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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI NÁDIA VASCONCELOS SCHROEDER FORMAÇÃO DE PREÇOS DAS DIÁRIAS NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM NO PLANALTO NORTE DE SANTA CATARINA Balneário Camboriu - SC 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

NÁDIA VASCONCELOS SCHROEDER

FORMAÇÃO DE PREÇOS DAS DIÁRIAS NOS MEIOS DE HOSPEDA GEM NO

PLANALTO NORTE DE SANTA CATARINA

Balneário Camboriu - SC

2007

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NÁDIA VASCONCELOS SCHROEDER

FORMAÇÃO DE PREÇOS DAS DIÁRIAS NOS MEIOS DE HOSPEDA GEM NO

PLANALTO NORTE DE SANTA CATARINA

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí – Univali - Campus Balneário Camboriú Orientadora: Profª Drª Maria José Barbosa de Souza

Balneário Camboriu - SC

2007

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657.837 Schroeder, Nádia Vasconcelos S381f Formação de preços das diárias nos meios de hospedagem no Planalto Norte de Santa Catarina / Nádia Vasconcelos Schroeder. - Balneário Camboriú : Univali, 2007. 154 p.

1. Hotelaria 2. Formação de preços 3. Custos hoteleiros 4. Contabilidade hoteleira

CDD 21.ed. CRB 14 / 00393

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NÁDIA VASCONCELOS SCHROEDER

FORMAÇÃO DE PREÇOS DAS DIÁRIAS NOS MEIOS DE HOSPEDA GEM NO

PLANALTO NORTE DE SANTA CATARINA

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre, no Programa de Mestrado Acadêmico, do Curso de Pós-Graduação Stricto sensu em Turismo e Hotelaria, Área de Concentração: Planejamento e Gestão de Turismo e da Hotelaria, da UNIVALI Balneário Camboriú, SC, pela seguinte banca examinadora:

Profª Drª Maria José Barbosa de Souza Orientadora

Profº Dr. Paulo dos Santos Pires Examinador

Profª Drª Marina Keiko Nakayama Examinadora

Balneário Camboriú, 11 de maio de 2007.

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Dedico este trabalho aos meus pais que me ensinaram a persistir com meus objetivos em todos os momentos de minha vida. A meu esposo Sérgio e aos meus filhos Rafael e Jefferson que, compreendendo a minha ausência, apoiaram-me, incondicionalmente, para a realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelas dádivas recebidas, aos amigos, que me apoiaram , aos Diretores da empresa em que trabalho, que proporcionaram condições para a realização deste trabalho e, a Profª. Drª.Maria José Barbosa de Souza, minha especial orientadora, que pacientemente contribuiu para a realização deste trabalho.

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RESUMO

O desenvolvimento econômico das localidades poderá gerar benefícios às populações, através da criação de empregos, melhoria da renda individual e melhor aproveitamento dos espaços regionais, favorecendo a toda a comunidade. A atividade turística vem contribuindo para este desenvolvimento local e nesta atividade os hotéis desempenham papel preponderante, por ser a hospedagem um dos principais componentes do Turismo. Para que as organizações hoteleiras sejam economicamente competitivas, devem determinar seus preços de forma adequada, a fim de atrair clientes em número suficiente para manter elevada a sua taxa de ocupação e conseguir resultados financeiros positivos. Tendo em vista que não foram encontrados trabalhos sobre preços na hotelaria, na região estudada, realizou-se esta pesquisa sobre a formação de preços das diárias, nos hotéis localizados no Planalto Norte de Santa Catarina (PNC), buscando também identificar os métodos de apuração dos custos operacionais e os fatores determinantes dos preços praticados na região. Para alcançar o objetivo proposto foi realizado um levantamento preliminar no universo dos meios de hospedagem das cidades que compõem o PNC. Este levantamento identificou 38 empresas, das quais 17 responderam a um questionário com perguntas abertas e fechadas, utilizando-se metodologia exploratória e descritiva. A pesquisa identificou que os negócios são o principal motivo das viagens realizadas pelos hóspedes que se utilizam dos hotéis pesquisados. Verificou-se também, que o PNC possui elementos naturais e histórico-culturais que podem propiciar a diversificação e expansão das atividades turísticas motivadas por descanso e lazer. Como a concentração da maior taxa de ocupação nos hotéis dá-se em dias úteis, o aumento do fluxo de turistas, interessados em laser, poderá favorecer a otimização dos espaços de hospedagem instalados, também em fins de semana e feriados. A pesquisa revelou ainda que: a) o preço da diária influencia a decisão da hospedagem em 70% nos hotéis pesquisados; b) a maioria dos hotéis utiliza o método de custeio por absorção, porém os percentuais de custos são arbitrados, não se baseando nas despesas reais de cada atividade; e c) na maior parte dos hotéis, a formação dos preços baseia-se nos custos apurados, acrescidos da taxa de mark-up, porém, observou-se que negociações dos preços praticados são costumeiras, objetivando a permanência dos hóspedes, e que descontos são concedidos, com pouco conhecimento dos limites máximos e mínimos a serem praticados, comprometendo o resultado econômico-financeiro da organização hoteleira. Preços competitivos e corretamente determinados poderão gerar aumento na taxa de ocupação dos hotéis , produzindo crescimento da receita destas empresas que, consequentemente, poderão ampliar a ocupação da mão-de-obra da região, gerando crescimento e desenvolvimento dos agentes locais envolvidos no contexto econômico da atividade turística.

Palavras-chave: Hotelaria; Formação de preços; Custos Hoteleiros

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ABSTRACT

The economic development of regions can generate benefits for the local population, through the creation of jobs, improvement in individual income, and better use of the regional spaces, benefiting the entire community. Tourism activity has been contributing to this local development, and hotels play an important role in this activity, given that accommodation is one of the main components of Tourism. For hotel organizations to be economically competitive, they must determine their prices appropriately, in order to attract enough customers to keep their occupation rates high and achieve positive financial results. Since no studies on hotel prices were found for the region studied, this research was carried out on the price formation of daily rates, in hotels in the North of Santa Catarina (PNC). It also seeks to identify the methods used to calculate operating costs and the determining factors of the prices practiced in the region. To achieve the proposed objective, a preliminary survey was carried out on means of accommodation in the towns which make up the PNC. This survey identified 38 companies, of which 17 responded to a questionnaire with open and closed questions, using exploratory and descriptive methodology. The survey also identified that the main travel motive for guests who use the hotels studied. It was also verified that the PNC possesses natural and historical-cultural elements that can promote the diversification and expansion of tourism activities motivated by rest and leisure. Given that the highest occupation rates in hotels are concentrated on working days, increase the flow of leisure tourists can help to optimize the accommodation capacity on holidays and at weekends too. The research also revealed that: a) the daily rate influences the customer's decision to stay at the accommodation in 70% of the hotels investigated; b) the majority of the hotels use the costing by absorption method, however the percentage costs are arbitrary, and not based on the real costs of each activity; and c) in the majority of hotels, the price formation is based on the calculated costs, plus a mark-up rate, however, it was observed that negotiations in the prices practiced are usual, with the aim of winning customers, and that discounts are granted, with little knowledge of the maximum and minimum limits that should be practiced, which can compromise the economic and financial results of the hotel organization. Competitive prices, which are correctly determined, can help increase hotel occupation rates, producing a growth in the income of these companies which, consequently, will be able to expand the occupation of the regional workforce, generating growth and development of the local agents involved in the economic context of the tourism activity.

Key words: Hotel management; Price formation; Hotel Costs

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Caracterização dos Hotéis pelo número de UHs .................................... 113 Gráfico 2: Público alvo dos descontos concedidos ................................................. 124

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Atividades turísticas – Receita Cambial .................................................... 22 Tabela 2: Mão-de-obra empregada em setores das atividades turísticas ................. 22 Tabela 3: Equipamentos e prestadores de serviços turísticos cadastrados na EMBRATUR .............................................................................................................. 23 Tabela 4: Classificação do porte de empresas de serviços ...................................... 23 Tabela 5: Taxa de ocupação na rede hoteleira – Santa Catarina ............................. 28 Tabela 6: Características dos hotéis em Santa Catarina .......................................... 29 Tabela 7: Influência do preço na taxa de ocupação .................................................. 68 Tabela 8: Localização dos meios de hospedagem pesquisados por municípios .... 112 Tabela 9 : Classificação da amostra segundo Sebrae/2006 ................................... 114 Tabela 10: Taxa de ocupação mensal dos hotéis ................................................... 114 Tabela 11: Serviços oferecidos nos meios de hospedagem ................................... 116 Tabela 12: Contratação de serviços terceirizados ................................................... 118 Tabela 13: Preços praticados – UH para uma pessoa ............................................ 119 Tabela 14: Preços praticados – UH para duas pessoas ......................................... 120 Tabela 15: Concessão de descontos nas diárias .................................................... 123 Tabela 16: Método de custeio utilizado ................................................................... 126 Tabela 17: Método utilizado para formação de preços ............................................ 130 Tabela 18: Participação dos hotéis em associações ............................................... 133 Tabela 19: Caracterização dos respondentes ......................................................... 134

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa do Estado de Santa Catarina – Divisão geográfica e limites .......... 27 Figura 2 – Localização do Estado de Santa Catarina ............................................... 27 Figura 3 – Decisões de apreçamento ........................................................................ 43 Figura 4 – Roteiros Turísticos Regionais – SC .......................................................... 90 Figura 5 – Localização município Campo Alegre - SC .............................................. 93 Figura 6 – Prefeitura Municipal-Campo Alegre-SC ................................................... 94 Figura 7 – Localização município Canoinhas-SC ...................................................... 95 Figura 8 – Portal de Canoinhas-SC ........................................................................... 96 Figura 9 – Localização município Itaiópolis-SC ......................................................... 97 Figura 10 – Interior da Igreja N.Sra da Medalha Milagrosa-Itaiópolis-SC ................. 98 Figura 11 – Localização município de Mafra-SC ....................................................... 99 Figura 12 – Ponte de Ferro que liga Mafra SC a Rio Negro PR .............................. 100 Figura 13 – Localização município de Papanduva .................................................. 101 Figura 14 – Centro do município de Papanduva ..................................................... 102 Figura 15 – Localização município de Porto União ................................................. 103 Figura 16 – Cachoeira do Rio Bonito-Porto União-SC ............................................ 104 Figura 17 – Localização município de Rio Negrinho-SC ........................................ 105 Figura 18 – Maria Fumaça-Rio Negrinho-SC .......................................................... 106 Figura 19 – Localização município de São Bento do Sul-SC .................................. 107 Figura 20 – Centro município de São Bento do Sul-SC ......................................... 108 Figura 21 – Localização município de Três Barras-SC .......................................... 109 Figura 22 – Centro do município de Três Barras..................................................... 110 Figura 23 – Estação Ferroviária – Três Barras – SC………………………………….111

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Classificação dos hotéis ........................................................................... 40 Quadro 2: Fatores que influenciam custos e preços ................................................. 52 Quadro 3: Objetivos de apreçamento e ações típicas tomadas para alcançá-los ..... 58 Quadro 4: Universo e amostra dos hotéis pesquisados ............................................ 87

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A – Questionário Aplicado Apêndice B – Relação dos Meios de Hospedagem da Região do Planalto Norte de Santa Catarina Apêndice C – Plano Amostral Apêndice D – Preços praticados nos meios de hospedagem pesquisados

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................... 6

ABSTRACT ........................................................................................................................... 7

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15

1.1 PROBLEMA E QUESTÕES NORTEADORAS DA PESQUISA ...................................................... 16

1.2 OBJETIVO DA PESQUISA ................................................................................................... 17

1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 18

1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 18

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 18

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO .............................................................................................. 19

2 TURISMO – PANORAMA GERAL .................................................................................... 21

2.1 PARTICIPAÇÃO DO TURISMO NA ATIVIDADE ECONÔMICA BRASILEIRA................................... 21

2.2 PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA NA ECONOMIA BRASILEIRA DO TURISMO ... 26

3 MEIOS DE HOSPEDAGEM .............................................................................................. 30

3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM ......................................................... 30

3.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM ............................................. 33

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM ................................................................... 39

4 PREÇOS ......................................................................................................................... 42

4.1 CONCEITOS DE PREÇO ..................................................................................................... 42

4.2 FATORES DETERMINANTES DO PREÇO .............................................................................. 43

4.3 PROCEDIMENTOS PARA A FORMAÇÃO DE PREÇOS ............................................................. 55

4.4 MODELOS DE PREÇO ....................................................................................................... 60

4.5 OUTROS FATORES DE APREÇAMENTO ............................................................................... 67

5 CUSTOS ........................................................................................................................... 71

5.1 CUSTOS FIXOS E CUSTOS VARIÁVEIS ................................................................................ 72

5.2 MÉTODOS DE CUSTEIO ..................................................................................................... 74

5.2.1 Método de custeio por absorção ................................................................................. 76

5.2.2 Método de custeio baseado em atividades - ABC (Activity Based Costing) ................. 77

5.2.3 Método de custeio direto (variável) ............................................................................. 82

5.2.4 Método de custeio padrão ........................................................................................... 83

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5.3 CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM ................ 84

6 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ............................................................. 86

7 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO PLANALTO NORTE DE SANTA CATARINA COMO

DESTINO TURÍSTICO ......................................................................................................... 90

8 PESQUISA REALIZADA NOS HOTÉIS .......................................................................... 112

8.1 CARACTERIZAÇÃO DOS HOTÉIS PESQUISADOS ................................................................ 112

8.2 MOTIVO DE VIAGEM E DE ESCOLHA DOS HOTÉIS .............................................................. 115

8.3 SERVIÇOS E ESTRUTURAS OFERECIDOS PELOS MEIOS DE HOSPEDAGEM.......................... 116

8.4 POLÍTICA DE PREÇOS PRATICADA ................................................................................... 119

8.5 MÉTODOS DE CUSTEIO E DE FORMAÇÃO DE PREÇOS ....................................................... 125

8.6 FATORES QUE INTERFEREM NAS ATIVIDADES HOTELEIRAS ............................................... 131

8.7 ASSOCIATIVISMO DOS HOTÉIS ........................................................................................ 133

8.8 CARACTERÍSTICAS DOS ENTREVISTADOS ........................................................................ 134

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 136

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 140

APÊNDICES ...................................................................................................................... 146

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1 INTRODUÇÃO

A atividade turística tem apresentado resultados positivos sobre a economia,

como por exemplo, a criação de empregos, o aumento de renda, a geração de

divisas, a diminuição das diferenças regionais e a melhoria da qualidade de vida,

através de obras de infra-estrutura como transporte, saneamento e energia elétrica.

Estes fatores podem ser comprovados ao se verificar as estatísticas do turismo em

nível mundial ou nacional.

O turismo, caracterizado pelo deslocamento voluntário e temporário de

pessoas para áreas e regiões diferentes de sua residência, constitui uma atividade

econômica que envolve diversas transações de compra e venda de serviços

turísticos efetuadas pelos agentes econômicos.

Os deslocamentos humanos, desde a antiguidade, levaram à busca por

acomodações. As cruzadas impulsionaram as viagens e o comércio pelos caminhos

da Europa medieval. A magnitude do movimento de viajantes levou os proprietários

de pousadas da cidade de Florença, em 1282, a se reunirem para transformarem a

hospedagem de um ato de caridade em atividade comercial (ACERENZA, 2002).

Paralelamente ao serviço de acomodação, têm-se os demais serviços turísticos

como o deslocamento, a alimentação, o entretenimento, entre outros.

Os serviços de alojamento são apresentados de forma diversificada, sejam

por pequenas pousadas, instaladas em locais de veraneio, ou por grandes hotéis

urbanos. Esta diversidade gera expectativas em seus usuários quanto às estruturas

físicas e de serviços oferecidas, as quais resultarão nos mais variados preços

cobrados por tais estruturas.

Diferentemente dos primórdios de sua atuação, as pessoas que se ocupavam

de atividades voltadas a hospedar e acomodar os peregrinos, andarilhos, viajantes e

turistas passaram a cobrar por tais serviços e, conseqüentemente, a oferecer

maiores e melhores condições em suas acomodações (VALLEN, 2003).

Com a evolução e o crescimento das atividades econômicas comerciais,

industriais ou de serviços foram implantados procedimentos para a mensuração dos

diversos fatores envolvidos em sua produção ou elaboração, objetivando a correta

formação dos preços de venda (IUDÍCIBUS, 2000).

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As atividades de hospedagem possuem características peculiares tais como o

envolvimento e participação do hóspede durante a elaboração e a prestação do

serviço, gerando um consumo variável de recursos; as unidades habitacionais

preparadas e não vendidas não são estocáveis ou as expectativas dos hóspedes

são de difícil mensuração. Em decorrência disto, os serviços de hospedagem geram

custos fixos e variáveis que necessitam de definições e guias mais avançados e

específicos no estabelecimento de parâmetros e modelos para o apreçamento de

seus produtos e serviços, especialmente os preços das diárias. Verifica-se que os

métodos e critérios de formação de preços usados no comércio e na indústria são

aplicados ao setor de prestação de serviço. O estabelecimento de parâmetros

deverá, sempre que possível, ser criteriosamente definido, objetivando resultados

satisfatórios aos consumidores e aos fornecedores de tais produtos e serviços.

1.1 Problema e Questões Norteadoras da Pesquisa

O Planalto Norte Catarinense (PNC) é uma região constituída pelas seguintes

cidades: Campo Alegre, Rio Negrinho, São Bento do Sul, Mafra, Papanduva,

Canoinhas, Bela Vista do Toldo, Três Barras, Major Vieira, Irineópolis e Porto União.

Suas principais atividades econômicas são: o beneficiamento de madeiras, o cultivo

agrícola de diversos grãos e de erva-mate, com beneficiamento e exportação, e a

indústria cerâmica.

Como forma de incrementar a economia da região, as atividades turísticas, a

partir da década de 1990, vêm contribuindo para o desenvolvimento econômico

utilizando-se da diversidade cultural, que traz consigo uma riqueza gastronômica,

além das belezas naturais representadas por mais de uma centena de cachoeiras

distribuídas pela região e densas florestas nativas de araucárias, imbuias e outras

espécies. Os aspectos históricos, representados pela ocorrência da Guerra do

Contestado (1912-1916), marcada por conflitos pela posse de terras e pelo

fanatismo religioso, deflagrada na região, principalmente nas cidades de Três Barras

e Canoinhas, têm merecido atenção pelos órgãos estaduais e municipais do

Turismo, resultando na criação do Roteiro turístico Vale do Contestado (GOVERNO-

SC, 2005)

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A geração de renda, na região pesquisada, tem sua origem principal nas

atividades comerciais e industriais o que favorece o fluxo e permanência de pessoas

à localidade, potenciais usuárias da rede hoteleira instalada na mesma.

Buscando diversificar as atividades econômicas já existentes no PNC,

sobretudo as relacionadas à indústria e ao comércio, o conhecimento dos atrativos

naturais, históricos e culturais poderão contribuir para expansão da atividade

turística já existente. Neste sentido, se faz necessário o conhecimento da estrutura

hoteleira, nos seus aspectos físicos e gerenciais, descrevendo os serviços

oferecidos pelos hotéis nas diferentes cidades, o preço cobrado por estes serviços e

de que maneira estes preços são elaborados. Acredita-se que a divulgação da

região como destino turístico, além do atendimento aos hóspedes que viajam a

negócios, deverão ser precedidos por estudos que permitam o conhecimento da

mesma, oportunizando a divulgação dos pontos fortes apresentados e a correção de

eventuais pontos fracos que poderão interferir na atividade turística.

Ocorre que não se dispõe de informações organizadas a respeito deste

assunto nos órgãos oficiais responsáveis pelo turismo da região. Surgem então as

questões norteadoras da pesquisa: 1) Como se caracteriza a região do PNC como

destino turístico em termos de atrativos naturais, histórico-culturais, infra-estrutura

econômica e social? 2) Qual é a estrutura hoteleira existente nas cidades da região,

considerando os aspectos físicos e gerenciais dos hotéis? 3) Quais as taxas de

ocupação nos meios de hospedagem e de que forma as mesmas influenciam na

formação dos preços? 4) Qual o principal motivo de viagem dos usuários dos

serviços hoteleiros no PNC e os fatores que influenciam a formação de preços

destes serviços? 5) Quais os critérios e métodos específicos utilizados pelos

gestores para a formação de preços no setor hoteleiro?

1.2 Objetivo da Pesquisa

Considerando o problema exposto, este trabalho buscou os seguintes

objetivos de pesquisa:

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1.2.1 Objetivo geral

Estudar a estrutura hoteleira e a formação de preços nos meios de

hospedagem localizados no Planalto Norte Catarinense, visando ao

desenvolvimento turístico da região.

1.2.2 Objetivos específicos

• Caracterizar o Planalto Norte Catarinense como destino turístico e

descrever a estrutura hoteleira da região;

• Identificar os métodos utilizados pelos gestores para apuração dos

custos operacionais nos meios de hospedagem e sua aplicação na

formação dos preços;

• Descrever os critérios, os métodos e as políticas de preços praticados

pelos meios de hospedagem.

1.3 Justificativa

Este trabalho de pesquisa justifica-se pelo crescimento da participação do

Setor de Turismo na economia de diversos países, gerando questionamentos sobre

a formação de preços adequados que poderão proporcionar a satisfação dos turistas

e a obtenção de lucro pelas empresas prestadoras de serviços de hospedagem. O

preço do produto turístico é considerado um fator primordial que influencia o

comportamento dos consumidores (LAGE, 2001).

A gestão adequada dos recursos financeiros permitirá a sobrevivência dos

empreendimentos turísticos. “A gestão financeira baseia-se no gerenciamento dos

recursos para realização do objetivo principal da empresa em atividade, que consiste

em buscar a maximização dos lucros e o retorno dos investimentos realizados.”

(TROSTER, 1999, p.78).

Assim, o controle e apuração dos custos e a perfeita formação de preços

estão entre os fatores que poderão proporcionar às empresas um desempenho

econômico favorável, objeto principal dos investidores, otimizando resultados, com

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reflexo para o desenvolvimento das regiões onde as empresas estão inseridas.

Justifica-se ainda pela importância da análise das informações geradas pela

Contabilidade e sua utilização como ferramenta na gestão administrativa para o

desenvolvimento econômico e financeiro dos empreendimentos turísticos,

especificamente os meios de hospedagem.

Sendo a hotelaria uma atividade diferenciada das demais, dado que, parte

dos seus serviços possui valores subjetivos, de difícil mensuração e há escassez de

literatura relativa à formação de preços nos serviços hoteleiros (comparando-se à

vasta literatura voltada aos setores industrial e comercial), esta pesquisa pautou-se

em buscar conhecer e identificar as características e peculiaridades do setor na

região do PNC.

Diante desses fatores, este trabalho justifica-se como uma contribuição na

busca pela identificação, através de revisão bibliográfica e pesquisa em meios de

hospedagem, da prática dos gestores para com os custos e a determinação de

preços de venda de diárias, uma vez que a satisfação dos turistas poderá

incrementar o movimento nas destinações turísticas fortalecendo o segmento e

implicando no aumento das margens de lucro.

Justifica-se também em buscar uma proposta que auxilie a formação

acadêmica dos Turismólogos com enfoque empreendedor que, se acredita, implicará

em incremento e evolução do setor. Além disso, procura contribuir para preencher a

citada lacuna existente na academia, de trabalhos específicos, baseados em

pesquisas, sobre a formação de preços no setor de serviços turísticos,

especialmente aplicados à hotelaria.

1.4 Organização do Estudo

Este trabalho está organizado em nove capítulos. Nesta Introdução, são

apresentados a contextualização do tema, a delimitação do problema, as questões

de pesquisa, os objetivos e a justificativa da proposta apresentada. No segundo

capítulo, é descrito um panorama geral do Turismo, sua participação na atividade

econômica brasileira e no Estado de Santa Catarina. No terceiro capítulo,

descrevem-se os meios de hospedagem, sua evolução histórica, caracterização,

estrutura organizacional e classificação. No quarto capítulo, apresenta-se a teoria

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sobre preços: os fatores determinantes dos preços, os procedimentos para sua

formação, os modelos de preço e outros fatores de apreçamento. No quinto capítulo,

são descritos os conceitos aplicados aos custos, suas classificações e os métodos

de custeio, bem como a utilização da Contabilidade como instrumento de gestão. Os

aspectos metodológicos estão descritos no capítulo seis e a caracterização da

região estudada encontra-se no capítulo sete. No capítulo oito, estão apresentados

os resultados da pesquisa realizada nos hotéis da região estudada. No capítulo

nove, estão contidas as considerações finais sobre o trabalho de pesquisa, seguido

das referências utilizadas e apêndices.

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2 TURISMO – PANORAMA GERAL

O desenvolvimento das atividades do Setor de Turismo tem levado os

pesquisadores a estudos cada vez mais profundos, objetivando compreender o

fenômeno turismo na economia mundial e suas implicações nas diversas regiões

onde ocorre, uma vez que a economia relacionada ao turismo vem ocupando as

primeiras posições na composição do PIB em muitos países.

São de extrema complexidade as questões econômicas no mundo

contemporâneo diante dos diversos tipos de mercado, a multiplicidade de oferta e

demanda, observando-se também, a agilidade na troca de informações entre os

segmentos da economia.

A seguir, descreve-se sobre a participação do turismo na atividade econômica

brasileira e no Estado de Santa Catarina.

2.1 Participação do Turismo na Atividade Econômica Brasileira

Os levantamentos estatísticos, apresentados periodicamente, demonstram a

expressividade econômica das atividades turísticas no Brasil. Com o objetivo de

melhor acompanhamento destas atividades, o governo federal criou, em 1º. de

janeiro de 2003, o Ministério do Turismo. A criação deste ministério vem propiciando

o desenvolvimento de ações voltadas às atividades do turismo, sendo estas

geradoras de emprego e renda e tem como missão a promoção do turismo como

vetor de transformação, fonte de riqueza econômica e transformação social.

A partir de 2003, as atribuições de divulgação e promoção do turismo

brasileiro no exterior estão a cargo da EMBRATUR que, ao ser criada em 1966,

tinha como principais objetivos o atendimento ao crescimento da demanda turística

no Brasil e a fiscalização do parque hoteleiro e das agências de viagens.

Os efeitos das atividades turísticas na economia nacional, com o ingresso de

recursos financeiros, podem ser verificados nos relatórios anuais divulgados pelos

órgãos oficiais do Turismo. A receita cambial, decorrente das atividades do turismo,

é apresentada no Anuário Estatístico, editado pela EMBRATUR, e demonstra parte

dos resultados obtidos pela atividade do turismo.

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A Tabela 1 demonstra a receita cambial decorrente das atividades turísticas,

no período compreendido entre os anos de 2001 a 2005, divulgado pelo Ministério

do Turismo:

Tabela 1: Atividades turísticas – Receita Cambial

Ano US$ (bilhões) 2001 495,6 2002 474,2 2003 525,1 2004 622,4 2005 681,5

Fonte: Anuário Estatístico da EMBRATUR, V.33 – 2006

Observa-se crescimento na receita cambial para o período compreendido

entre 2001 e 2005 com acréscimo de 37,5%. O crescimento da atividade turística

repercute na taxa de emprego do setor. Assim, verifica-se incremento na mão-de-

obra descrita na Tabela 2.

A Tabela 2 apresenta o volume da mão-de-obra empregada nos setores de

alojamento e alimentação e sua relação ao total da mão-de-obra nos demais setores

das atividades turísticas.

Tabela 2: Mão-de-obra empregada em setores das atividades turísticas

Mão-de-obra Ano 2001 Ano 2002 Ano 2003

Alojamento 208.455 204.696 204.206

Alimentação 622.426 669.584 692.101

Outros setores 482.081 492.046 500.909

TOTAL M.O. 1.312.962 1.366.326 1.397.216

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – 2006

Embora os dados disponíveis pelo Ministério do Trabalho e Emprego estejam

desatualizados, observa-se que há incremento no total da mão-de-obra ocupada nas

atividades relacionadas ao turismo, no período compreendido entre 2001 e 2003,

muito embora haja decréscimos no setor de alojamento. Para o setor de

alimentação, o incremento entre 2000 e 2003 é de 19,22% e para o total geral dos

setores o incremento é de 12,52%, para o mesmo período.

Deve ser considerado que as atividades desenvolvidas por empresas do setor

público e privado, envolvidas no fornecimento dos serviços turísticos, atendem

simultaneamente trabalhadores ou residentes locais, por exemplo, que não se

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enquadram na definição de viagens e turismo acordada internacionalmente

(Middleton 2002, p.11). Relatórios divulgados periodicamente pelos órgãos oficiais

apresentam dados crescentes que demonstram incremento da atividade turística e

de sua participação na economia, conforme Tabela 3.

Tabela 3: Equipamentos e prestadores de serviços turísticos cadastrados na EMBRATUR

Ano 2002 2003 2004 2005

Nr.estabelecimentos 2.476 3.016 3.864 4.981 Incremento (%) - 21,81 28,12 28,91

Fonte: EMBRATUR/MTUR - 2005

O cadastramento, no Ministério do Turismo, das empresas que oferecem

produtos e serviços turísticos está prescrito na Lei 8.181/91, de 28 de março de

1991; Decreto nº 5.406, de 30 de março de 2005; Portaria nº 57, de 25 de maio de

2005.

Considerando o cadastro dos equipamentos e prestadores de serviços

turísticos, a Tabela 3 demonstra um incremento de 21,81%, entre os anos de 2002 e

2003; 28,12%, de 2003 para 2004, sendo que, entre os anos de 2004 e 2005, os

cadastramentos apresentaram incremento de 28,91%.

Os relatórios apresentados pelos órgãos oficiais do turismo, como o Ministério

do Turismo e a EMBRATUR limitam-se a declarar apenas os dados registrados em

seus bancos de dados, desta forma não espelham a totalidade do setor do turismo,

o que dificulta uma análise mais acurada da economia do mesmo.

Em relação ao porte econômico dos meios de hospedagem, estudo realizado

pelo SEBRAE (2004), divulgado em Junho de 2006, não apresentando atualização,

aponta que 90% são micro e pequenas empresas, segundo a classificação do

SEBRAE para empresa de serviços, apresentada na Tabela 4, considerando o

número de pessoas ocupadas, incluindo o proprietário.

Tabela 4: Classificação do porte de empresas de serviços

Classificação da empresa Nº. de empregados

Microempresa Até 09 Pequena 10 a 49

Média 50 a 99 Grande 100 ou mais

Fonte: Boletim Estatístico de Micro Pequenas Empresas – SEBRAE – 2006

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Dada a importância econômica da atividade turística, o governo apresenta

propostas de melhoria do setor através de programas específicos para o setor

turístico. Algumas destas propostas estão descritas a seguir, no âmbito nacional,

estadual ou municipal.

O Relatório de Atividades do Ministério do Turismo 2003 (RAMT-2003)

demonstra as ações deste Ministério e seus parceiros para um desenvolvimento

turístico com qualidade. Baseando-se em dados do RAMT-2003, constatou-se a

criação de diversas Câmaras setoriais em quase a totalidade dos estados brasileiros

para tratamento de interesses socioeconômicos advindos da atividade turística.

Valorização da mão-de-obra, através de programas específicos de qualificação, são

objetos de investimentos governamentais, destacando-se, ainda, infra-estrutura,

fomento através de programas de atração e financiamento de investimentos.

O desenvolvimento de macro programas, contemplados no Plano Nacional do

Turismo (PNT - 2003), direciona-se para as áreas de Gestão e Relações

Institucionais, Fomento, Infra-estrutura, entre outros.

Em relação ao macro programa, Gestão e Relações Institucionais, têm-se

como referência básica a efetivação e realização dos objetivos da Política Nacional

do Turismo, através de acompanhamento, apoio e encaminhamento às

recomendações do Conselho Nacional de Turismo e Câmaras Temáticas, do Fórum

Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo, bem como dos Fóruns e

Conselhos Estaduais de Turismo nas 27 Unidades da Federação, visando à gestão

descentralizada da Política Nacional do Turismo.

