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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA PHAENNA PROENÇA MARTINS A INTEGRAÇÃO DO JOVEM AO MERCADO DE TRABALHO: PERFIL DO JOVEM ATENDIDO NO PROGRAMA ADOLESCENTE APRENDIZ, DO CIEE/SC – UNIDADE FLORIANÓPOLIS Palhoça 2009

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

PHAENNA PROENÇA MARTINS

A INTEGRAÇÃO DO JOVEM AO MERCADO DE TRABALHO:

PERFIL DO JOVEM ATENDIDO NO PROGRAMA ADOLESCENTE APRENDIZ,

DO CIEE/SC – UNIDADE FLORIANÓPOLIS

Palhoça 2009

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PHAENNA PROENÇA MARTINS

A INTEGRAÇÃO DO JOVEM AO MERCADO DE TRABALHO:

PERFIL DO JOVEM ATENDIDO NO PROGRAMA ADOLESCENTE APRENDIZ,

DO CIEE/SC – UNIDADE FLORIANÓPOLIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina, Pedra Branca, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Regina Panceri, Dra.

Palhoça

2009

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PHAENNA PROENÇA MARTINS

A INTEGRAÇÃO DO JOVEM AO MERCADO DE TRABALHO:

PERFIL DO JOVEM ATENDIDO NO PROGRAMA ADOLESCENTE APRENDIZ,

DO CIEE/SC – UNIDADE FLORIANÓPOLIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 19 de novembro de 2009.

________________________________________

Profª. e orientadora Regina Panceri. Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

________________________________________

Profª. Carolina Hoeller da Silva Boeing. Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

________________________________________

Lisiane Bueno da Rosa

Assistente Social – CIEE/SC

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Dedico este presente trabalho primeiramente

a Deus, essa força maior que me possibilitou

ser um instrumento de sua vontade. A toda

minha família e em especial a minha amada

mãe (in memorian) por toda a dedicação e

carinho. A minha querida irmã por ser um

raio de sol, fonte de inspiração. Ao meu

marido, por ter trazido razão a minha vida e

ser amigo e companheiro em todas as horas.

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AGRADECIMENTOS

Ao escrever as últimas linhas deste estudo, em meio à sensação de

alívio, minha memória recaptura momentos e episódios que marcaram os últimos

quatro anos, sobre os quais não pretendo me detalhar.

Contudo, a minha memória também recupera rostos e nomes de pessoas

a quem gostaria de expressar minha gratidão, pois de forma direta ou indireta,

contribuíram para que eu conseguisse cumprir esta etapa em meu processo de

formação.

Agradeço a minha amada mãe Soninha (in memorian), que aonde quer

que esteja, vibra orgulhosa da semente que me ajudou a plantar ao iniciar este curso

movido a tantos desafios e que agora gera seus primeiros frutos.

Agradeço a toda a minha família, que apesar de pequena, esta muito bem

representada por minha irmã Fabiana, que é parte de mim e me ensina muitas

lições. A minha tia Antonia, por todo o seu amor, carinho e dedicação. A minha

prima Carol, pelo sorriso contagiante e abraço apertado. Ao meu primo Tato, por ser

o bendito fruto entre as mulheres e a minha querida vovó Maria, por ser a matriz que

nos possibilitou esta rica experiência e se mostra símbolo de resistência e vontade

de viver.

Agradeço muito a toda a equipe do CIEE, pois cada um foi muito

importante no processo de elaboração deste trabalho, principalmente o Sr. Anibal,

que há sete anos atrás acreditou no meu potencial profissional, inserindo-me na

organização, demonstrando sua crença na capacidade e na potencialidade dos

jovens.

À Lisiane, por ter sido a minha inspiração para a escolha da profissão e é

claro ao Carlos e a Débora, por serem profissionais comprometidos e verdadeiros

amigos.

Devo um obrigado muito especial a todas as professoras e professores do

curso, que foram verdadeiros mestres mentores.

As amigas e colegas de turma, por compartilhar do mesmo ideal de ver

um mundo mais justo e menos desigual e em especial a Gabi, minha irmãzinha de

coração e agora mãe do Caio.

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Agradeço a minha sogra Maura e ao meu sogro Arnoldo, por serem

verdadeiros pais presentes e atenciosos. Ao Cristhian por ser nossa criança amada

e por trazer a esperança em seu sorriso.

Agradeço a todos os jovens entrevistados que generosamente contaram

suas histórias, expectativas e sugestões.

E por fim, mas não por acaso, agradeço ao meu marido, por ser meu

parceiro em todos os momentos, por ter me presenteado com uma família

maravilhosa repleta de amor e por me apoiar incondicionalmente na materialização

dos meus sonhos.

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ELOGIO À APRENDIZAGEM Aprende as coisas elementares! Para aqueles a quem chegou à hora nunca é demasiado tarde! Aprende o abecedário. Não bastará, mas aprende-o! Não deixes que te desanimem! Começa! Deves saber tudo. Tens que ser dirigente. Aprende, homem no asilo! Aprende, homem na prisão! Aprende, mulher na cozinha! Aprende, tu que tens 60 anos! Tens que ser dirigente. Procura a escola, tu que não tens casa! Não tenhas medo de perguntar, camarada! Não deixes que te induzam a nada. Investiga por ti mesmo! O que não separares tu mesmo não conheces. Examina os detalhes a fundo; és tu que pagas as s. Põe o teu dedo em cada detalhe, pergunta: Como chegou isto aqui? Tens de ser dirigente. (Bertolt Brecht).

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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso propõe uma análise do perfil dos principais

personagens – Os Jovens – do Programa Adolescente Aprendiz, do Centro de

Integração Empresa Escola do Estado de Santa Catarina – CIEE/SC, na unidade de

Florianópolis. Jovens esses, em sua maioria, habitantes da região da Grande

Florianópolis, que compõem o contexto de um cenário marcado pela disparidade

entre demanda e oportunidades de trabalho. O tema relaciona o jovem e a sua

inserção no mercado de trabalho, apresentando as legislações de proteção ao

trabalho dos adolescentes, destacando a Lei n. 10.097/00 e o Decreto lei n.

5.598/05, que regulamenta a contratação de aprendizes e dá outras providências.

Este trabalho apresenta informações do momento em que o CIEE/SC resolve ser

além do conceituado agente de integração de estágios e passa a atuar também

como entidade qualificada para a formação técnico profissional de adolescentes

aprendizes dentre outros programas e projetos de primeiro emprego, comprometida

com a articulação entre a atuação no mercado de trabalho e a aprendizagem,

através do estímulo do protagonismo juvenil e do desenvolvimento de competências.

Por fim, busca-se contribuir com subsídios para o debate e reflexão da prática

profissional do Assistente Social na área da educação profissional de jovens, por

meio de sugestões de ações sócio educativas para uma maior integração entre a

Instituição, a Família e o Jovem.

Palavras-chave: Adolescente. Trabalho. Aprendizagem. Educação Profissional.

Inserção.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Idade..................................................................................................... 64

Gráfico 2 – Naturalidade......................................................................................... 66

Gráfico 3 – Residência............................................................................................ 67

Gráfico 4 – Município da residência........................................................................ 67

Gráfico 5 – Infra estrutura urbana........................................................................... 68

Gráfico 6 – Localização da residência.................................................................... 69

Gráfico 7 – Participação em programas na comunidade........................................ 69

Gráfico 8 – Sexo..................................................................................................... 70

Gráfico 9 – Escolaridade......................................................................................... 71

Gráfico 10 – Instituição de ensino........................................................................... 72

Gráfico 11 – Turno escolar...................................................................................... 72

Gráfico 12 – Deslocamento até a escola................................................................ 73

Gráfico 13 – Já reprovou de ano? .......................................................................... 73

Gráfico 14 – Índice de reprovação por sexo........................................................... 73

Gráfico 15 – Motivos de reprovação....................................................................... 74

Gráfico 16 – Estado civil......................................................................................... 75

Gráfico 17 – Filhos.................................................................................................. 76

Gráfico 18 – Número de filhos................................................................................ 76

Gráfico 19 – Participação em projetos sociais........................................................ 77

Gráfico 20 – Uso de drogas lícitas e ilícitas............................................................ 78

Gráfico 21 – Sofre de alguma doença? ................................................................. 79

Gráfico 22 – Uso de remédios................................................................................ 79

Gráfico 23 – Portadores de deficiência na residência............................................. 80

Gráfico 24 – Renda per capita................................................................................ 81

Gráfico 25 – Etnia................................................................................................... 81

Gráfico 26 – Trabalhos anteriores........................................................................... 82

Gráfico 27 – Duração dos trabalhos anteriores...................................................... 83

Gráfico 28 – Escolaridade dos pais........................................................................ 83

Gráfico 29 – Cursos de aperfeiçoamento............................................................... 85

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Gráfico 30 – Atividades extra estudos.................................................................... 86

Gráfico 31 – Expectativas pós programa................................................................ 87

Gráfico 32 – Sugestões de melhorias..................................................................... 88

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LISTA DE SIGLAS

ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária

BPC - Benefício de Prestação Continuada

CASAN - Companhia Catarinense de Águas e Saneamento

CBO - Classificação Brasileira de Ocupações

CIEE – Centro de Integração Empresa Escola

CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CMDCA - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MEC – Ministério da Educação

PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PIT – Programa de Iniciação ao Trabalho

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNDS - Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde

SC – Santa Catarina

SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAD - Secretaria Nacional Antidrogas

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

SESCOOPC - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo

SUAS - Sistema Único de Assistência Social

UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 13

2 O TRABALHO DO ADOLESCENTE E SUAS LEGISLAÇÕES

REGULAMENTADORAS....................................................................................... 16

2.1 CONTEXTUALIZANDO O JOVEM BRASILEIRO E A SUA INSERÇÃO NO

MERCADO DE TRABALHO................................................................................... 16

2.2 LEGISLAÇÕES DE PROTEÇÃO AO TRABALHO DO

ADOLESCENTE..................................................................................................... 19

2.2.1 A Consolidação das Leis Trabalhistas e a Constituição Federal

Brasileira de 1988.................................................................................................. 20

2.2.2 O Estatuto da Criança e do Adolescente................................................... 21

2.2.3 Lei n. 10.097 de 19 de dezembro de 2000 e Decreto lei n. 5.098 de 1º

de dezembro de 2005 - Lei da aprendizagem..................................................... 23

2.2.4 Lei n. 11.788 de 25 de setembro de 2008 - Lei do estágio........................ 27

3 CIEE - ENTIDADE QUALIFICADA EM FORMAÇÃO TÉCNICO

PROFISSIONAL METÓDICA................................................................................. 29

3.1 HISTÓRICO INSTITUCIONAL DO CENTRO DE INTERGRAÇÃO

EMPRESA ESCOLA DO ESTADO DE SANTA CATARINA – CIEE/SC................ 29

3.2 HISTÓRICO DE IMPLEMENTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO

CIEE/SC.................................................................................................................. 32

3.3 PROGRAMAS E PROJETOS DESENVOLVIDOS PELO DEPARTAMENTO

DE SERVIÇO SOCIAL DO CIEE/SC...................................................................... 34

3.3.1 Programa de Iniciação ao Trabalho – PIT.................................................. 34

3.3.2 Consórcio social da juventude................................................................... 36

3.3.3 Escola de fábrica.......................................................................................... 37

3.3.4 ProJovem urbano......................................................................................... 38

3.3.5 Programa CIEE aprendiz............................................................................. 39

3.4 A EXPERIÊNCIA PRÁTICA DO ESTÁGIO E A INSTRUMENTALIZAÇÃO

DO SERVIÇO SOCIAL NO CIEE/SC...................................................................... 44

4 A ARTICULAÇÃO ENTRE A ATUAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO E 47

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A APRENDIZAGEM...............................................................................................

4.1 A IMPORTÂNCIA DA CAPACITAÇÃO PARA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

DO JOVEM ATENDIDO NO PROGRAMA............................................................. 47

4.2 ESTIMULANDO O PROTAGONISMO JUVENIL ATRAVÉS DO

DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS........................................................ 55

5 O PERFIL DO JOVEM NO PROGRAMA DE APRENDIZAGEM DO CIEE/SC -

UNIDADE DE FLORIANÓPOLIS........................................................................... 60

5.1 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DE PESQUISA CONCLUSÃO.................. 60

5.2 RESULTADO DA PESQUISA SOBRE O PERFIL DOS ADOLESCENTES

APRENDIZES DO CIEE/SC – UNIDADE DE

FLORIANÓPOLIS................................................................................................... 63

5.2.1 Idade.............................................................................................................. 64

5.2.2 Naturalidade................................................................................................. 66

5.2.3 Residência.................................................................................................... 66

5.2.4 Sexo............................................................................................................... 69

5.2.5 Escolaridade................................................................................................. 71

5.2.6 Estado civil................................................................................................... 75

5.2.7 Participação em projetos sociais............................................................... 77

5.2.8 Uso de drogas.............................................................................................. 78

5.2.9 Doenças........................................................................................................ 79

5.2.10 Índice social de prioridades de atendimento.......................................... 80

5.2.11 Trabalhos anteriores.................................................................................. 81

5.2.12 Escolaridade dos pais............................................................................... 83

5.2.13 Cursos de aperfeiçoamento...................................................................... 84

5.2.14 Atividades extra estudos........................................................................... 85

5.2.15 Expectativas pós programa...................................................................... 87

5.2.16 Sugestões de melhorias............................................................................ 88

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 91

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 93

APÊNDICE.............................................................................................................. 98

APÊNDICE A – Questionário Sócio Econômico................................................. 99

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1 INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso é fruto da experiência de estágio

curricular obrigatório realizado no quinto, sexto e sétimo semestres do curso de

Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, compreendido

no período de 2008/01 a 2009/01, no Centro de Integração Empresa Escola do

Estado de Santa Catarina – CIEE/SC.

Nesse período elaborou-se um Projeto de Pesquisa tendo como principal

objetivo analisar o perfil dos jovens atendidos pelo Programa CIEE Aprendiz do

CIEE/SC, unidade de Florianópolis, no ano de 2008.

A preocupação com a problemática identificada deu-se com o apoio da

equipe multidisciplinar da Instituição, que após inúmeras reuniões remeteu-se ao

principal objetivo deste trabalho, que é o de analisar detalhadamente o perfil do

jovem atendido pelo Programa CIEE Aprendiz, a fim de contribuir para melhorias na

execução do programa.

Com base nos procedimentos teórico metodológicos, ético políticos e

técnico operativos utilizados como instrumentos de trabalho do Serviço Social, foi

possível concluir que é extremamente necessário conhecer claramente quem é o

sujeito com o qual trabalhamos.

Através da prática da construção coletiva, foi possível a intervenção

sistematizada com entrevistas individuais com os jovens, que possibilitaram a coleta

dos dados indicadores e a identificação das carências e necessidades dos jovens

participantes do Programa.

A procura por estimular o protagonismo juvenil, por meio do

desenvolvimento de competências, torna-se uma constante institucional, para que

desvinculados da Entidade, esses jovens tenham internalizado atitudes capazes de

mantê-los focados em seus projetos de vida, de trabalho e de sociedade.

Em respeito ao jovem e a sua condição peculiar de desenvolvimento,

busca-se com este trabalho contribuir com subsídios para o debate e a reflexão da

prática profissional do Assistente Social na área da educação profissional e fazem-

se sugestões de ações sócio educativas para uma maior integração entre Instituição,

a Família e o Jovem.

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Torna-se imprescindível valorizar o trabalho do adolescente, em todas as

etapas do programa, como forma de incentivo e acolhimento à família,

proporcionando a elevação da escolaridade e consequentemente da qualidade de

vida. Daí surge a necessidade de uma intervenção, de uma ação do Serviço Social

que enfatize a importância do apoio ao jovem e todo o seu contexto familiar, por

meio de iniciativas que contribuam para um desempenho efetivo e com qualidade.

Este Trabalho de Conclusão de Curso organiza-se em cinco capítulos, e a

introdução é considerada como o primeiro capítulo. Na sequência, o segundo

capítulo traz reflexões sobre o jovem e a sua inserção no mercado de trabalho

através da contextualização do jovem brasileiro e da análise das legislações

regulamentadoras que perpassam desde a Consolidação das Leis Trabalhistas –

CLT de 1943, a Constituição Federal Brasileira de 1988 até o marco na luta contra a

exploração do trabalho dos jovens: O Estatuto da Criança e do adolescente de 1990.

O Estatuto da Criança e do Adolesceste que certamente viabilizou o

sancionamento da Lei da Aprendizagem n. 10.097 de dezenove de dezembro de

dois mil, regulamentada pelo Decreto n. 5.598 de primeiro de dezembro de dois mil e

cinco, que dispõe as observações para as relações jurídicas pertinentes à

contratação de aprendizes.

No terceiro capítulo, faz-se a apresentação do histórico institucional do

Centro de Integração Empresa Escola do Estado de Santa Catarina – CIEE/SC, aqui

destacado por ser além do conceituado agente de integração de estágios, a

entidade qualificada em formação técnico profissional metódica, responsável desde

a seleção dos aprendizes ao desenvolvimento de atividades teóricas e práticas,

organizadas em complexidade progressiva. Originalmente cabe referenciar sobre a

implementação do Serviço Social no CIEE/SC que, a partir da atuação profissional

do social, começa a desenvolver programas e projetos legítimos através de

construções eminentemente sócio políticas. Neste mesmo capítulo constam dados

da experiência prática do estágio curricular obrigatório e da instrumentalização do

Serviço Social que em complemento ao trabalho desenvolvido das disciplinas

proporcionou a ampliação dos horizontes, possibilitando, através de objetivos pré

determinados, a assessoria à organização por meio da realização da pesquisa e de

seus resultados alcançados.

O quarto capítulo apresenta a proposta de articulação entre a atuação no

mercado de trabalho e a aprendizagem, pois a teoria não está separada da prática

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ou o trabalho na empresa distanciado da formação e da realidade, do contrário,

busca-se a aproximação dos métodos ao conhecimento, propondo uma abordagem

integradora ao aprendiz, tudo para que ele possa absorver ao máximo o período de

aprendizagem para construir ferramentas viabilizadoras de inserção no mundo do

trabalho e na sociedade, vivenciando de forma plena a sua cidadania.

Portanto, a capacitação para formação profissional, torna-se de extrema

relevância para o aprendiz que muitas vezes é desafiado a superar suas

inseguranças e incertezas para qualificar-se para o trabalho, motivados pela

obrigação de contribuir precocemente no orçamento familiar.

A fim de superar a baixa auto estima, decorrente da comum situação de

desvantagem social, exclusão, fracasso escolar, o programa prevê o estímulo do

protagonismo juvenil através do desenvolvimento de competências, para que ao final

do programa os jovens tornem-se capazes de continuar aprendendo

autonomamente, compreender os mais diversificados processos e construir

argumentos.

O quinto e último capítulo apresenta os resultados obtidos por meio da

pesquisa, sob a forma de gráficos e com a análise crítica correspondente,

possibilitando perceber com maior visibilidade as características daquele grupo de

adolescentes através do estudo do material coletado, buscando-se compreender a

dinâmica das atividades desenvolvidas no Programa CIEE Aprendiz e a importância

da prática profissional do Assistente Social na área da educação profissional de

jovens.

