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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA JOFRE DE OLIVEIRA BORGES GEOLOGIA DO DISTRITO MANGANESÍFERO DE URANDI-LICINIO DE ALMEIDA: RESULTADOS PRELIMINARES Salvador - BA 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

JOFRE DE OLIVEIRA BORGES

GEOLOGIA DO DISTRITO MANGANESÍFERO DE URANDI-LICINIO DE ALMEIDA: RESULTADOS

PRELIMINARES

Salvador - BA 2008

ii

JOFRE DE OLIVEIRA BORGES

GEOLOGIA DO DISTRITO MANGANESÍFERO DE URANDI-LICINIO DE ALMEIDA: RESULTADOS

PRELIMINARES

Monografia apresentada requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em Geologia pela Universidade Federal da Bahia.

Orientador: Prof.ª Dra. Simone Cerqueira Pereira Cruz Co-orientador: Johildo Salomão Figueiredo Carbosa

Salvador - BA 2008

iii

TERMO DE APROVAÇÃO

JOFRE DE OLIVEIRA BORGES

GEOLOGIA DO DISTRITO MANGANESÍFERO DE URANDI-LICINIO DE ALMEIDA: RESULTADOS

PRELIMINARES

Trabalho Final de Graduação aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia , pela seguinte

banca examinadora:

1° Examinador – Profª Dra. Simone Cerqueira Pereira Cruz - Orientador Instituto de Geociências, UFBA. 2º Examinador - Profª Dra. Ângela Beatriz de Menezes Leal Instituto de Geociências, UFBA 2º Examinador – Violeta de Souza Martins Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, CBPM

Salvador, 05 de Dezembro de 2008

iv

Dedico este trabalho especialmente e com muito amor a minha mãe, Tânia Matildes

de Oliveira Borges e ao meu pai, José Carlos Borges. Estes foram de suma

importância na formação da minha personalidade e formação profissional. Amo

meus pais acima de tudo.

v

AGRADECIMENTOS

É com grande satisfação e alegria que eu chego a este posto. Neste momento

quero dedicar todo o meu contentamento primeiramente a Deus, pois sem ele com

certeza nada teria ocorrido.

Em seguida queria dedicar aos meus pais, Tânia Matildes de Oliveira Borges,

e José Carlos Borges por estarem sempre vivos e me incentivando a cada dia para

nunca desistir. A eles eu devo tudo, mas tudo mesmo, desde o primeiro carinho e

presente, até o último castigo.

Dedico com muito amor a minha irmã Joice, pois sempre me apoiou e me

escaldou quando não estudava.

A Luffy, o meu cachorro, por sempre me receber com carinho e amor todos os

dias quando chegava em casa.

Também não posso esquecer do meu parceiro e segundo pai Pintinho, este

cara sempre me ouviu e me deu conselhos.

A minha queria Avó, pois sempre vinha sorrindo com muito amor acreditando

no seu neto.

Também não deixo de esquecer aos meus outros familiares, sobretudo a

minha tia Zil e meu grande primo e parceiro para toda a vida Pedro Bomba, a este

também devo muito na minha vida.

Aos meus orientadores Simone Cruz e Johildo Barbosa que fizeram o seu

papel sendo extremamente rigorosos

Também aos professores Telésforo, Aroldo Sá, Maria de Lourdes, Ângela,

Felix, Castro, Carlson e Violeta por serem ótimos profissionais.

Aos meus amigos da faculdade Jailma e Josafá por me ajudar muito na

composição deste trabalho, a Andrezão, Gilcimar, Eraldo, Goiaba, Natana, Fortran,

Rodrigo, Murilo, Metafórmica, Carlos Emanuel, Joilma, Carlito, Potugal, Andreza,

Zilda, Elisa, Fernandinha, Aj, Denise, Bruno Madmax por sempre serem verdadeiros.

Aos meus inesquecíveis amigos Braba, Alexandro, Diego Grande, CC, Arnor,

Bartola, Juranda, Cabelo, Luciana, Baby, Nibelo, Levisão, estes nunca esquecerei

por todos os momentos vividos.

Desejo também toda minha gratidão, como muito amor, a minha eterna

namorada e companheira Ana Luiza da Silva Xavier, por me ajudar muito neste

trabalho além de me aturar e ser uma pessoa bastante amável e sincera.

vi

RESUMO

O distrito ferro-manganesífero de Urandi-Licínio de Almeida hospeda as maiores

ocorrência de manganês do Estado da Bahia. O objetivo geral deste trabalho é

contribuir com o entendimento dos aspectos geológicos e metalogenéticos do

Distrito em questão. Desse modo, foram selecionadas três minas do sub-distrito

Caetité-Licínio de Almeida, quais sejam, Lagoa D’anta, Colônia e Riacho Comprido e

Passagem, e uma mina do sub-distrito de Urandi, denominada de Barreiro dos

Campos. A mina de Lagoa D’anta compreende a uma formação ferro-manganesífera

com altos teores de Fe2O3. O proto-minério é do tipo óxido. As encaixantes

imediatas são classificadas itabiritos e xistos, sendo comum a paragênese grunerita-

cummingtonita e quartzo. Na ocorrência de Colônia e Riacho Comprido o minério

manganesífero é da fácies silicato (Gondito), marcado pela presença da

espessartita. Na mina da Passagem o proto-minério também é da fácieis silicato,

estando encaixado em granada-cianita-anfibolito-biotita Xisto. No sub-distrito de

Urandi, o depósito de Barreiro dos Campos é da fácies carbonato, marcado pela

rodocrosita. Os estudos petrológicos permitiram a identificação das paragêneses

quartzo+grunerita-cummingtonita+granada, sugerindo condições metamórficas de

fácies anfibolito. A análise estrutural permitiu a identificação de duas fases

deformacionais. Na primeira, F1, foi subdivida em três estágios distintos. No primeiro

foi nucleada uma foliação milonítica S0 //S1’, em contexto tectônico incerto. No

segundo rampas de empurrão e zonas de cisalhamento intraestratais levaram à

formação da foliação milonítica S0 //S1’ // S1”, cujos indicadores de movimento

sugerem transporte tectônico para NW. No terceiro estágio um conjunto de

sinformes e antiformes foram gerados, com vergência para NW. A segunda fase

deformacional levou à formação de um conjunto de fraturas de cisalhamento

compressional. Segundo consideração deste trabalho, os depósitos em questão

depositaram-se numa bacia marinha, em condições plataformais, com fonte primária

destes metais de origem hidrotermal. Entretanto, tais deduções são alvo de

controvérsias, pois os eventos tectono-metamorficos, ocorridos no Neoproterozóico,

e ação da supergênese, no Fanerozóico, podem ter remobilizado e reconcentrado os

elementos, mascarando as sua assinaturas originais.

vii

SUMÁRIO ÍNDICE DE FIGURAS vii INDICE DE FOTOGRAFIAS xi ÍNDICE DE TABELAS xv CAPÍTULO 1 – ASPECTOS INICIAIS 18 1.1 Introdução 18 1.2 Contextualização do problema 20 1.3 Objetivos 20 1.4 Localização da Área de Trabalho 22 1.5 Justificativa 22 1.6 Método de Trabalho 23 1.6.1 Levantamento Bibliográfico 23 1.6.2 Trabalhos de mapeamento e caracterização das minas 23 1.6.3 Estudos petrográficos e microestrutural 23 1.6.4 Estudos litogeoquímicos do protominério 24 1.7 Organização da Monografia 24 CAPÍTULO 2 – GEOLOGIA REGIONAL 25 2.1 Introdução 25 2.2 Unidades Litoestratigráficas 26 2.2.1 Embasamento do Bloco Gavião 28 2.2.2 Plutônicas Ácidas e Básicas 33 2.2.3 O Supergrupo Espinhaço 35 2.2.4 O Supergrupo São Francisco 39 2.2.5 Evolução Tectônica 40 CAPÍTULO 3 – GEOLOGIA DAS MINAS 44 3.1 Introdução 44 3.2 Geologia do Manganês: Aspectos Genéticos 44 3.3 Geologia das Minas Selecionadas 51

viii

3.4 Descrição das Minas Visitadas 52 3.4.1 Mina Lagoa D’anta 53 3.4.2 Mina Colônia e Riacho Comprido 69 3.4.3 Mina Passagem 74 3.4.4 Mina Barreiro dos Campos 78 3.5 Geologia Estrutural da Minas Visitadas 85 3.6 Metamorfismo 93 3.7 Litogeoquímica: parâmetros preliminares de análise 96 3.7.1 Introdução 96 3.7.2 Caracterização Litogeoquímica 97 3.8 Evolução do Depósito de Manganês do Distrito Manganesífero de Urandi-Licinio de Almeida 104 CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES 106

ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.2: Localização das minas do distrito Manganesífero de Urandi-Licinio de

Almeida. Modificado de Rocha (1991). Em verde estam localizadas as minas

estudadas. 21

Figura 1.3: Mapa de localização da área de estudo, com a indicação dos distritos

estudados. 22

Figura 2.1: O Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental no cenário do Gondwana,

reconstruído pela justaposição de modelos digitais de terreno da porção leste do

Brasil e costa oeste africana. L: Luanda; C: Cabinda; S: Salvador (Brasil). No

retângulo em vermelho observa-se a área de estudo. 26

Figura 2.2: Mapa geológico/estrutural do Corredor do Paramirim.. ZCBC- Zona de

cisalhamento Brumado-Caetité, ZTI- Zona de transferência de Itanajé, ES-

Espinhaço Setentrional, CD- Chapada Diamantina, SRP- Saliência do Rio Pardo

(Faixa Araçuaí), SG- Serra Geral. O limite do Corredor do Paramirim está

demarcado pela linha tracejada. Extraído de Cruz & Alkmim (2006). Em vermelho, a

área de trabalho. 27

Figura 2.3: Mapa geológico da porção nordeste do Cráton do São Francisco com ao

principais compartimentos tectônicos. 30

Figura 2.4: Mapa geológico simplificado do Bloco Gavião na região de Brumado,

destacando os granitóides estudados (Adaptado de Barbosa & Dominguez 1996). 1-

Coberturas fanerozóicas. Neoproterozóico: 2- Supergrupo São Francisco (Grupo

Una). Mesoproterozóico: Supergrupo Espinhaço (SGESP), 3- Grupos Paraguaçu e

Chapada Diamantina, 4- Complexo ígneo-metamórfico Lagoa Real.

Paleoproterozóico: 5- Granitóides (granitos, granodioritos e monzogranitos); CA=

Caculé, ES= Espírito Santo, IG= Iguatemi, RP= Rio do Paulo, SF= Serra da Franga,

UM= Umburanas, GA= Gameleira, RPE= Riacho de Pedras. Arqueano: 6-

Greenstone belt de Contendas Mirante, 7- Seqüências greenstone belt do Bloco

Gavião (GBU= Greenstone belt de Umburanas, IB= Complexo Ibitira-Brumado), 8-

Granitóides (tonalitos, granitos e granodioritos); LM= Lagoa da Macambira, MP=

Malhada de Pedras, SE= Serra do Eixo, MA= Mariana, SV= Sete Voltas, SP= Serra

dos Pombos, LMO= Lagoa do Morro, JU= Jussiape; 9- Terrenos gnáissicos-

migmatíticos da suíte TTG (tonalitos, trondhjemitos e granodioritos) com a presença

x

subordinada de paragnaisses. Z.C.= Zonas de cisalhamentos. Falhas de

empurrão. 31

Figura 2.5: Mapa Geológico do Estado da Bahia simplificado, mostrando os

principais terrenos Greenstone Belt e Seqüências Vulcanossedimentares. Fonte:

Modificado de Silva & Cunha (1999). 32

Figura 2.6: Coluna estratigráfica resumida com os principais compartimentos

litoestratigráficos, ambiente tectônico e deposicional do Supergrupo Espinhaço na

Chapada Diamantina. Fonte: Guimarães et. al. (2005). 36

Figura 2.7: Coluna estratigráfica esquemática da bacia do Espinhaço Setentrional,

mostrando os principais sistemas deposicionais e os ambientes tectônicos. Legenda:

1 a 3 – Estratificação cruzada: 1 Acanalada, pequeno porte; 2 –Acanalada, grande

porte; 3-Hummocky; 4-Laminação plano-paralela; 5 –Laminação plano-paralela com

marcas onduladas; 6 –Formação ferro-manganesífera do embasamento. Modelos

deposicionais: A - Ambiente marinho profundo (possível talude), com lobos

turbidíticos; B-Ambiente litorâneo (shoreface). Com tempestades; C- Ambiente

continental fluvioeólico; D - Plataforma marinha rasa. Fonte: Rocha et. al. (1998) 37

Figura 2.8: Seção geotectônica E-W da porção SSE-SSW da Bahia, mostrando a

estruturação das unidades geotectônicas paloproterozóicas. Modificado de Barbosa

& Sabaté (2004). 42

Figura 2.9: Modelo de interação entre o Aulacógeno do Paramirim e Orógeno

Araçuaí, proposto por Cruz & Alkmim (2006). 43

Figura 3.1: Campo de estabilidade de óxidos e carbonatos de manganês em bacias

sedimentares. Extraído de Krauskopf (1979). 46

Figura 3.2: Distribuição dos depósitos de manganês no tempo geológico. Observa-

se que entre 2.5 e 2.0 Ga é onde se concentram os maiores depósitos de manganês

no mundo. Modificado de Veizer et. al. (1989) 48

Figura 3.3: Representação esquemática do modelo de deposição de manganês em

oceanos estratificados com variação do nível eustático do oceano. Modificado de

Roy (2006). 50

Figura 3.4: Diagrama Eh-pH mostrando os campos de estabilidade para os minerais

de manganês mais comuns em ambiente supergênico. (Fonte Krauskopf, 1957). 51

Figura 3.5: Croqui esquemático da mina de Lagoa D’anta exibindo onde foram

realizados os perfis geológicos (L1, L2 e L3). 54

xi

Figura 3.6: Seção geológica L1 na mina de Lagoa D’anta mostrando a disposição

dos litotipos. 55

Figura 3.7: Seção Geológica L2 na mina de Lagoa D’anta 55

Figura 3.8: Seção geológica L3 na mina de Lagoa D’anta. 56

Figura 3.9: Poligonal demarcando o perímetro da Mina da Colônia e Riacho

Comprido. 69

Figura 3.10: Seção geológica da mina Colônia e Riacho Comprido (CRC) mostrando

a disposição das quatro unidades observadas. 71

Figura 3.11: Croqui esquemático da mina da Passagem. 75

Figura 3.12: Croqui esquemático da mina da Passagem com a distribuição das suas

estruturas. 76

Figura 3.13: Bloco Diagrama na mina da passagem com as unidades identificadas.

76

Figura 3.14: Croqui esquemático da mina de Barreiro dos Campos. 79

Figura 3.15: Seção geológio-estrutural da área de estudo, com posicionamento

estrutural das minas de Mn do Distrito de Licínio de Ameida, na serra do Espinhaço

Setentrional. 86

Figura 3.16: Modelo deformacional da área especificando as fases defomacionais,

seus estágios e a cinemática. 88

Figura 3.17: Diagramas esterográficos de estruturas planares e lineares da Mina de

Lagoa D’anta. (a) Diagrama de estruturas planares (S0//S1’//S1’’), (b) diagrama de

estruturas lineares (Lbn) e (c) diagrama de estruturas lineares (Lx). 91

Figura 3.18: Diagrama estereográfico sinóptico com estruturas planares e lineares

da Mina de Passagem. (a) diagrama de estruturas planares (Sn) e (b) diagrama de

estruturas lineares (Lx). Hemisfério inferior. 92

Figura 3.19: Modelo estrutural esquemático da mina da Passagem. 92

Figura 3.20: Diagramas estereográfico sinóptico das medidas de foliação (Sn) e

lineação de estiramento mineral (lx). Em (a) estereograma da foliação Sn e em (b)

estereograma de lineação de estiramento mineral Lx. Hemisfério inferior. 92

Figura 3.21: Diagramas estereográficos sinóptico de fraturas de cisalhamento e

decomposição vetorial sugerindo direção de esforço principal. (a) Fraturas de

cisalhamento reversa dextral, medida no plano, (b) fratura de cisalhamento reversa

dextral, medida na linha, (c) fratura de cisalhamento reversa sinistral, medida no

xii

plano, (d) fratura de cisalhamento reversa sinistral, medida na linha e (e) direção do

esforço principal. Hemisfério inferior. 93

Figura 3.22 - Diagrama petrogenético para o sistema F-A-H-S em rochas pelíticas.

Fonte: Burcher & Frey (2002). 95

Figura 3.23: Padrão geoquímico de formação ferrífera da fácies óxido,

Garumahishani, Orissa Índia. As amostras encontram-se normalizadas no

normalizador PAAS. Fonte: Bhattacharya et al. (2007) 99

Figura 3.24: Padrão geoquímico de elementos Terras Raras para a mina de Lagoa

D’anta. As amostras foram normalizadas no PAAS normalizador. 100

Figura 3.25: Gráfico discriminante de Si x Al, proposto por Choi e Hariya (1992), para

determinar a fonte do manganês. A marcação em “X” compreennde a mina de

Colônia e Riacho Comprido. 102

Figura 3.26: Gráfico Si x Al, sugerido por Choi e Hariya (1992), diferenciando os

depósitos de manganês do tipo hidrogeno e hidrotermal. Notar a marcação em “X”

que corresponde a amostra JC-02 da mina de Colônia e Riacho Comprido. 103

Figura 3.27: Gráfico Na x Mg, suposto por Nicholson (1988), diferenciando o tipo de

bacia que gerou os depósitos de manganês. Observar a marcação em “X”

compreendendo a mina de Colônia e Riacho Comprido. 103

Figura 3.28: Modelo deposicional sugerido para os depósitos de ferro e manganês

do Distrito Ferro-Manganesífero de Urandi-Caetité Licínio de Almeida. 104

xiii

ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 3.1: Vista geral da escavação principal da Mina de Lagoa D’anta. 53

Fotografia 3.2: grunerita-cummingtonita Itabirito jacobsítico, unidade J7L1. 57

Fotografia 3.3: Micrografia da rocha J7L1 mostrando os óxidos de ferro e manganês

(Fe e Mn), estes exibindo hábito por vezes acicular (círculo verde em destaque), e

minerais de quartzo (Qz). A Fotografia é apresentada em luz polarizada. 57

Fotografia 3.4: biotita-granada-tremolita Xisto J8L1 com coloração esverdeada e

aspecto anisotrópico. 58

Fotografia 3.5: Aspecto petrográfico da unidade J8L1, em luz plana e polarizada.

Notar os porfiroblastos de granada (Grt) e a matriz nematoblástica marcada pelos

cristais de tremolita (Tr). 59

Fotografia 3.6: Aspecto petrográfico da unidade J8L1, em nicóis cruzados. Notar os

porfiroblastos de granada (Grt) e a matriz nematoblástica marcada pelos cristais de

tremolita (Tr) 59

Fotografia 3.7: Unidade J1L3, mostrando sua coloração e disposição no afloramento.

60

Fotografia 3.8: Aspecto textural da biotita–cianita-Xisto. Notar matriz composta por

tremolita (Tr) e biotita (Bt). A imagem é mostrada em nicois crusados. 61

Fotografia 3.9: Rocha J2L3 com coloração preto-acinzentada e aspecto isotrópico. 62

Fotografia 3.10: Caracterização microscópica da rocha grunerita-cummingtonita-

calcita Xisto (J2L3), mostrando os minerais de calcita (Cal) com geminação

polisintética e contatos retos, caracterizando uma textura poligonal. A Fotografia

apresenta-se em nicóis cruzados. 62

Fotografia 3.11: Fotomicrografia da unidade J2L3 mostrando porfiroblastos de biotita

(Bt) tendo minerais opacos inclusos, indicado na seta. Imagem e luz plano

polarizada. 63

Fotografia 3.12: Fotomicrografia da unidade J2L3 mostrando porfiroblastos de biotita

(Bt) tendo minerais opacos inclusos, indicado na seta. Fotografia em nicóis

cruzados. 63

Fotografia 3.13: Aspecto petrográfico da unidade J4L3. Notar os minerais opacos,

que correspondem aos óxidos de ferro e manganês (Fe e Mn), exibindo formato

xiv

irregular, e os cristais de quartzo (Qtz) caracterizando uma textura granoblástica

granular. Imagem em luz plano polarizada. 64

Fotografia 3.14: Aspecto petrográfico da unidade J4L3. Notar os minerais opacos,

que correspondem aos óxidos de ferro e manganês (Fe e Mn), exibindo formato

irregular, e os cristais de quartzo caracterizando uma textura granoblástica granular.

