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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE COLETIVA JULIANA PESSOA COSTA A REFORMA PSIQUIÁTRICA E SEUS DESDOBRAMENTOS: representações sociais dos profissionais e usuários da atenção psicossocial FORTALEZA - CEARÁ 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE COLETIVA

JULIANA PESSOA COSTA

A REFORMA PSIQUIÁTRICA E SEUS DESDOBRAMENTOS: representações

sociais dos profissionais e usuários da atenção psicossocial

FORTALEZA - CEARÁ

2014

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JULIANA PESSOA COSTA

A REFORMA PSIQUIÁTRICA E SEUS DESDOBRAMENTOS: representações

sociais dos profissionais e usuários da atenção psicossocial

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Saúde Coletiva.

Área de Concentração: Saúde Coletiva.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Salete Bessa Jorge

FORTALEZA - CEARÁ

2014

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DEDICATÓRIA

A Deus e meu querido Santo Expedito, por terem me ajudado

nos momentos difíceis, aos meus pais, Júlio Costa Alves e

Maria de Fátima Pessoa Costa, pelo amor incondicional e

dedicação, e a minha irmã, Suiane Pessoa, pelo apoio e

incentivo, com muito carinho.

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Dedicatória Geral

A Deus e meu querido Santo Expedito, por me abençoarem diariamente,

iluminando meu caminho.

Aos meus pais, Júlio Costa Alves e Maria de Fátima Pessoa Costa, que com

muita dedicação me deram educação e preparo para superar os obstáculos da vida.

A minha irmã, Suiane Pessoa, pelo carinho e apoio. Tia Gracinha pela ajuda.

Aos companheiros do GRUPSFE, Indara Cavalcante, Mardênia Gomes,

Leilson lira, Milena, Mariana, Rebeka, Nathalia, Marcia, pelos momentos de alegrias

e tensões.

Aos colegas que compreenderam minha ausência e sempre me apoiaram nas

horas mais difíceis, em especial Felipe Augusto, Ícaro Manfrinni, Mariana, Marília,

Beatriz, Ingrid, Alexandre e Priscila.

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AGRADECIMENTOS

À prof.ª Dr.ª Maria Salete Bessa Jorge, por ter me acolhido como orientanda,

pela orientação da dissertação.Meu agradecimento e respeito.

À prof.ª Dr.ª Maria da Penha de Lima Coutinho, da Universidade Federal da

Paraíba (UFPB) por ter aceitado o convite para participar da Banca Examionadora.

À prof.ª Dr.ª Edmara Chaves Costa, por ter me ajudado quando necessitei. Minha

eterna Professora Ana Cléa, pelo o incentivo e apoio.

Aos colegas do Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva, especialmente

José Pereira Maia Neto e Emília Caminha pelas trocas de discussões e suporte

emocional nos momentos difíceis, Jamine, Suelen, Bráulio, por ter contribuído na

conclusão da dissertação, meu eterno agradecimento.

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RESUMO

Esta pesquisa dedica-se ao estudo das representações sociais dos usuários e

profissionais de saúde do Centro de Atenção Psicossocial e Estratégia Saúde da

Família sobre a Reforma Psiquiátrica. Teve como objetivo principal comparar as

representações entre usuários e profissionais. Tratou-se de um estudo de

abordagem de multimétodo, fundamentado na teoria das Representações Sociais. A

pesquisa foi desenvolvida no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Geral e AD da

Secretaria Executiva Regional V (SER V), em Fortaleza-Ceará. Participaram 50

usuários e 30 profissionais de saúde, totalizando 80 sujeitos. Na realização da coleta

de dados, foram utilizados: o questionário de perfil sócio-demográfico, o teste de

associação livre de palavras e entrevistas. Para o teste de associação livre de

palavras foram utilizados quatro estímulos indutores: (1) Loucura, (2)

Desinstitucionalização, (3) Internação Psiquiátrica, (4) Reforma Psiquiátrica. As

palavras evocadas no TALP sofreram processamento pelo software Tri-deux-mots,

sendo submetidas à Análise Fatorial de Correspondência. Para a análise do

questionário sócio-demográfico, os dados foram processados utilizando o EXCEL,

posteriormente organizados em gráficos e tabelas. Os discursos oriundos das

entrevistas foram analisados pela técnica de análise de conteúdo do tipo categorial

temática. Observou-se a importância da Reforma Psiquiátrica no cuidado em saúde

mental e a ressocialização do sujeito com transtorno mental, no contexto da

reabilitação psicossocial. De modo que, para que haja a reforma psiquiátrica deve

ser necessário movimentos de luta, para consolidar novas políticas, que gerem

mudanças no cuidado em saúde mental.

Palavras Chave: Saúde Mental. Reforma Psiquiátrica. Representações sociais.

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ABSTRACT

This research dedicates the study to it of the social representations of the users and

professionals of mental health of the Center of Attention Psychosocial and Strategic

Health of the Family on the Psychiatric Reformation. In this context, one searched to

apprehend these representations of these citizens, as well as comparing these

representations between users and professionals. One was about a study in a

boarding of multimethod of qualitative and quantitative matrix, based on the theory of

the Social Representations. The research was developed in the CAPS (Centro de

Atenção Psicossocial) Geral and AD of Secretaria Executiva Regional V (SER V), in

Fortaleza state of Ceará, having as citizens 50 users, 30 professionals of mental

health, totalizing 80 citizens. In the accomplishment of the collections of data, they

had been used: the questionnaire of partner-demographic profile, the free test of

association of words. For the free test of association of words four inductive

stimulations had been used: (1) Madness, (2) Deinstitutionalization, (3) Psychiatric

Internment, (4) the Psychiatric Reformation. The words evoked in the TALP had

suffered processing for software Tri- deux-mots, being submitted to the Factorial

Analysis of Correspondence. For the analysis of the partner-demographic

questionnaire, the data had been processed using EXCEL. Noted the importance of

psychiatric reform in mental health care and the rehabilitation of the individual with

mental disorder in the context of psychosocial rehabilitation. So, for acting the

psychiatric reform should be necessary fighting moves to consolidate new policies

that generate changes in mental health care.

Keywords: Mental health. Psychiatric Reformation. Representations social.

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SUMÁRIO

1. O DESPERTAR PARA O FENÔMENO E O OBJETO DE PESQUISA 14

1.2 O objeto de estudo e suas interfaces 14

1.3 Objetivos 19

2 – BASE TEÓRICA 20

2.1 A teoria das representações sociais 20

3 METODOLOGIA 24

3.1 Natureza e tipo de estudo 24

3.2 Cenários da pesquisa 24

3.3 Participantes da pesquisa 28

3.4 Instrumentos e técnicas de coleta dos dados. 29

3.5 Plano de Análise 29

3.6 Procedimento 30

3.7Questões Éticas 32

4- RESULTADOS 34

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 59

6 REFERÊNCIAS 61

7 APÊNDICES 64

Apêndice A- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-Profissional 65

Apêndice B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-Usuário 66

Apêndice C – Teste de Associação Livre de Palavras 67

Apêndice D– Questionário Sóciodemográfico 70

Apêndice E- Roteiro de entrevista Profissional 71

Apêndice F – Roteiro de entrevista Usuário 72

Apêndice G– Dicionário de palavras 73

8 ANEXOS 82

Anexo I- Banco de Dados 83

Anexo II- Arquivo IMPMOT-Software TRI-DEUX-MOT 87

AnexoIII- Arquivo ANECAR Software TRI-DEUX-MOT

Anexo IV-Parecer da Pesquisa

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFC – Análise fatorial de Correspondência

SER – Secretaria Executiva Regional

CAPS – Centro de Atenção Psicossocial

ESF- Estratégia Saúde da Família

TALP – Teste de Associação Livre de palavras

TRS – Teoria das Representações Sociais

UAPS-Unidades de Atenção Primária à Saúde

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Representação gráfica do gênero feminino dos usuários 35

GRÁFICO 2 – Representação gráfica do gênero feminino dos profissionais 36

GRÁFICO 3-Representação dos fatores 1 e 2 40

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Distribuição dos usuários por idade 34

TABELA 2 – Distribuição dos usuários por escolaridade 35

TABELA 3– Distribuição dos profissionais por idade 36

TABELA 4- Distribuição dos profissionais 37

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Variáveis fixas 38

QUADRO 2 – Estímulos e sujeitos da pesquisa 39

QUADRO 3 – Distribuição das categorias e subcategorias 49

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Mapa do Município de Fortaleza 25

FIGURA 2 – Secretarias Executivas Regionais de Fortaleza 27

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1 O DESPERTAR PARA O FENÔMENO E O OBJETO DE PESQUISA

1.1 O despertar para o fenômeno

O primeiro contato com o tema surgiu da possibilidade de acompanhar

um familiar internado em hospital psiquiátrico, onde tive a oportunidade de auxiliar

no seu tratamento. No período de sua internação passei a conhecer a rotina da

instituição e conhecer o grupo de terapia ocupacional. Essa experiência contribuiu

para despertar meu entusiasmo pela saúde mental e o desejo de cursar a

graduação em terapia ocupacional.

Uma nova aproximação com a saúde mental voltou a ocorrer durante a

experiência de dois anos de estágio em um abrigo para adultos com transtorno

mental do Estado do Ceará, que possibilitou vivenciar o cotidiano dessas pessoas

que moram em instituições de longa permanência. Surgindo o convite em participar

do grupo de pesquisa e escrita do projeto Casas de Luz. Esse grupo é vinculado ao

laboratório de inclusão da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social – STDS

que contribuiu para ampliar minha visão sobre o sofrimento psíquico e desenvolver

estratégias que intencionam proporcionar independência e autonomia no processo

de desinstitucionalização de acolhidos residentes em instituições de longa

permanência do Estado do Ceará.

Na graduação, ocorreu a oportunidade de participar do estágio

supervisionado em saúde mental, surgindo o desejo em investigar sobre o processo

da reforma psiquiátrica. A vivência na saúde mental contribuiu para o ingresso no

Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva -Mestrado Acadêmico de Saúde

Coletiva (PPSAC) da UECE.

1.2 O objeto de estudo e suas interfaces

Desde os anos 70, a violência nos manicômios e a exclusão têm sido

pauta de discussão, o que levou à crise do modelo de assistência centrado no

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hospital psiquiátrico e a eclosão dos movimentos sociais pelos direitos dos

pacientes. Essas discussões relacionavam-se ao modelo privatista e à sua

incapacidade de produzir um atendimento que suprisse as necessidades de seus

usuários (BRASIL, 2005).

A ideia de afastar da sociedade os indivíduos alienados que eram

enviados para os manicômios, como os doentes: hansenianos, tuberculosos,

alcoolistas, deficientes intelectuais e doentes mentais. As pessoas denominadas

doentes mentais eram reconhecidas como seres com falta de sociabilidade e,

portanto deveriam ser afastados do convívio social para garantir a ordem e a

segurança da comunidade (FOUCAULT, 1987).

O movimento da Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica. A primeira

foi um movimento de crítica ao antigo modelo de saúde pública no Brasil

(BERNARDES e QUINHONES, 2009), enquanto a Reforma Psiquiátrica é um

processo político-social compreendido como um conjunto de transformações de

práticas, saberes, valores culturais e sociais, buscando a superação da violência

asilar (BRASIL, 2005).

No Brasil, na década de 80, o movimento pela reforma psiquiátrica

ganhou importância tanto política como social. Tal período, marcado pelo final da

ditadura, abriu a possibilidade de mudanças no setor da saúde e permitiu a

participação de outros setores, nesse processo. A construção de um novo espaço

social para a loucura exigia que a noção de cidadania e a base do saber psiquiátrico

fossem colocadas em debate, sendo preciso planear novos locais, instrumentos

técnicos e terapêuticos, como também novos modos sociais de estabelecer relações

com esses sujeitos (BIRMAN, 1992).

Sendo uma conjectura de mudança paradigmática, a Reforma Psiquiátrica

se desdobra em vários planos. No plano assistencial, trata-se de pensar não apenas

formas inovadoras de organização da atenção, mas também modelos de cuidado e

intervenção adequadas aos novos dispositivos (BEZARRA JR, 2007).

No entanto, a história da reforma psiquiátrica brasileira é um processo em

construção, entendida como desconstrução de saberes, discursos e práticas

psiquiátricas que sustentaram a loucura por muitos anos e custaram sofrimento aos

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pacientes (AMARANTE, 1994). Nesse contexto, surge o processo de

desinstitucionalização que não é apenas a simples desospitalização do portador de

transtorno mental, pois esse modelo produziu, historicamente, abandono e

desassistência de parcela da população usuária, causando formas de internação

mais obscuras e segregadoras (SANTOS, 2000).

Assim, a desinstitucionalização produz, com originalidade, uma sociedade

fundamentada no exercício pleno da cidadania, da liberdade, da justiça social e no

respeito aos diferentes, entre outros princípios (BOARINI, 2000), possibilitando a

reconstrução de vítimas de um sistema, na maioria das vezes, oportunista e

opressor, pois, assim como afirmou Rotelli et. al. (2001, p.33), “talvez não se

‘resolva’ por hora, não se ‘cure’ agora, no entanto seguramente ‘se cuida’.

O modelo assistencial não pretende abolir o tratamento clínico, mas

eliminar a prática do internamento como uma forma de exclusão social. Para isto,

propõe-se uma substituição do modelo manicomial pela criação de uma rede de

serviços territoriais de atenção psicossocial, de base comunitária (BASAGLIA, 2005).

Ressalta-se então que, embora o discurso médico tenha influenciado a

representação da loucura, ele não a determina, pois toda informação nova que

chega ao sujeito, confronta-se inicialmente com as informações que este já possui e,

só a partir de então, são incorporadas em um sistema particular de categorias

denominado esse processo de ancoragem, um dos processos de formação das

representações sociais (MOSCOVICI, 2003).

No entanto, após a realização da III Conferência Nacional de Saúde

Mental, a Lei Federal nº 10.216/ 2001 foi aprovada, definindo a internação hospitalar

como último recurso no tratamento de transtornos mentais, o que garantiu às

pessoas o direito de serem tratadas preferencialmente em serviços de base

comunitária, inseridas no Centro de Assistência Psicossocial – CAPS

(GONÇALVES, 2012).

Temos, portanto, com a promulgação da lei nº. 10.216/2001, de Paulo

Delgado, que proíbe, em todo o Brasil, a construção de novos hospitais psiquiátricos

e a contratação pelo serviço público de leitos e unidades particulares deste tipo,

estabelecendo que os tratamentos devam ser realizados, preferencialmente, em

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serviços comunitários de saúde mental, cuja finalidade primordial é a reinserção

social do doente mental em seu meio (ANTUNES; QUEIROZ, 2007).

Na dimensão teórico-assistencial, destaca-se o surgimento dos Centros

de Atenção Psicossocial (CAPS), as Residências Terapêuticas, leitos psiquiátricos

disponibilizados em hospitais gerais e Centros de Convivência, que são serviços

gratuitos e abertos pertencentes ao Sistema Único de Saúde (SUS) e que acolhem

pessoas que apresentam intenso sofrimento psíquico, como transtornos mentais,

psicoses, neuroses graves, transtornos relacionados às substâncias psicoativas, e

que necessitem de cuidado intensivo. (BRASIL, 2004).

Entretanto, existem diferentes tipos de CAPS como: CAPSi onde são

atendidas crianças e adolescentes, o CAPSad para atendimento à população com

transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, como

álcool e outras drogas e como alternativa para pessoas internadas em hospitais

psiquiátricos sem suporte familiar, existe o serviço de residência

terapêutica(BRASIL, 2004).

