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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS-UNIMONTES Centro De Ciências Humanas Curso De Artes Visuais Maria Fernanda Do Carmo Oliveira Paulino PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E HISTÓRICO DE GRÃO MOGOL- MINAS GERAIS: UM ESTUDO DOS ESTILOS DE ÉPOCA QUE INFLUENCIARAM NA CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO. Montes Claros – MG Novembro/ 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS-UNIMONTES

Centro De Ciências Humanas

Curso De Artes Visuais

Maria Fernanda Do Carmo Oliveira Paulino

PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E HISTÓRICO DE GRÃO MOGOL-

MINAS GERAIS:

UM ESTUDO DOS ESTILOS DE ÉPOCA QUE

INFLUENCIARAM NA CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ

DE SANTO ANTÔNIO.

Montes Claros – MG

Novembro/ 2009

Maria Fernanda do Carmo Oliveira Paulino

PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E HISTÓRICO DE GRÃO MOGOL-

MINAS GERAIS:

UM ESTUDO DOS ESTILOS DE ÉPOCA QUE INFLUENCIARAM NA

CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO

Monografia apresentada ao Curso de Artes Visuais, da Universidade Estadual de Montes Claros como exigência para obtenção do Grau de Licenciado em Artes Visuais. Orientador (a): Profª. HELOISA DE LOURDES VELOSO DUMONT. Co Orientador: PADRE HARLEY CALDEIRA

Montes Claros – MG

Novembro/ 2009

Maria Fernanda do Carmo Oliveira Paulino

PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E HISTÓRICO DE GRÃO MOGOL-

MINAS GERAIS:

UM ESTUDO DOS ESTILOS DE ÉPOCA QUE INFLUENCIARAM NA

CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO

Monografia apresentada ao Curso de Artes Visuais, da Universidade Estadual de Montes Claros como exigência para obtenção do Grau de Licenciado em Artes Visuais.

Orientador (a): Profª. HELOISA DE LOURDES VELOSO DUMONT.

Co orientador: PADRE HARLEY CALDEIRA

Membros:

___________________________________________________

Professor:

____________________________________________________

Professor:

Montes Claros – MG

Novembro / 2009

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos amantes da história, da

cultura, da arte, da crença religiosa e principalmente a todos que

sabem preservar e cultivar essa herança, que se faz presente à

medida que os fatos da vida acontecem.

AGRADECIMENTOS

Agradeço esta vitória primeiramente aos meus pais, que me ensinaram a vencer e

a acreditar que tudo é possível, basta querer e principalmente confiar em Deus. Amo vocês.

Papai, obrigada por cultivar em você esta história viva da cidade de Grão Mogol, você foi a

fonte primordial para que este trabalho tornasse realidade.

Agradeço ao PAI criador de todas as coisas, inspiração da minha pesquisa e a

segurança que me deste a todo o momento, não deixando que eu desisti-se nunca. PAI muito

obrigada!

As minhas irmãs Terezinha, Bethânia e Cecília pelo apoio moral, pelas palavras

de força e animo, quando estas estavam tão abatidas. Valeu Marias.

Aos futuros colegas de profissão, em especial, Cícera Fidélis, Valquíria Leony e

Talita Barros, pelo incentivo e pelo companheirismo nesta etapa final. A Bráulio pela força e

carinho.

A professora e orientadora Heloisa de Lourdes e ao co-orientador Padre Harley,

pelo material e ajuda quando este foi preciso. E a todos professores que de uma forma ou de

outra contribuíram para o amadurecimento deste trabalho. Em especial Edna Veloso e Hélio

Brantes.

Obrigada a todos que me trouxeram ate aqui!

“Os teólogos medievais acreditavam que

a beleza da igreja inspirava

a meditação e a fé dos paroquianos.”

Carol Strickland,Ph.D.

RESUMO

O presente trabalho tem como meta, fazer um levantamento dos estilos de época

artístico-históricos que influenciaram a construção da Igreja Matriz de Santo Antônio do

município de Grão Mogol - Minas Gerais. O estudo se insere na linha de pesquisa de arte e

sua teoria, história e crítica. Através do estudo de imagens fotográficas e pesquisa

documental, buscou-se a investigação do contexto histórico da cidade na época da

construção da igreja, identificando os estilos de época artístico-históricos presentes na

construção desta. Este projeto justifica-se pela necessidade de uma investigação acerca do

estilo(s) que influenciou (aram) a construção da Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão

Mogol uma vez que a Igreja é um atrativo turístico, patrimônio histórico, artístico e cultural

da cidade e não possui registros de sua estrutura arquitetônica.

Palavras chaves: Patrimônio Artístico-Histórico, Estilo de Época, Construção e Arquitetura.

ABSTRACT

This work aims to survey the styles of art-historical period that influenced the

construction of the Church of St. Anthony in the city of Grand Mogol - Minas Gerais. The

study is in line with research of art and its theory, history and criticism. Through the study of

photographic and documentary research, we sought to investigate the historical context of

the city at the time of construction of the church, identifying the styles of art-historical time

in building the present. This project is justified by the need for an investigation of the style

(s) that affect (plow) the construction of the Church of St. Anthony of Grand Mogul since

the church is a tourist attraction, historical, artistic and cultural city and has no records of its

architectural structure.

Key words: Historical and Artistic Heritage, Vintage Style, Construction and Architecture.

LISTA DE FIGURAS

Figura. 1- Serra Pedra Rica

Figura. 2 - Estrada do Barão (Barão Gualtér Martins Pereira)

Figura. 3 - Capela do Vau.

Figura. 4 - Garimpeiro nos rios de Grão Mogol.

Figura. 5 - Rua Cristiano Relo antiga Rua Direita.

Figura. 6 - Mapa do estado de Minas Gerais, visualizando em destaque vermelho o

município de Grão Mogol.

Figura. 7 - Serra geral, também conhecida como Serra do Barão.

Figura. 8 - Usina Hidrelétrica Irapé.

Figura. 9 - Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol.

Figura. 10 -Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol.

Figura. 11 - Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol.

Figura. 12 - Primeiro Livro da Paróquia de Santo Antônio de Grão Mogol 1850.

Figura. 13 - Página do primeiro livro da Paróquia.

Figura. 14 - Lista de sacerdotes que ocuparam a Paróquia de Santo Antônio.

Figura. 15 - Primeira reforma da igreja.

Figura. 16 - Segunda Reforma da Igreja, do altar-mor, por Zino Oliveira.

Figura. 17 - Segunda reforma da Igreja, do altar-mor, por Zino Oliveira.

Figura. 18 - Terceira reforma da Igreja, por Padre Henrique Ribeiro Fonseca.

Figura. 19 - Terceira reforma da Igreja, por Padre Henrique Ribeiro Fonseca.

Figura. 20 - Quarta reforma da Igreja.

Figura. 21 - Quarta reforma da Igreja.

Figura. 22 - Quarta reforma da igreja.

Figura.23- Quarta reforma da igreja.

Figura.24 - Quarta reforma da igreja.

Figura.25 - Quarta reforma da igreja.

Figura. 26 - Quarta reforma da igreja.

Figura.27 - Quarta reforma da igreja.

Figura.28 - Quarta reforma da igreja.

Figura.29 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal inferior.

Figura. 30 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal inferior.

Figura. 31 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal inferior.

Figura. 32 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Figura. 33 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Figura. 34 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Figura.35 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Figura.36 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Figura. 37 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Figura. 38 - Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Figura. 39 -Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Figura.40 -Fachada da lateral da Igreja.

Figura. 41 - Fachada da lateral da Igreja.

Figura. 42 - Porta de entrada e a frente da igreja que se dá pela porta da frente.

Figura. 43 - Porta de entrada e a frente da igreja que se dá pela porta da frente.

Figura. 44 - Porta lateral à esquerda que da acesso para o centro e para sacristia.

Figura.45 - Porta lateral à esquerda que da acesso para o centro e para sacristia.

Figura. 46 - Porta lateral à esquerda que da acesso para o centro e para sacristia.

Figura.47 - Porta lateral à direita que da acesso para o centro da igreja e para o salão.

Figura.48 - Porta lateral à direita que da acesso para o centro da igreja e para o salão.

Figura.49 - Fachada posterior da igreja.

Figura. 50 - Fachada posterior da igreja.

Figura. 51 - Fachada posterior da igreja.

Figura. 52 - Telhado de madeira.

Figura. 53 - Telhado de madeira.

Figura. 54 - Capela de São Francisco de Assis em Ouro Preto.

Figura. 55 - Santuário de Bom Jesus do Matosinhos.

Figura. 56 - Beco dos Canudos

Figura. 57- Igreja de Santa Maria

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................

2 CAPÍULO I - Grão Mogol.........................................................................

2.1 Origem da cidade de Grão Mogol...............................................................

2.2. Localização da cidade de Grão Mogol.......................................................

3 CAPÍTULO II –Arte e Arquitetura Sacra Cristã......................................

3.1 Um breve histórico da arte......................................................................

3.2 Arquitetura Sacra Cristã...............................................................................

4 CAPÍTULO III – Igreja Matriz de Santo Antônio ................................

4.1 Características da Igreja Matriz de Santo Antônio.....................................

4.2 Estilos de Época na Construção da Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão

Mogol ................................................................................................................

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................

REFERÊNCIAS....................................................................................................

ANEXOS...............................................................................................................

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho intitulado “Patrimônio Artístico e Histórico de Grão Mogol-

Minas Gerais: Um Estudo dos Estilos de Época que Influenciaram na Construção da Igreja

Matriz de Santo Antônio, procurou-se descobrir quais estilos de época que influenciaram a

construção da referida Igreja.

Através de uma pesquisa dedutiva, onde foi feito uma analise de documentos e

de fotografias, utilizando-se a linha de pesquisa: o estudo de arte e sua teoria, história e

crítica.

