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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO MARIA DE LOURDES AMARAL BERNARDINO VIABILIDADE DE ANTICORPOS IgY DE GALINHAS HIPERIMUNIZADAS CONTRA EXOANTÍGENOS DE Sporothrix spp. NO DIAGNÓSTICO DA ESPOROTRICOSE E INIBIÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO FUNGO CAMPOS DOS GOYTACAZES 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

MARIA DE LOURDES AMARAL BERNARDINO

VIABILIDADE DE ANTICORPOS IgY DE GALINHAS HIPERIMUNIZADAS

CONTRA EXOANTÍGENOS DE Sporothrix spp. NO DIAGNÓSTICO DA

ESPOROTRICOSE E INIBIÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO FUNGO

CAMPOS DOS GOYTACAZES 2014

MARIA DE LOURDES AMARAL BERNARDINO

VIABILIDADE DE ANTICORPOS IgY DE GALINHAS HIPERIMUNIZADAS CONTRA

EXOANTÍGENOS DE Sporothrix spp. NO DIAGNÓSTICO DA ESPOROTRICOSE E

INIBIÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO FUNGO

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência Animal na área de

Doenças Infecto-contagiosas e Parasitárias dos

Animais, do Centro de Ciências e Tecnologias

Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro como parte dos

requisitos para obtenção do título de Doutor em

Ciência Animal.

Orientador: Prof. Olney Vieira da Motta

CAMPOS DOS GOYTACAZES 2014

MARIA DE LOURDES AMARAL BERNARDINO

VIABILIDADE DE ANTICORPOS IgY DE GALINHAS HIPERIMUNIZADAS CONTRA

EXOANTÍGENOS DE Sporothrix spp. NO DIAGNÓSTICO DA ESPOROTRICOSE E

INIBIÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO FUNGO

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal na área de Doenças

Infecto-contagiosas e Parasitárias dos Animais, do Centro

de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade

Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como parte

dos requisitos para obtenção do título de Doutor em

Ciência Animal.

Aprovada em 18 de dezembro de 2014.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Eulógio Carlos Queiroz de Carvalho (Doutor, Patologia – Anatomia Patológica) – LMPA/CCTA/UENF

Prof. Milton Masahiko Kanashiro (Doutor, Biociências e Biotecnologia) – LBR/CBB/UENF

Profa. Regina Célia de Souza Campos Fernandes (Doutora, Medicina) - FMC

Prof. Olney Vieira da Motta (Doutor, Biociências e Biotecnologia) – LSA/CCTA/UENF ORIENTADOR

Aos meus pais,

Dorival e Rosane, ao Martinho e ao nosso filho, Bernardo,

amor das nossas vidas.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter sido a minha força e a minha fortaleza, por ter

proporcionado todos os “encontros” de que necessitei para a execução deste

trabalho.

Este trabalho não seria possível sem a ajuda das pessoas que me

deram apoio técnico e pessoal no decorrer deste curso. Por isto, agradeço

especialmente:

Ao professor Olney Vieira da Motta, do Laboratório de Sanidade Animal

do Centro de Ciências Tecnológicas e Agropecuárias da Universidade Estadual do

Rio de Janeiro (UENF), pela oportunidade, orientação e compreensão dispensada

no decorrer do curso.

Aos professores Milton Masahiko Kanashiro, do Laboratório de

Biologia do Reconhecer, CBB/UENF e Eulógio Carlos Queiroz de Carvalho do

Laboratório de Morfologia e Patologia Animal do CCTA/UENF tanto pela participação

neste trabalho quanto pela contribuição em minha formação profissional. À

professora Regina Célia de Souza Campos Fernandes (Faculdade de Medicina de

Campos) pela participação na banca de avaliação e contribuições prestadas. Pelas

análises estatísticas, ao professor Cláudio Luiz Melo de Souza (LEAG/CCTA/UENF).

Ao apoio financeiro da FAPERJ (Fudação de Amparo à Pesquisa do

Estado do Rio de Janeiro), processo E-26/110.611/2012.

Ao David Gitirana (doutorando do LBR/CBB/UENF) por toda a ajuda

prestada desde a aquisição das aves para o experimento até os ensinamentos

técnicos de obtenção dos anticorpos IgY e testes de ELISA, muito obrigada pela

paciência e pela boa vontade com que sempre me atendeu.

Ao Arthur Rodrigues (LBCT/CBB/UENF) e Zila Sousa de Macedo

(LBT/CBB/UENF) pelos ensinamentos da técnica de eletroforese.

À colega Dra. Cláudia Costa de Almeida (LSA/CCTA/UENF), pela

amizade e ensinamentos da técnica de western blot.

Ao professor Carlos Jorge Logullo de Oliveira (LQFPP/CBB/UENF) e

colegas do setor, Josias Alves Machado (LCCA) e Newton Ruiz (doutorando

LQFPP), pelo apoio na aquisição e alojamento dos coelhos.

Às alunas da Escola Técnica Estadual João Barcelos Martins, Roberta

e Letícia Nascimento, pelo apoio nos cuidados com as aves e coleta dos ovos.

Ao doutorando, Anderson Barros, do Laboratório de Clínica e Cirurgia

Animal (LCCA/CCTA/UENF), pela doação dos soros felinos negativos. À Dra.

Mariane Távora e Dr. Valmir Laurentino Silva (FioCruz), pelos soros caninos de área

endêmica, positivos e negativos para leishmaniose. À médica veterinária Aline Lippi

(APA/Campos dos Goytacazes/RJ) pela permissão da coleta de sangue de cães da

APA e apoio técnico no Relato de Caso 2 deste experimento.

Ao apoio técnico nas análises histopatológicas, nas pessoas de

Luciano Grillo de Almeida e Luciana da Silva Lemos (TNS/LMPA/CCTA/UENF), nas

análises de imunohistoquímica: Maria Aparecida da Silva (doutoranda LMPA) e

Rachel Bittencourt Ribeiro (aluna de residência do LMPA); preparo das lâminas,

Elizabeth Gonçalves Pires (Auxiliar técnica LMPA) e fotografias, Hassan Jerdy

Leandro (mestrando LMPA).

Em momentos variados, ao apoio dos colegas Thiago da Silva Correa

(LMRGA/CCTA/UENF), professora Fernanda Antunes (LCCA/CCTA/UENF),

médicas veterinárias Maria Angélica Dutra Viestel (LCCA/CCTA/UENF), Fernanda

Ribeiro e Maria Clara (alunas de residência do LCCA), às colegas de doutorado

Luciana Mathias e Luize Néli (LSA/CCTA/UENF).

À colega Sueli Rosa Marins (LSA/CCTA/UENF) pelo apoio na limpeza

e esterilização de materiais.

À colega Gina Nunes Teixeira (TNS/CCTA/LSA/UENF) pela

contribuição em minha formação profissional, assim como, pela amizade e apoio

tanto técnico quanto no âmbito pessoal, a sua ajuda foi fundamental para este

empreendimento ir a termo. Agradecimento estendido à sua família, Prof. Leonardo

Serafim da Silveira (LMPA/CCTA/UENF), Laura e Luíza.

Ao meu marido, Martinho, agradeço pela paciência, pela preocupação

e ao apoio que me deu no decorrer do curso.

Ao meu filho, Bernardo, apesar de ainda criança, a compreensão da

minha ausência e, sem reclamar por atenção, pelas vezes que me deixou sozinha e

ficou quietinho para que eu pudesse estudar em casa. Te agradeço pelas muitas

vezes em que me acompanhou até a UENF tanto à noite, após as suas aulas,

quanto finais de semana. Os vídeo games facilitaram a nossa vida!

À Nete, a tranquilidade que me deu ao cuidar bem do meu filho e

contribuir para que tudo corresse bem no dia-a-dia da minha casa.

Aos meus pais, irmãos, Cida e tia Laia, pela torcida de que todas as batalhas

fossem vencidas e pela amizade e carinho que sempre deram. À Cida (Maria

Aparecida Fonseca do Amaral), agradeço a amizade de uma vida inteira e, por fim, o

presente de ter tido a sua presença no dia da minha defesa.

“O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim: esquenta e esfria,

aperta e daí afrouxa,

sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem”

João Guimarães Rosa

O Senhor é o meu pastor;

nada me faltará.

Ele me faz repousar

em pastos verdejantes.

Leva-me para junto

das águas de descanso;

Refrigera-me a alma.

guia-me pelas veredas da justiça

por amor do seu nome.

Ainda que eu ande

pelo vale da sombra da morte,

Não temerei mal nenhum,

porque tu estás comigo;

o teu bordão e o teu cajado me consolam.

Preparas-me uma mesa

na presença dos meus adversários,

Unges-me a cabeça com óleo;

0 meu cálice transborda.

Bondade e misericórdia

certamente me seguirão

todos da minha vida;

e habitarei na Casa do Senhor

para todo o sempre.

(Salmo 23, 1-6)

RESUMO

A esporotricose é uma zoonose de grande importância no estado do Rio de Janeiro

e no país. Antígenos (AG) de leveduras e de micélio de Sporothrix schenckii ATCC

32285 e AG de levedura de cepa clínica foram submetidos a métodos de extração

física e química para estudos imunológicos através dos testes de ELISA, western

blot, imunohistoquímica e testes de inibição de crescimento. Animais experimentais,

galinhas poedeiras e coelhos foram imunizados, individualmente, com 200 μg de

proteína total de cada antígeno/imunização, a cada 21 dias de intervalo, totalizando

nove imunizações para as aves e cinco para os coelhos. A titulação de anticorpos

(AC) nestes modelos foi acompanhada por ELISA e foi observado que após a

terceira imunização já havia produção de anticorpos, tanto IgY quanto IgG, com

títulos satisfatórios para os testes imunológicos. Ensaios de ELISA, mostraram

reação cruzada entre AG (LSs, MSs e LSc) e AC (IgY anti-LSs, anti-MSs, anti-LSc;

IgG anti-LSs, anti-MSs, anti-LSc). Ensaios de western blot entre AC de animais

imunizados e AG de LSs, MSs e LSc mostraram que as bandas foram mais intensas

quando utilizado o AG LSc para sensibilização. Nas membranas sensibilizadas com

AG de leveduras houve o reconhecimento de várias bandas e nas sensibilizadas

com AG MSs poucas bandas proteicas reconhecidas. Quando confrontados o AG

MSs e anticorpos IgY, a banda de 64 – 49 kDa foi imunodominante e a única não

reconhecida pela IgY pré-imune. No ensaio de imunohistoquímica, os AC IgY

(5μg/mL) anti-LSs, anti-LMSs, anti-LSc ou IgG (1:500) anti-LSs, MSs e LSc testados

em pele de felinos positivos para esporotricose mostraram o reconhecimento

específico de leveduras de Sporothrix spp. pelos AC específicos e nenhum

reconhecimento por parte dos AC pré-imunes. Não foi observada nenhuma reação

cruzada entre AC específicos, IgY ou IgG, e formas amastigotas de Leishmania spp.

em seções de pulmão de cão positivo para leihsmaniose. Para avaliar o potencial

dos AC IgY na imunidade passiva da esporotricose, ensaios de inibição de

crescimento, in vitro, mostraram que houve inibição significativa (p<0,05) das

leveduras de S. schenckii ATCC 32285 e de Sporothrix spp., em caldo YPD, após

incubação 37oC com os AC imunes IgY anti-LSs, anti-LMSs ou anti-LSc (1mg/mL)

até 44 horas. Os AG produzidos também foram testados com soros de cão e gatos

positivos para esporotricose através de ensaios de ELISA e western blot. As bandas

de 64-49 kDa foram imunodominantes perante AC imunes e soros de animais

positivos nas membranas sensibilizadas com AG de LSs, MSs e LSc. A

diferenciação entre animais positivos e negativos pelo teste de western blot foi

melhor frente a AG de leveduras de S. sckenckii ATCC 32285. Foram relatados dois

casos clínicos, o de um canino com esporotricose de mucosa com diagnóstico

confirmado por ELISA e western blot utilizando os AG obtidos neste trabalho, devido

à impossibilidade de isolamento do agente. No outro caso relatou-se a transmissão

zoonótica onde houve isolamento do fungo por meio de cultivo tanto de material

extraído de felino quanto de biópsia da paciente humana, além de

imunohistoquímica positiva utilizando AC desenvolvidos neste trabalho.

Palavras-chave: DIAGNÓSTICO, ESPOROTRICOSE, ELISA, WESTERN BLOT,

ZOONOSE.

ABSTRACT

Sporothrichosis is a zoonotic disease with relevance in Rio de Janeiro state and

Brazil. Yeast and mycelium antigens (AG) from Sporothix schenckii ATCC 32285 and

yeast AG from clinical strain were submitted to physical and chemical extraction

methods for immunological studies by using ELISA, western blot,

immunohistochemistry and growth inhibition tests. Experimental animals (hens and

rabbits) were immunized with 200 μg of total protein of each antigen per

immunization, at 21 days interval, totalizing nine immunizations for hens and five for

rabbits. Antibodies (AB) titrations were followed by ELISA and after the third

immunization step the IgG and IgY titration was satisfactory. ELISA assays showed

cross reaction with AG (LSs, MSs and LSc) and AB (IgY anti-LSs, anti-MSs, anti-LSc;

IgG anti-LSs, anti-MSs, anti-LSc). By western blot assay among LSs, MSs and LSc

AG and immune AB showed that reactions were more intense when the sensitizing

AG was the LSc. There was a variety of bands recognized in sensitized strips with

yeast antigens and few protein bands recognized in the membranes coated with

MSs. For MSs AG x IgY pre and post-immune, the band profile between 64-49 kDa

were immunodominant because it was the only one not recognized by pre immune

IgY. By immunohistochemistry assay the IgY AB (5μg/mL) anti-LSs, anti-LMSs, anti-

LSc or IgG (1:500) anti-LSs, MSs and LSc tested in sporothrichosis-positive cat skin

showed specific reaction by the specific AB and negative towards pre-immunization

AB. No cross reaction between specific AB, IgY or IgG, was observed towards

leishmaniosis-positive tissues samples of dogs by immunohistochemistry assay. In

order to investigate passive immunity of sporothrichosis, an inhibition assay was

conducted in YPD broth, and showed a significant (p<0,05) growth inhibition of both

yeast strains (ATCC 32285 and clinical) at 37 ºC until 44 hours of incubation. The AG

produced in this work were contrasted towards sporothrichosis-positive serum

samples from dog and cats by ELISA and western blot. A band profile of 64-49 kDa

was immunodominant in the presence of immune AB and towards positive-serum in

the sensitized membranes with LSs, MSs and LSc AGs. Differentiation between

positive and negative animals by western blot assay was superior towards yeast AG

from S. sckenckii ATCC 32285. Two clinical cases were described, one from a dog

with mucosal sporothricosis confirmed by ELISA and western blot by using the AG

developed in the present work, due to the impossibility of isolation of the agent. The

second related case was a zoonotic transmission, confirmed by culture of both

samples, from cat and human biopses fragments, besides immunohistochemistry

assay utilizing AC developed in the present work.

Keywords: DIAGNOSTIC, SPOROTHRICOSIS, ELISA, WESTERN BLOT,

ZOONOSIS.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Etapa de imunização das aves no músculo peitoral. 200 µg de

proteína do extrato antigênico/imunização em intervalos de 21

dias...............................................................................................................

70

Figura 2: Perfil eletroforético dos extratos proteicos de leveduras de S.

schenckii (LSs), Sporothrix spp. (LSc) e micélio de S. schenckii (MSs) (40

μg/raia). PM: padrão de peso molecular. .................................................

84

Figura 3: Perfil eletroforético de amostras das soluções de IgY extraídas

de gemas de ovos pré-imunes (raia 1, 20 μg) e pós-imunização: IgY anti-

LSs (raia 2, 30 μg), IgY anti-MSs (raia 3, 20 μg) e IgY anti-LSc (raia 4, 30

μg). PM: peso molecular..............................................................................

85

Figura 4: Titulação, por ELISA, dos anticorpos IgY séricos de galinhas

específicos para extratos proteicos de S. schenckii e Sporothrix spp. pré

e pós- imunizações. A: levedura de S. schenckii (IgY anti-LSs), B: micélio

de S. schenckii (IgY anti-MSs) e C: levedura de Sporothrix spp. (IgY anti-

LSc). Diluição do soro: 1:500.......................................................................

86

Figura 5: Titulação, por ELISA, de anticorpos IgY das soluções

purificadas das gemas específicos para extratos proteicos de S.

schenckii e Sporothrix spp. pré e pós- imunizações. A: levedura de S.

schenckii (IgY anti-LSs), B: micélio de S. schenckii (IgY anti-MSs) e C:

levedura de Sporothrix spp. (IgY anti-LSc). Diluições seriadas a partir de

um volume de 100 µl contendo 80 µg de solução de IgY/mL......................

87

Figura 6: Titulação, por ELISA, dos anticorpos IgG séricos de coelhos

específicos para extratos proteicos de S. schenckii e Sporothrix spp. pré

e pós- imunizações. A: levedura de S. schenckii (IgG anti-LSs), B:

micélio de S. schenckii (IgG anti-MSs) e C: levedura de Sporothrix spp.

(IgG anti-LSc). Diluição do soro: 1:500........................................................

88

Figura 7: Resultados médios de absorvância do ELISA indireto

cruzando anticorpos IgY (4 µg de proteína/poço) das gemas após a

terceira imunização x antígenos de S. schenckii ou Sporothrix spp. LSs:

antígeno de leveduras de S. schenckii; MSs: antígenos de micélio de S.

schenckii e LSc: antígenos de leveduras de Sporothrix spp......................

89

Figura 8: Resultados médios de absorvância do ELISA indireto

cruzando anticorpos IgG (1:500) após a terceira imunização x antígenos

de S. schenckii ou Sporothrix spp. LSs: antígeno de leveduras de S.

schenckii; MSs: antígenos de micélio de S. schenckii e LSc: antígenos

de leveduras de Sporothrix spp. ................................................................

90

Figura 9: Reconhecimento das moléculas antigênicas por anticorpos

das soluções de IgY das gemas (20 μg/mL) por meio da técnica de

western blot. (A) Tiras sensibilizadas com extratos proteicos de

leveduras de S. schenckii (LSs), (B) extratos proteicos de leveduras de

Sporothrix spp. (LSc) e (C) extratos proteicos de micélio de S. schenckii

(MSs). Linhas 1, 5 e 9: IgY pré-imunização. Linhas 2, 6 e 10: IgY anti-

MSs. Linhas 3, 7 e 11: IgY anti-LSs. Linhas 4, 8 e 12: IgY anti-LSc. PM:

peso molecular (kDa).................................................................................

91

Figura 10: Reconhecimento das moléculas antigênicas por anticorpos

IgG de coelhos (1:2000) por meio da técnica de western blot. (A) Tiras

sensibilizadas com extratos proteicos de leveduras de S. schenckii

(LSs), (B) extratos proteicos de leveduras de Sporothrix spp. (LSc) e (C)

extratos proteicos de micélio de S. schenckii (MSs). PI: IgG pré-imune.

Linhas 1, 4 e 7: IgG anti-MSs; linhas 2, 5 e 8: IgG anti-LSs; linhas 3, 6 e

9: IgG anti-LSc. PM: peso molecular. ........................................................

92

Figura 11: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de

gatos negativos e positivos para esporotricose por meio da técnica de

western blot. Tiras sensibilizadas com antígenos de leveduras de S.

schenckii ATCC 32285. Diluição do soro: 1:300........................................

94

Figura 12: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de

gatos negativos (linhas 1- 19) e positivos (linhas 20 – 26) para

esporotricose por meio da técnica de western blot. Tiras sensibilizadas

com antígenos de leveduras de Sporothrix spp. Diluição do soro: 1:300.

PM: peso molecular (kDa)..........................................................................

95

Figura 13: Reconhecimento das moléculas antigências por soros de

gatos negativos (linhas 1-20) e soros de gatos positivos (linhas 21 – 26)

para esporotricose por meio da técnica de western blot. Tiras

sensibilizadas com antígenos de micélio de S. schenkii ATCC 32285.

Diluição do soro: 1:300. PM: peso molecular (kDa)...................................

96

Figura 14: Reconhecimento das moléculas antigências por soros de

cães negativos (linhas 1-18) e soro de cão positivo (linhas 19) para

esporotricose versus antígeno de micélio de S. schenkii ATCC 32285.

PM: peso molecular (kDa). Diluição do soro: 1:300...................................

97

Figura 15: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de

cães negativos e positivo para a esporotricose por meio da técnica de

western blot. (A) Versus antígeno de leveduras de S. schenckii:

amostras 1 – 10, soros de cães negativos, amostra 11: soro de cão

positivo. (B) Versus antígeno de leveduras de Sporothrix spp.: amostras

1 – 8, soros de cães negativos, amostra 9: soro de cão positivo. PM:

peso molecular. Diluição do soro: 1:300. ..................................................

98

Figura 16: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de

animais positivos para esporotricose, antissoro de coelho e IgY imune

antiantígenos de leveduras de S. schenckii ATCC 32285 por meio da

técnica de western blot. Tiras sensibilizadas com antígenos de

leveduras de S. schenckii ATCC 32285. PM: peso molecular; linha 1:

IgG de coelho anti-LSs (1:2000); linha 2 IgY anti-LSs (20 μg/mL); linha

3: soro de cão (1:300) com esporotricose; linhas 4-10: soros de gatos

(1:300) positivos para esporotricose..........................................................

99

Figura 17: Fotomicrografia: imunohistoquímica para marcação de

leveduras de Sporothrix spp. em pele de gato. Formações

leveduriformes sem marcação (setas) nos tratamentos Controle e IgY

PI. Formações leveduriformes marcadas (setas) por anticorpos IgY

antiantígenos do Sporothrix spp. Controle= sem anticorpo; IgY PI= IgY

pré-imunização; IgY anti-LSs= IgY antiantígenos de leveduras de S.

schenckii, IgY anti-MSs= IgY antiantígenos de micélio de S. schenckii,

IgY anti-LSc= IgY antiantígenos de leveduras de Sporothrix spp. (IgY: 5

μg/mL). Barra: 50 µm.................................................................................

101

Figura 18: Fotomicrografia: imunohistoquímica para marcação de

leveduras de Sporothrix spp. em pele de gato. Formações

leveduriformes sem marcação (setas) no tratamento controle (IgG PI).

Formações leveduriformes marcadas (setas) por anticorpos IgG

antiantígenos do Sporothrix spp. IgG PI= IgG pré-imunização; IgG anti-

LSs= IgG antiantígenos de leveduras de S. schenckii, IgG anti-MSs=

IgG antiantígenos de micélio de S. schenckii, IgG anti-LSc= IgG

antiantígenos de leveduras de Sporothrix spp. Diluição do anticorpo:

1:500. Barra: 50 µm...................................................................................

102

Figura 19: Fotomicrografia: imunohistoquímica em fragmentos de

pulmões de cão positivo para leishmaniose visceral com anticorpos IgY

(5 μg/mL). Formas amastigotas de Leishmania spp. sem marcação em

todos os tratamentos (setas). Controle= sem IgY; IgY PI= IgY pré-

imune, IgY anti-LSs= IgY antiantígenos de leveduras de S. schenckii,

IgY anti-MSs= IgY antiantígenos de micélio de S. schenckii, IgY anti-

LSc= IgY antiantígenos de leveduras de Sporothrix spp. Barra: 10 µm....

104

Figura 20: Fotomicrografia: imunohistoquímica em fragmentos de

pulmões de cão positivo para leishmaniose visceral com anticorpos IgG

produzidos em coelhos. (A) IgG pré-imune; (B) IgG antiantígenos

miceliais de S. schenckii. Setas indicam formas amastigotas de

Leishmania spp. sem marcação. Barra: 10 µm..........................................

105

Figura 21: Regressão polinomial das curvas de crescimento do S.

schenckii (A) e Sporothrix spp. (B) frente a anticorpos IgY (1 mg/mL)

pré-imune (PI), anti-LSs, anti-MSs, IgY anti-LSc e Branco (sem solução

de IgY) às 0, 15, 18, 21, 24, 27, 38, 41 e 44 h de incubação a 37oC. ......

107

Figura 22: Dispersão das absorvâncias determinadas por ELISA de

sete amostras sorológicas de gatos com esporotricose comparados com

o grupo controle (gatos saudáveis). (A) Diluição dos soros: 1:900 versus

antígenos de extratos de leveduras de S. schenckii. Cutoff: 0,575 (B)

Diluição dos soros: 1:8100 versus antígenos de extratos de leveduras

de Sporothrix spp. Cutoff: 0,138................................................................

109

Figura 23: Cão (Amostra 1) com suspeita clínica de esporotricose de

mucosa antes e dois meses após o início do tratamento com solução

saturada de iodeto de potássio. ...............................................................

111

Figura 24 : Análise sorológica do cão com esporotricose pelo teste de

ELISA com o antígeno de levedura de S. schenckii. Curva de titulação

de duas amostras, uma amostra pré-tratamento (A) e outra após dois

meses de tratamento (B). ..........................................................................

115

Figura 25: (A) Resultados do teste de ELISA utilizando soros de cão

com histórico de esporotricose e soros de cães sadios versus o

antígeno de levedura de S. schenckii. (B) Versus o antígeno de

levedura de Sporothrix spp. Diluição dos soros: 1:100. ............................

116

Figura 26: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de

cães negativos e positivo para a esporotricose por meio da técnica de

western blot. (A) Versus antígeno de levedura de S. schenckii:

amostras 1 – 10, soros de cães negativos, amostra 11: soro de cão

positivo. (B) Versus antígeno de levedura de Sporothrix spp.: amostras

1 – 8, soros de cães negativos, amostra 9: soro de cão positivo. PM:

peso molecular. Diluição dos soros: 1:300. ...............................................

117

Figura 27: Resultados do teste de ELISA utilizando soros de cães na

diluição 1:100 versus antígeno de levedura de S. schenckii . Amostra 1:

soro de cão positivo para esporotricose pré- tratamento e amostra: 2,

pós-tratamento. Amostra 3: soros de cães positivos para leishmaniose,

amostra 4: soros de cães negativos de zona endêmica de leishmaniose,

amostra 5: soro controle negativo para esporotricose. .............................

118

Figura 28: Face anterior da perna de mulher mordida por gato

positivo para esporotricose. Forma cutânea de esporotricose, antes

(setas) e após (setas) o tratamento com solução saturada de iodeto de

potássio. Setas indicam lesões residuais. ................................................

120

Figura 29: Fotomicrografia de pele de gato com esporotricose.

Infiltrado inflamatório composto por macrófagos repletos de leveduras

(setas) de cor púrpura (B). Hematoxilina-Eosina (A). Ácido Periódico de

Schiff (B). Barra 100 μm.............................................................................

122

Figura 30: Fotomicrografia de pele de humano com esporotricose.

Infiltrado inflamatório composto por macrófagos e neutrófilos. Ausência

de células fúngicas. (A) Hematoxilina-Eosina, (B) Ácido Periódico de

Schiff. Barra 50 μm ...................................................................................

123

Figura 31: Separação eletroforética por SDS-PAGE do extrato de

proteínas de leveduras de Sporothrix schenckii, após 7 dias de cultivo

em caldo cérebro-coração, 120 rpm, 37 ºC. Gel de poliacrilamida (10%).

Extratos proteicos brutos (20 μg de proteínas). P7: Tampão de lise Tris-

Cálcio e P8: Tampão de lise Ureia-Tioureia associados à lise física de

maceração em nitrogênio líquido. PM: Padrão de peso molecular -

Coloração por nitrato de prata. (Adaptada de Rodrigues, 2010). .............

125

Figura 32: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de

gatos (n=21) por meio da técnica de western blot em tiras sensibilizadas

com antígenos de leveduras de S. schenckii ATCC 32285. Diluição do

soro: 1:300. PM: peso molecular (kDa)......................................................

153

Figura 33: Reconhecimento das moléculas antigênicas por 18 soros de

cães negativos (-) e um soro de cão positivo para esporotricose (+) por

meio da técnica de western blot em tiras sensibilizadas com antígenos

de leveduras de S. schenckii ATCC 32285. Diluição do soro: 1:300. PM:

peso molecular (kDa).................................................................................

153

Figura 34: Reconhecimento das moléculas antigênicas por 18 soros de

cães negativos (linhas 1- 8; 11- 20) e um soro de cão positivo para

esporotricose, em duplicata (linhas 9 e 10), versus antígeno de

leveduras de Sporothrix spp. Diluição do soro: 1:300. PM: Padrão de

peso molecular (kDa).................................................................................

154

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Esquema de imunização das galinhas para obtenção de IgY

antiantígenos de Sporothrix schenckii e Sporothrix spp. .......................

71

Tabela 2: Esquema de imunização dos coelhos para obtenção de IgG

antiantígenos de Sporothrix schenckii e Sporothrix spp. ........................

