UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ......

47
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA GRACIELLE GONZAGA GROMBONI EPIDEMIOLOGIA DE LEPTOSPIRA EM CÃES NATURALMENTE INFECTADOS DO ESTADO DA BAHIA ILHÉUS BAHIA 2015

Transcript of UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ......

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

JULIANA GRACIELLE GONZAGA GROMBONI

EPIDEMIOLOGIA DE LEPTOSPIRA EM CÃES NATURALMENTE INFECTADOS

DO ESTADO DA BAHIA

ILHÉUS – BAHIA

2015

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

JULIANA GRACIELLE GONZAGA GROMBONI

EPIDEMIOLOGIA DE LEPTOSPIRA DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS

DO ESTADO DA BAHIA

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciência Animal. Área de Concentração: Clínica e Sanidade Animal Orientador: Prof. Dr. Amauri Arias Wenceslau

ILHÉUS – BAHIA

2015

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

G873 Gromboni, Juliana Gracielle Gonzaga.

Epidemiologia de leptospira em cães naturalmen- te infectados do estado da Bahia / Juliana Gracielle Gonzaga Gromboni. – Ilhéus, BA: UESC, 2015.

34 f. : il. Orientador: Amauri Arias Wenceslau. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Referências: f. 23-34. 1. Leptospirose. 2. Leptospirose – Epidemiologia. 3. Leptospira. 4. Cão – Doenças. I. Título. CDD 616.959

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

iii

JULIANA GRACIELLE GONZAGA GROMBONI

EPIDEMIOLOGIA DE LEPTOSPIRA DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS

DO ESTADO DA BAHIA

Ilhéus – BA, 24/02/2015

_____________________________________________

Prof. Amauri Arias Wenceslau – DSc UESC/DCAA (Orientador)

_____________________________________________

Prof. George Rego Albuquerque – DSc UESC/DCAA

_____________________________________________

Prof. Paulo Carneiro – DSc UESB

ILHÉUS – BAHIA 2015

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

iv

Aos meus pais, Luiz

Henrique e Maria Cícera, meus

exemplos de vida e meus heróis, aos

meus irmãos Luíz Fabiano e Tiago

Augusto e ao meu esposo Caio

Gromboni, meu tudo.

Dedico

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

v

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus pela oportunidade, pela força e por tudo.

Ao Prof. Dr. Amauri Arias Wenceslau, pela orientação, por me acolher, pelo

conhecimento, paciência, apoio e amizade. E à UESC, pela oportunidade de usufruir

suas dependências e infraestrutura.

Ao Prof. Dr. George Rego Albuquerque peja ajuda essencial no

desenvolvimento do trabalho e pelas sugestões para a dissertação, meus sinceros

agradecimentos.

Aos Professores do Hospital Veterinário da UESC.

Aos meus pais, ao meu esposo Caio Fernando Gromboni (meu tudo), meus

irmãos e a minha família incluindo tios, tias, primos, primas, pela torcida, incentivo,

amor, e por estarem sempre ao meu lado em todos os momentos da minha vida e

serem o alicerce da minha estrutura.

Aos amigos da vida acadêmica Daniele Rocha (pela ajuda no laboratório e as

risadas de sempre), Rodrigo Alves Bezerra (pela ajuda no desenvolvimento da parte

experimental), Haniel Cedraz (pelas suas minuciosas correções), Fábio Carvalho,

Luciana Carvalho, Tatiani Harvey, Jamille Rodrigues e todos os demais integrantes

do Hospital Veterinário pelas discussões, sugestões e colaboração, o meu mais

sincero agradecimento por tudo que vivi com vocês.

Aos funcionários do Hospital Veterinário da UESC pelo auxílio técnico.

Aos grandes amigos de Jaú e Mineiros do Tiête que sempre me

recepcionaram de braços abertos, com muita cerveja e vários churrascos, em

especial Cleber Passos e Camila Sandoval, Fabiano Gonzaga, Cleide Gonzaga,

Tiago Gonzaga, Adriele Pastori, Silas Souza, Bruna Sandoval, Lucas Sandoval e a

minha sogra Regina Eguea e meu sogro Fernando Gromboni por disponibilizarem o

espaço para a maioria das confraternizações.

Aos amigos feitos no Hospital Veterinário da UESC durante o período de

realização deste trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

vi

A Capes, pela bolsa de mestrado.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade

Estadual de Santa Cruz- UESC, pela oportunidade e especialmente ao secretário da

pós, Eduardo Góes Viana.

A todos os quais eu cometi a injustiça de não listar acima ficam meus sinceros

agradecimentos.

Muito obrigado!

“A persistência é o menor caminho do êxito”

Charles Chaplin

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

vii

EPIDEMIOLOGIA DE LEPTOSPIRA DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS

DO ESTADO DA BAHIA

RESUMO

A leptospirose é uma doença endemicamente conhecida em todo o mundo,

com grande incidência em regiões de clima tropical, principalmente em locais com

registros de fortes chuvas e alagamentos, tornando a doença um importante

problema de saúde pública. Essa doença em cães, normalmente, apresenta-se de

forma branda, mas pode tornar-se um quadro grave. A bactéria transmissora da

doença, a Leptospira, é patogênica para uma grande variedade de animais,

incluindo os selvagens e domésticos, que servem de fonte de infecção para o ser

humano. A identificação dessa bactéria pode ser realizada por diferentes técnicas,

incluindo a molecular, que de acordo com estudos, é eficaz, sensível e de baixo

custo. Tendo isso em vista, objetivou-se com este trabalho identificar através da

técnica de PCR, Leptospiras presentes em sangue de cães de diferentes regiões do

Estado da Bahia e, especificamente, em amostras de cães em 12 diferentes bairros

do município de Ilhéus, e verificar a existência de possíveis fatores de risco

associados à infecção. Os resultados obtidos demostraram que cães de cidades do

Estado da Bahia com IDH baixo estão mais susceptíveis a adquirirem a doença,

apresentando uma prevalência de 10,2%. Quanto aos cães analisados da cidade de

Ilhéus, a prevalência foi de 13,1% de positividade para leptospirose, principalmente

em bairros localizados na periferia, com recorrentes episódios de alagamentos. Em

relação aos fatores de risco associados no município de Ilhéus, não houve

significância estatística. Este estudo demonstrou que a prevalência de Leptospirose

em cães, tanto em diferentes regiões da Bahia, como no município de Ilhéus se

encontra semelhantes aos encontrados na literatura, porém a cidade de Una e dois

diferentes bairros de Ilhéus apresentaram índices maiores que 20%, havendo a

necessidade de se atentar e reforçar o controle e vigilância desta importante doença.

Palavras chave: Leptospirose, caninos, epidemiologia, PCR.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

viii

Epidemiology identification of naturally infected leptospira dogs the

State of Bahia

ABSTRACT

Leptospirosis is an endemic disease known throughout the world, which are

prevalent in tropical regions, especially in places with records of heavy rains and

floods, making the disease a major public health problem. This disease in dogs

usually presents itself in a mild form, but can become a serious condition. The

transmitting disease bacteria, Leptospira is pathogenic to a wide variety of animals,

including wild and domestic, serving as a source of infection for humans. The

identification of this bacterium can be performed by various techniques, including

molecular, according to studies, it is effective, sensitive and inexpensive. Keeping

this in view, the aim of this work was to identify by PCR, Leptospira present in blood

of dogs of different regions of Bahia and specifically in dogs samples in 12 different

neighborhoods in the city of Ilheus, and check the existence of possible risk factors

for the infection. The results showed that the State of Bahia cities of dogs with low

HDI are more likely to acquire the disease, with a prevalence of 10.2%. As for the

dogs examined the city of Ilheus the prevalence was 13.1% positive for leptospirosis,

especially in neighborhoods located on the periphery, with recurrent episodes of

flooding. Regarding risk factors associated in Ilhéus, there was no statistical

significance. This study showed that the prevalence of leptospirosis in dogs, both in

different regions of Bahia, as in Ilhéus is similar to those found in the literature, but

the city of Una and two different neighborhoods in Ilheus showed higher rates than

20%, with the need to be alert and strengthen the control and surveillance of this

important disease.

Keywords: Leptospirosis, canines, epidemiology, PCR.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Eletroforese em gel de agarose à 2% dos produtos de

PCR............................................................................................................................15

Figura 2. Localização aproximada dos bairros onde foram realizadas as coletas no

município de Ilhéus.....................................................................................................18

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Resultados obtidos utilizando a técnica de PCR para as amostras de cães

naturalmente infectados das cidades da

Bahia..........................................................................................................................16

Tabela 2. Resultados obtidos utilizando a técnica de PCR para as amostras de cães

naturalmente infectados dos 12 diferentes bairros da cidade de

Ilhéus..........................................................................................................................19

