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i UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA ANÁLISE DE LIGAÇÃO MECÂNICA EM COMPÓSITO POLIMÉRICO REFORÇADO COM TECIDO DE FIBRAS DE SISAL Vanessa Rodrigues Campos Salvador 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

ANÁLISE DE LIGAÇÃO MECÂNICA EM COMPÓSITO POLIMÉRICO

REFORÇADO COM TECIDO DE FIBRAS DE SISAL

Vanessa Rodrigues Campos

Salvador

2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

ANÁLISE DE LIGAÇÃO MECÂNICA EM COMPÓSITO POLIMÉRICO

REFORÇADO COM TECIDO DE FIBRAS DE SISAL

Vanessa Rodrigues Campos

Dissertação apresentada ao

mestrado em Engenharia Ambiental Urbana

como requisito parcial à obtenção do título

de MESTRE EM ENGENHARIA

AMBIENTAL URBANA.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Fernandes Carvalho

Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Parente Prado

Agência Financiadora: Fapesb

Salvador

2016

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MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE

VANESSA RODRIGUES CAMPOS

APRESENTADA AO MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA, DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, EM 08 DE JULHO DE 2016.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr.(a) Ricardo Fernandes Carvalho

Orientador

MEAU - UFBA

Prof. Dr.(a) Eduardo Parente Prado

Coorientador

FAUFBA - UFBA

Prof. Dr.(a) Cléber Marcos Ribeiro Dias

MEAU - UFBA

Prof. Dr.(a) Juliano Fiorelli

FZEA – USP

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AGRADECIMENTOS

À Deus.

À família, amigos e em especial minha mãe pelo apoio ao longo do

desenvolvimento deste trabalho. Ao Prof. Orientador Dr. Ricardo Carvalho pela

oportunidade. Ao Prof. Coorientador Dr. Eduardo Prado pelo interesse e

disposição perante às dificuldades encontradas. A todos os professores, em

especial, ao Prof. Alberto Borges e à Prof.ª Iara Brandão. À FAPESB pelo

apoio financeiro, à APAEB pelo fornecimento das fibras de sisal, à BLINDEX

pela doação das placas de vidro e à Barracuda Advance Composites pelo

fornecimento de amostra de resina Epóxi. À UNIFACS, na pessoa do prof.

Murilo Ribeiro, pela infraestrutura do laboratório de Mecatrônica e o apoio

técnico de Raoni e Jander Pereira. Ao IFBA - campus Salvador, na pessoa do

prof. Dr. Rodrigo Coelho e aos estudantes de gradução de Eng. Mecânica

Lucas Costa, Eric, Tâmara, Eval e Alexandre pelos auxílios prestados. Ao

laboratório do DCE/UFBA - TIMOSKENKO; ao CETA/UFBA, em especial,

Paulo Santana, pela extrema atenção na realização das atividades

laboratoriais; ao Ledma/UFBA na pessoa do prof. Daniel Véras e do colega de

mestrado Silas Pinto e ao NTPR/UFBA e seus colaboradores. Aos estudantes

de iniciação científica Bruno Eduardo, Carol Monâco, Gabriel Marques e

Mahara Sampaio pelo apoio no início deste trabalho. Agradecemos

imensamente pela contribuição direta e significativa dos estudantes de

iniciação científica Adrielle Marques, Alice Lima e José Renan, auxílios

imprescindíveis na concretização desta pesquisa. Aos colegas Bruno Caldas,

Catharine Brandão e Adilson Arruda. Aos colegas de sala Daniela Musse, Luís

Fernando, Gerson Fiori, Cristina Toca, Ana Cláudia e Helen Miranda pela

amizade e apoio no dia a dia. Ao colega Moisés Ferreira pela amizade e

prestatividade em diversas etapas deste trabalho. Agradecemos de coração à

Liliana Rodrigues (mãe), Lêda Costa, Marialva Gomes, Liana, Celita Angélica e

Cosme Costa pela colaboração. Meus sinceros sentimentos de gratidão a

todos que auxiliraram direta e indiretamente em mais esta etapa de minha vida.

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RESUMO

A utilização de fibras vegetais como reforço em matrizes poliméricas tem sido

alvo da investigação de diversos estudos, principalmente pelo baixo custo e

biodegradabilidade dessas fibras. O desenvolvimento de peças e produtos

exige a união entre membros, o que torna relevante o estudo de ligações

mecânicas em compósitos poliméricos reforçados com fibras de sisal (PRFS).

Neste trabalho buscou-se avaliar os efeitos de ligações, com configuração

single-bolt single-lap joint (SBS), no comportamento mecânico de compósitos

PRFS com sequência de empilhamento [0°/ 90°/ 0°], mantendo-se o diâmetro

(D) constante. Devido a anisotropia do material foi avaliado o comportamento

mecânico do laminado em três direções: longitudinal, transversal e diagonal,

em relação à direção de esforço. Neste trabalho, também foi analisada a

influência do processo de furação utilizado na investigação das ligações

mecânicas, por meio da análise dos efeitos dos danos de delaminação e

determinação da perda de resistência causada pela presença do furo. Foi

investigada, experimentalmente, a influência dos parâmetros geométricos,

distância do centro do furo à borda livre (e) e largura (w), no comportamento

mecânico e modo de falha das ligações mecânicas. Os resultados apontaram

diferentes resistências e rigidezes nas três direções investigadas. O compósito

apresentou melhor desempenho mecânico em ordem decrescente, na direção

longitudinal, transversal e diagonal. A operação de furação ocasionou uma

delaminação de Fd = 1,204 e a presença do furo influenciou em uma perda de

resistência do compósito, devido à concentração de tensão, de 27,2%. As

ligações mecânicas tiveram melhores desempenhos mecânicos de

transferência de esforços e modos de falha para w/D ≥ 3; e/D ≥ 2. Os grupos

w/D = 4; e/D = 3 e w/D = 4; e/D = 4, apresentaram maior capacidade de carga

de tração e predominância de modos de falha por esmagamento ou misto.

Palavras-chave: Compósito; Fibra de sisal; Ligação mecânica;

Comportamento mecânico e Modo de falha.

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ANALYSIS OF MECHANICAL BOLTED JOINT ON POLYMERIC COMPOSITES REINFORCED SISAL FIBER.

ABSTRACT

The use of natural fibers as reinforcements in polymer matrices has been the

focus of several studies, particularly due to the low cost and biodegradability of

the fibers. The development of parts and products requires an efficient joining

between components, which makes relevant the study of mechanical joints in

polymer composites reinforced with sisal fibers (PRSF). In this work, the

emphasis was to evaluate the joint effects, with setting single-bolt single-lap

joint (SBS) on mechanical behavior of PRSF composites stacking sequence [0°/

90°/0°], keeping the diameter (D) constant. Due to the anisotropy of the

material, it was evaluated the mechanical behavior of the laminate in three

directions: longitudinal, transverse and diagonal, both related to the direction of

the stress. The research has evaluated the influence of the drilling process on

the mechanical joint, in order to analyze the effects of delamination damage and

also determine the strength loss caused by the presence of the hole. It was also

investigated the influence of geometric parameters, such as the distance from

the edge distance-to-hole (e) and width (w) on mechanical behavior and failure

mode at the mechanical joint. The results showed different bearing strength and

rigidities in the three investigated directions. The composite showed better

mechanical performance in descending order in the longitudinal, transverse and

diagonal directions. The drilling operation caused a delamination Fd = 1.204 and

the presence of the hole influenced in a strength loss of the composite due to

the stress concentration of 27.2%. The mechanical joint had better mechanical

performance of transfer efforts and failure modes for the cases w/D ≥ 3; and e/D

≥ 2. The groups w/D = 4; and e/D = 3 and w/D = 4; and e/D = 4 showed higher

bearing strength and failure modes by crushing or mixed.

Keywords: Composite, Sisal fibers, Bolted joint, Mechanical behaviour and

Failure modes.

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SUMÁRIO

Pág.

BANCA EXAMINADORA ............................................................................................ iv

AGRADECIMENTOS .................................................................................................... v

RESUMO ..................................................................................................................... vi

ABSTRACT ................................................................................................................ vii

SUMÁRIO .................................................................................................................. viii

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................ xii

ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................ xiii

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ............................................................................... xvii

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 4

1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 6

1.2.1 Objetivos específicos ................................................................................ 6

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 7

2.1 COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS ................................................. 9

2.2 COMPÓSITOS LAMINADOS........................................................................... 12

2.3 MATRIZ POLIMÉRICA .................................................................................... 15

2.4 REFORÇO – FIBRAS VEGETAIS ................................................................... 19

2.4.1 Massa específica das fibras por picnometria a gás hélio ..........................24

2.4.2 O sisal ......................................................................................................25

2.4.3 Tecido de fibra de sisal ............................................................................29

2.5 PROCESSO DE LAMINAÇÃO MANUAL – HAND LAY UP ............................. 32

2.5.1 Fração volumétrica de fibra e matriz ........................................................34

2.5.2 Fração volumétrica de vazios (porosidade) ..............................................35

2.6 PROCESSO DE USINAGEM: FURAÇÃO ....................................................... 38

2.6.1 Furação em compósitos ...........................................................................40

2.7 LIGAÇÕES MECÂNICAS EM MATERIAIS COMPÓSITOS ............................. 46

2.7.1 Conectores ..............................................................................................51

2.7.2 Modo de falha das ligações ......................................................................52

2.7.3 Parâmetros geométricos das ligações .....................................................55

2.7.4 Momento de flexão na região parafusada ou rebitada ..............................56

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3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL..................................................................... 58

3.1 MATERIAIS ..................................................................................................... 59

3.1.1 Reforço – Tecido unidirecional de fibra de sisal (TFS) .............................59

3.1.2 Matriz – Resina poliéster ..........................................................................60

3.2 MÉTODOS ...................................................................................................... 61

3.2.1 Produção do compósito ...........................................................................61

3.2.2 Determinação da densidade, índices de vazios e fração volumétrica dos

componentes .......................................................................................................64

3.2.3 Avaliação das propriedades mecânicas do compósito .............................65

3.2.4 Avaliação dos efeitos do furo no compósito .............................................67

3.2.4.1 Fator de delaminação........................................................................69

3.2.4.2 Tensão residual.................................................................................70

3.2.5 Ligações mecânicas..................................................................................71

3.2.5.1 Confecção dos corpos de prova.......................................................72

3.2.6 Ensaio de tração ......................................................................................79

4 RESULTADOS E ANÁLISES................................................................................ 81

4.1 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE, ÍNDICE DE VAZIOS E FRAÇÃO

VOLUMÉTRICA DOS COMPONENTES. ................................................................ 81

4.2 AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS COMPÓSITOS........ 82

4.2.1 Ensaio de tração na direção longitudinal [0º/90º/0°]. ................................82

4.2.2 Ensaio de tração na direção transversal [90º/0º/90°]. ...............................83

4.2.3 Ensaio de tração na direção diagonal [45º/-45º/ 45°]. ..............................84

4.2.4 Modo de Falha .........................................................................................86

4.3 AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO FURO NO COMPÓSITO ............................. 87

4.3.1 Fator de delaminação ..............................................................................87

4.3.2 Ensaio de tração em compósitos com furos .............................................89

4.3.2.1 Tensão residual.................................................................................90

4.3.2.2 Modo de falha....................................................................................90

4.4 LIGAÇÕES MECÂNICAS ................................................................................ 92

4.4.1 Ensaio de tração ......................................................................................92

4.4.2 Modo de falha ........................................................................................ 108

5 CONCLUSÕES ................................................................................................... 113

6 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................... 115

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7 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 116

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ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela 1: Propriedades típicas do poliéster termofíxo. ................................................19

Tabela 2: Tabela de composição química de fibras vegetais .......................................20

Tabela 3: Propriedades de fibras vegetais e fibras sintéticas. .....................................23

Tabela 4: Propriedades mecânicas da fibra e do tecido de sisal. ................................32

Tabela 5: Vantagens e Desvantagens das ligações mecânicas. .................................49

Tabela 6: Propriedades típicas da resina líquida. ........................................................61

Tabela 7: Propriedades mecânicas da resina curada. .................................................61

Tabela 8: Relação w/D e e/D. ......................................................................................73

Tabela 9: Configurações de ligação das amostras de ensaio. .....................................78

Tabela 10: Propriedades mecânicas à tração na direção longitudinal [0°/90°/0°]. .......83

Tabela 11: Propriedades mecânicas à tração na direção transversal [90º/0º/90°]. ......84

Tabela 12: Propriedades mecânicas à tração na direção diagonal [45º/-45º/45°]. .......85

Tabela 13: Fator de delaminação (Fd). ........................................................................87

Tabela 14: Propriedades mecânicas à tração do laminado PRFS – CPCF .................89

Tabela 15: Tensão residual. ........................................................................................90

Tabela 16: Carga máxima de ruptura para o grupo I. ..................................................95

Tabela 17: Carga máxima de ruptura para o grupo II. .................................................97

Tabela 18: Carga máxima de ruptura para ligações do grupo III. .............................. 100

Tabela 19: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação w/D=2.

.......................................................................................................................... 101

Tabela 20: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação w/D=3.

.......................................................................................................................... 102

Tabela 21: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação w/D=4.

.......................................................................................................................... 102

Tabela 22: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação e/D=1. 103

Tabela 23: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação e/D=2. 104

Tabela 24: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação e/D=3. 104

Tabela 25: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação e/D=4. 104

Tabela 26: Modo de falha dos laminados w/D e e/D. ................................................. 109

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Tabela 27: Resumo das relações geométricas que apresentaram melhores

desempenhos na capacidade de carga da ligação. ........................................... 110

Tabela 28: Resumo das relações geométricas quanto a força solicitante mínima para a

ligação. .............................................................................................................. 111

Tabela 29: Esforços resistentes e solicitantes da ligação mecânica. ......................... 112

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ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

Figura 1: Esquema da classificação dos compósitos. ................................................... 9

Figura 2: Compósitos reforçados com fibras: a) alinhadas e contínuas; b) alinhadas e

descontínuas e c) aleatórias e descontínuas. ......................................................10

Figura 3: a) Curva esquemática tensão-deformação para fibra e matriz e b) Curva

esquemática tensão-deformação para um compósito reforçado com fibras. ........12

Figura 4: Esquema de empilhamento sucessivo das camadas de um laminado. ........13

Figura 5: a) Laminado unidirecional (Unidirecional laminate); b) Laminado de camada

angulada (Angle-ply laminate) e c) Laminado de camada cruzada (Cross-ply

laminate)..............................................................................................................14

Figura 6: Representação esquemática de polímeros: a) termoplástico e b) termofixo. 16

Figura 7: Polimerização por condensação e representação da cadeia do poliéster. ....18

Figura 8: Reação de cura do poliéster insaturado. ......................................................18

Figura 9: Estutura física da fibra vegetal. ....................................................................22

Figura 10: Sisal (Agave sisalana). ...............................................................................26

Figura 11: Esquema da cadeia produtiva do sisal. ......................................................27

Figura 12: Classificação das fibras. .............................................................................29

Figura 13: Esquema de tecido tramado. ......................................................................30

Figura 14: Esquema dos tipos de arranjos de tecidos tramados: a) simples; b) cesto; 31

Figura 15: Laminação manual (hand lay up)................................................................33

Figura 16: Esquema Cinemático da furação. ...............................................................40

Figura 17: Representação esquemática dos mecanismos de delaminação: a)

delaminação à entrada “peel-up” e b) delaminação à saída “push-down”. ...........42

Figura 18: a) Esquema dos danos de delaminação e b) Imagem ilustrativa da zona de

delaminação ao redor do furo. .............................................................................44

Figura 19: Perfil de tensões ao redor de um furo ao longo da secção transversal. ......47

Figura 20: Esquema dos tipos de juntas mecânicas: a) junta sobreposta simples; b)

junta sobreposta dupla e c) junta de topo. ...........................................................48

Figura 21: Intertravamento por meio de: a) rebite; b) parafusos e c) pinos. .................52

Figura 22: Representação esquemática dos modos de falha em PRF. .......................53

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Figura 23: Representação esquemática da geometria da junta single lap com um

parafuso. .............................................................................................................55

Figura 24: Diagrama esquemático representação da carga de cisalhamento e flexão no

membro conectado. .............................................................................................56

Figura 25: Etapas gerais dos procedimentos experimentais. .......................................58

Figura 26: Etapas de confecção do tecido unidirecional de sisal. ................................60

Figura 27: Etapas de produção do laminado. ..............................................................63

Figura 28: Picnômetro a gás. ......................................................................................64

Figura 29: Esquema do corte para avaliação das propriedades mecânicas do

laminado. .............................................................................................................66

Figura 30: Amostras para avaliação das propriedades mecânicas. .............................66

Figura 31: Diagrama esquemático dos corpos de prova com furo central. ..................68

Figura 32: a) Centro de Usinagem CNC e b) Execução dos furos. ..............................68

Figura 33: Corpos de prova do laminado com furo central. .........................................69

Figura 34: a) Imagem à entrada da broca e b) Imagem à saída da broca. ..................69

Figura 35: a) Imagem à entrada da broca após tratamento de imagem e b) Imagem à

saída da broca após tratamento de imagem. .......................................................70

Figura 36: Fluxograma do procedimento experimental para análise das ligações

mecânicas. ..........................................................................................................72

Figura 37: Execução do furo em corpo de prova para análise das ligações. ...............73

Figura 38: Elementos de fixação mecânica. ................................................................74

Figura 39: Esquema da ligação mecânica do tipo Single - bolt single - lap (SBS). ......74

Figura 40: a) Perfil frontal das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 2 e

b) Perfil lateral das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 2. .........75

Figura 41: a) Perfil frontal das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 3 e

b) Perfil lateral das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 3. .........76

Figura 42: a) Perfil frontal das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 4 e

b) Perfil lateral das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 4. .........77

Figura 43: Máquina de ensaio universal EMIC. ...........................................................79

Figura 44: Ensaio de tração de corpo de prova com ligação (w/D = 4, e/D = 4). ..........80

Figura 45: Gráfico tensão x deformação na direção longitudinal [0°/90°/0°]. ...............82

Figura 46: Gráfico tensão x deformação na direção transversal [90º/0º/90°]. ..............83

Figura 47: Gráfico tensão x deformação na direção diagonal [45º/ -45º/ 45°]. .............85

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Figura 48: Modo de falha nas direções: a) longitudinal; b) transversal e c) diagonal. ..86

Figura 49: Imagem dos furos: a) sem tratamento – à entrada; b) sem tratamento – à

saída; c) com tratamento – à entrada e d) com tratamento – à saída. .................88

Figura 50: Gráfico tensão x deformação – CPCF. .......................................................89

Figura 51: Fratura final para CPCF. ............................................................................91

Figura 52: Concentração de tensões próximas ao furo. ..............................................91

Figura 53: Curva força x descolamento para o grupo I. ...............................................93

Figura 54: Curva força x descolamento para o grupo II. ..............................................96

Figura 55: Curva força x descolamento para o grupo III. .............................................99

Figura 56: Influência das relações e/D na capacidade de carga das ligações. ........... 106

Figura 57: Influência das relações w/D na capacidade de carga das ligações. .......... 107

Figura 58: a) Falha por Clivagem (e/D = 1); b) Falha por Tração (e/D =4); c) Falha por

Cisalhamento (e/D = 1) e d) Falha por Esmagamento (e/D = 4). ........................ 108

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SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ASTM American Society for Testing Materials

CNC Comando Numérico Computadorizado

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

CPCF Corpo de prova com furo

CPSF Corpo de prova sem furo

DCTM Departamento de Ciência e Tecnologia dos Materiais

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMIC Marca nacional de equipamentos para ensaios destrutivos

FAOUN Food and Agriculture Organization of the United Nations

IFBA Instituto Federal da Bahia

LEDMa Laboratório de Ensaios em Durabilidade dos Materiais

MEKP Metil Etil Cetona

MEF Método dos Elementos Finitos

MAPA Ministério da Agricultura e Abastecimento

NTPR Núcleo de Tecnologia da preservação e da restauração

PRFS Polímeros Reforçados com Fibra de Sisal

PRF Polímeros reforçados com fibras

DMP Sobreposta Dupla Multi Parafusada

DUP Sobreposta Dupla com um parafuso

SBS Single - bolt single – lap

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SMP Sobreposta Simples Multi Parafusada

SUP Sobreposta Simples com um parafuso

TFS Tecido de Fibra de Sisal

UNEP United Nations Environment Programme

UFBA Universidade Federal da Bahia

UNIFACS Universidade Salvador

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1 INTRODUÇÃO

A fabricação de muitas peças estruturais para aplicação em engenharia

tem sido desenvolvida pelo uso de compósitos avançados, devido a

características atraentes no campo industrial, tal como baixo peso, alta

resistência, alta rigidez, boa resistência à fadiga e boa resistência à corrosão

(HOA, 2009). Esses materiais são freqüentemente utilizados na indústria

aeronáutica e espacial devido ao seu alto desempenho mecânico em

resistência e rigidez, aliada a baixa densidade, quando comparados com os

materiais metálicos, e sua boa capacidade de adaptação a projetos de

diferentes geometrias (YAHO et al., 2014). Segundo Hollaway (2003), os

compósitos poliméricos reforçados com fibras têm grande potencial para

substituir o concreto armado em pontes, edifícios e outras infraestruturas civis.

Para Mallick (2008), a principal razão para a seleção desses materiais é a alta

resistência à corrosão que permite uma maior vida útil da estrutura e, por

conseguinte, baixos custos de reparação e manutenção.

As intensas preocupações ambientais para um desenvolvimento

sustentável vêm estimulando a pesquisa e estudo de materiais ecológicos que

causem menor impacto ao ambiente. Assim sendo, a incorporação de fibras

naturais de origem vegetal em materiais poliméricos, em substituição às

tradicionais fibras de vidro contribui para o desenvolvimento de compósitos

sustentáveis e vêm crescendo nos últimos anos (CASTRO, 2013).

