UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são...

78
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ FLÁVIA REGINA MARTONI DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DO VIÉS COGNITIVO EM CAITITUS (Pecari tajacu) MANTIDOS EM BAIAS E GAIOLAS METABÓLICAS PARA ESTUDOS NUTRICIONAIS ILHÉUS – BAHIA 2015

Transcript of UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são...

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

FLÁVIA REGINA MARTONI DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DO VIÉS COGNITIVO EM CAITITUS (Pecari tajacu) MANTIDOS EM BAIAS E GAIOLAS METABÓLICAS PARA ESTUDOS

NUTRICIONAIS

ILHÉUS – BAHIA

2015

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

ii

FLÁVIA REGINA MARTONI DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DO VIÉS COGNITIVO EM CAITITUS (Pecari tajacu) MANTIDOS EM BAIAS E GAIOLAS METABÓLICAS PARA ESTUDOS

NUTRICIONAIS

ILHÉUS - BAHIA

2015

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Ciência Animal da

Universidade Estadual de Santa Cruz,

como parte das exigências para obtenção

do título de Mestre em Ciência Animal.

Área de concentração: Ciência Animal

Orientadora: Profª Drª Selene Siqueira da

Cunha Nogueira

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

iii

O48 Oliveira, Flávia Regina Martoni de. Avaliação do viés cognitivo em caititus (Pecari tajacu) mantidos em baias e gaiolas metabólicas para estudos nutricionais / Flávia Regina Martoni de Oliveira . – Ilhéus, BA: UESC, 2015. x, 77f. : Il. Orientadora: Selene Siqueira da Cunha Nogueira. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Inclui referências.

1. Caititu – Alimentação e rações. 2. Animais- Comportamento. 3. Animais silvestres em cativeiro. I. Título. CDD 599.634

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

iv

FLÁVIA REGINA MARTONI DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DO VIÉS COGNITIVO EM CAITITUS (Pecari tajacu) MANTIDOS EM BAIAS E GAIOLAS METABÓLICAS PARA ESTUDOS

NUTRICIONAIS

Ilhéus - BA, 27/02/2015

_______________________________________________ Drª Selene Siqueira da Cunha Nogueira

UESC/DCB (Orientadora)

______________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Ary Villela Marinho

_______________________________________________ Profª Drª Maria José Hötzel

ILHÉUS – BAHIA

2015

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

v

DEDICATÓRIA

Ao meu querido Aloisio e meu pequeno Mateus, dedico.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

vi

AGRADECIMENTOS

À professora Selene Siqueira da Cunha Nogueira por toda sabedoria, paciência e orientação deste trabalho.

Ao Aloisio por ser tão companheiro e me apoiar em todas minhas decisões e principalmente por cuidar tão bem do Mateus. “Você é meu sol...1,85 de sol”! Amo muito você!

Aos meus pais e sogros que me apoiaram e estiverem presentes principalmente cuidando do Mateus. Vocês são o meu alicerce! Mãe sem você eu não conseguiria!

À querida Christini Caselli pela grande amiga que se tornou e ajuda tanto profissional quanto psicológica, jamais me esquecerei de você!

Ao professor Sérgio Luiz Gama Nogueira Filho pela contribuição científica.

À Luciana Lacerda grande amiga desde o começo. Nossa amizade começou de forma tão inesperada... e cresceu tanto! Muito obrigada por me ouvir e me aconselhar. Pra você...“As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém... Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir”Antoine de Saint-Exupéry

Aos amigos José, Iuri e Rafa de forma mais que especial minha eterna gratidão!!! Sei que nada teria acontecido se vocês não tivessem ajudado. Obrigada pelo compromisso, pontualidade, contribuição e principalmente profissionalismo que sempre tiveram, fazendo no meu estudo o estudo de vocês também.

Aos amigos do Labet (Thaise, Midi, Karen, Lorena, Vanessa, (Leticia - paulista parceira) Rogério e Danillo) por me ouvir e ajudar como possível, além de todos os momentos descontraídos de risadas, almoço no valão... nunca me esquecerei de vocês! Com certeza esses dois anos serviram para que várias amizades fossem consolidadas e isso não tem preço! Minha eterna gratidão!)

Ao professor Alcester Mendes por ter dado sempre uma força!

Ao sempre prestativo Deni, sem você seria tudo muito mais difícil!

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

vii

À amiga Taneha Sodré(minha irmã de alma) por estar sempre presente e por seus conselhos maravilhosos!

À amiga Kellen Verenna por estar sempre presente, me apoiar, aconselhar e “quebrar meus galhos” no trabalho. Jamais te esquecerei!

Aos meus irmãos Vini e Rica pelas palavras de apoio.

À Camila Santos Dias minha irmã que sempre me apóia mesmo longe. Amo você!

À Ana Carolina minha coach que me ensinou que a vida é feita de escolhas e que sempre conseguimos suportá-las e carregá-las com sabedoria e planejamento. Sem você também teria sido muito difícil.

À Sandra Bastos amiga sempre presente, me ouvindo e me apoiando sempre da melhor forma possível. Você é mais que uma amiga, amo você!!!

À Sandrinha por ser uma segunda mãe para o Mateus e cuidar da gente!

À Thatyanna Rodrigues por sempre me ajudar, me aconselhar e principalmente por sempre dizer: “Você vai conseguir... sei que vai!” Você é uma grande amiga!

À professora Maria Bernadete Cordeiro de Sousa e sua equipe pela contribuição científica e análise do material da pesquisa.

À professora Maria José Hötzel e ao professor Eduardo Marinho por aceitaremo convite para comporem minha banca.

Aos caititus que me fizeram enxergar que a inteligência vai muito além do que os olhos podem ver!

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

viii

AVALIAÇÃO DO VIÉS COGNITIVO EM CAITITUS (Pecari tajacu) MANTIDOS EM BAIAS E GAIOLAS METABÓLICAS PARA ESTUDOS

NUTRICIONAIS

RESUMO

A restrição de espaço em estudos de nutrição que usam gaiolas ou baias metabólicas podem gerar um estado emocional negativo nos animais e contribuir para um bem-estar empobrecido. Nosso objetivo foi utilizar o paradigma do viés cognitivo/julgamento para analisar o efeito da restrição de espaço sob o estado emocional de caititus submetidos a experimentos de nutrição que utilizam gaiolas e baias metabólicas. Seis animais foram submetidos a cinco testes de julgamento, dos quais três em que os animais utilizaram baias metabólicas, com menor restrição de espaço (T1, T3 e T5) e dois nos quais os animais estavam em gaiolas metabólicas com maior restrição de espaço (T2 e T4). Em T2 foi adicionado enriquecimento ambiental e em T4 não houve a inclusão de enriquecimento ambiental. Seis animais foram treinados através de condicionamento operante a realizar uma tarefa do tipo “ir/não ir” a alimentar-se após um estímulo sonoro. Ao atender ao comando “ir” (apito - E+) o animal recebia uma recompensa (alimento) e durante o comando “não ir” (som de um caxixi - E-) evitava a punição (jato d’água) e a ausência de recompensa. Durante os testes de viés de julgamento um terceiro sinal ambíguo (som de uma placa de alumínio- EA) era apresentado, no qual o animal deveria decidir-se pelo comando (“ir”, otimista) ou (“não ir”, pessimista). Adicionalmente, monitoramos os metabólitos de glicocorticóides fecais para avaliar o estresse dos indivíduos durante os tratamentos. O paradigma do viés cognitivo mostrou-se eficiente para analisar o efeito da redução de espaço sob o estado emocional dos caititus. Durante os três primeiros testes (T1, T2, e T3) os porcos apresentaram proporções semelhantes de 'ir' respostas a E + (0,3 ± 0,0), E- (0,3 ± 0,0) e EA (0,4 ± 0,1), mostrando, assim, sem viés pessimista ou otimista. Os animais alojados em gaiolas metabólicas sem enriquecimento ambiental (T4) apresentaram viés de julgamento pessimista, a proporção de respostas “ir” para o estímulo ambíguo (0,28±0,28) foi similar (P=0,18) à proporção verificada após a emissão do sinal negativo (0,14±0,21) e diferente (P=0,05) da proporção de respostas verificadas após o sinal positivo (0,48±0,39). No T4 os animais apresentaram uma elevação dos metabólitos de glicocorticóides fecais (219,6±49,69 ng.g-1) que foi carreado para o T5 (196,4±55,05 ng.g-1). No T5 proporção de respostas "ir" durante a apresentação do sinal ambíguo (0,34±0,29) não diferiu (P=0,70) da proporção registrada após a emissão do sinal negativo (0,26±0,42). Este efeito, no entanto, foi menor (P=0,048) do que o registrado após a emissão do sinal positivo (0,44±0,36.O enriquecimento ambiental mostrou-se positivo para minimizar o estresse dos animais em gaiolas metabólicas. Nosso estudo concluiu que a restrição de espaço causa um prejuízo ao estado afetivo dos animais e que pode haver um viés na interpretação dos resultados dos estudos nutricionais, oriundo deste estado emocional.

Palavras-chave: bem-estar; caititus; enriquecimento ambiental; estresse, espaço disponível, julgamento; viés cognitivo.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

ix

EVALUATION OF COLLARED PECCARY (Pecari tajacu) EMOTIONAL STATES UNDER NUTRITIONAL STUDIES IN METABOLIC PENS AND CAGES BY USING COGNITIVE BIAS PARADIGM.

ABSTRACT

The maintenance of animals in restricted space, such as metabolism cages used in nutritional experiments, can negatively affect their emotional state, compromising the results. We tested this hypothesis using the judgment-bias paradigm to evaluate whether space restriction affects the emotional state of collared peccary (Pecari tajacu) during a nutritional experiment. We individually trained six adult male peccaries to ‘go’ when a positive auditory cue (whistle; CS+) was given, when they received cassava root pieces as a reward; and to ‘not-go’ when a negative cue (caxixi sound, a percussion instrument; CS-) was sounded to avoid punishment and no reward. An ‘ambiguous’ auditory cue (a drumstick hitting an aluminum plate; CSA) was presented to probe decision-making under ambiguity. Individuals were subjected to five tests following the order: T1 (control-no space restriction), T2 (space restriction with environmental enrichment), T3 (control-no space restriction), T4 (space restriction without environmental enrichment), T5 (control-no space restriction). Each animal was exposed to 10 judgment bias trials of each of the three cue types: CS+, CS-, and CSA. We recorded whether animals showed the ‘go’ and ‘not-go’ response after each kind of cue. We also determined the fecal glucocorticoid metabolite concentration during the tests. During the first three tests (T1, T2, and T3) the peccaries showed similar proportions of ‘go’ responses to CS+ (0.3±0.0), CS-(0.3±0.0), and CSA (0.4±0.1) cue types (Ps>0.07), thus showing no pessimistic or optimistic bias. During the final tests (T4 and T5), however, the animals showed higher proportions of ‘go’ responses (P<0.05) to CS+ (0.5±0.0) than to both CSA (0.3±0.0) and CS- (0.2±0.1), which occurred in similar proportions (P>0.54), treating the ambiguous cue similarly to the negative cue. Moreover, during T4 and T5, the fecal glucocorticoid metabolite concentrations were higher than during the other tests (208.0±16.4 vs. 141.6±25.9 ng.g-1 dry feces, Ps<0.03). Therefore, the space restriction causes pessimistic bias and distress to peccaries, which can be improved by the introduction of environmental enrichment.

Keywords: animal welfare; cognitive bias; environmental enrichment; judgment metabolic cage; peccaries; space available, stress

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

x

LISTA DE FIGURAS

REVISÃO DE LITERATURA

Figura 1: Mapa de distribuição do caititu (Pecari tajacu)................................... 24

Figura 2: Indivíduo representante da espécie Pecari tajacu.do Laboratório de etologia Aplicada, LABET.................................................................

25

ARTIGO CIENTÍFICO

Figura 1: Baias metabólicas para estudos nutricionais..................................... 33

Figura 2: Croqui da divisão do espaço disponível: A+B (baia metabólica) - B (gaiola metabólica)...........................................................................

34

Figura 3: Delineamento experimental.............................................................. 38

Figura 4: Médias da proporção de respostas “go” em cada teste (T1,T2, T3, T4 e T5) para cada sinal positivo(E+), negativo (E-) e ambíguo (EA). As barras representam o erro padrão; Letras diferentes representam diferença significativa (a≠b) e letras iguais quando não há diferença................................................................................

42

Figura 5: Médias da proporção da concentração de metabólitos de glicocorticóides em cada teste (T1, T2, T3, T4 e T5). As barras representam o erro padrão. Letras diferentes representam diferença significativa (a≠b) e letras iguais quando não há diferença.............

43

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

xi

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12

2. OBJETIVO ................................................................................................... 15

2.1 Geral ........................................................................................................... 15

3. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 16

3.1Bem estar animal e enriquecimento ambiental ......................................... 16

3.2 Estado emocional em animais ................................................................... 19

3.3 O paradigma do viés Cognitivo ................................................................ 21

3.4 O Caititu (Pecari tajacu) ............................................................................ 24

3.4.1 Criação em cativeiro 27

4. ARTIGO CIENTÍFICO .............................................................................. 29

Introdução ........................................................................................................ 31

Material e métodos ........................................................................................... 33

Resultados ........................................................................................................ 41

Discussão .......................................................................................................... 44

Implicações para o bem-estar animal e conclusões ....................................... 49

Referências ....................................................................................................... 49

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 55

6. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 56

ANEXO ................................................................................................................ 67

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

12

1. INTRODUÇÃO

A preocupação com as questões sobre o bem-estar de animais que vivem

em ambientes de cativeiro ou de laboratório é crescente nos dias atuais

(DAWKINS, 2003; 2004, MASON, 2010). Estudos realizados com diversas

espécies indicam a importância da qualidade do ambiente e do alojamento em

que os animais estão acondicionados para o bom desenvolvimento do seu estado

físico e mental e consequente bem-estar (FREGONESI; LEAVER, 2002,

NAPOLITANO et al., 2004, KORHONEN, 2000, WENG; EDWARDS;

ENGLISH, 1998).

Experimentos que analisem o efeito do espaço restrito sob seu bem-estar

de animais de laboratório são de grande importância para validar tal

acondicionamento e promover melhorias na qualidade do ambiente desses

animais (NAPOLITANO et al., 2004, PETHERICK, 2007, VERMEER; GREEF;

HOUWERS, 2014). Inúmeros testes podem ser realizados com o objetivo de

avaliar a qualidade de alojamento e o bem-estar de animais. Testes de preferência

ou hormonais, além de medidas comportamentais são ferramentas importantes

para alcançar esse objetivo (ROSS et al., 2009). Esses testes, no entanto, não são

direcionados à compreensão do estado emocional dos animais. Já o paradigma de

viés de julgamento ou viés cognitivo busca analisar a interferência do estado

emocional dos animais nos processos de tomada de decisão e assim fornecer

informações sobre o bem-estar psicológico dos animais (MENDL et al., 2009).

Este paradigma, proposto pela primeira vez por Harding et al.(2004), tem

sido apresentado de forma satisfatória em muitas espécies tais como ratos (Rattus

norvegicus: BRYDGES et al., 2011; HARDING et al., 2004), pássaros (Sturnus

vulgaris: BATESON; MATHESON, 2007; BRILOT et al., 2009), galinhas

(Gallusgallus: HYMEL; SUFKA, 2012), ovelhas (Ovis Áries: DESTREZ et al.,

2013; DOYLE et al., 2011b), suínos (Sus scrofa:DOUGLAS et al., 2012;

MURPHY; NORDQUIST; VAN DER STAAY, 2013), cães (Canis lupus

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

13

familiaris: BURMAN et al., 2011; MÜLLER et al., 2012), primatas (Macaca

mulatta: BETHELL et al., 2012), abelhas (Apis mellifera carniça: BATESON et

al., 2011) e recentemente com pecaris (Tayassu pecari: FERNANDES, 2014).

