UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral...

64
, CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL COMPORTAMENTO INGESTIVO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E QUALIDADE DA CARNE DE BOVINOS NELORE ALIMENTADOS COM DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO BRUNA BONINI SESTARI Londrina – PR 2012 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Transcript of UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral...

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

,

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

COMPORTAMENTO INGESTIVO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E

QUALIDADE DA CARNE DE BOVINOS NELORE ALIMENTADOS CO M

DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO

BRUNA BONINI SESTARI

Londrina – PR 2012

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

ii

BRUNA BONINI SESTARI

COMPORTAMENTO INGESTIVO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E

QUALIDADE DA CARNE DE BOVINOS NELORE ALIMENTADOS CO M

DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação

em Ciência Animal, área de concentração em Produção

Animal da Universidade Estadual de Londrina, como

requisito parcial para obtenção do título de mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Ivone Y. Mizubuti

Co-orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio Alves de

Freitas Barbosa

Londrina – PR 2012

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

iii

BRUNA BONINI SESTARI

COMPORTAMENTO INGESTIVO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E

QUALIDADE DA CARNE DE BOVINOS NELORE ALIMENTADOS CO M

DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Ciência Animal, área de concentração

em Produção Animal da Universidade Estadual de

Londrina, como requisito parcial para obtenção do

título de mestre.

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________ _______________________________________ Prof. Dr. Edson Luis de Azambuja Ribeiro Prof. Dr. Valter Harry Bumbieris Junior

Universidade Estadual de Londrina Universidade Estadual de Londrina Departamento de Zootecnia Departamento de Zootecnia

____________________________ Prof. Dra. Ivone Yurika Mizubuti

Universidade Estadual de Londrina Departamento de Zootecnia

Orientadora

Londrina, 07 de dezembro de 2012

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

iv

BIOGRAFIA

Bruna Bonini Sestari, filha de Wanderley Vieira Sestari e Fernanda Bonini Sestari, nascida

em Bela Vista do Paraíso, Estado do Paraná, no dia 24 de setembro de 1986.

Em 2006 ingressou no curso de Zootecnia na Universidade Estadual de Maringá, graduando-

se em dezembro de 2010.

Durante o curso de graduação realizou estágios na área de nutrição animal, sendo

participante do programa PIC/CNPq/UEM.

Ingressou no curso de Mestrado em Ciência Animal, Área de concentração em Produção

Animal, da Universidade Estadual de Londrina em março de 2011, defendendo o trabalho de

dissertação em 07 de dezembro de 2012.

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

v

À minha família, que é meu bem mais precioso, e a quem eu dedico toda a minha vida.

Ao meu pai Wanderley Vieira Sestari e à minha mãe Fernanda Bonini Sestari que são meu

exemplo de vida, pelo amor incondicional, incentivo, apoio nas horas difíceis e principalmente por

ser meu alicerce.

À minha avó Maria Arai Vieira Sestari, e aos meus avós Elpidio, José e Ivette que apesar de

não estarem mais entre nós, tenho a certeza que estão olhando por mim.

Aos meus irmãos Elpidio Sestari Neto e José Francisco Bonini Sestari pelos ensinamentos,

companheirismo e amor.

Aos meus amigos, Gianne Evans Cunha e Fernando Massaro Junior, pela amizade, apoio e

demonstração constante de companheirismo.

Ao Bruno meu noivo que amo tanto, por sempre estar ao meu lado e ser muito mais que meu

namorado, ser companheiro, irmão e amigo.

DEDICO

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

vi

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, professora Ivone Yurika Mizubuti, pelo apoio incondicional.

Ao Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina e

a todos os docentes pela oportunidade, pelo auxílio e pelos ensinamentos transmitidos;

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela concessão da bolsa

de estudo;

À Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico do Paraná

pelo apoio financeiro ao projeto de Pesquisa;

Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo;

Ao professor Rodrigo da Costa Gomes pelo apoio e ajuda nas análises estatísticas;

Aos estagiários, Camila, Carla, Aretha, Maciel, Nathali, Fernanda, Helena, e os outros 20,

pela ajuda na condução do experimento e pela amizade;

Aos funcionários da fazenda escola, Pedro, Erminio, Jorge, Zé, Antônio, Zilda, Leonardo,

pela ajuda e amizade;

À Maria Fraga Rolim Carnaúba, pelo apoio e incentivo aos meus estudos e pelos

ensinamentos e ajuda com a língua portuguesa;

À todos que direta ou indiretamente auxiliaram na realização deste trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

vii

“Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e

acorrentar uma alma. Aprende que nós não podemos exigir o amor de ninguém. Podemos apenas dar boas razões

para que gostem de você e ter paciência, para que a vida faça o resto. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um

adulto e não com a tristeza de uma criança. E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você

precisa perdoá-la por isso. Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e

que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Que pode usar o seu charme por apenas 15 minutos, depois disso, precisa saber do que está

falando. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você é na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você

muito depressa. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você

mesmo pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é

curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas aonde está indo. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não

significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma

das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Aprende que com a mesma severidade com que julga você será em algum momento condenado. Aprende também que pode ir além dos limites que você próprio colocou.

Aprende que perdoar exige muita prática. E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!”

(William Shakespeare)

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

viii

Comportamento ingestivo, características de carcaça e qualidade da carne de bovinos Nelore

alimentados com diferentes híbridos de milho

Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento ingestivo, as características de carcaça, os componentes não carcaça e a qualidade da carne de bovinos da raça Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho (duro, semiduro e semidentado). Foram utilizados 27 bovinos com peso vivo médio inicial de 350 ± 24 kg e idade média de 24 meses e peso vivo médio final de 444 ± 70 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, em três tratamentos (T), sendo, T1- DTMDU: Dieta total contendo milho duro, T2- DTMSDU: Dieta total contendo milho semiduro e T3- DTMSDE: Dieta total contendo milho semidentado, com nove repetições por tratamento. As dietas foram isoenergéticas e isoprotéicas, com relação de volumoso: concentrado de 30:70, utilizando-se o bagaço de cana como volumoso e ração concentrada composta de farelo de soja (8%), milho grão moído (88%), suplemento mineral e vitamínico (3%) e uréia (1%). Os animais foram confinados por um período de 95 dias, compreendendo 14 dias de adaptação e três períodos experimentais de 27 dias. A avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no último dia de cada período experimental por meio de observação visual dos animais a cada cinco minutos, por períodos integrais de 24 horas. Foram realizadas observações em quatro turnos: manhã (06:00 as 12:00), tarde (12:00 as 18:00), noite (18:00 as 00:00) e madrugada (00:00 as 06:00) para determinar o número de bolo ruminal, tempo de mastigação, tempo de alimentação total, tempo total de ruminação em pé, tempo total de ruminação deitado, tempo total de ócio em pé e tempo total de ócio deitado. No período noturno o ambiente recebeu iluminação artificial, sendo que três dias anteriores à coleta de dados, os animais foram adaptados a essa luminosidade noturna. Ao final do experimento, os animais foram abatidos em frigorífico comercial, avaliando-se as características de carcaça e os componentes não carcaça. Foi colhida amostra da secção HH para avaliação da qualidade da carne. Animais alimentados com dieta contendo milho semidentado apresentaram maiores tempo de mastigação e maiores números de bolos ruminais, do que aqueles alimentados com milho duro, entretanto não diferiram daqueles que receberam milho semiduro na ração. O tempo de mastigação e os números de bolos ruminais variaram com os períodos de observação, sendo maior no período da manhã e decrescente no período da tarde, noite e madrugada. Verificou-se que animais alimentados com dieta contendo milho duro, apresentaram maior tempo de alimentação do que aqueles recebendo dieta com milho semiduro ou semidentado. Não houve diferença entre os tratamentos para parâmetros de características de carcaça e de componentes não carcaça. Observou-se diferença significativa entre os tratamentos apenas para pH após 24 horas do abate. Conclui-se que animais alimentados com dietas contendo milho semidentado na ração concentrada apresentam maior tempo de mastigação e número de bolos ruminais do que aqueles alimentados com milho duro. Animais alimentados com dietas contendo milho duro apresentam maior tempo de alimentação do que aqueles recebendo dieta com milho semiduro ou semidentado. O tempo de mastigação e os números de bolos ruminais são maiores no período da manhã e decrescem no período da tarde, noite e madrugada. Diferentes híbridos de milho na dieta não influenciam as características de carcaça, bem como os componentes não carcaça e as características qualitativas da carne de bovinos de corte terminados em confinamento.

Palavras-chave: concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ruminante.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

ix

Ingestive behavior, carcass characteristics and meat quality of Nelore steers fed with

different hybrids of corn

Abstract: The objective of this experiment was to evaluate the feeding behavior, the carcass characteristics, the non carcass components and meat quality of Nelore steers finished in feedlot and fed with diets containing different hybrids of corn (flint, semi flint and semi-dent). It was used twenty seven castrated steers with average initial live weight of 350 ± 24 kg and 24 months old, randomly distributed in three treatments (T), where, T1- TDFC: diet containing flint corn, T2- TDSFC: diet containing semi-flint corn and T3- TDSDC: diet containing semi-dent corn, with nine replicates for treatment. The rations were isoenergetic and isoproteic and the roughage:concentrate ratio was 30:70, using sugarcane bagasse as roughage. The concentrate ration was composed by soy bean meal (8%), ground corn (88%), vitamin and mineral supplement (3%) and urea (1%). The confinement period consisted of 95 days of evaluation, including 14 days for adaptation and three experimental periods of 27 days. Feeding behavior evaluation was on the last day of each experimental period through visual observation of animals at each five minutes, for periods of 24 hours. They were observed in four turns: in the morning (06:00 to 12:00); in the afternoon (12:00 to 18:00); at night (18:00 to 00:00) and in the evening (00:00 to 06:00) to determine the number of ruminal bolus, chewing time, duration of feeding, time of stand up rumination, total time of lying rumination, total time of idle on foot and lying. At night period the local had artificial illumination. Three days before collecting the information the animals were adapted to the illumination. At the end of the experiment the steers were slaughter in a slaughterhouse and the carcass characteristics and the non carcass components were evaluated. The section HH was chosen to evaluate the meat quality. Steers fed with diet that contains corn semi-dent had higher number of ruminal bolus and chewing time than that feeding by flint corn, however did not differ from those who received semi flint corn in the ration. The chewing time and the number of ruminal bolus varied or differed with the observation periods; the period of the morning was higher and decrescent in the afternoon, night and dawning. It was verified that animals feeding diet with flint corn had more chewing time than that received diet with semi flint or semi-dent corn. The treatments did not differ for carcass characteristics and non carcass components. It was observed significant difference among different diets only for pH after 24 hours of slaughter. It can be concluded that animals fed with semi-dent corn diet on the concentrate ration had higher chewing time and number of ruminal bolus than those fed with flint corn. Animals fed with flint corn diet had more chewing time than those who received corn semi flint or semi-dent in the diet. The chewing time and the number of ruminal bolus are higher in the morning period and decrease in the afternoon, night and dawning period. Different hybrid corn in the diet did not influence the carcass characteristics, as well as, the non carcass components and the quantitative characteristics of the meat of the beef the cattle finished in feedlot system.

Key-words: concentrate, idle, rumination, ruminant, yield.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

x

LISTA DE TABELAS

Artigo 1 - Comportamento ingestivo de bovinos Nelore terminados em confinamento e

alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho

Tabela 1 Composição percentual das dietas experimentais............................................. 21

Tabela 2 Composição bromatológica do bagaço de cana de açúcar, dos concentrados e

da dieta total contendo milho duro, semiduro e semidentado (em base seca)...

21

Tabela 3 Médias dos tempos de mastigação e números de bolos ruminais, em função

das dietas em bovinos Nelores terminados em confinamento..........................

23

Tabela 4 Médias dos tempos despendidos para alimentação, ruminação e ócio

(min/dia), em função das dietas, em bovinos Nelores terminados em

confinamento......................................................................................................

25

Artigo 2 - Características de carcaça, de componentes não carcaça e qualidade de carne

de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas

contendo diferentes híbridos de milho

Tabela 1 Composição percentual das dietas experimentais............................................. 33

Tabela 2 Composição bromatológica do bagaço de cana de açúcar, dos concentrados e

da dieta total contendo milho duro, semiduro e semidentado (em base seca).

34

Tabela 3 Média das características quantitativas de carcaça de bovinos Nelore em

confinamento, alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de

milho..................................................................................................................

37

Tabela 4 Médias de pesos dos componentes não carcaça (kg) de bovinos Nelore em

confinamento, alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de

milho...................................................................................................................

39

Tabela 5 Características qualitativas da carne de bovinos Nelore em confinamento,

alimentados com diferentes híbridos de milho nas dietas..................................

41

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

xi

SUMÁRIO

1 Introdução..................................................................................................... 1

2 Revisão de literatura..................................................................................... 3

2.1 Aspectos gerais da bovinocultura de corte.................................................... 3

2.2 Diferenças entre os híbridos de milho .......................................................... 4

2.3 Avaliação do comportamento ingestivo........................................................ 7

2.4 Características físicas e químicas da carcaça e qualidade da carne de

bovinos..........................................................................................................

9

3

Referências bibliográficas.............................................................................

12

4 Objetivos....................................................................................................... 16

4.1 Objetivo geral............................................................................................... 16

4.2 Objetivos específicos.................................................................................... 16

Artigo 1 - Comportamento ingestivo de bovinos Nelore terminados em confinamen-

to e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho

Resumo.......................................................................................................... 17

Abstract......................................................................................................... 18

Introdução..................................................................................................... 19

Material e Métodos....................................................................................... 20

Resultados e Discussão................................................................................ 23

Conclusões.................................................................................................... 26

Referências Bibliográficas............................................................................ 26

Artigo 2 - Características de carcaça, de componentes não carcaça e qualidade de

carne de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho

Resumo.......................................................................................................... 29

Abstract......................................................................................................... 30

Introdução..................................................................................................... 31

Material e Métodos....................................................................................... 32

Resultados e Discussão................................................................................. 36

Conclusões.................................................................................................... 42

Referências Bibliográficas............................................................................ 43

Considerações Finais..................................................................................... 48

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

1. Introdução O mercado consumidor está em constante mudança, onde cada vez mais se aumenta a

demanda pela qualidade do produto adquirido estimulando a pecuária de corte a se especializar para

ofertar produtos de boa qualidade. Essa necessidade exige melhor administração, redução dos

custos e aumento de eficiência de produção. Assim, para melhorar o sistema de produção de gado

de corte é necessário a compreensão do conjunto de tecnologias e práticas de manejo que explorem

a melhor capacidade do animal para se obter maior lucratividade.

Na produção animal, a alimentação representa aproximadamente de 60 a 70% do custo total

de produção, sejam em animais confinados ou criados extensivamente (MARTINS et al., 2000). Os

grãos são componentes essenciais nas dietas de bovinos, sendo que, o milho é um dos mais

importantes grãos de cereais que compõe a dieta, representando uma fonte energética de alta

qualidade (CORREA et al., 2002).

O milho possui quatro principais estruturas anatômicas na sua formação, que são:

endosperma, gérmen, pericarpo (casca) e ponta. No endosperma é que se encontra o amido,

representando cerca de 60 a 80% da composição do grão, e essa estrutura pode ser classificada

como endosperma vítreo ou farináceo, dependendo da distribuição dos grânulos de amido e da

matriz de proteína. O endosperma farináceo não possui matriz protéica circundando os grânulos de

amido, enquanto que o endosperma vítreo possui uma matriz protéica densa, estruturada que

circunda estes grânulos. Essa estrutura confere ao grão de milho uma aparência vítrea e dura (PAES,

2006).

A matriz protéica é um dos principais fatores que afetam a utilização do amido pelos

animais, dificultando a ação das enzimas digestivas pois estão presentes em maiores quantidades

nos grãos de milho e sorgo (SNIFFEN; ROBINSON, 1987; KOTARSKI et al., 1992). O aumento na

vitreosidade do grão está associado com a diminuição na degradação do amido, portanto, a

utilização de uma variedade específica de milho que atenda adequadamente as exigências dos

bovinos é uma alternativa que pode reduzir os custos de produção e servir como alternativa para os

pecuaristas. Contudo, a determinação das potencialidades de utilização de diferentes híbridos de

milho envolve a avaliação do comportamento ingestivo dos animais e as características físicas e

químicas da carcaça, sendo estes, correlacionados com a qualidade do alimento.

O estudo do comportamento animal, principalmente daqueles mantidos em regime de

confinamento, possibilita o entendimento das variações no consumo de alimento (DADO; ALLEN,

1994; DAMASCENO et al., 1999). No entanto, novas técnicas de alimentação modificam o

comportamento, tanto alimentar como físico-metabólico, do animal (ARMENTANO; PEREIRA,

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

2

1997). Sabendo-se que a característica do alimento exerce influência sobre o comportamento

alimentar, e que estes fatores afetam diretamente a produção, pode-se adequar as práticas de manejo

para aumentar a produtividade dos ruminantes. O estudo do comportamento ingestivo tem como

objetivo, estudar os efeitos quantitativos e qualitativos da dieta sobre o comportamento ingestivo,

relacionando comportamento ingestivo e consumo voluntário para maximizar o desempenho

animal.

A determinação da composição física e química da carcaça também é fundamental dentro

desse contexto, pois possibilita avaliar os efeitos de diferentes tratamentos sobre os animais e seus

impactos na carcaça (VAZ; RESTLE, 2003), bem como estudar a proporção de músculos e

deposição de gordura, conforme as exigências do mercado consumidor (VÉRAS et al., 2000;

CARVALHO et al., 2003).