Quanto ao macro programa Fomento, há dois subprogramas quais sejam:

Programa de Atração de Investimentos, no qual as diversas parcerias entre o

Ministério e outros órgãos do Governo Federal e Instituições financeiras oficiais

visam ao financiamento das atividades do setor; e o Programa de

Financiamento/Investimento, no qual encontram-se propostas de financiamento da

infra-estrutura turística nacional.

Relativamente ao macro programa Infra-Esrutura, encontram-se ações de

apoio a projetos de infra-estrutura, sinalização, implantação de centros de

informações turísticas e adequações da infra-estrutura do patrimônio histórico e

cultural para utilização turística.

A Estruturação e Diversificação da Oferta Turística constitui mais um dos

macro programas e, entre outros objetivos, possui os relacionados às ações de

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elaboração de planos para o desenvolvimento das regiões e inventário da oferta

turísticas; estruturação de roteiros turísticos priorizados ao Salão do Turismo –

Roteiros do Brasil e o Programa de Segmentação do Turismo.

Os meios de hospedagem constituem parte da oferta turística sendo que, em

2006, o setor hoteleiro brasileiro dispunha de aproximadamente 25 mil meios de

hospedagem, representando mais de um milhão de empregos diretos e indiretos e a

oferta aproximada de um milhão de apartamentos em todo o país (ABIH-SC-2006). A

ABIH-SC (2006) descreve o turismo como sendo o segmento econômico mais

expressivo tanto pelo capital investido quanto pela capacidade de criar empregos

com pouco investimento, pois para gerar um emprego, na hotelaria, é necessário

investir um quarto do que é investido na indústria automobilística.

A gestão dos meios de hospedagem pode ser realizada de forma

independente ou através de redes. A gestão independente dá-se por empresários ou

grupo de empresários que administram unidades hoteleiras de maneira

independente uma das outras. As redes hoteleiras são operadoras de

empreendimentos, possuindo uma participação pequena nos desembolsos de

recursos, que fica a cargo, geralmente, de investidores locais e incorporadoras.

Mesmo assim, o movimento dessas empresas hoteleiras internacionais desperta a

atenção, uma vez que há apenas uma década a presença delas era pequena na

América Latina.

Sabe-se da importância da atividade turística na geração de divisas para o

Brasil, um país que necessita anualmente de aproximadamente US$ 40,0 bilhões

para equilibrar sua balança de pagamentos e gerar pelo menos 1,0 milhão de novos

empregos para absorver o crescimento natural da população economicamente ativa.

Estudo da demanda internacional do turismo no Brasil indica que a motivação

de viagem a negócios, eventos e convenções representou 28,7% do total pesquisa

em 2004 e 29,1% em 2005 (EMBRATUR, 2006). A mesma pesquisa constatou que

em 2004, 64,2% dos visitantes se utilizaram de hotéis, flat ou pousada para um

percentual de 59,7% em 2005, sendo que a via aérea representa 73,5% dos meios

de transporte utilizados para ingresso no país em 2005.

O efeito multiplicador da movimentação turística, dentro do país ou com o

exterior acontece de forma significativa. As agências de viagem e as empresas de

turismo aumentam o número de postos de trabalho em 46% e as empresas de

entretenimento e lazer, em 41%. A distribuição regional é desigual: pouco mais da

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metade (50,4%) do contingente empregado no setor concentra-se na Região

Sudeste; apenas o Estado de São Paulo absorve um quarto do total. O impacto

econômico do turismo não beneficia apenas as empresas diretamente ligadas ao

setor. Ele favorece a criação de inúmeros empregos indiretos. (MINISTÉRIO DO

TURISMO, 2006). Segundo estudos do IBGE (apud STILPEN s/d) que mostram o

encadeamento das diversas atividades produtivas no país, o turismo repercute em

52 segmentos diferentes da economia. Em sua ampla cadeia, mantém cerca de 5

milhões de empregos, formais e informais, tanto para a mão-de-obra mais

qualificada, em áreas que utilizam alta tecnologia (transportes e comunicação), como

para os trabalhadores de menor qualificação.

2.2 Participação do Estado de Santa Catarina na Economia Brasileira do Turismo

Conhecido por suas belezas naturais, o Estado de Santa Catarina está

localizado na região sul do Brasil, possuindo 500 km de litoral. Sua capital,

Florianópolis, localizada parcialmente em uma ilha, possui área de 523 km

quadrados sendo o terceiro município mais visitado por estrangeiros, tendo a pesca

e o turismo como fatores econômicos predominantes. (GOVERNO DE SC -2005)

O Estado de Santa Catarina ocupa um pouco mais de 1% do território

brasileiro, sendo de 95,346 mil Km² sua extensão territorial, dividida em 293

municípios, com população estimada de 5.866.568 habitantes. A cidade de Joinville,

localizada no litoral norte, possui população de 500 mil habitantes, sendo a cidade

de maior ocupação populacional do estado (IBGE, 2005).

A divisão geográfica está distribuída em oito regiões, a saber: Litoral,

Nordeste, Vale do Itajaí, Planalto Norte, Planalto Serrano, Sul, Meio-oeste e Oeste.

O estado faz limites com a Argentina a oeste, ao leste encontra-se sua costa

litorânea, ao norte limita-se com o Estado do Paraná e ao sul com o Estado do Rio

Grande do Sul, demonstrada na Figura 1 (SANTUR, 2005).

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Figura 1 – Mapa do Estado de Santa Catarina – Divisão geográfica e limites

Fonte: Governo de SC (b) - 2006

Relativamente aos principais países emissores de turistas para o Estado de

Santa Catarina encontram-se o Paraguai, o Uruguai e a Argentina. A figura 2

apresenta os limites geográficos do estado, sua localização em relação ao sul do

Brasil e aos principais países emissores de turistas:

Figura 2 – Localização do Estado de Santa Catarina

Fonte: Governo de SC (b) - 2006

A expressividade do setor turístico para o Estado de Santa Catarina, é

demonstrado pelas estatísticas da Santur, que demonstram a taxa de ocupação da

rede hoteleira no estado, onde em 2001 foi de 76,37%, decaindo para 52,78% em

2002, e elevando-se em 2003 para 54,03%, em 2004 66,34%, 2005 61,14% 2006

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67,37% apresentando ligeira diferença para os dados estatísticos apresentados pela

ABIH/SC para os mesmos períodos, conforme Tabela 5.

Tabela 5: Taxa de ocupação na rede hoteleira – Santa Catarina

Ano Ocupação % - ABIH - SC Ocupação % SANTUR 2001 70,76 76,37

2002 53,14 52,78

2003 54,25 54,03

2004 57,03 66,34

2005 Não atualizado 61,14

2006 Não atualizado 67,37 Fonte: ABIH – Santa Catarina, 2004

SANTUR - 2006

A taxa de ocupação dos meios de hospedagem em Santa Catarina demonstra

expressiva queda nos anos de 2002 e 2003, quando comparada ao percentual de

2001. Por características regionais, o turismo em Santa Catarina sofre oscilações

pela sazonalidade, ou seja, é fortemente influenciado pelos fatores climáticos. Em

busca de reversão deste histórico, os atores do setor turístico vêm oferecendo

espaços para o Turismo de Eventos e Negócios, que independem de tais fatores

para sua realização.

A redução significativa na taxa de ocupação hoteleira a partir de 2001, cerca

de 20% no número de turistas e queda entre 10% a 15% na receita teve início com a

crise econômica na Argentina, principal emissor de turistas estrangeiros para o

estado. A partir de 2001, foi iniciado trabalho mais intenso de divulgação em outros

mercados como forma de diminuir a dependência dos turistas argentinos.

(SANTUR, 2004)

Para Santa Catarina, segundo dados da ABIH (2004), cria-se 0,5 emprego

direto por unidade habitacional, três empregos indiretos para cada emprego direto,

sendo que, em outubro de 2004, conforme boletim publicado pela associação, Santa

Catarina possuía 44.000 empregos diretos e 132.000 indiretos relacionados com a

atividade turística.

Os meios de hospedagem de Santa Catarina, considerando o número de

unidades habitacionais, estão distribuídos na Tabela 6, segundo critério da ABIH-

SC.

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Tabela 6: Características dos hotéis em Santa Catarina

Características Porcentagem

Pousadas e pequenos hotéis com até 30 UH’s 40%

Hotéis com 30 a 80 UH’s 54%

Hotéis com mais de 80 UH’s 6% Fonte: ABIH - Santa Catarina, 2004

Acredita-se que as características de colonização do estado, a distribuição

populacional e atividades econômicas determinaram o perfil das edificações

destinadas à hospedagem, assim como determinou aquelas destinadas à moradia e

demais aspectos construtivos dos municípios. (Governo SC, 2006)

Após a contextualização do Turismo como atividade econômica, sua

participação nos cenários nacional e no Estado de Santa Catarina, serão discorridos,

no capítulo seguinte, os aspectos referentes aos meios de hospedagem, sendo

estes um dos componentes dos produtos e serviços turísticos.

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3 MEIOS DE HOSPEDAGEM

O presente capítulo discorrerá sobre a evolução histórica dos meios de

hospedagem apresentando sua caracterização, estrutura organizacional e

classificação.

O setor de hospedagem constitui parte dos elementos que compõem os

produtos e serviços oferecidos na atividade turística, juntamente com a alimentação,

transportes e entretenimento, entre outros, sendo um empreendimento muito

diversificado e amplo em todo o mundo (COOPER, 2002). A seguir serão tratadas

parte de sua evolução histórica, suas principais características, estrutura

organizacional e classificação.

3.1 Evolução Histórica dos Meios de Hospedagem

Acomodações simples e compartilhadas com as famílias eram características

dos meios de hospedagem nos primeiros deslocamentos humanos, fossem estes em

busca de novos mercados econômicos ou pela conquista de novas fronteiras.

(VALLEN, 2003).

Gradativamente, a evolução nos meios de transportes e das comunicações

gera maior deslocamento de pessoas a trabalho ou a lazer, ou com ambos os

propósitos, que se tornam cada vez mais exigentes. (VALLEN, 2003).

No Brasil, os primeiros empreendimentos hoteleiros começaram a ser

implantados por volta de 1820, motivados pela vinda da corte e de comerciantes

portugueses para o Brasil. Localizavam-se, primeiramente, no centro dos núcleos

habitacionais, junto aos portos e às estações. A recepção às autoridades e às

personalidades nas principais cidades brasileiras propiciou ações governamentais

incentivando a construção de grandes hotéis, abertura de estradas e implantação de

melhorias que permitiram a expansão geográfica da hotelaria nacional. (TRIGO,

2002). Cita o autor, que os hotéis Glória e Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e

os hotéis Fraccaroli, Paulista, Esplanada e Terminus, em São Paulo, são exemplos

de empreendimentos na década de 1920.

No período compreendido entre os anos de 1930 a 1950, a expansão

econômica do país foi acompanhada pelo crescimento das cidades e maior fluxo de

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comerciantes, gerando riquezas nos setores da indústria e do comércio,

beneficiando sobremaneira o desenvolvimento da hotelaria que, gradativamente, já

despontava como uma atividade econômica (TRIGO, 2002). Em 1971, instala-se no

Brasil, na cidade de São Paulo, o primeiro hotel internacional, o São Paulo Hilton.

Posteriormente, outros hotéis surgem nas principais cidades do país, que têm como

aliados a criação de associações que além de participarem do desenvolvimento da

hotelaria geram ações para o desenvolvimento turístico nacional. Esta expansão

criou a necessidade de regulamentação e normatização das atividades de

hospedagem, sendo criada, em 1966, a EMBRATUR.

Os incentivos governamentais à expansão das atividades turísticas e de

hospedagem surgem, a partir de 1970, com a criação de novas linhas de

financiamento, através de programas de incentivo a investimentos na área hoteleira

como o Fundo Geral de Turismo (FUNGETUR), o Fundo de Investimento do

Nordeste (FINOR) e o Fundo de Investimento da Amazônia (FINAM).

Os altos índices inflacionários e as fortes crises econômicas pelas quais

passou o país na década de 1980 repercutiram negativamente no setor hoteleiro.

Gradativamente, o desenvolvimento foi retomado e a demanda por hospedagem

mais barata propiciou as construtoras lançarem o produto hoteleiro denominado flat

que recebia tratamento tributário diferenciado do setor hoteleiro, fato que

possibilitava a redução de seus custos e, conseqüentemente, de suas diárias.

Somente em dezembro de 2002, com a Deliberação Normativa nº. 433, publicada no

Diário Oficial da União, em 6 de janeiro de 2003, o Ministério do Esporte e Turismo,

através da EMBRATUR, decidiu ampliar a legislação sobre os meios de

hospedagem caracterizados como flats.

A entrada de novas redes internacionais em todo o país, com características

de profissionalização de seus serviços, processos de melhoria contínua em seus

serviços, vem forçando a profissionalização no mercado brasileiro (TRIGO, 2002). O

setor de hospedagem, no Brasil, conta, atualmente, com vários tipos de instalações,

produtos e serviços que classificam os meios de hospedagem em Hotéis, Hotéis de

Charme, Econômicos, de Lazer, Fazenda, SPA, Resorts.

As estatísticas referentes aos meios de hospedagem, divulgadas pelo

Ministério do Turismo (2004), revelam crescimento de 3,7% no ano de 2003, em

relação a 2002 para o parque hoteleiro brasileiro. O Anuário Estatístico 2004

(Ministério do Turismo, 2005), em sua seção Indústria Hoteleira no Brasil – Análise

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Setorial do Segmento de Hospedagem traz um detalhado perfil de um dos

segmentos da economia que mais cresceu nos últimos anos. Esta pesquisa, que

avaliou 8.662 estabelecimentos de hospedagem em operação nos 27 estados

brasileiros, mostra que o parque hoteleiro nacional reunia, no ano de 2003, mais de

385 mil unidades habitacionais (UH). A região Sudeste liderava o setor com 4.146

empreendimentos de hospedagem, um parque formado por hotéis, flats, apart-

hotéis, resorts, hotéis-fazenda, pousadas e hospedarias.

A pesquisa confirma que os estabelecimentos de hospedagem urbanos,

direcionados para turistas de negócios ou lazer, representam 55,18% do parque

hoteleiro nacional, seguido pelo tipo Pousada e Hospedaria (34,16%). O

levantamento também revela um dado curioso: as redes hoteleiras não representam

maioria entre os meios de hospedagem brasileiros. Até o final do ano de 2002, 711

empreendimentos de hospedagem eram operados por redes nacionais ou

internacionais, enquanto 7.951 estabelecimentos eram administrados por seus

próprios proprietários, também chamados de independentes. Apesar de operarem os

mais importantes hotéis do país, as redes internacionais têm uma participação de

apenas 2,7% no mercado, enquanto as redes com bandeiras nacionais representam

5,51%.

Até o mês de julho de 2006, quando já haviam sido publicados os Anuários

Estatísticos, volumes 31 e 33, para os anos de 2005 e 2006, respectivamente, não

havia atualizações nos dados estatísticos, do mesmo relatório, referentes aos meios

de hospedagem, dando prosseguimento à pesquisa apresentada para o ano de

2003.

A hospedagem é parte essencial de apoio à atividade turística na maioria das

destinações. As despesas turísticas alocadas especificamente no setor de

hospedagem são de difícil mensuração. Entretanto, em regra geral, estima-se que

um percentual de 33% das despesas de viagem seja alocado para a hospedagem.

(COOPER, 2002).

Com participação tão expressiva na atividade turística, o setor de

hospedagem necessita aliar a hospitalidade aos seus serviços ao oferecer o pernoite

ao turista. O aumento da oferta e a demanda cada vez mais exigente geram

oportunidades de aprimoramento nestes serviços, sejam eles representados pelos

aspectos físicos (construtivos), naturais (meio ambiente) e principalmente o humano

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(mão-de-obra), fator dterminante para a realização de serviços com qualidade nos

meios de hospedagem.

O Brasil encontra-se em fase preparatória no que tange à capacitação da

mão-de-obra e da infra-estrutura necessárias para competir no mercado

internacional. Estão se consolidando as pré-condições para um desenvolvimento

harmônico entre o turismo e as belezas naturais existentes no país. Pois se sabe

que, além da motivação inicial gerada pelos atrativos específicos locais, a imagem

de qualquer destino, no contexto turístico mundial, depende de sua infra-estrutura,

que vai desde as facilidades de transporte, às acomodações hoteleiras e aos

serviços em geral, oferecidos aos visitantes.

Tais colocações geram reflexões no quanto a qualidade dos meios de

hospedagem é importante para as destinações turísticas. Controle de qualidade nos

serviços oferecidos servirá como parâmetro no momento da escolha por um meio de

hospedagem, refletindo nos serviços oferecidos aos clientes.

3.2 Estrutura Organizacional dos Meios de Hospedagem

Todas as organizações, sejam elas empresas ou associações, órgãos

públicos ou privados, com ou sem fins lucrativos, necessitam de organização de

suas partes para um pleno funcionamento. A esta organização denomina-se

estrutura ou estruturação (HOUAISS, 2001). Os componentes tangíveis ou

intangíveis para formação das estruturas organizacionais serão variáveis em função

dos fins a que as mesmas se propõem. Para os componentes tangíveis encontram-

se as edificações, os bens necessários ao seu funcionamento, os produtos ou

serviços decorrentes das atividades, por exemplo. Quanto aos componentes

intangíveis, tem-se a qualidade oferecida pelos bens ou serviços produzidos e que

são percebidas pelos clientes. A apresentação dos componentes tangíveis ou

intangíveis depende, em grande parte, dos funcionários da empresa.

Será abordado, neste capítulo, o elemento humano, como parte integrante

das estruturas organizacionais, com participação indispensável na prestação de

serviços; os componentes tangíveis e intangíveis, sua interligação e os resultados

decorrentes. Trata-se também do procedimento adotado por determinadas empresas

para elaboração de parte de suas atividades, ou seja, a terceirização, que contribui

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para o funcionamento da organização como um todo, embora seja realizada por

elemento externo à organização.

Os meios de hospedagens são fundamentais para a atividade turística dado

que o pernoite do turista em local diferente de sua residência é o que caracteriza o

movimento turístico. Em algumas situações, o próprio meio de hospedagem é a

motivação para a prática do turismo. A hospedagem com qualidade marcará a

experiência turística positivamente.

O artigo 2°. do Regulamento Geral dos Meios de Hos pedagem estabelece o

conceito de empresa hoteleira. Define o seguinte:

“Considera-se empresa hoteleira a pessoa jurídica, constituída na forma de sociedade anônima ou sociedade por quotas de responsabilidade limitada, que explore ou administre meio de hospedagem e que tenha em seus objetivos sociais o exercício de atividade hoteleira, observado o artigo 4º. do Decreto nº. 84.910, de 15 de julho de 1980.”

Classificados como prestadores de serviços, os meios de hospedagem

podem ou não oferecer uma prestação contínua de serviços ao mesmo cliente.

Quando a freqüência na hospedagem aumenta, os meios de hospedagem se

permitem a uma personalização do atendimento oferecido, criando um diferencial

estratégico que contribuirá para a permanência do hóspede.

Segundo Cooper (2002, p. 351), “A hospedagem é um componente

necessário ao desenvolvimento do turismo dentro de qualquer destinação que

busque servir visitante, outros que não viajantes de um dia”. Diz ainda, que

“podemos identificar situações na qual a hospedagem é vista como parte de uma

estrutura geral de turismo, sem a qual os turistas não visitariam o local”.

Os meios de hospedagem são classificados conforme a estrutura física que

oferecem, o local onde estão instalados, os produtos e serviços colocados a

disposição de seus hóspedes entre outros (DE LA TORRE, 2001). A seguir,

descrevem-se algumas denominações dos meios de hospedagem, segundo o autor,

baseadas na oferta de alimentação inclusa na diária: a) Tipo europeu – não inclui

nenhuma alimentação; b) Tipo continental – inclui somente o café da manhã simples

composto de café, pão, manteiga e geléia; c) Tipo americano modificado – inclui

meia-pensão, fornecendo café da manhã, almoço ou jantar, à escolha do hóspede;

d) Tipo americano – inclui pensão completa, ou seja, as três refeições.

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Para a determinação da categoria dos meios de hospedagem, são adotados

critérios, tais como: dimensões; tipo de clientes; qualidade dos serviços; localização

ou relação com outros serviços; atuação; organização e proximidade a terminais de

empresas de transportes.

As dimensões dos meios de hospedagem irão classificá-los como pequenos,

médios ou grandes. Serão classificados como comerciais, para férias, para

convenções, para moradores, de acordo com a clientela usuária de seus espaços.

Atualmente, verifica-se um misto entre estas classificações uma vez que os

empreendimentos diversificam seu atendimento para otimizar seus espaços.

Denominam-se os meios de hospedagem segundo a localização ou serviços

prestados por hotel metropolitano, hotel cassino, hotéis de centros de férias, hotéis

fazenda, pousadas, entre outros. O funcionamento dos meios de hospedagem pode

ser permanente ou de estação e ainda sua organização pode ser de funcionamento

independente ou em rede.

Em 1966, a criação da Embratur veio a regulamentar e normatizar os meios

de hospedagem, através da classificação por estrelas. Atualmente, o trabalho de

classificação é realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH,

sendo o certificado de classificação emitido pela EMBRATUR, sob as condições

estabelecidas na Deliberação Normativa nº.429, de 23 de abril de 2002 e o

Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem.

A participação dos recursos humanos, no setor do Turismo, é ampla e

fundamental. Pessoas com habilidades distintas são empregadas nos meios de

hospedagem além de outras que, de maneira indireta, lhes prestam serviços. As

mais variadas funções como encanadores, cozinheiras, recepcionistas devem ser

gerenciadas com modernas técnicas, visando minimizar as diferenças entre os

diversos departamentos (GUERRIER, 2004). O gerenciamento da estrutura

organizacional levará as empresas a alcançarem seus objetivos de atendimento e a

prestação dos serviços oferecidos, gerando um ambiente de hospitalidade, que,

segundo Powers (2004), devem ser preocupação da administração. Para o autor, os

objetivos são apresentados da seguinte maneira:

Primeiro, o gerente fará com que o hóspede se sinta bem-vindo. Isso requer

uma maneira agradável da parte gerencial em relação ao mesmo e uma atmosfera

de “liberalidade e boa vontade” entre as pessoas que trabalham no atendimento

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desse hóspede, traduzindo-se, quase sempre, em uma organização em que os

funcionários se sentem bem uns com os outros.

Segundo, que o gerente deseje que as coisas funcionem para o hóspede. Os

produtos e serviços prestados devem ser acompanhados pelo gerente, resultando

em qualidade no atendimento, nos serviços de recepção, alimentação, lazer, entre

outros.

Terceiro, que um gerente deseje assegurar-se de que a operação continuará

fornecendo o serviço e, ao mesmo tempo, proporcionando lucro. Em um restaurante

ou hotel operado para o lucro, os tamanhos das porções estão relacionados a custo

e, portanto, o menu e as diárias dos quartos devem considerar os custos fixos e

operacionais. Isso possibilita ao estabelecimento recuperar o custo de sua operação

e obter receita adicional suficiente para amortizar qualquer empréstimo, além de

fornecer retorno ao proprietário ou investidor.

Esses objetivos sugerem que os gerentes devem ser hábeis e bem sucedidos

em seus relacionamentos com funcionários e hóspedes, em dirigir o trabalho de sua

operação e em atingir as metas operacionais do orçamento – isto é, em dirigir uma

operação produtiva dentro de certas restrições.

Segundo Atkinson et al (2000, p. 53): “Pode-se pensar na empresa como uma

seqüência de atividades cujo resultado é um bem ou um serviço entregue a seu

cliente”. Nas empresas do setor turístico, uma das características é esta

engrenagem de atividades para melhor atendimento aos seus clientes. Para as

empresas prestadoras de serviços de hospedagem, onde a interligação dos vários

departamentos é o que proporciona a efetiva elaboração do serviço, cria-se a

Cadeia de Valores, ou seja, para o autor, esta seqüência de atividades, desde que,

cada departamento, denominado por “elo”, acrescente valorização ao produto ou

serviço perceptível ao cliente.

Os serviços são considerados quanto aos aspectos tangíveis, tais como

desempenho, gosto e funcionalidade, e aos aspectos intangíveis, ou seja, como os

clientes foram tratados antes, durante e após a compra (ATKINSON, 2000). A

elaboração dos produtos e serviços turísticos envolve atendimentos que antecipam a

chegada ao local de sua oferta, por exemplo, os serviços de reservas e a preparação

do ambiente segundo as necessidades do hóspede. Durante a permanência, este

continuará desenvolvendo sua percepção do valor recebido e da qualidade dos

produtos ou serviços propostos pelo meio de hospedagem e os esperados.

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O atendimento às especificações define a qualidade, envolvendo a percepção

do cliente, uma vez que este avalia o que lhe foi prometido, e o que ele recebeu

(ATKINSON, 2000). Segundo Houaiss (2001, p.365), “Qualidade é atributo que

determina a natureza de algo, superioridade, excelência”. Pode-se entender que

esta superioridade e excelência estão relacionadas à natureza de alguma coisa,

sendo o nosso objeto de estudo a qualidade nos produtos e serviços turísticos.

O enfoque da qualidade total surgiu na década de 50, em algumas indústrias

manufatureiras. Devido às suas características, desenvolveram um conceito de

qualidade direcionado a conseguir que seus produtos cumprissem regularmente as

especificações propostas (peso, duração, resistência, rapidez de funcionamento,

etc.). Gradualmente, as empresas perceberam que era mais eficaz aprender a não

cometer erros, desenvolvendo sistemas que lhes permitissem assegurar a qualidade

de seus produtos (Sancho, 2001)

Em serviços, a avaliação da qualidade surge ao longo do processo de sua

prestação, que geralmente ocorre no encontro entre um cliente e um funcionário da

linha-de-frente. A satisfação do cliente com a qualidade do serviço pode ser definida

pela comparação da percepção do serviço prestado com a expectativa do serviço

desejado. Quando se excede à expectativa, o serviço é percebido como de

qualidade excepcional, e também como uma agradável surpresa. Quando, no

entanto, não atende as expectativas, a qualidade do serviço passa a ser inaceitável.

Quando se confirmam às expectativas pela percepção do serviço, a qualidade é

satisfatória.

Conforme Olsen (2002), a qualidade pode ser definida e mensurada como a

crença dos atributos do desempenho. A recente conceitualização da satisfação

como a que foi feita em pesquisas anteriores, define a satisfação como resposta

completa do consumidor, um grau, no qual o nível de resposta completa é agradável,

e as qualidades da percepção e satisfação são altamente correlacionadas.

Avaliando-se os fatores serviços, qualidade e custos percebe-se que nas

estruturas organizacionais estes se refletem nas instalações físicas, por exemplo,

construções e equipamentos, compreendem ainda, o elemento humano sendo

necessária uma inter-relação entre ambos. As estruturas físicas devem ser

planejadas para utilizações presentes e futuras, o que inicialmente representará um

grau maior de investimentos, mas que será recuperado posteriormente ao oferecer

qualidade e segurança, mesmo com o aumento de demanda.

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No que se refere à interligação dos fatores, que irão satisfazer às expectativas

dos turistas durante o processo de prestação de serviços, Amorim (2003, p.176)

afirma que: “Os visitantes não adquirem somente cenários vazios; adquirem a alma

do lugar que é transmitida por intermédio da cultura e dos valores construídos e

repassados pelos anfitriões.” Desta forma, destaca-se a importância em se aliar

aspectos físicos e humanos com qualidade para a conquista de potenciais usuários

dos produtos e serviços turísticos. Como parte destes, encontram-se os meios de

hospedagem.

Na economia globalizada e dinâmica, nas quais as instituições estão

inseridas, percebe-se que a inexistência de fronteiras, sejam geográficas ou

tecnológicas, geram transferências rápidas de idéias, informações, decisões,

recursos entre outros (AMORIM, 2003). Conseqüentemente, os grupos de trabalho

internos e externos às organizações, sejam clientes ou fornecedores beneficiarão e

serão beneficiados por mudanças rápidas.

As mudanças organizacionais devem ocorrer após estudos sólidos de suas

implicações, pois há elementos nas organizações que representam a própria

empresa, como suas experiências, sua cultura organizacional, tecnologias que serão

mantidas ou alteradas paulatinamente em função do mercado no qual a instituição

esteja inserida, nos aspectos regionais, nacionais e internacionais.

Os recursos humanos, fator determinante para o perfeito desenvolvimento

econômico das instituições, sejam elas, comerciais, industriais e principalmente nas

prestadoras de serviços, requerem incessantes treinamentos e orientações, para

que estejam inseridos no processo de trabalho das empresas, nas quais sejam

colaboradores.

Especificamente, os meios de hospedagem, a dinâmica e rapidez com as

quais acontecem os fatos, contribuem para fortalecer o comprometimento entre as

equipes de trabalho, tanto operacional quanto administrativa, uma vez que soluções

rápidas e benéficas para prestadores de serviços e seus clientes são uma constante

nas relações entre ambos.

Reportando-se às mudanças organizacionais, para acompanhar as exigências

do mercado, faz-se necessário esclarecer que as equipes de trabalho necessitam

estar informadas do porquê e para que ocorrem as mudanças; desta forma, a

aceitação às mudanças e seu entendimento serão benéficos às organizações,

funcionários, fornecedores e clientes.

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Uma das mudanças organizacionais adotadas na moderna economia é a

terceirização de parte das atividades. A terceirização significa “o ato ou efeito de

terceirizar”, ou seja, “é a contratação de terceiros por uma empresa, para a

realização de serviços geralmente não essenciais” (HOUAISS, p.428, 2001).

Inicialmente, a terceirização foi tratada como uma variação da decisão de make/buy

(produzir/comprar), ou seja, a forma pela qual a empresa obterá seus bens e ou

serviços. Caso ela opte pela aquisição no mercado de seus bens ou serviços ela os

compra (buy). Se a empresa estabelece que seus funcionários vão elaborar seus

bens e serviços, então ela os produz (make). Estas decisões podem gerar

racionalização dos custos, economia de recursos ou desburocratização

administrativa (MALTZ e ELLRAM, 1997, apud FRANCO, 2005, p.13).

A terceirização de serviços no setor de turismo é possível, desde que a

qualidade seja mantida, pois, embora possa representar redução de custos para as

empresas, a satisfação dos consumidores deve ser preservada. Os serviços

terceirizados com maior freqüência são os relacionados à lavanderia, alimentação,

incluindo-se serviços de café da manhã e restaurante, contabilidade e aluguel de

equipamentos para a realização de eventos.

3.3 Classificação dos Meios de Hospedagem

A multiplicidade da oferta dos serviços turísticos, especificamente daqueles

relacionados aos serviços de hospedagem, disponibiliza inúmeros e variados

espaços. A classificação destes equipamentos poderá favorecer aos consumidores

em suas decisões de compra.

A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH Nacional, em parceria

com a EMBRATUR, estão consolidando o processo de classificação de hotéis, que

entrou em vigor em 2002. Para melhor compreensão das novas diretrizes de

classificação, foram criados manuais de avaliação da classificação, os quais

descrevem itens concernentes à avaliação física; avaliação de aspectos de

gestão/administração e avaliação de aspectos de serviços, resultando em seis

categorias de classificação, a saber:

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Categoria Classificação Super luxo *****

Luxo *****

Superior ****

Turístico ***

Econômico **

Simples *

Quadro 1: Classificação dos hotéis Fonte: ABIH - 2004

Resumidamente, serão relacionados alguns itens constantes do anexo III do

Manual de Avaliação pertencente à matriz de classificação, elaborado pelo Ministério

do Turismo e EMBRATUR, instituído pela Deliberação Normativa nº. 429, de 23 de

abril de 2002, visando definir parâmetros para a classificação dos meios de

hospedagem.