Por meio desteparadigma o indivíduo deve julgar um estímulo ambíguo

desconhecido como positivo ou negativo (MENDL et al., 2009), sendo possível

analisar a valência emocional do comportamento (DOYLE et al., 2010; 2014;

MENDL et al., 2010). Estudos recentes evidenciaram que a memória de um

ambiente desfavorável em estímulos, provoca efeitos negativos nas tomadas de

decisão desses animais (BATESON; MATHESON, 2007; DOUGLAS et al.,

2012). Esses trabalhos reforçam a ideia de que possa haver a presença de um viés

de julgamento quando existe um prejuízo cognitivo causado por um abalo

emocional devido a não adequação das diferentes necessidades do animal

(BATESON; MATHESON, 2007; DOUGLAS et al., 2012).

O enriquecimento ambiental, por sua vez, é uma técnica vista como

alternativa para melhoria do bem estar de animais que vivem em condição de

cativeiro e/ou em laboratórios (WELLS, 2009). Esta técnica descreve como os

ambientes de cativeiro podem ser alterados de modo a estimular os animais e

beneficiá-lo sem detrimento de um estado emocional deletério como a presença

de estereotipias e depressão (YOUNG, 2003).O uso apropriado desta técnica

pode manter a motivação dos animais (WATTERS, 2009) e influenciar

positivamente na aprendizagem, no enfrentamento de dificuldades em relação à

adaptação ao ambiente e no comportamento social (VAN DE WEERD; DAY,

2009), tendo como consequência a melhoria do bem-estar dos animais em

questão (WATTERS, 2009).

O caititu (Pecari tajacu) é uma espécie silvestre neotropical com

distribuição geográfica do nordeste da Argentina ao sul dos Estados Unidos

(SOWLS, 1997). Desperta grande interesse zootécnico por apresentar carne com

características organolépticas de alto valor (GROVES; GRUBS, 1993), um couro

apreciado no mercado internacional (NOGUEIRA FILHO; NOGUEIRA, 2000) e

pelo fato de ser considerada como uma fonte de subsistência para populações

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

14

carentes, pois representam uma fonte alternativa de proteína animal

(NOGUEIRA FILHO; NOGUEIRA, 2004). No entanto, no que diz respeito a sua

manutenção em cativeiro e seu manejo, muitas questões ainda suscitam mais

investigação (NOGUEIRA; NOGUEIRA FILHO, 2011) e em especial sobre o

estado afetivo desses animais em condições de restrição de espaço em estudos de

nutrição que fazem uso de gaiolas ou baias metabólicas. Desta forma, o presente

estudo, será o primeiro a levantar tal questionamento sob o efeito da restrição de

espaço sob o estado emocional de caititu e seu efeito sob suas tomadas de

decisão.

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

15

2. OBJETIVO

2.1 Geral

Nosso objetivo foi utilizar o paradigma de viés cognitivo para analisar o efeito da

restrição de espaço sob o estado emocional de caititus (Pecari tajacu) mantidos

em gaiolas e baias metabólicas. Adicionalmente, pretendemos avaliar o efeito da

inclusão de enriquecimento ambiental nas gaiolas metabólicas e monitorar os

metabólitos de glicocorticóides fecais dos animais para monitorar seu estresse.

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

16

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1Bem estar animal e enriquecimento ambiental

São crescentes as preocupações com o bem-estar de animais que vivem

em cativeiro, e também com aqueles que passam por experimentos em

laboratórios (DAWKINS, 2003; 2004). Os motivos pelos quais há interesse em

se estudar o bem-estar de animais vão desde motivos éticos sobre a possibilidade

de diminuição de seu sofrimento (DAWKINS, 2000) até o impacto econômico

com qual um animal debilitado pode proporcionar para a produção animal

(BRYDGES; BRAITHWAITE, 2008). Para os estudiosos desse assunto, tem

sido dada a tarefa de definir os objetivos e os parâmetros quantificáveis do estado

de bem- estar animal, uma vez que, o consenso sobre o seu conceito e de como

medir o bem-estar animal são definidos de acordo com a moral e ética de uma

sociedade (OHL;STAAY, 2012). O bem-estar animal, já foi associado somente a

aspectos clínicos do animal, ou seja, sobre a ausência de doença (BROOM, 2011;

DAWKINS, 2003). Atualmente, este conceito é mais dinâmico (OHL; STAAY,

2012) e pode ser definido como o estado do indivíduo em relação as suas

tentativas de lidar com seu ambiente (BROOM, 1986) considerando também

aspectos de seu estado mental (BROOM, 2011; MENDL et al., 2010).

Atualmente há consenso na sociedade de que os animais em ambiente de

produção, zoológico ou de laboratório precisam de benefícios que atendam suas

necessidades e que garantam seu bem estar (DAWKINS, 2008). Métodos que

avaliema qualidade do bem-estar de animais são necessários (BATESON;

MATHESON, 2007), uma vez que que tal conceito engloba muito mais que

ausência de sofrimento (WEMELSFELDER, 2007).Os animais podem ter um

bem-estar considerado bom quando estão saudáveis e é dado aquilo que

necessitam tanto físico quanto mental, pertinenteà espécie (DAWKINS, 2008;

YOUNG, 2003).

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

17

Os animais mantidos em laboratório para estudos de nutrição, em geral,

estão alojados em espaços restritos,tais como gaiolas ou baias metabólicas. Este

tipo de ambiente restrito pode afetar seu estado físico e mental (HANSEN;

BERTHELSEN, 2000). Este efeito da restrição pode gerar um viés nos resultados

dos estudos aos quais estes animais são submetidos (BALCOMBE; BARNARD;

SANDUSKY, 2004), além de seremuma grande preocupação para os estudiosos

do bem-estaranimal os quais tem direcionado esforços para avaliar e melhorara

saúde física e mental desses animais (HURST et al., 1999; WELLS, 2009).

São muitos os estudos que já analisaram o efeito do espaço no

desenvolvimento e bem-estar do animal (suínos: AVERÓS et al., 2010;

VERMEER; GREEF; HOUWERS, 2014; canídeos: NORMANDO et al., 2014;

KORHONEN et al., 2000; bovídeos: FREGONESI; LEAVER, 2002; caprinos:

SIBBALD, SHELLARD, SMART, 2000; CAROPRESE, et al., 2009). Em um

experimento com búfalos, por exemplo, em que foi medida a influência do

espaço sobre o bem- estar, foi observado que quando o animal estava alojado

com restrição de espaço houve uma diminuição do comportamento de locomoção

equando colocado em um espaço maior houve aumentodesse

comportamento,bem como comportamentos de galopes, além de vocalizações

indicando um bem-estarmelhorado (NAPOLITANO et al., 2004). Com suínos,

também foi observado que há alteração de seus padrões comportamentais quando

estão sob restrição do espaço diminuindo o comportamento exploratório

(JENSEN; STUDNITZ; PEDERSEN, 2010). Tais estudos, portanto, validam a

preocupação com a restrição de espaço e nos remetem a questionamentos sobre a

interferência de um bem-estar empobrecido em função desta restrição em

resultados de pesquisa que são realizadas com animais nestas condições

restritivas.

O estresse é uma resposta biológica a um estímulo externo que perturba a

estabilidade do indivíduo (MOBERG, 2000). A análise de metabólitos de

glicocorticóides fecais é uma ferramenta capaz de avaliar a resposta fisiológica

do animal ao estresse (WASSER et al., 2000). Morrow et al. (2002) ressaltam

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

18

que o cortisol elevado em mamíferos pode ser um meio de adaptação do animal

ao estresse através da mobilização de mecanismos internos capazes de regular

uma resposta inflamatória ou uma lesão, por exemplo. Em geral animais de

laboratório também apresentam bem-estar empobrecido por estarem alojados em

um ambiente pobre em estímulos (WATTERS, 2009;VAN DE WEERD; DAY,

2009). Este efeito, no entanto, pode ser minimizado com a inserção de

enriquecimento ambiental. Animais alojados em gaiolas metabólicas, por

exemplo, apresentam diminuição dos metabólitos de glicocorticóides (BUIJS et

al., 2011).

O enriquecimento ambiental podemelhorar a qualidade de vida e bem-

estar dos animais, uma vez que é uma alternativa de adaptação do animal às

alterações do seu ambiente (NEWBERRY, 1995). O ambiente de cativeiro, em

geral, éprevisível econstante, diferente do encontrado em vida livre (WATTERS,

2009).Em ambiente de laboratório, o enriquecimento oferece ao animal um

padrão diferente do que vivencia no diaa dia (VAN PRAAG; KEMPERMANN;

CAGE, 2000) com mais imprevisibilidade (NOGUEIRA et al. 2011). O uso

apropriado do enriquecimento ambiental pode auxiliar na motivação animal

(WATTERS, 2009) e é uma possibilidade para a redução de comportamentos

anormais e aumento da frequência de comportamentos espécie-específicos (VAN

DE WEERD;DAY, 2009 ; YOUNG, 2003), além de manter ou melhorar a

sanidade animal, bem como promover melhorarias no sistema de produção (VAN

DE WEERD; DAY, 2009).

São vários os tipos de enriquecimento ambiental possíveis de serem

aplicados (YOUNG, 2003).Um programa de enriquecimento promove

consequências que em sua maioria são positivas ao animal que podem ser tantode

ordem neurofisiológica, quanto comportamental (VAN PRAAG;

KEMPERMANN; CAGE, 2000). Watters (2009), aponta que é importante

conhecer a espécie em que será proposto o enriquecimento para que este seja de

fato efetivo, para assim avaliar os efeitos de sua imprevisibilidade. Quanto mais

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

19

novidade e incerteza houver para o animal, no que se refere aos objetos inseridos,

bem como a hora e a distribuição espacial dos objetos, mais motivador será, pois

simulará as incertezas nas quais o animal enfrenta em um ambiente natural

(WATTERS, 2009; NOGUEIRA et al., 2011). Em um estudo com coelhos pode-

se observar que os animais que estiveram em gaiolas enriquecidas com um maior

controle e exploração ambiental, diminuíram os comportamentos anormais

(HANSEN; BERTHELSEN, 2000).Com ratos, também foi observado que

aqueles que se mantiveram em gaiolas enriquecidas tiveram um sono mais

duradouro e comportamentos agonísticos diminuídos (ABOU ISMAIL et al.,

2010). Alguns estudiosos da emoção em animais observaram que o

enriquecimento ambiental pode levar o animal a um estado emocional mais

positivo (BRYDGES et al., 2011; DOUGLAS et al., 2012; LINDSTRÖM, 2010).

3.2 Estado emocional em animais

Discutir a emoção em animais é um dos principais desafios da ciência do

bem-estar (DOYLE et al., 2014; MENDL et al., 2009). Pesquisadores dessa área

já enfrentaram dificuldades tanto de ordem metodológica como filosófica a

respeito do assunto. Primeiramente, por influência do Positivismo que não

considerava os aspectos emocionais do animal como ciência, e em segundo, pela

dificuldade de controlar os aspectos metodológicos da pesquisa, como a

quantificação e controle dos experimentos (FRASER, 2009). Com o aumento das

pesquisas sobre bem-estar e senciência, além do aumento da preocupação da

sociedade com o bem-estar dos animais (BROOM, 2011; DOYLE et al., 2010),

termos que só eram usados para registrar sentimentos em humanos tais como

medo, aflição e sofrimento começaram a ter destaque em estudos de emoção e

bem-estar animal (BROOM, 2011; FRASER, 2009; BOISSY et al., 2007).

A emoção é uma resposta afetiva, caracterizada como uma reação intensa

de curta duração diante de um evento ou estímulo (BRIEFER, 2012). Por muito

tempo a emoção foi considerada como uma capacidade exclusivamente humana

(LEDOUX, 2012), e como sinônimo de “sentimento” (BRIEFER, 2012;

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

20

LEDOUX, 2012) ou como um antropomorfismo (BOISSY et al., 2007). Para

Paul, Harding e Mendl (2005), no entanto, a emoção engloba quatro

componentes: neurofisiológicos, comportamentais, cognitivos e subjetivos. Os

dois primeiros indicadores são de ordem fisiológica e os dois últimos de ordem

mental. Para os pesquisadores acima citados, os termos referentes a respostas

comportamentais e fisiológicas podem variar de acordo com sua valência

(prazeroso/ não prazeroso) e também de acordo com sua intensidade (excitação

ou ativação qualitativa). Paul, Harding e Mendl (2005), também acreditam que a

valência e a intensidade ou excitação são características centrais dos processos de

afetividade e emoção. Assim, a classificação de um indivíduo calmo, relaxado ou

feliz seria apresentada com uma valência positiva e de forma contrária, um

indivíduo estressado, ansioso e medroso apresentaria uma valência negativa

(MENDL et al., 2010).

Alguns estudos tem mostrado que é possível avaliar o estado emocional de

animais (BRIEFER, 2012; PAUL; HARDING; MENDL, 2005) através de

indicadores neurofisiológicos, comportamentais e cognitivos (DOYLE et al.,

2010). Como simplifica Briefer (2012) em relação à emoção de medo: a reação

do animal pode ser observada através de “reações neurofisiológicas (mudanças

na frequência cardíaca, níveis de cortisol), comportamentais (expressões faciais,

vocalizações ou comportamento de fuga frente ao perigo) e cognitivas (atenção a

um estímulo de perigo)”. Os indicadores mais utilizados em pesquisa animal são

os físicos: neurofisiológicos e comportamentais (PAUL; HARDING; MENDL,

2005). Alguns pesquisadores, entretanto, enfatizam que a interpretação desses

indicadores pode ser difícil (BURMAN et al., 2008) pois fornecem importantes

informações quanto à intensidade (DAWKINS, 2003) mas apresentam limitações

quanto à valência emocional positiva ou negativa (DAWKINS, 2004; PAUL;

HARDING; MENDL, 2005). Em relação aos indicadores neurofisiológicos, por

exemplo, um animal pode apresentar um nível de cortisol ou adrenalina elevado

em uma situação de distresse e um nível semelhante quando está acasalando

(LINDSTRÖM, 2010). No que se refere aos indicadores comportamentais este

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

21

precisa da avaliação de um observador (PAUL; HARDING; MENDL, 2005), o

que pode dificultar também a interpretação da valência (BURMAN et al., 2008).

Os estudos que relacionam emoção-cognição representam uma

possibilidade de compreensão dos estados afetivos em animais (PAUL;

HARDING; MENDL, 2005), também são de grande relevância como uma forma

de apresentação da valência emocional (BRIEFER, 2012). A cognição é a

capacidade de internalizar e processar as informações de estímulos externos

(BRYDGES; BRAITHWAITE, 2008) e envolve os processos de percepção do

indivíduo sobre os estímulos, tais como este aprende, memoriza e avalia as

situações para a tomada de decisão (SHETTLEWORTH, 2001). Resumindo, as

experiências percebidas e as emoções dos animais podem afetar o seu estado

cognitivo (BRYDGES; BRAITHWAITE, 2008).

Como os processos cognitivos são aceitos em animais (BRYDGES;

BRAITHWAITE, 2008) sem ter que fazer referência ao subjetivo ou a

consciência (SHETTLEWORTH, 2001), os testes cognitivos que envolvem

aprendizado e os de preferência, em que o animal precisa fazer uma escolha

podem ser uma opção para se analisar os estados afetivos (BRYDGES;

BRAITHWAITE, 2008). O termo viés cognitivo tem sido usado para mostrar que

a emoção pode influenciar na função cognitiva de memória, atenção e

julgamento (BURMAN et al., 2011, MENDL et al., 2009). Essa ferramenta foi

proposta pela primeira vez em animais por Harding et al.(2004) e é possível

avaliar seus componentes cognitivos (MENDL; PAUL, 2008) e revelar mais

claramente a valência emocional (PAUL; HARDING; MENDL, 2005)sendo um

bom indicativo para o bem-estar animal.

