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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA
ESCOLA POLITÉCNICA
MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA
MARIA CAMPOS ROMERO
RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE A
PARTIR DA ANÁLISE DA NORMA NTE E.080:2000 DO PERU E DA
TÉCNICA UTILIZADA ATUALMENTE EM CONSTRUÇÕES NO ESTADO
DA BAHIA
Salvador
2013
MARIA CAMPOS ROMERO
RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE A
PARTIR DA ANÁLISE DA NORMA NTE E.080:2000 DO PERU E DA
TÉCNICA UTILIZADA ATUALMENTE EM CONSTRUÇÕES NO ESTADO
DA BAHIA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Engenharia Ambiental Urbana da Escola
Politécnica da Universidade Federal da Bahia na
área de pesquisa Produção do Ambiente
Construído, como requisito parcial para obtenção
do título de Mestre.
Orientadora: Profª Drª Rita Dione Araújo
Co-Orientador: Prof. Dr. Sandro Fábio César
Salvador
2013
R763 Romero, Maria Campos
Recomendações para a construção com tijolo de adobe a partir da
análise da norma NTE E.080:2000 do Peru e da técnica utilizada
atualmente em construções no estado da Bahia / Maria Campos
Romero. – Salvador, 2013.
204 f. : il. color.
Orientador: Prof. Doutora Rita Dione Araújo Cunha
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola
Politécnica, 2013.
1. Materiais de construção. 2. Sustentabilidade das construções.
3. Recursos naturais – Conservação. I. Cunha, Rita Dione Araújo. II.
Universidade Federal da Bahia. III. Título.
CDD : 691
MARIA CAMPOS ROMERO
RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE A
PARTIR DA ANÁLISE DA NORMA NTE E.080:2000 DO PERU E DA
TÉCNICA UTILIZADA ATUALMENTE EM CONSTRUÇÕES NO ESTADO
DA BAHIA
Dissertação para obtenção do grau de mestre em Engenharia Ambiental Urbana.
Salvador, 26 de julho de 2013.
Banca Examinadora:
Profª Drª Rita Dione Araújo Cunha ___________________________
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Prof.Dr. Sandro Fábio César __________________________________
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Profª Drª Dayana Bastos Costa _________________________________
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Prof. Dr. Asher Kiperstok ______________________________________
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Prof. Dr. Fernando Barth _______________________________________
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Dedico este trabalho particularmente ao meu pai (in memoriam),
pelo incentivo aos estudos durante toda a minha vida e a minha
família e amigos pelas colaborações e compreensão.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar, pela realização deste trabalho, pela força, coragem e
determinação que recebi e pela presença constante em minha vida.
A minha família e, em particular, ao meu pai (in memoriam), minha mãe e minhas irmãs
pelo apoio, amor e paciência.
Aos meus orientadores, Rita e Sandro, pela ajuda no decorrer da pesquisa.
A vida e aos meus grandes amigos, pelo incentivo à realização de mais uma etapa.
A todos os construtores baianos que colaboraram com a pesquisa, pelo carinho, atenção,
gentileza e solidariedade e pela construção de uma amizade que significa muito para
mim.
Obrigada a todos.
"Na vida, todos somos semeadores. Uns semeiam flores e
descobrem belezas, perfumes e frutos. Outros semeiam
espinhos e se ferem nas suas pontas agudas. Ninguém vive
sem semear, seja o bem, seja o mal. Felizes são aqueles
que, por onde passam, deixam sementes de amor, de
bondade, de afeto."
Divaldo Pereira Franco
ROMERO, Maria Campos. Recomendações para a construção com tijolo de adobe a partir da
análise da norma NTE E.080:2000 do Peru e da técnica utilizada atualmente em construções
no estado da Bahia. 204 f. il. 2013. Dissertação (Mestrado) – Pós-Graduação em Engenharia
Ambiental Urbana, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.
RESUMO
Os recursos naturais estão se esgotando, como consequência das graves agressões ao meio
ambiente. A busca por soluções que possam promover a preservação ambiental é um grande
desafio a ser enfrentado. Utilizar materiais de construção sustentáveis, ao invés dos
industrializados, é uma maneira de reduzir os danos ambientais. Um tipo de material
construtivo adequado à autoconstrução, que gera menos resíduos e pode minimizar os efeitos
do uso desenfreado e abusivo dos recursos naturais, é a terra. O tijolo de adobe feito de terra
crua pode, se utilizado em larga escala, contribuir para o desenvolvimento sustentável na
construção civil. O objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que
utiliza o tijolo de adobe como material construtivo, tomando como base as recomendações da
norma NTE E.080:2000 – Adobe, do Peru, baseando-se também na técnica adotada por
construtores que utilizam este material no estado da Bahia. A estratégia de pesquisa é o
levantamento de dados a partir do estudo de campo realizado em cidades da Bahia.
Inicialmente, são apresentadas a técnica construtiva que utiliza tijolo de adobe, com as etapas
para a sua fabricação, e a norma peruana utilizada no estudo. Em seguida, são analisados os
processos construtivos adotados pelos construtores baianos, em comparação com o que
preconiza a norma do Peru e com o que indica a bibliografia a respeito do tema, bem como a
situação atual destas obras. Por fim, são feitas as recomendações para a construção com tijolo
de adobe, a fim de garantir proteção e conservação eficientes à alvenaria executada com este
material que propicie segurança e durabilidade às edificações.
Palavras Chave: Tijolo de Adobe. Autoconstrução. Desenvolvimento Sustentável.
ROMERO, Maria Campos. Recommendations for building with adobe brick from the analysis
of the NTE E.080: 2000 Peru standard and the technique currently used in constructions in the
state of Bahia. 204 pp. ill. 2013. Thesis (Master) – Post-Graduate in Urban Environmental
Engineering, Polytechnic School, Federal University of Bahia, Salvador, 2013.
ABSTRACT
Natural resources are being exhausted as a result of severe damage to the environment. The
search for solutions that may promote environmental preservation is a challenge to be faced.
Using sustainable instead of processed building materials is a way to reduce environmental
damage. A type of construction material suitable for self construction that produces less waste
and can minimize the effects of the unrestrained use and abuse of natural resources, is earth.
The adobe brick made of raw earth, if used on a large scale, can contribute to sustainable
development in civil construction. The objective of this research is to develop
recommendations for the construction that uses adobe brick as building material, based on the
recommendations of the NTE E.080:2000 – Adobe standard from Peru, and also based on the
technique adopted by builders who use this material in the state of Bahia. The research
strategy is a survey data from the field study conducted in cities of Bahia. Initially, a
construction technique that uses adobe brick with steps for its manufacture and the Peruvian
standard used in the study are presented. Then the constructive processes adopted by builders
in Bahia are analyzed, compared with what the standard of Peru proposes and what the
bibliography on the subject indicates, as well as the current status of these works. Finally,
recommendations are made for building with adobe brick, in order to ensure effective
protection and conservation of masonry done with this material that provides safety and
durability to buildings.
Keywords: Adobe Brick. Self Construction. Sustainable Development.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Construções em adobe na cidade de Ban (Irã).................................................. 25
Figura 2 – Muralha da China.............................................................................................. 25
Figura 3 – Construções em pedra e adobe em Ait Benhaddou no sul de Marrocos......... 26
Figura 4 – Tipos de construções com terra, destacando adobe, taipa de pilão e pau a
pique.................................................................................................................................... 27
Figura 5 – Confecção de vedação vertical com taipa de pau a pique................................. 28
Figura 6 – Construção com taipa de pilão ......................................................................... 29
Figura 7 – Casa de tijolo de adobe em Sete Lagoas-MG.................................................... 31
Figura 8 – Creche na Alemanha com abóbada em tijolos de adobe................................... 34
Figura 9 – Exemplos de Construções em Adobe no distrito de Aveiro............................. 35
Figura 10 – Casa em Adobe construída em 2002 em Portugal........................................... 35
Figura 11– Centro histórico de Córdoba-Espanha ............................................................. 36
Figura 12 – Casa no Ecovillage Amayuelas na zona rural................................................. 36
Figura 13 – Mesquita em tijolo de adobe em Timbuktu no Mali....................................... 36
Figura 14 – New Gourna Village no Egito obra do arquiteto Hassan Fathy..................... 37
Figura 15 – Templo budista em Jiaohe na China................................................................ 38
Figura 16 – Construção em adobe Instituto de Tecnologia da Índia................................. 39
Figura 17 – Execução de reboco à mão na Índia................................................................ 39
Figura 18 – Conjunto habitacional Taos, no Novo México-EUA.................................... 40
Figura 19 – Palácio dos Governadores em adobe, Santa Fé-Novo México-EUA............. 40
Figura 20 – Construção moderna de alto padrão em adobe nos EUA............................... 41
Figura 21 – Ruínas zapotecas no sítio arqueológico de Monte Alban, no estado de
Oxaca, no México............................................................................................................... 41
Figura 22 – Huaca de La Luna no Peru: Interior de pirâmide em adobe............................ 42
Figura 23 – Casa em tijolo de adobe em Cuzco no Peru.................................................... 42
Figura 24 – Construções Coloniais em Salvador-BA......................................................... 44
Figura 25 – Construções Coloniais em Tiradentes-MG..................................................... 44
Figura 26 – Construindo paredes de adobe no Eco Village Piracanga em Itacaré
Bahia.................................................................................................................................. 47
Figura 27 – Teste da queda da bola com a terra................................................................. 59
Figura 28 – Teste do rolo.................................................................................................... 60
Figura 29 – Teste da fita..................................................................................................... 60
Figura 30 – Teste do vidro com visualização das partículas da terra sendo decantadas e
indicações do cálculo das porcentagens de cada componente da terra.............................. 62
Figura 31– Diagrama de classificação dos solos através do Teste do vidro...................... 62
Figura 32 – Diagramas indicativos do uso do solo através do Teste do vidro.................. 63
Figura 33 – Conjunto das bolas dos solos após secagem................................................... 64
Figura 34 – Teste da pressão com os dedos........................................................................ 64
Figura 35 – Escavação do terreno para coleta do solo para o tijolo de adobe................... 66
Figura 36 – Repouso da massa........................................................................................... 67
Figura 37 – Amassamento da massa com os pés................................................................ 67
Figura 38 – Maromba para fabricação de tijolos................................................................ 68
Figura 39 – Colocação da massa na fôrma......................................................................... 69
Figura 40 – Massa sendo desenformada............................................................................. 69
Figura 41 – Fôrma para um só tijolo................................................................................... 69
Figura 42 – Fôrma para produção de múltiplos tijolos de adobe....................................... 69
Figura 43 – Secagem inicial dos tijolos à sombra.............................................................. 70
Figura 44 – Secagem dos tijolos ao sol............................................................................... 70
Figura 45 – Empilhamento de seis tijolos sobre um tijolo previamente imerso em
água..................................................................................................................................... 72
Figura 46 – Tijolo partido ao meio após imersão em água por 4 horas............................. 72
Figura 47 – Colocação de peso de um adulto sobre o tijolo............................................... 73
Figura 48 – Municípios onde se encontram as edificações do estudo no mapa da
Bahia................................................................................................................................... 87
Figura 49 – Edificação da cidade de Banzaê executada pelo construtor “A”................. 89
Figura 50 – Edificação 1 da cidade de Rio de Contas executada pelo construtor “B”....... 95
Figura 51 – Edificação 2 da cidade de Rio de Contas executada pelo construtor “C”..... 103
Figura 52 – Edificação da cidade de Camaçari executada pelo construtor “D”................. 109
Figura 53 – Edificação 1 da cidade de Santa Terezinha executada pelo construtor “E”... 116
Figura 54 – Edificação 2 da cidade de Santa Terezinha executada pelo construtor “F”.. 122
Figura 55 – Edificação do construtor “A” em Banzaê- Ba: (a) Fachada principal; (b)
Fachada lateral.................................................................................................................... 136
Figura 56 – Edificação do construtor “B” em Rio de Contas-Ba: (a) Fachada principal;
(b) Fachada lateral.............................................................................................................. 136
Figura 57 – Edificação do construtor “C” em Rio de Contas-Ba: (a) Fachada principal;
(b) Fachada lateral.............................................................................................................. 137
Figura 58 – Edificação do construtor “D” em Camaçari-Ba: (a) Fachada principal; (b)
Fachada lateral................................................................................................................ 137
Figura 59 – Edificação do construtor “E” em Santa Terezinha-Ba: (a) Fachada
principal; (b) Fachada lateral......................................................................................... 137
Figura 60 – Edificação do construtor “F” em Santa Terezinha: (a) Fachada principal;
(b) Fachada lateral......................................................................................................... 138
Figura 61– Ampliação feita na casa de Banzaê executada com alvenaria de tijolos
cerâmicos e telhas cerâmicas industrializadas (parte antigacom telhas de olaria)............. 138
Figura 62 – Parte dos fundos da casa de Santa Terezinha que foi ampliada usando
tijolos cerâmicos............................................................................................................ 139
Figura 63 – Casa 1 de Rio de Contas, (Construtor “B”): (a) Piso no interior da casa feito
com cimentado com aplicação de pó xadrez em cores variadas; (b) Rachadura no
piso...................................................................................................................................... 140
Figura 64 – Piso cimentado com aplicação de cerâmica inclusive no rodapé da parede
de adobe na casa de Rio de Contas, (Construtor “C”)...................................................... 140
Figura 65 – Edificação de Camaçari, (Construtor “D”): (a) Piso cimentado com
mosáico constituído de pedaços de cerâmica; (b) Rachadura no piso cimentado.............. 141
Figura 66 – Fresta no piso cimentado da casa de Banzaê, (Construtor “A”)..................... 141
Figura 67 – Piso cimentado com alguns furos e fissuras na edificação realizada pelo
construtor “F” em Santa Terezinha.................................................................................... 142
Figura 68 – Alvenarias rebocadas e pintadas na casa de Bamzaê, (Construtor “A”)......... 143
Figura 69 – Alvenarias rebocadas e pintadas na casa 1 de Rio de Contas, (Construtor
“B”)..................................................................................................................................... 143
Figura 70 – Vista do interior da casa de Santa Terezinha, (Construtor “E”) com
alvenarias rebocadas e pintadas.......................................................................................... 143
Figura 71 – Alvenaria sem reboco na edificação de Camaçari, (Construtor “D”)............. 144
Figura 72 – Casa de Santa Terezinha, (Construtor “E”): (a) Rachadura na parede da sala
provocada por colocação de prego; (b) Reboco constituído por terra e cimento
destacado da parede............................................................................................................ 145
Figura 73 – Edificação de Santa Terezinha, (Construtor “F”): reboco composto por
terra e cimento destacado da parede................................................................................... 145
Figura 74 – Edificação de Camaçari (Construtor “D”): (a) Rachadura na parte inferior
da parede provocada por infiltração de água acumulada nas folhas da planta existente
do lado de fora; (b) planta situada na frente da fachada principal..................................... 145
Figura 75 – Casa de 1 pavimento de Rio de Contas (Construtor “C”): (a) Rachadura na
parede da copa; (b) Rachadura na parede da sala.............................................................. 146
Figura 76 – Casa de 2 pavimentos de Rio de Contas (Construtor “B”): (a) Cerâmica
aplicada no piso e nas paredes do box do sanitário; (b) Cerâmica aplicada no piso e
nas paredes do sanitário até altura de 1,80m...................................................................... 146
Figura 77– Bancada da pia com aplicação de cerâmica nas proximidades da saída de
água até a altura de 40cm, na edificação 2 de Santa Terezinha (Construtor “F”).............. 147
Figura 78 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): (a) Infiltração de água no reboco de
cimento e solo na área de banho do sanitário; (b) Infiltração aparente na parte externa
da casa no local correspondente à parede do sanitário....................................................... 147
Figura 79 – (a) Esquadrias de madeira e vidro na casa de Rio de Contas do construtor
“B”; (b) Janela de madeira na casa de Rio de Contas do construtor “C”; (c) Porta de
madeira da fachada principal da edificação de Camaçari.................................................. 149
Figura 80 – (a) Rachadura na base da abertura de janela na casa de Banzaê; (b)
Rachadura na base da abertura de janela na casa de Rio de Contas do construtor “C”..... 150
Figura 81– (a) Esquadria com contra verga na casa do construtor “B” em Rio de
Contas; (b) Esquadria com contra verga na edificação do construtor “D” em Camaçari 150
Figura 82 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): Cobertura composta por telha de olaria
na parte original e por telha industrializada na ampliação da casa.................................. 151
Figura 83 – Casa de Camaçari ( Construtor “D”): (a) Parte da cobertura composta por
telhado verde; (b) Parte da cobertura composta por telha ecológica (tetrapak)................. 151
84 – Edificação de Santa Terezinha ( Construtor “F”): Cobertura composta por telha de
fibrocimento (eternit).......................................................................................................... 151
Figura 85 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): (a) Bolor na alvenaria de adobe próximo
ao telhado causado por infiltração de água de chuva; (b) Madeira do telhado
apodrecida. pela ação da água de chuva que desce pelas frestas do
telhado................................................................................................................................. 152
Figura 86 – Detalhe da elevação da parede a partir da fundação de pedra......................... 158
Figura 87 – Detalhe da elevação da parede acima da fundação de tijolo cerâmico........... 158
Figura 88 – Cinta de concreto magro coroando a fundação............................................... 159
Figura 89 – Camada impermeabilizante sobre fundação de tijolo cerâmico e pedra antes
da instalação da parede de adobe........................................................................................ 160
Figura 90 – Encontro entre a alvenaria de adobe e a fundação e piso assentado acima do
nível do terreno................................................................................................................... 160
Figura 91 – Terra retirada das valas de fundação para ser executado o piso..................... 161
Figura 92 – Calçamento de cimento instalado em todo o perímetro da casa de Banzaê... 162
Figura 93 – Parede com rodapé utilizado na casa de Rio de Contas (Construtor “B”),
para proteger a base da alvenaria contra as águas derivadas de limpeza............................ 162
Figura 94 – Detalhe da junção entre 2 tijolos de uma fiada no meio do tijolo da fiada
anterior na edificação de Camaçari (Construtor “D”)........................................................ 163
Figura 95 – Primeiras fiadas de alvenarias de adobe.......................................................... 164
Figura 96 – Levantando alvenarias com tijolo de adobe.................................................... 165
Figura 97– Execução de viga de concreto armado com tijolos de adobe tipo canaleta..... 165
Figura 98 – Viga de amarração de madeira coroando as paredes....................................... 166
Figura 99 – Interface esquadria e parede de adobe............................................................. 167
Figura 100 – Porta e janela de madeira assentadas em casa de Viçosa-Ceará................... 167
Figura 101– Exemplo de casa de tijolo de adobe com aberturas com distâncias 168
adequadas entre elas e a quina da casa...............................................................................
Figura 102 – (a) Detalhe de verga em madeira; (b) Detalhe de verga em concreto........... 168
Figura 103 – Detalhe de peitoril em concreto..................................................................... 169
Figura 104 – Rasgos nas paredes com instalações elétricas............................................... 169
Figura 105 – Caixa para interruptor na parede................................................................... 169
Figura 106 – Execução do madeiramento do telhado em casa de tijolos de adobe.......... 170
Figura 107 – Edificação de Camaçari: (a) Telhado com calha e tubulação para
condução das águas de chuva; (b) Tanque para captação e armazenamento das águas
provenientes do telhado...................................................................................................... 171
Figura 108 – Cobertura de telha de olaria na casa de Banzaê............................................ 172
Figura 109 – Cobertura com telhado verde na edificação de Camaçari............................ 172
Figura 110 – Massa para reboco sendo misturada.............................................................. 172
Figura 111 – Aplicação do reboco na parede..................................................................... 172
Figura 112 – Palma de onde se extrai a goma.................................................................... 173
Figura 113 – Reboco composto por bolas de terra projetadas na alvenaria na Argélia.... 174
Figura 114 – Colocação de malha de aço para reduzir os problemas causados pela
incompatibilidade entre reboco de cimento e parede de adobe.......................................... 175
Figura 115 – Aplicando reboco na alvenaria de tijolos de adobe....................................... 176
Figura 116 – Paredes pintadas com tinta à base de goma de palma, cola branca e terra
na edificação de Rio de Contas do construtor “B”............................................................. 177
Figura 117 – Edificação de adobe com alvenarias pintadas em Piedade do Paraepeba-
MG...................................................................................................................................... 178
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Qualidades e limitações do tijolo de adobe como material de construção... 32
Quadro 2 – Normas para construção com terra e com tijolo de adobe no mundo.......... 48
Quadro 3 – Classificação granulométrica do solo........................................................... 55
Quadro 4 – Identificação do tipo de terra por análise táctil-visual.................................. 58
Quadro 5 – Tipo de solo e técnica construtiva adequada verificada pelo teste da fita.... 61
Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru
e da Bibliografia............................................................................................................. 74
Quadro 7 – Obras, cidades, construtores e atividade desempenhada pelo construtor..... 82
Quadro 8 – Recomendações, características construtivas adotadas pelo construtor
“A” e avaliação............................................................................................................. 90
Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações
e avaliação.................................................................................................................... 96
Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”,
recomendações e avaliação............................................................................................. 104
Quadro 11 – Características construtivas adotadas pelo construtor “D”,
recomendações e avaliação.............................................................................................. 110
Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”,
recomendações e avaliação.............................................................................................. 117
Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”,
recomendações e avaliação.............................................................................................. 123
Quadro 14 – Avaliação quanto ao atendimento às recomendações à norma peruana e
à bibliografia obtidas pelos construtores na Bahia com média aproximada das
pontuações atingidas....................................................................................................... 133
Quadro 15 – Tempo de construção das edificações........................................................ 135
Quadro 16 – Estado de conservação das edificações...................................................... 136
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCTERRA- Associação Brasileira dos Construtores com Terra – SP
ABMTENC- Associação Brasileira de Materiais e Tecnologias Não Convencionais
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM - American Society for Testing and Materials
BIS - Bureau of Indian Standards
BTC - Bloco de Terra Comprimida
CID - Construction Industries Division
CRATerre - Centre de Recherche et d’Application - Terre
EBAA - Earth Building Association of Australia
ENA - Rede de Ecovilas das Américas.
HABIS - Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INDECOPI - Instituto Nacional de Defensa de la Competencia y de la Protección de la
Propiedad Intelectual
IPB - Instituto de Permacultura da Bahia
IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado
IPEMA- Instituto de Prmacultura e Ecovilas da Mata Atlântica
MOPT - Ministerio de Obras Públicas y Transportes
ONU- Organização das Nações Unidas
SA - Standards Australia
SENCICO- Servicio Nacional de Normalización, Capacitación e Investigación para la
Industria de la Construcción
SNZ - Standards New Zealand
TSE - Turkish Standard Institution
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................. 20
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 21
1.2.1 Objetivo geral....................................................................................................... 21
1.2.2 Objetivos específicos............................................................................................ 21
1.3 JUSTIFICATIVA...................................................................................................... 21
1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA............................................................................ 22
1.5 ESTRTURA DA PESQUISA.................................................................................... 23
2. O TIJOLO DE ADOBE........................................................................................... 24
2.1 A TERRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO............................................. 24
2.2 O TIJOLO DE ADOBE COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO ...................... 30
2.3 QUALIDADES E LIMITAÇÕES DO TIJOLO DE ADOBE.................................. 31
2.4 CONSTRUÇÕES COM TIJOLO DE ADOBE NO MUNDO.................................. 33
2.4.1 Construções com tijolo de adobe na Europa...................................................... 33
2.4.2 Construções com tijolo de adobe na África........................................................ 36
2.4.3 Construções com tijolo de adobe na Oceania..................................................... 37
2.4.4 Construções com tijolo de adobe na Ásia........................................................... 38
2.4.5 Construções com tijolo de adobe nas Américas................................................. 39
2.4.6 Construções com tijolo de adobe no Brasil........................................................ 43
2.5 NORMA PARA CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE DO PERU............. 51
2.6 O SOLO PARA CONFECÇÃO DO TIJOLO DE ADOBE..................................... 54
2.6.1. Tipo de solo mais apropriado para o tijolo de adobe....................................... 56
2.6.2 Testes expeditos para o solo................................................................................. 56
2.6.3 Correção do solo para o adobe............................................................................ 65
2.7 CONFECÇÃO DO TIJOLO DE ADOBE................................................................ 65
2.7.1 Coleta do solo ....................................................................................................... 65
2.7.2 Preparação do solo para a massa........................................................................ 66
2.7.3 Amassamento do barro........................................................................................ 67
2.7.4 Fôrmas .................................................................................................................. 68
2.7.5 Dimensões do tijolo............................................................................................... 69
2.7.6 Secagem do tijolo.................................................................................................. 70
2.7.7 Testes expeditos para o tijolo............................................................................... 71
3 MÉTODO DE PESQUISA........................................................................................ 80
3.1 ESTRATÉGIA DO ESTUDO................................................................................... 80
3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA......................................................................... 81
3.2.1 Pesquisa Bibliográfica.......................................................................................... 81
3.2.2 Coleta de dados do estudo de campo.................................................................. 81
3.2.2.1 Identificação das edificações com tijolo de adobe executadas nos últimos
20 anos no estado da Bahia........................................................................................ 81
3.2.2.2 Entrevista semiestruturada com construtores baianos......................................... 82
3.2.2.3 Visitas às obras com verificação das manifestações patológicas........................ 83
3.2.2.4 Entrevista com os usuários das edificações......................................................... 83
3.2.3 Análise dos dados do estudo de campo............................................................... 83
3.2.3.1 Análise da técnica de construção com tijolo de adobe adotada por cada
construtor baiano com base na recomendações da norma Peruana NTE E.080:2000 e
da bibliografia com avaliação quanto ao atendimento às mesmas............................ 84
3.2.3.2 Análise da situação atual das edificações e das manifestações
patológicas.................................................................................................................... 85
3.2.4 Apresentação dos Resultados ............................................................................. 86
4 OBJETO DE ESTUDO............................................................................................ 87
4.1 ANÁLISE DA TÉCNICA DE CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE
ADOTADAPOR CADA CONSTRUTOR BAIANO COM BASE NAS
RECOMENDAÇÕES DA NORMA PERUANA NTE E.080:2000 E DA
BIBLIOGRAFIA E AVALIAÇÃOQUANTO AO ATENDIMENTO ÀS MESMAS... 88
4.2 SITUAÇÃO ATUAL DAS EDIFICAÇÕES DO ESTUDO.................................... 134
4.2.1 Tempo de construção das edificações.............................................................. 134
4.2.2 Situação de conservação das edificações............................................................ 135
4.2.3 Edificações reformadas ou ampliadas................................................................ 138
4.2.4 Situação do piso................................................................................................... 140
4.2.5 Situação das alvenarias, reboco e pintura.......................................................... 142
4.2.6 Situação das esquadrias....................................................................................... 148
4.2.7 Situação da cobertura.......................................................................................... 150
4.2.8 Síntese da situação atual das edificações............................................................ 152
5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS........................................................................ 154
5.1 RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE...... 154
5.1.1 Cuidados Prévios............................................................................................. 154
5.1.2 Fundação.......................................................................................................... 158
5.1.3 Piso...................................................................................................................... 161
5.1.4 Alvenarias........................................................................................................... 163
5.1.5 Esquadrias.......................................................................................................... 166
5.1.6 Instalações Elétricas e Hidráulicas................................................................... 169
5.1.7 Cobertura......................................................................................................... 170
5.1.8 Reboco................................................................................................................ 172
5.1.9 Pintura............................................................................................................... 176
6 CONCLUSÕES........................................................................................................... 179
6.1 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS....................................................... 180
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 182
APÊNDICE 1- ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM CONSTRUTORES.... 192
APÊNDICE 2- FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES DO
ESTUDO......................................................................................................................... 199
APÊNDICE 3- CREDENCIAIS DOS CONSTRUTORES ENTREVISTADOS......... 203
APÊNDICE 4- CARTA DE AUTORIZAÇÂO DO SENCICO – PERU...................... 204
18
1 INTRODUÇÃO
Qualquer atividade humana gera desequilíbrio no ecossistema. Os recursos naturais vêm se
esgotando por causa das ações do homem e preservá-los é fundamental. Soluções que
promovam a sustentabilidade em todos os setores da sociedade precisam ser encontradas, o
que constitui um grande desafio.
De acordo com Alexandria e Lopes (2008), por menor que seja a ação do homem, os impactos
sobre o meio ambiente são iminentes, o que exige mudanças de atitudes e hábitos. Estes
autores, afirmam ainda, que o homem precisa encontrar um modelo sustentável de
desenvolvimento que atenda às suas necessidades sem ferir os princípios da natureza.
Os impactos ao meio ambiente causados pela construção civil, que particularmente é o setor
da sociedade que mais consome recursos naturais, fizeram com que o mundo dedicasse
especial atenção à preservação dos recursos naturais e à questão do déficit habitacional que
assola principalmente os países em desenvolvimento, e no Brasil, em particular, chega à casa
dos 5,6 milhões de habitações de acordo com relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) de 2010 (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO – MG, 2010).
Durante séculos a construção em terra foi a principal forma construtiva em vários países no
mundo. As regiões de clima quente e seco sempre foram as mais adequadas às construções
com terra crua pelo fato destas regiões possuírem um baixo índice pluviométrico e por terem
temperaturas elevadas quase todo o ano. Nestes locais, de acordo com Bussoloti (2008), as
edificações com terra são mais indicadas por conferirem conforto térmico ao interior do
ambiente construído.
A terra crua, utilizada como material de construção ao invés de produtos industrializados,
propicia a redução de resíduos na obra pelo fato deste material ser reciclável, além de ser
economicamente favorável, minimizar os impactos sobre o meio ambiente e contribuir para
um desenvolvimento sustentável.
Dentre as técnicas que usam a terra crua como matéria básica para a confecção de vedações
verticais nas edificações, destaca-se a do tijolo de adobe, objeto deste estudo. Segundo
Campbell e Pryce (2005), o tijolo de adobe remonta à era do Neolítico; por volta de 10.000 a.
19
C. Para Mesquita (2007), um dos principais motivos para o uso destes tijolos, foi a
possibilidade de se moldar o material. A trabalhabilidade, a abundância da matéria-prima e a
facilidade de execução do tijolo foram fatores que tornaram esta solução interessante e assim
ultrapassasse as fronteiras e se disseminasse pelo mundo inteiro atendendo a necessidade de
habitar do homem.
O aproveitamento de materiais abundantes e de baixo impacto ambiental como o tijolo de
adobe pode promover um desenvolvimento sustentável na construção civil, além de propiciar
uma redução no custo final da obra em comparação com uma edificação que utiliza materiais
industrializados. De acordo com Arini (1995), a construção que usa a terra em tijolos de solo
prensado apresenta um custo menor do que a executada com materiais industrializados,
apresentando uma redução de 35% sobre o custo final da obra.
Em busca de soluções sustentáveis para a construção civil, nas últimas décadas muitos países
no mundo passaram a adotar técnicas de baixo impacto ambiental promovendo debates
juntamente com ações que promovessem as construções com terra. Dessa forma o sucesso
deste tipo de edificações durante vários séculos permitiu que soluções como estas para a
construção civil fossem implementadas recentemente no mundo, buscando sempre o
aprimoramento da técnica para que fossem minimizados os riscos e desvantagens que
pudessem representar aos seus usuários.
Normas e regulamentos para construções com terra surgiram, portanto, em diversos países
com a finalidade de incentivar o uso da terra como material construtivo, em larga escala, além
de procurar atenuar as desvantagens do uso deste material como: baixa resistência, menor
durabilidade e alta permeabilidade.
Em países como o Peru, a normalização para edificações com terra e em particular, com o
tijolo de adobe, já é uma realidade há mais de duas década. Este é um país com tradição em
construção com terra como no caso do Brasil, além de possuir características similares ao
nosso país em relação à economia, ao clima e à cultura do povo, por isso, a norma peruana
NTE E.080 (SENCICO, 2000) para edificações com tijolo de adobe faz parte deste estudo.
As atitudes que promovem a preservação dos recursos naturais vêm crescendo a cada ano e
adquirindo adeptos por parte da população preocupada com o futuro de nosso planeta, e
20
acabaram por favorecer também o aumento do número de arquitetos, engenheiros e
autoconstrutores no mundo todo, interessados em construir com terra. No estado da Bahia não
é diferente, esta busca pela utilização da terra como material construtivo tem resultado em
obras de edificações do tipo por todo o estado, principalmente na zona rural e em regiões de
clima semiárido.
O resultado final deste estudo consistiu na elaboração de recomendações para a construção
com o tijolo de adobe envolvendo os aspectos mais relevantes da norma peruana NTE E.080
(SENCICO, 2000), da bibliografia especializada e da forma como alguns construtores
realizaram suas obras com tijolo de adobe na Bahia. Estas recomendações foram elaboradas
para que a construção de uma edificação com tijolo de adobe fosse simples, rápida, durável e
que possibilite a autoconstrução.
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
O crescimento econômico de qualquer país deve levar em consideração preocupações com o
equilíbrio ambiental. No Brasil, em particular, onde parte da população não possui habitação
própria, estudos no sentido de encontrar alternativas ambientalmente saudáveis para a
construção civil são oportunos e necessários.
Com o advento de novos rumos tomados pela arquitetura nas últimas décadas no mundo, em
busca de soluções mais sustentáveis, a técnica da construção com terra passou a atrair a
atenção de profissionais do ramo da construção civil.
No caso da Bahia um movimento no sentido da busca por sustentabilidade na construção civil
vem tomando corpo. A procura por construir moradia de baixo custo, preservando os recursos
naturais e utilizando materiais de construção de fácil acesso, foram fatores que impulsionaram
autoconstrutores, arquitetos e engenheiros a adotarem o tijolo de adobe nas suas obras nos
últimos anos no estado. Baseada na análise das técnicas construtivas adotadas pelos
construtores baianos e também na análise das indicações da norma do Peru e da bibliografia, a
pesquisa procura responder às seguintes perguntas:
21
1- Quais as recomendações para construções com tijolo de adobe que podem oferecer
condições para aumentar a proteção das alvenarias contra as intempéries e promover uma
maior durabilidade das edificações?
2- Quais as estratégias utilizadas pelos construtores no estado da Bahia ao adotarem a técnica
do tijolo de adobe nas suas edificações?
3- Para a construção com a técnica do tijolo de adobe quais cuidados devem ser observados?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Elaborar recomendações para a construção com tijolo de adobe que possam propiciar uma
construção segura e durável.
1.2.2 Objetivos específicos
. Analisar as técnicas para a construção com tijolo de adobe adotadas por construtores no
estado da Bahia nas últimas duas décadas.
. Avaliar as técnicas utilizadas na Bahia com base nas recomendações da norma peruana NTE
E.080 - Adobe (SENCICO, 2000) e nas indicações da bibliografia especializada.
. Analisar a situação atual das edificações do estudo apontando as manifestações patológicas
existentes.
1.3 JUSTIFICATIVA
A Bahia é um estado que possui tradição em construção com tijolo de adobe, haja vista as
edificações erguidas no período colonial que existem por todo o estado, como por exemplo,
no Centro Histórico da cidade de Salvador, capital do estado. Entretanto, com o passar dos
anos construções com esta técnica foi dando lugar àquelas que utilizam materiais
industrializados como o tijolo cerâmico ou tijolo queimado e o cimento por exemplo. Os
motivos do quase total abandono da técnica que utiliza o tijolo de adobe como material
construtivo são diversos e um deles ainda é o preconceito em relação à técnica pelo fato de se
achar que a casa de barro atrai o inseto “barbeiro” transmissor da doença de chagas. Outro
22
motivo é o de relacionar a edificação de terra à construção destinada a pessoas de baixo poder
aquisitivo.
