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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOENGENHARIA MARIA HELENA RODRIGUES MESQUITA APLICAÇÃO DA ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NO INFRAVERMELHO (FT-IR) COMO TÉCNICA NO CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2013

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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOENGENHARIA

MARIA HELENA RODRIGUES MESQUITA

APLICAÇÃO DA ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NO INFRAVERMELHO (FT-IR) COMO TÉCNICA NO CONTROLE DE QUALIDADE DE

MEDICAMENTOS

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2013

1

MARIA HELENA RODRIGUES MESQUITA

APLICAÇÃO DA ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NO INFRAVERMELHO (FT-IR) COMO TÉCNICA NO CONTROLE DE QUALIDADE DE

MEDICAMENTOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Bioengenharia. Orientadora: Profª. Drª. Kumiko Koibuchi Sakane, Prof. Dr. Milton Beltrame Junior

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2013

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MARIA HELENA RODRIGUES MESQUITA

Aplicação da espectroscopia vibracional no infravermelho (FT-IR) como técnica no controle de qualidade de medicamentos

Dissertação de Mestrado aprovada como requesito parcial à obtenção de grau de Mestre em

Bioengenharia, do Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa e

Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, pela

seguinte banca examinadora:

Presidente: Profa Dra Andrezza Ribeiro Simioni (UNIVAP) ___________________________

Orientadora: Profa Dra Kumiko Koibuchi Sakane (UNIVAP) __________________________

Orientador: Prof. Dr. Milton Beltrame Junior (UNIVAP) _____________________________

Membro Externo: Profa Dra Karen Cristiane Martinez de Moraes (UFOP)________________

Membro Externo: Profa Dra Maria Alice da Cruz Höfling (UNICAMP)__________________

Profa Dra Sandra Maria Fonseca da Costa

Diretora do IP&D – UNIVAP

São José dos Campos, 28 de maio de 2013.

4

DEDICATÓRIA

Aos meus pais (Steiner e Ariel), irmãos (Marcos,

Guilherme e Gustavo) e sobrinho (Davi Steiner) que

foram a base, a força e o incentivo para essa

conquista;

A toda equipe acadêmica pela a ajuda sempre

disponível, em especial Profa Dra Kumiko;

Ao meu amado marido, Laurindo Neto, por estar

presente em todos os momentos com tanto carinho.

5

AGRADECIMENTOS

Aqui estou tentando expressar os meus mais sinceros sentimentos de gratidão a todos, pois

com certeza esse momento só se concretizou pela participação de cada um.

Primeiramente, agradeço ao meu Porto Seguro, Deus, que participou comigo em toda a

caminhada, iluminando meus passos e me dando força para nunca desistir.

A minha mãe Ariel, um verdadeiro “Anjo” que sempre acreditou no meu potencial e com

certeza foi meu maior exemplo de coragem e determinação para chegar até aqui.

Ao meu pai Steiner, por sempre ter impulsionado meus sonhos com muito amor e carinho e

por ter me ensinado que com trabalho sempre se alcança.

Aos meus irmãos Marcos, Guilherme e Gustavo pelo apoio constante e amizade em todas as

horas.

As minhas cunhadas pelo o apoio amigo e sincero.

Ao meu pequeno sobrinho Davi Steiner, pelo sorriso fácil nas horas mais difíceis.

Ao meu esposo Laurindo Neto, pelo amor dedicado, companheiro e sincero, ajudando sempre

e compreendendo todos os momentos vividos nessa vitória que também é dele.

Aos meus sogros, Laurindo Jr. e Carmem, pela a confiança depositada.

Aos professores Dra. Kumiko K. Sakane, Dr. Milton Beltrame Junior e Dr. Mituo Uehara (in

memoriam), pelos valiosos aprendizados, paciência, disponibilidade, envolvimento constante,

amizade, enfim pelo crescimento profissional e pessoal que me proporcionaram. Serei sempre

grata!!!

A Patrícia Marcondes pela grande colaboração em todos os momentos, estando sempre

disposta a ajudar com um belo sorriso. Com certeza você foi muito importante nessa

conquista.

Ao Dr. David Cortellazzi, pela amizade e conselhos sinceros, sempre me apontando rumo ao

alto. Obrigada meu grande amigo por ter feito parte desse momento.

Ao Hospital São Paulo, especialmente ao Dr. Paulo Cortelazzi e amigos da Farmácia, por ter

me ensinado o significado de trabalho e ter permitido que esse sonho se realizasse.

A Farmácia Artesani por ter gentilmente me cedido as amostras para o estudo.

A todos os funcionários da UNIVAP, em especial a D. Ivone, D. Neusa, Rúbia e Valéria pela

a disponibilidade sempre de ajudar.

A um anjinho da guarda que ganhei e está me protegendo onde quer que eu esteja.

6

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é

senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria

menos se lhe faltasse uma gota.”

(Madre Teresa de Calcutá)

7

RESUMO

Aplicação da espectroscopia vibracional no infravermelho como técnica no controle de qualidade de medicamentos

A ansiedade e a depressão são consideradas doenças bastante comuns no século atual,

portanto o consumo de fármacos antidepressivos e ansiolíticos de forma indiscriminada tem

sido cada vez mais constante, destacando entre eles o cloridrato de amitriptilina

(antidepressivo) e o diazepam (ansiolítico). A indústria farmacêutica tem produzido cada vez

mais medicamentos genéricos e similares aos medicamentos de referência, exigindo assim o

desenvolvimento de métodos eficazes e rápidos para garantir a qualidade ao consumidor. O

trabalho realizado se propõe a avaliar qualitativamente e quantitativamente, através da

espectroscopia infravermelha com Transformada de Fourier (FT-IR), medicamentos de

referência, genérico e similar com os princípios ativos cloridrato de amitriptilina e diazepam.

Para o trabalho foram adquiridos princípios ativos, medicamentos de referência, genéricos e

similares de cloridrato de amitriptilina e diazepam. Dessas amostras foram confeccionadas 26

pastilhas de KBr e extraídos o mesmo número de espectro na faixa de 4000 a 700 cm-1, com

resolução de 4 cm-1, no modo de transmissão, com 12 varreduras à temperatura controlada de

18 a 20oC. O espectrofotômetro utilizado foi o Spectrum GX FT-IR da Perkin-Elmer e os

espectros foram pré-processados com Spectrum 5.2 utilizando correções de linha de base e

suavização utilizando algoritmo Savitzky-Golay com 9 pontos. Para o cloridrato de

amitriptilina a banda escolhida como marcadora foi a de 2582 cm-1 (estiramento da ligação

NH (νN-H) do grupo amina) e para o diazepam foi a de 1685 cm-1 (estiramento do grupo

carbonila νC=O). As bandas marcadoras foram detectadas nas amostras comercias de ambos

compostos, mostrando assim que as amostras estudadas apresentam o princípio ativo em suas

formulações. Para a análise quantitativa foi aplicada a técnica de intensidade de banda,

verificando que os medicamentos genéricos de cloridrato de amitriptilina estudados não

apresentavam a concentração especificada na embalagem. Dessa forma, os resultados obtidos

expressam que a técnica de FT-IR é bastante viável para análise qualitativa e quantitativa,

podendo ser útil no controle de qualidade de medicamentos.

Palavras-chave: Espectroscopia infravermelha, cloridrato de amitriptilina, diazepam, análise

qualitativa, análise quantitativa, controle de qualidade.

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ABSTRACT

Application of infrared vibrational spectroscopy as technique for the quality control of medications

Anxiety and depression are considered very common diseases in the present century;

therefore, the indiscriminate consumption of antidepressants and anxiolytics has steadily

increased, including amitriptyline hydrochloride (antidepressant) and diazepam (anxiolytic).

The pharmaceutical industry is increasingly producing generic drugs and medications similar

to the reference drug, which require the development of effective and rapid methods to ensure

quality for the consumer. The work aims to assess qualitatively and quantitatively using

infrared spectroscopy with Fourier Transform (FT-IR), the reference, generic, and similar

medication with the active ingredients amitriptyline hydrochloride and diazepam. For this

work, the reference, generic, and similar drug with active ingredients of amitriptyline

hydrochloride and diazepam were purchased. Twenty-six KBr pellets were prepared and

examined using the spectrum in the range 4000 to 700 cm-1 with a resolution of 4 cm-1 in the

transmission mode, with 32 scans at a controlled temperature from 18 to 20oC. The

spectrophotometer used was a GX FT-IR Spectrum by Perkin-Elmer, and the spectra were

pre-processed with Spectrum 5.2 utilizing baseline correction and smoothing using algorithm

Savitzky-Golay with 9 points. For the amitriptyline hydrochloride band, the chosen marker

was 2582 cm-1 (NH bond stretch (νN-H) of the amine group), and for diazepam, it was 1685

cm-1 (carbonyl stretch νC=O). The marker bands were detected in commercial samples of both

compounds, showing that the samples exhibit the active principle in their formulations. For

the quantitative analysis technique, the band intensity was applied, which verified that the

studied generics of amitriptyline hydrochloride did not exhibit the concentration specified on

the packaging. Thus, the results express that the FT-IR technique is very feasible for

qualitative and quantitative analysis and can be useful in the quality control of medicines.

Keywords: Infrared spectroscopy, amitriptyline hydrochloride, diazepam, qualitative analysis,

quantitative analysis, quality control.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura química do cloridrato de amitriptilina......................................... 20

Figura 2: Estrutura principal dos benzodiazepínicos.................................................. 22

Figura 3: Estrutura química do diazepam................................................................... 23

Figura 4: Espectro de transmitância do ácido lático................................................... 30

Figura 5: Espectro de absorvância do ácido lático..................................................... 30

Figura 6: Esquema ilustrativo para o interferômetro de Michelson e do espectro resultante da aplicação da transformada de Fourier.................................................... 32

Figura 7: Modos normais de vibração da molécula de água: (νa) estiramento assimétrico; (νs) estiramento simétrico; (δ) deformação angular............................... 33

Figura 8: Modos vibracionais do grupo CH2, sendo o (a) “wagging”, (b) “scissoring”, (c) “rocking” e (d) “twisting”.... 35

Figura 9: Fórmula estrutural da molécula de clorofórmio.......................................... 35

Figura 10: Espectro infravermelho da molécula de clorofórmio.................................. 36

Figura 11: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina...................................................................................................................

43

Figura 12: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina...................................................................................................................

44

Figura 13: Espectro infravermelho do medicamento de referência de cloridrato de amitriptilina...................................................................................................................

50

Figura 14: Espectro infravermelho do medicamento genérico A de cloridrato de amitriptilina...................................................................................................................

50

Figura 15: Espectro infravermelho do medicamento genérico B de cloridrato de amitriptilina...................................................................................................................

51

Figura 16: Espectro infravermelho do medicamento similar C de cloridrato de amitriptilina...................................................................................................................

51

Figura 17: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 0,2/150 mg de KBr....................................................................... 52

Figura 18: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 0,5/150 mg de KBr....................................................................... 53

Figura 19: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 0,7/150 mg de KBr......................................................................

