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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – CAMPUS DE FOZ DO IGUAÇU DEPARTAMENTO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES ROSANA MARCELA SCHMIDT O IMPACTO DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA QUALIDADE DE VIDA DOS PEQUENOS AGRICULTORES FAMÍLIARES DO MUNICÍPIO DE CAPANEMA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ Foz do Iguaçu 2007

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – CAMPUS DE FOZ DO IGUAÇU

DEPARTAMENTO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO

GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES

ROSANA MARCELA SCHMIDT

O IMPACTO DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA QUALIDADE DE VIDA

DOS PEQUENOS AGRICULTORES FAMÍLIARES DO MUNICÍPIO DE

CAPANEMA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Foz do Iguaçu

2007

O IMPACTO DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA QUALIDADE DE VIDA

DOS PEQUENOS AGRICULTORES FAMÍLIARES DO MUNICÍPIO DE

CAPANEMA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Por

ROSANA MARCELA SCHMIDT

Monografia apresentada ao Centro de Ciência Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE campus de Foz do Iguaçu, como parte das exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Administração: Gestão das Organizações, para obtenção do grau de Especialista em Administração, pela Banca Examinadora, formada por:

_________________________________________________________ Presidente: Profª. Sandra Maria Coltre, Dra. – Orientadora, UNIOESTE

_______________________________________ Membro: Prof. Amarildo Jorge da Silva. Dr., UNIOESTE

_______________________________ Membro: Prof. Adriano Violante, Dr.

3

DEDICATÓRIA

A meu esposo Kleber, pela paciência, compreensão, amor e apoio.

A meus pais Rose e Mário (in memóriam), pelo exemplo, carinho e persistência.

AGRADECIMENTOS

A Deus por me oferecer a oportunidade de viver cada dia com alegria, paz,

saúde e amor.

A meus pais, pelo amor, afeto, alegria, dedicação, educação e carinho em

todos os anos de nossas vidas juntos.

Ao meu esposo. Pelo amor, amizade, carinho, dedicação e compreensão

dispensadas em cada momento de nossa história.

Ao meu filho, amado que veio ao mundo para encher nossas vidas de

alegria e ternura.

Aos meus tios, por seu carinho, apoio e compreensão.

Aos meus amigos queridos, por suas agradáveis companhias e parcerias no

decorrer dos anos.

Aos professores Dra. Sandra Maria Coltre e Paulo Roberto C. Nogueira, pelo

apoio e orientação.

A UNIOESTE e ao Programa de Pós-Graduação pela oportunidade.

A todas as pessoas que colaboraram para a elaboração deste trabalho.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA..............................................................................13

1.2 OBJETIVOS DA MONOGRAFIA .........................................................................14

1.2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................14

1.2.2 Objetivos Específicos: ......................................................................................14

1.3 FATORES PESQUISADOS: ...............................................................................15

1.4 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÂNCIA TEÓRICA .....................................................15

2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................17

2.1 DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA .....................................................................17

2.1.1 Agricultura Paranaense ....................................................................................21

2.2 AGRICULTURA FAMILIAR .................................................................................24

2.3 QUALIDADE DE VIDA (QV) E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) ..28

2.3.1 Qualidade de vida do trabalhador rural ............................................................31

2.4 GESTÃO RURAL ................................................................................................34

2.5 GESTÃO DA QVT X SUSTENTABILIDADE .......................................................36

3 MÉTODO DE PESQUISA ......................................................................................40

3.1 PERSPECTIVA DO ESTUDO .............................................................................40

3.2 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO ...........................................................................40

3.3 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO ..............................................................................41

3.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................44

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS......................................................45

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA...................................................................46

6

4.1.1 Sexo .................................................................................................................46

4.1.2 Idade ................................................................................................................47

4.1.3 Tempo de trabalho no campo...........................................................................48

4.1.4 Trabalho diário e semanal ................................................................................49

4.1.5 Nível de Instrução ............................................................................................50

4.1.6 Prole .................................................................................................................51

4.1.7 Renda mensal ..................................................................................................53

4.2 QUALIDADE DE VIDA ........................................................................................54

4.2.1 Saúde humana .................................................................................................54

4.2.1.1 Abastecimento de água.................................................................................55

4.2.1.2 Destinação do lixo .........................................................................................56

4.2.1.3 Sanitários ......................................................................................................56

4.2.1.4 Equipamentos de Proteção ...........................................................................57

4.2.2 Acessibilidade ..................................................................................................59

4.2.3 Padrão de vida .................................................................................................60

4.2.4 Meio de transporte ...........................................................................................61

4.2.5 Integração social ..............................................................................................62

4.3 GERENCIAMENTO E CAPACITAÇÃO...............................................................65

4.3.1 Planejamento das atividades............................................................................65

4.3.2 Gerenciamento .................................................................................................66

4.3.3 Capacitação técnica e apoio técnico ................................................................67

4.4 FATORES DE PRODUÇÃO................................................................................69

4.4.1 Investimentos ...................................................................................................71

4.5 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO..............................................................74

4.5.1 Condições de trabalho......................................................................................74

4.5.1.1 Utilização de produtos químicos e de equipamentos de segurança..............74

7

4.5.1.2 Estresse ........................................................................................................75

4.5.1.3 Ambiente de trabalho ....................................................................................76

4.5.2 Condições de vida e de trabalho ......................................................................77

4.5.3 Percepção da qualidade de vida ......................................................................78

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ..................................................................83

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................87

REFERÊNCIAS.........................................................................................................89

ANEXO .....................................................................................................................93

ANEXO 01 – ENTREVISTA......................................................................................94

ANEXO 02 – MAPA DO MUNICÍPIO......................................................................100

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição de terras por estabelecimentos ...........................................45

Gráfico 2 – Distribuição de terras por área................................................................46

Gráfico 3 – Estratificação por sexo............................................................................47

Gráfico 4 – Faixa etária dos entrevistados ................................................................48

Gráfico 5 – Estratificação por tempo de trabalho na agricultura................................49

Gráfico 6 – Trabalho diário ........................................................................................49

Gráfico 7 – Trabalho semanal ...................................................................................50

Gráfico 8 – Nível de instrução ...................................................................................51

Gráfico 9 - Prole ........................................................................................................52

Gráfico 10 – Tipo de ocupação complementar..........................................................52

Gráfico 11 – Renda mensal.......................................................................................53

Gráfico 12 – Origem da água ....................................................................................55

Gráfico 13 – Destinação do lixo.................................................................................56

Gráfico 14 – Tipos de sanitários................................................................................57

Gráfico 15 – Uso de equipamentos de segurança ....................................................58

Gráfico 16 – Uso de equipamentos de segurança e de produtos químicos ..............58

Gráfico 17 – Acessibilidade à atendimento médico e à educação ............................59

Gráfico 18 – Tipos de instalações .............................................................................60

Gráfico 19 – Bens......................................................................................................61

Gráfico 20 – Meios de locomoção .............................................................................62

Gráfico 21 – Capital social.........................................................................................63

Gráfico 22 – Participação da comunidade.................................................................63

9

Gráfico 23 – Relacionamento com os vizinhos..........................................................64

Gráfico 24 – Planejamento das atividades ................................................................66

Gráfico 25 – Gerenciamento .....................................................................................67

Gráfico 26 – Apoio técnico ........................................................................................68

Gráfico 27 – Capacitação..........................................................................................68

Gráfico 28 – Meios de produção disponíveis nas propriedades pesquisadas...........70

Gráfico 29 – Média de hectares por propriedade da amostra ..................................70

Gráfico 30 – Investimento em equipamentos agrícolas.............................................71

Gráfico 31 – Financiamentos.....................................................................................72

Gráfico 32 – Capacidade de pagamento...................................................................73

Gráfico 33 – Utilização de produtos químicos e de equipamentos de segurança .....75

Gráfico 34 – Estresse................................................................................................76

Gráfico 35 – Segurança no ambiente de trabalho .....................................................77

Gráfico 36 – Condições de vida e de trabalho...........................................................78

Gráfico 37 – Qualidade de vida .................................................................................79

Gráfico 38 – Fatores responsáveis pela melhoria na qualidade de vida ...................80

Gráfico 39 – Fatores responsáveis pela queda na qualidade de vida .......................80

RESUMO

Rschmidt, R. Marcela. O impacto do desenvolvimento agrícola na qualidade de

vida dos pequenos agricultores familiares do município de Capanema Região

Sudoeste do Paraná. 101 f. 2007. Monografia. Curso de Pós Graduação Gestão da

Organizações do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná (UNIOESTE), Foz do Iguaçu - PR.

Este estudo apresenta os resultados da pesquisa de campo sobre a percepção da

qualidade de vida dos agricultores familiares do município de Capanema – Paraná.

Com base na análise dos dados busca-se colaborar com a melhoria da qualidade de

vida, assim como das formas de trabalho e com o desenvolvimento sustentável dos

agricultores. O referencial teórico apresenta conceitos sobre desenvolvimento

agrícola, agricultura familiar, qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho,

gestão rural, gestão da qualidade de vida no trabalho e sustentabilidade. O estudo

foi exploratório, com corte transversal de dezembro de 2006 a janeiro de 2007 sem

levar em consideração a evolução dos dados no tempo. Os dados de fonte primária

foram coletados através da técnica de entrevista estruturada e da técnica de

observação in loco nas propriedades dos pequenos agricultores familiares do

município de Capanema – Paraná. Os dados foram tratados estatisticamente e

analisados descritivamente de forma objetiva, tendo em vista uma análise

satisfatória da percepção da qualidade de vida dos agricultores. Os resultados

obtidos através da análise das 100 entrevistas realizadas com os agricultores

familiares demonstram que de maneira geral a maioria das famílias obteve uma

11

melhora na qualidade de vida nestes últimos 05 anos. Outro fator observado é a falta

de visão holística do ser humano e da natureza, onde as inter-relações são

fundamentais para a sustentabilidade. Pode-se finalizar indicando que o

desenvolvimento agrícola trouxe benefícios para a população rural, melhorando

assim a qualidade de vida dos agricultores familiares.

Palavras-chaves: Qualidade de vida. Agricultura familiar. Desenvolvimento agrícola.

Sustentabilidade.

1 INTRODUÇÃO

Com o advento da Revolução Industrial, o processo de produção de

alimentos passou por grandes transformações, principalmente nas últimas quatro

décadas, caracterizada principalmente por transições entre agricultura orgânica e

convencional inter-relacionando com uso intensivo do solo e dos recursos naturais.

A agricultura convencional enfatizando a produção em grande escala iniciou seu

processo de desenvolvimento com a chamada Revolução Verde, alcançando escala

mundial a partir da segunda metade do século XX. Esse modelo é caracterizado

pela monocultura, uso intensivo de agrotóxicos, mecanização e pela criação de

variedades geneticamente modificadas e de fácil colocação no mercado externo.

(CAPRA, 1989)

Na década de 70, a modernização da agricultura mudou os paradigmas de

produção do setor primário, influenciando assim no aumento dos acidentes e de

doenças relacionadas ao trabalho. Destaca-se a progressiva e rápida substituição do

trabalho manual pela mecanização.

Neste contexto, a qualidade de vida e boas práticas de agricultura (QV)

passaram a ganhar importância também no meio rural, já que os meios de produção

no setor primário foram alterados, assim como a forma de se produzir.

Segundo FRANÇA e RODRIGUES (1999, p. 141), qualidade de vida é “uma

nova atitude diante da necessidade de trabalhar competitivamente com bem-estar”.

Assim, o ser humano busca constantemente a satisfação de suas necessidades de

ser, ter e estar buscando mais conforto, segurança e cuidando mais de sua saúde,

com o objetivo de viver mais e melhor.

13

PATRÍCIO e CASAGRANDE (1999) afirmam que essa busca por satisfação

das necessidades, prazer e felicidade sofrem influência dos interesses políticos e

econômicos. Nos ambientes onde as fontes de informações são poucas e há baixo

nível de instrução, principalmente o meio rural, as pessoas tem baixa expectativa de

qualidade de vida, a maioria por falta de conhecimento de programas que auxiliem

na mudança dos meios de obtenção da sustentabilidade rural.

Continuam FRANÇA e RODRIGUES (1999) que a Qualidade de Vida no

Trabalho (QVT) é um conjunto de fatores que afetam as condições de vida no

trabalho, como o bem-estar, garantia da saúde e segurança física, mental e social,

capacitação para a realização das tarefas com segurança e bom uso da energia

pessoal.

Esses fatores apontados pelos autores, também estão presentes no meio

rural e apesar de sua grande importância para o bom desempenho dos

trabalhadores e melhoria da sua QVT, pouco se tem feito para melhorar a qualidade

de vida visando o bem estar do trabalhador rural enquanto indivíduo e profissional.

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

A investigação proposta por este estudo pressupõe que o desenvolvimento

agrícola fez alterações no cotidiano dos agricultores familiares, interferindo na

qualidade de vida do trabalhador (QV), na medida em que estimulam mudanças no

ambiente natural e cultural, físicos e socioeconômicos.

O desenvolvimento agrícola proporciona benefícios substanciais a QV dos

agricultores familiares? Se existem benefícios, quais seriam eles? Por outro lado,

será que não acabarão prejudicando as famílias em vez de auxiliá-las? Quais são as

repercussões do desenvolvimento agrícola na QVT dos agricultores familiares?

14

Na perspectiva de encontrar resposta e na possibilidade de mudanças no

sentido de melhoria, na QV dos agricultores, entende-se que é imprescindível

conhecer a realidade do contexto, especialmente a percepção e os significados dos

sujeitos nela inseridos, o que possibilitará encontrar caminhos para reordenar ou

implementar procedimentos que agreguem a esse tipo de trabalhador qualidade de

vida no trabalho.

Portanto, a pergunta que se pretende responder neste estudo é: qual o

impacto gerado pelo desenvolvimento agrícola na QV dos agricultores familiares no

município de Capanema – Paraná?

1.2 OBJETIVOS DA MONOGRAFIA

Na seqüência encontram-se os objetivos que norteiam esta pesquisa.

1.2.1 Objetivo Geral

Investigar a Qualidade de Vida (QV) na percepção dos agricultores

familiares do município de Capanema – Paraná, nos últimos 05 anos, obtidos pelo

desenvolvimento agrícola da região.

1.2.2 Objetivos Específicos:

a) descrever o desenvolvimento agrícola regional e local e as ações sobre

a qualidade de vida para a melhoria no trabalho do agricultor do

município de Capanema;

b) levantar junto aos agricultores a sua percepção sobre o desenvolvimento

agrícola versus qualidade de vida;

c) comparar os resultados.

15

1.3 FATORES PESQUISADOS:

a) obtenção de financiamentos agrícolas, dificuldades encontradas;

b) aquisição de tecnologia, maquinários agrícolas;

c) melhorias na propriedade;

d) saúde da família;

e) conhecimento sobre gestão rural, conhecimento das técnicas de

produção, capacitação técnica, planejamento da propriedade;

f) percepção da qualidade de vida;

g) capital social: que para BOURDIEU (apud BAQUERO, 2001) são redes

e conexões sociais, afiliações e contato de grupo, que proporcionam

acesso a recursos valorizados e à sociabilidade, da mesma forma Cötè

(apud SCHMIDT, 2004, p. 147) afirma que “o capital social refere-se a

redes, normas e valores que favorecem a cooperação entre as pessoas

em busca de objetivos comuns, incluindo aspectos da estrutura social e

da dimensão psicológico-cultural”.

