1 (1,0%),
sem alteração, e Ultrassonografia de abdome 5 (4,8%), desses, as alterações
encontradas foram ascite e espessamento da parede da vesícula biliar.
Os parâmetros para a classificação clínica final foi seguida de acordo com a
mais atual estabelecida pela OMS (2009), em que se divide em Dengue sem
sinais de alarme 80 (76,9%), Dengue com sinais de alarme 18 (17,3%) e
dengue grave 6 (5,8%) (Figura 22). Dentre eles, 102 (98,1%) obtiveram a cura
e 2 (1,9%) foram à óbito.
Figura 22: Distribuição da classificação final dos casos de dengue entre os participantes do estudo, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
13 3
8
23
93
62 68
8
34
0
20
40
60
80
100
RT-PCR IgM IgG
Negativo
Positivo
NR
80
18
6 Dengue sem sinais dealarme
Dengue com sinais dealarme
Dengue Grave
36
5.4. Características entre os graves
De 104 participantes do estudo, seis evoluíram para a forma grave. As
características clínicas comuns entre eles são: artralgia 3 (50,0%), exantema 3
(50,0%), vômito 5 (83,3%), prostração 4 (66,7%), manifestações hemorrágicas
4 (66,7%), tonteira 3 (50,0%), dor abdominal 5 (83,3%) (Figuras 23 e 24).
Figura 23: Distribuição absoluta das características clínicas do dengue comuns entre graves e não graves, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
Figura 24: Distribuição relativa das características clínicas do dengue comuns entre graves, outubro/2013-janeiro/2015, Manaus-Am.
74,5
43,9
32,7
23,5 16,3 14,3
25,5
11,2
83,3
50
83,3
66,7 66,7
50
83,3
16,7
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Não Graves
Graves
5 4 4
3 3 2
1 0 0 0
3 3 3
3 2
2 2
0 0 0
2 2
1 1
1 1
1
0 0 0
4 4
3
2 2
1 1
0 0 0
3 3
2
2 2
1 1
1 1 1 0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Vômito
Prostração
Tonteira
Dor Abd
Febre
37
6. DISCUSSÃO
A infecção pelo vírus da dengue está amplamente distribuída nas regiões
subtropicais e tropicais onde as condições do ambiente favorecem o
desenvolvimento dos vetores, no qual resulta em uma variedade de sintomas
podendo ter seu início confundido com outras doenças virais. Está presente em
quase todos os estados do país com a circulação dos 4 sorotipos virais,
podendo levar ao aumento dos casos graves da doença.
Desde as primeiras epidemias ocorridas em Manaus, vem sendo observado
que os maiores de 15 anos são os mais acometidos com a doença, faixa etária
em que se encontram os grupos de maior atividade produtiva, em
conformidade com estudos realizados por Figueiredo et al. (2004). Porém
Rocha 2009 chama atenção em seu estudo para um aumento na proporção
entre os menores de 15 anos, identificando assim um padrão diferente na
região, em que essa população apresenta suscetibilidade para a forma grave.
Neste estudo, a idade média encontrada foi de 30 anos, dado similar
encontrado por Casali et al. 2009, em seu estudo envolvendo a epidemia de
dengue e dengue hemorrágico no Rio de Janeiro de 2001 a 2002 e Dennis CK
et al. 2003 (38,44).
Dentre os pacientes hospitalizados e estudados, o gênero feminino foi o
mais acometido pala doença, resultado este semelhante aos estudos de
Campagna, 2006 e Denis CK et al. 2003 (46,47). Além disso, estudo realizado
por Baroni & Oliveira 2009 (48), no Rio Grande do Sul, no qual relatam os
aspectos epidemiológicos da febre clássica da dengue, mostrou um resultado
parecido quanto ao gênero feminino, correspondendo a 68,25%, este resultado
é semelhante a valores encontrados em estudos no Tocantins e em São Paulo.
Uma das explicações para essa diferença entre os gêneros seria a maior
permanência da mulher no intradomicílio e peridomicílio, locais onde se pode
encontrar a presença do vetor (49).
38
Contudo, estudo realizado por Figueiredo 2004, no município de Manaus
encontrou resultados diferentes em que obteve a maior incidência no gênero
masculino. Os dados encontrados nos estudos anteriores não mostraram
diferença entre os gêneros quanto à exposição e/ou contaminação pelo vírus.