A imagem em nicóis cruzados. 64

Fotografia 3.15: Porfiroblasto de óxido de ferro e manganês, indicado na seta, já

exibindo sinais de supergênese, denunciada pelos cristais com fáceis irregulares.

Imagem em luz plana polarizada. Notar na parte superior da imagem um aglomerado

de grãos de quartzo (Qtz) 65

Fotografia 3.16: Rocha grunerita-cummingtonita Itabirito, da unidade J5-3L3,

expondo alto grau de alteração supergênica. Observar o formato anaedral dos

cristais. A Fotografia esta em luz plana e polarizada. 65

Fotografia 3.17: Fotomicrografia da unidade J6L3 mostrando os minerais de quartzo

(Qtz) e grunerita-cummingtonita (Gr-Cum), além dos halos de alteração pretos entre

os grãos da rocha, indicado na seta. Imagem em luz plano polarizada. 66

Fotografia 3.18: Fotomicrografia da unidade J6L3 mostrando os minerais de quartzo

(Qtz) e grunerita-cummingtonita (Gr-Cum), além dos halos de alteração pretos entre

os grãos da rocha, indicado na seta. Imagem em nicóis cruzados 66

Fotografia 3.19: Unidade J6L3, com coloração amarela-amarronzada e aspecto

anisotrópico marcada pela foliação metamórfica/deformacional. 67

Fotografia 3.20: Fotomicrografia da unidade J6L3 mostrando os minerais que

compõe a rocha. Na fotografia é possível observar um agregado de grãos de

quartzo, na porção central da imagem, e óxido de ferro e manganês (Fe e Mn) em

nicóis cruzados. 68

Fotografia 3.21: Aspecto petrográfico da unidade J6L3. Notar os óxidos de ferro e

manganês preenchendo as fraturas da rocha, causada pela supergênese (indicado

na seta amarela) e halos de alteração da grunerita-cummingtonita (Gr-Cum) em cor

alaranjada (especificada na seta vermelha). Observar no canto superior direito os

minerais de quartzo (Qtz). 68

Fotografia 3.22: Mina Colônia e Riacho Comprido em alto estado de abandono. 70

Fotografia 3.23: Minério manganesífero do tipo silicato (Gondito) enriquecido pela

supergênese mostrada pela presença de fraturas. 72

xv

Fotografia 3.24: Fotomicrografia do Gondito (JC-02) onde é possível observar os

minerais de espessartita (Spst) alterando para óxido de manganês supergênico

(minerais opacos). Fotografia em luz plana polarizada. 72

Fotografia 3.25: Análise petrográfica da rocha JC-02 evidenciando os minerais de

quartzo (Qtz) exibindo contatos retos. Representação em luz plano polarizada. 73

Fotografia 3.26: Análise petrográfica da rocha JC-02 evidenciando os minerais de

quartzo (Qtz) exibindo contatos retos. Imagem em nicóis cruzados. 73

Fotografia 3.27: Quartzitos com lentes de manganês. 73

Fotografia 3.28: Blocos rolados de manganês, no topo da seqüência, imersos numa

matriz areno-argilosa. 74

Fotografia 3.29: Aspecto geral da Mina da Passagem. 75

Fotografia 3.30: Contado brusco entre o granada-xisto e a formação manganesífera.

77

Fotografia 3.31: Amostra de um granada-cianita-anfibolita-biotita Xisto na mina, da

Passagem. 77

Fotografia 3.32: Minério manganesífero primário, já com feições da atuação

supergênica, intercalado com lentes centimétricas a milimétricas de caulim. 78

Fotografia 3.33: Fotomicrografia da rocha BC-01. Notar os porfiroblastos de

rodocrosita (Rds) com níveis de alteração preliminares em suas bordas, cristais de

calcita (Cal) e tremolita (Tr). Imagem com nicóis cruzados. 81

Fotografia 3.34: Aspecto microscópico da tremolita Xisto (BC-02), mostrando a

textura nematoblástica marcada pela tremolita preenchendo a matriz da rocha, além

dos minerais de calcita que exibem geminação polisintética. A Fotografia mostra

uma seção em nicóis cruzados. 81

Fotografia 3.35: Textura granoblástica granular, marcada pelos minerais de calcita

(Cal). Notar a presença do óxido de manganês secundário (indicado nas setas)

preenchendo os espaços entre os grãos de calcita na rocha BC-03 e BC-04. A

Fotografia é mostrada em luz plano polarizada. 82

Fotografia 3.36: Fotomicrografia mostrando a textura granoblástica granular das

rochas BC-05 e BC-09. Notar que os minerais de calcita (Cal) apresentam contatos

ora retos e ora curvos e geminação polisintética. Imagem com nicóis cruzados. 82

Fotografia 3.37: Mármore com óxido de manganês (BC-06). Notar nas setas a

presença de óxido de manganês supergênico preenchendo as fraturas da rocha. A

Fotografia é mostrada em nicóis cruzados. 84

xvi

Fotografia 3.38: Fotomicrografia de granada Xisto, mostrando porfiroblastos de

granada (Grt) e cristais de tremolita (Tr) formando uma paragênse. Luz plana

polarizada. 84

Fotografia 3.39: Fotomicrografia de granada Xisto, mostrando porfiroblastos de

granada (Grt) e cristais de tremolita (Tr) formando uma paragênse. Notar seta

indicado grãos poiquiloblastos de tremolita (Tr) inclusos em porfiros de calcita (Cal).

Nicóis cruzados 84

Fotografia 3.40: Aspecto geral da mina de Lagoa D’anta que encontra-se estruturada

em dobras assimétricas com vergência para NW. 89

Fotografia 3.41: Dobra intrafolial, sugerindo S0 // S1’ na Mina de Lagoa D’anta. 89

Fotografia 3.42: Dobra inclinada na unidade J6L3 com vergência para NW,

registrando o estágio F1’’’ da fase F1. 90

Fotografia 3.43: Dobra em ‘w’, da unidade J8L1, associada com o sistema de dobras

com vergência para NW na mina de Lagoa D’antas. Trata-se de um registro do

estágio F1’’’ (Fase F1). 90

xvii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1: Síntese dos eventos formadores de bacia para a bacia do Espinhaço

Sentetrional, de acordo com os modelos propostos por Danderfer (2000),

Schobbenhaus (1996) e Dominguez (1996). ULF – Unidade Litoestratigráfica norma,

EFB – Evento formador de bacias. Fonte: Danderfer-Filho (2000). 38

Tabela 3.1: Evolução físico-química da atmosfera e hidrosfera durante o

Precambriano. Modificado de Kasting (1978). 47

Tabela 3.2: Principais depósitos de manganês no tempo geológico. Notar a

abundância destes depósitos no final do Arqueano e Paleoproterozóico no

Precambriano. Modificado de Roy (2006). 49

Tabela 3.3: Composição modal das unidades diferenciadas na mina de Lagoa

D’anta. 56

Tabela 3.4: Tabela resumida com a composição modal e nome da rocha das rochas

estudadas na mina Barreiro dos Campos. 80

Tabela 3.5 - Paragênese metamórfica progressiva encontradas nas minas

estudadas. 94

Tabela 3.6: Análise química de elementos maiores da mina de Lagoa D’anta. Os

dados estam expressos em porcentagem. 97

Tabela 3.7: Tabela para elementos Terras Raras da mina de Lagoa D’anta. Os

dados estam expressos em ppm. 98

Tabela 3.8: Tabela resumida dos elementos maiores na mina de Colônia e Riacho

Comprido. Todos os dados estam expressos em porcentagem. 101

18

CAPÍTULO 1 ASPECTOS INICIAIS

1.1 Introdução

Localizado na porção sudoeste do Estado da Bahia (Figura 1.1), o Cinturão de

Cavalgamentos e Dobramentos do Espinhaço Setentrional compreende o

embasamento mais antigo que 1.8 Ga, rochas plutônica ácidas de 1.7 Ga do

Complexo Lagoa Real, rochas básicas de 1.5 Ga e 0.8 Ga, e um conjunto de rochas

terrígenas e marinhas dos supergrupos Espinhaço e São Francisco, respectivamente,

de idade paleo e neoproterozóica. Juntamente com a região compreendida entre as

serras do Espinhaço Setentrional e Palma de Monte Alto, onde aflora o Complexo

Urandi, esse cinturão integra a porção sudoeste do Corredor do Paramirim (Alkmim et

al. 2003) que foi envolvida nas deformações neoproterozóicas (Cruz & Alkmim 2006,

Alkmim et. al. 2007, Pedrosa Soares et al. 2007) (Figura 1.1).

O Corredor do Paramirim, que está inserido na porção setentrional da Faixa

Araçuaí (Cruz & Alkmim 2006, Alkmim et. al. 2007), vem se destacando no cenário

geológico nacional pelas recentes descobertas de depósitos de ferro e pelos

depósitos de manganês, estes explorados desde meados o século passado. Tais

depósitos encontram-se relacionados com seqüências meta-vulcanossedimentares

ou metassedimentares do Bloco Gavião (Silva & Cunha 1999). Em especial,

destacam-se as formações do Distrito Ferromanganesífero Urandi-Licinio de

Almeida, cujo posicionamento estratigráfico ainda é motivo de controvérsia. Para

Moraes et. al. (1980), Silva & Cunha (1999), Delgado et. al. (2004), as unidades que

hospedam os depósitos de ferro e manganês do distrito em questão deveriam ser

agrupadas em uma única seqüência vulcanossedimentar do embasamento,

denominado de Complexo Urandi-Licínio de Almeida, ao passo que Rocha (1990,

19

1991), Barbosa & Domingues (1996) e Rocha et al. (1998) consideram duas

unidades, denominadas de Formação Tauape, que representa uma seqüência do

embasamento, e de Formação Mosquito, que trata-se da unidade basal do

Supergrupo Espinhaço.

Figura 1.1: Mapa tectônico simplificado da porção leste do Brasil, enfatizando o novo contorno do

Cráton do São Francisco, o Aulacógeno do Paramirim, o Cinturão de Cavalgamentos e Dobramentos

do Espinhaço Setentrional (ES), Chapada Diamantina (CD) e Orógeno Araçuaí, porção brasileira do

orógeno Araçuaí-Oeste Congo. Fonte: (Cruz 2004).

No Distrito Ferromanganesífero Urandi-Licinio de Almeida, no Estado da Bahia,

entre as cidades de Caetité, no distrito de Santa Luzia, e Licínio de Almeida, assim

como na região de Urandi, ocorre mais de uma dezena de minas de manganês

(Figura 1.2) que vêm sendo exploradas economicamente ao logo dos últimos 50 anos.

Recentemente, na região de Caetité alguns depósitos de ferro foram reavaliados,

tornando-se alvo de pesquisa e configurando-se como potenciais jazidas.

Este trabalho pretende contribuir com o entendimento da evolução geológica e

metalogenética dos depósitos de manganês do Distrito Ferromanganesífero Urandi-

Licinio de Almeida e de suas encaixantes imediatas através do estudo de detalhe das

minas Lagoa D’anta, Colônia e Riacho Comprido, Passagem, estas inseridas no

contexto do Espinhaço Setentrional, e Barreiro dos Campos, na região de Urandi

(Figura 1.2).

20

1.2 Contextualização do Problema Os depósitos de manganês Distrito Ferromanganesífero Urandi-Licinio de

Almeida vêm sendo explorados economicamente desde a metade do século

passado por companhias privadas. A exploração de manganês é feita através de

minas a céu aberto e em garimpos, em unidades que associam-se aos depósitos

estratificados (primários) desse distrito e que foram metamorfisados (secundário).

Além disso, depósitos aluvionares (secundários) integram o distrito e estes também

vêm sendo alvo da exploração mineral. A principal controvérsia que envolve os

depósitos primários está relacionada com o seu posicionamento estratigráfico e com

o seu significado geológico. Além disso, pouco se sabe a cerca da evolução

metamórfica e estrutural do minério de manganês e das suas encaixantes imediatas,

assim como dos processos metalogenéticos associados com a formação dos

depósitos. Diante do exposto, surgem as seguintes questões: qual a tipologia dos

proto-minérios dos depósitos de manganês no Distrito Ferromanganesífero Urandi-

Licinio de Almeida? Quais as características petrológicas e estruturais desses

depósitos? Quais as características litogeoquímicas desses depósitos e de suas

encaixantes imediatas? É possível agrupar os litotipos em uma única bacia

sedimentar?

1.3 Objetivos Este trabalho tem como objetivo geral contribuir com o entendimento dos

aspectos geológicos e metalogenéticos do Distrito Manganesífero de Urandi-Licínio

de Almeida.

Como objetivos específicos, tem-se:

a) identificar e caracterizar a faciologia do minério e suas encaixantes nas

minas selecionadas para estudo, nas escalas meso e microscópica;

b) proceder ao estudo da evolução metamórfica e da litogeoquímica do

minério e de suas encaixantes imediatas.

c) proceder ao levantamento do arcabouço estrutural das minas selecionadas;

d) propor um modelo de evolução geológica e metalogenética para os

depósitos estudados.

Resolver essas questões representa dar um passo significativo no

entendimento do sistema metalogenético em questão. Desta forma, como um

21

primeiro ensaio de pesquisa, foram selecionadas quatro minas que serviram como

laboratório natural de estudo.

Figura 1.2: Localização das minas do distrito Manganesífero de Urandi-Licinio de Almeida. Modificado de Rocha (1991). Em verde estam localizadas as minas estudadas.

22

1.4 Localização da Área de Trabalho A área de trabalho localiza-se na porção sudoeste do Estado da Bahia. A

cidade de Licínio de Almeida corresponde à sede da área pesquisada, estando

distante cerca de 744 km da cidade de Salvador. O acesso, a partir de Salvador, é

feito inicialmente pela BR 324, passando por Feira de Santana. Nesta localidade,

toma-se a BR 116, passando por Maracás, e posteriormente a BR 030, nas

proximidades da cidade de Tanhaçu, seguindo até Caetité. A partir de então, toma-

se uma estrada não pavimentada, por onde percorre-se cerca de 80 km até chegar à

cidade de Licínio de Almeida (Figura 1.3). Uma outra opção de acesso até a sede da

área de trabalho é pela cidade de Caculé, a partir da qual toma-se uma estrada

asfaltada, percorrendo-se cerca de 80 km.

Figura 1.3: Mapa de localização da área de estudo, com a indicação dos distritos estudados.

1.5 Justificativa O Distrito Manganesífero de Urandi-Licínio de Almeida constitui-se como um

importante sítio metalogenético do Estado da Bahia. Até o momento, pouco se sabe

a cerca da faciologia dos seus depósitos e muitas controvérsias existem a cerca do

significado tectônico dessas unidades e sobre a sua evolução geológica. Alguns

23

modelos já foram aventados para explicar o posicionamento geológico das unidades

que hospedam as formações ferro-manganesíferas, mas todos carecem de um

estudo científico sistemático que permita responder às principais questões

anteriormente levantadas nessa monografia. Entender a constituição litológica e a

evolução geológica dessas formações e dos depósitos associados representa dar

um passo significativo no entendimento dos processos geológicos acumuladores de

minério, em especial de manganês, do Bloco Gavião, processos esses ainda pouco

conhecidos.

1.6 Método de Trabalho Para atingir os objetivos propostos, foram realizadas as atividades

apresentadas a seguir.

1.6.1 Levantamento Bibliográfico Para a realização da pesquisa foram consultados artigos, projetos

institucionais, resumos de congressos que tratem da área de trabalho e do tema de

estudo.

1.6.2 Trabalhos de mapeamento e caracterização das Minas Os trabalhos de campo foram realizados durante 22 dias, os quais foram

realizados perfis regionais e estudos nas minas selecionadas. Também neste

período foram coletadas amostras e realizada a análise estrutural clássica. Neste

caso os elementos estruturais foram coletados de forma a fornecer a posição

espacial das estruturas identificadas em campo. Depois de identificados, as

estruturas foram hierarquizadas e organizadas em planilha Excel. Uma vez

organizados, os dados foram lançados em arquivos em formato txt do Bloco de

notas e confeccionados os diagramas estereográficos no programa Estereonet (for

Windows, versão 3.03).

1.6.3 Estudos petrográficos e microestrutural Dezoito amostras coletadas em campo foram estudadas em microscópio

óptico através de luz transmitida visando identificar as assembléias minerais do

minério e das suas encaixantes. Além disso, tais amostras serviram como subsídio

24

para o estudo da evolução metamórfica e microestrutural da área e sua relação com

as principais fases deformacionais.

1.6.4 Estudos litogeoquímicos do protominério Um total de três amostras de rocha coletadas nas minas foram encaminhadas

para laboratório, as quais foram tratadas no progama Minpet (Linda R. Richard 1995,

versão 2.02). As análises foram de rocha total e contemplaram amostras de

formações ferro-manganesíferas. Essas amostras foram analisadas pela empresa

Geosol. Para a determinação das concentrações dos elementos foram utilizados os

seguintes métodos: digestão multiácida/absorção atômica, acima de 1% por fusão

com tetraborato de lítio – fluorescência de raio-x e pó prensado – fluorescência de

raio-x

1.7 Organização da Monografia A presente monografia foi organizada em quatro capítulos. No primeiro

capítulo apresenta-se a introdução, problema, objetivos, justificativa e método de

trabalho. No segundo capitulo apresenta-se a Geologia Regional, ao passo que no

terceiro capítulo apresenta-se o objeto de estudo, em seus aspectos petrológicos,

estruturais e litogeoquímicos. No quarto e ultimo capítulo apresentam-se as

conclusões.

25

CAPÍTULO 2 GEOLOGIA REGIONAL

2.1 Introdução

O Estado da Bahia está contido, em quase sua totalidade, no Cráton do São

Francisco (CSF) que segundo Almeida (1977) corresponde a uma entidade tectônica

que foi consolidada no final do Paleoproterozóico. Como cinturões orogênicos

relativos ao cráton em questão, têm-se o Araçuaí-Oeste Congo, Brasília, Rio Preto,

Riacho do Pontal e Sergipana. Neste cenário, a área de trabalho abordada nesta

monografia está totalmente inserida no domínio Setentrional do Orógeno Araçuaí-

Oeste Congo (Cruz 2004, Alkmim 2004, Cruz & Alkmim 2006, Alkmim et. al. 2007,

Pedrosa Soares et. al. 2007).

Em seu domínio nordeste, no território baiano, o CSF é constituído por uma

diversidade de rochas, desde arqueanas a paleoproterozóicas, sendo a totalidade da

sua área exposta formada por terrenos metamórficos de médio a alto graus

posicionados nos denominados Bloco Gavião, Jequié e Serrinha (Barbosa & Sabaté

2002). Em sua maioria, encontra-se recoberto por rochas sedimentares

metamorfizadas ou não, de idades paleo, meso e neoproterozóica, além de

coberturas tércio-quaternárias. Recentemente, a partir de argumentos estruturais

Cruz & Alkmim (2006) propuseram a redefinição do limite sudoeste do CSF,

estendendo a porção Brasileira do orógeno Araçuaí Oeste Congo até a região de

Boquira, na Bahia (Figura 2.1). Neste sentido, parte do Bloco Gavião anteriormente

inserido no domínio do Cráton do São Francisco passou a integrar o Orógeno em

questão.