A Igreja Matriz de Santo Antônio esta localizada na cidade de Grão Mogol que

fica na região do norte de Minas Gerais, foi realizado um levantamento da história da cidade

uma fez que a arquitetura além de ser um projeto, um edifício ou a construção de uma igreja,

é também um produto dos fatos sociais, históricos e políticos de uma determinada época.

O trabalho faz um levantamento da história da arte bem como da arquitetura

sacra cristã, mostra a necessidade do homem pela busca do entendimento do mistério da fé e

através da arte manifestar estes sentimentos e emoções.

Há um levantamento de dados e caracterização da Igreja Matriz de Santo

Antônio, bem como sua historia e seus serviços oferecidos.

E pra concluir o trabalho é mencionado sobre todos os estilos que a mesma

passou na sua construção.

É de suma importância a pesquisa uma vez que a igreja não possui documentos

que relatem sobre sua arquitetura bem como um breve resgate da sua história, sendo assim é

possível ter agora uma pesquisa nesta área.

CAPÍTULO I

2 GRÃO MOGOL

2.1. Origem da cidade de Grão Mogol

Grão Mogol tem sua origem relacionada à descoberta de diamantes no final do

século XVIII, de modo a ser, junto com Minas Novas e Rio Pardo de Minas, o trio que mais

destacou nestas regiões.

Assim que os portugueses se instalaram no litoral brasileiro, a Coroa Portuguesa organizou expedições de caráter oficial para descobrir as riquezas do interior da colônia. Estas expedições, chamadas Entradas, partiram das regiões que hoje são os estados da Bahia e do Espírito Santo. A primeira Entrada a pisar o território que viria posteriormente a ser Capitania de Minas Gerais, era chefiada por Francisco Bruzza Spinosa e realizou-se em 1553. Esta expedição, subindo o Rio Pardo, atravessou o território que seria chamado Serra do Santo Antônio de Itacambira e, mais tarde, Grão Mogol. (...) quando a notícia da existência de grande quantidade de ouros e pedras preciosas na região da capitania de Minas Gerais se espalhou, surgiram expedições de caráter particular, que partiam do litoral em direção ao interior, em busca do ouro, das pedras preciosas e dos índios para escravizar. Em cada lugar onde permaneciam por mais tempo, deixavam um início de povoação. E foi assim que surgiram os principais arraiais de Minas. (LARA; ASSIS, 1993, p.7)

Conforme citação acima a respeito das entradas, fora constatado, anteriormente,

a entrada chefiada por Fernão Dias Paes Leme (1674), que era, de acordo com a revista

Brasil, bandeirante paulista desbravador dos sertões de Minas Gerais que por aqui veio à

procura de uma serra verde muito formosa, em uma resplandecente região habitada por

índios, com denominação de Vupabuçu ou Lagoa Grande. A lenda desse local mostra que

era rico em esmeraldas, mas a preciosidade de fato ali encontrada fora Turmalina, que por

meados de 1573, conforme relata Lasmar e Vasques, já teria sido descoberta por Sebastião

Fernandes Tourinho:

Em qualquer parte do mundo a notícia da descoberta do ouro ou diamante provocava a corrida. O interesse e a força que arrastavam aventureiros de diversos e longínquos lugares nos quais a notícia chegava; a corrida levava os que pretendiam fazer fortuna fácil; deixavam suas terras, cidades, famílias e partiam em busca do Eldorado, na eterna esperança de encontrar a fortuna, enriquecer com filões amarelos ou pedras faiscantes. (LASMAR; VASQUES, 2005, p.29)

É interessante frisar que além de aventureiros também passaram por aqui, entre

outros, geólogos, botânicos, historiadores; os quais deixaram relatos de suma importância

para o engrandecimento do povo. Um bom exemplo é Virgil Von Helmreichen, que

permaneceu por um ano, por volta de 1846, em Grão Mogol, sendo que suas pesquisas foram

voltadas de forma especifica para um diamante que talvez por sua formação rochosa – se

encontrava inscrustado na rocha – poderia ser o único no mundo. Esse diamante se

localizava na cidade, na Serra denominada “Pedra Rica”, que dista do centro de Grão Mogol

pouco mais de mil metros.

Fig.1 – Serra Pedra Rica.

Fonte: Site www.unb.br/ig/sigep/propostas/PedraRica_Grao_Mogol_MG.pdf

Pode-se inclusive verificar em Ângeles (1998) que, segundo lei do império, foi

autorizada a câmara municipal de Rio Pardo proceder a um repasse da ordem de cinco mil

contos de reis a câmara municipal de Grão Mogol para construção de uma estrada que desse

acesso àquela cidade, passando pela fazenda dos Quatis, “região essa ainda muito rica em

diamantes”. E que para conservação e preservação da fauna e da flora a citada estrada

encontra-se localizada no Parque Estadual de Grão Mogol.

Fig.2 - Estrada do Barão (Barão Gualtér Martins Pereira).

Fonte: Acervo Particular de José Paulino

O ano de 1781 marca, na cronologia da mineração, o aparecimento dos primeiros diamantes, na Serra de Santo Antônio do Itacambiruçu. Muitos anos depois, garimpeiros que fugiam das perseguições inomináveis das cartas régias que vinham para o Tijuco, numa distância de quase 50 léguas, sertão a dentro, em local apropriado, fundaram o Arraial da Serra. (ESTEVES, 1961, p.7)

Ao contrário do que relata Esteves, moradores da localidade do Vau dizem que

tal vilarejo foi garimpado, por volta de 1550, por garimpeiros oriundos do Estado da Bahia.

(Vau é o trecho raso do rio onde se pode transitar a pé). Fica, pois, esclarecido como

localidade onde se deu o primeiro núcleo populacional de Grão Mogol, isso por que a

exploração do diamante àquela época se dava no leito dos rios. Interessante ressaltar ter ali

nascido um dos filhos ilustre dessa cidade, de nome Manoel Ferreira da Câmara Bittencourt

Aguiar e Sá – o intendente câmara, que foi o 12º contratador do distrito Diamantino e

primeiro brasileiro nomeado para tal função, como relata Pires (2001, p.36).

Fig.3 - Capela do Vau.

Fonte: www.ferias.tur.br/fotos/3172/grao-mogol-mg.html

De acordo com Lara e Assis (1993, p.8), “as cartas régias citadas, proibíam a

mineração de garimpo e deixavam somente a cargo do governo a exploração dos diamantes,

através da concessão destes direitos a grandes contratadores”.

Essas mesmas Cartas autorizavam a criação de um Batalhão de Dragões

(soldados da Coroa), para dar caça aos garimpeiros que, não tendo meios de defesa, se

embrenhavam pelo sertão.

De correspondência de 10 de setembro de 1781, dirigida do Tijuco a Martinho Melo e Castro pelo Desembargador Intendente da Real Extração dos Diamantes, (CD - RUM’ s - APM,verbete 9070 ), extraímos o seguinte trecho: Pelo presente oficio vou participar a V.Exa que neste continente se entraram difundir há três para quatro meses, várias notícias de que em uma Serra do distrito de Minas Novas, chamado de Santo Antonio, distante de uns Arraiais quarenta e sete léguas, apareciam diamantes; o que dela se faziam não pequenos extravios. Estas notícias, vagas a principio, foram depois confirmadas pela remessa, que o comandante daquele distrito me fez de um negro apreendido na mesma Serra, com onze diamantinhos, que mal passavam um quilate e meio. Em conseqüência tomei logo o expediente de se recomendar ao dito comandante toda a vigilância na guarda da referida Serra, cuja patrulha mandei reforçar com alguns pedestres mais.(LASMAR; VASQUES, apud 2005, p.23)

Garimpeiros de todos os lugares vieram para essas terras em busca de diamantes,

pois este era de fácil acesso. A Coroa Portuguesa não ficou muito satisfeita com o garimpo

clandestino por essas regiões. Criou-se então um Batalhão de Dragões para dar caça a esses

homens. É de conhecimento da população desse município de várias guerras ocorridas na

região em função da mineração, podendo ressaltar mais precisamente, com base em relatos

de Parrela, uma luta ocorrida por volta de 1791 na localidade denominada Córrego das

Mortes. Ali teria comparecido juntamente com os seus comandados, Dom Rodrigo José de

Menezes, governador da província, para lutar não só contra os garimpeiros que teimavam em

não pagar o quinto (correspondente a quinta parte devida à Coroa no tocante a extração) bem

como contra um grupo muito temido na região conhecido por Vira Saia. Quem relata é o

historiador Elcio Ferreira Paulino.

É de suma importância que fique claro o verdadeiro significado da palavra

garimpeiros, uma vez que naquela época o diamante colocava loucuras na cabeça do povo.

Não deve se confundir o garimpeiro com bandido. Foragido, perseguido, sempre em luta

com a sociedade, o garimpeiro só vivia do trabalho do garimpo, trabalho na verdade proibido

pela lei - e era o seu único crime - mas respeitava a vida, os direitos, a propriedade de seus

concidadãos.

Fig.4 - Garimpeiro na serra de Grão Mogol.

Fonte: Acervo Particular de Elcio Paulino

Como constou no Tijuco que ali estivessem aparecendo diamantes belos e em abundância, aquelas terras passaram a ser proibidas. Daí começou a caça aos garimpeiros, pela Coroa Portuguesa, sendo que essa era cruel, desapiedada, encarniçada. Eram perseguidos e se procurava exterminá-los como animais ferozes. (ESTEVES, 1961, p.8)

João da Costa, um homem justo e muito valente, era um dos garimpeiros

conhecido como chefe e respeitado por todos os garimpeiros. Quando soube que a Coroa

proibiu o garimpo naquelas terras, mudou da região junto a seus garimpeiros. Porém a

procura em outros lugares foi frustrante, pois não encontraram diamantes, então resolveram

voltar mesmo sabendo que ali era proibido.