A utilização de fibras vegetais como reforço em compósitos teve origem

na antiguidade com os tijolos de barro que eram reforçados com palha para as

construções das civilizações do crescente fértil, especialmente no Egito e na

Mesopotâmia. A descoberta do petróleo e o contínuo desenvolvimento

tecnológico contribuíram para a introdução das fibras sintéticas, de origem

petroquímica, no mercado. Segundo Hill e Hughes (2010), na década de 1940

os compósitos reforçados por fibras naturais foram intensamente substituídos

pela introdução das fibras sintéticas. Contudo, nos dias atuais observa-se uma

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busca incessante de materiais que atendam às tendências mundiais de

sustentabilidade ambiental de forma a suprir as degradações ambientais e

sociais de um contexto marcado pelo uso exaustivo dos recursos naturais não

renováveis.

O conceito de desenvolvimento sustentável foi formalizado pela primeira

vez na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento criada pela

Organização das Nações Unidas (ONU) em um documento intitulado Relatório

Brundtland, Nosso Futuro Comum, publicado em 1987. Neste documento foi

estabelecida uma nova forma de progredir, o desenvolvimento sustentável, que

pode ser entendido como: “O desenvolvimento que procura satisfazer as

necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações

futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar

que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de

desenvolvimento social, econômico e de realização humana e cultural, fazendo,

ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as

espécies e os habitats naturais”.

Para atender às tendências mundiais de sustentabilidade ambiental, nas

últimas décadas observou-se um crescente desenvolvimento de compósitos

reforçados por fibras celulósicas. Fibra de bananeira (BALZER et al., 2007), de

bagaço de cana de açúcar (BARBOSA, 2010), de sisal e curauá (SPINACÉ et

al., 2011), de licuri (LEÃO et al., 2011), entre outras, são amplamente utilizadas

como reforço em compósitos poliméricos por diversos pesquisadores. A

escolha de fibras vegetais como reforço se deve principalmente às vantagens

que apresentam: baixo custo, baixa densidade, renováveis, não apresentam

toxidade, não são abrasivas aos equipamentos e suas propriedades mecânicas

são comparáveis à de outros materiais normalmente utilizados como reforço,

por isso se tornam alternativas para o uso em reforço de matrizes poliméricas

(ROSÁRIO et al., 2011). As fibras de sisal como reforço se destacam por

apresentarem elevada resistência ao impacto, moderada resistência à tração e

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à flexão quando comparados com compósitos que se utilizam de outras fibras

como reforço (PAVITHRAN et al., 1988, 1991).

A incorporação de materiais provenientes de fontes renováveis na

indústria da construção civil tende a contribuir para a diminuição dos impactos

ambientais causados pelo setor. Segundo Mendes (2013), A indústria da

construção civil tem papel importante no desenvolvimento do país, no entanto,

estimativas mostram que esse setor merece atenção, uma vez que suas

atividades causam impactos ambientais consideráveis. Em âmbito

internacional, os dados mostram que entre 40% e 75% dos recursos naturais

são consumidos setor com consequente geração de resíduos. No Brasil,

resultados indicam que 25% do total de resíduos industriais são provenientes

da construção civil. Segundo a United Nations Environment Programme

(Unep), a indústria da construção civil tem grande participação nas emissões

de gás carbônico, sendo responsável por 30% das emissões globais de gases

responsáveis pelo efeito estufa e por 40% do consumo global de energia.

Sendo assim, torna-se imprescindível o estudo e desenvolvimento de

novas tecnologias que possam tornar a construção civil mais sustentável. Este

trabalho visa o desenvolvimento de novos materiais que possam contribuir para

diminuição do impacto ambiental do setor. Desta forma, o estudo do

comportamento e o desempenho das ligações mecânicas em compósitos

poliméricos reforçados com fibra de sisal propõe viabilizar o uso desses

materiais para a utilização em larga escala na indústria da construção civil,

permitindo assim, a possibilidade de modulação de painéis e flexibilidade para

fins de projeto.

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1.1 JUSTIFICATIVA

Este trabalho visa contribuir para viabilizar a utilização de polímeros

reforçados com fibra de sisal (PRFS), na produção em larga escala, para a

montagem e desenvolvimento de peças, equipamentos e estruturas que

exigam a união entre membros. Para o uso desses compósitos na indústria, a

união entre esses elementos torna-se aspecto importante a ser considerado em

virtude da necessidade de modulação. A flexibilidade na união entre uma peça

e outra ou a uma determinada estrutura, permite que o material possa atender

às exigências de projeto. Tendo em vista os parâmetros que regem o

comportamento de uma ligação mecânica e o desempenho da sua função, o

presente trabalho torna-se relavante ao avaliar o impacto desses elementos na

resistência e na vida útil dos laminados reforçados com fibras.

A ampliação do binômio sisal-poliéster na confecção de produtos

diversificados, com possibilidade de expansão nas indústrias automobilística,

aeronáutica e civil pode conferir maior valor agregago ao uso do sisal. A

substituição de fibras sintéticas por fibras vegetais contribui de forma ampla em

diferentes setores da sociedade, tais como, o ambiental, o social e o

econômico.

O sisal mostra-se como excelente recurso renovável e pode contribuir

para minimizar as mudanças climáticas globais, uma vez que em seu ciclo de

vida absorve mais dióxido de carbono do que produz. Em oposição às fibras

sintéticas, o sisal apresenta-se cem por cento biodegradável (FAOUN, 2016). O

desfibramento da folha do sisal possui um aproveitamento de apenas 4% na

forma de fibra, 16% trata-se de resíduos sólidos e 80% de resíduos líquidos.

Pesquisas científicas vêm colaborando para o surgimento de novas alternativas

de aplicabilidade tanto para as fibras quanto para os resíduos (ANDRADE et

al., 2011). As fibras são frequentemente utilizadas como reorços de matrizes

poliméricas no desenvolvimento de compósitos e, conforme a FAOUN (2016)

os resíduos orindos do processamento do sisal, de origem orgânica, podem ser

utilizados para gerar bioenergia, alimentos para animais, fertilizantes e

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materiais para construções ecológicas. Além disso, as raízes extensas

minimizam a erosão do solo e contribuem para a gestão das bacias

hidrográficas. Assim sendo, a incorporação de fibras vegetais como reforço em

matrizes poliméricas contribui para minimizar os impactos ambientais causados

pelas fibras sintéticas, não renováveis, não biodegradáveis e com consumo de

altos índices de energia em seu processamento.

O sisal possui grande importância sócioeconômica na região semiárida

do Nordeste, responsável pela geração de emprego e renda de uma das

regiões com menor poder aquisitivo, possuidora do IDH (0,589) mais baixo do

estado da Bahia. Cerca de 400 mil agricultores, atualmente, cultivam o sisal em

suas propriedades, caracterizando uma agricultura familiar e de baixo nível

tecnológico. Nos centros urbanos, também, é responsável pelos postos de

trabalho nas etapas de beneficiamento e industrialização do sisal (ANDRADE

et al., 2011). A utilização do sisal como alternativa na produção de compósitos

tem por consequência o crescimento econômico e social da região sisaleira,

localizada no semiárido Nordestino. A promoção de emprego e renda para os

habitantes e os incentivos a investimentos econômicos na região, ocorrem,

principalmente com o aumento do valor agregado às fibras de sisal, atualmente

com uso extenso na confecção de produtos de baixo valor agregado, como

fios, cordas, tapetes, capachos, mantas e artesanato.

Apesar de apresentar baixa produtividade, o Brasil é o país que mais

exporta e produz fibra de sisal em escala mundial, apresentando em 2011, uma

produção interna de 111 mil toneladas, sendo a Bahia detentora de 95,8%

deste total. Em média 80% da produção total destinam-se ao comércio

internacional (CONAB, 2012). Na Bahia a produção do sisal concentra-se em

uma região, denominada “região sisaleira” (ANDRADE et al., 2011). As fibras

de sisal possuem menores custos comparados às fibras sintéticas (CONAB,

2012). O baixo custo da fibra de sisal em comparação com as fibras sintéticas

pode tornar os custos dos compósitos reforçados com sisal mais acessíveis e,

portanto, contribuir para o desenvolvimento econômico do país.

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Assim sendo, a investigação do comportamento mecânico das ligações

parafusadas na união entre compósitos PRFS torna-se uma alternativa

relevante para viabilizar o desenvolvimento desse material para a indústria,

tendo em vista, que a concepção de um produto ou estrutura prescinde da

montagem de peças entre si. Sendo comum o uso de elementos fixadores,

parafusos e rebite, para promover essas conexões.

1.2 OBJETIVO GERAL

Avaliar o comportamento e modo de falha de ligações mecânicas do tipo

Single - bolt single - lap (SBS), em polímeros reforçados com tecidos de fibra

de sisal (PRFS), com sequência de empilhamento [0º/ 90º/ 0º], investigando os

efeitos dos parâmetros geométricos de ligação, largura (w) e distância do

centro do furo à borda livre (e), mantendo-se o diâmetro (D) constante.

1.2.1 Objetivos específicos

- Avaliar o comportamento mecânico do laminado [0º/ 90º/ 0º], na direção

longitudinal, transversal e diagonal sob ensaio de tração uniaxial.

- Avaliar o efeito dos furos no laminado.

- Investigar a influência das relações w/D = 2, 3 e 4; e e/D = 1, 2, 3 e 4 no

comportamento mecânico e modos de falha das ligações mecânicas.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Os compósitos se tornaram materiais amplamente almejados na

indústria aeronáutica, aeroespacial, automobilística e construção civil, devido à

possibilidade de combinações específicas de propriedades, como densidade,

resistência mecânica, módulo de elasticidade e rigidez. Essas combinações

atípicas de propriedades permitem que sejam criados materiais com a

finalidade de se atender a uma determinada demanda tecnológica.

Compósitos podem ser definidos como a combinação de materiais que

resultam em propriedades não apresentada por seus componentes isolados.

As principais vantagens do uso de compósito estão relacionadas à sua elevada

resistência e rigidez, combinada à baixa densidade. Esses materiais

apresentam dois constituintes, a matriz e o reforço. A fase reforço ou estrutural

é responsável pela resistência e rigidez do compósito (CAMPBELL, 2010). A

fase matriz é maleável e desempenha a função de proteção e coesão, e

envolve a fase reforço, permitindo a manutenção da orientação das fibras e seu

espaçamento, além de permitir a transferência das forças de cisalhamento

recebidas para as fibras, conferindo ao compósito resistência às dobras e às

torções (CALLISTER, 2012; MANO, 1990; ALLEN; THOMAS, 1999). Para

serem definidos como compósito as duas ou mais fases que o compõe devem

ter constituição química diferente e estar fisicamente separadas por uma

interface distinta (CALLISTER, 2012).

Em compósitos, os diferentes sistemas que os compõem são

combinados criteriosamente para alcançar propriedades funcionais ou

estruturais mais úteis e inatingíveis pelos constituintes isolados. São

amplamente utilizados em estruturas aeronáuticas, veículos espaciais,

componentes eletrônicos para equipamentos médicos e construções de casas

(SHAW et al., 2010). Segundo Thomas (2011), as propriedades das fases do

compósito e suas quantidades relativas são responsáveis pelas propriedades

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finais do material composto, que conferem propriedades mecânicas antes não

observadas em suas partes isoladamente.

As propriedades das fibras podem ter relação direta com o arranjo

atômico e o teor de defeitos do reforço, que podem ser controlados durante o

processo de produção, no caso das fibras sintéticas. As propriedades da matriz

têm dependência com a microestrutura, que por sua vez depende do processo

de fabricação, e de tratamento térmicos e mecânicos. A natureza da interface

reforço/matriz é responsável por controlar certas propriedades do compósito

(HULL; CLYNE, 1996).

Os compósitos podem ser classificados de acordo com a matriz que

sãoproduzidos, matriz metálica, cerâmica ou polimérica (AVILA et al., 2003;

LEÃO, 2013; HULL; CLYNE, 1996). Outra classificação está relacionada com o

tipo de reforço incorporado a essa matriz, compósitos reforçados por partículas,

compósitos reforçados por fibras ou compósitos estruturais (ILIE; HICKEL,

2012, CALLISTER 2012). De acordo com a natureza das fibras, os compósitos

reforçados com fibras podem ser subdivididos em reforçado por fibra

natural/biofibra ou reforçado por fibra sintética. Os compósitos reforçados por

fibra ainda podem ser divididos conforme a natureza da matriz, matriz

biodegradável ou matriz não biodegradável (ILIE; HICKEL, 2009). Os

compósitos de matriz biodegradável reforçados por fibra natural/biofibra são

denominados de compósitos verdes. Outra subdivisão proposta para

compósitos reforçados com fibras são os compósitos híbridos (combinação de

dois ou mais tipos de fibras) e os compósitos têxteis (JOSE et al., 2012).

Callister (2012) porpõe uma classificação quanto ao tipo de reforço,

representada na Figura 1, em que os compósitos são divididos em compósitos

reforçados com partículas, reforçados com fibras e compósitos estruturais,

sendo subdivididos conforme o tamanho e disposição da fase reforço na matriz.

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Fonte: (Callister, 2012).

Figura 1: Esquema da classificação dos compósitos.

2.1 COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS

Os compósitos reforçados com fibras são indicados em projetos cujo

objetivo é uma alta relação entre resistência e/ou rigidez e peso. O

comportamento mecânico de compósitos reforçados com fibras não depende,

tão somente, das propriedades das fibras, mas também, do seu comprimento,

orientação e concentração. Conforme o comprimento, a fibra pode ser longa ou

curta, denominada respectivamente, contínua e descontínua. Para uma fibra

ser denominada contínua ou longa, deve atender a um requisito mínimo de

comprimento crítico (lc). Quanto maior o comprimento da fibra (l), ou seja, (l >>

lc), o reforço proporcionado pela fibra torna-se mais eficiente, características

das fibras contínuas ou longas. As fibras descontínuas ou curtas apresentam (l

< lc). Quando o interesse é o aumento significativo da resistência do compósito

as fibras devem ser contínuas (CARVALHO, 2005; CALLISTER, 2012).

Outro fator que influencia as características mecânicas dos compósitos

reforçados com fibras é a orientação das mesmas. As fibras incorporadas à

matriz podem estar alinhadas, ou com orientação aleatória. As melhores

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propriedades são obervadas para as fibras alinhadas quando as forças são

aplicadas na mesma direção do alinhamento (CALLISTER, 2012). A Figura 2

mostra a denominação, quanto o comprimento e a orientação das fibras.

a) b) c)

Fonte: (Callister, 2012).

Figura 2: Compósitos reforçados com fibras: a) alinhadas e contínuas; b) alinhadas e

descontínuas e c) aleatórias e descontínuas.

A equação 1, baseada na regra das misturas, relaciona as propriedades

do compósito, como módulo de elasticidade (E) e fração volumétrica (V), com

as propriedades mecânicas dos materiais constituintes. Com a regra da

mistura, é possível se obter uma estimativa do módulo de elasticidade e da

resistência do compósito e é válida apenas para pequenas deformações dentro

da região linear elástica (AGARWAL et al, 2006; HULL, CLYNE,1996; HOA,

2009)

Ec = Ef Vf + Em Vm (1)

Onde,

Ec: módulo de elasticidade do compósito

Ef: módulo de elasticidade da fibra

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Em: módulo de elasticidade da matriz

Vf : fração volumétrica das fibras

Vm: fração volumétrica da matriz

As respostas mecânicas de compósitos reforçados com fibras

dependem daquelas relativas ao comportamento tensão-deformação dos

constituintes (fibra e matriz), de suas frações volumétricas e da direção na qual

a carga é aplicada. A Figura 3a apresenta o comportamento tensão-

deformação dos constituintes (fibra e matriz) de um compósito reforçado com

fibras. Pode-se observar o comportamento frágil da fibra e dúctil da matriz

através da curva esquemática tensão-deformação apresentada, assim como,

das tensões nas quais os materiais fraturam e suas respectivas deformações.

Na Figura 3b tem-se a sobreposição da curva esquemática tensão-

deformação do compósito reforçado com fibras, junto às curvas dos

constituintes mostradas na figura 3a. No estágio I se observa um

comportamento lienar-elástico tanto para a matriz e a fibra, quanto para o

compósito. No estágio II a matriz escoa, apresentando deformação plástica,

enquanto que a fibra permanece se deformando elasticamente, apresentando

resistência à tração maior que a matriz. Ao passar do estágio I para o estágio II

aumenta a proporção de carga suportada pelas fibras. O início da falha dos

compósitos ocorre quando as fibras começam a fraturar. Os compósitos

reforçados com fibras não apresentam falhas catastróficas devido à variação

de resistência à tração presente em materiais fibrosos, o que faz com que as

fibras não fraturem ao mesmo tempo. Outra justificativa é o fato de a fibra

apresentar menores deformações que a matriz εf < εm; assim, as fibras

fraturadas que permanecem ainda envolvidas na matriz são capazes de

suportar carga, ainda que reduzida, o que favorece a deformação plástica do

compósito (CALLISTER, 2012).

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a) b)

Fonte: (Callister, 2012)

Figura 3: a) Curva esquemática tensão-deformação para fibra e matriz e b) Curva

esquemática tensão-deformação para um compósito reforçado com fibras.

2.2 COMPÓSITOS LAMINADOS

Como já abordado, os compósitos laminados consistem em um tipo de

compósito estrutural e suas propriedades dependem não somente das

propriedades dos seus constituintes, mas também do projeto geométrico dos

elementos estruturais que o compõe. Os compósitos laminados são

estruturados por lâminas ou painés bidimensionais com direção preferencial de

alta resistência, como encontrado nas madeiras e nos plásticos reforçados com

fibras contínuas e alinhadas. Os laminados podem ser produzidos a partir da

impregnação de materiais na forma de tecido como algodão, papel ou fibra de

vidro trançada (CALLISTER, 2012).

As lâminas são dispostas através de empilhamentos sucessivos e

unidas umas às outras. A variação das direções em relação à direção

preferencial de alta resistência permite que o compósito apresente resistência

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relativamente alta nas diversas direções. No entanto, a resistência em qualquer

direção continua menor do que aquela que existiria se todas as fibras

estivessem orientadas em uma mesma direção (REZENDE et al., 2011;

CALLISTER, 2012). Na Figura 4, Campbell (2010), apresenta um diagrama

esquemático para melhor compreensão do empilhamento sucessivo entre

camadas para formação de um laminado. O primeiro esquema, à esquerda,

mostra a orientação das camadas apenas na direção preferencial de alta

resistência, enquanto que o segundo, à direita, apresenta um empilhamento em

várias direções, em relação à direção principal.

Fonte: (Campbell, 2010)

Figura 4: Esquema de empilhamento sucessivo das camadas de um laminado.

Segundo Mallick (2008), o laminado é construído pelo empilhamento de

lâminas em uma espessura e direção. A orientação da sequência de

empilhamento das camadas varia angularmente em relação à direção

preferencial de alta resistência. O código padrão que revela a orientação das

sequências de empilhamento das camadas dos compósitos laminados é

apresentados a seguir:

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a) Laminado unidirecional (Unidirecional laminate): o ângulo de orientação

das fibras é o mesmo para todas as lâminas. Ex: α /α /α /α; se α = 0º,

então, [0º/ 0º/ 0º /0º].

b) Laminado de camada angulada (Angle-ply laminate): o ângulo de

orientação das fibras em camadas angulares alternadas. Ex: α /-α /α / -α;

quando α ≠ 0º ou 90º.

c) Laminado de camada cruzada (Cross-ply laminate): o ângulo de

orientação das fibras em camadas cruzadas. Ex: [0º /90º /0º / 90º].

d) Laminados simétricos (Symmetric laminate): a camada de orientação é

simétrica ao centro do laminado, isto é, para cada camada sobre o meio

do plano existe uma camada idêntica (em material, espessura e ângulo

de orientação das fibras) para igual distância abaixo e acima do meio do

plano. Ex: [0º /90º /90º / 0º]s.

A Figura 5 apresenta o diagrama esquemático dos tipos de laminados

segundo o ângulo de orientação das fibras em camadas alternadas.

Fonte: (Mallick, 2008)

Figura 5: a) Laminado unidirecional (Unidirecional laminate); b) Laminado de camada

angulada (Angle-ply laminate) e c) Laminado de camada cruzada (Cross-ply laminate).

a) b) c)

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2.3 MATRIZ POLIMÉRICA

Conforme Callister (2012), a fase matriz de um compósito tem por

objetivo manter unidas as fibras umas às outras, permitindo uma transferência

e distribuição da tensão aplicada externamente para a fase fibra, responsável

pela resistência do conjunto. Ademais fornece uma barreira de proteção contra

intempéries e abrasão mecânica. Evita a propagação de trincas por permitir o

isolamento das fibras umas das outras, o que significa que, mesmo que haja

falha individual de uma fibra, essa falha não será propagada, o que evita a

ruptura total e brusca do compósito.

Os polímeros são divididos em duas categorias denominadas

termoplásticos e termofixos, a depender de sua estrutura e comportamento.

Nos polímeros termoplásticos a fusão e solidificação são reversíveis, pois, as

moléculas são quimicamente unidas umas às outras e mantidas por ligações

fracas do tipo van der Waals que podem ser facilmente rompidas por

introdução de energia. Com aplicação de fonte de calor essas ligações são

rompidas (fusão) temporariamente, e porque o processo é reversível, as

ligações podem voltar a se consolidar (solidificação) novamente, se for retirada

a fonte de calor voltando ao estado endurecido. Esses polímeros apresentam

uma estrutura semicristalina ou amorfa. Os polímeros formados por moléculas

quimicamente unidas por ligações covalentes, que após aquecimento formam

uma estrutura de rede rígida, tridimensional, reticulada, com ligações cruzadas

(cross-links) tornando-se insolúveis e infusíveis, são chamados termofixos ou

termorrígidos. Esses retículos são formados durante reação de polimerização

(reação de cura). O processo é irreversível e com o aumento da temperatura

não há mudança de estado, permanecendo endurecido (AGARWAL et al.,

2006; MALLICK, 2008).

Verifica-se a estrutura molecular das ligações dos polímeros

termoplásticos e dos termofixos na Figura 6.

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Fonte: (Mallick, 2008)

Figura 6: Representação esquemática de polímeros: a) termoplástico e b) termofixo.