Por fim, apresentam-se as considerações finais, o referencial teórico

consultado para o desenvolvimento deste estudo e o material complementar em

anexo.

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2 O TRABALHO DO ADOLESCENTE E SUAS LEGISLAÇÕES

REGULAMENTADORAS

Apesar de causar extrema indignação, desde os primórdios da história do

trabalho, constata-se a exploração do trabalho adolescente, no entanto essa

exploração persiste com o passar do tempo e ganha destaque em nosso País que

busca com pouco sucesso extingui-la. Apesar do surgimento de legislações de

proteção ao seu trabalho, o adolescente de nosso país vê-se em situações que o

obrigam muitas vezes a submeter-se às condições precárias e de exploração

ocasionados pela necessidade de se promover minimamente enquanto cidadão.

2.1 CONTEXTUALIZANDO O JOVEM BRASILEIRO E A SUA INSERÇÃO NO

MERCADO DE TRABALHO

Conforme o apontamento de inúmeros estudos, os jovens constituem um

dos grupos populacionais mais afetados pela incidência do desemprego em nosso

país. Diante dessa constatação, ampliar o conhecimento sobre como se dá o

processo de inserção no mercado de trabalho, é uma condição necessária para

enfrentar adequadamente o fenômeno do desemprego juvenil.

O cenário atual do mercado de trabalho para o jovem é desanimador, a

reprodução das condições sociais desfavoráveis perpetua o ciclo da pobreza, a

baixa escolaridade limita o acesso a um emprego digno com melhores rendimentos

e consequentemente uma melhora na qualidade de vida.

De acordo com dados da pesquisa intitulada de População Jovem no

Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1999)

ressalta-se o grave e generalizado quadro da violência nacional, cuja maior ênfase

recai justamente na população com menos de vinte e cinco anos de idade,

especialmente nos grandes centros metropolitanos do país, destacando que em

1940, eram 8,2 milhões de jovens no grupo etário de 15 a 24 anos e 30 anos depois

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estes jovens e adultos jovens já somavam 18,5 milhões. Em anos mais recentes,

1991 e 1996, os respectivos censos populacionais enumeraram 28,6 e 31,1 milhões

de pessoas de 15 a 24 anos de idade.

Inicialmente cabe mencionar que o número elevado de jovens constitui

um conjunto de pessoas que, efetivamente, pressiona a economia para a criação de

novos postos de trabalho. Por outro lado, são estes mesmos jovens que estão

expostos às mais elevadas taxas de mortalidade por causas externas.

A emergência do desemprego entre os jovens torna mais distantes as

possibilidades de constituição de trajetórias ocupacionais e de vida vinculadas à

ascensão social. O processo de imobilidade social pode tornar frustrada a

perspectiva de construção de um futuro pelo trabalho decente, mesmo no ambiente

de elevação da escolaridade.

Segundo as autoras Sposati, Falcão e Fleury (2006, p.123) o jovem

desempregado compõe uma demanda específica a ser atendida pela Assistência

Social:

É preciso que a política de assistência social ganhe visibilidade, no que se refere ao seu significado e à sua extensão. A assistência social no Brasil não é apenas “pronto socorro social”, mais sim o principal mecanismo pelo qual se opera a extensão de serviços de infra estrutura urbana e social aos pauperizados.

O aumento da pobreza em nosso país tem como uma de suas

consequências os índices de desemprego. Dados da Pesquisa Mensal de Emprego

de setembro de 2009 elaborada pelo IBGE mostra que 6,3% das pessoas

desocupadas no Brasil têm até dezessete anos e 35,2% são jovens entre dezoito e

vinte e quatro anos, e ainda entre os desocupados 16,6% estavam à procura do

primeiro emprego, portanto cabe também a atribuição de geração de renda à

assistência social.

Sem perspectivas, os jovens brasileiros sucumbem em uma série de

problemas sociais como o consumo e o tráfico de drogas e da prostituição.

Dentre as diversas causas inviabilizadoras da inserção dos jovens no

mercado de trabalho, destacam-se a formação educacional inadequada e a

ausência de experiência anterior de trabalho.

Segundo Moraes (2002, p. 6) foge ao controle do Estado o atendimento das

demandas emergentes da população, incluindo-se os jovens e ressaltando-se, aqui,

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as seguintes colocações:

Deve-se, portanto, levar em conta que os direitos sociais somente progridem quando a violência é interrompida, assumindo o Estado o seu monopólio, o que impede que grupos se armem levando horror a população. A imediata deste fato é o aumento do autocontrole das pessoas, ficando os mais fracos mais protegidos, como é o caso das crianças e dos adolescentes.

O nosso país necessita de políticas públicas para a juventude que

abranjam além do trabalho, a educação, a saúde, o lazer para minimizar as

consequências que se estendem às famílias, causando danos, muitas vezes,

irreversíveis.

O desenvolvimento humano é, em última análise, uma permanente busca

de capacitação e inserção em nichos sociais cada vez mais complexos. Demonstrar

habilidades profissionais é de maneira encoberta mostrar que está apto para

enfrentar e sobreviver no mundo.

Diante de tudo isso, observa-se que o trabalho para um jovem é de

importância vital, mas torna-se muitas vezes uma grande e difícil barreira a ser

transposta. Ao longo da história, o jovem passou por árduos testes para ser aceito

no mercado de trabalho e poder conquistar essa independência. Desde muito

tempo, um dilema permeia essa relação; de um lado as organizações que

necessitam de mão de obra experiente e especializada, do outro, o jovem

inexperiente e ávido por entrar no mercado. A inexperiência associada ao

comportamento rebelde e inovador que sempre causaram desconfianças na hora de

contratar um jovem.

Com frequência dois temas costumam ser mencionados ao se abordar os

problemas sociais da juventude: o do desemprego e da violência.

Além dos problemas econômicos gerados pelo desemprego entre os

jovens, talvez o mais grave seja que o desemprego e a baixa empregabilidade dos

jovens têm contribuído para o aumento da violência, da prostituição e do consumo

de álcool e drogas, assim como sua vulnerabilidade social em todo o mundo. Vários

estudos correlacionam a situação de desemprego com a criminalidade juvenil.

Além de estarmos comprometendo o futuro de nosso País, são famílias

inteiras abaladas em sua organização em razão da violência instalada em nossa

cidade. Torna-se cada vez mais necessário efetivar ações para combater os reflexos

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da exclusão social histórica, que refletiu como consequência a situação de

insegurança a qual estamos submetidos.

O poder público muitas vezes se faz ausente nas áreas de risco e de

inclusão social. Existem poucas políticas públicas para atender uma grande

demanda social. A facilidade com que os traficantes dominam essas áreas reflete a

omissão do Estado.

Os jovens precisam de políticas sociais básicas, voltadas para geração de

emprego, educação e profissionalização, as quais se constituem em ferramentas

que contribuem para reverter essa dura realidade.

Investir na geração de oportunidades para a inserção e a permanência de

nossos jovens no mercado de trabalho não é somente garantir melhorias na

qualidade de vida, é acima de tudo viabilizar condições para o desenvolvimento

econômico e sustentável do País.

Diante dessa situação, cabe aos órgãos competentes elaborar e fiscalizar

as legislações que tem como fim assegurar a proteção do trabalho dos adolescentes

e evitar ao máximo toda e qualquer tipo de exploração, para isso se faz necessário

citar neste trabalho as legislações existentes e que teoricamente já estão em

andamento no Brasil.

2.2 LEGISLAÇÕES DE PROTEÇÃO AO TRABALHO DO ADOLESCENTE

A população infantojuvenil se constitui hoje um dos segmentos mais

prejudicados pelo acirramento dos problemas socioeconômico culturais que o país

enfrenta.

O não oferecimento por parte do poder público de uma rede de ensino de

qualidade e universal, a concentração de renda, os baixos salários, o desemprego e

os desarranjos das famílias são fatores que vêm afetando diretamente a trajetória de

vida de crianças e adolescentes, os obrigando a se inserirem precocemente no

mercado de trabalho, no qual seus direitos como "cidadãos em condições especiais

de desenvolvimento" são seguidamente desrespeitados.

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A exploração do trabalho infantil é constante motivo de preocupações e

ao longo dos anos diversas legislações foram elaboradas visando o fim da

exploração infantil e a proteção do trabalhador adolescente.

Historicamente a exploração da mão de obra infantojuvenil esteve

presente nos mais diversos países; entretanto, a problemática que envolve crianças

e adolescentes e sua mão de obra ganham destaque pelo número de ocorrências

constatadas no Brasil.

Mesmo diante de tantas normas de caráter protecionista em relação ao

trabalho infantojuvenil, consagradas na Constituição Federal de 1988, Consolidação

das Leis do Trabalho e o Estatuto da Criança e do Adolescente, e ainda em

Convenções da Organização Internacional do Trabalho ratificadas pelo Brasil, que

trazem entre outras proteções, a proibição do trabalho do menor de 16 anos, salvo

na condição de aprendiz a partir de 14 anos, a exploração é uma realidade em

nosso País.

2.2.1 A Consolidação das Leis Trabalhistas e a Constituição Federal Brasileira

de 1988

Através de uma breve retrospectiva podemos constatar que em 1943,

com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), se estabeleceu a idade mínima de

doze anos para o trabalho. Já a Constituição Federal de 1988, em seu art. 7°, inciso

XXXIII, elevou para catorze anos a idade mínima para o trabalho, abrindo exceção

para os aprendizes (doze anos); e o trabalho noturno, perigoso ou insalubre foi

proibido para menores de 18 anos:

[...]

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.

Em 1998, a Emenda Constitucional n° 20 alterou o referido inciso. A idade

mínima para o trabalho passou de catorze para dezesseis anos, e a do aprendiz, de

doze para catorze anos.

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2.2.2 O Estatuto da criança e do adolescente

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) promulgado em 1990 veio

regulamentar os direitos e garantias assegurados às crianças e adolescentes pela

Constituição de 1988, dentre eles o direito ao trabalho. Em seu capítulo V, que trata

do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho, faz a seguinte menção em

seus artigos 60 aos 69:

Art. 60 - É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

Art. 61 - A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.

Art. 62 - Considera-se aprendizagem a formação técnico profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.

Art. 63 - A formação técnico profissional obedecerá aos seguintes princípios:

I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;

II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;

III - horário especial para o exercício das atividades.

Art. 64 - Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.

Art. 65 - Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, é assegurado os direitos trabalhistas e previdenciários.

Art. 66 - Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

Art. 67 - Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não governamental, é vedado trabalho:

I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e às cinco horas do dia seguinte;

II - perigoso, insalubre ou penoso;

III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

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IV – realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola.

Art. 68 - O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.

§ 1º - Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.

§ 2º - A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.

Art. 69 - O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:

I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;

II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

O ECA revogou todas as disposições legais contrárias a ele, incluindo os

dispositivos da CLT que contrariavam seus princípios.

O ECA se fundamenta no art. 227 da Constituição Federal Brasileira que

menciona:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Coube a lei regulamentar a atividade profissionalizante do jovem,

seguindo o estabelecido na Constituição Brasileira.

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2.2.3 Lei n. 10.097, de 19 de dezembro de 2000 e Decreto lei n. 5.098, de 1º de

dezembro de 2005 – Lei da aprendizagem

Em 19 de dezembro de 2000, entra em vigor a Lei n. 10.097, que altera

dispositivos da CLT. A Lei do Aprendiz institui que, de acordo com o seu número de

funcionários, as empresas devem dar emprego a uma quota de 5 a 15% de jovens

entre 14 e 24 anos. Ela institui também a responsabilidade da empresa de matriculá-

los em cursos profissionalizantes ministrados por escolas técnicas, do sistema Senai

Senac ou de organizações sem fins lucrativos qualificadas para o ensino de

adolescentes, no qual o CIEE/SC atua enquanto entidade executora da

aprendizagem. O CIEE é um agente de Integração que faz a ponte entre as

empresas, as instituições de ensino e os estudantes, como já foi citado

anteriormente.

A lei regulamentada pelo decreto n. 5.598 de 1º de dezembro de 2005

considera menor para todos os efeitos o trabalhador de quatorze até vinte e quatro

anos, proíbe qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na

condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos e estabelece que o trabalho do

adolescente não possa ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu

desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que não

permitam a frequência à escola.

Estabelece que o contrato de aprendizagem seja um contrato de trabalho

especial, ajustado por escrito e por prazo determinado não superior a dois anos, em

que o empregador se compromete a assegurar ao aprendiz, inscrito em programa de

aprendizagem, formação técnico profissional metódica compatível com o seu

desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz se compromete a executar

com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.

Para fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da escolaridade

de aprendiz portador de deficiência mental deve considerar, sobretudo, as

habilidades e competências relacionadas com a profissionalização.

A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira

de Trabalho e Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz à escola, caso

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não haja concluído o ensino fundamental, e inscrição em programa de

aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação

técnico profissional metódica.

O descumprimento das disposições legais e regulamentares importará na

nulidade do contrato de aprendizagem, nos termos do estabelecendo-se o vínculo

empregatício diretamente com o empregador responsável pelo cumprimento da cota

de aprendizagem.

A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira

de Trabalho e Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz à escola, caso

não haja concluído o ensino fundamental, e inscrição em programa de

aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação

técnico profissional metódica. A lei entende por formação técnico profissional

metódica para os efeitos do contrato de aprendizagem as atividades teóricas e

práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva

desenvolvidas no ambiente de trabalho.

De acordo com a Lei n. 10.097, a formação técnico profissional metódica

deve ser realizada por programas de aprendizagem organizados e desenvolvidos

sob a orientação e responsabilidade de entidades qualificadas em formação técnico

profissional metódica. A formação técnico profissional do aprendiz deverá obedecer

aos princípios de garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino fundamental;

horário especial para o exercício das atividades; e capacitação profissional

adequada ao mercado de trabalho.

Na lei são consideradas entidades qualificadas em formação técnico

profissional metódica as que prestam os serviços nacionais de aprendizagem, sendo

eles o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); o Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial (SENAC); o Serviço Nacional de Aprendizagem

Rural (SENAR); o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT); o

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP); as escolas

técnicas de educação, inclusive as agrotécnicas; e as entidades sem fins lucrativos,

que tenham por objetivos a assistência ao adolescente e à educação profissional,

registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

(CMDCA), como é o caso do CIEE/SC.

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A lei ainda prevê que as entidades devem contar com estrutura adequada

ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a

qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados, e

faz referência ao Ministério do Trabalho e Emprego em conjunto com o Ministério da

Educação, os quais farão a elaboração das normas para avaliação da competência

das entidades assistenciais.

No que se refere à obrigatoriedade da contratação de aprendizes, a lei

considera que os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar

e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de

aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no

máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções

demandem formação profissional e entende-se por estabelecimento todo complexo

de bens organizado para o exercício de atividade econômica ou social do

empregador, que se submeta ao regime da CLT.

Em complemento a legislação nos cabe citar a Portaria Nº 615, de

13/12/2007 que cria o Cadastro Nacional de Aprendizagem, destinado à inscrição

das entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica

A Portaria Nº. 616 de 13/12/2007 que determina que as empresas

privadas, empresas públicas, sociedades de economia mista e entidades

representativas de setores econômicos interessados no desenvolvimento de

programas de aprendizagem corporativos poderão celebrar termos de cooperação

técnica com o Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, através da Secretaria de

Políticas Públicas de Emprego – SPPE e a Portaria Nº 618, de 13/12/2007 que cria o

Selo de Responsabilidade Social denominado “Parceiros da Juventude”, que poderá

ser concedido às entidades sociais, empresas, entidades governamentais e outras

instituições que atuarem em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego –

MTE no desenvolvimento de ações que envolvam a formação, qualificação,

preparação e inserção de adolescentes e jovens no mundo do trabalho.

Para a definição das funções que demandem formação profissional,

deverá ser considerada a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), elaborada

pelo Ministério do Trabalho e Emprego, sendo que ficam excluídas as funções que

demandem, para o seu exercício, habilitação profissional de nível técnico ou

superior, ou, ainda, as funções que estejam caracterizadas como cargos de direção,

de gerência ou de confiança e deverão ser incluídas na base de cálculo todas as

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funções que demandem formação profissional, independentemente de serem

proibidas para menores de dezoito anos.

A prioridade para a contratação de aprendizes deverá ser dos

adolescentes entre quatorze e dezoito anos, exceto quando as atividades práticas

da aprendizagem ocorrerem no interior do estabelecimento, sujeitando os

aprendizes à insalubridade ou à periculosidade, sem que se possa elidir o risco ou

realizá-las integralmente em ambiente simulado; a lei exigir, para o desempenho das

atividades práticas, licença ou autorização vedada para pessoa com idade inferior a

dezoito anos; e a natureza das atividades práticas for incompatível com o

desenvolvimento físico, psicológico e moral dos adolescentes aprendizes.

A aprendizagem para as atividades relacionadas somente deverá ser

formalizada após a celebração de contrato entre o estabelecimento e a entidade

sem fins lucrativos, no qual, dentre outras obrigações recíprocas, estabelecer-se-á

que a entidade sem fins lucrativos, simultaneamente ao desenvolvimento do

programa de aprendizagem, assume a condição de empregador, com todos os ônus

dela decorrentes, assinando a Carteira de Trabalho e Previdência Social do aprendiz

e anotando, no espaço destinado às anotações gerais, a informação de que o

específico contrato de trabalho decorre de contrato firmado com determinado

estabelecimento para efeito do cumprimento de sua cota de aprendizagem; e o

estabelecimento assume a obrigação de proporcionar ao aprendiz a experiência

prática da formação técnico profissional metódica a que este será submetido.

A contratação de aprendizes por empresas públicas e sociedades de

economia mista dar-se-á de forma direta, hipótese em que será realizado processo

seletivo mediante edital, e a contratação de aprendizes por órgãos e entidades da

administração direta, autárquica e fundacional observará regulamento específico.

No que se refere à remuneração, ao aprendiz, salvo condição mais

favorável, será garantido o salário mínimo hora, entendendo-se por condição mais

favorável aquela fixada no contrato de aprendizagem ou prevista em convenção ou

acordo coletivo de trabalho, em que se especifique o salário mais favorável ao

aprendiz, bem como o piso regional.

Sobre a jornada de trabalho a lei estabelece que a duração do trabalho do

aprendiz não excederá seis horas diárias.

No estabelecimento, será formalmente designado um empregado monitor

responsável pela coordenação de exercícios práticos e acompanhamento das

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atividades do aprendiz no estabelecimento, em conformidade com o programa de

aprendizagem.

A entidade responsável pelo programa de aprendizagem fornecerá aos

empregadores e ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), quando solicitado,

cópia do projeto pedagógico do programa.

Para os fins da experiência prática, segundo a organização curricular do

programa de aprendizagem, o empregador que mantenha mais de um

estabelecimento em um mesmo município poderá centralizar as atividades práticas

correspondentes em um único estabelecimento.

Nenhuma atividade prática poderá ser desenvolvida no estabelecimento

em desacordo com as disposições do programa de aprendizagem.

Nos contratos de aprendizagem, a Contribuição ao Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço (FGTS) corresponderá a dois por cento da remuneração paga ou

devida, no mês anterior, ao aprendiz.