Era certamente dificílimo bater os garimpeiros, que tinham tudo a seu favor: a natureza do terreno, a posição desvantajosa dos contrários. Por entre as fretas de cada rochedo, em cada escondedouro, em cada mouta, em toda a parte, as tropas reais podiam contar com o inimigo oculto, emboscado, que observava todos os seus movimentos, todos os seus planos, sem ser percebido, nem suspeitado; em cada iminência havia uma sentinela em atalaia. (ESTEVES, 1961, p.12)

E essa disputa durou por alguns anos até que um dia a Coroa Portuguesa prendeu

João da Costa.

Depois de tudo isso que temos narrado, os garimpeiros, agora sem o seu chefe, pois João da Costa, como se disse, fora prêso, algemado e remetido para o tijuco, com grande aparato de fôrça, para o acaso desnecessário, não encontrado êles lugar mais aprazível e ao mesmo tempo, sadio, onde as águas corressem tão cristalinas e abundantes, fundaram aí o Arraial da Serra, que, com o tempo, crescia tanto em fama pela riqueza fabulosa de diamantes. (ESTEVES, 1961, p. 15)

Sendo assim o Arraial da Serra de Grão Mogol, no ano de 1839, passou a atrair

pessoas de vários lugares, inclusive do estrangeiro (portugueses, franceses, alemães, entre

outros europeus), que, possivelmente, atuavam nas minas de diamantes. Passando a se

destacar neste período por explorar os diamantes inicialmente de forma clandestina. Isso

incomodava a Coroa Portuguesa, que de imediato enviou um representante para assumir o

controle da exploração e comercialização dos diamantes. No ano de 1840, o arraial evolui

para Vila Provincial e no mesmo ano foi transformado em Distrito.

De acordo com Esteves (1961, p.21), “Nessa época já possuía algumas praças,

boas residências, dois ou três sobradões e uma bonita igreja construída de pedra trabalhada.

E o diamante, que era muito, não acabava. Novos “descobertos” iam aparecendo quase todos

os dias. E assim correu longo tempo”.

Só no ano de 1858 Grão Mogol recebeu a categoria de cidade. De acordo com Lara

e Assis (1993), em 1832 a localidade já era o arraial da Serra de Grão Mogol, e em 1837 já

arraial de Grão Mogol. Pela lei provincial 171 a povoação foi elevada à categoria de vila em

23 de março de 1840, e pela de numero 184, em 13 de abril do mesmo ano, o distrito foi

criado. Por fim, com a lei provincial de número 859, de 14 de maio de 1858, a sede

municipal foi elevada á categoria de cidade.

A respeito da origem do nome da cidade, a tradição popular narra os seguintes fatos,

que podem ser constatados na leitura da obra “Grão Mogol”, de Esteves (1961) e nas

pesquisas de história oral:

(...) uma primeira versão afirma que o nome se originou da denominação de Grande Amargor, que foi dada a esta região nos primeiros tempos da mineração que se davam freqüentemente ali. Com o correr do tempo, o nome de Grande Amargor se transformou em Grão Mogor e, finalmente Grão Mogol; uma segunda versão afirma ter sido o nome de Grão Mogol dado a região pelos garimpeiros devido ao Condado de Grão Mogol- região diamantífera da Índia; ou ainda, devido ao Grão Mogol (o maior e mais perfeito diamante encontrado em 1550, na Índia). Não é possível encontrar documentos ou arquivos a respeito do nome da cidade e por este motivo que não se pode confirmar e nem desconsiderar estas alternativas das prováveis versões. (ESTEVES, 1961, p.17)

No auge da exploração de diamantes, Grão Mogol contou com uma intensa

povoação e movimentação, e se consolidou como uma das mais importantes cidades da

região:

Na época áurea do diamante as ruas de Grão Mogol estavam sempre cheias, assim como as casa comerciais. Vendiam-se fortunas em diamantes e, a noite havia bailes e festas em quase todas as casas. Jogava-se e bebia-se muito. Fundaram-se clubes

com o nome de Grêmios e havia cursos de latim e música. Durante décadas, Grão Mogol destacou-se como a mais importante cidade da região Norte Mineira. Sua fama corria mundo devido a seus diamantes, que conta a lenda, eram moeda corrente na cidade... O povoado era nada mais que um casario irregular. A êsse tempo quase todas as casas eram construídas de pedra que no lugar havia em abundância. Ruas estreitas e mal alinhadas, umas subindo com dificuldade pelas ladeiras, outras, ao contrário,descendo até o rio. (ESTEVES, 1961, p.22)

Grão Mogol passou a ser um lugar desordeiro, e sua população foi crescendo

desmesuradamente; nas suas ruas, estreitas e tortuosas cujas casas não tinham número, raro

era o dia em que não rebentasse um conflito.

Fig.5 - Rua Cristiano Relo antiga Rua Direita.

Fonte: Site www.turismosolidario.com.br/index. php

A importância de Grão Mogol residia quase que exclusivamente em uma só

coisa: o diamante. Porém naturalmente vem um dia em que o diamante desaparece como

desapareceu no Tijuco.

“E o que ficou de tanta riqueza?”, é o que indaga Esteves (1961,p. 23). Ele

mesmo responde: “Nada. Em alguns lugares somente buracos, em outros, o solo revolvido,

os leitos dos rios desviados. Dessa grandeza tôda só ficou a fama que nunca se acaba. Nem

um monumento, uma obra de valor para posteridade!”

O processo de declínio da exploração de diamantes, acontecida especialmente

após a década de 1960, aconteceu no período da emancipação de parte do território de Grão

Mogol e com o surgimento dos novos municípios de Itacambira, Cristália e Botumirim.

Nesse período, a falta de emprego fez com que os habitantes locais começassem

um processo de migração em direção às cidades próximas e a grandes centros urbanos como

São Paulo. Com isso estagnou-se o crescimento da cidade e a sua população residente

decresceu. É bom registrar ainda que a decadência dos diamantes nesta cidade ocorreu em

período simultâneo a ascensão do café no Estado de São Paulo.

Contrariando o acima exposto, o geólogo André G. Banko, austríaco residente

em Grão Mogol, diz com propriedade não terem sido extraído todos os diamantes aqui

existentes, ou seja, ainda há pedras preciosas na cidade.

O conjunto de prédios históricos e as manifestações culturais continuam como

heranças marcantes daquela época que, preservadas pelo tempo, constituem-se em atrativos

turísticos potenciais para o município. Entre estes atrativos destaca-se o objeto da presente

pesquisa, a Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol.

2.2. Localização da cidade de Grão Mogol

Grão Mogol, cidade localizada na região norte de Minas Gerais, no Vale do

Jequitinhonha, destaca-se pelo seu clima tropical que, agradabilíssimo, já foi comparado com

o da Suíça, por sua vegetação do cerrado, por suas belezas naturais e pela sua população

acolhedora. Isso pode ser visto no hino da cidade feito pela autora Maria Terezinha

Rodrigues Paulino, filha da terra:

Ao norte de Minas bem dentro do meu coração entre serras e campinas orvalhada de atração amena e fagueira mimosa e varonil esplendida e altaneira ó cidade do meu Brasil. Grão Mogol meu torrão tens uma Igreja que é uma beleza onde o santo seu padroeiro te abençoa o ano inteiro.

É de suma importância ressaltar que se trata de uma cidade com um acervo cultural

muito grande, uma história invejada e que fora antigamente palco de famílias oriundas de

diversos países (França, Bélgica, Inglaterra, Portugal, Áustria).

Grão Mogol situa-se na Zona de Itacambira, no Estado de Minas Gerais. O aspecto geral de seu território é montanhoso e atravessado pela Serra do Espinhaço ou Serra Geral (chamada em alguns locais da região de Serra de Santo Antônio do Itacambiruçu, Serra de Itacambira, etc. Nomes advindos da tradição local e encontrados em citações históricas). (LARA; ASSIS, 1993, p.6).

Fig.6 - Mapa do estado de Minas Gerais, visualizando em destaque vermelho o município de Grão Mogol.

Fonte: Site pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A3o_Mogol

Grão Mogol tem uma área de 3890 km² e limita-se ao Norte com as cidades de

Riacho dos Machados, Fruta de Leite e Rio Pardo de Minas; ao Sul com Cristália, Itacambira

e Botumirim; ao Leste com Berilo, Padre Carvalho e Josenópolis; e ao Oeste com Francisco

Sá e Juramento. No Censo de 2007, a cidade tinha 5.731 habitantes em sua área rural e 9.441

em sua área urbana. Segundo o Projeto Inventário da Oferta Turística de 2009, as principais

atividades econômicas da cidade são “agricultura de subsistência, agroindústria de farinha de

mandioca e de cachaça, pecuária extensiva de gado de corte e leiteiro, prestação de serviços,

mineração de diamantes, cristal de rocha e pedras ornamentais e reflorestamento de

eucalipto.” O clima, ainda de acordo com o Projeto, é tropical e a altitude média é de 850

metros.

Fig.7 - Serra geral, também conhecida como Serra do Barão.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Atualmente Grão Mogol é servida de rodovias asfaltadas interligando as cidades

vizinhas, sendo que dista de Montes Claros 153 km, e da capital do estado, Belo Horizonte,

550 km. Um desejo muito forte dos seus moradores é que a cidade seja reconhecida e que

possa vir a ser incluída no roteiro da Estrada Real, vez que boa parte de seus diamantes era

enviada para o Arraial do Tijuco, atual Diamantina. E como é público e notório em face da

grande produção de diamantes, cria-se por volta de 1729 à chamada Demarcação

Diamantina, que por sua vez tinha como objetivo proceder a fiscalização e

conseqüentemente a cobrança de impostos pela extração das pedras preciosas.