Os polímeros termofixos, em geral, apresentam elevado desempenho

mecânico, maior resistência ao fogo, contra ataques químicos, à fadiga e

tornam-se permanentemente rígidos quando submetidos a aplicação de calor e

não amolecem com o aquecimento subsequente. Assim, geralmente se utiliza

resinas termofixas como matriz de componentes estruturais. As resinas

poliméricas termorrígidas amplamente utilizadas e de baixo custo são os

poliésteres e os ésteres vinílicos (CALLISTER, 2012).

O epóxi apresenta maior resistência mecânica, boa resistência a

distorções térmicas e menor retração durante a cura que os poliésteres.

Contudo, apresentam custo mais elevado, sendo os poliésteres preferíveis em

virtude do baixo custo (HULL; CLYNE, 1996). As resinas epóxis são utilizadas

para compósitos de alto desempenho, devido a sua alta resistência mecânica,

por isso, são comumente usadas na indústria aeroespacial e naval (MOHANTY

et al., 2005).

Os poliésteres insaturados apresentam vantagens, como diversificado

conjunto de propriedades e, consequentemente, de aplicações, capacidade de

cura à temperatura ambiente, boas propriedades mecânicas e transparência,

quando comparada com outras resinas termofixas, além de serem produzidos

em larga escala (TAJ et al., 2007). Os poliésteres são formados por uma

reação de polimerização por condensação de um diácido e um dialcool, como

ilustra na figura 7. O ácido maléico reage com o etileno glicol para formar o

poliéster. Nesta reação o grupo ácido (O=C–OH) na extremidade do diácido

a) b)

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reage com o grupo álcool (CH2OH) na extremidade do diol para formar uma

ligação que une as duas moléculas com liberação de água como subproduto. O

grupo de ligação formado é chamado de éster (C-O-C = O), a chamada reação

de condensação. O produto resultante possui um grupo ácido em uma

extremidade e um grupo álcool na outra extremidade. Em ambas as

extremidades são possíveis reações de condensação adicionais repetidas

vezes, desta forma, com reagentes suficientes os grupos de ácido e álcool irão

formar unidades regularmente repetidas como pode ser observado na reação

de polimerização na figura 7. Quando unidades de ester se ligam a outras,

devido a reações, moléculas de poliéster são formadas. A reação típica de

polimerização é mostrada na Figura 7 (HOA, 2009).

Diácido: ácido maléico

Grupo Ácido

Grupo Álcool

Diacool: etileno glicol

Primeira reação de condensação:

Ligação éster

Água

Reações de condensação adicionais:

+ H2O

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Fonte: adaptado de (Hoa, 2009).

Figura 7: Polimerização por condensação e representação da cadeia do poliéster.

A presença do catalizador (peróxido orgânico) proporciona a quebra das

duplas ligações presentes no poliéster insaturado para reagirem novamente

entre si, dando origem a um polímero tridimensional de características

termoestáveis, e, portanto, infusíveis e irreversíveis. Esta reação não produz

um subproduto e é uma reação exotérmica. A cura é feita na temperatura

ambiente com ou sem aplicação de pressão (AGARWAL et al., 2006).

Fonte: adaptado de (Hoa, 2009).

Figura 8: Reação de cura do poliéster insaturado.

Segundo Mano; Nunes (1990), o catalisador adicionado consome os

inibidores, que são substâncias que foram adicionadas ao poliéster

comercializado, a fim de reagir com os radicais livres e impedir a geleificação

Unidade repetitiva (mero)

Reagentes:

Poliéster Peróxido Estireno: Cross-linking

Poliéster curado

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81

prematura da resina, ou seja, tornar-se gel, iniciando assim o processamento

da reação de cura. A tabela 1 apresenta as propriedades mecânicas do

poliéster termofixo.

Tabela 1: Propriedades típicas do poliéster termofíxo.

Densidade

relativa

Resistência à

Tração

[MPa]

Módulo de

Elasticidade

[GPa]

Limite de

Escoamento

[MPa]

Alongamento

de Ruptura

[%]

1,29 – 1,40

48,3 – 72,4

2,8 – 4,1

59,3

0,15 – 0,6

Fonte: Adaptada de Callister, 2012.

2.4 REFORÇO – FIBRAS VEGETAIS

De acordo com a natureza da fibra, os compósitos podem ser reforçados

por fibras naturais (vegetal, animal e mineral) ou reforçados por fibras

sintéticas. Devido às elevadas propriedades mecânicas e térmicas, aliadas a

baixas propriedades higroscópicas, comparadas às fibras naturais, as fibras

sintéticas são muito utilizadas em aplicações estruturais. As principais fibras

sintéticas são as de aramida, carbono e vidro, sendo que as de vidro são as

mais utilizadas comercialmente, pois, além das satisfatórias propriedades

mecânicas, possuem menores custos quando comparadas às demais fibras

sintéticas (NETO e PARDINI, 2006; LEITÃO, 2007).

As fibras vegetais vêm se tornando uma alternativa viável para

fabricação de componentes que exigem carregamentos moderados,

principalmente devido a algumas limitações apresentada pelas fibras de vidro,

tais como, não biodegrabilidade, alto custo, alta abrasividade - que provoca o

desgaste dos equipamentos -, e os riscos à saúde dos operadores. O uso de

fibras vegetais como refoço de materiais poliméricos na produção de

compósitos tem crescido devido à necessidade de se produzir materiais que

provoquem menores impactos ao ambiente e promovam, consequentemente, a

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sustentabilidade, além do baixo custo dessas fibras quando comparada às

fibras sintéticas. (PEREIRA et al., 2015; BARCELLOS et al., 2009; SILVA et al.,

2008). Sendo assim, o uso de fibras vegetais vem se tornando uma alternativa

para a substituição ou diminuição do uso de fibra de vidro, em virtude da sua

baixa densidade, aparência estética diferenciada, menor abrasividade, o que

provoca menor índice de depreciação em equipamentos de processamento de

polímero (SANTOS et al., 2011; SILVA et al., 2009).

As fibras vegetais, também chamadas fibras lignocelulósicas, possuem

em sua composição química, basicamente celulose, hemicelulose e lignina.

Fibras de sisal, juta, linho, coco, banana, abacaxi, cânhamo, curauá e bagaço

de cana, consistem nas fibras vegetais que são amplamente estudadas como

reforço em poliéster insaturado (PEREIRA et al., 2015). A Tabela 2 apresenta a

composição química dessas fibras vegetais no Brasil, com destque para a fibra

de sisal.

Tabela 2: Tabela de composição química de fibras vegetais

Fonte: Satyanayana et al., 2007; Rowell et al., 2000; Bledzki e Gassan, 1999.

A constituição das fibras vegetais varia com a localização geográfica de

cultivo, idade, clima, solo, espécie e nas diferentes partes da folha. A celulose é

Tipo de Fibra Celulose Hemicelulose Lignina

Abacaxi 83 - 12

Sisal 74 - 75,2 10 - 13,9 7,6 - 8

Curauá 70,7 - 73,6 21,10 7,5 - 11,1

Banana 60 - 65 6 - 8 5 - 10

Juta 60 22,1 15,9

Linho 64,1 16,7 2,0

Cânhamo 57 - 77 - 9-13

Bagaço de Cana 54,3 - 55,2 16,8 - 29,7 25,3 - 24,6

Coco 43,4 - 53 14,7 38,3 - 40,7

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um polissacarídeo semicristalino responsável pela natureza hidrofílica das

fibras naturais e por sua resistência à tração, principalmente (CARVALHO,

2005; WESTMAN et al., 2010; BLEDZKI e GASSAN, 1999). As fibras

celulósicas são compostas de fibrilas, que apresentam em sua constituição

microfibrilas. Essa natureza fibrosa confere à celulose alta resistência, além de

ser insolúvel na maioria dos solventes (CARVALHO et al., 2009).

As propriedades mecânicas e a composição química das fibras vegetais

apresentam alta variabilidade. Em virtude disso, para fins estruturais, as fibras

podem ser submetidas a tratamentos específicos para sua modificação

superficial, possibilitando uma melhor adesão entre fibra e matriz,

homogeneização de suas propriedades e diminuição de sua capacidade de

absorção de umidade (BLEDZKI e GASSAN, 1999).

A estrutura física das fibras vegetais, Figura 9, é composta por fibrilas,

que consistem em um feixe de células individuais. As fibrilas por sua vez são

constituídas por microfibrilas dispostas em camadas de diferentes espessuras

e ângulos de orientação. Cada fibrila possui diâmetro de aproximadamente 10-

50 µm e é formada por paredes circulares que circundam o lúmen,

denominadas de parede primária, secundária e terciária, analisando da parte

externa para a interna (THOMAS et al., 2011). Para Bledzki e Gassan (1999), a

resistência das fibras tem relação com o aumento do teor de celulose e

diminuição do ângulo espiral em relação ao eixo da fibra.

Monteiro et al. (2011) apresentaram resultados satisfatórios utilizando

fibras vegetais como reforço em polímeros para indústrias automobilísticas. O

autor demonstrou que a resistência à tração se mostrou comparável a de ligas

metálicas quando utilizadas fibras vegetais de menores diâmetros previamente

selecionadas.

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Fonte: adaptado de (Thomas et al., 2011).

Figura 9: Estutura física da fibra vegetal.

Na Tabela 3 estão apresentadas as propriedades de algumas fibras

vegetais e fibras sintéticas. Estas apresentaram resistência mecânica,

consideravelmente, maior que as fibras vegetais, no entanto, as fibras

lignocelulósicas apresentaram densidade mais baixa que as fibras sintéticas, o

que viabiliza compósitos mais leves, quando utilizadas como reforço. Como

pode ser observado, na Tabela 3, as fibras de sisal estão entre as fibras

vegetais que possuem maior resistência mecânica à tração, o que justifica

serem amplamente utilizadas como reforço em compósitos poliméricos.

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Tabela 3: Propriedades de fibras vegetais e fibras sintéticas.

Fonte: Monteiro et al., 2011.

Desta forma, os benefícios ambientais, econômicos e sociais motivam

investigações científicas que identifiquem o potencial do uso de fibras

Tipo de Fibra Densidade Tensão Máxima

(MPa)

Módulo de Elasticidade

(GPa)

Bambu

(Bambusa vulgaris)

1,03 - 0,49 106 -

Banana

(Musa sapientum)

0,67 – 1,50 700 - 800 27 - 32

Buriti

(Mauritia flexuosa)

0,63 – 1,12 129 – 254 -

Coco (Cocos nucifera) 1,15 – 1,52 95 – 220 4 – 6

Algodão

(Gossypium M.)

1,51 - 1,60 287 – 800 6 – 13

Curauá

(Ananas erectifolium)

0,57 – 0,92 117 – 3000 27 – 80

Linho

(Linum esitatissimum)

1,30 – 1,50 344 – 1035 26 – 28

Juta

(Corchorus capsularis)

1,30 – 1,45 393 – 800 13 – 27

Piassava

(Attalea funifera)

1,10 – 1,45 109 – 1750 5 – 6

Abacaxi

(Ananas comoscus)

1,44 – 1,56 362 – 1627 35 – 83

Rami

(Boehmeria nivea)

1,5 400 – 1620 61 – 128

Sisal (Agave sisalana) 1,26 – 1,50 287 – 913 9 – 28

Madeira macia 0,46 – 1,50 112 – 1000 11 – 40

Vidro 2,50 – 2,58 2000 – 3450 70 – 73

Carbono 1,78 – 1,81 2500 – 6350 230 – 400

Aramida 1,44 3000 – 4100 63 – 131

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lignocelulósicas para o desenvolvimento de novos materiais de engenharia.

Fica evidente a importância de estudos que viabilizem o uso destas fibras

reduzindo as desvantagens e potencializando os benefícios apresentados. A

incorporação de fibras naturais, em substituição às fibras sintéticas, pode

contribuir para o desenvolvimento de materiais que sejam biodegradáveis

contribuindo para sustentabilidade do meio ambiente.

2.4.1 Massa específica das fibras por picnometria a gás hélio

A determinação da massa específica de materiais de composição

lignocelulósica, como as fibras vegetais em questão, deve considerar o alto

índice de porosidade e microfissuras presentes nessas amostras. A

picnometria a gás hélio é o método mais indicado, por se tratar de um gás

inerte e com baixo peso molecular, o que permite fácil penetração em poros

com dimensões na escala mícrons (STRAIT et al., 1995).

O valor da densidade é considerado real caso a amostra não apresente

poros oclusos que impeçam a penetração do gás, caso contrário a densidade é

considerada aparente. Assim, a densidade do material lignocelulósico

analisada por picnometria a gás hélio é real caso o gás injetado na amostra

consiga penetrar os poros do material, sendo possível medir o volume da

substância lenhosa, já que é descontado o volume dos poros ou lúmem,

preenchido pelo gás, ao volume total da amostra (OLIVEIRA, 2010).

O ensaio de picnometria a gás hélio é realizado em um equipamento

denominado de picnômetro a gás, em que um recipiente (câmara da amostra) é

preenchido com amostra para análise e colocado em uma câmara de

expansão. A amostra na respectiva câmara é sujeita a um processo de

desgaseificação, antes do ensaio e leitura da densidade, que consiste em

sucessivas repetições de purgas com hélio para remoção de impurezas e

umidade que possam existir na amostra (MOURA; FIGUEIREDO, 2002).

O cálculo do volume de sólido pode ser obtido a partir da seguinte

equação proposta por Smith (1996), admitindo o comportamento do gás ideal:

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esasa VVVPVVP 21 (2)

Onde,

12

1

P

P

VVV e

as (3)

Sendo:

1P : pressão inicialmente aplicada.

2P : pressão final (posteriormente à queda de pressão).

aV:

volume da câmara da amostra.

sV: volume do sólido.

eV : volume da câmara de expansão.

A densidade é obtida automaticamente pelo picnômetro a gás, por

intermédio da relação entre a massa do sólido inserida como dado de entrada e

o volume do sólido derivado da equação 3, por intermédio da variação da

pressão de gás em uma câmara com volume conhecido.

2.4.2 O sisal

O sisal (Agave sisalana) é uma planta originária do México cujas fibras

são extraídas das folhas. As características climáticas do semiárido Nordestino

favoreceram o desenvolvimento desta cultura, que tem fácil adaptação em

climas quentes, regiões secas, com solos pouco férteis, que não favorecem

outros tipos de cultivos (FAO, 2015; ANDRADE et al, 2011). A Figura 10

apresenta uma plantação típica do sisal na Bahia.

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Fonte: (Andrade et al., 2011).

Figura 10: Sisal (Agave sisalana).

A cadeia produtiva do sisal pode ser resumida em quatro fases gerais:

cultivo da planta, desfibramento da folha, beneficiamento da fibra e

industrialização. Após o plantio e o cultivo, ao atingirem o comprimento de 1,20

a 1,40 m, as folhas de sisal são cortadas no próprio local de cultivo. Logo em

seguida, as plantas são dispostas em feixes (enfeixamento) para serem

transportadas, em geral, usando como transporte um animal de carga até o

local de desfibramento, o qual é realizado em uma máquina denominada

“paraibana”, originada na década de 1950. As operações de corte,

enfeixamento, transporte e desfibramento devem ser organizadas de modo a

ocorrerem no mesmo dia, a fim de evitar o murchamento das folhas cortadas e

dificultar a etapa de desfibramento e, por consequência, ocasionar a

depreciação da fibra. Após o desfibramento, as fibras são expostas ao sol pelo

tempo de 8 a 10 horas para secagem. As etapas descritas até o presente

momento ocorrem no espaço rural (DIAS et al., 2015).

Uma das maiores preocupações refere-se à segurança do operário no

manuseio da máquina de desfibramento que é responsável por inúmeros casos

de mutilações. Embora existam projetos de máquinas mais automatizadas,

conhecidas como Faustino 1, 2, 3 e 4, como alternativa ao motor paraibano,

ainda não foram efetivadas (DIAS et al., 2015).

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Após o período de secagem, as fibras são enfardadas e levadas às

cidades e povoados, para as unidades de beneficiamento em que nas

máquinas denominadas “batedeiras” são removidas as impurezas, deixando-as

com aspecto brilhoso, para posteriormente serem levadas para a fase de

beneficiamento, nas indústrias (SILVA et al., 2008; ANDRADE et al., 2011;

DIAS et al., 2015). Após essa etapa, ocorre um enfardamento com

aproximadamente 250 kg de fibra de sisal, com seleção e identificação

mediante as normas do Ministério de Agricultura e Abastecimento (MAPA).

Posteriormente, essas fibras são fornecidas comercialmente para as

indústrias da Bahia e de outros estados, assim como, para o mercado

internacional, em forma de fibra ou transformada em fios, cordas, tapetes,

capachos e mantas. Somente então, pequena fração dessas fibras é atribuída

às cooperativas ou associações de artesanato de sisal (EMBRAPA, 2015). A

Figura 11 apresenta um resumo panorâmico da cadeia produtiva do sisal,

exposta acima, e as etapas de trabalho vinculadas a cada fase.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 11: Esquema da cadeia produtiva do sisal.

Atualmente, o principal produto do agave sisalana são as fibras

estruturais contidas nas folhas, de ampla utilização nas indústrias de cordas,

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tapetes, capachos e carpetes. No entanto, o processo de beneficiamento da

fibra do sisal origina subprodutos que, embora, já se tenha identificado valor

econômico, ainda não são aproveitados em escala industrial e comercial por

falta de investimentos. Como exemplo, tem-se o aproveitamento de mucilagem

como complemento alimentar para rebanhos bovinos e caprinos; a bucha,

como adubo orgânico; o suco, rico em ecogenina, que serve como

medicamento, como bioinseticida, no controle de lagartas e carrapatos e como

sabonetes e pastas cicatrizantes (DIAS et al., 2015).

De acordo com Andrade (2011), a qualidade das fibras de sisal ainda é

um desafio a ser superado no sistema de produção brasileiro. As fibras chegam

na etapa de beneficiamento com umidade superior a 13%, devido a secagem

precária, além de coloração escura, fibras curtas misturadas com fibras longas

e danos provocados por animais. Fatores este que, além de afetar a qualidade

das fibras depreciam o valor pago aos agricultores, uma vez que nestas

condições são classificadas como refugos.

Observa-se que o processo produtivo do sisal no Brasil ainda é

rudimentar com máquinas obsoletas, processos manuais e transporte animal,

com baixo nível tecnológico envolvido, fato que diminui o potencial produtivo do

sisal no país. A introdução de melhorias, como investimentos tecnológicos e

inovações nos processos, é urgente para impulsionar o cultivo, a produção e o

desenvolvimento da espécie na região.

A APAEB classifica as fibras de sisal como tipo 1 (fibras longas, alvas,

limpas e puras), utilizadas para fiação, tecelagem e artesanato; tipo 2 (fibras

longas, limpas e puras), utilizadas para fiação, tecelagem e artesanato; refugo

(fibras de tamanho variado, cores variadas e alto nível de impurezas), utilizado

para mantas, cordas e celulose, e bucha (subproduto da fibra, coloração

variada, poucas impurezas), utilizadas na fabricação de mantas e celulose. A

figura 12 ilustra a classificação da fibra de sisal, segundo a qualidade da fibra,

exposta acima.

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Fonte: (Apaeb, 2016).

Figura 12: Classificação das fibras.

Os altos teores de celulose na composição química do sisal como visto

na Tabela 2, conferem à fibra resistência mecânica satisfatória, conforme

Tabela 3, o que justifica a crescente utilização do sisal como reforço de

materiais compósitos utilizado na engenharia. No entanto, a variabilidade

presente nas fibras vegetais, torna-se um problema na garantia das

características físicas dessas fibras.

2.4.3 Tecido de fibra de sisal

As fibras devem estar alinhadas com os esforços principais que atuarão

na estrutura, pois, para fins estruturais a distribuição das fibras na matriz

exerce significativa influência nas propriedades dos compósitos. Assim sendo,

a ordenação das fibras em forma de tecido introduzirá melhorias nas

propriedades mecânicas dos materiais compósitos. Os tecidos são formados

por fios unidos entre si, por força de contato, através do intertravamento dos

mesmos por intermédio de diferentes métodos de confecção (CARVALHO,

2005).

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As fibras contínuas podem ser produzidas na formação das camadas

individuais do laminado em uma variedade de formas geométricas. Para isso,

podem ser utilizadas tecnologias desenvolvidas originalmente para processos

têxteis, que dividem os tecidos em três classes a seguir, tecido tramado, tecido

trançado e tecido tricotado (HULL; CLYNE, 1996). A diferença entre os tecidos

está na forma como os fios são arranjados.

Segundo Gommers et al. (1998), os mais utilizados como reforço em

plásticos, principalmente no que se refere à produção de compósitos de alto

desempenho, são os tecidos tramados e sua confeccção pode ocorrer através

da tecelagem automática ou manual dos fios. Cerchiaro (2010) define tecidos

tramados como sendo uma formação intercalada de cordões em duas direções.

Os fios na direção longitudinal são denominados urdume, e os fios na direção

transversal são chamados trama como pode ser observado na Figura 13.

.

Fonte: (Pardine et al., 2006).

Figura 13: Esquema de tecido tramado.

Hoa (2009) classifica os tipos mais comuns de tecelagem tramada como

tafetá, cesta, cetim e arnês de cetim. John, Thomas (2008) identifica os

mesmos tecidos, respectivamente, como simples, cesto, cetim e sarja, esta

última classificação será adotada neste trabalho.

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Fonte: (Hoa, 2009).

Figura 14: Esquema dos tipos de arranjos de tecidos tramados: a) simples; b) cesto;

c) cetim e d) sarja.

O espaçamento entre os fios (que determina a densidade); a torção, a

dimensão, o tipo de arranjo e a natureza do tecido são parâmetros que regem

as propriedades mecânicas dos tecidos tramados. Dentre as quatro

subdivisões dos tecidos tramados já citados, os mais frequentes são os tipos

simples, obtidos pelo cruzamento alternado de fios perpendiculares e o tipo

sarja, que consiste no cruzamento alternado de três ou mais fios. Os tecidos

técnicos unidirecionais apresentam arranjos de fios distribuídos em uma única

direção, podendo conter os fios transversais apenas para manter os fios

longitudinais unidos. Esses tecidos são utilizados em aplicações estruturais,

principalmente, quandos as tensões aplicadas são conhecidas e quando é

conveniente alinhar os fios na direção das tensões, garantindo assim melhor

otimização das propriedades das fibras (CARVALHO, 2005; THOMAS, 2011).