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% Por cento mL Mililitro

ºC Graus Celsius mM Milimolar

µg Micrograma ng Nanograma

µL Microlitro nPCR nested PCR

µM Micromolar pb Pares de base

BSA Albumina sérica bovina SAM Soro Aglutinação microscópica

CCZ Centro de controle de

Zoonoses

PCR Reação em cadeia de

polimerase

DNA Ácido desoxirribonucléico ELISA Ensaio Imunoenzimático

dNTP’s Desoxirribonucleotídeos

trifosfatados

EDTA Ácido Etilenodiamino Tetra -

Acético

SESAB Secretaria de Saúde do Estado da Bahia

SDS Dodecil sulfato de sódio

g Força da gravidade Taq Thermophillus aquaticus

g Grama IgM Imunoglobulina M

rDNA DNA ribossômico MAT Teste Microscópico de

Aglutinação

mg Miligramas UI Unidade Internacional

Mgcl2 Cloreto de magnésio IDH Índice de Desenvolvimento

Humano

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

xii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................4

2.1 Aspectos Históricos.....................................................................................4

2.2 Classificação e Biologia da Leptospira........................................................5

2.3 Biologia Molecular.......................................................................................6

2.4 Epidemiologia..............................................................................................7

2.5 Sinais Clínicos.............................................................................................8

2.6 Diagnóstico da leptospirose canina.............................................................9

2.7 Fatores de risco da leptospirose canina....................................................10

3. OBJETIVOS ...................................................................................................11

3.1 Objetivo geral.............................................................................................11

3.2 Objetivo específico....................................................................................11

4. MATERIAL E MÉTODOS ..............................................................................12

4.1 Animais do Estado da Bahia ....................................................................12

4.2 Animais da cidade de Ilhéus......................................................................12

4.3 Extração de DNA ......................................................................................12

4.4 Amplificação do DNA.................................................................................13

4.5 Condições de PCR e Nested PCR............................................................13

4.6 Eletroforese...............................................................................................14

4.7 Análise Estatística.....................................................................................14

4.8 Fatores de risco associados......................................................................14

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................15

6. CONCLUSÕES...............................................................................................22

7. REFERÊNCIAS ..............................................................................................23

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

1. INTRODUÇÃO

A leptospirose é uma antropozoonose, mundialmente conhecida, causada por

espiroquetas patogênicas do gênero Leptospira (SACHSE; FREY, 2003). O gênero

Leptospira é dividido em dois grandes grupos compreendendo espécies saprófitas

como L. biflexa e, patogênicas como L. interrogans. Essa doença de potencial

endêmico ocorre com maior incidência em países de clima tropical úmido com

grande ocorrência em épocas chuvosas, principalmente com casos de inundações,

tornando assim um grande problema de saúde pública.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima mais de 500.000 casos anuais

de leptospirose em humanos em todo o mundo (WHO, 2011), porém resultados

parciais da Burden Epidemiology Reference Group (LERG) estimam a incidência

anual de cerca de um milhão de casos e 60.000 mortes (HAGAN et al., 2013). O

grande número de casos demonstra a importância dessa doença principalmente em

países de clima tropical, onde muitos casos estão relacionados à pobreza.

O Brasil é o país das Américas com maior número de alertas. De acordo com

registros de notificação humana entre 2007 e 2012, foram confirmados 22.233 casos

da doença, com um total de 2.108 óbitos (CALDAS, 2013). Esse grande número de

casos está associado a pouca estrutura de saneamento básico, isso colabora para o

crescimento populacional de roedores, devido o acúmulo de lixo e crescimento

desordenado dos centros urbanos com aumento de favelas (FIGUEIREDO et al.,

2001).

Na Bahia, em 2013 foram notificadas 376 ocorrências de leptospirose, no qual

171 foram confirmadas, representando um Coeficiente de Incidência de 1,21 casos

por 100.000 habitantes, observando a ocorrência de 20 óbitos com letalidade de

11,7%. (SESAB, 2014).

A leptospirose é caracterizada por manifestar ao paciente uma doença

aparentemente leve, com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir

para uma forma mais grave levando o indivíduo à morte. Os principais sintomas

clínicos são anorexia, prostração, desidratação, icterícia e, nas alterações

laboratoriais há indicativas de comprometimento renal e hepático (BRENNER et al.,

1999). Assim como nos seres humanos os animais infectados apresentam sintomas

variados que vai desde febre até a infertilidade (ACHA; SZYFRES, 2003).

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Introdução 2

Os sintomas em caninos podem variar desde um quadro subclínico até o

crônico, isso depende da patogenicidade do sorovar que infectou o animal. A

leptospirose canina geralmente ocorre pelos sorovares canícola,

icterohaemorrhagiae e copenhageni (LETOCARD et al., 1999).

Os roedores, de maneira geral, são hospedeiros definitivos da Leptospira e

habitualmente não morrem por conta da infecção. Isso acontece devido o pH

alcalino de sua urina e do tecido renal favorecer a sobrevivência do microrganismo,

permitindo a eliminação da bactéria permanentemente.

A Leptospira geralmente é adquirida pelo ser humano através do contato direto

com a urina de animais infectados. A bactéria pode penetrar na pele do ser humano

através de ferimentos ou pele íntegra, caso permaneça por muito tempo em contato

com a água contaminada. Quando a bactéria chega à corrente sanguínea ocorre

rápida multiplicação caracterizando a fase de bacteremia, que pode durar de 1 a 7

dias (LEVETT, 2001).

Os cães, por serem considerados animais de companhia, são importantes

transmissores da leptospirose para humanos. Esses animais são a segunda fonte

de transmissão para o homem, perdendo apenas para os roedores. Os cães,

quando contaminados por Leptospira, principalmente aqueles que não apresentam

manifestações clínicas oferecem grande risco de outros animais adquirirem a

leptospirose, servindo de fonte contínua para contaminação ambiental (OLIVEIRA et

al., 2004).

O diagnóstico da leptospirose não é uma tarefa simples, uma vez que a doença

apresenta sintomas não específicos. Dessa forma, um diagnóstico clínico e

laboratorial precoce pode ser muito importante no tratamento. A detecção de

Leptospira pode ser realizada através da técnica de Soroaglutinação Microscópica

(SAM), Microscopia de Campo Escuro, Imunofluorêscencia e Reação em Cadeia da

Polimerase (PCR). Métodos sorológicos também são usados para detecção de

Leptospiras, porém podem existir falhas na detecção, uma vez que a bactéria pode

não causar uma resposta imune suficientemente capaz de reagir com os padrões

conhecidos ou o paciente apresente baixos títulos de anticorpos no soro (LEVETT,

2001).

A técnica mais utilizada e que apresenta grande eficácia é a molecular, nesse

contexto se enquadra a PCR. A técnica consiste em identificar o agente de interesse

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Introdução 3

através de uma pequena amostra de DNA, além disso, essa ferramenta gera

resultados rápidos, com mais sensibilidade e especificidade, sendo amplamente

utilizado no diagnóstico de doenças infecciosas por apresentar baixo custo

(SACHSE e FREY, 2003).

Dessa forma, pesquisas relacionadas à identificação, prevalência e fatores de

risco associados da leptospirose em cães fazem-se necessárias para tentar buscar

medidas que contribuam para prevenção e meios que levam a diminuição da

transmissão dessa importante doença.

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Aspectos Históricos:

Até o final do século XVIII foram documentadas diversas epidemias de uma

doença infecciosa ictérica que apresentava disfunção renal, embora até a data a

doença fosse desconhecida. O quadro clínico em humanos causado pela Leptospira

envolve uma série de sintomas podendo apresentar desde sinais simples até à

morte do indivíduo.

Segundo Faine et al., (1999), essa doença foi descrita por Adolf Weil em

Heidelberg em 1886, há mais de 100 anos. Em 1887, Goldschimidt denominou de

Síndrome de Weil a forma mais agressiva da leptospirose humana.

Outros registros também foram descritos dessa síndrome, como por exemplo,

em 1812 durante o cerco de Cairo - Egito, homens combatentes apresentavam

sintomas parecidos com os da leptospirose. Em 1883, em Paris, Landouzy

descreveu alguns sintomas parecidos com leptospirose em funcionários que faziam

a limpeza de esgoto. Em 1907, Stinson realizou a primeira visualização da bactéria

transmissora da leptospirose nos túbulos renais de um paciente através da

coloração por prata. Devido à espiroqueta apresentar morfologia semelhante a um

ponto de interrogação, Stinson as denominou como Spirochaeta interrogans. Em

1914, Inada e Nido inoculou sangue humano com síndrome de Weil em cobaias, e

encontrou as espiroquetas causadoras da doença descrita por Weil, no qual foi

denominada Spirochaeta icterohaemorrhagiae. O primeiro relato da doença em

animais foi em cães, por volta de 1850, embora sua etiologia ainda fosse

desconhecida. No século seguinte, os roedores foram identificados como portadores

da bactéria (FAINE et al., 1999).

No Brasil a doença foi descrita pela primeira vez no Pará por McDowel em

1917. Neste mesmo ano Henrique Beaurepaire de Aragão encontrou Spirochaeta

icterohaemorrhagiae em Rattus novergicus em um estudo realizado no Rio de

Janeiro. (ARAGÃO, 1917).

A partir desta data, vários relatos foram descritos em diferentes estados. O

primeiro estudo de leptospirose em cães no Brasil foi realizado na cidade do Rio de

Janeiro, em 1940, onde Dacorso Filho necropsiou 11 cães com manifestações

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Revisão bibliográfica 5

clínicas, verificando a presença do agente causador. Em 1970, um estudo com

duração de nove anos realizada no Instituto Biológico de São Paulo sobre

leptospirose levou a identificação de sorovares de humanos e outras várias espécies

de animais, incluindo bovinos, suínos, caninos, ovinos, caprinos, equinos e

bubalinos (SANTA ROSA et al., 1970).

2.2. Biologia e Classificação da Leptospira:

As Leptospiras são bactérias com 0,1 a 0,2 µm de diâmetro e 6 a 12 µm de

comprimento, possuindo formato fino e espiralado e apresentam ganchos em suas

extremidades com dois flagelos, um em cada polo da célula, que a torna móvel. As

Leptospiras possuem a mesma estrutura de parede celular das bactérias Gram-

negativas. São aeróbicas obrigatórias e possuem baixa atividade endotóxica (FAINE

et al., 1999). A temperatura ótima para seu crescimento está em torno de 28°C e 30°

C, com um tempo de geração de 12 horas. No ambiente, seu crescimento é

favorecido com pH de 7,2 a 7,4 em grande umidade (GOMES, 2014).