Dispõe de um campo de pouso para aviões de baixo porte e, no lago do Irapé, que

fica próximo da cidade, pode acolher pequenas embarcações em caráter de turismo e pesca

de lazer. Esse lago compõe a atual usina hidrelétrica Presidente Juscelino Kubistchek, que já

atua a pleno vapor com a potência de 360 MW, mas suas unidades geradoras já foram

contratadas para alcançar a capacidade definitiva de 390 MW, energia com quantidade e

qualidade satisfatórios para promover a economia da região. Assim como o faz de forma tão

generosa na arte de sua gente, o Vale também se credencia a mostrar sua face

empreendedora a Minas e ao Brasil. A barragem de Irapé é a mais alta do Brasil e a segunda

maior da América Latina, com 208 metros. Há ainda na região da usina um Museu bastante

visitado que possui utensílios que marcam os costumes e a cultura local, de modo a ser mais

um atrativo turístico a enriquecer o belíssimo Vale do Jequitinhonha, como podemos ver nas

palavras de Paulino (2006, p. 36).

Fig.8 - Usina Hidrelétrica Irapé.

Fonte: passadicovirtual.blogspot.com/2009/08/usina-hidreletrica-de-irape.html

CAPÍTULO II

3 ARTE E ARQUITETURA SACRA CRISTÃ

3.1 Um breve histórico da arte

Falar sobre o começo da arte talvez seja tão complicado como falar sobre a época

da construção da Igreja e da cidade: são dados e fatos que ao longo do tempo se concretizam,

e aos poucos vão crescendo e aparecendo na história, mas que dificilmente apresentam

características, como datas, precisas.

Quando o homem começou a criar obras de arte? Com o que elas se pareciam? O que induziu a criá-las? Toda história da arte deve principiar por essas perguntas - e pela confissão de que não somos capazes de respondê-las. Nossos mais primitivos ancestrais começaram a andar na Terra, sobre dois pés , há cerca de dois milhões de anos, mas só por volta de seiscentos mil anos mais tarde é que encontramos os primeiros indícios do homem como fabricante de utensílios. (JANSON; JANSON, 1996, p. 14)

Como é possível observar com essas palavras, desde os tempos remotos o homem

era capaz de imaginar, criar e produzir arte. Segundo Janson e Janson (1996, p.6),

“Todos nós sonhamos. Sonhar é uma das formas de atividade de nossa imaginação. Imaginar

significa simplesmente forma uma imagem- um quadro- em nossa mente”.

A arte dá a capacidade de informar à concepção que se tem de tudo, através de

processos que não se pode expressar de outra maneira.

O homem através da sua imaginação vem criando e ousando, produzindo arte

mesmo que muitas vezes não saiba muito bem o que faz ou a dimensão daquela sua

exteriorização. Como se percebe nas pinturas rupestres do período Paleolítico, as primeiras

manifestações artísticas, que a sociedade tem conhecimento, eram caracterizadas pela

tentativa do homem de estabelecer um domínio sobre os elementos naturais dos quais

necessitava. Se, por exemplo, pintava na parede da caverna um búfalo sendo atravessado por

uma flecha, era com o objetivo de que na caçada – real – esse fato se concretizasse. Desse

modo, quanto mais fiel à realidade – ou, como poderíamos dizer, quanto mais naturalista –

era a pintura, maiores eram, na cabeça desses “artistas”, as chances daquilo se efetivar na

vida concreta. Assim, ao contrário da citação de Janson e Janson acima, Strickland (2003,

p.4) afirma ser possível determinar uma data de fundação da arte:

Os humanos andam eretos há milhões de anos, mas só há 25 mil anos nossos ancestrais inventaram a arte. Em algum momento da era glacial, quando os caçadores e coletores ainda viviam em cavernas, a mentalidade Neanderthal de fazer instrumentos deu lugar ao impulso Cro-Magnon de fazer imagens. Os primeiros objetos artísticos não foram criados para adorar o corpo ou para decorar cavernas, mas como tentativa de controlar ou aplacar as forças da natureza. Os símbolos de animais e de pessoas tinham significação sobrenatural e poderes mágicos.

Com a gradual evolução humana os homens foram passando, por exemplo, a andar

eretos, a criarem alguns objetos, a se comunicarem e aos poucos manifestarem suas

habilidades. Acredita-se que em um estágio mais avançado dessas pinturas rupestres, que na

maioria sempre foram figuras de animais, as formas passaram a se relacionar principalmente

a ritos mágicos ou religiosos como uma forma propiciatória para caça.

Na Europa, a arte do Paleolítico assinala a mais alta realização de um modo de vida incapaz de sobreviver para além das condições especiais criadas pelos deslizamentos de gelo da Era Glacial que estava chegando ao fim. Aproximadamente entre 10.000 e 5.000 a.C., a Era Paleolítica chegou ao fim quando os homens fizeram suas primeiras bem-sucedidas tentativas de domesticar animais e cultivar cereais- um dos passos verdadeiramente revolucionários da história humana, mesmo que a revolução tenha se estendido por milhares de anos. (JANSON; JANSON, 1996, p. 17)

A arte se evoluía à medida que o homem percebia que mudanças eram necessárias,

como podemos perceber na arte primitiva, pois sua preocupação passa a ser não com o mundo

visível, mas com o mundo invisível e inquietante dos espíritos. Dizendo de outro modo, a

magia passa a ser o substrato fundamental da arte. Isso decorre também em benefício da

inquietude dos seres humanos em atribuir motivos e esclarecimentos para fenômenos que

fugiam de sua concepção, como tempestades, pragas, movimentação dos astros, crescimento

das plantas etc.

Para a mente primitiva, todas as coisas são animadas por espíritos poderosos – os homens, os animais, as plantas, a terra, os rios e lagos, a chuva, o vento, o sol, e a lua. Todos esses espíritos tinham que ser apaziguados, e cabia à arte propiciar-lhes as moradias adequadas, aprisionando-os dessa forma (...) ao lidar com o mundo dos espíritos, o homem primitivo não se satisfazia apenas com os rituais ou oferendas diante dos objetos com os quais “capturava” os seus espíritos. Precisava representar suas relações com o mundo dos espíritos através da danças cerimônias dramáticas semelhantes, nas quais ele próprio podia assumir temporariamente o papel de

armadilha do espírito disfarçando-se com máscaras e vestes de confecção elaborada. (JANSON; JANSON, 1996, p.18)

O homem desde os tempos passados se questiona e tenta desvendar os mistérios

da vida, dos espíritos, de Deus, da fé, manifestando-se através da arte para entendê-los. Ainda

hoje o homem busca respostas para essas e outras questões fundamentais, como a origem da

vida e a possibilidade de vida a morte. É possível perceber isso também na “arte para os

mortos” que caracteriza a Arte do Egito.

(...) os egípcios não encaravam a vida nesta terra essencialmente como um caminho para a sepultura; o seu culto dos mortos é um elo de ligação com o Período Neolítico, mas o significado que lhe deram era totalmente isento daquele medo sombrio dos espíritos dos mortos que domina os primitivos cultos ancestrais. Pelo contrário, sua atitude era a de que o homem pode obter sua própria felicidade após a morte, equipando sua sepultura como uma espécie de réplica sombria de seu ambiente cotidiano para o prazer de seu espírito (...) (JANSON; JANSON, 1996, p. 24)

No próximo tópico iremos analisar como as igrejas foram surgindo como tentativa de

dar respostas a esses mistérios, e como isso foi se refletindo no estilo e na arquitetura das

construções.

3.2 Arquitetura Sacra Cristã

A busca incessante dos homens em revelar o mistério da fé foi se consolidando no

decorrer da história e a arquitetura sacra também, naturalmente, evoluindo na tentativa de

contribuir com essa busca, aparecendo as primeiras Basílicas no período da Arte Grega, Arte

Romana e Arte Etrusca. Porém foi no governo de Constantino que houve o triunfo do

Cristianismo como religião do Estado, na Arte Cristã Primitiva.

Antes de Constantino, Roma ainda não era o centro oficial da fé; comunidades cristãs maiores e mais antigas existiam nas grandes cidades do norte da África e do Oriente Próximo, tais como Alexandria e Antióquia, e provavelmente tinham suas próprias tradições artísticas, as quais aparentemente vislumbramos na corrente principal da arte de um período muito posterior. (JANSON; JANSON, 1996, p.89)

E foi assim que as Igrejas começaram a surgir: antes os fiéis não podiam se reunir

em público. Antes as reuniões dos cristãos eram feitas nas casas das pessoas ou em salões,

muitas vezes mesmo em estruturas inadequadas ao que o culto necessitava. Não havia até a

época de Constantino, portanto, um modelo estabelecido de edifício. Quem afirma é Machado

(2001, p. 21): “São duas as razões para essa ausência de modelo: uma porque, como eram

perseguidos, não queriam ser identificados; outra porque a nova motivação cristã estava

alicerçada na assembléia reunida e não mais em um edifício vistoso como tinha sido o Templo

de Jerusalém”.

No governo Constantino há uma explosão de construção de igrejas e capelas, que

são, desde aquela época, objeto de estudos artísticos.