53Figura 20: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 1,0/150 mg de KBr...................................................................... 54

10

Figura 21: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 1,2/150 mg de KBr...................................................................... 54

Figura 22: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 1,5/150 mg de KBr...................................................................... 55

Figura 23: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 2,0/150 mg de KBr...................................................................... 55Figura 24: Comparação entre os espectros de cloridrato de amitriptilina nas concentrações de 0,2 mg; 0,5 mg; 0,7 mg; 1,0 mg; 1,2 mg; 1,5 mg e 2,0 mg para 150 mg de KBr.............................................................................................................. 57

Figura 25: Curva de calibração da absorção versus concentração de cloridrato de amitriptilina para a banda de 2632 cm-1........................................................................ 58

Figura 26: Curva de calibração da absorção versus concentração de cloridrato de amitriptilina para a banda de 2582 cm-1........................................................................ 58

Figura 27: Curva de calibração da absorção versus concentração de cloridrato de amitriptilina para a banda de 1483 cm-1........................................................................ 59

Figura 28: Curva de calibração da absorção versus concentração de cloridrato de amitriptilina para a banda de 752 cm-1.......................................................................... 59

Figura 29: Porcentagem de princípio ativo de cloridrato de amitriptilina nos medicamentos comerciais............................................................................................. 63

Figura 30: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam............................. 64

Figura 31: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam............................. 65

Figura 32: Espectro infravermelho do medicamento de referência de diazepam......... 69

Figura 33: Espectro infravermelho do medicamento genérico D de diazepam............ 70

Figura 34: Espectro infravermelho do medicamento similar E de diazepam............... 70

Figura 35: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 0,2/150 mg de KBr.................................................................................................. 72

Figura 36: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 0,4/150 mg de KBr................................................................................................ 72

Figura 37: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 0,6/150 mg de KBr............................................................................................ 73

Figura 38: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 0,8/150 mg de KBr.............................................................................................. 73

Figura 39: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 1,0/150 mg de KBr.................................................................................................. 74Figura 40: Comparação entre os espectros de diazepam nas concentrações de 0,2 mg; 0,4 mg; 0,6 mg; 0,8 mg e 1,0 mg para 150 mg de KBr................................................................................................................................ 75

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Figura 41: Curva de calibração da absorção versus concentração de diazepam para a banda de 1685 cm-1....................................................................................................... 76

Figura 42: Porcentagem de princípio ativo de diazepam nos medicamentos comerciais..................................................................................................................... 78

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Limite aproximados para as regiões no infravermelho.......................... 19

Tabela 2: Número de onda e atribuição aproximada do espectro de clorofórmio............................................................................................................. 36

Tabela 3: Amostras utilizadas e suas respectivas quantidades utilizadas para a confecção de pastilhas com KBr............................................................................ 41Tabela 4: Número de onda e descrição aproximada do espectro do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina, de acordo com BARBOSA, 2011........................................................................................................................ 45Tabela 5: Intensidade das bandas de 2632, 2582, 1483 e 752 cm-1 em função de concentrações variadas do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina............................................................................................................ 56

Tabela 6: Peso dos comprimidos dos medicamentos comerciais estudados, contendo 25 mg de cloridrato de amitriptilina...................................................... 61Tabela 7: Relação entre princípio ativo/peso do comprimido em porcentagem, concentração da amostra para confecção de pastilha e as intensidades da banda 2582 cm-1 nos medicamentos comerciais de cloridrato de amitriptilina............................................................................................................ 62

Tabela 8: Porcentagem de princípio ativo nos medicamentos genérico A e B e similar C para a intensidade da banda de 2582 cm-1.............................................. 62

Tabela 9: Número de onda e descrição aproximada do espectro do princípio ativo de diazepam, de acordo com BARBOSA, 2011........................................... 67

Tabela 10: Intensidade das bandas de 1685 cm-1 em função de concentrações variadas do princípio ativo de diazepam................................................................ 74

Tabela 11: Peso dos comprimidos dos medicamentos comerciais estudados, contendo 10 mg de diazepam................................................................................ 76

Tabela 12: Relação entre princípio ativo/peso do comprimido em porcentagem, concentração da amostra para confecção de pastilha e as intensidades da banda 1685 cm-1 nos medicamentos comerciais de diazepam......................................... 77

Tabela 13: Porcentagem de princípio ativo no medicamento genérico D e similar E para a intensidade da banda de 1685 cm-1.............................................. 78

13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

5-HT 5-hidroxitriptamina ou serotonina

ADT Antidepressivos Tricíclicos

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BZDP Benzodiazepínicos

FT-IR Espectroscopia Infravermelha com Transformada de Fourier

GABA Ácido Gama-Aminobutírico

HPLC High Perfomance Liquid Chromatography

IMAO Inibidores da Monoamina Oxidase

ISRS Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina

R Coeficiente de Correlação

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

Δ Deformação Angular

δr Deformação “rocking” (to rock, balançar)

δscis Deformação “scissoring” (scissors, tesoura)

ν Estiramento

ρtw Deformação “twisting” (to twist, torcer)

ρw Deformação “wagging” (to wag, abanar)

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SUMÁRIO

 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16 

1.1 Antidepressivos .............................................................................................................. 18 

2.1.1 Depressão: aspectos gerais .......................................................................................... 18 

2.1.2 Drogas Antidepressivas ............................................................................................... 19 

2.1.3 Cloridrato de Amitriptilina .......................................................................................... 19 

2.2 Ansiolíticos ..................................................................................................................... 21 

2.2.1 Ansiedade: aspectos gerais .......................................................................................... 21 

2.2.2 Drogas Ansiolíticas ...................................................................................................... 22 

2.2.3 Diazepam ..................................................................................................................... 23 

2.3 A Indústria Farmacêutica e o Controle de Qualidade ..................................................... 24 

2.4 Medicamento Referência, Genérico e Similar ................................................................ 27 

2.5 Espectroscopia no Infravermelho (FT-IR) ..................................................................... 28 

2.5.1 Modos Vibracionais ..................................................................................................... 32

2. OBJETIVOS........................................................................................................................38

2.1 Objetivo Geral.................................................................................................................38

2.2 Objetivos Específicos......................................................................................................38

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 39 

3.1 Amostras utilizadas ......................................................................................................... 39 

3.1.1 Princípio Ativo ............................................................................................................ 39 

3.1.2 Medicamentos referência, genérico e similar .............................................................. 39 

3.2 Pesagem das amostras experimentais ............................................................................. 40 

3.3 Confecção das pastilhas de brometo de potássio ............................................................ 40 

3.4 Obtenção dos espectros de absorção no infravermelho .................................................. 42 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 43 

4.1 Cloridrato de Amitriptilina ............................................................................................. 43 

4.1.1 Obtenção dos espectros infravermelhos de cloridrato de amitriptilina e medicamentos

comercias de referência, genéricos e similar ........................................................................ 43 

4.1.2 Estudo da sensibilidade das bandas escolhidas com quantidades variadas de cloridrato

de amitriptilina (princípio ativo) ........................................................................................... 52 

4.1.3 Escolha da banda marcadora ....................................................................................... 60 

15

4.1.4 Cálculo das intensidades da banda de 2582 cm-1 para os medicamentos comerciais de

cloridrato de amitriptilina: referência, genérico A, genérico B e similar C. ........................ 60 

4.2 Diazepam ........................................................................................................................ 64 

4.2.1 Obtenção dos espectros infravermelhos de diazepam e medicamentos comercias de

referência, genérico e similar ................................................................................................ 64 

4.2.2 Escolha da banda marcadora ....................................................................................... 71 

4.2.3 Estudo da sensibilidade da banda escolhida com quantidades variadas de diazepam

(princípio ativo) .................................................................................................................... 71 

4.2.4 Cálculo das intensidades da banda de 1685 cm-1 para os medicamentos comerciais de

diazepam: referência, genérico D e similar E. ...................................................................... 76 

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 79 

6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 80 

16

1 INTRODUÇÃO

No século atual a ansiedade e a depressão são classificadas como um mal

característico. Dentre os transtornos mentais essas patologias são os problemas mais

frequentes encontrados em atendimento médico primário e na população de modo geral

(SILVA, 2002).

O termo depressão é comumente usado para descrever uma reação humana normal

diante de perda importante. Outras vezes, representa simplesmente o sentimento de tristeza.

Em psiquiatria, porém, a depressão consiste em transtorno do humor e representa uma

síndrome com sintomas e sinais bem característicos e que apresenta uma alta prevalência na

população em geral. Esses transtornos do humor estão ligados a hipóteses bioquímicas

(SILVA, 2002; TENG; HUMES; DEMÉTRIO, 2005). Já a ansiedade é um sentimento vago e

desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de sua

antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho e qualquer que seja o fator

desencadeante, apresenta como agente etiológico o desequilíbrio entre mediadores

estimulantes e depressores centrais (CASTILLO et al., 2000; SILVA, 2002). A descoberta e

o desenvolvimento de psicofármacos seguros e eficazes tornou possível o tratamento

adequado da depressão e da ansiedade (LIMA, 2004).

O tratamento da depressão baseia-se em um grupo variado de agentes terapêuticos

antidepressivos, em parte porque a depressão clínica é uma síndrome complexa de gravidade

amplamente variada, em que o perfil de cada paciente deve ser avaliado (GILMAN, 2006;

FLECK et al., 2003). Entre os antidepressivos mais empregados encontramos aqueles da

classe dos tricíclicos, sendo o cloridrato de amitriptilina um representante bastante prescrito

(SABIN; FERRÃO; FURTADO, 2004).

O tratamento farmacológico dos distúrbios ansiosos baseia-se, principalmente no uso

de agentes sedativo-ansiolíticos benzodiazepínicos (GILMAN, 2006). Esses representantes

clássicos dos ansiolíticos, os benzodiazepínicos (BZDP), estão entre as drogas mais prescritas

no mundo e o consumo crescente pode ser resultado de um período particularmente turbulento

que caracteriza as últimas décadas da humanidade (SILVA et al., 2005). São usados

principalmente como ansiolíticos e hipnóticos, além de possuir ação miorrelaxantes e

anticonvulsivantes (LÜSCHER et al., 2012). Dentre os diversos BZPD temos o diazepam que

é um medicamento que alcançou maior popularidade devido à ação relaxante muscular e

psíquica que ampliou sobremaneira sua gama de indicações (LIMA, 2004).

17

Percebe-se que há um crescente consumo de fármacos antidepressivos e ansiolíticos

de forma indiscriminada devido a problemas cada vez mais crescente de ansiedade e

depressão. A indústria farmacêutica apresenta hoje em dia uma série de produtos com esses

princípios ativos, podendo ser classificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) como medicamentos de referência, similar e genérico (PARISOTTO et al., 2005).

Em função do consumo excessivo e não orientado de medicamentos e com uma

gama de produtos lançados no mercado, é de enorme importância a necessidade de aprimorar

e desenvolver métodos eficazes e rápidos desde o desenvolvimento e fabricação até o registro

dos mesmos, afim de liberar um produto seguro e de qualidade ao consumidor (PARISOTTO

et al., 2005; SABIN; FERRÃO; FURTADO, 2004; OLIVEIRA, 2006; CORDEIRO, 2006).

Nesse sentido, a espectroscopia vibracional no infravermelho vem sendo amplamente

estudada, apresentando-se como uma técnica inovadora e bastante precisa para a análise de

medicamento, podendo ser usada em amostras de diferentes estados físicos: líquidos,

soluções, sólidos, filmes, gases (PARISOTTO et al., 2005; STUART, 1997).

A espectroscopia vibracional no infravermelho tem sido bastante usada em análises

farmacêuticas qualitativas e quantitativas, avaliando-se matérias-primas, princípios ativos e

excipientes, pois podem fornecer informações estruturais valiosas (STUART, 2004).

Em nossos estudos utilizamos a Técnica de Espectroscopia Vibracional

Infravermelha com Transformada de Fourier (FT-IR) para avaliar amostras de medicamentos

de referência, similar e genérico que apresentam como princípios ativos o cloridrato de

amitriptilina e diazepam em suas formulações.

   

18

1.1 Antidepressivos

1.1.1 Depressão: aspectos gerais

A depressão é uma condição médica comum, crônica e recorrente, caracterizada por

uma alteração psíquica e orgânica com consequentes modificações na maneira de avaliar a

realidade e a vida (FLECK et al., 2003; ALEIXO; MARQUES; SAMPAIO, 2012; TOLEDO

et al., 2005). Os pacientes deprimidos apresentam limitações da sua atividade e bem-estar,

pois a depressão está frequentemente associada à incapacidade funcional e comprometimento

da saúde física (FLECK et al., 2003; LIMA, 2004).

Estima-se que a depressão acometa de 3% a 5% da população em geral, sendo

considerada uma síndrome psiquiátrica altamente prevalente (KATON, 2003; TENG;

HUMES; DEMETRIO, 2005). Apesar da alta prevalência, a depressão ainda é sub-

diagnosticada e sub-tratada. Em torno de 50% a 60% dos casos de depressão não são

detectados pelo o médico clínico, dificultando o tratamento específico (TENG; HUMES;

DEMETRIO, 2005; FLECK et al., 2003).

O diagnóstico do episódio depressivo se caracteriza pela presença de um humor

deprimido, perda de interesse, prazer e energia associada a uma fatigabilidade aumentada. No

episódio depressivo leve o indivíduo persiste em suas funções sociais, porém com o humor

deprimido e perda do prazer. No episódio depressivo moderado a pessoa tem dificuldade em

continuar suas atividades. No episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos o paciente

apresenta forte angústia, perda da autoestima, sendo grave o risco de suicídio. Em alguns

casos de episódio depressivo grave com sintomas psicóticos existem delírios, podendo haver

alucinações auditivas ou olfativas (LIMA, 2004). Portanto, o diagnóstico correto é o que irá

direcionar o tratamento correto e preciso do paciente, que pode ser desde a psicoterapia até a

utilização de psicofármacos (CORDIOLI, 2010).