73

Tabela 3: Esquema de tratamentos para o teste de inibição de

crescimento de cepas de S. schenckii e Sporothrix spp. por anticorpos

IgY em meio líquido ..................................................................................

78

Tabela 4: Resultados médios de densidade óptica da curva de

crescimento do S. schenckii frente a anticorpos IgY com as respectivas

equações polinomiais, teste T e coeficiente de correlação (R2) ..............

106

Tabela 5: Resultados médios de densidade óptica da curva de

crescimento do Sporothrix spp. frente a anticorpos IgY com as

respectivas equações polinomiais, teste T e coeficiente de correlação

(R2) ...........................................................................................................

106

Tabela 6: Dados de identificação dos animais e densidades óticas

(D.O.) a 492 nm dos testes de ELISA utilizando soro de cão com

histórico de esporotricose e de cães aparentemente sadios (controles

normais) e incubados com os dois antígenos, levedura de S. schenckii e

levedura de Sporothrix spp.. Densidades óticas obtidas com soros

diluídos a 1:100, 1:300, 1:900, 1:2700 e 1:8100. DP = desvio padrão.

Cutoffs calculados como descrito acima ................................................

113

Tabela 7: Resultados de absorvância (492nm) do ensaio de ELISA

com soros de gatos saudáveis (animais controle) e infectados pelo

Sporothrix spp. versus antígenos de extratos de levedura de S.

schenckii. Diluições seriadas de 1:100 a 1:8100, médias, desvios

padrão e cutoffs ......................................................................................

155

Tabela 8: Resultados de absorvância (492nm) do ensaio de ELISA

com soros de gatos saudáveis (animais controle) e infectados pelo

Sporothrix spp. versus antígenos de extratos de levedura cepa clínica

de Sporothrix spp.. Diluições seriadas de 1:100 a 1:8100, médias,

desvios padrão e cutoffs ...........................................................................

156

LISTA DE ABREVIATURAS

ACF Adjuvante completo de Freünd

AFI Adjuvante incompleto de Freünd

ATCC American Type Culture Collection

BCA Ácido bicinconínico

BfpA Bundle-forming pilus adherence

BHI Brain Heart Infusion

BSA Soroalbumina bovina

CEUA Comissão de Ética de Uso Animal

CCTA Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias

ConA Concanavalina A

CTLA-4 Antígeno linfócito citotóxico-4

D.O. Densidade ótica

ELISA Enzyme Linked Immunoassay

FAB Fragmento ligador de antígeno

Fc Fragmento cristalizável

H/E Hematoxilina/Eosina

HAMA Anticorpo humano anti-camundongo

IFN-Y Interferon-gama

IgY Imunoglobulina Y

IL Interleucina

INCQS Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde

kDa Quilodalton

LMPA Laboratório de Morfologia e Patologia Animal

LSA Laboratório de Sanidade Animal

LSc Leveduras de Sporothrix spp.

LSs Leveduras de Sporothrix schenckii

MSs Micélio de Sporothrix schenckii

NO Óxido Nítrico

PAS Ácido Periódico de Schiff

PBS Salina fosfatada tamponada

PBST Salina fosfatada tamponada + Tween 20

PBST-L Salina fosfatada tamponada + Tween 20 + Leite em pó desnatado

PI Pré-imune

PM Padrão de Peso Molecular

ROS Espécies reativas de oxigênio

SC Sporothrix spp.

SDS-PAGE Sodium Dodecyl Sulfate Polyacrylamide Gel Electrophoresis

SRD Sem raça definida

Ss Sporothrix schenckii

SsCBF Sporothrix schenckii Con A Binding Fraction

Th Linfócitos T helper

TLR Tolll like receptors

TNF Fator de Necrose Tumoral

UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense

UFC Unidades formadoras de colônia

YPD Levedura, peptona, dextrose

SUMÁRIO

PÁG.

1.0- INTRODUÇÃO 28

2.0 – REVISÃO DE LITERATURA 30

2.1 - AGENTE ETIOLÓGICO 30

2.1.1 - Classificação taxonômica do gênero Sporothrix 30

2.1.2 - Características de crescimento do agente 34

2.1.3 - Ultra-estruturas e dimorfismo celular 35

2.1.4 - Composição da parede celular 36

2.1.5 - Fatores de virulência 37

2.1.6 - Antígenos de Sporothrix schenckii 38

2.2 - HISTÓRICO DA ESPOROTRICOSE 40

2.3 - EPIDEMIOLOGIA 41

2.4 –ASPECTOS CLÍNICOS DA ESPOROTRICOSE 44

2.4.1 - Manifestações clínicas da esporotricose 44

2.4.2 - Reação imune à esporotricose 47

2.4.3 – Diagnóstico 48

2.4.4 - Citologia/ Histopatologia 49

2.4.5 - Métodos imunológicos 49

2.4.6 - Diagnóstico diferencial 51

2.4.7 - Prevenção e controle 51

2.4.8 – Tratamento 52

2.4.9 – Prognóstico 53

2.5 – IMUNOGLOBULINAS 53

2.5.1 - Transferência da IgY para o ovo 55

2.5.2 - Propriedades bioquímicas da IgY 57

2.5.3 - Vantagens da IgY 58

2.5.4 - Aplicações gerais da IGY 58

2.5.5 – Uso terapêutico da IgY 59

3.0 – JUSTIFICATIVA 64

4.0 – OBJETIVOS 65

5.0 - MATERIAL E MÉTODOS 66

5.1.0- Condições de cultivo das cepas de Sporothrix spp. para

extração de antígenos

66

5.1.1 - Extração dos antígenos 67

5.1.2 - Quantificação de proteínas 68

5.1.3 - Análise dos extratos proteicos antigênicos por SDS-PAGE 69

5.2.0 - Produção de anticorpos 69

5.2.1 - Produção de IgY - Imunização das aves 69

5.2.2 - Colheita de sangue e ovos 71

5.2.3- Purificação dos anticorpos IgY 72

5.2.4 - Análise em SDS-PAGE desnaturante 72

5.3.0 - IgG - Imunização dos coelhos 73

5.3.1 - Colheita de sangue 74

5.4 - Ensaio imunoenzimático (ELISA) dos soros e das preparações

de IgY purificadas

74

5.5 - Detecção de anticorpos antiantígenos de Sporothrix spp. por

western blotting

75

5.6 - Imunohistoquímica 76

5.7.0 - Avaliação da ação dos anticorpos IgY sobre o crescimento, in

vitro, das cepas de S. schenckii e Sporothrix spp.

77

5.7.1 - Análise estatística 79

5.8.0 - Colheita de sangue de cães e gatos 79

5.8.1 - Titulação por ELISA dos soros de gatos e cães versus

antígenos de Sporothrix spp.

80

5.8.2 - Detecção de anticorpos antiantígenos de Sporothrix spp. por

western blotting em soros de cães e gatos

80

5. 8.3 - Isolamento de Sporothrix spp. a partir de materiais clínicos 81

9.0- RESULTADOS 83

9.1 - SDS-PAGE DOS EXTRATOS ANTIGÊNICOS PRODUZIDOS 83

9.2.0 - ANÁLISE DOS ANTICORPOS IgY PRODUZIDOS POR SDS-

PAGE

84

9.2.1 - ENSAIOS DE ELISA DOS EXPERIMENTOS DE IMUNIZAÇÃO 85

9.2.1.1 - Titulação dos anticorpos IgY dos soros das galinhas e das

soluções de IgY purificadas das gemas

85

9.2.1.2 - Titulação por ELISA dos anticorpos IgG nos soros dos

Coelhos

88

9.2.1.3 - ELISA indireto para detecção do reconhecimento cruzado

entre anticorpos e antígenos de Sporothrix spp.

89

9.2.2 – WESTERN BLOT COM ANTISSOROS E SOLUÇÕES DE IgY

DOS ANIMAIS IMUNIZADOS

90

9.2.2.1- Western blot dos anticorpos IgY 90

9.2.2.2 - Western blot com anticorpos IgG de coelhos 92

9.3 – WESTERN BLOT COM SOROS DE ANIMAIS POSITIVOS E

NEGATIVOS PARA ESPOROTRICOSE

93

9.3.1 – Gatos 93

9.3.2 – Cães 96

9.4 - IMUNOHISTOQUÍMICA COM ANTICORPOS POLICLONAIS DE

GALINHAS E COELHOS

100

9.5 - AVALIAÇÃO DA AÇÃO DOS ANTICORPOS IgY SOBRE O

CRESCIMENTO, IN VITRO, DAS CEPAS DE S. schenckii e

Sporothrix spp.

105

9.6 - ANÁLISE SOROLÓGICA DE GATOS POSITIVOS PARA A

ESPOROTRICOSE

108

9.7 - RELATO DE CASO 1 110

9.8 - RELATO DE CASO 2 119

9.8.1 - Achados histopatológicos em seções tegumentares do gato

e da mulher

121

9.8.2 - Seções tegumentares do gato 121

9.8.3 - Seções tegumentares da mulher 122

10.0 – DISCUSSÃO 124

11.0 – CONCLUSÕES 134

12.0 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 136

APÊNDICE 1 153

28

1.0 - INTRODUÇÃO

A esporotricose é uma micose subcutânea subaguda ou crônica causada pelo

fungo dimórfico do complexo Sporothrix. Esta micose subcutânea é uma infecção de

implantação, que se desenvolve, na maioria dos casos, posteriormente a uma injúria

traumática seguida da inoculação do organismo, presente no ambiente, no

hospedeiro. Neste, ele afeta o tecido subcutâneo, a pele e outras estruturas

adjacentes (BARROS et al., 2001, SCHECHTMAN, 2010). Além do homem, a

esporotricose já foi descrita em várias espécies animais como cavalo, muar, cão,

gato, rato, camundongo, gambá, porco, camelo, chimpanzé, tatu e boi (LUTZ E

SPLENDORE, 1907; BARROS et al., 2001; CROTHERS et al., 2009).

A esporotricose tem distribuição mundial, porém é rara na Europa, mas é

comum na África, no Japão, na Austrália e nas Américas. No continente americano,

os países com maior endemicidade são El Salvador, Uruguai, Colômbia, Venezuela,

México e Brasil (PÉREZ et al., 2007). No Brasil, os casos têm sido relatados

principalmente nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Atualmente, pertence à publicação brasileira, especificamente, no estado do Rio de

Janeiro, a maior coleção de casos de esporotricose em humanos, felinos e caninos e

a doença tem apresentado um caráter zoonótico.

29

No meio ambiente, o Sporothrix é isolado como saprófita, sob a forma

micelial, em associação com plantas vivas ou materiais orgânicos em decomposição

tais como: caules, folhas, palhas, madeiras, esterco (LACAZ et al., 1998). A

esporotricose era considerada como uma lesão adquirida através de atividades ao ar

livre ou como doença ocupacional para algumas classes de trabalhadores tais como:

fazendeiros, floristas, jardineiros, onde suas ocupações os obrigavam a estar em

frequente contato com materiais de plantas e solo (KOÇ et al., 2001; PÉREZ et al.,

2007, RAMÍREZ et al., 2010; VERMA et al., 2012). Após o surto epidêmico no Rio de

Janeiro, década de 80, a esporotricose passou a apresentar uma importância

zoonótica, principalmente, pela transmissão da doença do gato para o homem. A

partir daí passou a ser também uma doença ocupacional para os veterinários,

enfermeiros e auxiliares de consultórios veterinários (MARQUES et al., 1993,

BARROS et al., 2003, SILVA et al., 2012).

30

2.0 - REVISÃO DE LITERATURA

2.1 - AGENTE ETIOLÓGICO

2.1.1 - Classificação taxonômica do gênero Sporothrix

Reino - Fungi

Divisão - Ascomycota

Classe – Sordariomycetes

Ordem - Ophiostomatales

Família - Ophiostomataceae

Gênero - Sporothrix

Espécie – S. schenckii; S. brasiliensis; S. globosa; S. mexicana; S. albicans; S. luriei

Guarro et al. (1999); MARIMON et al. (2007); RODRIGUES (2010).

A heterogeneidade morfológica e genética de cepas de S. schenckii isoladas

a partir de material patológico foi registrada em diversos trabalhos ao longo dos

últimos anos (TRAVASSOS e LLOYD, 1980; De BEER et al., 2003). A discussão

sobre a filogenia do Sporothrix começou com Mariat et al. (1968), Mariat (1971ab),

Nicot and Mariat (1973), citados por De Beer et al. (2003), que sugeriram que o

31

Ophiostoma stenoceras poderia representar a forma teleomórfica do S. schenckii.

Desde então, a relação entre O. stenoceras e S. schenckii se tornou objeto de

muitas publicações. Em 2003, De Beer et al. Sequenciaram e compararam regiões

ITS (internal trancribed spacer) do gene ribossomal, inclusive o 5.8S do gene rRNA,

de isolados de O. stenoceras e O. nigrocarpum, colhidos de amostras de madeiras,

bezouros e solo de vários países; isolados de S. schenckii, obtidos de madeiras, do

solo e de pacientes humanos da África do Sul e de uma cepa ATCC (American Type

Culture Collection). Os autores confirmaram que O. stenoceras, O. nigrocarpum e S.

schenckii estão filogeneticamente relacionados, porém os dados de sequenciamento

do DNA separaram claramente estas três espécies e mostraram que o S. schenckii

pode ser classificado dentro do gênero teleomorfo Ophiostoma. Os isolados de S.

schenckii foram divididos em dois clados, os originários do solo e madeira e o

segundo com os isolados de tecidos humanos, sugerindo a existência de espécies

distintas dentro do grupo.

Marimon et al. (2006) sequenciaram o DNA de três diferentes loci (quitina

sintase, calmodulina e ß-tubulina) de 59 isolados clínicos de humanos e um isolado

ambiental, anteriormente identificados como S. schenckii. Os isolados humanos

foram originários do Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo), Colômbia, Peru, Argentina,

Espanha e África do Sul. Os autores encontraram a existência de três grandes

clados: clado I com os isolados do Brasil, clado II com os isolados dos outros países

da América do Sul e da África e o clado III com os isolados da Espanha. Dentro dos

18 isolados do Rio de Janeiro, foram observados seis genótipos diferentes. Segundo

os autores, a população de S. schenckii estava em processo de diversificação com

possibilidade de haver uma especificidade geográfica para os grupos principais.

Em 2007, Marimon et al. estudaram 127 isolados, anteriormente identificados

como S. schenckii, através da amplificação, do sequenciamento e das análises

filogenéticas do gene nuclear calmodulina (CAL), das características macroscópicas,

da esporulação, das características microscópicas e dos estudos fisiológicos. Os

pesquisadores concluíram que os primers (CL1 e CL2A, O´Donnell et al., 2000)

utilizados foram capazes de amplificar e sequenciar o loci do gene CAL com 776 pb.

Os isolados foram subdivididos em cinco clados. Todos os isolados cresceram bem

entre 20 e 30oC e também apresentaram crescimento a 35oC, nenhum dos isolados

cresceu à temperatura de 40oC. A maioria dos isolados do clado III não apresentou

crescimento a 37oC. A mais importante variação na assimilação de carboidratos foi

32

observada para a sacarose, rafinose e adonitol. Todos os isolados foram capazes de

quebrar a ureia após oito dias de incubação, todos toleraram ciclohexamida a 0,25%

e a maior parte dos isolados fez a conversão para a fase leveduriforme, sem

diferenças significativas entre os clados. Diante dos resultados encontrados, os

pesquisadores propuseram a criação de três novas espécies para o complexo de

espécies do gênero Sporothrix: Sporothrix brasiliensis Marimon, Gené, Cano, et

Guarro, sp. nov. = Sporothrix schenckii, clade I sensu Marimon et al. (2006);

Sporothrix globosa Marimon, Gené, Cano, et Guarro, sp. nov. = Sporothrix schenckii,

clade III sensu Marimon et al. (2006) e Sporothrix mexicana Marimon, Gené, Cano,

et Guarro, sp. nov. = Sporothrix schenckii, clade IV sensu Marimon et al. (2007). As

espécies S. brasiliensis e S. globosa foram associadas com a infecção em humanos.

Posteriormente, foi proposto que a variante morfológica denominada S. schenckii

var. luriei fosse transformada em uma nova espécie com a denominação de

Sporothrix luriei.

Em São Paulo, Rodrigues (2010) estudou 161 cepas de Sporothrix spp.

provenientes de amostras clínicas e ambientais de diversas regiões do Brasil e de

outros países. Demonstrou que as espécies S. brasiliensis, S. globosa, S. mexicana

e S. schenckii têm ampla distribuição geográfica no país. Registraram, também, que

a espécie S. brasiliensis foi isolada com alta frequência de gatos nos estados do Rio

Grande do Sul e Rio de Janeiro, se mostrando um importante reservatório na

epidemiologia da esporotricose.

No Rio de Janeiro, Oliveira et al. (2011) utilizaram as características

fenotípicas propostas por Marimon et al. (2007) para caracterizar 246 isolados de

Sporothrix spp., sendo 245 isolados de pacientes humanos e uma amostra

ambiental. A maior parte (83,4%) foi caracterizada como sendo S. brasilensis, 6%

como S. schenckii e 0,5% como S. mexicana. Vinte e cinco isolados (10,1%) não

puderam ser classificados pelas características fenotípicas, seguindo-se então, o

sequenciamento do gene da calmodulina para a confirmação da identidade dos

isolados, 24 foram classificados como S. brasiliensis e um isolado como S. globosa,

os resultados mostraram a importância da análise, em nível de genótipo, para a

confirmação da classificação das espécies (OLIVEIRA et al., 2014).

Na Itália, Romeo et al. (2011) estudaram as relações filogenéticas entre

isolados de Sporothrix schenkii, 26 cepas ambientais e duas amostras clínicas de

humanos, através do gene da calmodulina. As cepas clínicas foram agrupadas

33

dentro do stricto sensu do Sporothrix schenckii e as cepas ambientais como S.

albicans, cujo nome foi recentemente substituído para S. pallida.

Segundo Oliveira et al. (2012), a chave de identificação baseada em testes

fenotípicos (MARIMON et al., 2007) foi descrita como fácil e suficiente para a

diferenciação de espécies sem a necessidade das técnicas moleculares. Entretanto,

os resultados são sempre inconclusivos ou ambíguos (OLIVEIRA et al., 2011; 2012;

ALMEIDA-PAES et al., 2014, RODRIGUES et al., 2014) e algumas espécies estão

tão proximamente relacionadas, que fenotipicamente não apresentam nenhuma

diferença. Por outro lado, o sequenciamento parcial do gene da calmodulina para

diferenciação de espécies pode se tornar bastante caro e dificultar a análise de um

grande número de amostras.

Buscando alternativas para se fazer um levantamento genotípico rápido, o

qual é importante para estudos epidemiológicos (RODRIGUES, 2010), visto que as

espécies diferem em distribuição, virulência (ARRILLAGA-MONCRIEFF, et al., 2009;

FERNANDES et al., 2013) e resistência aos antifúngicos (MARIMON et al., 2008),

Oliveira et al. (2012) propuseram a técnica da PCR fingerprinting para distinção das

espécies do complexo Sporothrix, utilizando o primer universal T3B. Para os autores

os perfis gerados por esta técnica foram altamente informativos, geraram padrões de

bandas específicas para cada espécie, permitiram a sua diferenciação e

apresentaram 100% de concordância com os resultados gerados pelo

sequenciamento do locus da calmodulina. Também foi sensível o suficiente para

classificar as espécies que apresentaram resultados inconclusivos nos testes

fenotípicos.

Rodrigues et al. (2014) sugeriram a PCR-RFLP do locus da calmodulina para

identificação das espécies do complexo Sporothrix de importância clínica (S.

schenckii, S. brasiliensis e S. globosa). Para as espécies S. mexicana e S. pallida, a

técnica não foi discriminatória, ambas apresentaram o mesmo sítio de clivagem

pelas enzimas de restrição, íntron 3 e exon 5 do locus da calmodulina.

34

2.1.2 - Características de crescimento do agente

O Sporothrix schenckii é um fungo dimórfico, ou seja, na sua forma saprofítica

ou in vitro, à temperatura inferior a 35 – 37oC, se desenvolve formando hifas e

conídios. A forma de levedura é obtida através do desenvolvimento, in vitro e in vivo,

a 35 – 37oC. A temperatura ótima para o crescimento micelial é de 25-27oC e a 39-

40oC o crescimento é inibido (LACAZ et al., 1998).

O isolamento do Sporothrix spp., em cultura, para o crescimento micelial,

pode ser feito utilizando o ágar Sabouraud dextrose a 2 ou 4% suplementado com

cloranfenicol e ciclohexamida. A princípio, as colônias filamentosas são lisas e

rugosas, de coloração branca a creme, tornando-se marrons, cinza-escuro a negras

após alguns dias. Algumas cepas, no entanto, podem apresentar a habilidade de

formar colônias escuras ao início do crescimento. Nos subcultivos, as colônias

podem perder, irreversivelmente, a cor escura, tornando-se branca-creme. As

colônias nunca se tornam flocosas ou cotonosas. As hifas aéreas são raras no

primeiro isolamento, mas são produzidas nos subcultivos. No cultivo em lâmina, à

temperatura de 25oC, as hifas são finas, hialinas, septadas e ramificadas, com

conidióforos delgados, em cujo ápice forma-se uma pequena vesícula com

dentículos simpodialmente dispostos. Em cada dentículo nasce um conídio, ficando

todos reunidos em disposição floral. Os conídios desprendem-se dos conidióforos,

ficando, por vezes, dispostos uns ao lado dos outros, enfileirados e em ambos os

lados do micélio. Os conídios podem ser hialinos com formato oval, elíptico a

piriforme (2 a 3 x 3 a 6 μm nas menores e maiores dimensões) ou escuros, de

parede celular espessa, esféricos a ovais, com 2 a 4 μm de diâmetro (LACAZ et al.,

1998).

As amostras de S. schenckii reproduzem-se por brotamento nos tecidos do

homem e dos animais. Considerando o dimorfismo, a forma de levedura pode ser

obtida in vitro, a partir de cultivos puros micelianos ou conidiais em ágar-infusão

cérebro-coração, ágar YPD (levedura/peptona/dextrose), dentre outros meios,

incubados a 37oC. Os blastoconídios produzidos in vitro podem ser ovais ou

fusiformes, com 2 - 6 μm de diâmetro, e normalmente apresentam brotações

alongadas em forma de charuto. Podem apresentar brotações únicas ou múltiplas.

Macroscopicamente, as colônias são lisas, de coloração creme a amarronzada

(LACAZ et al., 1998, BARROS et al., 2011).

35

O S. schenckii cresce em meios simples contendo sais inorgânicos,

asparagina, glicose e tiamina. Outros aminoácidos e vitaminas são estimulatórios,

mas não essenciais. Assimilam glicose, galactose, maltose, xilose e glicerol, ácidos

orgânicos não são utilizados. Outros sacarídeos são assimilados, mas não por todas

as cepas. Todas as cepas hidrolisaram amido (TRAVASSOS e LLOYD, 1980).

2.1.3- Ultraestruturas e dimorfismo celular

A estrutura celular do Sporothrix spp. é semelhante à dos outros eucariotos,

constituída basicamente por uma membrana, um citoplasma com as organelas

distribuídas aleatoriamente por todo interior celular e um compartimento especial, o

núcleo, que armazena o material genético. As células podem ser encontradas na

forma leveduriforme, ou então, formando conjuntos de hifas septadas, denominadas

de micélio. Tanto as células leveduriformes quanto o micélio estão envolvidos por

uma camada protetora externa denominada de parede celular (GARRISON et al.,

1975, FUKUDA et al., 2009).

A morfologia interna das estruturas do S. schenckii, assim como, a transição,

in vitro, da fase micelial para a leveduriforme, foram mostradas por microscopia

eletrônica por Garrison et al. (1975) e TRAVASSOS e LLOYD (1980). A parede

celular da levedura é mais espessa (100 a 300 nm) do que a do micélio (80 a 140

nm) e menos espessa do que a do conídio pigmentado (330 nm). Na levedura, são

observadas duas camadas eletro-densas, sendo a mais externa constituída de

microfibrilas, semelhante a um biofilme, presente somente na levedura e ausente na

fase micelial. As leveduras apresentaram grânulos de reserva e membrana

intracitoplasmática (GARRISON et al., 1975). Em hifas incubadas a 37oC/48 h,

observou-se grande número de protusões laterais na região do septo, ou próximo a

ele, e não se observou nenhuma alteração na fina estrutura do conteúdo

citoplasmático. Houve formação de brotações no ápice e por toda a hifa com

formação de células oidianas, que são as células iniciais da levedura. Não foi

observada brotação direta a partir de conídios. Nos conídios maduros foram

observados de um a vários corpos lipídicos de reserva que podem ocupar 50% ou

mais da área celular interna e que não estão presentes no micélio nem na levedura.

(GARRISON et al., 1975).

36

2.1.4 - Composição da parede celular

A parede celular fúngica pode ser caracterizada como uma estrutura

relativamente rígida, porém altamente dinâmica, que muda constantemente durante

a divisão celular, o crescimento e a morfogênese. Ela determina o formato da célula,

fornece suporte osmótico, proteção física, além de estar relacionada a eventos de

sinalização celular, adesão e reprodução, sendo por isso necessária para o

crescimento dos fungos nos ambientes onde são encontrados (FUKUDA et al.,

2009). É uma estrutura complexa composta tipicamente por quitina, homopolímero

linear, longo, formado por resíduos de N-acetilglicosamina com ligações β-(1→4);

1,3-β- e 1,6- β-glucanas, mananas e proteínas, entretanto estas composições variam

marcadamente entre as espécies de fungo (ADAMS, 2004).

Um dos componentes muito bem conhecidos da parede celular do S.

schenckii é a peptideoramnomanana. Este glicopeptídeo ou glicoconjugado é

formado por um complexo de moléculas, com uma larga variação de peso molecular

e de difícil purificação. Nos glicoconjugados da parede celular da forma do S.

schenckii foram identificadas glucanas solúveis e insolúveis unidas por ligações do

tipo β (1,3; 1,4 e 1,6) nas duas fases morfológicas do fungo, a existência de α

glucanas não foi identificada e não houve correlação entre a composição de β

glucanas e a morfologia transacional do fungo (PREVIATO et al., 1979). Segundo

Lloyd e Bitoon (1971), a peptideoramnomana da parede celular da levedura é

composta por 33,5% de ramnose, 57% de manose e 14,2% de proteína. Também

apresenta polissacarídeos contendo galactose na superfície do fungo, sugerindo a

presença de galactomananas na parede celular e resíduos de ácido glicurônico

foram descritos nas frações ácidas das ramnomananas. Componentes similares

foram detectados em frações isoladas de filtrados de cultura da fase micelial do S.

schenckii. Outro achado importante foi que estas peptideoramnomananas reagem

com a proteína concanavalina A, enquanto as ramnomananas extraídas por

tratamento alcalino a quente não reagem (LOPES-BEZERRA, 2011).

37

2.1.5 - Fatores de virulência

Pode-se definir fator de virulência como uma característica do micro-

organismo que permite ou estimula o seu crescimento no hospedeiro. Para estudar e

caracterizar os fatores de virulência é necessário comparar as interações micro-

organismo-hospedeiro de um isolado que expressa o fator suspeito e isolar um

mutante que perdeu a capacidade de expressá-la, o que pode ser conseguido por

mutagênese induzida através de estratégias moleculares. Se as diferenças nas

infecções causadas por estes diferentes isolados são notadas, é imperativo fazer o

mutante recuperar a capacidade de expressar o fator estudado e verificar se a

capacidade de causar a infecção é similar à da cepa selvagem parental (BARROS et

al, 2011).

A teoria mais aceita para a origem da virulência é a de que a interação

microbiana com outros organismos presentes no habitat natural do patógeno faz

com que os micro-organismos adquiram estratégias de sobrevivência e tenham uma

maior virulência do que quando encontram acidentalmente um animal hospedeiro.

Pouco se sabe sobre os fatores de virulência do S. schenckii devido aos poucos

estudos nesta área, em parte pelo fato do S. schenckii ser pouco responsivo às

análises genéticas. Mas, alguns fatores têm sido apontados: termotolerância,

melanina, adesinas, peróxido de ergosterol, enzimas e proteínas (BARROS et al.,

2011).