(...) teve início um florescimento quase imediato da arquitetura voltada para a construção de igrejas em ambas as metades do Império. Antes disso, não tinha sido possível às congregações reunirem-se em público, e o culto religioso era realizado às escondidas, nas casas dos membros mais ricos; agora, novos e impresssionantes edifícios se faziam necessários, para que todos pudessem ver. As primeiras basílicas cristãs não podem ser plenamente explicadas em termos de suas antecedentes romanas pagãs, embora estas tenham servido de ponto de partida, combinando o interior espaçoso, necessário para realização do ritual cristão diante de uma congregação, com as associações imperiais que proclamavam o status elevado da nova religião do Estado. (JANSON; JANSON, 1996, p.90)

É de suma importância explicar o verdadeiro significado da palavra arquitetura

uma vez que esta é à base da pesquisa e que fique claro a preocupação e objetivo do

tombamento, ou seja, preservar a arquitetura, estilo e característica dos monumentos em

especial na Igreja Matriz de Santo Antônio.

O que é arquitetura? De acordo com o dicionário:

Arquitetura a arte e a ciência de projetar e construir edifícios. O produto ou resultado do arquitetônico: edifícios, coletivamente. Um estilo ou método de construção característicos de um povo, local ou período. A profissão de projetar edifícios e outros ambientes habitáveis. A ação consciente de formar elementos que resultem em uma estrutura unificadora e coerente. (CHING, 2006, p.9)

Arquitetura, além de ser um projeto, um edifício, uma construção ou uma igreja,

é também um produto dos fatos sociais, históricos e políticos de uma determinada época.

“Quando se projeta um edifício, torna-se necessário conhecer sua função, o melhor possível,

mas também e primordialmente deve presidir a tudo um espírito que transforme o corpo

inerte da matéria em alma viva da arquitetura.” (Menezes, 2006, p.10).

A arquitetura, com A maiúsculo, deve reunir três qualidades: funcionalidade, estrutura e beleza. A funcionalidade, ou finalidade e uso de uma construção, é

mostrada na planta baixa, um diagrama da distribuição dos espaços. A estrutura, ou como se sustenta, está ilustrada na seção ou corte vertical através dos andares que ela tiver. A beleza pode ser mais bem demonstrada num desenho de projeção frontal, que mostre seus elementos exteriores ou interiores como se estivéssemos olhando de frente para edificação. (STRICKLAND, 2003, p.10)

Como foi possível analisar nas pesquisas de Strickland, a arquitetura tem algumas

qualidades que devem estar bem definidas no caso de uma observação mais detalhada de

uma construção, como é o caso do presente trabalho.No caso do panorama da Igreja Matriz

de Santo Antônio, deve-se atentar, inclusive, pela funcionalidade da construção, que permite

maior recolhimento e maior participação dos fiéis, e pela beleza de sua arquitetura como

reflexo da beleza incontida de Deus (Menezes, 2006, p.16).

E assim vai se construindo ainda em processo a história da arquitetura sacra,

marcada por edificações no mais das vezes imponentes e belas. Entender essa história é

entender também o processo social, político, econômico e cultural que a engendrou, haja

vista que as construções surgem como respostas às demandas que de algum modo foram

coletivamente criadas. Cada igreja, portanto, é fruto de seu contexto, e se relaciona

diretamente com a população da localidade na qual se insere. Por isso também que aqui se

optou por tratar, paralelamente à história e à arte da Igreja Matriz de Santo Antonio de Grão

Mogol, da constituição, das características e de elementos da própria cidade.

CAPÍTULO III

4 IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO DE GRÃO MOGOL

4.1 Características da Igreja Matriz de Santo Antônio

A Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol se localiza no centro da cidade

e traz na sua história dúvidas da época de sua construção. Essa incerteza também existe em

relação à fundação de Grão Mogol. Conforme mostrado no primeiro capítulo, o que se sabe

em relação à cidade é que em 23 de março de 1840 o arraial evolui para Vila Provincial e, no

mesmo ano, foi transformado em distrito. Nessa época já possuía algumas praças, boas

residências, dois ou três sobrados e uma bela Igreja, orgulho da cidade, construída com

pedras trabalhadas. Há quem narre que a Igreja é um dos templos mais antigos do país, ao

contrário do que traz a história oficial.

Fig.9 – Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.10 – Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.11 – Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Um atestado datado de 1839 (valioso documento disponibilizado pela prefeitura) noticia a construção da Igreja nesse referido ano. O monumento teria sido construído com a ajuda de pessoas importantes da cidade e com uma verba de oitocentos mil réis cedida pelo Governo da Província à época. Com estrutura em pedra e madeira, coberta com telhas coloniais, a Igreja Matriz de Santo Antônio ostentava uma beleza arquitetônica peculiar, talhada pelas mãos de escravos orientadas por algum mestre construtor, possivelmente vindo do Tijuco. (PAULINO, 2006, p.31)

Aqui já se pode perceber a influência do Tijuco nas terras de Grão Mogol não só

pela extração dos diamantes, mas também em relação à história e à construção da cidade. , A

influência era tamanha que Pires (2001) chega a afirmar que Grão Mogol, por ocasião da

terceira demarcação, integrava o Distrito Diamantino.

Em se tratando da fundação da Igreja Matriz, as pesquisas de Paulino dizem que

ela fora construída como cumprimento de uma promessa:

Já uma versão não comprovada apresentada pelo citado José Geraldo de Mendonça, fala sobre Cassimiro Colares, um aventureiro português que teria vindo ao Povoado de Santo Antônio, (possivelmente fundado em 1503), em busca de diamantes. Este encontrou um diamante incrustado a uma grande pedra, era a “Pedra Rica”. Com muita habilidade, o aventureiro usando fogo nessa pedra, conseguiu que um grande diamante se soltasse dela. Esse diamante bonito e transparente que Cassimiro Colares teria “batizado” com o nome de Grão Mogol, foi levado para Europa, lá vendido por uma boa quantia de dinheiro. Porém, segundo o estudioso, esse diamante, por onde passou, teria deixado um rastro de tragédia, morte e sangue. De volta ao povoado de Santo Antônio, Cassimiro Colares teria feito uma promessa a Santo Antônio, de que, se a maldição da pedra fosse afastada dele e de sua família, construiria uma igreja para o santo, cuja imagem à época ficava numa pequena gruta feita de pedras na entrada da cidade. E assim teria sido construída a Igreja de Santo Antônio de Grão Mogol, possivelmente um dos primeiros templos católicos erguidos no país, ainda na época de Colônia de Portugal. Segundo José Geraldo de Mendonça, essas informações estão claras nos manuscritos dos Jesuítas a que ele teve acesso. (PAULINO, apud, 2006, p.32)

Essa segunda versão é tida pelo povo da cidade como falsa, uma vez que, de

acordo com os documentos da Prefeitura, a Igreja só se tornou Paróquia de Santo Antônio de

Grão Mogol em 1º de janeiro de 1850, onze anos após sua construção. Porém, existem

pouquíssimos arquivos e documentos dessa época, possivelmente em virtude da queima de

grande parte dos papéis. Analisar as figuras abaixo e a figura 14 em anexos.

Fig. 12 - Primeiro Livro da Paróquia de Fig. 13 – Página do primeiro livro da Paróquia.

Santo Antônio de Grão Mogol 1850. Fonte: Acervo da Paróquia de Santo Antônio

Fonte: Acervo da Paróquia de Santo Antônio

Como foi possível analisar no primeiro capítulo, Grão Mogol tem sua origem

intimamente vinculada à mineração de diamantes, de modo que quando sua produtividade

diminuiu a cidade se estagnou. Além disso, a ascensão do café em São Paulo atraiu muitas

pessoas de várias partes do Brasil, incluindo de Grão Mogol. Mas muitos monumentos

ficaram como legado histórico para a cidade, alguns dos quais foram tombados pelo

patrimônio artístico e histórico. A cidade guarda, portanto, uma memória cultural coletiva:

“Memória é tudo aquilo que, cumulativamente ao longo da existência, confere caráter,

personalidade, noção de valor e expectativa quanto ao futuro”. Lara e Assis (1993, p.1).

A Igreja Matriz de Santo Antonio é a principal atração turística da cidade,

tanto por causa de sua longa história como por seus elementos arquitetônicos, erguidos pelos

escravos – toda de pedra, com o piso e o forro de madeira, as janelas arqueadas de madeira,

o telhado colonial. “Representa o símbolo de arquitetura colonial mais imponente da cidade

e região”, e, felizmente, “a construção, os equipamentos e instalações estão em bom estado

de conservação.” (INVENTÁRIO da OFERTA TURÍSTICA, 2009, p. 22 de 26). Além

disso, a Igreja realiza outras funções sociais:

O tipo de serviço prestado pela Igreja é de pregação da fé e da palavra de Deus junto aos fiéis. Além disso, realiza alguns trabalhos sociais com famílias carentes, casamentos, crisma, batizados, transmite a educação cristã aos grupos de casais, jovens e crianças, dentre outros. Várias pessoas da zona rural de Grão Mogol são atendidas mensalmente com as cerimônias e serviços religiosos. Aproximadamente, 90% da população do município segue o catolicismo. ( INVENTÁRIO da OFERTA TURÍSTICA, 2009, p. 22 de 26)

A Igreja Matriz de Santo Antônio ao longo dos seus anos passou por algumas

reformas: a primeira, em 1923, quando a fachada caiu; a segunda, em 1941, foi empreendida

por Zino Oliva, que restaurou o altar-mor; a terceira em 1983/85 quando a população

juntamente com o Padre Henrique Ribeiro Fonseca, resolveram descascar o interior da igreja

tirando o reboco das paredes e deixando as pedras antigamente rebocadas à vista, ressaltando

entretanto que nas paredes laterais próximas ao altar abaixo do teto onde foi confeccionado a

pintura do Padroeiro Santo Antônio, já não mais existiam as pinturas dos dozes apóstolos.

Havia a intenção de trocar o telhado da mesma por telhas novas, mas isso não foi bem aceito

por parte da comunidade, de modo que o padre acabou mudando para outra paróquia. A

última reforma foi feita em 2003, por ocasião da construção da Usina Hidrelétrica de Irapé:

foram reformadas as instalações elétricas e o piso, as pedras e madeiras foram envernizadas

e a parede da fachada principal foi descascada, e na parte de cima da igreja foram feitas

algumas alterações. Essas informações foram obtidas a partir de relatos pessoais do

historiador Elcio Ferreira Paulino.