19

1.1.2 Drogas Antidepressivas

O tratamento da depressão baseia-se em um grupo variado de agentes terapêuticos

antidepressivos, em parte porque a depressão clínica é uma síndrome complexa de gravidade

amplamente variada (GILMAN, 2006). No tratamento dessa patologia objetiva-se eliminar

sintomas, recuperar a capacidade funcional e psicossocial e impedir a recorrência da doença

(STULZER; TAGLIARI, 2006). Portanto, os antidepressivos têm sido um recurso terapêutico

importante, principalmente em depressões de intensidade moderada a grave, ajudando a

restaurar o equilíbrio químico no cérebro (CORDIOLI, 2010; TOLEDO et al., 2005).

O termo antidepressivo engloba um grupo heterogêneo de medicamentos, podendo

ser classificados em quatro grupos: antidepressivos tricíclicos (ADT), inibidores da

monoamina oxidase (IMAO), inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) e

antidepressivos atípicos (SILVA, 2002).

Entre os antidepressivos mais antigos e utilizados temos os da classe dos tricíclicos.

Essa classe atua inibindo a recaptação de neurotransmissores pela membrana pré-sináptica,

consequentemente aumenta a concentração dos neurotransmissores em contato com os

receptores, incrementando assim a atividade do circuito neural (SABIN; FERRÃO;

FURTADO, 2004; SOUZA; NETO FILHO, 2010).

1.1.3 Cloridrato de Amitriptilina

O cloridrato de amitriptilina foi um dos primeiros antidepressivos bem-sucedidos e,

desde a década de 60, tem sido amplamente utilizado no tratamento da depressão (GILMAN,

2006). É um antidepressivo que se enquadra na classe dos ADT, devido a uma estrutura

tricíclica básica em sua fórmula química, como mostra a Figura 1 (GUARDIOLA et al., 1999;

TOLEDO et al., 2005; MORAES, 2008).

Esse composto é quimicamente definido como cloridrato 3-10,11-diidro-5-H-dibenzo

[a,d] ciclohepteno-5-ilideno-N,N-dimetil-1-propanamina. Apresenta fórmula molecular

C20H23N.HCl (Figura 1), é um composto branco cristalino, solúvel em água, álcool,

clorofórmio, metanol e insolúvel em éter e massa molecular igual a 313,87 g/mol. (BOSE et

al., 2005; BRASIL, 2010; BARIN, 2007).

20

Figura 1: Estrutura química do cloridrato de amitriptilina. Fonte: BRASIL (2010).

Ao ser administrado o cloridrato de amitriptilina apresenta-se na forma inativa e

sofre metabolismo de primeira passagem, produzindo seu metabólito farmacologicamente

ativo que é a nortriptilina. Seu mecanismo de ação baseia-se no bloqueio da recaptação de

aminas - noradrenalina e 5-HT (5-hidroxitriptamina ou serotonina) - aumentando a quantidade

desses neurotransmissores na sinapse, sendo não-seletiva. A partir do aumento da transmissão

de 5-HT ocorre a melhora de sintomas emocionais e da noradrenalina melhora os sintomas

biológicos (RANG et al., 2007).

O uso do cloridrato de amitriptilina deve ser monitorado e a dosagem individualizada

para cada paciente, pois acarreta reações adversas significativas, os quais limitam seu uso

clínico, principalmente em pessoas idosas (MORAES, 2008; ALEIXO; MARQUES;

SAMPAIO, 2012). Algumas vezes, mesmo em doses terapêuticas podem ocorrer diversos

efeitos colaterais, tais como sonolência e sedação excessiva; confusão mental, secura da boca

e visão turva (SILVEIRA; TARLEY, 2008). Quando usado em doses excessivas, o cloridrato

de amitriptilina pode levar até a óbito o paciente (ALEIXO; MARQUES; SAMPAIO, 2012).

O cloridrato de amitriptilina apresenta-se na forma farmacêutica de comprimidos

revestidos, na concentração de 25 e 75 mg (ANVISA, 2012). De acordo com a Portaria no344,

de 12 de maio de 1998, esse é um medicamento controlado, ou seja, está sujeito à receita de

controle especial branca em duas vias, fazendo parte da Lista C1 (ANVISA PORTARIA 344,

1998).

21

Segundo a Farmacopeia Brasileira, 5a edição, volume 2, da monografia Cloridrato de

Amitriptilina comprimidos, as técnicas utilizadas para determinar a quantidade desse

composto nos comprimidos são: espectrofotometria de absorção no ultravioleta e

cromatografia a líquido de alta eficiência. Cada comprimido deve conter no mínimo 90% e,

no máximo, 110% da quantidade de princípio ativo declarada no rótulo do fabricante

(BRASIL, 2005).

1.2 Ansiolíticos

1.2.1 Ansiedade: aspectos gerais

A ansiedade é um sintoma muito comum na vida das pessoas, podendo representar

respostas normais às pressões do cotidiano, ou manifestações de transtornos psiquiátricos que

precisam de tratamento específico (CORDIOLI, 2010).

Para a Associação Americana de Psiquiatria a ansiedade é conceituada como sendo

tensão, apreensão, desconforto, que se originam de perigo interno ou externo iminente,

podendo ser reposta a estresse ou a estimulo ambiental. Muitas vezes acontece sem causa

aparente. Dentro de certos limites a ansiedade é considerada normal e o individuo não requer

qualquer tipo de tratamento, porém quando o quadro tende a se prolongar ou aprofundar,

interferindo com o desempenho normal do individuo, torna-se necessária a sua avaliação

clínica e, eventualmente, a instituição de algum tipo de tratamento (SILVA, 2002).

Dentro dos quadros psiquiátricos, os transtornos ansiosos são os mais comuns tanto

em crianças quanto em adultos, tendo uma prevalência estimulada durante o período de vida

de 9% e 15%, respectivamente (CASTILLO et al., 2000).

Para o planejamento terapêutico dos transtornos ansiosos, é fundamental ter um

detalhamento do início dos sintomas e os possíveis fatores desencadeantes, para determinar a

melhor intervenção, podendo utilizar psicoterapia, bem como ansiolíticos (CASTILLO et al.,

2000).

22

1.2.2 Drogas Ansiolíticas

Os ansiolíticos foram descobertos em 1950 e tiveram um crescimento expressivo

entre a década de 60 e 80. Nesse intervalo, mais de 10% da população consumia ansiolíticos

de maneira regular ou esporádica (LIMA, 2009).

Os fármacos disponíveis no arsenal terapêutico da ansiedade não são curativos, mas

sim meramente paliativos, atenuando o quadro de desequilíbrio do paciente. Podem ser

classificados em: benzodiazepínicos; GABA (ácido gama aminobutírico) e derivados;

agonistas principais do receptor 5HT; barbitúricos e diversos (SILVA, 2002).

O tratamento farmacológico dos distúrbios ansiosos baseia-se nos dias de hoje,

principalmente no uso de agentes sedativo-ansiolíticos benzodiazepínicos, sendo os fármacos

de primeira escolha devido aos seus elevados índices terapêuticos (GILMAN, 2006; DUTRA;

BARBOSA, 2009). Esses representantes clássicos dos ansiolíticos, os BZDP, são usados

como ansiolíticos, sedativos, anticonvulsivantes e relaxantes musculares (ALVARENGA et

al., 2009; NARAYANA et al., 2006; LIMA, 2004). Apresentam poucos efeitos sobre o

aparelho cardio-circulatório e respiratório o que explica sua larga margem de segurança,

sendo seguros e eficazes em tratamentos a curto prazo (CORDIOLI, 2010; LUSCHER et al.,

2012).

Os agentes ansiolíticos benzodiazepínicos para exercerem uma atividade ansiolítica

maior devem apresentar as seguintes características estruturais, sinalizadas na Figura 2: grupo

metila ligado ao átomo de nitrogênio na posição 1; e grupo retirador de elétrons, como Cl, NO

ou CF, na posição 7 (LIMA, 2009).

Figura 2: Estrutura principal dos benzodiazepínicos. Fonte: BRASIL, (2005).

23

Todos os BZDP possuem uma ação depressora generalizada sobre o sistema nervoso

central, diminuindo assim a ansiedade. Em doses elevadas, todos possuem um efeito

hipnótico, devendo o uso ser feito com critério e cuidado. Embora em grau variáveis, todos

possuem o risco de causar dependência com tolerância e síndrome de abstinência na parada

brusca de seu uso (LIMA, 2004). Portanto, estudos revelam que o uso prolongado de BZDPs,

ultrapassando períodos de 4 a 6 semanas, pode levar ao desenvolvimento de tolerância,

abstinência e dependência (ORLANDI; NOTI, 2005).

1.2.3 Diazepam

O diazepam pertence ao grupo dos benzodiazepínicos, sendo um medicamento de

amplo espectro de atividade, pois possui propriedades ansiolíticas, sedativas, miorrelaxantes,

anticonvulsivantes e efeitos amnésicos (LIMA, 2004; MIELCAREK et al., 2011). Sabe-se

atualmente que tais ações são devidas ao reforço da ação do GABA, o mais importante

inibidor da neurotransmissão no cérebro (LIMA, 2004). É o ansiolítico mais conhecido e,

provavelmente, o mais usado mundialmente na atualidade. Sua comercialização iniciou após 8

(oito) anos de pesquisa no ano de 1963 (LIMA, 2009).

Esse composto é definido quimicamente como 7-cloro-1,3-diidro-1-metil-5-fenil-2H-

1,4-benzodiazepina-2-ona, com massa molecular igual a 284,74 g/mol. Sua fórmula molecular

é C16H13N2ClO (Figura 3), é um pó cristalino esbranquiçado a amarelo, quase inodoro e

pouco solúvel em água (LIMA, 2009).

Figura 3: Estrutura química do diazepam. FONTE: BRASIL, (2005).

24

Como um representante dos benzodiazepínicos, o diazepam deve ser utilizado com

bastante precaução e acompanhamento, pois podem causar sedação, fadiga, perdas de

memória, sonolência, diminuição da coordenação motora, diminuição da atenção, da

concentração e dos reflexos, aumentando o risco de acidentes de carro ou no trabalho

(CORDIOLI, 2010; CRUZ et al., 2006).

O uso crônico, principalmente em doses elevadas e por longo tempo, pode causar

dependência física e psicológica e a uma síndrome de retirada, caso o medicamento seja

suspenso bruscamente (LIMA, 2009; CORDIOLI, 2010). A síndrome de retirada é muito

semelhante a um quadro de ansiedade e para prevenir deve ser feita uma retirada gradual do

medicamento (CORDIOLI, 2010).

O diazepam se apresenta na forma de comprimido nas concentrações de 5 mg e 10

mg e na forma de solução injetável na concentração de 10 mg (5 mg/mL) (LIMA, 2004). Esse

medicamento é regido pela Portaria no344, estabelecida pelo Ministério da Saúde em 12 de

maio de 1998, ou seja, a farmácia só pode vendê-lo mediante receita especial, chamada de

Receita tipo B, em cor azul, a qual fica retida na farmácia para controle das autoridades

sanitárias (ANVISA, 1998).

De acordo com a Farmacopeia Brasileira, 5a edição, volume 2, da monografia

Diazepam Comprimidos, as técnicas utilizadas para determinar a quantidade desse composto

nos comprimidos são: espectrofotometria de absorção no ultravioleta e cromatografia a

líquido de alta eficiência. Cada comprimido deve conter no mínimo 92,5% e, no máximo,

107,5% da quantidade de princípio ativo declarada de diazepam no rótulo do fabricante

(BRASIL, 2005).

1.3 A Indústria Farmacêutica e o Controle de Qualidade

A indústria farmacêutica, através da farmacotécnica industrial, é a responsável pela

transformação de matérias-primas em medicamentos (CONCEIÇÃO, 2009). As últimas

décadas têm sido marcadas pelo avanço da tecnologia farmacêutica nas indústrias o que

possibilitou o desenvolvimento da síntese e produção de muitos fármacos novos (OLIVEIRA,

2006). Em virtude da crescente demanda na fabricação desses fármacos, fica clara a

necessidade de aprimorar os procedimentos para a produção dos mesmos, de maneira a

garantir o cumprimento das especificações pré-estabelecidas pelos órgãos fiscalizadores

25

(OLIVEIRA, 2006; CORDEIRO, 2006). Vale ressaltar que o setor do controle de qualidade

dentro da indústria farmacêutica tem se tornado cada vez mais importante e o

desenvolvimento de procedimentos que sejam rápidos, sem o uso de muitos reagentes e

solventes, precisos e com a exata determinação da composição dos medicamentos têm sido

bastante solicitados (CONCEIÇÃO, 2009; ZENI, 2005).