A normalização para a construção de edificações com terra contribui para desmistificar e
oferecer credibilidade e segurança aos futuros usuários das mesmas, além de incentivar o uso
de materiais alternativos, ao invés dos industrializados, na construção civil.
A escolha pela análise da norma NTE E.080 do ano de 2000 elaborada no Peru e pertencente
ao Servicio Nacional de Normalización, Capacitación e Investigación para la Industria de la
Construcción (SENCICO), se deve ao fato deste ser um país com tradição em construção com
terra, além de possuir algumas regiões com características climáticas similares às do Brasil e
da Bahia. Esta norma peruana serve bem ao propósito de balizar as recomendações para as
etapas construtivas com o tijolo de adobe, juntamente com a análise do que foi executado nas
edificações da Bahia apresentadas neste estudo.
Uma das características similares entre o Peru e o estado da Bahia é o clima tropical de
algumas localidades peruanas, com regiões semiáridas, que são as mais adequadas às
construções com adobe, por estas regiões apresentarem temperaturas elevadas quase todo o
ano e índice pluviométrico baixo. A população, tanto do Peru quanto do Brasil e em
particular da Bahia, pratica estas técnicas construtivas que são passadas de geração em
geração, possibilitando a autoconstrução de suas habitações.
Um estudo sobre construções com tijolo de adobe é relevante porque o uso deste material em
edificações poderá atender às necessidades de moradia de parte da sociedade, principalmente
em regiões onde o clima for adequado a este tipo de edificação.
1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
A opção por pesquisar o aspecto tecnológico das construções com tijolo de adobe, coletando
informações relevantes que contribuíssem para uma melhor preservação das alvenarias
envolvendo materiais alternativos, fez com que os aspectos referentes ao comportamento
estrutural não fossem considerados neste estudo.
23
As análises das normas de outros países não fizeram parte deste estudo devido à dificuldade
em se obter a autorização para a divulgação destas normas pelos órgãos responsáveis, o que
contribuiu para que fosse usada somente a norma peruana, cuja autorização se encontra no
apêndice 4.
Os construtores entrevistados foram seis, por motivo de falta de interesse por parte de outros
construtores contatados em responder ao questionário e, por isso, não fazem parte do estudo.
1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA
No primeiro capítulo deste trabalho a introdução apresenta o tema ao leitor, justificando e
proporcionando conhecimento sobre o problema analisado. Este capítulo contém também os
objetivos a serem alcançados e a delimitação da pesquisa. Em seguida apresenta-se o
referencial teórico que é formado por conceitos, história, normas e experiências sobre a
técnica construtiva com tijolo de adobe Brasil e no mundo. É apresentada ainda neste capítulo
a norma para a construção com tijolo de adobe do Peru, em seguida, as considerações sobre o
solo para o tijolo de adobe e sobre as etapas para a confecção do mesmo e por fim, é
apresentado um quadro resumo contendo as recomendações da norma peruana e da
bibliografia especializada para a técnica do tijolo de adobe. O terceiro capítulo apresenta a
metodologia utilizada na pesquisa. O quarto capítulo se refere ao objeto de estudo, onde são
apresentadas as edificações com tijolo de adobe, realizadas recentemente na Bahia, com
análise das estratégias de construção utilizadas por cada construtor mediante o que preconiza
a norma do Peru e o que recomenda a bibliografia. No quinto capítulo são apresentadas as
recomendações tecnológicas para a construção com tijolo de adobe a partir das estratégias dos
construtores baianos e das recomendações da norma peruana e da literatura, visando a
durabilidade e a preservação das edificações. Por fim, no sexto e último capítulo apresentam-
se as conclusões da pesquisa.
24
2 O TIJOLO DE ADOBE
Neste capítulo é apresentada a revisão bibliográfica constituída por informações relevantes
sobre o tema que servem de suporte à pesquisa. Um quadro resumo com as normas e
regulamentos citados durante o texto é apresentado e no final do capítulo é ilustrado um
quadro resumo com as recomendações, tanto da norma peruana NTE E.080 (SENCICO,
2000), quanto da bibliografia especializada para a construção com tijolo de adobe.
2.1 A TERRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Materiais de construção de terra crua, ou seja, produzidos com solo, têm esta designação por
não passarem pelo processo de cozimento ou queima. Este tipo de material construtivo foi e
ainda é muito utilizado nos mais variados tipos de edificações, como igrejas, mesquitas,
palácios, fortificações e habitações.
De acordo com Santiago (2001), aproximadamente 1/3 da população do mundo habita em
edificações de terra crua, locais como: Peru, Índia, China, Espanha, França, Inglaterra,
Portugal, Egito, Brasil e Estados Unidos, dentre outros, adotam este material construtivo para
executar edificações. Em regiões de clima quente e seco, de acordo com Mink (2008), a terra
crua tem sido o material predominante nas construções.
Com o passar dos anos a pedra, muito utilizada na antiguidade, foi aos poucos dando mais
espaço ao tijolo de terra crua nas construções devido à trabalhabilidade, abundância de
matéria-prima e a facilidade de transporte, tornando esta solução mais viável. Correia (2006)
salienta que as construções com terra crua são altamente duráveis, atravessando períodos da
pré-história até os dias atuais.
As mais antigas construções em terra são as da região da Mesopotâmia, a carência de pedra no
local foi um fator que incentivou o uso da terra como material construtivo. No antigo Egito, a
terra como material de construção, foi também muito utilizada por causa da presença de rios e
consequentemente da argila. De acordo com Bussoloti (2008), as condições do clima seco
nestas regiões também favoreceram as construções em terra por estas conferirem conforto
térmico às habitações. Na Figura 1 é apresentada a cidade de Ban no Irã, região de clima seco
onde este tipo de construção foi adotado em larga escala.
25
Figura 1 – Construções em adobe na cidade de Ban (Irã)
Fonte: Assis (2008)
De acordo com Patrone et al. (2004), a construção em terra foi a principal forma construtiva
em vários países na Ásia e no Oriente Médio durante muitos séculos devido ao seu fácil
manuseio e baixo custo. A grande muralha da China, construída durante a China Imperial, é
um exemplo de construção com terra crua com mais de dois mil anos de existência (Figura 2).
Figura 2 – Muralha da China
Fonte: Guia Geográfico: China (2011).
Os astecas, relata Bussoloti (2008), empregaram essa técnica construtiva, em suas pirâmides
confeccionadas com toneladas de terra batida. Segundo Alexandria e Lopes (2008), este tipo
26
de material construtivo, por ser disponível em larga escala na superfície terrestre, foi utilizado
em todos os continentes, nos mais diversos climas, culturas e civilizações, confirmando dessa
forma a diversidade de seu emprego, funções e formas que pode ter. As construções em terra
geraram casas que há séculos estão de pé demonstrando assim o seu potencial como
construção durável. Em Ait Benhaddou no Marrocos, onde o clima é árido existem algumas
edificações que utilizaram o adobe como elemento construtivo, como mostra a Figura 3.
Figura 3 – Construções em pedra e adobe em Ait Benhaddou no sul de Marrocos
Fonte: Trindade (2008)
Uma construção com terra pode ser produzida de diferentes formas que normalmente
dependem do tipo de solo com o qual se vai construir, da técnica que vai ser empregada e das
características sócio-culturais dos construtores. No diagrama formulado pelo grupo francês
Centre de Recherche et d’Application - Terre (CRATerre) são apresentadas 12 maneiras de se
construir com terra crua, como mostra a Figura 4.
27
Figura 4 – Tipos de construções com terra, destacando adobe, taipa de pilão e pau a pique
Fonte: Adaptado de CRATerre (apud BAYER, 2010)
De acordo com Iglesias (1993), o maior desafio das construções em terra, consiste em
eliminar o preconceito que associa os materiais de construção industrializados à obras de alto
escalão social enquanto que a arquitetura de terra muitas vezes é vista como precária e
símbolo de pobreza. Muitas edificações que utilizaram a terra como principal material de
construção, porém, sobrevivem desde tempos remotos até os atuais demonstrando a
durabilidade e eficácia deste material.
As técnicas construtivas que utilizam a terra crua variam de acordo com o clima, cultura e
características do solo de cada região. No caso do Brasil foram os portugueses que trouxeram
a técnica de construção com terra como, por exemplo, a taipa de mão ou pau a pique; a taipa
de pilão e o tijolo de adobe, que segundo Lopes (2002), também foram as mais utilizadas em
Portugal.
28
As técnicas da taipa de pau a pique e de pilão herdadas dos colonizadores, de acordo com
Tinoco e Araújo (2007), ainda são adotadas em diversas regiões do Brasil devido as suas
qualidades como: a capacidade que o barro possui em armazenar o calor durante o dia e
perdê-lo lentamente à noite conferindo ao interior do ambiente construído uma temperatura
uniforme; a de economizar energia na sua produção; a de ser totalmente reciclável e favorável
ao meio ambiente.
A taipa de pau a pique, conhecida também como taipa de mão, taipa de sopapo ou barro
armado é denominada por Neves (2005) por técnica mista. A técnica construtiva da taipa de
mão de acordo com Pisani (2007) foi muito utilizada na arquitetura no período colonial.
Exemplares de construções com esta técnica, atualmente, são geralmente encontradas nas
zonas rurais do país.
Por ser uma técnica construtiva de baixo impacto ambiental e por ser a terra um material
abundante e de fácil obtenção, nas últimas décadas a taipa passou a ser empregada na
construção de habitações de pessoas preocupadas com o meio ambiente.
Esta técnica consiste em executar um entramado, que é uma estrutura de ripas de madeira ou
bambu que serve de suporte para o barro que é amassado, geralmente com os pés e depois
jogado a sopapos neste entramado. Na Figura 5 é apresentada a execução de uma vedação
vertical com a técnica da taipa de pau a pique ou taipa de mão.
Figura 5 – Confecção de vedação vertical com taipa de pau a pique
Fonte: Senda Viva: tecendo redes [20--]
29
A taipa de pilão, de acordo com Weimer (2005), é uma técnica construtiva milenar encontrada
em todos os continentes. No Brasil foi amplamente empregada durante o período colonial e é
utilizada até hoje, por se tratar de uma técnica relativamente simples e de fácil apropriação
popular.
Segundo Eijk (2005), nesta técnica é executada uma estrutura autoportante em terra apiloada
formando um conjunto monolítico. A técnica consiste em despejar a terra umedecida entre
dois tabuleiros ou fôrmas de madeira, a qual em seguida é socada com um pilão. Este
apiloamento se faz por camadas de aproximadamente 10 cm a 15 cm para conferir uma
melhor uniformidade na compactação. Quando a terra atinge a altura da fôrma, as tábuas são
elevadas e continua o mesmo procedimento até a altura desejada da parede. As fôrmas podem
ser reutilizadas inúmeras vezes. Na Figura 6 é apresentada a execução de uma parede com a
técnica da taipa de pilão.
Figura 6 – Construção com taipa de pilão
Fonte: Arquitetura Unimar (2010)
30
2.2 O TIJOLO DE ADOBE COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
O tijolo de adobe é constituído basicamente por silte, areia e argila com proporções variáveis
de acordo com o tipo de solo característico de cada região onde se confecciona o tijolo. A
técnica do tijolo de adobe consiste em moldar em formas a terra umedecida e depois
desenformar e secar os blocos ao sol ou à sombra.
O tijolo de terra crua é um material de construção usado há milhares de anos, sendo um dos
primeiros materiais de construção que o homem fabricou. De acordo com Campbell e Pryce
(2005), este tijolo existia desde antiguidade, quando o homem se tornou sedentário, o que o
levou a sentir a necessidade de habitar e desenvolver assim a construção de sua moradia.
Na Bíblia (BÍBLIA ELETRÔNICA, 1999), nos livros do Antigo Testamento, ou seja, antes
da era cristã, são encontradas referências a tijolos tanto de barro cozido como de terra crua
feitos a partir do barro amassado com os pés. Segundo Gutierrez (1972), o adobe como
sistema de construção, pode ser descrito como a superposição de blocos de barro, que se unem
entre si com uma argamassa similar a sua constituição interna.
A resistência do tijolo de adobe pode ser verificada pela permanência no tempo de algumas
construções antigas feitas com este material. Porém, alguns cuidados devem ser tomados
como prevenir a infiltração por capilaridade da água do solo através de construção de
fundações apropriadas que isolem a umidade que vem da terra, e proteger também das chuvas
com o aumento dos beirais da cobertura fazendo com que as águas caiam mais distante das
paredes.
A manutenção das paredes em adobe nas construções deve ser feita periodicamente no sentido
de eliminar as frestas que podem aparecer, com o fim de evitar o alojamento de insetos como
o Triatoma infestans, popularmente conhecido como barbeiro transmissor da doença de
Chagas, de acordo com Rocha (2002).
Uma das maiores vantagens do uso do tijolo de adobe ao invés do tijolo cerâmico reside no
fato de que, para a fabricação deste último, o consumo energético utilizado é alto e envolve
várias etapas como a de secagem; seguida da queima; e depois do resfriamento e todas estas
31
etapas consomem muita energia. Além do fator energia, os danos causados com extração de
matéria-prima (argila) para a confecção de tijolo cerâmico geram impactos ambientais.
Já o tijolo de adobe não utiliza a queima do produto e é um material totalmente reciclável não
gerando entulho durante a construção nem mesmo no ato de demolição da edificação pois
este material volta novamente a fazer parte do meio ambiente. Segundo Minke (2008), a
energia empregada na produção do tijolo de adobe representa apenas 1% da energia usada na
fabricação do concreto ou de tijolos cerâmicos. A Figura 7 mostra uma casa de tijolos de
adobe em Sete Lagoas no estado de Minas Gerais.
Figura 7 – Casa de tijolo de adobe em Sete Lagoas-MG
Fonte: Google Imagens (2012)
2.3 QUALIDADES E LIMITAÇÕES DO TIJOLO DE ADOBE
As qualidades do uso do tijolo de adobe nas construções são diversas, de acordo com Minke
(2008) e Faria (2002), tais como: o baixo consumo energético onde pouca energia é necessária
para a confecção do mesmo; ser um recurso renovável, abundante; não necessitar de mão de
obra especializada para a sua produção; ser um eficaz isolante térmico e acústico e por tudo
isso ser um material favorável ao meio ambiente.
32
Apesar das inúmeras vantagens, o tijolo de adobe, entretanto, possui limitações de uso como
a degradação do material na presença de água. No Quadro 1 são apresentadas algumas
qualidades do uso do deste material em edificações e também suas limitações.
Quadro 1 – Qualidades e limitações do tijolo de adobe como material de construção
Fonte: Minke (2008) e Faria (2002)
Uma das grandes qualidades do tijolo de adobe é o conforto térmico que este material
proporciona ao interior do ambiente da edificação, conferindo uma temperatura e umidade
praticamente constante durante o ano inteiro, sendo assim adequado a climas com
temperaturas elevadas. O tijolo de adobe em uma alvenaria além de proporcionar conforto
térmico garante também um bom isolamento acústico, de acordo com Minke (2008).
De acordo com Simões (2009), a arquitetura deve promover a diminuição da sensação de
desconforto que climas extremos imprimem sobre o homem, produzindo edificações tão
confortáveis como os espaços ao ar livre em climas suaves.
Uma edificação com tijolo de adobe tem uma outra importante qualidade que é a de poder
ser executada através de autoconstrução, por mão de obra não especializada assessorada por
profissional da área, propiciando assim que a população mais carente possa habitar em
moradia construída por ela própria.
QUALIDADES LIMITAÇÕES
Redução com os custos de produção.
Redução com custo de transporte de material
industrializado.
Disponibilidade de material de construção.
Reutilização ilimitada.
Diminuição da contaminação do meio
ambiente por resíduos de obra.
Economia de energia.
Adequado à autoconstrução.
Pode ser executado por mão de obra não
especializada.
Conforto térmico no interior do ambiente
construído.
Isolamento acústico.
Desintegração do material na presença de água.
Manutenção constante do revestimento para
evitar frestas.
Retração por evaporação da água da mistura.
Não padronização do produto final.
Falta de melhoramentos técnicos.
33
2.4 CONSTRUÇÕES COM TIJOLO DE ADOBE NO MUNDO
Construções com tijolo de adobe existem por todo o mundo, principalmente em áreas com
clima quente e com baixo índice pluviométrico, por causa deste tipo de edificação favorecer
um conforto térmico ao interior do ambiente e não ser aconselhável em locais de chuvas
intensas e constantes devido à permeabilidade deste material. Por ser um material acessível e
de baixo impacto ambiental, de acordo com Walker (2003), existe um empenho a nível
mundial em promover a utilização desta técnica e em elaborar uma normalização para a
construção com tijolo de adobe em vários países do mundo.
2.4.1 Construções com tijolo de adobe na Europa
O interesse na arquitetura de terra vem crescendo nos últimos anos na Europa segundo
Steingass (2003) devido principalmente, ao aumento do interesse por uma construção
ambientalmente correta e mais saudável, em particular em zonas ruarais.
Na Alemanha, por conta do fim da segunda guerra mundial surgiram muitos refugiados que
não possuíam abrigo, o que provocou a construção de habitações populares em terra crua
devido à escassez de material industrializado usando para isso mão de obra local. Este país foi
um dos primeiros a elaborar normas e padrões para a construção com terra datados entre 1947
e 1956. De acordo com Fernandes (2013) na década de oitenta esse tipo de construção foi
impulsionada pela legislação que surgiu para regulamentar as construções com terra.
Atualmente, neste país existe um moderno regulamento de construção com terra o Lehmbau
Regeln: Begriffe-Baustoffe-Bauteile do ano de 1999, desenvolvido pela Associação
Dachverband Lehm.
A Alemanha hoje segue pesquisando e aprimorando as técnicas de construção em terra,
favorecendo o desenvolvimento desta técnica construtiva não só na Europa, mas em outros
países. Um exemplo de construção recente neste país com tijolo de adobe é apresentado na
Figura 8.
34
Figura 8 – Creche na Alemanha com abóbada em tijolos de adobe
Fonte: Minke (2008)
Na França foi criado em 1979 o centro de pesquisa denominado Centre de Recherche et
d’Application - Terre (CRATerre) que apoia atividades de construção com terra no mundo
inteiro, desenvolvendo suas atividades principais nos campos da conservação e gestão dos
patrimônios arquitetônicos em terra e valorização da diversidade cultural tendo em vista uma
melhor utilização dos recursos materiais e humanos criando melhores condições para que as
comunidades que atende tenham acesso à habitação. As atividades desenvolvidas pelo
CRATerre são na sua maioria em parceria com as organizações internacionais e locais,
conduzindo e privilegiando as dinâmicas de desenvolvimento sustentável em projetos de
longo prazo.
Em Portugal de acordo com Varum et al. (2008), as construções em adobe foram implantadas
em sua maioria na região de Aveiro onde tiveram seu auge na primeira metade do século XX,
como mostra a Figura 9. Atualmente neste país muitos arquitetos estão lançando mão da terra
como material de construção. Um exemplo de construção recente em adobe é apresentada na
Figura 10.
35
Figura 9 – Exemplos de Construções em Adobe no distrito de Aveiro
Fonte: Varum et al. (2008)
Figura 10 – Casa em Adobe construída em 2002 em Portugal
Fonte: Tagomori; Cavallaro (2011)
Na Espanha, em 1992, foi publicado um documento de orientação para a construção de terra
emitido pelo Ministerio de Obras Públicas y Transportes (MOPT) com título: Bases Para el
Diseño y Construcción con Tapia. O adobe é uma das técnicas de construção em terra mais
utilizadas neste país, tendo como exemplos edificações de classe baixa e alta como casas na
zona rural e grandes monumentos. Outras edificações em adobe encontram-se no centro
histórico da cidade de Córdoba (Figura 11). Atualmente na Espanha existem exemplos de
casas em adobe como o Ecovillage Amayuelas em Palência destinadas a turistas na zona
rural, como mostra a Figura 12.
36
Figura 11– Centro histórico de Córdoba-Espanha Figura 12 – Casa no Ecovillage Amayuelas na zona rural
Fonte: Dobrar Fronteiras (2009) Fonte: Abrazo House, [ 20--]
Na Itália foram elaboradas a Lei nº 378 de 24 de dezembro 2003 (ITÁLIA, 2004) e a lei L.R.
2/06 com o título: Legge regionale nº 2 del 16 gennaio 2006 (REGIONE PIEMONTE, 2006),
as quais regulamentam as construções com terra crua.
2.4.2 Construções com tijolo de adobe na África
No Egito, existem exemplos de construção com adobe como o Ramesseum, erguido no
século I a.C. e pelo continente africano as mesquitas quase em sua totalidade foram
construídas em adobe, como a mesquita em Timbuktu no Mali que é apresentada na Figura
13.
Figura 13 – Mesquita em tijolo de adobe em Timbuktu no Mali
Fonte: Dreamstime (2009)
37
Atualmente, o arquiteto Hassan Fathy, que atua no Cairo se dedicou ao estudo das
construções rurais de sua região, em adobe, tendo, como um de seus principais trabalhos, o
projeto de construção da New Gourna Village, em Burkina Fasso contendo habitações de
baixo custo, mesquita escola, mesquita, supermercado e teatro, toda em adobe, reerguendo a
antiga vila e devolvendo-a ao povo beduíno (Figura 14).
Figura 14 – New Gourna Village no Egito obra do arquiteto Hassan Fathy
Fonte: Unesco (2011)
2.4.3 Construções com tijolo de adobe na Oceania
Walker e Morris (1998) afirmam que, após a segunda guerra mundial, por escassez de
materiais construtivos, foi construída no continente uma série de edificações com terra
estabilizada, com o apoio da Canterbury University. Atualmente, a partir da década de 80,
com a crescente procura da população por construções favoráveis ao meio ambiente e mais
sustentáveis, o número de edificações com terra na Nova Zelândia vem aumentando a cada
ano, porém as chuvas e os abalos sísmicos constante representavam um problema para este
tipo de construção.
Todos estes fatores fizeram com que surgissem, na Nova Zelândia, normas para garantir a
segurança e a durabilidade destas edificações. Foram publicadas, então, pelo órgão Standards
New Zealand (SNZ) três normas que representam o primeiro conjunto de normas específicas
para edificações com terra no mundo que são: a NZS 4297(SNZ, 1998), a NZS 4298 (SNZ,
1998) e a NZS 4299 (SNZ, 1999). Estas normas englobam as técnicas de construção em terra,
como o adobe, a taipa de pilão, o tijolo prensado dentre outros materiais.
38
Na Austrália, de acordo com Walker (2003), foi publicado o Earth building book Draft Code
05/01 (EBAA, 2001) contendo diretrizes de projeto com propostas alternativas para adobe e
construção com terra batida, pelo o órgão Earth Building Association of Australia (EBAA).
O autor ainda afirma foi publicado o Manual de Construções de Terra o HB 195 (SA, 2002),
pelo órgão Standards Australia (SA), contendo recomendação para o projeto de edificações
de um e de dois pavimentos, com o uso de estabilizante em parede e pisos de terra.
2.4.4 Construções com tijolo de adobe na Ásia
A cidade de Jericó de 8000 a.C., construída no Neolítico e situada em Israel, é destacada por
Correia (2006) como sendo uma das cidades mais antigas da história. Nesse período, as
construções em adobe tinham formato circular evoluindo com o tempo, passando a ser
construídas em formato retangular, ainda em adobe, com fundação em pedra. A Bíblia destaca
o uso de terra, em algumas passagens como esta: “Tira água para o tempo do cerco; reforça as
tuas fortalezas; entra no lodo, pisa o barro, pega na fôrma para os tijolos” em Naum, 3:14
(BÍBLIA ELETRÔNICA, 1999).
A China, segundo Correia (2006), possui um vasto patrimônio construído em terra, na parte
ocidental do país. Em Jiaohe, encontram-se vestígios de um monumento budista, sendo sua
porção inferior edificada com terra compactada, e o topo realizado com adobes, como mostra
a Figura 15.
Figura 15 – Templo budista em Jiaohe na China
Fonte: Google Imagens (2010)
39
Na Turquia, foram elaboradas, pela Turkish Standard Institution (TSE), três normas para a
construção com adobe a TS 537 (TSE, 1985), a TS 2514 (TSE, 1985), e a TS 2515 (TSE,
1985) que contemplam o adobe e o adobe estabilizado com cimento.
Na Índia construções com tijolo de adobe e taipa são bastante comuns e fazem parte da
cultura do povo indiano por serem estas técnicas acessíveis ao povo. Neste país foram criadas
normas para este tipo de edificação para conferir uma maior segurança e durabilidade às
mesmas.
Com a finalidade de promover e tornar estas construções seguras e duráveis, o órgão
regulador da Índia o Bureau of Indian Standards (BIS) publicou as normas para construção
com terra a IS 2110 (BIS, 1980), a IS 1725 (BIS, 1982) e a IS 13827 (BIS, 1993), revisada em
2003.
A Figura 16 ilustra uma construção em adobe na Índia, o Instituto de Tecnologia da Índia e
na Figura 17 é apresentada uma demonstração de aplicação de reboco em casa de adobe com
as mãos.
Figura 16 – Construção em adobe Instituto de Tecnologia Figura 17 – Execução de reboco à mão na Índia
da Índia
Fonte: Nilbberth (2013) Fonte: Recriar com você (2012)
2.4.5 Construções com tijolo de adobe nas Américas
Nos Estados Unidos existem duas normas para a construção com terra. O Estado do Novo
México criou o seu próprio código de edificações para adobe e terra batida a norma
NMAC14.7.4 (CID, 2004) emitida pelo Construction Industries Division (CID). A outra
40
norma é a E2392 M-10 (ASTM, 2010) publicada pela organização internacional American
Society for Testing and Materials (ASTM).
A arquitetura de terra aparece nas Américas em zonas rurais e urbanas em edificações
individuais e coletivas. As construções em adobe estão presentes em quase todas as culturas
pré-colombianas. Na América do Norte, como afirma Correia (2006), as construções em terra
são intensamente presentes nos Estados Unidos como Taos citada por Faria (2002), como a
mais velha casa de apartamentos do mundo, no Novo México, situada em reserva pertencente
a nativos americanos, cujos ancestrais construíram as aldeias em adobe conservadas até hoje,
(Figura 18). Uma outra construção em adobe o Palácio dos Governadores em Santa Fé no
Novo México é apresentada na Figura 19.
Figura 18 – Conjunto habitacional Taos, no Novo México-EUA
Fonte: Faria (2002)
Figura 19 – Palácio dos Governadores em adobe, Santa Fé-Novo México-EUA
Fonte: Skyscrapercity (2009)
Outros exemplos de edificações deste tipo são as das missões franciscanas, existentes no
sudeste do país, realizadas em adobe no século XVII e as grandes propriedades rurais em
41
adobe, que ilustram a literatura norte-americana do século XIX. A arquitetura em terra
atualmente aparece em todo o sudoeste americano. Um exemplo de construção deste tipo é
ilustrado na Figura 20. No México, destacam-se as Zapotecas de 800 a.C, realizadas em terra,
com coberturas planas (Figura 21).
Figura 20 – Construção moderna de alto padrão em adobe nos EUA
Fonte: Dethier (1993)
Figura 21 – Ruínas zapotecas no sítio arqueológico de Monte Alban, no estado de Oaxaca, no
México
Fonte: Enciclopédia Viva (2011)
Na Argentina atualmente a utilização de adobes é comum em Santiago del Estero, devido
principalmente à escassez de chuva e às altas temperaturas. No Uruguai, podem ser
encontradas edificações em terra onde as mais comuns são as de tijolos de adobe, taipa,
terra-palha, de bloco de terra comprimida (BTC) e torrão de terra.
42
No Peru, como em vários países da América do Sul, a população tem o hábito de construir
com terra principalmente em zonas rurais. O Peru é um país que fica entre serras, com
diferentes regiões onde se encontram os mais variados tipos de clima, inclusive o clima
tropical e possui algumas regiões áridas e semiáridas com temperaturas elevadas e pouca
chuva. A população peruana comumente constrói, utilizando a técnica do tijolo de adobe que
confere ao interior do ambiente construído temperaturas amenas.
Um exemplo de construção em adobe no Peru, destaca Correia (2006), são as Huacas, como a
Huaca de La Luna, formando pirâmides monumentais, dispersas por todo o país, como ilustra
a Figura 22. Um exemplo de construção recente com tijolo de adobe em Cuzco no Peru é
apresentado na Figura 23.
Figura 22 – Huaca de La Luna no Peru: Interior de pirâmide em adobe
Fonte Wikimedia (2007)
Figura 23 – Casa em tijolo de adobe em Cuzco no Peru
Fonte: Google Imagens (2011)
O Peru possui quatro normas para a construção com adobe, três delas a NTP 331.201
(INDECOPI, 1978), a NTP 331.202 (INDECOPI, 1978) e a NTP 331.203 (INDECOPI,
43
1978), se referem ao adobe estabilizado com asfalto e foram emitidas pelo Instituto Nacional
de Defensa de la Competencia y de la Protección de la Propiedad Intelectual (INDECOPI); a
outra norma que contém disposições para edificações de adobe sem estabilização a NTE
E.080 (SENCICO, 2000), pertence ao órgão público Servicio Nacional de Normalización,
Capacitación e Investigación para la Industria de la Construcción (SENCICO).
2.4.6 Construções com tijolo de adobe no Brasil
O Brasil é um dos maiores expoentes da arquitetura em terra na América do Sul, desde a
chegada dos colonizadores europeus que aqui introduziram essa técnica. Ainda hoje, a
arquitetura em terra no Brasil é utilizada e encontra-se em processo de desenvolvimento,
particularmente nas regiões centro oeste e nordeste do país, onde o clima é mais favorável a
este tipo de construção.
A construção com terra, de acordo com Silva (2011), foi trazida para o Brasil pelos
portugueses, os abrigos dos índios que aqui viviam eram feitos basicamente de palha e
folhagens. Desde a época em que o Brasil foi colonizado até os dias atuais, de acordo com
Silva (2000), as casas de terra sempre estiveram relacionadas à ideia de miséria, falta de
salubridade e condições subumanas de moradia, porém, à medida que se conhece melhor o
padrão construtivo que é possível alcançar com o uso dessas técnicas, chega-se a conclusão
que boa parte da imagem de pobreza atribuída à estas casas é preconceituosa.
Atualmente arquitetos do Brasil e do mundo dedicam atenção especial à aplicação das
técnicas de construção com terra de acordo com Silva (2000) e nos países de Primeiro Mundo
essas técnicas são consideradas de vanguarda, porém ainda há problemas em relação a
aceitação destas por grande parte da população, sobretudo na zona urbana.
Neves (1995) afirma que as técnicas de construção de terra, que representam quase toda a
arquitetura colonial, foram trazidas por portugueses e africanos, e que não se têm provas da
adoção da terra, como material construtivo por parte dos índios. Dessa forma, o adobe, o pau-
a-pique e a taipa surgiram por influência dos imigrantes portugueses e dos africanos, os quais
já utilizavam a terra, como material de construção. Segundo Katinsky (1994), o tijolo é
utilizado no nordeste brasileiro desde a chegada dos portugueses no século XVI, tanto nas
casas urbanas como nas de engenho.
44
Afirma Reis Filho (1987) que os materiais utilizados na época colonial eram a madeira, o
barro ou a argila, dependendo da disponibilidade do local e que as casas coloniais mais
simples eram as feitas de adobe, pau-a-pique ou taipa, nas edificações de classes mais altas o
barro era utilizado em forma de tijolo e, eventualmente, se usava a pedra.
As construções brasileiras, feitas em adobe representam um notável patrimônio em diversas
cidades que tiveram seu apogeu nos tempos coloniais, como por exemplo Salvador, Ouro
Preto e Tiradentes (Figura 24 e Figura 25).
Figura 24 – Construções Coloniais em Salvador-BA Figura 25 – Construções Coloniais em Tiradentes-MG
Fonte: Rodrigues (2002) Fonte: Rodrigues (2002)
De acordo com Bayer (2010), a Associação Brasileira dos Construtores com Terra
(ABCTERRA) que possui sede em São Paulo, a Associação Brasileira de Materiais e
Tecnologias Não Convencionais (ABMTENC) com sede no Rio de Janeiro e a rede Terra
Brasil, são entidades que vêm debatendo sobre o uso da terra como material construtivo, para
ser adotado em habitação de interesse social, de forma sustentável favorecendo a preservação
do patrimônio histórico em terra existente no Brasil. Com o mesmo fim, foi criada em 2006 a
PROTERRA, que se trata de uma rede Ibero-americana de cooperação técnica que promove a
arquitetura e construção com terra na Ibero-américa, através de atividades de capacitação,
transferência de tecnologia, com geração de publicações.
46
Outras instituições, têm-se destacado no panorama nacional, como o Instituto de
Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), o Instituto de Prmacultura e Ecovilas da Mata
Atlântica (IPEMA), e o Instituto de Permacultura da Bahia (IPB), as quais, abordam ainda os
princípios vinculados à permacultura onde desenvolve áreas produtivas, de forma sustentável,
respeitando o equilíbrio dos ecossistemas.
O conceito de ecovila como movimento ecológico, político, espiritual e social, de acordo com
Bissolotti (2004), foi sistematizado em 1995 no período da Conferência sobre as Ecovilas e
Comunidades Sustentáveis – Modelos para o Século XXI em Findhorn, Escócia, como uma
resposta à necessidade de mobilizar o planeta em direção a uma sociedade sustentável,
conforme se discutiu na Eco 92 do Rio de Janeiro.
Nas ecovilas são desenvolvidas técnicas simples e viáveis que não necessitam de grandes
conhecimentos tecnológicos para a aplicação popular e são executados modelos de construção
de habitações populares de baixo custo utilizando materiais locais e promovendo o conforto
dos habitantes das edificações. A arquitetura ecológica desenvolvida nas ecovilas visa à
integração harmônica do ambiente construído ao ambiente natural. As técnicas de construção
com tijolo de adobe, pau-a-pique e taipa de pilão são geralmente adotadas nestes locais.
A permacultura desenvolvida nas ecovilas busca sempre utilizar os recursos locais e de baixo
custo encontrando soluções sustentáveis, práticas, de fácil implantação e viáveis na produção
de alimentos saudáveis, procurando, para este fim manter a fertilidade do solo; a otimizar o
uso dos espaços e facilitar a redução das desigualdades.
Segundo Bôlla (2012), existem no Brasil quatorze ecovilas cadastradas na Rede de Ecovilas
das Américas (ENA), e três delas estão na Bahia a Fundação Terra Mirim, em Simões Filho
(BA); a Comunidade Solaris, em Ilhéus (BA) e o Eco Village Piracanga em Itacaré (BA),
apresentado na Figura 26.
47
Figura 26 – Construindo paredes de adobe no Eco Village Piracanga em Itacaré Bahia
Fonte: Brasilecoconstrucao (2009)
No Brasil ainda não existem normas relativas à construção em terra, porém, já foram
elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), normas para o solo
estabilizado com cimento, ou solocimento, como: NBR 8492 (ABNT, 1984), NBR10834
(ABNT, 1994), NBR10835 (ABNT, 1994), NBR10836 (ABNT, 1994), NBR12024 (ABNT,
2012) e NBR12025 (ABNT, 2012) e a norma para tijolo cerâmico maciço a NBR 6460
(ABNT, 1993).
A Caixa Econômica Federal, atualmente no Brasil, faz o financiamento de construções que
adotam práticas sustentáveis em diversos locais no país, possibilitando, dessa forma, que
futuramente grupos de técnicos possam assessorar a população carente para que haja
comunhão entre as edificações e o meio ambiente.
