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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARIA CRISTINA BRIGO DA SILVA SOFT POWER E A HALLYU: UM OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO DA COREIA DO SUL Florianópolis 2020

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARIA CRISTINA BRIGO DA SILVA

SOFT POWER E A HALLYU: UM OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO DA COREIA DO SUL

Florianópolis

2020

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MARIA CRISTINA BRIGO DA SILVA

SOFT POWER E A HALLYU: UM OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO DA COREIA DO SUL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharela em Relações Internacionais.

Orientador: Ricardo Neumann, Dr.

Florianópolis

2020

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MARIA CRISTINA BRIGO DA SILVA

SOFT POWER E A HALLYU: UM OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO DA COREIA DO SUL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharela em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 14 de dezembro de 2020.

_________________Ricardo Neumann, Dr____________________ Professor e orientador Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_________________ Silvia Natalia Barbosa Back, Ms.____________ Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic

Universidade...

______________Luciano Daudt da Rocha, Me_________________ Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic Universidade do Sul de Santa Catarina

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Dedico este trabalho a minha mãe que

sempre esteve ao meu lado nos dias que

eu quis desistir de tudo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais por todos esses anos me ajudando e me incentivando

a continuar estudando. A minha prima Jussara que me apoiou quando eu pensei em

desistir nesse último ano de graduação e me falou que eu devia dar tudo de mim, pois

era o último ano.

Agradeço aos meus amigos que sempre me aguentaram e ouviam quando eu

falava sobre o quanto a Coreia do Sul era um país fascinante para mim

Agradeço a minha irmã, Ana Carolina que tirou meu celular para que eu

pudesse escrever.

Agradeço também aos meus professores por todos esses anos de

ensinamentos e conhecimentos trocados, pois eles os mestres, tem um papel

importante em nossas vidas, nos guiam para o início da nossa jornada.

E por fim, agradeço a mim mesma que apesar de todas as barreiras que impus,

superei meus medos e estou aqui agora, para contar sobre uma das minhas paixões,

ou seja, a Coreia do Sul.

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“Se queres prever o futuro, estuda o passado.” (Confúcio, -551 - -479 a.C).

When it’s overwhelming, hold on tight

I’ll be here, don’t forget it

‘Cause in life, sometimes we need a helping hand

You’ll be alright, just take it slow, one day at a time.

One Day ate a time – ATEEZ 2020

Just keep it up

So that everyone can see

More and more, just keep it up

So that the whole world can hear

Let's continue

Although we don't have the will

Of that sometimes, just continue

Just keep it up

Just keep it up

Sunrise – ATEEZ 2019

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RESUMO

O presente trabalho abordou à Hallyu, “Onda coreana”, conceito criado e

desenvolvido para divulgação da cultura para auxiliar no crescimento econômico e

cultural do país. Para iniciar a pesquisa foi elaborado breve resumo do contexto

histórico da Coreia do Sul, em seguida, no primeiro capítulo, foi apresentado a história

do país através de bibliográfica fornecida pelo governo sul coreano, além de autores

especialistas na história coreana. Posteriormente foi apresentado o conceito de Soft

Power de Joseph Nye, foi debatido e definido, além de apresentar a nova definição de

diplomacia cultural ligada a esse poder e manobras relacionadas as relações

internacionais dos países ao redor do globo. Por fim, foi feita uma análise da Hallyu a

partir de artigos e sites especializados na “Onda coreana”. O projeto foi desenvolvido

a partir de uma pesquisa exploratória, através de uma análise bibliográfica e

documental na qual utilizou-se de documentos do governo coreano, livros, artigos e

sites especializados na temática abordada. Esse trabalho veio para demonstrar como

a influência cultural pode ser usada como uma estratégia significativa e de grande

poder para o desenvolvimento de um país.

Palavras-chave: Coreia do Sul, Soft Power, Hallyu e “Onda coreana”.

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ABSTRACT

The present work approached Hallyu, Korean wave, a concept created and developed

to spread the culture to help in the economic and cultural growth of the country. To

begin the research, a brief summary of the historical context of South Korea was

prepared, then, in the first chapter, the history of the country was presented through

bibliography provided by the South Korean government, in addition to authors who are

experts in Korean history. Afterwards the concept of Soft Power by Joseph Nye was

presented, it was debated and defined, in addition to presenting the new definition of

cultural diplomacy linked to this power and maneuvers related to international relations

of countries around the globe. Finally, an analysis of Hallyu was made from articles

and websites specialized in the "Korean Wave". The project was developed from an

exploratory research, through a bibliographic and documentary analysis in which

Korean government documents, books, articles and websites specialized in the subject

matter were used. This work came to demonstrate how cultural influence can be used

as a significant and powerful strategy for the development of a country.

Keywords: South Korea, Soft Power, Hallyu and “World Wave “.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9

2 A HISTÓRIA DA COREIA DO SUL ..................................................................... 13

2.1 COREIA ............................................................................................................. 14

2.1.1 Uma Transição De Poder Da China Para O Japão...................................... 17

2.1.2 Duas Coreias, guerra e conflitos ................................................................. 20

2.2 PÓS GUERRA: REPÚBLICA DA COREIA ........................................................ 22

3 SOFT POWER: DENIFIÇÃO E SUAS CARACTERISTICAS .............................. 24

3.1 HARD POWER .................................................................................................. 25

3.2 SOFT POWER................................................................................................... 26

3.2.1 Características do Soft Power ..................................................................... 28

3.2.2 Recursos ........................................................................................................ 29

3.2.3 Limitações ..................................................................................................... 30

3.3 DIPLOMACIA E SOFT POWER ........................................................................ 30

3.3.1 Diplomacia pública ........................................................................................ 31

3.3.2 Diplomacia Cultural ....................................................................................... 32

4 HALLYU: A DEFINIÇÃO DE SOFT POWER COREANO ................................... 34

4.1 HALLYU ............................................................................................................. 35

4.1.1 Origens ........................................................................................................... 35

4.1.2 Expansão ....................................................................................................... 37

4.1.3 Características .............................................................................................. 39

4.2 AS FASES DA HALLYU .................................................................................... 40

4.2.1 Hallyu 1.0 ....................................................................................................... 40

4.2.2 Hallyu 2.0 e 3.0 .............................................................................................. 41

4.2.2.1 K-pop ............................................................................................................ 42

4.2.3 Hallyu 4.0 ....................................................................................................... 47

4.2.4 Industria cinematográfica. ............................................................................ 48

4.3 O SITEMA DE SUPORTE A DIVULGAÇÃO DA HALLYU. ................................ 49

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

A península coreana já foi palco de diversas disputas por se encontrar bem

localizada, entre os gigantes asiáticos, como China, Rússia e Japão. Em sua história

carrega fatos relevantes como: ser ligada diretamente a Dinastia Qing da China; sofrer

com a dominação Japonesa, tendo sua população enfrentado diversas investidas

dentro e fora do país; sendo brutalmente dividida após o fim da segunda guerra

mundial e por fim ser oficialmente declarada como duas nações distintas, República

Popular Democrática da Coreia e República da Coreia.

A República da Coreia, após o fim da Guerra aliou-se junto a hegemonia norte-

americana para que possa se reerguer das cinzas. Para Joseph Nye essa união traz

a atuação do Soft Power norte-americano, visto que o alcance do poder cultural e de

valor dos Estados Unidos (EUA) foram suficientes para sem uma coerção ou uso

direto da força a recém-formada Coreia do Sul começasse a sofrer sua grande

transformação, através da cooperação.

O que vem definir a Coreia do Sul economicamente nas últimas décadas foi a

utilização do investimento direto na economia, com a valorização da indústria

nacional, projetos de crescimento econômico interno e externo, a valorização da

educação e o foco na especialização da mão de obra. Em 67 anos, este pequeno país

da península coreana conseguiu se transformar em uma economia pujante, com uma

cultura cada vez mais valorizada tanto nacionalmente como, mais recentemente,

internacionalmente.

Uma outra vertente, em questão, que também está sendo estudada aqui, ou

seja, o crescimento econômico coreano também pode ser observado quando

buscamos entender como a cultura se faz presente no mundo como uma força

significativa. O desenvolvimento da Hallyu, a “Onda coreana”, conhecida por ser

responsável pela disseminação da cultura através da produção de filmes e novelas

que são distribuídas mundialmente e com um foco ainda maior através da música, o

k-pop. A indústria do entretenimento coreano vem crescendo com números absurdos

em sua economia, com empresas que podem gerar lucros de US$ $26.5 milhões

anuais, só com a venda de discos, shows e produtos desenvolvidos a partir da imagem

dos artistas. Com essa temática musical, o comércio de rua teve uma mudança

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considerável para estar atendendo as necessidades desse público nacional e

estrangeiro.

Junto com a difusão cultural, o país renunciou ao conhecimento coreano e

facilitou a abertura da política externa através de políticas governamentais que

liberaram o consentimento de bolsas de estudo no país, fazendo assim uma melhor

divulgação da educação coreana, causando um atrativo para os estrangeiros e

ocasionando melhorias nas formas de recebê-los. Com a ajuda do Soft Power o

governo coreano conseguiu consolidar e divulgar uma imagem mais concisa do país

e atrativa para os estrangeiros.

Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho emerge com o intuito de estudar

o desenvolvimento do Soft Power sul coreano e analisar a atuação da Diplomacia

Cultural sul coreana. Através de análises bibliográficas e documental, como livros e

artigos de autores conhecidos, além de dar destaque também aos sites fornecidos

pelo governo coreano a todo aquele estrangeiro que venha a se interessar pelo país.

Então como o primeiro objetivo específico desejo apresentar a história da

Coreia do Sul, desde o Reino da Coreia e a influência Chinesa até a divisão da

península e sua reconstrução econômica, para fim esclarecer que a história da

península coreana é interligada ainda hoje em como o país se porta com sua

exploração cultural. Outro objetivo que desenvolvo nessa pesquisa é o conceito de

Soft Power, com suas principais características e sua importância na atualidade,

interligando com as relações exteriores de como uma diplomacia pública se

desencadeia para o uso deste conceito. Finalizando assim o último objetivo a ser

desenvolvido, que seria o de trabalhar com a influência da Hallyu quanto a diplomacia

cultural sul-coreana, trazendo a sua criação, definição e casos de demonstração,

abordando também o auxílio de organismos sul coreanos, dentre eles: o Ministério da

Cultura, Esporte e Turismo, a Fundação Coreana para Intercâmbio Cultural

Internacional (KOFICE) e o Serviço de Cultura e Informação (KOCIS).

A Coreia é um país que tem uma relevância histórica significativa o que a torna

interessante para se estudar devido ao seu passado com diversos conflitos em seu

território, incluindo uma guerra que dividiu o país. Este trabalho tem o foco na Coreia

do Sul e na evolução econômica cultural em quase 67 anos após a divisão do país.

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Com a influência da indústria cultural coreana no mundo o país passou por

mudanças em seu sistema político para conseguir receber melhor a onda estrangeira.

Alguns exemplos disso foram a criação de bolsas de estudos e a facilidade para a

entrada de estrangeiros no país.

O impacto cultural que o país vem mostrando atualmente para o mundo é de

grande importância. A partir da Hallyu o país se viu criando centros próprios para a

administração cultural, com o apoio do KOCIS, uma ramificação do Ministério da

Cultura, Esporte e Turismo, o país conseguiu abrir mais de 32 centros culturais em 27

países, que ficam responsáveis por essa divulgação cultural e suporte para empresas

coreanas que venham querer atuar em determinado país. Atualmente esse mercado

é responsável com gerar um lucro consideravelmente elevado, chegando a passar a

casa dos US$ 7,4 bilhões (JOSÉ ROMILDO, 2019).

Esse trabalho se justifica para o curso de Relações Internacionais por trabalhar

com a área de comércio, desenvolvimento e integração regional, a fim de mostrar

como a atuação do Soft Power, pode desenvolver uma política que foi desenvolvido

especificamente para trabalhar com a Política Externa deste país. Assim servindo de

exemplo para outros países. Sendo uma área de grande interesse dentro das

Relações Internacionais.

Esse tema foi escolhido devido a todos os anos que tenho como consumidora

da Hallyu, a mais de dez anos, como percebi que o crescimento da influência de um

país pode ser significativo e ter um desenvolvimento distinto as técnicas utilizadas

pelos países para ver sua economia crescer, além de observar o fato de que

atualmente a Coreia do Sul é uma das grandes economias do mundo se tornar

importante por conta da divulgação da sua cultura.

