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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA – UEFS DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL DANILO CARVALHO DE OLIVEIRA DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE PROJETO: ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA INDUSTRIAL NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA-BA. FEIRA DE SANTANA SETEMBRO / 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA – UEFS

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

DANILO CARVALHO DE OLIVEIRA

DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE

PROJETO: ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA INDUSTRIAL NA

CIDADE DE FEIRA DE SANTANA-BA.

FEIRA DE SANTANA

SETEMBRO / 2008

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DANILO CARVALHO DE OLIVEIRA

DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE

PROJETO: ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA INDUSTRIAL NA

CIDADE DE FEIRA DE SANTANA-BA.

Projeto de Pesquisa apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso ao Departamento de Tecnologia, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), como uma das etapas para obtenção da graduação de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Cristóvão César Carneiro Cordeiro

FEIRA DE SANTANA

SETEMBRO / 2008

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DANILO CARVALHO DE OLIVEIRA

DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE

PROJETO: ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA INDUSTRIAL NA

CIDADE DE FEIRA DE SANTANA-BA.

Este Trabalho Final de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de BACHAREL

EM ENGENHARIA e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e Mestre pela

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Cristóvão Cordeiro

Banca Examinadora:

__________________________________________________________________________

Prof. MSc. Cristóvão César Carneiro Cordeiro

Orientador

___________________________________________________________________________

Prof. Esp. Geraldo Barros Rios

Universidade Estadual de Feira de Santana

___________________________________________________________________________

Prof. Esp. Luis Cláudio Alves Borja

Universidade Estadual de Feira de Santana

Feira de Santana, 11 de Setembro de 2008

4

"Grandes realizações não são feitas por impulso, mas por uma soma de pequenas

realizações."

Vincent Van Gogh.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família: Ao meu grande pai Nilton que foi durante esta

caminhada exemplo de hombridade e firmeza, e ao seu modo soube compreender as

dificuldades. A minha querida mãe Janete que esteve presente em todos os momentos e soube

sempre trazer a paz ao nosso lar.

A minha gloriosa irmã Rose que se mostrou sagaz na luta pelos seus objetivos

e é exemplo de bravura. E agora a nosso novo xodó minha sobrinha Ana Clara que chegou e

trouxe muita alegria para todos.

Ao meu amor Maiana Diniz, por estar ao meu lado e compreender algumas

ausências. E por ter me encorajado nos momentos difíceis. (Te amo).

A meu orientador e amigo Cristóvão Cordeiro que se mostrou sempre

disponível durante a elaboração deste trabalho. (Muito Obrigado).

Aos meus amigos Engenheiros: Christiano Nobre, Paulo Henrique, Patrícia

Freitas, Vitor Lima. Espero continuar contando com vocês e estarei sempre à disposição.

Vivemos momentos especiais.

Em especial ao amigo Valter Rodson que ao longo desta trajetória

compartilhamos e vivenciamos momentos especiais em nossas vidas. (Dá um Livro)!

Aos amigos de curso: Francisco Pedro, William Vilas Boas, Admir Luz,

Thiago Ramos, Floildo Neto, Alisson Cerqueira, Aurino Júnior. Um abraço.

Aos meus amigos e colegas da gaiola: Andro Castro (Malandro), José Jorge

(Chico Bento), Diego Sampaio (Delícia), Caio Matheus (Caculé), Everton Cerqueira (Sagüi),

Frederico (Cat Chorra). Foram bons momentos.

E aos amigos de Serrinha-Ba: Francisco Bruno, Felipe Bitencourt, Lorena

Ramos. Que sempre torceram por mim.

E a todos que contribuíram para conclusão deste trabalho.

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RESUMO

Algumas mudanças no ambiente de negócios têm exigido modificações radicais na forma de

condução do Processo de Desenvolvimento do Produto (PDP). Estas mudanças objetivam

reduzir o prazo de entrega, o custo e melhorar a qualidade, através da integração das

atividades de projeto, fabricação, construção, e manutenção, obtida pela maximização da

simultaneidade e colaboração em práticas de trabalho. Também na indústria da construção

civil tem sido crescente o interesse neste tipo de abordagem, principalmente em

empreendimentos complexos nos quais há grande incerteza e necessidade de compressão de

prazos.

Tendo em vista este cenário, o objetivo deste trabalho consiste em investigar fatores que

afetam e dificultam a gestão do processo de projeto e identificar práticas passíveis de

aplicação para a melhoria do processo de projeto num empreendimento industrial. Para isso

verificou-se as práticas adotadas no empreendimento, coletando a percepção dos agentes

envolvidos no processo.

Diante dos fatores identificados, que incluiu a grande quantidade de revisões de projeto, os

atrasos no cumprimento do cronograma, e um número excessivo de agentes intervenientes,

pôde-se apontar a falta de um setor de coordenação de projetos como principal prática a ser

implementada para uma melhor gestão do processo de projeto. Além disso, a revisão

bibliográfica efetuada permite sugerir a adoção de procedimentos embasados em

metodologias consistentes tecnicamente a fim de se obter melhores resultados no processo de

desenvolvimento do produto nesse tipo de empreendimento.

Palavras Chave: Projeto, Processo de Desenvolvimento do Produto, Obras Industriais.

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ABSTRACT

Some changes in the business environment have required more radical changes in the way of

driving the Product Developing Process – PDP in order to reduce the delivery time and cost,

and improve quality, through integration of designing, manufacturing, construction and

maintenance activities, obtained by simultaneity and collaboration in working practices. Also

in the construction industry this kind of approach has been studied, particularly in complex

projects with great uncertainty and needs of time compression.

In this way, the aim of this work is to investigate factors that affect the project management

and to identify practices to improve this process through a case study in an industrial site in

Feira de Santana, BA. The research method included the verification of the PDP practices on

this project through the identification of the project’s agent’s perception about PDP.

The factors observed were a huge quantity of project reviews, schedule delays and a great

number of agents involved. The agents highlighted the absence of a management project

department as a main practice to be implemented in search of a better project management. In

this sense, the bibliography review allows to suggest the adoption of procedures based on

consistent and technically methodologies to achieve better results in the product development

process on this kind of construction projects.

Key-words: Project, Product Developing Process, Industrial Construction Sites.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas e atividades de projeto ..........................................................................27 Figura 2 – Esquema de desenvolvimento de projeto (Melhado et al; 1996)................28 Figura 3 – Esquema de verificação e controle de etapas do projeto (Melhado, 2000)..................................................................................................................................................29 Figura 4 – Áreas do Gerenciamento de Projetos – PMBOK ..........................................33 Figura 5 - Gerenciamento de Projetos – PMBOK ............................................................33 Figura 6 - Visão geral dos processos de gestão de escopo do projeto (PMBOK 2004) ........................................................................................................................................36 Figura 7- Visão geral dos processos de gestão do tempo do projeto (PMBOK 2004)...................................................................................................................................................38 Figura 8 – Evolução do sucesso e fracasso em projetos................................................39 Figura 9 – Problemas no desenvolvimento de projetos no Brasil..................................40 Figura 10 – DFD de Prestação de Serviço do Empreendimento...................................50 Figura 14 - Avanço de Lista de Projeto – Acumulado .....................................................53 Figura 15 – Quantidade de Projetos adicionados por lista .............................................54 Figura 16 –Quadro Comparativo 1 .....................................................................................56 Figura 17 – Quadro Comparativo 2 ....................................................................................58 Figura 18 – Quadro Comparativo 3 ....................................................................................60 Figura 19 – Quadro Comparativo 4 ....................................................................................63 Figura 20 – Quadro Comparativo 5 ....................................................................................65 Figura 21 - Diretrizes passíveis de aplicação. ..................................................................72

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LISTA DE

ABREVIATURAS E SIGLAS

DFD – Diagrama de Fluxo de Dados.

EAP – Estrutura Analítica de Projeto.

ES - Engenharia Simultânea

NORIE/UFRGS (Núcleo Orientado para Inovação da Edificação).

PCP – Planejamento e Controle da Produção.

PDP – Processo de Desenvolvimento do Produto.

PMBOK – A guide to the project management body of knowledge.

PMI – Project Management Institute.

PMI-RJ –Project Management Institute do Rio de Janeiro.

PMI-SP –Project Management Institute de São Paulo.

PMJ – Project Management Journal.

PMP – Project Management Professional.

PMQ – Project Management Quartely.

PPC – Percentual de Pacotes Concluídos.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................13

1.1 MOTIVAÇÃO................................................................................................................13

1.2 JUSTIFICATIVA ..........................................................................................................14

1.3 OBJETIVO....................................................................................................................15

1.3.1 Objetivo Geral .....................................................................................................15 1.3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................15

1.4 PROBLEMÁTICA ........................................................................................................16

1.5 ESTRUTURA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO.........................................16

2.0 ENGENHARIA SIMULTÂNEA .....................................................................................17

2.1 OBJETIVOS DA ES ....................................................................................................18

2.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ES ................................................................................19

2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA ES NA CONSTRUÇÃO

CIVIL ....................................................................................................................................20

3. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO ...........................................22

3.1 O PDP NA CONSTRUÇÃO CIVIL............................................................................29

4. PMI.......................................................................................................................................31

11

4.1 GERENCIAMENTO DE ESCOPO DO PROJETO ................................................33

4.2 GERENCIAMENTO DO TEMPO DO PROJETO...................................................37

4.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE GERÊNCIA DE PROJETOS ..................................39

5. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ..................................................41

5.1 PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO ..................................................................41

5.2 PLANEJAMENTO DE MÉDIO PRAZO....................................................................42

5.3 PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO ..................................................................43

5.4 INDICADORES DE DESEMPENHO........................................................................45

5.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE A RESPONSABILIDADE PELA ELABORAÇÃO

DO PCP ...............................................................................................................................46

6. MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................................47

6.1 ESTRATÉGIA DA PESQUISA ..................................................................................47

6.2 CONTEXTUALIZAÇÃO ORGANIZACIONAL DO EMPREENDIMENTO ..........49

7. Estudo de Caso: Análise da Gestão do Projeto e P rodução no

Empreendimento Pesquisado ..........................................................................................52

7.1 Gestão do Repasse de Projeto do Empreendimento............................................52

7.2 Processo de Projeto do Empreendimento ..............................................................53

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7.3 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO

DO EMPREENDIMENTO.................................................................................................55

7.3.1 Módulo 1 – Visibilidade da Organização. ....................................................56 7.3.2 Módulo 2 – Habilidades Técnicas dos Gerentes de Projeto. .................58 7.3.3 Módulo 3 – Grau de Planejamento do Empreendim ento. .......................60 7.3.4 Módulo 4 – Interferência entre projeto e prod ução. .................................63 7.3.5 Módulo 5 – Produção. .......................................................................................65

7.4 DIRETRIZES PARA A MELHORIA DO PDP .........................................................68

8.CONCLUSÕES...................................................................................................................73

8.1 CONCLUSÕES, DIRETRIZES E RECOMENDAÇÕES. ......................................73

8.2 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS. .......................................74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................75

ANEXO 1.................................................................................................................................78

ANEXO 2.................................................................................................................................98

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1. INTRODUÇÃO

1.1 MOTIVAÇÃO

O setor da construção civil no Brasil ainda aparece freqüentemente rotulado como um setor

"atrasado" quando comparado a outros setores industriais devido à sua baixa produtividade

global, em função, principalmente, de seu baixo nível de industrialização, elevado desperdício

de materiais e reduzida qualificação de sua mão-de-obra, o que resulta também na baixa

qualidade do seu produto final. E o mais grave é que a situação era bem pior, nosso país já

sentia os reflexos de uma nova conjuntura econômico-produtiva instalada após o início da

década de 90, motivada tanto por fatores internos quanto externos, o que havia exigido a

elevação dos níveis de competitividade em todos os setores produtivos. Ao mesmo tempo,

após esse mesmo período, passou a ocorrer uma maior conscientização dos consumidores,

notadamente após o advento do código de defesa do consumidor, e como reflexo também de

uma queda no seu poder de compra, levando a que as estratégias de competitividade traçadas

pelas empresas que desejassem sobreviver no mercado passassem a considerar,

necessariamente, os aspectos de melhoria da qualidade de seus produtos e de maior eficiência

nos seus processos de produção. E, desde então, a construção civil, nos seus diversos

subsetores, inseridos nesse contexto, procuram meios para sobreviver nessa nova conjuntura,

e vários esforços têm sido feitos por empresas para atingirem níveis mais altos de qualidade e

produtividade, dentro de um processo de atualização e revisão das práticas comuns no setor,

tanto nos seus aparatos de produção quanto gerenciais.

No contexto atual, a indústria da construção civil vem passando por uma ótima fase. Vários

investimentos vêm sendo feitos no setor, tanto por parte da iniciativa pública quanto privada o

que está ocasionando o chamado “boom da construção”. A oferta de crédito, a ampliação dos

prazos, e a redução das taxas de juros são apontadas como os fatores responsáveis por tal

cenário. Ao lado da atual conjuntura de grandes oportunidades de mercado surge a

necessidade que os produtos sejam desenvolvidos com maior rapidez, ou seja, existe instalada

a pressão para cumprimento de prazos e custos. Diante deste cenário é importante ressaltar e

questionar sobre o grau de importância a que está sendo conferida a etapa projeto e qual a

14

qualidade do produto final passado ao cliente, pois de fato existe hoje a necessidade de

gerenciamento e controle da etapa projeto.

1.2 JUSTIFICATIVA

Atualmente, grande parte do sucesso econômico das empresas está associada às habilidades

destas em identificar as necessidades dos clientes e rapidamente criar produtos que atendam a

essas necessidades e que possam ser produzidos a um custo relativamente baixo. Atingir essa

meta não é somente um problema de marketing, ou mesmo um problema apenas de projeto ou

produção. É um problema de desenvolvimento do produto, que envolve essas e outras funções

(ULRICH; EPPINGER, 2000, Apud CODINHOTO 2003).

Este tema tem uma importância relevante em empreendimentos de construção nos quais existe

simultaneidade entre projeto e produção. Nesses empreendimentos, em função da incerteza e

da interdependência entre as atividades, o planejamento e o controle assumem um papel

fundamental no sentido de garantir um fluxo contínuo de trabalho na produção. Além disso, o

planejamento e controle integrado dessas funções possibilitam a redução do tempo de

desenvolvimento, uma vez que muitas das atividades relacionadas a essas funções podem ser

realizadas de forma paralela e simultânea (CODINHOTO, 2003).

Para tanto a Indústria da Construção Civil precisa promover e implementar inovações nos

processos de gestão. Dentro deste contexto apresentamos conceitos da Engenharia

Simultânea, Processo e Desenvolvimento do Produto e ainda algumas ferramentas do Project

Management Body of Knowledge (PMBOK). Um fator importante deste estudo é que estes

conceitos são amplamente abordados dentro da administração, em contraponto existem

poucos estudos que comentam estas práticas dentro da construção civil.

Devido a este fato torna-se relevante este tipo de estudo e por outro lado veio a acrescentar na

formação do autor sobre a gestão de projetos

A percepção de tais contratempos e ainda à dificuldade de identificar como esses problemas

repercutiam na qualidade dos serviços prestados ao cliente foi fundamental para o estímulo na

investigação do assunto, almejando gerenciar tal processo de forma consistente. A atuação na

área de construção civil fez com que o autor obtivesse uma maior visão da utilização de

15

materiais e métodos diretamente ligados à condução do desenvolvimento final do produto.

Entretanto, percebeu-se que para tal precisava-se de um melhor gerenciamento na interface

entre o desenvolvimento do projeto e da produção.

Sendo a gestão simultânea dos processos de desenvolvimento do produto essencial ao sucesso

dos empreendimentos, devem-se planejar de forma integrada os processos de projeto e de

produção.

1.3 OBJETIVO

1.3.1 Objetivo Geral

Consiste em investigar os fatores que contribuem e dificultam o planejamento e controle dos

processos de projeto e produção em empreendimentos industriais com elevado grau de

incerteza e complexidade.

