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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR Expressão de genes de resistência ao paraquat e quitinases de Chromobacterium violaceum em plantas transgênicas de Nicotiana tabacum L. LAÍS FREIRE SANTOS ILHÉUS BAHIA BRASIL Março de 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E

BIOLOGIA MOLECULAR

Expressão de genes de resistência ao paraquat e quitinases de

Chromobacterium violaceum em plantas transgênicas de

Nicotiana tabacum L.

LAÍS FREIRE SANTOS

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL

Março de 2010

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Laís Freire Santos

Expressão de genes de resistência ao paraquat e quitinases de Chromobacterium

violaceum em plantas transgênicas de Nicotiana tabacum L.

Dissertação apresentada à

Universidade Estadual de Santa Cruz,

como parte das exigências para

obtenção do título de Mestre em

Genética e Biologia Molecular.

Área de concentração: Biotecnologia

e Genômica

Orientador: Prof. Dr. Júlio Cézar de

Mattos Cascardo

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL

Março de 2010

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LAIS FREIRE SANTOS

Expressão de genes de resistência ao paraquat e quitinases de Chromobacterium

violaceum em plantas transgênicas de Nicotiana tabacum L.

Dissertação apresentada à

Universidade Estadual de Santa Cruz,

como parte das exigências para

obtenção do título de Mestre em

Genética e Biologia Molecular.

Área de concentração: Biotecnologia e

Genômica

APROVADA:

Dra. Fátima Cerqueira

Alvim

UESC

Dr. Alex-Alan Furtado

de Almeida

UESC

Dr. Francisco José

Lima Aragão

Embrapa - Cenargen

Dr. Marcio Gilberto Cardoso Costa

UESC – Co-Orientador

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Dorival Pedro dos Santos

e Maria Freire Souza dos Santos, que,

guiados por Deus, me indicam o melhor

caminho, dedico.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus por ser o grande Mestre e Amigo em todos os momentos da minha

vida.

Aos meus pais pelo amor demonstrado a cada momento.

Ao professor Dr. Júlio Cascardo, pela oportunidade e conhecimentos

compartilhados.

Ao professor Dr. Marcio Costa, pela co-orientação e constantes auxílios.

Ao Dr. Abelmon Gesteira pela co-orientação.

À professora Drª. Fátima Alvim, pelo incentivo e direcionamentos desde o início

desta caminhada.

Ao CNPq pela concessão da bolsa e apoio a este projeto.

Ao PPGGBM pela oportunidade.

Às colegas Joci Neuby e Luana Mahé, pelas imprescindíveis contribuições.

À Jamilly Azevedo, pela amizade e importantes contribuições.

À Luciana Cidade e Amanda Mendes pela sincera amizade e prestatividade e ao

pequeno Samuel pelas descontrações.

Aos demais colegas e amigos do LCT Fabiana, Tahise, Virgínia, Lívia, Verônica,

Diana, Angela, Genilson pelos preciosos momentos compartilhados.

A Sara Menezes pela força constante.

Aos professores Alex-Alan e Fábio Gomes e colegas Bruna, Márcia e Romária, do

Laboratório de Fisiologia Vegetal da UESC, pela disponibilidade.

Aos colegas do CBG em especial Cristiano, Maisa, Dahyana e Daiane, pelos

conhecimentos compartilhados e pelos auxílios.

Aos colegas Pelé, Thiago, Marina, Mayana pela amizade e pelos preciosos

momentos compartilhados.

Aos colegas da turma, em especial

Aos meus irmãos Samuel, Rubem, Joede, Ismael, Léia, Josué e Heber, por

preciosos momentos compartilhados e exemplos transmitidos.

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Aos meus preciosos sobrinhos: Sumaia, Ledson, Saila, Uedson, Heber Júnior,

Daniel, Mariléia, Raquel, Gabriel, Róger, Milena, Marcela, Mirelle, Elder,

Christopher e Murilo pelas descontrações e alegrias.

Aos amigos Letícia, Joselane, David, Adriano, Nerivane, Nerian, Abiatar

simplesmente por serem verdadeiros amigos.

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ÍNDICE

RESUMO..............................................................................................................viii

ABSTRACT .......................................................................................................... x

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................xii

LISTA DE TABELAS .............................................................................................xv

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

1.1 OBJETIVOS ........................................................................................ 4

1.1.1 GERAL ................................................................................................ 4

1.1.2 ESPECÍFICOS .................................................................................... 4

2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 5

2.1 Chromobacterium violaceum ............................................................... 5

2.2 Expressão de proteínas heterólogas em plantas ................................ 7

2.3 Herbicidas ........................................................................................... 7

2.3.1 O herbicida paraquat ......................................................................... 10

2.3.2 Resistência a herbicidas em plantas transgênicas ............................ 11

2.4 Quitinases ......................................................................................... 13

2.4.1 Importância das quitinases nas plantas ............................................ 15

2.4.2 Atividade quitinase em plantas transgênicas..................................... 15

3 METODOLOGIA ........................................................................................... 18

3.1 Análise in silico das sequências ........................................................ 18

3.2 Clonagem molecular ......................................................................... 20

3.2.1 Isolamento de genes ......................................................................... 20

3.2.2 Preparo de células competentes ....................................................... 20

3.2.3 Transformação de células competentes ............................................ 21

3.3 Transformação genética de plantas .................................................. 23

3.3.1 Transformação de células de Agrobacterium tumefaciens ................ 23

3.3.2 Transformação de plantas de fumo ................................................... 23

3.3.3 Regeneração e aclimatação das plantas transgênicas ..................... 24

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3.3.4 Análises moleculares para confirmação da inserção do transgene ... 24

3.3.5 Determinação do número de cópias das plantas transformadas com a

sequência CV2547 ........................................................................................ 25

3.3.6 Avaliação de expressão das plantas transformadas com a sequência

CV2547 ......................................................................................................... 26

3.3.7 Análise de segregação ...................................................................... 26

3.4 Análises fisiológicas .............................. Erro! Indicador não definido.

3.4.1 Análise da resistência ao paraquat ................................................... 27

3.4.2 Análise de extravasamento de eletrólitos .......................................... 27

3.4.3 Determinação do teor de clorofila ...................................................... 28

3.4.4 Avaliação de resistência ao paraquat nas plantas da geração T1 .... 28

3.4.5 Atividade de quitinase ....................................................................... 29

4 RESULTADOS ............................................................................................. 30

4.1 Análise in silico das sequências CV2547, CV1897 e CV4240 .......... 30

4.1.1 Análise da proteína CV2547.............................................................. 30

4.1.2 Análise da proteína codificada pela sequência gênica CV1897 ........ 31

4.1.3 Análise da proteína codificada pela sequencia gênica CV4240 ........ 32

4.2 Clonagem molecular das sequências CV2547, CV1897 e CV4240 .. 34

4.3 Transformação genética de plantas .................................................. 37

4.3.1 Regeneração das plantas transgênicas ............................................ 40

4.3.2 Determinação do número de cópias e expressão do transgene nas

plantas CV2547 ............................................................................................. 41

4.3.3 Análise de segregação ...................................................................... 41

4.4 Análises fisiológicas .............................. Erro! Indicador não definido.

4.4.1 Análises fisiológicas em plantas transgênicas CV2547 ..................... 43

4.4.2 Determinação da atividade quitinase em plantas transgênicas CV1897

e CV4240 ...................................................................................................... 48

5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 49

5.1 Análise in silico das proteínas ........................................................... 49

5.1.1 Análise da sequência CV2547 .......................................................... 49

5.1.2 Análise das sequências CV1897 e CV4240 ...................................... 50

5.2 Transformação genética de plantas ...... Erro! Indicador não definido.

5.3 Análises fisiológicas .......................................................................... 52

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5.3.1 Análises fisiológicas em plantas transgênicas CV2547 ..................... 52

5.3.2 Análises fisiológicas das sequências CV1897 e CV4240 .............. Erro!

Indicador não definido.

6 CONCLUSÕES ............................................................................................. 56 7 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 57

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SANTOS, Laís Freire, M.S., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, BA,

março de 2010. Estudos Funcionais de genes de resistência ao paraquat e

quitinases de Chromobacterium violaceum em plantas transgênicas de

Nicotiana tabacum L. Orientador: Júlio Cézar de Mattos Cascardo. Co-

orientadores: Marcio Gilberto Cardoso Costa e Abelmon Silva Gesteira.

RESUMO

Devido à importância médica e variedade de ambientes ocupados pela

Chromobacterium violaceum, diversos estudos biotecnológicos foram realizados,

culminando no sequenciamento completo do seu genoma. Dentre as ORFs

("Open Reading Frames") com potencial biotecnológico identificadas encontram-

se seqüências codificadoras de proteínas que conferem resistência a estresses

bióticos e abióticos, como quitinases e proteínas induzidas por paraquat.

Quitinases são hidrolases do glicosil capazes de catalisar a degradação de

quitina. Em plantas têm sido observado que quitinases atuam no mecanismo de

defesa contra patógenos e quitinases heterólogas têm sido expressas

aumentando os mecanismos de defesa vegetal. O paraquat (1-1’-dimetil-4-4’-

bipiridilo) é um herbicida de contato não-seletivo, amplamente utilizado na

agricultura em diversos países, por ser um produto de baixo custo, grande eficácia

e não possuir efeitos poluentes cumulativos para o solo. Proteínas induzíveis por

paraquat têm sido alvo de grande interesse, devido à possibilidade de conferir

resistência a este herbicida quando introduzidas em culturas de importância

agronômica. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo realizar estudos

funcionais dos genes CV1897 e CV4240 (quitinases) e CV2547 (proteína induzível

por paraquat), isolados de Chromobacterium violaceum, em plantas de Nicotiana

tabacum (fumo), visando potencial aplicação no melhoramento de espécies de

interesse agronômico. Inicialmente, as respectivas seqüências gênicas da

linhagem ATCC12472 foram identificadas e isoladas do genoma de

Chromobacterium violaceum. As sequências protéicas foram caracterizadas por

meio de análises in silico e os fragmentos gênicos isolados foram inseridos no

vetor pCAMBIA1390, para expressão em plantas, e utilizados na transformação

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genética de N. tabacum. A transformação dos brotos foi confirmada por análise de

PCR, utilizando-se oligonucleotídeos específicos para as seqüências do promotor

CaMV35S, do gene hptII e da sequência CV2547. Após o crescimento e

desenvolvimento, as plantas foram aclimatizadas e ensaios biológicos foram

realizados a fim de avaliar as atividades das proteínas heterólogas, determinando-

se a perda de íons e o teor de clorofila nas plantas transformadas com o gene

CV2547 e atividade quitinase nas plantas contendo as sequências CV1897 e

CV4240. De acordo com os resultados obtidos, houve inserção do transgene em

todas as plantas avaliadas. O ensaio da atividade quitinase revelou diferenças

significativas entre as plantas transformadas com os genes que codificam para

quitinase e endoquitinase, quando comparadas com as plantas controle (não

transformadas). As plantas transformadas apresentaram atividade quitinase

diferenciada, indicando assim, a expressão e funcionalidade destas enzimas em

plantas. As análises efetuadas com as plantas transformadas com a seqüência

CV2547, submetidas aos ensaios de resistência ao paraquat, revelaram uma

maior tolerância das plantas transgênicas em concentrações de até 50 µM do

herbicida, enquanto que as plantas controle mostraram-se intolerantes a partir de

1 µM do herbicida. As análises de extravasamento de eletrólitos e a determinação

do teor de clorofila, em paraquat a 10 µM, mostraram menor perda de eletrólitos e

maior conteúdo de clorofila nas plantas geneticamente transformadas quando

comparadas às plantas controle. Os resultados obtidos indicam a funcionalidade

destes genes em plantas, mostrando que ambas sequências podem ser utilizadas

na transformação genética de plantas de importância agronômica, sendo a

seqüência CV2547 capaz de conferir tolerância ao paraquat, enquanto que as

seqüências CV1897 e CV4240 podem aumentar a atividade quitinase e,

possivelmente, conferir resistência a fungos fitopatógenos.

Palavras –chave: herbicida, fungos, tolerância, Agrobacterium tumefaciens

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SANTOS, Laís Freire, M.S., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, BA,

March 2010. Functional analysis of Chromobacterium violaceum chitinases and

paraquat-resistance genes in transgenic Nicotiana tabacum L. Advisor: Júlio

Cézar de Mattos Cascardo. Committee Members: Marcio Gilberto Cardoso Costa

and Abelmon Silva Gesteira.

ABSTRACT

Because of its medical significance and the variety of environments occupied by

Chromobacterium violaceum, several biotechnological studies have been carried

out with this bacterium, including the the complete sequencing of its genome.

Among the ORFs (“Open Reading Frames") with biotechnological potential

identified, there are those coding proteins conferring resistance to biotic and

abiotic stresses, such as chitinases and paraquat-induced proteins. Chitinases are

glycosyl hydrolases that catalyze the degradation of chitin, a polymer found in

many organisms. In plants, it has been observed chitinases acting in defense

mechanism against pathogens and the expression of heterologous chitinases

have increased the defense mechanisms of plants. Paraquat (1-1'-dimethyl-4-4'-

bipyridine) is a contact non-selective herbicide, widely used in agriculture in

several countries, with advantages such as low-cost, high effectiveness and

without cumulative pollutant effects on the soil. Proteins inducible by paraquat

have been the subject of great interest because of the possibility of resistance to

this herbicide when introduced into crops. Thus, the purpose of this study was to

perform functional analysis of the genes CV1897 and CV4240 (chitinases) and

CV2547 (protein inducible by paraquat), isolated from Chromobacterium

violaceum, in plants of Nicotiana tabacum (tobacco), aiming potential application in

the genetic improvement of agronomically important crops. Initially, the respective

gene sequences from the strain ATCC12472 were identified and isolated from the

genome of Chromobacterium violaceum. The fragments were inserted into the

vector pCAMBIA 1390, for expression in plants, and used in genetic

transformation of N. tabacum. The transformation of the shoots regenerated in

selective medium containing the antibiotic hygromycin was confirmed by PCR,

using specific primers for the sequences for the CaMV35S promoter, hptII gene,

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and CV2547. After the growth and development, the plants were acclimated and

biological assays were performed to assess the activities of the heterologous

proteins, by means of the determination of the loss of ions and chlorophyll content

in plants containing the gene CV2547 and chitinase activity in plants containing

the sequences CV1897 and CV4240. According to the results, there was insertion

of the transgenes in all the plants evaluated. The chitinase activity assay revealed

significant differences between the plants transformed with genes coding for

chitinase and endochitinase, when compared with the control plants

(untransformed). The transformed plants showed significant differences in

chitinase activity, thus indicating expression and function of these chitinases in

plants. The analysis carried out with plants transformed with the sequence

CV2547, subject to the tests of resistance to paraquat, showed a higher tolerance

of the transgenic plants at concentrations up to 50 µM, while control plants were

intolerant from 1 μM of the herbicide. The analysis of electrolyte leakage and the

determination of chlorophyll content with 10 mM paraquat demonstrated less

electrolyte loss and higher chlorophyll content in plants genetically transformed

when compared to control plants. Bioinformatic analyses have enabled a better

understanding of the activity of proteins studied. The results indicate the

functionality of these genes in plants, showing that both sequences can be used in

genetic transformation of important crops.

