UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – … · EFICÁCIA NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA...

60
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE Campus de Cascavel – Centro de Ciências Sociais Aplicadas ESCOLA DE GOVERNO DO PARANÁ – Gerência Executiva da escola de Governo CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EFICÁCIA NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA OBTENÇÃO DA CNH COMO FATOR DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO Ana Cristina Damian Cascavel/PR Dezembro - 2008

Transcript of UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – … · EFICÁCIA NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA...

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE Campus de Cascavel – Centro de Ciências Sociais Aplicadas

ESCOLA DE GOVERNO DO PARANÁ – Gerência Executiva da escola de Governo

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

EFICÁCIA NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA OBTENÇÃO DA CNH COMO FATOR DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO

Ana Cristina Damian

Cascavel/PR Dezembro - 2008

2

ANA CRISTINA DAMIAN

EFICÁCIA NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA OBTENÇÃO DA CNH COMO FATOR DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito parcial para

obtenção do título de Especialista em

Formulação e Gestão de Políticas Públicas.

Orientador : Odacir Miguel Tagliapietra

UNIOESTE Cascavel/PR

Dezembro - 2008

ANA CRISTINA DAMIAN

3

EFICÁCIA NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA OBTENÇÃO DA CNH COMO FATOR DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título de

Especialista em Formulação e Gestão de Políticas Públicas, da UNIOESTE – Campus de

Cascavel/Escola de Governo do Paraná.

Data da Aprovação

____/____/____

Banca Examinadora:

______________________________

Prof. Odacir Miguel Tagliapietra

Orientador

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

______________________________

Prof. Geysler Rogis Flor Bertolini

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_______________________________

Prof. Selmo José Bonatto

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois Ele é tudo o que eu tenho e pela garantia de ser

eterno na minha vida.

Agradeço à Estatística Déborah S.L.G. Schneider da UNIOESTE, além da orientação

estatística, em alguns momentos que acompanhava a pesquisa deu alguns nortes e teve muita

paciência.

Também ao meu orientador Prof. Odacir pela paciência e dedicação.

Agradeço a minha irmã Amália, minha sobrinha Carolina e à Kátia pela ajuda.

5

EPÍGRAFE

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................12

1.1 Objetivos geral e específicos...............................................................................................13

1.2 Justificativa..........................................................................................................................14

1.3 Metodologia..........................................................................................................................15

CAPÍTULO 2 – REVISÃO TEÓRICA...................................................................................17

2.1 Sobre o DETRAN................................................................................................................17

2.2 Histórico da Avaliação Psicológica....................................................................................18

2.3 Normatizações e aspectos sobre o uso de testagem formal na Avaliação Psicológica...20

2.4 Processo de Avaliação Psicológica para fins de CNH.......................................................22

2.5 Processo de Avaliação Psicológica para fins de CNH no Estado do Paraná*................23

2.6 A atuação do profissional quanto à Avaliação Psicológica para fins de CNH................24

2.7 Considerações sobre Resolução nº 080/98...........................................................................26

2.7.1 Da Avaliação Psicológica...................................................................................................26

2.7.1.1 - Da realização dos exames.............................................................................................26

2.7.1.2 - Do Resultado da Avaliação Psicológica.......................................................................27

2.7.1.3 Das Técnicas da Avaliação Psicológica..........................................................................28

2.7.1.4 Credenciamento...............................................................................................................28

2.7.1.5 - Disposições Complementares.......................................................................................29

2.8 Conselho Federal de Psicologia e sua Resolução nº 012/2000............................................29

2.8.1 Conceito de Avaliação Psicológica.....................................................................................30

2.8.2 Perfil do candidato à CNH e do condutor de veículos automotores.............................30

2.8.3 Instrumentos de Avaliação Psicológica.............................................................................31

2.8.3.1 Condições do aplicador....................................................................................................33

2.8.3.2 Condições da aplicação dos instrumentos de avaliação psicológica............................34

2.8.3.4 Material Utilizado............................................................................................................34

2.8.3.5 Mensuração e avaliação...................................................................................................34

2.8.4 Laudo Psicológico................................................................................................................35

2.9 Crimes de trânsito e o abuso de substância alcoólica..........................................................36

2.9.1 Sobre Saúde Mental e Trânsito..........................................................................................36

6

2.9.2 A infração quanto à ingestão de bebida alcoólica e sua prevenção quanto às dimensões

sociais e normativas......................................................................................................................37

2.9.3 A infração é de inteira responsabilidade do condutor.....................................................40

2.9.4 Modelo Preventivo Geral (sobre a atitude para cometer a infração).............................41

CAPÍTULO 3 - DESENVOLVIMENTO DO TEMA...............................................................45

3.1 Interpretação dos dados da pesquisa realizada na 34ª Ciretran de Toledo/PR................45

3.1.1 Critérios para a coleta de dados.........................................................................................45

3.1.2 Interpretação dos dados......................................................................................................45

3.2 Propostas de melhorias..........................................................................................................54

CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................57

APÊNDICE.................................................................................................................................59

ANEXO........................................................................................................................................60

7

RESUMO

Resumo: Este estudo visa conhecer a prática de direção veicular de condutores, que passaram por

avaliação psicológica no terceiro ano após terem obtido a Carteira Nacional de Habilitação

(CNH), na 34ª Circunscrição Regional de Trânsito do Paraná (Município de Toledo). O

acompanhamento foi realizado por meio da verificação da pontuação notificada por infrações de

trânsito, referente ao terceiro ano de direção veicular. A pesquisa teve uma abrangência de

38,30% do total de condutores que obtiveram a permissão para direção veicular no ano de 2005.

Destes condutores pesquisados, 62% são condutores do sexo masculino, 38% do sexo feminino.

Com o resultado da amostra de três meses, 91,75% não apresentaram infrações, 6,93%

apresentaram multas, mas não somaram 20 pontos em infrações e 1,32% apresentaram mais de

20 pontos e tiveram suspenso o direito de dirigir. Esta investigação tem por objetivo sugerir

medidas de prevenção na avaliação psicológica de condutores com risco de serem infratores no

trânsito e políticas públicas na área de Psicologia do Trânsito, bem como, realizar um

levantamento do perfil do condutor do Paraná.

Palavras-Chave: Avaliação psicológica, condutor, trânsito.

8

ABSTRACT

Abstract: This study aims to know the direction drivers practicing who had passed on

psychological assessment on March, April and May of 2005, in the third year after they have

gotten the CNH (driving lincense), in 34ª Traffict Regional Circumscription of Paraná (City of

Toledo). The accompaniment was acomplish through the traffic infractions verification ,

referring to the third year of the vehicle direction The research had an embraced of 38,30% of the

total conductors that got the direction’s permission in the year of 2005. These 62% are mens and

38% are women drivers. With the sample results of three months, 91.75% had not presented

infractions, 6.93% had give a ticket, but they had not added 20 points in infractions, and 1.32%

had more than 20 points and they had the rights to drive suspended. This inquiry has the objective

to suggest measures on the drivers psychological assessment with regard to prevention and risk

to be infractors in the transit and public politics in the area of Trafffic Psychology, as well as to

realize a survey of the driver’s profile in Paraná.

Word-Key: Psychological assessment, drivers, traffic

9

LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 Distribuição por sexo da população geral...............................................................46

Gráfico 2 Incidências de infrações por sexo.............................................................................46

Gráfico 3 Porcentagem de infrações por sexo..........................................................................47

Gráfico 4 Incidência de Infrações por faixa etária...................................................................48

Gráfico 5 Porcentagem por Tipo de Infração..........................................................................49

Gráfico 6. Resultado do estudo dos obtiveram a CNH no trimestre/2005.............................52

10

LISTA DE TABELAS

Quadro 1. Amostra do total de avaliações psicológicas realizadas.........................................16

Tabela 1. Indicadores de incidências de infrações e pontos por sexo.....................................48

Tabela 2. Tabela de Dados de Infrações mais cometidas.........................................................50

Tabela 3. Recorrência de Infrações de Trânsito........................................................................51

11

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

CFCs – Centro de Formação de Condutores

CFP – Conselho Federal de Psicologia

CIRETRAN – Circunscrição Regional de Trânsito

CNH – Carteira Nacional de Habilitação

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

CPF – Cadastro de Pessoa Física

CTB – Código de Trânsito Brasileiro

DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito

DETRAN – Departamento de Trânsito

12

1. INTRODUÇÃO

Com a criação do Novo Código de Trânsito Brasileiro em 1998, a Avaliação

Psicológica para candidatos à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, passou por algumas

alterações, sendo implantados novos testes psicológicos e retirados alguns testes que vinham

sendo aplicados há mais de 10 anos neste processo. Em janeiro de 2005, já havia ocorrido nova

transição do Diretor e conseqüentemente, da chefia e equipe da Divisão de Medicina e Psicologia

– DMP, do DETRAN, e neste período, ocorreu nova normatização para aplicação de testagem

formal para avaliação psicológica de tais candidatos.

A partir disto, a avaliação já citado tem aplicado teste formais de atenção, raciocínio

lógico, personalidade, e também, uma redação, na qual analisa-se entre outros aspectos, a

habilidade de leitura e escrita de cada candidato na avaliação psicológica. Se ele atender os

requisitos exigidos, será considerado apto e poderá seguir fazendo as demais provas e aulas

específicas. Caso não consiga, retornará para nova avaliação.

Com a aprovação na avaliação psicológica e demais provas específicas, o candidato

obterá uma permissão para dirigir, de validade para um ano. Caso não cometa uma infração de

natureza grave ou gravíssima e seja reincidente em infração média, poderá pegar a CNH

definitiva. Os que obtiverem a CNH definitiva deverão retornar em 5 (cinco) anos para fazer a

avaliação de sanidade física e mental, caso não cometam alguma infração que suspenda o direito

de dirigir ou a contagem de 20 pontos em multas.

Este trabalho de conclusão do Curso de Pós-Graduação de Formulação e Gestão de

Políticas Públicas investigou os resultados na prática veicular dos aprovados na avaliação

psicológica, da 34ª Ciretran de Toledo, por meio de verificação da pontuação obtida por multas

na Carteira Nacional de Habilitação.

Através disto, averiguou-se se a avaliação psicológica para obter a Carteira Nacional

de Habilitação tem funcionado como fator de prevenção à violência no trânsito, que é um dos

seus objetivos.

Neste estudo, a princípio foi abordado sobre a história dos teste psicológicos, sobre

sua utilização no processo de obtenção da CNH, pois, no Estado do Paraná, todo este processo

13

segue orientações estabelecidas pelo DETRAN/PR, sendo pautado pelas Resoluções do Código

Brasileiro de Trânsito e Conselho Federal de Psicologia. Outras questões que serão abordadas,

referem-se sobre crimes de trânsito e o abuso de substâncias alcoólicas.

O que possibilitou a realização deste trabalho foi o uso da tecnologia, a Informática

que possibilita a integração e o registro de dados dos condutores do Paraná, no Sistema

Habilitação. A Psicologia é uma ciência que estudo o homem e sua subjetividade, então a

pesquisa realizada reflete o comportamento deste homem no trânsito, através da pesquisa de

pontos obtidos por infrações de trânsito.

Problema de Pesquisa

A Avaliação Psicológica que tem sido realizada no Estado do Paraná, tem sido eficaz

como prevenção aos problemas no trânsito?

1.1 Objetivo geral e específicos

1.1.1 Objetivo Geral

Avaliar os resultados na direção veicular dos aprovados na avaliação psicológica,

através de resultado da pontuação obtida por multas na Carteira Nacional de Habilitação, da 34ª

Ciretran de Toledo.

1.1.2 Objetivos Específicos

a) Apresentação de como é realizada a Avaliação Psicológica para obtenção à CNH,

no Estado do Paraná;

b) Resoluções específicas ao trânsito e norteadoras da avaliação citada;

c) Abordar sobre crimes de Trânsito e abuso de bebida alcoólica.

d) Levantar a pontuação/multas obtidas no 3º ano de circulação com o seu veículo;

e) Detectar os principais problemas apresentados destes cruzamentos de indivíduos

aptos x pontuação, e buscar ações que amenizem os problemas encontrados.