1.3.2 Objetivos Específicos

Identificar a percepção dos agentes atuantes no processo de projeto quanto aos fatores que

atuam na implementação do planejamento e controle integrado de projeto e produção.

Identificar práticas de integração passíveis de aplicação ao planejamento e controle de curto

prazo dos processos de projeto e produção em empreendimentos industriais.

16

1.4 PROBLEMA

Como gerenciar o processo de projeto em empreendimentos industriais?

1.5 ESTRUTURA DE APRESENTAÇÃ O DO TRABALHO

O presente trabalho divide-se em 8 capítulos, iniciando-se por este capítulo introdutório.

No capitulo 2, são apresentados conceitos de Engenharia Simultânea (ES), e como a mesma

vem sendo abordada dentro do contexto da indústria da construção civil, enfocando seus

principais objetivos e princípios e ainda o relato de considerações sobre a necessidade de sua

implementação em paralelo com as peculiaridades inerentes ao setor.

O capítulo 3 aborda o conceito do Projeto de Desenvolvimento de Produto (PDP) e como as

transformações no ambiente produtivo, geradas pelo aumento da competitividade e pela

complexidade das demandas de mercado, refletiram no cenário da condução do processo de

desenvolvimento do produto. São apresentadas também várias definições e denominações do

conceito do PDP. E ainda apresenta-se neste capítulo a relevância da etapa projeto dentro do

PDP e suas diversas fases.

No capítulo 4 é descrito o modelo de gerenciamento de projetos do Project Management

Institute - PMI bem como a aplicação das ferramentas do Project Management Body of

Knowledge - PMBOK, dando maior ênfase ao processo de gerenciamento do escopo e do

tempo de projeto, apresentando considerações sobre sua aplicação.

No capítulo 5, descreve-se o modelo de planejamento e controle da produção proposto pelo

NORIE/UFRGS (Núcleo Orientado para Inovação da Edificação da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul), que se torna primordial no que se refere à compreensão de parâmetros de

gestão de incertezas em empreendimentos no âmbito da ICC. São apresentados os níveis

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hierárquicos do modelo do PCP, tendo-se como foco do objeto de estudo o planejamento de

curto prazo ou operacional.

O capítulo 6 apresenta a metodologia utilizada para coleta e tratamento de dados, do objeto de

estudo.

O capítulo 7 apresenta os dados coletados sobre o empreendimento, bem como discussões e

faz-se inferências à literatura consultada.

E por último o capítulo 8 onde são apresentadas as conclusões e recomendações para

pesquisas futuras.

2.0 ENGENHARIA SIMULTÂNEA

Segundo Koskela (2000), a Engenharia simultânea é uma abordagem que nasceu na prática de

forma semelhante ao que ocorreu no Sistema Toyota de Produção (STP), no Japão. Segundo

este mesmo autor a engenharia simultânea e o STP fazem parte de um novo paradigma de

gestão da produção, sendo que existem conceitos e princípios comuns a ambos.

A Engenharia simultânea tem sido bastante disseminada na prática, tendo despertado o

interesse de diversos acadêmicos pelos resultados positivos no desenvolvimento de novos

produtos em contextos turbulentos (PRASAD, 1996, apud CODINHOTO 2003). Também na

indústria da construção civil tem sido crescente o interesse neste tipo de abordagem,

principalmente em empreendimentos complexos nos quais há grande incerteza e necessidade

de compressão de prazos (KOSKELA, 2000; HUOVILA et al., 1997a; KAMARA et al.1997,

apud CODINHOTO 2003).

A Engenharia Simultânea emergiu como uma alternativa ao desenvolvimento seqüencial e

fragmentado da atividade projetual, com pouca ou nenhuma interação entre os projetistas,

para a realização de um Projeto Simultâneo através da redução de atividades que não agregam

valor (HUOVILA et al, 1997 apud CODINHOTO 2003).

18

O conceito da engenharia simultânea, também denominado engenharia concorrente surgiu

originalmente na indústria manufatureira em meados dos anos 80. Considerando o contexto da

indústria da construção, Kamara et al. (1997, apud CODINHOTO 2003) definem ES como

uma tentativa de aperfeiçoar o projeto de um empreendimento e os processos de construção a

fim de reduzir o prazo de entrega e o custo, assim como melhorar a qualidade, através da

integração das atividades de projeto, fabricação, construção, e manutenção, obtida pela

maximização da simultaneidade e colaboração em práticas de trabalho. Para esses autores, a

ES é vista como uma abordagem que engloba uma série de outros métodos e práticas, tais

como equipes multidisciplinares, programação em paralelo de atividades e resolução

interfuncional de problemas.

Para Koskela (1992), o termo se refere ao processo de projeto melhorado, caracterizado pela

rigorosa análise de requisitos, incorporando as restrições de fases subseqüentes na fase

conceitual e estendendo o controle sobre alterações em direção ao final do processo de

projeto. Assim, a ES passou a ser considerada como uma abordagem que trata as atividades

do PDP de forma paralela e simultânea, reajustando constantemente o tempo de processos

lineares e seqüenciais, tendo o propósito de fazer com que os envolvidos nesse processo

considerem, desde o início, todo o trabalho a ser realizado (PRASAD, 1996, apud

CODINHOTO 2003).

2.1 OBJETIVOS DA ES

Vários são os objetivos da ES, existindo um relativo consenso entre diversos autores a este

respeito (PRASAD, 1996; LAUFER et al., 1996; KOSKELA, HUOVILA, 1997; KAMARA

et al., 1997; HUOVILA et al., 1997a; CUNHA; BUSS, 2001; FABRÍCIO, 2002, apud

CODINHOTO 2003). Dentre os objetivos da ES, destacam-se a redução do tempo de

desenvolvimento do produto, a redução dos custos e o atendimento às necessidades e

requisitos dos clientes internos e externos.

Por fim, Laufer et al. (1996, apud CODINHOTO 2003), salientam que o objetivo principal da

ES é criar condições para o desenvolvimento de empreendimentos complexos, com alto grau

19

de incerteza envolvida, com reduzido prazo de desenvolvimento, sem comprometer

substancialmente os custos e a qualidade do produto.

2.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ES

Para atingir os objetivos propostos, existe um conjunto de princípios que devem ser seguidos.

A esse respeito, existem diversas proposições, motivadas principalmente pelo fato de que a

ES vem sendo aplicada em diferentes contextos e com diferentes interesses. Assim, a seguir

são apresentados alguns dos princípios propostos na literatura:

• Planejar e controlar os processos: segundo Laufer et al. (1996, apud CODINHOTO

2003), para que as metas estabelecidas no planejamento de atividades simultâneas

sejam atingidas é necessário controle sobre os processos, de modo a identificar

problemas e realizar ações corretivas.

• Incorporar a visão de fluxo dos processos: para Koskela e Huovila (1997, apud

CODINHOTO 2003), o entendimento intuitivo dos processos como fluxo é essencial

e permite identificar e remover as atividades que não agregam valor ao produto.

• Reduzir a incerteza nos processos: segundo Koskela e Huovila (1997, apud

CODINHOTO 2003), a incerteza deve ser reduzida, quando possível, de forma a

facilitar o processo de tomada de decisão.

• Integrar a equipe interfuncional: de acordo com Laufer et al. (1996), Kamara et al.

(1997) e Huovila et al. (1997a), a integração da equipe possibilita que as atividades

interdependentes possam ser planejadas e realizadas de forma iterativa e integrada ao

longo do PDP.

• Antecipar a identificação de problemas: de acordo com Kamara et al. (1997) e Prasad

(1996), o princípio da antecipação possibilita que as soluções sejam propostas

considerando os problemas identificados, reduzindo, assim, o número de correções e

retrabalhos ao longo do processo e conseqüentemente o tempo para conclusão das

atividades.

• Realizar atividades em paralelo: segundo Kamara et al. (1997), a realização de

atividades em paralelo requer, das equipes, a realização interativa de atividades.

20

Assim, além da redução do tempo necessário à realização das atividades, essa conduta

auxilia na manutenção do foco de desenvolvimento.

• Eficácia na troca de informação: para Koskela e Huovila (1996), a consideração desse

princípio envolve a introdução de ferramentas necessárias ao fluxo contínuo de

informações relevantes e exatas, entre as equipes e ao longo do desenvolvimento do

produto. Essas ferramentas, dentre outras funções, são voltadas à identificação e

tradução dos requisitos, ao intercâmbio rápido e eficaz de informações, a interação

das equipes, à coordenação da cadeia de suprimentos e à melhoria contínua.

• Melhoria contínua: para Kamara et al. (1997), esse princípio parte da

retroalimentação das lições aprendidas ao longo do desenvolvimento do produto, o

que leva as equipes a realizarem ações corretivas a fim de não cometerem os mesmos

erros.

• Alinhar as Proposições: a esse respeito, Prasad (1996) busca destacar que, apesar de

certos grupos, dentro de sua especialidade, serem comparativamente capazes de

desenvolver uma melhor solução para um determinado problema, é necessário estar

atento aos limites estabelecidos na concepção do produto, evitando-se assim desvios

dentro do padrão estabelecido e, conseqüentemente, retrabalhos.

2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA ES NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

Segundo Kamara et al. (1997, apud CODINHOTO 2003), as metas e princípios da ES são

bastante apropriados aos desafios enfrentados na construção civil: necessidade de melhorar a

qualidade, reduzir custos e aumentar o grau de satisfação do cliente. As áreas que podem

obter melhoria através de sua adoção são: a integração dos processos de projeto e produção,

abordagem colaborativa para projeto e fabricação do produto, abordagem pró-ativa para a

utilização de novas tecnologias para melhorar os processos existentes, padronização e

automação, satisfação dos clientes internos, segurança de execução na concepção do projeto e

melhor comunicação entre equipes de projeto e produção.

21

Entretanto, de acordo com Kamara et al. (1997) e Huovila et al. (1997ª, apud CODINHOTO

2003), para sua aplicação efetiva, é necessário levar em consideração algumas características

do setor, pois a ES é fortemente baseada na interação entre equipes interfuncionais, em alto

nível de cooperação e compartilhamento de informações. Principalmente nesse último caso, a

implementação da ES pode ser dificultada devido a barreiras profissionais e organizacionais

existentes no setor. Para esses autores, o compartilhamento de informações é principalmente

prejudicado pelo fato de que cada profissional possui uma forma de desenvolver seus

projetos, usando as mais diferentes ferramentas. Outra dificuldade destacada por Kamara et al.

(1997, apud CODINHOTO 2003) é a segregação existente entre o projeto e a produção, que

pode dificultar a integração de fornecedores nas fases iniciais do PDP. Além disso, Kamara et

al. (1997, apud CODINHOTO 2003) chamam a atenção também para as dificuldades

relacionadas às características do produto. Esses autores utilizam como exemplo os projetos

de instalações prediais, que devido ao alto custo de alterações têm que ser desenvolvidos da

melhor forma possível já na primeira versão, enquanto que comparativamente na indústria

manufatureira os projetos podem ser melhorados ao longo de seu ciclo de vida. Ainda Huovila

et al. (1997ª, apud CODINHOTO 2003)) salientam a ausência à integração da cadeia

produtiva, que é inexistente na construção civil.

Kamara et al. (1997, apud CODINHOTO 2003) também chamam atenção para o fato de que a

seqüência de execução do projeto começa da cobertura para as fundações, enquanto que a

execução é realizada na ordem inversa, ou seja, da fundação para a cobertura. O que os

autores buscam destacar é que a produção começa, justamente pelo último projeto a ser

desenvolvido.

Entretanto, para Kamara et al. (1997, apud CODINHOTO 2003), algumas dessas dificuldades

podem ser superadas através de mudanças no processo de negócio compatíveis a alguns

aspectos da ES. Dentre essas mudanças, esses autores destacam a formação de parcerias e

alianças como possibilidade de integração das equipes em fases iniciais. Também destaca o

efetivo processamento de requisitos do cliente como forma de manter o desenvolvimento

focado no cliente. Além das dificuldades de implementação da ES no PDP da construção civil

devida às diferenças setoriais apresentadas, segundo Prasad (1996, apud CODINHOTO

2003), a simultaneidade promovida por essa abordagem, torna esse processo mais complexo.

Para esse autor, essa complexidade é devida ao aumento do número de atividades exercidas

entre as pessoas que participam no processo.

22

Essa constatação evidencia ainda mais a necessidade de planejamento e controle do PDP,

dada à necessidade de transparência no processo. Nesse sentido, a importância do

planejamento advém principalmente da explicitação das interdependências entre os processos

e entre os diferentes projetos desenvolvidos simultaneamente. Assim, a seguir será

apresentada uma das alternativas de sistema de planejamento e controle que vem sendo

utilizada para o PDP na construção civil.

3. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO.

A transformação das indústrias após a Segunda Guerra Mundial tem progressivamente

contribuído para o aumento da complexidade dos produtos e dos processos. Assim, muitos

produtos anteriormente concebidos e produzidos de forma artesanal passaram a ser realizados

por várias equipes, com diferentes funções. Essa transformação tem exigido mudanças na

forma de conduzir o processo de desenvolvimento do produto (PDP), que tradicionalmente

tem sido realizado através do cumprimento seqüencial de metas relacionadas a fases

segmentadas (KOSKELA, 2000).

Nas últimas duas décadas, algumas mudanças no ambiente de negócios, tais como a

competição baseada na inserção rápida e eficaz de novos produtos, aumento da complexidade

destes e mudanças freqüentes nas demandas de mercado, têm exigido modificações ainda

mais radicais na forma de condução do PDP (CLARK; WHEELWRIGHT, 1993, apud

CODINHOTO 2003). Como conseqüência, esse processo passou a envolver um número ainda

maior de profissionais e especialidades (KOSKELA, 2000) e a exigir certo grau de

simultaneidade entre as diversas atividades envolvidas (CLARK; WHEELWRIGHT, 1993,

apud CODINHOTO 2003). Como resposta ao desafio imposto pelas condições acima citadas,

muitas empresas de vários setores passaram a utilizar práticas relacionadas à organização

simultânea do desenvolvimento do produto.

Desenvolvimento do produto é o processo no qual uma empresa transforma dados

relacionados às oportunidades de mercado e possibilidades técnicas em informações e bens

23

necessários à produção comercial de um produto (CLARK; FUJIMOTO, 1991, apud

CODINHOTO 2003).

Desenvolvimento do produto é o processo que converte necessidades e requisitos dos clientes

em informação para que um produto ou sistema técnico possa ser produzido.

São consideradas as informações do mercado, dos diversos projetistas, das equipes de

produção, bem como testes e análises de uso do produto, necessários para a formulação de

requisitos, definições, detalhamentos e aperfeiçoamentos do projeto desse produto (SMITH;

MORROW, 1999, apud CODINHOTO 2003).

O projeto é a atividade mais importante do PDP. Sua importância advém principalmente do

grande número de atividades de projeto que são realizadas e também pela natureza desta

atividade. Existem várias definições e abordagens utilizadas para o termo projeto, em função

do exercício da atividade de projeto ocorrer em contextos variados.

O projeto permite planejar não só a forma do produto final, mas define também aspectos da

edificação que tem grande influência na produtividade e qualidade no processo.

O processo de projeto perpassa por fases que podem ser subdivididas em três: planejamento,

concepção e representação.

Na etapa do planejamento definem-se questões referentes ao provimento das condições

operacionais para execução do projeto, como requisitos básicos e condicionantes do

empreendimento. A etapa de concepção é onde se define as diretrizes, soluções projetuais,

tecnologias a serem empregadas, tudo isso através da análise das condições e características

do empreendimento a ser executado. A etapa de representação se caracteriza por apresentar a

parte gráfica, isto é o registro de todas as definições e idéias desenvolvidas e que irão definir o

produto final. É importante salientar que na etapa de representação gráfica não é o momento

ideal para se definir assuntos tocantes à concepção de projeto. E quanto mais tardiamente às

definições e ou soluções são apresentadas maior a probabilidade de se influenciar no custo

global do empreendimento.