A importância do controle de qualidade é histórica, pois em 1352, a França já

legislava sobre a necessidade de serem controladas as preparações farmacêuticas (SOUZA;

FERRÃO, 2006). Portanto, o controle de qualidade em uma indústria é um dos principais

aspectos para o sucesso da empresa no mercado, sendo que esse processo deve se iniciar

desde a chegada da matéria-prima visando atestar sua qualidade (ZENI, 2005; MULLER,

2009).

De acordo com a Resolução da ANVISA, RDC 210 de 04 de agosto de 2003, todos

os estabelecimentos detentores de Autorização de Funcionamento para fabricar medicamentos

tem a obrigatoriedade de ter um controle de qualidade, e o mesmo deve ser independente dos

demais departamentos, principalmente da produção (GIL, 2010). Os procedimentos adotados

nesse controle de qualidade são descritos em farmacopeias, sendo que cada substância

descrita possui metodologias específicas para sua caracterização e determinação, bem como

determinar prováveis impurezas que possam existir (ZENI, 2005).

No controle de qualidade existem diversos ensaios aplicados para assegurar a

qualidade dos produtos farmacêuticos (HOLLER, 2010). Nesses ensaios podemos destacar

(GIL, 2010):

Ensaios de Identificação: são métodos analíticos de natureza qualitativa aplicados

para confirmação da identidade de matéria-prima ou de determinado princípio

ativo de um medicamento. Podem ser classificados em clássicos (baseados em

reações químicas) e instrumentais (baseados em espectros, cromatogramas ou

medidas diretas de propriedades físico-químicas);

Ensaios de Potência: também conhecido como doseamento, são aqueles que visam

quantificar o teor de substância ativa em medicamentos. Podem ser subdivididos

em métodos clássicos (também se baseiam em reações químicas) e métodos

instrumentais (baseados no uso de um instrumento apropriado, seja para detecção

do ponto de equilíbrio de uma reação, seja para determinar um analito), sendo que

esses últimos apresentam vantagens em relação ao primeiro, pois são mais rápidos

e analisam amostras em concentrações muito pequenas.

26

Em geral, a maioria dos ensaios analíticos fundamentados em métodos instrumentais

se baseiam na espectrometria UV-Visível e na cromatografia líquida de alta eficiência (High

Performance Liquid Chromatography - HPLC) (STAHLMANN; KOVAR, 1998). Porém

esses métodos são lentos, trabalhosos e dispendiosos, pois envolvem muita manipulação

analítica e produtos de elevado custo. Para a indústria atual, esses ensaios podem

comprometer toda uma linha de produção, já que a demora dos resultados pode permitir que a

produção termine sem que sejam corrigidos os parâmetros alterados (ZENI, 2005). Em

virtude disso, principalmente as Farmacopeias Internacionais, têm buscado métodos analíticos

mais rápidos e econômicos com resultados confiáveis para garantir a qualidade e eficiência

dos medicamentos (PIMENTA et al., 2006; OLSEN, 2005).

A qualidade de um medicamento é um fator extremamente importante, pois desvios

nas características recomendadas podem acarretar sérias implicações para a saúde do usuário,

que vai desde a falta de eficácia no tratamento, devido à sub-dosagem terapêutica, até a

efeitos tóxicos provocados por uma super dosagem terapêutica (CAMARGO; SÁ;

NOGUEIRA, 2011; PUGENS; DONADUZZI; MELO, 2008). Podemos citar como exemplo

os estudos feitos por Petralanda (1995) ao descrever a baixa qualidade de medicamentos

contendo a primaquina (medicamento para tratamento da malária), verificando uma

expressiva variação no teor do fármaco em um mesmo lote, o que pode ter levado a seleção de

cepas resistentes.

Verifica-se que as técnicas analíticas usadas para a produção e controle de

medicamentos evoluem de acordo com a necessidade da época, sendo um novo foco da

indústria farmacêutica, despertando grande interesse nos centros de estudos e pesquisas

(CONCEIÇÃO, 2009; CORDEIRO, 2006; PARISOTTO et al., 2009). Em virtude dessa

evolução a espectroscopia vibracional no infravermelho tem se mostrado como uma

alternativa bastante viável, pois possibilita a obtenção de espectros com relativa rapidez,

podendo fornecer informações tanto do ponto de vista qualitativo e quantitativo (GIL, 2010;

STUART, 2004). Vale lembrar que a técnica tem sido cada vez mais utilizada nas análises

quantitativas, atuando na determinação do teor do princípio ativo no medicamento final

(ZENI, 2005).

27

1.4 Medicamento Referência, Genérico e Similar

O medicamento pode ser conceituado como um produto farmacêutico, obtido

tecnicamente, podendo ter a finalidade profilática, curativa, paliativa ou ainda com a

finalidade de diagnóstico. Para que esse medicamento chegue ao mercado é necessário que

cumpram as exigências regulatórias estipuladas pelos órgãos fiscais, apresentando resultados

que garantam a segurança e a eficácia do mesmo (COSTA, 2005).

A indústria farmacêutica apresenta atualmente uma série de produtos com o mesmo

princípio ativo, tornando o Brasil um dos maiores consumidores de medicamentos do mundo.

O consumo de medicamento no Brasil obteve um grande crescimento, cerca de 10% ao ano,

principalmente pelo surgimento da classificação estabelecida pela a ANVISA, na Lei

9787/99, em medicamentos de referência, genérico e similar (CORDEIRO, 2006;

CAMARGO; SÁ; NOGUEIRA, 2011).

O medicamento referência é o produto inovador registrado no órgão federal

responsável pela vigilância sanitária (ANVISA) e comercializado no País, cuja eficácia,

segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente,

por ocasião do registro (HOLLER, 2010; ANVISA, 1999). Portanto, são os medicamentos

inovadores e que apresentam no momento do primeiro registro dados de segurança e eficácia

que serão utilizados como referência para os demais (COSTA, 2005).

O medicamento genérico foi estabelecido no Brasil em 1999 pela Lei 9787/99 de 10

de fevereiro que o define como: “medicamento similar a um produto de referência ou

inovador, que pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração

ou renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua

eficácia, segurança e qualidade, e designado pela Denominação Comum Brasileira (DCB) ou,

na sua ausência, pela Denominação Comum Internacional (DCI)” (VIEIRA; ZUCHI, 2006;

HOLLER, 2010).

Para a produção de um medicamento genérico na indústria farmacêutica, a mesma

submete-se a uma inspeção de boas práticas de fabricação, em que todas as condições

estruturais e técnicas são avaliadas pelo órgão fiscalizador federal (ANVISA) (HOLLER,

2010). O medicamento também deve passar por testes de qualidade que, de acordo com a

legislação brasileira, para ser registrado como genérico é necessário a comprovação de sua

bioequivalência (equivalência biológica) em relação ao medicamento de referência indicado

pela ANVISA (PUGENS; DONADUZZI; MELO, 2008; CRUZ, 2006).

28

O medicamento similar é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios

ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia

e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência, podendo

diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade,

embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome

comercial ou marca, trata-se de uma alternativa terapêutica cujos resultados podem ser

diferentes do medicamento referência, pois a absorção, transformação, disponibilidade e

excreção podem ser diferentes (VIEIRA; ZUCHI, 2006; ANVISA, 1998).

Com toda a evolução industrial e as diversas alternativas encontradas no mercado, os

genéricos tem obtido um crescimento cada vez maior (VIEIRA; ZUCHI, 2006). Porém

permeiam questionamentos sobre a qualidade dos medicamentos genéricos e similares de

marcas já consagradas no mercado (CAMARGO; SÁ; NOGUEIRA, 2011; PARISOTTO et

al., 2005). Essa qualidade é dada por vários fatores que vão desde a matéria-prima até o

produto final. Em virtude da busca pela segurança dos consumidores, vários pesquisadores

têm buscado investigar a qualidade do medicamento comercializado, controlando o teor de

ativo farmacêutico, fazendo uma comparação de medicamentos genéricos e similares com o

medicamento de referência (CAMARGO; SÁ; NOGUEIRA, 2011).

Portanto, devido aos diversos fatores apontados é de enorme importância o

desenvolvimento de métodos mais rápidos e eficazes para um maior controle de qualidade do

medicamentos comercializados, podendo avaliar a confiança proposta, independente da marca

ou laboratório (PARISOTTO et al., 2005; CAMARGO; SÁ; NOGUEIRA, 2011).

1.5 Espectroscopia no Infravermelho (FT-IR)

A espectroscopia no infravermelho é certamente uma das mais importantes técnicas

analíticas à disposição dos cientistas atuais (STUART, 2004). Essa técnica tem obtida

crescente importância seja em laboratórios de análise, seja no controle de qualidade dos

processos industriais, tais como indústria farmacêutica, alimentar, têxtil, dentre outras. Esse

crescimento é justificado por ser uma técnica com análise sem destruição, podendo ser feita

sem tratamento prévio da amostra, pela rapidez e facilidade da execução e seletividade do

método (SIMÕES, 2008). Sua área de aplicação envolve o estudo de polímeros, identificação

de compostos orgânicos e inorgânicos, análise de misturas complexas, controle de qualidade

29

de diversos produtos, estudo de semicondutores, transporte de moléculas bioativas em tecidos

vivos, dentre outras aplicabilidades (BARBOSA, 2011).

A técnica de espectroscopia infravermelha baseia-se nas vibrações dos átomos de

uma molécula utilizando a radiação infravermelha, permitindo assim, através da análise do

espectro, a caracterização de moléculas (STUART, 2004; LEITE, 2011). A radiação

infravermelha corresponde a faixa do espectro eletromagnético situada entre as regiões do

visível e das microondas (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2005). Sua faixa espectral

compreende a radiação com números de onda no intervalo de aproximadamente 13.000 cm-1 a

100 cm-1 (MULLER, 2009; STUART, 2004). A região do infravermelho está dividida em

infravermelho próximo, médio e distante, conforme Tabela 1, sendo a região do

infravermelho médio a mais utilizada pelos químicos orgânicos (MULLER, 2009;

SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2005).

Tabela 1: Limites aproximados para as regiões no infravermelho.

Região do Infravermelho Número de onda (cm-1)

Próximo (NIR) 13.000 a 4.000

Médio (MIR) 4.000 a 400

Distante (DIR) 400 a 100

Fonte: Stuart, (2004).

As radiações nas regiões do ultravioleta e do visível ao incidirem sobre a molécula

causam transições eletrônicas, já a radiação infravermelha causa alteração nos modos

rotacionais e vibracionais das moléculas (BARBOSA, 2011). Assim, a radiação infravermelha

na faixa aproximadamente de 10.000 cm-1 a 100 cm-1 converte-se, quando absorvida por uma

molécula orgânica, em energia de vibração molecular (SILVERSTEIN; WEBSTER;

KIEMLE, 2005). Esse processo é quantizado, gerando o espectro que aparece como uma série

de picos ou bandas que refletem o nível de energia vibracional da molécula. Na caracterização

de compostos orgânicos a região de maior interesse do espectro eletromagnético está na

região de 4.000 cm-1 a 400 cm-1 que é a região dos grupos funcionais (BARBOSA, 2011).

O espectro é um gráfico em que as posições das bandas estão no eixo das abscissas

(horizontal), apresentadas em números de ondas, com a unidade de centímetro inverso (cm-1 )

e no eixo das ordenadas (vertical) temos as intensidades das bandas que podem ser expressas

como transmitância (Figura 4) ou absorbância (Figura 5) (BARBOSA, 2011; LEITE, 2011) .

A transmitância é conceituada como a razão entre a energia radiante transmitida por uma

30

amostra e a energia radiante que nela incide; e a absorvância é o logaritmo decimal do inverso

da transmitância (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2005).

Figura 4: Espectro de transmitância do ácido lático. Fonte: Stuart, (2004).

Figura 5: Espectro de absorvância do ácido lático. Fonte: Stuart, (2004).

31

O espectro de infravermelho pode ser considerado a impressão digital de um

composto químico, pois cada molécula tem um espectro característico, assim duas moléculas

nunca terão espectros idênticos. Logo, essa técnica pode ser utilizada para identificar um

composto ou investigar a composição de uma amostra, ou seja, uma análise qualitativa

(SIMÕES, 2008; LEITE, 2011).

É importante frisar a aplicação do infravermelho em análise quantitativa de misturas

de compostos químicos, já que a intensidade de uma banda de absorção é proporcional à

concentração do componente que a provocou. Portanto, a quantidade de um composto numa

amostra pode ser determinada pela curva de calibração feita pela intensidade da banda versus

concentração. A curva de calibração é obtida através das concentrações das amostras do

composto em estudo (SIMÕES, 2008; LEITE, 2011).