A leptospirose é causada por espécies patogênicas denominadas Leptospiras.

O agente etiológico da leptospirose pertence à ordem Spirochaetales, família

leptospiraceae, gênero leptospira, e sua unidade taxonômica do gênero é o sorovar.

O agrupamento de sorovares é feito segundo suas características antigênicas e o

termo sorogrupo é adotado para indicar a natureza sorológica desses grupos

(LETOCART; BARANTON; PEROLAT, 1997).

Até meados dos anos 90, o gênero Leptospira era dividido em dois grandes

grupos, no qual compreendia cepas saprófitas, que são as cepas isoladas do

ambiente, Leptospira Biflexa, e as cepas patogênicas, Leptospira Interrogans, e essa

denominação era baseada nas características antigênicas das espécies. Atualmente

existem duas classificações para Leptospira, a genética e a antigênica. Na

classificação genotípica faz parte todos os sorovares, tanto da L. interrogans como

da L. biflexa, porém a coexistência das duas classificações ainda é confusa para os

microbiologistas, uma vez que estão habituados ao sistema de classificação em

sorogrupos e sorovares. De acordo com Levett (2011), a classificação genética é

incompatível com o sistema de sorogrupo que ainda necessita ser mantido até que

um sistema de identificação mais simples com base no DNA seja desenvolvido e

validado. A classificação genômica das espécies se baseia no grau de similaridade

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Revisão bibliográfica 6

do DNA com pelo menos 70 % de homologia e cuja sequência contém uma

divergência de pelo menos 5 % de bases não pareadas (KAUFMANN et al., 2006).

Nessas duas classificações se enquadram as espécies patogênicas e

saprófitas. Isolados sorologicamente indistinguíveis, podem pertencer a espécies

diferentes, de acordo com a classificação genética (BRENNER, et al., 1999).

De acordo com Caldas (2013), as cepas patogênicas que infectam o ser

humano e os animais são: L. interrogans, L. borgpetersenii, L. inadai, L. Kirschneri,

L. noguchii, L. weilii e L. santarosai e possuem mais de 200 sorovares agrupados em

dois sorogrupos. As cepas saprófitas são L. biflexa, L. wolbachii e L. hollandia, com

38 sorovares agrupados em seis sorogrupos.

Apesar de existir essa divergência de classificação, os sorovares pertencentes

a cada sorogrupo não sofreram alterações e a nomenclatura da relação sorogrupo

sorovar é a mesma, tanto na classificação sorológica como na genotípica.

2.3. Biologia Molecular:

O genoma da Leptospira é composto por dois cromossomos circulares, um de

3.850 Kb e outro de 5.450 Kb. Ela contém duas cópias dos genes 16S e 23S rDNA e

somente uma do 5S rDNA e, distribuídos separadamente no cromossomo (GOMES,

2014).

A identificação de Leptospiras através de técnicas moleculares tem

demonstrado valiosos resultados, utilizando diferentes ferramentas, tanto para

diagnóstico, quanto para estudos epidemiológicos da leptospirose. Alguns métodos

moleculares têm sido descritos na literatura para identificar e caracterizar

Leptospiras, tais como: polimorfismo de fragmentos de restrição, eletroforese em

campo pulsado, PCR com primers arbitrários e análise da variação do número de

repetição em tandem (SLACK et al., 2005; MAJED et al., 2005). A técnica de PCR

tem demonstrado ser uma técnica promissora no diagnóstico de doenças infecciosas

como a leptospirose. A PCR requer a utilização de primers específicos que

amplifiquem fragmentos de cepas patogênicas ou potencialmente patogênicas.

Vários ensaios de PCR para detectar leptospirose têm sido descritos. Não é uma

tarefa simples identificar todas as espécies e discriminar patogênicas de não

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Revisão bibliográfica 7

patogênicas, o que torna um desafio no diagnóstico molecular. A maioria dos

primers descritos até agora tem como alvo o gene 16S rDNA, caracterizado por ser

um gene altamente conservado entre as espécies de Leptospiras e outras espécies

de bactérias. O gene Lipl32 tem sido usado como alvo para desenho de primers,

uma vez que ele está presente somente nas espécies patogênicas de Leptospira e

ausente em sorotipos não patogênica (JOUGLARD, 2005). A técnica utilizando

primers que amplificam fragmentos do gene Lipl32 tem se mostrado mais sensível

pela Nested- PCR para detecção de Leptospiras patogênicas.

2.4. Epidemiologia

A leptospirose canina é uma doença conhecida em todo o mundo, sua

importância está relacionada aos seus efeitos tanto na economia quanto na saúde

pública (ALVES, 2003). A ocorrência de leptospirose em cães tem grande incidência

em vários países do mundo, podendo apresentar- se tanto na forma esporádica

quanto na endêmica, contudo, sua incidência ocorre, principalmente, em países de

clima tropical e regiões onde o índice de precipitação pluviométrica e inundações

são altos, e o problema se agrava quando associado a condicionantes

socioeconômicos (AZEVEDO et al., 2011). Nos países em desenvolvimento, a

leptospirose é uma doença emergente que afeta comunidades urbanas e favelas

(KO et al., 2009). A falta de infraestrutura e saneamento básico fornecem condições

para a proliferação de ratos, que é o principal reservatório para Leptospira

(FELZEMBURG et al., 2014). A leptospirose canina se tornou um grande problema

sanitário, não somente pela sua patogenicidade e capacidade de o cão ser

susceptível a qualquer sorovar, mas também por ser elemento de contágio ao ser

humano.

Animais, incluindo o homem podem ser considerados hospedeiros

mantenedores e acidentais da doença. Hospedeiros mantenedores são

característicos de espécies em que a doença é transmitida de um animal para o

outro através do contato direto com sangue, tecido, urina e outros fluidos de animais

infectados. Os roedores, por exemplo, possuem características de animais

mantenedores, pois, favorecem a sobrevivência do microrganismo nos túbulos

renais e sua eliminação permanente na urina (GOMES, 2013).

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Revisão bibliográfica 8

Diversos estudos sorológicos tem demonstrado que essa doença acomete

diferentes animais de diferentes espécies, podendo ser infectado por grandes

variedades de sorovares, porém, deve-se levar em conta as características

individuais de cada região e de cada espécie (BARCELLOS, 2003).

Para um melhor entendimento da epidemiologia da leptospirose, o

conhecimento dos sorovares prevalentes em cada região e os animais

mantenedores é primordial, uma vez que as infecções humanas resultam da

exposição à urina de animais portadores. O principal reservatório da Leptospira é o

rato (Rattus novergicus) que abriga de forma permanente os membros do sorogrupo

Icterohaemorrhagiae, eliminando-o por longos períodos na urina (FAINE et al.,

1999). Em animais domésticos, o cão assume um importante papel na infecção por

Leptospira. A estreita relação do cão com o homem vem trazendo grande

preocupação pelo fato do animal excretar Leptospiras na sua urina, geralmente sem

apresentar sinais clínicos (AZEVEDO, 2013). Dessa forma é importante avaliar os

fatores de risco no qual o cão está exposto, bem como verificar sua importância

como fonte reservatória de infecção para o homem, de maneira que se direcione

para alguma medida de prevenção (AZEVEDO, 2011).

A leptospirose é também considerada uma doença de risco ocupacional,

atingindo diferentes classes profissionais, principalmente trabalhadores relacionados

aos serviços de saneamento e áreas que oferecem maior exposição aos fatores de

risco da doença (LANGONI et al., 2008). Devido às condições climáticas do Brasil e

escassez de saneamento básico em determinadas regiões, a preocupação em

relação aos casos de notificação tem aumentado.

2.5 Sinais Clínicos

A doença leptospirose caracteriza-se por apresentar uma grande variedade de

sintomas podendo ser de forma mais branda, confundida como uma gripe comum

até a mais grave, como a síndrome descrita por Weil em 1886. Apesar de em alguns

casos o sintoma ser mais brando, isso não impede que a doença evolua para um

quadro mais grave, isso depende do grau da infecção no qual a doença foi

diagnosticada e a fase que ela se encontra (COSTA, 2013).

Clinicamente, a leptospirose apresenta-se de duas formas, uma ictérica e outra

anictérica (FAINE et al., 1999). O estágio de ictérica evolui rápido e

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Revisão bibliográfica 9

progressivamente com febre aguda elevada e mialgias, podendo comprometer os

rins e fígado (SAMBSIAVA et al., 2003). Já o estágio anictérico é caracterizado por

apresentar febre, cefaleia e mialgias. Nessa fase septicêmica os sintomas surgem

abruptamente e pode durar de 3 a 7 dias (FAINE et al., 1999).

Em cães, os sintomas podem surgir de forma aguda, que se caracterizam por

icterícia, vômito, diarreia, anorexia, convulsões e poliúria, que pode levar a

comprometimentos hepáticos e renais (MEIRA, 2009; ADIN et al., 2000).

Essa sintomatologia em caninos pode variar dependendo do sorovar abrigado

no animal. O sorovar icterohemorrhagiae pode levar o cão a morte em 24 a 48

horas. O sorovar canícola, por exemplo, pode provocar infecção subclínica ou

crônica e muitas vezes assintomáticas (ADIN et al., 2000).

2.6 Diagnóstico da leptospirose canina

O diagnóstico da leptospirose canina é realizado, geralmente, por sorologia

com a detecção de anticorpos, que pode ser realizado pelo método gênero

específico ou sorogrupo específico (GOMES, 2013; SAMBSIAVA, 2003).