Esta mudança do modelo se traduziu num conjunto de ações inspiradas

na substituição do hospital psiquiátrico por alternativas centradas na comunidade e

dispositivos institucionais de características não asilares como: hospital dia, serviços

de saúde mental em hospitais gerais, lares protegidos, serviços de atenção

domiciliária, e outros (MUREKIAN, 2012).

Assim, a aceitação de uma nova política assistencial, promove a

desconstrução social dos estigmas vinculados à loucura e à figura do louco, os

pacientes passam a ser inseridos nas ruas, nos espaços urbanos, inserido no

convívio familiar e exercendo, portanto, a sua cidadania (SARACENO, 1999).

Portanto, a relevância desta pesquisa para a sociedade é avaliar a

reforma psiquiátrica e seus desdobramentos sob a ótica das representações sociais.

Para a comunidade acadêmica, e para os profissionais da área da saúde pretende-

se, criar possibilidades de intervenções terapêuticas, que possam contribuir com a

formulação de práticas mais condizentes com as demandas dos usuários e instigar

novas pesquisas sobre o assunto.

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Diante das argumentações teóricas emergiram os questionamentos:

1. Quais as representações sociais dos profissionais de saúde e usuários

dos serviços da atenção psicossocial sobre a reforma psiquiátrica?

2. Qual a Representação Social dos profissionais de saúde e usuários dos

serviços (CAPS e ESF) sobre o processo de desinstitucionalização e a figura do

louco?

3. Quais as Representações Sociais dos profissionais de saúde e

usuários sobre a internação psiquiátrica.

Diante dos questionamentos, elaborou-se o objetivo Geral e seus

desdobramentos (objetivos específicos, articulados com a teoria das representações

sociais) pautada em Coutinho (2011) e Jodelet (2001).

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1.3 OBJETIVOS

Objetivo Geral

Analisar as representações sociais sobre a reforma psiquiátrica,

elaboradas pelos profissionais de saúde e usuários dos serviços, dos diferentes

dispositivos da rede de atenção psicossocial (ESF e CAPS)

Objetivos Específicos

Descrever as representações sociais dos profissionais de saúde e

usuários do serviço (CAPS e ESF), sobre o processo de

desinstitucionalização e o doente mental;

Apreender as representações sociais dos profissionais de saúde e

usuários da atenção psicossocial, sobre a reforma psiquiátrica e seus

desdobramentos.

Comparar as representações sociais sobre desinstitucionalização

elaboradas pelos profissionais de saúde, usuários dos serviços, dos

diferentes dispositivos da rede de atenção psicossocial (ESF e CAPS).

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2 BASE TEÓRICA

2.1 A teoria das representações sociais.

Como referencial teórico foi utilizado a Teoria das Representações

Sociais, com o objetivo de apreender as elaborações das percepções dos usuários e

profissionais da saúde a cerca dos processos da reforma psiquiátrica e seus

desdobramentos tendo como orientação Moscovici (2003, 2009, 1978 e 196),

Coutinho (2011) e Jodelet (2009).

A relevância dos estudos por meio da Teoria das Representações Sociais

possui elevada consideração no campo da saúde mental, salientado diferentes

fenômenos pertinentes a esse campo, por serem as representações sistemas de

interpretações que regem as relações dos sujeitos com o mundo e com os outros,

orientando e organizando as suas condutas/comportamentos e as comunicações

sociais (COUTINHO, 2003).

Através das representações sociais, busca-se uma aproximação do objeto

em estudo na tentativa de entender a problemática e de que forma é criada,

transformada e interpretada pelos sujeitos dentro de sua realidade, assim como se

espera conhecer os sentimentos, pensamentos, percepções e experiências de vida

desses indivíduos compartilhados por atitudes, valores e informação, destacados

nas modalidades diferenciadas de comunicação, levando-se em consideração a

classe social a que pertencem (COUTINHO, NÓBREGA,CATÃO, 2003).

Para uma melhor compreensão sobre a teoria, surge a necessidade de se

conhecer um pouco a história do surgimento das representações e seus processos

de formação. O conceito de representação social foi elaborado pelo francês Serge

Moscovici e introduzido na França em 1961, em um estudo intitulado “La

Psychanalyse: son image et son public”.Em seu primeiro capítulo de “La

Psychanalyse”, as definições de representação social tem como conceito o

conhecimento social elaborado e partilhado, onde são teorias do senso comum ou

espécies de ciências coletivas, como afirma (MOSCOVICI,1961/ 1978).

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A Teoria das Representações Sociais (TRS) na área da psicologia social

tem como ponto de partida o conceito de “representações coletivas” de Durkheim. O

conceito de representações sociais vindo de Durkheim e sob o pressuposto da

sociologia, propõe que qualquer ideia, emoção, crença, enfim, cadeias completas

como as ciências, religião, mito, etc, estariam incluídas nas representações sociais

(MOSCOVICI, 2009).

Antes da teoria das representações sociais, o pensamento das massas

era denominado senso comum, era um conhecimento confuso, inconsistente e

fragmentado. Em relação ao conhecimento científico, o senso comum era visto como

um conhecimento ingênuo (MOSCOVICI, 2003)

O pensamento coletivo, senso comum, enxerga as ideias e relações por

meio de seus próprios comportamentos. É o que o autor chama de sociedade

pensante. Para falar sobre isso Moscovici cita Marx quando ele dizia que as ideias,

uma vez disseminadas entre as massas passam a ser e a se comportar como forças

materiais. Dessa forma compreende-se porque o objetivo da psicologia social é

observar, interpretando o comportamento e as ideias e como os conceitos passam a

ser considerados como objetos ou pessoas (MOSCOVICI, 2009).

Entender o mundo não é somente necessário, mas: as representações

sociais tomam forma e são comunicadas para fazer o mundo cotidiano mais

excitante, porque é mais rápido em suas variações, um mundo novo, na medida em

que está sempre em transformação, precisando ser constantemente observado,

interpretado e reproduzido para que seja nítido o seu lugar nele (MOSCOVICI apud

SÁ, 1995). Assim, a função das representações sociais:

[...] é tornar familiar o não familiar numa dinâmica em que objetos e eventos são reconhecidos, compreendidos com base em encontros anteriores, em modelos. No caso, a memória predomina sobre a lógica, o passado sobre o presente, a resposta sobre o estímulo, perturbador do universo exterior para o interior, coloca-o em uma categoria e contexto conhecidos. Nesse universo consensual o veredicto precede o julgamento (LEME,1995, pág.100).

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Entendemos que a Representação social contribui para a formação das

condutas e a orientação das comunicações sociais. Moscovici descreve dois

processos cognitivos, dialeticamente relacionados, que atuam na formação das

representações sociais: a objetivação e a ancoragem. São processos

sóciocognitivos regulados por fatores sociais (MOSCOVICI, 2003).

A objetivação consolida as abstrações, materializa os pensamentos,

transforma em objeto o que é representado. Percebe-se que, o objeto percebido e o

conceito tornam-se intercambiáveis. O resultado de um processo de objetivação é a

neutralização; o esquema figurativo, desvinculado da teoria inicial, não é mais uma

elaboração abstrata que atribui razão a certos fenômenos, mas ele torna-se a

expressão imediata e direta (NÓBREGA, 2003, P.65).

Portanto, a objetivação consiste na transformação de um conceito ou de

uma ideia em algo concreto. É a materialização de uma abstração. As informações

que circulam sobre o objeto passam por uma triagem em função dos processos

culturais (informações decorrentes da inserção social do sujeito), os valores que

circulam no grupo, transformando um conceito em uma imagem ou núcleo figurativo;

transforma-se o que está na mente em algo que exista no mundo físico, ou seja,

objetivar é “descobrir a qualidade icônica de uma ideia ou ser imprecisos, reproduzir

um conceito em uma imagem” (MOSCOVICI, 2003, p. 38).

O processo de objetivação apresenta três fases: a construção seletiva, a

esquematização estruturante e a naturalização. Na construção seletiva é o

mecanismo utilizado pelo grande público consumidor dos meios de comunicação de

massa para se apropriar de determinado corpus teórico-científico. A seleção dos

elementos é feita, por um lado, em função de critérios culturais, sendo estes

determinados pela desigualdade das condições de acesso às informações, segundo

o grupo. São critérios normativos com função de retenção dos elementos de

informação preservando a coerência de valores próprios do grupo. A

esquematização estruturante é o elemento duro e mais estável da representação

(NÓBREGA, 2003).

A naturalização é uma projeção reitificante das projeções abstratas no

real, de materialização e de espacialização de entidades conceituais. Os elementos

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do pensamento se concretizam e, portanto, adquirem um status de evidência na

realidade e no terreno do senso comum. A naturalização confere uma realidade

plena ao que era uma abstração. O conceito em construção não é mais uma pura

ideia, nem imagem, mas uma entidade autônoma (JODELET, 2009).

Por sua vez, a ancoragem é um processo percebido como o que dá

sentido ao objeto que se apresenta à nossa compreensão. Trata-se da maneira pela

qual o conhecimento se aprofunda no social e volta a ele, ao converter-se em

categoria e integrar-se à grade de leitura do mundo do sujeito, instrumentalizando o

novo objeto. O sujeito procede recorrendo ao que é familiar para fazer uma espécie

de conversão da novidade: “A ancoragem é o processo das representações sociais

que a partir do seu conteúdo cognitivo, têm de ser entendida do seu contexto de

produção, é originada no cotidiano do sujeito” (MOSCOVICI, 2003).

Ancorar é dar nome a alguma coisa. Por isso, experimentamos resistência

quando não conseguimos avaliar ou descrever alguma coisa ou pessoa. Desse

modo, classificamos pessoas ou coisas no processo de avaliar, de rotular. Não há

neutralidade nesse processo, pois quando classificamos algo ou alguém, esses

ficam restritos a um conjunto de comportamentos e regras (MOSCIVICI, 2009).

Nas funções das representações sociais são destacadas: a função do

saber, que permite compreender e explicar a realidade; a função identitária, que

define a identidade e permite a proteção da especificidade dos grupos; a função de

orientação, que guia os comportamentos e as práticas, e a função justificadora, que

permite a justificativa das tomadas de posição e dos comportamentos (ABRIC,

2000).

A representação Social enquanto instrumento referencial contribui a

construção das relações sociais através da interpretação da realidade pelos grupos

ou de forma individual. Essa relação entre o indivíduo e seu meio é mediatizada pela

interpretação do qual o novo objeto é transformado em saber útil que tem como

função compreender o mundo (NÓBREGA, 2003).

Em síntese utilizou-se para a pesquisa a objetivação e a ancoragem.

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24

3 METODOLOGIA

3.1 Natureza e tipo de estudo

Optou-se por desenvolver a pesquisa utilizando a objetivação e

ancoragem como elementos conceituais da Teoria das Representações Sociais,

segundo Moscovici (1978), em uma abordagem multimétodo. Trata-se de uma

pesquisa com abordagem qualitativa, na medida em que se utiliza de seus

fundamentos na apresentação dos dados sociodemográficos dos participantes da

pesquisa, do Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) e entrevistas para

conhecer como os profissionais e usuários representam a reforma psiquiátrica.

A investigação em representações sociais tem como um dos pontos

chaves o contraste entre abordagens quantitativas e qualitativas. Numa perspectiva

multimétodos, que pretende analisar a complexidade duma determinada

representação, os designs de investigação que incluem simultaneamente as

abordagens qualitativas e quantitativas que garantem uma interpretação mais

integrada dos resultados e das técnicas (ROSA, 2003).

3.2 Cenários da pesquisa

A pesquisa foi realizada no município de Fortaleza, capital do estado do

Ceará, nordeste do Brasil, mais precisamente na Regional V.

O município de Fortaleza está localizado no litoral norte do estado do

Ceará, com área territorial de 315 km². Limita-se ao norte e ao leste com o Oceano

Atlântico e com os municípios de Eusébio e Aquiraz; ao sul com os municípios de

Maracanaú, Pacatuba e Itaitinga e a oeste com os municípios de Caucaia e

Maracanaú (IBGE, 2010).

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Figura 1: Mapa do Município de Fortaleza

Fonte: Ceará (http://www.ceara.com.br).

O município possui uma população de 2.452.185 habitantes, sendo

considerada a quinta maior cidade do país e a capital de maior densidade

demográfica.

O Sistema Municipal de Saúde de Fortaleza apresenta capacidade

instalada para a realização de serviços primário, secundário e terciário. Integra a

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rede regionalizada e hierarquizada do SUS, sendo referência em âmbito micro e

macrorregional, entre eles estão a Estratégia de Saúde da Família (ESF), CAPS

geral e CAPS ad. Selecionados para compor o estudo, como decorrem nas

informações a seguir:

Para fins desta investigação, escolheu-se a SER V como campo empírico,

pois este território congrega uma variedade de serviços substitutivos ao hospital

psiquiátrico, como o CAPS Geral, CAPS ad, Residência terapêutica, Oca de Saúde

Comunitária e uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS).

A escolha deste território administrativo-político deu-se por estar pactuado

com a Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde no qual a

Universidade Estadual do Ceará (UECE) e a Prefeitura de Fortaleza desenvolvem

parcerias no âmbito da formação e atividades sociocomunitárias e responsabilidade

sanitária neste território. Assim, esse vínculo permitirá um melhor acesso ao campo

de pesquisa.

O Sistema Municipal de Saúde de Fortaleza apresenta capacidade

instalada para a realização de serviços primário, secundário e terciário. Integra a

rede regionalizada e hierarquizada do SUS, sendo referência em âmbito micro e

macrorregional, entre eles estão a Estratégia Saúde da Família (ESF), CAPS geral,

CAPS ad. Selecionados para compor o estudo, como decorrem nas informações

abaixo:

a) A ESF oferece atendimentos básicos e gratuitos nas especialidades:

Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e Odontologia. Os principais serviços

oferecidos pelas UBS são consultas médicas, inalações, injeções, curativos,

vacinas, tratamento odontológico, encaminhamentos para especialidades e

fornecimento de medicação básica.

b) CAPS Geral - composta por psicólogos, psiquiatras, enfermeiros,

assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, etc - e oferecem diversas atividades

terapêuticas: psicoterapia individual ou grupal, oficinas terapêuticas,

acompanhamento psiquiátrico, visitas domiciliares, atividades de orientação e

inclusão das famílias e atividades comunitárias. O CAPS é dotado de uma estrutura

física adequada para os atendimentos individuais e grupais.

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c) CAPS ad - Realiza atendimento aos dependentes de álcool e drogas na

capital, buscando sua reinserção social. O CAPS ad possui uma equipe

multiprofissional formada por psiquiatras, psicólogas, assistente social, terapeuta

ocupacional, farmacêutica, etc. Na unidade são oferecidas atividades educativas,

aulas de artesanato e sessões de psicoterapia individual.

Atualmente, para efeito administrativo, a cidade se encontra dividida em

sete Secretarias Executivas Regionais (SER) – Fig.2. Nessa divisão, a SER V

congrega uma variedade de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, como o

CAPS Geral, CAPSAD, Residência terapêutica, Oca de Saúde Comunitária e as

Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS).

A Secretaria Regional V tem como meta garantir a melhoria da qualidade

de vida dos 570 mil habitantes dos 18 bairros que a SER V abrange, desenvolvendo

ações nas áreas de saúde, educação, esporte e lazer entre outras. Os bairros da

SER V são: Conjunto Ceará, Siqueira, Mondubim, Conjunto José Walter, Granja

Lisboa, Granja Portugal, Bom Jardim, Genibaú, Canindezinho, Vila Manoel Sátiro,

Parque São José, Parque Santa Rosa, Maraponga, Jardim Cearense, Conjunto

Esperança, Presidente Vargas, Planalto Ayrton Senna e Novo Mondubim.

(FORTALEZA, 2013).