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

3

2. Revisão de literatura

2.1 Aspectos gerais da bovinocultura de corte

Atualmente a busca pelo aumento da eficiência na produção de carne tem mudado o perfil

da pecuária brasileira, pois a melhoria na eficiência significa maior lucratividade para o produtor.

Uma das ferramentas utilizadas para melhorar esse índice é a adequada alimentação desde as

primeiras fases da vida até a terminação, ajudando a reduzir a idade de abate, melhorando a taxa de

desfrute dos rebanhos, e aumentando dessa forma, o giro de capital. No entanto, essa prática tem um

custo maior para o produtor, pois a inserção de concentrados nas dietas é essencial para se obter

resultados satisfatórios. Como a alimentação é responsável pela maior parte dos custos, estudos são

essenciais para ajudar na busca de alternativas que minimizem o gasto com os concentrados

utilizados na terminação dos bovinos.

O Brasil, nos últimos anos, se tornou um dos maiores exportadores mundiais de carne

bovina do mundo. Em face da importância da carne bovina como alimento, e do processo

educacional dos consumidores, que se tornaram mais esclarecidos e exigentes, a demanda por

produtos de qualidade vem aumentando de forma extraordinária.

A preocupação com os aspectos relacionados à saúde e ao bem-estar das pessoas tem

aumentado de forma considerável, e essa demanda acontece tanto pelos atributos intrínsecos de

qualidade como maciez, sabor, quantidade de gordura, quanto pelas características voltadas para as

formas de produção, utilização do meio ambiente, processamento e comercialização (LUCHIARI

FILHO, 2000).

As fases da pecuária de corte tornam-se mais especializadas, havendo a necessidade de

melhor administração, redução dos custos e aumento de eficiência, resultando naturalmente em

certo grau de especialização da atividade.

A incorporação de novas tecnologias e o uso de insumos mais eficazes e em maior escala

tem provocado aumento progressivo da oferta de carne bovina, compensando o crescimento da

população brasileira. Com oferta maior que a demanda, o produto sofre redução no preço. Portanto,

neste cenário, somente permanecerão na atividade os pecuaristas que se adequarem a esta nova

ordem, produzindo em escala, a custos competitivos e oferecendo um produto com qualidade

diferenciada.

Entre os fatores que determinam a qualidade da carne bovina, destaca-se a alimentação dos

animais, que influencia direta e indiretamente a qualidade do produto. Os efeitos diretos são

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

4

relacionados à composição química e às características quantitativas da carcaça, interferindo,

sobretudo, na proporção do tecido adiposo em relação ao muscular, e os efeitos indiretos estão

relacionados principalmente com a redução na idade de abate dos animais, que pode influenciar a

composição dos tecidos e contribuir para a melhoria do produto final.

A manutenção de um plano nutricional adequado permite ao animal a expressão de seu

potencial genético, proporcionando elevadas taxas de ganho de peso e antecipando a idade de abate,

o que é vantajoso para a maciez da carne, em virtude da maior quantidade de colágeno de maior

solubilidade no tecido muscular de animais jovens, conferindo maior maciez ao produto final

(PEDREIRA, 2001).

Os efeitos dos sistemas de alimentação e dos níveis nutricionais sobre as características de

carcaças de bovinos são bem conhecidos e fartamente documentados na literatura. Conforme

Felício (1997), sempre que o nível energético da dieta excede as exigências mínimas para o

desenvolvimento muscular, verificam-se acúmulos de gordura nas carcaças, o que determina, em

grande parte, o grau de acabamento das mesmas. A exigência de acabamento nas carcaças

comercializadas para os frigoríficos é bem conhecida pelos pecuaristas, pois carcaças que não

atingem o grau de cobertura mínima exigida de 3 a 6 mm de espessura de gordura subcutânea, são

desvalorizadas para a comercialização (COSTA et al., 2002).

No Brasil, a comercialização de bovinos de corte é realizada por intermédio do peso vivo ou

do rendimento (peso da carcaça), o que desestimula os produtores a realizarem investimentos na

pecuária de corte, uma vez que não há preocupação com a qualidade e quantidade de porção

comestível. Portanto, não existe diferenciação de preços por qualidade de carcaças, aumentando a

margem de riscos e dificultando o retorno do capital investido (JORGE, 1993; VAZ; ROSO; VAZ,

1999). Considerando que a lucratividade na pecuária de corte poderia ser maior, os produtores têm

procurado alternativas que propiciem incremento na produtividade dos rebanhos, produzindo carne

de melhor qualidade.

Dentro deste contexto, é necessário produzir um produto de qualidade com preço

competitivo, e para tanto, o produtor tem que se especializar e buscar alternativas para reduzir os

custos com alimentação, que é a parte mais dispendiosa dentro do sistema de produção.

2.2 Diferenças entre os híbridos de milho

O milho é o cereal mais produzido no mundo, sendo que nos últimos cinco anos, a produção

média foi de 778,8 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

5

Unidos (USDA). Na safra de 2011/12, a produção mundial foi de 860,1 milhões de toneladas. Os

Estados Unidos são os primeiros no ranking da produção mundial de milho, respondendo por 39%

da produção mundial. Na 2ª posição vem a China com 21% e em 3º colocação está o Brasil, com

uma participação média de 7% (61 milhões de toneladas) (DEMARCHI, 2011).

A importância econômica do milho está na sua diversidade de utilização, desde a

alimentação animal e humana, até a indústria de alta tecnologia, mas o maior destino do milho é a

produção de ração para animais. Estima-se que o milho responde por 70% do volume utilizado na

alimentação animal (aves, bovinos e suínos), e, portanto, cerca de 70% da produção mundial de

milho é destinado à alimentação animal, e em alguns países desenvolvidos esse índice pode chegar

a 85% da produção (PAES, 2006).

Os grãos são componentes essenciais nas dietas de bovinos confinados, sendo que, o milho é

um dos mais importantes grãos de cereais que compõe a dieta de ruminantes, representando uma

fonte energética de alta qualidade (CORREA et al., 2002). Cerca de 60% a 80% da composição do

milho é representada pelo amido, que é um polissacarídeo heterogêneo formado principalmente por

polímeros de amilose e amilopectina unidas por pontes de hidrogênio.

A amilose é uma molécula linear formada por unidades de D-glicoses unidas por ligações α-

1,4, que compõem de 14 a 34% dos grânulos de amido, dependendo da espécie do grão e da

variedade genética dessa espécie. Já, a amilopectina é um polímero grande, ramificado, formado por

cadeias lineares de resíduos de glicose (α-1,4) com ramificações α-1,6 a cada 20 unidades e compõe

de 70 a 80% dos grânulos de amido do grão de milho ou sorgo (KOTARSKI et al., 1992).

Durante muito tempo, acreditou-se que a degradação da proteína e do amido da dieta de

ruminantes era mais eficaz quando ocorria no intestino delgado, pois acreditava-se que o processo

fermentativo no rúmen consumia alta quantidade de nutrientes que os animais não podiam

aproveitar. No entanto, alguns trabalhos demonstraram que embora o amido possa ser fermentado

por microorganismos no rúmen, também pode ser enzimaticamente digerido no intestino delgado.

Entretanto, o principal local de degradação é o rúmen (SIMAS, 1997).

Segundo Rémond et al. (2004), a digestão do amido no intestino delgado depende de

enzimas específicas e os ruminantes não possuem quantidade suficiente para digerir todo o amido

consumido, sendo necessária a fermentação ruminal, para aumentar a eficiência de utilização desse

nutriente. Os produtos finais dessa fermentação ruminal, são os ácidos graxos voláteis (acetato,

propionato e butirato) que representam até 80% dos requerimentos energéticos dos animais e

também, são essenciais para a nutrição protéica dos ruminantes, devido à importância da proteína

microbiana para esses animais (VAN SOEST, 1994).

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

6

O milho possui quatro principais estruturas anatômicas na sua formação, que são:

endosperma, gérmen, pericarpo (casca) e ponta. No endosperma é que se encontra o amido, e essa

estrutura pode ser classificada como endosperma vítreo ou farináceo, dependendo da distribuição

dos grânulos de amido e da matriz de proteína. O endosperma farináceo não possui matriz protéica

circundando os grânulos de amido, enquanto que o endosperma vítreo possui uma matriz protéica

densa, estruturada que circunda esses grânulos. Segundo Paes (2006), essa estrutura confere ao grão

de milho uma aparência vítrea e dura. A matriz protéica é um dos principais fatores que afetam a

utilização do amido pelos animais, pois dificulta a ação das enzimas digestivas e estão presentes em

maiores quantidades nos grãos de milho e sorgo (SNIFFEN; ROBINSON, 1987; KOTARSKI et al.,

1992).

A principal diferença entre os tipos ou classes de milho é a relação entre o endosperma

vítreo e farináceo. Os principais tipos de milho são: duro ou “flint” (alta quantidade de endosperma

vítreo), dentado (média quantidade de endosperma vítreo) e o farináceo (baixa ou inexistente

quantidade de endosperma vítreo).

Essa classificação é importante, pois segundo Philippeau e Michalet-Doureau (1997), o

aumento na vitreosidade do grão está associado com a diminuição na degradação do amido.

Philippeau et al. (1999) estudaram as características do grão de milho e a degradação ruminal do

amido, concluindo que a degradação do amido está intimamente relacionada com a textura do grão

(vitreosidade), sendo que esta determina em que parte do aparelho digestivo o amido será digerido,

influenciando o produto da digestão. Se o amido for degradado no rúmen ocorre produção de ácidos

graxos voláteis e se for degradado no intestino delgado, produção de glicose.

Pereira et al. (2004) trabalhando com textura do grão de milho e estádio de maturidade,

verificaram que grãos do tipo dentado são mais degradáveis no rúmen quando comparados com

grãos de textura dura e que em situações de colheita tardia (textura mais firme), a utilização de

híbridos dentados melhorou a degradação do amido.

O milho está presente na maioria dos confinamentos sendo alimento essencial no

fornecimento de amido para fermentação ruminal. O que ocorre atualmente é que a maioria do

milho utilizado é de variedade com endosperma mais vítreo (mais duro e seco) pela facilidade de

cultivo a campo, já que são mais resistentes às pragas e mantém melhor qualidade no

armazenamento.

A vitreosidade e a granulometria do grão de milho tem grande influência na degradação do

amido, sendo que quando a textura do grão é mais dura e as partículas são maiores, ocorre

diminuição significativa da degradabilidade do amido. Entretanto, ainda há muito que se pesquisar

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

7

sobre o tema, para melhor entender o comportamento de degradação dessas partículas e determinar

a melhor forma de oferecer esse alimento aos ruminantes, no intuito de maximizar a sua utilização.

2.3 Avaliação do comportamento ingestivo

Albright (1993), afirmou que o estudo do comportamento ingestivo dos ruminantes tem sido

usado com os objetivos de avaliar efeitos de arraçoamento ou quantidade e qualidade nutritiva das

dietas, bem como, estabelecer relação de consumo voluntário e desempenho animal. O estudo do

comportamento ingestivo, pode nortear a adequação de práticas de manejo para aumentar a

produtividade e garantir melhor estado sanitário aos animais (FISHER et al., 2002).

As atividades diárias do animal compreendem períodos alternados de alimentação, ócio e

ruminação. A duração e distribuição destas atividades podem ser influenciadas pelas características

do alimento, manejo, condições climáticas e atividades dos animais em grupo (FISHER et al.,

1997).

Segundo Arnold (1985), citado por Van Soest (1994), os ruminantes, assim como as outras

espécies, ajustam o comportamento alimentar de acordo com suas necessidades nutricionais,

sobretudo de energia. Os ruminantes adaptam-se às diversas condições de alimentação, manejo e

ambiente e modificam o comportamento ingestivo para alcançar e manter determinado nível de

consumo, compatível com suas exigências nutricionais (HODGSON, 1990).

A quantidade de alimento consumido pelo ruminante, em determinado período de tempo,

depende do número de refeições nesse período, da duração e taxa de alimentação de cada refeição.

Cada um desses processos é resultado da interação do metabolismo do animal e das propriedades

físicas e químicas da dieta, estimulando receptores da saciedade (THIAGO et al.,1992). Além disso,

o horário, a freqüência e o intervalo de tempo entre os arraçoamentos influenciam a distribuição das

atividades ingestivas durante o dia (DESWYSEN et al., 1993), pois, segundo Jaster & Murphy

(1983), o fornecimento de ração induz o animal a ingerir.

A mastigação tem o objetivo de misturar os alimentos com a saliva de forma adequada,

garantindo a lubrificação do bolo alimentar e facilitando a passagem pelo esôfago, além de

contribuir com a degradação dos alimentos, fornecendo maior superfície de contato para ação dos

microorganismos e sucos digestivos.

O tempo despendido em ruminação também é influenciado pela característica da dieta,

sendo diretamente proporcional ao teor de parede celular dos volumosos. A eficiência de ruminação

ou mastigação pode ser reduzida em dietas com elevado tamanho de partícula e alto teor de fibra,

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

8

devido a maior dificuldade para reduzir o tamanho das partículas originadas destes materiais

fibrosos (VAN SOEST, 1994).

A redução do tamanho de partículas influi na taxa de passagem, que estão associadas à

mastigação, salivação e motilidade ruminal, as quais, por sua vez, respondem a estimulação tátil.

Este estímulo tátil é resultante da fricção da digesta contra a parede ruminal e transmitido por meio

de receptores mecânicos, presentes no retículo e em algumas partes do rúmen, proporcionando

informações a respeito da textura da digesta, de tal forma que, o uso de dietas moídas, peletizadas

ou de concentrados tem sido associado ao menor tempo de ruminação com conseqüente redução na

produção de saliva.

Em bovinos estabulados, alimentados duas vezes ao dia, as refeições seguintes à

distribuição do alimento são mais importantes e os períodos variam de uma hora, para alimentos

ricos em energia, até seis horas, ou mais, para alimentos com baixo teor de energia (VAN SOEST,

1994).

A remastigação do bolo ruminal, excita mecanorreceptores, levando à excitação das

glândulas parótidas para produção de saliva. A parte sólida do bolo alimentar consiste de partículas

pequenas, que provavelmente estejam em estágio mais avançado de fermentação do que as fibras

flutuantes no saco dorsal ruminal. Com a remastigação, reduz ainda mais o tamanho de partícula do

bolo alimentar, estabelecendo novas portas de entrada para a fermentação microbiana e aumento na

densidade das partículas através da expulsão do ar atmosférico e gases da fermentação. Dessa

forma, melhoram as chances das partículas ficarem em condições favoráveis para serem transferidas

ao abomaso. Porém, quando o material ruminado é deglutido, ele se torna disperso novamente ao

material pastoso.

A mastigação do material ruminado conduz à salivação e benefícios como a motilidade

ruminorreticular, que ao mesmo tempo proporciona a mistura e eructação, em alguns alimentos.

Isso pode causar desvantagem no sentido do aumento da motilidade provocar maior propulsão do

conteúdo através do orifício reticulo-omasal. Dessa forma, o tempo de retenção do alimento dentro

do rúmen e o tempo de fermentação da digesta são reduzidos, conduzindo ao aumento na ingestão

de alimentos e redução da sua digestibilidade (ALLISON et al., 1977).

É importante padronizar o tamanho e a densidade das partículas das dietas para proporcionar

o tempo adequado de permanência no rúmen. A ruminação é um sinal de saúde em animais

ruminantes. A ausência de ruminação é um sinal de anormalidade e está presente em situações de

stress, doenças ou quando o animal fica muito tempo sem se alimentar (LEEK, 1996). Essa

característica que os ruminantes têm de influenciar a direção e a freqüência da digestão gástrica,

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

9

depende da textura e do volume da dieta.

2.4 Características físicas e químicas da carcaça e qualidade da carne de bovinos

A qualidade da carne bovina é dependente de vários fatores intrínsecos e extrínsecos aos

animais. Entre os fatores intrínsecos estão a raça, a idade e o sexo (PRADO et al., 2008b,c;

DUCATTI et al., 2009; ROTTA et al., 2009). Os fatores extrínsecos são aqueles ligados ao manejo,

à nutrição e ao ambiente (PRADO et al.,2008 a). Estes fatores isolados ou em conjunto definem a

qualidade físico-química, tecnológica e sensorial da carne.

A alimentação altera as características de carcaça, a composição química e a composição em

ácidos graxos dos músculos (ROTTA et al., 2009). A qualidade da carne pode ser manipulada pela

variação de intervenções nutricionais, muitas delas obtidas com sucesso em confinamento, onde o

controle da ingestão alimentar é mais eficiente (WEBB; O’NEIL, 2008).

A elevação do nível de proteína na dieta dos animais pode incrementar a deposição de

gordura intramuscular, melhorando a maciez da carne, que está associada ao grau de acabamento e

ao teor de gordura intramuscular da carcaça.

O grau de acabamento é importante para evitar o encurtamento das fibras musculares

causada pela temperatura da câmara fria, enquanto que a gordura intramuscular garante à carne

mais suculência, aroma, sabor e maciez.

Segundo Luchiari Filho (2000), a carcaça bovina de boa qualidade e bom rendimento devem

apresentar relação adequada entre as partes que a compõem (máximo de músculo, mínimo de ossos

e quantidade adequada de gordura) para assegurar ao produto, condições mínimas de manuseio e

palatabilidade. O estudo da carcaça dos animais deve ter como finalidade avaliar parâmetros

mensuráveis e que estão relacionados a seus aspectos qualitativos e quantitativos (MÜLLER, 1987).

