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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS
UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA
MBA EM GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
ENIO ÂNGELO TODESCHINI
MANEJO DAS PLANTAS DE COBERTURA DO SOLO NA VITICULTURA
DA SERRA GAÚCHA VISANDO O CONTROLE DAS PERDAS DE SOLO
PELA EROSÃO HÍDRICA
São Leopoldo
2010
ENIO ÂNGELO TODESCHINI
MANEJO DAS PLANTAS DE COBERTURA DO SOLO NA VITICULTURA
DA SERRA GAÚCHA VISANDO O CONTROLE DAS PERDAS DE SOLO
PELA EROSÃO HÍDRICA
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão do Agronegócio, pelo MBA em Gestão do Agronegócio da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientador: Profa. Gisele Spricigo
Co-Orientador: Antônio Conte
São Leopoldo
2010
São Leopoldo, 28 de outubro de 2010.
Considerando que o Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Enio Ângelo Todeschini encontra-se em condições de ser avaliado, recomendo sua apresentação oral e escrita para avaliação da Banca Examinadora, a ser constituída pela coordenação do MBA em Gestão do Agronegócio.
________________________________________
Gisele Spricigo Professora Orientadora
AGRADECIMENTOS
À professora Gisele Spricigo pela compreensão e orientação.
Ao Engo Agro Antonio Conte pela amizade, colaboração e ensinamentos;
Aos colegas da EMATER pela amizade e cooperação.
A todos os professores do curso de MBA Gestão do Agronegócio da UNISINOS
pelos ensinamentos transmitidos.
À EMATER pela oportunidade de auferir conhecimentos e fazer novas
amizades.
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RESUMO
O presente trabalho relata a experiência vivenciada pelos viticultores da Serra Gaúcha na introdução e cultivo de espécies de plantas de inverno, visando principalmente o controle da erosão do solo nos vinhedos. Essa técnica proposta pela EMATER-RS teve seu início no ano de 1999, através da proposição do cultivo da aveia preta, espécie rústica, bem adaptada à região, facilitando seu manejo. A degradação do solo é umas das causas responsáveis pelo decréscimo da produtividade e, consoante, pela diminuição da receita líquida da atividade. Destarte, a finalidade almejada era, num primeiro instante, estancar a perda de solo; no seguinte, a recuperação da fertilidade do mesmo. Com efeito, a sustentabilidade da família vitícola. Usaram-se, como métodos para efetivar essa dissertação o estudo de caso descritivo e uma pesquisa de opinião junto aos extensionistas da EMATER dos principais municípios vitícolas. Como resultado básico, constatou-se o alcance dos objetivos, ou seja, o controle da erosão do solo e a preservação da fertilidade, refletindo-se em diversos outros efeitos positivos. Além de o viticultor desenvolver uma nova mentalidade perante a presença de ervas e seu manejo. Palavras-Chave: Viticultura. Erosão do Solo. Manejo das Plantas de Cobertura.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................05 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ..................................................................... 06 1.2 OBJETIVOS .................................................................................................. 06 1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 06 1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 06 1.3 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 07
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 08 2.1 A PRÁTICA CONSERVACIONISTA NA FRUTICULTURA ............................................................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.1 2.2 DESAFIOS ................................................................................................... Erro! Indicador não definido.2 2.2.1 Benefícios da Prática.....................................................................................14 2.2.2 Dificuldades Encontradas.............................................................................15 2.3 MANEJO DAS ESPÉCIES CULTIVADAS.....................................................17 2.3.1 Aveia Preta.....................................................................................................17 2.3.2 Centeio............................................................................................................19 2.3.3 Azevem...........................................................................................................20 2.3.4 Ervilhaca........................................................................................................21 2.3.5 Trevo Branco.................................................................................................22 2.3.6 Trevo Encarnado..........................................................................................23 2.3.7 Nabo Forrageiro............................................................................................23
3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS ............................................................... 25 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA .............................................................. 25 3.2 DEFINIÇÃO DA ÁREA/POP.-ALVO/AMOSTRA/UNID. ANÁLISE .......... 25 3.3 TECNICA DE COLETA DE DADOS..............................................................26 3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS ........................................................ 26
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................. 28 4.1 QUESTIONARIO PROPOSTO ............................................................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.1.1 Motivação para se Engajar no Programa ................................................ 28 4.1.1 As maiores Dificuldades Encontradas na Implantação ........................... 28 4.1.1 Como Avalia os Resultados Alcançados ................................................... 29
5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 31
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 32
5
ANEXO A – LISTA DE FIGURAS ................................................................... 34
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1 INTRODUÇÃO
A região da Serra Gaúcha está localizada no nordeste do estado do Rio Grande
do Sul, região Sul do Brasil. Num Estado predominantemente plano que é o Rio Grande
do Sul, a Serra Gaúcha é o principal acidente geográfico, com altitudes moderadamente
altas, de até cerca de 1.300m. Por estar localizada numa zona temperada do Brasil, seu
clima é subtropical úmido, com invernos moderadamente frios e verões amenos
(representado pela classificação climática de Köppen como Cfb). Durante o inverno, as
temperaturas com relativa freqüência ficam negativas e a neve pode ocorrer, geralmente
em quantidades muito pequenas e em poucos dias dessa estação. Nevadas com
acumulações no solo são raras. Fortes geadas, contudo, são mais freqüentes.
A região das Serras é dividida em três regiões culturais: a região gaúcha, a alemã
e italiana. A região italiana, começou a ser colonizada em 1875, quando ali chegaram os
primeiros imigrantes italianos. Como os alemães colonizaram as terras baixas, os
italianos tiveram que subir as serras e povoar as terras altas. A cultura é praticamente a
mesma do Vêneto, região de onde veio a maioria dos imigrantes. O dialeto falado por
muitos é o talian, que tem sua origem no Norte da Itália. A produção de uva e vinho,
trazida pelos imigrantes, se expandiu por toda a região, tornando-se a base da economia
da região italiana do Rio Grande do Sul.
A erosão hídrica do solo é influenciada pela chuva, solo, cobertura e manejo do
solo e práticas conservacionistas. Dentre esses fatores, a cobertura e o manejo
apresentam maior influência sobre a erosão hídrica do que os demais (Cogo, 1981).
Do ponto de vista agronômico, a erosão hídrica do solo é concebida apenas
como um fenômeno deletério, causador de perdas de nutrientes, matéria orgânica,
calcário, porosidade, sementes, ou seja, fator empobrecedor do potencial produtivo da
terra e, consequentemente, da família rural. De maneira geral, imensos esforços foram
direcionados e inúmeros métodos desenvolvidos e aplicados no intuito de tentar conter a
erosão hídrica nas áreas cultivadas.
O presente trabalho teve por objetivo um estudo para identificar e analisar as
vantagens e desvantagens da implantação e continuidade do programa de introdução de
plantas de cobertura do solo na viticultura da Serra Gaucha, com ênfase na substituição
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da manejo químico e controle da erosão solar. Compõe-se de um resumo, um referencial
teórico, descrição do método de pesquisa, os benefícios auferidos e as dificuldades
encontradas, bem como uma descrição do manejo das principais espécies de plantas
utilizadas para o determinado fim.