Entretanto, apesar dessas justificativas, pode-se dizer que nem todas as empresas despertaram

ainda para a importância sistêmica da fase de projetos, o que continua gerando uma

“dissociação” muito grande entre essa atividade e a de construção, com reflexos negativos

24

sobre a qualidade do produto final e baixos resultados econômico-financeiros na atividade de

empreender.

O modelo apresentado na figura 1 resume e evidencia quais, teoricamente, devem ser as

etapas de projeto, quais as atividades desenvolvidas e seus objetivos e ainda a quem se destina

cada responsabilidade. Certamente a aplicação desta matriz no desenvolvimento dos projetos

de construção civil é um desafio devido ao caráter bastante peculiar do setor.

Etapas de

Projeto Atividades Desenvolvidas/Objetivos Responsabilidades

Levantamento

de dados

Levantamento de informações e dados com

o objetivo de caracterizar o produto,

condições preexistentes e restrições para

elaboração do projeto. A avaliação dos

dados permite verificar o potencial

construtivo e alcançar os objetivos do

cliente.

Documentação providenciada

pelo cliente ou pelo escritório

responsável pelo projeto de

arquitetura.

Programa de

Necessidades

Determinação das exigências de caráter

prescritivo ou de desempenho

(necessidades e expectativas dos usuários)

a serem satisfeitas pela edificação, tanto

em seus aspectos qualitativos como

quantitativos.

Definido pelo cliente,

aprofundado e contemplado

pelo projetista de arquitetura.

Estudo de

Viabilidade

Análises e avaliações do ponto de vista

técnico, legal e econômico e que

promovam a seleção e recomendação de

alternativas para concepção dos projetos.

Permite verificar se o programa, terreno,

legislação, custos e investimentos\são

executáveis e compatíveis com os

objetivos do cliente.

Elaborado pelo grupo

interdisciplinar composto por

cliente, incorporadores,

construtores e projetistas

(arquitetura, fundações,

estrutura, instalações, etc.).

Estudo

Preliminar

Representação da configuração inicial da

edificação, considerados os dados do

levantamento inicial. Pode ser apresentado

Apresentado pelo projetista de

arquitetura, podendo estar

incluídas soluções alternativas

25

sob a forma de modelos volumétricos

(número de edificações, pavimentos, etc.)

sem caracterizar definitivamente o projeto.

Tem como objetivo a aprovação do partido

proposto.

a serem avaliadas e escolhidas

pelo cliente.

Anteprojeto

Representação das informações técnicas

para o detalhamento da edificação e inter-

relacionamento das demais atividades

técnicas que foram iniciadas a partir da

aprovação do estudo preliminar. Os

produtos obtidos devem ser suficientes

para elaboração de uma estimativa de

custos e de um cronograma para execução.

Deve abordar os seguintes aspectos para

tornar possível a compatibilização de todos

os tipos de projeto:

• Concepção e dimensionamento dos

pavimentos, contendo definições

dos ambientes

• Concepção e tratamento da

volumetria do edifício

• Definição do esquema estrutural

• Definição das instalações gerais

• Orientação de conforto ambiental

(insolação, aeração, luminosidade,

acústica)

• Determinações técnicas, sistema

construtivo, resistência,

durabilidade de materiais

• Determinações econômicas,

relações custo beneficio,

durabilidade e padrão desejado.

Desenvolvido pelo projetista

de arquitetura e pelos demais

projetistas das outras

atividades técnicas

envolvidas, em especial

fundações, estruturas,

instalações hidráulicas e

elétricas.

26

Projeto Legal Informações para análise e aprovação da

concepção da edificação pelas autoridades

competentes dos órgãos públicos,

observando-se suas exigências legais. Tem

como objetivo obter as licenças e os

alvarás para execução de obras, e pode ser

desenvolvido concomitantemente ou

posteriormente ao anteprojeto.

Elaborado por escritório de

arquitetura e pelos projetistas

complementares no caso de

aprovação de projetos junto à

concessionária de serviço

público, cabendo muitas vezes

à construtora seu

encaminhamento.

Projeto Pré-

Executivo

Desenvolvimento de anteprojeto

arquitetônico de forma a permitir a

verificação das interferências com os

anteprojetos complementares. Constitui-se

de documentação para elaboração de

estudos prévios à execução definitiva e

obtenção de subsídios para quantificação e

qualificação de materiais e mão - de- obra,

procedimentos técnicos construtivos e

tecnologias.

Cada projetista elabora seu

projeto específico, e à

coordenação de projetos cabe

a compatibilização.

Projeto Básico Projeto de pré-execução compatibilizado

com todas as interferências tendo como

objetivo a licitação e contratação dos

serviços de execução e melhor elaboração

de custos e prazos de execução. Deve ser

precedido por estudos socioeconômicos, de

impacto ambiental, etc. e sucedido pelo

projeto executivo e seu detalhamento.

Responsabilidade de todos os

projetistas envolvidos em

atividades técnicas a serem

executadas no

empreendimento.

Projeto

Executivo

Desenhos técnicos em escala conveniente

contendo as soluções, detalhes definitivos

e informações de todos os projetos

técnicos a serem executados em obra.

Elaborado por profissionais

que desenvolveram atividades

técnicas a serem executadas

em obra.

Detalhes de

Execução/

Detalhes

Desenhos complementares apresentados

em escalas ampliadas para melhor

compreensão dos elementos do projeto

Elaborado por profissionais

que desenvolveram projetos a

serem executados em obra.

27

construtivos executivo no momento de execução.

Caderno de

Especificações

Informações complementares quanto as

especificações técnicas e detalhadas dos

materiais previstos em obra (fabricantes,

dimensões, cores, modelos, etc.), suas

condições de execução, locais de aplicação

e padrão de acabamento.

Desenvolvido pelos

projetistas responsáveis por

uma atividade técnica.

Coordenação

Gerenciamento

de Projetos

Organização, programação,

estabelecimento de critérios, prioridades,

métodos e cronogramas de trabalho para

elaboração e compatibilização dos projetos

complementares específicos em relação ao

projeto de arquitetura, principalmente para

evitar problemas posteriores junto à

execução de obras.

Desenvolvido por escritório

responsável pelo projeto

arquitetônico, empresa

construtora ou consultoria

específica.

Assistência à

Execução

Consulta específica ao escritório do

projetista ou visitas periódicas à obra para

orientação geral, verificação da

compatibilidade do projeto com a

execução, esclarecimento de dúvidas,

questões relativas à substituição de

materiais ou necessidades de alterações ou

complementações do projeto.

Profissionais responsáveis por

projetos em execução e que

sejam solicitados pela

empresa construtora.

Projeto as Built Conjunto de desenhos do projeto executivo

revisado e elaborado conforme o que foi

executado em obra, para atualização e

recomendações de manutenção.

Profissionais que

desenvolveram os projetos em

obra.

Figura 1 - Etapas e atividades de projeto - SOUZA, Roberto de. Sistema de gestão da qualidade para empresas construtoras. Sao Paulo: PINI, 1994. 247 p

Segundo Melhado (1994) a norma de qualidade ISO 9002, vinha sendo mais adotada, tanto

por construtoras quanto por empresas de projeto, mas sua aplicação à elaboração e

coordenação de projetos mostrava-se falha, por não terem os projetos à característica de

28

produtos, mas sim, de concepção e desenvolvimento de produtos; sente-se falta de

questionamentos de caráter mais estrutural quanto às relações que envolvem o projeto.

Figura 2 – Esquema de desenvolvimento de projeto (Melhado et al; 1996)

A figura 2 acima demonstra claramente uma visão mais objetiva proposta por Melhado

(1996), dando ao projeto praticamente um caráter de parte da produção e não uma etapa a ser

desenvolvida de forma individual, ou seja, o projeto faz parte da produção.

Sendo assim, Melhado (1994) define projeto como o conjunto de atividades e serviços,

integrante do processo de produção, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro

e transmissão das características físicas e tecnológicas, especificadas para uma obra, a serem

consideradas na fase de execução.

29

A figura 3 mostra o procedimento a ser aplicado a cada etapa do processo de projeto, em que

se vêem as atividades de verificação e controle necessárias, envolvendo a análise crítica dos

elementos de projeto entregues, com eventual solicitação de modificações, antes de sua

validação pelo contratante, e conseqüente liberação para execução.

A figura acima também deixa claro uma barreira cultural em privilegiar as necessidades do

cliente, ou seja o projeto é realizado visando à produção.

Figura 3 – Esquema de verificação e controle de etapas do projeto (Melhado, 2000)

3.1 O PDP NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Leinonen e Huovila (2000, apud CODINHOTO 2003) criticam a indústria da construção pelo

fato de que normalmente assume-se um procedimento demasiadamente simplista para

concretizar uma nova edificação: o cliente descreve sua visão da edificação em um programa

de necessidades; arquitetos e engenheiros transformam essa visão em soluções técnicas e

espaciais; e então o cliente compra trabalho, equipamento e material do empreiteiro para o

processo de conversão. Os mesmos autores enfatizam que essa visão de processo tem lacunas:

os requisitos originais com freqüência não são devidamente documentados e a contratação de

empreiteiros e sub-empreiteiros é baseada somente no preço, resultando em um processo

direcionado principalmente para a produção, ao invés de ser dirigido ao cliente. A relação dos

processos de projeto e produção com o atendimento dos requisitos do cliente é discutida por

30

Koskela (2000). Para esse autor, é no projeto que os requisitos do cliente são traduzidos em

uma solução (de projeto) e na produção essa solução é realizada ou executada. Dessa forma,

os principais atributos de valor percebidos pelo cliente são determinados no projeto,

especialmente os relacionados à funcionalidade ou adequação do espaço às atividades

programadas para os ambientes, enquanto que a geração de valor na produção, em geral, se

restringe a produzir os produtos de acordo com as especificações de projeto. Assim sendo, a

geração de valor em projeto é muito mais complexa, sendo, por natureza, diferente, em

comparação com a produção (KOSKELA, 2000).

Projeto e desenvolvimento do produto dizem respeito ao conjunto de atividades

interdisciplinares que se iniciam com a identificação de requisitos do cliente e terminam com

a entrega do produto fabricado ao cliente, passando pela concepção, projeto e fabricação do

produto (ULRICH; EPPINGER, 2000, apud CODINHOTO 2003).

Planejamento e projeto do produto é resultado do planejamento e esclarecimento de tarefas,

através da identificação de funções requeridas, da elaboração de soluções iniciais, da

construção de estruturas modulares para a documentação final do produto (PAHL; BEITZ,

1996, apud CODINHOTO 2003).

Para descrever o PDP na construção civil, cabe antes ressaltar que este setor tem uma série de

peculiaridades que o diferenciam de outras indústrias. Dentre as particularidades que

repercutem no PDP, pode-se destacar:

• O caráter nômade da construção civil, causando inconstância das características nas

matérias primas e nos processos.

• Tradicionalismo e conseqüente inércia a alterações,

• A unicidade do produto edificação na vida de grande parte dos usuários.

31

4. PMI

O Project Management Institute – PMI, fundado em 1969, cuja sede fica na Filadélfia,

Pensilvânia EUA, se constitui na mais importante associação do mundo em gerenciamento de

projetos. Neste mesmo ano foi realizado o primeiro simpósio do PMI que aconteceu em

Atlanta, Geórgia EUA. (PMI-SP 2006)

O site oficial do PMI-SP descreve que na década de setenta, houve a primeira edição do

Project Management Quarterly (PMQ) publicada, e posteriormente renomeada para Project

Management Journal (PMJ). Foi realizado o primeiro evento anual “Seminars &

Symposium”, onde o primeiro Capítulo do PMI foi oficializado e também o primeiro

Programa de Prêmios Profissionais estabelecido. Ao final da década de 70, o PMI somava

mais de 2.000 associados no mundo.

Para a década de 80, o número de associados do PMI continuou crescendo, bem como os

programas e serviços oferecidos pela associação. Um Código de Ética foi adotado para a

profissão e o primeiro Project Management Professional (PMP) foi certificado, o primeiro

modelo padrão de Gerenciamento de Projetos publicado com o nome de PMQ Special Report

on Ethics Standards and Accreditation. As publicações do PMI sobre produtos e serviços

cresceram rapidamente durante esta década. O primeiro livro do PMI foi co-publicado e

nasceu a PMNetwork, revista mensal do PMI. Em função deste crescimento foi estabelecida a

Divisão de Publicações do PMI na Carolina do Norte, EUA (PMI-SP 2006).

Já a década de 90 ficou marcada pelo crescimento acelerado do número de associados, pela

formação de grupos de interesses específicos e principalmente pelo lançamento da 1ª edição

do “A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK Guide)”. O guia

oficial do PMI descreve as principais práticas de gerenciamento de projetos (PMI-SP 2006).

O estudo do PMBOK é fundamental para que os gerentes de projetos possam compreender os

ensinamentos e relacionamentos que, através das áreas de conhecimento e de processos

preconizados pela metodologia, traduzem os conceitos mais atuais da prática de

Gerenciamento de Projetos no mundo.

32

Neste capitulo será apresentado, em forma de matriz de dados, todas as áreas de

conhecimento do gerenciamento de projetos (Figura 4). Entretanto, o foco será na análise do

gerenciamento de escopo do projeto e gerenciamento do tempo do projeto pontos estes que se

aproximam mais diretamente do objeto de estudo do presente trabalho.

Áreas de Gerenciamento Práticas Gerenciamento de Escopo do Projeto

Planejamento do Escopo

Definição do Escopo Criação da EAP

Verificação do Escopo Controle do Escopo

Gerenciamento do Tempo do Projeto

Definição das atividades

Seqüenciamento das atividades Estimativa dos recursos das atividades Estimativa da duração das atividades

Desenvolvimento do cronograma Controle do cronograma

Gerenciamento do Custo do Projeto

Estimativa do Custo Orcamentação

Controle do Custo

Gerenciamento da Qualidade do Projeto

Planejamento da Qualidade Garantia da Qualidade Controle da Qualidade

Gerenciamento dos Recursos Humanos do

Projeto

Planejamento dos Recursos Humanos Contratação da Equipe de Projeto

Desenvolvimento da Equipe de Projeto Gestão da Equipe de Projeto

Gerenciamento das Comunicações do

Projeto

Planejamento das Comunicações Distribuição da Informação Relatórios de Desempenho

Gerenciamento dos participantes (Stakeholders)

Gerenciamento do Risco do Projeto

Planejamento do gerenciamento do Risco

Identificação do Risco Análise Qualitativa de Risco Análise Quantitativa de Risco

Planejamento de Resposta ao Risco Controle e Monitoramento do Risco

Gerenciamento da Aquisição do Projeto Planejamento de Compras e Aquisição

33

Planejamento de Contratos Solicitação de Resposta/Proposta de

Fornecedores Seleção de Fornecedores

Administração de Contratos Fechamento de Contratos

Figura 4 – Áreas do Gerenciamento de Projetos – PMBOK

A figura apresentada abaixo representa fisicamente a matriz das áreas de gerenciamento propostas pelo PMBOK.

Figura 5 - Gerenciamento de Projetos – PMBOK

4.1 GERENCIAMENTO DE ESCOPO DO PROJETO

Quando se vai gerenciar um projeto, um grande desafio é definir claramente os produtos e/ou

serviços relacionados aos seus objetivos, que por sua vez, serão entregues ao

patrocinador/cliente, estabelecendo o escopo do trabalho que deverá ser realizado pela equipe

(XAVIER 2005, p.4).

34

Entretanto num processo de gestão o escopo, deve-se abranger processos necessários tais

como: contratações, replanejamento, orcamentação, possíveis alterações de escopo, entre

outros.

O processo de gestão de escopo que será apresentado é o sugerido pelo PMI em seu guia o

PMBOK 2004, o qual apresenta diversos processos e procedimentos inerentes a esta área:

• Planejamento do Escopo - Cada projeto é um processo único, com sua importância seu

grau de complexidade, tamanho e etc. Estas avaliações são sempre importantes para

que se possa analisar e garantir níveis de esforços compatíveis com as necessidades de

cada projeto. O plano de gerenciamento do escopo do projeto é a ferramenta que

descreve como serão realizadas todas as atividades necessárias à gestão do escopo.