Algumas características tais como peso de carcaça quente, rendimento de carcaça quente,

conformação, comprimento de carcaça, comprimento de perna, espessura de coxão, espessura de

gordura de cobertura, área de olho de lombo, cor, textura e marmorização são responsáveis pela

qualidade da carcaça de bovinos.

A conformação da carcaça é uma avaliação subjetiva que considera o desenvolvimento

muscular, sendo uma medida útil para a classificação de carcaça no momento da comercialização. A

espessura do coxão possibilita uma idéia clara da musculosidade da carcaça de bovinos e a

espessura de gordura de cobertura determina o grau de acabamento dos bovinos. A área de olho de

lombo fornece a medida de deposição de músculo na carcaça. No Brasil, exige-se que a carcaça

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

10

tenha entre 3 e 6 mm de gordura de cobertura, mas em outros países como USA e mercado europeu

ou japonês, a espessura de gordura de cobertura deve estar acima de 6mm.

A composição química da carne é comumente representada pelos teores de umidade,

minerais, proteína bruta, lipídeos totais, colesterol total, vitaminas e ácidos graxos. A água é um

componente abundante na carne (70-80%) e, por isso, influi na qualidade, alterando a suculência,

textura, cor e sabor (ROTTA et al., 2009). Além disso, a água é o meio universal das reações

biológicas e a sua presença altera diretamente as reações que ocorrem na carne durante o

armazenamento e o processamento industrial. As variações na percentagem de umidade ocorrem

quando há mudança na percentagem de lipídios totais no músculo Longissimus dorsi. A maior

percentagem de gordura intramuscular atua na diminuição da umidade uma vez que a gordura é

pobre em água (10%) (PRADO et al., 2008a).

O teor de matéria mineral na carne bovina está em torno de 0,80 a 1,50 (ARICETTI et al.,

2008; PRADO et al.,2008a,b,c). Os minerais atuam em importantes funções biológicas, sendo

constituintes de hormônios, enzimas, entre outras moléculas (CAMPBELL,1995).

A proteína é o constituinte de tecidos musculares e conjuntivos. Na carne bovina, sua

disponibilidade em aminoácidos essenciais, e suas características favoráveis à digestibilidade lhe

conferem elevado valor biológico (CAMPBELL, 1995). De acordo com Pardi et al., (2001), as

proteínas da carne são digestíveis em 95 a 100%, enquanto que as proteínas de origem vegetal

apresentam digestibilidade de 65 a 85%.

Alguns pesquisadores (ARICETTI et al., 2008; KAZAMA et al., 2008; MAGGIONI et al.,

2009; PRADO et al., 2008a,b,c) relataram que a percentagem de proteína bruta no músculo

Longissimus dorsi em bovinos varia entre 20,0 a 25,0%. Assim, a alimentação e a condição

fisiológica podem alterar a percentagem de proteína bruta no músculo Longissimus dorsi em

bovinos.

Os lipídeos totais ou gorduras são compostos encontrados nos organismos vivos, geralmente

insolúveis em água, mas solúveis em solventes orgânicos (SOUZA; VISENTAINER, 2006). São

substancias oleosas ou gordurosas e possuem duas funções: componentes principais das membranas

e forma de armazenamento de energia (SOUZA; VISENTAINER, 2006).

As exigências dos consumidores, cada vez maiores por produtos de qualidade, têm

estimulado os produtores e as indústrias de carne a adequarem seus sistemas de produção com

objetivo de oferecer aos seus clientes um produto de alta qualidade. As características de qualidade

da carne bovina, que influenciam na decisão de compra do consumidor são a cor, maciez, sabor e

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

11

suculência, sendo a maciez o fator de maior variabilidade e o atributo mais desejável pelo

consumidor (PRADO et al., 2008a).

Percebe-se que, nos últimos anos, têm ocorrido mudanças na comunidade científica e na

indústria de carne, no sentido de produzir e oferecer à população produtos padronizados e com

garantia de maciez, com características que os consumidores desejam no produto cárneo.

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

12

3- Referencias Bibliográficas

ALBRIGHT, J.L. Feeding behavior of dairy catle. Journal of Dairy Science, Champaign, v.76, n.2, p.485-498, 1993.

ALLISON, M.J.; LITTLEDIKE, E.T.; JAMES, L.F. Changes in ruminal oxalate degradation rates associate with adaptation to oxalate ingestion. Journal of Animal Science, Champaign, v.45, n.2, p.1173-1179, 1977.

ARICETTI, J.A.; ROTTA, P.P.; PRADO, R. M. Carcass characteristics, chemical composition and fatty acid profile of Longissimus muscle of buss and steers finished in a pasture system. Asian-Australasian Journal of Animal Sciences, Seoul, v.21, n.10, p.1441-1448. 2008.

ARNOLD, G.W. Ingestive behavior. In: FRASER, A.F. (Ed.) Ethology of farm animals. Amsterdam: Elsevier, 1985. 186p.

ARMENTANO, L.; PEREIRA, M. Symposium: meeting the fiber requirements of dairy cows: measuring the effectives of fiber by animal trial. Journal of Dairy Science, Champaign, v.80, n.7, p.1416-1425,1997.

CAMPBELL, M.K. Biochemistry (2nd ed.) Mont Holyoko College. Saunders College Publishing. Harcourt Brace College Publishers, 1995.752p.

CARVALHO, G.G.P. Avaliação do comportamento ingestivo de cabras Saanen em lactação alimentadas com torta de dendê (elaeis guineesis) como parte da dieta -Aspectos metodológicos. In:REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, 2003, Santa Maria. Anais..., Santa Maria: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003, CD-ROM. CORREA, C.E.S.; SHAVER, R.D.; PEREIRA, M.N.; LAVER, J.G.; KOHN, K. Relationship between corn vitreousness and ruminal in situ starch degradability. Journal of Dairy Science, Champaign, v.85, p.308-312, 2002.

COSTA, M.J.R.P.; SILVA, E.V.C.; CHIQUITELLI NETO, M.; ROSA, M.S. Contribuição dos estudos de comportamento de bovinos para implementação de programas de qualidade de carne. In: F. da S. Albuquerque (org.). Anais XX Encontro Anual de Etologia, p. 71-89, Sociedade Brasileira de Etologia: Natal-RN, 2002.

DADO, R.G.; ALLEN, M.S. Variation in and relationships among feeding, chewing, and drinking variables for lating dairy cows. Journal of Dairy Science, Champaign, v.77, n.1, p.132-144, 1994.

DAMASCENO, J.C.; BACCARI JR., F.; TARGA, L.A. Respostas comportamentais de vacas holandesas, com acesso à sombra constante ou limitada. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, DF, v.34, n.4, p.709-715, 1999.

DESWYSEN, A.G.; DUTILLEUL, P.A.; GODFRIN, J.P. Nycterohemeral eating and uminanting patterns in heifers fed grass or corn silage: analysis by finite fourier transform. Journal of Animal Science, Champaign, v.71, n.10, p.2739-2747, 1993.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

13

DEMARCHI, M. Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná. Departamento de economia rural. Análise da conjuntura agropecuária da safra 2011/12. Milho. 2011, 14p. Disponível em www.agricultura.pr.gov.br

DUCATTI, T.; PRADO, I.N.; ROTTA P.P; PRADO, R.M.; PEROTTO, D.; MAGGIONI, D.; VISENTAINER, J.V. Chemical composition and fatty acid profile in crossbred (Bos taurus vs. Bos indicus) young bulls finished in a feedlot. Asian-Australasian Journal of Animal Science, Seoul, v.22, p.433-439, 2009.

FELICIO, P.E. Fatores que Influenciam na Qualidade da Carne Bovina. In: A. M. Peixoto; J. C. Moura; V. P. de Faria. (Org.). Produção de Novilho de Corte. 1.ed. Piracicaba: FEALQ, v. único, p.79-97, 1997.

FISCHER, V.; DESWYSEN, A.G.; DUTILLEUL, P.; BOEVER, J. Padrões da distribuição nictemeral do comportamento ingestivo de vacas leiteiras, ao início e ao final da lactação, alimentadas com dieta à base de silagem de milho. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.31, n.4, p.2129-2138. 2002.

FISCHER, V.; DESWYSEN, A.G.; DÈSPRES, EL. H.; DUTILLEUL, P.; LOBATO, J.F.P. Efeitos da pressão de pastejo sobre o comportamento ingestivo e o consumo voluntário de ovinos em pastagem. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.26, n.5, p.1025-1031, 1997.

HODGSON, J. Grazing management: science into practice. United Kingdom: Longman Scientific and Technical, Longman Group, 1990. 203p.

JASTER, E.H.; MURPHY, M.R. Effects of varying particle size of forage on digestion and chewing behavior of dairy heifers. Journal Dairy Science, Champaign, v. 66, n. 4, p. 802-810, 1983.

JORGE, A.M. Ganho de peso, conversão alimentar e característica da carcaça de bovinos e bubalinos. Viçosa, MG: UFV, 1993. 97p. Dissertação (Mestrado em Zoootecnia) Universidade Federal de Viçosa, 1993. 97p.

KAZAMA, R.; ZEOULA, L. M.; PRADO, I. N.; SILVA, D.C.; DUCATTI, T.; MATSUSHITA, M. Quantitative and qualitative carcass characteristics of heifers fed different energy sources on a cottonseed hulls and soybean hulls based diet. Brazilian Journal of Animal Science, Viçosa, MG, v.37, n.2, p.350-357, 2008.

KOTARSKI, S.F.; WANISKA, R.D. e THURN, K.K. Starch hydrolysis by the ruminal microflora. Journal of Nutrition, Bethesda, v.22, n.1, p.178-190, 1992.

LEEK, B. F. Digestão dos ruminantes. In: Dukes: fisiologia dos animais domésticos, 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 353-389, 1996.

LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da carne bovina. 1.ed.-São Paulo: A. Luchiari Filho, 2000.134p.

MAGGIONI, D.; MARQUES, J.A.; PEROTTO, D.; ROTTA, P.P.; DUCATTI, T.; MATSUSHITA, M.; SILVA, R.S.; PRADO, I.N. Bermuda Grass hay or sorghum silage with or without yeast addition on performance and carcass characteristics of crossbred Young bulls finished in feedlot. Asian-Australasian Journal of Animal Science, Seoul, v.22, n.2, p. 206-215, 2009.

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

14

MARTINS, A.S.; PRADO, I.N.; ZEOULA, L.M.; BRANCO, A.F.; NASCIMENTO, W.G. Digestibilidade Aparente de Dietas Contendo Milho ou Casca de Mandioca como Fonte Energética e Farelo de Algodão ou Levedura como Fonte Protéica em Novilhas. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.29, n.1, p.269-277, 2000.

MÜLLER, L. Normas para avaliação de carcaças e concurso de carcaças de novilhos. 2.ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1987. 31p.

PAES, M.C.D. Aspectos físicos, químicos e tecnológicos do grão de milho. Ministério da Agricultura e Abastecimento. Circular Técnica (EMBRAPA), v.75. Sete Lagoas, MG, dezembro de 2006.

PARDI, M.C.; SANTOS, I.F.; SOUZA, E.R.; PARDI, E.S. Ciência, higiene e tecnologia da carne. 2ª edição revisada, Goiânia: Editora UFG, v.2, 2001.

PEDREIRA, C.M.S. Como as fibras de colágeno influenciam na maciez da carne. 4p. Disponível em: ww.beefpoint.com.br Acessado em: 19/09/2001.

PEREIRA, M.N.; VON PINHO, R.G.; BRUNO, R.G.S. e CALESTINE, G. A. Ruminal degradability of hard or soft texture corn grain at three maturity stages. Scientia Agricola, Piracicaba, v.61, n.4, p.358-163, 2004.

PHILIPPEAU, C.; MICHALET-DOREAU, B. Influence of genotype and stage of maturity of maize on rate of ruminal starch degradation. Animal Feed Science and Technology, Amsterdam,v.68, n.1, p.25-35, 1997.

PHILIPPEAU, C.; LE DESCHAULT DE MONREDON, F. e MICHALET-DOREAU, B. Relationship between ruminal starch degradation and the physical characteristics of corn grain. Journal of Animal Science, Champaign, v.77, n.1, p.238-243, 1999.

PRADO, I. N., ITO, R. H., PRADO, J. M.; PRADO, I.M.; ROTTA, P.P.; MATSUSHITA, M.; VISENTAINER, J.V.; SILVA, R.R. The influence of dietary soybean and linseed on the chemical composition and fatty acid profile of the longissimus muscle of feedlot-finished bulls. Journal of Animal Feed Science, Jablonna, v. 17, n. 3, p. 307-317, v.17, p.307-317. 2008a.

PRADO, I. N., PRADO, R. M., ROTTA, P. P.; VISANTAINER, J.V.; MOLETTA, J.L.; PEROTTO, D. Carcass characteristics and chemical composition of the longissimus muscle of crossbred bulls (Bos Taurus indicus vs Bos taurus taurus) finished in feedlot. Journal Animal Feed Science, Jablonna, v.17, n.3, p. 295-306. 2008b.

PRADO, I. N., ROTTA, P. P., PRADO, R.M.; VISENTAINER, J.V.; MOLETTA, J.L.; PEROTTO, D. Carcass characteristics and chemical composition of the longissimus muscle of Purunã and ½ Purunã vs. ½ Canchhin bulls. Asian Australasian Journal of Animal Science, Seoul, v. 21, n. 9, p. 1296-1302, 2008c.

RÉMOND, D.; CABRERA –ESTRADA, J.I.; CHAMPION, M.; CHAUVEAU, B.; COUDURE, R. e PONCET, C. Effect of corn particle size on site and extent of starch digestion in lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, v.87, p.1389-1399, 2004.

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

15

ROTTA, P. P., PRADO, I. N., PRADO, R. M., MOLETTA, J. L., SILVA, R. R.; PEROTTO, D. Carcass characteristics and chemical composition of the Longissimus muscle of Nellore, Caracu and Holstein-friesian bulls finished in feedlot. Asian - Australasian Journal of Animal Science, Seoul, v. 22, n.4, p. 598-604, 2009.

SIMAS, J.M. Processamento de grãos para rações de vacas leiteiras. In: 9º Simpósio sobre produção animal, Piracicaba, 1997, Anais. Piracicaba: FEALQ, p.7-32, 1997.

SNIFFEN,C.J.; ROBINSON, P.H. Microbial growth and flow as influenced by dietary manipulations. Journal of Dairy Science, v.70, n.1, p.425-441,1987.

SOUZA, N.E.; VISENTAINER, J.V. Colesterol da mesa ao corpo. Ed. Varela. 2006. 85p.

THIAGO, L.R.L., GILL, M., SISSONS, J.W. Studies of conserving grass herbage and frequency of feeding in cattle. British Journal of Nutrition, Cambridge, v.67, n.3, p.339-336, 1992.

VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca: Cornell University Press, 1994. 476p

VAZ, F.N., ROSO, C., VAZ, R.Z. Gerenciamento visando a eficiência econômica da pecuária de corte. In: RESTLE, J. (Ed.) Confinamento, pastagens e suplementação para produção de bovinos de corte. Santa Maria: UFSM. p.232-258. 1999.

VAZ, F.N.; RESTLE, J. Ganho de peso antes e após os sete meses no desenvolvimento e nas características de carcaça e carne de novilhos Charolês abatidos aos dois anos. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.32, n.3, p.699-708, 2003.

VÉRAS, A.S.C. Consumo, digestibilidade, composição corporal e exigências nutricionais de bovinos nelore alimentados com rações contendo diferentes níveis de concentrado. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2000. 166p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, 2000. WEBB, E. C.; O’NEIL, H. A. The animal fat paradox and meat quality. Meat Science, Amsterdam, v. 80, n. 1, p. 28-36, 2008.

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

16

4- Objetivos

4.1- Objetivo geral:

Avaliar o comportamento ingestivo, as características de carcaça e a qualidade da carne de

bovinos nelore terminados em confinamento e alimentados com diferentes híbridos de milho (duro,

semiduro e semidentado) na dieta.

4.2- Objetivos específicos:

Avaliar o comportamento ingestivo por meio da determinação de número de bolos

alimentares, tempo de mastigação por bolo ruminal, tempo de alimentação, ruminação e ócio de

bovinos Nelore terminados em confinamento, alimentados com diferentes híbridos de milho.

Avaliar as características de carcaça (peso da carcaça quente, peso da carcaça fria,

rendimento de carcaça quente, rendimento de carcaça fria, comprimento de carcaça, comprimento

de perna, espessura de coxão, perímetro de perna, comprimento de braço, espessura de braço,

perímetro de braço, peso do dianteiro, peso do traseiro e percentagem de osso, músculo e gordura)

de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com diferentes híbridos de milho.

Avaliar os componentes não carcaça (peso do sangue, pés, couro, cabeça, cauda, órgãos,

pelanca, trato digestório) de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com

diferentes híbridos de milho.

Avaliar a qualidade de carne (espessura de gordura de cobertura, marmoreio, área de olho de

lombo, grau de acabamento, perda de água, pH, cor da carne e cor da gordura, força de

cisalhamento e análise centesimal da carne) de bovinos Nelore terminados em confinamento e

alimentados com diferentes híbridos de milho.