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
A degradação do solo causada pela erosão hídrica traz sérias conseqüências à
rentabilidade da viticultura e, consequentemente à sustentabilidade da propriedade
vitícola. Num primeiro instante, há a retirada do solo do seu ponto original; com ele
ocorre a perda de matéria orgânica, nutrientes, corretivos, microorganismos, sementes,
ou seja, da capacidade de armazenamento de água e de seu potencial produtivo.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Identificar e analisar as vantagens e desvantagens da implantação e continuidade
do programa de introdução de plantas de cobertura do solo na viticultura da Serra
Gaucha.
1.2.2 Objetivos Específicos
– Identificar e analisar as causas e conseqüências da erosão hídrica do solo;
– Identificar e analisar métodos alternativos de controle das ervas espontâneas,
como alternativas na introdução e manejo de espécies cultivadas;
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– Apontar a proposta de substituição do manejo químico das ervas espontâneas
ocorrentes nos vinhedos da Serra Gaúcha por determinadas espécies
intencionalmente cultivadas, no intuito de estancar a erosão hídrica, com
ênfase no trabalho que vem sendo desenvolvido pela EMATER.
1.3 JUSTIFICATIVA
A produção sustentável da viticultura da Serra Gaúcha é influenciada por fatores
de diversas naturezas, sendo uns de difícil administração, tais como as condições
climáticas, e outros passiveis de forte ingerência humana. Dentre estes, o manejo do
solo tem importância destacada, pois é reservatório de água, ar e nutrientes
indispensáveis para o desenvolvimento vegetal.
Historicamente, via-se a ocorrência de ervas espontâneas como concorrentes
fatais para a subsistência e produção da cultura, tanto que sua denominação traduzia
essa concepção: inços, daninhas, mato, concorrentes... e, destarte, a sua eliminação era
praticamente obrigatória. A forma de eliminação primeiramente se concentrava no
método mecânico e, posteriormente, com o advento dos herbicidas, no controle
químico.
Ambos os métodos tem sua eficiência no controle das ervas, porém propiciam
condições adversas ao desenvolvimento da cultura. O primeiro, pelo revolvimento do
solo, em muito facilita a sua degradação; o segundo, incrementa o risco de
fitotoxicidade da parreira, contaminação ambiental e intoxicação de operador.
A degradação do solo é umas das causas responsáveis pelo decréscimo da
produtividade e, consoante, pela diminuição da receita líquida da atividade. Desta
forma, a finalidade almejada é, num primeiro instante, estancar a perda de solo; no
seguinte, a recuperação da fertilidade do mesmo. Com efeito, a sustentabilidade da
família vitícola.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A viticultura na Serra Gaúcha é tão antiga quanto à própria imigração italiana no
RS. Sendo sustentáculo básico para 15.000 famílias, hodiernamente é praticada em
36.000 ha (EMATER, 2008). Naturalmente, a pessoa carrega, do local de partida para o
novo, seus hábitos, crenças e conhecimentos.
A atividade vitícola se desenvolveu de forma intensa, sendo uma das bases
sócio-econômicas da região por diversas décadas. A cultura vinha sendo submetida ao
manejo empreendido na Europa, sem considerar que, no “novo mundo”, as condições
básicas de cultivo - edafo-climáticas, poderiam – e são, diferenciadas. Dentre estas,
pode-se destacar o regime pluviométrico e as temperaturas médias. O volume de
chuvas é bem mais elevado no RS do que no norte da Itália; e as temperaturas médias
também o são. Atrelados a esses fatores – pluviometria e temperaturas, duas premissas
vinham sendo encaradas de forma idêntica `a da região de origem: necessidade de
aração (virar o solo) para a elevação da temperatura e as sementes das culturas poderem
germinar; o controle das ervas e o desadensamento do solo eram preocupações
secundárias; e a despreocupação com os efeitos das chuvas sobre o fenômeno da erosão
do solo.
A erosão ou degradação do solo pode ser conceituada como sendo a destruição
das saliências e reentrâncias do relevo, tendendo a um nivelamento. Alguns
especialistas chegam a estimar que o trabalho e atuação dos agentes erosivos causam, a
cada ano, um arrasamento de 1/10 de milímetro na altitude do relevo terrestre. Para que
houvesse a destruição de todo o relevo das terras emersas seria necessário cerca de sete
milhões de anos. Porém, isso não poderá acontecer devido ao rejuvenescimento de
certas áreas da superfície terrestre, produzido pela dinâmica natural que sofre influência
de diversos fatores (Souto, 1984).
Todos os solos estão sujeitos à erosão geológica ou natural; trata-se da ação
dos agentes externos como sol (calor), água, animais, vegetais, etc. que, agindo sobre a
rocha provocam a formação do solo. Este tipo de erosão é incontrolável, até mesmo
benéfica e necessária. Serve como niveladora da crosta terrestre e renovador da natureza
(Schultz, 1983).
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Num trabalho de Viau (1977), citado por Nolla (1982), realizado no Centro de
Treinamento da COTRIJUI em Augusto Pestana/RS, já demonstrava as diferenças entre
os sistemas de manejo do solo, bem como a interferência na produtividade do solo:
Quadro 01. Avaliação e Perdas de Solo por Erosão:
_____________________________________________________________________
Sistema de Cultivo Perdas de Solo (kg/ha) Produção Soja(kg/ha)
_____________________________________________________________________
Semeadura Direta 400 4.671
Convencional 1.600 3.124
Solo Descoberto 32.900 ---
______________________________________________________________________
E já não é mais novidade que a erosão é dos mais urgentes problemas a
equacionar. Não apenas o plantio direto, mas qualquer ação ou procedimento eficaz na
conservação do solo se investe, portanto de profunda significação à sustentabilidade das
relações homem-meio (D’Agostini, 1997).
Dentro desta lógica, Ruedell (1995), diz que o plantio direto no estado do RS no
início da década de 70 foi um fracasso. Conhecia-se os irrecuperáveis danos que
estavam sendo ocasionados pelo uso excessivo do solo, principalmente na cultura da
soja, com conseqüente degradação e erosão dos solos a nível de estado. Em função desta
situação, foi intentada uma prática de semear soja após trigo, ou em áreas em pousio no
inverno, sem preparar o solo, buscando uma solução para estancar estes graves
problemas. Tentativa válida e pioneira pela busca de uma alternativa para estancar o
processo predatório e erosivo do solo, que de uma forma galopante vinha perdendo seu
potencial produtivo. Em função destas perdas, a cada ano eram necessárias reaplicações
de uma enormidade de corretivos e fertilizantes para se manter o nível de produtividade
das culturas.
A construção de milhares de quilômetros de terraços, dos mais diferentes tipos,
ocupava o tempo de equipes inteiras de Cooperativas e da assistência técnica privada e
oficial. Certamente que estas construções diminuíam a velocidade das enxurradas,
minimizando os efeitos de seus estragos. No entanto, as perdas de solo continuavam
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ocorrendo. A prova está que antes de cada safra se fazia necessário a “limpeza” dos
canais dos terraços, cheios de terra que havia escorrido até os mesmos, sem contar com
aquela que havia sido exportada pelos canais escoadouros para estradas, açudes e rios.