• Definição do Escopo - Segundo o PMBOK (2004, p.109), a preparação de uma

declaração do escopo detalhada do projeto é essencial para o sucesso do projeto e é

desenvolvida a partir das principais entregas, premissas e restrições, que são

documentadas na declaração do escopo preliminar do projeto. Durante o

planejamento, o escopo do projeto é definido e descrito mais especificamente porque

se conhecem mais informações sobre o projeto. É na definição do escopo que surge os

principais requisitos e restrições, pois é a partir daí que os stakeholders passam a ter

uma melhor visão do projeto e de suas entregas, expondo seus desejos, suas

necessidades e também suas possibilidades.

• Criar EAP - A EAP representa graficamente de forma hierárquica todas as ações

necessárias para o desenvolvimento do projeto. Na EAP o trabalho é decomposto em

etapas menores, chamadas de pacotes de trabalho, facilitando assim o gerenciamento

no que tange a controle de trabalho, tempos, custos, planejamento e etc. A criação da

EAP é de responsabilidade da equipe do projeto (PMBOK 2004, p.112). Segundo

Limmer (1997 p.19) a análise dos elementos que compõem o projeto é exigida para

elaboração do planejamento e o controle da execução do mesmo, e isso se torna

35

possível com a partição dos componentes do projeto, a partir do todo, até atingir-se um

componente de porte adequado ao planejamento e controle de sua materialização. Para

chegar a esse conhecimento do todo é necessário: Analisar, de maneira detalhada e

sistemática, todos os documentos (desenhos, especificações etc.) e demais informações

disponíveis sobre o projeto, de forma a caracterizar, de maneira inequívoca, cada um

dos elementos componentes do projeto; Estabelecer critérios de análise do projeto em

função de objetivos a serem alcançados.

• Verificação do Escopo - A verificação de escopo é a etapa na qual acontece o registro

da aceitação dos projetos concluídos pelas partes envolvidas. Nesta etapa também

acontece à inspeção das entregas de forma a garantir que as mesmas foram entregas de

forma satisfatória. Caso o projeto tenha sido interrompido ou abortado, é nesta etapa

que se documenta o nível e a extensão do termino. Vale ressaltar que a verificação de

escopo não é controle da qualidade, visto que a primeira trata com foco da aceitação

das entregas enquanto a segunda dar uma maior atenção ao atendimento dos requisitos

de qualidades especificados para as entregas. Ambas podem ocorrer paralelamente,

embora em geral o controle da qualidade é realizado primeiro (PMBOK 2004, p.118).

• Controle do Escopo - O controle do escopo é o conjunto de atividades responsáveis

por gerenciar os fatores que de alguma forma podem propiciar mudanças no escopo do

projeto. É por meio deste controle que são implementadas todas as mudanças

solicitadas e ações corretivas recomendadas, através do controle integrado de

mudanças do projeto. Mudanças são geralmente inevitáveis, sendo assim necessário o

seu gerenciamento (PMBOK 2004, p.119).

36

Figura 6 - Visão geral dos processos de gestão de escopo do projeto (PMBOK 2004)

37

Segundo o PMBOK (2004, p.109), a preparação de uma declaração do escopo detalhada do

projeto é essencial para o sucesso do projeto e é desenvolvida a partir das principais entregas,

premissas e restrições, que são documentadas na declaração do escopo preliminar do projeto.

Durante o planejamento, o escopo do projeto é definido e descrito mais especificamente

porque se conhecem mais informações sobre o projeto.

4.2 GERENCIAMENTO DO TEMPO DO PROJETO

A Gerência do Tempo do Projeto inclui os processos necessários para assegurar que o projeto

será implementado no prazo previsto. A Figura 07 fornece uma visão geral dos seguintes

processos principais:

• Definição das Atividades – identificar as atividades específicas que devem ser

realizadas para produzir os diversos subprodutos do projeto (Baseado na EAP).

• Seqüenciamento das Atividades – identificar e documentar as relações de

dependência entre as atividades.

• Estimativa da Duração das Atividades - estimar a quantidade de períodos de trabalho

que serão necessários para a implementação de cada atividade.

• Desenvolvimento do Cronograma - analisar a seqüência e as durações das atividades,

e os requisitos de recursos para criar o cronograma do projeto.

• Controle do Cronograma - controlar as mudanças no cronograma do projeto. Estes

processos interagem uns com os outros e também com os processos das demais áreas

de conhecimento. Cada processo pode envolver esforço de um ou mais indivíduos ou

grupos de indivíduos dependendo das necessidades do projeto. Cada processo

geralmente ocorre pelo menos uma vez em cada fase do projeto.

38

Figura 7- Visão geral dos processos de gestão do tempo do projeto (PMBOK 2004).

39

4.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE GERÊNCIA DE PROJETOS

A aplicação de práticas de gerenciamento de projetos torna-se fundamental em um mercado

com dezenas de ofertas e com grau de competitividade cada vez mais elevado.

No que tange ao sucesso ou fracasso da execução de projetos tem se o gráfico obtido pelo

Standish Group Internacional, onde são demonstrados estudos, que mostram que com a

adoção de métodos formais pra gestão de projetos, o percentual de projetos que foram

concluídos com sucessos nos Estados Unidos, cresceu de 34% para 55% em seis anos.

(Xavier 2005, p.2)

Figura 8 – Evolução do sucesso e fracasso em projetos

Fonte: Standish Group International 2001

Ainda no tocante ao sucesso da execução de projetos, o PMI-RIO realizou em 2004 um

Benchmarking, obtendo informações com relação a projetos desenvolvidos no Brasil, em 64%

dos projetos são detectados problemas com relação à mudança de escopo, já o detalhamento

insuficiente do escopo é problema em 54% dos projetos, o que evidencia a necessidade de um

processo eficiente de gestão do escopo (FERREIRA, 2007).

Evolução do sucesso e fracasso em projetos - EUA

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

1994 2000

Sucesso

Fracasso

Total

40

Figura 9 – Problemas no desenvolvimento de projetos no Brasil

Fonte: PMI – RIO 2004

Estes estudos evidenciam que a aplicação de sistemas de desenvolvimento e gestão de

projetos são fundamentais ao sucesso de empreendimentos no atual contexto da Indústria da

Construção Civil. Pode-se ainda afirmar que o incentivo a adoção de tais práticas é um

paradigma a ser superado no setor.

Contudo, é razoável, que algumas características peculiares à construção civil como o caráter

nômade, o tradicionalismo e conseqüente inércia a alterações, a unicidade do produto

edificação são fatores dispersores ao fomento da aplicação de práticas de gerência de projeto e

da retro alimentação do processo.

41

5. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

Os conceitos relativos ao PDP são bastante relevantes no que tange ao entendimento e à

concepção do que se refere à integração entre projeto e produção, no âmbito da indústria da

construção civil. Entretanto para entendimento do contexto geral se faz necessário o

embasamento sobre os conceitos do PCP (Planejamento e Controle da Produção). E em se

tratando destes conceitos se torna essencial destacar o modelo de PCP desenvolvido pelo

NORIE/UFRGS (Núcleo Orientado para Inovação da Edificação).

O modelo de PCP / NORIE foi desenvolvido com bases no modelo de planejamento e

controle da produção inicialmente proposto por Ballard (2000b), denominado de Last Planner

System. Segundo Codinhoto (2003), desde sua concepção, este modelo vem sendo estudado e

aprimorado por diversos pesquisadores de diversos países. Ballard e Howell (1998) apud

Codinhoto (2003), Formoso et al. (1999), Oliveira (1999), Alves (2000), Marchesan (2001),

Bernardes (2001), Alarcón et al. (2002), são alguns desses trabalhos. O modelo de

PCP/NORIE também é divido em três níveis hierárquicos: longo, médio e curto prazo.

Segundo Formoso et al. (1999), essa divisão é associada respectivamente com os níveis tático

e tem como objetivo, dentre outras coisas, gerenciar melhor a incerteza em empreendimentos

da construção civil. Esses níveis são apresentados mais detalhadamente a seguir.

5.1 PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO

O planejamento de longo prazo, segundo Formoso et al. (1999), consiste, em geral, no

primeiro planejamento em nível tático e tem como principais objetivos o estabelecimento das

metas do empreendimento no longo prazo, os ritmos dos processos chave, o plano de ataque

da obra e das principais atividades a serem executadas.

Além disso, o plano de longo prazo deve incorporar as metas estratégicas do empreendimento.

É destinado principalmente para a alta e média gerência, de modo a informá-la sobre as

atividades em execução (TOMMELEIN; BALLARD, 1997 APUD CODINHOTO, 2003).

42

Segundo Laufer e Tucker (1987, apud Codinhoto 2003), este nível de planejamento pode ser

realizado através da utilização de várias técnicas de planejamento e programação, tais como

gráficos de Gantt, redes PERT e linhas de balanço. Este plano deve ser realizado de forma

pouco detalhada em função dos prazos de execução de empreendimentos da construção civil

serem longos e, conseqüentemente, o grau de incerteza normalmente associada a esse nível de

planejamento ser bastante alto. Em geral, ao longo da execução do empreendimento, o plano

de longo prazo é atualizado em função de alterações que ocorrem durante a execução do

plano. São essas alterações que justificam a forma pouco detalhada do planejamento, uma vez

que o detalhamento excessivo de todas as atividades pode requerer muito esforço para a

atualização.

5.2 PLANEJAMENTO DE MÉDIO PRAZO

O planejamento de médio prazo é considerado um segundo nível de planejamento tático. O

plano de médio prazo, também denominado look ahead (BALLARD, 1997, apud

CODINHOTO 2003), tem a função de vincular as metas fixadas no longo prazo com aquelas

designadas nos planos de curto prazo.

De acordo com Ballard et al. (2002), apud Codinhoto (2003), as principais funções do

planejamento de médio prazo são: a explicitação do fluxo, seqüência e divisão do trabalho, a

equalização entre o fluxo identificado e a capacidade de trabalho, a programação de

atividades reserva e o desenvolvimento de um plano detalhado sobre como o trabalho será

realizado. Também para esses autores, as ferramentas e técnicas utilizadas para a realização

deste plano incluem a análise de restrições, e o modelo de definições de atividades.

De acordo com Tommelein e Ballard (1997), apud Codinhoto (2003), cabe ao médio prazo o

planejamento das atividades a serem executadas dentro de uma janela de tempo inferior à do

longo prazo, na qual sejam possíveis a identificação e remoção das restrições à execução

dessas atividades. Restrições são atividades gerenciais, necessidades físicas, financeiras e de

informações de projeto que, se não disponibilizadas no momento, na quantidade e

especificação corretas, impedem a programação das atividades relacionadas às mesmas.

43

Necessitam de um responsável por removê-las, uma data limite para a remoção e uma tarefa a

ser executada atribuída a elas. De acordo com Tommelein e Ballard (1997), apud Codinhoto

(2003), a análise de restrições é realizada através do exame de cada atividade programada na

janela de planejamento de médio prazo. O horizonte de planejamento pode variar de acordo

com cada empresa ou empreendimento, a depender da velocidade do empreendimento e do

lead time por informações, materiais e serviços. Para o mesmo autor, o plano pode ser

atualizado mensalmente ou semanalmente e sua realização é tipicamente de responsabilidade

da gerência da obra. Para Ballard et al. (2002) apud Bernardes (2001), a regra que rege a

análise de restrições é o fato de que nenhuma atividade pode ter sua data programada, antes de

se ter certeza de que todas as restrições possam ser removidas no tempo requerido. Para esses

autores, isso assegura que os problemas são identificados e removidos, permitindo assim a

liberação dessas atividades para a programação em nível de curto prazo.

Ainda que seja normalmente realizada no médio prazo, é possível que a análise de restrições

seja realizada também no longo prazo em função do tempo para a execução da obra, embora

não haja estudos de sua realização sistemática nessa fase. Segundo Bernardes (2001), a

análise de restrições permite um aumento na continuidade das operações no canteiro e,

conseqüentemente, tende a melhorar a eficácia do planejamento.

5.3 PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO

Segundo Formoso et al. (1999), o planejamento de curto prazo ou operacional tem o papel de

orientar diretamente a execução da obra. Nesse nível de planejamento somente são

programadas atividades que tem grande probabilidade de serem cumpridas (BALLARD;

HOWELL, 1998, apud FORMOSO ET AL., 1999). Um dos critérios adotados para a inclusão

dessas atividades no plano de curto prazo é a remoção das restrições relacionadas às mesmas

(FORMOSO et al., 1999). Para esses autores, essa conduta é responsável pela proteção da

produção contra a incerteza.

O planejamento de curto prazo pode ser realizado em ciclos diários, semanais ou quinzenais,

sendo caracterizado pela atribuição de recursos às atividades programadas no planejamento de

médio prazo, bem como o fracionamento destas atividades em lotes menores (FORMOSO et

44

al., 1999). Neste nível, deve haver forte ênfase no engajamento das equipes com as metas

estabelecidas, o que pode ser alcançado através de breves reuniões periódicas com a

participação de todos os envolvidos, isto é, gerente da obra, mestres de obras,

subempreiteiros, dentre outros. De acordo com Ballard e Howell (1994) apud Formoso et al.

(1999), para elaborar este tipo de plano é necessário que alguns critérios sejam atendidos, a

fim de criar condições que possibilitem a execução dos planos:

• Definição: especificação da atividade a ponto de permitir a definição do tipo e

quantidade de material e mão-de-obra, sendo possível identificar se a atividade foi

concluída ao final de um ciclo de planejamento;

• Disponibilidade: os recursos necessários devem estar disponíveis no momento da

execução da atividade planejada;

• Seqüenciamento: as atividades devem ser selecionadas, observando o seqüenciamento

técnico e do fluxo, com a finalidade de reduzir as interferências entre as equipes;

• Tamanho: as atividades designadas devem ser compatíveis com a capacidade

produtiva das equipes de produção;

• Aprendizagem: as causas do não cumprimento dos planos devem ser investigadas e

explicitadas, de modo a permitir que ações corretivas sejam implementadas.

Para Ballard et al. (2002) apud Formoso et al. (1999), esses critérios devem ser considerados

com a finalidade de comprometer as equipes envolvidas e fazer com que o trabalho seja

realizado de forma protegida em relação a incertezas. Para esses autores, o sucesso da

previsibilidade dos planos é medida ao final de uma semana em termos de PPC (percentual de

planejamento completado). As causas raiz das falhas de planejamento também são

identificadas e atacadas de modo a evitar o surgimento de problemas futuros.

Segundo Ballard (1999) apud Formoso et al. (1999) e Bernardes (2001), com o objetivo de

proteger a produção, é recomendável que a quantidade de trabalho designada seja menor do

que a capacidade produtiva. Para esse autor, a subestimação da capacidade produtiva, ao

longo do tempo resulta no aumento da produtividade, uma vez que as atividades programadas

são cumpridas efetivamente com maior freqüência.

45

5.4 INDICADORES DE DESEMPENHO

É pelo uso de indicadores que se avalia o desempenho do sistema de produção e se

estabelecem padrões que, se implementados, podem melhorar a qualidade da informação

disponível para a tomada de decisão.

A esse respeito, os indicadores de desempenho devem obedecer alguns critérios fundamentais

para assegurar a disponibilidade dos dados e dos resultados obtidos no processo de medição.

Os critérios para o estabelecimento de indicadores são:

• Ser de formulação simples, passível de entendimento e compreensão por todas as

pessoas envolvidas no processo;

• Apresentar um grau satisfatório de representatividade das atividades e resultados

gerados;

• Serem calculados com dados disponíveis ou facilmente obtidos e, principalmente,

confiáveis.

Oliveira (1999) propôs um conjunto de medidas para o modelo de PCP do NORIE. Dentre as

principais estão o PPC e a análise do não cumprimento dos planos, ambos utilizados em nível

de curto prazo.