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

17

ARTIGO 1

Comportamento ingestivo de bovinos Nelore terminados em confinamento e

alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho

Resumo: O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento ingestivo de bovinos da raça Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho. Foram utilizados 27 bovinos com peso vivo médio inicial de 350 ± 24 kg e idade média de 24 meses, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, em três tratamentos (T), sendo, T1-DTMDU: Dieta total contendo milho duro, T2- DTMSDU: Dieta total contendo milho semiduro e T3-DTMSDE: Dieta total contendo milho semidentado, com nove repetições por tratamento. As dietas foram isoenergéticas e isoprotéicas, com relação de volumoso: concentrado de 30:70, utilizando-se o bagaço de cana como volumoso e ração concentrada composta de farelo de soja (8%), milho grão moído (88%), suplemento mineral e vitamínico (3%) e uréia (1%). Essas dietas foram fornecidas aos bovinos duas vezes ao dia (8 h e 16 h). Os animais foram confinados por um período de 95 dias, compreendendo 14 dias de adaptação e três períodos experimentais de 27 dias. Os bovinos foram pesados em jejum de sólidos de 16 horas no início do experimento e ao final de cada período de 27 dias. A avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no último dia de cada período experimental por meio de observação visual dos animais a cada cinco minutos, por períodos integrais de 24 horas. Foram realizadas observações em quatro turnos: manhã (06:00 às 12:00), tarde (12:00 às 18:00), noite (18:00 às 00:00) e madrugada (00:00 às 06:00) para determinar o número de bolos ruminais, tempo de mastigação, tempo de alimentação, tempo de ruminação em pé, tempo de ruminação deitado, tempo de ócio em pé e tempo de ócio deitado. No período noturno o ambiente recebeu iluminação artificial, sendo que três dias anteriores à coleta de dados, os animais foram adaptados a essa luminosidade noturna. Houve diferença entre os tratamentos para o tempo de mastigação e para o número de bolos ruminais. Animais alimentados com a dieta contendo milho semidentado apresentaram maior tempo de mastigação e maior número de bolos ruminais, do que aqueles alimentados com dieta contendo milho duro, entretanto não diferiram daqueles que receberam milho semiduro na ração. Os tempos de mastigação e os números de bolos ruminais variaram com os períodos de observação (manhã, tarde, noite e madrugada), sendo maior no período da manhã e decrescente no período da tarde, noite e madrugada. Quanto às médias de tempo despendido para alimentação, ruminação e ócio, verificou-se que animais alimentados com ração contendo milho duro apresentaram maior tempo de alimentação do que aqueles recebendo ração com milho semiduro ou semidentado. Entre as demais variáveis (ruminação em pé, ruminação deitado, ócio em pé e ócio deitado) não houve diferença significativa entre os animais recebendo diferentes dietas. Pode-se concluir que animais alimentados com dietas contendo milho semidentado apresentam maior tempo de mastigação e maior número de bolos ruminais do que aqueles alimentados com milho duro. Animais alimentados com dietas contendo milho duro na ração concentrada apresentam maior tempo de alimentação do que aqueles recebendo dietas com milho semiduro ou semidentado. O tempo de mastigação e o número de bolos ruminais são maiores no período da manhã e decrescem no período da tarde, noite e madrugada.

Palavras-chave: alimentação, concentrado, ócio, ruminação.

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

18

Ingestive behavior of Nellore steers in feedlot fed with diets containing different corn hybrids

Abstract: The aim of this work was to study the feeding behavior of Nellore beef cattle in feedlot fed with diets containing different corn hybrids. Twenty-seven animals averaging 350 ± 24 kg of body weight and 24 months of age, were used. The animals were distributed in a completely randomized design with three treatments (T), where, T1- TDFC: Total diet containing flint corn, T2- TDSFC: Total diet containing semi-flint corn, and T3- TDSDC: Total diet containing semi-dent corn, with 9 replicates per treatment. The animals were fed ad libitum twice daily (at 8:00am and 4:00pm) with a diet isocaloric and isonitrogenous, with 30% of sugar cane bagasse and 70% concentrate (88% maize, 8% soybean meal, 3% mineral and vitamin supplement and 1% urea) for 95 days (14 days of adaptation and 3 experimental periods of 27 days each). The animals were weighed at the beginning of the experiment and after each period of 27 days, always in a fasting period of 16 hours. The evaluation of animals feeding behavior occurred at the last day of each period by visual observation every five minutes for full periods of 24 hours. Observations were made in four shifts: morning (06:00 to 12:00), afternoon (12:00 to 18:00), evening (18:00 to 00:00) and early morning (00:00 06:00) to determine the number of ruminal bolus, chewing time, total feeding time, total ruminating standing time, total ruminating lying time, total standing idle time and total lying idle time. During the night’s observations, the pens received artificial illumination to facilitate the data collection and the animals were adapted with light at night for three days prior to observations. Animals fed with diets containing semi-dent corn had longer chew time and more ruminal bolus than those fed with flint corn, but did not differ from those that received semi-flint corn in the diet. The chewing time and number of ruminal bolus varied with the observation periods, being higher in the morning and decreasing in the afternoon, night and early morning. To the time spent feeding, ruminating and idle it was found that animals fed with diets containing flint corn had higher feeding time than those fed with diets containing semi-flint corn and semi-dent corn. Among the other variables there was no significant difference between treatments. It can be concluded that animals fed diets containing semi-dent corn spent more time chewing food had more ruminal bolus than those fed flint corn in the diet. Animals fed diets containing flint corn spent more time feeding than those fed diets with semi-flint or semi-dent corn. The chewing time and number of ruminal bolus is biggest in the morning and decrease in the afternoon, night and early morning.

Keywords: feeding, concentrate, idle, rumination.

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

19

Introdução

Entende-se por sistema de produção de gado de corte o conjunto de tecnologias e práticas de

manejo, que explorem a melhor capacidade do animal para obtenção de maior lucratividade do

setor. Neste contexto, o estudo do comportamento animal, principalmente daqueles mantidos em

regime de confinamento, é importante, pois possibilita o entendimento das variações no consumo de

alimento (DADO; ALLEN, 1994; DAMASCENO et al., 1999).

O comportamento ingestivo dos ruminantes pode ser caracterizado pela distribuição

desuniforme de uma sucessão de períodos definidos e discretos de atividades, comumente

classificadas como ingestão, ruminação e descanso ou ócio (PENNING et al., 1991). A ingestão de

alimentos é uma das funções mais importantes dos seres vivos, inclusive dos bovinos que

respondem de maneira diferente a vários tipos de alimento, alterando os níveis de produção e o

comportamento alimentar (PIRES et al., 2001). Sabe-se que a característica do alimento exerce

influência sobre o comportamento alimentar e que estes fatores afetam diretamente a produção.

O estudo do comportamento ingestivo tem como objetivo a avaliação dos efeitos

quantitativos e qualitativos da dieta sobre o comportamento ingestivo, relacionando-o ao consumo

voluntário no intuito de maximizar o desempenho animal. A necessidade de entendimento do

comportamento ingestivo dos ruminantes faz com que se invista em pesquisas fornecendo

resultados que proporcionem aos animais um manejo nutricional adequado.

Na produção animal, a alimentação representa aproximadamente de 60 a 70% do custo total

de produção, sejam com animais confinados ou criados extensivamente (MARTINS et al., 2000).

Os grãos são componentes essenciais nas dietas de bovinos terminados em confinamento, sendo que

o milho é um dos mais importantes grãos de cereais que compõe a dieta de ruminantes,

representando uma fonte energética de alta qualidade (CORREA et al., 2002). Cerca de 60% a 80%

da composição do milho é representada pelo amido.

O milho possui quatro principais estruturas anatômicas na sua formação, que são:

endosperma, gérmen, pericarpo (casca) e ponta. No endosperma é que se encontra o amido, e essa

estrutura pode ser classificada como endosperma vítreo ou farináceo, dependendo da distribuição

dos grânulos de amido e da matriz de proteína. O endosperma farináceo não possui matriz protéica

circundando os grânulos de amido, enquanto que o endosperma vítreo possui uma matriz protéica

densa, estruturada que circunda esses grânulos. Essa estrutura confere ao grão de milho uma

aparência vítrea e dura (PAES, 2006). A matriz protéica é um dos principais fatores que afetam a

utilização do amido pelos animais, pois dificulta a ação das enzimas digestivas e estão presentes em

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

20

maiores quantidades nos grãos de milho e sorgo (SNIFFEN; ROBINSON, 1987; KOTARSKI et al.,

1992). O aumento na vitreosidade do grão está associado com a diminuição na degradação do

amido. Assim, faz-se necessário a avaliação do comportamento ingestivo dos animais alimentados

com diferentes híbridos de milho, investigando possíveis diferenças entre os híbridos, tanto sobre o

número de bolos alimentares, quanto no tempo de mastigação, alimentação, ruminação e ócio. A

utilização de uma variedade específica de milho que atenda adequadamente as exigências dos

bovinos é uma alternativa que pode reduzir os custos de produção e servir como alternativa para os

pecuaristas.

O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento ingestivo dos animais alimentados

com diferentes híbridos de milho (duro, semiduro e semidentado), avaliando o número de bolos

ruminais (NB), tempo de ruminação (TR), tempo de alimentação, ruminação e ócio.

Material e Métodos

O experimento foi realizado na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina

(FAZESC), localizada no município de Londrina– Paraná. As análises laboratoriais foram realizadas

no Laboratório de Analise de Alimentos e Nutrição Animal (LANA) do Departamento de Zootecnia

da UEL.

Foram utilizados 27 bovinos machos castrados da raça Nelore com peso vivo médio inicial

de 350±24 kg e idade média de 24 meses, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado.

Os animais foram alocados aleatoriamente em três tratamentos (T), sendo, T1- DTMDU: Dieta total

contendo milho tipo duro, T2- DTMSDU: Dieta total contendo milho tipo semiduro e T3-

DTMSDE: Dieta total contendo milho tipo semidentado, e confinados por um período de 95 dias,

compreendendo 14 dias de adaptação e três períodos experimentais de 27 dias. Os animais foram

distribuídos de maneira que ficassem três animais por baia e três baias por tratamento. Durante todo

período, os bovinos permaneceram, portanto, alojados em 9 baias coletivas parcialmente cobertas,

providas de piso de concreto, comedouro para volumoso e concentrado, e bebedouro regulado por

sistema de bóia automática.

As dietas foram balanceadas de forma a serem isoenergéticas e isoprotéicas de maneira que

cada tratamento contivesse um híbrido de milho diferente, obedecendo a relação de volumoso:

concentrado de 30:70 (Tabela 1 e 2), utilizando-se o bagaço de cana como volumoso e concentrado

composto de farelo de soja (8%), milho grão moído (88%), suplemento mineral e vitamínico (3%) e

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

21

uréia (1%). Essas dietas foram fornecidas aos bovinos duas vezes ao dia (8 h e 16 h).

Tabela 1. Composição percentual das dietas experimentais.

Proporção na dieta Alimento Dietas

DTMDU1 (%) DTMSDU2 (%) DTMSDE3 (%)

Volumoso (30%)

Bagaço de cana

30

30

30

Concentrado (70%)

Milho duro 61,6 ---- ----

Milho semiduro ---- 61,6 ----

Milho semidentado ---- ---- 61,6

Farelo de soja 5,6 5,6 5,6

Núcleo 4 2,1 2,1 2,1

Uréia 0,7 0,7 0,7 1 DTMDU: Dieta total com 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de concentrado contendo milho duro. 2 DTMSDU: Dieta total com 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de concentrado contendo milho semiduro. 3DTMSDE: Dieta total com 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de concentrado contendo milho semidentado. 4 Núcleo vitamínico e mineral, cujos níveis de garantia contem no mínimo: Cálcio, 120g; Cobalto, 60mg; Cobre, 650mg; Enxofre, 20g; Ferro, 1.120mg; Fósforo, 40g; Iodo, 40mg; Magnésio, 94g; Manganês, 520 mg; Selênio, 9mg; Sódio, 92g; Zinco, 1.960mg; Lasalocida, 1000mg; N.D.T. Estimado, 95g; Proteína Bruta, 50g; Vitamina A, 100.000 UI/kg; Vitamina E, 1000 UI/kg; e no máximo: Flúor, 400mg; NNP - Equiv. Proteína, 45g. Fonte: Elaboração dos autores Tabela 2 – Composição bromatológica do bagaço de cana de açúcar, dos concentrados e da dieta

total contendo milho duro, semiduro e semidentado (em base seca). Composição Bromatológica * MS (%) MM (%) PB (%) FDN (%) FDA (%) EE (%) NDT (%) MDU1 88,3 5,1 17,0 17,4 3,8 1,7 85,9 MSDU2 88,1 5,3 17,0 18,7 4,8 1,3 85,2 MSDE3 86,7 5,7 17,0 14,2 4,7 1,7 85,2 Bagaço de cana 56,1 8,4 1,9 90,5 63,7 0,5 39,3 DTMDU4 58,8 6,6 16,2 59,3 32,7 1,5 63,4 DTMSDU5 61,9 6,2 17,2 57,4 29,2 1,8 66,2 DTMSDE6 59,7 6,5 17,1 61,1 31,7 1,3 64,2 * MS- Matéria Seca; MM- Matéria Mineral; PB- Proteína Bruta; FDN- Fibra em Detergente Neutro; FDA- Fibra em Detergente Ácido; EE- Extrato Etéreo; NDT – Nutrientes Digestíveis Totais 1 MDU: Concentrado contendo milho duro. 2 MSDU: concentrado contendo milho semiduro. 3 MSDE: concentrado contendo milho semidentado. 4 DTMDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MDU. 5 DTMSDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDU 6 DTMSDE: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDE Fonte: Elaboração dos autores

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

22

A quantidade de volumoso e concentrado fornecido inicialmente foi calculado com base em

2,5% do peso vivo em matéria seca e ajustado diariamente para se obter 7% de sobras,

possibilitando ao animal a seleção do alimento sem que sofresse restrição ou consumo forçado. As

sobras foram pesadas diariamente e amostras semanais foram armazenadas para posterior analises.

Nas amostras coletadas foram analisados os teores matéria seca, proteína bruta, extrato

etéreo, matéria mineral, FDN e FDA segundo as metodologias descritas por Mizubuti et al.(2009).

Os teores de NDT foram calculados pela formula descrita por Patterson (2000): NDT= [88,9-(0,779

x FDA%)].

Durante o experimento, a avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no último dia de

cada período experimental, totalizando três observações. Para avaliar o tempo despendido em

alimentação, ruminação, ócio, adotou-se a observação visual dos animais a cada cinco minutos, por

períodos integrais de 24 horas. Foram realizadas observações em quatro turnos: manhã (06:00 às

12:00), tarde (12:00 às 18:00), noite (18:00 às 00:00) e madrugada (00:00 às 06:00), conforme

metodologia descrita por Bürguer et al. (2000), afim de determinar o número de bolos ruminais,

tempo de mastigação, tempo de alimentação, tempo de ruminação em pé , tempo de ruminação

deitado, tempo de ócio em pé e tempo de ócio deitado.

Utilizaram-se cronômetros digitais, manuseados por observadores treinados, que observaram

os animais durante os períodos pré-determinados, para obtenção do tempo gasto em cada atividade.

No período noturno o ambiente recebeu iluminação artificial, sendo que três dias anteriores à coleta

de dados, os animais foram adaptados a essa luminosidade noturna.

Os dados foram submetidos à análise de máxima verossimilhança restrita para medidas

repetidas no tempo (períodos 1, 2 e 3), utilizando-se o procedimento Mixed do SAS (2003). O

modelo utilizado foi:

Y ijk = µ + ti +pj + eijk

Onde:

Yijk = observação do animal k submetido à dieta i, no período j;

µ = constante geral;

ti = efeito da dieta i; i = 1; ...3;

pk = efeito do período de avaliação; k = 1;...3;

eijk = erro aleatório associado à cada observação Yijk, com média 0 (zero) e variância σ2.

Para variável tempo de mastigação e número de bolos ruminais, foi incluído nesse modelo, o

efeito de turno (manhã, tarde, noite e madrugada). Quando necessário, as médias foram comparadas

pelo teste ajustado de Tukey-Kramer. O nível de significância adotado foi o de 5%.

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

23

Resultados e Discussão

De acordo com os resultados obtidos, observa-se que houve diferença entre os tratamentos,

tanto para o tempo de mastigação quanto para o número de bolos ruminais (Tabela 3).

Tabela 3. Médias dos tempos de mastigação e números de bolos ruminais, em função das dietas em bovinos Nelores terminados em confinamento.

Variável Período de

observação

Dietas

Média CV

(%)

Teste de efeitos fixos (P>F)

DTMDU1

DTMSDU2

DTMSDE3

Milho Turno Interação

TM

(min/dia)

Madrugada 52,8 55,8 60,2 56,3b

Manhã 58,6 59,7 66,2 61,5 a

Tarde 51,2 52,2 62,1 55,1b

Noite 42,7 47,8 50,1 46,9c

Média 51,3b 53,9ab 59,6 a 24,3 0,0122 <0,001 0,5250

NB

Madrugada 51,3 54,5 58,7 54,84 b

Manhã 58,2 59,8 65,8 61,3 a

Tarde 47,6 50,8 56,1 51,50 b

Noite 41,8 48,4 49,1 46,41 c

Média 49,71 b 53,38 ab 57,42 a 25,1 0,0267 <0,0001 0,7338

TM- tempo de mastigação, NB- número de bolos, CV- coeficiente de variação. 1 DTMDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MDU (Concentrado contendo milho duro) 2 DTMSDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDU (concentrado contendo milho semiduro) 3DTMSDE: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDE (concentrado contendo de milho semidentado) Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, entre tratamentos, diferem entre si (P<0,05). Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, entre períodos de observação, diferem entre si (P<0,05). Fonte: Elaboração dos autores

Animais alimentados com ração contendo milho semidentado apresentaram maior tempo de

mastigação e maiores números de bolos ruminais do que aqueles alimentados com milho duro,

entretanto não diferiram daqueles que receberam milho semiduro na ração.