As férias do aprendiz devem coincidir, preferencialmente, com as férias

escolares, sendo vedado ao empregador fixar período diverso daquele definido no

programa de aprendizagem.

As convenções e acordos coletivos apenas estendem suas cláusulas

sociais ao aprendiz quando expressamente previsto e desde que não excluam ou

reduzam o alcance dos dispositivos tutelares que lhes são aplicáveis.

É assegurado ao aprendiz o direito ao benefício do vale transporte, e aos

adolescentes participantes dos programas de aprendizagem com aproveitamento

será concedido pela entidade qualificada em formação técnico profissional metódica

o certificado de qualificação profissional, que deverá enunciar o título e o perfil

profissional para a ocupação na qual o aprendiz foi qualificado.

Por fim, a lei compete ao Ministério do Trabalho e Emprego organizar o

cadastro nacional das entidades qualificadas em formação técnico profissional

metódica e disciplinar a compatibilidade entre o conteúdo e a duração do programa

de aprendizagem, com vistas a garantir a qualidade técnico profissional.

2.2.4 Lei n. 11.788, de 25 de Setembro de 2008 – Lei do estágio

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Entrou em vigor a Lei 11.788, de 25 de setembro de 2008, que dispõe

sobre estágio para estudantes. O estágio é definido como ato educativo escolar

supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o

trabalho produtivo de educandos que estejam frequêntando o ensino regular em

instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da

educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade

profissional da educação de jovens e adultos.

Essa Lei substitui a Lei n. 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e acrescenta

benefícios como férias após um ano de estágio, auxilia no transporte, limita a

jornada de estagiários de ensino médio, profissional e superior a seis horas diárias,

e a dos alunos de educação especial e dos últimos anos do ensino fundamental a

quatro horas diárias.

A legislação em vigor no Brasil deixa clara a impossibilidade do trabalho

infantil e define que as atividades laborais desenvolvidas por adolescentes devem

estar subordinadas à sua formação escolar. Apesar disso os governos Federal,

Estaduais e Municipais, pouco ou nada fazem para superar tais dificuldades.

Seguindo pela contramão, insistem em manter uma retórica e uma prática

que intensifica os problemas sociais, ensejando situações que obrigam os jovens a

se inserirem precocemente no mercado, mantêm os privilégios de setores da

economia que presunçosamente se utilizam do trabalho infantojuvenil e se omitem

em apresentar à população um sistema de educação e saúde de qualidade.

Seguindo esses rumos, os subestimados pelo IBGE 9,3 milhões de

crianças e adolescentes que hoje trabalham no Brasil poderão ser os adultos

desempregados de amanhã. Sem acesso a estudo, saúde, moradia digna e salubre

e outros direitos básicos, serão obrigados a enfrentar um mercado que já retirou

deles tudo o que lhe interessava com inexpressivo retorno e procura avidamente por

novos jovens que estejam expostos a sua ânsia lucrativa.

Na luta contra todo o tipo de desigualdade, atualmente podemos contar

com o trabalho desenvolvido por entidades sem fins lucrativos, que tem por objetivo

a assistência ao adolescente e à educação profissional, como é o caso do Centro de

Integração Empresa Escola do Estado de Santa Catarina – CIEE/SC, como veremos

a seguir.

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3 CIEE - ENTIDADE QUALIFICADA EM FORMAÇÃO TÉCNICO PROFISSIONAL

METÓDICA

Dentre outras atividades o CIEE/SC também desenvolve a formação

técnico profissional metódica dos adolescentes aprendizes, por meio do programa

de aprendizagem organizado com tarefas de complexidade progressivas e

extensivas ao ambiente de trabalho em consonância às exigências do Conselho

Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, que o habilita para a execução

do programa de aprendizagem e que leva em consideração a qualidade do processo

de ensino, bem como acompanha e avalia os resultados.

3.1 HISTÓRICO INSTITUCIONAL DO CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA

ESCOLA DO ESTADO DE SANTA CATARINA – CIEE/SC

Se faz necessário descrever sucintamente sobre a história do Centro de

Integração Empresa Escola do Estado de Santa Catarina – CIEE/SC. Para tanto, se

consultaram documentos disponibilizados pela organização.

O Centro de Integração Empresa Escola do Estado de Santa Catarina –

CIEE/SC é uma associação filantrópica de assistência social, de direito privado, de

âmbito estadual, sem fins lucrativos.

Define sua responsabilidade como essencialmente SOCIAL, de modo que

promove ações sociais visando ao aprimoramento da interação das pessoas na

sociedade, desenvolvendo o processo de formação profissional.

Criado em 20 de fevereiro de 19641, em São Paulo, pelo empresariado

local, tem como maior objetivo promover o acesso de jovens aos instrumentos

necessários à sua inserção no mundo do trabalho, através de qualificação

profissional com qualidade e responsabilidade, visando à geração de trabalho e

1 Ano em que após um golpe articulado pelas Forças Armadas contra o governo de João Goulart se iniciou a Ditadura Militar no Brasil.

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renda. A intenção é construir uma formação profissional permanente e levar aos

educandos as novidades do mercado de trabalho, criando e recriando dessa forma

as atitudes que esse exige, para que eles possam não apenas ingressar no mundo

do trabalho, mas também permanecer e buscar a realização de seus objetivos.

Em Santa Catarina, o CIEE/SC busca entender a conjuntura social e

econômica nacional, em que cada vez mais a sociedade civil organizada faz parceria

com o Estado na busca de qualidade de vida comum, e as demandas e

potencialidades regionais a fim de investir de forma “diferente” para que todos

tenham oportunidades “iguais”. Nos últimos anos grandes investimentos foram e

estão sendo feitos na estrutura física e nos recursos humanos, para garantir que

seus ideais de inclusão continuem a atingir maiores padrões de eficiência e eficácia

reais para a comunidade catarinense.

O trabalho desenvolvido pelo CIEE/SC visa contribuir para a promoção da

construção de um profissional comprometido com as questões sociais e com a

transformação para um mundo melhor, por meio de práticas éticas e com

compromisso cidadão. Mais que conhecimentos, habilidades e atitudes

comportamentais, o CIEE/SC busca garantir a formação profissional para os

educandos, contribuindo para sua mobilização social e tornando-os multiplicadores

de cidadania.

O CIEE/SC em seu papel de Agente de Integração vem aprofundando as

relações entre instituições de ensino e empresas conveniadas, e busca promover a

inserção adequada dos futuros profissionais no mercado de trabalho. Por meio de

programas e projetos sociais já colocou, em Santa Catarina, mais de 155.000 jovens

no mercado de trabalho de acordo com os balanços sociais da Instituição.

A entidade tem objetivos filantrópicos e assistenciais de ordem social, nos

termos do inciso III do art. 203 da Constituição Federal.

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: [...] III - a promoção da integração ao mercado de trabalho.

Seus principais objetivos são:

• A promoção da integração ao mercado de trabalho;

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• A atuação como Agente de Integração, administrando programas de

estágios a estudantes de curso de educação superior, de ensino médio,

de educação profissional de nível médio ou superior ou escolas de

educação especial, em empresas privadas, órgãos públicos, capazes de

ampliar o processo formativo do ensino – aprendizagem, principalmente

nas áreas de profissionalização;

• Entrosamento entre Escola e Empresa ou entes públicos;

• Intercâmbio das instituições de ensino e pesquisa;

• Desenvolvimento do processo educativo de formação escolar;

• A prestação de assistência social e educacional a pessoas carentes,

inclusive mediante cursos gratuitos de alfabetização e educação;

• Desenvolvimento da cultura;

• A defesa da ética, da cidadania, dos direitos humanos e de outros valores

universais.

A Entidade, em sua gestão executiva, abrangendo as atividades de

caráter administrativo e financeiro, dispõe de um superintendente executivo que

presta trabalho remunerado, com vínculo empregatício.

Seu quadro institucional é constituído por empresários, educadores,

profissionais liberais e pessoas da sociedade, que emprestam seu nome e seu

tempo, voluntária e gratuitamente, à instituição.

O CIEE/SC se mantém financeiramente por meio de recursos de doações

e parcerias com empresas e entidades privadas. Contribuição Institucional (80,35%)

paga pelas empresas parceiras por estagiário mensalmente e por meio de recursos

de subvenções, convênios e parcerias com órgãos ou entidades públicas (19,65%).

O CIEE/SC não recebe receita compulsória, nem recursos públicos para

manutenção e/ou custeio da entidade. Dessa forma são as parcerias dos programas

de estágio, o programa de aprendizagem e os demais programas e projetos que

mantém a sustentabilidade da Instituição.

Em consonância com o seu projeto ético político, o Serviço Social vem

por meio de instrumentos técnico operativos intervindo nos Programas e Projetos

voltados para o atendimento de jovens na organização.

No que tange a relação com as iniciativas de inserção do jovem ao

mercado de trabalho e a atuação do Assistente Social é possível afirmar a

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necessidade de defender e executar ações como o Programa Adolescente Aprendiz

e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), que está diretamente

vinculado ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

A seguir, contextualiza-se a trajetória percorrida pelo Serviço Social no

espaço ocupacional do CIEE/SC.

3.2 HISTÓRICO DE IMPLEMENTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO CIEE/SC

A primeira assistente social do CIEE/SC foi contratada em 1º/6/2002 para

criar o departamento de Projetos Sociais e Educacionais.

Até então o CIEE/SC atuava com a ótica da psicologia, através dos

recrutamentos e seleções, não se tinha muita clareza das funções e ações a serem

desenvolvidas para buscar e manter as titularidades junto aos conselhos; faltava a

segurança na linguagem utilizada nos relatórios e público alvo que consta no

estatuto ainda não era efetivamente atendido.

A partir da iniciativa do Superintendente Executivo do CIEE/SC,

identificou-se a necessidade de criar programas e projetos pautados nas políticas

públicas de geração de emprego pautados inciso III art.1 da Lei Orgânica de

Assistência Social que dispõe:

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. [...] III - a promoção da integração ao mercado de trabalho.

Para o cumprimento de todas as especificações e o atendimento da

demanda, o CIEE/SC conta atualmente com uma assistente social nas unidades de

Itajaí, Joinville, Lages, Criciúma, São Miguel do Oeste, Chapecó e dois na unidade

de Florianópolis

O profissional de Serviço Social possui autonomia para atender a grande

demanda emergencial e para desenvolver projetos baseados na legislação vigente,

pelo fato de a Instituição ser legalista.

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Dos referenciais teóricos e conhecimentos necessários para atuação do

Serviço Social destacam-se a Constituição da República Federativa do Brasil de

1988, o SUAS, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), o ECA, CLT, a Lei n.

10.097, de 19 de dezembro de 2000, que altera os dispositivos da CLT e o Decreto

n. 5.598/05, que regulamenta a aprendizagem, e a Lei n. 11.788, de 25 de setembro

de 2008, que dispõe sobre o estágio para estudantes, além da constante atualização

no que se refere às políticas públicas de 1º emprego.

O CIEE/SC atua no nível de proteção básica na modalidade de apoio às

Ações de Inclusão e Reinserção Profissional para adolescentes – Jovens e Adultos.

Ao Serviço Social cabe identificar as prioridades de intervenções, ou seja,

coletar dados e interpretá-los para que o público alvo da instituição seja de fato

atendido, levando-se em consideração critérios de relevância e de viabilidade.

Segundo Baptista (2002, p. 73), ao planejador social cabe a seguinte

postura:

O planejador que pretende criar condições para uma intervenção que conduza a mudanças significativas – não apenas na singularidade do seu objeto, mas na particularidade da situação e na universalidade das relações sociais - deve necessariamente procurar superar os limites do enforque situacional para identificar prioridades de intervenção, adotando uma visão que não reduza a ação à imediaticidade.

A partir da identificação do problema no qual se faz necessário atuar,

fica viável traçar as estratégias de ação, definir os objetivos e o estabelecimento de

metas, que também se constituem em atribuições do Serviço Social na Instituição.

Para a Instituição definir seus objetivos significa antecipar os resultados

esperados em oposição às decisões tomadas emergencialmente, embora que no

decorrer dos processos os objetivos são passíveis de alterações, entretanto

aumentam as chances de atingir o crescimento, seja ele a curto, médio ou longo

prazo.

De acordo com os autores Michael Jucius e Schlender apud Baptista

(2002, p. 117) “são indicados cinco princípios aplicáveis na definição dos objetivos

para garantir a sua efetividade: aceitabilidade, exequibilidade, motivação,

simplicidade e comunicação”.

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Atualmente o departamento de Serviço Social da Instituição é responsável

por controlar os programas2 e projetos3 de primeiro emprego, para Baptista (2002)

em planejamento, o controle é instrumento de apoio e racionalização da execução,

no sentido de assegurar a observância ao programado, prevenindo desvios.

Para a Instituição o controle das ações viabiliza a avaliação dos

resultados que periodicamente são apresentados aos órgãos fiscalizadores que em

consonância com os dados emitem as certificações, garantem as isenções fiscais

que transformam o CIEE/SC em uma entidade beneficente e de assistência social.

3.3 PROGRAMAS E PROJETOS DESENVOLVIDOS PELO DEPARTAMENTO DE

SERVIÇO SOCIAL DO CIEE/SC

Neste item apresentam-se os programas e projetos desenvolvidos pelo

CIEE em Santa Catarina e que são acompanhados pelos assistentes sociais.

3.3.1 Programa de Iniciação ao Trabalho – PIT

O Programa de Iniciação ao Trabalho consiste em um meio de qualificar o

jovem para a inserção e permanência no mercado de trabalho, passando

informações técnicas e práticas sobre a vida profissional, por meio de cursos

gratuitos.

As aulas, com carga horária em média de 60 horas, integram estratégias

pedagógicas que estimulam os jovens a interagirem entre si na busca de soluções

para as rotinas do dia a dia num ambiente competitivo, valorizando a ética e o

espírito empreendedor. Mais que conhecimentos, habilidades e atitudes, possibilitam

2 É o documento que detalha, por setor, a política, diretrizes, metas e medidas instrumentais.

3 É o documento que sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de um conjunto de

ações.

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a assimilação de técnicas através de situações reais das relações de trabalho,

atuando sobre as necessidades e as exigências postas pelo mercado de trabalho.

As estratégias pedagógicas adotadas para o desenvolvimento do PIT

proporcionam aos estudantes participação ativa e condições de aprender a

aprender, com avaliação contínua e sistemática, voltada para a auto aprendizagem.

O programa distribui gratuitamente materiais didáticos. As turmas são

compostas de vinte e cinco a trinta alunos, selecionados por questionário

socioeconômico examinados por assistentes sociais do CIEE/SC.

Visa fornecer conhecimentos técnicos e práticos e desenvolver

conhecimentos, habilidades e competências que possam contribuir para a formação

de um profissional que atenda as novas exigências do mundo do trabalho.

São priorizados instrumentos de avaliação integradores de conteúdos

trabalhados e estimuladores da autonomia na aprendizagem, que envolvam

atividades realizadas individualmente e em grupo e forneçam indicadores da

aplicação, no contexto profissional, dos conhecimentos e habilidades aprendidas.

A avaliação do desempenho do aluno se baseia nos atributos

(conhecimentos, habilidades e valores) das competências definidas nos perfis de

conclusão caracterizados neste plano de curso. Deverá ser contínua e acumulativa e

possibilitar o diagnóstico sistemático do ensino aprendizagem, prevalecendo os

aspectos qualitativos sobre os quantitativos e os resultados obtidos ao longo do

processo de aprendizagem somados a conceitos que são frutos de uma avaliação

processual composta por auto avaliação, avaliação dos educadores e do grupo.

A frequência mínima obrigatória às aulas é de 75% do total de horas de

cada módulo, podendo haver compensação de ausências, conforme critérios

estabelecidos na proposta pedagógica. Para isso, usa-se como indicador as listas de

chamada que são preenchidas diariamente.

Um outro indicador é o número de parcerias e convênios assinados com

empresas, que vêm crescendo gradativamente. Estas empresas e instituições têm o

papel de fomentar novas alternativas de emprego e renda para os jovens inclusos no

Programa.

A verificação da eficácia e efetividade do Programa também é mensurada

e vem se confirmando pelo número crescente de contratações de jovens em

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programas de estágio, bem como pela contratação no Mercado Formal, que

passaram pelo Projeto.

Todos os estudantes que participam do Programa automaticamente são

encaminhados às empresas.

Público alvo: Jovens maiores de 16 anos e em situação de vulnerabilidade social.

3.3.2 Consórcio Social da Juventude

O governo Federal assumiu a tarefa de promover mudanças na realidade

brasileira para gerar desenvolvimento econômico com inclusão social. Esse

compromisso vem se materializando por meio de políticas governamentais como o

“Fome Zero” e o “Programa Primeiro Emprego” dentre outros de grande relevância.

Idealizado pelo Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego, o

Consórcio Social da Juventude é um projeto que não fecha os olhos para a realidade

do País. É uma iniciativa do Governo Federal através do Ministério do Trabalho e

Emprego em parceria com a sociedade civil na execução das ações do Programa

Nacional do Primeiro Emprego – MTE, com foco em três eixos de organização:

fomento à geração de postos de trabalho formais e informais, preparação para o

primeiro emprego e articulação com a sociedade civil.

Oferece oportunidades para que os jovens excluídos integrem-se à

sociedade por meio do trabalho. Isso acontece através de um programa de

capacitação de 400 horas em que adolescentes e jovens de baixa renda são

treinados para se tornar profissionais competentes.

Em Santa Catarina, o CIEE faz parte do Consórcio denominado Aroeira, e

em 2007 atendeu 155 jovens que participaram dos cursos “Atendimento ao Público”

e “Soluções em Informática” e em 2008 atendeu 90 jovens com o curso “Operador

de Caixa”, ministrados na própria instituição ou em instituições de ensino da rede

pública, em parceria com o Centro Cultural Escrava Anastácia. Os estudantes que

participaram do projeto receberam uma bolsa auxílio de R$ 120,00, alimentação,

transporte, uniforme e material didático.

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O Ministério do Trabalho e Emprego revela-se disposto a desempenhar

um papel mais presente na sociedade civil enquanto promotor das mudanças em

relação ao mundo do trabalho, colocando na ordem do dia temas como economia

solidária, primeiro emprego para a juventude, reforma trabalhista e estimulando a

participação da cidadania.

O Consórcio Social da Juventude tem como objetivo geral promover a

criação de oportunidades de trabalho, emprego e renda para os jovens em situação

de maior vulnerabilidade social, por meio da mobilização e da articulação dos

esforços da sociedade civil organizada.

O público beneficiado são jovens de ambos os sexos, na faixa etária dos

16 aos 24 anos, em situação de desemprego, oriundos de famílias de renda per

capita de até ½ salário mínimo e com defasagem escolar, com prioridade de acesso

para jovens em conflito com a lei, jovens em situação de rua ou abandono familiar,

jovens com deficiências, jovens afro descentes, jovens indígenas e jovens de outros

segmentos sociais tradicionalmente excluídos das políticas públicas.

Público alvo: Jovens maiores de 16 anos e em situação de vulnerabilidade social

que nunca tenham tido vínculo empregatício.

