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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO MEIO AMBIENTE – NEAMA SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI TEOBALDO DA SILVA FREITAS JÚNIOR VENOZINA DE OLIVEIRA SOARES UM ESTUDO AMBIENTAL NA NASCENTE DO RIO CATOLEZINHO - BARRA DO CHOÇA-BAHIA Salvador - Bahia 2004

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS –

SEMARH CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA

NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO MEIO AMBIENTE – NEAMA

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

TEOBALDO DA SILVA FREITAS JÚNIOR VENOZINA DE OLIVEIRA SOARES

UM ESTUDO AMBIENTAL NA NASCENTE DO RIO CATOLEZINHO - BARRA DO CHOÇA-BAHIA

Salvador - Bahia 2004

TEOBALDO DA SILVA FREITAS JÚNIOR

VENOZINA DE OLIVEIRA SOARES

UM ESTUDO AMBIENTAL NA NASCENTE DO RIO CATOLEZINHO - BARRA DO CHOÇA-BAHIA

Monografia apresentada ao 1º Curso de Especialização em Gestão Ambiental Municipal da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, como requisito para a obtenção do Grau de Especialista.

Orientador - Professor Msc Ruy Muricy de Abreu

Salvador - Bahia 2004

RIO CATOLÉ – BARRA DO CHOÇA/BA

Rio Catolé – Região do Sossego – Uma das Cachoeiras da Região

SALVADOR/BA 2004

AGRADECIMENTOS

Acima de todos, queremos agradecer a Deus, por permitir saúde, sabedoria e lucidez, durante o período que nos foi dispensado para participar do curso.

Aos nossos familiares, pelo incentivo e abdicação das nossas presenças.

Aos colegas, pelos encontros e desencontros, companheirismo e contribuições.

Aos professores, pela tolerância, aprendizagem, troca de experiências e conhecimentos transmitidos. De maneira especial, à professora Júlia, pelo

desempenho e dedicação como coordenadora pedagógica.

Aos órgãos e instituições que patrocinaram este curso, especialmente, à UNEB, ao NEAMA-CRA, na pessoa de Lúcia Cardoso.

À coordenação do curso, carinhosamente à professora Zulmira e a secretária Karina.

Aos órgãos locais, destacando a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Barra do Choça.

Aos prefeitos Oberdam Rocha (Barra do Choça) e José Raimundo Pontes (Vitória da Conquista).

Ao professor Ruy Muricy, pela brilhante orientação para a realização deste trabalho.

Aos ribeirinhos do Catolezinho, especialmente aos assentados da Fazenda

Mocambo.

Aos funcionários do NEAMA, pela paciência durante o período de aula, dedicação e disponibilidade para atender às nossas necessidades.

A todas as pessoas, que direta ou indiretamente, contribuíram para o bom andamento e a realização do 1º Curso de Gestão Ambiental Municipal.

“(...) É absolutamente vital que os cidadãos de todo o mundo insistam a favor de medidas que darão suporte ao tipo de crescimento econômico, que não traga repercussões prejudiciais às pessoas; que não diminuam de nenhuma maneira, as condições de vida e de qualidade do meio ambiente;

É necessário encontrar meios de assegurar que

nenhuma nação cresça ou se desenvolva ás custas de outra nação, e que nenhum indivíduo aumente o seu consumo às custas da diminuição do consumo dos outros.

Os recursos do mundo deveriam ser utilizados de um

modo que beneficiasse toda a humanidade e proporcionasse a todos, a possibilidade de aumento de qualidade de vida

Nós necessitamos de uma nova ética global – uma ética

que promova atitudes e comportamentos para os indivíduos e sociedades, que sejam consonantes com o lugar da humanidade dentro da biosfera, que reconheça e responda com sensibilidade às complexas e dinâmicas relações entre a humanidade e a natureza, e entre os povos.

Mudanças significativas devem ocorrer em todas as

nações do mundo para assegurar o tipo de desenvolvimento racional que será orientado por esta nova idéia global – mudanças que serão direcionadas para uma distribuição eqüitativa dos recursos da Terra, e atender mais às necessidades dos povos. (...).”

Trechos da Carta de Belgrado – Iugoslávia, 1975

RESUMO

Dada a importância do caráter multisetorial, como também os múltiplos usos dos recursos hídricos no contexto do desenvolvimento sócio-econômico e ambiental, bem como a sua relevância para a continuidade da vida, realizou-se um estudo ambiental da nascente do rio Catolezinho - Barra do Choça/BA, haja vista que representa um elemento imprescindível e estratégico no processo do desenvolvimento da região. O estudo se reveste de observações e levantamentos resultantes da análise de campo, numa abordagem simples e detalhada, considerando o uso múltiplo do solo, da água e os impactos promovidos, a partir da nascente até os 17 km da extensão. Para tanto, levou-se em consideração a retirada da mata ciliar, a água utilizada no processo da irrigação das lavouras cafeeiras, de pastagens e hortaliças, e usos diversos de maneira inadequada, que contribuem para o comprometimento dos recursos edafoclimáticos da área enfocada. Nesta perspectiva, constatou-se que os impactos ambientais do entorno da nascente, começou a partir da retirada da mata ciliar do seu entorno, captando e canalizando a água para uso doméstico da fazenda Mocambo. Verificou-se também o processo de assoreamento, devido às práticas urbanas inadequadas, como é o caso de lixo e entulho jogados de forma aleatória na parte mais alta do perímetro urbano, sendo carreados no período das chuvas torrenciais. Espera-se que este estudo possa contribuir de maneira positiva para o planejamento e a dinâmica da micro-bacia, considerando as inter-relações dos elementos para a sintonia do ecossistema, no sentido de viabilizar práticas de utilização mais sustentáveis, particularizando as prioridades humanas de subsistência, levando sempre em consideração os princípios e diretrizes das Políticas Nacional e Estadual dos Recursos Hídricos.

PALAVRAS-CHAVE: Estudo Ambiental, Recursos hídricos, Impactos Ambientais.

SUMÁRIO

Apresentação.............................................................................................................7

UM ESTUDO AMBIENTAL DA NASCENTE DO RIO CATOLEZINHO -

BARRA DO CHOÇA/BA

CAPÍTULO l

Introdução..................................................................................................................8

Justificativa................................................................................................................9

Referencial Teórico-Metodológico.........................................................................11

Metodologia..............................................................................................................15

CAPÍTULO II

1.0 - Aspectos Legais e Institucionais...................................................................17

1.1.- Política Nacional dos Recursos Hídricos............................................18

1.1.1 - Política Nacional do Meio Ambiente...................................................19

1.1. 2 - A Política Estadual do Meio Ambiente...............................................20

1.1.3 - A Política, Gerenciamento e Plano Estadual de Recursos Hídricos..21

1.1.4 - Novo Código Florestal .......................................................................22

1.1.5 - Lei orgânica Municipal........................................................................23

1.1.6- solução CONAMA 303/00...................................................................24

1.1.7 - Resolução CONAMA 20/86...............................................................24

1.2 - Bacia Hidrográfica – Conceitos......................................................................26

1.2.2 - Caracterização Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo.........27

CAPÍTULO III

2.0 - Caracterização Ambiental do Município de Barra do Choça/BA.................28

2.1 - Localização Geográfica...................................................................................29

2.2 - Aspectos Sócio-econômicos e demográficos..............................................30

2.3 - Clima.................................................................................................................37

2.3.1 – Seco a Sub-úmido..................................................................................37

2.3.2 - Sub-umido a úmido................................................................................38

2.3.3 – Úmido.....................................................................................................39

2.3.4 – Semi-árido – Bacia do Catolé.................................................................39

2.4 - Geologia............................................................................................................39

2.5 - Solos.................................................................................................................39

2.6 – Geomorfologia.................................................................................................41

2.7 - Recursos Hídricos...........................................................................................42

2.8 - Vegetação........................................................................................................44

CAPÍTULO IV

3.0 - Estudo Ambiental da Nascente do Rio Catolé..............................................47

3.1 - Contextualização Histórica da Área de Estudo............................................49

3.2 – Geomorfologia.................................................................................................53

3.2.2 – Solos.........................................................................................................54

3.2.3 – Clima........................................................................................................55

3.2.4 – Vegetação.................................................................................................56

3.3 – Ocupação e Uso do Solo................................................................................58

3.4 - Usos preponderantes da Água.......................................................................61

3.5 – Áreas de Mosaico............................................................................................69

3.6 - Matriz de Avaliação de Impacto......................................................................73

CAPÍTULO V

4.0 – Considerações Finais....................................................................................75

4.1- Referencial Bibliográfico................................................................................79

APRESENTAÇÃO

Tendo em vista o cenário mundial de eminente escassez dos recursos

hídricos, cresce a cada dia o número de interessados em elaborar estudos acerca do

assunto com também em criar leis cada vez mais específicas, no sentido de

fomentar políticas públicas e condicionantes para uma gestão participativa e

integrada dos recursos hídricos, combinada com a evolução conceitual,

organizacional e institucional, de forma equilibrada, com princípios orientados para

garantir a preservação e recuperação dos mesmos.

Neste contexto, encontra-se o município de Barra do Choça, “território” que

concentra grandes reservas de água doce, representando um importante patrimônio

natural na região sudoeste da Bahia. Todavia, os problemas relacionados ao

processo de degradação desses mananciais tem sido alvo de preocupação de todos

os moradores do município, pois já é bastante verificável a redução dos corpos

d’água na região, haja vista o mau uso do solo no entorno das nascentes, bem como

o processo de poluição dos mananciais.

Diante do exposto, é que nasceu a idéia de fazer um estudo ambiental da

nascente do rio Catolezinho, considerando a sua importância geoambiental e

estratégica para a região. A princípio, são abordadas as características principais do

município, considerando a realidade sócio-econômica, cultural e ambiental. Num

segundo momento apresenta-se o referencial teórico-metodológico a que se

recorreu para enfocar e compreender o objeto de estudo, incluindo aí, a metodologia

utilizada e as referidas leis vigentes. O trabalho aborda de forma sucinta, as

características principais da bacia do rio Pardo, considerando a amplitude geográfica

a que pertence o município de Barra do Choça.

Neste sentido, o estudo se reveste de observações e levantamentos

resultantes de estudo de campo, numa abordagem simples e detalhada levando a

compreender o uso múltiplo do solo, os usos preponderantes da água a partir da sua

nascente até os 17 km de extensão, bem como os impactos sofridos e o

consequente processo de degradação em que se encontra.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a questão da água tem suscitado discussões acirradas, nos

meios acadêmicos, nas instituições de ensino, na mídia, nas instâncias de reflexões

e decisões políticas e no seio da população em geral. Não obstante, a situação dos

demais recursos naturais que contribuem também para a existência, qualidade e

manutenção desse bem, não é menos complexa. Como exemplo, podemos destacar

o processo de degradação das matas ciliares, das APPs e dos solos que sofrem o

impacto através da forma incorreta de utilização. As áreas de nascentes, por

exemplo, são afetadas constantimente por conta da ação indiscriminada do homem

que a utiliza de forma inadequada para desenvolver várias atividades.

Considerando tais situações, e compreendendo que a água doce constitui um

componente essencial da hidrosfera da Terra e parte indispensável de todos os

ecossistemas terrestres, e levando em conta a sua escassez generalizada e o

agravamento da poluição, o presente trabalho apresenta um diagnóstico ambiental

da nascente do rio Catolé culminada a uma análise sucinta dos impactos ambientais

promovidos pelo uso indevido da mesma, abordando também a sua caracterização

no que diz respeito ao uso do solo.

Para tanto, tomou-se por base a utilização e o manejo da micro-bacia, a sua

importância no contexto histórico, sócio-econômico e ambiental, partindo do

pressuposto de que a área é de grande relevância para toda a população do

município, de maneira especial para a população ribeirinha, pois na nascente há

uma captação para abastecimento humano. Para a realização do estudo,

considerou-se principalmente, a identificação das atividades causadoras de impactos

ambientais, a avaliação dos agentes responsáveis pela aceleração do processo de

degradação, e também a verificação do processo de ocupação e uso, levando em

consideração a sua relevância do ponto de vista histórico, pois o seu leito principal

contorna o entorno oeste do município de Barra do Choça, a uma distância bem

próxima da sede.

JUSTIFICATIVA

Pensar na existência da vida sem incluir os recursos naturais, e, de maneira

especial os recursos hídricos, é praticamente impossível. A água doce é essencial à

vida, e por ser uma recurso vital e ter reservas limitadas, é cada vez mais

estratégica, desperta interesses de grupos poderosos e já provoca conflitos entre os

homens. Não obstante, o aumento da população combinado com o uso irracional da

água, tem promovido um futuro sombrio para a humanidade, e os estudiosos já

debatem a questão, temendo pelo futuro.

A percepção das águas vem de longe no imaginário popular. Algo das visões indígenas chegou à cultura brasileira nas lendas da iara, da mãe d’água, do boto encantado etc. Elementos religiosos das culturas africanas estão presentes nos banhos de cheiro, nas oferendas em cachoeiras e procissões marítimas etc. Contudo, o universo cultural e o imaginário interior do homem e do povo brasileiro sobre a água são herdeiros de profundas tradições mediterrânicas. Essa visão do mundo hídrico perde-se no tempo. Foi iluminada pelo cristianismo e semeada por aventuras gregas, romanas, árabes... e judaicas. Sem compreender a história dessa percepção social das águas, será difícil reverter boa parte dos problemas atuais.¹

Partindo desse pressuposto, e entendendo a relevância do objeto de estudo,

pensou-se em realizar um estudo ambiental da nascente da micro-bacia do Rio

Catolezinho, tomando por base a utilização do solo no entorno da nascente, a

retirada da mata ciliar, o uso múltiplo da água e os impactos promovidos, a partir da

nascente até os 17 km da extensão. Para tanto, levou-se em consideração a retirada

da mata ciliar, a canalização da água para o assentamento Mocambo e os usos

diversos de maneira inadequada, que proporcionam o comprometimento dos

recursos edafoclimáticos. Aliada a isso, a prática da irrigação de lavouras cafeeiras

no curso do rio, que tem sido uma constante, acabando por comprometer os

recursos edafoclimáticos da área enfocada.

1- MIRANDA, E. E. de. Água na natureza, na vida e no coração dos homens. Campinas, 2004. Disponível em: <http://www.aguas.cnpm.embrapa.br>. Acesso em: 02 abr. 2004

Dada a complexidade, aumenta a necessidade das autoridades responsáveis,

em articular um gerenciamento capaz de promover a sustentabilidade das ações ali

desenvolvidas, pois o estudo da bacia hidrográfica tem sido um dos meios mais

eficazes para o controle dos diversos agentes poluidores dos mananciais hídricos,

uma vez que esta unidade geográfica abrange diversos usos, tornando-se mais

factível ao processo de degradação promovida pela intervenção humana.

Particularizando este princípio, o estudo demonstra a forma como o ambiente

se encontra, devendo promover um planejamento mais detalhado e preciso, no

sentido de viabilizar práticas de utilizações mais sustentáveis, proporcionando

inclusive, a recuperação da mata ciliar que é de importância vital, bem como os

demais elementos que compõem o ecossistema, priorizando as atividades humanas,

baseando nos princípios e diretrizes da Política Nacional dos Recursos Hídricos, da

Política e Gerenciamento do Plano Estadual de Recursos Hídricos do estado da

Bahia.

Vale ressaltar a importância da água dessa região para o município de Vitória

da Conquista, cuja população ultrapassa 270 mil habitantes, e é servida de águas

barachocenses. Os rios Monos e Água Fria alimentam as barragens Água Fria I

eÁgua Fria II, que são administradas pela Empresa Baiana de Água e Saneamento

– EMBASA, responsável direta pelo tratamento e distribuição de água daquele

município. Além disso, já está em fase de construção mais uma barragem, que irá

captar águas dos Rios Gaviãozinho e Serra Preta, para a demanda do distrito de

José Gonçalves – Vitória da Conquista e o município de Planalto.

Nota-se portanto, o grande potencial hídrico de Barra do Choça e a sua

importância no contexto sócio-econômico, geoestratégico e ambiental, uma vez que

a água é a fonte e o sustento da vida natural. Segundo preconiza o documento

Agenda 21, O desenvolvimento sustentável pretende combater a miséria humana

sem repudiar a natureza ou desconsiderar as especificidades locais. (...), e que não

dilapide o patrimônio natural das nações ou perturbe desastradamente o equilíbrio

ecológico (Agenda 21, 1996: 5).

REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

A gênese do pensamento e da crítica ambiental da atualidade, resulta, no

caso do Brasil, de uma continuidade histórica de séculos, de uma tradição intelectual

única. Estudos históricos recentes, começaram a resgatar do esquecimento de

muitos autores e administradores dos séculos XVII, XVIII e XIX, pioneiros na

abordagem das relações homem e meio ambiente no Brasil. As preocupações

ambientais nas idéias e escritos de alguns pensadores, contribuíram de forma

relevante no contexto da problemática ambiental. O reconhecimento desses autores

brasileiros dos séculos XVIII e XIX deverá aumentar cada vez mais, assim como a

valorização do papel da Coroa portuguesa, da Universidade de Coimbra e do

diálogo coletivo e democrático instaurado durante quase dois séculos entre os mais

diversos protagonistas, antes da independência e na fase do Império brasileiro.

A procura pelo então falado “Desenvolvimento Sustentável”, teve como um

dos fundadores principais, o ítalo-lusitano Domenico Vandelli, médico e professor de

química em Pádua. Contratado pelo governo do Marquês de Pombal para lecionar

ciências naturais em Coimbra, ele fundou o Museu de História Natural e o Jardim

Botânico. Participou da reformulação da Universidade de Coimbra, da criação da

Academia de Ciências de Lisboa e também do Jardim Botânico de Lisboa. Como

admirador ge conservador dos recursos naturais, esse grande mestre do naturalismo

português, adepto e conhecedor dos avanços da ciência natural consolidados por

Buffon (1707-1788) e por Lineu (1707-1778), contribuiu na formação de toda uma

geração de estudiosos brasileiros.

Durante o Império, quase mil estudantes brasileiros passaram pela

Universidade de Coimbra. Retornando ao Brasil, produziram informes e relatórios

enfatizando a questão ambiental e sua possível problemática nos anos futuros. Em

seus escritos, "Memória sobre a agricultura de Portugal e de suas conquistas" e

"Memória sobre algumas produções naturais das conquistas", ambos de 1789,

Vandelli expôs os problemas ambientais da agricultura brasileira, a questão da

erosão e da perda de fertilidade dos solos, a importância da prática adequada da

estrumação e da aração, além do sentido estratégico da preservação das águas,

dos bosques e florestas pela Coroa.

É evidente, que o advento da industrial a partir do século XVIII, contribuiu de

maneira decisiva para acelerar o processo de degradação dos recursos naturais na

face da terra. Aliada a isso, o avanço do modelo capitalista de produção acaba por

comprometer de maneira acirrada, a situação do meio ambiente, tendo em vista que

é regido pela lei da oferta e procura, evidenciando, dessa maneira, o lucro imediato,

pondo em risco a existência dos recursos naturais, tão vitais e necessários à

sobrevivência do planeta. Não obstante, tais práticas promovem transformações

radicais no espaço geográfico ressurgindo assim, novas configurações. A exemplo,

pode ser citada a substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana

pela energia motriz e do modelo de produção doméstico pelo fabril. Tais fatores,

refletem diretamente no âmbito sócio-econômico, político-cultural e, de forma direta,

no meio ambiente.

O dinamismo da produção e dos investimentos contemporâneos têm

corroborando com a concorrência do mundo “globalizado” fato que colabora para o

aumento da produção de bens e serviços numa escala assustadora, ameaçando

transformar o planeta num curto período, comprometendo a qualidade de vida da

Terra, pois esgota com bastante intensidade, o que é de mais importante para a

sobrevivência humana. Tomando por base essa ótica, entende-se que:

O desenvolvimento capitalista, pela natureza de suas relações constitutivas, é concentrador e excludente. Ao mesmo tempo em que está permanentemente incorporando novos setores e esfera da vida econômica, o capital em sua incessante acumulação, concentra e centraliza os meios de produção (...) Essa tendência imanente do capital se projeta igualmente no espaço: ao mesmo tempo em que expande suas fronteiras e incorpora novos territórios, o desenvolvimento capitalista concentra e centraliza espacialmente os meios de produção e de poder. (PEREIRA, 1993, p. 35)

Nessa perspectiva, entende-se a importância de priorizar estudos que possam

auferir substâncias positivas para as áreas de nascentes, não somente relacionando

aos fatores naturais em si, mas também às ações que possam afetar direta ou

indiretamente, os segmentos sócio-econômicos e ambientais relacionados ao

“espaço” em questão.

Impactos Ambientais - Os impactos ambientais provocados pela interferência

humana sobre a natureza, têm se tornado objeto de preocupação para o IBAMA,

órgãos ambientais estaduais e municipais existentes, ONGs e demais interessados

em manter viável, por um longo período, a sustentabilidade das diversas atividades

humanas. Apesar disso, tal postura não tem sido eficaz o bastante para resolver

todos os problemas de ordem ambiental, sobretudo de processos de degradação em

mananciais hídricos provocados pela ação antrópica. A este respeito comenta Filho,

(cd) Os processos de intervenção antrópica sobre a natureza, em geral são contínuos e direcionados, impedindo qualquer forma de acomodação natural. Essas características se referem basicamente as sociedades modernas e industrializadas, motivadas pela pressão populacional, pela preemência da acumulação e lucro e pelo culto ao imediatismo. A "coisificação" da natureza aliena e estupidifica até mesmo as mentes formalmente educadas, de modo que não se sensibilizam com os possíveis efeitos dos impactos ambientais provocados por eles mesmos.

Barroso e Silva, alerta que a capacidade de autodepuração e de assimilação

de cargas poluidoras tem sido ultrapassada em vários rios importantes. Poluição e

conservação dos recursos naturais, solo e água.Inf. Agropec. Belo Horizonte. (p21).

Ainda de acordo com Barroso e Silva, pode-se considerar a erosão como uma das

principais fontes de poluição das águas, já que “o material mais fino transportado

pela enxurrada durante o processo de erosão ocasiona problemas no curso d’ água,

entre os quais podemos citar?” (p.21).

• A redução da capacidade de armazenamento dos reservatórios devido à sedimentação, o que provoca aumento no custo de construção de barragens, já que em seus projetos deve-se reservar parte da capacidade de construção aos sedimentos.(...).

• Elevação nos custos de tratamentos de água nos reservatórios municipais e nos de grandes industrias,

• Desequilíbrio do balanço de oxigênio dissolvido e obscurecido da luz necessária ao crescimento de espécies aquáticas,

• Aumento de custos com a dragagem de barragens em leitos navegáveis,(...) • Diminuição no potencial de energia elétrica, como conseqüência da queda da

capacidade dos reservatórios pela sedimentação, • Redução na capacidade e drenagem, o que diminui a fertilidade das terras e sua

produção.

Os custos com a recuperação de áreas degradadas, sobretudo de bacias

hidrográficas, microbacias e lagos artificiais que possuem múltiplas finalidades, tem

prejudicado o desenvolvimento de diversas atividades econômicas, as quais

dependem da disponibilidade de água potável.

Um agravante tem contribuído para a degradação dos rios no Brasil, e o que se

refere ao uso intensificado do solo de forma correlacionada, como relata Lima,

Bahia, Curi, Silva.princípios e erodibilidade do solo.

O uso intensivo do solo visando a exploração agropecuária, provoca e acelera uma serie de alterações em suas propriedades morfológicas, físicas, químicas, e biológicas, alterações que podem e devem, em alguns casos, estar tomando um duplo sentido, ora com caráter positivo, ora negativo, com relação ao sistema solo-água-planta.(p38)

Convém ainda ressaltar, que os impactos ambientais correlacionados entre

solo e água estão diretamente ligados ao desmatamento. E o que esclarece Santos,

Bahia, Teixeira. Queimadas e erosão do solo.

A principal característica das queimadas e a redução ou eliminação da cobertura vegetal do solo, o que favorece o escorrimento superficial da água das chuvas, agravando o processo erosivo. Com a insuficiente cobertura do solo, a camada superficial sem proteção pode sofrer uma forte compactação pelas gotas de chuva. Esta camada compactada, por sua vez, reduz a infiltração de água e dificulta a emergência e o estabelecimento das plantas. A cobertura vegetal apresenta também um efeito benéfico na melhoria da estrutura do solo, aumentando a sua capacidade de retenção de água, pelo efeito da adição de matéria orgânica. (p.62)

Considerando-se uma área onde existam barramentos d’água, o

desmatamento pode ser um agravante, de modo que a recarga do lago artificial

poderá apresentar inúmeros problemas tanto de ordem ambiental, como também de

ordem sócio-econômica. Assim, deve planejar tal procedimento, tendo sempre o

cuidado com as condições que viabilizem o seu uso contínuo, para que não haja

qualquer comprometimento de estrutura.

A este respeito Pereira, Oliveira, Mesquita, ressaltam: As represas são

construídas por meio de um aterro que atravessa, lado a lado, o curso de água. Na

construção delas, atenção especial deve ser dada aos sangradouros, pois estes, se

mal dimensionados e/ou não protegidos por vegetação ou outro meio, podem sofrer

e/ou causar forte erosão, o que leva inclusive ao desmoronamento da barragem. (...)

(p.69)

É válido destacar que as barragens são utilizadas para diversos fins, como

abastecimento público de água potável, fornecimento de energia elétrica, irrigação, a

pratica da pesca, entre outros usos. Independente do fim que é dado às águas das

represas, a questão sobre a qualidade da água em qualquer lugar do mundo deve

ser priorizada.

METODOLOGIA

Para uma melhor compreensão do objeto de estudo, buscou-se em primeira

instância a contextualização histórica da área da nascente, bem como a sua

importância para a interação do ecossistema como um todo. Como partida, realizou-

se um estudo bibliográfico envolvendo a produção científica concernente à temática

em estudo, no sentido de estruturar o embasamento teórico para o desdobramento

desse trabalho. Ao realizar as atividades de pesquisa, considerou os elementos

relevantes para contextualizar e abordar com consistência, o presente estudo.

Inicialmente, levou-se em conta a ocupação e uso do solo no entorno da

nascente, a retirada da vegetação natural, as captações de água para construção de

barragens e abastecimento humano, bem como o uso de agrotóxico na lavoura

cafeeira adjacente.

Para tanto, foi feita uma análise preliminar, destacando o ambiente com uma

seleção fotográfica, bem como a aplicação de entrevistas com a população

ribeirinha. Em seguida, foi necessário analisar o processo da supressão da

vegetação (mata ciliar) feita no entorno da nascente, como também ao longo do

curso do rio, de maneira especial, nas áreas de captação, onde foram construídas

as barragens para irrigação de lavoura cafeeira ou para abastecimento humano.

Como não poderia deixar de ser, foi realizada uma observação contínua, nas

lavouras cafeeiras do entorno do rio, para identificar o uso de aplicações de

agrotóxicos.

Na seqüência, foram elencadas algumas informações, conseguidas através das

instâncias públicas e de planejamento: UESB, Prefeitura, Secretaria Municipal de

Agricultura, quando foram elencadas algumas informações sobre os instrumentos

legais, como também propostas de planejamento e intervenção sobre o uso e

ocupação do entorno da nascente e ao longo do rio.

No sentido de dar melhor respaldo às informações, foram aplicados

questionários e entrevistas aos proprietários da região e moradores antigos, que

conheceram o Rio Catolé, quando não havia a exploração humana no patamar da

atualidade. Completando ainda o acervo de coletas, visitou-se o assentamento do

Mocambo, cuja população utiliza a água do rio para abastecimento doméstico e

animal, captada diretamente, no coração da sua nascente. Além disso, foi aplicada

uma matriz de avaliação de impacto, a qual foi de grande relevância para o

presente estudo, tendo em vista que sumariza as principais causas de ameaças

para o desenvolvimento sustentável de uma micro-bacia. Dessa forma, avalia

diretamente os elementos, na sua amplitude geográfica, socioeconômica e

ambiental.

Este conjunto de informações, aliado ao entendimento do referencial

teórico-metodológico, permitiu que se fizesse um estudo relevante das condições

em que se encontra a nascente e parte do curso o rio Catolezinho, será levado ao

conhecimento das autoridades locais, órgãos competentes e população em geral,

especialmente aquela que usufrui dos recursos ali existentes, objetivando um

planejamento racional e exeqüivel dos mesmos, permitindo que as gerações atuais

e futuras possam ter o prazer não apenas de conhecer a história do rio, como

também de participar e usufruir do bem mais importante para a vida, que é a água.

Partindo dessa ótica, espera-se contribuir de maneira positiva, permitindo

efetivamente que se atente para um planejamento mais adequado, que possa

aplicar um ordenamento mais correto, considerando, evidentemente, a dinâmica da

micro-bacia, seus elementos físicos, biológicos e sociais, bem como as inter-

relações entre esses elementos, dada a importância dos mesmos para a sintonia do

ecossistema, uma vez que a escassez generalizada, a destruição gradual e o

agravamento da poluição dos recursos hídricos em muitas regiões do mundo, ao

lado da implantação progressiva de atividades incompatíveis, exigem o

planejamento e manejo integrado desses recursos. Essa integração deve cobrir

todos os tipos de massas inter-relacionadas de água doce, incluindo tanto águas de

superfície como subterrâneas, e levar devidamente em consideração os aspectos

quantitativos.

CAPÍTULO II

1.0 – ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS

A legislação ambiental da Coroa Portuguesa, entre os séculos XVI e XVIII,

preocupou-se com a preservação das águas e das florestas. A aplicação das

Ordenações Manuelinas foi estendida ao Brasil até 1532, quando ocorreu a divisão

do território em capitanias. Isso demandou a adaptação de vários de seus

dispositivos, através das “cartas de doação” e dos “forais”. Na realidade, ao

aplicar-se ao Brasil as Ordenações Manuelinas, dota-se, desde o início, o Brasil de

uma embrionária legislação ambiental. Até a vinda da família real para o Brasil em

1808, essa legislação será progressivamente enriquecida por uma infinidade de

regimentos, ordenações, alvarás, decretos, leis e outros instrumentos legais.

A legislação ambiental da Coroa portuguesa tomou um rosto local brasileiro,

a partir de 1548. Nessa época, o Governo Geral do Brasil começou a editar e

aplicar uma série de regimentos, ordenações, alvarás e outros instrumentos legais

visando à preservação e conservação dos recursos naturais. Sob o domínio

espanhol, passaram a vigorar no Brasil as Ordenações Filipinas, consolidadas de

11 de janeiro de 1603. Essa compilação manteve toda legislação anterior e

agregou novos dispositivos. Nessa nova consolidação legal da monarquia,

aparecem importantes medidas visando a manutenção da qualidade das águas e

de seu potencial produtivo, como a proibição de pesca com rede em determinadas

épocas e uma série de referências expressas à poluição das águas. Isso quando

as águas eram abundantes e a demanda inexpressiva. Essa legislação tratava da

natureza como um todo e vinculava águas e florestas. O Regimento do Pau-Brasil,

editado em 1605, foi um marco em termos de política.

Hoje, entretanto, existem leis muito mais eficazes e específicas, que tratam

os elementos naturais em suas particularidades, determinando às estruturas

organizacionais a competência de cada uma, no sentido de garantir o controle e o

gerenciamento de todos, garantido melhoria ambiental e, conseqüentemente,

melhoria na qualidade de vida do país como um todo. A seguir, estão elencadas as

principais Leis que vigoram atualmente.

1.1 – Política Nacional dos Recursos Hídricos

A Política Nacional dos Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos, promulgada em 8 de janeiro de 1997,

através da Lei nº 9.433, trata de maneira específica, a questão deste recurso, que

se constitui num bem natural, essencial à vida e, ao longo dos anos, tem se

tornado alvo de preocupação da humanidade, haja vista o grau de ameaças que

vem sofrendo.

Partindo desses pressupostos, entende-se que a preocupação para com os

recursos hídricos, deve ser uma constante na vida de todo cidadão, que deve ser

conhecedor dos seus direitos e deveres, no sentido de buscar a validade dos

mesmos. Para assegurar-lhe esses direitos, a Lei n. 9.433 de 08 de janeiro/1997

através da Política Nacional de Recursos Hídricos, no capítulo I, previstos no

artigo 1º baseia-se em vários fundamentos, que determinam desde a posse da

água como sendo de toda a humanidade, bem como das competências, valor

econômico, cultural, social e ambiental.