Key words: herbicide, tolerance, fungus, Agrobacterium tumefaciens

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Colonias de Chromobacterium violaceum em placa ágar chocolate ...........................................................................................................................

6

Figura 2: Esquema do modo de ação do paraquat em contato com tecidos verdes da planta ...............................................................................................

10

Figura 3: Estrutura química do paraquat.......................................................

11

Figura 4: Estrutura molecular da quitina ......................................................

15

Figura 5: Esquema do pCAMBIA1390 modificado (pUESC28). Indicando os genes presentes no vetor e o múltiplo sítio de clonagem sob a orientação do promotor CaMV35S...........................................................................................

22

Figura 6: Transferência de DNA das plantas CV2547 para membrana de nylon, por Southern blot. Para a digestão enzimática foi utilizada a enzima HindIII. A - visualização em gel de agarose da digestão de plantas de N. tabacum transformadas com o gene CV2547; B – visualização do gel após transferência do DNA à membrana....................................................................

25

Figura 7: Ilustração da aplicação de paraquat ao longo das folhas isoladas de plantas transgênicas (quantidades em µM)..................................................

27

Figura 8: Sequência aminoacídica da proteína CV2547. Em destaque provável região transmembrana......................................................................

30

Figura 9: Padrão hidrofóbico da proteína em destaque a possível região transmembrana................................................................................................

31

Figura 10: Padrão de localização da proteína codificada pela sequência gênica CV2547; em destaque a possível região transmembrana.....................

31

Figura 11: Sequência aminoacídica da proteína deduzida apartir da sequencia gênica CV1897. As regiões em destaque referem-se ao sítio de clivagem do peptídeo sinal e aos domínios de atividade hidrolase caracteístico de lisozima de ligação a carboidrato e ligação à quitina ......

32

Figura 12: Sequência aminoacídica da proteína deduzida a partir da sequencia gênica CV4240. As regiões em destaque referem-se ao sítio de clivagem do peptídeo sinal e aos domínios característicos da família 18 de GH, com função desconhecida, ligação à quitina, catalítico contendo TIM barrel, atividade catalítica endoquitinase, degradação de carboidrato, domínio tipo fibronectina e sítio ativo de GH.....................................................

33

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Figura 13: Visualização em gel de agarose a 1% dos produtos de PCR em gradiente de temperatura com DNA plasmidial dos clones CV2547, CV 1897 e CV4240. As setas indicam a melhor amplificação dos fragmentos no tamanho esperado (1654, 1370 e 1644pb) correspondentes às temperaturas 61,8°C, para CV2547 e 54,4°, para CV4240 e CV1897....................................

34

Figura 14: Clone pUESC31. A – esquema ilustrativo do clone indicando sítio de inserção da sequência CV2547 e demais sequências que compõem o vetor; B – visulalização em gel de agarose de digestão enzimática com PstI e BgIII (1); EcoRI (2)............................................................................................

35

Figura 15: Clone pUESC41. A - esquema ilustrativo do clone indicando o sitio de inserção da sequência CV1897 e demais sequencias que compõem o vetor; B - ilustração em gel de agarose da digestão enzimática do clone pUESC13 com as enzimas BamHI (1) ; PstI e EcoRI (2) ...........................................................................................................................

36

Figura 16: Clone pUESC42. A - esquema ilustrativo do clone indicando o sítio de inserção da sequência CV4240 e demais sequências que compõem o vetor; B – ilustração em gel de agarose da digestão enzimática com as enzimas BamHI e EcoRI....................................................................................

36

Figura 17: Corrida eletroforética de PCR com primers específicos para o gene hptII, utilizando DNA das plantas transformadas CV2547 (A); CV1897 (B); CV4240 (C). M: Marcador de 1Kb, C+: controle positivo, P, plantas transgênicas contendo o gene CV2547 (A); E: plantas transformadas com a sequencia gênica que codifica para endoquitinase, CV1897 (B) e Q: plantas transgênicas contendo o gene que codifica para quitinase, CV4240 (C)......................................................................................................................

38

Figura 18: Visualização da eletroforese em gel de agarose de PCR das plantas transformadas com as sequências CV2547 (A); CV1897 (B); CV4240 (C), utilizando os primers específicos para a sequência promotora CaMV35S. M: Marcador de 1Kb, C+: controle positivo, P, plantas transgênicas contendo o gene CV2547 (A); E: plantas transformadas com a sequência gênica CV1897 (B) e Q: plantas transgênicas contendo o gene CV4240 (C)......................................................................................................................

39

Figura 19: Visualização em gel de agarose de PCR das plantas transgênicas contendo a sequência CV2547, utilizando primers especficos para esta sequência...........................................................................................................

39

Figura 20: Etapas na obtenção das plantas transgênicas: obtenção (A) e isolamento dos brotos (B), aclimatação (C) e florescimento (D)...................................................................................................................

40

Figura 21: Análise de Southern blot em plantas transgênicas CV2547 –

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visualização da membrana. 80 μg de DNA genômico das plantas foi digerido com a enzima HindII e hibridizada com sonda marcada para o gene CV2547. C- : controle negativo - planta não transformada; C+ Controle positivo - DNA plasmidial diluído (1:100) de pCAMBIA 1390. P3 a P20: linhagens transformadas...................................................................................................

41

Figura 22: Gel de agarose a 1% do cDNA das plantas transgênicas CV2547. C+ controle positivo pUESC31, C- planta de fumo não transformada e P. C- : controle negativo - planta não transformada; C+ Controle positivo - pCAMBIA 1390 (pUESC30). P3 a P20: linhagens transformadas....................

42

Figura 23: Analise de segregação das plantas transgênicas. Nt - N. tabacum não transformada, P3,6,13,16 e 20 - plantas de N. tabacum transformadas com a sequencia gênica CV2547......................................................................

43

Figura 24: Visualização de tolerância das plantas transformadas com a sequencia gênica CV2547 a diferentes concentrações do herbicida paraquat. C1 e C2 – plantas controle (N. tabacum não transformada) e P3 a P20 – plantas tranformadas com a sequencia gênica CV2547...................................

45

Figura 25: Determinação da perda de íons nas plantas transgênicas CV2547 (P3 a P20) e controle (não transformada- Nt1) após 24 h em contato com o herbicida paraquat a 10 µM. **Diferenças significativas para o teste t em (p≤0,01)..............................................................................................................

46

Figura 26: Determinação do teor de clorofila, em folhas das plantas transgênicas CV2547(P3 a P20) e controle (Nt1) em contado com o herbicida e em contato com água - em azul escuro a barra contendo os valores correspondentes à planta sem contato com o paraquat e em azul claro o teor de clorofila das plantas após contato com o herbicida a 10 µM. *Diferença significativa para o teste t (p≤0,05). ..................................................................

47

Figura 27: Análise da presença de peróxido de hidrogênio nas plantas (T1) transgênicas e controle, após contato com o herbicida. NT – planta de N. tabacum não transformada e P3 a P20 – plantas tranformadas com a sequencia gênica CV2547.................................................................................

48

Figura 28: Atividade quitinase das plantas transformadas com os genes CV1897 (Endoquitinases/Eq) e CV4240 (Quitinases/Q) comparada às plantas controle não transformadas (C). (*, ** diferenças significativas para o teste t, p≤0,05 e p≤0,01, respectivamente).................................................................................................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação de herbicidas de acordo com o HRAC (Herbicide Resistance Action Committee)....................................................................

8

Tabela 2 - Sequência de nucleotídeos dos genes isolados de C. violaceum.....................................................................................................

18

Tabela 3 - Identificação dos genes isolados e respectivos primers e enzimas de restrição para isolamento da sequência. Em destaque o sítio da enzima de restrição................................................................................

21

Tabela 4 - Características das proteínas CV 2547, CV 1897 e CV 4240, obtidas por meio da análise in silico...........................................................

33

Tabela 5 - Análise de segregação das linhagens transformadas geneticamente com a sequência CV2547 (P).............................................

42

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1

1 INTRODUÇÃO

Chromobacterium violaceum é um bacilo de vida livre, que ocupa uma variedade de

ambientes, sendo encontrada em abundância nas águas e margens do Rio Negro

(Amazônia Brasileira) (VASCONCELOS et al., 2003; BRUMBACH et al., 2006). Pode

afetar humanos causando infecções, geralmente fatais, iniciando, normalmente por

sintomas como febre, náuseas, dor abdominal, abscessos na pele com rápida

progressão para abscessos em vários órgãos (DIAS et al., 2005).

A importância médica e a variação de ambientes ocupados pela Chromobacterium

violaceum levou à realização de diversos estudos no âmbito biotecnológico, chegando ao

seqüenciamento completo do seu genoma por um consórcio Nacional, resultando na

anotação de 4.431 ORFs que cobrem 89% do genoma. As ORFs identificadas codificam

possíveis proteínas relacionadas com metabolismo geral, transportadores, adaptação a

estresses, motilidade, patogenicidade e potencial biotecnológico. Dentre as ORFs com

potencial biotecnológico identificadas estão as seqüências que apresentam similaridade

com quitinases, denominadas CV1897 e CV4240, e proteínas induzíveis pelo herbicida

paraquat, denominadas CV2547 (1654 pb) e CV2548 (691 pb) (VASCONCELOS et al.,

2003).

Estudos funcionais de genes disponibilizados a partir do seqüenciamento de

organismos têm sido realizados e os mesmos, utilizados na biologia molecular (KLEE et

al.,1991; LORITO et al., 1998; IKEDA et al., 2003; JUBE; BORTHAKUR, 2007).

Seqüências que conferem resistência a estresses bióticos e abióticos estão entre as

seqüências gênicas de grande interesse em pesquisas devido ao amplo uso em culturas

agronômicas.

Quitinases são glicosil hidrolases capazes de catalisar a degradação de quitina, que

corresponde ao segundo mais abundante polímero na natureza. Está presente em

diversos organismos, onde possuem importantes papéis em funções fisiológicas e

ecológicas. A caracterização de quitinases em plantas tem demonstrado importante

atuação destas proteínas no mecanismo de defesa contra patógenos (COHEN-KUPIEC;

CHET, 1998, SHINYA et al., 2006). Desta forma, o grande interesse voltado para os

estudos de quitinases está relacionado principalmente à possível aplicação para o

controle biológico de insetos, fungos e nematoides, que prejudicam culturas de interesse

agronômico.

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Quitinases têm sido isoladas de diferentes organismos, tanto daqueles que contém

a quitina como daqueles que não possuem quitina em sua estrutura. Estudos realizados

utilizando quitinases têm avaliado a atividade destas proteínas em plantas transgênicas.

Os resultados demonstram que tais sequências conferem resistência a diversos

fitopatógenos nas diferentes plantas em que foram inseridos, como Nicotiana tabacum L.

(tabaco), Solanum tuberosum L. (batata), Theobroma cacao L. (cacau), Citrus limonia (L.)

Osbeck (limão) e Gossypium hirsutum L. (algodão) (LORITO et al.,1998; MAXIMOVA et

al., 2005; XIAO et al., 2007; DISTEFANO, 2008).

O paraquat (1-1’-dimetil-4-4’-bipiridilo) é um herbicida de contato não-seletivo,

amplamente utilizado na agricultura em diversos países, por ser um produto de baixo

custo, grande eficácia e não possuir efeitos poluentes cumulativos para o solo. Tem sido

utilizado em uma variedade de culturas incluindo arroz, batata, algodão e banana para

controle de plantas daninhas. É um grande propagador de radicais super-óxidos, suas

moléculas desviam elétrons dos centros ferro-enxofre da fase fotoquímica da

fotossintese, nas membranas tilacoides dos cloroplastos. Os radicais peróxido de

hidrogênio gerados resultam na desintegração das membranas celulares das plantas

(DUKE, 2005; ALMEIDA et al., 2007).

Plantas podem ser naturalmente resistentes a determinados herbicidas ou ter seu

mecanismo de resistência a herbicidas alterado, de maneira que possam tolerar altas

concentrações do herbicida. Estas alterações podem ocorrer por superexpressão ou

mutação da proteína alvo, detoxificação do herbicida ou ainda impedindo a entrada do

composto, que por não antingir o sítio de ação não apresenta toxidade à planta

(SLATER, 2003).

Proteínas induzíveis por paraquat têm sido alvo de grande interesse agronômico,

devido à possibilidade de conferir resistência a este herbicida, quando introduzidas em

culturas de interesse. Estas proteínas atuam aumentando o efluxo dos compostos,

prevenindo a incorporação deste herbicida, ou reduzindo espécies tóxicas produzidas

pelo paraquat (JO et al., 2004; CHU et al., 2008).

Estudos destas proteínas têm demonstrado que genes isolados de diferentes

organismos podem conferir resistência ao paraquat, quando superexpressos em plantas.

A superexpressão de genes em plantas, como pqrA de Ochrobactrum anthropi, bcl-xL

(Homo sapiens) e genes que codificam para enzimas antioxidantes, tem conferido

resistência ao paraquat e a outros agentes de estresse (BOWLER et al., 1991; JO et al.,

2004; CHU et al., 2008; WAN et al., 2009).

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A obtenção de plantas geneticamente modificadas vem monstrando novas

possibilidades ao lidar com problemas relacionados à agricultura. Desta maneira pode-se

observar o importante papel destas proteínas no combate a fatores que têm ocasionado

grandes prejuízos à agricultura mundial.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 GERAL

Realizar estudos funcionais dos genes de C. violaceum CV1897 e CV4240

(quitinases) e CV2547 (proteína induzível por paraquat) em plantas transgênicas de

Nicotiana tabacum, visando o seu potencial de aplicação no melhoramento de espécies

de interesse agronômico.

1.1.2 ESPECÍFICOS

1. Isolar as seqüências CV1897, CV4240 e CV2547 do genoma de C. violaceum e

caracterizá-las;

2. Construir vetores para expressão dessas desses genes em plantas de fumo

3. Superexpressar as sequências de interesse em plantas de N. tabacum;

4. Realizar caracterização molecular e bioquímica das plantas transgênicas.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Chromobacterium violaceum

Chromobacterium violaceum é uma bactéria gram-negativa de vida livre, anaeróbio

facultativo, que apresenta forma de bacilo e ocupa uma variedade de ambientes,

principalmente, a água e o solo de regiões tropicais e subtropicais, onde as condições

ambientais de temperatura são ideais para o seu desenvolvimento (SIQUEIRA et al.,

2005; BRUMBACH et al., 2007; LIMA-BITTENCOURT et al., 2007).

Foi inicialmente descrita por Schroeter em 1872 sendo posteriormente denominada

Chromobacterium violaceum Bergozini, 1881 (SCHATTENBERG; HARRIS, 1942). A

maioria das suas colônias apresenta coloração violeta, enquanto algumas se mostram

não pigmentadas (SIVENDRA; TAM, 1977).

Inicialmente as pesquisas envolvendo a C. violaceum estavam relacionadas a

produção do pigmento que confere a coloração violeta às suas colônias, a violaceína

(Figura 1), que possui diversas propriedades de interesse, como atividade

antibacteriana, antitumoral, antiviral, anticâncer, dentre outras (ANDRIGHETTI-

FRÖHNER et al., 2003; VASCONCELOS et al., 2003; ANTÔNIO; CRECZYNSKI-PASA,

2004). Este microrganismo também apresenta o potencial de utilizar compostos

metálicos e pode, portanto, ser útil na detoxificação de resíduos orgânicos, químicos e

metais pesados do ambiente que podem ocasionar problemas ambientais e de saúde.