1.4 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÂNCIA TEÓRICA

O presente trabalho contribuirá para o aprofundamento acadêmico, assim

como para conhecimento das influências do desenvolvimento agrícola na QVT dos

agricultores familiares, possível implementação de melhorias para todos os que

trabalham no meio rural do Estado do Paraná. Como também, o conhecimento das

reais condições das propriedades rurais familiares no município de Capanema

Paraná, com relação a acesso aos conhecimentos de produção e gestão.

O tema é importante na medida em que pode investigar e analisar a situação

da gestão das propriedades rurais familiares e também contribuir para a melhoria da

16

QV dos trabalhadores rurais, assim como auxiliar na obtenção e utilização das

técnicas mais adequadas que não agridam a integridade física do trabalhador rural,

assim como o meio ambiente.

Além de expandir os conhecimentos sobre a Agricultura e QV, pretende-se

elaborar algumas recomendações e ações que visem aumentar a QV, a eficiência e

a sustentabilidade no meio rural.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo pretende expor os conceitos sobre desenvolvimento agrícola

nacional e estadual para contextualizar a pesquisa, agricultura familiar, assim como

qualidade de vida e no trabalho rural, a gestão rural e a sustentabilidade do meio

rural.

A agricultura é o desenvolvimento da capacidade humana para o cultivo da

terra, é a ação para a satisfação das necessidades básicas. Segundo SANTOS e

MARION (1996, p. 21), “a agricultura será tão mais próspera quanto maior for o

domínio que o homem venha a ter sobre o processo de produção, que se obterá na

medida do conhecimento acerca das técnicas de execução e gerência”.

2.1 DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA

Conforme VEIGA (1991), a utilização da tração animal na agricultura

possibilitou a evolução das formas de cultivo, do pousio (que é a cessação do cultivo

de determinada área, por algum tempo, meses ou anos, para que a fertilidade da

terra se regenere) ao cultivo anual ininterrupto tendo como alternativa a rotação de

cultura com leguminosas.

De acordo com NEWBY (apud VEIGA, 1991), após este primeiro passo

ocorreu a transição da agricultura feudal para a agricultura moderna e a acentuação

das diferenças entre os nobres e os camponeses. As características desta transição

são muitas, dentre elas pode se citar o aumento da população rural inglesa, gerando

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uma crise social devido a grande miséria das famílias rurais e as inúmeras revoltas

causadas por esta situação.

Em conseqüência do aumento da população, houve o aumento no consumo,

principalmente de cereais e simultaneamente a elevação de seus preços,

estimulando os donos de terras a aumentarem as áreas de produção. Então, no

início do século XIX ocorre a primeira onda de mecanização com o início do uso de

debulhadeiras, em virtude disto, mais conflitos no campo com a revolta das famílias

rurais pela substituição da mão-de-obra. (NEWBY apud VEIGA, 1991)

Já na década de 1850 a 1860 ocorre a segunda onda de mecanização com

novas formas de cultivo e preparo de solos, utilização de colheitadeiras mecânicas,

e debulhadoras a vapor e também tração a vapor. (VEIGA, 1991)

Segundo o mesmo autor, durante o período que se seguiu, o início do século

XX até a Segunda Guerra Mundial, o campo passou por crises que levaram a

mudanças, como reforma agrária e o estímulo a agricultura familiar, tanto na

Inglaterra quanto na Europa e também a utilização de políticas públicas para tentar

manter estável o mercado.

O desenvolvimento agrícola brasileiro se deu principalmente nos anos 60 e

70 com a modernização da agricultura. E em um contexto geral, apresenta

características peculiares, como: as crises econômicas, as políticas do governo que

não atendiam as reais necessidades e beneficiavam os grandes latifundiários, entre

outras. E a partir dos anos 70, esse processo de desenvolvimento passa a ganhar

proporções com a industrialização da agricultura, atingindo o mercado mundial

(PAULILLO, 1997).

De acordo com PAIVA (1983), o desenvolvimento da economia brasileira no

decênio de 1973 a 1983, com o crescimento do setor industrial, não diminuiu a

importância do setor agrícola, onde uma grande parcela da população ativa ainda se

19

mantém na agricultura, cerca de 50%, e a produção de alimentos atende uma

grande percentagem dos gastos da população. Ainda o setor agrícola contribui com

grande fatia nas exportações.

Esta grande parcela de população economicamente ativa ainda presente na

agricultura, conforme PAIVA (1983), prejudica o desenvolvimento da agricultura, pois

as técnicas modernas têm elevados custos, enquanto as técnicas tradicionais, que

utilizam a mão-de-obra abundante, são mais atrativas, mesmo que as técnicas

modernas, com tecnologia, apresentem aumento na capacidade produtiva. Para

haver maior desenvolvimento é necessário deslocar grande parte da mão-de-obra

do setor agrícola para o setor não-agrícola equilibrando os fatores de produção e

consumo.

A argumentação de PAIVA (1983), com relação ao deslocamento da

população rural para os grandes centros pode não ser a solução para que a

agricultura tenha índices de desenvolvimento mais elevados. O autor esquece de

que a migração para as cidades dessas pessoas não capacitadas para trabalhar nos

grandes centros formam os chamados bolsões de miséria, onde o trabalhador rural

migra em busca de melhores condições de vida e o que encontra é um mercado

competitivo que não tem espaço para absorver a mão-de-obra não qualificada que

vem do campo, e conforme VILLELA (2003), acabam se tornando massa

manipulável nas mãos de pessoas inescrupulosas.

Grande parte do desenvolvimento deve-se aos incentivos dados pelo

governo, que destinou parte dos recursos para investir em medidas que melhoram o

setor agrícola. Dentre elas estão assistência técnica e experimentação agrícola, o

crédito agrícola, fornecido por bancos oficiais, mesmo que de difícil acesso devido

às poucas agências que o Banco do Brasil tinha na época e da grande quantidade

de documentos exigidos, a reforma agrária e o estatuto do trabalhador rural. Ainda

20

teve a ampliação dos postos de vendas de adubos, máquinas agrícolas, vacinas,

inseticidas e a construção de centros de abastecimento (CEASA) em várias cidades

do país. (PAIVA, 1983)

PAIVA (1983) classifica em três classes as técnicas modernas de produção

agrícola. Na classe A estão as que não geram aumento das despesas produtivas,

apenas exigem maior conhecimento e cuidado dos agricultores: são o uso de

melhores sementes e reprodutores, utilização correta dos ensinamentos quanto às

épocas de plantio, rotação de culturas, manuseio, cuidados no plantio, colheita,

armazenagem, etc.

Na classe B estão as técnicas que trazem aumento de despesas: entre estas

estão a utilização da tração animal na preparação do solo, aração e gradeação e no

cultivo, o combate a pragas, combate à erosão, adubação verde e orgânica. Estas

acarretam aumento no custo total de produção e também na produtividade o que

deve gerar um custo por unidade mais baixo.

A última classe, a C utilizam máquinas que diminuem a utilização de mão-

de-obra e aumentam consideravelmente a produtividade: nesta classe, estão a

motomecânicação no preparo do solo, plantio, cultivo, colheita e transporte;

adubação química, sementes selecionadas e reprodutores de raça, uso de

inseticidas, herbicidas, vacinas, antibióticos, entre outras.

O autor afirma que, um fator importante na decisão de substituição da

agricultura tradicional para a moderna está a relação custo benefício, além dos

preços e da demanda.

A utilização de técnicas modernas de produção apresentadas por PAIVA

(1983) depende da disponibilidade de capital e de fatores de produção assim como

da disponibilidade de terras que cada agricultor têm. A combinação de técnicas da

classe A, com a classe B ou C, também podem ser feitas conforme a necessidade

21

de cada propriedade e a visão da eficiência dos meios produtivos de cada agricultor.

Outra realidade que se têm, é quanto ao tamanho das propriedades, dificultando a

definição de qual a melhor forma de se produzir com eficiência.

Um dado importante com relação à distribuição desigual de terras no Brasil,

é que cerca de 49,65% são propriedades com menos de 10 hectares

correspondendo a 2,23% da área total, outras 39,61% são propriedades entre 10 e

100 hectares ocupando uma área de 17,73% do total. Grandes propriedades com

mais de 100 hectares representam 10,74% do total e ocupam 80,04% em área.

(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE – Censo

Agropecuário 1995/96).

Não se pode determinar qual o tamanho ideal para uma propriedade, pois

isto depende de vários fatores e condições, mas pode-se demonstrar a grande

relação da desigualdade social no meio rural, entre grandes e pequenos, os

primeiros com grandes extensões de terras muitas vezes não exploradas e os outros

com pequenas propriedades cultivadas pela família, muitas vezes vivendo em

condições precárias devido à capacidade produtiva limitada.

Após esta visão geral do desenvolvimento da agricultura, agora será

explanado o cenário estadual para melhor contextualização do trabalho.

2.1.1 Agricultura Paranaense

De uma forma geral, pode-se afirmar que a agricultura paranaense, do final

da década de 60 até a atualidade, passou por incontáveis transformações, em

virtude das políticas públicas adotadas nacionalmente. (IASCHOMBEK, SANTOS,

1999)

Para os autores, o processo de desenvolvimento da agricultura paranaense

passou por fases distintas; tradicional até 1970, com pouca mecanização e alta mão-

22

de-obra; modernização, de 1970 ao início de 1980, caracterizada pelo aumento da

utilização de maquinários e o início do cultivo em grande escala, da soja e do trigo; e

pós-modernização iniciada na década de 80 marcada pelo aumento nos custo de

produção e o enfraquecimento das políticas agrícolas.

De acordo com IASCHOMBEK e SANTOS (1999), o que estimulou à

transição da agricultura tradicional para a moderna foram os investimentos do setor

público, que financiaram a pesquisa agrícola e a implantação do Sistema Nacional

de Crédito Rural (SNCR), com subsídios das taxas de juros, longas datas

especialmente para estimular a modernização do setor. Porém, a distribuição

desigual do crédito e dos investimentos em pesquisa, gerou resultados

heterogêneos no desempenho das atividades. Isto é, beneficiando os grandes

proprietários e produtores em detrimento dos menores.

Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social –

IPARDES (2004, p. 69), a ocupação e a exploração da região Sudoeste do Estado,

foi iniciada no começo do século XX com o ciclo do extrativismo da madeira e da

erva-mate em todo o Estado do Paraná. “A partir dos anos 20, assistiu-se também à

instalação da agricultura em pequenas áreas, com vistas à produção de alimentos,

conduzida por nativos, que utilizavam o sistema pousio, dada a grande

disponibilidade de terras férteis”. Nos anos 50, iniciou-se a colonização por

lavradores agrícolas catarinenses e gaúchos que usavam o sistema de produção da

policultura, substituindo o pousio pelas colheitas anuais.

As características edafoclimáticas, juntamente com a policultura implantada pelos caboclos nativos e expandida pelos colonos catarinenses e gaúchos de origem européia, constituíram a base para a definição da estrutura fundiária da região, onde a pequena propriedade e a agricultura familiar predominaram, enquanto forma de organização da produção agrícola, e ainda, como um modo de vida e de relação com o mundo. (IPARDES 2004, p. 69)

23

Contextualizando o Sudoeste Paranaense neste estudo pode-se afirmar que

o Sudoeste do Paraná está situado no Terceiro Planalto Paranaense, suas terras

têm características de composição ácida correspondendo aos patamares basálticos

descendo do Sul para o Norte até o Vale do Iguaçu. Devido à formação geológica a

região é rica em recursos hídricos e terras férteis além de um clima saudável com

boa distribuição das chuvas. Por isso recebeu grande leva de imigrantes gaúchos,

catarinenses e paranaenses em busca de novas oportunidades causando grandes

conflitos pelas terras. (LAZIER, 1986)

De acordo com dados do IPARDES (2004, p. 69), nas décadas de 50 e 60,

“o Sudoeste passou por grandes transformações na sua base produtiva, com a

introdução de novas práticas de cultivo a partir da expansão da cultura da soja. A

adubação química, o uso do calcário e a mecanização das terras substituíram a

técnica do pousio das terras”. Proporcionando avanços na estrutura de produção

rural e na economia regional.

A industrialização da agricultura no Sudoeste foi intensa mesmo naquelas áreas onde o relevo não permitia. A soja e o milho passaram a ocupar grandes extensões de terra e possibilitaram a implantação de indústrias de ração, que vieram a subsidiar a produção e industrialização da carne de aves. (IPARDES 2004, p. 69)

LAZIER (1986) relata que a modernização ocorrida no Sudoeste do Paraná,

a partir de 1970, se deve á vários fatores, mas principalmente a oferta de crédito

rural. Os financiamentos agrícolas geraram transformações econômicas e sociais na

região proporcionando um desenvolvimento da agricultura com o acesso a novos

recursos de produção, como os fertilizantes e sementes tratadas que,

conseqüentemente geraram aumento na produtividade das propriedades e maior

renda para os agricultores.

24

Porém, a adoção de projetos, modelo difundido pela revolução verde

desenvolvida para outros fatores ambientais, trouxeram impactos como a perda da

qualidade dos solos, exclusão social e empobrecimento dos agricultores, e hoje faz

com que a sociedade rural repense sua estrutura produtiva.

De acordo com PERIN (apud IPARDES, 2004, p. 70):

Esse fenômeno está sendo percebido há vários anos, levando os produtores e suas entidades representativas à busca de novas atividades agrícolas, genericamente chamadas de reconversão ou diversificação da economia agrícola do sudoeste, envolvendo as atividades de fruticultura tropical e temperada, gado leiteiro, pequenas agroindústrias rurais, olericultura, entre outras.

Ainda para o IPARDES (2004, p. 70):

A busca da retomada da diversificação da economia agrícola está intimamente relacionada com a existência de uma estrutura fundiária na qual a pequena propriedade familiar ainda predomina, apesar dos choques sofridos, e com a existência de entidades que organizam e representam a agricultura familiar.

Busca-se um maior desenvolvimento da agricultura familiar, que eleve a

qualidade de vida e as condições de trabalho, assim como a geração de empregos e

renda para as unidades familiares agrícolas ocasionando em crescimento social,

econômico e ambiental para toda comunidade.

2.2 AGRICULTURA FAMILIAR

Uma das atividades mais antigas realizadas pelo homem é o trabalho rural,

que, de acordo com MYERS (apud MONTEIRO, 2004), desde o Período Neolítico,

quando o homem descobriu que poderia produzir alimentos através do cultivo das

25

plantas, passou a investir na agricultura, que atualmente ocupa mais de cinco

bilhões de pessoas.

Desta forma, a agricultura supriu as necessidades dos agricultores e de suas

famílias ao longo dos anos, porém, também sofreu alterações, passando da forma

de subsistência para comercial. Pode-se dizer que houve um aumento na produção

agrícola devido à mecanização, por meio de máquinas e equipamentos que

substituíram o trabalho manual no campo, a revolução química que contribuiu para o

controle de pragas, pestes e também a revolução verde que tem parte,

principalmente, no aumento da produtividade em função dos avanços genéticos.

(MYERS, 1998 apud MONTEIRO 2004)

Neste contexto, encontram-se os agricultores familiares, que conforme

MYERS (apud MONTEIRO 2004), sustentam suas famílias com a utilização dos

recursos naturais, e também acompanham e sofrem influência do desenvolvimento

agrícola.

Segundo MIOR (2005), a agricultura familiar brasileira até os anos 30 era

baseada na subsistência, quando as famílias produziam para o consumo próprio.