A escolha do método para detecção da Leptospira depende da fase em que a

doença se encontra. O diagnóstico pode ser realizado a partir de diferentes técnicas

laboratoriais baseadas na detecção direta ou indireta do agente. Quando a doença

está na fase aguda, as Leptospiras podem ser observadas no sangue através do

exame direto, porém, este tipo de diagnóstico é considerado falho, uma vez que

existe a necessidade de um profissional muito experiente que possa visualizar com

precisão com Microscópio em Campo Escuro ou por Coloração. Além do exame

direto, outros testes como Cultura para isolamento, Soroaglutinação Microscópica

(MAT), ELISA e exames Imunohistoquímicos são necessários para confirmação de

leptospirose (MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2013).

Dessa forma, a necessidade de novos testes para tornar a identificação mais

eficiente seria uma maneira de diagnosticar com precocidade a doença, uma vez

que nenhum destes testes é capaz de diagnosticar com exatidão esta enfermidade

(NASSI et al., 2003).

O diagnóstico realizado através da técnica de biologia molecular tem sido alvo

de estudo para muitos pesquisadores, uma vez que a técnica tem se mostrado mais

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Revisão bibliográfica 10

eficiente, específica e de baixo custo na detecção de Leptospiras spp. A técnica

molecular mais comumente utilizada para o diagnóstico é a PCR, que consiste na

amplificação de pequenas quantidades do DNA dos microrganismos em vários tipos

de amostras biológicas em um curto prazo de tempo. No entanto, essa ferramenta

possui algumas limitações, como por exemplo, a incapacidade de detectar o sorovar

infectante, embora isto não tenha valor significativo para o paciente. A sensibilidade

da PCR pode variar de acordo com o tipo de primer utilizado, a padronização da

técnica, escolha do material biológico e armazenamento do DNA. De acordo com

um estudo realizado por Merien (2005), a PCR foi capaz de detectar o DNA da

Leptospira em amostras de soro humano antes da detecção de anticorpos pelo SAM

e pela técnica ELISA IgM.

Atualmente várias técnicas são utilizadas para diagnóstico de leptospirose

canina, porém, os estudos encontrados na literatura tem demonstrado que a técnica

de PCR é a mais adequada no diagnóstico precoce da leptospirose, e dessa forma

poderá contribuir com condutas adequadas no tratamento a ser instituído, e na

saúde pública.

2.7 Fatores de risco da leptospirose canina

São considerados fatores de risco à leptospirose, áreas periurbanas, roedores

presentes no domicílio, o hábito de manter os cães com acesso à rua, contato com

outros animais e contato com áreas alagadiças (JOUGLARD & BROD, 2000). De

acordo com um estudo realizado por Furtado (1997), os cães que tinham acesso à

rua apresentaram risco duas vezes maior de adquirirem a doença. Além disso,

outros fatores, como sexo, raça e idade podem influenciar na infecção do cão à

leptospirose. Segundo Rubel et al., (1997), cães machos foram mais susceptíveis á

doença do que as fêmeas, e cães acima de 12 meses apresentaram maior número

de reações a SAM que cães mas jovens. Dessa forma, Jorge et al., (2005) ressalta a

importância de se verificar fatores que estão relacionados á epidemiologia da

leptospirose e a importância de prevenção, através de medidas sanitárias aplicadas

ao ambiente e aos animais de estimação.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral:

Identificar através da análise molecular cães naturalmente infectados por

Leptospira spp de diferentes cidades do Estado da Bahia.

3.2. Objetivos Específicos:

3.2.1. Determinar a prevalência de cães com leptospirose do Estado da Bahia e

do município de Ilhéus;

3.2.2. Relacionar a positividade de cães portadores de Leptospiras com fatores

associados no município de Ilhéus, Bahia.

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Animais do Estado da Bahia

Foram coletadas 293 amostras de sangue de cães distribuídos em diferentes

regiões do Estado da Bahia. As coletas foram realizadas por conveniência em 12

cidades, compreendendo litoral e interior do Estado, durante o ano de 2013. Essas

coletas foram realizadas nas unidades dos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs)

e, também em alguns domicílios dos municípios visitados. As cidades selecionadas

foram as seguintes: Itabuna, Ilhéus, Eunápolis, Irecê, Feira de Santana, Vitória da

Conquista, Brumado, Ipiaú, Una, Jequié, Dias Dávila e Barreiras. Após a coleta, o

material foi enviado ao laboratório de Genética no Hospital Veterinário da

Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC e armazenados à -20° até a realização

de extração de DNA.

4.2 Animais da cidade de Ilhéus

A amostragem foi composta por 558 cães distribuídos em 12 bairros do

Município de Ilhéus, (“latitude 14°47’20” S e “longitude 39°02’58” W) incluindo áreas

periféricas e centrais. O clima da cidade é tropical com índice de precipitação

pluviométrica média anual entre 1500 a 2000 mm. Para cálculo amostral foi

considerado o número estimado de 20.000 cães no município, erro amostral de 5% e

prevalência estimada de 30%, utilizando o programa EpiInfo.

Para coleta foi montado postos nos bairros, aos domingos e feriados para

facilitar a presença da população. A data da coleta foi divulgada previamente por

meios de comunicação como internet e rádios locais. Foram coletados,

aproximadamente, 60 amostras em cada bairro. Em contrapartida foi oferecido aos

proprietários dos animais os resultados dos exames e orientação veterinária.

Foram coletadas alíquotas de 5 a 10 mL de sangue através da punção da veia

jugular e colocados em tubos identificados com e sem o anticoagulante EDTA. O

sangue foi armazenado em freezer -20° até o momento da extração do DNA.

4.3 Extração de DNA

As amostras de sangue selecionadas tanto de Ilhéus como as do Estado foram

submetidas à extração de DNA, através da papa de leucócitos, pelo método de fenol

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Materiais e Métodos 13

/clorofórmio. Em seguida, as amostras foram lisadas com tampão de extração (Tris

20 mM, EDTA 50 mM, 5μg/mL de proteinase K e SDS 1%) mantidas a 60ºC por 80

minutos e para recuperação do DNA foi utilizado fenol:clorofórmio:álcool isoamílico

na proporção de 25:24:1 (Invitrogen®), centrifugadas a 16.000g por 10 minutos. O

DNA foi precipitado com etanol 100% e Acetato de amônio 5M, eluído com água

ultra pura e mantido a -20ºC. Posteriormente, todas as amostras foram quantificadas

em espectrofotômetro NanoDrop 2000® para determinação das concentrações

obtidas na extração e padronização da reação de PCR.

4.4 Amplificação do DNA

Para amplificação do DNA extraído foram selecionados dois conjuntos de

primers que amplificam fragmentos do gene Lipl32 de todas as Leptospiras

patogênicas. Os primers foram sintetizados em empresa especializada.

4.5 Condições de PCR e Nested PCR

Para a técnica de PCR, foram utilizados os primers desenhados por

JOUGLARD (2005) do gene Lipl32, constituído pela seguinte sequência de

nucleotídeos, respectivamente: Lipl32F: 5’CGCTTGTGGTGCTTTCGGTGGT3’ e

Lipl32R: 5’CTCACCGATTTCGCCTGTTGGG 3’, resultando em um fragmento de 264

pb e lipL32F2:5’TTCTGAGCGAGGACACAATCCC3’ e Lipl32R1:

5’CTCCCATTTCAGCGATTACGG 3’ resultando na amplificação de um fragmento de

183 pb do produto da primeira reação.

A amplificação do DNA foi realizada conforme protocolo utilizado por

JOUGLARD (2005), em volume final da reação de 25 µl. Foram utilizados 100 ng de

DNA molde e adicionados a um tubo contendo 1,25 U de Taq DNA polimerase

(Invitrogen®) a 10 pmol de cada iniciador, 1X tampão contendo MgCl2 2,5 mM e

dNTP 0,2 mM. As condições de corrida utilizadas para a PCR foi de 94°C durante 5

minutos, seguido por 33 ciclos a 94°C durante 1 minuto, 55°C durante 1 minuto,

72°C durante 1 minuto, e uma extensão final a 72°C durante 7 minutos. Todas as

reações foram realizadas em termociclador Biocycler®. As mesmas condições foram

utilizadas para a Nested PCR, utilizando 1 ul da primeira reação.

Todas as reações foram realizadas com um controle positivo (amostra positiva

para Leptospira extraída do DNA de rato, e posteriormente sequenciada) e um

negativo (água ultra pura).

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Materiais e Métodos 14

4.6 Eletroforese

Os resultados de amplificação foram analisados em eletroforese em gel de

agarose a 2%, posteriormente corados em Brometo de Etídio e visualizados em

Transiluminador com luz Ultra Violeta (UV) para comparação das bandas geradas na

PCR.

4.7 Análises Estatísticas

Os resultados obtidos nesse trabalho foram analisados pelo programa EpiInfo

6.4 e Excel.

4.8 Fatores de risco associados

Para determinação das variáveis associados à leptospirose, as informações

sobre os fatores de risco associados foram coletadas no momento da coleta do

sangue dos cães. Os dados referentes ao sexo, idade, raça, se existe outro animal

em casa e se o cão tem acesso a rua foram computados e analisados no EpiInfo

versão 6.4.