Para que o estabelecimento seja classificado como Cinco Estrelas, categorias

Superior Luxo ou Luxo, o mesmo deverá possuir ambientação propiciada por áreas e

instalações sofisticadas e suntuosas; conforto oferecido por equipamentos,

mobiliários e acessórios classificados como top de linha, assegurando conforto e

sofisticação, de qualidade fora de série e design único. Para o item decoração, os

estabelecimentos obterão esta classificação se apresentarem objetos artísticos

produzidos por encomenda, nobres ou rústicos, assegurando acabamento

sofisticado, objetos e conjunto de decoração que ofereçam suntuosidade.

Os padrões de conforto mínimo, ambientação simples e suficientes que

atendam as condições mínimas de hospedagem, utilização de materiais simples e

sintéticos classificarão os estabelecimentos em 1 ou 2 estrelas, categorias

Econômico ou Simples. As condições intermediárias dos extremos apresentados

anteriormente classificarão os estabelecimentos em 3 ou 4 estrelas, categorias

Turística e Superior, respectivamente.

Após a reformulação de seus critérios, esta classificação não foi adotada por

uma significativa parcela dos meios de hospedagem em todo o Brasil. A

classificação não obrigatória, atualmente, constitui em instrumento de valorização

dos meios de hospedagem, dado que as necessidades de mercado levaram ao

surgimento de novas categorias. Uma delas é a que atenderá de forma eficaz e

eficiente aos hóspedes que viajam motivados por suas atividades de negócios.

Estes necessitam de facilitadores de comunicação entre sua empresa e seus

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clientes e fornecedores, suprida pelo uso da internet, que deverá estar à sua

disposição no próprio apartamento ou em ambientes apropriados nos meios de

hospedagem. Linhas telefônicas, aparelhos de fax, ambientes para reuniões também

constituem estes facilitadores. (MINISTÉRIO DO TURISMO – 2005)

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4 PREÇOS

A transparência, isto é, a divulgação e o conhecimento dos preços no

mercado atual têm favorecido a melhor escolha de compra por parte dos

consumidores. Vance & de Ângelo (2003) consideram que as alternativas de compra

levam o consumidor a optar por aquela que oferece a melhor combinação entre o

preço e o atributo valorizado. Em contrapartida, esta transparência tem elevado a

política de formação de preços como um dos pontos chaves da estratégia de

marketing das empresas que desejam sucesso, uma vez que uma correta política de

formação de preços poderá favorecer a sobrevivência das mesmas.

Para uma correta formação de preços, as organizações devem considerar

fatores internos e fatores externos ao ambiente da empresa, considerando o tipo de

mercado onde estão inseridas, o público-alvo, ao qual se destinam seus produtos e

serviços e o somatório dos gastos decorrentes da elaboração destes.

Descrevem-se, a seguir, alguns conceitos sobre preços, os fatores que

influenciam sua determinação e os métodos utilizados para seu estabelecimento,

considerando-se, de maneira geral, aqueles usados na indústria e no comércio,

visando a sua aplicação no setor de serviços, especificamente nos serviços de

hospedagem.

4.1 Conceitos de Preço

Segundo Troster (1999), o preço de um bem é sua relação de troca pelo

dinheiro, isto é, a quantidade de reais necessários para obter uma unidade do bem.

Pode-se dizer que preço corresponde à divulgação ou negociação de uma transação

de troca entre produtor e consumidor, para determinado produto, objetivando um

volume de vendas e, conseqüentemente, a geração de uma receita.

O preço de um produto ou serviço estabelece um valor para comercialização,

gerando um volume de venda correspondente, cujo resultado é a maximização de

receita. (TUCH, 2003). Entretanto, se os preços forem altos demais, não haverá

venda, e se forem baixos, a demanda gerada pode não cobrir os gastos decorrentes.

As organizações, que vendem produtos ou serviços, objetivando ou não o

lucro, estabelecem preços para estes. Os termos que expressam os preços para

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produtos e serviços variam conforme a natureza da oferta. Assim, encontra-se o

aluguel que é o preço pago pela utilização de um imóvel ou automóvel, a

mensalidade comumente utilizada para a prestação de serviços de ensino ou pela

associação a um clube recreativo, os honorários que são a remuneração aos

serviços prestados por advogados e médicos, as diárias que são a remuneração

pelos serviços de hospedagem, entre outros.

4.2 Fatores Determinantes do Preço

Diversos fatores influenciam, em maior ou menor proporção, a formação de

preços de bens e serviços. A incerteza, quanto às reações aos preços por parte de

compradores, dos membros do canal e dos competidores, dá uma maior

complexidade às decisões de apreçamento dos produtos e serviços. “O preço

também é considerado no planejamento de marketing, na análise de mercado e na

estimativa de venda”, segundo Gitman (1997, p. 395). A Figura 3 descreve os

fatores, segundo o autor, que afetam as decisões de apreçamento:

Figura 3 – Decisões de apreçamento Fonte: Gitman, 1997

Segundo Gitman (1997), o primeiro fator está relacionado aos objetivos

organizacionais e de marketing, os quais orientam que a atribuição de preços seja

coerente com as metas e a missão da organização e ainda, que haja

Objetivos organizacionais e

de Marketing

Objetivos de apreçamento

Custos

Outras variáveis do mix de marketing

Expectativas dos membros

do canal

Interpretação e reação do

cliente

Concorrência

Questões legais e reguladoras

Decisões de Apreçamento

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compatibilidade entre os objetivos de marketing da organização e a determinação de

preços, para que tais objetivos sejam cumpridos e não prejudicados pelos preços. O

segundo fator refere-se aos objetivos de apreçamento, ou seja, o que os

profissionais de marketing esperam para a sua empresa com os preços que irão

estabelecer. Pode ser que os mesmos desejem um retorno sobre os investimentos,

o qual será alcançado mais rapidamente se houver um volume maior de vendas, ou

ainda, apreçamento que favoreça a participação no mercado com redução de seus

preços e ainda melhorando seu fluxo de caixa. Considera o autor que esse tipo de

objetivo pode representar reduções temporárias de preços, como liquidações,

abatimentos e descontos especiais.

Os custos, como terceiro fator, dizem respeito ao piso para determinação dos

preços de produtos e serviços, embora momentaneamente algumas empresas o

desconsiderem. Com o intuito de aumentar suas vendas, eles não poderão ser

desprezados, pois os custos dos produtos correspondem ao valor do desembolso

mínimo para elaboração de um produto ou serviço.

Como quarto fator de apreçamento, Gitman (1997) considera outras variáveis

do mix de marketing como produto, distribuição e promoção, que poderão ser

influenciadas por estarem inter-relacionadas. É possível que o consumidor associe o

alto preço de determinado produto à sua qualidade, influenciando a imagem geral

que o cliente tem de produtos e de marcas. Paralelamente às considerações do

autor, pode-se exemplificar que, no setor do Turismo, é comum que o consumidor

associe o preço dos serviços oferecidos à sua qualidade, onde se espera que

serviços com preços mais altos gerem maiores benefícios, incluindo-se status pela

sua utilização.

As expectativas dos membros do canal, ou seja, o que se espera por parte

dos agentes, que irão distribuir ou revender os produtos ou serviços, e qual a

participação que os mesmos esperam em termos de valores, considera-se como o

quinto fator. Novamente, surge a necessidade de um paralelo ao setor do Turismo,

pois a venda dos serviços nos meios de hospedagem pode ocorrer através de

agências de viagens, operadoras de turismo ou pelo próprio empreendimento.

Conseqüentemente, existem percentuais predeterminados na participação das

vendas efetuadas por aqueles e que os gestores dos meios de hospedagem devem

considerar quando do apreçamento de seus serviços.

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Finalmente, as questões legais e reguladoras que refletem decisões

governamentais objetivando o controle inflacionário, o controle ou congelamento de

preços ou até percentuais de aumento que poderão ser aplicados sobre os preços

vigentes.

Sob o enfoque de Tuch (2003, p.1) o processo de formação de preços deve

estabelecer uma faixa de valores dentro da qual a empresa ajustará o preço final.

Três fatores determinam esta faixa, tecnicamente denominados de “Teoria de Três

Cs”, que são: consumidor; custo e concorrência.

a) Determinação de preços baseados no consumidor

O consumidor, como um dos fatores externos à empresa, que influencia a

formação dos preços, estabelecerá o preço máximo a ser praticado pela

organização, dado que será o consumidor o agente que aceitará o consumo ou a

aquisição dos bens e serviços ofertados, determinado pelas necessidades, desejos

e poder aquisitivo, gerando a receita de venda que realimentará o processo

produtivo. Referindo-se ao poder aquisitivo ou renda dos consumidores, encontra-se

em Troster (1999, p. 58) a afirmação que este é um dos aspectos essenciais de uma

economia de mercado, onde: “Os consumidores podem escolher o que compram,

dentro de suas possibilidades de renda”. Como vantagem, aponta o autor que as

pessoas escolhem, consomem e produzem segundo suas preferências e

disponibilidades.

Segundo o autor, a quantidade demandada de um bem por um indivíduo, em

momento determinado do tempo, dependerá de seu preço. Quanto maior o preço de

um bem, menor será a quantidade que cada indivíduo estará disposto a comprar.

Alternativamente, quanto menor o preço, maior será o número de unidades

demandadas. Relativamente à demanda para os produtos turísticos, esta será

menor quanto mais alto forem os preços destes produtos e vice-versa. (LAGE,

2001). Ainda, conforme Lage (2001), o comportamento do consumidor de serviços

turísticos, e especificamente de serviços de hospedagem abordados neste trabalho,

é influenciado pelo preço que ele está disposto a pagar e pelo valor agregado que

ele julga receber por este preço pago. Normalmente, a demanda será inversamente

proporcional à alteração dos preços. Destacam-se ainda as considerações de que os

consumidores, também denominados por clientes, e suas reações influenciam as

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empresas ao estabelecerem ou alterarem seus preços, podendo reduzir ou excluir o

consumo de determinado produto, passando ao consumo de produtos substitutos

(PEREZ et al, 1999).

Segundo Gitmann (1997), a interpretação e reação dos clientes se referem à

possibilidade de o preço levá-los para perto da compra do produto e o grau ao qual a

compra eleva sua satisfação com a experiência de compra e com o produto após a

compra. Desta forma, criam-se uma referência externa e outra interna que servirão

para os clientes aceitarem ou não os preços oferecidos pelos fornecedores. Pode-se

considerar que para muitos clientes o preço está relacionado à qualidade do produto

ou serviço. Eles terão uma referência externa de preço, segundo o autor, que vem a

ser uma comparação de preço dada por outros, varejistas, fabricantes e

fornecedores ou, no caso do Turismo, dos prestadores de serviços turísticos. O

consumidor terá ainda, uma referência interna de preço para os produtos, que vem a

ser um preço desenvolvido na mente do comprador pela experiência com

determinado produto.

Consoante à referência interna de preço, Zeithaml (1998, apud Kashyap,

2000, p.45) propôs um modelo unindo as imagens de preço, qualidade e valor

percebidos, os quais são mais importantes para os consumidores do que os

atributos objetivos como preços reais ou qualidade real. Este mesmo modelo

também propõe que o preço e a qualidade percebidos são fatores menos

importantes que o valor percebido, o qual é deduzido pelo consumidor a partir do

preço e da qualidade.

O valor percebido de um produto ou serviço é decorrente da percepção do

consumidor sobre o que é recebido e o que é oferecido, e ainda a sua utilidade; é a

percepção da qualidade pelo mercado relativamente ao preço do produto ou serviço;

e ainda que as percepções de valor dos consumidores são representadas pela

avaliação da qualidade e os benefícios do produto ou serviço em relação ao

sacrifício percebido pelo preço pago (Zeithaml, Gale e Monroe, 1998 apud Kashyap,

2000, p.45). Portanto, valor percebido se refere a algum tipo de relação entre o que

o consumidor gasta, ou seja, o preço e o que ele recebe, representado pela

utilidade, qualidade ou benefícios.

A estabilidade econômica possibilita aos consumidores o registro e a

comparação entre os preços, tornando o mercado mais competitivo, com a oferta de

preços mais justos. Os consumidores criam uma relação entre preço e benefícios

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recebidos, trazendo para as empresas uma nova forma de precificação, tendo o

custo como o alvo a ser atingido (SANTOS E FERREIRA, 2001).

A adequação dos custos de produtos e serviços passa a ser fundamental para

as empresas dado que os preços praticados devem atender as expectativas dos

consumidores. Desta forma, pode-se entender a participação do consumidor na

determinação de preços, uma vez que todos os atributos dos produtos ou serviços

são avaliados, incluindo-se o preço dos mesmos, criando para os gestores a

necessidade de formular operações e estratégias de comunicação, objetivando a

conquista e manutenção de consumidores.

Para os serviços de hospedagem, observa-se que o mercado hoteleiro divide-

se em segmentos ou grupos de consumidores com características similares. Cada

segmento é atraído por produtos e serviços diferentes e, teoricamente, tem um limite

máximo que está disposto a pagar. Um preço acima desse limite levará o

consumidor potencial a desistir da compra. Pode ser ainda que o preço fique dentro

da faixa de um outro segmento, mas é provável que o produto não vá satisfazer as

necessidades e desejos desse consumidor. Relativamente ao segmento ou grupo de

consumidores, Vance e de Ângelo (2003) consideram a importância da

determinação dos consumidores-alvo na identificação e caracterização do próprio

negócio, sugerindo que estes consumidores aceitarão preços diferenciados em

decorrência dos benefícios obtidos pela compra dos bens ou serviços oferecidos.

A diferenciação nos serviços oferecidos nos meios de hospedagem cria a

fidelização dos seus clientes. O ato de personalizar o atendimento, cumprimentando

seus hóspedes pelo nome, por exemplo, cria um diferencial de satisfação que

marcará sua estada no meio de hospedagem. Existem outros procedimentos que

poderão diferenciar, ainda mais, o atendimento prestado quando da hospedagem,

tais como direcionamento da hospedagem para determinadas unidades

habitacionais, colocação nas mesmas de jornais da preferência do hóspede, alusão

a datas comemorativas importantes para os mesmos, como aniversários ou

relacionadas às suas profissões, entre outros procedimentos caracterizarão os

meios de hospedagem de maneira diferenciada.

Ainda pode-se falar em focalização, citada em Fitzsimmons (2000) como uma

estratégia para satisfazer necessidades específicas dos clientes, que geram a

segmentação e a necessidade de classificar/categorizar os meios de hospedagem.

Segundo o autor, as diferenças apresentadas, sejam nos aspectos construtivos ou

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operacionais, podem constituir estratégia de satisfação aos consumidores. A

segmentação de mercado para a atividade turística favorece a adequação dos meios

de hospedagem às necessidades de seu público consumidor, no que diz respeito a

períodos de atendimento, preços dos produtos e serviços prestados, valores

agregados a estes serviços, entre outros. Certas destinações vêm receber menor

fluxo de turistas caso não haja adequações aos seus atendimentos (COOPER,

2002).

b) Determinação dos preços baseados no custo

Referindo-se ao custo, Tuch (2003) considera que o valor mínimo da faixa de

preços é definido pelos custos do produto ou serviço. Este valor representa a soma

de todos os custos diretos de produção, um rateio de custos indiretos, impostos e o

lucro unitário desejado. Se o produto for vendido por um preço inferior a esse

patamar, a empresa estará financeiramente comprometida. Da mesma forma, Perez

et al, (1999) determinam que os gastos incorridos na produção e elaboração de

produtos ou serviços são itens a serem recuperados totalmente pelos empresários

acrescidos de uma margem de lucro. Para a análise do fator custo, apontado por

Tuch (2003), encontram-se estudos complementares sob a ótica de autores como

Atkinson (2000), Iudícibus (2000), Perez, et al (1999), Gitmann(1997), entre outros.

Os custos, segundo Atkinson (2000, p. 61): “refletem os recursos que a

empresa usa para fornecer serviços ou produtos”. A eficiência da empresa, para o

autor, é demonstrada pela redução de custos para a realização das mesmas

atividades. Popularmente, dá-se o significado da palavra custos àquilo que foi gasto

para adquirir certo bem, objeto, propriedade ou serviço. Segundo Iudícibus (2000),

este é o sentido popular do termo custo e que contabilmente chama-se de gasto.

Segundo o autor, “o sentido original da palavra custo, aplicado à Contabilidade,

refere-se claramente à fase em que os fatores de produção são retirados do estoque

e colocados no processo produtivo” (IUDÍCIBUS 2000, p.114).

Ao estabelecer que os custos devam ser o piso para determinação dos preços

de produtos e serviços, pois correspondem ao valor do desembolso mínimo para

elaboração destes, Gitmann (1997) reconhece que, momentaneamente, algumas

empresas o desconsiderem com o intuito de aumentar suas vendas. O fator custo

será analisado em capítulo seguinte, sendo descritos suas classificações e os

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métodos utilizados para alocação no processo produtivo e de elaboração dos

serviços produzidos no comércio, na indústria e no setor de prestação de serviços.

c) Determinação dos preços baseados na concorrência

A concorrência, como fator externo às empresas, poderá influenciar a

formação dos preços quando da oferta de bens substitutos, disponibilizando no

mercado alternativas de consumo para serem avaliadas pelos consumidores e pelos

formadores de preços, uma vez que as alternativas concorrentes podem aumentar

ou diminuir a demanda por determinado bem ou serviço. Este fator ajusta o preço

entre os extremos na respectiva faixa estabelecida pelo custo e pelo consumidor

(TUCH, 2003). Numa situação monopolista, o preço será estabelecido no patamar

superior, pois o consumidor não tem outra opção. A entrada de concorrentes tem um

efeito de empurrar o preço na direção do patamar inferior. No momento em que o

preço do mercado é inferior àquele da empresa, o produto ou serviço deixa de ser

viável. Normalmente, quando os produtos são similares, as forças da concorrência

fazem os preços permanecerem no meio da faixa. Perez, et al (1999) consideram

que a concorrência é um fator de mercado composto por várias empresas

oferecendo produtos semelhantes, onde o preço tenderá a ser menor do que seria

se não houvesse competidores.

A concorrência, segundo Gitman (1997), deve ser um dos fatores para o

apreçamento, entretanto, o contexto no qual se insere o produto ou serviço irá

determinar a possibilidade de maior ou menor preço comparativamente à

concorrência. Produtos ou serviços concorrentes devem ser do conhecimento do

profissional de marketing para que, se possível, este venha a ajustar seus preços ao

da concorrência.

A competitividade no mercado hoteleiro impõe limitações quanto à

manipulação de preços dos serviços e produtos ofertados, embora alguns

formadores de preços desejem maximização dos lucros. As taxas definidas pelos

custos também são limitantes – o custo da propriedade (despesas gerais), o custo

de sua operação e um retorno razoável para os proprietários, pois de outra forma o

hotel deixará de ser competitivo (POWERS, 2004).

Além dos fatores: consumidor, concorrência e custos, acrescenta-se a

influência exercida pelo governo sobre a formação ou determinação de preços,

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dispondo de muitas formas para influir nos preços, tais como: subsídios, incentivos

fiscais à produção, à exportação, restrições, criação ou ampliação de tributos

(PEREZ et al, 1999).

Referindo-se à influência exercida pelo governo, o estudo realizado por

Santos e Ferreira (2001), analisando a precificação no mercado cervejeiro, constatou

que a baixa capacidade ociosa média do mercado, aliada aos mecanismos de

controle governamental dos preços, no período compreendido entre 1968 e 1973,

criou certa acomodação por parte das empresas que não adotaram uma

administração mais racional de seus preços, pois buscavam cumprir as exigências

governamentais, sem uma análise econômico-mercadológica. Este controle

econômico, durante alguns anos, gerou para as empresas a formulação de preços

baseadas em seus custos, acrescidos de uma margem de lucro julgada ideal pelas

empresas, que resultou na seguinte formulação: preço de venda é igual aos custos

totais mais resultado esperado. As décadas que se seguiram foram marcadas por

outros planos econômicos que influenciaram, em menor ou maior grau, a

precificação no setor cervejeiro e nos demais setores econômicos do país.

Com a adoção, pelo Governo, do Plano Real, em 1994, foi institucionalizado

um sistema de referência monetária confiável, que desencadeou a queda da

inflação, permitindo aos consumidores um acompanhamento e comparações entre

os preços praticados, fatos estes que alteraram a maneira pela qual as empresas

geriam a precificação de seus produtos. Criou-se um ambiente competitivo, no qual

o mercado ditava o preço mais justo que o consumidor estava disposto a pagar,

sendo que as empresas partiam deste preço almejando um custo alvo a ser atingido.

(SANTOS & FERREIRA, 2001)

Os fatores consumidor, concorrência, custos e influências governamentais

favorecem um direcionamento para formação dos preços nos setores industrial,

comercial e de serviço, mas a simples adoção de apenas um deles pode não ser

adequada para obtenção de resultados favoráveis aos empreendimentos.

Os serviços turísticos, especificamente os meios de hospedagem, possuem

características próprias, tais como a produção simultânea ao consumo, a preparação

dos espaços físicos e sua disponibilidade para venda, ocorrendo que a não

comercialização destes representa perda para o empreendimento, uma vez que não

há estocagem. Os componentes dos serviços de hospedagem, tais como a

disponibilidade física da unidade habitacional, seu mobiliário, consumo de energia,

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de água e o desgaste da unidade, poderão variar de acordo com o usuário. O

espaço preparado poderá ou não ser totalmente vendido, gerando despesas em

manutenção e conservação nem sempre recuperados. Estas características

dificultam a mensuração dos custos e das perdas decorrentes (MIDDLETON, 2002).

Os fatores que dificultam a mensuração dos custos e a determinação de

preços com precisão são analisados por Sousa et al (2003) para os produtos

elaborados sob encomenda, onde são indicadas as variáveis que influenciam esta

mensuração. Os autores analisam que as peculiaridades do processo produtivo e os

fatores internos e externos levam os gestores a utilizar-se de estimativas para a

determinação dos custos e preços. Este procedimento pode levar a sub ou super

avaliação dos mesmos, o que poderá gerar prejuízos às empresas, conquista ou

perda de clientes. Baseados num sistema de suporte à decisão (SSD), os autores

buscam minimizar os erros e vieses decorrentes do uso de estimativas para

estabelecimento de custos e preços.

Uma das características, nas empresas de produção por encomenda, é a

customização de produtos ou serviços, ou seja, as adaptações que são realizadas a

estes para adequá-los ao pedido do cliente, influenciando a estimativa de custos e

preços. Estudo realizado por Souza et al (2003), para os produtos elaborados sob

encomenda, apresenta semelhanças aos serviços de hospedagem, dado que não

são destinados à formação de estoques, pois visam a atender especificações

determinadas para cada consumidor, por isso seus custos e preços são

determinados, considerando-se dados históricos, estando sujeitos às variações

mercadológicas e mudanças governamentais.

Surge a necessidade de adequações ao setor prestador de serviços, no qual

está inserido o serviço de hospedagem. O processo produtivo de um atendimento

inicia-se com o contato entre o setor e o cliente, podendo ser atendimento via

telefone, recebimento e retorno de e-mail, atendimento às agências de viagens e

outras vezes, no próprio meio de hospedagem. Em princípio, se utiliza a mão-de-

obra do funcionário, energia elétrica, custos de ligações telefônicas e materiais

diversos envolvidos para o atendimento. Segundo as terminologias de Iudícibus

(2000, p. 114), aplicadas para bens tangíveis: “Custo de produto é o valor atribuído

aos insumos contidos na produção terminada, porém mantida em estoque. Custo de

período é quando, pela venda, a receita é realizada”. Adequando-se a oferta e

posterior venda, pode-se classificar os custos incorridos como custos de período.

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Entretanto, se não houver a realização da venda dos serviços de hospedagem têm-

se somente os Custos de produto, que diferentemente da indústria não gera um

estoque de produtos não vendidos e sim a perda da oportunidade de efetivar a

receita.

Quanto aos fatores internos e externos que influenciam à tomada de decisão

referentes à apuração de custos e ao preço de venda, será traçado um paralelo

entre empresas de produção por encomenda (EPEs) e os meios de hospedagem

(MH) apresentado no quadro 2.

FATORES INTERNOS

EMPRESAS DE PRODUÇÃO POR ENCOMENDA (EPES)

MEIOS DE HOSPEDAGEM (MH)

RELACIONADOS AO PRODUTO OU SERVIÇO

-Experiência com o produto a ser fabricado -Potencial de futuros negócios -Ciclo de vida do produto-breve

-Conhecimento dos procedimentos para realização dos serviços -Capacidade para futuros negócios -Ciclo de vida do serviço-longo

RELACIONADOS À EMPRESA

-Situação financeira (baseada no orçamento) -Capacidade produtiva -Disponibilidade de cada setor da empresa

-Situação financeira (baseada no preço de venda) -Recursos materiais e humanos disponíveis -Os diversos setores estão envolvidos na prestação de serviço, dado a interligação entre estes.

FATORES EXTERNOS

RELACIONADOS AOS CLIENTES

-Confiabilidade em termos de especificação do produto -Principal preferência do cliente é o preço, qualidade ou tempo de entrega -Confiabilidade do cliente

-Expectativa em relação ao serviço -Preferência do cliente é variável segundo seu perfil, podendo ser preço, qualidade, localização. -Grau de confiabilidade do cliente

RELACIONADOS À COMPETITIVIDADE DO MERCADO

-Concorrência para o pedido específico -Preços da concorrência -Potencial para entrar em um novo setor de mercado -Mudanças tecnológicas podem afetar resultado do produto

-Concorrência com serviços similares -Preços da concorrência -Pouco potencial de diversificação de atividade -Mudanças tecnológicas interferem pouco na prestação de serviço

Quadro 2: Fatores que influenciam custos e preços Fonte: Souza et al (2003,p.5), adaptado

Os fatores internos relacionados ao produto nas EPEs referem-se à

experiência existente em sua produção, possibilidade de fechamento de novas

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vendas e ciclo de vida breve uma vez que a produção será individual e para

atendimento específico de determinado comprador. Para os meios de hospedagem,

faz-se necessário conhecimento prévio dos procedimentos para elaboração dos

serviços, capacidade de recursos materiais, humanos e financeiros para realização

de futuros negócios e ciclo de vida longo para os serviços oferecidos, uma vez que a

estrutura disponível para realização destes é perene.

Relativamente à situação financeira nas EPEs, esta será decorrente dos

orçamentos apresentados, sua capacidade produtiva e disponibilidade de cada setor

para o atendimento do pedido realizado. Nos meios de hospedagem, a situação

financeira estará relacionada à receita da venda dos produtos e serviços, os

recursos materiais e humanos estarão disponíveis, independentemente de reservas

prévias e os diversos setores exercerão suas atividades com o objetivo fim que é o

atendimento das necessidades dos hóspedes.

Concernente aos fatores externos, encontram-se os relacionados aos

clientes, que nas EPEs são representados pela confiabilidade em receber o produto

especificado na encomenda, tendo como preferências o preço, a qualidade ou o

tempo de entrega. Para os meios de hospedagem, existe a expectativa em relação

ao serviço, uma vez que a intangibilidade não permite ao cliente conhecê-lo

antecipadamente, sendo que o grau de confiabilidade do mesmo será variável,

determinado por experiências anteriores ou por recomendações. A preferência em

relação ao preço, qualidade ou localização será variável, algumas vezes

determinada pelo perfil do cliente, o motivo da viagem, entre outros.

Relacionados à competitividade do mercado, encontra-se, nas EPEs, uma

concorrência para o pedido específico, análise dos preços concorrentes,

potencialidades para atuação em novos setores de mercado e ainda, novas

tecnologias poderão afetar os resultados esperados pelo produtor em relação ao

produto. Em relação aos meios de hospedagem, existe a concorrência com serviços

similares, que poderão atrair os clientes com oferta de melhores preços, as

edificações possuem pouco potencial de diversificação de atividades e as mudanças

tecnológicas interferem pouco na prestação de serviços.

Os tomadores de decisão para a estimação de custos e a formação de preços

devem levar em consideração os fatores internos e externos à empresa. Levando-se

em consideração os diversos fatores que exercem influência no processo decisório e

buscando assertivas na maioria destas decisões, Souza et al (2003) analisam a

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importância dos Sistemas de Suporte à Decisão (SSDs), visando minimizar os erros

decorrentes de decisões incorretas.

Os Sistemas de Suporte à Decisão (SSDs), segundo Turban (1995, apud

Souza et al, 2003), “são capazes de dar suporte a uma ampla variedade de

processos de tomada de decisão e estilos de decisões, e procuram melhorar a

eficácia da tomada de decisões (acuracidade, tempo e qualidade), tanto quanto sua

eficiência (o custo de tomar uma decisão)”. Os SSDs constituem um tipo de sistema

de informação auxiliador na comunicação e na tomada de decisões. Os sistemas de

automação de escritórios, de comunicação, de processamento de transação, de

gestão de informações, de direcionadores para executivos, de execução e os

groupware (sistema aplicado em trabalhos em rede), são outros modelos de SSDs

segundo Alter (1996, apud SOUZA, 2003).

O desenvolvimento dos SSDs tem se verificado a partir da integração e

evolução de diversas áreas de pesquisa, como ciência da computação, sistemas de

informações, ciências administrativas e pesquisa operacional. A partir desta proposta

de criação de SSDs, surgiu a criação do Cost Estimation and Princing Support

System (Sistema CEPSS), descrito a seguir.

O Sistema CEPSS (Cost Estimation and Princing Support System) foi

desenvolvido com base em pesquisa realizada em empresas britânicas, no período

de 1991 a 1995, e em empresas brasileiras, no período de 1996 a 2003. Trata-se de

um SSD híbrido, que incorpora técnicas de sistemas baseados em regras. Compõe-

se de quatro módulos principais: Estimação de Custos; Regras; Ajuste e Bases de

Conhecimento. Contém também três bases de dados: Custos Históricos; Regras

Aplicadas; e Recomendações Aplicadas. Apresenta, ainda, um módulo destinado a

acessar os sistemas de informações da empresa. O Módulo de Regras centraliza o

funcionamento do CEPSS, e foi desenvolvido pelo levantamento das estimativas

elaboradas pelos formadores de preços de algumas EPEs, ou seja, partiu do

conhecimento de cada formador de preço ao desempenhar sua função, agregando a

este módulo, considerado o principal do sistema, o conhecimento tácito e as

habilidades técnicas destes formadores de preço. O levantamento deste tipo de

conhecimento foi possível mediante a aplicação de técnicas de engenharia de

conhecimento, incluindo entrevistas semi-estruturadas e análise de protocolos

verbais junto aos profissionais responsáveis pela estimação de custos e formação de

preços nas EPEs. (SOUZA et al, 2003, p.10)

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Pode-se atribuir aos sistemas de informação características de agruparem

dados dispersos, objetivando a classificação e o ordenamento dos mesmos, que,

depois de processados, constituirão informações a serem analisadas como

instrumentos colaboradores para tomadas de decisão, que poderão gerar maior

rentabilidade aos serviços turísticos.

No setor de Turismo, o desenvolvimento de softwares e hardwares, a partir

dos anos 90, proporcionou o gerenciamento da rentabilidade, através da análise dos

bancos de dados, que permite o acompanhamento das disponibilidades em

assentos, para o setor de transportes; nos estoques de camas, no segmento da

hospedagem, bem como as reservas de passageiros/hóspedes (MIDDLETON,

2002).

Considera-se que os gestores, assessorados por sistemas de informações

adequados poderão obter melhor controle dos custos incorridos nos processos de

atendimento no setor de turismo e especificamente nos meios de hospedagem.

Adequações tornam-se necessárias uma vez que a bibliografia referente a cálculos,

controles e alocações de custos aplicáveis ao setor é, ainda, escassa e que a falta

de profissionalização dos gestores dificulta ainda mais sua utilização, mesmo com

adaptações dos recursos existentes (LIMA, 2004).