Segundo Marques (2008), a necessidade de maior taxa de mastigação está relacionada com a

quantidade consumida de material indigestível ou pouco digestível, resistência do material e

redução do tamanho de partículas. Portanto, alimentos com alto teor de FDN necessitam de maior

mastigação e ruminação, exigindo do animal, maior tempo para completar o processo de

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

24

alimentação. Da mesma forma, Pereira et al. (2007), encontraram aumento de mastigações por bolo,

número de bolos, número de mastigações por dia e tempo de mastigação total, quando se aumentou

o valor de FDN na dieta de 30 para 60%. Neste trabalho, também foram encontrados resultados

compatíveis com os dos pesquisadores citados, pois pode-se verificar que os animais alimentados

com dietas contendo maior proporção de milho semidentado na ração (DTMSDE), e que continham

61,08% de FDN apresentaram maior tempo de mastigação e de numero de bolos ruminais.

Segundo Mertens (1992), a fibra é um componente muito importante na dieta de ruminantes,

pois está associada aos estímulos de mastigação, motilidade ruminal, manutenção da estabilidade do

ambiente ruminal, saúde do animal, consumo de matéria seca e fornecimento de energia, entre

outros. Por outro lado, Dulphy et al. (1980) relataram que quando decrescem a proporção de

constituintes da parede celular da dieta, aumentando o teor de amido, ocorre diminuição do tempo

total de mastigação.

No presente trabalho as dietas de todos os tratamentos possuíam quantidades iguais de

bagaço de cana de açúcar (fibra efetiva da dieta), sendo que a única diferença entre elas foram os

genótipos de milho da ração concentrada. Sabe-se que a principal diferença entre os genótipos é a

quantidade de matriz protéica que envolve o grânulo de amido, sendo que o tipo semidentado possui

menor quantidade de matriz em comparação aos outros dois genótipos. Supõe-se que nos animais

alimentados com a dieta contendo maior proporção de milho semidentado, tenha ocorrido liberação

mais rápida do amido, gerando uma resposta metabólica do animal, fazendo com que este

aumentasse o número de bolos e tempo de ruminação para produzir maior quantidade de saliva a

fim de tamponar o ambiente ruminal.

Ao se avaliar o tempo de mastigação e o número de bolos nos períodos de observação

(manha, tarde, noite e madrugada), pode-se notar que o tempo de mastigação e o número de bolos

foram decrescentes em relação ao longo do dia, sendo que houve um maior tempo de mastigação no

período da manhã decrescendo no período da tarde, noite e madrugada.

Conforme Dulphy e Faverdin (1987), citados por Freitas et al., (2010), os ruminantes

possuem hábitos diurnos e o padrão de procura de alimentos pelos animais em confinamento é bem

característico e apresenta dois momentos principais (início da manhã e final da tarde). Estes

momentos coincidiram com a hora em que foi fornecida a ração aos animais (8:00 e 17:00 horas).

Além disso, os animais são condicionados a ingerirem alimento imediatamente após a

disponibilização do mesmo no cocho, quando o alimento ainda está fresco (FARIA, 1982; DADO;

ALLEN, 1995) e a distribuição da ruminação é bastante influenciada pela alimentação, visto que a

ruminação se processa logo após os períodos de alimentação, quando o animal está tranqüilo

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

25

(POLLI et al., 1996). Neste experimento se observou que os números de bolos ruminais foram

maiores nos animais em períodos logo após o fornecimento da dieta.

Quanto às médias de tempo despendido para alimentação, ruminação e ócio (Tabela 4), em

minutos por dia, verificou-se que animais alimentados com a dieta contendo milho duro (DTMDU),

apresentaram maior tempo de alimentação (P<0,05) do que aqueles recebendo dieta com milho

semiduro (DTMSDU) ou semidentado (DTMSDE) (Tabela 4). Entre as demais variáveis

(ruminação em pé, ruminação deitado, ócio em pé e ócio deitado) não houve diferença significativa

entre os animais dos diferentes tratamentos.

Tabela 4. Médias dos tempos despendidos para alimentação, ruminação e ócio (min/dia), em função

das dietas, em bovinos Nelores terminados em confinamento.

Variável Dietas

CV (%) P>F DTMDU1

DTMSDU2

DTMSDE3

Alimentação 230,7a 197,4b 185,7b 20,09 0,0001

Ruminação em pé 98,2 100,2 125,7 40,27 0,1268

Ruminação deitado 238,9 243,5 235,0 30,11 0,9238

Ócio em pé 335,9 385,0 374,3 22,95 0,0629

Ócio deitado 536,3 513,7 518,8 17,08 0,5546 1 DTMDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MDU (concentrado contendo milho duro) 2 DTMSDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDU (concentrado contendo milho semiduro) 3DTMSDE: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDE (concentrado contendo milho semidentado) CV- coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem entre si (P<0,05). Fonte: Elaboração dos autores

O Milho duro possui uma matriz protéica densa que o torna com aparência vítrea.

Provavelmente os animais tiveram maior dificuldade em mastigá-lo e por isso passaram maior

tempo em alimentação (Tabela 4). No entanto, como tem caráter vítreo, sua quebra na mastigação

pode ter sido mais eficiente, o que poderia explicar o fato de os animais que consumiram esse

genótipo de milho apresentar menor tempo de mastigação do bolo e menor número de bolos

ruminais (Tabela 3).

Com relação ao tempo despendido em cada atividade ao longo do dia, nesse experimento foi

observado que os animais passaram em média 204 minutos/dia se alimentando, 347 minutos/dia

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

26

ruminando e 888 minutos/dia em ócio. Estes resultados foram semelhantes aos observados por

Damasceno et al., (1999) e Goularte (2009). Da mesma forma, Silva et al. (2005), trabalhando com

novilhas mestiças Holandês x Zebu, encontraram tempos médios de 239, 472 e 728 minutos/dia

despendidos nas atividades de alimentação, ruminação e ócio.

Mesmo sabendo que os animais intercalam, várias vezes durante o dia, as atividades de

ruminação e ócio, observaram-se neste estudo que nenhuma dessas variáveis foram influenciadas

pelas dietas.

Conclusões

Animais alimentados com dietas contendo milho semidentado na ração concentrada

apresentam maior tempo de mastigação e maiores números de bolos ruminais do que aqueles

alimentados com milho duro na ração.

O tempo de mastigação e os números de bolos ruminais são maiores no período da manhã e

decrescem no período da tarde, noite e madrugada.

Animais alimentados com dietas contendo milho duro na ração concentrada apresentam

maior tempo de alimentação do que aqueles recebendo ração com milho semiduro ou semidentado.

Os diferentes híbridos de milho na ração não influenciam as variáveis de ruminação em pé,

ruminação deitado, ócio em pé e ócio deitado, em bovinos nelore em confinamento.

Referências Bibliográficas BÜRGER, P.J.; PEREIRA, J.C.; QUEIROZ, A.C. Comportamento ingestivo em bezerros holandeses alimentados com dietas contendo diferentes níveis de concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.29, n.1, p.236-242. 2000. CORREA, C.E.S.; SHAVER, R.D.; PEREIRA, M.N.; LAVER, J.G. e KOHN, K. Relationship between corn vitreousness and ruminal in situ starch degradability. Journal of Dairy Science, Champaign, v.85, p.308-312, 2002. DADO; R.G.; ALLEN, M.S. Variation in and relationships among feeding, chewing and drinking variables for lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, Champaign, v.77, n.1, p.132-144, 1994. DADO, R.G.; ALLEN, M.S. Intake limitations, feeding behavior, and rumen function of cows challenged with rumen fill from dietary fiber or inert bulk. Journal of Dairy Science, Champaign, v.78, n.1, p.118-133, 1995.

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

27

DAMASCENO, J.C.; BACCARI JR., F.; TARGA, L.A. Respostas comportamentais de vacas holandesas, com acesso à sombra constante ou limitada. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, DF, v.34, n.4, p.709-715, 1999. DULPHY, J.P., REMOND, B., THERIEZ, M. Ingestive behaviour and related activities in ruminants. In: RUCKEBUSH, Y., THIVEND, P. (Eds.). Digestive physiology and metabolism in ruminants. Lancaster: MTP. p.103-122. 1980.

DULPHY, J.P.; FAVERDIN, P. L‘ingestion alimentire chez les ruminants: modalités et phénomenes associés. Reproduction Nutrition Development, v.7, n.1B, p.129-155, 1987.

FARIA, V.P. Efeito de níveis de energia e proteína sobre a fermentação do rúmen, a digestibilidade dos princípios nutritivos e o desaparecimento de matéria seca de forragens na fermentação “in vitro” em sacos suspensos no rúmen. Piracicaba. 137 p. Tese (Livre-Docência) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo. 1982.

FREITAS, A.D.S.; SAMPAIO, E.V.S.B.; SANTOS, C.E.R.S.;FERNANDES, A.R. Biological nitrogen fixation in tree legumes of the Brazilian semi-arid caatinga. Journal of Arid Environments, v.74, n.3, p.344-349, 2010.

GOULARTE, S.R. Consumo, digestibilidade e parâmetros ruminais e comportamentaos de vacas leiteiras alimentadas com diferentes níveis de concentrado na dieta. Campo Grande, MS: Universidade Católica Dom Bosco, 2009, 128p. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Universidade Católica Dom Bosco, 2009.

KOTARSKI, S.F.; WANISKA, R.D. e THURN, K.K. Starch hydrolysis by the ruminal microflora. Journal of Nutrition, Bethesda, v.22, n.1, p.178-190, 1992.

MARQUES, J.A.; PINTO, A.P.; ABRAHÃO, J.J.S.; NASCIMENTO, W.G. Intervalo de tempo entre observações para avaliação do comportamento ingestivo de tourinhos em confinamento. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.29, n.4, p.995-960, 2008.

MARTINS, A.S.; PRADO, I.N.; ZEOULA, L.M.; BRANCO, A.F.; NASCIMENTO, W.G. Digestibilidade Aparente de Dietas Contendo Milho ou Casca de Mandioca como Fonte Energética e Farelo de Algodão ou Levedura como Fonte Protéica em Novilhas. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.29, n.1, p.269-277, 2000.

MERTENS, D.R. Analyses of fiber in feeds and its use in feed evaluation and ration formulation. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL DE RUMINANTES, 1992, Lavras. Anais... Lavras: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1992. p.1-32.

MIZUBUTI, I.Y.; PINTO, A.P.; PEREIRA, E.S.; RAMOS, B.M.O. Métodos laboratoriais de avaliação de alimentos para animais. Londrina: EDUEL. 2009. 228p.

PAES, M.C.D. Aspectos físicos, químicos e tecnológicos do grão de milho. Ministério da Agricultura e Abastecimento. Circular Técnica (EMBRAPA), v.75. Sete Lagoas, MG, dezembro de 2006. PATTERSON, T.; KLOPFENSTEIN, T.J.; MILTON, T.; BRINK, D.R. Evaluation of the beef cattle

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

28

NRC model predictions of intake and gain for calves fed low or medium energy density diets. Nebraska Beef Report, Nebraska, p.26-29, 2000. MP 73-A. PENNING, P.D.; ROOK, A.J.; ORR, R.J. Patterns of ingestive behavior of sheep continuously stocked on monocultures of ryegrass or white clover. Applied Animal Behavior Science, v.31, p.237-250, 1991. PEREIRA, J. C.; CUNHA, D. N. F. V.; CECON, P. R.; FARIA, E.S.; Comportamento ingestivo e taxa de passagem de partículas em novilhas leiteiras de diferentes grupos genéticos submetidas a dietas com diferentes níveis de fibra. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.36, n.6, p.2134-2142, 2007. PIRES, M.F.A.; VILELA, D.; ALVIM, M.J. Instrução técnica para o produtor de leite: comportamento alimentar de vacas holandesas em sistemas de pastagem ou em confinamento. Coronel Pacheco, MG: Embrapa Gado de Leite, 2001. 2p. POLLI, V.A., RESTLE, J., SENNA, D.B.; ALMEIDA, S.R.S. Aspectos relativos à ruminação de bovinos e bubalinos em regime de confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.5, n.5, p.987-993, 1996. STATICAL ANALYSIS SYSTEM FOR WINDOWS®.Version 9.1.3. SAS Institute Inc. Cary, NC, USA,2003. SILVA, R.R.; SILVA, F.F.; CARVALHO, G.G.P.; VELOSO, C.M.; FRANCO, I.L.; AGUIAR, M.S.M.S; CHAVES, M.A.; CARDOSO, C.P.; SILVA, R.R. Avaliação do comportamento ingestivo de novilhas 3/4 holandês x zebu alimentadas com silagem de capim-elefante acrescida de 10% de farelo de mandioca. Ciência Animal Brasileira, Goiania, GO, v.6, n.4, p.134-141, 2005. SNIFFEN, C.J,; ROBINSON, P.H. Microbial growth and flow as influenced by dietary manipulations. Journal Dairy Science, Champaign, v.70, n.1, p.425-441, 1987.

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

29

ARTIGO 2

Características de carcaça, de componentes não carcaça e qualidade de carne de

bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes

híbridos de milho

Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar as características de carcaça, de componentes não carcaça e qualidade da carne de bovinos da raça Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho (duro, semiduro e semidentado). Foram utilizados 27 bovinos com peso vivo médio inicial de 350 ± 24 kg e idade média de 24 meses, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, em três tratamentos (T), sendo, T1- DTMDU: Dieta total contendo milho duro, T2- DTMSDU: Dieta total contendo milho semiduro e T3- DTMSDE: Dieta total contendo milho semidentado, com nove repetições por tratamento. As dietas foram isoenergéticas e isoprotéicas, com relação de volumoso: concentrado de 30:70, utilizando-se o bagaço de cana como volumoso e ração concentrada composta de farelo de soja (8%), milho grão moído (88%), suplemento mineral e vitamínico (3%) e uréia (1%). Estas dietas foram fornecidas aos bovinos duas vezes ao dia (8 h e 16 h). Os animais foram confinados por um período de 95 dias, compreendendo 14 dias de adaptação e três períodos experimentais de 27 dias. Estes foram pesados em jejum de sólidos de 16 horas no início do experimento e ao final de cada período de 27 dias. Ao final do experimento, os animais foram abatidos em frigorífico comercial, mensurando-se os componentes não carcaça (peso do sangue, pés, couro, cabeça, cauda, órgãos, gordura retirada na toailete, trato digestório (faringe, esôfago, estômago e intestinos) e as características de carcaça (peso da carcaça quente, peso da carcaça fria, rendimento de carcaça quente, rendimento de carcaça fria, comprimento de carcaça, comprimento de perna, espessura de coxão, perímetro de perna, comprimento de braço, espessura de braço, perímetro de braço, peso do dianteiro e peso do traseiro). Foi colhida amostra da secção HH para avaliação da percentagem de osso, músculo e gordura e posterior utilização do músculo Longissimus dorsi para avaliação de espessura de gordura de cobertura, marmoreio, área de olho de lombo, grau de acabamento, perda de água, pH, cor da carne e cor da gordura, força de cisalhamento, bem como, análise centesimal da carne. Não houve diferença significativa entre os tratamentos para os diferentes parâmetros avaliados de características de carcaça e de componentes não carcaça. Para os parâmetros de qualidade de carne, observou-se diferença significativa entre os animais sob diferentes dietas apenas para pH após 24 horas do abate. Conclui-se que a utilização de diferentes híbridos de milho na dieta de bovinos de corte em confinamento não influencia as características de carcaça, bem como os componentes não carcaça e as características qualitativas da carne.

Palavras-chave: Alimentação, ingestão, ruminante, sistema de terminação

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

30

Carcass characteristics, non-carcass components and meat quality of Nellore steers

finished in feedlot and fed with diets containing different corn hybrids

Abstract: The objective of this study was to evaluate carcass characteristics, non-carcass components and meat quality of Nellore cattle in feedlot and fed with diet containing different corn hybrids (flint, semi-flint and semi-dent). Twenty-seven animals averaging 350 ± 24 kg of body weight and 24 months of age, were used. The animals were distributed in a completely randomized design with three treatments (T), where, T1- TDFC: Total diet containing flint corn, T2- TDSFC: Total diet containing semi-flint corn, and T3- TDSDC: Total diet containing semi-dent corn, with 9 replicates per treatment. The animals were fed ad libitum twice daily (at 8:00 am and 4:00pm) with isocaloric and isonitrogenous diet, with 30% of sugar cane bagasse and 70% concentrate (88% maize, 8% soybean meal, 3% mineral and vitamin supplement and 1% urea) for 95 days (14 days of adaptation and 3 experimental periods of 27 days each). The animals were weighed at the beginning of the experiment and after each period of 27 days, always in a fasting period of 16 hours. At the end of the experiment, the animals were slaughtered in commercial slaughterhouse, measuring non-carcass components (weight of blood, feet, hide, head, tail, organs, fat removed for cleaning), gastrointestinal tract (pharynx, esophagus, stomach and intestines) and carcass characteristics (hot carcass, cold carcass yield, carcass length, leg length, thigh thickness, perimeter of leg, arm length, arm thickness, arm perimeter, front weight, rear weight and conformation). Sample was collected from HH joint for evaluation of percentage of bone, muscle and fat and subsequent use of the Longissimus dorsi muscle for evaluation of fat cover thickness, marbling, Longissimus muscle area, degree of finish, water loss, pH, beef color, fat color and proximate analysis of meat. There was no significant difference among treatments for the evaluated parameters for carcass characteristics and non-carcass components. For the parameters of meat quality, there was significant difference among treatments only in pH after 24 hours of slaughter. It was concluded that the use of different hybrids corn in the diet of feedlot beef cattle does not influence the carcass characteristics, as well as, non-carcass characteristics and meat quality.