Também apresenta a capacidade de hidrólise de filmes plásticos e a solubilização de

ouro por um processo livre de mercúrio (VASCONCELOS et al., 2003; CAREPO et al.,

2004; FARAMARZI et al., 2004; SUMITA et al., 2007).

A C. violaceum foi considerada uma bactéria não patogênica, por possuir algumas

variedades saprofíticas; entretanto, por ocasionar diversas infecções ao afetar humanos,

geralmente crianças ou adultos imunodeficientes, passou a ser considerada um

patógeno oportunista humano (SCHATTENBERG; HARRIS, 1942; SIQUEIRA et al.,

2005; TEOH et al., 2006). De acordo com estudo realizado por SIVENDRA e TAN (1977)

e TEOH et al. (2006), a presença da violaceína não tem associação com a patologia, já

que as infecções podem ser causadas por culturas pigmentadas ou não pigmentadas.

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Figura 1: Colônias de Chromobacterium violaceum em placa ágar chocolate.

Fonte: Siqueira et al., 2005

As infecções em humanos embora raras são geralmente fatais, apresentando,

normalmente, sintomas como febre, náuseas, dor abdominal e abscessos na pele com

rápida progressão para vários órgãos (DIAS et al., 2005; TEOH et al., 2006).

Os estudos envolvendo C. violaceum foram, por algum tempo, pouco estudados a

níveis genético e molecular. Diante do interesse da melhor compreensão dos

mecanismos de adaptação e infecção em humanos, foi realizado pelo Consórcio

Nacional Brasileiro de Projeto Genoma, o sequenciamento e anotação do genoma

completo da C. violaceum, utilizando a estirpe ATCC 12472.

Este microrganismo possui um cromossomo circular de 4.751.080 pares de bases

e alto conteúdo GC, foram anotadas durante o sequenciamento 4431 ORFs, cobrindo

89% do genoma. Dentre estas, foram identificadas ORFs com potencial biotecnológico,

que contribuem para a adaptabilidade da C. violaceum a diversos ambientes, bem como

a tolerância a diversos antibióticos nos tratamentos clínicos (VASCONCELOS et al.,

2003).

Seqüências que apresentam similaridade com quitinases (denominadas CV1897 e

CV4240) e proteínas induzíveis pelo herbicida paraquat (CV2547 e CV2548), estão

dentre estas ORFs que apresentam potencial biotecnológico e podem ser úteis a

culturas agronômicas, no controle de fitopatógenos e de plantas daninhas,

respectivamente.

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2.2 Expressão de proteínas heterólogas em plantas

O conhecimento de novas técnicas moleculares aliado aos estudos em cultura de

tecidos, tem resultado em uma melhor aplicabilidade da biotecnologia no

desenvolvimento de plantas melhoradas, contendo novas características

agronomicamente desejáveis (SUSEX, 2008). De acordo com o ISAAA (International

Service for the Acquisition of Agri-biotech Aplications), o número de países envolvidos no

cultivo de transgênicos foi alterado de 6, em 1996, o primeiro ano de comercialização em

larga escala, para 25 em 2008, com uma área de cultivo de 8 milhões de hectares com

diversas culturas envolvidas, sendo soja (Glycine max L.) a principal destas, seguida de

milho (Zea mays), algodão (Gossypium hirsutum) e canola (Brassica napus). A tolerância

a herbicidas tem sido a característica predominante nas culturas, ocupando 63% da área

cultivada por transgênicos, seguido de resistência a insetos, ocupando 19,1 milhões do

total de 125 milhões de hectares da área global. Desse modo, as plantas transgênicas,

além conferir vantagens à agricultura mundial, têm sido objeto de estudo em variados

campos da biologia (ANDRADE et al., 2003).

Diversos trabalhos com foco na expressão de proteínas heterólogas em plantas

têm utilizado plantas modelo, sendo N. tabacum, até o momento, a mais comumente

utilizada na pesquisa para expressão de transgenes isolados de uma variedade de

organismos (JUBE; BORTHAKUR, 2007; YANG et al., 2007). Estes estudos realizados

tem resultado na obtenção de plantas tolerantes a diversos tipos de estresse abióticos

(MULWA et al., 2006; YANG et al., 2007) e bióticos (MAXIMOVA et al., 2005; JUBE;

BORTHAKUR, 2007; SUSEX, 2008).

2.3 Herbicidas

Herbicidas são compostos químicos que inibem ou interrompem o desenvolvimento

normal das plantas e podem atuar de diferentes maneiras, principalmente bloqueando

vias que sintetizam compostos essenciais (DODGE; HARRIS, 1970).

Durante muito tempo os herbicidas têm sido amplamente utilizados na agricultura.

O uso destes compostos está relacionado ao manejo de plantas não cultivadas

presentes em plantações de variadas culturas, onde são indesejáveis, devido à

competição por nutrientes e espaço com as plantas cultivadas (CHRISTOFFOLETI et al.,

2003; TAIS; ZEIGER, 2004).

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Um mesmo herbicida pode afetar diversos processos biológicos na planta e sua

toxidade depende do mecanismo e modo de ação. O mecanismo de ação está

relacionado à forma pela qual o herbicida interfere em um determinado processo

biológico da planta, enquanto o modo de ação refere-se aos diversos efeitos desta

interação. Estes resultados – tanto o mecanismo como o modo de ação de um herbicida

- dependem da absorção, translocação e do metabolismo do composto, bem como das

respostas fisiológicas do vegetal (GUNSOLUS; CURRAN, 1998; CHRISTOFFOLETI et

al., 2003).

Os herbicidas podem ser classificados de diversas maneiras sendo as mais

comuns baseadas no modo de ação, período de aplicação, translocação na planta ou

seletividade. Quanto ao período de aplicação podem ser classificados como pré-

emergentes, sendo aplicados antes da emergência das plantas, pós-emergentes, se

utilizados após emergência, ou pré-plantio, quando aplicados no solo, antes da

semeadura da cultura. Em relação à translocação podem ser sistêmicos ou de contato:

os herbicidas sistêmicos são translocados pela planta, enquanto os de contato ou não-

sistemicos não são translocados, atuando no local de aplicação; os herbicidas que

afetam a maioria das plantas são classificados como não-seletivos ao passo que os

seletivos afetam grupos específicos de plantas (RODRIGUES; ALMEIDA, 1998;

GUNSOLUS; CURRAN, 1998). Quanto ao modo de ação, os herbicidas podem ser

classificados em diversos grupos, identificados na Tabela 1, sendo os principais os

reguladores de crescimento, inibidores da síntese de lipídios, inibidores da síntese de

aminoácidos, inibidores da fotossíntese, inibidores da síntese de pigmentos

cloroplastídicos, desreguladores da membrana celular, inibidores do crescimento.

Tabela 1 - Classificação de herbicidas de acordo com o HRAC (Herbicide

Resistance Action Committee).

Grupo Famílias de herbicidas Mecanismo de ação

A Arilofenoxipropiônicos Cicloexanadionas, Fenilpiradezolinas

Inibição da carboxilase do acetil CoA

B Sulfoniluréias, Imidazolinonas, Triazolopirimidina, Pirimidiloxibenzoatos

Inibição da sintase do acetolactato (ALS)

C1, C2, C3 Triazinas, Triazinonas, Uréias substituídas, Benzoatiazoles

Inibição da fotossíntese pelo PSII

D Bipiridiliuns Desvio de elétrons do PSI

E Difeniléteres, Ftalimidas, Inibição da protoporpirinogen

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Oxadiazoles oxidase

F1 Piridazinona Inibição da biossintese de carotenóides por desnaturase do fitoeno (PDS)

F2 Isoxal, Tricetonas Inibição da 4-hidroxi-fenil piruvato-dioxigenase

F3 Isoxazolidinona Inibição da biossíntese de carotenóides

G Derivados da glicina Inibição da sintase da EPSP

H Ácidos fosfínicos Inibição da sintetase da glutamina

I Carbamatos Inibição da DHP (sintase do dihidropteroato)

K1 Dinitroalininas, Piridazinas, Ácidos Benzóicos

Inibição da montagem de microtubulos

K2 Carbamatos Inibição da mitose/ organização de microtúbulos

K3 Cloroacetamidas, Acetamidas Inibição da divisão celular

L Nitrilos Inibição da síntese de celulose

M Dinitrofenol Ruptura da membrana

N Tiocarbamatos Inibição da síntese de lipídeos

O Ácidos fenoxiacéticos, Ácidos benzóicos, Piridinas, Ftalimidas

Mimetização da auxina

P Semicarbazonas Inibição do transporte de auxina

Z Diversos Desconhecidos

Os herbicidas reguladores de crescimento são mimetizadores da auxina que

interferem na ação da RNA polimerase, afetando a síntese de ácidos nucléicos e

proteínas, levando a proliferação celular dos tecidos. Os inibidores da síntese de lipídios

ocasionam a inibição da Carboxilase da Acetil CoenzimaA (ACCase), enzima que

converte o acetil coenzima A em malonil coenzima A, uma reação chave no início da

biossíntese de lipídios; inibidores da síntese de aminoácidos diminuem os níveis de

determinados aminoácidos como aminoácidos ramificados (por inibição da enzima

sintase do acetolactato) ou aromáticos (devido à competição com a enzima sintase do 5-

enolpiruvilshikimato-3-fosfato). Os herbicidas inibidores da fotossíntese, que podem ser

sistêmicos ou não sistêmicos, promovem a fotoxidação da clorofila e peroxidação lipídica

que ocasiona o rompimento da membrana plasmática. Os inibidores de pigmentos

atuam na biossíntese de carotenoides, inibindo a síntese destes pigmentos, que atuam

na proteção da clorofila, deste modo ocorre a degradação da clorofila, tornando as

plantas despigmentadas (DODGE; HARRIS, 1970; GUNSOLUS; CURRAN, 1998).

Algumas plantas podem “escapar” dos efeitos tóxicos de um herbicida por

mecanismos de resistência que, de forma geral, permitem à planta degradar

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rapidamente, impedir a translocação ou inativar o herbicida nos tecidos, não atingindo o

sítio de ação. Existem ainda situações em que plantas normalmente resistentes a

determinado herbicida podem ser afetadas pelo mesmo, o que pode ocorrer em

situações de estresses ambientais ou por alterações no mecanismo de resistência.

2.3.1 O herbicida paraquat

O paraquat - 1,1'-dimetil-4,4'-bipiridilio dicloreto – (Figura 2) possui mecanismo de

ação relacionado à geração de radicais superóxido e peróxido de hidrogênio (VAUGHN;

DUKE, 1983; BABBS et al., 1989). É um bipiridilio não sistêmico, não seletivo, que deve

ser utilizado no período pós-emergência das plantas (GUNSOLUS; CURRAN, 1998;

RODRIGUES; ALMEIDA,1998).

Herbicidas bipiridilios podem competir com o aceptor de elétrons do fotossistema I

(PS I), que produz elétrons livres para impelir a fotossíntese e reduz o NADP+ a NADPH

+ H+ no estroma pela ação da ferredoxina e da redutase da flavoproteína da ferredoxina-

NADP (MORELAND,1980; TAIZ; ZEIGER, 2004).

Figura 2: Estrutura química do herbicida paraquat. Fonte: IPCS -International Programme on Chemical Safety

A fototoxicidade destes herbicidas está associada a sais quartenários em que os

átomos de nitrogênio estão nas posições 2,2’, 2,4’ ou 4,4’. Estes sais podem ser

reduzidos, formando radicais instáveis pela adição de um elétron, e os radicais formados

podem ser oxidados por oxigênio molecular, formando superóxido, radicais peróxido de

hidrogênio e hidroxila, que causam danos à membrana celular promovendo a

peroxidação lipídica, por fim ocasionando vasamento do conteúdo celular e morte dos

tecidos (Figura 3) (VAUGHN; DUKE, 1983; BABBS et al., 1989).

O paraquat pode, portanto, ser facilmente alterado para a forma de radical livre na

presença de energia suficiente. Suas moléculas interferem no sistema de transferência

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de elétrons, capturando elétrons do PSI da fase fotoquímica da fotossíntese em

mambranas tilacoides do cloroplasto, no momento em que estes elétrons seriam

transferidos da ferredoxina para o NADP+, transferindo-os para o oxigênio molecular e

inibindo a redução do NADP+ a NADPH+H+ (LEHOCZIK, 1992; GUNSOLUS; CURRAN,

1998; RODRIGUES; ALMEIDA, 1998; CHRISTOFFOLETI et al., 2003).

O PSI está localizado principalmente nas lamelas estromais do cloroplasto e nas

margens das lamelas granais. Em estudos relacionados ao sítio de ação do paraquat

observou-se que estas regiões ricas em PSI foram as mais afetadas pelo tratamento

com paraquat, sendo que também foram observados danos nas regiões ricas em PSII

(VAUGHN; DUKE, 1983).

Estas observações estão relacionadas ao fato de que o paraquat afeta o PSI,

inibindo o fluxo normal de elétrons, resultando em danos também ao PSII devido à perda

da capacidade funcional dos principais transportadores entre os fotossistemas, gerando

acúmulo de elétrons e desbalanço do gradiente de prótons entre estroma e lúmen do

cloroplasto. Espécies reativas, produzidas pela re-oxidação do paraquat reduzido,

propagam-se para o centro de reação do PSII, ocasionando perda da eficiência

fotossintética (IANNELLI et al., 1999; MURGIA, 2004; WAN, 2009).

O paraquat é muito utilizado mundialmente no controle de plantas daninhas anuais

ou perenes em uma grande variedade de culturas, incluindo cereais, hortaliças e

oleaginosas, e age rapidamente atingindo diretamente o sistema fotossintético no tecido

onde é aplicado (BROMILOW, 2003; EKMEKCI; TERZIOGLU, 2005).

A ampla utilização deste herbicida está relacionada à rapida absorção, que permite

efeitos imediatos em relação a outros herbicidas, incluindo rápida desidratação, seguido

de necrose foliar que na presença de luz solar pode surgir em até 24 h. Possui ainda o

benefício de rápida adsorção dos cátions às partículas do solo inativando-o em contato

com o mesmo. Devido a estes fatores, pode também ser indicado para uso em regiões

tropicais onde períodos de chuva podem prejudicar a ação de determinados herbicidas

(RODRIGUES; ALMEIDA, 1998; BROMILOW, 2003).

2.3.2 Resistência a herbicidas em plantas transgênicas

A resistência a herbicidas em plantas cultivadas tem sido alvo de grande interesse

na agricultura moderna, por facilitar o manejo de plantas daninhas sem danificar as

plantas cultivadas. A eliminação de plantas indesejáveis em determinadas culturas pode

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ser realizada com a utilização de herbicidas seletivos, no entanto, existem situações em

que a cultura pode não apresentar resistência ao herbicida, enquanto plantas

indesejáveis podem ser resistentes ao herbicida utilizado (SLATER, 2003).

Diversas plantas têm adquirido resistência a herbicidas por processos de mutação,

enquanto outras podem ser produzidas por hibridação ou manipulação genética

(SLATER, 2003; MONQUERO, 2005; YU, 2006).