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diversas técnicas vêm sendo empregadas no diagnóstico de doenças

infecciosas, inclusive na detecção de Leptospiras. A PCR é uma das ferramentas

moleculares mais utilizadas e vem se destacando, pois é uma técnica com alta

eficácia, sensibilidade e especificidade. Nesse estudo, essa técnica foi empregada

para identificar a bactéria Leptospira através do material genético em sangue de

cães naturalmente infectados. O trabalho foi dividido em duas etapas, com análise

dos cães do estado da Bahia e cães do munícipio de Ilhéus.

Dos 293 cães analisados das diferentes regiões do estado da Bahia, incluindo

CCZs e domiciliados, 30 cães (10,2%) foram positivos para leptospirose, sendo 11

(36,6%) cães do CCZs e 19 domiciliados (63,4%). Na figura 1, é possível visualizar

em gel de agarose as bandas específicas geradas na PCR, no qual foi compatível

com o fragmento de 183 pb dos primers Lipl32F2 e Lipl32R1 da Nested PCR que

amplificam e indicam a presença de Leptospiras patogênicas em sangue de cães.

Figura 1. Eletroforese em gel de agarose 2,0% dos produtos da PCR. M: Marcador Molecular, C+: Controle positivo, C-: Controle negativo e amostras positivas para leptospirose.

Na tabela 1 é apresentado o resumo correspondente aos dados de cada um

dos 12 municípios avaliados, evidenciando o total de cães, a quantidade de animais

que apresentaram a banda correspondente a Leptospira (PCR+), a origem dos

animais e o índice de desenvolvimento humano (IDH) das cidades baseados no

relatório das organizações das nações unidas referente ao ano de 2013 (ONU,

2013).

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Resultados e discussão 16

Tabela 1. Resultados obtidos utilizando PCR para as amostras de cães naturalmente infectados por Leptospira das cidades do interior da Bahia.

CIDADE CÃES PCR + PCR - ORIGEM % cães infectados IDH

Barreiras 23 1 22 CCZ 4,3 0,721

Brumado 47 7 40 Domiciliado 14,9 0,656

Dias Dávila 6 0 6 Domiciliado 0,0 0,676

Eunápolis 19 3 16 CCZ 15,8 0,677

F. de Santana 15 2 13 CCZ 13,3 0,712

Ilhéus 12 0 12 CCZ 0,0 0,69

Ipiaú 12 0 12 Domiciliado 0,0 0,67

Irecê 33 2 31 Domiciliado 6,1 0,691

Itabuna 70 3 67 CCZ 4,3 0,712

Jequié 32 2 30 CCZ 6,3 0,665

Una 17 10 7 Domiciliado 58,8 0,56

V. Conquista 7 0 7 Domiciliado 0,0 0,678

TOTAL 293 30 263

10,2

No Brasil, poucos são os trabalhos que utilizam a técnica de PCR para

diagnóstico de leptospirose em cães. De acordo com trabalhos publicados na

literatura utilizando métodos sorológicos, a média de cães com positividade para

leptospirose na cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul foi de 2,66% (JOUGLARD,

2000), enquanto que em Itapema, estado de Santa Catarina foi encontrado uma taxa

de 10,5% (BLAZIUS, et al., 2005), já em Santana do Parnaíba, São Paulo foi de 15%

(MASCOLLI, et al.,1999) e estudos realizados em Curitiba, estado do Paraná

apresentou uma taxa de 28,57% (TESSEROLI et al., 2005). Como a média estadual

foi de 10,2%, observa-se que o resultado encontra-se superior ao da cidade de

Pelotas e inferior a Itapema, Santana do Parnaíba e Curitiba, porém em Salvador-

Bahia, Viegas et al., (2001) encontrou uma taxa de 85% através de um

levantamento sorológico em cães errantes.

Empregando o software EpiInfo para analisar os dados, foi possível observar

que das 263 amostras que apresentaram resultados negativos, 160 amostras eram

oriundas do CCZ e 103 eram domiciliadas; já das 30 amostras positivas, 19 eram

domiciliadas e 11 eram do CCZ; aplicando-se o teste de Fisher (p<0,05), verificou-se

que estatisticamente o resultado obtido foi significativo; dessa forma, este resultado

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Resultados e discussão 17

indica que as amostras de cães domiciliados apresentaram maior positividade para

leptospirose. Esse resultado contradiz os resultados de Viegas (2001), e Blazius et

al., (2005) que relataram maior incidência de leptospirose em cães do CCZ do que

cães domiciliados, entretanto tanto o cão de CCZ como o doméstico, apresentam

importante fonte de infecção para o homem (BLAZIUS, et al., 2005). Isso pode ser

devido ao cão domiciliado ter hábitos semelhantes aos cães do CCZ, com a mesma

probabilidade de infecção.

De acordo com os resultados, foi possível observar que os munícipios de Dias

Dávila, Ilhéus, Ipiaú e Vitória da Conquista não apresentaram nenhum cão positivo

para leptospirose. Cabe ressaltar que entre essas cidades que apresentaram

negatividade para DNA de Leptospira em sangue de cães, somente as amostras do

município de Ilhéus eram oriundas do CCZ, enquanto que as demais eram de cães

domiciliados. O munícipio de Una apresentou o maior índice de cães positivos, com

58,8% das amostras analisadas. Esse município apresenta o menor IDH entre todos

os avaliados, sendo a única cidade que pode ter esse índice classificado como baixo

(faixa entre 0,5 a 0,599), isso se deve ao fato da cidade possuir pouca estrutura de

saneamento básico. Além disso, esta alta taxa encontrada em Una pode estar

relacionada com a elevação dos índices pluviométricos da cidade que apresentou

chuva forte e acumulada no período anterior da coleta das amostras caninas

(CPTEC, 2014). Isto reflete também no resultado significativo de cães positivos

domiciliados encontrados pelo software EpiInfo, uma vez que existe essa alta taxa

de cães positivos para leptospirose da cidade de Una e que os animais eram

domiciliados.

As cidades que apresentam IDH classificados como alto (faixa entre 0,7 a

0,799: Itabuna, Feira de Santana e Barreiras), mesmo tendo as amostras coletadas

no CCZ municipal apresentaram baixos índices de cães positivos para leptospirose.

Foi realizada uma análise a fim de buscar associação com o IDH dos

munícipios e a positividade das amostras; para isso o IDH foi dividido em duas

classes compostas pelos seis menores valores e pelos seis maiores valores das

cidades estudadas. Das 263 amostras negativas na análise molecular, 111 eram do

grupo que possui menor IDH e 152 eram do grupo que possui maiores valores de

IDH. Já em relação as 30 amostras positivas, 22 eram dos munícipios com menores

valores de IDH, enquanto que apenas oito eram dos munícipios com maiores valores

de IDH. Isso corrobora com a ideia de que cidades com pouca infraestrutura e

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Resultados e discussão 18

saneamento básico possuem maiores condições predisponentes para manutenção

da Leptospira se comparado aos demais, sendo que esse resultado apresenta-se

estatisticamente significativo (p<0,05).

Concomitante às amostras do estado, foi realizada a análise molecular de 558

amostras do munícipio de Ilhéus para verificar prevalência de cães com leptospirose

e fatores de risco associados à doença. Cabe ressaltar que todas as amostras desse

conjunto eram domiciliadas e que pertenciam a 12 diferentes bairros da cidade,

conforme ilustra a figura 3.

Figura 3. Localização aproximada dos bairros onde foram realizadas coletas de amostras de sangue de cães domiciliados no município de Ilhéus.

Na tabela 2 é apresentado o resumo correspondente aos dados de cada um

dos 12 bairros avaliados, evidenciando o total de cães e a quantidade de animais

que apresentaram a banda correspondente à bactéria Leptospira (PCR+).

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Resultados e discussão 19

Tabela 2. Resultados obtidos utilizando PCR para as amostras de cães naturalmente infectados por Leptospira dos 12 diferentes bairros da cidade de Ilhéus-BA.

Bairro

Total

de

cães

PCR + PCR - % cães

infectados

T. Vilela 49 9 40 18,4

Olivença 24 7 17 29,2

N. Sra da Vitória 61 11 50 18,0

Salobrinho 53 7 46 13,2

Hernani Sá 63 6 57 9,5

B. da Vitória 38 6 32 15,8

Conquista 54 2 52 3,7

Barra 21 2 19 9,5

Malhado 43 4 39 9,3

Iguape 55 11 44 20,0

Pontal 43 4 39 9,3

Nelson Costa 54 4 50 7,4

TOTAL 558 73 485 13,1

De acordo com a análise molecular realizada nas amostras de sangue dos 558

cães domiciliados do município de Ilhéus, a média obtida de cães positivos para

leptospirose foi de 13,1%. Os bairros: Conquista (3,7%), Nelson Costa (7,4%),

Pontal (9,3%), Malhado (9,3%), Hernani Sá (9,5%), Barra (9,5%) apresentam-se

abaixo da média municipal do estudo (13,1%); enquanto que o Salobrinho

apresenta-se com cães infectados pela bactéria praticamente igual a do município

(13,2%); já os bairros Banco da Vitória (15,8%), Nossa Senhora da Vitória (18,0%),

Teotônio Vilela (18,4%), Iguape (20,0%) e Olivença (29,2%) encontram-se acima da

média municipal.

De maneira geral, os bairros com valores abaixo da média, podem ser

considerados bairros com maior urbanização, enquanto que os bairros que

apresentam menor infraestrutura apresentam maiores índices de infecção pela

bactéria. Cabe ainda ressaltar que esses bairros com maiores quantidades de

amostras positivas são cercados por áreas de mata verde e/ou manguezais, além de

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Resultados e discussão 20

apresentar frequentes episódios de enchentes, levando ao acúmulo de lixo e,

consequentemente, a presença de roedores, principal hospedeiro da Leptospira. De

acordo com Nunes (2009), a falta de rede de esgoto em bairros considerados

periféricos e o destino inapropriado de lixo domiciliar está correlacionado com a alta

taxa de infecção por Leptospira em cães.