A partir dos fundamentos da referida Lei, a política dos recursos hídricos

objetiva, particularmente, assegurar às gerações presentes e futuras a

disponibilidade de água dentro dos padrões de qualidade.

1.1.1 - Política Nacional do Meio Ambiente - Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos

de formulação e aplicação, e dá outras providências. Art. 1° - Esta Lei, com

fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 225 da Constituição, estabelece

a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e

aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e institui o

Cadastro de Defesa Ambient

A Política Nacional do Meio Ambiente visará à compatibilização do

desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio

ambiente e do equilíbrio ecológico; à definição de áreas prioritárias de ação

governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos

interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos

Municípios; ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de

normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; (...); à divulgação de

dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a

necessidade a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio

ecológico. à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua

utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para manutenção do

equilíbrio ecológico propício à vida; à imposição, ao poluidor e ao predador, da

obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da

contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

1.1.2 - Política Ambiental do Estado da Bahia

O Estado da Bahia tem uma área de 567.295 km e uma população de

13.066.764 habitantes dos quais 67.04% em área urbana e 32.95% em áreas rurais,

segundo o censo do IBGE de 2000. Extensa porção da área do estado está situada

no semi-árido, representando cerca de 69% do seu território, onde vivem perto de 6

milhões de habitantes.

Devido à escassez hídrica, a Bahia conta com uma vazão especifica média

estimada em 2l/s/km, sendo este portanto um fator limitante do desenvolvimento

econômico e social em extensas áreas do território estadual, explicando os baixos

níveis de renda, os padrões insatisfatórios de nutrição, saúde e saneamento, de

parcela muito representativa de sua população.

Nesse contexto, o recurso água carece de uma gestão participativa e

integrada para que o desenvolvimento se realize em bases sustentáveis. Dessa

forma, o Estado da Bahia tem tomado importantes iniciativas relacionadas a gestão

dos recursos hídricos, e elas a Promulgação da Lei 6.855, de 12/05/1995, sobre a

Política , o Gerenciamento e o Plano Estadual de Recursos Hídricos e o início de

sua regulamentação, através do Decreto n° 6.296, de 21/03/1997, sobre a outorga

de direitos de uso de recursos hídricos.

1.1.3 - A Política , o Gerenciamento e o Plano Estadual dos Recursos Hídricos

A Política, o Gerenciamento e o Plano Estadual de Recursos Hídricos reger-

se-ão pelos princípios e normas estabelecidas por esta Lei. A Política Estadual de

Recursos Hídricos tem por finalidade o desenvolvimento e o aproveitamento racional

dos recursos hídricos do estado, devendo obedecer sempre aos princípios básicos

determinados pela referida lei. É direito de todos, o acesso aos recursos hídricos do

Estado; a distribuição da água no território do Estado da Bahia deverá obedecer

sempre a critérios econômicos, sociais e ambientais de forma global e sem distinção

de prevalência; o planejamento e o gerenciamento da utilização dos recursos

hídricos do Estado da Bahia serão sempre compatíveis com as exigências do

desenvolvimento sustentado; a cobrança pela utilização dos recursos hídricos do

Estado levará sempre em conta a situação econômica e social do consumidor, bem

como o seu fim.

A elaboração dos Planos Diretores de Recursos Hídricos representou um

marco decisivo para o conhecimento da heterogeneidade dos problemas referentes

aos recursos hídricos no Estado, bem como o ponto de partida para a adoção de

ações integradas que pudessem, de fato, causar impacto positivo nas

citadas regiões. A complexidade das tarefas exigidas pelo gerenciamento dos

recursos hídricos despertou o Governo para a necessidade da existência de um

órgão gestor autônomo, fazendo surgir a Superintendência de Recursos Hídricos –

SRH, criada em 18/01/95, pela Lei nº 6.812, com o objetivo de desenvolver e

executar projetos, políticas públicas, medidas e proveniências relativas ao

disciplinamento, uso e gestão dos recursos hídricos no Estado.

1.1.4 – Novo Código Florestal

No sentido de gerenciar e melhor administrar os recursos florestais do país,

foi criada a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Novo Código

Florestal, que consta de vários normas e instrumentos para proteção e recuperação

das florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação,

reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a

todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as

limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.

No intuito de incentivar a recuperação de áreas degradadas o Estado da Bahia

instituiu o Programa de Fomento Florestal para o Estado da Bahia – Florestas para o

Futuro, mediante a Lei nº 7.396, de 4.8.98. Conforme o disposto no art. 10, dessa

norma, qualquer produtor rural interessado deverá inscrever-se no Programa

Florestas para o Futuro, sendo beneficiado com o reflorestamento de até 50 há e de

até 500 há de manejo florestal. Pequenos e médios proprietários são prioritariamente

beneficiários do Programa.

Por meio desse Programa de Fomento Florestal torna-se possível aos

movimentos sociais rurais, aqui representados pelo recorte específico dos

assentamentos de trabalhadores rurais, implementar projetos de recuperação de

áreas degradadas, seja utilizando espécies nativas, seja utilizando espécies

ecologicamente adaptadas, visando uma melhoria nas condições sócio-econômicas

e ambientais das áreas de assentamentos.

Nessas áreas é necessário que assegure ampla participação da comunidade

local e da sociedade que civil organizada, atendendo ao princípio da participação

popular, previsto no direito e na legislação ambiental, a exemplo do art. 225, da

C.F./88. Somente com envolvimento, democratização das relações e efetiva

participação da comunidade, pode-se manusear com eficácia, os instrumentos

jurídicos-políticos disponíveis para a recuperação de áreas de preservação

degradadas, edificando uma ordem de justiça social no campo.

1.1.5 – Lei Orgânica Municipal

A Lei orgânica municipal, dedica o capítulo V, páginas 72 a 73 às questões

ambientais do município. O art 104 reserva a todos, o direito de usufruir de um

espaço ecologicamente equilibrado, à sadia qualidade de vida, impondo ao poder

público e à comunidade, o dever de defender o meio ambiente e �reserva-lo para as

gerações futuras.

No sentido de dar maior respaldo ao capítulo dedicado ao meio ambiente, a

referida lei consta de 2 artigos, contendo 5 parágrafos e 7 incisos, todos muito bem

estruturados de acordo à realidade municipal.

1.1.6 – Resolução CONAMA nº 303 de 20 de março de 2002

Considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da

Convenção da Biodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971 e da

Convenção de Washington, de 1940, bem como os compromissos derivados da

Declaração do Rio de Janeiro, de 1992; que as Áreas de Preservação Permanente e

outros espaços territoriais especialmente protegidos, como instrumentos de

relevante interesse ambiental, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das

presentes e futuras gerações, resolve:

o estabelecimento de parâmetros, definições e limites referentes às Áreas de

Preservação Permanente.

1.1.7 - RESOLUÇÃO CONAMA Nº 20, de 18 de junho de 1986

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no uso das atribuições

que lhe confere o art. 7º, inciso lX, do Decreto 88.351, de 1º de junho de 1983, e o

que estabelece a RESOLUÇÃO CONAMA Nº 003, de 5 de junho de 1984;

considerando ser a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à

defesa de seus níveis de qualidade, avaliados por parâmetros e indicadores

específicos, de modo a assegurar seus usos preponderantes; considerando que os

custos do controle de poluição podem ser melhor adequados quando os níveis de

qualidade exigidos, para um determinado corpo d'água ou seus diferentes trechos,

estão de acordo com os usos que se pretende dar aos mesmos; onde o

enquadramento dos corpos d'água devem estar baseado não necessariamente no

seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às

necessidades da comunidade; levando em conta que a saúde e o bem-estar

humano, bem como o equilíbrio ecológico aquático, não devem ser afetados como

conseqüência da deterioração da qualidade das águas.

Conforme se observa, no que se refere a leis e instrumentos de

direcionamento e gerenciamento, o país e o estado da Bahia são providos de grande

acervo, que não deixa a desejar para nenhum outro país ou estado. Todavia, a

aplicação dessas leis, não estão diretamente atreladas às políticas públicas,

capazes de fazer valer e aplicar os instrumentos legais vigentes, até mesmo porque

na maioria das vezes elas não são condizentes com a atual conjuntura

socioeconômica e cultural da população em geral. Não obstante, é necessário que a

questão educacional também esteja condizente com o que estabelece as leis e

instrumentos legais quanto ao Meio Ambiente, vez que é fator determinante no

processo e aplicação do conhecimento. Assim,

A educação, e seu significado político e social no Brasil, tem de ser levada em consideração quando pensamos em educação ambiental. Afinal, um aspecto elementar precisa ser definitivamente incorporado pelos que trabalham na área: educação ambiental é educação e é dentro desta perspectiva que devemos �ompreende-la. Entretanto, sua prática descontextualizada, sem respeitar princípios pedagógicos, gera resultados inócuos e, muitas vezes, duvidosos em termos qualitativos. (LOUREIRO, 2003, p.37).

Diante do exposto, é necessário refletir sobre a questão evidenciada,

rompendo com o modelo que se vivencia, no sentido de incrementar práticas

educacionais mais democráticas, sistematizando o conhecimento ecológico de forma

multidisciplinar, envolvendo questões de ordem social, econômica e cultural, para

que se forme uma sociedade tomada de responsabilidades, tendo como princípio

básico, o direito à vida de qualidade, respeitando as especificidades locais, regionais

e planetárias.Promover a conservação e manter estrutura de monitoramento da

quantidade e qualidade dos mananciais hídricos além, de articular-se com outros

órgãos do Estado com interesses afins, firmando convênios e projetos de

cooperação.

Todavia, a fragmentação das responsabilidades pelo desenvolvimento dos

recursos hídricos entre organismos setoriais, está se constituindo, muitas vezes, em

um impedimento ainda maior do que o previsto para promover o manejo hídrico

integrado. São necessários mecanismos eficazes de implementação e coordenação,

baseados nas necessidades e prioridades da comunidade, dentro do quadro da

política nacional de desenvolvimento econômico. Para tanto, faz-se necessário

promover a conservação e manter a estrutura de monitoramento da quantidade e

qualidade dos mananciais hídricos, além da articulação com outros órgãos do

Estado com interesses afins, firmando convênios e projetos de cooperação.

Um ótimo exemplo,é a elaboração dos Planos Diretores de Recursos

Hídricos, que representou um marco decisivo para o conhecimento da

heterogeneidade dos problemas referentes aos recursos hídricos no Estado, bem

como o ponto de partida para a adoção de ações integradas que pudessem, de fato,

causar impacto positivo nas citadas regiões.

1.2 - BACIA HIDROGRÁFICA

O estudo da bacia hidrográfica tem se tornado um dos meios mais eficazes

para o controle dos diversos agentes poluidores dos mananciais hídricos, uma vez

que esta unidade geográfica abrange diversos usos, sendo portanto, mais

susceptível à degradação causada pela interferência antropocêntrica. O que tem

exigido das autoridades responsáveis a articulação de um gerenciamento que seja

capaz de sustentar as diversas atividades humanas, a médio ou a longo prazo.

Segundo Silva e Pruski, a bacia hidrográfica e adotada como unidade de

planejamento para qual há necessidade de se estudar o gerenciamento do recurso

natural com um todo, sem redução temática. (2000 p. 05).

O planejamento ambiental de bacias hidrográficas exige um trabalho

interdisciplinar, já que o direcionamento eficaz da gestão dependera de diversos

aspectos a serem observados e investigados, e para tanto e necessário que haja um

diagnostico prévio da área através de coleta de dados significativos, como também a

partir deste ultimo a determinação do prognostico, a fim de tornar viável a aplicação

das ações publicas adequadas.

Os múltiplos usos da bacia hidrográfica envolvem uma gama de interesses

irrestritos, já que esta possui importância local, nacional e mundial. A bacia

amazônica, por exemplo, cuja extensão ultrapassa as fronteiras de vários paises da

América do Sul, é considerada a maior bacia hidrográfica do mundo em extensão e

volume d’ água, sendo aproveitada para navegação, atividade pesqueira, alem de

fornecer energia elétrica através de hidrelétricas. Ressalta Shiavetti.

(...) o uso da BH como unidade de gerenciamento da paisagem e mais eficaz porque? (i ) no âmbito local, e mais factível a aplicação de uma abordagem que compatibilize o desenvolvimento econômico e social com a proteção dos ecossistemas naturais, considerando as interdependências com as esferas globais/ (ii) o gerenciamento da BH permite a democratização das decisões, congregando as autoridades, os planejadores e os usuários (privados e públicos) bem como os representantes da comunidade (associações sócio-profissionais, de proteção ambiental, de moradores etc.) (p.21).

Apesar disso, a situação dos mananciais hídricos desta unidade de

planejamento, tem apresentado muitos problemas de ordem ambiental ocasionada

pela falta de conscientização dos seus usuários. O desmatamento, por exemplo,

quando praticado sem planejamento, tem contribuído para o assoreamento das

bacias e micro-bacias de muitas das regiões brasileiras. Concordando com

Shiavetti,os impactos de maior ocorrência em BH estão associados aos problemas

de erosão dos solos, sedimentação de canais navegáveis, enchentes, perda da

qualidade da água e do pescado e aumento do risco de extinção de elementos da

fauna e flora. (...) (p.28).

1.2.2 – Bacia Hidrográfica do Rio Pardo

O Rio Pardo nasce na Serra Geral, flanco Ocidental da Serra do Espinhaço,

no estado de Minas Gerais, abrange uma área de aproximadamente 25.290 km².

Sua foz está situada próximo à cidade de Canavieiras no litoral baiano. Tem porte

relativamente grande, com nascentes situadas fora da área de domínio da Mata

Atlântica e curso médio e inferior cortando formações diversas, incluindo floresta

ombrófila. A ictiofauna é pouco conhecida e inclui, pelo menos, uma espécie

ameaçada e possivelmente possui relações com a fauna da bacia do Rio

Jequitinhonha. A bacia é classificada na (Ecorregião 12 – Mata Atlântica) – Os

riachos de cabeceira, calha de rios e lagoas marginais desta bacia localizada no

Estado da Bahia, são muito pouco explorados, tornando-a quase totalmente

desconhecida do ponto de vista biológico.

A fragilidade do ecossistema, o baixo grau de conservação e o elevado grau

de ameaça recomendam ações urgentes de manejo e recuperação. A área foi

recomendada para realização urgente de inventários biológicos e também foi

sugerida criação de unidade de conservação. Toda a área da Bacia no Estado de

Minas Gerais, pertence ao comitê da Bacias Hidrográficas de Minas Gerais.

Na sua montante, foi construída a barragem hidrelétrica da CEMIG, no Distrito

de Machado Mineiro. Quando a cheia atinge o volume de 202 (duzentos e dois

milhões de metros cúbicos de água) o rio banha o distrito. Na região, somente o rio

mosquito deságua já na divisa com o estado da Bahia. Serve como fonte de

irrigação de várias plantações às suas margens (café e outros), sendo local muito

freqüentado por pescadores profissionais, pois a CEMIG mantém um centro de

reprodução de espécies diversas de peixes, os quais são soltos aos milhares para

manter a existência dos mesmos. Animais como a lontra, são encontrados no local.

Peixes mais comuns são Corimatã, traíra, piau e outros. Mais de 90% da área do rio

no interior do estado compõem a referida barragem.

CAPÍTULO III

3.0 - CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA E AMBIENTAL DO MUNICÍPIO

DE BARRA DO CHOÇA/BA

2.1 - Localização Geográfica

Mapa 1 .

PARAGUAÇU

CHAPADADIAMANTINA

41º

40º

RECÔNCAVO SUL

14º 14º

41º

40º

SE

RR

A

GE

RA

L

L

IT

OR

AL

SU

L

EXTREMO SUL

MI

NA

S G

ER

AI

S

SUDOESTE DA BAHIA

FONTE: CEI, 2000

O município de Barra do Choça é localizado no Planalto Sul Baiano e

Encostas orientais do Planalto de Vitória da conquista, na Região sudoeste da

Bahia, sendo limítrofes os municípios de Vitória da conquista, Caatiba, Planalto e

Itambé.