14

1.2 Justificativa

A importância deste tema está relacionada à prevenção de acidentes, violência e

crimes no trânsito, tais como, dirigir alcoolizado. E também, pela falta de referencial de

instrumentos de feed-back para verificar se a avaliação psicológica realmente tem sido eficaz na

triagem de indivíduos com transtornos de personalidade, doenças mentais, entre outros fatores

impeditivos à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação.

Cada pessoa que interage no trânsito, possui um tipo de personalidade, com cultura,

valores morais e padrão ético diferenciados. Como não há um perfil específico dos condutores do

Paraná, torna-se importante o cruzamento de dados sobre candidatos apto, com as multas obtidas

x pontuação, e ocorrências do veículo.

Com os problemas levantados por esta população pesquisada, pode-se sugerir ações

efetivas para amenizar esta problemática, que envolve o comportamento social do condutor e o

cuidado com os demais participantes que circulam pelas vias públicas.

No trânsito todos são iguais, tanto o condutor quanto ao pedestre, ambos com direito

à mobilidade de trafegar com o veículo automotor, bem como utilizar-se de bicicletas e outros

meios de transportes ou a pé, independente do grau de escolaridade e fatores financeiros.

A importância da avaliação psicológica é incontestável, não há o que discutir neste

sentido. O que se pretende neste estudo, é obter um levantamento que sinalize para um perfil

atualizado sobre o desempenho dos motoristas habilitados regularmente, tomando por base as

multas e a pontuação lançadas sobre suas CNHs, de maneira que se possa estabelecer propostas

para aperfeiçoar o sistema de avaliação psicológica relacionada a atividade profissional realizada

por psicólogos peritos em trânsito, ligada à prevenir eventuais riscos de vida aos indivíduos

participantes do trânsito.

15

1.3 Metodologia

Este trabalho caracteriza-se em pesquisa descritiva. E segundo Gil (1991), as

pesquisas descritivas têm como principal objetivo a descrição das características de determinada

população ou fenômeno referente a esta população, como estudar os dados fornecidos de um

grupo, como sexo, idade, procedência, nível de escolaridade, entre outros, procurando estabecer a

relação entre estas variáveis. Também se propõem a conhecer o atendimento de um órgão

público, bem como as associações entre as variáveis. Elas ajudam a proporcionar uma nova visão

do problema e têm como característica a utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados.

Foi realizado uma coleta de dados de população através de uma amostra estratificada

proporcional, e com escolha dos elementos pela técnica aleatória, numa abordagem estatística

descritiva, através de tabela e gráficos e análise dos mesmos, dos candidatos à obtenção à CNH,

que fizeram avaliação psicológica referente aos períodos de Março, Abril e Maio de 2005.

A coleta de dados foi realizada no sistema de habilitação do DETRAN do Paraná, do

qual necessitava do número do Processo de Habilitação, número do CPF e número da CNH.

Pela coleta de dados, obtinha-se a pontuação cumulativa nestes últimos 12 meses de

cada pessoa. Em alguns casos, candidatos que pontuaram mais de 20 pontos no período de 12

meses, apresentaram pontuação cumulativa de períodos anteriores, observando-se assim, a

ocorrência de demais infrações no período total citado.

Apresentando 20 pontos em infrações o candidato perde a CNH, ou por cometer

infração que tenha como penalidade a suspensão do direito de conduzir.

No ano de 2005, foram emitidas na 34ª CIRETRAN, de Toledo 2.229 Permissões

para Dirigir, e amostra a ser pesquisada refere-se a 38,31% da população anual.

Meses Nº de avaliações psicológicas Nº amostra

Março/05 384 173

Abril/05 230 62

Junho/205 240 68

Total 854 303

Quadro 1 Amostra do total de avaliações psicológicas realizadas. Fonte: Dados da pesquisa

16

Este trabalho tem como objetivo final, de verificar os principais problemas

apresentados pela população aprovada na avaliação psicológica, buscando conhecer o

desempenho no terceiro ano de posse da CNH, através das multas/pontuação na CNH. A escolha

deste período deve-se ao fator da bateria específica de teste utilizados à época que é a mesma

utilizada hoje, bem como que os condutores a terem os dados confrontados já obtiveram em sua

maioria a CNH definitiva, e já circulam sem o medo de perder a provisória.

17

2. REVISÃO TEÓRICA

2.1 Sobre o DETRAN

Antes de 1938, o trânsito no Paraná era administrado pelas prefeituras municipais. No

dia 15 de dezembro de 1938, o interventor federal do Estado Sr. Manoel Ribas, criou o

Departamento do Serviço de Trânsito (DST), ligado a Polícia Civil. Em 1966, a última sede era

localizada no bairro Tarumã (1966) e em outubro de 1968, ganhou o nome de Departamento de

Trânsito (Detran). E, em 1974, o Detran passou a ser um Órgão especial, vinculado à Secretaria

de Estado da Segurança Pública. A Lei nº 7811, de 29 de dezembro de 1983, transformou o

Detran em Autarquia.

Atualmente, o Detran atende a população em Curitiba em três endereços. Sendo no

Tarumã, o atendimento da estrutura administrativa do Órgão, onde são atendidas cerca de 500

pessoas diariamente. No Posto Central, centro de Curitiba, pelo menos 700 pessoas procuram

atendimento diariamente. A renovação da carteira de habilitação e a emissão de certidões são os

serviços mais solicitados. No Posto da Vila Hauer, por onde também passam aos Centros de

Formação ao Condutores, entre 600 e 800 pessoas são atendidas todos os dias.

No interior do estado, o trabalho é feito pelas Ciretrans (Circunscrições Regionais de

Trânsito), são 99 em todo o Estado. Em Toledo local da pesquisa está situada a 34ª Ciretran, onde

ocorre a prestação de serviços ao cidadão. O Departamento de Trânsito do Paraná - DETRAN/PR

é um órgão vinculado à Secretaria de Estado da Segurança Pública, com personalidade jurídica de

direito público, autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, com sede na cidade

de Curitiba e jurisdição em todo o território do Estado.

Para controlar o fluxo de veículos no estado, coibir o abuso dos motoristas e punir os

infratores, estão nas ruas os policiais do BPTRAN (Batalhão de Polícia de Trânsito), os policiais

rodoviários e em Curitiba os agentes da Diretran (Diretoria de Trânsito do Município), que atuam

junto com o DETRAN. Depois que o novo Código de Trânsito entrou em vigor, 22 de janeiro de

1998, o número de infrações diminuiu sensivelmente, mas ainda não corresponde às expectativas

esperadas na educação do trânsito.

18

A missão do DETRAN é planejar, coordenar, fiscalizar, controlar e executar a

política de trânsito, bem como cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito no âmbito do

Estado do Paraná, baseada no princípio, que todas as ações devem levar à qualidade no trânsito.

As principais atividades do DETRAN/PR são o registro de veículos automotores e a

habilitação de condutores. Associada, a estas principais atividades, este órgão desenvolve um

conjunto de atividades que lhe competem, nos termos do artigo 22 do Código de Trânsito

Brasileiro.

2.2 Histórico da Avaliação Psicológica.

Para discutir sobre avaliação psicológica é preciso abordar o seu significado na

condição de “saber técnico” das relações e nas histórias de vida dos indivíduos, e também por

constituir-se em uma atividade importante e privativa do profissional de Psicologia. De acordo

com a resolução nº 012/00 do Conselho Federal de Psicologia, a avaliação psicológica é um

processo científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito da

personalidade e do comportamento dos indivíduos e grupos, através de métodos, técnicas e

instrumentos, com objetivos bem definidos, que possam atender diversas finalidades, visando

subsidiar as tomadas de decisão.

Há vários conceitos críticos e reflexões sobre questões inerentes à avaliação

psicológica, o que implica em uma reflexão sobre a prática do profissional. Pasquali (1999)

comenta que o termo avaliação possui uma história muito recente. Porém, o seu uso data da

origem dos organismos vivos, consideração formal no sentido de o ser humano utilizar códigos

de conduta através dos quais as pessoas e as sociedades julgavam, e julgam, os comportamentos

dos semelhantes. Vale aqui ressaltar que se deve aos psicólogos do fim do século XIX a origem

da avaliação formal e sistemática ou informal, na medida em que todo o sujeito avalia seu meio

ambiente e os outros indivíduos, fazendo representações de forma a tomar decisões de como agir,

para garantir sua sobrevivência e manter um nível próprio de desenvolvimento.

Os testes psicológicos têm um importante e longo caminho percorrido, no que se

refere ao contexto da psicologia como ciência. Por exemplo, foram fundamentalmente

importantes durante a Primeira Guerra Mundial, quando os militares passaram a ser recrutados e

19

designados para determinadas funções de acordo com suas capacidades ou habilidades

psicológicas (PRIETO E GOUVEIA,1997).

Vários profissionais são considerados grandes pioneiros neste campo, por

contribuírem para a mensuração das diferenças individuais. Destacam-se William Wundt, que

criou o primeiro laboratório de pesquisa de natureza psicológica em 1879, o Laboratório de

Leipzig. Seguido pelo americano James Mckeen Catell, que a partir de 1890, deu continuidade

aos trabalhos nesse mesmo laboratório. Na mesma década em que Mckeen Catell iniciou suas

pesquisas, o inglês Francis Galton (1884) montou um laboratório antropométrico e é considerado

o responsável pelo movimento de testagem. Galton, que desenvolveu métodos e estudos

estatísticos psicológicos pioneiros, teve o trabalho continuado por seu aluno Karl Pearson. Em

1900, o psicólogo francês Alfred Binet influenciou os estudos da mensuração das diferenças

individuais, que até então tinham influências do método de Galton.

Foram grandes as influências no movimento para a utilização de tais medições

psicológicas como testes mentais, quando tinham sido criadas com a finalidade de determinar e

analisar diferenças individuais em relação à inteligência, às aptidões específicas de

conhecimentos escolares, à adaptabilidade vocacional e dimensões não intelectuais da

personalidade. Formiga e Mello (2000) comentam que a tentativa de avaliar habilidades e traços

psicológicos por meio de técnicas projetivas e/ou objetivas, tem sido um dos alicerces da

intervenção e dá direcionamento para diversas áreas de trabalho da psicologia.

No Brasil, a avaliação psicológica tornou-se conhecida nos anos 50, quando foi

criado o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), vinculado à Fundação Getúlio

Vargas. Quarenta anos mais tarde, na década de 90, registra-se o retorno do interesse pelos teste

e outros instrumentos de avaliação psicológica no País.

A respeito da mensuração psicológica, o pesquisador Pasquali (1999) usa o conceito

de que os instrumentos psicológicos (testes, escalas, questionários) representam a expressão

cientificamente sofisticada de um procedimento sistemático de qualquer organismo, biológico ou

social a saber, o de avaliar as situações para tomar decisões que garantam a sobrevivência do

próprio organismo, bem como seu auto-desenvolvimento. Considera-se o teste psicológico uma

medida objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento. Os testes psicológicos como

nas demais ciências, são realizados por uma amostragem, cuidadosamente escolhida de um

comportamento do indivíduo. Pode ser considerada a possibilidade de se medir a “habilidade” do

20

indivíduo e se o mesmo tem potencialidade de aprender ou desempenhar determinada atividade.

(ANASTASI & URBINA,2000)

Os testes psicológicos são instrumentos que, dependendo da forma como forem

utilizados, podem contribuir para áreas de atuação do psicólogo. Anastasi & Urbina (2000)

comentam que a disseminação do uso tem sido acompanhada de expectativas irrealistas e alguns

usos inadequados. Portanto, é necessário um amplo conhecimento sobre os testes, não só por

parte daqueles que os elaboram ou aplicam, como também de qualquer profissional que use os

resultados como fonte de informações, para a tomada de decisões na avaliação e diagnóstico.