Figura 2: Secretarias Executivas Regionais de Fortaleza

Fonte: SMS (http://www.fortaleza.ce.gov.br/regionais)

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A escolha deste território político-administrativo se deu por estar pactuado

com a Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde no qual a

Universidade Estadual do Ceará (UECE) e a Prefeitura de Fortaleza desenvolvem

parcerias no âmbito da formação e atividades sociocomunitárias e responsabilidade

sanitária neste território. Assim, esse vínculo permitiu um melhor acesso ao campo

de pesquisa.

3.3 Participantes da pesquisa

Os participantes da pesquisa foram os usuários e profissionais do CAPS

(Geral e AD) e da ESF. Estes sujeitos narram suas experiências no cotidiano dos

serviços, explanando suas percepções dentro da dimensão do vivido.

A pesquisa foi realizada com 80 participantes, sendo 50 usuários e 30

profissionais, entre eles médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais,

farmacêuticos e terapeutas ocupacionais do CAPS Geral e ad, ESF.

O tamanho da amostra não foi pré-definida, uma vez que a importância

recai sobre a riqueza de dados fornecidos pelos participantes cuja incorporação

interativamente à pesquisa ocorreu de acordo com as informações que surgirem no

campo (MARTÍNEZ-SALGADO, 2012).

Os critérios de inclusão utilizados foram:

Para os profissionais de saúde: atuar como profissional de nível superior

na ESF, CAPS há pelo menos 1 (um) ano , realizando atendimentos de saúde

mental, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido(Apêndice A).

O critério de inclusão para usuários dos serviços: usuários atendidos no

CAPS Geral ou ad com interlocução com a equipe saúde da família ou usuários

somente do CAPS, que são atendidos no serviço há pelo menos 1 (um) ano,

orientados e mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido(Apêndice B).

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Como critérios de exclusão: profissionais de saúde e usuários que estão

no serviço há menos de 1 (um) ano, pessoas não alfabetizadas e não cadastradas

na área adscrita da SER V, regional em que se realizará a pesquisa.

Com relação aos critérios de exclusão adotados para os profissionais

de saúde das equipes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e da Estratégia

Saúde da Família (ESF), optou-se por excluir aqueles que estiverem de férias ou de

licença durante o período da coleta das informações desta pesquisa. No caso dos

usuários, foram excluídas da amostra as pessoas que apresentaram disfonia,

disartria ou desorientação espaço-temporal.

A totalidade dos sujeitos da pesquisa foi definida pela relevância das

informações e das observações que indicaram contribuições significantes e

adequadas ao delineamento do objeto em apreensão, perfazendo um total de oitenta

participantes.

3.4 Instrumentos e técnicas de coleta dos dados

Na pesquisa Foram utilizadas três técnicas de coleta de dados: o Teste

de Associação Livre de Palavras (TALP, questionário sócio-demográfico e a

Entrevista em profundidade com usuários e profissionais (Apêndices C e D).

3.5 Planos de Análise

Utilizou-se o questionário sóciodemográfico produzido pela pesquisadora,

com o objetivo de realizar um levantamento dos dados dos participantes da

pesquisa, esse questionário objetivou informar: escolaridade, idade e sexo dos

participantes. Essa coleta de dados possibilitou conhecer cada grupo, através das

características e suas semelhanças. Esta técnica foi dirigida a usuários e

profissionais de saúde do CAPS ad e ESF.

As palavras evocadas no TALP foram analisadas pelo software Tri-Deux-

Mots. Esse software é um instrumento de pesquisa que utiliza técnicas simples e

técnicas mais complexas. Esse programa faz-se como instrumento de estudo a

Teoria das Representações Sociais utilizando a Técnica de Associação Livre de

Palavras (TALP). Os dados obtidos por meio do TALP são codificados e organizados

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em um banco de dados e processados no Software Tri-Deux Mots, utilizado nos

estudos com representação social, para tratamento de dados obtidos por esta

técnica, pois evidência as variáveis fixas (em colunas) e as modalidades e ou

variáveis de opinião (em linhas) e, partir daí, se confronta e revela graficamente a

representação do plano fatorial (FONSECA; COUTINHO, 2005). As palavras

evocadas são transcritas na íntegra, correspondendo a cada estímulo indutor com o

objetivo de elaborar um dicionário de palavras.

O Teste de Associação Livre de palavras permite encontrar zonas de

recalcamento e bloqueamento de um indivíduo. Ressurgem formas espontâneas de

associações relativas a estereótipos sociais que designam como uma representação

de um dado objeto mais ou menos desligado da sua realidade objetiva, partilhada

pelos membros de um grupo social com uma certa estabilidade(BARDIN, 1977).

Foi utilizada como técnica a entrevista, sendo utilizada a análise de

conteúdo para a maior compreensão da subjetividade dos participantes. Foi

projetado um quantitativo inicial de 20 participantes, sendo 10 profissionais de saúde

e 10 usuários, determinado durante o processo de amostragem conceitual, quando

as experiências foram se repetindo e se tornaram capazes de explicar o fenômeno

em suas diversas dimensões. Segue as perguntas da entrevista em profundidade:

O que você entende sobre Reforma Psiquiátrica? E como é o seu

tratamento?(Usuário)

O que você entende sobre Reforma Psiquiátrica? E o cenário onde você

trabalha?(Profissional)

3.6 Procedimento

Os dados do questionário sócio demográfico sofreram uma pré-

codificação: as respostas às questões levantadas no questionário foram compiladas,

em um banco de dados do programa EXCEL que transforma os dados em variáveis

e apresenta os resultados por meio de tabelas e gráficos para uma melhor

compreensão dos dados levantados.

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Os dados fornecidos pelo teste de associação livre de palavras foram

processados no software, tri-deux-mots (versão 2.2, Cibois 1995). Foram realizadas

cinco etapas para o processamento de dados (COUTINHO,2011):

a) IMPMOT- Todas as palavras digitadas no banco de dados foram

transportadas para um arquivo contruído pelo programa Trideux, organizadas em

ordem alfabética, acompanhadas das respectivas frequências e de uma codificação

em 4 dígitos. Foi verificado no banco de dados qual o número máximo de linhas que

pelo menos um dos sujeitos forneceu de respostas. No final, o software nos forneceu

um arquivo que corresponde ao dicionário utilizado para tranformar as palavras e

frequência absoluta em frequência relativa. Concluída essa etapa é gerou-se um

arquivo que ilustra cada palavra do banco de dados acompanhada da frequência

absoluta.

b)TABMOT- Consiste em fazer a tabulação dos dados em um arquivo para

ser calculado, na etapa seguinte, a contribuição das modalidades e os vínculos entre

as mesmas, determinado pelo cálculo do qui-quadrado.

c) ECAPEM - Refere-se à independência no cálculo do qui-quadrado; isto é,

se existe atração entre linhas e colunas, ou repulsão na construção dos fatores que

representam o gráfico. Todas as modalidades foram examinadas se existem

vínculos entre as linhas e colunas de modo que os resultados determinem como

cada modalidade contribui na construção do fator.

d) ANECAR - Análise que é feita a partir de uma tabela de contigência, que

consiste na intervenção de uma linha e de uma coluna, onde se encontram os

sujeitos que correspondem as características (linhas e colunas). A partir desse

arquivo, verificou-se quais as modalidades que mais contribuíram na construção do

gráfico, em que posição elas se encontram no plano fatorial, e como elas estão

articuladas, conforme o cálculo do qui-quadrado realizado.Esta etapa irá gerar o

arquivo com as informações da análise fatorial correspondência(AFC).

e) PLANFA - É o gráfico determinado pelas coordenadas ou fatores

construído a partir de todas as etapas precendentes. Banco de dados contendo

todas as informações coletadas na pesquisa, e os resultados do que foi solicitado

quando em cada questão de todas as etapas do programa TRIDEUX. Foi gerado o

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gráfico que foi interpretado pelo pesquisador, sobre o significado na tabela de

contingência.

Processadas todas as etapas, foi fechado o programa Trideux e realizado

o processo de conversão dos dados para o microsoft word versão 2010. Na análise

dos dados concernente à compreensão do princípio básico da análise fatorial de

correspondência, puderam-se destacar os eixos que explicitam as modalidades de

respostas (COUTINHO, 2011).

As entrevistas foram analisadas através da técnica de Análise de

Conteúdo Temática. Para Bardin (1977), a análise de conteúdo é um conjunto de

técnicas de análise das comunicações que visa obter, por procedimentos

sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores

quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relacionados à

condição de produção-recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.

As verbalizações dos sujeitos entrevistados foram submetidas à análise

de conteúdos temática de Bardin (1977), propiciando a visualização dos sentidos

manifestos para além das aparências do que está comunicado. Para isso, a técnica

de análise de conteúdo engloba as seguintes etapas: constituição do corpus, leitura

flutuante, composição das unidades de análise, codificação e recortes,

categorização e descrição das categorias (COUTINHO, 2001, p.102).

3.7 Questões éticas

A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) da UECE, com parecer Nº 681.467. Desse modo, seguiram-se os princípios

da Bioética descritos na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS),

que incorpora quatro princípios básicos: autonomia, não maleficência, beneficência e

justiça, assegurando os direitos e deveres à comunidade científica e aos

participantes da pesquisa (BRASIL, 2012).

Os participantes da pesquisa foram informados sobre os objetivos e a

justificativa do estudo, sendo garantido o anonimato, o livre consentimento e a opção

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de participar ou não da pesquisa, podendo, inclusive, ter desistido em qualquer

momento. Foram assegurados o sigilo das informações e a privacidade dos

participantes, protegendo suas imagens e respeitando os valores sociais, culturais,

religiosos e morais de cada sujeito.

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4 RESULTADOS: DESCRIÇÃO, ANÁLISE e INTERPRETAÇÃO

Os resultados da pesquisa compreendem o perfil sóciodemográfico dos

participantes da pesquisa, bem como os resultados do teste de associação livre e

para complementaçaõ os resultados da análise das entrevistas através da análise de

conteúdo temática, a qual se espelha na leitura flutuante, leitura exaustiva,

elaboração de códigos e de categoria temática. Esses resultados foram divididos: 1)

perfil sóciodemográfico, 2) tri-deux-mots e resultados da análise de conteúdo (3).

PERFIL SÓCIODEMOGRÁFICO DOS PARTICIPANTES

Tabela 1: Distribuição dos usuários por idade. Fortaleza-Ceará, 2014

Idade Frequência %

15 a 25 anos 6 17%

26 a 35 anos 14 39%

36 a 45 anos 9 25%

46 a 55 anos 7 19%

56 a 65 anos 0 0%

66 ou mais 0 0%

Total 36 100%

A maior parte dos usuários da pesquisa é composta pela faixa etária de

26 a 35 anos (39%).

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Gráfico1- Representação gráfica do gênero feminino dos usuários no CAPS e

ESF. Fortaleza-Ceará, 2014.

Como pode ser observado no gráfico, a predominância é do sexo

feminino, com 66%, enquanto 34% do sexo masculino.

Tabela 2: Distribuição dos usuários por escolaridade. Fortaleza-Ceará, 2014.

Como pode-se observar na tabela 2, a escolaridade dos usuários do CAPS

e ESF é o ensino médio incompleto (38%), e que apenas (28%) da população

estudada tem o ensino fundamental incompleto, mostrando o baixo nível de

escolaridade dos usuários dos serviços.

CAPS e ESF

Escolaridade Frequência %

Alfabetizado 1 2%

Ensino Fundamental Incompleto 14 28%

Ensino Fundamental Completo 4 8%

Ensino Médio Incompleto 19 38%

Ensino Médio Completo 12 24%

Total 50 100%

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Tabela 3: Distribuição dos profissionais por idade. Fortaleza-Ceará, 2014.

Percebe-se que a idade predominante entre os usuários e os profissionais

são a mesma, prevalecendo à faixa etária de 26 a 35 anos (63%). O sexo feminino

predomina novamente com 90% dos participantes.

Gráfico 2- Representação gráfica do gênero feminino dos profissionais no

CAPS e ESF. Fortaleza-Ceará, 2014.

CAPS e ESF

Idade Frequência %

26 a 35 anos 19 63%

36 a 45 anos 11 37%

46 a 55 anos 0 0%

56 a 65 anos 0 0%

66 ou mais 0 0%

Total 30 100%

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Tabela 4: Distribuição dos profissionais do CAPS e ESF. Fortaleza-Ceará, 2014.

Nota-se que, o quantitativo de profissionais é reduzido para o número de

serviços e o Enfermeiro (30%) com o maior valor percentual.

CAPS e ESF

Escolaridade Frequência %

Assistente Social 8 27%

Dentista 2 7%

Enfermeiro 9 30%

Farmacêutico 5 17%

Médico 3 10%

Músico 1 3%

Psicólogo 1 3%

Terapeuta Ocupacional 1 3%

Total 30 100%

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

Foi utilizada a técnica de associação livre de palavras. O teste foi

constituído de quatro estímulos indutores no processo de evocação de palavras,

sendo estes: (1) loucura, (2) desinstitucionalização, (3) internação psiquiátrica, (4)

reforma psiquiátrica. As respostas obtidas com a utilização desse instrumento foram

processadas através do software Tri-Deux-Mots versão 2.2 (CIBOIS,1995) e a

interpretação realizada a partir da Análise Fatorial de Correspondência (AFC).

Através da fala dos participantes foram evocadas (822) na coleta de

dados pelos 80 sujeitos que participaram da pesquisa, como respostas aos

estímulos indutores aparecem à ocorrência de 404 termos diferentes. Esses

estímulos indutores foram aplicados para o grupo de usuários e profissionais de

saúde do CAPS e ESF.

A técnica utilizada possibilita a elaboração de eixos que evidenciam os

resultados apresentados em um campo representacional e distribuídos de maneira

oposta sobre os fatores F1 e F2. Essa formação gráfica reproduz a atração manifesta

entre as variáveis fixas: (conforme quadro abaixo) e as variáveis de opinião

(respostas aos estímulos indutores).

GRUPO Usuário

Profissional

LOCAL

CAPS GERAL

CAPS AD

ESF

IDADE

20-28 anos

29-36 anos

37-44 anos

Acima de 45 anos

Quadro 1: Variáveis fixas.

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Os fatores podem ser identificados na representação gráfica através da

distinção de cores. O fator F1, horizontal e de cor vermelha evidencia os resultados

mais importantes da pesquisa, enquanto o F2, vertical e de cor azul, completa os

resultados manifestos no F1. Portanto, os fatores F1 e F2 foram os de maior

contribuição, concentrando as principais informações das respostas evocadas pelos

sujeitos no TALP. O fator F1 abrangeu 50,5% da variância total de respostas (valor

próprio = 0.172904) e o segundo fator, 16,9 %da variância total de respostas (valor

próprio = 0.057996), perfazendo um total de 67,4 % da variância total dos dados.

Quadro 2: Estímulos e sujeitos da pesquisa. Fortaleza-CE, 2014

ESTÍMULOS SUJEITOS

1.Loucura

2.Desinstitucionalização

3.Internação Psiquiátrica

4.Reforma Psiquiátrica

Usuários

Profissionais de Saúde

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Gráfico 3: Representação Gráfica dos fatores 1 e 2.

F2

____________________crise1__________________________________________________

|

|

|

|

|

|

|

|

| CAPS GERAL

|

tratamento2 doença1 sofrimento1/desordem1

caps4 solidão1 doido1

| utopia4

| 29-36

acreditar4 |

mental1/melhor4 | sofrimento3

caps2 | prisão3/política4

voltar2 casa2 | humanização4 Profissionais

| liberdade2

emprego2________________________+______________________mudança4_____________ F1

Usuários |

|

|

|

|

esperança4 preconceito1

|

|

| ESF luta4

cura3 |

perdido1 37-44

vida2 tratamento3

|

|

novo2 | desorganização1

|

|

|

|

|

________salvação4_____________________________________________________________

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Evidencia-se no gráfico 3, as representações sociais de usuários e

profissionais. A compreensão do gráfico será realizada pela distribuição das

palavras evocadas nos eixos F1 e F2.