Keywords: Feeding, intake, ruminant, finishing system.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

31

Introdução

O sucesso do sistema de produção de gado de corte depende da utilização de um conjunto de

tecnologias e de práticas de manejo, que explorem a capacidade máxima do animal em produzir

carne para obtenção de maior lucratividade.

Devem-se considerar, também, os aspectos sociais, econômicos e culturais da população,

uma vez que esses influenciam de forma decisiva na eficiência do processo produtivo em alcançar

os benefícios esperados. Sabe-se que o mercado consumidor é dinâmico e está em constante

mudança, aumentando a demanda por qualidade de carne. Portanto, em conseqüência das mudanças

globais tem surgido a tendência de consolidação da consciência do consumidor no sentido de

exercer seus direitos no que concerne à qualidade do produto adquirido, estimulando a

especialização da pecuária de corte a melhorar a administração, reduzir os custos e aumentar a

eficiência produtiva. Assim, tem-se buscado maximizar, de forma rentável, a produção dos

animais, a fim de se obter carcaças dentro dos padrões de qualidade, visando atender um mercado

consumidor cada vez mais exigente.

A determinação da composição física e/ou química da carcaça é fundamental dentro desse

contexto, pois possibilita avaliar os efeitos de diferentes tratamentos sobre os animais e verificar

seus impactos na carcaça (VAZ; RESTLE, 2003). Atualmente a busca pelo aumento da eficiência

na produção de carne tem mudado o perfil da pecuária brasileira, pois a melhoria na eficiência

significa maior lucratividade ao produtor. Uma das ferramentas utilizadas para melhorar esse índice

é a adequada alimentação, que pode reduzir a idade de abate, e melhorar a taxa de desfrute dos

rebanhos, aumentando dessa forma, o giro de capital. No entanto, essa prática tem um custo maior

para o produtor, pois a inserção de concentrados nas dietas é essencial para um resultado

satisfatório. Como a alimentação representa aproximadamente de 60 a 70% do custo total de

produção, sejam com animais confinados ou criados extensivamente, mais estudos são essenciais

para ajudar a maximizar o uso do alimento pelo animal (MARTINS et al., 2000).

Os grãos são componentes essenciais nas dietas de bovinos terminados em confinamento,

sendo que, o milho é um dos mais importantes grãos de cereais que compõe a dieta de ruminantes,

representando uma fonte energética de alta qualidade (CORREA et al., 2002). O milho está presente

na maioria das dietas, sendo essencial para fornecimento de amido para a fermentação ruminal. A

principal diferença entre os tipos ou classes de milho é a relação entre o endosperma vítreo e

farináceo. Os principais tipos de milho são: duro ou “flint” (alta quantidade de endosperma vítreo),

dentado (média quantidade de endosperma vítreo) e o farináceo (baixa ou quantidade inexistente de

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

32

endosperma vítreo). Essa classificação é importante, pois segundo Philippeau e Michalet-Doureau

(1997), o aumento na vitreosidade do grão está associado com a diminuição na degradação do

amido.

Atualmente, a maioria do milho utilizado é de variedade com endosperma mais vítreo (mais

duro e seco) pela facilidade de cultivo a campo, já que são mais resistentes a pragas e mantém

melhor qualidade no armazenamento.

O conhecimento do efeito que as diferentes variedades de milho podem causar na produção

animal é essencial para o desenvolvimento da agropecuária. A determinação de variedade de milho

que melhore o desempenho e o rendimento de carcaça é importante no aumento da lucratividade,

considerando que a margem de lucro do pecuarista é pequena e que o alimento concentrado

energético, responsável pela engorda dos animais, é também um dos itens mais onerosos no sistema

de produção de carne.

A determinação das potencialidades de utilização de diferentes híbridos de milho envolve a

avaliação das características físicas e químicas da carcaça e da qualidade de carne, sendo estas,

correlacionados com a qualidade do alimento.

Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar as características de carcaça, os

componentes não carcaça e as características de qualidade da carne de bovinos confinados e

alimentados com diferentes híbridos de milho (duro, semiduro e semidentado).

Material e Métodos

O experimento foi realizado na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina

(UEL), localizada no município de Londrina– Paraná. As análises laboratoriais foram realizadas no

Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da UEL.

Foram utilizados 27 bovinos machos castrados da raça Nelore com peso vivo médio inicial

de 350±24 kg e idade média de 24 meses, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado.

Os animais foram alocados aleatoriamente em três tratamentos (T), sendo, T1- DTMDU: Dieta total

contendo milho tipo duro, T2- DTMSDU: Dieta total contendo milho tipo semiduro e T3-

DTMSDE: Dieta total contendo milho tipo semidentado, e confinados por um período de 95 dias,

compreendendo 14 dias de adaptação e três períodos experimentais de 27 dias. Os animais foram

distribuídos de maneira que ficassem três animais por baia e três baias por tratamento. Durante todo

o período experimental, os bovinos permaneceram, portanto, alojados em 9 baias coletivas

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

33

parcialmente cobertas, providas de piso de concreto, comedouro para volumoso e concentrado, e

bebedouro regulado por sistema de bóia automática.

Todos os animais foram pesados em jejum de sólidos de 16 horas no início do experimento e

ao final de cada período de 27 dias.

As dietas foram balanceadas de forma a serem isoenergéticas e isoprotéicas de maneira que

cada dieta contivesse um híbrido de milho diferente, obedecendo a relação de volumoso:

concentrado de 30:70 (Tabela 1 e 2), utilizando-se o bagaço de cana como volumoso e concentrado

composto de farelo de soja (8%), milho grão moído (88%), suplemento mineral e vitamínico (3%) e

uréia (1%). Essas dietas foram fornecidas aos bovinos duas vezes ao dia (8 h e 16 h).

Tabela 1. Composição percentual das dietas experimentais.

Proporção na dieta Alimento Dietas

DTMDU1 (%) DTMSDU2 (%) DTMSDE3 (%)

Volumoso (30%)

Bagaço de cana

30

30

30

Concentrado (70%)

Milho duro 61,6 ---- ----

Milho semiduro ---- 61,6 ----

Milho semidentado ---- ---- 61,6

Farelo de soja 5,6 5,6 5,6

Núcleo4 2,1 2,1 2,1

Uréia 0,7 0,7 0,7 1 DTMDU: Dieta total com 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de concentrado contendo milho duro. 2 DTMSDU: Dieta total com 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de concentrado contendo milho semi duro. 3DTMSDE: Dieta total com 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de concentrado contendo milho semi dentado. 4 Núcleo vitamínico e mineral, cujos níveis de garantia contem no mínimo: Cálcio, 120g; Cobalto, 60mg; Cobre, 650mg; Enxofre, 20g; Ferro, 1.120mg; Fósforo, 40g; Iodo, 40mg; Magnésio, 94g; Manganês, 520 mg; Selênio, 9mg; Sódio, 92g; Zinco, 1.960mg; Lasalocida, 1000mg; N.D.T. Estimado, 95g; Proteína Bruta, 50g; Vitamina A, 100.000 UI/kg; Vitamina E, 1000 UI/kg; e no máximo: Flúor, 400mg; NNP - Equiv. Proteína, 45g. Fonte: Elaboração dos autores

A quantidade de volumoso e concentrado fornecido inicialmente foi calculado com base em

2,5% do peso vivo em matéria seca é ajustado diariamente para se obter 7% de sobras,

possibilitando ao animal a seleção do alimento sem que sofresse restrição ou consumo forçado. As

sobras foram pesadas diariamente e amostras semanais foram armazenadas para posterior analises.

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

34

Tabela 2 – Composição bromatológica do bagaço de cana de açúcar, dos concentrados e da dieta total contendo milho duro, semiduro e semidentado (em base seca).

Composição Bromatológica * MS (%) MM (%) PB (%) FDN (%) FDA (%) EE (%) NDT (%) MDU1 88,3 5,1 17,0 17,4 3,8 1,7 85,9 MSDU2 88,1 5,3 17,0 18,7 4,8 1,3 85,2 MSDE3 86,7 5,7 17,0 14,2 4,7 1,7 85,2 Bagaço de cana 56,1 8,4 1,9 90,5 63,7 0,5 39,3 DTMDU4 58,8 6,6 16,2 59,3 32,7 1,5 63,4 DTMSDU5 61,9 6,2 17,2 57,4 29,2 1,8 66,2 DTMSDE6 59,7 6,5 17,1 61,1 31,7 1,3 64,2 * MS- Matéria Seca; MM- Matéria Mineral; PB- Proteína Bruta; FDN- Fibra em Detergente Neutro; FDA- Fibra em Detergente Ácido; EE- Extrato Etéreo; NDT – Nutrientes Digestíveis Totais 1 MDU: Concentrado contendo milho duro. 2 MSDU: concentrado contendo milho semiduro. 3 MSDE: concentrado contendo milho semidentado. 4 DTMDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MDU. 5 DTMSDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDU 6 DTMSDE: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDE Fonte: Elaboração dos autores

Nas amostras coletadas foram analisados os teores matéria seca, proteína bruta, extrato

etéreo, matéria mineral, FDN e FDA segundo as metodologias descritas por Mizubuti et al.(2009).

Os teores de NDT foram calculados pela formula descrita por Patterson et al. (2000): NDT= [88,9-

(0,779 x FDA%)].

Ao final do período experimental, os animais foram abatidos em frigorífico comercial

localizado a 45 km da fazenda escola da UEL. O abate foi realizado de acordo com as normas de

abate humanitário (MAPA). Foram coletados e pesados separadamente, todo o sangue, pés, couro,

cabeça, cauda, órgãos, gordura retirada na toailete e trato digestório para avaliação dos

componentes não carcaça.

Para avaliação das características de carcaça, esta foi serrada ao meio pelo esterno e coluna

vertebral, originando duas metades semelhantes. Estas foram identificadas e pesadas para avaliação

do peso e rendimento de carcaça. O peso de carcaça quente em kg foi obtido logo após o abate e

antes da carcaça entrar na câmara de resfriamento. Posteriormente, as mesmas foram resfriadas por

24 horas a 2°C, pesadas novamente para determinação do peso da carcaça fria. O rendimento da

carcaça quente e fria foi determinado pela razão entre o peso de carcaça quente e/ou carcaça fria e o

peso vivo final.

Foram mensurados: comprimento de carcaça; comprimento de perna; espessura do coxão ,

perímetro de perna; espessura de braço; comprimento de braço e perímetro de braço (MÜLLER,

1980).

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

35

Para obtenção do peso do dianteiro foi utilizada a meia carcaça direita, sendo que esta foi

serrada na altura da quinta costela, fornecendo assim o peso do dianteiro. Para obtenção do peso do

traseiro foi pesado o restante da meia carcaça direita.

Para a avaliação da área de olho de lombo, no lado direito da carcaça, procedeu-se um corte

transversal entre a 12a e 13a costela, expondo-se o músculo Longíssimus, que foi utilizado para

traçar o seu contorno em papel vegetal e, posteriormente, mensurar essa área com auxílio de um

planímetro. Foi utilizada a “placa plástica” desenvolvida por Luchiari Filho (2000).

A espessura de gordura de cobertura foi mensurada na região do corte entre 12a e 13a

costela, acima do músculo Longíssimus, com auxílio de paquímetro, obtendo-se a média de três

pontos mensurados.

As percentagens de músculo, osso e gordura na carcaça foram determinadas após dissecação

da secção HH e os percentuais correspondentes à 9ª, 10ª e 11ª costelas, foram calculadas por meio

das equações de regressão, segundo o método de Hankins e Howe (1946).

A avaliação do marmoreio foi realizada subjetivamente observando-se a gordura

intramuscular no músculo Longíssimus, entre a 12ª e 13ª costela, segundo a metodologia de Muller

(1980).

A coloração apresentada pelo músculo e gordura, após resfriamento das carcaças por vinte e

quatro horas, foi avaliada após corte transversal do músculo Longíssimus, na região entre a 12ª e 13ª

costelas, por meio do colorímetro portátil (Konica Minolta, Color reader CR10) para avaliação dos

componentes L* (luminosidade), a* (componente vermelho-verde) e b*(componente amarelo-azul)

pelo sistema CIELAB.

O pH da carne foi mensurado nos tempos 0 e 24 horas após o abate, no músculo

Longíssimus dorsi, por meio de potenciômetro eletrônico com sensor metálico de penetração.

A análise de força de cisalhamento e, portanto, da maciez da carne foi realizada em amostras

da porção intermediária do músculo Longissimus dorsi, utilizando-se a metodologia proposta por

Whipple et al. (1990). As amostras foram embaladas e congeladas para posterior determinação dos

teores de umidade, cinzas, proteína bruta, e extrato etéreo (AOAC, 1990).

Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM do SAS (2003),

de acordo com o seguinte modelo:

Y ij = µ + ti + eij

Y ij = observação do animal j submetido à dieta i;

µ = constante geral;

ti = efeito da dieta i; i = 1; ...3;

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

36

eij = erro aleatório associado a cada observação Yij, com média 0 (zero) e variância σ2.

Quando necessário, as médias foram comparadas pelo teste Tukey ao nível de significância

de 5%.

Resultados e discussão

Características de carcaça

Não houve diferença significativa nas características de carcaça de bovinos alimentados com

dietas contendo diferentes híbridos de milho (Tabela 3).

Os rendimentos de carcaça não foram influenciados (P>0,05) pelas diferentes dietas,

observando-se valor médio de 55%. Esses resultados, normalmente são obtidos para bovinos da

raça Nelore (EZEQUIEL et al., 2006a; EZEQUIEL et al., 2006b, COSTA et al., 2007; IGARASI et

al., 2008; ROTTA et al., 2009). Oscilações no rendimento de carcaça são frequentes, influenciado

principalmente pelo período de jejum e no processo de limpeza das carcaças no local de abate.

O comprimento de carcaça, de perna e espessura de coxão, em geral, apresenta baixa

variação em função da dieta. Os valores observados neste experimento estão próximos daqueles

verificados por Prado et al. (2008a, b, c) em bovinos terminados em confinamento ou pastagem. Da

mesma forma, Ezequiel et al. (2006b) encontraram valores semelhantes para comprimento de perna

e espessura de coxão, respectivamente, 83,3 e 28,9 cm, enquanto que Costa et al. (2007)

encontraram valores de 85,71 e 22,14 cm para comprimento de perna e espessura de coxão,

respectivamente, em bovinos Nelore.

A determinação da área de olho de lombo está correlacionada com a musculosidade presente

na carcaça de bovinos. Uma alimentação isoprotéica e isoenergética, como no presente caso, tem

pouca influência nessas características. Os valores obtidos neste experimento foram semelhantes

àqueles observados em animais terminados em confinamento com dieta de alta densidade energética

(PRADO et al., 2008 a, b, c). Por outro lado, Igarasi et al. (2008), utilizando bovinos Red Angus X

Nelore, observaram valores superiores (73,98 cm2) ao do presente estudo.

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

37

Tabela 3. Média das características quantitativas de carcaça de bovinos Nelore em confinamento,

alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho.

Variável Dietas CV

(%) P>F

DTMDU1 DTMSDU2 DTMSDE3

Peso da carcaça quente (kg) 244,56 250,75 242,20 6,11 0,4904

Peso da carcaça fria (kg) 241,92 247,90 239,61 6,12 0,5071

Rendimento da carcaça quente

(%) 55,30 55,06 55,07 1,76 0,8515

Rendimento da carcaça fria (%) 54,69 54,44 55,44 3,75 0,5753

Comprimento de carcaça (cm) 129,61 131,62 128,60 2,60 0,1650

Comprimento de perna (cm) 89,33 90,25 90,70 2,74 0,4936

Espessura de colchão (cm) 25,33 27,06 27,65 11,31 0,2360

Perímetro de perna (cm) 107,66 106,25 105,20 2,68 0,1723

Comprimento de braço (cm) 46,61 47,00 46,40 4,03 0,8080

Espessura de braço (cm) 11,94 11,81 12,60 11,91 0,4701

Perímetro de braço (cm) 56,66 57,81 56,50 3,20 0,2789

Grau de acabamento 1,77 1,88 1,70 45,04 0,9063

Peso do dianteiro (kg) 67,16 68,93 66,33 6,38 0,4511

Peso do traseiro (kg) 55,84 56,30 54,74 6,57 0,6595

Espessura de gordura de cobertura

(mm) 2,11 3,50 2,75 48,04 0,0940

Taxa de marmoreio 111,11 112,50 100,0 24,85 0,5577

Área de olho de lombo (cm2) 68,47 65,15 69,65 13,22 0,5776

Proporção dos componentes da carcaça (osso, músculo e gordura)

Osso (%) 17,05 17,23 17,99 9,35 0,4217

Músculo (%) 57,58 56,34 55,62 6,24 0,4949

Gordura (%) 25,52 26,57 26,47 13,8 0,8057 1 DTMDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MDU (concentrado contendo milho duro) 2 DTMSDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDU (concentrado contendomilho semiduro) 3 DTMSDE: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDE (concentrado contendo milho semidentado) Fonte: Elaboração dos autores

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

38

A espessura de gordura de cobertura média nos animais recebendo as diferentes dietas foi de

2,78 mm. Para conservação da carcaça, a exigência mínima de gordura de cobertura é de 3 mm

(MULLER, 1980). Valores abaixo de 3,0 mm determinam encurtamento das fibras musculares e

escurecimento da carne, modificando seu aspecto. A baixa espessura de gordura de cobertura pode

ser explicada pela seqüência de deposição de tecido adiposo, de acordo com Pethick et al. (2004),

cuja deposição de tecido adiposo se distribui basicamente em quatro sítios distintos: gordura

interna, intermuscular, subcutânea e por ultimo a gordura intramuscular.