A sede esta localizada a 14°52’00” latitude Sul e, 40°39’00’’ longitude Oeste, a

537 quilômetros de Salvador e a 32 quilômetros de Vitória da Conquista. A área total

do município e de 781,3 km2, a uma altitude media de 900 m. Compõe-se de 01

distrito- Barra Nova, que e comporta aproximadamente de 11.000 habitantes, 09

povoados: Cafezal, Boa vista, Gaviãozinho, Santo Antonio I e Santo Antonio II,

Cavada I e Cavada II, Capão Verde e Vilas Dias. Juntos, distrito, povoados e,

propriedades agrícolas em geral, comportam a maioria da população, somando um

total de 23.000 habitantes. A sede, por sua vez, comporta a minoria que soma

17.800 habitantes totalizando, portanto 40.800 habitantes, segundo o ultimo senso.

2.2 - Aspectos histórico, sócioe-conômicos e demográficos

As origens do município remontam a 1903, quando a Vila de Tanque Velho

subsistia da plantação de mandioca, feijão, milho, abacaxi e banana. Mais tarde, o

nome da Vila mudou para Tanque Velho da Barra, e posteriormente, para Distrito de

Barra do Choça. Barra significa divisa (entre rios Catolé e Choça ) sendo que o

termo Choça também e o nome de um capim nativo da região. Em 22 de junho de

1962, foi emancipado de Vitória da Conquista pela Estadual 1.694.

A partir de 1972, com a implantação da lavoura cafeeira, o município adquire

novas perspectivas na sustentabilidade do seu desenvolvimento abrangendo níveis

geográficos, econômicos, sociais e culturais. A partir de então, as relações sócio-

econômicas no município passam por profundas transformações - Barra do Choça

torna-se um pólo atrativo de imigrantes, dada a necessidade de mão-de-obra nas

lavouras de café. Há uma reestruturação no setor agrário, já que a policultura cede

espaço para a monocultura, justificando-se a instalação de médias propriedades, as

quais, conseqüentemente acabam promovendo a desvalorização daquelas de micro

e pequeno porte, onde eventualmente, se produz para a subsistência.

Para melhor compreender esse quadro, basta observar o gráfico abaixo.

Entre os anos de 1970 a 1980, enquanto a Bahia registrou um crescimento relativo

urbano de 48,9%, enquanto Barra do Choça apresentou uma taxa de crescimento de

326,3%. Nota-se portanto, a problemática vivenciada pelo município.

Tal fato vem reafirmar a influência que a lavoura cafeeira exerce sobre a

região , quando modifica não apenas as relações no campo, como também a infra-

estrutura da localidade em geral. Neste momento, com o deslocamento da grande

massa da população do campo para a cidade e de pessoas que vieram de outras

regiões, Barra do Choça ganha uma nova feição, tendo que obedecer à lógica da

política econômica do Estado ‘’uma vez que a implantação da lavoura cafeeira em

Barra do Choça, não esteve desarticulada da conjuntura política e econômica pela

qual passava o país naquele momento histórico. (...) Isso, porque o Brasil

‘’’precisava’’ aumentar a quantidade exportada para fazer frente ao pagamento da

dívida externa que crescia vertiginosamente’’. OLIVEIRA – julho 1991 p. 16.

Gráfico I – Crescimento Demográfico do Município de Barra do Choça/Ba Décadas de 50/90

0%50%

100%150%200%250%300%350%

50/60 60/70 70/80 80/90

B. Choça

Bahia

Fonte: Crescimento Demográfico de B. do Choça – Bahia / UESB-1995

Outro dado relevante que serve para compreender a atual situação sócio-

econômica do município, é o local de residência dos produtores rurais.Conforme se

observa na tabela abaixo, 49,3% dos proprietários residem em outros municípios,

destacando o município de Vitória da Conquista com um índice bastante expressivo

– 39,6%, situando-se em segundo lugar para os que residem na própria localidade,

isto é, para aqueles proprietários que residem no próprio estabelecimento, que são

por sua vez, são os que possuem as menores propriedades. Este fato vem constatar

a observação feita por alguns estudiosos, quando afirmam que o crescimento

econômico de Barra do Choça é pouco desenvolvido em função da maior parte da

população local ser composta de lavradores, enquanto os maiores produtores

residem em outras regiões.

Assim, a maioria dos lucros oriundos da cafeicultura, é investida fora do

município, quando a localidade deixa de usufruir os investimentos que poderiam

contribuir para o seu desenvolvimento sócio-econômico. Mesmo considerando tais

problemas, atualmente o município ostenta o título de maior produtor de café do

norte e nordeste.

TABELA I – Local de Residência dos Proprietários Rurais- Barra do Choça-BA 1997

LOCAL DE RESIDÊNCIA

%

VITÓRIA DA CONQUISTA

39,6

BARRA DO CHOÇA (sede)

10,4

BARRA DO CHOÇA (na propriedade)

40,3

OUTROS MUNICÍPIOS

9,7

TOTAL

100,0

FONTE: Estrutura Fundiária de Barra do Choça/BA - UESB, l997

No que se refere à organização produtiva, é importante assinalar, que os

pequenos produtores do município, em sua grande maioria, já se organizam em

associações. Atualmente, Barra do Choça, já conta com 18 associações agrícolas,

somando um total de 700 associados. Facilitando, desse modo, o acesso aos

serviços básicos, tais como, saúde, educação, melhoria de estradas, energia

elétrica, telefone público, água potável, assistência técnica, crédito bancário, bem

como a aquisição de insumos agrícolas e comercialização dos produtos.

No que concerne à organização das associações, o Banco do Nordeste,

através do PRONAF (Programa Nacional de Agricultura Familiar), vem financiando a

atividade agropecuária, na qual já aplicou o montante de R$ 6.000.000.00 (seis

milhões de reais), os quais foram investidos em implantação e revigoramento de

cafezais, beneficiando direta e indiretamente, cerca de quinhentas famílias.

É importante ressaltar que as conquistas adquiridas no setor agrícola se

devem à criação da Secretaria Municipal de Agricultura e Expansão Econômica, que

desde janeiro de 97 vem atuando com seriedade e competência, juntamente com as

instituições parceiras EBDA E ADAB, com o objetivo principal de atender ao micro e

pequeno produtor rural, além de promover o fortalecimento do comércio local.

A presença de indústria no município ainda é pequena, notadamente,

predominam os seguimentos de produtos alimentícios, olaria, carpintaria/marcenaria

e torrefação de café. De acordo com o Censo Empresarial realizado pelo SEBRAE

em 1999, o Setor Industrial detém a fatia de 9,4% da estrutura empresarial do

município. Foram cadastradas 435 unidades, das quais, 41 são do setor industrial,

122 empresas do setor comercial, cabendo ao setor de prestação de serviços, a

hegemonia na comunidade empresarial, com 272 unidades. Em relação ao setor

terciário, o comércio detém a parcela de 28,1% e a prestação de serviços 62,5%,

destacando-se como responsável por 90,6% das atividades empresariais do

município.

Um indicativo importante que deve ser analisado é o quadro de classificação

sócio-econômico de Barra do Choça no contexto da Região Sudoeste. Os

indicadores ressaltados, apontam para uma realidade um tanto contraditória, haja

vista que o seu desenvolvimento deveria alcançar um patamar bem mais elevado,

pois o município desenvolve uma atividade agrícola de grande peso frente à

economia nacional. Observe, que em relação aos municípios vizinhos de Itambé e

Planalto, Barra do Choca apresenta uma expressiva diferença entre o IDE (Índice

de Desenvolvimento Econômico) e, conseqüentemente,dos demais indicadores.

Segundo pesquisas do INEP, tal fato ocorre em função da comercialização da

maioria da safra do café produzido no município ser feita em outras regiões,

notadamente, em Vitória da Conquista, promovendo, dessa maneira, a redução do

capital investido aqui no município, afetando diretamente, o desenvolvimento interno.

TABELA II – Classificação Sócio-econômico / Barra do Choça - Ba

MUNICÍPIO

IDE

IDH

IDES

CLASSIFICAÇÃO

Caatiba 30,54 17,67 23,23 340° Barra do Choça 46,93 17,79 28,89 259°

Planalto 77,75 15,32 34,51 182° Itambé 73,16 19,62 37,89 148°

Vitória da Conquista

307,50 29,87 95,84 10°

Salvador 1.114,75 42,68 218,13 1° Fonte: SEBRAE – Diagnóstico Municipal - Setembro de 2001

A situação educacional do município é um dos pontos cruciais para

compreender a realidade enfocada. Com os investimentos realizados nos últimos

anos, Barra do Choça alcançou grandes avanços na área educacional, embora

apresente, ainda, algumas carências.O setor conta hoje com 50 estabelecimentos de

ensino. Destes, 43 estão situados na zona rural, e os demais, na zona urbana.

Segundo as últimas pesquisas realizadas pelo INEP, o município apresenta um total

de 9.981 alunos matriculados. A zona rural destaca com um número de 3.200

alunos, enquanto a zona urbana, registra um contingente de 6.781.

Educação Infantil e 100 % do Ensino Médio. Entretanto, a partir de 2001, foi

implantado o regime de colaboração entre o Estado e o Município, como determina a

Lei 9394/96. O Estado passou então a assumir o Ensino Médio e parte do Ensino

Fundamental.

Com a implantação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e Valorização do Magistério – FUNDEF, o setor educacional tem

alcançado melhorias significativas. Na Zona Rural, várias escolas foram reformadas,

inclusive com instalação de energia elétrica e solar, naquelas mais distantes.

Somando a isso, a atual administração tem procurado dotar as unidades de ensino

das condições básicas necessárias para melhor desenvolver as atividades

pedagógicas. Atualmente, o município conta com 95% das escolas antigas

reformadas, 34 salas de aulas construídas e equipadas recentemente, objetivando,

dessa maneira, a ampliação do número de vagas, que é uma das metas prioritárias

do setor da educação. O gráfico a seguir retrata melhor essa realidade.

GRÁFICO II – Número de Alunos Matriculados na Rede Municipal – Barra do

Choça-Ba

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000 1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

FONTE: Censo Escolar – MEC – Dezembro – 2002

Conforme se observa, entre os anos de 1996 a 2002, o número de alunos

matriculados teve um aumento bastante significativo, fato que assegura os

investimentos realizados no setor educacional que tem garantido a inserção do

aluno no processo.

Buscando também a qualidade do ensino, foi implantado o novo Plano de

Cargos e Salários, com o intuito de valorizar cada vez mais o profissional da

educação. Além disso, durante o ano letivo são desenvolvidos vários cursos de

capacitação, objetivando sempre o aperfeiçoamento dos docentes.

A área de saúde tem servido de espelho para outros municípios. Barra do

Choça desenvolve uma política que implementa suas ações baseadas no Plano

Plurianual, e tem como objetivo oferecer serviços com qualidade e igualdade para a

população. O Sistema Municipal de Saúde conta hoje com uma Secretaria equipada

com as seguintes unidades:

01 hospital

01 ambulatório médico

01 policlínica de atendimentos especiais

01 centro de saúde

07 unidades de saúde da família

01 central de marcação de consultas

Já foram montados 05 consultórios odontológicos servindo ao PSF (04

clínicos, 02 pediatras, 01 ginecologista), 09 médicos especialistas, 01 psicólogo e 01

fisioterapeuta. O hospital é servido com 22 médicos especialistas em várias áreas.

Para a reorganização dos serviços de saúde, foi adotado com estratégia, a

ampliação do PACS (Programa Agentes Comunitários) e implantação do PSF

(Programa Saúde da Família), com sete equipes atuando para ampliar a oferta de

serviços básicos e de ações preventivas e educativas.

Para melhor administrar o Sistema Único de Saúde, a Secretaria optou pela

Gestão Plena do Sistema. Com a Municipalização, Barra do Choça pode

implementar uma Unidade Ambulatorial para a oferta de serviços de média

complexidade com acesso a consultas e procedimentos em diversas especialidades

(Ortopedia, cardiologia urologia, pré-natal de alto risco, psiquiatria, psicologia

neurologia, citologia, fisioterapia, ultra-sonografia, gastroenterologia, elecardiograma,

eletroencefalograma e outros). As ações de alta complexidae serão oferecidas pelo

Sistema Único de Saúde na cidade vizinha de Vitória da Conquista e em outras

cidades de maior porte, do Estado da Bahia.

A reestruturação da Atenção Básica de Saúde, desde o início da

Municipalização, tem sido o objetivo principal, por entender que é necessário

trabalhar saúde de uma maneira integral, no sentido de promoção, proteção e

recuperação, com a participação popular. Não apenas para atender às

necessidades, mas também para que a população possa compreender as

dificuldades e estratégias de ação, principalmente para decidir sobre as ações

desenvolvidas, levando em consideração os hábitos culturais da população como

um todo.

Diante do exposto, percebe-se que o município tem passado por várias

transformações, haja vista que vem desenvolvendo uma proposta de trabalho que

prioriza as estruturas básicas, buscando sempre o apoio de parcerias que possam

fortalecer o desenvolvimento endógeno, mantendo o elo de cooperativismo com

instituições das esferas municipais, estaduais e federais, comprometidas com a

melhoria da qualidade de vida da população.

Além do mais, a atual gestão conta com uma equipe que trabalha com

dedicação, empenho, competência e compromisso, objetivando sempre o

crescimento sócio econômico e cultural da região. Somando a isso, a comunidade

tem contribuído constantemente, com o intuito de buscar para o município, os

benefícios que possam contribuir par o seu desenvolvimento.

2.3 – CLIMA

O clima predominante no município de Barra do Choça do subúmido ao seco

(C1 D B) e tropical de altitude, apresentado um temperatura media anual de 20o C. O

período chuvoso abrange os meses de outubro a marco (período da chuva das

águas) e de abril a julho (período da neblina). O período seco ocorre nos meses de

agosto e setembro, com déficit hídrico bastante reduzido.

Na caracterização climática da área em estudo, a precipitação pluviométrica

reveste-se de grande importância, sobretudo pelos seus aspectos de distribuição

espacial e temporal. A distribuição das precipitações ao longo do tempo está

condicionada principalmente à ação das correntes de circulação.O relevo é um fator

preponderante na síntese do quadro climático, na medida que atua barrando ou

deixando penetrar as massas frias e úmidas causadoras de chuvas.

Em decorrência da localização geográfica da sub-bacia do Rio Catolé Grande,

registra-se nesta área quatro unidades mesoclimáticas, segundo estudos do Projeto

RADAMBRASIL, descritos sucintamente a seguir com o objetivo de fornecer ao leitor

uma visão geral sobre o clima na área da Bacia.

2.3.1Seco Sub-úmido

Representado na sub-bacia do Rio Catolé Grande, pela Encosta do Planalto

de Conquista (Norte do Município de Barra do Choça) e Oeste da Região de

Itapetinga. Os totais pluviométricos variam entre 1200 a 1500 mm anuais, e

excedente hídrico entre 100 e 400 mm anuais. Apresenta menor disponibilidade de

umidade, em razão do período com excedente ser menor (3 a 4 meses), bem como

ser maior o período com deficiência hídrica no solo (5 a 6 meses).

A temperatura média anual verificada neste nusoclima está entre 21,5 e 24°.

As condições térmicas e hídricas verificadas no sub-úmido são favoráveis ao

desenvolvimento de vários produtos agropecuários, segundo pesquisas

desenvolvidas pela estação Experimental da EBDA, No entanto, apesar desta

variedade dos produtos cultivados, a agricultura não constitui a atividade em termos

espaciais, cabendo à pecuária extensiva esta posição.

2.3.2 - Sub-úmido a Úmido

A sub-bacia do Rio Catolé Grande, abrange partes das regiões da Encosta do

Planalto de Conquista, ao Sul no Município de Barra do Choça; na região de Caatiba

e no centro da região de Itapetinga, embora não represente o tipo climático. Esse

clima, é de caráter transicional, que como tal, apresenta elementos tanto do clima

úmido como do subúmido.

A temperatura média anual, entre 22 e 25,5°, apresentam índice de umidade

positiva, os totais pluviométricos situam-se entre 800 e 1.500 mm anuais nos

mesoclimas que mais se aproxima do subúmido, elevando-se para 1.750 mm nas

áreas compreendidas pelo mesoclima úmido.

O excedente hídrico apresenta-se entre 100 e 400 mm anuais e deficiência

hídrica no solo de no máximo 350 mm anuais, por um período de 2 a 4 meses ao

ano.