Plantas geneticamente transformadas, resistentes a herbicidas, têm sido

produzidas nas últimas décadas e estão entre as plantas resistentes mais cultivadas

(MONQUERO, 2005). Diferentes técnicas têm sido empregadas neste objetivo,

resultando em plantas tolerantes a diversos herbicidas, por estratégias como

superexpressão ou mutação da proteína alvo, detoxificação do herbicida utilizando um

gene exógeno e aumento da capacidade de detoxificação da planta.

Utilizando-se da transformação de plastideos, SHIMIZU et al. (2008) obtiveram

plantas de fumo tolerantes aos herbicidas pirimidinilcarboxilato, imidazolinonas e

sulfonilureias por integração de sintase do acetolactato (ALS), com mutações inseridas

na sequência gênica. Os resultados revelaram níveis satisfatórios de tolerância em

diferentes mutações. Ainda DUFOURMANTEL et al. (2007) produziram soja transgênica

tolerante a herbicidas inibidores da catálise de aminoácidos aromáticos, por

superexpressão da enzima HPPD (dioxigenase do 4-hidroxifenilpiruvato). Plantas

transgênicas de fumo foram também resistentes ao glifosato, um herbicida de amplo

espectro não seletivo, de acordo com estudos realizados por DANIELL et al. (1998).

Plantas de álamo (Populos nigra) transgênicas apresentaram tolerância a

fosfinotricina pela superexpressão da sintetase da glutamina, cuja síntese é inibida na

presença deste herbicida; a superexpressão permite que vias alternativas continuem a

atividade na assimilação de amônia (PASCUAL et al., 2007).

Em estudos realizados por JO et al. (2004) o gene pqrA (gene que codifica para

uma proteína de resistência ao paraquat) isolado de Ochrobactrum anthropi foi

superexpresso em plantas de N. tabacum. As plantas transgênicas obtidas foram

resistentes ao herbicida paraquat, enquanto que as plantas não transformadas foram

susceptíveis, apresentando redução do conteúdo de clorofila a partir de 1 M de

paraquat. Observou-se ainda nestes estudos, que a resistência conferida pela proteína

PqrA, ocorre devido ao influxo de compostos gerados pelo herbicida em células

vegetais.

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Plantas de amendoim (Arachis hypogaea) foram transformadas geneticamente com

o gene humano Bcl-xL, via bombardeamento. O estudo da expressão deste gene

demonstrou resistência ao paraquat, apresentando altos níveis de clorofila após

tratamento com o herbicida, em relação às plantas controle. Genes da mesma família

conferiram resistência a diversos agentes de estresse abiótico, entre os quais o paraquat

(CHU et al., 2008).

A resistência ao paraquat em geral, está associada a dois mecanismos: impedir

que o herbicida alcance o sítio de ação ou aumentar rapidamente a detoxificação de

formas reativas de oxigênio, elevando os níveis de enzimas antioxidantes (LEHOCZIK et

al., 1992; LEE et al., 2007).

Plantas transgênicas resistentes ao paraquat têm sido produzidas não apenas com

interesse na aquisição de resistência ao herbicida, mas também por ser um grande

propagador de radicais superóxidos, e a partir da observação de que diferentes

situações de estresse têm resultado na produção de superóxidos, a tolerância a este

herbicida é, por vezes, um indicativo de que estas plantas podem tolerar outras

situações de estresse (BOWLER et al., 1991; MURGIA et al., 2004; LEVESQUE-

TREMBLAY et al., 2009; WAN et al., 2009)

Quando as células vegetais são lesadas ou tratadas com certos elicitores de baixo

peso molecular, há ativação de respostas de defesa resultando na produção de altas

concentrações de peróxido de hidrogenio, radicais peróxido e outras espécies ativas de

oxigênio. Estas espécies ativas de oxigênio estão envolvidas em estresses bióticos por

afetarem diretamente os organismos patogênicos e indiretamente deter a invasão

subsequente do organismo patogênico por intermédio de uma ligação cruzada de

componentes fenólicos da parede celular (TAIZ; ZEIGER, 2004).

Plantas do mercado: glifosato, glifosinato, 2,4D

2.4 Quitinases

A quitina (Figura 4) é o segundo polímero mais abundante encontrado na natureza,

sendo menos abundante apenas do que a celulose, e apresenta importante função na

estrutura de diversos organismos, presente na parede celular da maioria dos fungos e

no exoesqueleto de nematóides e artrópodes (COHEN-KUPIEC; CHET, 1998;

UBHAYASEKERA et al., 2009).

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Quitinases são enzimas que catalizam a hidrólise da quitina e podem ser

agrupadas em cinco classes (I, II, III, IV e V) compondo duas famílias (18 e 19) de

hidrolases do glicosil (GH), baseadas na similaridade de sequência de aminoácidos

(HENRISSAT, 1991; COHEN-KUPIEC; CHET, 1998). De acordo com o banco de dados

CAZy (Carbohydrate-active enzimes Database), a familia GH18 agrupa as quitinases das

famílias III e V, enquanto a familia GH19 é formada por quitinases das classes I, II e IV.

Estas quitinases podem ser oriundas de diferentes organismos como vírus, bactérias,

arqueobactérias e diversos eucariotos (HENRISSAT, 1991).

A classe I é formada por quitinases que contêm um domínio rico em cisteína na

região N-terminal, e as quitinases que compõem as classe II e IV, tem grande

similaridade de sequência com as quitinases da classe I, sendo que a classe II não

possui o domínio rico em cisteína. Um grande número de quitinases agrupadas nestas

classes é encontrado em plantas. Quitinases da classe III têm estrutura similar a

enzimas de fungo, enquanto as quitinases da classe V foram inicialmente identificadas

em bactérias. As classes III e V não apresentam similaridade com as quitinanases

agrupadas nas demais classes, sendo encontradas em fungos nematóides e insetos

(COHEN-KUPIEC; CHET, 1998; FUKAMIZO, 2000).

Estas hidrolases do glicosil podem atuar nas extremidades ou em sítios internos da

quitina, sendo, desta forma, agrupadas em duas grandes categorias - endo e exo-

quitinases – a depender de sitio de clivagem no polímero de quitina. As endoquitinases

realizam a clivagem em sítios internos, gerando oligossacarídeos de GlcNAc (β-1,4-N-

acetilglicosamina), de baixo peso molecular. As exo-quitinases podem ser divididas em

quitinobiodases e β-N-acetilexosaminidases, que atuam respectivamente em sítios

externos, gerando oligômeros de GlcNAc, e clivando estes produtos oligoméricos das

Figura 4: Estrutura molecular da quitina. Fonte: IPCS -International Programme on Chemical Safety

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endoquitinases e quitinobiodases, gerando monômeros de GlcNAc (COHEN-KUPIEC;

CHET, 1998; UBHAYASEKERA et al., 2009).

A depender da origem, as quitinases possuem diferentes funções em relação à

nutrição, crescimento, desenvolvimento e patogênese (UBHAYASEKERA et al., 2009).

Estas enzimas estão relacionadas ao sistema de defesa vegetal, sendo induzidas pelo

contato com elicitores, inibindo o desenvolvimento de fungos fitopatogênicos.

2.4.1 Importância das quitinases em plantas

Quitinases são membros das famílias de proteínas PR (Proteínas Relacionadas à

Patogenicidade), agrupadas como PR-3, PR-4, PR-8 e PR11 e têm demonstrado

importante papel na defesa de plantas contra determinados fitopatógenos por atuarem

na degradação da parede celular de fungos e outros microrganismos (MARGIS-

PINHEIRO et al., 1999; MAXIMOVA et al., 2006; GONZÁLEZ-TEUBER et al., 2009;

TAIRA et al., 2009). A degradação de um componente da parede celular, de

determinado patógeno, quando em contato com o tecido vegetal, não apenas induz a

morte do microrganismo, como permite a expressão de uma variedade de genes que

atuam no mecanismo de defesa da planta. Isto porque fragmentos celulares do

patógeno atuam como elicitores, sinalizando e ativando tais mecanismos (PARKER,

2003). Genes que codificam para estes compostos antimicrobianos são ativados nas

plantas ao serem atingidas por patógenos e outros agentes de estresse biótico ou

abiótico (AZARKAN et al., 1997; MAXIMOVA et al., 2006).

As doenças causadas por fitopatógenos têm resultado em grandes perdas

agronômicas, sendo, portanto, alvo de diversos estudos que objetivam a obtenção de

plantas com características que a possibilitem suportar as situações de estresse

ocasionadas por ataque de patógenos, eliminando ou minimizando os sintomas da

doença de maneira que as perdas agronômicas sejam reduzidas (CORDEIRO; GROSSI

DE SÁ, 2000; MAXIMOVA et al., 2006).

2.4.2 Atividade quitinase em plantas transgênicas

Utilizando-se técnicas biotecnológicas, o sistema de defesa das plantas pode ser

alterado para produção de altos níveis de proteínas endógenas ou heterólogas. Desta

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forma, genes que codificam para proteínas de defesa têm sido isolados de diferentes

organismos e utilizados na transformação genética de plantas, aumentando o nivel de

resistência a diversos fitopatógenos (CORDEIRO; GROSSI DE SÁ, 2000).

Plantas transgênicas de fumo superexpressando quitinases de Trichoderma

harzianum apresentaram tolerância a estresse biótico e abiótico, o que pode ser

explicado pela atuação destas proteínas como elicitores desencadeando uma ou mais

vias sinalisadoras do mecanismo defesa (DANA et al., 2006).

HASSAN et al. (2009), observaram aumento da resistência em plantas de ervilha

(Pisum sativum L.) transformadas com o gene da quitinase de Streptomyces

olivaceoviridis, e a superexpressão do gene resultou na inibição do desenvolvimento de

Trichoderma harzianu, em ensaios in vitro. Quitinases de mostarda (Brassica juncea)

foram também utilizadas na transformação de plantas de fumo, inibindo o

desenvolvimento in vitro do fungo Trichoderma viride (FUNG et al., 2004). MITANI et al.

(2006) observaram aumento da atividade quitinase em plantas transgênicas de Poncirus

trifoliata expressando o gene rcc2, isolado de arroz (Oryza sativa), que codifica para

uma quitinase. Em estudos realizados por MAXIMOVA et al. (2005) observaram-se altos

níveis da atividade quitinase em plantas transgênicas de cacau (Theobroma cacao)

superexpressando a quitinase da classe 1, codificada pelo gene TcChi1. Esse gene

conferiu atividade antifúngica nas plantas transformadas, inibindo o crescimento do

fungo Colletotrichum gloeosporioides e o conseqüente desenvolvimento de necrose.

Seqüências do gene Mcchit1 de Mamordica charantia foram utilizadas na

transformação genética de algumas plantas. Foi observado um aumento da atividade

quitinase intra e intercelular, exibindo ainda maior resistência aos patógenos Phytophora

nicotianae em Nicotiana benthamiana e Verticillium wilt em algodão (Gossypium sp)

(XIAO et al., 2007). Plantas de limão-cravo (Citrus limonia L.) foram transformadas com

o gene chit42 de Trichoderma harzianum, e comparadas às plantas selvagens após

inoculação de Botrytis cinérea. Essas plantas apresentaram significante redução no

desenvolvimento da lesão (DISTEFANO, 2008).

Seqüências gênicas de endoquitinases de Trychoderma harzianum transferidas

para plantas de Nicotiana benthamiana e batata (Solanum tuberosum L.) conferiram alta

tolerância aos patógenos foliares Alternaria alternata, A. solani e Botrytis cinerea. As

plantas transformadas apresentaram altos níveis de expressão do transgene em

diferentes tecidos (LORITO et al., 1998).

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De acordo com diversos estudos, quitinases podem atuar nas plantas não apenas

na defesa contra patógenos, mas também nas respostas a diferentes estresses, no

crescimento e desenvolvimento e na embriogênese somática (DANA et al., 2006).

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3 METODOLOGIA

3.1 Análise in silico das sequências CV2547, CV1897 e CV4240

As análises de seqüências foram realizadas por alguns programas disponíveis: BLAST,

para análise de similaridade de seqüências (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST/);

ExPASy, para tradução das seqüências de nucleotídeos

(http://www.expasy.ch/tools/dna.html); SignalP 3.0, para predição do sítio de clivagem do

peptídeo sinal (http://www.cbs.dtu.dk/services/SignalP/); MultAlin e ClustalW1.8, para

alinhamento de seqüências (http://prodes.toulouse.inra.fr/multalin/multalin.html e

http://clustalw.genome.jp/) ; WebCutter 2.0, para análise do padrão de restrição

(http://rna.lundberg.gu.se/cutter2/); PredictProtein, para predição de seqüências

conservadas (http://cubic.bioc.columbia.edu/predictprotein/) e, ProDom e InterProScan,

para análise de domínios e famílias

(http://prodom.prabi.fr/prodom/current/html/form.php) (http://www.ebi.ac.uk/

InterProScan/).

As seqüências de nucleotídeos identificadas e alinhadas durante o

seqüenciamento e a pré-anotação automática da C. violaceum (Tabela 2) foram

traduzidas nas ORFs (open reading frame) correspondentes.