A Construção de terraços numa propriedade rural ficou sendo sinônimo de um solo bem
protegido. Na verdade, quando bem locados, cumpriam integralmente com a sua função
de minimizar, ordenar e conduzir “as águas excedentes” das chuvas. Porém, era
evidente que a causa inicial da erosão que tem origem no impacto da gota de chuva
sobre o solo desnuda e intensamente preparado não vinha sendo considerada nestas
construções (Ruedell, 1995).
Dentre os fatores que influenciam a erosão hídrica pode-se destacar: chuvas,
principalmente pelo seu componente intensidade, sendo a quantidade num determinado
tempo; o relevo do terreno; o tipo de solo; a cobertura vegetal e o manejo do solo.
Quando se entendeu que o principal fator condicionador da erosão hídrica não era a
força da enxurrada – força horizontal das águas, mas sim a força cinética – impacto da
gota sobre o solo, causando a desagregação (fragmentação) do mesmo e jogando suas
partículas para o alto e longe, encontrou-se a chave para a solução do problema. A força
do impacto também força o material mais fino para abaixo da superfície, o que provoca
a obstrução da porosidade (selagem) do solo, aumentando o fluxo superficial e a erosão.
A questão não era mais tentar barrar o deslocamento horizontal das águas pluviais, mas
sim proteger o solo desnudo da força das gotas da chuva. Por seu turno, a emergência de
ervas junto às culturas era vista somente como concorrência, tanto que eram (às vezes
ainda o são) denominadas de invasoras, concorrentes, inços, plantas daninhas, mato,
requerendo sua eliminação o mais cedo possível.
Conte (2002) diz que o controle de plantas daninhas nos parreirais através de
capinas ou com o uso de herbicidas, tem provocado uma série de problemas, tais como:
aumento da erosão do solo; incremento de incidência de doenças fúngicas do solo
(Fusariose) e da parte aérea (Míldio); Dispersão de pragas como a Pérola-da-terra
através de equipamentos; diminuição gradativa da matéria orgânica do solo; redução da
fauna e flora do solo; desestruturação do solo; contaminação dos mananciais hídricos e
outras tantas conseqüências negativas. A redução desses problemas pode ser obtida
através do cultivo e correto manejo das plantas de cobertura do solo.
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A conjugação destes dois conceitos: o conhecimento do principal fator erosivo e
o entendimento de que a ocorrência de ervas espontâneas ou cultivadas e a sua palhada
tinham um papel fundamental na proteção da superfície do solo pela interceptação das
chuvas e amortecimento de sua energia, reverteu todo um quadro catastrófico nas áreas
produtoras de grãos, dando ensejo ao sistema plantio direto. Por analogia, essa
concepção foi adaptada e introduzida na viticultura da Serra Gaúcha no final da década
de 90, por uma iniciativa da EMATER. Sob coordenação do Escritório Regional de
Caxias do Sul, através de reuniões com as equipes municipais, discutiu-se e formulou-se
a proposta de atuação e a metodologia do trabalho a ser implementado.
2.1 PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS NA FRUTICULTURA
Sob esse temática, o Manual de Conservação do Solo (Rio Grande do Sul,
Secretaria da Agricultura, 1983) traz apenas a cobertura morta como prática, consistindo
na cobertura do solo total ou parcialmente, utilizando-se capins, palhas (restevas),
cascas, aparas, papel e plástico. Como benefícios, destaca: a) eficiência no controle da
erosão, tanto hídrica como eólica; b) melhoramento no teor de umidade do solo: maior
infiltração da água, menor evaporação e menor escorrimento superficial; c)
rebaixamento da temperatura máxima do solo: em solos desnudos constataram-se
temperaturas ao redor de 51 oC em pomares de São Paulo, enquanto que, em terrenos
protegidos por cobertura morta, nas mesmas regiões, a temperatura máxima baixou para
31 oC. d) aumento do teor de matéria orgânica que, com o apodrecimento contínuo, vai
se incorporando ao solo, na medida em que se transforma em húmus; e) aumento do
sistema radicular, em extensão e número de raízes; f) controle de ervas daninhas,
chegando a 75 e até 90%.
Seguindo a descrição da prática, a referida fonte aponta “alguns aspectos
negativos que devem ser lembrados: a) perigo de fogo nos meses mais quentes, quando
o material está mais seco e mais inflamável; b) perigo de estragos pela geada, pois é
sabido que solos com cobertura morta apresentam, para as culturas, riscos de prejuízos
muito maiores; c) foco provável de pragas e doenças; d) afloramento de raízes para a
superfície, o que seria altamente prejudicial em caso de longa estiagem; e) é prática
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onerosa, que se justifica somente nas pequenas propriedades , onde vem tendo alrga
aceitação, pelo transporte e distribuição do material (autores afirmam que são
necessários três há com capim para produzir material suficiente para a cobertura em um
ha. (GALETI).” Referencia a obra que “ para escapar de alguns desses inconvenientes,
pequenos produtores da região vitivinícola do Nordeste do Estado vêm plantando, com
sucesso, a ervilhaca, deixando-a em pé no terreno até a queda natural da planta, após
terem colhido os grãos, prática essa que vem beneficiando grandemente a cultura da
videira.”
As plantas de cobertura do solo ou cobertura viva são leguminosas, gramíneas
ou a combinação apropriadas de espécies cultivadas especificamente para proteger o
solo contra a erosão, melhorar sua estrutura e fertilidade, suprimir pragas, vegetação
espontânea e patógenos. Aparentemente, o manejo de culturas de cobertura do solo pode
afetar diretamente a presença de pragas, as quais conseguem diferenciar entre os
pomares cultivados com e sem cobertura do solo. Isso pode ajudar na manutenção de
populações de inimigos naturais que habitam o solo e as folhagens, fornecendo habitat e
alimento alternativo. O planejamento de consórcios adequados, com o uso de cobertura
de cultura de cobertura nos pomares, pode melhorar o controle biológico de
determinadas pragas em pomares e vinhedos (Altieri, 2002).
Diante deste quadro insólito da pesquisa quanto às práticas de preservação do
solo na fruticultura e do hábito do viticultor em debelar qualquer forma de vegetação
junto aos pomares que a EMATER propôs uma forma completamente diversa no
manejo do solo sob os vinhedos.
2.2 O DESAFIO DA ADOÇÃO DA PRÁTICA CONSERVACIONISTA
No intuito de obtenção de sucesso da idéia, ou seja, a adoção da proposição,
muitos entraves tiveram que ser superados, dentre os quais pode-se destacar: a) a falta
de base científica (pesquisa) para a argumentação, sustentação e o manejo da técnica; b)
a resistência dos viticultores frente ao desafio, pois estavam habituados (modelo mental
- paradigma) a manter seus vinhedos no “limpo”. Qualquer situação que não eliminasse
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as ervas espontâneas era sinônimo de produtor relaxado, vagabundo; c) o medo da
ocorrência de formigas cortadeiras e a dificuldade no controle das mesmas; d) a
pressão das casas comerciais instigando os viticultores sobre os riscos de manter ervas
sob o vinhedo e a tradição da dessecação – eliminação pela aplicação de herbicidas.