3.3.3 Escola de fábrica

O Projeto Escola de Fábrica tem a finalidade de promover formação

profissional inicial e continuada a jovens de baixa renda. A seleção dos jovens que

integram as equipes de formação profissional deste projeto acontece a partir do

preenchimento de um questionário socioeconômico desenvolvido pelo CIEE/SC, em

consonância com a Lei Orgânica da Assistência Social, atingindo assim o seu

público.

O CIEE é parceiro do MEC na execução do Escola de Fábrica –

Programa do Governo Federal que oferece a oportunidade de formação profissional

inicial e continuada a jovens de baixa renda, mediante cursos ministrados nas

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empresas. A meta é viabilizar a formação humana e social do estudante,

acompanhada da iniciação à formação para o trabalho.

O Programa é voltado para os jovens entre 16 e 24 anos, que possuam

renda familiar mensal per capita de até um salário mínimo e meio. Precisam estar

matriculados na educação básica regular da rede pública ou na modalidade de

Educação de Jovens e Adultos, prioritariamente no ensino de nível médio.

O jovem matriculado no Programa Escola de Fábrica recebe uma bolsa

auxílio de R$150 mensais, desde que atenda às condições estabelecidas pelo

MEC/FNDE, durante o período do curso, compreendido de no mínimo seis meses. O

CIEE é responsável pela captação das empresas parceiras para gerir o programa e

também a escolha dos cursos voltados à realidade de cada região.

Público alvo: Jovens de 16 a 24 anos; priorizando aqueles em situação de risco e

pertencentes aos grupos historicamente descriminados, sejam eles os negros,

índios, portadores de necessidades especiais e autores de autos infracionais, salvo

em situação de atividade insalubre, onde a idade mínima exigida será de 18 anos.

Jovens provenientes de famílias com renda inferior a 1 (um) salário

mínimo e meio per capita.

Jovens matriculados na rede pública de ensino regular do Ensino

Fundamental ou no percurso do Ensino Médio, bem como os que concluíram a

alfabetização no programa Brasil Alfabetizado e que estejam matriculados ou

ingressando na Educação de Jovens e Adultos.

3.3.4 ProJovem urbano/trabalhador

ProJovem Trabalhador, que unifica os programas Consórcio Social da

Juventude, Juventude Cidadã e Escola de Fábrica e visa à preparação dos jovens

para o mercado de trabalho e ocupações alternativas geradoras de renda.

O ProJovem tem como finalidade proporcionar formação integral aos

jovens, por meio de uma efetiva associação entre:

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• Formação Básica, para a elevação da escolaridade, tendo em vista a

conclusão do ensino fundamental;

• Qualificação profissional, com certificação de formação inicial;

• Participação cidadã, com a promoção de experiência de atuação social na

comunidade.

Tem como finalidade elevar o grau de escolaridade visando ao

desenvolvimento humano e ao exercício da cidadania, por meio da conclusão do

ensino fundamental, de qualificação profissional e do desenvolvimento de

experiências de participação cidadã.

Público alvo: Jovens entre 18 e 29 anos completos, que saibam ler e escrever e

que não tenham concluído o ensino fundamental.

3.3.5 Programa CIEE aprendiz

Este Trabalho de Conclusão de Curso enfatiza o Programa de

Aprendizagem Sócio Educacional, que o CIEE/SC desenvolve desde 2003, tendo

seus princípios pautados na Legislação 10.097/2000 que sanciona a Lei de

Aprendizagem, regulamentado no Decreto n. 5.598 de 1º de dezembro, e sobre o

Artigo V do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata “Do Direito à

Profissionalização e à Proteção no Trabalho”.

Buscando uma sociedade menos desigual, pautada nos princípios da

justiça social, através do Programa de Aprendizagem Sócio Educacional o CIEE/SC

vem fortalecendo suas ações nas comunidades de periferias catarinenses, inserindo

no mundo do trabalho o jovem vulnerável de direitos e políticas públicas

compensatórias.

O Centro de Integração Empresa Escola/SC desenvolve uma série de

ações para atender as demandas advindas das questões sociais trazidas pelo

público alvo específico. Prioritariamente o programa tem os seguintes objetivos:

• Ampliar o número de atendimentos estabelecendo novas parcerias;

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• Sensibilizar o grupo de empresariado para as questões sociais;

• Utilizar novas metodologias que possibilite um processo de aprendizagem

mais autônomo, promovendo nos jovens e adolescentes a capacidade de

compreender e transformar a realidade;

• Diminuir a repetência escolar oferecendo apoio pedagógico aos

adolescentes quando verificada a necessidade;

• Intervir na família para minimizar conflitos familiares que refletem no

desenvolvimento psicossocial do adolescente;

• Envolver a família no processo de formação profissional do adolescente.

Uma das principais ações é a ampliação de vagas através da

sensibilização do grupo de empresariado que precisa cumprir a cota da

aprendizagem, buscando uma maior conscientização quanto ao seu papel na

comunidade e ao impacto social que o programa promove.

A escola pública brasileira sofreu um grande problema que é a

multirrepetência, em que na maioria dos casos leva à evasão escolar. De acordo

com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), um estudo

realizado pela economista Sonia Rocha, do Instituto de Estudos do Trabalho e

Sociedade, mostra que 37% dos jovens brasileiros de quinze a vinte e cinco anos

não completaram nem o ensino fundamental. Desses jovens, 23% já não estudam

mais. (CONECÇÃO APRENDIZ, 2009). Diante dessa realidade busca-se com o

Programa de Aprendizagem a elevação escolar através do acompanhamento da

frequência e rendimento escolar, bem como uma mudança de postura por parte dos

jovens adolescentes referente a diferentes questões vividas no cotidiano.

Fazem parte da estrutura curricular do curso de formação profissional

temas como: formação social e ética, como responsabilidade social, educação

ambiental, sanitária e sexual, prevenção às drogas, convivência familiar e

comunitária, sendo complementada com projetos de educação digital, matemática,

comunicação e língua portuguesa, assim como atividades de esporte e cultura e

capacitação em serviços bancários e administrativos.

O Programa de Aprendizagem do CIEE/SC possui duas modalidades

distintas, Presencial e Semipresencial. Na modalidade Presencial, os encontros de

formação acontecem semanalmente nas unidades do CIEE/SC. Os conteúdos são

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trabalhados de forma transversal, estimulando os adolescentes a fazer relações

entre os diferentes temas estudados.

A modalidade Semipresencial consiste em encontros bimestrais nas

unidades do CIEE/SC e acompanhamento através do Ambiente Virtual de Apoio à

Aprendizagem disponível no site do CIEE/SC. Este ambiente foi criado para atender

à necessidade das vagas pulverizadas nas cidades do interior de Santa Catarina e,

ainda, possibilitar a inclusão digital para os adolescentes participantes do programa.

Os módulos possuem temas de fundamental importância para a sua

formação profissional e pessoal, baseando-se na realidade dos adolescentes,

trazendo situações práticas vividas cotidianamente no ambiente profissional, familiar

e comunitário. Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem, é possível a interação

dos adolescentes de diferentes localidades de Santa Catarina, possibilitando a troca

de experiências, vividas no ambiente de trabalho, bem como seus conflitos e

dúvidas a respeito das mais diversas questões.

Para garantir um processo de aprendizagem de efetivo e de qualidade,

bem como verificação das condições as quais os jovens e adolescentes

desenvolvem suas atividades nas empresas, é realizado semestralmente um

acompanhamento In loco com o orientador e os jovens e adolescentes. Ao final, é

elaborado um relatório com considerações a respeito dos pontos positivos e pontos

que precisam ser melhorados. O Programa oferece também atendimento

psicossocial às famílias dos Jovens e Adolescentes quando diagnosticada a

necessidade, em casos mais complexos, após visitas domiciliares e entrevistas, a

família recebe encaminhamento à Rede de Atendimento Social do Município.

Ao concluírem o programa, os jovens e adolescentes recebem um

certificado de capacitação profissional, assinados pelo CIEE e pela empresa

parceira e, ainda, contam com um acompanhamento de até um ano com

encaminhamentos para novas oportunidades no mundo do trabalho e/ou inserção

nos cursos de formação superior, através do artigo 179 e do programa Pro Uni.

Em relação ao trabalho, o Programa vem combater as formas indignas e

a exploração do trabalho de adolescentes, por meio da defesa do direito dos

Adolescentes garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Observa-se um aumento significante de empresas conscientes com seu

papel de formadora e educadora social, demonstrando que a empresa deve oferecer

condições para que o adolescente e o jovem possam aprender, aproximando os

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empresários das comunidades e as comunidades do empresariado, assim

mostrando uma nova perspectiva de vida e desmistificando os pré conceitos.

O Programa tem incidido diretamente no combate à violência contra

adolescentes, seja nos perímetros urbanos, quanto no próprio âmbito do lar,

retirando das ruas onde são alvos preferíveis dos traficantes, e são muitas vezes

utilizados em serviços domésticos em casa de terceiros sem nenhum direito

trabalhista.

A Carteira de Trabalho em uma comunidade de periferia, onde muitos

trabalham num mercado informal, torna-se um instrumento de elevação da auto

estima, fazendo com que outros adolescentes busquem esse ideal de trabalho,

tendo como parâmetro mínimo os direitos sociais e trabalhistas.

Como uma das prerrogativas do Programa é a da estar frequêntando o

ensino regular, esse fato tem feito com que muitos jovens e adolescentes retomem

ou vejam com uma nova postura os estudos, tendo nele um aliado fundamental para

a construção de uma qualidade de vida.

O Programa desenvolve também o protagonismo juvenil através de

metodologias pedagógicas que promovem uma releitura da realidade, fazendo com

que ele desenvolva ações em sua comunidade e favoreça uma nova concepção de

sociedade.

Muitos adolescentes que nunca tiveram contato com computadores estão

tendo a chance de utilizar essas novas tecnologias enquanto ferramenta significativa

de seu cotidiano.

O projeto promove o desenvolvimento de novos conhecimentos,

habilidades, atitudes, necessários para a permanência do jovem no mundo do

trabalho; tem um público alvo em situação de risco social, e possibilidades de

formação cidadã, formação prática no local de trabalho e um tempo adequado deste

processo o programa promove um notável desenvolvimento dos participantes.

O número de atendimentos diante da demanda reprimida da instituição

nos dá parâmetros que garantem que o empresário está compreendendo a

relevância social do Programa de Aprendizagem, através da ampliação das

parceiras que proporcionam.

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A procura do jovem e do adolescente pelo programa tem aumentado

consideravelmente, o que demonstra que o Programa se tornou uma ferramenta

social eficaz de combate a toda a forma degradante de trabalho.

É possível observar novas posturas e atitudes dos jovens e adolescentes

por meio de depoimentos dos Pais ou Responsáveis, orientadores e educadores,

coletados nos acompanhamentos e informalmente nas conversas cotidianas.

Através de acompanhamentos do rendimento e frequência escolar

observa-se uma preocupação de bons rendimentos por parte dos jovens e

adolescentes para a continuidade da formação profissional. Pelo exposto, verifica-se

a ampliação da área de atuação dos profissionais do Serviço Social, no caso aqui

abordado em entidades que executem o trabalho educativo de contratação de

acordo com a Lei n. 10.097/2000 em seu art. 430:

Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta poderá ser suprida por outras entidades qualificadas em formação técnico profissional metódica, a saber:

"I – Escolas Técnicas de Educação”;

"II – Entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente”.

“§ 1o As entidades mencionadas neste artigo deverão contar com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados”.

A ampliação está situada na área dos direitos sociais com a possibilidade

de ingerência da sociedade civil organizada no controle das políticas de proteção à

criança e ao adolescente. As organizações do terceiro setor constituem-se em

campo de atuação profissional e o assistente social precisa entender as

configurações deste espaço, portanto faz-se necessário o reconhecimento

aprofundado do objeto de estudo a fim de elaborar os melhores encaminhamentos.

A seguir, descreve-se a experiência vivenciada pela acadêmica no

CIEE/SC unidade de Florianópolis e em especial no Programa Aprendiz.

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3.4 A EXPERIÊNCIA PRÁTICA DO ESTÁGIO E A INSTRUMENTALIZAÇÃO DO

SERVIÇO SOCIAL NO CIEE/SC

A prática do estágio supervisionado no decorrer de três semestres serviu

para contribuir significativamente para o aprimoramento da execução destes

programas e projetos, ganhando destaque na atuação do Programa CIEE Aprendiz.

Para Setubal (1996, p. 18) o debate em torno da inter relação da pesquisa

com o estagio supervisionado e com a pratica profissional leva a um passo em

direção a desmistificação da pesquisa e a contradizer o discurso de uma pratica

profissional desprovida de reflexão teórica:

Ele nos faz qualitativamente avançar no sentido de constatarmos a importância da produção sistemática do conhecimento tanto no contexto da formação acadêmica, como no desenvolvimento da pratica profissional e com isso colocar essa preocupação dentro de um contexto concreto, cuja relação primordial é a práxis.

Por meio das atividades desenvolvidas durante o estágio, foi possível

realizar o levantamento de hipóteses preliminares, que serviram de subsídios para

avaliar o desempenho da Instituição e principalmente sugerir possibilidades de

intervenção.

Por intermédio da coleta de dados dos jovens durante todo o processo, foi

possível a aproximação do seu contexto econômico e familiar e também foram

identificados elementos que permitiram uma análise sobre os fatores que interferem

na formação do perfil dos indivíduos participantes do Programa.

A fonte de levantamento das informações foi um questionário

socioeconômico, que permitiu a obtenção de dados para uma compreensão mais

profunda da percepção do jovem com relação ao programa.

A análise dos dados obtidos nessa aproximação permitiu a constatação

de fatos que demandam pesquisas mais profundas, isso significa que para a

Instituição será possível a reconstrução de seus objetivos, diretrizes, estratégias e

expectativas.

A autora Baptista (2002, p.23) cita que “é fundamental analisar a dinâmica

interna e a estrutura das relações da instituição na qual se opera o projeto”.

O olhar da equipe multidisciplinar que identificou conjuntamente a

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problemática deste Trabalho de Conclusão de Curso está voltado neste momento

para os dados levantados e que iram permitir a avaliação da eficiência, eficácia e

efetividade do programa, permitindo uma perspectiva dialética de novas tomadas de

decisão para potencializar as ações e elevar o nível dos resultados esperados.

Além da pesquisa realizada, foram desenvolvidas outras atividades como

os jovens, podendo-se destacar que o primeiro contato com o programa de

aprendizagem era feito no departamento de projetos sociais e especiais, através do

preenchimento da ficha de cadastro e da conferência dos documentos para a

matrícula.

Uma vez aberta a oportunidade pelas empresas empregadoras,

realizaram-se inúmeras seleções e encaminhamentos dos adolescentes com

consulta ao banco de dados cadastrais para busca e triagem, identificando e

buscando atender os jovens oriundos de comunidades carentes e de grupos

historicamente discriminados.

Os encaminhamentos eram realizados de acordo com o perfil profissional

de cada adolescente, possibilitando o desenvolvimento de suas habilidades, a fim de

assegurar o aproveitamento máximo do seu processo de aprendizagem, em área

que pretende posteriormente se profissionalizar.

Depois de admitido e matriculado no programa de aprendizagem, o

adolescente passa a frequêntar as aulas, e o acompanhamento das frequências

também era nossa competência, e por muitas vezes, nos casos de três faltas

consecutivas, o adolescente era convidado a participar assiduamente dos encontros

e advertido verbalmente, sob o risco de ser desligado do programa na ausência de

justificativa que abonasse as faltas.

Caso as faltas persistissem, o adolescente era convidado a comparecer

acompanhado dos pais ou responsáveis, para uma conversa de acompanhamento,

a fim de evitar o desligamento; ouviam-se as justificativas e por fim o adolescente

era advertido, por escrito, e precisava trazer na advertência a assinatura dos pais e

do orientador na empresa contratante.

Se mesmo depois de inúmeras tentativas o adolescente persistisse com

as faltas, tanto no programa de aprendizagem quanto nas instituições de ensino

regulares ou nos estabelecimentos contratantes, entrava-se com o processo de

desligamento antecipado, que é permitido nas seguintes hipóteses de acordo com

art. 28 do Decreto lei n. 5.598 de 1º de dezembro de 2000:

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[...] I - Desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz; II - Falta disciplinar grave; III - Ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo; e IV - A pedido do aprendiz.

Sempre se procurou envolver a família e a empresa contratante no

processo de aprendizagem, para isso a equipe também desenvolvia atividades

curriculares que contavam com a participação dos pais e orientadores, para que

estes se sentissem como parte integrante do desenvolvimento do adolescente e a

fim de evitar que os desligamentos antecipados se tornassem uma constante.

Entretanto, o desligamento para o CIEE/SC também faz parte do

aprendizado e posterior a isso eram feitos encaminhamentos para outras

oportunidades de estágio e/ou para os cursos de qualificação também desenvolvidos

pelo CIEE/SC e por outras entidades parceiras.

A abordagem do Serviço Social nestes acompanhamentos era de suma

importância, pois trazia toda a técnica para mediação dos conflitos ocasionados pelo

desinteresse do adolescente em continuar no programa ou por situações específicas

que exigem sigilo ao serem tratadas.

Por fim, para todos os adolescentes que concluíram o programa por

completo, nos seus 24 meses de duração ou para aqueles que eram desligados

antecipadamente, o departamento confecciona o certificado de qualificação

profissional de aprendizagem com o título e o perfil profissional para a ocupação na

qual o aprendiz foi qualificado e devidamente registrado no Ministério do Trabalho e

através da Portaria Nº 008 de 25/06/2002 da Secretaria de Educação do Estado de

Santa Catarina que normatiza o processo de autorização de funcionamento dos

cursos de qualificação profissional de nível básico.

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4 A ARTICULAÇÃO ENTRE A ATUAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO E A

APRENDIZAGEM

Preparar os jovens para iniciação profissional consiste num dos principais

objetivos do Programa CIEE Aprendiz.

De fato, a teoria não pode estar distanciada da prática e, em se tratando

de jovens aprendizes, a teorização comportamental e técnica são de fundamental

importância, pois para a grande maioria trata-se do primeiro emprego.

O curso visa desenvolver nos jovens as habilidades necessárias para

atuar nas áreas administrativas de diferentes empresas, compreendendo os

diferentes processos administrativos e a organização das empresas, e se divide em

duas etapas: comportamental e técnica.

4.1 A IMPORTÂNCIA DA CAPACITAÇÃO PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

DO JOVEM ATENDIDO NO PROGRAMA

Cientes de que o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e

exigente, o jovem busca por qualificação para alcançar êxito no campo profissional

escolhido.

A fim de contribuir para o aperfeiçoamento e a qualificação dos jovens, o

Programa CIEE Aprendiz procurou elaborar suas ementas pautadas em temas da

atualidade, pois possui a visão de que o mercado de trabalho busca os profissionais

não apenas que tenham habilidades técnicas, mas também habilidades humanas e

também conceituais; as empresas buscam novos talentos que estejam alinhados

aos objetivos estratégicos da organização em que trabalham.