4.3 Procedimentos para a Formação de Preços

Apesar de se basear em diversos fatores e receber influências na sua

determinação, a formação de preços está sujeita a algumas falhas apontadas por

Kotler (2000, p. 476), descritas a seguir: a) determinação de preços é

demasiadamente orientada para custos; b) os preços não são revistos com

suficiente freqüência para capitalizar mudanças de mercado; c) os preços são

determinados independentemente do restante do mix de marketing, em vez de ser

um elemento intrínseco da estratégia de posicionamento de mercado e d) os preços

não variam de acordo com diferentes itens de produtos, segmentos de mercado e

ocasiões de compra.

A determinação de procedimentos para formação de preços poderá minimizar

os erros freqüentes apontados por Kotler (2000). Estes procedimentos são listados

pelo autor como: 1) seleção do objetivo da determinação de preços; 2) determinação

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da demanda; 3) estimativa de custos; 4) análise de custos, preços e ofertas dos

concorrentes; 5) seleção de um método de determinação de preço, e 6) seleção do

preço final.

Os objetivos da determinação de preços subdividem-se em: sobrevivência;

maximização do lucro atual; maximização da participação de mercado;

desnatamento máximo do mercado ou liderança na qualidade do produto (KOTLER,

2000).

A sobrevivência torna-se o objetivo principal quando as empresas se

encontram com excesso de capacidade, possuem concorrência intensa ou existem

mudanças nos desejos dos consumidores. Entretanto, a sobrevivência é um objetivo

de curto prazo, uma vez que a empresa continua a funcionar praticando preços que

cubram os custos variáveis e alguns custos fixos a longo prazo, porém, será

necessário agregar valor aos produtos e serviços para que a mesma não venha a

falir.

A determinação de preço visando à maximização do lucro atual pressupõe

que a empresa tenha conhecimento de suas funções de demanda e custos, embora

sejam de difícil mensuração. Assim, determinam o menor preço possível,

considerando que o mercado seja sensível a preço. Ao enfatizar o desempenho

corrente, a empresa poderá sacrificar o desempenho a longo prazo, não

considerando as demais variáveis do mix de marketing, ou seja, variáveis

controláveis utilizadas pela empresa objetivando o nível desejado de vendas no

mercado-alvo, que são: a) formulação do produto ou serviço, que representa um

meio de adaptá-lo às necessidades do cliente-alvo em constantes mudanças; b)

preço, o qual pode ser usado para aumentar ou diminuir o volume das vendas de

acordo com as condições do mercado; c) promoção, usada para aumentar o número

de indivíduos que conhecem os produtos ou serviços; e d) local de venda que

determina o número de clientes potenciais que podem encontrar locais convenientes

e formas de obter informações, podendo converter suas intenções em compras

(MIDDLETON, 2002).

A maximização da participação do mercado é decorrente da crença das

empresas, de que custos unitários menores e lucros maiores em longo prazo serão

obtidos por um maior volume de vendas. Assim, determinam o menor preço

possível, pressupondo que o mercado seja sensível a preço.

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Desnatamento máximo do mercado se dá através da determinação de preços

altos, vendendo o produto para a camada mais rica da população antes de baixar os

preços para atender aos demais níveis.

A liderança na qualidade do produto é aquela em que os produtos e as

marcas da empresa são percebidos pelos clientes como de alta qualidade, com

maior probabilidade de sobreviver em um mercado competitivo.

A determinação da demanda, como procedimento para a formação de preços,

considera que a importância da elasticidade-preço da demanda turística representa

o grau de sensibilidade da demanda em função de alterações percentuais dos

preços dos produtos. As viagens de negócios têm uma demanda menos elástica em

relação aos preços do que viagens de férias e lazer. A limitação de recursos pelo

consumidor de um produto turístico leva os meios de hospedagem a ajustarem seus

preços, concedendo descontos. Segundo Kotler (2000), a demanda poderá ser

menos elástica sob condições em que haja poucos substitutos ou concorrentes;

quando o preço mais alto não é percebido imediatamente pelos consumidores;

quando é demorada a mudança dos hábitos de compra e a procura por preços mais

baixos; e quando preços mais altos são justificados pelos compradores significando

diferenças em qualidade.

A estimativa de custos servirá como piso para o estabelecimento do preço

dos produtos ou serviços. Qualquer valor abaixo deste poderá levar as empresas a

perdas financeiras, dado que os custos representam o somatório dos fatores de

produção destes produtos ou serviços (KOTLER, 2000). São classificados em fixos

ou variáveis, diretos ou indiretos. Segundo o autor, dá-se o nome de custos totais à

soma dos custos incorridos para elaboração de determinado bem ou serviço e custo

médio ao resultado da soma dos custos totais dividido pelo total da produção.

A análise de custos, preços e ofertas dos concorrentes favorecerá o

conhecimento da concorrência pelo formador de preços. A faixa de preços possíveis,

segundo a determinação pela demanda de mercado e os custos da empresa, deve

considerar o comportamento da concorrência.

Após a seleção de um método para determinação de seu preço, as empresas

obterão preço de mark-up, preço de retorno-alvo, preço de valor percebido, preço de

mercado, resultantes da estimativa de seus custos acrescidos de mark-up padrão ou

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da análise da percepção de seus hóspedes em relação aos preços praticados, da

análise da concorrência quanto aos seus custos, preços e ofertas, entre outros.

A observação e a aplicação dos procedimentos indicados por Kotler (2000)

levarão à seleção do preço final para a venda de produtos ou serviços, favorecendo

a assertiva deste preço e a realização dos propósitos estabelecidos pelas empresas.

Quanto aos objetivos de apreçamento, encontra-se em Gitman (1997, p.392)

que estes são: “as metas gerais que descreve o que a empresa quer alcançar por

meio do apreçamento”. Os objetivos de apreçamento traçados pelas empresas

influenciarão segmentos diversos da mesma, tais como o econômico e de produção,

entre outros.

Gitman (1997) relaciona os objetivos de apreçamento e suas ações possíveis,

conforme adaptação realizada abaixo:

OBJETIVO AÇÃO POSSÍVEL

Sobrevivência Sendo uma variável flexível o preço será usado para manter a empresa funcionando, mesmo que sacrifique os resultados.

Lucro

São estabelecidos de maneira a satisfazer os donos ou tomadores de decisões, podendo ser definidos em termos de volumes reais de dinheiro ou em percentuais relativos a períodos de levantamento anterior de lucro.

Retorno sobre o Investimento

Há dificuldades para determinação do retorno sobre o investimento (ROI) uma vez que nem todos os dados sobre custos e receitas estão disponíveis na determinação dos preços.

Participação de mercado A manutenção ou aumento da participação de mercado assim como a qualidade do produto ou serviço influenciam a lucratividade das empresas.

Fluxo de caixa Influenciam a recuperação do volume de recursos financeiros disponíveis para a empresa.

Status quo

Podem focar dimensões como: manutenção de certa participação no mercado, equiparação aos preços dos concorrentes, no entanto não os derrotando, alcançar estabilidade de preços e manter uma imagem pública favorável.

Qualidade do produto Os produtos e as marcas que os clientes percebem que são de alta qualidade têm mais probabilidades de sobreviver em um mercado competitivo.

Quadro 3: Objetivos de apreçamento e ações típicas tomadas para alcançá-los Fonte: Adaptado Gitman (1997)

Embora o texto de Gitman (1997) faça referências ao comportamento da

indústria e comércio fica de fácil compreensão que tais objetivos, citados pelo autor,

são amplamente utilizados no setor de serviços, e especificamente nos meios de

hospedagem.

Segundo Pellinen (2003), freqüentemente, o apreçamento apresenta-se como

um conjunto de princípios alternativos ou técnicas que podem ser usados na

formação de preços e pode estar baseado na competição, psicologia do consumidor,

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custo ou tempo. A combinação entre competição e estratégia de baixo custo pode

gerar preços baixos.

Referindo-se ao apreçamento baseado na psicologia do consumidor, este

autor estabelece que um alto ou baixo preço seja visto como uma mensagem em

relação à qualidade do produto ou está conectado a certo estilo de vida. Pode-se

fazer um paralelo ao que diz Gitman (1997) ao se referir à interpretação e à reação

dos clientes aos fatores de determinação de apreçamento, descrito anteriormente.

No trabalho de pesquisa, realizado por Luccas Filho (2002), sobre a

determinação dos preços dos produtos de seguros, justificado pelo autor, observa-se

que os estudos normalmente ficam restritos à parte estatística – custo dos sinistros –

e não consideram as demais variáveis significativas na composição dos preços. A

principal contribuição do trabalho foi a análise das demais variáveis que compõem o

preço de cada produto, fundamentando-se em pesquisa bibliográfica e de campo.

Para a apuração destas questões, o autor pesquisou uma amostra de nove

empresas seguradoras, localizadas no Estado de São Paulo.

O estudo concluiu que as seguradoras tratam alguns tributos de forma

indireta, quando poderiam apropriá-los aos produtos diretamente, sem a utilização

de qualquer critério de rateio. Da mesma forma, algumas despesas administrativas,

que poderiam ser apropriadas através de critérios técnicos, não o são.

Relativamente ao carregamento das despesas administrativas, verificou-se a

complexidade na determinação dos valores que irão compor o preço do produto do

seguro. Algumas seguradoras fixam o índice referente a este carregamento de forma

arbitrária. Quando são utilizados critérios técnicos, algumas optam em apropriar as

despesas diretas aos departamentos responsáveis pela gestão dos produtos,

incluindo-se alguns impostos e taxas; outras apropriam as despesas indiretas aos

departamentos responsáveis pela gestão dos produtos, entretanto desconhecem o

sistema ou método de rateio utilizado. Como outra forma de apropriação, as

seguradoras consideram todas as despesas diretas e indiretas dividindo-as pelo

volume de prêmios, sejam retidos ou emitidos, passados ou projetados,

transformando as despesas em percentual de carregamento administrativo.

Observa-se que, ao partirem da taxa pura ou prêmio puro para fixação do prêmio

comercial, o segmento securitário se baseia nos custos e não no mercado para o

estabelecimento de seu preço.

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4.4 Modelos de Preço

A análise dos fatores consumidor, custo e concorrência, assim como as

influências internas e externas às empresas, levam à adoção de modelos de preços.

Demais fatores de apreçamento, por exemplo, oferta, demanda, produto, praça e a

sazonalidade também são determinantes para esta adoção.

a) Preço mark-up

Segundo Kotler (2000, p. 485), “a determinação do preço de mark-up é o mais

elementar.” Entretanto, a fixação de um índice que a empresa julgue ideal para

formação de seu preço não estará considerando a demanda atual, o valor percebido

e a concorrência, não levando à formação do preço ótimo, segundo o autor. É

possível que a formação de preço através de mark-up leve a empresa a um

resultado esperado de venda.

Os mark-ups sobre custos são geralmente maiores em itens sazonais (para

cobrir o risco de não venderem), itens especiais, itens com vendas mais lentas, itens

com altos custos de armazenagem e de manuseio e itens de demanda inelástica,

como medicamentos vendidos apenas mediante receita médica.

b) Preço de retorno alvo

Para obter o preço de retorno-alvo, Padoveze (1997) considera que se parte

do pressuposto segundo o qual diversos produtos ou divisões de fabricação e

comercialização das linhas de produtos ou serviços necessitam de diferenciados

montantes de investimentos para a realização de seus processos. Igualmente, sabe-

se que, dentro de uma empresa, nem todos os investimentos (ativos) são passíveis

de ser identificados diretamente aos produtos, pois existem componentes de

utilização geral e não específica, tais como ativos dos setores de administração,

recursos humanos, manutenção, almoxarifados etc. Desta maneira, a análise da

rentabilidade anual dos investimentos deve ser bem conduzida, sob pena de

também induzir às decisões não adequadas.

Segundo Kotler (2000, p. 486), na determinação do preço de retorno-alvo a

“empresa determina o preço que renderia sua taxa-alvo de ROI (Retorno

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Operacional de Investimentos)”. O preço de retorno-alvo envolve a determinação do

custo unitário, o retorno desejado, o capital investido e as vendas unitárias, sendo

viável o seu cálculo a partir de uma correta mensuração de tais valores.

Este método de precificação objetiva um retorno sobre investimentos, e

poderá ser favorecido com a redução dos custos, sejam fixos ou variáveis.

Entretanto, os fabricantes, segundo Kotler (2000, p.487), “[...] tendem a

desconsiderar a elasticidade de preço e os preços dos concorrentes.” A elasticidade

de preço será maior ou menor em decorrência da relação oferta e demanda, e os

preços concorrentes devem ser considerados para a formação dos preços de venda

como forma de ajuste entre os preços baseados no consumidor e aqueles baseados

em custos (TUCH, 2003).

A realização de investimentos nos segmentos econômicos pelos donos de

capital objetiva essencialmente resultados positivos, ou seja, lucros ao final de cada

exercício financeiro, remunerando-os de maneira satisfatória. Desta forma, a

formação dos preços poderá ser estabelecida tomando-se por referência uma taxa

de retorno sobre os investimentos realizados. O setor imobiliário, base principal da

construção dos meios de hospedagem, envolve o investimento de vultosos recursos

econômicos, gerando grandes imobilizações de capital em suas construções iniciais

até ao equipar totalmente estes meios de hospedagem para pô-los em

funcionamento.

O Retorno Operacional sobre Investimentos (ROI) é um índice econômico-

contábil que permite aos investidores a projeção de quanto tempo levará para que o

capital investido seja recuperado e passe realmente a gerar lucros líquidos aos

investidores.

c) Preço de valor percebido

Para a determinação do preço baseado no valor percebido pelo cliente é

essencial a verificação dos atributos do produto ou serviço sob a ótica daquele. Os

sistemas de feedback poderão contribuir com informações auxiliares que favoreçam

a tomada de decisão quanto aos preços a serem praticados a partir da percepção do

cliente. Utilizando-se do mix de marketing, como propaganda e força de vendas, as

empresas se baseiam nas percepções dos clientes. “Uma orientação para a

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determinação eficaz de preços será obtida por pesquisas de mercado”. (KOTLER,

2000, p. 488).

Explicações teóricas para influência do preço, na tomada de decisão do

consumidor, podem ser classificadas geralmente dentro de duas categorias:

econômica e psicológica (MONROE e DELLA BITTA 1978; TELLIS, 1986). A esteira

da pesquisa econômica presume que o consumidor comporta-se racionalmente,

enquanto que a esteira psicológica tenta explicar o comportamento irracional do

consumidor.

Empresas freqüentemente usam táticas de preço psicológico na esperança de

conseguir um efeito positivo na decisão de compra do consumidor, apresentando a

noção prévia de que o preço percebido menos o que é dado ou sacrificado para

obter um produto ou sacrifício percebido são importantes medidas para os

especialistas de marketing (ZEITHAMEL, 1988).

Segundo Kotler (2000, p. 488): “Recentemente, várias empresas tem adotado

a determinação de preço com base no valor, através da qual cobram um preço

relativamente baixo para uma oferta de alta qualidade”. A fixação de um preço justo

para um composto de marketing, proporcionando a realização esperada pelos

consumidores, constitui preço de valor (McCARTHY, 1997).

Referindo-se à precificação dos produtos e serviços turísticos, encontra-se em

Pellinen (2003, p. 221) que: “o apreçamento é freqüentemente apresentado como

um conjunto de princípios alternativos ou técnicas que podem ser usados na

formação de preços”. Para o autor: “o apreçamento pode estar baseado na

competição, psicologia do consumidor, custo ou tempo. A competição pode gerar

preços baixos combinados com estratégia de baixo custo”.

Referindo-se ao apreçamento baseado na psicologia do consumidor, Pellinen

(2003) estabelece que um alto ou baixo preço seja visto como uma mensagem em

relação à qualidade do produto ou está conectado a certo estilo de vida. Pode-se

fazer um paralelo ao que diz Gitman (1997) ao se referir à interpretação e à reação

dos clientes aos fatores de determinação de apreçamento, descrito anteriormente.

O apreçamento incrementado, “skimming price”, possibilita rápidos lucros,

mas há possibilidade da retirada do cliente e, conseqüentemente, a perda do volume

de vendas. São apontados ainda, por Pellinen (2003), o apreçamento baseado em

custos utilizando-se de margens de lucro, absorção dos custos e retorno do capital

empregado, e o apreçamento baseado no tempo que requer conhecimento da

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relação custo-volume-lucro e a elasticidade do preço de demanda. Este último pode

ser utilizado, segundo o autor, para superar a competição, tempo de vida do produto

ou a sazonalidade. Considera ainda, que a intuição e o método de tentativa e erro

são considerados como outros meios de apreçamento.

Ainda no estudo realizado por Pellinen (2003) em empresas de turismo

localizadas na Lapônia (Finnish Lapland), Finlândia, sobre a prática de formação de

preço e sua relação com a contabilidade de custo, demonstrou-se que a maioria das

empresas estudadas baseia-se nos preços praticados por outras empresas líderes e

assim, a atual importância da contabilidade de custo fica um tanto limitada. Também

apresentam evidências sugerindo que as decisões de preços são realizadas em uma

rede regional e inter-regional de empresas de turismo.

O material pesquisado foi coletado fazendo-se entrevistas locais a empresas

em três regiões turísticas na Lapônia. Seis empresas de diferentes tamanhos, tempo

de atividades, e tipos de serviços nessas três regiões foram selecionadas. Como a

característica da região é estação de esqui, o mais importante fator na construção

dos preços foi levar em consideração os preços de outras estações de esqui. De

acordo com a pesquisa realizada pelo autor, a tomada de decisão em empresas de

turismo, exceto no caso de firma individual, tomam lugar os grupos para sua

definição.

A lógica da fixação de preços depende do produto em questão. A fixação de

preços para restaurante e acomodações difere da fixação de preços para outros

serviços. A fixação de preços no restaurante está baseada exatamente no custo. O

preço da refeição é fixado, multiplicando-se o custo unitário por uma meta de

margem percentual.

Três principais categorias de formadores de preços foram encontradas: o

imitador, o captador de clientes e o forte calculador. O tipo imitador permite que a

tomada de decisão em preços ocorra em outras empresas para o seu próprio

benefício. Para o imitador, a formação do preço não tem grande significado. O

captador de clientes também permite que os preços sejam definidos em outras

empresas em seu próprio benefício, mas em contraste com o tipo imitador, a decisão

de preço é vista como sendo de grande importância para o sucesso do negócio. Na

tomada de decisão de preço para o captador de cliente, o objetivo é criar uma

imagem de preço nas mentes dos clientes ou potenciais clientes. O apreçamento é

baseado principalmente na competição e na psicologia do cliente, o que, na prática,

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estão entrelaçadas. O calculador forte estabelece as decisões de preços na

contabilidade de custos e cria uma imagem de segmentos de clientes e produtos

através do uso ativo da contabilidade de custos em sua organização. Até certo

ponto, as características dos três tipos podem ser encontradas em todas as

empresas. De qualquer modo, cada empresa individualmente está claramente

próxima de um dos três arquétipos.

Os dados desse estudo sugerem que as chances para preços baseados em

custos são marcadamente limitadas, e em muitos dos casos os preços são fixados

com base em outros campos do que os custos.

Este resultado pode ser considerado com os resultados de levantamento

conduzido por Damitio e Schmidgall (1990, apud PELLINEN, 2003), nos quais os

gerentes de hotel levam os pesquisadores a saber que técnicas contábeis, em geral,

são essenciais em gerenciamento de hotel. Os dados da pesquisa sugerem que

apenas companhias com a mais forte posição competitiva são capazes de usar a

absorção de preços.

O estudo adicionou ao conhecimento dos pesquisadores quanto ao uso do

gerenciamento contábil e seus limites, particularmente no caso de empresas de

turismo, de serviços de programas e hotéis. (DAMITIO e SCHMIDGAL, 1990;

DOWNIE, 1997; MIA e PATIAR, 2001, apud PELLINEN, 2003).

Diferentemente da pesquisa aplicada por Pellinen (2003) à empresas

turísticas, Kashyap e Bojanic (2000) realizaram um estudo através de mala-direta

para os hóspedes de um hotel de alto padrão localizado na parte nordeste dos

Estados Unidos, pautados na teoria meios-fins (ZEITHAMEL, 1998), que faz a

correlação entre o preço percebido, qualidade e valor.

Os hóspedes pontuaram suas percepções sobre a qualidade do apartamento,

das áreas públicas, do staff e serviços durante suas estadas prévias no hotel. Os

respondentes também recordaram o valor total de suas estadas e avaliaram o hotel

em comparação a hotéis similares. O questionário foi dividido em dois segmentos

básicos dos propósitos de visita dos viajantes: negócios e lazer. No final, a amostra

conteve 265 respostas do segmento negócios e 179 respostas para o segmento

lazer. Foi proposta uma escala de 1 a 10 pontos para avaliar os itens: qualidade do

aposento, qualidade das áreas públicas, qualidade do staff e serviços, preço

percebido, preço total da estada, taxas comparativas e intenção de revisitar o hotel.

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A tese central da teoria meios-fins é que os indivíduos direcionam-se para

metas e usam os atributos de um produto como um meio para alcançar as

conseqüências ou fins desejados. (GARDIAL et al, 1994 apud GITMAN, 1997). Isto

implica que o benefício ou valor de um produto ou serviço para um viajante é

determinado pela propriedade que certo produto ou serviço tem em ajudar o mesmo

em alcançar os fins desejados, tanto como a importância desses fins para o viajante.

O resultado da pesquisa sugere que esforços gerenciais focados apenas na

qualidade pode ser miopia, dado que viajantes dão muito mais importância às suas

percepções de valor. Sugere também que os gerentes estariam mais bem servidos

pelo direcionamento de esforços no gerenciamento dos valores dos serviços de

viagem e produtos. Como a percepção de valores entre viajantes de negócios e de

lazer evidenciou-se diferente, conclui-se que é necessário ajustar preços e identificar

e incrementar aqueles atributos e qualidades que têm maior impacto no

engrandecimento de valores nos dois grupos.

d) Preço de mercado

Ao estabelecimento dos preços, baseando-se principalmente nos preços

praticados pela concorrência, dá-se o nome de preço de mercado (KOTLER,2000).

A estrutura de mercado, na qual esteja inserida a empresa, favorecerá ou não a

aceitação dos preços praticados.

Encontram-se diferentes estruturas de mercado que se estabelecem em

função de dois fatores principais: número de firmas produtoras atuando no mercado

e homogeneidade ou diferenciação dos produtos das firmas. As estruturas são

classificadas da seguinte maneira, para o setor de bens e serviços: concorrência

perfeita, monopólio e concorrência monopolista. (PASSOS e NOGAMI, 2003),

Ocorre a concorrência perfeita para o mercado, no qual o número de

compradores e vendedores é tão grande que nenhum deles conseguirá afetar os

preços, agindo individualmente. Outra característica da concorrência perfeita é a

homogeneidade entre os produtos ofertados, sendo perfeitos substitutos entre si.

Ainda são possíveis a entrada e saída das firmas ao mercado, pois não há barreiras

legais e econômicas que as impeçam. Outra característica é a transparência de

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mercado, onde compradores e vendedores têm informação perfeita sobre o

mercado, conhecendo a qualidade e o preço do produto.

No mercado caracterizado como monopólio existe um só produtor de um bem

(ou serviço) e não tendo substituto próximo, fato que favorece a formação de preços

exclusivamente pelo monopolista, existindo barreiras para a entrada de novas firmas

no mercado. “O monopolista é um formador de preço, ao contrário da firma em

concorrência perfeita, que era uma tomadora de preço”. (Passos e Nogami, 2003, p.

326).

A concorrência monopolista é descrita por Passos e Nogami (2003, p. 346)

como sendo “uma estrutura de mercado que contém elementos da concorrência

perfeita e do monopólio, ficando em situação intermediária entre essas duas formas

de organização de mercado”. A concorrência monopolista é caracterizada por

diversos produtores e compradores, produzindo e comprando produtos e serviços

diferenciados, embora substitutos próximos.

A oferta de serviços nos meios de hospedagem difere entre vários

estabelecimentos, oferecendo maior ou menor conforto através de suas instalações,

decorações diferenciadas, maior ou menor número de serviços agregados às diárias,

prazos de pagamento maiores ou menores, entre outros. Estes fatores que

diferenciam os meios de hospedagem fazem com que estes sejam substitutos entre

si, favorecendo aos diversos compradores a substituição de um meio de

hospedagem por outro. Caracteriza-se como concorrência monopolista dado que,

oferecendo produtos e serviços diferenciados, habilita ao fornecedor fixar seus

preços em razão destas diferenciações.

A concorrência monopolista gera a curva de demanda negativamente

inclinada, ou seja, segundo Passos e Nogami (2003, p. 347), “cada produtor possui

alguma liberdade para fixar seus preços e produtos similares gerando a facilidade de

substituição caso o consumidor deseje um preço menor”. Desta forma, a curva da

demanda será negativamente inclinada, ou seja, as quantidades vendidas

aumentarão em conseqüência da redução de preços. A demanda será elástica, pois

o consumidor tem à sua disponibilidade numerosos substitutos para o produto ou

serviço, dando-lhe outras oportunidades de consumo caso haja aumento nos preços.

Middleton (2002) considera que, invariavelmente, no turismo, existe preço

publicado/regular para um produto e um ou mais preços promocionais ou com

descontos. Segundo o autor, “os preços promocionais atendem às exigências de

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determinados segmentos do mercado ou a necessidade de manipular a demanda

para contabilizar os efeitos dos períodos de sazonalidade ou da concorrência como

resultado da capacidade excedida”. Esta afirmação é facilmente verificada quando

ocorrem as negociações no balcão das recepções dos meios de hospedagem,

observando-se que o tempo de permanência do hóspede e a forma de pagamento

favorecem descontos não estabelecidos anteriormente.

4.5 Outros Fatores de Apreçamento

Demais fatores influenciam a formação dos preços tais como oferta,

demanda, produto, praça e a sazonalidade. A seguir, descrevem-se o significado

para cada um destes fatores e a sua influência na determinação dos preços.

a) Oferta

Relativamente à oferta de produtos e serviços turísticos existem diferenças de

acordo com o mercado na qual esteja inserida. Elementos básicos e fundamentais

devem existir em toda oferta turística, independentemente do público-alvo que

deseja alcançar.

Quanto aos meios de hospedagem, são bens e serviços que uma vez

instalados não se deslocarão a outros centros de consumo. Suas características

físicas podem e devem ser adequadas às necessidades de seus clientes, e intensos

trabalhos de marketing para as destinações turísticas é que irão contribuir para a

demanda ideal à oferta disponibilizada.

Diferentemente dos setores industrial e comercial, o setor de serviços

necessita adequar-se, quase que instantaneamente, às necessidades de seus

consumidores. É um segmento econômico com oferta definida, mas sujeita às

adaptações para que possa satisfazer às expectativas de seus consumidores.

A oferta dos meios de hospedagem visa atender ao perfil dos seus potenciais

consumidores, entretanto, a sazonalidade, as alterações na economia mundial e a

velocidade na geração de informações são fatores que levam os consumidores a

alterarem seus destinos turísticos e suas rotas de viagens com tamanha rapidez,

fato que muitas vezes torna ociosa a oferta turística de determinada destinação.

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b) Demanda

Para a demanda, como outro fator que influencia a formação dos preços,

encontra-se em Kotler (2000,p.142) a definição que:

Demanda de mercado para um produto é o volume total que seria comprado por um grupo de clientes definido, em uma área geográfica definida, em um período definido, em um ambiente de marketing definido e sob um programa de marketing definido.

Considerando-se a demanda pelos meios de hospedagem, pode-se dizer que:

demanda é o número de compradores dispostos a utilizá-los, numa determinada

região, por certo período, região esta previamente divulgada e preparada para a

atividade turística. A demanda gera a utilização das unidades habitacionais,

denominada taxa de ocupação. Descreve-se, na Tabela 7, a influência exercida

pelos preços praticados na taxa de ocupação hoteleira, baseando-se em exemplo

citado por Middleton (2002, p.150).

Cabe esclarecer que a taxa de ocupação é o resultado da divisão do número

de unidades habitacionais vendidas pelo número de unidades habitacionais

disponíveis, em forma percentual.

Tabela 7: Influência do preço na taxa de ocupação Número de UH

Disponíveis Número de UH

Vendidas Taxa de ocupação

(%) Valor da diária

Receita anual das vendas

150 105 70 US$ 250 US$ 9.581.250 150 75 50 US$ 250 US$ 6.843.750 150 140 93 US$ 230 US$ 11.753.000

A análise do exemplo apresentado descreve que, para um total de 150

unidades habitacionais disponíveis, sendo 105 vendidas, ou seja, 70% de taxa de

ocupação, ao preço de US$ 250 a diária, obtêm-se receita anual das vendas de US$

9.581.250 (105 x 70% x US$ 250). Quando há redução na taxa de ocupação para

50% , 75 unidades habitacionais, mantendo-se o preço das diárias, há um

decréscimo da receita anual das vendas para US$ 6.843.750. Entretanto, a redução

no preço das diárias para US$ 230 aumentou a taxa de ocupação para 93%, ou

seja, 140 unidades habitacionais, resultando em receita anual de vendas no total de

US$ 11.753.000. O autor descreve que a redução no valor da diária poderá

aumentar a taxa de ocupação, elevando também o total da receita anual de vendas.

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Esta ocupação adicional poderá aumentar o lucro bruto, embora haja redução do

preço de venda.

c) Produto

Entende-se por produto turístico o conjunto de atrativos (naturais, histórico-

culturais, religiosos), equipamentos (restaurantes, hotéis, transporte) e serviços

turísticos (agenciamento, intérprete, guias), acrescido de facilidades (acesso,

comunicação), ofertadas de forma organizada por um determinado preço em

determinado espaço de tempo.

d) Praça (locais de venda)

A caracterização da praça como um dos fatores que influenciam a formação

de preços relaciona-se com fatores diversos. Os canais de marketing, segundo

Kotler (2000, p. 514), “são uma forma de distribuição de mercadorias físicas e, para

o setor de serviços a distribuição de seus produtos e serviços às populações-alvo”.

Uma empresa pode iniciar suas operações de forma local, em um mercado limitado

ou expandir-se além da região onde esteja instalada.

Uma opção de canal, segundo Kotler (2000), é descrita por três elementos: os

tipos de intermediários de negócios disponíveis, o número de intermediários

necessário e as condições e responsabilidades de cada membro do canal.

Adaptando-se os exemplos, citados pelo autor, à prestação de serviços de

hospedagem, pode-se considerar que são necessários elementos internos e

externos ao meio de hospedagem para a distribuição dos produtos e serviços,

exemplificando: os funcionários da recepção, tele marketing ou agências de viagens.

O número necessário de intermediários será definido em função da abrangência dos

serviços oferecidos por estes meios de hospedagem, e as condições e

responsabilidades de cada membro do canal surgirão em função do estabelecimento

de condições de negociações que estes prestarão aos meios de hospedagem.

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e) Sazonalidade

A sazonalidade pode ser entendida como a característica da atividade

turística que consiste na concentração das viagens em períodos determinados

(férias, feriados prolongados) e para o mesmo tipo de região (verão - praia; inverno -

montanha/interior). A sazonalidade no turismo é geralmente classificada em alta e

baixa temporada. Lima, Egito & Silva apud Goeldner, Ritchie & Mcintosh (2004, p.

107), em artigo publicado na Revista Contabilidade & Finanças, enfatizam:

[...] entende-se sazonalidade como a flutuação na demanda em momentos de pico e de baixa – interfere nos negócios. A tomada de decisão para viabilizar a venda do produto hoteleiro, o quarto, neste cenário é fundamental tendo em vista que a diária possui validade e uma vez perdida não é mais recuperada.

A administração dos preços dos produtos e serviços turísticos pode favorecer

os resultados econômicos dos empreendimentos em função da sazonalidade. A

criação de alternativas para utilização dos espaços turísticos, em períodos de baixa

temporada, como a criação e promoção de eventos, pode resultar em melhorias na

utilização de espaços ociosos.