A metodologia aplicada foi desenvolvia a partir de uma abordagem exploratória

bibliográfica, onde foram analisados livros, artigos e sites que se dedicam a exposição

da temática escolhida. O material inclui um manual desenvolvido pelo próprio governo

coreano como uma forma de divulgar o país, contendo desde a história do mesmo até

informações geográficas e cultural. Além de sites conhecidos no meio do universo

Hallyu, grandes plataformas de informações da área, e pesquisadores sobre o

assunto.

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Para então abordar esse tema, essa pesquisa foi dividida em três capítulos. No

primeiro, será abordado o contexto histórico da Coreia do Sul, trazendo a unificação

do Reino da Coréia até a sua divisão e pontuando também questões gerais de suas

características. Como foco principal deste capítulo os principais conflitos que

envolveram o país serão relatados, entre eles o conflito que dividiu a península

coreana, entre os dois países que se encontram presentes atualmente. Junto ao relato

de todo o auxílio que os EUA, vieram a fornecer após a Guerra das Coreias, que fez

com que esse pequeno país peninsular se torna-se hoje, um grande exemplo de

desenvolvimento, tecnologia e educação. Esse capítulo foi construído a partir da

análise documental fornecida pelo próprio governo coreano através do manual ‘Fatos

sobre a Coreia’1, juntamente a mais dois autores principais, Kim Djun Kil e Célia

Sakurai.

No segundo capítulo, será abordado o conceito de poder comparando alguns

autores conhecidos nas áreas de política e relações internacionais. Posteriormente

será transmitido toda o processo de criação do conceito de Soft Power por Joseph

Nye, demonstrando as principais características, sua importância digital dentro da

esfera que vivemos hoje. Apresentando o conceito de Hard Power logo em seguida.

Além de trazer a diferenciação de diplomacia pública e a diplomacia cultural,

abordando todos os conceitos que as envolvem. E para finalizar o capítulo será

relatado uma abordagem feita por Frathiesco Ballerini em seu livro descreve o Soft

Power de Nye e declara uma correlação com a Hallyu coreana.

No último capítulo, uma contextualização dos esforços exercidos pelo governo

da Coreia do Sul, para trazer o reconhecimento internacional do país, demonstrando

de que maneira a cultura acabou sendo um recurso importante para a sua imagem

internacional. Posteriormente o movimento Hallyu será explicado, juntamente de suas

características, histórico e divisões, demonstrando todo o crescimento econômico e

cultura que fora desenvolvido neste meio. E por último será demonstrado como a

diplomacia cultural junto a Hallyu pode ser observada de dentro do país.

1 Fatos sobre a Coreia – manual fornecido pelo site Korea.net. Site desenvolvido pelo governo coreano

para a divulgação cultural do país, será abordado mais à frente no trabalho.

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2 A HISTÓRIA DA COREIA DO SUL

Coreia, conhecida no Leste Asiático como Choson no Norte e Hanguk no Sul,

localiza-se em um território na península homônima do Nordeste Asiático e está por

sua vez é dividida entre dois Estados soberanos distintos: a Coreia do Norte,

oficialmente República Popular Democrática da Coreia, e Coreia do Sul, oficialmente

República da Coreia.

A Coreia do Sul, ocupa a porção Sul da Península Coreana, está por sua vez.

é cercada por três gigantes, Japão e China respectivamente, além do seu vizinho

distante a Rússia. Sua área total é de aproximadamente 100,3 km², o que equivale

um pouco mais do que à área do estado brasileiro de Pernambuco. Sua população é

de aproximadamente 51.64 milhões de pessoas. (BANCO MUNDIAL, 2018).

Após o fim da Segunda Guerra Mundial a Península Coreana, ainda se

mantinha como o mesmo país, contudo esse cenário vem a mudar quando, em 1948,

ocorre a divisão da Península após debates enfrentados pelas potências do pós-

Guerra, em um acordo firmado entre Estados Unidos, China, URSS e Grã-Bretanha.

A República da Coreia, é um país que na questão de raça, cultura e língua é

considerado homogêneo, pois entre os demais países é um dos poucos que possuí

seu próprio sistema de escrita, o Hangul, que vai ser abordado posteriormente

(MASIERO, 2002, pg. 199).

A Coreia do Sul assim como a China tem sua cultura fortemente baseada no

confucionismo, podendo ser observada no grande desenvolvimento pela educação e

aprendizagem, autoaprimoramento e relações humanas.

Segundo Chung (2015, p. 19)

O confucionismo originou-se na China durante um período de ouro da idade do pensamento chinês, vários séculos antes do início da era cristã. É uma tradição comum e viva no leste da Ásia, incluindo a Coreia, bem como entre comunidades internacionais do Leste Asiático em todo o mundo.

Sendo bem expressiva a atuação da ética confucionista na cultura sul coreana,

pode-se observar através da valorização da hierarquia coreana, onde o mais velho e

o mais novo tem um laço de disciplina e respeito que pode ser observado até mesmo

entre conhecidos que possuem até um ano de diferença entre si, onde somente

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aqueles que nasceram no mesmo ano tem a liberdade quando a ordem (respeito)

entre si. Por isso podemos observar no dia a dia como essa doutrina é muito aplicada

na sociedade.

Contudo no decorrer dos anos a ética confucionista foi se modificando através

da crescente influência cristã e na presença forte dos Estados Unidos que acabou

aflouxando os ensinamentos. (MASIERO, 2002)

Por estar muito bem localizada entre as maiores potências da região asiática,

como China, Rússia e Japão a Coreia sofreu com diversos tipos de influências, que

pode ser notado até hoje em seus traços históricos culturais. A região já passara por

três grandes conflitos que tinham como intuito dominá-la: a guerra sino-japonesa de

1894-95 (a primeira tentativa); a guerra russo-japonesa de 1904-05, que além de

tentar conquistar o território coreano se buscava conquistar o território da Manchúria;

e a Guerra da Coreia de 1950-53. (OLIVEIRA, 202, pg. 137).

A história da Coreia, e consequentemente a da Coreia do Sul será abordada

nas seguintes sessões através de alguns autores referenciados. E como fechamento

do capítulo será abordado a questão do milagre econômico do pós-guerra.

2.1 COREIA

Segundo Djun Kil Kim, em seu livro The History of Korea (2005), ele relata que

a história coreana, podem ser registradas a partir de dez mil anos atrás a partir da

população neolítica que povoou a península e essa informação se trás válida a partir

do mito mais antigo o "Tang'un"2 , trazendo o primeiro reino coreano, Choson. Em

contrapartida o livro publicado pelo Serviço de Cultura e Informação sobre a Coreia

gerido pelo Ministério da Cultura, Esporte e Turismo o ‘Fatos sobre a Coreia’ (COREIA

2 O mito Tang’un descreve o início do reino de Choson como no quinquagésimo (50º) ano do primeiro imperador da China, sendo assim quase tão antigo quanto sua “irmã mais velha, China (KIM, 2005, p. 6);

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DO SUL, 2011)3 traz um início diferente para a história coreana, abordando a criação

inicial a partir do reino de Gojoseon.

Gojoseon (2333 a.C) foi o primeiro reino criado a partir da unificação de tribos

que estavam estabelecidas na região de Lianing na Manchúria e o noroeste da Coreia,

essas tribos unificadas eram governadas por líderes e um dos mais importantes para

a história Coreana é o Dangun que foi creditado como o fundador da nação coreana

e junto disso ele estabeleceu o país chamado GoJoseon. (COREIA DO SUL, 2011, p.

187)

Alguns acreditam que o a região da Coreia só foi realmente iniciada com o

primeiro registro oficial da região que esteve prescrito na China há Dois mil anos, ou

ainda, o primeiro registro legitimamente coreano em 414 d. C, em uma coluna de

pedra, traz como o rei Gwanggaeto, no reino de Goguryeo, o primeiro grande reino da

Península. (KIM, 2005)

Para o governo da Coreia do Sul a história ainda se divide na criação e divisão

de mais três reinos, chamados de Baekje, Silla e Gaya, que serão demonstrados a

seguir.

O reino de Baekje (18 a.C. - 600 d.C.), que se estabeleceu onde hoje fica a

capital da Coreia do Sul, Seul, estado centralizado e regente do próprio reinado e

princípios.

O reino de Gaya (42-562 d.C.) o menor dos três se localizava próximo ao Rio

Nakdonggang e derivava-se da união de algumas tribos, por muito tempo esse Reino

fora de pouca importância para os demais.

Reino de Silla (57 a.C. - 935 d.C.), localizado na região sudeste da Península,

e por muitos anos foi o reinado mais fraco dos três. Contudo, por ser o mais distante

dos três do território Chinês e de sua dominação foi capaz de desenvolver sua própria

cultura e ensinamentos, com o estabelecimento do sistema budista e dominação de

classes, incluindo em seu reinado uma classe especialmente militar chamada de

Hwarang, classe essa constituída de aristocratas e guerreiros.

3 Quando utilizado informações do manual do governo ‘Fatos sobre a Coreia’ a referência será feita

como Coreia do Sul, 2011, que foi o ano de publicação do material.

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Com a ajuda da Classe Hwarang e com o apoio da Dinastia Tang da China, no

século VI Silla deixou de ser o menor dos reinos e conseguiu o feito de unificação dos

reinos da Península Coreana. O então Reino Unificado de Silla teve seu reinado

estendido até meados do século VIII d. C (COREIA DO SUL, 2011, p. 189)

Enquanto o Reino Unificado de Silla, tinha sua prosperidade e poder crescente

na Península Coreana, refugiados do reino de Goguryeo e o antigo povo Mohe que

eram da região se reuniam no centro-sul da Manchúria novamente e fundaram o Reino

de Balhae.

Essa divisão de reinos que ocorre atualmente com a divisão da Coreia do Sul

e do Norte, já era vista em toda a história coreana. (COREIA DO SUL, 2011).

O reino de Balhae teve seu fim em meados dos anos 925, quando o império

chinês de Khitan toma todo o território. Já o reino de Silla havia se tornado a Dinastia

Goryeo recém instaurada e de grande relevância para a região. Os nobres fugitivos

de Balhae se juntam a Goryeo para fugir do império chinês.

A Dinastia Goryeo (918 - 1392), teve seu território toda a Península Coreana e

a sua capital estabelecida onde hoje fica a cidade de Gaeseong na Coreia do Norte.

O então regente e general Wanggeon estabeleceu como meta do reino reconquistar

o território do antigo Reino de Goguryeo no nordeste da China.

A importância da Dinastia Goryeo (de onde saio o nome atual da Korea), foi

perante a criação da cultura das cerâmicas e da invenção da tipografia metal em 1234,

onde foram esculpidas o cânone budista completo em xilogravuras (superando assim

a Bíblia de Gutenberg que só foi escrita dois séculos depois).

Outra dinastia importante para a história da Coreia, foi a Dinastia Joseon, 1392,

por ser uma dinastia que adotara o Confucionismo como filosofia administrativa, é até

os dias atuais usada como maior exemplo do povo coreano. (COREIA DO SUL,

2011).

Com o reinado do rei Sejon (1418- 1450), foi possível a afloração para a

importância sob as culturas nacionais, deixando a cultura de influência chinesa de

lado e a valorização da cultura e arte coreana. Foi ele, o responsável pela criação do

Alfabeto Coreano o Hangul, que por esse feito fez com que a população coreana

começasse a ser alfabetizada e diminuiu em grande escala ao decorrer do tempo o

índice de analfabetismo do país.

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Em meados dos anos 1455 - 1468, com a influência do rei Sejon, foi possível

estabelecer no país o sistema legislativo e dar início a construção do Código Nacional,

desenvolvida pelo governo de Joseon. (COREIA DO SUL, 2011). O reino do Japão em meados do século XV, almejava chegar até a China, para

a sua dominação e viu na Península Coreana uma maneira de chegar até lá. Contudo

a nação coreana junto com o almirante Yi Sunsin conseguiu através do mar fazer um

bloqueio contra os japoneses com a atuação dos navios em forma de Tartaruga,

desenvolvidos especialmente para esse combate que na atualidade é referenciado

com o primeiro navio blindado do mundo.

A partir do século XVII a península sofria com movimentos acadêmicos

chamados de Silhak, que consistiam em uma exigência dos acadêmicos liberais para

que a nação coreana conseguisse seguir a evolução moderna do mundo. Exigindo

que se ocorre a mudança na agricultura e que se estabelece-se o sistema industrial

no país, entretanto o movimento recebia a pressão dos aristocratas conservadores

para tal bloqueio de ações liberais. (COREIA DO SUL, 2011)

Contudo, com o reinado de Jeongjo as pressões foram cedidas e por fim uma

biblioteca real fora criada para armazenar escrituras da dinastia. Além da abertura

progressista para o estudo das reformas agrárias e industriais que a dinastia precisava

seguir. Acordos com Japão e Estados Unidos foram assinados.