Outras ferramentas utilizadas, além da psicometria, são as técnicas projetivas, que

proporcionam um amplo campo de interpretação revelando dados de personalidade, por meio de

projeções, embora suas cientificidades sejam questionadas por não demonstrarem dados

quantitativos. Mas são instrumentos que continuam a ter ampla aplicação na formulação dos

diagnósticos, apesar de serem subjetivos. Pasquali (1996) afirma que quando medimos

teoricamente um atributo empírico, o comportamento, implicitamente medimos a estrutura

psíquica humana. Atualmente estas técnicas são muito utilizadas em avaliações psicológicas, pois

de acordo com Ostrower (1998), “ajudam a captar um mundo simbólico e favorecem ao

indivíduo a revelar seu mundo psíquico e a sua realidade pessoal”. (OSTROWER, 1998.p.52)

Não se pode deixar de considerar questões imprescindíveis para a execução de uma

avaliação eficaz que atenda aos propósitos para a qual foi empregada. Anastasi & Urbani (2000)

afirmam que os princípios básicos para uma boa testagem envolvem questões como: a

padronização dos testes, ou seja, garantir a uniformidade de procedimentos na aplicação e

pontuação dos testes; a mensuração objetiva de dificuldade, no que se refere à aplicação, à

pontuação e à interpretação dos escores, estes são objetivos na medida em que são independentes

do julgamento subjetivo de um determinado examinador; a fidedignidade, que é a consistência

dos escores obtidos pelas mesmas pessoas quanto retestadas com o mesmo teste e uma forma

equivalente do teste; a validade, isto é, o grau em que o teste realmente mede aquilo que se

propõe a medir, quando o teste cumpre sua função.

2.3 Normatizações e aspectos sobre o uso de testagem formal na Avaliação Psicológica

21

Pela Resolução nº02/2003 do CFP, são considerados testes psicológicos em

condições de uso, aqueles que, após receber parecer da Comissão Consultiva em Avaliação

Psicológica, for aprovado pelo CFP.

Eles são métodos ou técnicas de uso privativo do psicólogo, e são instrumentos de

avaliação e de mensuração de característica psicológicas. A Resolução determinou que além, de

conterem fundamentação teórica, também deverão apresentar evidências empíricas de validação e

precisão das interpretações propostas para os escores dos testes, justificando os procedimentos

adotados na investigação. Entre outros aspectos, testes estrangeiros, devem ser adequados a

partir de estudos realizados com amostras brasileiras. Todos os testes aplicados no mercado

nacional passam pela avaliação de qualidade do Conselho Federal de Psicologia.

No dicionário teste significa: “exame, observação ou avaliação crítica”.

Urbina (2007), cita que o teste psicológico é um procedimento sistemático para a

obtenção de amostras de comportamentos relevantes para o funcionamento cognitivo ou afetivo e

também, para a avaliação destas amostras de acordo com certos padrões, que na essência, são

simplesmente amostras de comportamento.

Os testes podem ser padronizados, pois neste caso, apresentam objetividade no

processo da testagem, também de caráter de uniformidade de procedimentos na administração,

avaliação e interpretação dos resultados, para que este seja o mais uniforme possível, para a

redução de variáveis no resultado.

Para a avaliação de um resultado do teste psicológico, Urbina (2007) afirma que deve

apresentar uma amostra normativa de um grupo de indivíduos. Sobre os testes que avaliam

habilidades e conhecimentos e qualquer outra função cognitiva, serão referidos como testes de

habilidade e todos os outros serão denominados testes de personalidade.

No campo da mensuração psicológica, também conhecido como psicometria, a

padronização dos resultados são apresentadas em forma de escalas, com um grupo de itens com

uma variável, e são dispostos em ordem de dificuldade ou intensidade, e escalonados.

Quando se trata de Bateria, é um grupo de testes e sub-testes que são aplicados de

uma única vez a uma única pessoa, no qual são avaliados as diversas funções, como exemplo o

Teste WISC – Escala Wescheler de Inteligência para crianças ou a BFM - Bateria de Funções

Mentais para Motorista.

22

Os testes também podem servir para outros fins para os quais além dos que foram

criados. Eles são ferramentas usadas no processo de avaliação que se prestam à investigação de:

a) questões diagnósticas, tais como diferenciar entre depressão e demência;

b) predições, como estimar a probabilidade de comportamento suicida e homicida, e

c) julgamentos avaliativos.

Nenhumas destas prerrogativas citadas, podem ser resolvidas somente por meio de

escores de testes formais, mas em geral são componentes chaves da avaliação psicológica. A

diferença reside em avaliar vários procedimentos, como entrevista, observações juntamente com

a testagem, e também outras dimensões. Segundo Urbina (2007), os resultados levantam dados

para o uso na tomada de decisões.

2.4 Processo de Avaliação Psicológica para fins de CNH.

O aumento na produção e utilização dos meios de transporte no decorrer do século

ampliou os conflitos e as dificuldades relativas à ocupação do espaço público, crescimento

populacional e da frota e principalmente, no que tange as mortes e perdas econômicas por

disfunções no funcionamento do sistema de tráfego. Cada vez mais se mostrou necessária a

seleção de pessoas capacitadas para a circulação, com intuito de evitar o acesso ao sistema, de

pessoas “problemáticas” que poderia apresentar um mau desempenho como condutor.

A partir desta necessidade é que se estabelece o trabalho mais antigo da Psicologia de

Trânsito: a Avaliação Psicológica de motoristas, avaliação esta que pressupõe, teoricamente, que

existem pessoas que não podem dirigir e outras que possuem as habilidades e as condições

necessárias para assumir o papel de motorista. (MACHADO, 1996)

Observa-se uma preocupação crescente em relação a questões pertinentes ao trânsito,

principalmente quanto a acidentes, vidas perdidas e prejuízos financeiros decorrentes de tais

eventos. De acordo com Campos (1951), na história da psicologia é antigo “o desejo de diminuir

os acidentes de tráfego com emprego da seleção por meio de testes psicológicos”. Relata que o

primeiro registro data de 1910, em Nova York (EUA), quando o professor Hugo Munsterberg foi

convidado pela Associação Americana de Legislação Trânsito do Trabalho, pressionada por

empresas de ônibus e companhias de seguros, a “selecionar só motoristas prudentes e aptos, e

23

instruir a população de como andar nas ruas”. Assim entrou em cena o primeiro psicólogo do

trânsito que teve a difícil tarefa de criar, sem referencial e nem pesquisa, o perfil do bom

motorista, através de métodos psicotécnicos para seleção de condutores.

Percebe-se desde do início do Século XX o interesse em avaliar as habilidades

necessárias para atuação do condutor no trânsito. Alves (1999) cita que os exames psicológicos

para condutores de veículos no Brasil foram regulamentados em 1966, sendo que eles constavam

de várias provas perceptivas, de avaliação de nível mental, da personalidade e da coordenação

bimanual, esta ultima, através dos discos de Walter. Posteriormente, as provas perceptivas

deixaram de ser aplicadas tendo permanecido apenas as três ultimas.

A resolução nº 353/62, do Código Nacional de Trânsito, regulamentou o Exame

Psicológico para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, o que alterou o volume de

exigências ao profissional de psicologia. A partir, desta regulamentação, o psicotécnico passou a

ser chamado de avaliação psicológica.

2.5 Processo de Avaliação Psicológica para fins de CNH no Estado do Paraná.

Ao se credenciarem junto ao DETRAN do Estado do Paraná, os psicólogos recebem

um treinamento básico, que orienta sua prática profissional, no que se refere a prestar serviços

de avaliação psicológica para candidatos a primeira habilitação, aos condutores que necessitam

de reabilitação e ainda as avaliações psicopedagógicas de instrutores e diretores dos Centros de

Formação de Condutores (CFC).

Este treinamento consiste em observação avaliação coletiva, e também no

recebimento de informações técnicas através de Manual, que tem a finalidade de uniformizar as

condutas nos diferentes CIRETRANS, propiciar um instrumento de consulta para os psicólogos

que atuam nesta atividade, de manter um serviço adequado e homogêneo quanto aos objetivos e

às técnicas de trabalho.

O exame de avaliação psicológica é coletivo inicialmente, por determinação do

Departamento de Trânsito do Paraná, sendo que o número recomendado de candidatos é de ate

25 por turma. Desta avaliação inicial é que são triados aqueles candidatos que deverão retornar

para o atendimento individual, isto é, aqueles casos que demonstraram dificuldades no seu

desempenho pelas mais diversas razões e que necessitam de um aprofundamento na avaliação

24

para melhor compreensão do caso, e posteriormente realizarão uma nova bateria de testes

recomendados.

O primeiro momento da avaliação é o da identificação do candidato, através da

verificação dos documentos, no qual se inicia o processo de observação de comportamento do

mesmo.

São realizadas orientações referentes à postura do profissional avaliador, onde o

mesmo deve ser solicito, objetivo, tratando a todos com educação e respeito. Este deve usar uma

linguagem compreensível a todos, num ritmo tranqüilo e calmo.

E contemplado pelo manual, recomendações pertinentes aos materiais utilizados,

sobre a importância do rapport a ser feito pelo psicólogo, bem como, suas observações referentes

ao candidato durante todo processo de avaliação.

O exame psicológico se utiliza uma bateria de testes que são normatizados pela

Divisão Médica e Psicológica do DETRAN, sendo sugerido uma ordem de aplicação dos

mesmos, tanto a nível coletivo como individual, orientando para que se siga rigorosamente os

critérios de utilização (instruções, tempo, observações e correções) de cada teste. Todo processo

de avaliação psicológica se baseia na Resolução 080/98 do CONTRAN.

As informações citadas acima e que serão citadas a seguir, sobre o processo de

avaliação psicológica para fins de CNH do DETRAN do Estado do Paraná, foram retiradas do

manual de treinamento fornecido aos psicólogos credenciados.

2.6 A atuação do profissional quanto à Avaliação Psicológica para fins de CNH.

No decorrer dos anos, a introdução do psicólogo de trânsito se fez necessária, para

selecionar pessoas que possuíam condições de assumir o papel de motorista. Durante muitos anos

em vários paises este era o único referencial atribuído ao psicólogo que trabalhava com trânsito e

ainda hoje, é muito forte a marca de “aplicador de testes”, inclusive entre os profissionais da área.

Os psicólogos começaram a selecionar candidatos a motoristas, antes de ter em mãos

resultados de estudos científicos sobre os processos psicológicos envolvidos no ato de dirigir e

sem que os testes fossem submetidos a estudos críticos sobre sua validade e fidedignidade.

Verifica-se que parte da população e principalmente a classe de psicólogos,

questiona a atuação deste profissional avaliador do transito, por acreditar muitas vezes que ele

25

não tem o domínio técnico para exercer tal função, segundo Sbardelini (1990), este fato vem

reforçando a idéia geral da deficiência de formação dos avaliadores. Constata-se que esta

deficiência se deve ao fato de que grande número de Universidades prioriza em seu currículos

treinamento da aplicação e não o processo de entendimento,ou seja, a aplicação e a avaliação.

Segundo Alchieri, ensino da avaliação psicológica não se resume ao conhecimento dos

instrumentos e de sua forma de aplicação, é importante a técnica, mas também a postura, a

analise e as condições de entendimento do caso.

As preocupações pertinentes à atuação deste profissional, levaram a criação de

resoluções que pudessem preencher estas lacunas na formação, portanto, a resolução 080/98 do

CONTRAN veio de encontro a estes anseios e hoje exige e regulamenta a realização do Curso de

Psicólogo Perito Examinador do Trânsito, com carga horária mínima de 120 horas/aula e

conteúdo pré-definido, sendo obrigatório para todo profissional responsável pela avaliação

psicológica, seja em instituição publica ou em clinica privada.

O exame psicológico prévio constitui-se em uma ferramenta indispensável no

transito, pois ressalta Gouveia (2002), que o veiculo automotor pode se transformar numa

“arma” das mais deletérias deste pais, seja pela forma de conduzir ou mesmo devido as condições

de insegurança do ambiente, portanto, é necessária prudência no momento de entregar uma arma

a alguém sem antes conhecer de quem se trata.