O Corredor do Paramirim (Alkmim et. al. 1993) representa a estrutura

dominante da porção setentrional da porção brasileira do Orógeno Araçuaí-Oeste

26

Congo, configurando-se como um domínio de deformação neoproterozóica que

abarca os cinturões de dobramentos e cavalgamentos da Chapada Diamantina

Ocidental e da Serra do Espinhaço Setentrional, um conjunto de plutônicas ácidas e

básicas, além do substrato gnáissico-migmatítico e seqüências

vulcanossedimentares do Bloco Gavião (Figura 2.2). Neste contexto, posiciona-se o

Distrito Ferro-manganesífero de Urandi-Licínio de Almeida, que integra a porção

sudoeste desse corredor.

Figura 2.1: O Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental no cenário do Gondwana, reconstruído pela justaposição de modelos digitais de terreno da porção leste do Brasil e costa oeste africana. L: Luanda; C: Cabinda; S: Salvador (Brasil). No retângulo em vermelho observa-se a área de estudo.

2.2 Unidades Litoestratigráficas

Nesta seção serão apresentadas às unidades litoestratigráficas que afloram

regionalmente e que estão inseridas no contexto do Corredor do Paramirim, na

porção setentrional do orógeno Araçuaí-Oeste Congo (Figura 2.1 e 2.2). Além disso,

27

serão apresentados os modelos de evolução geodinâmica propostos para a porção

do Bloco Gavião inserida no contexto do corredor de deformação em foco.

Figura 2.2: Mapa geológico/estrutural do Corredor do Paramirim.. ZCBC- Zona de cisalhamento Brumado-Caetité, ZTI- Zona de transferência de Itanajé, ES- Espinhaço Setentrional, CD- Chapada Diamantina, SRP- Saliência do Rio Pardo (Faixa Araçuaí), SG- Serra Geral. O limite do Corredor do Paramirim está demarcado pela linha tracejada. Extraído de Cruz & Alkmim (2006). Em vermelho, a área de trabalho.

28

2.2.1 Embasamento do Bloco Gavião O embasamento que compõe a área de estudo corresponde às rochas mais

antigas que 1.8 Ga e associadas ao Bloco Gavião. Segundo Bastos Leal (1996),

Bastos Leal (1997), Bastos Leal (1998), Menezes Leal et. al. (2005), o Bloco Gavião

compreende rochas gnáissicas, migmatizadas ou não, rochas vulcanossedimentares

e granitóides arqueanos/paleoproterozóico associadas à evolução do embasamento

do Cráton do São Francisco. Os terrenos gnáissicos são constituídos por três grupos

de TTG’s equilibrados em fácies anfibolito (Bastos Leal 1998). O primeiro grupo, com

idades U-Pb SHIRIMP entre 3,4 - 3,2 Ga, compreende o TTG Sete Voltas/Boa Vista

MataVerde e o Tonalito Bernada. O segundo grupo, com idades U-Pb SHIRIMP

entre 3,2 – 3,1 Ga é formado pelos granitóides Serra do Eixo, Mariana, Piripá.

Segundo Martin et. al. (1991), Marinho (1991), Santos Pinto (1996), Cunha et. al.

(1996) e Bastos Leal (1998), ambos os grupos de TTG’s se originaram a partir da

fusão de basaltos toleíticos, onde somente o segundo sofreu contaminação crustal.

O terceiro grupo, de acordo com Bastos Leal (1998) possui evolução

mesoarqueana e está representado pelos maciços Lagoa do Morro, Serra dos

Pombos e Malhada de Pedras (U/Pb, 2,8 – 2,9 Ga). Segundo Barbosa & Sabaté

(2003) essas rochas possuem química cálcio-alcalina sendo associadas ao

plutonismo granodiorítico e granítico formado durante a subducção de crosta

oceânica para oeste durante a colisão dos Blocos Jequié e Gavião, no

Mesoarqueano.

De acordo com Bastos Leal (1998) e Menezes-Leal et. al. (2005), os terrenos

gnáissicos-migmatíticos arqueanos do Bloco Gavião tiveram importante participação

na gênese do magma parental relacionado com a da granitogênese

paleoproterozóica deste segmento cratônico. Dentre eles, destacam-se os maciços

Rio do Paulo (RP), Caculé (CA), Espírito Santo (ES) e Iguatemi (IG). Os maciços RP

e CA possuem idade Rb-Sr de 1959 ± 50 e 207Pb/206Pb (zircão) de 2019 ± 32 (Bastos

Leal 2000), respectivamente, ambos com características geoquímica que os

enquadram no campo dos granodioritos tipo-I. Já os maciços ES e IG possuem

idades 207Pb/206Pb (zircão) de 2012 ± 25 e Rb-Sr de 2030 ± 75 Ma, respectivamente,

com química associada aos granitos tipo-S (Figura 2.3 e 2.4).

29

Segundo Silva & Cunha (1999), as seqüências vulcanossedimentares do

Bloco Gavião são bastante expressivas (Figura 2.5), o que confere uma área

satisfatoriamente fértil do ponto de vista metalogenético. Neste contexto, desta-se

como Greenstone Belt as seqüências de Umburana, Ibitira-Ubiraçaba, Guajeru,

Riacho do Santana, Contendas-Mirante, Brumado, Urandi e Mundo Novo, todas

hospedeiras de depósitos minerais, principalmente Au, sulfetos maciços de matais

base, Ni-Cu-PGE-Cr. Estas bacias possuem idade arqueana a arqueana-

paleoproterozóica e estão associadas a bacias oceânicas.

Em especial, o Complexo Licinio de Almeida (Silva & Cunha 1999) abriga um

conjunto de gnaisses, quartzitos, formação ferro-manganesífera, mármore, xisto e

rochas calcissilicática (Rocha 1991, 1992 e 1998). Originalmente, foi agrupado por

Moraes et. al. (1980) no Complexo Brumado-Urandi, que englobou as seqüências

vulcanossedimentares dos atuais complexos Brumado-Urandi e Licinio de Almeida

propostos por Silva & Cunha (1999).

Para Silva & Cunha (1999) o Complexo Licinio de Almeida (Figura 2.5) é uma

seqüência sedimentar com ausência de litotipos vulcânicos, característica essa que

não permite classificá-lo como Greenstone Belt. Com relação às idades das

unidades do Complexo Licinio de Almeida, não há dados geocronológicos

sistemáticos e confiáveis que possam fornecer a idade das suas formações.

Atualmente, grande atenção é voltada para esse complexo, sobretudo devido às

recentes descobertas de ferro na região de Caetité e pelos depósitos de manganês

que são hospedados nessa unidade e associados com o Distrito ferro-

manganesífero de Urandi-Licínio de Almeida. Uma parte das unidades que

hospedam as formações ferro-manganesíferas foram agrupadas por Rocha (1991,

1992, 1998) como unidades do embasamento do Bloco Gavião e denominadas de

Formação Tauape.

30

Figura 2.3: Mapa geológico da porção nordeste do Cráton do São Francisco com ao principais compartimentos tectônicos. A: a – Terrenos graníticos-gnáissicos-migmatíticos arqueanos e paleoproterozóicos; b – Greenstone

Belt arqueanos e paleoproterozóicos; c – Rochas de alto grau metamórfico arqueanas e

paleoproterozóicas; d coberturas sedimentares pós- paleoproterozóicas. B: 1 – Terrenos gnáissicos-

migmatíticos arqueanos da suíte TTg; 2 - Granitóides Arqueanos; 3 - Bloco Jequié (gnaisses

arqueanos de alto grau metamórfico); 4 - Seqüências supracrustais arqueanas e paleoproterozóicas;

5 – Cinturão paleoproterozóico; 6 – Granitóides Paleoproterozóicos; 7 – Sedimentos Cenozóicos. BG

– Bloco Gavião; BS – Bloco Serrinha. Fonte: Menezes-Leal et. al. (2005)

31

Figura 2.4: Mapa geológico simplificado do Bloco Gavião na região de Brumado, destacando

os granitóides estudados (Adaptado de Barbosa & Dominguez 1996). 1- Coberturas

fanerozóicas. Neoproterozóico: 2- Supergrupo São Francisco (Grupo Una). Mesoproterozóico:

Supergrupo Espinhaço (SGESP), 3- Grupos Paraguaçu e Chapada Diamantina, 4- Complexo

ígneo-metamórfico Lagoa Real. Paleoproterozóico: 5- Granitóides (granitos, granodioritos e

monzogranitos); CA= Caculé, ES= Espírito Santo, IG= Iguatemi, RP= Rio do Paulo, SF= Serra

da Franga, UM= Umburanas, GA= Gameleira, RPE= Riacho de Pedras. Arqueano: 6-

Greenstone belt de Contendas Mirante, 7- Seqüências greenstone belt do Bloco Gavião (GBU=

Greenstone belt de Umburanas, IB= Complexo Ibitira-Brumado), 8- Granitóides (tonalitos,

granitos e granodioritos); LM= Lagoa da Macambira, MP= Malhada de Pedras, SE= Serra do

Eixo, MA= Mariana, SV= Sete Voltas, SP= Serra dos Pombos, LMO= Lagoa do Morro, JU=

Jussiape; 9- Terrenos gnáissicos-migmatíticos da suíte TTG (tonalitos, trondhjemitos e

granodioritos) com a presença subordinada de paragnaisses. Z.C.= Zonas de cisalhamentos.

Falhas de empurrão.

32

Figura 2.5: Mapa Geológico do Estado da Bahia simplificado, mostrando os principais terrenos Greenstone Belt e Seqüências Vulcanossedimentares. Fonte: Modificado de Silva & Cunha (1999).

33

2.2.2 Plutônicas ácidas e básicas Para esta seção será considerada que as rochas ácidas e básicas

correspondem às rochas ígneas mais jovens que 1,8 Ga, dentre as quais são

apresentadas o Complexo Lagoa Real e um conjunto de rochas básicas que intrude

as unidades do Supergrupo Espinhaço. Estas rochas são de grande relevância, pois

além de serem importantes marcadores geológicos da evolução tectônica da região,

algumas delas hospedam importantes mineralizações, tais como as de urânio do

Complexo Lagoa Real e as de ouro nas rochas básicas da Chapada Diamantina, em

Gentio do Ouro.

O Complexo Lagoa Real é formado em quase sua totalidade pela Suíte

Intrusiva homônima e, em menor proporção, por um conjunto de anfibolitos,

diabásios e enclaves de charnoquitos (Costa et. al. 1985, Arcanjo et. al. 2000, Cruz

2004). A Suíte Intrusiva Lagoa Real compreende um conjunto de sienitos, álcali-

feldspato granitos e sienogranitos (Cruz 2004, Cruz et. al. 2007) denominados

genericamente de Granito de São Timóteo por Fernandes et. al. (1982). Essas

rochas apresentam idades U/Pb, Rb/Sr e Pb/Pb em torno de 1,7 Ga (Turpin et. al.

1988, Cordani et. al. 1992, Pimentel et. al. 1994 e Cruz et. al. 2007). Tais idades

foram interpretadas como sendo a de colocação do corpo. Segundo Cruz (2004) e

Cruz et. al. (2007) durante o Evento Brasiliano, no Neoproterozóico, estas rochas

sofreram deformação e metamorfismo em zonas de cisalhamento compressionais,

transformando-se em granitóides foliados, gnaisses, augen-gnaisses e gnaisses

fitados. Pimentel et. al. (1994) propuseram uma idade de metamorfismo em torno de

540 Ma para essas rochas. Neste contexto, albititos mineralizados em urânio

integram o Complexo Lagoa Real, sendo que a sua gênese ainda é matéria de

controvérsia. Para Cruz et. al. (2004), tais rochas são o produto da recristalização

sintectônica à principal fase deformacional identificada, ao passo que para Maruèjol

(1989), Chaves et. al. (2008), os albititos são corpos que foram individualizados

durante a evolução magmática da Suíte Lagoa Real.

De acordo com Teixeira (2000), os granitóides do Complexo Lagoa Real

apresentam assinatura química semelhante às vulcânicas da Formação Rio dos

Remédios, unidade basal do Supergrupo Espinhaço na Chapada Diamantina. Desta

forma, aquele autor sugere um mesmo magma genitor para ambas as unidades.

34

Um conjunto de rochas básicas ocorre marcando os estágios rifte da bacia

que abrigou o Supergrupo Espinhaço. Em sua maioria estes corpos ocorrem sob a

forma de diques exibindo contato discordante e intrusivo com os litotipos

pertencentes ao embasamento e Supergrupo Espinhaço. Segundo Arcanjo (2000),

tratam-se de gabros/diabásio e dioritos isotrópicos, cinza-escuro a esverdeado,

afaníticos, que mostram quase sempre textura ofítica a subofítica. Segundo Jardim

de Sá et. al. (1976) e Brito Neves et. al. (1979,1980), estas rochas possuem idade K-

Ar entre 1.200 e 500 Ma. Baseado em dados U/Pb, Guimarães et. al. (2005)

advogam que alguns corpos básicos possuem idade de cristalização por volta de 1,5

Ga, possuindo uma filiação toleítica continental. A partir de dados geoquímicos em

diques máficos da porção sudoeste da Chapada Diamantina, Brito (2007) concluiu

que estes corpos compreendem a toleítos continentais diferenciados de um magma

primitivo, que apresentam trend de diferenciação rico em ferro, enquadrando estas

rochas como do tipo E-MORB.

2.2.3 O Supergrupo Espinhaço O Supergrupo Espinhaço compreende uma bacia tipo rifte de caráter

intracratônico, de idade paleoproterozóica, cuja geração iniciou-se no estateriano

(1,7 Ga), (Brito Neves et. al. 1980). Segundo Inda & Barbosa (1978), Barbosa &

Dominguez (1996), Schobbenhaus (1996), Danderfer (2000), Danderfer & Dardene

(2002). A Bacia do Espinhaço é subdividida em Espinhaço Oriental, representada

pela bacia da Chapada Diamantina, e em Espinhaço Ocidental, onde são

reconhecidas as bacias do Espinhaço Meridional, no Estado de Minas Gerais, e do

Espinhaço Setentrional, no Estado da Bahia.

Ao longo dos anos, diversas propostas de empilhamento estratigráfico foram

sugeridas para o Supergrupo em questão. Para Inda & Barbosa (1978) Rocha

(1991), Rocha (1992), Barbosa & Dominguez (1996) e Rocha (1998), na Chapada

Diamantina, o Supergrupo Espinhaço é formado pelos grupos Rios dos Remédios,

Paraguaçu e Chapada Diamantina. Guimarães et. al. (2005) prepuseram um novo

empilhamento para o Supergrupo Espinhaço na Chapada Diamantina, tendo como

uma unidade basal, a Formação Gameleira, que é composta por metaquartzitos

finos a grossos exibindo estratificação cruzada e flaser, além de metagrauvacas e

metarcóseos. Sobreposta à unidade anterior ocorre o Grupo Rios dos Remédios,

35

que compreende as formações Novo Horizonte, Lagoa de Dentro e Ouricuri do Ouro.

Este grupo é composto, em geral, por termos vulcânicos incluindo rochas

piroclásticas e epiclásticas, além de metarenitos, conglomerados poligomíticos,

siltitos e ritmitos, estes últimos em menor proporção. O Grupo Paraguaçu,

diferenciado da unidade sotoposta, compreende as Formações Mangabeira e

Açuruá. É composto por uma associação arenitos impuros com estratificação plano-

paralela, siltitos, argilitos e conglomerados. No topo da seqüência têm-se o Grupo

Chapada Diamantina subdividido pelas formações Tombador e Caboclo, que são

constituídos por um conjunto de quartzoarenito fino esbranquiçado, filitos além de

calcarenitos, calcilutitos e conglomerados oligomíticos. A Figura 2.6, mostra de uma

maneira resumida, o empilhamento tectono-estratigráfico e o ambiente deposicional

proposto por Guimarães et. al. (2005) para o Supergrupo Espinhaço na Chapada

Diamantina.

Por outro lado, Rocha (1998) advoga que a bacia do Espinhaço Setentrional é

composta pelo Grupo Borda Leste, na base, e Serra Geral, no topo. Para Rocha

(1991,1992 e 1998), o Grupo Borda Leste é composto pela Formação Mosquito, que

compreende a xistos granadíferos, cianita-xisto, formações ferro-manganesíferas,

calcissilicáticas além de metarenitos com laminação paralela subordinados. Esta

unidade é alvo de grandes controvérsias no cenário atual, principalmente quanto ao

seu posicionamento estratigráfico. Para Moraes et. al. (1980) trata-se de unidades

do embasamento Arqueano, ao passo que para Rocha (1991, 1992 e 1998), tais

unidades estão associadas ao Supergrupo Espinhaço.

O Grupo Serra Geral, por sua vez, é duas vezes mais espesso que o anterior.

Este grupo encontra-se em contato discordante com o grupo sotoposto, sendo

representado pelas formações Salto, Sítio Novo e Santo Onofre (Rocha et. al. 1998).

A Formação Salto, nomeada por Dominguez (1996), é constituída por quartzito

silicificado com estratificação cruzada de grande porte, onde destaca-se sempre em

relevo positivo. A Formação Sítio Novo, por sua vez, é constituída por três litofácies

(T1, T2, T3) que compõe o sistema deposicional Telheiro (Rocha 1991). A litofácies T1

é composta por quartzitos médios, sericíticos, com grande quantidade de

estratificações cruzadas dos tipos acanalada e espinha-de-peixe. A litofácies T2 é

formada por quartzitos finos avermelhados, com intercalações de filito grafitoso.

Quartzito fino a médio, com estratificação cruzada tipo hummocky, caracteriza a

litofácies T3. Definida por Kaul (1970), a Formação Santo Onofre é constituída

36

dominantemente por filitos e por quartzitos subordinados, representando cerca 2/3

do volume total dos sedimentos do Grupo Serra Geral. A coluna estratigráfica

esquemática destas unidades sugerida por Rocha et. al. (1998), está mostrada na

Figura 2.7.

Figura 2.6: Coluna estratigráfica resumida com os principais compartimentos litoestratigráficos, ambiente tectônico e deposicional do Supergrupo Espinhaço na Chapada Diamantina. Fonte: Guimarães et. al. (2005).

De acordo com Dominguez (1993), Barbosa & Dominguez (1996), Danderfer

& Dardene (2002), a bacia do Espinhaço, como um todo, é caracterizada como do

tipo sucessora e polistórica por desenvolver-se em vários sítios deposicionais

atrelados a diversos eventos tectônicos, com destaque para alternâncias entre

sistema de riftes e flexura crustal.

Diversos modelos foram propostos na literatura para explicar a evolução

tectônica da bacia do Espinhaço (Tabela 2.1). Dentre estes modelos existe um

consenso para diversos autores, quanto à idade de formação da bacia. Desta fora,

para Brito Neves et. al.(1980), Schobbenhaus et. al. (1994), Dominguez (1996),

Schobbenhaus (1996), Babinsky et. al. (1999), Danderfer-Filho (1990, 2000),

Guimarães et. al.(2005), esta bacia originou-se por volta de 1,7 Ga, estando

37

associada a processos de estiramento crustal onde foram produzidas as rochas

efusivas ácidas e seus correspondentes intrusivos.

Figura 2.7: Coluna estratigráfica esquemática da bacia do Espinhaço Setentrional, mostrando os principais sistemas deposicionais e os ambientes tectônicos. Legenda: 1 a 3 – Estratificação cruzada: 1 Acanalada, pequeno porte; 2 –Acanalada, grande porte; 3-Hummocky; 4-Laminação plano-paralela; 5 –Laminação plano-paralela com marcas onduladas; 6 –Formação ferro-manganesífera do embasamento. Modelos deposicionais: A - Ambiente marinho profundo (possível talude), com lobos turbidíticos; B-Ambiente litorâneo (shoreface). Com tempestades; C- Ambiente continental fluvioeólico; D - Plataforma marinha rasa. Fonte: Rocha et. al. (1998)

Para Dominguez (1996), inicialmente foram depositados o Grupo Borda Leste

no Espinhaço Setentrional e o Grupo Paraguaçu na Chapada Diamantina.

Posteriormente, segundo aquele autor, a deposição dos grupos Borda Leste e

Paraguaçu é finalizada com exposição subaérea e geração de discordância regional.