2.1.1 Uma Transição De Poder Da China Para O Japão

Na recém estruturada Era Meiji no Japão, é possível notar o movimento

expansionista de dominação japonesa em execução. O Japão do século XIX, tem sua

indústria focada na obtenção de matérias-primas, que se é obtida na própria península

japonesa, entretanto na visão do governo japonês logo essa matéria prima (ferro e

carvão em sua maioria) se tornaria escassa então o próximo passo seria passar a

conseguir esses materiais no continente asiático. A Coreia se torna seu primeiro alvo

no continente. (SAKURAI, 2007, p. 151)

Durante o século XIX, a Coreia ainda se mantinha longe e de certa forma

isolada do mundo, mantendo-se sem relações comerciais e diplomáticas com o

ocidente. Entretanto sua relação tributária com a China permanecia forte, até o

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momento em que diversos conflitos que ocorreram ao redor da Península Coreana

fizeram com que ela se visse em meio a mudanças drásticas depois de cinco séculos

da Dinastia Joseon. Com esse isolamento, econômico e diplomático o Japão achou

uma oportunidade para estar chegando até a China e assim conseguir a expansão

territorial desejada (LEE, 2006)

Com o enfraquecimento do apoio Chinês o governo Coreano, o avanço japonês

se tornou mais acessível. Devido ao declínio da dinastia Qing, e a derrota da China

nas guerras subsequentes do Ópio com a Grã-Bretanha, a Coreia se vê sem seu

aliado militar. (SAKURAI, 2007, p. 151)

Em meados de 1870, o território coreano era cobiçado não somente pelos

chineses, como japoneses e russos, por ser bem localizado no continente Asiático,

tendo seu território estabelecido no centro do Nordeste da Ásia, estar entre o Japão,

extremo leste da Rússia e a China, tendo acesso ao Mar Amarelo no seu Oeste.

(SAKURAI, 2007, p. 151)

Os conflitos internos da Dinastia Joseon ocorrendo, devido a abertura ou não

para a diplomacia e comércio ocidental, o Japão pode enfim estabelecer através de

um tratado de comércio sua soberania perante o governo Coreano, saindo na frente

da China e da Rússia. Além de não se importar com o então acordo fechado entre

EUA e Coreia denominado de "Tratado de Paz, Amizade, Comércio e Navegação",

que previa o acesso americano aos portos coreanos. Apesar do Tratado firmado entre

Estados Unidos e Coreia, o apoio que está necessitava e esperava não ocorreu em

nenhum momento para ajudar o governo coreano que estava sofrendo com as

investidas dos três países asiáticos (SAKURAI, 2007, p. 151).

Contudo em 1885, com a oposição da China perante o tratado estabelecido

pela Coreia e Japão, um acordo fora fechado entre Japão e China para que não

ocorresse um conflito armado, entretanto dez anos mais tarde o rompimento do acordo

ocorrera e foi estabelecido a Guerra Sino - Japonesa, em território coreano (LEE,

2006).

Com o fim da Guerra Sino - Japonesa com a derrota da China perante o Japão

a Coréia acaba por sofrer com a forte dominação Japonesa em seu território, está que

ainda almejando a dominação do território chinês, levou tropas coreanas para o norte,

novamente as terras da Manchúria. Estabeleceu- se o Tratado de Shimonoseki, onde

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19

em 1895, foi garantido a total independência da Coréia, porém com partes do território

cedido ao Japão. (SAKURAI, 2007, p. 151)

Em 1907, na Conferência de Paz de Haia, após conflito entre a Rússia e o

Japão, foi firmado um acordo onde a Coreia não tinha direito como nação soberana e

por assim o Japão estabeleceu seu domínio sobre a península. Tornando-se assim

colônia do Japão em 1910, e essa dominação colonial se estende até meados da

Segunda Guerra Mundial em 1945. (SAKURAI, 2007, p. 151)

Apesar da dominação japonesa o governo coreano não esteve em comum

acordo, e isso incentivou para que o patriotismo coreano se estabelecesse entre os

intelectuais, pois a imposição do Japão com o território coreano afetava não somente

a mão de obra ( que chegou na contagem de 670 mil coreanos mandados para

trabalho forçado no Japão) como a cultura e a língua coreana, sendo proibida a

educação da língua e seus ensinamentos, além de forçar o aprendizado da história

do Japão e adoração ao imperador Japonês., tornando as crianças coreanas súditas

do império. (SAKURAI, 2007, p. 151)

Nessa mesma época surge uma figura importante no cenário intelectual

coreano, Syngman Rhee, o futuro líder da Coreia do Sul. Enviado para os Estados

Unidos a fim de encontrar aliados que pudessem auxiliar o país a se libertar do poderio

japonês, porém se tornando falho na missão acabou por se refugiar nos EUA após o

movimento de 1º de março. (COREIA DO SUL, 2011).

Em 1º de março de 1919, ocorrera a primeira e grande manifestação que exigia

de maneira pacífica a independência do país, este movimento se estendeu por todo o

território coreano, entretanto fora fortemente repreendido pelo governo japonês com

a morte de muitos coreanos. Contudo um grupo de intelectuais conseguiram fugir para

Xangai e lá estabeleceram o Governo Coreano Provisório, elegendo Rhee como

presidente.

Após esse confronto, o governo japonês acabou por iniciar diversos conflitos

ao norte do país com o então estabelecido Governo Coreano Provisório (GCP).

Causando assim um início da divisão da Coreia, entre aqueles que apoiavam o GCP

e o governo japonês.

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20

2.1.2 Duas Coreias, guerra e conflitos

No período de colonização japonesa a Coreia teve diversas influências e

divisões de trabalho, entre elas pode- se notar a divisão forte dela em duas economias

distintas. A região norte ficou responsável pelos complexos industriais, por ser a região

onde se encontravam as ferrovias, portos e material de extração, e o Sul era

responsável pelas atividades agrícolas.

O nacionalismo coreano se mostrou ganhando força ao decorrer dos anos após

o grande movimento de 1919, contudo esse movimento não possuía uma ‘doutrina’

específica pois após anos de dominação japonesa os idealistas e intelectuais

acabaram se tornando divergentes em seus ensinamentos sobre o nacionalismo

coreano, criando muitas vertentes.

Quando em 1931 o Japão decide por invadir o nordeste da China para

estabelecer um Estado denominado Manchukuo, para pôr fim estabelecer domínio

nas reservas de carvão da região. Gerou um conflito na região, pois nesta

encontravam se não somente os chineses como também diversos refugiados

coreanos. (BRITES, 2011)

Neste período de conflitos étnicos e território, surge no meio de um grupo

guerrilheiro coreano a figuro de Kim Il Sung, futuro líder norte coreano. Este por meio

de sua forte influência em seu grupo forçou a resistência perante o domínio japonês

na região. (BRITES, 2011)

Kim foi uma figura importante para as batalhas da região contra o Japão,

tornando-se uma figura importante para os coreanos. Em 1929, Kim se junta a um

grupo marxista, e permaneceu na luta anticolonialista até 1940, integrando também o

Exército Antijaponês do Nordeste da China. (BRITES, 2011)

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, e a rendição do Japão, uma cúpula foi

estabelecida pelos estados Aliados, entre eles EUA e União Soviética. A conferência

do Cairo buscou definir como ficariam a situação das colônias japonesas, entre elas

estava a península coreana. Após o acordo foi definido que a península ficaria dividida

pelo paralelo 38º, onde a parte Norte seria administrada pelo governo soviético e a

parte Sul pelos EUA.

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21

Kim Il Sung chega a Coreia posteriormente a divisão e se estabelece na área

de ocupação soviética. A região ocupada pelos soviéticos se concentrava na maior

parte do território e isso incluía toda a região industrial, já a parte controlada pelos

EUA, seria a parte agrícola.

Com a ‘orientação’ soviética regimes de estabilização da indústria pesada,

reforma agrária com distribuição de terras, medidas de igualdade de sexo e um novo

código eleitoral foram estabelecidos. O que para o povo norte-coreano já se tornava

de grande ajuda por ser a parte da população de baixa renda e muitos camponeses.

Na outra ponta a zona de influência dos EUA, a atuação da política burocrata

japonesa que já se encontrava estável na região permaneceu atuante.

Em 1947, foi estabelecido através de votação regida pela Assembleia Geral da

ONU, os "governantes" coreanos das repúblicas, dividindo assim o país em Dois

oficialmente.

Em 1948, o Syngman Rhee aliado aos EUA assume a atual nomeada

República da Coreia, e na região norte do paralelo 38º o então ex combatente e líder

comunista Kim Il Sung assumia a então formada República Popular Democrática da

Coreia. (COREIA DO SUL, 2011)

O que a comissão estabelecida após a guerra que foi responsável pela divisão

da Coreia só não contava com o fato de que com a bipolaridade política que se

encontrava na região fosse ser o motivo pelo qual se desenvolveu a Guerra da Coreia.

Em 25 de junho de 1950, estabeleceu-se então o conflito direto entre os dois

lados. O governo liderado por Kim e o liderado por Rhee, tinham como proposta em

si a reunificação da Coreia, entretanto após diversos ataques dos governos entre si a

invasão norte coreana sob o território sul coreano acabou por acontecer. (COREIA

DO SUL, 2011)

A República da Coreia com o auxílio do Exército norte-americano consegue

após diversas tentativas inverter a invasão e frear o avanço do Exército Popular da

Coreia do Norte em seu território.

Contudo após o sucesso da retirada do EPCN do território e o avanço do

Exército estadunidense juntamente com o Sul coreano, o EPCN acaba por solicitar a

ajuda e apoio do Exército Chinês de Libertação Popular, que prontamente entraram

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em território norte coreano para auxiliar e com isso os conflitos se intensificam.

(DUARTE, 2009)

Em 1953, posteriormente a diversos conflitos em ambos os territórios e com o

esgotamento dos exércitos fora estabelecido um armistício entre as Coreias.

O conflito coreano ficou marcado pelas atrocidades que ocorreram perante os

dois lados dos conflitos e com a maioria das mortes contada entre os civis que se

encontravam no meio do ‘campo’ de batalha.

Muitos morreram sem nem estarem efetivamente na guerra. Casos ficaram

conhecidos pelas atrocidades como o de Non Gun Ri e Geochang (ambos os

massacres ocorreram sob o selo de serem ‘infiltrados’ no governo). Na guerra

ocorreram mais ou menos 5 milhões de mortes, entre combatentes e civis. (LEE, 2006)

2.2 PÓS GUERRA: REPÚBLICA DA COREIA

Uma das heranças deixadas pelo colonialismo japonês sob o território

da península coreana foi sua divisão quase certeira entre o Norte especializado no

setor industrial e o Sul propriamente agrário. E por este fim o “renascimento” sul

coreano foi ainda mais significativo e importante.

O desenvolvimento coreano teve seu início a partir da economia

baseada na exportação, que desde a década de 1970 pode-se se destacar como a

expressão de “o milagre do rio Hangang”. Trazendo assim um grande e considerado

avanço econômico dentre os primeiros 30 anos de República da Coreia. A Coreia

neste curto espaço de tempo conseguiu sair da base de países mais pobres do mundo

para uma economia emergente, conseguindo assim atenção suficiente do mundo que

ao lado do Japão conseguiu sediar a Copa do Mundo em 2002. Sendo então esses

dois eventos já sinais claros do que seria a nova Coreia do Sul e como seria seu foco

de desenvolvimento, demostrando avanços significativos tecnológicos, agrários e

cultural.

A economia sul coreana pode ser dividida de certo modo por décadas, na

década de 60, a Coreia começou a se promover através de exportação, criando leis e

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23

buscando seu desenvolvimento industrial voltado para o mercado exterior. (COREIA

DO SUL, 2011)

Dando início assim as políticas de crescimento do país e posteriormente

conquistando o olhar dos países do Leste asiático.

Por fim as conquistas conseguidas na década de 60, pode-se destacar um ator

principal para esse boom, sendo este o presidente Park Chung Hee que estabeleceu

como sua política central estratégias para uma rápida industrialização do país

facilitando assim a entrada de capital estrangeiro, principalmente o norte americano,

promovendo assim posteriormente a substituição de importações e querendo

transformar a Coreia em uma indústria auto sustentável focando no apoio a produção

de bens de consumo, e no setor agrícola. (MASIERO, 2002, pg. 230).

Nesta mesma época junto ao Concelho de Planejamento Econômico foi

estabelecido o Plano Quinquenal, um dos motivos para o sucesso do crescimento

econômico sul-coreano pelos próximos 35 anos, consequentes.

Pode-se assim dizer que tanto a política interna quando a externa do país se

fez voltada para uma atuação mais forte nas diretrizes econômicas do exterior, pois

apesar de ser um país de território pequeno ele soube se desenvolver por meio

tecnológico e institucional, fazendo com que a parte agrária somente fosse um passo

inicial para o país.