O PPC é obtido através do quociente entre o total de atividades de produção integralmente

executadas e o total de atividades programadas e possibilita a avaliação da eficácia do

planejamento. Quanto à identificação das causas do não cumprimento das atividades

planejadas, após vários ciclos de planejamento é possível gerar gráficos acumulados sobre os

principais problemas ocorridos e retroalimentar o processo de planejamento.

46

5.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE A RESPONSABILIDADE PELA

ELABORAÇÃO DO PCP

De acordo com Laufer e Tucker (1988) apud Formoso et al. (1999), o tempo para a

elaboração do planejamento deve ser livre de pressões, a fim de facilitar o processo de tomada

de decisão. Entretanto, segundo esses autores, em geral, a elaboração do planejamento cabe ao

gerente da obra, que dispõe de pouco tempo para sua realização.

Sendo assim, o processo de planejamento e controle deve estar baseado na cooperação entre a

alta gerência, o profissional responsável pelo planejamento e os demais envolvidos com o

estabelecimento de metas (mestres-de-obras, empreiteiros, etc.) (LAUFER; TUCKER, 1988

APUD FORMOSO ET AL., 1999).

Apesar do trabalho desenvolvido pelo NORIE servir como parâmetro para modelo do PCP ele

não integra a gestão da produção com a gestão de projetos, ou seja, os conceitos de

engenharia simultânea não são abordados, nem aplicados neste contexto. De forma análoga os

conceitos e a abordagem do PDP também não englobam o conceito de simultaneidade entre

os processos de projeto e produção.

No presente trabalho, faremos inferências ao planejamento de longo e o de médio prazo,

como forma de entendimento do contexto do objeto de estudo, entretanto o foco se dará à

análise e contextualização do planejamento de curto prazo no fomento do trabalho.

Apesar da tendência de simultaneidade entre os processos de projeto e produção, as atividades

da produção necessitam de um adequado grau de definição dos projetos para que sejam

iniciadas. A maturidade de projeto define o momento quando o projeto está completo o

suficiente para permitir a liberação de informações e detalhes para atividades posteriores. A

maturidade de projeto deve ser analisada em conjunto com as particularidades e objetivos do

empreendimento de forma a influenciar todas as ações gerenciais do PDP e da produção.

Neste contexto, a postergação das definições de projeto pode permitir uma maior exploração

de soluções que atendam os objetivos do empreendimento, e uma melhor análise entre as

alternativas consideradas até a tomada de decisão. Contudo, esta postergação deve ser

considerada em conjunto com os prazos estabelecidos através do planejamento e controle do

PDP e da produção.

47

6. MÉTODO DE PESQUISA

O presente capítulo apresenta o método utilizado para a realização da pesquisa, incluindo a

estratégia, o delineamento da pesquisa, ferramentas e fontes de evidência, assim como a das

variáveis analisadas.

6.1 ESTRATÉGIA DA PESQUISA

O método de pesquisa definido foi uma revisão da bibliografia de modo a embasar o leitor no

contexto da abordagem da pesquisa e um estudo de caso com caráter de levantamento de

problemas realizado em um empreendimento industrial no município de Feira de Santana-Ba.

O estudo foi desenvolvido a fim de investigar o processo de gestão de projeto, identificando

práticas passíveis de aplicação, a fim de melhor gerir tal interface.

Segundo Roesch (1999), a pesquisa diagnóstico visa explorar os contextos organizacionais

das empresas no que se refere a uma determinada atividade ou área de conhecimento. Um

fator importante neste tipo de estudo é a confidencialidade de dados ou ainda de informações,

o que pode vir a ser um entrave no desenvolvimento do estudo. Também se torna importante

frisar que este tipo de estudo não acarreta um custo muito elevado.

Sendo assim, optou-se pela realização de estudo de caso, por ser esta uma estratégia de

investigação empírica que trata de fenômenos contemporâneos dentro de diferentes contextos

na vida real. Além disso, este tipo de estratégia é aplicável a pesquisas em que os limites entre

o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos (YIN, 2001).

A coleta de dados foi realizada por meio de três métodos distintos: pesquisas semi-

estruturadas (questionários), observação direta e participante e análise de documentos,

seguindo a idéia de triangulação das evidências, conforme recomenda Yin (2001). Tal fato

visa minimizar tendências nas análises dos dados, que deixam de estar baseados apenas na

percepção do pesquisador, mas também fundamentados em outros agentes atuantes no estudo.

De fato, com a utilização de questionários, pôde-se coletar evidencias sobre opiniões,

posturas, condutas e características das diversas pessoas envolvidas no processo de projeto.

48

Em relação a estes questionários, ressalta-se que se deixou claro, durante o inicio de sua

aplicação, que os resultados encontrados não seriam utilizados para punir pessoas, mas para

melhorar o desempenho do trabalho de todos os envolvidos. Estes questionários foram

subdivididos em módulos de perguntas que abordavam questões relativas à visibilidade da

organização, habilidades técnicas dos gerentes de projeto, grau de planejamento do

empreendimento, e interferência entre projeto e produção, a fim de avaliar a percepção dos

profissionais envolvidos em cada um desses aspectos. O questionário utilizado está

apresentado no anexo 01.

Pelo fato do autor ser parte integrante do processo de projeto do empreendimento optou-se

também por aplicar a metodologia de observação direta e participante. Segundo Yin (2001),

essa fonte de evidências se constitui em um modo especial de observação na qual a pessoa

que observa não é meramente um observador passivo, mas que interage e participa dos

eventos que estão sendo estudados. Uma vantagem da utilização dessa fonte de evidência

reside no fato de que através da participação, o pesquisador tem acesso facilitado a eventos ou

grupos de trabalho que poderiam se tornar inacessíveis em outros tipos de investigação

científica (YIN, 2001). Contudo, a participação pode interferir nos dados coletados, visto que,

freqüentemente, o observador deve assumir uma posição que em algumas vezes pode ser

contrária às práticas científicas (YIN, 2001). No presente estudo, buscou-se minimizar essas

posturas com uso de múltiplas fontes de evidências, conforme citado acima.

E por último temos o método da análise de documentos; cuja mais importante função é

corroborar com evidências coletadas de outras fontes (YIN, 2001). Outro aspecto importante é

que a análise de documentos pode proporcionar a identificação de novos problemas na

organização, exigindo uma investigação mais aprofundada através da utilização de outras

fontes de evidência (YIN, 2001).

No presente trabalho, os documentos analisados referem-se aos documentos gerados no

transcorrer da execução do empreendimento em questão.

49

6.2 CONTEXTUALIZAÇÃO ORGANIZACIONAL DO

EMPREENDIMENTO

O empreendimento estudado caracteriza-se por se tratar da execução de uma fábrica de grande

porte no município de Feira de Santana, com aproximadamente 600.000 metros quadrados de

área total e aproximadamente 25.000 metros quadrados de área construída. Com um

investimento que chega a R$ 110 milhões de reais. Dentre as empresas que participaram do

empreendimento, as mais envolvidas diretamente no processo de desenvolvimento do projeto

estão caracterizadas a seguir:

A empresa V (Cliente) atua no mercado nacional e internacional, no segmento de produtos

para reforma de pneus, reparos de câmaras de ar, pisos e lençóis de borracha e compostos de

borracha para aplicações diversas. Foi a primeira empresa brasileira do setor certificada pela

ISO 9002.

A empresa L (Estrutura Metálica) iniciou suas atividades no mercado no ano de 1967 e desde

sua fundação tem ampliado constantemente sua participação nos mercados nacional e

internacional, sempre buscando inovações tecnológicas. Hoje se dedica à construção, projeto

e montagem de prédios metálicos pré-engenhados para indústrias, shopping centers,

supermercados, prédios de múltiplos andares e centros de distribuição, entre outros, sendo a

líder nacional e uma das maiores empresas deste setor na América Latina.

A empresa Z (Obras Civis) nasceu em 1953, e hoje desponta como um dos maiores grupos

empresariais do Brasil, o grupo atua em variados segmentos da economia, como a concessão

de serviços públicos, exploração e produção de petróleo bruto e gás natural, siderurgia,

produção de alimentos, finanças e engenharia ambiental. Há algum tempo se lançou no

mercado internacional com obras de grande porte dos mais diversos setores.

A empresa U (Instalações) é uma empresa de médio porte que tem como foco principal a

montagem elétrica predial e industrial e automação. Atua como parceira da empresa Z em

vários outros projetos.

A empresa R (Montagem Estrutura Metálica) é praticamente um departamento da empresa L,

são parceiras há algum tempo na execução de empreendimentos.

50

Abaixo temos um diagrama de fluxos de dados que vai caracterizar as relações de prestação

de serviço dentro do empreendimento.1

Diagrama de Fluxo Dados do Empreendimento (Prestaçã o de Serviço)

Emprsa U ( Instalações)

Empresa L (Estruturas Metálicas)

Empresa Z (Obras Civis)

Empresa V (Cliente)

Outras Sub-Empreiteiras (Corte e Dobra, Pintura,

Paisagimo, Metalurgia, etc)

Empresa R (Montadora)

Figura 10 – DFD de Prestação de Serviço do Empreendimento

Conforme o apresentado a empresa V é o cliente direto da empresa L e Z, que por sua vez

subcontrataram os serviços de R e U respectivamente. Sendo que a empresa Z por sua vez

sub-contata ainda outros serviços como exposto no diagrama. É interessante salientar que

após o início das atividades de obra surgiram ainda novas licitações e a empresa U conseguiu

fechar um contrato diretamente com V. Ou seja, a empresa U é prestadora de serviço de Z e

de U ao mesmo tempo dentro do empreendimento. As figuras 11 e 12 a seguir dão uma idéia

melhor do porte do empreendimento.

1 DFD – Diagrama de Fluxo de Dados – Ferramenta utilizada para análise de sistemas. Para maiores informações ver Bernardes e Carvalho (1997).

51

Figura 11 - Foto Aérea de 29 de outubro de 2007 Fonte: Relatório Empresa Z

Figura 12 - Foto Aérea de 20 de junho de 2008

Fonte: Relatório Empresa Z

52

7. Estudo de Caso: Análise da Gestão do Projeto e Produção no

Empreendimento Pesquisado.

7.1 Gestão do Repasse de Projeto do Empreendimento.

O diagrama a seguir demonstra como se dá o processo de envio dos projetos para fins de

execução. É importante salientar que tal estrutura montada acontece também pelo fato do

grande número de revisões de projeto realizadas no transcorrer da obra. Ou seja, no tocante a

definição de escopo teve-se um grande acréscimo ao escopo inicial.

Figura 13 – DFD Sistemática de projetos empreendimento.

Fonte: Observação Autor

É importante deixar claro dentro deste processo que a empresa V é cliente e ao mesmo tempo

responsável pela elaboração de projetos, pois possui um corpo técnico para tal.

53

7.2 Processo de Projeto do Empreendimento

Conforme observado no capítulo 5, segundo o PMBOK (2004, p.109), a preparação de uma

declaração do escopo detalhada do projeto é essencial para o sucesso do projeto e é

desenvolvida a partir das principais entregas, premissas e restrições, que são documentadas na

declaração do escopo preliminar do projeto. Durante o planejamento, o escopo do projeto é

definido e descrito mais especificamente porque se conhecem mais informações sobre o

projeto. É na definição do escopo que surge os principais requisitos e restrições, pois é a partir

daí que os stakeholders passam a ter uma melhor visão do projeto e de suas entregas, expondo

seus desejos, suas necessidades e também suas possibilidades. O gráfico da figura 14

demonstra a quantidade de projetos revisados por período. Sendo assim, com efeito, podemos

afirmar que no empreendimento não se conseguiu definir adequadamente o que seria o escopo

do projeto.

Fonte: Relatório Empresa Z Figura 14 - Avanço de Lista de Projeto – Acumulado

54

Já o gráfico da figura 15 deixa claro qual a quantidade de acréscimos de desenhos à lista

inicial que definia o escopo dos projetos.

Fonte: Relatório Empresa Z Figura 15 – Quantidade de Projetos adicionados por lista

Pode-se analiticamente identificar quais os fatores que foram decisivos para o acontecimento

de tais ocorrências fazendo inferência dentro da revisão bibliográfica apresentada. A indústria

da construção normalmente assume um procedimento demasiadamente simplista para

concretizar uma nova edificação: o cliente descreve sua visão da edificação em um programa

de necessidades; arquitetos e engenheiros transformam essa visão em soluções técnicas e

espaciais; e então o cliente compra trabalho, equipamento e material do empreiteiro para o

processo de conversão.

Com efeito, podemos indicar a ocorrência destas anomalias ao fato do processo de elaboração

do projeto não ter sido conduzido dentro de padrões teóricos como o exposto na tabela 1.

Outro fato peculiar é o não amadurecimento real dos projetos antes do envio para execução,

55

ou seja, não se tinha definido qual realmente era a necessidade do empreendimento bem como

quais as exigências que o projeto deveria atender. Segundo o PMBOK a gerência do tempo do

projeto inclui os processos necessários para assegurar que o projeto será implementado no

prazo previsto, conforme foi exposto na figura 7. Tal fato é corroborado em relatório

elaborado pela empresa Z que visou identificar os fatores do não cumprimento dos prazos

inicialmente acordados do projeto:

“... Entende-se que os projetos fornecidos pela empresa V estavam em nível de básico, pois é notório que os projetos executivos foram desenvolvidos ao longo da execução da obra, fato que provocou prejuízos financeiros não previstos, que devem ser revistos objetivando o reequilíbrio econômico-financeiro contratual para o objeto do contrato.” (Trecho do Relatório Técnico produzido pela empresa Z).

Torna-se evidente que o critério para avaliação do grau de detalhamento do projeto é baseada

apenas na percepção, pois não existe nenhum método avaliativo; a percepção aconteceu de

forma tardia o que corrobora é o fato deste ser um posicionamento reativo ao contexto

instalado.

A avaliação que se faz é que a empresa Z também é responsável por toda a problemática

ocorrente, pois esta deficiência de projeto poderia ser percebida na etapa de fechamento do

contrato, através de um procedimento de análise crítica de contrato, previsto em sistema de

gestão da qualidade, que a empresa Z possui.

Tendo em vista todo este cenário de constantes inclusões e revisões ao projeto, as empresas

tiveram que montar dentro do canteiro um sistema de controle e orcamentação do envio dos

projetos. A planilha em anexo 2 apresenta o controle feito pela empresa U.

7.3 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS ENVOLVIDOS NO

DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDIMENTO

Esta análise será baseada nos quadros comparativos apresentados como produto do

questionário aplicado. De forma geral, as respostas vinculadas às alternativas a) são

consideradas boas práticas com relação ao questionamento feito. A alternativa d) é

56

considerada a situação menos favorável. As alternativas b) e c) estão em níveis

intermediários.

7.3.1 Módulo 1 – Visibilidade da Organização.

Empresa V (Cliente) Empresa L (Estr Metálica) Empresa U (Instalações)Profis V1 Profis Z1 Profis Z2 Profis L1 Profis U1

a

Quadro Comparativo 01 - Perguntas Acerca da Visibil idade da Organização no Tocante a Projetos

Repostas

5. Com relação ao estímulo para a obtenção de certificação pelos gerentes de projetos do setor,

Módulo de Perguntas 01

4. Com relação à visibilidade de nossa organização na comunidade empresarial, temos:

1. No nível da Administração Central de sua empresa, a aceitação do assunto

Empresa Z ( Obras Civis)

a a

6. Com relação ao acompanhamento e estímulo aos gerentes de projetos no sentido de atingirem as metas de seus

a

b a d b

c

2. No nível de clientes dos projetos (ou seja, aqueles setores internos ou externos à organização que recebem o produto ou serviço criado pelo projeto), qual a avaliação da necessidade do Gerenciamento de Projetos:

3. Com relação aos treinamentos efetuados fora da organização, durante o transcorrer da obra para o setor, por profissionais envolvidos com gerenciamento de projetos, temos a comentar:

b

b

a c a a b

d c a c

b d

c a c a c

b d d

Fonte – Questionário

Figura 16 –Quadro Comparativo 1

O quadro acima expõe qual a percepção dos profissionais acerca da visibilidade das suas

respectivas empresas no que tange à gestão de projetos.