De acordo com a Portaria Nº 702, de 18 de dezembro de 2001, que

estabelece normas para avaliação da competência das entidades sem fins lucrativos

que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e a educação profissional, e

que se proponham a desenvolver programas de aprendizagem, consta que:

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Art. 2º O programa de aprendizagem para o desenvolvimento de ações de educação profissional, no nível básico, deve contemplar o seguinte:

I - público alvo do curso: número de participantes, perfil socioeconômico e justificativa para o seu atendimento;

II - Objetivos do curso: propósito das ações a serem realizadas, indicando sua relevância para o público alvo e para o mercado de trabalho;

III - conteúdos a serem desenvolvidos: conhecimentos, habilidades e competências, indicando sua pertinência em relação aos objetivos do curso, público alvo a ser atendido e potencial de aplicação no mercado de trabalho;

IV - carga horária prevista: duração total do curso em horas e distribuição da carga horária, justificada em função do conteúdo a ser desenvolvido e do perfil do público alvo;

V – infra estrutura física: equipamentos, instrumentos e instalações demandados para o curso, em função dos conteúdos, da duração e do número e perfil dos participantes;

VI - recursos humanos: número e qualificação do pessoal técnico docente e de apoio, em função dos conteúdos, da duração e do número e perfil dos participantes;

VII - mecanismos de acompanhamento, avaliação e certificação do aprendizado;

VIII - mecanismos de vivência prática do aprendizado e/ou de apoio;

IX - mecanismos para propiciar a permanência dos aprendizes no mercado de trabalho após o término do contrato de aprendizagem.

Portanto, a primeira etapa do programa4 consiste no núcleo

comportamental com aulas que enfatizam a qualificação para a cidadania e direitos

humanos, e a segunda etapa tem o foco voltado para o núcleo técnico

administrativo, conforme segue:

Curso “Rotinas Administrativas e Atendimento ao Público”

Núcleo Comportamental

Módulos Temas abordados Carga horária

I - Integração e

Constituição de Grupo

Relações Interpessoais; Trabalho em

equipe; Dinâmicas de grupos e

Comunicação.

8hs.

4 A ementa apresentada é a do curso de “Rotinas Administrativas e Atendimento ao Público”, entretanto a Instituição oferece o curso de “Rotinas Administrativas e Procedimentos Bancários” às Instituições Financeiras parceiras do programa.

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II - Informática Aplicada ao

Mundo do

Trabalho/Inclusão Digital

A utilização do computador e da

Internet como instrumento de trabalho,

comunicação, informação e

conhecimento; Noções básicas de

Word, Excel, Power Point, Internet

40hs.

III - Ética Profissional e o

Mundo do Trabalho

Relações Interpessoais; Postura

Profissional; Relacionamento no

ambiente de trabalho, Assédio moral;

Assédio Sexual no ambiente de

trabalho; Diferentes profissões; As

novas exigências do mundo do

trabalho; Mercado de trabalho,

Empreendedorismo e economia

solidária, diversidade cultural

relacionada ao mundo do trabalho.

40hs.

IV - Noções de Legislação Leis trabalhistas e Previdenciárias; Lei

da Aprendizagem (10.097/2000);

Estatuto da Criança e do Adolescente

12hs.

V – Direitos e Garantias

Fundamentais

Políticas de Segurança Públicas

voltadas ao jovens, Formas

alternativas de geração de trabalho e

renda para os jovens, Direitos

Humanos (orientação sexual, raça,

etnia, idade, credo religioso e opinião

política).

12hs.

VI - Responsabilidade

Social e Ambiental

Conceito de Responsabilidade Social;

Responsabilidade Ambiental;

Desenvolvimento Sustentável; 3 R’s,

Legislação, ecoeficiência, Diretrizes

Ambientais, ISO, Passivo Ambiental;

Desastres Ambientais; Aquecimento

Global, O homem e o meio ambiente

(participação individual e coletiva),

16hs.

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Preservação do equilíbrio do meio

ambiente e Legislação.

VII - Sexualidade e Saúde Conceito de Sexualidade; Qualidade

de Vida: Esporte, lazer; Alimentação;

Cuidado com o Corpo; Prevenção às

DST’s

24hs.

VIII - O Mundo das Drogas A relação do usuário com o mundo

(família, comunidade); As

consequências sociais das drogas; O

usuário e a inserção no mundo do

trabalho; Prevenção e tratamentos; o

uso abusivo do álcool, tabaco e outras

drogas.

24hs.

IX - Comunicação Oral e

Escrita

Redação e produção textual; As

diferentes linguagens; Preconceito

linguístico; A linguagem dos

“Internautas”; Gírias e vícios da língua

portuguesa.

24hs.

Total Núcleo Comportamental 216 horas.

Núcleo Técnico

X – Teoria Administrativa Empresa: O que é uma empresa?

Elementos de uma empresa:

Categorias de uma empresa; O que é

pessoa física e pessoa jurídica?

Classificação em função do porte.

Funções do administrador

O que é um organograma? Qual sua

importância? Tipos de departamentos;

O que é um fluxograma e qual sua

importância? O que é um cronograma

? Para que serve um cronograma?

28hs.

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Como é construído um cronograma?

Habilidades administrativas

Tipos de líder, trabalho em equipe,

Administração do tempo e reuniões

eficazes. Gestão da Qualidade:

Inspeção X Auditoria;Controle de

Qualidade; Manuais de Instrução X

Regulamentos.

XI - Orientação profissional Como se vestir? Como se comportar?

Como se relacionar? Tratamento ao

recepcionar clientes; Os pecados do

tratamento; Com que roupa que eu

vou, Empregabilidade; Perspectivas do

Mercado de Trabalho; Dicas de

Entrevista; Elaboração de currículo.

20hs.

XII - A importância do

arquivo

Técnicas de Arquivamento

Classificação, conservação, tipos de

Arquivo, sistema vertical e sistema

horizontal, rotativo e alfabético;

Métodos de arquivamento, por nome,

por assunto geográfico, cronológico,

comum ordinário, duplex e

microfilmagem. Equipamentos,

acessórios,tempo de Armazenagem.

20hs.

XIII – Módulo Comercial Noções Administrativas: Operações

bancárias: tipos de cheques,

financiamento, principais garantias,

títulos de créditos.

Operações mercantis: Notas fiscais,

orçamento vendas, ordem de compra,

organização das compras,

planejamento das compras, princípios

de uma compra eficaz.

12hs.

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XIV - Correspondências e

serviços postais:

Tipos de correspondências - Ofícios,

memorando, carta, circular,

requerimento, declaração, procuração,

atestado, aviso, edital, certidão,

telegrama, carta. Serviços postais -

Tipos de serviços postais: malote,

transportadores, sedex, sedex ar, carta

simples.

12hs.

XV – Comunicação Tipos de comunicação Ferramentas de

comunicação: Fax; modem; e-mail,

msn, internet, correios,

correspondências.

20hs.

XVI - Matemática Básica e

Noções de Contabilidade

Noções básicas de contabilidade -

Plano de Contas; Lançamentos;

Contábeis; Livros; Contábeis;

Lançamentos; Balanço financeiro e

patrimonial Noções básicas de

matemática: Juros; regra de três;

Porcentagem; Conversão de moedas.

28hs.

XVII – Saiba tudo sobre o

Cliente

Atendimento ao cliente: qualidade e

excelência no atendimento; erros de

atendimento; atendimento ao público;

recepção: atendimento telefônico;

atendendo reclamações de clientes.

Como conquistar “O CLIENTE”, Tipos

de clientes; Cliente interno e externo,

Perfil de Cliente, Relacionamento com

cliente, Como obter sucesso, Com

rapidez, Com cortesia, Com

honestidade, Com profissionalismo,

Com interesse, Com tratamento

especial, Fidelização do cliente.

28hs.

XVIII - Saúde e Segurança Ergonomia; Ginástica Laboral; 16hs.

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no Trabalho Equilíbrio Emocional; Prevenção a

Acidentes de Trabalho; Primeiros

Socorros.

XIX - Pesquisa de campo Este módulo visa trabalhar com

pesquisa de campo enquanto

instrumento de formação visando

conhecer os demais setores da

empresa, semestralmente juntamente

com os acompanhamentos, com vistas

a ampliação progressiva das

atividades.

16hs.

Total Núcleo Técnico 200hs.

Total 419hs.

Fonte: Dados fornecidos pelo departamento de projetos sociais e educacionais do CIEE/SC, unidade de Florianópolis.

Com um total de quatrocentos e dezesseis (416) horas os dezenove (19)

módulos contemplam os vinte e quatro meses de formação dos jovens aprendizes.

Com a possibilidade de flexibilizar a ordem dos temas, conforme características

subjetivas do grupo identificadas pelo educador.

Pensando na união da prática profissional e da formação obtida na

aprendizagem, foi que o CIEE/SC aproximou métodos comportamentais e técnicos

numa abordagem integrada, a fim de contribuir na construção de elementos a serem

utilizados pelos jovens no cotidiano.

Ao educador cabe adaptar os módulos à realidade local e garantir a

construção de um espaço aberto para a criatividade, apropriando-se dos princípios

pedagógicos propostos.

O Programa CIEE Aprendiz procura articular os diferentes contextos da

vida dos aprendizes, como a família, a comunidade, a empresa, a escola, exigindo a

apropriação desta realidade por parte do educador que de acordo com Freire (1996,

p. 41) diz respeito à natureza dos jovens, “[...] como professor preciso me mover

com clareza na minha prática. Preciso conhecer as diferentes dimensões que

caracterizam a essência da prática, o que me pode tornar mais seguro no meu

próprio desempenho”.

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Uma vez adaptados à realidade local, os educadores irão construir os

módulos focados na construção coletiva de competências que vão além de uma

finalidade econômica, e sim que estejam voltadas para o aprimoramento social e

pessoal do aprendiz.

Para a autora Rodrigues (2003, pág. 123), “o exame da subjetividade é

fundamental quando se tem em conta as diferentes análises que procuram conhecer

melhor o sujeito usuário e o sujeito profissional”.

A partir desta concepção das subjetividades peculiares, torna-se viável

estimular a autonomia e a emancipação dos sujeitos a partir da construção dos

saberes, culturas e dinâmicas sociais.

Ainda para Rodrigues (2003, pág. 123) é importante indagar sobre as

interferências da subjetividade na prática profissional, principalmente para

reconhecê-las nas correlações intersubjetivas cotidianas. A mesma autora faz a

seguinte referência:

No terreno dessa reflexão teórica – que não pretende uma racionalidade supra – ideológica e idealizadora da prática – instala-se nosso objeto de estudo, ou seja, a pratica profissional em contexto de “microatuação”; ao priorizar a intervenção profissional, procuremos articular as teorias que lhe dão sustentação, quer na sistematização de conhecimentos, quer na formação do pensamento crítico.

Diante dessa afirmação, cabe ao educador social, imerso na proposta do

desenvolvimento da autonomia e emancipação juvenil, destacar a posição ativa dos

jovens nos processos decisórios e respeitar as pluralidades de pontos de vista,

utilizando-se dos referenciais teóricos metodológicos nas temáticas trabalhadas com

práticas de construções eminentemente sócio políticas.

Dessa forma, o papel do educador social constitui-se intencionalmente na

tarefa de desenvolver o protagonismo juvenil, com estratégias direcionadas para

uma resposta dinâmica por parte dos jovens, desconstruindo a função estabelecida

de acomodação e dependência a partir de atitudes e atividades propostas

gradativamente focalizando a liberdade de escolhas dos jovens.

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4.2 ESTIMULANDO O PROTAGONISMO JUVENIL ATRAVÉS DO

DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

O Programa CIEE Aprendiz visa à criação de espaços nos quais os

jovens tornem-se agentes ativos do processo de aprendizagem.

De acordo com Freire (1996, p.15), “quem ensina aprende ao ensinar e

quem aprende ensina ao aprender”, e a partir deste processo dialético o educador

social ao elaborar as suas aulas assume um compromisso ético com os

adolescentes e incorpora atitudes que envolvem respeito e dignidade e estimulem a

participação plena dos jovens.

Algumas atitudes devem ser praticadas habitualmente por parte do

educador social, dentre elas, a de tomar decisões coletivas, apresentando propostas

e alternativas a fim de extrair do grupo o maior número de sugestões de soluções

para o problema apresentado, estimular o debate sob um olhar crítico da realidade.

Momentaneamente, para os jovens debater sobre as suas necessidades

e ansiedades emergentes com relação às drogas, sexualidade, profissão, sociedade

e demais temas torna-se essencial. Contudo, essencial também é o jovem se sentir

aceito no grupo, tendo as suas características e sua individualidade respeitadas,

expressando-se de forma genuína.

Conforme Freire (1996, p. 16), ensinar exige respeito aos saberes dos

educandos, às diversidades, aos valores e crenças embutidos em cada jovem e,

ainda, como destaca o mesmo autor, deve-se utilizar desta diversidade para criar

espaços de trocas.

Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes populares, chegam a ela - saberes socialmente construídos na prática comunitária – mas, também, como há mais de trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos. Porque não aproveitar a experiência que tem os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes.

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O autor Freire (1996, p. 16) propõe discussões da realidade dos

educandos em contrapartida aos conteúdos propostos, que por vezes estão

distantes do dia a dia dos jovens.

Porque não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? Porque não estabelecer uma necessária "intimidade" entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? Porque não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes elas áreas pobres da cidade? Há ética de classe embutida neste descaso? Porque, dirá um educador reacionariamente pragmático, a escola não tem nada que ver com isso. A escola não é partido. Ela tem que ensinar os conteúdos, transferi-los aos alunos. Aprendidos, estes operam por si mesmos.

Aproximar-se da realidade dos jovens propicia ao educador a

transferência de conteúdos que permitiram o desenvolvimento de competências

essenciais, para que esses jovens, após serem inseridos no mercado de trabalho,

consigam permanecer empregados por mérito próprio e pela capacidade de resolver

situações adversas.

De acordo com o MEC (2000) competência é definida como: “capacidade

de articular, mobilizar e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades

necessárias para o desempenho eficiente e ficas de atividades requeridas pela

natureza do trabalho”.

No entanto a competência5 é algo que pode e dever ser desenvolvida, e,

em se tratando de jovens, algumas atitudes e competências devem ser estimuladas

prioritariamente; dentre elas o programa busca o desenvolvimento de algumas das

competências consideradas fundamentais para um bom desempenho no ambiente

empresarial, que abaixo estão relacionadas:

Identificar e sistematizar informações relevantes para a compreensão da

situação problema, apresentando soluções contextualizadas e pertinentes à solução,

por meio da produção de sínteses escritas e/ou orais.

Elaborar estratégias de enfrentamento para essas situações problema,

sejam elas simuladas para fins de aprendizagem ou verdadeiras e relacionadas à

realidade, solicitando a opinião e a ajuda do grupo e se utilizando dos métodos

aprendidos no curso para soluções coerentes.

5 CRUZ, Angela, FARACO, Carlos Emílio, WALDHEIM, Monica. Competências para avaliação. Rio

de Janeiro: Sindicato Nacional de Editores de Livros, 2006, p. 7.

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Identificar elementos cognitivos, afetivos, sociais e culturais, que

constituem a identidade própria e a dos outros, e saber lidar com as diferenças de

opinião no grupo e com o fato de a sua opinião ter sido, eventualmente, rejeitada.

Diante disso, estabelecer comparações entre o seu universo cultural e o universo

cultural do outro sem emitir juízos de valor, e sim estimular nos trabalhos em grupo a

incorporação de valores culturais diferentes do seu, especialmente os das minorias.

Nesse sentido, o educador deve agir para evitar reações críticas e questionamentos

vinculados ao preconceito de gênero ou do desprezo pelas minorias (como

homossexuais, negros, etc.).

Utilizar diferentes linguagens como meio de comunicação, expressão e

informação e saber distinguir textos ficcionais de informativos, justificando a

adequação do emprego de cada um para utilizar-se adequadamente dos diferentes

registros da língua escrita, selecionando suportes pertinentes a contextos

específicos.

Debater, sendo capaz de assumir posições ou revê-las em contrapartida

às argumentações do grupo, demonstrar flexibilidade diante das argumentações

mais consistentes dos demais colegas e aguardar com sabedoria a vez de contra

argumentar.

Reconhecer as transformações no mundo do trabalho e o novo perfil de

qualificação exigido em função delas, demonstrando empenho para a realização das

atividades solicitadas nos locais de trabalho, e valorizar com atitudes de adesão e

com palavras a experiência da aprendizagem, com respeito às condições sob as

quais está contratado na empresa.

Construir a identidade política e social, viabilizando a cidadania plena, e

ser capaz de atuar ativamente em debates com temas polêmicos e de interesse na

ampliação do bem estar social, distinguindo o tempo ocioso do lazer programado e

incorporar os conceitos implícitos ou explícitos de direitos e deveres sistematizados

em nossa sociedade.

Produzir novos discursos sobre as situações reais com base nas

reflexões e observações realizadas nas aulas, ampliando conceitos através das

informações disponibilizadas e incorporando6 as novas informações trazidas à sala

de aula.

6 CRUZ, FARACO, WALDHEIM, 2006, p. 7.

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Sistematizar e hierarquizar informações, analisando os critérios de

prioridades e determinando a importância das informações, organizadas a partir de

determinadas categorias.

Tabular pesquisas, por meio da aplicação de técnicas de elaboração de

questionários adaptados, representar os resultados na forma de gráficos e/ou

tabelas e analisar os resultados com base nos critérios inicialmente estabelecidos.

Coordenar equipes de trabalho e executar os conhecimentos adquiridos

nos módulos de gestão administrativa, com o estímulo à participação dos demais

membros da equipe, liderando com base nos métodos e critérios aprendidos durante

o curso e não simplesmente por afinidades.

Executar as normas determinadas, demonstrando compreensão ao

cumprimento de prazos, horários e procedimentos estabelecidos anteriormente.

Protagonizar situações ficcionais em atividades de dramatização, com

atitudes de iniciativa e colaboração ao assumir diversos papéis.

Trabalhar em equipe procurando encaminhar soluções propostas pelos

outros e estimulando o compartilhamento de soluções com outros grupos, além de

utilizar, nas sínteses orais de trabalho de grupo, o termo “nós”, “o grupo” ou

semelhantes para se referir à equipe, o que demonstra atitudes de respeito ao outro

e de valorização da cooperação e parceria. Assim, respeita a fala do outro e aguarda

a própria vez de falar.

Valorizar as diversas manifestações e expressões dos segmentos sociais

e culturais de etnias, comentando e inserindo nos trabalhos, livre de preconceitos, as

mais variadas manifestações culturais, e extrapolar o senso comum que restringe o

conceito de cultura.

Aplicar as tecnologias de informação e comunicação nos contextos

relevantes da vida e no ambiente de trabalho, com a realização, individualmente ou

em grupo, de produções com textos, colagens, cartazes, etc.; analisar criticamente7,

apresentando as suas impressões e opiniões sobre os conteúdos dos jornais, das

revistas e dos meios de telecomunicações, além de também utilizar de modo

eficiente o computador, de acordo com as atividades propostas.

O desenvolvimento de competências especificas deve-se às exigências

advindas do mercado de trabalho por maior produtividade e competitividade.