O laminado, deste trabalho, foi fabricado com sequência de

empilhamento do tecido unidrecional de sisal, apresentado a cima, reforço da

matriz polimérica. Na Tabela 4 estão apresentados os resultados de resistência

à tração e módulo de elasticidade, obtidos por Cerchiaro (2010) para a fibra de

sisal e o tecido unidirecional de sisal.

a) b) c) d)

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Tabela 4: Propriedades mecânicas da fibra e do tecido de sisal.

Reforço Resistência à Tração

[MPa]

Módulo de Elasticidade

[GPa]

Fibra de sisal 301,1 24,9

Tecido Unidirecional de sisal 145,05 6,24

Poliéster 24,83 0,48

Fonte: Cerchiaro, 2010.

2.5 PROCESSO DE LAMINAÇÃO MANUAL – HAND LAY UP

O processo de laminação manual consiste em dispor sobre um molde o

material de reforço, fibra de vidro, aramida ou carbono seguido da aplicação de

resina sobre as fibras. Nesse método a resina deve ser difundida,

uniformemente, sobre a fibra mediante esforço manual até a polimerização final

da resina. O número de repetições da operação está relacionado com a

quantidade de camadas do laminado que, por sua vez, definirá a espessura do

compósito obtido. No entanto, por se tratar de uma reação exotérmica, com

liberação de calor pela catalização e polimerização da resina, não é possível

laminar mais que duas ou três camadas de uma só vez. A depender do produto

construído e da espessura do laminado, a temperatura pode chegar a 80ºC

(NASSEH, 2008).

A laminação da camada deve seguir a sequência de empilhamento

determinada para o desenvolvimento do produto final requerido (CÂNDIDO et

al., 2000). Para a eliminação de saliências, rugas, retenção de ar ou

desalinhamento das fibras, com consequente produção de um laminado de

qualidade, é imprescindível a utilização de um rolo para a compactação das

camadas (LEE, 1999).

Atualmente o processo de laminação manual, Figura 15, é muito

utilizado na produção de fôrmas requeridas para a fabricação de compósitos,

embora a existência de técnicas mais sofisticadas, com uso de vácuo, pressão

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e temperatura, a maioria das peças vai exigir uma fôrma feita com laminação

manual. O processo de hand lay up tem bom desempenho no desenvolvimento

de peças como pequenos barcos, piscinas, banheiras, caixas d’água e outras

peças de pequeno porte. Outros métodos de laminação mais avançados

diminuem a competitividade deste processo, principalmente no que diz respeito

à eficiência, resistência e velocidade de construção e custo (NASSEH, 2008).

Fonte: (Nasseh, 2008).

Figura 15: Laminação manual (hand lay up).

Uma das questões relevantes a ser considerada no processo de

laminação é a preparação da fôrma, em que será moldado o laminado, que

deve ser de boa qualidade, pois, a presença de reentrâncias ou imperfeições

diminui a possibilidade de se obter peças aceitáveis. A laminação em fôrmas

de baixa qualidade pressupõe um maior tempo despendido no acabamento e

polimento da mesma, ou até no descarte da peça produzida, principalmente

quando o aspecto estético é fator relevante. Um desmolde eficiente entre a

peça de compósito e a fôrma exige a aplicação de desmoldantes ao molde,

anterior ao processo de laminação. Os desmoldantes comumente utilizados

são as ceras em pasta e os desmoldantes líquidos do tipo semipermanente. Os

fabricantes de resina poliéster especificam que a quantidade de catalisador,

Peróxido de Metil Etil Cetona (MEKP), deve situar-se em uma taxa de 1% a 2%

(NASSEH, 2008).

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2.5.1 Fração volumétrica de fibra e matriz

Segundo Agarwal et al., (2006), um dos fatores que mais afetam as

propriedades dos compósitos são as proporções relativas de matriz e fibra que

o compõem. Essas proporções podem ser obtidas por fração volumétrica ou

fração de massa. A fração volumétrica é usada exclusivamente nas análises

teóricas, e a fração de massa é facilmente obtida durante a produção do

compósito. Os índices c, f e m são usados, respectivamente, para representar

compósito, fibra e matriz; v o volume e m a massa, e, representando,

respectivamente a fração de volume e a fração de massa, V e M, definidos

seguir:

mfcvvv (4)

c

f

fv

vV

(5)

c

m

mv

vV

(6)

mfcmm m (7)

c

f

fm

mM

(8)

c

m

mm

mM

(9)

Sabendo-se que massa específica (ρ) tem como expressão:

v

m (10)

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A conversão de fração de massa em fração volumétrica pode ser feita com a

eq. (11) e (12).

ff

cf

MV

(11)

mMV

m

cm

(12)

A relação inversa pode ser obtida similarmente pela eq. (13) e (14).

fc

f

fVM

(13)

mc

mm

VM

(14)

2.5.2 Fração volumétrica de vazios (porosidade)

Os vazios podem estar presentes em todos os tipos de compósitos,

embora sua incidência varie com a forma de fabricação e o tipo de matriz. Os

vazios frequentemente se formam próximos às fibras, como resultado da

infiltração incompleta da resina durante o processamento. Podem se

desenvolver também, em regiões com bolsões ricos em matriz, e em regiões

com fibras livres entre as camadas (HUL; CLYNE, 1996). Desta forma, as

causas de formação dos vazios nos compósitos são variadas podendo estar

relacionadas, também, com a umidade absorvida pelo reforço durante sua

armazenagem, ciclos inaquedados de cura no processo de laminação,

relacionados com pressão e temperatura empregados (WIEDEMANN; ROTHE,

1986; COSTA et al., 2001).

Duas causas para a formação de vazios tem sido foco de diversos

autores. A primeira consiste no aprisionamento de gás através da impregnação

da fibra com resina ou durante a laminação e a segunda é proveniente de

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substâncias voláteis decorrentes da própria resina (OLIVIER et al., 1995). A

extensa preocupação acerca da presença de vazios no laminado se dá

principalmente em virtude de seu impacto nas propriedades mecânicas dos

compósitos, podendo afetar essas propriedades de forma significativa. Altos

teores de vazios estão associados à baixa resistência à fadiga, maior

suscetibilidade à penetração de água e intemperismo, e aumento da variação

ou dispersão nas propriedades de resistência. O conhecimento do teor de

vazios no compósito permite se estabelecer uma estimativa da qualidade do

material (ASTM D2734 - 03; AGARWAL et. al., 2006).

Zhang et al. (2011) ao investigar os efeitos dos vazios nas respostas

de fadiga e flexão estática de laminados carbono/epóxi identificou uma redução

de ambas as propriedades com o aumento da porosidade. Costa e Rezende

(2001), ao analisar os efeitos da porosidade, através do ensaio de resistência

ao cisalhamento interlaminar em compósitos carbono/epóxi de tecido e de tape

(fitas unidirecionais) confirmaram que, quanto maior o teor de vazio existente,

menor sua resistência ao cisalhamento interlaminar. Concluíram também que a

resistência mecânica é reduzida para os laminados de tecido carbono/epóxi

que apresentem teores de vazios acima de 0,9% e para os laminados tape de

carbono/epóxi com teores de vazios acima de 0,75%. Oliveira et al. (2014)

analisaram os efeitos da utilização de aditivos desaerantes nas propriedades

finais dos compósitos com mantas ou tecidos de fibra de vidro/epóxi, para

diminuir a quantidade de bolhas de ar aprisionadas pelo processo de resin

transfer molding (RTM light). Concluíram que a incorporação de agente

desaerante apresentou bons resultados de resistência ao cisalhamento e de

dureza, contribuindo para a melhoria da qualidade dos compósitos.

Segundo Hull; Clyne (1996), existem dois principais métodos para

avaliar o teor de vazios dos materiais, inclusive compósitos. O primeiro consiste

na análise de uma seção polida (método de seccionamento) para a

identificação dos vazios manualmente ou usando técnicas automáticas. Esse

método tem a vantagem de permitir a identificação da localização e a forma

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dos vazios, porém, é impreciso uma vez que pequenos vazios são difíceis de

serem detectados e até mesmo vazios de maior dimensão são distorcidos pelo

fluxo da matriz ou pela presença de fragmentos de fibra durante o polimento.

Sendo difícil, nesse método, estabelecer uma média de teor de vazios na

amostra sem examinar um grande número de secções. A segunda técnica não

apresenta a maioria dos problemas citados à cima, porque envolve uma maior

precisão, pois utiliza a densidade experimental da amostra.

Outro método é o ultrasonic scanning (C-scan) – escaneamento

ultrassônico que pode ser usado para um exame qualitativo, não destrutivo, da

distribuição de vazios, assim como, identificação das falhas por delaminação

nos compósitos. A amostra é escaneada por um pulso ultrasônico e são

medidos os valores de atenuação do som no material. Esse método é útil

normalmente no controle da qualidade de materiais em forma de chapa (HUL;

CLYNE, 1996). O ensaio ultrassônico permite a caracterização do compósito

concernente à qualidade de cura, áreas ricas ou pobres em resina,

desalinhamento de fibras, delaminação, porosidade, trincas interlaminares,

inclusões, danos por ferramentas, danos por impacto e degradação ambiental

(ALMEIDA e NOGUEIRA, 1994; STONE e CLARK, 1975).

A norma ASTM D2734 - 03 apresenta um método, não destrutivo, para

calcular o teor de vazios, através da comparação entre a densidade teórica e a

densidade experimental dos compósitos. As densidades da resina, do reforço e

do compósito são obtidas individualmente de forma experimental, ou fornecidas

pelo fabricante. O teor de resina e de reforço é calculado por uma porcentagem

em massa dos dados disponíveis para a amostra analisada. A densidade

teórica do compósito pode ser calculada pela equação 15. O teor de vazios é

calculado a partir da diferença entre densidade teórica e experimental em

relação à teórica, comforme expressão 16. Um compósito é considerado de

boa qualidade quando apresenta um teor de vazios de até 1%; valores maiores

que 1% representa a baixa qualidade do material.

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)//(100 drDRTd (15)

Sendo:

dT : densidade teórica dos compósitos.

r : massa da resina em (%).

D : densidade da resina.

R : massa do reforço em (%).

d : densidade do reforço.

ddd TMTV )(100 (16)

Sendo:

V : fração volumétrica de vazios em (%).

dT : densidade teórica dos compósitos.

dM : densidade experimental dos compósitos.

2.6 PROCESSO DE USINAGEM: FURAÇÃO

A união entre peças por meio de ligações mecânicas pode exigir a

prévia execução de furos dos membros a serem unidos para a fixação dos

conectores. Em vista disso, as operações de furação são imprescindíveis para

a realização destas intervenções, sendo assim o estudo dos mecanismos e

parâmetros que envolvem essas operações faz-se fundamental, em virtude,

dos danos que a execução de furos causa ao material.

Segundo Chiaverini (1986), o processo de usinagem, muito utilizado em

peças metálicas, proporciona o acabamento da superfície de peças fundidas ou

conformadas mecanicamente, seja para melhorar o aspecto superficial, seja

para alcançar dimensões mais precisas conforme especificação de projeto. A

usinagem também permite a fabricação de peças seriadas a baixo custo, e a

produção de peças de formas diversificadas a partir de um bloco metálico.

Embora a grande diversidade de operações de usinagem destaque-se a

seguinte classificação: torneamento, aplainamento, furação, madrilamento,

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fresamento, serramento, brochamento, roscamento e retificação. São

abundantes os tipos de ferramentas de corte e as máquinas operatrizes,

responsáveis pela fabricação de peças de diversos materiais.

A produção por usinagem é feita por meio da remoção do excesso de

material (cavaco) retirado pela ferramenta. A complexidade desse processo se

refere às dificuldades na determinação das condições ideais de corte, porém,

uma vez determinada essas condições a operação ocorre naturalmente sem a

intervenção do operador. As condições ideais de corte referem-se à escolha

adequada da geometria, do material da ferramenta, do fluido de corte, da

velocidade de corte e da velocidade de avanço para uma profundidade pré-

determinada (MACHADO et al., 2011).

A furação é o método de usinagem para abertura de furos mais

comumente empregada. No entanto, apresenta limitações na execução de

furos com grandes diâmetros e profundidades, sendo necessária, nestes

casos, a utilização de processos especiais de furação (PANGRÁCIO, 2003).

Segundo Chiaverini (1986), a furação consiste na operação de usinagem

que tem por finalidade a abertura, o alargamento e o acabamento de furos em

peças, que vão de diâmetros com dimensões da ordem de milímetros a

centímetros. A ferramenta para o processo de furação chama-se broca e

realiza dois movimentos, um giratório contínuo e um retilíneo de avanço,

segundo o eixo de perfuração. Esses movimentos de rotação e de avanço são

produzidos por máquinas operatrizes denominadas furadeiras.

A furação é uma operação caracterizada por dois fenômenos

denominados de extrusão e de corte, sendo o primeiro exercido pela ponta da

broca, cuja velocidade é nula ou quase nula e o segundo promovido pelas

arestas cortantes, em movimento de rotação, em torno de um eixo, a uma

determinada velocidade (DURÃO et al., 2004).

O movimento de corte promovido pela velocidade de corte (vc) é

responsável pela rotação da ferramenta, o movimento retilíneo de avanço

proporcionado pela velocidade de avanço (vf) é responsável pela penetração

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da ferramenta na peça e o movimento efetivo proporcionado pela velocidade

efetiva (ve) é a resultante entre as velocidades de corte e de avanço

(STEMMER, 1992). Uma representação cinemática do processo de furação

pode ser vista na Figura 16.

Fonte: (Cordeiro, 2010).

Figura 16: Esquema Cinemático da furação.

2.6.1 Furação em compósitos

Na indústria mecânica, a execução de furos consiste em uma operação

muito utilizada em peças, tendo por finalidades condução de fluidos,

alojamento de rolamentos, interiores de roscas, acoplamento de eixos, buchas,

fixação etc. O setor metal - mecânica apresenta diversificadas alternativas para

a execução dos furos a depender da forma e das condições que se deseja

executá-lo nas peças. Os processos tradicionais para a execução de furos são

o fresamento e a furação, que são processos de usinagem realizados por

remoção de material gerando cavaco, sendo necessário, em geral, um

processo posterior de acabamento dimensional e superficial para melhorar a

qualidade final dos furos (PANGRÁCIO, 2003). Na indústria da construção civil

a função dos furos se restringe a uniões entre as partes ou em uma estrutura,

com a finalidade de fixação e restrição de movimento.

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Existe processos não convencionais para execução de furos, tais como

corte a laser, corte por jato d´água, corte por jato d´água abrasivo, corte por

ultrassom, corte por descarga elétrica, corte por feixe de elétrons e corte

eletroquímico, uma grande variedade desses processos não convencionais

está disponível para o corte de compósitos. A baixa usinabilidade dos

compósitos devido a sua maior dureza, abrasividade, e baixa resistência

térmica, assim como, a necessidade de se obter formas complexas, evitar

fissuras superficiais, tensões residuais, alta precisão ou miniaturização de

peças e superfícies torna vantajosa a escolha dos métodos não convencionais

(DURÃO, 2005). Visando uma melhor eficiência das uniões mecânicas Tang et

al. (2014) utilizaram a técnica não convencional de corte por jato d´água para a

abertura de furos em placas de espessura de 5 mm de compósitos reforçado

com carbono para estudo de ligações parafusadas. A seleção do processo está

relacionada com o material a ser usinado, o tipo de furo a ser executado, a

relação comprimento/diâmetro, o acabamento superficial e dimensional; e as

tolerâncias geométricas (PANGRÁCIO, 2003).

A heterogeneidade e a anisotropia dos compósitos tornam o processo

de usinagem nesses materiais, ainda mais complexo. As propriedades do

compósito são diretamente dependentes das propriedades dos materiais

utilizados como reforço e matriz. A fração volumétrica, a orientação, a

sensibilidade ao calor, a abrasividade das fibras (sintéticas) e as sequências de

empilhamento do laminado influenciam nas propriedades do compósito e por

conseqüência na sua usinagem. Portanto, quando um desses elementos é

alterado o resultado final também se altera, assim, o resultado obtido para um

determinado polímero reforçado com fibra (PRF) pode não ser válido para outro

PRF (DURÃO et al., 2006). Devido a essas particularidades dos compósitos

(heterogeneidades e anisotropia) o seu acabamento superficial não pode ser

comparado ao acabamento alcançado pela furação em peças metálicas

(TAGLIAFERRI et al., 1990).

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A natureza não homogênea dos compósitos pode provocar defeitos na

superfície do laminado durante a operação de furação, provocando danos ao

redor do furo, tais como delaminação, fissuras interlaminares, arrancamento de

fibras, descolamento fibra-matriz e danos térmicos, defeitos estes que podem

provocar perdas nas propriedades mecânicas dos compósitos (VALENTE,

2001; BONGIORNO, 1998; ABRATE, 1997). Outro aspecto a ser considerado é

o desgaste excessivo das ferramentas que requer sua substituição frequente

devido à abrasividade dos compósitos, considerando fibras sintéticas como

reforço, e a baixa condutividade térmica que provoca maior aquecimento da

ferramenta, que, por conseguinte afeta o ciclo de produção (DURÃO et al.,

2004; ABRATE, 1994).

Dentre todos os problemas citados referentes à operação de furação em

compósitos o mais grave é a delaminação que consiste no deslocamento de

camadas adjacentes do laminado e tem, como consequência, a perda das

propriedades mecânicas ao redor da zona de ligação, o que origina uma perda

da resistência estática e da resistência à fadiga (PERSSON, 1997).

Os danos por delaminação podem ser divididos em danos que ocorrem

à entrada “peel-up” e à saída “push-down”. Quando a delaminação ocorre na

zona de entrada, início do contato entre a broca e a placa tem-se a

delaminação à entrada ou “peel-up” conforme Figura 17a. Caso o dano ocorra

após a saída da ponta da broca, na extremidade oposta tem-se a delaminação

à saída ou “push-down”, como Figura 17 b (DAVIM, 2007).

Fonte: adaptado de (Kavad, 2014).

Figura 17: Representação esquemática dos mecanismos de delaminação: a)

delaminação à entrada “peel-up” e b) delaminação à saída “push-down”.

a)

Laminado

Interface

b) a)

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A delaminação à entrada, denominada “peel-up” ocorre imediatamente

após o primeiro contato da ponta da broca com o laminado, conseqüência da

ação de abrasão. A força de corte age na direção periférica tendendo a puxar o

laminado para cima ao longo das espiras da broca, ao invés de ser cortado

completamente. Este fato resulta na separação das lâminas superiores das

demais camadas do laminado pela ação descendente da força axial, o avanço.

Em geral a redução da velocidade de avanço é suficiente para diminuir esse

tipo de delaminação (EL-SONBATY, 2004; HOCHENG, DHARAN, 1990).

O segundo tipo de delaminação “push-out” ocorre quando a broca atinge

a saída do material. À medida que avança o processo de furação, a broca

atinge as camadas inferiores do laminado. Neste momento há uma diminuição

da espessura não cortada, e por consequência, diminuição da resistência à

deformação das camadas inferiores do laminado. No momento em que a força

axial de corte atinge estas regiões e excede a força de ligação inter laminar do

laminado, ocorre a ruptura da camada, antes de haver a entrada completa da

broca no laminado, provocando uma zona de delaminação na saída da

ferramenta. Uma adequada seleção do material, da geometria da broca, das

condições de corte (velocidade de avanço e de corte) pode reduzir esse tipo de

delaminação, pela diminuição da força axial. Na prática a delaminação “push-

out” é mais grave que a delaminação “peel-up” (EL-SONBATY, 2004;

HOCHENG, DHARAN, 1990).

Fica evidente, então, que a delaminação e demais danos causados pela

furação nos compósitos devem ser evitados e controlados por prejudicar o

desempenho e vida útil dos laminados usinados. Torna-se, então, importante o

estudo e a investigação desses danos quando se analisa as conexões por meio

de parafusos e rebites, que exigem a furação como elemento essencial à

ligação entre as partes.

Chen (1997) propõe um fator que permite a mensuração da qualidade

dos furos após a operação de furação, possibilitando a avaliação da extensão

dos danos provocados pela delaminação nos compósitos. Esse fator,

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denominado fator de delaminação (Fd) é definido como a relação entre o

diâmetro máximo da zona de delaminação (Dmáx) e o diâmetro nominal do furo

(D) como é mostrado a seguir:

D

DF Máx

d

(17)

A Figura 18 a apresenta um esquema representativo do diâmetro

máximo de delaminação (Dmáx) e do diâmetro nominal (D) dos danos ocorridos

à orla do furo. Estes parâmetros são representados por Kilickap (2010) em uma

imagem ilustrativa presente na Figura 18 b.

(a) (b)

Fonte: (Kilickap, 2010).

Figura 18: a) Esquema dos danos de delaminação e b) Imagem ilustrativa da zona de

delaminação ao redor do furo.

Segundo Durão et al. (2013) a inspeção visual é insuficiente para

identificar a presença da delaminação no compósito, isto por que, o dano

referido não ocorre apenas nas camadas externas do laminado, mas também,

em seu interior. Assim sendo, diversos autores exploram os métodos não

destrutivos, na análise desses danos, tais como varredura digital (scanner

digital) em placas de poliéster reforçada com fibras de sisal, estudadas por

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Sasikumar (2015), microscopia óptica em laminados com matriz epóxi

reforçado com fibra de carbono em Davim e Reis (2003) e matriz epóxi

reforçada com fibra de vidro em Faria (2007), radiografia digital por contraste

em matriz epóxi reforçada por fibra de carbono em Durão et al. (2011) e

varredura ultrassônica (C-Scan) em compósitos de epóxi reforçado com fibra

de carbono por Tsao et al. (2012). Essas técnicas de imagiologia devem ser

complementadas com técnicas de processamento e análise de imagem, em

que será possível a obtenção de dimensões como diâmetros ou áreas para

possibilitar a caracterização do dano envolvido (DURÃO et al., 2013).