2.3.3 - Úmido

Representado na sub-bacia do Rio Catolé Grande, por uma pequena faixa

que se encontra a sudeste (na região de Caatiba) e ao Leste de Itapetinga. Com

elevada temperatura média anual (24°), apresenta excedente hídrico de 400 a 800

mm anuais por um período que varia de 4 a 10 meses ao ano, de um modo geral,

quanto à utilização da terra, a agricultura, principalmente através de lavoura

permanente, representa a atividade mais importante, embora na região da sub-bacia

do Rio Catolé Grande, constitui a Pecuária extensiva, como atividade mais

expressiva.

2.3.4 – Semi-Árido. Micro-bacia do Catolé

A micro-bacia do Rio Catolé, é representado por um núcleo que abrange parte

do Planalto da Conquista, no Município de Barra do Choça (nascente do Rio). A

Faixa semi-árida, constitui a parte mais seca encontrada na área de estudo.

Apresenta totais pluviométricos anuais entre 500 e 800 mm, elevada deficiência

hídrica no solo, 350 a 650 mm. Anuais, por um período de 9 a 12 meses ao ano.

Características que justificam o domínio da vegetação de mata de cipó aí

encontrada, ao lado da pecuária semi-extensiva, que constitui a base econômica,

juntamente com a cafeicultura. A afirmação é muito bem representada na figura a

seguir.

2.4 - GEOLOGIA

A região está localizada sobre depósitos detríticos de cobertura terciária-

quaternária, cenozóica, sobre o embasamento do pré-cambriano. Encontram-se

depósitos aluvionários e coluvionários, gnaisses e quartzo feldespato. A estrutura

geológica é composta de rochas metamórficas, em grande parte quartiziticas. A área

de formação geomorfológica e denominada Geraizinhos. As formas do relevo

generalizado encontram-se e classificadas como planos inclinados ou planos, que se

sucedem constituindo pediplanos mais ou menos conservados. Apresenta

características do Geraizinhos, dos Patamares do Médio Rio de contas do Piemont

Oriental do Planalto de Vitória da Conquista.

2.5 - SOLOS

O solo predominante é o Latossolo vermelho-amarelo álico (LVA) com

ocorrência de podzólicos e heteromórficos nas partes mais baixas. Apresenta

influências lito-estruturais notáveis. O Planalto possui uma espessa cobertura ferra-

lítica-areno-argilosa, que, sob as ações do clima, favoreceu o escavamento de

depressões sobre o Planalto e Cabeceiras de vales suspensos. São solos minerais,

não hidromórficos, com horizonte B textual, saturação de bases superior a 50%, com

diferenças de textura do horizonte A para Bt, e, normalmente, apresenta maior mais

de atividade baixa argila que argila de atividade alta. Apresenta os horizontes na

sequência A, Bt, e C, com maior ocorrência de horizonte A moderado, com textura

variando entre média e argilosa, e para Bt, média, argilosa e muito argilosa, podendo

ocorrer fases pedregosas, em relevo plano, suavemente ondulado, forte ondulado e

montanhoso.

As principais ocorrências minerais são a água marinha, cianita, mica e

turmalina. Significativas ocorrências de areia e água mineral. Como classificação

mais detalhada, os solos da sub-bacia do Rio Catolé estão assim dispostos:

2.5.1 - Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico

Encontrados na região de Barra do Choça, mais precisamente na área da

nascente e na região pastoril do município de Itapetinga. São solos minerais, não

hidromórficos, com horizonte B textual, saturação de bases superior a 50%, com

diferenças de textura do horizonte A para Bt, e, normalmente, apresenta maior mais

de atividade baixa argila que argila de atividade alta. Apresenta os horizontes na

sequência A, Bt, e C, com maior ocorrência de horizonte A moderado, com textura

variando entre média e argilosa, e para Bt, média, argilosa e muito argilosa, podendo

ocorrer fases pedregosas, em relevo plano, suavemente ondulado, forte ondulado e

montanhoso.

2.5.2 - Brunizem Avermelhado

Encontrados ao longo do curso do rio Catolé, até a sua foz, na região do

Município de Itarantim/BA São solos minerais, não hidromórficos, caracterizados por

apresentar horizonte B textual. A presentam seqüência de horizontes A, Bt, C, com

nítido contraste entre os horizontes A e Bt, devido à diferença de cor e/ou estrutura.

São moderadamente ácidos e, praticamente neutros, com baixos teores de alumínio

trocável e contêm boa reserva de minerais facilmente decomponíveis, devido ao fato

de não estarem num estágio muito avançado de intemperização. Ocorrem em

relevos que variam de planosa ondulados, com classes de textura média e argilosa,

apresentando textura cascalhenta em alguns trechos. Grande parte desses solos

são utilizados como pastagens. Poderiam ser melhor utilizados com culturas de ciclo

curto, nas classes de relevo que permitam uma boa mecanização.

2.5.3 - Latossolo Vermelho/Amarelo

Estão dispostos em algumas áreas da sub-bacia, entre os municípios de

Barra do Choça e Caatiba – direção Leste/Sudeste. Apresentam geralmente boa

permeabilidade, de profundos a muito profundos, fortes e moderadamente drenados,

boa porosidade e com características físicas propícias ao bom desenvolvimento das

raízes das plantas. Têm pouca diferenciação entre os horizontes e apresenta

seqüência de horizonte A, B e C, com transições geralmente difusas. Na maioria das

vezes, apresentam-se com classes de textura argilosa, possuindo fertilidade natural

baixa.

2.5.4 – Latossolo Vermelho/Amarelo Distrófico

São bastante evidenciados, no entorno da nascente do Rio Catolé. São solos

classificados como minerais, não hidromórficos, comumente profundos a muito

profundos, fortes e moderadamente drenados, com boa porosidade, possuindo

horizonte B latossólico. A seqüência de horizontes constitui-se de A, B e C, com

pouca diferenciação entre eles, e cores variando do vermelho ao amarelo, com tons

intermediários. O relevo varia entre plano até montanhoso. Apresenta-se na maioria

das vezes com saturação de bases inferior a 50%.

2.6 - GEOMORFOLOGIA

Compreende a análise das formas de relevo da sub-bacia do rio Catolé,

segundo estudos realizados pelo Projeto RADAMBRASIL:

2.6.1 - Conjunto Intermediário de Unidades Morfoclimáticas

Este conjunto é resultante de predominância das ações paleoclimáticas

ocorridas após o Terciário Superior. Suas unidades encontram-se em posição

topográfica mais baixa que as anteriores. Constituem-se normalmente de sub-

compartimentos intermontanos e interplanálticos, tendo as diferenças litológicas e a

posição relativa gerando características particulares.

2.6.2 - Piemontês, Patamares Interfluviais e Restos de Esplanadas

formadas a partir do acúmulo de material litificado, no qual aparecem blocos

de dimensões e formas variadas juntamente com o material fino proveniente das

partes mais elevadas, e dissipados pela rede hidrográfica. Tais unidades são

identificadas nas proximidades dos municípios de Barra do Choça, Caatiba e

Itapetinga.

2.6.3 - Conjunto de Unidades Morfoestruturais Culminantes

Demonstram a predominância dos fatores lito-estrurais na formação do

modelado. Planalto Sul-baiano, Cristais e Barras Residuais, Escarpas e

Ombreiras.

Planaltos Sul-baianos – Apresenta influências lito-estrurias notáveis na

morfologia da sub-bacia do Rio Catolé Grande, no Planalto de Vitória da Conquista –

Barra do Choça e Caatiba. O Planalto possui uma espessa cobertura ferra-lítica-

areno-argilosa, que, sob as ações do clima, favoreceu o escavamento de

depressões sobre o Planalto e Cabeceiras de vales suspensos.

Cristais e Barras Residuais – São oriundas da resistência imposta à erosão

por rochas intrusivas com grandes percentagens de sílica, que permitem a

transformação em faixas de morros residuais. Caracterizam o curso do Rio entre os

municípios de Caatiba e Itapetinga.

Escarpas e Ombreiras – Representam os eclíves topográficos, resultantes

de unidades, cujas resistências litológicas permitiram a erosão diferencial de outras

unidades vizinhas. São bastante notáveis no entorno da nascente do referido rio.

2.7 - RECURSOS HÍDRICOS

O município compõe uma região divisora de águas, sendo interflúvio entre

bacias do alto e médio Rio Pardo e Bacia do Médio Rio de Contas. Tem como

principais veios de água, os rios Água Fria, Catolé, Catolé Grande, Rio dos Monos e

Riacho Choça. A região é rica em água, destacando vários pequenos corpos d’água,

alem de um vasto e profundo lençol subterrâneo, que permite a captação há poucos

metros de profundidade. Existem vários barramentos, destacando como principais,

as barragens Água Fria I e Água Fria II e Biquinha, que abastecem de água potável

os municípios de Barra do Choça e Vitória da Conquista e a barragem do

Catolezinho, que serve para irrigação de várias lavouras de cafezais e hortaliças,

bem como na criação de bovinos.

É válido destacar, a importância atribuída às barragens Água Fria I e II, pois

ambas abastecem de água potável aproximadamente 320.000 (trezentos e vinte mil

pessoas), incluindo os municípios de Barra do Choça e Vitória da Conquista. Água

Fria I, armazena um volume máximo de 350 mil m³ de água, ao passo que Água Fria

II armazena 6.500.000 (seis milhões e quinhentos mil) m³. A precipitação varia entre

1000 a 1100 ml ao ano. A vazão média no período mais seco é de aproximadamente

400 litros/segundo. Em períodos mais chuvosos, não é medida a vazão das

baragens, haja vista o grande número de olhosd’água existentes. O mapa destacado

a seguir permite a visualização do potencial hídrico do município de Barra do

Choça/BA.

Mapa 02 - Barra do Choça / Recursos Hídricos

2.8 - VEGETAÇÃO

Flora – Barra do Choça , assim como a Região Sudoeste da Bahia, abriga

diversos tipos de fisionomias florestais cuja diversidade biológica é pouco conhecida.

Dentre essas fisionomias incluem-se mata-de-cipó (floresta estacional decidual),

mata mesófila (floresta estacional semidecidual) de altitude e mata mesófila de áreas

baixas presentes no Planalto de Conquista, Sudoeste da Bahia. Estudos realizados

sobre aves, serpentes e formigas resultaram em ampliações de distribuição de

espécies e significativo número de espécies novas descritas, demonstrando o

quanto essas florestas necessitam ser investigadas e protegidas.

Na década de 70, as florestas mesófilas já estavam restritas a topos de

morros cercadas por pastagens, ocupando apenas 6,7% da área original. Também

as matas de cipó, embora ocupassem anteriormente boa parte do planalto, já

estavam drasticamente reduzidas a uma área de 965 km² na forma de pequenas

manchas. Apesar da situação singular da sua biota e a alta pressão antrópica sobre

os remanescentes florestais, não existem reservas que protejam estas florestas.,

mais conhecidas regionalmente, como Mata de Cipó ou Mata Seca, destacando-se

a Oeste, Norte e Nordeste. Ao Sul e Sudeste, nota-se a presença da Mata Ombrófila

densa, conciliada com a mata de cipó, que já se apresenta com características mais

diferenciadas, árvores maiores com copa mais fechada. Ambas, com grande

plasticidade capaz de suportar variações de temperatura, umidade e altitude,

caracterizando espécies euriecas.

2.8.1 - Mata de Cipó ou Floresta Estacional Decidual

Vegetação de transição entre a mata costeira e a região Sertaneja, sua

ocorrência se dá exclusivamente no Estado da Bahia. Apresenta predominância da

forma fanerófita decidual e semi decidual. Trata-se de uma vegetação relativamente

baixa, com copa engalhada e folhas pequenas, raramente ultrapassando 10/12

metros de altura, em algumas remanescência, chega a alcançar 18 metros. É

caracterizada pela dominância fanerófita decidual com as gemas foliares protegidas,

possuindo seus indivíduos como muito esgalhada e folhas pequenas. Devido à ação

antrópica que a submete a sucessivo cortes, essa formação encontra-se

completamente alterada, como fisionomias dominantes vegetação secundária e

pastagens. O processo evolutivo de ocupação das áreas de Floresta Estacional

Decidual por Vegetação Secundária é bastante lento e apresenta diferença

acentuada em relação à florística primitiva.

Segundo RADAMBRASIL, as alterações pedológicas decorrentes da intensa

intervenção humana e também a proximidade desses planaltos a áreas mais secas

criaram condições ecológicas propícias ao estabelecimento de espécies da Estepe

(Caatinga) que em algumas áreas apresenta fisionomias bastante típicas sem que

haja dominância.

No caso especifico da mata de cipó de Barra do Choça, ela pode ser

classificada como Floresta estacional, apresentando gradiente caducifólia que vai de

decidual em torno de 50% ao semi-decidual em torno de 20% com formação florestal

decídua, na época da Seca, especialmente no estado Superior. A foto 02, no alto da

Fazenda Mocambo, demonstra bem a vegetação da Mata de Cipó.

Foto 2

Vegetação do Alto Catolezinho / Jakson Tavares – 2004

CAPÍTULO IV

3.0 - ESTUDO AMBIENTAL DA NASCENTE DO RIO CATOLEZINHO

O presente estudo tem como objetivo retratar a dinâmica espacial das

diferentes atividades desenvolvidas no entorno da nascente do Rio Catolezinho,

enfatizando os impactos ambientais promovidos diretamente na sua nascente, como

também no pequeno curso da micro-bacia, decorrentes dos diversos usos. Permite

ainda, o acompanhamento da evolução do uso atual da terra, fornecendo subsídios

para o planejamento e ordenamento das diferentes atividades em pesquisas

posteriores.

Vale ressaltar, entretanto, que para fazer um estudo do entorno do rio, depara-

se com uma dificuldade inicial, dada a complexidade da temática, haja vista a

multiplicidade de usos, destacando desde a subsistência de pequenos agricultores e

assentados, até altos investimentos por conta de médios produtores agrícolas.

Desse modo, o trabalho abrange a Nascente do Catolezinho, até os seus 17

quilômetros, onde ocorre a confluência com o rio da Biquinha e o Riacho Choça. As

fotos permitem a visualização do vale onde ocorre o encontro dos corpos d’água

Biquinha e Riacho Choça, bem como os múltiplos usos.

Fotos 3 e 4

Vale onde ocorre a confluência do rio Catolezinho com os rios Choça e Biquinha

MAPA 3 – Rio Catolezinho / Localização

Riodos Monos

Ribeir

ão

Água

Fria

Rio

Catolez

inho

Riacho Choça

Riacho G

uigó

Rch. do Saquinho

Rio

Catol

ezin

ho

O Rio Catolezinho, identificado no mapa de forma colorida, nasce na Fazenda

Catolé, (fator de origem do seu nome) a uma altitude de 894 m, sob as coordenadas

geográficas de 14°55’21” latitude sul e 40°39’31” longitude oeste. A sua extensão a

partir da principal nascente, que é o objeto de estudo desse diagnóstico, estende-se

por 17km, compreendendo uma extensão territorial de aproximadamente 45

hectares, até a confluência com os rios Choça e Biquinha, quando passa a ser

chamado Catolé Grande, importante afluente da margem esquerda do rio Pardo.

A bacia do Catolé Grande abrange uma área de aproximadamente 970

hectares, incluindo os municípios de Barra do Choça, Caatiba, Itapetinga e Itarantim.

Após um longo percurso pelo município de Barra do Choça, ultrapassa a fronteira

para os municípios de Caatiba e Itapetinga respectivamente, até despejar suas

águas no Rio Pardo, em território do município de Itarantim/BA, sendo portanto, um

importante afluente dessa macro-bacia.

3.1 - Contextualização Histórica da Área em Estudo

Foto 5

Nascente do Rio Catolezinho – Faz. Catolé, Barra do Choça/BA

Historicamente, o Catolezinho é de grande importância para o município de

Bara do Choça, haja vista que banha o entorno da cidade, sendo utilizado também

como fonte de lazer para grande parte da nossa gente, foi fonte de abastecimento

humano por vários anos, e, ainda hoje, é utilizado para a irrigação de lavouras de

cafezais e hortaliças, na pecuária, e em outras atividades. Por vários anos, esteve

deixado à mercê do processo de degradação.