Para a obtenção dos espectros no infravermelho o instrumento utilizado é

denominado espectrofotômetro no infravermelho. Atualmente, com a evolução tecnológica, o

aparelho utilizado é o espectrofotômetro no infravermelho com transformada de Fourier,

sendo este um método interferométrico, pois apresenta como componente óptico básico o

interferômetro de Michelson (BARBOSA, 2011; MULLER, 2009). Este apresenta dois

espelhos planos (um fixo e um móvel), posicionados perpendicularmente, e um divisor de

feixe que transmite 50% da radiação incidente da fonte para o espelho móvel e os outros 50%

reflete para o espelho fixo. Esses espelhos refletem os dois feixes para o divisor, onde se

recombinam, gerando interferências construtivas e destrutivas. A soma dessas interações

construtivas e destrutivas para cada componente forma o interferograma. Ao aplicar a

transformada de Fourier, o detector recebe o interferograma que é convertido em espectro que

relaciona a intensidade com a frequência, que é a forma mais utilizada para essas análises

(Figura 6) (HELFER et al., 2006; SANTOS, 2011).

32

Figura 6: Esquema ilustrativo para o interferômetro de Michelson e do espectro resultante da aplicação da transformada de Fourier. Fonte: Muller, (2009).

O uso de transformada de Fourier apresenta inúmeras vantagens e como exemplos

podemos citar: enorme ganho de tempo na aquisição dos dados, utilização de pouca e

pequenas amostras, diminuição do ruído e permite resoluções extremamente altas, pela

conversão analógico-digital os resultados são manipulados facilmente (SILVERSTEIN;

WEBSTER; KIEMLE, 2005; CRUPI et al., 2002; ROHMAN; CHEMAN, 2012).

Os espectros no infravermelho podem ser obtidos principalmente pelos métodos de

transmissão e reflectância, sendo que em ambas as técnicas existem vários acessórios para se

obterem espectros de amostras sólidas, líquidas e gasosas (BARBOSA, 2011). Desses

métodos o mais utilizado é o de transmissão, que foi o aplicado nesse trabalho, onde a

radiação passa através da amostra, sendo parte absorvida e parte transmitida (MULLER,

2009).

1.5.1 Modos Vibracionais

As vibrações que as moléculas sofrem, resultante da interação da radiação

infravermelha com a amostra, correspondem à energia de fótons infravermelhos, ou seja, há a

absorção dos fótons pela molécula originando o espectro de absorção no infravermelho

(SILVA, 2011).

Considerando moléculas com N átomos, o número de grau de liberdade terá 3N

graus de liberdade que representam movimentos de translação da molécula, rotação em torno

33

de um referencial que tem origem no centro de massa da molécula e de vibração dos átomos

que compõem essa molécula (BARBOSA, 2011).

Verifica-se que dos 3N graus de liberdade da molécula, três correspondem a

translação da molécula e três correspondem a rotações, de modo que restam (3N – 6) graus de

liberdade, correspondentes às vibrações dos átomos da molécula. No caso de moléculas

lineares não existem rotações em torno do eixo, pois os núcleos dos átomos são considerados

puntiformes. Em virtude disso, apresentam apenas dois graus de liberdade para a rotação,

determinando-se os graus de liberdade para as vibrações por 3N – 5 para moléculas lineares

(SAKANE et al., 2011; SILVA, 2011).

Para um modo normal de vibração todos os átomos vibram em sincronia, atingindo

ao mesmo tempo o afastamento máximo à sua posição de equilíbrio e passam também ao

mesmo tempo por sua respectiva posição de equilíbrio. Uma vibração normal da molécula

corresponde a uma frequência, conhecida como freqüência fundamental ou normal. Esses

modos normais vibracionais das moléculas apresentam propriedades de simetria que vão

depender da simetria da própria molécula (SAKANE et al., 2011).

Para uma melhor compreensão dos modos normais de vibração, podemos trabalhar

inicialmente com a molécula da água como exemplo.

Figura 7: Modos normais de vibração da molécula de água: (νa) estiramento assimétrico; (νs) estiramento simétrico; (δ) deformação angular. FONTE: Barbosa, (2011).

Na figura 7 são apresentados os modos normais de vibração da molécula de água

(H2O), sendo que dois modos correspondem a estiramentos das ligações OH (estiramento

assimétrico e simétrico) e um modo corresponde à variação do ângulo HOH (deformação

angular). Portanto, na molécula da água temos três frequências fundamentais, que são as

vibrações de estiramento assimétrico (νa), estiramento simétrico (νs) e deformação angular (δ)

(BARBOSA, 2011).

34

Pela análise da molécula da água podemos perceber que se trata de uma molécula

mais simples, tornando o cálculo das frequências para todos os modos normais de vibração

relativamente simples. Essas frequências podem ser calculadas pelas massas dos átomos, pela

geometria da molécula e pelas constantes de força de interação entre os átomos. Porém, em

moléculas mais complexas os cálculos matemáticos envolvidos podem ser extremamente

árduos, sendo necessário usar considerações empíricas. Experimentalmente, alguns grupos de

átomos que podem compor diferentes moléculas, apresentam bandas espectrais numa região

característica do espectro. Para a interpretação dos espectros é importante a identificação

dessas bandas, pois são as frequências correspondentes das mesmas que caracterizam o grupo

de átomos (SAKANE et al., 2011).

Para uma melhor visualização, consideremos a molécula plana X2C=CH2, sendo o

“X” um átomo diferente do hidrogênio. O grupo =CH2, presente em várias moléculas,

apresenta uma vibração em que os átomos de Hidrogênio movem-se, em fase, fora do plano

do grupo. Tal fato ocorre pela variação do ângulo entre o plano CH2 e a ligação C=C, ficando

o restante da molécula praticamente sem movimento. A esse modo de vibração damos o nome

de wagging (ρw) que está sinalizado na Figura 8 (BARBOSA, 2011).

Além dos modos vibracionais semelhantes aos da molécula da água, o grupo =CH2

apresenta modo de vibração que envolve a deformação do ângulo HCH denominado por

“scissoring”, algo semelhante a uma tesoura como podemos verificar na Figura 8. Existem

outros tipos de vibração, pois o grupo CH2 está ligado a outros átomos para formar uma

molécula, dentre essas temos a “twisting” (ρtw) e “rocking” (δr), ambos apresentados também

na Figura 8 (TWARDOWISKI; ANZENBACHHER, 1994).

35

Figura 8: Modos vibracionais do grupo CH2, sendo o (a) “wagging”, (b) “scissoring”, (c) “rocking” e (d) “twisting”. Fonte: Twardowiski e Anzenbachher (1994).

Para um melhor entendimento na interpretação do espectro de uma molécula um

pouco mais complexa, podemos trabalhar com o clorofórmio (CHCl3) ou triclorometano

(Figura 9).

Figura 9: Fórmula estrutural da molécula de clorofórmio. Fonte: Lopes (2012).

36

Figura 10: Espectro infravermelho da molécula de clorofórmio.

Na Figura 10 o espectro infravermelho da molécula de clorofórmio na região

analisada sinaliza estiramento das ligações C-H e C-Cl e deformações C-H e C-Cl3

(BARBOSA, 2011). Na Tabela 2 temos as atribuições dos picos verificados na análise

espectral.

Tabela 2: Número de onda e atribuição aproximada do espectro de clorofórmio.

Numeração das bandas Número de onda

(cm-1) Atribuição aproximada

1 3019 ν (C-H)

2 1215 δ (C-H)

3 770 δ (C-H) / δ (C-Cl3)

4 669 ν (C-H) / δ (C-Cl3)

Fonte: Colthup et al. (1990).

37

A partir da verificação do espectro de clorofórmio temos uma previsão de que com o

aumento do número de átomos ocorre um aumento da dificuldade de interpretação dos

espectros infravermelhos (BARBOSA, 2011).

38

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O presente trabalho se propõe a analisar qualitativamente e quantitativamente, por

espectroscopia infravermelha com Transformada de Fourier (FT-IR), amostras comerciais de

medicamentos de referência, genérico e similar que contenham o princípio ativo de cloridrato

de amitriptilina e diazepam em suas composições.

2.2 Objetivos específicos

- Obter e analisar espectros infravermelhos dos princípios ativos, dos medicamentos

de referência, similar e genérico de cloridrato de amitriptilina e diazepam;

- Determinar qualitativamente a presença de princípios ativos de cloridrato de

amitriptilina e diazepam nas amostras comerciais de medicamentos de referência, similar e

genérico por FT-IR;

- Determinar quantitativamente os princípios ativos de cloridrato de amitriptilina e

diazepam nas amostras comerciais de medicamentos de referência, similar e genérico por FT-

IR, verificando se as quantidades presentes atendem às exigências estabelecidas pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.

- Estudo da viabilidade da espectroscopia vibracional no infravermelho como uma

das técnicas no controle de qualidade de medicamentos.

   

39

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Espectroscopia no Infravermelho

e no Laboratório de Síntese Orgânica do Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento da

Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), na cidade de São José dos Campos, Estado de

São Paulo.

3.1 Amostras utilizadas

3.1.1 Princípio Ativo

As amostras dos princípios ativos puros de diazepam e cloridrato de amitriptilina

foram gentilmente cedidas pela Farmácia Artesani (Teresina/PI), sendo feito o controle

correto de cada amostra pelo lote e validade.

3.1.2 Medicamentos referência, genérico e similar

Os medicamentos de referência, genérico e similar, contendo os princípios ativos de

cloridrato de amitriptilina e diazepam utilizados nos experimentos, foram adquiridos no

mercado. Para a compra dos medicamentos em drogarias do município de Teresina/PI, foram

apresentadas receitas médicas de controle especial, de acordo com a Portaria no344,

determinada pela a ANVISA. Para o cloridrato de amitriptilina foram adquiridas: 01 caixa do

medicamento de referência na concentração de 25 mg, duas caixas dos medicamentos

genéricos das marcas A e B e uma caixa do medicamento similar de uma marca C, todos

também na concentração de 25 mg. Para o diazepam foram adquiridas: uma caixa do

medicamento de referência na concentração de 10 mg, uma caixa do medicamento genérico

de uma marca D e uma caixa do medicamento similar da marca E, ambos na concentração de

40

10 mg também. Todos os medicamentos adquiridos foram controlados pelo lote e validade

específicos de cada amostra.

3.2 Pesagem das amostras experimentais

Para a realização das pesagens, foi utilizada balança analítica de alta precisão,

apropriada para pesagens de amostras pequenas, obedecendo todas as normas estabelecidas

pelo o Laboratório de Síntese Orgânica. Inicialmente, foram pesadas 26 amostras de KBr, que

é um sal branco sólido, tendo 150 mg em cada. Em seguida, foram pesadas sete amostras de

princípio ativo de cloridrato de amitriptilina nas seguintes quantidades: 0,2 mg; 0,5 mg; 0,7

mg; 1,0 mg; 1,2 mg; 1,5 mg e 2,0 mg. Cada amostra foi devidamente identificada com o peso,

lote e validade do princípio ativo trabalhado. Dando continuidade foram pesados 1

comprimido de cada medicamento comercial do cloridrato de amitriptilina adquirido

(referência, genérico A e B e similar C). Após a pesagem dos comprimidos, os mesmos foram

macerados e as seguintes amostras foram pesadas de acordo com o peso de cada comprimido:

1,0 e 1,5 mg do medicamento de referência; 1,0 e 1,5 mg do medicamento genérico A; 1,0 e

2,2 mg de medicamento genérico B; 1,0 e 1,6 mg do medicamentos similar C.

Para o diazepam foram pesadas cinco amostras de princípio ativo nas seguintes

quantidades: 0,2 mg; 0,4 mg; 0,6 mg; 0,8 mg e 1,0 mg. Em seguida, foi repetido o mesmo

procedimento de pesagem dos comprimidos comerciais aplicado no cloridrato de

amitriptilina. Após a maceração dos comprimidos comerciais de diazepam, foram separadas

as seguintes amostras, também de acordo com o peso dos comprimidos: 1,0 e 1,5 mg de

medicamento de referência; 1,0 e 1,5 mg de medicamento genérico D; 1,0 e 1,4 mg de

medicamento similar E.

3.3 Confecção das pastilhas de brometo de potássio

Após a realização das pesagens das amostras e de KBr iniciou-se a confecção das

pastilhas para que pudessem ser lidas no espectofotômetro. Para confeccionar as pastilhas

41

com KBr cada amostra foi macerada juntamente com KBr, com suas respectivas quantidades,

e depois prensadas (Tabela 3).