Fig.15 - Primeira reforma da igreja.

Fonte: Acervo Particular de Elcio Paulino

Fig. 16 – Segunda Reforma da Igreja, Fig. 17 – Segunda reforma da Igreja, do altar-mor, por

do altar-mor, por Zino Oliveira. Zino Oliveira.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 18 – Terceira reforma da Igreja, Fig. 19 – Terceira reforma da Igreja, por Padre

por Padre Henrique Ribeiro Fonseca. Henrique Ribeiro Fonseca.

Fonte: Acervo da Prefeitura Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 20 – Quarta reforma da Igreja. Fig.21 - Quarta reforma da Igreja.

Fonte: Acervo Particular de Jose Paulino Fonte: Acervo da Prefeitura

As figuras de número 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28, que estão em anexo, também

são da quarta reforma da Igreja.

No livro de tombamento da prefeitura há uma ata datada de 25 de março de 2002

que trata da reforma da Igreja Matriz de Santo Antônio, o que confirma os relatos do

historiador:

Aos vinte e cinco dias do mês de março de 2002 ás 17:00 horas no gabinete do Prefeito Municipal reuniram-se os membros do Conselho Deliberativo municipal do Patrimônio Cultural de Grão Mogol. Após informar aos Senhores Conselheiros que a equipe formada por historiadores e arquiteto sob a direção do Sr Breno Decina . já está elaborando a documentação para cumprimento das diretrizes 2002 o Sr. Presidente passou ao assunto da reunião que é a reforma da Igreja Matriz. Informou aos mesmos que a reunião do dia 15 corrente, na presença dos membros do Conselho Administrativo Paroquial o Sr. Prefeito Municipal consolidou a proposta de só reformar o telhado, piso e a fonda lateral da Igreja Matriz. O Conselho

Paroquial informou ao Sr. Prefeito que é do conhecimento e têm consentimento do Sr. Arcebispo ( Mol) diocesano, Dom Geraldo Magela de Castro, assim à partir do dia primeiro de abril do corrente ano, a Igreja será desocupada e ficará a disposição do município para a necessária reforma. O Conselho foi unânime em aprovar tão esperada obra, visto ser a igreja o nosso principal patrimônio. Nada mais havendo a tratar encerrou-se reunião e para constar lavrou-se apresente ata que lida e aprovada será pelos presentes. ( LIVRO DE TOMBAMENTO)

No ano de 1993 a prefeitura de Grão Mogol juntamente com a AMAMS

(Associação dos Municípios de Área Mineira da Sudene) estava interessada no tombamento e

restauração da Igreja. O projeto de tombamento, que tinha como objetivo proteger a história

da cidade, foi feito. E foi de muita importância, uma vez que Grão Mogol foi uma das

primeiras cidades no Norte de Minas a recuperar sua história e preservar seu patrimônio

cultural, histórico, artístico e ambiental.

Apesar no norte de Minas Gerais ter sido palco das primeiras Entradas; expedições oficiais da Coroa Portuguesa para reconhecimento do interior do Brasil; no território que posteriormente seria o mineiro e de sua povoação datar de períodos anteriores à de inúmeras cidades históricas conhecidas, raríssimos são os casos nesta região, de cidades que possuam monumentos tombados ou preservados. (LARA; ASSIS, 1993, p.4)

No inventário estão sintetizadas, além dos bens ambientais da cidade, as principais

características estilísticas das estruturas arquitetônica e urbanística dos bens culturais e

artísticos de um período dos mais significativos da história de Grão Mogol; conforme relata

com Lara e Assis (1993).

A Igreja Matriz de Santo Antônio tem aparência singular, inicialmente por possuir, atualmente exposta, sua belíssima estrutura em pedra (originalmente rebocada), e depois por ter uma fachada bem mais recente, rebocada e caiada, somada ao corpo da Igreja no começo deste século. A reforma que alterou sua fachada original, provavelmente barroca, não foi a única: esta Igreja sofreu um acréscimo em suas dependências, acréscimo este com fins utilitários, feito com mesma técnica de construção de seus setores originais. Há vestígios discretos desta reforma,observados em algumas paredes da Igreja. Não foi possível comprovar se estas duas reformas citadas datam da mesma época. Hoje este imóvel possui fachada distinta de seu corpo, principalmente no enfoque estético-estilístico. Deduz-se que a intensão estilística da reforma confere à atual fachada tendência eclético-neogótica, bastante simplificada.(LARA; ASSIS, 1993, p. 34)

A partir da análise dos documentos da igreja, observa-se que a mesma não possui

nenhuma definição de estilos que influenciaram a sua construção. Lara e Assis (1993)

afirmam que provavelmente seria barroca antes da reforma e que, após, sua fachada

apresenta tendência ao eclético- neogótico.

Sua fachada possui subdivisões horizontais e verticais distintas: os horizontais são dois: no inferior concentram-se as três portas e as cincos janelas vazadas, com vãos em arco pleno e cercaduras em argamassa, sendo uma porta principal e duas laterais, com três bandeiras - uma fixa e duas folhas - todas decoradas com almofadas singelas. Acima destas portas as cincos janelas vazadas possuem guarda-corpo em madeira e metal, com a mesma estrutura básica das portas ( as decorações almofadadas de portas e janelas diferem entre si). (LARA; ASSIS, 1993, p. 34)

As figuras 29, 30 e 31 do anexo mostram as subdivisões horizontais inferiores.

Que retratam a fachada da igreja.

O plano horizontal superior possui desenho esquemático triangular, com torre central em quatro águas, com pequeno óculo encimando os dois vãos discretamente ogivais, onde se localiza o sino. A platibanda (triangular) é arrematada nas extremidades por duas pequenas torres falsas e possui dois óculos- à esquerda e à direita. As decorações em argamassa são singelas e sem apuro estilístico. (LARA; ASSIS, 1993, p.35)

Podemos analisar nas figuras 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38 e 39, nos anexos, as

subdivisões horizontais superiores. Existem também as subdivisões verticais.

As subdivisões verticais são três, sendo dois planos distintos: o central e os dois laterais, discretamente recuados. O plano central é definido pela torre sineira, onde encontram-se sobrepostos, em sequência à porta principal, uma janela vazada, os dois vãos sineiros discretamente ogivais, um óculo( há dois idênticos, um de cada lateral desta torre). Nas quatro águas há a presença de discretas águas frutadas, com função de ventilação. De beleza indiscutível, o corpo desta Matriz, todo de pedra aparente (anteriormente rebocado), possui todos os seus vãos em verga reta, cercadura em madeira, duas folhas em tabuado, sendo as únicas exceções as janelas da fachada posterior. Nas duas fachadas laterais, temos idênticos o numero de vãos e suas funções: em cada uma das fachadas há duas portas e acesso á nave ( primeiro setor de edificação), encimadas por três janelas. No segundo setor (paredes externas do suposto consistório e da sacristia) há três janelas contíguas. . (LARA; ASSIS, 1993, p.35)

São três as subdivisões verticais. Pode-se visualizar as características acima

expostas nas figuras 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47 e 48. Como já ressaltado, cada igreja tem

seu estilo, de acordo com a época e a necessidade temporal e espiritual daquele determinado

momento histórico.

Na fachada posterior há quatro vãos: duas janelas térreas em verga reta, cercadura de madeira e abertura em duas folhas, com vidraça superior. No pavimento superior há dois vãos em arco pleno, cercadura em cantaria e fechamento em bandeiras fixas

envidraçadas. A estrutura do telhado é de montagem tradicional, em madeira, arrematada em cachorrada sem guarda-pó. Possui o corte básico em duas águas, sendo que ao todo, o imóvel possui oito águas que se orientam quatro a quatro (lateral direita e esquerda) respectivamente, em níveis diferentes.

As figuras 49, 50, 51, 52 e 53 tratam das principais características da Igreja

construída de pedras e madeiras por mãos de escravos. Neste período – colonial – a maior

parte da riqueza da cidade era entregue a Coroa Portuguesa, ficando de tanta riqueza apenas

alguns monumentos, que enfeitam e retratam a cidade na sua história arquitetônica.

4.2 Estilos de Época na Construção da Igreja Matriz de Santo Antônio de Grão Mogol

O estilo dos locais de celebração do catolicismo em Portugal era o barroco, de modo

que o Brasil herdou, ao menos em princípio, esse estilo. Conforme já afirmado, o contexto

no qual se insere as igrejas é também de grande importância para compreender o próprio

estilo arquitetônico das edificações sagradas. Assim, há de se ressaltar a influência de

diferentes culturas além da europeia, sobretudo a africana e a indígena, na arquitetura sacra.

Apesar do domínio cultural, artístico e mesmo religioso imposto pelos colonizadores, os

negros e os índios também tinham seus modos de celebração da divindade, o que acabava

aparecendo, de uma forma ou de outra, nos cultos cristãos tradicionais.

Há até mesmo relatos do século XVI nos quais se encontram missas celebradas num contexto de muita festa, com uso de instrumentos musicais indígenas e africanos, como a maraca, a taquara e o berimbau. Havia também grupos de crianças, os “meninos de Jesus”, precursores dos coroinhas, que cantavam e dançavam em ritmos próprios. (MACHADO, 2001, p. 26).