7 CRUZ, FARACO, WALDHEIM, 2006, p. 8.

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Entretanto, o Programa CIEE Aprendiz não tem só o objetivo de adequar

o jovem à formação profissional, e sim de desenvolver um conjunto de habilidades,

conhecimentos e atitudes capazes de contribuir para o melhor desempenho no

atendimento das exigências sociais; por isso o Programa prevê a flexibilidade na

aplicação dos conteúdos, de acordo com a emergência de determinados temas.

Ciente do grau de exigência do mundo globalizado, o CIEE/SC tem a

preocupação de estimular a autonomia dos jovens para o enfrentamento de

situações desafiadoras.

No entanto, é preciso trazer à tona o que os participantes pensam a

respeito do Programa, para isso faz-se necessário o reconhecimento das

singularidades dos sujeitos que estão envolvidos neste processo de aprendizagem,

e de acordo com Martinelli (1999, p. 22) “a pesquisa qualitativa parte do

reconhecimento da importância de se conhecer a experiência social do sujeito e não

apenas as suas circunstancias de vida”.

Ainda, Martinelli (1999, p. 23) mostra que “o modo de vida é como esse

sujeito constrói e vive a sua vida, envolvendo, portanto, seus sentimentos, valores,

crenças, costumes e práticas sociais cotidianas”, dados que nos remetem ao

capítulo seguinte que procura o reconhecimento de suas experiências no contexto

social e na aprendizagem, por meio do detalhamento do perfil do jovem atendido no

Programa CIEE Aprendiz em Florianópolis.

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5 O PERFIL DO JOVEM NO PROGRAMA DE APRENDIZAGEM DO CIEE/SC -

UNIDADE FLORIANÓPOLIS

Para contribuir com melhorias na qualidade do programa de

aprendizagem sócio educacional torna-se relevante conhecer com mais

profundidade o sujeito principal do trabalho desenvolvido, identificando as suas

necessidades e aspirações com relação ao trabalho e a aprendizagem. Identificar o

perfil do jovem atendido no Programa CIEE Aprendiz traz subsídios para manter o

reconhecimento da entidade perante os órgãos fiscalizadores, pois demonstra a

preocupação que a instituição tem em se aproximar desse jovem e promover

melhorias sugeridas por eles próprios.

5.1 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DE PESQUISA QUALI QUANTATIVA

Para a identificação do perfil do adolescente aprendiz do CIEE/SC

realizou-se uma pesquisa quali quantitativa que de acordo com Chizzotti (2000,

p.52) consta que as pesquisas têm sido caracterizadas pelo tipo de dados coletados

e pela análise que se fará desses dados:

Quantitativas: preveem a mensuração de variáveis preestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influencia sobre outras variáveis, mediante a análise da frequência de incidências e de correlações estatísticas. O pesquisador descreve, explica e prediz; Qualitativas: fundamentam-se em dados coligidos nas interações interpessoais, na coparticipação das situações dos informantes, analisadas a partir da significação que estes dão aos seus atos. O pesquisador participa, compreende e interpreta.

Em se tratando de pesquisa quali quantitativa, a metodologia segue o

caminho para alcançar um universo de significados; de acordo com Minayo (2000,

p.69), “a pesquisa qualitativa busca motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes,

o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos

fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.

Já para Chizzotti (2000, p.53) “a pesquisa quantitativa supõe a

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quantificação dos eventos para submete-os à classificação, mensuração e analise”,

portanto, “[...] seu objetivo é propor uma explicação do conjunto de dados reunidos a

partir de uma explicação do conjunto de dados reunidos a partir de uma

conceitualização da realidade percebida ou observada”.

Como instrumento de coleta de dados da pesquisa foram realizadas

entrevistas individuais, seguindo um questionário com perguntas que forneceram

dados para elucidar as hipóteses levantadas, diante da problemática identificada.

As autoras Lakatos e Marconi (1995, p.195) conceituam entrevista como:

É um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversa de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.

O questionário conceituado ainda por Lakatos e Andrade (1995, pág.195)

é definido como:

[...] um instrumento de investigação que visa recolher informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo representativo da população em estudo. Para tal, coloca-se uma série de questões que abrangem um tema de interesse para os investigadores, não havendo interação direta entre estes e os inquiridos.

A pesquisa foi do tipo exploratório descritiva, que, segundo Lakatos e

Marconi (1995, p. 197), apresenta-se como:

Um grupo componente de pesquisa de campo e citam três finalidades da mesma: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos.

As entrevistas foram efetuadas com 143 jovens participantes do

Programa CIEE Aprendiz, no período de julho a dezembro de 2008, e o questionário

(anexo ___) apresenta questões abertas e fechadas que de acordo com Chizzotti

(2000, p.19) “nas questões fechadas a resposta está limitada aos itens

preestabelecidos e as abertas, diante de um esquema de perguntas no qual o

interlocutor formula a sua resposta” possibilitando as trocas de opinião,

questionamentos, sugestões, críticas e dados concretos sobre a situação

socioeconômica familiar do adolescente.

O referido questionário foi aplicado conforme o cronograma

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preestabelecido, isto é, no decorrer do estágio supervisionado II, e a tabulação dos

dados levantados ocorreu no estágio supervisionado em serviço social III.

O trabalho de levantamento de dados referentes à identificação do perfil

dos jovens participantes do programa foi uma ação pioneira na Instituição, neste

sentido definiu-se como problemática: Qual o perfil do grupo de jovens atendidos

pelo Programa CIEE Aprendiz do Centro de Integração Empresa Escola do Estado

de Santa Catarina, no período de 2008?

A hipótese estabelecida foi a de que a formação educativa fornecida pelo

CIEE/SC proporciona a capacitação de futuros profissionais inseridos com êxito ao

mercado de trabalho, pois possibilita aos adolescentes participantes deste

programa, uma preparação para além de serem inseridos, permanecerem no

mercado de trabalho formal.

Posto este questionamento se definiu como objetivo geral deste estudo,

analisar o perfil do jovem atendido pelo Programa CIEE Aprendiz, a partir dos

referenciais teóricos metodológicos e da abordagem do Serviço Social.

Dos objetivos específicos definidos foram de:

• Verificar a situação sócio econômica do jovem no programa.

• Sugerir ações sócio educativas para uma maior integração entre a

Instituição, a Família e o Jovem.

• Verificar junto aos jovens como ocorre a articulação entre a atuação no

mercado de trabalho e a sua aprendizagem.

• Contribuir com subsídios para o debate e reflexão da prática profissional

do assistente social na área da educação profissional de jovens.

• Identificar a importância da capacitação para formação profissional do

jovem atendido no programa.

• Apresentar o histórico Institucional da Organização.

• Descrever sobre o jovem inserido no mercado de trabalho.

No item seguinte, serão apresentados os resultados, cabendo destacar

que as entrevistas eram realizadas semanalmente, aos sábados, dia do encontro de

formação dos aprendizes e organizadas por turmas, tudo com o consentimento dos

educadores.

Individualmente, os adolescentes respondiam às perguntas da entrevista

semi estruturada, que levou em torno de vinte e cinco minutos.

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63

Para Queiroz (1988, p.49), “a entrevista semi estruturada é uma técnica

de coleta de dados que supõe uma conversação continuada entre informante e

pesquisador e que deve ser dirigida por este de acordo com seus objetivos”. Desse

modo, da vida do informante só interessa aquilo que vem se inserir diretamente no

domínio da pesquisa. A autora considera que, por essa razão, existe uma distinção

nítida entre narrador e pesquisador, pois ambos se envolvem na situação de

entrevista movidos por interesses diferentes.

No decorrer das entrevistas foi possível observar que para alguns jovens

havia resistência em falar sobre dados de renda per capita, da escolaridade dos pais

e sobre o local de residência; entretanto, assim como menciona a autora Duarte

(2002, p.11):

Reafirmar que a confiabilidade e legitimidade de uma pesquisa empírica realizada nesse modelo dependem, fundamentalmente, da capacidade de o pesquisador articular teoria e empiria em torno de um objeto, questão ou problema de pesquisa. Isso demanda esforço, leitura e experiência e implica incorporar referências teórico metodológicas de tal maneira que se tornem lentes a dirigir o olhar, ferramentas invisíveis a captar sinais, recolher indícios, descrever práticas, atribuir sentido a gestos e palavras.

Fundamentalmente, a realidade social trazida pelos adolescentes contém

uma enorme riqueza de significados, ao fazer a aproximação destas realidades

através do agrupamento de suas visões de mundo, foi possível produzir um

resultado muito satisfatório, conforme os dados a seguir.

5.2 RESULTADO DA PESQUISA SOBRE O PERFIL DOS ADOLESCENTES

APRENDIZES DO CIEE/SC – UNIDADE DE FLORIANÓPOLIS

Conforme mencionado anteriormente, a pesquisa referente ao perfil do

adolescente atendido pelo programa CIEE Aprendiz foi realizada com 143 jovens

participantes do programa. Este levantamento tornou-se fundamental para promover

o reconhecimento do sujeito que é atendido pela instituição, a fim de ampliar as

possibilidades no decorrer da aprendizagem, através de sugestões advindas dos

próprios jovens, além de promover a aproximação com as famílias.

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64

A definição do perfil dos jovens está constituída por categorias que

abrangem questões sócio econômicas e por fim enfatizam as expectativas que os

jovens têm após o término do programa, além das sugestões de melhorias para a

aprendizagem.

Utilizou-se da análise estatística que de acordo com Chizzotti (2000, p.49)

“serve para mostrar a relação entre variáveis por gráficos, classificados por

categorias e medidos por cálculos de parâmetros característicos”.

5.2.1 Idade

Inicialmente, cabe relembrar que a lei da aprendizagem determina que a

idade para a contratação de adolescentes aprendizes vai dos 14 aos 24 anos.

Gráfico 1 – Idade Fonte: Elaboração da autora 2009.

Através dos dados apresentados pelo questionário, foi possível constatar

que no período da pesquisa a idade dos participantes está entre os 15 e 22 anos,

sendo que com 15 anos foram 19 jovens (13%), com 16 anos - 26 jovens (18%),

com 17 anos - 30 jovens (21%), com 18 anos - 23 jovens (16%), com 19 anos - 18

jovens (13%), já com 20 anos somavam-se 11 jovens (8%), com 21 anos - 9 jovens

(6%) e por fim com 22 anos e uma minoria composta por 7 jovens (5%).

Os números revelam que o programa está atuando de acordo com o que

prioriza a Lei, que faz a seguinte referencia no decreto lei nº. 5.598/2005 em seu art.

11 com relação a idade dos aprendizes:

Art. 11. A contratação de aprendizes deverá atender, prioritariamente, aos adolescentes entre quatorze e dezoito anos, exceto quando:

IDADE

5%6%

8%

13%

16%

18%

13%

21%

15 anos

16 anos

17 anos

18 anos

19 anos

20 anos

21 anos

22 anos

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I - as atividades práticas da aprendizagem ocorrerem no interior do estabelecimento, sujeitando os aprendizes à insalubridade ou à periculosidade, sem que se possa elidir o risco ou realizá-las integralmente em ambiente simulado;

II - a lei exigir, para o desempenho das atividades práticas, licença ou autorização vedada para pessoa com idade inferior a dezoito anos; e

III - a natureza das atividades práticas for incompatível com o desenvolvimento físico, psicológico e moral dos adolescentes aprendizes.

Parágrafo único. A aprendizagem para as atividades relacionadas nos incisos deste artigo deverá ser ministrada para jovens de dezoito a vinte e quatro anos.

Pode-se observar que dos quatorze aos dezoito anos totalizam-se 98 dos

143 jovens participantes, representando 68% de participantes em contra partida aos

45 restantes, que representam os demais 32% dos jovens. Cabe também destacar

que na faixa etária dos 23 aos 24 anos não havia registro de nenhum adolescente

aprendiz ativo.

A preocupação da lei em absorver prioritariamente o público de 14 a 18

anos não é em vão, pois segundo dados do Mapa do Mercado de Trabalho no

Brasil, elaborado no período de 1992 a 1997 pelo IBGE, fazem o seguinte

apontamento:

A população economicamente ativa corresponde ao contingente da população de 10 anos ou mais de idade que tinha ou estava procurando algum trabalho, na semana de referencia. No período de 1992/1997, esta população teve seu contingente aumentado de 69 709 415 para 75 213 283. Isto significou um crescimento de 10,4%.

A pesquisa sobre o Trabalho Infantil elaborado em 2001 pelo mesmo

instituto vem complementar as informações relacionadas ao trabalho infantojuvenil:

As crianças e adolescentes que não frequêntavam escola por terem que ajudar nos afazeres domésticos, trabalhar ou procurar trabalho representavam 0,3% no grupo de 5 a 9 anos de idade, 9,8% no de 10 a 14 anos de idade e 24,1% no de 15 a 17 anos de idade.

Diante das informações, obtidas através da Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (PNAD), o que podemos constatar é que apesar dos esforços

realizados para extinguir o trabalho infantojuvenil ainda existem no país mais de

cinco milhões de crianças e adolescentes trabalhando em atividades proibidas pela

legislação vigente para este grupo populacional (IBGE, 2001). Este quadro exige a

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66

elaboração de ações intersetoriais que consigam abranger a dimensão real deste

evento, incluindo as especificidades do setor de assistência social.

5.2.2 Naturalidade

Devido à localização do CIEE/SC ser na região central de Florianópolis,

no que se refere à naturalidade dos adolescentes, a pesquisa pode constatar que a

maioria dos jovens são naturais da cidade de Florianópolis conforme abaixo:

NATURALIDADE

60%

18%

9%

5% 8%Florianópolis

São José

Palhoça

Biguaçu

Outros

Gráfico 2 – Naturalidade Fonte: Elaboração da autora 2009.

Dos 143 jovens participantes, 86 eram naturais de Florianópolis (60%), 26

jovens (18%) eram do município de São José, 13 jovens (9%) eram do município da

Palhoça, 13 jovens (9%) eram da cidade de Biguaçu e naturais de outras cidades

como Garopaba, Itajaí, São Paulo e Laguna, totalizavam 11 adolescentes (8%).

5.2.3 Residência

O gráfico a seguir revela que 61% dos jovens viviam com suas famílias

em residências alugadas, 29% possuíam casas próprias, 7% viviam em residências

cedidas e 3% eram oriundos de casas lares.

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67

RESIDÊNCIA

Casa Lar3%

Cedida7%

Própria29%

Aluguada61%

Gráfico 3 – Residência Fonte: Elaboração da autora 2009.

Existe uma preocupação da Instituição em inserir jovens de casas lares,

pois segundo dados estatísticos publicados pelo Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (IPEA) (2004) alguns dos principais motivos para o ingresso de crianças e

adolescentes, na região sul do Brasil, nos abrigos tem sido: 21,6%, o abandono

pelos pais ou responsáveis, seguido de 15,5% devido à violência doméstica (maus

tratos físicos e/ou psicológicos praticados pelos pais ou responsáveis), 12,6%, pais

ou responsáveis dependentes químicos / alcoólicos e 11,3%, carência de recursos

materiais da família/responsável (pobreza), sendo assim, através das metodologias

do programa possibilitar um processo de aprendizagem mais autônomo,

promovendo nos jovens e adolescentes a capacidade de compreender e transformar

a realidade.

O gráfico elaborado sobre o município da residência dos jovens

demonstra a prevalência é da cidade de Florianópolis com 49%, que assim como em

relação à naturalidade dos jovens, se deve a localização da Organização ser na

região central florianópolitana. Residentes na cidade de São José somavam 22%

dos jovens, do município da Palhoça eram 16%, da cidade de Biguaçu eram 9% dos

aprendizes, da cidade de Santo Amaro da Imperatriz 2%, de Governador Celso

Ramos 1% e de Garopaba também 1%.

MUNICÍPIO DA RESIDÊNCIA

2%

1% 1%

16% 49%

22%9%

B iguaçu

F lo rianópo lis

Garopaba

Gov. C elsoRamosP alho ça

São José

Sto . Amaroda Imperatriz

Gráfico 4 – Município da Residência Fonte: Elaboração da autora 2009.

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68

O gráfico que traz os dados relacionados à Infra estrutura Urbana revela

que na localização da residência dos 143 jovens há transporte coletivo público, os

143 eram atendidos por coleta periódica; 56 possuíam fossa sanitária e 87 não

sabiam e/ou não possuíam, 79 aprendizes eram atendidos pela rede de esgoto e 64

não eram e por fim todos possuíam água encanada e energia elétrica.

Os números apresentados confirmam as informações da pesquisa

realizada pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES) que apontou

Santa Catarina como o segundo pior estado em tratamento de esgoto do Brasil, na

frente apenas do Piauí. De acordo com o levantamento, 12% da população urbana

têm saneamento adequado. A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento

(CASAN), empresa que administra o esgoto apresenta um percentual um pouco

melhor, de 15%. Dos 293 municípios de Santa Catarina, apenas 30 têm rede

coletora e tratamento de esgoto. Em Criciúma, nenhuma casa tem saneamento

adequado. O esgoto não tratado vai para o mar, rios, ou para os lençóis freáticos, no

caso das fossas.

INFRAESTRUTURA URBANA

143

143

79

56

143

135

143

0

0

64

87

0

48

0

Energia Elétrica

Àgua Encanada

Rede de Esgo to

Fossa Sanitária

Co leta P erió dica de Lixo

Rua Asfa ltada

T ranspo rte Co let ivo P úblico

Não

Sim

Gráfico 5 – Infra estrutura Urbana Fonte: Elaboração da autora 2009.

A inviabilização de alguns recursos urbanos se deve também a

localização das residências, que de acordo com que revela o gráfico abaixo, 42%

dos jovens viviam em regiões centrais das cidades, 33% viviam em cidades vizinhas,

22% residiam em regiões periféricas e 3% em áreas rurais.

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LOCALIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA

Centro42%

Área Rural3%

Periferia22%

Cidade Vizinha33%

Gráfico 6 – Localização da Residência Fonte: Elaboração da autora 2009.

Da participação em programas na comunidade, foi possível constatar que

23 praticavam Basquetebol, 11 faziam aulas de Canto e Coral, 8 eram integrantes

de grupos de Dança, 14 jogavam esporadicamente Dominó, 38 jogavam Futebol, 7

praticavam Handebol, 18 tinham Reforço Escolar, 3 estavam envolvidos em

atividades de Saúde e Higiene, 6 jogavam esporadicamente Xadrez.

PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS NA COMUNIDADE

2311 8 14

38

718

3 6

120132 135 129

105

136125

140 137

Basquetebol

Canto Coral

Dança

Dominó

Futebol

Handeibol

Reforço Escolar

Saúde e Higiene

Xadrez

Sim

Não

Gráfico 7 – Participação em Programas na Comunidade Fonte: Elaboração da autora 2009.

5.2.4 Sexo

No grupo de jovens entrevistados, de acordo com o que revela o gráfico

abaixo, o número maior de participantes era composto por meninas (58%), enquanto

a porcentagem do sexo masculino é de 42%. Dados do Mapa do Mercado de

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Trabalho (2001) elaborado pelo IBGE revelam que a procura de trabalho apresentou

um acréscimo significativo no período analisado (1992/1997), principalmente pelo

sexo feminino. Na Região Sul, as mulheres tiveram um crescimento na procura de

trabalho de 114.812, em 1992, para 261.832, em 1997. No Brasil, este acréscimo foi

de 4.556.801 para 5.881.776. Isto representou um crescimento de 21,7% para os

homens e 37% para as mulheres.