Tabela 2 - Sequências de nucleotídeos dos genes isolados de C. violaceum

Gene Sequencia de nucleotideos

CV2547 ATGAGCAGTGACAATCCACAAAAACCGGAGCAGGACGATCTGCCGCAGGCGGTGCCGGTGCGCCGCCGTCGCTGGGCGCCGTCGCTGGTCTGGCTGATCCCGGTGGTGGCGGCGCTGATAGGCGGCTGGCTGGCGGTGCACGCCGTGCTGTCGCGCGGCCCCACCATCACCATCTCCTTCCAGAACGCCGAGGGGATAGAGGCCGGCAAGACCCGGATCAAGTACAAGGACGTGGAAATCGGCGAGGTGACCTCGGTCAAGCTCAGCCCCAACCGGCAGGCCATCGTCGCCACCGCGCAACTGAGCAAGGAGGCGGCCGACTACCTGGCGGAGGACAGCCGCTTCTGGGTGGTGCGGCCGCGCGTGTCCGGCGGCGGCGTGTCCGGCCTGGGCACGGTGCTGTCCGGTTCCTACATCGGCATGGACATCGGCAAGAGCGAGGCGCGCAAGACCGACTTTGTCGGCCTGGAAACCCCGCCCATCATCAACGCCGACCTGCCCGGCCAGACCTTCACGCTGCGCGCAGACAACCTGGGCTCGCTGAACACCGGCTCGCCGGTGTATTTCCGCCGGGTGCCGGTGGGGCAGGTGGTCGGCTACGAGCTGGACTCCAAGGGCGGCTACGTCAAGGTCGCCGTCTTCATCAACGCGCCGTACGACCGTTTCGTGTCCGCCAACAGCCGCTTCTGGCACGCCAGCGGAGTCGACGTGTCGCTGAGCGCCAACGGCCTCAACGTCAGCACCCAGTCGCTGGCGGCGATCGCGCTGGGCGGCATCGCTTTCGAGACGCCGCTGGCCGACAACGCCGGCATCCCGCTGTCCGACCGCAACTTCATCCTGCACGACAGCCGCGACAGGGCGCTGCAGAACCCGGACCGCGAGATGCAGCCGTTCCGCCTGCGTTTCCGCCAGTCGCTGCGCGGCCTGAGCGTCGGCGCGCCGGTGGACTTCCGCGGCATCACCATAGGCGAGGTGACGGCGATAGGCGTGCAGTACGTGCCGGAACGCAAAGATTTCGACATGACGGTGGACATCCGCACCTATCCCAGCCGGCTGG

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ACAGCCTGTCGCGCGGCGGCCGCATCAGCGGCAAGCTGTCGCCGCAGGCGCTGGTGGCCAACGGCATGCGCGCCCAGCTGCGCTCCGGCAATCTGATCACCGGCCAGCTCTACGTGGCGCTGGACTTCTTCCGCGACGCGCCGCCGGCCAAGCTGGTCGTGCGCAACGGCCTGCCCGAGCTGCCGACCATTTCGGGCGACCTGGAGGAGCTGCAGCGGGTGCTGCAGCGCATCGTCAAGAAACTGGACGCGGTGCCGTTCGACAGCATAGGCAAGGAGGCCGACGCCTCGCTGAAATCGCTGCACCAGACGCTGGACAGCGTGAAGAAGCTGTCCGACGGCCTGAACGGCGACGCGGTGCCCCAGACGCTGAAGACGCTGGAGCAGCTGCAGCAGACGCTGGAGGCCACCCGCCAGGCCATGCGCGCCGATTCGCCGCTGCAGCAGGACGTGCGCGCCGCCGCGCAGGAAGTGAAGGAGACCGCGCGCAGCTTCCGCGCGCTGGCCGATTACCTGGACCGCCATCCCGAGGCGCTGGTGCGCGGCAAGGAGGCTCAACCATGA

CV1897 CTATTTCAGCTTGACGCCCCAGTTGTCCTCGACGCAGCGCTGGTAGTTGCCTGCCTGCAAGGCGCTGTACGGCGTCTGGTAGCTGACCAGCTGGCACTGGTAGTCGTGCTGCCACTGCCAGTCCTTTTCCCAGTAGATGTTGTAGGCGGCGGAGCTGGCCGAGGTGAAGCGCTGCATATTGGCGCAGGACAGCTGCTCGCCGCCGTAGTCCCAGCCCAGGTCATGGGCGAACTGCTTGTAGTAGTCGATGCGGTTTTGCGCCGCCTGGCGCTCGGTGCCGCCGCCGCATTCGCCGTTGATGATCTGGATGGTGGTGGCGAAGTTGTTGCCGGCGCCGGCCGCCTTGTCCGCGGCGTTGGGCACCCAGGTGCCATCAATCACATGCAGCATGGATGGCTTGGGCGGCTGCGGATAGACGAAGAAGAAGGTGGCGGAGGCGAGGTTGAGCCAGGTGCTGGCCACCAGGTCCGGGTTTTGCAGCAGCACCGACTGGTCGCCGTTGTTCATCGCCTGCGAGAACGGACCGTAGTTGTAGTTGTACGACAGCTGCTTGGCGCCGCGGCCGTAGTATTTCTTCCAGCTGCCGTCGGGGTTCTTGCCGCAGGTCCATACCTTGTTGAACACCGGATCGTTGCACTCGGTGTTGTAACCGCAGGCGCTGCCGCTGTCGGCGCAGCCCATCTCGCGCAGGTAGGCCAGGCCCTGCCGCCATTGCGGCACGGTGTCGCTGGCGTCGTGGTTGCCGGTTTCCTGGCCGAAGTGGGCGAACATGGTGGCGAGGCTATGGCGGCAGATGGCATCGGCGTCGCGGCCGTCGCCGTAGTCGTCGCAGACGCCGGGGAATTTGGCCACCGCCTGCAGGAAGCGGGTGTAGGTGTAGCTGGCGTCGCGGCGGCTGAAGTAATAGTCCCATTTGGCCGACGGCAGCAGCCGCTCGACGCGGCGCACGTTGACCGGATTGGCGGCGCGGCCCGGGGCCACCTGTTCCACCTGCTCGTTGGACAGCGTGCGGATGGAAGCCTTCACCTTGCGGAAGAAGTCGTTGTTGGTCAGCTCGGCCTCGTGCTGCAAGGCCTGTTGCAGCGTCGGGACCGGGGGCGCGGCGTCATCCAGCTTGCGCATGGCGCCATCGACATGGGCGATCCAGGAGCCCTTGGGATTGGCTCCCGGCGTTTCGCCGCGGGTGGGCCACTTGGCTTGCCAGTCGCGGCCCTGCCACTGCACTGTCTGGCCCTTCTGATAGATGGCGCGGGCTTGCCATGGCGCGGCCAGGGCGGGGAGCGGCAACAGGGACAGGATGATGAAGGCTGACAGTTTCAT

CV4240 TTACTTCTTGGCCGCTTTGGCTTTGGCCGCGGCAGCGGCTGCCGCGCGGCGCTGGGCGGCCGTCGCCGCGTCCAGCCTCACCTCGGCGCTGGTCTTCAGCAAGGTGGACTGCGCGTCGTCGCCATCCAGCGACCAGCTGAACACGCCGCCCAGCTGCTGCGAGCGCACGTAATCGAGCTTGCCGCGGATGGTGGCGGGGTCGTCGTAGCTCCAGAACTCGTTGCCGTCGTAGGTCCACAGCTGCTTGGCCACCGGGCTGTTGAACTGCTTGGCGCTGCGCTTCACCAGGATGCGGTAATCCTCGATGCCCTGCTCGTAGGTGCCCTTGGCCGGGCCGGTGGCCACCTGGTACAAGCCGTCCCCCTTCGGACCGGCGGCGACGCCCGCCCAGCCGCGGCCGTAGAACGGCAGGCCGACGTTGATCTTGGCGCGCGGCACGCCGGCGTTCACCAGGGTTTTCACCGCGTCGTCGACTGTGTAGTAGACCTGGTCGCCAGTCACCGGCGCGGCCGGATCGCGGTAGAGATTGGACTGGAAGTTGGTCGCCCCTTGGCGTCCCAGCCGCCGTGGAAGTCGTAGGTCATCACGTTGATCCAGTCGAGATAGCTGCTGTAGGCGGCCGGCTCGGTGTTGCGGATCTTGTCGACGCCTGAGCCGATGGCGGCGGTCAGGTAGTAGCGGCGCTTGTTGGCCGTGGACAGGCGTTCAGCTGGTTGCGGAACTCGGCCATCAGCAGCGTGTAGTTCTGCTTGTCGTTGGGATCGACGGTATTGGTCGGCAGCCCGCCGCCGCCCGGGTATTCCCAATCGATGTCGAAGCCGTCGAACACGCCGAGCGCCGCCGCCTGTCCGCCGGCGTTCTCGCCCACCGGCAGATTGCCCTTGATGTAGAGGTCGATGCACGAGCTGACCATCGCCTTGCGGCCGGCGTCGGTGGCGGCGAACTTGCCGAAGTTCTTCGACCAGGTCCAGCCGCCCAGCGAGATCAGCACCTTCAGTTGCGGGTTGGCCAGCTTCAGCTTGCGCAGCTGATTGAAGTTGCCGCGCAGCGGATCGTTCCAGCTGTCGGCCTTGCCGTCCACCGACTCGTTGGCGGCGAAGGAACGCTGGTAGTCG

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GCCCAGGCGTCGCCGCCATCGCCGTTGCCGTTCTCGGCGCGGGTGACCATGCCGCACTTGCCGTCGGCGTAGACGTTGCCGAACGCGTAGTTGAGGAAGGTCAGTTGCTTGTCGCCGCCGGACTTCACCAGGTTGAAGACCTTGTAGTTGCGGTCGTAGATGCCCCACTGGGCGAAGTAGGAGCCGACATGGCGGCCGACGGTGGGCTTGGGCTCGGGCGGCACACCGCTGCCGGGATTGCCCGGGGTGCCCGGGTCGCCGTTGTCTGGCACGCACTCGCTGGCCGGACGCTCCTGCCAGGCGCCCCATTGGCTGCTGCCGGGCTGCTCGCCCTGGGTCCACCAGCTGGCGCCCAAGTCTTGCCGTTGAAGGTGGCGTAATCGCCGGCGTTATAAACCTTGCCGCTGGCCCACGGCGAGCAAGACGGCGCGGCCCAAACCGCCTGGGACAGCGCGAAGGCGGCGCCGACTGCCAGCAGCGCGCGCGACAACGGGAAATGCATCAT

3.2 Clonagem molecular

3.2.1 Isolamento de genes

Foram sintetizados oligonucleotídeos das regiões flanqueadoras dos genes

identificados e mutações foram inseridas para obtenção de sitos únicos para enzimas de

restrição (Tabela 3), úteis na etapa de clonagem molecular. A melhor temperatura de

anelamento foi determinada por PCR (Polymerase Chain Reaction) com gradiente de

temperatura, utilizando-se oligonucleotídeos específicos como iniciadores para cada

sequência gênica (Tabela 3), seguindo uma etapa de desnaturação a 94°C, por 3

minutos, com 35 ciclos a 94°C, por 1 minuto, 50 a 70°C por 1 min, 72°C por 1 min e

extensão final a 72°C por 7 min. A seguir, as sequências gênicas amplificadas a partir do

DNA genômico de Chromobacterium violaceum, isolado ATCC 12472, foram purificadas

em gel de agarose a 1% utilizando-se o kit “AccuPrep ® Gel Purification” (Bioneer),

seguindo as orientações do fabricante.

3.2.2 Preparo de células competentes

O preparo de células competentes, para transformação por choque térmico foi

realizado de acordo com SAMBROOK et al. (1989). Células de Escherichia coli, estirpe

TOP10, foram inoculadas em 2 mL de meio LB (Triptona a 1%, NaCl a 1% e Extrato de

levedura a 0,5%) e mantidas a 37 oC, por 16 h. A cultura foi transferida para 100 mL de

meio LB e incubada sob as mesmas condições por aproximadamente 4 horas, até atingir

absorbância a 600 ηm (Abs600) entre 0,5 a 0,7. As células foram incubadas no gelo por

10 min e coletadas por centrifugação, 5.000 x g, 4 oC durante 10 minutos, e em seguida,

foram ressuspensas em 20 mL de MgCl2 100 mM.L-1 e concentradas por centrifugação

sob as condições anteriormente descritas.

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Tabela 3 - Identificação dos genes isolados e respectivos oligonucleotídeos e enzimas

de restrição para isolamento da sequencia. Em detaque o sítio da enzima de restrição.

Gene Oligonucleotídeos Sequência Enzima de restrição

Endoquitinase/

CV1897

Quitinase/

CV4240

CV1897F

CV1897R CV4240F CV4240R

5’- GCC CAC CAT GAG GAT CCG ATA TG -3’ 5’ - CAG AGG GAT CCG GCC TTC GC -3’ 5’- GGG GAT CCA CCA TGA TGC ATT TCC -3’ 5’- CCT CGA AGC TTA CTT CTT GGC C –3’

BamHI BamHI HindIII

Proteína induzida

por paraquat/

CV2547

CV2547F CV2547R

5’- CCG GTA GAG GAA TTC GAT GAG C -3’ 5’- CGG GAA TTC AAT GTC TGA TCA TGG -3’

EcoRI

Durante 20 min, as células ressuspensas em 50 mL CaCl2 100 mmol L-1 foram

incubadas no gelo, centrifugando-se em seguida a reação a 5.000 x g, 4 oC, por 5

minutos. As células foram ressuspensas em 10 mL de CaCl2 100 mmol L-1 com glicerol a

15% (v/v), distribuídas em alíquotas 200 µL e armazenadas a -80 oC.

3.2.3 Transformação de células competentes

Os fragmentos purificados foram então inseridos no plasmídeo pTZ57R/T,

utilizando-se o kit InsT/A Clone TM PCR Product Cloning Kit (Fermentas). As sequencias

gênicas foram liberadas dos clones, por digestão com enzimas de restrição, e em

seguida os fragmentos foram isolados e purificados em gel de agarose a 0,8%,

utilizando-se o kit “AccuPrep ® Gel Purification” (Bioneer), conforme recomendações do

fabricante. Para a clonagem, utilizou-se o vetor pCAMBIA 1390 modificado para

expressão em plantas (Figura 5). Estes plasmídeos foram linearizados com

endonucleases de forma a deixar as extremidades compatíveis aos fragmentos, para

posterior reação de ligação com a enzima T4 DNA ligase.

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A reação de ligação dos fragmentos de DNA ao vetor foi conduzida de acordo

com técnicas-padrão de clonagem molecular em plasmídeos (SAMBROOK et al., 1989).

O fragmento de DNA e o plasmídeo foram utilizados na razão molar entre 3:1, em um

volume final de 20 L, na presença da enzima T4 DNA Ligase (Fermentas), 40 mM Tris-

HCl pH 7,8 , 10 mM MgCl2, 10 mM DTT, 0,5 mM ATP. A reação foi incubada a 22oC por

2 horas. O volume total da reação de ligação foi usado para inserção dos fragmentos

em células de E. coli Top 10.

As inserções das sequências no vetor de expressão foram confirmadas por

digestão dos DNAs plasmidiais com endonucleases específicas. As digestões foram

realizadas de forma a liberar um fragmento de tamanho conhecido e, quando

necessário, as digestões auxiliaram na determinação da orientação de inserção dos

fragmentos no plasmídeo. Os fragmentos foram visualizados após eletroforese em gel

de agarose a 1%, corado com brometo de etídeo 0,25 µg mL-1. Os clones originados

foram pUESC31, pUESC42 e pUESC43.

Figura 5: Esquema do pCAMBIA1390 modificado (pUESC28), contendo o

promotor dirigindo o sitio de clonagem. O cassete contem o gene que confere

resistência a higromicina com o promotor e terminador CaMV35S a esquerda

e o múltiplo sitio de clonagem com o promotor CaMV35S e o terminador Nos.

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3.3 Transformação genética de plantas

3.3.1 Transformação de células de Agrobacterium tumefaciens

O DNA plasmidial dos clones pUESC31, pUESC42 e pUESC43 foi extraído por

miniprep utilizando FlexiPrep Kit (Amersham Pharmacia Biotech), conforme

recomendado pelo fabricante. As células eletrocompetentes de A. tumefaciens, estirpe

LBA 4404, foram preparadas de acordo com o protocolo do eletroporador Bio-Rad (Micro

PulserTM Electroporation Apparatus Operating Instructions and Applications Guide (165-

2100 – BioRad Laboratories).

As células de agrobactéria e miniprep diluído foram transferidos para uma cuveta e

eletroporadas utilizando o programa Agr. Em seguida, a cubeta foi mantida em gelo,

adicionando-se 1 mL de meio Rhizo sem antibiótico. A solução foi plaqueada em meio

Rhizo acrescido dos antibióticos estreptomicina (100 μg.L-1) e canamicina (50 μg.L-1) e

incubados a 28ºC durante 16 horas.