Quanto à termotolerância, sabe-se que isolados capazes de crescer a 35oC,

mas incapazes de crescer a 37oC são incapazes de causar a esporotricose linfática,

mas capazes de causar a esporotricose cutânea fixa. Ambas as fases morfológicas

do S. schenckii apresentam a habilidade de sintetizar a melanina que é um

composto insolúvel altamente relacionado com virulência em vários fungos

(BARROS et al., 2011). Romero-Martinez et al. (2000) demonstraram que a

melanina protege o S. schenckii contra certos compostos antimicrobianos oxidativos

e contra o ataque de macrófagos. Isolados pigmentados de Sporothrix spp. podem

apresentar uma maior capacidade de invasão do que o mutante albino em modelos

murinos. Em uma infecção, a cepa albina pode ficar restrita ao centro do granuloma

enquanto a cepa melanizada promove a formação de granulomas multifocais

(MADRID et al., 2010). O peróxido de ergosterol, formado em fungos patogênicos,

foi encontrado pela primeira vez no S. schenckii, é formado como um mecanismo de

38

proteção para fugir das espécies reativas de oxigênio durante a fagocitose pelas

células polimorfonucleares do hospedeiro (BARROS et al., 2011).

A adesão primária a células endoteliais e epiteliais, assim como aos

componentes da matriz extracelular é essencial para uma invasão efetiva dos

tecidos do hospedeiro pelos patógenos (LIMA et al., 1999). Tanto os conídios quanto

as leveduras do Sporothrix spp. são capazes de reconhecer e aderir a três

importantes glicoproteínas da matriz extracelular: fibronectina, laminina e colágeno

tipo II (LIMA et al., 1999). O efeito do fungo sobre monocamadas de células

epiteliais, in vitro, é citopático, há perda dos contatos celulares, da integridade da

monocamada e, consequentemente, da polaridade celular. O estudo bioquímico

mostrou que existem moléculas glicoproteicas na superfície dos epitélios que

interagem com as leveduras (SANDOVAL-BERNAL et al., 2009).

2.1.6 - Antígenos de Sporothrix schenckii

Os antígenos da parede celular do S. schenckii foram primeiramente

estudados por Gonzales-Ochoa e Figueroa (1947) através da análise de

precipitação e intradermorreação com a esporotriquina. Em 1967, de Bièvre e

Prevot, citados por Mendoza et al. (2002), descreveram um estudo eletroforético de

extratos proteicos do micélio e da levedura de S. schenckii. Em 1971, Lloyd e Bitoon

(1971) demonstraram que uma peptídeo-ramnomanana, glicopeptídeo predominante

na parede celular deste fungo, precipitava com soro de pacientes com esporotricose.

Scott e Muchmore (1989) produziram antígenos solúveis de leveduras do S.

schenckii, 15 bandas proteicas foram demonstradas pela SDS-PAGE, com variação

de peso molecular entre 22 e 70 kDa. À análise por western blot, os soros de

pacientes humanos com esporotricose reconheceram as proteínas de 40 e 70 kDa, a

banda de 40 kDa foi proeminente em todos os soros, enquanto a de 70 kDa mostrou

variabilidades de densidade. As bandas entre 22 e 36 kDa estiveram presentes

somente nos soros de pacientes humanos com esporotricose extracutânea. Os

autores também observaram que nos soros de pacientes com esporotricose

extracutânea, as bandas do western blot foram mais escuras do que nos soros de

pacientes com esporotricose cutânea, mesmo que estes apresentassem mesmo

39

título ao teste de ELISA. No ensaio de ELISA, 18% dos soros negativos e 20% dos

soros heterólogos apresentaram anticorpos detectáveis.

Mendoza et al. (2002) mostraram que a expressão de exoantígenos na fase

micelial do S. schenckii pode variar de acordo com o meio de cultura, o pH e a fase

de crescimento do fungo. Segundo os autores, o caldo Sabouraud apresenta um

padrão proteico complexo, com melhor expressão, na fase estacionária de

crescimento. Os autores constataram a expressão de dez bandas proteicas, com

pesos moleculares entre 29 e 200 kDa. A banda de 55 kDa foi a mais proeminente e

a de 40 kDa a mais estreita. O componente de 55 kDa foi correlacionado com a

peptideoramnomanana por ter sido caracterizada nas diversas preparações

antigênicas e por ter sido bastante reativa com os soros estudados. O antígeno de

90 kDa foi considerado como de grande valor diagnóstico, por ter reagido

especificamente com soros de pacientes com esporotricose e sem reação cruzada

com soros de pacientes com outras micoses.

Lima e Lopes Bezerra (1997) mostraram que a fração antigênica da parede

celular do S. schenckii (LLOYD e BITOON, 1971), SsCBF, apresenta três antígenos

principais, com peso molecular aproximado de 84, 70 e 58 kDa, que reagem com

soro de coelho anti-S. schenckii.

Nascimento e Almeida (2005) mostraram que antissoros de camundongos

reagiram somente contra a proteína de 70 kDa presente em exoantígenos

leveduriformes do S. schenckii. Em 2008, experimentos in vivo, mostraram uma

redução significativa do número de UFC nos órgãos de camundongos que

receberam anticorpos monoclonais, contra a glicoproteína de 70 kDa, antes e

durante a infecção (NASCIMENTO et al., 2008).

Em 2009, Ruiz-Baca et al. mostraram uma distribuição uniforme da proteína

de 70 kDa extraída da parede celular da levedura do S. schenckii sobre a superfície

de três diferentes isolados de S. schenckii. Ruiz-Baca et al. (2011) utilizaram o

ensaio de 2D-immunoblotting com anticorpos anti-S. schenckii produzidos em

coelhos para identificar proteínas antigênicas nas preparações da parede celular

obtidas das formas micelial e de levedura do fungo. Cinco antígenos de 48, 55, 66,

67 e 70 kDa foram imunodetectados na fase micelial do fungo. A glicoproteína de 70

kDa foi o principal antígeno detectado na parede celular das duas fases morfológicas

do fungo e a glicoproteina de 60 kDa esteve presente somente nas células

leveduriformes. As glicoproteínas de 70 e 60 kDa da parede celular de leveduras

40

também foram imunodetectadas com antissoros de coelhos em isolados de S.

brasiliensis e S. globosa (Ruiz-Baca et al., 2014).

Almeida-Paes et al. (2012) encontraram uma variedade de bandas

reconhecidas por antissoros de coelhos contra antígenos livres miceliais (220 – 40

kDa) e de levedura (220 – 20 kDa) de cepas do S. schenckii ATCC 23252 e S.

brasiliensis. Houve variação do número de bandas reconhecidas por cada cepa. O

extrato antigênico da levedura da cepa ATCC 23252 mostrou o maior número de

bandas reativas (22 bandas), entretanto, a intensidade das bandas foi menor que as

originadas pelos isolados de S. brasiliensis. A banda de 85 kDa foi reconhecida em

todos os extratos e nas duas fases morfológicas do fungo. Ao testarem soros

humanos positivos para a esporotricose, os autores identificaram sete proteínas

específicas do S. brasiliensis, que não apresentaram reações cruzadas com soros

heterólogos.

2.2 - HISTÓRICO DA ESPOROTRICOSE

O primeiro caso de esporotricose foi descrito por Benjamin Schenck , no

boletim do “Johns Hopkins Hospital”, em dezembro de 1898, intitulado de " On

Refractory Subcutaneous Abscesses caused by a Fungus possibly related to the

Sporotricha" (Abcesso subcutâneo refratário, causado por um fungo possivelmente

relacionado ao Sporotricha). O primeiro ponto da infecção foi no dedo indicador de

onde se estendeu para o braço, seguindo os vasos linfáticos e dando origem a

várias indurações circunscritas, algumas abriram e ulceraram. A infecção se mostrou

muito refratária ao tratamento. Schenck conseguiu isolar o agente das lesões e

descreveu o desenvolvimento do micro-organismo, as características da cultura e a

morfologia do agente. Enviou uma cepa para o micologista Erwin F. Smith, do

Departamento de Agricultura dos EUA em Washington, o qual concluiu que o micro-

organismo fazia parte do gênero Sporotrichum (HEKTOEN E PERKINS, 1900).

Poucos meses depois Hektoen e Perkins (1900) estudaram um caso que

apresentou características semelhantes às descritas por Schenck, com abcessos

subcutâneos refratários ao tratamento e o organismo isolado com características

idênticas às descritas por Schenck. Foi o caso de uma criança de cinco anos que

machucou o dedo indicador com um martelo e que 10 dias após apresentou-se

41

inchado e com uma ferida que não cicatrizava. O caso evoluiu para uma linfangite

nodular, supurada como no caso descrito por Schenck. Hektoen e Perkins

classificaram o agente etiológico como Sporothrix schenckii.

No Brasil, os primeiros casos de esporotricose foram descritos por Lutz e

Splendore (1907). Os pesquisadores tinham conhecimento de lesões que se

manifestavam espontaneamente no rato comum (Mus decumanus) na cidade de

São Paulo, iniciando principalmente na cauda. Os autores tiveram dificuldades em

identificar o agente e não encontraram na literatura nada parecido com o que

estavam vendo nos animais e “in vitro”. Inicialmente pensaram ser uma infecção

bacteriana e, posteriormente, devido à morfologia microscópica do agente, à

presença de hifas e às células semelhantes às vistas na doença do sapinho, os

autores passaram a empregar meios de cultura menos favoráveis para bactérias e

mais apropriados para tórulas e bolores. Desse modo, conseguiram facilmente isolar

um organismo que apresentava uma certa polimorfia, aparecendo, todavia, as

formas observadas sempre na mesma ordem e com os mesmos caracteres

microscópicos, acompanhando a transformação macroscópica da cultura.

Posteriormente, Lutz e Splendore tomaram conhecimento das publicações dos

americanos, Schench, Hektoen e Perkins, e constataram que os seus achados eram

bastante semelhantes aos encontrados por eles. Lutz e Splendore citaram a

ocorrência de cinco casos clínicos, sendo de um funcionário de laboratório, dois

açougueiros que tiveram lesão no dedo, um homem possivelmente mordido por rato

e outro que foi extensamente picado por insetos em zona rural, todos foram tratados

com solução de iodeto de potássio, curados, mas não se conseguiu isolar o agente

destas lesões.

2.3 - EPIDEMIOLOGIA

O primeiro grande surto de esporotricose foi descrito na África do Sul, entre

1941 e 1944, com 2825 mineiros contaminados devido à presença do fungo nas

madeiras que serviam de escoras nos corredores de uma mina de ouro no

Transvaal. Como a umidade do local atingia 100%, o ambiente era favorável à

multiplicação e esporulação do fungo, facilitando a contaminação de tantos

42

trabalhadores (Transvaal Mine Medical Officer´s Association, 1947) (FINDLAY, 1970,

citado por CRUZ, 2013).

O segundo grande surto foi descrito por DIXON et al. (1991), que relataram o

aparecimento de casos de esporotricose, no início do verão de 1988, em

trabalhadores que estavam participando do programa anual de reflorestamento em

Nova York e Illinois. Foram identificados 84 casos em 15 estados e constituiu a

maior epidemia de esporotricose nos EUA. Todos os casos foram associados com o

contato dos trabalhadores com o musgo esfagno que foi obtido de um único

distribuidor de Wisconsin. Nos viveiros, os musgos são desidratados e

armazenados, para, posteriormente, envolver as raízes das mudas e mantê-las

úmidas durante o embarque e transporte.

E o terceiro, com características bem diferentes, do que se sabia

anteriormente, é o que está ocorrendo no estado do Rio de Janeiro, há pelo menos

14 anos, onde a principal ocorrência tem sido relacionada à arranhadura e/ou

mordedura de gatos, com infecção dos familiares, além de casos em profissionais

que lidam com esses animais, como veterinários e auxiliares (SILVA et al., 2012).

Em vários países do mundo, os relatos de casos e a incidência da

esporotricose têm sido sobre a ocorrência da doença em humanos, sempre após

traumas relacionados com o exercício de atividades extradomiciliares, tais como:

cultivo da terra, recolhimento de lenha e forragens de florestas, criação de animais,

jardinagem, picadas de insetos, atividades de lazer em áreas rurais, como as

pescarias e caçadas (KOÇ et al., 2001;PÉREZ et al., 2007; RAMÍREZ et al., 2010;

VERMA et al., 2012). No Uruguai, a maior incidência da esporotricose foi

relacionada com a atividade de caça ao tatu (Dasipus septemcinctus), onde mais de

80% dos casos de esporotricose humana foram atribuídos a esta atividade (CONTÍ-

DIAS, 1980 citado por ALVES et al., 2010). Os tatus normalmente se escondem em

tocas, o caçador deve puxá-los pela cauda e não é incomum o caçador adquirir

traumas na pele durante esta operação. O solo das tocas dos tatus é rico em

matéria vegetal que pode ser um importante reservatório para o fungo (ALVES et al.,

2010).

No Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, a ocorrência da doença em

humanos foi relacionada a atividades de lazer em zona rural, como pescarias e

caçadas, inclusive a caça ao tatu (LOPES et al., 1999; ALVES et al., 2010). No

estado do Rio de Janeiro, de 1987 a 1998, 13 casos de esporotricose humana foram

43

registrados pelo CPqHEC (Centro de pesquisa de dermatologias infecciosas do

Hospital Evandro Chagas -Fiocruz) e, em 2001, a doença foi caracterizada como

emergente neste estado (Barros et al., 2001). Entre 1997 e 2009, foram registrados

no Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, 171 casos de esporotricose

em humanos (OROFINO-COSTA et al., 2011).

Posteriormente, os registros da Fiocruz mostraram que no período

compreendido entre 1997 e 2007 foram diagnosticados e tratados 1848 casos de

esporotricose humana, em residentes no Estado do Rio de Janeiro, dos quais 1289

foram registrados no último quadriênio. No detalhamento da fonte de infecção,

identificou-se que a maioria dos casos tinha registros de relatos de pacientes com

trauma envolvendo animais no ambiente doméstico. Um mil duzentos e vinte seis

casos relataram o trauma com gato como fonte de infecção (66,34%): gatos

domésticos, de rua ou sem especificação de origem, 16,61% trauma ao lidar com

plantas ou terra e 0,5% foram referentes à menção de picadas de insetos, aves ou

acidentes com cachorro (SILVA et al., 2012). Entre 2008 e 2011 foram confirmados

2.340 novos casos de esporotricose humana, segundo dados do Serviço de

Vigilância em Saúde da Fiocruz (SILVA et al., 2012).

Quanto ao atendimento de animais doentes, até 2010, foram atendidos,

aproximadamente 3.244 gatos e mais de 120 cães com esporotricose. Os cães não

desempenharam papel importante na cadeia epidemiológica da micose, pois não

houve nenhuma comprovação de transmissão ao ser humano por esses animais

(BARROS et al., 2010). Supõe-se que gatos adquirem a doença ao se arranharem

com vegetações e quando brigam com outros gatos de rua (CRUZ, 2013). Diante

dos relatos históricos da doença no Brasil e a relação na cadeia alimentar entre

gatos e ratos, seria interessante também, se avaliar o papel dos ratos na

epidemiologia desta doença.

Schubach et al. (2001; 2002) e Souza et al. (2006) mostraram que, além dos

gatos doentes, gatos sadios que têm acesso extradomiciliar ou em contato com

animais doentes podem ser portadores assintomáticos do Sporothrix spp. e carreá-lo

para o ambiente doméstico, onde poderá persistir por prolongados períodos de

tempo (REIS et al., 2009). A manutenção do Sporothrix spp. em clínicas e

consultórios veterinários, após atendimento de animal doente, também pode ser

uma fonte de infecção para os profissionais da área, assim como, para outros

animais que serão atendidos no recinto. Mattei et al. (2011) mostraram que o S.

44

schenckii pode ser isolado do ambiente hospitalar, após atendimento de gato com

lesões de esporotricose, mesmo após a desinfecção do local com álcool iodado.

Pelo levantamento dos dados epidemiológicos, a endemia da esporotricose

em gatos, no Rio de Janeiro, não atinge a Zona Sul, a região mais rica da cidade. Na

Zona Sul os gatos vivem em apartamentos, já nos bairros e nas cidades periféricas,

a população vive em casas, os gatos são mais livres, eles estão nos quintais e vão à

rua com frequência e sozinhos. Estes foram introduzidos como uma forma eficiente

de controle de ratos e passaram a ser vistos como animais tão úteis quanto os cães.

O aumento do número de casos de esporotricose nas regiões mais pobres do

Grande Rio pode ter aí a sua origem (ALVES, 2010; CRUZ, 2013).

2.4 – ASPECTOS CLÍNICOS DA ESPOROTRICOSE 2.4.1 - Manifestações clínicas da esporotricose

De acordo com Lopes-Bezerra et al. (2006), as apresentações clínicas da

esporotricose podem ser classificadas em:

Cutânea

◦ Linfocutânea

◦ Fixa

◦ Disseminada ou múltipla

Mucosa

◦ Ocular

◦ Nasal

◦ Outras

Extracutânea

◦ Pulmonar

◦ Osteoarticular

◦ Meningeal

◦ Generalizada

Residual (Sequela)

Formas especiais

◦ Regressão espontânea

◦ Hipersensibilidade (eritema nodoso, eritema multiforme)

45

Em humanos, a forma clínica mais frequente da esporotricose (em torno de

80%) é a forma linfocutânea que se inicia com uma única pápula no local da injúria,

mais comumente na mão, que aparece algumas semanas após a inoculação

(BARROS et al., 2001; ALVES et al., 2010; VERMA et al., 2012). A lesão se torna

ulcerada com um dreno purulento e geralmente não é dolorida. Semanas após o

desenvolvimento da lesão inicial, aparecem lesões adicionais, nódulos dérmicos e

subcutâneos típicos, ao longo dos vasos linfáticos, normalmente em direção ao

braço. Esta descrição clínica caracteriza a denominação da doença: “linfangite

nodular ascendente” (SCHECHTMAN, 2010). Em geral, a forma fixa cutânea é

caracterizada por lesões nodulares infiltradas, ulceradas ou eritematosas localizadas

na área exposta à inoculação fúngica. A forma cutânea disseminada ou múltipla

(BARROS et al., 2003) tem sido observada em pacientes imunosuprimidos, como os

positivos para o vírus HIV (SILVA-VERGARA et al., 2012), etilistas (SCHECHTMAN

et al., 2011; NASSIF et al., 2012), pessoas com idade avançada, que receberam

quimioterapia, diabetes, etc. A esporotricose disseminada foi responsável pelo

aumento do número de hospitalizações em 44% dos pacientes portadores do vírus

HIV contra 1% do grupo de pacientes somente com esporotricose, soronegativo para

o HIV (FREITAS et al., 2014). O acometimento de mucosas não é comum, mas pode

ocorrer e afeta preferencialmente a mucosa ocular (RIBEIRO et al., 2010). Entre as

formas extracutâneas, as mais comuns são a osteoarticular e a pulmonar, mas há

relatos de casos com severa disseminação hematogênica com acometimento de

múltiplos órgãos (SCHECHTMAN, 2010).

Nos cães, a via de entrada do fungo tem sido relacionada a perfurações com

espinhos, lascas de madeira, picadas de insetos, contato com gatos doentes. A

forma cutânea localizada ou fixa é a mais comumente relatada. Múltiplos nódulos

firmes, placas ulceradas com bordas elevadas e áreas alopécicas estão geralmente

presentes, em particular na região da cabeça e do tronco. Os nódulos podem ulcerar

e desenvolver tratos drenantes. As lesões normalmente não são doloridas ou

pruriginosas. Schubach et al. (2006) descreveram a ocorrência de esporotricose em

44 cães da região metropolitana do Rio de Janeiro. Todos os animais apresentaram

lesões fixas cutâneas únicas (40,9%) ou múltiplas (59,1%). A maior parte dos

animais apresentou lesões ulceradas no nariz e os sintomas respiratórios foram

considerados os sinais extracutâneos mais comuns da infecção, a transmissão por

gatos com esporotricose ocorreu em 84,1% dos animais.

46

A forma linfocutânea é considerada incomum nos cães, mas dois casos foram

relatados por Crothers et al. (2009), assim como, um caso de esporotricose

disseminada.

Madrid et al. (2007), em Pelotas/RS, descreveram o primeiro caso de

esporotricose óssea e cutânea em canino que apresentava lesões cutâneas

profundas caracterizadas por extensas úlceras e que evoluía há três anos, sem

diagnóstico.

Souza et al. (2009) relataram o caso clínico de esporotricose de um cão com

massa na fossa nasal e dificuldade respiratória, na cidade de Valença/RJ. O animal

estava sendo tratado para rinite alérgica com predinisolona. O diagnóstico da

esporotricose foi baseado no achado histopatológico de dois esporos diminutos na

porção central do piogranuloma.

Em 2012, Matos et al. relataram uma dermatite multifatorial causada pelo S.

schenckii, Demodex canis e bactérias dos gêneros Staphylococcus e Streptococcus

em canino da cidade de Pelotas/RS. No Canadá, Shany (2000) relatou o caso clínico

de co-infecção, de esporotricose e criptococose em canino, onde a apresentação

clínica da doença foi uma massa ulcerada protuberante nas duas narinas.

No gato, as lesões podem ocorrer no nariz (“nariz de palhaço”), na cabeça,

nas patas, na cauda e em outras partes do corpo. A inoculação do fungo ocorre por

lesões traumáticas, surgem pápulas e nódulos múltiplos que evoluem para úlceras

que podem chegar a extensas áreas de necrose com eliminação de exsudato

purulento, podendo haver também o envolvimento de tecido muscular e ósseo. Pela

auto-higienização com a língua, ocorre disseminação da infecção para outras áreas

do corpo. Do mesmo modo, por causa do prurido, o animal costuma esfregar as

patas sobre a lesão ulcerada, contaminando-a com as leveduras presentes em sua

superfície. Como acontece em outras espécies de animais, o S. schenckii invade a

circulação linfática e suas células são retidas nos linfonodos. Nos linfonodos, o fungo

continua a se multiplicar, logo ocorre a megalia, seguindo-se o seu rompimento e a

ulceração. Pelos vasos linfáticos eferentes, as células fúngicas chegam ao nódulo

seguinte e, desta maneira, os nódulos da cadeia ganglionar serão infectados

resultando, assim, em uma cadeia de nodulações perceptíveis visualmente ou pela

palpação (CRUZ, 2013). Barros et al. (2001) relataram que nos gatos, a maioria das

lesões cutâneas localizou-se na cabeça (46,6%) e nos membros (35,9%) e a maior

parte dos animais apresentou mais de uma lesão pelo corpo.

47

2.4.2 - Reação imune à esporotricose

A resposta imune contra o S. schenckii é estudada desde os anos 70 e, desde

então, ficou claro que pacientes com deficiência na resposta imune celular são mais

susceptíveis à infecção sistêmica (MARTÍNEZ-ÁLVAREZ et al., 2014). Scott et al.

(1986), através de estudos “in vitro”, levantaram a possibilidade da ativação da via

alternativa de complemento pelo S. schenckii como um dos mecanismos de defesa

do hospedeiro contra o fungo através da opsonização, fagocitose e pela produção

de uma inflamação aguda durante a infecção inicial. Os estudos “in vivo” de Kozel

(1996) mostraram que o sistema complemento é um importante componente na

resistência inata às infecções fúngicas, mas, os meios específicos pelos quais a

ativação de complemento medeia esta resistência não são claros.

Fernandes et al. (2008) observaram que camundongos infectados com

leveduras de S. schenckii apresentaram supressão de células T, alta carga fúngica

nos tecidos e sucumbiram à infecção. As leveduras se mostraram resistentes aos

mecanismos fungicidas intracelulares dos macrófagos e disseminaram pelos tecidos.

A infecção severa promoveu a liberação de mediadores pró-inflamatórios TNF-α, NO

(óxido nítrico) e subsequente indução de moléculas como a IL-10, FasL e CTLA-4

(antígeno linfócito citotóxico-4). A resistência foi atribuída principalmente à

proliferação de células T após desafio com ConA, equilíbrio de citocinas: IFN-γ e

IL10, e diminuição de células apoptóticas nos camundongos iNOS-/-. Os autores

mostraram que apesar do NO dos macrófagos ser um mediador essencial para a

morte, “in vitro”, do S. schenckii, a ativação do sistema NO, “in vivo”, contribui para a

imunossupressão e interfere no balanço de citocinas na fase inicial de infecção do S.

schenckii.

Para Carlos et al. (2009) não há dúvidas de que tanto as respostas Th1 e Th2

participam da esporotricose experimental, entretanto precisa-se investigar os

receptores presentes nas células que participam efetivamente do controle da

infecção, os primeiros resultados indicaram que TLR-4 (receptores semelhantes a

toll) participam da esporotricose murina, reconhecendo algumas moléculas lipídicas

extraídas da parede celular da levedura do S. schenckii. Negrini et al. (2013)

mostraram que também os TLR-2 são receptores importantes para o

reconhecimento do fungo, os camundongos TLR-2(-/-) apresentaram menores

porcentagens de macrófagos com leveduras internalizadas quando comparados aos

48

camundongos TLR-2 competentes. A ausência de TLR-2 levou a uma menor

produção de citocinas TNF-α, IL-1β, IL-12 e IL-10.

Nascimento e Almeida (2005) infectaram camundongos com leveduras de S.

schenckii por via intraperitoneal. Os resultados mostraram a participação de

anticorpos específicos no controle da infecção, foram observados altos níveis de

IgG1, indicando a ocorrência de neutralização, pois este isotipo está relacionado

com a opsonização, o que melhora a eficiência da fagocitose. De Lima Franco et al.

(2011) também mostraram que na esporotricose experimental, os anticorpos foram

importantes na proteção contra o S. schenckii e consideraram a opsonização um

processo importante para aumentar a produção de TNF-α e morte do fungo pelos

macrófagos. A ligação de diferentes opsoninas séricas na superfície de leveduras

(C3) e conídios (lectinas com resíduos de manose) guia o patógeno a receptores

específicos nos macrófagos, os quais levam a diferentes respostas celulares. Os

conídios, em culturas de macrófagos de células leucêmicas, induziram uma pobre

resposta pró-inflamatória e menores taxas de morte celular por ROS, quando

comparados às leveduras, aumentaram a sobrevivência do patógeno e favoreceram

a transição dimórfica de conídio para levedura (GUZMAN-BELTRAN et al., 2012).

Recentemente, Martínez-Álvarez et al. (2014) compilaram informações da

literatura sobre a resposta imune do hospedeiro frente ao S. schenckii. Segundo os

autores, as respostas imunes ainda não estão totalmente explicadas como as

descritas para a Candida e outros patógenos fúngicos, ainda sabe-se pouco sobre

os mecanismos moleculares de reconhecimento da resposta imune inata e os

receptores envolvidos. Além disto, não há informação sobre as outras espécies que

compõem o complexo Sporothrix.

2.4.3 - Diagnóstico

As amostras clínicas para análise laboratorial podem incluir fragmentos de

lesões ou swabs para análise microbiológica; e, amostras de tecido para biópsia em

formalina neutra a 10%, para estudos histopatológicos. O diagnóstico clínico da

esporotricose deve ser confirmado pela observação microscópica de estruturas

leveduriformes no material coletado das lesões e no isolamento e na identificação do

agente etiológico envolvido (QUINN et al., 1994).

49

2.4.4 - Citologia/ Histopatologia

A observação microscópica do fungo no material patológico pode ser

realizada em esfregaços submetidos às colorações convencionais como Gram,

Giemsa, panótico, azul de metileno ou em cortes histológicos corados pelo PAS,

Grocott-Gomori (GMS). Em todos os casos o Sporothrix spp. apresenta-se como

leveduras ovaladas, arredondadas ou em forma de charuto, livres ou no interior de

macrófagos. Sua parede celular é refrátil e o citoplasma pode se retrair, dando a

impressão de haver uma cápsula. Nas lesões ulceradas, as leveduras são

encontradas em grande número, especialmente em gatos, enquanto que no homem

e em outros animais como os cães e em lesões não ulceradas observa-se um

número menor ou, elas podem não ser encontradas (CRUZ, 2013).

Os achados histopatológicos predominantes em lesões piogranulomatosas da

pele de cães com esporotricose descritos por Miranda et al. (2010) foram :

granulomas mal definidos, de distribuição difusa com predomínio de células

epitelioides. Em 5% dos casos foi observada infiltração granulomatosa.

Os achados histopatológicos das lesões cutâneas de felinos com

esporotricose, descritas por Miranda et al. (2013), foram: granulomas supurativos,

com predomínio de granulomas mal definidos. A frequência de granulomas bem

definidos e de células epitelioides ficou em torno de 50 e 43%, respectivamente, nos

animais com mais de cinco anos de idade e com menor ocorrência nos animais com

menos de cinco anos de idade. Os autores também compararam a carga fúngica

das lesões e observaram que campos, com mais de 100 leveduras no aumento de

400x, foram encontradas nos granulomas mal delimitados (66,7% dos casos) e não

foi observada em granulomas bem delimitados e/ou com predominância de células

epitelioides. Os granulomas bem delimitados foram associados ao grupo de animais

com apenas uma lesão e as altas cargas fúngicas foram predominantes no grupo de

animais com mais de três lesões e granulomas mal delimitados.