No eixo horizontal (F1) do lado direito, como respostas evocadas ao

primeiro estímulo indutor (loucura), predominam as verbalizações dos profissionais

de saúde, as expressões sofrimento (CPF=38), desordem (CPF=40), preconceito

(CPF=23). Essas palavras mostram forte representatividade desse grupo, pois os

mesmos consideram que a patologia pode levar um padrão de anormalidade, um

processo de exclusão inevitável e os estigmas que acarretam o processo de

adoecimento.

Nesse sentido, Rodrigues (2010) apontam que os profissionais percebem

os pacientes como pessoas que precisam de ajuda, por estarem vivenciando uma

experiência de adoecimento psíquico. Além disso, são percebidas como pessoas

que podem despertar, nas outras pessoas, preconceito e compaixão.

Em situação oposta aos profissionais de saúde, no lado esquerdo do eixo

F1, temos o segundo grupo composto por usuários que evocaram a palavra no

estímulo1: mental (CPF=59). A referência à palavra mental representa a Doença

mental que foi compreendida como sendo qualquer transtorno da cabeça e a

mudança que ela pode causar em suas vidas. Esta forma de perceber a patologia

psiquiátrica é comum entre os usuários e a população em geral, que atribuem ao

transtorno mental um problema que se localiza na cabeça ou mau funcionamento ou

má formação do cérebro.

O termo mental faz alusão à doente mental, como descreve Foucault

(2010) a doença mental sempre foi bastante obscura, desde a falta de uma

conceituação definida para esses transtornos, passando pelo isolamento imposto

pelas internações psiquiátricas e as possíveis produções de condutas que são

promotoras de inclusão ou determinantes para a exclusão. De acordo com o

discurso do participante:

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42

[...] Acredito que a doença mental, ela é uma doença diferente das

outras, a doença que atinge a cabeça e a mente, as pessoas devem

respeitar as pessoas como eu (Usuária, CAPS Geral).

O segundo estímulo (desinstitucionalização), no eixo F1 do lado

direito, grupo de profissionais de saúde verbalizam: liberdade (CPF=94) ressalta-se

o papel da desinstitucionalização como desconstrução do modelo de atenção em

saúde mental brasileiro, consolidando a rede extra-hospitalar e estabelecendo a

desospitalização. Visto que, esse processo visa o cuidado em liberdade e modifica a

forma de organização das instituições psiquiátricas, que antes aprisionava e oprimia.

Pode-se observar a relevância da desinstitucionalização, diante das falas dos

participantes:

Eu acho que a liberdade que a desinstitucionalização proporciona deve ser feita por meio comunitário, por meio de uma rede de cuidados que o paciente tivesse autonomia, interação social, quebra de paradigmas, tirar o estigma das pessoas que tem doença mental e também de extinguir o modelo manicomial, de exclusão (Enfermeira, CAPS Geral).

Nas falas dos entrevistados, observa-se que os profissionais acreditam

no processo de desinstitucionalização, mas ainda tem muito a se caminhar. Para

Guedes et al., (2010) a desinstitucionalização foi a principal alternativa para a

desconstrução das práticas manicomiais, pois rompe com o modelo segregador a

fim de proporcionar o cuidado em liberdade e a criação de serviços substitutivos, um

novo lugar de reinserção dos sujeitos.

Visto que, a socialização evolui com novas possibilidades, novas

necessidades, conhecimentos fundamentais para o processo de produção e

reprodução da vida e sociedade. O ser social adquire liberdade possibilitando fazer

escolhas. De acordo com Netto e Braz (2007) a liberdade está associada a ser livre

é poder escolher, ser capaz de pensar, conhecer, projetar, escolher. Enfim, o ser

social dispõe da capacidade da socialização, ele é passível de apropriação e

desenvolvimento por parte dos membros da sociedade, dos processos de interação

social.

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Já o grupo dos usuários, eixo F1 do lado esquerdo, as categorias para o

estímulo desinstitucionalização foram tratamento (CPF=33) CAPS (CPF=29), voltar

(CPF=36), casa (CPF=29), emprego (CPF=36). Pode-se observar que a

representação por esse grupo está ligado a reinserção social e serviços

substitutivos. O tratamento está ligado ao CAPS como nova forma de substituição do

modelo manicomial que se apresenta como fortalecimento de uma rede de serviços

substitutivos. Nesse contexto, observa-se:

Eu entendo que antigamente todo mundo era internado, junto com os doidos, era uma internação muito cruel. Hoje em dia, existe o CAPS, a pessoa pega sua medicação e faz o tratamento em casa (Usuário, CAPS Geral).

Eu acho bom o CAPS, é melhor que o hospital, aqui não precisa ninguém ser internado. A internação é coisa antiga, hoje o tratamento é no CAPS (Usuário, CAPS Geral).

Desta forma, os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) são serviços

de atenção diária em saúde mental, de caráter substitutivo ao hospital psiquiátrico.

Tem a responsabilidade de atender pessoas com transtornos mentais severos e

persistentes, trabalhando sob a lógica da territorialidade (MIELKE et al.,2009).

Já o emprego, voltar e casa podem ser interpretados como algo

fundamental para que o usuário possa sentir-se inserido socialmente. De modo que,

o CAPS deve proporcionar um tratamento que visa os cuidados de reinserção social

de seus usuários por meio do acesso ao lazer, retorno ao lar, trabalho e

reconstrução dos laços comunitários e familiares. O cuidado em saúde mental tem

como objetivo a superação do modelo asilar, enfatizando que uma das formas de

inclusão dessas pessoas na sociedade é através do trabalho e do convívio familiar

(LOPES, 2013).

O emprego promove a inclusão social da pessoa com transtorno mental,

através da política nacional de saúde mental e a política nacionais de economia

solidária apresentam iniciativa que promovem a geração de emprego e renda nas

ações públicas intersetoriais. O trabalho como inclusão passa a objetivar garantias

de direitos a cidadania, ações humanistas, assistenciais e

terapêuticas(RODRIGUES et al., 2010).Percebe-se nos discursos dos participantes:

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Eu não preciso do hospital, fico no CAPS e estou trabalhando para comprar minhas coisinhas e ocupar minha mente (Usuário CAPS,AD).

A inclusão no mercado de trabalho representa a proteção das recaídas

e as crises, através da ocupação do tempo e da mente. O trabalho passa a ser visto

como um dispositivo de reinserção social e protetor do adoecimento mental.

No terceiro estímulo (internação psiquiátrica) no eixo F1 do lado direito, os

profissionais da saúde mental evocaram as palavras sofrimento (CPF=40),

novamente destacada por sua relevância para esse grupo, prisão (CPF=41) nesse

contexto, as respostas podem ser traduzidas como o sofrimento e o aprisionamento

que as pessoas com transtorno mental foram submetidas ao longo da história, a

complexidade da compreensão da doença, a exclusão e o confinamento em

hospitais psiquiátricos, de modo que por muito tempo permaneceram em longas

internações excluídos e marginalizados. Nesse contexto, percebe-se no discurso:

[...] o que eu venho observado ao longo desses anos trabalhando em um hospital psiquiátrico e agora trabalhando no CAPS AD que a forma como foi realizada aqui no Ceará não sei no resto do Brasil, mas aqui especificamente no Ceará não se houve um cuidado com a substituição desses leitos que iriam ser extintos por novos modelos, não houve uma substituição, vejo uma certa desassistência, acho que se deixou de lado um pouco as pessoas com transtorno mental e essas pessoas estão num sofrimento intenso, os outros equipamentos não dão conta de conter essa crise [...] (Terapeuta Ocupacional, CAPS AD).

O hospital psiquiátrico ainda é necessário, não há hospitais gerais com leitos, os poucos que tem são muito restritos, a gente observa um preconceito intenso uma falta de preparo em lidar com a pessoa com transtorno mental, na rede toda de saúde (Farmacêutica, CAPS AD).

No decorrer dos anos, a saúde mental teve diversas abordagens como

consequências de movimentos sociais, formado por grupos que lutavam para a

humanização no contexto da institucionalização. Apesar da construção dos leitos

psiquiátricos em hospitais gerais, a grande demanda das internações ainda ocorre

nos hospitais psiquiátricos (GONÇALVES, 2013).

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Portanto, com o fechamento dos hospitais psiquiátricos previsto pela lei

de Paulo Delgado, conhecida como a lei da reforma psiquiátrica, ocorreu a

diminuição dos leitos que prevê uma lenta e gradual substituição por serviços

substitutivos à internação. No intuito de diminuir o sofrimento e o isolamento social

que o hospital proporcionou durante os longos períodos de tratamento.

Com relação ao terceiro estímulo (internação psiquiátrica), no eixo F1

lado esquerdo, esse grupo não menciona nada a respeito deste estímulo.

Retornando ao gráfico, ao quarto estímulo (Reforma Psiquiátrica), no eixo

F1 direito, é possível observar que as representações mais significativas

verbalizadas pelos profissionais da saúde foram utopia (CPF=37), política (CPF=64),

mudança (CPF=36), humanização (CPF=54), luta (CPF=57), entende-se que as

palavras evocadas estão associadas no que os profissionais acreditam.

A utopia é vista como algo difícil de ser concretizado, mas que não exclui

a possibilidade de acontecer pela mobilização de gestores, usuários, familiares e

trabalhadores de saúde. Os tempos atuais de movimentos sociais, de precarização

dos serviços de saúde e de extrema desigualdade social, exigem práticas que

propaguem novas teorias. A utopia por uma sociedade sem manicômios, é algo

construído no cotidiano pelos segmentos sociais e a luta antimanicomial

(OLIVEIRA;FORTUNATO, 2003).

Deve-se compreender que uma reforma utópica é aquela formada por

uma visão da loucura associada à visão patológica. Entretanto, o número de

profissionais de saúde lotados nos serviços, vem sendo inferior e contradiz o que a

reforma estabelece (GONÇAVES, 2013).

Com relação às lutas e as políticas de saúde mental, Lopes (2013)

ressalta que a política é entendida como um conjunto de ações governamentais

condicionadas por certos objetivos, para a concretização de determinados fins. A

discussão política na construção das mudanças no cuidado em saúde mental

necessitam de ampliação na produção do conhecimento e avanços conquistados

nesses anos de luta. Visualiza-se nos discursos dos participantes:

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O que eu entendo sobre a reforma psiquiátrica é que ela existe para melhorar as condições dos tratamentos em saúde mental, mas o que vemos na prática é falta de implementação das políticas e adormecimento da luta pela reforma psiquiátrica (Enfermeira, CAPS Geral).

Os olhares dos profissionais revelam que a humanização e a mudança no

cuidado em saúde mental apareceram com o surgimento da Reforma Psiquiátrica,

com a extinção dos asilos e manicômios. Os ideais desse movimento antipsiquiátrico

são a descentralização, surgimento da intersetorialidade das ações em saúde e a

socialização do sujeito no seu território (MARÇAL;PEDROSA,2010).

As representações para o eixo F1 lado esquerdo para o quarto estímulo

(Reforma Psiquiátrica) foram melhor (CPF=25) e acreditar (CPF=45), no grupo dos

usuários, observou-se que o processo da Reforma Psiquiátrica e o surgimento dos

serviços substitutivos favoreceram a construção da interação social, construção da

cidadania e autonomia. Tendo na Política de Saúde mental um processo de

transformação da relação sociedade e loucura, buscando construir novos rumos

para a inclusão social, como se percebe no discurso:

Eu faço tratamento no CAPS, é melhor que o hospital, aqui não precisa ninguém ser internado (Usuário, CAPS Geral).

Para Lopes (2013) o sujeito inserido nesses serviços substitutivos torna-

se participante de seu tratamento, existe trabalho com a participação da família,

existe espaço para o momento da fala, escuta e inclusão social.

No eixo vertical (F2), na parte superior, caracteriza-se pelo grupo dos

profissionais e usuários do CAPS Geral, na faixa etária entre 29-36 anos. Para o

primeiro estímulo (loucura), as palavras evocadas foram doença(CPF=29),

solidão(CPF=26), crise(CPF=100) e doido(CPF=23), provavelmente trazendo a ideia

do sofrimento psíquico gerado pelo processo de adoecimento e a singularidade de

lidar com a experiência da complexidade dos sintomas.

Para Ferigato et al.(2007) a introdução do termo crise aborda as

consequências psicológicas causadas nos seres humanos após tragédias ou

catástrofes, ou seja, uma concepção que atribui o adoecer psíquico, solidão e

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causas externas ou sociais. A crise pode ser um evento que pode acontecer no

decorrer de nossas vidas. Por isso, a crise é de caráter pessoal, o que pode ser

estressante pra uma pessoa, pode não ser pra outra.

Visto que, com as lutas e os novos cuidados, a pessoa com transtorno

mental ainda possa ser vista como alguém diferente, aquele que não se inclui no

meio social, sendo excluído do convívio com as pessoas. O estigma da loucura e a

figura do louco fazem com que o indivíduo perca a sua cidadania e sofra

preconceitos.

No eixo F2, na parte inferior, formada pelos profissionais e usuários da

Estratégia de Saúde da Família, na faixa etária entre 37-44 anos. Com relação ao

primeiro estímulo (loucura), aparecem os termos preconceito (CPF=21),

perdido(CPF=36) e desorganização(CPF=62). Podendo comparar o eixo F2 superior

e o inferior, percebemos que ao estímulo loucura, aparece as dificuldades

enfrentadas no processo de adoecimento, referentes à patologia e o impacto que

pode causar no seu contexto psíquico e social.

A doença mental permanece estigmatizante. O processo de adoecimento

muitas vezes não é aceito, existindo assim, o paradigma da exclusão social que se

resume no sentimento de não pertencer à comunidade, isolamento e perda da

autonomia. Segundo Maciel et al. (2008), a dimensão da exclusão vivida pelo sujeito

e a visão da sociedade como um processo de culpabilização do sujeito, leva a uma

representação de conformismo, compreendendo a condição de vida como uma

fatalidade.

Com relação ao segundo estímulo (desinstitucionalização), parte superior

do eixo F2, composta pelos usuários e profissionais do CAPS Geral, na faixa etária

entre 29-36 anos, surge o termo tratamento (CPF=35), lembrando as novas formas

de cuidado em saúde mental, diminuindo o poder da institucionalização. A

desinstitucionalização surge como nova forma de tratar, sendo necessário

desmontar o antigo modelo e torna o paciente um ator da sua própria história

(HIRDES, 2009).

No segundo estímulo (desinstitucionlização), parte inferior do eixo F2,

representando o grupo dos profissionais e usuários da ESF, na faixa etária entre 37-

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44. As evocações foram vida (CPF=50) e novo (CPF=80). Observou-se a

desinstitucionalização como a desconstrução de saberes e práticas psiquiátricas,

que devem garantir uma nova forma de pensar e agir nas práticas de cuidado. É

nesta proposta, que os serviços substitutivos surgem como práticas e redes de

cuidado e equipamentos sociais inseridos na comunidade, nos espaços

micropolíticos.

Com relação ao terceiro estímulo (internação psiquiátrica), no eixo F2

superior, esse grupo não menciona nada a respeito deste estímulo. Já no eixo

inferior do mesmo, as palavras tratamento (CPF=98) e cura(CPF=45), percebe-se

que esse grupo enxerga a internação quando ocorrer incapacidade de autocuidado,

risco de agressão e em casos graves.

As internações psiquiátricas têm como objetivo tratar, cuidar e proteger o

doente mental de comportamentos perigosos, podendo ocasionar limitações na sua

independência, poder contratual e desejos. A internação psiquiátrica é indicada em

casos graves, no esgotamento dos serviços extra-hospitalares (LOPES, 2013).