Já na década de 70, a indústria que se teve destaque no país fora a química,

que teve sua continuidade aumentada e valorizada ao decorrer da década de 80, que

juntamente a reformulação industrial, fez com que o país começasse a incentivar as

pequenas e médias empresas (COREIA DO SUL, 2011).

Apesar do alto crescimento econômico que já poderia ser visto no território

Coreano, um empecilho veio a ocorrer nos anos 90, com a crise financeira asiática,

contudo buscando se reerguer a Coreia do Sul se fez promover reformas para

estimular uma recuperação financeira rápida, pressionando para que mudanças como

o aumento a transparência administrativa e financeira ocorresse (COREIA DO SUL,

2011).

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3 SOFT POWER: DENIFIÇÃO E SUAS CARACTERISTICAS

No Âmbito das Relações Internacionais: o tipo de poder utilizado por uma nação

ou por um governante resultará nas qualidades atribuídas a esse país ou líder

(BALLERINI, 2017). Antes de abordar as diferenças entre Hard Power/Soft Power e

todas as características e definições que cercam esses conceitos e aplicá-los no meio

da política de um país, deve-se esclarecer o que seria esse ‘Power’.

Do latim potere, Poder tem seu significado remete-nos à posse de capacidade

ou faculdade de fazer algo, bem como à posse do mando e da imposição da vontade.

Vejamos a seguir algumas das definições do que seria o Poder:

Para Michel Foucault (1975) em seu livro Vigiar e Punir apresentou que a

sociedade deve ser compreendida como um complexo de micro relações de poderes

disciplinares que visam controlar os corpos das pessoas via imposição da disciplina.

Para Ballerini (2017), o poder pode se manifestar de diversas formas como,

através do poderio bélico, de aplicação da violência, ou o poder da própria fé utilizado

pelos romanos, além da utilização da persuasão, imposição, entre outras diversas

formas citadas pelo autor.

Para Nye (2001), o poder pode ser dividido em dois cenários e aqui vem o

estudo dentre a definição de Hard Power e Soft Power, como os poderes de equilíbrio

político do ator. [...] o poder torna-se mais preciso [...] pode ir desde a capacidade geral de agir, até à capacidade do homem em determinar o comportamento do homem: Poder do homem sobre o homem (BOBBIO, 2000, pg. 933).

Esses são alguns dos pontos e definições do que seria o poder no meio

filosófico, social e científico político.

Com o passar dos anos o conceito de poder foi evoluindo e junto dele o

destaque vem com Joseph Nye e sua definição clara e direta sobre o Soft Power.

No seguinte capítulo será apresentado à temática de Soft Power, juntamente

com seu antagonista o Hard Power obtidos por Nye em seus estudos, além da visão

apresentada por Ballerini destes conceitos. E após demonstrar essas visões será

apresentado como a diplomacia pode ter como instrumento modulador o Soft Power

principalmente nas áreas de diplomacia pública e cultural.

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25

3.1 HARD POWER

Uma das forças mais conhecidas, se não a mais, da aplicação do sentido de

Poder, vem através da manifestação de imposição militar que um ator envolve sob

outro ator, exemplo claro disso são os conflitos gerados ao longo deles, como por

exemplo as duas grandes guerras e podemos incluir neste barco a Guerra Fria (que

apesar de não apresentar conflito bélico direto, teve tanto efeito quanto), Guerra da

Coreia, Vietnã, entre outros.

O poder duro/bruto, em sua tradução literal pode ser encontrado na sociedade

de duas formas distintas, através da estratégia militar ou do passo econômico, sendo

a militar mais ocupada no século passado e a mais abrangente e a econômica que é

utilizada com mais aplicabilidade no século atual.

Contudo, não se pode pensar que o Hard Power é somente aplicado através

do conflito armado, e sim aplicável de forma mais eficaz através da coerção, indução

e dissuasão de um ator sob outro. Durante uma guerra, um Estado que se encontra

em posição de subjugar outro tem a capacidade, ligada a ameaça, medo ou punição,

de persuadir, dissuadir ou induzir, para que o Estado subjugado faça o que o

subjugador deseja (NYE, 2002).

O exibicionismo também pode ser classificado como técnicas militares de poder

podendo ser notado durante a Guerra fria, onde desfiles militares nas ruas da China

e União Soviética eram uma clara definição e demonstração de poder. Na atualidade

um país que se utiliza muito desta técnica exibicionista é a Coreia do Norte que nas

festas comemorativas, em sua maioria, faz a demonstração de seu poderio bélico.

Com isso podemos perceber que o uso do Hard Power Militar não é de todo

uma prática agressiva e se pode interpretar como uma forma de demonstração de

defesa de um ator ou Estado. Demonstrando assim uma abertura para o fechamento

de alianças e outros tipos de diplomacias bélicas (NYE, 2004, p. 31)

Em contrapartida a definições de Hard Power que são interpretadas como a

forma mais primitiva e ineficaz das forças humanas, retratando o uso do poder por

atores rebeldes e que levam a dominação como uso do poder de forma mais garantida

e brutal (BALLERINI, 2017).

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26

Nye, também traz que o Hard Power além do uso militar pode ser visto do ponto

de vista econômico, sendo o lado mais brando desse poder. O que gira nesse estado

econômico são as aplicações de sanções, embargos, suspensão de subsídios,

parcerias e investimento. O lado ligado ao viés econômico exige tanto do ator quanto

o poder militar, devido este não girar somente em quanto o ator tem de volume

econômico e sim das diretrizes que o fazem ser significativo no meio em que se está.

Um exemplo disto citado pelo autor é o caso do Brasil, que possui um PIB maior que

países como da Coreia do Sul e o Canadá, contudo acaba falhando no recebimento

de investimentos e parcerias, devido a sua falta de diálogo internacional consistente.

Então a diferença entre o Har Power Militar e Econômico está diretamente ligado ao

seu alcance de influência, onde o Militar geralmente fica concentrado em um

determinado Estado, enquanto o econômico se desdobra para atingir mais de um em

sua atuação.

3.2 SOFT POWER

Diferentemente do Hard Power, o Soft Power é um dispositivo de poder que

não fica restrito a somente Estados, ele pode ser empregado pelo ator de forma, quase

que, livre. Por conta disso suas características são marcadas por serem de forma

indireta, transnacional e não imediata. O principal foco deste poder é o fato de ele

englobar aspectos ideológicos, sociais e culturais.

Para Nye, o Soft Power é uma modalidade de poder sedutora e de certa

maneira abrasiva e silenciosa, pois vem com o intuito de atrair o ator e não o forçar

ou coagi-lo a fazer o que se deseja. Todo e qualquer meio que se de como obrigação

é classificado como Hard Power.

O Soft Power tem como a sua principal característica de acordo com conceitos

ideias e culturais mais próximos com o que prevalece como a norma global (NYE,

2002, p, 123). Na atualidade conceitos como democracia, paz liberdade, pluralismo,

autonomia, liberalismo, igualdade, prosperidade, sustentabilidade, desenvolvimento,

instituições fortes, política externa e sistemas seguros, são de aspectos positivos e

podem ser compreendidos como Soft Power.

Page 28: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARIA CRISTINA …

27

Um dos pontos altos do Soft Power é que ele pode ser visto como um poder de

demonstrar a democracia em sua aplicação, pois outras formas de se perceber o Soft

Power é pela sua liberdade e prosperidade. Se bem exercidas e demonstradas, a

liberdade e a prosperidade se tornam metas de valores que outros Estados e atores

podem querer para si de forma voluntariosa e seduzida. (NYE, 2002, p. 37). Um

exemplo disso é o sucesso de Soft Power aplicado pela Coreia do Sul em que outros

Estados vêm tentando entender e compreender está influência e crescimento

repentino sul coreano, mas estes aspectos serão abordados de forma mais clara a

frente deste trabalho.

De acordo com a definição de Nye, o Hard Power, poder militar e econômico, e

o Soft Power, fonte de poder sedutor ideológico-social-cultural, devem ser

complementares para que um Estado consiga manter sua posição de hegemonia, ou

vir a ser um ator hegemônico, não podendo ter seu foco em apenas uma dessas duas

fontes de poder, e sim nas duas, para que sejam complementares e efetivas (NYE,

2002).

Então sob a ótica de Nye (2005) a definição de Soft Power vem da:

A habilidade de conseguir o que se quer pela atração e não pela coerção ou por pagamentos, surge da atratividade de um país por meio de sua cultura, de sua política e de seus ideais. Quando se consegue que os outros admirem suas ideias e queiram o que você quer, não é preciso gastar muito com políticas de incentivo e sanções para movê-los na sua direção. A sedução é sempre mais eficaz que a coerção, e muitos dos valores como democracia, direitos humanos e oportunidades individuais são profundamente sedutores.

Na visão de Ballerini, outros exemplos de Soft Power podem ser observados

através do futebol, a ciência, a língua e, finalmente, a cultura, que são poderes de

sedução, a forma dita por ele como a mais eficiente em manipulação de uma multidão

sem precisar aplicar força bruta (BELLARINI, 2017).

Também é retratado por Ballerini que a existência desse tipo de poder já

poderia ser encontrada entre os filósofos gregos, contudo só pode ser bem observado

quando o mundo se dividiu entre dois Hard Powers, -Guerra Fria – onde o poder de

persuasão foi tão importante quanto o poder bélico (BALLARINI, 2017).

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28

Ainda nessa perspectiva outro autor também se posiciona quanto ao Soft

Power demonstrando o caso de atuação norte-americano para a sedução dos países

latino-americanos, ele cita que:

Soft Power é a capacidade de conseguir um resultado desejado porque os outros querem o que você quer. [Trata-se de] atingir objetivos por meio da atração e não da coerção. Por meio do Soft Power, é possível convencer os outros a seguir regras ou concordar com elas, produzindo um comportamento desejado [...]. Ele se estabelece por meio das ideias e da cultura, sobretudo se o estado ou a organização consegue fazer seu poder parecer legítimo aos olhos dos outros. [...]. Se isso é bem-feito, o estado ou a organização não precisará utilizar os custosos recursos tradicionais de Hard Power.

Percebemos assim que as grandes nações já buscam se utilizar do Soft Power

para exercer sua política sobre os demais países de uma forma mais certeira e menos

prejudicar aos seus influenciados.

Outro ponto que começa a ser revisto é quanto ao que Nicolau Maquiavel

ensinou aos príncipes italianos quatro séculos atrás – ser mais temido que amado se

mostra atualmente ineficaz. Reafirmando o quanto a forma de exercer o poder no

mundo mudou (BALLARINI, 2017).

3.2.1 Características do Soft Power

Como notado no ponto 3.1, ao demonstrar um exemplo de Hard Power, quanto

a atuação do Estados nos níveis econômicos diante de outros Estados, devemos notar

as características que definem as modalidades de poder, podemos ver que no Soft

Power também ocorre características que são em grande maioria determinantes para

definir as aplicações de Soft Power pelo Estado. E é com isso que Nye pontua muito

bem quando descreve esse poder.

As variações de Soft Power podem ser demonstradas de forma direta ou

indiretamente, e para que isso ocorra algumas habilidades devem ser notadas, como

a atração, a persuasão e o ajuste de agenda, sem esses o país pode acabar não

conseguindo aplicar as técnicas de Soft Power. A atração, para Nye, é a mais

complicada, pois é uma espada de dois gumes que pode ser identificada como positiva

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ou negativamente, já que para aplicá-la depende de quais qualidades o ator possui

para ‘negociar’ (NYE, 2011, pg. 128).

Por fim a persuasão é uma das características que depende da Atração gerada

pelo Estado através da sua demonstração de positividade, e com isso também deve

ser vista como qualidade de definição da agenda política para que núcleos se

organizem e possam sempre estar presentes nas aplicações de poder do Estado.

3.2.2 Recursos

Os recursos a serem utilizados pelo estado na aplicação das técnicas de Soft

Power, inclui diversas coisas, como cultura, valores, instituições, políticas

governamentais, entre outros, sendo principal a cultura, que engloba arte, música,

literatura, esportes, educação, culinária, assim como o próprio valores e padrões de

abrangente comportamento sociais.

A disseminação da cultura pode ocorrer de várias formas, é possível que um

terceiro ator ajude, como é o caso da Coreia do Sul abordado por Nye (2011, pg. 119-

120): Na China, muitas ideias culturais americanas e japonesas estão se mostrando mais atrativas quando chegam via Coreia do Sul [...] sabemos que a Coreia do Sul e a América têm sistemas políticos e econômicos similares. Mas é mais fácil aceitar o estilo de vida dos sul coreanos porque eles estão culturalmente mais próximos de nós.