A atenção dos profissionais da psicologia, devem estar voltadas para o estudo do

comportamento no trânsito, pois pouco se sabe sobre quais fatores permitiriam diferenciar com

exatidão os bons dos maus condutores, mas para isto dispõe banco de dados informatizado e

permanente onde figuram a quantidade e tipos de infração no trânsito e indivíduos envolvidos.

Gouveia (2002), cita como exemplo, que seria possível relacionar os resultados dos exames

psicológicos de cada condutor com seu desempenho em situação real de transito. Isto geraria um

modelo explicativo o qual ajudaria a traçar o perfil do bom condutor, e auxiliaria na seleção de

instrumentos psicológicos mais adequados neste contexto.

As ferramentas utilizadas nesta avaliação são válidas no que se propõe, mas exige

maiores estudos para se verificar a necessidade de melhorias e redução de erros no conjunto da

avaliação.

26

2.7 Considerações sobre Resolução nº 080/98.

Ao Conselho Nacional de Trânsito, no uso das atribuições legais que lhe confere

altera os Anexos I e II da Resolução nº 51/98-CONTRAN, que dispõe sobre os exames de

aptidão física e mental e os exames de avaliação psicológica. Faz-se necessário ressaltar alguns

aspectos que contemplam a discussão realizada ate o momento que são pertinentes ao processo de

avaliação psicológica.

2.7.1 Da Avaliação Psicológica.

O exame de Avaliação Psicológica é preliminar, obrigatório, eliminatório, e

complementar para os condutores e candidatos a obtenção, mudança de categoria, da Carteira

Nacional de Habilitação, aferindo-se psicometricamente as seguintes áreas de concentração de

características psicológicas:

a) - Área Percepto - Reacional , Motora e Nível Mental;

b) - Área do Equilíbrio Psíquico;

c) - Habilidades Específicas.

2.7.1.1 - Da realização dos exames

A área percepto - reacional e motora será avaliada através de técnicas psicológicas

permitindo aferir de forma integrada e interdependente o que se segue:

a) Atenção;

b) Percepção;

c) Tomada de decisão;

d) Motricidade e reação;

e) Cognição, e

f) Nível Mental.

A área de equilíbrio psíquico será avaliada através de entrevistas , observação durante

os exames e de técnicas psicológicas , considerando -se:

27

a) ansiedade e excitabilidade;

b) ausência de quadro reconhecidamente patológico;

c) controle adequado da agressividade e impulsividade;

d) equilíbrio emocional;

e) ajustamento pessoal - social;

f) demais problemas correlatos( alcoolismo, epilepsia , droga adição , entre outros ),

que possam detectar contra - indicações à segurança do trânsito.

As Habilidades especificas e Complementares dizem respeito a :

a) tempo de reação;

b) atenção concentrada;

c) rapidez de raciocínio;

d) relações espaciais, e

e) outras , desde que necessárias ao aprofundamento da avaliação psicológica .

As áreas Percepto Reacional e Motora ,e de Equilíbrio Psíquico são áreas de

avaliação básica de todo condutor.

A entrevista psicológica deve investigar história pregressa e atual do candidato

prevista no Item 1 do Anexo II.

Os instrumentos de avaliação psicológica e seus paramentos para as diferentes

categorias serão estabelecidos pelo DENATRAN.

2.7.1.2 - Do Resultado da Avaliação Psicológica

O candidato a CNH ou condutor de veículo automotor, conforme Item 1 deste Anexo.

será considerado segundo o parecer do psicólogo:

a) APTO;

b) APTO COM RESTRIÇÃO;

c) INAPTO TEMPORARIAMENTE, e

d) INAPTO

28

Na permissão para conduzir veículos o condutor receberá, no caso de aprovação, o

resultado de apto temporariamente por 1 (um ) ano.

O resultado da avaliação psicológica será colocado em formulário padronizado para

todo o Território Nacional , em planilha própria , distribuída pelos Órgãos Estaduais de Trânsito

das Unidades da Federação e do Distrito Federal e de acordo com determinação do DENATRAN

e nele constam : resultados com súmula das áreas avaliadas e suas conclusões.

A aplicação individual de instrumentos de avaliação, é indicada, para a melhor

qualidade da mesma e da observação do candidato.

Os parâmetros dos resultados da avaliação seguem especificações dos manuais dos

referidos testes.

2.7.1.3 Das Técnicas da Avaliação Psicológica

Serão utilizados os seguintes instrumentos:

a) Entrevista, e

b) Bateria de Testes.

Para os testes e seus parâmetros utilizados são seguidas, rigorosamente, as

especificações de seus manuais.

As instalações deverão ser adequadas para a realização da Avaliação Psicológica

2.7.1.4 Credenciamento

Os psicólogos responsáveis técnicos, deverão ter no mínimo 1(um) ano de formado.

Estar com o registro de psicólogo atualizado no respectivo Conselho Regional de

Psicologia e ter experiência de um ano na área de avaliação psicológica, bem como ter concluído

o Curso de Capacitação para psicólogo responsável pela avaliação psicológica e como Psicólogo

Perito Examinador do Trânsito ,com carga horária de 120 horas que será ministrado por

Universidades e/ou Faculdades Públicas ou Privadas reconhecidas pelo MEC, reconhecido a

nível nacional, independentemente do estado onde tenha sido realizado.

Noções básicas de Metodologia de Pesquisa na área.

29

Os psicólogos já credenciados têm prazo de 2 ( dois )anos para a realização do "Curso

de Capacitação para psicólogo responsável pela avaliação psicológica e como Perito Examinador

do Trânsito".

O psicólogo credenciado deve reciclar-se periodicamente, elevando o nível de

conhecimento e a contribuição a oferecer aos sistemas de Trânsito a critério dos setores de

Psicologia de cada Unidade da Federação.

2.7.1.5 - Disposições Complementares

Para efeito de padronização de nível nacional o preço da Avaliação Psicológica será o

equivalente a Tabela Referencial de Honorários dos Psicólogos que consta no Conselho Federal

de Psicologia e será fixada pelos Órgãos Executivos de Trânsito das Unidades da Federação.

A fiscalização será realizada de forma integrada entre os Conselhos Regionais de

Psicologia e os Setores de Psicologia de Trânsito dos Órgãos Executivos de Trânsito da Unidade

da Federação e do Distrito Federal.

A realização da Avaliação Psicológica é de exclusiva responsabilidade do

Profissional Psicólogo, bem como seus resultados.

2.8 Conselho Federal de Psicologia e sua Resolução nº 012/2000.

O Conselho Federal de Psicologia e os Conselhos Regionais, vem desenvolvendo ao

longos desses discussões pertinentes a atuação do psicólogo no trânsito , e mobilizando os

profissionais no sentido de garantir avanços políticos nesta área. Houve uma intensa mobilização

dos psicólogos e dos conselhos de Psicologia para ao derrubada do veto presidencial tendo como

resultado a promulgação da Lei 9.602.98 que restituiu a avaliação psicológica na obtenção da

CNH e nas mudanças de categoria . Foi promovido o I Fórum Nacional de Transito, que

possibilitou o debate a partir dos fóruns Regionais, permitindo uma construção coletiva,

possibilitando a construção de propostas e diretrizes que nortearão as políticas e normatizações a

serem implementadas na área da Psicologia do Trânsito.

A Resolução n.º 012/00 do conselho Federal de Psicologia, de 20 de dezembro de

2000, institui o Manual para Avaliação Psicológica de candidatos à Carteira Nacional de

30

Habilitação e condutores de veículos automotores, considerando a necessidade de normatização e

qualificação de procedimentos relacionados à prática da avaliação psicológica de candidatos à

Carteira Nacional de Habilitação e condutores de veículos automotores e atender às mudanças

propostas pelo novo Código de Trânsito Brasileiro e suas respectivas resoluções.

Este Manual pretende suprir uma lacuna quanto à normatização de procedimentos

relacionados à prática da avaliação psicológica junto aos DETRAN's e, ao mesmo tempo, estar

sendo atualizado periodicamente em seu conteúdo.

2.8.1 Conceito de Avaliação Psicológica.

A avaliação psicológica é uma função privativa do Psicólogo e, refere-se à coleta e

interpretação de informações psicológicas, resultantes de um conjunto de procedimentos

confiáveis que permitam ao Psicólogo avaliar o comportamento. Aplica-se ao estudo de casos

individuais ou de grupos ou situações.

São considerados como procedimentos confiáveis, aqueles que apresentem alto grau

de precisão e validade. Entende-se por precisão o grau de confiabilidade do instrumento e por

validade a capacidade para atingir os objetivos para os quais foi construído.

Há, na avaliação psicológica, procedimentos com regras e situações bem definidas e

um código operacional de tal forma que permita a qualquer psicólogo - examinador chegar ao

mesmo resultado obtido por outro psicólogo dentro do mesmo período. Há outros procedimentos

que exigem a intervenção interpretativa do examinador, tais como julgar a adequação ou a

categoria de uma resposta, segundo modelos existentes e que podem exigir, também, a apreciação

das condições do exame e julgamento de fatores externos, facilitadores ou não das tarefas

propostas.

2.8.2 Perfil do candidato à CNH e do condutor de veículos automotores.

A primeira etapa a ser vencida, em se tratando de Avaliação Psicológica, é a

definição do que avaliar. Quando a avaliação psicológica tem por objetivo a seleção, a resposta a

este quesito chama-se perfil profissiográfico.

31

Existem dois tipos de condutores: um que utiliza o automóvel para locomoção, lazer,

enfim um facilitador de sua vida; e outro que sobrevive como condutor das categorias A, B, C, D

e E, que é o caso dos taxistas, rodoviários etc.

Há necessidade, portanto, de uma sistematização mais objetiva das características do

perfil do condutor que se avalia hoje. Existem perfis já provisoriamente definidos pelos

psicólogos que atuam na área de Trânsito, que devem ser utilizados na medida em que

representem satisfatoriamente o atendimento dos objetivos da Avaliação.

Reconhece-se, entretanto, a impossibilidade, neste momento de estabelecer um perfil

diferenciado para condutores amadores e profissionais, o que será objeto de investigações futuras.

O perfil psicológico do candidato à CNH e do condutor de veículos automotores deve

considerar:

a) Nível intelectual;

b) Nível de atenção;

c) Nível psicomotor;

d) Personalidade, e

e) Nível psicofísico.

Os resultados dos itens supra-citados devem ser compatíveis às exigências de cada

uma das categorias da CNH.

2.8.3 Intrumentos de Avaliação Psicológica

Os instrumentos de avaliação psicológica mais conhecidos são os testes psicológicos

e as entrevistas psicológicas.

A fim de configurar status científico aos instrumentos de avaliação e necessário

que estas quatro condições sejam satisfeitas.

a) Teste Psicológico

1. A existência de dados científicos sobre os instrumentos, sobretudo validade e precisão;

2. O registro preciso e objetivo de todas as respostas do sujeito, que em concordância com o tipo

de prova podem ser gráficas, de execução ou verbais;

32

3. A existência de uma situação padronizada tanto para a aplicação quanto para as condições do

material do teste, demonstrando objetividade e clareza nas instruções, de modo que o teste

possa ser administrado igualmente para todos os sujeitos;

4. A presença de normas padronizadas para avaliação e classificação das respostas que o sujeito

apresentou, em relação a um grupo de referência;

A fim de ampliar, organizar e sistematizar as observações colhidas pelos testes

psicológicos, a avaliação psicológica tem, como uma de suas principais ferramentas, a entrevista.

b) Entrevista Psicológica.

A entrevista psicológica é uma conversação dirigida a um propósito definido de

avaliação. Sua função básica é prover o avaliador de subsídios técnicos acerca da conduta do

candidato, completando os dados obtidos pelos demais instrumentos utilizados.

Apesar de suas vantagens, a entrevista está sujeita a interpretações subjetivas do

examinador (valores, estereótipos, preconceitos, etc.). Deve-se, portanto, planejar e sistematizar

indicadores objetivos de avaliação correspondentes ao perfil examinado.

Sem a manutenção destas condições, a avaliação psicológica corre o risco de ser

ineficaz e ineficiente, razão pela qual reforça-se alguns cuidados básicos do trabalho com o seu

instrumental.