2.4.5 - Métodos imunológicos

O primeiro teste imunológico sugerido para diagnóstico da esporotricose foi o

da intradermoreação, que utiliza um preparado com filtrados de cultura da fase

50

miceliana ou leveduriforme do S. schenckii, entretanto, em regiões endêmicas, um

número considerável de pessoas são reativas à esporotriquina sem apresentarem

sinais clínicos da doença (BARROS et al., 2011).

Nas formas não usuais de esporotricose os métodos de cultura são difíceis de

serem aplicados e, por isto, a detecção de anticorpos do paciente pode ser mais

uma opção no diagnóstico. Todavia, os métodos sorológicos ainda apresentam valor

limitado para o diagnóstico definitivo da esporotricose devido às reações cruzadas

com outras infecções ou aos resultados falsos positivos. A prova da aglutinação em

tubo, reação de fixação do complemento, aglutinação em partículas de látex,

imunodifusão em gel, imunoeletroforese, ELISA e imunofluorescência (BLUMER et

al., 1973; SCOTT et al., 1989, MENDONZA et al., 2002, FERNANDES et al., 2011,

ALMEIDA-PAES et al., 2007 e 2012, MIRANDA et al., 2010) fazem parte do rol de

metodologias já testadas para o Sporothrix spp. através de diferentes formas de

produção do antígeno.

Almeida-Paes et al. (2007b) utilizaram antígenos miceliais (Mendonza et al.,

2002) para o diagnóstico da esporotricose através do ensaio de ELISA. O ensaio

apresentou 97% de sensibilidade, 89% de especificidade e 92% de eficiência global,

todos os pacientes, com as diferentes apresentações clínicas da doença,

apresentaram valores de absorvância altos e similares, sem correlação com a

severidade da doença. Os experimentos mostraram que no decorrer do tratamento,

os títulos de anticorpos diminuíram, sendo este dado uma ferramenta importante

para o acompanhamento da resposta do paciente ao tratamento (BERNARDES-

ENGEMANN et al., 2005, ALMEIDA-PAES et al., 2007a).

Bernardes-Engemann et al. (2005) testaram uma fração antigênica da parede

celular da levedura, uma ramnomanana que se liga à concanavalina (SsCBF), para

o diagnóstico da esporotricose humana. O ensaio de ELISA mostrou 90% de

sensibilidade e 86% de eficiência global quando testado contra soros obtidos de 92

pacientes com diferentes apresentações clínicas da doença, juntamente com 117

soros controle obtidos de indivíduos saudáveis ou portadores de outras doenças. Em

2011, Fernandes et al. compararam os resultados de ELISA utilizando a fração

antigênica SsCBF ou exoantígenos brutos miceliais (MENDONZA et al., 2002) para

o diagnóstico da esporotricose em gatos. A fração antigênica SsCBF mostrou

73,33% de sensibilidade e 91,67% de especificidade enquanto o exoantígeno bruto

demonstrou 83,33% de sensibilidade e 91,67% de especificidade.

51

A imunohistoquímica também pode ser um método complementar que pode

ser aplicado para a detecção de antígenos intracelulares e extracelulares

aumentando a sensibilidade do diagnóstico em 80,5% e sem reações cruzadas com

lesões de leishmaniose (MIRANDA et al., 2011).

2.4.6 - Diagnóstico diferencial

Segundo Santos et al. (2007), a principal enfermidade a ser diferenciada da

esporotricose em humanos e caninos no Rio de Janeiro deve ser a leishmaniose

americana tegumentar, devido à similaridade dos sintomas clínicos nas

apresentações fixa cutânea da esporotricose e sobreposição de endemicidade

destas doenças no Rio de Janeiro.

Lopes-Bezerra et al. (2006) citam que a diversidade das formas clínicas da

esporotricose leva a um grande número de doenças que a esporotricose deve ser

diferenciada além da leishmaniose, nocardiose, cromomicoses, criptococose,

tuberculose, rosácea, doenças granulomatosas não infecciosas, psoríases,

carcinomas, dentre outras.

2.4.7 - Prevenção e controle

Para a esporotricose transmitida pelo contato com o solo e traumas, a

recomendação é a utilização de botas e luvas grossas nos trabalhos com a terra ou

plantas.

Para o controle da esporotricose transmitida por gatos, a prioridade deveria a

castração dos felinos, eutanásia dos casos sem possibilidade terapêutica, cremação

dos corpos que evoluíram para óbito e educação para a posse responsável de

animais domésticos. (BARROS et al., 2010).

Outro aspecto a ser pensado, considerando a dificuldade da realização do

tratamento nos gatos, é a oportunidade que essa epidemia representa para o

desenvolvimento de vacinas antifúngicas para animais, apesar dos fungos

representarem um desafio em pesquisas de vacinas (BARROS et al., 2010).

52

2.4.8 - Tratamento

O tratamento de escolha da esporotricose enquanto lesão cutânea é a

quimioterapia sistêmica com iodeto de potássio. Nas formas cutâneas disseminadas,

linfocutâneas recidivantes e extracutâneas, a anfotericina B é o fármaco mais

efetivo. Porém, a frequência de intolerância ao iodo e a alta toxicidade da

anfotericina B, muitas vezes, representam fatores que limitam o seu uso. Nas últimas

décadas, aumentou o emprego de derivados azólicos, dentre eles: o cetoconazol, o

itraconazol e o fluconazol, como alternativa terapêutica aos esquemas clássicos,

sendo o itraconazol o mais efetivo deles devido à boa eficácia e aos poucos efeitos

adversos tanto em adultos quanto em crianças: 100 mg/dia durante 120 dias

(KAUFFMAN et al., 2000, HEIDRICH et al., 2011). Por outro lado, a terbinafina, em

virtude da sua elevada atividade in vitro e in vivo, está sendo utilizada para diversas

infecções fúngicas. No entanto, a experiência clínica da terbinafina, no tratamento da

esporotricose, ainda é restrita (HEIDRICH et al., 2011).

Durante a gravidez, os derivados azólicos não devem ser administrados

devido ao seu potencial teratogênico e o iodeto de potássio, devido à sua toxicidade

para a tireoide fetal. A anfotericina B pode ser utilizada com segurança, mas é

indicada somente para a esporotricose disseminada ou pulmonar (KAUFFMAN et

al., 2000). Uma opção para a doença cutânea é a hipertermia local, banhos quentes,

com a temperatura entre 42 e 45°C, uma vez ao dia durante 30 minutos a uma hora,

ou duas ou três vezes ao dia durante 15 minutos por sessão (PÁVON et al., 2007).

Pode-se também esperar a gravidez ser completada para iniciar a terapia com

itraconazol, já que não existe risco de disseminação da infecção para o feto.

Nos animais, a esporotricose responde bem ao tratamento oral com soluções

saturadas de iodeto de potássio nas dosagens de 40mg/Kg para cães e de 20mg/Kg

para gatos a cada 12 a 24 horas e continuando por 30 dias após o desaparecimento

total dos sintomas. Em gatos, este tratamento tem sido evitado pelos veterinários

porque é comum a ocorrência de iodismo, caracterizado por vômitos, anorexia,

depressão, icterícia, tremores, corrimento nasal e ocular, hipotermia, insuficiência

cardíaca. Nestes casos, o tratamento deve ser interrompido por uma semana,

reiniciando-o com a mesma dosagem ou com dosagem mais baixa ou o iodeto pode

ser substituído por cetoconazol, itraconazol ou fluocitosina. Em gatos e cães, bons

53

resultados têm sido obtidos com dosagens de 100mg de itraconazol/dia. Em todos

os casos, o tratamento deve ser continuado por 30 dias depois de desaparecidos os

sinais. O tratamento de grandes animais pode ser feito com o iodeto de potássio

adicionado à ração e fornecido aos animais, inclusive de forma preventiva, quando

houver casos no plantel (CRUZ, 2013).

2.4.9 - Prognóstico

Embora a micose exiba muitas vezes um quadro clinico dermatológico

exuberante, costuma cursar sem gravidade e sem acometer outros órgãos além da

pele, mucosa e subcutâneo. O custo indireto é social — pelo absenteísmo ao

trabalho, pelo sofrimento durante a doença ativa e pelo aspecto desagradável das

lesões cicatriciais (BARROS et al., 2010).

Contrariamente nos gatos, a esporotricose tem curso muitas vezes longo,

frequentemente com acometimento sistêmico, levando a formas graves de difícil

tratamento e evolução para o óbito (BARROS et al., 2010).

2.5 - IMUNOGLOBULINAS

As Imunoglobulinas são glicoproteínas, produtos da diferenciação dos

linfócitos durante o desenvolvimento das células B, com atividade de anticorpo e são

encontradas no sangue, na linfa e nos tecidos vascularizados de todos os

vertebrados com mandíbula (LITMAN et al., 1993). A diversidade dos anticorpos é

especificada por uma molécula de imunoglobulina, heterodimérica, constituída de

duas cadeias pesadas e duas leves idênticas, que formam um monômero bivalente

e funcional. Variações nas sequências regionais das cadeias leves e pesadas

levaram à classificação de regiões variáveis (V) e constantes (C), que mais tarde

mostraram ser codificadas por exons separados (LITMAN et al., 1993).

54

Em aves, foi mostrada a existência de três classes de imunoglobulinas,

análogas às classes de imunoglobulinas dos mamíferos, IgA, IgM e IgY (IgG)

(LESLIE e CLEM, 1969, LEBACQ-VERHEYDEN et. al., 1974).

O peso molecular, a morfologia e a mobilidade imunoeletroforética da IgA e

IgM de galinhas são semelhantes aos da IgA e IgM de mamíferos (LESLIE e CLEM,

1969). A IgM de frangos é estruturalmente e funcionalmente homóloga à IgM de

mamíferos, apresenta um peso molécular médio de 890 kDa e é mais provável que

tenha uma configuração tetramérica (μ2L2)4 ao invés de pentamérica (μ2L2)5.

Invariavelmente, IgM é o isotipo produzido após a exposição inicial ao antígeno.

Assim como nos mamíferos, sua resposta é temporária (LEBACQ-VERHEYDEN et.

al., 1974, DAVISON et al., 2008).

IgA é o anticorpo predominante nas secreções corporais. Nos mamíferos, IgA

é um dímero (α2L2)2 unido pela cadeia J que se liga a um receptor de células

epiteliais nos tecidos. Este receptor torna-se integrado à molécula de imunoglobulina

como um componente de secreção e o complexo IgA é transportado através da

célula epitelial e secretada no lúmen do órgão em questão. A IgA está presente nas

secreções intestinais e biliares de galinhas (LEBACQ-VERHEYDEN et. al., 1972,

1974) . A IgA extraída da bile de frangos é normalmente maior do que a IgA

encontrada em mamíferos, sugerindo que a forma aviária é um trímero ou um

tetrâmero (α2L2)4 (LEBACQ-VERHEYDEN et. al., 1972, 1974, DAVISON et al.,

2008).

Em 1969, Leslie e Clem demonstraram que a imunoglobulina 7.1S de frangos

era o principal anticorpo do soro destes animais e baseado em suas características

físico-químicas e antigênicas, sem nenhuma similaridade com qualquer outra de

mamíferos, propuseram que esta molécula fosse chamada de IgY.

IgY é a imunoglobulina de baixo peso molecular, predominante no soro de

pássaros, répteis anfíbios e provavelmente peixes pulmonados (WARR et al., 1995).

Nos ovos, a IgY está presente predominantemente na gema, enquanto a IgA e IgM

estão presentes na clara (HAMAL et al., 2006) como resultado da secreção da

mucosa no oviduto (ROSE et al., 1974 citados por HAMAL et al., 2006). SCHADE et

al. (2005) relataram que, dependendo do método utilizado para a extração e da sua

sensibilidade, a concentração total de IgY pode ser de 100 a 200 mg/ovo e que esta

é prevalente na circulação sanguínea, com variações significativas entre indivíduos

(3 – 7 mg/ml) (HAMAL et al., 2006), também é encontrada no conteúdo duodenal, na

55

secreção traqueal, no fluido seminal, na bile, na saliva e nas lágrimas (LEBACQ-

VERHEYDEN et. al., 1974, DIAS DA SILVA, 2010).

A estrutura total da IgY é semelhante à da IgG dos mamíferos, com duas

cadeias leves e duas cadeias pesadas e massa molecular de 167,2 kDa, um pouco

maior do que a IgG (~160 kDa) (DIAS DA SILVA, 2010). A cadeia pesada apresenta

peso molecular de 65,105 kDa, é chamada de upsilon, υ, e possui um domínio

variável e quatro constantes (Cυ1, Cυ2, Cυ3 e Cυ4). A cadeia leve apresenta peso

molecular de 18,660 kDa, é composta de um domínio variável e um constante

(CARLANDER, 2002). Warr et al. (1995) citaram que as comparações das

sequências das regiões constantes da IgG e da IgY mostram que os domínios Cγ2 e

Cγ3 da IgG estão mais relacionados com os domínios Cυ3 e Cυ4 da IgY,

respectivamente, e que o equivalente ao domínio Cυ2 está ausente nas cadeias γ.

Supõe-se que o domínio Cυ2 foi condensado para formar a região de dobradiça da

IgG. A região de dobradiça é uma estrutura característica da Ig de mamíferos e que

não existe na IgY nem na IgA de aves. Na IgY, há regiões vizinhas aos domínios

Cυ1-Cυ2 e Cυ2-Cυ3 que contêm resíduos de prolina e glicina, estas regiões têm o

potencial para conferir flexibilidade limitada à molécula. Esta é provavelmente a

razão das diferentes propriedades da IgY em comparação com a IgG de mamíferos.

A região Fab (fragmento ligador de antígeno) é semelhante à das

imunoglobulinas de mamíferos, contém o sítio de ligação dos antígenos e a região

Fc (fragmento cristalizável) é o sítio efetor, responsável pela maioria das funções

biológicas, ele contém duas cadeias laterais de carboidratos, em contraste com

somente uma na IgG (WARR et al., 1995).

A IgY das aves é evidenciada como o progenitor imediato da IgG e IgE, a

evidência baseia-se em três pontos: as funções do anticorpos, a estrutura

polipeptídica das cadeias pesadas e a estrutura e expressão dos genes para a

cadeia pesada (WARR et al., 1995). Taylor et al. (2009) mostraram, pela análise

cristalográfica, que a estrutura da região Fc da IgY exibe características estruturais

da IgG e IgE.

2.5.1 - Transferência da IgY para o ovo

Dentro de um único ovário de uma ave existem numerosos e pequenos (<60

mg) oócitos imaturos. Em intervalos diários, um oócito desta população entra na fase

56

dois do processo de maturação. A primeira fase é caracterizada por um crescimento

relativamente lento e leva em torno de 15 dias. A segunda ocorre por um período de

6 dias e inclui o rápido sequestro de proteínas séricas selecionadas, resultando em

aumento de massa para 30 a 50 vezes. A concentração de IgY na gema é constante

durante a completa maturação do oócito, do pequeno (0,05 g) ao grande (20 g). A

massa do oócito cresce exponencialmente do dia -8 ao dia -2, e linearmente do dia -

2 até um pouco antes da entrada do oócito maduro no oviduto (dia zero). A

passagem de IgY segue este modelo, com taxas máximas de passagem ocorrendo

em torno do dia -3 e -2, quando quantidades tão grandes quanto 45 mg/dia são

acumuladas na gema. À maturidade, um oócito possuirá em torno de 100 – 200 mg

de IgY materna (KOWALCZYK et al., 1985).

Loeken e Roth (1983) analisaram amostras pareadas de IgY no soro e gema

de galinhas, os autores evidenciaram que todas as amostras de IgY apresentaram

pontos isoelétricos entre pH 6,5 – 9,0, sem nenhuma diferença qualitativa ou

quantitativa entre as IgYs do soro e da gema. As galinhas apresentaram

subpopulações de IgY que diferem na susceptibilidade à papaína e ao ponto

isolelétrico e todas as subpopulações são transferidas para a gema em proporção à

sua concentração no soro materno. Para a transferência, é necessária que a região

Fc e da dobradiça estejam intactas e as cadeias laterais de carboidratos associadas

às regiões Fc não interferem no processo. A passagem transovariana leva

aproximadamente cinco dias. O tempo médio de vida da IgY circulante de uma

galinha adulta é de aproximadamente 36 a 65 horas. Anticorpos específicos são

transportados para a gema com um atraso médio em torno de 5 dias (SCHADE et

al., 2005).

A transferência de anticorpos maternos para o feto ou neonato, é largamente

conhecida em mamíferos, pássaros e permite a aquisição passiva da imunidade

humoral. O saco vitelino do frango exibe ligadores de IgY semelhantes aos do Fc

neonatal para IgG com alta afinidade de ligação ao pH ácido e nenhuma ligação

observável ao pH neutro ou básico (TRESSLER e ROTH, 1987; TESAR et al.,

2008).

Em geral, os anticorpos policlonais IgY estão presentes no ovo como uma

emulsão de grânulos juntamente com lipoproteínas. A IgY é a fração γ-livetina da

gema que precisa ser separada de outras proteínas hidrossolúveis tais como α-

livetina, β-livetina e várias lipoproteínas (CARLANDER, 2002). Portanto, o

57

isolamento e a purificação da IgY aviária é essencial para um ótimo imunoensaio.

Segundo DIAS DA SILVA et al. (2010), o método de Bhanushali et al. (1994) é um

método simples e barato para tal procedimento.

Altos títulos de anticorpos IgY específicos no sangue são alcançados, em

média, após a terceira imunização. Almeida et al. (2003) utilizaram cinco

imunizações para a produção de IgY anti-BfpA, os anticorpos apareceram no sangue

após a segunda imunização, mas, ao ELISA, títulos altos de anticorpos foram

conseguidos somente 15 dias após a 4ª. imunização, diluição de 1:9000. Após a

terceira imunização há aumento dos títulos de anticorpos, portanto uma imunização

adicional deve ser feita dentro de, no máximo, três meses após as três primeiras

imunizações a fim de se manter títulos altos de anticorpos nos ovos por mais tempo

(CHALGHOUMI et al., 2008). Gassmann et al. (1990) conseguiram altos títulos de

anticorpos nas gemas após a terceira imunização e estes se mantiveram altos por

até 81 dias. Comparando adjuvantes, completo/incompleto de Freund com um

complexo de matriz imunoestimulante, Chalghoumi et al. (2008) observaram que os

títulos de anticorpos foram maiores nas gemas dos animais que receberam o

adjuvante de Freund e que este não causou danos nos tecidos ou anormalidades

nos animais que o receberam.

2.5.2 - Propriedades bioquímicas da IgY

A região das cadeias pesadas da IgY (Cυ2) apresenta mobilidade restrita,

torna o anticorpo mais rígido e afeta a capacidade do anticorpo precipitar ou

aglutinar antígenos. Somente parte dos anticorpos das galinhas são precipitados em

concentrações fisiológicas de sal e, aproximadamente, 25% dos anticorpos

permanecem no sobrenadante sob máxima precipitação. As condições que

permitem a precipitação podem afrouxar os movimentos restritos dos braços da

região Fab e fornecer independência funcional aos sítios de ligação (CARLANDER,

2002). Shimizu et al. (1992) demonstraram que a IgY é menos estável à temperatura

e às condições ácidas do que a IgG de coelho. IgY é bastante estável à digestão de

proteases internas tais como tripsina e quimiotripsina (CARLANDER, 2002).

58

2.5.3 - Vantagens da IgY

Os anticorpos IgG são as moléculas de escolha para uma variedade de

técnicas analíticas, bioquímicas e terapêuticas. Mas, infelizmente, o seu

envolvimento nas respostas imunes e patologias imunomediadas, juntamente com o

seu alto grau de conservação entre os mamíferos, podem torná-la susceptível a

interações indesejáveis com proteínas conservadas, dificultando o seu uso em

determinadas situações (SPILLNER et al., 2012).

Os anticorpos aviários podem reconhecer epitopos não reconhecidos pela IgG

dos mamíferos, dando acesso a um repertório diferente de anticorpos. A distância

filogenética entre mamíferos e aves aumenta a imunogenicidade das proteínas

conservadas dos mamíferos (GASSMANN et al., 1990) quando se utiliza anticorpos

IgY. Uma boa resposta imunológica pode ser alcançada se um anticorpo IgY anti-

IgG de mamífero é utilizado nos ensaios. IgY não se liga à proteína A estafilocóccica

ou proteína G estreptocóccica, não ativa o sistema complemento de mamíferos, IgY

não se liga ao fator reumatoide (FR) presente em pacientes com doenças

reumatoides ou não (LARSSON et al., 1991). Moléculas de IgG sempre causam

resultados falsos positivos devido à interação com FR nos imunoensaios. Um

número crescente de pacientes são tratados com anticorpos monoclonais de

camundongos, este tratamento leva a uma resposta imunológica no paciente

resultando na produção IgG anti- anticorpos monoclonais de camundongos (HAMA),

a vantagem da IgY está em não interagir com o fator HAMA (CARLANDER, 2002).

Além disto, o uso de aves para produção de anticorpos representa uma

redução do número de animais necessários para tal finalidade, pois as aves

produzem maiores quantidades de anticorpos do que os roedores, superior a 100

mg de IgY purificada de uma única gema (TRESSLER & ROTH, 1987) e também

eliminam a coleta de sangue que é dolorosa para o animal.

2.5.4 - Aplicações gerais da IgY

A imunização de galinhas é uma alternativa atrativa e elegante para a

produção de anticorpos. Este tipo de anticorpo possui propriedades distintivas que

podem ser exploradas em vários caminhos de pesquisa, diagnóstico e terapia.

59

Vários trabalhos relataram a viabilidade do uso dos anticorpos IgY nas

técnicas de imunodiagnóstico. Anticorpos IgY foram utilizados em testes de ELISA

para medir a concentração de biomarcadores sanguíneos como proteínas ou

peptídeos (LEE et al., 2004, RUAN et al., 2005; JINTARIDTH et al., 2006 e

SOTIROPOULOU et al., 2012), dosar princípio ativo de planta em produtos naturais

(FREIRE et al., 2004), diagnosticar vítimas humanas de veneno de cobra (BRUNDA

et al., 2006), diagnóstico de doenças virais (SILVA et al., 2012, PALANIYAPPAN et

al., 2012), de parasitos intestinais (LU et al., 2012, LEI et al., 2012, MANHANI et al.,

2012), de protozoários (SILVA, 1999; BERNARDO, 2009), enterotoxinas

bacterianas, seja em produtos alimentícios (JIN et al., 2013) ou em patologias

(PARMA et al. 2012), detecção de cepas de Staphylococcus aureus resistentes à

meticilina (YAMADA et al., 2013).

Pela técnica da imunohistoquímica, anticorpos IgY marcaram antígenos virais

no citoplasma de neurônios do glânglio trigeminal de camundongos infectados

experimentalmente pelo vírus da raiva (MOTOI et al., 2005) e distintas formas

antigênicas de Toxoplasma gondii em seções tissulares de cérebros de

camundongos cronicamente infectados (FERREIRA JÚNIOR et al., 2012).

Anticorpos IgY também foram testados para a produção de frações variáveis

de cadeia simples, em sistema bacteriano ou fagos, visando à produção de

anticorpos de alta afinidade e avidez sem a necessidade de novas imunizações

(NAKAMURA et al., 2004, ROCHA, 2010). Rocha (2010) iniciou a montagem de uma

biblioteca de cDNA de IgY visando à produção de frações variáveis de cadeia

simples com aplicabilidade na composição de soros antivenenos de cobra de alta

qualidade, ou mesmo em testes que exijam alto grau de sensibilidade.

2.5.5 - Uso terapêutico da IgY

A Escherichia coli enteropatogênica (EPEC), causadora de diarreia, utiliza o

homopolímero de BfpA, proteína do pili bacteriano, para se aderir aos enterócitos e

colonizar o intestino do hospedeiro. ALMEIDA et al. (2003) hiperimunizaram galinhas

com a proteína recombinante BfpA e concluíram que os anticorpos IgY foram

capazes de bloquear a colonização de células HeLa por EPEC, inibiram a

proliferação de EPEC em meio de cultura e foram capazes de diferenciar cepas de

60

E. coli produtoras de BfpA. Soluções de IgY podem ser produzidas para inibir o

crescimento específico de cepas homólogas (ALMEIDA et al., 2003; AMARAL et al.,

2008) ou, anticorpos podem ser produzidos simultaneamente, em um mesmo ovo,

para inibirem o crescimento de sorovares bacterianos diferentes (CHALGHOUMI et

al., 2008).

Estudos em ratos mostraram o potencial da IgY de aves imunizadas na

prevenção de cáries dentárias utilizando o Streptococcus mutans como agente

imunógeno (OTAKE et al., 1991) ou a sua proteína ligadora de glucanas (SMITH et

al., 2001). Os autores observaram uma redução significativa do número de cáries

nos molares de ratos que receberam gemas de aves imunizadas.

Vários autores estudaram a possibilidade de se utilizar a IgY de galinhas

imunizadas como fonte de anticorpos específicos para controle e prevenção da

diarreia bacteriana em suínos. A IgY mostrou ação efetiva, segura e protetiva,

principalmente contra infecções intestinais e apresentou atividade biológica

semelhante à do colostro em leitões recém-nascidos (YOKOYAMA et al., 1992).

Segundo Yokoyama et al. (1992), o valor terapêutico da IgY, administrada

oralmente, reside na sua capacidade em bloquear a colonização das células

epiteliais intestinais por cepas bacterianas enteropatogênicas. A IgY, assim como os

anticorpos colostrais, é absorvida somente nas primeiras horas pós-nascimento e

depois exerce um efeito terapêutico local, sendo o fornecimento contínuo preferível

ao somente ao nascer (RIBEIRO et al., 2007).

A imunidade passiva com IgY anti-Helicobacter pylori reduziu o crescimento

bacteriano, a atividade da urease, as injúrias gástricas em modelo animal (SHIN et

al. 2002). Quando a IgY anti-urease foi incorporada ao iogurte houve supressão da

infecção por H. pilori (HORIE et al., 2004).

Carlander (2002) demonstrou que o tratamento com IgY pode ser adjuvante

no tratamento convencional da fibrose cística. O autor observou que quando a

solução de IgY anti-Pseudomonas foi gargarejada e ingerida pelos pacientes, o

principal sítio de ação foi a cavidade oral, orofaringe e região linfática. Durante o

tratamento, nenhum paciente apresentou uma nova infecção e também houve

aumento do tempo de reincidência da infecção nos pacientes tratados.

A IgY específica, contra um coronavírus causador de diarreia em suínos,

levou à redução da taxa de mortalidade de leitões (KWEON et al. (2000). Na

parvovirose canina, os animais tratados com dois gramas de pó contendo IgY-

61

antiparvovírus canino, não apresentaram sintomatologia clínica da doença

(NGUYEN et al., 2006). A IgY específica preveniu a diarreia e diminuiu

significativamente a quantidade de vírus albergados nos intestinos de suínos

desafiados com uma cepa de rotavírus humano (VEGA et al., 2012).

Vários trabalhos na literatura relataram o potencial da imunização passiva

contra o Staphylococcus aureus ou suas enterotoxinas. Leclaire et al. (2002)

desafiaram macacos Rhesus com dose letal de SEB (enterotoxina B) e mostraram

que a taxa de sobrevivência foi de 100% para o grupo de animais tratados com a IgY

contra a enterotoxina B, enquanto os animais do grupo controle morreram. A IgY

anti-S. aureus foi mais eficiente na cura da mastite clínica e experimental por S.

aureus do que o tratamento com penicilina (ZHEN et al., 2009).

Vieira-da-Motta et al. (2001) mostraram que a IgY anti-RAP (RNA III ativador

de proteína do loci agr para produção de enterotoxinas) na concentração de 0,05

µg/ml suprimiu a produção, in vitro, de enterotoxinas por várias cepas de S. aureus.

GUIMARÃES et al. (2009) mostraram que a IgY anti-S. aureus na concentração de 5

µg/ml, inibe o crescimento do S. aureus em cultura. WANG et al. (2010) produziram

anticorpos IgY anti diferentes sorotipos de S. aureus, os anticorpos apresentaram

alta especificidade e foram capazes de bloquear a internalização de cepas

homólogas por células epiteliais da glândula mamária, entretanto mostraram baixa

atividade bacteriostática.

A efetividade da IgY na imunidade passiva também foi estudada na

aquacultura com resultados superiores para o grupo tratado com a IgY específica,

seja para a infecção viral (LU et al., 2008) ou bacteriana (LI et al., 2006), porém, a

sua utilização no campo ainda é limitada devido à falta de uma formulação

adequada para ser administrada juntamente com a ração.