Diante do exposto, é quase unanimidade entre os representantes que a empresa a que estão

vinculados tem a percepção e aceitação do gerenciamento de projetos como uma boa prática

de gerenciamento.

No que se refere à necessidade de um setor de gerenciamento de projeto em detrimento dos

projetos que são repassados, a avaliação observada é que se faz necessário um setor de

gerência, pois os projetos repassados são deficientes.

57

Fazendo um contraponto à pergunta anterior questionou-se qual o grau de incentivo da

empresa quanto a treinamentos fora da organização e a avaliação que se tem é de que as

empresas como um todo, sabendo da importância da qualificação dos envolvidos no processo

de projeto, incentivam ou aceitam estas iniciativas, mas não em todos os casos efetuam

reembolso.

Do ponto de vista da avaliação que os profissionais fazem com relação à visibilidade que suas

empresas têm dentro da comunidade empresarial, temos a comentar que de modo geral os

entrevistados acreditam na capacidade gerencial de suas equipes e sentem-se como vanguarda

no assunto. Ressalte-se que o profissional da empresa L considera e afirma que a sua

organização é tida como benchmark em gerenciamento.

Tendo em vista o questionamento quanto à percepção que a empresa tem da importância do

gerenciamento de projeto e em que nível de capacidade gerencial ela se encontra, avaliamos

também o estímulo perante a certificação dos gerentes de projeto PMP. Observou-se então

que as empresas apenas estão acenando para este tipo de certificação, mas que esta ainda é

incipiente no caso das empresas participantes do projeto, não obstante o fato de serem

algumas das mais respeitadas dos seus setores.

De um modo geral, baseando-se na opinião dos profissionais, as empresas têm a consciência

da relevância de práticas de gerenciamento de projeto, entretanto não atuam substancialmente

no incentivo a maiores níveis de certificação dos gerentes de projeto.

É importante deixar claro que este módulo de perguntas visa fazer uma análise apenas

preliminar da postura das empresas em relação a este assunto, pois os dados de maior

relevância são os que se referem ao objeto de estudo que é o empreendimento.

Assim, em resumo, observou-se que não há grandes diferenças entre as empresas com relação

à gestão de projetos. Pode-se afirmar que, a partir da percepção de seus funcionários, elas

possuem uma posição indefinida, com apoio pontual a iniciativas de boas práticas de gestão

de projetos, mas sem maiores preocupações com o incentivo dos seus profissionais.

58

7.3.2 Módulo 2 – Habilidades Técnicas dos Gerentes de Projeto.

Empresa V (Cliente) Empresa L (Estr Metálica) Empresa U (Instalações)Profis V1 Profis Z1 Profis Z2 Profis L1 Profis U1

Quadro Comparativo 02 - Perguntas Acerca das Habili ades Técnicas dos Gerentes de Projeto

Repostas

a b

Módulo de Perguntas 02Empresa Z ( Obras Civis)

a b

2. Com relação aos treinamentos efetuados dentro da organização, durante o transcorrer da obra para o setor, em relação a temas ligados a projeto, temos a comentar:

d d c a d

1. No nível de gerentes de projetos, o Gerenciamento de Projetos é:

b

3. Com relação às habilidades de nossos gerentes de projetos, tanto técnicas (ou da área de aplicação) como de gerenciamento de projetos, podemos afirmar que:

a d c

4. Com relação ao grau de informatização e a metodologia de projetos, temos:

d d b

d c

a b

a a

c c

6. Com relação ao tipo e abrangência de treinamento formal fornecido aos colaboradores internos, temos:

b d b a c

5. Com relação ao aperfeiçoamento avançado da capacidade dos gerentes de projetos, com ênfase em relacionamentos humanos (liderança, negociação, conflitos, motivação, etc.), temos:

d

c a b

7. Com relação à estrutura organizacional, é possível afirmar que o relacionamento entre gerentes de projeto:

c d

Fonte – Questionário Figura 17 – Quadro Comparativo 2

Quanto à percepção do nível de conhecimento dos gerentes de projeto, verificou-se que

praticamente todos os gerentes têm conhecimento a cerca do assunto e ou são estimulados à

obtenção destes conhecimentos. Salienta-se que apesar da aparente existência da figura de um

gerente de projetos observou-se que esta função é desempenhada pelo próprio engenheiro da

obra, ou ainda por engenheirandos. Isso foi observado para todas as empresas envolvidas no

processo.

59

Também foi verificado que praticamente nenhum curso foi oferecido durante o transcorrer da

obra, exceto a empresa L que afirma ter realizado alguns cursos.

O cliente afirma que quase a totalidade de seus gerentes é altamente avançada nestes

conhecimentos, o que gera um contraponto à resposta emitida por seus gerentes na pergunta

cinco do Módulo 01, onde estes afirmam que apenas existe um plano de estímulo à

certificação dos gerentes de projeto.

No tocante à informatização do processo de projeto verificou-se uma divergência de opiniões,

sendo que o cliente e a empresa de obras civis indicam que não existe informatização

implantada. Neste ponto, podemos afirmar que o grau de informatização é básico, que cada

empresa envolvida tem sua metodologia interna de controle, não existe interatividade.

Para estes profissionais não existe nenhum tipo de incentivo para que os gerentes aperfeiçoem

as relações interpessoais.

Em resumo, os dados levantados neste módulo do questionário indicam que os agentes

envolvidos no setor têm conhecimento do gerenciamento de projeto, entretanto não possuem

nenhum tipo de embasamento técnico para exercerem tais funções. O fato que pode confirmar

esta assertiva é a constatação de não se ter nenhuma metodologia de gestão de projeto

implantada no canteiro e seguida como diretriz de gestão integrada do processo de projeto,

conforme o autor pôde observar ao longo de sua atuação no empreendimento.

60

7.3.3 Módulo 3 – Grau de Planejamento do Empreendimento.

Empresa V (Cliente) Empresa L (Estr Metálica) Empresa U (Instalações)Profis V1 Profis Z1 Profis Z2 Profis L1 Profis U1

Módulo de Perguntas 03Empresa Z ( Obras Civis)

Quadro Comparativo 03 - Perguntas Acerca do Grau de Planejamento do Empreendimento

Repostas

1. Com relação à integração do gerenciamento de projetos com outras práticas de gerenciamento existentes na organização, temos:

c c c

2. Com relação ao setor de Gerência de Projetos instalado no canteiro, temos que:

a d b

b b

a b

a a

a b

4. Com relação às reuniões de avaliação do andamento dos projetos entre os principais envolvidos:

b d b a b

3. Com relação ao uso de grupos de trabalho dentro do canteiro para acompanhamento de projetos, temos:

a

a

5. Com relação à freqüência de reuniões para avaliação de projetos, caso elas aconteçam, ocorrem:

d c/d

7. Com relação à avaliação de projetos já encerrados, no que toca à Qualidade do Gerenciamento temos:

d a c

6. Com relação à forma de avaliação do andamento de cada projeto, temos:

d d

d

c b

c c a d

Fonte – Questionário Figura 18 – Quadro Comparativo 3

No que se refere ao grau de planejamento do empreendimento pôde-se verificar que não foi

realizada nenhuma prática de integração com outros tipos de prática como gerenciamento pela

qualidade total ou planejamento estratégico, entretanto os profissionais acenam para adoção

destas práticas no futuro.

Com relação ao setor de projetos instalado no canteiro tanto o cliente como a empresa Z e a

empresa L afirmam que existe um setor de gerência de projetos instalado. Entretanto na

percepção do autor têm-se setores de gerência de projeto individuais com pouca ou nenhuma

interação. Eles interagem apenas quando ocorrem anomalias como exemplo de não

obediência ao escopo previsto.

61

De modo geral, na percepção dos entrevistados existem grupos de trabalho dentro do canteiro

para acompanhamento de projetos. Na percepção do autor estes grupos de trabalho ocorrem

informalmente ou quando se detecta alguma incompatibilidade de projeto, não configurando a

existência de um setor de gerência de projetos propriamente dito. A afirmação abaixo

corrobora essa percepção:

Obtivemos grande problema na obra devido à falta de um setor de projetos da empresa V bem estruturado, o que gerou e vêm gerando constantes incompatibilidades entre os projetos de instalações, arquitetônicos, estruturas em concreto e estruturas metálicas. Além disso, houve um grande quantitativo de projetos revisados e adicionados na obra, considerados além do normal e não previstos quando a obra foi contratada. (Trecho adaptado relatório produzido pela empresa Z).

No que tange às reuniões para avaliação do andamento de projetos pode-se dizer que elas

acontecem, mas não existe uma disciplina pré-estabelecida. Conforme foi observado pelo

autor, pode-se fazer uma inferência acerca da freqüência destas reuniões, pois foi visto que

elas acontecem esporadicamente ou quando um dos gerentes provoca. Este fato evidencia que

a ocorrência de reuniões está atrelada ao aparecimento de deficiência nos projetos, ou seja,

esta não é uma prática rotineira dentro do processo de execução do empreendimento.

Planejamento e projeto do produto são o resultado do planejamento e esclarecimento de

tarefas, através da identificação de funções requeridas, da elaboração de soluções iniciais, da

construção de estruturas modulares para a documentação final do produto (PAHL; BEITZ,

1996 APUD CONDINHOTO, 2003).

De acordo com o relatório técnico da empresa Z, esta, na condição de executante, identificou

o reflexo da falta de estrutura do setor de projetos da empresa V que gerou prejuízos

financeiros não previstos a empresa Z, tais como:

- Diferenças contratuais entre planilhas de quantitativos e projetos;

- Reajustamento de preços;

- Perdas comerciais com fornecedores;

- Improdutividades por falta de liberações/atrasos na liberação de projetos;

62

- Improdutividade devido aos atrasos na execução e liberação de elementos

(cargas e projetos de chumbadores ) por parte da empresa L;

- Apoio operacional;

- Apoio civil aos terceirizados da empresa V.

De fato é de grande relevância o acontecimento de reuniões a fim de identificar possíveis

problemas pertinentes ao projeto, elaborar soluções iniciais para que tais problemas não

apareçam quando se inicia a produção. Estas divergências podem ser levantadas com um

processo integrado entre grupos de estudo de projeto a fim de prover soluções e antecipar a

ocorrência dos problemas. Com efeito, conforme visto no capítulo 3, os modelos de

planejamento do processo de projeto atribuem grande importância para essa prática

administrativa, como instrumento de gestão operacional do planejamento, em particular no

planejamento de curto prazo, para definir os pacotes de trabalho a serem executados

(detalhamentos dos projetos, p. ex.) e, no planejamento de médio prazo, para remover

restrições (interferência entre projetos, p. ex.).

63

7.3.4 Módulo 4 – Interferência entre projeto e produção.

Empresa V (Cliente) Empresa L (Estr Metálica) Empresa U (Instalações)Profis V1 Profis Z1 Profis Z2 Profis L1 Profis U1

Módulo de Perguntas 04Empresa Z ( Obras Civis)

Quadro Comparativo 04 - Perguntas Acerca da Interfê ncia entre Projeto e Produção

Repostas

1. Com relação ao índice de sucesso dos projetos executados nos diversos setores podemos afirmar que:

c d d

2. Com relação às anomalias em tarefas que estão em andamento ou que acabaram de ser executadas (atrasos, estouro de orçamento, não obediência ao escopo previsto, não atendimento às exigências de qualidade), temos:

a d a

b b

b c

a b

a b

4. A que você atribui às causas de anomalias (atrasos, estouro de orçamento, não obediência ao escopo previsto, não atendimento a exigências de qualidade oriundas do próprio setor ou de setores externos) temos:

c c c c c

3. Com relação às causas de anomalias (atrasos, estouro de orçamento, não obediência ao escopo previsto, não atendimento a exigências de qualidade oriundas do próprio setor ou de setores externos) temos:

c

d c d

5. Com relação ao índice de compatibilização dos projetos executados nos diversos setores podemos afirmar que:

d d

Fonte – Questionário Figura 19 – Quadro Comparativo 4

Neste ponto aborda-se a questão da interferência entre o projeto e a produção. Com relação ao

índice de sucesso dos projetos executados, V1 afirma que acima de 70% dos projetos são

executados. Já Z1 e Z2 afirmam que abaixo de 70% dos projetos são executados com sucesso.

Apenas L1 acha que 95% dos projetos são executados com sucesso. Normalmente dever-se-ia

haver uma situação de descontentamento por parte do cliente, entretanto a empresa Z é que se

mostra descontente com o grau de sucesso na execução. Esta ocorrência pode ser explicada

pelo fato dos projetos serem de responsabilidade do cliente.

64

A falta de uma estrutura de projetos ficou bem evidenciada quando iniciamos a execução da obra, pois quase que diariamente constamos incompatibilidades entre os desenhos, o que gera uma improdutividade considerável e não prevista contratualmente. Vale salientar que em todos os tipos de projetos constatamos este tipo de problema. (Trecho do relatório produzido pela empresa Z).

A afirmação acima evidencia que o fato de não existir uma gerência de projetos foi fator

preponderante no andamento inadequado das atividades de campo e em conseguintes atrasos

no cronograma inicial da obra.

Com relação à avaliação e aplicação de contra medidas em relação ao aparecimento de

anomalias não se tem observada nenhuma ação definida e aplicada como referência, como foi

exposto pelos profissionais entrevistados. Ainda neste contexto temos a atribuição feita pelos

profissionais ao aparecimento de anomalias (atrasos, estouro de orçamento, não obediência ao

escopo previsto, etc.).

Todos os profissionais apontaram que a inexistência de um setor de compatibilização de

projetos é o fator preponderante para o aparecimento de anomalias. Observe que no módulo 3

afirma-se que existe um setor de gerência de projetos instalado. Ou seja, têm-se uma

indefinição, pois, pela observação do autor não se tem implantado nenhum dos dois sistemas.

Com relação ao índice de projetos compatibilizados a percepção é de que abaixo de 70% dos

projetos foram compatibilizados.

65

7.3.5 Módulo 5 – Produção.

Empresa V (Cliente) Empresa L (Estr Metálica) Empresa U (Instalações)Profis V1 Profis Z1 Profis Z2 Profis L1 Profis U1

Módulo de Perguntas 05Empresa Z ( Obras Civis)

Quadro Comparativo 05 - Perguntas Acerca da Produçã o

Repostas

1. Como você avalia as condições do andamento das programações de curto prazo( planejamento operacional) definidas:

b d d

b c

2. Como você avalia as condições para atendimento das atividades de escopo e prazos.

b c b

b d

a b

Interferências inerentes à obra, causadas por trabalhos de outras empresas envolvidas no empreendimento.

Ao grande nº de Revisões

3. No tocante ao escopo definido e o médio prazo estabelecido têm-se a comentar.

c

4. A que ponto você atribui grande entrave ao cumprimento das atividades programadas.

Ao grande nº de Revisões

Ao grande nº de

Revisões

Ao grande nº de Revisões

c c

b b b

5. A que ponto você atribui grande sucesso ao cumprimento das atividades programadas:

b c/d

Fonte – Questionário Figura 20 – Quadro Comparativo 5

Agora, em se tratando de produção foi avaliado o impacto do projeto no planejamento

operacional do empreendimento.

Nesse momento fica patente a divergência de percepções dos agentes envolvidos quanto à

possibilidade de aplicar práticas de gestão de projeto. Os profissionais das empresas Z e U

que são “clientes” dos projetos afirmam que não se tem como realizar qualquer tipo de

programação. Do outro lado temos a empresa L que por ser responsável pelos projetos que

executa considera razoável o andamento das atividades programadas, assim como o V1.