SEXO

Feminino58%

Masculino42%

Gráfico 8 – Sexo Fonte: Elaboração da autora 2009.

Os dados apresentados pela pesquisa realizada com os adolescentes

aprendizes do CIEE/SC, unidade de Florianópolis reforçam as estatísticas nacionais

de que as mulheres estão se inserindo cada vez mais no mercado de trabalho,

motivadas por fatores externos como o ter filhos e de chefiar famílias, temas que

serão abordados posteriormente.

5.2.5 Escolaridade

De acordo com o que preconiza a instrução Normativa n.º 26, de 20 de

dezembro de 2001, elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, para a

elaboração do contrato de aprendizagem, o adolescente deve estar frequêntando o

ensino regular, caso ainda não o tenha concluído, conforme segue:

I - DO CONTRATO DE APRENDIZAGEM. [...] § 3º. São condições de validade do contrato de aprendizagem, em observância ao contido no art. 428, § 1º, da CLT: [...] II - matrícula e frequência do aprendiz à escola de ensino regular, caso não tenha concluído o ensino obrigatório;[...]

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Sobre o registro e fiscalização das entidades sem fins lucrativos que

tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, consta

na resolução nº 74, de 13 de setembro de 2001, emitida pelo Conselho Nacional dos

Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), que:

Art. 3º Os Conselhos Tutelares devem promover a fiscalização dos programas desenvolvidos pelas entidades, verificando: [...] VI – O cumprimento da obrigatoriedade de os adolescentes já terem concluído ou estarem cursando o ensino obrigatório, e a compatibilidade da jornada da aprendizagem com a da escola;[...]

O gráfico abaixo revela que a Instituição, no período da pesquisa,

mantinha vinculados as empresas jovens que estavam regularmente matriculados e

frequêntando a escola, sendo que 4 jovens (3%) estavam na 7ª série do ensino

fundamental, 16 jovens (11%) estavam na 8ª série do ensino fundamental, 54 jovens

(38%) cursavam o 1º ano do ensino médio, 42 jovens (29%) estavam cursando o 2º

ano do ensino médio e 27 aprendizes (19%) cursavam o 3º ano do ensino médio.

O alto índice de adolescentes contratados e que cursavam os anos do

ensino médio evidenciam a preferência das empresas em contratar jovens com

idade próxima a maioridade, apesar de o CIEE/SC dar sempre preferência aos

adolescentes que estejam há mais tempo na lista de espera e/ou em situação de

maior vulnerabilidade.

ESCOLARIDADE

7ª série3%

3º ano19%

2º ano29%

1º ano38%

8ª série11%

Gráfico 9 – Escolaridade Fonte: Elaboração da autora 2009.

Referente à questão da escolaridade, a pesquisa também pode identificar

que 78% dos adolescentes estudavam na rede pública de ensino, 14% estudavam

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72

em escolas particulares, entretanto eram bolsistas e apenas 8% estavam

frequêntando a rede privada de ensino. Também foi possível constatar que a maioria

dos jovens estudava no período diurno, sendo que 47% eram do turno matutino,

34% do turno vespertino e apenas 19% do período noturno, conforme mostram os

gráficos abaixo:

INSTITUIÇÃO DE ENSINO

14% 8%

78%

Pública

Particular /Bolsista

Particular

TURNO ESCOLAR

47%

34%

19%Matutino

Vespertino

Noturno

Gráfico 10 – Instituição de Ensino Gráfico 11 – Turno Escolar Fonte: Elaboração da autora 2009. Fonte: Elaboração da autora 2009.

Iniciativas como as da Caixa Econômica Federal, grande parceira do

programa e que contrata apenas os jovens que estudam no período diurno,

contribuem para a elevação deste percentual, além das famílias e dos próprios

adolescentes optarem preferencialmente pelos períodos diurnos, por conta da

marginalidade nas instituições de ensino e ao redor delas, de acordo com o que

afirma Zenaide (2002, p.3) em diagnóstico realizado sobre o Fenômeno da Violência

na Escola:

Práticas e atitudes sexistas - brincadeiras, comentários jocosos sobre a sexualidade do outro. Exposição a riscos de violências e acidentes de servidores e alunos no percurso casa/escola/casa, principalmente os do turno noturno que às vezes saem após as 22h30min horas da escola, moram distantes e dependem de transportes coletivos.

O percentual demonstrado no gráfico a seguir se refere ao deslocamento

dos adolescentes até a escola, sendo que 56% utilizam o transporte coletivo, 17%

vão até a escola a pé, 13% de bicicleta, 9% de carona e apenas 5% utiliza o

transporte fretado, os números acentuam a preferência pela opção dos períodos

diurnos.

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73

DESLOCAMENTO ATÉ A ESCOLA

5%

9%

13% 17%

56%

À pé

Bicicleta

Carona

Fretado

Ônibus

Gráfico 12 – DESLOCAMENTO ATÉ A ESCOLA Fonte: Elaboração da autora 2009.

Ainda relacionada à escolaridade, constatou-se que 83% dos jovens não

tinham histórico de reprovação escolar, entretanto 17% já haviam repetido em algum

ano do ensino regular.

Destes 17% de repetentes, 36% eram meninas contra a grande maioria

de 64% de meninos, este alto índice de repetência entre os jovens meninos, pode

ser justificado pelo déficit de atenção e de comprometimento dos mesmos.

Em estudo realizado por Carvalho (2003, p.2), denominado Sucesso e

fracasso escolar como uma questão de gênero revela que:

Na faixa de 15 a 19 anos temos quase o dobro de rapazes que moças analfabetas. Isso é preocupante porque a grande maioria desses jovens analfabetos são pessoas que passaram pela escola, que tiveram uma trajetória escolar marcada pela repetência, pela evasão, que vão e voltam ao sistema de ensino e não conseguem se apropriar da ferramenta da leitura e escrita. Esse é um indicador muito forte de que a escola está fracassando perante um grupo grande de jovens e este grupo concentra uma maioria de pessoas do sexo masculino.

JÁ REPROVOU DE ANO?

Não83%

Sim17%

INDICE POR SEXO

Meninas36%

Meninos64%

Gráfico 13 – Já Reprovou de Ano? Gráfico 14 – Índice de Reprovação por Sexo Fonte: Elaboração da autora 2009. Fonte: Elaboração da autora 2009.

Ainda o estudo realizado por Carvalho (2003, p.3), afirma que as meninas

seriam mais adaptadas à escola.

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Os meninos são mais indisciplinados, mais desorganizados e as meninas têm todo um comportamento que facilita o "ser aluno", o que os franceses definem como "ofício de aluno". As meninas já viriam da própria organização familiar e da socialização primária mais preparadas para exercer esse ofício, porque seriam mais passivas, obedientes, calmas, silenciosas, ordeiras, caprichosas, minuciosas. Ao mesmo tempo em que os meninos seriam agitados, agressivos e indisciplinados, nós seríamos calmas, obedientes e passivas – professoras e alunas – e seríamos mais adequadas para a escola.

O gráfico 15 abaixo revela que dos motivos de reprovação 36% são por

notas baixas, 28% por faltas, 20% por mudança de escola e 16% por mudanças de

cidade, ou seja, existe a prevalência 64% das reprovações serem ocasionadas por

notas baixas e faltas, indiciando o déficit de atenção, entretanto existem grupos de

meninos com um desempenho escolar muito positivo do ponto de vista do processo

de aprendizagem, o intuito aqui não é o de estereotipá-los e sim contribuir para a

compreensão dos dados apresentados, respeitando as diversidades.

MOTIVOS DE REPROVAÇÃO

Mudança de Cidade16%

Mudança de Escola20%

Faltas28%

Notas Baixas36%

Gráfico 15 – Motivos de Reprovação Fonte: Elaboração da autora 2009.

Discutir a questão de gênero merece atenção especial no debate

educacional e da assistência social hoje, pois relacionada a essa discussão

encontramos um grupo significativo de rapazes, caminhando para a marginalidade,

principalmente aqueles que estão mais abaixo no conjunto das hierarquias de classe

e de raça e que tem grande probabilidade de serem absorvidos pelo tráfico de

dragas e pela violência social.

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75

5.2.6 Estado civil

Na categoria relacionada ao estado civil dos aprendizes observa-se o alto

índice de jovens que estavam namorando (46%), solteiros eram 27%, vivendo em

união estável 19% e casados 8%.

Dados sobre a População Jovem do Brasil (1999), elaborados pelo IBGE

indicam que o estado civil da mulher brasileira do Registro Civil apontava, em 1984,

que a idade média da mulher ao casar era 24,1 anos.

O número de casamentos registrados, em cartório, no período de 1984 a 1994, atingiu o máximo de 1 007 474 em 1986. A partir daí, os matrimônios legais declinaram atingindo, em 1994, apenas 763 129 mil. Outro fenômeno ocorrido neste mesmo período foi o incremento significativo de separações conjugais: de 63 691 em 1984 para 86 001em 1994. A análise destes dados mostra uma tendência de mudança de comportamento nos anos 90 em relação ao padrão brasileiro de organização familiar das décadas de 70 e 80.

ESTADO CIVIL 8%

27%

46%

19%Solteiro(a)

Casado(a)

União Estável

Namorando

Gráfico 16 – Estado Civil

Fonte: Elaboração da autora 2009.

Ao se investigar a iniciação sexual na juventude, constata-se a diminuição

da idade de início da vida sexual adulta. Assim, a pesquisa realizada pelo Ministério

da Saúde em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento sobre

Comportamento Sexual da População Brasileira e Percepções do HIV/AIDS

(Berquó, 2000, p.6) mostra que:

Os jovens que tinham entre 16 e 19 anos, em 1998, 61% já haviam tido relações sexuais. Também constata que os rapazes se iniciam mais cedo que as moças, e que a maior escolaridade e o viver com ambos os pais influencia para que os jovens se iniciem sexualmente mais tarde. Em 1984, apenas 35,2% dos rapazes nessa faixa etária já haviam se iniciado sexualmente, percentual que cresce para 46,7% em 1998. De forma mais significativa, ocorre o crescimento desse percentual entre as mulheres: de 13,6% para 32,3%.

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76

A Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS) de 1996,

confirmam o declínio da idade das mulheres na primeira relação sexual para uma

faixa de idade entre 20 e 24 anos; o percentual de mulheres que não tiveram uma

relação sexual completa aos 17 anos declina de 79,8% em 1971 para 61,9% em

1996.

Concomitantemente a esses dados à pesquisa revela que dos 143 jovens

87% não tem filhos, entretanto 13% já têm de 1 a 3 filhos. Deste percentual, 63%

têm 1 filho, 26% possuem 2 filhos e 11% tem 3 filhos.

FILHOS

Não87%

Sim13%

Nº DE FILHOS

11%26%

63%

1 Filho

2 Filhos

3 Filhos

Gráfico 17 – Filhos Gráfico 18 – Número de Filhos Fonte: Elaboração da autora 2009. Fonte: Elaboração da autora 2009.

A nível nacional a pesquisa do IBGE (1999) sobre a população jovem

mostra que:

No conjunto do País, quase um terço das mulheres (27,4%) entre 15 e 24 anos já teve filhos, e naturalmente, é mais elevada a proporção de mulheres do subgrupo de 20 a 24 anos que tiveram filhos, 45,1%. Outra informação decorrente é que 13,8% das mulheres deste mesmo subgrupo já tiveram, pelo menos, dois filhos.

Tanto a paternidade quanto a maternidade precoce traz um afastamento

do mundo dos jovens, já que as responsabilidades de uma casa, de uma criança,

aliadas às dificuldades financeiras acabam por dificultar o envolvimento com os

antigos grupos de jovens e transformam os adolescentes, inevitável e bruscamente

num semiadulto.

As jovens que assumem a gravidez sozinhas enfrentam ainda mais

dificuldades de caráter financeiro e psicológico, para além das responsabilidades de

uma nova vida intrauterina numa etapa em que o seu próprio organismo não está

totalmente desenvolvido. Como resultante desta situação, surge, muitas vezes o

abandono do filho, a entrega para adoção ou a alguém da família.

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Os arranjos familiares mesmo que existam, não garantem o apoio

adequado, e as outras estruturas sociais, não dão à importância devida a estes

problemas.

A prevenção tanto da gravidez precoce quanto e das doenças

sexualmente transmissíveis são possíveis através da disseminação do

conhecimento, para tanto a organização tem a preocupação de inserir tais temas

nos módulos trabalhados.

5.2.7 Participação em projetos sociais

No que diz respeito ao item de participação em projetos sociais a

pesquisa revelou que 16 jovens participavam do programa Bolsa Família, 7 jovens

estavam cumprindo alguma medida sócio educativa e 4 participavam de programas

de assistência a família.

PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS SOCIAIS

16 7 4

127 136 139

Bolsa Família Medidas SócioEducativas

Programas deAssistência a Família

Sim

Não

Gráfico 19 – Participação em Projetos Sociais Fonte: Elaboração da autora 2009.

Números do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

(MDS) revelam que atualmente, pelo menos 23,4 milhões de brasileiros com até 18

anos de idade estão incluídos em ações de proteção e promoção social que

reduziram a pobreza, ampliaram o acesso à alimentação, elevaram a permanência

na escola e reduziram a desnutrição.

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Os dados do MDS levam em conta as crianças e adolescentes atendidos

pelo Bolsa Família, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), Benefício

de Prestação Continuada (BPC), Agente Jovem e Enfrentamento à Exploração e ao

Abuso Sexual (Sentinela). Os números devem ser ainda maiores, já que não está

contabilizado o atendimento por meio dos Centros de Referência de Assistência

Social e programas como o de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA),

Cisternas, Restaurantes Populares e Educação Alimentar.

5.2.8 Uso de drogas

A pesquisa abordou o tema das drogas e 42% dos jovens disseram que

nunca tinham usado nenhum tipo de droga lícita ou ilícita, entretanto 58% revelaram

já ter usado e/ou fazer o uso de drogas, conforme o gráfico abaixo.

USO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS

Sim58%

Não42%

Gráfico 20 – Uso de Drogas Lícitas e Ilícitas Fonte: Elaboração da autora 2009.

O quinto levantamento nacional sobre consumo de drogas entre

estudantes, preparado pela Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) mostrou que,

dos 48.155 jovens que participaram da pesquisa, 41% já tinham usado bebidas

alcoólicas entre os 10 e os 12 anos.

Aos 12 anos de idade, quase 13% dos estudantes brasileiros já usaram

algum tipo de droga ilícita pelo menos uma vez, e 7% experimentaram cigarros. Mas

a droga que ainda faz mais sucesso entre os jovens brasileiros continua a ser o

álcool.

Aos 18 anos, 81% deles já haviam bebido. O álcool também é a droga de

uso mais frequênte entre os jovens e foi considerado pelos pesquisadores um

"grande problema de saúde pública". Entre os entrevistados, 11,7% afirmaram que

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faziam uso frequênte de bebidas alcoólicas - no mínimo seis vezes por mês - e

6,7%, uso pesado (pelo menos 20 dias por mês).

Diante dos elevados índices de consumo de drogas entre os

adolescentes, cabe destacar que é preciso buscar continuamente articulações para

a construção de políticas de combate as drogas.

5.2.9 Doenças

Os aprendizes foram questionados sobre o seu estado de saúde e a

pesquisa revelou que 81% dos jovens não sofriam de nenhuma doença, no entanto

19% possuíam alguma patologia que era tratada em 26% com remédios controlados

e 74% com uso esporádico.

SOFRE DE ALGUMA DOENÇA

Sim19%

Não81%

TOMA ALGUM REMÉDIO CONTROLADO

Não74%

Sim26%

Gráfico 21 – Sofre de Alguma Doença Gráfico 22 – Uso de Remédios Fonte: Elaboração da autora 2009. Fonte: Elaboração da autora 2009.

Quando questionados sobre ter inserido na família algum portador de

deficiência, 74% responderam não tinham nenhum vínculo 9% tinham parentesco

com portadores de deficiência auditiva, 8% com portadores de deficiência visual, 6%

conviviam com portadores de deficiência física e 3% com portadores de deficiência

mental.

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PORTADORES DE DEFICIÊNCIA NA RESIDÊNCIA

Não74%

Mental3%

Auditiva9%

Física6%

Visual8%

Gráfico 23 – Portadores de Deficiência na Residência Fonte: Elaboração da autora 2009.

No período em que a pesquisa foi realizada, não havia nenhum portador

de deficiência matriculado no programa, entretanto a organização incentiva as

empresas a contratá-las a fim de cumprir duas cotas: a de aprendizes e a da Lei de

Cotas (art. 93 da Lei nº 8.213/91).

5.2.10 Índice social de prioridades de atendimento

A fim de otimizar o encaminhamento dos jovens para as vagas

disponíveis, a equipe do departamento de projetos sociais e educacionais elaborou

um quadro com um índice de prioridades de atendimento conforme segue abaixo:

PROBLEMÁTICA SOCIAL GRAU DE COMPLEXIDADE

ETNIA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 NEGRO X INDIO X BRANCO X ORIENTAL X RENDA PERCAPTA SEM RENDA X ¼ SALÁRIO MÍNIMO X ½ SALÁRIO MÍNIMO X 1 SALÁRIO MÍNIMO X ESCOLARIDADE E. FUNDAMENTAL X EJA, CEJA X E. MÉDIO X VULNERABILIDADE SOCIAL VIOLÊNCIA DOMÉSTICA X

EXPLORAÇÂO DE TRABALHO X

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RISCO COM TRÀFICO X

Acima de 20 Grau de Prioridade Absoluta encaminhar SEM SELEÇÃO De 10 a 20 Prioridade Média Até 10 Encaminhar para as seleções de empresas privadas, outros

programas do CIEE como PIT, estágio, entre outros. Fonte: Dados fornecidos pelo departamento de projetos sociais e educacionais do CIEE/SC, unidade de Florianópolis.

Os resultados da pesquisa revelam que 61% dos aprendizes possuíam

renda per capita de 0 a 2 salários mínimos, 36% tinham de 3 a 4 salários mínimos,

3% estavam com a renda per capita de 5 a 8 salários mínimos e nenhum possuía

renda per capita acima de 10 salários mínimos.

RENDA PER CAPITA 61%

0%

3% 36%

De 0 à 2 SaláriosMínimosDe 3 à 4 SaláriosMínimosDe 5 à 8 SaláriosMínimosMaior que 10Salários Mínimos

Gráfico 24 – Renda Per Capita Fonte: Elaboração da autora 2009.

Os jovens também foram questionados, como eles se consideravam em

relação à etnia e 66% se consideravam brancos, 26% negros, 8% pardos (mulatos)

e nenhum se considerava amarelo (a) de origem oriental ou indígena.

ETINIA

26%

8%

0%

66%

Branco(a)

Negro(a)

Pardo(a)

Amarelo(a)

Gráfico 25 – Etnia Fonte: Elaboração da autora 2009.