Os valores, que também estão inclusos na cultura, podem gerar atração se

forem cumpridos tanto em políticas internas quanto externas. Exemplos como

“democracia, paz, liberdade, pluralismo, autonomia, liberalismo, igualdade,

prosperidade, sustentabilidade [...] são vistos como globalmente positivos, portanto,

fazem parte do que é entendido por Soft Power” (MARTINELLI, 2016, pg. 70).

Em relação a outros recursos, “no que se refere a políticas governamentais,

podemos citar a concessão de bolsas de estudo para estudantes estrangeiros. No

âmbito das instituições, destaca-se a exportação do modelo ocidental da democracia

para o resto do mundo [...]” (FERREIRA, 2016). Um exemplo disso é a estratégia que

está sendo usada pela Coreia do Sul, com os diversos programas de bolsas que são

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disponibilizadas pelas universidades, pelo governo e ainda recebem o auxílio das

embaixadas nos países em que o governo coreano tem suas cedes.

Outro ponto a ser estudado é o fato de que a economia apesar de ter sido

apontada como Hard Power ela pode ser utilizada também no Soft Power contudo

com todas as restrições que se segue.

Uma outra estratégia muito usada pelos países quando se trata da aplicação

direta do Soft Power é através da propagação de uma marca, como por exemplo o

próprio país, com propagandas governamentais que visam mostrar ao estrangeiro

como é o país, quais suas vantagens. Ser capaz de sediar grandes eventos como

Olimpíadas ou a Copa do Mundo, são alguns desses recursos.

3.2.3 Limitações

Por ser um poder que não é de execução somente do Estado, o Soft Power em

sua maioria é difícil de ser incorporado em um governo, ou seus resultados podem

demorar para serem visualizados pelo governo, pois como a definição fala, é um poder

que não é direcionado diretamente a alguém e sim a todos em geral. O maior uso do

Soft Power advém da estratégia da cultura e por isso é tão descentralizada, já que

deve ser incorporado na sociedade civil, em geral por organizações ou empresas, que

são autorizadas pelo governo a seguirem esses limites de aplicação do poder,

deixando assim o governo somente com a prática de suas políticas. (NYE, 2011, p.

118)

Podemos enfim perceber que entre Hard Power e Soft Power a melhor forma

de aplicar poder e assim a mais recente estratégia usada pelos países é pelo Soft

Power, por ser feito de maneiras mais sutis e menos hostis.

3.3 DIPLOMACIA E SOFT POWER

A utilização do Soft Power pelos governos é algo que pode ser uma barreira

difícil a ser cruzada, devido a "relação dos esforços para criar um poder brando

mediante aos instrumentos de diplomacia [...] (NYE, 2011, p. 138).

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3.3.1 Diplomacia pública

Diplomacia Pública foi um tema desenvolvido por Edmund Gullion da Fletcher

School of Law and Diplomacy, em 1965. Segundo se refere:

A "diplomacia pública" trata da influência das atitudes públicas na formação e execução das políticas externas. Ela engloba dimensões da diplomacia internacional relações além da diplomacia tradicional; o cultivo, pelos governos, da opinião pública em outros países; a interação de grupos e interesses privados em um país com os de outro; a comunicação de assuntos externos e seu impacto sobre a política; a comunicação entre aqueles cuja função é a comunicação, como entre diplomatas e correspondentes estrangeiros; e os processos de comunicação intercultural. (Edward R. Murrow Center for Public Diplomacy, 2009. Tradução livre).

A diplomacia pública no decorrer dos anos acabou se modificando e com os

autores da temática acabou se dividindo em duas vertentes, a diplomacia pública

tradicional e a nova diplomacia, sendo a última a que atualmente é mais aplica e que

se desenvolveu de acordo com as necessidades e aplicabilidade do Soft Power.

Para Jan Melissen (2005) a nova diplomacia pública é uma forma de diplomacia

aberta, que visa influenciar a opinião pública em sociedades externas, de forma que

não se precise de consentimento, assim como é o Soft Power.

A diplomacia pública é um dos instrumentos da política externa cada vez mais

usada. A cultura é um dos pontos que a diplomacia pública acaba utilizando em todas

as suas atividades.

Atualmente a diplomacia pública tem como caminho a troca de informações

geradas entre pessoas e os grupos de governo, também com o setor privado e isso

tem como resultado a influência direta e indiretamente das atitudes e opiniões públicas

que influenciam as decisões de uma política externa de outro governo (Snow, 2008,

p. 5). Uma demonstração desse tipo de influência é como os países estão fazendo

uso direito das redes sociais como plataformas de divulgação política e cultural, entre

outros. Através das mídias sociais, a diplomacia pública vem ganhando força, as

pessoas, organizações governamentais e não-governamentais acabam de certa

forma compreendendo melhor essas trocar de informações e acabam influenciadas.

E o uso da comunicação acaba sendo de grande valia para o governo, contudo a

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32

diplomacia pública não deve se perder das atividades da política externa de um país

pois o efeito pode ser devastador.

Nye argumenta que as habilidades do Soft Power – a comunicação, juntamente

com as outras competências que relacionadas com a influência, tais como, a gestão

de organizações e a perspicácia política – são um dos elementos críticos para o

sucesso como um líder (NYE, 2004)

Para Nye, a diplomacia pública pode ocorrer em três estágios:

O primeiro estágio se aplica as comunicações diárias que vem como o uso para

expor o contexto das decisões de política externa e interna do dia a dia, além de se

explicar quando necessário, trazendo assim correções de informações que possam

envolver o Estado ou instituição descritas (GUIMARÃES; AMAZARRY, 2011, pg. 153).

O Segundo remete a comunicação estratégica, que corre através de "eventos

simbólicos e debates acerca de temas específicos para facilitar a aceitação de alguma

política governamental em particular" (GUIMARÃES; AMAZARRY, 2011, pg. 153).

Já o terceiro e último estágio trata-se de o ator desenvolver relações que

possam ser atribuídas em conjunto, sendo elas duradouras, e a exemplo pode-se

utilizar da estratégia de intercâmbios, treinamentos, conferências, entre outros

(GUIMARÃES; AMAZARRY, 2011, pg. 153). Facilitando assim a relação entre

estados, organizações e empresas.

3.3.2 Diplomacia Cultural

Segundo Nicholas Cull (2008), a diplomacia Cultural, é um subconjunto da

diplomacia pública, e tem como papel “a tentativa de um ator de administrar o

ambiente internacional através da divulgação de seus recursos e realizações culturais

no exterior e/ou da facilitação da transmissão cultural no exterior.”

A Diplomacia Cultural pode ser vista como o instrumento de um país possa vir

a aplicar para se promover perante os outros, utilizando-se do Soft Power para atrair

interesse do público em si. Então a partir de estratégias aplicadas e demonstradas

acima o país consegue estabelecer conexões internacionais.

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33

E essas conexões podem ser vistas através de intercâmbio cultural, através

das embaixadas, ou centros culturais - estratégia muito usada pela Coreia do Sul e

um dos focos desta pesquisa que será abordado a frente- também pode ser através

da promoção da arte e dos seus artistas, ensino de línguas e afins.

E é com essa definição de diplomacia cultural podemos avançar para a

aplicabilidade desta nos cenários atuais, onde o Soft Power é parte de uma das

estratégias que a Coreia do Sul se utiliza para aumentar o seu crescimento

econômico.

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34

4 HALLYU: A DEFINIÇÃO DE SOFT POWER COREANO

A Coreia do Sul nos últimos dez anos vem apresentando um grande

crescimento de prestígio internacional com o k-pop, se tornando gigante quando se

fala do seu campo cultural. E isso pode ser demonstrado não somente pelo k-pop,

mas por todo o investimento do governo sul coreano na área de cultura, esporte e

turismo.

Como abordado no primeiro capítulo a Coreia do Sul sofreu com todos os anos

de influência de grandes potencias, como China e Japão, mas apesar destas

influências o país se manteve forte com relação aos seus princípios e convicções

estruturais. Que por mais que tenha sofrido com as influências externas conseguiu

manter suas tradições culturais ao longo dos anos e com isso utilizou-se da manobra

de propagação cultural para o mundo na atualidade conhecer o país por sua indústria

cultural.

A Coreia do Sul aproveitou a dinâmica dos fluxos culturais que países como

Japão e China vinham desenvolvendo no Leste Asiático, a aplicação e visualização

do Soft Power asiático foi percebida, com isso no engajamento diplomático a coreia

elevou o status da cultura pop ao um dos seus maiores setores econômicos, indo junto

com o setor tecnológico que é de grande reconhecimento mundial. Pois antes deste

boom sob o entretenimento coreano o país já era reconhecido por ser o lar das

grandes industriais tecnológicas, como LG, SAMSUNG, HYUNDAI ou o lar de uma

das mais antigas empresas do país a POSCO. Com o engajamento na cultura pop, a

coreia foi capaz de difundir o K-pop e o K-drama, de um nível local, como a Ásia, para

um nível mundial em pouco tempo.

A Coreia do Sul por muito tempo teve que aguentar as resoluções tomadas

pelo imaginário do público ocidental, o país sempre fora comparado ou confundido

com o seu país vizinho a Coreia do Norte. As imagens negativas que assombram a

Coreia do Sul com relação a guerra, e com tudo o que dito e feito pela Coreia do Norte,

deixou o país muito tempo apagado no ocidente. Pois sempre que o público do

ocidente ouvia falar da Coreia, logo assimilava as duas como uma só esquecendo-se

da existência de duas e não uma, além de toda essa associação distorcida os atos

cometidos por Kim Jong-il e posteriormente, Kim Jong un. Contudo essa mudança

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35

pode ser notada a partir de um rapper sul-coreano, PSY, estourar mundialmente no

Youtube e outras plataformas digitais com seu single que falava sobre o bairro mais

rico da capital Seul, “Gangnam style” a partir de 2012, tivemos o início mais

significativo deste Soft Power sul coreano e o mundo acordando para o que seria a

cultura da Coreia do Sul.

Contudo, esse só é um dos lados de como o crescimento da cultura sul coreana

pode ter vindo a ganhar tanta popularidade. Entretanto o envolvimento cultural sul

coreano com o exterior já era trocado a partir do intercâmbio cultural, mesmo que em

pequena escala, através da promoção de produtos culturais como a literatura, arte,

design, cinema, música, entre outros.

4.1 HALLYU

Hallyu, na tradução livre “Onda Coreana”, é o termo usado para explicar o

crescimento econômico e todo o movimento cultural que veio junto a Coreia do Sul. A

“Onda coreana” traz em si os elementos culturais como a música (k-pop), dramas (k-

drama), filmes, moda, comidas, cosméticos, turismo e a o estudo da língua. Todos

esses elementos são importantes e tem seu significado dentro da Hallyu.

Com o sucesso da música coreana e dos dramas os demais elementos

culturais acabaram entrando nesse grande pacote que é o interesse por consumir o

que é Coreia do Sul.

4.1.1 Origens

A Onda de sucesso que foi apresentada ao mundo por volta dos anos 90, e que

desde lá só vem apresentando um aumento mais e mais significante. A Hallyu que

começou pequena, focando na China e Japão e então posteriormente na Ásia, e por

fim no mundo todo.

O início consolidado do que seria a Hallyu é algo que se discute e diverge muito

entre o próprio meio de estudos, alguns pesquisadores informam que a Hallyu veio

com o a chegada e aceitação do público chinês sob o drama "What is Love?", ou pelo

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36

show realizado em Pequim do boy grupo de k-pop H.O.T - grupo em acessão na coreia

do sul na época- segundo relatado pela Korea.net4.

No Japão a “Onda coreana” se manifestou através do drama "Winter Sonata".

uma comovente história de amor sobre uma mulher e seu namorado que sofre de

amnésia.

Para Bokrae o Hallyu é ligado diretamente ao Soft Power:

[...] contém o “modelo de desenvolvimento de estilo coreano”, que não só alcançou democracia, apesar de seu crescimento econômico autoritário, mas também manteve a dinâmica da sociedade civil coreana e valores tradicionais (lealdade / piedade filial) e assim por diante. (BOKRAE, 2015, p. 156)

Então como dito pelos dois autores a ascensão da popularidade da Coreia do Sul vem de dois fatores significativos, a valorização da indústria cultural e tecnológica apoiada pelo governo e a forte utilização das técnicas de Soft Power.

O debut da Hallyu, pode ser considerado realizando imediatamente após o fim

do regime militar autoritário em 1987, onde o mercado de televisão foi liberado na

Coreia do Sul (Shim, 2010). A ‘guerra dramática’ interna entre as três principais

estações de televisão coreanas (MBC, SBS e KBS) combinada com a pressão

exercida pela TV a cabo e pela radiodifusão via satélite levou o governo sul-coreano

a estabelecer o primeiro 'Bureau da Indústria Cultural' dentro do Ministério da Cultura

e Esportes em 1994 (Yang, 2012) para conduzir estratégias culturais que visavam

difundir os produtos da cultura popular coreana a nível internacional.