3.3 O paradigma do viés Cognitivo

Em humanos sabe-se que o humor pode influenciar nos processos

cognitivos (DOYLE et al., 2010; LINDSTRÖM, 2010). O termo viés cognitivo

na Psicologia é empregado para se referir aos efeitos do estado emocional sobre

processos cognitivos como atenção, memória e julgamento (MENDL et al.,

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

22

2009), sendo possível também avaliar a valência emocional (DOYLE et al.,

2010; DOYLE et al., 2014). Esse efeito do humor sobre os processos cognitivos

pode levar um indivíduo com o humor deprimidoa julgar um evento futuro

desconhecido de forma pessimista, assim como, a pessoa em um estado positivo

pode julgar um evento futuro de forma mais otimista(MENDL et al., 2009;

PAUL; HARDING; MENDL, 2005). Lindström (2010) ressalta bem essa relação

exemplificando o julgamento de um copo de água pela metade: o indivíduo tem a

possibilidade de classificá-lo como meio cheio ou como meio vazio. Pessoas com

estado emocional positivo tendem a classificaro copo como meio cheio, diferente

se a pessoa está com um estado emocional negativo, poderá enxergar o copo

como meio vazio.

De forma semelhante aos humanos, a maioria das pesquisas com animais

não humanos estudam o viés de julgamento,em que o indivíduo apresenta uma

capacidade em julgar um estímulo ambíguo como positivo ou negativo (MENDL

et al., 2009). O primeiro estudo com animais sobre o uso de viés cognitivo,como

acima citado,foi escrito por Harding et al.(2004)e trouxe um grande avanço para

as pesquisas de bem-estar no que se refere a avaliação do estado emocional.

Nesse trabalho, ratos foram condicionados, a partir de um sinal sonoro, a realizar

uma tarefa do tipo “go/no go” para obter uma recompensa, e diante de outro sinal

abster-se de realizar essa tarefa para evitar uma punição, ou a ausência de

recompensa. Além dos sinais já treinados, um novo sinal ambíguo é apresentado

ao animal, um sinal em que não haverá recompensa ou punição, no qual o animal

julgará esse estímulo de forma positiva ou negativa (HARDING et al., 2004). As

respostas referentes a esse julgamento podem ser definidas operacionalmente

como ‘'otimismo’' (positiva) ou ‘'pessimismo’' (negativa). Para se evitar

discussões a respeito do antropomorfismo, o otimismo refere-se a classificação

do estímulo ambíguo como recompensa positiva e pessimismo quando o estímulo

é classificado como punição ou ausência de recompensa (BRILOT et al., 2009;

DOUGLAS et al., 2012).

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

23

O viés cognitivo pode ser estudado de forma ampla e permite que as

tarefas desenvolvidas sejam adequadas para diferentes espécies desde que

adaptadas à capacidade sensorial para que haja uma maior efetividade do

aprendizado (DOYLE et al., 2011b),assim como, a manipulação afetiva

envolvida (MENDL et al., 2009). Desde então, muitos estudiosos vem

desenvolvendo o paradigma de viés cognitivousando o “go/no go” demostrando a

importância e a validade desse tipo de pesquisa para a melhoria do conhecimento

dos processos emocionais e sua relação com o bem-estar de animais (HARDING

et al., 2004; BURMAN et al., 2008; BATESON; MATHESON, 2007;

BETHELL et al., 2012: BATESON et al., 2011: DOYLE et al., 2010:

DOUGLAS et al., 2012).

Para um melhor aproveitamento das pesquisas realizadas sobre esse

assunto alguns fatores são essenciais a serem seguidos: o sinal utilizado

(auditivo, visual e espacial), as tarefas desenvolvidas, a escolha dos reforçadores

positivos e negativos, o tipo de manipulação afetiva (ganho/perda de

enriquecimento ambiental, indução de estresse) e a quantidade de sinais

ambíguos são fatores importantíssimos que devem ser levados em consideração

(MENDL et al., 2009). Doyle et al. (2010) ressaltam que devido ao fato dos

sinais ambíguos não serem reforçados com punição nem recompensa, se forem

apresentados muitas vezes ao animal, ele poderá aprender o que pode dificultar a

tarefa “go/no go”.

O ambiente é uma variável importante para ser levado em consideração

em estudos de viés cognitivo, e exerce muita influência sobre os estados afetivos

(MENDL et al., 2010).Mudanças no ambiente poderão influenciar no

processamento de informações e respostas aos estímulos ambíguos (BETHELL

et al., 2012). Nesse sentido, os experimentos que manipulam o humor,como

introdução/e ou perda de enriquecimento ambiental (BETHELL et al., 2012;

DOUGLAS et al., 2012), indução de estresse (BATESON et al., 2011;

BETHELL et al., 2012; DESTREZ et al., 2013) a simulação de um predador

gerando ansiedade (BRILOT et al., 2009), assim como as experiências

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

24

recompensadoras (DOYLE et al., 2010; BURMAN et al., 2011) evidenciam mais

a relação emoção-cognição por serem mais passíveis de controle (PAUL;

HARDING; MENDL, 2005). Estudos evidenciam que a memória de um

ambiente desfavorável em estímulos, provoca efeitos negativos nas tomadas de

decisão. Esses trabalhos reforçam a ideia de que possa haver a presença de um

viés de julgamento quando existe um prejuízo cognitivo causado pelo não

reconhecimento das suas diferentes necessidades (BATESON; MATHESON,

2007; DOUGLAS et al., 2012).

É importante enfatizar que além dos manipuladores externos que

influenciam na emoção como no caso o ambiente, pode-se utilizar os fármacos

como manipuladores internos (MENDL et al., 2009). Estes podem ser

observados em vários trabalhos (DESTREZ et al., 2012; DOYLE et al., 2011a;

HYMEL; SUFKA, 2012; RYGULA; PAPCIAK; POPIK, 2014). Assim, o estado

afetivo de um animal e consequentemente, o viés cognitivo apresentado, podem

ser alterados por meio de substâncias reguladoras da emoção (RYGULA;

PAPCIAK; POPIK, 2014).Recentementeem um estudo sobre viés cognitivo com

queixadas (Tayassu pecari), mostrou-se que o manejo de captura, representou um

evento estressor para os animais, indicando um viés pessimista. Esses dados

mostraram que as práticas adotadas para o manejo desses animais pelo homem

no ambiente de cativeiro afetam o estado emocional desses animais

(FERNANDES, 2014). Esses estudos evidenciaram que os testes de viés

cognitivo podem ser usados em muitas espécies, inclusive com espécies não

domesticadas, e que com adaptações podem ser aplicadas de forma eficaz,

revelando um potencial para avaliar estados positivos e negativos e serem uma

medida efetiva para os estados emocionais e do bem-estar animal (MENDL et

al., 2009).

3.4 O Caititu (Pecari tajacu)

É um animal silvestre também chamado de porco do mato e juntamente

com os queixadas (Tayassu pecari), e o taguá ou gigante (Catagonus wagneri),

fazem parte da ordem dos Artiodactyla, subordem Suiformes, família

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

25

Tayassuidae (GROVES; GRUBS, 1993, SOWLS, 1997). Sua distribuição

geográfica é ampla (Figura 1) desde o sul dos Estados Unidos da América

passando por toda América Central até a América do Sul onde ocorre a leste dos

Andes até o norte da Argentina (GRUBS; GROVES, 1993).

Esses animais se adaptam a diversas formações florestais e climáticas,

sendo encontrados tanto em florestas tropicais úmidas quanto em regiões

semiáridas (GRUBS; GROVES, 1993; SOWLS, 1997).

Figura1 -Mapa de distribuição do caititu (Pecari tajacu) Fonte: www.continentcolored.com.br

Em relação às características morfológicas e gerais da espécie, o peso

varia entre22 – 30 kg e pode apresentar variações a depender do sexo (GRUBS;

GROVES, 1993). Em sistemas de produção, um caititu jovem pode ganhar em

média 60 gramas por dia (NOGUEIRA; NOGUEIRA FILHO, 2011). A cabeça é

desproporcional em relação ao corpo, suas pernas e pés são relativamente

pequenos e delgados, sendo que seus membros anteriores apresentam quatro

dígitos e os posteriores três dígitos e apenas os metacarpos e metatarsos são

funcionais (SOWLS, 1997). Em relação aos pelos, são longos, ásperos e

geralmente com tonalidade cinza mesclada com preto, dando uma aparência

acinzentada. Em volta do pescoço possuem um conjunto de pelos brancos que se

assemelha a um colar (Figura 2) (SOWLS, 1997). Esses animais possuem uma

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

26

glândula de cheiro na porção final da região lombar, diretamente associada ao

comportamento social, que produz um forte odor que tem como função a

marcação do território (GRUBS; GROVES, 1993; SOWLS, 1997). Esses animais

geralmente são confundidos com porcos domésticos (Sus sucrofa) por possuírem

características e hábitos semelhantes (SOWLS, 1997). Tanto os suínos quanto os

pecaris possuem o focinho achatado e apoiado por cartilagem (GRUBS;

GROVES, 1993) o que lhes permite apresentar um comportamento característico

da espécie que é fuçar o solo (HERRING, 1972).

Figura 2-Indivíduo representante da espécie Pecari tajacu.do Laboratório de Etologia Aplicada, LABET Fonte: Karen

Martins

Os caititus apresentam pouca orientação visual, com olfato e audição bem

apurados (SOWLS, 1997). Em relação à preferência alimentar são animais

onívoros comem frutos, folhas, raízes, sementes e podem se alimentar também de

pequenos vertebrados e invertebrados como fonte de proteína (SOWLS, 1997).

Em cativeiro a alimentação pode ser adaptada a ração e complementada por

outros alimentos como mandioca, abóbora e milho (NOGUEIRA FILHO;

NOGUEIRA, 2004).

Em relação ao comportamento, os caititus são animais que vivem em

sociedade (NEAL,1959), em grupos pequenos (DUBOST, 2001), compostos de 7

a 15 indivíduos (NEAL,1959). Estes grupos são mistos e estáveis, podendo

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

27

existir mecanismos que promovem a coesão dos indivíduos dentro de seus grupos

(SOWLS, 1997). A espécie não possui hierarquia de dominância e aceitam a

introdução de outros animais no grupo, porém é comum a formação de sub-

grupos nesta situação (NOGUEIRA FILHO, SATO; NOGUEIRA, 1999). O fato

desses animais viverem em bandos apresenta algumas inconveniências que é o

fato de atraírem mais predadores e disseminar doenças (SOWLS, 1997).

No que se refere ao padrão de atividade desses animais, são mais ativos no

início e meio da manhã, final da tarde e início da noite (BODMER; SOWLS,

1993; VENTURIERI; LE PENDU, 2006). Esse padrão pode ser diferenciado a

depender das atividades do cativeiro (VENTURIERI; LE PENDU, 2006).

3.4.1 Criação em cativeiro

O caititu é considerado uma espécie silvestre e são explorados pela caça

de subsistência (NOGUEIRA FILHO; SATO; NOGUEIRA, 1999). Por terem

uma carne muito palatável e couro de excelente qualidade, despertam grande

interesse zootécnico (GRUBS; GROVES 1993). Seu couro pode ter um elevado

rendimento econômico para os produtores rurais (NOGUEIRA FILHO;

NOGUEIRA, 2000) e países como Alemanha, Itália e Japão são os principais

compradores (SOWLS, 1997). Essa espécie é muito importante (GRUBS;

GROVES, 1993) por ser considerada como uma fonte de subsistência para

populações carentes, pois representam uma fonte alternativa de proteína animal

(GRUBS; GROVES 1993; SOWLS, 1997). Por onde passam destroem o solo e

plantas e por isso são considerados animais praga e podem ser um alvo fácil para

caçadores, pois são fáceis de serem encontrados na natureza (SOWLS, 1997).

As leis no Brasil não aceitam a caça de animais silvestres, mas as criações

em cativeiro podem ser legalizadas. Por mais que não sejam aceitas por

conservacionistas, ainda assim, podem trazer grandes benefícios para a fauna e

conservação de florestas, por serem um banco genético e um reservatório para

repovoamento de áreas onde não estão mais presentes, além de ser uma

alternativa proteica em detrimento do gado que exige desmatamento de grandes

áreas e consumo de soja em grandes quantidades (NOGUEIRA; NOGUEIRA

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

28

FILHO, 2011). A criação em cativeiro tem o potencial de diminuir a caça ilegal,

viabilizando a produção familiar e garantindo alternativas econômicas

(NOGUEIRA; NOGUEIRA FILHO, 2011).

A produção de caititus exige pesquisas para o desenvolvimento de dietas

que barateiem a produção e para isto há necessidade de manter estes animais,

ainda rústicos, em gaiolas metabólicas para avaliar sua manutenção e

desempenho com tais dietas, o que pode trazer um grande desconforto ao animal

pela restrição de espaço, sem contar com o isolamento social. As gaiolas

metabólicas são estruturas que permitem a separação da urina e fezes para coleta

e posterior análise dessas excretas (DEMIRKAN; MELLI, 2007). Além de

permitir o controle total da ingestão de alimentos e água (TARLAND, 2007).

Geralmente os animais inseridos nessa condição ficam isolados do grupo e em

contato um ambiente de piso artificial, diferente do local de seu habitat natural, o

que pode ser um causador de estresse para os animais, interferindo nos

parâmetros fisiológicos e consequentemente no seu bem-estar (HOPPE et al.,

2009, TARLAND, 2007). Os estudos sobre o efeito do uso de gaiolas

metabólicas sobre o bem-estar de animais ainda são poucos (TARLAND, 2007).

Sabe-se, entretanto, que animais nessa condição de confinamento podem

apresentar a função hormonal alterada (SIARD et al., 2003; HOPPE et al., 2009),

alterações no ganho de peso (ROYO et al., 2005).

Neste contexto, o Laboratório de Nutrição de Animais Neotropicais

idealizou baias metabólicas que conferem mais espaço aos animais. Os estudos

nutricionais tem se mostrado eficientes, no entanto, até o presente não havia uma

análise sobre a melhoria de bem-estar dos animais nesta nova condição. Assim, o

presente estudo fará tal análise usando o paradigma do viés- cognitivo.

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

29

4. ARTIGO CIENTÍFICO

(A ser submetido para a revista Animal Welfare)

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

30

Avaliação do viés cognitivo em caititus (Pecari tajacu) mantidos em baias e gaiolas

metabólicas para estudos nutricionais

F.R.M. Oliveira, S.S.C. Nogueira

Laboratório de Etologia Aplicada, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Rod Ilhéus Itabuna km 16, Ilhéus, BA, Brazil 45662-000

Abstract

The maintenance of animals in restricted space, such as metabolism cages used in nutritional experiments, can negatively affect their emotional state, compromising the results. We tested this hypothesis using the judgment-bias paradigm to evaluate whether space restriction affects the emotional state of collared peccary (Pecari tajacu) during a nutritional experiment. We individually trained six adult male peccaries to ‘go’ when a positive auditory cue (whistle; CS+) was given, when they received cassava root pieces as a reward; and to ‘not-go’ when a negative cue (caxixi sound, a percussion instrument; CS-) was sounded to avoid punishment and no reward. An ‘ambiguous’ auditory cue (a drumstick hitting an aluminum plate; CSA) was presented to probe decision-making under ambiguity. Individuals were subjected to five tests following the order: T1 (control-no space restriction), T2 (space restriction with environmental enrichment), T3 (control-no space restriction), T4 (space restriction without environmental enrichment), T5 (control-no space restriction). Each animal was exposed to 10 judgment bias trials of each of the three cue types: CS+, CS-, and CSA. We recorded whether animals showed the ‘go’ and ‘not-go’ response after each kind of cue. We also determined the fecal glucocorticoid metabolite concentration during the tests. During the first three tests (T1, T2, and T3) the peccaries showed similar proportions of ‘go’ responses to CS+ (0.3±0.0), CS-(0.3±0.0), and CSA (0.4±0.1) cue types (Ps>0.07), thus showing no pessimistic or optimistic bias. During the final tests (T4 and T5), however, the animals showed higher proportions of ‘go’ responses (P<0.05) to CS+ (0.5±0.0) than to both CSA (0.3±0.0) and CS- (0.2±0.1), which occurred in similar proportions (P>0.54), treating the ambiguous cue similarly to the negative cue. Moreover, during T4 and T5, the fecal glucocorticoid metabolite concentrations were higher than during the other tests (208.0±16.4 vs. 141.6±25.9 ng.g-1 dry feces, Ps<0.03). Therefore, the space restriction causes pessimistic bias and distress to peccaries, which can be improved by the introduction of environmental enrichment.