De acordo com Ballard e Howell (1994) apud Bernardes (2001), para elaborar um plano

operacional é necessário que alguns critérios sejam atendidos, a fim de criar condições que

possibilitem a execução dos planos:

66

• Definição: especificação da atividade a ponto de permitir a definição do tipo e

quantidade de material e mão-de-obra, sendo possível identificar se a atividade foi

concluída ao final de um ciclo de planejamento;

• Disponibilidade: os recursos necessários devem estar disponíveis no momento da

execução da atividade planejada;

• Seqüenciamento: as atividades devem ser selecionadas, observando o seqüenciamento

técnico e do fluxo, com a finalidade de reduzir as interferências entre as equipes;

• Tamanho: as atividades designadas devem ser compatíveis com a capacidade

produtiva das equipes de produção;

Com efeito, e baseado nas figuras 13 e 14, pode-se inferir que a sistemática de projeto

instalada no canteiro não permite que se atendam essas premissas básicas para elaboração de

um planejamento de curto prazo, tornando-se inviável qualquer tipo de programação, o que

corrobora a percepção dos profissionais das empresas Z e U. Assim, o andamento do

empreendimento fica ao passo das solicitações do cliente e sem uma estratégia de produção,

que deveria traduzir as diretrizes estabelecidas pela estratégia empresarial, na melhor maneira

de utilização dos recursos da produção.

Agora dentro do contexto de definição de escopo e prazos, verificou-se que os profissionais

atribuem a deficiência do projeto ao fato da má definição do escopo. Esta situação gera a

necessidade da negociação de aditivos de custo e prazo, aumentando e atrasando as atividades

do escopo inicial. L1 afirma que as atividades de escopo estão bem definidas, porém, do outro

lado o Z1 contrapõe afirmando que os projetos não permitiam definição segura do escopo. A

seguir temos uma conversa via e-mail entre empresa Z e U que caracteriza essa indefinição de

escopo:

Empresa Z questiona:

Senhores,

A empresa V está nos cobrando os assentos das bacias sanitárias.

Favor verificar.

Empresa U responde:

67

Z2;

O fornecimento deste material não é de nossa responsabilidade (Não faz parte do nosso escopo).

Estamos à disposição para qualquer esclarecimento.

Data do e-mail 14/08/2008.

Observe-se que, tendo transcorrido quase um ano de andamento das atividades (já que a obra

iniciou-se em Agosto de 2007) ainda questiona-se sobre responsabilidade de fornecimento de

material.

Sendo assim, nas perguntas posteriores os profissionais entrevistados deixam claro que o fato

do grande número de revisões de projeto (conforme explicitado nas figuras 14 e 15) e, o

conseguinte acréscimo de escopo são fatores preponderantes para o entrave nas atividades de

campo. Também é consenso entre os entrevistados que o médio prazo ficou comprometido

com tantos aditivos.

Um fator relevante é que todos os profissionais atribuem o não acontecimento de um atraso

maior no cumprimento das atividades, à capacidade dos profissionais proverem soluções às

deficiências dos projetos.

68

7.4 DIRETRIZES PARA A MELHORIA DO PDP

O estudo realizado demonstra que é de fundamental importância disseminar uma cultura

focada na gestão integrada de projetos. Alterações na organização estrutural das empresas de

construção civil e ainda a quebra de paradigmas neste âmbito são relevantes para o razoável

andamento dos empreendimentos.

Segundo Chiavenato (2003) a excelência na gestão de projeto não trata de estabelecer etapas

ou conferir linearidade às atividades, mas de traçar os resultados a serem atingidos,

permitindo, assim, a seleção de recursos e estratégias adequadas. Dentre elas, está à

construção de competências, que deve ser vista como a mais importante.

A fim de se gerar um parâmetro para discussão, remeter-me-ei a apresentação feita no item

7.3.2, quando ficou evidenciado que não existia nenhuma metodologia de gestão de projeto

implantada no canteiro e seguida como diretriz de gestão integrada do processo de projeto.

Diante da assertiva de Chiavenato pode-se inferir que realmente é viável gerir um processo de

projeto, respeitando as peculiaridades inerentes a cada empreendimento, de forma consistente

sem ter montada grande estrutura de gestão; agora se faz extremamente necessário ao menos

atender algumas premissas básicas que é definir um modelo mesmo que intermitente, ou seja,

que perdure o tempo de execução do empreendimento, mas funcione a contento dentro deste

período.

Conforme ficou evidenciado nos capítulos 2 a 5, a natureza do processo de projeto denota seu

caráter intermitente e iterativo, o que dificulta a sua gestão. Entretanto, observou-se nesses

capítulos que, em outros setores da economia, são aplicadas técnicas avançadas que buscam

diminuir a incerteza e o risco de insucesso do gerenciamento de projetos.

Isso leva a propor que, lançando mão das informações extraídas do empreendimento é

razoável que se discuta algumas práticas passíveis de aplicação com objetivo de melhorar o

processo de projeto instalado no canteiro.

De fato, como exposto, a situação das empresas Z e U é mais desconfortável, pois ambas

ficam à mercê das liberações de projeto realizadas pela empresa V. Esta situação compromete

tanto o médio como conseqüentemente o curto prazo da produção. O modelo de PCP do

69

NORIE trata esta questão evidenciando que uma das principais atribuições do curto prazo são

a clareza do fluxo de atividades, seqüência a ser seguida, divisão do trabalho, o tamanho dos

pacotes de serviço e a realização de um plano detalhado sobre como o trabalho será

conduzido. Dentro deste plano existe a analise de restrições a serem removidas para garantia

de que a programação será cumprida. A regra que rege a análise de restrições é o fato de que

nenhuma atividade pode ter sua data programada, antes de se ter certeza de que todas as

restrições possam ser removidas no tempo requerido.

A situação exposta na literatura sobre gestão de projetos apresenta uma tendência de

simultaneidade entre projeto e produção, esta situação requer uma dinâmica onde se consiga

tempo hábil para adequação dos projetos. Entretanto, para o não comprometimento da

produção deve-se ter um patamar de liberação de projetos em nível de se tornar viável a

execução de ao menos um curto prazo; pois as atividades de produção necessitam de certo

grau de definição para serem iniciadas. O que poderia apaziguar esta situação seria um apoio

mais efetivo a práticas de gestão de projetos, como aquelas previstas no PMBOK, bem como

a instalação no canteiro de um setor de gestão de projeto, com um processo integrado a fim de

prover soluções e antecipar a ocorrência dos problemas. A figura 8 reafirma que com a

adoção de práticas de gerenciamento consegue-se maior percentual de sucesso nos projetos

executados. Para o PDP ainda existe uma dissociação muito grande entre esta atividade e o

ato de executar e isto gera reflexos negativos sobre a qualidade do produto final, e ainda,

quanto mais tardiamente às adequações são apresentadas maior a influencia no custo global

do empreendimento.

Outra particularidade constatada foi o grau de maturidade dos projetos enviados à produção.

Assim, segundo as diretrizes do PMBOK a gestão do tempo de projeto é de fundamental

importância para garantir que o projeto seja repassado no tempo correto. Este sistema possui

uma linha de procedimentos básicos que permite identificar as atividades a serem realizadas

para produzir os subprodutos do projeto, documentar a seqüência de atividades e a relação

entre as mesmas, estimar o tempo necessário para conclusão de cada atividade, desenvolver o

cronograma do projeto e realizar seu controle. Teoricamente, seguindo estas etapas consegue-

se enviar o projeto adequado a execução.

Ficou evidente dentro do canteiro que os projetos não eram projetos executivos e o grau de detalhamento era muito baixo. O trecho do relatório confirma esta assertiva.

70

Neste cenário, entende-se que os projetos fornecidos pela empresa V estavam em nível de básico, pois é notório que os projetos executivos foram desenvolvidos ao longo da execução

da obra, fato que provocou prejuízos financeiros não previstos, que devem ser revistos objetivando o reequilíbrio econômico-financeiro contratual para o objeto do contrato

pactuado entre empresa V e Z. . (Trecho do relatório produzido pela empresa Z).

Este, sem dúvida, é um problema que está no plano macro, ou seja, na gênese do projeto,

como foi conduzido o seu processo de desenvolvimento e ou contratação. Fato é que, diante

de um estudo preliminar das plantas apresentadas ao cliente, no caso de contratação de

algumas disciplinas de projeto por parte da empresa V, e da análise dos projetos enviados a

licitação para empresa Z, seria razoável que se tivesse detectado a deficiência dos projetos e

ter adotado medidas paliativas. Entretanto foi no transcorrer da obra que os projetos foram

desenvolvidos. Uma forma de minimizar estes problemas seria indicar componentes de

equipes de projeto a fim de avaliar a construtibilidade das pranchas antes destas serem

enviadas à produção. Este deveria ser um trabalho realizado antes do inicio da execução do

empreendimento.

No início das atividades de infra-estrutura e levantamento de materiais para aquisição já se

constatava um deficiência dos desenhos e já se apontavam várias incompatibilidades,

especificações não indicadas, detalhamento, entre outros. O e-mail abaixo confirma tal

assertiva.

Empresa U solicita esclarecimento a empresa Z:

Estou no aguardo da resposta da questão referente à classe de encordoamento dos cabos de cobre nú.

Outro assunto é que não identificamos no projeto e no memorial descritivo o tipo de acabamento (cor) dos dutos marca DUTOTEC aplicados no cabeamento estruturado de

dados, favor esclarecer esse assunto para podermos dar continuidade no processo de compra.

A empresa Z reponde:

71

As dúvidas já foram encaminhadas a empresa V, estamos aguardando respostas.

Abraço.

Data do e-mail 23/08/07

Levando-se em consideração a constatação das deficiências, a implantação e manutenção de

uma gerência de projeto dentro do canteiro seria primordial para um bom andamento das

atividades. Contudo, o cliente final julgou não necessário tal ação, arcando com todo ônus da

decisão. Ou então seria razoável que ao menos fosse montada uma comissão de avaliação dos

projetos com reuniões com períodos, data e locais definidos.

Quanto à necessidade de estruturação de um setor de projetos, a Empresa Z alertou desde o início da obra por Relatório Diário de Obra (RDO) e em apresentação na reunião do dia 03 de outubro de 2007 com a empresa V, inclusive a presença do diretor. Contudo a empresa V não concordou com esta necessidade, conseqüentemente a execução da obra ficou limitada

devido à demora na liberação dos projetos para execução e as constantes incompatibilidades entre os projetos estruturais, arquitetônicos e instalações. (Trecho do relatório produzido

pela empresa Z).

Fatalmente, a definição do escopo está atrelada as informações provenientes dos projetos.

Segundo o PMBOK é no processo de definição do escopo onde surgem os requisitos

determinantes e as restrições, é a partir desse momento que os stakeholders passam a conceber

melhor o projeto e podem expor seus desejos e necessidades. Sendo assim, baseando-se na

figura 14, podemos afirmar que o escopo não foi definido consistentemente isto está

representado pelos problemas apresentados nos projetos, conforme indicado pelos

questionários, e pela quantidade de projetos adicionados à lista, constatados no decorrer da

execução do empreendimento. Sendo assim o controle de escopo que para o PMBOK é

responsável por gerenciar as alterações solicitadas e oferecer a ação corretiva, praticamente

não existiu, tão forte foi o volume de acréssimo de serviço gerado no decorrer da execução do

empreendimento. Na verificação do autor a cada dia uma nova necessidade era apresentada e

no decorrer da execução os projetos eram desenvolvidos.

Abaixo segue um quadro resumo das práticas passíveis de aplicação para melhor gestão do

processo de projeto do empreendimento:

72

Diretrizes Passíveis de Implantação

Organizacional

Viabilização e Estruturação de uma Gerencia de Projeto instalada no canteiro.

Atribuição de Competência a um Gerente de Projeto(Figura Central).

Viabilização de uma Gerência de Avaliação de Construtibilidade.

Implantação de uma metodologia de gestão integrada de projeto( PMBOK, PDP).

Comissão de avaliação dos projetos com reuniões; com períodos, data e locais definidos.

Funcional

Funcional

Técnica

DescriçãoTipo

Organizacional

Fonte – Autor

Figura 21 - Diretrizes passíveis de aplicação.

73

8.CONCLUSÕES

8.1 CONCLUSÕES, DIRETRIZES E RECOMENDAÇÕES.

O presente trabalho teve como objeto de estudo o diagnóstico do processo de projeto da

execução de um empreendimento industrial na cidade de Feira de Santana. Para isso lançou-se

mão de entrevista, por meio de questionário, análise dos documentos gerados no transcorrer

da obra e ainda a avaliação do autor sobre o processo. Isso a fim de identificar fatores que

dificultavam o planejamento e controle do processo de projeto, e propor algumas práticas

passíveis de aplicação de modo à melhor estruturar a sistemática de projeto em questão.

Sendo assim, foi constatada pelo estudo de caso uma fragmentação no processo de projeto do

empreendimento. Ou seja, cada empresa participante da execução tem seu planejamento e

controle do processo de projeto e o mantêm funcionando individualmente isso remete a

afirmação de que não há uma diretriz de gestão implantada ou recomendada. Observou-se que

o processo produtivo dentro do empreendimento não tem uma continuidade; as interferências

entre projetos apenas são identificadas durante a execução; isso ocasionou atrasos no

cronograma da obra.

A inexistência da figura de um coordenador ou gerente de projeto atuando dentro do canteiro

e ainda a não estruturação de uma equipe gestora deste processo foi também fator decisivo às

dificuldades na condução da execução

No que se refere à concomitância entre projeto e produção, peculiar a este tipo de

empreendimento, ficou constatado que o setor de projeto não ofereceu suporte suficiente à

produção e em vários momentos os projetos retornaram para uma reavaliação. Tal cenário não

permitiu que as empresas pudessem por em prática ao menos um curto prazo, como visto no

módulo de perguntas 5.

Diante do exposto, levando em consideração o porte do empreendimento e o custo relativo à

formação da equipe, a montagem de um setor de projeto trabalhando efetivamente para

antecipação e solução dos problemas inerentes ao projeto e ainda a utilização de uma

metodologia de gestão integrada e interativa seria sem dúvida uma forma de mitigar os

impactos referentes a custos e prazos.

74

O amadurecimento das necessidades do empreendimento também foi fator atenuante para

ocorrência desta problemática; o programa de necessidades perpassa pela análise do PDP e

neste caso ficou constatado que muitas das competências dos projetos foram discutidas e

avaliadas após o início das atividades. O fato da existência de processos licitatórios no

transcorrer da obra indica para a tardia definição destas necessidades. A premissa básica do

programa de necessidades é a definição das exigências de caráter prescritivo ou de desempeno

a serem satisfeitas pela edificação tanto em seus aspectos qualitativo como quantitativos como

exposto na tabela 1. Também baseado na gerência do tempo de projeto do PMBOK verificou-

se que o processo instalado no canteiro não perpassou por nenhuma das etapas efetivamente.

A avaliação da construtibilidade dos desenhos liberados seria também uma alternativa, esta

estrutura preveniria a ocorrência de retrabalhos no tocante à avaliação dos projetos.

8.2 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS.

Como sugestões para futuros trabalhos, pode-se sugerir os seguintes tópicos, a partir da

temática abordada no presente trabalho, visando aprofundar e ampliar o debate sobre o

assunto:

• Avaliar o impacto financeiro e temporal relativo à ocorrência deste fenômeno.

• Investigar meios para quantificar temporal e financeiramente os ganhos obtidos pela

utilização do planejamento integrado.

• Definir modelos de gestão integrada de projeto para empreendimentos com esta

característica

• Analisar a viabilidade financeira da montagem de um processo de gestão integrada de

projeto neste contexto.

75

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http://www.pmisp.org.br/exe/pmi/pmi_brasil.asp

78

ANEXO 1

QUESTIONÁRIO APLICADO

V. Sra. foi identificado como um agente importante no processo de gestão de projeto da

Obra Borrachas Vipal Nordeste – fábrica IV. Em função disso, seria fundamental a

vossa colaboração, de acordo com a vossa percepção sobre a Gestão de Projetos, para os

objetivos do trabalho. Assim, pedimos que V. Sra. indique a alternativa mais condizente

com a realidade da obra em questão. Caso V. Sra. Considere pertinente efetuar alguma

observação ou comentário complementar a cada questão específica, por favor, preencha

o espaço reservado após cada item.