Tabela 3: Amostras utilizadas e suas respectivas quantidades utilizadas para a confecção de pastilhas com KBr.

Amostras Quantidade

(mg)

KBr

(mg)

Cloridrato de Amitriptilina P.A. 0,20 150

Cloridrato de Amitriptilina P.A. 0,50 150

Cloridrato de Amitriptilina P.A. 0,70 150

Cloridrato de Amitriptilina P.A. 1,00 150

Cloridrato de Amitriptilina P.A. 1,20 150

Cloridrato de Amitriptilina P.A. 1,50 150

Cloridrato de Amitriptilina P.A. 2,00 150

Referência Cloridrato de Amitriptilina 1,00 150

Referência Cloridrato de Amitriptilina 1,50 150

Genérico A 1,00 150

Genérico A 1,50 150

Genérico B 1,00 150

Genérico B 2,20 150

Similar C 1,00 150

Similar C 1,40 150

Diazepam P.A. 0,20 150

Diazepam P.A. 0,40 150

Diazepam P.A. 0,60 150

Diazepam P.A. 0,80 150

Diazepam P.A. 1,00 150

Referência Diazepam 1,00 150

Referência Diazepam 1,50 150

Genérico D 1,00 150

Genérico D 1,50 150

Similar E 1,00 150

Similar E 1,40 150

Legenda: P.A – Princípio Ativo.

42

Seguindo o protocolo de preparo de pastilhas estabelecido pelo Laboratório de

Espectroscopia no Infravermelho, foram produzidas 26 pastilhas para serem lidas no

espectrofotômetro.

3.4 Obtenção e estudo dos espectros de absorção no infravermelho

Os espectros infravermelhos foram obtidos na faixa de 4000 a 700 cm-1, com

resolução de 4 cm-1, no modo de transmissão, com 12 varreduras e temperatura controlada de

18 a 20oC, com termômetro de máxima e mínima. O espectrofotômetro utilizado foi o

Spectrum GX FT-IR da Perkin-Elmer. Os espectros foram pré-processados com Spectrum 5.2

utilizando correções de linha de base e suavização utilizando algoritmo Savitzky-Golay com 9

pontos (COLTHUP, 1997).

Para o cloridrato de amitriptilina, primeiro foram obtidos os espectros de KBr com o

princípio ativo para a análise e identificação das possíveis bandas marcadoras. Em seguida,

foram obtidos os espectros das amostras de referência, genéricos A e B e similar C. Com os

espectros dos medicamentos comerciais foi feita a localização das possíveis bandas

marcadoras pra a análise qualitativa. Dando continuidade aos experimentos, foi feito o estudo

da sensibilidade das bandas escolhidas com quantidades variadas de princípio ativo e traçadas

as curvas de calibração. Com as possíveis bandas escolhidas, escolheu-se a melhor banda,

avaliando a região e a forma que essa banda se apresentava no espectro. Com a banda

marcadora escolhida, a intensidade dessa banda foi obtida em cada amostra comercial com o

uso do software Spectrum 5.3. Os espectros escolhidos para os cálculos das intensidades

foram das pastilhas de: 150/1,5 mg de KBr com referência, 150/1,5 mg de KBr com genérico

A, 150/2,2 mg de KBr com genérico B e 150/1,4 mg de KBr com similar C. Com as

intensidades especificadas foram aplicados cálculos matemáticos simples para obter o

percentual de princípio ativo em cada amostra comercial, tendo o medicamento referência

como o padrão.

Para o diazepam, foram adotados os mesmos procedimentos aplicados ao cloridrato

de amitriptilina, nas amostras de referência, genérico D e similar E. E os espectros utilizados

para o cálculo da intensidade foram das pastilhas de: 150/1,5 mg de KBr com referência,

150/1,5 mg de KBr com genérico D e 150/1,4 mg de KBr com similar E.

43

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Cloridrato de Amitriptilina

4.1.1 Obtenção dos espectros infravermelhos de cloridrato de amitriptilina e

medicamentos comerciais de referência, genéricos e similar

Para a análise dos espectros de cloridrato de amitriptilina, inicialmente foram obtidos

os espectros do princípio ativo da droga em absorbância e em transmitância (Figura 11 e 12)

para um estudo das bandas emitidas e suas regiões. De acordo com os espectros obtidos, a

Tabela 4 apresenta as atribuições de bandas aproximadas para o cloridrato de amitriptilina.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 5000

15

30

45

60

75

90

105

Tra

nsm

itânc

ia

Número de onda (cm-1)

Figura 11: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina.

2632 cm-1 2582 cm-1

1483 cm-1 752 cm-1

44

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 12: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina.

Para a interpretação de um espectro de infravermelho não existem regras rígidas,

devendo-se levar em conta certos requisitos antes de tentar a interpretação, tais como

(SILVERSTEIN, 2005):

O espectro deve ter resolução adequada e intensidade razoável;

O composto utilizado deve ser razoavelmente puro;

O espectrômetro deve ser calibrado contra padrões, de forma que as bandas sejam

observadas nas frequências ou comprimentos de onda corretos;

O método de manipulação da amostra deve ser especificado, como exemplo se em

solução é preciso indicar o solvente, a concentração e o passo óptico da célula

utilizada.

Em geral, os espectros são interpretados a partir de comparações empíricas com

outros espectros e da extrapolação de resultados obtidos com moléculas mais simples

(SILVERSTEIN, 2005).

45

Tabela 4: Número de onda e descrição aproximada do espectro do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina, de acordo com Barbosa, (2011).

Número de Onda (cm-1) Atribuições aproximadas

Região I: 3500 a 2530 cm-1

3064 Estiramento da ligação CH (νCH) do composto aromático 3012 Estiramento da ligação CH (νCH) do composto aromático 2970 Estiramento assimétrico da ligação CH (νa) do grupo –CH3 2924 Estiramento assimétrico da ligação CH (νa) do grupo –CH2 2895 Estiramento simétrico da ligação CH (νs) do grupo –CH3 2856 Estiramento simétrico da ligação CH (νs) do grupo –CH2

2632 2582 2516 2471 2436

Estiramento da ligação NH (νN-H) do grupo amina

Região II 2520 a 1560 cm-1

2128 1943 1911 1809 1743 1717 1687

Combinações ou sobretons

Continua...

46

Continuação

Número de Onda (cm-1) Atribuições aproximadas

1624 1600 1567

Estiramento da ligação C=C (νC=C) do composto aromático

Região III 1550 a 1000 cm-1

1485 1472 1452 1440 1427 1411

Estiramento da ligação C=C (νC=C) do composto aromático Deformação angular assimétrica (δa) do grupo – CH3

Deformação angular (δ) do grupo – CH2

1391 1362 1344 1332 1310 1280 1271 1256 1248 1222 1206 1165 1159 1097 1064 1041 1011

Deformação angular (δ) no plano do composto aromático Deformação angular do grupo – CH2

47

Continuação

Número de Onda (cm-1) Atribuições aproximadas

Região IV 980 a 500 cm-1

965 948 924 894 874 859 848 799 769 752 741

Deformação angular (δ) para fora do plano do composto aromático

719 Deformação “rock” do grupo – CH2 no plano (πCH2)

635 Deformação do anel aromático no composto aromático

595 Deformação do anel aromático no composto aromático

48

Para um exame preliminar dos espectros as duas áreas mais importantes são as

regiões de 4000 a 1300 cm-1 e de 900 a 650 cm-1, sendo a região com frequência mais alta

chamada de região dos grupos funcionais (SILVERSTEIN, 2005; BARBOSA, 2011).

A região de 3500 a 2530 cm-1 é composta por uma grande quantidade de bandas

intensas e características. Dentre elas destacam-se os modos vibracionais do estiramento –CH

(νCH) do composto aromático, bem como a presença de combinações ou sobretons do anel de

benzeno mostrados logo mais, justificando assim a presença de anéis aromáticos na estrutura

química do cloridrato de amitriptilina (Figura 1). Ainda são registrados os modos vibracionais

do estiramento da ligação C-H nos grupos –CH3 e =CH2, podendo ser analisados juntos com a

região entre 1480 e 1410 cm-1 onde, vários modos de deformações angulares, dos mesmos

grupos funcionais, estão presentes. Nesse intervalo as bandas de grande expressão e maiores

intensidades são as de 2632 e 2582 cm-1, ambas representam o modo vibracional do

estiramento da ligação N-H do grupo amina (νN-H), já que na região abordada são comuns as

absorções que correspondem a grupos funcionais como -OH e -NH (SILVERSTEIN, 2005).

Ao analisar as duas bandas percebe-se um alargamento na banda 2632 cm-1 comparado à de

2582 cm-1, tal fato ocorre devido às interações intermoleculares existentes (SILVESTEIN,

2005).

Na região estudada de 2520 a 1650 cm-1 visualizam-se bandas fracas de combinações

ou sobretons da deformação angular do grupo –CH (δCH). O aspecto das bandas nessa região

ajuda na identificação do modo de substituição do anel (STUART, 2004). A presença dessas

combinações, também conhecidas como “dedos de benzeno” confirma a presença de anel

benzênico na estrutura do composto químico (Figura 1).

A região de 1590 a 1000 cm-1 ocorrem algumas bandas mais intensas como a de

1485 cm-1 que assim como as bandas de 1472 a 1411 cm-1 podem ser estiramento da ligação

C=C (νC=C) do composto aromático, a deformação angular assimétrica (δa) do grupo – CH3 ou

a deformação angular (δ) do grupo – CH2. Ainda estão presentes no intervalo de 1391 a 1011

cm-1 a deformação angular (δ) no plano do composto aromático e a deformação do grupo –

CH2. Essa região estudada é uma região intermediária usualmente conhecida como

“impressão digital”. O espectro nela observado é, em geral, complexo, com as bandas se

originando de modos de vibração acoplados. É uma região muito importante para a

determinação da estrutura quando examinada com referência a outras regiões, ou seja, ela

serve para confirmar a identidade de determinado composto, pois mesmo isômeros que

apresentem espectros idênticos nas outras regiões apresentarão diferenças nessa faixa de

número de ondas (SILVERSTEIN, 2005; BARBOSA, 2011).

49

A região de 980 a 500 cm-1 apresenta algumas bandas intensas, tendo destaque a de

752 cm-1 que corresponde à deformação angular para fora do plano do composto aromático. A

presença de bandas intensas, como as observadas no composto, ocorre em virtude de ser um

composto aromático. Nessa região, os compostos aromáticos e heteroaromáticos produzem

bandas intensas que são originadas nas deformações angulares fora do plano de ligações C-H

(STUART, 2004; SILVERSTEIN, 2005). Deve-se destacar ainda nessa região a presença da

banda 719 cm-1 que corresponde à deformação do grupo – CH2 conhecida como “rock”

(BARBOSA, 2011).

Com o espectro do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina analisado e com suas

atribuições aproximadas, observou-se a presença de quatro bandas intensas e bem definidas,

são elas:

1. 2632 cm-1

2. 2582 cm-1

3. 1483 cm-1

4. 752 cm-1

Essas bandas em destaque também foram identificadas nos espectros das amostras

comerciais estudadas (medicamento referência, genérico A, genérico B e similar C) e podem

ser observadas nas figuras 13, 14, 15 e 16. Lembrando que tais bandas já foram discutidas e

feitas suas atribuições logo mais acima.

A presença das bandas características do princípio ativo nos espectros dos

medicamentos comerciais, significa a presença do princípio ativo de cloridrato de

amitriptilina nas amostras estudadas (SIMÕES, 2008). Portanto, com os lotes de

medicamentos de referência, genéricos A e B e similar C estudados nesse trabalho, os

espectros obtidos sinalizaram que qualitativamente as amostras apresentam o princípio ativo

de cloridrato de amitriptilina nas suas formulações.

50

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,02582 cm-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 13: Espectro infravermelho do medicamento de referência de cloridrato de amitriptilina.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,02582 cm

-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 14: Espectro infravermelho do medicamento genérico A de cloridrato de amitriptilina.

51

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,1

0,2

0,3

2582 cm-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 15: Espectro infravermelho do medicamento genérico B de cloridrato de amitriptilina.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,82582 cm-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 16: Espectro infravermelho do medicamento similar C de cloridrato de amitriptilina.