Devido a vantagens como baixo custo, alta produtividade e menor risco de

choque anafilático, os anticorpos IgY antiveneno de cobras têm sido sugeridos como

alternativa ao uso da IgG de equinos no tratamento das vítimas de mordidas de

cobra. Experimentos, in vivo, mostraram que anticorpos IgY hiperimunes forneceram

100% de proteção a camundongos desafiados com doses letais de veneno de cobra

(PAUL et al., 2007, ALMEIDA et al., 2008, ROCHA, 2010), mas que a proteção está

relacionada com o aumento da afinidade do anticorpo hiperimune (ALMEIDA et al.,

2008, ROCHA, 2010).

62

Existem muitos trabalhos na literatura favoráveis à imunidade passiva via IgY

para diversos microrganismos, entretanto para os fungos tais trabalhos são

escassos, sendo que as infecções fúngicas são difícieis de serem debeladas, os

tratamentos são tóxicos e prolongados. Experimentos in vitro mostraram a inibição

do crescimento da alga Prototheca spp. (SILVA, 2005) e da C. albicans

(GONÇALVES, 2007) spp. por anticorpos IgY específicos contra os respectivos

micro-organismos. Ibrahim et al. (2008) estudaram a eficácia, in vitro e in vivo, dos

anticorpos IgY antiantígenos de C. albicans, os autores observaram que os

anticorpos reduziram a atividade de adesão da C. albicans às células faríngeas de

carcinoma humano, além disto, reduziram a disseminação sistêmica e a severidade

das lesões na língua de camundongos imunossuprimidos, que foram utilizados como

modelo para a infecção oral. Fujibayashi et al. (2009) mostraram que anticorpos IgY

produzidos anti-C. albicans inibiram a aderência da C. albicans e também de outras

espécies de Candida spp. às monocamadas de células epiteliais orais, entretanto,

nenhuma inibição foi observada quando houve formação do tubo germinativo.

Abdelnoor et al. (2006) imunizaram galinhas com uma combinação de tubos

germinativos e células leveduriformes de C. albicans inativadas pelo calor. No teste

in vivo, os autores desafiaram camundongos com doses letais de C. albicans e

observaram que todos os camundongos tratados com a IgY específica continuavam

vivos aos sete dias após desafio, não houve disseminação da C. albicans para os

rins dos animais e estes apresentaram morfologia normal. Em contraste, os animais

que receberam IgY pré-imune, permaneceram vivos por sete dias, mas

apresentaram rins com múltiplos focos de abscesso. No grupo que recebeu somente

os antígenos e nenhuma IgY, a sobrevivência foi de 20%.

O mecanismo pelo qual os anticorpos podem suprimir o crescimento

bacteriano não está claramente compreendido. À microscopia eletrônica, Lee et al.

(2002) observaram que a superfície bacteriana ligada à IgY específica apresentou-

se rugosa quando comparada à superfície de bactérias do grupo controle, IgY pré-

imunização. A IgY específica pode se ligar a componentes expostos na superfície

bacteriana e promover alterações estruturais desta superfície. Sabe-se que bactérias

com ligações cruzadas com anticorpos específicos são aglutinadas e apresentam

motilidade, oportunidade de capturar nutrientes e proliferação diminuídas quando

comparadas às células bacterianas livres. Por outro lado, Lee et al. (2002) citaram

que, em meios sólidos, já foi observada uma redução da contagem bacteriana e que

63

esta não foi atribuída à reação de aglutinação. Além disto, as propriedades de

aglutinação da IgY são exibidas somente em concentrações elevadas de sal ou

condições de baixo pH devido ao impedimento estérico dos braços Fab da IgY que

são alinhados de forma bastante próxima, portanto, fora a aglutinação, deve haver

outras reações entre IgY e bactéria para causar a inibição do crescimento.

Componentes específicos expressos na superfície bacteriana, os quais são fatores

cruciais para o crescimento bacteriano podem ser reconhecidos e ligados aos

anticorpos policlonais, IgY (LEE et al., 2002).

64

3.0 – JUSTIFICATIVA

O resultado do cultivo micológico positivo para a esporotricose é considerado

como diagnóstico definitivo, conhecido como “padrão ouro”, sendo um método de

identificação simples e de baixo custo, embora o resultado seja demorado, superior

a uma semana. No entanto, existem casos em que não é possível isolar o agente

etiológico e o diagnóstico imunológico pode ser uma alternativa para tais situações.

A esporotricose humana e animal estão descritas há pelo menos 14 anos no

estado do Rio de Janeiro e estes casos estão relacionados diretamente aos felinos

infectados pelo fungo. Na literatura existem vários trabalhos com estudos

sorológicos de pacientes humanos infectados, entretanto, para os animais estes são

escassos.

O tratamento da esporotricose com a administração da droga antifúngica

pode perdurar de semanas a meses até o restabelecimento do quadro clínico

favorável. A possibilidade de uma imunidade passiva via anticorpos IgY pode ser

uma alternativa para se diminuir o tempo de tratamento e o sucesso terapêutico,

principalmente na espécie felina.

65

4.0 - OBJETIVOS

1 . Produzir e desenvolver anticorpos IgY antiantígenos de Sporothrix schenckii e

Sporothrix spp. em galinhas para fins de diagnóstico;

2. Verificar a existência de reação cruzada entre os anticorpos produzidos e a

Leishmania spp. através da técnica de imunohistoquímica;

3. Estudar o perfil sorológico de animais positivos para esporotricose através dos

testes de ELISA e western blot;

4. Determinar moléculas imunodominantes nos soros de animais positivos para

esporotricose e animais imunizados experimentalmente.

66

5.0 - MATERIAL E MÉTODOS

5.1.0 - Condições de cultivo das cepas de Sporothrix spp. para extração de

antígenos

Para a produção de antígenos, foram cultivadas duas cepas: o Sporothrix

schenckii ATCC 32285 (Ss), gentilmente cedido pelo INCQS-Fiocruz, e uma cepa

clínica, Sporothrix spp., isolada pelo setor de micologia do LSA/CCTA/UENF, de um

felino com lesões cutâneas da cidade de Macaé/RJ.

Os isolados são mantidos em tubos de ensaio inclinados com 10-15 mL de

meio SDA (Sabouraud-dextrose-agar) (Himedia) à temperatura ambiente. A

manutenção dos isolados é realizada periodicamente através de repiques para

novos tubos.

A extração de antígenos para a cepa de Sporothrix schenckii ATCC 32285 foi

realizada para as duas fases morfológicas do fungo, micelial e leveduriforme. Na

cepa clínica, Sporothrix spp. (Sc), a extração de antígenos foi realizada somente

para a fase de levedura.

67

Para a extração de antígenos miceliais, fragmentos do fungo S. schenckii

foram passados pela extensão de ágars Sabouraud dextrose a 4% (Himedia) em

placas de petri 20mm x 100 mm e colocados para crescerem à temperatura

ambiente (25 a 30oC) por 14 dias. Após este período, os fungos foram retirados das

placas, evitando-se, ao máximo, a retirada do ágar, e caso este viesse junto, era

raspado com o auxílio de uma alça de platina. Os pellets recolhidos foram

transferidos para béqueres estéreis e cobertos com PBS, pH 7,2, e inativados com

timerosal (Sigma- Aldrich, EUA), 0,2 g/litro/48 horas. Após este período, a massa

fúngica foi lavada por duas vezes com o PBS, pH 7,2, e centrifugado a 10.000 xg

/10’ a 8oC. O material foi liofilizado e conservado a -20oC para posterior utilização.

Para a extração de antígenos do fungo na morfologia de levedura, as cepas

S. schenckii e Sporothrix spp. foram convertidas para a fase de levedura através do

repique da forma micelial em ágar Levedura(0,5%)-Peptona (0,5%)-dextrose (1%)

(YPD), pH 8,0, à temperatura de 37oC. Após a conversão, as leveduras de cada

cepa foram semeadas, em abundância, no ágar YPD e cultivadas a 37oC / seis dias.

Para a retirada das leveduras do meio de cultura, adicionou-se sobre o material

crescido 2 a 4 ml de PBS estéril, pH 7,2, executou-se uma raspagem superficial do

material para que houvesse uma dissolução das leveduras que, em seguida, foram

recolhidas com a ajuda de pipeta estéril e transferidas para béqueres estéreis para

inativação pelo timerosal, lavagem, liofilização e conservação conforme descrito

acima.

5.1.1 -Extração dos antígenos

A extração de antígenos deste experimento foi baseada no protocolo de

Rodrigues (2010), sendo que o passo de sucessivos descongelamentos em banho-

maria a 60oC e congelamentos com nitrogênio líquido com maceração, foi acrescido

no presente experimento.

Para a extração, as células liofilizadas foram ressuspensas em um almofariz

estéril e utilizou-se um tampão de lise de Tris-Cálcio em água Milli-Q, na proporção

de um grama de liófilo : 5,8 ml de tampão. Por um período de 60 minutos, o material

foi sucessivamente macerado com o auxílio de um pistilo sob congelamento em

nitrogênio líquido e descongelamento em banho-maria, 80oC. Em seguida, com o

68

auxílio de uma pipeta, adicionou-se o homogeneizado a um tubo do tipo Falcon de

50 ml, estéril, até a marca de 12 ml do tubo. Dentro do tubo havia, até a marca de 5

ml, areia fina, que foi previamente lavada com HCL e depois lavada sucessivamente

com água para retirar o resíduo do HCL, secada e esterilizada em estufa a 180oC/2

horas. Ditiotreitol (DTT) (Sigma-Aldrich, EUA) foi adicionado ao homogeneizado e,

em seguida, o tubo foi agitado vigorosamente em vórtex durante 40’ a 4oC. Após

esta etapa, o homogeneizado foi centrifugado a 15.000 g/30’, 4oC. Os

sobrenadantes foram homogeneizados em um tubo do tipo Falcon de 15 ml, estéril,

esterilizados por filtração (filtro Millipore, 0,22 μm de diâmetro, membrana de acetato

celulose), receberam um coquetel de inibidor de protease (GE Healthcare, USA)

(1X) e foram dialisados contra PBS, pH 7,2, em saco de diálise (porosidade 10 kDa,

Sigma-Aldrich, EUA), sob rotação constante, durante 24 horas a 4oC, contra PBS,

pH 7,2, com três trocas diárias. Após a diálise, o extrato proteico bruto foi submetido

à filtração estéril (filtro Millipore 0,22 μm) e armazenado imediatamente em freezer a

– 70 oC.

Tampão de lise Tris-Cálcio em água Milii-Q (Rodrigues, 2010) :

Tris-HCl, 2M, pH 8,8 1%

CaCl2, 1M 0,5%

Coquetel e inibidor de protease (1x) 10 mM

DTT 20 mM

Água Milli-Q , q.s.p 1000 ul

5.1.2 - Quantificação de proteínas

A quantificação de proteínas foi realizada, em duplicata, através de dosagem

pelo método do ácido bicinconínico (BCA; Sigma-Aldrich, EUA) (SMITH et al., 1985)

utilizando-se uma curva de calibração com a proteína padrão BSA (Soro albumina

bovina- Sigma-Aldrich, EUA) a 1mg/mL nas quantidades de 0, 2, 4, 6, 8 e 10 µl/

poço.

69

5.1.3 - Análise dos extratos proteicos antigênicos por SDS-PAGE

A eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) foi realizada em sistema

vertical BioRad Mini Protean III, constituído de um gel de separação linear na

concentração de 10% de acrilamida/bisacrilamida e gel de empilhamento na

concentração de 4%, polimerizado entre 2 placas de vidro separadas por

espaçadores com 1,0 mm de espessura e tampão de corrida Tris-Glicina, segundo

metodologia descrita por Laemmli (1970).

Os extratos proteicos brutos foram preparados em tampão de amostra (5x),

equivalendo a concentrações proteicas finais de 1 µg/µl, fervidos por 5 minutos,

aplicados no gel em volumes finais de 40 µl por canaleta e submetidos a uma corrida

eletroforética de 25 mA até que o corante azul de bromofenol chegasse ao fim do

gel.

Foram utilizados padrões de peso molecular (BenchMarck TM Protein

Ladder/Gibco, BRL, USA) contendo proteínas com massas de 220, 160, 120, 100,

90, 80, 70, 60, 50, 40, 30, 25, 20, 15 e 10 kDa para calcular a massa das proteínas

reveladas no gel. Após a corrida o gel foi corado com o corante azul de coomassie

R-250 sob agitação lenta, por pelo menos uma hora, seguindo-se de banhos

repetidos em solução descorante, idêntica à corante, só que sem o azul de

coomassie, até que a visualização das bandas estivesse nítida. Após o término da

descoloração, o gel foi deixado em manutenção em solução contendo 5% de

metanol e 7% de ácido acético.

5.2.0 - Produção de anticorpos

5.2.1 - Produção de IgY - Imunização das aves

Foram utilizadas galinhas da linhagem Hysex Brown, com peso vivo médio de

1,7 kg, que foram divididas em três grupos de três animais e imunizadas,

separadamente, com os extratos proteicos produzidos: 1- Extrato proteico de micélio

- Sporothrix schenckii ATCC 32285 (MSs), 2- Extrato proteico de levedura -

70

Sporothrix schenckii ATCC 32285 (LSs) e 3- Extrato proteico de levedura -

Sporothrix spp. (LSc). Durante o experimento dois animais do grupo 1 morreram e

um animal do grupo 2, antes da terceira imunização, entretanto continuou-se as

imunizações com os animais restantes.

Injetou-se, por via intramuscular (músculo peitoral), 1mL de uma solução

contendo 200 μg/mL de proteína total, de acordo com o esquema de imunização

descrito na Tabela 1. A primeira injeção foi feita na forma de emulsão em adjuvante

completo de Freünd (ACF), a segunda com adjuvante incompleto de Freünd (AFI).

Da terceira à nona imunização, os adjuvantes foram substituídos por solução salina,

NaCl 0,15 M.

Figura 1: Etapa de imunização das aves no músculo peitoral. 200 µg de proteína

do extrato antigênico/imunização em intervalos de 21 dias.

71

Tabela 1- Esquema de imunização das galinhas para obtenção de IgY

antiantígenos de Sporothrix schenckii e Sporothrix spp.

Imuni-

zações

MSs- Extrato proteico

micelial-

Sporothrix schenckii

LSs - Extrato proteico

de levedura –

Sporothrix schenckii

LSc - Extrato proteico

de levedura –

Sporothrix spp.

Ordem Dose/ave/imunização Dose/ave/imunização Dose/ave/imunização

1ª. 200 µg do antígeno

em ACF

200 µg do antígeno em

ACF

200 µg do antígeno em

ACF

2ª. 200 µg do antígeno

em AIF

200 µg do antígeno em

AIF

200 µg do antígeno em

AIF

3ª.

200 µg do antígeno

em salina

200 µg do antígeno em

salina

200 µg do antígeno em

salina

4ª.

5ª.

6ª.

7ª.

8ª.

9ª.

5.2.2 - Colheita de sangue e ovos

Ovos controle, chamados de pré-imunes, foram recolhidos antes do início das

etapas de imunizações. Os ovos das aves imunizadas foram recolhidos a partir do

sexto dia após cada imunização, separados por período de imunização, por ave e

armazenados a 4oC.

As amostras de sangue foram recolhidas por punção da veia marginal da asa

antes do início da primeira imunização e 20 dias após cada imunização. Após a

coagulação, em temperatura ambiente, as amostras foram centrifugadas a 3000g/10

minutos, os soros separados foram aliquotados e armazenados a -20oC.

72

5.2.3 - Purificação dos anticorpos IgY

Os ovos recolhidos foram agrupados por ave e período de imunização. As

gemas de cada período de imunização foram previamente separadas da clara,

lavadas com água destilada e em seguida escorridas em béqueres estéreis,

homogeneizadas e uma alíquota de 20 mL foi retirada para a extração da IgY, o

restante do material foi armazenado a – 20oC.

A alíquota de 20mL foi transferida para béqueres estéreis, diluída com água

destilada na proporcão de 1:10 e acidificada (até atingir pH 5,0). A solução de gema

foi deixada em repouso por um período de 14-16h (overnight) a 4oC. O material

insolúvel foi removido por centrifugação a 10.000g por 30 min, a 4oC. O

sobrenadante foi recolhido em béqueres e neste foi adicionado sulfato de amônio,

sob agitação, até atingir 29% de saturação (p/v). A solução foi mantida em

temperatura ambiente, com pH reajustado para 7,4-7,5, sob agitacão por 2h, e

recentrifugada a 10.000g por 30 min (Almeida et al., 1998). O pellet resultante foi

dissolvido em solução salina 0,15M, passou por processo de diálise contra solução

salina 0,15M e, em seguida, foi submetido à filtração esterilizante (0,22 µm) . A

solução contendo IgY foi alíquotada e armazenada a -20oC.

A concentração proteica da solução foi determinada pelo método do ácido

bicinconínico (SMITH et al., 1985).

5.2.4 - Análise em SDS-PAGE desnaturante

Amostras da solução contendo IgY foram submetidas à SDS-PAGE com 10% de

acrilamida/bisacrilamida e gel de empilhamento na concentração de 4% (Laemmli,

1970). As amostras foram preparadas conforme descrito no item 5.4, aplicadas no

gel em volumes de 30 µl por canaleta e 30 µg de proteína total. As amostras foram

submetidas a uma corrente inicial de 100V/60mA por 50 a 60 minutos até que o

corante azul de bromofenol chegasse ao fim do gel.

73

5.3.0 - IgG - Imunização dos coelhos

Para a produção de IgG antiantígenos de Sporothrix spp. foram utilizados seis

coelhos da raça Nova Zelândia, do sexo masculino e com peso médio de 2,64 kg.

Os animais foram divididos em três grupos de dois animais.

O procedimento de imunização dos coelhos foi semelhante ao das aves, com

três grupos de coelhos imunizados com os respectivos extratos proteicos

produzidos: 1- Extrato proteico de micélio - Sporothrix schenckii ATCC 32285 (MSs),

2- Extrato proteico de levedura - Sporothrix schenckii ATCC 32285 (LSs) e 3- Extrato

proteico de levedura - Sporothrix spp. (LSc). Injetou-se, por via subcutânea, na

região da coxa, 1mL de uma solução contendo 200 μg/mL de proteína total, de

acordo com o esquema de imunização descrito na Tabela 2. A primeira injeção foi

feita na forma de emulsão em adjuvante completo de Freünd (ACF), sendo as duas

subsequentes em adjuvante incompleto de Freünd (AFI). Na quarta e quinta

imunização, os adjuvantes foram substituídos por solução salina, NaCl 0,15 M.

Tabela 2 - Esquema de imunização dos coelhos para obtenção de IgG

antiantígenos de Sporothrix schenckii e Sporothrix spp.

Imuni-

zações

MSs- Extrato proteico

micelial-

Sporothrix schenckii

LSs - Extrato proteico

de levedura –

Sporothrix schenckii

LSc - Extrato proteico

de levedura –

Sporothrix spp.

Ordem Dose/coelho/imunização Dose/coelho/imunização Dose/coelho/imunização

1ª. 200 µg do antígeno em

ACF

200 µg do antígeno em

ACF

200 µg do antígeno em

ACF

2ª. 200 µg do antígeno em

AIF

200 µg do antígeno em

AIF

200 µg do antígeno em

AIF

3ª.

200 µg do antígeno em

salina

200 µg do antígeno em

salina

200 µg do antígeno em

salina

4ª.

5ª.

74

5.3.1 - Colheita de sangue

As amostras de sangue foram recolhidas antes do início da primeira

imunização e 20 dias após cada imunização. Após a coagulação em temperatura

ambiente, as amostras foram centrifugadas a 3000g por 10 minutos e os soros

separados, foram aliquotados e armazenados a -20oC.

Todos os animais utilizados foram mantidos em condições adequadas

e dentro dos padrões exigidos pela Comissão de Ética para o Uso de Animais em

Experimentos da UENF (CEUA), protocolo número: 034.

5.4 - Ensaio imunoenzimático (ELISA) dos soros e das preparações de IgY

purificadas

Para a titulação dos anticorpos produzidos nos soros pré-imunes e imunes de

galinhas e coelhos utilizados no experimento, as placas de ELISA (96 poços, NUNC

MaxiSorp™) foram sensibilizadas com os extratos proteicos produzidos (MSs, LSs e

LSc), 0,2 μg/poço, em tampão carbonato/bicarbonato 0,05 M, pH 9,6 (50 μl/poço) por

uma hora a 37oC e, em seguida, por um período de 14-16h a 4oC. A seguir, os poços

foram lavados, uma vez, com (200 μl/poço) PBST 0,05% (PBS 1X + 0,05 % Tween

20, pH 7,2) e bloqueados com 150 μl/poço com PBST 0,05% acrescido de 10% de

soro fetal bovino (PBST 0,05% + 10% SFB : PBST-SFB) por uma hora a 37oC. Após

o bloqueio, as placas foram lavadas por 3x (200 μl/poço) com PBST 0,05%, em

seguida, os primeiros poços foram preenchidos com 100 μl de soros pré-imunes e

imunes na diluição 1:500, em PBST-SFB, e foram feitas diluições seriadas até a

diluição 1:32000, as placas foram incubadas em estufa a 37oC por uma hora. A

seguir, os poços foram lavados cinco vezes com PBST e incubados com 50 μl de

IgG de coelho anti-IgY (Sigma-Aldrich, EUA) conjugado com peroxidase na diluição

1:2000/uma hora a 37oC. Após esta incubação, os poços foram lavados por cinco

vezes com PBST 0,05%. A reação foi revelada pela adição de 50 μl de solução

ácida com substrato enzimático contendo H2O2 e ortofenildiamina – OPD (Sigma-

75

Aldrich, EUA). A reação foi interrompida após 2 minutos de incubação à temperatura

ambiente ao abrigo da luz, com a adição de 50 μl de solução de H2SO4 a 3N. As

placas foram lidas em espectrofotômetro (Multiskan GO, Thermo Scientific) a 492

nm.

Para a titulação dos anticorpos das preparações de IgY purificadas, o

protocolo foi semelhante ao descrito acima, com modificações somente no passo

referente à adição do anticorpo primário. Na titulação da solução de IgY, os

primeiros poços foram preenchidos 100 μl de PBST-SFB contendo 80 μg/mL de

proteína da solução de IgY, daí foram feitas diluições seriadas até a concentração

de 0,065 μg de proteína da solução de IgY/ poço.

Pelo teste de ELISA, os soros dos coelhos e as soluções de IgY, à terceira

imunização, foram contrastados com os diferentes extratos antigênicos para ver se

havia reconhecimento cruzado entre os diferentes antígenos e anticorpos

produzidos.

5.5 - Detecção de anticorpos antiantígenos de Sporothrix spp. por western

blotting

As soluções de cada antígeno produzido, 200 μl, com concentrações

proteicas de 1μg/μl, foram submetidas ao SDS-PAGE a 10% (Laemmli et al., 1970)

como descrito anteriormente.

Ao término da corrida, o gel foi submetido à etapa de eletrotransferência para

uma membrana de nitrocelulose com poros de 0,45 μm (Biorad), segundo

metodologia de Towbin (1979).

A membrana de nitrocelulose e outros componentes do sistema de

eletrotransferência foram imersos em tampão de transferência. Em seguida, o gel foi

montado segundo orientações do fabricante Bio-Rad – Mini Trans Blot Eletrophoretic

Transfer Cell (Bio-Rad Laboratories, Richmond, USA). Este sistema foi submetido à

corrente de 10V por duas horas. Para determinar a eficácia da eletrotransferência

das proteínas e comparação relativa dos pesos moleculares das bandas separadas

pela eletroforese, foi adicionado ao gel um marcador de peso molecular pré-corado

(BenchMark TM Pré-stainned Protein Ladder / Gibco, BRL) e visualizado na

membrana de nitrocelulose. Após a eletrotransferência, os géis também foram

76

corados e descorados conforme protocolo do item 5.1.3, para confirmação da

transferência.

Em seguida, a membrana de nitrocelulose foi imersa em uma solução

bloqueadora – PBST-L (PBS, pH 7,2, com 0,1% de Tween 20 e 3% de leite em pó

desnatado), por 14 a 16 horas, a 4oC. A parte da membrana que continha o antígeno

foi cortada em tiras de aproximadamente 5 mm, as quais foram utilizadas

individualmente nas reações imunoenzimáticas. As tiras de membranas foram

incubadas com os anticorpos primários diluídos em PBST-L, por 2 horas à

temperatura ambiente, sob agitação constante, que foram: soros dos coelhos pré-

imunes e após a terceira imunização na diluição 1:2000 ou com a solução de IgY

das aves pré-imunes e após a terceira imunização, na concentração de 20 μg/mL

utilizando-se tubos de vidro com rolha. Os soros, solução de IgY e extratos

antigênicos também foram contrastados entre si para ver se havia reconhecimento

cruzado entre os diferentes antígenos e anticorpos produzidos. Na etapa seguinte,

as membranas foram lavadas por três vezes com PBS, pH 7,2 com 0,1% de Tween

20 por cinco minutos a cada lavagem, e incubadas com o segundo anticorpo, IgG de

coelho anti-IgY de galinha conjugado a peroxidase (Sigma-Aldrich, EUA) diluído

1:2000 em PBST-L/ 4 horas à temperatura ambiente, sob agitação constante ou IgG

de cabra anticoelho na diluição 1:2000, a depender de qual anticorpo estava sendo

estudado. Em seguida foram feitas mais três lavagens e a reação foi revelada com

uma solução contendo substrato enzimático mais a substância cromógena 3,3’

diaminobenzidina (DAB-Sigma-Aldrich, EUA). Assim que as bandas tornaram-se

claramente visíveis, a reação foi interrompida pela adição de água.

5.6 - Imunohistoquímica

Amostras de pele de dois gatos, fixadas em formalina (10%) tamponada neutra,

positivas para esporotricose, contidas no arquivo do Setor de Morfologia e Patologia

Animal (LMPA) do Hospital Veterinário da UENF e uma amostra de pele e outra de

pulmão de cão positivo para leishmaniose tegumentar e visceral, respectivamente,

foram clivadas e submetidas ao processamento histológico de rotina. A técnica de

imunohistoquímica foi realizada sobre essas amostras. Os blocos de parafina foram

cortados (3 µm) e os cortes montados em lâminas silanizadas. A desparafinização

77

foi realizada com banhos de xilol e rehidratação em banhos de álcool e água

deionizada com posterior, incubação, em banho-maria, em tampão citrato a 96oC/30

minutos para a recuperação antigênica. Em seguida, foram esfriadas à temperatura

ambiente/20 minutos. Após cuidadosa secagem das lâminas, os cortes foram

circulados com Dako pen (Dako, CA, USA) e a atividade da peroxidase endógena

bloqueada com peróxido de hidrogênio, 10%, em solução de metanol (v/v) / 30

minutos. Logo depois, as lâminas foram incubadas em PBS com 1% de BSA e 10%

de leite em pó desnatado para o bloqueio de ligações inespecíficas/60 minutos e,

posteriormente, cada corte foi incubado em câmara úmida, em geladeira overnight,

com o anticorpos primários IgY pré-imune, IgY anti-LSs, IgY anti-MSs e IgY anti-LSc

(5 µg/mL) ou anticorpos IgG de coelhos pré-imune, anti-LSs, anti-MSs ou anti-LSc

(1:500) diluídos em PBS + 3% de leite em pó desnatado, no controle, não houve

adição de anticorpo. No dia seguinte, entre os anticorpos primário e secundário, fez-

se um segundo bloqueio/30 minutos com 2% de soro de coelho diluídos em PBS

para as lâminas contrastadas com os anticorpos IgY ou 2% de SFB diluídos em PBS

para as lâminas contrastadas com os anticorpos de coelho. Procedeu-se, então, a

incubação com o anticorpo secundário, por duas horas, IgG de coelho anti-IgY de

galinha conjugado a peroxidase (Sigma-Aldrich, EUA) diluído 1:3000 em PBS+ 3%

de leite em pó ou IgG de cabra anticoelho na diluição 1:1200. A reação foi revelada

com uma solução contendo substrato enzimático mais a substância cromógena 3,3’

diaminobenzidina (DAB-Sigma-Aldrich, EUA) e parada após três minutos. As seções

histológicas foram contracoradas com hematoxilina de Harris, desidratada com

álcool, clarificada com xilol e montadas com permount (Sigma-Aldrich, EUA).

5.7.0 - Avaliação da ação dos anticorpos IgY sobre o crescimento, in vitro, das

cepas de S. schenckii e Sporothrix spp.