Para aqueles autores, no Espinhaço Setentrional esta discordância seria bastante

nítida, quando sedimentos continentais fluvioeólicos, da Formação Salto, repousam

38

sobre sedimentos químicos que ocorrem no topo da Seqüência deposicional Borda

Leste. Na Chapada Diamantina esta discordância ainda não foi bem caracterizada.

Ainda segundo Dominguez (1996), esta bacia passaria por novos ciclos de

subsidência e estiramento crustal, atrelado a variações do nível eustático, no qual

foram depositados o Grupo Serra Geral no Espinhaço Setentrional e Chapada

Diamantina na região homônima.

Tabela 2.1: Síntese dos eventos formadores de bacia para a bacia do Espinhaço Sentetrional, de acordo com os modelos propostos por Danderfer (2000), Schobbenhaus (1996) e Dominguez (1996). ULF – Unidade Litoestratigráfica norma, EFB – Evento formador de bacias. Fonte: Danderfer-Filho (2000).

Para a Chapada Diamantina, mais recentemente, redefinindo um modelo

tectonossedimentar para a bacia do Espinhaço na Chapada Diamantina, Guimarães

et. al. (2005) propuseram que a bacia que abrigou o Supergrupo Espinhaço evoluiu

segundo dois eventos superpostos e diacrônicos. O primeiro do tipo rifte-sag,

desenvolveu a bacia do Espinhaço Oriental; e o segundo do tipo sinéclese, com a

formação da bacia da Chapada Diamantina. Segundo o mesmo autor, a seqüência

pré-rifte é composta pela Formação Serra da Gameleira, ao passo que a seqüência

rifte é representa pelas formações Novo Horizonte, Lagoa de Dentro e Ouricuri do

Ouro, as quais compõem o Grupo Rio dos Remédios, e a fase pós-rifte composta

pelas formações Mangabeira e Açuruá. Posteriormente, ainda segundo aquele autor,

39

no Calimiano, uma bacia de sinéclise se instalou onde depositou-se o Grupo

Chapada Diamantina registrada pelas formação Tombador e Caboclo (Figura 2.6).

Por outro lado, de acordo com Danderfer-Filho (2000) e Danderfer & Dardene

(2002), o arcabouço estratigráfico desta bacia na serra do Espinhaço Setentrional

seria composto por oito sintemas, que equivalem a unidades limitadas por

discordâncias ou descontinuidades estratigráficas de extensão regional na bacia. As

unidades identificadas por aqueles autores são as seguntes: (i) Algodão, São Simão,

Sapiranga e Pajeú, estes tectonicamente instalados em sistema de rifte e flexura; (ii)

Bom Retiro, São Marcos, estes depositados em ambiente tipo flexura cratônica e, (iii)

Sítio Novo depositado em bacia tipo rifte, e o Santo Onofre, marcando a fase

transtrativa (Tabela 2.1).

Barbosa & Dominguez (1996) e Danderfer (2000) correlacionam os eventos

formadores de bacia identificados na bacia do Espinhaço Setentrional a evolução da

Chapada Diamantina, propondo que existe uma coerência entre a evolução das

duas bacias.

2.2.4 O Supergrupo São Francisco

No Estado da Bahia o Supergrupo São Francisco ocorre na Bacia do São

Francisco, na Chapada Diamantina e na serra do Espinhaço Setentrional. Esse

Supergrupo foi depositado em uma bacia de idade neoproterozóica que abarcou

sedimentos terrígenos e carbonáticos de ambiente marinho com influência

glaciogênica ocorrida nesta época (Inda & Barbosa 1978, Barbosa & Dominguez

1996). Segundo Inda & Barbosa (1978), Schobbenhaus (1996) e Dominguez (1996),

os principais registros desta bacia são observados, sobretudo, recobrindo as rochas

metassedimentares do Supergrupo Espinhaço. Na Serra do Espinhaço Setentrional

o Supergrupo São Francisco é representado pelo Grupo Santo Onofre

(Schobbenhaus 1996 e Danderfer & Dardene 2002). Neste sentido Danderfer &

Dardene (2002) sugeriram que o Grupo Santo Onfre seria individualizado pelas

formações Canatiba, Boqueirão e João Dias. Essas unidades seriam essencialmente

silicicláticas, com predomínio de pelitos na primeira, sedimentos pelíticos-psamíticos

na segunda e calciruditos na terceira. Para aqueles autores bacia do Santo Onofre é

classificada como uma bacia do tipo strike-slip, ao passo que a bacia do Bambuí,

sobreposta a bacia anterior, é como uma flexura cratônica.

40

Nos domínios da Chapada Diamantina, conforme Barbosa & Dominguez

(1996), o Grupo São Francisco ocorre nas bacias de Irecê e Utinga, compreendendo

o Grupo Una. Este grupo foi subdividido nos depósitos glaciogênicos da Formação

Bebedouro e a seqüência carbonática da Formação Salitre. A Formação Bebedouro

compreende a diamictitos poligomíticos imersos numa matriz fina. Barbosa &

Dominguez (1996), inclui ainda ardósias, arenitos grossos argilosos, além de

arenitos finos com laminação plano-paralela. A Formação Salitre, por sua vez,

segundo Dominguez (1996), é constituída de camadas de calcilutito e calcarenitos

finos a médios de coloração cinza-escuro. Segundo os mesmos autores, esta

unidade é interpretada como resultado da deposição em um ambiente plataformal.

Estes depósitos, de acordo com Danderfer & Dardene (2002), seriam

correlacionáveis ao Grupo Macaúbas e a Formação Jequitaí, encontrados nos

orógenos Araçuaí e Brasília, respectivamente.

2.2.5 Evolução Tectônica A área de domínio do Corredor do Paramirim possui como substrato o Bloco

Gavião, que apresenta uma grande complexidade geológica, tendo em vista os

diversos eventos tectônicos que ocorreram desde o Arqueano ao Neoproterozóico

(Moutinho da Costa & Inda 1982, Cunha & Fróes 1994, Cunha et. al. 1996, Barbosa

& Dominguez 1996, Bastos Leal 1996, Bastos Leal 1997, Bastos Leal 1998, Silva &

Cunha 1999, Danderfer-Filho 2000, Pedrosa Soares 2001, Barbosa & Sabaté 2002,

Barbosa & Sabaté 2003, Menezes Leal 2005, Cruz & Alkmin 2006). Neste contexto,

houve a formação da crosta continental arqueana e o seu retrabalhamento em

eventos tectônicos do Neoproterozóico. A existência ou não de um cinturão de

deformação mesoproterozóico no Corredor do Paramirim ainda carece de estudos

definitivos com argumentos geológicos consistentes e ferramentas laboratoriais.

Somando-se ao retrabalhamento crustal, a colocação de corpos de granitóides de

origem mantélica e a instalação de bacias sedimentares de amplitude regional

integram o cenário evolutivo.

De acordo com Barbosa & Dominguez (1996), Barbosa & Sabaté (2002 e

2003), a evolução arqueana do embasamento do Bloco Gavião deu-se inicialmente

pela formação de dois núcleos de rochas, que corresponde aos maciços TTG Boa

Vista/Mata Verde, Sete Voltas e Tonalito Bernada, cujas idades marcam 3,4 – 3,2

41

Ga, e os granitóides Serra do Eixo/Mariana/Piripá, de idades entre 3,2 - 3,1 Ga. Tais

rochas teriam sido originadas a partir de fusão de basaltos toleíticos, que estariam

associados com a formação de uma crosta continental precoce. De acordo com

aqueles autores, posteriormente formaram-se bacias que abrigaram rochas

vulcânicas máficas e ácidas, além de sedimentos químicos e clastos, de natureza

diversa. Neste contexto, formaram-se as bacias Contendas Mirantes, Umburanas,

Brumado, Urandi-Licinio de Alemida (Marinho 1991, Cunha et. al. 1994, Cunha et. al.

1996, Silva & Cunha 1999).

Durante o fechamento destas bacias, a fusão parcial da crosta continental

antiga gerou outra seqüência de rochas granítica/granodiorítica/migmatítica, que

hoje fazem parte da infra-estrutura do Bloco Gavião equilibrada na fácies anfibolito a

granulito, cuja idade de formação é da ordem de 2,8-2,7 Ga (Barbosa & Sabaté

2003). Alem disso, vulcânicas cálcio-alcalinas (~ 2,5 Ga), intrusões graníticas

(Granito Pé de Serra, ~2,5 Ga) e intrusões máficas-ultramáficas (Sill do Jacaré, ~2,4

Ga) ao lado de filitos e grauvacas estão associadas com Greenstone Belt arqueanos

deste bloco (Marinho 1991).

Já no Paleoproterzóico, ainda segundo Barbosa & Sabaté (2003), ocorreu à

colisão dos Blocos Gavião, Jequié, Serrinha e estruturação do cinturão Itabuna-

Salvador-Curaçá, com cavalgamento desse cinturão sobre o Bloco Jequié. (Figura

2.8).

No final do Paleoproterozóico, a instabilidade no manto sobre a infra-estrutura

arqueana associado à atuação de uma fonte térmica favoreceu a estruturação do

Aulacógeno do Espinhaço (Moutinho da Costa & Inda 1982), que posteriormente foi

denominado de Aulacógeno do Paramirim por Pedrosa Soares et. al. (2001).

Neste contexto, Moutinho da Costa & Inda (1982) defendem que o Bloco do

Paramirim comportou-se como um alto estrutural, separando as bacias da Chapada

Diamantina e Espinhaço Sentetrional. Ainda segundo aqueles, este rifte evoluiu de

forma diacrônica, alternado por momentos de subsidência e soerguimento, os quais

foram seguidos de metamorfismo e erosão concomitantemente. Por outro lado,

Schobbenhaus (1996) defendeu que a bacia que abrigou a sedimentação do

Supergrupo bacia do Espinhaço evoluiu segundo dois eventos tafrogenéticos,

seguidos de fases de subsidência crustal, sem inversão entre eles. Conforme o

referido autor, o primeiro rifteamento teria ocorrido entre 1,75 e 1,0 Ga (Rifte

Espinhaço) e o segundo por volta de 900 Ma (Rifte Macaúbas).

42

Figura 2.8: Seção geotectônica E-W da porção SSE-SSW da Bahia, mostrando a estruturação das unidades geotectônicas paloproterozóicas. Modificado de Barbosa & Sabaté (2004).

A inversão do Aulacógeno do Paramirim é motivo de controvérsia. Para

Jardim de Sá et. al (1976), Brito Neves et. al. (1980), Cordani et. al (1992), a

inversão desta bacia ocorreu em dois estágios, no Meso e no Neoproterozóico,

respectivamente. Por outro lado, baseando-se em critérios estratigráficos e

estruturais, Danderfer-Fº (1990), Danderfer et. al (1993), Schobbenhaus

(1993,1996), Danderfer-Fº (2000), Cruz (2004), Cruz & Alkmim (2006) e Alkmim et.

al. (2007) propuseram um único evento de inversão de bacia e associado com o

Neoproterozóico. A partir de argumentos estruturais, Cruz & Alkmim (2006)

sugeriram duas fases deformacionais para a inversão do Aulacógeno do Paramirim.

A primeira apresenta um conjunto de elementos estruturais tais como zonas de

cisalhamento e dobras com orientação em geral seguindo WSW/ENE (Figura 2.9a).

De acordo com estes autores esta fase esta relacionada com a rotação anti-horária

da Placa Sãofranciscana em virtude das suas colisões coma a placa da Amazônia. A

segunda fase deformacional marca a inversão frontal do Aulacógeno do Paramirim e

foi responsável pela nucleação de zonas de cisalhamento e dobras regionais com

orientação em geral variando entre NW/SSE e NNE/SSW (Figura 2.9b). Feições de

interferência do tipo domo e bacias são geradas pela interação entre as duas fases

mencionadas (Cruz & Alkmim 2006).

43

Figura 2.9: Modelo de interação entre o Aulacógeno do Paramirim e Orógeno Araçuaí, proposto por Cruz & Alkmim (2006).

44

CAPÍTULO 3 GEOLOGIA DAS MINAS

3.1 Introdução

O Distrito Manganesífero de Urandi-Licínio de Almeida compreende dois

subdistritos: o de Urandi, a oeste da Serra do Espinhaço Setentrional, com trend NE-

SW, e Caetité-Licínio de Almeida, a leste dessa serra, constituindo um trend N-S de

mineralização (Figura 1.2).

No subdistrito de Urandi existem poucas ocorrências de manganês, sendo

estas associadas uma seqüência de carbonatos e calcissilicáticas do Complexo

Urandi (Rocha, 1998). No subdistrito de Caetité-Licínio de Almeida, por sua vez, as

mineralizações de manganês ocorrem associadas a unidades paraderivadas do

embasamento, de idade ainda incerta.

Nesta seção, inicialmente será apresentada uma sintética exposição à cerca

da geologia do manganês e, em seguida, serão apresentados os resultados dos

trabalhos realizados nas minas de Barreiro do Campo, no distrito Urandi, Lagoa

D’antas, Passagem, Colônia e Riacho Cumprido, no distrito Caetité-Licínio de

Almeida.

3.2 Geologia do Manganês: Aspectos Genéticos A determinação precisa de uma fonte particular para depósitos de manganês

do Arqueano e Paleproterozóico é bastante complexa. Entretanto, segundo Roy

(1981), processos hidrotermais e intempéricos servem como modelos básicos para

sugerir a fonte primária do manganês depositado em bacias sedimentares.

45

Segundo Roy (1976) e Glasby (1988), alguns aspectos geológicos e

geoquímicos devem ser levados em consideração para a determinação da fonte

primária do manganês. Dentre eles, destacam-se o ambiente tectônico, associação

de rochas, padrão dos elementos Terras-Raras do protominério, os teores de Ni, Co

e Cu, disposição dos elementos Si e Al, Na e Mg, além de razão Mn/Fe.

Roy (1976) dividiu os depósitos de manganês em três grandes grupos: (i)

vulcanogênicos, (ii) não-vulcanogênicos e (iii) híbrido. Os depósitos caracterizados

como vulcanogênicos são identificados por ocorrem associados a um conjunto de

conglomerados, arenitos, folhelhos, tufos, rochas vulcânicas e outros materiais com

afinidade submarina e subaérea. Tais depósitos são formados a partir de fumarolas.

Estes depósitos comumente ocorrem associados à banded iron formation (BIF’s) de

origem vulcano-exalativa. O depósito de Lúcifer, no México é um dos exemplos

desta forma de ocorrência.

Os depósitos não-vulcanogênicos, conforme aquele autor, geralmente

formam-se em ambiente de lago, compostos por uma associação de sedimentos de

natureza flúvio-lacustrina, sem correspondentes vulcânicos, e associado a

sedimentos terrígenos. São os depósitos de manganês formados por erosão e

intemperismo de rochas básicas. Um exemplo clássico destes depósitos ocorre na

Rússia, em Nikopol, onde existem cerca de 1.7 bilhões de tonelada de manganês,

com teores entre 15 e 35%, ocorrendo associado à margas e folhelhos.

Os depósitos classificados como híbridos são restrito ao Éon Fanerozóico e

são identificados por formarem nódulos de ferro e manganês associados a

sedimentos pelágicos.

De acordo com Roy (1981, 2006), a concentração de manganês em solução e

a sua precipitação é função do sistema inorgânico, que é controlado primariamente

pelas condições físico-químicas do meio (Figura 3.1), estas sendo um produto dos

processos da evolução da Terra. Segundo aqueles autores, a deposição do

manganês se dá geralmente em condições oxidantes e pH levemente básico (Figura

3.1). Alterações pequenas entre as variáveis Eh-pH são determinantes para

modificar o tipo faciológico do protominério, podendo ser do tipo carbonático ou

46

óxido (Figura 3.1). Para Evans (2005) o Mn+2 é solúvel em Eh redutor e pH ácido,

precipitando em Eh oxidante e em pH básico. Adicionalmente a presença de ,

, , a matéria orgânica pode afetar no comportamento das condições

exógenas no momento da deposição.

−3HCO

−24SO −2

4HPO

Figura 3.1: Campo de estabilidade de óxidos e carbonatos de manganês em bacias sedimentares. Extraído de Krauskopf (1979).

Desta forma, segundo os referidos autores, a deposição de manganês é

governada pela disponibilidade de oxigênio e da matéria orgânica livre nas bacias

sedimentares. A Tabela 3.1, sugerida por Kasting (1987), mostra de maneira

simplificada as condições físico-químicas da atmosfera e hidrosfera durante o Pré-

cambriano. Com base nos dados indicados nesta tabela, no Pré-cambriano,

somente entre o Arqueano e o Paleoproterozóico a Terra ofereceu as condições

mais favoráveis para a deposição de manganês, sobretudo, entre as idades de 2.4 e

1.9 Ga, onde predominava um ambiente oxidante, tanto na atmosfera quanto na

47

hidrosfera. Estes dados foram confirmados por Veizer et. al. (1989) e por Roy

(2006), os quais demonstram que os principais depósitos de manganês do Pré-

cambriano são do final do Arqueano até o final Paleoproterozóico (Figura 3.2) e

(Tabela 3.2).

Evans (2005) e Roy (2006) defendem que os principais depósitos de

manganês foram formados em oceanos estratificados (Figura 3.3). O mar Negro,

localizado no sudeste da Europa seria um exemplo atual destes oceanos. De acordo

com aqueles autores, o Mn+2 dissolvido e acumulado na água anóxica (localizada no

substrato marinho) migra por advecção vertical para a interface redox (cerca de 200

m acima da água anóxida), onde alcança a máxima concentração. Ao chegar nesta

interface, partículas de óxido-hidróxido de manganês são formadas pela oxidação do

Mn+2, as quais retornam para a superfície anóxida onde é depositada. Onde a zona

enriquecida intersecta o mar raso ou profundo, que vai depender do nível eustático

do oceano, a acumulação de MnO2 e MnCO3 toma lugar. Para Evans (2005), se o

local de acumulação não sofrer aporte sedimentar significativo a mineralização é

ainda mais enriquecida (Figura 3.3)

Tabela 3.1: Evolução físico-química da atmosfera e hidrosfera durante o Precambriano. Modificado de Kasting (1978).

48

Muitos depósitos atuais encontram-se sob a influência da supergênese. Com

efeito, os depósitos supergênicos de manganês se formam, sobretudo em clima

tropical úmido, com grande contribuição de matéria orgânica e em regiões com

topografia suave (Roy 1981). Conforme Roy (1981) partículas dissolvidas de Mn2+

tornam-se solúveis, pelo efeito dos processos intempéricos, e somente depositam

quando as condições de Eh são oxidantes. Nesses casos forma-se o Mn2+ que se

liga ao oxigênio livre precipitando óxidos de manganês. Dentre os óxidos de

manganês precipitados, os mais comuns são: pirolusita, psilomelano e

criptolomelano, prevalecendo um óxido em detrimento do outro, conforme forem às

condições de Eh-pH reinantes do meio (Figura 3.4).

Figura 3.2: Distribuição dos depósitos de manganês no tempo geológico. Observa-se que entre 2.5 e 2.0 Ga é onde se concentram os maiores depósitos de manganês no mundo. Modificado de Veizer et. al. (1989)

49

Tabela 3.2: Principais depósitos de manganês no tempo geológico. Notar a abundância destes depósitos no final do Arqueano e Paleoproterozóico no Precambriano. Modificado de Roy (2006).

50

Figura 3.3: Representação esquemática do modelo de deposição de manganês em oceanos estratificados com variação do nível eustático do oceano. Modificado de Roy (2006).

51

Figura 3.4: Diagrama Eh-pH mostrando os campos de estabilidade para os minerais de manganês mais comuns em ambiente supergênico. (Fonte Krauskopf, 1957).