Keywords: animal welfare; cognitive bias; environmental enrichment; judgment metabolic cage; peccaries; stress

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

31

Introdução

A preocupação com o bem-estar de animais que vivem em confinamento seja

para fins comerciais ou para uso em laboratório tem sido crescente nos últimos anos

(Dawkins 2003; 2004a; Mason 2010). Em geral, os animais submetidos a estudos de

nutrição animal são mantidos em espaços restritos, tais como gaiolas ou baias

metabólicas, o que pode afetar tanto seu estado físico, como psicológico (Hansen &

Berthelsen 2000; Lund et al 2012, Petherick 2007). Ao longo dos últimos anos tem sido

desenvolvidos inúmeros testes que tem norteado pesquisas sobre o estado físico de

animais e sua relação com o bem-estar (Ross et al 2009). Tais estudos utilizam testes de

preferência, indicadores hormonais, bem como medidas comportamentais (Ross et al

2009). A maioria destes testes, no entanto, não possibilitam uma avaliação sobre o

estado emocional dos animais.

Estudos recentes que relacionam emoção e cognição apontam uma possibilidade

de compreensão dos estados afetivos em animais (Paul et al 2005).O paradigma de viés

de julgamento ou viés cognitivo busca analisar a interferência do estado emocional dos

animais nos seus processos de tomada de decisão e assim pode fornecer informações

importantes sobre o bem-estar psicológico dos animais e da valência positiva ou

negativa deste estado (Mendl et al 2009; Paul et al 2005). Assim, a classificação de um

indivíduo calmo, relaxado ou feliz seria apresentada com uma valência positiva e de

forma contrária, um indivíduo estressado, ansioso e medroso apresentaria uma valência

negativa (Mendl et al 2010).

Em humanos o humor pode influenciar os processos cognitivos (Doyle et al

2010; Lindström 2010). Um indivíduo deprimido tende a julgar um evento futuro

desconhecido de forma pessimista, assim como a pessoa em um estado positivo, tende a

julgar um evento futuro de forma mais otimista (Mendl et al 2009; Paul et al 2005).

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

32

Estudos recentes sobre viés de julgamento em animais não humanos (Doyle et al 2010;

Douglas, et al 2012; Harding et al 2004) têm evidenciado que estes podem apresentar a

capacidade de julgar um estímulo ambíguo como positivo ou negativo dependendo de

seu estado emocional (Mendl et al 2009), podendo assim validar uma análise do bem-

estar mental do indivíduo.

Harding et al (2004), estudando primordialmente ratos (Rattus novergicos),

trouxeram um grande avanço para as pesquisas de bem-estar animal no que se refere à

avaliação do estado emocional com animais. As pesquisas neste campo têm sido

apresentadas de forma satisfatória em muitas espécies tais como pássaros (Sturnus

vulgaris: Bateson&Matheson, 2007; Brilot et al 2009), galinhas (Gallus gallus:

Hymel&Sufka, 2012), ovelhas (Ovis aries: Destrez et al 2013; Doyle et al 2011b),

suínos (Sus scrofa: Douglas, et al 2012, Murphy et al 2013), cães (Canis lupus

familiaris: Burman et al 2011; Müller et al 2012), primatas (Macaca mulatta: Bethell et

al 2012), abelhas (Apis mellifera carnica: Bateson et al 2011); pecaris (Tayassu pecari:

Fernandes 2014) em diversas situações que representaram eventos potencialmente

negativos.

O caititu (Pecari tajacu) é uma espécie silvestre neotropical que desperta grande

interesse zootécnico por apresentar carne com características organolépticas de alto

valor (Groves&Grubs 1993), um couro apreciado no mercado internacional (Nogueira

Filho & Nogueira 2000) e pelo fato de ser considerada como uma fonte de subsistência

para populações carentes, pois representam uma fonte alternativa de proteína animal

(Nogueira Filho & Nogueira 2004). No que diz respeito a sua manutenção em cativeiro

e seu manejo, há muitas questões que ainda suscitam mais investigação, como por

exemplo sobre sanidade, nutrição e em especial sobre o estado emocional desses

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

33

animais sob condições de experimentação em nutrição animal que submetem os animais

a espaços restritos, como as gaiolas metabólicas.

O uso de gaiolas metabólicas em estudos nutricionais é importante para o

controle total da ingestão de alimentos, água (Tarland 2007) e para a separação da urina

das fezes (Demirkan&Melli 2007). Os animais inseridos nessa condição, entretanto,

ficam isolados do grupo e em contato um ambiente artificial, diferente do seu habitat

natural, o que pode causar estresse nos animais e interfir nos parâmetros fisiológicos e

consequentemente no seu bem-estar (Hoppe et al 2009, Tarland 2007).

Desta forma, o objetivo deste estudo foi utilizar o paradigma de viés cognitivo

para analisar o efeito da restrição de espaço sob o estado emocional de caititus mantidos

em experimentos de nutrição que utilizam baias e gaiolas metabólicas. Adicionalmente,

pretendemos avaliar o efeito da inclusão de enriquecimento ambiental nas gaiolas

metabólicas para avaliar os efeitos positivos desta técnica sob os animais. Muitos

estudos mostram que o enriquecimento ambiental é uma técnica vista como alternativa

para melhoria do bem-estar de animais que vivem em condição de restrição (Watters

2009; Wells 2009). Assim, mudanças no ambiente poderão influenciar no

processamento de informações, ou seja, na tomada de decisão e influenciar de forma

positiva nas respostas aos estímulos ambíguos (Bethell et al 2012, Douglas et al 2012).

Pretendemos ainda monitorar o estresse dos animais pela análise da concentração de

metabólitos de glicocorticóides fecais. A análise da concentração de metabólitos de

glicocorticóides nas fezes é um método não invasivo que permite monitorar o estresse

dos animais (Coradello et al 2012; Nogueira et al 2011). Predizemos que, na fase de

restrição de espaço com enriquecimento, os animais apresentarão um viés mais otimista

do que quando inseridos na fase de restrição do espaço sem enriquecimento ambiental.

Material e métodos

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

34

Nota ética

Este estudo seguiu os Princípios de cuidados com animais de laboratório (NIH

publication N. 86-23, revisado 1985) e foi aprovado pelo Comitê de Ética de Uso de

Animais em Pesquisa (CEUA) da UESC (Protocolo Nº 021/13).

Animais experimentais e área de estudo

Foram utilizados seis machos adultos de caititu (Pecari tajacu), com idade

aproximada de seis anos, com peso (23,0 ± 2,0) nascidos e criados em cativeiro,

mantidos pelo Laboratório de Etologia Aplicada (LABET) na Universidade Estadual de

Santa Cruz-UESC, Ilhéus, Bahia, Brasil (14°47’39.8’’S, 39°10’27.7’’O). Os animais

foram mantidos individualmente em seis baias metabólicas durante todo o experimento

(Figura 1).

Figura 1-Baias metabólicas para estudos nutricionais. Fonte:Silva Neto

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

35

Os animais foram testados quanto ao efeito de disponibilidade de espaço para

estudos nutricionais em baias e gaiolas metabólicas. As baias possuíam área total de

11,3 m2 (7,5 m x 1,5 m) e as gaiolas metabólicas 4 m2 (2,0 m x 2,0 m), como na maior

parte dos estudos de nutrição para a espécie (Nogueira Filho et al 2014). Desta forma,

denominaremos aqui de baia metabólica a área com maior espaço disponível que

possuía área de descanso coberta com 5,0 m2 e mais um espaço de solário medindo 2,3

m2 (Figura 2), onde os animais podiam circular livremente. Na área com espaço mais

restrito (gaiolas) havia um piso de madeira suspenso e não foi permitido ao animal

circular na área de solário (Figura 2). As seis baias usadas no estudo eram dispostas de

forma contígua e foram separadas entre si por placas de madeira com o objetivo de

impedir a visualização entre os animais. A parte frontal das baias foi protegida com uma

lona plástica preta e opaca com o objetivo de minimizar o estresse dos animais devido a

movimentação do observador.

Figura 2 - Croqui da divisão do espaço disponível: A+B (baia metabólica) -B (gaiola metabólica)

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

36

Os animais do experimento já viviam nas baias há dois anos e foram alimentados

com 700g/animal de ração formulada com milho em grão, farelo de milho, farelo de

soja e sal mineralizado e não foi alterada durante o experimento, exceto durante o

treinamento de recompensa e de teste de julgamento (ver detalhes abaixo) quando os

animais foram recompensados com fatias de raízes de mandioca (Manihot sp.) por ser o

alimento de maior preferência destes animais (Nogueira Filho, com. pessoal). A água

foi disponibilizada ad libitum.

Procedimentos

Treinamento dos estímulos sonoros aos comandos ‘ir/não ir’

Como os caititus possuem uma audição acurada (Sowls 1997), optamos por

treiná-los a comandos sonoros de um apito (Freqmédia3,281 Hz; 110,08Db) e caxixi:

(Freqmédia9,173Hz; 80,42Db) para atender a dois comandos do tipo “ir” e “não ir” até o

alimento. Todas as frequências de som foram medidas usando um decibelímetro,

(Minipa Digital, MSL-1352C, São Paulo, Brasil).

O treinamento dos animais a tais estímulos foi realizado individualmente.

Assim, através de condicionamento operante (Bouton 2007) e do modelo proposto por

Harding et al (2004),os animais foram treinados a obedecer a um estímulo sonoro

(estímulo positivo, E+; apito Freqmédia3,281 Hz; 110,08 Db) de ‘ir’ até uma área da baia,

que era delimitada por uma linha no chão (Figura 2) para receber a recompensa (20g de

mandioca) e a não “ir” (“no go”) quando escutassem um estímulo condicionado sonoro

negativo (E-; caxixiFreqmédia9,173Hz; 80,42Db). No comando de ‘não ir’, caso o

animal não respondesse corretamente (ou seja, se ele fosse até a linha demarcada), ele

recebia uma punição com um jato d’água e não recebia a recompensa, a mandioca.

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

37

Começamos o treinamento com o comando 'ir' e após os animais aprenderem o

estímulo condicionado positivo (EC+), iniciamos o treinamento do estímulo

condicionado negativo (EC-) ao comando ‘não ir’. A resposta correta para o comando

EC+ foi definida como ‘ir’ até a área demarcada no chão da baia em um tempo de 30s.

De forma oposta, para o comando EC-, a resposta correta foi de não se aproximar da

área demarcada no chão da baia ou área de recompensa (‘não ir’) também em 30s.

Realizamos um treinamento por dia do sinal positivo (EC+) durante 12 dias

consecutivos. Em cada treinamento foram realizados 10 ensaios (cada ensaio consistiu

em o animal escutar o sinal sonoro por até 3s), totalizando120 ensaios para cada animal.

Foi realizado um teste binomial com a probabilidade de 50% de sucesso para detectar

quando a resposta correta dos animais foi maior que aquela esperada ao acaso e após o

6º dia de treinamento todos os animais respondiam mais do que 70% de acerto, p<0,05)

considerado uma porcentagem satisfatória, seguindo o proposto por Douglas et al

(2012).

No primeiro dia, o comando foi emitido de forma repetida até que os animais

aprendessem o local exato para receber a recompensa, isto é, chegar até a linha

demarcada no chão da baia metabólica (Figura 2). Cada resposta correta do animal, isto

é, aproximar-se do local de recompensa, foi recompensado com 20g de mandioca,

enquanto que as respostas incorretas (‘não ir’) para o EC+ não foram recompensadas ou

punidas. Para o treino do EC- (‘não ir’) foi utilizado o mesmo procedimento realizado

para o treino do EC+. O aprendizado do comando sonoro para este estímulo foi mais

rápido do que para o E+; apenas três dias de treinamento para EC- ser aprendido. Desta

forma, foi realizado um treino por dia do sinal EC-. Em cada treino também foram

realizados 10 ensaios (com um estímulo com duração de 3s cada ensaio), totalizando 30

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

38

ensaios para cada animal e já no 2º dia os animais responderam com mais de 70% de

acerto.

Após os animais terem aprendido a responder corretamente ao sinal positivo e

negativo, foram realizados 9 dias de treinos em que a sequência dos dois sinais (E+ e E-

) foi randomizada, com o objetivo de avaliar se os animais aprenderam os estímulos sem

influência de uma sequência de apresentação. Para cada sessão de treinamento portanto,

foram apresentados 5 ensaios para cada um dos estímulos (E+ e E-), totalizando 90

ensaios por animal, 45 para cada estímulo.

Para determinar se o animal estava testes apto a realizar os de viés cognitivo,

também foi realizado um teste binomial com a probabilidade de 50% de sucesso para

detectar quando a resposta correta dos animais foi maior que aquela esperada ao acaso.

A partir do quarto dia de treino os animais já apresentaram um número de acerto maior

do que seria esperado se eles tivessem respondido ao acaso (64% de acerto, p<0,05). Os

treinos continuaram por mais cinco dias até que os acertos dos animais atingissem 70%

de acertos. Um dos animais não atingiu esse critério e, portanto foi excluído das análises

posteriores.

Teste de viés de julgamento/viés cognitivo

Para o teste de viés de julgamento foi apresentado ao animal um estímulo sonoro

que fosse considerado ambíguo para o animal, de frequência intermediária entre os

estímulos positivo e negativo. Assim optamos pelo som de uma baqueta de madeira

batendo em uma placa de alumínio EA(Freqmédia6,040 Hz; 62,85Db). Esse sinal foi

apresentado somente no momento do teste de viés de julgamento, e não foi

recompensado e nem punido. Este estímulo teve o objetivo de avaliar o efeito do estado

emocional do animal após o período de restrição de espaço nas fases do estudo, e se

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

39

reconheceriam o estímulo como uma previsão de recompensa (resposta “otimista”) ou

punição (resposta “pessimista”).

Procedimento

O experimento seguiu o modelo proposto por Heffner (2004) no qual intercala-

se controle e tratamento de cada fase experimental (T1, T2, T3, T4 e T5). As fases

controle (T1, T3 e T5) corresponderam ao uso das baias sem restrição de espaço e as

fases de tratamento (T2 e T4) corresponderam à limitação do espaço (gaiola

metabólica), com e sem enriquecimento ambiental. Esse enriquecimento foi escolhido

com base no estudo de Nogueira et al (2011), em que foi observado que a

imprevisibilidade temporal aumenta os comportamentos exploratórios e diminui a

inatividade dos animais o que pode contribuir para a melhoria do bem-estar. Assim, o

enriquecimento ambiental introduzido correspondeu ao uso de cocos para manipulação

dos animais. É de nosso conhecimento que os caititus não conseguem abrir os cocos e,

portanto não houve consumo deste material. Os animais manipulavam os cocos os

deslocando de um lado para o outro. Os animais permaneceram sete dias em cada uma

das fases propostas (T1, T2, T3, T4, T5), totalizando 40 dias de experimento (Figura 3).

Figura 3- Delineamento experimental

Os testes de julgamento ocorreram entre 07:00 e 9:30 e entre15:30 e 18:00. Cada

indivíduo completou uma sequência total de 30 sinais de julgamento (10 repetições para

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

40

cada sinal - E+, E- e EA), divididos em dois blocos: 15 sinais pela manhã e 15 sinais

pela tarde (5 repetições para cada sinal).

Para iniciar o teste de julgamento, o animal e o sinal a ser utilizado foram

escolhidos de forma randômica. Registramos se o animal atendeu ao comando de

“ir/go” dentro de 30s ou se permaneceu na área de descanso, resposta “não ir/no go”.O

comportamento dos animais durante todo o procedimento experimental foi registrado

com auxílio de uma câmera filmadora digital JVC (GZ-HD500; Tóquio, Japão), alocada

na sala de observação.