O quarto estímulo (reforma psiquiátrica) no eixo F2 superior, grupo CAPS

Geral de profissionais e usuários, faixa etária entre 29-36. As palavras evocadas

foram caps (CPF=29). Ressalta-se o papel desse serviço no processo da melhoria

na atenção a saúde, novas formas de tratamento e de assistência à pessoa com

transtorno mental.

No eixo F2 inferior, no quarto estímulo (reforma psiquiátrica) grupo de

profissionais e usuários da ESF, na faixa etária entre 37-44 anos. Aparecem as

representações esperança (CPF=25) e salvação (CPF=114). Observando percebe-

se que esse grupo acredita que a reforma psiquiátrica pode proporcionar melhora

quando se trata de cuidados em saúde mental.

O tratamento ao sofrimento psíquico deve começar a ser compreendido

como algo que possa proporcionar qualidade de vida, buscando proporcionar

exaltar as potencialidades e inserção social, proporcionando a desconstrução da

desesperança respeitando a individualidade de cada um e os meios de lidar com o

indivíduo (BARROS,2008).

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS APREENDIDAS NAS ENTREVISTAS

Esse capítulo demonstra a análise das representações sociais dos

discursos dos 20 entrevistados (usuários e profissionais) sobre a reforma

psiquiátrica. Essas representações estão divididas em 3 categorias e 7

subcategorias de forma complementar à análise fatorial de correspondência.

Quadro 3: Distribuição das categorias e subcategorias simbólicas dos discursos dos

entrevistados

CATEGORIAS

SUBCATEGORIAS

Concepção da Reforma Psiquiátrica (CRP)

Sub 1: Contexto Sócio-Histórico (CRPSH) Sub 2: Desinstitucionalização(CRFD) Sub 3: CAPS(CRFC)

Inclusão da Família no Tratamento (IFT)

Sub1: Percepção do Profissional (IFTPP) Sub2: Percepção do Usuário (IFTPU)

Reinserção Social ( RS)

Sub 1:Estigma da loucura (RSEL) Sub 2: Mercado de Trabalho(RSMT)

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.Categoria 1: Concepção da Reforma Psiquiátrica(CRP)

Esta primeira categoria representa a importância da Reforma Psiquiátrica

para a mudança no tratamento em saúde mental, para os profissionais e usuários.

Subcategoria 1 – Contexto Sócio-Histórico (CRFSH)

A reforma psiquiátrica nasce do desejo por mudanças no cuidado do

sujeito com transtorno mental, através dos questionamentos dos tipos de tratamento,

medicalização e formas institucionais. Diante desse contexto, surge o movimento

antimanicomial, aliado à força dos trabalhadores de saúde, familiares e usuários que

lutavam para a eliminação dos manicômios e a construção de uma rede de

atendimentos inseridos na comunidade do usuário.

A saúde mental no seu contexto histórico passou por várias mobilizações.

Entre elas, os profissionais de saúde reuniram-se para organizar a I Conferência de

Saúde Mental e Encontro Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental,

possibilitando leis que vieram ser conquistadas na saúde mental. Esses dois

encontros apontavam a mobilização e sensibilização dos profissionais, gestores,

familiares e usuários para a quebra do conceito que a doença mental era causada

somente por fatores naturais, visava à mudança do modelo biomédico (TERRA et

al.,2006).

Observa-se que, o movimento de luta revolucionária ganhou peso no

decorrer da participação de novos atores sociais que se apropriaram do espaço que

antes era somente do corpo técnico da saúde mental, conquistas que promoveram a

participação em debates, encontros e ações por uma sociedade menos excludente.

No decorrer das lutas por modificações na saúde mental, os profissionais

uniram-se com ideias de mudanças, reorganizando-se a discussão da noção de

loucura, de normal e patológico. O movimento antimanicomial criticava a exclusão

do louco, a medicalização dos problemas sociais e do sofrimento humano, propondo

a anulação dos discursos psiquiátricos tradicionais (LOPES, 2013).

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Dessa forma, compreende-se como os saberes e práticas psiquiátricas

têm se instituído ao longo do tempo e se sustentado historicamente, Demonstrando

a importância da Reforma Psiquiátrica no cuidado em saúde mental:

Pra mim, a reforma psiquiátrica veio acabar com os depósitos humanos, teve muitos médicos psiquiátricas contra a reforma, por que eles ganhavam dinheiro, os hospitais psiquiátricos estão acabando, eu vejo o hospital como uma visão de lucro e depósito humano (Terapeuta Ocupacional, CAPS AD).

Eu vejo a Reforma como um movimento criado pra modificar as formas de tratar dos pacientes psiquiátricos olhando esses indivíduos em sua totalidade e não apenas o distúrbio mental (Enfermeira, CAPS Geral).

A reforma é luta por uma saúde mais digna no Brasil (Usuário, CAPS AD)

A reforma psiquiátrica é vista pelos profissionais de saúde e usuários

dos serviços como um processo em construção, que só fará sentido com a

construção de um novo modelo, potencializando a voz das pessoas com transtorno

mental e realizando a quebra do estigma que o louco é perigoso e inútil para a

sociedade.

Subcategoria 2- Desinstitucionalização (CRFD)

O termo desinstiucionalização refere ao tratamento do sujeito no seu

território, em vez de em um ambiente institucional. Antigamente, o tratamento ficava

centrado apenas na instituição, em consequência de políticas sociais e de

intervenções legislativas, foi sancionada a definitiva crise da centralidade do

manicômio, isso representa um grande processo de reforma (VENTURINI,1999).

O processo de desinstitucionalização surgiu da necessidade de mudar o

sistema psiquiátrico centrado na assistência hospitalar. Esse processo visa a

desconstrução de saberes e práticas psiquiátricas, perspectiva que fundamenta o

movimento de reforma psiquiátrica e a política de saúde mental brasileira:

A desinstitucionalização deve acabar com os manicômios, aprisionamento e exclusão dessas pessoas de uma sociedade (Assistente Social, CAPS AD).

Na desinstitucionalização, a atenção em saúde mental deve ser feita por meio comunitário, por meio de equipe profissional, através de

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territorialização, uma rede de cuidados que o paciente tivesse autonomia, interação social, quebra de paradigmas, tirar o estigma das pessoas que tem doença mental e também de extinguir o modelo manicomial, de exclusão e com internações prolongadas (Médico, CAPS Geral)

Antes dessa mudança, eu vivia no hospital, eu ficava presa, eu tinha que tomar medicamento, e às vezes tinha as agressões das outras, tinha que ficar amarrada, aqui eu fico mais a vontade. Eu gosto do tratamento do CAPS (Usuária, CAPS Geral).

Deste modo, a quebra do modelo manicomial não deve está restrita a

novos serviços substitutivos, deve-se entender que a desinstitucionalização

necessita de mudanças atitudinais e reinserção social.

A desinstitucionalização como processo de quebra de paradigma visa a

desconstrução de o modelo asilar e de construção do cuidado no território, procura

expandir e consolidar uma rede de atenção extra-hospitalar, de modo a atender as

demandas territoriais específicas sem desassistir e indo além da pura

desospitalização. A rede é constituída de unidades básicas de saúde (UBS), centros

de saúde, serviços de prontoatendimento, ambulatórios, centros de atenção

psicossocial (CAPS) e serviços residenciais terapêuticos (SRT) (HIRDES, 2009).

Subcategoria 3- CAPS (CRFC)

A importância do CAPS na vida das pessoas com transtorno mental é de

extrema importância, visibilizando o tratamento humanizado, atividades

comunitárias, culturais, expressivas e a inclusão social:

Eu entendo que antigamente todo mundo era internado, junto com os doidos, era uma internação muito cruel. Hoje em dia, existe o CAPS, a pessoa pega sua medicação e faz o tratamento em casa (Usuário, CAPS Geral). Olha o nosso tratamento aqui no CAPS é um tratamento VIP, eu sou uma menina que tenho problema esquizofrênico, problema de depressão crônica e sou muito bem assistida aqui no CAPS, tem psiquiatra, psicóloga, assistente social (Usuária, CAPS Geral). No hospital é bom, mas no CAPS é melhor, no CAPS tem essa paz, aqui parece uma casa, o vento no rosto, a paisagem. No hospital eu vejo como forma antiga, uma ruma de enfermeira, doutor e aquela ruma de doente e você fica mais perturbada ainda, se sente mais doente (Usuária, CAPS Geral).

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O CAPS tem o papel de possibilitar o tratamento do usuário inserido em

sua comunidade, sem necessitar de longas internações. O que pode-se observar é

que a assistência em saúde mental precisa ser ampliada e que apesar de toda a

dificuldade vivenciada nos serviços e falta de profissionais, os usuários optam pelo o

tratamento no CAPS e veem as longas internações como algo antigo e

desnecessário.

.Os serviços substitutivos destinam-se aos pacientes que necessitam de

acompanhamento diário (tratamento intensivo); o tratamento semi-intensivo é o

tratamento destinado aos pacientes que não precisam estar diariamente no CAPS;

não intensivo é a modalidade de assistência na qual o paciente, em função da

menor gravidade do quadro psíquico, pode ter uma frequência menor de

atendimento (BRASIL, 2004).

Entretanto, podem ser observados aspectos que precisam ser melhorado

no CAPS, como a grande demanda, falta de profissionais, falta de comprometimento

da atual gestão com o cuidado em saúde:

[...] ficou uma coisa muito centralizada nos CAPS não se ampliou o restante dos outros equipamentos necessários, pra que a rede ficasse forte, não foi criada pensão protegida, o número de residência terapêutica é muito baixo, o número de CAPS, apesar de a gente ser o Estado que tem mais CAPS, ainda é muito restrito, a demanda é muito alta pra que a gente de conta e possa fazer um trabalho legal, está muito complicado trabalhar com a saúde mental(Assistente Social, CAPS Geral).

Temos um CAPS para uma regional muito ampla, você fica esmagado por uma demanda imensa que você não consegue fazer muita coisa, equipe insuficiente. Trazendo pro nosso CAPS aqui, a gente faz uma tentativa de reforma (Enfermeira, CAPS Geral). As pessoas que assumiram estão fora da realidade, a saúde mental está desassistida. O paciente não só precisa de medicamento, eles precisam de terapia ocupacional, psicólogo, psiquiatra, eles precisam de terapias, grupos, mas não é mais a realidade de antigamente, a pessoa chega aqui não tem profissional pra atender a demanda, essa gestão não está levando em consideração a saúde mental(Psicóloga, CAPS Geral). Digo que os profissionais da área de saúde do CAPS, eles tentam fazer o que não podem pra ajudar o paciente, eu sou usuário e

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paciente, mas tem que melhorar, tem que ter o apoio do governo. Ta precisando, eu não sei sé é de concurso público para os médicos, eu não sei o que falta na realidade, mas o que tem que melhorar é o grupo, só tem um grupo aqui e já ouvi dizer que vai ter recesso, e eu tô precisando me tratar (Usuário, CAPS Geral).

O cotidiano dos serviços de saúde mental mostra que a fragilidade no

cuidado em saúde e a falta de resolubilidade da assistência, estão associadas a

entraves como: falta de profissionais, precariedade do serviço e o número reduzido

de CAPS por regional.

Desse modo, para que se realizem melhorias necessárias nas práticas de

saúde, devem-se sensibilizar os gestores das necessidades de mudanças nas

práticas das equipes de saúde, como a inclusão de práticas interdisciplinares e de

compartilhamento de saberes, como subsídio para a concretização da reforma

psiquiátrica por completo.

O trabalho no CAPS deve ser multidisciplinar, de caráter interdisciplinar,

que promova trocas importantes necessárias ao melhor plano terapêutico e

reabilitação psicossocial para cada usuário. Assim, pela precariedade do serviço e

pouco profissional, opera-se um processo no qual a reforma psiquiátrica apresenta-

se de modo deficiente (LOPES, 2013).

.Categoria 2: Inclusão da Família no Tratamento(IFT)

Essa categoria apresenta o papel da família no cuidado da pessoa com

transtorno mental na atenção psicossocial, ressaltando a unidade familiar em toda

sua complexidade, como integrante fundamental no tratamento, na recuperação e no

processo de reabilitação psicossocial. É indispensável que a família seja

acompanhada pelos serviços substitutivos de saúde mental de modo que suas

necessidades sejam acolhidas.

Subcategoria 1 – Percepção do Profissional de saúde Mental (IFTPP)

No CAPS, a família é o suporte para o tratamento. A equipe profissional

procura, junto ao serviço de saúde mental, aliviar a sobrecarga da família que

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convive com um indivíduo em sofrimento psíquico, criando e fortalecendo o vínculo

entre o serviço e a família:

Eu acredito que a família é a base do tratamento, é dela que vem o suporte psicossocial do doente. Muitas vezes, quando a família cansa de lutar pela melhora da pessoa, percebemos um alerta que o cuidador está em processo de adoecimento e tentamos incluir em algum grupo(Assistente Social, CAPS AD).

É notório a evolução do paciente que o cuidador participa dos grupos e que sempre está envolvido com o serviço. A família tem o seu papel no cuidado e deve ser ouvida para que não adoeça também (Terapeuta Ocupacional, CAPS AD).

Observa-se, portanto, que o papel da família é muito importante na

trajetória do cuidado em saúde mental, mas devemos entender que seus saberes e

suas emoções devem ser direcionados, cabendo à contribuição dos profissionais

dos serviços psiquiátricos orientarem e acolher o familiar.

Para que o tratamento seja efetivo, a equipe de saúde e a família devem

estar envolvidas no processo. O serviço tem que possibilitar, por meio do projeto

terapêutico, a remissão dos sintomas e a inclusão do usuário nos espaços familiares

(ROSA, 2003).

Portanto, os profissionais devem orientar a família sobre o seu papel no

acompanhamento no tratamento e compreender a sobrecarga em lidar com a

pessoa com transtorno mental no seu dia-a-dia.

O competente que vai trabalhar com famílias precisa definir o seu próprio

modelo de compreensão de família, ou seja, crenças, valores e procedimentos que

são adotados na vida familiar, para que atue de modo a não julgar o que é melhor ou

pior, e sim oferecer elementos para a análise da situação, deixando que a família

tome esta decisão (MELMAN, 2008).

Subcategoria 2 – Percepção do Usuário(IFTPU)

O papel da família no tratamento da pessoa com transtorno mental é de

extrema importância, na redução de crise e adesão da medicação. É a família que

proporciona o suporte afetivo:

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A minha família é tudo na minha vida, meu irmão me leva no CAPS e fica esperando acabar o grupo, ele sempre me ajuda. Gosto quando ele me lembra do remédio e me ajuda na minha vida. (Usuário, CAPS AD) Eu sou abençoada, tenho uma família grande, eu já fui internada muitas vezes, mas minha mãe cuida de mim e não deixa nada acontecer comigo. Fico triste quando vejo um doente no CAPS que

não tem família (CAPS Geral).

A família quando se envolve no tratamento, apresenta maior

conhecimento sobre a doença e conhece os procedimentos corretos na situação de

uma possível crise. Deste modo, é no lar que a pessoa com transtorno mental deve

encontrar o suporte para não ter novas crises.

É a família que realiza a entrada do usuário ao tratamento nos serviços e

isso faz com que eles saibam lidar melhor com as situações de crise do paciente. O

familiar que acaba fornecendo os dados do usuário ao serviço, torna-se cada vez

mais próximo a equipe responsável pelo paciente, ficando cada vez mais fácil sua

convivência com o doente (MELMAN, 2008).

Para a pessoa com transtorno mental, a família representa a figura que

acolhe, cuida, protege de si e da sociedade que exclui e cria estigmas. Esse familiar

torna-se responsável pela a inserção social e a continuidade no tratamento.