A manifestação da doença ocorreu entre os meses de janeiro a março,
maio e novembro, que correspondem ao período chuvoso na região (janeiro a
maio), período em que coincide com a proliferação do vetor, e apresentação da
doença, demonstrando padrão sazonal nos períodos mais quentes e úmidos,
assim como em estudos realizados por Casali et al. 2009, Bastos 2004 e
Figueiredo 2004.
Nesse período, a distribuição espacial dos locais de origem e possível
contaminação ocorreram em toda a cidade com maior incidência nas zonas
geográficas: norte e oeste, como nos bairros, Cidade Nova, D. Pedro e
Compensa. Pois, para Figueiredo et al. (2004), as zonas centrais são as de
maior incidência onde ocorre a maior concentração populacional ativa durante
o dia, e o bairro da Cidade Nova, considerado o maior conjunto habitacional da
cidade, é o mais populoso do município, além de diversos estabelecimentos
comerciais, aglomerados como as invasões e loteamentos clandestinos, e os
demais bairros devido ao aumento dos criadouros naturais resultante das
ações do ser humano (21).
As manifestações clínicas apresentadas deram-se a partir do 1º dia com a
febre, seguidas dos sinais clássicos como cefaléia, mialgia, artralgia e dor
retroorbitaria, com os dias mais acometidos nos 3º e 6º dias de doença e
duração média de 3 dias. Entre elas, chama atenção às hemorrágicas, que
podem iniciar em até 24 horas após o início da febre e não estão restritas
apenas aos casos de ―dengue hemorrágico‖, mas podem ocorrer em todas as
classificações de dengue. Em um levantamento bibliográfico feito por Masera et
al. (2011), informa que essas manifestações podem ocorrer através da PL
positiva, petéquias, equimoses, epistaxe, gengivorragia, metrorragia e
39
hemorragia digestiva alta. Neste estudo, foi encontrado 20 participantes com
esses sinais. Em outro estudo similar, no qual buscaram as características
clínico-epidemiológicas dos casos graves em adultos no Estado de Minas
Gerais, encontrou-se a gengivorragia com 22,2%, dado este similar ao
presente estudo (35).
A ocorrência de dengue com manifestações hemorragias podem ser
explicadas pelos anticorpos presentes nas infecções secundárias por sorotipos
diversos do vírus da dengue. A resposta imunológica do indivíduo sensibilizado
seria ampliada por uma segunda infecção. Além disso, outros fatores
influenciam para esses casos, como os genéticos, a virulência das cepas, as
comorbidades, entre outros (50).
Essas manifestações podem acontecer com uma relativa frequência,
podem ser espontâneas como epistaxe, gengivorragia, petéquias e
metrorragia, ou provocadas como a prova do laço (51). Na realização do
exame da prova do laço, houve muita dificuldade em executá-lo, pois na
maioria das vezes o paciente não conseguia atendimento nas unidades do
estudo e quando acontecia era a partir do 6º dia, dificultando sua execução,
período este, em que na maioria dos casos ocorre a melhora dos sinais que
levariam alteração da permeabilidade vascular.
A erupção cutânea (rash) quando estão presentes, surge dois a cinco dias
após início da febre, sendo mais frequente nas infecções primárias do que nas
secundárias, podendo aparecer um eritema difuso, intercalado por áreas de
pele sadia, seguido ou não de prurido (51). Sua presença foi observada em
44,2% dos participantes, com a maior incidência do tipo morbiliforme não
descartando a presença dos outros tipos de exantema. Campagna (2006) em
seu estudo sobre a etiologia do exantema em crianças obteve um resultado de
88,7% sendo as crianças os mais susceptíveis.
40
Para complementação dos critérios clínicos avaliados, foram realizados
hemograma completo e bioquímica, além de exames de descarte para malária,
por se tratar de uma doença endêmica na região. Além de exames específicos
como RT-PCR e sorologias para detecção de anticorpos IgM e IgG contra
dengue, além dos exames de imagem, como Rx-tórax e USG de abdômen.
No hemograma, foram destacados os elementos que poderiam haver
associação com os sinais de gravidade como leucócitos, hematócrito e
plaquetas. Os leucócitos tiveram uma diminuição a partir do 3º dia voltando a
aumentar no 5º dia entre os graves e não graves, a média entre os dias de
doença não caracterizou como leucopenia no geral, apenas no 3º dia em que
as duas classificações apresentaram essa queda.
O hematócrito entre os graves e não graves não houve hemoconcentração,
os graves apresentando diminuição abaixo do limite inferior de normalidade a
partir do 2º dia voltando a aumentar no 5º dia. Já os não graves permaneceram
dentro do limite de normalidade durante toda a evolução da doença. As
plaquetas, como já era esperado entre os graves, tiveram uma queda
(plaquetopenia) a partir do 2º dia de doença, voltando à normalidade, para
alguns, no 6º dia com o mínimo de 19 mil plaquetas.