Pode-se encontrar muitos instrumentos de avaliação nos distribuidores, porém,

deve-se selecionar aqueles que sejam adequados aos usuários, ao perfil desejado, validação,

padronização, suporte teórico, entre outros.

Indica-se a adoção dos seguintes critérios para a escolha dos instrumentos:

a) validação e padronização com amostragem brasileira;

b) manual em português;

c) boa qualidade gráfica e/ou do equipamento e,

d) fundamentação teórica aceita pela comunidade científica.

A entrevista psicológica, realizada com candidatos à CNH e condutores de veículos, é

obrigatória deve considerar aspectos importantes da vida do candidato.

33

Fica o psicólogo obrigado a realizar a Entrevista Devolutiva, discutindo de forma

clara e objetiva com o usuário, o resultado de sua avaliação psicológica, orientando aos Aptos

Temporários e aos Inaptos Temporários quais os procedimentos que poderão auxiliar na sua

adequação futura.

2.8.3.1 Condições do aplicador

Uma Avaliação Psicológica, além de fundamentada em instrumentos válidos, requer

profissionais de Psicologia que sejam competentes para sua aplicação e avaliação. Isto significa

que estes profissionais devem ser qualificados e treinados em teoria e prática para este objetivo.

Sendo certo que os instrumentos e o material a ser usado, a apresentação, a postura e

o tom de voz do aplicador e as possíveis interferências externas, podem alterar os resultados do

usuário, é importante que se leve em consideração alguns detalhes importantes como:

certificar-se dos objetivos da aplicação; planejar a aplicação dos testes, estar preparado

tecnicamente para a utilização dos instrumentos de avaliação escolhidos,treinar previamente a

leitura das instruções para poder se expressar de forma espontânea durante as instruções e

registrar as necessárias observações do comportamento durante o teste, de forma a colher

material que possa enriquecer a posterior análise dos resultados.

2.8.3.2 Condições da aplicação dos instrumentos de avaliação psicológica.

A forma de aplicação faz parte da padronização de um teste. Por conseguinte, a sua

validade passa, necessariamente, por uma adequada aplicação. Reduções de testes não previstas

pelos manuais, utilização de cópias reprográficas ou originais com baixa qualidade de impressão,

e instruções diferentes das estabelecidas na padronização, são alguns dos fatores que

comprometem a validade dos testes e, por conclusão, os objetivos por que são utilizados.

Portanto, na aplicação de qualquer instrumento de avaliação psicológica, devem ser

observadas rigorosamente as determinações do seu manual.

Assim, devem ser seguidas algumas recomendações básicas e imprescindíveis:

a) Verificar as condições físicas do candidato ou testando;

b) Antes de iniciar a testagem, estabelecer o “rapport”;

34

c) Aplicar os testes de forma clara e objetiva;

d) Seguir, rigorosamente, as instruções do manual;

e) Candidatos portadores de deficiências físicas, devem ser avaliados de forma

compatível com suas limitações.

Além das recomendações relativas a aplicação do teste é imprescindível considerar a

importância do ambiente quanto à sua adequação.

2.8.3.4 Material Utilizado

O teste psicológico, para ser reconhecido como instrumento de caráter científico,

precisa, necessariamente, ser padronizado, o que, quando da sua utilização, exige o uso também

padronizado do instrumento.

Assim, também o aplicador, nos seus limites de atuação, deve padronizar o material

não fornecido pelo teste original e que será utilizado na sua aplicação. Para os demais materiais,

seguir rigorosamente as determinações de seus autores. Assim, este manual, considera essencial

os seguintes itens básicos:

a. Utilizar sempre testes originais;

b. Quando o manual do teste determinar a utilização de lápis para sua aplicação,

seguir rigorosamente as recomendações quanto ao tipo de grafite e a cor;

c. Devem ser utilizadas mesas e cadeiras para teste que facilitem a postura do

candidato.

2.8.3.5 Mensuração e avaliação.

a) Ao corrigir e avaliar um teste, o profissional deve seguir rigorosamente as normatizações

apresentadas pelo manual. Alguns testes possuem padronização desatualizadas. Procure

manter-se atualizado com relação às publicações científicas e novas pesquisas, pois serão através

delas que novas padronizações estarão disponibilizadas.

b) Ao proceder a correção e a avaliação de instrumentos psicológicos, seguir criteriosamente os

indicadores e escalas apresentadas nos seus respectivos manuais.

35

c) Os instrumentos psicométricos estão, basicamente, fundamentados em valores estatísticos que

indicam sua sensibilidade (ou adaptabilidade do teste ao grupo examinado), sua precisão

(fidedignidade nos valores quanto à confiabilidade e estabilidade dos resultados) e validade

(segurança de que o teste mede o que se deseja medir).

d) O profissional de psicologia aplicada, deve estar também atento para que a mensuração das

respostas de um teste e a sua interpretação (avaliação) estejam rigorosamente de acordo com as

pesquisas iniciais que permitiram a sua construção e padronização.

e) A forma da mensuração e da avaliação de um instrumento de avaliação psicológica, quando da

sua construção, devem fazer parte do conjunto de exigências para sua validação e padronização,

concedendo ao teste o seu nível de precisão, fidedignidade e validade.

f) Para proceder a mensuração e avaliação de um teste, o profissional deve seguir rigorosamente

as determinações do seu manual, determinações estas padronizadas quando da validação do

instrumento. Assim, qualquer variação que ocorra, pode comprometer os resultados;

g) Por outro lado, na medida que alguns testes estão com sua padronização desatualizada, é

essencial que o profissional mantenha-se atualizado quanto às publicações científicas e às novas

pesquisas, através das quais as atualizações são disponibilizadas;

h) Ao proceder a mensuração e a avaliação de testes psicológicos, devem ser seguidos os

indicadores e escalas apresentadas nos seus manuais;

i) Verificar, ainda, as normas relativas ao grupo de referência à qual pertencem os sujeitos

avaliados. Qualquer norma é restrita à população da qual foi derivada. Elas não são absolutas,

universais ou permanentes. Elas podem variar de acordo com a época, os costumes e a evolução

da cultura. Daí a necessidade periódica de pesquisas de atualização. Por outro lado, dependendo

da população para o qual as normas foram estabelecidas, elas podem ser nacionais, regionais,

locais ou específicas;

j) Os resultados dos testes psicológicos são interpretados através de normas, ou seja, pelo

conjunto de resultados obtidos a partir de amostras de padronização. A amostra de padronização

ou normativa constitui-se um grupo representativo de pessoas nas quais o teste foi aplicado.

2.8.4 Laudo Psicológico

36

O laudo psicológico é o documento de registro das informações obtidas na avaliação

psicológica e deverá ser arquivado junto aos protocolos dos testes, para em seguida, ser emitido

um parecer final em documento próprio. O laudo psicológico deve ser conclusivo e se restringir

às informações estritamente necessárias à solicitação, com o objetivo de preservar a

individualidade do candidato.

A conclusão poderá ser em três níveis:

a) Apto

b) Apto Temporário

c) Inapto Temporário

2.9 CRIMES DE TRÂNSITO E O ABUSO DE SUBSTÂNCIA ALCOÓLICA.

2.9.1 Sobre Saúde Mental e Trânsito

Segundo Kopycki(2007, pág.20), que cita em seu artigo Saúde Mental e Trânsito: “

pesquisas realizadas afirmam que os transtornos mentais causam pouco mais de 1% das mortes e

são responsáveis por mais de 12% das incapacitações por doenças em geral e esse número cresce

para 25% em países desenvolvidos. As pesquisas revelam também, que das dez principais causas

das incapacitações, cinco são transtornos psiquiátrico, sendo a depressão responsável por 13%, o

alcoolismo por 7,1%, o transtorno obsessivo-compulsivo por 2,8%, a esquizofrenia por 4% e o

transtorno bipolar por 3,3% , segundo Loureiro (2000)”.

Isto ainda, segundo Kopyncki (2007), deve-se pois um indivíduo com transtorno

mental geralmente apresenta alterações nas suas habilidades, que podem interferir na direção

veicular, aumentando a sua probabilidade em envolver-se em acidentes de trânsito.

Uma das habilidades envolvidas no ato de dirigir é a atenção, sendo que esta

apresenta alteração em todos os transtornos mentais. Pois em alguns casos, vai apresentar

lentidão e dificuldade de centrar a atenção; ou, a pessoa consegue ficar atenta por breves

períodos, e em outros tipos de doenças, ficará exausta ao manter-se atenta, o que gera

distraibilidade.

Justifica-se isto pelas alterações ocorridos pelos sintomas apresentados durante o

quadro em si e também, quando estes indivíduos com transtorno mental estão sob tratamento, os

37

efeitos colaterais de medicamento vão produzir alterações nas habilidades exigidas para dirigir,

como por exemplo, sonolência, dificuldade de concentração, longo período para reação,

irritabilidade, ansiedade e perturbações esporádicas de memória.

Como a avaliação psicológica para obtenção da CNH visa investigar as características

de personalidade do futuro motorista, os instrumentos utilizados, os testes psicológicos, procuram

detectar evidências e aspectos específicos para a propensão de acidentes, que são as

características pertinentes aos transtornos de personalidade e doença mental.

Ainda, Kopyncki (2007), cita que tais testes aplicados ajudam a colher informações e

auxiliam na definição do resultado da avaliação, onde o indivíduo é considerado apto ou não à

obtenção da CNH. E assim, não se permitirá que pessoas com dificuldades nas habilidades

específicas (memória, atenção e raciocínio lógico), ou com personalidades doentes, obtenham tal

permissão. Ou seja, mais possibilidade ter-se-á para prevenir que pessoas com transtornos

mentais ou psicoses obtenham tal permissão, o que reduzirá maiores problemas no trânsito.

Creio que um dos aspectos a serem estudado por pesquisadores é o uso de drogas,

suas conseqüências e o risco para a direção veicular, pois é um problema sem soluções e que

cresce e atinge todas as camadas da sociedade, e que pelo uso a pessoa vai ter alterações de

personalidade apresentar conseqüência como perda da realidade e agressividade entre outros

aspectos.

A Avaliação Psicológica tem por objetivo detectar patologias impeditivas já na

primeira avaliação e demais que aparecerão no decorrer da vida;

Quanto à uma patologia que aparecerá no decorrer da vida refere-se ao abuso de

álcool, que acaba por gerar dependência alcóolica, o qual abordaremos no próximo tópico sobre

álcool e segurança no trânsito.

2.9.2 A infração quanto à ingestão de bebida alcoólica e sua prevenção quanto às dimensões

sociais e normativas.

Quanto ao infrator individual Hofmann et al (1996) cita, que os efeitos do álcool

sobre este indivíduo diminuem as capacidades atencionais, preceptivas e de respostas

imprescindíveis para uma condução segura. Quando ocorre um acidente, os efeitos individuais

afetam além do indivíduo em si, também o conjunto da sociedade.

38

“O artigo da revista Psicologia - Ciência e Profissão define que a palavra infração é

de origem latina (infractio de infrigere) e designa o fato que viole ou infrinja disposição de lei,

em que há comunicação de pena” (PINHEIRO E RIBEIRO,1987).

O espaço viário exige a presença de normas que regulem a movimentação e

ocupação. O trânsito ao mesmo tempo em que ocorre uma interação entre usuários, pressupõe

também uma disputa por este espaço, mas em que todos devem obedecer às regras mínimas

estabelecidas pelo Código de Trânsito, onde ocorre também a fiscalização e o controle pelos

agentes de trânsito, sejam policiais ou guardas municipais.

Para detectar infrações, a fiscalização cumpre o seu papel, e quando flagradas ocorre

a punição. E isto tem exercido o papel de controle para um comportamento adequado da maioria

dos participantes do sistema de trânsito.

Hoffmann et al (1996), cita que é muito notável a relação direta entre fiscalização –

punição e comportamento adequado (não infração às normas) com a diminuição de acidente, e

inversamente entre a impunidade e o comportamento adequado (infração às normas) com o

aumento de acidentes.