O uso de programação com sistema de comando numérico

computadorizado (CNC) para a execução de furos está sendo cada vez mais

difundida devido a sua praticidade e a disponibilidade dos recursos de

programação. Este sistema permite uma versatilidade na realização de formas

e operações complexas (PANGRÁCIO, 2003).

Ampla quantidade de autores ao estudar a operação de furação em

compósitos utilizou-se de máquinas equipadas com sistema CNC. Santhanam;

Chandrasekaran (2014) estudaram o comportamento da furação de compósitos

híbridos com matriz epoxídica reforçada com fibra de banana-vidro utilizando

para a execução dos furos a máquina MTAB-DENFORD CNC. Durão et al.

(2011) estudou a delaminação na furação de laminados carbono-epóxi e na

abertura dos furos utilizou-se do centro de maquinagem CNC DENFORD Triac

Centre. Valente (2012) ao investigar as juntas mecânicas em compósito

epoxídico reforçado com fibra de vidro, utilizou o centro de usinagem CNC

testando dois métodos de furação, convencional e furação orbital. Rahme et al.

(2015) investigaram a delaminação na furação de compósitos espessos

utilizando para os ensaios de furação o centro de usinagem CNC (DMG DMU

50). Vinayagamoorthy et al. (2014) analisaram a otimização da força axial e do

torque durante a furação de compósitos sanduíche reforçados com fibras

naturais (vetiver e junta) e fibra sintética (fiber glass) utilizando na operação de

furação o centro de maquinagem vertical CNC.

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Atualmente é cada vez mais comum o uso de máquinas, de diversos

fabricantes, para quase todo tipo de usinagem que apresente comando

numérico. O Comando Numérico Computadorizado (CNC) permite a produção

de peças com menor tempo, melhor qualidade, maior eficiência aumentando

assim, a produtividade. A programação com auxílio do computador propicia

maior rapidez e maior segurança contra erros. Algumas funções do CNC

permitem o controle da operação através da medição em tempo real das

variáveis do processo. A velocidade de corte, o avanço, a potência consumida,

as dimensões da peça e o nível de vibrações são algumas das medições, a

partir das quais o comando calcula e ajusta os parâmetros de usinagem para

que seja atingido um desempenho ótimo do processo (ENSITEC, 2007).

2.7 LIGAÇÕES MECÂNICAS EM MATERIAIS COMPÓSITOS

As ligações são caracterizadas como estruturais quando a integridade é

fator fundamental para o funcionamento e segurança da estrutura. A união

entre membros de polímeros reforçados com fibras (PRF) pode ocorrer por

juntas mecânicas (“mechanical joint”), juntas coladas (“bonded joints”), juntas

intertravadas (“interlocking joint”) ou uma combinação destas (DUTHINH,

2000).

Segundo Messler Jr. (2004) as uniões mecânicas consistem no método

mais antigo utilizado pelo homem para unir componentes, como a exemplo da

primeira ferramenta primitiva, que consistiu em uma pedra fixada em uma

forquilha através de uma tira de fibra vegetal ou animal. A expansão da

utilização de métodos de fixação mecânica em diversas indústrias provoca uma

crescente demanda e expectativa por melhores desempenhos dessas

conexões.

Em estruturas ou no desenvolvimento de produtos finais, nota-se a

necessidade de unir os componentes ou membros utilizando-se de

mecanismos de ligação. Essas uniões têm a função primordial de transferir as

cargas aplicadas de um elemento para o outro ou criar movimentos relativos

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entre si, a depender da finalidade para a conexão foi criada. Em geral são

locais propensos a falhas por representar uma descontinuidade no material

promovendo concentrações de tensão nestas regiões (AGARWAL et al., 2006;

VALENTE, 2012).

A presença de defeitos tais como poros, trincas, imperfeições, entalhes

ou furos em um material faz com que a tensão aplicada aumente a sua

intensidade provocando concentração de tensões, localizada na extremidade

do defeito. Pelo fato destes defeitos provocarem o aumento de tensões em

suas proximidades são chamados de concentradores de tensão e essa

concentração dependerá da orientação e geometria da trinca. (CALLISTER,

2012; MALLICK, 2008).

Na Figura 19 é possível observar que o aumento de tensão ocorre à

medida que se aproxima da extremidade do furo, apresentando tensão

máxima, quanto mais distantes da descontinuidade a tensão tende a se

aproximar da tensão nominal.

Fonte: (Mallick, 2008).

Figura 19: Perfil de tensões ao redor de um furo ao longo da secção transversal.

Conforme Mallick (2008) a introdução de conectores como parafusos,

rebites ou pinos, para promover a união mecânica, requer a abertura de furos,

contudo estes elementos são considerados como redutores da resistência do

compósito e podem causar falhas estruturais, por força da alta concentração de

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tensão que surgem na região de abertura dos furos. Assim sendo, faz-se

imprescindível o estudo dos efeitos causados na resistência dos compósitos e

danos provocados pela presença dos furos nestas regiões.

As ligações parafusadas são amplamente utilizadas entre componentes

metálicos pelas indústrias automotivas, aeroespaciais, aeronáuticas,

ferroviárias e em aplicações da engenharia civil, principalmente em virtude da

facilidade que oferecem na montagem e inspeção (DE BENEDETTI et al.,

2007; DRAVID et al., 014; LAW et al., 2004; OLMEDO, SANTIUSTE, 2012).

Para Duthinh (2000), durante certo período, houve relutância na

utilização de ligações parafusadas em membros de PRF, por causa das

perfurações para a realização de furos nos laminados, por receio de cortar as

fibras causando delaminações, o que não ocorre com os materiais isotrópicos

que exibem certa plasticidade que aliviam as concentrações de tensão

diminuindo seus efeitos nestas regiões. Em virtude disso, pesquisadores vêm

desenvolvendo projetos de junta mais apropriados para PRF. Sanjay (2002)

classifica as configurações de junta como junta sobreposta simples (single lap

joint), junta sobreposta dupla (double lap joint) e junta de topo (butt joints)

conforme Figura 20.

Fonte: (Sanjay, 2002).

Figura 20: Esquema dos tipos de juntas mecânicas: a) junta sobreposta simples; b)

junta sobreposta dupla e c) junta de topo.

a)

b)

a)

b)

a)

c)

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Assim como qualquer processo utilizado para unir peças, as ligações

mecânicas apresentam vantagens e desvantagens que são apresentadas na

Tabela 5, a seguir.

Tabela 5: Vantagens e Desvantagens das ligações mecânicas.

Vantagens Desvantagens

Permite desmontagem sem causar danos

às partes envolvidas.

Permite desmontagem acidental sem as

devidas precauções.

Apresenta facilidade de manutenção,

serviço, reparações, aprimoramentos,

descarte final e portabilidade.

Concentração de tensão nas regiões em

que são introduzidos os fixadores

(parafusos, rebites e pinos).

Permite movimento intencional (com certo

grau de liberdade) em estruturas

dinâmicas.

Alguns materiais não suportam regiões

com concentração de tensões com perda

de eficácia ou falha das partes.

Não altera a composição e micro-

estrutura do material.

Permitem a introdução de fluidos

(umidade, água e ar) que podem acelerar

a corrosão.

Permite a união entre materiais

fundamentalmente diferentes uns dos

outros.

A tensão pode ser elevada na montagem

de fixadores mecânicos, a fim de evitar o

afrouxamento da ligação em serviço.

Transfere integridade estrutural, com

tolerância a danos.

Os fixadores mecânicos podem adicionar

peso quando comparados com outros

processos de união.

Envolve pouca ou nenhuma preparação

especial das juntas.

Alguns métodos de fixação mecânica

(instalação dos parafusos) podem ser

difíceis de ser automatizados.

Custo relativamente baixo e requerendo

apenas habilidade limitada do operador.

A eficiência das juntas para a maioria dos

métodos é alta.

Fonte: Messler, 2004.

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Dentre essas vantagens apresentadas por Messler (2004), as que mais

favorecem as atividades industriais, e por isso, muito enfatizadas por diversos

autores são a facilidade de montagem e desmontagem, inspeção para fins de

manutenção, por não exigir prévia preparação da superfície de conexão e baixo

custo (OLMEDO, SANTIUSTE, 2012; ROSALES et al., 2011; SRINIVASA et al.,

2009; ASHRAFI et al., 2012; TSOUVALIS, KARATZAS, 2011).

Estudos investigaram o desempenho de PRF quando unidos por

ligações parafusadas. Tang et al. (2014) investigou as propriedades mecânicas

e mecanismos de falha de juntas parafusadas em compósitos reforçados com

fibras trançadas de carbono-carbono (C-Cs) numericamente e

experimentalmente. Tentou encontrar uma correlação entre o ensaio

experimental e o modelo numérico, através do Método dos Elementos Finitos

(MEF). Primeiramente as propriedades mecânicas das juntas e mecanismos de

falha foram obtidas através de experimentos, caracterizaram-se os

mecanismos de falha das juntas sobreposta simples com um parafuso (SUP) e

juntas sobreposta simples multi parafusada (SMP) com dois parafusos, para

fornecer dados suficientes a projetos de juntas em larga escala. Foram fixados

os valores de espessura (t) igual 5 mm, diâmetro do furo (D) igual 10 mm e L =

150 mm. Para as juntas SUP foram variados a largura (w) e a distância da

borda ao centro do furo (e) nas seguintes relações w/D = 3 e e/D = 3. Para as

juntas SMP foram utilizadas as seguintes relações w/D = 3; e/D = 3 e p/D = 2,

sendo p a distância entre parafusos. Os efeitos do parâmetro de geometria, o

modo de falha e as propriedades mecânicas das juntas foram analisados

através de modelo numérico. Concluiu-se que as cargas de falha das juntas

analisadas previstas pelo MEF foram próximas dos valores experimentais,

porém os valores numéricos foram ligeiramente maiores que o experimental,

provavelmente devido a defeitos de fabricação dos compósitos que não foram

considerados na simulação numérica.

Yun et al. (2014) avaliaram a resistência de juntas do tipo sobreposta

dupla com um parafuso (DUP), sobreposta dupla multi parafusada (DMP) (com

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cinco parafusos) em compósitos carbono/epóxi, experimentalmente e utilizando

análise numérica por MEF. Experimentalmente foram produzidos e analisados

dois grupos de DMP com diferente sequência de empilhamento [0º /45º /0º /-

45º /90º /0º /90º]s e [0º /45º /0º /-45º /90º /0º /-45º /0º /45º /0º /90º /0º]s com

espessura de 2 mm e 3 mm.

Wankhade; Jadhao (2014) examinaram a distribuição de tração e de

tensão de esmagamento de juntas sobrepostas simples parafusadas em dois

tipos de materiais: compósitos de fibras de vidro e placas de aço leve, com um

e quatro parafusos usando a análise numérica através do MEF. Os resultados

mostraram que as tensões de tração e de ruptura são menores para os

compósitos laminados, quando comparados com o aço e que a redução de

peso da estrutura favorece também os compósitos reforçados com fibras de

vidro. Concluiu-se que a concentração de tensão dos compósitos laminados foi

menor que as apresentadas pelo aço, o que favorece a resistência da estrutura

dos laminados.

Turvey; Wang (2007) investigaram experimentalmente os efeitos da

temperatura e da umidade na resistência das juntas sobrepostas simples com

apenas um parafuso, de compósitos reforçados com fibras de vidro. Observou-

se a redução da capacidade de carga das juntas devido às condições de

temperatura e umidade. Houve uma perda de resistência de 60% na carga de

tração nas juntas sobrepostas simples com apenas um parafuso, que foram

submetidas à submersão de 65 semanas em água aquecida a 60ºC.

2.7.1 Conectores

Conectores mecânicos consistem em dispositivos complementares que

são utilizados para intertravar macroscopicamente dois ou mais elementos. Os

parafusos interferem em cada elemento da junta para transferência de carga de

uma parte à outra da ligação, por tração e/ou por cisalhamento. Sua finalidade

é manter os elementos estruturais com bom arranjo, proximidade e orientação

para permitir que a montagem possa exercer suas funções sem separação

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indesejada, ou, no extremo, a desmontagem. Os tipos de fixadores utilizados

para compósitos são os mesmos utilizados para materiais monolíticos como é o

caso do aço, porém, com algumas ressalvas (MESSLER, 2004).

Os parafusos autoperfurantes são pouco utilizados em PRF, pois,

tendem a puxar e remover a fibra da matriz, o que pode afetar de forma

significativa a resistência geral do material, uma vez que as fibras são

responsáveis pela resistência do compósito. Os rebites com tamanho maior

que o normal nas extremidades são empregados para distribuir carga e evitar o

fluxo de umidade. Os parafusos de grandes diâmetros são amplamente

utilizados com porcas ou anilhas e, muitas vezes, com buchas e inserções para

evitar o fluxo de umidade através do aperto, tensões e força de esmagamento.

Os pinos são usados geralmente com inserções no furo, buchas e mangas

para evitar o fluxo de umidade induzido por esmagamento (MESSLER, 2004).

Na Figura 21 os tipos de fixadores apresentados são ilustrados.

Fonte: (Messler, 2004; Sanjay, 2002).

Figura 21: Intertravamento por meio de: a) rebite; b) parafusos e c) pinos.

2.7.2 Modo de falha das ligações

Os conectores mecânicos permitem a transferência de carga entre as

partes unidas do compósito, porém, estes elementos criam uma região de

concentração de tensões que conduzem a falhas (LIE et al., 2000). As juntas

mecânicas em PRF apresentam alguns modos de falha semelhantes aos que

ocorrem nos metais, tais como: falha por tração, falha por cisalhamento e falha

por esmagamento. No entanto, dois modos de falhas são específicos em PRF,

a) b) c)

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nomeados por falha por clivagem do laminado e falha por arrancamento do

conector (DUTHINH, 2000; MESSLER, 2004). Ireman et al. (2000) apresentam

outro modo de falha identificado como falha do conector. Na Figura 22 estão

apresentados os esquemas dos modos de falhas típicos referidos acima.

Fonte: Adaptado de (Hart-Smith, 1987)

Figura 22: Representação esquemática dos modos de falha em PRF.

De acordo com Ireman et al. (2000), a falha por tração consiste em uma

falha transversal à direção do carregamento na região da ligação. É causada

principalmente pelas tensões tangenciais e de compressão na borda do furo e

ocorre para uma junta submetida a um carregamento uniaxial, quando se tem

uma relação alta entre a carga que passa e a carga de esmagamento ou,

também, quando é alta a relação diâmetro do furo e largura (D/w).

A falha por cisalhamento é causada pela tensão de cisalhamento e

ocorre ao longo do plano de cisalhamento no contorno do furo, na direção

principal do carregamento e do fixador. Esse tipo de falha ocorre nos laminados

quando se tem baixos valores da distância do centro à borda livre (e) e em

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laminados altamente ortotrópicos, independente da distância da extremidade

(IREMAN et al., 2000).

A falha por esmagamento ocorre no material imediatamente adjacente à

área de contato entre o fixador e o laminado e é causado principalmente pela

tensão de compressão agindo na superfície do furo. Comumente ocorre

quando a relação (d/w) e a relação entre a carga que passa e a carga de

esmagamento são baixas. Essa falha é fortemente afetada pela restrição lateral

(força de fixação), uma vez que a restrição lateral previne a delaminação das

camadas e a flambagem das fibras (IREMAN et al., 2000).

A falha por clivagem acontece somente em camadas com orientação

(0º, +/- θ), sendo θ ≠ 0º, com altas proporções de fibra em 0°. A falha se inicia

em modo de falha por cisalhamento simples, e comumente pode ser seguida

pela falha por tração na área do compósito, sendo neste caso, falha por

clivagem/tração. Caso seja necessário a região dos furos deve ser reforçada

(IREMAN et al., 2000).

A Falha por arrancamento do conector está associada principalmente

com rebites. Os rebites são usados normalmente em cisalhamento simples,

carregamento no plano axial que impõe flexão para fora do plano e separação

propulsora do conector da articulação, sob carregamento extremo os rebites

podem falhar por flexão ou cisalhamento da cabeça (DUTHINH, 2000). Falha

do conector é causada pela tensão de cisalhamento em combinação com as

tensões de flexão no fixador (IREMAN et al., 2000).

Os mecanismos de falhas em Polímeros Reforçados com Fibras (PRF)

são complexos e variados, quando comparados com os metais, e são

dependentes, do tipo de reforço, orientação das fibras, tratamento da

superfície, projeto de junta, qualidade do furo e tipo de matriz (MESSLER Jr.,

2004).

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2.7.3 Parâmetros geométricos das ligações

Conforme Sanjay (2002) existem alguns fatores que afetam a resistência

da junta mecânica, tais como, a produção do compósito, a orientação das

fibras, a seqüência de empilhamento, a natureza das fibras, a qualidade dos

furos, a força aplicada no aperto do conector e, por fim, os parâmetros

geométricos de junta que serão estudados neste item (diâmetro de furo, largura

e distância do centro do furo à borda livre). Os parâmetros geométricos das

juntas sobrepostas simples com um conector estão apresentados na Figura 23.

Fonte: (Tang et al., 2014).

Figura 23: Representação esquemática da geometria da junta single lap com um

parafuso.

Sendo,

e: distância do centro do furo à borda livre (distância longitudinal às bordas)

w: largura

L: comprimento

D: diâmetro do furo

d: diâmetro do parafuso

t: espessura

Orientação da fibra

d

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2.7.4 Momento de flexão na região parafusada ou rebitada

Ireman (2000), afirma que o carregamento imposto no ensaio de tração

em uniões mecânicas sobrepostas simples resulta em um momento de flexão

na região parafusada, fenômeno conhecido como flexão secundária. As flexões

e deflexões do parafuso ou do membro unido, provocadas pelo momento de

flexão secundário, podem contribuir para a distribuição não uniforme de tensão

ao longo da espessura do compósito.

Conforme Shigley (1977), as juntas parafusadas ou rebitadas são

submetidas a carregamento em cisalhamento e estão sujeitas, além dos vários

modos de falhas possíveis já citados anteriormente, à falha por flexão do

parafuso/rebite ou do membro parafusado, devido ao momento de flexão que

surge por causa da força de cisalhamento originada no ensaio de tração, como

pode ser visto na figura 23.

Fonte: (A autora, 2016)

Figura 24: Diagrama esquemático representação da carga de cisalhamento e flexão no

membro conectado.

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Segundo Shigley (1977), o momento de flexão (M) é dado pelo produto

entre a força de cisalhamento (F) aplicada e a espessura (t) de uma das partes

conectadas, como mostrado na expressão 18.

tFM . (18)

O cálculo da tensão de flexão, desprezando a concentração de tensão, é

dado por:

cI

M (19)

Onde:

M: momento de flexão

I/c: módulo de resistência para o membro frágil ou para o parafuso ou rebite

Assim, o cálculo da tensão de flexão é uma hipótese, uma vez que não

se tem conhecimento exato da distribuição da carga para os conectores nem

as deformações relativas entre conectores e membros. Em geral, em projeto

não se utiliza essa equação para o cálculo da tensão de flexão, essas

incertezas são compensadas por aumento no coeficiente de segurança

(SHIGLEY, 1977).

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3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

O procedimento experimental deste trabalho está estruturado em cinco

etapas gerais, sendo a primeira, a confecção do tecido de sisal, que

compreende atividades de separação e pesagem dos feixes, com posterior

tecelagem artesanal. A segunda etapa corresponde à produção do laminado

com sequência de empilhamento [0°/ 90°/ 0°], utilizando o método de

laminação manual (hand lay up), tendo como materiais o tecido de fibra de sisal

como reforço e uma resina termofixa poliéster como matriz. A terceira etapa

consiste na avaliação das propriedades mecânicas do laminado [0°/ 90°/ 0°],

em três direções: longitudinal, transversal e diagonal. A quarta etapa

compreende a avaliação dos efeitos do furo no compósito, englobando a

diminuição da resistência mecânica do material, como consequência da

formação de danos ao redor dos furos decorrentes da furação e da

concentração de tensão originada. Na quinta etapa foi realizada a avaliação

dos efeitos das relações geométricas w/D e e/D no modo de falha e resistência

das ligações mecânicas por meio do ensaio de tração. As etapas descritas

podem ser visualizadas na Figura 25.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 25: Etapas gerais dos procedimentos experimentais.

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3.1 MATERIAIS

Os materiais utilizados no compósito laminado foram o tecido

unidirecional de fibra de sisal como reforço e a resina termofixa poliéster como

matriz polimérica. Nesse item estão descritas as características específicas

desses materiais.

3.1.1 Reforço – Tecido unidirecional de fibra de sisal (TFS)

As fibras de sisal do tipo III (refugo) foram fornecidas pela Associação de

Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEB),

localizada no município de Valente-BA e utilizadas in natura, sem tratamento

prévio, para confeccionar o tecido estrutural, reforço da matriz polimérica.

Para a confecção do tecido de sisal foi adotado o método desenvolvido

por Cerchiaro (2010) que utiliza na trama, feixes de fibras de sisal, e no

urdume, linhas de algodão para orientação e ordenamento dos feixes. Este

método usa da tecelagem manual para sua confecção e origina um tecido

estrutural unidirecional com boa molhabilidade, que viabiliza a aplicação da

técnica de laminação manual na produção do laminado.

Neste trabalho, denominou-se feixe a junção de 15 fibras de sisal unidas

entre si por meio de um nó na extremidade. Os feixes foram pesados e

apresentaram uma média 0,5019 g com desvio padrão σ = 0,0720 g. O tecido

tramado do tipo simples, com fibras de sisal em apenas uma direção, foi

confeccionado em um tear manual de pedal e apresentou uma gramatura de

346,75 g/m². A Figura 26 mostra as etapas de confecção do tecido

unidirecional de sisal que será o reforço do laminado utilizado para a análise

das ligações mecânicas.

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Fonte: (A autora, 2016).

Figura 26: Etapas de confecção do tecido unidirecional de sisal.