Entretanto, diante das questões suscitadas acerca do meio ambiente, nasce

uma preocupação por conta da população em geral, e, de maneira especial, dos

setores acadêmicos, no sentido de sensibilizar a população, bem como os órgãos

competentes, para a elaboração de projetos de recuperação e preservação do rio,

no que se refere a toda a sua extensão, partindo, evidentemente, da nascente, que é

onde começa a sua vida. A exemplo, pode ser citado um projeto de Educação

Ambiental, elaborado pela Universidade Estadual do Sudoeste (Campus de

Itapetinga), com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de

Barra do Choça, recentemente enviado para a PETROBRÁS, com o objetivo de

angariar recursos.

É importante também acrescentar, que nos últimos anos, várias pessoas do

município têm ressaltado a importância de salvar o rio do processo de degradação.

Nas escolas, trabalha-se a problemática vivenciada, mostrando as áreas mais

críticas através de fotografias e pequenos textos de protestos. Outros cidadãos da

comunidade também escrevem sobre a questão, sugerindo ações que podem ser

realizadas, no intuito de salvar o rio.

Durante o ano letivo de 2003, alguns projetos de recuperação do Catolezinho

foram elaborados pelos alunos das escolas locais, com o intuito de salvá-lo da

morte. Alguns desses projetos são um pouco utópicos, tendo em vista que as

pessoas que elaboraram, muitas vezes não estão a par da verdadeira realidade,

nem conhecem das leis vigentes, como também as competências em relação à

água.

Entretanto, todos esses projetos são de cunho relevantes, uma vez que são

bem intencionados. É bom lembrar, que as escolas têm procurado trabalhar as

questões relevantes quanto à importância da água, e quanto aos rios da região.

Porém, ainda se tem muito a fazer, pois a resistência tem sido considerável por

conta de alguns profissionais.

Conforme já foi dito, a principal nascente do rio Catolezinho, encontra-se na

Fazenda Catolé, a uma suave descida de 50 metros, partindo da sede da Fazenda

Mocambo, onde existe um assentamento de trabalhadores rurais, com este mesmo

nome. Há três anos, os moradores do assentamento abriram um caminho até a

nascente, instalaram uma bomba captadora. Segundo o atual presidente, Senhor José

Francisco, o prefeito de Barra do Choça foi quem cedeu a autorização para implantar o

sistema de canalização a partir da área onde nasce o rio, no sentido de abastecer de

água potável, todo o assentamento. Foi feita uma pequena supressão da vegetação

nativa no entorno da nascente, e ali instalou-se a bomba para puxar a água até o

assentamento.

Fotos 6 e 7

Nascente do Rio Catolé – Supressão da vegetação natural / implantação da bomba

captadora para levar água ao assentamento Mocambo

Segundo o presidente do assentamento, houve uma grande reivindicação por

água potável, por parte dos membros do Mocambo, pois os moradores da Fazenda não

disponibilizavam de outra fonte para o abastecimento humano. O prefeito revela na sua

fala, que a urgência de resolver o problema fez com que ele desse a prévia autorização

sem que antes buscasse cumprir as Leis vigentes, no caso, o direito ou dispensa de

outorga, junto à Superintendência dos Recursos Hídricos- SRH. Todavia, esse

procedimento já está sendo viabilizado, mediante a interferência do Conselho Municipal

de Meio Ambiente e Departamento de Meio Ambiente do município.

Nas figuras acima, pode-se observar que o entorno da nascente passou por um

processo de degradação, tendo em vista que foi retirada parte da vegetação natural que

protege o rio, removendo o solo da área, implantado ainda a construção de uma cabana

para a instalação das bombas captadoras. Além disso, retirou-se a vegetação de uma

faixa estreita de terra, para a instalação da eletrificação necessária. Não é difícil observar

que antes de sofrer a agressão, o entorno da nascente estava totalmente protegido de

mata ciliar. As margens direita e esquerda, conservavam boa parte da cobertura de

vegetação nativa. Ainda hoje, pode ser testemunhada, pois felizmente, a supressão foi

feita apenas em uma margem.

Todavia, é necessário considerar a agressão pela qual sofreu a nascente.Segundo

o Código Florestal, os mananciais são considerados Áreas de Preservação Permanente

(APPs), o que dá um caráter especial no trato dessas áreas, considerando ainda que, a

própria natureza dos empreendimentos que envolvem barramento d’água, devem visar a

proteção e preservação das matas ciliares e adjacências, para fins de preservação da

própria floresta, estabilização do potencial hídrico e do fluxo d’água em seu equilíbrio

para utilização para nos diversos fins.

Felizmente, a recuperação das espécies na área em estudo, já é notada com

evidência, tendo em vista que foi trabalhada a sensibilização dos usuários diretos,

através de palestras e visitação. Veja o depoimento dos Senhores Manoel Fábio

Pacheco – assentado do Mocambo e Manuel Novais Cardoso, ex. presidente do

assentamento, respectivamente: “O Rio Catolezinho é muito importante para todos nós,

pois serve de abastecimento para todos os assentados (...). Antes, quando nós

chegamos aqui, a água era escass,, nós passava sede, todo mundo ia buscar água

muito longe, lá no buracão. Depois que descobrimos o córrego, tudo ficou melhor”. “Nós

todos cuidamos bem desse pedacinho do céu, porque mata nossa sede. Aqui ninguém

tira um pé de pau, conversamos com todas as pessoas do Mocambo, cada coordenador

tem o dever de passar para os outros sobre a importância de conservar a mata, é tanto

que tudo está fechando, só tem o carreirão onde vamos ligar a bomba”

Nota-se que a população do assentamento está consciente da importância

atribuída ao ecossistema. Em visita à nascente, pode ser observada a preocupação das

pessoas em recompor a área degradada. Houve replantio de algumas espécies, bem

como isolamento da área no sentido de deixá-la em recuperação natural. Os assentados

vigiam a área constantemente, evitando a exploração da caça e da madeira nas

proximidades da nascente, conversando sempre com os vizinhos, no sentido do

monitoramento fazendo apelos para a preservação do ambiente.

Assim, espera-se alcançar a verdadeira dimensão do processo da cidadania no

que se refere às questões sócio- econômicas e ambientais, uma vez que A cidadania é,

portanto, algo que se constrói permanentemente e que se constitui ao dar significado ao

pertencimento do indivíduo a uma sociedade. O desafio para a consolidação de uma

cidadania substantiva reside na capacidade de (...), estabelecer práticas democráticas

cotidianas (...) (LOUREIRO, 2003, p. 42-43).

Neste contexto, deve-se levar em consideração que o impacto ambiental pelo qual

passou a nascente do Catolé, encontra-se em processo de recuperação, e tem os

moradores do assentamento, bem como os órgãos competentes, a responsabilidade de

promover a completa reconstituição do ambiente, monitorando e fazendo valer a

aplicabilidade das Leis de proteção, inclusive, envolvendo a população de todos os

municípios pelos quais o rio circunda. Ao mesmo tempo, é preciso também

responsabilizar o órgão diretamente responsável pela sua proteção, no sentido de

fomentar políticas públicas, capazes de assegurar a sua existência, viabilizando a

sustentabilidade e respeitando a multiplicidade de usos das populações ribeirinhas.

3.2 - GEOMORFOLOGIA

Compreende a análise das formas de relevo da sub-bacia do rio Catolezinho,

segundo estudos realizados pelo Projeto RADAMBRASIL: Conjunto Intermediário de

Unidades Morfoclimáticas: Este conjunto é resultante de predominância das ações

paleoclimáticas ocorridas após o Terciário Superior. Suas unidades encontram-se em

posição topográfica mais baixa que as anteriores. Constituem-se normalmente de sub-

compartimentos intermontanos e interplanálticos, tendo as diferenças litológicas e a

posição relativa gerando características particulares.

Piemontês, Patamares Interfluviais e Restos de Esplanadas: formadas a partir do

acúmulo de material litificado, no qual aparecem blocos de dimensões e formas variadas

juntamente com o material fino proveniente das partes mais elevadas, e dissipados pela

rede hidrográfica. Tais unidades são identificadas nas proximidades dos municípios de

Barra do Choça, Caatiba e Itapetinga.

CONJUNTO DE UNIDADES MORFOESTRUTURAIS CULMINANTES -

Demonstram a predominância dos fatores lito-estrurais na formação do modelado.

Planalto Sul-baiano, Cristais e Barras Residuais, Escarpas e Ombreiras. Estas últimas,

representam os ecIives topográficos, resultantes de unidades, cujas resistências

litológicas permitiram a erosão diferencial de outras unidades vizinhas. São bastante

notáveis no entorno da nascente do referido rio.

3.2.2 – SOLOS

A sub-bacia do rio Catolezinho, por suas características climáticas, geológicas e

geomorfológicas, reveste-se de grande complexidade do solo, oriundos de vários

fenômenos pedógenos, associados às variações climáticas ocorridas no período

quaternário, até o pré-cambriano inferior. Os solos desenvolvidos estão em íntima

relação com o regime climático atuante e a fáceis litológicas. Desse modo, são

encontradas variações diversas, desde solos pouco desenvolvidos, com marcada

influência de litotipos, até solos bem desenvolvidos, subordinados a uma intensa

pedogênese. O uso atual do solo, está condicionado às variações climáticas, destacando

a cultura do café, a pecuária e até mesmo a cultura de subsistência. O mapa descrito é

de caráter generalizado, que permite a observação global dos diversos usos da nascente

do solo no entorno do rio Catolé Grande.

Como classificação mais detalhada, destacam-se o Podzólico Vermelho Amarelo

Equivalente Eutrófico e Latossolo Vermelho/Amarelo Distrófico. São bastante

evidenciados, no entorno da nascente do Rio Catolé. São solos classificados como

minerais, não hidromórficos, comumente profundos a muito profundos, fortes e

moderadamente drenados, com boa porosidade, possuindo horizonte B latossólico. A

seqüência de horizontes constitui-se de A, B e C, com pouca diferenciação entre eles, e

cores variando do vermelho ao amarelo, com tons intermediários. O relevo varia entre

plano até montanhoso. Apresenta-se na maioria das vezes com saturação de bases

inferior a 50%.

3.2.3 – CLIMA

Na caracterização climática da área em estudo, a precipitação pluviométrica

reveste-se de grande importância, sobretudo pelos seus aspectos de distribuição

espacial e temporal. A distribuição das precipitações ao longo do tempo está

condicionada principalmente à ação das correntes de circulação. O relevo é um fator

preponderante na síntese do quadro climático, na medida que atua barrando ou deixando

penetrar as massas frias e úmidas causadoras de chuvas.

Representado na sub-bacia do Rio Catolé Grande, pela Encosta do Planalto de

Conquista (Norte do Município de Barra do Choça) e Oeste da Região de Itapetinga. Os

totais pluviométricos variam entre 1200 a 1500 mm anuais, e excedente hídrico entre 100

e 400 mm anuais. Apresenta menor disponibilidade de umidade, em razão do período

com excedente ser menor (3 a 4 meses), bem como ser maior o período com deficiência

hídrica no solo (5 a 6 meses).

A temperatura média anual verificada neste nusoclima está entre 21,5 e 24°. As

condições térmicas e hídricas verificadas no sub-úmido são favoráveis ao

desenvolvimento de vários produtos agropecuários, segundo pesquisas desenvolvidas

pela estação Experimental da EBDA, No entanto, apesar desta variedade dos produtos

cultivados, a agricultura não constitui a atividade em termos espaciais, cabendo à

pecuária extensiva esta posição.

A micro-bacia do Rio Catolezinho é representado por um núcleo que abrange

parte do Planalto da Conquista, no Município de Barra do Choça (nascente do Rio). A

Faixa semi-árida, constitui a parte mais seca encontrada na área de estudo. Apresenta

totais pluviométricos anuais entre 500 e 800 mm, elevada deficiência hídrica no solo, 350

a 650 mm. anuais, por um período de 9 a 12 meses ao ano. Características que

justificam o domínio da vegetação de mata de cipó aí encontrada, ao lado da pecuária

semi-extensiva, que constitui a base econômica, juntamente com a cafeicultura. A

afirmação é muito bem representada na fotografia 9, da página seguinte.

3.2.4 – VEGETAÇÃO

Nesta região, a cobertura vegetal é do tipo estacional semi-decidual, mais

precisamente conhecida como Mata de Cipó. A característica básica dessa vegetação,

reside no fato de ser de porte arbóreo médio, apresentando árvores de cinco a dez

metros de altura, com galhos retorcidos e muitos cipós entre os mesmos, fato que dá

origem ao seu nome. Como as demais espécies, exercem papel importantíssimo para a

região, pois os solos são muito fracos, e apresentam um alto teor de acidez. Além disso

contribuem no processo da fotossíntese, na conservação do solo, e, de maneira especial,

na conservação do corpo d’água, que é fator relevante, para o ecossistema como um

todo.

Foto 8

Vegetação de transição – parte mais alta da área em estudo

Desse modo, as formações florísticas refletem de forma expressiva o conjunto de

fatores naturais componentes da paisagem, especialmente o clima e o solo, interagindo

com os demais elementos da natureza e assumem importante papel na distribuição da

água precipitada. A quantidade de chuva interceptada pelas folhas vai depender da área

ocupada pela cobertura vegetal e suas espécies particulares, como no caso de uma

floresta mais densa que tende a interceptar muito mais água do que uma área cultivada

ou de pastagem. Assim, o impacto sobre a vegetação implicará no volume de água

armazenada, como também evaporada.

3.3 - Ocupação e Uso do solo

Conforme se observa na imagem representada acima, a dificuldade em detalhar e

ou identificar com precisão as culturas no entorno do rio, bem como na área total do

município, é muito grande, tendo em vista a complexidade aí existente. As áreas se

revestem de culturas diferenciadas, que, muitas vezes, não permitem uma visualização

precisa, do tipo de vegetação cultivada. Embora notável a situação, na área destacada,

onde nasce o rio Catolezinho até a sua máxima extensão onde ocorre a confluência com

os demais riachos, as culturas variam entre pasto, vegetação nativa, hortaliças e,

principalmente, a lavoura cafeeira, que redefiniu o uso da terra em todo o município,

conforme já foi evidenciado no capítulo III. As manchas claras, geralmente são as áreas

desnudas ou áreas de pastagens, que, na maioria das vezes são confundidas nos

períodos de estiagem prolongados.

Imagem de Satélite

Considerada como carro-chefe entre as atividades econômicas desenvolvidas na

região, a cultura cafeeira absorve a maior parcela da mão-de-obra empregada,

principalmente na época da colheita. Todavia, outras culturas se destacam no plano

secundário, demonstrando que a agricultura representa a maior parte das atividades

econômicas no município de Barra do Choça. Para melhor compreensão, basta observar

Barra do Choça

Rio

Fonte: Engesat. Landsat 5 bandas 3.4 e 5 (Cedida pelo professor Edvaldo Oliveira-

o gráfico abaixo, que retrata a realidade da produção agropecuária municipal, no período

de 1997.

GRÁFICO I – Produção Agropecuária – Barra do Choça/BA

Produção Agropecuária - Barra do Choça/BA -1997

82%

10% 5%2%1%CaféPecuáriaHortaliçasFeijãoMilho

Fonte: Estrutura Fundiária do M. de Barra do Choça/BA-1997

Conforme se observa, a agricultura é a principal atividade econômica do

município, destacando o café como produto principal no rol da cadeia produtiva. Cabe

lembrar entretanto, que nos últimos cinco anos, outras culturas agrícolas foram

implantadas na região, a exemplo da produção de pimentas, flores, atividade apícola,

bem como a ampliação das áreas de pecuária de leite e corte. Estas, aliadas a outras

atividades, têm promovido a diversificação econômica do município.

A micro-bacia do rio Catolezinho, tem uma participação considerável nessas

mudanças, pois grande parte das terras do seu entorno foram também incorporadas, vez

que o café, e, mais tarde a pecuária, avançaram a terras circunvizinhas do entorno da

nascente, bem como no pequeno curso do rio, como pode ser identificada na imagem de

satélite da página 42. No entorno do curso do rio, a vegetação natural e a cultura do café

são mais expressivas, ao passo que, no entorno da barragem, as áreas de pastagens

evidenciadas pela cor verde claro, são mais presentes. Vale salientar também, que a

cultura do café, bem como as áreas de pastagens na área como um todo, ocorre de

maneira desordenada, constituindo assim, um verdadeiro mosaico, levando a dificultar

uma identificação mais precisa.