3.3.2 Transformação de plantas de N. tabacum

Plantas de N. tabacum foram transformadas via A. tumefaciens com os genes que

codificam para quitinases (CV1897 e CV4240) e proteína de resistência ao herbicida

paraquat (CV2547), dirigidos pelo promotor CaMV35S, conforme protocolo descrito por

BRASILEIRO e CARNEIRO (1998). Células de A. tumefaciens contendo o plasmídio de

interesse foram multiplicadas em 50 mL de meio Rhizo, acrescido de estreptomicina a

100 μg.L-1 e canamicina a 50 μg.L-1, por um periodo de 16 horas, sob agitação (220

rpm), a 28°C. Atingida a OD600= 0,5, a cultura foi centrifugada a 5.000 x g, a 14°C, por 7

min e o pellet foi ressuspenso em meio MS (30g L-1 de sacarose) sem antibiótico.

Discos foliares de N. tabacum foram previamente cortados e mantidos durante 48

horas em meio MS sólido (MURASHIGE; SKOOG, 1962). Estes discos foram

transferidos para meio MS líquido contendo as células em suspensão, por 15 min, sendo

a seguir lavados e mantidos durante 48 h em co-cultivo (meio MS sólido sem antibióticos

ou hormônios de crescimento), transferindo-os posteriormente para meio seletivo,

composto por meio MS suplementado com o regulador de crescimento 6-

benzilaminopurina (BAP) a 500 μg mL-1, e com os antibióticos cefotaxima (500 μg mL-1)

e higromicina (10 μg mL-1).

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3.3.3 Regeneração e aclimatação das plantas transgênicas

Os brotos selecionados foram regenerados em tubos de ensaio contendo meio de

cultura MS sólido acrescido de cefotaxima a 200 μg.L-1, para eliminação das

agrobactérias e após crescimento dos brotos, foram transferidos para frascos do tipo

Magentas, obtendo-se 3 clones de cada planta transformada. As plantas foram mantidas

em sala de crescimento sob fotoperíodo de 16/8 h (luz/escuro) à temperatura de 25±2°C.

Um clone de cada planta foi transferido para vaso contendo solo e substrato (1:1), onde

foram mantidos durante cinco meses para obtenção de sementes e realização de

experimentos fisiológicos.

3.3.4 Análises moleculares para confirmação da inserção do

transgene

Plantas de N. tabacum, contendo as seqüências CV2547, CV4240 e CV1897, foram

micropropagadas e aclimatadas. Para a confirmação da inserção do transgene foram

realizadas extrações do DNA genômico das plantas de acordo com o protocolo

estabelecido por BRASILEIRO e CARNEIRO (1998), seguidas de PCR utilizando

oligonucleotídeos específicos para a seqüências referentes ao promotor CaMV35S (35S

do virus do Mosaico do Couve Flor) e ao gene hptII (fosfotransferase da higromicina),

para as plantas transgênicas CV1897, CV4240 e CV2547. Para a sequência específica

induzível por paraquat foi também realizada PCR, utilizando-se oligonucleotídeos

específicos para a sequencia CV2547.

Para as reações de amplificação utilizou-se dNTPs a 10mM, MgCl a 2,5mM,

tampão da enzima Taq polimerase a 10x (2µL), 1 μL de DNA (50-100 ng), e

oligonucleotídeos específicos para a detecção de presença dos referidos genes.

As reações foram amplificadas com uma desnaturação inicial de 94ºC por 2 min, 40

ciclos de 94ºC por 1 min, 60ºC (CaMV35S) 62 ºC (hptII) ou 61ºC (CV2547) por 30 s,

72ºC por 2 min; e uma extensão final de 72ºC por 10 min. Os produtos da amplificação

foram separados por eletroforese em gel de agarose a 1%, corados com brometo de

etídio.

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25

3.3.5 Determinação do número de cópias das plantas transformadas

com a sequência CV2547

Para determinação do numero de cópias foram utilizados 90 µg de DNA genômico

de plantas transformadas CV2547 e controle (não transformada), extraídos seguindo a

metodologia proposta por BRASILEIRO e CARNEIRO (1998), digerido com HindIII por

16 h e fracionado em gel de agarose a 0,8% (p/v). O DNA fragmentado foi transferido

por capilaridade para membrana de nylon (Hybond-N+, Amershan Pharmacia Biotech)

(Figura 6), de acordo com a metodologia proposta por SAMBROOK et al. (1989). O

DNA foi a seguir fixado à membrana por radiação UV em Spectro Linker TM XL-1000UV

Crosslynker (Fisher Scientific). Para a hibridização foi utilizado o Kit AlkPhos Direct TM

labelling and Detection system (Amersham Biosciences) e seguiu-se a metodologia

recomendada pelo fabricante utilizando-se como sonda os fragmentos amplificados do

gene CV2547. O resultado do número de cópias foi visualizado com a revelação do filme

de raio X após a exposição deste a membrana hibridizada dentro de um cassete.

Figura 6: Transferência de DNA das plantas CV2547 para membrana de nylon, por

Southern blot. Para a digestão enzimática foi utilizada a enzima HindIII. A - visualização

em gel de agarose da digestão de plantas de fumo transformadas com o gene CV2547;

B – visualização do gel após transferência do DNA à membrana.

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3.3.6 Avaliação de expressão das plantas transformadas com a

sequência CV2547

RNA total das folhas foi extraído pelo método fenol, conforme descrito por

BRASILEIRO e CARNEIRO (1998). Em seguida, o RNA extraído foi tratado com duas

unidades da enzima DNAse livre de RNAse, sendo dissolvido no tampão para a DNAse

e incubado a 37oC. O RNA foi recuperado por meio de precipitação com etanol. A

primeira fita de cDNA foi sintetizada a partir de 5 µg de RNA total. Alíquotas de RNA

foram tratadas com DNaseI, mantendo a reação (10 μL de RNA total, 2,5 mmol.L-1 de

cada dNTP, 20 U de inibidor de RNAse,0,5 μg μL-1 de primer oligo (dT) e 200 U de

Transcriptase reversa) a 37ºC durante 60 minutos. A seguir a enzima foi inativada a

70ºC por 10 min e depois a reação foi mantida em gelo. O cDNA obtido foi utilizado para

detecção do gene exógeno utilizando oligonucleotídeos específicos para a sequência

CV2547(pqiBcvF: 5’- TCACCATCTCCTTCCAGAACG-3’ – pqiBcvR:

5’GGCTGAGCTTGACCGAGGT-3’), gerando um fragmento de 100pb (pares de bases).

Foram utilizados 10 μL de cada reação para detecção por eletroforese em gel de

agarose a 2%.

3.3.7 Análise de segregação

Sementes de N. tabacum foram coletadas após o florescimento das plantas

transgênicas CV2547 (T0) e plantas não-transformadas, desinfestadas em câmara de

fluxo laminar, mantendo-se as sementes durante um min em álcool a 70%, seguido de

25 min em hipoclorito de sódio (NaClO). Os resíduos do agente desinfestante foram

retirados com 3 lavagens utilizando-se água destilada e estéril. As sementes foram

então germinadas em meio MS contendo higromicina a 40 µg L-1. Após 15 dias foram

contadas as plantas germinadas com aspecto normal, relacionando a quantidade destas

à de sementes não germinadas. Utilizou-se o teste χ2 para testar as hipóteses de

segregação.

3.4 Parametros bioquímicos

A determinação da atividade quitinase foi realizada utilizando-se as plantas

transformadas com as sequências CV4240 e CV1897. Para as plantas transformadas

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com o gene CV2547 foram feitas avaliações da resistência ao herbicida, teor de clorofila,

de estravasamento de íons e, nas planats T1, avaliação de resistência por detecção da

presença de peróxido de hidrogênio.

3.4.1 Análise da resistência ao paraquat

Plantas transgênicas contendo o gene CV2547, foram submetidas a concentrações

diferenciadas de paraquat (0, 1, 10, 20, 50, 100 M), 10 µL de cada concentração foram

aplicados ao longo da folha, sendo três aplicações de cada lado da nervura foliar,

conforme ilustra a Figura 7. As folhas isoladas foram mantidas em sala de crescimento

sob fotoperíodo de 16/8 horas (luz/escuro), a 25ºC e irradiância de 16-19 μmol m-2s-1,

durante 5 (cinco) dias.

3.4.2 Análise de extravasamento de eletrólitos

Plantas transgênicas e controle foram submetidas à análise de extravasamento de

eletrólitos, utilizando-se um condutivímetro, conforme descrito por JO et al. (2004).

Folhas isoladas foram pinceladas com paraquat a 10µM e mantidas em meio MS sólido

durante 24 h em luz constante (irradiância de 16-19 μmol m-2s-1), a 25ºC. Seis discos

foliares de cada planta transgênica foram mantidos a temperatura ambiente em água

ultra-pura durante 3 h antes da primeira avaliação, sendo a seguir mantidos em estufa a

Figura 7 - Ilustração da aplicação de paraquat ao longo das folhas isoladas de

plantas transgênicas – Em cada região numerada foram aplicados 10µL do

paraquat, foram utilizadas diferentes concentrações em µM (0, 1, 10, 20, 50,

100).

0 1

10 200

50 100

100 50 20

0 1

10

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95ºC por 20 min procedendo-se a aferição final. Os resultados foram obtidos conforme a

fórmula descrita por MITLER et al. (1999).

3.4.3 Determinação do teor de clorofila

A determinação do melhor período de incubação com DMSO saturado com CaCO3,

foi realizado conforme metodologia sugerida por Gomes et al., 2010. Nesta etapa, discos

foliares foram isolados de plantas de N. tabacum não-transformadas e mantidos em

DMSO saturado com CaCO3. O teor de clorofila foi observado nos periodos de 2, 4, 8,

12, 24 e 48 h, à temperatura ambiente e a 65ºC. De acordo com os dados obtidos

determinou-se o melhor período (12 h) e temperatura (65ºC) para determinação do teor

total de clorofila em plantas de fumo.

Plantas transgênicas e não transformadas foram borrifadas com paraquat a 10µM e

mantidas em meio MS sólido durante 24 h na presença de luz constante (irradiância de

16-19 μmol m-2s-1). A seguir, três discos foliares (0,52 cm2) de cada folha isolada, foram

mantidos em 1mL de DMSO saturado com CaCO3 durante 12 h a 65ºC em tubos

envolvidos com papel alumínio, impedindo a entrada de luz. Uma alíquota de 200 µL foi

retirada de cada amostra e aplicada em placa de ELISA (VERSAmax) para leitura em

espectrofotômetro a 663 e 645 ηm. O teor total de clorofila foi calculado utilizando

equação proposta por WELLBURN (1994).

3.4.4 Avaliação de resistência ao paraquat nas plantas da geração T1

Sementes obtidas das plantas transgênicas CV2547 (T0) e não-transformadas,

foram desinfestadas em câmara de fluxo laminar, conforme metodologia descrita para

análise de segregação. As sementes foram mantidas em meio MS e após germinadas

foram borrifadas com paraquat a 10 µM, após 48h em presença de luz constante

(irradiância de 16-19 μmol m-2s-1). As plântulas foram analizadas quanto à presença de

peróxido de hidrogênio com DAB-HCl (3,3’ – diaminobenzidene), conforme metodologia

proposta por THORDAL-CHRISTENSEN et al.(1997). As plântulas foram mantidas em

DAB (1 mg.mL-1) e infiltradas a vácuo durante 4 h, sendo então mantidas em etanol a

70%. A presença de H2O2 foi detectada pela coloração marrom.

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3.4.5 Atividade de quitinase

As plantas transformadas com as sequencias CV4240 e CV2897 foram submetidas

à análise da atividade quitinase de acordo com o método estabelecido por MAXIMOVA

et al. (2005), com modificações. Para tanto, folhas das plantas transformadas foram

maceradas e o extrato foliar incubado em tampão acetato de potássio 3M, contendo

quitinase CM-RBV, a 37ºC durante 3 horas. Em seguida, as reações foram mantidas em

gelo, adicionando-se HCl 2M. Utilizou-se uma alíquota de 350 µL de cada reação para

leitura em espectrofotômetro a 550 nm. O teor de proteínas totais do extrato foliar foi

previamente quantificado pelo método Bradford.

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4 RESULTADOS

4.1 Análise in silico das sequências proteicas deduzidas a partir de CV2547, CV1897 e CV4240

As análises in silico das sequencias aminoacídicas, deduzidas a partir das sequências

CV2547 (Induzível por paraquat), CV1897 (Endoquitinase) e CV4240 (Quitinase),

resultaram na obtenção de informações importantes acerca de possíveis funções e

localizações das proteínas.

4.1.1 Análise da proteína induzível por paraquat isolada de C. violaceum

De acordo com as análises de bioinformática, o gene referente a sequência

cv2547 codifica para uma proteína traduzida possui 539 aminoácidos (Tabela 4) com

ponto isoelétrico (PI) estimado de 9,13 e peso molecular de 58608,67 Da. A análise da

sequencia não identificou peptídeo sinal com clivagem proteolítica (Figura 8), entretanto

foi identificada uma região hidrofóbica composta por 23 aminoácidos, com possível

função de endereçamento e de hélice transmembrana (Figuras 9 e 10).

Similaridades com a sequência da proteína PqiB (Paraquat inducible protein) foram

observadas; dentre estas foram identificadas regiões de altas similaridades com

domínios da família MCE.

Figura 8: Sequência aminoacídica da proteína CV2547. Destacando em cinza região

transmembrana, em azul, verde escuro e verde claro domínios MCE preditos.

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4.1.2 Análise da Endoquitinase isolada de C. violaceum

A sequência analisada codifica para uma proteína de 439 aminoácidos, com PI

estimado de 7,53 e peso molecular de 47313,47 Da (Tabela 4).

A proteína identificada apresenta previsão de localização extracelular, com sítio de

clivagem de peptídeo sinal entre os aminoácidos 18 e 19 (ALA-AP), identificado na

sequência (Figura 11).

Foram observados cinco domínios catalíticos característicos da família 19 de

hidrolase de glicosil (GH) (Figura 11), dentre estes domínios dois foram relacionados a

atividade de hidrolase por mecanismo de endoquitinase, sendo um destes endoquitinase

Z (aminoácidos 27 a 101) e outra endoquitinase secretada (aminoácidos 387 a 435), um

domínio de ligação a quitina (aminoácidos 249 a 385), um domínio de ligação a

Figura 9: Padrão hidrofóbico da proteína; em destaque a possível região

transmembrana.

Figura 10: Padrão de localização da proteína codificada pela sequencia gênica

CV2547; em destaque a possível região transmembrana.

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carboidrato (aminoácidos 209 a 248) e um domínio característico de lisozimas

(aminoácidos 102 a 208).

Figura 11: Sequência aminoacídica da proteína deduzida apartir da sequencia gênica

CV1897. As regiões em destaque referem-se ao sítio de clivagem do peptídeo sinal e

aos domínios de atividade hidrolase caracteístico de lisozima de ligação a

carboidrato e ligação à quitina .. .

4.1.3 Análise da Quitinase isolada de C. violaceum

De acordo com as informações obtidas no banco de dados, esta sequência codifica

para quitinase contendo 540 resíduos de aminoácidos, com provável peso molecular de

55703,82 Da e PI de 8,69 (Tabela 4). Pertence à família 18 de GH e contém sítio ativo

característico desta família entre os aminoácidos 266 e 274, foi também identificado um

sítio de clivagem do peptídeo sinal na região VWA-AP entre os aminoácidos 25 e 26,

destacados na sequência aminoacídica (Figura 12). Doze domínios foram identificados

na análise in silico da proteína CV4240 (Figura 12), todos relacionados à atividade

quitinase e identificados em sequências de quitinases pertencentes à família 18 GH.