Visibilidade da Organização

1. No nível da Administração Central de sua empresa, a aceitação do assunto

Gerenciamento de Projetos é:

A. O assunto é bastante conhecido e aceito como uma boa prática de

gerenciamento. A alta administração estimula o uso destes conhecimentos.

B. O assunto é razoavelmente conhecido e está se iniciando o estímulo para o uso

destes conhecimentos.

C. A O assunto é apenas conhecido. Não existe nenhum estímulo formal para o uso

destes conhecimentos.

D. Existe um desconhecimento da alta administração quanto ao uso destes

assuntos.

79

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

2. No nível de clientes dos projetos (ou seja, aqueles setores internos ou externos à

organização que recebem o produto ou serviço criado pelo projeto), qual a avaliação

da necessidade do Gerenciamento de Projetos:

A. Estritamente necessária, pois o projeto, como todo, é bastante deficiente.

B. Necessária, pois o projeto em determinadas disciplinas é deficiente.

C. Necessária apenas a fim de acompanhamento, pois o projeto não apresenta

nenhum tipo de deficiência.

D. Não se faz necessário um setor de gerência de projetos.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

80

3. Com relação aos treinamentos efetuados fora da organização, durante o

transcorrer da obra para o setor, por profissionais envolvidos com gerenciamento de

projetos, temos a comentar:

A. A organização estimula tais iniciativas e efetua reembolso.

B. A organização estimula tais iniciativas, mas não efetua reembolso.

C. A organização aceita tais iniciativas, mas não acena nenhuma vantagem de

carreira para os participantes.

D. A organização desconhece ou desestimula tais iniciativas.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

4. Com relação à visibilidade de nossa organização na comunidade empresarial,

temos:

A. Nossa organização é vista e citada como benchmark em gerenciamento de

projetos há bastante tempo. Recebemos freqüentes visitas de outras organizações

para conhecer nosso sistema de gerenciamento de projetos.

B. Estamos começando a ser reconhecidos como benchmark.

C. Acreditamos em nossa capacidade gerencial e sentimos que estamos na

vanguarda do assunto. Estamos abertos para visitas e contactos.

81

D. Ainda estamos muito longe de ser reconhecidos como benchmark.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

5. Com relação ao estímulo para a obtenção de certificação pelos gerentes de

projetos do setor, temos:

A. Existe um plano em execução para estimular os gerentes de projetos a obter uma

certificação PMP ou equivalente. Por este plano, as quantidades necessárias e

adequadas de gerentes de projetos devem obter a certificação nos próximos anos.

B. Existe um plano em execução para estimular os gerentes de projetos a obter uma

certificação PMP ou equivalente. Todavia apenas uma pequena fração dos gerentes

de projetos deverá obter a certificação.

C. O assunto é visto com seriedade e pretende-se montar um plano neste sentido.

D. Não existe nenhuma iniciativa neste sentido.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

82

6. Com relação ao acompanhamento e estímulo aos gerentes de projetos no sentido

de atingirem as metas de seus projetos, temos:

A. Existe, há pelo menos um ano, um Sistema de Avaliação, para os gerentes de

projetos pelos quais se estabelecem suas metas para o próximo período e se avalia

quão bem ele se destacou no período anterior. Eventualmente, o gerente de projetos

pode obter bônus por atingimento de metas.

B. Existe um Sistema de Avaliação para os gerentes de projetos pelos quais se

estabelecem suas metas para o próximo período e se avalia quão bem ele se

destacou no período anterior. O sistema foi recentemente implantado.

C. Não existe um Sistema de Avaliação conforme descrito nos itens anteriores, mas

os gerentes são fortemente estimulados a atingirem suas metas.

D. Não existe nenhuma iniciativa nessa direção.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

Habilidades Técnicas dos Gerentes de Projeto

1. No nível de gerentes de projetos, o Gerenciamento de Projetos é:

83

A. O assunto é bastante conhecido e aceito como uma boa prática de

gerenciamento. Os gerentes de projetos se sentem estimulados a utilizar estes

conhecimentos.

B. O assunto é razoavelmente conhecido e está se iniciando o estímulo para o uso

destes conhecimentos.

C. O assunto é apenas conhecido. Não existe nenhum estímulo formal para o uso

destes conhecimentos.

D. Os gerentes desconhecem o assunto, entretanto desempenham a função

empiricamente.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

2. Com relação aos treinamentos efetuados dentro da organização, durante o

transcorrer da obra para o setor, em relação a temas ligados a projeto, temos a

comentar:

A. A organização realizou diversos cursos internos abordando assuntos

metodológicos e softwares.

B. Os cursos abordaram apenas softwares.

C. Foi realizado um único curso.

D. Não foi realizado nenhum curso interno.

84

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

3. Com relação às habilidades de nossos gerentes de projetos, tanto técnicas (ou da

área de aplicação) como de gerenciamento de projetos, podemos afirmar que:

A. Quase a totalidade de nossos gerentes é altamente avançada nesses aspectos.

B. Acima de 80% de nossos gerentes são altamente avançados nesses aspectos.

C. Acima de 50% de nossos gerentes são altamente avançados nesses aspectos.

D. Abaixo de 50% de nossos gerentes são altamente avançados nesses aspectos.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

4. Com relação ao grau de informatização e a metodologia de projetos, temos:

A. Ela está totalmente informatizada, disponível e em uso por todos os principais

envolvidos.

85

B. Ela está totalmente informatizada, mas está em uso sem algum embasamento

teórico da área.

C. Ela está sendo informatizada.

D. Não existe informatização implantada.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

5. Com relação ao aperfeiçoamento avançado da capacidade dos gerentes de

projetos, com ênfase em relacionamentos humanos (liderança, negociação, conflitos,

motivação, etc.), temos:

A. Existe um plano estruturado formal de treinamento e praticamente todos os

gerentes de projeto já passaram por este treinamento.

B. Existe um plano estruturado formal de treinamento e uma razoável quantidade de

gerentes de projeto já passou por este treinamento.

C. Tem havido algumas iniciativas de treinamento avançado por parte da empresa,

mas em estágio inicial.

D. Não existe nenhuma iniciativa nessa direção.

Resposta ( ).

86

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

6. Com relação ao tipo e abrangência de treinamento formal fornecido aos

colaboradores internos, temos:

A. O treinamento abordou as áreas relevantes do PMBOK (adequadas ao setor), em

nível adequado. Todos os colaboradores internos, envolvidos com os projetos do

setor, foram treinados.

B. O treinamento abordou apenas poucas áreas de gerenciamento. Cerca de 50%

dos colaboradores foram treinados.

C. O treinamento abordou apenas poucas áreas de gerenciamento. Cerca de 20%

dos colaboradores internos possuem este treinamento.

D. Não foi fornecido nenhum treinamento formal.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

7. Com relação à estrutura organizacional, é possível afirmar que o relacionamento

entre gerentes de projeto:

87

A. Ocorre formalmente seguindo diretrizes pré-estabelecidas e seguindo também

procedimentos internos da empresa.

B. Ocorre formalmente seguindo procedimentos acordados no transcorrer da

execução do empreendimento.

C. Ocorre informalmente.

D. Não existe nenhuma estrutura estabelecida.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

Grau de Planejamento do Empreendimento

1. Com relação à integração do gerenciamento de projetos com outras práticas de

gerenciamento existentes na organização, temos:

A. Ela está totalmente integrada com outras práticas de gerenciamento, tais como

gerenciamento pela qualidade total, planejamento estratégico, gerenciamento da

produção, gerenciamento da rotina do dia-a-dia, etc.

88

B. Está sendo feito um esforço para integração.

C. Pretende-se fazer isto no futuro.

D. Desconhece-se a necessidade de integração.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

2. Com relação ao setor de Gerência de Projetos instalado no canteiro, temos que:

A. Ele foi implantado e está operando eficientemente.

B. Ele está implantado, mas não funciona eficientemente.

C. Ele foi recentemente implantado.

D. Inexiste setor de Gerência de Projetos instalado no canteiro.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

______________________________________________________________

3. Com relação ao uso de grupos de trabalho dentro do canteiro para

acompanhamento de projetos, temos:

89

A. Eles foram implantados e estão operando eficientemente.

B. Eles estão implantados, mas não funcionam eficientemente.

C. Eles foram recentemente implantados.

D. Não existem grupos de trabalho.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

4. Com relação às reuniões de avaliação do andamento dos projetos entre os

principais envolvidos:

A. As reuniões são organizadas segundo uma disciplina pré-estabelecida que

preveja horário, local, pauta, participantes, relatórios, etc. As reuniões permitem que

todos os membros da equipe percebam o andamento do projeto.

B. As reuniões acontecem, mas não existe uma disciplina pré-estabelecida. O

gerente do projeto se encarrega das características de cada reunião.

C. Ocorrem reuniões de avaliação do andamento de cada projeto individualmente

com o gerente do projeto. A informação acerca do andamento de projeto fica

centralizada com o gerente do projeto.

D. Não se realizam reuniões de avaliação do andamento de cada projeto e, ao que

parece, o gerente do projeto obtém informações do andamento de maneira informal.

90

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

5. Com relação à freqüência de reuniões para avaliação de projetos, caso elas

aconteçam, ocorrem:

A. Diariamente com todos os responsáveis pela gestão do empreendimento.

B. Semanalmente com todos os responsáveis pela gestão do empreendimento.

C. Apenas esporadicamente quando se detectam problemas de quaisquer ordens e

apenas com os envolvidos com a área de interesse.

D. Quando qualquer um dos gerentes provoca.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

6. Com relação à forma de avaliação do andamento de cada projeto, temos:

A. Foram estabelecidos, previamente, critérios para avaliação do andamento, que

são disciplinadamente utilizados em cada projeto.

91

B. Os critérios foram estabelecidos, mas mudam constantemente.

C. Os critérios foram estabelecidos, mas não são utilizados.

D. Não é feita nenhuma avaliação de andamento.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

7. Com relação à avaliação de projetos já encerrados, no que toca à Qualidade do

Gerenciamento temos:

A. Foi criado um banco de dados (ou algo semelhante) para coletar estes dados e já

existe uma grande quantidade deste tipo de informações que são utilizados

rotineiramente.

B. Foi criado um banco de dados (ou algo semelhante) para coletar estes dados e já

existe uma razoável quantidade deste tipo de informações cujo uso está sendo

estimulado.

C. Foi criado um banco de dados (ou algo semelhante) para coletar estes dados e

estamos iniciando a coleta deste tipo de informações.

D. Existem alguns dados, mas estão dispersos e não existe um arquivamento

informatizado.

Resposta ( ).

92

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

Interferência entre Projeto e Produção

1. Com relação ao índice de sucesso dos projetos executados nos diversos setores

podemos afirmar que:

A. 100% dos projetos são executados com sucesso.

B. Acima de 95% dos projetos são executados com sucesso.

C. Acima de 70% dos projetos são executados com sucesso.

D. Abaixo de 70% dos projetos são executados com sucesso.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

2. Com relação às anomalias em tarefas que estão em andamento ou que acabaram

de ser executadas (atrasos, estouro de orçamento, não obediência ao escopo

previsto, não atendimento às exigências de qualidade), temos:

93

A. Existe um sistema para coleta de informações que permite identificar as causas

das anomalias; estabelecer contramedidas e acompanhar sua implementação. O

sistema está em funcionamento há bastante tempo e já existe uma cultura para o

seu uso.

B. Existe um sistema para coleta de informações que permite identificar as causas

das anomalias. O sistema foi recentemente implantado e está sendo criada uma

cultura para o seu uso.

C. Está sendo implantado um sistema com este objetivo.

D. Pretende-se abordar este assunto no futuro.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

3. Com relação às causas de anomalias (atrasos, estouro de orçamento, não

obediência ao escopo previsto, não atendimento a exigências de qualidade oriundas

do próprio setor ou de setores externos) temos:

A. Todas as principais causas foram identificadas. Foram estabelecidas e

implantadas contramedidas para eliminar todas as causas de desvios. Este trabalho

está sendo bem sucedido.

B. Todas as principais causas de desvios foram identificadas. Foram estabelecidas

contramedidas para eliminar as causas e elas estão sendo implantadas.

94

C. Todas as principais causas de desvios foram identificadas. Ainda não foram

estabelecidas contra-medidas para eliminar as causas de desvios.

D. Ainda não existe um trabalho nesta direção.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

4. A que você atribui às causas de anomalias (atrasos, estouro de orçamento, não

obediência ao escopo previsto, não atendimento a exigências de qualidade oriundas

do próprio setor ou de setores externos) temos:

A. Não ocorrem problemas desta natureza, pois os projetos executivos são bastante

detalhados e o escopo foi claramente definido.

B. Ocorrem problemas localizados desta natureza, fato que não afeta o contexto

global da obra, pois os projetos executivos são bastante detalhados e o escopo foi

claramente definido.

C. A inexistência de um setor de compatibilização de projetos é fator preponderante

para o aparecimento destas anomalias.

D. Os projetos executados não oferecem condições para definição do não

acontecimento destas anomalias.

Resposta ( ).

95

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

5. Com relação ao índice de compatibilização dos projetos executados nos diversos

setores podemos afirmar que:

A. 100% dos projetos foram compatibilizados.

B. Acima de 90% dos projetos foram compatibilizados.

C. Acima de 80% dos projetos foram compatibilizados.

D. Abaixo de 70% dos projetos foram compatibilizados.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

Produção

1. Como você avalia as condições do andamento das programações de curto prazo(

planejamento operacional) definidas:

96

A. Altamente satisfatória, pois os projetos dão totais condições para que as

atividades programadas não sejam paralisadas.

B. Satisfatória, pois os projetos mesmo sofrendo alterações pontuais não

impedem o andamento das atividades programadas.

C. Regular, pois costumeiramente tem-se que paralisar totalmente as atividades

programadas.

D. Não se tem como realizar qualquer tipo de programação.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

2. Como você avalia as condições para atendimento das atividades de escopo e

prazos.

A. As atividades de escopo estão bastante definidas e contempladas nos

projetos, permitindo assim o cumprimento dos prazos.

B. As atividades de escopo não foram bem definidas, pois os projetos eram

deficientes, sendo assim não se tem certeza do cumprimento dos prazos.

C. Os projetos apresentados não permitiam a definição segura do escopo.

D. Os projetos não permitem nenhuma definição de escopo.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

97

3. No tocante ao escopo definido e o médio prazo estabelecido têm-se a

comentar.

A. O médio prazo está sendo cumprido fielmente, pois não se tem acréssimo ao

escopo.

B. O médio prazo está sendo cumprido satisfatoriamente, pois os acréssimos ao

escopo são pontuais.

C. O médio prazo está altamente comprometido, pois os acréssimos ao escopo

são freqüentes.

D. Não se tem planejamento de médio prazo.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

4. A que ponto você atribui grande entrave ao cumprimento das atividades

programadas.

A. Não existe entrave algum ao atendimento das atividades pré-estabelecidas.

B. O principal entrave pode ser atribuído ao grande número de revisões de

projeto.

C. Existem restrições quanto ao uso de novas tecnologias e ou equipamentos.

D. A Mão-de-obra absorvida é desqualificada.

98

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

_______________________________________________________________

5. A que ponto você atribui grande sucesso ao cumprimento das atividades

programadas.

A. Ao excepcional detalhamento dos projetos e profissionais envolvidos na

condução do processo de projeto.

B. A capacidade dos profissionais proverem soluções às deficiências pontuais de

projeto de modo a não afetar o andamento das atividades programadas.

C. A capacidade dos profissionais envolvidos na condução do processo de

produção (mestres, encarregados e colaboradores) de proverem soluções às

deficiências apresentadas pelos projetos.

D. As atividades programadas não estão sendo cumpridas a contento.

Resposta ( ).

Observações ou comentários: _______________________ ______________

______________________________________________________________

ANEXO 2

Planilha de Controle de Recebimento e Orcamentação Empresa U

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