3.3 Geologia das Minas Selecionadas Os depósitos de manganês do Distrito de Urandi-Licínio de Almeida situam-se

aproximadamente segundo a direção NE-SW a N-S (Figura 1.2) e estão hospedadas

no Complexo Licínio de Almeida. As ocorrências de manganês neste subdistrito são

caracterizadas por ocorrerem em três tipos de fácies. Ocorrem na fácies óxido,

silicato e carbonato, tendo como minerais de minério metamórfico característicos,

respectivamente, jacobsita (MnFe2O4), espessartita (Mn3Al2[SiO4]) e rodocrosita

(MnCO3). Esta zonalidade entre as fácies do minério se deve, sobretudo, ao

ambiente de deposição, aporte sedimentar e fatores físico-químicos, como sugerido

pela Figura 3.1.

De acordo com Roy (1976, 2006), mineralizações manganesíferas da fácies

óxido somente se formam em ambiente deposicional parálico, com pouco fluxo

sedimentar, geralmente em regiões de planície abissal e de talude, e com grande

52

disponibilidade de oxigênio. Neste caso o mineral metamórfico manganesífero é

facilmente identificado pela jacobsita por possuir propriedades magnéticas. A mina

da Lagoa da Vereda e Bandarra, esta estudada por Machado (1977) e ambas não

estudada nessa monografia, além da mina de Lagoa D’antas são exemplos desta

fácies.

Segundo Roy (2006), o minério da fácies silicato se forma comumente onde o

aporte sedimentar é maior nas regiões de plataforma continental e talude

continental, fornecendo maiores quantidades de sílica (chert). A espessartita se

forma quando o sedimento manganesífero é submetido a processos metamórficos.

As minas Colônia e Riacho Comprido e Passagem caracterizam bem esta fácies.

As mineralizações da fácies carbonato ocorrem principalmente em ambiente

de plataforma continental, com aporte sedimentar restrito e condições de Eh

redutoras (Roy 1976, 2006). O mineral metamórfico característico é a rodocrosita

sendo facilmente identificado pela sua coloração e por reagir quando atacado por

ácido clorídrico (HCl). O depósito de Barreiro dos Campos constitui um exemplo

desta fácies.

Embora ainda seja possível a classificação conforme suas litofácies, os

protominério de manganês estudados foram submetidos aos efeitos da

supergênese. Tais efeitos são produtos da atuação intempérica, ligada às

condições climáticas, rede de drenagem e abundância de matéria orgânica. Quanto

à idade da atuação da supergênese nos depósitos do Distrito Manganesífero de

Urandi-Licínio de Almeida, ela ainda é indefinida. No entanto, segundo Roy (1981)

os depósitos supergênicos mais conhecidos no mundo (p.ex. Serra do Navio, Brasil,

Gabon, Moanda, Burkina Faso, México) são datados do Cenozóico. Exceção a esta

regra ocorre no Ghap Gruop, Transvaal Supergroup na África do Sul, onde os

depósitos de óxido de manganês supergênico são do Proterozóico.

3.4 Descrição das Minas Visitadas Nesta seção serão apresentados os dados geológicos (macroscópicos,

microscópicos e estruturais, nessa ordem) levantados durante os trabalhos de

campo e de laboratório.

53

3.4.1 Mina Lagoa D’anta A mina Lagoa D’anta (Fotografia 3.1), encontra-se situada a sudeste do

município de Caetité, distando cerca de 31 km deste. Partindo-se de Caetité, o

acesso é feito inicialmente pela BR 438, não pavimentada, no sentido sul,

percorrendo cerca de 15 km até o povoado de Santa Luzia. Deste ponto segue-se

por cerca de 16 km no sentido SSW, em estrada não pavimentada, até a referida

mina.

Fotografia 3.1: Vista geral da escavação principal da Mina de Lagoa D’anta.

Trata-se de uma ocorrência de ferro e manganês em uma mina a céu aberto,

com dimensão aproximada de 10 hectares, sendo a concessão de lavra de

propriedade da empresa Rio Doce Manganês S.A (RDM). Atualmente, a mina

encontra-se fora de operação, contudo, não em estágio de abandono, mas em fase

de reavaliação.

O levantamento de dados procedeu-se de forma sistemática sendo realizadas

três seções geológicas (L1, L2 e L3) espaçadas cerca de 10 m cada uma conforme

é mostrada nas Figuras 3.5 a 3.8. Neste levantamento também foi importante à

aquisição de dados estruturais, como foliação, lineação de estiramento, medidas de

eixo e plano axial de dobras, os quais foram utilizados para a caracterização

estrutural da mina.

54

Figura 3.5: Croqui esquemático da mina de Lagoa D’anta exibindo onde foram realizados os perfis geológicos (L1, L2 e L3).

O levantamento das seções geológicas permitiu individualizar oito unidades

distintas, as quais foram retiradas amostras tanto para a caracterização

microscópica e litogeoquímica. A Tabela 3.3 mostra de forma resumida a

composição modal de cada litologia descrita nesta mina.

As três seções geológicas elaboradas são mostradas nas Figuras 3.6, 3.7 e

3.8. Na legenda das seções, as unidades que possuem os maiores teores de ferro e

manganês, e quantidades de óxido de ferro e manganês apresentam-se

hachuradas. As unidades encontradas serão descritas da base para o topo das

seções. O contato entre elas se faz através de zonas de cisalhamento que estão

parelizadas ao bandamento composicional. A composição modas das unidades está

apresentada na Tabela 3.3.

Na mina de Lagoa D’anta aflora um conjunto de xistos, os quais ocorrem

intercalados com formações ferríferas anfibolíticas (Figuras 3.6, 3.7 e 3.8). Tais

unidades encontram-se dispostas de forma tabular a lenticular, em contatos

concordantes paralelizados a uma proeminente foliação deformacional que exibe

uma penetrativa lineação de estiramento mineral. As unidades encontram-se em

camadas e o minério ferro-manganesífero geralmente ocorre entre os estratos dos

litotipos descritos. Na mina foi observado apenas um nível de manganês, que

posiciona na região do open pit (fundo da cava). Acredita-se que boa parte do

minério já tenha sido lavrada em tempos anteriores.

55

Figura 3.6: Seção geológica L1 na mina de Lagoa D’anta mostrando a disposição dos litotipos.

Figura 3.7: Seção Geológica L2 na mina de Lagoa D’anta

A unidade diferenciada como J7L1 (Figura 3.6 e 3.7), na base da seção L1,

nomeada grunerita-cumingtonita Itabirito jacobsítico, como será demonstrado a

seguir, possui 0,57 centímetros metros de espessura . Essa unidade exibe coloração

cinza-escura a preta, sem feições de alteração e apresenta-se anisotrópica, que é

56

representada pela alternância milimétrica entre níveis ricos em opacos e níveis ricos

em silicatos (Fotografia 3.2).

Figura 3.8: Seção geológica L3 na mina de Lagoa D’anta.

Tabela 3.3: Composição modal das unidades diferenciadas na mina de Lagoa D’anta.

Em análise microscópica esta unidade apresenta textura decussada, marcada

pela falta de orientação preferencial da grunerita, e granoblástica, marcada pela

presença de agregados granulares de quartzo. A rocha é composta por óxido de

ferro e manganês, quartzo e pelo anfibólio grunerita-cummingtonita (Tabela 3.3). Os

óxidos de ferro e manganês perfazem 45-48% da rocha apresentando-se em grãos

57

subidioblásticos a xenoblásticos com tamanho variando de 0,075 mm a 15,2 mm,

predominado grãos com 5,3 mm. Alguns minerais encontram-se alterados e exibem

uma textura acicular (Fotografia 3.3). Os grãos de quartzo compõem 31-33% da

rocha e ocorrem xenoblásticos, com tamanho médio de 0,3 mm. Estes cristais

ocorrem alternados a lentes de óxido de ferro e manganês, compondo um

bandamento composicional em lâmina. Os cristais de grunerita-cummingtonita

ocorrem com 16-19% do volume total, em grãos incolores, subidioblásticos com

formato tabular e tamanho médio de 0,25 mm. Esse mineral possui contatos ora

curvos e ora retos com os minerais de quartzo.

Fotografia 3.2: grunerita-cummingtonita Itabirito jacobsítico, unidade J7L1.

Fotografia 3.3: Micrografia da rocha J7L1 mostrando os óxidos de ferro e manganês (Fe e Mn), estes exibindo hábito por vezes acicular (círculo verde em destaque), e minerais de quartzo (Qz). A Fotografia é apresentada em luz polarizada.

58

Conforme descrição acima, possivelmente esta rocha teve como protólito uma

formação ferro-manganesífera e tem como paragênese metamórfica progressiva o

quartzo e a grunerita-cummingtonita.

A unidade J8L1 (Figuras 3.6 e 3.7), classificada como biotita-granada-

tremolita xisto e com cerca de 6,5 metros de espessura, encontra-se sobreposta

tectonicamente à unidade anterior. Macroscopicamente, essa rocha mostra-se com

coloração esverdeada, quando não alterada, e coloração verde claro quando

alterada (Fotografia 3.4). Encontra-se de forma anisotrópica, caracterizada por

apresentar uma proeminente foliação que encontra-se estruturada sob um conjunto

de dobras recumbentes em forma de “W”.

Fotografia 3.4: biotita-granada-tremolita Xisto J8L1 com coloração esverdeada e aspecto anisotrópico.

Em lâmina petrográfica esta rocha apresenta textura porfiroblástica, marcada

pelos minerais de granada, nematoblástica identificada pelos cristais de tremolita,

pseudopoiquilítica, marcado pela presença de grãos de tremolita inclusos nos

porfiroblastos de granada, e lepidoblástica marcada pela biotita (Fotografia 3.5).

Os minerais que compõem esta rocha são granada (59-61%), tremolita (26-

28%), biotita (7-9%) e minerais opacos (2%), Tabela 3.3. A granada mostra-se

subidioblástica a xenoblástica, em grãos porfiroblásticos com tamanho médio de 2,5

mm crescidos entre a massa de anfibólios. Em geral, este mineral apresenta

contatos amebóides a esqueletiformes com os minerais de tremolita. A tremolita

59

mostra-se em grãos subdioblásticos, com tamanho médio de 0,23 mm. Este mineral

apresenta-se incolor, com hábito acicular e compondo a matriz da rocha (Fotografia

3.5 e 3.6). A biotita ocorre com pleocroísmo variando entre verde claro a marrom

claro. Esse mineral encontra-se em grãos subidioblásticos, tabulares com tamanho

médio de 0,68 mm. Esse mineral possui contatos ora retos e ora curvos com os

outros minerais. Os minerais opacos ocorrem de maneira subordinada na lâmina,

podendo estes corresponderem a óxidos de ferro e manganês. Estes minerais

mostram-se em grãos subdioblásticos a xenoblásticos com tamanho médio de 0,3

mm. Eles estão sempre associado as granadas, ocorrendo inclusos e em suas

bordas. Com base nas características macroscópicas e microscópicas acima, esta

rocha corresponde a um xisto, sendo a paragênese progresssiva composta por

granada-tremolita-biotita. O protólito possivelmente é uma marga.

Fotografia 3.5: Aspecto petrográfico da unidade J8L1, em luz plana e polarizada. Notar os porfiroblastos de granada (Grt) e a matriz nematoblástica marcada pelos cristais de tremolita (Tr).

Fotografia 3.6: Aspecto petrográfico da unidade J8L1, em nicóis cruzados. Notar os porfiroblastos de granada (Grt) e a matriz nematoblástica marcada pelos cristais de tremolita (Tr)

A unidade J1L3, chamada de biotita–cianita-tremolita Xisto ocorre na base da

seção L3 (Figura 3.8). Essa unidade tem largura média de 2 metros na mina,

ocorrendo em contato brusco com suas encaixantes. Esta rocha é marcada por

exibir coloração amarelo-esverdeada e por apresentar estrutura anisotrópica,

identificada pela sua foliação metamórfica/deformacional e pela lineação de

estiramento (Fotografia 3.7).

60

Em análise microscópica, a rocha em foco exibe textura nematoblástica,

identificada pelo anfibólio e pela cianita, e lepidoblástica, pela presença da biotita

(Fotografia 3.8). Sua composição modal é formada por tremolita (74-76%), cianita

(13-15), biotita (6-8%) e clorita (1%). A tremolita apresenta-se incolor,

subidioblástica, com formato tabular. Esse mineral ocorre com contatos ora retos e

ora curvos, compondo matriz da rocha. Os cristais de cianita mostram-se em grãos

tabulares, subidioblástico, com tamanho médio de 0,19 mm. A biotita, por sua vez,

ocorre com pleocroísmo variando entre cinza claro a marrom claro, em grãos

subidioblásticos, normalmente com tamanho médio de 2 mm. Este filossilicato

encontra-se bordejado pela clorita, que ocorre tabular, com coloração verde claro,

com baixa cor de interferência e com tamanho máximo de 0,02 mm. A tremolita,

cianita e biotita marcam a paragênese progressiva, ao passo que a clorita, produto

da alteração da biotita, representa a paragênese regressiva. O protólito desta rocha

certamente compreende uma marga.

Fotografia 3.7: Unidade J1L3, mostrando sua coloração e disposição no afloramento.

Sobreposta à unidade anterior, a rocha classificada como J2L3, chamada de

grunerita-cummingtonita-calcita Xisto, tem uma espessura de cerca de 3,5 metros,

onde encontra-se em contato tectônico com as unidades adjacentes. Esta rocha

possui coloração preta-acinzentada quando desprovida das alterações intempéricas

e aspecto geral isotrópico. É formada, principalmente, por minerais de quartzo,

biotita e granada subordinada (Fotografia 3.9).

61

Fotografia 3.8: Aspecto textural da biotita–cianita-Xisto. Notar matriz composta por tremolita (Tr) e biotita (Bt). A imagem é mostrada em nicois crusados.

Como aspecto petrográfico, a rocha mostra textura granoblástica poligonal

marcada principalmente pelos minerais de calcita, e textura porfirítica identificada

pelos minerais de biotita (Fotografia 3.10, 3.11 e 3.12). Sua composição modal é

identificada por minerais de calcita (43-45%), óxido de ferro e manganês (19-21%),

grunerita-cummingtonita (29-32%) e biotita (1-2%). Os minerais de calcita são

xenoblásticos, possuindo contato reto com os demais ocorrendo geralmente em

grãos de 0,18 mm de largura. Os óxidos de ferro e manganês mostram-se em grãos

xenoblásticos de tamanho de 0,17 mm restrito aos espaços entre os grãos de

grunerita-cummingtonita. A grunerita-cummingtonita também apresentam-se como

grãos subidioblásticos, sem feições de alteração intempérica, ocorrendo em contatos

retos com os minerais adjacentes. A biotita normalmente ocorre tabular, como

porfiroblasto medindo 1,3 mm, sendo muito comum à presença de minerais opacos

inclusos (Fotografia 3.11 e 3.12). Estas características sugerem que o protólito desta

rocha compreendeu a uma rocha pelítica com teores razoáveis de cálcio e óxido de

ferro e manganês primário. A paragênese entre calcita, que exibe contatos calcita-

calcita retos, biotita e grunerita-cummingtonita pode sugerir que esta rocha atingiu

no mínimo grau baixo, podendo, entretanto alcançar até a fáceis anfibolito.

A unidade diferenciada como J4L3, denominada de Itabirito, tem espessura

média de 5 metros e pode ser observadas na seção L3 (Figura 3.8). Esta rocha

possui uma coloração amarela-amarronzada, estando alterada. Conforme foliação

observada, a rocha apresenta-se anisotrópica.

62

Fotografia 3.9: Rocha J2L3 com coloração preto-acinzentada e aspecto isotrópico.

Fotografia 3.10: Caracterização microscópica da rocha grunerita-cummingtonita-calcita Xisto (J2L3), mostrando os minerais de calcita (Cal) com geminação polisintética e contatos retos, caracterizando uma textura poligonal. A Fotografia apresenta-se em nicóis cruzados.

Ao microscópio predomina a textura granoblástica granular, evidenciada pelos

minerais de quartzo (Fotografia 3.13 e 3.14). Esta rocha é composta por uma

associação de quartzo e óxido de ferro e manganês. Os grãos de quartzo ocorrem

em grãos xenoblásticos, com 0,16 mm em média. Em geral, formam agregados

poligonais e sub-poligonais, com contatos ora retos e ora curvos. Os minerais de

ferro e manganês totalizam cerca de 43-45 % da rocha, onde mostram-se em grãos

subdiblásticos a xenobláticos de 0,3 mm a 8,2 mm, predominando cristais de 2 mm.

63

Feições de alteração, produto da ação de agentes exógenos é observada quando

óxido de ferro e manganês mudam de cristais subdioblásticos a xenoblásticos,

exibindo formato esqueletal (Fotografia 3.15 e 3.16). Quando a alteração hipogênica

é elevada, os minerais opacos de ferro e manganês exibem um aspecto

descontínuo. Como ocorre na rocha J6L3, estas feições são bem características da

ação supergênica. A presença da associação quartzo e óxido de ferro manganês

não definem de forma precisa o grau metamórfico. Contudo os contatos ora retos

entre os minerais associados a sua forma sugere condições de metamorfismo no

mínimo em grau baixo. Certamente o protólito desta rocha foi uma formação ferro-

manganesífera.

Fotografia 3.11: Fotomicrografia da unidade J2L3 mostrando porfiroblastos de biotita (Bt) tendo minerais opacos inclusos, indicado na seta. Imagem e luz plano polarizada.

Fotografia 3.12: Fotomicrografia da unidade J2L3 mostrando porfiroblastos de biotita (Bt) tendo minerais opacos inclusos, indicado na seta. Fotografia em nicóis cruzados.

Sobreposta às unidades J7L1, na seção L2, e J4L3, na seção L3, a rocha J5-

3L3, foi denominada de grunerita-cummingtonita Itabirito. A unidade possui

espessura média em torno de 3 metros e pode ser observadas nas seções L2 e L3

(Figura 3.6, 3.7 e 3.8). Macroscopicamente, esse litotipo é caracterizado por possuir

coloração cinza escura a preta e por apresentar forte anisotropia, esta marcada

pelas estruturas deformacionais, especialmente a foliação tectono-metamórfica.

As texturas encontradas foram a granoblástica poligonal, marcada pelo

quartzo, e nematoblástica, marcada pela grunerita-cummingtonita.

64

Microscopicamente, esta unidade é formada por óxido de ferro e manganês (44-

46%), quartzo (38-40%) e grunerita-cummingtonita (18-20%),Tabela 3.3. Os óxidos

de ferro apresentam formas irregulares, amebóides a esqueletiformes. Os tamanhos

dos grãos varia de 0,03 mm a 9,4 mm, predominando grãos de 0,75 mm (Fotografia

3.17 e 3.18). Como observado nas unidades J6L3, J4L3, J5L3 e J3L3, os óxidos

primários de ferro e manganês encontram-se em alto estado de alteração

supergênica (Fotografia 3.17 e 3.18). Os minerais de quartzo formam um agregado

de grãos subidioblásticos com tamanho médio de 0,075 mm, exibindo contatos ora

curvos e ora retos com os minerais adjacentes. Os cristais de grunerita-

cummingtonita são subidioblásticos, com hábito tabular. Os grãos medem, na média,

0,23 mm, exibindo aréolas de alteração por produto da alteração intempérica. A

associação paragenética progressiva observada na rocha é formada por quartzo e

grunerita-cummingtonita, o que denuncia que esta rocha foi submetida ao grau

médio de metamorfismo. Estes minerais sugerem que o protólito desta rocha foi uma

formação ferro-manganesífera.

Fotografia 3.13: Aspecto petrográfico da unidade J4L3. Notar os minerais opacos, que correspondem aos óxidos de ferro e manganês (Fe e Mn), exibindo formato irregular, e os cristais de quartzo (Qtz) caracterizando uma textura granoblástica granular. Imagem em luz plano polarizada.

Fotografia 3.14: Aspecto petrográfico da unidade J4L3. Notar os minerais opacos, que correspondem aos óxidos de ferro e manganês (Fe e Mn), exibindo formato irregular, e os cristais de quartzo caracterizando uma textura granoblástica granular. A imagem em nicóis cruzados.