Para a avaliação da atividade de anticorpos IgY sobre o crescimento in vitro

das cepas de S. schenckii e Sporothrix spp., os anticorpos IgY pré-imunes e pós-

imunização foram incubados com o S. schenckii ou Sporothrix spp., a 37oC/44 h,

conforme descrito a seguir e discriminado na Tabela 3. As cepas de S. schenckii e

Sporothrix spp., na fase morfológica de levedura, foram cultivadas em ágar YPD a

37oC/24h, em seguida foram feitos inóculos, em solução salina 0,15 M, com turbidez

78

equivalente a 0,5 na escala de McFarland (1,5 x 108 UFC/mL). Cem microlitros de

cada inóculo foram adicionados a frascos ampolas contendo: 1,5 mL de caldo YPD +

0,4mL de uma solução de IgY (5 mg/mL), os frascos foram incubados a 37oC/44

horas. O tratamento 5 (Tabela 3) funcionou como controle e recebeu 0,4 mL de

salina 0,15 M ao invés de anticorpo. As curvas de crescimento dos dois micro-

organismos foram acompanhadas pelo grau de turbidez obtido em fotômetro

(aparelho Densimat bioMerieux, França) nos tempos de incubação: 0, 15 , 18, 21,

24, 27, 38, 41 e 44h pós-inoculação. Os experimentos foram feitos em triplicata e por

duas vezes.

Tabela 3: Esquema de tratamentos para o teste de inibição de crescimento de

cepas de S. schenckii e Sporothrix spp. por anticorpos IgY em meio

líquido

Tratamentos

(A)

Caldo

YPD

(1,5 mL)

IgY

(0,4 mL)

Inóculo

S. schenckii

(0,1 mL)

Salina

0,15M

(0,4 mL)

Tratamento 1 X Pré-imune X _____

Tratamento 2 X IgY anti- LSs X _____

Tratamento 3 X IgY anti-MSs X _____

Tratamento 4 X IgY anti-LSc X ______

Tratamento 5 X _____ X X

Tratamentos

(B)

Caldo

YPD

(1,5 mL)

IgY

(0,4 mL)

Inóculo

Sporothrix spp.

(0,1 mL)

Salina

0,15M

(0,4 mL)

Tratamento 1 X Pré-imune X _____

Tratamento 2 X IgY anti- LSs X _____

Tratamento 3 X IgY anti-MSs X _____

Tratamento 4 X IgY anti-LSc X ______

Tratamento 5 X ______ X 0,4 mL

X : Sim ____: Não

79

5.7.1 - Análise estatística

Realizou-se um experimento para cada cepa avaliada, neles utilizou-se o

delineamento inteiramente casualizado, com duas repetições em triplicatas, sob

esquema fatorial 5x8 caracterizado por 5 tratamentos avaliados em oito períodos. Os

tratamentos foram constituídos por (1) IgY pré-imune, (2) IgY anti-LSs, (3) IgY anti-

MSs, (4) IgY anti-LSc e (5) Branco, sem solução de IgY. Os tratamentos 1 e 5 foram

considerados controle. As leituras de densidade óptica (UFC mL-1) foram realizadas

nos períodos de 15, 18, 21, 24, 27, 38, 41 e 44 h pós-incubação do fungo. Os dados

obtidos foram submetidos aos testes (P≤0,05) de normalidade de Lilliefors e

homocedasticidade de Chrocan & Battlet, e não apresentaram restrições para a

análise da variância (P≤0,05) para efeito de regressão linear e múltipla em função do

período. Na análise descritva calculou-se as médias e os desvios padrão para os

tratamentos e na comparação utilizou-se o teste de Tukey (P≤0,05).

5.8.0 - Colheita de sangue de cães e gatos

Foram coletadas 21 amostras de sangue de gatos negativos e em bom

estado de saúde e de sete gatos, com lesões cutâneas, positivos para esporotricose,

confirmados pelo isolamento do fungo em cultivo (Apêndice 1, Tabela 7)

Foram coletadas 18 amostras de sangue de cães negativos e uma amostra

de um cão com histórico de esporotricose e com sintomatologia clínica da doença,

não houve isolamento fúngico a partir deste animal devido à ausência de lesões

externas. As amostras de sangue do cão positivo foram coletadas antes e 60 dias

após o tratamento com solução saturada de iodeto de potássio a 20%, 40 mg/kg,

duas vezes ao dia.

Após a coagulação em temperatura ambiente, as amostras de sangue foram

centrifugadas a 3000g por 10 minutos e os soros separados, foram aliquotados e

armazenados a -20oC.

80

5.8.1 - Titulação por ELISA dos soros de gatos e cães versus antígenos de

Sporothrix spp.

Para a titulação dos anticorpos nos soros de animais negativos e positivos, as

placas de ELISA (96 poços, NUNC MaxiSorp™) foram sensibilizadas com os

extratos proteicos produzidos (MSs, LSs e LSc), (0,2 μg/poço) em tampão

carbonato/bicarbonato 0,05 M, pH 9,6 (50 μl/poço) por uma hora a 37oC e, em

seguida, por um período de 14-16h a 4oC. A seguir, os poços foram lavados, uma

vez, com (200 μl/poço) PBST 0,05% (PBS 1X + 0,05 % Tween 20, pH 7,2) e

bloqueados com 150 μl/poço com PBST 0,05% acrescido de 3% de leite em pó

desnatado (PBST-L) por uma hora a 37oC. Após o bloqueio, as placas foram lavadas

por 3x (200 μl/poço) com PBST 0,05%, em seguida, os primeiros poços foram

preenchidos com 90 μl de soros na diluição 1:100, em PBST-L, foram feitas diluições

seriadas até a diluição 1:8100, as placas foram incubadas em estufa a 37oC por uma

hora. A seguir, os poços foram lavados 5 vezes com PBST e incubados com 50 μl

de IgG de coelho anti-IgG de gato (Abcam, EUA) conjugado com peroxidase na

diluição 1:1000/uma hora a 37oC ou com IgG de coelho anti-IgG de cão (Sigma-

Aldrich, EUA) conjugado com peroxidase na diluição 1:3000/uma hora a 37oC. Após

esta incubação, os poços foram lavados por cinco vezes com PBST 0,05%. A

reação foi revelada pela adição de 50 μl de solução ácida com substrato enzimático

contendo H2O2 e ortofenildiamina – OPD (Sigma-Aldrich, EUA). A reação foi

interrompida após 2 minutos de incubação à temperatura ambiente ao abrigo da luz,

com a adição de 50 μl de solução de H2SO4 a 3N. As placas foram lidas em

espectrofotômetro (Multiskan GO, Thermo Scientific) a 492 nm.

5.8.2 - Detecção de anticorpos antiantígenos de Sporothrix spp. por western

blotting em soros de cães e gatos

Para se testar os soros de cães e gatos frente aos antígenos produzidos pela

técnica do western blot, as tiras foram preparadas conforme descrito no item 5.5.

As tiras de membranas com antígenos dos extratos MSs, LSs ou LSc, foram

incubadas com os anticorpos primários, soros de gatos e cães positivos e negativos

81

para a esporotricose diluídos (1:300) em PBST-L, por 2 horas, à temperatura

ambiente, sob agitação constante. Na etapa seguinte, as membranas foram lavadas

por três vezes com PBS, pH 7,2 com 0,1% de Tween 20 por cinco minutos a cada

lavagem, e incubadas com o segundo anticorpo, IgG de coelho anti-IgG de gato

(Abcam, EUA) conjugado com peroxidase na diluição 1:1000/4 horas a 37oC ou com

IgG de coelho anti-IgG de cão (Sigma-Aldrich, EUA) conjugado com peroxidase na

diluição 1:3000. Em seguida foram feitas mais três lavagens e a reação foi revelada

com uma solução contendo substrato enzimático mais a substância cromógena 3,3’

diaminobenzidina (DAB-Sigma-Aldrich, EUA). Assim que as bandas tornaram-se

claramente visíveis, a reação foi interrompida pela adição de água.

5.8.3 - Isolamento de Sporothrix spp. a partir de materiais clínicos

Isolou-se o Sporothrix spp. a partir de fragmento para biópsia de uma

paciente humana, do sexo feminino, 48 anos, da cidade de Campos dos

Goytacazes/RJ, com lesão ulcerada na perna e histórico de mordida de gato com

suspeita clínica de esporotricose. A paciente foi atendida pelo Hospital Escola Álvaro

Alvim por médica dermatologista que encaminhou dois fragmentos para biópsia para

análise pelo setor de Micologia do LSA/UENF, sendo um em frasco com formol

tamponado a 10% para exame histopatológico e outro, em frasco estéril sem formol,

para a cultura fúngica, também foram encaminhados um suabe, uma lâmina com

imprint e soro sanguíneo da paciente.

Outro fragmento encaminhado foi do gato com mais de sete anos de idade,

que mordeu a referida paciente e que, após diagnóstico positivo para esporotricose,

foi eutanasiado devido à impossibilidade de tratamento do mesmo por parte da

paciente e gravidade da lesão no animal. Da lesão do gato, também foram feitos

imprints em lâminas de vidro para a coloração de Gram e visualização de leveduras

típicas de Sporothrix spp., assim como, a coleta de amostra dos exsudatos da úlcera

por suabe estéril.

Os materiais para o exame histopatológico foram encaminhados para o setor

de patologia do LMPA da UENF e processados de acordo com a rotina do setor.

Os materiais para isolamento fúngico, suabes e fragmentos de tecidos foram

processados no setor de micologia do Hospital Veterinário da UENF.

82

Para o isolamento da forma micelial do fungo, os suabes coletados foram

primeiramente passados em placas de petri contendo ágar Sabouraud Dextrose, a

4%, (Himedia) acrescido de cloranfenicol (50 mg/l) e cicloheximida (400 mg/l -

Sigma-Aldrich, EUA) com incubação a 25-30oC, e, em seguida, foram colocados em

cinco mL de caldo BHI (Brain Heart Infusion, Himedia) acrescido de cloranfenicol

(50 mg/l - Sigma-Aldrich, EUA) e incubados a 37oC/ 10 dias, depois os suabes foram

descartados, os tubos centrifugados a 3000 g/10 minutos, o pellet formado foi

transferido para o meio ágar Sabouraud Dextrose, a 4%, (Himedia) acrescido de

cloranfenicol (50 mg/l- Sigma-Aldrich, EUA) e cicloheximida (400 mg/l - Sigma-

Aldrich, EUA) e incubados à temperatura de 25-30oC, novamente. Para confirmação

do diagnóstico, as cepas isoladas na forma micelial foram convertidas para a forma

de levedura através do cultivo em ágar cérebro-coração a 37oC por 7 dias.

83

9.0 - RESULTADOS

9.1 - SDS-PAGE DOS EXTRATOS ANTIGÊNICOS PRODUZIDOS

O perfil eletroforético, em gel de poliacrilamida, dos extratos antigênicos

preparados do S. schenckii e Sporothrix spp. está apresentado na Fig. 2. O extrato

da amostra LSc apresentou em torno de 17 bandas, com PM na faixa de ≈120 a ≈15

kDa, enquanto o extrato da amostra LSs apresentou em torno de 14 bandas, com

PM na faixa de ≈95 a ≈27 kDa . Os extratos proteicos LSs e LSc apresentaram

diferenças principalmente para as proteínas expressas na faixa de PM entre ≈120 e

≈70 kDa, o Sporothrix spp. apresentou cinco bandas nesta faixa de peso, enquanto

o S. schenckii, somente duas bandas. Na linha da amostra LSc apareceu uma

banda bastante densa entre ≈80 e ≈70 kDa, a qual não ocorreu na LSs. Duas

bandas com pesos moleculares entre as faixas de ≈25 e ≈15 kDa foram mostradas

somente na linha da amostra LSc. A linha MSs apresenta o perfil eletroforético do

extrato micelial de S. schenckii. Houve concentração de bandas nas faixas de pesos

moleculares de aproximadamente, 120 - 80 kDa, e 60 - 50 kDa. Foi mostrada uma

banda com mais de ≈220 kDa e outras de aproximadamente, 40, 37, 35, 30 e 15

kDa .

84

Figura 2: Perfil eletroforético dos extratos proteicos de leveduras de S. schenckii

(LSs), Sporothrix spp. (LSc) e micélio de S. schenckii (MSs) (40 μg/raia). PM: padrão de peso molecular.

9.2.0 - ANÁLISE DOS ANTICORPOS IgY PRODUZIDOS POR SDS-PAGE

Para a produção de anticorpos IgY antiantígenos de S. schenckii nas

morfologias de micélio (IgY anti-MSs) e de levedura (IgY anti-LSs) e de Sporothrix

spp. na morfologia de levedura (IgY anti-LSc), aves foram imunizadas em intervalos

de 21 dias e a cada imunização os ovos foram separados por extrato

antigênico/ave/imunização a fim se fazer a extração das IgYs das gemas através do

protocolo de precipitação com sulfato de amônio e diálise em salina, 0,15M (item

5.2.3). A integridade dos anticorpos foi avaliada pelo perfil eletroforético em SDS-

85

PAGE 10% e a Fig. 3 apresenta as duas subunidades das IgYs, cadeias leve (≈

18,66 kDa) e pesada (65,10 kDa) conforme apresentado.

Figura 3: Perfil eletroforético de amostras das soluções de IgY extraídas de

gemas de ovos pré-imunes (raia 1, 20 μg ) e pós-imunização: IgY anti-LSs (raia 2, 30 μg), IgY anti-MSs (raia 3, 20 μg) e IgY anti-LSc (raia 4, 30 μg). PM: peso molecular.

9.2.1 - ENSAIOS DE ELISA DOS EXPERIMENTOS DE IMUNIZAÇÃO

9.2.1.1 - Titulação dos anticorpos IgY dos soros das galinhas e das soluções

de IgY purificadas das gemas

O título de anticorpos IgY específicos foi monitorado pelo ensaio de ELISA

nos soros das aves e, posteriormente, nas soluções de IgY purificadas das gemas,

86

nos períodos pré-imunização e após a 1ª, 3ª, 5ª, 7ª e 9ª imunizações. A Fig. 4

mostra as titulações dos anticorpos nos soros das galinhas, diluições seriadas de

1:500 a 1:32000.

Para as soluções de IgY das gemas (Fig. 5), as diluições seriadas foram feitas

a partir de uma concentração de 4 µg de IgY/poço (80 µg de solução de IgY/mL) até

a concentração de 0,065 µg/poço (1,25 µg de solução de IgY/mL).

Figura 4: Titulação, por ELISA, dos anticorpos IgY séricos de galinhas

específicos para extratos proteicos de S. schenckii e Sporothrix spp. pré e pós- imunizações. A: levedura de S. schenckii (IgY anti-LSs), B: micélio de S. schenckii (IgY anti-MSs) e C: levedura de Sporothrix spp. (IgY anti-LSc). Diluição do soro: 1:500.

87

Os altos títulos de anticorpos obtidos, superiores a 1,2, a partir da terceira

imunização (Fig. 5), para uma solução de anticorpos com concentração de 80

μg/mL, indicaram a resposta imune humoral do animal frente aos antígenos

inoculados e habilitaram as soluções de IgY para os testes que seriam feitos

posteriormente (western blot, imunohistoquímica e inibição de crescimento).

Figura 5: Titulação, por ELISA, de anticorpos IgY das soluções purificadas das

gemas específicos para extratos proteicos de S. schenckii e Sporothrix spp. pré e pós- imunizações. A: levedura de S. schenckii (IgY anti-LSs), B: micélio de S. schenckii (IgY anti-MSs) e C: levedura de Sporothrix spp. (IgY anti-LSc). Diluições seriadas a partir de um volume

de 100 µl contendo 80 µg de solução de IgY/mL.

88

9.2.1.2 - Titulação por ELISA dos anticorpos IgG nos soros dos coelhos

Os ensaios de ELISA também foram feitos com as amostras de soros dos

coelhos coletadas pré-imunização e após a 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª imunizações (Fig. 6).

Os títulos obtidos também indicaram a resposta humoral pelo sistema imunitário dos

animais e os títulos máximos foram obtidos, em média, a partir da 3ª imunização.

Figura 6: Titulação, por ELISA, dos anticorpos IgG séricos de coelhos específicos para extratos proteicos de S. schenckii e Sporothrix spp. pré e pós- imunizações. A: levedura de S. schenckii (IgG anti-LSs), B: micélio de S. schenckii (IgG anti-MSs) e C: levedura de Sporothrix spp. (IgG anti-LSc). Diluição do soro: 1:500.

89

9.2.1.3 - ELISA indireto para detecção do reconhecimento cruzado entre

anticorpos e antígenos de Sporothrix spp.

A reação cruzada entre anticorpos e antígenos foi determinada pelo método

de ELISA indireto onde foram cruzados os anticorpos IgY hiperimunes extraídos das

gemas, na concentração de 4 µg proteína/poço ou IgG de coelhos, na diluição de

1:500, com os extratos antigênicos produzidos (LSs, MSs e LSc). A Fig. 7 apresenta

os resultados médios de absorvância de cada tratamento para os anticorpos IgY e a

Fig. 8, os resultados médios, para a IgG. Observou-se que houve um

reconhecimento cruzado entre anticorpos e antígenos, tanto para os anticorpos IgY

quanto para os anticorpos IgGs (Fig. 8).

Figura 7: Resultados médios de absorvância do ELISA indireto com anticorpos

IgY (4 µg de proteína/poço) das gemas após a terceira imunização x

antígenos de S. schenckii ou Sporothrix spp. LSs: antígeno de leveduras de S. schenckii; MSs: antígenos de micélio de S. schenckii; LSc: antígenos de leveduras de Sporothrix spp.

90

Figura 8: Resultados médios de absorvância do ELISA indireto cruzando

anticorpos IgG (1:500) após a terceira imunização x antígenos de S. schenckii ou Sporothrix spp. LSs: antígeno de leveduras de S. schenckii; MSs: antígenos de micélio de S. schenckii e LSc: antígenos de leveduras de Sporothrix spp.

9.2.2 – WESTERN BLOTS COM ANTISSOROS E SOLUÇÕES DE IgY DOS

ANIMAIS IMUNIZADOS

9.2.2.1 – Western blots dos anticorpos IgY

A Fig. 9 apresenta os resultados de western blot para as soluções de IgY.

Pode ser observado que um mesmo extrato é reconhecido de forma diferente por

cada anticorpo. Os anticorpos IgYs pré-imunes apresentaram um certo

reconhecimento antigênico, principalmente para o antígeno LSc (Fig. 9B, linha 5). As

reações de western blot foram mais fortes nas tiras sensibilizadas com o antígeno

LSc (Fig. 9B, linhas 6, 7 e 8). Nas tiras sensibilizadas com LSs foram reconhecidas

várias bandas com pesos moleculares entre ≈115 - 23 kDa. Houve reconhecimento

da banda de ≈ 23 kDa pelos três anticorpos utilizados para teste e esta não

apareceu nas tiras sensibilizadas com LSc. Nas tiras sensibilizadas com LSc (Fig.

9B) nas linhas 6, 7 e 8, houve forte reconhecimento de bandas entre ≈180 - 40 kDa,

a banda de ≈ 27 kDa foi marcada por todos os anticorpos e esta não apareceu nas

tiras sensibilizadas com LSs (FIG. 9A, linhas 2, 3 e 4).

91

O western blot com anticorpos IgY versus tiras sensibilizadas com antígeno

de micélio de cepa de S. schenckii (Fig. 9C) mostrou que o reconhecimento de

bandas na faixa de peso molecular de ≈115, 82 e 64 kDa foi comum para os três

anticorpos estudados (Fig. 9C, linhas 10, 11 e 12), sendo que as bandas de ≈115 e

82 kDa também foram reconhecidas pelos anticorpos pré-imunes (PI).

Figura 9: Reconhecimento das moléculas antigênicas por anticorpos das

soluções de IgY das gemas (20 μg/mL) por meio da técnica de western blot. (A) Tiras sensibilizadas com extratos proteicos de leveduras de S. schenckii (LSs), (B) extratos proteicos de leveduras de Sporothrix spp. (LSc) e (C) extratos proteicos de micélio de S. schenckii (MSs). Linhas 1, 5 e 9: IgY pré-imunização. Linhas 2, 6 e 10: IgY anti-MSs. Linhas 3, 7 e 11: IgY anti-LSs. Linhas 4, 8 e 12: IgY anti-LSc. PM: peso molecular (kDa).

92

9.2.2.2 – Western blots com anticorpos IgG de coelhos

A Fig. 10 apresenta o western blot com os anticorpos IgG de coelhos. Para as tiras

sensibilizadas com antígenos de leveduras (Fig. 10 A e B), houve um variado

reconhecimento de bandas, que coincidem com as diversas proteínas mostradas no

gel de eletroforese (Fig. 2). Para as tiras sensibilizadas com LSc, chama a atenção a

forte marcação de bandas na faixa de 64 a 49 kDa. Poucas proteínas foram

reconhecidas nas tiras sensibilizadas com antígeno micelial de S. schenckii (Fig. 10

C), houve reconhecimento de bandas na faixa de ≈115 e ≈82 kDa e as bandas na

faixa de ≈64 - 49 kDa foram fracamente marcadas.

Figura 10: Reconhecimento das moléculas antigênicas por anticorpos IgG de

coelhos (1:2000) por meio da técnica de western blot. (A) Tiras sensibilizadas com extratos proteicos de leveduras de S. schenckii (LSs), (B) extratos proteicos de leveduras de Sporothrix spp. (LSc) e (C) extratos proteicos de micélio de S. schenckii (MSs). PI: IgG pré-imune. Linhas 1, 4 e 7: IgG anti-MSs; linhas 2, 5 e 8: IgG anti-LSs; linhas 3, 6 e 9: IgG anti-LSc. PM: peso molecular.

93

9.3 – Western blot COM SOROS DE ANIMAIS POSITIVOS E NEGATIVOS PARA

ESPOROTRICOSE

9.3.1 - Gatos

A Fig. 11 mostra os resultados das reações de western blot com soros de

gatos saudáveis e soros de gatos positivos para esporotricose, confirmados pelo

isolamento do fungo em cultivo, versus o antígeno de levedura de S. schenckii. Os

testes foram feitos com 21 soros de animais saudáveis (Apêndice 1, Fig. 32), destes

retirou-se uma amostragem de sete soros para serem comparados mais

proximamente com os soros de animais positivos para esporotricose. Pode-se

observar que as bandas foram mais numerosas e mais fortes para os animais com

esporotricose do que nos animais saudáveis, comprovando a resposta humoral

frente aos antígenos do fungo. Dos sete animais positivos, cinco reconheceram

bandas próximas a ≈180 e ≈115 kDa, nenhuma destas foi marcada por soros de

animais negativos. A banda de ≈80 kDa foi marcada em soros de animais positivos e

negativos. A banda de ≈ 70 kDa foi reconhecida por cinco soros de animais

infectados, mas também foi identificada em pelo menos três soros de animais

saudáveis. Observa-se nos resultados dos animais positivos, uma banda larga na

faixa de ≈64 a 49 kDa.

94

Figura 11: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de gatos

negativos e positivos para esporotricose por meio da técnica de western blot. Tiras sensibilizadas com antígenos de leveduras de S. schenckii ATCC 32285. Diluição do soro: 1:300.

Quando os soros dos animais negativos e positivos foram contrastados com

antígenos de levedura de Sporothrix spp. (Fig. 12), observou-se um forte

reconhecimento de antígenos por parte dos sete soros positivos e perfil de

reconhecimento antigênico semelhante (linhas 20 a 26). As proteínas na faixa de

peso molecular entre ≈ 64 e 49 kDa foram fortemente reconhecidas por todos os

soros positivos e por dois a três soros negativos (linhas 13, 14 e 16).

95

Figura 12: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de gatos

negativos (linhas 1- 19) e positivos (linhas 20 – 26) para esporotricose por meio da técnica de western blot. Tiras sensibilizadas com antígenos de leveduras de Sporothrix spp. Diluição do soro: 1:300. PM: peso molecular (kDa).

Para os antígenos miceliais de S.schenckii, observou-se um forte

reconhecimento de bandas na faixa de ≈ 115 kDa por soros dos animais negativos

(Fig.13, linhas 1-10; 13; 14); já para os animais positivos para esporotricose, esta

banda não foi expressiva. Proteínas na faixa de ≈ 64 kDa foram reconhecidas

somente pelos soros dos animais positivos (Fig. 13, linhas 21 a 27).

96

Figura 13: Reconhecimento das moléculas antigências por soros de gatos

negativos (linhas 1-20) e soros de gatos positivos (linhas 21 – 26) para esporotricose por meio da técnica de western blot. Tiras sensibilizadas com antígenos de micélio de S. schenkii ATCC 32285. Diluição do soro: 1:300. PM: peso molecular (kDa).

9.3.2 - Cães

Dezoito soros de cães saudáveis e uma amostra de soro de cão com

esporotricose, na forma clínica de mucosa nasal, também foram contrastados com

antígenos miceliais de S. schenckii e antígenos de levedura de S. schenckii e

Sporothrix spp. pela técnica do western blot.

Para os antígenos miceliais, os resultados mostraram um forte

reconhecimento da banda de ≈ 115 kDa por parte dos soros de animais saudáveis

(Fig. 14, linhas 1-18) e pelo soro do animal positivo (Fig. 14, linha 19). Proteínas na

faixa de peso molecular de ≈64 kDa foram reconhecidas pelo soro do animal positivo

(Fig. 14, linha 19).

97

Figura 14: Reconhecimento das moléculas antigências por soros de cães negativos (linhas 1-18) e soro de cão positivo (linhas 19) para esporotricose versus antígeno de micélio de S. schenkii ATCC 32285. PM: peso molecular (kDa). Diluição do soro: 1:300.

As análises de western blot foram feitas para todas as amostras de soros dos

cães negativos (n=18) e positivo para esporotricose (n=1), na diluição 1:300.

Entretanto, na Fig. 15 apresenta-se somente os resultados dos soros dos animais

negativos (Fig. 15A, linhas 1-10 e 15B, linhas 1-8) que mostraram algum

reconhecimento antigênico para serem comparados com o soro do animal positivo

(Fig. 15A, linha 11 e 15B, linha 9) versus antígenos de leveduras de S. schenckii e

Sporothrix spp., Fig. 15A e 15B, respectivamente. Os resultados mostraram,

claramente, um perfil de reconhecimento antigênico diferenciado para o soro do

animal positivo. Houve um maior número de bandas reconhecidas e reação mais

intensa do que a observada para os soros dos animais negativos.

98

Figura 15: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de cães negativos e positivo para a esporotricose por meio da técnica de western blot. (A) Antígeno de leveduras de S. schenckii: amostras 1 – 10, soros de cães negativos, amostra 11: soro de cão positivo. (B) Antígeno de leveduras de Sporothrix spp.: amostras 1 – 8, soros de cães negativos, amostra 9: soro de cão positivo. PM: peso molecular. Diluição do soro: 1:300.

Posteriormente realizou-se testes de western blot, utilizando-se tiras de uma

mesma eletrotransferência, para comparar os perfis de reconhecimento antigênico

por parte dos anticorpos dos animais imunizados (IgY-anti LSs e IgG de coelho anti-

LSs) e animais positivos para esporotricose (cães e gatos) versus o antígeno de

leveduras S. schenckii (Fig. 16). Observou-se em todas as linhas, um

reconhecimento variado de bandas, caracterizando a especificidade da resposta

humoral para os antígenos estudados. Houve o reconhecimento das bandas na faixa

de peso molecular de ≈180 e ≈115 kDa em todas as tiras e várias proteínas

reconhecidas nas faixas entre ≈64 e 37 kDa. O reconhecimento da banda de ≈26

kDa foi comum entre os anticorpos dos animais imunizados (linhas 1 e 2) e dos

animais que tiveram a doença, exceto pelos anticorpos do animal da linha 9.

99

Figura 16: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de animais

positivos para esporotricose, antissoro de coelho e IgY imune antiantígenos de leveduras de S. schenckii ATCC 32285 por meio da técnica de western blot. Tiras sensibilizadas com antígenos de leveduras de S. schenckii ATCC 32285. PM: peso molecular; linha 1: IgG de coelho anti-LSs (1:2000); linha 2 IgY anti-LSs (20 μg/mL); linha 3: soro de cão (1:300) com esporotricose; linhas 4-10: soros de gatos (1:300) positivos para esporotricose.

100

9.4 - IMUNOHISTOQUÍMICA COM ANTICORPOS POLICLONAIS DE GALINHAS E

COELHOS

Para saber se os anticorpos antiantígenos de S. schenckii e Sporothrix spp.

produzidos em galinhas e coelhos poderiam ser aplicados em imunohistoquímica

para o reconhecimento de leveduras de Sporothrix spp. em fragmentos para biópsia,

experimentos foram conduzidos em peles de gatos positivos para a esporotricose

utilizando-se os anticorpos policlonais de galinha (5 µg/mL) pré-imunização e pós-

imunização, assim como, soros de coelhos (1:500) pré e pós-imunização.

Os resultados mostraram que os anticorpos produzidos, nas duas espécies

animais, foram eficientes em reconhecer as leveduras do fungo em peles de gatos

positivos (Figuras 17 e 18).

Os anticorpos IgY marcaram leveduras dispersas no interstício e as

fagocitadas por macrófagos. Não houve marcação de leveduras pelo anticorpo IgY

pré-imune (Fig. 17).