O programa teve como carro-chefe a introdução da Aveia Preta, eleita, após
parcimoniosa análise, por inúmeros atributos: espécie vegetal de inverno, fundamental
para vegetar no período de dormência das parreiras; ciclo curto e bem definido;
facilidade de obtenção e baixo custo da semente; baixo custo e facilidade na semeadura
a lanço e superficial; manejo simples da palhada – acamamento; a ausência da
ressemeadura natural – embora a formação de sementes viáveis, estas não persistem
para a safra posterior, podendo facilmente se retornar ao sistema anterior; planta rústica,
suportando bem o ataque de pragas e incidência de fitomoléstias, dispensando
tratamentos para seu controle; as espécie da família botânica Graminea (Poaceae) são
bastante exigentes em nitrogênio para o seu desenvolvimento. Como o solo da grande
maioria dos vinhedos já se encontrava com teores elevados desse nutriente, face à
disponibilidade e uso de adubos orgânicos de origem animal, estar-se-ia num primeiro
momento imobilizando nitrogênio na palhada da Aveia Preta. Efeito alelopático desta
espécie sobre outras que ocorrem espontaneamente durante o período vegetativo da
videira e que em muitas situações atrapalham e dificultam a execução dos tratos
culturais nas videiras.
A difusão da idéia ocorreu em todos os municípios produtores de uvas, usando-
se, como estratégia, diversos métodos, sendo os principais: explanação do programa
junto às principais entidades parceiras – secretarias da agricultura, Sindicatos dos
Trabalhadores Rurais e Cooperativas; divulgação através de rádio, jornal, igreja,
escolas, visitas individuais a viticultores com características empreendedoras;
estabelecimento de áreas demonstrativas; realização de eventos – tardes de campo,
reunindo produtores para mostrar/explicar a técnica; campanhas de aquisição conjunta
de sementes.
Outras espécies que foram incentivadas de forma consorciada ou isoladamente
com a Aveia Preta: Nabo Forrageiro, Trevo Branco e Encarnado; Azevém; Ervilhaca;
Centeio; Triticale. A própria preservação das ervas espontâneas tomou outro rumo.
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Muitos produtores mudaram seu parecer e passaram a simplesmente manejar essas ervas
de forma mecânica (roçadas).
2.2.1 Benefícios da Prática Altieri (2002) citando Finch & Sharp (1976) e Haynes, (1980), relata que os
possíveis benefícios das plantas de cobertura do solo, em pomares e vinhedos, são:
1- Melhoria da estrutura do solo e da penetração da água, porque a adição de
matéria orgânica e a ação das raízes aumentam a aeração do solo e a percentagem de
agregados estáveis. Redução da necessidade de prepara do solo e da utilização de
maquinário, diminuindo-se assim, a compactação e a formação de pé de arado. A
cobertura vegetal suporta melhor as maquinas nos períodos chuvosos. A cultura de
cobertura intercepta as gotas de chuva, reduzindo sua força e prevenindo a formação de
crostas.
2- Prevenção da erosão do solo ao espalhar e tornar mais vagaroso o
escorrimento superficial da água e agregando o solo junto ao sistema radicular. Koller
(2009) afirma que o sistema radicular das plantas de cobertura, ao se decompor, forma
sulcos ao longo do perfil do solo, aumentando a infiltração e armazenamento de água.
3- Melhoria da fertilidade do solo ao adicionar matéria orgânica durante a
decomposição e tornar os nutrientes mais disponíveis através da fixação de nitrogênio.
4- Agregação das micropartículas retendo o solo junto à rizosfera.
5- Auxilio no controle de pragas, abrigando insetos predadores e parasitas
benéficos.
6- Modificação do microclima reduzindo o albedo e a temperatura e aumentando
a umidade no verão.
7- Redução da competição entre a cultura principal e as ervas espontâneas.
8- Redução da temperatura do solo. As diferenças na temperatura entre o sistema
convencional e plantio direto pode variar de 1 a 4º C.
Para Koller et al. (2009), a formação de palha na superfície, com plantas anuais
de outono/inverno, pode constituir-se em adéqua estratégia de manejo para a prevenção
contra períodos de falta de chuvas na primavera/verão, aumentando a capacidade de
armazenamento de água no solo.
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A redução da competição pelas espontâneas pode depender de diversos efeitos
da palhada, tais como: a diminuição da temperatura do solo retarda ou até inviabiliza a
germinação de sementes; o aumento do teor e da persistência da umidade favorece o
desenvolvimento de patógenos que acabam afetando a viabilidade ou a germinação das
sementes; a interceptação da luz gera uma deficiência na fotossíntese, afetando o
desenvolvimento das plântulas; a camada de palha favorece o desenvolvimento e
permanência de populações de insetos, ácaros, pássaros e outros espécies de animais,
incrementando a pressão sobre sementes e plântulas. Altieri (2002) diz que a
competição nem sempre pode explicar a diminuição do crescimento das plantas num
agrossistema. Por vezes ocorrem interações bioquímicas (alelopatia) entre as plantas.
Alelopatia é qualquer efeito prejudicial, direto ou indireto de uma planta sobre a outra,
através da produção de compostos químicos liberados no ambiente, ou seja, é a adição e
um fator tóxico ao ambiente. Os efeitos alelopáticos provocados pela cultura em
desenvolvimento e aqueles provocados por seus resíduos, podem ser utilizados para
reduzir populações de vegetação espontânea ao suprimir a germinação e a emergência
dessas plantas ou afetar seu crescimento. Há fortes evidencias de
que certas cultivares de centeio, cevada, trigo, fumo e aveia liberam substancias tóxicas
no ambiente, tanto através de exsudatos radiculares quanto pela decomposição da
planta.
2.2.2 Dificuldades Encontradas: Uma das mais fortes e frequentes sustentações dos viticultores para a não adoção
da prática da cobertura do solo com espécies cultivadas e conduzir o vinhedo com
presença de vegetação e/ou palhada era a ocorrência de formigas cortadeiras ou a
dificuldade da localização dos ‘olheiros’, comprometendo o seu controle. Para superar
esse medo a argumentação de que as formigas dificilmente se estabelecem em áreas
vegetadas, face à elevada e constante umidade e que as mesmas dificilmente cortam
plantas gramíneas, não lograva êxito. Somente após a primeira experiência por ele
vivida, é que se convencia de que a presença de ervas sob o parreiral não era fator de
risco quanto ao controle das formigas cortadeiras.
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A grande massa seca e pela extensão da mesma, ou seja, abrangendo todo o
vinhedo impregnava a imaginação do viticultor com medo do risco de ‘escapar’ o fogo,
pondo em perigo não só a safra, mas a estrutura física do vinhedo e as próprias
parreiras. Pode-se dizer que parte desse receio encontra vinculo na ‘memória genética’,
ou seja, as gerações anteriores muito sofreram com incêndios, tomando precauções de
até mesmo construir a moradia em duas construções separadas por diversos metros de
distancia.
O modelo mental ‘conservador’ do viticultor sempre é um desafio ao trabalho da
extensão rural na adoção de novas idéias, principalmente quando a proposição abarca
uma mudança tão radical como a proposta. A idéia de ter que se manter o pomar ‘no
limpo’, ou seja, livre da presença de ervas estava tão fortemente enraizada que o maior
dispêndio de tempo e energia do proponente (extensionista) foi justamente na aceitação
da mudança.