65

Fotografia 3.15: Porfiroblasto de óxido de ferro e manganês, indicado na seta, já exibindo sinais de supergênese, denunciada pelos cristais com fáceis irregulares. Imagem em luz plana polarizada. Notar na parte superior da imagem um aglomerado de grãos de quartzo (Qtz)

Fotografia 3.16: Rocha grunerita-cummingtonita Itabirito, da unidade J5-3L3, expondo alto grau de alteração supergênica. Observar o formato anaedral dos cristais. A Fotografia esta em luz plana e polarizada.

A rocha identificada como J6L3, denominada de grunerita-cummingtonita

Itabirito, tem espessura de cerca de 7 metros, ocorrendo especificamente no topo da

seqüência observada (Figura 3.6, 3.7 e 3.8). Essa rocha encontra-se

moderadamente alterada, com coloração amarela-amarronzada. Apresenta uma

forte anisotrópia marcada, sobretudo por notável foliação metamórfica/deformacional

e bandamento composicional associado (Fotografia 3.19).

66

Fotografia 3.17: Fotomicrografia da unidade J6L3 mostrando os minerais de quartzo (Qtz) e grunerita-cummingtonita (Gr-Cum), além dos halos de alteração pretos entre os grãos da rocha, indicado na seta. Imagem em luz plano polarizada.

Fotografia 3.18: Fotomicrografia da unidade J6L3 mostrando os minerais de quartzo (Qtz) e grunerita-cummingtonita (Gr-Cum), além dos halos de alteração pretos entre os grãos da rocha, indicado na seta. Imagem em nicóis cruzados

As principais texturas observadas são a granoblástica granular, observada no

quartzo, decussada, em menor proporção, marcada pelos minerais opacos, além da

textura nematoblástica marcada pelos minerais de grunerita. Em análise

microscópica esta unidade é formada por minerais de quartzo (50-52%), óxido de

ferro e manganês (25-27%), grunerita-cummigtonita (25-27%), Tabela 3.3 e

Fotografia 3.20. O quartzo é xenoblástico e possui um tamanho médio de 0,075 mm.

Esse mineral ocorre, em geral, formando agregados por vezes poligonais

apresentado contatos quartzo-quartzo retos. Tais feições sugerem processos

associados com a recristalização metamórfica. Os óxidos de ferro e manganês

ocorrem em grãos subdioblásticos a xenoblásticos, com tamanho variando de 0,75

mm a 30,4 mm, sendo mais freqüentes cristais com 8 mm. As bordas desses

minerais são retas, quando o mineral não esta alterado intempericamente, e

embaiadas a esqueletiformes, devido ao efeito da supergênese. A atuação dos

processos supergênicos é bastante marcante nestes minerais onde eles passam a

exibir contatos irregulares e descontínuos tanto nas suas bordas, quanto nos

interstícios dos grãos e fraturas da rocha (Fotografia 3.21). Halos de alteração de cor

preta frequentemente encontram-se associadas a alteração dos óxido de ferro e

67

manganês. Já os halos de alteração de cor alaranjada reflete a alteração dos

minerais de grunerita-cummingtonita (Fotografia 3.21).

Fotografia 3.19: Unidade J6L3, com coloração amarela-amarronzada e aspecto anisotrópico marcada pela foliação metamórfica/deformacional.

Na rocha em foco, a grunerita ocorre frequentemente em grãos incolores, com

hábito tabular, subidioblásticas e com tamanhos variando de 0,045 mm a 0,16 mm,

predominando minerais na faixa de 0,10 mm. Normalmente mostra-se associada a

outros grãos de grunerita-cummingtonita e ao quartzo. Entre os grãos de grunerita-

cummingtonita é comum à presença de halos de alteração intempérica de coloração

preta e alaranjada. Os halos de alteração alaranjada possivelmente refletem a

alteração intempérica dos próprios cristais de grunerita-cummingtonita, os quais

transformam-se em hidróxido de ferro, possivelmente a goethita (Fotografia 3.21).

Com base nas informações acima citadas esta rocha certamente foi produto

de metamorfismo de uma formação ferro-manganesífera, com paragênese

progressiva marcada pelo quartzo e pela grunerita-cummingtonita.

Em escala de afloramento o minério secundário foi diferenciado, sobretudo

quando a rocha apresenta-se muito friável e com estruturas do tipo stock-work. Já

em escala microscópica este o minério supergênico é identificado principalmente

quando apresenta uma forma anaedral e quando preenche fraturas e espaço entre

grãos das rochas.

68

Fotografia 3.20: Fotomicrografia da unidade J6L3 mostrando os minerais que compõe a rocha. Na fotografia é possível observar um agregado de grãos de quartzo, na porção central da imagem, e óxido de ferro e manganês (Fe e Mn) em nicóis cruzados.

Fotografia 3.21: Aspecto petrográfico da unidade J6L3. Notar os óxidos de ferro e manganês preenchendo as fraturas da rocha, causada pela supergênese (indicado na seta amarela) e halos de alteração da grunerita-cummingtonita (Gr-Cum) em cor alaranjada (especificada na seta vermelha). Observar no canto superior direito os minerais de quartzo (Qtz).

Com relação às características geológicas dos litotipos descritos, percebe-se

uma associação de formação ferro-manganesífera, predominantemente ferrífera,

que intercala-se com xistos. O protominério ferro-manganesífero metamórfico trata-

se da grunerita-cumingtonita itabirito jacobsítico. A jacobsita é um mineral de minério

da fácies óxido, certamente depositado em uma bacia com condições oxidantes, e

com pouco aporte sedimentar. O minério secundário é identificado tanto na análise

microscópica e macroscópica. Entretanto, os minerais de minérios a ele associados

69

não foram identificados. Serão necessários estudos aprofundados de microssonda

eletrônica para determinar a mineralogia secundária do depósito.

3.4.2 Mina Colônia e Riacho Comprido A mina Colônia e Riacho Comprido situa-se a sudeste do Município de

Jacaraci. O acesso a essa mina é feito partindo-se da cidade de Jacaraci,

percorrendo cerca de 7 km até a mina por uma estrada não pavimentada na direção

SE. Atualmente a mina da Colônia e Riacho Comprido encontra-se em estado de

abandono (Fotografia 3.22) não havendo, portanto nenhuma atividade de explotação

na área.

A aquisição de dados foi realizada de forma ordenada, fazendo-se

inicialmente um levantamento do perímetro da área (Figura 3.9). Devido às

condições de abandono encontradas, somente foi possível realizar uma seção

geológica na área (Figura 3.10). Nesta seção foi coletada apenas uma amostra,

identificada como JC-02, esta para análise petrográfica e litogeoquímica. As rochas,

de uma maneira geral, encontram-se fortemente alteradas, sendo, portanto difícil a

coleta de dados estruturais e de amostras para análises petrográfica e

litogeoquímica.

Figura 3.9: Poligonal demarcando o perímetro da Mina da Colônia e Riacho Comprido.

Localizada logo acima da unidade anterior, composta por blocos rolados de

manganês do tipo Gondito, ocorre uma camada de manganês, que foi denominada

de Gondito, com espessartita em estágio avançado de alteração (Fotografia 3.23)

Esta unidade possui cerca de 3 metros de espessura e encontra-se em contato

70

brusco com as rochas a ela sobreposta. Essa rocha exibe coloração preto-

acinzentada (Fotografia 3.23) e nela é possível reconhecer domínio com mais alta

alteração intempérica. Neste caso, pode ser observada a intrínseca relação entre o

minério de manganês e a presença de fraturas em arranjo stock-work (Fotografia

3.23). Possivelmente, trata-se de uma feição associada com a circulação de água e

associadas com a alteração da granada mais manganesífera. Este tipo de

mecanismo é responsável pela reconcentração do minério manganesífero,

aumentando seus teores. Neste caso, a concentração é classificada como

supergênica, pois o silicato de manganês é alterado para óxido de manganês que

migra para as fraturas da rocha. Desta forma, o proto-minério apresenta níveis de

sílica e espessartita intercalados, que devido à atuação a supergênese, o manganês

foi removido e reconcentrado nas fraturas da rocha.

Fotografia 3.22: Mina Colônia e Riacho Comprido em alto estado de abandono.

No levantamento elaborado foram individualizados dois litotipos distintos

(Figura 3.10).

Em afloramento pode ser verificado a mineralogia principal da rocha, cuja

porcentagem de espessartita varia entre 60 e 88% da rocha, ao passo que o quartzo

varia entre 12 e 40%. A partir da análise modal, pode-se constatar que o

protominério da mina Colônia e Riacho Comprido (CRC) é um Gondito.

Em análise petrográfica, o protominério apresenta textura granular marcada

por um agregado de grãos de espessartita, óxido de manganês secundário e

quartzo. Os minerais de espessartita possuem 0.1 mm de tamanho ocorrendo em

71

grãos subdioblásticos. Devido à ação dos processos supergênicos, este silicato de

manganês altera-se para minerais opacos, como pode ser bem observado na

Fotografia 3.24. A alteração ocorre preferencialmente no centro dos minerais. Ainda

sob o efeito da supergênese nessa rocha, minerais de manganês secundário

ocorrem preenchendo as fraturas da rocha. O quartzo ocorre em grãos idioblásticos

a subidioblasticos, medindo 0.17 mm, formando agregados poligonais com contatos

retos (Fotografia 3.25 e 3.26), sugerindo recristalização metamórfica. Esta

características denunciam que o protólito desta rocha correspondeu a um sedimento

pelítico rico em manganês, e devido aos contatos retos entre os grãos de quartzo,

esta rocha foi estabilizada no mínimo no grau baixo de metamorfismo.

Figura 3.10: Seção geológica da mina Colônia e Riacho Comprido (CRC) mostrando a disposição das quatro unidades observadas.

Sobreposta à unidade anterior, ocorrem quartzitos com lentes de manganês

de 50 cm, (Fotografia 3.27). Essa unidade ressalta no perfil pela sua coloração

esbranquiçada com níveis centimétricos de coloração escura, que representa o

minério de manganês. Trata-se de uma rocha anisotrópica, sendo marcante a

presença de minerais de quartzo e manganês secundário.

No topo da seqüência mapeada ocorre uma seqüência blocos rolados de

manganês em matacões de 70 centímetros em média imersos numa matriz areno-

argilosa (Fotografia 3.28). Esta unidade também possui contato brusco com a

unidade sotoposta, marcando uma superfície de erosão, e exibe coloração preta-

72

amarronzada onde ocorre numa espessura de cerca de 3 metros. Os blocos

mostram-se da mesma constituição do protominério, estando moderadamente

alterados.

Fotografia 3.23: Minério manganesífero do tipo silicato (Gondito) enriquecido pela supergênese mostrada pela presença de fraturas.

Fotografia 3.24: Fotomicrografia do Gondito (JC-02) onde é possível observar os minerais de espessartita (Spst) alterando para óxido de manganês supergênico (minerais opacos). Fotografia em luz plana polarizada.

73

Fotografia 3.25: Análise petrográfica da rocha JC-02 evidenciando os minerais de quartzo (Qtz) exibindo contatos retos. Representação em luz plano polarizada.

Fotografia 3.26: Análise petrográfica da rocha JC-02 evidenciando os minerais de quartzo (Qtz) exibindo contatos retos. Imagem em nicóis cruzados.

Fotografia 3.27: Quartzitos com lentes de manganês.

Como observado, os depósitos de manganês desta mina ocorrem associado

a rochas paraderivadas, metarenitos ricos em manganês, diferentemente da

associação de rochas ferro-manganesíferas e xistosas que ocorrem na mina de

Lagoa D’antas, descrito anteriormente. Aliado a isso, a tipologia o manganesífera é

distinta. Na ocorrência em questão, tem-se um minério da fácies silicato, sendo

identificado pela espessartita. Desta forma, as condições físico-químicas foram

distintas aquelas relacionadas com as que predominaram na mina de Lagoa Dantas,

74

antes descrita, havendo no sitio da mina de Colônia e Riacho Comprido uma maior

contribuição de silica no momento da deposição do minério.

Fotografia 3.28: Blocos rolados de manganês, no topo da seqüência, imersos numa matriz areno-argilosa.

3.4.3 Mina Passagem A Mina da Passagem situa-se a sudeste do município de Jacaraci, localizada

a cerca de 3 km a sudeste da mina Colônia e Riacho Comprido. Seu acesso

basicamente é o mesmo utilizado para a mina descrita anteriormente, sendo que ao

invés de seguir pela acesso seguindo a primeira estrada a sudeste, segui-se em

frente pela estrada principal por cerca de 2 km, até o primeiro acesso nordeste.

Compreende a um depósito de manganês em uma mina a céu aberto, com

uma dimensão de cerca de 5 hectares. A mina encontra-se em estado de abandono,

sem nenhuma atividade de extração no momento (Fotografia 3.29).

O levantamento de dados baseou-se na execução de um croqui esquemático

da mina (Figura 3.11), uma seção geológica, além da aquisição de dados estruturais

com a elaboração de um mapa de distribuição das estruturas (Figura 3.12 e 3.13).

Devido ao alto grau de alteração destas rochas, nenhuma amostra foi

coletada para as análises petrográfica e litogeoquímica. Na execução do trabalho foi

possível individualizar três unidades, estas dispostas segundo um conjunto de

dobras (Figura 3.13).

75

Fotografia 3.29: Aspecto geral da Mina da Passagem.

Figura 3.11: Croqui esquemático da mina da Passagem.

A unidade classificada como granada-cianita-anfibólio-biotita Xisto (Figura

3.13) possui espessura de afloramento em torno de 2 metros, em média, fazendo

contato brusco com a unidade sobreposta (Fotografia 3.30). Esta unidade possui

coloração amarronzada, sendo anisotrópica, características essa evidenciada pela

marcante foliação (Fotografia 3.31). A foliação é marcada pela disposição dos

minerais de cianita e anfibólio, estes reconhecidos na escala de afloramento. A

granada ocorre com a foliação principal contornando seus grãos. Possivelmente,

76

essas rocha trata-se de um pelito que foi metamorfisado, tendo como associação

mineralógica progressiva formada pela granada, cianita, anfibólio, biotita.

Figura 3.12: Croqui esquemático da mina da Passagem com a distribuição das suas estruturas.

Figura 3.13: Bloco Diagrama na mina da passagem com as unidades identificadas.

A última unidade descrita nesta mina, ocorre no topo da seqüência de rochas.

Corresponde ao minério supergênico, exibindo contado gradacional com a unidade

sotoposta, numa espessura em torno de 3,5 metros. Esta camada de minério

supergênico mostra-se numa coloração preto-acinzentada, numa rocha bastante

friável. Em domínios menos alterado pode-se reconhecer a presença de estrutura do

tipo stock-work, sugerindo que a sua concentração está associada com a presença

77

de fraturas e com a circulação de água. Além disso, nesses domínios ainda é

possível reconhecer a foliação deformacional. O minério é composto principalmente

por minerais de manganês gerados pela alteração da espessartita, que intercala-se

com lentes centimétricas a milimétricas de caulim (Fotografia 3.32). A presença dos

óxidos de manganês é denunciada pela reação que acontece ao ser colocada á

água oxigenada.

Fotografia 3.30: Contado brusco entre o granada-xisto e a formação manganesífera.

Fotografia 3.31: Amostra de um granada-cianita-anfibolita-biotita Xisto na mina, da Passagem.

78

Fotografia 3.32: Minério manganesífero primário, já com feições da atuação supergênica, intercalado com lentes centimétricas a milimétricas de caulim.

A partir dos dados acima registrados percebe-se, de uma forma geral, um

conjunto de rochas derivada de rochas sedimentares, como é o caso da unidade

granada-cianita-anfibólio-biotita xisto que ocorre intercalada com uma rocha roca em

granada mangansífera e biotita. O protominério tipo espessartita (Gondito), da fáceis

silicato, sugere condições físico-química e ambiente deposicional particulares.

Devido a proximidade entre as minas da Colônia e Riacho Comprido e Passagem,

além de mostrarem características geológicas semelhantes, certamente houve as

mesmas condições físico-químicas no ambiente deposicional formador do minério

manganesífero nestas duas ocorrências, com grande aporte de material detritico.

3.4.4 Mina Barreiro dos Campos A Mina Barreiro dos Campos situa-se no distrito manganesífero de Urandi.

Este depósito localiza-se a sudeste do município de Urandi, distando cerca de 12 km

da sede do município.

O levantamento de campo foi feito de maneira preliminar, tendo sido

elaborado um croqui esquemático de uma das cavas principais (Figura 3.14). O

objetivo principal deste levantamento de campo foi a coleta de amostras para análise

petrográfica do minério manganesífero e suas encaixantes. Além disso, procedeu-se

à coleta de dados estruturais. Nesta mina foram coletadas nove amostras, sendo

identificadas como BC-01, BC-02, BC-03, BC-04, BC-05, BC-06, BC-07, BC-08 e

79

BC-09. A Tabela 3.4 exibe de forma resumida os minerais que compõe as rochas

estudadas nesta mina.

Em análise microscópica, a unidade classificada como BC-01 apresenta uma

textura granular de carbonato de cálcio e carbonato de manganês apresentando

bordas interlobadas. Os minerais presentes na rocha são calcita (51-55%),

carbonato de manganês (43-45%) e tremolita (6-8%), Fotografia 3.33. O carbonato

apresenta-se compondo a matriz da rocha, mostrando-se em grãos xenoblásticos

poligonais com 2,4 mm. O contato carbonato-carbonato, carbonato-tremolita e

carbonato-óxido de manganês são curvos e irregulares. É possível observar que

este carbonato sofre alteração supergênica passando a óxido de manganês

secundário, sobretudo, nas microfraturas e espaços entre os grãos da rocha.

Os grãos tremolita são incolores, subidioblásticos e tabulares. Em geral, estes

minerais medem 2 mm e possuem contatos curvos em relação aos demais minerais

da rocha.

Conforme a análise acima descrita, esta rocha pode ser classificada como um

tremolita-calcita manganesífero. Sua paragênese metamórfica progressiva é

formada por tremolita e carbonato, possivelmente a rodocrosita. Entretanto, em

campo, alguns carbonatos reagiram ao ácido clorídrico, sugerindo tratarem-se de

calcita. A mineralogia de alteração intempérica é marcada pelos óxidos e hidróxidos

de manganês, não identificados nesse trabalho. Entretanto, em amostra de mão, as

zonas alteradas reagem à água oxigenada.

Figura 3.14: Croqui esquemático da mina de Barreiro dos Campos.

80

Microscopicamente a rocha identificada como BC-02, demonstra uma textura

nematoblástica marcada pelos cristais de tremolita, e granoblástica poligonal nos

domínios ricos em calcita. A composição modal da rocha é formada por calcita, com

44-46% da lâmina, e tremolita, constituindo cerca de 52-54% da rocha (Fotografia

3.34). A tremolita ocorre em cristais subidioblásticos a xenoblásticos com tamanho

médio de 0,22 mm, apresentando hábito tabular. A calcita, por sua vez, ocorre em

grãos, em sua maioria, xenoblásticos com cristais de 0,37 mm, possuindo contatos

curvos e irregulares com outros grãos do mesmo tipo. A partir das características

petrográficas apresentadas pela rocha, ela pode ser denominada tremolita Xisto,

tendo como protólito uma marga. A paragênese metamórfica progressiva é marcada

pelo carbonato-tremolita

Tabela 3.4: Tabela resumida com a composição modal e nome da rocha das rochas estudadas na mina Barreiro dos Campos.

Em lâmina petrográfica a rocha BC-03 e BC-04 são marcadas principalmente

por apresentar uma textura granoblástica granular, sobretudo, para os minerais de

calcita (Fotografia 3.35). Composicionalmente estas rochas são formadas por calcita

e óxido de manganês secundário. A calcita totaliza 98-99% da rocha, mostra-se em

grãos xenoblásticos com tamanho médio de 9,2 mm exibindo contatos curvos. Os

óxidos-hidróxidos de manganês totalizam 1-2% da rocha, ocorrendo esqueletiforme.