Monitoramento do estresse

Em todas as fases do experimento (T1, T2, T3, T4 e T5) foram coletadas

amostras de fezes para análise de metabólitos de glicocorticóides. Todas as amostras

foram coletadas até 6 horas após a excreção dos animais e sempre após três dias do

início da fase correspondente, uma vez que as excretas contém metabólitos hormonais

de três dias atrás (Coradello et al 2012). Foram coletadas três amostras de cada fase, em

três dias consecutivos. As amostras de fezes foram acondicionadas em recipientes

plásticos identificadas com o número do animal e a fase correspondente, refrigerados a -

20 ◦C seguindo o método de Coradello et al (2012). As amostras fecais foram

homogeneizados e 1-2 g de cada animal foi sub-amostrado e armazenado a -20 ◦C em

preparação para liofilização (FreeZone® Plus 4.5 LiterCascade de bancada, Labconco).

A concentração (ng.g-1) do metabólito de glicocorticóide nestas amostras foram

analisadas no Laboratório de Fisiologia e Comportamento da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, Brasil e o procedimento usado para extrair as concentrações de

metabólitos de glicocorticóides foi através de ELISA seguindo Coradello et al (2012).

Foi utilizada a proporção de 01:10 de etanol para melhor recuperação de metabólitos de

glicocorticóides conforme determinado por Coradello et al (2012). A reatividade

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

41

cruzada para o anticorpo foi de 100% com o cortisol, 9,9% de prednisolona, 6,3% para

prednisona e 5% para o cortisona. Os coeficientes de variação (CV) intra e inter ensaio

foram de 2,8% e 11,8% respectivamente. A análise de sensibilidade foi de 29,88 ng.g-1.

Análise estatística

Para a comparação das médias das proporções “go” em todas as fases (T1, T2,

T3, T4 e T5) foi usado o modelo GLM (General Linear Model) de medidas repetidas

seguido do teste post hoc Duncan, quando apropriado. Neste modelo, as fases, os

diferentes sinais sonoros (E+, E- e EA) e suas interações foram considerados como

variáveis independentes. Para a comparação das médias de concentração e metabólitos

de glicocorticóides foi aplicada ANOVA de medidas repetidas seguidas pelo teste

Duncan, sendo considerada como variável independente a fase experimental (T1, T2,

T3, T4, T5) a que o animal estava submetido durante a coleta.

Todos os dados atenderam os requerimentos de testes paramétricos tais como

normalidade e homogeneidade de variância. As análises foram realizadas usando o

programa Statistica (7.0), com nível de significância P<0,05.

Resultados

Comparação de respostas “go” nos diferentes tratamentos

Os caititus aprenderam a diferir os sinais de reforços positivos e negativos

(F14,56=2,68, P= 0,005). O teste Duncan mostrou que em todas as fases experimentais,

os animais apresentaram maior proporção de respostas "go" (Ps<0,048) após a emissão

do sinal de reforço positivo (0,46±0,35)do que após o sinal de reforço negativo

(0,24±0,31; Figura 4).

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

42

Na primeira fase T1, a proporção de respostas "go" após a emissão do sinal

ambíguo (0,30±0,40) não diferiu (P=0,46) da proporção de respostas "go" após a

apresentação do sinal negativo (0,22 ± 0,33), como também não diferiu (P= 0,07) da

proporção de respostas "go" após o sinal positivo (0,50 ± 0,36) (Figura 4). O mesmo foi

verificado na fase T2 que se seguiu após a fase de restrição de espaço com

enriquecimento T3 (EA:0,24±0,36; E+=0,40±0,39; E-=0,28±0,36; Figura 4). Já na fase

T5, que seguiu após a fase de restrição de espaço sem enriquecimento T4, a proporção

de respostas "go" durante a apresentação do sinal ambíguo (0,34±0,29) não diferiu

(P=0,70) da proporção registrada após a emissão do sinal negativo (0,26±0,42). No

entanto, foi menor (P=0,048) do que a registrada após a emissão do sinal positivo

(0,44±0,36) .

Com relação às fases de tratamento T2 e T4 as respostas ao estímulo ambíguo

apresentaram-se de forma diferente de acordo com a presença ou não do

enriquecimento. Na fase de restrição do espaço com enriquecimento ambiental T2, a

proporção de respostas "go" após a emissão do sinal ambíguo (0,40±0,42) não diferiu

(P=0,34) da proporção registrada após a emissão do sinal negativo (0,30±0,29), bem

como não diferiu (P=0,54) da proporção registrada após a emissão do sinal positivo

(0,46±0,42), não revelando nem um viés otimista nem pessimista. Na fase de restrição

do espaço sem enriquecimento ambiental T4, por sua vez, a proporção de resposta "go"

após o estímulo ambíguo (0,28±0,28) foi similar (P=0,18) à proporção verificada após a

emissão do sinal negativo (0,14±0,21) e diferente (P=0,05) da proporção de respostas

verificadas após o sinal positivo (0,48±0,39), apresentando um viés mais pessimista.

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

43

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

44

Concentração de metabólitos de glicocorticóides fecais nos diferentes tratamentos

A concentração de metabólitos de glicocorticóides nas fezes dos caititus diferiu entre

as diferentes fases experimentais (F4,16=6,85; P=0,002). Essa concentração foi semelhante

(PS>0,15) entre as fases T1(122,55±13,14 ng.g-1de fezes secas), Restrição com

enriquecimento ambiental (T2:131,1±65,83 ng.g-1 de fezes secas) e T3 (171±41,42 ng.g-1 de

fezes secas). Por outro lado, houve aumento (PS<0,03) na concentração de metabólitos de

glicocorticóides nas fezes dos caititus durante as fases de Restrição sem enriquecimento

ambiental T4 219,6±49,69 ng.g-1 de fezes secas) e T5 (196,4±55,05 ng.g-1 de fezes secas).

Figura 5 - Médias da proporção da concentração de metabólitos de glicocorticóides em cada teste (T1, T2, T3, T4 e T5). As barras representam o erro padrão. Letras diferentes representam diferença significativa (a≠b) e letras iguais quando não há diferença.

Discussão

Nossos resultados indicam que os caititus são capazes de aprender a diferir os sinais de

reforços positivos e negativos seguindo o modelo “ir/não ir ou go /no go” proposto por

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

45

Harding et al (2004). O modelo proposto por Douglas et al (2012), com o uso de uma tarefa

de julgamento de viés cognitivo por meio de sinais auditivos também foi bem sucedido para

os caititus. Os animais não apresentaram nas fases T1 e T3 (em que estavam na baia) um viés

positivo tampouco negativo, porém, apresentaram um viés negativo no T5, após ficarem

restrito de espaço na gaiola metabólica sem enriquecimento ambiental, revelando que houve

um carreamento do estado emocional do T4 para esta última fase controle T5. Com relação

aos tratamentos T2 e T4, apenas no tratamento de restrição do espaço sem enriquecimento T4)

foi verificada a presença de viés cognitivo negativo, confirmando nossa predição.

Durante a fase de restrição do espaço com enriquecimento T2, os animais não

apresentaram um viés otimista tampouco pessimista, uma vez que não houve diferença nas

respostas “go” entre tratamento e controle. Esperava-se que, com o enriquecimento ambiental,

o estado emocional negativo causado pela restrição do espaço fosse minimizado, colaborando

para que o estado emocional dos animais não fosse prejudicado, sendo tal efeito observado

pelo julgamento mais positivo do estímulo ambíguo, como demonstrado nos estudos

anteriores (Brydges et al 2011; Douglas et al 2012), em que o enriquecimento ambiental

minimizou os efeitos estressores da manipulação ambiental. Neste trabalho, observamos que

aparentemente o enriquecimento ambiental contrabalanceou os efeitos negativos da restrição

do espaço, mantendo os animais com o mesmo estado emocional do T1 e T3. O efeito do

enriquecimento ambiental sob a manipulação ambiental aversiva (estresse de captura) pôde

ser observado recentemente, em um estudo com queixadas, em que o efeito do

enriquecimento ambiental superou os efeitos causados pelo estresse depois de uma captura,

tida como um estímulo aversivo (Fernandes 2014).

Na fase T4 os animais ficaram novamente em um espaço restrito (gaiola metabólica),

sem a inclusão do enriquecimento ambiental. Dessa vez, o sinal ambíguo foi julgado pelos

animais como um sinal negativo, apresentando um viés pessimista. Este resultado indica que a

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

46

restrição do espaço sem enriquecimento ambiental causou um estresse emocional negativo a

ponto dos animais associarem o sinal ambíguo como uma punição, ou pelo menos com o não

recebimento de uma recompensa. Esse resultado corrobora o estudo de Bateson e Matheson

(2007) e Douglas et al (2012) em que a ausência de enriquecimento causou um

empobrecimento do ambiente gerando um viés negativo nos animais. Em outro estudo com

pássaros (Sturnus vulgaris), os animais que estavam em gaiolas com mais espaço disponível e

com enriquecimento ambiental, apresentaram um viés mais otimista do que aqueles que

estavam em gaiolas menores e sem enriquecimento ambiental (Matheson et al 2008).

Scollo et al (2014) ao estudar o efeito da restrição do espaço sob o estado emocional

em suínos não encontrou dados conclusivos confirmando que o espaço reduzido causou

estresse a ponto de causar prejuízos na tomada de decisão do animal. Esses resultados diferem

do encontrado neste trabalho, em que a restrição do espaço sem o uso do enriquecimento

ambiental causou um viés pessimista. Mendl e Paul (2008) ressaltam que memórias de

experiências passadas podem ter um impacto sobre o estado emocional dos animais. O fato

dos animais ficarem em um ambiente restrito pode ter sido avaliado pelos animais como uma

ameaça a ponto de continuarem julgando o estímulo ambíguo como negativo, ocasionando um

carreamento do viés pessimista para o T5.

Um espaço restrito como gaiolas ou baias metabólicas pode ser um ambiente que gere

estresse (Lund et al 2012) e que comprometa o bem-estar do animal devido a prejuízos no seu

desenvolvimento físico e/ou psicológico. No entanto, estudos que avaliaram qualitativamente

o comportamento evidenciaram que as reações comportamentais dos animais frente a um

estímulo ou uma situação negativa pode variar de acordo com seu temperamento (Lansade et

al 2008; Réale et al 2007) e também devido à presença humana (Minero et al 2009). O

temperamento ou personalidade de um indivíduo pode ser evidenciado nas diferentes

respostas comportamentais apresentadas em diferentes situações de seu cotidiano, podendo

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

47

apresentarem-se mais ousados ou tímidos, por exemplo (Réale et al 2007).Caititus são

animais reativos ao homem e com uma grande variação no temperamento (Nogueira et al in

press). Nesse sentido, o temperamento individual pode ter influenciado e dificultado o

aprendizado de um dos animais no ambiente restrito como uma baia metabólica..

Com relação às fases experimentais observou-se que a concentração de metabólitos de

glicocorticóides fecais diferiu apenas nas fases de restrição sem enriquecimento T4 e T5. Este

resultado revela que apesar dos níveis mais elevados de glicocorticóides em todas as fases, a

introdução de enriquecimento ambiental pode ter tido um efeito positivo no estado emocional

dos animais. O enriquecimento ambiental é uma técnica que tem sido utilizada em várias

situações para auxiliar na diminuição do estresse crônico de animais em cativeiro

(Carlstead&Sliepherdson 1994) A interação com cocos durante a fase de restrição do espaço

com enriquecimento ambiental T2 pode ter gerado um estado emocional mais positivo do que

durante a restrição de espaço sem a presença de enriquecimento ambiental T4, o que manteve

o nível das concentrações de metabólitos de glicocorticóides próximas a do T1.

Os níveis de concentração de metabólitos de glicocorticóides fecais registrados em

nosso estudo estão bem acima da faixa de nível basal encontrada para a espécie (29,7±11,2

ng.g-1 de fezes secas, Coradello et al 2012). Geralmente a avaliação do hormônio

glicocorticóide é utilizado para verificar a presença de estresse no animal frente a um evento,

podendo ser associado a situações negativas que podem se tornar crônicas como o medo e

ameaça (Carlstead&Sliepherdson 1994) denominado distresse, ou associado situações

positivas, como por exemplo a motivação para fugir de um predador (Rushen 2000), sendo

denominado eustresse. Os altos níveis foram identificados em todas as fases, mostrando que

os animais, mesmo alojados em uma baia com espaço maior do que as gaiolas metabólicas,

onde normalmente são realizados estes estudos nutricionais, já se encontravam em uma

condição de distresse além do esperado. Uma explicação para os altos níveis de

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

48

glicocorticóides encontrados em nosso estudo pode ser devido ao isolamento social dos

animais. Caititus são animais que vivem em sociedade (Dubost 2001), e o fato de serem

privados do convívio social durante o experimento, uma vez que havia uma separação (placa

de madeira) entre os animais, este fato pode ter interferido na atividade adrenal desses

animais, a ponto de apresentarem altos níveis de glicocorticóides.

Estudos que utilizaram o paradigma de viés cognitivo têm revelado que a interação

com o enriquecimento ambiental gera um estado emocional mais otimista (Douglas et al

2012; Lindström 2010; Ritcher et al 2012). A inserção do enriquecimento ambiental

associado com imprevisibilidade temporal aumenta o bem - estar de animais em cativeiro

(Nogueira et al 2011; Watters 2009). Nogueira et al (2011) observaram que com a introdução

de um programa de enriquecimento alimentar para caititus, aumentando a imprevisibilidade

espacial e temporal, a concentração de metabólitos de glicocorticóides fecal se manteve

semelhante aos níveis basais encontrados por Coradello et al (2012), revelando o efeito

positivo do enriquecimento ambiental para os animais. Temos que considerar, no entanto, que

no estudo de Nogueira et al (2011) os animais estavam em condições de semi-confinamento,

diferente do presente estudo em que os animais estavam com restrição de espaço (baias

metabólicas).

Na fase de restrição do espaço sem enriquecimento ambiental T4 o nível adrenal foi

superior das demais fases (T1, T2 e T3) mantendo-se na fase T5. Aparentemente os efeitos da

restrição do espaço sem o enriquecimento ambiental foram negativos para os animais,

causando um distresse ainda maior, a ponto de apresentarem um viés pessimista evidenciado

pelo teste de viés cognitivo. Estudos que mediram os níveis de glicocorticóide em situações

de restrição de espaço não encontraram diferenças significativas que comprovassem que esta

restrição pode ser um indicativo de estresse (Anil et at 2007; Gupta et al 2007; Scollo et al

2014).

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

49

Bettie et al (1996) em um estudo sobre os efeitos da perda de enriquecimento

ambiental sobre os comportamentos de porcos, observaram que os animais que são alocados

de uma baia enriquecida para uma não enriquecida diminuíram as vocalizações e o

comportamento exploratório, considerados sinais de distresse. Mendes (2008) em um estudo

sobre digestibilidade observou que caititus não se adaptaram em gaiolas metabólicas, uma vez

que, houve tentativas de escape e recusa do alimento, sugerindo que o uso de espaços

maiores, como as baias metabólicas avaliadas no presente estudo trariam benefícios aos

animais e menor viés na interpretação de estudos nutricionais.

Experimentos utilizando gaiolas e baias metabólicas com objetivo de estudar a

nutrição animal podem conter um viés de ordem emocional, o que pode levar à inapetência

dos animais e incorrer na mal interpretação dos resultados do ponto de vista nutricional.

Assim, esse estudo pode ser um avanço importante para estudos nutricionais para a validação

tanto do paradigma de viés cognitivo, quanto do uso de baias metabólicas para caititus.

Implicações para o bem-estar animal e conclusões

O paradigma do viés cognitivo mostrou-se eficiente para analisar o efeito da redução

de espaço sob o estado emocional dos caititus em estudos nutricionais que usam gaiolas e

baias metabólicas. A análise dos metabólitos de glicocorticóides fecais confirma o estado de

estresse, indicando que os animais na condição de maior restrição de espaço (gaiolas) e sem o

enriquecimento ambiental apresentaram distresse que foi carreado para o T5. Este estudo

desperta uma discussão no que diz respeito ao bem-estar de animais que estão sob condição

experimental em estudos de nutrição, revelando a possibilidade de um viés emocional que

pode interferir nas conclusões de tais estudos.