3.1.2 Matriz – Resina poliéster

A matriz polimérica utilizada foi a resina poliéster, insaturada, ortoftálica,

acelerada, de baixa viscosidade e tixotrópica, denominada AROPOL L 50500

T. De acordo com o fabricante esta resina é indicada para a produção de peças

de compósitos em molde aberto nos processos de hand lay up e spray up.

Segundo a ficha técnica disponibilizada pelo fornecedor, a resina apresenta

densidade de 1,10 g/cm3 e a cura ocorre em 24 horas a 25°C, com pós-cura de

2 horas a 80ºC. Na Tabela 6 estão expostas as propriedades típicas da resina

líquida e a Tabela 7 apresenta os valores referentes às propriedades

mecânicas da resina curada, sem reforço, apresentada na ficha técnica da

resina.

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Tabela 6: Propriedades típicas da resina líquida.

Propriedades Valores Obtidos Unidades

Viscosidade, 25 °C 250 – 350 cP

Tixotropia 1,30 minutos

Teor de sólidos 55 - 57 %

Gel Time (1g MEKP/ 100g resina),

25ºC

10 - 15 minutos

Intervalo de pico Exotérmico 8 – 12 minutos

Pico Exotérmico 180 - 190 ºC

Tabela 7: Propriedades mecânicas da resina curada.

Propriedades Valores Obtidos Unidades

Resistência à tração 48 MPa

Módulo de elasticidade à tração 3,40 GPa

HDT 3400 ºC

Dureza Barcol 35 -

3.2 MÉTODOS

Os métodos e os equipamentos necessários para alcançar os objetivos

gerais e específicos estão apresentados nesta seção. A produção do

compósito, determinação da densidade, índices de vazios, fração volumétrica

dos componentes, ensaios de tração, avaliação das propriedades mecânicas

do laminado, avaliação dos efeitos dos furos e das ligações mecânicas foram

abordados neste item.

3.2.1 Produção do compósito

Os compósitos foram produzidos, em molde aberto, pelo método de

laminação manual (hand lay up). Nesse método a aplicação da resina e as

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camadas de reforço são dispostas manualmente e, alternadas uma após a

outra.

O laminado referido foi produzido com três camadas de tecido

unidirecional de sisal, seguindo a orientação [0º/ 90º/ 0º]. Utilizou-se como

molde a superfície de uma placa de vidro com dimensão de 50 cm x 50 cm e

espessura de 10 mm, fornecida pela Blindex. Os moldes foram limitados com

fitas demarcadoras, nas dimensões que se pretendeu obter o laminado, para

facilitar a posterior laminação. Após limpeza da superfície do molde foram

aplicadas duas camadas de álcool polivinílico para facilitar a desmoldagem

após a cura do laminado.

Após a secagem completa da última camada de desmoldante iniciou-se

a laminação, com aplicação sucessiva de resina e tecido de sisal. A resina

poliéster foi preparada utilizando-se o catalisador metil etil cetona (MEKP) na

proporção de 1% em relação ao peso da resina. A mistura foi executada

uniformemente de forma a evitar a formação de bolhas, uma vez que o

processo de mistura da resina pode ser fonte de incorporação de bolhas de ar

no compósito final, podendo influenciar em suas propriedades mecânicas.

O processo de laminação foi realizado com uma trincha de 2” e teve

início com a aplicação de uma primeira camada de resina sob a superfície do

molde com a finalidade de proporcionar um acabamento uniforme do laminado,

originando uma placa conformada com o mínimo de irregularidades. O tempo

da laminação foi limitado pelo gel time da resina, 10 a 15 minutos à

temperatura de 25ºC. Esse período varia conforme variação da temperatura

ambiente.

Após a cura total dessa primeira camada regularizadora foi iniciada a

aplicação de outra camada de resina seguida da camada do reforço (tecido de

sisal) que foi impregnada com resina, o processo foi repetido para as três

lâminas de tecido referidas neste trabalho, para obter o laminado. O compósito

foi laminado com a sequência de empilhamento [0º/ 90º/ 0º].

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Após a última camada de resina a laminação é finalizada deslizando um

rolete de 10 mm de diâmetro, a fim de eliminar possíveis bolhas de ar. Todo o

processo de laminação é realizado empregando batidas enérgicas com a

trincha formando um ângulo de 90º com o laminado, para garantir a

impregnação total da matriz nas fibras do tecido de sisal. Este procedimento

permite que a matriz molhe completamente as fibras internas do tecido,

diminuindo a presença de bolhas de ar aprisionadas dentro do laminado. Os

moldes foram expostos à temperatura ambiente por 24 horas para garantir a

cura total do compósito.

Após a cura, foram originadas placas de laminado com dimensões de 50

cm x 35 cm e espessura (t) de 4,6 mm, foi realizado um processo denominado

rebarbação com o objetivo de aparar arestas e rebarbas utilizando serra de

mesa com disco de corte diamantado. A partir das placas de laminado foram

extraídos os corpos de prova para a avaliação das propriedades do laminado, a

avaliação do efeito dos furos e estudo das ligações mecânicas. A Figura 27

mostra as etapas referentes a produção do compósito.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 27: Etapas de produção do laminado.

A orientação [0º/ 90º/ 0º] das camadas do laminado teve como base as

recomendações da norma ASTM D 5766 - 11, que estabelece uma sequência

de empilhamento preferencial para garantir um campo de tensões uniformes na

região ao redor do furo. Segundo essa norma, o laminado deve ter as fibras

P

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orientadas em pelo menos dois sentidos, obedecer à simetria e ao equilíbrio do

empilhamento das camadas do laminado.

3.2.2 Determinação da densidade, índices de vazios e fração volumétrica dos

componentes

A densidade da fibra de sisal foi determinada por picnometria a gás hélio

utilizando o picnômetro a gás de marca Micromeritics, modelo Accu Pyc II

1340, conforme Figura 28. O ensaio foi realizado no Laboratório de Ensaios em

Durabilidade dos Materiais (LEDMa) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Antes do ensaio a amostra permaneceu em estufa pelo período de 24 horas, a

80 ºC.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 28: Picnômetro a gás.

As fibras de sisal foram picotadas para preenchimento de 2/3 do volume

da câmara utilizada como porta amostra, conforme procedimento do ensaio. A

amostra foi pesada em balança de precisão; os dados da massa foram

inseridos no picnômetro e a amostra foi inserida na câmara de expansão do

mesmo equipamento. Esse equipamento realiza 5 purgas de hélio para

remoção de impurezas da amostra, com 5 repetições da leitura da densidade.

Devido à variabilidade das fibras vegetais foi realizado o ensaio em 2 amostras,

com 5 repetições cada. A amostra 1 apresentou uma densidade média de

1,3691 g/cm³ com desvio de 0,0059 g/cm³ e amostra 2 uma densidade média

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de 1,3829 g/cm³ com desvio de 0,0149 g/cm³. A média das duas amostras de

sisal apresentou uma densidade de 1,3760 g/cm³, que posteriormente será

utilizada para determinação da fração volumétrica de fibra no compósito.

A densidade do compósito foi determinada por balança hidrostática. As

amostras foram cortadas nas dimensões 10 cm x 5 cm e pesadas antes de

serem colocadas na estufa a 80ºC, por 24 horas. Durante a secagem em estufa

foram monitoras as massas das amostras até se obter a estabilização da

mesma. Após a estabilização das massas foi obtida a massa seca. Na balança

hidrostática determinou-se a massa imersa. A densidade encontrada para o

compósito foi de 1,1447 g/cm³ com desvio de 0,0045 g/cm³. A partir da

densidade dos componentes foi determinada a fração volumétrica da resina e

da fibra e o índice de vazios. A fração volumétrica foi obtida mediante a

equação 10 e o valor estimado do índice de vazios seguiu a norma ASTM

D2734 - 03.

3.2.3 Avaliação das propriedades mecânicas do compósito

O laminado confeccionado com sequência de empilhamento [0º/ 90°/ 0°],

devido a sua anisotropia, foi estudado em três direções: longitudinal,

transversal e diagonal. A avaliação das propriedades mecânicas nessas

direções foi realizada por meio de solicitações estáticas (ensaio de tração). Os

corpos de prova foram extraídos das placas de compósito através de uma serra

de mesa com disco de corte, com dimensões (250 mm x 25 mm), conforme a

ASTM D 3039 - 14. Os cortes foram realizados, em relação à carga axial de

tração. Foram obtidos corpos de prova nas direções longitudinal [0º/ 90°/ 0°],

transversal [90º/ 0°/ 90°] e diagonal [45º/ -45°/ 45°], conforme Figura 29 e 30. A

direção longitudinal [0º/ 90°/ 0°] representa, também, corpos de prova sem furo

(CPSF) que serão base para o cálculo da tensão residual.

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Fonte: (A autora, 2016).

Figura 29: Esquema do corte para avaliação das propriedades mecânicas do

laminado.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 30: Amostras para avaliação das propriedades mecânicas.

[0º/ 90°/ 0°] [90º/ 0°/ 90°] [45º/ -45°/ 45°]

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A norma ASTM D 3518 – 01 estabelece que a sequência de

empilhamento do laminado na direção [45º/ -45º/ 45º] representa, também, a

resposta do material ao cisalhamento. Foram ensaiados seis corpos de prova

válidos para cada direção analisada. Nas extremidades foram fixados

laminados de fibra de vidro para diminuir a concentração de tensões decorrente

do aperto das garras durante a realização dos ensaios de tração.

3.2.4 Avaliação dos efeitos do furo no compósito

A avaliação dos efeitos causados pela presença de furos no compósito

compreendeu a investigação dos danos de delaminação causados pelo

processo de furação, mediante determinação do fator de delaminação (Fd). A

análise da perda de resistência do compósito oriunda da presença do furo

como concentrador de tensões, foi investigada por meio da relação entre

resistência dos corpos de prova com furo e sem furo, denominada tensão

residual (σr) e a análise do modo de fratura das amostras com furo.

A confeccção do corpo de prova para avaliação do furo seguiu

orientações presentes na norma ASTM D 5766 - 11, que estabele a presença

de um furo localizado em L/2 e w/2, ou seja, no centro do corpo de prova com

dimensões (250 mm x 36 mm). Segundo a norma ASTM D 5766 - 11, para

materiais ortotrópicos a relação entre diâmetro do furo e espessura do

laminado (D/t) pode afetar os resultados, por isso, recomenda-se que esta

relação esteja em torno de 1,5 a 3, exceção feita quando o fator a ser

investigado seja a influência dessa relação. Os laminados de espessura (t)

igual a 4,6 mm e diâmetro do furo (D) igual a 8 mm, apresentaram uma relação

D/t = 1,74; portanto, dentro dos valores exigidos por norma, para materiais

ortotópicos. A Figura 31 mostra um diagrama esquemático dos corpos de prova

com furo central com dimensões estabelecidas pela norma.

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81

a)

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 31: Diagrama esquemático dos corpos de prova com furo central.

Como a presença de danos podem ocasionar perdas de resistência do

compósito, a norma ASTM D5766 - 11 recomenda que a execução dos furos

seja realizada de maneira a evitar a presença da delaminação ao redor dos

mesmos, que pode ser minimizado com um controle dos parâmetros de

furação. A execução dos furos foi realizada na Universidade Salvador

(UNIFACS) no centro de usinagem CNC, modelo CONCEPT MILL55, que

apresenta valores máximos para velocidade de corte de 2 m/min, velocidade de

rotação de 100 - 3500 rpm e velocidade máxima de avanço de 2000 mm/min, e

é possível o controle dos parâmetros de furação (Figura 32).

a) b)

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 32: a) Centro de Usinagem CNC e b) Execução dos furos.

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81

Os furos foram executados com velocidade de rotação de 2100 rpm,

velocidade de avanço de 40 mm/min e broca helicoidal de aço rápido de 8 mm,

sem suporte inferior na saída da broca. Neste processo, foi possível garantir o

controle dos parâmetros de corte. Foram preparados seis corpos de prova com

furo central, conforme ilustrado na Figura 33.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 33: Corpos de prova do laminado com furo central.

3.2.4.1 Fator de delaminação

Para avaliar a qualidade da execução dos furos e identificar a presença

de delaminação foi utilizado método não destrutivo para análise dos danos ao

redor do furo. Foram obtidas imagens, dos seis furos executados, através de

um microscópio digital de mão Celestron 44311 das regiões da entrada e da

saída da broca e assim foi possível avaliar a presença de delaminação à

entrada (“peel-up”) e à saída (“push-down”) da broca. Na Figura 34 estão

ilustradas as imagens obtidas para os corpos de prova com furo (CPCF 5).

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 34: a) Imagem à entrada da broca e b) Imagem à saída da broca.

a) b)

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70

81

Em seguida foi utilizado tratamento de imagem para melhor identificação

das áreas delaminadas em torno do furo e, por meio de um programa de

licença de gratuita J image 1.46, foi possível obter as medidas das áreas

correspondentes (Figura 35).

a) b)

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 35: a) Imagem à entrada da broca após tratamento de imagem e b) Imagem à

saída da broca após tratamento de imagem.

3.2.4.2. Tensão residual

Através do ensaio de tração, dos corpos de prova com e sem furos foi

possível investigar o efeito dos furos na resistência mecânica do laminado. O

estudo da tensão residual (σr) foi realizado mediante a expressão apresentada

por Ye et al. (1998):

o

cr

Onde:

σc : Resistência à tração dos corpos de prova com furo

σo : Resistência à tração dos corpos de prova sem furo

(20)

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71

81

A presente relação permite aferir quantitativamente a perda de

resistência do material apresentado mediante a presença de furo, que por ser

uma região de descontinuidade está propensa a maiores tensões, e por isso,

maior tendência a falhas. Para estudar as características finais das fraturas, a

análise macroscópica, teve por base os modos de ruptura definidos pela norma

ASTM D5766 - 11.

3.2.5 Ligações mecânicas

A análise das ligações mecânicas foi realizada, experimentalmente, em

compósitos reforçados com fibras de sisal, de sequência de empilhamento [0°/

90°/ 0°]. Foram avaliadas as propriedades mecânicas à tração e modos de

falha em juntas do tipo Single - bolt single - lap (SBS), com apenas um fixador.

Os parâmetros geométricos de junta investigados foram a largura (w) e a

distância do centro do furo à borda livre (e) na configuração de junta SBS

proposta.

Para este propósito a relação e/D foi analisada entre 1 e 4 e a relação

w/D foi avaliada entre 2 e 4, parâmetros semelhantes aos empregados por

(OKUTAN, 2002; SEN et al., 2008; TANG et al., 2014). O diâmetro do furo (D)

foi mantido constante e igual a 8 mm. O comprimento dos membros a serem

unidos L1 e L2 (ver figura 39) foi fixado em 150 mm, portanto L1 = L2, conforme

Tang et al. (2014). A espessura (t), igual a 4,6 mm, é proporcional a

quantidade de camadas de tecido de sisal e resina utilizados na confeccção do

laminado. Para cada grupo experimental analisado foram ensaidos 6 corpos de

prova representativos, totalizando 72 corpos de prova para as análises das

ligações mecânicas. O fluxograma do procedimento experimental para avaliar

as ligações mecânicas pode ser observado na Figura 36.

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72

81

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 36: Fluxograma do procedimento experimental para análise das ligações

mecânicas.

3.2.5.1 Confecção dos corpos de prova

A confecção dos corpos de prova para análise das ligações seguiu

procedimentos descritos na norma ASTM D5961 – 13. Os membros a serem

unidos foram cortados com serra de mesa com disco de corte circular, em

comprimento (L1 = L2) de 150 mm e largura de forma a atender a variação da

relação w/D a ser estudada. Os furos também foram executados seguindo as

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81

relações de estudo e/D. As relações e os valores dos parâmetros geométricos

(w) e (e) em mm, considerando D = 8 mm, estão relacionados na Tabela 8.

Tabela 8: Relação w/D e e/D.

w/D w (mm) e/D e (mm)

2 16 1, 2, 3 e 4 8, 16, 24 e 32

3 24 1, 2, 3 e 4 8, 16, 24 e 32

4 32 1, 2, 3 e 4 8, 16, 24 e 32

Fonte: (A autora, 2016).

Os furos para análise das ligações foram feitos no centro de Usinagem

CNC modelo CONCEPT MILL55 com velocidade de rotação de 2100 rpm,

velocidade de avanço de 40 mm/min e broca de 8 mm (Figura 37).

.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 37: Execução do furo em corpo de prova para análise das ligações.

A união mecânica dos membros foi realizada por parafuso sextavado

5/16 x 1”, de rosca parcial e arruelas de pressão (Figura 38). As arruelas foram

utilizadas para dimimuir a pressão causada pelo parafuso, manter a

uniformidade na superfíce rugosa do compósito e garantir que a porca e o

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81

parafuso não se soltem e assim, assegurar a eficácia da fixação. O aperto foi

realizado com chave de mão até travar levemente.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 38: Elementos de fixação mecânica.

O esquema da união mecânica desenvolvida para o laminado PRFS [0º/

90º/ 0º] do tipo Single - bolt single - lap (SBS) está apresentada na Figura 39.

Sendo L o comprimento útil (gage) de ensaio.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 39: Esquema da ligação mecânica do tipo Single - bolt single - lap (SBS).

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81

Os corpos de prova confeccionados para as investigações experimentais

dos efeitos dos parâmetros geométricos (w) e (e) das ligações mecânicas estão

apresentados nas figuras seguintes. As Figuras 40, 41 e 42 mostram o perfil

frontal e lateral dos corpos de prova para os grupos w/D = 2, w/D = 3 e w/D = 4

e suas respectivas variações para e/D = 1, 2, 3 e 4.

a)

b)

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 40: a) Perfil frontal das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 2 e

b) Perfil lateral das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 2.

w/D= 2; e/D = 1

w/D= 2; e/D = 2

w/D= 2; e/D = 3

w/D= 2; e/D = 1

w/D= 2; e/D = 2

w/D= 2; e/D = 3

w/D= 2; e/D = 4

w/D= 2; e/D = 4

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81

a)

b)

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 41: a) Perfil frontal das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 3 e

b) Perfil lateral das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 3.

w/D= 3; e/D = 1

w/D= 3; e/D = 2

w/D= 3; e/D = 3

w/D= 3; e/D = 4

w/D= 3; e/D = 1

w/D= 3; e/D = 2

w/D= 3; e/D = 3

w/D= 3; e/D = 4

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81

a)

b)

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 42: a) Perfil frontal das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 4 e

b) Perfil lateral das ligações com variações e/D = 1, 2, 3 e 4 para w/D = 4.

w/D= 4; e/D = 1

w/D= 4; e/D = 2

w/D= 4; e/D = 3

w/D= 4; e/D = 4

w/D= 4; e/D = 1

w/D= 4; e/D = 2

w/D= 4; e/D = 3

w/D= 4; e/D = 4

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78

81

Na Tabela 9 são apresentados os parâmetros geométricos da ligação

mecânica do conjunto experimental investigado.

Tabela 9: Configurações de ligação das amostras de ensaio.

w/D e/D D

(mm)

w

(mm)

e

(mm)

L1 = L2

(mm)

L

(mm)

tmédia

(mm)

2 1 8 16 8 150 234 4,6

2 2 8 16 16 150 219 4,6

2 3 8 16 24 150 200 4,6

2 4 8 16 32 150 188 4,6

3 1 8 24 8 150 234 4,6

3 2 8 24 16 150 219 4,6

3 3 8 24 24 150 202 4,6

3 4 8 24 32 150 185 4,6

4 1 8 32 8 150 235 4,6

4 2 8 32 16 150 219 4,6

4 3 8 32 24 150 203 4,6

4 4 8 32 32 150 186 4,6

Fonte: (A autora, 2016).

Após a realização dos ensaios de tração para os grupos estudados na

análise das ligações foi realizada a avaliação dos modos de falha com base na

classificação de Duthinh (2000); Messler (2004) e Ireman et al. (2000) que

classificam as fraturas em falha por tração (T), falha por cisalhamento (S), falha

por esmagamento (B) e falha por clivagem (C). A presente avaliação permite

relacionar o modo de falha com os parâmetros geométricos de ligação

estudados.

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81

3.2.6 Ensaio de tração

Os ensaios de tração foram realizados no Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) – campus Salvador. Utilizou-se uma

máquina de ensaio universal EMIC DL - 3000, como ilustra a Figura 43, nas

seguintes condições de ensaio: células de carga com capacidade de 200 KN e

velocidade de ensaio de 2 mm/min. O ensaio seguiu procedimentos da norma

ASTM D 3039 – 14. Foram submetidos ao ensaio de tração os corpos de prova

para a avaliação das propriedades mecânicas nas direções longitudinal [0º/

90°/ 0°], transversal [90º/ 0°/ 90°] e diagonal [45º/ -45°/ 45°], para a avaliação

dos efeitos do furo e para a avaliação das ligações mecânicas. Foram

ensaiados seis corpos de prova para cada estudo.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 43: Máquina de ensaio universal EMIC.

A largura e a espessura dos corpos de prova para a investigação, à

tração, das propriedades mecânicas e efeitos do furo no compósito foram

obtidas a partir da média em três posições (3 cm das duas extremidades e no

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80

81

centro). Para as ligações essas medidas foram obtidas a partir das

extremidades dos membros (3 cm das duas extremidades). Todas as medidas

foram feitas a partir de um paquímetro com precisão de 0,001 mm. A Figura 44

mostra o ensaio de tração em corpos de prova com ligações.

Fonte: (A autora, 2016).

Figura 44: Ensaio de tração de corpo de prova com ligação (w/D = 4, e/D = 4).

O principal resultado obtido do ensaio foi a força máxima de ruptura (N)

que possibilitou a determinação da tensão máxima (MPa) e rigidez (N/mm) do

laminado. Para as ligações as análises foram realizadas a partir da força

máxima de ruptura (N) e cálculo da rigidez. As determinações da tensão nas

regiões da união exigiriam um estudo mais acurado das tensões.

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81

81

4 RESULTADOS E ANÁLISES

4.1 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE, ÍNDICE DE VAZIOS E FRAÇÃO

VOLUMÉTRICA DOS COMPONENTES.