Como se não bastasse, a ocupação urbana em algumas áreas do entorno do rio,

afetaram diretamente parte do leito, pois o entulho produzido no perímetro urbano é

jogado nas áreas periféricas, sendo carreado pela enxurrada no período das chuvas

torrenciais, que no município acontecem de dezembro a março.

Fotos 9 e 10

Áreas do rio, próximas ao perímetro urbano – parte assoreada e degradada pela ação antrópica

É bastante evidente em algumas áreas vizinhas ao perímetro urbano, que o

processo de assoreamento está um tanto avançado. Conforme se observa nas fotos 09 e

10, tal processo se deu basicamente em função da redução do fluxo d’água no rio, por

conta das captações para a barragem, como também pela quantidade de entulho que é

carreada para o vale.

3.4 - Usos Preponderantes da Água

Os recursos da água doce constituem um componente essencial da hidrosfera da

terra e parte indispensável de todos os ecossistemas terrestres. O meio de água doce

caracteriza-se pelo ciclo hidrológico, que inclui enchentes e secas, cujas conseqüências

se tornaram mais extremas e dramáticas em algumas regiões. A mudança climática

global e a poluição atmosférica também podem ter um impacto sobre os recursos de

água doce e sua disponibilidade. A escassez generalizada, a destruição gradual e o

agravamento da poluição dos recursos hídricos em muitas regiões do mundo, ao lado da

implantação progressiva de atividades incompatíveis, exigem o planejamento e manejo

integrado desses recursos. Essa integração deve cobrir todos os tipos de massas inter-

relacionadas de água doce, incluindo tanto águas de superfície como subterrâneas, e

levar devidamente em consideração os aspectos quantitativos.

Figura II - Ciclo Hidrológico

FONTE: DORST, Jean. Antes que a natureza morra: por uma ecologia política.

Conforme se observa, o volume total de água existente no Sistema Terra é

relativamente constante, a figura II mostra de forma esquemática, o ciclo da água. É

evidente a inter-relação que existe na natureza dos seus diversos elementos. Tanto que

o ciclo hidrológico traduz a capacidade desse elemento, em manter equilibrada, a vida no

planeta, através da regulação da temperatura e da recarga dos aqüíferos, que

conseqüentemente contribuem para o aumento do volume de água nos rios, riachos,

lagos e lagoas.

(...) O ciclo hidrológico é totalmente alterado na maioria das vezes através do mau uso da terra, como desmatamento e uso agrícola (...) que resulta em que as águas tendem a se escoar mais na superfície do que se infiltrar, iniciando processos erosivos. Além disso, o lençol freático pode diminuir em qualidade e quantidade, bem como ser contaminada através da poluição. Nesse caso, pode haver o risco de contaminação também de mananciais, pois o lençol d’água abastece os mananciais (...) (IN PRADO 2004, p)

Percebe-se portanto, a importância de racionalizar o uso dos recursos

ambientais, de modo a respeitar o ciclo da natureza como um todo, conservando a inter-

relação entre os diversos elementos, preservando e conservando a biodiversidade.

Neste contexto, as águas do Catolezinho, assim como todos os corpos d’água de

Barra do Choça, significam um grande trunfo para toda a região, pois tem sido fonte de

abastecimento para boa parte da região Sudoeste. Diga-se de passagem, o maior

município da região (Vitória da Conquista) é servido de águas barrachocenses. Não

obstante, outros municípios serão também, em breve, abastecidos com águas dessas

terras, tendo em vista que já foi licenciada a barragem que captará águas do

Gaviãozinho, afluente do Catolé Grande, para abastecimento do município de Planalto e

do Distrito de José Gonçalves/Vitória da Conquista.

Ademais, para satisfazer às necessidades da população ribeirinha, a utilização do

rio foi além da sua extensão normal, quando desviou o seu curso, construindo pequenas

barragens para irrigação de lavouras de cafezais e pecuária semi-extensiva.Tais

atividades reverteram em vários problemas para o rio, pois alguns trechos encontram

assoreados, tendo em vista que a redução do volume d’água aliada às práticas

incorretas de manuseio do solo. Na realidade, a barragem abrange uma área

considerável, pois circunda três fazendas de médio porte. A fazenda Boa Vista, de

propriedade do Senhor Sebastião, na qual desenvolve a pecuária semi-extensiva, a

fazenda Viçosa - propriedade de Flavio Brito e fazenda Primavera – propriedade de

Giano Brito. Ambas, desenvolvem a cafeicultura e a pecuária. Observe as fotos

evidenciadas abaixo.

Fotos 11 e 12

Barragem na Faz. Boa Vista. Áreas de pastagens, solos desnudos e culturas de cafezais

Em entrevista cedida pelos proprietários, verificou-se que nem todos têm licença de

outorga para utilização da água. A fazenda Primavera, de propriedade do senhor Giano

Brito, desenvolve a lavoura cafeeira em 42 hectares, devidamente irrigada, com licença

outorgada pela Superintendência dos Recursos Hídricos - SRH. A água, é utilizada para

irrigação e despolpamento do café. Pelo que se sabe, tais práticas consomem um grande

volume de água, daí o fato da redução do curso normal do rio na extensão abaixo da

barragem, promovendo o assoreamento em alguns trechos. Já o senhor Sebastião não

tem registro de outorga, o gerente da fazenda ressaltou que não irriga o café, e, segundo

ele, a pecuária não gasta água o bastante para necessitar desse procedimento.

Geralmente, o tipo de irrigação utilizada para irrigar, principalmente o café, é a do

tipo aspersão por canhão, a qual constitui-se num método de “molhação” em que a água

é aspergida sobre a superfície do terreno, assemelhando-se a uma chuva, por causa do

fracionamento do jato d’água em gotas. Esse tipo de irrigação se adapta a qualquer tipo

de terreno e a quase todos os tipos de cultura. Entretanto, é um método um tanto

arcaico, consome uma grande quantidade de água, provoca o desperdício e acarreta

prejuízos ao próprio solo. Além de afetar o nível de água, o uso dos pivôs centrais pode

levar à diminuição das matas ciliares.

A perda da mata virgem é conseqüência, na maioria dos casos, da construção de

barragens, que funcionam como um reservatório. Nesse caso, a água das barragens é

utilizada principalmente na época da seca, quando a produção depende exclusivamente

da irrigação feita pelos pivôs por causa da falta de chuvas. O carreamento dos nutrientes

do solo, a disseminação de pragas e a erosão, são exemplos claros, que podem

acontecer com muito mais freqüência, vez que a pulverização e o polvilhamento acabam

por lavar a parte aérea da cultura. Esse método de irrigação é um dos mais baratos no

mercado, e também considerado tradicional.

Além da cultura irrigada de café e da pecuária, existem também outros usuários, a

exemplo de muitas mulheres que utilizam as águas do rio para lavar roupas de ganho e

outras que usam para lavagem de vísceras de animais, que vendem na feira-livre,

somando assim o aumento da renda familiar. Sobre a última atividade, é necessário

destacar que o município não dispõe de um matadouro, e as críticas a essa prática são

inúmeras, mesmo porque já foi constatada pela vigilância sanitária ambiental, a

contaminação das águas pela esquitossomose, a partir da área onde se realiza a

lavagem.

Fotos 13 e 14

Ponte sobre o Rio Catolé/BA 263 - local onde ocorre a intensa ocupação das

lavadeiras de roupas e banho de crianças.

Outros pequenos produtores de hortaliças, bem como de outras culturas de

subsistência, fazem o uso das águas do Catolé para molhar suas lavouras. É válido

acrescentar, que tanto a cultura cafeeira, como a de hortaliças, abusam da utilização de

agrotóxicos, fato que contribui para a contaminação das águas e do solo. É evidente que

os produtores de café fazem uso de maneira muito mais constante, tanto que acabam

por contribuir com uma parcela mais considerável, haja vista que existe um número

maior de lavouras. Na tabela a seguir, estão contidos os principais produtos químicos

utilizados nas lavouras do entorno da nascente e ao longo do curso do rio.

PRINCIPAIS PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS NA AGRICULTURA – BARRA DO CHOÇA – BA

Produto (Nome Comercial)

Princípio Ativo

Classe

Toxicológica

Informações Adicionais

Folisuper 600BR-Agripec

Parathion methyl

1

Inseticida e acaricida organofosforada

Folicur PM Bayer S.A

Tebucanazole

III

Fungicida Sistênico

Folidol 600 –Bayer S.A Paration metílico 1 Inseticida – Concentrado ensulucionável

Polytim 400/40 CE Novartin Biac S.A

Cypermethriu II Inseticida e acaricida concentrad

Baysiston GR – Bayer S.A Disulfaton III Fungicida e inseticida granulado sistênico

Roundup – Monsanto do Brasil Ltda

Glifosato IV Herbicida

Glifosato- Agripec Glifosato IV Herbicida Sistênico Concrentrado solúvel

Malathion SOCE Malathion III Inseticida – Concentrado ensolucionável

TEMIK ISSO Aldicarb 1 Inseticida, Acaricida e Nematricida Sistênico

CERCOBIN 500 SC Thiophanate methil

IV Fungicida Sistênico suspensão concentrada

AGRAC – Zeneca Brasil Ltda

Etilenoxi IV Espalhante adesivo solução aquosa conce

Manjate 800 Du pont do Brasil S.A

Ditiocarbonato III Fungicida – PM pó molhável

Fonte: Compêndios de Defensivos Agrícola – Guia prático de produtos fitossanitários

para usos agrícolas / Org. Andrei. Editora Ltda. C.P -1989 – São Paulo

Conforme se observa através da tabela, os produtos são elaborados com

princípios ativos bastante fortes, podendo destruir a vida microbiana do solo e da água.

Os produtos de classes 1 e II,são altamente tóxicos, e podem contaminar também as

pessoas que lidam diretamente na área do entorno do rio, pois tem sido uma das fontes

das atividades econômicas do município. Nesse sentido, deve ser evitada a disposição

inadequada de material tóxico e poluente oriundo da agricultura, mineração, indústria e

urbanização, desde que, quando incorporado à cadeia trófica ou livre nas águas, pode

causar sérios problemas à saúde das populações humanas residentes na BH.

(SCHIAVETTI, 2002, p. 30)

A pastagem se destaca como a segunda atividade de ocupação agrária do

entorno da micro-bacia. Desenvolve-se principalmente, a bovinocultura (para abate e

produção de leite) praticada de forma semi-extensiva. Geralmente, a pastagem é sempre

desenvolvida em áreas onde também se cultiva o café, embora ocupando sempre

menores áreas. No caso específico da micro-bacia do Catolezinho, há uma restrição,

pois a maioria das propriedades que desenvolvem a pecuária, não culminam com a

produção do café e, geralmente, se destacam com maiores extensões.

Fotos 15 e 16

Áreas de pastagens, cafezais e solos desnudos – barragem na Fazenda Boa Vista

Conforme se observa através das fotos, algumas se estendem até as margens

das barragens, outras captam a água diretamente no curso do rio, promovendo a retirada

da mata ciliar e o pisoteamento, compactando o solo das áreas adjacentes,

comprometendo a existência desse recurso tão importante. Dá para definir claramente as

áreas de plantio de café e pastagens no entorno da barragem. É evidente também, o

processo de degradação do solo desnudo, pois houve um grande corte no terreno no

período de construção da barragem, onde foi retirada a vegetação natural, e não houve a

preocupação em recompor.

Observando as fotografias, nota-se que a área encontra-se ainda sem a devida

proteção da cobertura vegetal. Este fator perturba diretamente as pessoas envolvidas

com a questão ambiental, pois a potencial ameaça das perdas de matas ciliares

preocupa, uma vez que por conseqüência, promove a alteração do biótipo aquático e,

associado ao desmatamento adjacente às margens leva ao aumento do aporte de

nutrientes em áreas de agricultura intensa e permanente condutor de compostos tóxicos

ao sistema.

Além do mais, a atenuação do gradiente nestas circunstâncias deve ser feito pela

camada vegetal que, reduzindo a carga detrítica evita a erosão e deposição no fundo do

vale, reduzindo também a sedimentação e aumentando o potencial de contenção.

CHRISTOFOLETE destaca, três aspectos relacionados à sedimentação considerando

como sendo:

-a remoção interna dos detritos das vertentes, por causa das práticas agrícolas de utilização da terra... a erosão por dispersão detrítica nos canais, afetando determinados modos de utilização da terra e das águas; e, prejuízos estéticos ou físicos oriundos dos sedimentos em suspensão ou dos materiais dissolvidos por diversos usos das águas pluviais. (CHRISTOFOLETE, 1988:20)

Considerações específicas devem ser feitas nas áreas em estudo que vão desde

áreas semi áridas e cerrados, a fim de resgatar para cada uma, diagnóstico específico.

Particularmente, em área de intensa produção agrícola que margeia um canal fluvial e

que por necessidade urbana ou para irrigação for construído barramento d’água, deve se

levar em conta o grau de proteção por tipo de cobertura vegetal. ROSS estabelece cinco

graus de proteção por tipo de cobertura vegetal como sendo muito alto, alto, médio,

baixo, muito baixo e nulo. Tomando como exemplo a lavoura de café, o grau de proteção

vai de médio a baixo. Nos casos de áreas de elevado a médio grau de proteção destaca

que, o cultivo de ciclo longo em curvas de nível/terraceamento como café, laranja com

forrageiras entre ruas e, nos casos de baixa proteção. Cultura de ciclo longo de baixa

densidade (café, pimenta do reino, laranja com solo exposto entre ruas), cultura de ciclo

curto (arroz, trigo, feijão, soja, milho) em curvas de nível/terraceamento. (ROSS et alli

1996:332).

Assim, a manutenção da cobertura vegetal nas extensões mais distantes é

imprescindível nas áreas de mananciais, evitando a erosão e a perda das águas

subterrâneas que mantém o nível d’água controlado considerando que, (...) a vegetação

é um ser vivo, cujas relações com a erosão se coloca ao nível das interações

infinitamente complexas. Em seguida, a vegetação apresenta aspectos múltiplos e mais

ou menos estáveis, que não se pode evocar senão segundo pesquisa botânica

preliminar, tanto florística quanto ecológica.(PASSOS, 1998:202)

Portanto, a vegetação é fundamental para a proteção dos mananciais, mesmo

aqueles artificiais, como é o caso da barragem do catolezinho. É importante que os

proprietários atentem para esta questão, pois são eles os principais interessados, uma

vez que utilizam constantemente desse precioso recurso para irrigar suas lavouras.

Merece ressaltar também, que por vários anos houve a exploração dessas águas

pelo Clube Recreativo Águas do Catolé. A captação era feita diretamente no curso do rio,

e, sem nenhum tratamento ou licença de outorga, era utilizada e devolvida ao leito, um

tanto mais poluída. Atualmente, o Clube encontra-se inativo, passando por algumas

reformas, e, segundo o novo presidente, muito em breve deverá ser reaberto á

comunidade. Em visita ao departamento do meio ambiente, verificou-se a preocupação

em licenciar o clube, pois existem alguns critérios que deverão nortear o seu

funcionamento, como por exemplo, a licença de outorga, bem como o tratamento da

água antes e depois do uso, ou seja, licença para utilização e licença de despejo.

3.5 - Áreas de mosaico

Na figura I da página 42, e em algumas fotografias apresentadas no trabalho podem

ser visualizadas algumas áreas consideradas de mosaico, que englobam vegetação

natural+café+pastagem+feijão e/ou milho, as quais são de difícil separação no

mapeamento através da imagem de satélite. Tais culturas encontram-se disseminadas

na área mapeada. Tem importância econômica maior, a cafeicultura, conforme já foi

citado anteriormente.

É relevante destacar, que parte da vegetação natural que foi substituída por

atividades agropastoris e deixada em pousio, tranformou-se em capoeira ou em áreas

com estágio inicial de regeneração, com feições diversas, relacionadas diretamente com

a vegetação natural. Essa vegetação secundária pode estar relacionada com o uso

intensivo do solo e a prática das queimadas sucessivas. As fotografias evidenciadas

abaixo, demonstram com bastante clareza a afirmação ressaltada.