Estes minerais geralmente estão preenchendo as fraturas e os espaços entres os

81

grãos de calcita (Fotografia 3.35). Estes óxidos de manganês secundário são o

produto da alteração do carbonato, sendo, portanto um carbonato com teores

elevados de manganês. Estes carbonatos são chamados de rodocrosita e

dificilmente são distinguidos dos demais carbonatos em lâmina petrográfica. Desta

forma, sua presença é notada somente quando a rodocrosita é atacada pela

supergênese. Neste caso, a rodocrosita altera-se para óxidos de manganês

secundário. Pelo exposto, esta rocha pode ser denominada de mármore, tendo

como um protólito uma rocha carbonática com teores discretos de manganês.

Fotografia 3.33: Fotomicrografia da rocha BC-01. Notar os porfiroblastos de rodocrosita (Rds) com níveis de alteração preliminares em suas bordas, cristais de calcita (Cal) e tremolita (Tr). Imagem com nicóis cruzados.

Fotografia 3.34: Aspecto microscópico da tremolita Xisto (BC-02), mostrando a textura nematoblástica marcada pela tremolita preenchendo a matriz da rocha, além dos minerais de calcita que exibem geminação polisintética. A Fotografia mostra uma seção em nicóis cruzados.

82

Fotografia 3.35: Textura granoblástica granular, marcada pelos minerais de calcita (Cal). Notar a presença do óxido de manganês secundário (indicado nas setas) preenchendo os espaços entre os grãos de calcita na rocha BC-03 e BC-04. A Fotografia é mostrada em luz plano polarizada.

As rochas BC-05 e BC-09, denominadas de mármore, microscopicamente

possuem textura granoblástica granular. Composicionalmente estas rochas são

formadas por um agregado de grãos de calcita, os quais totalizam 99,5% da rocha

(Fotografia 3.36). Estes minerais possuem contatos ora curvos e ora retos com

tamanho médio de 1,2 mm, não mostrando feições de alteração. Conforme exposto,

esta rocha foi produto de metamorfismo de um carbonato, sendo seu grau

metamórfico indefinido.

Fotografia 3.36: Fotomicrografia mostrando a textura granoblástica granular das rochas BC-05 e BC-09. Notar que os minerais de calcita (Cal) apresentam contatos ora retos e ora curvos e geminação polisintética. Imagem com nicóis cruzados.

83

A rocha BC-06 é constituída por um conjunto de minerais de calcita (96-98%)

e óxido de manganês secundário (2-4%), sendo denominada de Mármore com óxido

de manganês. Texturalmente esta rocha pode ser classificada como granoblástica

granular. Os minerais de calcita mostram-se em grãos idioblásticos a

subidioblásticos com tamanho médio de 12,3 mm. Estes minerais apresentam-se em

cristais com contato mútuo entre se, comumente retos e por vezes curvos. O óxido

de manganês secundário apresenta-se em menor proporção na lâmina, sendo

produto da alteração dos minerais carbonáticos rico em manganês. Estes minerais

ocorrem com formato alongado preenchendo fraturas e espaços entre os grão da

rocha (Fotografia 3.37). Com base nos dados acima explícitos esta rocha

certamente teve como protólito uma rocha carbonática rica em manganês.

As rochas BC-07 e BC-08, denominadas de calcita-tremolita-granada Xisto,

possui textura nematoblástica, marcada pela presença da tremolita, porfiroblástica,

observada pela granada, granoblástica (Fotografia 3.32), representada pelos

agregados de grãos poligonais da calcita, e poiquiloblástica, pelas inclusões de

tremolita na calcita. A granada compõe 53-55% da rocha, a tremolita 29-31% e o

carbonato 12-14% (Tabela 3.4). Os grãos de granada apresentam-se como

porfiroblastos subidioblásticos, com granulometria média de 2,2 mm. Esse mineral

exibe contato amebóide com os carbonatos e com a tremolita. Este silicato encontra-

se bastante fraturado, muitas vezes exibindo uma relação mútua de inclusão com os

carbonatos (Fotografia 3.32), ou seja, ora ela inclui os carbonatos, ora aprentemente

é incluida por eles. A tremolita é incolor e ocorre em grãos com formato tabular e

tamanho médio de 2,3 mm. Normalmente este cristal exibe contatos retos a

ligeiramente curvos com os demais, chegando a formar uma paragênese com a

calcita e granada. A calcita mostra-se em cristais subidioblásticos com 1,2 mm de

tamanho, normalmente apresentando contatos curvos com os cristais de tremolita e

embaiados com os de granada. Conforme explicado esta rocha teve como protólito

uma marga. A paragênese metamórfica progressiva é composta pela calcita,

tremolita e granada.

A presença de Xistos e Mármores manganesíferos é um critério determinante

na caracterização faciológica da mina de Barreiro dos Campos. A rodocrosita

compreende a um carbonato de manganês, o qual a sua existência define uma

formação manganesífera da fácies carbonato. Com base nas afirmações de Roy

84

(1976, 2006) e Evans (2005), o minério manganesífero da fáceis carbonato se forma

na região da plataforma continental, em mar raso, com aporte sedimentar restrito e

condições fisíco-químicas redutoras, ou levemente oxidantes e pH entre 5 e 7

(Figura 3.1). Desta forma certamente foram esta as condições reinantes durante a

deposição do minério manganésífero na mina de Barreiro dos Campos

Fotografia 3.37: Mármore com óxido de manganês (BC-06). Notar nas setas a presença de óxido de manganês supergênico preenchendo as fraturas da rocha. A Fotografia é mostrada em nicóis cruzados.

Fotografia 3.38: Fotomicrografia de granada Xisto, mostrando porfiroblastos de granada (Grt) e cristais de tremolita (Tr) formando uma paragênse. Luz plana polarizada.

Fotografia 3.39: Fotomicrografia de granada Xisto, mostrando porfiroblastos de granada (Grt) e cristais de tremolita (Tr) formando uma paragênse. Notar seta indicado grãos poiquiloblastos de tremolita (Tr) inclusos em porfiros de calcita (Cal). Nicóis cruzados

85

3.5 Geologia Estrutural das Minas Visitadas

Neste item serão integrados todos os dados estruturais observados tanto em

escala regional quanto na escala de semi-detalhe. O levantamento em escala

regional, obtido a partir de seções geológicas realizadas segundo E-W, permitiu

verificar que as minas estudadas do Distrito Licínio de Almeida encontram-se

inseridas em contexto compressional marcado pela existência de zonas de

cisalhamento que justapõem as unidades do embasamento mais antigo que 1.8 Ga

sobre os gnaisses e granitóides do Complexo Lagoa Real e também os intercalam

nas unidades da Formação Tauape (Figura 3.15). As unidades do Complexo Licínio

de Almeida encontra-se cavalgadas sobre os metarenitos da Formação Salto, no

Supergrupo Espinhaço. Estes, por sua vez, encontram-se justapostos às rochas das

formações Sítio Novo, do Supergrupo Espinhaço, e Santo Onofre, do Supergrupo

São Francisco. Por fim, as rochas metassedimentares dos supergrupos Espinhaço e

São Francisco encontram-se em contato tectônico, por falha, sobre as rochas do

batólito de Guanambi.

Do ponto de vista da estruturação regional, a mina Barreiro do Campo não foi

estudada.

Com base nos dados estruturais obtidos em todas as escalas de observação,

foi possível individualizar um evento deformacional, que está subdividido em duas

fases, F1, compressional, e F2, de assimetria incerta.

A fase F1 foi subdividida em quatro estágios distintos (Figura 3.16). O

estágio F1’ está relacionado com a formação de uma foliação milonítica S1’, de

cinemática incerta, que encontra-se paralelizada com a foliação S0. Essa foliação é

observada em dobras intrafoliais da fase F1”. Esta, por sua vez, é marcada por uma

foliação milonítica composta S0 // S1’ // S1” e por uma lineação de estiramento

mineral, que estão associadas a zonas de cisalhamento tangenciais com vergência

para NW. O terceiro estágio, F1”’ é representado por dobras assimétricas e

vergentes para NW. Pelo menos os estágios F1” e F1”’ estão associados com

compressões dirigidas de SE para NW. Tais assimetrias são marcadas por

indicadores cinemáticos tais como estruturas S/C e dobras assimétricas,

respectivamente O quarto e último estágio está representado por um achatamento

segundo NE-SW que promoveu a estruturação de figuras de interferência do tipo

domos e bacias, observado na mina da Passagem.

86

Figura 3.15: Seção geológio-estrutural da área de estudo, com posicionamento estrutural das minas de Mn do Distrito de Licínio de Ameida, na serra do Espinhaço Setentrional.

A segunda fase deformacional é marcada por um conjunto de fraturas sem

orientação preferencial, que acomoda minerais como quartzo, clorita e epidoto. Em

Barreiro dos Campos a distribuição das estruturas sugere um contexto

compressional, mas na Mina de Lagoa D’antas essas relações não sao tão claras. A

seguir, as estruturas deformacionais serão descritas por mina.

A mina de Lagoa D’anta encontra-se estruturada por um conjunto de dobras

cuja vergência é para NW (Fotografia 3.40). Na mina em questão, é possível

observar registros das fases F1 e F2. Na fase F1, é possível observar os estágios

F1’, F1’’ e F1’’’. Os registros da fase F1’’ são observados principalmente na unidade

basal da seção L1 (Figura 3.6), onde é possível observar dobras intrafoliais,

sugerindo S1’ // S0 (Fotografia 3.41). Os registros da fase F1’’’ são verificados,

sobretudo no sistema de dobras encontrados na mina, mais precisamente nas

unidades J6L3 e J8L1 (Fotografia 3.42 e 3.43).

Em Lagoa D’anta foram realizadas 49 medidas de estruturas planares. O

plano máximo principal obtido posiciona-se segundo a direção N042/26SE (Figura

3.17a). Como estruturas lineares foram observadas lineação de estiramento (Lx1’) e

87

linha de charneira (Lb’). Para o primeiro caso, foram realizadas 26 medidas, a partir

das quais obteve-se como direção principal 18 p/ N119 (Figura 3.17b). Por outro

lado, foram obtidas 21 medidas de linha de charneira, sendo a direção principal

posicionada segundo a direção 11 p/ N79, aproximadamente ortogonal à direção das

lineação de estiramento (Figura 3.17c).

Com base no diagrama de contorno das estruturas planares S0 // S1’ // S1”

(Figura 3.17a), pode-se verificar uma ampla distribuição dessas estruturas, com

mergulhos variando para todos os quadrantes. Esta configuração é típica de

estruturas em domos e bacias. Essa estrutura não é visível em campo, uma vez que

na escala de observação de afloramentos somente é possível verificar as sobras da

fase Fn’”, como mostrado na Fotografia 3.40. Porém, no diagrama Figura 3.17a

variação na distribuição da foliação reflete o conjunto assimétrico e vergente para

NW e para NE, corroborando a existência de uma estrutura do tipo domos e bacias.

Na mina da Passagem foram obtidas 44 medidas de estruturas planares S0 //

S1’ // S1” com o plano máximo seguindo a direção N265/29NW (Figura 3.18b). Com

relação as estruturas lineares, foram medidas 8 estruturas de lineação de

estiramento mineral (Lx), tendo sido obtida a posição modal de 11 p/ 119 (Figura

3.18a). Na mina foi possível observar um conjunto de rampas de empurrão com

assimetria para NW. Alem disso, dobras intrafoliais sin-F1” também foram

observadas. A distribuição da foliação S0 // S1’ // S1” em campo sugere a existência

de dois antiformes com eixos posicionados segundo NW e NE. Na Figura 3.18b

pode-se observar uma distribuição dessa estrutura compatível com uma guirlanda

cujo eixo posiciona-se em 09 p/ 286. As estruturas com mergulho para NW e SE

também estão represetnadas, mas em menor quantidade. Desta forma, a geometria

típica de feições de interferência em domos e bacias não ficou bem caracterizada no

diagrama da Figura 3.19

Um total de 33 medidas de fraturas de cisalhamento reversas foram obtidas,

tendo sido observadas estruturas com movimento direcional dextral e sinistral

(Figura 3.21). As fraturas de cisalhamento reversa-dextrais totalizaram 22 medidas ,

cujo plano máximo posiciona-se em N125/80SW (Figura 3.21a). Com relação à

lineação de estiramento mineral foram obtidas 20 medidas, predominando 43 p/135

(Figura 3.21b).

88

Figura 3.16: Modelo deformacional da área especificando as fases defomacionais, seus estágios e a cinemática.

Em Barreiro dos Campos foram realizadas 14 medidas da foliação S0 // S1’ //

S1’’ (Figura 3.20) O plano máximo observado nestas medidas segue a direção

N228/46SW (Figura 3.20a). Nessa mina foram obtidos 14 dados da lineação de

estiramento mineral, cuja posição modal é 81 p/209 (Figura 3.20b).

89

As fraturas de cisalhamento reversa-sinistrais totalizam em 11 medidas,

sendo que o plano principal ocorre em N011/80SE (Figura 3.21c). Com relação à

lineação de estiramento mineral, obteve-se 11 medidas, predominando 42 p/347

(Figura 3.21d). Estes dados sugerem uma direção de esforço principal NE-SW

(Figura 3.21e).

Fotografia 3.40: Aspecto geral da mina de Lagoa D’anta que encontra-se estruturada em dobras assimétricas com vergência para NW.

Fotografia 3.41: Dobra intrafolial, sugerindo S0 // S1’ na Mina de Lagoa D’anta.

90

Fotografia 3.42: Dobra inclinada na unidade J6L3 com vergência para NW, registrando o estágio F1’’’ da fase F1.

Fotografia 3.43: Dobra em ‘w’, da unidade J8L1, associada com o sistema de dobras com vergência para NW na mina de Lagoa D’antas. Trata-se de um registro do estágio F1’’’ (Fase F1).

91

Figura 3.17: Diagramas esterográficos de estruturas planares e lineares da Mina de Lagoa D’anta. (a) Diagrama de estruturas planares (S0//S1’//S1’’), (b) diagrama de estruturas lineares (Lbn) e (c) diagrama de estruturas lineares (Lx).

92

Figura 3.18: Diagrama estereográfico sinóptico com estruturas planares e lineares da Mina de Passagem. (a) diagrama de estruturas planares (Sn) e (b) diagrama de estruturas lineares (Lx). Hemisfério inferior.

Figura 3.19: Modelo estrutural esquemático da mina da Passagem.

Figura 3.20: Diagramas estereográfico sinóptico das medidas de foliação (Sn) e lineação de estiramento mineral (lx). Em (a) estereograma da foliação Sn e em (b) estereograma de lineação de estiramento mineral Lx. Hemisfério inferior.

93

Figura 3.21: Diagramas estereográficos sinóptico de fraturas de cisalhamento e decomposição vetorial sugerindo direção de esforço principal. (a) Fraturas de cisalhamento reversa dextral, medida no plano, (b) fratura de cisalhamento reversa dextral, medida na linha, (c) fratura de cisalhamento reversa sinistral, medida no plano, (d) fratura de cisalhamento reversa sinistral, medida na linha e (e) direção do esforço principal. Hemisfério inferior.

3.6 Metamorfismo O levantamento petrográfico e as relações microtexturais permitiram

identificar um conjunto de paragêneses e associações mineralógicas de caráter

progressivo representadas na Tabela 3.5. Nesta tabela, a coexistência da granada e

da cianita em xistos da Mina de Passagem, assim como a presença da tremolita na

Mina de XXX e da grunerita-cummingtonita na Mina de Xxx de são aspectos

relevantes.

94

Tabela 3.5 - Paragênese metamórfica progressiva encontradas nas minas estudadas.

De acordo com Burcher & Frey (2002), em pelitos a temperatura mínima da

formação da granada é de 520ºC. Em condições de pressões intermediárias, a

associação granada e cianita ocorre em temperaturas superiores aos 650º C (Figura

3.20). Por outro lado, a ausência da estaurolita pode estar relacionada ou com a

falta de uma composição adequada para a sua geração (Figura 3.20).

Em rochas metamargas Burcher & Frey (2002) sugerem temperaturas

superiores aos 510º C para a formação da tremolita e superiores aos 550º C para a

95

formação da tremolita e do diopsídio. Por outro lado, de acordo com Fernades et al.

(2003), as fácies óxido-silicato e silicato das formações ferríferas bandadas do

quadrilátero ferrifero têm mostrado a presença de associações minerais marcadas

por ferro-actinolita, hornblenda-ferro-actinolítica, cummingtonita, magnetita + quartzo

na fácies óxido-silicato e anfibólios [actinolita, ferro-actinolita, hornblenda-ferro-

actinolítica, ferro-hornblenda,cummingtonita-grünerita] + quartzo na fácies silicato.

Para aqueles autores, essa paragênese indica metamorfismo na fácies anfibolito

médio ou inferior.

Diante do exposto, sugere-se que a área em estudo atingiu temperaturas

superiores aos 550º C, ou seja, de fácies anfibolito. A presença de clorita sugere

processos associados com retrometamorfismo em fácies xisto verde, uma vez que a

sua temperatura máxima de formação é em torno de 500º C (Burcher & Frey 2002).

Figura 3.22 - Diagrama petrogenético para o sistema F-A-H-S em rochas pelíticas. Fonte: Burcher & Frey (2002).

96

3.7. Litogeoquímica: parâmetros preliminares de análise Durante os trabalhos de campo, um total de 9 amostras foram coletadas

visando a caracterização do protominério e/ou da associação de rochas que estão

relacionadas com as formações manganesíferas do distrito estudado.

3.7.1. Introdução Segundo Klein & Beukes (1989), Derrey & Jacobsen (1990), Morris (1993),

Bau & Dulski (1996), Bolhar et al. (2004) e Polat & Frei (2005), a caracterização

geoquímica de formações ferro-manganesíferas é uma ferramenta muito importante,

sobretudo para indicar uma fonte para estes metais. Para aqueles autores, o estudo

dos elementos maiores, menores e o padrão dos elementos Terras Raras podem ser

importantes traçadores da gênese tanto das formações ferríferas quanto das

manganesíferas. Entretanto, os gráficos e padrões de disposição dos elementos são

distintos de formações ferríferas para manganesíferas. Para as formações ferríferas,

os padrões de elementos Terras Raras são elementos chaves para a caracterização

da fonte. Neste contexto, os elementos menores e maiores não são fatores

determinantes, sendo elementos apenas tidos como coadjuvantes na determinação

da fonte do ferro. Com relação às formações manganesíferas, conforme Khan &

Shah (1999), Acharya et. al. (1997), os elementos maiores e traço são bastante

significativos para a determinação da fonte, não havendo, deste modo um padrão

clássico de elementos Terras Raras para formações manganesíefras.

Desta forma, com base nas informações obtidas dos autores acima

supracitados será feita à caracterização geoquímica das formações ferríferas

associadas com o minério manganesífero da mina de Lagoa D’anta e do proto-

minério da mina de Colônia e Riacho Comprido, as quais foram às únicas em que

houveram coleta de amostras para análise litogeoquímica, tendo em vista que nas

demais minas o proto-minério aflorante está bastante intemperizado. Futuramente,

amostras deverão ser coletadas em furos de sonda e em afloramentos para

substanciar as pesquisas. Entretanto, nesse momento, optou-se por apresentar os

dados, embora ainda muito preliminares, tendo em vista que é uma oportunidade de

realizar um ensaio acadêmico relacionado com a metodologia para o estudo das

formações ferro-manganesíferas, mesmo compreendendo que as análises são em

pouco quantidade.

97

3.7.2. Caracterização litogeoquímica Nesta seção serão apresentados os dados químicos de amostras obtidas nas

minas de Lagoa D’anta e Colônia e Riacho Comprido.

a) Mina de Lagoa D’anta Na mina em questão foram identificados xistos e itabiritos, conforme

apresentado nas seções anteriores (consultar Tabela 3.3). Nesta mina, duas

amostras de formação ferríferas foram analisadas (Tabela 3.6 e 3.7).

Como já explicito neste trabalho, a mina de Lagoa D’anta compreende a uma

formação ferro-manganesífera da fácies óxido, onde os proto-minérios observados

são caracterizados composicionalmente por apresentarem um microbandamento

entre óxido de ferro, manganês, este em menor proporção, e quartzo.