Na bioquímica, podemos destacar os exames de Albumina, TGO/AST e
TGP/ASP, foi encontrada muita dificuldade para a execução desses dados,
devido à falta de solicitação pelo profissional no atendimento. A albumina
apresentou hipoalbuminemia no 6º dia de atendimento, variando de 1,8 até 4,1
mg/dl entre os graves, os não graves encontram-se no parâmetros normais. Já
nas enzimas hepáticas como TGO/AST e TGP/ASP houve uma discreta
elevação no 3º dia de doença, nos não graves, permanecendo elevada até o
10º dia. Entre os graves elas estiveram elevadas desde o 1º dia de doença
seguindo até o 7º dia, o qual se tem registro. Não houve significância
estatística entre as enzimas avaliadas. Porém, em outro estudo realizado em
41
Campo Grande, no qual procurava envolvimento hepático naqueles com FHD,
foi possível observar que o aumento das enzimas hepáticas (52)
Dos 104 pacientes incluídos 23 (22,1%) que realizaram a identificação do
sorotipo viral apresentaram 100% DENV-4, vírus este que foi identificado pela
primeira vez nas Ilhas do Caribe em 1981 e espalhou-se por vários países da
América, causando diversas epidemias nas Américas do Sul e Central. A
infecção por este sorotipo tem características brandas, portanto, não causam
formas graves (29,36).
No Brasil, detectou-se pela primeira vez na Capital Boa Vista em 1989. Em
Manaus, sua chegada ocorreu em 2008 não trazendo grandes epidemias. Já
em 2011, com a circulação dos 4 sorotipos virais deu-se a maior epidemia que
o município pode registrar (2).
Neste estudo, 70 dos participantes realizaram a sorologia para IgG, desses,
60,6% já estavam em infecção secundária. No ato da entrevista, a maioria dos
participantes informaram que nunca haviam adquirido o vírus da dengue,
correspondendo a 98,1%. Apesar de mais da metade dos participantes
possuírem uma resposta imunológica primária prévia não foi observado um
número significativo de casos graves de dengue nesse estudo, isso pode estar
relacionado com a baixa virulência do sorotipo 4 (21) .
Durante o estudo, não foi observado muitos casos graves de dengue,
apenas 6, desses 2 evoluíram para o óbito. O primeiro, de 31 anos, com co-
infecção por leptospirose e foi a óbito no 7 º dia de doença, apresentando dor
na panturrilha e alguns sinais de alarme para dengue como as manifestações
hemorrágicas (hematêmese e melena), dor abdominal intensa e vômito,
evoluindo no mesmo dia para dengue grave bem como acúmulo de fluidos
seguidos de desconforto respiratório e alteração de outros órgãos como o
espessamento da parede da vesícula biliar (53).
42
O segundo, 4 meses, foi a óbito no 27º dia, apresentando uma complicação
por infecção bacteriana (sepse) com a presença de manifestações
hemorrágicas como petéquias, melena, lesões sangrantes, apática, além de
diversos sangramentos, nasal, oral, ouvido esquerdo e locais de punções,
anasarcada e desconforto respiratório. No exame de imagem foi constatado
hepatomegalia volumosa, ascite e espessamento da parede da vesícula biliar.
Os sinais de gravidade encontrados foram acúmulos de fluidos com
desconforto respiratório, associado à hepatomegalia, espessamento da parede
da vesícula biliar (média de 5,3mm) e sangramento intenso. As idades
acometidas com dengue grave foram < 1 ano (um), 5-9 anos (dois), 10-14 anos
(um) e ≥15 anos (dois) e o gênero cinco feminino e um masculino. O mês/ano
de início dos sintomas foram dois (dezembro/2013) com um óbito, um
(fevereiro/2014) com óbito, dois (março/2014) e um (outubro/2014), o restante
obtiveram a cura no período de convalescência numa média de oito dias de
hospitalização.
Foi observado que entre os menores de 15 anos a incidência de evoluir
para a forma grave é maior do que nos maiores de 15 anos, não podendo fazer
uma relação precisa dessas variáveis, pois o número amostral entre os graves
foi pequeno para essa avaliação (10,11).
De todos os participantes que apresentaram sinais de gravidade, quatro
deles obtiveram a cura e dois foram a óbito, que ocorreram por associação com
outras doenças.