.Categoria 3: Reinserção Social( RS)

A reinserção social é um processo contínuo e de longa duração. O CAPS

surge como um serviço substitutivo com estratégia terapêutica, preconizando a

integração social.

O que pode-se observar no processo de reinserção social é a criação ou

fortalecimento de uma rede de apoio, caracterizada a capacitar a pessoa para

exercer sua cidadania e retomada de autonomia (HIRDES, 2009).

Subcategoria 1 – Estigma da loucura (RSEL)

A maior barreira para a reinserção social do sujeito com transtorno mental

é o preconceito, as pessoas precisam tirar a ideia que o usuário do CAPS é

perigoso, incapaz de viver em sociedade:

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Eu tenho problema na cabeça, faço tratamento, tomo remédio, mas não quero ser diferente. Eu escovo os dentes, eu faço coisas normais (Usuário, ESF). Lá na rua, eu sou a doidinha que vai pro CAPS, eu não sou doida (Usuária, CAPS Geral). Na minha primeira internação, minha família tinha vergonha de mim (Usuária, CAPS AD).

Apreende-se que o termo doido é utilizado como algo agressivo em nossa

sociedade, a loucura ainda é vista como perigosa. Quem desconhece o transtorno

mental acredita que o indivíduo que sofre dessa doença deva ser internado e

privado do meio social.

Deste modo, a imagem da loucura sempre foi ligada a existência dos

manicômios onde as pessoas com transtorno mental eram mantidas. A figura do

louco era de pessoas perdidas, incapazes de sobreviver em sociedade, uma vez que

não se adequavam às necessidades econômicas e sociais da sociedade capitalista.

Portanto, a Reforma Psiquiátrica surge para acabar com o preconceito e

resgatar a cidadania do portador de transtorno mental, ou seja, visa a diminuição

imediata dos leitos psiquiátricos direcionando os pacientes que estão internados em

um tempo prolongado para rede de serviços alternativos, como Ambulatórios de

Saúde Mental, Núcleos ou Centros de Atenção Psicossocial (NAPS/CAPS), Centros

de Convivência, Hospitais Dia, dentre outros (GONÇALVES, 2012).

Subcategoria 1 – Mercado de Trabalho (RSMT)

O Mercado de trabalho para as pessoas portadoras de transtorno mental

e usuárias de substâncias psicoativas ainda é um fato de exclusão do mundo do

trabalho:

Eu queria trabalhar, deixei vários currículos e nada. Fui trabalhar na empresa do meu tio (Usuário, CAPS AD). Meu sonho era trabalhar e comprar minha televisão, virei artista plástica (Usuária, CAPS Geral).

Observa-se que, a maioria das pessoas com transtorno mental está

inserida no mercado informal, devido o preconceito. As leis de inclusão existem, mas

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as empresas não sabem lidar com o doente mental, dificultando o acesso ao

mercado de trabalho.

A dificuldade de ser incluído no mercado de trabalho gera adoecimento

mental e expressa dificuldade nas realizações pessoais, que ocasionam sofrimento

psíquico e o falso sentimento de inutilidade.

O significado do trabalho para pessoas com transtorno mental e usuários

de substâncias psicoativas tem uma importância anterior à entrada destes no

processo de reabilitação psicossocial. O Centros de Atenção Psicossocial junto aos

usuários, lutam por uma inserção real no mundo do trabalho, valorizando a

dimensão da vida, cujo sentido é construído pela história e pela narrativa do próprio

indivíduo (RODRIGUES,2010).

.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente estudo, as representações dos profissionais de saúde e dos

usuários dos serviços de saúde mental despontam para a ocorrência da

concretização completa da Reforma Psiquiátrica. Deve-se ocorrer a mudança do

olhar gestor sobre a importância desse movimento para a sociedade. Visto que, para

calhar a quebra do modelo manicomial, deve-se colocar em prática políticas que

estão somente no papel.

Procurou-se compreender o perfil da população da pesquisa, descobriu-

se que, os usuários dos serviços estão representados pela faixa etária de 26 a 35

anos, do sexo predominantemente feminino e com ensino médio incompleto. Sendo

observado que a falta de continuidade nos estudos ocorrem devido a possíveis

crises no decorrer do ano letivo , assim como também, pelo preconceito enfrentado

pela pessoa com transtorno mental no ambiente escolar. No profissional de saúde a

faixa etária com maior representação etária está entre 26 a 35 anos, sendo notório

que a idade dos profissionais e usuários é idêntica. Demonstrando que são

profissionais inseridos nos serviços por seleções públicas, ocorrendo rotatividade de

equipe de saúde a cada dois anos. O sexo feminino prevalece como maioria nos

serviços e na distribuição dos profissionais o enfermeiro apresenta mais frequência

entre os demais participantes.

Nos resultados da análise dos Testes de Associação de Palavras (TALP),

identificam-se dois grupos, o grupo dos usuários dos serviços e o grupo dos

profissionais de saúde. Para o grupo dos usuários, a reforma psiquiátrica aparece

sendo representada pelo CAPS e pelo processo de desinstitucionalização como

forma de reinserção social, transformação da relação sociedade e loucura e novas

formas de cuidado, enquanto a internação psiquiátrica é ancorada como algo antigo

e desnecessário. No grupo dos profissionais, a desinstitucionalização e o CAPS

representam a desospitalização, o cuidado em liberdade e a inclusão social.

Compreendem que a internação psiquiátrica ocasiona sofrimento, aprisionamento e

exclusão. De modo que, para que aja a reforma psiquiátrica deve ser necessário

movimentos de luta para consolidar novas políticas que gerem mudanças no

cuidado em saúde mental.

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Na análise das entrevistas as representações evocadas permitiram

apreender nos discursos dos participantes os conteúdos significantes e intensos das

representações sociais. Como resposta a categoria (Reforma psiquiátrica) os

participantes ancoraram o desejo de mudança no cuidado do sujeito com transtorno

mental, luta pela eliminação dos manicômios, reorganização da noção de loucura,

normalidade e patológico e desinstitucionalização como desconstrução do modelo

asilar. Na categoria Inclusão da família no tratamento foi observado que a família é o

suporte para o tratamento e tem fundamental importância na recuperação e no

processo de reabilitação psicossocial.

Na terceira categoria - Reinserção social o preconceito aparece como

uma das barreiras para a inclusão social e que a figura do louco para as pessoas

que desconhecem a doença mental, ainda está ligada a pessoas perdidas, violentas

e incapazes de viver em sociedade.

Com os resultados pretende-se desvendar as dificuldades na implantação

da reforma psiquiátrica e no processo de reinserção social dos usuários que são

atendidos pelo CAPS e ESF.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

O (a) Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa “A REFORMA PSIQUIÁTRICA E SEUS DESDOBRAMENTOS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL” que tem como objetivo apreender as representações sociais sobre a reforma psiquiátrica dos profissionais de saúde e usuários dos serviços.

Dessa forma, pedimos a sua colaboração nesta pesquisa para responder a uma entrevista sobre o processo da reforma psiquiátrica, questionário sócio-demográfico e ao teste de associação livre de palavras (TALP). Solicito sua autorização para gravar as conversas geradas durante a entrevista. A pesquisa não trará nenhuma forma de prejuízo na qualidade, condição de vida e trabalho dos participantes, independente da sua opinião sobre o tema. Reconhecendo a possibilidade de desconforto e constrangimento que possa ocorrer durante a aplicação dos instrumentos de coletas, a pesquisadora se compromete a tratar com o devido respeito, procurando minimizar qualquer risco. Vale ressaltar que sua participação é voluntária e o (a) Sr.(a) poderá a qualquer momento deixar de participar deste, sem qualquer prejuízo ou dano, todas as informações serão mantidas em sigilo, sua identidade não será revelada e não haverá divulgação de nomes. Comprometo-me a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados poderão ser veiculados através de artigos científicos e revistas especializadas e/ou encontros científicos e congressos, sempre resguardando sua identificação. Como benefício direto para os participantes, nos comprometemos em fazer a devolutiva dos dados aos coordenadores e participantes quando assim solicitado, através de quaisquer esclarecimentos acerca da pesquisa e, ressaltando novamente, terão liberdade para participarem quando assim não acharem mais conveniente.

Contatos com a mestranda Juliana Pessoa Costa, ou com a orientadora Profa. Dra. Maria Salete Bessa Jorge. O Comitê de Ética em Pesquisa da UECE encontra-se disponível para esclarecimento pelo Tel./Fax: (085) 3101.9890. Endereço: Av. Parajana, 1700 – Campos do Itaperi – Fortaleza – CE.

Este termo está sendo elaborado em duas vias, sendo uma para o sujeito participante da pesquisa e outro para o arquivo do pesquisador.

Eu, ______________________________________, tendo sido esclarecido (a) a respeito da pesquisa, aceito participar da mesma.

Fortaleza - CE, ____/____/2013.

_________________________________ __________________________________

Participante Pesquisador

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APÊNDICE B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AOS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS

O (a) Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa “A REFORMA PSIQUIÁTRICA E SEUS DESDOBRAMENTOS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL que tem como objetivo apreender as representações sociais sobre a Reforma Psiquiátrica dos profissionais de saúde e usuários dos serviços.

Sua colaboração na pesquisa será em responder a uma entrevista semi-estruturada com questão aberta sobre o processo da reforma psiquiátrica, questionário com os dados sociodemográficos e participar do teste de associação livre de palavras(TALP).Solicito sua autorização para gravar as conversas geradas durante a entrevista.Será garantido que a pesquisa não trará nenhuma forma de prejuízo no tratamento ou utilização dos serviços pelo participantes. Reconhecendo a possibilidade de desconforto e constrangimento que possa ocorrer durante a aplicação dos instrumentos de coletas, a pesquisadora se compromete a tratar com o devido respeito, procurando minimizar qualquer risco. Vale ressaltar que sua participação é voluntária e o (a) Sr.(a) poderá a qualquer momento deixar de participar deste, sem qualquer prejuízo ou dano, todas as informações serão mantidas em sigilo e sua identidade não será revelada, não haverá divulgação de nomes. Comprometo-me a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados poderão ser veiculados através de artigos científicos e revistas especializadas e/ou encontros científicos e congressos, sempre resguardando sua identificação. Como benefício direto para os participantes, comprometo-me em fazer a devolutiva dos dados aos coordenadores e participantes quando assim solicitado, através de quaisquer esclarecimentos acerca da pesquisa e, ressaltando novamente, terão liberdade para participarem quando assim não acharem mais conveniente.

Contatos com a mestranda Juliana Pessoa Costa, ou com a orientadora Profa. Dra. Maria Salete Bessa Jorge. O Comitê de Ética em Pesquisa da UECE encontra-se disponível para esclarecimento pelo Tel./Fax: (085) 3101.9890. Endereço: Av. Parajana, 1700 – Campos do Itaperi – Fortaleza – CE.

Este termo está sendo elaborado em duas vias, sendo uma para o sujeito participante da pesquisa e outro para o arquivo do pesquisador.

Eu, ______________________________________, tendo sido esclarecido (a) a respeito da pesquisa, aceito participar da mesma.

Fortaleza - CE, ____/____/2013.

__________________________________ __________________________________

Participante Pesquisador

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APÊNDICE C

TALP- TESTE DE ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS

NOME: _____________________________________IDADE: _______anos

O sujeito deve escrever a primeira palavra que lhe vier à cabeça,

respondendo com uma única palavra. O examinador deverá orientar que o

participante irá escrever o que vem a sua mente e ter certeza que a instrução foi

bem esclarecida.

QUESTÃO: O que você pensa quando ouve as palavras: Loucura,

desinstitucionalização, internação psiquiátrica e reforma psiquiátrica ? ( as palavras

indutoras não estarão nas folhas que serão entregues aos participante)

Estímulo indutor 1

1.......................................... ......................................................................

2.......................................... .......................................................................

3.......................................... ........................................................................

4......................................... .........................................................................

5......................................... .........................................................................

Estímulo indutor 2

1.......................................... ......................................................................

2.......................................... .......................................................................

3.......................................... ........................................................................

4......................................... .........................................................................

5......................................... .........................................................................

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Estímulo indutor 3

1.......................................... ......................................................................

2.......................................... .......................................................................

3.......................................... ........................................................................

4......................................... .........................................................................

5......................................... .........................................................................

Estímulo indutor 4

1.......................................... ......................................................................

2.......................................... .......................................................................

3.......................................... ........................................................................

4......................................... .........................................................................

5......................................... .........................................................................

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APÊNDICE D

QUESTIONÁRIO SÓCIO – DEMOGRÁFICO

(USUÁRIOS E PROFISSIONAIS)

Data:____/ ____/____

Dados pessoais:

idade:______ naturalidade:______________

local: CAPS AD( ) CAPS GERAL ( ) ESF ( ) Residência Terapêutica

Sexo: 1. Masculino ( ) 2. Feminino ( )

Estado civil: Solteiro ( ) Casado( ) Separado( ) ( ) União Estável

Separado/divorciado ( ) viúvo(a): ( )

Moradia Própria: Sim ( ) Não( )

Escolaridade: . Não estudou ( ) Alfabetizado ( ) Ensino fundamental

completo ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino

médio incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Curso

superior incompleto ( ) Curso superior completo ( )

Ocupação: Trabalha: ( ) Se sim, o que faz? __________________________

Dona de casa: ( ) Aposentado(a): ( ) Desempregado (a) Estudante: ( )

Com quem mora: Sozinho(a) ( ) Cônjuge ( ) Filho(a) ( ) Neto(a): ( )

Irmão/irmã ( ) Nora/genro ( ) Agregado ( ) Pai/mãe ( )

OUTROS: ________________

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APÊNDICE E- ROTEIRO DE ENTREVISTA PROFISSIONAIS

Pergunta de partida:

O que você entende sobre a Reforma Psiquiátrica? E o cenário onde você

trabalha?

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APÊNDICE F- ROTEIRO DE ENTREVISTA USUÁRIOS

Pergunta de partida:

O que você entende sobre Reforma Psiquiátrica? E como é o seu tratamento?