Referências

Anil L, Anil SA e Deen J 2007 Effects of allometric space allowance and weight group composition on grower-finisher pigs.Canadian Journal of Animal Science, 87: 139-151

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

50

Averós X, Brossard L, Dourmad JY, Greef de KH, Edge HL, Edwards SA e Meunier-Salaün MC 2010Quantitative assessment of the effects of space allowance, group size and floor characteristics on the lying behaviour of growing-finishing pigs. Animal 4: 777–783 Bateson M, Desire S, Gartiside SE e Wright GA 2011 Agitated honeybees exhibit pessimistic cognitive biases. Current Biology 21: 1070-1073

Bateson M, Matheson S M 2007 Performance on a categorisation task suggests that removal of environmental enrichment induces “pessimism” in captive European starlings (Sturnus vulgaris). Animal Welfare16: 1–4

Bethell EJ, Holmes A, Maclarnon A e Semple S 2012 Cognitive bias in a non-human primate: husbandry procedures influence cognitive indicators of psychological well-being in captive rhesus macaques. Animal Welfare 21: 185-195 Beattie VE, Walker N, Sneddon IA 1996 An investigation of the effect of environmental enrichment and space allowance on the behaviour and production of growing pigs. Applied Animal Behaviour Science 48: 151-158

Bouton, ME 2007 Learning and behavior: A contemporary synthesis:Sinauer Associates

Brilot BO, Normandale CL, Parkin A e Bateson M 2009 Can we use starlings’ aversion to eyespots as the basis for a novel cognitive’ bias task? Applied Animal BehaviourScience118: 182–190

Broom DM, Fraser AF 2010 Comportamento e bem-estar de animais domésticos,Manole: Barueri.

Brydges NM, Leach M, Nicol K, Wright R e Bateson M 2011 Environmental enrichment induces optimistic cognitive bias in rats. Animal Behaviour 81: 169–175

Burman OH, McGowana R, Mendl M, Norlinga Y, Paul E, Rehna T e Keelinga L 2011 Using judgement bias to measure positive affective state in dogs.Applied Animal Behaviour Science132:160–168 Carlstead K, Sliepherdson D, 1994 Effects of Environmental Enrichment on Reproduction. Zoo Biology 13: 447-458 Caroprese M, Annicchiarico G, Schena L, Muscio A, Migliore R e SeviA 2008Influence of space allowance and housing conditions on the welfare, immune response and production performance of dairy ewes. Journal of Dairy Research 76: 66–73 Coradello MA, Morais RN, Roper J, Spercoski KM, Massuda T, Nogueira SSC e Nogueira-Filho SLG 2012 Validation os a fecal clucocorticoid metabolite assay for collared peccaris (Pecaritajacu). Journal of Zoo and Wildlife Medicine 43:69-76

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

51

Dawkins MS 2004 Using behavior to assess animal welfare.Animal welfare13: 3-7

Dawkins MS 2003 Behaviour as a tool in the assessment of animal welfare.Zoology106: 383–387

Demirkan A, Melli M 2007 A simple and inexpensive device for collecting urine samples from rats. Technique 36:1-3

Destrez A, Deiss V, Lévy F, Calandreau L, Lee C, Chaillou-Sagon E eBoissy A 2013. Chronic stress induces pessimistic-like judgment and learning deficits in sheep. Applied Animal Behaviour Science 148: 28-36

Douglas C, Bateson M, Walsha C, Bédué A e Edwards SA 2012 Environmental enrichment induces optimistic cognitive biases in pigs. Applied Animal Behaviour Science 139: 65–73

Doyle RE, Lee C, Deiss V, Fisher AD, Hinch GN, Boissy A 2011b Measuring judgement bias and emotional reactivity in sheep following long-term exposure to unpredictable and aversive events. Physiology & behavior 102: 503-510

Doyle RE, Fisher AD, Hinch GN, BoissyA e Lee C 2010. Release from restraint generates a positive judgement bias in sheep. Applied Animal Behaviour Science 122: 28-34 Dubost G 2001.Comparison of the social behaviour of captive sympatric peccary species (genus Tayassu); correlations with their ecological characteristics. MammalianBiology66: 65-83

Fernandes IKS 2014 Análise do viés cognitivo em queixadas (Tayassu pecari) após estresse de captura. Ano de Obtenção: 2014. Ilhéus/Ba. Dissertação (mestrado) - “UESC”, Universidade Estadual de Santa Cruz.

Groves CP, Grubb P 1993 The Suborder Suiformes. In: OLIVER, W. L. R. (Ed.) Pigs, Peccaries and Hippos, p. 10-14. Status Survey and Conservation, action plan,Suiça: IUCN. Gupta S, Earley E, Crowe M.A 2007 Pituitary, adrenal, immune and performance responses of mature Holstein · Friesian bulls housed on slatted floors at various space allowances The Veterinary Journal 173: 594–604 Hansen LT, Berthelsen H 2000 The effect of environmental enrichment on the behaviour of caged rabbits (Oryctolaguscuniculu)Applied Animal Behaviour Science68: 163–178

Harding E J, Paul ES, Mendl M 2004 Animal behaviour: cognitive bias and affective state. Nature427: 312. Heffner CL 2004 Research methods for education, psychology and the social sciences.http://www.allpsych.com/researchmethods.

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

52

Hoppe C C, Moritz KM, Fitzgerald SM, Bertram J F and Evans RG 2009 Transient Hypertension and Sustained Tachycardia in Mice Housed Individually in Metabolism Cages Physiol. Res. 58: 69-75

Hymel KA, Sufka KJ 2012 Neuropharmacology Pharmacological reversal of cognitive bias in the chick anxiety-depression model. Neuropharmacology 62:161–166. Lansade L,Bouissou MF e Erhard HW 2008Fearfulness in horses: A temperament trait stable across time and situations. Applied Animal Behaviour Science 115: 182–200 Lindström L 2010 Performance of laying hens in a cognitive bias task: the effect of time since change of environment. Faculdade de Medicina Veterinária e Departamento de Zootecnia da Divisão de Etologia e Bem-Estar Animal. Universidade de Agricultura da Suécia. Trabalho Independente de Biologia nº 189. Lund K E, Maloney S K, Milton JTB, and Dominique B 2012 Gradual Training of Alpacas to the Confinement of Metabolism Pens Reduces Stress When Normal Excretion Behavior Is Accommodated. The ILAR Journal. http://ilarjournal.oxfordjournals.org/content/53/1/E22.short

Mason GJ 2010 Species differences in responses to captivity: stress, welfare and the comparative method. Trends in Ecology and Evolution25:713-721

Matheson SM, Asher L e Bateson M 2008 Larger, enriched cages are associated with ‘optimistic’ response biases in captive European starlings (Sturnus vulgaris). Applied Animal Behaviour Science 109: 374–383

Mendes A 2008 Fornecimento de uréia na dieta de catetos (Pecari tajacu) e uso de isótopo estável 15N como marcador para estimativa da síntese de nitrogênio microbiano, Ano de Obtenção: 2008. Piracicaba/SP. Tese (doutorado) - Escola Superior de Agricultura "Luis de Queiroz", Universidade de São Paulo

Mendl M, Burman OHP, e Paul ES 2010 An integrative and functional framework for the study of animal emotion and mood. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 277: 2895-2904

Mendl M, Burman OHP, e Paul ES 2009 Cognitive bias as an indicator of animal emotion and welfare: Emerging evidence and underlying mechanisms. Applied Animal Behaviour Science 118: 161–81

Mendl M, Paul ES 2008 Do animals live in the present? Current evidence and implications for welfare.Applied Animal Behaviour Science 113: 357-82

Minero M, Tosi MV,Canali EeWemelsfelder F 2009 Quantitative and qualitative assessment of the response of foals to the presence of an unfamiliar human.Applied Animal Behaviour Science 116, p. 74–81

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

53

Muller CA, Riemer S, Rosam CM, Schoßwender J, Range F e Huber L 2012 Brief owner absence does not induce negative judgement bias in pet dogs. Animal cognition 15:1031–1520

Murphy E, Norquist RE, Van der stay FJ 2013 Responses of conventional pigs and Göttingen miniature pigs in an active choice judgement bias task. Applied Animal Behaviour Science 148: 64-76 Nogueira-Filho SLG, Borges RM, Mendes A, Dias CTS 2014 Nitrogen Requirements of WhiteLipped Peccary (Mammalia, Tayassuidae) Zoo Biology 33: 320–326 Nogueira-Filho SLG and Nogueira SSC 2004 Captive breeding programmes as an alternative for wildlife conservation in Brazil. In: Silvius KM, Bodmer RE and Fragoso JMV (eds) People in Nature, Wildlife Conservation in South and Central America pp 171- 190,Columbia University Press: New York, USA. Nogueira-Filho SLG and Nogueira SSC2000Criação comercial de animais silvestres: produção e comercialização da carne e subprodutos na região sudeste do Brasil. RevistaEconômicadoNordeste 31: 188–195 Nogueira SSC, Calazans SG, Costa TSO, Peregrino H, Nogueira-Filho SLG 2011 Effects of varying feed provision on behavioral patterns of farmed collared peccary (Mammalia, Tayassuidae) Applied Animal Behaviour Science 132: 193–199 Nogueira SSC, Macêdo JF, Sant’Anna AC, Nogueira-Filho SLG e MJR Paranhos da Costa MJRAssessment of temperament traits of white-lipped (Tayassupecari) and collared peccaries (Pecaritajacu) (Mammalia, Tayassuidae) during handling in a farmed environment. Animal Welfare,in press.

Paul ES, Harding EJ, MendlM 2005 Measuring emotional processes in animals: the utility of a cognitive approach. Neuroscience and Biobehavioral Reviews 29: 469-492

Petherick JC 2007 Spatial requirements of animals: Allometry and beyond. Journal of Veterinary Behavior 2: 197-204 Ross SR, Schapiro SJ, Hau J, Lukas AE 2009 Space use as indicator of enclosure appropriateness: a novel measure of captive animal welfare. Applied Animal Behaviour Science 121: 42-50

Réale D, Reader SM,Sol D, Macdougall PT eDingemanseNJ 2007 Integrating animal temperament within ecology and evolution.Biological Reviews 82: 291–318 Richter SH, Schick A, Hoyer C, Lankisch K, Gass P e Vollmayr B 2012 A glass full of optimism: Enrichment effects on cognitive bias in a rat model of depression. Cognitive Affective Behavioral Neuroscience 12: 527–542

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

54

Rushen, J 2000 Some issues in the interpretation of behavioural responses to stress. In: Moberg, G.P., Mench, J.A. (Eds.), The Biology of Animal Stress. CABI Publishing, New York: New York, USA

Scollo A, Gottardo F, Contiero B e Edwards SA 2014 Does stocking density modify affective state in pigs as assessed by cognitive bias, behavioural and physiological parameters? Applied Animal Behaviour Science,153: 26–35

Sowls LK 1997 Javelinas and Other Peccaries, Their Biology, Management and Use, Second Edition.University of Arizona Press: Arizona, USA Tarland E 2007 Effect of metabolic cage housing on rodent welfare. SLU, Uppsala Vermeer HM, Greef KH, Houwers HWJ 2014 Space allowance and pen size affect welfare indicators and performance of growing pigs under comfort class conditions. Livestock science159: 79-86 Watters JV 2009 Toward a predictive theory for environmental enrichment Zoo Biology28: 609-622 Wells DL 2009 Sensory stimulation as environmental enrichment for captive animals: A review. Applied Animal Behaviour Science 118: 1–11

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

55

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espaços restritos tais como gaiolas ou baias metabólicas, em geral são

considerados um ambiente estressante para os animais que passam por

experimentos de nutrição e podem comprometer seu bem-estar. O paradigma do

viés cognitivo mostrou-se eficiente para analisar o efeito da restrição de espaço sob

o estado emocional dos caititus. Desta forma, nossos resultados indicam que a

restrição do espaço da baia parece provocar consequências prejudiciais para o

estado emocional dos animais nessa condição, mas que podem ser amenizadas com

um programa de enriquecimento ambiental. Os caititus são animais muito reativos à

presença humana e a condição de restrição de espaço pode agravar esta resposta,

tornando-os mais arredios. Um estudo sobre temperamento (Nogueira et al. in

press) revelou uma grande variação no temperamento de um grupo de caititus, o

que nos leva a crer que para alguns animais a contenção pode ser vista mais

negativamente do que para outros indivíduos. Esta associação, no entanto, deve ser

investigada para melhor compreendermos a reação desses animais à restrição de

espaço. Este aspecto é muito importante para, inclusive, analisarmos possíveis

vieses na interpretação dos resultados de estudos de nutrição.

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

56

6. REFERÊNCIAS

ANIL et al. Effects of allometric space allowance and weight groupcomposition on grower-finisher pigs. Canadian Journal of Animal Science, v.87, p. 139-151, 2007. AVERÓS, X. et al. Quantitative assessment of the effects of space allowance, group size and floor characteristics on the lying behaviour of growing-finishing pigs. Animal, v. 4 p.777–783, 2010. ABOU- ISMAIL, U. A. et al. The effects of enhancing cage complexity on the behaviour and welfare of laboratory rats. Behavioural Processes, v. 85 p. 172–180, 2010. BALCOMBE, J.P; BARNARD, N.D; SANDUSKY, C. Laboratory routines cause animal stress. Contemporary topics, v. 43, p. 42-51, 2004. BATESON, M. et al. Report agitated honeybees exhibit pessimistic cognitive biases. Current Biology, v. 21p. 1070-1073, 2011. BATESON, M.; MATHESON, S. M. Performance on a categorisation task suggests that removal of environmental enrichment induces “pessimism” in captive European starlings (Sturnus vulgaris). Animal Welfare,v. 16,p. 1–4, 2007. BETHELL, E. J. et al. Cognitive bias in a non-human primate: husbandry procedures influence cognitive indicators of psychological well-being in captive rhesus macaques. Animal Welfare, v. 21, p. 185-195, 2012. BEATTIE, V.E; WALKER, N; SNEDDON, I.A.An investigation of the effect of environmental enrichment and space allowance on the behaviour and production of growing pigs. Applied Animal BehaviourSciencev.48, p. 151-158, 1996. BODMER, R. E.; SOWLS, L. K.The Collared Peccary (Tayassutajacu) In: OLIVER, W. L. R. (Ed.) Pigs, Peccaries and Hippos. Status Survey and Consertavation, action plan. Suiça: IUCN. 1993, p. 7-13.

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

57

BOISSY, A. et al. Assessment of positive emotions in animals to improve their welfare. Physiology & Behavior, v. 92, p. 375-397, 2007. BOUTON, M.E. Learning and behavior: A contemporary synthesis. Sinauer Associates, 2007. BRIEFER, E. F. Vocal expression of emotions in mammals: mechanisms of production and evidence. Journal of Zoology, v. 288, p. 1-20, 2012. BRILOT, B. O. et al. Can we use starlings’ aversion to eyespots as the basis for a novel cognitive’ bias task? Applied Animal Behaviour Science, v. 118, p. 182–190, 2009. BROOM, D. M.A history of animal welfare science. Acta Biotheoretica, v. 59, p. 121-137, 2011. BROOM, D.M; FRASER, A.F. Comportamento e bem-estar de animais domésticos, Manole: Barueri, 2010. BROOM D. M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, v.142, p. 524–526, 1986. BRYDGES, N. M. et al. Environmental enrichment induces optimistic cognitive bias in rats. Animal Behaviour, v. 81, p. 169–175, 2011. BRYDGES, N. M.;BRAITHWAITE, V.A. Measuring animal welfare: what can cognition contribute? ARBS Annual Review of Biomedical Sciences, v. 10, p.91–103, 2008. BUIJS, S et al.Glucocorticoid metabolites in rabbit faeces—Influence of environmental enrichment and cage size. Physiology & Behavior, v. 104, p. 469–473, 2011. BURMAN, O. H. P. et al. Using judgement bias to measure positive affective state in dogs.Applied Animal Behaviour Science, v.132, p. 160–168, 2011.