Seguidamente o extensionista era indagado pelo viticultor sobre os riscos de
competição por nutrientes e água entre a videira e a cultura de cobertura do solo,
principalmente porque havia com freqüência a opinião ‘aconselhadora’ dos
comerciantes, infundindo-lhe medo e dúvidas, temerosos esses de perder a venda de
herbicidas.
Um dos métodos mais usados na implementação da idéia foi o ‘desafio da
experimentação’ propondo ao produtor a adoção da prática numa pequena área e, desta
maneira, ele mesmo se convencer dos resultados. Essa pequena área com cobertura do
solo logo passou a ser ‘disputada’, servindo muitas vezes de pastagem para a
alimentação do gado. Isso vinha comprometer o resultado final, pois a formação de
grande volume de palhada é fundamental para os objetivos almejados.
Em muitas áreas, os parreirais estão estabelecidos há várias décadas e o uso do
sulfato de cobre é rotineiro em todos os ciclos vegetativos. Com o passar do tempo, o
acúmulo de cobre no solo acaba sendo inevitável, principalmente nos primeiros
centímetros superficiais, onde se encontra a maior concentração de matéria orgânica,
por ficar complexado à mesma. Os altos teores de cobre no solo dificulta o
estabelecimentos de plantas de cobertura do solo e reboleiras de plantas de aveia
subdesenvolvidas e de coloração esbranquiçada seguidamente surgiam, dificultando o
estabelecimento e desenvolvimento das plantas de aveia (Anexo A, figura 01).
18
2.3 MANEJO DAS ESPÉCIES CULTIVADAS
2.3.1 Aveia Preta (Avena Strigosa)
Planta rústica, raramente requer tratamentos fitossanitários para produção de
massa seca, bem como suporta bem estresse hídrico (Anexo A, Figura 02). Conte (2002)
recomenda que a semeadura seja feita no período de meados de fevereiro a meados de
abril, utilizando-se de 100 a 120 Kg/ha de sementes, em vinhedos que apresentem teores
de Matéria Orgânica acima de 03,0%. Em áreas tomadas por espécies perenes como
gramas e capins, deve-se realizar o controle das mesmas antes da semeadura da Aveia.
A Aveia produz grande volume de matéria seca, tem grande efeito alelopático e
controle muito bem outras ervas espontâneas anuais que se desenvolvem na
primavera/verão, tendo a ciclo que se adequa ao período de dormência da videira
(Anexo 01, Figura 03). A interferência alelopática é tão acentuada que atinge a própria
espécie, inviabilizando seu estabelecimento após o cultivo sucessivo de alguns anos.
Contornou-se essa dificuldade com o consorciamento de espécies de outras famílias
botânicas, como a Ervilhaca (Leguminosaea) ou o Nabo Forrageiro (Brassicea) ou
através da sucessão do monocultivo dessa mesmas espécies. Ruedell (1995) diz que a
campo tem-se verificado potencialmente viável a utilização da palha da Aveia como
controladora de invasoras, principalmente gramíneas, no sistema de plantio direto. Num
levantamento realizado na região de Cruz Alta/RS, verificou que em 90% da área com
restevas de Aveia Preta rolada sobre a superfície do solo não se fez necessário utilizar
herbicidas para eliminar as invasoras antes da implantação da cultura de verão (soja ou
milho). Como produz uma grande quantidade de massa seca de difícil decomposição;
como se trata de uma cultura muito importante em termos de proteção do solo contra a
erosão e as perdas de água, além de ser uma cultura recicladora de nutrientes,
qualidades essas que fizeram com que atualmente seja a cultura de inverno mais
utilizada pelos produtores no plantio direto. Pela sua rusticidade e grande formadora de
massa seca pela palhada e sistema radicular, normalmente é indicada para se iniciar o
sistema de plantio direto.
A precocidade na implantação visa obter-se maiores volumes de palhada e
permitir que, por ocasião da poda das videiras a Aveia esteja com os grãos “ em massa”,
19
estádio fenológico que permite o sucesso no seu manejo. A semeadura é feita
superficialmente, sem a necessidade de revolvimento do solo, fato de extrema
importância, pois, além de agilizar a prática da semeadura, evita o risco de perdas de
solo e das próprias sementes por erosão na ocorrência de chuvas de grande intensidade.
O solo deve apresentar grande umidade, o que normalmente se alcança logo após
precipitações de no mínimo 20 a 30 mm, no início da queda natural das folhas das
vinhas. Mesmo nessas condições, após a semeadura pode ocorrer um período
considerável de ausência de chuvas, dificultando a germinação e o pegamento das
plântulas de Aveia, refletindo-se em insucesso na prática. A superação desse empecilho
ocorreu através da adoção de um procedimento bastante simples, porém altamente
eficaz: a imersão das sementes de Aveia em água por um período de 24h. Além de
viabilizar o desencadeamento dos processos bioquímicos da germinação, traduzindo-se
em rapidez e uniformidade da mesma, o encharcamento torna as sementes mais pesadas
e escorregadias, facilitando a sua semeadura.
Em solos de baixos teores de Matéria Orgânica requer-se adubar a Aveia por
ocasião da semeadura, a fim de que não retarde em demasia o seu ciclo vegetativo. No
primeiro ano de semeadura, normalmente à necessidade de se fazer adubação
nitrogenada no vinhedo, visto que a decomposição da palhada e raízes é lenta e requer
grande volume de Nitrogênio, competindo com as parreiras.
Atingindo a fase fenológica de “grão pastoso” recomenda-se o manejo da Aveia,
através do seu acamamento (derrubada). Neste estádio, embora verdolenga, a planta da
Aveia já completou seu ciclo, apresentando suas sementes fisiologicamente maduras.
Manejando-se antes dessa fase, incorre-se em duas conseqüências adversas: a retomada
da posição inicial das plantas – vertical ou, se permanecer acamada, a possibilidade de
rebrote na coroa, iniciando um novo ciclo vegetativo e atrasando sua maturação, com
grandes chances de concorrer por nutrientes e, principalmente por água com as vinhas.
Inúmeros “equipamentos” foram testados para esse fim, desde a rolagem de um
tambor metálico de 200 litros até o tradicional rolo-faca. Em função das características
do solo onde está implantada a maioria dos pomares da região – declividade acentuada
do relevo e presença constante de pedras, os melhores resultados vêm sendo obtidos
com o arraste de uma copa de árvore (Anexo A, figura 04) ou de pneumáticos
descartados (Anexo A, figura 05). Na primeira opção normalmente se utiliza eucalipto
20
ou citros. Ambos têm uma copada densa, pesada, com ramificações sucessivas e
flexíveis e madeira bastante resistente, além de serem espécies exóticas. Tanto a copa de
árvores, quanto os pneus contornam bem a presença de pedras e desníveis do terreno;
possuem alta persistência; são materiais que praticamente toda a propriedade dispõe,
além do baixo custo – se é que têm.
Sendo de máquina agrícola ou caminhão, o uso de apenas um pneu grande é
suficiente; sendo de tamanho médio, requer-se dois, postos lado a lado ou três dispostos
em forma de triângulo. Se forem pequenos, pode-se trabalhar com cinco, mantendo a
disposição triangular. A ligação entre os mesmos deve ser razoavelmente frouxa,
possibilitando o movimento individual de cada unidade, utilizando-se material bastante
resistente, como arame, cordas ou corrente.