Conforme objetivos propostos foram observados que a cronologia dos
sinais e sintomas entre os pacientes graves iniciou-se no 1º dia com os sinais e
sintomas comuns para a doença seguidos de sinais de alarme e
posteriormente, os que levaram à gravidade. A presença desses sinais de
gravidade tiveram seu aparecimento no período de convalescência. Apenas um
paciente apresentou sinais de gravidade no início da doença.
43
No estudo de referência, encontrou-se fatores de mau prognóstico em
menores de 15 anos. Alguns deles tiveram relevância encontrados neste
trabalho, como dor abdominal intensa em qualquer fase da doença,
aparecimento de sangramento a partir do 2º dia de doença, período
correspondente ao febril, com duração até o final do período crítico, até sete
dia de doença. Já o primeiro atendimento médico, foi com quatro dias ou mais
de doença superior (11).
Neste estudo, houve diversas limitações quanto sua execução, pois
envolveu demanda espontânea dos pacientes, após a procura do atendimento
ficando a critério médico o diagnóstico de dengue, que na maioria subestimam
os sinais clássicos de dengue. Isso ocorreu porque muitos pacientes em tempo
hábil de busca dos sorotipos retornavam para suas residências sem
atendimento e retornavam após o quinto dia.
Portanto, a crescente ocorrência de dengue tem se apresentado em um
aumento na preocupação para a sociedade, em especial para os gestores de
saúde, devido às dificuldades enfrentadas para o controle das epidemias e às
necessidades de ampliar a capacidade dos serviços de saúde.
A quase totalidade dos óbitos por dengue é evitável, e depende na maioria
das vezes de uma assistência de qualidade prestada e da organização dos
serviços de saúde, em uma triagem eficaz utilizando-se critérios para
identificação dos fatores de mau prognóstico. Reduzindo o tempo de espera
por atendimento médico, visando a aceleração do diagnóstico, tratamento e
internação.
Pois, essa batalha contra a dengue, não deve ser apenas dos políticos ou
dos profissionais de saúde, precisa também envolver a comunidade em geral,
para com isso minimizar o problema.
Às recomendações para os futuros trabalhos, de grande importância:
44
A implementação como rotina, para os pacientes suspeitos de
dengue com sinais de alarme, a dosagem de albumina plasmática,
TGO/AST e TGP/ALT, hemograma completo, porque muitas vezes
os profissionais não os solicitam. Além dos exames de imagem.
Atenção especial aos pacientes características clínicas como
tonteira, metrorragia, pois não associam essas manifestações com o
quadro febril.
A necessidade de atender os pacientes nos primeiros dias de
doença, para que haja a identificação dos sorotipos circulantes e um
acompanhamento ambulatorial nos dias de doença, com o intuito de
identificar com antecedência os fatores de mau prognóstico para
dengue grave.
45
7. CONCLUSÃO
A cronologia dos sinais e sintomas entre os graves deu-se no 1º dia com
sinais clássicos, seguidos de sinais de alarme evoluindo com as
características graves, com duração de sete dias.
Os sinais e sintomas mais relevantes foram artralgia, exantema, dor
abdominal, vômitos, prostração, manifestações hemorrágicas, tonteira e
calafrio.
As variáveis encontradas no trabalho anterior apresentaram-se de
grande relevância neste estudo, como a dor abdominal intensa,
sangramento com início de ambos precoce, estendendo-se em até sete
dias, e o 1º atendimento médico, foi com quatro dias ou mais de doença.
A maior procura pelo atendimento ocorreu no 6º dia de doença.
Seis evoluíram para gravidade, com os seguintes sinais encontrados:
acúmulo de fluidos com desconforto respiratório associado à
hepatomegalia, espessamento da vesícula biliar em aproximadamente
5,3 mm e sangramento intenso. Desses, dois evoluíram para óbito.
A forma clínica mais comum foi dengue sem sinais de alarme.
46
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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52
9. APÊNDICE A
9.1. Questionário
PROJETO NO SICONV
Validação dos fatores de prognóstico associados à gravidade do dengue
Coordenadora: Dra. Lúcia Alves da Rocha QUESTIONÁRIO
I – IDENTIFICAÇÃO Nº.....................
Nº do Prontuário:............................................... Unidade Hospitalar:............................................
Nome:........................................................................................ Idade:..................... Sexo:................ Nome da mãe ou responsável:............................................................................................................. End.:............................................................................................... Fone:............................................ Bairro:................................................................... Zona Geográfica:...................................................