Os dados de elementos maiores (Tabela 3.6) mostram que esta formação

ferrífera é caracterizada por altos conteúdos de SiO2 e Fe2O3, perfazendo cerca de

85 a 95% da rocha. Conforme Bhattacharya et al. (2007) e Klein & Beukes (1989),

as principais formações ferríferas no mundo esboçam valores entre 95 e 98% de

SiO2 e Fe2O3. Os valores de Al2O3 para as amostras das minas em questão,

oscilando entre 0.18 e 0.45 e Na2O e K2O entre 0.07 e 0.14 (Tabela 3.6), também

são bastante similares das formações ferríferas descritas por aqueles autores. Para

Klein & Beukes (1989), Derrey & Jacobsen (1990), Morris (1993), Bau & Dulski

(1996), Bolhar et al. (2004) e Polat e Frei (2005), os valores de elementos traço

como Cu, Co, Ni, Cr e V também são importantes traçadores geoquímicos.

Entretanto, neste trabalho estes elementos não foram analisados.

Tabela 3.6: Análise química de elementos maiores da mina de Lagoa D’anta. Os dados estam expressos em porcentagem.

SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 FeO MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 L.O.I TOTAL

J4L3 44.7 0.02 0.18 49.9 1.14 1.94 0.12 0.07 0.03 0.04 0.0 1.06 99.2

J5-3L3 39.1 0.02 0.45 45.2 0.21 3.65 4.52 3.06 0.06 0.08 0.0 3.65 100.0

98

Tabela 3.7: Tabela para elementos Terras Raras da mina de Lagoa D’anta. Os dados estam expressos em ppm.

La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu

J4L3 11.2 4.1 1.47 5.6 1.1 0.27 1.54 0.21 1.22 0.30 0.88 0.12 0.8 0.14

J5-3L3 0.41 18.5 4.89 17.7 3.0 0.27 1.54 0.60 3.95 0.90 2.77 0.41 2.8 0.41

Os valores dos elementos Terras Raras são resumidos na Tabela 3.7. Para

Klein & Beukes (1989), Derrey e Jacobsen (1990), Morris (1993), Bau & Dulski

(1996), Bolhar et al. (2004) e Polat & Frei (2005) as principais formações ferríferas já

cartografadas no mundo, de idade arqueana a paleoproterozóica, exibem um leve

enriquecimento em elementos Terras Raras pesados, quando comparados com os

elementos Terras Raras leve, normalmente seguidos de uma anomalia negativa e

Cério (Ce) e anomalias positivas em Európio (Eu). A Figura 3.23 e 3.24 mostra o

padrão clássico de elementos Terras Raras da formação ferrífera da fáceis óxido de

Garumahishani, sudeste da Índia, e dos elementos Terras Raras da mina de Lagoa

D’anta, respectivamente. Com base na comparação entre os dois gráficos (Figura

3.23 e 3.24) é possível observar grandes similaridades entre os padrões

encontrados na mina de Lagoa D’antas e na Índia. Para ambos, pode-se verificar

uma anomalia negativa em Cério (Ce), contudo na mina de Lagoa D’anta este

padrão é mais pronunciante, além de anomalias positivas em Európio (Eu) e leve

enriquecimento nos elementos Terras Raras pesados com relação aos elementos

Terras Raras leve.

De acordo com Ruhlin & Owen (1986), Bhattacharya et al. (2007) e Klein &

Beukes (1989), o leve enriquecimento nos padrões de elementos Terras Raras

pesados com relação aos elementos Terras Raras leve é típico do padrão desses

elementos obtidos em ambientes marinhos do Arqueano e Paleoproterozóico. A

anomalia positiva em Eu nas formações ferríferas bandadas tem sido atribuída a

presença de fluidos hidrotermais (Michard e Albarede 1986, Campbel et al.1988,

Baú e Dulski 1996) e/ou efeitos de contaminação de sedimentos detríticos félsicos

(Rao e Naqvi 1995, Kato et al. 1996). Porém, o conteúdo de Al2O3 observado nas

amostras de formações ferríferas da mina de Lagoa D’anta é muito baixo, isto

99

implica que é muito pouco provável que as anomalias positivas em Eu serem

produto de componentes detríticos félsicos, sendo, portanto, mais razoável sugerir

uma fonte hidrotermal. Para Baú & Dulski (1996), a variação das anomalias positivas

em Eu, como é o caso da ocorrência de Lagoa D’anta, nas formações ferríferas é

um reflexo das flutuações da temperatura, altas e baixas, nos fluidos hidrotermais.

Já quanto às anomalias negativas em Ce, Bhattacharya et al. (2007) e Klein &

Beukes (1989) defendem que estas são conseqüência da remoção e oxidação de

Ce nestes oceanos antigos. Tais afirmações são também corrobadas por Elderfield

& Greaves (1982) e De Baar et al. (1985), onde estes afirmam que esse padrão se

repete nos mares atuais. De acordo com Kato et al. (1996), este padrão é ainda

mais observado na trincheira de Cariaco, sudeste da plataforma do Caribe,

Venezuela, onde a coluna de água ánoxica exibe anomalias positivas em Ce, em

contraste com a coluna de oxida sobreposta com negativas anomalias em Ce. Essa

anomalia negativa vêm demonstrar que no Arqueano e no Paleoproterozoico haviam

grandes oceanos estratificados, estes formados por uma coluna de água anóxida

sobreposta por uma coluna de água oxida, como demonstrado por Roy (2006),

explicado no Capitulo 3 deste trabalho (Figura 3.3).

Figura 3.23: Padrão geoquímico de formação ferrífera da fácies óxido, Garumahishani, Orissa Índia. As amostras encontram-se normalizadas no normalizador PAAS. Fonte: Bhattacharya et

al. (2007)

100

Figura 3.24: Padrão geoquímico de elementos Terras Raras para a mina de Lagoa D’anta. As amostras foram normalizadas no PAAS normalizador.

Desta forma, com base nas aplicações acima explícitas, sugere-se que a

fonte do ferro para a mina de Lagoa D’anta seja provinda de fluidos hidrotermais

certamente ocorrido entre o Arqueano e Paleoproterozóico, numa bacia marinha

estratificada. Como o manganês na mina é da fácies óxido e está espacialmente

relacionado com as formações ferriferas, acredita-se que este também seja o

ambiente para as formações manganesíferas dessa mina.

b) Mina de Colônia e Riacho Comprido

Como descrito no capítulo anterior, a mina de Colônia e Riacho Comprido

compreende a uma ocorrência de manganês onde o proto-minério observado em

lâmina petrográfica é composto por minerais de espessartita (Sps) e quartzo (Qtz).

Desta forma, têm-se uma mineralização de manganês da fáceis silicato, onde a

rocha metamórfica constituída por pelos minerais descritos é nomeada de Gondito.

A Tabela 3.8 resume os teores dos elementos maiores na mina estudada. Nela, é

importante notar que os teores de Al2O3 na mina em questão chegam a 12.7%, fato

que não ocorre na mina Lagoa D’anta, apresentada anteriormente. Esta

101

discrepância se deve prioritariamente a faciologia do minério. Os minérios da fácies

silicatos comumente apresentam maiores teores de alumínio, enquanto que os

minério da fácies óxido geralmente esboçam valores de alumínio em torno de 0.6 a

no máximo 2%.

Tabela 3.8: Tabela resumida dos elementos maiores na mina de Colônia e Riacho Comprido. Todos os dados estam expressos em porcentagem.

SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 FeO MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 L.O.I TOTAL

JC-02 57.1 0.64 12.7 4.76 0.36 20.2 0.12 1.01 0.04 0.11 0.036 3.42 100.4

De acordo com Khan & Shah (1999) e Acharya et. al. (1997), a caracterização

da fonte para mineralizações manganesíferas é feita tomando-se como base,

principalmente, os teores de Fe, Mn, Co, Cu, Ni, Zn, além de Si, Fe, Al, Mg e Na.

Neste contexto, estes autores defendem que os teores de Co, Cu, Ni e Zn, são de

grande relevância na classificação, pois estes elementos são menos imóveis a

processos metamórficos e agentes intempéricos. Neste trabalho, estes elementos

não foram analisados. Desta forma, a classificação geoquímica será feita com base

nos elementos Si, Mg, Al, e Na. Embora estes elementos sejam utilizados para a

caracterização geoquímica do proto-minério, deve-se ser cauteloso na sua

interpretação, uma vez que estes elementos são tidos como móveis aos processos

metamórficos e supergênicos.

Nas figuras 3.25, 3.26 e 3.27 estão apresentados os gráficos para a

diferenciação geoquímica do proto-minério da mina em questão. A Figura 3.25 e

3.26, sugeridas por Choi & Hariya (1992), distinguem os depósitos de manganês

hidrotermais e hidrógenos. Segundo Choi & Hariya (1992), os depósitos de

manganês do tipo hidrógeno são depósitos formado como nódulos de manganês,

num processo relacionado com as propriedades químicas da água do mar. Como

observado, segundo esta classificação, a ocorrência de manganês da mina de

Colônia e Riacho Comprido é sugerida como hidrógeno.

Por outro lado, o digrama discriminante Na (wt.%) x Mg (wt.%) da figura 3.27

foi sugerido por Nicholson (1988) e diferencia os depósitos de manganês formados

em água doce, bastante raros na literatura, ambiente marinho raso e ambiente

102

marinho profundo. Na determinação esboçada na Figura 3.27, sugeri-se que o

manganês da mina em estudo foi formado numa bacia de água doce.

Tais discrepância possivelmente devem-se ao fato de que a área em estudo

foi alvo de eventos tectono-metamórficos, ocorrido no Neoproterozóico, além dos

efeitos da supergênese, no Fanerozóico. Desta forma, o Si, Al, Fe Na e Mg são

elementos bastante susceptíveis a remobilição no ambiente pelo qual eles foram

submetidos e interpretações a partir desses elementos podem não ser confiáveis.

Desta forma, levando em consideração os padrões de Terras Raras da Mina

de Lagoa Dantas e interpretando como uma única bacia que tenha abrigado os

depósitos sugere-se que a plotagem dos dados na figura 3.27 deve-se a perda de

sódio e/ou magnésio durante a supergênese.

Deste modo, neste trabalho, como já observado na ocorrência de Lagoa

D’anta, nas idades e caracterização das rochas regionais estudadas, além da

correlação com os principais depósitos de manganês visto cenário mundial (Tabela

3.2), sugeri-se que o ferro e o manganês das minas estudadas seja proveniente de

fluidos hidrotermais em ambiente marinho que foram atuantes durante o Arqueano

ou mesmo Paleoproterozóico e que levaram à deposição das formações ferro-

manganesíferas em ambiente marinho. Contudo é necessário trabalhos mais

acurados e minuciosos para a melhor determinação da fonte destes metais.

Figura 3.25: Gráfico discriminante de Si x Al, proposto por Choi e Hariya (1992), para determinar a fonte do manganês. A marcação em “X” compreennde a mina de Colônia e Riacho Comprido.

103

Figura 3.26: Gráfico Si x Al, sugerido por Choi e Hariya (1992), diferenciando os depósitos de manganês do tipo hidrogeno e hidrotermal. Notar a marcação em “X” que corresponde a amostra JC-02 da mina de Colônia e Riacho Comprido.

Figura 3.27: Gráfico Na x Mg, suposto por Nicholson (1988), diferenciando o tipo de bacia que gerou os depósitos de manganês. Observar a marcação em “X” compreendendo a mina de Colônia e Riacho Comprido.

104

3.8 Evolução do Depósito de Manganês do Distrito Manganesífero de Urandi-Licínio de Almeida

A partir das análises dos dados da geologia regional, da caracterização

petrográfica, da análise estrutural e metamórfica, assim como da caracterização

geoquímica, pode-se supor existência de uma bacia marinha que abrigou os

depósitos ferro-manganesíferos do distrito estudado. Certamente, essa bacia evoluiu

sob condições fisico-químicas distintas, havendo locais onde predominaram

condições oxidante com aporte sedimentar restrito, caso da deposição do minério da

mina de Lagoa D’anta, outros onde também predominaram condições oxidantes,

mas com aporte sedimentar maior, como exemplifica as ocorrências de Colônia e

Riacho Comprido e Passagem. Na região plataformal desta bacia, possivelmente as

condições físico-químicas foram redutoras, com condições de pH intermediário e

aporte sedimentar restrito. Estas condições favoreceram à acumulação do minério

carbonático de manganês, na ocorrência em Barreiro dos Campos. Com base nas

considerações de Roy (2006), além da conclusão obtida através dos dados

litogeoquímicos do proto-minério, estes metais certamente se depositaram em uma

bacia oceânica estratificada, onde a fonte primária tanto para o ferro como para o

manganês foi hidrotermal, como ilustrado na Figura 3.28. A idade da bacia ainda é

matéria de controvérsia.

Figura 3.28: Modelo deposicional sugerido para os depósitos de ferro e manganês do Distrito Ferro-Manganesífero de Urandi-Caetité Licínio de Almeida.

105

No final do Paleoproterozóico a abertura do Aulacógeno do Paramirim levou à

deposição de uma espessa seqüência de rochas sedimentares, cujo substrato era

formado pelo embasamento do Bloco Gavião e por um conjunto de seqüências

sedimentares, dentre elas, o Complexo Licinio de Almeida. Em torno de 0.9 Ga a

bacia Macaúbas desenvolveu-se depositando as unidades do Supergrupo São

Francisco.

No Evento Brasiliano, as unidades do complexo em foco sofreram

deformação e metamorfismo de fácies anfibolito. As deformações nuclearam uma

série de zonas de cisalhamento, que propiciaram o cavalgamento das unidades

ferro-manganesíferas e suas encaixantes sobre os sedimentos do Supergrupo

Espinhaço. Não se sabe ainda qual o efeito dessas deformações e metamorfismo na

re-concentração do minério primário. Os fenômenos mais recentes relacionados com

intemperismo levaram à alteração supergenética do deposito e à concentração dos

óxidos de manganês (Despósito secundário). A figura 3.29 sintetiza a evolução do

depósito proposta neste trabalho.

Figura 3.29: Síntese da evolução dos depósitos de ferro e manganês da bacias estudadas

106

CAPÍTULO 4 CONCLUSÕES

A partir dos estudos realizados nos litotipos encontrados foi possível obter

uma boa idéia, mesmo que preliminar, mas de suma importância, da faciologia, do

arcabouço estrutural e da petroquímica das formações ferro-manganesíferas do

distrito em questão. A caracterização faciológica permitiu identificar as fácies óxido,

silicato e carbonato. A fácies óxido está representada por uma associação de

formações ferríferas e manganesíferas da Mina de Lagoa D’anta, ao passo que a

fácies silicato é constituída pela rocha Gondito, uma rocha formada por quartzo e

espessartita, que foi observado nas minas Colônia e Riacho Comprido e Passagem.

Por fim, a fácies carbonato, marcada pelo Mármore manganesífero, rica em

rodocrosita, foi identificada na Mina de Barreiro dos Campos.

Com relação ao arcabouço estrutural, foram identificadas duas fases distintas.

A primeira fase, chamada de F1, é subdividida em três estágios deformacionais,

todos compressivos. O estagio F1’ foi responsável pela criação da foliação S1’, com

cinemática indefinida, que encontra-se paralelizada à foliação S0, como observado

na mina de Lagoa D’anta. O estagio F1’’ é representado pela formação da foliação

milonítica S0 // S1’ // S1’’, lineação de estiramento mineral (Lx1’), rampas de

empurrão e dobras intrafoliais, cujos indicadores de movimento sugerem transporte

de massa para NW. O terceiro estágio é caracterizado pela formação de um sistema

de dobras assimétricas e vergentes para NW, além de estruturas em domos e

bacias, como observado na mina da Passagem. A segunda fase deformacional (F2)

é marcada por fraturas de cisalhamento preenchida por epidoto, clorita e quartzo. Na

mina Barreiro do Campo foi vericada uma distribuição dos elementos estruturais

compatível com movimentos compressionais. Associada com as deformações, uma

107

paragênese sin-tectônica é observada e marcada por quartzo+grunerita-

cummingtonita+ granada (Tabela 3.5)

A caracterização litogeoquímica das rochas associadas com proto-minério

óxido, assim como do protominério carbonático ainda é incipiente. Entretanto, foi a

primeira tentativa de caracterização química dos depósitos. Na mina de Lagoa

D’anta os altos teores de SiO2 e Fe2O3 (85-95%) revelaram a existência de

formações ferríferas. Nessas rochas, as anomalias positivas em Eu e os baixos

valores de Al2O3 sugerem a atuação de fluidos hidrotermais. As anomalias negativas

em Ce possivelmente são o produto da interferência da água do mar, na formação

destes depósitos. Finalmente, o padrão disposto pelos elementos Terras Raras, é

bastante similar ao das fomações ferríferas datadas do Arqueano e

Paleoproterozóico, no cenário mundial.

Na mina de Colônia e Riacho Comprido, os dados geoquímicos sugeriram um

minério formado em sistema hidrógeno, formado em água doce. Esses resultados

certamente não são verdadeiros devido aos elementos utilizados na análise (Si, Al e

Mg) serem considerados como imóveis, sobretudo no ambiente supergênico a que

foram submetidos. Desta forma, imagina-se que o evento tecto-metamorfico ocorrido

principalmente no Neoproterozóico, além da ação da supergênese no Éon

Fanerozóico, foram responsáveis pela remobilização e reconcentração destes

elementos. Neste contexto o Fe e o Mn também são tidos como móveis neste

ambientes, onde certamente foram remolizados e reconcentrados.

Deste modo, apesar de preliminares, os resultados estão mostrando que estes

metais se depositaram associados com os sedimentos do Complexo Licínio de

Almeida, considerada do Arqueano ou do Paleoproterozóico. A partir desses

estudos, prevê-se duas hipóteses para a formação desses depósitos: (i) em locais

da bacia onde predominou um ambiente oxidante, podendo ter havido as seguintes

possibilidades: (ia) onde a acumulação de óxidos de ferro e manganês foi maior que

o aporte de sedimentos pelíticios e sedimentos quimicos silicosos (cherts) pode ter

se formado “minério”, mesmo durante a fase diagenética; (ib) onde a quantidade

desses óxidos foi menor que a quantidade de pelitos e cherts, esses sedimentos

ficaram pobres nesses óxidos; (ic) em locais da bacia onde predominou condições

redutoras, carbonatos de manganês se formaram, as vezes associados com material

carbonoso.

108

Na possibilidade (ib) surgiram proto-minério de manganês com quartzo e

espessartita (Minas da Passagem e Colônia e Riacho Comprido). Na hiopótese (ii), o

proto-minério é carbonático, rodocrosítico (Mina de Barreiro dos Campos).

Durante o Neoproterozoico essas litologias-sedimentares foram deformadas e

metamorfisadas em fácies anfibolito, constituindo o Cinturão de Dobramento e

Cavalgamentos da Serra Espinhaço Setentrional. Assim, no caso da possibilidade

(ia) formaram-se protominério de ferro e manganês, hematítico e jacobsítico (Mina

de Lagoa D’antas). Durante a construção desse cinturão, processos hidrotermais

ligados ao metamorfismo e ás deformações podem ter influenciado na maior ou

menor concentração desses metais, distribuindo-os ao longo das camadas de proto-

minério. Entretanto, apesar dessa possibilidade ser imensamente possível, os dados

de campo e a petrografia estão mostrando que foi a supergênese a principal

responsável pela concentração econômica do manganês nas minas e depósitos do

Distrito em questão.

Como trabalhos futuros, sugere-se os estudo detalhado das faciologias das

minas, assim como a coleta de amostras em furos de sondagem para estudos

petrológicos e litogeoquímicos de maior alcance. Em um estágio de maior futuro

ainda, sugere-se os estudos isotópicos e de inclusões fluidas para que se possa

avaliar, com maior grau de certeza, os processos metalogenéticos formadores de

minérios do Distrito Ferro-Manganesífero Urandi-Licínio de Almeida.

109

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