É bom ressaltar que muitas manifestações populares de fé foram, inicialmente,

reprimidas pela Igreja. Com o tempo que o catolicismo oficial passa a apoiá-las, através,

sobretudo das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

No Brasil, a história da arquitetura religiosa restringe-se àquela compreendida desde a

chegada de Pedro Álvares Cabral, mesmo porque não havia nenhuma construção religiosa

cristã no Brasil em 1500. Claro que, como já ressaltamos, existiam outras edificações que

tinham o objetivo de cultuar divindades, mas não eram católicas. Os colonizadores e

missionários trouxeram um modelo pré-determinado de igreja, que foi sendo adaptado de

acordo com os contextos, a arquitetura evoluía para formas próprias.

As primeiras construções sacras do Brasil foram erguidos a partir da segunda metade

do século XVI, quando os arraiais já dispunham de população que o justificasse. Foram os

casos de Olinda e Salvador. As mais simples empregaram a técnica do pau-a-pique, sendo

cobertas com folhas de palmeira, mas desde logo os jesuítas se preocuparam com o aspecto da

durabilidade e solidez dos edifícios, preferindo sempre que possível edificar com pedra e cal,

embora muitas vezes, por circunstâncias várias, foram obrigados a usar a taipa de pilão ou o

adobe. Os edifícios buscavam antes de tudo a funcionalidade, compondo basicamente um

quadrilátero sem divisão em naves e sem capelas laterais, com uma fachada elementar que

implantava um frontão triangular sobre uma base retangular, e não havia nesse período

inaugural qualquer preocupação com ornamentos.

Principalmente por causa da busca e exploração de pedras preciosas, Minas Gerais foi

uma das principais regiões onde se estabeleceram inúmeras capelas e igrejas. O auge da arte

barroca no Brasil foi alcançado nas cidades mineiras. Além disso, as igrejas em Minas Gerais

seguiram um caminho relativamente “independente”, “longe dos modelos arcaizantes que

pesavam sobre as ordens religiosas”. (Tirapeli, 2005, p.11).

Com a notícia da descoberta do ouro, começaram a chegar os primeiros aventureiros, que iniciaram a formação dos primeiros núcleos populacionais. Esses mesmos núcleos, mais tarde, dariam origem às cidades mineiras, palco do nascimento e do apogeu da arquitetura religiosa barroca brasileira. Essa mesma arquitetura religiosa apresenta, em Minas Gerais, características totalmente diversas do resto do Brasil, que resultam não só da influência econômica da região, mas de uma particular conjunção de fatores. Embora as igrejas e capelas mineiras afundem suas raízes nos modelos portugueses, o fato de minas ter ficado isolada tanto geograficamente como em relação à presença das ordens religiosas- fato único no Brasil – fez que a própria população, através das ordens terceiras, fosse erguendo espontaneamente suas próprias igrejas, conferindo-lhes formas e soluções particulares. (FRADE, 2007, p.66)

Mas num geral, a América Latina sofreu grande influência da arte barroca, cujas

igrejas foram gradualmente aparecendo por todo o continente, e, apesar de seguirem uma

espécie de modelo, cada uma tinha sua peculiaridade.

.

A arte barroca estendeu-se por todo o século XVII e pelas primeiras décadas do XVIII. A sua difusão abrangeu quase toda Europa e a America Latina. Estes são, porém, os seus limites máximos. O aparecimento das formas barrocas dá-se em épocas diferentes em cada país. Outro tanto se pode dizer do seu declínio. Tais formas, no entanto, embora nascendo claramente de um fundo comum, diferem muitíssimo de nação para nação. E não só: vulgaríssimas em alguns países, são muito raras em outros. As razões deste desfasamento não só não são geográficas,

como também históricas. O barroco nasceu e desenvolveu-se, nos princípios do século XVII, na Roma dos papas. Mais do que um estilo definido, era uma tendência comum a todas as artes: um gosto, em suma. Em seguida, espalhou-se, como que em círculos concêntricos, pelo resto da Europa e pelos países sob a influência desta. Assim , pois, as suas formas características vão surgindo nas várias nações com um atraso tanto maior quanto elas se distanciam da Itália. A esse factor junta-se um segundo : onde quer que o clima cultural religioso e político fosse semelhante ao italiano, o barroco era bem acolhido e espalhava-se rapidamente, ao passo que era recusado nos locais em que as condições históricas eram muito diferentes. (CONTI, 1978, p. 3)

E assim o barroco espalhou-se pelos vários cantos do mundo. Era uma arte de

persuasão, o artista se ocupava sobretudo em apelar às emoções do espectador. A palavra

“barroco” tinha uma intenção ofensiva; originalmente queria dizer “de forma estranha” e

chegou a significar qualquer coisa ilógica, absurda ou rara. (Gowing, 2008, p. 28)

Sendo o barroco, portanto, o estilo dominante nas Minas Gerais, a Igreja Matriz de

Santo Antônio também se classifica como barroca. Porém, das características presentes nas

Igrejas brasileiras desse estilo, em especial as mineiras como de Ouro Preto, Diamantina e

Mariana, que também têm sua origem ligada à exploração de pedras preciosas, a de Grão

Mogol apresenta muitas diferenças. Um dos motivos pode ser a quantidade de reformas pelas

quais passou a Igreja, o que provavelmente afetou na sua construção original.

O caráter ofensivo do barroco diz respeito à sua grande suntuosidade e

ornamentação. Utilizava da escultura como parte da obra arquitetônica fazendo uma mistura

entre a construção e a ornamentação, dando uma idéia de exagero nas obras.

Fig. 54 – Capela de São Francisco de Assis em Ouro Preto.

Fonte: http://farm4.static.flickr.com/3064/2365409720_cb24abd9e0.jpg

A Capela de São Francisco de Assis em Ouro Preto é importante também porque comprova no seu projeto uma evolução no emprego das curvas e contracurvas. Essa evolução, que afeta sobretudo a nave e a fachada – especialmente esta última – rompe com todos os hábitos da arte luso- brasileira na construção de igrejas até então utilizados na província mineira, introduzindo um tipo completamente novo na arquitetura religiosa no Brasil. A fachada possui uma harmonia fora do comum entre as linhas curvas que compõem e os elementos decorativos que sobem do portada até o óculo, fechado por um medalhão com o efígie de são Francisco de Assis recebendo os estigmas no monte Alverne. A fachada é arrematada por volutas interrompidas, que estabelecem um ritmo fora do comum, as torres dão um dinamismo ulterior ao conjunto: de formato circular, são coroadas por cúpulas de alvenaria com uma decoração de pináculos piramidais e recuadas em relação á fachada. Nesse projeto, é possível verificar a modulação dos volumes com intenção explícita de criar efeitos monumentais: observando o exterior desse templo, ao contrário dos seus predecessores, ficam patentes os diferentes blocos, delimitados por “cunhais em estilo jônico”, e a utilização de variações no telhado, demarcando ainda mais os volumes. (FRADE, 2007, p.70)

Comparando-se o estilo barroco da Igreja Matriz de Santo Antônio e o da capela

de Ouro Preto é possível notar semalhanças, sendo as principais as portas e janelas de

madeiras almofadas, os óculos na fachada, o ritmo das linhas e curvas.

No Santuário de Bom Jesus de Matosinhos no Maranhão, símbolo da arquitetura

barroca brasileira, temos também estes elementos, porém, como foi visto, o barroco a cada

região se adaptou com a história, clima, contexto e tradição. Nesse Santuário, as esculturas

dos profetas não são apenas símbolos de decoração, mas sim parte da estrutura arquitetônica o

que deixa o santuário sempre em movimento. Podemos perceber sua estrutura retangular

características também do barroco que é vista no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos no

Maranhão e na Igreja Matriz de Santo Antônio.

Fig. 55 – Santuário de Bom Jesus do Matosinhos.

Fonte: http://ipt.olhares.com/data/big/311/3118990.jpg

O conjunto arquitetônico do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, fundado pelo português Feliciano Mendes no alto do morro do Maranhão – na atual cidade de Congonhas do Campo -, em 1757, como pagamento de uma promessa feita ao Bom Jesus de Matosinhos, é talvez uma das imagens mais conhecidas da arquitetura religiosa brasileira. Feliciano, escapando vivo de uma grave doença, resolve cumprir a promessa feita ao santo da sua devoção juvenil em Portugal: o Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Braga. Essa obra, que começa de modo humilde, com uma simples cruz de madeira cravada sobre o cume do monte, finda por receber uma contribuição notável do Aleijadinho, nos anos de 1796 a 1808, transformando-se em um dos ícones do barroco brasileiro. Apesar de a intervenção do Aleijadinho ter sido basicamente no âmbito das esculturas, o caráter monumental do conjunto escultural dos profetas os torna parte integral do edifício. Nos trabalhos anteriores do Aleijadinho, a escultura tinha um papel mais secundário, subordinada ao fato arquitetônico do frontispício da igreja e o conjunto dos profetas. Embora seja necessário notar que à época do Aleijadinho nem ele e nem os seus contemporâneos consideravam a fachada ou o adro de uma igreja algo totalmente independente e separado do trabalho de ornamentação. O fato é que do ponto de vista arquitetônico os profetas representam uma solução de linhas verticais contrastantes aos parapeitos planos e horizontais do adro, de um esquema de curvas côncavas e convexas calibradas de tal forma que dão variedade e movimento, impedindo que todo o conjunto caia na monotonia. (FRADE, 2007, p.72)

Essas esculturas do barroco mineiro não são vistas na Igreja Matriz de Santo

Antônio: a Igreja traz um barroco simplificado, mesmo em virtude da influência do estilo

colonial, assim como na arquitetura da cidade, onde os casarões contrastam no panorama

urbanista.

O período colonial se dá, obviamente, na época da colonização do Brasil pelos

portugueses. Como vimos no primeiro capítulo, este período traz fortemente os traços da

cultura portuguesa, uma vez que os colonizadores importaram as correntes estilísticas da

Europa à colônia, adaptando-as às condições materiais e sócio-econômicas locais.