Síntese das normas para a construção com tijolo de adobe
Em relação às normas e regulamentos para a construção com terra, as referentes ao tijolo de
adobe foram elaboradas em seis países no mundo, a saber: Peru, Estados Unidos da América,
Índia, Turquia, Itália e Nova Zelândia, e no Brasil foram elaboradas apenas normas para o
bloco de solo cimento.
No Quadro 2, a seguir, são apresentadas as normas e regulamentos para a construção com
terra citadas anteriormente no item 2.4, indicando o país de origem, o ano de publicação, o
48
órgão emissor e o título das mesmas. Os países onde foram elaboradas as normas para a
construção com tijolo de adobe estão em negrito.
Quadro 2 – Normas para construção com terra e com tijolo de adobe no mundo (continua)
PAÍS
NORMA/
REGULAMENTO
ANO
ORGÃO
EMISSOR
TÍTULO
BRASIL NBR 8492 1984 ABNT Tijolo Maciço de Solo-Cimento -
Determinação da resistência à
compressão e da absorção de água.
Método de ensaio.
BRASIL NBR10834 1994 ABNT Bloco vazado de solo-cimento sem
função estrutural - Especificação.
BRASIL NBR10835 1994 ABNT Bloco vazado de solo-cimento sem
função estrutural - Forma e dimensões -
Padronização.
BRASIL NBR10836 1994 ABNT Bloco vazado de solo-cimento sem
função estrutural - Determinação da
resistência à compressão e da absorção
de água - Método de ensaio.
BRASIL NBR12024 2012 ABNT Solo-cimento - Moldagem e cura de
corpos de prova cilíndricos -
Procedimento.
BRASIL NBR12025 2012 ABNT Solo-cimento - Ensaio de compressão
simples de corpos de prova cilíndricos -
Método de ensaio Rio de Janeiro, 2012.
PERU NTP 331.201 1978 INDECOPI Elementos de suelo sin cocer: adobe
estabilizado con asfalto para muros:
Requisitos.
PERU NTP 331.202 1978 INDECOPI Elementos de suelos sin cocer: adobe
estabilizado con asfalto para muros:
Metodos de ensayo.
PERU NTP 331.203 1978 INDECOPI Elementos de suelos sin cocer: adobe
estabilizado con asfalto para muros:
Muestreo y recepcion.
PERU NTE E. 080 2000 SENCICO Adobe.
E.U.A. NMAC 14.7.4 2004 CID New Mexico Earthen Buildings
Materials Code.
E.U.A. E2392 M-10 2010 ASTM Standard Guide for Design of Earthen
Wall Building Systems.
ÍNDIA IS 2110 1980 BIS Code of practice for in-situ construction
of walls, in building soil-cement.
ÍNDIA IS 1725 1982 BIS Specification for soil based blocks used
in general building construction.
ÍNDIA IS 13827 1993 BIS Improving earthquake resistance of
earthen buildings – Guidelines.
49
Quadro 2 – Normas para construção com terra e com tijolo de adobe no mundo (conclusão)
PAÍS
NORMA/
REGULAMENTO
ANO
ORGÃO
EMISSOR
TÍTULO
TURQUIA TS 537 1985 TSE Cement Treated Adobe
Bricks.
TURQUIA TS 2514 1985 TSE Adobe Blocks and
Production Methods.
TURQUIA TS 2515 1985 TSE Adobe Buildings and
Construction Methods
NOVA
ZELÂNDIA
NZS 4297 1998 SNZ Engineering design of earth
buildings.
NOVA
ZELÂNDIA
NZS 4298 1998 SNZ Materials and workmanship
for earth buildings.
NOVA
ZELÂNDIA
NZS 4299 1999 SNZ Earth buildings not
requiring specific design.
ITÁLIA Legge nº 378 2004 ITÁLIA Disposizioni per la tutela e
la valorizzazione
dell’architettura rurale.
ITÁLIA L.R. 2/06 2006 REGIONE
PIEMONTE
Norme per la valorizzazione
delle costruzioni in terra
cruda.
AUSTRÁLIA Draft Code 05/01 2001 EBAA Earth building book.
AUSTRÁLIA SA HB 195 2002 AS The Australian Earth
Building Handbook
ESPANHA MOPT: 1992 1992 MOPT Bases Para el Diseño y
Construcción con Tapial.
FRANÇA CRATerre: 1979 1979 CRATERRE Construire en terre.
ALEMANHA DACHVERBAND
LEHM: 1999.
1999
DACHVERBAND
LEHM
Lehmbau Regeln: Begriffe;
Baustoffe; Bauteile.
Braunschweig.
Fonte: Própria autora
As normas para a construção com tijolo de adobe no mundo geralmente indicam requisitos e
critérios para o produto (o tijolo de adobe) e para a construção com este material. A seguir são
apresentados alguns detalhes das normas para esta técnica existentes no mundo:
No Peru: as normas peruanas NTP 331.201 (INDECOPI, 1978); NTP 331.202 (INDECOPI,
1978); NTP 331.203 (INDECOPI, 1978); se referem ao bloco de adobe estabilizado com
asfalto. A norma NTP 331.201 (INDECOPI, 1978) estabelece os requisitos dos produtos e os
critérios para os ensaios e fabricação do produto; a norma NTP 331.202 (INDECOPI, 1978)
estabelece critérios para a seleção do solo; e a norma NTP 331.203 (INDECOPI, 1978) se
50
refere aos requisitos dos produtos. A norma NTE E.080 (SENCICO, 2000), objeto deste
estudo é apresentada no item seguinte (2.5), e se refere ao tijolo de adobe sem estabilização.
Nos Estados Unidos da América: a norma NMAC 14.7.4 (CID, 2004) trata do tijolo de adobe,
do bloco de terra comprimida e da taipa estabelecendo critérios para a seleção do solo,
requisitos dos produtos e para os ensaios. A E2392 M-10 (ASTM, 2010) se refere ao tijolo de
adobe, à taipa e ao cob, estabelecendo critérios para a seleção do solo, para os ensaios, para a
fabricação do produto, para a construção e para o desenho.
Na Índia: a norma IS 13827 (BIS, 1993) trata do tijolo de adobe e da taipa e estabelece os
requisitos dos produtos e critérios para a construção.
Na Turquia: as normas TS 2514 (TSE, 1985) e TS 2515 (TSE, 1985) tratam do tijolo de
adobe sem estabilização e a TS 537 (TSE, 1985) do tijolo de adobe estabilizado com cimento.
Estas normas estabelecem os requisitos dos produtos e os critérios para os ensaios; fabricação
do produto e para a construção.
Na Itália: as lei italianas: Legge nº 378 (ITALIA, 2004) e L.R. 2/06 (REGIONE
PIEMONTE, 2006) se referem à construções com tijolo de adobe, taipa e bloco de terra
comprimida, porém ,tratam-se de leis que carecem de caráter técnico para que possam ser
aplicadas no processo construtivo das edificações com terra.
Na Nova Zelândia: as normas NZS 4297 (SNZ , 1998); NZS 4298 (SNZ , 1998) e NZS 4299
(SNZ , 1999) tratam do tijolo de adobe, da taipa e do bloco de terra comprimida. As normas
NZS 4297 (SNZ, 1998) e NZS 4299 (SNZ , 1999) estabelecem critérios para a construção e o
desenho. A norma NZS 4298 (SNZ, 1998) estabelece os requisitos dos produtos e os critérios
para a seleção do solo; ensaios; fabricação do produto e para a construção.
No Brasil as normas para o bloco de solo cimento são: NBR 8492 (ABNT, 1984); NBR10834
(ABNT, 1994); NBR10835 (ABNT, 1994); NBR10836 (ABNT, 1994); NBR12024 (ABNT,
2012) e NBR12025 (ABNT, 2012) são normas brasileiras que tratam do bloco de solo
cimento. As normas NBR 8492 (ABNT, 1984); NBR10836 (ABNT, 1994); NBR12024
(ABNT, 2012) e NBR12025 (ABNT, 2012) estabelecem os critérios para os ensaios. A norma
51
NBR10834 (ABNT, 1994) estabelece os requisitos dos produtos e os critérios para a seleção
do solo. A norma NBR10835 (ABNT, 1994) estabelece os requisitos dos produtos.
Além das normas brasileiras para o bloco de solo cimento, dentre as normas para a construção
com tijolo de adobe existentes no mundo, as que podem servir como base para a elaboração
de normas no Brasil para este tipo de construção são: a norma do Peru NTE E. 080
(SENCICO, 2000); as duas normas dos Estados Unidos: NMAC 14.7.4 (CID, 2004) e E2392
M-10 (ASTM, 2010); a norma da Índia IS 13827 (BIS, 1993); as três normas da Turquia: TS
537 (TSE, 1985), TS 2514 (TSE, 1985) e TS 2515 (TSE, 1985) e a norma da Nova Zelândia
NZS 4298 (SNZ, 1998). Estas normas internacionais citadas apresentam recomendações para
a fabricação do tijolo de adobe, além de diretrizes para a edificação que podem nortear as
normas brasileiras para a construção com este material.
2.5 NORMA PARA CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE DO PERU
A norma peruana NTE E.080-Adobe do ano de 2000 emitida pelo SENCICO, que contém
disposições para edificações de adobe sem estabilização, apresenta especificações referentes
à: requisitos para a edificação; seleção do solo; dimensões do tijolo de adobe; os requisitos
para a fabricação do tijolo; testes de resistência do tijolo de adobe; além de diretrizes para a
fundação; piso; alvenaria; esquadrias; cobertura; reboco e pintura.
Requisitos para a edificação: a norma NTE E.080-Adobe (SENCICO, 2000) relata que a
edificação de adobe sem estabilização ou estabilizado deve ter desenho baseado nos
princípios da mecânica e se limitarão a um piso ou até dois pisos, a depender da intensidade
sísmica do local da construção. Esta norma indica ainda que a planta deve ter forma tendendo
à simetria (forma mais próxima do quadrado), e que o terreno deve possuir um sistema de
drenagem adequado do solo.
Segundo a referida norma, não se deve construir com adobe em locais com solos granulares
soltos; em solos coesivos moles; nem em locais com argilas expansivas, ou em zonas sujeitas
a inundações, deslizamentos de terra ou em solos com instabilidade geológica e a depender da
relação ente altura da parede e espessura da mesma devem ser colocados reforços que
melhorem a o comportamento da estrutura.
52
Seleção do solo: de acordo com a citada norma, o solo adequado ao adobe não deve ser
orgânico e deve apresentar os seguintes percentuais: 10% a 20% de argila; 15% a 25% de silte
e 55% a 70% de areia.
Dimensões do tijolo de adobe: a referida norma relata que os adobes podem ser quadrados ou
retangulares ou em caso de encontro de paredes com ângulos diferentes de 90o podem ter
formas específicas. Esta norma preconiza ainda que as dimensões do tijolo de adobe devem
seguir as seguintes proporções:
a) Para formas retangulares o comprimento (C) deve ser aproximadamente o dobro da
largura (L), (C = 2xL).
b) O comprimento (C) deve ser aproximadamente 4 vezes maior que a altura (h), (C =
4xh).
c) A altura (h) deve ser de no mínimo 8 cm, quando possível.
Requisitos para a fabricação do tijolo: de acordo com a citada norma, o tijolo de adobe deve
ser maciço e só se permite furos perpendiculares as faces de assentamento (faces maiores) e
furos não podem ter área maior que 12% da área total destas faces. O tijolo, segundo a norma,
deverá estar livre de materiais estranhos, frestas, rachaduras ou outros defeitos que possam
afetar a sua resistência ou durabilidade.
Para a confecção do tijolo de adobe, a norma NTE E.080 (SENCICO, 2000) indica que, o solo
seja molhado e sejam retiradas as pedras maiores que 5 mm e outros elementos estranhos, e
que em seguida o solo seja mantido em repouso por 24 horas, após este período moldar os
tijolos, retirá-los das formas e secá-los à sombra.
Testes de resistência do tijolo: a norma em questão preconiza que ao ser realizado teste de
resistência à compressão do tijolo de adobe em laboratório o valor mínimo seja de 1,2 Mpa
(12 kg/cm²).
Fundação: Segundo esta norma peruana, a fundação de uma edificação de tijolo de adobe não
deve estar assentada em locais propensos a inundações, em solos soltos, em solos coesivos
moles; em argilas expansivas, ou em áreas sujeitas à deslizamentos de terra ou com
instabilidade geológica.
53
A fundação, ainda de acordo com esta norma, deve evitar o contato do solo com a alvenaria
de adobe e deve ter uma profundidade mínima de 60 cm a partir do nível do natural do terreno
e uma largura mínima de 40 cm, e os materiais indicados para a fundação são a alvenaria de
pedra ou o concreto ciclópico.
Piso: esta norma peruana recomenda que o piso evite o contato do solo com a alvenaria de
adobe e que tenha uma altura mínima de 20 cm acima do nível do terreno e ainda afirma que
todo o perímetro da edificação deve ser calçado.
Alvenaria: a norma em questão preconiza que os tijolos de adobe devem estar completamente
secos antes de serem usados nas alvenarias e que sejam assentados em fileiras sucessivas
sobrepondo um tijolo de uma fileira a partir do meio do tijolo da fileira anterior, ou seja, as
juntas verticais entre os tijolos não ficam em uma mesma linha reta; as junta devem ser
preenchidas completamente sem deixar frestas.
A espessura da parede, segundo esta norma peruana, é determinada em função da altura livre
da mesma (para paredes de espessura entre 30 cm e 50 cm a altura da mesma deve estar entre
2,40 m e 4,0 m). A distância máxima da alvenaria entre os apoios verticais (pilares ou
paredes perpendiculares) deve ser de 12 vezes a espessura da parede. No caso de edificação
de mais de um piso, a norma relata que, conectando o piso do pavimento superior com a
alvenaria de adobe e coroando a parede do piso superior é obrigatório que haja uma viga
(cinta de amarração) onde nela será fixada adequadamente o telhado, esta viga de amarração
tem finalidade de receber as cargas provenientes do telhado. Esta norma afirma ainda que a
utilização de pilares de concreto armado como estrutura de apoio de alvenarias de adobe deve
ser empregada nos casos onde a espessura da parede não seja maior que 25cm.
Segundo essa norma, a argamassa de assentamento deve ser feita com terra e pode ser
adicionada a ela: areia, cal, cimento, asfalto, ou mesmo a palha e a proporção de cada material
que compõe a massa vai depender das características granulométricas dos agregados e das
características específicas de outros componentes que podem ser usados. Sobre a quantidade
de água adequada a ser adicionada à argamassa, a norma afirma que deve ser aquela suficiente
para dar trabalhabilidade à massa.
54
Esquadrias: as aberturas de esquadrias, de acordo com esta norma, devem estar centralizadas
nas paredes; a largura máxima de portas e janelas deve ser de 1/3 do comprimento da parede
entre os apoios verticais (pilares ou paredes perpendiculares); e a distância ente a borda da
esquadria até o apoio vertical mais próximo não deve ser menor que 3 vezes, nem maior que
5 vezes a espessura da alvenaria.
Cobertura: o telhado, de acordo com a norma em questão, deve ser fixado adequadamente à
alvenaria de adobe através de uma viga (cinta de amarração) e deve possuir beirais.
Reboco: a norma NTE E.080 (SENCICO, 2000) indica que o reboco que recobre as alvenarias
deve ser resistente à umidade.
Pintura: assim como o reboco, esta norma indica que a pintura das alvenarias deva ser
também repelente à água.
2.6 O SOLO PARA CONFECÇÃO DO TIJOLO DE ADOBE
Para se adotar um tipo de solo como sendo apropriado a uma determinada construção,
segundo Santiago (2001), é necessário que se saiba principalmente o que vai se construir, qual
a técnica que irá ser utilizada e as características do local onde vai ser instalada a obra. A
autora afirma ainda que geralmente todo solo que possua boa coesão serve bem à construção.
Jungblut (1993) aponta que as propriedades necessárias para que um tipo se solo sirva à
construção dependem também das necessidades da moradia e do clima local.
Os solos indicados para uso na construção devem ser retirados do subsolo a uma profundidade
de 40 cm, por estarem estes livres de matéria orgânica, entretanto nas zonas áridas ou semi-
áridas é possível aproveitar o solo da superfície.
O solo é formado basicamente por: areia, silte e argila; cada um destes componentes possuem
características próprias e em função da quantidade predominante no solo e segundo Faria
(2002), estas características determinarão a técnica de construção mais adequada para ser
utilizada. A argila é a partícula mais fina e tem a propriedade de se contrair por redução do
teor de umidade. A areia com partículas maiores contribui para dar maior resistência à
compressão. O silte tem tamanho de partícula intermediário entre as duas anteriores, e
características mais semelhantes as da argila ou as da areia, a depender dos tamanhos
55
predominantes dos grãos. McHenry (1984) afirma que o solo mais indicado para a construção
de paredes deve conter quatro elementos: areia grossa, areia fina, silte e argila.
O solo possui como propriedades mais relevantes para o uso na construção: a composição
granulométrica, a plasticidade, a retração, a umidade e o grau de compactação. Em relação à
composição granulométrica Neves et al. (2005) relatam que as dimensões do grão como
pedregulho, areia (grossa, média e fina), silte e argila influenciam no comportamento do
mesmo na construção.
A composição granulométrica é determinada por meio de dois ensaios, um para as partículas
maiores (pedregulho e areia), em que utiliza-se o processo do peneiramento e para as
partículas mais finas, o da sedimentação. A classificação granulométrica do solo e a
caracterização de cada faixa são definidas pela NBR 6502 (ABNT, 1995), como mostra o
Quadro 3.
Quadro 3 – Classificação granulométrica do solo.
Dimensão dos grãos
d (mm)
Classificação das partículas
Características principais
2 < d < 20
PEDREGULHO
elemento inerte e resistente.
0,06 < d < 2
AREIA
elemento inerte, sem coesão.
0,002 < d < 0,06
SILTE
sem coesão, diminui a
resistência da areia.
d < 0,002
ARGILA
possui forte coesão, sem
estabilidade volumétrica,
expande na presença da
água; apresenta propriedades
físicas e químicas bastantes
variadas, segundo sua
origem. Fonte: ABNT (1995)
Quanto à plasticidade, o solo é classificado como sólido, líquido ou plástico, efetuando-se
ensaios de limite de liquidez e de limite de plasticidade. A diferença entre limite de liquidez e
limite de plasticidade reside na quantidade e no tipo de argila presente no solo e define o
índice de plasticidade.
56
Os processos de retração e expansão que aparecem quando há variação de umidade, de
acordo com Neves et al. (2005), têm relação com a quantidade e tipo de argila presentes no
solo. Nas alvenarias executadas com terra, as fissuras causadas por esse tipo de movimentação
favorecem a entrada de água o que pode provocar a ocorrência de patologias.
Para cada tipo de solo e força de compactação existe uma umidade ótima de compactação
determinada em laboratório, como apontam Neves et al. (2005), para se obter o melhor
adensamento o que proporciona menor porosidade conferindo maior durabilidade e resitência
mecânica.
2.6.1 Tipo de solo mais apropriado para o tijolo de adobe
Para se obter um tipo de solo apropriado para o tijolo de adobe, além de cada solo exigir uma
análise específica, alguns autores indicam a composição ideal para este fim, de acordo com
Velloso et al. (1985), a composição granulométrica da mistura do solo para o adobe mais
indicada é de quantidades de argila e silte entre 9% e 3% do peso. Em relação aos três
elementos do solo Hernández e Márquez (1983) afirmam que a porcentagem mais apropriada
para os adobes é de em torno de 50% de areia, 30% de silte, e 20% de argila.
Cada tipo de solo, a depender da sua composição, pode ser caracterizado como arenoso ou
argiloso. É importante que, na confecção da mistura do solo a ser utilizada, seja verificada a
necessidade ou não da correção do solo com areia. A preparação do solo em alguns casos,
segundo Lopes e Ino (2003), é feita não somente com solo e água, mas também com a adição
de fibras vegetais ou com adição de minerais como cal ou cimento, aditivos que têm a função
estabilizar o solo, aumentando a resistência ao mesmo tempo que reduz a retração.
2.6.2 Testes expeditos para o solo
De acordo com McHenry (1984) a melhor prática para o teste de determinação do solo para os
tijolos de adobe é fazer alguns tijolos com este solo e testá-los, porém, os diversos estudos do
solo podem determinar qual o mais indicado para a produção do adobe, principalmente
determinando o tipo de estabilização do solo que se vai fazer para se chegar a uma melhor
57
qualidade do tijolo. Um apoio laboratorial pode também ser realizado, Faria (2002) relata os
principais ensaios de laboratório para a caracterização do sol para o tijolo de adobe:
a) ensaios de determinação do teor de umidade natural do solo e da massa específica
aparente do solo em estado solto;
b) determinação da concentração de nutrientes e metais no solo;
c) determinação da distribuição granulométrica;
d) determinação do limite de liquidez e limite de plasticidade ou, ensaios de
consistência;
e) determinação do limite de contração;
f) ensaio de absorção do azul de metileno.
Existem alguns testes com o solo empíricos ou de nível expedito que o construtor leigo pode
realizar no próprio local da obra. Estes testes são de procedimento rápido e possibilitam uma
avalição do solo em curto prazo.
Neves et al. (2005) afirmam que independente do tipo de solo verificados em ensaios de
laboratório, o conhecimento popular na arte de construir com terra pode indicar decisões,
mesmo empíricas, tão eficazes quanto à quantificação analisada em ensaios normalizados,
feitos em laboratório. Os testes de campo, que resultam de uma combinação entre o saber
popular e o conhecimento técnico, são, por vezes, as únicas provas que se podem fazer para
selecionar a terra e executar a obra de edificação.
A realização de testes expeditos com a terra é importante, de acordo com diversos autores
como: Araújo (2007); Houben e Guillaud (1994); Minke (2008); CRATerre (1979); Rigassi
(1995); Keable (1996); Hernández e Márquez (1983), dentre outros. Nestes testes é feita a
avaliação das propriedades da terra, sendo possível verificar a sua textura e o seu
comportamento para que se possa estabelecer a técnica construtiva mais apropriada. Alguns
exemplos de testes expeditos com a terra são os testes: da queda da bola; do rolo; da fita; do
vidro ou da sedimentação, das bolas de vários pontos do terreno e da pressão com os dedos.
Neves et al. (2005) indicam que antes da execução dos mesmos, realizem-se os testes táctil-
visuais tais como: o do tato; do tamanho das partículas; do brilho e da cor, descritos a seguir:
58
Teste do tato: esfrega-se entre os dedos um pouco de terra seca e observa sua textura: a areia
arranha, o silte é macio como talco e a presença de argila é verificada umedecendo um pouco
da terra e formando uma bola. Quanto mais argila tiver, mais facilmente a bola será moldada,
como mostra o Quadro 4.
Quadro 4 – Identificação do tipo de terra por análise táctil-visual
CLASSIFICAÇÃO
TEXTURA E APARÊNCIA DO SOLO
AREIA
Textura granular. Pode-se visualizar o tamanho
dos grãos. Flui livremente se está seca
TERRA ARENOSA
Textura granular, porém com suficiente silte e
argila para observar sua coesão. Predominam
as características da areia
TERRA SILTOSA
Textura fina. Contém uma quantidade
moderada de areia fina e uma pequena
quantidade de argila. Suja os dedos como
talco. Em estado seco, tem uma aparência
compacta. Pulveriza com facilidade.
TERRA ARGILOSA
Textura fina. Quando está seca, fratura-se em
torrões resistentes; em estado úmido, é plástico
e se agarra aos dedos. É difícil de pulverizar.
TERRA ORGÂNICA
Textura esponjosa. Odor característico de
matéria orgânica que é mais acentuado ao
umedecer ou aquecer. Fonte: Neves et al. (2005)
Teste do tamanho das partículas: a amostra de terra seca é espalhada em uma superfície
plana e, com as mãos, separa-se os grãos visíveis a olho nu. Se houver mais partes visíveis
(areia ou pedregulho) do que o material fino (silte e argila), a terra é arenosa ou pedregosa,
caso contrário é siltosa ou argilosa.
Teste do brilho: se faz amassando o material fino com água, até formar uma bola compacta
do tamanho da mão e cortá-la pela metade. Superfícies muito brilhantes indicam terra
argilosa; com pouco brilho, terra siltosa; opacas, terra arenosa.
Teste da cor: as cores claras e brilhantes indicam solos inorgânicos; cores marrom escuro,
verde oliva ou preta, caracterizam solos orgânicos os quais não são adequados ao adobe. De
acordo com Lengen (2008), os solos de cor branca (arenosa) ou negra (gordurosa) não são
59
adequados para a confecção de adobes, já os de cor castanha ou vermelha servem, e os
amarelos claro são os mais indicados para este fim.
Após os testes mencionados anteriormente, executam-se ensaios para determinar a
composição do solo e verificar qual a técnica de construção mais adequada para o mesmo, de
acordo com Neves et al. (2005), que são descritos a seguir:
Teste da queda da bola: utiliza-se o barro o mais seco possível que em seguida é umedecido
o suficiente e faz-se uma bola de 4 centímetros de diâmetro, a mesma em seguida cai de uma
altura de 1,5 metro sobre superfície plana. As terras arenosas se espalham, esfarelam no chão
e, as argilosas possuem maior coesão (Figura 27).
Figura 27 – Teste da queda da bola com a terra
Fonte: Neves et al. (2005)
Teste do rolo: Este teste verifica se o solo é adequado à construção com taipa. Com uma
porção de terra umedecida formar um rolo com 20 centímetros de comprimento e 2,5
centímetros de diâmetro em uma superfície plana. Deve-se deslizar o rolo até a borda de uma
mesa deixando a sua extremidade em balanço e observar a ruptura. Se o cordão for rompido
com menos de 8 centímetros, a argila é insuficiente para utilização na construção; se o
comprimento for entre 8 centímetros e 12 centímetros, a quantidade de argila é ideal; acima
de 12 centímetros, há argila em excesso ( Figura 28).
60
Figura 28 – Teste do rolo
Fonte: Neves et al. (2005)
Teste da fita: Tomar uma porção de terra umedecer e fazer um cilindro de diâmetro de um
cigarro. A seguir, amassá-lo formando uma fita de 3 a 6 milímetros de espessura e com o
maior comprimento possível. Se for possível formar uma fita de 25 a 30 centímetros de
comprimento, a terra é muito argilosa; se formar uma fita de 5 a 10 centímetros, a terra é
argilo siltosa, arenosa ou areno argilosa; se não for possível fazer a fita, há bastante silte ou
areia e pouca argila (Figura 29).
Figura 29 – Teste da fita
.
Fonte: Neves et al. (2005)
Com a realização deste teste, o da fita, pode-se associar as técnicas construtivas mais
adequadas aos tipos de solo ensaiados. No Quadro 5, Neves et al. (2005) apresenta esta
associação:
61
Quadro 5 – Tipo de solo e técnica construtiva adequada verificada pelo teste da fita
Fonte: Adaptado de Neves et al. (2005)
Teste do vidro ou da sedimentação: Tomar uma porção de terra seca e destorroada e colocá-
la em um recipiente cilíndrico, liso e transparente, preenchendo 1/3 do mesmo. Em seguida
acrescenta-se água até 2/3 de sua altura e um pouco de sal, que atua ajudando na separação
das partículas do solo. Tampar o vidro e agitá-lo, e deixá-lo em repouso por uma hora. A
seguir, agitar novamente e deixá-lo em repouso sobre superfície horizontal por um tempo.
Pedregulhos e areia, por serem mais pesados, decantam primeiro na base do recipiente,
seguidos do silte e, por último, da argila. Na presença de matéria orgânica, a mesma flutua
próximo à superfície (Figura 30).
TESTE DA FITA
TIPO DE TERRA
TÉCNICA
CONSTRUTIVA
Fita curta ou não se
consegue fazer a fita
Arenosa;
areno-siltosa;
areno-argilosa;
silto-argilosa
Tijolo prensado, adobe e terra
compactada
Fita curta
Siltosa
Utilização mais difícil que as
terras anteriores, mas possível
com o uso de aglomerante.
Fita curta a longa
Argilosa com pedregulho;
argilo-arenosa;
argilo-siltosa
Possível usar para a terra
compactada ou tijolo
prensado, com aglomerante.
Fita longa
Argilosa
Possível usar para a
fabricação de adobe com
adição de fibras e
barreamento de técnicas
mistas.
62
Figura 30 – Teste do vidro com visualização das partículas da terra sendo decantadas e indicações do cálculo das porcentagens de cada componente da terra
Fonte: Neves et al. (2005)
Calcula-se em seguida as porcentagens de cada elemento (areia, silte e argila) e caracteriza-se
o solo baseado no diagrama da Figura 31, e vê-se o tipo de construção a que eles servem, de
acordo com os diagramas da Figura 32.
Figura 31– Diagrama de classificação dos solos através do Teste do vidro
Fonte: Neves et al. (2005)
63
Figura 32 – Diagramas indicativos do uso do solo através do Teste do vidro
Zonas para BLOCOS DE ADOBE e TAIPA Solos apropriados que não precisam de
estabilizantes Fonte: Neves et al. (2005)
De acordo com o diagrama à esquerda, pode-se concluir que as percentagens ideais das
partículas do solo para a produção de blocos de adobe estão em torno de: areia de 35% a
75%; silte de 0% a 60%; argila de 8% a 27%, e para a execução da taipa estão por volta de:
areia de 46% a 78%; silte de 0% a 48%; argila de 8% a 25%. Dessa forma o solo que serve à
taipa é também adequado à tijolos de adobe.
No diagrama à direita podemos notar que os solos apropriados para o adobe sem necessidade
do uso de estabilizantes têm como percentagens ideais das partículas: areia de 40% a 80%;
silte de 0% a 40%; argila de 20% a 35%.
Teste das bolas de vários pontos do terreno: De acordo com Mitidieri et al. (1987), a
escolha do solo para a construção deve ser feita através de amostras retiradas a uma
profundidade maior que 40 cm e recomendam um teste rápido para escolha do solo adequado
à construção com taipa, o qual consiste em retirar quatro amostras de diferentes pontos de um
mesmo terreno, umedecê-las com água e fazer bolas com as mãos e deixar secar, a bola que
apresentar menor número de fissuras indica, o solo mais apropriado para a construção (Figura
33).
64
Figura 33 – Conjunto das bolas dos solos após secagem
Fonte: Adaptado de Araújo (2007)
Teste da pressão com os dedos: Gieth et al. (1994) recomendam este teste que consiste em
colocar um pouco da amostra de solo na palma da mão, adicionar água até obter uma mistura
coesa sem que prenda na mão e formar uma bola. Aplicando-se uma leve pressão com os
dedos, constata-se o comportamento da amostra. Se a bola se esfarelar, o solo é muito
arenoso. Se não se romper após uma forte pressão dos dedos, o solo é muito argiloso; e se
acontecer o rompimento após forte pressão, o solo possui com teor de areia e argila adequados
à construção de adobe (Figura 34).
Figura 34 – Teste da pressão com os dedos
Fonte: Adaptado de Neves et al. (2005)
65
2.6.3 Correção do solo para o adobe
A correção do solo se faz para contornar os efeitos das propriedades da argila como variação
de volume que pode ocasionar fissuras na construção com terra crua. Para isso, podem ser
acrescentadas substâncias estabilizadoras ao solo. Segundo Faria (2002) os tipos de
estabilização do solo podem ser classificados em quatro categorias:
Estabilização por cimentação: é feito com uso do cimento, a cal (virgem ou hidratada); ou
mesmo os dois juntos;
Estabilização por armação: feito com fibras ou grãos, porém a resistência do material reduz,
enquanto aumenta a sua leveza e durabilidade;
Estabilização por impermeabilização: processo onde se envolve as partículas de argila com
uma camada impermeável de asfalto (betume); óleo de coco, ou ainda seivas oleaginosas; ou
látex para que os compostos fiquem mais estáveis e livres da ação da água;
Estabilização por tratamento químico: feito com a cal ou outros elementos de baixo custo
como soda cáustica e a urina de gado.
2.7 CONFECÇÃO DO TIJOLO DE ADOBE
2.7.1 Coleta do solo
A camada superficial do solo, algo em torno de 40 cm de profundidade no terreno é chamada
de terra vegetal por conter matéria orgânica, não sendo indicada para a construção. O solo
mais adequado para este fim se encontra abaixo desta camada. A Figura 35 ilustra uma coleta
do solo.
66
Figura 35 – Escavação do terreno para coleta do solo para o tijolo de adobe
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)
2.7.2 Preparação do solo para a massa
O teor de umidade ideal da massa para o adobe, segundo Faria (2002), é a trababilidade e
plasticidade do barro, onde o mesmo deve ter uma consistência que permita moldar o tijolo de
modo a preencher a fôrma por inteiro e retirá-lo sem que deforme muito. A terra, mais
indicada para o tijolo de adobe, é pouco argilosa e muito arenosa e deve ser peneirada para o
seu destorroamento e homogeneização e adicionada a água até formar uma mistura plástica.
Segundo Lengen (2008) o traço ideal para o adobe está em torno de oito partes de areia, para
quatro partes de argila, para quatro partes de água. A quantidade de areia deve ser em torno do
dobro de argila e a quantidade de água deve ser de um terço da massa total de terra
(areia+argila).
Corrêa et al. (2006) citam que a quantidade de água a ser acrescentada na mistura do solo está
em função do tipo de solo a ser utilizado, onde quanto mais argiloso, maior necessidade de
água e que a estabilização do solo com areia é eficiente para os solos argilosos
proporcionando melhor qualidade dos adobes, diminuindo assim a perda na produção por
ocorrência de trincas e fissuras.
Qualquer local que tenha um clima com períodos de uma ou mais semanas sem chuva é
adequada para a fabricação e uso do tijolo de adobe, segundo McHenry (1984), que afirma
67
ainda que os misturadores mecânicos de custo pouco elevado são uma boa solução para
produzir grande quantidade de material, porém, o processo de mistura manual da massa
também pode ser feita. Este mesmo autor recomenda que o local da operação de manufatura
de tijolo de adobe deve ser planejado com cuidado, de modo a evitar muita movimentação do
material e dos tijolos confeccionados.
2.7.3 Amassamento do barro
A tradição dos construtores de terra ratificada tecnicamente por Minke (2008) defende a
necessidade do amassamento do barro e depois a colocação do mesmo em repouso por 48
horas para melhor homogeneização da umidade, e após este repouso, antes da moldagem dos
tijolos, o mesmo deve ser amassado vigorosamente, para se evitar que as lâminas de argila se
agrupem, o que provocaria a redução da resistência mecânica dos tijolos. Ferreira e Silva
(2009) indicam que a mistura de solo e água deva ser amassada e deixada em repouso por 24
horas. Já Gieth et al. (1994) indica deixar a mistura em repouso por um período de 12 horas,
preferencialmente durante a noite.
O amassamento do barro é feito tradicionalmente com os pés descalços, mas pode ser feito
por animais; ou mecanicamente em máquinas chamadas marombas. O processo que utiliza a
maromba para a mistura do material de solo, de acordo com Corrêa et al. (2006) confere
melhor resistência aos adobes, por proporcionar maior homogeneização da mistura (Figuras
36, 37 e 38).
Figura 36 – Repouso da massa Figura 37 – Amassamento da massa com os pés
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)
68
Figura 38 – Maromba para fabricação de tijolos
Fonte: Faria (2002)
De acordo com McHenry (1984), quando os tijolos são produzidos artesanalmente por duas
pessoas, pode-se chegar a uma produção de 300 a 400 tijolos por dia e se for com três pessoas
e equipamento mecânico, pode-se chegar a uma produção de cerca de 2.000 tijolos por dia.