Considerando-se que a análise dos custos decorrentes das atividades na

prestação dos serviços turísticos, especificamente os de hospedagem, contribuirão

para uma formação de preços adequada, o capítulo seguinte discorrerá sobre os

custos de maneira geral e suas classificações, bem como a sua participação na

determinação dos preços nos meios de hospedagem.

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5 CUSTOS

Toda empresa, para iniciar suas atividades, necessita de um processo de

instalação. Para que ocorra a constituição de uma empresa, faz-se necessária a

concessão do capital inicial por seus proprietários ou sócios (IUDÍCIBUS, 2000).

Este capital concedido é que financiará a estrutura de instalação do

empreendimento, representada pela localização, área construída, qualidade das

estruturas físicas, entre outros, podendo ser complementado por financiamentos de

capital de terceiros. Depois de constituída a empresa, a realização das atividades

produtivas geram custos que estarão, direta ou indiretamente, relacionados com esta

produção. Esta relação entre custos e produtos ou serviços gera a classificação em

custos diretos ou indiretos.

Considerando que a elaboração de bens ou serviços demanda fatores de

produção, por exemplo, insumos, mão-de-obra, energia elétrica entre outros itens,

Tuch (2003) preceitua que o somatório destes estabelece o custo que deverá ser o

piso a ser cobrado quando da venda daqueles bens ou serviços. Dada a importância

na identificação correta dos custos incorridos, sua mensuração e a relação que estes

possuem para o estabelecimento do preço de negociação, descrevem-se a seguir

conceitos de custos, sua classificação e os métodos de custeio de forma geral,

adequando-os aos meios de hospedagem.

Atkinson (2000) define custo como o valor monetário de bens e serviços

gastos para se obter benefícios reais e futuros. Custos do produto são todos aqueles

incorridos na produção do volume e mix de produtos, durante o período.

Segundo Martins (1979, 52),

Custo é todo o gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. O custo também é um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço.

Os custos são classificados segundo sua relação direta ou indireta com a

produção de bens e serviços, assim tem-se: a) Custos de produção - são todos

aqueles gastos em transformar matéria-prima em produto acabado, por exemplo,

custos diretos (materiais diretos, mão-de-obra direta) e custos indiretos (apoio à

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produção). b) Outros custos - são classificados como custos de não-produção, como

por exemplo: a) custos de distribuição, que são aqueles gastos com a entrega do

produto acabado aos clientes; b) custos de venda, que incluem despesas de salários

e comissões do pessoal de vendas e outras despesas do escritório de vendas; c)

custos de divulgação, relativos a despesas de propaganda e publicidade; d) custos

com pesquisa e desenvolvimento, que se referem às despesas com planejamento na

busca de colocar novos produtos no mercado; e) custos gerais e administrativos,

que incluem gastos, como o salário do diretor presidente e do escritório de

contabilidade e advocacia que não entram em nenhuma das categorias anteriores.

Os custos diretos são apropriados diretamente aos produtos e serviços

produzidos, entretanto, para a apropriação dos custos indiretos, segundo Femenick

(2000), podem-se utilizar métodos de cálculos proporcionais ao total da receita ou à

relevância de cada setor. Os custos indiretos da prestação de serviços são

classificados em custos operacionais, segundo Atkinson (2000).

5.1 Custos Fixos e Custos Variáveis

Custos fixos ou indiretos são aqueles que não variam em função do volume

produzido ou receita de vendas (FEMENICK, 2000; KOTLER,1996). Assim, o

pagamento mensal das despesas de aluguel, juros, folha de pagamento, etc,

ocorrerá independentemente do volume de produção. Têm-se como exemplos os

impostos prediais e territoriais urbanos (IPTU), iluminação externa ou maquinaria

que possuem um valor anual independente do volume de serviços prestados.

Segundo Femenick (2000), os custos indiretos são aqueles que compõem os

serviços dos hotéis, mas que não podem ser economicamente identificados com a

produção, sendo alguns exemplos os seguros prediais e serviços de segurança.

Diferentemente dos custos fixos, os custos variáveis dependem da

quantidade empregada dos fatores variáveis, ou seja, o volume de produção.

(FEMENICK, 2000). O menor ou maior volume de roupas encaminhado à lavanderia

provocará utilização maior ou menor de produtos consumidos para o seu tratamento,

como produtos de limpeza e higienização, energia e água. Os custos variáveis

oscilam em função direta do nível de produção; esses custos tendem a ser

constantes por unidade produzida. Entretanto, são chamados de variáveis porque

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seu volume varia conforme a produção total (KOTLER, 2000). Embora o volume de

custos permaneça constante por unidade produzida, ou seja, para a higiene de uma

peça de roupa se gasta R$ 0,50, o total dos custos será variável em função do

volume de peças.

Os custos diretos ou variáveis são aqueles identificados ou incorporados

diretamente com uma unidade do produto ou serviço (FEMENICK, 2000). A

iluminação utilizada nos apartamentos, os produtos de higiene pessoal colocados

para uso dos hóspedes, a mão-de-obra das camareiras para organização das

unidades habitacionais, por exemplo.

Para alocação dos custos, sejam diretos ou indiretos, um sistema de

informações deve ser criado como instrumento gerencial na hotelaria, conforme

descrito por Lima et al (2004), contribuindo para o atingimento das metas

organizacionais. Entende-se como sistemas de informação uma série de elementos

ou componentes inter-relacionados que coletam (entrada), manipulam e armazenam

(processo), disseminam (saída) os dados e informações e fornecem um mecanismo

de feedback” (Stair, 1998, apud Lima et al 2004, p.109).

O gerenciamento de custos compreende tarefa principal dos gestores,

proporcionando a redução e controle destes, objetivando a satisfação dos clientes

(Lima et al apud Horngren et al, 2004). Desta forma, devem-se analisar as

considerações do autor como forma de demonstrar que a maneira mais adequada

de identificação e mensuração dos custos nos meios de hospedagem ou em

qualquer empresa propiciará uma formação de preços de venda mais justos, que

contribuirá para o retorno esperado pelos empreendedores e pelos consumidores.

[...] direcionando os conceitos de custos para a área de turismo e hotelaria enfatiza os seguintes pontos: o dirigente deve basear suas decisões nas informações sobre os custos para definir o cálculo do preço mínimo da oferta dos serviços; rentabilidade dos diversos departamentos envolvidos, determinação do ponto de equilíbrio de cada operação do estabelecimento e recursos alocados aos produtos e serviços em elaboração e acabados. (LIMA et al, 2004, p. 108)

Relativamente à natureza dos custos de serviços, Dearden (1978, apud

Bateson, 2001) refere-se à relevância dos custos para determinado produto ou

serviço, complementando os conceitos de custos fixos e custos variáveis com os

“custos singulares”, ou sejam, aqueles atribuídos à produção e à venda de um

determinado serviço e que não existiriam caso este serviço não fosse produzido.

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Pelas definições apresentadas dos custos fixos ou indiretos e variáveis ou

diretos, surgem os grupamentos dos custos para que haja uma padronização

contábil e que facilite sua identificação e alocação por departamento. (FEMENICK,

2000)

Após a identificação e mensuração dos custos, faz-se necessário o rateio ou

atribuição aos produtos ou serviços decorrentes da produção. A este rateio dá-se o

nome de método de custeio, que será descrito a seguir.

5.2 Métodos de Custeio

O prévio entendimento das metodologias de custeio, em prática, não

desenvolve, por si só, um bom sistema de custeio para a avaliação dos custos finais

dos produtos e serviços resultantes de seu processo produtivo. Um alto e detalhado

conhecimento de seu processo, origens e formas adequadas de apropriação de

gastos aliados a noções elementares de custos já seriam necessários, mas não

suficientes, para a elaboração de um sistema de custeio com resultados práticos e

utilizáveis.

Para Silva Júnior (2000, p.18)

Custeio é o processo pelo qual se efetua a apropriação dos custos, conceituando custeio baseado em valor (value based costing ou VBC) por uma metodologia baseada na classificação dos gastos de acordo com seu relacionamento com o volume de vendas (ou de produção).

A metodologia para o estabelecimento do rateio dos custos e sua apropriação

será tanto melhor quanto seja a identificação e classificação dos gastos relacionados

ao processo produtivo ou de venda.

Em estudo apresentado por Nascimento Neto e Miranda (2003), realizado a

partir de uma investigação empírica, baseada em questionário, incorporando dados

de oitenta e uma indústrias brasileiras da Região Metropolitana de Recife, utilizou-se

de duas técnicas de coleta de dados: entrevistas estruturadas e questionário

enviado através de correio eletrônico, composto de um único questionário de

pesquisa, contendo 33 questões. A amostra foi composta por julgamento e amostra

populacional. A amostra por julgamento, também chamada de amostra conveniente

é feita de acordo com o julgamento do pesquisador, que escolhe participantes da

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amostra que correspondem a certos aspectos da população. A amostra

populacional, por sua vez, teve como população-alvo empresas de grande porte do

setor industrial brasileiro. Como resultado da aplicação de ambas as metodologias,

obteve-se 84 questionários respondidos. A pesquisa objetivava a identificação dos

sistemas de custeio utilizados por indústrias brasileiras e a relação destes com

algumas das características dessas empresas.

Como principais conclusões, o estudo revelou ampla utilização do Custeio por

Absorção, sendo o seu uso mais freqüente em empresas exportadoras; identificou-

se que não existe relação entre o emprego de sistemas de custeio e fatores como a

origem da empresa e o número de seus concorrentes, fato que contrariou as

expectativas dos pesquisadores. Observou-se ainda, a falta de relação entre a

estrutura de custos da empresa e o sistema de custeio adotado. Esperava-se que

empresas que possuíssem maior percentual de custos diretos e variáveis, como

materiais diretos e mão-de-obra direta, utilizassem com mais freqüência o Custeio

Variável e que empresas com maior proporção de “overhead” (despesas gerais)

diante de custos totais, utilizassem com mais freqüência o Custeio ABC, fato não

apresentado pelas empresas pesquisadas.

Assim, como em outros estudos, os resultados indicaram uma escolha

arbitrária do método de custeio ou simplesmente o atendimento à legislação, não

sendo utilizado métodos mais adequados às características da empresa e às

decisões que se desejam tomar com base nas informações fornecidas pelo sistema

de custos. Constatou-se que estes procedimentos levam as empresas, na maioria

das vezes, a valores de custos distorcidos e a decisões errôneas, refletindo

negativamente nas decisões de formação de preços e em outras políticas adotadas

pelas empresas.

Os métodos de custeio são classificados em: custeio por absorção; custeio

baseado em atividades - ABC (Activity Based Costing); custeio direto (variável) e

custeio padrão.

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5.2.1 Método de custeio por absorção

Esse método é derivado da aplicação dos princípios de contabilidade,

geralmente aceitos (competência, custo histórico, consistência, conservadorismo,

materialidade), consistindo na apropriação de todos os custos de produção (e

somente os custos de produção) aos produtos.

Assim sendo, deve-se ter uma clara distinção entre custos de produção e

despesas da área administrativa e de vendas. Os custos indiretos de fabricação são

alocados aos produtos por critérios baseados em volume de produção ou custos de

mão-de-obra e matéria-prima ou ambos (custos primários). O custeio por absorção é

adotado para fins de Balanço Patrimonial e exigido pela auditoria externa para fins

de Demonstração de Resultados. O Fisco também o utiliza em larga escala para

avaliação do Lucro Fiscal.

Considerado o método de custeio mais antigo e mais utilizado pelas

empresas, o custeio por absorção utiliza o rateio dos custos fixos de produção pelos

serviços desenvolvidos pelo hotel, ou seja, os produtos absorvem os custos fixos

gerados durante a sua elaboração (FEMENICK, 2000).

O método de custeio por absorção gera dificuldades em sua aplicação, pois

critérios de rateio devem ser elaborados para alocação dos mesmos nos diversos

produtos, serviços ou departamentos dos hotéis. Fiori (2002, p. 7) demonstra a “[...]

importância na elaboração dos critérios de rateio baseados na departamentalização

dos custos indiretos de fabricação e sua influência na determinação dos custos finais

dos produtos elaborados”.

Pode-se considerar que os serviços de hospedagem são elaborados através

da utilização de vários setores ou departamentos do empreendimento. Ao serem

determinados, os percentuais de participação de cada setor ou departamento serão

possíveis à adaptação do critério apresentado pelo autor. Exemplificando, o total de

unidades habitacionais utilizadas durante o mês ou o número mensal de hóspedes

podem ser considerados como critério de rateio dos custos fixos do setor de

hospedagem. O número de horas-máquinas do setor de lavanderia, relacionadas ao

atendimento do setor de hospedagem, também poderá constituir um divisor dos

custos fixos.

Para Femenick (2000, p. 74), o custeio por absorção é o método mais

utilizado pelas empresas de hotelaria, segundo ele:

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O método permite a contabilização dos estoques com todos os custos agregados e, ainda, facilita a aplicação dos critérios de contabilidade financeira para a demonstração de resultados, pois os custos dos produtos vendidos são todos lançados no produto, independentemente do período de apuração.

5.2.2 Método de custeio baseado em atividades - ABC (Activity Based Costing)

A necessidade de um sistema dinâmico de informação, que atenda às

exigências do mercado atual, fez com que fosse desenvolvido, para a área de

manufatura, o sistema de custos denominado ABC (Activity-Based Costing) que, de

acordo com Kaplan (1998), propicia uma avaliação mais precisa dos custos das

atividades e dos processos, favorecendo a sua redução por meio de aprimoramentos

contínuos e descontínuos (reengenharia), preenchendo, assim, o vazio representado

pela distorção dos rateios volumétricos pregados pela tradicional contabilidade de

custos.

Baseado em Kaplan (1998), embora o ABC tenha suas origens nas fábricas,

atualmente muitas empresas de serviços também estão obtendo grandes benefícios

com o uso dessa abordagem. Ainda segundo o autor, as empresas de serviços têm

exatamente os mesmos problemas gerenciais enfrentados pelas indústrias.

Precisam do custeio baseado na atividade, para associar os custos dos recursos que

fornecem às receitas geradas pelos produtos e clientes específicos atendidos por

esses recursos. Somente pela compreensão dessa associação e da ligação entre

preços, recursos, uso e melhoria de processos, os gerentes podem tomar decisões

eficazes quanto aos segmentos de clientes que desejam servir, os produtos que

oferecerão aos clientes nesses segmentos, o método de fornecimento de produtos e

serviços a esses clientes e, finalmente, a quantidade e o “mix” de recursos

necessários para que tudo isso aconteça. Como, praticamente, todas as suas

despesas operacionais são fixas, uma vez que o suprimento de recursos está

comprometido, as organizações de serviços precisam das informações do ABC

ainda mais do que as empresas de produção.

O ABC parte do princípio de que todos os custos incorridos numa empresa,

ou centro de custo aconteceram na execução de atividades, tais como: fabricar,

comprar, transportar, receber e assim por diante. “O desempenho dessas atividades

é que vai definir o consumo dos recursos e, portanto, dos custos. Assim, as

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atividades é que devem estar sob cuidadosa observação e análise”. (PEREZ JR,

OLIVEIRA & COSTA, 1999, p. 235).

Empresas que usam custeio baseado em atividades (ABC) tendem a deslocar

tantos custos quanto possível do grupo de custos indiretos que precisam ser

alocados para as ordens, para grupos de custos diretos, que podem ser

especificamente rateados para ordens individuais, e que foram a causa pela

ocorrência dos custos. Desta forma, tem-se que:

Os custos remanescentes, que não podem ser rateados por ordens individuais, são separados em grupos de custos homogêneos e depois alocados para ordens individuais ao usar bases separadas de alocação para cada grupo de custos. (NAGY & VANDERBECK, 2003, p. 211).

Percebe-se que a identificação e grupamento de custos similares favorecerão,

segundo o autor, a mensuração dos custos decorrentes.

Segundo Ostrenga (1997), à medida que as empresas adotam uma filosofia

pela qual a gestão do processo do negócio é a chave para a gerência de toda a

empresa, a ligação entre atividades e custos assume importância crucial para tornar

a contabilidade gerencial de grande valor para os gerentes de hoje.

O ABC tem como objetivo facilitar a mudança de atitudes dos gestores de uma empresa, a fim de que estes, paralelamente à otimização de lucros para os investidores, busquem também, a otimização do valor dos produtos para os clientes. (NAKAGAWA, 1994, p. 30).

A mensuração dos custos e sua atribuição aos produtos e serviços, através

dos métodos de rateio apresentados, será facilitada ao serem estabelecidos e

direcionados, sendo estes de custo ou de atividades.

Direcionador de custo, segundo Perez Jr, Oliveira e Costa (1999), é a forma

como as atividades consomem recursos, servindo para custear as atividades e

demonstrar a relação entre o recurso consumido e as atividades. Direcionador de

atividades é a forma como os produtos ou serviços consomem atividades,

demonstrando a relação entre as atividades e os produtos ou serviços, segundo o

autor.

A competitividade global vem despertando, recentemente, inusitado interesse

junto às empresas brasileiras pelo método de custeio por atividades (NAKAGAWA,

1994). Segundo Kaplan e Cooper (1998), Activity-Based Costing é uma abordagem

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que analisa o comportamento dos custos por atividade, estabelecendo relações

entre as atividades e o consumo de recursos, independentemente de fronteiras

departamentais, permitindo a identificação dos fatores que levam a instituição ou

empresa a incorrer em custos em seus processos de oferta de produtos e serviços e

de atendimento a mercado e clientes.

Para Andersen (1997, p. 211): O custeio baseado em atividade – ABC “é uma

metodologia que mensura o custo e o desempenho de atividades, recursos e

objetivos de custeio”. Os recursos são atribuídos às atividades que são, na

seqüência, atribuídas aos objetivos de custeio, reconhecendo a relação causal

existente entre os geradores de custos e atividades.

Observa-se que as atividades relacionadas aos serviços hospitalares são

compostas por uma seqüência de procedimentos interligados, ou seja, inter-

setoriais. Para as atividades de hospedagem existe, de maneira similar, esta

seqüência inter-setorial. Desta forma, julgou-se importante as constatações

realizadas pelos autores citados comparativamente as rotinas existentes no setor de

hospedagem.

O trabalho de pesquisa, realizado por Raimundini et al (2004), apresentou os

resultados decorrentes da análise comparativa entre a aplicabilidade do sistema de

custeio baseado em atividades (ABC) e os custos hospitalares, por intermédio da

margem de contribuição, em hospitais públicos e privados.

A pesquisa teve como objetivo principal analisar a aplicabilidade do sistema

ABC e a margem de contribuição dos procedimentos prestados pelos hospitais. A

pesquisa, de natureza descritiva, compreendeu duas etapas: (1) análise dos

resultados apurados em casos nacionais e internacionais de aplicação do sistema

ABC, mediante pesquisa bibliográfica, e (2) estudos de casos realizados em três

hospitais (dois públicos e um privado) que aplicaram o sistema ABC. Os estudos de

casos tiveram dois objetivos principais: análise da aplicação do sistema ABC e da

margem de contribuição.

Desde a década de 1980, as empresas industriais e de serviços têm se

utilizado de novos sistemas de custeio e vêm gerindo seus custos também em uma

perspectiva estratégica. Esses novos sistemas de custeio aproveitam de forma mais

completa as tecnologias de informação disponíveis atualmente, em especial os

sistemas de informações. Essa postura é exigida de forma contundente das

organizações hospitalares brasileiras.

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A correta gestão dos custos poderá representar significativa racionalização

dos procedimentos na prestação de serviços com economia de recursos públicos

escassos, ainda proporcionando melhor resultado financeiro, que poderão ser

revertidos no aumento da capacidade de investimento de capital e qualificação no

atendimento aos pacientes.

A pesquisa bibliográfica realizada em materiais nacionais comparativamente

entre os valores da prestação de serviços em uma unidade, quando mensurados

pelo sistema ABC e pelo sistema de custeio por absorção, demonstram que pelo

sistema ABC é possível identificar os custos que dependem do tempo de

permanência do paciente e aqueles que ocorrem apenas uma vez (custos de

internação e de alta). Concluiu-se, segundo o autor, que o custo paciente-dia no

sistema ABC é variável, enquanto no sistema de custeio por absorção é fixo (ou

linear); e que o sistema ABC possibilita a análise das atividades, o que permite

aperfeiçoar o processo de prestação de serviço.

Baseando-se em publicações sobre a aplicabilidade do sistema ABC no setor

da saúde, Raimundini et al (2004) identificou que após a aplicação do sistema ABC

na reestruturação dos processos e análise das atividades de uma empresa de

prestação de serviços médicos e odontológicos e do mapeamento dos processos,

necessário no sistema ABC, permitiu a tomada de decisões sobre quais atividades

poderiam ser terceirizadas e quais deveriam ser melhoradas.

No tocante aos direcionadores de custos, os resultados do estudo realizado

indicam que o sistema ABC auxilia na análise dos custos e da eficiência operacional

e na tomada de decisão, além de minimizar as distorções na alocação dos custos

indiretos ao serviço prestado, em comparação com o sistema de custeio por

absorção.

Segundo os autores, dos resultados obtidos com a implementação deste

sistema o que mais se destacou foi o fato de ter permitido uma melhor compreensão

do inter-relacionamento das atividades e dos setores envolvidos nos processos de

prestação dos serviços.

Os casos nacionais evidenciam que, nos hospitais em que se adota o sistema

de custeio tradicional, geralmente o custeio por absorção, as informações sobre o

valor dos custos já não atendiam às necessidades da administração dos hospitais.

Para aqueles que adotam o sistema ABC, tanto as informações como a mensuração

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dos custos tornaram-se mais precisas e confiáveis, constituindo-se nas principais

ferramentas para a tomada de decisão.

Dos resultados apresentados, pôde-se concluir que os hospitais que

utilizavam o sistema de custeio tradicional revelavam deficiência na geração de

informações, destacando-se a variação no custo dos procedimentos, devido ao fato

de o critério utilizado para alocar os custos indiretos ser subjetivo e arbitrário. O

critério custo paciente-dia tratava todos os custos como fixos em qualquer

procedimento, desconsiderando sua variação quanto ao tempo utilizado para

atender o paciente ou o número de exames realizados, por exemplo. Em

conseqüência, as informações são imprecisas para a gestão e para a tomada de

decisão; não se conhece como, onde e por que os custos ocorrerem; verifica-se

ineficácia dos controles internos sobre os procedimentos realizados e os custos; dá-

se que o custo obtido refere-se ao paciente, e não ao serviço (ou produto) que o

paciente utilizou; e houve redução do desempenho operacional e financeiro.

O redesenho do fluxo dos processos também proporcionou a redução de

custos e a identificação de ociosidade dos recursos disponíveis, principalmente

humanos e tecnológicos, além de evidenciar que a colaboração e o

comprometimento das pessoas envolvidas foram essenciais para a implementação

do sistema no hospital.

Ao serem pesquisados trabalhos referentes ao tratamento, dado a

transferência de preços entre os diversos setores ou departamentos das empresas,

constatou-se a utilidade deste procedimento na condução de formação de preços

para os serviços de hospedagem. Desta forma, segue resumo do trabalho elaborado

por Melo e Silva (2002).

Estes autores, através de um estudo de caso em empresa industrial

frigorífica, utilizaram as premissas implícitas no modelo ABC objetivando responder:

a) quais as atividades estão sendo executadas pelos recursos organizacionais; b)

quanto custa executar atividades organizacionais e processos de negócio; c) quanto

custa produzir cada produto, considerando seu poder em direcionar os custos

indiretos como diretos fossem através do consumo das atividades. Desta forma,

visaram criar um mapa econômico mais consistente, em substituição ao modelo já

utilizado pela empresa pesquisada, para orientação dos gestores na tomada de

decisão em relação aos preços de transferência.

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Este trabalho procurou verificar a eficácia do Método de Custeio ABC em

reduzir distorções na mensuração e destinação do preço de transferência em uma

empresa descentralizada, comparativamente ao método já utilizado pela mesma. A

empresa composta de unidade de fabricação e distribuição de 50 itens concentra

suas vendas em duas regiões mineiras, utilizando-se dos preços de mercado e

custos mais margem para cálculo do preço de transferência de seus produtos. O

preço de mercado é considerado o teto para produtos similares.

Para a análise do método ABC, foram analisados os processos de negócio da

empresa; outros métodos de transferência de preço e os problemas decorrentes

destes. Foram analisadas as vantagens e desvantagens do ABC em relação ao

sistema já utilizado pela empresa, propondo-se uma análise de ajuste da capacidade

prática das unidades de negócios da referida empresa. Para análise através do

sistema ABC, os pesquisadores definiram critérios baseados no volume de faturas

emitidas, gastos com fretes e compras, percentuais sobre as faturas de telefone,

entre outras.

Algumas considerações deste estudo apresentam que: o sistema ABC pode

ser considerado mais adequado para a análise do preço de transferência, do que o

sistema utilizado pela empresa pesquisada, já que os demonstrativos realizados

pelos pesquisadores refletem melhor os custos incorridos, evidenciando alguns

produtos que possuem maior margem e que não são os mais lucrativos. Finalmente,

constataram que, para a empresa pesquisada, o ABC respondeu melhor aos

objetivos do preço de transferência, porém, há que considerar alguns aspectos que

podem limitar o modelo.

5.2.3 Método de custeio direto (variável)

Dentre os métodos de custeio apresentados, têm-se que o método de custeio

direto ou variável concentra-se na separação dos custos em fixos, que se mantêm

estáveis perante oscilações de produção dentro de um intervalo de tempo; e

variáveis, que variam proporcionalmente às oscilações de produção.

É uma alternativa de maior aplicação gerencial, uma vez que a estrutura

produtiva instalada (embutida nos custos fixos) não apresentará alterações em curto

prazo. Portanto, em curto prazo, procura-se atingir uma margem de contribuição

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baseada nos custos variáveis, representada pela diferença entre o preço de venda

do produto e seus custos e despesas variáveis. Como só os custos variáveis são

alocados aos produtos, os fixos são separados como despesas do período, sendo

descarregados diretamente para o resultado. Portanto, há uma subestimação dos

estoques em relação ao custeio por absorção. Outra característica desse método é a

periodicidade, ou seja, apreciam-se custos e despesas num determinado período, já

que os custos fixos são irrelevantes no curto prazo.

O custeio direto ganhou notoriedade na gestão de empresas, uma vez que a

maioria das decisões gerenciais é de curto prazo, ligadas geralmente às

contratações e demissões da mão-de-obra e compra de matéria-prima.

5.2.4 Método de custeio padrão

Este método estima o custo de um produto determinado, a princípio, por

padrões técnicos de produção, como sendo a meta a ser atingida quando da

produção do mesmo. Engloba custos de mão-de-obra, matérias-primas e custos

indiretos de fabricação (CIF), necessitando de acompanhamentos permanentes para

os ajustes que se fizerem necessários. Suas principais vantagens são:

a) eficácia por um longo período de tempo;

b) estabilidade dos custos dos produtos semelhantes enquanto durar a

validade do custo padrão;

c) utilidade para medição da eficiência do processo produtivo.

Segundo Martins (1979, p. 59), "o custo-padrão é mais uma técnica auxiliar do

que uma forma de contabilização de custos sendo, portanto, utilizável com qualquer

outro método". Para a sua implantação são necessários estudos técnicos que

estabeleçam relações de consumo de recursos por produto em bases experimentais,

ou seja, utilizam-se médias de consumo através de amostras de produtos e

materiais. O custo padrão necessita da atuação conjunta de uma Engenharia de

Produção e Contabilidade de Custo.

A administração adequada da oferta e da demanda é fundamental, dado que

a produção de bens e serviços exige o consumo de grande número de recursos.

Alguns deles são adquiridos ou consumidos à medida que são necessários a

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exemplo dos serviços públicos como água ou energia elétrica. Entretanto, outros

recursos necessitam estar à disposição, haja ou não demanda como é o caso de

unidades habitacionais preparadas para uso, funcionários, materiais de reposição

entre outros. Cria-se, desta forma, a gestão de estoques e a gestão da capacidade

instalada.

Criando-se um paralelo no setor da hospedagem, o exemplo a seguir,

descreve a administração da capacidade instalada, ou seja, aquela que está pronta

para 100% de utilização, beneficiando uma melhor distribuição dos custos incorridos

para a produção do produto ou serviço. A um custo fixo de R$ 10.000,00 para

atendimento de cem unidades habitacionais têm-se um custo fixo unitário por

unidade habitacional de R$ 100,00. Considerando-se este custo para uma utilização

máxima de unidades têm-se a alocação deste custo no preço de venda das cem

unidades. Entretanto, se a venda for de cinqüenta por cento das unidades

disponíveis este custo fixo se elevará para R$ 200,00 por unidade, o que aumentará

o custo final do serviço e dificilmente poderá ser recuperada na venda destas.

5.3 Contabilidade como Instrumento de Gestão nos Meios de Hospedagem

O acompanhamento e o registro de todas as etapas do processo de produção

de serviço são necessários para subsidiar a gestão financeira e o controle contábil

da empresa. Baseando-se nestas informações, os gestores obtêm recursos para

tomada de decisões, quanto à formação de seus preços, oferta de novos serviços,

manutenção dos já existentes, entre outras. Descrevem-se a importância e algumas

funções da Contabilidade Custos e da Contabilidade Gerencial como auxiliadoras no

processo decisório das empresas.

A Contabilidade de Custos utiliza-se dos princípios da Contabilidade geral,

registrando os custos das operações de determinado negócio, possibilitando à

administração utilizar as contas para estabelecer os custos de produção e de

distribuição, seja por unidade ou pelo total produzido, de um ou de todos os produtos

e serviços prestados, com a finalidade de obter operação eficiente, econômica e

lucrativa (Lawrence, 1977, apud FIORI, 2002, p. 1)

A contabilidade de custos integra a Contabilidade Gerencial, ou seja, um

sistema que tem por objetivo gerar informações úteis à administração das empresas,

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gerando diferencial competitivo (PEREZ JR, OLIVEIRA & COSTA, 1999). Alguns dos

benefícios da Contabilidade de Custos são: Projetar produtos e serviços que

correspondam às expectativas dos clientes e possam ser produzidos e oferecidos

com lucro; sinalizar onde é necessário realizar aprimoramentos contínuos ou

descontínuos (reengenharia) em qualidade, eficiência e rapidez; auxiliar os

funcionários ligados à produção nas atividades de aprendizado e aprimoramento

contínuo; orientar o mix de produtos e decidir sobre investimentos; escolher

fornecedores; negociar preços, características dos produtos, qualidade, entrega e

serviço com clientes e estruturar processos eficientes e eficazes de distribuição e

serviços para mercadorias e público-alvo. (KAPLAN & COOPER, 1998).

Quanto à Contabilidade Gerencial, pode-se dizer que é o processo de

identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e

comunicações de informações financeiras usadas pela administração para planejar,

avaliar e controlar dentro de uma empresa e assegurar o uso apropriado e

responsável de seus recursos (ATKINSON, 2000). Os sistemas de Contabilidade

Gerencial produzem informações que ajudam funcionários, gerentes e executivos a

tomarem as melhores decisões e aperfeiçoarem os processos e desempenhos de

suas empresas. É através também de informações geradas pela contabilidade

gerencial que as pessoas ligadas à empresa recebem o feedback de seu

desempenho, podendo, por conseguinte, corrigir atividades passadas e melhorá-las

futuramente.

Historicamente, contadores de custo passam muito tempo desenvolvendo

custos de produtos para bens manufaturados e pouco tempo no custeio de serviços.

“Devido à importância de serviços na nossa economia moderna, os assuntos

relacionados com custos não podem mais ser ignorados.” (NAGY & VANDERBECK,

2003, p. 211).

A atividade hoteleira é composta de uma diversidade de serviços que dificulta

o controle do que realmente é consumido na elaboração destes serviços e a gestão

adequada dos dados poderá favorecer uma determinação mais próxima da realidade

dos custos. Quando isso ocorre, as empresas conseguem oferecer preços

equilibrados entre a capacidade de pagamento dos seus clientes e a qualidade dos

produtos e serviços oferecidos.