Para então entrar no processo artesanal de transformação do produto in natura e

sua comercialização, até o momento em que se passou para a produção industrial.

Com a modernização da agricultura nos anos 70, há uma modificação nas

bases sociais, com aumento da diferenciação e da exclusão principalmente no início

dos anos da década de 80. A partir destas condições, os agricultores passaram a

adotar estratégias diferenciadas para manter sua sobrevivência no campo.

Ainda na década de 70 devido a grande pobreza que existia na meio rural a

migração para o meio urbano era uma maneira de reduzir a pobreza, mesmo que a

distribuição de renda não mudasse em muito. A partir da década de 80, muda-se a

perspectiva quando se esgotam os processos de crescimento rápido bloqueando a

26

mobilidade que assegurava a incorporação de massas crescentes de trabalhadores.

(PACHECO apud ABRAMOVAY, 1999)

Nesse contexto, observa-se que a população rural deixa de migrar para a

cidade procurando se manter no campo. Porém, essa população não consegue

emprego na agricultura do tipo patronal, que absorve muito pouco da mão-de-obra

existente. Nessa direção, a agricultura familiar torna-se importante como fator de

geração de renda e empregos para os pequenos agricultores que não possuem

muitas oportunidades.

A agricultura familiar é hoje o segmento agrícola que mais detém

propriedades e o que recebe menos investimentos por parte do governo. Segundo o

INCRA (2005): “Os agricultores familiares representam, portanto, 85,2% do total de

estabelecimentos, ocupam 30,5% da área total e 37,9% do Valor Bruto da Produção

Agropecuária Nacional, recebendo apenas 25,3% do financiamento destinado a

agricultura (INCRA, 2005, p. 2)”.

A falta de políticas de distribuição dos recursos disponibilizados é um fator

preocupante, no qual o pequeno agricultor que deseja implantar melhorias em sua

propriedade não tem acesso aos meios de crédito. Isto afeta diretamente a

viabilização e implantação de novas idéias e a inovação em um setor que já é

característico por sua tradicionalidade. Um fator que tem melhorado a vida no

campo, para os pequenos produtores é a sua união em associações ou cooperativas

para beneficiar a produção das propriedades e conseguir melhor colocação no

mercado e também melhores políticas de crédito.

GORENDER (2002) relata que pesquisas recentes demonstram que há um

forte desenvolvimento da agricultura familiar em pequenas propriedades, que

fornece alimentos para uma grande parte da população urbana.

27

Essas pequenas propriedades familiares sofrem escasseamento do

latifúndio, as terras que cultivam geralmente têm qualidade inferior, não tem acesso

a créditos dos governos estaduais, não são favorecidos nas políticas de preços

mínimos, não tem meios de estocar a produção e acesso a qualificações técnicas.

Ainda, a pequena propriedade familial submetida à crescente pressão demográfica e já explorando os últimos hectares disponíveis de suas terras próprias ou arrendadas, resiste e prolifera. Pode resistir e proliferar porque o camponês abre mão da renda da terra e do excedente que equivaleria ao seu lucro, porque se contenta com o que equivale a um salário. Um salário que, muitas vezes, permite a estrita sobrevivência a nível baixíssimo, reconhecidamente subumano (GORENDER, 2002, p. 42).

Apesar das adversidades do meio, a agricultura familiar conta com lutadores

que não desistem apesar das dificuldades enfrentadas para sua sobrevivência e em

alguns casos consegue obter um melhor rendimento, geralmente quando perto de

grandes centros ou quando a união dos agricultores consegue fortalecer os produtos

e colocá-los em diversos centros.

Segundo TOSCANO (2006), a agricultura familiar é responsável por cerca

de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira e quase 40% do Valor

Bruto da Produção Agropecuária nacional, além de apresentar-se como o segmento

que mais cresceu durante a década de 90, aproximadamente 3,8% ao ano num

período que os preços caíram 4,7% ao ano.

Tendo em vista que as cidades não mais absorvem toda massa que

abandona o campo e que o sistema de grandes propriedades rurais não gera

empregos suficientes para absorver a mão-de-obra rural, é importante o incentivo à

agricultura familiar. Este, não deve vir somente do governo, mas sim de todos,

principalmente dos agentes bancários por meios de empréstimos com taxas

menores ao mercado consumidor (ABRAMOVAY, 1999).

28

TOSCANO (2006, p. 1) ressalta a importância da agricultura familiar

afirmando que:

[...] todos os países desenvolvidos têm na agricultura familiar um sustentáculo do seu dinamismo econômico e de uma saudável distribuição da riqueza nacional. Todos eles, em algum momento da história, promoveram a reforma agrária e a valorização da agricultura familiar. Para se ter uma idéia, a ocupação histórica do território dos Estados Unidos foi na unidade entre gestão e trabalho e a agricultura foi inteiramente baseada na estrutura familiar.

Em depoimento, Manoel dos Santos, presidente da Confederação Nacional

dos Trabalhadores da Agricultura afirma “que a agricultura familiar é responsável por

cerca de 70% dos empregos no campo, gerando emprego formal e ocupação

produtiva”.

O desenvolvimento da agricultura é fundamental para que haja crescimento

no campo e melhorias na qualidade de vida dos pequenos agricultores. Porém,

muitos deles não sabem o quão importante é o correto emprego de técnicas de

manejo da propriedade tanto para sua sustentabilidade com bom gerenciamento dos

recursos disponíveis quanto para sua sobrevivência com saúde.

2.3 QUALIDADE DE VIDA (QV) E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT)

Segundo PATRÍCIO (1999), a qualidade de vida do ser humano representa o

processo de satisfação de suas necessidades primitivas e culturais. A qualidade de

vida expressa a qualidade das interações que o ser humano desenvolve no seu

processo de viver, antes mesmo de nascer. Ele mesmo pode ter possibilidade ou

limitação para o viver saudável de seus semelhantes, na interação direta ou indireta,

através de repercussões no ambiente. De onde se pode deduzir a importância do

ambiente de trabalho para a qualidade de vida do ser humano trabalhador.

29

Para PATRÍCIO (1999), a construção da qualidade de vida, individual e

coletiva do ser humano, são mediadas pela qualidade dos encontros que ele vai

fazendo ao longo do processo de viver. Pois, essa busca pela satisfação de suas

necessidades é composta por interações culturais que expressam energias, crenças,

valores, conhecimentos, sentimentos, desejos, sonhos e práticas, como uma

diversidade de processos e produtos de interações biológico-sócio-espiritual, em

constante processo de transformação. A qualidade de vida é demonstrada na

qualidade da participação social nos ambientes micro e macro, principalmente os

que causam interações mais constantes, como, por exemplo, o familiar, de trabalho

e de grupos.

PATRÍCIO (apud FRANCO et. al., 1999) defende que a qualidade de vida é

formada no dia-a-dia e se estrutura por meio das ações recíprocas durante a vida do

indivíduo.

A qualidade de vida está relacionada com o trabalho, visto que o homem

passa grande parte da sua vida trabalhando, seja por necessidade ou por prazer. A

energia e o tempo gasto no trabalho tem grande influencia na QV do trabalhador, por

isso, ter qualidade de vida no seu local de trabalho tem se tornado um fator de

grande importância para os trabalhadores.

Segundo FRANCO et. al. (1999), é preciso considerar que o conceito de QV

é mais vasto do que um simples instrumento para se conseguir maior produtividade

e desempenho dos trabalhadores. A qualidade de vida implica na qualidade de vida

no trabalho de qualquer indivíduo.

De acordo com RODRIGUES (apud DETONI, 2001), existem muitas

definições para a Qualidade de Vida no Trabalho desde o foco médico com o

diagnóstico de doenças do indivíduo, até a exigência de elementos estruturais para

o desenvolvimento de uma atividade produtiva. Como sendo uma preocupação

30

remota do ser humano, todavia esteve sempre dirigida para melhorar a satisfação e

o bem-estar do trabalhador na execução das tarefas.

Sendo assim, não existe uma definição utilizada por todos, mas apenas

pontos em comum que são voltados para acordar os interesses das organizações e

dos trabalhadores trazendo satisfação para o trabalhador e melhorias na

produtividade para a empresa (FERNANDES 1996 apud DETONI, 2001). A autora

ressalta que no Brasil o interesse pelo assunto provavelmente foi estimulado pelo

surgimento de programas de Qualidade Total, devido à abertura de mercado para a

importação de produtos estrangeiros.

CORRÊA (apud VIEIRA, 1996) aborda a QVT como sendo um fenômeno

complexo em que se faz necessário a análise sócio-econômica para compreender

os valores e motivações dominantes. Onde a QVT é resultante das conquistas

sociais, do avanço das teorias administrativas e do desenvolvimento econômico

iniciando com as condições de subsistência e segurança, depois pelas teorias de

Taylor e Fayol, por seguinte pela Escola de Relações Humanas enfatizando o

reconhecimento social e por fim a auto-realização com as teorias comportamentais.

GUEST (apud VIEIRA, 1996, p. 39) conceitua a Qualidade de Vida no

Trabalho como:

um processo pelo qual uma organização tenta revelar o potencial criativo de seu pessoal, envolvendo-os em decisões que afetam suas vidas no trabalho. Uma característica marcante do processo é que seus objetivos não são simplesmente extrínsecos, focando melhora da produtividade e eficiência em si; eles também são intrínsecos no que diz respeito ao que o trabalhador vê como fins de auto-realização e auto-engrandecimento.

Segundo BOWDITCH e BUONO (1992, p. 207), a literatura define a QVT em

duas amplas dimensões. A primeira definição “equaciona a QVT com a existência de

um certo conjunto de condições e práticas organizacionais”, como enriquecimento

31

de cargos, condições de trabalho seguras, participação nos processos de tomada de

decisões. A segunda abordagem “equaciona a QVT com os efeitos visíveis que as

condições de trabalho têm no bem-estar de um indivíduo”, como o desenvolvimento

e crescimento dos funcionários, satisfação no local de trabalho, entre outras. As

características do trabalho têm efeito na satisfação e na percepção dos empregados,

se há uma boa QVT com o objetivo de melhorar a vida no trabalho, essa percepção

geralmente é positiva.

Conforme os autores citados, não existe uma única definição para a QVT,

portanto pode-se afirmar que a QVT varia de acordo com a visão de mundo de cada

pessoa que é influenciado pelas suas experiências de vida, que por sua vez definem

os fatores que são mais importantes para o seu bem estar físico, psicológico, social

e econômico.

2.3.1 Qualidade de vida do trabalhador rural

O que é a qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho rural? Será que

os agricultores sabem o que é qualidade de vida (QV) e o que é qualidade de vida

no trabalho? Será que eles dão importância para estes fatores tão importantes para

o seu bem estar?

Considerando o meio onde estão inseridos, no meio rural ou nas indústrias,

o bem estar, a segurança e a satisfação das pessoas deve ser fundamental, pois o

ser humano é um ser vivo que se relaciona com o meio, com todos os seres vivos, e

as suas relações e percepções desse e como esse mundo são o que o tornam mais

ou menos feliz, com mais ou menos qualidade de vida.

A qualidade de vida já foi definida por PATRICIO (1999) como podendo ser a

satisfação das necessidades do indivíduo, por isso é muito subjetiva, depende de

cada pessoa.

32

As pessoas estão cada vez mais preocupadas em ter e não em ser,

conseqüentemente têm uma vida sem significado. Correndo contra o relógio para

obter mais alguma coisa que possa satisfazê-la e isso tem repercussão no campo,

modificando o estilo de vida dos agricultores que precisam estar preparados para

atender as novas exigências do mercado consumidor. Para isso precisam de meios

de produção mais eficientes que não agridam sua integridade física ou moral.

Essa dependência do consumo está mudando os hábitos de vida das

pessoas que modificam suas necessidades constantemente, o que os têm levado a

trabalhar cada vez mais para obter o que desejam (CAPRA, 1989). O homem parece

ter perdido sua identidade, as pessoas não são o que pensam ou o que fazem, mas

o que possuem ou vestem, simplesmente a imagem que vendem para as demais

pessoas. Ainda para o autor, esta inversão dos fatores leva a problemas físicos e

psíquicos que assolam a sociedade atual, com grande consumo de drogas, câncer,

esquizofrenia, depressão, suicídios, deterioração da sociedade, distúrbios de

comportamento, entre outros.

A QVT rural está relacionada às formas de produção e a percepção dos

agricultores. Estes, geralmente executam os processos como seus pais faziam e

que aprenderam com seus avós, mas o mundo mudou, as técnicas de produção

evoluíram para aumentar a produtividade e beneficiar o ser humano. Mas será que

os pequenos produtores têm acesso a essas novas tecnologias? E elas trouxeram

benefícios ou não?

FERREIRA, SILVEIRA e GARCIA (2001) relacionam a QVT rural ao Índice

de Desenvolvimento Humano (IDH) comparado com o perfil socioeconômico da

região. De um modo geral as regiões que apresentam os melhores IDH são os que

têm uma distribuição de terras mais igualitária e a predominância da agricultura

familiar.

33

Pode-se dizer que a QVT rural esta relacionada às formas corretas de

manejo das propriedades, com infra-estruturas, acesso aos meios de educação e

saúde. A utilização incorreta dos equipamentos agrícolas causa desgastes na

saúde, que por não conhecerem a maneira correta de utilização fazem como acham

que é e não conforme lhes seria mais benéfico.

Pressupõe-se que os níveis de percepção da QVT no meio rural estão

relacionados ao grau de conhecimento dos produtores de que suas necessidades

podem ser supridas, assim como dos recursos disponíveis e também da sua

percepção de qualidade de vida.

Os indicadores de qualidade de vida são saúde, lazer, condições de

moradia, locomoção, acesso e trabalho, capital social, condições financeiras e

capacitação.

Os indicadores de qualidade de vida no trabalho rural são a jornada de

trabalho dos agricultores, a utilização de equipamentos de proteção, os fatores de

produção, a segurança no ambiente de trabalho, capacitação, renda justa e capital

social dos agricultores.

A qualidade de vida também está atrelada às condições das propriedades

assim como do seu manejo apropriado. Pode-se inferir que o bom desempenho das

propriedades leva ao aumento da qualidade de vida das pessoas que vivem no

campo e também ao bem estar social e econômico da região.

A qualidade de vida depende também das condições financeiras da família,

e estas do bom desenvolvimento da propriedade. Para auferir lucro em um ramo que

depende de tantos fatores, por isso com alto risco, se faz necessário um

gerenciamento eficaz e para isso os agricultores precisam conhecer e entender as

técnicas de gerenciamento e controle para efetivamente utilizá-los.

34

2.4 GESTÃO RURAL

Segundo FERREIRA (2000), gestão é gerir, é o ato de administrar.

Gerenciar as variáveis de um empreendimento exige planejamento e controle das

atividades desenvolvidas, isto é válido para todas as áreas do conhecimento,

principalmente para o campo onde os ciclos das culturas são diferentes de uma

indústria. No entanto, no meio rural há uma maior dificuldade de se efetuar a gestão

de maneira adequada principalmente devido à falta de preparo dos agricultores, que

não vêem a propriedade rural como uma empresa, que tem o objetivo de produzir e

gerar lucro para seu proprietário.