Em seguida ocorre a colocação do barro com as mãos nas fôrmas de madeira ou metálicas,
para depois serem desenformados e os tijolos secados ao sol, ou à sombra, como afirma
McHenry (1984). De acordo com Corrêa et al. (2006), a produção de tijolos de adobe em
local coberto possibilita a perda gradual de água, contribuindo para melhor qualidade do
adobe.
2.7.4 Fôrmas
As fôrmas podem ter as mais variadas formas e tamanhos, desde as menores, para a confecção
de meio tijolo até as maiores para múltiplos tijolos. De acordo com McHenry (1984), uma
fôrma para múltiplos tijolos tem a vantagem da produção de grande quantidade dos mesmos
simultaneamente, a desvantagem é que pode diminuir a qualidade dos mesmos por conta de
imperfeições que poderão surgir devido a colocação da fôrma em terreno com diferença de
nível, porém, um maior número de tijolos por fôrma necessita de uma preparação mais
cautelosa do solo que uma fôrma menor (Figura 39 e Figura 40).
69
Figura 39 – Colocação da massa na fôrma Figura 40 – Massa sendo desenformada
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006) Fonte: Abreu (2009)
As fôrmas podem ser confeccionadas em madeira ou metal, ser retangulares ou quadradas e
devem possuir agarradeiras que são apoios laterais para as mãos nos extremos para facilitar a
produção e a desforma, como as apresentadas na Figura 41 e Figura 42.
Figura 41 – Fôrma para um só tijolo Figura 42 – Fôrma para produção de múltiplos tijolos de adobe
Fonte: Abreu (2009) Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)
2.7.5 Dimensões do tijolo
Aponta a literatura diante de análise de diversas pesquisas com este material, que para que o
tijolo de adobe possua uma resistência à compressão e à flexão satisfatórias além do tipo de
solo de que é constituído e as condições e tempo de cura do tijolo as dimensões ideais
também são importantes para a qualidade final do tijolo. Corrêa et al. (2006) afirmam que a
interação entre os fatores tamanho, correção e cura contribui para o desempenho final do
tijolo de adobe. Estes autores defendem que menor espessura proporciona blocos de melhor
resistência à compressão, pois de acordo com estes o tijolo muito robusto acaba por demorar
de secar ficando sujeito ao aparecimento de fissuras.
70
Segundo McHenry (1984), o tijolo ideal deve ter duas vezes o comprimento pela largura.
Diversas pesquisas indicam altura maior que 5 centímetros e menor que 10 centímetros para
uma secagem homogênea e mais rápida, além de conferir melhor resistência à compressão ao
tijolo e recomendam ainda as dimensões ideais aproximadas do tijolo de adobe onde a largura
seria aproximadamente igual a duas vezes a altura (h) e o comprimento (C)
aproximadamente igual a duas vezes a largura (L) ou seja: L=2 x h e C= 2 x L.
2.7.6 Secagem do tijolo
Para a secagem dos tijolos de adobe ser mais eficiente, o mais indicado é fazê-la em períodos
de estiagem para que seque ao sol ou à sombra, porém, se for feita em época chuvosa, deve-se
tomar algumas precauções como a de proteger os tijolos da chuva. Ferreira e Silva (2009),
afirmam que a secagem deve ser feita primeiramente à sombra e após oito dias ao sol, sobre
estrados. Segundo estes autores tanto à noite quanto na presença de chuvas os tijolos devem
ser cobertos com uma lona plástica (Figura 43 e Figura 44).
Figura 43 – Secagem inicial dos tijolos à sombra Figura 44 – Secagem dos tijolos ao sol
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)
De acordo com Oliveira (2005), as condições climáticas determinam o tempo ideal de
secagem, o qual pode variar dependendo da intensidade do sol (temperatura), largura dos
tijolos e umidade do ar, e ainda acrescenta que é aconselhável virar os tijolos com frequência
durante o período de secagem para que a mesma seja homogênea, evitando, retrações
diferenciais e consequentemente, deformação dos tijolos. Segundo McHenry (1984) a
secagem inicial do adobe, em clima quente de verão, leva de dois a três dias e, no inverno
dura algumas semanas.
71
Corrêa et al. (2006), citam que o local de cura ideal para o adobe deve ser coberto, por
proporcionar perda gradual de umidade e maior uniformidade na secagem, evitando a
contração e o aparecimento de trincas, que diminuem a resistência e o aproveitamento da
produção.
Dessa forma pode-se concluir que as condições do clima determinam o tempo de secagem, no
período quente e seco, as condições para a secagem são mais satisfatórias que no período
chuvoso, porém outros fatores interferem no tempo de cura dos tijolos como as dimensões dos
mesmos e a umidade do ar no local, assim quanto menos espesso e menor o adobe, mais
rápido ele cura.
2.7.7 Testes expeditos para o tijolo
De acordo com Soares, Silva e Pinheiro (2008), para a verificação da resistência do tijolo
alguns tipos de testes de compressão simples e de resistência à flexão podem ser feitos em
laboratório, seguindo as normas brasileiras de tijolo maciço de barro cozido, tais como a NBR
6460 (1983); e para tijolos de solo cimento como: NBR 8492 (ABNT, 1984), NBR10834
(ABNT, 1994), NBR10835 (ABNT, 1994), NBR10836 (ABNT, 1994), NBR12024 (ABNT,
2012) e NBR12025 (ABNT, 2012).
De acordo com a norma NBR 7171 (ABNT, 1992), substituída pelas normas NBR 15270-1
(ABNT, 2005) e NBR 15270-2 (ABNT, 2005), 1 MPa é o limite mínimo de resistência para
blocos cerâmicos utilizados em paredes de vedação. Este valor de resistência foi obtido em
ensaio do grupo de pesquisa da UFC, Soares, Silva e Pinheiro (2008), que realizaram testes
com tijolos de adobe após a secagem dos blocos, primeiramente deixados à sombra por sete
dias e depois virados e colocados ao sol por mais sete dias seguindo metodologia de
Battistelle (2002).
O construtor pode realizar testes práticos de campo (testes expeditos) com os tijolos de adobe
depois do período de secagem. De acordo com Lengen (2008), os tijolos podem ser testados
no local da obra, para a verificação da qualidade, e se são adequados para serem empregados
na construção, através de testes simples como o de empilhamento de tijolos; imersão do tijolo
em água, colocação de peso de um adulto sobre o tijolo.
72
Empilhamento de tijolos: faz-se empilhando seis destes tijolos de adobe sobre um deles que
ficou previamente imerso em água durante 4 horas e apoiado em outros dois. Se este aguentar
o peso sem quebrar por no mínimo um minuto está qualificado para a obra, como afirma
Lengen (2008) (Figura 45).
Figura 45 – Empilhamento de seis tijolos sobre um tijolo previamente imerso em água
Fonte: Adaptado de Lengen (2008)
Imersão do tijolo em água: Lengen (2008) indica também o teste com imersão do tijolo em
água que consiste em imergir o tijolo de adobe em água por 4 horas e depois quebra-lo e
verificar, no seu interior, a espessura da superfície molhada que não deve ultrapassar um
centímetro (Figura 46).
Figura 46 – Tijolo partido ao meio após imersão em água por 4 horas
Fonte: Adaptado de Lengen (2008)
73
Colocação de peso de um adulto sobre o tijolo: Pode-se verificar a qualidade de um tijolo de
adobe colocando-se este apoiado sobre outros dois, fazendo um adulto de aproximadamente
70 quilos pisar sobre ele. Se não houver a quebra deste tijolo ele pode ser usado na construção
(Figura 47).
Figura 47 – Colocação de peso de um adulto sobre o tijolo
Fonte: Adaptado de Lengen (2008)
Síntese das recomendações para a construção com tijolo de adobe
O Quadro 6, a seguir apresenta um resumo com as recomendações da norma NTE E.080
(SENCICO, 2000) do Peru e da bibliografia para a construção com tijolo de adobe.
74
Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continua)
CARACTERÍSTICAS
DA CONSTRUÇÃO
R E C O M E N D A Ç Õ E S
NORMA NTE E.080 DO PERU
BIBLIOGRAFIA
CARACTERÍCAS DA
EDIFICAÇÃO
A edificação com tijolos de adobe deve possuir
1 piso ou até 2 pisos a depender da intensidade
sísmica do local. Deve ter planta baixa com
forma tendendo à simetria (forma mais
próxima do quadrado). O terreno deve possuir
sistema de drenagem adequado. Não deve ser
construído em locais com solos granulares
soltos; em solos coesivos moles; nem em
locais com argilas expansivas, ou em zonas
sujeitas a inundações, deslizamentos de terra
ou em solos com instabilidade geológica.
A edificação deve possuir de 1 a 2 pavimentos. A planta baixa deve ter um
formato, o mais próximo possível do quadrado; deve-se construir sempre em
terreno plano, ligeiramente elevado; não se deve construir em ladeiras muito
íngremes, nem em zonas alagadiças, (SILVA, 2000).
SELEÇÃO DO SOLO
O solo para o tijolo de adobe não deve ser
orgânico e deve apresentar os seguintes
percentuais: 10% a 20% de argila; 15% a 25%
de silte e 55% a 70% de areia.
O solo apropriado deve ser retirado a uma profundidade de 40 cm (ARAÚJO,
2007). O solo deve possuir quantidade de argila igual a 20% e areia entre 40% a
55%, (MARTINEZ, 1979). Em relação aos 3 elementos componentes do solo a
porcentagem mais apropriada para os adobes é de em torno de 50% de areia, 30%
de silte, e 20% de argila, (HERNÁNDEZ; MÁRQUEZ, 1983).
TESTES COM O
SOLO
Não faz referência.
Testes expeditos podem ser feitos com o solo como por exemplo: da queda da
bola; do rolo; da fita; do vidro ou da sedimentação, das bolas de pontos diversos
do terreno e da pressão com os dedos, (ARAÚJO, 2007); (NEVES et al., 2005);
(HOUBEN; GUILLAUD, 1984); (MINKE, 2008); (CRATerre, 1979); (RIGASSI,
1995); (KEABLE, 1996); (HERNÁNDEZ; MÁRQUEZ, 1983).
Testes táctil-visuais como: o do tato; do tamanho das partículas; do brilho e da
cor, podem ser feitos antes de realização dos testes expeditos, (NEVES, et al.,
2005).
75
Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continuação)
CARACTERÍSTICAS
DA CONSTRUÇÃO
R E C O M E N D A Ç Õ E S
NORMA NTE E.080:2000 DO PERU
BIBLIOGRAFIA
DIMENSÕES DO
TIJOLO
O comprimento (C) deve ser aproximadamente
o dobro da largura (L), (C = 2 x L). O
comprimento (C) deve ser aproximadamente 4
vezes maior que a altura (h), (C = 4 x h). A
altura (h) deve ser de no mínimo 8 cm.
O tijolo deve ter duas vezes o comprimento (C) pela largura (L), (C= 2 x L)
(MCHENRY, 1984). Menor espessura (altura) proporciona aos tijolos melhor
resistência à compressão, (CORRÊA et al., 2006). Diversas pesquisas indicam
altura maior que 5 cm e menor que 10 cm para uma secagem homogênea e mais
rápida do tijolo, além de conferir ao mesmo melhor resistência à compressão e
recomendam ainda as dimensões ideais aproximadas do tijolo de adobe onde a
largura seria aproximadamente igual a duas vezes a altura (h) e o comprimento(C)
aproximadamente igual a duas vezes a largura (L), ou seja: L=2 x h e C= 2 x L.
REQUISITOS PARA A
FABRICAÇÃO DO
TIJOLO
O tijolo deve ser maciço e estar livre de
materiais estranhos, frestas, rachaduras ou
outros defeitos que possam afetar a sua
resistência ou durabilidade. Só se permite
furos perpendiculares às faces de assentamento
(faces maiores) e os furos não podem ter área
maior que 12% da área total destas faces. Para
a confecção do tijolo devem ser retiradas as
pedras maiores que 5 mm e outros elementos
estranhos do solo, em seguida é feito o
amassamento do barro e mantido em repouso
por 24 horas, depois são moldados os tijolos, e
retirados das formas e secos à sombra.
A terra deve ser peneirada para o seu destorroamento e homogeneização e
adicionada água. O teor de umidade ideal da massa é o que confere
trabalhabilidade e plasticidade ao barro, que permita moldar o tijolo de modo a
preencher a fôrma por inteiro e retirá-lo sem que deforme muito, (FARIA, 2002).
A estabilização do solo com areia é eficiente para os solos argilosos por
proporcionar a diminuição de ocorrência de trincas e fissuras, (CORRÊA et al.,
2006). A mistura de solo e água deve ser amassada e deixada em repouso
por 24 horas, (FERREIRA; SILVA, 2009). Antes da moldagem dos tijolos, a
massa deve ser amassada vigorosamente, para que as lâminas de argila não se
agrupem novamente, evitando assim a redução da resistência mecânica dos tijolos,
(Tradição dos construtores de terra ratificada tecnicamente por Minke (2008). A
secagem deve ser feita primeiramente à sombra e, após 8 dias, ao sol,
(FERREIRA; SILVA, 2009). As condições do clima definem o tempo ideal de
secagem, o qual pode variar dependendo da temperatura local, das dimensões dos
tijolos e da umidade do ar. É indicado virar os tijolos com frequência durante o
período de secagem para que a mesma seja homogênea, (OLIVEIRA, 2005). O
tempo de secagem inicial do adobe, em clima quente de verão, é de dois a três dias
e no inverno algumas semanas, (Mc HENRY, 1984). O local de cura deve ser
coberto para proporcionar uma uniformidade na secagem, (CORRÊA et al., 2006).
76
Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continuação)
CARACTERÍSTICAS
DA CONSTRUÇÃO
R E C O M E N D A Ç Õ E S
NORMA NTE E.080:2000 DO PERU
BIBLIOGRAFIA
TESTE COM O
TIJOLO
Teste de laboratório: Ao ser realizado o teste
de resistência à compressão do tijolo o valor
mínimo deve ser de 1,2 Mpa (12 kgf/cm²)
Testes de laboratório podem ser feitos seguindo as normas brasileiras de tijolo
maciço de barro cozido como a NBR 6460 (ABNT, 1983) e para tijolos de solo
cimento como: NBR8492 (ABNT, 1984); NBR10834 (ABNT, 1984); NBR10835
(ABNT, 1984); NBR10836 (ABNT, 1984); NBR12024 (ABNT, 2012) e
NBR12025 (ABNT, 2012), dentre outras, por não haver uma norma específica
para os tijolos de terra crua. Segundo a norma NBR 7171 (ABNT, 1992), o limite
mínimo de resistência para blocos cerâmicos é de 1 Mpa. Testes expeditos podem
ser realizados com o tijolo como, por exemplo: teste do empilhamento de tijolos;
da imersão do tijolo em água e da colocação de peso e pressão de um adulto sobre
o tijolo, (LEGEN, 2008).
FUNDAÇÃO
A fundação não deve estar assentada em locais
propensos a inundações, em solos soltos, em
solos coesivos moles; em argilas expansivas,
ou em áreas sujeitas a deslizamentos de terra
ou com instabilidade geológica. Deve-se evitar
o contato do solo com a alvenaria de adobe. A
fundação deve ter uma profundidade mínima
de 60 cm a partir do nível do natural do terreno
e uma largura mínima de 40 cm, e os materiais
indicados para confecção da mesma são a
alvenaria de pedra ou o concreto ciclópico.
Para se executar a fundação, geralmente se faz a escavação de valetas que são
apiloadas no fundo para receberem alvenarias de pedra ou de tijolo cerâmico em
toda a extensão das paredes. As fundações devem possuir geralmente uma largura
de uma vez a duas vezes a espessura da parede, dependendo da altura da
construção e da qualidade do terreno, e a sua profundidade mínima deve ser de 40
cm, (LOURENÇO, 2005). Deve ser utilizada cinta de concreto magro coroando a
fundação para evitar que a umidade da terra que sobe por capilaridade atinja as
paredes (MITIDIERI et al., 1987). Para a fundação deve ser usada sapata corrida
de pedra e de tijolos cerâmicos, protegida com camada impermeabilizante.
(GIETH et al., 1994).
77
Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continuação)
CARACTERÍSTICAS
DA CONSTRUÇÃO
R E C O M E N D A Ç Õ E S
NORMA NTE E.080:2000 DO PERU
BIBLIOGRAFIA
PISO
O piso deve evitar o contato do solo com a
alvenaria de adobe e estar a uma altura mínima
de 20 cm acima do nível do terreno e todo o
perímetro da edificação deve ser calçado.
O piso deve ser assentado a no mínimo de 20 cm a 30 cm acima do nível do
terreno,( ARAÚJO, 2007). Usa-se para o piso comumente a pavimentação com o
chão batido com posterior aplicação de cimentado. Outra opção de material é o
cimento queimado que confere ao piso uma espécie de endurecimento e
vitrificação, tornando-se um melhor repelente de água, (LENGEN, 2008)
ALVENARIA
Os tijolos de adobe devem estar
completamente secos antes de serem usados
nas alvenarias e assentados em fileiras
sucessivas sobrepondo um tijolo de uma fileira
a partir do meio do tijolo da fileira anterior. A
argamassa de assentamento dos tijolos deve ser
feita com terra e pode ser adicionada a ela:
areia, cal, cimento, asfalto, ou mesmo palha. A
espessura da parede é determinada em função
da altura livre da mesma (para paredes de
espessura entre 30 cm e 50 cm a altura da
mesma deve estar entre 2,40 m e 4,0 m). No
caso de edificação de mais de um piso deve
haver viga no topo da parede do pavimento
inferior e também coroando a parede do piso
superior (viga de amarração).
Pilares de concreto armado devem ser usados
como estrutura das alvenarias de adobe quando
a espessura da parede for menor que 25 cm.
A massa de assentamento dos tijolos deve conter terra e pode ser composta de 10
partes de areia lavada, 2 partes de pasta de cal e 1 parte de barro; a cal na massa é
usada para reter a umidade, transmitindo menos umidade aos tijolos. Uma viga de
amarração deve coroar as paredes (MCHENRY, 1984). Esta viga pode ser de
concreto ou madeira, se for adotada a cinta de concreto podem ser utilizados
tijolos de adobe do tipo canaleta onde será instalada a ferragem e despejado o
concreto. As paredes de adobe deverão possuir uma altura de no máximo 3,5 m e
um comprimento livre de no máximo 5 m, para se evitar tombamentos
(LOURENÇO, 2005). Deve-se ter o cuidado de recobrir com a massa qualquer
fresta na parede. As tubulações hidráulicas devem ser aparentes evitando-se
colocá-las no interior das paredes (BAYER, 2010). As paredes devem ser
protegidas contra as infiltrações de águas provenientes do solo ou das chuvas.
Deve-se aumentar ao máximo os beirais dos telhados, cobrir as alvenarias com
reboco composto de terra, areia e cal; pintá-las com um composto à base de cal.
Em relação a umidade proveniente do solo, a parede pode ser protegida através da
instalação de um material impermeabilizante entre a fundação e a alvenaria, que
pode ser uma cinta de concreto ou betume, por exemplo. Executar um chapisco
de impermeabilização com 50 cm de altura a partir do piso na base das alvenarias
externas e internas. (LOPES; INO, 2003).
78
Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continuação)
CARACTERÍSTICAS
DA CONSTRUÇÃO
R E C O M E N D A Ç Õ E S
NORMA NTE E.080:2000 DO PERU
BIBLIOGRAFIA
ESQUADRIAS
As aberturas devem estar centralizadas nas
paredes; a largura máxima de portas e janelas
deve ser de 1/3 do comprimento da parede
entre os apoios verticais (pilares ou paredes
perpendiculares). A distância ente a borda da
esquadria até o apoio vertical mais próximo
não deve ser menor que 3 vezes, nem maior
que 5 vezes a espessura da alvenaria.
Em uma edificação de adobe a distância entre aberturas de esquadria e entre uma
abertura e a quina da construção deve ser de no mínimo 1 metro, (SILVA, 2000).
Deve-se instalar verga que fica entre o marco e a parede, coroando as esquadrias
com a finalidade de prevenir deformações nos marcos devido às cargas da parte de
cima das aberturas, (MCHENRY, 1984). As vergas podem ser feitas de materiais
como concreto ou madeira, e podem ser executadas também nas bases das
aberturas (contra verga). A verga tem função de sustentação das fiadas de tijolos
acima das aberturas de esquadrias.
COBERTURA
O telhado deve possuir beirais e deve ser
fixado adequadamente à alvenaria de adobe
através de uma viga (cinta de amarração).
Os beirais do telhado devem ser ampliados ao máximo. A colocação de calhas no
beiral para receberem as águas e transportá-las para longe das paredes, evita que
estas águas, provenientes da cobertura, respinguem na base das paredes em seu
exterior, (ARAÚJO, 2007). Em se tratando de habitação popular, uma cobertura
de telha cerâmica fabricada artesanalmente em olaria próxima ao local da
construção é a mais indicada devido ao baixo custo das mesmas e da redução de
custos com transporte, além de cumprir de modo satisfatório as suas funções de
proteger a habitação das intempéries, e conferir conforto térmico ao interior da
edificação.
79
Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (conclusão)
CARACTERÍSTICAS
DA CONSTRUÇÃO
R E C O M E N D A Ç Õ E S
NORMA NTE E.080:2000 DO PERU
BIBLIOGRAFIA
REBOCO
O reboco que recobre as alvenarias deve ser
resistente à umidade.
A argamassa do reboco para uma parede de adobe deve ser constituída de
materiais com características semelhantes às do adobe para melhor aderência à
parede. O traço da mistura pode ser de 3:1:1 (3 partes de terra; 1parte areia grossa
e 1 parte de cal) . O reboco deve ser reparado ou substituído periodicamente,
(RODRIGUES, 2004). A argamassa do reboco pode também ser estabilizada com
materiais hidrófugos, para a sua impermeabilização, em Portugal é comum a
adição de azeite, sebo de porco ou carneiro, ou sangue de boi, à argamassa do
reboco para este fim. Na Argélia é comum o uso de um reboco, feito com bolas de
terra que são projetadas na parede. Para evitar o abrigo de insetos deve-se cobrir
com argamassa qualquer fresta ou buracos nas paredes, e proceder sempre que
necessário a manutenção do reboco da edificação, (ARAÚJO, 2007).
PINTURA
A pintura das alvenarias deve ser repelente de
água.
Deve-se utilizar na pintura das paredes tinta a base de cal, adicionando-se à
mistura cola plástica ou produto semelhante , com o fim de propiciar uma melhor
aderência da tinta ao reboco, (ARAÚJO, 2007). Para redução de custos, a pintura
a base de cal é a mais indicada. O uso tinta constituída por uma mistura de goma
de palma, planta abundante em região de clima semiárido e sem custo, adicionado
à cal confere melhor aderência e impermeabilidade da tinta ao reboco. (LENGEN,
2008). Fonte: Própria autora
80
3 MÉTODO DE PESQUISA
Neste capítulo é apresentado o método de pesquisa adotado para atingir os objetivos
propostos. É realizada primeiramente uma abordagem sobre a estratégia do estudo e em
seguida é apresentado o delineamento da pesquisa contendo as etapas da mesma.
3.1 ESTRATÉGIA DO ESTUDO
A estratégia de pesquisa foi o levantamento de dados a partir do estudo de campo realizado
em seis edificações com tijolo de adobe distribuídas em quatro cidades do estado da Bahia. O
estudo envolve entrevistas, visitas às edificações, onde houve registro fotográfico e
observação direta, seguida das análises dos processos construtivos adotados por construtores
baianos visando à elaboração das recomendações para a construção com tijolo de adobe. As
análises têm como referência a norma NTE E.080 do Peru (SENCICO, 2000) e a bibliografia
levantada.
A presente pesquisa classifica-se como qualitativa, por ter como parâmetro de análise a norma
peruana; a interpretação dos dados obtidos no levantamento bibliográfico sobre a técnica de
construção com tijolo de adobe e entrevistas com construtores que utilizam este material em
edificações na Bahia nos últimos vinte anos.
No estudo qualitativo a amostragem adotada deve permitir analisar o problema de forma
ampla e o critério numérico não é necessário para determinar a sua representatividade, de
acordo com Minayo (1994). Dessa forma, a amostra das seis edificações deve atender aos
objetivos da pesquisa, propiciando a coleta de informações relevantes para a análise do
fenômeno. A representatividade dos sujeitos no contexto deve ser considerada na pesquisa
qualitativa.
A amostragem deste estudo é intencional e por acessibilidade baseada em Vergara (2003),
pois, a amostra é composta por um grupo escolhido de edificações com tijolo de adobe e não
foram usadas análises estatísticas no estudo. As edificações com tijolo de adobe, localizadas
em regiões diversificadas no estado da Bahia foram identificadas a partir das entrevistas com
os construtores.
81
O estudo resulta na elaboração de recomendações para a construção de edificações com tijolo
de adobe que possibilite um sistema construtivo eficaz embasado na norma do Peru, na
bibliografia especializada e nas experiências de construtores com formação profissional ou
não na Bahia.
3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Nesta pesquisa foram analisadas as edificações com tijolo de adobe erguidas na Bahia nas
últimas duas décadas, a partir das informações obtidas através de entrevistas com os seus
construtores. Dessa forma, foram identificados alguns construtores baianos e suas obras com
tijolo de adobe e, em seguida, realizada uma abordagem desta técnica e das características
construtivas adotadas por cada construtor. As etapas que envolveram a pesquisa são descritas
a seguir.
3.2.1 Pesquisa Bibliográfica
A revisão da literatura foi desenvolvida com base na norma NTE E.080 do ano 2000 do Peru,
na bibliografia de livros, periódicos, artigos, teses, dissertações, normas técnicas e em
consultas às páginas da internet.
3.2.2 Coleta de dados do estudo de campo
A coleta de dados do estudo de campo envolveu a identificação das edificações com tijolo de
adobe no estado da Bahia; entrevistas aplicadas aos seus construtores; visitas às obras com a
realização de registro fotográfico e observação direta, onde foram identificadas as
manifestações patológicas existentes e entrevistas com os moradores destas edificações.
3.2.2.1 Identificação das edificações com tijolo de adobe executadas nos últimos
20 anos no estado da Bahia
Nesta etapa foram identificados os construtores baianos que construíram edificações com
tijolo de adobe no estado nas últimas duas décadas, por meio de informações obtidas com
pessoas do ramo da construção e com as entidades e organizações não governamentais como
o Instituto de Permacultura da Bahia (IPB) que realiza cursos sobre esta técnica no estado.
82
Em seguida, foram identificadas as localidades destas obras. Os construtores entrevistados
foram seis, dentre eles há uma arquiteta e um engenheiro civil formados em universidades da
Bahia e quatro autoconstrutores. Estes construtores foram identificados no texto pelas letras
A; B; C; D; E e F e suas credenciais se encontram no apêndice 3. As localidades no estado da
Bahia onde se encontram estas edificações são: Banzaê (uma edificação); Rio de Contas (duas
edificações); Camaçari (uma edificação) e Santa Terezinha (duas edificações), perfazendo
um total 4 localidades e 6 obras, como mostra o Quadro 7.
Quadro 7 – Obras, cidades, construtores e atividade desempenhada pelo construtor
OBRA
LOCAL
CONSTRUTOR
ATIVIDADE QUE
DESEMPENHA
1
BANZAÊ A ARQUITETURA
2
RIO DE
CONTAS B BIOCONSTRUÇÃO
3
RIO DE
CONTAS C CONSTRUÇÃO EM
GERAL
4
CAMAÇARI D ENGENHARIA
CIVIL
5
SANTA
TEREZINHA E CONSTRUÇÃO EM
GERAL
6
SANTA
TEREZINHA F CONSTRUÇÃO EM
GERAL Fonte: Própria autora
A edificação da cidade de Banzaê executada pelo construtor “A” é uma residência de um
pavimento com área de 44,72m², construída no ano de 2006. A edificação de Rio de Contas
do construtor “B” é uma residência de dois pavimentos com área de 202 m², executada no
ano de 2012. A outra edificação de Rio de Contas do construtor “C” é uma residência de
um pavimento com área de 71,50 m² realizada em 1996. Na cidade de Camaçari a edificação
do construtor “D” é um espaço escolar de um pavimento com área de 33,84 m² , construída
em 2008. Em Santa Terezinha a edificação do construtor “E” é uma residência com área de
85,80 m² realizada no ano de 1997. Por fim, a outra obra em Santa Terezinha do construtor
“F” é um um bar de um pavimento com área de 65,72 m² realizada no ano de 1999.
3.2.2.2 Entrevista semiestruturada com construtores baianos
Nesta etapa, foram realizadas entrevistas com os construtores baianos, identificados para o
estudo, abordando o processo construtivo adotado por cada um nas seis obras. Foram
83
elaboradas perguntas para a entrevista semiestruturada, a qual é apresentada no apêndice 1,
onde cada construtor foi consultado a respeito da obra que executou. Após o período das
entrevistas iniciou-se o estudo de campo onde houve o registro fotográfico das construções.
As entrevistas foram realizadas por meio de e-mail com os construtores que possuíam acesso
à internet como os construtores “A”; “B” e “D” e pessoalmente com os outros construtores
“C”; “E” e “F”. As entrevistas serviram para diagnosticar o método construtivo adotado por
cada construtor. Além das entrevistas, foi realizada a análise de apenas um documento, o
único existente, com o resultado do teste de resistência do tijolo utilizado na casa de Banzaê
executada pelo construtor “A” realizado na Escola Politécnica da Universidade Federal da
Bahia.
Todos os construtores, de acordo com os relatos dos mesmos, ao adotarem a técnica do tijolo
de adobe, tinham como objetivos principais construírem com baixo custo, que possibilitasse a
autoconstrução e utilizasse materiais sustentáveis.
3.2.2.3 Visitas às obras com verificação das manifestações patológicas
Foi realizada a verificação da situação atual das edificações com idade de construção variando
de 1 a 17 anos, por meio de visitas às seis edificações. O registro fotográfico e a observação
direta serviram para identificar as manifestações patológicas existentes nas edificações e
analisar a condição atual das mesmas em relação à durabilidade da obra e à integridade das
alvenarias de tijolos de adobe.
3.2.2.4 Entrevista com os usuários das edificações
Foi realizada nesta etapa entrevista com os usuários das seis edificações e para isso foi
utilizado um formulário contendo perguntas que foram respondidas pelos mesmos e tópicos
para nortear a pesquisa no local da edificação. Este formulário se encontra no Apêndice 2.
3.2.3 Análise dos dados do estudo de campo
Foi realizada a análise das características construtivas adotadas por cada construtor em sua
obra e a análise das manifestações patológicas verificadas nas edificações mediante os dados
84
obtidos no estudo de campo com as entrevistas aos construtores, observação direta das
edificações e registros fotográficos envolvendo aspectos como: características da edificação;
tipos de solo adequado ao adobe; preparo do tijolo; confecção das fundações, pisos e
alvenarias; melhoria da proteção em relação às intempéries (ventos e chuvas), confecção do
reboco e pintura das paredes; execução das esquadrias e condições das instalações elétricas e
hidráulicas.
3.2.3.1 Análise da técnica de construção com tijolo de adobe adotada por cada construtor
baiano com base nas recomendações da norma peruana NTE E. 080:2000 e da
bibliografia e avaliação quanto ao atendimento às mesmas
A análise dos dados obtidos no estudo de campo envolveram a comparação da técnica
construtiva adotada por cada construtor com o que recomenda a norma peruana NTE E.080
(SENCICO, 2000) e a bibliografia especializada e a posterior constatação do atendimento
total, parcial ou o não atendimento a estas recomendações em relação a cada item
correspondente às características construtivas.
As variáveis deste estudo são as características construtivas tais como: características da
edificação; solo adotado; características do tijolo; fundação; piso; alvenarias; esquadrias;
cobertura; reboco; pintura.
Como critérios para esta análise foram conferidas pontuações de 1 a 5 (um a cinco) para
melhor conhecer o nível de atendimento, por parte de cada construtor baiano, em relação às
indicações para a técnica do tijolo de adobe preconizadas pela norma do Peru e pela literatura.
A pontuação referente ao atendimento total às recomendações foi de 5 ( cinco) pontos; para o
atendimento parcial às recomendações foi de 2 a 4 (dois a quatro) pontos e para o não
atendimento às mesmas foi de 1 (um) ponto.
Os valores das pontuações atingidas pelo construtor em cada item relacionado às
características construtivas foram somados e encontrados o valor médio para o atendimento às
recomendações para: características da edificação; seleção do solo; testes com o solo;
dimensões do tijolo de adobe; requisitos para a fabricação do tijolo; testes como o tijolo;
fundação; piso; alvenaria; esquadrias; cobertura; reboco e pintura, totalizando 13 (treze)
85
características construtivas. Este valor médio para o atendimento a estas recomendações,
referente a cada construtor, foi encontrado dividindo-se o somatório das pontuações obtidas,
pelo número de itens das características construtivas.
Com o intuito de possibilitar a compreensão desta análise foi elaborado um quadro resumo
referente a cada construtor contendo as características construtivas praticadas pelo mesmo, as
recomendações da norma peruana e as indicações da bibliografia e a constatação do nível de
atendimento às recomendações mediante a pontuação atingida, perfazendo um total de seis
quadros resumo, um para cada construtor.
Por fim, foi elaborado um quadro resumo contendo o nível de atendimento às recomendações
referente aos seis construtores baianos com a média aproximada da pontuação atingida por
cada um.
3.2.3.2 Análise da situação atual das edificações e das manifestações patológicas
A análise da situação atual das edificações do estudo envolve dados referentes ao tempo da
construção; à situação de conservação das edificações; às reformas ou ampliações; à situação
do piso; à situação das alvenarias, das esquadrias, do reboco e da pintura; e à situação da
cobertura.
Foi realizada a análise das manifestações patológicas das edificações através dos dados
obtidos com o registro fotográfico e a observação direta para diagnosticar a condição das
edificações em relação à durabilidade da obra e à integridade das alvenarias de tijolos de
adobe. Os critérios utilizados para identificar o estado de conservação das edificações foram:
Ruim – edificação sem reboco parcialmente deteriorada, apresentando erosão, infiltração, ou
rachadura nas paredes que comprometem a estrutura da construção.
Regular – edificação com reboco e pintura na maioria das paredes, apresentando erosão,
infiltração, ou rachadura que podem comprometer a estrutura da construção.
Bom – edificação com reboco e pintura na maioria das paredes, apresentando erosão,
infiltração ou rachadura que não comprometem a estrutura da construção.
86
3.2.4 Apresentação dos Resultados
Nesta etapa final foram elaboradas recomendações para a construção com o tijolo de adobe
baseadas em todos os dados obtidos, envolvendo as características construtivas desde os
primeiros cuidados na obra até a execução da fundação, piso, alvenaria, esquadrias,
instalações, reboco, cobertura e pintura.
87
4 OBJETO DE ESTUDO
Neste capítulo é realizada uma análise das técnicas utilizadas pelos construtores baianos com
base no que preconiza a norma NTE E.080-Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e o que indica a
literatura especializada e conferida uma avaliação para o atendimento total, parcial ou não
atendimento a estas recomendações. Posteriormente é apresentada a situação das edificações
do estudo atualmente, envolvendo dados referentes ao tempo da construção; à situação de
conservação das edificações; às reformas ou ampliações; à situação do piso; à situação das
alvenarias, das esquadrias, do reboco e da pintura e à situação da cobertura, onde são
apontadas as manifestações patológicas existentes.
As localidades no estado da Bahia onde se encontram as edificações que fazem parte deste
estudo, Banzaê, Rio de Contas, Camaçari e Santa Terezinha, são apresentadas no mapa do
estado na Figura 48.