Faixa Etária - A: < 1 ano ( ) B: 1 a 4 anos ( ) C: 5 a 9 anos ( ) D: 10 a 14 anos( ) E:≥ 15 anos ( ) DT-Atendimento:...../...../..... DT-Início dos Sintomas: ...../...../.....
II. SINAIS E SINTOMAS
Sinais e Sintomas/Dias de Doença 1ºd 2ºd 3ºd 4ºd 5ºd 6ºd 7ºd 8ºd 9ºd 10ºd
Febre
Artralgia
Cefaleia
Choro persistente
Diarreia
Dor na Garganta
Dor Retro-orbitária
Dor Abdominal
Dor Torácica
Mialgia
Náuseas
Prostração
Vômito
Desconforto Respiratório
Outros*:
*Especificar ao lado Obs.: Circular o dia de internação.
III. FATORES DE MAU PROGNÓSTICO
Fatores de mau prognóstico 1ºd 2ºd 3ºd 4ºd 5ºd 6ºd 7ºd 8ºd 9ºd 10ºd
Dor abdominal
53
1º atendimento médico ≥ 4 dias
Prova do laço positiva no 1º atendimento (P: positiva; N: negativa; NR: Não realizada)
Aparecimento de sangramento ≥ 4 dias de doença
Dosagem de albumina com valores < 3,5g/Dl
Dengue anterior: Sim ( ) Não ( ) Se, sim. Ano:............... Informação por: Exame ( ) Relato ( )
IV- REALIZAÇÃO DA PROVA DO LAÇO: SIM ( ) NÃO ( ) Se não, porque?....................
RESULTADO DA PL positiva 1ºd 2ºd 3ºd 4ºd 5ºd 6ºd 7ºd 8ºd 9ºd 10ºd
Positiva em que dia de doença?
Local das petéquias:
Face anterior do cotovelo.............
Face posterior do cotovelo...........
Entre os dedos.............................
Face anterior da prega axilar........
Outros locais.................................
V– MANIFESTAÇÕES HEMORRÁGICAS: SIM ( ) NÃO ( )
Tipos/Dd* do aparecimento 1ºd 2ºd 3ºd 4ºd 5ºd 6ºd 7ºd 8ºd 9ºd 10ºd
Gengivorragia
Metrorragia
Petéquias
Epistaxe
Equimose
Hematoma
Hematúria
Hemorragia Conjuntival
Melena
Hematêmese
Púrpura
Outros**.................................................
*Dd: dias de doença **Especificar ao lado qual o outro tipo. VI – EXANTEMA: SIM ( ) NÃO ( )
Tipos /Dd do aparecimento 1ºd 2ºd 3ºd 4ºd 5ºd 6ºd 7ºd 8ºd 9ºd 10ºd
Morbiliforme
Exantema petequial
Escarlatiniforme
Atípico (Sinal de Herman)
Prurido
Outros**..............................................
**Especificar ao lado qual o outro tipo. VII – SINAIS DE GRAVIDADE: Sim ( ) Não ( )
Tipo 1ºd 2ºd 3ºd 4ºd 5ºd 6ºd 7ºd 8ºd 9ºd 10ºd
Choque
Acúmulo de fluido com desconforto respiratório
Sangramento grave
54
NR (não realizada)
Alteração do SNC
Alt. Fígado (TGO/TGP≥1000)
Miocardite (ou outras alt do coração)
Alteração em outros órgãos VIII ‐ RESULTADOS DE EXAMES LABORATORIAIS E DE IMAGEM
Data 1ºd 2ºd 3ºd 4ºd 5ºd 6ºd 7ºd 8ºd 9ºd 10ºd
Leucócitos
Hemácias
Hemoglobina
Hematócrito
Plaquetas
Basófilos
Eosinófilos
Bastões
Segmentados
Linfócitos
Monócitos
Albumina
TGO
TGP
BI
BD
Uréia
Creatinina
Sódio
Potássio
Cálcio
Fósforo
Cloro
Magnésio
Plasmodium
Outros Exames:
Exames Específicos:
RT-PCR: Positiva ( ) Negativa ( ) NR ( ) DENV I ( ) DENV II ( ) DENV III ( ) DENV IV ( )
SOROLOGIA (IGM): Positiva ( ) Negativa ( ) NR ( )
IX - IMAGENOLOGIA: Realizou Raio-X de tórax Laurell e/ou USG abd? Sim ( ) Não ( )
Alterações encontradas 1ºd 2ºd 3ºd 4ºd 5ºd 6ºd 7ºd 8ºd 9ºd 10ºd
D.Pleural D
D. Pleural E
55
D. Pleural Bilateral
Derrame Pericárdico
Ascite
Espessamento da parede da VB*
Outras alterações, especificar: ..............................................................