101

Figura 17: Fotomicrografia: imunohistoquímica para marcação de leveduras de Sporothrix spp. em pele de gato. Formações

leveduriformes sem marcação (setas) nos tratamentos Controle e IgY PI. Formações leveduriformes marcadas (setas) por anticorpos IgY anti-antígenos do Sporothrix spp. Controle= sem anticorpo; IgY PI= IgY pré-imunização; IgY anti-LSs= IgY anti-antígenos de leveduras de S. schenckii, IgY anti-MSs= IgY anti-antígenos de micélio de S. schenckii, IgY anti-LSc= IgY anti-antígenos de leveduras de Sporothrix spp. (IgY: 5 μg/mL). Barra: 50 µm.

102

Também não houve marcação de leveduras por parte da IgG pré-imune e

todos os antissoros foram capazes de marcar as leveduras do fungo em peles de

gatos positivos para a esporotricose (Fig. 18).

Os experimentos de imunohistoquímica em pele de gatos foram realizados

em dois animais diferentes e por duas vezes.

Figura 18: Fotomicrografia: imunohistoquímica para marcação de leveduras de

Sporothrix spp. em pele de gato. Formações leveduriformes sem marcação (setas) no tratamento controle (IgG PI). Formações leveduriformes marcadas (setas) por anticorpos IgG antiantígenos do Sporothrix spp. IgG PI= IgG pré-imunização; IgG anti-LSs= IgG antiantígenos de leveduras de S. schenckii, IgG anti-MSs= IgG antiantígenos de micélio de S. schenckii, IgG anti-LSc= IgG antiantígenos de leveduras de Sporothrix spp. Diluição do anticorpo: 1:500. Barra: 50 µm.

103

Sabendo-se que cães com leishmaniose tegumentar apresentam lesões

ulceradas semelhantes às da esporotricose (SANTOS et al., 2007), procedeu-se,

também, a imunohistoquímica em fragmentos de biópsia de cão positivo para a

leishmaniose visceral. Os experimentos foram conduzidos em fragmentos de pulmão

utilizando-se os anticorpos policlonais de galinha (5 µg/mL) pré-imunização e pós-

imunização (anti-LSS, anti-MSs, anti-LSc) ou soros de coelhos (1:500) pré e pós-

imunização (anti-LSS, anti-MSs, anti-LSc). Os resultados mostraram que não houve

reação cruzada entre as IgYs específicas e formas amastigotas de Leishmania spp.

(Fig. 19).

104

Figura 19: Fotomicrografia: imunohistoquímica em fragmentos de pulmões de cão positivo para leishmaniose visceral com anticorpos IgY (5 μg/mL). Formas amastigotas de Leishmania spp. sem marcação em todos os tratamentos (setas). Controle= sem IgY; IgY PI= IgY pré-imune, IgY anti-LSs= IgY antiantígenos de leveduras de S. schenckii, IgY anti-MSs= IgY antiantígenos de micélio de S. schenckii, IgY anti-LSc= IgY antiantígenos de leveduras de Sporothrix spp. Barra: 10 µm.

105

Os antisoros de coelhos também não marcaram formas amastigotas (setas)

de Leishmania spp. (Fig. 20a e B). A Fig. 20B mostra marcações inespecíficas de

parênquima pulmonar, porém, a Leishmania spp.não foi marcada.

Figura 20: Fotomicrografia: imunohistoquímica em fragmentos de pulmões de cão

positivo para leishmaniose visceral com anticorpos IgG produzidos em coelhos. (A) IgG pré-imune; (B) IgG antiantígenos miceliais de S. schenckii. Setas indicam formas amastigotas de Leishmania spp. sem marcação. Barra: 10 µm.

9.5 - AVALIAÇÃO DA AÇÃO DOS ANTICORPOS IgY SOBRE O CRESCIMENTO,

IN VITRO, DAS CEPAS DE S. schenckii e Sporothrix spp.

O teste de inibição de crescimento foi conduzido para verificar o efeito dos

anticorpos IgY específicos sobre o crescimento, in vitro, das cepas de S. schenckii

(Tabela 4) e Sporothrix spp. (Tabela 5) estudadas. Como controle negativo de

inibição, foram utilizados os tratamentos Branco (sem solução de IgY) e o pré-imune

(PI), que continha anticorpos IgY pré-imunização. O crescimento das leveduras foi

acompanhado pelas leituras de densidade óptica (D.O) a 550 nm, medida nos

tempos zero, antes da incubação, e às 15, 18, 21, 24, 27, 38, 41 e 44h de

incubação, a 37oC. As Tabelas 4 e 5 apresentam os resultados médios de D.O para

106

cada observação e para cada cepa, sendo que no tempo zero, a D.O foi igual a zero

para todos os tratamentos.

Tabela 4 - Resultados médios de densidade óptica da curva de crescimento do S.

schenckii frente a anticorpos IgY com as respectivas equações polinomiais, o teste T e o coeficiente de correlação (R2)

PI : pré-imune, LSs: levedura de S. schenckii, MSs: micélio de S. schenckii, LSc: levedura de Sporothrix spp. Letras diferentes na mesma coluna diferem em P≤0,05 pelo teste de Tukey.

Tabela 5 - Resultados médios de densidade óptica da curva de crescimento do Sporothrix spp. frente a anticorpos IgY com as respectivas equações polinomiais, o teste T e o coeficiente de correlação (R2)

PI : pré-imune, LSs: levedura de S. schenckii, MSs: micélio de S. schenckii, LSc: levedura de Sporothrix spp. Letras diferentes na mesma coluna diferem em P≤0,05 pelo teste de Tukey.

A Fig. 21A e B apresenta as curvas de crescimento dos fungos S. schenckii e

Sporothrix spp. ajustadas para cada tratamento (Branco e anticorpos IgY) através de

107

regressões polinomiais (Tabelas 4 e 5). Nos dois experimentos, os resultados

mostraram a inibição significativa (P≤0,05) dos anticorpos específicos sobre o

crescimento do fungo, pois em ambos, as curvas de crescimento dos fungos perante

os anticorpos hiperimunes ficaram abaixo das curvas de crescimento dos

tratamentos com anticorpos PI e Branco. Neste experimento, foi mostrado mais uma

vez, o reconhecimento cruzado entre cepas e antígenos do Sporothrix spp., pois

cada inóculo de S. schenckii ou Sporothrix spp. teve o seu crescimento avaliado

perante os três anticorpos específicos produzidos: IgY anti-LSs, IgY anti-LMs e IgY

anti-LSc.

Figura 21: Regressão polinomial das curvas de crescimento do S. schenckii (A) e

Sporothrix spp. (B) frente a anticorpos IgY (1 mg/mL) pré-imune (PI), anti-LSs, anti-MSs, IgY anti-LSc e Branco (sem solução de IgY) às 0, 15, 18, 21, 24, 27, 38, 41 e 44 h de incubação a 37oC.

108

9.6- ANÁLISE SOROLÓGICA DE GATOS POSITIVOS PARA A ESPOROTRICOSE

A fim de se conhecer o perfil sorológico de gatos infectados, anticorpos IgG,

frente a antígenos de leveduras de S. schenckii e de cepa clínica de Sporothrix spp.

pelo ensaio de ELISA, coletou-se amostras de soros de gatos positivos (n=7) para

esporotricose cutânea, atendidos na clínica do Hospital Veterinário da UENF, antes

do início do tratamento e, como controle negativo, 21 amostras de soros de animais

saudáveis.

Todas as amostras de soro foram tituladas por ELISA em diluições seriadas

de 1:100 até 1:8100 versus os dois antígenos estudados, LSs (Tabela 7, Apêndice

1) e LSc (Tabela 8, Apêndice 1). Para a análise do ensaio, estabeleceu-se um ponto

de corte (cutoff), para cada antígeno testado e para cada diluição através da

seguinte fórmula: médias das absorvâncias dos soros dos gatos normais + 2 vezes o

desvio padrão destes soros (Média + 2x Desvio padrão) (Apêndice 1, Tabelas 7 e 8).

Para a análise dos resultados, considerou-se, os resultados de cutoff

(Absorvância492

= 0,575) obtidos com soros na diluição de 1:900 para a análise do

antígeno LSs (Tabela 7, Apêndice 1) e cutoff = 0,138, na diluição de 1:8100 para a

análise do antígeno de LSc (Tabela 8, Apêndice 1). Os resultados mostraram que

quando se avaliou o antígeno de leveduras de S. schenckii, 71,4% (n=5) das

amostras de soros positivos ficaram acima da linha de corte (cutoff=0,575), e duas

amostras de soro (28,6%), ficaram abaixo da linha de corte, falsos negativos (FIG.

22A). Com este antígeno, nenhuma das amostras de soros negativos foi dada como

falsa positiva, 100% das amostras ficaram abaixo da linha de corte.

Para o antígeno de leveduras de Sporothrix spp., considerando o

cutoff=0,138, 100% das amostras de soros positivos para a esporotricose ficaram

acima da linha de corte, verdadeiros positivos, e 95,2% das amostras de soros de

animais saudáveis ficaram abaixo da linha de corte estabelecida, verdadeiros

negativos (FIG. B ). Contudo, uma amostra de soro controle ficou acima do cutoff e

foi considerada como falsa positiva (4,8%).

109

Figura 22: Dispersão das absorvâncias determinadas por ELISA de sete amostras sorológicas de gatos com esporotricose comparados com o grupo controle (gatos saudáveis). (A) Diluição dos soros: 1:900 versus antígenos de extratos de leveduras de S. schenckii. Cutoff: 0,575 (B) Diluição dos soros: 1:8100 versus antígenos de extratos de leveduras de Sporothrix spp. Cutoff: 0,138.

110

9.7 - RELATO DE CASO 1

Relata-se o caso clínico de um cão, SRD, do sexo feminino, com mais de sete

anos de idade. O animal era domiciliado na cidade do Rio de Janeiro, convivia com

dez gatos que tiveram esporotricose, sendo que sete destes felinos foram

sacrificados porque não responderam ao tratamento com itraconazol e os outros três

foram doados antes de adquirirem a doença. A proprietária relatou que, um ano

antes, o animal foi atendido por médico veterinário por apresentar uma massa

interna na narina direita que estava dificultando a respiração, com espirros e

escorria-lhe, pela narina, uma secreção fluída sanguinolenta. O animal não

apresentava nenhuma lesão externa e o diagnóstico foi de esporotricose baseado na

visualização de leveduras. Ainda durante a moradia na cidade do Rio de Janeiro, o

animal foi medicado com itraconazol, 100mg/dia, durante um ano. Entretanto,

durante todo o período de tratamento, a proprietária observou que a massa interna

persistia e que o animal passou a apresentar um inchaço no focinho. A proprietária

relatou que procurou várias ajudas médicas veterinárias e que lhe foi recomendada

a eutanásia do animal.

Ao levar o animal para domiciliar na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ, a

proprietária recorreu ao atendimento do Hospital Veterinário da UENF. Ao exame

clínico, observou-se que o focinho e a região nasal direita do animal encontravam-se

edemaciadas, não havia lesões ulcerativas nas faces externa e interna da região

nasal, ausência de lesões na cavidade oral, secreção nasal fluída, transparente,

espumosa e abundante, principalmente na narina direita. O animal apresentava

dificuldade respiratória, devido ao aumento de volume interno na narina direita, ruído

na respiração inspiratória e sialorreia. Pelo histórico clínico, optou-se pelo início do

tratamento para esporotricose, com solução saturada 20% de iodeto de potássio

manipulada, na dosagem de 40 mg/kg, via oral, a cada 12 horas. Após 60 dias de

tratamento, o animal retornou ao atendimento, apresentando bom estado de saúde,

ausência de edema na face e no focinho, respiração normal, sem ruído e secreções.

Para garantir a cura clínica, optou-se por continuar com a medicação por mais três

meses (Fig. 1).

111

Figura 23: Cão (Amostra 1, Tabela 6) com suspeita clínica de esporotricose de

mucosa nasal antes e dois meses após o início do tratamento com solução saturada de iodeto de potássio a 20%.

112

Como não foi possível fazer uma punção aspirativa e não havia nenhuma

lesão externa para coleta de material por suabe e se tentar isolar o fungo por cultivo,

optou-se pela coleta de sangue, para obtenção do soro e realização da reação de

ELISA e western blot, utilizando como sensibilizadores, os antígenos de levedura de

S. schenckii e de cepa clínica de Sporothrix spp. estudados neste experimento (item

5.1.1). As coletas de sangue foram feitas na primeira e na segunda consulta. Os

resultados de D.O.s do ELISA e os obtidos por western blot foram contrastados com

os resultados de ELISA e western blot realizados com soros de cães clinicamente

negativos para esporotricose: cães de estimação e cães de uma associação

protetora dos animais (APA)/Campos dos Goytacazes/RJ (Tabela 6).

Os resultados de ELISA mostraram que, para todas as diluições dos soros, o

cão com histórico de esporotricose e apresentando os sintomas acima citados

(Tabela 6), apresentou valores de absorvância bem superiores aos dos animais

aparentemente saudáveis. Na diluição 1:100, a D.O. média para o antígeno LSs do

cão positivo (Tabela 6, amostra 1), antes do tratamento, foi de 1,62 e para o

antígeno LSc, o valor foi de 1,77. A média das D.O.s dos animais clinicamente

saudáveis foi de 0,452 (± 0,169) para o antígeno LSc e de 0,562 (± 0,217) para o

antígeno LSs. Se for considerado um ponto de cutoff (média + 2x desvio padrão das

absorvâncias dos soros de cães hígidos) pode-se dizer que todos os soros dos

animais saudáveis ficaram abaixo da linha de corte para o teste de ELISA com o

antígeno de levedura da cepa de Sporothrix spp. e podem ser considerados como

verdadeiros negativos. Já para o antígeno de levedura de S. schenckii, um animal

saudável (5,5%) apresentou valores de D.O. superiores ao ponto de corte sugerido

(Amostra 2, Tabela 6) e seria dado como um falso positivo.

113

Tabela 6 - Dados de identificação dos animais e densidades óticas (D.O.) a 492 nm dos testes de ELISA utilizando soro de cão com histórico de esporotricose e de cães aparentemente sadios (controles normais) e incubados com os dois antígenos, levedura de S. schenckii e levedura de Sporothrix spp.. Densidades óticas obtidas com soros diluídos a 1:100, 1:300, 1:900, 1:2700 e 1:8100. DP = desvio padrão. Cutoffs calculados como descrito acima.

Identificação dos animais

Antígeno Levedura de Sporothrix spp. Antígeno Levedura de S. schenckii

Diluição dos soros/D.O Diluição dos soros/D.O

Raça Idade Origem Amostra 1:100 1:300 1:900 1:2700 1:8100 1:100 1:300 1:900 1:2700 1:8100

SRD 7 anos Res. 1 1,771 1,326 0,738 0,329 0,151 1,617 1,469 1,167 0,752 0,358

SRD 5 anos APA 2 0,669 0,325 0,151 0,083 0,062 1,090 0,699 0,353 0,183 0,103

SRD 6 anos APA 3 0,662 0,295 0,139 0,083 0,061 0,869 0,440 0,221 0,121 0,079

SRD 2 anos Res. 4 0,597 0,280 0,128 0,073 0,057 0,802 0,358 0,165 0,094 0,067

SRD 5 anos Rua 5 0,470 0,244 0,123 0,073 0,058 0,592 0,293 0,143 0,083 0,065

SRD 5 anos SRD 6 0,412 0,179 0,107 0,068 0,055 0,552 0,237 0,115 0,074 0,065

SRD 1,5 anos Res. 7 0,588 0,273 0,152 0,086 0,064 0,695 0,331 0,182 0,096 0,071

SRD 3 anos APA 8 0,442 0,212 0,124 0,072 0,057 0,675 0,313 0,142 0,094 0,069

Boxer 3 anos Res. 9 0,289 0,132 0,076 0,061 0,058 0,636 0,308 0,137 0,079 0,062

Perdigueiro 7 anos Res. 10 0,383 0,171 0,088 0,063 0,053 0,596 0,258 0,126 0,074 0,060

SRD 2 anos APA 11 0,443 0,213 0,132 0,077 0,057 0,546 0,250 0,136 0,093 0,072

SRD 1,5 anos APA 12 0,397 0,189 0,098 0,068 0,058 0,545 0,270 0,133 0,094 0,068

SRD 6 anos APA 13 0,220 0,100 0,063 0,053 0,058 0,470 0,169 0,095 0,058 0,054

Labrador 8 anos Res. 14 0,314 0,135 0,079 0,057 0,050 0,420 0,194 0,102 0,071 0,064

114

Tabela 6 - (continua)

Identificação dos animais

Antígeno Levedura de Sporothrix spp. Antígeno Levedura de S. schenckii

Diluição dos soros/D.O Diluição dos soros/D.O

Raça Idade Origem Amostra 1:100 1:300 1:900 1:2700 1:8100 1:100 1:300 1:900 1:2700 1:8100

SRD 5 anos APA 15 0,719 0,304 0,152 0,092 0,066 0,393 0,198 0,104 0,069 0,057

Fox 9 anos Res. 16 0,323 0,141 0,078 0,055 0,050 0,384 0,166 0,090 0,065 0,057

SRD 3 anos APA 17 0,182 0,091 0,063 0,054 0,053 0,320 0,138 0,080 0,060 0,055

SRD 3,5 anos APA 18 0,711 0,304 0,141 0,082 0,062 0,306 0,133 0,078 0,060 0,052

SRD 10 anos APA 19 0,323 0,143 0,083 0,062 0,056 0,221 0,116 0,072 0,058 0,058

Média 0,452 0,207 0,110 0,070 0,057 0,562 0,271 0,137 0,085 0,065

DP 0,169 0,076 0,032 0,012 0,004 0,217 0,138 0,066 0,030 0,012

cutoff

2x 0,790 0,359 0,173 0,094 0,066 0,995 0,546 0,270 0,145 0,089

Amostra 1: cão com histórico de esporotricose. Amostras 2 a 19: Cães aparentemente sadios.

115

Posteriormente, compararam-se os resultados de ELISA das amostras de

soros do animal positivo pré-tratamento e após dois meses de tratamento (Fig. 24).

O soro pré-tratamento apresentou título até a diluição 1:900 (D.O= 1,17), enquanto o

soro do animal pós-tratamento mostrou-se positivo somente na diluição 1:100, nas

diluições posteriores, houve queda dos títulos e estes ficaram dentro da faixa

encontrada para os soros de animais negativos.

Figura 24: Análise sorológica do cão com esporotricose pelo teste de ELISA com

o antígeno de levedura de S. schenckii. Curva de titulação de duas amostras, uma amostra pré-tratamento (A) e outra após dois meses de tratamento (B).

116

A Fig. 25 ilustra a dispersão dos valores de D.O. para os soros dos animais

negativos e soro do animal com sintomas clínicos de esporotricose, na diluição de

1:100 versus os dois antígenos estudados: LSs e LSc.

Figura 25: (A) Resultados do teste de ELISA utilizando soros de cão com histórico

de esporotricose e soros de cães sadios versus o antígeno de levedura de S. schenckii. (B) Versus o antígeno de levedura de Sporothrix spp. Diluição dos soros: 1:100.

As análises por western blot mostraram uma resposta humoral mais intensa,

com maior número de bandas reconhecidas e maior intensidade da reação, para o

soro do animal positivo (Fig. 26A: linha 11 e Fig. 26B: linha 9) quando comparado

aos soros dos animais saudáveis (linhas 1-10: Fig. 26A e linhas 1-8, 10-11: Fig.

26B).

117

Figura 26: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de cães negativos

e positivo para a esporotricose por meio da técnica de western blot. (A) Versus antígeno de levedura de S. schenckii: amostras 1 – 10, soros de cães negativos, amostra 11: soro de cão positivo. (B) Versus antígeno de levedura de Sporothrix spp.:: amostras 1 – 8, soros de cães negativos, amostra 9: soro de cão positivo. PM: peso molecular. Diluição dos soros: 1:300.

Objetivando um diagnóstico diferencial com a leishmaniose, foi realizado o

ensaio de ELISA com soros de animais positivos e negativos de área endêmica para

leishmaniose versus antígenos de leveduras S. schenckii (Fig. 27). Os resultados

mostraram que a D.O média para os animais positivos para leishmaniose (n= 9) foi

de 0,486 (± 0,32) e somente um animal (11,1 %) apresentou valor de D.O (1,06)

mais alto do que o valor de cutoff (0,995) estabelecido com a média dos soros

controle negativos para esporotricose (n= 18) e seria dado como falso positivo.

118

Figura 27: Resultados do teste de ELISA utilizando soros de cães na diluição 1:100

versus antígeno de levedura de S. schenckii. Amostra 1: soro de cão positivo para esporotricose pré- tratamento e amostra: 2, pós-tratamento. Amostra 3: soros de cães positivos para leishmaniose, amostra 4: soros de cães negativos de zona endêmica de leishmaniose, amostra 5: soro controle negativo para esporotricose.

119

9.8 - RELATO DE CASO 2 Relata-se o caso clínico de transmissão zoonótica da esporotricose,

após mordida de gato, para uma paciente humana, 48 anos, imunocompetente, com

histórico de paralisia infantil, na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ.

O animal, do sexo masculino, com mais de sete anos de idade, apareceu com

uma lesão ulcerada na extremidade do membro anterior direito, foi submetido a uma

cirurgia, onde a médica veterinária optou pela amputação da falange e enviou

material para exame citológico. Enquanto aguardava o resultado, recomendou a

antibioticoterapia antibacteriana e o tratamento local da ferida cirúrgica. O animal

não apresentou nenhuma melhora clínica, o membro ficou edemaciado e

extremamente dolorido, impossibilitando o tratamento local e o animal se tornou

muito agressivo devido a dor. Ao tentar levar o animal para uma nova consulta, a

proprietária foi mordida pelo mesmo, na face anterior da perna direita e a partir daí

surgiram lesões ulceradas, granulomatosas, que aumentaram de tamanho. A mulher

procurou um atendimento médico no seu bairro e lhe foi receitada uma pomada para

tratamento local à base de antibiótico e antifúngico (cetoconazol), entretanto

nenhuma melhora clínica foi observada.

Em visita a APA (Associação Protetora dos Animais) de Campos dos

Goytacazes e após tomar conhecimento do caso, procedeu-se a visita à residência

da paciente, para exame do animal. O animal encontrava-se prostrado, apresentava

o membro anterior direito edemaciado, com lesão ulcerativa, que havia se estendido

de forma ascendente pelo membro e foram detectadas outras lesões ulceradas na

epiderme nos flancos esquerdo e direito do animal. Procedeu-se a coleta de material

das lesões ulceradas através de suabe estéril e fez-se um esfregaço em busca de

leveduras. Posteriormente, também foi coletado material para exame

histopatológico.

A mulher foi encaminhada para o Hospital Escola Álvaro Alvim/Campos dos

Goytacazes/RJ, setor de dermatologia, onde se procedeu a coleta de amostra da

lesão por suabe e retirada de dois fragmentos, sendo um para exame

histopatológico e outro para o cultivo de rotina laboratorial.

No material coletado do gato, procedeu-se a coloração de Gram da lâmina

com o esfregaço e foram visualizadas estruturas leveduriformes típicas de Sporothrix

spp., O diagnóstico de esporotricose foi confirmado pelo crescimento micelial do

120

fungo por meio de cultivo em ágar Sabouraud dextrose 4% (Himedia, EUA)

acrescido de cloranfenicol (50 mg/l) e cicloheximida (400 mg/l - Sigma-Aldrich, EUA)

à temperatura de 25oC após dez dias de incubação.

No material recolhido da mulher, isolou-se o fungo por meio de cultivo

do fragmento para biópsia. A mulher foi tratada com solução saturada de iodeto de

potássio e, dois meses após, logrou-se a cura clínica (Fig. 28).

Figura 28: Face anterior da perna de mulher mordida por gato positivo para

esporotricose. Forma cutânea de esporotricose, antes (setas) e após (setas) o tratamento com solução saturada de iodeto de potássio. Setas indicam lesões residuais.

121

9.8.1 - Achados histopatológicos em seções tegumentares do gato e da mulher

9.8.2 - Seções tegumentares do gato

A microscopia em seções de lesão tegumentar em felino, vista no H/E (Fig.

29A), mostrou reação granulomatosa, representada por abundantes macrófagos

epitelioides atulhados de estruturas fúgicas, leveduriformes (PAS) (Fig. 29B) e

dispersamente dispostos, caracterizando granulomas mal definidos.

Apresentou associação de exsudato misto com mononucleares

(linfoplasmocitário) e neutrófilos.

122

Figura 29: Fotomicrografia de pele de gato com esporotricose. Infiltrado

inflamatório composto por macrófagos repletos de leveduras (setas) de cor púrpura (B). Hematoxilina-Eosina (A). Ácido Periódico de Schiff (B). Barra 100 μm.

9.8.3 - Seções tegumentares da mulher

A histopatologia do tegumento cutâneo da face anterior da perna da mulher,

revelou, no HE (Fig. 30A), processo inflamatório multifocal dos dermas superior e

profundo, representado por infiltrado de mononucleares e escassos macrógagos e

123

neutrófilos. Havia associado área de ulceração. Ausência de formações que

lembrassem o Sporothrix spp., no PAS (Fig. 30B), inclusive.

Figura 30: Fotomicrografia de pele de humano com esporotricose. Infiltrado

inflamatório composto por macrófagos e neutrófilos. Ausência de células fúngicas. (A) Hematoxilina-Eosina (B) Ácido Periódico de Schiff. Barra 50 μm.

124

10.0 - DISCUSSÃO

A secreção de proteínas/glicoproteínas é variável entre os isolados do

complexo S. schenckii e a sua composição pode alterar de acordo com o meio de

cultura utilizado para o cultivo do fungo (MENDONZA et al., 2002; FERNANDES,

2009). Para este experimento, as leveduras de S. schenckii e cepa clínica de

Sporothrix spp. foram cultivadas em ágar YPD, a 37oC, por seis dias e o micélio de

S. schenckii, em ágar Sabouraud dextrose 4%, a 25oC, por 14 dias. Optou-se pelo

protocolo de extração de proteínas com o tampão de lise tris-cálcio, associado à

maceração em nitrogênio líquido testado por Rodrigues (2010), acrescido da etapa

de descongelamento com maceração em banho-maria a 80oC. Rodrigues (2010)

testou oito metodologias de extração de antígenos e concluiu que, pela quantidade

de proteínas extraídas, diversidade de bandas, integridade das amostras, além da

reprodutibilidade das extrações, os tampões tris-cálcio e ureia-tioureia apresentaram

os melhores perfis de banda pela eletroforese unidimensional, sendo que, o tampão

tris-cálcio apresentou maior reprodutibilidade durante a eletroforese bidimensional.

O perfil proteico do extrato de leveduras de S. schenckii 32285 (Fig. 2) deste

trabalho apresentou semelhanças com o perfil do S. schenckii do trabalho de

Rodrigues (2010) (Fig. 31), as duas cepas apresentaram uma concentração de

bandas na faixa de 90 a 27 kDa. Várias bandas foram visualizadas no gel, fato

125

comumente visto em outras separações eletroforéticas de proteínas dos fungos do

complexo Sporothrix (MENDONZA et al., 2002; ALMEIDA-PAES et al., 2012,

FERNANDES et al., 2013).

Figura 31: Separação eletroforética por SDS-PAGE do extrato de proteínas de

leveduras de Sporothrix schenckii, após 7 dias de cultivo em caldo cérebro-coração, 120 rpm, 37 ºC. Gel de poliacrilamida (10%). Extratos proteicos brutos (20 μg de proteínas). P7: Tampão de lise Tris-Cálcio e P8: Tampão de lise Ureia-Tioureia associados à lise física de maceração em nitrogênio líquido. PM: Padrão de peso molecular - Coloração por nitrato de prata. (Adaptada de Rodrigues, 2010).

O extrato antigênico micelial do S. schenckii 32285 deste experimento

mostrou um perfil eletroforético bastante diferente dos perfis apresentados pelos

extratos de leveduras de S. schenckii 32285 e cepa clínica de Sporothrix spp. , os

quais apresentaram similaridades entre si. Para os dois extratos de leveduras, houve

maior concentração de bandas na faixa de peso molecular de, aproximadamente,

110 – 27 kDa.

Almeida-Paes et al. (2012) também consideraram os perfis eletroforéticos dos

extratos antigênicos, extratos livres das células, obtidos da fase de levedura de oito

126

isolados de Sporothrix spp. bastante similares entre si, com bandas variando de 220

– 20 kDa.