Com as mudanças ocorridas no campo, como a passagem da agricultura de

subsistência para a de comercialização e conseqüentemente a diversificação da

produção com aumento da variedade de produtos, já no século XVIII, KAUTSKY

(1998) afirmava que a contabilidade era fundamental para evitar que se reinasse o

caos, principalmente na agricultura devido ao grande número de transações de

compra e venda de produtos e as demais atividades paralelas, com produtos

diversificados que dificultam o controle. Portanto, manter o controle se tornou

essencial para o bom desempenho das propriedades rurais.

KAUTSKY (1998) enfatiza que o agricultor não lida somente com capital e o

lucro sobre o capital, mas também com terra, solo e renda fundiária e por isso ele

não pode abrir mão de contabilizar tudo minuciosamente aumentando assim a

oportunidade de obter a maior lucratividade sobre sua propriedade obtendo a

ocupação racional dos recursos e meios de produção.

Para BARBOSA (1979), existem duas formas de se administrar uma

propriedade agrícola, uma com planejamento e a outra sem planejamento algum.

Muitos proprietários têm somente um planejamento empírico, o que torna a

35

produção dependente da presença do proprietário. O autor destaca que o

aprimoramento da atividade rural leva a necessidade de planejamento e controle,

variando com o tamanho e tipo de exploração rural.

Segundo SANTOS e MARION (1996), o planejamento organizado leva a se

pensar no futuro dos negócios, preparando-se antecipadamente para os problemas

que irão surgir. Estar bem informado sobre as tendências do mercado também é

muito importante, isso facilita a tomada de decisão sobre a próxima safra a ser

plantada.

Segundo FLOSS (2005), na atualidade, é cada vez mais necessário um bom

gerenciamento dos processos, para que a atividade agrícola, em pequena escala,

possa gerar resultados. Assim, torna-se necessário a capacitação dos produtores

rurais, principalmente no gerenciamento da propriedade rural e assim ele será capaz

de entender o processo como um todo e decidir as estratégias de continuidade da

empresa rural.

O maior problema é que os pequenos agricultores não vêem sua

propriedade como uma empresa, que deve produzir e dar lucros. Não há controle e

nem planejamento das suas atividades. A falta de planejamento e controle leva ao

uso ineficiente dos recursos disponíveis, então, já que se tem o interesse de atingir

maior produtividade e minimizar os custos é interessante que se estimule a prática

da gestão nas propriedades rurais. Pode-se iniciar a prática de gestão com um

planejamento operacional simplificado da safra do período fazendo uma projeção

dos possíveis retornos de cada atividade desenvolvida no período.

De acordo com SANTOS e MARION (1996) o planejamento operacional

utiliza-se de técnicas contábeis projetando metas e planejamentos para a realização

dos objetivos. De maneira a simplificar a elaboração e o entendimento pelos

produtores com menos escolaridade, pode se fazer um planejamento operacional

36

menos complexo do que o indicado por SANTOS e MARION (1996) que prevê a

utilização de muitas variáveis complexas, pode-se simplesmente utilizar as projeções

de produtividade, de preços de vendas e impostos incidentes, de custos e despesas

decorrentes da produção do período que são fáceis de serem elaboradas. A análise

dos dados obtidos destas projeções demonstra o diagnóstico das possíveis

situações dos empreendimentos a serem feitos, facilitando a tomada de decisão.

As transformações da economia fazem com que os produtores tenham

sempre novos desafios econômicos e estruturais sendo necessário um contínuo

aprimoramento de suas técnicas de gerenciamento e produção, possibilitando assim

maior desenvolvimento social e econômico.

Somente saber o que é preciso para se ter boas condições de vida e de

trabalho não basta para que seja real. Para se ter melhores condições, as decisões

tem de ser tomadas e as ações implementadas, visando o bem estar hoje e

garantindo o bem estar das gerações futuras, por isso, visar a sustentabilidade é

tentar fazer com que as condições sejam mais justas para todos os seres humanos.

2.5 GESTÃO DA QVT X SUSTENTABILIDADE

A sustentabilidade das propriedades e com a qualidade de vida do

trabalhador para as famílias agricultoras é uma questão que envolve muitos

aspectos, tais como a cultura local, o tamanho das propriedades, as condições dos

recursos naturais disponíveis para o manejo, assim como a economia. A falta de

sincronização entre os fatores que envolvem a sustentabilidade rural e

principalmente a falta de conscientização do homem leva a insustentabilidade que

só aumenta as desigualdades no campo.

37

Segundo GIORDANO (2000), após a Segunda Guerra Mundial houve uma

intensificação da produção agrícola com a introdução de novas tecnologias e

insumos. A partir disto, o uso indiscriminado dos recursos naturais, sem a

preocupação de conservação para o futuro levou ao esgotamento dos recursos

naturais. Somente na década de 70, com a Conferência das Nações Unidas sobre o

meio ambiente, em Estocolmo, Suécia, as preocupações com a utilização racional

dos recursos naturais começaram a ganhar escala mundial. Após as conferências

realizadas pelas Nações Unidas, chegou-se a conclusões sobre os principais

motivos da insustentabilidade rural, são elas, a degradação do solo, a

disponibilidade limitada de água, o esgotamento dos recursos naturais, a pobreza

rural, o crescimento da população e a diminuição da força de trabalho agrícola.

O Brasil perde toneladas de terra todos os anos por causa da erosão, têm

milhares de litros de água impróprios para consumo devido à poluição por

agrotóxicos que são utilizados de forma ineficiente e sem preocupação, sem contar

os hectares de terras que se tornaram improdutivas devido ao seu esgotamento

aumentando ainda mais a pobreza que existe no campo.

Quando se fala em sustentabilidade, refere-se ao manejo da propriedade

com resultados positivos e observando, principalmente a questão ambiental e

também o bem estar dos agricultores gerando aumento na renda e nas expectativas

de um amanhã melhor. Mesmo com a legislação ambiental vigente, a falta de

informações no campo leva o seu não cumprimento, como exemplo pode se citar o

caso da mata ciliar que é obrigatória ao redor de todas as nascentes, córregos e

rios, mas muitas propriedades ainda não têm. Isto é agricultura sustentável, que

segundo HILL (apud CUNHA et al. 1994, p. 4):

É ao mesmo tempo uma filosofia e um sistema de produção. Sistemas de produção agrícola sustentáveis baseiam-se em rotação

38

de culturas, resíduos de lavouras, esterco animal, dejetos orgânicos, adubação verde e utilização de métodos de cultivo que maximizam a atividade biológica e mantêm a fertilidade e produtividade do solo. Controles naturais, biológicos e culturais são utilizados para o manejo de pestes, ervas daninhas e doenças.

Faz-se necessário não somente uma agricultura sustentável, mas também o

seu desenvolvimento sustentável, que para a BRUNDTLAND COMMISSION (apud

CUNHA et al. 1994, p. 5), “é o desenvolvimento que faz face às necessidades da

geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de

satisfazer a suas próprias necessidades”.

BEZERRA e VEIGA (apud LIMA 2003, p. 79) revelam que uma concepção

de agricultura sustentável é o desejo da sociedade para que os recursos naturais

sejam conservados e se produzam alimentos mais saudáveis e com qualidade. É um

tripé composto pelo desenvolvimento econômico, ecológico e social.

Isto é desenvolvimento agrícola sustentável onde se produz com qualidade

respeitando os limites naturais e preservando o meio ambiente e os recursos

naturais para as gerações futuras. O grande problema que se enfrenta hoje,

provavelmente seja a falta de divulgação e de incentivos para que os agricultores

utilizem-se das técnicas sustentáveis de produção fazendo uso de produtos

orgânicos que já existem na propriedade, como o esterco, dejetos orgânicos, a

adubação verde, entre outras.

CUNHA et al. (1994) relatam que o desenvolvimento agrícola sustentável

leva ao aumento da qualidade de vida e QVT, aumento do bem-estar de uma

geração sem prejuízo para a futura.

A região Sudoeste do Paraná, segundo LIMA (2003), tem uma maior

complexidade ambiental na zona rural, devido às condições dos terrenos, com

grandes declives, recursos hídricos sensíveis, o tamanho das propriedades e

39

sistema produtivo inadequado. O que leva a uma maior dificuldade de se elaborar

um plano de desenvolvimento sustentável para a região e fazê-los funcionar.

LIMA (2003) ainda ressalta que devido à formação geológica da região, que

é favorável ao surgimento de inúmeras nascentes, córregos por toda a região, fazem

com que seja necessário, ainda mais proteção e atenção com a utilização dos solos

e com o desmatamento que podem levar ao desaparecimento destas nascentes.

Porém, ao mesmo tempo em que se tem abundância de recursos hídricos, também

há a necessidade de se reestruturar o sistema produtivo das pequenas propriedades

que são baseados na agricultura, avicultura e suinocultura, que muitas vezes é

inviável tanto ecologicamente quanto economicamente sem um grande investimento

em infra-estrutura de tratamento de dejetos, em áreas de preservação e captação de

água.

Uma mudança de paradigma na agricultura com manejo sem o uso

indiscriminado dos recursos, respeitando o meio ambiente para as gerações futuras,

só trariam benefícios para os setores da sociedade, pois a partir do momento que se

produz com responsabilidade há geração de maior qualidade de vida para os

produtores e para os consumidores.

Então, pode-se gerenciar a QV e ser sustentável ao mesmo tempo em que

se é responsável pelo meio ambiente. Visar a sustentabilidade não é utopia, basta

que todos compartilhem desta visão e será uma realidade.

3 MÉTODO DE PESQUISA

A seguir será apresentada a metodologia de pesquisa para a elaboração

deste trabalho, contendo a perspectiva do trabalho, as delimitações do estudo,

histórico do município e limitações do estudo.

3.1 PERSPECTIVA DO ESTUDO

Este estudo foi do tipo exploratório, que segundo SELLTIZ et. al. (1965) e

RICHARDSON et.al. (1999), objetiva aprofundar os conhecimentos do pesquisador

sobre o tema em estudo e propor alternativas de melhorias. O corte foi transversal

de dezembro de 2006 a janeiro de 2007, sem considerar a evolução dos dados no

tempo.

Os dados foram coletados de fontes primárias e secundárias. Os dados de

fontes primárias foram coletados por meio de entrevista estruturada. Já os dados de

fonte secundária foram coletados em bibliografia e outros documentos municipais.

O instrumento da coleta de dados foi uma entrevista estruturada. Os dados

foram tratados estatisticamente por distribuição de freqüência e analisados

descritivamente.

3.2 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO

O contexto geográfico selecionado para este estudo, foi o município de

Capanema, localizado na região sudoeste do Estado do Paraná. A escolha se deu

41

basicamente devido ao grande número de pequenas propriedades rurais que

produzem em regime familiar.

A população pesquisada foram os pequenos agricultores familiares do

município de Capanema – Pr. com propriedades de até 20 hectares, mão-de-obra

predominantemente familiar e propriedade dos meios de produção. Foram

selecionadas 100 famílias no município de Capanema sendo aleatoriamente 25

famílias em cada um dos 4 distritos, da seguinte maneira:

A população total foi de 2.276 propriedades com até 20 hectares. Para a

entrevista foi selecionada a 1ª, a 22ª, 44ª propriedade e assim sucessivamente até

atingir as 25 entrevistas em cada distrito. A propriedade selecionada que não se

encaixava nas especificações que delimitam a pesquisa (agricultura familiar até 20

ha) era descartada e selecionava-se a propriedade seguinte. As entrevistas foram

realizadas com os responsáveis pela propriedade selecionada.

3.3 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO

Figura 01 – Localização do Município de Capanema Fonte: IPARDES. Cadernos municipais. Maio de 2006.

Por volta de 1950, as correntes migratórias do Rio Grande do Sul e Santa

Catarina trouxeram principalmente imigrantes de origem alemã e italiana para a área

de fronteira do Estado dando origem a um pequeno povoado que hoje é Capanema.

42

Em 1951 Capanema foi desmembrada do Município de Clevelândia e em 14

de dezembro de 1952 foi emancipada e comemora sua independência em 14 de

Novembro.

Figura 02 – Limites do Município de Capanema Fonte: IPARDES. Cadernos municipais. Maio de 2006.

O Município localiza-se na faixa de fronteira em uma altitude de 350 metros,

latitude 25º 40’ 19” S e longitude 53º 48’ 32” W, no Sudoeste do Paraná, tem uma

área de 419,403 km2. Faz dividas com a República Argentina e o Parque Nacional

do Iguaçu e seus municípios lindeiros assim como com Planalto e Realeza.

Segundo dados obtidos do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística, Censo 2000, a população do município era de 18.229 pessoas, destas

8.929 residem na área rural, sendo que a maior parte são pequenos e médios

agricultores.

Dados fornecidos pela prefeitura municipal dividem a área rural do município

em 4 distritos: São Luiz, Cristo Rei, Pinheiro e Alto Faraday. Onde estão situados

2.787 estabelecimentos rurais compreendendo 38.938,00 hectares, conforme tabela

01 cadastrados no INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)

divididos por extensão de área.

43

No município predominam as pequenas propriedades com até 20 hectares

de área e manejo familiar. As atividades agrícolas são desenvolvidas e dentre sua

produção destacam-se a cana-de-açúcar, trigo, mandioca, milho, soja e feijão. Além

da pecuária que é paralela à agricultura.

46,61% do PIB do município vem das atividades agrícolas. Os

estabelecimentos com até 40 hectares correspondem a 96,59% do total e a apenas

82,17% da área ocupada. Já os com mais de 40 Ha abrangem 3,41% dos

estabelecimentos e 17,83% de área ocupada. (PREFEITURA MUNICIPAL DE

CAPANEMA)

Estrato área (ha) Estabelecimentos Área Absoluto % Ha % Até 10 ha 1312 47,07 7.389,10 18,9810,1 a 20 ha 964 34,59 13.674,80 35,1220,1 a 40 ha 416 14,93 10.930,00 28,0740,1 a 80 ha 78 2,80 4.402,00 11,3180,1 a 200 ha 13 0,47 1.427,10 3,66Mais de 200 ha 4 0,14 1.115,00 2,86Total 2787 100 % 38.938,00 100%

Tabela 01 – Número e área total de estabelecimento rurais no município de Capanema – Pr. Fonte: Prefeitura municipal de Capanema, dados do INCRA.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município no ano 2000 era

de 0,803, acima da média do estado que era de 0,787. O IDH é composto pela

esperança de vida ao nascer, taxa de alfabetização de adultos, taxa de freqüência

escolar e renda per capita. (IPARDERS, 2004 e 2006) Tem-se como cenário um

município onde a qualidade de vida é considerada boa levando-se em consideração

que o principal indicador seja o IDH.

44

3.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

As limitações encontradas foram em relação ao instrumento de coleta de

dados primários que foi a entrevista, à distância a ser percorrida no município para

atender a metodologia, visto que o município possui área de 419,403 km2. E também

a resistência dos entrevistados em relatar os dados ou de saber com exatidão os

dados de suas propriedades.

Segundo LODI (1974), a entrevista possui as seguintes vantagens: maior

cooperação das pessoas, maior flexibilidade, aplicabilidade em quase todos os

segmentos da população, possibilidade de observação do estado emocional e

comportamental do entrevistado. E as desvantagens de: ter maior custo, dificuldade

de padronização das questões, influência do aplicador.

Portanto, foram tomados todos os cuidados para a validade do estudo.

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Os dados que se seguem são resultados da pesquisa de campo realizada na

zona rural do município de Capanema – Pr. As entrevistas com micro e pequenos

agricultores que possuem propriedades de até 20 hectares foram realizadas no

período de 20 de dezembro de 2006 a 07 de janeiro de 2007. Inicialmente os

entrevistados serão caracterizados, porém sem serem identificados.