52

4.1.2 Estudo da sensibilidade das bandas escolhidas com quantidades variadas de

cloridrato de amitriptilina (princípio ativo)

Após a análise qualitativa realizada, o próximo passo foi fazer a curva de calibração

da absorbância versus a concentração da substância a analisar, dando inicio assim a análise

quantitativa. Para esse tipo de análise as medições precisam ser realizadas nos espectros de

absorbância, portanto o presente trabalho está apresentando espectros nessa conformidade

(STUART, 2004). Para isso, foram obtidos inicialmente espectros que mostram as

intensidades dessas quatro bandas escolhidas em função de quantidades diferentes do

princípio ativo de cloridrato de amitriptilina (Figuras 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500-0,04

-0,03

-0,02

-0,01

0,00

0,01

0,02

0,03

0,042582 cm-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 17: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 0,2/150 mg de KBr.

53

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,302582 cm

-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 18: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 0,5/150 mg de KBr.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,352582 cm

-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 19: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 0,7/150 mg de KBr.

54

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7 2582 cm-1

Número de onda (cm-1)

Abs

orbâ

ncia

Figura 20: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 1,0/150 mg de KBr.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,02582 cm

-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 21: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 1,2/150 mg de KBr.

55

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,42582 cm-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 22: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 1,5/150 mg de KBr.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,62582 cm-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 23: Espectro infravermelho do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina na concentração de 2,0/150 mg de KBr.

56

A Tabela 5 sinaliza que as quatro bandas características aumentam de intensidade

com o aumento da concentração de cloridrato de amitriptilina, indicando uma forte correlação

de proporcionalidade entre as intensidades das bandas e as quantidades de princípio ativo.

Percebe-se também que as bandas apresentam coeficiente de correlação com valores bem

próximos a 1, comprovando a linearidade da curva.

Tabela 5: Intensidade das bandas de 2632, 2582, 1483 e 752 cm-1 em função de concentrações variadas do princípio ativo de cloridrato de amitriptilina.

Concentração amitriptilina +KBr

(mg)

Absorbâncias das bandas

2632 cm-1 2582 cm-1 1483 cm-1 752 cm-1

0,2 / 150 0,0357 0,0295 0,0211 0,0291

0,5 / 150 0,2274 0,1895 0,0896 0,1316

0,7 / 150 0,2896 0,2487 0,1320 0,2100

1,0 / 150 0,6361 0,5383 0,2418 0,3614

1,2 / 150 0,9611 0,8023 0,3546 0,4918

1,5 / 150 1,2678 1,0720 0,4879 0,6745

2,0 / 150 1,4220 1,2434 0,6249 0,7870

Coeficiente de correlação (R)

0,9894 0,9918 0,9960 0,9950

Para uma interpretação melhor da proporcionalidade entre as intensidades das bandas

e as concentrações do princípio ativo, obteve-se a Figura 24 em que é mostrada uma

comparação dos espectros das diferentes concentrações de cloridrato de amitriptilina.

57

3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

0,2 0,5 0,7 1,0 1,5 2,0

Número de onda (cm-1)

Ab

sorb

ânci

a

Figura 24: Comparação entre os espectros de cloridrato de amitriptilina nas concentrações de 0,2 mg; 0,5 mg; 0,7 mg; 1,0 mg; 1,2 mg; 1,5 mg e 2,0 mg para 150 mg de KBr.

A intensidade de uma banda de absorção é proporcional à concentração do

componente que a provocou, pois a quantidade de um composto presente numa amostra pode

ser determinada através da curva de calibração (STUART, 2004). Portanto, com a Tabela 6 é

possível construir as curvas de calibração de cada banda escolhida e perceber que as curvas de

calibração de absorção versus concentração seguem essa proporcionalidade (Figuras 25, 26,

27 e 28).

58

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Inte

nsid

ade

(Abs

)

Concentração (mg)

R=0,9894

Banda:2632 cm-1

Figura 25: Curva de calibração da absorção versus concentração de cloridrato de amitriptilina para a banda de

2632 cm-1.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Concentração (mg)

Inte

nsid

ade

(Abs

)

R=0,9918

Banda: 2582 cm-1

Figura 26: Curva de calibração da absorção versus concentração de cloridrato de amitriptilina para a banda de 2582 cm-1.

59

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Inte

nsid

ade

(Abs

)

Concentração (mg)

R=0,9960

Banda: 1483 cm-1

Figura 27: Curva de calibração da absorção versus concentração de cloridrato de amitriptilina para a banda de 1483 cm-1.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

Inte

nsid

ade

(Abs

)

Concentração (mg)

R=0,9950

Banda: 752 cm-1

Figura 28: Curva de calibração da absorção versus concentração de cloridrato de amitriptilina para a banda de 752 cm-1.

60

4.1.3 Escolha da banda marcadora

Dando continuidade aos procedimentos da análise quantitativa, apenas uma banda

marcadora de cloridrato de amitriptilina deve ser escolhida e identificada nas amostras

comerciais para a realização desse tipo de análise (STUART, 2004).

Para essa escolha, a banda deve ter uma absortividade molar elevada, não apresentar

sobreposição com outros picos de outros componentes da mistura e apresentar uma curva de

calibração linear da absorção versus a concentração. Essa escolha é importante para análise

quantitativa, pois essa banda será utilizada na realização dos cálculos (STUART, 2004).

No estudo realizado a banda escolhida foi a de 2582 cm-1, referente ao modo

vibracional do estiramento da ligação NH (νN-H) do grupo amina (SILVERSTEIN, 2005).

Essa escolha foi justificada pela localização dessa banda numa região relativamente livre de

bandas intensas de excipientes (1483 e 752 cm-1) e a definição no contorno da banda em

relação a de 2632 cm-1 que apresenta um alargamento devido às interações intermoleculares

existentes (SILVERSTEIN, 2005).

4.1.4 Cálculo das intensidades da banda de 2582 cm-1 para os medicamentos comerciais

de cloridrato de amitriptilina: referência, genérico A, genérico B e similar C.

Para a realização dos cálculos utilizou-se o peso dos comprimidos dos medicamentos

comerciais estudados (referência, genérico A, genérico B e similar C) que informavam conter

25 mg de cloridrato de amitriptilina, podendo ser acompanhados na Tabela 6. Com o peso do

comprimido estabelecido foi calculado o percentual de princípio ativo em cada amostra

(Tabela 7).

61

Tabela 6: Peso dos comprimidos dos medicamentos comerciais estudados, contendo 25 mg de cloridrato de amitriptilina.

Medicamentos Peso (mg)

Referência 122

Genérico A 122

Genérico B 176

Similar C 127

No presente trabalho, para a quantificação da amostra foi aplicada a técnica de

intensidade de banda. Portanto, com a banda marcadora estabelecida (2582 cm-1) e

identificada nas amostras comercias de cloridrato de amitriptilina foi possível obter a

intensidade da banda, sendo esses valores utilizados nos cálculos dos percentuais de princípio

ativo de cada medicamento comercial de cloridrato de amitriptilina (GREMLICH E YAN,

2001).

Ao verificar a Tabela 7 avalia-se a relação entre o princípio ativo e o peso do

comprimido em porcentagens e a relação desses com as intensidades da banda marcadora de

2582 cm-1 de cada amostra comercial.

As pastilhas geradoras dos espectros de genéricos A e B e similar C utilizados para a

análise quantitativa pela técnica de intensidade, apresentavam a concentração que foi

determinada a partir da quantidade usada na pastilha do medicamento de referência (DINIZ et

al., 2008). Esse medicamento foi escolhido como padrão, pois de acordo com a classificação

da ANVISA esse é um produto inovador registrado no órgão federal responsável pela

vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram

comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro,

conforme a definição do inciso XXII, artigo 3º, da Lei n. 6.360, de 1976. Portanto, nos

estudos realizados no presente trabalho, o medicamento referência foi utilizado como o

padrão em todos os ensaios (Tabela 7).

62

Tabela 7: Relação entre princípio ativo/peso do comprimido em porcentagem, concentração da amostra para confecção de pastilha e as intensidades da banda 2582 cm-1 nos medicamentos comerciais de cloridrato de amitriptilina.

Medicamento comercial

PA/PC (mg) Porcentagem

(%) Amostra+KBr

(mg) Intensidade

Referência 25/122 20,49 1,5/150 0,1747

Genérico A 25/122 20,49 1,5/150 0,1518

Genérico B 25/176 14,20 2,2/150 0,0920

Similar C 25/127 19,69 1,6/150 0,1690

Legenda: PA/PC – princípio ativo/peso do comprimido.

Para o cálculo da porcentagem de princípio ativo nas amostras comerciais,

considerou-se a intensidade da banda de 2582 cm-1 do medicamento de referência como

100%, pois ele é o padrão como justificado logo acima, e foi aplicada uma simples regras de

três para obter os valores (Tabela 8).

Tabela 8: Porcentagem de princípio ativo nos medicamentos genérico A e B e similar C para a intensidade da banda de 2582 cm-1.

Medicamento Intensidade Porcentagem (%)

Referência 0,1747 100

Genérico A 0,1518 86,9

Genérico B 0,0920 52,7

Similar C 0,1690 96,7

Com os percentuais calculados foi possível expor os valores em gráfico para as

amostras comerciais, obtendo assim uma melhor comparação entre os resultados obtidos para

concentração de princípio ativo nos medicamentos estudados (Figura 29).

Figur

anali

perce

que

decla

o apa

lotes

(SAN

gené

pela

mesm

inten

ativo

ra 29: Porcent

Median

isados dos m

entual abaix

cada comp

arada no rót

arelho apre

dos medic

NCHES, 20

ricos, em q

a ANVISA

mo está ness

Diante

nsidade de b

o de medicam

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Refe

tagem de prin

nte o expos

medicament

xo do descr

primido dev

tulo do fabr

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camentos g

008). Tal

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A (SCANDO

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1

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100%

86,9

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tida não est

al., 2008). J

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rápida e sim

edicamentos

90%

52,70%

Genérico A

amitriptilina

Figura 29

e cloridrato

Brasileira d

90% e, no

tervalo de 1

%, porém m

ão apresent

vado em o

tava dentro

Já para a am

de acordo co

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ica é viável

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%

96,70%

Genérico B

nos medicam

é possível

de amitript

e 2005, em

o máximo,

0% de erro

mesmo cons

tam a conc

outros estud

da margem

mostra simil

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e as amostr

l para a qua

r executada.

Similar C mentos comerci

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que a mesm

110% da

. Deve-se re

siderando e

centração e

dos de me

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lar C, perceb

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ras com a

antificação d

C

63

iais.

ue os lotes

entaram um

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quantidade

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especificada

dicamentos

nça exigida

be-se que o

cadas.

técnica de

de princípio

3

s

m

a

e

e

s

a

s

a

o

e

o

64

4.2 Diazepam

4.2.1 Obtenção dos espectros infravermelhos de diazepam e medicamentos comerciais de

referência, genérico e similar

Para a análise dos espectros de diazepam, inicialmente foram obtidos os espectros do

princípio ativo da droga em absorbância e em transmitância (Figura 30 e 31) para um estudo

das bandas emitidas e suas regiões. De acordo com os espectros obtidos, a Tabela 9 apresenta

as atribuições de bandas aproximadas para o diazepam.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

20

40

60

80

100

Tra

nsm

itân

cia

Número de onda (cm-1)

Figura 30: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam.

1683 cm-1

1483 cm-1

1341 cm-1

65

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

Abs

orb

ânci

a

Número de onda (cm-1)

Figura 31: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam.

Para a interpretação dos espectros foram aplicados os mesmo requisitos apresentados

para o cloridrato de amitriptilina, bem como os espectros também foram interpretados a partir

de comparações empíricas com outros espectros (SILVESTEIN, 2005).

A primeira região analisada é a de 3500 a 2500 cm-1 que é composta por bandas de

baixa intensidade. Destacam-se nesse intervalo os modos vibracionais do estiramento –CH

(νCH) do composto aromático, justificando assim presença de anéis aromáticos na estrutura

química do diazepam (Figura 3), sendo o anel aromático característico de todos os

benzodiazepínicos (Figura 2). Também são registrados os modos vibracionais dos

estiramentos simétricos e assimétricos da ligação C-H nos grupos –CH3 e –CH2, podendo ser

analisados juntos com a região de 1449 a 1401 cm-1 onde, existem modos de deformações

angulares, dos mesmos grupos funcionais.

A região estudada de 2400 a 1750 cm-1 é composto por bandas fracas de

combinações ou sobretons da deformação angular do grupo –CH (δCH) no plano do anel

benzênico. A identificação dos “dedos de benzeno” ratifica a presença de anel benzênico na

estrutura do diazepam (benzodiazepínico) (Figura 3).