Fernandes et al. (2013) mostraram uma variedade de proteínas secretadas,

por leveduras, entre isolados do complexo Sporothrix, bandas com pesos

moleculares de 110, 90, 80, 60, 46, 38, 35, 28 kDa para o S. brasiliensis, de 160 a

38 kDa para o S. schenckii e de 160 a 28 kDa para o S. globosa. Os autores não

observaram associação entre perfil eletroforético de moléculas secretadas, espécies

e origens dos fungos.

Para se conhecer o perfil antigênico dos extratos proteicos produzidos foram

utilizados galinhas, para produção de anticorpos IgY, e coelhos, para a produção de

anticorpos IgG, antiantígenos miceliais de S. schenckii (anti-MSs) e de leveduras do

S. schenckii ATCC 32285 (anti-LSs) e Sporothrix spp. (anti-LSc). As titulações dos

anticorpos IgY específicos das gemas e dos soros dos coelhos (IgG) mostraram a

resposta humoral dos animais frente aos extratos antigênicos estudados. Os títulos

máximos foram obtidos, em média, após a terceira imunização.

Os resultados de western blot mostraram a resposta humoral dos animais

frente aos antígenos testados e evidenciaram um grande número de bandas

reconhecidas, principalmente nas tiras sensibilizadas com extratos de leveduras. As

bandas foram mais intensas nas tiras sensibilizadas com os extratos de leveduras de

Sporothrix spp., independente, do anticorpo primário utilizado na reação, IgG de

coelho ou IgY, anti-MSs, anti-LSs ou anti-LSc. Estes resultados corroboram os de

Almeida-Paes et al. (2012), que também relataram maior intensidade de bandas nos

extratos antigênicos de Sporothrix spp. do que nos extratos de S. schenckii.

Neste estudo, não foram observados perfis semelhantes de reconhecimento

antigênico quando antígenos de extratos miceliais e de levedura da mesma cepa de

S. schenckii 32285 foram analisados. Resultados que também corroboram os de

Almeida-Paes et al. (2012).

Poucas bandas foram reconhecidas pelos anticorpos versus antígenos

miceliais. Quando se contrastou antígenos miceliais com os anticorpos IgY, as

bandas de, aproximadamente, 115 e 82 foram reconhecidas pelos anticorpos pré-

imunes e pós-imunização (anti-MSs, anti-LSs e anti-LSc), em contrapartida, as

bandas de, aproximadamente, 64 e 49 kDa foram reconhecidas somente pelos

anticorpos pós-imunização. Os anticorpos policlonais, IgG, de coelhos, anti-MSs,

anti-LSs e anti-LSc versus antígenos miceliais reconheceram as bandas de 115 e 82

127

kDa e marcaram, fracamente, a banda de 64 kDa e não houve marcação de bandas

pelo soro pré-imune. Estes resultados são congruentes com os de Ruiz-Baca et al.

(2011) para antígenos miceliais da parede celular do S. schenckii que encontraram

cinco antígenos imunodetectados por antissoros de coelhos: 48, 55, 66, 67, e 70

kDa.

Para Nascimento e Almeida (2005), Nascimento et al. (2008) e Ruiz-Baca et

al., (2011) a glicoproteína de 70 kDa é o principal antígeno imunodetectado, em

animais experimentais, a partir de extratos da parede celular de leveduras e micélio

de S. schenckii (RUIZ-BACA et al., 2011) e a glicoproteína de 60 kDa é

imunodetectada somente nas células leveduriformes (RUIZ-BACA et al., 2011).

Almeida- Paes et al. (2012) encontraram padrões variados de

imunoreconhecimento entre cepas de Sporothrix. O antissoro policlonal de coelho

revelou 23 bandas glicoproteicas reativas com pesos moleculares aparentes de 240,

203, 186, 173, 152, 140, 130, 121, 112, 103, 97, 91, 85, 81, 72, 64, 60, 58, 55, 50,

47, 44 e 38 kDa para extratos livres de células de leveduras. Para os extratos

miceliais, os anticorpos policlonais de coelhos, reconheceram as bandas de 240,

230, 220, 203, 150, 143, 135, 90, 85, 81, 76, 70, 60 e 40 kDa, sendo que as bandas

de 230, 220, 135 e 85 kDa foram observadas em todas as cepas estudadas e a

banda de 40 kDa, em seis cepas.

Fernandes et al. (2013), encontraram um perfil heterogêneo de resposta

humoral, em camundongos infectados com S. brasiliensis, S. schenckii e S. globosa,

mas o reconhecimento da molécula de 60 kDa foi comum entre os animais

infectados.

Posteriormente, pela técnica do western blot, também se buscou conhecer o

reconhecimento antigênico dos extratos produzidos por parte dos anticorpos IgG de

cães (n=1) e de gatos (n=7) infectados, fato ainda não relatado na literatura, e

compará-los com soros de cães (n=18) e gatos (n=21) saudáveis.

Os resultados de western blot comprovaram a resposta humoral dos animais

infectados frente aos antígenos testados através do imunoreconhecimento de várias

bandas antigênicas, principalmente, nas tiras sensibilizadas com extratos de

levedura (LSs e LSc).

Assim como ocorreu nos soros dos animais experimentais, galinhas e

coelhos, as reações também foram mais intensas quando se contrastou soros de

animais infectados e extratos de levedura de Sporothrix spp.

128

As reações de western blot com soros de gatos infectados versus antígenos

de levedura de S. schenckii apresentaram maior intensidade de cor e maior número

de bandas reconhecidas do que as reações com soros de animais sadios. A banda

de, aproximadamente, 80 kDa foi reconhecida pelo soro de gatos saudáveis e

infectados, as bandas de ≈ 180 e 115 kDa não foram reconhecidas por soros de

animais saudáveis, somente por soros de animais infectados.

Em cães sadios, apesar de sete animais terem apresentado reconhecimento

de várias bandas, estas foram menos intensas do que as reconhecidas pelo soro do

animal positivo. O soro do animal positivo apresentou reconhecimento de bandas de

180 kDa até a faixa de 19 kDa.

Para os extratos de levedura de Sporothrix spp., observou-se uma forte

reação imunológica pelos soros de gatos infectados e por sete soros de animais

saudáveis (33,3%), o que indicou possível contato dos animais com antígenos do

fungo, sem, no entanto, terem adquirido a doença. A larga banda de 64 a 49 kDa foi

fortemente reconhecida por todos os soros positivos e foi mais estreita e fracamente

visualizada no western blot de dois soros de gatos saudáveis.

No western blot com soros de cães saudáveis versus antígenos de Sporothrix

spp. observou-se sete soros de animais saudáveis que apresentaram

reconhecimentos aleatórios de bandas com pesos moleculares na faixa de 110 a 80

kDa. O soro do animal positivo apresentou reações de forte intensidade, bem

diferente do observado nos animais negativos, a faixa compreendida por,

aproximadamente, 64 – 49 kDa apresentou as mesmas características de

intensidade de cor e espessura da apresentada pelos soros de gatos infectados. A

banda de, aproximadamente, 26 kDa pareceu ser uma característica para o

Sporothrix spp., pois foi reconhecida por anticorpos dos animais imunizados e

infectados.

Fernandes (2009) considerou as frações proteicas de 70 e 38 kDa de

exoantígenos de leveduras as principais frações reconhecidas, pela técnica de

western blot, por dois pools de soros humanos positivos para a esporotricose. O

reconhecimento foi independente da forma clínica avaliada (cutânea ou

linfocutânea). Contudo, quando a molécula de 38 kDa, purificada, foi utilizada em

ensaio de ELISA versus soros de gatos positivos e negativos para esporotricose, a

sensibilidade do teste foi de apenas 26,6% (FERNANDES, 2009).

129

Almeida-Paes et al. (2012) pesquisaram a aplicabilidade de antígenos

liberados das células obtidos de sete isolados de S. brasiliensis, fase de levedura,

no sorodiagnóstico da esporotricose humana, os autores encontraram uma

variedade de bandas reconhecidas por soros de pacientes infectados, de 131 a 40

kDa. O antígeno de 85 kDa foi o único reconhecido em todas as cepas e por todas

as amostras de soros, porém apresentou reação cruzada com amostras de soros de

pacientes infectados com outros patógenos (32,5%) e foi reconhecido por 40% dos

soros de indivíduos saudáveis. Os antígenos de 120, 112 e 103 kDa reagiram com a

maioria dos soros homólogos e sua reatividade com soros heterólogos foi menor do

que a observada para o antígeno de 85 kDa. Os antígenos de 72-, 55-, 50- e 40 kDa

foram reconhecidos por uma minoria dos indivíduos infectados.

Quanto à resposta humoral dos animais infectados e sadios frente ao extrato

de micélio, observou-se um reconhecimento antigênico semelhante ao dos animais

experimentais, bandas de, aproximadamente, 115 e 180 kDa, com

imunoreconhecimento comum em animais saudáveis e infectados e a de,

aproximadamente 64 – 49 kDa, mais característica dos animais infectados. Para

exoantígenos miceliais, as bandas de 90 e 55 kDa foram as que mais reagiram com

soros humanos com esporotricose (MENDONZA et al., 2002).

A banda, unanimemente reconhecida por anticorpos de animais

experimentais e infectados deste experimento, faixa de PM de 64-49 kDa, está

dentro ou bem próxima das glicoproteínas consideradas como possíveis

biomarcadores para o diagnóstico da esporotricose, moléculas de 60 para extratos

de leveduras (FERNANDES et al., 2013) e de 70 kDa para extratos de micélio,

(RUIZ-BACA et al., 2014).

O isolamento do Sporothrix em cultivo é considerado o padrão ouro para

diagnóstico da esporotricose, seguido pela biópsia da lesão com identificação do

agente. Entretanto, nem sempre é possível reconhecer as diferentes formas do

organismo nas seções tissulares e o desenvolvimento de técnicas específicas para a

identificação do Sporothrix spp. pode ser de grande valia, principalmente para a

diferenciação de doenças com apresentações clínicas semelhantes à da

esporotricose, como é o caso da leishmaniose tegumentar em cães.

Neste experimento, foi utilizada a técnica de imunohistoquímica com

anticorpos policlonais de galinhas, IgY, e coelhos, IgG, específicos para antígenos

de S. schenckii e Sporothrix spp. Tanto os anticorpos IgY de galinhas quanto os

130

anticorpos IgGs de coelhos antiextratos de levedura e antiextratos de micélio de

Sporothrix foram eficientes no reconhecimento do fungo em fragmentos de pele de

gatos considerados positivos para esporotricose, através do isolamento do agente

por cultivo. Os anticorpos foram eficientes em identificar as leveduras dentro de

macrófagos e no espaço intersticial, sem marcações inespecíficas de tecido.

Como a leishmaniose tegumentar é considerada o principal diagnóstico

diferencial da esporotricose em cães (SANTOS et al., 2006, MIRANDA et al., 2011),

pesquisou-se a existência de reações cruzadas entre anticorpos e formas

amastigotas de Leishmania spp. em fragmentos de biópsia de cães positivos para

leishmaniose. Os resultados mostraram a especificidade dos anticorpos produzidos,

tanto para a IgY de galinhas quanto para os IgGs de coelhos, pois nenhum

reconhecimento das formas amastigotas de Leishmania spp. em seções de biópsia

de pulmão e de pele de cão positivo para leishmaniose foi observado.

Segundo Marques et al. (1992), nem sempre é possível reconhecer diferentes

formas do Sporothrix spp. em seções tissulares e o desenvolvimento de ensaios

específicos para a identificação do agente pode ser bastante útil. Para estes autores,

a imunohistoquímica em seções de pele de humanos com anticorpos policlonais de

coelhos anti S. schenckii foi o método mais sensitivo (83%) e específico do que as

colorações de Gomori (37%), ácido periódico de Schiff (23%) ou hematoxilina-eosina

(23%) para a detecção do Sporothrix em seções histológicas de biópsia.

Para Miranda et al. (2011), a técnica de imunohistoquímica com antissoros de

coelhos aumentou a sensibilidade do diagnóstico histológico da esporotricose em

cães em 80,5% quando comparada às técnicas de PAS e Grocott.

Os resultados deste experimento corroboram os de Miranda et al. (2011), ao

mostrar que nenhuma reação cruzada foi encontrada entre anticorpos IgG de

coelhos antigênicos de Sporothrix e seções tissulares de cães com Leishmania spp.

Corroboram os resultados de Marques et al.(1992) e Miranda et al. (2011) ao

mostrar que anticorpos de coelhos antiextratos de Sporothrix schenckii e cepa clínica

de Sporothrix spp. reconhecem leveduras de Sporothrix spp. em fragmentos de

biópsia de animais positivos para esporotricose.

Pela primeira vez na literatura, descreve-se a utilização de anticorpos IgY (5

µg/ml) antiextratos antigênicos de S. schenckii e Sporothrix spp. no diagnóstico da

esporotricose através da técnica de imunohistoquímica e sem nenhuma reação

131

cruzada com seções tissulares de cães infectados com Leishmania spp. As

concentrações de anticorpos IgY utilizadas, neste experimento, foram semelhantes

às utilizadas por Inoue et al. (2005), 5 e 10 µg/ml, quando testaram IgY antiproteínas

recombinantes do vírus da raiva para detecção de antígenos virais no citoplasma de

neurônios de camundongos experimentalmente infectados.

Após os testes de reconhecimento das leveduras de Sporothrix spp. em

fragmentos de biópsia, os anticorpos IgY foram testados quanto à capacidade de

inibição do crescimento de leveduras de S. schenckii e Sporothrix spp. em caldo

YPD, na concentração final de 1mg/mL. Os resultados mostraram o potencial dos

anticorpos IgY antiantígenos de S. schenckii e Sporothrix spp. como possível

adjuvante no tratamento da esporotricose através do crescimento, significativamente

menor, das leveduras de S. schenckii e Sporothrix spp. no meio de cultura contendo

anticorpos IgY de animais imunizados quando comparados aos tratamentos controle

com anticorpos pré-imunes e branco, sem adição de anticorpos. Os testes, in vitro,

deste experimento foram concordantes com os experimentos, in vitro, de inibição de

crescimento realizados com anticorpos IgY hiperimunes anti-Prototheca spp. (SILVA,

2005), C. albicans spp. (GONÇALVES, 2007, VIEIRA et al., 2010), S. aureus

(GUIMARÃES et al., 2009) e antiprodução de enterotoxinas por S. aureus (Vieira-da-

Motta et al., 2001). Entretanto, é discordante de FUJIBAYASHI et al. (2009), onde

anticorpos IgY anti-C. albicans (2mg/mL) não inibiram o crescimento da C. albicans

em caldo YPD em comparação à IgY pré-imune. Pesquisas mostraram que os testes

de inibição de crescimento por anticorpos IgY, in vitro, são dependentes das

concentrações do inóculo e dos anticorpos (SUGITA-KONISHI et al., 1996, Vieira-

da-Motta et al., 2001, GUIMARÃES et al., 2009) no meio de cultivo.

As imunoglobulinas Y das gemas dos ovos de galinhas são

reconhecidamente uma fonte de anticorpos e o seu valor terapêutico contra vários

micro-organismos já foi comprovado em vários trabalhos. OTAKE et al. (1991),

YOKOYAMA et al. (1992), SMITH et al. (2001), CARLANDER (2002), LECLAIRE et

al. (2002), HORIE et al. (2004), RIBEIRO et al. (2005), LI et al. (2006), ZHEN et al.

(2009) demonstraram a eficiência da imunidade passiva com anticorpos IgY no

controle de infecções bacterianas, em infecções virais por coronavírus, rotavírus e

parvovírus (KWEON et al., 2000, NGUYEN et al., 2006, LU et al., 2008, VEGA et al.,

2012) e como alternativa à IgG de equinos no tratamento de vítimas de mordida de

132

cobra (PAUL et al., 2007, ALMEIDA et al., 2008) devido ao seu menor custo, à alta

produtividade e ao menor risco de choque anafilático.

A imunização passiva, por via oral, de anticorpos IgY anti-C. albicans reduziu

significativamente a disseminação sistêmica e a severidade das lesões na língua de

camundongos experimentalmente infectados (Ibrahim et al. (2008). Também

aumentou o tempo de sobrevivência e diminuiu a disseminação sistêmica da C.

albicans em camundongos desafiados com doses letais do agente por via parenteral

(ABDELNOOR et al., 2006).

Atualmente, não existem vacinas contra o Sporothrix e o desenvolvimento de

medidas terapêuticas, especialmente para indivíduos imunocomprometidos e casos

de resistência, como vem ocorrendo em gatos, aparece como medidas sinérgicas ao

tratamento. O efeito protetivo de anticorpos monoclonais antiglicoproteína de 70

kDa, em camundongos experimentalmente infectados pelo S. schenckii, foi mostrado

por Nascimento et al. (2008). Mas, sabe-se que o uso de anticorpos monoclonais e

policlonais, in vivo, aumenta o número de pacientes que contêm HAMA, a vantagem

da IgY está em não interagir com o fator HAMA (CARLANDER, 2002).

O efeito inibitório dos anticorpos IgY imunes sobre o crescimento in vitro do

fungo Sporothrix fortalece a ideia da sua utilização como adjuvante à terapia da

esporotricose. Entretanto, experimentos in vivo necessitam ser conduzidos, assim

como, a padronização da dose e frequência de administração do anticorpo.

Os resultados dos ensaios de ELISA deste experimento com soros de animais

(cães e gatos) positivos e negativos para a esporotricose mostraram que, a partir da

obtenção de uma amostragem mais representativa de soros de animais positivos, os

antígenos estudados poderão ser testados a fim de se obter a padronização de um

teste de ELISA para o diagnóstico sorológico nestas espécies animais. Apesar de

que em gatos, o diagnóstico sorológico é de menor importância devido à

apresentação clínica da doença nesta espécie, normalmente com lesões cutâneas e

abundância de leveduras nas lesões (MIRANDA et al., 2013), facilitando o

diagnóstico por isolamento do fungo em cultivo.

Em cães, conforme descrito no Caso clínico 1 e em conformidade com alguns

relatos da literatura (MADRID et al., 2007, SOUZA et al., 2009, Matos et al., 2012),

as lesões externas podem estar ausentes e o diagnóstico sorológico poderá ser de

grande valia nesta espécie. As técnicas de imunodiagnóstico adotadas no Caso

Clínico 1, foram importantes para o estabelecimento do diagnóstico, tal como

133

observado por outros autores (ALMEIDA-PAES et al., 2007, 2012, FERNANDES et

al., 2011) e o acompanhamento dos títulos de anticorpos no período pós-tratamento,

uma ferramenta importante para o acompanhamento da evolução clínica e/ou

resposta terapêutica do paciente (ALMEIDA-PAES et al., 2007). A cura clínica do

animal através do tratamento com solução saturada de iodeto de potássio a 20%

corroborou com Cruz (2013) e com os métodos de diagnóstico imunológico

adotados. O presente experimento é o primeiro trabalho a relatar uma avaliação

sorológica para antígenos de Sporothrix spp. em cães.

Ensaios de ELISA foram padronizados para o diagnóstico da esporotricose

humana (ALMEIDA-PAES et al., 2007ab, BERNARDES-ENGEMANN et al., 2005) e

felina (FERNANDES et al., 2011). No ensaio de ELISA para os felinos, Fernandes et

al. (2011) trabalharam soros na diluição de 1:800 e encontraram valores de

sensibilidade de 73,3 e 83,3% quando utilizaram, como sensibilizadores,

exoantígenos brutos miceliais de S. schenckii e a fração SsCBF (S. schenckii - Con A

Binding Factor) extraída da parede celular de leveduras. A especificidade do teste de

ELISA foi igual para os dois antígenos testados, 91,67%. Apesar da amostragem de

soros de gatos positivos deste experimento ser pequena (n=7), o resultado de

sensibilidade do ELISA com o antígeno LSs (71,4%), deste experimento, ficou

próximo do resultado obtido por Fernandes et al. (2011). Quando o ELISA foi testado

frente a antígenos de LSc, 100% dos soros positivos ficaram acima da linha de corte

estabelecida. A especificidade do teste com antígenos LSs foi de 100% e com os

antígenos LSc, de 95,2%.

Os achados histopatológicos dos fragmentos de biópsia do gato e do humano

do Relato de caso 2, estão de acordo com os achados da literatura (CRUZ, 2013,

MIRANDA et al., 2013), onde observa-se nos fragmentos de biópsia de gatos,

atulhamento de células fúngicas no interior de macrófagos e a presença de

granulomas mal definidos. E em fragmentos de biópsia de humanos, a ausência de

visualização de células fúngicas. A histopatologia do tegumento cutâneo de humano

revelou escassos macrófagos e neutrófilos, área de ulceração e células fúngicas não

foram visualizadas.

134

11.0 – CONCLUSÕES

- Bons títulos de anticorpos foram adquiridos após a terceira imunização dos

animais experimentais;

- Houve reconhecimento cruzado entre anticorpos hiperimunes, IgY ou IgG, e

antígenos de S. sckenckii e Sporothrix spp;

- A banda de 64-49 kDa foi imunodominante perante anticorpos hiperimunes e

soros de animais positivos para esporotricose, tanto em membranas

sensibilizadas com extratos antigênicos de leveduras de S. schenckii ATCC

32285 e Sporothrix spp. quanto de micélio de S. sckenckii ATCC 32285;

- As reações de western blot foram mais intensas nas membranas

sensibilizadas com o antígeno de leveduras de Sporothrix spp;

- A diferenciação entre animais positivos e negativos para esporotricose pela

técnica de western blot, foi melhor perante antígenos de leveduras de S.

sckenckii ATCC 32285;

135

- Os anticorpos IgY e IgG antiantígenos de LSs, LSc ou MSs reconheceram

leveduras de Sporothrix spp., pela técnica de imunohistoquímica, em seções

de pele de gatos infectados;

- Os anticorpos IgY e IgG antiantígenos de LSs, LSc ou MSs não

apresentaram reações cruzadas com formas amastigotas de Leishmania spp.

em seções de pulmão de cão infectado, pela técnina de imunohistoquímica;

- Os anticorpos IgY antiantígenos de LSs, LSc ou MSs inibiram o crescimento,

in vitro, de leveduras de S. sckenckii ATCC 32285 e Sporothrix spp.

136

12.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDELNOOR, A. M., RAHAL, E., ZEIDAN, J. A. et al. Preparation of anti-Candida albicans antibodies in an egg-laying hen and their protective efficacy in mice. Journal of Applied Research. Relato de caso. 2006. (Disponível em: http://www.thefreelibrary.com/Preparation+of+antiCandida+albicans+antibodies+in+an+egg-laying+hen...-a0159491750. Acesso em 01/04/2013). ADAMS, D. J. Fungal cell wall chitinases and glucanases. Microbiology. v. 150, n. 7, p. 2029 – 2035, 2004. ALMEIDA, C.M.C, SILVA, C. L., COUTO, H. P. et al. Development of process to produce polyvalent IgY antibodies anti-African snake venom. Toxicon. v. 52, p. 293–301, 2008. ALMEIDA, C.M.C., QUINTANA-FLORES, V.M., MEDINA-ACOSTA, E. et al. Egg yolk anti-BfpA antibodies as a tool for recognizing and identifying Enteropathogenic Escherichia coli. Scandinavian Journal of Immunology. v. 57, n. 6, 573–582, 2003. ALMEIDA-PAES, R., BAILÃO, A. M., PIZZINI, C. V. et al. Cell-free antigens of Sporothrix brasiliensis: antigenic diversity and application in an immunoblot assay. Mycoses. v. 55, n. 6, p. 467-475, 2012.

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153

APÊNDICE 1

Figura 32: Reconhecimento das moléculas antigênicas por soros de gatos (n=21)

por meio da técnica de western blot em tiras sensibilizadas com antígenos de leveduras de S. schenckii ATCC 32285. Diluição do soro: 1:300. PM: peso molecular (kDa).

Figura 33: Reconhecimento das moléculas antigênicas por 18 soros de cães

negativos (-) e um soro de cão positivo para esporotricose (+) por meio da técnica de western blot em tiras sensibilizadas com antígenos de leveduras de S. schenckii ATCC 32285. Diluição do soro: 1:300. PM: peso molecular (kDa).

154

Figura 34: Reconhecimento das moléculas antigênicas por 18 soros de cães

negativos (linhas 1- 8; 11- 20) e um soro de cão positivo para esporotricose, em duplicata (linhas 9 e 10), versus antígeno de leveduras de Sporothrix spp. Diluição do soro: 1:300. PM: Padrão de peso molecular (kDa).

155

Tabela 7- Resultados de absorvância (492nm) do ensaio de ELISA com soros de gatos saudáveis (animais controle) e infectados pelo Sporothrix spp. versus antígenos de extratos de levedura de S. schenckii. Diluições seriadas de 1:100 a 1:8100, médias, desvios padrão e cutoffs.

Amostras DILUIÇÕES DOS SOROS

Animais

Controle 1:100 1:300 1:900 1:2700 1:8100

1 1,438 0,893 0,492 0,253 0,111

2 1,133 0,873 0,483 0,252 0,116

3 1,306 0,936 0,482 0,408 0,189

4 1,354 0,868 0,469 0,241 0,115

5 1,261 0,923 0,436 0,197 0,105

6 1,193 0,755 0,384 0,181 0,098

7 1,079 0,812 0,373 0,168 0,090

8 1,016 0,647 0,326 0,172 0,098

9 1,055 0,551 0,258 0,120 0,071

10 0,850 0,376 0,184 0,090 0,063

11 0,717 0,369 0,158 0,077 0,055

12 0,517 0,230 0,118 0,072 0,056

13 0,609 0,247 0,118 0,064 0,052

14 0,514 0,219 0,103 0,065 0,054

15 0,328 0,147 0,081 0,061 0,052

16 0,140 0,101 0,074 0,061 0,053

17 0,261 0,128 0,071 0,054 0,049

18 0,158 0,081 0,061 0,054 0,048

19 0,080 0,064 0,056 0,049 0,046

20 0,057 0,049 0,050 0,050 0,048

21 0,056 0,050 0,046 0,055 0,052 Média 0,720 0,444 0,230 0,131 0,077 Desvio Padrão 0,717 0,369 0,158 0,077 0,056 Cutoff 1,689 1,131 0,575 0,324 0,149

DILUIÇÕES DOS SOROS

Animais

infectados 1:100 1:300 1:900 1:2700 1:8100

22 1,842 1,715 1,302 0,713 0,334

23 1,796 1,466 1,028 0,554 0,281

24 1,660 1,229 0,890 0,671 0,647

25 1,609 1,131 0,763 0,393 0,245

26 1,688 1,303 0,716 0,369 0,192

27 1,259 0,835 0,526 0,329 0,201

28 1,031 0,483 0,284 0,175 0,110

156

Tabela 8. Resultados de absorvância (492nm) do ensaio de ELISA com soros de gatos saudáveis (animais controle) e infectados pelo Sporothrix spp. versus antígenos de extratos de levedura cepa clínica de Sporothrix spp.. Diluições seriadas de 1:100 a 1:8100, médias, desvios padrão e cutoffs.

Amostras DILUIÇÕES DOS SOROS

Animais

Controle 1:100 1:300 1:900 1:2700 1:8100

1 0,855 0,396 0,245 0,123 0,080

2 1,473 1,066 0,594 0,290 0,135

3 1,437 0,944 0,503 0,233 0,119

4 1,593 1,315 0,789 0,353 0,155

5 0,703 0,371 0,175 0,102 0,066

6 1,202 0,588 0,320 0,146 0,094

7 1,114 0,706 0,413 0,226 0,114

8 1,090 0,540 0,246 0,130 0,090

9 0,993 0,357 0,184 0,099 0,067

10 0,411 0,173 0,114 0,075 0,062

11 0,606 0,345 0,219 0,114 0,077

12 0,481 0,232 0,123 0,078 0,059

13 0,753 0,355 0,159 0,090 0,060

14 0,142 0,079 0,064 0,057 0,055

15 0,635 0,376 0,203 0,115 0,087

16 0,106 0,069 0,052 0,051 0,052

17 0,120 0,090 0,063 0,057 0,053

18 0,097 0,067 0,054 0,054 0,054

19 0,069 0,057 0,054 0,054 0,054

20 0,056 0,056 0,054 0,054 0,052

21 0,067 0,060 0,054 0,054 0,054 Média 0,667 0,393 0,223 0,122 0,078 Desvio Padrão 0,516 0,359 0,201 0,085 0,030 Cutoff 1,699 1,111 0,625 0,291 0,138

DILUIÇÕES DOS SOROS

Animais

infectados 1:100 1:300 1:900 1:2700 1:8100

22 1,594 1,568 1,377 0,971 0,564

23 1,710 1,408 1,217 0,924 0,649

24 1,263 0,956 0,780 0,504 0,432

25 1,152 0,718 0,502 0,351 0,243

26 0,792 0,636 0,486 0,352 0,246

27 1,264 1,011 0,736 0,533 0,376

28 0,935 0,753 0,591 0,447 0,276

157