A taxa de marmoreio é uma característica importante, pois está intimamente relacionada às

características sensoriais (maciez, palatabilidade e suculência) da carne, possíveis de serem

percebidas e apreciadas pelo consumidor (COSTA et al., 2002). Entretanto, a deposição de gordura

intramuscular é a ultima a ser depositada. De acordo com Di Marco (1998), a gordura de marmoreio

se desenvolve quando o animal ganha peso e/ou quando avança a idade ou peso corporal, sendo a

última a ser depositada e a primeira a ser mobilizada quando o animal sofre restrição alimentar. Da

mesma forma, Muller e Primo (1986) relataram que animais Bos indicus apresentam menor

proporção de marmoreio da carne, comparado com animais puros ou com maior participação de

genótipo Bos taurus.

A porcentagem de osso, músculo e gordura não diferiram entre os tratamentos (P>0,05), sendo

que os valores encontrados foram semelhantes aos observados por Abrahão et al. (2005); Maggioni et

al., (2009) e Fugita (2010), em bovinos mestiços, terminados em confinamento, com idade semelhantes

aos do presente trabalho. As proporções dessas características tendem a se modificar de acordo com a

idade cronológica do animal, pois quando jovem, possui maior participação óssea na sua carcaça, e

conforme seu grau de maturidade aumenta; ocorre aumento no crescimento muscular. Posteriormente,

quando a idade avança, ocorre redução na deposição de tecido muscular e aumento na deposição de

tecido adiposo, se o consumo de energia for maior do que a necessidade do animal.

Componentes não carcaça

Não houve diferença estatística entre as variáveis de componente não carcaça (Tabela 4).

Este resultado pode estar relacionado com a similaridade nas médias verificadas para os pesos de

abate, e de carcaça quente e fria (PACHECO et al., 2005ab).

Segundo Peron et al. (1993b), independente do tipo de alimentação, os pesos do coração e

pulmão não são afetados, indicando que estes órgãos mantêm sua integridade e, por conseguinte,

têm prioridade na utilização dos nutrientes.

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

39

Tabela 4. Médias de pesos dos componentes não carcaça (kg) de bovinos Nelore em confinamento,

alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho.

Componentes Dietas

CV(%) P>F DTMDU1 DTMSDU2 DTMSDE3

Sangue 14,46 11,28 13,90 25,27 0,1226

Pés 10,0 10,31 9,35 11,15 0,1631

Couro 40,36 40,64 40,13 9,05 0,9617

Cabeça 11,96 12,04 11,70 5,37 0,4999

Cauda 1,16 1,18 1,20 11,06 0,8260

Órgãos4 15,21 15,40 15,41 10,93 0,9641

Gordura interna 12,44 11,75 11,90 23,58 0,8791

Trato digestório5 32,64 32,11 30,76 14,04 0,6548

1 DTMDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MDU (concentrado contendo milho duro) 2 DTMSDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDU (concentrado contendo milho semiduro) 3 DTMSDE: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDE (concentrado contendo milho semidentado) 4Órgãos (língua, coração, pulmão, fígado, rim e baço) 5Trato digestório (boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos. Fonte: Elaboração dos autores

Animais com maior tamanho de trato digestório, com possibilidade de maior ingestão de

alimentos, também apresentam maiores pesos de órgãos vitais, o que, segundo Owens et al. (1993)

e Ferrel e Jenkins (1998a,b), está associado com o incremento da taxa metabólica para

aproveitamento dos nutrientes consumidos. Contudo, neste experimento não se observou diferenças

significativas nos pesos do fígado e trato digestivo, devido provavelmente aos níveis de energia,

proteína e demais nutrientes da dieta serem semelhantes entre as rações dos diferentes tratamentos,

alem da utilização de uma única raça de animais com a mesma média de peso no experimento.

A gordura localizada internamente (cavitária e visceral) aumenta linearmente com a inclusão

de concentrado na ração, cujo efeito pode ser atribuído ao maior consumo de energia (FERREIRA,

1997), sendo que a maior proporção de gordura interna acarreta, na prática, maiores exigências de

energia para mantença, em razão da maior atividade metabólica do tecido adiposo (SOLIS et al.,

1988; OWENS et al., 1995). Considerando-se que a gordura interna não é aproveitada para

consumo humano, há desperdício de energia alimentar. Mas também neste caso, não se observou

diferenças significativas entre os animais recebendo dietas com diferentes híbridos de milho, e isto

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

40

pode ser explicado pelo fato de que as diferentes dietas apresentavam as mesmas quantidades de

energia. O peso da cabeça, cauda, pés, sangue e trato digestório, geralmente são constantes e sua

alteração é ínfima em relação a animais de mesma faixa de peso e de mesma raça. Isso pode ser

confirmado com os dados obtidos neste experimento onde os pesos de pés, cabeça e cauda, não

apresentaram diferença estatística entre os animais estudados

Características qualitativas da carne

Quanto as características qualitativas da carne (Tabela 5) observa-se que houve diferença

somente na variável pH 24 horas após o abate, cujos valores variaram de 6,16 a 6,54.

O pH é uma das características mais importantes relacionadas com a qualidade da carne. Seu

efeito interfere diretamente na capacidade de retenção de água, cor e estruturas dos músculos

(SILVEIRA, 1997). No músculo vivo o pH situa-se ao redor de 7. Na carne fresca, o ideal é que o

pH se estabeleça entre 5,6 e 5,8 (LUCHIARI FILHO, 2000). Em geral, o pH da carne bovina

diminui linearmente em função do tempo (y=6,18-0,019x), ao redor de 0,019 unidades por hora.

Com a morte e, por conseqüência, com a falência sangüínea, o aporte de oxigênio e o controle

nervoso deixam de chegar à musculatura, fazendo com que este passe a utilizar a via anaeróbica,

para obtenção de energia para o processo contrátil; nesse processo há transformação de glicogênio

em glicose, e como a glicólise é anaeróbica, gera-se lactato e verifica-se a diminuição do pH

(ALVES; GOES,2005).

Entretanto, o estresse curto ou prolongado no manejo pré-abate pode levar ao aumento da

glicogênese pós-mortem fazendo com que aconteça um desarranjo na diminuição do pH. Estresse

crônico e prolongado antes do abate pode levar ao esgotamento das reservas de glicogênio muscular

e baixa produção de ácido lático na glicólise anaeróbica. Assim, o pH que deveria diminuir para

aproximadamente 5,6 fica estabilizado em valores acima de 6,0 caracterizando a carne DFD (do

inglês dark, firm and dry), ou seja, carne de cor escura, de textura firme e com alta capacidade de

retenção de água. A carne DFD é rejeitada para o consumo in natura. No processamento, a carne

DFD também não é indicada para o preparo de produtos crus, já que seu pH em torno de 6,0

favorece a contaminação microbiana, diminuindo a vida de prateleira (FAUCITANO, 2000).

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

41

Tabela 5. Características qualitativas da carne de bovinos Nelore em confinamento, alimentados

com diferentes híbridos de milho nas dietas.

Variável Dietas

CV (%) P>F DTMDU1 DTMSDU2 DTMSDE3

Perda de água por pressão (%) 24,02 21,72 19,66 24,77 0,2135

Perda de água por gotejamento (%) 1,68 1,68 1,75 37,16 0,9664

pH no momento do abate 6,82 6,93 6,62 5,33 0,1760

pH-24 horas pós abate 6,19 b 6,54 a 6,16 b 5,14 0,0196

Força de cisalhamento (kgf) 5,47 5,94 6,38 26,82 0,4725

Cor da carne (L) 36,85 37,14 36,23 3,99 0,4089

Cor da carne (a) 13,93 14,18 15,35 12,15 0,8761

Cor da carne (b) 7,83 8,17 7,91 6,66 0,4176

Cor da gordura (L) 72,75 72,96 71,56 5,11 0,6955

Cor da gordura (a) -0,03 -0,28 -0,32 -961,95 0,9522

Cor da gordura (b) 10,77 10,16 8,47 34,10 0,3038

Composição centesimal da carne

Matéria seca 25,58 25,61 25,73 2,55 0,8800

Matéria mineral 1,03 1,04 1,03 4,20 0,8301

Extrato etéreo 1,45 1,65 1,38 34,70 0,5403

Proteína 21,44 21,36 21,87 2,80 0,3201 1 DTMDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MDU (concentrado contendo milho duro) 2 DTMSDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDU (concentrado contendo milho semiduro) 3 DTMSDE: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDE (concentrado contendo milho semidentado) Fonte: Elaboração dos autores

Segundo a Instrução Normativa nº 44 do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Brasil, 2007), a comercialização de carne bovina só é permitida desde que as meias

carcaças tenham passado pelo processo de maturação sanitária em temperatura acima de - 2ºC

durante um período mínimo de 24 horas depois do abate, não tendo o pH alcançado valor superior a

6,0, verificado no centro do músculo Longissimus dorsi. Ao final desse processo, as meias carcaças

devem atingir a temperatura ≤ 5ºC na superfície (região axilar e cervical) em até 2 cm de

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

42

profundidade do músculo, e 6,5ºC no interior dos cortes com maior massa muscular, em até 24

horas de resfriamento, e pH até 6,4.

Neste experimento pode-se verificar que os animais alimentados com a dieta contendo milho

semiduro, apresentaram carnes com pH de 6,54, que segundo a Instrução Normativa nº 44 (Brasil,

2007), não são recomendadas para comercialização. Este fato pode ser explicado pelo fato de que os

animais sofreram forte estresse pré abate, o que resultou em carne DFD.

Embora o pH final da carne tenha sido elevado, não houve influencia deste sobre a cor e a

capacidade de retenção de água da carne nos animais recebendo as diferentes dietas.

A cor é a primeira característica sensorial avaliada pelo consumidor, estando associada à

qualidade e ao grau de frescor da mesma (MILLER, 2003). Em geral, esta apresenta correlação

negativa com os valores de pH, sendo que, quanto maior os valores de pH da carne, menor o valor

de L*, ou seja, a carne apresenta-se mais escura. A carne DFD é mais escura porque o acúmulo de

água intracelular favorece a absorção da luz. A carne dos animais recebendo a dieta contendo milho

semiduro apresentaram maior valor de pH, e embora não significativo, apresentaram maior valor

numérico de L*. Muchenje et al. (2009) descreveram que, em bovinos, as médias de luminosidade

(L*) variam entre 33,2 a 41,0; as médias de cor vermelha (a*) entre 11,1 a 23,6 e as médias de cor

amarela (b*), entre 6,1 a 11,3. Neste trabalho, as médias de L* e a* mantiveram-se dentro dos

valores descritos por Muchenje et al.(2009) e entre os limites de cor considerados normais para

carne bovina descritos por Abularach et al. (1998).

Quanto aos valores encontrados na composição centesimal da carne (matéria seca, cinzas,

proteína bruta e extrato etéreo) do músculo Longissimus (Tabela 9), verificou-se que estavam de

acordo com valores relatados por Kazama et al. (2008), Rotta et al.(2009) e Zawadzki (2009). De

modo geral, os teores de cinzas e proteína bruta do músculo Longissimus apresentam baixa variação

em função da alteração na dieta dos animais. Por outro lado, embora não significativo, observou-se

que a percentagem de extrato etéreo no músculo Longissimus (5,83%) foi baixa para animais

terminados em confinamento.

Conclusões

A utilização de diferentes híbridos de milho na dieta de bovinos de corte em confinamento

não influencia as características de carcaça, bem como os componentes não carcaça e as

características qualitativas da carne.

Bovinos alimentados com dietas contendo milho semiduro e submetidos ao estresse pré-

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

43

abate pode apresentar perdas na qualidade da carne, com aumento nos valores de pH 24 horas pós

abate.

Referências Bibliográficas

ABRAHÃO, J.J.S.; PRADO, I.N.; PEROTTO, D.; MOLETTA, J.L. Características de carcaças e da carne de tourinhos submetidos a dietas com diferentes níveis de substituição do milho por resíduo úmido da extração da fécula de mandioca. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.34, n.5, p.1640-1650, 2005.

ABULARACH, M.L.; ROCHA, C.E.; FELÍCIO, P.E. Características de qualidade do contra-filé (m. L. dorsi) de touros jovens da raça Nelore. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, SP, v.18, n.2, p.205-210, 1998.

ALVES, D.D.; TONISSI, R.H.; GOES, B. Maciez da carne bovina. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, GO, v.6, n.3, p.135-149, 2005.

A.O.A.C. Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis. Edited by Kenneth Helrich. Arlinton, Virgínia. Vol 1. 1990a. 684p.

A.O.A.C. Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis. Edited by Kenneth Helrich. Arlinton, Virgínia. Vol 2. 1990b. 685-1298p. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Instrução Normativa nº 44, de 2 de outubro de 2007. Diário Oficial da União Nº 191, de 3 de outubro de 2007, seção 1, pág 2 a 10. 2007. CORREA, C.E.S.; SHAVER, R.D.; PEREIRA, M.N.; LAVER, J.G.; KOHN, K. Relationship between corn vitreousness and ruminal in situ starch degradability. Journal of Dairy Science, Champaign, v.85, p.308-312, 2002.

COSTA, M. A. L.; VALADARES FILHO S. C.; PAULINO, M. F. Desempenho produtivo de novilhos zebu alimentados com dietas contendo diferentes níveis de concentrado. In REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife. Anais... Recife: RBZ 2002.

COSTA, D. ABREU, J. B. R.; MOURÃO, R. C.; SILVA, J.C.G.; RODRIGUES, V.C.; SOUZA, J.C.D.; MARQUES, R.A.F.S. Características de carcaça de novilhos inteiros Nelore x Holândes. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, GO, v.8, n.4, p.687-696. 2007.

DI MARCO, O. N. Crescimento de vacunos para carne. 1. ed. Mar Del Plata: Balcarce, 1998. 246p.

EZEQUIEL, J. M. B.; SILVA, O. G. C.; GALATI, R. L.; WATANABE, P.H.; BIAGIOLI, B.;

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

44

FATURI, C. Desempenho de novilhos nelore alimentados com casca de soja ou farelo de gérmen de e milho em substituição parcial ao milho moído. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.35, n.2, p.569-575. 2006a.

EZEQUIEL, J. M. B.; GALATI, R. L.; MENDES, A. R.; FATURI, C. Desempenho e características de carcaça de bovinos Nelore em confinamento alimentados com bagaço de cana-de-açucar e diferentes fontes energéticas: Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 35, n.5, p.2050-2057. 2006b.

FAUCITANO, L. Efeitos do manuseio pré-abate sobre o bem-estar e sua influência sobre a qualidade da carne. In: Conferência Virtual Internacional Sobre Qualidade de Carne Suína, 1, 2000, Concórdia, Anais... Concórdia, SC, 21p.

FERREIRA, M.A. Desempenho, exigências nutricionais e eficiência de utilização da energia metabolizável para ganho de peso de bovinos F1 Simental x Nelore. Viçosa, MG: UFV, 1997. 97p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, 1997.

FERRELL, C.L.; JENKENS, T.G. Body composition and energy utilization by steers of diverse genotypes fed a high-concentrate diet during the finishing period: I. Angus, Belgian Blue, Hereford, and Piemontese Sires. Journal of Animal Science, Champaign, v.76: p.637-646. 1998a. FERREL, C.L., JENKINS, T.G. Body composition and energy utilization by steers of diverse genotypes fed a high concentrate diet during the finishing period: II. Angus, Boran, Brahman, Hereford, and Tuli Sires. Journal of Animal Science, Champaign, v.76, p.647-657, 1998b.

FUGITA, C.A. Silagem de milho com e sem inoculante enzimo-bacteriano sobre desempenho, características de carcaça e qualidade de carne de bovinos mestiços terminados em confinamento. 2010. 55p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia)- Universidade Estadual de Maringá, Maringá.

HANKINS, O.G.; HOWE, P.E. Estimation of the composition of beef carcasses and cuts. Washington: United Sates Department of Agriculture, p.1-19 (Technical Bulletin – USDA, 926). 1946.

IGARASI, M. S.; ARRIGONI, M. B.; HADLICH, J. C.; SILVEIRA, A.C.; MARTINS, C.L.; OLIVEIRA, H.N. Características de carcaça e parâmetros de qualidade de carne de bovinos jovens alimentados com grãos úmidos de milho ou de sorgo. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.37, n.3, p.520-528. 2008.

KAZAMA, R, ZEOULA, L. M., PRADO, I. N.; SILVA, D.C.; DUCATTI, T.; MATSUSHITA, M. Quantitative and qualitative carcass characteristics of heifers fed different energy sources on a cottonseed hulls and soybean hulls based diet. Brazilian Journal of Animal Science, Viçosa, MG, v.37, p.350-357. 2008.

LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da carne bovina. São Paulo: Editora São Paulo: 2000, 134 p.