Figura 48 – Municípios onde se encontram as edificações do estudo no mapa da Bahia
Fonte: Base cartográfica disponível em: <http://www.mapasparacolorir.com.br/mapa/estado/ba/estado-bahia-
municipios.jpg>. Acesso em: 13 de jul. 2012.
Edição: Própria autora.
88
Banzaê e Rio de Contas estão localizadas em regiões de clima semiárido, Santa Terezinha
possui clima sub úmido a seco e em Camaçari o clima é classificado como úmido. É
importante salientar que as construções com adobe são mais adequadas a locais onde chove
pouco e as temperaturas são elevadas durante quase todo o ano, como em zonas áridas e
semiáridas.
O construtor identificado pela letra “A” realizou a obra da cidade de Banzaê; o construtor “B”
uma das edificações de Rio de Contas; o construtor “C” a outra obra de Rio de Contas; o
construtor “D” executou a edificação de Camaçari; o construtor “E” realizou uma das
edificações de Santa Terezinha e o construtor “F” executou a outra obra de Santa Terezinha.
4.1 ANÁLISE DA TÉCNICA DE CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE ADOTADA
POR CADA CONSTRUTOR BAIANO COM BASE NAS RECOMENDAÇÕES DA
NORMA PERUANA NTE E.080:2000 E DA BIBLIOGRAFIA E AVALIAÇÃO
QUANTO AO ATENDIMENTO ÀS MESMAS
Para ilustrar o texto que contém a análise comparativa entre a técnica construtiva adotada por
cada construtor baiano e as indicações da norma peruana e da bibliografia foram elaborados
seis quadros, um para cada construtor, contendo as recomendações, a técnica adotada pelo
construtor e a avaliação quanto ao atendimento às mesmas. Por fim, foi elaborado um quadro
resumo contendo a média da avaliação obtida por cada um deles.
Os critérios para a avaliação quanto ao atendimento às indicações da norma peruana e da
bibliografia envolveram uma pontuação referente ao nível deste atendimento variando de 1 a
5 para cada característica construtiva como é apresentado a seguir:
Pontuação (5): para o caso em que atendimento é total às recomendações.
Pontuação (de 2 a 4): para o caso em que o atendimento é parcial às recomendações.
Pontuação (1): para o caso em que não há atendimento às recomendações.
As treze características construtivas adotadas pelos construtores na Bahia se referem às
características da edificação; à seleção do solo; aos testes com o solo; às dimensões do tijolo
de adobe; aos requisitos para a fabricação do tijolo; aos testes como o tijolo; além de como
foram executados: fundação; piso; alvenaria; esquadrias; cobertura; reboco e pintura.
89
A edificação de Banzaê do construtor “A” é uma residência de um pavimento com área de
44,72m² (5,45m x 8,20m) composta originalmente por dois quartos, uma sala, uma copa, uma
cozinha e um sanitário, iniciada em março de 2006 e concluída maio deste mesmo ano
(duração da obra três meses) e custou aproximadamente R$ 5.000,00 (cinco mil reais)
financiados pela prefeitura de Banzaê (Figura 49).
Figura 49 – Edificação da cidade de Banzaê executada pelo construtor “A”
Fonte: Própria autora
No Quadro 8 são apresentadas as características construtivas adotadas pelo construtor “A” e
as recomendações da norma NTE E.080-Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e da literatura
especializada. O nível de atendimento a estas recomendações e a pontuação atingida pelo
construtor “A” em relação a cada item referente às características construtivas também são
apresentados.
90
Quadro 8 – Recomendações, características construtivas adotadas pelo construtor “A” e avaliação (continua)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E.080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR A
LOCAL DA OBRA:
BANZAÊ
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
CARACTERÍSTICAS DA
EDIFICAÇÃO
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa com forma tendendo à
simetria.
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa deve ter um formato, o
mais próximo possível do
quadrado.
1 Pavimento. Forma
retangular; área aprox.45m²
(5,45mx8,20m).
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
SELEÇÃO
DO SOLO
O solo deve apresentar: 10%
a 20% de argila; 15% a 25%
de silte e 55% a 70% de
areia.
Solo retirado a uma
profundidade de 40 cm
(ARAÚJO, 2007).
Porcentagem apropriada em
torno de 50% de areia, 30%
de silte, e 20% de argila,
(HERNÁNDEZ ;
MÁRQUEZ, 1983).
Para o tijolo: solo retirado a
40 cm de profundidade (solo
argiloso, corrigido com areia
média).
ATENDE TOTALMENTE
( 5 )
TESTES COM
O SOLO
Não faz referência.
Realizar testes expeditos: da
queda da bola; do rolo; da
fita; da sedimenta- ção, das
bolas de vários pontos do
terreno e da pressão com os
dedos, (ARAÚJO 2007),
(NEVES et al. 2005)
Não foi feito teste de
laboratório com o solo.
Foram feitos os testes
expeditos: do rolo; do vidro
ou da sedimentação e o da
pressão com os dedos.
ATENDE TOTALMENTE
( 5 )
DIMENSÕES
DO TIJOLO
O comprimento deve ser o
dobro da largura. O
comprimento deve ser 4
vezes a altura.
O comprimento deve ser o
dobro da largura,
(MCHENRY, 1984).
8 x 20 x 32 cm
NÃO ATENDE
( 1 )
91
Quadro 8 – Características construtivas adotadas pelo construtor “A”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E.080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR A
LOCAL DA OBRA:
BANZAÊ
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
REQUISITOS PARA
FABRICAÇÃO DO
TIJOLO
Amassar o barro e mantê-lo
em repouso por 24 horas,
depois moldar os tijolos e
secá-los à sombra.
Amassar o barro e deixa-lo
em repouso por 24 horas,
(FERREIRA; SILVA, 2009).
As condições do clima e as
dimensões dos tijolos
definem o tempo ideal de
secagem, (OLIVEIRA,
2005).
A mistura de traço 1:5 (1 de
areia :5 de barro) foi
amassada e não houve tempo
de repouso da massa, os
tijolos foram moldados e
secos por 2 dias ao sol e
depois 15 dias à sombra.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
TESTES COM
O TIJOLO
Ao ser realizado teste de
laboratório, a resistência à
compressão do tijolo deve ser
de no mínimo 1,2 Mpa.
Limite mínimo da resistência
para blocos cerâmicos NBR
7171 (ABNT, 1992) = 1
Mpa. Realizar testes
expeditos com o tijolo de
adobe como: o do
empilhamento de tijolos; o da
imersão do tijolo em água e o
da colocação de peso e
pressão de um adulto sobre o
tijolo, (LEGEN, 2008).
Teste de laboratório
realizado na Escola
politécnica da UFBA: a
resistência à compressão foi
de 2,0 Mpa. Foi feito 1 teste
expedito do peso e pressão
de uma pessoa sobre o tijolo.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
92
Quadro 8 – Características construtivas adotadas pelo construtor “A”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E.080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR A
LOCAL DA OBRA:
BANZAÊ
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
FUNDAÇÃO
Evitar o contato do solo com
a alvenaria de adobe. A
profundidade mínima de 60
cm e largura mínima de 40
cm. Os materiais indicados:
alvenaria de pedra ou o
concreto ciclópico.
Utilizar cinta de concreto
magro coroando a fundação,
(MITIDIERI et al., 1987).
Profundidade mínima de 40
cm e largura de uma vez a
duas vezes a espessura da
parede de adobe ,
(LOURENÇO, 2005).
Materiais indicados:
alvenaria de pedra ou de
tijolos cerâmicos.
Profundidade de 50 cm;
largura de 40 cm com cinta
de concreto magro acima da
fundação e antes da parede.
Material: Pedras, solo e
cimento.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
PISO
Altura mínima de 20 cm
acima do nível do terreno e
todo o perímetro da
edificação deve ser calçado.
Deve ser assentado a no
mínimo de 20 cm a 30 cm
acima do nível do terreno,
(ARAÚJO, 2007).
Cimentado sobre contrapiso
de concreto magro, acima do
nível do terreno 10 cm com
calçamento de 50 cm de
largura em todo o perímetro
da casa.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
93
Quadro 8 – Características construtivas adotadas pelo construtor “A”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E.080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR A
LOCAL DA OBRA:
BANZAÊ
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
ALVENARIA
Para paredes de espessura
entre 30 cm e 50 cm a altura
da mesma deve estar entre
2,40 m e 4,0 m. Argamassa
de assentamento dos tijolos
deve ser feita com terra.
Edificação de mais de um
piso deve possuir viga de
amarração. Pilares de
concreto armado devem ser
usados quando a espessura da
parede for menor que 25 cm.
As paredes devem possuir
altura de no máximo 3,5 m
(LOURENÇO, 2005).A
massa de assentamento deve
conter terra. Uma viga de
amarração deve coroar as
paredes (MCHENRY, 1984).
Paredes com 25 cm de
espessura (externas e
internas) e altura de 2,60m.
Argamassa de assentamento
a mesma composição do
tijolo. Viga de amarração
feita de bloco de tijolo com
concreto e ferragem no topo
das paredes. As instalações
elétricas e hidráulicas foram
embutidas nas paredes.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
ESQUADRIAS
As aberturas de esquadrias
devem estar centralizadas nas
paredes. A distância ente a
borda da esquadria até o
apoio vertical mais próximo
não deve ser menor que 3
vezes, nem maior que 5
vezes a espessura da
alvenaria.
Instalar verga coroando as
esquadrias e pode ser
instalada também contra
verga (peitoril) (MCHENRY,
1984). Distância mínima
entre aberturas de esquadria e
entre uma abertura e a quina
da construção deve ser de 1
metro, (SILVA, 2000).
Verga instalada em cima das
esquadrias, feita de solo
cimento, sem contra verga
(peitoril). Distância entre a
quina da construção e a
esquadria mais próxima é de
30 cm.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 3 )
94
Quadro 8 – Características construtivas adotadas pelo construtor “A”, recomendações e avaliação (conclusão)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E.080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR A
LOCAL DA OBRA:
BANZAÊ
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
COBERTURA
O telhado deve possuir
beirais e deve ser fixado
adequadamente à alvenaria
de adobe através de uma viga
de amarração.
Os beirais devem ser
ampliados ao máximo. Deve-
se colocar calhas no beiral
(ARAÚJO, 2007). O uso de
telha cerâmica de olaria local
é indicado.
O telhado possui beiral de 80
cm sem calha com telha
cerâmica de olaria.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
REBOCO
O reboco que recobre as
alvenarias deve ser resistente
à umidade.
O reboco com materiais de
características semelhantes às
do adobe (ARAÚJO, 2007).
O reboco pode conter
materiais hidrófugos, para
impermeabilização, como:
betume, goma de palma,
látex, cal e óleos vegetais.
Reboco nas paredes externas
e internas onde foram
aplicadas 2 camadas com
traço 1:1:15 ( 1 parte de cal
:1 de cimento: 15 de
terra).Reboco com cimento e
solo em sanitário, cozinha e
área de serviço.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
PINTURA
A pintura das alvenarias deve
ser repelente à água.
Utilizar pintura a base de cal,
com cola plástica ou produto
similar, (ARAÚJO, 2007), ou
goma de palma e cal para
maior impermeabilidade e
aderência da tinta ao reboco.
(LENGEN, 2008).
Pintura realizada em 2
demãos nas paredes externas
e internas com tinta feita de
mistura de cal, goma de
palma e terra (a terra foi
usada para dar cor à tinta).
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
MÉDIA DAS PONTUAÇÕES ( Total = 54) /13 = 4,15 Fonte: Própria autora
95
A edificação da cidade de Rio de Contas do construtor “B” é uma residência de dois
pavimentos com área construída de 202 m² (projeção em planta baixa: 14,72m x 12,50m),
composta por três quartos, duas salas, uma cozinha, dois sanitários, uma varanda e uma
garagem, iniciada em janeiro de 2012 e concluída agosto de 2012 (duração da obra oito
meses) e custou aproximadamente R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) referentes ao custo com
materiais de construção industrializados, financiados pelo proprietário da edificação. Este alto
custo da obra se deve ao fato da edificação possuir dois pavimentos, onde os pilares e vigas
de concreto armado foram executados para suportarem até três pavimentos, além de serem
empregados materiais de fino acabamento em alguns compartimentos da casa (Figura 50).
Figura 50 – Edificação 1 da cidade de Rio de Contas executada pelo construtor “B”
Fonte: Própria autora
O Quadro 9 a seguir apresenta as características construtivas adotadas pelo construtor “B”,
as recomendações da norma NTE E.080-Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e da literatura
especializada e o nível de atendimento a estas recomendações com a pontuação atingida pelo
mesmo construtor em relação a cada característica construtiva.
96
Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continua)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E.080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR B
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
CARACTERÍSTICAS DA
EDIFICAÇÃO
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa com forma tendendo à
simetria.
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa deve ter um formato, o
mais próximo possível do
quadrado.
2 pavimentos. Planta aprox.
quadrada; área aprox. 202 m²
(14,72 x 12,50 m).
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
SELEÇÃO
DO SOLO
O solo deve apresentar: 10%
a 20% de argila; 15% a 25%
de silte e 55% a 70% de
areia.
Solo retirado a uma
profundidade de 40 cm
(ARAÚJO, 2007).
Porcentagem apropriada em
torno de 50% de areia, 30%
de silte, e 20% de argila,
(HERNÁNDEZ ;
MÁRQUEZ, 1983).
Para o tijolo: solo retirado a
40 cm de profundidade, a
maior parte (30 m³) solo
argiloso (80% de argila) e (6
m³) e a parte menor de solo
arenoso (70% de areia) foi
feita a correção com areia
fina e fibras.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
TESTES COM
O SOLO
Não faz referência.
Realizar testes expeditos: da
queda da bola; do rolo; da
fita; da sedimentação, das
bolas de vários pontos do
terreno e da pressão com os
dedos, (ARAÚJO, 2007);
(NEVES et al. 2005)
Não foi feito teste de
laboratório com o solo.
Foram feitos os testes
expeditos: da queda da bola;
do rolo; do vidro ou da
sedimentação; das bolas de
vários pontos do terreno e o
da pressão com os dedos.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
DIMENSÕES
DO TIJOLO
O comprimento deve ser o
dobro da largura. O
comprimento deve ser 4
vezes a altura.
O comprimento deve ser o
dobro da largura,
(MCHENRY, 1984).
10 x 13 x 33 cm
NÃO ATENDE
( 1 )
97
Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E.080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR B
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
REQUISITOS PARA
FABRICAÇÃO DO
TIJOLO
Amassar o barro e mantê-lo
em repouso por 24 horas,
depois moldar os tijolos e
secá-los à sombra.
Amassar o barro e deixa-lo
em repouso por 24 horas,
(FERREIRA; SILVA, 2009).
As condições do clima e as
dimensões dos tijolos
definem o tempo ideal de
secagem, (OLIVEIRA,
2005).
A mistura umedecida de
traço 5:3:2,5 (5 de terra
argilosa : 3 de terra arenosa :
2 e meio de pó de serra com
palha de arroz) foi amassada
e ficou em repouso por 5
dias, depois os tijolos foram
moldados e secos por 6 dias
ao sol.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
TESTES COM
O TIJOLO
Ao ser realizado teste de
laboratório, a resistência à
compressão do tijolo deve ser
de no mínimo 1,2 Mpa.
Limite mínimo da resistência
para blocos cerâmicos NBR
7171 (ABNT, 1992) = 1
Mpa. Realizar testes
expeditos com o tijolo de
adobe como: o do
empilhamento de tijolos; o da
imersão do tijolo em água e o
da colocação de peso e
pressão de um adulto sobre o
tijolo, (LEGEN, 2008).
Não foi feito teste de
laboratório. Foram feitos 3
testes expeditos: o do
empilhamento de vários
tijolos; o da imersão do tijolo
em água e o do peso de uma
pessoa sobre um tijolo.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
98
Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E.080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR B
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
FUNDAÇÃO
Evitar o contato do solo com
a alvenaria de adobe. A
profundidade mínima de 60
cm e largura mínima de 40
cm. Os materiais indicados:
alvenaria de pedra ou o
concreto ciclópico
Utilizar cinta de concreto
magro coroando a fundação,
(MITIDIERI et al., 1987).
Profundidade mínima de 40
cm e largura de uma vez a
duas vezes a espessura da
parede de adobe,
(LOURENÇO, 2005).
Materiais indicados:
alvenaria de pedra ou de
tijolos cerâmicos.
Profundidade de 80 cm;
largura de 40 cm. Material: Alvenaria de pedra com
pilares de concreto.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
PISO
Altura mínima de 20 cm
acima do nível do terreno e
todo o perímetro da
edificação deve ser calçado.
Deve ser assentado a no
mínimo de 20 cm a 30 cm
acima do nível do terreno,
(ARAÚJO, 2007).
Cimentado, situado acima do
nível do terreno 60 cm.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
99
Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E.080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR B
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO AO
ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
ALVENARIA
Para paredes de espessura
entre 30 cm e 50 cm a altura
da mesma deve estar entre
2,40 m e 4,0 m. Argamassa
de assentamento dos tijolos
deve ser feita com terra.
Edificação de mais de um
piso deve possuir viga de
amarração. Pilares de
concreto armado devem ser
usados quando a espessura
da parede for menor que 25
cm.
As paredes devem possuir
altura de no máximo 3,5 m
(LOURENÇO, 2005). A
massa de assentamento deve
conter terra. Uma viga de
amarração deve coroar as
paredes (MCHENRY,
1984).
Paredes com espessura de
19 cm externas e 19 cm
internas e altura de 3,0 m.
Pilares de concreto nas
quinas e nos vãos de parede
com espaçamento máximo
entre eles de 3,50 m. A
argamassa de assentamento
com mesmo traço da massa
usada na confecção dos
tijolos 5:3:2,5 ( 5 partes de
terra argilosa para 3 partes
de terra arenosa para 2
partes e meia de pó de serra
com palha de arroz). Viga
de amarração de concreto
no topo das paredes. As
instalações elétricas e
hidráulicas foram embutidas
nas paredes.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
100
Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR B
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
ESQUADRIAS
As aberturas de esquadrias
devem estar centralizadas nas
paredes. A distância ente a
borda da esquadria até o
apoio vertical mais próximo
não deve ser menor que 3
vezes, nem maior que 5
vezes a espessura da
alvenaria.
Instalar verga coroando as
esquadrias e pode ser
instalada também contra
verga (peitoril) (MCHENRY,
1984). Distância mínima
entre aberturas de esquadria e
entre uma abertura e a quina
da construção deve ser de 1
metro, (SILVA, 2000).
Verga de madeira em cima
de cada esquadria com contra
verga (peitoril) de pedra.
Distância de 1,35 m entre a
quina da construção e a
esquadria mais próxima.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
COBERTURA
O telhado deve possuir
beirais e deve ser fixado
adequadamente à alvenaria
de adobe através de uma viga
de amarração.
Os beirais devem ser
ampliados ao máximo. Deve-
se colocar calhas no beiral
(ARAÚJO, 2007). O uso de
telha cerâmica de olaria local
é indicado.
Telhado com telha de
plástico possui beiral de 60
cm sem calha.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
101
Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR B
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
REBOCO
O reboco que recobre as
alvenarias deve ser resistente à
umidade.
O reboco deve ser constituído
de materiais com
características semelhantes às
do adobe (ARAÚJO, 2007). O
reboco pode conter materiais
hidrófugos, para a sua
impermeabilização, como:
betume, goma de palma,
látex, cal e óleos vegetais.
Reboco nas paredes externas e
internas. Nas externas foi
aplicada 1camada com traço
3:3:3:2:1 (3 de terra argilosa :
3 de areia fina : 3 de palha de
arroz picada : 2 de estrume de
cavalo fermentado : 1 parte de
cinza ) e toda água a ser
acrescentada foi substituída
por 100 ml de óleo vegetal e
goma de palma. Nas paredes
internas foram aplicadas 2
camadas de massa idêntica à
usada nas paredes externas e
toda água a ser acrescentada
foi substituída por goma de
palma. Paredes do sanitário
revestidas com cerâmica até a
altura de 1,80 m e acima desta
altura reboco de cob (terra,
areia e palha), cozinha com
aplicação de cerâmica na parte
em que se trabalha com água.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
102
Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (conclusão)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR B
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
PINTURA
A pintura das alvenarias deve
ser repelente à água.
Utilizar pintura a base de cal,
com cola plástica ou produto
similar, (ARAÚJO, 2007). A
goma de palma pode ser
adicionada à cal para conferir
maior impermeabilidade e
aderência da tinta ao reboco.
(LENGEN, 2008).
Pintura nas paredes com tinta
constituída de terra, goma de
palma e cola branca aplicada
em 4 de mãos.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 58) / 13 = 4,46 Fonte: Própria autora
103
A edificação da cidade de Rio de Contas do construtor “C” é uma residência de um
pavimento com área construída de 71,50 m² (6,50m x 11 m); composta por três quartos, uma
sala, uma cozinha e um sanitário, iniciada em outubro de 1996 e concluída dezembro de 1996
(duração da obra dois meses) e custou aproximadamente R$ 3.000,00 (três mil reais)
financiados pelo proprietário da edificação (Figura 51).
Figura 51 – Edificação 2 da cidade de Rio de Contas executada pelo construtor “C”
Fonte: Própria autora
As características construtivas adotadas pelo construtor “C”, juntamente com as
recomendações da norma peruana e da bibliografia e o nível de atendimento a estas
recomendações com a pontuação atingida por este construtor em relação a cada item referente
às características construtivas são apresentados no Quadro 10.
104
Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (continua)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR C
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
CARACTERÍSTICAS DA
EDIFICAÇÃO
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa com forma tendendo à
simetria.
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa deve ter um formato, o
mais próximo possível do
quadrado.
1 pavimento. Planta
retangular; área aprox72
m²(6,50m x 11 m).
ATENDE
PARCIALMENTE
(4)
SELEÇÃO
DO SOLO
O solo deve apresentar: 10%
a 20% de argila; 15% a 25%
de silte e 55% a 70% de
areia.
Solo retirado a uma
profundidade de 40 cm
(ARAÚJO, 2007).
Porcentagem apropriada em
torno de 50% de areia, 30%
de silte, e 20% de argila,
(HERNÁNDEZ;
MÁRQUEZ, 1983).
Para o tijolo: solo retirado a
40 cm de profundidade, solo
arenoso sem necessidade de
correção.
ATENDE
TOTALMENTE
(5)
TESTES COM
O SOLO
Não faz referência.
Realizar testes expeditos: da
queda da bola; do rolo; da
fita; da sedimentação, das
bolas de vários pontos do
terreno e da pressão com os
dedos, (ARAÚJO, 2007);
(NEVES et al., 2005)
Não foi feito teste de
laboratório nem testes
expeditos com o solo por já
conhecer que o solo era
arenoso e adequado à
construção por haver casas já
construídas com o mesmo
tipo de solo nas
proximidades da obra.
ATENDE
PARCIALMENTE
(2)
105
Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR C
LOCAL DA OBRA: RIO
DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
DIMENSÕES
DO TIJOLO
O comprimento deve ser o
dobro da largura. O
comprimento deve ser 4
vezes a altura.
O comprimento deve ser o
dobro da largura,
(MCHENRY, 1984).
15 x 25 x 35 cm
NÃO ATENDE
(1)
REQUISITOS PARA
FABRICAÇÃO DO
TIJOLO
Amassar o barro e mantê-lo
em repouso por 24 horas,
depois moldar os tijolos e
secá-los à sombra.
Amassar o barro e deixa-lo
em repouso por 24 horas,
(FERREIRA; SILVA, 2009).
As condições do clima e as
dimensões dos tijolos
definem o tempo ideal de
secagem, (OLIVEIRA,
2005).
O solo umedecido foi
amassado e ficou em repouso
por 1 dia, depois os tijolos
foram moldados e secos por
5 dias ao sol.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
TESTES COM
O TIJOLO
Ao ser realizado teste de
laboratório, a resistência à
compressão do tijolo deve ser
de no mínimo 1,2 Mpa.
Limite mínimo da resistência
para blocos cerâmicos NBR
7171(ABNT, 1992) = 1
Mpa. Realizar testes
expeditos com o tijolo de
adobe como: o do
empilhamento de tijolos; o da
imersão do tijolo em água e o
da colocação de peso e
pressão de um adulto sobre o
tijolo, (LEGEN, 2008).
Não foi feito teste de
laboratório. Foi feito 1 teste
expedito: o do peso de um
adulto sobre um tijolo que
fica apoiado em 2 nas
extremidades.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 2)
106
Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR C
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
FUNDAÇÃO
Evitar o contato do solo com
a alvenaria de adobe. A
profundidade mínima de 60
cm e largura mínima de 40
cm. Os materiais indicados:
alvenaria de pedra ou o
concreto ciclópico
Utilizar cinta de concreto
magro coroando a fundação,
(MITIDIERI et al., 1987).
Profundidade mínima de 40
cm e largura de uma vez a
duas vezes a espessura da
parede de adobe,
(LOURENÇO, 2005).
Materiais indicados:
alvenaria de pedra ou de
tijolos cerâmicos. .
Profundidade de 50 cm;
largura de 30cm.
Materiais utilizados: Pedras
com argamassa.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 3 )
PISO
Altura mínima de 20 cm
acima do nível do terreno e
todo o perímetro da
edificação deve ser calçado.
Deve ser assentado a no
mínimo de 20 cm a 30 cm
acima do nível do terreno,
(ARAÚJO, 2007).
Cimento com areia e pedras,
situado acima do nível do
terreno 30 cm.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
107
Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR C
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
ALVENARIA
Para paredes de espessura
entre 30 cm e 50 cm a altura
da mesma deve estar entre
2,40 m e 4,0 m. Argamassa
de assentamento dos tijolos
deve ser feita com terra.
Edificação de mais de um
piso deve possuir viga de
amarração. Pilares de
concreto armado devem ser
usados quando a espessura da
parede for menor que 25 cm.
As paredes devem possuir
altura de no máximo 3,5 m
(LOURENÇO, 2005). A
massa de assentamento deve
conter terra. Uma viga de
amarração deve coroar as
paredes (MCHENRY, 1984).
Paredes com espessura de 30
cm e altura de 2,80 m. A
argamassa de assentamento
dos tijolos é a mesma da com
que foram confeccionados os
tijolos (só o solo adicionado
à água). Não há pilares e nem
viga de amarração no topo
das paredes. As instalações
elétricas e hidráulicas foram
embutidas nas paredes.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
ESQUADRIAS
As aberturas de esquadrias
devem estar centralizadas nas
paredes. A distância ente a
borda da esquadria até o
apoio vertical mais próximo
não deve ser menor que 3
vezes, nem maior que 5
vezes a espessura da
alvenaria.
Instalar verga coroando as
esquadrias e pode ser
instalada também contra
verga (peitoril) (MCHENRY,
1984). Distância mínima
entre aberturas de esquadria e
entre uma abertura e a quina
da construção deve ser de 1
metro, (SILVA, 2000).
Verga de madeira sobre a
esquadria, sem contra verga
(peitoril). Distância entre a
quina da construção e a
esquadria mais próxima é de
60 cm.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 3 )
108
Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (conclusão)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR C
LOCAL DA OBRA:
RIO DE CONTAS
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
COBERTURA
O telhado deve possuir
beirais e deve ser fixado
adequadamente à alvenaria
de adobe através de uma viga
de amarração.
Os beirais devem ser
ampliados ao máximo. Deve-
se colocar calhas no beiral
(ARAÚJO, 2007). O uso de
telha cerâmica de olaria local
é indicado.
Telhado com telha de olaria,
com beiral de 40 cm de
largura sem calha.
ATENDE
PARCIALMENTE
(3)
REBOCO
O reboco que recobre as
alvenarias deve ser resistente
à umidade.
O reboco deve ser
constituído de materiais com
características semelhantes às
do adobe (ARAÚJO, 2007).
O reboco pode conter
materiais hidrófugos, para a
sua impermeabilização,
como: betume, goma de
palma, látex, cal e óleos
vegetais
Reboco nas paredes externas
e internas da edificação
constituído de mistura de
terra, cal e cimento aplicado
em apenas 1 camada. Foi
realizada aplicação de
cerâmica nas paredes do
sanitário, cozinha e área de
serviço.
ATENDE
TOTALMENTE
(5)
PINTURA
A pintura das alvenarias deve
ser repelente à água.
Utilizar pintura a base de cal,
com cola plástica ou produto
similar, (ARAÚJO, 2007). A
goma de palma pode ser
adicionada à cal para conferir
maior impermeabilidade e
aderência da tinta ao reboco.
(LENGEN, 2008).
Nas paredes externas foi
realizada pintura com tinta à
base de cal em 2 demãos e
nas interna aplicada a mesma
mistura com adição de pó de
tinta na cor desejada.
ATENDE
PARCIALMENTE
(4)
MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 45 ) /13 = 3,46 Fonte: Própria autora
109
A edificação da cidade de Camaçari do construtor “D” é um espaço escolar de um
pavimento com área construída de 33,84 m² (7,20m x 4,70m) composta por uma sala,
iniciada em setembro de 2008 e concluída em outubro de 2008 (duração da obra um mês
aproximadamente) e custou em torno de R$ 12.000,00 (doze mil reais) financiados pelo
proprietário da edificação (Figura 52).
Figura 52 – Edificação da cidade de Camaçari executada pelo construtor “D”
Fonte: Própria autora
No Quadro 11 são apresentadas as características construtivas adotadas pelo construtor “D”,
juntamente com as recomendações da norma do Peru e da bibliografia e o nível de
atendimento a estas recomendações com a pontuação atingida pelo mesmo em relação a cada
característica construtiva.
110
Quadro 11 – Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continua)
,
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR D
LOCAL DA OBRA:
CAMAÇARI
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
CARACTERÍSTICAS DA
EDIFICAÇÃO
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa com forma tendendo à
simetria.
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa deve ter um formato, o
mais próximo possível do
quadrado.
1 pavimento. Planta
retangular; área aprox. 34 m²;
(7,20 m x 4,70 m)
ATENDE
PARCIALMENTE
(4 )
SELEÇÃO
DO SOLO
O solo deve apresentar: 10%
a 20% de argila; 15% a 25%
de silte e 55% a 70% de
areia.
Solo retirado a uma
profundidade de 40 cm
(ARAÚJO, 2007).
Porcentagem apropriada em
torno de 50% de areia, 30%
de silte, e 20% de argila,
(HERNÁNDEZ;
MÁRQUEZ, 1983).
Para o tijolo: solo retirado a
40 cm de profundidade (solo
argiloso, corrigido com solo
arenoso).
ATENDE
TOTALMENTE
(5)
TESTES COM
O SOLO
Não faz referência.
Realizar testes expeditos: da
queda da bola; do rolo; da
fita; da sedimentação, das
bolas de vários pontos do
terreno e da pressão com os
dedos, (ARAÚJO, 2007);
(NEVES et al., 2005)
Não foi feito teste de
laboratório com o solo.
Foram feitos os testes
expeditos: do rolo; do vidro
ou da sedimentação; da
queda da bola; da pressão
com os dedos e das bolas de
vários pontos do terreno.
ATENDE
TOTALMENTE
(5)
111
Quadro 11 – Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR D
LOCAL DA OBRA:
CAMAÇARI
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
DIMENSÕES
DO TIJOLO
O comprimento deve ser o
dobro da largura. O
comprimento deve ser 4
vezes a altura.
O comprimento deve ser o
dobro da largura,
(MCHENRY, 1984).
12 x 18 x 28 cm
NÃO ATENDE
(1)
REQUISITOS PARA
FABRICAÇÃO DO
TIJOLO
Amassar o barro e mantê-lo
em repouso por 24 horas,
depois moldar os tijolos e
secá-los à sombra.
Amassar o barro e deixa-lo
em repouso por 24 horas,
(FERREIRA; SILVA, 2009).
As condições do clima e as
dimensões dos tijolos
definem o tempo ideal de
secagem, (OLIVEIRA,
2005). 1 a 2 pavimentos.
Planta baixa deve ter um
formato, o mais próximo
possível do quadrado.
A mistura de traço 1:3 (1 de
solo argiloso : 3 de solo
arenoso) foi amassada e não
houve tempo de repouso da
massa, os tijolos foram secos
por 7 dias à sombra.
ATENDE
PARCIALMENTE
(4)
112
Quadro 11– Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR D
LOCAL DA OBRA:
CAMAÇARI
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
TESTES COM
O TIJOLO
Ao ser realizado teste de
laboratório, a resistência à
compressão do tijolo deve ser
de no mínimo 1,2 Mpa.
Limite mínimo da resistência
para blocos cerâmicos NBR
717 (ABNT, 1992) = 1 Mpa.
Realizar testes expeditos com
o tijolo de adobe como: o do
empilhamento de tijolos; o da
imersão do tijolo em água e o
da colocação de peso e
pressão de um adulto sobre o
tijolo, (LEGEN, 2008).
Não foi feito teste de
laboratório. Foram feitos 2
testes expeditos: o do
empilhamento de vários
tijolos e o do peso de uma
pessoa sobre um tijolo.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 3 )
FUNDAÇÃO
Evitar o contato do solo com
a alvenaria de adobe. A
profundidade mínima de 60
cm e largura mínima de 40
cm. Os materiais indicados:
alvenaria de pedra ou o
concreto ciclópico.
Utilizar cinta de concreto
magro coroando a fundação,
(MITIDIERI et al., 1987).
Profundidade mínima de 40
cm e largura de uma vez a
duas vezes a espessura da
parede de adobe ,
(LOURENÇO, 2005).
Materiais indicados:
alvenaria de pedra ou de
tijolos cerâmicos.
Profundidade de 60 cm;
largura de 40 cm.
Material: Alvenaria de pedra
com argamassa de cimento.
ATENDE
PARCIALMENTE
(4)
113
Quadro 11– Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR D
LOCAL DA OBRA:
CAMAÇARI
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
PISO
Altura mínima de 20 cm
acima do nível do terreno e
todo o perímetro da
edificação deve ser calçado
Deve ser assentado a no
mínimo de 20 cm a 30 cm
acima do nível do terreno,
(ARAÚJO, 2007).
Cimentado com mosaico
formado por pedaços de
cerâmica, situado acima do
nível do terreno 20 cm.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
ALVENARIA
Para paredes de espessura
entre 30 cm e 50 cm a altura
da mesma deve estar entre
2,40 m e 4,0 m. Argamassa
de assentamento dos tijolos
deve ser feita com terra.
Edificação de mais de um
piso deve possuir viga de
amarração. Pilares de
concreto armado devem ser
usados quando a espessura da
parede for menor que 25 cm.
As paredes devem possuir
altura de no máximo 3,5 m
(LOURENÇO, 2005). A
massa de assentamento deve
conter terra. Uma viga de
amarração deve coroar as
paredes (MCHENRY, 1984).
Paredes com espessura de 20
cm e altura de 250 cm. A
argamassa de assentamento
dos tijolos é a mesma dos
tijolos acrescentado a cal.
Nas primeiras fiadas das
alvenarias os tijolos de adobe
foram constituídos de massa
de solo acrescida de óleo
vegetal queimado para
impermeabilizar. Há pilares
de madeira e outros feitos de
tijolos de adobe e há viga de
amarração de madeira no
topo das paredes. As
instalações elétricas não
foram embutidas nas paredes.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
114
Quadro 11– Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR D
LOCAL DA OBRA:
CAMAÇARI
AVALIAÇÃO QUANTO AO
ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
ESQUADRIAS
As aberturas de esquadrias
devem estar centralizadas
nas paredes. A distância ente
a borda da esquadria até o
apoio vertical mais próximo
não deve ser menor que 3
vezes, nem maior que 5
vezes a espessura da
alvenaria.
Instalar verga coroando as
esquadrias e pode ser
instalada também contra
verga (peitoril)
(MCHENRY, 1984).