A percepção do governo coreano sob o que estava acontecendo por volta do

fim dos anos 90 e início dos 2000, foi rápida e eficaz, com a entrada de filmes

estrangeiros no país o governo percebeu que deveria agir rapidamente para frear esse

crescimento, pois como o próprio país segue os movimentos do Confucionismo, o

nacionalismo e a preservação da cultura nacional eram acima de tudo a mais

importante. Nos anos iniciais da Hallyu o governo apoiou a exportação dos produtos

culturais como uma nova maneira de iniciativa econômica, além de usufruir de uma

saída para a crise financeira que se arrastava pelo território asiático. Dessa maneira

no início do mandato do presidente Kim Daejung (1998-2003) foi criada a Basic Law

for the Cultural Industry Promotion, que veio para auxiliar na abertura do comércio

4 Korea.net - Uma das maiores plataformas da atualidade para a divulgação da Coreia online, é gerida

pelo governo coreano.

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exportador, além de motivas as empresas de entretenimento a seguirem com seus

projetos de incentivo à cultura nacional, e por consequente foi alocado cerca de US$

148,5 milhões para o projeto (KIM, J. 2011, p. 9). Essas medidas fizeram com que:

(...) o orçamento do setor cultural em relação ao orçamento total do governo por ano fiscal aumentou de 484,8 bilhões de won (cerca de 440 milhões de dólares), ou 0,60% do orçamento total do governo em 1998, para 1281,5 bilhões de won (1,1 bilhão de dólares), ou 1,15% do orçamento total do governo em 2002 (KIM, J.,2011, p 9.).

4.1.2 Expansão

É importante percebermos o quanto essa indústria criada pela “Onda coreana”

vem gerando para o país e como a Coreia do Sul não deixou isso passar em branco,

ao decorrer dos anos a economia coreana nesse setor fez com que o Ministério de

Cultura, Esporte e Turismo conseguisse um orçamento de US$ 500 milhões, para

investir diretamente na exportação desta indústria. (ROLL, 2018, s/p).

Além disso o governo ajuda a gerenciar o Hallyu através de estudos de público-

alvo, focado nos países asiáticos. Segundo Roll:

O governo coreano e suas divisões seguem de perto esses países e culturas asiáticas para entender quais produtos da Korean Wave teriam a melhor probabilidade de sucesso em diferentes mercados. O segredo é que ninguém entende melhor esses mercados do que a Coréia.

Outras ações consideráveis são feitas para fora do país onde o governo foca

em festivais e campanhas de divulgação da cultura coreana. Um destaque vai para as

embaixadas onde através de plataformas como o Youtube, fazem com que a cultura

coreana chegue com maior facilidade ao público, um exemplo disto é o Festival da

República da Coreia.

O Festival República da Coreia, desde o primeiro ano em que foi realizado, acontecia presencialmente e em capitais como: Recife, Brasília e Belo Horizonte. No entanto, por conta do COVID-19, a Embaixada tirou do papel uma antiga sugestão e transformou o evento em uma edição online e interativa. (BRAZILKOREA, 2020)5

5 BRAZILKOREA – Um dos maiores sites de notícias, cultura, entretenimento da Coreia do Sul no

Brasil. MACÊDO, Maria Elyza, 2020. Disponível em: <https://www.brazilkorea.com.br/festival-republica-da-coreia-2020/>

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38

Outros projetos serão abordados no fim desde capítulo. Contudo outro

destaque a ser considerado é o forte desempenho do governo em criar os centros

culturais.

Em janeiro de 2016, o Serviço de Cultura e Informação da Coréia criou 28 centros culturais coreanos em 24 países na África, Ásia-Pacífico, Europa e América para promover o Hallyu (ROLL, 2018, s/p).

A Coreia do Sul, além de receber todo o apoio do governo e empresas internas

conta com um fator muito importante e de real interesse mundial. A Internet e o bom

uso das mídias sociais fazem com que a onda Hallyu tenha uma maior expansão

global e de fácil divulgação.

Pois com os fãs da cultura asiática, acabaram embarcando na “Onda coreana”,

com a facilidade que se tem de obter informações e conteúdo, que na maioria das

vezes são quase que instantâneos fazem com que o crescimento seja quase que

instantâneo.

Alexandre Nagado diz que a Coreia do Sul vem dando passos largos na

divulgação da “Onda coreana” o que proporcionalmente acaba superando os

investimentos do Japão que durante os de 2000 a 2010, e após o boom sul coreano

os fãs da Ásia acabaram tendo em sua maioria essa transição de interesses. Contudo

pode ser observado que a Coreia do Sul se utilizou de fórmulas japonesas para fazer

a sua propagação, como os "doramas", que são novelas japonesas que se baseavam

em histórias curtas e tristes, em sua maioria estrelados por atores conhecidos da

mídia, e em alguns casos os próprios Idols6 e ainda se utilizam de trilhas sonoras

gravadas por Idols famosos. (BALLERINI, 2011, p 2650)

Um exemplo de competição asiática que poderia existir contra a Coreia do Sul,

seria o mercado japonês, que vem perdendo espaço no mercado devido a todas as

suas restrições quanto as mídias sociais, enquanto a Coreia faz o uso quase que livre

destas plataformas, o governo japonês já fez prisões por mau uso de plataformas

como Youtube. (BALLERINI, 2011)

6 - Idols - São a denominação coreana para cantores, pois para eles, um cantor em sua maioria também,

deve ser um bom ator, modelo e apresentador de tv.

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Segundo a revista The Economist, em 2013 a Coreia do Sul exportou US$ 5

bilhões em cultura pop pelo mundo, mas a projeção é que esse número dobre até o

final de 2017. (BALLERINI, 2011)

4.1.3 Características

Algumas características sobre a “Onda coreana” devem ser aqui colocadas,

para Jang, W. K. Paik existem três especificamente.

A primeira informa que a Korean Wave - Hallyu, não é especificamente coreana

e sim um conjunto cultural, onde pega questões tradicionais coreanos e culturas

ocidentais, usando principalmente a influência norte-americana que desde o fim da

Guerra da Coreia, teve um papel importante no desenvolvimento sul coreano.

Como aponta Shim (2006), a hibridização cultural tem ocorrido como agentes

e atores culturais interagem e negociam com formas globais, utilizando como recursos

através dos quais os coreanos utilizam como a base da “Onda Coreana”. Para

especialistas sul coreanos a globalização gera a promoção hibrida o que faz com que

o alcance seja ainda maior. A cultura pop coreana tanto no mercado global quanto

local será ainda mais globalizada (JANG, W. K PAIK, 2012).

A segunda característica apresentada é a de que a “Onda coreana” vai ser

aceita de formas distintas em cada nacionalidade em que a Hallyu chegar. Como por

exemplo na taiwanesa que foi bem recebido e ao contrário de promover uma melhoria

da cultura nacional e sim influencio para que houvesse um maior interesse sobre

adquirir o conhecimento tanto de língua, cultura e música sul coreana (JANG, W. K

PAIK, 2012).

Em terceiro lugar, é a característica de não aceitação da Hallyu. Como

apresentado na característica dois a terceira é a não reciprocidade. Cai (2011, p. 2)

informa que " A Administração Estatal da China para Cinema e Televisão de Rádio e

Televisão também disse em dezembro de 2005 que a China tinha sido muito generosa

com a importação de dramas de TV coreanos e exigiu um processo de exibição mais

rigoroso." Isso demonstra que apesar dos países do Leste asiático terem uma boa

aceitação alguns podem ver como ameaça a cultura nacional e impor sanções

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rigorosas. (JANG, W. K PAIK, 2012). Atualmente a China continua impondo bloqueios

para a “Onda Coreana”, barrando diversos produtos culturais.

4.2 AS FASES DA HALLYU

A Hallyu pode ser dividida atualmente em fases, dentre elas as principais, 4.

todas denominadas como Hallyu 1.0, 2.0 e assim sucessivamente. Cada fase

representa um momento significativo para a economia e um ponto de conquista para

a “Onda Coreana”.

4.2.1 Hallyu 1.0

A Hallyu 1.0 é identificada e definida com o boom inicial da “Onda coreana” lá

em 1990 com o estouro do grupo masculino H.O. T7 e os dois K-dramas marcantes já

citados anteriormente.

A primeira fase da Hallyu, foi tomada pelos fluxos culturais direcionados para a

Ásia, com a expansão e exportação dos produtos culturais. Alguns exemplos destes

produtos são os dramas de televisão que foram direcionados para o mercado chinês,

“What is Love All About “(1997) e “Stars in My Heart “(1997), tornando-se popular na

Ásia Oriental.

Devido à crescente popularidade desses programas, a quantidade total de exportações de programas de televisão aumentou cerca de 27,4 vezes entre 1995 e 2007, de US$ 5,5 milhões em 1995 para US$ 150,9 milhões em 2007. A maioria dos produtos culturais coreanos eram consumido na Ásia, especialmente no Japão (57,4%), Taiwan (18,4%), e China e Hong Kong (8.9%). Entre os programas de televisão exportados, os dramas foram os maiores participação (87,8%) seguida de entretenimento (8,4%), enquanto a animação consistia apenas de 0,6% em 2007. (DAL YONG JIN, 2012, tradução nossa).

7 Hoje, os integrantes dos grupos de k-pop da primeira onda, Hallyu 1.0, podem ser vistos nos cargos

de CEO, ou de diretor executivos de grandes empresas da indústria cultural, tais como o grupo Seo Taiji and Boys, onde o Integrante Yang Hyun-suk, ao encerrar sua carreira no Grupo em 1996, fundou a empresa YG Entertainment, que hoje é conhecida como uma das maiores empresas do ramo junto com a SM Entertainment e a JYP Entertainment, juntas elas foram a BIG3, termo dado para as três maiores corporações de entretenimento sul coreano.

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O boom nascente dos produtos culturais coreanos na Ásia foi ainda mais

impulsionado pelo avanço dos filmes nacionais, onde o governo coreano investiu

diretamente na área para combater a entrada dos filmes estrangeiros e fortalecer o

nacionalismo.

A partir do final dos anos 90, a Coréia começou a exportar filmes para a Ásia

Oriental (como Silmido e Tae Guk Gi), e estendeu sua exportação de filmes nacionais

para além da Ásia nos últimos anos. Além disso diversas adaptações de filmes

coreanos 8começaram a surgir através de produtores japoneses.

Hollywood refez vários filmes nacionais coreanos, incluindo Siworae (2000) (um filme de fantasia romance refeito como Lake House em Hollywood em 2006); Yeogijeogin geunyeo (2001) (uma comédia romântica refeita como My Sassy Girl em Hollywood em 2008); e Jungdok (2002) (um thriller romântico assustador refeito como Possession em Hollywood, 2008). (DAL YONG JIN, 2012, tradução nossa).

4.2.2 Hallyu 2.0 e 3.0

A segunda e terceira fase da Hallyu, podem ser descritas juntas por conta do

seu distanciamento curto entre elas, diferente da 1.0 onde se estendeu do fim da

década de 90 até meados de 2005.

O K-pop tem sido um motor do Hallyu 2.0, pois a Coréia exportou 80,9 milhões de dólares em música em 2010, um aumento de 159% em relação a 2009. Além disso, em 2011, a indústria musical exportou US$177 milhões, um aumento de 112% em relação ao ano anterior. (DAL YONG JIN, 2012, tradução nossa).

Esse aumento e destaque que ocorreu de 2005 até 2012 onde o texto de Dal

Yong Jin, foi publicado mostra o boom do k-pop e como isso se propagou? Através do

uso intensivo das mídias sociais, o grande foco da distribuição dessa cultura vem

através do uso destas plataformas. Para acompanhar esse crescimento empresas

8 A adaptação de filmes ou dramas coreanos se tornou tão comum no mercado cultural asiático que

em exemplo um drama intitulado Boys Over Flowers (2009), que já era uma adaptação do Manga japonês e drama Hana Yori Dango (2005), pode ser encontrado também nas versões taiwanesa e chinesas com o título de Meteor Gardem, Boys Before Friends (USA, 2013), Kaisi Yeh Yaariaan (India, 2015) e Siapa Takut Jatuh Cinta (Indonésia, 2002). – (CONTIJO, 2020)

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coreanas criaram suas próprias plataformas de mídias sociais que por lá são

chamadas de SNS (como a Cyworld e KakaoTalk), para acompanhar os programas

houve mudanças no setor tecnológico com o lançamento dos smartfones (como o

Samsung Galaxy) e jogos online (como o Lineage e Aion).