Apesar de serem priorizados nos encaminhamentos para o

preenchimento das vagas, durante o trabalho realizado na organização foi possível

observar uma resistência por parte das empresas privadas em contratar os jovens

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82

com o perfil social mais vulnerável. A grande maioria dos jovens com este perfil

estão inseridos nas empresas públicas, como por exemplo, a Caixa Econômica

Federal, o Banco do Brasil e a CASAN, que possuem no convenio firmado com o

CIEE/SC que o encaminhamento dos jovens para a contratação fica por conta da

equipe multidisciplinar do CIEE/SC.

5.2.11 Trabalhos anteriores

Das experiências profissionais tidas antes de serem contratados como

aprendizes, 48% dos jovens disseram que nunca tinham trabalho, 24% disse já ter

trabalho, porém sem registro em carteira, 21% dos adolescentes revelou que faziam

“bicos”, ou seja, trabalhos temporários e sem vínculo empregatício e apenas 7% já

haviam trabalhado com registro em carteira.

Os dados revelam que mais uma vez a Organização esta em consonância

com a legislação, pois a maiorias dos jovens nunca tinham trabalhado e programa

adolescente aprendiz faz parte das políticas nacionais de primeiro emprego.

TRABALHOS ANTERIORES

48%7%

24% 21%

Fazia bicos

Sem carteira assinada

Com carteira assinada

Não trabalhava

Gráfico 26 – Trabalhos Anteriores Fonte: Elaboração da autora 2009.

No entanto os jovens que já tinham trabalhado sem carteira assinada e os

que já tinham feito “bico” totalizam 45%, um percentual elevado e que confirma os

resultados apresentados pelo Mapa do Mercado de Trabalho no Brasil, elaborado

pelo IBGE (1997), com informações sobre a população, residente, economicamente

ativa e ocupada de 10 a 24 anos, na região sul do Brasil e que revela que 6,5%

desta população exerciam atividade sem vínculo empregatício naquele período.

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83

DURAÇÃO DOS TRABALHOS ANTERIORES

62%12%

26%

Até 6 meses

De 6 à 12 meses

Mais de 12 meses

Gráfico 27 – Duração dos Trabalhos Anteriores Fonte: Elaboração da autora 2009.

Outro dado levando pela pesquisa diz respeito ao tempo de duração dos

trabalhos anteriores, com 62% de até 6 meses, 26% de 6 a 12 meses e 12% com

duração superior a 12 meses, indicando uma característica de trabalhos temporários e

sem vínculo empregatício, conforme revela o gráfico 27.

5.2.12 Escolaridade dos pais

Nesta categoria buscou-se identificar o grau de Escolaridade dos Pais dos

aprendizes ativos no período da pesquisa conforme gráfico abaixo:

ESCOLARIDADE DOS PAIS

19

34

17

58

9 613

56

23

43

2 5

Ensino

Fundamental

Incompleto

Ensino

Fundamental

Completo

Ensino Médio

Incompleto

Ensino Médio

Completo

Ensino

Superior

Incompleto

Ensino

Superior

Completo

Mãe

Pai

Gráfico 28 – Escolaridade dos Pais

Fonte: Elaboração da autora 2009.

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84

O gráfico revela que com o ensino fundamental incompleto eram 19 mães

e 13 pais, com o ensino fundamental completo eram 34 mães e 56 pais, com o

ensino médio incompleto eram 17 mães e 23 pais, com o ensino médio completo

totalizavam 58 mães e 43 pais, com o ensino superior incompleto eram 9 mães e 2

pais e por fim com o ensino superior completo totalizavam 6 mães e 5 pais.

Os resultados da pesquisa indicam que em se tratando de escolaridade a

nível fundamental existe uma prevalência dos pais, entretanto no nível médio as

mães apresentam um percentual mais elevado de formação.

No nível superior foram apresentados baixos índices de formação,

entretanto, ainda com a prevalência feminina.

De acordo com a pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas,

2009, se tem elevado a escolaridade das mulheres:

A prevalência das mulheres entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino médio e se estende ao 3º Grau: em 2002, 54% das matrículas no ensino médio eram de mulheres, bem como 56% dos ingressantes no ensino superior pelo vestibular. Outro traço relevante no processo de aquisição de maiores níveis de escolarização é que além da maioria das matrículas nesses níveis de ensino serem femininas, as mulheres também estão em maior número entre os concluintes: em 2002, as moças representavam 58% e 63% dos concluintes, respectivamente, do ensino médio e superior.

Os dados apresentados pela Fundação Carlos Chagas estão em

consonância aos dados apresentados pela pesquisa com os aprendizes do

CIEE/SC.

5.2.13 Cursos de aperfeiçoamento

Na questão da realização de cursos de aperfeiçoamento 118 disseram ter

conhecimentos básicos de informática, 129 informaram que haviam realizado curso

para trabalhar com as ferramentas do Windows, 47 informaram que haviam

realizado curso para trabalhar com as ferramentas do Power Point, 23 informaram

que haviam realizado curso para trabalhar com as ferramentas do Excel, 32 já

haviam feito curso de Inglês e 19 haviam feito o curso de Espanhol.

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CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO

118

19

23

32

47

129

25

124

120

110

96

14

Básico em Informática

Espanhol

Excel

Inglês

Power Point

Windows

Não

Sim

Gráfico 29 – Cursos de Aperfeiçoamento Fonte: Elaboração da autora 2009.

Segundo Rodrigo Baggio (2000) fundador e diretor executivo do Comitê

para Democratização da Informática – CDI, em plena era da informação, é

fundamental que:

[...] se democratizem as ferramentas tecnológicas, um dos principais requisitos do novo mercado de trabalho, para que os novos recursos de comunicação e tecnologia não se transformem em um fator de aprofundamento de exclusão social.

Em parceria com o CDI, o CIEE/SC, unidade de Florianópolis montou um

laboratório de informática, com 20 micros computadores, que são utilizados durante

os módulos de informática pelos jovens aprendizes.

5.2.14 Atividades extra estudos

De acordo com os dados apresentados anteriormente sobre o turno

escolar, há uma prevalência entre os adolescentes por cursar o ensino regular no

período diurno, sendo assim a atividade realizada nas empresas acontece no contra

turno escolar.

Apesar de durante a entrevista os jovens apontarem a falta de tempo ser

um empecilho para realizar atividades extra estudos, os dados abaixo revelam que

mesmo com uma sobrecarga horária de atividades, conseguem realizam atividades

de lazer.

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ATIVIDADE EXTRA-ESTUDOS

22%

20%5% 9% 22%

12%10%

Encontro com os amigos

Ir ao cinema

Limpar a casa

Namorar

Sair para dançar

Surf

Videogame

Gráfico 30 – Atividades Extra Estudos Fonte: Elaboração da autora 2009.

O gráfico acima que mostra que 22% dos jovens utilizavam as suas horas

de lazer para namorar, 22% realizavam encontros com amigos, 20% saiam para

dançar, 12% iam ao cinema, 10% usavam das horas livres para limpar a casa, 9%

jogavam videogame e 5% surfavam.

Dedicar alguns momentos para o lazer dentro das atividades simples do

dia a dia contribui para melhorar a qualidade de vida dos adolescentes. O trabalho

estressante, a rotina diária e a falta de tempo fazem com que os jovens deixem a

própria saúde de lado, causando consequências agressivas ao organismo e

provando que momentos de descontração são importantes para uma vida saudável.

Conciliar esses momentos no decorrer de tais atividades é fundamental para um

bom desempenho nos demais compromissos.

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87

5.2.15 Expectativas pós programa

Na questão que dizia respeito às expectativas dos jovens após o término

do programa, confirma-se a hipótese anteriormente levantada, de que a formação

educativa fornecida pelo CIEE/SC proporciona a capacitação de futuros profissionais

inseridos com êxito ao mercado de trabalho, pois possibilita aos adolescentes

participantes deste programa, uma preparação para além de serem inseridos,

permanecer no mercado de trabalho.

Dos 143 aprendizes, 28% queriam prestar vestibular, 22% gostariam de

ser efetivados nas empresas em estavam contratados como aprendizes, 15%

gostariam de concorrer a cargos públicos, 13% tinham a intenção de abrir os seus

próprios negócios, 11% objetivavam concluir com êxito o ensino médio, 8%

estimavam por continuar a trabalhar com registro em carteira e 3% tinham a

intenção de se casar.

EXPECTATIVAS PÓS PROGRAMA

28%

22%

15%11%

3%

13%8%

Abrir o próprio negócio

Casar

Concluir o ensino médio

Fazer concurso público

Prestar vestibular

Ser efetivado naempresa Trabalhar com registroem carteira

Gráfico 31 – Expectativas Pós Programa Fonte: Elaboração da autora 2009.

Os adolescentes iniciam o programa com diferentes experiências,

diferentes expectativas e diferentes habilidades físicas e mentais. Mas,

independente de características e perfis pessoais, cabe a todo aprendiz, entre outras

coisas, cumprir com seus horários e ser pontual em todas as atividades; comparecer

à aprendizagem nos dias determinados; demonstrar interesse pelo trabalho e

sempre procurar algo para fazer; avisar o orientador ao se ausentar do local de

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trabalho; cuidar da aparência pessoal; e apresentar declaração escolar

periodicamente, para comprovar notas e frequência escolar.

São inúmeras as responsabilidades desenvolvidas no decorrer do

programa e ao término deste os jovens já conseguem ter perspectivas relacionadas

à permanência no mercado de trabalho formal. Isto posto, confirma que os módulos

e as atividades propostas pelo programa contribuem para a responsabilização do

jovem diante do trabalho.

5.2.16 Sugestões de melhorias

Por fim os jovens apresentaram sugestões de melhorias para o programa

de aprendizagem, conforme gráfico abaixo:

SUGESTÕES DE MELHORIAS

15%

10%8%6%5%

25%

6%12%

13%

AcompanhamentoPsicológico

Atividades científicas

Atividades com pais eorientadores

Atividades esportivas

Atvidades extra-classe

Autorizar a saída no intervalo

Curso durante a semana

Fornecimento de lanche

Revesamento de educadores

Gráfico 32 – Sugestões de Melhorias Fonte: Elaboração da autora 2009.

Com uma maioria de 25% dos jovens, foi sugerido que o horário dos

cursos seja realizado no decorrer da semana e não aos sábados como acontecia no

período da pesquisa, pelo fato de sobrar pouco tempo livre nos finais de semana

para as atividades extra estudos, conforme apontamento anterior. É sabido que no

decorrer do estágio já havia algumas negociações com as empresas parceiras, para

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89

que a aprendizagem ocorresse durante a semana, no entanto diante do relato dos

jovens, reforça-se a sugestão.

Um percentual de 15% dos jovens sugeriu que houvesse mais atividades

com pais e orientadores.

A realização de atividades esportivas foi sugerida por 13% dos jovens.

As atividades extra classe, ou seja, fora das dependências do CIEE foi

sugerida por 12% dos aprendizes.

A realização de atividades científicas foi sugerida por 10% dos

aprendizes.

Ter acompanhamento psicológico foi a sugestão de 8% dos jovens.

Ser permitida a saída do espaço do CIEE durante o intervalo foi a

sugestão de 6% dos jovens.

Ter um revezamento entre os Educadores foi a sugestão de 6% dos

jovens.

E por fim 5% dos aprendizes sugeriram que fosse fornecido lanche no

intervalo do curso.

A experiência obtida no decorrer do estágio possibilitou aprofundar o

conhecimento da dinâmica de funcionamento do Programa CIEE Aprendiz, isto

posto, torna-se possível também apontar para algumas sugestões:

• Aprofundar o módulo de sexualidade e saúde diante do percentual de

jovens que já tem de 1 à 3 filhos e estavam inseridos no programa;

• Aprofundar e o mundo das drogas diante do percentual elevado de jovens

que já tinham feito o uso de drogas licitas e ilícitas;

• Dar ênfase a negociação com as empresas parceiras para que as aulas

dos cursos sejam realizadas durante a semana;

• Incluir no cronograma anual mais atividades que envolvam a participação

dos pais e orientadores dos aprendizes, a fim de propiciar para uma maior

integração entre a instituição, a família e os jovens.

• Incluir no cronograma anual mais atividades esportivas, pois a atividade

física auxilia no desenvolvimento do adolescente e na redução dos riscos de futuras

doenças, além de exercer importantes efeitos psicossociais.

• Incluir no cronograma anual atividades de cunho cientifico com o intuito de

ampliar os conhecimentos na área das ciências.

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• Disponibilizar um profissional da área da psicologia para que em conjunto

com o serviço social contribuam na minimização dos conflitos intra – familiares em

um trabalho multidisciplinar de acompanhamento dos jovens.

• Incluir no cronograma anual mais atividades extra classe como pesquisas

de campo, idas a biblioteca pública, ao cinema e etc.

• Como a saída dos aprendizes no intervalo das aulas não é permitida

devido ao número elevado de jovens que não atingiram a maioridade a sugestão de

fornecimento de lanche talvez suprisse esta necessidade.

• Organizar no planejamento pedagógico a capacitação dos educadores

para um revezamento na aplicação dos conteúdos entre as turmas, a fim de evitar

que as aulas tornem-se massivas e repetitivas ministradas por um longo período

com o mesmo (a) educador (a).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo analisar o perfil do jovem atendido

pelo Programa CIEE Aprendiz, a partir dos referenciais teóricos metodológicos e da

abordagem do Serviço Social. As entrevistas realizadas com os jovens

possibilitaram o contato com as suas realidades, expectativas e opiniões.

Faz-se necessário neste momento retomar a questão dos objetivos

colocados anteriormente no trabalho de forma ampliada e de acordo com os

resultados obtidos.

O problema central que motivou a realização deste estudo se refere à

identificação do perfil do grupo de jovens atendidos pelo Programa CIEE Aprendiz

do Centro de Integração Empresa Escola do Estado de Santa Catarina, no período

de 2008.

Constatando-se que a hipótese foi confirmada uma vez que a formação

educativa fornecida pelo CIEE/SC proporcionou através da capacitação dos futuros

profissionais a perspectiva nos jovens de permanecerem inseridos no mercado de

trabalho formal (dados comprovados no item de expectativas pós – programa),

entretanto para atingir este ideal se faz necessário o aperfeiçoamento intelectual e a

exigência por seus direitos enquanto trabalhadores.

Este trabalho foi realizado na Organização não Governamental

denominada Centro de Integração Empresa Escola do Estado de Santa Catarina –

CIEE/SC que é uma associação filantrópica de assistência social, de direito privado,

de âmbito estadual, sem fins lucrativos.

Popularmente conhecido como o agente de integração de estágios, a

partir de 2003 o CIEE/SC aceitou o desafio de desenvolver Programa de

Aprendizagem Sócio Educacional em consonância com a legislação vigente e todos

os órgãos fiscalizados.

O referido estudo possibilitou verificar que a situação sócio econômica

dos jovens inseridos no programa está de acordo com o que preconizam as políticas

de primeiro emprego.

As ações sócio educativas para uma maior integração entre a instituição,

a família e os jovens foram sugeridas prioritariamente pelos próprios adolescentes

inseridos no contexto da aprendizagem e demonstram-se ser viavelmente

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92

exequíveis.

A articulação entre a atuação no mercado de trabalho e a aprendizagem

ocorre no desenvolvimento das competências, conhecimentos, atitudes e

habilidades através dos módulos elaborados pela equipe multidisciplinar e que conta

com os subsídios da prática profissional do assistente social na área da educação

profissional de jovens.

Cabe destacar que a experiência do campo de estágio proporcionou o

desenvolvimento da intelectualidade uma vez que exigiu para a sua elaboração a

apropriação de conhecimentos da pesquisa quali quantitativa em Serviço Social.

Portanto sugere-se que o trabalho de investigação iniciado com este

estudo tenha continuidade, pois é preciso aperfeiçoar e viabilizar as técnicas

utilizadas, considerando também que há uma rotatividade entre os jovens, que por

sua vez entram no programa com outras expectativas e realidades.

Por fim, considera-se que o objetivo principal deste estudo fora atingido,

pois possibilitou conhecer um pouco da realidade dos principais protagonistas do

Programa CIEE Aprendiz, uma vez que lhe foram dados a vez e a voz para

manifestar seus anseios e aspirações, motivando-nos a contribuir para o

aperfeiçoamento e a elaboração de políticas públicas que venham suprir a grande

demanda de jovens que precisam ser inseridos no mercado de trabalho formal.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A - Questionário socio econômico

Data de Nascimento: Local de Nascimento: Sexo: ( )F ( ) M Nome da Escola: Já reprovou em alguma série? ( ) Sim ( ) Não Se sim por qual motivo? Série: Turno: ( )Matutino ( ) Vespertino ( )Noturno Estado Civil: Tem Filhos? ( )Sim Quantos?______ ( ) Não Bairro: Município: Estado: Localização da Residência: ( ) Centro ( ) Periferia ( ) Área rural ( ) Cidade Vizinha Residência: ( ) É própria ( ) Alugada ( ) Amigos ( ) Casa Lar ( ) Outras _________________

Tem Energia Elétrica? ( ) Sim ( ) Não Tem Água encanada? ( ) Sim ( ) Não

Tem rede de esgoto? ( ) Sim ( ) Não Tem fossa sanitária? ( ) Sim ( ) Não

Tem coleta periódica de lixo? ( ) Sim ( ) Não A rua é asfaltada? ( ) Sim ( ) Não

Tem transporte coletivo público? ( ) Sim ( ) Não

Participa de algum Programa em sua Comunidade:

( ) Reforço Escolar; ( ) Canto Coral; ( ) Handebol; ( ) Dominó; ( ) Saúde e Higiene

( ) Dança; ( ) Basquetebol; ( ) Xadrez; ( ) Projetos Sociais Federal: _____________________

( ) Bolsa Família; ( ) Programas de Assistência a Família; ( ) Medidas Sócio Educativas.

Você já usou algum tipo de droga? ( )Sim ( )Não

Adolescente sofre de alguma doença? ( ) Sim __________________ ( ) Não

Adolescente toma algum remédio controlado? ( ) Sim _______________ ( ) Não

Existe portadores de deficiência na Residência? ( ) Não; ( ) Auditiva, ( )Visual, ( )Física,

Renda Per Capita: R$ Cor: ( ) Branco(a) ( )Negro(a) ( )Pardo(a) ( ) Amarelo(a)

Você já trabalhou antes?

( ) Sim, fazia bicos ( ) Sim, sem carteira assinada ( ) Sim, com carteira assinada ( ) Não

Durante quanto tempo?

( ) até 06 meses ( )de 06 a 12 meses ( )mais de 12 meses

Como você vai para a escola?

( ) Ônibus ( ) Carona ( ) Bicicleta ou ( ) Outros? ______________________________

A renda de todas as pessoas que moram na sua casa é?

( ) de 0 a 2 SM ( ) 3 a 4 SM ( ) 5 a 8 SM ( ) maior que 10 SM

Escolaridade Mãe: _________________ Escolaridade Pai: _______________________

Você já fez algum curso de informática:

( ) Básico em Informática ( ) Power Point ( )Excel ( )Windows ( ) Espanhol ( ) Inglês

Qual a sua atividade extra estudos? ________________________________________________

Pratica alguma atividade esportiva ou cultural? _______________________________________

Qual são as suas expectativas após o término do programa?

Qual a sua sugestão para melhorar a aprendizagem no CIEE?