66

A região que compreende o intervalo de 1700 a 1010 cm-1 ocorrem bandas mais

intensas como a de 1685 cm-1 referente ao estiramento da ligação C=O (νC=O) do grupo

carbonila. As bandas de estiramento de C=O são, em geral, as mais intensas, apresentando

uma largura média e estando no intervalo de 1850 a 1610 cm-1 (BARBOSA, 2011). Entre

1605 a 1473 cm-1 ocorre a presença do estiramento da ligação C=C (νC=C) do composto

aromático. Como mostrado logo acima entre 1449 a 1401 cm-1 existe a deformações angulares

dos grupos –CH3 e =CH2. O intervalo de 1341 a 1142 cm-1 é marcado pela deformação angular

(δ) no plano do composto aromático e da ligação – CH2. Destaca-se ainda, a banda de 1129

cm-1 referente ao estiramento da ligação C-Cl (νC-Cl), sinalizando assim a presença de cloro no

diazepam (Figura 2), referente a um dos radicais que diferenciam os benzodiazepínicos. Nessa

região, o intervalo entre 1300 a 900 cm-1 é considerado uma região intermediária também

conhecida como “impressão digital”, conforme explicado para o cloridrato de amitriptilina

(SILVERSTEIN, 2005; BARBOSA, 2011).

A última região estudada é região de 1000 a 410 cm-1, apresenta deformação angular

para fora do plano do composto aromático no intervalo de 999 a 707 cm-1. Também está

presente a deformação do anel aromático no composto aromático entre 684 a 632 cm-1. A

presença dessas bandas ocorre em virtude de ser um composto aromático (STUART, 2004;

SILVERSTEIN, 2005).

67

Tabela 9: Número de onda e descrição aproximada do espectro do princípio ativo de diazepam, de acordo com Barbosa (2011).

Número de Onda (cm-1) Atribuições aproximadas

Região I: 3500 a 2500 cm-1

3074 Estiramento da ligação CH (νCH) do composto aromático

3057 Estiramento da ligação CH (νCH) do composto aromático

2973 Estiramento assimétrico da ligação CH (νa) do grupo –CH3

2948 Estiramento assimétrico da ligação CH (νa) do grupo –CH2

2913 Estiramento simétrico da ligação CH (νs) do grupo –CH3

2838 Estiramento simétrico da ligação CH (νs) do grupo –CH2

Região II 2400 a 1750 cm-1

2001 1945 1924 1832 1797 1770

Combinações ou sobretons

Região III 1700 a 1010 cm-1

1685 Estiramento da ligação C=O (νC=O) da carbonila 1605 1575 1560 1484

Estiramento da ligação C=C (νC=C) do composto aromático

1473 1449 1443

Estiramento da ligação C=C (νC=C) do composto aromático Deformação angular assimétrica (δa) do grupo – CH3

Deformação angular (δ) do grupo – CH2 1401 Deformação angular simétrica (δs) do grupo – CH3

Continua ...

68

Continuação

Número de Onda (cm-1) Atribuições aproximadas

1341 1323 1315 1299 1273 1257 1202 1180 1168 1142

Deformação angular (δ) no plano do composto aromático Deformação angular do grupo – CH2

1129 Estiramento da ligação C-Cl (νC-Cl) do composto aromático 1076 Estiramento da ligação C-N-C

Região IV 1000 a 410 cm-1 999 986 949 940 916 887 838 815 788 740 707

Deformação angular (δ) para fora do plano do composto aromático

659 632 583 553 518

Deformação do anel aromático no composto aromático

69

Após a análise e atribuição de bandas do espectro de diazepam, foram identificadas

três bandas intensas e bem definidas, sendo elas:

1. 1685 cm-1

2. 1483 cm-1

3. 1341 cm-1

As bandas sinalizadas foram destacadas nos espectros dos medicamentos comerciais

estudados (referência, genérico D e similar E), podendo ser observadas nas Figuras 32, 33 e

34. As atribuições de bandas já foram discutidas acima.

Portanto, a identificação dessas bandas características nos espectros dos

medicamentos comerciais mencionados, significa a presença do princípio ativo de diazepam

nas amostras estudadas, caracterizando que a análise qualitativa também é positiva bem como

no estudo do cloridrato de amitriptilina (SIMÕES, 2008).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Ab

sorb

ân

cia

Número de onda (cm-1)

1685 cm-1

Figura 32: Espectro infravermelho do medicamento de referência de diazepam.

70

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Número de onda (cm-1)

Abs

orbâ

ncia

1685 cm-1

Figura 33: Espectro infravermelho do medicamento genérico D de diazepam.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

1685 cm-1

Figura 34: Espectro infravermelho do medicamento similar E de diazepam.

71

4.2.2 Escolha da banda marcadora

No caso do diazepam a escolha da banda marcadora foi feita primeiro, pois no

cloridrato de amitriptilina já foi mostrado todo o procedimento da construção da curva de

calibração com todas as bandas identificadas que poderiam ser uma banda marcadora.

Portanto, para o diazepam só foi construída a curva para a banda marcadora.

Para a escolha da banda indicadora da presença de princípio ativo nos medicamentos

comercias, chamada de banda marcadora, foi levado em consideração os critérios explicados

para o cloridrato de amitriptilina, de acordo com Stuart, 2004.

Para os experimentos realizados, foi escolhida a banda de 1685 cm-1, referente ao

modo vibracional do estiramento do grupo carbonila (νC=O) (SILVERSTEIN, 2005). A

escolha foi justificada pela localização dessa banda numa região relativamente livre de bandas

intensas de excipientes. Já as bandas de 1483 e 1341 cm-1 aparecem sobrepostas pelas bandas

intensas de excipientes, portanto não sendo escolhidas como bandas marcadoras.

4.2.3 Estudo da sensibilidade da banda escolhida com quantidades variadas de diazepam

(princípio ativo)

Tendo escolhida a banda marcadora foi feita a curva de calibração da absorbância

versus a concentração da substância. Inicialmente, foram obtidos espectros que mostra a

intensidade da banda escolhida em função de quantidades diferentes do princípio ativo de

diazepam (Figuras 35, 36, 37, 38 e 39).

72

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,251685 cm

-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 35: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 0,2/150 mg de KBr.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,01685 cm

-1

Abs

orbâ

ncia

Número de ondas (cm-1)

Figura 36: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 0,4/150 mg de KBr.

73

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,51685 cm-1

Abs

orbâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 37: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 0,6/150 mg de KBr.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,51685 cm

-1

Y A

xis

Titl

e

X Axis Title

Figura 38: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 0,8/150 mg de KBr.

74

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,51685 cm-1

Abs

orb

ânc

ia

Número de onda (cm-1)

Figura 39: Espectro infravermelho do princípio ativo de diazepam na concentração de 1,0/150 mg de KBr.

Na Tabela 10 pôde-se perceber que a banda característica aumenta de intensidade

com o aumento da concentração de diazepam, apresentando assim a correlação de

proporcionalidade entre a intensidade da banda marcadora e as quantidades de princípio ativo,

assim como visualizado no cloridrato de amitriptilina. O valor do coeficiente de correlação

confirma a linearidade da curva.

Tabela 10: Intensidade das bandas de 1685 cm-1 em função de concentrações variadas do princípio ativo de diazepam.

Concentração diazepam +KBr (mg)

Absorbância da banda 1685 cm-1

0,2 / 150 0,0919

0,4 / 150 0,7953

0,6 / 150 1,8527

0,8 / 150 2,0533

1,0 / 150 2,1292

Coeficiente de correlação (R) 0,9680

75

A partir dos espectros das Figuras 35 a 39 foi possível obter a Figura 40, onde foi

possível gerar uma comparação entre esses espectros de diferentes concentrações, sendo

assim possível uma melhor visualização da proporcionalidade intensidade da banda

marcadora/concentrações do princípio ativo, como mostrada também na Tabela 11.

1800 1700 1600 1500 1400 1300 1200

0,0

0,4

0,8

1,2

1,6

2,0

2,4

0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Número de onda (cm-1)

Abs

orb

ânci

a

Figura 40: Comparação entre os espectros de diazepam nas concentrações de 0,2 mg; 0,4 mg; 0,6 mg; 0,8 mg e 1,0 mg para 150 mg de KBr.

Trabalhando ainda com a Tabela 10, foi construída a curva de calibração da banda

marcadora, comprovando a linearidade da absorção versus concentração (Figura 41).

76

0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Inte

nsid

ade

(Abs

)

Concentração (mg)

R=0,9680

Figura 41: Curva de calibração da absorção versus concentração de diazepam para a banda de 1685 cm-1.

4.2.4 Cálculo das intensidades da banda de 1685 cm-1 para os medicamentos comerciais

de diazepam: referência, genérico D e similar E.

Ao realizar os cálculos foram feitos os mesmos procedimentos de pesagem que

descrito para amitriptilina, ou seja, foi pesado um comprimido de cada medicamento

(referência, genérico D e similar E) contendo 10 mg de diazepam, sendo feita a porcentagem

de princípio ativo de cada amostra após a pesagem. Os resultados obtidos podem ser

acompanhados na Tabela 11.

Tabela 11: Peso dos comprimidos dos medicamentos comerciais estudados, contendo 10 mg de diazepam.

Medicamentos Peso (mg)

Referência 170,66

Genérico D 171,22

Similar E 157,85

77

Para o cálculo da análise quantitativa foi utilizada a mesma técnica de intensidade de

banda da droga anterior, ou seja, com a banda marcadora de 1685 cm-1 identificada nas

amostras comercias de diazepam foi possível obter as intensidades das bandas, para serem

usados nos cálculos dos percentuais do princípio ativo de cada medicamento estudado

(GREMLICH; YAN, 2001).

Trabalhando com a Tabela 12, verifica-se a relação entre o princípio ativo e o peso

do comprimido em porcentagens e a relação dos mesmos com as intensidades da banda

marcadora (1685 cm-1) de cada amostra comercial. As intensidades do genérico D e do similar

E também foram calculadas variando com as concentrações, tomando como base o

medicamento de referência, pelo mesmo motivo já justificado no cloridrato de amitriptilina,

ou seja, o medicamento de referência foi utilizado como o padrão, sendo todas as

comparações feitas com o próprio.

Tabela 12: Relação entre princípio ativo/peso do comprimido em porcentagem, concentração da amostra para confecção de pastilha e as intensidades da banda 1685 cm-1 nos medicamentos comerciais de diazepam.

Medicamento comercial

PA/PC (mg) Porcentagem

(%) Amostra+KBr

(mg) Intensidade

Referência 10/170,66 5,86 1,5/150 0,2598

Genérico D 10/171,22 5,84 1,5/150 0,2570

Similar E 10/157,85 6,33 1,4/150 0,2515

Legenda: PA/PC – princípio ativo/peso do comprimido.

No cálculo da porcentagem de princípio ativo nos medicamentos estudados, sendo a

amostra de referência o padrão, considerou-se a sua intensidade como 100% e foi aplicada

uma regra de três simples para obter as concentrações dos demais (Tabela 13).

Tabeinten

Refer

Gené

Simil

uma

toma

gené

enco

rótul

band

de pr

1

2

3

4

5

6

7

8

9

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ela 13: Pornsidade da b

Medicam

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A parti

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Figura 4

Com o

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78

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quantidade

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enérico D

milar E

8

a

r

,

o

s

o

e

e

79

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho foi proposto com a necessidade de avaliar a qualidade dos

medicamentos comercializados no mercado brasileiro, realizando análises qualitativas e

quantitativas. O trabalho resolveu utilizar antidepressivos e ansiolíticos devido ao uso

indiscriminado que tem sido feito pela população em geral.

Com os experimentos realizados e resultados obtidos com o cloridrato de

amitriptilina e diazepam, houve a comprovação da viabilidade do uso de espectroscopia

infravermelha com Transformada de Fourier (FT-IR) para a análise qualitativa de

medicamentos, conforme sinalizado na literatura explorada nessa dissertação. Com a mesma

técnica de espectroscopia, pode-se ainda afirmar que ela apresenta potencial para ser utilizada

também na quantificação do princípio ativo nos medicamentos comerciais, principalmente

utilizando a intensidade de banda por ser mais rápida e simples de ser usada.

Portanto, a técnica de espectroscopia infravermelha com Transformada de Fourier

(FT-IR) pode ser bastante útil no controle de qualidade de medicamentos, pois as análises

quantitativas e qualitativas são realizadas com procedimentos simples e rápidos, obtendo

resultados precisos e eficazes.

Como a análise quantitativa para medicamentos ainda é uma técnica inovadora,

sendo a presente dissertação uma contribuição inicial, sugere-se aqui a proposta de trabalhos

futuros trabalhando com lotes diferentes de amostras, quantidades maiores de amostras e a

realização de testes para a validação de métodos.

80

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