A densidade das fibras de sisal in natura, determinada por pincometria a

gás hélio foi de 1,3790 g/cm3. Observou-se que os resultados encontrados para

a densidade da fibra de sisal estão coerentes com os valores disponíveis na

literatura. Idicula et al. (2006) obteve 1,45 g/cm3, Oksman et al. (2009)

encontrou 1,33 g/cm3 e Cerchiaro (2010) chegou ao valor de 1,26 g/cm3, as

diferenças observadas, possivelmente, estão relacionadas com a variabilidade

apresentada por fibras de origem vegetal.

A densidade do compósito obtida experimentalmente, por balança

hidrostática, foi de 1,1447 g/cm3 com desvio de 0,0045 g/cm3. O baixo valor da

densidade, previsto em materiais compósitos reforçados com fibras vegetais,

confirma o crescente interesse no uso de fibras de origem vegetal como reforço

em materiais poliméricos, pois, possibilita o desenvolvimento de peças,

estruturas e produtos mais leves, características almejadas pela indústria em

geral. Cerchiaro (2010) obteve um valor experimental de 1,1385 g/cm3 para

compósito de matriz poliéster reforçado com tecidos de fibra de sisal, próximo

ao valor encontrado neste trabalho.

A fração volumétrica de fibra e teor vazios, para o compósito estudado,

foram obtidas, conforme equação 4 e 15 da seção 2.5.1, deste trabalho. O

laminado apresentou uma fração volumétrica de fibra estimada entre 20,42% e

20,36%, com índice de vazio teórico entre 0,84% e 0,44%. Observou-se que o

índice de vazios encontrados está dentro dos parâmetros estimados pela

norma ASTM D2734 - 03, que considera uma tolerância de teor de vazios de

até 1% para o compósito ser considerado de boa qualidade.

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81

4.2 AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS COMPÓSITOS

Neste item serão apresentadas e avaliadas a rigidez e a resistência

mecânica do laminado, à tração, em três direções: longitudinal [0º/ 90°/ 0°],

transversal [90º/ 0°/ 90°] e diagonal [45º/ -45°/ 45°]. Os modos de falha,

também, foram analisados nesta seção. A região de escorregamento

observadas no ínicio das curvas tensão x deformação, ao longo desta seção,

representam as regiões de acomodação relativas ao início dos ensaios. A

rigidez foi calculada a partir da região linear da curva de tensão versus

deformação, considerando o intervalo de pontos situado entre 20% iniciais

(para eliminar possíveis acomodações de ensaio) e 80% finais, de tensão e

deformação, através do coeficiente angular da reta tendência.

4.2.1 Ensaio de tração na direção longitudinal [0º/90º/0°].

O comportamento mecânico do laminado na direção longitudinal

[0°/90°/0°] é apresentado nas curvas típicas Tensão x Deformação,

apresentadas na Figura 45. Neste gráfico se observa um comportamento

elástico linear no trecho antes da fratura final, característica típica de materiais

poliméricos. A ruptura final é comportamento típico de fratura frágil, sem região

de escoamento, ruptura brusca.

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Te

ns

ão

(M

Pa

)

Deformação (mm/mm)

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Tensão X Deformação

Figura 45: Gráfico tensão x deformação na direção longitudinal [0°/90°/0°].

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81

A Tabela 10 apresenta os valores médios, desvios padrão e coeficientes

de variação (CV) da força máxima de ruptura, tensão máxima, deformação e

rigidez na direção longitudinal. Observou-se uma baixa dispersão entre os

valores obtidos que representa uma homogeneidade dos resultados

encontrados, como poder ser visto no gráfico e na tabela abaixo.

Tabela 10: Propriedades mecânicas à tração na direção longitudinal [0°/90°/0°].

Amostras

N=6

Frupt

(N)

Tensão

(MPa)

Deformação

(mm/mm)

Rigidez

(N/mm)

Média 4578,08 39,97 0,0330 714,20

Desvio Padrão 660,70 5,60 0,0024 88,48

CV 14,4% 14,02% 7,26% 12.39%

A Tensão na direção longitudinal consiste na resistência à tração dos

corpos de prova sem furo (σo), que será utilizada na seção 4.3.2.1 para cálculo

da tensão residual (σr).

4.2.2 Ensaio de tração na direção transversal [90º/0º/90°].

As curvas Tensão x Deformação, na Figura 46, mostram o

comportamento mecânico do laminado na direção transversal [90º/0º/ 90°].

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045

0

5

10

15

20

25

30

Te

ns

ão

(M

Pa

)

Deformação (mm/mm)

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Tensão X Deformação

Figura 46: Gráfico tensão x deformação na direção transversal [90º/0º/90°].

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81

O gráfico (Figura 46) apresentou descontinuidades ao longo do trecho

linear elástico. Esse fenômeno representa o rompimento das fibras em

momentos diferentes, ao longo do ensaio, isso acontece devido às diferenças

existentes na resistência entre as fibras de sisal, em virtude da variabilidade

comum entre fibras vegetais. A Tabela 11 mostra os valores médios da força

máxima de ruptura, tensão máxima, deformação e rigidez, na direção

transversal, e respectivos desvios padrão e coeficientes de variação.

Tabela 11: Propriedades mecânicas à tração na direção transversal [90º/0º/90°].

Amostras

N=6

Frupt

(N)

Tensão

(MPa)

Deformação

(mm/mm)

Rigidez

(N/mm)

Média 2686,93 24,35 0,0282 683,93

Desvio Padrão 471,07 4,22 0,0043 126,62

CV 17,53% 17,35% 15,16% 18,51%

Ao se comparar a tabela 10 com a tabela 11, observa-se que a direção

tranversal [90º/0º/90°] do laminado apresentou resistências mecânicas

menores ao ser comparada com a direção longitudinal [0°/90°/0°] do mesmo.

Esse comportamento foi o esperado, uma vez, que a direção longitudinal

possui maior fração volumétrica de fibras de sisal na direção do carregamento,

direção preferencial de alta resistência.

4.2.3 Ensaio de tração na direção diagonal [45º/-45º/ 45°].

Na Figura 47 pode-se observar nas curvas Tensão x Deformação um

trecho linear seguido de múltiplas fissurações das fibras antes da ruptura final.

Esse rompimento sucessivo das fibras, ao longo do ensaio, representa às

diferenças existentes na resistência entre as fibras de sisal, em virtude da

variabilidade comum entre fibras vegetais.

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81

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050 0,055 0,060

0

5

10

15

20

25

Te

ns

ão

(M

Pa

)

Deformação(mm/mm)

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Tensão X Deformação

Figura 47: Gráfico tensão x deformação na direção diagonal [45º/ -45º/ 45°].

Na Tabela 12 são apresentados os valores médios da força máxima de

ruptura, tensão máxima, deformação e rigidez na direção diagonal, com seus

respectivos desvios padrão e coeficientes de variação. Esses resultados

representam, também, uma resposta do compósito ao cisalhamento, segundo a

norma ASTM 3518 - 01.

Tabela 12: Propriedades mecânicas à tração na direção diagonal [45º/-45º/45°].

Amostras

N=6

Frupt

(N)

Tensão

(MPa)

Deformação

(mm/mm)

Rigidez

(N/mm)

Média 2107,88 16,88 0,03688 416,455

Desvio Padrão 186,16 1,5320 0,0046 75,73

CV 8,83% 9,08% 12,41% 18,18%

Os resultados apontam para uma inferioridade de resistência mecânica

do material aos esforços de cisalhamento, na direção [45º/-45º/45°], quando

comparado com a resistência apresentada na direção longitudinal e

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81

transversal. As diferentes propriedades observadas nas três direções,

analisadas do compósito reforçam a natureza anisotrópica do material.

4.2.4 Modo de Falha

A Figura 48 ilustra a fratura final típica apresentada pelo laminado nas

direções estudadas. Uma análise macroscópica permite classificar a fratura

final, segundo a ASTM D 3039 – 14, como LGM (Lateral Gage Middle). Código

estabelecido por norma que indica a localização da fratura. Cada letra indica

uma característica da fratura, neste caso, significa que a fratura ocorreu

simultanemante na lateral, no comprimento útil e na região central do corpo de

prova.

Figura 48: Modo de falha nas direções: a) longitudinal; b) transversal e c) diagonal.

a) b)

c)

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87

81

4.3 AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO FURO NO COMPÓSITO

4.3.1 Fator de delaminação

Tendo em vista os danos de delaminação à orla dos furos, provocados

pelas operações de furação em compósitos, e sua relação com prováveis

perdas de resistência, o controle, a análise e quantificação desses danos faz-

se aspecto importante a ser estudado.

Os furos foram avaliados considerando os parâmetros de furação

utilizados na execução dos furos. Foram mantidas constantes a velocidade de

rotação (2100 rpm) e de avanço (40 mm/min). Os resultados apresentados na

Tabela 13 indicam que não foi detectada a delaminação à entrada (peel-up) e a

delaminação à saída (push-down) apresentou um valor médio de Fd (saída) =

1,121.

Tabela 13: Fator de delaminação (Fd).

Amostra Fd (entrada) Fd (saída)

CPCF 1 0 1,114

CPCF2 0 1,123

CPCF 3 0 1,094

CPCF 4 0 1,117

CPCF 5 0 1,111

CPCF 6 0 1,167

Kilickap (2010) analisou os efeitos da furação considerando diferentes

valores de velocidade de rotação, de avanço e tipo de broca em compósitos

reforçados com fibras de vidro, obtendo um valor entre 1,11 e 1,68 para Fd

(entrada) e entre 1,21 e 1,87 para Fd (saída). A análise de trabalhos disponíveis

permitiu inferir que os compósitos reforçados com fibras de sisal, analisados

neste trabalho, sofreram menor influência da delaminação após as operações

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88

81

de furação, quando comparados aos compósitos reforçados com fibras de

vidro. A Figura 49 mostra as imagens da entrada e da saída da broca no furo

com e sem tratamento de imagem dos seis corpos de prova com furo (CPCF)

analisados.

Figura 49: Imagem dos furos: a) sem tratamento – à entrada; b) sem tratamento – à

saída; c) com tratamento – à entrada e d) com tratamento – à saída.

a)

b)

c)

d)

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89

81

4.3.2 Ensaio de tração em compósitos com furos

As curvas tensão x deformação do ensaio de tração dos corpos de prova

com furo central, estão apresentadas na Figura 50. Foi observado um trecho

linear elástico antes da fratura, com ruptura final caracterizada como ruptura

frágil.

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Te

ns

ão

(M

Pa

)

Deformação (mm/mm)

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Tensão X Deformação

Figura 50: Gráfico tensão x deformação – CPCF.

A Tabela 14 mostra os valores médios, o desvio padrão e o coeficiente

de variabilidade (CV) das propriedades mecânicas para os compósitos com

furo central.

Tabela 14: Propriedades mecânicas à tração do laminado PRFS – CPCF

Amostras

N=6

Frupt

(N)

Tensão

(MPa)

Deformação

(mm/mm)

Rigidez

(N/mm)

Média 4441,08 28,24 0,0233 1240

Desvio Padrão 311,91 2,66 0,0021 307,1

CV 7,02% 9,42% 8,91% 24,76%

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90

81

4.3.2.1 Tensão residual

A tensão residual (σr) foi calculada para os corpos de prova com furo

central, diâmetro de 8 mm, em relação aos corpos de prova sem furos, a fim de

se quantificar a perda de resistência ocorrida no compósito devido a presença

do furo. O valor de tensão residual calculada, de acordo com a equação 19,

está exibida na Tabela 15.

Tabela 15: Tensão residual.

A partir dos resultados alcançados, pode-se concluir que os compósitos

PRFS com furo retiveram 72,8 % da resistência mecânica alcançada pelos

compósitos sem a presença de furo. Desta forma, a presença do furo

representa uma perda de resistência mecânica de 27,2 %. O resultado se

mostrou coerente e maior ao encontrado por Fontes (2013) para compósitos

híbridos (fibra de juta/fibra de vidro). O autor analisou a tensão residual para

compósitos com furos de 7,5 mm e 9 mm de diâmetro, obtendo,

respectivamente, o valor de 0,681 e 0,646, que representa uma retenção de

resistência mecânica de 68,1% e 64,6%, respectivamente.

4.3.2.2 Modo de falha

As imagens das fraturas dos corpos de prova com furo foram obtidas por

scanner digital 1200 dpi e permitiram uma avaliação macroscópica desta

região. A fratura segundo a norma ASTM 5766 – 11 ocorreu na seção

transversal através do furo (LGM), falha aceitável e perfeitamente válida, como

visto na Figura 51.

D (mm) σr Desvio Padrão

8 0,728 0,0118

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81

Figura 51: Fratura final para CPCF.

A Figura 52 permite a identificação da ocorrência de microfissuras

transversais na matriz, em relação à direção de aplicação da carga. Nas

regiões mais afastadas do furo essas fissuras se apresentam mais retilíneas e

pouco intensas. À medida que se aproxima do furo, as microfissuras da matriz

tornaram-se mais intensas e distorcidas em relação à forma perpendicular que

assumiam nas regiões distantes do furo. Este fato confirma a concentração de

tensão ao redor do furo, prevista na literatura, devido a presença de

descontinuidades. Além, do desvio das microfissuras devido à presença dos

furos, a ampliação desta figura mostrou, também, a ruptura total das fibras de

sisal.

Figura 52: Concentração de tensões próximas ao furo.

Microfissuras transversais

Distorção das microfissuras transversais

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81

As microfissuras transversais nas regiões distantes do furo foram

observadas no início do ensaio, com o aumento do carregamento observou-se

um aumento na intensidade das fissuras e distorções nas regiões próximas ao

furo até a ruptura total na secção transversal do furo.

4.4 LIGAÇÕES MECÂNICAS

Realizou-se tratamento estatístico, teste t para amostras independentes,

dos dados amostrais para comparação entre as condições experimentais

analisadas (w/D = 2, 3 e 4; e e/D = 1, 2, 3 e 4). Na análise estatística dos dados

foi considerado um nível de confiança de 95%.

4.4.1 Ensaio de tração

- Grupo I: w/D = 2

No grupo I foram analisados o desempenho mecânico das ligações com

relação geométrica, w/D=2 para e/D=1, e/D=2, e/D=3 e e/D=4. Na Figura 53

estão exibidas as curvas de força (N) x deslocamento (mm) desse grupo.

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

Fo

rça

(N)

Deslocamento (mm)

w/D=2, e/D=1

a)

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81

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

Fo

rça

(N)

Deslocamento(mm)

w/D=2, e/D=2

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento(mm)

w/D=2, e/D=3

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento(mm)

w/D=2, e/D=4

Figura 53: Curva força x descolamento para o grupo I.

b)

c)

d)

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81

Na Figura 53, em algumas ligações podem-se observar um ligeiro atraso

no carregamento, por volta de aproximadamente 100 N, em torno de 1 mm de

deslocamento. Esse atraso no carregamento pode ser atribuído a pequenas

folgas da articulação (McCARTHY et al., 2002).

Outra característica observada nessa figura é que algumas ligações

perderam toda a capacidade de transferência de carga, como por exemplo, o

corpo de prova (CP2) da Figura 53c, enquanto que outras ligações

apresentaram certa absorção de energia após a carga última, como o CP3 da

Figura 53c. A observação visual das curvas da Figura (53b, 53c e 53d) permite

inferir que as ligações com e/D≥2, apresentaram desempenhos semelhantes

referentes às cargas suportadas, o que sugere um desempenho similar na

capacidade de carga, com implicações em acidentes ou quando submetidas a

cargas de impacto (GRAY et al., 2014). As ligações com e/D=1 apresentaram

desempenho inferior na capacidade de suporte de carga comparada às demais

relações, e/D, estudadas.

Esses gráficos permitem, ainda, análises em termos de comportamento

de falha. A não linearidade das curvas, anterior à ruptura catastrófica final,

indica falha por esmagamento (bearing). Este fato é esperado uma vez que as

ligações devem ser produzidas para falhar inicialmente, por esmagamento, de

acordo com a norma ASTM D 5961 - 13.

Os efeitos de e, para w/D=2, na capacidade de suporte de cargas das

ligações, estão resumidos na Tabela 16. Como já observado graficamente as

ligações com e/D≥2, apresentaram resultados de carga de ruptura próximos,

observa-se pequenas variações. Sendo assim, é possível identificar

similaridades de desempenho entre essas ligações.

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81

Tabela 16: Carga máxima de ruptura para o grupo I.

- Grupo II: w/D=3.

Na Figura 54 são apresentadas as curvas tensão x deformação das

ligações com relação geométrica w/D=3 para e/D=1, e/D=2, e/D=3 e e/D=4 do

grupo II.

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento (mm)

w/D=3, e/D=2

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento (mm)

w/D=3, e/D=2

Amostras Fruptura média (N) Desvio Padrão

Variância

w/D=2 e e/D=1 335,0 72,70 6606,00

w/D=2 e e/D=2 1119,80 74,53 6943,70

w/D=2 e e/D=3 1031,52 144,01 24887,00

w/D=2 e e/D=4 1147,70 105,50 11125,69

a)

b)

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81

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento (mm)

w/D=3, e/D=3

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento (mm)

w/D=3, e/D=4

Figura 54: Curva força x descolamento para o grupo II.

Como mostra a Figura 54, este grupo revelou atraso no carregamento

na maioria das ligações que, como mencionado, revela ligeira folga na

articulação. Observa-se esse atraso em torno de aproximadamente 100 N e em

1 mm de deslocamento (McCARTHY et al., 2002). A análise dos gráficos

mostra que algumas ligações perderam toda a capacidade de transferência de

carga, como por exemplo, o corpo de prova (CP1) da Figura 54a. Enquanto

que outras ligações apresentaram certa absorção de energia após a carga

última. Observou-se a predominância desse comportamento na Figura 54c,

relação e/D=3. As ligações apresentaram valores próximos de capacidade de

carga para e/D≥2, conforme Figura (54b, 54c e 54d), o que sugere um

d)

c)

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81

desempenho similar na capacidade de carga entre essas ligações, com

implicações em acidentes ou quando submetidas a cargas de impacto (GRAY

et al., 2014).

A não linearidade observada antes da ruptura catastrófica final nas

curvas da Figura 54 revela modo de falha por esmagamento. Tal fenômeno é

esperado, já que as juntas devem falhar inicialmente por esmagamento, de

acordo com a norma ASTM D 5961 - 13. Os efeitos da distância do centro do

furo à borda livre (e), para w/D=3, na capacidade de carga das ligações, estão

resumidas na Tabela 17. Os resultados para cargas de ruptura confirmam as

pequenas variações entre os valores obtidos nas ligações para e/D≥2, sendo

possível identificar similaridades de desempenho entre essas ligações.

Tabela 17: Carga máxima de ruptura para o grupo II.

Amostras Frupt média (N) Desvio

Padrão Variância

w/D=3 e e/D=1 966,0 181,12 39366,40

w/D=3 e e/D=2 1902,7 365,26 160098,27

w/D=3 e e/D=3 2022,3 121,30 17683,07

w/D=3 e e/D=4 1886,2 205,22 50046,97

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81

Grupo III: w/D=4.

Na Figura 55 são apresentadas as curvas tensão x deformação das

ligações com relação geométrica w/D=4 para e/D=1, e/D=2, e/D=3 e e/D=4 do

grupo III.

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento (mm)

w/D=4, e/D=1

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento (mm)

w/D=4, e/D=2

b)

a)

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81

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento (mm)

w/D=4, e/D=3

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

2400

2700

CP1

CP2

CP3

CP4

CP5

CP6

Fo

rça

(N)

Deslocamento (mm)

w/D=4, e/D=4

Figura 55: Curva força x descolamento para o grupo III.

O atraso no carregamento, também, observado nesse grupo em todas

as ligações, Figura 55, revela ligeira folga na articulação, esse atraso é

observado em torno de aproximadamente 100 N e em 1 mm de deslocamento

(McCARTHY et al., 2002). A análise dos gráficos permitiu identificar que as

ligações desse grupo apresentaram certa absorção de energia após a carga

última, como o (CP1) da figura 55b. As curvas das ligações com e/D≥2, Figura

(55b, 55c e 55d) apresentaram proximidade na capacidade de suporte de

carga, o que sugere um desempenho similar para essas ligações, com

d)

c)

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implicações em acidentes ou quando submetidas a cargas de impacto (GRAY

et al., 2014).

As cuvas apresentaram-se não lineares, antes da ruptura catastrófica

final, Figura 55, o que demonstra ocorrência de falhas por esmagamento, o que

é esperado, pois, a norma ASTM D 5961 - 13 recomenda que as ligações

sejam dimensionadas de modo que, inicialmente as falhas ocorram por

esmagamento. A não linearidade antes da ruptura revela falhas por

esmagamento. As análises, posteriores, do modo de falha confirmam a

presença desse tipo de falha no grupo referido.

Os efeitos da distância do centro do furo à borda livre (e) para w/D = 3,

na capacidade de suporte de carga das ligações estão resumidas na Tabela 18.

Os resultados numéricos indicam pequenas variações entre as cargas de

ruptura, para ligações e/D≥2, sendo possivel deduzir similaridades de

desempenho entre essas ligações, o que pode ser observado, também,

graficamente.

Tabela 18: Carga máxima de ruptura para ligações do grupo III.

O teste estatístico t para amostras independentes foi realizado com os

dados amostrais obtidos nos ensaios. Esta técnica de inferência estatística

permitiu a comparação entre as condições experimentais analisadas para as

ligações mecânicas solicitadas à carga de tração. Para o teste t são definidas

as hipóteses H0: µ1=µ2 (hipótese nula), as médias são iguais, não há diferenças

significativas entre as amostras analisadas e H1: µ1≠µ2 (hipótese alternativa),

as médias são diferentes, há diferenças significativas entre as amostras em

Amostras Frupt média (N) Desvio

Padrão Variância

w/D=4 e e/D=1 1021,67 69,91 5864,27

w/D=4 e e/D=2 1877,33 126,35 19158,00

w/D=4 e e/D=3 2240,17 169,01 34278,17

w/D=4 e e/D=4 2129,17 164,33 32405,77

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101

81

estudo. H0: Não há diferenças significativas entre as cargas de ruptura

suportada pelas ligações; e H1: Há diferenças significativas entre as cargas de

ruptura suportada pelas ligações. Adotou-se o nível de significância de α =

0,05; quando p > 0,05, aceita H0, e se p < 0,05, rejeita H0.