Fotos 17 e 18

Vegetação do entorno da nascente do Rio Catolezinho

Geralmente, a retirada da cobertura vegetal acarreta diversos problemas para uma

região, como por exemplo, a perda de água do solo por transpiração direta, já que as

folhas diminuem o impacto das gotas de chuva e as raízes profundas das árvores

quando removidas, provocam considerável aumento do escoamento superficial,

causando, com o tempo, o assoreamento do rio. A cobertura vegetal se relaciona a

fatores influentes nos processos erosivos, dentre os quais citam-se: efeitos espaciais da

cobertura vegetal, efeitos na energia cinética da chuva e o seu papel na formação do

húmus, o qual afeta, conforme citado anteriormente, a estabilidade e o teor de agregados

no solo (SCHIAVETTI, 2002, p. 50.)

Observa-se claramente, que é de extrema relevância a preservação das matas

ciliares, vez que funcionam como filtros, retendo defensivos agrícolas, poluentes e

sedimentos que seriam transportados para os cursos d'água, afetando diretamente a

quantidade e a qualidade da água e conseqüentemente a fauna aquática e a população

humana. São importantes também como corredores ecológicos, ligando fragmentos

florestais e, portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o fluxo gênico entre as

populações de espécies animais e vegetais. Em regiões com topografia acidentada,

exercem a proteção do solo contra os processos erosivos.

Apesar da reconhecida importância ecológica, ainda mais evidente nesta virada de século e de milênio, em que a água vem sendo considerada o recurso natural mais importante para a humanidade, as florestas ciliares continuam sendo eliminadas cedendo lugar para a especulação imobiliária, para a agricultura e a pecuária e, na maioria dos casos, sendo transformadas apenas em áreas degradadas, sem qualquer tipo de produção.(ambientebrasil, 14/09/2004 – 11:25 h.)

Além disso, as matas ciliares exercem importante papel na proteção dos cursos

d'água contra o assoreamento e a contaminação com defensivos agrícolas, além de,

em muitos casos, se constituírem nos únicos remanescentes florestais das

propriedades rurais, sendo portanto, essenciais para a conservação da fauna.

Rio Catolezinho

Rio

Catolez

inho

Rio C

atol

ezin

ho

Foto 19

Rio Catolé/ Região do Sossego – Mata Ciliar nativa (margem direita)

Estas peculiaridades conferem às matas ciliares um grande aparato de leis,

decretos e resoluções visando sua preservação. O novo Código Florestal (Lei n.°

4.777/65) citado no capítulo II, inclui as matas ciliares na categoria de áreas de

preservação permanente - APPs. Assim, toda a vegetação natural (arbórea ou não)

presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios

deve ser preservada.

Veja na foto acima, a mata ciliar de uma área do rio Catolé, na região do Sossego.

A fotografia evidencia a mata ciliar nativa da margem direita do rio, que demonstra a

importância evidenciada. De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura da faixa de

mata ciliar a ser preservada está relacionada com a largura do curso d'água. A tabela

apresenta as dimensões das faixas de mata ciliar em relação à largura dos rios,

lagos, etc.

TABELA IV – Dimensões das Faixas de Mata Ciliar

Situação Largura mínima da faixa

Cursos de água com até 10m 30m em cada margem

Cursos d´água de 10 a 50m de largura 50m em cada margem

Cursos d´água de 50 a 200m de largura 100m em cada margem

Cursos d´água de 200 a 600m de largura 200m em cada margem

Cursos d´água com mais de 600m de largura 500m em cada margem

Lagos ou reservatório em zona urbana 30m ao redor do espelho d´água

Lagos ou reservatórios em zona rural (com menos de 20ha)

50m ao redor do espelho d´água

Lagos ou reservatórios em zona rural (a partir de 20ha)

100m ao redor do espelho d´água

Represas de hidroelétricas 100m ao redor do espelho d´água

Nascentes (mesmo intermitentes) e olhos d´água Raio de 50 m

Fonte modificada: Recuperação de matas ciliares. Sebastião Venâncio Martins. Editora Aprenda Fácil. Viçosa - MG, 2001.

Assim, Na definição de uma política de gestão de águas, devem participar todas

as entidades com intervenção nos problemas da água. Todavia, a responsabilidade

pela execução dessa política deve competir a um único que coordene, em todos os

níveis, a atuação daquelas entidades em relação aos problemas da água. (In Setti,

2002 p.106)

Partindo desse pressuposto, entende-se a necessidade de implementar o

gerenciamento e a gestão dos recursos hídricos, objetivando compatibilizar o uso, o

controle bem como a proteção deste recurso, disciplinando as possíveis ações

antrópicas, de acordo com as políticas aí estabelecidas, de modo a alcançar o

desenvolvimento sustentável, que possa levar em consideração as especificidades

locais, como também as prioridades aí apresentadas. Portanto,

O planejamento ambiental consiste na coordenação, compatibilização, articulação e implementação de projetos de intervenções estruturais ou não estruturais na unidade geográfica de planejamento adotada de modo a adequar o uso, o controle e a proteção do recurso natural às aspirações sociais e, ou, governamentais, contidas na política estabelecida com este objetivo. Fazem parte do Planejamento Ambiental: o zoneamento ambiental, o zoneamento ecológico-econômico e a avaliação de impacto ambiental. (Gestão dos Recursos Hídricos, 2000. p 7)

A esse respeito, é importante compreender que o gerenciamento ou gestão de um

recurso ambiental natural consiste na articulação do conjunto de ações dos diferentes

agentes sociais, econômicos e socioculturais, de maneira interativa, com o intuito de

compatibilizar o uso, o controle, e a preservação, entendendo que não se deve

considerar a bacia hidrográfica de forma isolada. No sentido de proteger, harmonizar e

garantir o bom funcionamento dos recursos hídricos foi criado o Plano Nacional de

Recursos Hídricos, citado no capítulo II. É essencialmente, um instrumento de

planejamento estratégico que deve ser elaborado a partir das definições, princípios e

diretrizes consagradas na Constituição Federal, na Lei Nº 9.433, de 1997 e nas diretrizes

aprovadas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).

Deverá ser um documento indicativo e organizado de forma a permitir às

autoridades uma visão ampla e objetiva das questões apresentadas. O PNRH visa

basicamente a definição das ações a serem desenvolvidas por entidades competentes

em horizontes temporais adequados, não cabendo ao mesmo definir procedimentos

executivos. À Secretaria de Recursos Hídricos – SRH/MMA, enquanto Secretaria

Executiva do CNRH, caberá coordenar sua elaboração e submetê-lo à aprovação

daquele Conselho.

Face ao princípio da gestão descentralizada e caracterizada na Política Nacional

de Recursos Hídricos-PNRH, será respeitado o espaço de decisão que a Lei reservou

aos Estados, ao Distrito Federal e às próprias comunidades enquanto usuárias da água,

assim como a sua participação ao serem tratados aspectos inerentes às diversidades

regionais que o quadro nacional oferece.

3.6 - Matriz de Impacto Ambiental

No sentido de dar maior respaldo a esse estudo, foi realizada uma matriz de

impacto ambiental, a qual se estrutura de forma a demonstrar as principais ameaças

ambientais causadoras de impactos e degradação do objeto de estudo.

TABELA V – Tipo, mplitude geográfica e causas das principais ameaças

ambientais observadas no entorno da nascente e no curso do Rio Catolezinho

IMPACTO AMBIENTAL

CAUSAS PRINCIPAIS (Ação)

AMPLITUDE GEOGRÁFICA

Poluição do rio

Destinação inadequada de

entulho e lixo

Boa parte do curso do rio

Perda da biodiversidade

(fauna e flora),

sedimentação do rio

Desmatamento indiscriminado

da vegetação nativa

No entorno da nascente e ao

longo do curso do rio

Redução do volume de

água

Bombeamento de água na área

da nascente, barramentos

d’água para as barragens

Na nascente principal e ao

longo do curso do rio

Contaminação das águas,

morte de peixes e riscos à

saúde da população

Utilização de agrotóxicos nas

lavouras, lavagem dos

equipamentos agrícolas no rio

Para a comunidade do

município, principalmente a

ribeirinha

FONTE: Pesquisa de campo – agosto/setembro de 2004

Pela evidência dos impactos relacionados na matriz, nota-se o grau de

degradação da nascente e do curso do rio Catolé, uma vez que se reforça a necessidade

de fomentar políticas públicas e projetos de educação ambiental, no sentido socorrer

este ambiente, respaldando-se nos parâmetros das Leis vigentes, pois a água é

necessária em todos os aspectos de vida, e, é importante assegurar que se mantenha

uma oferta adequada de boa qualidade para toda a população do planeta, ao mesmo

tempo em que se preserve as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos

ecossistemas, adaptando as atividades humanas aos limites da capacidade de natureza,

combatendo vetores de moléstias relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras,

inclusive o aperfeiçoamento de tecnologias nativas, são necessárias para aproveitar

plenamente os recursos hídricos limitados e protegê-los da poluição, bem como de

qualquer tipo de desperdício.

CAPÍTULO V

4.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo desses três meses que priorizamos para fazer o estudo ambiental da

nascente do rio Catolezinho, tivemos a oportunidade de apreciar a beleza do ambiente

em que se encontra a nascente, bem como a importância sócio-econômica e cultural que

tem esse recurso para a sociedade de Barra do Choça e demais localidades adjacentes.

A nascente do rio Catolezinho é o começo de uma rede hidrográfica muito importante

para vários municípios, pois é uma das fontes que alimentam grandes cursos d’água até

chegar ao mar, através do rio Pardo, que é a Bacia Hidrográfica principal a que pertence

o município.

Apesar de ser um rio de pequena extensão territotiral, o rio Catolezinho é de

extrema relevância no contexto sócio econômico da região, pois apresenta uma

diversificação na ocupação do solo, conforme foi destacado em capítulos anteriores.

Produtos como hortaliças, feijão pastagens e culturas irrigadas de cafezais, ocupam

vários espaços ao longo da micro-bacia. Além disso, o entorno da cidade na porção

oeste é banhado por águas do catolezinho, fato que consuma a importância atribuída

durante o estudo.

Neste contexto, ao propor medidas para a recuperação e preservação da

nascente e de toda a sua extensão, deve se levar em conta fatores de ordem econômica,

social, ambiental e, até mesmo cultural, reconhecendo o caráter multi-setorial do

desenvolvimento dos recursos hídricos no contexto do desenvolvimento socioeconômico,

bem como os interesses múltiplos na utilização desses recursos para o abastecimento de

água potável e saneamento, agricultura, indústria, desenvolvimento urbano e outras

atividades. Os planos racionais de utilização da água para o desenvolvimento de fontes

de suprimento e outras fontes potenciais, devem contar com o apoio de medidas

concomitantes de conservação e minimização do desperdício.

Desse modo, ao se propor medidas de recuperação ambiental para importantes

áreas, como é o caso desse ecossistema, deve-se estabelecer critérios eficazes, no

sentido de dar respostas capazes, para que não caia na rotina de sempre, com discursos

bonitos e programas de gabinetes, que não têm surtido muito efeito. Vale salientar, que a

população que vive no entorno da nascente e ao longo do rio, deve ser alvo de

preocupação em primeira instância na pauta das ações propostas, pois convive e

proporciona grande parte das situações ressaltadas.

Para atingir essa massa, sugere a aplicação de programas de educação

ambiental, no sentido de sensibilizá-la e conscientizá-la para a tomada de decisões, uma

vez que as responsabilidades devem ser reconhecidas numa visão de co-

responsabilidade entre a população e todos os segmentos (municipais, estaduais,

federais e setores não governamentais), pois a qualidade de vida das gerações atuais e

futuras depende da consciência ecológica de todos.

Para garantir o manejo integrado dos recursos hídricos, a lei reserva à sociedade

uma parcela de responsabilidades pela condição da Política de Gestão. Certamente, os

acertos não virão de imediato, pois a questão da educação e da consciência ambiental

são muito recentes para a nossa sociedade, se tomarmos por base que a problemática é

muito grande e de difícil compreensão. Existe uma necessidade imediata de romper com

uma cultura baseada no desperdício e no consumismo, hábitos desnecessários têm

levado ao processo de degradação pelo uso exagerado dos recursos naturais, e, de

maneira especial, a água, que é o objeto de estudo, dessa monografia.

Dessa maneira, é necessário promover a conservação da água por meio de

planos melhores e mais eficientes de aproveitamento e de minimização do desperdício

para todos os usuários, incluindo o desenvolvimento de mecanismos de poupança de

água; apoiando os grupos de usuários, para otimizar o manejo dos recursos hídricos

locais; desenvolvendo técnicas de participação do público nas tomadas de decisão,

fortalecendo, em particular, o papel da população ribeirinha no planejamento e manejo

da água do Catolezinho. De maneira especial, as pessoas da Fazenda mocambo, que

são os primeiros usuários do rio, considerando a prioridade da água potável, conforme é

garantido por lei. Para resguardá-los do direito que os assiste, sugere-se a regularização

do uso da água com direito de outorga, devidamente regulamentado pela

Superintendência dos Recursos Hídricos.

Aliado a isso, deve-se implementar programas de recuperação e preservação de

matas ciliares, principalmente nas áreas de produção de hortaliças, cafezais e

pastagens, pois muitos proprietários retiraram por completo a vegetação nativa, sem a

devida preocupação com o que consta no Novo Código Florestal. Conforme foi

observado, várias áreas desmatadas não estão ocupadas por nenhuma cultura, quando

revestidas de vegetação nativa trariam muito mais resultados para os próprios

proprietários. Vale salientar, que a lei deve ser aplicada para muitos fazendeiros que a

conhece e descumpre com os seus fundamentos, contribuindo ainda mais para impactar

o ambiente.

Ao mesmo tempo, as políticas públicas e as tomadas de decisões por parte dos

órgãos competentes, devem se aplicadas, no sentido de respaldar com mais eficácia, os

demais programas aplicados, pois o grau em que o desenvolvimento dos recursos

hídricos contribui para a produtividade econômica e o bem estar social nem sempre é

apreciado, embora todas as atividades econômicas e sociais dependam muito do

suprimento e da qualidade da água.

Os Comitês de Bacias Hidrográficas têm, entre outras, as atribuições de promover

o debate das questões relacionadas aos recursos hídricos da bacia; articular a atuação

das entidades que trabalham com este tema; arbitrar, em primeira instância, os conflitos

relacionados a recursos hídricos; aprovar e acompanhar a execução do Plano de

Recursos Hídricos da Bacia; estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de

recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; estabelecer critérios e promover

o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

No caso da região em que se insere o objeto de estudo, tal prática ainda está

longe de ser alcançada. No sul do país, o processo já se encontra um tanto avançado, e

a lei vigora com maior evidência, até mesmo porque, o grau de educação daquela região

é muito mais elevado. Aqui, entretanto, as políticas ainda são pouco implementadas, e os

comitês de bacias ainda não são realidades, salvo raras exceções. Portanto, não se deve

esperar que os rios da região sejam salvos após a aplicação dessa importante política,

que embora seja a mais viável, para nossa região ainda é utopia. Afinal, a água é o

recurso natural mais importante para toda a vida do planeta, e a responsabilidade pela

sobrevivência deve ser de cada um.

Por fim, é fundamental o estabelecimento de diretrizes para a utilização da água,

entendendo que as questões ambientais, em especial as relacionadas aos recursos

hídricos, não devem ser negligenciadas quando se formulam as políticas gerais e

setoriais de desenvolvimento. A inclusão dessas questões na busca de soluções para os

problemas dos recursos hídricos exige uma nova postura por parte dos gestores

públicos. A exemplo, pode ser criado o Código Ambiental Municipal que poderá fortalecer

o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, dando maior respaldo no momento

de uma fiscalização, bem como a guarda ambiental municipal, que fiscalizará com mais

rigor, as áreas da região, no sentido de minimizar as agressões ambientais no município.

Em linhas gerais, estas são as considerações ressaltadas após o estudo, que

poderão contribuir para uma análise mais profunda acerca da questão enfatizada, bem

como de outros estudos que posteriormente serão realizados. Vale registrar a satisfação

em poder conhecer um pouco do objeto de estudo enfocado, atribuindo-lhe a devida

importância, considerando o enfoque atual de discussões que se tem realizado, levando

em conta os imensos desafios a enfrentar, tendo em vista a problemática vivenciada e a

necessidade premente de concentrar esforços para atender às demandas sociais e

econômicas que giram em torno dos recursos hídricos.

4.1 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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