Já a Hallyu 3.0 se desenvolveu e essa sim pode ser considerada como o ponto

alto do desenvolvimento econômico da “Onda Coreana” pois foi com está que o mundo

conheceu com mais distinção a Coreia do Sul e sua cultura através dos k-dramas, e

do k-pop.

Apesar de todo esse crescimento inicial da “Onda coreana”, a Coreia não era

tão popular no cenário da música global como pode ser considerada nos últimos anos.

Além disso, em 2011, a indústria musical chegou a exportar $177 milhões de dólares,

um aumento de 112%. do ano anterior. Jogos on-line e k-pop têm sido os dois mais

significativos setores culturais dos criativos coreanos indústrias segundo Dal Yong Jin

(2012).

O ponto chave para essa mudança veio então como citado anteriormente com

o uso das SNS, e o consumo entre os jovens aumentando cada vez mais, facilitando

assim o consumo dos produtos culturais. E com isso foi preciso que os mercados

culturais mudassem rapidamente, “de mercados de observação de bens virtuais para

mercados de observação orientados para o acesso, porque os consumidores globais

observam e jogam gêneros culturais através das mídias sociais em vez de comprar

bens culturais” Dal Yong Jin (2012).

As mídias sociais e smartphones baseados no avanço que o ocidente

proporcionava, fizeram com que também assumissem papéis centrais na divulgação

do k-pop e outros gêneros culturais, porque os fãs em muitos países apreciam o k-

Pop e outros produtos culturais através das mídias sociais.

4.2.2.1 K-pop

Ao contrário do que pode ser visto hoje, com as músicas produzidas seguindo

os ritmos dance-pop, baladas pop, techno, rock, hip-hop, R&B e assim por diante, até

os anos 90, as músicas pop coreanas seguiam as faixas menos eletrizantes, sendo

em sua maioria calmas e românticas. Com o passar do tempo a indústria musical

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43

coreana teve que sofrer adaptações que buscavam seguir o ritmo dos jovens que em

sua maioria consumiam músicas americanas. Diversos artistas sentiram que para

conseguir espaço em meio as músicas americanas deveriam fazer uma mudança em

seu estilo, muitos fizeram isso, o destaque vai para o grupo Seo Taiji and Boys, que

juntaram o rap as músicas pop (SHIM, 2016, p. 36).

Com essa inovação repentina o grupo que diversificou suas apresentações não

somente nas TV’s como eram transmitidos os grupos da época, e com isso conseguiu

adquirir um grupo aclamado de fãs. Graças a sua mistura de ritmos o grupo foi muito

aclamado e reconhecido como o grupo que ‘criou’ o k-pop e como resultado, até hoje

as misturas músicas ocorrem e são exemplo para grupos como o BTS, um dos grupos

mais famosos nos últimos anos, responsável por trazer a industrial musical coreana

ao senário da tão aclamada Billboard. O grupo que se baseou nos ensinamentos

passados pelo Seo Taiji and Boys, Shinhwa, entre outros grupos da primeira geração

é responsável por ganhar um dos maiores prêmios da Billboard Music Awards e

atualmente foi indicado ao Grammy, maior premiação musical da indústria mundial. Junto a criação do k-pop, também foi desenvolvido o que chamamos de

máquina de Idols, a partir da empresa SM Entertainment, onde Lee Sooman, fundador

da empresa em 1989, desenvolver a ‘Fórmula mágica de Idols’, as empresas criaram

um sistema de seleção e treinamento de futuros Idols, onde eles recebem aulas de

canto, rap, composição, dança, modelar, e línguas (principalmente Chinês e Japonês)

para então após muito treinamento poderem debutar em um grupo de k-pop. Ou seja,

para ser um artista de k-pop o mesmo deve “[...] atuar no projeto do Hallyu em diversas

fontes: seja como garotos propagandas de empresas coreanas no exterior, ou

participando de shows de variedade e filmes em emissoras e estúdios de diferentes

países como convidados especiais” (MATTOS, 2017, s/p)

Um grupo exemplo desta modalidade desenvolvida por Lee Sooman foram os

grupos TVXQ, e Super Junior, ambos os grupos tiveram conquistas em toda a Ásia.

Conhecidos como os ‘Reis da Ásia’. O TVXQ9, teve todo o seu desenvolvimento

voltado a desempenhar performances voltadas para a Coreia e o Japão, fazendo com

9 Curiosidade a parte, o grupo TVXQ, chegou a entrar para o Guinness World Records, como um dos

grupos de kpop com maior fã clube do mundo em 2009, sendo atualmente batido pelo grupo BTS.

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que o grupo ficasse em primeiro lugar na Gaon, uma parada musical coreana,

vendendo mais de 14 milhões de cópias durante o período de promoções do Japão e

Coreia. Já o Super Junior, foi estruturado de forma distinta e ampla. Segundo Mattos

(2017, s/p.):

O grupo [...] divide-se em "unidades" menores, para se adaptar aos

países onde se apresenta: na China, a unidade chinesa "Super Junior M"

canta em mandarim; no Japão, a "Super Junior J" faz seus concertos em

japonês; na Coreia, é a unidade "Super Junior K" que sobe ao palco e assim

por diante. Com essas diferentes combinações, o grupo pode se apresentar

em praticamente qualquer lugar da Ásia numa língua nacional entendida pelo

público.

Assim como eles, outros grupos também tiveram seu grande destaque na

indústria coreana, como a cantora BoA, maior solista e chamada de ‘Rainha do k-pop’,

estreou com 15 anos, e atualmente com 34 anos é responsável por uma fortuna de

US$ 100 bilhões. Destacasse também o grupo ‘queridinho da nação’ Girl’s Generation,

que ficou fortemente conhecido com seu single de estreia “Into The New World” bateu

recordes de visualizações na plataforma do YouTube, além deste o single, “‘Gee’ foi

assistido 42 milhões de vezes por expectadores de todo o mundo, incluindo a

Tailândia, Estados Unidos, Japão e Europa.” (JANG; PARK, 2012, p. 199). Feitos

esses que em 2012 foi de grande repercussão e atualmente o vídeo de k-pop mais

assistido dentro de 24h10 é do grupo BTS, com o título de “Dynamite” e em um dia

conseguiu 101,1 milhões de visualizações.

Com esses recordes sendo atingidos podemos citar a cantora Hyuna que com

seu single “Bubble pop” conseguiu entrar na Billboard na lista de “21 Under 21: Music’s

Hottest, que foi assistido em seu mês de lançamento mais de 160 milhões de vezes.

(JANG; PAIK, 2012, pg. 199). Além destes não pode faltar o cantor PSY que com o

hit de 2012 e responsável pelo boom do k-pop que quebrou o recorde da plataforma

10 Lista de vídeos com maior visualização em 24 horas,

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_v%C3%ADdeos_online_mais_vistos_nas_primeiras_24_horas

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45

do YouTube com o primeiro 1 bilhão de acessos, sendo também o vídeo mais assistido

da plataforma com mais de 3 bilhões de visualizações.

Por fim nessa jornada do k-pop, o BTS, atualmente um dos maiores grupos de

k-pop da Coreia, sequencialmente responsável pelos maiores recordes de prêmios e

quebra de visualizações graças ao seu fã clube intitulado ARMY, devido o nome do

grupo (em tradução livre) se chamar ‘Garotos a prova de Balas’.

Um grupo formado por 7 integrantes, que debutou em 2013, mas somente em

2016 teve seu sucesso reconhecido com a música “I Need You”. Foi o primeiro grupo

coreano a ser indicado e a ganhar um prêmio no Billboard Music Awards11, repetindo

o feito por três anos consecutivos (ainda pode continuar aumentando). Junto a

Billboard, o grupo no ano seguinte, se apresentou e ganhou prêmio no American Music

Awards12. Atingiu o Billboard 20013 com os álbuns "Love Yourself: Tear" e “Love

Yourself: Answer”, novamente quebrando o recorde de primeiro grupo coreano a

conseguir esse feito.

Com todos esses prêmios e impacto causados pelo grupo, ele vem recebendo

horarias na Coreia. Em 2017, o produtor, Bang PD, recebeu um prêmio presidencial

por conduzir um grupo como o BTS, que auxilia na divulgação da “Onda coreana” pela

Ásia e mundo. Também no mesmo ano o grupo foi escolhido como embaixador

honorário do turismo de Seul14 lançando uma música e um vídeo comercial para

promover o turismo da cidade.

O BTS, também recebeu a Ordem de Mérito Cultural devido a sua contribuição

na promoção do Hallyu e da língua coreana, sendo assim os mais jovens coreanos a

receberem esse título. Além disso, o grupo também participou da 73ª Assembleia

Geral da Organização das Nações Unidas, onde junto ao lançamento do Generation

11 Premiação norte-americana realizada pela Billboard para homenagear artistas da indústria musical. 12 Premiação anual da música norte-americana, reconhecida mundialmente ao lado do Grammy e da Billboard. 13 Lista que classifica os 200 álbuns e EP mais vendidos nos Estados Unidos semanalmente. 14 Atualmente esse título está com o grupo em ascensão ATEEZ, que em menos de dois anos de sua

estreia vem se destacando e virou o embaixador honorário do turismo.

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Unlimited15, o grupo pode discursas compartilhando uma mensagem de amor-próprio

e autoconfiança, e junto promovendo sua campanha com a UNICEF, Love Myself16.

E para completar o grupo atualmente foi um dos responsáveis pela

reformulação da Lei que exige o serviço militar obrigatório da Coreia do Sul, onde os

jovens de 18 aos 28 anos, devem comprometer-se ao governo por 21 meses.

A lei permite que artistas conhecidos mundialmente, como o BTS, adiem a entrada no serviço, que era previsto para quem está apto dos 18 a 28 anos. Agora, eles podem se inscrever a partir dos 30 anos. Um dos integrantes, Jin, tem 27 anos e completará 28 no dia 4 de dezembro. A emenda na lei abriu "exceção" aos astros por entender que eles podem melhorar o status cultural do país e porque o BTS recebeu medalhas do governo, o que gera prestígio nacional Atletas que ganham medalhas olímpicas, por exemplo, são totalmente isentos de cumprir o serviço militar, bem como músicos clássicos e figuras folclóricas da Coreia do Sul.17 (De Splash, 2020)

O atual presidente da Coreia do Sul, Moon Jae In, já demonstrou de forma

aberta em sua conta no twitter que é muito fã do grupo e sempre comemora as

conquistas deles.

Contudo, outros artistas de k-pop também já foram convidados para eventos

diplomáticos, como o grupo EXO, que acompanhou o presidente em sua primeira

visita à China. O cantor Minho do grupo Shinee, acompanhou a primeira-dama dos

Estados Unidos, Melania Trump, em um evento na embaixada dos EUA em Seul, para

a divulgação da campanha olímpica que buscava promover o acesso de meninas ao

esporte. Além disso o grupo Red Velvet e a cantora Seohyun do grupo Girl’s

Genaration, foram convidadas a se apresentar, em 2018, em um evento em

Pyongyang, na frente do alto escalão norte coreano, incluindo o atual líder, Kim Jong Um.

Com isso percebemos de forma mais completa que não é só no campo do

desenvolvimento econômico que o k-pop está atuando, mas também no político, sempre

servindo como exemplos da cultura coreana, tornando assim não apenas um gênero

musical, mas também um instrumento para o Soft Power coreano.

15 Nova parceria global com a UNICEF que busca garantir que todos os jovens tenham educação, formação ou emprego até 2030. 16 Campanha lançada em 2017 contra a violência entre crianças e adolescentes em todo o mundo. 17 De Splach, Coreia do Sul aprova mudança de lei e BTS pode adiar o serviço Militar. Disponível em:

< https://www.uol.com.br/splash/noticias/2020/12/01/bts-servico-militar-coreia-do-sul.htm>. Acesso: 01 de novembro de 2020.

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4.2.3 Hallyu 4.0

E por fim a mais recente a Hallyu 4.0 traz o K-style e o alto crescimento da

industrial musical da Coreia do Sul, e esse acredito ser o mais influente, onde os

adoradores da cultura coreana acabaram por querer fazer parte desta cultura fazendo

com que os fãs, quisessem em seus próprios países transformar sua rotina na rotina

coreana. Como a incorporação dos cabelos, roupas, acessórios, maquiagens. De

acordo com Bok-Rae (2015, pg. 158,):

A propagação do hallyu foi tudo graças ao carinho dos fãs ao redor do mundo, e o alvo de seu afeto não era nada menos que a imagem das estrelas hallyu. Todas as imagens assimiladas a essas estrelas representam sua identidade. Como os fãs amam e imitam a identidade das estrelas hallyu, eles gostam de todos os estilos que elas mostram. Eles estão interessados no estilo de vida (comida, roupas e abrigo) dessas estrelas.