Para analisar a influência dos parâmetros (e) e (w) na integridade da

ligação sob carregamentos axiais, as análises estatísticas foram realizadas em

duas etapas. Na primeira etapa o w foi mantido constante, e foi analisada a

influência do e, e a segunda manteve-se constante o e; e foi analisada a

influência do w.

Nas Tabela 19, 20 e 21 é exibido um resumo dos resultados estatísticos

das comparações entre médias, das relações e/D, para w/D=2, w/D=3 e w/D=4.

Tabela 19: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação w/D=2.

w/D Frupt média (N) t p (%)

2

e/D = 1 e/D = 2 -15,1 0,000037*

335 1119,8

e/D = 1 e/D = 3 -8,9 0,00095*

335 1031,5

e/D = 1 e/D = 4 -14,0 0,000020*

335 1147,7

e/D = 2 e/D = 3 1,1 29,1**

1119,8 1031,5

e/D = 2 e/D = 4 -0,5 64,4**

1119,8 1147,7

e/D = 3 e/D = 4 -1,5 16,4**

1031,5 1147,7

*p<5% **não significativo

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102

81

Tabela 20: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação w/D=3.

w/D Frupt média (N) t p(%)

3

e/D = 1 e/D = 2 - 5,1 0,04*

966 1902,7

e/D = 1 e/D = 3 - 10,8 0,00007*

966 2022,3

e/D = 1 e/D = 4 - 7,5 0,002*

966 1886,2

e/D = 2 e/D = 3 - 0,8 51,3**

1902,7 2022,3

e/D = 2 e/D = 4 - 0,1 93,1**

1902,7 1886,2

e/D = 3 e/D = 4 1,3 22,9**

2022,3 1886,2

*p<5% **não significativo

Tabela 21: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação w/D=4.

w/D Frupt média (N) t p(%)

4

e/D = 1 e/D = 2 -13,2 0,00002*

1021,7 1877,3

e/D = 1 e/D = 3 -14,9 0,0001*

1021,7 2240,2

e/D = 1 e/D = 4 -13,9 0,00002*

1021,7 2129,2

e/D = 2 e/D = 3 -3,8 0,3*

1877,3 2240,2

e/D = 2 e/D = 4 -2,7 2,1*

1877,3 2129,2

e/D = 3 e/D = 4 1,1 31,7 **

2240,2 2129,2

*p<5% **não significativo

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103

81

A observação das Tabelas 19, 20 e 21 permitiu inferir que as ligações

com a menor relação e/D analisada, e/D=1, apresentaram resistência à carga

de ruptura inferior às ligações com relações e/D=2; e/D=3 e e/D=4, para todas as

larguras (w) analisadas. Entretanto, constatou-se uma estabilização da

influência do parâmetro e na capacidade de carga da ligação.

Para as relações w/D=2 e w/D=3 essa estabilização ocorreu para e/D≥2.

Já para w/D=4, a influência de e estabilizou para as relações e/D≥3. Assim,

pode-se concluir que existe um valor limite de e (elim) para o qual há uma

contribuição efetiva desse parâmetro no desempenho da ligação. A partir desse

valor não se verificam melhorias significativas na resistência da ligação, com o

aumento de e. Pode-se ainda inferir que esse valor elim relaciona-se com a

contribuição do parâmetro w, ou seja, para um determinado valor de w, o e

pode contribuir para o aumento da capacidade de carga da ligação. Estas

afirmações podem definir a escolha de um valor ótimo de e (eótimo), que permita

o desempenho das funções de transferências de carga das ligações com

segurança, podendo ainda influenciar no custo da ligação.

Nas Tabela 22, 23, 24 e 25 estão apresentados os resumos dos

resultados estatísticos das relações w/D, para e/D=1, e/D=2, e/D=3 e e/D=4.

Tabela 22: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação e/D=1.

e/D Frupt média (N) t p(%)

1

w/D = 2 w/D = 3 2,3 0,0097*

335 966

w/D = 2 w/D = 4 2,3 0,000016*

335 1021,7

w/D = 3 w/D = 4 2,4 54**

966 1021,7

*p<5% **não significativo

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81

Tabela 23: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação e/D=2.

e/D Frupt média (N) t p(%)

2

w/D = 2 w/D = 3 2,4 0,34*

1119,8 1902,7

w/D = 2 w/D = 4 2,3 0,00021*

1119,8 1877,3

w/D = 3 w/D = 4 2,4 89**

1902,7 1877,3

*p<5% **não significativo

Tabela 24: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação e/D=3.

e/D Frupt média (N) t p(%)

3

w/D = 2 w/D = 3 2,2 0,000035*

1031,5 2022,3

w/D = 2 w/D = 4 2,2 0,000026*

1031,5 2240,2

w/D = 3 w/D = 4 2,2 4,1*

2022,3 2240,2

*p<5% **não significativo

Tabela 25: Análise estatística da carga de ruptura das ligações com relação e/D=4.

e/D Frupt média (N) t p(%)

4

w/D = 2 w/D = 3 2,2 0,0026*

1147,7 1886,2

w/D = 2 w/D = 4 2,2 0,000043*

1147,7 2129,2

w/D = 3 w/D = 4 2,2 6,5**

1886,2 2129,2

*p<5% **não significativo

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81

A análise das Tabelas 22, 23, 24 e 25 permite identificar que as

ligações com a menor relação w/D analisada, w/D=2, apresentaram resistência

à carga de ruptura inferior às ligações com relações w/D=3 e w/D=4, para todas

as distâncias do centro do furo à borda livre (e) estudadas. Constatou-se uma

estabilização da influência do parâmetro w na capacidade de carga da ligação.

Para as relações e/D=1 e, e/D=2, essa estabilização ocorreu para w/D≥3. Já

para e/D=3 e e/D=4, observou-se um aumento da capacidade de carga, embora

não tenha sido expressivo. Pode-se concluir que a partir de um determinado

valor de e, o aumento do valor de w pode contribuir para uma melhoria no

desempenho mecânico da ligação, embora a partir de um determinado valor w

esse aumento não seja mais expressivo. À medida que o valor de w/D

aumenta, a sua influência no desempenho da ligação vai se tornando menos

expressiva, tendendo a uma estabilização. Assim, pode-se concluir que existe

um valor limite de w (wlim) para o qual há uma contribuição efetiva desse

parâmetro no desempenho da ligação. Pode-se ainda inferir que a influência de

w/D na eficiência da ligação, relaciona-se com a contribuição do parâmetro e,

ou seja, para um determinado valor de e, o w pode contribuir para o aumento

da capacidade de carga da ligação. Estas afirmações podem definir a escolha

de um valor ótimo de w (wótimo), que permita o desempenho das funções de

transferências de carga das ligações com segurança, podendo ainda influenciar

no custo da ligação.

A Figura 56 apresenta um gráfico comparativo em que é possível

identificar a influência dos valores das relações e/D na capacidade de carga

das ligações. Desta forma, a partir da análise gráfica (Figura 56) pode-se

depreender que as ligações com w/D = 2, apontaram transferência de carga

inferior quando comparadas às relações w/D = 3 e w/D = 4, para todos os

valores e/D estudados. Observa-se que a partir de um determinado valor de w,

o aumento deste parâmetro não influencia significativamente no desempenho

mecânico da ligação.

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Como pode ser visto no gráfico (Figura 56) com auxílio das Tabelas (19,

20 e 21) as ligações com relação w/D= 3 e w/D = 4 para e/D = 1 e para e/D =2

apresentaram desempenhos similares. Para w/D = 2 e w/D = 3, houve uma

estabilização da capacidade de carga da ligação para e/D ≥ 2. Analisando as

ligações com relação w/D = 4, se observa um aumento na capacidade de carga

da ligação, estabilizando em e/D ≥ 3, embora esse aumento não seja

expressivo, o que foi comprovado pela análise estatística. Com base nas

inferências estatísticas e gráficas, observa-se que o valor e, somente,

apresenta influência significativa no aumento da capacidade de carga da

ligação para e/D ≥ 2.

1 2 3 40

500

1000

1500

2000

2500

Fo

rça

(N

)

e/D

w/D=2

w/D=3

w/D=4

Figura 56: Influência das relações e/D na capacidade de carga das ligações.

A Figura 57 mostra um gráfico comparativo em que é possível identificar

visualmente a influência dos valores da relação w/D na capacidade de carga

das ligações. É possível, ainda, verificar que não há diferenças significativas

para w/D=2, quando e/D≥2, o mesmo acontece para w/D = 3, quando e/D ≥2 e

w/D=4 quando e/D≥3, o que significa que estes grupos apresentam

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81

comportamento similares entre si quanto ao desempenho da ligação mecânica.

Indentificou-se, também, que a relação e/D=1 apresentou resultados inferiores

comparados às demais relações e/D, para todas as relações w/D de estudo.

Observou-se que a ligação w/D = 4, e/D = 2 suportam menores cargas quando

comparados com w/D = 4, e/D = 3 e w/D = 4, e/D = 4.

Pode-se concluir que as ligações com relações (w/D=4, e/D=3 e w/D=4,

e/D=4) apresentaram superioridade na capacidade de carga, comparadas aos

demais conjuntos geométricos estudados. Entre si apresentaram similaridade

quanto a capacidade de carga, o que indica, estatisticamente, que não

apresentaram diferenças significativas entre si. Sendo assim, essas ligações

foram as que melhor permitiram um desempenho eficiente dos membros

unidos possibilitando integridade da ligação na transferência de esforços dentre

as relações estudadas.

2 3 4

0

500

1000

1500

2000

2500

Fo

rça

(N

)

w/D

e/D=1

e/D=2

e/D=3

e/D=4

Figura 57: Influência das relações w/D na capacidade de carga das ligações.

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81

4.4.2 Modo de falha

As juntas unidas por fixação mecânica, sob carga de tração,

apresentaram os quatro modos de falha típicos, previstos em literatura:

Clivagem (C), Tração (T), Cisalhamento (S) e Esmagamento (B). Observou-se

em alguns casos, a presença combinada desses modos de ruptura.

A ocorrência da combinação de dois ou mais modos de falha pode ser

denominada de modo de falha misto (SEN et al., 2008). A Figura 58 mostra os

modos de falha típicos observados após o ensaio de tração das ligações

mecânica analisadas.

(a) (b) (c) (d)

Figura 58: a) Falha por Clivagem (e/D = 1); b) Falha por Tração (e/D =4); c) Falha por

Cisalhamento (e/D = 1) e d) Falha por Esmagamento (e/D = 4).

Com base na Tabela 26, facilmente se observa que os modos de falha

possuem relação direta com os parâmetros geométricos da ligação. Como

pode ser visto os modos de falha do tipo tração, clivagem e cisalhamento,

característica de estrutura frágil, ocorreram para baixa relação de e/D e w/D,

enquanto que os modos de falha por esmagamento ou tipo misto foram

identificados para os valores mais altos de e/D e w/D. A Tabela 26 apresenta

um resumo dos modos de falha identificados após os ensaios de tração.

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81

Tabela 26: Modo de falha dos laminados w/D e e/D.

w/D e/D

Corpos de Prova

CP 1 CP2 CP3 CP4 CP 5 CP 6

2 1 T T - C C C

2 B + T T B + T T - T

3 T T B + T B + T T B + T

4 B + T B + T B + T B + T B + T B + T

3 1 C S C S C C

2 B + T B + C B + T T B + T B + T

3 B + T B + T B + T B + T B + T B + T

4 B + T B + T B + T B B + T B + T

4 1 C C C C C S

2 B + T B + C B + T B + T + C B + T B + T + C

3 B + T B + T B + T B + T B + T B + T

4 B B B + T B + T B + T B + T

C: Clivagem, T: Tração, S: Cisalhamento, B: Esmagamento.

Com base na análise do modo de falha, Tabela 26, conclui-se que as

conexões com relações e/D = 1 independente do valor de w/D, apresentaram

os modos de falha que caracterizam uma fragilidade da ligação. Esta relação

geométrica também apresentou cargas de ruptura inferiores quando

comparadas com as demais relações de e/D, em estudo, como pode ser visto

nos gráficos apresentados nas figuras 56 e 57. As ligações com w/D = 2, além

de terem apresentado resultados de cargas de ruptura significativamente

menores que as demais relações w/D, também obtiveram os modos de falhas

mais frágeis.

O modo de falha por esmagamento é o mais conveniente e

recomendado pela norma ASTM 5961 - 13, pois, embora seja classificado

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81

como falha, a falha por esmagamento não representa a ruptura total do

material, e sim uma ovalização e desgaste da região ao redor do furo. A falha

por esmagamento da estrutura de ligação representa um aviso de que a

ligação chegou ao fim da sua capacidade de carga, porém, sem apresentar a

ruptura total. Esse modo de ruptura foi observado para as maiores relações

w/D e e/D.

A partir da análise da Tabela 26, considerando e/D>1, depreende-se que

a relação w/D = 2, apresentou 65% dos modos de falha do tipo misto (B+T), a

relação w/D = 3 observou-se 94% dos modos de ruptura por esmagamento (B)

ou misto (B+T) e na relação w/D = 4 houve uma predominância absoluta de

100% das falhas do tipo esmagamento (B) ou misto (B+T). Os resultados

apontam para uma eficiência desse grupo (w/D=4), tanto em relação à

capacidade de carga da ligação, como o discutido na seção anterior, quanto

com relação ao modo de falha.

Com base na análise da capacidade de carga e modo de falha das

ligações, a Tabela 27 apresenta as relações geométricas que melhor

permitiram o desempenho das funções de transferência de carga entre os

membros conectados.

Tabela 27: Resumo das relações geométricas que apresentaram melhores

desempenhos na capacidade de carga da ligação.

w/D e/D Frupt média (N) Rigidez (N/mm)

3 2 1902,7 571,8

3 3 2022,3 689,0

3 4 1886,2 637,4

4 2 1877,3 537,5

4 3 2240,2 600,2

4 4 2129,2 556,2

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81

Entre essas, estão em destaque as relações que apresentaram

desempenho superior em resistência e modo de falha. Assim sendo, as

ligações com relações geométricas w/D=4; e/D=3 e w/D=4 e e/D=4

apresentaram capacidade superior de transferência de esforços e melhores

modos de ruptura, estatísticamente essas relações não apresentaram

diferenças significativas entre si, como visto na seção anterior.

A Tabela 28 apresenta um resumo das relações geométricas quanto a

força solicitante mínima para a ligação.

Tabela 28: Resumo das relações geométricas quanto a força solicitante mínima para a

ligação.

Considerando a força solicitante (FS), força que a ligação solicita a peça

para cada relação geométrica estudada e a força resistente (FR) como sendo a

w/D e/D Frupt média (N) FR (N) FS MF

1 335

4441,1

8% FR

T e C

2 1119,8 4441,1 25% FR T

2 3 1031,5 4441,1 23% FR B+T e T

4 1147,7 4441,1 26% FR B+T

1 966 4441,1 22% FR C

3 2 1902,7 4441,1 43% FR B+T

3 2022,3 4441,1 46% FR B+T

4 1886,2 4441,1 42% FR B+T

1 1021,7 4441,1 23% FRcf C

4 2 1877,3 4441,1 42% FRcf B+T

3 2240,2 4441,1 50% FRcf B+T

4 2129,2 4441,1 48% FRcf B+T

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112

81

força resistente da área líquida, ou seja, a força média de ruptura (Frupt)

suportada pelos corpos de prova com furo. As análises entre essas forças,

Tabela 28, mostra uma relação de quanto à ligação solicitou a peça. A partir

dessa tabela pode-se depreender que as ligações com relações geométrica

e/D=1, para todos os valores de w, compôs um conjunto geométrico que não

permitiu um melhor aproveitamento da capacidade total de carga apresentada

pelo material, considerando a secção líquida, força resistente (FR). O conjunto

geométrico formado pela relação e/D=1 não foi suficiente para mobilizar cargas

que permitam uma integridade eficiente da ligação, pois, permitiu perdas de

resitência importantes.

Com base na análise experimental de ligações, com apenas um

parafuso, do tipo sobreposta simples, em material compósito reforçado com

fibra de sisal foi possível estabelecer os valores de esforços resistentes e

solicitantes característicos da ligação, Tabela 29.

Tabela 29: Esforços resistentes e solicitantes da ligação mecânica.

Esforços Frupt média (N) Desvio padrão

Força resistente da área bruta FR bruta (N) 4578,1 660,7

Força resistente da área líquida FR líquIda (N) 4441,1 311,9

Resistência da ligação à clivagem (N) 806,9 326,4

Resistência da ligação à tração (N) 987,5 419,5

Resistência da ligação ao cisalhamento (N) 1057,7 167,8

Resistência da ligação ao esmagamento (N) 2113,3 185,8

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5 CONCLUSÕES

A crescente necessidade de conectar peças conduz à utilização de

ligações mecânicas, principalmente devido às vantagens de montagem e

desmontagem, flexibilidade e facilidade de inspeção que essa união apresenta.

A fragilidade de resistência mecânica, introduzida por esse elemento na

estrutura, torna relevante o estudo dessas uniões.

Devido a anisotropia do material foi estudado o comportamento do

compósito em três direções: longitudinal, transversal e diagonal. O compósito

apresentou melhor desempenho mecânico, em ordem decrescente, nas

direções longitudinal, transversal e na direção [45º/ -45º/ 45º]. Resultado

esperado, uma vez que, a direção longitudinal [0º/ 90º/ 0º] é composta por

maior quantidade fibras alinhadas na direção preferencial de alta resistência.

A união entre peças exige, anterior, operações de furação, as quais

podem provocar danos nas estruturas de compósito a serem unidas. Os danos

mais importantes, causados durante a execução de furos em compósitos, são a

delaminação, pois podem provocam perda das propriedades mecânicas do

material. Os resultados indicaram que os furos analisados não apresentaram

delaminação à entrada “peel-up” e a delaminação à saída “push-down” foi

calculada em Fd = 1,121. Os compósitos reforçados com fibras de sisal,

analisados neste trabalho apresentou valores de Fd inferiores aos apresentados

por compósitos de fibras de vidro estudados na literatura.

O trabalho mensurou as perdas de resistência ocasionadas pela

presença dos furos, por meio do cálculo da tensão residual (σr). O trabalho

apontou uma tensão residual (σr) de 72,8% e a presença do furo concêntrico

representou uma perda de resistência de 27,2 %. A presença do furo, seja

ocasionado por danos de delaminação, seja pela concentração de tensão na

região dos furos, ocasionou as perdas de resitência, identificada a cima.

Comprovou-se que, de fato, a presença de furo diminui a resistência do

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81

compósito. No entanto essas perdas foram inferiores aos valores encontrados

em literatura para compósitos reforçados com outras fibras.

A investigação experimental dos efeitos dos parâmetros geométricos de

ligação largura (w) e distância do centro do furo à borda livre (e) nas ligações

permitiu identificar que existe um valor limite de e (elim) e w (wlim), a partir do qual

o aumento de e e w não contribui para o aumento da capacidade de carga da

ligação. Neste trabalho essa estabilização ocorreu em e/D ≥ 2, para w/D = 2 e 3

e em e/D ≥ 3, para w/D = 4. Esses resultados indicam que é possível definir um

valor ótimo de e (eótimo), que permita o desempenho eficiente das ligações,

tendo em vista, a segurança e podendo ainda influenciar no custo da ligação.

A análise do modo de falha identificou que as falhas por tração, clivagem

e cisalhamento, característica de estrutura frágil, ocorreram para baixas

relações de e/D e w/D, enquanto que os modos de falha por esmagamento ou

tipo misto, sendo mais conveniente e recomendado por norma, foram

identificados para os valores mais altos de e/D e w/D. Conclui-se que os modos

de falha estão diretamente relacionados com os parâmetros geométricos da

ligação.

O trabalho, ainda, apontou que as ligações com relações geométricas

w/D ≥3 e e/D ≥2 apresentaram os melhores desempenhos de transferências de

carga, entre as partes unidas da ligação, e modos de falhas aceitáveis por

norma.

O estudo experimental permitiu estabelecer os valores de esforços

resistentes e solicitantes da ligação em estudo. A força resistente da área bruta

FR bruta igual a 4578,1 N, a força resistente da área líquida FR líquIda igual a

4441,1 N; força da ligação à clivagem igual 806,9 N; resistência da ligação à

tração N igual 987,5 N; resistência da ligação ao cisalhamento igual a 1057,7 N

e a resistência da ligação ao esmagamento igual a 2113,3 N.

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81

6 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

1- Comparação entre ligações mecânicas em laminados com sequência de

empilhamento [90º/ 0º/ 90º] e [0º/ 90º/ 0º].

2- Análise das ligações mecânicas com relações geométricas, não

estudadas: e/D = 1, 2, 3, 4 e 5; w/D = 2, 3, 4 e 5.

3- Estudo experimental do comportamento e modo de falha de ligação

mecânica variando o número de fixador: sobreposta simples com um

fixador – single bolt single lap (SBS) e sobreposta simples com dois

fixadores – double bolt single lap (DBS).

4- Estudo experimental do comportamento e modo de falha de ligação

mecânica com diferentes configurações de junta: sobreposta simples

(single lap joint), junta sobreposta dupla (double lap joint) e junta de topo

(butt joints).

5- Análise do efeito da umidade na ligação mecânica.

6- Estudo das propriedades e modos de falha das ligações mecânicas

utilizando método dos elementos finitos (MEF).

7- Estudo aprofundado do efeito do momento de flexão na região

parafusada.

8- Estudo dos danos de delaminação ocasionados por diferentes

processos de execução do furo e seus impactos na resistência mecânica

do compósito.

9- Estudo do efeito de furos, com diferentes diâmetros (D), no

comportamento mecânico do laminado.

10- Estudo do efeito de furos, com diferentes diâmetros (D), no

desempenho das ligações mecânicas.

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