47%

35%

15%

3%

0%

0%

Até 10 ha10,1 a 20 ha20,1 a 40 ha40,1 a 80 ha80,1 a 200 haMais de 200 ha

Gráfico 1 – Distribuição de terras por estabelecimentos Fonte: Prefeitura Municipal de Capanema – Pr.

As terras do município encontram-se assim distribuídas: 47% dos

estabelecimentos têm menos de 10 hectares, 35% têm entre 10,1 e 20 hectares, e o

restante, 18% dos estabelecimentos possuem mais de 20,1 hectares, como

apresentado no Gráfico 01.

A distribuição por área se apresenta da seguinte forma: 19% da área com

propriedade que possuem menos de 10 hectares, 35% da área com propriedades

que possuem de 10,1 a 20 hectares e o 46% da área restantes distribuídos para as

propriedades com mais de 20,1 hectares.

46

Área

19%

35%28%

11% 4% 3%

Até 10 ha 10,1 a 20 ha 20,1 a 40 ha40,1 a 80 ha 80,1 a 200 ha Mais de 200 ha

Gráfico 2 – Distribuição de terras por área Fonte: Prefeitura Municipal de Capanema – Pr.

A população pesquisada, pequenos agricultores com até 20 hectares e que

trabalhem em regime de agricultura familiar representam 82% do total de

estabelecimentos e ocupam apenas 54% da área total de terras do município.

O que caracteriza uma distribuição desigual e a predominância de pequenas

propriedades com regime de trabalho manual e familiar devido à caracterização do

terreno, rico em recursos hídricos e clima favorável.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A caracterização da amostra foi feita com base nos dados primários

coletados. A entrevista do perfil foi estruturada com 10 tópicos a serem respondidos

pelos entrevistados.

4.1.1 Sexo

O Gráfico 03 apresenta os agricultores como um grupo homogêneo de

homens e mulheres, com experiência de vida e que trabalham em pequenas

propriedades para sustentar suas famílias, como demonstrado no Gráfico 01 e 02.

47

Estratificação por Sexo

54%

46% MasculinoFeminino

Gráfico 3 – Estratificação por sexo Fonte: Dados primários 2006/2007.

Há um certo equilíbrio na amostra demonstrando que, 54% dos

entrevistados pertencentes ao sexo masculino e 46% dos entrevistados ao sexo

feminino. Porém a predominância do sexo masculino, não representa que as

propriedades sejam administrada somente por eles, mas sim que foram a maioria a

ser entrevistada. O que se pôde perceber onde as entrevistas foram realizadas com

indivíduos do sexo feminino, foi que os indivíduos do sexo masculino ainda têm

maior poder decisivo dentro da organização familiar.

4.1.2 Idade

A pesquisa revelou que a idade média dos entrevistados está entre 41 a 50

anos, e distribuídas dentro das seguintes faixas: menos de 20 anos: 1% dos

entrevistados ; de 20 a 30 anos: 6% ; de 31 a 40: 20%; de 41 a 50: 41%: e acima de

50: 32% dos entrevistados, como pode ser visualizado no Gráfico 04.

48

Faixa Etária

1% 6%20%

41%

32%Menos de 20 anosDe 20 a 30 anosDe 31 a 40 anosDe 41 a 50 anosMais de 50 anos

Gráfico 4 – Faixa etária dos entrevistados Fonte: Dados primários 2006/2007.

Esse pequeno percentual de jovens no campo causa diminuição de mão-de-

obra familiar e o inchaço dos bolsões de pobreza nas grandes cidades, já que o

nível de escolaridade é baixo e as oportunidades também. Alguns agricultores

relatam que: “meus filhos foram trabalhar na cidade grande, só fico eu e a mulher”.

4.1.3 Tempo de trabalho no campo

Na tabulação dos dados foi possível observar que existe um percentual

elevado de agricultores com bastante tempo de trabalho no campo, como se pode

observar no Gráfico 05, 64 % da amostra trabalha no campo há mais de 20 anos.

Mesmo com a experiência adquirida ao longo da vida e os avanços ocorridos

no campo, como sementes tratadas, agrotóxicos, maquinários, etc, eles encontram

adversidades para manter a sobrevivência no meio rural e têm uma jornada diária

mais longa, a própria idade é uma barreira a ser superada a cada dia. Relato de um

agricultor: “Na minha idade não dá mais para fazer tudo o que eu fazia quando era

uns anos mais moço, mas não tem ninguém mais pra fazer o serviço então nos faz

como dá”.

49

Tempo de Trabalho na Agricultura

4%16%

16%64%

De 5 a 10 anosDe 11 a 15 anosDe 16 a 20 anosMais de 20 anos

Gráfico 5 – Estratificação por tempo de trabalho na agricultura Fonte: Dados primários 2006/2007.

4.1.4 Trabalho diário e semanal

Pôde-se observar que a jornada de trabalho diária há 05 anos atrás era, na

maioria das vezes, mais de 10 horas (38%) e atualmente ela sofreu uma pequena

queda passando para em média 10 horas de trabalho diário (37%).

6 8

21 20

35 37 38 35

0

10

20

30

40

% d

e ag

ricul

tore

s

6 horas 8 horas 10 horas mais de 10horas

Jornada de Trabalho Diária

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 6 – Trabalho diário Fonte: Dados primários 2006/2007.

Já o trabalho semanal, manteve praticamente os mesmos índices, variando

apenas 01% nestes 05 anos das famílias que trabalhavam 05 dias para as que

trabalham 06 dias na semana, como revela o Gráfico 07.

50

61 60

30 31

9 9

0

20

40

60

80%

de

agric

ulto

res

5 dias 6 dias 7 dias

Jornada de Trabalho Semanal

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 7 – Trabalho semanal Fonte: Dados primários 2006/2007.

Observa-se que houve uma diminuição nas horas trabalhadas, porém os

dias trabalhados permanecem praticamente iguais. O que os agricultores relatam “é

que o sol esta cada vez mais quente, então deixamos para trabalhar quando o sol já

está mais fraco, bem cedo ou bem tarde”.

Outro fator importante é que mesmo com todas as horas trabalhadas por dia

41% dos entrevistados utilizam serviço de terceiros, desses, 42% trator e 56%

colheitadeira.

A vida de quem trabalha no campo é uma rotina diária, pois se trabalha 07

dias por semana o mês todo. Independente de dia da semana, tem que se ordenhar

as vacas, tratar os animais, verificar se todos estão bem, estar sempre por perto, o

que se têm é uma diminuição do trabalho nos finais de semana.

4.1.5 Nível de Instrução

Na tabulação dos dados foi possível verificar que mais da metade da

população pesquisada (61%) estudou somente até o primário, o que leva a dedução

de que mal sabem ler e fazer as operações matemáticas.

51

Nível de Instrução

7%

61%

17%

2%13%

Analfabeto Primário Fundamental Médio Inconpleto Médio Completo

Gráfico 8 – Nível de instrução Fonte: Dados primários 2006/2007.

Este baixo nível de instrução é fator também da idade avançada da

população pesquisada, pois segundo relatos dos entrevistados com mais idade, “na

época em que nós íamos à escola, tinham que andar a pé, vários quilômetros e

ainda dependiam da liberação dos nossos pais, pois a mão-de-obra dos filhos era

necessária para a sobrevivência”.

4.1.6 Prole

De acordo com os dados coletados a maioria das famílias são formadas por

06 pessoas que trabalham na propriedade em tempo integral conforme apresentado

nos Gráficos 09 e 10. Porém, como a renda é pequena 23% dos entrevistados têm

uma outra ocupação, em tempo parcial e paralela à agricultura, para complementar

a renda familiar.

A freqüência da espécie de ocupação complementar está distribuída no

Gráfico 10, sendo a agroindústria a que tem um percentual mais expressivo no

município com 06 (23%) entrevistados participantes.

52

Número de Dependentes

1% 21%

23%32%

15%7% 1% 1 pessoa

2 pessoas3 pessoas4 pessoas5 pessoas6 pessoas7 pessoas

Gráfico 9 - Prole Fonte: Dados primários 2006/2007.

O grande percentual de agricultores ocupados com a agroindústria se deve

ao projeto implantado a uns 08 anos em parceria com o governo do estado e

municipal e a Emater de Capanema, para promover o desenvolvimento rural.

Tipo da Ocupação

13%

27%

13%4%9%

17%

17%ArrendatárioAgroindústriaDiaristaMerceariaPedreiroTécnico agrícolaOutros

Gráfico 10 – Tipo de ocupação complementar Fonte: Dados primários 2006/2007.

As agroindústrias recebem visitas freqüentes dos técnicos da Emater, que

prestam assistência para os agricultores e assim ajudam a consolidar a união dos

agricultores para melhorar sua qualidade de vida. Durante a coleta de dados foram

observadas quatro agroindústrias, uma pertence ao distrito de São Luis, duas ao

distrito de Cristo Rei e uma ao distrito do Faraday.

53

É a ocupação complementar que garante uma renda extra para as famílias,

e em caso de problemas climáticos que prejudiquem a produção, como a seca,

muita chuvas, granizo, entre outras, é a ocupação complementar que proporcionará

a única renda da família no período.

4.1.7 Renda mensal

O Gráfico 11 apresenta a renda mensal aproximada das famílias entre 02 a

03 salários mínimos (32%), que comparado ao Gráfico 03 da faixa etária,

corresponde ao mesmo percentual de pessoas acima de 50 anos (32%), que já

estão aposentados. No restante fica um percentual próximo de famílias que obtêm

renda menor que 01 salário mínimo (26%) e as que obtêm uma renda entre 01 e 02

salários mínimos representam (27%).

Renda

26%

27%32%

11% 4%

Menos de 1 sálariomínimoDe 1 a 2 sálariosmínimosDe 2 a 3 sálariosmínimosDe 3 a 4 sálariosmínimosMais de 4 sálariosmínimos

Gráfico 11 – Renda mensal Fonte: Dados primários 2006/2007.

A renda é um fator importante na avaliação da qualidade de vida, pois dela

depende a oportunidade e a capacidade de aquisição de bens que proporcionem

mais conforto e bem estar para a família além da aquisição de equipamentos que

beneficiem o trabalho de todos e proporcionem aumento na renda familiar.

54

A amostra é caracterizada por predominância do sexo masculino (54%), com

idade média entre 41 e 50 anos (41%) e baixo nível de instrução (61%) estudaram

somente até o primário.

A maior parte das famílias é formadas por 04 pessoas (32%) em que (23%)

possuem outra ocupação além da agricultura, principalmente na agroindústria que

absorve (17%) do pessoal, a renda mensal predominante está entre 02 e 03 salários

mínimos (32%) dos entrevistados. A maioria das famílias trabalha na agricultura há

mais de 20 anos (64%) com jornada diária em média de 10 horas, 05 dias por

semana.

4.2 QUALIDADE DE VIDA

A qualidade de vida no campo foi investigada por meio de entrevista

estruturada com 34 itens a serem respondidos por alguma das pessoas

responsáveis pela família fazendo um levantamento de 05 anos atrás e atualmente.

4.2.1 Saúde humana

A saúde da família é fator de grande importância, pois sem saúde não se

pode trabalhar, assim como trabalhar de forma incorreta que prejudique a saúde

também faz com que todos na família sofram as conseqüências, principalmente

financeiras. A saúde da família foi investigada nos itens água, destinação de lixo,

tipos de sanitários e utilização de equipamentos de segurança.

55

4.2.1.1 Abastecimento de água

A água é um elemento vital à sobrevivência dos seres vivos, pois é

responsável pela absorção dos alimentos, pelo metabolismo e também do controle

da temperatura do corpo.

23 178

1

31

11

38

71

0

20

40

60

80

% d

e ag

ricul

tore

s

Minas Poço c/oper manual

Poço c/oper elétrica

Poçoartesiano

Água

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 12 – Origem da água Fonte: Dados primários 2006/2007.

Conservar a qualidade da água é essencial para a saúde das pessoas. Em

virtude do aumento da poluição e também do intenso uso de agrotóxicos e de

dejetos animais, a qualidade da água no meio rural é uma questão que vem

preocupando a todos. O Gráfico 12 apresenta uma melhora nas condições de

abastecimento de água em todo o município.

Pode-se constatar que atualmente 71% da população rural tem água tratada

com qualidade, que vem em redes da Sanepar e tem origem em poços artesianos,

em comparação com 05 anos atrás quando apenas 38% tinham água tratada.

A ampliação do fornecimento de água com qualidade está sendo feita no

distrito do Faraday, onde foi observada implantação de mais rede de abastecimento

até a casa dos agricultores.

56

4.2.1.2 Destinação do lixo

O aumento no consumo, também no meio rural, traz um aumento na

quantidade de lixo produzida, causando preocupações ambientais quanto ao destino

dado a esses rejeitos. No meio rural, há uma certa dificuldade em se fazer a coleta

pública devido ao custo para realizá-la.

111

8073

27 2518

3629

49

0

20

40

60

80

% d

e ag

ricul

tore

s

Joga fora Queima Enterra Coletapública

Recicla

Destinação do Lixo

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 13 – Destinação do lixo Fonte: Dados primários 2006/2007.

O Gráfico 13 mostra a situação em que se encontra a destinação do lixo nas

propriedades visitadas. Ainda existe um grande percentual (73%) que queimam o

lixo, lançando mais fumaça no ar.

Constatou-se um aumento considerável na coleta pública (de 16% para

36%) e na reciclagem do lixo (de 25% para 49%), o que é um grande avanço

cultural, já que mudar os hábitos das pessoas é uma tarefa árdua e leva tempo para

se colher os resultados.

4.2.1.3 Sanitários

A análise dos dados revela uma melhora nas condições higiênicas das

famílias observando-se uma grande redução no número de sanitários externo à

57

residência (tipo casinha) de 22 % para 06 % atualmente. Esses dados podem ser

observados no Gráfico 14.

0 0

226

5967

1927

0

20

40

60

80

% d

e

agric

ulto

res

A céuaberto

Externo(tipo

casinha)

Anexo áresidência

Interno

Tipos de Sanitários

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 14 – Tipos de sanitários Fonte: Dados primários 2006/2007.

O que proporciona melhores condições de vida e higiene diminuindo os risco

de contágio por doenças, de proliferação de ratos e diversos seres vivos nocivos à

saúde humana.

4.2.1.4 Equipamentos de Proteção

A saúde é um bem vital para todos, ela é imprescindível para se ter

qualidade de vida, e no meio rural onde se tem contato com fatores de alto risco

como os agrotóxicos, o uso de equipamentos de segurança é indispensável.

O Gráfico 15 demonstra a evolução dos dados nestes últimos 05 anos. Com

o crescente uso de produtos químicos nas lavouras e a intensificação dos

programas de conscientização dos agricultores, quanto ao uso de equipamentos de

segurança e quanto aos cuidados necessários para se lidar com os agrotóxicos, fez

com que os agricultores refletissem sobre os riscos à saúde e com isso houve um

aumento no uso dos equipamentos de segurança, porém ainda há um grande

percentual que não faz uso, cerca de 15% da amostra.

58

21

15

25

16

3134

23

35

05

101520253035

% d

e ag

ricul

tore

s

Não utiliza Pouco utilizado Freqüentemente Muito utilizado

Uso de Equipamentos de Segurança

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 15 – Uso de equipamentos de segurança Fonte: Dados primários 2006/2007.