Fig. 56 - Beco dos Canudos

Fonte: http://www.congonhas.mg.gov.br/images/mon_canudos.jpg

As características fundamentais desse período colonial eram os lotes estreitos e

compridos, com uma grande profundidade, de modo que as construções ficavam alinhadas à

rua e, por segurança, eram geminadas, sendo que alguns elementos construtivos chamam

atenção, como os acabamentos dos telhados. Entre esses acabamentos estão o Beira-seveira,

que usa de telhas superpostas funcionando como prolongamento do telhado. A maioria das

casas era branca com as janelas e portas pintadas com cores vivas, as janelas possuíam apenas

madeira, o uso do vidro já mostra uma evolução e maior poder aquisitivo.

Estas características são vistas no panorama da cidade e, principalmente na Igreja

Matriz de Santo Antônio, vemos os telhados com prolongamento, as portas e janelas de

madeira, a estrutura estreita e com profundidade.

Sendo assim pode-se afirmar que a Igreja Matriz de Santo Antônio sofrera

influência do período colonial, mesmo por que de acordo com os dados da prefeitura a época

de sua construção teria sido construída neste período.

Como já foi falado no início deste capítulo, as igrejas do Brasil, incluindo a

Matriz de Grão Mogol, foram influenciadas pelos estilos da Europa. Nas basílicas, mosteiros,

castelos e nas igrejas do período românico encontramos várias semelhanças com a Igreja de

Grão Mogol, como as largas paredes de pedras, que davam idéia de fortaleza da igreja, as

poucas janelas, o que dificultava a passagem de luz, ficando as igrejas mais escuras e com um

toque de mistério.

Fig. 57- Igreja de Santa Maria

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/arte-romanica/imagens/arte-romanica-30.jpg

O estilo românico apresenta, nas suas formas clássicas e para além de matrizes regionais e locais, umas características bem definidas que se concretizam por volta do ano 1100. Posteriormente vemo-las derivar para um barroquismo característico- proliferação de molduras, efeitos de claro- escuro, início de mudanças nos sistemas estruturais...-, até enlaçar na segunda metade do séculoXII com as formas protogóticas, de modo que ás vezes, encontramos num mesmo edifício as formas românicas junto com as que já assinalam claramenteo início de um novo estilo gótico. (história geral da arte, 1995, p. 35)

O estilo românico possui características que se assemelham com as da Igreja

Matriz de Santo Antônio dando uma vaga lembrança, mas não se pode afirmar que esta

sofrera influencia deste estilo.

Já a estrutura da planta da Igreja nos remete ao estilo clássico, tendo o formato

retangular característica desse estilo. Como se pode ver na Igreja de Santa Ana do Sacramento

em Mato Grosso.

Fig. 58 Igreja de Santa Ana do Sacramento

Fonte: site: ecoviagem.uol.com.br

Uma das igrejas mais antigas de Mato Grosso, com uma aparencia clássica por fora, pois as duas torres, símbolo do barroco, ruíram ainda no século XVIII, logo depois da construção.É no interior que está grande riqueza do monumento barroco, é adornado com retábulos ornamentados com todos atributos do barroco, carinhas de anjos, folhinhas e flôres entalhados na madeira com policromia e aplicações douradas.É um barroco primitivo, pois foi feito com ajuda de índios aprendizes.As inagens também são encantadoras, Santana do Sacramen é a Padroeira. (SITE, ecoviagem.uol.com.br)

Sendo assim conclui-se que a Igreja Matriz de Santo Antônio sofrera influência do

período colonial, do estilo barroco na decoração da sua arquitetura, trazendo um pouco do

estilo clássico na sua planta retangular e lembrando as igrejas românicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Das considerações abordadas nesse trabalho depreende-se que a Igreja Matriz de

Santo Antônio, localizada em Grão Mogol – Minas Gerais, construída provavelmente no

século XVIII de pedra e madeira, pelos escravos. Importante atrativo turístico da cidade e de

grande valor para população uma vez que a maioria segue o catolicismo.Traz na sua

arquitetura marcas de uma época sendo a arquitetura a obra de um período, história, clima,

matéria-prima e cultural de um lugar.

Neste sentido, o presente trabalho buscou analisar os estilos de época presente na

construção da Igreja, uma vez que esta não tinha documentos que relatassem os seus estilos

bem como sua história.

Durante a realização da pesquisa verificou-se a falta de documentos da igreja,

sendo preciso fazer entrevistas formais com morador da cidade. Em virtude deste fato não foi

possível descobrir ao certo a data da construção da igreja, ficando ai uma duvida.

Assim sendo a Igreja Matriz de Santo Antônio comparada com os demais estilos

arquitetônicos sacros crista é considerada barroca na sua decoração arquitetônica, clássica na

sua estrutura, fruto do período colonial e se assemelha as igrejas românicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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STRICKLAND, Carol. Arte Comentada: Da Pré- História ao Pós-Moderno. Rio de

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TIRAPELI, Percival. Arte Sacra Colonial: Barroco Memória Viva. . São Paulo (IMESP).

Editora: Imprensa Oficial, 2005.

ANEXOS

Fig. 14 - Lista de sacerdotes que ocuparam a Paróquia de Santo Antônio.

Fonte:Acervo da Paróquia de Santo Antônio.

Fig.22 Quarta reforma da igreja.

Fonte: Acervo Particular de Jose Paulino

Fig.23 Quarta reforma da igreja.

Fonte: Acervo Particular de Jose Paulino

Fig.24 Quarta reforma da igreja.

Fonte: Acervo Particular de Jose Paulino

Fig.25Quarta reforma da igreja.

Fonte: Acervo Particular de Jose Paulino

Fig. 26 Quarta reforma da igreja.

Fonte: Acervo Particular de Jose Paulino

Fig.27 Quarta reforma da igreja.

Fonte: Acervo Particular de Jose Paulino

Fig .28 Quarta reforma da igreja.

Fonte: Acervo Particular de Jose Paulino

Fig.29 Fachada da igreja, subdivisão horizontal inferior.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 30 Fachada da igreja, subdivisão horizontal inferior.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 31 Fachada da igreja, subdivisão horizontal inferior.

Fonte:Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 32 Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 33 Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 34 Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.35 Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Fonte:Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.36 Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 37 Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.38 Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 39 Fachada da igreja, subdivisão horizontal superior.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.40 Fachada da lateral da Igreja .

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 41 . Fachada da lateral da Igreja .

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 42 Porta de entrada e a frente da igreja que se dá pela porta da frente.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 43 Porta de entrada e a frente da igreja que se dá pela porta da frente.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 44 Porta lateral à esquerda que da acesso para o centro e para sacristia.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.45 Porta lateral à esquerda que da acesso para o centro e para sacristia.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 46 Porta lateral à esquerda que da acesso para o centro e para sacristia.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.47 Porta lateral à direita que da acesso para o centro da igreja e para o salão.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.48 Porta lateral à direita que da acesso para o centro da igreja e para o salão. Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig.49 Fachada posterior da igreja.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 50 Fachada posterior da igreja.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 51 Fachada posterior da igreja.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 52 Telhado de madeira.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

Fig. 53 Telhado de madeira.

Fonte: Acervo da autora Maria Fernanda

ENTREVISTAS

Entrevistado: Elcio Ferreira Paulino

Pergunta: Como acontecia com os garimpeiros já que na cidade o garimpo era clandestino?

E além dos garimpeiros existiam outros grupos por estas terras?

Resposta: Garimpeiros de todos os lugares vieram para essas terras em busca de diamantes,

pois este era de fácil acesso. A Coroa Portuguesa não ficou muito satisfeita com o garimpo

clandestino por essas regiões. Criou-se então um Batalhão de Dragões para dar caça a esses

homens. É de conhecimento da população desse município de várias guerras ocorridas na

região em função da mineração, podendo ressaltar mais precisamente, com base em relatos

de Parrela, uma luta ocorrida por volta de 1791 na localidade denominada Córrego das

Mortes. Ali teria comparecido juntamente com os seus comandados, Dom Rodrigo José de

Menezes, governador da província, para lutar não só contra os garimpeiros que teimavam em

não pagar o quinto (correspondente a quinta parte devida à Coroa no tocante a extração) bem

como contra um grupo muito temido na região conhecido por Vira Saia.

Pergunta: Como se deu as reformas que a Igreja Matriz de Santo Antônio passou?

Resposta: A Igreja Matriz de Santo Antônio ao longo dos seus anos passou por algumas

reformas: a primeira, em 1923, quando a fachada caiu; a segunda, em 1941, foi empreendida

por Zino Oliva, que restaurou o altar-mor; a terceira em 1983/85 quando a população

juntamente com o Padre Henrique Ribeiro Fonseca, resolveram descascar o interior da igreja

tirando o reboco das paredes e deixando as pedras antigamente rebocadas à vista, ressaltando

entretanto que nas paredes laterais próximas ao altar abaixo do teto onde foi confeccionado a

pintura do Padroeiro Santo Antônio, já não mais existiam as pinturas dos dozes apóstolos.

Havia a intenção de trocar o telhado da mesma por telhas novas, mas isso não foi bem aceito

por parte da comunidade, de modo que o padre acabou mudando para outra paróquia. A

última reforma foi feita em 2003, por ocasião da construção da Usina Hidrelétrica de Irapé:

foram reformadas as instalações elétricas e o piso, as pedras e madeiras foram envernizadas

e a parede da fachada principal foi descascada, e na parte de cima da igreja foram feitas

algumas alterações.

Entrevistado: Andre G. Banko

Pergunta: Qual sua opinião a respeito dos diamantes existente na cidade de Grão Mogol?

Resposta: Acredito que não tenham sido extraídos todos os diamantes aqui existentes, ou

melhor, ainda há muitas pedras preciosas na cidade.