Foi realizada a divisão dos bairros em duas classes baseada na localização

geográfica dos mesmos, sendo adotados como bairros centrais: Hernani Sá,

Conquista, Barra, Malhado, Pontal e Nelson Costa e bairros periféricos: Teotônio

Vilela, Olivença, Nossa Senhora da Vitória, Salobrinho, Banco da Vitória e Iguape.

Essa análise buscou associar a positividade das amostras, com os bairros

considerados centrais e periféricos, e veio complementar a discussão anterior no

qual bairros periféricos apresentaram valores maiores de cães com leptospirose

comparada com a média municipal, enquanto que os bairros considerados centrais

apresentaram valores menores de cães infectados.

De acordo com o resultado obtido foi possível observar que dos 278 cães

considerados de bairros centrais, 22 foram positivos para doença e 256 foram

negativos; já nos bairros que compõe a periferia, dos 280 animais analisados, 51

foram positivos e 229 negativos. Os dados mostram que houve significância

estatística (p<0,05) e as amostras dos bairros da periferia apresentaram maior

positividade, sendo o risco 2,6 vezes maior que os cães dos bairros centrais. Esse

resultado corrobora com os encontrados por Cortes (1992), onde é relatado que

áreas periféricas são consideradas áreas de risco, pois a expectativa dos animais

domésticos entrarem em contato com outros possíveis reservatórios de Leptospira é

maior. Além disso, essa prevalência pode ser atribuída às condições dessas regiões,

que segundo Lavinsk et al.,(2012), são áreas mais alagadiças, o que propicia a

manutenção da Leptospira no ambiente.

Além desse fator, outras variáveis foram avaliadas, como sexo, raça, idade, se

o animal tem acesso à rua e se possui contato com outros animais, contudo,

nenhuma dessas variáveis apresentou significância estatística (p<0,05%).

Vários autores estudaram fatores de risco associados para leptospirose, e os

resultados obtidos no presente trabalho refutam os resultados encontrados por

Rubel (1997) em Buenos Aires, onde o sexo, idade e o acesso à rua foram

apontados como fator de risco para a doença. Contudo, um estudo realizado por

Meira (2010), relatou que o sexo e a idade não apresentaram significância

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Resultados e discussão 21

estatística, porém os cães sem raça definida apresentaram um risco 1,19 vezes

maior de ser infectado por Leptospira, isso pode ser explicado pelo fato desses

animais terem mais acesso à rua, aumentando a chance desses cães entrarem em

contato direto com outros animais infectados ou através de áreas alagadiças. Em

contrapartida, os resultados obtidos na pesquisa realizada por Aguiar et al., (2007), o

acesso à rua e o contato com outros animais não apresentaram associação com a

leptospirose, entretanto os estudos realizados por Silva et al.,(2004) e Magalhães et

al., (2006), esse fator de risco apresentou significância estatística, e os autores

atribuem este resultado ao hábito de acesso à rua propiciar inúmeras possibilidades

de infecção pelo contato direto ou indireto com possíveis reservatórios de

Leptospiras.

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

6. CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos, foi possível identificar e determinar

através da análise molecular a prevalência de cães com leptospirose no Estado da

Bahia e especificamente do município de Ilhéus.

Além disso, foi possível concluir que não existe relação da positividade de cães

com Leptospira com os fatores de risco associados do município de Ilhéus.

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

7. REFERÊNCIAS

ACHA, P.; SZYFRES, B. Zoonoses and communicable diseases common to man

animals: Bacterioses and Mycoses Washington, D.C.: Pan American Health

Organization. 3 ed., vol. 1. 2003.

ADESIYUN, A. A. et al. Sero-epidemiology of canine leptospirosis in Trinidad:

serovars, implication for vaccine and public health. Journal of Veterinary Medicine

Series B, v. 53, p. 91-99. 2006.

ADIN, C. A; COWGILL, L. D. Treatment and outcome of dogs with leptospirosis: 36

cases (1990-1998). Journal of The American Veterinary Medical Association, v. 216,

n. 3, p. 371. 2000.

AGUIAR, D.M. et al. Fatores de risco associados à ocorrência de anticorpos anti

leptospira spp. em cães do município de Monte Negro, Rondônia, Amazônia

Ocidental Brasileira. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zooctecnia, v. 59,

n.1, p.70-76. 2007.

ALMEIDA, L. P. et al. Levantamento soroepidemiológico de Leptospirose em

trabalhadores do serviço de saneamento ambiental em localidade urbana da região

sul do Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 28, p. 76-81, 1994.

ALVES, C. J. et al. Avaliação dos níveis de aglutininas anti-leptospiras em gatos no

município de Patos – PB. Clin. Vet., v.46, p.48-54, 2003.

ANDRÉ-FONTAINE, G. Canine leptospirosis. Do we have a problem? Veterinary

microbiology, v. 117, n. 1, p. 19-24. 2006

ÁVILA, M. O. et al. Aglutininas antileptospíricas em cães na área de influência do

centro de controle de zoonoses, Pelotas, RS, Brasil, ano de 1995. Ciência Rural, v.

28, p. 107-110, 1998.

ARAGÃO H. B. Sobre a presença do Spirochaeta icterohaemorrhagiae nos ratos do

Rio de Janeiro. Brasil-Médico, v. 31, p. 329-330. 1917.

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 24

AZEVEDO S. S., et al. Ocorrência e fatores de risco associados à leptospirose em

cães atendidos em Hospital Veterinário no semi árido Paraibano. Braz. J. V. Res.

Anim. v. 48, n.2, p. 161-166. 2011.

BAL, A. E. et al. Detection of leptospires in urine by PCR for early diagnosis of

leptospirosis. Journal of Clinical Microbiology, v. 32, p. 1894-1898, 1994.

BARCELLOS C., LAMMERHIRT C. B., DE ALMEIDA M. A. & DOS S. E. Spatial

distribution of leptospirosis in Rio Grande do Sul, Brazil: recovering the ecology of

ecological studies. Cadernos de Saúde Pública, 19, 1283-1292. 2003.

BATISTA, C. S. A. et al. Soroprevalência de leptospirose em cães errantes da

cidade de Patos, Estado da Paraíba, Brasil. Brazilian Journal of Veterinary Research

and Animal Science, v. 41, p. 131-136, 2004.

BARIL, C. et al. Scattering of the rRNA genes on the physical map of the circular

chromosome of Leptospira interrogans serovar icterohaemorrhagiae. J. Bacteriol. v.

174:7566–7571. 1992.

BERAN, G. W; STEELE, J. H. Handbook of zoonoses. Boca Raton. CRC. 1994.

640p.

BHARTI, A. R. et al. Leptospirosis: a zoonotic disease of global importance. Lancet

Infectious Diseases, v. 3, p. 757-771, 2003.

BLAZIUS, D. R. et al. Ocorrência de cães errantes soropositivos para Leptospira spp

na cidade de Itapema, Santa Catarina, Brasil. Cad Saúde Públ, v. 21, p. 1952-1956,

2005.

BOLAND, M. et al. A Cluster of Leptospirosis Cases in Canoeists following a

Competition on the River Liffey. Epidemiology and Infection, v. 132, p. 195-200,

2004.

BOLIN, C. A. Diagnosis of leptospirosis: a reemerging disease of companion

animals. Semin. vet. Med. Surg, v.11, p. 166-171, 1996.

BOLIN, C. A.; ZUENER, R. L.; TRUEBA, G. Comparisson of three techniques to

detect Leptospira interrogans serovar hardjo type hardjo-bovis in bovine urine.

American Journal of Veterinary Research, v.50, n.7, p. 1001-1003, 1989.

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 25

BOMFIM, M. R. Q.; BARBOSA-STANCIOLI, E. F.; KOURY, M. C. Detection of

pathogenic Leptospira spp. in urine samples from naturally infected cattle using a

nested PCR assay. The Veterinary Journal, v. 174, p. 001-012, 2007.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE.

DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Doenças infecciosas e

parasitárias: guia de bolso. 4. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 217p.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE.

DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Doenças infecciosas e

parasitárias: aspectos clínicos, vigilância epidemiológica e medidas de controle. Guia

de bolso. 2. ed. Brasília, Ministério da Saúde; Fundação Nacional da Saúde, 2000.

215p.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. CENTRO

NACIONAL DE EPIDEMIOLOGIA. COODERNAÇÃO DE CONTROLE DE

ZOONOSES ANIMAIS. PROGRAMA NACIONAL DE LEPTOSPIROSE. Manual de

leptospirose. 2ª ed. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 1995. 98p.

BRENNER D. J. et al. Further determination of DNA relatedness 56 between

serogroups and serovars in the family Leptospiraceae with a proposal for Leptospira

alexanderi sp. nov. and four new Leptospira genomospecies. International Journal of

Systematic Bacteriology, 49 Pt 2, p. 839-858, 1999.

BROD, C. S. et al. Evidence of dog as a reservoir for human leptospirosis: a serovar

isolation, molecular characterization and its use in a serological survey. Revista da

Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 38, p. 294-300, 2005.

CALDAS, E. Leptospirose no Brasil, Ministério da Saúde. Apresentação durante a

Reunião Anual da Rede Global de Ação Ambiental Contra a Leptospirose. Brasília,

Brasil, 2013.

CAMPAGNOLO, E. R. et al. Analysis of the 1998 outbreak of leptospirosis in

Missouri in humans exposed to infected swine. Journal American Veterinary Medical

Association, v. 216, p. 676-682, 2000.