No geral o uso de equipamentos de segurança há 05 anos era: 21 % não

utilizava; 25 % utilizava pouco; 31 % utilizava e 23 % utilizava sempre. Sendo que

atualmente 15% não utilizam; 16 % pouco utilizam; 34% utilizam e 35 % utilizam

sempre, Gráfico 16.

1916

21

15

282325

16

24

323134

292923

35

05

101520253035

% d

e ag

ricul

tore

s

Não utiliza Poucoutilizado

Utilizado Muito utilizado

Produtos químicos há 5 anos Produtos químicos atualmente

Equipamentos de segurança há 5 anos Equipamentos de segurança atualmente

Gráfico 16 – Uso de equipamentos de segurança e de produtos químicos Fonte: Dados primários 2006/2007.

A análise dos dados revela que houve também uma melhora no sentido de

proteger-se, passando a utilizar mais vezes os equipamentos de segurança, pois os

agricultores estão mais preocupados com sua saúde e a de sua família. No

59

município, o número de casos de câncer tem aumentado nos últimos anos, levando

a população a refletir mais sobre a sua vida e saúde.

4.2.2 Acessibilidade

A qualidade de vida também está relacionada à acessibilidade das pessoas,

principalmente à saúde e educação. Analisando o Gráfico 17, verifica-se uma

melhora nas condições de acesso nesses últimos 05 anos, principalmente devido a

melhorias nas estradas e disponibilidade de meios de acesso, como os ônibus

escolares que transportam os agricultores até a cidade.

39

7

29

3

61

93

71

97

020

4060

80

100

% d

e ag

ricul

tore

s

Difícil acesso Fácil acesso

Acessibilidade

Saúde há 5 anos Saúde atualmenteEducação há 5 anos Educação atualmente

Gráfico 17 – Acessibilidade à atendimento médico e à educação Fonte: Dados primários 2006/2007.

Segundo relatos dos entrevistados, o problema do acesso à saúde e

educação, principalmente por falta de estradas e de meios de transporte, era mais

intenso há 10 anos atrás, “no meu tempo não existia estrada boa assim, tinha que ir

a pé, á cavalo ou de carroça, hoje o ônibus passa quase na porta de casa”.

Atualmente o ônibus escolar passa geralmente entre 100 e 500 metros das

residências, e também transporta os agricultores que precisam ir à cidade.

Melhorando assim a qualidade de vida dos que não possuem veículos para se

deslocar até a sede do município.

60

4.2.3 Padrão de vida

O padrão de vida está relacionado ao bem estar e conforto que as famílias

têm em seu dia-a-dia e os bens de consumo pertencentes à família. Com a

consolidação da produção em massa, houve uma maior disponibilidade de bens de

consumo, também a distribuição até os centros menores e a redução nos preços de

venda, gerando assim, uma maior facilidade de aquisição.

38

25

4753

1522

0 00

10

20

30

40

50

60

% d

e ag

riculto

res

Madeira Mista Alvenaria Outro

Tipos de Moradias

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 18 – Tipos de instalações Fonte: Dados primários 2006/2007.

Observando-se o Gráfico 18, apresentado a seguir, verifica-se uma

predominância de residência do tipo mista, observando-se que há 05 anos atrás o

percentual era de 47%, hoje é de 53%.

A relação de bens de consumo apresentada no Gráfico 19 revela um notável

aumento principalmente no número de telefones de 06% há 05 anos para 70%

atualmente, claro que em sua maioria telefones celulares e também a quantidade de

freezer que passou de 26% há 05 anos para 74% atualmente.

61

95989675

64

10093

8 626

8577

50

1

96101999482

107103

25

7074

1009684

110

20406080

100120

Qua

ntid

ade

Há 5 anos Atuamente

Equipamentos Domésticos

Fogão a lenha Fogão a gás Radio LiquidificadorBatedeira Geladeira Televisão Video cassete ou DVDTelefone Frezzer Máquina de lavar Aparelho de somAntena parabólica Computador

Gráfico 19 – Bens Fonte: Dados primários 2006/2007.

Relacionando estes dados com os apresentados pelo Gráfico 14 (4.2.1.3)

percebe-se um aumento no percentual de sanitários internos e anexos às

residências, assim como em melhorias nas residências e aumento na quantidade de

bens, conclui-se que houve uma melhora nas condições de vida dos agricultores.

A elevação do número de bens domésticos está relacionada a redução

significativa que os elétro-eletrônicos obtiveram nos últimos anos, devido a produção

em grande escala o aumento da competição entre o mercado. Assim como as

melhorias nas propriedades caracteriza uma melhora nas condições de vida no

campo e também na QV.

4.2.4 Meio de transporte

O meio de transporte no campo é muito importante, pois dele depende a

locomoção do agricultor de sua propriedade até a cidade, e é mais importante ainda

quando a propriedade fica a vários quilômetros de distância da cidade.

62

29

17 17

7 915

41 44

4

17

0

10

20

30

40

50

% d

e ag

ricul

tore

s

Semveículo

Bicicleta Motos 1 Veículo Mais de 1veículo

Meio de Locomoção

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 20 – Meios de locomoção Fonte: Dados primários 2006/2007.

A tabulação dos dados revela um aumento no número de veículos no

campo, diminuindo principalmente quem não possuía de 29% para 17%. Mesmo

assim ainda é grande o número de famílias que não possuem veículo 17% e

possuem bicicletas 07%, representando ¼ da população pesquisada.

4.2.5 Integração social

A integração social esta relacionada ao capital social das famílias, onde os

relacionamentos com a sociedade só vem a trazer benefícios quando usada para

transmissão de conhecimento.

O Gráfico 21 demonstra a participação dos agricultores em segmentos

sociais que são chaves para o compartilhamento de informações entre os

agricultores. Observa-se um pequeno aumento na participação de associações

sindicais e uma ligeira queda nas associações rurais nestes últimos 05 anos.

63

5

7384

35

67

4

7285

40

62

02040

6080

100%

de

agric

ulto

res

Há 5 anos Atuamente

Capital Social

Não participa Grupos comunitários Grupos religiososAssociação sindical Associação rural

Gráfico 21 – Capital social Fonte: Dados primários 2006/2007.

O Gráfico 22 revela que a participação dos agricultores na comunidade

manteve-se estável ao longo dos 05 anos. Percebe-se assim, que este segmento da

pesquisa tem um grande percentual de participação da comunidade, com 45%

participando sempre e 21% freqüentemente.

10 12

34

44

1014

31

45

0

10

20

30

40

50

% d

e ag

ricul

tore

s

Há 5 anos Atuamente

Participação

Não Raramente Freqüentemente Sempre

Gráfico 22 – Participação da comunidade Fonte: Dados primários 2006/2007.

Observa-se também, Gráfico 23, que o bom relacionamento com os vizinhos

teve um ligeiro crescimento, de 74% há 5 anos para 77% atualmente, e queda nos

64

percentuais de relacionamento péssimo (de 01% para 00%) e razoável (de 06% para

04%).

1 6

74

19

0 4

77

19

0

20

40

60

80

% d

e ag

ricul

tore

s

Há 5 anos Atuamente

Relacionamento com os Vizinhos

Péssimo Razoável Bom Excelente

Gráfico 23 – Relacionamento com os vizinhos Fonte: Dados primários 2006/2007.

Por meio da análise dos dados apresentados nos Gráficos 21, 22 e 23,

conclui-se que o fator integração social manteve-se praticamente estável nestes 05

anos, com poucas alterações de percentuais. As mudanças que ocorreram no

comportamento dos agricultores foram para melhor.

A qualidade de vida da população pesquisada apresentou melhorias

principalmente na saúde humana, no que se refere ao abastecimento de água, com

mais de 70% da população rural recebendo água de poços artesianos, na

destinação do lixo com aumento no percentual de famílias que tem acesso a coleta

pública (36%) e priorizam a reciclagem (49%), também na melhoria da higiene das

famílias com a diminuição dos sanitários externos a residência (do tipo casinha) de

22 % da população pesquisada, para 06% e no aumento do uso de equipamentos

de proteção com o percentual de agricultores que utilizam sempre subindo de 23 %

para 35%.

A QV também com relação à acessibilidade que os agricultores tem a

educação e saúde, assim como o padrão de vida das famílias, que em sua maioria

65

melhoraram suas moradias, conseguiram adquirir mais bens domésticos e também

meios de locomoção melhores, onde 76% das famílias possui moto ou veículo.

4.3 GERENCIAMENTO E CAPACITAÇÃO

O princípio de qualquer empreendimento é que ele vá gerar lucro, e a

propriedade rural não é diferente de uma empresa, que necessita de gerenciamento,

planejamento, apoio técnico e principalmente de pessoal qualificado para trabalhar.

Aqui reside um grande problema do meio rural, pois a maioria dos proprietários não

têm controle sobre as atividades financeiras da propriedade, a cultura do improviso

ainda é muito forte no meio rural, provavelmente devido a este fator, a pobreza seja

tão grande.

4.3.1 Planejamento das atividades

Com base nos resultados apresentados no Gráfico 24, constata-se um

considerável aumento no percentual de agricultores que faz sempre o planejamento

das atividades da propriedade, evoluindo de 10% para 24%.

No entanto esse planejamento mais freqüente das atividades não é feito

formalmente para se ter uma previsão da produção estimada, e sim somente uma

vaga idéia do que se pretende plantar durante o ano.

66

19

2934

18 16

25

35

24

0

10

20

30

40%

de

agric

ulto

res

Há 5 anos Atuamente

Planejamento

Não Raramente Freqüentemente Sempre

Gráfico 24 – Planejamento das atividades Fonte: Dados primários 2006/2007.

O planejamento feito pelos agricultores também não abrange o planejamento

financeiro anual com previsões de receitas e despesas. É o chamado planejamento

empírico, no qual a presença do proprietário é indispensável, e a decisões são todas

tomadas por ele.

4.3.2 Gerenciamento

O gerenciamento da propriedade abrange vários fatores, entre eles o

controle que é essencial e foi abordado neste trabalho. Observando-se o Gráfico 25

a seguir, constatou-se que a maioria dos agricultores não tem nenhuma forma de

controle sobre a parte financeira de sua propriedade, simplesmente conforma-se

com o que sobra, quando sobra.

Conforme revela os dados, não houve muita evolução nas formas de gestão

nestes 05 anos. Grande parcela da amostra (37%) permanece afirmando que

“controla de memória as receitas e despesas da produção”.

67

4537

16

2

4337

16

4

0

10

20

30

40

50%

de

agric

ulto

res

Há 5 anos Atuamente

Gerenciamento

Nunca Memória Anotações Planilhas

Gráfico 25 – Gerenciamento Fonte: Dados primários 2006/2007.

Apenas uma pequena fração da amostra (04%) faz uso de planilhas de

receitas e despesas para saber o retorno da produção, e observando essas

propriedades, pode-se notar melhor nível de vida e renda, melhores condições de

trabalho e de conservação da propriedade, assim como um desejo de evoluir, uma

visão de futuro mais aguçada que dos demais entrevistados.

4.3.3 Capacitação técnica e apoio técnico

A procura por apoio técnico, conforme apresenta o gráfico 26, teve um

aumento, de 24% para 27% nestes 05 anos, porém é um percentual baixo em vista

de que a prefeitura disponibiliza um agrônomo gratuitamente, também têm o corpo

técnico da Emater de Capanema e os agrônomos particulares.

Esse baixo percentual de assistência técnica, segundo relatos dos

entrevistados é devido à demora no atendimento às solicitações de visita à

propriedade, “o técnico demora muitos dias para vir até a nossa roça para ver o que

a gente precisa”.

68

22 22

32

2420 21

3227

0

10

20

30

40%

de

agric

ulto

res

Há 5 anos Atuamente

Apoio Técnico

Não Raramente Freqüentemente Sempre

Gráfico 26 – Apoio técnico Fonte: Dados primários 2006/2007.

O Gráfico 26 demonstra que houve um aumento na participação dos cursos

de capacitação oferecidos gratuitamente pela Emater, Senar, Prefeitura, Sindicato

Rural. Conforme relatos dos entrevistados, nestes últimos anos, foi oferecida maior

quantidade de cursos de capacitação. Um fator positivo para a melhoria da

qualidade de vida e trabalho dos agricultores.

30

20

32

18

27

13

41

19

0

10

20

30

40

50

% d

e ag

ricul

tore

s

Há 5 anos Atuamente

Capacitação Técnica

Não Raramente Freqüentemente Sempre

Gráfico 27 – Capacitação Fonte: Dados primários 2006/2007.

69

O gerenciamento das propriedades apresentou melhorias quanto ao

planejamento das atividades, 24% dos entrevistados responderam que sempre

fazem o planejamento anual. Já o controle, principalmente financeiro não é

executado pela maioria, 43% dos entrevistados afirmaram que atualmente não têm

nenhuma forma de controle sobre as receitas e despesas da propriedade.

Os agricultores têm certa resistência em buscar ajuda especializada para a

propriedade, visto que somente 27% dos entrevistados afirmaram que sempre que

necessário procuram pelo agrônomo ou técnico agrícola para solucionar o problema.

Já a procura por capacitação técnica teve aumento nos últimos 05 anos, 41% dos

entrevistados declararam que participam freqüentemente dos cursos oferecidos

gratuitamente.

4.4 FATORES DE PRODUÇÃO

Os meios de produção são essenciais para o bom desempenho de qualquer

organização produtiva. No meio rural não poderia ser diferente, ter com o que

trabalhar a terra para obter maior e melhor produtividade é a base da permanência

do agricultor no campo e de uma vida digna.

Com a revolução dos fatores de produção agrícola, os agricultores viram-se

obrigados a adquirir equipamentos caros que revolucionaram o trabalho e a

produtividade dos fatores de produção. No entanto, nem todos podem acompanhar

estas mudanças sozinhos, pois possuem propriedades muito pequenas e o

investimento não se torna viável. É o que se observa na população pesquisada,

conforme o Gráfico 28 e 29, em que a maioria (66%) ainda trabalha com tração

animal.

70

34

786669

45

23151517

1

21

3

37

806669

39

201619181

21

30

20

40

60

80Q

uant

idad

e

Há 5 anos Atuamente

Equipamentos Agrícolas

Motossera Pulverizador manual Tração animalEqui. de tração animal Trilhadeira Implementos p tratorSemeadeira Pulverizador trator CarretaEspalhador de esterco Trator Colheitadeira

Gráfico 28 – Meios de produção disponíveis nas propriedades pesquisadas Fonte: Dados primários 2006/2007.

O número de tratores ficou estável ao longo destes 05 anos, o que sofreu

um acréscimo no percentual foram os implementos agrícolas como as semeadeiras,

pulverizadores e carretas.

Tamanho Médio das Propriedades (ha)

12,09

11,8210,72

8,552

10,8

Cristo Rei São Luiz Pinheiro Faraday Geral

Gráfico 29 – Média de hectares por propriedade da amostra Fonte: Dados primários 2006/2007.

Como pode ser observado no Gráfico 29, fazendo uma média geral o

tamanho das propriedades pesquisada foi de 10,8 hectares, sendo que os distritos

71

de Cristo Rei e São Luiz ficaram com a média maior que a geral, 12,09 e 11,82

respectivamente.

4.4.1 Investimentos

O investimento em tecnologia agrícola, por parte dos entrevistados, teve

queda nestes últimos anos, revelando que 76% dos agricultores não fez nenhum

investimento em aquisição de equipamentos agrícolas, conforme apresentado no

Gráfico 30 a seguir.