*Especificar quantos milímetros (mm) de espessura da vesícula biliar
X- CLASSIFICAÇÃO FINAL
Classificação clínica atual (OMS, 2009):
Dengue sem sinais de alarme (SA) ( ) Dengue com sinais de alarme (SA) ( ) Quais os SA?............................................................................................................. Dengue Grave ( ) Qual a gravidade?......................................................................... Classificação clínica do MS:
Febre Indiferenciada ( ) DCs/manif. Hemorrágica ( ) DCc/manif. Hemorrágica ( ) FHD ( ) Se FHD, classificar em: Grau I ( ) Grau II ( ) Grau III ( ) Grau IV ( ) DCC (dengue com complicação): Sim ( ) Não ( ) Se sim, qual?...............................
XI- EVOLUÇÃO
Cura ( ) Alta Hospitalar ...../...../..... Dias de Internação: .....................................
Óbito ( ) Data do Óbito ...../...../.....
XII – INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Data da Entrevista: ...../...../..... __________________________________
Assinatura do (a) pesquisador (a)
56
10. APÊNDICE B
10.1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(De acordo com a Resolução 466/2012)
Nós, Lúcia Alves da Rocha e Maria Paula Gomes Mourão, pesquisadoras da Fundação de Medicina Tropical – Doutro Heitor Vieira Dourado, estamos convidando você ou o seu ou seu filho, com suspeita de dengue, a participar da pesquisa intitulada “Validação dos Fatores de Prognóstico Associados à Gravidade do Dengue‖. Vários trabalhos mostram que, pensar rapidamente em dengue e tomar as medidas adequadas pode diminuir a gravidade da doença e evitar a morte. Portanto, se faz necessário, usar informações clínicas e laboratoriais, que ajudem os profissionais de saúde a identificar rapidamente, os pacientes com dengue que apresentem risco de evoluir para a forma grave.
a) O objetivo desta pesquisa é definir as informações clínicas e laboratoriais que estejam associadas a possibilidade do paciente com dengue desenvolver a forma grave. Dessa maneira, ajudar os profissionais de saúde a identificar rapidamente o quadro e oferecer um cuidado adequado a esse paciente.
b) Caso você participe da pesquisa, será necessário realizar os seguintes procedimentos:
Coleta de uma amostra de sangue na Veia do braço (será colhido uma quantidade de sangue correspondente a 1 colher de chá para as crianças e 1 colher de sobremesa para os adultos). Este procedimento será realizado por um profissional treinado, usando material descartável, e com todos os cuidados de limpeza e punção da veia para evitar problemas. Este sangue vai servir para fazer exames das células do sangue (hemograma), das substâncias que circulam no sangue (bioquímica ‐ albumina, transaminases, bilirrubinas) e para confirmar a infecção por dengue (PCR e pesquisa de anticorpo).
Raio-X de tórax, Raio‐X simples do abdome e ultrassonografia, para se identificar a perda de líquidos que podem ocorrer no dengue grave.
Outros exames, necessário de acordo com o quadro clínico apresentado durante a evolução da doença, mas sempre comunicado ao paciente ou responsável.
Uma entrevista sobre a doença atual e outras doenças que o paciente possua hábitos de vida e condições de moradia.
c) Para tanto você deverá ser atendido na Fundação de Medicina Tropical
– Doutor Heitor Vieira dourado e no caso de seu filho, se tiver menos de 15 anos de idade, deverá ser atendido em um dos três Pronto Socorro
57
da Criança ( Zona Sul, Zona Leste e Zona Oeste). Os pacientes considerados graves ou com chance de gravidade serão hospitalizados e acompanhados pela equipe do hospital e do estudo. Durante a internação, novas coletas de sangue podem ser necessárias, não pela pesquisa, mas para acompanhar a evolução da doença e a resposta ao tratamento. Os pacientes sem gravidade serão liberados, marcados retorno para consulta de acompanhamento e realização de exames de sangue ou de outros exames se for necessário, podendo permanecer nesses retornos por 1 hora. Sendo marcado 3 retornos ou mais de acordo com cada situação apresentada.
d) É possível que, durante a participação na pesquisa você e/ou seu filho experimente algum desconforto. Poderá sentir dor no momento da picada da agulha e um leve sangramento após a retirada da agulha.