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6 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

A realização de um trabalho de pesquisa requer procedimentos

sistematizados, que possam favorecer o conhecimento dos estudos já realizados,

objetivando preencher as lacunas identificadas, pelo pesquisador, em sua proposta

de conhecimento científico para determinada área de interesse.

A busca por referencial teórico concernente à gestão hoteleira,

especificamente aquela direcionada à gestão financeira, através do uso das

informações contábeis para formação de preços dos produtos e serviços oferecidos

nos meios de hospedagem, nortearam a presente pesquisa. Os conhecimentos

adquiridos foram embasados em abordagem multi e interdisciplinar, dado que foram

utilizados referenciais teóricos aplicáveis à Economia, Administração, Contabilidade

e ao Turismo.

Trata-se de uma pesquisa exploratória, de caráter descritivo. É exploratória

em virtude da inexistência de trabalhos específicos na região e por ter como objetivo

conhecer a caracterização da localidade, a infra-estrutura hoteleira e a formação dos

preços tal como se apresentam (PIOVESAN e TEMPORINI, 1995 ). É descritiva por

descrever os caracteres do objeto de estudo, que vão além das generalidades,

buscando dar uma imagem concreta e integral da realidade (CENTENO, 2003). A

pesquisa descritiva caracteriza-se pelo objetivo de descrição sistemática, objetiva e

precisa das características de uma determinada população, sendo um estudo

temporal e utilizando-se de questionários, com maior freqüência, para a coleta de

dados. (SCHLÜTER, 2003)

A pesquisa foi realizada, no período compreendido entre fevereiro a

dezembro de 2004, na região que compõe o Planalto Norte de Santa Catarina,

composto por onze municípios, cujas características estão descritas no capítulo 7.

O levantamento em sites de divulgação do turismo, listas telefônicas

(2003/2004), Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-SC), Sindicato dos

Empreendimentos Hoteleiros do Planalto Norte (SINPLANOR) totalizou um universo

de 38 meios de hospedagem, nesta região, entre hotéis, hotéis-fazenda e pousadas,

listados no Apêndice B. Realizado contato com 20 meios de hospedagem, que se

enquadravam nos critérios mencionados a seguir, encaminhou-se questionários para

os mesmos, sendo que apenas 17 concordaram em participar da pesquisa. Destes

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hotéis, 10 responderam e devolveram os questionários na data da visita da

pesquisadora e 7 encaminharam, via correio, depois de respondidos. Após o

recebimento dos formulários, a pesquisadora realizou contato por telefone para

eventuais esclarecimentos.

A determinação da amostra, descrita no Quadro 4, foi realizada de forma não

aleatória ou empírica, baseando-se no julgamento do pesquisador e intencional, na

qual o pesquisador seleciona intencionalmente, não ao acaso, algumas categorias

que considera representativas do fenômeno que estuda (SCHLÜTER, 2003).

Para a determinação desta amostra foram utilizados os seguintes critérios: 1)

aceitação dos hotéis em participar; 2) estabelecimentos que recebem hóspedes

motivados, principalmente, por atividades de negócios, em virtude da possibilidade

de oferecer a este público a permanência na região para conhecer seus atrativos

naturais, históricos e culturais.

Os meios de hospedagem, componentes da amostra da pesquisa, foram

identificados por números de 1 a 17, com o objetivo de preservar a identidade dos

hotéis, de seus proprietários e gerentes e encontram-se relacionados no Apêndice

C.

O Quadro 4 mostra o universo e a amostra da pesquisa por município da

região do Planalto Norte de Santa Catarina.

Cidade Nº. total de hotéis Amostra da pesquisa

Bela Vista do Toldo - -

Campo Alegre 3 1

Canoinhas 5 2

Itaiópolis 1 -

Mafra 4 3

Monte Castelo - -

Papanduva 2 2

Porto União 7 3

Rio Negrinho 6 2

São Bento do Sul 8 4

Três Barras 2 -

Total 38 17 Quadro 4: Universo e amostra dos hotéis pesquisados

Fonte: Questionário de pesquisa

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Como instrumento de pesquisa dos meios de hospedagem, foi utilizado

questionário semi-estruturado (Apêndice A), com perguntas abertas e fechadas. O

questionário apresentado à amostra da pesquisa era composto por variáveis para a

identificação da empresa através do nome e endereço da mesma, da estrutura

física, representada pelo número de unidades habitacionais, e da estrutura humana,

através do número de colaboradores, os serviços oferecidos pelas mesmas e se

estes são produzidos pela própria empresa ou são terceirizados.

A seguir, identificou-se a predominância do motivo de viagem que levavam os

hóspedes a se hospedarem nas empresas pesquisadas, qual a taxa média mensal

de ocupação e os preços praticados. Referente aos preços praticados, foi

questionada a existência de critérios para a formação dos mesmos e qual o critério

que melhor se enquadrava ao adotado pelo hotel. Esta questão, composta de quatro

alternativas de respostas, possibilitou a descrição de outro método não relacionado

anteriormente.

As três perguntas seguintes se relacionaram ao comportamento das

empresas relativamente aos preços praticados pela concorrência, e verificavam se

havia pesquisa dos preços praticados pela concorrência, a periodicidade da

pesquisa e a relação percentual do preço praticado com o da concorrência. A

apuração dos custos incorridos para realização dos serviços de diárias também foi

pesquisada.

Relativamente à política de preços praticados, perguntou-se sobre a

concessão de descontos, seus percentuais, se eram aplicados sobre as vendas a

prazo e com cartão de crédito, bem como a que grupo de hóspedes era concedido

desconto. Questionou-se também sobre períodos de menor ocupação das unidades

habitacionais, e se nestes períodos as empresas praticavam preços promocionais.

As empresas foram solicitadas a responder sobre os fatores que favorecem e

dificultam suas atividades na região, e se as mesmas estão associadas a entidades

de classe ou sindicatos.

Como parte final do questionário, foi solicitada a identificação do respondente,

com perguntas relativas ao sexo, cargo que ocupa na empresa, grau de

escolaridade e a participação em cursos relativos à gestão de empresas hoteleiras.

Foram aplicados 5 pré-testes do questionário, que posteriormente fizeram

parte da amostra final, com a finalidade de identificar lacunas existentes nas

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perguntas que originassem dúvidas aos respondentes. Após adequação do

questionário pré-teste, um novo questionário foi aplicado.

Os dados dos questionários foram tabulados através do programa Excel,

analisando-se os percentuais das respostas.

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7 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO PLANALTO NORTE DE SAN TA CATARINA COMO DESTINO TURÍSTICO

A atividade turística é desenvolvida dentro de um contexto, no qual se

sobressaem as características da localidade onde a mesma ocorre.

Para análise e caracterização da região do Planalto Norte de Santa Catarina

(PNSC), faz-se necessário observar a composição geográfica, cultural e turística da

mesma. A denominação de Planalto Norte é decorrente da divisão, pelo governo

estadual, em oito regiões geográficas, apresentada anteriormente.

Quanto à divisão do Estado em Roteiros Turísticos é decorrência da proposta

do Ministério do Turismo, conjuntamente com os governos estaduais e municipais

contida no Macroprograma de Estruturação e Diversificação da Oferta Turística

(MINISTÉRIO DO TURISMO 2003), objetivando a execução de políticas do turismo

de forma descentralizada, havendo planejamento coordenado e participação por

região turística. O Programa de Regionalização do Turismo em Santa Catarina

resultou na divisão do estado em sete roteiros turísticos, conforme Figura 4, a seguir:

Figura 4 – Roteiros Turísticos Regionais – SC

Fonte: Governo de SC (e) – 2006

1. Litoral Norte 2. Ilha de Santa Catarina 3. Litoral Sul e Surfe 4. Caminho dos Príncipes 5. Vale Europeu 6. Planalto Serrano 7. Encantos do Oeste e Termas

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Outra denominação para a regionalização do turismo em Santa Catarina é a

divisão do estado em oito regiões, quais sejam: Caminho dos Príncipes, Rota do Sol,

Grande Florianópolis, Encantos do Sul, Vale Europeu, Serra Catarinense, Vale do

Contestado e Grande Oeste, conforme publicação da Secretaria da Organização do

Lazer.

A região do planalto norte do Estado de Santa Catarina abrange parte dos

roteiros turísticos Vale do Contestado e Caminho dos Príncipes. Na região do Vale

do Contestado, entre o período de 1912 a 1916, ocorreu um conflito social, a Guerra

do Contestado, envolvendo cerca de 20 mil pessoas, numa área conflagrada de 48

mil metros quadrados, resultando na morte de 5 a 8 mil pessoas, segundo

estimativas. Os municípios de Canoinhas, Porto União, Bela Vista do Toldo, Major

Vieira e Três Barras são alguns dos municípios que compõem o Roteiro Vale do

Contestado e pertencem às regiões do Planalto Norte.

Fatos como o envolvimento de dois terços do exército republicano e a

utilização, pela primeira vez, da aviação com fins militares na América do Sul

marcaram esta etapa da história brasileira, que se encontra registrada através de

acervos guardados em museus, nos marcos existentes e em alguns monumentos

nas cidades participantes deste episódio. Este patrimônio histórico pode ser melhor

explorado pelo turismo cultural.

O Museu do Jagunço, localizado no Distrito de Taquaruçu, município de

Curitibanos, mantém em suas instalações simples peças e fotos que retratam

episódios da referida guerra. O município de Caçador preserva uma área de 300 mil

metros quadrados, demarcada como sítio histórico, onde se localiza o lugar

registrado como palco da primeira batalha da referida guerra.

O roteiro turístico, Caminho dos Príncipes, é formado pelas cidades de Porto

União, Canoinhas, Mafra, Rio Negrinho, São Bento do Sul, Campo Alegre, Corupá,

Jaraguá do Sul e Joinville. A denominação do roteiro turístico, Caminho dos

Príncipes, acredita-se, faz referência às terras onde está a cidade de Joinville, as

quais foram dadas, em 1843, ao Príncipe de Joinville, François Ferdinand Philipe -

filho de Louis Philipe, rei da França, como dote da princesa Francisca Carolina, irmã

do Imperador D.Pedro II, celebrando a união entre a família imperial brasileira e a

corte francesa.

A região do Planalto Norte de Santa Catarina possui áreas ricas em florestas

nativas e provenientes de reflorestamento, concentrando o pólo florestal catarinense,

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o mais expressivo da América Latina, abrangendo indústrias madeireiras,

moveleiras, de papel e papelão (Governo do Estado de SC – 2005).

São caracterizados, a seguir, cada um dos municípios que compõem a região

do Planalto Norte de Santa Catarina. Os atrativos naturais, a população e as

atividades econômicas predominantes são fatores que favorecem o fluxo e

permanência de pessoas de outras cidades na localidade. Atualmente, a motivação

maior de viagem para a região decorre do setor de negócios, representado pelo

comércio, indústria e prestação de serviços educacionais. A Secretaria de Estado da

Organização do Lazer disponibiliza, através de cartilhas e sites, dados referentes

aos atrativos turísticos, representados pelos recursos naturais, históricos e culturais

dos municípios catarinenses, os quais poderão contribuir para a permanência ou o

retorno dos turistas de negócios em períodos após suas atividades empresariais,

podendo gerar mais recursos financeiros para a região estudada.

A seguir, descrevem-se algumas características dos municípios que

compõem a amostra, destacando-se os aspectos: localização e recursos naturais,

sua formação étnica, cultural e econômica, conforme constam no site oficial do

Governo do Estado de Santa Catarina, divulgados em 2004, 2005, 2006 e 2007,

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), site oficial do Ministério do

Turismo para os anos de 2004, 2005 e 2006, entre outros.

A seqüência da descrição por município segue o padrão de ordem alfabética.

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Município de Campo Alegre

Localizado no Planalto Norte Catarinense, a 61 km de Joinville e 220 km de

Florianópolis (figura 5) possui uma área de 506 km², com altitude de 870 m acima do

nível do mar; o clima predominante é o temperado, com temperatura média anual de

19ºC. Campo Alegre situa-se na Latitude 26º11'33 S e Longitude 49º15'56 W.

Figura 5 – Localização município Campo Alegre - SC

Fonte: Governo de SC (c) – 2005 – Escala 1:21.000.000

Fundado em 18 de março de 1897, o município de Campo Alegre tem como

principais atividades econômicas a agricultura, pecuária, extrativismo,

reflorestamento e indústria moveleira. Com colonização espanhola, alemã, polonesa

e portuguesa, Campo Alegre possui aproximadamente 12 mil habitantes, segundo

dados do IBGE (2005).

A prefeitura do município (figura 6) é uma construção histórica, que data de

1929, onde, anteriormente, funcionava a cadeia publica. Atualmente, é sede do

Poder Público Municipal.

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Figura 6 – Prefeitura Municipal-Campo Alegre-SC

Fonte: Governo de SC (c) - 2006

Os aspectos construtivos como o apresentado na figura 6, poderão contribuir

na elaboração de roteiros para visitação turística em Campo Alegre.

A cidade de Campo Alegre possui densas florestas com araucárias, que lhe

proporcionam clima ameno, atraindo turistas, especialmente no inverno, que

desfrutam das manifestações culturais e gastronômicas das etnias alemã, polonesa,

italiana e portuguesa. Destaca-se a Festa Estadual da Ovelha, com exposição e

leilões de ovinos. A cidade possui dois hotéis localizados na área urbana e um hotel

fazenda.

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Município de Canoinhas

Canoinhas localiza-se a 365 km da capital do estado, Florianópolis SC, na

Latitude 26º10'38 S e Longitude 50º23'24 W (figura 7). O município possui área de

1143,6 Km², a uma altitude de 839 m acima do nível do mar, clima temperado, com

médias anuais de temperatura entre 15º C e 25º C.

Figura 7 – Localização município Canoinhas-SC

Fonte: Governo de SC (f) – 2005 – Escala 1:21.000.000

Fundado em 12 de setembro de 1911, foi colonizado por imigrantes alemães,

poloneses, ucranianos, italianos, sírio-libaneses e tchecos, possuindo, atualmente,

55 mil habitantes. Sua atividade econômica está concentrada na agropecuária e

indústrias, principalmente beneficiadoras de erva-mate, madeireiras e frigoríficos.

Como atrativos turísticos, o município possui o Parque de Exposições Ouro Verde -

com um lago natural, um mini-zoológico e grande área verde; um balneário,

denominado Pedreirinha, com 96 mil metros quadrados, com quedas d'água, área

para camping e lazer. Possui também uma Cervejaria Artesanal, a Canoinhense,

que utiliza técnica de produção trazida da Alemanha, em 1897. O Museu Orty

Machado abriga variado acervo, registrando fatos da colonização do município e da

disputa de terras contestadas entre Paraná e Santa Catarina, que é um dos fatores

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que desencadearam a Guerra do Contestado. A cidade de Canoinhas possui cinco

hotéis urbanos.

O Portal do município (figura 8), com construção estilizada da arquitetura

polonesa, que é uma homenagem à colonização eslava predominante no município

e está localizado no principal acesso da cidade à Avenida Rubens Ribeiro da Silva,

dispõe de espaço para informações turísticas e área de recepção aos visitantes. Em

seu projeto, disponibiliza um espaço, no segundo piso, para a implantação de um

"café cultural".

Figura 8 – Portal de Canoinhas-SC Fonte: Governo de SC (c) - 2005

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Município de Itaiópolis

Itaiópolis situa-se na Latitude 26º20'11 S e Longitude 49º54'23 W (figura 9). O

município possui área de 1.240 Km² e localiza-se a uma altitude de 1004 m acima

do nível do mar. Situa-se a 330 Km de Florianópolis SC.

Figura 9 – Localização município Itaiópolis-SC

Fonte: Governo de SC (f) – 2005 – Escala 1:21.000.000

Fundado em 28 de outubro de 1918, o município de Itaiópolis possui um clima

mesotérmico úmido, com verão fresco e temperatura média de 16,2°C.

O município, que recebeu colonização inglesa, polonesa, russa e alemã, tem

origem na fundação da cidade paranaense de Rio Negro. Os primeiros imigrantes

ingleses chegaram em 1891, seguidos de russos, poloneses e alemães que

juntamente com tropeiros acampados na região fundaram um povoado pertencente

ao estado do Paraná. Em 1917, finda a Guerra do Contestado, o município passa ao

Estado de Santa Catarina, na condição de distrito do município de Mafra, tornando-

se emancipado no ano de 1918. Em 2005, possuía aproximadamente 19 mil

habitantes. Sua principal atividade econômica baseia-se na agricultura. Possui um

hotel urbano.

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A Igreja Matriz Nossa Senhora da Medalha Milagrosa foi fundada por

imigrantes e descendentes de poloneses, em 27 de novembro de 1953 (figura 10).

Figura 10 – Interior da Igreja N.Sra da Medalha Milagrosa-Itaiópolis-SC

Fonte: Governo de SC (c) - 2005

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Município de Mafra

Mafra situa-se na Latitude 26º06'41 S e Longitude 49º48'19 W. O município

possui área de 1.406 km² e está localizada a uma altitude de 793 m acima do nível

do mar (figura 11), dista 310 km de Florianópolis, capital do estado.

Figura 11 – Localização município de Mafra-SC

Fonte: Governo de SC (f) – 2005 – Escala 1:21.000.000

Fundada em 08 de setembro de 1917, Mafra tem um clima temperado, com

temperatura média anual entre 15ºC e 25ºC.

O município de Mafra, com uma população de 51 mil habitantes, é

considerada cidade-pólo do Planalto Norte Catarinense e destaca-se mundialmente

pela produção de mel. Colonizada por alemães, tchecos, poloneses e ucranianos, a

cidade mantém as tradições de cada uma de suas etnias em centros culturais e em

grupos folclóricos como o Vesná (ucraniano) ou o bucovino Boarischer Wind

(alemão).

Destaque para a Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, templo de fé dos

ucranianos que vivem na cidade, e a Ponte Metálica sobre o Rio Negro, inaugurada

em 1896, sendo o maior monumento histórico da região. O município possui

algumas peculiaridades como as canforeiras (planta de origem asiática da qual é

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extraída a cânfora) da praça Hercílio Luz, o calçamento de pedra basáltica e os

fósseis, que provam que há milhões de anos a região esteve sob o mar.

A ponte de ferro (figura 12) é o elo entre os Estados de Santa Catarina e

Paraná. Ela possui 110 metros de extensão e foi feita na Inglaterra. A origem do

nome do rio pode ser em função da história que contam sobre o transporte da ponte

até a cidade.

Figura 12 – Ponte de Ferro que liga Mafra SC a Rio Negro PR

Fonte: Governo de SC (c) - 2005 Além da infra-estrutura turística existente na cidade, Mafra também conta com

um bem-estruturado turismo ecológico, que inclui passeios por florestas nativas,

áreas rurais, cachoeiras, usinas e sítios paleontológicos. Possui quatro hotéis

urbanos.

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Município de Papanduva

O município de Papanduva situa-se na Latitude 26º22'13 S e Longitude

50º08'40 W (figura 13) . O município possui área de 777 Km², localizado a uma

altitude de 788 m e dista 380 km de Florianópolis.

Figura 13 – Localização município de Papanduva

Fonte: Governo de SC (f) – 2005 – Escala 1:21.000.000

Fundado em 11 de abril de 1954, tem na agropecuária sua principal atividade

econômica e um clima mesotérmico úmido, com verão quente e temperatura média

anual de 16,6°C.

O município de Papanduva possui cerca de 17 mil habitantes, descendentes

dos colonizadores alemães, poloneses e portugueses que mantêm as tradições de

seus antepassados na gastronomia, na religião e no folclore do município. Sua

principal atividade econômica é a cultura de batata-semente, comercializada para

diversos Estados. Num total de área cultivada de 23.000 hectares, são plantados

também feijão, milho, fumo e soja. Há ainda criação de gado de leite e de corte, de

suínos e de caprinos. Na zona urbana, há 50 indústrias, entre madeireiras,

metalúrgicas e selecionadoras de sementes. A gastronomia, a religião e o folclore

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conservam as tradições dos primeiros moradores. Papanduva possui dois hotéis

urbanos.

O povoamento de Papanduva começou ainda no século XVIII, quando os

tropeiros transportavam gado, charque e couro do Rio Grande do Sul para São

Paulo. Eles atravessavam picadas na mata e também a Estrada da Mata, que no

futuro se tornaria a primeira estrada asfaltada de Santa Catarina: a BR-116. Como o

caminho era longo, muitos lugares se tornaram ponto de parada e descanso, entre

eles a área de Papanduva. O nome vem do capim dado aos cavalos, o “papuam”.

Os primeiros imigrantes foram alemães e portugueses vindos do Paraná, em 1828, e

a dificuldade de vencer as matas densas dificultou a colonização. Somente em 1880

a área foi realmente colonizada, com a chegada dos imigrantes poloneses. A Figura

14 retrata o centro do município, que ainda possui construções da época de sua

colonização.

Figura 14 – Centro do município de Papanduva

Fonte: Governo de SC (c) - 2005

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Município de Porto União

Porto União situa-se na Latitude 26º14'17 S e Longitude 51º04'42 W (figura

15). O município possui área de 849 Km², localiza-se a uma altitude de 752 m acima

do nível do mar e a 445 km de Florianópolis. Seu clima é mesotérmico úmido, com

verão fresco e temperatura média anual de 17,2°C.

Figura 15 – Localização município de Porto União

Fonte: Governo de SC (f) – 2005 – Escala 1:21.000.000

Fundado em 05 de setembro de 1917, possui 32 mil habitantes, com

colonização predominantemente alemã. As principais atividades econômicas são

indústrias madeireiras, de alimentos, agricultura, piscicultura e pecuária leiteira. Tem

como principais atrações turísticas a prática de rafting, rapel, vôo livre, rally e trail.

Para turismo e lazer, a cidade possui 130 cachoeiras e interessantes edificações do

começo do Século XX.

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A cachoeira do Rio Bonito (figura 16), localizada no rio de mesmo nome,

possui queda d’água com altura de 30 metros, infra-estrutura de camping,

restaurante e local de venda de produtos artesanais, e situa-se a aproximadamente

47 km do centro do município.

Figura 16 – Cachoeira do Rio Bonito-Porto União-SC

Fonte: Governo de SC (e) – 2005

O milho e a soja são culturas de destaque no município. As diversas etnias

que formam o povo do lugar são representadas pelos grupos folclóricos Calena,

Cachoeiras de Prata, Steinkich, 25 de Julho e Edelwaiss. Outras atrações turísticas

são o Museu Municipal, Museu Rural Cantina Antônio Patel, Museu Rural Leovegildo

Dalmas, Igreja de Pedra de São Miguel da Serra, Igreja Ucraniana do Legrú, saltos

do Rio Bonito, do Rio Pintado e do Rio dos Pardos. O município de Porto União

possui 7 hotéis.

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Município de Rio Negrinho

Rio Negrinho situa-se na Latitude 26º15'16 S e Longitude 49º31'06 W (figura

17). O município possui área de 908 km² e localiza-se a uma altitude de 790 m, a 89

km de Joinville, 62 km de Jaraguá do Sul e 250 km de Florianópolis. O clima

predominante de Rio Negrinho é o temperado, possuindo médias anuais de 18º C,

com ares de cidade serrana e frio intenso no inverno.

Figura 17 – Localização município de Rio Negrinho-SC Fonte: Governo de SC (f) – 2005 – Escala 1:21.000.000

Fundado em 24 de abril de 1880, tem como principal atividade econômica a

indústria moveleira, que é a maior geradora de renda na cidade, dando ênfase à

cerâmica e à agropecuária. Sua população é de aproximadamente 41.200

habitantes, com colonização alemã, italiana, portuguesa e polonesa. Em relação ao

turismo, Rio Negrinho tem na estrada-de-ferro e nos passeios de Maria-Fumaça uma

de suas grandes atrações histórica, turística e cultural.

A Maria Fumaça (figura 18) proporciona aos turistas e passageiros um

passeio encantador pela serra do Norte Catarinense, em cenários antigos de

montanhas, túneis e cachoeiras. Além disto, os passageiros podem conhecer a

história da ferrovia no Museu Dinâmico da Maria Fumaça, contando com oito

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locomotivas a vapor, vagões antigos e peças relacionadas à história da ferrovia no

Brasil. Os passeios de Maria Fumaça acontecem todo segundo sábado de cada

mês, com saída de Rio Negrinho às 10h, com destino a Rio Natal, onde os

passageiros são aguardados com um saboroso almoço típico polonês, e retorno

previsto às 16h.

Figura 18 – Maria Fumaça-Rio Negrinho-SC

Fonte: Governo de SC (e) – 2005 Por sua diversificada colonização, a cidade expressa sua tradição

multicultural num variado gosto musical, que são apresentados em seu festival de

danças, no rodeio de abril e na festa do planalto (Oberlandfest). A Fundação

Municipal de Cultura mantém cursos de música, dança e artes plásticas para adultos

e crianças, além de um arquivo histórico, biblioteca e casa do artesanato.

Como atrativo natural, tem-se a Represa de Volta Grande, com área de 15

quilômetros de extensão, situada a 40 Km do centro da cidade, que possui mata

nativa preservada, área de lazer e camping, chalés mobiliados e cabanas para

pernoite, barcos, canoas e prática de pesca amadora. O município conta com seis

hotéis.

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Município de São Bento do Sul

São Bento do Sul situa-se na Latitude 26º15'01 S e Longitude 49º22'43 W

(figura 19). O município possui área de 487 km² e localiza-se a uma altitude de 838

metros, está a 80 km de Joinville e 259 km de Florianópolis. Apresenta um clima

predominantemente temperado, com temperatura média anual de 18ºC.

Figura 19 – Localização município de São Bento do Sul-SC

Fonte: Governo de SC (f) – 2005 – Escala 1:21.000.000

Fundado em 23 de setembro de 1873, possui 66 mil habitantes, formou-se

pelas colonizações alemã e polonesa. O município possui cerca de 628 indústrias,

destacando-se as do setor moveleiro, com 183 fábricas, seguido das fábricas de

louças, cerâmicas e plásticos.

Os imigrantes imprimiram, no traçado das ruas, no desenho das casas, na

construção de praças e edifícios de São Bento do Sul, diversificado estilo

arquitetônico do sul da Europa (figura 20), do final do século XIX, com

predominância da região sul da Alemanha. No centro do município, a quantidade de

prédios tombados pelo patrimônio histórico de Santa Catarina transforma a cidade

num pedaço da Alemanha no Brasil.

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Figura 20 – Centro município de São Bento do Sul-SC

Fonte: Governo de SC (c)- 2005

Colonizada por imigrantes alemães e poloneses, conta com aproximadamente

20 grupos folclóricos, um deles fundado em 1888, quatro anos após a chegada dos

primeiros imigrantes. Anualmente, é realizada a Musikfest, Festa das Nações, que

integra o calendário das festas de outubro em Santa Catarina. Possui infra-estrutura

de restaurantes e espaços para realização de feiras e eventos. A importância da

produção moveleira de São Bento do Sul pode ser conferida na Feira de Mobiliário

de Santa Catarina, a Móvel Brasil, que se realiza sempre entre maio e junho.

Possui atrativos naturais que fazem da cidade uma ótima opção para o

turismo ecológico e de aventura. A Casa do Imigrante, réplica da primeira casa

construída em São Bento do Sul, está localizada no Parque 23 de Setembro, que

possui área de 19.000 m² de muito verde e ar puro, localizado em área central do

município. Outro ponto turístico é o Morro da Igreja, com 842 metros de altitude,

utilizado para a prática de montanhismo. O município possui 8 hotéis.

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Município de Três Barras

Três Barras situa-se na Latitude 26º06'23 S e Longitude 50º19'20 W. O

município possui área de 419,1 km² (figura 21) e localiza-se a uma altitude de 802

metros e a 462 km da capital.

Figura 21 – Localização município de Três Barras-SC

Fonte: Governo de SC (f) – 2005 – Escala 1:21.000.000

Fundado em 23 de janeiro de 1961, o município de Três Barras tem em seu

povo o resultado da miscigenação de muitas raças, mistura de caboclos, cafuzos,

italianos, alemães e japoneses. Possui uma população de 17.120 habitantes e seu

clima é mesotérmico úmido, com verão quente e temperatura média anual de

17,1°C. Localiza-se, no município, o maior campo de manobras do Exército nos

territórios de Santa Catarina e Paraná, o Centro de Instrução Marechal Hermes, que

promove exercícios militares mobilizando até 5.000 homens. Este centro de

manobras incorporou o patrimônio que sobrou da serraria americana Lumber.

Há cinqüenta anos, foi instalada a maior empresa do município, dedicando-se

à produção de papel e celulose, com uma produção de 245.000 toneladas/ano de

pinus. Na agricultura, destaca-se a produção de milho, feijão, soja e batata – com

20.000 toneladas anuais, sendo Três Barras o maior produtor da região.

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A Floresta Nacional de Três Barras é a maior das nove florestas nacionais do

sul do Brasil. Na região da floresta, é realizado o manejo da fauna, além de

experimentos com árvores, visitação, pesquisa e educação ambiental. O visitante

encontra trilhas ecológicas e animais como a curicaca, a gralha, o pica-pau-do-

campo, bugios, veados, lebres, jaguatiricas, capivaras e até mesmo o lobo-guará,

ameaçado de extinção. O passeio é acompanhado por policiais militares, que dão

detalhes sobre a fauna e a flora da região. Criada em 1944, a Floresta Nacional de

Três Barras tem a preservação de madeira nativa. A cidade possui dois hotéis.

A região central do município de Três Barras (figura 22) mantém poucas

construções arquitetônicas da época de sua colonização. Uma delas está retratada

na Figura 23, a Estação Ferroviária, inaugurada em 1913, construída para dar vasão

às extrações de madeiras, executadas pela empresa norte-americana Southern

Brazil Lumber and Colonization Company. A madeireira financiou a construção de

casas, hospital, clube e a importação de máquinas e locomotivas. A empresa trouxe

também o terceiro projetor de cinema do Brasil, sendo que os outros dois estavam

instalados no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Figura 22 – Centro do município de Três Barras Fonte: Governo de SC (c)– 2005

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A estação ferroviária (figura 23) abriga o Museu Municipal, reunindo acervo

que registra os principais fatos históricos do município através de fotos, documentos

e equipamentos diversos.

Figura 23: Estação ferroviária-Três Barras-SC

Fonte: Governo de SC (g)– 2007

A caracterização dos municípios constantes do universo de pesquisa

demonstra que a diversidade cultural, representada por grupos étnicos

conservadores de tradições trazidas pelos primeiros colonizadores, o potencial dos

atrativos naturais, além dos aspectos de desenvolvimento econômico, tais como

indústrias e agricultura, podem contribuir para o incremento das atividades turísticas

na região.

A principal motivação da atividade turística na região são as viagens de

negócios, realizadas por empresários, prestadores de serviços e visitantes às

empresas instaladas na região, como as indústrias madeireiras, os produtores

agrícolas e de derivados de papel e celulose, entre outros. Além disso, oito

universidades instaladas na região atraem considerável número de professores e

alunos que utilizam o setor hoteleiro.

A qualificação profissional, melhoria da estrutura hoteleira e a divulgação dos

atrativos e recursos da região poderão gerar demanda com interesse nos aspectos

culturais e ecológicos da região; demanda esta que poderá ser composta, em parte,

pelos turistas de negócios que já circulam na região.

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8 PESQUISA REALIZADA NOS HOTÉIS

Este capítulo contém as informações coletadas através dos questionários

aplicados à amostra de 17 hotéis e suas análises e está subdividido em: 8.1)

Caracterização dos hotéis, localização, número de unidades habitacionais, número

de colaboradores e taxa de ocupação; 8.2) Motivos de viagem e de escolha dos

hotéis; 8.3) Serviços oferecidos pelos meios de hospedagem; 8.4) Política de preços

praticada; 8.5) Métodos de custeio e de formação de preços; 8.6) Fatores que

interferem nas atividades hoteleiras; 8.7) Associativismo dos hotéis e 8.8)

Características dos entrevistados. Para a análise destes resultados, buscou-se a

interpretação à luz da bibliografia pesquisada.