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

45

MAGGIONI, D.; MARQUES, J.A.; PEROTTO, D.; ROTTA, P.P.; DUCATTI, T.; MATSUSHITA, M.; SILVA, R.S.; PRADO, I.N. Bermuda Grass hay or sorghum silage with or without yeast addition on performance and carcass characteristics of crossbred Young bulls finished in feedlot. Asian Australasian Journal of Animal Science, Seoul, v. 22, n. 2, p. 206-215, 2009.

MARTINS, A.S.; PRADO, I.N.; ZEOULA, L.M.; BRANCO, A.F.; NASCIMENTO, W.G. Digestibilidade Aparente de Dietas Contendo Milho ou Casca de Mandioca como Fonte Energética e Farelo de Algodão ou Levedura como Fonte Protéica em Novilhas. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.29, n.1, p.269-277, 2000.

MILLER, R. Assessing consumer preferences and attitudes toward meat products. Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, v.6, special issue, p.67-80, 2003.

MIZUBUTI, I.Y.; PINTO, A.P.; PEREIRA, E.S.; RAMOS, B.M.O. Métodos laboratoriais de avaliação de alimentos para animais. Londrina: EDUEL. 2009. 228p.

MULLER, L. Normas para avaliação de carcaças e concurso de carcaça de novilhos. Santa Maria:UFSM, n.1, p.31. 1980.

MÜLLER, L.; PRIMO, A.T. Influência do regime alimentar no crescimento e terminação de bovinos e na qualidade da carcaça. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, DF, v.21, n.4, p.445-452, 1986.

MUCHENJE, V.; DZAMAC, B.K.; CHIMONYOA, M.;STRYDOM, P.E.; HUGO, A.; RAATS, J.G. Some biochemical aspects pertaining to beef eating quality and consumer health: a review. Food Chemistry, Netherlands, v.112, n.2, p.279-289, 2009.

OWENS, F.N.; DUBESKI, P.; HANSON, C. F. Factors that alter the growth and development of ruminants. Journal of Animal Science, Champaign, v. 71, n.11, p. 3138-3150, 1993.

OWENS, F.N., GILL, D.R., SECRIST, D.S.; COLEMAN, S.W. Review of some aspects of growth and development of feedlot cattle. Journal of Animal Science, Champaign, v.73, n.10, 3152-3172, 1995.

PACHECO, P.S.; SILVA, J.H.S.; RESTLE, J.; ARBOITTE, M.Z.; BRONDANI, I.L.; FILHO, D.C.A.; FREITAS, A.K. Características da carcaça de novilhos jovens e superjovens de diferentes grupos genéticos. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.34, n.5, p. 1666-1677, 2005a.

PACHECO, P.S.; RESTLE, J.; SILVA, J.H.S.; ARBOITTE, M.Z.; FILHO, D.C.A.; FREITAS, A.F.; ROSA, J.R.P.; PÁDUA, J.T. Características das partes do corpo nãointegrantes da carcaça de novilhos jovens e superjovens de diferentes grupos genéticos. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 34, n. 5, p. 1678-1690, 2005b.

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

46

PATTERSON, T.; KLOPFENSTEIN, T.J.; MILTON, T.; BRINK, D.R. Evaluation of the 1996 beef cattle NRC model predictions of intake and gain for calves fed low or medium energy density diets. Nebraska Beef Report, Nebraska, p.26-29, 2000. MP 73-A.

PERON, A.J., FONTES, C.A.A., LANA, R.P.; QUEIROZ, A.C.; SILVA, D.J.; FREITAS, J.A.F. Predição da composição corporal e da carcaça de bovinos através de métodos indiretos. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.22, n.2, p.227-237, 1993.

PETHICK, D. W., HARPER, G.S.; ODDY, V. H. Growth, development and nutritional manipulation of marbling in cattle: A review. Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood, Australia, v.44, n.7, p.705-715, 2004.

PHILIPPEAU, C.; MICHALET-DOREAU, B. Influence of genotype and stage of maturity of maize on rate of ruminal starch degradation. Animal Feed Science and Technology, Amsterdam,v.68, n.1, p.25-35, 1997. PRADO, I. N., ITO, R. H., PRADO, J. M.; PRADO, I.M.; ROTTA, P.P.; MATSUSHITA, M.; VISENTAINER, J.V.; SILVA, R.R. The influence of dietary soybean and linseed on the chemical composition and fatty acid profile of the longissimus muscle of feedlot-finished bulls. Journal of Animal Feed Science, Jablonna, v. 17, n. 3, p. 307-317, v.17, p.307-317. 2008a.

PRADO, I. N., PRADO, R. M., ROTTA, P. P.; VISANTAINER, J.V.; MOLETTA, J.L.; PEROTTO, D. Carcass characteristics and chemical composition of the longissimus muscle of crossbred bulls (Bos Taurus indicus vs Bos taurus taurus) finished in feedlot. Journal of Animal Feed Science, Jablonna, v.17, n.3, p. 295-306. 2008b.

PRADO, I. N., ROTTA, P. P., PRADO, R.M.; VISENTAINER, J.V.; MOLETTA, J.L.; PEROTTO, D. Carcass characteristics and chemical composition of the longissimus muscle of Purunã and ½ Purunã vs. ½ Canchhin bulls. Asian- Australasian Journal of Animal Science, Seoul, v. 21, n. 9, p. 1296-1302, 2008c.

ROTTA, P. P., PRADO, I. N., PRADO, R. M., MOLETTA, J. L., SILVA, R. R.; PEROTTO, D. Carcass characteristics and chemical composition of the Longissimus muscle of Nellore, Caracu and Holstein-friesian bulls finished in feedlot. Asian- Australasian Journal of Animal Science, Seoul, v. 22, n.4, p. 598-604, 2009.

STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM FOR WINDOWS®.Version 9.1.3. SAS Institute Inc. Cary, NC, USA, 2003.

SILVEIRA, E. T. F. “Técnicas de abate e seus efeitos na qualidade da carne suína”, Campinas, 247p. Tese (Doutorado) – Faculdade Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.

SOLIS, J.C., BYERS, F.M., SCHELLING, G.T.; LONG, C.R.; GREENE, L.W. Maintenance

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

47

requirements and energetics efficiency of cows of different breeds types. Journal of Animal Science, Champaign, v.56, n.5, p.1241-1251, 1988.

VAZ, F.N.; RESTLE, J. Ganho de peso antes e após os sete meses no desenvolvimento e nas características de carcaça e carne de novilhos Charolês abatidos aos dois anos. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.32, n.3, p.699-708, 2003.

WHIPPLE, G.; KOOHMARAIE, M.; DIKEMAN, M. E.; CROUSE, J. D.; HUNT, M. C.; KLEMM, R. D. Evaluation of attributes that affect Longissimus muscle tenderness in Bos taurus and Bos indicus cattle. Journal of Animal Science, Champaign, v. 68, n.9, p. 2716-2728, 1990.

ZAWADZKI, F. Monensina sódica ou extrato de própolis na dieta de bovinos nelore terminados em confinamento: desempenho, características da carcaça e composição do músculo Longissimus. 2009. 67p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

48

Considerações finais

Após condução do experimento e avaliação dos resultados encontrados neste trabalho, pode-

se afirmar que os diferentes híbridos de milho estudados não influenciam significativamente as

variáveis de desempenho produtivo, características de carcaça e componentes não carcaças dos

animais. Porém, influenciam as variáveis de comportamento ingestivo, tais como, tempo de

alimentação, tempo de mastigação e número de bolos ruminais. Sugere-se, portanto, a realização de

mais estudos com diferentes híbridos de milho com o objetivo de comprovar estes resultados, bem

como, conhecer melhor suas características.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

49

ANEXO 1: Normas editoriais para publicação na Semina: Ciências Agrárias, UEL.

Diretrizes para Autores

Categorias dos Trabalhos

a) Artigos científicos: no máximo 25 páginas incluindo figuras, tabelas e referências bibliográficas;

b) Comunicações científicas: no máximo 12 páginas, com referências bibliográficas limitadas a 16

citações e no máximo duas tabelas ou duas figuras ou uma tabela e uma figura;

b) Relatos de casos: No máximo 10 páginas, com referências bibliográficas limitadas a 12 citações e

no máximo duas tabelas ou duas figuras ou uma tabela e uma figura;

c) Artigos de revisão: no máximo 35 páginas incluindo figuras, tabelas e referências bibliográficas.

Apresentação dos Trabalhos

Os originais completos dos artigos, comunicações, relatos de casos e revisões podem ser

escritos em português, inglês ou espanhol, no editor de texto Word for Windows, com espaçamento

1,5, em papel A4, fonte Times New Roman, tamanho 11 normal, com margens esquerda e direita de

2 cm e superior e inferior de 2 cm, respeitando-se o número de páginas, devidamente numeradas, de

acordo com a categoria do trabalho. Figuras (desenhos, gráficos e fotografias) e Tabelas serão

numeradas em algarismos arábicos e devem estar separadas no final do trabalho.

As figuras e tabelas deverão ser apresentadas nas larguras de 8 ou 16 cm com altura

máxima de 22 cm, lembrando que se houver a necessidade de dimensões maiores, no processo de

editoração haverá redução para as referidas dimensões. As legendas das figuras deverão ser

colocadas em folha separada obedecendo à ordem numérica de citação no texto. Fotografias devem

ser identificadas no verso e desenhos e gráfico na parte frontal inferior pelos seus respectivos

números do texto e nome do primeiro autor. Quando necessário deve ser indicado qual é a parte

superior da figura para o seu correto posicionamento no texto.

Preparação dos manuscritos

Artigo científico:

Deve relatar resultados de pesquisa original das áreas afins, com a seguinte organização

dos tópicos: Título; Título em inglês; Resumo com Palavras-chave (no máximo seis palavras);

Abstract com Key words (no máximo seis palavras); Introdução; Material e Métodos; Resultados e

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

50

Discussão com as conclusões no final ou Resultados, Discussão e Conclusões separadamente;

Agradecimentos; Fornecedores, quando houver e Referências Bibliográficas. Os tópicos devem ser

escritos em letras maiúsculas e minúsculas e destacados em negrito, sem numeração. Quando

houver a necessidade de subitens dentro dos tópicos, os mesmos devem receber números arábicos.

O trabalho submetido não pode ter sido publicado em outra revista com o mesmo conteúdo, exceto

na forma de resumo de congresso, nota prévia ou formato reduzido.

A apresentação do trabalho deve obedecer à seguinte ordem:

1. Título do trabalho, acompanhado de sua tradução para o inglês.

2. Resumo e Palavras-chave: Deve ser incluído um resumo informativo com um mínimo de 150 e

um máximo de 300 palavras, na mesma língua que o artigo foi escrito, acompanhado de sua

tradução para o inglês (Abstract e Key words).

3. Introdução: Deverá ser concisa e conter revisão estritamente necessária à introdução do tema e

suporte para a metodologia e discussão.

4. Material e Métodos: Poderá ser apresentado de forma descritiva contínua ou com subitens, de

forma a permitir ao leitor a compreensão e reprodução da metodologia citada com auxílio ou não

de citações bibliográficas.

5. Resultados e discussão com conclusões ou Resultados, Discussão e Conclusões: De acordo com

o formato escolhido, estas partes devem ser apresentadas de forma clara, com auxílio de tabelas,

gráficos e figuras, de modo a não deixar dúvidas ao leitor, quanto à autenticidade dos resultados,

pontos de vistas discutidos e conclusões sugeridas.

6. Agradecimentos: As pessoas, instituições e empresas que contribuíram na realização do trabalho

deverão ser mencionadas no final do texto, antes do item Referências Bibliográficas.

Observações:

Quando for o caso, antes das referências, deve ser informado que o artigo foi aprovado

pela comissão de bioética e foi realizado de acordo com as normas técnicas de biosegurança e ética.

Notas: Notas referentes ao corpo do artigo devem ser indicadas com um símbolo sobrescrito,

imediatamente depois da frase a que diz respeito, como notas de rodapé no final da página.

Figuras: Quando indispensáveis figuras poderão ser aceitas e deverão ser assinaladas no texto pelo

seu número de ordem em algarismos arábicos. Se as ilustrações enviadas já foram publicadas,

mencionar a fonte e a permissão para reprodução.

Tabelas: As tabelas deverão ser acompanhadas de cabeçalho que permita compreender o

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

51

significado dos dados reunidos, sem necessidade de referência ao texto.

Grandezas, unidades e símbolos: Deverá obedecer às normas nacionais correspondentes (ABNT).

7. Citações dos autores no texto: Deverá seguir o sistema de chamada alfabética seguidas do ano de

publicação de acordo com os seguintes exemplos:

a) Os resultados de Dubey (2001) confirmam que .....

b) De acordo com Santos et al. (1999), o efeito do nitrogênio.....

c) Beloti et al. (1999b) avaliaram a qualidade microbiológica.....

d) [...] e inibir o teste de formação de sincício (BRUCK et. al., 1992).

e) [...]comprometendo a qualidade de seus derivados (AFONSO; VIANNI, 1995).

Citações com três autores

Dentro do parêntese, separar por ponto e vírgula.

Ex: (RUSSO; FELIX; SOUZA, 2000).

Incluídos na sentença, utilizar virgula para os dois primeiros autores e (e) para separar o segundo

do terceiro.

Ex: Russo, Felix e Souza (2000), apresentam estudo sobre o tema....

Citações com mais de três autores

Indicar o primeiro autor seguido da expressão et al.

Observação: Todos os autores devem ser citados nas Referências Bibliográficas.

8. Referências Bibliográficas: As referências bibliográficas, redigidas segundo a norma NBR 6023,

ago. 2000, da ABNT, deverão ser listadas na ordem alfabética no final do artigo. Todos os autores

participantes dos trabalhos deverão ser relacionados, independentemente do número de

participantes (única exceção à norma – item 8.1.1.2). A exatidão e adequação das referências a

trabalhos que tenham sido consultados e mencionados no texto do artigo, bem como opiniões,

conceitos e afirmações são da inteira responsabilidade dos autores.

As outras categorias de trabalhos (Comunicação científica, Relato de caso e Revisão)

deverão seguir as mesmas normas acima citadas, porem, com as seguintes orientações adicionais

para cada caso:

Comunicação científica

Uma forma concisa, mas com descrição completa de uma pesquisa pontual ou em

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

52

andamento (nota prévia), com documentação bibliográfica e metodologia completas, como um

artigo científico regular. Deverá conter os seguintes tópicos: Título (português e inglês); Resumo

com Palavras-chave; Abstract com Key words; Corpo do trabalho sem divisão de tópicos, porém

seguindo a seqüência – introdução, metodologia, resultados (podem ser incluídas tabelas e figuras),

discussão, conclusão e referências bibliográficas.

Relato de caso

Descrição sucinta de casos clínicos e patológicos, achados inéditos, descrição de novas

espécies e estudos de ocorrência ou incidência de pragas, microrganismos ou parasitas de interesse

agronômico, zootécnico ou veterinário. Deverá conter os seguintes tópicos: Título (português e

inglês); Resumo com Palavras-chave; Abstract com Key-words; Introdução com revisão da

literatura; Relato do (s) caso (s), incluindo resultados, discussão e conclusão; Referências

Bibliográficas.

Artigo de revisão bibliográfica

Deve envolver temas relevantes dentro do escopo da revista. O número de artigos de

revisão por fascículo é limitado e os colaboradores poderão ser convidados a apresentar artigos de

interesse da revista. No caso de envio espontâneo do autor (es), é necessária a inclusão de resultados

relevantes próprios ou do grupo envolvido no artigo, com referências bibliográficas, demonstrando

experiência e conhecimento sobre o tema.

O artigo de revisão deverá conter os seguintes tópicos: Título (português e inglês); Resumo

com Palavras-chave; Abstract com Key-words; Desenvolvimento do tema proposto (com

subdivisões em tópicos ou não); Conclusões ou Considerações Finais; Agradecimentos (se for o

caso) e Referências Bibliográficas.

Outras informações importantes

1. A publicação dos trabalhos depende de pareceres favoráveis da assessoria científica "Ad hoc" e

da aprovação do Comitê Editorial da Semina: Ciências Agrárias, UEL.

2. Não serão fornecidas separatas aos autores, uma vez que os fascículos estarão disponíveis no

endereço eletrônico da revista (http://www.uel.br/revistas/uel).

3. Os trabalhos não aprovados para publicação serão devolvidos ao autor.

4. Transferência de direitos autorais: Os autores concordam com a transferência dos direitos de

publicação do referido artigo para a revista. A reprodução de artigos somente é permitida com a

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - uel.br · Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo; ... concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ... ratio was

53

citação da fonte e é proibido o uso comercial das informações.

5. As questões e problemas não previstos na presente norma serão dirimidos pelo Comitê Editorial

da área para a qual foi submetido o artigo para publicação.

6. Informações devem ser dirigidas a:

Universidade Estadual de Londrina ou Universidade Estadual de Londrina Centro de Ciências Agrárias Departamento de Medicina Veterinária Preventiva Comitê Editorial da Semina Ciências Agrárias Campus Universitário - Caixa Postal 6001- 86051-990 Londrina, Paraná, Brasil. Informações: Fone: 0xx43 33714709 Fax: 0xx43 33714714 Emails: [email protected]; [email protected]

Coordenadoria de Pesquisa e Pós-graduação Conselho Editorial das revistas Semina Campus Universitário - Caixa Postal 6001- 86051-990 Londrina, Paraná, Brasil. Informações: Fone: 0xx43 33714105 Fax: Fone 0xx43 3328 4320 Emails: [email protected];