Distância mínima entre
aberturas de esquadria e
entre uma abertura e a quina
da construção deve ser de 1
metro, (SILVA, 2000).
Verga de madeira em cima
de cada esquadria com
contra verga (peitoril) de
madeira. Distância de 1
metro entre a quina da
construção e a esquadria
mais próxima
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
COBERTURA
O telhado deve possuir
beirais e deve ser fixado
adequadamente à alvenaria
de adobe através de uma
viga de amarração.
Os beirais devem ser
ampliados ao máximo.
Deve-se colocar calhas no
beiral (ARAÚJO, 2007). O
uso de telha cerâmica de
olaria local é indicado.
Parte da cobertura com
telhado verde com beiral de
1 metro de largura com
calha. Outra parte da
cobertura com telhas
ecológicas (tetrapak) com
beiral de 1,20m com calha.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
REBOCO
O reboco que recobre as
alvenarias deve ser resistente
à umidade.
O reboco deve ser
constituído de materiais com
características semelhantes
às do adobe (ARAÚJO,
2007). O reboco pode conter
materiais hidrófugos, para a
sua impermeabilização,
como: betume, goma de
palma, látex, cal e óleos
vegetais.
Mistura de solo com cal e
goma de palma aplicada em
2 camadas sobre algumas
das paredes externas e
internas. Reboco
apenas em algumas paredes
com mesma massa dos
tijolos acrescido de cal e
goma de palma.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
115
Quadro 11– Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (conclusão)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR D
LOCAL DA OBRA:
CAMAÇARI
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
PINTURA
A pintura das alvenarias deve
ser repelente à água.
Utilizar pintura a base de cal,
com cola plástica ou produto
similar, (ARAÚJO, 2007). A
goma de palma pode ser
adicionada à cal para conferir
maior impermeabilidade e
aderência da tinta ao reboco.
(LENGEN, 2008).
Pintura em 2 demãos com
tinta composta de terra, cal e
cola branca . Aplicada
selagem com goma de palma
nas paredes sem reboco.
ATENDE
TOTALMENTE
(5)
MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 55) /13 = 4,23 Fonte: Própria autora
116
A edificação da cidade de Santa Terezinha do construtor “E” é uma residência com área
construída de 85,80 m² (6,50m x 13,20m) com um pavimento, composta originalmente por
três quartos, uma sala, uma cozinha e um sanitário, iniciada em março de 1997 e concluída em
maio de 1997 (duração da obra dois meses) e custou aproximadamente R$ 4.000,00 (quatro
mil reais) financiados pelo proprietário da edificação (Figura 53).
Figura 53 – Edificação 1 da cidade de Santa Terezinha executada pelo construtor “E”
Fonte: Própria autora
As características construtivas adotadas pelo construtor “E”, as recomendações da norma
peruana e da bibliografia e o nível de atendimento a estas recomendações com a pontuação
atingida por este construtor em relação a cada item referente às características construtivas são
apresentados no Quadro 12.
117
Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (continua)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR E
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO AO
ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
CARACTERÍSTICAS DA
EDIFICAÇÃO
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa com forma tendendo à
simetria.
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa deve ter um formato,
o mais próximo possível do
quadrado.
1 pavimento. Planta
retangular; área
aprox..86m² (6,50m x
13,20m).
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
SELEÇÃO
DO SOLO
O solo deve apresentar:
10% a 20% de argila; 15% a
25% de silte e 55% a 70%
de areia.
Solo retirado a uma
profundidade de 40 cm
(ARAÚJO, 2007).
Porcentagem apropriada em
torno de 50% de areia, 30%
de silte, e 20% de argila,
(HERNÁNDEZ;
MÁRQUEZ, 1983).
Para o tijolo: solo retirado
a 40 de profundidade solo
arenoso sem necessidade
de correção.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
TESTES COM
O SOLO
Não faz referência.
Realizar testes expeditos:
da queda da bola; do rolo;
da fita; da sedimentação,
das bolas de vários pontos
do terreno e da pressão com
os dedos, (ARAÚJO 2007);
(NEVES et al., 2005)
Não foi feito teste de
laboratório com o solo.
Não foram feitos testes
expeditos por já se
conhecer o solo como
arenoso e adequado à
construção.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 2 )
118
Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR E
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
DIMENSÕES DO TIJOLO
O comprimento deve ser o
dobro da largura. O
comprimento deve ser 4
vezes a altura.
O comprimento deve ser o
dobro da largura,
(MCHENRY, 1984).
15 x 20 x 30 cm
NÃO ATENDE
( 1 )
REQUISITOS PARA
FABRICAÇÃO DO
TIJOLO
Amassar o barro e mantê-lo
em repouso por 24 horas,
depois moldar os tijolos e
secá-los à sombra.
Amassar o barro e deixa-lo
em repouso por 24 horas,
(FERREIRA; SILVA, 2009).
As condições do clima e as
dimensões dos tijolos
definem o tempo ideal de
secagem, (OLIVEIRA,
2005).
A mistura de solo e água foi
amassada e não houve tempo
de repouso da massa, os
tijolos foram moldados e
secos por 15 dias ao sol.
ATENDE
PARCIALMENTE
(3)
TESTES COM
O TIJOLO
Ao ser realizado teste de
laboratório, a resistência à
compressão do tijolo deve ser
de no mínimo 1,2 Mpa.
Limite mínimo da resistência
para blocos cerâmicos NBR
7171 (ABNT, 1992) = 1
Mpa. Realizar testes
expeditos com o tijolo: o do
empilhamento de tijolos; o da
imersão do tijolo em água e o
da colocação de peso e
pressão de um adulto sobre o
tijolo, (LEGEN, 2008).
Não foi feito teste de
laboratório com o tijolo. Foi
feito 1 teste expedito: o do
peso de uma pessoa sobre um
tijolo.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 2 )
119
Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR E
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
FUNDAÇÃO
Evitar o contato do solo com
a alvenaria de adobe. A
profundidade mínima de 60
cm e largura mínima de 40
cm. Os materiais indicados:
alvenaria de pedra ou o
concreto ciclópico.
Utilizar cinta de concreto
magro coroando a fundação,
(MITIDIERI et al., 1987).
Profundidade mínima de 40
cm e largura de uma vez a
duas vezes a espessura da
parede de adobe ,
(LOURENÇO, 2005).
Materiais indicados:
alvenaria de pedra ou de
tijolos cerâmicos.
Profundidade de 50 cm;
largura de 30 cm.
Material: Alvenaria de pedra
com argamassa de cimento.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 3 )
PISO
Altura mínima de 20 cm
acima do nível do terreno e
todo o perímetro da
edificação deve ser calçado.
Deve ser assentado a no
mínimo de 20 cm a 30 cm
acima do nível do terreno,
(ARAÚJO, 2007).
Cimentado com aplicação
posterior de cerâmica,
situado acima do nível do
terreno 25 cm.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
120
Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR E
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
ALVENARIA
Para paredes de espessura
entre 30 cm e 50 cm a altura
da mesma deve estar entre
2,40 m e 4,0 m. Argamassa
de assentamento dos tijolos
deve ser feita com terra.
Edificação de mais de um
piso deve possuir viga de
amarração. Pilares de
concreto armado devem ser
usados quando a espessura da
parede for menor que 25 cm.
As paredes devem possuir
altura de no máximo 3,5 m
(LOURENÇO, 2005). A
massa de assentamento deve
conter terra. Uma viga de
amarração deve coroar as
paredes (MCHENRY, 1984).
Paredes com espessura de 25
cm e altura de 260 cm. A
argamassa de assentamento
dos tijolos é a mesma com a
qual foram produzidos os
tijolos (só o solo adicionado
à água). Há pilares feitos de
tijolos de adobe e não há viga
de amarração no topo das
paredes. As instalações
elétricas não foram
embutidas nas paredes, as
hidráulicas foram embutidas.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
ESQUADRIAS
As aberturas de esquadrias
devem estar centralizadas nas
paredes. A distância ente a
borda da esquadria até o
apoio vertical mais próximo
não deve ser menor que 3
vezes, nem maior que 5
vezes a espessura da
alvenaria.
Instalar verga coroando as
esquadrias e pode ser
instalada também contra
verga (peitoril) (MCHENRY,
1984). Distância mínima
entre aberturas de esquadria e
entre uma abertura e a quina
da construção deve ser de 1
metro, (SILVA, 2000).
Verga de madeira colocada
em cima de cada esquadria,
sem contra verga (peitoril).
Distância de 1 metro entre a
quina da construção e a
esquadria mais próxima.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
121
Fonte: Própria autora
Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (conclusão)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR E
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
COBERTURA
O telhado deve possuir
beirais e deve ser fixado
adequadamente à alvenaria
de adobe através de uma viga
de amarração.
Os beirais devem ser
ampliados ao máximo. Deve-
se colocar calhas no beiral
(ARAÚJO, 2007). O uso de
telha cerâmica de olaria local
é indicado.
Telhado composto de
madeiramento e telha de
cerâmica industrializada com
beiral de 40 cm de largura
sem calha.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 3 )
REBOCO
O reboco que recobre as
alvenarias deve ser resistente
à umidade.
O reboco deve ser
constituído de materiais com
características semelhantes às
do adobe (ARAÚJO, 2007).
O reboco pode conter
materiais hidrófugos, para a
sua impermeabilização,
como: betume, goma de
palma, látex, cal e óleos
vegetais.
Reboco constituído de areia,
terra, cal e cimento na
proporção 3:2:1:0,5 (3 de
areia : 2 de terra : 1 de cal :
meia parte de cimento)
aplicado em 1 camada sobre
as paredes externas e
internas. Aplicação de
cerâmica nas paredes nas
áreas próximas às saídas de
água.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
PINTURA
A pintura das alvenarias deve
ser repelente à água.
Utilizar pintura a base de cal,
com cola plástica ou produto
similar, (ARAÚJO, 2007). A
goma de palma pode ser
adicionada à cal para conferir
maior impermeabilidade e
aderência da tinta ao reboco.
(LENGEN, 2008).
Pintura em 2 demãos nas
paredes externas e internas
com tinta em pó à base de cal
da marca hidracor.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 45) /13 = 3,46
122
A edificação da cidade de Santa Terezinha do construtor “F” é um espaço onde funciona um
bar de um pavimento com área construída de 65,72m² (5,30m x 12,40m) composto por uma
varanda, um salão, uma cozinha, uma dispensa para alimentos, um depósito de engradados e o
sanitário fica situado do lado de fora da construção. Foi iniciada em dezembro de 1998 e
concluída março de 1999 (duração da obra três meses) e custou aproximadamente R$
3.000,00 (três mil reais), financiados pelo proprietário da edificação (Figura 54).
Figura 54 – Edificação 2 da cidade de Santa Terezinha executada pelo construtor “F”
Fonte: Prórpia autora
O Quadro 13 a seguir apresenta as características construtivas adotadas pelo construtor “F”
juntamente com as recomendações da norma NTE E.080-Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e
da bibliografia e o nível de atendimento a estas recomendações com a pontuação atingida por
este construtor em relação a cada característica construtiva.
123
Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (continua)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR F
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
CARACTERÍSTICAS DA
EDIFICAÇÃO
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa com forma tendendo à
simetria.
1 a 2 pavimentos. Planta
baixa deve ter um formato, o
mais próximo possível do
quadrado.
1 pavimento. Planta
retangular; área aprox. 66 m²
(5,30m x 12, 40m).
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
SELEÇÃO
DO SOLO
O solo deve apresentar: 10%
a 20% de argila; 15% a 25%
de silte e 55% a 70% de
areia.
Solo retirado a uma
profundidade de 40 cm
(ARAÚJO, 2007).
Porcentagem apropriada em
torno de 50% de areia, 30%
de silte, e 20% de argila,
(HERNÁNDEZ;
MÁRQUEZ, 1983).
Para o tijolo: solo retirado a
40 cm de profundidade (solo
arenoso), sem necessidade de
correção.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
TESTES COM
O SOLO
Não faz referência.
Realizar testes expeditos: da
queda da bola; do rolo; da
fita; da sedimentação, das
bolas de vários pontos do
terreno e da pressão com os
dedos, (ARAÚJO, 2007);
(NEVES et al., 2005)
Não foi feito teste de
laboratório com o solo. Não
foram feitos testes expeditos
com o solo por já se conhecer
o solo como arenoso e
adequado à construção por
ter outras construções nas
proximidades da obra.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 2 )
124
Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR F
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
DIMENSÕES
DO TIJOLO
O comprimento deve ser o
dobro da largura. O
comprimento deve ser 4
vezes a altura.
O comprimento deve ser o
dobro da largura, (MCHENRY,
1984).
10 x 10 x 25 cm
NÃO ATENDE
( 1 )
REQUISITOS PARA
FABRICAÇÃO DO
TIJOLO
Amassar o barro e mantê-lo
em repouso por 24 horas,
depois moldar os tijolos e
secá-los à sombra.
Amassar o barro e deixa-lo em
repouso por 24 horas,
(FERREIRA; SILVA, 2009).
As condições do clima e as
dimensões dos tijolos definem o
tempo ideal de secagem,
(OLIVEIRA, 2005).
A massa de solo e água foi
amassada e colocada em
repouso por 1 dia e depois
os tijolos foram moldados
e secos por 4 dias ao sol.
ATENDE
PARCIALMENTE
(4)
TESTES COM
O TIJOLO
Ao ser realizado teste de
laboratório, a resistência à
compressão do tijolo deve ser
de no mínimo 1,2 Mpa.
Limite mínimo da resistência
para blocos cerâmicos NBR
7171 (ABNT, 1992) = 1 Mpa.
Realizar testes expeditos com o
tijolo de adobe como: o do
empilhamento de tijolos; o da
imersão do tijolo em água e o da
colocação de peso e pressão de
um adulto sobre o tijolo
(LEGEN, 2008).
Não foi feito teste de
laboratório. Foi feito teste
expedito do peso de uma
pessoa sobre um tijolo.
ATENDE
PARCIALMENTE
(2)
125
Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR F
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
FUNDAÇÃO
Evitar o contato do solo com
a alvenaria de adobe. A
profundidade mínima de 60
cm e largura mínima de 40
cm. Os materiais indicados:
alvenaria de pedra ou o
concreto ciclópico.
Utilizar cinta de concreto
magro coroando a fundação,
(MITIDIERI et al., 1987).
Profundidade mínima de 40
cm e largura de uma vez a
duas vezes a espessura da
parede de adobe ,
(LOURENÇO, 2005).
Materiais indicados:
alvenaria de pedra ou de
tijolos cerâmicos
Profundidade de 60 cm;
largura de 40 cm.
Material: Alvenaria de tijolos
de adobe.
ATENDE
PARCIALMENTE
(2)
PISO
Altura mínima de 20 cm
acima do nível do terreno e
todo o perímetro da
edificação deve ser calçado.
Deve ser assentado a no
mínimo de 20 cm a 30 cm
acima do nível do terreno,
(ARAÚJO, 2007).
Cimentado, situado acima do
nível do terreno 40 cm.
ATENDE
TOTALMENTE
( 5 )
ALVENARIA
Para paredes de espessura
entre 30 cm e 50 cm a altura
da mesma deve estar entre
2,40 m e 4,0 m. Argamassa
de assentamento dos tijolos
deve ser feita com terra.
Edificação de mais de um
piso deve possuir viga de
amarração. Pilares de
concreto armado devem ser
usados quando a espessura da
parede for menor que 25 cm.
As paredes devem possuir
altura de no máximo 3,5 m
(LOURENÇO, 2005). A
massa de assentamento deve
conter terra. Uma viga de
amarração deve coroar as
paredes (MCHENRY, 1984).
Paredes com espessura de 15
cm e altura de 250 cm. A
argamassa de assentamento
dos tijolos é a mesma dos
tijolos (só o solo adicionado
à água). Há pilares feitos de
tijolos de adobe e não há
viga de amarração no topo
das paredes. As instalações
elétricas e hidráulicas são
embutidas nas paredes.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
126
Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (continuação)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR F
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
ESQUADRIAS
As aberturas de esquadrias
devem estar centralizadas nas
paredes. A distância ente a
borda da esquadria até o
apoio vertical mais próximo
não deve ser menor que 3
vezes, nem maior que 5
vezes a espessura da
alvenaria.
Instalar verga coroando as
esquadrias e pode ser
instalada também contra
verga (peitoril) (MC
HENRY, 1984). Distância
mínima entre aberturas de
esquadria e entre uma
abertura e a quina da
construção deve ser de 1
metro, (SILVA, 2000).
Verga de madeira instalada
em cima de cada esquadria,
sem contra verga (peitoril).
Distância de 1,20 m entre a
quina da construção e a
esquadria mais próxima.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
COBERTURA
O telhado deve possuir
beirais e deve ser fixado
adequadamente à alvenaria
de adobe através de uma viga
de amarração.
Os beirais devem ser
ampliados ao máximo. Deve-
se colocar calhas no beiral
(ARAÚJO, 2007). O uso de
telha cerâmica de olaria local
é indicado.
Telhado composto de
estrutura de madeira com
telha do fibrocimento
(eternit) possuindo beiral de
30 cm de largura sem calha.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 3 )
127
Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (conclusão)
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS
RECOMENDAÇÕES DA
NORMA NTE E. 080:2000
DO PERU
RECOMENDAÇÕES
DA BIBLIOGRAFIA
CONSTRUTOR F
LOCAL DA OBRA:
SANTA TEREZINHA
AVALIAÇÃO QUANTO
AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES
REBOCO
O reboco que recobre as
alvenarias deve ser resistente
à umidade.
O reboco deve ser
constituído de materiais com
características semelhantes às
do adobe (ARAÚJO, 2007).
O reboco pode conter
materiais hidrófugos, para a
sua impermeabilização,
como: betume, goma de
palma, látex, cal e óleos
vegetais.
Reboco constituído de areia,
terra argilosa e cimento na
proporção de 3:1:0,5 (3
partes de areia : 1 de terra
argilosa : meia parte de
cimento) aplicada em 1
camada sobre as paredes
externas e internas. Nas áreas
úmidas as paredes receberam
aplicação de cerâmica nos
locais próximos às saídas de
água.
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
PINTURA
A pintura das alvenarias deve
ser repelente à água.
Utilizar pintura a base de cal,
com cola plástica ou produto
similar, (ARAÚJO, 2007). A
goma de palma pode ser
adicionada à cal para conferir
maior impermeabilidade e
aderência da tinta ao reboco.
(LENGEN, 2008).
Pintura aplicada em 2
demãos nas paredes externas
e internas com tinta em pó à
base de cal (hidracor).
ATENDE
PARCIALMENTE
( 4 )
MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 44) /13 = 3,38 Fonte: Própria autora
128
Assim como recomenda a norma NTE E.080 do ano de 2000 do Peru (SENCICO, 2000), as
edificações com tijolo de adobe executadas pelos construtores baianos não passam de 2
pavimentos o que também é indicado pela bibliografia a respeito do tema. Quanto à forma da
planta baixa só o construtor “B” da edificação de Rio de Contas adotou a forma
aproximadamente quadrada que é a mais indicada para construções com tijolos de adobe por
permitir uma maior estabilidade da construção.
O solo adotado por todos os construtores para fazer os tijolos foi arenoso ou corrigido com
areia, o qual possuía, de acordo com os relatos dos mesmos, percentagem de areia em torno
do dobro da percentagem de argila, o que é recomendado pela norma do Peru e pela literatura
especializada, por conferir ao tijolo depois de seco maior resistência e propiciar que a
quantidade de trincas ou fissuras sejam reduzidas.
Em quase todas as construções do estudo não foi acrescentado à massa para o tijolo outro
material, além do solo e água. Apenas na edificação de Rio de Contas do construtor “B”
(Quadro 9), foram adicionadas fibras vegetais à massa do solo para o tijolo visando maior
leveza do bloco para a execução das paredes do segundo pavimento e na obra de Camaçari do
construtor “D” (Quadro 11), o óleo vegetal queimado foi somado à massa para confecção dos
tijolos das primeiras fiadas. Ações como estas que propiciem a diminuição de cargas sobre a
parede ou que impeçam que a umidade proveniente do solo atinja as alvenarias de tijolos de
adobe são recomendadas para aumentar a durabilidade e a assegurar a integridade das
mesmas.
Os testes expeditos para o solo, indicados pela bibliografia, pelo menos três deles: o do rolo, o
da sedimentação e o da pressão dos dedos, foram realizados por metade dos construtores: os
construtores “A” (Quadro 8), “B” (Quadro 9) e “D”( Quadro 11). Os construtores “C”
(Quadro 10) , “E” (Quadro 12) e “F” (Quadro 13), não realizaram estes testes porque o solo
usado para os tijolos já era adotado na região e constatado sua eficácia para esta técnica,
porém os testes de campo deveriam ser executados por estes construtores para se obter uma
maior segurança quanto à adequação do solo à construção com adobe.
As dimensões do tijolo adotadas por cada construtor foram variadas: construtor “A”: (8 x 20
x 32 cm); construtor “B”: (10 x 13 x 33 cm); construtor “C”: (15 x 25 x 35 cm); construtor
“D”: (12 x 18 x 28 cm); construtor “E”: (15 x 20 x 30 cm) e construtor “F”: (10 x 10 x 25cm).
129
O que se verifica é que não há uma padronização das dimensões para o tijolo de adobe,
porém, diversas pesquisas com este material mostram que tijolos muito robustos demandam
mais tempo de secagem, o que pode provocar fissuras, diminuindo a resistência do mesmo.
Sugere-se dimensões menores para o tijolo seguindo as orientações da norma do Peru e da
bibliografia, as quais indicam que o comprimento (C) (maior dimensão) seja
aproximadamente o dobro da largura (L) e que a largura seja aproximadamente o dobro da
altura (h) (menor dimensão), o que não foi seguido por nenhum dos construtores baianos.
Quanto à fabricação dos tijolos, tanto a norma peruana como a bibliografia indicam que a
massa para a confecção dos mesmos, após o amassamento, seja mantida em repouso por no
mínimo 1 dia, porém, os construtores “A” (Quadro 8), “D” (Quadro 11), e “E” (Quadro 12),
não deixaram a massa repousar por tempo algum. Entretanto, o repouso da massa de um dia
para o outro, seguido de um novo amassamento antes de ser colocada nas formas, proporciona
uma melhor homogeneização da massa, conferindo consequentemente uma maior resistência
aos tijolos.
O tempo de secagem dos tijolos foi variado de construtor para construtor: um utilizou 17
dias, alguns por volta de 4 a 7 dias, e outros por 15 dias. Constata-se que a depender de
fatores como temperatura ambiente, condições de cura (ao sol ou à sombra) e dimensões do
tijolo este tempo ideal de secagem pode variar. De acordo com os relatos de todos os
construtores entrevistados no estudo, os tijolos, após a secagem, apresentaram qualidade
adequada, o que aponta que a diferenciação do tempo de secagem adotados por cada um deles
foi determinado pelas condições de cura e dimensões do tijolo. Entretanto, como indica a
norma peruana, sugere-se secar os tijolos à sombra para proporcionar uma perda gradual de
umidade e consequente redução de fissuras, como fizeram os construtores “A” (Quadro 8) e
“D” (Quadro 11).
A resistência à compressão mínima, verificada em testes de laboratório, indicada para os
tijolos de adobe na norma do Peru é de 1,2 Mpa. O construtor “A” (Quadro 8) realizou o teste
resistência à compressão do tijolo utilizado na edificação de Banzaê, no laboratório da Escola
Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde o resultado obtido foi de 2,0
Mpa, acima portanto do mínimo recomendado pela norma citada.
130
Quanto aos testes expeditos (testes de campo) com os tijolos, todos os os construtores baianos
executaram pelo menos um deles: o do peso de uma pessoa sobre um tijolo. Diversos autores
recomendam que os testes sejam realizados somente quando os tijolos estiverem
completamente secos. Como são realizados no local da obra de maneira simples, rápida e
fácil os testes expeditos dão uma resposta imediata sobre a qualidade dos tijolos,
proporcionando ao construtor, que não tem condições de fazer testes de laboratório, uma
segurança maior na hora de construir.
Em quase todas as edificações do estudo as fundações são de alvenaria de pedra como
indicado pela norma do Peru e pela bibliografia especializada, com exceção da edificação
executada pelo construtor “F” (Quadro 13), que realizou a fundação com alvenaria de tijolos
de adobe, o que não é indicado por permitir a infiltração da umidade do solo que atingindo as
paredes de adobe da construção pode provocar a desintegração dos tijolos.
As profundidades das fundações, nas edificações, variam entre 40 cm e 80 cm o que é
recomendado pela norma e pela literatura, entretanto, a largura mínima de 40 cm indicada
pela norma peruana não foi executada pelos construtores “C” (Quadro 10) e “E” (Quadro 12),
os quais adoraram a largura de 30 cm para a fundação das suas edificações.
Tanto na norma do Peru quanto na literatura há referências sobre o cuidado em proteger as
paredes de adobe da umidade proveniente do terreno com a colocação de algum tipo de
material impermeabilizante entre a fundação e a parede. Dentre as edificações do estudo as
que utilizaram algum artifício visando este tipo de proteção foram: a de Banzaê do construtor
“A” (Quadro 8), o qual instalou cinta de concreto magro entre a fundação e a parede de adobe
e a de Camaçari do construtor “D” (Quadro 11), que adicionou óleo vegetal queimado à
massa dos tijolos das primeiras fiadas das alvenarias, logo acima da fundação, a fim de
proteger a parede da umidade do solo que sobe por capilaridade.
Por indicação da norma do Peru e da bibliografia, os pisos devem estar acima do nível do
terreno para evitar que as águas que correm no mesmo atinjam as paredes de adobe, para
tanto, recomendam uma altura de no mínimo 20 cm e os materiais do piso podem ser
diversos, porém estes devem evitar que a umidade do solo alcance as paredes. Nas edificações
pesquisadas foram utilizados pisos cimentados e em quase todas estas obras a altura mínima
indicada de 20 cm foi adotada, com exceção do construtor “A” (Quadro 8) que instalou o piso
131
a 10 cm acima do solo em sua edificação, porém, realizou em todo o perímetro da edificação
um calçamento de cimento com largura de 50 cm para preservar as paredes das águas que
circulam no terreno, o que é recomendado pela norma peruana para garantir uma melhor
proteção das mesmas.
A literatura recomenda que as paredes de adobe devam possuir uma altura de no máximo 3,5
metros para evitar tombamentos de acordo com Lourenço (2005). Quanto à espessura das
paredes se for menor que 25 cm, segundo a norma do Peru, pilares devem ser usados como
estrutura nas edificações. Dentre as obras pesquisadas apenas a de Banzaê e a de Rio de
Contas de 1 pavimento não possuem pilares, as paredes são portantes (espessura de 25 cm na
casa de Banzaê e de 30 cm na casa de Rio de Contas do construtor “C” estando ambas,
portanto de acordo com a norma peruana. Todos os construtores adotaram em suas obras uma
altura e espessura de parede dentro da faixa recomendada pela norma peruana e pela literatura
especializada.
Tanto na norma do Peru como na bibliografia ratificada por McHenry (1984) é indicado que
seja executada uma viga de amarração coroando as paredes. Esta viga de amarração distribui
de maneira uniforme as cargas do telhado sobre as paredes de adobe, além de amarrá-las
prevenindo contra as forças horizontais do telhado. Apenas nas edificações dos construtores
“A” (Quadro 8); “B” (Quadro 9) e “D” (Quadro 11) foram instaladas vigas de amarração.
Na execução de uma parede de adobe a argamassa usada para unir os tijolos deve ser feita
com os mesmos materiais (solo e areia) usados na confecção dos mesmos como indicam a
norma do Peru e a bibliografia, o que foi seguido por todos os construtores entrevistados. A
argamassa para a união dos tijolos sendo constituída basicamente com o mesmo material dos
blocos garante a aderência entre eles.
As esquadrias de todas as edificações do estudo possuem verga indicada pela literatura
defendida por McHenry (1984), e são normalmente de madeira. As aberturas de esquadrias, de
acordo com a norma peruana, devem estar centralizadas nas paredes e segundo a bibliografia devem
reservar uma distância mínima de pelo menos 1 metro para a quina da construção como
recomenda Silva (2000), o que ocorre em quase todas as construções. Apenas os construtores
“A” (Quadro 8) e “C” (Quadro 10) não seguiram estas recomendações, pois adotaram
distâncias de 30 cm no primeiro caso e de 60 cm no último. Esse espaçamento mínimo de um
132
metro entre aberturas de esquadrias e a quina da edificação é o indicado para que este trecho
possua mais massa de tijolos, não permitindo que rachaduras que possam ocorrer nas
proximidades da quina atinjam as aberturas provocando o colapso de parte da parede.
Segundo a norma e a literatura, os telhados devem possuir beiral o mais avantajado possível
para conduzir as águas de chuva para longe das paredes. O uso de calha no telhado é
aconselhado para evitar que as águas de chuva provenientes do mesmo ao tocarem o chão
respinguem na base das paredes. Dentre as obras estudadas, as realizadas pelos construtores
“C” (Quadro 10); “E” (Quadro 12) e “F” (Quadro 13) possuem largura de beiral inferior a 50
cm, o que não é indicado e apenas na edificação de Camaçari do construtor “D” foi instalada
calha no telhado.
A telha cerâmica foi adotada em três obras a do construtor “A” em Banzaê; a do construtor
“C” em Rio de Contas e a do construtor “E” em Santa Terezinha e nas outras três a cobertura
foi composta por telhado verde e telha ecológica (tetrapak) na edificação de Camaçari do
construtor “D”, por telha de plástico na edificação de 2 pavimentos em Rio de Contas do
construtor “B” e por telha de fibrocimento na edificação do construtor “F” em Santa
Terezinha. Entretanto, para uma construção em que se pretende uma redução de custos com
telhado, sem abrir mão do conforto térmico no interior da edificação, a telha cerâmica
produzida em olaria mais próxima do local da obra, ou mesmo o telhado verde, por serem
mais acessíveis, não envolvendo gastos com transporte do material e de custo mais baixo são
tipos de cobertura mais indicados.
Quanto ao reboco as indicações da norma NTE E.080 do Peru (SENCICO, 2000) e da
literatura são para que a massa seja à base de terra para que haja melhor aderência às paredes,
podendo ser acrescentado a esta mistura materiais hidrófugos como cal, betume, óleos, dentre
outros com a finalidade de conferir melhor impermeabilização às paredes rebocadas. Rebocos
constituídos de massa com terra como base foram utilizados por todos os construtores
promovendo dessa forma uma compatibilidade entre os tijolos e o reboco para melhor
aderência entre eles. Materiais como goma de palma, acrescentados à mistura de terra para o
reboco, como foi adotado pelo construtor “B” de Rio de Contas e pelo construtor “D” de
Camaçari, funcionam como elementos impermeabilizantes do reboco preservando as paredes
conta a umidade.
133
Em relação à pintura das paredes a norma peruana indica que a tinta seja repelente à água e a
literatura recomenda uma mistura de tinta composta por materiais de baixo custo como cal,
por exemplo, acrescentada a materiais impermeabilizantes como colas ou outros materiais
similares, para melhor impermeabilização.
Em quase todas as edificações pesquisadas foi comum o uso de tinta à base de cal, com
exceção da casa de Rio de Contas do construtor “B” que usou uma mistura de tinta contendo
goma de palma, cola branca e terra. A goma de palma, material acessível e de custo quase
nulo, também foi utilizada, além da cal, na mistura de tinta na casa de Banzaê do construtor
“A” e como material impermeabilizante, aplicada nas alvenarias da edificação de Camaçari do
construtor “D”, proporcionando às paredes melhor repelência à água e maior durabilidade.
No Quadro 14, a seguir, é apresentada a avaliação de cada construtor baiano quanto ao nível
de atendimento às indicações da norma peruana e da bibliografia com a média aproximada
das pontuações atingidas.
Quadro 14 – Avaliação quanto ao atendimento às recomendações à norma peruana e à bibliografia
obtidas pelos construtores na Bahia com média aproximada das pontuações atingidas
CONSTRUTORES/
LOCAL DA OBRA
AVALIAÇÃO QUANTO AO ATENDIMENTO ÀS
RECOMENDAÇÕES DA NORMA PERUANA NTE
E.080:2000 E DA BIBLIOGRAFIA E MÉDIA DA
PONTUAÇÃO
A
BANZAÊ
ATENDE PARCIALMENTE: (4,15) aprox.= 4
B
RIO DE CONTAS
ATENDE PARCIALMENTE: (4,46) aprox.= 4
C
RIO DE CONTAS
ATENDE PARCIALMENTE: (3,46) aprox.= 3
D
CAMAÇARI
ATENDE PARCIALMENTE: (4,23) aprox.= 4
E
SANTA TEREZINHA
ATENDE PARCIALMENTE: (3,46) aprox.= 3
F
SANTA TEREZINHA
ATENDE PARCIALMENTE: (3,38) aprox.= 3
Fonte: Própria autora
O Quadro 14, acima, mostra que, em relação ao atendimento às recomendações, todos os
construtores baianos atingiram um nível de atendimento parcial. Dos construtores
entrevistados, apenas os construtores “A” (Quadro 8), “B” (Quadro 9) e “D” (Quadro 11)
possuíam conhecimento da bibliografia relacionada à tecnica do tijolo de adobe, porém não
134
tiveram acesso à norma peruana NTE E.080 (SENCICO, 2000), dessa forma, os mesmos
obtiveram um nível de atendimento às recomendações, tanto da referida norma quanto da
bibliografia, quase completo.
Os construtores “C” (Quadro 10), “E” (Quadro 12) e “F” (Quadro 13) não possuíam
conhecimento da bibliografia especializada, bem como da norma peruana, as suas edificações
foram executadas com base no conhecimento popular sobre esta técnica. Estes construtores
atenderam a maioria das recomendações que constam no estudo, porém, atenderam menos
indicações em relação aos construtores que detiam conhecimento da bibliografia sobre o tema.
Para se executar esta técnica de forma que proporcione uma maior segurança e durabilidade à
obra, entretanto, o construtor deve conhecer e adotar das indicações para a técnica do tijolo
de adobe contidas em normas e regulamentos e também na literatura especializada.
4.2 SITUAÇÃO ATUAL DAS EDIFICAÇÕES DO ESTUDO
4.2.1 Tempo de construção das edificações
A edificação do construtor “A” na cidade de Banzaê foi construída há sete anos, a edificação
de dois pavimentos de Rio de Contas do construtor “B” foi finalizada há um ano; a casa de
um pavimento de Rio de Contas do construtor “C”, há dezessete anos; a de Camaçari do
construtor “D” foi edificada há quatro anos; a edificação de Santa Terezinha realizada pelo
construtor “E”, há dezesseis anos e a outra edificação de Santa Terezinha executada pelo
construtor “F” foi construída há quatorrze anos. Metade das edificações do estudo, portanto,
possui mais de dez anos de idade.
O tempo de construção da maioria destas edificações indica que a durabilidade de uma casa
com alvenarias de tijolos de adobe pode ser alta e ultrapassar muitos anos de existência, desde
que seja construída observando os cuidados necessários para uma edificação deste tipo e se
façam os reparos sempre que for preciso de modo a permitir uma preservação maior e mais
duradoura. O Quadro 15 ilustra o tempo de construção das edificações.