Ao se acamar a Aveia, inúmeros benefícios são auferidos, destacando-se: a)
incremento do controle das ervas espontâneas. Pela disposição horizontal e sobreposta
das plantas, reduz-se a passagem da luz e aeração na superfície do solo, reduzindo a
possibilidade de emergência de ervas. b) melhor proteção do solo contra os efeitos do
impacto das gotas de chuva e incidência de raios solares; c) facilita a operação de poda
seca e o deslocamento de máquinas; d) evita o molhamento das pessoas que precisam
transitar sob o vinhedo.
2.3.2 Centeio ( Cecale cereale)
Espécie também com alta rusticidade, não requerendo maiores cuidados para o
seu desenvolvimento. Semeadura recomendada para meados de fevereiro a meados de
abril, com 100 a 120 kg/ha de sementes. Produz volume de palhada semelhante à Aveia,
exercendo bom controle de ervas espontâneas, com a vantagem de ter o
desenvolvimento mais rápido, completando seu ciclo mais cedo (Conte, 2002). A
persistência da palhada é inferior a da Aveia, tendo uma relação C:N de 22, o que lhe
confere um controle menos prolongada das ervas espontâneas.
Tem mais problemas de germinação do que a Aveia, quando semeada
superficialmente, bem como é mais preferida por animais como os roedores e,
21
principalmente, por aves silvestres e domésticas, podendo comprometer seriamente o
estande da cultura. Outras desvantagens sobre a Aveia é preço e a pouca disponibilidade
de sementes.
Também é pouco atacada por formigas, e manejo da cultura é semelhante ao da
Aveia, através do acamamento.
2.3.3 Azevem (Lolium multiflorum)
Espécie também da Família das Gramíneas (Poaceae), bastante rústica e muito
agressiva (Anexo A, figura 06). Normalmente se pereniza nos pomares em que é
introduzida, face à grande quantidade de sementes que produz e a viabilidade das
mesmas. Por essas características era considerado como uma verdadeira praga, fazendo
o viticultor tomar todas as medidas possíveis para, em primeiro lugar, não introduzi-la
nos pomares e, em segundo, se acidentalmente presente, inviabilizar a formação de
sementes e seu estabelecimento. Produz grande massa aérea e radicular, sendo sua
palhada mais persistente do que a da Aveia, pois sua relação C:N é mais alta. Exerce
excelente controle da erosão do solo e da germinação das ervas espontâneas. Ruedell
(1995) relata que o azevém é também utilizado em algumas propriedades, diminuindo o
desenvolvimento de praticamente todas as infestantes, como destaque no controle da
guanxuma. Porém, ao ciclo longo e a sua peculiar formação radicular que torna difícil a
implantação de culturas em sucessão, tem a sua área de uso restringida.
Nos raríssimos casos conhecidos da presença perenizada da espécie nos
vinhedos, segundo informações pessoais dos proprietários, a ocorrência perfaz no
mínimo um período de setenta anos, sem haver maiores problemas de concorrência com
as parreiras e com a sua produção.
Conte (2002) indica sua semeadura durante os meses de março e abril,
utilizando-se uma quantidade de 40 kg/ha de sementes. O fato de completar o ciclo em
dezembro e, às vezes, até em janeiro nas condições dos Campos de Cima da Serra,
requer cuidados especiais.
22
Para sua germinação, as sementes requerem a ocorrência de baixas temperaturas.
Em anos em que essas condições climáticas se apresentam tardiamente – junho em
diante, reflete-se em germinação também tardia e, consequentemente, em conclusão de
seu ciclo no final da primavera ou até início de verão. Com dias longos e quentes e a
parreira atingindo o auge do desenvolvimento vegetativo, há uma elevada demanda por
água. A convergência desses dois fatores em anos de pouca precipitação poderá levar à
severa competição por água e nutrientes entre o azevém e a videira, com prejuízo para
esta.
O estabelecimento da espécie não oferece maiores dificuldades, pois as sementes
são de germinação fácil, pequenas e finas, facilitando a passagem entre restevas,
alcançando o solo e a umidade necessária. Por essas características também são pouco
procuradas por roedores e aves. A efetivação da semeadura requer pouco esforço físico,
computando-se outra vantagem. Tendo-se a decisão de perenização da espécie e
viabilizando-se a conclusão de seu ciclo vegetativo, o custo da aquisição da semente só
ocorre uma única vez, pois possui ressemeadura natural abundante.
Para o manejo da palhada, necessita-se em primeiro plano a decisão de
perenização ou não. Em caso positivo, praticamente nada exige, pois os colmos são de
baixa resistência, vindo a cair cedo e naturalmente. Na situação de se evitar a
perenização, requer apurado manejo mecânico através de sucessivas roçadas, pois
apresenta elevada e sucessiva capacidade de rebrote. Essa situação retarda a conclusão
de seu ciclo, podendo competir com as parreiras.
2.3.4 Ervilhaca (Vicia sativa)
Planta da família das leguminosas (Fabaceae) tem alta capacidade de fixação de
Nitrogênio através da simbiose com organismos presentes no sistema radicular. Conte
(2002) diz que é espécie para o cultivo em parreirais que apresentam teores de matéria
orgânica abaixo de 03,0%, no intuito de se evitar o excessivo vigor das videiras.
Preconiza a semeadura de meados de fevereiro a meados de abril, com uma quantidade
de 60 a 80 kg/ha de sementes.
23
Seu estabelecimento não apresenta maiores dificuldades, pois germina fácil na
superfície do solo, pouco disputada por roedores e aves, tendo boa ressemeadura
natural. De ciclo longo, requer manejo cuidadoso para não vir a concorrer com as
videiras. Se não completar seu ciclo antes da floração das parreiras, Conte (2002)
orienta para manejá-la através de roçada ou acamamento com rolo-faca, evitando-se a
competição.
Por seu hábito prostrado/trepador, se comporta muito bem em consorciação com
gramíneas, havendo um mútuo favorecimento: a ervilhaca fornecendo nitrogênio à
gramínea e esta propiciando suporte físico para a parte aérea da ervilhaca (Anexo A,
figura 07). Usando-se aveia, a recomendação é de se usar 60 a 80 kg de aveia e 30 a 40
kg de ervilhaca por ha (Conte, 2002). As fabáceas possibilitam a adição de nitrogênio
(N) ao solo durante a decomposição. O nitrogênio é captura da atmosfera por bactérias
do gênero Rhizobium, que sobrevivem associadas às raízes, podendo ser incorporado ao
solo mais de 200 kg.ha-1 (Koller et. al., 2009).
A relação C:N é de 17, podendo ser considerada baixa se comparada com
espécies gramíneas, refletindo-se um curto período de persistência de sua palhada,
tornando-a uma espécie com pouco controle do impacto das gotas da chuva e da
germinação das ervas espontâneas.
2.3.5 Trevo Branco (Trifolium repens)
Por ser da mesma família botânica da ervilhaca, possui também elevada
capacidade de fixação biológica de Nitrogênio. Após o azevém, era a espécie mais
‘temida’ pelos viticultores, em face de sua resistência ao controle químico e mecânico.