e) Alguns riscos relacionados ao estudo podem ser: aparecer nos minutos seguintes, uma mancha roxa no local da picada da agulha. Alguns dias depois pode aparecer um vermelhidão e calor no local , o que deverá ser imediatamente avisado à médica coordenadora da pesquisa.
f) Os benefícios esperados com essa pesquisa são: os exames realizados ajudarão a confirmar diagnóstico de dengue, definir se é um quadro grave e ajudar no tratamento. O principal benefício deste estudo é poder ajudar os médicos a fazerem um diagnóstico cedo do dengue, tanto na criança como no adulto, e assim poder tratar o paciente com mais rapidez, evitando complicações e morte.
g) Você poderá localizar a Dra. Lúcia Alves da Rocha (médica pediatra, pesquisadora responsável pelo estudo), na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), situada na Av. Pedro Teixeira nº 25, Dom Pedro, Manaus, AM, CEP: 69040-000. Fone: (92) 2127-3555, e-mail: [email protected] , celular (92) 9272-6898, para esclarecer dúvidas que você possa ter e dar as informações que queira, antes, durante ou depois de encerrado o estudo.
h) Você também, se desejar, poderá optar por tratamento alternativo ao que está sendo proposto.
i) A sua participação e de seu filho neste estudo é voluntária e se você não quiser mais fazer parte da pesquisa poderá desistir a qualquer momento e retirar o seu consentimento. Essa decisão não prejudicará de forma alguma o seu atendimento, tratamento ou acompanhamento na FMT-HVD e/ou nos Prontos Socorros da Criança.
j) As informações relacionadas a este estudo poderão ser conhecidas por pessoas autorizadas (a equipe de profissionais que participam do estudo). No entanto, se qualquer informação for divulgada garantimos que a sua identidade e/ou do seu filho será preservada e mantida em segredo.
k) As despesas necessárias para a realização da pesquisa (exames, medicamentos, etc.) não são de sua responsabilidade e pela sua participação do estudo você não receberá qualquer valor em dinheiro. Você tem garantia em receber ressarcimento por gastos que ocorrerem durante a participação do estudo, como (transporte e/ou alimentação).
58
l) Você e/ou seu filho serão atendidos e acompanhados pelos médicos plantonistas de cada serviço e pelo pesquisador durante sua permanência na Unidade Hospitalar, receberão todo tratamento necessário para a sua recuperação. Caso apresente algum problema nos exames que necessite de um tratamento especial, o participante do estudo será acompanhado e encaminhado para o tratamento adequado, recebendo um tratamento integral e gratuito, mesmo que não queira mais participar da pesquisa.
m) Os materiais coletados (sangue, urina, escarro, fezes,...) do senhor/ da senhora/ sua/ de seu filho/ de seu familiar serão utilizados exclusivamente para atender aos objetivos desta pesquisa e, caso haja sobra, serão devidamente eliminados ao final do estudo.
DECLARAÇÃO DO (A) RESPONSÁVEL PELO (A) PARTICIPANTE OU O PRÓRPIO PARTICIPANTE (ADULTO) Eu,___________________________________________________, fui informado sobre a pesquisa e entendi os objetivos benefícios e riscos de minha participação ou de meu filho _________________________________________________. Em caso de dúvidas poderei localizar a Dra. Lúcia Alves da Rocha, na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), situada a Av. Pedro Teixeira, nº 25, Dom Pedro, Manaus, AM, cep: 69040- 000, Fone: (92) 2127-3555. Caso eu precise ou tenha vontade, também posso procurar o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da FMT-HVD, coordenado pela Dra. Maria Paula Mourão, no mesmo endereço acima, pelo telefone (92) 2127-3572 ou por email ([email protected]). Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e mudar minha decisão se assim desejar. A pesquisadora me garantiu que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais. Assim sendo, declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
Manaus,_____, de________________de 20___. ____________________________ ___________________________
Assinatura do (a) participante quando Assinatura do (a) pesquisador (a)
adulto ou responsável quando o (a) participante for criança (menor) de 12 anos
Impressão do dedo polegar quando não souber assinar
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11. APÊNDICE C
11.1. Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE)
TERMO DE ASSENTIMENTO
(No caso do menor entre 12 a 18 anos)
Você está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa
―VALIDAÇÃO DOS FATORES DE PROGNÓSTICOS ASSOCIADOS À
GRAVIDADE DO DENGUE‖. Nesta pesquisa pretendemos definir as
informações realmente associados com chance da pessoa desenvolver dengue
grave, de modo a ajudar os profissionais de saúde a identificar rapidamente o
quadro e oferecer um cuidado adequado ao paciente com dengue. E ainda
comparar se as mesmas informações servem para adultos e crianças com
dengue. A validação dos fatores de mau prognóstico para casos de dengue,
fornecem subsídios para identificação precoce dos pacientes com
possibilidades de evoluir para gravidade e assim oferecer uma atenção médico-
hospitalar mais intensiva na tentativa de evitar o óbito dos pacientes objetivo
primordial num programa de controle da doença.