135
Quadro 15 – Tempo de construção das edificações
EDIFICAÇÃO
TEMPO DE
CONSTRUÇÃO
Do construtor “A” em Banzaê
7 anos
Do construtor “B” em Rio de Contas
1 ano
Do construtor “C” em Rio de Contas
17 anos
Do construtor “D” em Camaçari
4 anos
Do construtor “E” em Santa Terezinha
16 anos
Do construtor “F” em Santa Terezinha
14 anos Fonte: Própria autora
4.2.2 Situação de conservação das edificações
O critério usado para identificar o estado de conservação das edificações foi baseado na
descrição a seguir:
Estado de conservação Ruim – edificação sem reboco parcialmente deteriorada, apresentando
erosão, infiltração, ou rachadura nas paredes que comprometem a estrutura da construção.
Estado de conservação Regular - edificação com reboco e pintura na maioria das paredes,
apresentando erosão, infiltração, ou rachadura que podem comprometer a estrutura da
construção.
Estado de conservação Bom - edificação com reboco e pintura na maioria das paredes,
apresentando erosão, infiltração ou rachadura que não comprometem a estrutura da
construção.
Das edificações do estudo quase todas apresentam um estado de conservação bom como é
ilustrado no Quadro 16 e nas Figuras 55, 56, 57, 58, 59 e 60. Dentre as construções
pesquisadas apenas a casa do construtor do construtor “C” de Rio de Contas apresenta um
estado de conservação regular por apresentar rachaduras nas paredes que podem
comprometer a estrutura da casa, como será mostrado no item 4.2.5.
136
Quadro 16 – Estado de conservação das edificações
EDIFICAÇÃO
ESTADO DE
CONSERVAÇÃO
Do construtor “A” em Banzaê
Bom
Do construtor “B” em Rio de Contas
Bom
Do construtor “C” em Rio de Contas
Regular
Do construtor “D” em Camaçari
Bom
Do construtor “E” em Santa Terezinha
Bom
Do construtor “F” em Santa Terezinha
Bom Fonte: Própria autora
Figura 55 – Edificação do construtor “A” em Banzaê- Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Figura 56 – Edificação do construtor “B” em Rio de Contas-Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral
(a) (b)
Fonte: Própria autora
137
Figura 57 – Edificação do construtor “C” em Rio de Contas-Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Figura 58 – Edificação do construtor “D” em Camaçari-Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Figura 59 – Edificação do construtor “E” em Santa Terezinha-Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Figura 60 – Edificação do construtor “F” em Santa Terezinha: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral
138
(a) (b)
Fonte: Própria autora
4.2.3 Edificações reformadas ou ampliadas
Apenas duas das edificações foram reformadas e ampliadas: a casa do construtor “A” de
Banzaê e a do construtor “E” de Santa Terezinha. Em ambas houve uma ampliação da
edificação onde foram acrescentados mais cômodos à casa originalmente construída. Porém, o
material utilizado nas alvenarias destes novos cômodos foi o tijolo cerâmico, que de acordo
com os moradores das casas, foi adotado pela praticidade e rapidez na execução da obra.
No caso da edificação de Banzaê a telha cerâmica industrializada foi usada na cobertura
destes novos cômodos. Na Figura 61 e Figura 62 são apresentados os setores das residências
de Banzaê e de Santa Terezinha que sofreram reforma com ampliação.
Figura 61– Ampliação feita na casa de Banzaê executada com alvenaria de tijolos
cerâmicos e telhas cerâmicas industrializadas (parte antigacom telhas de olaria)
Fonte: Própria autora
139
Figura 62 – Parte dos fundos da casa de Santa Terezinha
que foi ampliada usando tijolos cerâmicos
Fonte: Própria autora
Nestas duas edificações que sofreram ampliação foram utilizados materiais industrializados,
porém se fossem utilizados o tijolo de adobe e a telha de olaria, o custo da obra seria
reduzido, além de serem materiais sustentáveis e de baixo impacto ambiental.
Os tijolos de adobe ou mesmo as telhas de olaria, produzidos em local próximo à obra, evitam
custos com transporte destes materiais. Quanto à rapidez na execução dos tijolos de adobe o
uso de máquinas para a sua confecção como a “maromba”, apresentada no item 2.7.3, a qual
pode ser alugada, representa uma solução que contribuiria para a rapidez na fabricação, pois
três pessoas trabalhando com esta máquina produzem em torno de dois mil tijolos por dia. O
que envolveria um tempo maior seria a secagem dos tijolos, mas, para contornar esta questão
bastaria estabelecer um cronograma prévio visando este período, onde se executaria
simultaneamente outras etapas da obra. O uso da telha de olaria, por ser mais leve que a
industrializada, contribui para diminuir as cargas do telhado sobre as paredes.
Um outro incentivo ao uso tanto do tijolo de adobe quanto da telha de olaria é a redução
considerável no custo final da obra, além do fato de que o uso do tijolo de adobe em
substituição ao tijolo cerâmico industrializado confere um maior conforto térmico ao interior
do ambiente construído de acordo com Minke (2008).
140
4.2.4 Situação do piso
O material utilizado no piso das edificações pesquisadas foi o cimentado, porém em pisos
cimentados, por vezes, devido à acomodação do terreno e por não serem instaladas juntas de
dilatação quando na execução do piso, apresentam algumas manifestações patológicas como
fissuras ou buracos, os quais reduzem a sua durabilidade e permitem a infiltração de água.
Na edificação de Rio de Contas do construtor “B” houve a aplicação de pó xadrez no
cimentado para colorir o piso, em outros casos ocorreu a aplicação de cerâmica por opção dos
usuários das edificações como na obra do construtor “C” de Rio de Contas; na edificação do
construtor “D” de Camaçari e na obra do construtor “E” de Santa Terezinha (Figuras 63; 64 e
65).
Figura 63 – Casa 1 de Rio de Contas, (Construtor “B”) : (a) Piso no interior da casa feito com cimentado
com aplicação de pó xadrez em cores variadas; (b) Rachadura no piso
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Figura 64 – Piso cimentado com aplicação de cerâmica inclusive no rodapé
da parede de adobe na casa de Rio de Contas, (Construtor “C”)
Fonte: Própria autora
141
Figura 65 – Edificação de Camaçari, (Construtor “D”): (a) Piso cimentado com mosáico constituído de pedaços
de cerâmica; (b) Rachadura no piso cimentado
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Em duas das edificações a do construtor “A” de Banzaê e a do construtor “F” de Santa
Terezinha foi conservado o piso cimentado original, onde foram verificadas algumas fissuras
e frestas. Nas Figuras 66 e 67 são ilustrados os pisos destas edificações.
Figura 66 – Fresta no piso cimentado da casa de Banzaê, (Construtor “A”)
Fonte: Própria autora
142
Figura 67 – Piso cimentado com alguns furos e fissuras na edificação
realizada pelo construtor “F” em Santa Terezinha
Fonte: Própria autora
4.2.5 Situação das alvenarias, reboco e pintura
Nas edificações pesquisadas não foram feitos reparos nas alvenarias e nos rebocos, apenas
pinturas foram feitas com o propósito de melhorar a aparência das mesmas, entretanto, a
durabilidade das alvenarias de adobe é maior quando estas são reparadas sempre que
necessário.
Quando as alvenarias são bem executadas, observando os cuidados com a escolha do solo, os
requisitos para a fabricação e secagem dos tijolos, bem como a realização de um reboco
constituído de material idêntico ao dos tijolos para uma melhor aderência e é executada
pintura com tinta constituída de material que permita a sua fixação ao reboco, a preservação
da integridade das paredes é mais duradoura.
Em quase todas as edificações as alvenarias foram rebocadas e pintadas com exceção da obra
do construtor “D” de Camaçari. Nas Figuras 68; 69 e 70 são apresentadas as alvenarias de
algumas das edificações do estudo.
143
Figura 68 – Alvenarias rebocadas e pintadas na casa de Bamzaê, (Construtor “A”)
Fonte: Própria autora
Figura 69 – Alvenarias rebocadas e pintadas na casa 1 de Rio de Contas, (Construtor “B”)
Fonte: Própria autora
Figura 70 – Vista do interior da casa de Santa Terezinha, (Construtor “E”)
com alvenarias rebocadas e pintadas
Fonte: Própria autora
144
Em algumas alvenarias da construção de Camaçari executada pelo construtor “D” não foi
aplicado reboco na parte externa das paredes só na parte interna, porém externamente estas
foram seladas com goma de palma, o que garantiu um bom desempenho em relação à
preservação das mesmas como mostra a Figura 71.
Figura 71 – Alvenaria sem reboco na edificação de Camaçari, (Construtor “D”)
Fonte: Própria autora
Dentre as obras pesquisadas houve destacamento do reboco apenas na edificação de Santa
Terezinha do construtor “E” e na outra edificação, desta mesma cidade, realizada pelo
construtor “F”, onde o cimento foi utilizado, mesmo que em pouca quantidade na massa do
reboco. Foram verificadas, entretanto, algumas manifestações patológicas como, fissuras,
infiltrações, bolor e rachaduras nas alvenarias das edificações das duas obras Santa
Terezinha; na casa de Rio de Contas do construtor “C”; na obra de Camaçari e na casa de
Banzaê, porém, em apenas uma delas a de Rio de Contas de construtor “C”, as rachaduras
podem representar um risco à estrutura da edificação (Figuras 72; 73; 74 e 75).
145
Figura 72 – Casa de Santa Terezinha, (Construtor “E”): (a) Rachadura na parede da sala provocada por
colocação de prego; (b) Reboco constituído por terra e cimento destacado da parede
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Figura 73 – Edificação de Santa Terezinha, (Construtor “F”): reboco
composto por terra e cimento destacado da parede
Fonte: Própria autora
. Figura 74 – Edificação de Camaçari (Construtor “D”): (a) Rachadura na parte inferior da parede
provocada por infiltração de água acumulada nas folhas da planta existente do lado
de fora; (b) planta situada na frente da fachada principal
(a) (b)
Fonte: Própria autora
146
Figura 75 – Casa de 1 pavimento de Rio de Contas (Construtor “C”): (a) Rachadura na parede da copa;
(b) Rachadura na parede da sala
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Nas áreas úmidas como sanitário e cozinha, as alvenarias de tijolos de adobe e o piso
receberam aplicação de cerâmica, para melhor impermeabilização, em quase todas as
edificações, apenas a edificação de Banzaê executada pelo construtor “A” a opção por não
utilizar a cerâmica no piso ou nas alvenarias foi para diminuir custos. Houve aplicação de uma
massa de reboco composta por cimento e terra nestes locais. Esta mistura, entretanto, não foi
adequada, pois ocorreu infiltração de água na parede da área de banho. Nas Figuras 76; 77 e 78 são
apresentadas áreas úmidas como sanitário e cozinha em algumas das edificações.
Figura 76 – Casa de 2 pavimentos de Rio de Contas (Construtor “B”) : (a) Cerâmica aplicada no piso e nas
paredes do box do sanitário; (b) Cerâmica aplicada no piso e nas paredes do sanitário até altura de 1,80m
(a) (b)
Fonte: Própria autora
147
Figura 77– Bancada da pia com aplicação de cerâmica nas proximidades da saída de
água até a altura de 40cm, na edificação 2 de SantaTerezinha (Construtor “F”)
Fonte: Própria autora
Figura 78 – Casa de Banzaê (Construtor “A”) : (a) Infiltração de água no reboco de cimento e solo na área de
banho do sanitário; (b) Infiltração aparente na parte externa da casa no local correspondente à
parede do sanitário
(a) (b)
Fonte: Própria autora
A aplicação de materiais impermeabilizantes nas alvenarias de adobe nas áreas sujeitas ao uso
frequente de água é imprescindível para conservar a integridade destas mesmas. O uso de
cerâmica nas alvenarias e pisos em locais úmidos como sanitário, cozinha e área de serviço
representa uma alternativa eficiente para impermeabilização garantindo uma melhor
148
preservação. Apesar de se tratar de um material industrializado e envolver gastos maiores este
material garante a integridade das paredes de adobe nestes locais. Sugere-se aplicar a
cerâmica pelo menos nas proximidades das saídas de água.
Em quase todas as edificações foi realizada pintura à base de cal, com exceção da casa do
construtor “B”, onde foi utilizada uma mistura de tinta composta de terra, goma de palma e cola
branca. Nas demais edificações, além da cal, a mistura de tinta foi composta de terra ou pó de tinta
para colorir ou os dois elementos juntos, tanto nas paredes internas como nas externas.
Sugere-se pintar as paredes de adobe com tinta a base de cal ou tinta porosa para propiciar que
a parede “respire” e não favoreça o aparecimento de bolhas na pintura.
Atualmente as pinturas nas alvenarias das edificações pesquisadas se faz por questões
estéticas e as tintas utilizadas na maioria dos casos são à base de cal, nos demais casos é
usada a tinta latex. A pintura em uma alvenaria de adobe que foi previamente rebocada e
devidamente curada tem a função de aumentar a durabilidade das mesmar preservando a sua
integridade protegendo-a das intempéries além de esteticamente conferir uma melhor
aparência à edificação.
4.2.6 Situação das esquadrias
As esquadrias de portas e janelas nas edificações do estudo exercem com eficiência as
funções de permitir a entrada de luz natural e ventilação, de acesso ao interior da edificação e
de segurança contra intrusos em todas as edificações estudadas. As esquadrias, em todas as
construções do estudo, são de madeira ou de madeira e vidro. Alguns tipos de esquadrias das
edificações são apresentados na Figura 79.
149
Figura 79 – (a) Esquadrias de madeira e vidro na casa de Rio de Contas do construor “B”; (b) Janela de madeira
na casa de Rio de Contas do construor “C”; (c) Porta de madeira da fachada principal da edificação de Camaçari
(a) (b)
(c)
Fonte: Própria autora
Em quase totas as edificações pesquisadas há uma distância mínima de pelo menos um metro
entre as aberturas de esquadrias ou entre as aberturas e a quina da construção, como é
recomendado para construções com tijolo de adobe, excetuando as obras do construtor “A” de
Banzaê e a do construtor “C” de Rio de Contas, onde estas distâncias são inferiores à
recomendada.
Algumas rachaduras foram verificadas na base das abeturas das esquadrias de janelas em duas
das edificações pesquisadas, a de Banzaê e a de Rio de Contas do Construtor “C”, porém estas
rachaduras não representam risco à construção como mostra a Figura 80. A instalação de
contra verga (peitoril) na base das aberturas de janelas é indicada para previnir este tipo de
rachadura, como a que foi executada pelo construtor “B” na casa de Rio de Contas e pelo
construtor “D” na casa de Camçari (Figura 81).
150
Figura 80 – (a) Rachadura na base da abertura de janela na casa de Banzaê; (b) Rachadura
na base da abertura de janela na casa de Rio de Contas do construtor “C”
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Figura 81– (a) Esquadria com contra verga na casa do construtor “B” em Rio de Contas;
(b) Esquadria com contra verga na edificação do construtor “D” em Camaçari
(a) (b)
Fonte: Própria autora
4.2.7 Situação da cobertura
Os tipos de coberturas das edificações pesquisadas foram telha de olaria, telha cerâmica
industrializada, telha de plástico, telhado verde, telhas ecológicas (tetrapak) e telha de
fibrocimento (eternit). Alguns exemplos de cobertura são apresentados nas Figuras 82; 83 e
84.
151
Figura 82 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): Cobertura composta por telha de olaria
na parte original e por telha industrializada na ampliação da casa
Fonte: Própria autora
Figura 83 – Casa de Camaçari ( Construtor “D”): (a) Parte da cobertura composta por telhado verde;
(b) Parte da cobertura composta por telha ecológica (tetrapak)
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Figura 84 – Edificação de Santa Terezinha ( Construtor “F”): Cobertura
composta por telha de fibrocimento (eternit)
Fonte: Própria autora
Não foram detectados problemas relevantes com os telhados das construções do estudo,
apenas algumas avarias causadas por águas de chuva provenientes do telhado que causaram
infiltrações nas alvenarias e danos em algumas madeiras do telhado como são apresentadas na
Figura 85.
152
Figura 85 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): (a) Bolor na alvenaria de adobe proximo ao telhado
causado por infiltração de água de chuva.; (b) Madeira do telhado apodrecida pela ação da
água de chuva que desce pelas frestas do telhado
(a) (b)
Fonte: Própria autora
Apesar dos problemas detectados, os variados tipos de cobertura utilizados nestas construções
não descumpriram a função de proteger as alvenarias e garantir a integridade das mesmas.
Nas edificações onde não há frestas no telhado, onde o beiral possui largura superior a 50 cm
ou mesmo naquelas onde o telhado possui calha os danos foram bastante reduzidos.
4.2.8 Síntese da situação atual das edificações
Em relação às condições atuais das edificações pesquisadas, os dados obtidos através do
contato com os construtores baianos, do registro fotográfico e com os usuários das obras, dão
um diagnóstico sobre como estas edificações se mantém conservadas.
Os proprietários que moram ou trabalham nas edificações do estudo relataram que ficaram
satisfeitos com a obra, afirmando que há conforto térmico no interior da edificação. A
desagregação de pequenas partes do reboco, as rachaduras ou infiltrações de água na parede
de adobe, não foram reparadas ainda pelos usuários, apesar destes reparos serem indicados
como forma de garantir uma melhor preservação das edificações, entretanto, nestas obras são
realizadas pinturas nas alvenarias regularmente, por questões estéticas e para melhor
preservação das mesmas.
O bom estado de conservação apresentado por quase todas as edificações, com exceção da
obra de Rio de contas do construtor “C” que apresentou um estado de conservação regular,
mostra que as estratégias adotadas pelos construtores baianos, as quais atenderam a maioria
das recomendações da norma do Peru e da bibliografia especializada, contribuíram para este
153
fato. É, portanto importante ressaltar que para uma maior preservação da edificação e redução
das manifestações patológicas, o construtor deve atender às recomendações necessárias, bem
como os usuários realizarem os reparos sempre que ocorrerem patologias na construção.
É relevante salientar que a edificação de dois pavimentos da cidade de Rio de Contas
apresentou menos patologias e o seu realizador, o construtor “B”, atingiu a média mais alta
em relação ao nível de atendimento às recomendações. Estes fatos indicam que, quanto maior
for o nível de atendimento às recomendações para esta técnica, mais eficiente será a execução
da construção proporcionando uma redução na ocorrência de patologias.
O atendimento às recomendações contidas tanto na norma NTE E.080 do Peru (SENCICO,
2000) como na bibliografia especializada, além da realização de reparos nas construções
sempre que for preciso, pode proporcionar uma maior durabilidade às mesmas, fazendo com
que estas atinjam muitos anos de existência.
154
5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentadas as recomendações para a melhoria tecnológica das alvenarias
de uma construção com tijolo de adobe baseadas nos métodos construtivos adotados pelos
construtores na Bahia, tomando como base também o que é indicado da norma NTE E.080-
Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e no que literatura referente ao tema recomenda.
Busca-se, a partir de todas as informações obtidas na pesquisa, elaborar recomendações para
cada etapa construtiva que permitam executar uma edificação com esta técnica que seja
segura e durável e que estas indicações possam ser viáveis e melhor assimiladas pelo
construtor comum. As recomendações são para as seguintes etapas construtivas: Cuidados
prévios da obra; Fundação; Piso; Alvenarias; Esquadrias; Instalações (elétrica e hidráulica);
Cobertura; Reboco e Pintura. As recomendações estão apoiadas na norma para edificação com
tijolo de adobe do Peru citada anteriormente; na bibliografia especializada e nas respostas
obtidas com as entrevistas aos construtores da Bahia.
5.1 RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE
5.1.1 Cuidados Prévios
Antes de começar a construção de uma edificação com tijolo de adobe alguns cuidados devem
ser levados em consideração para que a obra se realize de forma segura e eficaz e para
garantir que o tijolo que será produzido apresente qualidade técnica, funcional e estética.
Para a construção com tijolo de adobe recomenda-se alguns cuidados para que a habitação
seja durável, protegida das intempéries e proporcione conforto ao usuário. Silva (2000) lista
algumas recomendações para estas construções:
a) Deve-se construir sempre em terreno plano, ligeiramente elevado. Não se deve construir
em ladeiras muito íngremes, nem em zonas alagadiças;
b) A planta baixa da casa deve ter um formato, o mais próximo possível do quadrado para
garantir maior estabilidade à construção;
c) Deve-se manter uma distância mínima de um metro entre portas e janelas e também para as
quinas da casa;
155
d) Deve-se proteger contra as chuvas utilizando telhados com beirais largos.
Recomenda-se que a edificação de tijolos de adobe possua no máximo dois pavimentos e que
haja uma drenagem adequada do terreno como preconiza a norma peruana NTE E.080
(SENCICO, 2000). A drenagem deve ser feita com a colocação de calhas ao ar livre
possibilitando que as águas de chuva sejam para elas encaminhadas e que estas sejam
instaladas o mais longe possível das alvenarias de adobe e ainda executar um canal para
escoamento de água entre a base das paredes e as calhas. É importante prever também que o
piso da construção seja instalado de 20 cm a 30 cm acima do nível do terreno e que a
cobertura da edificação possua beiral o mais avantajado possível.
Para cada etapa da obra outras recomendações são relevantes com o propósito de garantir
segurança e bem estar ao usuário além de poder prolongar a vida útil da construção, como as
que são apresentadas a seguir.
Recomenda-se que o local reservado para a produção dos tijolos de adobe seja
cuidadosamente planejado para que a terra a ser utilizada fique próxima à área de trabalho
evitando assim deslocamentos e movimentos demasiados dos tijolos produzidos. A fabricação
dos tijolos deve ser feita em uma área coberta, ventilada, com piso cimentado e com um ponto
de água próximo.
Deve-se reservar um espaço para o local onde será preparada a mistura de barro chamado de
“pisadeiro”, cimentando o piso para impermeabilizá-lo, evitando que a mistura do barro entre
em contato com o solo.
Recomenda-se que, antes de começar a obra, seja realizada uma limpeza da vegetação
existente no terreno, seguida de uma raspagem da camada superficial do solo para a retirada
de qualquer vestígio de vegetação, incluindo raízes. Procede-se então a marcação do gabarito
da obra, como em qualquer outra construção, demarcando com fios amarrados em estacas, a
localização das paredes da edificação, utilizando esquadro nas quinas, para garantir a
obtenção de ângulos retos entre as mesmas. Este esquadro formando um triângulo retângulo é
feito de lados com múltiplos de 3; 4 e 5 como por exemplo: 30cm; 40cm e 50cm.
156
A produção dos tijolos de adobe começa com a confecção das fôrmas para a modelagem dos
tijolos. O tamanho das fôrmas irá determinar, o tamanho e peso dos tijolos produzidos, dessa
forma geralmente adota-se fôrmas maiores para a base da alvenaria e menores para o topo da
mesma.
Recomenda-se o uso de fôrmas lisas como as metálicas, plásticas ou de madeira revestida
internamente com fórmica, para um desmolde mais fácil e que haja abas laterais na fôrmas
para proporcionar um melhor o manuseio das mesmas. As formas podem ser para um único
tijolo ou para dois ou mais tijolos.
Recomenda-se que os tijolos sejam produzidos em uma bancada, com altura adequada, para
que fique confortável ao operário. Deve-se prever uma área aberta para secagem ao sol ou à
sombra, uma área coberta para proteger os tijolos das intempéries e uma área fechada para o
armazenamento dos tijolos prontos. Depois de desenformados os tijolos devem ser colocados
em estrados de madeira para a proteção contra a umidade do solo.
Recomenda-se que o tijolo possua altura maior que 5 centímetros e menor que 10 centímetros
para proporcionar uma secagem homogênea e mais rápida. As dimensões ideais são: largura
aproximadamente igual a duas vezes a altura (h) e comprimento (C) aproximadamente igual a
duas vezes a largura (L), ou seja, L= 2xh e C= 2xL, como indicam a norma NTE E.080 do
Peru (SENCICO, 2000) e a bibliografia. Se os tijolos forem em sua maioria pequenos a
construção será mais lenta e consumirá mais argamassa de assentamento, entretanto, se forem
grandes a secagem será lenta provocando fissuras com mais facilidade diminuindo assim a sua
resistência.
É relevante lembrar que o período climático adequado para a construção deve ser observado
de acordo com as estações climáticas da região procurando-se trabalhar com o tijolo de adobe
geralmente em períodos de estiagem.
Recomenda-se um tipo de solo arenoso para a confecção dos tijolos de adobe composto de
aproximadamente 55% a 70% de areia 15% a 25% de silte e 10% a 20% de argila. A terra
deve ser extrarída da camada do solo livre de matéria orgânica, geralmente encontrada a partir
dos 40 cm de profundidade.
157
Recomenda-se realizar pelo menos quatro testes expeditos com o solo como: o das bolas de
vários pontos do terreno, para conhecer qual o melhor solo; o do rolo, o da sedimentação e o
da pressão nos dedos, indicados por Araújo (2007); Neves et al. (2005); Houben e Guillaud
(1994); Minke (2008); Rigassi (1995); Keable, (1996) e Hernández e Márquez (1983), e
descritos no item 2.6.2. É indicado que antes da realização destes testes sejam realizados os
testes táctil-visuais como o da cor e do tato, relatados também no mesmo item.
Obtendo-se o solo adequado ao tijolo de adobe, este deve ser destorroado e peneirado com
peneira de 4 mm para melhor homogeneização de acordo com Oliveira (2005). Para a
produção da massa dos tijolos usar terra com percentagem de areia em torno do dobro da
percentagem de argila e usar água suficiente para conferir trabalhabilidade à massa. Despeja-
se o material seco sobre uma superfície plana, e acrescenta-se a água. Mistura a massa e
deixa repousar por 1 dia, como recomendam a norma peruana e a bibliografia especializada.
Após este período faz-se o amassamento da mistura que pode ser feita com os pés ou se
utilizando de máquina como a maromba, levando dessa forma à coesão da massa. Pode-se
ainda adicionar estabilizantes como cal ou óleo vegetal, sendo que os estabilizantes secos são
adicionados ao solo seco, enquanto que os úmidos são incorporados à terra molhada, nas
proporções que melhor convierem, conforme as características da massa do barro.
Coloca-se a massa umedecida na fôrma, preenchendo-a completamente, em seguida
desfôrma-se o tijolo com cuidado. Deve-se molhar a fôrma e espalhar cinza ou areia na
mesma para que o próximo tijolo não crie aderência a ela.
Recomenda-se, para a secagem dos tijolos, que se faça primeiramente à sombra por 8 dias e
depois por mais 8 dias ao sol, sobre estrados de madeira, sendo virados a cada dia para secar
homogeneamente. Deve-se evitar que os tijolos, durante o período de cura, sejam atingidos
por chuva. Por fim armazenar os tijolos em locais secos e cobertos. Alguns autores
recomendam deixá-los por mais 14 dias armazenados para secarem completamente, para só
então serem usados na construção. Faria (2002) indica um período total de aproximadamente
30 dias para a cura completa do tijolo. É importamte ressaltar, entretanto, que o tempo de
secagem pode variar de acordo com o clima local e com as dimensões do tijolo.
Recomenda-se que sejam feitos pelo menos três testes expeditos com o tijolo depois de seco,
como o do empilhamento de tijolos; o da imersão do tijolo em água e o do peso de um adulto
158
sobre o tijolo, indicados por Lengen (2008) e descritos no item 2.7.7. Se for realizado teste de
laboratório, o valor mínimo da resistência à compressão do tijolo deve ser de 1,2 Mpa, como
recomenda a norma peruana.
É importante que sejam feitas algumas amostras de tijolo com diferentes tipos de terra e
quantidades de estabilizantes, antes da construção, com o propósito de se testar estes
exemplares até que se chegue a um resultado de tijolo eficiente e de qualidade adequado à
construção e reproduzi-lo em quantidade para a obra.
5.1.2 Fundação
Para se executar a fundação de uma construção em adobe, normalmente se inicia com a
retirada da vegetação existente no local da obra e em seguida é feita a colocação de piquetes
com o auxílio de linha de pedreiro e esquadro. Procede-se então a escavação de valetas que
são apiloadas no fundo para receberem normalmente alvenarias de pedra ou de tijolo cerâmico
em toda a extensão das paredes, de acordo com a disponibilidade do material, como é
ilustrado na Figura 86 e Figura 87.
Figura 86 – Detalhe da elevação da parede a partir Figura 87 – Detalhe da elevação da parede acima
da fundação de pedra da fundação de tijolo cerâmico
Fonte: Abreu (2009) Fonte: Abreu (2009)
Recomenda-se que a fundação possua largura igual, ou até duas vezes a espessura da parede
de adobe, dependendo da altura da construção e da qualidade do terreno e que a profundidade
mínima seja de 40 centímetros, como indica Lourenço (2005).
A norma do Peru e a bibliografia fazem referências ao cuidado com a proteção das paredes de
adobe contra a umidade proveniente do solo instalando-se algum material impermeabilizante
159
entre a fundação e a parede. Mitidieri et al. (1987) sugerem a utilização de uma cinta de
concreto magro coroando a fundação para evitar que a umidade da terra atinja as paredes,
como a que foi executada pelo construtor “A” na fundação da casa de Banzaê (Figura 88).
Figura 88 – Cinta de concreto magro coroando a fundação
Fonte: Barbosa (2003)
Podem ser feitos outros tipos de impermeabilização como, por exemplo, usar betume, óleo
vegetal ou mesmo colocar plástico ou material similar entre a fundação e a parede de adobe
sempre com a finalidade de não permitir que a umidade do solo suba por capilaridade e atinja
as paredes de adobe, como fez o construtor “D” na edificação de Camaçari, onde foi
adicionado óleo vegetal queimado à massa dos tijolos das primeiras fiadas das paredes acima
da fundação. Gieth et al. (1994) recomendam para a fundação o uso de sapata corrida de
pedra e de tijolos cerâmicos, protegida com camada impermeabilizante como mostra a Figura
89.
160
Figura 89 – Camada impermeabilizante sobre fundação
de tijolo cerâmico e pedra antes da instalação
da parede de adobe
Fonte: Fundação DAM (1988)
Recomenda-se, que após a finalização da fundação, o piso da construção seja implantado
acima do nível do terreno para evitar o desgaste das paredes por águas que correm no mesmo,
(Figura 90). Uma drenagem eficiente destas águas também se faz necessário para garantir a
integridade das paredes.
Figura 90 – Encontro entre a alvenaria de adobe e a fundação
e piso assentado acima do nível do terreno
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)
161
5.1.3 Piso
Na ocasião da escavação das valas da fundação após a limpeza do terreno, a terra resultante
desta escavação pode ser colocada no interior do perímetro da obra para que seja executado o
piso como mostra a Figura 92. O piso de uma casa de adobe comumente é constituído de
pavimentação com o chão batido com posterior aplicação de cimentado, o qual pode ser
realizado com a terra resultante da escavação da fundação acrescida de brita, cimento e água.
Figura 91 – Terra retirada das valas de fundação para ser executado o piso
Fonte: Brasilecoconstrucao (2009)
O cimentado, porém, com o tempo, quase sempre apresenta rachaduras devido a deformações
por acomodação do terreno ou por dilatações e retrações sofridas pelo piso. Estas rachaduras
permitem a entrada de água e que acaba por danificar ainda mais o piso. A instalação de
juntas de dilatação no cimentado reduz o risco de rachaduras resultantes das dilatações e
retrações.
O cimento queimado, onde o cimentado é coberto por palha que é incinerada em seguida, de
acordo com Lengen (2008), provoca uma espécie de endurecimento e vitrificação do piso,
conferindo a este melhor resistência à agua.
Recomenda-se que a fundação seja elevada do nível do terreno e o piso seja assentado no
mínimo de 20 centímetros a 30 centímetros acima deste nível, como ocorreu com os pisos
realizados em quase todas as edificações do estudo, para evitar que águas de chuva, que
correrem no terreno, invadam a edificação.
162
A norma NTE E.080 do Peru (SENCICO, 2000) recomenda que seja executado em todo o
perímetro da edificação um calçamento de cimento cuja finalidade é a de garantir uma melhor
proteção das alvenarias de adobe contra as águas que circulam no terreno, como o que foi
realizado pelo construtor “A” na casa de Banzaê cuja largura é de 50 centímetros (Figura
93).
Figura 92 – Calçamento de cimento instalado em todo o perímetro da casa de Banzaê
Fonte: Própria autora
No interior da edificação, a base das paredes de adobe deve ser protegida contra as águas
resultantes de limpeza com a instalação de um rodapé de altura entre 6 centímetros e 10
centímetros, como o executado pelo construtor “B” na casa de Rio de Contas (Figura 91).
Figura 93 – Parede com rodapé utilizado na casa de Rio de Contas (Construtor “B”),
para proteger a base da alvenaria contra as águas derivadas de limpeza
Fonte: Própria autora
163
5.1.4 Alvenarias
Na execução das alvenarias é importante observar o alinhamento, o prumo e o nivelamento
das mesmas para evitar problemas futuros como rachaduras e trincas ou até mesmo
tombamentos. Para isso alguns equipamentos simples devem estar presentes no levantamento
das paredes como o esquadro, o prumo e o nível.
Os tijolos de adobe só devem ser usados na execução das alvenarias somente quando
estiverem completamente secos. A colocação dos tijolos deve ser feita permitindo a
amarração das fiadas, onde o tijolo é assentado a partir da metade do tijolo da fiada anterior
como preconiza a norma NTE E.080 do Peru (SENCICO, 2000), com o propósito de
assegurar uma melhor amarração das camadas dos tijolos e evitar trincas na alvenaria (Figura
94).
Figura 94 – Detalhe da junção entre 2 tijolos de uma fiada no meio do tijolo
da fiada anterior na edificação de Camaçari (Construtor “D”)
Fonte: Própria autora
Lourenço (2005) afirma que as paredes de adobe devem possuir uma altura de no máximo 3,5
metros e um comprimento livre de no máximo de 5 metros para se evitar tombamentos. A
norma peruana recomenda que pilares sejam usados como estrutura das alvenarias de adobe
quando a espessura da parede for menor que 25 centímetros. Os pilares são necessários, neste
caso, pois suportam a carga proveniente da cobertura, já que paredes com espessuras
inferiores a 25 centímetros podem tombar com a referida carga diretamente sobre elas. Estes
164
pilares podem ser de tijolos de adobe, de madeira ou de concreto armado a depender da carga
que irá suportar.
Recomenda-se que a argamassa utilizada no assentamento dos blocos tenha como base o
mesmo material utilizado na preparação do tijolo, para que haja melhor aderência entre o
tijolo e a massa, ou seja, a massa deve conter solo, como os tipos de massa adotados pelos
construtores entrevistados.
Quando o adobe recebe a massa de assentamento ele absorve a umidade da mesma e secará
mais lentamente. Tijolos úmidos perdem a força de compressão e podem sofrer rupturas
devido ao peso da parede acima deles. O uso de cal na massa de assentamento pode ajudar
neste sentido, pois, este material retém a umidade transmitindo menos umidade aos tijolos.
Um traço da massa de assentamento que pode ser utilizado é o indicado por Oliveira (2005)
com o traço de 10:2:1 (10 partes de areia lavada, 2 partes de pasta de cal e 1 parte de barro).
Na Figura 95, é ilustrada uma alvenaria de adobe com as primeiras fiadas.
Figura 95 – Primeiras fiadas de alvenarias de adobe
Fonte: Silva et al. (2006)
Recomenda-se que, na fase de assentamento dos tijolos de adobe, haja um cuidado em
recobrir com a massa qualquer fresta na parede que possa vir a abrigar o “barbeiro”
transmissor da doença de Chagas. Na Figura 96 é ilustrada a execução de alvenaria de tijolos
adobe.
165
Figura 96 – Levantando alvenarias com tijolo de adobe
Fonte: Brasileconstrucao (2011)
Recomenda-se, como é indicado pela norma peruana e pela bibliografia, executar uma viga de
amarração coroando as paredes, a qual possui as funções de distribuição uniforme das cargas
do telhado sobre as alvenarias e de amarração do topo da parede contra as forças horizontais
do telhado.