Altamente rústico, se desenvolve durante o maior tempo do ano, apenas se ressentindo
do calor dos meses de verão, justamente quando poderia competir por água com as
vinhas. Sua agressividade é tal que é quase impossível encontrar-se qualquer outra
espécie em consórcio, dominando a área toda. Multiplica-se facilmente por sementes ou
pela forma vegetativa, através da formação de raízes em cada nó quando em contato
com o solo, estabelecendo um verdadeiro assoalho verde, inviabilizando qualquer perda
de solo pela erosão (Anexo A, figura 08).
24
Possui sementes muito pequenas e escorregadias, dificultando a sua semeadura.
Normalmente recorre-se a expedientes que tornam essa prática mais efetiva, como a
mistura com adubas químicos, calcário, a peletização, o uso de garrafas com um furo na
tampa, etc. Dois quilos por hectare de sementes são suficientes, embora muitos se fazem
valer de metade desta quantidade, pois em pouco tempo se propaga pela área toda.
2.3.6 Trevo Encarnado (Trifolium pratense)
Planta anual, tem seu estabelecimento não tão fácil como o branco, pois carece
de multiplicação vegetativa, sendo bem mais aceito pelo fruticultor. De porte mais alto,
produz volume de massa bem maior que o branco.
2.3.7 Nabo forrageiro (Raphanus sativus) Pertencente à família das Brassicaceae (anteriormente Cruciferae), se destaca
pela rusticidade e precocidade. É uma planta muito vigorosa, com sistema radicular
pivotante e agressivo, capaz de romper camadas de solo extremamente adensadas e/ou
compactadas a profundidades superiores a 2,50m. Apresenta, ainda, características
alelopáticas muito acentuadas que lhe conferem a condição de inibir a emergência e o
desenvolvimento de uma série de invasoras indesejáveis. Até o momento, não existem
pragas ou doenças que causem danos significativos que mereçam controle e que venham
comprometer economicamente a cultura. Aos 60 dias cobre cerca de 70% do solo,
inibindo a entrada e o desenvolvimento de plantas daninhas, seja nas culturas em
andamento seja nas futuras, reduzindo ou dispensando o uso de herbicidas. Floresce
entre 70 e 80 dias após o plantio e atinge sua plenitude aos 100 a 120 dias. Possui
excelente capacidade de produção de massa, com volumes próximos de 15 toneladas
por hectare. Possui, ainda, alta capacidade de reciclagem de nutrientes do solo,
principalmente do fósforo e nitrogênio. Seu sistema radicular vigoroso pode ser
classificado como excelente subsolador natural. Os efeitos benéficos nas culturas
seguintes são visuais. É pouco exigente em fertilidade, resistente a solos ácidos e produz
25
de 5 a 10 toneladas de massa seca por hectare. É bastante tolerante à seca e ao frio
(Brasi et al., 2008).
Sua adoção sofre restrição considerável por parte do viticultor pelo temor de se
tornar perene, pois possui elevada capacidade de ressemeadura natural e vegeta em
praticamente todas as estações do ano. Conte (2002) preconiza sua semeadura durante
os meses de março e abril, através de 15 a 20 kg/ha de semente. Germina e se estabelece
fácil e rapidamente, mesmo apenas lançado superficialmente, requerendo apenas
umidade do solo adequada (Anexo A, figura 09). Por ter relação de CN apenas de 16,
sua palhada tem pouca durabilidade, propiciando baixo controle das ervas espontâneas.
Uma forma de incrementar a vida da palhada é através da consorciação com espécies
gramíneas, com as quais se desenvolve sem problemas.
Considerado como um ‘subsolador natural’ por se desenvolver em solos
compactados, quando cultivado em densidade adequada. Assim, a raiz pivotante
desenvolver-se-á com o formato de cunha, penetrando no solo ainda que compactado.
Caso contrário irá formar uma raiz extremamente grossa, curta e superficial, não
desempenhando a função de descompactação. Soma-se a esse quadro o fato de ficar
altamente suscetível ao acamamento pela ação do vento em fases prematuras de seu
desenvolvimento, comprometendo os objetivos esperados.
Quando se desenvolve após o florescimento da parreira e em período de
deficiência hídrica, pode competir severamente com o vinhedo, face ao rápido
crescimento e exuberante massa verde que produz, requerendo seu manejo mecânico,
sendo a roçada o mais eficiente.
Entra muito bem nas áreas em que a aveia já não mais se desenvolve por efeitos
da autoalelopatia. Suas sementes são pouco atrativos aos animais competidores, bem
como as partes vegetativas dificilmente são atacadas por formigas cortadeiras. Possui
uma florada intensa e seqüencial, bastante procurada pela fauna apícola.
26
3 MÉTODOS E PROCEDIMENTO
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
A pesquisa descritiva foi realizada por meio de revisão bibliográfica e,
principamente, pelo método da observação-participante na micro região vitícola da
Serra Gaúcha.
No Estudo de Caso adotou-se o paradigma interpretativo, ou seja, qualitativo,
através da observação do “antes-e-depois”, em que foram acompanhados itens como a
freqüência de uso de dessecantes (herbicidas), a ocorrência de erosão e intensidade de
perda de solo, os riscos ambientais e da família viticultora, a rentabilidade
(produtividade) e vigor dos vinhedos.
3.2 DEFINIÇÃO DA ÁREA/POP.-ALVO/AMOSTRA/UNID. ANÁLISE
A pesquisa foi realizada em doze municípios da Serra gaúcha, onde o cultivo da
videira é mais intensivo. Estes municípios constituem 83% da área cultivada da região
em foco (EMATER, 2008). O tempo de observação perfaz doze anos, abrangendo um
lapso do “antes” , ou seja, em que o controle químico de ervas era exclusivo; e o depois
da implantação do programa. Junto aos doze Escritórios Municipais da EMATER foi
efetivo um questionário estruturado durante os meses de agosto de 2010. Todos os
extensionistas consultados possuem mais de 15 anos de trabalho no respectivo
município.
27
3.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS
Adotou-se a descrição analítica das observações dos participantes através do uso
de questionário junto aos extensionistas da área em tela; bem como a comparação
qualitativa no desenrolar do período.
3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS
Por meio da observação-participante e da respostas do questionário junto aos
extensionistas em que se evidencio a freqüência da resposta nos seguintes quesitos: a) o
que mais o motivou para se engajar neste programa? b) As maiores dificuldades no
período de implantação do programa?e c) Como avalia os resultados alcançados?
28
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
No quesito observação-participante, evidencia-se uma mudança acentuada no
“modelo mental” do viticultor, item de grande importância para a adoção de
novas/diferentes idéias. O que parecia inimaginável há poucos anos, hoje contempla a
realidade na atividade viticola: era praticamente impossível de se encontrar alguma área
que em que não ocorresse o controle químico das ervas. Hoje, torna-se surpreendente o
momento em que se depare um vinhedo com a técnica dessecação.
4.1 QUESTIONÁRIO PROPOSTO
Por serem perguntas abertas, diversas respostas foram apontadas, porém, nos três
temas propostos houve freqüente repetição em alguns tópicos, os quais serão retratados.
4.1.1 Motivação para se engajar no programa
A consciência dos efeitos deletérios do uso dos pesticidas e da erosão do solo foi
a resposta de maior freqüência. Após, despontou o temática da disposição de contribuir
na sustentabilidade da viticultura da região.