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 26

CORRÊA, S. H. R. et al. Epidemiologia da Leptospirose em animais silvestres na

Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Brazilian Journal of Veterinary Research

and Animal Science, v. 41, p. 189-193, 2004.

CORRÊA, W. M.; CORRÊA, C. N. M. Enfermidades infecciosas dos mamíferos

domésticos. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Médica Científica, 1992. 843p.

COSTA, E. et al. Formas graves de leptospirose: aspectos clínicos, demográficos e

ambientais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 34, n. 3, p. 261-

267, 2001.

DELBEM, A. C. B. et al. Fatores de risco associados à soropositividade para

leptospirose em matrizes suínas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, n. 3, p. 847-852,

2004.

DEY, S. et al. Recombinant LipL32 antigen-based single serum dilution ELISA for

detection of canine leptospirosis. Vet. Microbiol, v. 103, p. 99-106, 2004.

DIKKEN, H; KMETY, E. Serological typing methods of leptospires. In: BERGAN, T;

NORRIS, J. R. Methods in Microbiology, Academic Press, 1978.

FAINE, S; STALLMAN, N. D. Amended descriptions of the genus Leptospira Noguchi

1917 and the species L. interrogans (Stimson 1907) Wenyon 1926 and L. biflexa

(Wolbach and Binger 1914) Noguchi 1918. International Journal of Systematic and

Evolutionary Microbiology, v. 32, p. 461-463, 1982.

FAINE, S. et al. Leptospira and Leptospirosis, MediSci, Melbourne: Austrália, 1999.

296 p.

FEIGIN, R. D; ANDERSON, D. C. Human leptospirosis. CRC Critical Review in

Clinical laboratory Sciences, v. 5, p. 413-467, 1975.

FELZEMBURG, R. D. M. et al. Prospective Study of Leptospirosis Transmission in an

Urban Slum Community: Role of Poor Enviromentn in Repeated Exposures to the

Leptospira Agente. Plos Neglected Tropical Diseases. v. 8, 2014.

FIGUEIREDO, C. M. et al. Leptospirose humana no município de Belo Horizonte,

Minas Gerais, Brasil: uma abordagem geográfica. Revista da Sociedade Brasileira

de Medicina Tropical, v. 34, p. 331–338, 2001.

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 27

FREIRE, I. M. A. et al. Distribuição dos serovares de leptospira em caninos

clinicamente suspeitos no Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciência Veterinária,

Rio de Janeiro, v.14, n.2, p.83-85, 2007.

FONSECA, C. et al. Polymerase chain reaction in comparison with serological tests

for early diagnosis of human leptospirosis. Tropical Medicine and International

Health, v. 11, n. 9, p. 1699-1707, 2006.

FUKUNAGA, M; MIFUCHI, I. Unique organization of Leptospira interrogans rRNA

genes. The Journal of Bacteriology. v. 171, p. 5763–5767. 1989.

GRAVEKAMP, C. et al. Detection of seven species of pathogenic leptospires by PCR

using two sets of primers. Journal of General Microbiology, v. 139, p. 1691–1700.

1993.

GREENE, C. E. Infectious diseases of the dog and cat. Philadelphia, Saunders,

1990, 1738p.

GIRIO, R. J. S. et al. Pesquisa de anticorpos contra Leptospira spp. em animais

silvestres e em estado feral da região de Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, Brasil.

Utilização da técnica de imunohistoquímica para detecção do agente. Ciência Rural,

Santa Maria, v. 34, n. 1, p. 165-169, 2004.

GROBUSH, M. P. et al. Leptospirosis in travelers returning from the Dominican

Republic. Journal of Travel Medicine, Zurich, v. 10, n. 1, p. 55-58, 2003.

HAGAN, J. E. et al. Global morbidity and mortality of leptospirosis: a systematic

review. Scientific meeting of the international Leptospirosis Society. Fukuoka, 2013.

HEINEMANN, M. B. et al. Detection of leptospires in bovine semen by polymerase

chain reaction. Australian Veterinay Journal, v. 77, n.1, p. 32-34, 1999.

HERRMANN, G. P. et al. Soroprevalência de aglutininas anti-Leptospira spp. em

ovinos nas Mesorregiões Sudeste e Sudoeste do Estado Rio Grande do Sul, Brasil.

Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, p. 443-448, 2004.

IBARRA, C; ESPINOZA, C; CORNEJO, R. Enfermedad de Weil, presentación de un

caso clínico. Clínica y Ciencia, Santiago del Chile, v. 1, n. 6, p. 25-32, nov. 2003.

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 28

JOHNSON, R. C; HARRIS, V. G. Differentiation pathogenic and saprophytic

Leptospira. Journal of Bacteriology, v. 94, p. 27-31, 1967.

JOUGLARD, S. D. D. Diagnóstico de leptospirose por PCR e caracterização de

isolados de Leptospira spp. por seqüenciamento do 16S rDNA e análise de VNTR.

Tese (Doutorado) – 71 f. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2005.

JOUGLARD, S. D. D; BROD, C. S. Leptospirose em cães: prevalência e fatores de

risco no meio rural do município de Pelotas, RS. Arquivos do Instituto Biológico, v.

67, p. 181-185, 2000.

JOUGLARD, S. D. D. Prevalência da leptospirose canina, fatores de risco e

constituição da população no meio rural do município de Pelotas, RS. 1999.

Dissertação (Mestrado) Faculdade de Veterinária, Universidade Federal de Pelotas,

RS - Brasil.

KEE, S. H. et al. Detection of leptospiral DNA by PCR. Journal of Clinical

Microbiology, v. 32, n. 4, p. 1035-1039, 1994.

KO, A. I. et al. Urban epidemic of severe leptospirosis in Brazil. The Lancet, London,

v. 354, n. 9181, p. 820-825, 1999.

KO, A. I; GOARANT, C; PICARDEAU, M; Leptospira: the dawn of the molecular

genetics era for an emerging zoonotic pathogen. Nat Rev Microbiol, v. 7, p. 736–747,

2009.

KREPKOGORSKAIA, T. A; REMENTSOVA, M. M; Isolation of Leptospira strains

from the tick Dermacentor marginatus removed from big horned cattle. Zh Mikrobiol

Epidemiol Immunobiol, v. 28, n. 2, p. 93-94, 1957.

LANGONI, H. et al. Epidemiological aspects in leptospirosis. Research of anti-

Leptospira spp antibodies, isolation and biomolecular research in bovines, rodents

and workers in rural properties from Botucatu, SP, Brazil. Brazilian Journal of

Veterinary Research and Animal Science, v. 45, n. 3, p. 190-199, 2008.

LANGONI, H. et al. Aglutininas antileptospíricas em búfalos do Vale do Ribeira,

Estado de São Paulo. Ciência Rural, Santa Maria, v. 29, p. 305-307, 1999.

LEÃO, R. N. Q. et al. Doenças Infecciosas e Parasitárias: Enfoque Amazônico.

Belém: Cejup: UEPA: Instituto EvandroChagas, 1997, 886p.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 29

LETOCART, M. et al. Genetic structure of the genus Leptospira by multilocus

enzyme electrophoresis. International Journal of Systematic Bacteriology, v. 49, p.

231-238, 1999.

LETOCART, M; BARANTON, G; PEROLAT, P. Rapid identification of pathogenic

Leptospira species (Leptospira interrogans, L. borgpetersenii, and L. kirschneri) with

species-specific DNA probes produced by arbitrarily primed PCR. Journal of Clinical

Microbiology, v. 35, n. 1, p. 248-253, 1997.

LEVETT, P.N. Leptospirosis. Clinical Microbiology Reviews. 14: 296–326, 2001.

LEVETT. P.N. Leptospirosis: A forgotten zoonosis? Clinical and Applied Immunology

Reviews, v.4, n.6, p.435-448, 2004.

LINS, Z. C; LOPES, M. L; MAROJA, O. M. Epidemiologia das leptospiroses com

particular referência a Amazônia brasileira. In: Instituto Evandro chagas: 50 anos de

contribuição às ciências biológicas e a medicina tropical. Belém, Fundação Serviços

de Saúde Pública,1986.

LUCCHESI, P. M. A. Recommendations for the detection of Leptospira in urine by

PCR. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 37, n. 2, p:131-134,

2004.

MAGAJEVSKI, F. S.; GÍRIO, R. J. S.; MEIRELLES, R. B. Pesquisa de Leptospira em

fetos de vacas abatidas no Estado de São Paulo. Arquivos do Instituto Biológico,

São Paulo, v. 74, n. 2, p. 67-72, 2007.

MAJED, Z. et al. Identification of variable-number tandem-repeat loci in Leptospira

interrogans sensu stricto. J.Clin.Microbiol. v. 43, p. 539-545, 2005.

MAGALHÃES, D. F. et al. Prevalência de aglutininas antiLeptospira interrogans em

cães de Belo Horizonte, Minas Gerais, 2001 a 2002. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec.,

v.58, p. 167-174, 2006.

MASCOLLI, R. et al. Inquérito sorológico para leptospirose em cães do Município de

Santana de Parnaíba, São Paulo, utilizando a campanha de vacinação anti-rábica do

ano de 1999. Arq. Inst. Biol., v.69, p.25-32, 2002.

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 30

MATHIAS, L. A; GIRIO, R. J. S; DUARTE, J. M. B. Serosurvey for antibodies against

Brucella abortus and Leptospira interrogans in pampas deer from Brazil. Journal of

Wildlife Diseases, v. 35, n. 1, p. 112-114, 1999.