O novo Código Nacional de Trânsito considera que infração de trânsito é a

inobservância de qualquer preceito deste Código, da legislação complementar ou das resoluções

do CONTRAN. O infrator ficará sujeito às penalidades e medidas administrativas indicadas em

cada artigo do CNT.

As infrações punidas por multa classificam-se de acordo com a sua gravidade, sendo:

a) Gravíssimas – 7 pontos;

b) Graves – 5 pontos;

c) Médias – 4 pontos, e

d) Leves – 3 pontos.

Cada vez que somar 20 pontos, no período de 12 meses, pelas infrações cometidas

terá suspenso o seu direito de dirigir.

As penalidades aplicadas ao condutor infrator dividem-se em Advertência por escrito,

multa, suspensão do direito de dirigir, apreensão do veículo, cassação da CNH, cassação da

permissão para dirigir e freqüência obrigatória do curso de reciclagem.

39

Considerando que a pesquisa referente a este trabalho de conclusão de curso, refere-

se ao terceiro ano de veicular, discorreremos sobre a penalidade suspensão do direito de dirigir e

apreensão do veículo.

A suspensão do direito de dirigir ocorrerá quando o indivíduo atingir a contagem de

20 pontos previstos em infrações, também quando dirigir sob a influência de substância alcoólica

ou substância tóxica, dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via ou os demais

veículos, disputar corrida por espírito de emulação (pega, racha, etc.), quando o condutor

envolvido em acidente, deixar de: prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo;

adotar providência, podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito local; preservar o

local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia ou da perícia; adotar providência para remover o

veículo do local, quando determinadas por policial ou agente da autoridade de trânsito; e

identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de

ocorrência. Ocorre ainda a suspensão deste direito, quando promover ou participar de competição

esportiva na via pública sem autorização, utilizar o veículo para demonstrar ou exibir manobra

perigosa, transpor, sem autorização, bloqueio viário policial e transitar em velocidade superior à

permitida no local em: mais de 20% nas rodovias, vias de trânsito rápido e vias arteriais e mais de

50% nas demais vias.

Sempre que a penalidade aplicada for suspensão do direito de dirigir, terá como

medida administrativa o recolhimento da CNH.

Quanto à penalidade apreensão do veículo ocorrerá quando dirigir o veículo sem

possuir permissão para dirigir ou CNH, com ela suspensa ou cassada, ou conduzindo veículo de

categoria diferente da habilitação. Disputar corrida por espírito de emulação (pega,racha, etc),

promover ou participar de competição esportiva na via pública sem autorização, utilizar o veículo

para manobras perigosas na via, usar, no veículo, aparelho de alarme ou som que perturbe o

sossego público, entregar ou permitir o uso de veículo por menores, pessoas não habilitadas, ou

com a CNH suspensa ou cassada. Conduzir o veículo: com lacre, selo, a placa ou qualquer

elemento de identificação violado ou falsificado, portando ou usando dispositivo anti-radar e

transportando passageiro em compartimento de carga. Veículo que não esteja registrado ou

licenciado. Sem portar autorização para condução de escolares, transitar com o veículo com

dimensões excedentes sem autorização, falsificar ou adulterar documento de habilitação ou de

identificação do veículo, recursar-se a entregar à autoridade de trânsito, mediante recibo, os

40

documentos solicitados para averiguação, retirar o veículo do local onde foi retido para

regularização e bloquear com o veículo a via, locais de emergência, entradas, saídas e

logradouros públicos.

Sobre a cassação da CNH, o condutor somente pode realizar o exame de reabilitação

dois anos após o ocorrido e se submeterá também aos exames necessários na 1ª habilitação. A

cassação ocorre quando o condutor estando com o direito de dirigir suspenso, o infrator conduzir

qualquer veículo, reincidência em determinadas infrações previstas no CTB, quando condenado

judicialmente por delito de trânsito e constatada a irregularidade da CNH.

2.9.3 A infração é de inteira responsabilidade do condutor

O Novo Código de Trânsito cita no capítulo XIX, dos crimes de trânsito, que

aplicam-se penalidade por lesão corporal culposa, de embriaguez ao volante, e de participação em

competição não autorizada, o disposto nos artigos nº 074,76 e 88 da Lei nº 9099, de 26/09/95.

Então a ação de dirigir, estando sob influência de bebida alcoólica é considerada

infração e também crime de trânsito se encontra perfeitamente definida na causa dos acidentes e

na Legislação Brasileira.

Entretanto, esta infração de ingestão de bebida alcoólica, é uma dos que mais leva o

condutor a cometer outras, o que poderá culminar no acidente, ou seja, em dupla ou tripla

infração.

A ingestão de bebida alcoólica e seus efeitos é um fator que contribui para causa de

acidentes e conseqüentemente lesões e mortes. As atitudes arriscadas ocorrem porque o abuso de

álcool altera a percepção do indivíduo, originando sentimentos de rendimento melhorado, ao

mesmo tempo que diminui a capacidade crítica, dificulta as relações lógicas, faz com que a

associação de idéias se torna superficial, além de apresentar tempo de reação mais lento. Sendo

assim, o condutor embriagado não tem condições de dirigir defensivamente, pois deixa de prever

situações de risco uma vez que está com a capacidade de escolha comprometida (CARBONELLE

et al,1996).

Segundo Hammel (1988) as infrações mais comuns encontradas entre condutores sob

efeitos de álcool são: velocidade inadequada, sair fora das zonas de circulação, o que resulta em

atropelamento de pedestres, circular em direções contrarias ou proibidas, com baixo ou nulo

41

respeito à sinalização e à iluminação ou fazer sinalização incorreta de manobras, dirigir pela

contra-mão ou realizar ultrapassagens inadequadas, mostrando comportamentos desrespeitosos e

provocativos em relação aos demais usuários.

É sabido que a maioria das infrações por uso de bebida alcóolica ocorre à noite, ou

seja, o número é maior. As estatísticas mostram ainda que, 76% dos acidentes noturnos estão

relacionados direta ou indiretamente à ingestão de bebida alcoólica, principalmente nos finais de

semana. Durante o dia, ocorrem 24% somente (HOFMANN et al,1996)

Considerando a nova normatização sobre dirigir e o consumo de bebida alcóolica,

pela Lei nº 11.705 e o Decreto nº 6488, a Lei Seca de 20.06.08, que é recente ainda, já se

observou uma redução do número de acidentes com vítimas fatais e mortes, conforme dados de

DENATRAN (2008). Através dela, nota-se uma alteração na mudança de comportamento de

quem conduz veículo, pois ocorre um mecanismo de controle externo, através do uso de

bafômetros ou etilômetros (aparelho de ar alveolar).

Conclui-se que beber e dirigir são inegavelmente atividades incompatíveis, pois para

dirigir é necessária a integridade dos reflexos, uma perfeita coordenação motora e principalmente

a manutenção da autocrítica (integridade do pensamento).

Segundo o Denatran (1998), com esta Lei se o indivíduo for flagrado dirigindo sob a

influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa terá a CNH suspensa por doze meses,

pagará multa, além da retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado. Ficou

estabelecido que se o condutor apresentar concentração de álcool por litro de sangue igual ou

superior a seis decigramas, a penalidade será de detenção de seis meses a três anos, multa e

suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo, ou seja está

caracterizada a partir da sua implantação que esta ingesta em crime de trânsito.

Um dos objetivos da avaliação psicológica é prevenir a introdução à direção veicular,

de indivíduos prováveis dependentes de substancias alcoólicas/ alcoolemia ou uso casual.

Deve ser em conjunto esta prevenção, através de todo sistema de trânsito, da

avaliação psicológica ou médica, até o policiamento nas ruas, pois a supervisões policial e as

sanções, são fatores de prevenção.

2.9.4 Modelo Preventivo Geral (sobre a atitude para cometer a infração)

42

Carbonelli et al (1996), citam que geralmente, cometer uma infração é uma ação

voluntária e, portanto, se encontra mediada pela intenção de realizar essa ação. A atitude para

uma determinada ação, define-se comum a um conjunto de crenças que o indivíduo ou o grupo

tem em relação às conseqüências dessa ação e o peso que confere a cada umas dessas possíveis

conseqüências. Como exemplo, o uso do cinto de segurança, pode atenuar a gravidade de um

possível acidente. A maioria dos condutores só começou a utilizá-lo a partir da implantação do

novo Código. A autora refere-se que o componente afetivo-avaliativo é considerado como

característica específica da atitude. Então a avaliação, favorável ou desfavorável, se apresenta

como uma predisposição para a realização ou não da ação, afirma a mesma autora.

Segundo Hoffman (1996) observa-se também, a norma subjetiva e definida pelas

crenças dos indivíduos e grupos de referência dos mesmos e pela importância que eles atribuem a

estas crenças. Ela se origina na percepção do indivíduo sobre as opiniões dos outros ou

instituições, com grau de importância para ele, se realizará ou não uma ação. Esta espectativa do

outro, tornar-se-á norma que vai orientar a sua ação ou comportamento para agradar e não

defraudar. Isto refere-se ao medo de ser rejeitado pelo grupo, o que origina a dificuldade de dizer

não quanto ao desejo pela bebida alcoólica, por este tipo de pessoa, optando por não dirigir de

forma segura.

Ela afirma ainda, que o Dictum da hospitalidade, que impõe ao hospedeiro oferecer

mais bebida aos convidados, mantendo os copos sempre cheio, sendo que indivíduo que possui

problemas não consegue dizer não.

A norma subjetiva, mais o grau de controle percebido, atende aos valores ou fatores

externos que condicionam o comportamento em formas de conseqüências externas.

Em geral reforçam que é necessário desenvolver mecanismos para que, de alguma

forma, as pessoas percebam que há controle externo. Normas e regras sempre existiram, e foram

reformuladas, mas a aplicação real destas normas, deve ser enfatizada de maneira efetiva e eficaz,

de modo a atingir o condutor infrator, onde ele perceba que será punido, caso cometa uma

infração. Para que ele perceba que isto realmente ocorre, que receber a punição (o castigo), a

palavra escrita na lei passa a ser percebida como um fato passível de punição. Quanto mais

ocorrer a infração, maior será o grau de controle por ele percebido.

43

Então a intenção do comportamento está determinada pela norma subjetiva, pelo

controle percebido e a reação/atitude com respeito ao mesmo, conforme o valor e o peso que

atribui o sujeito a estes elementos.

Isto também se refere a outros problemas de saúde, devido à possibilidade de atribuir

pesos relativos aos determinantes, como fator que gera ou não a infração de trânsito.

Com a criação da Lei Seca, onde não é mais tolerado a ingesta de substância alcoólica

para o motorista que vai dirigir, a partir da sua aplicação, encontramos dados do Denatran (2008),

que cita que ocorreu uma diminuição de acidentes com redução de mortes e da da fatalidade dos

acidentes, mas que continuam ocorrendo da mesma forma acidentes devido à falha humana. Esta

publicação também cita, que o hábito de dirigir e beber não diminui, através dos dados

apresentados pelas estatísticas.

O nível de alcoolemia na direção veicular na direção veicular, pode trazer distinções

na forma de conduzir conforme idade, nível de experiência e sexo, isto também, se atribuir como

fator relevante para prevenção e fator de acidentes. Há uma diferença quanto à visão de infração

com relação ao sexo, pois as mulheres tendem a considerar as infrações como mais graves

aquelas que envolvem a segurança passiva, como o uso de cinto de segurança, luzes insuficientes

ou freios defeituosos, também, consideram mais agressivo dirigir colado ao veículo da frente sem

tempo de parar ou mudar de pista, sem sinalizá-lo previamente. O abuso de álcool é também

incluído na opinião das mulheres como fator mais grave do que para os homens, dentro do grupo

de risco (HOFFMANN et al,1996).

Estes autores ainda concluem que um dos maiores fatores de risco na direção dos

veículos, vinculado a falhas humanas, é o uso de álcool, pois provoca um grande número de

alterações psicofísicas no motorista.

Beber e dirigir sempre foram incompatíveis, isso sempre foi de consenso comum

entre profissinais que trabalham na área de trânsito. Pois o ato de dirigir exige integridade dos

reflexos, uma perfeita coordenação motora e principalmente manutenção da autocrítica.