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APÊNDICE G- Dicionário de Palavras

GRUPO 1 – USUÁRIOS

Estímulo 1: Loucura

ESTÍMULO FREQUÊNCIA

Agressão 1

abstra1 3

anorma1 2

aposen1 1

azar1 1

Cabeça 1

Cansaço 1

Clausula 1

Confusão 5

Cuidado 1

Depressão 3

Descrição 2

Desequilíbrio 1

Desejo 1

Desorientação 1

Doença 6

Doença 1

Doidice 4

Dopado 1

Droga 1

Desespero 3

Desordem 4

Desapropriação 1

Diferente 1

Doido 6

Dor 4

Esquecimento 1

Exclusão 2

Escuro 1

Existência 1

Incompleto 1

Existência 1

Insanidade 3

Isolamento 1

Liberdade 1

Luta 1

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Medo 3

Maldição 1

Mental 9

Nada 1

Patologia 1

Porrada 1

Perdido 4

Preconceito 8

Roubo 1

Sair 1

Segredo 1

Solidão 7

Surto 3

Sofrimento 5

Torta 1

Troca 1

Tratamento 1

Tremendo 1

Vergonha 3

Vago 1

Vida 1

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Estímulo 2: Desinstitucionalização

Amigo 2

Arte 1

Assistência 2

Avanço 1

Alivio 1

Amor 1

Ascenção 1

Comunidade 4

Controle 1

Carro 1

Desafio 1

Desabafo 1

Desastre 1

Desejo 2

Emprego 4

Estuda 3

Escolha 1

Eu 1

Fazer 1

Felicidade 1

Filho 2

Fugir 2

Família 16

Humanidade 2

Lazer 1

Marido 1

Moradia 3

Namorado 2

Novidade 2

Politica 1

Poder 2

Reforma 1

Recaída 1

Rumo 1

Satisfeito 1

Social 3

Sair 3

Saúde 1

Seguir 1

Silencio 1

Sociedade 2

Visão 1

Viver 2

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Estímulo 3: Internação Psiquiátrica

ESTÍMULO FREQUÊNCIA

Abrigo 1

Acolhe 1

Angustia 3

Antiga 1

Agressão 1

Bom 1

Crise 10

Curar 1

Cabeça 1

Caos 2

Coletivo 1

Corrente 1

Desumano 4

Doença 1

Doença 2

Drogas 1

Escuridão 1

Esquecimento 1

Falta 1

Horror 1

Humanidade 1

Inferno 1

Inútil 1

Lobotomia 1

Longa 1

Lobotomia 1

Massacre 1

Medo 1

Necessidade 3

Nunca 1

Odeio 1

Perda 2

Piração 1

Prisão 11

Pavor 1

Politica 1

Psiquiatria 1

Piracão 1

Prisão 11

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Retorno 2

Ridículo 1

Ruim 2

Refúgio 1

Retroceder 2

Saudade 3

Socorro 3

Satisfação 1

Solidão 2

Sozinho 1

Tédio 1

Tortura 1

Tragédia 1

Violência 2

Viver 1

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Estímulo 4: Reforma Psiquiátrica Alegria 2

Acreditar 5

Assistir 1

Bairro 1

Básica 1

Bondade 1

Caps 8

Cidadão 1

Coerência 1

Confiança 1

Cuidado 3

Comunidade 2

Cuidar 2

Equipe 1

Emprego 2

Fazer 1

Felicidade 3

Filho 1

Futuro 1

Humano 2

Ideal 1

Incompetência 1

Lei 2

Luta 5

Luz 1

Melhor 8

Moderna 1

Mudança 8

Novo 3

Opção 1

Preciso 1

Psicossocial 1

Opção 1

Povo 2

Processo 1

Retorno 2

Renascer 1

Residência 1

Reinventar 1

Renovação 1

Respeito 2

Trabalho 1

Transtorno 1

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78

Tratamento 3

Utopia 4

União 2

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79

GRUPO 2 – PROFISSIONAL

Estímulo 1: LOUCURA

ESTÍMULO FREQUÊNCIA

Ajuda 1

Alucinação 1

Ansiedade 1

Asilo 1

Alegria 1

Angustia 1

Ansioso 1

Bagunça 1

Choro 1

Condição 1

Crise 4

Desafio 1

Desemprego 2

Desorganização 4

Distancia 2

Estrago 1

Hospital 1

Inconsciente 1

Internação 1

Louco 1

Maluco 3

Mentir 1

Musica 1

Ocupação 1

Pensamento 1

Perturbação 9

Perda 3

Prisão 1

Retardo 1

Rua 1

Solidão 1

Trabalho 2

Triste 2

Teste 1

Transtorno 1

Vazio 1

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80

Estímulo 2: Desinstitucionalização

ESTÍMULO FREQUÊNCIA

Ação 2

Aproveitar 1

Agir 1

Boa 1

Compromisso 1

Conquista 2

Cachorro 1

Capaz 2

Casa 17

Completa 1

Crescimento 1

Cuidado 1

Despro 1

Esperança 3

Equipe 1

Fechamento 1

Humano 1

Leis 1

Luz 3

Modelo 1

Mãe 1

Melhor 3

Necessidade 1

Novo 5

Oportunidade 2

Ótimo 2

Protagonista 1

Realização 1

Rede 1

Reinserção 1

Residência 1

Retorno 3

Revolução 1

Rua 1

Reviver 1

Sabedoria 1

Sobreviver 1

Sofrimento 1

Suicídio 1

Saudade 1

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81

Socorro 1

Sonhar 3

Trabalho 2

Utopia 1

Vida 5

Vitória 1

Voltar 7

Estímulo 3: Internação Psiquiátrica

Amarração 1

Arcaico 1

Asilo 1

cabeça3 1

Coerência 1

Cuidado 3

Dependência 1

Destruição 1

Doidão 1

Dopada 1

Falha 1

Filas 1

Hospital 8

Infeliz 1

Intenso 1

Lesada 1

Loucura 8

Malvada 1

Adaptação 1

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82

Amor 2

Atitude 2

Ação 1

Busca 1

Concurso 1

Conhecer 2

Desejo 3

Dignidade 1

Emancipação 1

Faculdade 1

Família 5

Grupo 2

Humanização 6

Igreja 1

Inexistência 1

Liberdade 2

Nascer 1

Novidade 2

Poder 1

Política 8

Prefeito 1

Qualidade 1

Reinserção 1

Resgate 1

Salvação 4

Satisfação 2

Saúde 1

Sociedade 1

Transferência 2

União 1

Visão 1

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83

Anexos

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84

ANEXO I

BANCO DE DADOS GERAL DO TRI_DEUX_MOST

112maldic1 desesp1 azar1 luz2 casa2 traged3 dor3 caps4 amor4*

122patolo1 surto1 liberd2 ascenc2 prisao3 tratam3 descon4

novo4 humani4 reins4*

113sofrim1 descon1 insani1 incomp1 precon1 necess2 desass2

utopia2 coeren3 humani3 coeren4 humani4*

112sofrim1 desord1 cuidad1 comuni2 liberd2 protag2 prisao3

excess3 incomp4 ideal4 transf4*

114emocao1 alegri1 musica1 liberd2 famili2 arte2 psiqui3

falhas3 humano4 fantas4*

122solidi1 agress1 oportu2 melhor2 comple2 inutil3 arcaic3

obriga3 melhor4 opcao4 caps4*

112precon1 isolam1 crise1 sofrim1 humani2 cuidad2 equipe2

solida3 suicid3 filas3 espera4 import4 humani4 proces4*

113precon1 desafi1 troca1 aposen1 compro2 desafi2 leis2 rede2

suicid2 retroc3 falta3 loucur3 desuma3 sonho4 transt4 equipe4

lei4 protag4*

111desori1 desest1 reinse2 contro2 retroc3 dor3 loucur3

utopia4 futuro4*

113pertub1 ansied1 medo1 espera2 luz2 socorr2 sofrim3 prisao3

sobrev3 cuidar4 serviç4 famili4 humani4*

113desesp1 angust1 desord1 felici2 politi2 famili2 dor3

escuri3 sozinh3 mudanç4 adapta4 luta4*

123desord1 depres1 sonhar2 liberd2 realiz2 moral3 sofrim3

loboto3 tratam4 renasc4 politi4*

112solida1 abstra1 escuri1 liberd2 sofrim2 famili2 sofrim3

desesp4 dor4 utopia4 politi4*

112insani1 alucin1 reform2 saude2 hospit3 prazo3 psicos4

reside4*

123perda1 inscon1 liberd2 agir2 comuni2 cura3 antiga3 tratam3

reinse4 mudanc4 novo4*

112doido1 desord1 liberd2 poder2 comuni2 destru3 asilo3 dor3

emanci4 assist4 luta4 povo4*

112doenca1 vergon1 socied2 novida2 moradi2 angust3 dor3 perda3

saudad3 mudanc4 servic4 cuidar4 politi4*

133sofrim1 precon1 liberd2 famili2 cura3 isolam3 politi3 luta4

espera4*

131desorg1 desesp1 vida2 famili2 dor3 escura3 luta4 cidada4

humani4*

132insani1 dor1 liberd2 humano2 sofrim3 prisao3 utopia4

politi4 poder4*

132doenca1 exclus1 liberd2 luz2 humani2 sofrim3 isolam3

escura3 alegri4 politi4 cuidad4*

132precon1 perda1 liberd2 casa2 social2 desuma3 masacr3

violen3 utopia4 mudanc4*

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132descri1 prisao1 exclus1 vida2 liberd2 espera2 social2

necess3 tratam3 crise3 politi4 mudanc4*

132perdid1 clausu1 poder2 desaba2 liberd2 dor3 sofrim3 crise3

modern4 realiz4 humani4*

132abstra1 solida1 despro1 liberd2 famili2 corren3 prisao3

reinse4 liberd4 luz4*

132pertub1 abstra1 despro2 acao2 refugi3 dor3 mudanc4 dignid4*

132descon1 doido1 asilo1 casa2 territ2 tratam3 remedi3 necess3

açao4 debate4 polemi4*

133liberd1 doidic1 sair1 novo2 assist2 casa2 doloro3 desuma3

prisao3 solida3 reinve4 luta4 desejo4 espera4*

133desequ1 luta1 assist2 acao2 moradi2 prisao3 hospit3 coleti3

satisf4 mudanc4 lei4 politi4*

132solida1 doido1 liberd2 famili2 socorr3 prisao3 caminh4

liberd4 respei4*

211escuro1 perdid1 solida1 voltar2 casa2 vida2 dor3 medico3

dopada3 caps4 filho4 alegri4*

221nada1 doente1 mental1 casa2 mãe2 trabal2 remedi3 agress3

morte3 caps4 amor4 igeja4 famili4*

212sofrim1 triste1 solida1 marido2 filho2 casa2 crise3 medico3

socorr3 felici4 famili4*

212doenca1 vergon1 socied2 novida2 moradi2 angust3 dor3 perda3

saudad3 socorr3 mudanc4 servic4 cuidad4 politi4*

214doente1 mental1 difere1 sair2 viver2 boa2 doidao3 amarra3

saber4 conhec4 caps4*

214trabal1 medo1 eu2 casa2 filho2 viver3 hospit3 cabeca3

concur4 grupo4 medico4*

214intern1 crise1 voltar2 fazer2 hospit3 curar3 precis4

qualid4*

223perdid1 depres1 vitori2 amor2 horror3 saudad3 livre4 caps4*

222pertub1 louco1 doido1 sair2 fugir2 seguir2 casa2 famili2

esquec3 infeli3 hospit3 nascer4 conhec4 caps4*

221bagunc1 droga1 voltar2 casa2 famili2 casa2 famili2 crise3

hospit3 tedio3 trabal4 humano4 espera4*

222vida1 roubo1 confus1 mental1 voltar2 famili2 namora2

loucur3 piraca3 drogas3 descon4 inexis4 comuni4*

223existe1 mentir1 triste1 recaid2 saudad2 amigo2 doença3

loucur3 depend3 novida4 transf4 vida4*

222pertub1 ansios1 distan1 casa2 caps2 tratam2 dor3 remedi3

desesp3 angust3 cura4 bairro4 empreg4*

221vazio1 transt1 cansaç1 retorn2 conqui2 nunca3 pavor3

melhor4 faculd4*

223doença1 segred1 famili2 caps2 sempre3 triste3 remedi4

melhor4*

221esquec1 desemp1 anorma1 empreg2 tratam2 espera2 estuda2

vazio3 desacr3 recaid3 salvac4 socied4 busca4*

222porrad1 precon1 ajuda1 famili2 namora2 cachor2 carro2

infern3 prisao3 odeio3 renova4 acredi4*

222pertub1 mental1 empreg2 oportu2 melhor3 caos3 desacr3

acredi4 mudanç4 serviç4*

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224medo1 solida1 empreg2 sabedo2 aprove2 pesada3 sobrev3

desuma3 melhor4 acredi4*

222confus1 trabal1 choro1 silenc2 revolu2 dor3 violen3 retorn3

acao4 tratam4*

224doidic1 retard1 mental1 sobrev2 rumo2 otimo2 precis3 crise3

cura3 retorn3 saber4 espera4 medico4*

223teste1 dor1 casa2 caps2 ridicu3 vivenv3 novo4 felici4*

214pertub1 crise1 hospi1 voltar2 sonhar2 sofrim3 desord3 medo3

famili4 bondad4*

212surto1 cabeça1 trabal2 amigo2 famili2 prisao3 fim3 tortur3

caps4 grupos4*

212exclui1 vago1 oca1 desejo2 sonhar2 tratam2 social2 cuidad3

abrigo3 loucur3 salvar4 prefei4 melhor4*

223descon1 doidic1 mental1 liberd2 otimo2 tratam3 crise3 cura3

sonho4 uniao4*

212doenca1 mental1 tratam2 retorn2 ruim3 loucur3 desejo4

melhor4*

221doenca1 descon1 casa2 tratam2 remedi3 luto3 espera4

caminh4*

223pertub1 dor1 famili2 lazer2 vida2 longa3 malvada3 ato4

atitud4*

212perda1 rua1 casa2 tratam2 escura3 morte3 espera4 saude4*

223distan1 descri1 rua2 melhor2 desejo2 bom3 cura3 salvac4

resgat4*

212confus1 descon1 liberd2 escolh2 cura3 crise3 atitud4

uniao4*

234mental1 doenca1 famili2 casa2 remedi3 medico3 confia4

respei4*

232confus1 estrag1 empreg2 estuda2 necess3 crise3 povo4

tratam4*

231vergon1 precon1 novo2 reviver2 vida2 precis3 crise3 políti4

saúde4*

234dor1 solida1 pertub1 visao2 novo2 precis3 cabeça3 loucur3

melhor4 acredi4*

231estran1 anorma1 capaz2 estuda2 cura3 tratam3 basica4

salvac4*

232 doido1 pensam1 desorg1 voltar2 melhor2 remedi3 enferm3

espera4 comuni4*

232condic1 mental1 tratam2 retorn2 ruim3 loucur3 desejo4

melhor4*

233surto1 tratam1 viver2 novo2 tratam3 acolhe3 grupo4 satisf4*

233descon1 maluco1 liberd2 satisf2 crise3 melhor3 remedi4

união4*

232pertub1 desorg1 conqui2 avanco2 medico3 hospit3 novida4

servic4*

233perdid1 dopado1 modelo2 comuni2 melhor3 cuidad3 tratam3

famili4 espera4*

232maluco1 doidao1 liberd2 caps2 tratam3 itenso3 forma4 boa4*

233precon1 desemp1 alivio2 cresci2 hospit3 cuidad3 doença3

empreg4 salvac4*

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211confus1 crise1 novo2 fecham2 capaz2 caos3 melhor3 mudanc4

acredi4*

214doido1 doidic1 maluco1 casa2 caps2 lesada3 prisao3 feliz3

fazer4 cura4*

232hospit1 depend1 sair2 fugir2 tratam3 fechad3 espera4

cuidad4*

214tremed1 depres1 caps2 tratam2 satisf3 melhor3 doente4

cura4*

233desorg1 torta1 reside2 voltar2 doenca3 clinic3 visao4

felici4*

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ANEXO II - IMPOT

TRI-DEUX Version 2.2

IMPortation des MOTs d'un fichier de questions ouvertes

ou de mots associ‚s … un stimulus - janvier 1995

Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V

12 rue Cujas - 75005 PARIS

Programme IMPMOT

Le fichier de sortie mots courts tri‚s est talpsr.DAT

et servira d'entr‚e pour TABMOT

Le fichier de position en sortie sera talpsr.POS

et servira d'entr‚e pour TABMOT

Le fichier d'impression est talpsr.IMP

Position de fin des caract‚ristiques 3

Nombre de lignes maximum par individu 3

Le stimulus est en fin de mot et sera report‚

en fin de caract‚ristiques … la position 4

il sera laiss‚ en fin de mot

Nombre de lignes lues en entr‚e 80

Nombre de mots ‚crits en sortie 822

Nombre de mots de longueur sup‚rieure … 10 = 0

seuls les 10 premiers sont ‚t‚ imprim‚s

D‚coupage en mots termin‚

Tri termin‚

Les mots sont mis en 4 caractŠres

Impression de la liste des mots

abrigo3 abri 1 abstra1 abst 3 acao2 acao 2 acao4 aca1

1

acolhe3 acol 1 acredi4 acre 5 adapta4 adap 1 agir2 agir

1

agress1 agre 1 agress3 agr1 1 ajuda1 ajud 1 alegri1 aleg

1

alegri4 ale1 2 alivio2 aliv 1 alucin1 aluc 1 amarra3 amar

1

amigo2 amig 2 amor2 amor 1 amor4 amo1 2 angust1 angu

1

angust3 ang1 3 anorma1 anor 2 ansied1 ansi 1 ansios1 ans1

1

antiga3 anti 1 aposen1 apos 1 aprove2 apro 1 arcaic3 arca

1

arte2 arte 1 ascenc2 asce 1 asilo1 asil 1 asilo3 asi1

1

assist2 assi 2 assist4 ass1 1 atitud4 atit 2 ato4 ato4

1

avanco2 avan 1 azar1 azar 1 a‡ao4 a‡ao 1 bagunc1 bagu

1

bairro4 bair 1 basica4 basi 1 boa2 boa2 1 boa4 boa1

1

bom3 bom3 1 bondad4 bond 1 busca4 busc 1 cabeca3 cabe

1

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cabe‡a1 cab1 1 cabe‡a3 cab2 1 cachor2 cach 1 caminh4 cami