Três desses domínios são característicos da família 18 de GH com função não

identificada no banco de dados utilizado (aminoácidos 1 a 30, 73 a 109 e 303 a 337),

uma região extracelular de ligação à quitina (aminoácidos 31 a 72), dois domínios

catalíticos contendo o TIM barrel (aminoácidos 100 a 184 e 225 a 265), quatro domínios

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de degradação da quitina por metabolismo endoquitinase (aminoácidos 110 a 148, 167 a

224, 228 a 322 e 338 a 406) um dos quais contem o sítio ativo de GH já citado, um

domínio de ligação a carboidrato carboidrato (aminoácidos 408 a 444) e um domínio de

fibronectina tipo III (458 a 504).

Figura 12: Sequência aminoacídica da proteína deduzida a partir da sequencia gênica

CV4240. As regiões em destaque referem-se ao sítio de clivagem do peptídeo sinal

e aos domínios característicos da família 18 de GH, com função desconhecida

ligação à quitina catalítico contendo TIM barrel atividade catalítica endoquitinase

degradação de carboidrato domínio tipo fibronectina e sítio ativo de GH .

Tabela 4 – Características das proteínas CV2547, CV1897 e CV4240, obtidas por

meio da análise in silico.

Proteína Número de resíduos de aminoácidos

Ponto Isoelétrico Peso Molecular (Da)

CV 2547 539 9,13 58608,67 CV1897 439 7,53 47313,47 CV4240 540 8,69 55703,82

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4.2 Clonagem molecular das sequências CV2547, CV1897 e CV4240

A partir das reações de PCR utilizando-se gradiente de temperatura foi possível

determinar a melhor temperatura para amplificação dos fragmentos desejados (Figura

13).

Para as quitinases CV1897 e CV4240 a amplificação foi satisfatória a 58,4 oC, e o

fragmento correspondente à proteína induzida por paraquat CV2547 a melhor

temperatura de anelamento foi 61,8 oC.

Observou-se a inserção das sequências nos vetores de expressão em plantas

(pCAMBIA1390) por digestão enzimática, seguida de corrida eletroforética, confirmando

a presença e orientação da sequência no referido vetor.

Figura 13: Visualização em gel de agarose 1% dos produtos de PCR em

gradiente de temperatura com DNA plasmidial dos clones CV2547, CV1897 e

CV4240. As setas indicam a melhor amplificação dos fragmentos no tamanho

esperado (1654, 1370 e 1644 pb) correspondentes às temperaturas 61,8°C, para

CV2547, e 54,4°, para CV4240 e CV1897.

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Para o clone pUESC31 a digestão com EcoRI (Figura 14), permitiu o isolamento

da sequência CV2547 e a observação em gel de agarose do fragmento no tamanho de

aproximadamente 1600 pares de bases, confirmando a presença do fragmento

desejado.

Os fragmentos gerados após a digestão com PstI e BgIII (com sítio de ação

presente no vetor, à extremidade 5’ da sequência) permitiram identificar a orientação do

fragmento.

Observando-se a digestão e o esquema do clone pUESC41 (Figura 15), é

possível identificar, na canaleta 1, a presença do fragmento no tamanho esperado para

a sequencia CV1897, após digestão enzimática com BamHI e, na canaleta 2, o

fragmento de aproximadamente 900 pb, resultante da digestão com PstI e EcoRI (com

sitio presente no vetor, à extremidade 5’ da sequência).

Figura 14: Clone pUESC31. A – esquema ilustrativo do clone indicando sítio

de inserção da sequência CV2547 e demais sequências que compõem o

vetor; B – visulalização em gel de agarose de digestão enzimática com PstI e

BgIII (1); EcoRI (2).

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Figura 15: Clone pUESC41. A - esquema ilustrativo do clone indicando o sitio

de inserção da sequencia CV1897 e demais sequências que compõem o

vetor; B - ilustração em gel de agarose a 1% da digestão enzimática do clone

pUESC41 com as enzimas BamHI (1) ; PstI e EcoRI (2).

Figura 16: Clone pUESC42. A - esquema ilustrativo do clone indicando o sítio

de inserção da sequência CV4240 e demais sequências que compõem o

vetor; B – ilustração em gel de agarose a 1% da digestão enzimática com as

enzimas BamHI e EcoRI.

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O vetor (pCAMBIA 1390) possui sitio de ação para a endonuclease EcoRI

próximo à extremidade 5’ da sequência CV4240, enquanto esta sequência possui um

sítio para a ação da BamHI na extremidade 3’, desta forma foi possível a visualização

da presença e orientação do fragmento por digestão com estas enzimas (Figura 16).

4.3 Transformação genética de plantas

De acordo com os resultados da PCR, houve inserção dos transgenes em todos os

brotos regenerados, indicando eficiência no método utilizado. Observou-se presença dos

fragmentos exógenos nas plantas transformadas. Na reação com o par de

oligonucleotídeos correspondente à sequência do gene hptII, que confere resistência ao

antibiótico higromicina, pode-se visualisar um fragmento de 900 pares de bases (Figura

17), enquanto para a sequência promotora CaMV35S, observou-se a amplificação de

um fragmento de aproximadamente 500 pares de bases, correspondente à sequencia

promotora (Figura 18), confirmando a transformação genética das plantas avaliadas.

Análise de PCR das plantas transformadas com a sequência CV2547 confirmaram

também a inserção deste gene de interesse (Figura 19).

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Figura 17: Detecção da presença dos transgenes em plantas de fumo

geneticamente modificadas. Corrida eletroforética de PCR com oligonucleotíedos

específicos para o gene hptII, utilizando DNA das plantas transformadas CV2547 (A);

CV1897 (B); CV4240 (C). M: Marcador de 1Kb, C+: controle positivo, P, plantas

transgênicas contendo o gene CV2547 (A); E: plantas transformadas com a sequência

gênica que codifica para endoquitinase, CV1897 (B) e Q: plantas transgênicas contendo

o gene que codifica para quitinase, CV4240 (C).

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Figura 18: Diagnostico da transformação genética das plantas via PCR, utilizando os

oligonucleotídeos específicos para a sequência promotora 35S.. Em A, B e C plantas

transformadas com as sequencias CV2547, CV1897, CV4240, respectivamente. M:

Marcador de 1Kb, C+: controle positivo, P, plantas transgênicas contendo o gene

CV2547 (A); E: plantas transformadas com a sequência gênica CV1897 (B) e Q: plantas

transgênicas contendo o gene CV4240 (C).

Figura 19: Confirmação via PCR das plantas transgênicas contendo a sequência

CV2547, utilizando oligonucleotídeos específicos para o gene CV2547. P3 a P20:

Plantas transformadas com sequencia induzível por paraquat

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4.3.1 Regeneração das plantas transgênicas

Os brotos isolados e regenerados apresentaram desenvolvimento normal, e após

aclimatação, confirmou-se o fenótipo normal das plantas. O florescimento ocorreu após

aproximadamente quatro meses, quando as sementes foram obtidas para análise de

segregação. As etapas referentes à obtenção dos brotos, manutenção, aclimatação e

florescimento das plantas transgenicas estão ilustradas na Figura 20.

A

D

B

C

Figura 20: Etapas na obtenção das plantas transgênicas: obtenção (A)

e isolamento dos brotos (B), aclimatação (C) e florescimento (D).

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4.3.2 Determinação do número de cópias e expressão do transgene nas plantas CV2547

De acordo com as análises de Southern blot a sequência foi inserida em sete das

nove plantas transgênicas avaliadas. A análise de PCR utilizando cDNA das plantas

transformadas (Figura 22) revelou expressão desse gene, por presença de fragmento

correspondente a sequência exógena nas plantas avaliadas.

4.3.3 Análise de segregação

A análise de segregação foi realizada por meio da germinação das sementes da

geração T1 em meio de cultura contendo o antibiótico higromicina (Figura 23). Os dados

obtidos permitiram determinar a inserção de duas cópias no genoma da maioria das

plantas transformadas (Tabela 5) e confirmar a transferência destes genes para a

progênie.

Figura 22: cDNA das plantas transgênicas CV2547 em gel de agarose 1%. C+

Controle positivo - pCAMBIA 1390 (pUESC30). P3 a P20: linhagens transformadas.

100pb

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Tabela 5: Análise de segregação das linhagens transformadas com a sequência CV2547

(P).

Planta Resitente+/ Sensível-

Razão esperada

No. de locos

Nt 0+/ 130- - -

P3 169+/16- 15:1 2

P6 120+/14- 15:1 2

P13 83+/49- 3:1 1

P16 206+/10- 15:1 2

P20 172+/11- 15:1 2

Figura 23: Análise de segregação das plantas transgênicas. Nt - N. tabacum não

transformada, P3, 6, 13, 16 e 20 - plantas de N. tabacum transformadas com a

sequência gênica CV2547.

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4.4 Parametros bioquimicos

4.4.1 Análises bioquimicas em plantas transgênicas tolerantes ao paraquat

As análises bioquimicas permitiram a visualização dos efeitos do herbicida nas

plantas transgênicas, apresentando menores danos aos processos fisiológicos dessas

plantas em relação às plantas não-transformadas.

4.4.1.1 Determinação de concentração letal de paraquat para plantas transgênicas e controle

As plantas transgênicas avaliadas apresentaram tolerância ao herbicida, com

ausência de clorose nas concentrações aplicadas de 1 até 50µM de paraquat (Figura

24), enquanto observou-se clorose nas regiões das folhas isoladas de plantas não

transgênicas em contato com o paraquat.

Tolerância a concentrações de 10, 20 e 50 M de paraquat foram observadas em

plantas transformadas (Pq3, 6, 13 e 20), indicando a possibilidade de uso deste gene na

transformação genética, para obtenção de culturas resistentes ao paraquat. Ao segundo

dia observou-se clorose foliar nas regiões de concentração de 100 M, evoluindo para

necrose nestas regiões. A planta Pq3 apresentou necrose apenas nas regiões onde o

herbicida foi aplicado a 100 M, enquanto as Pq6, Pq13 e Pq20 apresentaram clorose

por todo ápice foliar e pontos de necrose nas concentrações a partir de 10 M (planta

Pq13) e 20 M (plantas Pq6 e Pq20). As plantas não transformadas foram intolerantes a

soluções de paraquat a 1 M, e a planta P5 apresentou sensibilidade a concentraçãoes

a partir de 10 M , observando-se pontos de necrose foliar nestas regiões.

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4.4.1.2 Extravasamento de eletrólitos

Os resultados do extravasamento de íons demonstram que as plantas transgênicas

apresentaram menor perda de eletrólitos em relação à planta não-transformada. (Figura

25).

As plantas P6, P13, P16 e P20 apresentaram diferença acima de 10% quando

comparadas à planta controle, sendo esta uma diferença significativa de acordo com o

teste t (p≤0,01). A planta P3 não apresentou diferença significativa em relação à planta

controle.

Figura 24: Tolerância em folhas de N. tabacum transformadas com a sequencia

gênica CV2547 a diferentes concentrações do herbicida paraquat. C1 e C2: Plantas

controle; P3-P20: plantas de N. tabacum transformadas com a sequência CV2547.

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4.4.1.3 Determinação do teor de clorofila

O teor de clorofila foliar entre as plantas sem o estresse foi variável. No entanto foi

possível uma comparação das plantas em situações diferenciadas: sem estresse

oxidativo e com estresse oxidativo causado pelo contato com o paraquat a uma

concentração de 10 µM (Figura 26). As folhas das plantas transgênicas não

apresentaram diferenças significativas quando em contato com paraquat; porém esta

diferença pôde ser observada na planta controle, que apresentou uma perda significativa

do teor inicial de clorofila, de acordo com o teste t (p≤0,01).

Figura 25: Determinação da perda de íons nas plantas transgênicas CV2547 (P3 a

P20) e controle (não transformada- Nt1) após 24 horas em contato com o herbicida

paraquat a 10 µM. **Diferenças significativas para o teste t em nível de p≤0,01.

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46

4.4.1.4 Avaliação da geração T1 de N. tabacum

As plântulas avaliadas se diferenciaram em relação aos niveis de peróxido de

hidrogênio. Na planta controle, é visível o escurecimento ocasionado pela presença de

H2O2, enquanto que as plantas transformadas apresentam coloração mais clara,

indicando que este produto danoso não estão presentes em grandes quantidades no

tecido vegetal destas plantas (Figura 27).

Figura 26: Determinação do teor de clorofila foliar das plantas transgênicas

CV2547(P3 a P20) e controle (Nt1) em contado com o herbicida e em contato com

água - em azul escuro a barra contendo os valores correspondentes à planta sem

contato com o paraquat e em azul claro o teor de clorofila das plantas após contato

com o herbicida a 10 µM. *Diferença significativa para o teste t (p≤0,05).

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Figura 27: Análise da presença de peróxido de hidrogênio nas plântulas (T1)

transgênicas e controle, após contato com paraquat (10 µM). NT – planta de N. tabacum

não transformada e P3 a P20 – plantas tranformadas com a sequência gênica CV2547.

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4.4.2 Determinação da atividade quitinase em plantas geneticamente transformadas com quitinase e endoquitinase de C. violaceum

O ensaio da atividade quitinase revelou diferenças significativas entre plantas

transformadas com as seqüências CV1897 e CV4240 em relação à planta controle

(Figura 28), indicando uma maior atividade nas plantas transgênicas, exceto para a

planta Q19, que não apresentou diferença significativa.

De acordo com os dados obtidos, as plantas Eq4, Eq15, Q1 e Q3 apresentaram

maiores níveis de expressão dentre as plantas transformadas, observando-se nestas

plantas um valor de aproximadamente duas vezes maior em relação às plantas controle

(p≤0,01). Nas plantas Eq5, Eq12, Eq13, Q2 e Q7 observou-se aumento significativo da

atividade quitinase, contudo o aumento observado foi de aproximadamente 50% da

atividade em plantas não transformadas. Na planta Q19 não foi observada diferença

significativa em relação ao controle.

Figura 28: Atividade quitinase em plantas de N. tabacum transformadas com os

genes CV1897 (Endoquitinases/Eq) e CV4240 (Quitinases/Q) comparada às

plantas controle não transformadas (C). (*, ** diferenças significativas para o

teste t p≤0,05 e p≤0,01, respectivamente).

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5 DISCUSSÃO

5.1 Análise in silico das proteínas

5.1.1 Análise da sequência que codifica para a proteína induzível por paraquat

De acordo com as análises da sequência CV2547, a proteína codificada possui

similaridade com o gene pqiB de Escherichia coli, que codifica para uma proteína de

resistência a paraquat, apresentando também regiões de domínios MCE (Mammalian

Cell Entry). Uma região hidrofóbica também foi identificada, correspondente a região

transmembrana formada por 23 resíduos, 17 deles com padrão hidrofóbico. Sabe-se que

uma região transmembrana pode conter de 20 a 25 aminoácidos para ultrapassar a

membrana plasmática de uma célula (NELSON; COX, 2006). Estas observações

sugerem que a conformação desta proteína pode estar envolvida no mecanismo de

resistência ao paraquat, possivelmente impedindo o influxo deste herbicida para o

interior da célula, que por não atingir o sítio de ação, não contribue à produção de

espécies tóxicas de oxigênio. Conformações similares já foram observadas em proteínas

que conferem resistência ao paraquat, como a MvrC de E. coli, a PqrA de Ochrobactrum

anthropi e a PqiB em células mutantes de Streptomyces coelicolor (JO et al., 2004; CHO

et al., 2003).