Com a Lei seca, sendo aplicada como forma preventiva de acidentes, aos poucos a

população vai educando-se e se adaptando às mudanças comportamentais exigidas.

É claro que há uma pressão social das famílias e dos grupos sobre a importância de se

ter um veículo e de se saber dirigir, pois aumenta o conforto. Pela modernidade e afirmação de

ficar sem carro tornou-se um ato de afirmação. Anteriormente, não havia risco de perda do

44

prestígio social pela perda de veículo, hoje, com a alteração da lei, há uma caracterização bem

clara sobre a ingestão de bebida alcoólica inabilita o ato de dirigir, acabando assim, com a

tolerância, pois qualquer sinal de álcool acusado no bafômetro, já configura o crime de estar

dirigindo sob efeito de substância proibida. Antes, o condutor conseguia se safar das punições, já

hoje, há sanções e maior punição. E pela perda da CNH, ocorre um desprestígio.

Em quase todas as legislações da Europa existe um limite no nível de alcoolemia

peara o condutor. No Brasil, com a implantação do Novo Código de Trânsito, o limite foi de até

0,6 g/l, sendo o dirigir alcoolizado apenas como uma contravenção com multa e suspensão da

CNH até a implantação da Lei Seca, o que tem gerado uma melhora na segurança viária.

Começou a ocorrer a aplicação de penas mais rígidas, como a perda da CNH e punição criminal

em casos de acidentes, tais como em países como Estados Unidos, Japão e Alemanha.

Os problemas com o álcool para a segurança viária são há muito tempo de caráter

prioritário, pois envolve segurança pública, de saúde e de educação. A mudança de atitude dos

condutores, onde o motorista não bebe, tem trazido benefício à segurança viária, obrigando o

condutor a ter atitudes responsáveis diante de situações e pessoas, fazendo avaliações afetivas.

Concluindo, com a vida moderna, a necessidade do uso do veículo e o prestígio que

traz a obtenção da CNH, a aplicação desta nova legislação obriga o condutor a ter atitudes

responsáveis, pois ocorre a pressão social para que não ocorra tal ilicitude, a Lei Seca chegou não

só como forma de punição, mas também de educação viária.

45

3. DESENVOLVIMENTO DO TEMA

3.1 Interpretação dos dados da pesquisa realizada na 34ª Ciretran de Toledo/PR

3.1.1 Critérios para a coleta de dados

A coleta de dados foi realizada na página do site do DETRAN/PR

(www.detran.pr.gov.br), na janela de consulta de pontuação, para cada condutor. Os dados

exigidos nesta página, tais como CPF e número da CNH, foram conseguidos no Programa de

Habilitação, que é localizada neste mesmo site e outro dado que era o número do processo, foi

localizado na lista de presença das avaliações psicológicas dos meses referentes a esta pesquisa.

Para se obter a amostra aleatória, foram também utilizadas as listas de presença da

avaliação psicológica, e nos casos que a amostra sorteada caiu em processos já cancelados, foi

escolhido o próximo número na seqüência.

Foram coletados 303 resultados, sendo destes 173 pontos referentes ao mês de março,

62 do mês de abril e 68 do mês de junho, dos condutores que obtiveram a CNH no ano de 2005.

O que está em avaliação é a prática veicular no 3º ano de direção, através da pontuação obtida na

CNH.

Na interpretação serão analisados, população geral, número de infrações por sexo,

tipos de multas por sexo, incidência de multas por faixa etária, entre os que cometeram infrações

será apresentada a porcentagem das infrações encontradas e a porcentagem dos que já tiveram

suspenso o direito de conduzir e deverão fazer reabilitação de condutor.

3.1.2 Interpretação dos dados

A apresentação dos dados colhidos neste estudo e a sua interpretação serão

demonstrados a seguir, através de gráficos e tabelas.

46

Distribuição por sexo população em geral

62%

38% FemininoMasculino

Gráfico 1 Distribuição por sexo da população geral

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Através dos dados apresentados, observou-se no Gráfico 1, que dos pesquisados 38%

eram indivíduos do sexo feminino e 62% do sexo masculino.

Conforme DENATRAN/2008, para fazer um comparativo com a população de

condutores do Estado do Paraná em dezembro de 2005, que possuía 1988.269 condutores do sexo

masculino e 814.126 condutoras do sexo feminino, que totalizam 71% de condutores masculinos

e 29% de femininos. Com este comparativo, observa-se que a amostra estratificada elegeu avaliar

uma porcentagem maior de condutoras.

96%

4%

89%

11%

92%

8%

0

100

200

300

400

Qtd

e d

e p

esso

as

F M Total geral

Inc idênc ia de multaspor s ex o

S IM

NÃ O

Gráfico 2 Incidências de infrações por sexo

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

47

No gráfico apresentado, do total geral 92% (278 indivíduos) dos condutores não

pontuaram e não apresentaram infrações de trânsito e 8% (25) apresentaram multas. Sendo que,

dos condutores do sexo feminino 96% (112) não apresentaram infrações, e 4% (05) apresentaram.

Já do sexo masculino, 89% (167) não apresentaram nenhum tipo de infração, mas 11% (20)

mostraram pontuação por infrações.

O Anuário Estatístico de Detran (2007) afirma que os indivíduos do sexo masculino

lideram a suspensão do direito de conduzir, este dado confrontado com o apresentado na 34ª

Ciretran de Toledo, ocorre da mesma forma.

Considerando ainda que 92% apresentaram a situação de zero pontos, sendo esta uma

situação otimista, em que se deve dar atenção à ocorrência de infrações.

P orc enta g em de infra ç ões por sex o

20%

80%

F eminino

Mas c ulino

Gráfico 3 Porcentagem de infrações por sexo.

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Dos que apresentavam infrações de trânsito, no Gráfico 3, observou-se que 20% eram

do sexo feminino, enquanto que, 80% do sexo masculino.

O Anuário Estatístico do Detran do Paraná (2007), informa que em casos de

suspensão para dirigir, direta ou por vinte pontos, os homens lideram com 84,22%, sendo

apontado às mulheres 15,78%. No anuário estatístico não cita qual a porcentagem de infrações

por sexo.

48

Indicadores de incidências de infrações e pontos por sexo

Indo

Quantidade infrações p/

pessoa Pontos p/ pessoa

Mulheres 1,2 5,4

Homens 2,1 12,1 Médio 1,9 10,8

Tabela 1. Indicadores de incidências de infrações e pontos por sexo. Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Como indicadores observou-se que os homens possuem mais recorrências nas multas

que as mulheres e também que eles praticam infrações mais graves que o sexo feminino.

Isto já foi abordado anteriormente, pois conforme o Anuário Estatístico do DETRAN

(2007), os homens cometem infrações mais graves, pois 84,22% destes indivíduos perdem o

direito de dirigir, de forma direta ou por 20 pontos, contra 15,78% de mulheres, então o dado

apresentado pela pesquisa confere com o dado apresentado na estatística referente ao Estado do

Paraná.

Inc idênc ia de infraç ões

por faixa etária

12%

8%

8%

4%

68%

De 26 a 30 anos

De 31 a 40 anos

De 41 em diante

De 20 a 25 anosHomens

De 20 a 25 anosMulheres

Gráfico 4 Incidência de Infrações por faixa etária

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Da incidência de infrações por faixa etária, apontadas no Gráfico 4, nota-se que 80%

dos infratores tem de 20 a 25 anos, sendo que destes 68% são do sexo masculino, 12% são do

49

sexo feminino. Dos seguintes, 8% tem de 26 a 30 anos, 8% tem de 31 a 40 anos e 4% tem 41

anos ou mais.

Conclui-se que a população mais jovem tem apresentado na freqüência de 4x1, com

relação a infrações no trânsito, deve-se então verificar mais atentamente esta faixa etária na

avaliação psicológica, pelo fator de envolverem-se mais em situações de risco.

Porcentagem de infrações encontradas

44%

16%

12%28%

LeveMédiaGraveGravíssima

Gráfico 5 Porcentagem por Tipo de Infração

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Dos que receberam infrações, 12% eram de natureza leve, 16% de natureza media,

44% de natureza grave e 28% eram gravíssimas, conforme apresentados no Gráfico 5.

Pelo Anuário Estatístico do DETRAN (2007), a maioria das infrações cometidas

eram de natureza média, sendo responsável por 37,84% do total de 2007 e as graves com 23,34%.

Este Anuário não cita as porcentagens das gravíssimas, mas afirma que em primeiro lugar vem as

natureza média, depois as gravíssimas de após a de natureza grave, no Estado do Paraná.

Observa-se que entre a população pesquisada, a de maior incidência é a de natureza

grave, como já foi citado acima.

50

TABELA DE DADOS - INFRAÇÕES MAIS COMETIDAS POR CÓDIGO DE INFRAÇÃO

Código Infração Descrição da Infração Total 659-9 Conduzir o veículo não registrado e devidamente licenciado. 6 692-0 Deixar de efetuar registro de veic. no prazo de 30 dias. 4 518-5 Deixar o condutor ou passag. de usar cinto segurança. 4 504-5 Dirigir veíc. c/ validade de CNH vencida há mais de 30 dias. 3 583-5 Desobedecer ordens emanadas da autoridade competente. 3 527-4 Utilizar-se de veic. p/ demonstrar manobra perigosa. 3 736-6 Dirigir o veículo utilizando-se de fones, telefone celular. 3 661-0 Conduzir o veículo com a cor ou característica alterada. 2 665-3 Cond. veic. c/ descarga livre ou silenciador c/ defeito. 2 511-8 Permitir tome posse veic. Pessoa s/ CNH permissão para dirigir. 1 513-4 Permitir tome posse veic. Pessoa CNH/permissão cat. Diferente 1 515-5 Permitir tome posse veic. Pessoa s/ lentes, etc. imposta lic. 1 520-7 Dirigir sem os cuidados indispensáveis à segurança. 1 521-5 Dirigir ameaçando pedestres estejam na via pública. 1 544-4 Estacionar veic nos acostamentos, salvo por força maior. 1 546-0 Estacionar veiculo na guia da calçada rebaixada. 1 548-7 Estacionar veic. Ao lado de outro veículo fila dupla. 1 554-1 Estacionar veic. em desacordo com a sinalização. 1 556-8 Estacionar veíc. Local/horário proibido - proibido parar. 1 584-3 Deixar de indicar mediante gesto realização de manobra. 1 596-7 Ultrapassar pela contramão veíc. na marcação viária. 1 605-0 Avançar o sinal vermelho de semáforo ou de parada 1 691-2 Conduzir o veíc. s/ os documentos de porte obrigatório. 1 704-8 Conduzir motocicleta,etc transport. Passag. s/ capacete 1 705-6 Conduzir motocicleta, etc fazendo malabarismos 1 706-4 Conduzir motocicleta, etc com os faróis apagados. 1 734-0 Dirigir veic. usando calçado que comprom. a utilização de pedais. 1

Total geral 48 Tabela 2. Tabela de Dados de Infrações mais cometidas.

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Conforme Tabela 2, das infrações que tiveram maior ocorrência da população

pesquisada, foi a nº 659-9, que é conduzir o veículo não registrado e devidamente licenciado,

com 6 recorrências. Já no Anuário Estatístico do DETRAN (2007), esta infração encontra-se em

décimo lugar de maior incidência no Estado do Paraná.

Na pesquisa desta população da 34ª Ciretran, as infrações que obtiveram segundo

lugar de incidência foram a nº 692-0, que é deixar de efetuar o registro do veículo no prazo de 30

dias, e a nº 518-5, que é deixar o condutor e o passageiro de usar cinto de segurança, tendo 4

51

incidências cada. Confrontando ainda com o Anuário Estatístico do Detran (2007), a infração nº

692-0 encontra-se em quarto lugar de incidência no Paraná, e a nº 518-5, em 6º lugar.