Com essa aproximação sendo exigida dos consumidores da Hallyu, setores

que envolvem a indústria de cosméticos e têxtil, tivessem um crescimento

considerável de vendas e exportações para países como os Estados Unidos, Brasil,

China, Vietnã, Malásia, Taiwan e Hong Kong. Em 2016, a indústria de cosméticos da

Coreia do Sul foi avaliada em US$ 11 bilhões, podendo chegar a US$ 13 bilhões em

2020. “No mesmo ano, o país ultrapassou o Japão e os EUA e se tornou o segundo

maior exportador de cosméticos para a China, com a França em primeiro lugar”.

Redes famosas como Walmart e Sephora agora também possuem as marcas de k-

beauty em suas prateleiras. Além disso, “marcas de beleza consagradas como

Clinique, Lancôme e L’Oréal estão fabricando suas próprias versões de produtos

originados na Coreia do Sul”.18

18 Qual a relação entre os cosméticos sul-coreanos e a geopolítica asiática. Nexo Jornal. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/11/22/Qual-a-rela%C3%A7%C3%A3o-entre-oscosm%C3%A9ticos-sul-coreanos-e-a-geopol%C3%ADtica-asi%C3%A1tica. Acesso em: 11 nov. 2020

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Outras questões significativas que podem ser apontadas na Hallyu 4.0 é não

somente o lifestyle, como a procura para outros produtos coreanos vem aumentando,

incluindo nesses aplicativos como o KakaoTalk que é uma plataforma de chat que

pode ser comparada com o WhatsApp, contudo este possuí uma leva de aplicativos

vinculados que são de interesse aos coreanos e estrangeiros que vivem na Coreia do

Sul, como banco, cartões vinculados a transporte público, entre outros. Além destes,

o consumo pelos jogos coreanos vem aumentando de uma forma considerável, como

exemplo os jogos - CrossFire e Black Desert são famosos atualmente.

Com o crescimento dos jogos podemos voltar novamente a indústria musical

coreana que aproveitando deste aumento do consumo de jogos online, começou a

fazer com que ambos desenvolvessem uma ligação em comum para trazer benefício

mútuo. Um exemplo disso são os grupos de k-pop que fazem parcerias com jogos,

como o grupo Dreamcatcher que lançou um álbum especial para o lançamento do

jogo para celular chamado King’s Raid. Outro exemplo famoso é o grupo feminino de

k-pop virtual chamado K/DA, onde trás quatro versões dos personagens do jogo

mundialmente famoso League of Legends, onde duas cantoras estadunidenses

Madison Beer e Jaira Burns e duas Idols coreanas do grupo (G)I-dle Miyeon e Soyeon,

se juntaram para dar vozes as personagens nesse grupo alternativo, o K/DA foi

lançamento para o Campeonato Mundial de League of Legends de 2018, debutando

com o single “Pop/Star”.

4.2.4 Industria cinematográfica.

Com os pontos apresentados nos capítulos e tópicos anteriores podemos

perceber que a Coreia do Sul soube empregar e fazer um uso considerável do Soft

Power no país.

Outro setor consideravelmente importante para a Coreia do Sul é a indústria

cinematográfica, apesar de não ser muito famosa no Brasil, como os k – dramas, as

produções coreanas vão com passe livre para festivais como o de Cannes.

Em 2015, a Coreia do Sul levou para o Festival de Cannes cerca de quatro

filmes. E no ano de 2019, após muito investimento e luta da indústria um filme coreano

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acabou sendo indicado para o maior prêmio norte-americano o Oscar. Parasita, foi o

primeiro filme sul coreano a vencer na categoria principal de Melhor filme, além de

ganhar o prêmio principal do Festival de Cannes o Palma de Ouro, tornando ainda

mais a produção cinematográfica coreana reconhecida mundialmente. 19

Nos últimos anos o governo coreano investiu em uma Comissão de

Desenvolvimento de Conteúdo, para auxiliar na expansão e produção de filmes sul

coreanos. (BALLERINI, 2011)

4.3 O SITEMA DE SUPORTE A DIVULGAÇÃO DA HALLYU.

Que a Hallyu está crescendo e se tornando cada vez mais nos últimos anos

podemos perceber nos tópicos apresentados acima, então aqui vai ser apresentados

algumas das instituições que auxiliam nessa propagação e como elas funcionam

como porta voz desta febre mundial de poder.

A primeira instituição que deve ser abordada é o Ministério de Cultura, Esporte

e Turismo, o órgão maior para a divulgação da cultura pop coreana, e cultura do país.

O Ministério é responsável por implementar políticas nos setores de cultura, artes,

esportes, conteúdo, religião, mídia e promoção, visando apresentar e moldar a

‘Cultura para as pessoas’.

Junto ao Ministério da Cultura, Esporte e Turismo a outros órgãos vinculado

como o KOCIS - Serviço de Cultura e Informação da Coreia. Essa repartição é

responsável por ampliar o intercâmbio cultural sul coreano com os demais países,

também gerencia 32 centros culturais em 27 países, desenvolvendo projetos que

ajudem a melhorar a marca nacional da Coreia, além de promover as artes coreanas

tradicionais. Os centros culturais podem ser considerados uma das estratégias de Soft

Power de longo alcance com o tempo, pois além de ajudar na influência da marca

coreana, serve também como um medidor de influência cultural. o KOCIS, é

19 ELOI, Athur. Parasita vence como Melhor Filme no Oscar 2020. Omelete, 2020. Disponível em: <

https://www.omelete.com.br/oscar/parasita-vence-melhor-

ilme#:~:text=Parasita%20fez%20hist%C3%B3ria%20no%20Oscar,ingl%C3%AAs%20a%20levar%20

a%20estatueta.> Acesso em; 11 de novembro de 2020

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responsável por mediar as informações que são divulgadas sobre a imagem do país

e informações importantes que possam estar sendo divulgadas de forma incorreta.

Ligado ao KOCIS, está o korea.net a maior plataforma de informações sobre a

Coreia do Sul, que é gerida pelo governo.

Outra organização que é lingada ao Ministério da Cultura, se chama Fundação

Coreana para Intercâmbio Cultural Internacional (KOFICE). É um instituto designado

para conectar a Coreia com o mundo por meio da cultura. Que busca esforços para

compartilhar a excitante e dinâmica cultura coreana com a comunidade internacional.

A Hallyu aproximou pessoas de diferentes origens e transformou a Coreia em uma

nação com uma presença cultural inegavelmente impactante.

Além das instituições que são voltadas justamente para a propagação da

cultura da Coreia do Sul pode-se destacar o Instituto King Sejong, uma instituição

pública sob a influência do Ministério da Cultura, Esporte e Turismo da Coreia do Sul,

criada para gerenciar o ensino da língua coreana no exterior e expandir o alcance da

cultura coreana. O Instituto, criado pelo governo sul-coreano em 2007, tem o seu

nome em homenagem ao Rei Sejong, o Grande, criador do alfabeto hangul. O Instituto

introduz a língua coreana e a cultura coreana para estrangeiros, e trabalha para que

o interesse dos alunos pela Coreia se desenvolva em um melhor entendimento e amor

pelo país.

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5 CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou fazer uma análise da economia sul coreana com

base na industrial cultural, demonstrando a utilização de Soft Power da Coreia do Sul

em suas políticas econômicas e diplomacia cultural. A Partir desta ideia foi

desenvolvido no primeiro capítulo a introdução do que seria a Coreia do Sul, a partir

da história deste. Pois percebemos que ao olhar a história, toda a relação de influência

cultural esteve presente a todo momento de formação do país. Onde a influência de

outros países como China e Japão, ao invés de mudar completamente a estrutura do

país, fez com que ele tomasse os pontos positivos e negativos e transformasse o país

para melhor. Um dos pontos fortes de ser influenciado por outro país são os benefícios

deixados com isso, a Coreia do Sul trouxe da cultura chinesa a prática do

confucionismo, que hoje utilizasse como uma base da sociedade coreana, e é muito

praticada. Outra herança dessa influência foi deixada pelo próprio Japão que ajudou

a reorganizar a estrutura econômica sul coreana e ajudou com o passo inicial para o

crescimento industrial pós Guerra da Coreia.

Pode se perceber que a Coreia do Sul, que apesar de todo o seu histórico de

crescimento industrial e logo avanço tecnológico não foi o suficiente para que ela se

comparasse as grandes potências asiáticas, como China e Japão. E com isso pode

ser percebido ao decorrer do capítulo três a apresentação do que seria a “Onda

coreana”, que foi o uma das vertentes para o marco inicial ajudando no crescimento

exponencial da economia. Pois a partir da liberação das mídias coreanas (como a

KBS, SBS, MBC) e a crise asiática de, pode se observar que o governo coreano

buscou investir mais ainda na indústria cultural do país ajudando nessa expansão

econômica do novo setor.

Com os pontos abordados no segundo capítulo foi demonstrado e observado

como o Soft Power é um recurso viável para os países que buscam melhorar sua

imagem e inserção internacional, fazendo a ponte entre os dois poderes.

Demonstrando assim que o Hard Power vem perdendo seu espaço quando se fala da

atuação direta e indireta de um Estado perante os demais. Com isso percebeu-se que,

em relação ao Soft Power, pode-se elencar que o fato de que não são apenas os

Estados que geram o poder, mas sim todo e qualquer organismo econômico e político

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tem essa facilidade para exercer o poder sob os demais, como exemplo destes as

instituições, empresas, ONG's, órgãos governamentais, entre outros. Na visão da

Coreia do Sul, teve-se o início da influência do governo na indústria de maneira

pública, entretendo a Hallyu como instrumento do Soft Power coreano só se

desenvolveu quando passou a ser o foco das empresas privadas, principalmente

pelas empresas de entretenimento.

Foi observado também que esse tipo de poder teria como foco o

desenvolvimento quase que natural da imagem internacional de um país, pode-se

perceber como o caso da Coreia do Sul fez seu investimento próprio e pesado para a

construção de uma imagem internacional consistente. Outro ponto a ser destacado é

o fato do Soft Power de Nye, ter sido utilizado fortemente no setor cultural do país,

utilizando-se da cultura para gerar uma economia sólida e crescente. Além das

características adequadas para o crescimento do Soft Power, que foram utilizados e

seguidos quase que passo a passo pela Coreia do Sul, os valores também são

importantes e devem ser destacados. Pois a partir dos valores agregados e

desenvolvidos na hora de se influenciar o ator busca uma igualdade junto ao Estado,

o que foi observado pelo uso da Hallyu que desenvolveu seus valores e a partir destes

conseguiu transmitir pela Ásia e obter essa igualdade de valores e maior aceitação

dessa influência. As técnicas de Soft Power podem ser distintas, mas a mais famosa

acontece através da música e do cinema, que foi o caso da Hallyu.

Com isso observamos que uma forma de utilização do Soft Power pode ser

desenvolvida através da propagação do país como uma marca, então foi demonstrado

no capítulo três que a Coreia do Sul conseguiu transformar seu nome e dia a dia em

marca, através do estilo lifestyle sul coreano, que se propagou através da Hallyu. E

fez com o que o país fosse conhecido em diversas categorias, não somente no

entretenimento como na área tecnológica, cosmética e visual.

Outro ponto a levar destaque no capítulo dois foi a utilização do Soft Power

como instrumento da propagação diplomática. A Coreia do Sul conseguiu através da

diplomacia cultural lançar sua marca de forma efetiva e eficaz nos demais países.

Através da criação de organizações que são voltadas especificamente para

esse setor, como abordado no terceiro capítulo, instituições como o KOCIS, que é a

organização voltada justamente para a propagação do intercâmbio cultural. Além de

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usar a diplomacia cultural para promover festivais anuais e eventos abertos ao público.

Muitos conhecidos mundialmente como a K-CON que acontece nos Estados Unidos

e Japão. Percebemos assim que uma nova diplomacia cultural foi desenvolvida.

Também foi percebido através da análise que o uso das mídias sociais está

fortemente ligado ao novo uso do Soft Power como uma propagação mais rápida e

eficaz da indústria cultural. Onde percebemos que com a ajuda dessas plataformas

países de todo o globo tem maior facilidade para consumir os produtos de um outro

país. E a Hallyu faz um uso quase que total desse tipo de plataforma e consegue obter

resultados econômicos relativos.

Pode se concluir essa análise que, a ligação do Soft Power e a Hallyu são

espectros do desenvolvimento econômico sul coreano e deve-se ser mais estudado

para que outros países comecem a se espelhar nessa ‘Onda’ de influência gerada

pela Coreia do Sul.

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