A proteína PqrB em S. coelicolor, faz parte do operon PqrAB que confere

resistência ao paraquat em microrganismos. Neste operon, o códon de parada do gene

pqrA está sobreposto ao códon inicial do pqrB, formando um mecanismo eficiente para a

resistência ao paraquat. A proteína PqrA é uma proteína repressora, enquanto a PqrB é

uma proteína de bomba de efluxo que possue domínio catalítico (CHO et al., 2003).

A sequência de aminoácidos de CV2547 apresenta similaridade com a proteína

PqiB de E. coli. Estudos com PqiB demonstraram que esta proteína pode ser

endereçada à membrana conferindo resistência tanto ao paraquat quanto a outros

agentes de estresse que produzem altos níveis de peróxido de hidrogênio.

Os dominios MCE identificados em CV2547 pertencem a uma família que

apresenta importante papel em eucariotos e possui função desconhecida em diversas

bactérias. Em micobacterias o operon mce possui genes que codificam para possiveis

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proteínas de membrana com diferentes papéis, atuando como molécula efetora. Outros

estudos sugerem que estas proteínas, em células de mamíferos, atuem promovendo a

captação de partículas sintéticas inertes, ligadas ao mce (CHITALE et al., 2001).

Domínios MCE foram identificados em Mycobacterium tuberculosis e apresentaram

similaridades com proteínas de diferentes organismos procariotos. Neste microrganismo,

a função desses domínios foi associada ao mecanismo de patogênese, facilitando o

estabelecimento da infecção por associação a proteínas relacionadas ao processo de

endocitose (ARRUDA et al., 1993).

5.1.2 Análise das sequências que codificam para Endoquitinase e Quitinase

As quitinases codificadas pelas sequências CV1897 e CV4240 foram identificadas

respectivamente como pertencentes à família 19 e 18 das hidrolases do Glicosil (GH). A

maioria das sequências de quitinases é composta por diversos domínios, sendo mais

freqüentes os domínios tipo catalítico, de ligação à quitina e dominio de fibronectina tipo

III. Diversas quitinases têm estrutura de dominios conservada, sugerindo que a estrutura

de domínios é importante para a eficiência catalítica (FUKAMIZO, 2000).

As sequências das quitinases da família 19 são, de modo geral, altamente

conservadas, o que pode facilitar a identificação de uma sequência pertencente a essa

família de hidrolase do glicosil (FUKAMIZO et al., 2000; UBHAYASEKERA et al., 2009).

A maioria das quitinases pertencentes a esta família de hidrolases do glicosil é de

localização extracelular, possível localização da proteína CV1897 madura. Quitinases

desta família estão relacionadas a mecanismos de defesa da planta em situações de

interação com patógenos e foram anteriormente encontradas apenas em plantas, e

recentemente, identificadas em outros organimos (PERRAKIS et al., 1994; SHINYA et

al., 2006).

Durante as análises desta sequência, foram identificados dois domínios catalíticos

relacionados à atividade endoquitinase (sendo um tipo endoglucanase Z), um domínio

de ligação a quitina (ChBD), um domínio de ligação a carboidratos de modo inespecífico

e um quinto domínio característico de lisozima. Domínios endoglucanase Z têm sido

relacionados à secreção e ligação ao substrato em Erwinia chrysanthemi e outros

microrganismos (BRUN et al., 1997). Este domínio foi identificado em uma região

possivelmente secretora, de atividade catalítica e tem sido comumente encontrado em

quitinases e enzimas de atividade catalítica. A ação das lisozimas está também

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relacionada à hidrólise em resíduos de MurNAc (ácido N-acetilmurâmico) e GlcNAc.

Domínios característicos desta família de enzimas têm sido encontrados em quitinases

da família 19 (HOEL et al., 2006; FUKAMIZO, 2000), bem como proteínas com atividade

bifuncional para lisozima e quitinase, atuando no mecanismo de defesa contra fungos e

bactérias. Proteínas que possuem estas características podem também apresentar

atividade relacionada apenas a quitinase (METRAUX et al., 1989; LIN et al., 2009).

Os domínios catalíticos de enzimas da família 19 de GH possuem sequências de

aminoácidos semelhantes. O domínio de ligação à quitina pode ser identificado nestas

proteínas, sendo característico das classes I e V a presença deste domínio na região N-

terminal, enquanto em quitinases da classe II o domínio de ligação à quitina é

comumente encontrado em uma região diferente da sequência (SHINYA et al., 2006;

ONAGA; TAIRA, 2009).

Na proteína possivelmente codificada pela sequência CV1897, o domínio de

ligação à quitina pôde ser identificado nesta sequência próximo à região C-terminal.

Estas informações indicam a possibilidade de que a proteína codificada por esta

sequência seja classificada como pertencente à classe II da família 19 de GH.

Quitinases da família 18, em sua maioria, possuem vários domínios funcionais

(FUKAMIZO, 2000). Conforme observado, a sequência CV4240 apresenta diversos

domínios, todos relacionados à atividade quitinase e já identificados em quitinases

pertencentes à família 18 de GH, dentre os quais podemos citar domínios de ligação a

carboidrato e de atividade catalítica. Três desses domínios são característicos da família

18 de GH com função não identificada no banco de dados. Um domínio refere-se à

região extracelular de ligação à quitina, dois domínios catalíticos contendo o TIM barrel,

quatro domínios de degradação da quitina por metabolismo endoquitinase, um dos quais

contem o sítio ativo de GH já citado, um domínio de degradação de carboidrato e um

domínio de fibronectina tipo III.

O sítio ativo encontrado, característico de quitinases da família 18 - [LIVMFY]-

[DN]-G-[LIVMF]-[DN]-[LIVMF]-[DN]-x-E, é comum a endo-β-N-

acetilglicosaminidases classificadas na família 18 de hidrolases do glicosil. Quitinases do

tipo endo-β-N-acetilglucosaminidase têm sido comumente encontradas em procariotos,

sendo que o primeiro relato desta proteína isolada de eucarioto foi a do basidiomiceto

Flammulina velutipes (HAMAGUCHI, 2009).

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O domínio de ligação ao carboidrato (CBD) é formado por seis grupos de

aminoácidos aromáticos que podem ter importante função na ligação. O CBD é um

pequeno domínio que está presente em diversas enzimas hidrolases do glicosil, e possui

sítio conservado de ação antimicrobiana e atividade hidrolase. Ainda apresenta estrutura

similar ao domínio de ligação à quitina (ChBD); entretanto, o mecanismo de ligação pode

ser diferenciado.

Uma das características da sequência CV4240 é a presença do domínio TIM barrel

no domínio catalítico. Esta é uma característica comum a diversas quitinases da família

18, sendo por vezes identificadas em outras famílias de GH. Outros domínios

encontrados estão relacionados à atividade extracelular de degradação de

glicoproteínas por mecanismo endoquitinase, indicando uma possível atividade

endoquitinase nestas proteínas. Domínios tipo fibronectina podem ser comumente

encontrados em quitinases e também estão presentes nesta sequência. Estes domínios

apresentam similaridade com domínio fibronectina III, identificado em proteínas animais

e podem facilitar a ligação da proteína ao substrato (FUKAMIZO, 2000; PERRAKIS et

al., 1994). Quitinases classificadas na família 18 de GH catalizam a reação por um

mecanismo assistido por substrato e podem ser subdivididas em A, B e C por

similaridade na sequência de aminoácidos (FUKAMIZO, 2000; LI; GREENE, 2010).

5.2 Parâmetros bioquimicas

5.2.1 Análises em plantas geneticamente transformadas com resistência ao paraquat

Tolerância a altas concentrações do paraquat foram observadas em plantas

transgênicas, enquanto que as plantas não transformadas apresentaram clorose a partir

de 1 µM de paraquat. Resistência de plantas às concentrações de 5 a 20 µM de

paraquat pode ser considerada satisfatória, sabendo-se que concentrações inferiores a 5

µM deste herbicida ocasionam morte celular em plantas não transformadas, in vitro ou

em plantações, sendo desta forma consideradas normalmente letais para plantas

(IANNELLI et al., 1999; CHAGAS, 2007; LEE et al., 2007).

Um dos efeitos já conhecidos do paraquat é a maior perda de íons quando em

contato com as plantas, explicado pela sua atuação na captura de elétrons gerados a

partir do PSI, ocasionando a formação de peróxido de hidrogênio que resulta em

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degradação da membrana (CHAGAS, 2007; MURGIA et al., 2004). Quando a planta

apresenta tolerância ao paraquat estes efeitos são evitados, permitindo o

desenvolvimento da planta em presença do mesmo. Estas alterações podem ocorrer de

modo diferenciado a partir do papel desempenhado pela proteína que confere a

característica de resistência. As plantas obtidas neste trabalho provavelmente

apresentam resistência evitando a entrada dos compostos. Espera-se, portanto, que as

plantas tolerantes apresentem teor de clorofila inalterado ou com alterações mínimas e

menor perda de íons, o que foi observado na maioria das plantas analizadas.

O paraquat induziu consideravelmente a perda de íons, bem como a diminuição do

teor de clorofila na planta controle, que pode ser obervado devido à clorose das folhas.

As plantas transgênicas CV2547, entretanto, apresentaram uma maior retenção do

conteúdo celular e do teor de clorofila com alterações não significativas em relação à

planta sem contato com o herbicida. Isto pode ser visualizado tanto na determinação da

letalidade como do teor de clorofila. Estas observações sugerem que as plantas

transformadas com o gene em estudo apresentam resistência considerável ao paraquat.

Já foram observadas situações em que plantas resistentes apresentam alteração

inicial do teor de clorofila, e posterior controle desta perda, enquanto a perda de íons é

menor em relação a plantas controle, desde o inicio da ação do herbicida (MURGIA et

al., 2004). Nestas situações a resistência está associada ao combate às espécies

reativas de oxigênio produzidas durante o estresse. A planta P3, apesar dos danos

celulares não observados na determinação da concentração de letalidade e teor de

clorofila, apresentou perda de íons não significativa em relação à planta controle,

indicando que apesar da não alteração do teor de clorofila os danos à membrana foram

similares a uma planta não transformada.

As plantas da geração T1 foram avaliadas quanto à produção de H2O2 em presença

do paraquat, observando-se maior produção desta espécie reativa de oxigênio nas

plantas não transformadas com o gene CV2547. O DAB tem sido utilizado comumente

para detectar presença de peróxido de hidrogênio em plantas sob estresses bióticos e

abióticos, permitindo a visualização de coloração diferenciada em presença deste

composto (KIM et al., 2008; SCANDALIOS, 2005). Como já citado este é um dos

compostos produzidos pela ação do herbicida na planta e sua alta produção causa

danos ao tecido vegetal, desta forma a ausência deste composto indica a inatividade do

paraquat, que pode ocorrer devido ao influxo deste herbicida, bem como por outros

mecanismos de resistência conferidos.

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A resistência ao paraquat em plantas tem sido conferida por proteínas que atuam

de formas diferentes, dentre as quais podemos citar a MvrA, MvrC e EmrE de E. coli,

PqrA de Ochrobactrum anthropi e PqiB em células mutantes de Streptomyces coelicolor.

Os gene mvrC, pqrA e pqiB codificam para proteínas de membrana que evitam a

entrada do paraquat para o interior da célula, conferindo resistência ao herbicida,

enquanto o gene EmrE confere resistência por aumentar a capacidade celular de

remoção de diferentes compostos tóxicos. A enzima MvrA atua na redução das espécies

tóxicas produzidas pelo paraquat (CHO et al., 2003; JO et al., 2004; MORYMIO et al.,

1992; YERUSHAIMI et al., 1995).

Desta forma, pode-se observar claras diferenças entre as plantas transformadas

com a sequência CV2547, indicando que a expressão deste gene confe resistência ao

paraquat e a possível transferência das sequências exógenas para a progênie.

Entretanto, análises da proteína isolada podem ser essenciais para uma melhor

compreensão do mecanismo de resistência por ela conferido.

5.2.2 Atividade quitinase em plantas de N. tabacum transgênicas

O aumento na atividade quitinase potencializa a resistência a vírus, fungos,

bactérias e insetos em plantas, permitindo um bom desenvolvimento em presença de

fitopatógeno, por inibir o desenvolvimento do microrganismo. Em plantas selvagens,

após ataque de um patógeno, moléculas elicitoras atuam permitindo aumento na síntese

de proteinas de defesa (CORDEIRO; GROSSI DE SÁ, 1999; TAIZ; ZEIGER, 2004;

DANA, et al., 2006). Desse modo, o aumento na atividade quitinase observado nas

plantas transgênicas pode ter importante papel na defesa das plantas contra

fitopatógenos e insetos.

As proteínas quitinases podem ser utilizadas no melhoramento vegetal, pois estas

enzimas atuam no mecanismo de defesa da planta, com altas atividades antifúngicas e

não apresentam toxidade às plantas. O aumento da atividade quitinase, por vezes, não

chega a inibir completamante a ação de patógenos, entretanto pode minimizar seus

efeitos, permitindo um bom desenvolvimento das plantas, mesmo em presença de

determinados fitopatógenos (CORDEIRO; GROSSI DE SÁ, 1999; DANA, et al., 2006;

MAXIMOVA et al., 2006).

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Em resposta ao ataque de patógenos, as plantas podem produzir moléculas de

diferentes funções, dentre estas, proteínas que atuam na degradação de parede celular,

e impedem o desenvolvimento destes organismos. O aumento na atividade da quitinase,

como de outras proteínas que ocasionam a degradação da parede celular, pode, desta

forma, ser inversamente proporcional à atividade do fitopatógeno (LORITO et al.,

1998).Desta forma, pode-se inferir que as plantas aqui obtidas apresentam potencial

resistência a fitopatógenos, principalmente as plantas Eq4, Eq15, Q1 e Q3,

considerando a maior atividade quitinase observada nestas plantas.

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6 CONCLUSÕES

A sequência gênica CV2547 codifica para uma possível proteína de membrana que

confere resistência ao paraquat em plantas de Nicotiana tabacum.

A superexpressão do gene CV2547 em plantas de N. tabacum, levou à tolerancia a

concentrações de até 50 µM do paraquat nas plantas transgênicas.

A proteína induzível por paraquat, isolada de C. violaceum, permitiu às plantas

transgênicas uma maior tolerância aos efeitos deste herbicida, a uma concentração de

10 µM.

As sequências gênicas CV1897 e CV4240 apresentaram similaridades com sequências

que codificam para quitinase, com possível atividade endoquitinase para ambas as

sequências.

As sequências CV1897 e CV4240 permitiram um aumento na atividade quitinase de

plantas transgênicas.

As proteínas expressas a partir dos genes CV1897 e CV4240, demontraram ser

funcionais em plantas transgênicas, e podem, potencialmente, conferir resistência a

fitopatógenos em plantas transgênicas.

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