Neste estudo, apresentaram-se em terceiro lugar, com 3 incidência cada, as infrações:

nº 504-5, que é dirigir veículo com validade de CNH vencida há mais de 30 dias; nº 583-5, que é

desobedecer ordens emanadas de autoridade competente; nº 527-4, que é utilizar-se do veículo

para demonstrar manobra perigosa, e a nº 736-6, dirigir o veículo utilizando-se de fones, telefone

celular. Já no Anuário citado, a nº 736-6 aparece em 5º lugar de incidência no Estado, mas as

demais não são apresentadas entre as quinze de maior incidência.

Com duas incidências cada, neste estudo, aparecem a nº 661-0, que é conduzir o

veículo com a cor ou característica alterada e a nº 665-3, que é conduzir veículo com descarga

livre ou silenciador com defeito. Estas infrações não configuram entre as quinze de maior

recorrência no Estado.

As demais encontradas nesta pesquisa tiveram uma ocorrência cada, mas no Anuário

citado, a infração nº 554-1, que é estacionar o veículo em desacordo com a sinalização, encontra-

se em segundo lugar em incidência no Estado do Paraná, a nº 605-0, que é avançar o sinal

vermelho de semáforo ou de parada, encontra-se em terceiro lugar, a nº 596-7, que é ultrapassar

pela contramão veículo na marcação viária, encontra-se em décimo segundo lugar e a nº691-2,

que é conduzir o veículo sem os documentos de porte obrigatório, configura-se no décimo quarto

lugar no Paraná.

Novamente a incidência de infrações apresentou resultado quantitativo diferente ao

apresentado no Estado.

TABELA DE DADOS - RECORRÊNCIA DE INFRAÇÕES Nº DE

MULTAS POR UMA MESMA

PESSOA

QTDE PONTOS

NR DE PESSOAS MULTADAS

MÉDIA DE PONTOS

%

1 91 18 5,1 72% 2 28 3 9,3 12% 4 44 2 22,0 8% 6 38 1 38,0 4%

10 68 1 68,0 4% 269 25 10,8 100%

Tabela 3 Recorrência de Infrações de Trânsito

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

52

Conforme Tabela 3, observa-se que 72% dos infratores não voltam a apresentar

infrações, 12% tiveram 2 multas e que 16% cometeram 4 ou mais infrações, sendo que estas

últimas estão com o direito de dirigir suspenso.

Quando um condutor retorna para fazer a avaliação de reabilitação de condutor, que é

a avaliação psicológica para motoristas infratores que tiveram suspenso o direito de dirigir, estes

casos deveriam servir como fonte de estudos das brechas ocorridas na primeira avaliação

psicológica do condutor, para verificar-se se ocorre problema de imaturidade ou transtorno de

personalidade ou problema de conduta. De posse deste estudo, agregar à esta avaliação

conhecimento para diminuição destes condutores que não agem de forma responsável no trânsito.

R es ultado do es tudo dos que obtiveram a C NH no trimes tre/2005

99%

1%

C ondutores que perderam aC NH por infraç ões de trâns itoDemais c ondutores

Gráfico 6. Resultado do estudo dos obtiveram a CNH no trimestre/2005.

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Do resultado deste estudo, em comparação ao total da amostra que era de 303

indivíduos referentes aos meses de março, abril e maio de 2005, que obtiveram a permissão para

dirigir e após a CNH definitiva. Destes, 4 condutores perderam a CNH por multas, sendo que 2

tiveram a infração nº 527-4 – que é utilizar-se do veículo para demonstrar manobra perigosa que

é uma infração de natureza gravíssima, que tem como penalidade a suspensão do direito de

53

dirigir, mas eles também atingiram os 20 pontos que suspende o direito de dirigir. Um teve a

infração 521-5, que é dirigir ameaçando os pedetres que estejam na via pública, que é de natureza

gravíssima e que também suspende o direito de dirigir e ele ainda obteve 20 pontos em infrações

no total, estes três indivíduos citados terão que passar por reabilitação de condutor, ou seja, terão

que retornar para fazer nova avaliação psicológica. O outro condutor que perdeu a CNH atingiu

20 pontos em infrações e terá que passar por curso de reciclagem. Então, em comparação com a

amostra total do trimestre, 1% perdeu a CNH e 99% permanecem com o direito a dirigir.

Destes 1%, há uma probabilidade mensal de 0,33% de erro na avaliação psicológica.

Quanto à probabilidade anual, segundo o Anuário Estatístico do Detran do Paraná (2005) 2.229

condutores receberam a permissão para dirigir em 2005, então a probabilidade de erro é para 7

condutores por ano que terão suspenso o direito de dirigir, por infrações. Este dado é

probabilístico pois a amostra foi somente de 3 meses na Ciretran de Toledo. Então, se deveria

fazer uma pesquisa amostral estatística de outros períodos, e por regiões, para se conhecer e ter

um controle na triagem destes condutores.

É evidente que todo o trabalho terá falhas, mas caso de se tratando de vidas esta

diferença deve ser revista, para se diminuir este resultado.

54

3.2 Propostas de melhorias:

Com os resultados detectados, há ainda muitos caminhos a serem percorridos, para

que a avaliação cumpra seu papel na forma efetiva de prevenção. Isto dar-se-á através da

investigação dos resultados anuais e conhecimento da população que tem apresentado problemas,

para reduzir a vulnerabilidade a erros. Como sugestão de propostas para melhorias na avaliação

psicológica sugere-se:

a. o DETRAN do Paraná deveria ter equipe de pesquisa, visando o conhecimento das

principais falhas na avaliação e dos perfis psicológicos que têm gerado esta falha ou têm

apresentados problemas significativos;

b. pesquisar sobre aplicações da avaliação psicológica que respondam a necessidades

específicas do trânsito na modernidade, pois está ocorrendo um aumento cada vez maior de

número de condutores, bem como aumento da frota.

c. financiamento adequado para a pesquisa nesta área, bem como disposição de

recursos humanos com perfil para a pesquisa;

d. e por fim, criar uma rede de acompanhamento dos itens sugeridos anteriormente,

bem como ter acesso aos acidentes sem ilicitude junto à Polícia Militar de Trânsito e outros, para

que se possa trabalhar com prevenção, de forma efetiva no trânsito, pois este é o objetivo maior

da Psicologia de Trânsito.

e. Sugere-se também, o acompanhamento maior da faixa etária de 18 a 25 anos, pelo

órgão norteador, para possível diminuição das brechas na avaliação psicológica. Esta faixa etária

é a que apresenta maior incidência em infrações de trânsito.

55

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O CTB (2006) cita que a segurança no trânsito é um problema sério e mundial, e

exige urgência na sua aplicação para diminuição de ocorrências nas vias públicas.

Este trabalho de conclusão de curso tinha o objetivo de conhecer uma parcela desta

população e ter um retorno de como é a prática veicular de candidatos aprovados na avaliação

psicológica. E assim pensar em melhorias nesta avaliação e quais as ações poderiam ser criadas

com este fim.

Com a implantação do Código Brasileiro de Trânsito muitas melhorias ocorreram,

tais como a punição mais severa e o cuidado pelo condutor de não cometer infrações pelos pontos

obtidos na CNH, risco de perder o direito de dirigir e o alto custo das multas. Com este CTB

ocorreu uma nova forma de pensar trânsito pelos condutores, sobre a responsabilidade individual

e reflexo social da perda da necessidade de uma direção mais responsável e um trânsito mais

seguro.

Considere-se que para que o trabalho integrado de equipes multi-disciplinar, tais

como medicina do tráfego, centro de formação de condutores, os CFCs, e a educadores de

trânsito, tenha seu efeito, também é necessário que ocorra a aplicação efetiva do novo Código,

onde exige-se a supervisão e a instrumentação policial, e a respectiva aplicação das sanções no

cumprimento das normas, que geram um comportamento defensivo no trânsito e

conseqüentemente mais seguro.

O Novo Código de trânsito reflete o que já se sabe, que é necessário a existência de

mecanismos para que, de alguma forma, as pessoas percebam que há controle externo. Normas e

regras sempre existiram, e foram reformuladas, mas a aplicação real destas normas, deve ser

percebida pelo condutor infrator, onde ele note que será punido caso tenha caso tenha um

comportamento de risco.

Isto foi refletido de forma positiva neste estudo, pois apenas 1% dos condutores, em

uma avaliação de uma amostra de três meses, perderam o direito de dirigir. Os outros 99%

continuam exercendo seu direito, mas o que foi surpreendente foi que 92% dos pesquisados

obtiveram zero pontos, ou melhor não adquiriram pontos por infrações nas suas CNHs.

Pelo CTB (2006), cita que o trânsito em condições seguras é um direito de todos e um

dever dos órgãos e entidade do Sistema Nacional de Trânsito, aos quais deve-se assegurar este

56

direito. Com a legislação mais rígida e penalidade maiores, tem-se melhoria o usufruto deste

direito, em que observa-se em dados da Polícia Militar de Trânsito em 2008, a grande maioria das

ocorrências sem ilicitudes.

Quanto à Psicologia, esta ciência é cobrada de responder aos problemas que ocorrem

no trânsito com o objetivo de diminuí-los. O que conclue-se é que, as ferramentas utilizadas na

avaliação psicológica são eficazes no que se propõe, que é a seleção de candidatos à habilitação.

Ressalta-se ainda, que se deve acompanhar os resultados e a prática veicular dos que cometem

infrações, para garantir-se maior cientificidade e qualidade técnica nos resultados da prática

veicular e a troca de testagem específicas e baterias de testes com maior freqüência, para que as

amostras não se tornem viciadas. E assim se possa obter um perfil psicológico do condutor

paranaense, pois segundo Gouveia et al (2002) se faz necessário traçar um perfil, relacionando os

resultados dos exames psicológicos de cada condutor com seu desempenho em situação real de

trânsito, o que auxiliaria na seleção de ferramentas mais adequadas a este tipo de avaliação.

57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALCHIERI, João Carlos. Dilemas do Psicotécnico: Exame psictecnico ou Avaliação psicológica? In:Anais VIII Congresso de Avaliação Psicológica Porto Alegre,1999 p.208-215 ALVES, I. C. B. As técnicas no Psicodiagnóstico e sua função na Psicoterapia. Rio de Janeiro: Ed. Campus. 1999 ANASTASI, A & URBINA, S. Testagem Psicológica. 7.ed. Porto Alegre: Ed. Artes Medicas, 2000. p.17-49. CADERNO DE PSICOLOGIA DE TRANSITO E COMPROMISSO SOCIAL. Resolução CFP

N. 012/2000. Dezembro, 2000. Código de Trânsito Brasileiro, Curitiba: Editora do CENTEC, 2006 DAVI, J. Avaliação Psicológica: Vitória da Psicologia. Jornal Argumento

n.1, p.1-8

DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRANSITO. Resolução 080/98. Brasília, 2000.

DETRAN DO PARANÁ. Anuário Estatístico do Detran do Paraná, Curitiba, 2007.

GIL, Antonio Carlos, Projetos de Pesquisa, 3ª Edição, São Paulo: Ed. Atlas, 1991

GOUVEIA, V.V. Atitudes Frente a Avaliação Psicológica Para Condutores: Perspectivas de

técnicos , estudantes de Psicologia e Usuários. R.J: Psicologia Ciência e Profissão, n.2 , 2002.

HOFFMANN, Maria Helena; CARBONELLI, Henrique; MONTORO, Luis. Álcool e Segurança

no Trânsito (II), A Infração e Sua Prevenção. R.J: Psicologia Ciência e Profissão, n.2 , 1996

KOPYCKI, Cassemira de Fátima de Maia. Revista Contato do Conselho Regional de

Psicologia, Edição nº141, Jan/Fev 2007, (pág. 20 e 21)

PASQUALI, Luiz. Instrumentos psicológicos: Manual Prático de elaboração. Brasília: LabPAM, 1999.

58

Revista Contato. Notas Gerais, ano nº24 , nº120, Conselho Federal de Psicologia, Julho/Agosto

2003, pág.18.

URBINA, Suzana Fundamentos de Testagem Psicológica, Tradução: Claudia Dornelles Porto

Alegre. Artmed, 2007

59

APÊNDICES

60

ANEXOS