A viga de amarração pode ser de concreto ou madeira. Se for adotada a cinta de amarração de
concreto podem ser utilizados tijolos de adobe do tipo canaleta onde é colocada a ferragem e
despejado o concreto, como a que foi usada pelo construtor “A” na casa de Banzaê. Na Figura
97 é ilustrada a execução de uma viga de concreto com barras de ferro em tijolo de adobe tipo
canaleta e na Figura 98 uma construção com viga de madeira.
Figura 97– Execução de viga de concreto armado com tijolos de adobe tipo canaleta
Fonte: Etchebarne (2003)
166
Figura 98 – Viga de amarração de madeira coroando as paredes
Fonte: Brasilecoconstrucao (2009)
Recomenda-se que a alvenaria de tijolos de adobe seja protegida contra as infiltrações de
águas, sejam provenientes do solo ou das chuvas, para conservarem a sua integridade, como
indica a bibliografia. Em relação às chuvas, além do aumento dos beirais dos telhados, as
paredes devem ser cobertas por reboco composto de terra, areia e cal e ainda serem pintadas
com um composto à base de cal para garantir maior proteção contra as intempéries.
Recomenda-se, em relação à umidade proveniente do solo, que a parede de adobe seja
protegida através da utilização de cinta de concreto, ou que sejam utilizados materiais
impermeabilizantes como sacos plásticos e betume entre a fundação e a parede de adobe.
É recomendado que as alvenarias sejam reparadas quando na ocorrência de desgaste por
infiltrações de água, erosão, aparecimento de trincas e frestas, os quais, podem causar danos
às paredes. Um reparo sempre que necessário garante uma maior durabilidade e preservação
das construções.
5.1.5 Esquadrias
As esquadrias tem a função de possibilitar a ventilação, a iluminação natural e conferir
segurança contra intrusos além de preservar os habitantes da edificação das intempéries. As
aberturas que receberão as esquadrias devem ser executadas na ocasião do levantamento das
paredes quando se colocam os marcos e contra marcos nos quais serão fixadas as portas e
janelas (Figura 99).
167
Figura 99 – Interface esquadria e parede de adobe
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006).
As interfaces entre parede e marco têm que garantir a fixação das janelas e das portas. De
acordo com Silva et al. (2006) os caixilhos devem ser instalados com pregos e chumbados
com argamassa de cimento e areia (Figura 100).
Figura 100 – Porta e janela de madeira assentadas em casa de Viçosa-Ceará
Fonte: Abreu (2009)
A madeira é comumente usada para se fazer os marcos e as próprias esquadrias. Janelas e
portas de madeira podem ser fabricadas artesanalmente ou compradas em carpintarias da
região, porém, as janelas feitas somente com madeira e sem vidro tornam os ambientes
escuros quando estas se encontram fechadas.
168
É recomendado que as aberturas de esquadrias sejam centralizadas na parede, como preconiza
a norma peruana e que possuam um espaçamento mínimo de um metro entre as aberturas de
esquadrias e entre a quina da edificação e a esquadria mais próxima como indica Silva
(2000), o que confere uma segurança maior contra o tombamento de parte da parede entre as
aberturas por ocorrência de alguma rachadura entre elas (Figura 101).
Figura 101– Exemplo de casa de tijolo de adobe com aberturas
com distâncias adequadas entre elas e a quina da casa
Fonte: Brasilecoconstrucao (2009)
Recomenda-se instalar verga coroando a esquadria, indicada pela bibliografia, cuja finalidade
é de prevenir deformações nos marcos devido às cargas da parte de cima das aberturas. A
verga tem a função de sustentação das fiadas de tijolos situados acima das aberturas e pode
ser feita de materiais como o concreto ou madeira, por exemplo, podendo ser empregada
também na base da esquadria como contra verga (peitoril) (Figura 102 e Figura 103).
Figura 102 – (a) Detalhe de verga em madeira; (b) Detalhe de verga em concreto
(a) (b)
Fonte: Abreu (2009)
169
Figura 103 – Detalhe de peitoril em concreto
Fonte: Abreu (2009)
Recomenda-se, para aumentar a proteção das esquadrias contra as intempéries, construir
varandas nos trechos da edificação que possuem esquadrias, como forma de salvaguardar
também as alvenarias das águas de chuva nestes locais.
5.1.6 Instalações Elétricas e Hidráulicas
As instalações elétricas são executadas fazendo-se rasgos na alvenaria de adobe com uso de
talhadeira e martelo onde serão colocados os eletrodutos, preenchendo-se depois o espaço
com massa de adobe ou com argamassa de assentamento de tijolos (Figura 104 e Figura 105).
Figura 104 – Rasgos nas paredes com instalações elétricas Figura 105 – Caixa para interruptor na parede
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)
170
O eletruduto pode também ser inserido em tijolos de adobe confeccionados com curvaturas ou
orifícios para abrigar os canos. Os quadros gerais das instalações elétricas são chumbados
com argamassa de adobe e cal ou de cimento e areia, variando de construção para construção.
O cimento, entretanto, deve ser evitado, pois com o tempo, pode haver uma incompatibilidade
entre materiais nestes locais.
Recomenda-se que em uma construção de tijolos de adobe as instalações hidráulicas não
sejam embutidas nas paredes, evitando assim, que qualquer vazamento na tubulação atinja o
interior da alvenaria causando a desintegração dos tijolos, podendo consequentemente causar
o desmoronamento da parede.
5.1.7 Cobertura
O tipo de cobertura mais comum em uma edificação de adobe é a constituída por telha
cerâmica e a estrutura que suporta o telhado normalmente é de madeira com cumeeira, terças,
frechais, caibros e ripas. O madeiramento deve ser executado com muita cautela de maneira
que permita sustentar com segurança o material acima dele (Figura 106).
Figura 106 – Execução do madeiramento do telhado em casa de tijolos de adobe
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)
Uma cobertura eficiente deve proteger as vedações verticais em adobe das intempéries de
modo a não permitir que as águas de chuva possam danificá-las, para isso os beirais do
telhado devem ser ampliados ao máximo como é recomendado pela norma peruana NTE
E.080 (SENCICO, 2000) e pela bibliografia.
171
Recomenda-se que os telhados possuam beiral com no mínimo 80 centímetros de largura e
que seja usada calha para captar as águas provenientes do telhado evitando, dessa forma, que
estas águas, atingindo o chão, respinguem na base das paredes provocando danos às mesmas.
As calhas devem possuir tubulação para o encaminhamento das águas de chuva a um local
distante da construção e se possível para um tanque de captação para aproveitamento posterior
das mesmas por parte dos usuários da edificação, como o que foi utilizado pelo construtor
“D” em Camaçari (Figura 107).
Figura 107 – Edificação de Camaçari: (a) Telhado com calha e tubulação para condução das águas de chuva;
(b) Tanque para captação e armazenamento das águas provenientes do telhado
(a) (b)
Fonte: Prória autora
Recomenda-se o uso de uma cobertura de telha cerâmica fabricada artesanalmente em olaria
mais próxima do local da construção, devido ao seu baixo custo e da redução de gastos com o
transporte. Este tipo de telha ainda cumpre de modo satisfatório as suas funções de proteger a
habitação das intempéries, e conferir conforto térmico ao interior do ambiente construído.
Outros tipos de cobertura podem também ser utilizados como algumas das verificadas nas
edificações do estudo. Além da telha de olaria, pode ser adotada a telha cerâmica
industrializada ou o telhado verde ou mesmo a telha ecológica (tetrapak), para conferir
conforto térmico ao interior da edificação (Figura 108 e Figura 109).
172
Figura 108 – Cobertura de telha de olaria na Figura 109 – Cobertura com telhado verde na edificação casa de Banzaê de Camaçari
Fonte: Prória autora
5.1.8 Reboco
O reboco é um revestimento que tem a função de proteger a alvenaria do intemperismo
preservando-a da ação das chuvas e dos ventos evitando a degradação da mesma. Uma outra
função importante do reboco é a de cobrir quaisquer fissuras nas alvenarias prevenindo assim
contra o abrigo de insetos como o “barbeiro” (Triatoma infestans), transmissor da doença de
Chagas.
Recomenda-se que, para uma edificação de tijolos de adobe, a massa do reboco seja a base de
terra, como indica a bibliografia especializada, para que haja melhor aderência às paredes
evitando a desagregação (Figura 110 e Figura 111).
Figura 110 – Massa para reboco sendo misturada Figura 111 – Aplicação do reboco na parede
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)
173
Recomenda-se uma massa do reboco constituída terra, areia grossa e cal. A terra garante uma
melhor aderência à alvenaria de adobe e a cal confere à massa uma resistência maior,
reduzindo a quantidade de fissuras, além de ser um material hidrófugo (impermeabilizante).
Um traço de massa composto de materiais de baixo custo recomendado é o de 3:1:1 ( 3 partes
de terra, para 1 parte areia grossa, para 1 parte de cal ), esta massa de reboco além de aderir
com facilidade à parede de adobe porque contém terra, a presença da cal na massa funciona
como material impermeabilizante, como indicam a norma NTE E.080:2000 do Peru e a
bibliografia.
Gieth et al. (1994) sugerem que sejam utilizados o saibro e a cal na proporção de 8:1 ( 8
partes de saibro para 1 parte de cal). Lengen (2008) indica o uso de terra, areia grossa e cal
apagada com o traço de 3:1:1 (3 partes de terra; 1parte areia grossa e 1 parte de cal apagada).
A cal apagada, segundo o autor, obtém-se misturando 2 partes de cal viva com 1 parte de
goma de palma. A goma de palma é extraída cortando-se a palma em pequenos pedaços e
enchendo um recipiente como um barril, por exemplo, colocando-se água no recipiente até
encher o mesmo e deixando descansar por uma semana. Após este período coa o material em
peneira extraindo assim a goma de palma que será acrescida à cal viva na proporção citada
acima. Essa mistura para o reboco, de acordo com Lengen (2008), confere uma melhor
impermeabilização às alvenarias. Na Figura 112 é apresentada a palma, planta de onde se
extrai a goma.
Figura 112 – Palma de onde se extrai a goma
Fonte: Google Imgens (2012a)
Recomenda-se aplicar reboco com no máximo 1,5 centímetro de espessura em duas camadas
nas alvenarias internas e três nas externas tendo o cuidado de só aplicar uma nova camada de
174
reboco se a anterior estiver completamente seca, e em seguida proceder a pintura com tintas a
base de cal.
À massa do reboco pode ser acrescentado um material hidrófugo como: cal, betume e material
de origem vegetal ou animal como: goma de palma, látex, óleo vegetal, sangue de boi, sebo de
animal, urina e cinzas, dentre outros, com a finalidade de conferir melhor impermeabilização
às paredes rebocadas.
Um outro tipo de reboco para as alvenarias de adobe é encontrado em algumas edificações no
Sul da Argélia, o qual é constituído por bolas de terra que são jogadas na parede aderindo às
mesmas como é ilustrado na Figura 113.
Figura 113 – Reboco composto por bolas de terra projetadas na alvenaria na Argélia
Fonte: Recriar com você (2012)
Recomenda-se que a base das alvenarias de adobe seja protegida contra a ação das águas que
correm no terreno ou mesmo contra aquelas provenientes do telhado e que respingam no chão.
Lopes e Ino (2003) indicam para este fim executar na base das paredes um chapisco com
cimento e areia até uma altura de 50 centímetros. A colocação de calhas nos beirais dos
telhados para receberem as águas de chuva é também uma forma de evitar os respingos nas
bases das paredes.
175
Segundo Silva et al. (2006), quando o cimento for utilizado na massa do reboco deve-se
instalar uma malha de aço na alvenaria para reduzir os problemas causados por
incompatibilidade entre os materiais da parede de adobe e do reboco evitando assim a
desagregação da massa do parâmetro vertical (Figura 114).
Figura 114 – Colocação de malha de aço para reduzir os problemas causados
pela incompatibilidade entre reboco de cimento e parede de adobe
Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)
Recomenda-se que nas área úmidas da edificação como sanitário, cozinha e área de serviço
seja aplicado material cerâmico sobre a alvenaria, pelo menos nas áreas próximas às saídas de
água, para garantir uma maior impermeabilização da mesma. Nestes casos, para que haja
aderência da cerâmica à parede de adobe, é nesessário que a massa do reboco contenha terra
para aderir ao tijolo e ao mesmo tempo seja constituída de cimento para aderir à cerâmica.
Aplica-se então sobre a parede de adobe um primeiro reboco com terra, areia e cimento e
quando este estiver curado realiza um segundo reboco constituído de argamassa para o
assentamento da cerâmica com cimento e areia.
Quando executado de forma eficiente o reboco garante a integridade das alvenarias e confere
uma maior durabilidade à edificação além de proteger os usuários da mesma de doenças
causadas por insetos. Oliveira (2005) defende que além desses cuidados pode-se adicionar à
mistura do reboco uma quantidade necessária de enxofre, que funciona como repelente desses
insetos. É indicado que se faça, sempre que necessário, a manutenção da edificação cobrindo
quaisquer frestas ou furos que porventura apareçam nos rebocos, evitando assim que estes
sirvam de abrigo para os insetos (Figura 115).
176
Figura 115 – Aplicando reboco na alvenaria de tijolos de adobe
Fonte: Brasileconstrucao (2011)
5.1.9 Pintura
A função principal da pintura, em uma edificação de adobe, é a de aumentar a
impermeabilidade das alvenarias conferindo às mesmas uma maior durabilidade evitando que
as intempéries danifiquem a superfície, melhorando a salubridade da edificação, além de
propiciar uma estética agradável.
Recomenda-se que tanto as alvenarias externas como as do interior da edificação recebam
pintura para aumentar a proteção das mesmas. A aplicação da tinta na parede deve ser
realizada somente quando o reboco estiver completamente curado para evitar a formação de
bolhas e consequente desagregação da mesma.
Recomenda-se para uma edificação de adobe que a mistura para a pintura contenha cal para
melhor aderência da tinta ao reboco e que seja acrescentado materiais impermeabilizantes
como colas, goma de palma, ou outro produto similar, para conferir à parede pintada melhor
repelência à água. Araújo (2007) indica o uso da cal na mistura de tinta para diminuir custos e
sugere a adição de cola plástica ou material semelhante.
Pode ser utilizada a goma de palma, que se trata de um material acessível e de custo quase
nulo, como componente da mistura de tinta para a pintura como a que foi realizada na casa de
Banzaê do construtor “A”, na edificação de Rio de Contas do construtor “B” e na edificação
de Camaçari do construtor “D”, com a finalidade de impermeabilizar as alvenarias conferindo
uma melhor resistência à água e uma maior durabilidade às mesmas (Figura 116).
177
Figura 116 – Paredes pintadas com tinta à base de goma de palma,cola branca e terra
na edificação de Rio de Contas do construtor “B”
Fonte: Própria autora
Para conferir cor à tinta podem ser adicionados à mistura para a pintura, corantes naturais
como a própria terra, por exemplo, ou corantes industrializados como o pigmento em pó
conhecido popularmente por pó “xadrez”.
Recomenda-se o uso de tintas hidrofugantes e porosas, de modo a permitir a liberação do vapor para
o exterior das paredes. O uso de tintas que formam uma espécie de filme como a acrílica, para a
pintura de uma parede de adobe, não é recomendado, pois, este tipo de tinta faz com que a
alvenaria perca a sua principal característica que é a de “respirar”, provocando o aparecimento
de bolhas. Além das tintas à base de cal, as tintas látex são comumente utilizadas na pintura
de alvenarias de adobe na zona rural do país.
Uma mistura para pintura indicada por Bayer (2010) para a produção 20 litros de tinta é
composta por 1 quilo cola branca adicionada a 5 litros de água, em seguida adiciona-se 8
quilos de cal hidratada, agitando sempre até a homogeneização da mistura e para colorir
acrescenta-se de 200 a 500 gramas de pigmento.
A manutenção constante de uma edificação com tijolos de adobe é recomendada cobrindo-se
quaisquer frestas que surjam e realizando a renovação da pintura sempre que necessário
(Figura 117).
178
Figura 117 – Edificação de adobe com alvenarias pintadas em Piedade do Paraepeba-MG
Fonte: Casa abril (2012)
179
6 CONCLUSÕES
O presente estudo mostra que as estratégias adotadas pelos construtores na Bahia, nas últimas
duas décadas, atenderam à maior parte das recomendações da norma NTE E.080 do Peru
(SENCICO, 2000) e da bibliografia especializada, o que pode ser constatado no bom estado
de conservação apresentado por quase todas as edificações. Uma melhor preservação das
edificações, com redução das manifestações patológicas, é conseguida, portanto, quando o
construtor atende às recomendações técnicas necessárias.
O estudo mostra que metade dos construtores que detiam o conhecimento da bibliografia
especializada, os construtores “A”, “B” e “D”, obtiveram um nível quase completo de atendimento às
recomendações, tanto da norma peruana quanto da bibliografia. A edificação na cidade de Rio de
Contas realizada pelo construtor “B”, que dentre todos foi o que atendeu a um maior número
das recomendações que constam no estudo, apresentou menos manifestações patológicas, o
que indica que a redução na ocorrência de patologias é resultado de uma maior observância
aos cuidados necessários que promovam a eficácia na maneira de construir.
A outra metade dos construtores se baseou apenas no conhecimento popular sobre a técnica
do tijolo de adobe para executar as obras, caso dos construtores “C”,”E” e “F”, os quais
atenderam a um número menor de recomendações da norma do Peru e da literatura
especializada e suas edificações apresentaram uma quantidade maior de manifestações
patlógicas.
Em uma edificação com tijolos de adobe, para que haja uma redução na ocorrência de
manifestações patológicas, um conhecimento maior e a adoção das indicações para esta
técnica contidas em normas e regulamentos, bem como na bibliografia especializada, se faz
necessário.
Apesar da possibilidade de ocorrerem algumas manifestações patológicas nas construções, no
decorrer do tempo como: erosão, fissuras, trincas, infiltrações, bolor e rachaduras, além da
adoção das recomendações necessárias, o estudo reforça a necessidade de reparos sempre que
forem detectadas estas patologias, para que não se convertam em danos maiores que possam
provocar um risco à edificação.
180
As vantagens do uso do tijolo de adobe como material construtivo são inúmeras, destacando o
reduzido custo final da obra, além deste ser um material que utiliza pouca energia na sua
fabricação e por conferir conforto térmico ao interior da edificação, o que contribui para
minimizar os impactos sobre o meio ambiente.
O resgate da técnica do tijolo de adobe na construção civil é uma solução viável, por ser esta
uma técnica simples com alto potencial de sustentabilidade, inserida na cultura arquitetônica
do país, podendo ser executada com materiais locais e com mão de obra não especializada.
Esta técnica construtiva propicia o sistema de autoconstrução, podendo ser aplicada em
conjuntos habitacionais utilizando o sistema de mutirão.
O tijolo de adobe como um material de construção carece, porém, de normalização e de novos
estudos no Brasil para tornar-se um produto mais resistente, mais durável e mais confiável.
Esta técnica, se for apoiada por uma normalização, poderá ser adotada pelo construtor com
mais segurança, além de fornecer subsídios para futuros projetos de programas de habitação
popular. Dessa maneira, estas medidas podem contribuir para reduzir o preconceito em
relacionar construção com terra a pobreza e miséria no estado e no país.
Embora as ações dos construtores baianos sejam pontuais, há uma aceitação cada vez maior,
por parte da população preocupada com a preservação dos recursos naturais, em adotar este
tipo de construção mais favorável ao meio ambiente.
Estudos científicos com o tijolo de adobe devem avançar no Brasil, com o propósito de
conduzirem a uma normalização desta técnica, como fez o Peru. A expectativa é que este
material possua qualidade técnica para que possa ser largamente empregado na construção
civil, reduzindo o preconceito em relação a sua aplicação nas edificações.
6.1 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Ao buscar elaborar recomendações para a edificação de tijolo de adobe, surgiram, durante o
estudo, questões que podem ser desenvolvidas em futuras pesquisas, tais como:
- Construção de protótipo de edificação com tijolo de adobe baseada nas recomendações
propostas e avaliação de desempenho da mesma;
181
- Estudo sobre as patologias das construções com tijolo de adobe;
- Proposta de normalização para a construção com tijolo de adobe no Brasil.
- Avaliação da resistência do tijolo de adobe com e sem estabilização.
182
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192
APÊNDICE 1
ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM CONSTRUTORES
1.IDENTIFICAÇÃO DO CONSTRUTOR:
Nome: (Colocar o nome que poderá ser substutído depois por uma letra caso o construtor
prefira)..............................................................................................LETRA: ( ........... )
Formação profissional:................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
Atividade que desempenha:....................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Conhece outro construtor, seja ele profissional ou não, que realiza ou já realizou construção
com tijolo de adobe na Bahia? (Favor citar o nome e se possível o contato: Telefone e/ ou e-
mail do mesmo)............................................................................................................................
......................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
Por que escolheu construir com tijolo de adobe? Assinalar uma ou mais.
( ) Baixo custo ( ) Possibilidade de autoconstrução
( ) Uso de materiais sustentáveis ( ) Outros motivos. Especificar.....................................
.................................................................................................................................................
2.OBRA COM TIJOLO DE ADOBE: (Anexar fotos da construção)
a) Qual a função da edificação?: ( Residencial; Comercial; outros).........................................
b) Qual a área construída?:......................... m²
c) Qual a forma que a edificação mais se assemelha?
( ) Quadrada ( ) Retangular ( )Outra Especificar.......................................................
d) Quantos pavimentos tem a edificação?
( ) Apens 1 pavimento ( ) 2 pavimentos ( )Mais de 2 pavimentos. Especificar..........
d) Local da construção: .........................................................................................
e) Mês e ano do início da obra:.............. Mês e ano do término da obra...............
f) Outra técnica construtiva além do tijolo de adobe foi aplicada na construção?
193
( ) Sim ( ) Não
Se a respospa for Sim, qual, porquê e para que foi usada?:.......................................................
...................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................
g) Quanto custou a obra aproximadamente ( em reais)...............................................................
h) Quem financiou a obra?:
Proprietário ( ) Outros ( ) Especificar..................................................................................
.....................................................................................................................................................
3.CARACTERÍSTICAS DO MATERIAL EMPREGADO:
a) O Solo:
Origem do solo: ( Relatar se o solo usado para a fabricação do tijolo de adobe é do proprio
local da obra ou se é de outro local. Caso seja de outro local dizer a distância deste até a obra,
e se teve algum custo com este material e relatar o valor em reais (Ex: Solo retirado da cidade
tal que fica tantos Km da obra e o custo com o material foi de tantos reais )..............................
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
Foi feito algum teste de laboratório com o solo?
( ) Sim ( ) Não
Se a resposta foi Sim, qual ou quais testes foram feitos e
onde?:............................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
Foi feito algum tipo de teste empírico com o solo?
( ) Sim ( ) Não
Se a resposta foi Sim, qual ou quais destes testes foram feitos:
( ) Teste da queda da bola ( ) Teste do rolo ( ) Teste da resistência da bola
( ) Teste da fita
( ) Teste do vidro ou da sedimentação ( ) Teste das bolas de vários pontos do terreno
( ) Teste da pressão com os dedos ( ) Outros: Especificar ..............................................
................................................................................................................................................
................................................................................................................................................
Foi constatado que o solo é do tipo:
( ) Arenoso (possuía maior quantidade de areia do que de argila) Qual a percentagem de
areia?...............%
194
( ) Argiloso (possuía maior quantidade de argila do que de areia) Qual a percentagem de
argila?...............%
Foi feita alguma correção no solo:
( ) Sim ( ) Não
Se a resposta foi Sim, o que foi adicionado ao solo para ser feita a correção:
( ) Areia Qual tipo: fina; média ou grossa?........................................................................
( ) Cimento ( ) Cal ( ) Betume
( ) Fibras Qual: .....................................................................................................................
( ) Outros Qual:......................................................................................................................
.................................................................................................................................................
b) O tijolo de adobe:
Dimensões (Especificar quais as dimensões do tijolo.( Ex 8x15x30cm)
.........x.........x.........cm
Qual o traço da mistura utilizada para a confecção do tijolo de adobe?( Ex: 8 partes do solo;
4 partes de areia...............(fina ; média ; grossa?) e 4 partes de água)
.............................................................................................................................................
A mistura foi amassada e depois ficou em repouso por quanto tempo (em dias) antes de ser
colocada nas formas?
( ) Metade do dia ( )1 dia ( )2 dias
( )Mais que dois dias( ........).dias ( ) Não houve tempo de repouso da massa
Qual foi o tempo de secagem (em dias) e como se procedeu? ( Ex: O tempo total de secagem
foi de 20 dias sendo que 10 dias primeiramente à sombra e depois 10 dias ao
sol)?...............................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
Foi feito algum teste de laboratório com o tijolo?
( ) Sim ( ) Não
Se a resposta foi Sim, qual ou quais testes foram feitos e
onde?:............................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Se foi feito teste de resistência em laboratório com o tijolo ( relatar qual ou quais e o (s)
resultado (s) obtido (s).................................................................................................................
195
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Foi feito algum tipo de teste empírico com o tijolo?
( ) Sim ( ) Não
Se a resposta foi Sim, qual ou quais destes testes foram feitos:
( ) Teste do empilhamento de varios tijolos sobre um tijolo anteriormente imerso em água
apoiado por outros dois na extremidade.
( ) Teste da imersão por horas em água e depois parti-lo e ver o quanto a umidade penetrou
no tijolo
( ) Teste do peso e pressão de uma pessoa sobre um tijolo
( ) Outros. Especificar..................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
c) Fundação:
De que material ou materiais foi feita a fundação?......................................................................
.......................................................................................................................................................
A que profundidade a base da fundação está abaixo do nível do terreno em centímetros?
......................cm
Qual a largura da fundação em centímetros?........................cm
Possui cinta de concreto ou outro tipo de material impermeabilizante para impedir que a
umidade do solo atinja as paredes?..................... Se a resposta for sim especificar de que
material..................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
d) O Piso :
De que material ou materiais foi feito o piso?.............................................................................
.......................................................................................................................................................
A que altura o piso está acima do nível do terreno em centímetros? ..............................cm
e) Alvenaria:
Qual a espessura das alvenarias externas e internas em centímetros? Externas................cm
Internas..............cm
196
Qual a altura das alvenarias em centímetros? ..............cm.
Qual o maior comprimento de parede entre dois apoios verticais ( pilares ou paredes
perpendiculares) em centímetros?..................cm
Qual o traço da massa de assentamento dos tijolos (Ex: Ex: 8 partes do solo; 4 partes de
areia...............(fina ; média ; grossa?); 2 partes de cal( ou outros) e 4 partes de
água)..............................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Foi feita viga de amarração no topo das paredes para suportar as cargas do telhado?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; qual o material da viga? (Ex: Madeira; concreto; outros)...................
......................................................................................................................................................
Foram colocados pilares para suportar as cargas do telhado?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; só foram colocados nas quinas da edificação, ou em mais
locais?...........................................................................................................................................
De que material foram feitos os pilares? (Ex: Madeira; concreto;
outros)Especificar.........................................................................................................................
Qual a distância máxima entre os pilares em metros?............................m
Foi feito chapisco com algum material ou foi feito outro procedimento para impermeabilizar
a base das paredes externas para proteger dos respingos de chuva?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; até que altura da base das paredes foi executada esta
impermeabilização em centímetros?..............................cm
f) Esquadrias:
Foi colocada verga em cima de cada esquadria?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; qual o material das vergas? (Ex: Madeira; concreto; outros)............
....................................................................................................................................................
Foi colocado peitoril nas janelas?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; qual o material dos peitoris? (Ex: Madeira; concreto; outros)
....................................................................................................................................................
Qual a largura da abertura da esquadria ( a maior delas) em metros?...................................m
197
Qual a distância entre a quina da construção e a esquadria mais próxima em metros?............m
g) Instalações :
As instalações elétricas foram embutidas nas paredes?
( ) Sim ( ) Não
As instalações hidráulicas foram embutidas nas paredes?
( ) Sim ( ) Não
Foi feito um reboco especial impermeabilizante ou um revestimento nas paredes com azulejos
ou outro material em áreas úmidas como sanitário, cozinha e área de
serviço?Especificar.......................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
h) Reboco :
Foi feito reboco nas paredes externas da edificação?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; qual o traço da massa do reboco? (Ex: 8 partes do solo;
4 partes de areia...............(fina ; média ; grossa?); 2 partes de cal( ou outros) e 4 partes de
água).............................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
Quantas camadas de reboco foram aplicadas nas paredes externas?
( ) Apens 1 camada ( ) 2 camadas ( ) 3 camadas ( ) Mais de 3. Especificar.................
Foi feito reboco nas paredes internas da edificação?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; qual o traço da massa do reboco? (Ex: 8 partes do solo;
4 partes de areia...............(fina ; média ; grossa?); 2 partes de cal( ou outros) e 4 partes de
água)
.......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
i) A Cobertura:
O telhado foi feito com que material? ( Ex:Telha cerâmica industrializada; Telha cerâmica de
olaria(artesanal); telha de fibrocimento; palha; outros)
198
Especificar.....................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
O telhado possui beiral?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; qual a largura do beiral em centímetros? .......................cm
O beiral possui calha para receber as águas do telhado?
( ) Sim ( ) Não
j) Pintura :
Foi feita a pintura nas paredes externas da edificação?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; qual a tinta usada na pintura? (Ex: Cal; Tinta acrílica; Tinta Latex;
mistura com cola; outros) Especificar.........................................................................................
.......................................................................................................................................................
Quantas demãos da tinta foram aplicadas nas paredes externas?
( ) Apens 1 demão ( ) 2 demãos ( ) 3 demãos ( ) Mais de 3. Especificar.................
Foi feita a pintura nas paredes internas da edificação?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja Sim; qual a tinta usada na pintura? (Ex: Cal; Tinta acrílica; Tinta Latex;
mistura com cola; outros) Especificar...........................................................................................
199
APÊNDICE 2
FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES DO ESTUDO
1.Nome do proprietário.........................................................................................................
2. Endereço da construção...................................................................................................
...............................................................................................................................................
3.Quantas pessoas habitam a edificação?
( ) Homens ( ) Mulheres
Idades......................... Idades.........................
4.Renda Familiar
( ) 1 Salário Mínimo ( ) Entre 2 e 4 Salários Mínimos
( ) Entre 5 e 10 Salários Mínimos ( ) Mais de 10 Salários Mínimos
5. Nível de instrução do proprietário:....................................................................................
6. Principais atividades realizadas na habitação.....................................................................
...............................................................................................................................................
7.Quantos cômodos possui a edificação:
( ) Sala ( ) Quartos ( ) Cozinha ( ) Copa
( ) Sanitário ( ) Varanda ( ) Outros......................................................
8. Tempo da construção desde que foi concluída.........................................................
9. Houve reforma ou ampliação?
( ) Não
( ) Sim Especificar....................................................................................................................
....................................................................................................................................................
10. De quanto em quanto tempo se faz o reparo das paredes de adobe?......................................
11. Estado de conservação da edificação
( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom
Ruim – edificação sem reboco parcialmente deteriorada, apresentando erosão, infiltração, ou
rachadura nas paredes que comprometem a estrutura da construção.
Regular - edificação com reboco e pintura na maioria das paredes, apresentando erosão,
infiltração, ou rachadura que podem comprometer a estrutura da construção.
Bom - edificação com reboco e pintura na maioria das paredes que apresenta erosão,
infiltração ou rachadura que não comprometem a estrutura da construção.
200
12.Em relação ao conforto térmico no interior da edificação?
( ) Faz muito calor ( ) Faz calor moderado ( ) Não faz calor ( ) Faz frio
13.Qual o nível de satisfação do habitante da residência?
( ) Insatisfeito ( ) Satisfeito ( ) Muito satisfeito
14.A drenagem das águas que correm no terreno apresenta ou apresentou algum problema?
( ) Não
( ) Sim Especificar....................................................................................................................
...............................................................................................................................................
15.Quais as patologias verificadas nas alvenarias?
( ) Erosão Locais:.................................................................................................................
( ) Umidade Locais:.................................................................................................................
( ) Infiltração Locais:..............................................................................................................
( ) Bolor Locais:.................................................................................................................
( ) Trincas Locais:.................................................................................................................
( ) Fendas Locais:.................................................................................................................
( ) Insetos Locais:.................................................................................................................
( ) Apodrecimento de peças Locais:....................................................................................
( ) Não foram verificadas patologias
16. A fundação é constituída de que material?
..............................................................................................................................................
17. A fundação apresenta ou apresentou algum problema?
( ) Não
( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................
.............................................................................................................................................
18. O piso é constituído de que material?
..............................................................................................................................................
19. O piso apresenta ou apresentou algum problema?
( ) Não
( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................
.............................................................................................................................................
20. A alvenaria é constituída de que material?
..............................................................................................................................................
21. A alvenaria apresenta ou apresentou algum problema?
201
( ) Não
( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................
.............................................................................................................................................
22. As esquadrias são constituídas de que material?
..............................................................................................................................................
23. Qual as dimensões das janelas.
Da sala.........................m Do quarto...............................m Da cozinha ...........................m
Do sanitário........................m
24. As esquadrias apresentam ou apresentaram algum problema?
( ) Não
( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................
.............................................................................................................................................
25. As instalações elétricas são embutidas na parede?
( ) Sim
( ) Não
26. As instalações elétricas apresentam ou apresentaram algum problema?
( ) Não
( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................
.............................................................................................................................................
27. As instalações hidráulicas são embutidas na parede?
( ) Sim
( ) Não
28. As instalações hidráulicas apresentam ou apresentaram algum problema?
( ) Não
( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................
...................................................................................................................................................
29. A cobertura é constituída de que material?
.................................................................................................................................................
30. A cobertura possui beiral?
( ) Não
( ) Sim com largura de ..............cm
31.A cobertura possui calha?
( ) Não
( ) Sim
202
32.Caso possua calha a água de chuva proveniente do telhado é lançada a que distância da
alvenaria da edificação?......................cm
33. A cobertura apresenta ou apresentou algum problema?
( ) Não
( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................
34. O reboco é constituído de que material?
..............................................................................................................................................
35. O reboco apresenta ou apresentou algum problema?
( ) Não
( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................
.............................................................................................................................................
36.A pintura é constituída de que material?
..............................................................................................................................................
37. A pintura apresenta ou apresentou algum problema ?
( ) Não
( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................
....................................................................................................................................................
203
APÊNDICE 3
CREDENCIAIS DOS CONSTRUTORES ENTREVISTADOS
CONSTRUTOR “A”: Arquiteta formada pela Faculdade de Arquitetura da Universidade
Federal da Bahia (UFBA) no ano de 1981, pós graduada em Políticas Públicas. Atividade que
desempenha: Arquitetura e Pesquisa materiais não convencionais para desenvolvimento de
projetos regionalizados.
CONSTRUTOR “B”: Permacultor. Atividade que desempenha: Bioconstrução, ministra
cursos e Oficinas de Permacultura. (Planeja asentamento humano sustentavel).
CONSTRUTOR “C”: Autoconstrutor. Atividade que desempenha: Construção em geral.
CONSTRUTOR “D”: Engenheiro Civil formado pela Faculdade de Engenharia Civil da
Universidade Católica do Salvador (UCSal) no ano de 1992. Atividade que desempenha:
Engenharia Civil.
CONSTRUTOR “E”: Autoconstrutor . Atividade que desempenha: Construção em geral.
CONSTRUTOR “F”: Autoconstrutor . Atividade que desempenha: Construção em geral.
204
APÊNDICE 4
CARTA DE AUTORIZAÇÂO DO SENCICO – PERU