O motivo que nos leva a estudar esse assunto é que vários trabalhos mostram
que pensar rapidamente em dengue e tomar as medidas adequadas pode
diminuir a gravidade da doença e evitar a morte. Portanto, se faz necessário,
usar informações clínicas e laboratoriais que ajudem os profissionais de saúde
a identificar rapidamente os casos suspeitos de dengue e aqueles com sinais
de gravidade. Além disso, os dados disponíveis, não são ainda suficientes para
o atendimento completo, de como a doença evolui, em especial nas crianças.
Para todos os pacientes com suspeita de dengue que aceitar participar do
estudo, adotaremos o(s) seguinte(s) procedimento(s):
Coleta de uma amostra de sangue da veia do braço (será colhido
uma quantidade de sangue correspondente a 1 colher de chá
para as crianças e 1 colher de sobremesa para os adultos). Este
procedimento será realizado por um profissional treinado, usando
material descartável, e com todos os cuidados de limpeza e
punção da veia para evitar problemas. Este sangue vai servir para
fazer exames das células do sangue (hemograma), das
substâncias que circulam no sangue (bioquímica, albumina,
transaminases, bilirrubinas) e para confirmar a infecção por
dengue (PCR e pesquisa de anticorpos).
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Raio-X de tórax, Raio-X simples do abdome e ultrassonografia
para se identificar a perda de líquidos que podem ocorrer no
dengue grave.
Outros exames necessários de acordo com o quadro clínico
apresentado durante a evolução da doença, mas sempre
comunicado ao paciente ou responsável.
Uma entrevista sobre a doença atual e outas doenças que o
paciente possua hábitos de vida e condições de moradia.
Para participar desta pesquisa o responsável por você deverá autorizar e
assinar um termo de consentimento. Você não terá nenhum custo, nem
receberá qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido (a) em qualquer
aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se. O responsável
por você poderá retirar o consentimento ou interromper a sua participação a
qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar
não acarretará qualquer penalidade ou modificações na forma em que é
atendido (a) pelo pesquisador que irá tratar a sua identidade com padrões
profissionais de sigilo. Você não será identificado em nenhuma publicação.
Esta pesquisa apresenta risco mínimo (ou risco maior que o mínimo se for o
caso), isto é, o mesmo risco existente em atividades rotineiras como conversar
tomar banho, ler e etc. Apesar disso, você tem assegurado o direito a
ressarcimento ou indenização no caso de quaisquer danos eventualmente
produzidos pela pesquisa. Os resultados estarão à sua disposição quando
finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será
liberado sem a permissão do responsável por você. Os dados e instrumentos
utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por
um período de 5 anos, e após esse tempo serão destruídos.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que
uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável e a outra será
fornecida a você. Em caso de dúvidas poderei localizar a Dra. Lúcia Alves da
Rocha, na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-
HVD), situada a Av. Pedro Teixeira, nº 25, Dom Pedro, Manaus, Am, Cep:
69040-000. Fone: (92)2127-3555. Caso eu precise ou tenha vontade, também
posso procurar o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da FMT-HVD,
61
coordenado pela Dra. Maria Paula Mourão, no mesmo endereço acima pelo
telefone (92) 2127-3572 ou por email ([email protected])
DECLARAÇÃO DO (A) PARTICIPANTE
Eu,_____________________________________________________, portador
(a) do documento de identidade, _________________________ (Se já tiver
documento), fui informado (a) dos objetivos da presente pesquisa, de maneira
clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento
poderei solicitar novas informações e o meu responsável poderá modificar a
decisão de participar se assim o desejar. Tendo o consentimento do meu
responsável já assinado, declaro que concordo em particular dessa pesquisa.
Recebi uma cópia deste termo de assentimento e me foi dada a oportunidade
de ler e esclarecer as minhas dúvidas
Manaus, _____ de __________________ de 20___.
_____________________________ ___________________________
Assinatura do (a) menor Assinatura do (a) pesquisador (a)
Impressão do dedo polegar quando não souber assinar