McBRIDE, A. J. A. et al. Leptospirosis. Current opinion in infectious diseases, v.18, p.

376-386, 2005.

MERIEN, F. et al. Polymerase chain reaction for detection of Leptospira spp. In

clinical samples. Journal of Clinical Microbiology, v. 30, p. 2219-2224, 1992.

MÉRIEN, F. et al. A rapid and quantitative method for the detection of Leptospira

species in human leptospirosis. FEMS Microbiology Letters, Amsterdam, v.249, n.1,

p.139-147, 2005.

MODOLO, J. R. et al. Investigação soroepidemiológica de leptospirose canina na

área territorial urbana de Botucatu, São Paulo, Brasil. Brazilian Journal of Veterinary

Research and Animal Science, v. 43, n. 5, p. 598-604, 2006.

MORGAN, J. et al. Outbreak of leptospirosis among triathlon participants and

community residents in Springfield, Illinois. Clinical Infectious Diseases, v. 34, p.

1593-1599, 2002.

NASCIMENTO, A. L. T. O. et al. Comparative genomics of two Leptospira

interrogans serovars reveals novel insights into physiology and pathogenesis.

Journal of Bacteriology, v. 186, p. 2164–2172, 2004.

NASSI, F. et al. Diagnóstico de leptospirose utilizando Nested-PCR. Brazilian

Journal of Microbiology, v. 34, n. 1, p. 90-92, 2003.

NAKAMURA, M. et al. Sporadic cases and an outbreak of leptospirosis probably

associated with recreational activities in rivers in the Northern part of Okinawa Main

Island. Journal of Veterinary Medical Science, Tokyo, v. 68, n. 1, p. 83-85, 2006.

NICHOLAS, F. W. Introdução à genética veterinária. Porto Alegre: Artmed, 1999.

326p.

NOGUCHI, H. Morphological characteristics and nomenclature of Leptospira

(Spirochaeta) icterohaemorrhagiae (Inada and Ido). The Journal of Experimental

Medicine, v. 27, 575-592, 1918.

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 31

OLIVEIRA, S. J; PIRES NETO, J. A. S. Aspectos etiológicos e diagnóstico nas

leptospiroses. Revista CFMV, v. 10, p. 36-46, 2004.

OOTEMAN, M. C.; VAGO, A. R.; KOURY, M. C. Potencial application of

lowstringency single specific-PCR in the identification of Leptospira in serum of

patients with suspected of leptospirosis. Canadian Journal of Microbiology, v. 50, p.

1073-1079, 2005.

PAPPACHAN, M; SHEELA, M; ARAVINDAN, K. Relation of rainfall pattern and

epidemic leptospirosis in the Indian state of Kerala. Journal of Epidemiology and

Community Healthy, California, v. 58, p. 1054-1055, 2004.

PESCADOR, C. A. et al. Aborto eqüino por Leptospira sp. Ciência Rural. v. 34, n. 1,

p. 271-274, 2004.

PINNEY, C, C. German Shorthaired Pointers: Everything About Purchase, Care,

Nutrition, Breeding Behavior, and Training. Barrons Educational Series Inc. 1998.

120p.

PLANK, R.; DEAN, D. Overview of the epidemiology, microbiology and pathogenesis

of Leptospira spp. in humans. Microbes and Infection, v.2, p.1265-1276, 2000.

RISTOW, P. et al. The OmpA-Like protein Loa22 is essential for leptospiral virulence.

PloS Pathogens, v. 3, p. 894- 903, 2007.

QUERINO, A. M. et al. Fatores de risco associados à leptospirose em cães do

município de Londrina – PR. Ciências Agrárias, Londrina, v. 24, n. 1, p. 27-34, 2003.

REGO, N. et al. Genômica comparativa e evolutiva de Leptospira. Revista Eletrônica

de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde. Rio de Janeiro, v.1, n.2, p. 322-

329, 2007.

RIEDIGER, I. N. Comparação dos diagnósticos sorológico e molecular da

leptospirose humana na região metropolitana de Curitiba, Paraná. 2007. 119 f.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná.

RIBEIRO,M. Contribuição ao imunodiagnóstico da leptospirose humana: ênfase ao

uso de anticorpos monoclonais. 2003. 164 f. Tese (Doutorado). Faculdade de

Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 32

ROMERO, E. C; BERNARDO, C. C. M; YASUDA, P. H. Human Leptospirosis: a

twenty-nine-year serological study in São Paulo, Brazil. Revista do Instituto de

Medicina Tropical de São Paulo, v. 45, n. 5, p. 245-248, 2003.

RUBEL, D. et al. Leptospira interrogans em uma problacion canina del Gran Buenos

Aires: variables associadas com la seropositividad. Pan American Journal of Public

Health, v. 2, p.102-106, 1997.

SACHSE, K; FREY, J. PCR Detection of Microbial Pathogens. Methods in Molecular

Biology, Humana Press, 2003. 334p.

SAKATA, E. E; YASUDA, P. H; ROMERO, E. C. Sorovares de Leptospira

interrogans isoladas de casos de leptospirose humana em São Paulo, Brasil. Revista

do Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo, v. 34, p. 217-221, 1992.

SANTA ROSA, C. A. et al. Nove anos de leptospirose no Instituto Biológico de São

Paulo. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 29/30, p. 19-27, 1970.

SANTIM, K. et al. Pesquisa de aglutininas anti-Leptospira em cães clinicamente

sadios e em cães com suspeita clínica de leptospirose. Clínica Veterinária, n. 60, p.

48-52, 2006.

SAMBSIAVA R. R. et al. Leptospirosis in India and the rest of the world. The

Brazilian Journal of Infectious Diseases, v. 7, p. 178-193, 2003.

SCANZIANI, E. et al. Comparison between specifc immunoperoxidase staining and

bacteriological culture in the diagnosis of renal leptospirosis of pigs. Research in

Veterinary Science, v. 50, p.229-232, 1991.

SCHMIDT, V; AROSI, A; SANTOS, A. R. Levantamento sorológico da leptospirose

em caprinos leiteiros no Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v. 32,

p. 609-612, 2002.

SEJVAR, J. et al. Leptospirosis in "Eco-Challenge" athletes, Malaysian Borneo,

2000. Emerging Infectious Diseases, v. 9, p. 702-707, 2003.

SESAB. Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. Disponível em:

<http://www.saude.ba.gov.br/> Acesso em: Jan de 2015.

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 33

SILVA, E. F. et al. Soroprevalência da infecção leptospiral em capivaras

(Hydrochoerus hydrochaeris) abatidas em um frigorífico do Rio Grande do Sul.

Revista Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 29, n. 2, p. 174-176, 2009.

SILVA, W. B. et al. Freqüência de aglutinina anti-Leptospira em cães, de acordo com

o manejo de criação, na área urbana de Botucatu-SP. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE CLÍNICOS DE PEQUENOS ANIMAIS, 25., 2004, Gramado, RS.

p.87.

SLACK, A. T. et al. Leptospira wolffii sp. nov., isolated from a human with suspected

leptospirosis in Thailand. Int. J. Syst. Evol. Microbiol., v. 58, p. 2305-2308, 2008.

STEELE, J. H; MILDRED, M. P. H; GALTON, M. Leptospirosis as a world problem.

Veterinary Medicine, v.3, n.11, p.517-527, 1957.

TESSEROLI, G. L. et al. Soroprevalência para leptospirose em cães de Curitiba,

Paraná. Revista Acadêmica, Curitiba, v.3, n.4, p. 35-38, 2005.

TIFFANY, E. J; MARTORANA, N. F. Leptospirosis in New York City: Serological

Survey. American Journal of Hygiene, v. 36, p. 195-204, 1942.

TORTEN, M; STOENNER, H; KAPLAN, W. Handbook Series in Zoonoses. CRC

Press Inc: Boca Raton, Flórida 33431, v. 1. n. 1, p. 339-363, 1979.

VELOSO, I. F. et al. A comparison of three DNA extractive procedures with

Leptospira for polymerase chain reaction analysis. Memórias do Instituto Oswaldo

Cruz, v. 95, n. 3, p. 339-343, 2000.

WANGROONGSARB, P. et al. Applicability of polymerase chain reaction to diagnosis

of leptospirosis. Journal of Tropical Medicine and Parasitology, v. 28, p. 43-47, 2005.

WEBSTER, J. P; ELLIS, W. A; MACDONALD, D. W. Prevalence of Leptospira spp. in

wild brown rats (Rattus norvegicus) on UK farms. Epidemiol Infect, v. 114, n. 1, p.

195-201, 1995.

WOODWARD, M. J. et al. Development of a PCR test specific for Leptospira hardjo

genotype bovis. The Veterinary Record, v.128, n.12, p.282-283, 1991.

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ JULIANA · PDF fileµg Micrograma ng Nanograma ... com sintomas parecidos com o da gripe que podem evoluir ... leptospirose canina geralmente ocorre

Referências 34

WHO: WORLD HEALTH ORGANIZATION. Human leptospirosis: guidance for

diagnosis, surveillance and control. WHO Library Cataloguing-in-Publication Data.

2003, 122p.

YASUDA, P. H; SANTA-ROSA, C. A; MYERS, D. M. The isolation of leptospires from

stray dogs in the city of São Paulo, Brazillian. Journal of Zoonoses, v. 7, p. 131-134,

1980.

ZHANG, Y; LI, S; DAI, B. Amplified 23S rRNA gene of 52 strains of Leptospira and

detection of leptospiral DNA in 55 patients by PCR. Journal of West China University

of Medical Sciences, v.24, n.3, p.262-267, 1993.