4.1.2 As maiores dificuldades enfrentadas na implantação
O quesito apontado com maior freqüência diz respeito ao modelo mental
“conservador” do viticultor, traduzindo-se na tradição no uso da capina química para o
controle das ervas espontâneas. Em seguida, aparece o medo, a insegurança do produtor
29
com os efeitos de se manter as plantas de cobertura sem controle na concorrência com a
nutrição das vinhas, competição por água, dificuldade de controle de formigas.
4.1.3 Como avalia os resultados alcançados?
Neste quesito, face a amplitude de assuntos abordados nas respostas e por se
constituir na percepção pessoal/profissional dos resultados mais relevantes atingidos em
cada local de atuação, relatar-se-á, de forma resumida, todas os tópicos abordados, sem
referência à freqüência:
“ Considerando os paradigmas do viticultor – manter o solo no ‘limpo’,
concorrência das plantas de cobertura do solo com a parreira quanto a nutrientes e água,
pressão dos vendedores de insumos, os resultados alcançados estão alem do previsto,
quanto ao número de produtores adotantes, bem como na redução da erosão do solo e da
quantidade usada de agroquímicos”.
“ Recuperação do solo, redução da compactação, menor necessidade de
fertilizantes e corretivos, maior sanidade das parreiras e mais satisfação do viticultor.”
“ Pela melhoria na conservação e controle da erosão do solo, há uma
substancial melhoria na estrutura física e fertilidade do mesmo; melhorias no sistema
radicular das vinhas onde ocorre o acumulo de cobre; crescente aceitação da vegetação
espontânea e semeadura do azevem como espécie de cobertura verde; diminuição da
incidência de doenças fúngicas no parreiral, principalmente o míldio; facilita os tratos
culturais, pois a palhada reduz o atrito das maquinas e equipamentos com o solo, bem
como a colheita por não sujar as caixas; incentivo ao associativismo através da
aquisição conjunta da semente; satisfação do viticultor com os resultados obtidos.”
“Os viticultores já se convenceram que o uso de plantas de cobertura do solo
nos vinhedos propicia muitos benefícios para a sustentabilidade da viticultura da
região.”
“Redução drástica na aplicação de herbicidas no manejo das plantas
espontâneas e cultivadas; diminuição na morte de videiras; aumento da vida microbiana
do solo e diversidade de espécies vegetais nativas; ampliação da capacidade do solo na
retenção hídrica; e, principalmente, preservação ambiental, da saúde dos agricultores,
bem como evitou a perda da camada superficial do solo e nutrientes.”
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“Um dos melhores resultados é ver nessa época – agosto, os parreirais quase todos com
o solo protegido pela cobertura vegetal e a confiança dos que adotaram esta prática, estimulando
os poucos que ainda permanecem na dúvida.”
31
5 CONCLUSÃO
No momento em que a viticultura brasileira transita por uma fase de dificuldades
quanto a sua sustentabilidade como atividade econômica, afetada por fatores de natureza
múltipla, a proposição de alternativas de redução de custos e incremento da produtividade
podem contribuir decisivamente para a sua viabilidade na escala do tempo.
Por sua peculiaridades, a atividade vitícola da Serra Gaúcha, sustentáculo sócio-
econômico de 15.000 propriedades da agricultura familiar, é ainda mais vulnerável aos
efeitos das condições climáticas, influenciando diretamente a produtividade e qualidade
da produção; à concorrência dos derivados importados; do humor da industria vinícola;
aos custos de produção e à tímida e impotente política oficial – o preço mínimo é
mantido a quatro safra sem reajuste.
Neste quadro, toda intervenção na capacitação da família vitícola e na
reconversão de técnicas e práticas culturais aplicados à viticultura vêm ao encontro do
anseio dessa categoria. Assim, a proposta de cultivo intencional de espécies de inverno
sob os vinhedos no intuito de estancar a erosão hídrica do solo e suprimir o uso do
manejo químico se soma no rol de opções de viabilizar a atividade.
O manejo das espécies de cobertura do solo está dominado, aprendizado
adquirido através da experiência e desafio. porém, não obstante o sucesso do programa,
a técnica carece de pesquisa científica para dirimir pendências e suprimir entraves que
com o passar do tempo possam vir a surpreender o viticultor e a extensão.
Os resultados positivos do programa fez com que o mesmo fosse implementado
nas diversas espécies de frutíferas cultivadas na serra gaúcha, tais como: pessegueiro,
ameixeira, caquizeiro, citros, macieira, figueira, quivizeiro, etc..sendo que prática de
dessecação através do uso de herbicidas que era rotineira passa a ser uma opção bastante
esporádica.
Assim, cultivo e manejo de espécies de cobertura traz no bojo inúmeros reflexos
positivos, tanto diretos como indiretos .
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REFERÊNCIAS
ALTIERI, Miguel. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba: Agropecuária, 2002. 592 p. BRASI, L.A.C.S. et. al. Nabo - adubo verde, forragem e bioenergia. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_2/nabo/index.htm. Acesso em: 15/10/2010 CONTE, Antônio. Culturas de Cobertura do Solo. In: Informativo Técnico – Viticultura – Documento Interno da EMATER. Caxias do Sul. 2002. 02p. D’AGOSTINI, Luiz Renato. O sistema plantio direto e a sua mensagem à sustentabilidade das relações homem-meio. In: II seminário internacional do sistema plantio direto – Anais. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 1997. 310p. EMATER/RS. IPAN: Sistema de Levantamento dos Componentes Tecnológicos das Lavouras do RS. 2008. Disponível em: <ttps://intranet.emater.tche.br/intranet/sistemas/ipan/inicial/php/index.php> Acesso em: 12/10/2010. KOLLER, Otto Carlos (coord.). Cultura de Tangerineiras: tecnologia de produção, pós-colheita e industrialização. Porto Alegre: Editora Rígel, 2009. 400p.
NOLLA, Delvino. Erosão do Solo. Porto Alegre. Secretaria da Agricultura, Diretoria Geral, Divisão de Divulgação e Informação Rural, 1982. 412p.
RIO GRANDE DO SUL, Secretaria da Agricultura. Manual de Conservação do Solo. 2ª edição atualizada. Porto Alegre, 1983. 228p. RUEDELL, José. Plantio direto na região de Cruz Alta. Convênio FUNDACEP/BASF. FUNDACEP FECOTRIGO. Cruz Alta, 1995. 134p. SCHULTZ, Lucênio A. Métodos de conservação do solo. Porto Alegre, Sagra, 1983. 58p. SOUTO, João José P. Deserto, uma ameaça? Porto Alegre, DRNR Diretoria Geral, Secretaria da Agricultura, 1984.
33
ANEXO A – LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Fitoxidez de cobre na Aveia Preta.
Figura 02 – Aspecto do desenvolvimento da Aveia. Figura 03- Palhada da Aveia e o controle das ervas espontâneas.
Figura 04 – Acamamento com copa de árvore. Figura 05 – Acamamento com o uso de pneus.
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Figura 06: Aspecto do desenvolvimento do Azevém no início da brotação das videiras.
Figura 07 – Ervilhaca consorciada com Azevem. Figura 08 – Trevo Branco na entrelinha.
Figura 09: Nabo Forrageiro em início de florescimento