8.1 Caracterização dos Hotéis Pesquisados

Inicialmente, será apresentada a localização dos meios de hospedagem por

município. A seguir, serão descritos os dados referentes à estrutura hoteleira

representada pelo número de unidades habitacionais, número de colaboradores e

taxa de ocupação.

Os meios de hospedagem pesquisados estavam localizados em sete cidades

da região do Planalto Norte Catarinense, conforme Tabela 8, a seguir:

Tabela 8: Localização dos meios de hospedagem pesquisados por municípios

Cidade de Localização Nº. de Meios de Hospedagem %

Campo Alegre 1 6

Canoinhas 2 12

Mafra 3 17

Papanduva 2 12

Porto União 3 17

Rio Negrinho 2 12

São Bento do Sul 4 24

TOTAL 17 100

A amostra composta por dezessete meios de hospedagem resultou da

aceitação dos mesmos em participar da pesquisa e da devolução dos questionários

respondidos.

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Com relação ao número de unidades habitacionais (UH) que compunham o

empreendimento, a maioria dos hotéis possuía até 30 UHs (47%), conforme pode

ser visualizado no Gráfico 1, caracterizando-se como hotéis de pequeno porte,

segundo a classificação da ABIH-SC (2004).

84 2 3

47

23

1218

0

10

20

30

40

50

Até 30UH

De 31 a50 UH

De 51 a70 UH

Acimade 71UH

Nr. de MeiosdeHospedagem(%)

Gráfico 1: Caracterização dos Hotéis pelo número de UHs

A quantidade de unidades habitacionais da amostra enquadrava-se nas

características apontadas pela ABIH-SC (2004) que apresentam a participação de

40% dos meios de hospedagem (pousadas e pequenos hotéis) com até 30 UHs e a

participação de 54% para hotéis possuindo de 30 a 80 UHs.

O resultado da pesquisa mostrou que a maioria, ou seja, 47% (8) dos meios

de hospedagem possuía até 30 UHs; 23% (4) com disponibilidade entre 31 e 50

UHs; 12% (2) disponibilizando de 51 a 70 UHs e 18% (3) apresentando quantidade

de UHs superior a 71.

Ao que se refere ao número de colaboradores envolvidos nas atividades

realizadas pelos meios de hospedagem pesquisados, os resultados estão

apresentados na Tabela 9, utilizando-se a classificação do SEBRAE, para empresas

de serviços, ou seja, considerando-se o número de pessoas ocupadas, incluindo o

proprietário.

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Tabela 9 : Classificação da amostra segundo Sebrae/2006

Classificação Sebrae Quanto Ao Porte

Número De Empregados

Nº. Hotéis Pesquisados % (100)

Microempresa Até 09 11 65

Pequena empresa 10 a 49 6 35

Média empresa 50 a 99 0 -

Grande empresa 100 ou mais 0 -

Foi constatado que 65% (11) dos entrevistados empregavam até nove

colaboradores e 35% (6) empregavam até trinta, sendo que, dentro deste

percentual, apenas um meio de hospedagem empregava trinta funcionários.

Baseando-se na classificação do tamanho da empresa, segundo o SEBRAE (2006),

concluiu-se que onze empresas da amostra podem ser classificadas como

microempresas e seis são classificadas como pequenas empresas.

Relativamente à ocupação de mão-de-obra, os dados do SEBRAE (2004)

revelam que 95% das empresas de turismo empregam até 30 colaboradores, fato

constatado na presente pesquisa. Outro critério para classificação econômica das

empresas considera o total do faturamento anual das mesmas. Entretanto, o objetivo

principal desta pesquisa é a verificação da formação dos preços das diárias nos

meios de hospedagem, não fazendo parte o conhecimento do faturamento anual.

A análise histórica da ocupação dos meios de hospedagem poderá contribuir

para que o empresário programe seus investimentos, recrutamento ou dispensa de

pessoal, aquisição de maior ou menor volume de mercadorias, entre outras

providências. A Tabela 10 apresenta as taxa mensais de ocupação dos meios de

hospedagem pesquisados:

Tabela 10: Taxa de ocupação mensal dos hotéis

Taxa ocupação (em %) Número de respostas % (100)

Até 40 % 4 23

41 a 60 % 10 59

61 a 80 % 2 12

Acima de 80 % 1 6

Total de respondentes 17 100

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A maioria dos hotéis apresenta uma taxa de ocupação que varia entre 41 a

60%, abaixo, portanto, da média apresentada nos hotéis de Santa Catarina

(SANTUR, 2006). Acredita-se que a taxa de ocupação apresentada pelos

respondentes seja decorrente da concentração das hospedagens nos dias úteis do

mês. Verificou-se que 16 respondentes informaram que os períodos de menor

ocupação são os fins de semana e feriados. Apenas um respondente possui menor

taxa de ocupação durante a semana, justificada pela localização não central,

acomodações dispostas em chalés e extensa área de lazer que são fatores

atraentes para turistas de fim de semana, especialmente para realização de eventos.

Ainda, para 3 respondentes, os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro

representam períodos de menor ocupação.

8.2 Motivo de Viagem e de Escolha dos Hotéis

Os principais motivos de viagem para a região são aqueles relacionados às

atividades de negócios, correspondendo a 100% das respostas. Isto é

compreensível de vez que um dos critérios de escolha de hotéis da amostra era a de

atendimento ao público que viajasse a negócios. Como o questionário permitia mais

de uma opção, seguiram-se as atividades de lazer e passagem para outros centros

com 4 (quatro) respostas e para estudos ou participações em congressos foi

relacionada por um respondente. Pôde-se observar que as atividades econômicas

descritas na caracterização dos municípios apresentavam-se como principal

propulsor das atividades de hospedagem na região.

Ao serem questionados sobre os fatores que contribuíam pela escolha dos

hóspedes por seus hotéis, os respondentes indicaram os preços praticados (71%), a

localização (59%), qualidade dos serviços oferecidos (35%), tradição (29%),

seguidos da falta de outras opções de hospedagem (6%). O ambiente favorece a

escolha, 6%, x e não souberam informar 12% dos respondentes.

A predominância do fator preço (71%) como motivação de escolha pela

hospedagem sugere que este fator deve ser calculado com base nos princípios

científicos para sua formação, a fim de que atraia demanda suficiente de hóspedes e

gere lucro para a organização. No tocante à influência do preço nas decisões de

compra, encontram-se em Troster (1999); Lage (2001); Gitmann (1997) assertivas

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concernentes à escolha pela compra dentro de suas possibilidades de renda; que a

demanda para os produtos turísticos será maior quanto menor o preço destes e

ainda que, a análise e reação dos clientes referem-se à possibilidade da realização

da compra e de quanto a mesma elevará sua experiência criada pela compra.

Os serviços disponibilizados nos empreendimentos turísticos devem ser

adequados para o atendimento das necessidades de seus usuários. A pesquisa

demonstrou o predomínio de visitantes motivados por atividades de negócios. Desta

forma, pode-se dizer que o segmento predominante é o de clientes

corporativos/empresariais. Para atender às necessidades de segmentos específicos,

faz-se necessário o desenvolvimento de produtos compatíveis, direcionando o

gerenciamento das operações para este atendimento (MIDDLETON, 2002).

8.3 Serviços e Estruturas Oferecidos pelos Meios de Hospedagem

Quanto aos serviços e estruturas oferecidos, observou-se deficiência, em

maior ou menor grau, em todos os hotéis visitados. A Tabela 11 descreve a

disponibilidade dos mesmos, sendo comentados em seguida.

Tabela 11: Serviços oferecidos nos meios de hospedagem

Tipo de serviço/estrutura Disponíveis nos hotéis (* ) %

Hospedagem com café da manhã 16 94

Diária com meia pensão 1 6

Diária completa 2 12

Restaurante 10 59

Bar 9 53

Piscina 1 6

Sauna 1 6

Escritório virtual, computador, Internet 6 35

Academia / ginástica - (fitness center) 2 12

Sala para reuniões 10 59

Sala de Convenções 7 41

Outros serviços 6 35

(*) Respostas múltiplas

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Os turistas de negócios, segmento predominante na região estudada, que

necessitam de estruturas mais complexas para auxiliarem suas atividades diárias,

procuram acomodações que sejam capazes de suprir suas necessidades. Podem

constituir opções para estes turistas o serviço de internet, salas para reuniões, locais

para lazer, como salas de jogos ou sauna. Entretanto, apenas seis (35%) dos hotéis

pesquisados possuíam instalações para conexão à Internet ou computador

disponível aos hóspedes. Na região de localização dos hotéis, no município de

Papanduva, não havia disponibilidade de freqüência para uso de telefone celular,

sendo apontado por um dos proprietários como um motivador para a não

permanência dos hóspedes.

Referente aos serviços de lazer e entretenimento, um dos MH possuía

piscina, outro possuía sauna e dois possuíam equipamentos e área para ginástica.

Os serviços de alimentação e bar estavam presentes em parte dos MH, sendo que

59% (10) dos MH possuíam restaurantes e 53% (9) MH ofereciam serviço de bar. O

café da manhã era oferecido por 94% (16) MH, sendo fornecida diária completa por

12% (2) MH, e 6% (1) ofereciam diária com meia pensão. Os espaços disponíveis

para realização de reuniões existiam em apenas 59% (10) dos MH e 41% (7)

ofereciam espaços para realização de eventos e convenções. Os serviços de

locação de equipamentos para realização de eventos e contratação de serviços de

buffet eram terceirizados por 35% (6) dos MH.

Pôde-se considerar que os meios de hospedagem precisam criar maiores e

melhores condições de produtos e serviços para atendimento deste público, o que

favorecerá o retorno dos mesmos. Considera-se que a hospedagem é parte da

estrutura geral do turismo, podendo influenciar as decisões de viagem dos turistas

(COOPER, p.351, 2002).

O levantamento dos serviços oferecidos pelos meios de hospedagem

identificou que, para a sua realização, ocorre o envolvimento direto e indireto de

setores específicos. Os setores de recepção, lavanderia, camareiras, alimentos e

bebidas, manutenção, almoxarifado contribuem de maneira isolada e conjuntamente

na elaboração e realização dos serviços oferecidos. Desta forma, pode-se afirmar

que os recursos consumidos em cada setor contribuem para a oferta do bem ou

serviço final. Assim sendo, o nível dos colaboradores de uma organização turística,

especificamente nos meios de hospedagem, os treinamentos por eles recebidos,

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bem como seu histórico educacional, tornam-se fatores importantes, impactando

positiva ou negativamente o resultado do produto ou serviço final (ARAÚJO, 2003).

Em relação aos produtos e serviços terceirizados pelos meios de

hospedagem, foi perguntado se o hotel utilizava serviços terceirizados. Caso a

resposta fosse afirmativa, que relacionasse os mesmos. Desta forma o número de

respostas é maior que o número de respondentes, por se tratar de respostas

múltiplas. Foram relacionados os serviços de lavanderia, café da manhã,

restaurante, contabilidade e equipamento áudiovisual, obtendo-se as seguintes

respostas, descritas na Tabela 12.

Tabela 12: Contratação de serviços terceirizados

Serviços terceirizados Hotéis que utilizam (*) % (1 00)

Lavanderia 2 12

Café da Manhã 2 12

Restaurante 4 24

Contabilidade 14 82

Equipamentos áudio visual 3 18

(*) Respostas múltiplas

Segundo dados apresentados na Tabela 12, a maior participação de serviços

terceirizados encontra-se na área administrativa, especificamente à de

Contabilidade, com 82% (14). Apenas três (3) meios de hospedagem realizam os

serviços contábeis na própria empresa. Considerando que a contabilidade geral do

empreendimento é realizada através de terceirização, é necessário que o

responsável por este serviço na empresa de contabilidade auxilie o proprietário dos

hotéis na gestão contábil, especialmente aquelas referentes aos custos das

atividades, como instrumento fundamental da formação dos preços (BOMFIM, 2002).

Tendo em vista que alguns hotéis terceirizam serviços importantes para os

hóspedes como os de restaurante, café da manhã e lavanderia, faz-se necessário

um acompanhamento da qualidade destes serviços.

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8.4 Política de Preços Praticada

Com relação aos preços praticados no setor hoteleiro, de maneira geral,

variam de acordo com os serviços e produtos oferecidos e percebidos pelos

hóspedes. Estes preços são negociados com os clientes ou através de agências

quando da realização de reservas ou mesmo na entrada dos mesmos no meio de

hospedagem (check-in ou walk-in). A relação de preços coletada nesta pesquisa

pode ser chamada de tarifa básica ou de tabela. Entretanto, os preços são

negociados, concedendo-se descontos ou prazos para pagamento visando à

permanência do hóspede.

A segmentação do público-alvo, no segmento turístico, poderá favorecer o

estabelecimento dos preços de serviços e produtos (VANCE e de ÂNGELO, 2003).

Turistas em férias dispõem de tempo maior e disponibilidades financeiras maiores do

que aqueles que viajam motivados por atividades profissionais. A participação do

consumidor na determinação dos preços praticados pode decorrer de sua

interpretação e reação ao grau de satisfação proporcionado pela compra (GITMANN,

1997).

As tabelas 13 e 14 mostram os maiores e menores preços praticados pelos

meios de hospedagem em acomodações básicas para uma ou duas pessoas:

Tabela 13: Preços praticados – UH para uma pessoa

Individual (R$) Menor Preço R$ Maior Preço R$

Nº. % Nº. %

Até 20,00 6 35 3 18

De 21 a 40 7 41 8 46

De 41 a 60 4 24 4 24

De 61 a 80 0 0 1 6

De 81 a 100 0 0 1 6

Acima de 100 0 0 0 0

Os dados apresentados na Tabela 13 referem-se aos preços de apartamentos

para uma pessoa praticados pelos hotéis que compõem a amostra, agrupados por

faixas de valores. A pesquisa demonstra que 41% dos respondentes praticam diárias

individuais na faixa de preços compreendida entre R$ 21,00 a 40,00, que 35% dos

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respondentes possuem a menor diária individual com valor até R$ 20,00 e que 24%

praticam diárias individuais com valor acima de R$ 41,00.

Observa-se que a concentração de preços oferecidos encontra-se na faixa de

até R$ 60,00 e, conforme Tabela 10, a taxa de ocupação para a amostra

encontrava-se na faixa de 41 a 60%, dados que são descritos pela Embratur (2003)

como característicos dos hotéis que atendem hóspedes com motivação de viagens

de negócios. Os respondentes desta pesquisa indicaram que predominam hóspedes

com esta motivação em seu público atendido.

Tabela 14: Preços praticados – UH para duas pessoas

Duplo Menor Preço R$ Maior Preço R$

Nº. % Nº. %

Até 20,00 1 6 1 6

De 21 a 40 4 24 1 6

De 41 a 60 5 29 7 41

De 61 a 80 1 6 0 0

De 81 a 100 0 0 1 6

Acima de 100 2 12 3 18

As respostas totalizam o percentual de 77%, para o menor e maior preço

praticado para unidades habitacionais duplas, em decorrência de quatro

respondentes praticarem preços únicos individuais, independente da ocupação da

UH por um ou mais hóspedes.

A análise dos preços oferecidos pelos diferentes hotéis, somente através de

tabelas, não é suficiente para estabelecer comparação de qualidade dos serviços

oferecidos. Para isto foi necessária a visita aos meios de hospedagem pesquisados,

o que proporcionou maior entendimento sobre os preços praticados, uma vez que

houve a oportunidade de verificar as instalações de onze dentre os dezessete

componentes da amostra e constatar os diferentes tipos de acomodações e serviços

oferecidos.

O poder efetivo na determinação dos preços pelos clientes cresce cada vez

mais. A globalização da concorrência, facilitada pela tecnologia da informação,

especialmente pelo uso da Internet e sistemas interativos de televisão, favorece a

comparação entre os preços, julgado-os aceitáveis ou não a partir da comparação

entre preços e benefícios recebidos (MIDDLETON, 2002).

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Para a primeira faixa de preços, estabelecida para análise com preço da

diária até R$ 20,00, pôde-se perceber que: um dos MH não oferecia café da manhã

em sua diária e suas UHs não possuíam banheiros individuais nem televisão, sendo

possível o aluguel desta pagando-se uma taxa adicional. Para outro

estabelecimento, os espaços das UHs eram divididos por mais de um hóspede, não

possuindo armários para guarda dos pertences dos mesmos nem televisão, sendo

que o banheiro era de uso coletivo. Entretanto, seu proprietário considerava que

este ambiente familiar é motivo de atração para a maioria de seus clientes, o que lhe

proporciona a média de ocupação de 75% ao mês.

Ainda para esta mesma tabela de preços, três meios de hospedagem

possuíam taxa média de ocupação entre 41 a 60% e dois meios de hospedagem

apresentavam esta taxa entre 71 a 80%. Acredita-se que o volume nas vendas das

unidades habitacionais gere receita suficiente para manutenção dos mesmos.

Percebeu-se ainda, que os proprietários estavam à frente da gestão destes

estabelecimentos e que apenas um dos meios de hospedagem possuía mais de seis

colaboradores.

Referente aos preços praticados entre R$ 21,00 e R$ 40,00, foi constatada a

oferta de melhores acomodações e instalações de maneira geral. Um dos meios de

hospedagem possuía piscina, ampla área externa, restaurante e salão de jogos, com

construção e decoração diferenciadas, proporcionando ambiente típico em chalés.

Isto é possível porque, segundo o proprietário, são realizados pacotes para

atendimento a grupos, especialmente nos fins de semana, garantindo-lhe a

ocupação de sua capacidade ociosa, o que favorece a redução dos preços das

diárias para os turistas motivados a negócios que se hospedam durante a semana.

Outro fator percebido é que o proprietário e sua família estão envolvidos com as

atividades diárias do hotel, o que reduz a necessidade de contratação de

funcionários e, consequentemente, também diminui as despesas com pessoal.

Entre os meios de hospedagem com diárias acima de R$ 41,00, dois deles

possuíam serviços de restaurante, sauna, escritório virtual, computador e internet

disponíveis aos hóspedes, amplas estruturas físicas, funcionários uniformizados que

lhes atribuía uma imagem de serviços com maior qualidade.

Observou-se que os preços praticados estão relacionados com os serviços

propostos pelos meios de hospedagem e que estes podem estar satisfazendo os

hóspedes que a esses recorrem. Entretanto, acredita-se que a relação entre preço e

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qualidade oferecidos poderá ser melhorada, principalmente para o atendimento de

turistas que não estejam na região motivados por negócios.

Segundo Zeithaml, et al (1988 apud Kashyap, 2000), em relação à satisfação

dos hóspedes, a percepção de valor de um produto ou serviço é relacionada à

utilidade proporcionada por estes, baseando-se nas percepções do que é recebido e

o que é oferecido, diferenciando-se esta percepção entre os diversos usuários.

Existe ainda uma relação de valor percebido ao preço pago.

Relativamente ao preço das diárias nos meios pesquisados, este foi apontado

por 70% (12) como um dos fatores que motivam a permanência dos hóspedes,

seguido pela qualidade com 42% (7) das respostas, e pela localização também com

42% (7). Ressalta-se que esta análise é baseada na freqüência de respostas uma

vez que a pergunta indicava seis opções sem atribuição de peso.

Em relação aos preços praticados pela concorrência, 35% (6) empresas

informaram que não realizavam pesquisa destes, enquanto 65% (11) delas

pesquisam periodicamente os preços praticados pelos concorrentes. Informações

trazidas pelos clientes sobre preços praticados por outros meios de hospedagem

geravam fontes que influenciavam a negociação entre o hóspede e o hotel. Do total

da amostra, 53% (9) responderam que seus preços eram iguais aos dos

concorrentes, 12% (2) praticavam preços menores, 18% (3) aplicavam preços

maiores e também 18% (3) desconheciam os preços da concorrência.

Consoante aos preços praticados pela concorrência, faz-se necessária a

identificação da real concorrência existente na região. Ao se referirem que buscam

ou não informações nos preços concorrentes é preciso verificar se existe o

conhecimento dos produtos e serviços oferecidos por estes. Considera-se

concorrência como um fator de mercado composto por várias empresas oferecendo

produtos e serviços semelhantes (PEREZ, et al, 1999), o que é de difícil mensuração

no setor de serviços, uma vez que os meios de hospedagem, além de apresentarem

diferenças nos aspectos físicos, como acomodações, espaços disponíveis,

localização, oferecem serviços diferenciados como apresentados na Tabela 11,

sendo necessária também, a identificação da relação colaboradores e hóspedes,

que constitui mais um dos fatores de diferenciação nos serviços turísticos.

Ao que se refere à formação de preços, Tuch (2003) considera a importância

de serem analisados os fatores: consumidor, custo e concorrência, onde os

consumidores estabelecerão o patamar superior dos preços; os custos devem ser o

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piso para a determinação destes e a concorrência ajustará o preço entre o patamar

superior (consumidor) e o piso (custos). Acredita-se que uma formação de preços

sem consideração dos fatores descritos por Tuch (2003) poderá gerar dificuldades

financeiras para as empresas de modo geral e especificamente nos meios de

hospedagem.

Percebeu-se que, em algumas ações para formação de preços de venda das

unidades habitacionais, embora de forma empírica, os gestores se utilizam dos

conceitos descritos por Gitman (1997) em que, muitas vezes, a negociação para a

realização da venda objetivava a sobrevivência, o lucro, o retorno sobre os

investimentos, a participação de mercado, o fluxo de caixa, e a qualidade do

produto, formando preços diferenciados daqueles estabelecidos a priori, mas que

promoveriam a receita esperada pelos gestores. Entretanto, a médio e a longo

prazos a sobrevivência dos meios de hospedagem poderá estar comprometida.

Relativamente à negociação para a efetiva venda das UH, pôde-se considerar

que a estratégia de marketing poderia estar direcionada à recuperação, mesmo que

parcial, dos custos fixos, decorrentes da capacidade instalada nos MH, as quais não

fossem vendidas representariam uma perda irrecuperável (MIDDLETON, 2002).

A concessão de descontos sobre os preços divulgados em tabela é uma

prática nos meios de hospedagem. Para a amostra obteve-se que os descontos

variam de 2 a 25 %, considerando o período de permanência dos hóspedes, dias

com menor ocupação, por exemplo, feriados e fins de semana ou motivação da

viagem.

Para concessão de descontos diferenciados, foi perguntado para quais

grupos eram aplicados, estando as respostas descritas na Tabela 15.

Tabela 15: Concessão de descontos nas diárias

Grupo Respostas %

Autônomos 4 14

Representantes comerciais 9 32

Empresários 1 4

Terceira idade 2 7

Participantes de eventos no próprio hotel 5 18

Grupos, bandas 1 4

Negocia caso a caso 2 7

Não concede desconto 4 14

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124

Tipicamente, a região é caracterizada pelo segmento com maior motivação de

viagens a negócios, sendo o grupo de profissionais autônomos, representantes

comerciais e participantes em eventos aqueles que representam as maiores faixas

beneficiadas pelos descontos concedidos, 14% e 31% respectivamente. O segmento

de participantes em eventos representa 18% do total dos hóspedes beneficiados

pelos descontos concedidos, o que pode ser justificado pelo tempo de permanência

nos meios de hospedagem ou o número de hóspedes participantes dos eventos.

Observou-se também que os organizadores de eventos realizam contatos com os

meios de hospedagem para promoverem parcerias que envolvem serviços de

locação dos espaços, alimentação e hospedagem.

O gráfico 2, a seguir, mostra a distribuição de descontos para o público alvo

dos hotéis.

14%

32%

4%7%

18%

4%

14%

7%

Autônomos

RepresentantescomerciaisEmpresários

Terceira idade

Participantes de eventos

Outros

Negocia caso a caso

Não concede desconto

Gráfico 2: Público alvo dos descontos concedidos

A constatação, pela pesquisa, que o preço praticado pelos hotéis exerce

influência na decisão pela permanência do hóspedes pode ser entendida na

apresentação dos percentuais do gráfico 2. Objetivando a conquista e manutenção

de seus hóspedes , os meios de hospedagem aplicam diferentes percentuais de

desconto, os quais são influenciados pelo período de permanência, pelos dias de

semana, entre outros.

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125

8.5 Métodos de Custeio e de Formação de Preços

Sabe-se que a elaboração de produtos ou serviços consome variados

recursos, denominados gastos, sendo estes classificados em custos ou despesas

(IUDÍCIBUS, 2000). Considerando-se que os custos refletem os recursos

consumidos pelas empresas para a elaboração e fornecimento de bens e serviços,

as organizações serão mais eficientes à medida que apurarem corretamente e

reduzirem seus custos (ATKINSON, 2000). Ainda, os custos deverão ser a base dos

preços, isto é, o valor mínimo da faixa de preços. Estes custos devem representar a

soma de todos os custos diretos de produção, um rateio de custos indiretos e de

impostos acrescidos do lucro unitário desejado (TUCH, 2003). As empresas podem

momentaneamente desconsiderar seus custos, conforme a pesquisa demonstrou,

mas para estabelecerem seus preços de venda corretamente e se manterem

competitivas deverão valer-se de informações mais fidedignas.

Baseando-se na pesquisa bibliográfica; verificou-se a importância da correta

apuração dos custos incorridos para elaboração de produtos e serviços, como um

dos fatores auxiliadores na tomada de decisão pelas empresas em suas políticas

gerenciais, incluindo-se a formação de seus preços de venda. Constatou-se que a

predominância da literatura, incluindo-se as pesquisas publicadas em periódicos e

dissertações, pauta-se principalmente em segmentos da indústria e comércio, sendo

que para o setor de serviços, especialmente os serviços de hospedagem há

escassez de publicação.

Ao serem aplicados os questionários, perguntou-se aos proprietários ou

gerentes dos meios de hospedagem qual o método de apuração dos custos das

diárias praticadas, de maneira simples, sem a utilização dos termos científicos

utilizados para identificação dos métodos de custeio, que serão expostos na Tabela

16, com as respectivas freqüências nas respostas.

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Tabela 16: Método de custeio utilizado

Método Nº. Respostas %

1. Custeio por Absorção: rateio de despesas, através de percentual fixo, para cada setor.

2 12

2. Custeio por Absorção: rateio de despesas, baseado no número de hóspedes, para cada setor.

4 24

3. Custeio Direto: apropriação direta das despesas no setor de hospedagem.

2 12

4. Método ABC: cálculo dos recursos consumidos por atividade 5 28

5. Não utiliza nenhum método 4 24

Verifica-se que 76% (13) dos entrevistados utilizam métodos tradicionais de

custeio e 24% (4) não utilizam nenhum método, sendo que duas empresas apenas

estimam o valor de seus custos e outras duas não os calculam.

O método de custeio por absorção é utilizado por 36% (6) empresas,

diferindo-se os critérios de rateio, sendo que 12% (2) destas optam pelo rateio de

despesas através de percentual fixo, para cada setor da empresa e 24% (4)

baseiam-se no número de hóspedes como critério de rateio.

A eficiência do método de custeio por absorção será maior quando os

recursos consumidos pelo setor de hospedagem forem corretamente identificados.

Desta forma, acredita-se que a utilização do sistema de departamentalização de

custos, identificando separadamente os desembolsos ocorridos para a realização

das tarefas, poderá auxiliar os gestores na melhoria da apuração de seus custos,

utilizando-os como referência na formação de seus preços de venda (FIORI, 2002).

Especial atenção deverá ser dispensada para situações em que os gastos

aumentam em decorrência da manutenção predial, representada por reformas ou

ampliações, as quais poderão onerar o setor de hospedagem, elevando seus custos,

podendo gerar aumentos de preços das diárias em função de gastos momentâneos.

Através da literatura pesquisada, observou-se que este método pode onerar

demasiadamente os custos de determinados produtos ou serviços deixando de

apropriar corretamente os custos incorridos em outros produtos e serviços

(FEMENICK, 2000).

Duas empresas (12%) responderam que apropriam as despesas diretamente

no setor de hospedagem (custeio direto). Para o rateio dos custos através do custeio

direto as empresas desconsideram no curto prazo os custos fixos, que tendem a

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permanecer estáveis durante um período de produção ou elaboração dos serviços.

A hospedagem envolve mais do que os serviços prestados em suas acomodações

para pernoite. A mão-de-obra e seus encargos do setor da recepção, da lavanderia,

da copa, caso o café da manhã esteja incluso na diária, assim como outras

despesas tais como energia elétrica, telefone, água, produtos de lavanderia devem

ser identificadas em que setores serão alocados. Da mesma forma que os demais

métodos, este também pode onerar o setor de hospedagem, lhe atribuindo parcela

de custos maior do que a efetivamente consumida na prestação dos serviços das

diárias.

Cinco empresas (28%) utilizam o Sistema ABC, que consiste no cálculo das

despesas com base nos recursos consumidos em cada atividade envolvida nos

processos elaborados para fornecimento dos serviços. Embora originário das

fábricas, o sistema ABC tem contribuído para as empresas de serviços. Para Kaplan

(1998), é necessária uma associação entre custos e receitas gerados pela

elaboração e vendas dos produtos e serviços, favorecendo as tomadas de decisões

gerenciais quanto aos preços, recursos, uso e melhoria dos processos.

Estudos realizados por Raimundini et al (2004), no setor de serviços

hospitalares, analisaram a eficiência do sistema de custeio baseado em atividades

(ABC), concluindo que após a aplicação do sistema ABC na reestruturação dos

processos e análise das atividades de uma empresa de prestação de serviços

médicos e odontológicos e do mapeamento dos processos, necessário no sistema

ABC, permitiu-se a tomada de decisões sobre quais atividades poderiam ser

terceirizadas e quais deveriam ser melhoradas.

Menciona-se o estudo desse autor dado às similaridades entre os serviços de

hospedagem turísticas e os de saúde, no que se refere à complexidade dos

procedimentos, envolvendo várias etapas, desde a chegada do hóspede ou paciente

até a sua saída.

Diante do exposto e dos demais estudos citados anteriormente, acredita-se

que o Sistema de Custeio Baseado em Atividades (ABC) satisfaz às necessidades

dos gestores que indicaram sua utilização nos hotéis pesquisados.

Cabe ressaltar que, durante a aplicação dos questionários, algumas

perguntas foram explicadas aos respondentes, uma vez que se percebia a

insegurança dos mesmos frente à utilização dos termos técnicos, de vez que,

quando da aplicação do pré-teste tal fato foi constatado levando o pesquisador a

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utilizar expressões de fácil compreensão, sem no entanto, desviar o propósito da

pesquisa.

Acredita-se que, em virtude da informação prestada por 24% (4) dos

entrevistados, da não utilização de métodos de custeio para determinação do custo

de suas diárias, haja desconhecimento dos métodos de custeio relacionados na

questão, o que levou à resposta de não adoção de nenhum método. Algumas

empresas optaram por mais de um método ou método não relacionado na pesquisa,

que são descritos a seguir.

Uma das empresas informou que utilizava o rateio através de percentual fixo

e também que suas despesas eram calculadas com base nos recursos consumidos

em cada atividade envolvida nos processos elaborados para fornecimento dos

serviços, sendo que estes procedimentos eram utilizados pelo método ABC.

Duas empresas, pertencentes ao mesmo proprietário, “adotam uma

estimativa de valor que dê retorno esperado”, não adotando nenhum método para

apuração de seus custos, declarando que “há meses que fecha no vermelho”. Um

dos hotéis não funciona em dias em que seu proprietário julga que não haverá

público que justifique o seu funcionamento. Nestes casos, ficam evidenciadas as

perdas financeiras decorrentes de uma incorreta administração dos custos e

conseqüentes falhas na determinação dos preços. Identificou-se que a família

participa diretamente na administração destas empresas e que seus gestores não

possuem formação específica nas áreas de gestão.