70

11 10 9

76

9 123

0

20

40

60

80

% d

e ag

ricul

tore

s

Há 5 anos Atuamente

Investimento em Equipamentos Agrícolas

Nenhum Pouco Razoável Muito

Gráfico 30 – Investimento em equipamentos agrícolas Fonte: Dados primários 2006/2007.

Os investimentos no setor agrícola são condicionados aos fatores climáticos

que vão permitir uma boa safra ou não e a disposição do agricultor correr riscos de

assumir uma dívida de longo prazo. O Gráfico 31 demonstra o percentual de

financiamentos ao longo destes anos.

Os dados revelam uma queda no percentual de agricultores que não faziam

uso de financiamentos para custear a produção, de 37% para 27% atualmente.

72

3732 31

27

3934

0

10

20

30

40%

de

agric

ulto

res

Há 5 anos Atuamente

Financiamentos

Não faz Freqüentemente Sempre faz

Gráfico 31 – Financiamentos Fonte: Dados primários 2006/2007.

O aumento na utilização de créditos financeiros deve-se aos programas de

financiamentos como o Pronafinho, o Pronaf e o Pronaf investimentos, que oferecem

juros mais baixos para os pequenos agricultores e prazos de pagamentos mais

longos, com a possibilidade de prorrogação caso o agricultor não tenha condições

de pagar no prazo.

O Gráfico 32 apresenta a capacidade de pagamento dos financiamentos.

Dos 100 agricultores entrevistados, 63 faziam financiamentos, destes somente 02

não conseguiram pagar e fizeram renegociação das dívidas. Atualmente 73

agricultores fazem financiamentos, porém 20 não conseguiram pagar e prorrogaram

a dívida para o próximo ano, gerando assim um acúmulo de dívidas para o próximo

ano, quando terão que possuir capital para pagar 02 parcelas do financiamento.

O motivo alegado para o não pagamento das dívidas foi, a estiagem que

prejudicou a região causando grandes perdas na produção agrícola dos últimos 03

anos e, conseqüentemente a perda de lastro financeiro das famílias.

73

61

2

53

20

0

20

40

60

80N

º de

agr

icul

tore

s

Há 5 anos Atuamente

Capacidade de Pagamento

Sim Não

Gráfico 32 – Capacidade de pagamento Fonte: Dados primários 2006/2007.

A que fator se deve essa diminuição nos investimentos em equipamentos

agrícolas, não foi investigado por esta pesquisa, mas pode se levantar a hipótese de

que seja devido à estiagem que assolou os agricultores nos últimos anos, fato que

também levou ao não pagamento dos financiamentos.

De uma maneira geral pode-se afirmar que os agricultores pesquisados

pararam no tempo, fazem o preparo do solo, o plantio e a colheita como seus pais

faziam, com trabalho manual. Aparentemente desejam continuar como estão, pois

76% dos entrevistados declararam que atualmente não fazem nenhum investimento

em aquisição de equipamentos agrícolas, isso que o crédito para a agricultura

familiar é favorecido pelo governo, com taxas menores e prazos mais longos.

Atualmente 34% dos agricultores pesquisados, fazem uso freqüentemente deste

recurso, porém, a capacidade de pagamento teve queda, cerca de 24% dos

agricultores não conseguiram pagar as parcelas dos últimos anos.

As deficiências técnicas encontradas representam oportunidades de trabalho

para pessoas que tenham capacitação, se identifiquem com o trabalho e estejam

dispostos a ajudar o desenvolvimento e crescimento do setor rural brasileiro. Com

74

iniciativas que possam incentivar os agricultores a buscar a modernização, não em

larga escala, mas em união com várias famílias, fortalecendo assim o capital social.

Que possam também incentivar a busca por técnicas alternativas que promovam um

desenvolvimento viável e agridam menos o meio ambiente proporcionando também

melhorias econômica das famílias.

4.5 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A qualidade de vida no trabalho, está relacionada a fatores como a jornada

de trabalho diária e semanal, a segurança no ambiente de trabalho, a utilização de

equipamentos de segurança por parte dos agricultores, o estresse e o ambiente de

trabalho.

4.5.1 Condições de trabalho

As condições de trabalho foram analisadas com base nos dados levantados

sobre, a jornada de trabalho diária e semanal que já foram apresentadas no tópico

4.1.4 (Gráficos 06 e 07), a utilização de produtos químicos e de equipamentos de

segurança, segurança e estresse no trabalho.

4.5.1.1 Utilização de produtos químicos e de equipamentos de segurança

A utilização freqüente de produtos químicos teve um ligeiro aumento,

passando de 24% para 32% e o uso contínuo manteve-se estável em 29%.

75

19

2824

29

16

23

3229

2125

31

23

1516

3435

0

5

10

15

20

25

30

35

% d

e ag

ricul

tore

s

Produtosquímicos há 5

anos

Produtosquímicos

atualmente

Equipamentosde segurança

há 5 anos

Equipamentosde segurançaatualmente

Não utiliza Pouco utilizado Freqüentemente Muito utilizado

Gráfico 33 – Utilização de produtos químicos e de equipamentos de segurança Fonte: Dados primários 2006/2007.

Já o uso de equipamentos de segurança freqüentemente teve um índice de

crescimento menor, passou de 31% para 34% e o uso contínuo demonstrou um

aumento considerável, de 23% para 35% nestes últimos anos. Como pode ser

observado no Gráfico 33.

A análise destes dados revelou uma maior preocupação com a segurança

da saúde individual dos agricultores, ao que parece estão tomando consciência dos

perigos que correm em não proteger sua saúde.

4.5.1.2 Estresse

O estresse é um mal que está atingindo cada vez mais trabalhadores,

indiferentemente de sexo, idade, condições sociais e ocupação. Assim como a

segurança do ambiente de trabalho é preocupação de todos os trabalhadores

O Gráfico 34 demonstra redução considerável no percentual de agricultores

que não tinham estresse, de 44% para 16% e um aumento do nível médio de

estresse, passando 08% para 36%.

76

44

16

4538

8

36

310

0

10

20

30

40

50%

de

agric

ulto

res

Não Pouco Médio Muito

Estresse

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 34 – Estresse Fonte: Dados primários 2006/2007.

O estresse faz parte da vida de todo ser humano, é inevitável, o que

diferencia o grau de estresse é como cada indivíduo lida com ele, se o supera ou

não.

4.5.1.3 Ambiente de trabalho

O ambiente de trabalho é fator chave para a QVT, ele precisa ser seguro e

saudável. A análise dos dados sobre a percepção dos agricultores quanto à

segurança em seu ambiente de trabalho é apresentada no gráfico 35.

Conforme análise dos dados, em sua grande maioria os agricultores

consideram seus ambientes de trabalho seguro e o índice de variação foi de 03

pontos percentuais em 05 anos de 63% para 66%.

77

0 0

1812

63 66

19 22

0

20

40

60

80%

de

agric

ulto

res

Nenhum Pouco Medio Muito

Ambiente de Trabalho Seguro

Há 5 anos Atuamente

Gráfico 35 – Segurança no ambiente de trabalho Fonte: Dados primários 2006/2007.

No entanto, observando-se os ambientes no qual estão inseridos os objetos

desta pesquisa, pode-se inferir que o grau de segurança é menor do que os

agricultores percebem, devido aos fatores que colocam em risco a integridade física,

como uso de equipamentos cortantes sem equipamentos de proteção, como as

foices e facões, a dependência do estado de humor dos animais (quem trabalha com

tração animal, ou com vacas de leite), riscos de encontros com animais peçonhentos

como cobras e aranhas, entre outros fazem com que o ambiente se torne mais

perigoso.

4.5.2 Condições de vida e de trabalho

A satisfação do trabalhador está ligada a diversos fatores que melhorem sua

qualidade de vida. Entre elas, a percepção das condições de vida e de trabalho no

campo.

O Gráfico 36 apresenta os dados da percepção dos agricultores quanto às

condições de vida e de trabalho, na qual as condições de vida apresentam um

aumento no percentual de boas (de 43% para 46%), uma redução considerável no

78

percentual de razoável (de 49% para 38%) e um aumento também considerável nas

condições péssimas (de 07% para 15%).

715

713

49

38

55

3743 46

38

49

1 1 0 10

10

20

30

40

50

60

% d

e ag

ricul

tore

s

Péssimas Razoáveis Boas Ótimas

Condições de Vida e de Trabalho

Condições de vida há 5 anos Condições de vida atualmenteCondições de trabalho há 5 anos Condições de trabalho atualmente

Gráfico 36 – Condições de vida e de trabalho Fonte: Dados primários 2006/2007.

As condições de trabalho apresentaram um crescimento no percentual de

boas (de 38% para 49%) e de ótimas (de 00% para 01%), um decréscimo

considerável no percentual de razoáveis (de 55% para 37%) e também um aumento

no percentual péssimas condições (de 07% para 13%)

Pode-se assim afirmar que a maioria dos agricultores, 46%, consideram

boas as condições de vida no campo, assim como as condições de trabalho.

4.5.3 Percepção da qualidade de vida

A percepção dos agricultores quanto a sua qualidade de vida é importante

para se concluir esta pesquisa, já que ela revela a compreensão dos agricultores

quanto aos fatores que os cercam influenciando no seu bem estar. O Gráfico 37

demonstra a percepção do nível de qualidade de vida dos agricultores familiares.

79

Verifica-se que a maioria, 54% dos entrevistados percebe que sua qualidade

de vida melhorou neste 05 anos, 15% afirmam que houve uma piora na qualidade de

vida e o restante 31% afirmam que não houve mudança nestes período.

Qualidade de Vida

15%

31%54%

Piorou Continua Igual Melhorou

Gráfico 37 – Qualidade de vida Fonte: Dados primários 2006/2007.

O Gráfico 38 revela as principais melhorias percebidas na qualidade de vida.

Grande destaque tem as condições financeiras das famílias com um percentual de

20% e também a acessibilidade com 16% de respostas e em seguida vem

alimentação e saúde com 10% das respostas.

O que se percebeu foi que mesmo com as adversidades climáticas ( a região

sofreu nestes últimos 03 anos com a estiagem, que ocasionou quebras na produção)

as famílias trabalharam muito para saldar seus compromissos e conseguir uma

melhora nas condição de vida.

Os principais fatores responsáveis pela queda na qualidade de vida,

apresentados no Gráfico 39, foram à defasagem nos preços dos produtos (40%), o

fator clima (20%) devido à estiagem dos últimos 03 anos e conseqüentemente as

condições financeiras (15%).

80

Melhorou

16%5%

10%

6%

5%

4%

2%

6%20%

4%

6%

10%2% 4%

Acessibilidade Água AlimentaçãoCondições de vida Comunicação ConfortoDiversificação da produção Facilidades FinanceiraGeral Moradia SaúdeTecnologia Trabalho

Gráfico 38 – Fatores responsáveis pela melhoria na qualidade de vida Fonte: Dados primários 2006/2007.

Percebe-se que os fatores responsáveis pela queda na qualidade de vida

dos agricultores são principalmente os relacionados com os fatores de produção e

que conseqüentemente afetam a qualidade de vida no trabalho desmotivando o

agricultor.

Piorou

20%

13%

2%15%40%

5% 5%

Clima Custo de produção elevadosMoradia FinanceiraPreço do produto defasados ProduçãoSaúde

Gráfico 39 – Fatores responsáveis pela queda na qualidade de vida Fonte: Dados primários 2006/2007.

81

A qualidade de vida no trabalho, na percepção dos agricultores familiares,

apresentou melhorias, principalmente com relação a conscientização por parte dos

agricultores que a segurança é muito importante, por isso houve um aumento maior

na utilização de equipamentos de segurança, de 23% há 05 anos para 35%

atualmente do que em uso de produtos químicos que ficou estável em 29% de uso

contínuo.

Já o estresse teve um grande aumento no número de agricultores que

afirmam estarem estressados passando de 08% há 05 anos para 36% atualmente,

percebe-se que este deixou de ser um mal somente das grandes cidades.

Na percepção de 54% dos agricultores, a qualidade de vida no campo

melhorou nestes 05 anos, 46 % dos entrevistados afirmaram que consideram boas

as condições de vida e 49% consideram também boas as condições de trabalho no

campo.

De uma maneira geral, analisando os resultados da tabulação dos dados,

percebe-se que a qualidade de vida dos agricultores familiares melhorou nestes 05

anos. Principalmente em relação à qualidade da água que consomem, que

atualmente 71% dos entrevistados tem água proveniente de poços artesianos, na

destinação do lixo, onde houve aumento nas coletas públicas e na reciclagem dos

materiais, também houve aumento no número de propriedades com sanitários

internos e anexos à residência, assim como melhora no acesso a educação e

atendimento médico, aumento no número de equipamentos domésticos e na

percepção dos agricultores quanto a sua qualidade de vida.

Em resposta a pergunta deste estudo, que foi: qual o impacto gerado pelo

desenvolvimento agrícola na QV dos agricultores familiares no município de

Capanema – Paraná? Pode-se afirmar que na qualidade de vida dos agricultores

familiares constataram-se impactos positivos, melhorando principalmente na saúde

82

humana, padrão de vida, utilização de equipamentos de segurança, na segurança

do ambiente de trabalho, na integração social e na percepção por parte dos

agricultores de sua qualidade de vida e da sua qualidade de vida no trabalho.

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Sabe-se que o desenvolvimento agrícola trouxe benefícios para toda a

sociedade, basta comparar os avanço na produtividade por hectare de lavoura hoje,

com a produtividade que era obtida há alguns anos atrás, 1970, 1980 no início da

modernização da agricultura no Paraná.

Porém o que se observou na população pesquisada é que esta tem pouca

percepção das transformações que ocorrem após a introdução de novas tecnologias

que aumentam a produtividade e facilitam o trabalho dos agricultores.

Com relação ao objetivo de investigar a percepção da qualidade de vida dos

agricultores familiares, pode se concluir que houve melhoras nestes últimos 05 anos,

porém existem muitos pontos que precisam ser trabalhados para melhorar os

reflexos que a qualidade de vida têm no trabalho rural.

A qualidade de vida das famílias melhoraram principalmente na saúde

humana, onde a água utilizada pelas famílias atualmente é de melhor qualidade do

que há 05 anos, assim como as condições dos sanitários, os acessos a saúde e

educação, os meios de locomoção, o padrão de vida e o capital social das famílias.

Também melhorou a segurança no ambiente de trabalho, a condição de trabalho e

de vida.

Já o estresse foi um condicionante que piorou a qualidade de vida das

famílias, assim como a falta de investimentos e equipamentos de produção, que

ocasionou estagnação nos meios de produção e com isso não houve melhoras no

trabalho.

84

O pouco caso dado à gestão e controle por parte dos agricultores, também é

fator condicionante para uma estagnação no desenvolvimento no campo, e

conseqüentemente da qualidade de vida. Com isso se perde oportunidades de obter

maior lucratividade ou de escapar de prejuízos, assim como de visualizar mudanças

de curso necessárias, no decorrer do tempo, para dar sustentabilidade do seu

negócio.

É de grande importância destacar a deficiência na profissionalização do

agricultor para gerir seu negócio, principalmente no que diz respeito à falta de

planejamento e controle, e de organização, faz-se necessário que os agricultores

tenham visão sistêmica de sua propriedade.