2

cansa‡1 cans 1 caos3 caos 2 capaz2 capa 2 caps2 cap1

6

caps4 cap2 8 carro2 carr 1 casa2 casa 17 choro1 chor

1

cidada4 cida 1 clausu1 clau 1 clinic3 clin 1 coeren3 coer

1

coeren4 coe1 1 coleti3 cole 1 comple2 comp 1 compro2 com1

1

comuni2 com2 4 comuni4 com3 2 concur4 conc 1 condic1 con1

1

confia4 con2 1 confus1 con3 5 conhec4 con4 2 conqui2 con5

2

contro2 con6 1 corren3 corr 1 cresci2 cres 1 crise1 cris

4

crise3 cri1 10 cuidad1 cuid 1 cuidad2 cui1 1 cuidad3 cui2

3

cuidad4 cui3 3 cuidar4 cui4 2 cura3 cura 7 cura4 cur1

3

curar3 cur2 1 debate4 deba 1 depend1 depe 1 depend3 dep1

1

depres1 dep2 3 desaba2 desa 1 desacr3 des1 2 desafi1 des2

1

desafi2 des3 1 desass2 des4 1 descon1 des5 6 descon4 des6

2

descri1 des7 2 desejo2 des8 2 desejo4 des9 3 desemp1 es10

2

desequ1 es11 1 desesp1 es12 3 desesp3 es13 1 desesp4 es14

1

desest1 es15 1 desord1 es16 4 desord3 es17 1 desorg1 es18

4

desori1 es19 1 despro1 es20 1 despro2 es21 1 destru3 es22

1

desuma3 es23 4 difere1 dife 1 dignid4 dign 1 distan1 dist

2

doenca1 doen 6 doenca3 doe1 1 doente1 doe2 2 doente4 doe3

1

doen‡a1 doe4 1 doen‡a3 doe5 2 doidao1 doid 1 doidao3 doi1

1

doidic1 doi2 4 doido1 doi3 6 doloro3 dolo 1 dopada3 dopa

1

dopado1 dop1 1 dor1 dor1 4 dor3 dor1 12 dor4 dor2

1

droga1 drog 1 drogas3 dro1 1 emanci4 eman 1 emocao1 emoc

1

empreg2 empr 4 empreg4 emp1 2 enferm3 enfe 1 equipe2 equi

1

equipe4 equ1 1 escolh2 esco 1 escura3 esc1 3 escuri1 esc2

1

escuri3 esc3 1 escuro1 esc4 1 espera2 espe 3 espera4 esp1

10

esquec1 esqu 1 esquec3 esq1 1 estrag1 estr 1 estran1 est1

1

estuda2 est2 3 eu2 eu2 1 excess3 exce 1 exclui1 exc1

1

exclus1 exc2 2 existe1 exis 1 faculd4 facu 1 falhas3 falh

1

falta3 fal1 1 famili2 fami 16 famili4 fam1 5 fantas4 fant

1

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fazer2 faze 1 fazer4 faz1 1 fechad3 fech 1 fecham2 fec1

1

felici2 feli 1 felici4 fel1 3 feliz3 fel2 1 filas3 fila

1

filho2 fil1 2 filho4 fil2 1 fim3 fim3 1 forma4 form

1

fugir2 fugi 2 futuro4 futu 1 grupo4 grup 2 grupos4 gru1

1

horror3 horr 1 hospi1 hosp 1 hospit1 hos1 1 hospit3 hos2

8

humani2 huma 2 humani3 hum1 1 humani4 hum2 6 humano2 hum3

1

humano4 hum4 2 ideal4 idea 1 igeja4 igej 1 import4 impo

1

incomp1 inco 1 incomp4 inc1 1 inexis4 inex 1 infeli3 infe

1

infern3 inf1 1 insani1 insa 3 inscon1 ins1 1 intern1 inte

1

inutil3 inut 1 isolam1 isol 1 isolam3 iso1 2 itenso3 iten

1

lazer2 laze 1 lei4 lei4 2 leis2 lei1 1 lesada3 lesa

1

liberd1 libe 1 liberd2 lib1 19 liberd4 lib2 2 livre4 livr

1

loboto3 lobo 1 longa3 long 1 louco1 louc 1 loucur3 lou1

8

luta1 luta 1 luta4 lut1 5 luto3 lut2 1 luz2 luz2

3

luz4 luz1 1 maldic1 mald 1 maluco1 mal1 3 malvada3 mal2

1

marido2 mari 1 masacr3 masa 1 medico3 medi 4 medico4 med1

2

medo1 med2 3 medo3 med3 1 melhor2 melh 3 melhor3 mel1

5

melhor4 mel2 8 mental1 ment 9 mentir1 men1 1 modelo2 mode

1

modern4 mod1 1 moradi2 mora 3 moral3 mor1 1 morte3 mor2

2

mudanc4 muda 8 mudan‡4 mud1 2 musica1 musi 1 mÆe2 mÆe2

1

nada1 nada 1 namora2 namo 2 nascer4 nasc 1 necess2 nece

1

necess3 nec1 3 novida2 novi 2 novida4 nov1 2 novo2 nov2

5

novo4 nov3 3 nunca3 nunc 1 obriga3 obri 1 oca1 oca1

1

odeio3 odei 1 opcao4 opca 1 oportu2 opor 2 otimo2 otim

2

patolo1 pato 1 pavor3 pavo 1 pensam1 pens 1 perda1 perd

3

perda3 per1 2 perdid1 per2 4 pertub1 per3 9 pesada3 pesa

1

piraca3 pira 1 poder2 pode 2 poder4 pod1 1 polemi4 pole

1

politi2 pol1 1 politi3 pol2 1 politi4 pol3 8 pol¡ti4 pol4

1

porrad1 porr 1 povo4 povo 2 prazo3 praz 1 precis3 prec

3

precis4 pre1 1 precon1 pre2 8 prefei4 pre3 1 prisao1 pris

1

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91

prisao3 pri1 11 proces4 proc 1 protag2 pro1 1 protag4 pro2

1

psicos4 psic 1 psiqui3 psi1 1 qualid4 qual 1 realiz2 real

1

realiz4 rea1 1 recaid2 reca 1 recaid3 rec1 1 rede2 rede

1

reform2 refo 1 refugi3 ref1 1 reins4 rein 1 reinse2 rei1

1

reinse4 rei2 2 reinve4 rei3 1 remedi3 reme 6 remedi4 rem1

2

renasc4 rena 1 renova4 ren1 1 resgat4 resg 1 reside2 res1

1

reside4 res2 1 respei4 res3 2 retard1 reta 1 retorn2 ret1

3

retorn3 ret2 2 retroc3 ret3 2 reviver2 revi 1 revolu2 rev1

1

ridicu3 ridi 1 roubo1 roub 1 rua1 rua1 1 rua2 rua1

1

ruim3 ruim 2 rumo2 rumo 1 sabedo2 sabe 1 saber4 sab1

2

sair1 sair 1 sair2 sai1 3 salvac4 salv 4 salvar4 sal1

1

satisf2 sati 1 satisf3 sat1 1 satisf4 sat2 2 saudad2 saud

1

saudad3 sau1 3 saude2 sau2 1 saude4 sau3 1 sa£de4 sa£d

1

segred1 segr 1 seguir2 seg1 1 sempre3 semp 1 servic4 serv

3

servi‡4 ser1 2 silenc2 sile 1 sobrev2 sobr 1 sobrev3 sob1

2

social2 soci 3 socied2 soc1 2 socied4 soc2 1 socorr2 soc3

1

socorr3 soc4 3 sofrim1 sofr 5 sofrim2 sof1 1 sofrim3 sof2

7

solida1 soli 7 solida3 sol1 2 solidi1 sol2 1 sonhar2 sonh

3

sonho4 son1 2 sozinh3 sozi 1 suicid2 suic 1 suicid3 sui1

1

surto1 surt 3 tedio3 tedi 1 territ2 terr 1 teste1 test

1

torta1 tort 1 tortur3 tor1 1 trabal1 trab 2 trabal2 tra1

2

trabal4 tra2 1 traged3 tra3 1 transf4 tra4 2 transt1 tra5

1

transt4 tra6 1 tratam1 tra7 1 tratam2 tra8 8 tratam3 tra9

10

tratam4 ra10 3 tremed1 trem 1 triste1 tris 2 triste3 tri1

1

troca1 troc 1 uniao4 unia 2 uniÆo4 uni1 1 utopia2 utop

1

utopia4 uto1 4 vago1 vago 1 vazio1 vazi 1 vazio3 vaz1

1

vergon1 verg 3 vida1 vida 1 vida2 vid1 5 vida4 vid2

1

violen3 viol 2 visao2 visa 1 visao4 vis1 1 vitori2 vito

1

vivenv3 vive 1 viver2 viv1 2 viver3 viv2 1 voltar2 volt

7

Nombre de mots entr‚s 822

Nombre de mots diff‚rents 404

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92

Impression des tris … plat

Question 015 Position 15 Code-max. 2

Tot. 1 2

822 330 492

100 40.1 59.9

Question 016 Position 16 Code-max. 3

Tot. 1 2 3

822 303 258 261

100 36.9 31.4 31.8

Question 017 Position 17 Code-max. 4

Tot. 1 2 3 4

822 112 383 218 109

100 13.6 46.6 26.5 13.3

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ANEXO III - ANECAR

TRI-DEUX Version 2.2

Analyse des ‚carts … l'ind‚pendance - mars 1995

Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V

12 rue Cujas - 75005 PARIS

Programme ANECAR

Le nombre total de lignes du tableau est de 47

Le nombre total de colonnes du tableau est de 9

Le nombre de lignes suppl‚mentaires est de 0

Le nombre de colonnes suppl‚mentaires est de 0

Le nombre de lignes actives est de 47

Le nombre de colonnes actives est de 9

M‚moire disponible avant dimensionnement 471238

M‚moire restante aprŠs dim. fichiers secondaires 469012

M‚moire restante aprŠs dim. fichier principal 467316

AFC : Analyse des correspondances

*********************************

Le phi-deux est de : 0.342562

Pr‚cision minimum (5 chiffres significatifs)

Le nombre de facteurs … extraire est de 4

Facteur 1

Valeur propre = 0.172904

Pourcentage du total = 50.5

Facteur 2

Valeur propre = 0.057996

Pourcentage du total = 16.9

Facteur 3

Valeur propre = 0.039347

Pourcentage du total = 11.5

Facteur 4

Valeur propre = 0.034635

Pourcentage du total = 10.1

Coordonn‚es factorielles (F= ) et contributions pour le facteur (CPF)

Lignes du tableau

*---*------*----*------*----*------*----*------*----*

ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF

*---*------*----*------*----*------*----*------*----*

acre -728 45 176 8 1 0 186 15 acredi4

cap1 -531 29 95 3 355 57 211 23 caps2

cap2 -292 12 268 29 64 2 -62 3 caps4

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casa -312 28 73 5 -42 2 -86 11 casa2

com2 529 19 40 0 288 25 50 1 comuni2

con3 -407 14 223 13 -310 36 18 0 confus1

cris -317 7 702 100 276 23 -607 126 crise1

cri1 -199 7 -146 11 -167 21 26 1 crise3

cura -200 5 -354 45 401 84 175 18 cura3

des5 16 0 -242 18 198 18 -42 1 descon1

es16 767 40 309 19 460 63 -61 1 desord1

es18 35 0 -551 62 -474 67 -83 2 desorg1

es23 388 10 -162 5 339 34 153 8 desuma3

doen -62 0 306 29 -212 20 -113 6 doenca1

doi2 -364 9 -75 1 644 124 216 16 doidic1

doi3 177 3 274 23 -300 41 179 16 doido1

dor1 199 11 115 11 -67 5 -74 7 dor1

empr -721 36 -8 0 -167 8 334 38 empreg2

esp1 -91 1 -222 25 -48 2 9 0 espera4

fami -33 0 -44 2 30 1 93 12 famili2

fam1 -206 4 38 0 335 42 -303 39 famili4

hos2 -185 5 35 1 100 6 -35 1 hospit3

hum2 725 54 68 1 70 2 -120 7 humani4

lib1 538 94 13 0 -100 14 212 72 liberd2

lou1 -115 2 136 8 74 3 -87 5 loucur3

lut1 816 57 -351 31 218 18 -262 29 luta4

medi -400 11 155 5 -256 20 -336 38 medico3

mel1 -397 13 -177 8 198 15 -214 19 melhor3

mel2 -429 25 115 5 6 0 187 24 melhor4

ment -621 59 131 8 64 3 231 41 mental1

muda 511 36 1 0 -139 12 -29 1 mudanc4

nov2 -188 3 -562 80 -24 0 -425 77 novo2

per2 -61 0 -421 36 94 3 -145 7 perdid1

per3 -229 8 69 2 55 2 301 69 pertub1

pol3 687 64 98 4 -128 10 123 10 politi4

pre2 413 23 -229 21 133 11 -104 7 precon1

pri1 465 41 88 4 -14 0 131 16 prisao3

reme -431 19 -162 8 -360 58 129 8 remedi3

salv -517 18 -748 114 50 1 -182 11 salvac4

sofr 671 38 315 25 232 20 -214 20 sofrim1

sof2 579 40 146 8 71 3 77 4 sofrim3

soli -16 0 272 26 -164 14 -66 3 solida1

tra8 -494 33 295 35 -159 15 -119 10 tratam2

tra9 125 3 -438 98 -133 13 223 42 tratam3

uto1 733 37 231 11 -395 47 -219 16 utopia4

vid1 -67 0 -444 50 -298 33 -452 87 vida2

volt -548 36 66 2 41 1 -225 30 voltar2

*---*------*----*------*----*------*----*------*----*

* * *1000* *1000* *1000* *1000*

*---*------*----*------*----*------*----*------*----*

Modalit‚s en colonne

*---*------*----*------*----*------*----*------*----*

ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF

*---*------*----*------*----*------*----*------*----*

0151 739 419 50 6 24 2 29 3

0152 -489 277 -33 4 -16 1 -19 2

0161 136 12 373 268 153 67 -283 260

0162 -386 83 -16 0 101 25 313 273

0163 175 22 -322 223 -215 147 13 1

0171 -375 42 -264 62 -238 75 -491 362

0172 151 21 211 120 -224 200 142 91

0173 273 35 -414 238 444 404 -0 0

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0174 -588 89 321 78 265 79 78 8

*---*------*----*------*----*------*----*------*----*

* * *1000* *1000* *1000* *1000*

*---*------*----*------*----*------*----*------*----*

Fin normale du programme

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ANEXO IV – PARECER COMITÊ DE ÈTICA