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

58

BURMAN, O. H. P. et al. A spatial judgement task to determine background emotional state in laboratory rats, Rattusnorvegicus.Animal Behaviour, v. 76, p. 801–809, 2008. CARSLSTEAD, K; SLIEPHERDSON, D. Effects of Environmental Enrichment on Reproduction.Zoo Biology, v. 13 p. 447-458, 1994. CAROPRESE, M. et al. Influence of space allowance and housing conditions on the welfare, immune response and production performance of dairy ewes. Journal of Dairy Research, v. 76, p. 66–73, 2009. CORADELLO, M.A et al. Validation os a fecal clucocorticoid metabolite assay for collared peccaris (Pecaritajacu). Journal of Zoo and Wildlife Medicine, v. 43, p. 69-76, 2012. DAWKINS, M.S. The Science of Animal Suffering.Ethology, v.114 p. 937–945, 2008. DAWKINS, M. S. Using behavior to assess animal welfare.Animal welfare, v. 13, p. 3-7, 2004. DAWKINS M.S. Behaviour as a tool in the assessment of animal welfare. Zoology,v.106 p. 383–387, 2003. DAWKINS, M. S. Animal minds and animal emotions. American Zoologist, v. 40, p. 883-888, 2000. DEMIRKAN, A; MELLI, M. A simple and inexpensive device for collecting urine samples from rats. Technique, v.36, p.1-3, 2007.

DESTREZ, A. et al. Chronic stress induces pessimistic-like judgment and learning deficits in sheep. Applied Animal Behaviour Science, v. 148, p. 28-36, 2013. DESTREZ, A. et al. Does reduction of fearfulness tend to reduce pessimistic-like judgment in lambs? Applied Animal Behaviour Science, v. 139, p. 233–241, 2012.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

59

DOUGLAS, C. et al. Environmental enrichment induces optimistic cognitive biases in pigs. Applied Animal Behaviour Science, v. 139, p. 65–73, 2012. DOYLE, R. E. et al. Performance of sheep in a spatial maze is impeded by negative stimuli. Applied Animal Behaviour Science, v. 151, p. 36-42, 2014. DOYLE, R. E. et al. Administration of serotonin inhibitor p-Chlorophenylalanine induces pessimistic-like judgement bias in sheep. Psychoneuroendocrinology, v. 36, p. 279-288, 2011a. DOYLE, R. E. et al. Measuring judgement bias and emotional reactivity in sheep following long-term exposure to unpredictable and aversive events.Physiology & behavior, v. 102, p. 503-510, 2011b. DOYLE, R. E. et al. Release from restraint generates a positive judgement bias in sheep. Applied Animal Behaviour Science, v. 122, p. 28-34, 2010. DUBOST, G. Comparison of the social behaviour of captive sympatric peccary species (genus Tayassu); correlations with their ecological characteristics. MammalianBiology, v.66, p. 65-83, 2001. FERNANDES, I. K.S. Análise do viés cognitivo em queixadas (Tayassu pecari) após estresse de captura. Ano de Obtenção: 2014. Ilhéus/Ba. Dissertação (mestrado) - “UESC”, Universidade Estadual de Santa Cruz, 2014. FRASER, D. Animal behavior, animal welfare and the scientific study of affect. Applied Animal Behaviour Science,v.118, p. 108-117, 2009. FREGONESI, J. A. LEAVER, J. D. Influence of space allowance and milk yield level on behaviour, performance and health of dairy cows housed in strawyard and cubicle systems. Livestock Production Science, v. 78, p. 245–257, 2002. GROVES, C. P.; GRUBB, P.The Suborder Suiformes. In: OLIVER, W. L. R. (Ed.) Pigs, Peccaries and Hippos. Status Survey and Consertavation, action plan. Suiça: IUCN. 1993, p. 10-14.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

60

GRUBB, P.; GROVES, C. P.The Neotropical Peccaries – Dicotylidae. In: OLIVER, W. L. R. Pigs. Peccaries and Hippos. Status Survey and Consertavation, action plan. Suiça: IUCN. 1993, p. 16-20. GUPTA, S; EARLEY E; CROWE M.A. Pituitary, adrenal, immune and performance responses of mature Holstein Friesian bulls housed on slatted floors at various space allowances.The Veterinary Journal, v. 173, p. 594–604, 2007. HANSEN, L.T. BERTHELSEN, H. The effect of environmental enrichment on the behaviour of caged rabbits (Oryctolaguscuniculu)Applied Animal Behaviour Science, v. 68, p. 163–178, 2000. HARDING, E. J.; PAUL, E. S.; MENDL, M. Animal behaviour: cognitive bias and affective state. Nature, v. 427, p. 312, 2004. HEFFNER, C.L. Research methods for education, psychology and the social sciences. 2004, http://www.allpsych.com/researchmethods. HERRING, S. W.The role of canine morphology in the evolutionary divergence of pigs and peccaries.Journal of Mammology, p. 500-512, 1972. HURST J. L. et al. Housing and welfare in laboratory rats: effects of cage stocking density and behavioural predictors of welfare. Animal Behaviour, v. 58, p. 563- 586, 1999. HOPPE et al. Transient Hypertension and Sustained Tachycardia in Mice Housed Individually in Metabolism Cages Physiol. Res. v. 58, p. 69-75, 2009.

HYMEL, K.A; SUFKA, K.J. Neuropharmacology Pharmacological reversal of cognitive bias in the chick anxiety-depression model. Neuropharmacology, v. 62, p.161–166, 2012. JENSEN, M.B.; STUDNITZ, M.; PEDERSEN. L. J. The effect of type of rooting material and space allowance on exploration and abnormal behaviour in growing pigs.Applied Animal Behaviour Science, v. 123, p. 87–92, 2010.

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

61

KORHONEN, H. et al. Effects of space allowance and earthen floor on welfare-related physiological and behavioural responses in male blue foxes. Physiology & Behavior, v. 69 p. 571–580, 2000. LANSADE, L; BOUISSOU M.F; ERHARD H.W.Fearfulness in horses: A temperament trait stable across time and situations. Applied Animal Behaviour Science,v. 115, p. 182–200, 2008. LEDOUX, J. E. Rethinking the emotional brain. Neuron, v. 73, p. 653–676, 2012. LINDSTRÖM, L. Performance of laying hens in a cognitive bias task: the effect of time since change of environment.Faculdade de Medicina Veterinária e Departamento de Zootecnia da Divisão de Etologia e Bem-Estar Animal. Universidade de Agricultura da Suécia. Trabalho Independente de Biologia nº 189. 2010. LUND et al. Gradual Training of Alpacas to the Confinement of Metabolism Pens Reduces Stress When Normal Excretion Behavior Is Accommodated. The ILAR Journal, 2012 http://ilarjournal.oxfordjournals.org/content/53/1/E22.short

MASON, G.J. Species differences in responses to captivity: stress, welfare and the comparative method. Trends in Ecology and Evolution, v.25, p.713-721, 2010.

MATHESON, S.M;ASHER, L; BATESON, M. Larger, enriched cages are associated with ‘optimistic’ response biases in captive European starlings (Sturnus vulgaris). Applied Animal Behaviour Science, v. 109, p. 374–383, 2008. MENDES, A.Fornecimento de uréia na dieta de catetos (Pecari tajacu) e uso de isótopo estável 15N como marcador para estimativa da síntese de nitrogênio microbiano, Ano de Obtenção: 2008. Piracicaba/SP. Tese (doutorado) - Escola Superior de Agricultura "Luis de Queiroz", Universidade de São Paulo, 2008. MENDL, M. et al.An integrative and functional framework for the study of animal emotion and mood.Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 277, p. 2895-2904, 2010. MENDL, M. et al. Cognitive bias as an indicator of animal emotion and welfare: Emerging evidence and underlying mechanisms. Applied Animal Behaviour Science, v. 118, p. 161–81, 2009.

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

62

MENDL, M.; PAUL, E.S. Do animals live in the present?Current evidence and implications for welfare.Applied Animal Behaviour Science, v. 113, p. 357-82, 2008.

MINERO et al. Quantitative and qualitative assessment of the response of foals to the presence of an unfamiliar human.Applied Animal Behaviour Science, v. 116, p. 74–81,2009.

MOBERG, G.P. Biological response to stress: implication for animal welfare. In: Moberg, G.P., Mench, J.A. (Eds.), The Biology of Animal Stress. CABI Publishing, New York, New York, USA, 2000, pp. 1–21. MORROW et al. Fecal Glucocorticoid Metabolites as a Measure of Adrenal Activity in Dairy Cattle.General and Comparative Endocrinology, v. 126, p.229-241, 2002. MÜLLER, C.A. et al. Brief owner absence does not induce negative judgement bias in pet dogs. Animal cognition, v. 15, p.1031–1520, 2012. MURPHY, E.; NORDQUIST, R. E.; VAN DER STAAY, F. J. Responses of conventional pigs and Göttingen miniature pigs in an active choice judgement bias task. Applied Animal Behaviour Science, v. 148, p. 64-76, 2013. NAPOLITANO F. et al. Influence of space allowance on the welfare of weaned buffalo (Bubalusbubalis) calves. Livestock Production Science, v. 86 p.117-124, 2004. NEAL, B.J. A contribuition on the life history of the colared peccary in Arizona.The American midland naturalist, v. 61, p. 177-191, 1959. NEWBERRY, R. C. Environmental enrichment: Increasing the biological relevance of captive environments. Applied Animal Behaviour Science, v. 44, pp. 229-243, 1995. NOGUEIRA-FILHO et al. Nitrogen Requirements of WhiteLipped Peccary (Mammalia, Tayassuidae) Zoo Biology, v. 33, p. 320–326, 2014.

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

63

NOGUEIRA-FILHO, S.L.G., NOGUEIRA, S.S.C. Captive breeding programs as an alternative for wildlife conservation in Brazil. In: KIRSTEN, S.M., FRAGOSO, J.M.V. e BODMER, R. (Eds.) People in Nature:Wildlife Manegement and Conservation in Latin America.Columbia Univerty Press, New York, 2004. pp. 171–190.

NOGUEIRA FILHO, S.L.G., NOGUEIRA, S.S.C. Criação comercial de animais silvestres: produção e comercialização da carne e subprodutos na região sudeste do Brasil. Revista Econômica do Nordeste, v. 31, p. 188–195, 2000. NOGUEIRA FILHO, S.L.G.; SATO, T.; NOGUEIRA, S.S.C.N. A estrutura social dos pecaris (Mammalia, Tayassuidae) em cativeiro. Revista de Etologia, v.1, p. 89-98, 1999. NOGUEIRA, S.S.C.; NOGUEIRA-FILHO, S.L.G. Wildlife farming: an alternative to unsustainable hunting and deforestation in Neotropical Forest? Biodiversidade Conservação, v. 20, p. 1385–1397, 2011. NOGUEIRA et al.Effects of varying feed provision on behavioral patterns of farmed collared peccary (Mammalia, Tayassuidae).Applied Animal Behaviour Science, v. 132, p. 193–199, 2011. NOGUEIRA et al.Assessment of temperament traits of white-lipped (Tayassupecari) and collared peccaries (Pecaritajacu) (Mammalia, Tayassuidae) during handling in a farmed environment. Animal Welfare,in pres. NORMANDO, S. et al. Effects of space allowance on the behaviour of long-term housed shelter dogs. BehaviouralProcesses , v.103 p.306–314, 2014. OHL, FF. VAN DER STAAY, F.J. Animal welfare: At the interface between science and society. The Veterinary Journal, v. 192, p.13–19, 2012. PAUL, E. S.; HARDING, E.J.; MENDL, M. Measuring emotional processes in animals: the utility of a cognitive approach. Neuroscience and BiobehavioralReviews, v. 29, p. 469-492, 2005.

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

64

PETHERICK, J. C. Spatial requirements of animals: Allometry and beyond. Journal of Veterinary Behavior, v. 2, p. 197-204, 2007. RÉALE, D., READER, S.M., SOL, D. MCDOUGALL, P.T., DINGEMANSE, N.J. Integrating animal temperament within ecology and evolution. Biol. Rev, 2007. 82, p. 291–318. RICHTER et al. A glass full of optimism: Enrichment effects on cognitive bias in a rat model of depression. Cognitive Affective Behavioral Neuroscience, v. 12, p. 527–542, 2012. ROSS, S. R. et al. Space use as indicator of enclosure appropriateness: a novel measure of captive animal welfare. Applied Animal Behaviour Science, v. 121 p. 42-50, 2009. ROYO, F. et al. Effect of Repeated Confined Single Housing of Young Pigs on Faecal Excretion of Cortisol and IgA. Scand. J. Lab. Anim. Sci. v. 32, p. 33-37, 2005. RUSHEN, J. Some issues in the interpretation of behavioural responses to stress. In: Moberg, G.P., Mench, J.A. (Eds.), The Biology of Animal Stress. CABI Publishing, New York: New York, USA, 2000. RYGULA, R; PAPCIAK, J; POPIK, P.The effects of acute pharmacological stimulation of the 5-HT, NA and DA systems on the cognitive judgment bias of rats in the ambiguous-cue interpretation paradigm.European Neuropsychopharmacology http://dx.doi.org/10.1016/j.euroneuro.2014.01.012, 2014.

SIARD et al. Relationship between MHS status and plasma cortisol concentration in individually confined pigs. Czech J. Anim. Sci. v. 48, p. 265–270, 2003. SCOLLO, A et al.Does stocking density modify affective state in pigs as assessed by cognitive bias, behavioural and physiological parameters? Applied Animal Behaviour Science, v.153, p. 26–35, 2014. SIBBALD, A. M; SHELLARD, L.J.F; SMART. T.S. Effects of space allowance on the grazing behaviour and spacing of sheep. Applied Animal Behaviour Science, v. 70, p. 49-62, 2000.

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

65

SHETTLEWORTH, S.J. Animal cognition and animal behaviour. Animal Behaviour, v. 61, p. 277-286, 2001. SOWLS, L.K. Javelinas and Other Peccaries: their Biology, Management, and Use. 2. ed. Texas, Tx: Texas A&M University Press, 1997, p. 418. TARLAND, E. Effect of metabolic cage housing on rodent welfare. SLU, Uppsala 2007. VAN DE WEERD, H. A; DAY, J.E.L. a rewiew of environmental enrichment for pigs housed in intensive housing systems. Applied Animal Behaviour Science, v.116, p.1-20, 2009. VAN PRAAG, H.; KEMPERMANN, G.; GAGE, F. H. Neural consequences of environmental enrichment. Nature reviews/Neuroscience. v,1, p.191-198, 2000. VENTURIERI, B; LE PENDU,Y.Padrões de Atividades de Caititus (Tayassutajacu) em Cativeiro.Revista de Etologia,v.8, p. 35-43, 2006. VERMEER, H. M; GREEF, K.H.; HOUWERS, H. W. J. Space allowance and pen size affect welfare indicators and performance of growing pigs under comfort class conditions. Livestock science, v.159, p. 79-86, 2014. WASSER et al. A generalized fecal glucocorticoid assay for use in a diverse array of non domestic mammalian and avian species. General Comparative Endocrinology, v. 120, p. 260–275, 2000. WATTERS, J.V. Toward a predictive theory for environmental enrichment.Zoo Biology, v.28 p. 609-622, 2009. WELLS, D. L. Sensory stimulation as environmental enrichment for captive animals: A review. Applied Animal Behaviour Science, v. 118, p. 1–11, 2009. WEMELSFELDER, F. How animals communicate quality of life: the qualitative assessment of animal behavior. Animal Welfare Supplement, v.16, p. 25–31, 2007.

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

66

WENG, R.C; EDWARS,S.A; ENGLISH, P.R. Behaviour, social interactions and lesion scores of group-housed sows in relation to floor space allowance. Applied Animal Behaviour Science, v.59, p. 307–316, 1998.