Sendo os serviços de hospedagem compostos do esforço conjunto dos

diversos departamentos, como por exemplo, recepção, governança, setor de

alimentos e bebidas, entre outros, a empresa necessita apurar seus custos por

setores e, proporcionalmente, atribuir os custos para todos os setores envolvidos na

prestação de serviços. Para determinação dos valores a serem apropriados, adota-

se o método de rateio de custos, os quais, necessariamente, precisam estar

corretamente identificados. A identificação dos custos entre os diversos setores que

contribuem para realização de um serviço poderá favorecer a correta determinação

dos custos incorridos em cada atividade (LIMA et al, 2004).

Considerando-se Passareli e Bomfim (2002), a estrutura departamental pode

ser aplicada aos meios de hospedagem, para os quais é necessário determinar os

custos gerais de operações aplicáveis para cada departamento. Desta forma, seriam

identificados corretamente os custos gerados na produção de bens e serviços.

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Ao aplicar a presente pesquisa, constatou-se que o conhecimento dos

princípios contábeis e que a correta classificação dos gastos incorridos na produção

de produtos e serviços não são de pleno conhecimento dos gestores, os quais

demonstraram maior conhecimento prático do que teórico sobre o tema. Percepção

semelhante é apontada por Vieira (2004) que, ao estudar a análise dos custos das

diárias em resorts localizados no sul do Brasil, apontou o desconhecimento, dos

respondentes, quanto às questões abertas sobre fatores de produção de bens e

serviços.

Encontra-se em estudo realizado por Souza et al (2003) em empresa de

produção por encomenda que para lidar com os fatores internos e externos que

influenciam o processo de estimação de custos e formação de preços, os

profissionais responsáveis por estas tarefas têm de usar regras de decisão ou

“macetes” (heurísticas), que representam um modo de avaliar essa influência. Ou

seja, elas são uma forma de determinar as incertezas sobre o estado do ambiente

através do uso da experiência adquirida ou da pesquisa de fontes ou documentos.

Deve-se levar em consideração a experiência do profissional na hora de analisar as

informações necessárias à estimação de custos e à formação de preços, o que

requer habilidade para interpretar a situação do mercado e prever a reação do

cliente quanto ao produto (qualidade, tempo de entrega, etc.) e ao seu preço.

Além da escassez de literatura pertinente à formação de preços no setor de

serviços, especificamente do Turismo, no segmento de hospedagem, as

características específicas e as peculiaridades inerentes aos hotéis dificultam a

mensuração dos custos incorridos. Como exemplo, os consumidores podem buscar

os serviços de maneira desigual e imprevista, resultando em períodos de baixa

ocupação da capacidade disponível, sendo impossível predeterminar o equilíbrio

entre a capacidade instalada com a demanda (BATESON, 2001), ou seja, a

elaboração e preparação dos espaços para venda, consumindo recursos financeiros

sem a garantia, ao menos em parte, da efetiva venda destes espaços.

A simultaneidade entre a elaboração e a venda do serviço turístico pode gerar

maior ou menor consumo do que o previsto pelo empreendedor quando da

elaboração do preço de venda. A intangibilidade dos serviços turísticos dificulta a

mensuração dos recursos consumidos. Por exemplo, têm-se o desgaste das

instalações, o consumo de água ou energia elétrica, o consumo dos produtos

disponibilizados para o café da manhã que poderão variar em função do perfil do

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hóspede, podendo ser mensurados somente após a utilização do serviço pelo

cliente, diferente de um produto já elaborado, no qual foi possível a identificação do

valor pecuniário destes custos variáveis antes da colocação à venda do mesmo

(CASTELLI, 2001). Estes custos podem ser orçados com base em histórico dos

mesmos.

Após o questionamento quanto à mensuração dos custos das diárias, buscou-

se obter informações sobre os métodos utilizados para a formação dos preços

destas diárias, obtendo-se as respostas apresentadas no Tabela 17.

Tabela 17: Método utilizado para formação de preços

Método Nº. Respostas

1. Baseado nos custos da folha de pagamento, materiais, produtos e outros gastos acrescidos de uma margem de lucro – Mark-up

9

2. Baseado nos preços praticados pela concorrência 4

3. Baseado no poder aquisitivo ou renda dos consumidores 3

4. Baseado numa taxa de retorno fixada sobre o total dos investimentos feitos no hotel

0

5. Outro método – especificar – não informado 1

Em relação ao método utilizado para estabelecimento dos preços de diárias,

nove empresas informaram que se baseiam nos custos da folha de pagamento,

materiais, produtos e outros gastos acrescidos de uma margem de lucro, conhecido

como Mark-up.

Considerado como o método mais simples de fixação de preços (Kotler e

Armstrong, 1998), a aplicação do Mark-up consiste no acréscimo de uma margem

padrão ao custo do produto. Desta forma, pode-se concluir que o estabelecimento

do preço dependerá do conhecimento do custo para elaboração do serviço ou

produto, o que apresenta dificuldades para sua correta apuração nos meios de

hospedagem.

Ao desconsiderar os preços da concorrência e a demanda pelos serviços e

produtos hoteleiros, os gestores podem não realizar um volume de vendas

satisfatório caso considerem apenas a margem de lucro desejada. Isso pode

explicar, em parte, a baixa taxa de ocupação dos hotéis pesquisados.

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Quatro empresas (24%) estabeleciam seus preços com base nos preços

praticados pela concorrência, sendo que uma delas informou que não utilizava

método para formação dos preços de diárias, bem como não calculava o custo das

mesmas. O respondente que não realizava a pesquisa nos preços concorrentes

obtinha informações dos mesmos através de seus hóspedes.

Para estabelecerem seus preços de diárias, três empresas se baseiam no

poder aquisitivo ou renda dos consumidores. Algumas respostas dos dirigentes

foram: “Não adianta aumentar os preços da diária, eles não pagariam”; “A maioria

tem um valor fixo de diária e não paga mais do que isto”. Nenhuma empresa

estabelece seus preços de diárias considerando os valores dos investimentos no

imóvel para prestação dos serviços.

Embora o método baseado no poder aquisitivo ou renda dos consumidores

tenha recebido reduzido número de respostas, há que se considerarem as

negociações de preços e os descontos concedidos aos hóspedes visando à sua

permanência.

Relativamente ao processo de formação de preços, deve-se ressaltar o que

preceitua Tuch (2003), no sentido de que deve ser estabelecida uma faixa de

valores dentro da qual a empresa ajustará o preço final. Esta faixa de valores deve

ser baseada nos fatores: consumidores ou clientes, custos e concorrência.

8.6 Fatores que Interferem nas Atividades Hoteleiras

Embora o turismo seja uma atividade em pleno desenvolvimento, promovendo

crescimento econômico e melhoria social e regional, em boa parte dos locais onde

se desenvolve, sua realização pode ser facilitada ou dificultada por fatores diversos.

Foram apresentadas duas questões abertas para que os respondentes

descrevessem os principais fatores que favorecem ou dificultam suas atividades na

região, os quais são descritos a seguir.

a) Fatores que favorecem as atividades: poucos hotéis com capacidade para

atender grupos maiores ou de mesmo padrão, localização geográfica da

região, desenvolvimento econômico, qualidade dos serviços prestados,

realização de eventos, tradição do meio de hospedagem.

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Os hotéis com maior capacidade instalada são beneficiados por atenderem

grupos destinados a realização de eventos, alguns deles em fins de semana ou em

períodos prolongados, favorecendo o aumento na taxa de ocupação das UHs. A

região estudada está situada na rota utilizada por turistas argentinos e paraguaios

que se deslocam para o litoral catarinense e paranaense, os quais se utilizam dos

meios de hospedagem para pernoite e alimentação. Para os turistas com motivação

de negócios serve, também, como rota entre o sul do estado do Paraná, oeste de

Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

As atividades econômicas realizadas na região do PNC atrai viajantes a

negócios, favorecendo a realização de seminários, feiras ou exposições.

Entretando, este público carece de certas condições diferenciadas, tais como

infraestrutura adequada, com a oferta de espaços apropriados e equipamentos que

favoreçam a realização de suas atividades.

A tradição dos meios de hospedagem, instalados há alguns anos e a reduzida

instalação de outros hotéis criaram fatores favoráveis aos já instalados, muito

embora percebeu-se que se faz necessária a modernização para melhor

atendimento e superação das expectativas nos hóspedes.

b) Fatores que dificultam as atividades: necessidade de melhoria da infra-

estrutura das cidades, turismo pouco desenvolvido, oferta de hotéis com

mesmo padrão, ausência de espaços adequados às necessidades dos

viajantes, elevada carga tributária, falta de política específica para o setor

hoteleiro.

Quanto aos aspectos desfavoráveis ao desenvolvimento das atividades de

hospedagem e do turismo regional, tem-se que as vias de acesso às cidades

necessitam de melhor conservação, sendo rodovias federais, estaduais e

municipais. Situação que poderá ser corrigida, desde que haja vontade política e

junção dos interesses de toda a região, ao contrário de iniciativas individualizadas.

Sendo constatado, pela pesquisa, que o preço da hospedagem é o principal

fator que determina a escolha da mesma, os empresários argumentaram que a

elevada carga tributária aumenta seus custos e acreditam que o setor hoteleiro

deveria ter tratamento tributário específico, dado as suas peculiaridades.

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Por se tratar de perguntas abertas, foram relacionados todos os fatores

indicados pelos respondentes, observando-se convergência de opiniões quanto à

maioria das respostas.

8.7 Associativismo dos Hotéis

A relação entre segmentos econômicos e órgãos representativos de suas

categorias poderá fortalecer os direcionadores para resolução de necessidades

comuns, bem como a preparação de materiais promocionais, criação de roteiros

turísticos, objetivando o desenvolvimento regional que poderão contribuir para todos

os envolvidos.

A seguir, apresenta-se a Tabela 18, que indica a participação das empresas

em associações ou entidades relativas às atividades do setor de turismo.

Tabela 18: Participação dos hotéis em associações

Nome da entidade Hotéis Participantes (%)

1 - Sindicato das Empresas Hoteleiras 7 41

2 - ABIH – Associação Brasileira de Hotéis 8 47

3 - Associação Comercial e Industrial 3 17

4 - Clube dos Diretores Lojistas – CDL 2 11

5 - Conselho Municipal de Turismo 6 35

6 - Outros, especificar – ARTUSI 1 5

Acredita-se que o associativismo seria uma alternativa para minimizar os

fatores citados anteriormente como entraves ao desenvolvimento do turismo

regional, bem como fortalecer e ampliar os espaços existentes objetivando o

incremento do turismo.

O total das respostas é superior à amostra dado que algumas empresas

participam de várias associações ou entidades. Entretanto, cinco respondentes não

participam em nenhuma das entidades de classe. O associativismo poderá contribuir

positivamente para o desenvolvimento econômico da região, quer seja no setor do

turismo ou nas demais atividades econômicas, segundo declarações dos gestores

pesquisados. Nas cidades de Campo Alegre, Rio Negrinho e São Bento do Sul

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encontram-se a Associação Regional de Turismo da Serra Imperial (ARTUSI) e a

Associação Mãos do Campo.

Segue quadro descritivo com a caracterização dos respondentes quanto à

formação profissional e grau de escolaridade.

8.8 Características dos Entrevistados

Nesta pesquisa, foram entrevistados 7 proprietários e 10 gerentes de hotéis,

com grau de escolaridade e formação diversos, conforme consta da Tabela 19.

Quanto ao gênero, 10 eram do sexo masculino e 7 feminino.

Tabela 19: Caracterização dos respondentes

Escolaridade Proprietários Administradores Total

1º.grau 1 - 1

2º.grau 3 3 6

Graduação/Pós

Administração 1 - 1

Direito 1 1

Letras-Inglês 1 - 1

Turismo-Hotelaria 1

Não especificado 1 2 4

Pós-graduação 3 3

Total 7 10 17

Os respondentes correspondem a seis gerentes, sendo que um deles possui

formação específica em Turismo e ou Hotelaria, um possui Graduação não

especificada e três possuem o segundo grau. Onze respondentes são proprietários

com a seguinte formação: um deles possui o primeiro grau, três com o segundo

grau, seis têm o terceiro grau, sendo um deles formado em Letras/Inglês, um em

Administração de Empresas, um cursando Direito, três não especificaram a

formação e um possui Pós-graduação na área de gestão.

Percebe-se que a médio ou longo prazo a postura administrativa adotada

poderá agravar a situação econômica destes estabelecimentos. Quando os custos

não são bem determinados e apropriados, a formação dos preços de venda não está

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adequada à realidade dos diversos fatores que a influenciam, a empresa poderá não

suportar a pressão dos concorrentes e dos próprios clientes.

Ao aplicar os questionários, não foi mencionado pelos respondentes o

tratamento dado ao fator de recuperação dos investimentos realizados, tão

importante em qualquer organização, especialmente no setor dos meios de

hospedagem, no qual o total de investimentos realizados corresponde a maior fatia

de recursos utilizados para instalar e colocar para funcionar um meio de

hospedagem.

Para um mercado cada vez mais competitivo, onde a qualidade dos serviços

e preços adequados são fatores que determinam a escolha pelo consumidor,

percebe-se que há necessidade de formação específica para os gestores dos

empreendimentos hoteleiros situados na região. As funções exercidas por

profissionais habilitados tendem a obter melhores resultados para as empresas.

(ARAUJO,2003; REJOWSKI,2003). Entretanto, o que se observou é que a

experiência vem favorecendo a sobrevivência e a manutenção dos estabelecimentos

no mercado e que a falta de concorrentes também é fator para tal manutenção.

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136

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de pesquisa identificou atrativos naturais e histórico-culturais

que poderão servir como motivação para a permanência de hóspedes e a captação

de outros turistas para a região estudada. Desta forma, poderá surgir maior

utilização da capacidade hoteleira já existente.

Para a diversificação do atendimento atual, serão necessários programas de

capacitação de mão-de-obra, adequação dos espaços físicos ao público-alvo,

divulgação dos recursos naturais, históricos e culturais existentes, para que a região

venha a se consolidacomo produto turístico.

A base da oferta existente na indústria hoteleira do Planalto Norte

Catarinense é formada por hotéis de pequeno e médio porte, freqëntemente de

propriedade familiar, apresentando características de empirismo em suas

administrações. Para um total de dezessete entrevistados apenas dois possuíam

formação nas áreas de gestão, sendo um deles graduado em Turismo e Hotelaria e

outro, em Administração de Empresas.

A capacitação, através da formação acadêmica no Setor do Turismo

necessita de embasamento teórico, que será aprimorado à medida que pesquisas

científicas sejam realizadas e debatidas no meio acadêmico. A política educacional

nos níveis de graduação e pós-graduação, abrangendo a inter e multi-

disciplinaridade, deverá ser mantida e ampliada pelas instituições educacionais, o

que favorecerá a visão sistêmica dos acadêmicos, docentes e pesquisadores.

O fator preço, apresentado como determinante pela escolha da hospedagem,

é tratado pelos gestores de maneira não científica para a sua formação. Acredita-se

que as múltiplas atividades geradoras dos serviços de hospedagem e a diversidade

de comportamento dos consumidores destes serviços sejam fatores relevantes e

indispensáveis a serem considerados quando da formação dos preços.

Observou-se, através de revisão bibliográfica, que o estudo da mensuração

dos custos e formação de preço para bens tangíveis vem se desenvolvendo há

décadas, possuindo literatura abrangente e específica para os setores industrial e

comercial. Entretanto, constatou-se que, ao que concerne ao estudo de custos e

formação de preços para o Setor de Serviços, especificamente para o turismo, os

estudos vêm ocorrendo apenas nos últimos anos.

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Autores da contabilidade de custos como Iudícibus (2000), Atkinson (2000),

entre outros demonstram a importância de um sistema adequado de controle dos

custos operacionais. As principais obras enfocam as áreas de comércio e indústria,

fato justificado por ser o turismo uma atividade econômica com uma história recente,

fazendo parte do setor de serviços. Começam a surgir trabalhos específicos que irão

auxiliar cada vez mais a gestão financeira da atividade turística.

A pesquisa teve como fatores limitantes a escassez de publicações científicas

sobre o tema, especialmente para a realidade da hotelaria brasileira, tratando-se de

formação de preços. Projeções e estatísticas a respeito do assunto demonstram

interesses não acadêmico, e muitas vezes não são baseadas em pesquisas

científicas. Ainda como limitadores deve-se citar a falta de padronização e a

descontinuidade na divulgação dos dados estatísticos oficiais. Apesar de contatos

com órgãos, como o Ministério do Trabalho, não foram disponibilizados dados

atualizados sobre a ocupação da mão-de-obra no setor hoteleiro, pois as

informações divulgadas datam de 2003.

A pesquisa aplicada aos gerentes e proprietários dos meios de hospedagem

limitou os resultados obtidos, embora tenha se julgado necessária esta visão

administrativa como instrumento auxiliar em futuras pesquisas. Ainda, a amostra

incluiu hotéis de diferentes portes que, provavelmente, possuem custos

diferenciados.

Com a participação da pesquisadora em ações relacionadas ao

desenvolvimento turístico na região e após o contato direto com parte dos

empresários entrevistados, pôde-se constatar que atividades isoladas e atitudes

políticas individualizadas não favoreceram a capacitação e nem a melhoria de parte

da região em seu desenvolvimento turístico. Cabe ressaltar que alguns municípios

que adotaram iniciativas conjuntas vêm apresentando melhores resultados em seu

desenvolvimento nas atividades turísticas.

Recomenda-se que os administradores das empresas de turismo em geral

recebam capacitação específica nas áreas de gestão financeira para que possam

profissionalizar suas empresas, cada vez mais. Acredita-se que esta

profissionalização poderá melhorar o desempenho econômico dos

empreendimentos, contribuindo para a manutenção e expansão dos empregos

gerados na região.

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Sugere-se que os empreendimentos turísticos avaliem, periodicamente, os

métodos utilizados em suas políticas de preços. A dinâmica apresentada na

economia atual, as exigências apresentadas pelos consumidores ou a oferta

concorrente poderão indicar a necessidade de mudanças nos procedimentos

adotados.

As políticas públicas deverão abranger todos os municípios da região do

Planalto Norte Catarinense, constituindo-a em um único destino turístico, como

forma de complementação e diversificação da oferta turística.

Sugere-se que sejam promovidos, pelas instituições e entidades vinculadas

ao turismo e a hotelaria, seminários, cursos e treinamentos específicos para

qualificação da mão-de-obra. Acredita-se também que a absorção de egressos dos

cursos de Turismo e Hotelaria contribuirá para a melhoria profissional do trade.

As análises apresentadas neste trabalho de pesquisa não podem ser

generalizadas, uma vez que o estudo foi aplicado a dezessete meios de

hospedagem, localizados na região do Planalto Norte de Santa Catarina, que

apresenta características regionais próprias sejam econômicas, sociais, culturais e

naturais, as quais contribuem para a formação de seu perfil socioeconômico.

Entretanto, espera-se que este trabalho contribua para o aumento do conhecimento

científico na área de turismo e hotelaria, de vez que analisou a prática da formação

de preços de uma amostra de hotéis, com base na teoria consultada sobre o

assunto, descrevendo as características destes meios de hospedagem, bem como o

contexto da região onde os mesmos se localizam. Além disso, o estudo poderá

contribuir para a formação de acadêmicos dos cursos de Turismo e Hotelaria, bem

como demais profissionais em busca de conhecimentos relativos à gestão dos

empreendimentos turísticos, em especial dos meios de hospedagem.

Não esgotando as possibilidades de pesquisa, mas buscando gerar novas

propostas para enriquecimento literário pertinente à formação de preços e gestão

financeira para os meios de hospedagem, este trabalho pretendeu despertar nos

pesquisadores, acadêmicos e profissionais da área de Turismo a necessidade e a

importância do tratamento da atividade turística como fonte de geração de renda e

promotora de melhorias econômicas regionais, nacionais e mundiais, e que precisa,

portanto, de uma correta gestão financeira.

Sugere-se que estudos congêneres poderão ser realizados nos demais hotéis

do Planalto Norte Catarinense, bem como em outras regiões do estado ou país.

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Além disso, pesquisas com hóspedes e habitantes dos municípios poderão gerar

melhor conhecimento para a realização das práticas gerenciais de formação de

preços no setor hoteleiro.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Questionário aplicado

QUESTIONÁRIO SOBRE GESTÃO HOTELEIRA

Esta é uma pesquisa acadêmica desenvolvida para o Curso de Mestrado em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí. Sua opinião é muito importante para que se possa melhorar a gestão hoteleira na região. O nome da empresa bem como o do entrevistado não serão divulgados e um resumo dos resultados da pesquisa serão enviados para seu conhecimento. Portanto, agradecemos sua colaboração em responder às seguintes questões: 1.Identificação da empresa a) Nome do hotel: _______________________________________________________________ b) Endereço: (Rua, número, CEP, cidade): ___________________________________________ 2. Número de unidades habitacionais: ________ 3. Número de colaboradores: ________ 4. Do número total de colaboradores quantos são participantes da empresa (sócios e ou familiares)?

___________ 5. Serviços oferecidos pelo hotel: ( ) hospedagem com café da manhã ( ) hospedagem sem café da manhã ( ) diária com meia pensão ( ) diária completa ( ) restaurante ( ) bar ( ) piscina ( ) sauna ( ) escritório virtual, computador, internet ( ) academia/ginástica (fitness center) ( ) sala para reuniões ( ) salão de convenções ( ) outros: _____________________ 6. Há serviços ou produtos no hotel que são terceirizados? ( ) Não ( ) Sim. Quais? ( ) Lavanderia ( ) Café da manhã ( ) Restaurante ( ) Contabilidade ( ) outros (especificar): _______________________________________________ 7. Qual o principal motivo de viagem das pessoas que se hospedam em seu hotel? ( ) negócios ( ) lazer ( ) passagem para outros centros ( ) estudo/congressos ( ) outros (especificar): _______________________________________________ 8. Quais os fatores que levam os clientes a preferirem este hotel? ( ) qualidade dos serviços ( ) preços ( ) tradição ( ) localização

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( ) falta de outras opções ( ) outros (especificar): ________________________________________________ 9. Qual a taxa média mensal de ocupação deste hotel? ( ) até 30% mês ( ) 31 a 40% mês ( ) 41 a 50% mês ( ) 51 a 60% mês ( ) 61 a 70% mês ( ) 71 a 80% mês ( ) 81 a 90% mês ( ) acima de 90% mês 10.Qual o menor preço de diária cobrado neste hotel para apartamento:

- Solteiro: _____________ - Duplo: ______________

11.Qual o maior preço de diária cobrado neste hotel para apartamento: - Solteiro :_______________ - Duplo :________________

12. Quais os itens inclusos no apartamento standard?

________________________________________________________________________ 12.a Quantas unidades habitacionais standard o hotel possui ? ________ 13. Quais os itens inclusos no apartamento luxo ou superior?

________________________________________________________________________ 13.a Quantas unidades habitacionais luxo ou superior o hotel possui? ________ 14. Existem critérios específicos utilizados pelos gestores para estabelecimento de preços dos produtos e serviços? ( ) Sim ( ) Não 15. Se existe, assinale o que mais se adapta ao método utilizado: ( ) baseado nos custos (valor da folha de pagamento, custos de materiais, produtos e outros

gastos realizados para os serviços de hospedagem) acrescidos de uma margem de lucro ( ) baseado nos preços praticados pela concorrência ( ) baseado no poder aquisitivo ou renda dos consumidores ( ) baseado numa taxa de retorno fixada sobre o total dos investimentos feitos no hotel ( ) utro(especificar):___________________________________________________ 16. Sua empresa efetua pesquisa sobre os preços das diárias cobradas pela concorrência? ( ) Sim ( ) Não 17. Em caso afirmativo, responda qual a periodicidade em que é realizada a pesquisa junto à concorrência? ( ) mensal ( ) bimestral ( ) trimestral ( ) outros (especificar):_____________ 18.Em que cidades é realizada a pesquisa?

________________________________________________________________________ 19. Quais os meios que se utiliza para realizar a pesquisa? ( ) telefone ( ) internet ( ) informação de clientes ( ) outros(especificar): _____________________________ 20. Considerando os preços das diárias praticados pela concorrência: ( ) seu preço está _______% acima da concorrência ( ) seu preço está igual ao da concorrência ( ) seu preço está _______% abaixo da concorrência 21. Este hotel utiliza algum sistema de cálculo dos custos das diárias? ( ) Sim ( ) Não

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22. Caso afirmativo, qual o método utilizado para cálculo dos custos das diárias? ( ) as despesas são rateadas para cada setor da empresa, através de percentual fixo ( ) as despesas são rateadas para cada setor da empresa, em função do número de hóspedes ( ) as despesas são apropriadas diretamente no setor de hospedagem ( ) as despesas são calculadas com base nos recursos consumidos em cada atividade envolvida nos processos elaborados para fornecimento dos serviços (método ABC) ( ) outro método (especificar)________________________________________________ 23. Em relação à política de preços praticada pelo hotel:

a. É concedido desconto sobre o preço das diárias? ( ) Não ( ) Sim. 23.b Se a resposta for sim, em que casos o desconto é concedido e qual o percentual? ( ) autônomos ________% ( ) representantes comerciais ____________% ( ) empresários _______________% ( ) terceira idade __________% ( ) participantes de eventos no próprio hotel ___________% ( ) outros:____________________________ 23.c Aceitam-se cartões de crédito? ( ) sim ( ) não 23.d Descontos são concedidos sobre vendas a prazo e com cartões de crédito? ( ) sim ( ) não 23.e São oferecidos pacotes promocionais em função do tempo de permanência do hóspede em seu hotel? ( ) sim ( ) não 24. Qual o período de menor ocupação em seu hotel? ( ) Fins de semana ( ) Feriados ( ) Alguns meses do ano? Quais? __________________________________________ 25. Para estes períodos de menor ocupação o hotel oferece preços promocionais? ( ) não ( ) sim . Qual a porcentagem do desconto? __________% 26. Assinale os principais fatores que facilitam a atividade hoteleira em sua cidade ou região: ( ) não há outros hotéis do mesmo padrão ( ) desenvolvimento econômico da região ( ) realização de eventos(feiras, festas, exposições) ( ) localização geográfica da cidade ( ) qualidade dos serviços ( ) outros(especificar)___________________________ 27. Assinale os principais fatores que dificultam a atividade hoteleira em sua cidade ou região: ( ) oferta de outros hotéis do mesmo padrão ( ) faltam atividades turísticas ( ) falta de infra estrutura na cidade ou região ( ) outros(especificar)____________________________ 28. Assinale as associações ou entidades às quais seu estabelecimento esteja associado: ( ) Sindicato das Empresas Hoteleiras ( ) ABIH – Associação Brasileira de Hotéis ( ) Associação Comercial e Industrial – ACI ( ) Clube dos Diretores Lojistas – CDL ( ) Conselhos Municipais de Turismo ( ) Outros:

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29. Identificação do respondente a) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino b) Cargo atual na empresa: ___________________________________ c) Escolaridade: ( ) 1º grau completo ( ) 2º grau completo ( ) 3ºgrau completo Pós-Graduação: ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado d) Já fez algum curso de Gestão em Hotelaria? ( ) Sim ( ) Não e) Se a resposta for sim, quais os cursos de que participou? Citar os principais, até 3:

Curso: ________________________________________________Nº de horas aulas: _____ Curso: ________________________________________________Nº de horas aulas: _____ Curso: ________________________________________________Nº de horas aulas: _____

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APÊNDICE – B Relação dos Meios de Hospedagem da Região do Planalto Norte

de Santa Catarina – Universo da Pesquisa

Item Município / Nome / Endereço BELA VISTA DO TOLDO - CANOINHAS (47)

1 Hotel Casagrande R.Major Vieira 320/ 36223984

2 Hotel Pampas Rod.Br 280 Km 54/ 36242532

3 Hotel Guarani R.Mal Floriano 293/ 36221318

4 Hotel Planalto R.Felipe Schmidt 550/ 36223433

5 Hotel Scholze R.Vidal Ramos 797/ 36224036

CAMPO ALEGRE (47)

6 Egon Larsen Sto Antonio sn/ 36925414

7 Pousada Campo Alegre Rod SC 301 nr 838/ 36322149

8 Hotel Fazenda Morada do Sol Rua Principal snr. Avenquinha/ 36925414

ITAIÓPOLIS (47)

9 Hotel Venturi R.Nereu Ramos 241/ 36522215

MAFRA (47)

10 Hotel Emacite V.Bacelar 69/ 36423844 / 36426257

11 Hotel Eliana Av.Pres.Nereu Ramos 237/ 36426687

12 Hotel Susin R.Felipe Schmidt 522/ 36424600

13 Hotel Mianjowi Rod.Br 280 sn Km 08/

MONTE CASTELO (47) - PAPANDUVA (47)

14 Hotel Sonaglio Rod Br 116 Km 54,444/ 36532102

15 Hotel Zenf Rod Br 116 Km 55,/ 36532288

PORTO UNIÃO (42)

16 Hotel Holz Avenida Manoel Ribas, 490/ 35222144

17 Hotel Lux Pça Hercílio Luz,155/ 35223798

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Item Município / Nome / Endereço

18 Hotel Ópera Pça Hercílio Luz, 19/ 35223949

19 Hotel Porto União R.07 de setembro, 180/ 35224790

20 Hotel San Rafael R.XV de novembro 125/ 35224344

21 Neilor AA Grabovski R.Visconde Guarapuava 110/ 35225587

22 Novo Hotel Iguaçu R.Matos Costas 99/ 35221044

RIO NEGRINHO (47)

23 Hotel Rest.Iguaçu Rod.Br 280,193/ 36442072

24 Pousada João de Barro R.J.Zipperer Neto, 290/ 36442325

25 Pousada das Araucárias

26 Pousada Central Rua Luiz Scholtz nr 34/ 36441869

27 Pousada e Restaurante Maindra Br 280 nr 2339 Vila Nova/ 36441170

28 Hotel Thiene Rua Jorge Zipperer 226 Centro/ 36440536

SÃO BENTO DO SUL (47)

29 Hotel Eliana Exp.I.Neumann sn/ 36351243

30 Lar Filadélfia Est.Fundão 259/ 36351055/ 36352928

31 Oxford In Hotel Br 280, 748/ 36351516

32 Hotel Stelter Av Nereu Ramos, 446/ 36341182

33 Hotel Tank Av.Nereu Ramos, l54/ 36334108/36334109

34 Hotel Urupês Av.Argolo, 153/ 36330104/36330443

35 Parque Vila Verde K.M.Bendlin,1089/ 36331902/36334902

36 Novotel R.Paulo Muller, 250/ 36341112/36336577

TRÊS BARRAS 37 Hotel Reco 38 Hotel Avenida

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APÊNDICE C – Plano Amostral

Cidade de localização Nr.Unidades Habitacionais Nr.Funcionários

1 Campo Alegre 18 9

2 Canoinhas 18 4

3 Canoinhas 78 30

4 Mafra 50 2

5 Mafra 31 4

6 Mafra 80 25

7 Papanduva 30 14

8 Papanduva 55 6

9 Porto União 64 22

10 Porto União 29 11

11 Porto União 46 5

12 Rio Negrinho 24 5

13 Rio Negrinho 11 4

14 São Bento do Sul 38 7

15 São Bento do Sul 80 12

16 São Bento do Sul 10 3

17 São Bento do Sul 27 5

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APÊNCIDE D – Preços praticados nos meios de hospedagem pesquisados

Menor Preço-R$ Maior Preço- R$

Individual Duplo Individual Duplo

1 34,00 60,00 34,00 60,00

2 12,00 19,00 12,00 19,00

3 51,00 75,00

4 25,00 40,00 35,00 60,00

5 30,00 50,00

6 59,00 220,00

7 18,00 36,00 22,00 44,00

8 15,00 20,00

9 43,00 139,00

10 42,00 62,00 85,00 120,00

11 29,00 50,00 37,00 60,00

12 20,00 40,00 25,00 50,00

13 15,00 30,00 15,00 30,00

14 28,00 50,00 55,00 100,00

15 27,00 45,00 38,00 54,00

16 40,00 60,00 40,00 60,00

17 14,00 22,00

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