As tradições arraigadas resultam em resistência às mudanças de

paradigmas gerando estagnação dos fatores de produção e na qualidade de vida

dos agricultores. Uma alternativa a ser considerada, seria o trabalho contínuo na

conscientização de que é preciso mudar para prosperar.

Os pequenos agricultores familiares, em sua grande maioria não fizeram

investimentos que proporcionasse a aquisição de equipamentos agrícolas

principalmente trator e semeadeira, nem mesmo em sociedade com os vizinhos ou

com parentes que também sobrevivem do campo.

Esta falta de iniciativa de promover o associativismo, montar uma

associação e fazer investimentos que beneficiem os associados aparentemente é

uma característica cultural onde as pessoas estão mais preocupadas com seu ser

individual do que com o ser social.

Observando-se as condições gerais das famílias, pode-se concluir que a

pobreza é um problema muito grande, visto que as propriedades são pequenas e a

falta de iniciativa e preparo dos agricultores para diversificar as atividades da

propriedade são fatores que ajudam a perpetuar a condição atual. Também a

85

dependência de fatores climáticos e preços de mercado são condicionantes que

dificultam o desenvolvimento quando não correspondem as expectativas mínimas.

É importante destacar a necessidade de promover o desenvolvimento

humano que possibilite a obtenção de melhor qualidade de vida e de trabalho, ou

seja, no econômico, no social e na realização pessoal.

De maneira geral, pode-se afirmar que o desenvolvimento agrícola trouxe

benefícios para todos, principalmente para os agricultores que tiveram visão de

futuro e buscaram acompanhar as inovações fazendo os investimentos necessários

para aquisição de tecnologias modificando sua forma de trabalhar e

conseqüentemente melhorando sua qualidade de vida e sua qualidade de vida no

trabalho.

Portanto, no intuito de promover um maior desenvolvimento rural e melhorar

a qualidade de vida e ainda aumentar a qualidade de vida no trabalho dos

agricultores, recomenda-se que:

a) em primeiro lugar é necessário conscientizar os agricultores de que é

possível melhorar sua qualidade de vida com ações simples, executadas

diariamente como: a reciclagem do lixo para diminuir a poluição, a

devolução correta das embalagens de agrotóxicos, o uso de

equipamentos de segurança, o uso de protetores solares quando vão

ficar expostos ao sol, ter mais cuidado com as nascente dos córregos

protegendo a mata ciliar entre outros;

b) a Emater juntamente com os órgãos municipais, estaduais e federais

promovam a capacitação dos agricultores por meio de cursos que

estimulem a utilização de métodos de gestão controlando os recursos

disponíveis e planejando para o longo prazo, o empreendedorismo rural,

86

o cooperativismo e associativismo, a diversificação da produção assim

como a sustentabilidade;

c) para fazer o gerenciamento, pode-se começar com um planejamento e

controle econômico financeiro simplificado, SANTOS E MARION (1996),

demonstram alguns tópicos utilizados principalmente para fazenda,

porém pode-se analisar e adequar para as pequenas propriedades, que

podem, por exemplo, fazer uma análise da área disponível para a

produção, escolher o produto a ser produzido, após refletir o porquê de

determinado produto, estimar os custos de produção, estimar a

produtividade e o preço de venda para determinar a lucratividade

{(produtividade estimada x preço de venda estimado) – custo de

produção estimado = lucratividade};

d) sejam tomadas medidas para que os agricultores tenham, nos primeiros

períodos que se seguem aos cursos de capacitação, acompanhamento

técnico na elaboração do seu planejamento, até que o agricultor seja

capaz de executá-lo sozinho;

e) haja mais incentivos para as associações ou para que os agricultores

participem, fazendo com que elas efetivamente funcionem e colaborem

com o desenvolvimento agrícola da região, e não que existam somente

no papel;

f) políticas de desenvolvimento regional que priorizem o desenvolvimento

da sociedade como um todo, e não somente alguns segmentos,

especialmente para o setor rural.

A sociedade precisa se conscientizar de que quando o setor agrícola entra

em crise todos sofrem, principalmente os municípios que têm a agricultura como

base de sua economia e como principal fonte de arrecadação.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo geral investigar a Qualidade de Vida (QV)

na percepção dos agricultores familiares do município de Capanema – Paraná, nos

últimos 05 anos, obtidos pelo desenvolvimento agrícola da região. Acredita-se que

este tenha sido alcançado, conforme a exposição dos resultados no capítulo 4 e 5.

Para alcançar os objetivos propostos, primeiramente consultou-se na

literatura especializada os fundamentos das áreas de desenvolvimento agrícola e

suas influências na agricultura paranaense, da agricultura familiar, qualidade de vida

e qualidade de vida no trabalho, assim como gestão rural, gestão da qualidade de

vida no trabalho versus sustentabilidade.

Com relação ao primeiro objetivo específico, que foi descrever o

desenvolvimento agrícola regional e local e as ações sobre a qualidade de vida para

a melhoria no trabalho do agricultor do município de Capanema, foi obtido com a

elaboração do referencial teórico, no capítulo 2.

O segundo objetivo específico, levantar junto aos agricultores a sua

percepção sobre o desenvolvimento agrícola versus qualidade de vida, foi obtido por

meio da coleta dos dados e da análise dos dados no capítulo 4. Constatou-se que os

agricultores percebem sua qualidade de vida como melhor do que há 05 anos atrás.

Após esta análise, constatou-se que na percepção dos agricultores, a

qualidade de vida dos agricultores familiares do município de Capanema, melhorou

principalmente quanto à saúde humana dos trabalhadores.

88

Neste sentido faz se necessário que se tenham ações que promovam o

fortalecimento da agricultura familiar e com isso também à melhoria da qualidade de

vida das famílias.

Espera-se que este trabalho possa contribuir com a melhoria da qualidade

de vida dos agricultores familiares, com o desenvolvimento do potencial humano

destas pessoas e também com o desenvolvimento econômico, social e sustentável

da região.

REFERÊNCIAS

Agricultura familiar absorve 70% da mão-de-obra rural Disponível em: <http://www.investnews.com.br/especial/default.asp?id_editoria=2463&id_noticia=449371>. Acesso em: 25 de jul. de 2005. ABRAMOVAY, Ricardo. Agricultura familiar e desenvolvimento territorial. Publicado em 1999. Disponível em: <http://www.econ.fea.usp.br/abramovay/artigos>. Acesso em: 25 mai. 2005. BAQUERO, Marcello. Alcances e limites do capital social na construção democrática. In: BAQUERO, Marcello (Org.). Reinventando a sociedade na América Latina: cultura política, gênero, exclusão e capital social. Ed. Universidade UFRGS, 2001 p 19-49. BARBOSA, Jairo Silveira. Administração rural a nível de fazendeiro. São Paulo: Nobel, 1979. BOWDITCH, James L. e BUONO, Anthony F. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira, 1992. CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1989. CUNHA, Aércio et al.. Uma avaliação da sustentabilidade da agricultura nos cerrados. Brasília: IPEA, 1994. DETONI, Dimas José. Estratégias de avaliação da qualidade de vida no trabalho: estudos de caso em agroindústrias. Dissertação de mestrado em Engenharia de Produção UFSC: Florianópolis 2001. Disponível em <http//teses.eps.ufsc.br>. Acesso em: 25 de abr. de 2006. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. FERREIRA, Bracolina, SILVEIRA, Fernanco Gaiger e GARCIA, Ronaldo Coutinho. A agricultura familiar e o pronaf: contexto e perspectivas. GASQUES, José Garcia e

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ANEXO

ANEXO 01 – ENTREVISTA

95

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE Departamento de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA Pós – Graduanda em Gestão das Organizações Rosana Marcela Schmidt Pesquisa de Campo I – Perfil das famílias 1.1 Dados da família, pessoas que vivem na dependência do chefe da família. Nome Parentesco Idade Escolaridade

1.2 Renda mensal aproximada: () Menos de 1 salário mínimo (R$ 350,00) () De 1 a 2 salários mínimos () De 2 a 3 salários mínimos () De 3 a 4 salários mínimos () Mais de 4 salários mínimos 1.3 Tem alguma outra ocupação para complementar a renda familiar? () Sim Qual?_____ () Não 1.4 Tempo de trabalho na agricultura: () De 5 a 10 () De 11 a 15 anos () De 15 a 20 anos () Acima de 20 anos 1.5 Complete a tabela com os dados da propriedade em hectares (ha). Quantidade Matas Capoeira Potreiros Lavoura Mecanizável Não

mecanizável

1.6 Que produtos são produzidos pela propriedade? 1.7 Utiliza serviço terceirizado? Qual?

96

II – Percepção dos agricultores referente à Qualidade de Vida e no trabalho nos últimos 5 anos. II– Saúde, educação e locomoção. 2.1 Saúde: Há 5 anos Acesso remoto

Difícil acesso Fácil acesso

2.2 Escolas: Há 5 anos Acesso remoto Difícil acesso Fácil

acesso

2.3 Locomoção: Há 5 anos Sem veículo

Bicicleta

Moto

1 Veículo

+ de 1 veículo

2.4 Água Há 5 anos Mina Poços c/

operação manual

Poços c/ operação elétrica

Poço artesiano

2.5 Destinação do lixo: Há 5 anos Joga fora

Queima Enterra

Coleta pública

Recicla

III – Benfeitorias, equipamentos. 3.1 Equipamentos domésticos: Há 5 anos ITENS QUANTIDADE Fogão a lenha Fogão a gás Radio Liquidificador Batedeira Geladeira Televisão Vídeo cassete ou DVD Telefone Frezzer Máquina de lavar Aparelho de som Antena parabólica Computador

3.2 Tipos de instalação: Há 5 anos Madeira Mista Alvenaria Outros

3.3 Tipos de sanitários: Há 5 anos A céu aberto

Externo (casinha)

Anexo à residência

Interno

Atualmente Acesso remoto Difícil acesso Fácil

acesso

Atualmente Acesso remoto Difícil

acesso Fácil acesso

Atualmente Sem veículo

Bicicleta Moto 1 Veículo

+ de 1 veículo

Atualmente Mina Poços c/

operação manual

Poços c/ operação elétrica

Poço artesiano

Atualmente Joga fora

Queima Enterra Coleta pública

Recicla

Atualmente ITENS QUANTIDADE Fogão a lenha Fogão a gás Radio Liquidificador Batedeira Geladeira Televisão Vídeo cassete ou DVD Telefone Frezzer Máquina de lavar Aparelho de som Antena parabólica Computador

Atualmente Madeira Mista Alvenaria Outros

Atualmente A céu aberto

Externo (casinha)

Anexo à residência

Interno

97

3.4 Estado de conservação da propriedade: Há 5 anos Sofrível Razoável Bom Excelente

3.5 Investimento em compras de maquinários: Há 5 anos Nenhum Pouco Razoável Muito

3.6 Equipamentos agrícolas: Há 5 anos ITENS QUANTIDADE Motosseras Pulverizador (manual) Tração animal Equi. Tração animal Trilhadeira Implementos (trator) Semeadeira Pulverizador (trator) Carreta (trator) Espalhador esterco Trator Colheitadeira

IV – Condições de trabalho 4.1Jornada de trabalho diária: Há 5 anos 6 horas 8 horas 10 horas + de 10

horas

4.2 Jornada de trabalho semanal: Há 5 anos 5 dias 6 dias 7 dias

4.3 Uso de produtos químicos: Há 5 anos Não utilizava

Pouco utilizava

Freqüente-mente

Utilizava muito

4.4 Uso de equipamentos de segurança: Há 5 anos Não utilizava

Pouco utilizava

Freqüente-mente

Muito utilizada

4.5 O ambiente de trabalho proporciona segurança com relação aos acidentes? Há 5 anos Não Pouco Médio Muito

4.6 Estresse no trabalho: Há 5 anos Não Pouco Médio Muito

V – Gerenciamento e capacitação 5.1 Planejamento das atividades: Há 5 anos Não Raramente Freqüente-

mente Sempre

Atualmente Sofrível Razoável Bom Excelente

Atualmente Nenhum Pouco Razoável Muito

Atualmente ITENS QUANTIDADE Motosseras Pulverizador (manual) Tração animal Equi. Tração animal Trilhadeira Implemento (trator) Semeadeira Pulverizador (trator) Carreta (trator) Espalhador esterco Trator Colheitadeira

Atualmente 6 horas 8 horas 10 horas + de 10 horas

Atualmente 5 dias 6 dias 7 dias

Atualmente Não utiliza Pouco

utilizado Freqüentemente

Muito utilizado

Atualmente Não utiliza Pouco

utilizadaFreqüente-mente

Muito utilizada

Atualmente Não Pouco Médio Muito

Atualmente Não Pouco Médio Muito

Atualmente Não Raramente Freqüente-

mente Sempre

98

5.2 Gerenciamento da propriedade Há 5 anos Nenhuma Memória Anota-

ções Planilhas

5.3 Retorno de produção: Há 5 anos Não sabe ( sobra)

Por dedução

Consulta anotações

Análise da planilha de custos x receita

5.4 Participação em cursos ou palestras de capacitação técnica (Emater, prefeitura). Há 5 anos Não Raramente Freqüente

mente Sempre

5.5 Procura apoio técnico de agrônomos? Há 5 anos Não Raramente Freqüente

mente Sempre

VI – Financiamentos 6.1 Condições financeiras: Há 5 anos Ruim Estável Boa Ótima

6.2 Financiamentos? Há 5 anos Não fazia Freqüente-

mente Sempre faz

6.3 Conseguiu pagar? Há 5 anos Sim Não

6.4 Por que não conseguiu pagar? ____________________________ 6.5 Quais as dificuldades encontradas? Há 5 anos Nenhuma Período

de carên-cia

Buro-cracia

Juros muito altos

Outro

VII – Capital social 7.1 Participação em eventos sociais: Há 5 anos Não participa

Grupos comunitários

Gru-pos religiosos

Associação sindical

Associação rural

7.2 Participação na comunidade: Há 5 anos Não Raramente Freqüente

mente Sempre

Atualmente Nenhuma Memória Anota-

ções Planilhas

Atualmente Não sabe ( sobra)

Por dedução

Consulta anotações

Análise da planilha de custos x receita

Atualmente Não Raramente Freqüente-

mente Sempre

Atualmente Não Raramente Freqüente-

mente Sempre

Atualmente Ruim Estável Boa Ótima

Atualmente Não faz Freqüente-

mente Sempre faz

Atualmente Sim Não ________________________________

Atualmente Nenhuma Período

de carên-cia

Burocra-cia

Juros muito altos

Outro

Atualmente Não participa

Grupos comuni-tários

Grupos religio-sos

Associa-ção sindical

Associa-ção rural

Atualmente Não Raramente Freqüente-

mente Sempre

7.3 Relacionamento com os vizinhos:

99

Há 5 anos Péssimo Razoável Bom Ótimo

8 Na sua opinião, como eram as condições de vida no campo? Há 5 anos Péssimas Razoáveis Boas Ótimas

9 Na sua opinião, como eram as condições de trabalho no campo? Há 5 anos Péssimas Razoáveis Boas Ótimas

10 Como você percebe a qualidade de sua vida nos últimos 5 anos? Piorou, em que?

Contínua igual Melhorou, em que?

Atualmente Péssimo Razoável Bom Ótimo

Atualmente Péssimas Razoáveis Boas Ótimas

Atualmente Péssimas Razoáveis Boas Ótimas

ANEXO 02 – MAPA DO MUNICÍPIO

101