YOUNG, R.J. Environmental Enrichment for Captive Animals. Blackwell Publishing, Oxford,2003, p. 240.

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

67

ANEXO

(Normas da revista Animal wefare)

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

68

ANIMAL WELFARE JOURNAL - Instructions for authors

Aim and scope of the journal

Animal Welfare is an international scientific and technical journal. It publishes the results of peer-reviewed scientific research, technical studies and reviews relating to the welfare of kept animals (eg on farms, in laboratories, zoos and as companions) and of those in the wild whose welfare is compromised by human activities. Papers on related ethical and legal issues are also considered for publication. The journal also includes letters to the editor, commentary on topical issues such as developments in legislation and codes of practice relating to animal welfare and book reviews.

Abstracting

The journal is covered by the Science Citation Index and is abstracted in: Biological Abstracts; CAB Abstracts; Current Contents/Agriculture, Biology and Environmental Sciences; Current Primate References; EMBASE; Focus on: Veterinary Science & Medicine; Humans & Other Species; Research Alert; SciSearch; Toxicology Abstracts; Veterinary Update; it is indexed in Zoological Record.

Refereed papers in Animal Welfare include:

Original articles

Invited essays

Review articles

Short communications of less than 2000 words. These may be original, interpretative or review papers; factual accounts of field workers' practical experiences in dealing with welfare problems; constructive critiques of other papers, etc

Technical contributions for example, on practical methods of improving animal welfare or on aspects of research methodology or technology

Access to papers published in Animal Welfare and open-access arrangements

Generally, papers published in Animal Welfare are not available as 'open access'. That is, they are not available free to all, but only through individual or institutional subscription to UFAW or 'pay per view' at Ingenta Connect (at http://www.ingentaconnect.com/content/ufaw/aw).

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

69

However, arrangements can be made for open access publication of papers where authors would prefer this, and providing the manuscripts are found satisfy the same rigorous peer-review scrutiny process as all other papers published in the journal.

Papers published on an open access basis will be available free to all at the IngentaConnect website and will also be included, in the usual way, in the paper copy of the Journal. The charge for open-access publication is £1,500 per manuscript. Please contact the UFAW office if you wish to arrange or discuss this.

Policy on studies involving live animals

Animal Welfare will not include papers based on work that involves unnecessary pain, distress, suffering or lasting harm. Manuscripts describing research involving live animals must include appropriate details, in the methods section, of animals used, housing and feeding, experimental design, experimental procedures, ethical considerations, and licences and approvals under which the work was carried out (see Materials and methods).

In preparation of manuscripts describing work on live animals, authors should use the ARRIVE guidelines as a checklist. These guidelines are available at:

http://www.nc3rs.org.uk/downloaddoc.asp?id=1206&page=1357&skin=0

Other restrictions

Material submitted must not have been published or submitted for publication elsewhere. Papers should not normally exceed 10 000 words (c20 pages of the journal including tables, diagrams and references).

Publication of additional/supporting material that is related to, but not part of, the paper

Additional supporting material such as data sets or appendices that are relevant to, but which do not form part of, the paper itself can be submitted for publication at the Animal Welfarewebsite. Such additional material (up to a maximum of 20 A4 pages) should be submitted at the same time as the manuscript and in PDF format. Where such additional material is available, reference should be made to this at an appropriate point or points in the text. When the paper is published, the website address of the additional material will be made clear at this point or points.

Submission of manuscripts

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

70

Papers should be submitted through our ScholarOne Manuscripts site:http://mc04.manuscriptcentral.com/ufaw-aw. The author should keep a copy of all submitted material. All manuscripts must be word processed in Microsoft Word.

The author will be required to confirm that:

legal and ethical requirements have been met, see Policy on studies involving live animalsand Other restrictions above;

written permission has been obtained to reproduce text, illustrations or data or to quote from published works, and that suitable acknowledgements of source have been made;

for multi-author papers, all authors have agreed the final text for publication.

articles will be scrutinised by a minimum of two referees before being accepted or rejected and authors are encouraged to suggest and provide the names and contact details of up to three referees suitable for peer reviewing of their manuscript (these may or may not be selected by Section Editors to undertake the peer review).

Style

Papers must be written in the English language. Articles should be written in a style that is readily comprehensible.

Preparation of manuscripts

Authors should consult a recent edition of the journal to familiarise themselves with the journal's conventions on format.

Manuscripts should be word processed in Microsoft Word using Times New Roman font, double-spaced with lines numbered. The pages should be numbered consecutively and securely fixed together. The contents will usually be organised into an Abstract (followed by keywords), Introduction, Materials and methods section (including statistical analyses), Results, Discussion, Conclusion and Animal welfare implications. A running title must be supplied (of no more than 7 words).

Title page

Give the full title and running title of the paper and the name(s) of the author(s). For multi-author papers the full e-mail, telephone, fax and postal addresses of the correspondent should be given, plus the addresses of the other authors. The correspondent must be clearly indicated.

Centre the title in bold letters. Name(s) and institutional address(es) of author(s) should be centred under the title in upper and lower case, eg

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

71

Advances in the assessment of animal welfare

AN Other

University of Wheathampstead

Abstract

To consist of not more than 250 words. It should outline clearly and concisely the main findings without reference to the text and end in a brief statement on the paper's conclusions and animal welfare implications. This should not contain details of statistical analyses or references (eg P > 0.01).

Keywords

Six keywords should be noted in alphabetical order below the abstract. These should include 'animal welfare' and the common name of the main species involved (where appropriate). The keywords will be used for abstracting and indexing the article.

Materials and methods

The description of the methods should be sufficiently detailed to allow replication of the work. In studies involving animals, provide details of numbers used and of species, strain, age, sex, source and other relevant characters.

In preparation of manuscripts describing work on live animals, authors should use the ARRIVE guidelines as a checklist. These guidelines are available at:

http://www.nc3rs.org.uk/downloaddoc.asp?id=1206&page=1357&skin=0

Full details should be given of experimental design, procedures and testing or observational regimes. Description of the statistical analyses should also be included as a subdivision of the methods section (see recent paper for format). If the animals were kept in captivity, provide relevant details of housing, feeding and management (eg type of housing and environment, diet and feeding regime, group size and composition, and acclimation and routine management procedures).

Where ethical considerations arise (eg if procedures compromise animal welfare or other ethical concerns), these should be addressed in the methods section. Any ethical implications and justifications of the experimental design or procedures should be described; details should be provided of licences or other permissions required for the work (eg from ethical review bodies). Measures undertaken to minimise the adverse welfare impact on animals involved, including choice of sample size, use of pilot tests and predetermined rules for intervention, should be described. The fate of all animals

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

72

used in the study should be detailed. Steps taken to enhance the welfare of animals involved (eg through environmental enrichment) should also be outlined.

Data should be subjected to appropriate statistical analyses, with the chosen methods clearly described. Relevant references or details of software packages should be cited.

When expressing statistical probabilities, follow the following style: n = 7; ns - not significant; P< 0.05, P = 0.1, one-tailed P < 0.01 (capital, italic P, single space either side of < or = sign);F5,25 = 2.61; where appropriate, indicate the number of degrees of freedom (as df = 3).

Follow the ARRIVE Guidelines concerning statistics and their presentation (see above).

Animal welfare implications

To be set out at the end of the text as a subdivision of the discussion or conclusion.

References

List at the end of the text in alphabetical and chronological order of authors with the minimum of punctuation. Book and journal titles should be quoted in full, with the original spelling and punctuation, and italicised. For example, American spellings of 'behavior' and 'color' are to be used if they have been published as such. Supply details of editor(s) and name and location of publisher for books and published conferences/symposia. For unpublished proceedings etc supply exact details of title, venue, date, location and sponsoring organisation.

The references must be listed in the following style:

Meyer-Holzapfel M 1968 Abnormal behavior in zoo animals. In: Fox MW (ed) Abnormal Behavior in Animals pp 24-38. WB Saunders: Philadelphia, USA

Benham PJF 1982 Social organization and leadership in a grazing herd of sucklercows.Applied Animal Ethology 9: 95 (Abstract)

Boudreau PL and Tsuchitani C 1973 Sensory Neurophysiology. Van Nostrand Reinhold: New York, USA

Dantzer R, Mormède P and Henry JP 1983 Physiological assessment of adaptation in farm animals. In: Baxter SH, Baxter MR and McCormack JAD (eds) Farm Animal Housing and Welfare pp 8-19. MartinusNijhoff: The Hague, The Netherlands

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

73

Duncan IJH 1985 How do fearful birds respond? In: Wegner RM (ed) Proceedings of the Second European Symposium on Poultry Welfare pp 96-106. World Poultry Science Association: Celle, Germany

Mitchell MA and Kettlewell PJ 1993 Catching and transport of broiler chickens. In: Savory CJ and Hughes BO (eds) Fourth European Symposium on Poultry Welfare, 18-21 September, Edinburgh, UK pp 219-229. Universities Federation for Animal Welfare: Hertfordshire, UK

Eaton P 1987 Hygiene in the animal house. In: Poole TB (ed) The UFAW Handbook on the Care and Management of Laboratory Animals, 6th Edition pp 144-158. Longman Scientific & Technical: Harlow, UK

Ross C 1988 The intrinsic rate of natural increase and reproductive effort in primates. Journal of Zoology 214: 199-219

Main headings

On a separate line, left-aligned in bold title case, eg

Animal health

Subheadings

On a separate line left-aligned in bold italics, eg

Respiratory disorders

Sub-subheadings

Avoid if possible; otherwise should be on a separate line left-aligned in italics.

Abbreviations

Acronyms should be in full the first time they appear, eg World Health Organisation (WHO). Full stops should not be used in contractions, for example ieetceg, nor within acronyms. Figure or Table should not be abbreviated.

Footnotes

Footnotes to tables are to be indicated using superscript numbers and placed below the table. Footnotes in the text are not permitted.

Foreign words and phrases

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

74

Should be in italics except for common phrases (eg 'post mortem'), amputated phrases (eg 'post hoc') and abbreviations. However, 'et al' should be in italics.

Locations

Give as latitude and longitude (specifying degrees, minutes and seconds).

Measurements

To comply with the abbreviations in the International System of Units (SI).

Numbers

One to nine should be written in words unless they precede units of measurement. Numbers 10 and above should be written as numerals except at the beginning of a sentence. The 24 hour clock should be used for times of day, eg 1400h and, if relevant, corrected to standard local time. Zero should be inserted before the decimal point for values less than one, eg P = 0.05. A space should separate groups of three digits in whole numbers exceeding four digits (100, 1000, 10 000 etc).

References within the text

Cite with minimum punctuation, eg:

'... carried out by Smith and Jones (1985) ...';

'... (Smith & Jones 1985)...' ie use an ampersand when reference is in parentheses;

'... (Smith 1985; Jones 1986; Smythe 1986), ...' ie put two or more references in chronological and then alphabetical order, and separate each author's references by a semi-colon;

'... (Smith et al 1985)...' ie use et al for three or more authors;

'... (Smith 1986a, b; 1988)...' ie by an author in the same and in a subsequent year;

'... (Smith in press)...' ie has been accepted for publication but is not yet published;

'... (Smith 1980, 1986, 1990; Jones 1981, 1982)...' ie group all references to one author's work together.

For detailing specific points within multi-chapter or lengthy volumes the reference may include the chapter or page numbers, eg (Smith 1987 Ch 7) or (Smith 1987 p 3-4). Citations of personal communications and unpublished data should be avoided if possible. When they have to be used they should include the named source of the personal communication and the date.

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

75

Check that spellings of authors' names and publication dates in the text and

references are consistent.

Ensure that all references in the text appear in the reference section.

Ensure that all references in the reference section are cited in the text.

Scientific and common names

When first mentioned in the paper, species should be described by the common English name and defined by the full scientific name, eg rabbit (Oryctolaguscuniculus). Thereafter either rabbit or O. cuniculus may be used, preferably the former. Names of genera and species or subspecies should be in italics. Nomenclature for outbred laboratory animals should conform to that recommended by the Committee on Nomenclature, Institute of Laboratory Animal Resources, Washington DC, USA.

Spelling

This should be English and - except for quotations and references - conform to the first entry in the Concise Oxford English Dictionary.

Trade products

Give the brief address from where the product may be obtained eg '...Kong Ball' (supplied by the Company of Animals, Chertsey, Surrey)...'. Denote any T or ® marks required.

Tables

Each table should be typed on a separate sheet and its place in the text indicated. Tables should be numbered with Arabic numerals (eg Table 1, Table 2 etc). Titles should be brief and placed above the table. Titles between tables should be as consistent as possible. Additional information, such as the key or acknowledgement, should be shown below. Wherever possible, tables should be created using the table feature. Tables must be portrait (not landscape) and designed to fit the journal page format.

Figures

Please note that figures must follow the format below.

Figures should not be larger than A4 size, and must be cited in the text at least once.

Figures should be as simple as possible; particularly avoid three-dimensional graphics. There should be no enclosing lines on graphs or keys. Arial font should be used throughout for all text. Axis labels should be in arial 8 point bold throughout and

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

76

tick labels should be in arial 7 point regular (ie not bold). Decimal points must be full stops and not commas.

Standard error bars should be shown where possible. For data points these extend below and above the point with short horizontal lines denoting the ends. For histograms these extend above each block with a short horizontal line denoting the end.

Figures should also be submitted in a format that allows them to be edited and formatted as per our in-house style. This requires them not to be submitted as TIF files or simply scanned in but to be in Word, Excel or Illustrator files.

Captions (Figure number plus title)

The figures should be numbered consecutively with Arabic numerals and 'Figure' written in full, (eg Figure 1, Figure 2 etc). This should be accompanied by a brief title and a caption that is self-explanatory, needing no reference to the text.

Similar figures should have the same format and similar titles/captions, so they can be easily compared (this also applies to Tables).

Figures that share captions should be marked (a), (b) etc in the top left-hand corner and if they have the same x-axis and/or y-axis measurement it may be possible to share axis labels.

Labels

All axis labels to be in arial 8 point bold. All tick labels to be in arial 7 point regular (ie not bold).

All letters in lower-case except the first letter of the first word.

No full stops after labels and no underlining.

Graph axis headings should include both parameter and unit.

All decimal points should be full stops and not commas.

Système International (SI) units should be used, noted in negative exponent form and in brackets at the end of the heading (as used in the Journal of Zoology; Applied Animal Behaviour Science; Nature), eg 'Corticosterone concentration (ng ml-1)'.

Keys

Keys should be included within the graph in a blank space, preferably at the top right-hand corner (not enclosed in lines).

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

77

Only use shadings which are sharp and are easily distinguished from each other. Black, white and greyscale are preferred.

Use large and preferably solid symbols (circles, triangles and squares) for data points.

Photographs

Photographs are welcomed, and should be submitted as either GIF, TIF, BMP or JPEG images along with the original submission. A bar scale with relevant units should be shown, or the magnification indicated where relevant. Any photographs that would be suitable for the cover should also be submitted.

Authors wishing to publish coloured prints should contact the editorial office to discuss charges.

Permissions

Any figures that have been taken directly from other manuscripts must have copyright permission from both the author and the publisher, or only the author if the material is unpublished. This permission must be submitted in writing with the necessary signatures when the manuscript is submitted.

Letters

Readers are invited to submit and respond to observations and opinions on topical animal welfare issues, as well as on material published in the journal. Publication will be subject to editorial discretion and the journal reserves the right to edit for clarity and style.

Proofs

These are supplied in advance of publication by e-mail and must be returned by the specified date; any delay in returning the proof may result in the paper being held over until a subsequent issue. Only essential corrections should be made. Charges may be levied for authors' errors.

Reprints

The corresponding author of a paper will be supplied with a complimentary copy of the relevant journal issue and 10 free reprints. Further copies may be ordered at extra cost at the proof stage.

Copyright

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - biblioteca.uesc.br · As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas ... as estrelas, elas sempre me fazem

78

The copyright of each paper published becomes the property of UFAW and written permission must be sought to reproduce any part or whole of the paper. However, UFAW will not put undue limitations on the author to use the material in other works.